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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DA CONFIABILIDADE EDUARDO DE OLIVEIRA BELO ANÁLISE DE FALHAS DOS EQUIPAMENTOS DE UM ALTO FORNO MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO CURITIBA 2019

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DA CONFIABILIDADE

EDUARDO DE OLIVEIRA BELO

ANÁLISE DE FALHAS DOS EQUIPAMENTOS DE UM ALTO FORNO

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA

2019

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EDUARDO DE OLIVEIRA BELO

ANÁLISE DE FALHAS DOS EQUIPAMENTOS DE UM ALTO FORNO

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia da Confiabilidade, do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Henrique Mariano

CURITIBA

2019

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DE FALHAS DOS EQUIPAMENTOS DE UM ALTO FORNO

por

EDUARDO DE OLIVEIRA BELO

Esta monografia foi apresentada em 04 de outubro de 2019, como requisito parcial

para obtenção do título de Especialista em Engenharia da Confiabilidade, outorgado

pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O aluno foi arguido pela Banca

Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a

Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Carlos Henrique Mariano Professor Orientador - UTFPR

Prof. Emerson Rigoni Membro Titular da Banca - UTFPR

Prof. Wanderson Stael Paris Membro Titular da Banca – UTFPR

O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso.

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Curitiba Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Departamento Acadêmico de Eletrotécnica Especialização em Engenharia da Confiabilidade

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Dedico este trabalho a minha esposa Ludimila Belo e aos meus familiares pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha carreira e principalmente da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus por sempre ter nos dado força para prosseguir,

acima de tudo com sabedoria e entendimento. Aos meus queridos pais, por sempre

ter-me conduzido no caminho da educação, sempre com muito amor. Ao corpo

docente e discente desta universidade. Ao corpo gerencial da ArcelorMittal Tubarão

pela oportunidade cedida de realizar parte deste trabalho acadêmico no âmbito de

suas instalações. Em especial minha mãe Marilza por sempre me incentivar e me

fazer acreditar que era possível. Agradeço também a minha esposa Ludimila Belo

por percorrermos juntos o caminho até aqui.

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RESUMO

BELO, E.O. Análise de falhas dos equipamentos de um Alto Forno. 2019. 74. Monografia (Especialização em Engenharia da Confiabilidade) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2019.

Com a alta competitividade mundial do setor siderúrgico e principalmente o volume de produção em larga escala de grandes potencias como China e EUA, se faz necessário reduzir custos de forma estratégica e aumentar a estabilidade dos processos produtivos. Para alcançar os índices de crescimento e produtividade desejados, a eficácia da manutenção aplicada ao processo produtivo mostra-se indispensável. O conjunto das manutenções preventiva, preditiva e corretiva, se planejado de forma adequada, tende a reduzir o grande número de falhas de equipamentos aumentando confiabilidade e disponibilidade dos ativos, maximizando os resultados e reduzindo custos. Devido diversas ocorrências de falhas de um Alto Forno em 2018 e constantes perdas de produção, será aplicado neste estudo a metodologia do RCM – Reliability Centered Maintenance para analisar a confiabilidade, disponibilidade e manutenabilidade dos equipamentos, a fim de reduzir o índice de falhas dos ativos.

Palavras-chave: Confiabilidade. RCM. Alto Forno. Ativos. Manutenção. Falha.

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ABSTRACT

BELO, E.O. Failure analysis of blast furnace equipment. 2019. 74. Monografia (Especialização em Engenharia da Confiabilidade) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2019. With the global competitiveness increasing in the steel industry and large-scale production by large countries such as China and USA, it is necessary to reduce costs in a smart and strategical manner in order to stabilize the production. To achieve these metrics of growth and productivity, efficiency in the execution of maintenance applied to the production is indispensable. If predictive, preventive and corrective maintenance is planned and executed correctly, the number of equipment failures tends to decrease significantly, increasing asset reliability and availability, which will in return, help maximize the results while simultaneously minimizing costs. Due to various occurrences of equipment failure in the blast furnace in 2018 and constant loss of production, it will be applied in this study the RCM method (Reliability Centered Maintenance) to better analyze how the maintenance is performed with the objective of reducing the asset failure rate.

Key-Words: Reliability. RCM. Blast Furnace. Assets. Maintenance. Failure.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma de Produção da ArcelorMittal Tubarão Fase 7,5 Mt/ano. ..... 18 Figura 2 - Zonas Internas de um Alto Forno .............................................................. 20 Figura 3 - Composição da planta .............................................................................. 21 Figura 4 – Sistema de carregamento do alto forno ................................................... 22

Figura 5 – Sistema de topo do alto forno .................................................................. 24 Figura 6 – Equipamento para perfuração .................................................................. 26 Figura 7 - Processo de furo ....................................................................................... 27 Figura 8 – Desenho esquemático do Sistema de “Stave Cooler” .............................. 27 Figura 9 – Sistema de refrigeração “Stave Cooler” de um alto forno ........................ 28

Figura 10 – Sistema dos regeneradores ................................................................... 29

Figura 11 - Representação sistemática dos regeneradores ...................................... 30

Figura 12 – Sistema típico de lavagem de gás .......................................................... 31 Figura 13 – Planta de moagem e injeção .................................................................. 33 Figura 14 – Injeção de carvão ................................................................................... 34 Figura 15 - Evolução da Manutenção ........................................................................ 36

Figura 16 - Relação Gráfica entre parâmetros de confiabilidade .............................. 48 Figura 17 - Relação entre Disponibilidade e a Situação do Componente. ................ 50

Figura 18 - Curva confiabilidade versus não confiabilidade ...................................... 50 Figura 19 - Tipos de curvas de falha ......................................................................... 52 Figura 20 - Curva da banheira................................................................................... 52

Figura 21 - Diagrama de blocos funcionais ............................................................... 54 Figura 22 - Revisão do cadastro e classificação dos equipamentos ......................... 55

Figura 23 – Classificação dos equipamentos ............................................................ 58

Figura 24 - Planilha FMEA PT.1 ................................................................................ 62 Figura 25 - Planilha FMEA PT.2 ............................................................................... 63 Figura 26 – Planilha FMEA PT.3 ............................................................................... 63

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – RVS acumulada......................................................................................66 Gráfico 2 – Ocorrências de turno 2015 ~2019..........................................................67

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da Manutenção ......................................................................... 38 Tabela 2 - Custo por tipo de manutenção ................................................................. 41 Tabela 3 - Comparação da Manutenção Tradicional com a MCC ............................. 43

Tabela 4 - Critério de criticidade para equipamentos ................................................ 56 Tabela 5 - Fator de Correção para Faixa de Criticidade ........................................... 57 Tabela 6 - Classificação Final de Criticidade............................................................. 57 Tabela 7 – Análise de Modos de Falha e Efeitos para Equipamentos – FMEA ........ 58 Tabela 8 - Tabela de Severidade .............................................................................. 59

Tabela 9 – Tabela de Probabilidade e Ocorrência .................................................... 60

Tabela 10 – Tabela de Probabilidade de Detecção ................................................... 60

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LISTA DE SIGLAS BF Blast Furnace

RCM Reliability Centered Maintenance

MCC Manutenção Centrada em Confiabilidade

TMEF Tempo médio entre falhas

TMPF Tempo médio para falha

TMPR Tempo médio para reparo

FMEA Failure Mode and Effect Analysis

DFMEA Design Failure Modes and Effects Analysis

PFMEA

DBF

RVS

Process Failure Modes and Effects Analysis

Diagrama de blocos funcionais

Redução do Volume de Sopro

LISTA DE SÍMBOLOS

λ - Lambda

β - Beta

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13 1.1 PREMISSAS E PROBLEMA DE PESQUISA ................................................. 13 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 14 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 14 1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 14 1.3 JUSTIFICATIVAS ........................................................................................... 15 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 15 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................... 16 2 FUNDAMENTOS DO PROCESSO SIDERÚRGICO...................................... 17 2.1 VISÃO GERAL DO PROCESSO SIDERÚRGICO ......................................... 17 2.2 PROCESSO DO FORNO ............................................................................... 18 2.3 PRINCIPAIS ÁREAS DE UM ALTO FORNO ................................................. 21 2.3.1 Carregamento ................................................................................................ 21 2.3.2 Topo do Alto Forno ......................................................................................... 23 2.3.3 Casa de Corrida ............................................................................................. 25 2.3.4 Sistema de refrigeração da carcaça (Staves) ................................................. 27 2.3.5 Regeneradores ............................................................................................... 29 2.3.6 Sistema de Limpeza de Gás .......................................................................... 31 2.3.7 Sistema de moagem e injeção de carvão ....................................................... 32 3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 35 3.1 MANUTENÇÃO .............................................................................................. 35 3.1.1 Manutenção Corretiva .................................................................................... 39 3.1.2 Manutenção Preventiva .................................................................................. 39 3.1.3 Manutenção Preditiva ..................................................................................... 40 3.1.4 Mantenabilidade e disponibilidade ................................................................. 40 3.2 RCM (RELIABILITY CENTERED MAINTENANCE) ....................................... 42 3.3 PLANOS DE MANUTENÇÃO ........................................................................ 43 3.4 FMEA - ANÁLISE DE MODOS DE FALHA E EFEITOS ................................ 44 3.4.1 Confiabilidade ................................................................................................. 46 3.4.2 Ferramentas Matemáticas .............................................................................. 47 3.4.3 Curva da Banheira ......................................................................................... 51 4 APLICAÇAÇÃO DA METODOLOGIA RCM AO PROCESSO ...................... 54 4.1 CRIAÇÃO DO DIAGRAMA DE BLOCOS FUNCIONAIS (DBF) ..................... 54 4.2 REVISÃO DO CADASTRO ............................................................................ 55 4.3 ANÁLISE DA CRITICIDADE DOS EQUIPAMENTOS .................................... 55 4.4 REVISÃO DOS EQUIPAMENTOS NÃO CRÍTICOS ...................................... 64 4.5 CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE MANUTENÇÃO ........... 64 5 RESULTADOS .............................................................................................. 65 6 CONCLUSÕES E DISCUSSÕES .................................................................. 67 7 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 68 8 ANEXO I ........................................................................................................ 70

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1 INTRODUÇÃO

Em um mercado altamente competitivo, globalizado e muito dinâmico, onde

a busca por boas práticas que conduzem uma organização na linha da

produtividade, qualidade e respeito ao meio ambiente são fatores diferenciais para a

sustentabilidade das empresas. Esta que também pode e deve ser alcançada com

técnicas de manutenções que quando estão alinhadas com a cadeia produtiva

geram significativos retornos.

As empresas atualmente procuram as melhores práticas de manutenção

devido a alguns fatores, dentre eles: o custo de manutenção gira em torno de 4% a

15% do custo de produção, sendo que 1/3 destes custos são desnecessários, e

boas práticas de manutenções podem maximizar em 30% a utilização de ativos,

aumentado a produtividade da empresa (PIRES, 2012).

A exigência pela garantia da qualidade dos produtos, o cumprimento dos

requisitos ambientais e de segurança e o baixo custo de manutenção, são grandes

desafios quando se busca aumento de desempenho dos equipamentos.

Neste contexto a manutenção pode contribuir para que a empresa atenda o

mercado de forma mais competitiva, proporcionando equipamentos mais

disponíveis, confiáveis e com custos adequados. E é com foco na manutenção que

este trabalho será desenvolvido, onde será realizada uma análise sobre os

equipamentos de um Alto Forno, área essencial para o processo siderúrgico. Será

feita uma análise geral utilizando a metodologia do RCM (Realibility Centered

Maintenance) auxiliada por uma análise FMEA (Failure Mode and Effect Analysis)

visando a identificação dos pontos críticos para atuação. A assertividade na

identificação dos principais pontos de falha é essencial para a otimização dos

índices de manutenção e, consequentemente, melhores resultados operacionais e

produtivos.

1.1 PREMISSAS E PROBLEMA DE PESQUISA

O problema a ser estudado está relacionado à confiabilidade dos

equipamentos do processo produtivo de um Alto Forno, cujo o número de falhas nos

equipamentos impacta diretamente a performance operacional e produtiva da planta.

Nesse contexto acredita-se que há potencial de elevação do nível de confiabilidade

do processo como um todo utilizando a metodologia do RCM, trazendo benefícios à

organização em termos de lucratividade. Dessa hipótese surge a questão principal

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norteadora desse trabalho: Como a metodologia do RCM aplicada ao processo

produtivo pode aumentar a confiabilidade de um Alto Forno?

Decorrentes desta questão principal, podemos verificar duas questões

subjacentes cujas respostas possibilitam o cumprimento do objetivo geral deste

trabalho:

• Como determinar indicadores de referência para estabelecer os

principais pontos de falha dos equipamentos?

• Com a aplicação do RCM há potencial de incremento da

confiabilidade da planta estabelecendo um novo patamar de disponibilidade

dos equipamentos.

Pretende-se, com a metodologia proposta neste estudo, contribuir para a

elevação da disponibilidade dos equipamentos de forma a responder à questão

apresentada.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral desse trabalho é avaliar a confiabilidade do conjunto de

equipamentos de um Alto Forno e propor melhorias baseadas na implantação do

Reliability Centered Maintenance (RCM), visando aumento de disponibilidade dos

mesmos. Assim sendo, propõe-se a verificação quantitativa dos níveis atuais de

confiabilidade e, através da aplicação da metodologia proposta, sugerir ações para

estabelecimento de um novo patamar, elevando o desempenho do conjunto

estudado.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Conhecer a disponibilidade de um sistema levando em consideração os

modelos de confiabilidade e mantenabilidade de componente;

• Aplicar os conceitos de engenharia de confiabilidade na tomada de

decisão;

• Conhecer a performance atual dos equipamentos e propor ações para

aumentar os índices de disponibilidades;

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• Aumentar a confiabilidade dos equipamentos críticos permitindo alcançar

ciclos entre paradas programadas;

• Apresentar os riscos e ganhos envolvidos;

1.3 JUSTIFICATIVAS

Os equipamentos de um Alto Forno são extremamente solicitados e devem

ter alto índice de confiabilidade para não interferir de forma negativa no processo de

produção do ferro gusa, principal produto de um Alto Forno. De forma geral temos

em uma Alto Forno diversos tipos de equipamentos em diversas sub-áreas.

O acontecimento de falhas pode gerar diversos distúrbios no processo,

como redução do volume soprado para o interior do Alto Forno, arreamentos de

carga, resfriamento e paradas emergências da unidade. Todos os tipos de

ocorrências citados acima podem gerar emissões fugitivas e também oferecer risco

ao homem. Com o intuito de elevar a produção de gusa e controlar todos os

impactos negativos para o Alto Forno, se faz necessário aumentar a confiabilidade,

mantenabilidade e disponibilidade dos equipamentos.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos aplicados neste estudo são classificados

como de natureza tecnológica aplicada, com objetivo descritivo e exploratório,

abordagem quantitativa e qualitativa e procedimento com base em pesquisa e ação.

Segundo o Manual Frascati (2002), as atividades de inovação tecnológica

são o conjunto de diligências científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e

comerciais, que se destinam a levar a realização de produtos e processos

tecnologicamente novos e melhores.

Segundo Gil (2008) as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis. Esta tem objetivo de estudar

características de um grupo: custos, falhas por exemplo. Segundo o mesmo autor

citado acima, as pesquisas exploratórias têm como principal objetivo desenvolver,

esclarecer e modificar conceitos e ideias.

O foco da análise qualitativa será na escolha de novas tecnologias durante o

desenvolvimento do trabalho.

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Segundo Thiollent (1985, p.14), este é um tipo de pesquisa social com base

empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com

a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo

ou participativo.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho se apresentará em 5 capítulos, sendo eles:

• Capítulo 1: Introdução e Objetivos

• Capítulo 2: Apresentação do Tema da Pesquisa

• Capítulo 3: Referencial Teórico

• Capítulo 4: Aplicação da metodologia ao processo

• Capítulo 5: Resultados e discussões

• Capítulo 6: Conclusões e recomendações

O Capítulo 1 apresenta uma breve discussão introdutória para contextualizar

o tema de pesquisa a ser desenvolvido. Neste capítulo são apresentadas as

considerações sobre o tema escolhido, as premissas e o problema de pesquisa, os

objetivos gerais e específicos do trabalho, a justificativa da pesquisa, os

procedimentos metodológicos e, finalmente, a estrutura do trabalho. Já o Capítulo 2

expõe a área de aplicação da pesquisa, cujo escopo é o conjunto de equipamentos

de um alto forno, unidade fabril da siderurgia mundial responsável pela produção do

ferro gusa, matéria prima da produção de aço.

O capítulo 3 abordará o referencial teórico referente à engenharia de

confiabilidade aplicada ao trabalho, enquanto no capítulo 4 será mostrado a

aplicação da metodologia de estudo na prática do processo.

Por fim, os capítulos 5 e 6 correspondem às discussões dos resultados obtidos no

decorrer da pesquisa, assim como as conclusões e recomendações para trabalhos

futuros respectivamente.

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2 FUNDAMENTOS DO PROCESSO SIDERÚRGICO

2.1 VISÃO GERAL DO PROCESSO SIDERÚRGICO

De acordo com o instituto aço Brasil (2019), o aço é uma liga de ferro e

carbono. O ferro é encontrado em toda crosta terrestre, fortemente associado ao

oxigênio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro, misturado com areia fina.

contendo menos de 2% de carbono e 1% de manganês e pequenas quantidades de

silício, fósforo, enxofre e oxigênio. No processo siderúrgico, utiliza-se como

combustível o carvão mineral, e em fornos de menor capacidade de produção, o

carvão vegetal. O carvão tem dupla função na fabricação do aço sendo a primeira

como combustível e a segunda como redutor, associando-se ao oxigênio que se

desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. Este processo

de redução se dá em um equipamento chamado alto forno. Na área da sinterização,

o minério é transformado em Sínter e após este processo é destinado ao alto forno.

Nas usinas de pelotização, o minério é transformado em pelotas e também são

destinadas ao alto forno. Na área da coqueria, o carvão mineral é transformado em

coque que é posteriormente transportado Alto Forno para ser utilizado como

principal combustível, podendo ser utilizado também o gás natural.

No alto forno é gerado como produtos finais o ferro líquido que é chamado

de ferro gusa ou ferro de primeira fusão além de impurezas como calcário e sílica

que formam a escória, utilizada na fabricação de cimento. Após a obtenção do ferro

gusa, o mesmo é transportado através de carros torpedos até a etapa seguinte do

processo chamada de refino, onde será realizada a transformação do ferro em aço

mediante queima de impurezas e adições. A área responsável por executar esta

transformação é chamada de Aciaria. O refino do aço pode ser realizado em fornos

a oxigênio ou elétricos. A última etapa de fabricação do aço é a laminação. O aço,

em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em

produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas

grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados etc

Este estudo de caso está inserido na cadeia produtiva do aço, onde os Altos Fornos

entram como alimentadores de ferro gusa no processo, tendo como áreas

antecessoras basicamente Sinterização e Coqueria, e como área cliente direta, a

Aciaria.

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Fonte: ArcelorMittal Tubarão (2016)

A Figura 1 mostra um fluxograma da cadeia produtiva deste complexo siderúrgico

onde este trabalho está inserido, ampliando a ideia dos diversos processos

complementares que dão origem ao produto final tratado.

2.2 PROCESSO DO FORNO

Os Altos Fornos são reatores metalúrgicos de contracorrente com objetivo de

promover a redução de minérios ferrosos colocando em contato óxidos de ferro com

um elemento redutor, que será o gás CO, H2 ou carbono. (ABM, 1994)

No Alto Forno, Figura 1, através do carregamento de matérias primas, basicamente

minério de ferro e carvão, ocorre à redução direta do minério de ferro com o carbono

do carvão, tendo como produto final o ferro gusa, com faixas acima de 4,5% de C.

Conforme ilustrado na Figura 1 a carga metálica constituída por minério

grosso, sínter e pelota, é carregada na parte superior do forno de forma intercalada

com o combustível em estado sólido. Esse combustível é o coque siderúrgico ou

carvão vegetal, responsável pelo processo de redução do ferro, que ocorre com o

sopro de ar quente na parte inferior do forno. A maioria dos Altos–Fornos atuais

Figura 1 – Fluxograma de Produção da ArcelorMittal Tubarão Fase 7,5 Mt/ano.

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utiliza injeção auxiliar de combustíveis tais como carvão pulverizado e gás natural. A

queima do coque gera gases redutores em altas temperaturas. Esses gases

ascendentes em contato com a carga de minérios descendentes reagem, causando

redução e fusão do minério, dando origem ao ferro gusa, que é o principal produto

do Alto-Forno, e à escória. Ambos são produzidos em estado líquido em

temperaturas entre 1450 e 1520°C.

Neste complexo processo, é necessário injetar ar soprado pelas ventaneiras do Alto

Forno, este ar é alimentado por sopradores que fornecem ar frio a aproximadamente

150ºC vindo das Centrais Termoelétricas (CTE’s) e quando chega ao Alto Forno

passam pelos Regeneradores, que são equipamentos providos de refratários com

reserva térmica temporária para elevar a temperatura de ar soprado para até

1400ºC, dependendo do processo. (KAWASSAKI STEEL, 1982)

Neste caso a temperatura de sopro está na ordem de 1250ºC, com vazões que

podem chegar a 7500 Nm³/h e 4 kgf/cm² de pressão. Este fluxo de ar quente passa

por válvulas gavetas de grande porte chamada de Válvula de Ar Quente (V.A.Q),

com sedes e discos de cobre eletrolítico com alta pureza, na ordem de 99,8% de Cu,

refrigerados com água desmineralizada para conservação dos componentes

mecânicos citados. (KAWASSAKI STEEL, 1982)

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Fonte –ArcelorMittal Tubarão (2016)

Segundo Geerdes et al. (2007) o alto forno trata-se de uma estrutura de

forma cônica, distribuída em zonas conforme a Figura 2. Além disso, de forma geral,

a organização geral da planta de uma usina siderúrgica pode ser vista na Figura 3.

Figura 2 - Zonas Internas de um Alto Forno

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Fonte – ArcelorMittal Tubarão (2016)

2.3 PRINCIPAIS ÁREAS DE UM ALTO FORNO

2.3.1 Carregamento

Segundo Satyendra (2016), para produzir ferro gusa, um alto forno precisa

ser alimentado por matérias-primas como o sínter, minério, pelota e fundentes e por

combustíveis como o coque, carvão pulverizado e gás natural. Todas estas

matérias-primas exceto o carvão pulverizado e o gás natural que são injetados no

forno através das ventaneiras são manuseadas na área do carregamento do alto

forno. A área de carregamento consiste em dois sistemas sendo eles o de

estocagem e o de transferência da matéria-prima até o topo do forno. O objetivo da

área do carregamento é garantir que a matéria-prima seja entregue no interior do

forno de forma controlada com quantidade, granulometria e umidade adequada de

acordo com a receita elaborada pela operação.

A configuração da área do carregamento mais utilizada nas usinas

siderúrgicas atuais é composta por silos de estocagem que recebem os diferentes

materiais através de transportadores de correia, sistemas de alimentadores

Figura 3 - Composição da planta

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vibratórios e peneiras individuais por silos, balanças para pesagem do material e

sistema de retorno de finos utilizando transportadores de correia. Geralmente esta

configuração é utilizada quando o transporte da matéria prima até o topo do forno é

realizado através de um transportador de correia principal. A Figura 4 mostra um

esquema básico de uma área de carregamento de um alto forno, contendo todos os

principais equipamentos explicitados anteriormente.

Fonte: ArcelorMittal, 2015

Figura 4 – Sistema de carregamento do alto forno

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23

2.3.2 Topo do Alto Forno

A distribuição de carga metálica ou de coque no interior do alto forno é

realizada pelos equipamentos que compõem o topo e deve ser realizada de forma

radial, utilizando granulometria correta dos materiais a fim de favorecer o

escoamento gasoso e assim garantir uma boa permeabilidade. Para que as trocas

térmicas e as reações de redução da carga sejam eficientes, é necessário que a

distribuição de carga seja realizada de forma correta.

Basicamente as usinas siderúrgicas utilizam dois tipos de sistemas de

distribuição de carga no interior dos fornos. Esses sistemas são o topo duplo cone e

o topo sem cone. Devido maior flexibilidade, desempenho e confiabilidade, a calha

rotativa do topo sem cone é a mais utilizada nos altos fornos modernos. Este

sistema permite descarregar a carga em qualquer região na direção radial, pois,

além do movimento rotativo, esta tem movimento angular em relação ao eixo central

do forno.

Para um fluxo gasoso central, é necessário que a carga de coque seja

direcionada no centro do forno e para um fluxo gasoso menos centralizado é

necessário que direcione a carga de coque nos periféricos do forno, como no caso

de remoção de cascão agregado na parede (MOURÃO et al., 2007).

De acordo com Satyendra (2013), os principais componentes do sistema de

descarga de material no interior do alto forno são: equipamento de distribuição de

material para tremonhas (tilt rocker, carro distribuidor, calha rotativa), tremonhas de

recebimento de material equipadas com válvulas de selagem e controle de material,

central feeding spout, calha rotativa com flexibilidade de giro e inclinação, sistemas

hidráulicos, sistemas de lubrificação, sistemas de refrigeração e sistema de controle.

Durante operação do alto forno, o transportador de correia leva os materiais

até o equipamento de distribuição que descarrega em uma tremonha que depois de

cheia de material, é pressurizada a uma pressão superior a pressão interna do alto

forno.

Após pressurização da tremonha, a válvula de selagem inferior e a válvula

de controle de material abrem, permitindo a passagem do material até a calha

rotativa que por sua vez descarrega o material no interior do alto forno. A descarga

nas tremonhas é realizada de forma alternada, pois enquanto uma está sendo

carregada a outra está descarregando material.

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24

A Figura 5 representa um sistema básico com os equipamentos do topo de

um alto forno.

Figura 5 – Sistema de topo do alto forno

Fonte: ArcelorMittal, 2019

Além disso, deve-se ressaltar que cada planta tem sua particularidade.

Sendo assim, existem diversas formas para divisão das áreas de um alto forno. Em

alguns casos há uma subdivisão no topo, segmentando em topo e corpo do forno,

ou forno próprio.

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2.3.3 Casa de Corrida

Segundo Geerdes et al., (2007) uma boa operação da casa de corrida é

extremamente importante para o alto forno e para tal é necessário que a remoção do

ferro e escória liquida do interior do forno seja realizada a uma taxa que não permita

que o nível do metal liquido dentro do cadinho se eleve, que seja realizado uma boa

separação entre ferro e escória, que ocorra um bom direcionamento do ferro liquido

para o carro torpedo e o direcionamento da escória liquida para o sistema de

granulação.

Os produtos finais da produção do alto forno são o ferro gusa e escória

líquida. As densidades dos dois líquidos são diferentes, a do ferro são 7.2 t/m³

enquanto a da escória é 2.4 t/m³ proporcionando uma boa separação de líquidos no

canal. A retirada regular destes líquidos do cadinho é realizada através dos furos de

gusa.

O número de furos de gusa depende do tamanho e capacidade do forno. A

maioria dos altos fornos no mundo possuem 2 ou 4 furos de gusa. Em uma

operação normal, o furo de gusa é aberto alternadamente, uma vez em uma casa de

corrida e na vez subsequente na outra casa de corrida. Os equipamentos

responsáveis pela abertura e fechamento dos furos de gusa são as máquinas de

perfuração e o canhão de lama, respectivamente.

De acordo com Satyendra (2014), as máquinas de perfuração devem

combinar a máxima flexibilidade com o alto desempenho dos martelos e brocas de

perfuração, garantindo a abertura do furo de gusa de forma efetiva. A broca deve ser

suficientemente poderosa e rígida capaz de perfurar com precisão. Segundo o

mesmo autor, o fechamento do furo de gusa em qualquer situação operacional é

requisito para um bom desempenho operacional. A Figura 6 mostra os

equipamentos principais utilizados para o procedimento de perfuração do furo de

gusa.

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26

Fonte: ArcelorMittal, 2019

O equipamento responsável pelo tamponamento do furo de gusa é chamado

canhão de lama. Ele tem a função de injetar massa refratária no furo de gusa a uma

pressão superior a pressão do alto forno. Ambos os equipamentos podem ser

operados remotamente, sendo possível serem paralisados em qualquer ponto

desejado pelo operador.

A Figura 7 mostra a operação de tamponamento realizado pelo canhão de

lama.

Figura 6 – Equipamento para perfuração

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27

Fonte: Animação Flash Gerdau Aço Minas, 2006

2.3.4 Sistema de refrigeração da carcaça (Staves)

Os “Stave Cooler” são peças fundidas de ferro ou cobre instaladas nas paredes dos

Altos Fornos, entre a carcaça e o revestimento refratário, contendo canais ou

tubulações internas, também fundidos, por onde será circulada a água responsável

pela refrigeração do forno, representado na Figura 8.

Fonte: VELLOSO (2001)

Figura 7 - Processo de furo

Figura 8 – Desenho esquemático do Sistema de “Stave Cooler”

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Deve-se destacar que a circulação de água nos “stave cooler” é sempre feita

alternando-se de “stave” para “stave” para garantir uma maior segurança ao sistema,

pois caso ocorra algum furo ou rompimento, em algum tubo, será possível isolar

apenas ele, de tal forma que, não se perca todo o conjunto do “stave”. A

representação do sistema de stave geral de um Alto Forno pode ser vista na Figura

9.

Fonte: Animação Flash Gerdau Aço Minas, 2006

Figura 9 – Sistema de refrigeração “Stave Cooler” de um alto forno

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2.3.5 Regeneradores

Segundo Mourão et al., (2007) os regeneradores são grandes trocadores de

calor e tem como função aquecer o ar que é injetado nas ventaneiras. Estes

equipamentos recebem o ar frio a uma temperatura entre 150 °C a 200 °C

proveniente de turbos sopradores e o eleva a uma temperatura entre 1000 °C e

1250 °C. A Figura 10 mostra a representação esquemática do sistema de

regeneradores.

Figura 10 – Sistema dos regeneradores

Fonte: Animação Flash Gerdau Aço Minas, 2006

O gás misto composto de uma mistura de 88% a 95% de gás proveniente do

próprio alto forno (BFG) e de 5% a 12% de gás de coqueria (COG) é o combustível

utilizado para se obter o aquecimento dos regeneradores. Para a realização da

queima destes combustíveis, ventoinhas suprem a câmara de combustão com ar da

atmosfera na concentração adequada. Na câmara de combustão é realizada a

queima total do gás misto, e esta tem altura e diâmetro suficiente para evitar o

impacto da chama no domo.

O domo é a parte superior do regenerador e sua função é inverter em 180° o

sentido dos gases queimados e distribui-los para o empilhamento de tijolos

refratários que tem como função absorver o calor. Na etapa de sopro do

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regenerador, o sentido do ar quente é inverso. Os altos fornos geralmente utilizam

conjunto de três a quatro regeneradores. A Figura 11 mostra a representação do

sistema de entrada e saída de ar a partir das válvulas dos regeneradores. Os

regeneradores operam em ciclos, ou seja, enquanto um regenerador está em fase

de combustão, os outros estão em fase de sopro. O próximo item explicará como

ocorre a lavagem dos gases gerados no processo de produção de ferro gusa. A área

responsável por este processo é chamada de Limpeza de Gás.

Fonte: ArcelorMittal, 2019

Figura 11 - Representação sistemática dos regeneradores

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2.3.6 Sistema de Limpeza de Gás

De acordo com Satyendra (2016), durante o processo de produção de ferro

gusa é gerado um gás no topo do alto forno, um subproduto de grande importância

em todo o processo, sendo utilizado no aquecimento dos regeneradores ou suprindo

outras áreas da usina. Este gás se apresenta a uma pressão e temperatura similares

as do topo do alto forno e são contaminados com partículas de pó e água. Desta

maneira, é necessário que o mesmo seja passado por um processo de limpeza com

objetivo de reduzir a concentração de partículas de pó.

Um sistema típico de limpeza de gás é constituído por um coletor de pó

(Balão de Pó ou Ciclone), geralmente dois estágios de lavadores de gás (Venturis

Scrubbers), válvulas de controle de pressão do topo do alto forno (Septum Valves),

turbina a gás geradora de energia elétrica, e um desumidificador (separador de

neblina). A Figura 12 representa um sistema típico de lavagem de gás.

Fonte: ArcelorMittal, 2019

No topo do alto forno estão localizadas tubulações chamadas de up takes,

que são responsáveis por direcionar o gás gerado no interior do forno para uma

tubulação principal de gás chamada de Downcommer, que é a responsável por

direcionar o gás do topo do forno para o coletor de pó.

Figura 12 – Sistema típico de lavagem de gás

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No coletor de pó as partículas mais grosseiras contidas no gás se depositam

no fundo e são descarregadas em um poço através de válvulas de descarga.

Posteriormente o gás é direcionado através de uma tubulação até o primeiro estágio

de lavagem do gás. Nesta etapa o gás é lavado no venturi scrubber a partir da

introdução de água nos bicos injetores e as partículas mais finas são retiradas deste

equipamento em forma de lama.

Em seguida o gás é direcionado através de uma tubulação para o segundo

estágio de lavagem, onde novamente ocorre a lavagem através de bicos injetores.

Após esta etapa em operação normal, o gás é direcionado até a turbina para que a

mesma gere energia elétrica que abastece toda a usina.

2.3.7 Sistema de moagem e injeção de carvão

Também conhecido como PCI (Pulverizing coal injection), o sistema é uma planta de

moagem e injeção de carvão mineral para o alto forno em substituição ao coque

para reduzir custo de produção do gusa.

São comprados cerca de 14 tipos de carvão diferentes para compor o mix de carvão

que será utilizado nas moagens, observando a taxa de substituição, enxofre,

percentual de cinzas e HGI (dureza do carvão). são feitas as pilhas de carvão no

pátio de forma a abastecer os silos de dosagem que irão jogar o mix pronto nas

correias que abastecem as moagens.

O mix de carvão é armazenado em um silo de carvão bruto que é controlado através

do nível o reabastecimento. A dosagem do carvão para o moinho se dá através do

transportador de arraste de carvão no qual é possível alterar a velocidade que o

transportador irá abastecer o moinho. o transportador de arraste joga o carvão em

um "chute" de transferência para o transportador helicoidal, que em velocidade

constante joga o material em cima da mesa do moinho. O moinho trabalha com rolos

movidos, ou seja, os rolos não são acionados, a mesa do moinho gira fazendo o

material passar por baixo dos rolos moendo o carvão. O ventilador principal faz

circular os gases no circuito passando pelo gerador de gás quente para além de

transportar o pó de carvão até o silo de finos seca esse carvão.

Ao entrar no moinho, o gás passa ao redor da mesa levando o material moído ao

sistema de classificação e caso a partícula ainda não esteja com sua dimensão

aceitável, a mesma volta para a mesa para moer novamente até estar do tamanho

ideal. Após passar pelo classificador a partícula é transportada até o filtro de mangas

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que irá reter o carvão pulverizado e deixar passar apenas o gás para recircular no

circuito.

O filtro de mangas através de jatos pulsantes, faz com que o material caia em um

transportador de arraste de finos e esse transportador joga o material em uma

válvula rotativa e essa por sua vez, joga em uma peneira onde serão retiradas as

impurezas residuais do carvão antes de armazenar no silo de finos.

A planta é representada na Figura 13.

Fonte: Animação Flash Gerdau Aço Minas, 2006

O material armazenado no silo de finos é descarregado nos vasos de injeção para

transportar pneumaticamente os finos de carvão até as ventaneiras. O transporte é

em fase densa em duas rotas par e ímpar onde um distribuidor irá dividir esse

carvão igualmente de acordo com o número de ventaneiras do Alto Forno. Após

igualmente distribuído, o carvão irá para as ventaneiras onde irá contrubuir para a

redução do material dentro do Alto Forno, conforme a Figura 14.

Figura 13 – Planta de moagem e injeção

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Fonte: Animação Flash Gerdau Aço Minas, 2006

Figura 14 – Injeção de carvão

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 MANUTENÇÃO

De acordo com Monchy (1987) o termo manutenção surgiu no vocabulário militar,

tendo como princípio manter nas unidades de combate, o efetivo e o material

necessário em um nível constante.

A palavra manutenção é definida por um conjunto de ações na empresa, sejam elas

técnicas ou administrativas da supervisão com o intuito de manter o desempenho de

um item para qual ele foi projetado. Este item pode ser qualquer parte de um

sistema, componente ou unidade funcional.

De acordo com Moubray (2000) o termo manutenção no meio industrial começou a

ser utilizado com a chegada da Revolução Industrial no século XVIII, na qual

surgiram os meios de produção industrial. Não existia controle de qualidade para os

produtos produzidos e a manutenção era muito precária, quase sempre corretiva,

isso devido à falta de técnicas de diagnóstico e de prevenção da falha. Não existia

manutenção sistematizada e consequentemente não requeria de mão de obra

especializada para execução das atividades. Além disso, define que a manutenção

evoluiu significativamente nos últimos vinte e sete anos, tal evolução maior que

talvez, qualquer outra disciplina de gerenciamento. Isto se deve ao aumento das

instalações de plantas produtivas e demanda de produtos com qualidade. Com o

aumento da complexibilidade dos equipamentos, a manutenção reage cada vez

mais para inibir ou prever as falhas, fortalecendo a conscientização do quanto uma

falha pode afetar a qualidade de um produto impactando na confiabilidade.

Pinto e Xavier (2001) define que a manutenção passou a ser dividida em três

gerações distintas a partir dos anos trinta.

A Figura 15 e Tabela 1 mostram a evolução das técnicas de manutenção em cada

geração a partir da década de 1930.

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36

Figura 15 - Evolução da Manutenção

Geração

1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

Manutenção Confiabilidade

Gera

çã

o 1

Gera

çã

o 2

Gera

çã

o 3

Manutenção Corretiva

Manutenção Preventiva

Manutenção Preditiva

Manutenção Produtiva

Fonte: Siqueira (2005)

De acordo com Pinto e Xavier (2001) a primeira geração abrange o período anterior

à segunda guerra mundial, período marcado por equipamentos de pouca tecnologia

e mecanização, consequentemente equipamentos simples e robustos. Predominava

nesta geração a manutenção corretiva, realizando apenas serviços de lubrificação,

limpeza e reparos após a quebra. A segunda geração está englobada entre a

segunda guerra mundial até os anos 60, quando ocorreu um aumento da demanda

de muitos produtos industrializados, porém devido à guerra houve uma redução no

contingente de mão-de-obra, forçando a mecanização das máquinas e aumento da

complexibilidade das instalações industriais.

Ainda de acordo com Pinto e Xavier (2001) ocorreu o surgimento das gerações

devido à necessidade de maior disponibilidade e confiabilidade das maquinas,

visando o aumento da produção. Com uma dependência das máquinas iniciou-se as

análises das falhas, surgindo então na década de 60 a intervenção para manutenção

determinada por tempos, chamada de manutenção preventiva. Além disso, definem

que a terceira geração esta caracterizada a partir da década de 70 quando ocorreu a

aceleração de mudanças nas indústrias. Neste período ocorreu o crescimento da

mecanização e consequentemente o crescimento da automação das máquinas,

aumentando assim a confiabilidade e a disponibilidade das máquinas. Porém com o

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aumento da mecanização e da automação, ocorreu um aumento da frequência das

falhas, afetando assim os padrões de qualidade estabelecidos.

Conforme Nunes (2001), o surgimento de novas técnicas na terceira geração era

suportado por computadores de grande porte, surgindo neste período sistemas de

planejamento e controle da manutenção, visando melhorar e controlar as ações

tomadas de manutenção. Nesta geração ocorreu o aperfeiçoamento das técnicas

desenvolvidas na segunda geração e o aumento da importância da manutenção.

Também foi criada na terceira fase a manutenção preditiva, auxiliada por técnicas de

monitoramento sensitivo e instrumentos de medição.

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Tabela 1 - Evolução da Manutenção

Fonte: Pinto e Xavier (2001)

1970 1980 1990 2000

> Conserto após a

falha

2010

Terceira Geração Quarta Geração

EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

1940 1950 1960

Primeira Geração Segunda Geração

Ano

Au

men

to d

as

ex

pecta

tiv

as

em

rela

çã

o à

Ma

nu

ten

çã

o

Vis

ão

qu

an

to a

fa

lha

do

eq

uip

am

en

to

> Todos os

equipamentos se

desgastam com a idade

e, por isso, falham

> Todos os

equipamentos se

comportam de acordo

com a curva da banheira

> Maior confiabilidade

> Maior disponibilidade

> Prevenção do Meio ambiente

> Segurança

> Influir nos resultados do

negócio

> Gerenciar os ativos

> Maior confiabilidade

> Maior disponibilidade

> Melhor relação custo-

benefício

> Preservação do meio

ambiente

> Disponibilidade

crescente

> Maior vida útil do

equipamento

> Planejamento manual

da manutenção

> Computadores grandes

e lentos

> Manutenção

Preventiva (por tempo)

> Habilidades voltadas

para o reparo

Mu

da

nça

na

s té

cn

ica

s d

e M

an

ute

nçã

o

> Existência de 6 padrões de

falhas (Nowlan & Heap e

Moubray)

> Reduzir drasticamente falhas

prematuras dos padrões A e F.

(Nowlan & Heap e Moubray)

> Aumento da Manutenção

Preditiva e Monitoramento da

Condição

> Minimização nas

Manutenções Preventiva e

Corretiva não Planejada

> Análise de Falhas

> Técnicas de confiabilidade

> Manutenabilidade

> Engenharia de Manutenção

> Projetos voltados para

confiabilidade,

manutenabilidade e Custo do

Ciclo de Vida

> Contratação por resultados

> Monitoramento da

condição

> Manutenção Preditiva

> Análise de risco

> Computadores pequenos

e rápidos

> Softwares potentes

> Grupos de trabalho

multidisciplinares

> Projetos voltados para

confiabilidade

> Contratação por mão de

obra e serviços

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3.1.1 Manutenção Corretiva

Existem duas vertentes de manutenção corretiva, a planejada e a não planejada. A

manutenção corretiva é definida como a intervenção no equipamento para correção

da falha ou do desempenho abaixo do esperado. Então a manutenção corretiva não

é a intervenção realizada somente em emergência. (Pinto e Xavier, 2001)

A manutenção corretiva pode corrigir ou restaurar as condições de funcionamento

de um equipamento ou sistema, desta forma a manutenção corretiva não planejada

é definida como a correção da falha de maneira aleatória. E a manutenção corretiva

planejada e definida como a intervenção para correção do desempenho abaixo do

esperado, que por decisão gerencial poderá acontecer para correção de um baixo

desempenho relatado por um acompanhamento preditivo ou pela decisão de operar

até quebrar. (Pinto e Xavier , 2001)

3.1.2 Manutenção Preventiva

A manutenção preventiva tem como objetivo reduzir ou evitar a falha ou queda de

desempenho do equipamento ou processo obedecendo a um plano de manutenção

previamente elaborado com base em intervalos de tempo definidos. Ao contrário da

manutenção corretiva, a manutenção preventiva busca evitar a ocorrência de falhas,

seu foco é a prevenção. (Pinto e Xavier, 2001)

Segundo Pinto e Xavier (2001) como a manutenção preventiva é executada com

base em tempo e não por condição, alguns pontos importantes precisam ser

destacados:

• A falha pode ocorrer antes de completar o ciclo inicial proposto para

manutenção;

• Aberturas prematuras de equipamentos para manutenção ocorrerão no

início do ciclo operacional;

• A preventiva deve ser realizada onde a preditiva não se aplica;

• Em alguns casos onde envolve segurança de pessoas e da instalação,

riscos ao meio ambiente, a preventiva obrigatoriamente será realizada;

• Onde a disponibilidade operacional não permite a intervenção com

facilidade a preventiva também é realizada;

• A manutenção preventiva pode inserir defeitos no equipamento devido

falha humana, falha de sobressalentes, contaminações de óleo, danos

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durante a partida e parada, e ou falhas dos procedimentos de

manutenção.

3.1.3 Manutenção Preditiva

A manutenção preditiva comumente chamada de manutenção sob condição é

definida como a intervenção realizada com base em parâmetros de condição ou

desempenho onde um acompanhamento sistemático é realizado com objetivo de

identificar estabilidade ou modificações nos parâmetros de funcionamento do

equipamento ou processo. Quanto mais confiável for a técnica de acompanhamento

das instalações, equipamentos e sistemas operacionais em funcionamento com

objetivo de prevenir falhas, mais a preditiva é utilizada com potencial de permitir a

operação do equipamento pelo maior tempo possível. (Pinto e Xavier, 2001)

Conforme Pinto e Xavier (2001), alguns pontos devem ser observados para que seja

adotada a técnica de manutenção preditiva:

• O equipamento deve permitir algum tipo de monitoramento;

• A relação custo versus benefício deve ser favorável;

• As falhas devem possibilitar o monitoramento de acordo com o aumento

da gravidade em um intervalo de tempo que permita o acompanhamento;

• Um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico sistematizado

devem ser implantados.

3.1.4 Mantenabilidade e disponibilidade

Segundo Lafraia (2011) a manutenção está presente na maioria dos sistemas,

necessitando de manutenções e reparos quando ocorre a falha. A mantenabilidade é

definida através da facilidade na execução das atividades de reparos e

manutenções.

De acordo com a NBR 5462 a mantenabilidade é a facilidade de manter ou colocar

um item em condições de uso conforme especificações de projeto, executando a

manutenção sob condições estabelecidas e com uso de procedimentos

normalizados.

Paiva (2003) define mantenabilidade como uma ferramenta importante para auxiliar

no gerenciamento da confiabilidade, uma vez que sistemas ou equipamentos são

reparados após a ocorrência de uma falha. A mantenabilidade pode ser medida

através de aspectos corretivos por tempo médio de reparos (Mean time to repair -

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MTTR). O tempo de reparo é definido pelos resultados de três atividades conforme

definido abaixo:

- Tempo de preparação para reparar uma falha.

- Tempo ativo de na execução da manutenção.

- Tempo de logística como entrega de sobressalentes e mobilização de recursos.

Lafraia (2011) define que do ponto de vista matemático, a mantenabilidade é a

probabilidade de o equipamento ser liberado para operação sob as condições

exigidas no projeto e dentro de um determinado tempo, com a execução da

manutenção dentro dos procedimentos prescritos. A ação de manutenção pode ser

de forma preditiva, preventiva ou corretiva.

A Tabela 2 mostra o custo em cada situação de manutenção, onde a preditiva

possui custo bem inferior às demais.

Tabela 2 - Custo por tipo de manutenção

Fonte: Pinto e Xavier (2001)

A disponibilidade é definida por Lafraia (2011) como a probabilidade de um sistema

estar disponível, em condição de operação no instante t. A NBR 5462 define

disponibilidade como a capacidade de um item estar em condições de executar certa

função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado,

levando-se em conta os aspectos combinados de sua confiabilidade,

mantenabilidade e suporte de manutenção, supondo que os recursos externos

requeridos estejam assegurados.

Tipo de Manutenção Custo US$/HP/ano

Corretiva Não Planejada 17 a 18

Preventiva 11 a 13

Preditiva e Monitoramento de

Condição/Corretiva Planejada 7 a 9

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3.2 RCM (RELIABILITY CENTERED MAINTENANCE)

De acordo com Siqueira (2005) o conceito fundamental e objetivo da manutenção

centrada na confiabilidade, MCC ou RCM, é realizar a manutenção mais propícia a

evitar cada modo de falha. Já Lafraia (2011) cita como principal objetivo da MCC de

garantir que um equipamento continue a exercer suas funções desejadas. Ambos os

autores indicam como caminho para identificar modos de falhas e garantir o

funcionamento do equipamento uma metodologia chamada Análise de Modos de

Falhas e Efeitos (FMEA) que possibilita a padronização da análise para

identificarmos de que forma ocorre a falha, o que causa cada falha, o que acontece

quando ocorre a falha e o que deve ser feito para preveni-la. Além disso, no enfoque

tradicional da manutenção todas as falhas são ruins e, portanto, todas devem ser

prevenidas. Esta filosofia não condiz com a realidade devido ser impossível

tecnicamente evitar-se todas as falhas e ainda que fosse possível os recursos

financeiros não seriam suficientes.

Na MCC queremos alcançar o melhor que o equipamento possa oferecer para o

sistema dentro do que ele foi concebido, assegurando-se que continue a cumprir

suas funções no sistema. O foco é determinar o que deve ser feito para preservar a

função do sistema ao invés de tão somente manter o equipamento.

A Tabela 3 faz uma comparação entre a manutenção tradicional e a manutenção

sobre a ótica da MCC.

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43

Tabela 3 - Comparação da Manutenção Tradicional com a MCC

Fonte: Siqueira (2005)

Moubray (1996) defende que a estrutura para a implantação do RCM deve ser

fundamentada em função de sete questões básicas:

• Quais são as funções e os padrões de desempenho do item no seu

contexto operacional atual?

• De que forma ele falha em cumprir suas funções?

• O que causa cada falha operacional?

• O que acontece quando ocorre cada falha?

• De que forma cada falha tem importância?

• O que pode ser feito para prevenir cada falha?

• O que deve ser feito, se não for encontrada uma tarefa preventiva

apropriada?

3.3 PLANOS DE MANUTENÇÃO

Segundo Xenos (1998) um plano de manutenção é constituído de um conjunto de

ações preventivas e de datas para a sua execução. Pode ser definido também por

um calendário de ações preventivas. Um bom plano de manutenção apresenta a

coleção de todas as ações preventivas que devem ser tomadas para evitar as falhas

e garantir o bom funcionamento dos equipamentos. Quanto melhor for o

conhecimento das necessidades de manutenção preventiva, melhor será o conteúdo

do plano. A elaboração dos planos de manutenção se torna simples quando as

ações preventivas de reforma ou troca que os equipamentos exigem e seus

respectivos intervalos já são pré-estabelecidos. A princípio estas ações devem estar

CARACTERISTICA MANUTENÇÃO TRADICIONAL

MCC

Foco Equipamento Função

Objetivo Manter o equipamento Preservar a função

Atuação Componente Sistema

Atividades O que pode ser feito O que deve ser feito

Dados Pouca ênfase Muita ênfase

Documentação Reduzida Obrigatória e Sistemática

Metodologia Empírica Estruturada

Combate Deterioração do equipamento Consequências das falhas

Normalização Não Sim

Priorização Inexistente Por função

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registradas no padrão de manutenção do equipamento em questão, e devem conter

instruções detalhadas sobre o que inspecionar, reformar ou trocar, com que

frequência e o por que e como estas tarefas devem ser executadas.

O cumprimento do plano de manutenção é indispensável na redução de falhas em

equipamentos, sendo assim um instrumento muito utilizado por equipes de

manutenção nas grandes indústrias.

A seguir será desenvolvido todo o embasamento teórico sobre o FMEA - Failure

Mode and Effects Analysis, ferramenta utilizada em conjunto com a metodologia

RCM abordada no presente estudo.

3.4 FMEA - ANÁLISE DE MODOS DE FALHA E EFEITOS

A técnica do FMEA – Failure Mode and Effects Analysis nasceu na indústria

aeronáutica na década de 1960 com objetivo de analisar a segurança de aeronaves.

Desde então, esta técnica vem sendo utilizada em vários seguimentos da indústria

(VILLEMEUR, 1992).

Segundo Palady (1997) o FMEA é uma das técnicas de baixo risco mais eficientes

para a prevenção de problemas e identificação das soluções mais eficazes em

termos de custos, a fim de prevenir esses problemas. Como procedimento, o FMEA

oferece uma abordagem estruturada para avaliação, condução e atualização do

desenvolvimento de projetos e processos em todas as disciplinas da organização.

Palady (1997) ainda aborda que esta técnica oferece três funções diferentes: é uma

ferramenta para prognóstico de problemas; é um procedimento para

desenvolvimento e execução de projetos, processos ou serviços, novos ou

revisados; é o diário do projeto, processo ou serviço.

Segundo Helman & Andrey (1995) a partir da detecção de pontos problemáticos,

relacionando as falhas nos elementos do subsistema com suas consequências no

sistema como um todo, o FMEA vem com o objetivo de realizar melhorias nos

sistemas, e é aplicável nas seguintes situações:

• Melhoria de um produto já existente ou processo já em operação, a

partir da identificação das causas das falhas ocorridas e seu posterior

bloqueio;

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45

• Detecção e bloqueio de causas de falhas potenciais (antes que

aconteçam) em produtos ou processos já em operação ou ainda na fase de

projeto.

Segundo Palady (1997), a FMEA pode ser caracterizada em dois tipos

• FMEA de projeto - (DFMEA – Design Failure Modes and Effects

Analysis);

• FMEA de processo - (PFMEA – Process Failure Modes and Effects

Analysis).

A grande diferença entre estes dois tipos de FMEA está nos objetivos. Cada um

deles tem objetivos bem diferentes, que podem ser identificados através das

seguintes perguntas:

• Como esse projeto/processo, pode deixar de fazer e o que deve fazer?

• O que devemos fazer para prevenir essas falhas potenciais de

projeto/processo?

Percebe-se que na FMEA o sequenciamento da análise é de forma down-top, pois

objetiva determinar os modos de falha dos componentes mais simples, as suas

causas e de que forma elas afetam os níveis superiores do sistema.

Segundo Palady (1997) a lista a seguir resume alguns benefícios do

desenvolvimento e manutenção de FMEA´s eficazes:

• Economiza nos custos e tempo de desenvolvimento;

• Serve como guia para o planejamento de testes mais eficazes;

• Ajuda a desenvolver sistemas eficazes de manutenção preventiva;

• Fornece ideias para testes incorporados ao projeto;

• Reduz eventos não previstos durante o planejamento de um processo;

• Fornece uma referência rápida para resolução de problemas;

• Reduz mudanças de engenharia;

• Aumenta a satisfação do cliente;

• Serve como chave para acompanhar o projeto e atualizá-lo em toda a

organização;

• Reduz controles de custo desnecessários no processo;

• Identifica as preocupações de segurança a serem abordadas;

• Fornece ideias para o Projeto Robusto, contra os hábitos do cliente;

• Salvaguarda a repetição dos mesmos erros no futuro

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46

• Captura e mantém o conhecimento do produto e do processo na

organização

• Na visão contrária aos benefícios, Palady (1997) ressalta também

obstáculos e aplicações ineficazes mais comuns do FMEA que são:

• O FMEA não é projetado para substituir o trabalho do engenheiro;

• Nem todos os modos de falha concebíveis devem ser avaliada no

FMEA;

• O FMEA não é ferramenta para seleção do conceito de projeto ideal;

• O FMEA, como todas as ferramentas, possuiu limitações.

• As escalas de severidade, ocorrência e detecção devem ser ajustadas

a fim de refletir os produtos e processos da organização;

• Se você não tem certeza do valor que deve atribuir a uma dessas

escalas não atribua o valor mais;

• O RPN, Grau de Prioridade de Risco, pode causar confusão;

• A aplicação do princípio de Pareto ao RPN não é uma aplicação eficaz

do princípio de Pareto;

• Um RPN muito reduzido pode justificar ações corretivas;

• A maioria dos FMEAs não deveria ser desenvolvido em uma reunião;

3.4.1 Confiabilidade

Segundo Lafraia (2011) confiabilidade é a probabilidade com que um componente,

equipamento ou sistema exercerá sua função sem falhas, por um período de tempo

previsto, sob condições de operação especificadas.

A ABNT através da NBR 5462 define confiabilidade como a probabilidade de que um

item possa desempenhar sua função requerida, por um intervalo de tempo

estabelecido, sob condições definidas de uso.

Pinto e Xavier (2001) com base na NBR 5462 caracterizam melhor os quatros

conceitos importantes que estão inseridos na definição de confiabilidade, são eles:

a) Probabilidade: é a razão entre o número de casos favoráveis sobre o número de

casos possíveis, associado a um intervalo de tempo t.

b) Função requerida: é o mesmo que realizar o serviço esperado, ou atender o

desempenho esperado. Existe um patamar de admissibilidade abaixo do qual a

função não é mais satisfatória.

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47

c) Condições definidas de uso: são as condições gerais na qual o equipamento está

em operação, sendo o ambiente instalado, grau de agressividade, solicitações

físicas, mecânicas e químicas. Equipamentos iguais sob condições de uso

diferentes apresentam confiabilidade diferente.

d) Intervalo de tempo: é o período de tempo definido e medido. A confiabilidade de

um equipamento para um intervalo de tempo será diferente para um

equipamento com intervalo de tempo medido devido à probabilidade variar

com o tempo.

Lafraia (2011) expõe que ainda hoje a confiabilidade é encarada por muitos como

um tópico separado da qualidade, porém, o termo “qualidade do produto” engloba

todos os desempenhos e características do meio incluindo a confiabilidade.

3.4.2 Ferramentas Matemáticas

Lafraia (2011) conceitua as funções abaixo como:

a) Funções de Confiabilidade e Risco:

A função densidade de falhas (f(t)), representa a variação de probabilidade de falhas

por unidade de tempo. É representada graficamente por uma função, distribuição de

probabilidade. Matematicamente é expressa pela equação (1):

(1)

Nesta fórmula, F(t) é a função acumulada de falhas. Mostra a probabilidade de falha

entre um período de tempo t1 e t2. É representada graficamente por uma função de

distribuição de densidade acumulada. Matematicamente é expressa pela equação

(2):

(2)

Em confiabilidade, a preocupação é com a probabilidade de que um item sobreviva a

um dado intervalo estabelecido (de tempo, ciclos, distância). Isto é, não haverá

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48

falhas no intervalo de 0 a X. A confiabilidade é dada pela função confiabilidade C(t),

conforme equação (3):

(3)

Logo, a equação (4), F(t) é a probabilidade de falha do sistema, ou seja:

(4)

A taxa condicional de falha é a probabilidade condicional de falha no intervalo de t a

t + dt, dado que não houve falha em t. Esta função também é conhecida como

função de risco ( . Matematicamente é representada pela equação (5):

(5)

A relação gráfica entre os diversos parâmetros pode ser observada na Figura 16:

Fonte: Lafraia (2011)

Figura 16 - Relação Gráfica entre parâmetros de confiabilidade

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49

a) Outras Definições Ligadas à Confiabilidade:

Tempo médio para falha (TMPF) – é o tempo médio para falha de componentes que

não podem ser reparados. É aplicável a componente cuja vida termina na primeira

falha. É similar ao Tempo Médio Entre Falhas (TMEF), que é aplicável a

componentes reparáveis. É representado matematicamente pela fórmula (6):

(6)

b) Tempo médio para reparo (TMPR) – é o tempo para o reparo de

componentes; obtido de uma amostra nas mesmas condições de uso do

componente desejado. É representado matematicamente pela fórmula (7):

(7)

.

c) Disponibilidade (D) – é a probabilidade de que um componente que sofreu

manutenção exerça sua função satisfatoriamente para um dado tempo t. Na

prática, é expresso pelo percentual de tempo em que o sistema encontra-se

operante, para componentes que operam continuamente. Já para

componentes reserva, é a probabilidade de sucesso na operação do sistema

quando demandado. Frequentemente usado quando altos custos estão

envolvidos com a perda da função. Ideal para descrever equipamentos em

plantas de processo. É representado matematicamente pela fórmula (8):

(8)

d) A Figura 17 representa graficamente a relação entre disponibilidade e a

situação do componente:

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50

Fonte: Lafraia (2011)

Considerando que C(t) = R(t). Tem-se abaixo, na Figura 18, o gráfico da curva

básica da confiabilidade R(t) em relação ao seu complementar, a curva de

probabilidade de falha F(t):

Fonte: Barbosa (2008)

Lafraia (2011) descreve que tradicionalmente, as fases da vida de um componente

ou sistema são descritos pela curva da banheira. Porém, antes de discuti-la é

necessário definir o que vem a ser taxa de falhas na qual é a frequência de

acontecimento das falhas num determinado intervalo de tempo e mensurado pelo

número de falhas por hora de operação.

Figura 17 - Relação entre Disponibilidade e a Situação do Componente.

Figura 18 - Curva confiabilidade versus não confiabilidade

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51

A taxa de falhas é normalmente representada por . O inverso da taxa de falhas é

conhecido como o Tempo Médio Entre Falhas (TMEF) ou MTBF (Mean Time

Between Failures). A fórmula (9) do TMEF é:

(9)

A taxa média de falhas em um dado intervalo de tempo (t1, t2) depende da taxa de

falha conforme equação (10):

(10)

3.4.3 Curva da Banheira

A curva da banheira apresenta, de maneira geral, as fases da vida de um

componente. Embora ela seja apresentada como genérica, a curva da banheira só é

válida para componentes individuais (LAFRAIA, 2011).

Segundo Pinto e Xavier (2001), essa curva foi considerada, por muito tempo, como

um padrão para o comportamento de equipamentos e sistemas, mas a partir do

estudo de confiabilidade elaborado pela United Airlines – Figura 19 – e da

possibilidade de uma boa atuação nas fases que antecedem a entrada em operação

dos equipamentos não deve ser considerada como tal.

De acordo com Crowe e Feinberg (2001) a curva representa a taxa de falha de um

equipamento em função do tempo, é também conhecida como curva da banheira

devido ao seu formato, evidenciado na Figura 20.

A curva da banheira representa o comportamento, ao longo da vida, de vários

dispositivos elétricos, mecânicos e de softwares, sendo determinada a partir de

estudos estatísticos. Três regiões distintas da curva podem ser identificadas na

figura 8: região de falhas prematuras, região de vida útil e região de desgaste.

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52

Fonte: Pinto e Xavier (2001)

Fonte: Crowe e Feinberg (2001)

Figura 19 - Tipos de curvas de falha

Figura 20 - Curva da banheira

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53

Fase 1 (período de avaria precoce):

Conforme Pinto e Xavier (2001), nesta fase há grande incidência de falhas causadas

por componentes com defeitos de fabricação ou deficiências de projeto. Essas

falhas também podem ser oriundas de problemas de instalação.

Fase 2 (período de vida normal):

De acordo com Lafraia (2011), o período de vida útil é caracterizado por taxa de

falhas constante. Normalmente as falhas são de natureza aleatória, pouco podendo

ser feito para evitá-las, nesta fase β é praticamente constante e igual a . A região

de vida útil apresenta as menores taxas de falha.

Fase 3 (período de desgaste):

Nesta fase β cresce com o tempo e as falhas estão geralmente associadas ao

envelhecimento. Há um aumento na taxa de falhas decorrentes do desgaste natural,

que será tanto maior quanto mais passar o tempo. (Pinto e Xavier, 2001)

Segundo Pinto e Xavier (2001), normalmente a manutenção arca com todo o ônus

do trabalho mal feito nas etapas anteriores, mas, independentemente disso, as

consequências se traduzirão em baixa confiabilidade e lucros cessantes para a

planta.

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4 APLICAÇAÇÃO DA METODOLOGIA RCM AO PROCESSO

A aplicação da metodologia RCM foi realizada durante a readequação de um

sistema de cadastro de equipamentos, estando atrelado ao procedimento descrito a

seguir:

1. Criação do Diagrama de Blocos Funcionais (DBF)

2. Revisão de Cadastro

3. Análise da criticidade dos equipamentos

a. FMEA

4. Revisão de Equipamentos não críticos

5. Criação e implementação dos Planos de Manutenção

4.1 CRIAÇÃO DO DIAGRAMA DE BLOCOS FUNCIONAIS (DBF)

O primeiro passo realizado em conjunto com a equipe de manutenção das áreas, foi

elaborar o Diagrama de Blocos Funcionais (DBF) registrando todos os

equipamentos, independente do número de níveis hierárquicos existentes no

sistema de ativos vigente.

Fonte: ArcelorMittal (2018)

Esse trabalho foi fruto de conhecimento técnico das equipes de área, consulta a

desenhos técnicos, manuais e visitas em campo. Essa etapa visa limitar fronteiras,

incluir todos os equipamentos e elevar o conhecimento do equipamento para a

equipe de análise. A visão geral do DBF é representada na Figura 21.

Figura 21 - Diagrama de blocos funcionais

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55

4.2 REVISÃO DO CADASTRO

Com todos os equipamentos no DBF, o segundo passo consistiu em detalhar esses

equipamentos até o ultimo nível existente. Nessa fase, foi criada uma planilha com

base nas informações já existentes no sistema centralizada e posteriormente

validada com as equipes das áreas. Foi possível identificar presença de alguns

componentes cadastrados em duplicidade, alguns sem cadastros e alguns itens

existentes em campo, sem cadastro no sistema. Todos os ajustes foram realizados

através de visitas em campo, avaliação de desenhos técnicos e manuais. Nessa

fase pôde-se identificar a necessidade de agrupar, desdobrar ou até mesmo eliminar

os equipamentos. Essas alterações foram refletidas no DBF.

Como exemplificado na Figura 22, cada equipamento foi listado suas partes foram

segmentadas. Posteriormente foram classificados de acordo com suas

especialidades, sendo M para mecânica, E para elétrica e I para instrumentação.

Além disso, os equipamentos também foram classificados de acordo com a área de

atuação:

• EP: Equipamentos das áreas de produção ou apoio que atendem diretamente

a linha de produção

• EA: Equipamentos auxiliares da área de apoio

Fonte: ArcelorMittal, 2018

4.3 ANÁLISE DA CRITICIDADE DOS EQUIPAMENTOS

Buscou-se o envolvimento com todas as equipes de área a fim de ampliar a análise

dos equipamentos. Após as devidas análises na Cartilha de Manutenção e Gestão

de Ativos, foi possível realizar o levantamento das diretrizes de manutenção e

gestão de ativos, que podem ser divididas em: Matriz de Criticidade, Fator de

Figura 22 - Revisão do cadastro e classificação dos equipamentos

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Item Fator de Falha Peso Critério Nota

Não para a produção da área operacional. 0

Para a produção da área operacional, afetando em no maximo 1/3 da

produção da unidade operacional.3

Para a produção da área operacional, afetando mais de 1/3 do plano de

produção da unidade operacional.5

Não influi na qualidade do produto da área operacional. 0

Influi na qualidade do produto da área operacional. 3

Influi na qualidade do produto da unidade operacional. 5

Não influi no meio ambiente.0

A falha provoca impacto médio no meio ambiente, sujeito a penalidades

legais.3

A falha provoca impacto grave no meio ambiente com penalidade legal

e/ou perda de imagem5

Não influi na segurança pessoal. 0

Existe risco de acidente pessoal em caso de falha 3

Existe alto potencial de acidente pessoal, em caso de falha. 5

Possui stand ou não necessita (não afeta a produção). 0

Afeta a produção da área operacional e não possui stand by. 3

Afeta a produção da unidade operacional e não possui stand by. 5

Alta confiabilidade, normalmente não há ocorrência de falhas esporádicas

e/ou aleatórias. R(30 dias) ≥ 95%0

Média confiabilidade há ocorrência de falhas esporádicas e/ou aleatórias.

75% ≤ R(30 dias) < 95%3

Baixa confiabilidade, ocorrência frequente de falhas. R(30 dias) < 75% 5

Imediata 0

Recuperação rápida das condições normais de produção após reparo (< 8

horas)3

Recuperação rápida das condições normais de produção após reparo (> 8

horas)5

Não afeta o custo de produção da unidade operacional 0

afeta o custo de produção da unidade operacional 5

Influência no meio

ambiente3 10

Influência na produção1 10

Influência na qualidade

do produto2 10

4Influência na segurança

pessoal10

5 Existência de stand by 8

8Influência no custo da

produção 8

6 Ocorrência de falhas 10

7Recupeção da produção

após reparo8

Correção e Classificação Final da Criticidade. Em seguida, uma análise minuciosa

sobre os pontos críticos apresentados baseados na criticidade dos equipamentos. A

aplicação da ferramenta FMEA inicia-se nessa etapa. Podemos determinar a

criticidade de forma padronizada seguindo os critérios, pesos e notas que cada fator

de falha possui, como mostrado na Tabela 4.

Tabela 4 - Critério de criticidade para equipamentos

Fonte: ArcelorMittal, 2018

Após a análise da matriz de criticidade, é possível obter o fator de correção dado em

função da utilização do equipamento na planta industrial visando atender ao plano

de produção no cenário mais atual. A Tabela 5 apresenta os índices de trabalho,

dado em relação à porcentagem de trabalho do equipamento em uma faixa de 24

horas trabalhadas, juntamente com o fator de correção correspondente, para que

seja possível calcular a criticidade dos equipamentos através da Equação 11.

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57

Tabela 5 - Fator de Correção para Faixa de Criticidade

Fonte: ArcelorMittal, 2018

(11)

Com a Faixa de Criticidade obtida, após comparação dos resultados, é realizada a

classificação de criticidade em três níveis distintos de acordo com a Tabela 6.

Equipamentos que possuem uma faixa de criticidade inferior a 132 são classificados

com índice de criticidade C, de baixa criticidade. Os classificados como B, de média

criticidade, possuem uma faixa de criticidade entre 132 e 196. Equipamentos tidos

como criticidade A são aqueles que possuem prioridade elevada, mas não

comprometem o funcionamento da usina. Para todo equipamento classificado como

A é realizado uma última avaliação verificando se a produção final é afetada em

caso de parada do equipamento durante 8 horas. Caso aconteça, a criticidade deste

equipamento passa a ser AA, do tipo “para a usina”, possuindo uma prioridade ainda

maior que os classificados como A e espera-se que menos de 5% de todos os

equipamentos da área possuam este tipo de classificação.

Tabela 6 - Classificação Final de Criticidade

Fonte: ArcelorMittal, 2018

Após o cálculo com os parâmetros citados, todos equipamentos receberam uma

classificação para posterior análise, como mostrado na Figura 23.

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58

E

Q

U

I

P

A

M

E

N

T

O

FUNÇÃO DO

EQUIPAMENTO

FALHA

FUNCIONAL

MODOS

DE FALHAS

S

O

D

RPN

CAUSAS

TAREFA

PROPOSTA

PELA

MATRIZ

DECISÃO

RCM

PONTOS

PROPOSTOS

PARA

ELABORAÇÃO

DE PLANOS

P

TIPO

QUEM

TAREFAS

EXISTENTES

P

TIPO

QUEM

Fonte: ArcelorMittal, 2018

Após avaliação da criticidade e escolha dos equipamentos mais críticos a serem

tratados, uma equipe composta por engenheiros mecânicos, engenheiros eletricistas

e demais técnicos da área de manutenção é convocada para reuniões periódicas

com a finalidade de elaborar o FMEA para os equipamentos de criticidade AA e A.

Nestas reuniões foram realizados momentos do tipo brainstorming, para a

elaboração e adequação do FMEA juntamente com os planos de manutenção dos

equipamentos.

A Tabela 7 tem por finalidade exemplificar o cabeçalho de uma planilha FMEA com

os principais tópicos a serem preenchidos.

Tabela 7 – Análise de Modos de Falha e Efeitos para Equipamentos – FMEA

Fonte: Autor, 2019

Figura 23 – Classificação dos equipamentos

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59

Índice

1

2 a 3

4 a 6

7 a 8

9 a 10Muito alta: Envolve riscos à operação e segurança

Tabela de Severidade

Severidade

Marginal: sem efeito no sistema

Baixa: ocasiona apenas pequenos transtornos

Moderada: ocasiona grandes danos, sistema inoperante

Alta: ocasiona grandes danos, sistema inoperante

Campo 1 – Equipamento

Consta neste espaço informações básicas de identificação do equipamento

analisado. Por exemplo: Transportador de Correia Finos de Minério 1.

Campo 2 – Função do Equipamento

Descreve a função principal que aquele equipamento deverá executar. Como por

exemplo: Transportar finos de minério a uma determinada capacidade.

Campo 3 – Falha Funcional

Siqueira (2012, p. 54), define falha funcional como a incapacidade de um item em

desempenhar uma função específica dentro dos limites desejados. Exemplo: não

transportar minério a uma determinada capacidade.

Campo 4 – Modo de Falha

De acordo com Pereira (2011), falha é a consequência do modo como age sobre a

função de um componente. Ou seja, Modo de falha é a descrição da forma de como

o equipamento deixa de cumprir a sua função. Por exemplo: Motor elétrico de

acionamento do transportador queimado.

Campo 5 – Severidade da Falha

É o indicador que define a gravidade da falha para o equipamento. A atribuição da

severidade da falha pode ser classificada de acordo com a Tabela 8.

Tabela 8 - Tabela de Severidade

Fonte: Pereira, 2011

Campo 6 – Probabilidade de Ocorrência da Falha

Pereira (2011) define este campo como sendo uma estimativa da probabilidade de

ocorrência da falha. Logo, atribuem-se índices para sua ocorrência como mostrado

na Tabela 9.

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60

Índice

1

2 a 3

4 a 6

7 a 8

9 a 10Muito alta: falha inevitável

Tabela de Probabilidade de Ocorrência

Probabilidade

Remota: ocorrência de falha improvável

Baixa: pouco provável ou poucas falhas

Moderada: falhas ocasionais

Alta: falhas repetitivas

Índice

1 a 2

3 a 4

5 a 6

7 a 8

9

10

Muito baixa: muito provável de ser detectada

Tabela de Probabilidade de Detecção

Absolutamente indetectável: não será, com certeza

Detecção

Muito alta: chance inevitável

Alta: boa chance de detecção

Moderada: 50% de chance

Baixa: não é provável que seja detectável

Tabela 9 – Tabela de Probabilidade e Ocorrência

Fonte: Pereira, 2011

Campo 7 – Probabilidade de Detecção

Pereira (2011) define probabilidade de detecção como sendo o índice pelo qual podemos avaliar a possibilidade de percepção da falha, como mostrado na Tabela 10.

Tabela 10 – Tabela de Probabilidade de Detecção

Fonte: Pereira (2011)

Campo 8 – Índice de Risco (RPN)

Número de Prioridade de Risco, do inglês Risk Priority Number (RPN), define os

riscos em um FMEA que podem ser quantificados por meio da multiplicação dos

fatores obtidos nos campos 5, 6 e 7. Como mostrado na equação 12.

(12)

Campo 9 – Causas

Indica o porquê o modo de falha ocorreu, qual foi a possível causa do defeito, uso

indevido, erros de projeto, dentre outros que podem ocasionar a falha do

equipamento.

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61

Campo 10 – Tarefa proposta pela matriz de decisão RCM

Neste campo será informado o direcionamento da tarefa a ser executada decidida

pela matriz decisão RCM, de acordo com o Anexo I.

Campo 11 - Pontos Propostos para Elaboração de Planos

Este campo será preenchido com os novos planos de inspeção para determinado

equipamento. Exemplo: Plano de serviço para medição da resistência de isolamento

do motor.

Campo 12 – Periodicidade

Neste campo será incluído o tempo necessário para realizar a inspeção nos

equipamentos.

Campo 13 – Tipo de inspeção

Qual a natureza da inspeção que será executa. Exemplo: Inspeção sensitiva de

rotina.

Campo 14 – Especialista da Área

Neste campo conterá o técnico ou especialista que realizará a inspeção do plano de

manutenção. Exemplo: IM – Inspetor Mecânico; M – Mecânico; IE – Inspetor

Eletricista.

Depois dessas etapas realizadas foi concluída a elaboração da planilha FMEA,

contendo os ajustes dos planos de manutenção do equipamento em questão, que

foram modificados e incrementados no sistema da empresa no qual controla as rotas

de inspeção feitas pelos inspetores das áreas produtivas da mesma.

Campo 15 – Tarefas Existentes

O campo descreve se a tarefa já é existente ou não.

Campo 16, 17 e 18 – Periodicidade, Tipo e Quem

Descreve a nova faixa de tempo, tipo de inspeção a ser executada/modificada e

quem executará a nova tarefa.

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Como citado anteriormente, foi realizado uma análise FMEA para cada equipamento

que obteve uma classificação A ou AA na área de classificação de criticidade.

Dentre os diversos equipamentos onde a ferramenta foi aplicada, exemplifica-se os

resultados obtidos após a realização do processo realizado no Canhão de Lama 1.

Deve-se ressaltar que, devido a extensão da planilha de FMEA, a segmentação da

mesma em figuras distintas mostrou-se necessária.

Fonte: ArcelorMittal, 2018

Figura 24 - Planilha FMEA PT.1

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63

Fonte: ArcelorMittal, 2018

Fonte: ArcelorMittal, 2018

Figura 25 - Planilha FMEA PT.2

Figura 26 – Planilha FMEA PT.3

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4.4 REVISÃO DOS EQUIPAMENTOS NÃO CRÍTICOS

A revisão dos equipamentos não críticos foi realizada baseada nas informações de

manuais de fabricantes e do sólido conhecimento técnico das equipes das áreas.

Em função da criticidade e relevância, para alguns equipamentos foi adotado da

estratégia run to failure, isto é, operar até a falha, visto que não traria maiores

impactos ao processo produtivo.

4.5 CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE MANUTENÇÃO

Essa é uma fase não menos importante dentro do processo de revisão dos planos,

quando enfim as tarefas de manutenção serão transformadas em planos de

manutenção dentro do sistema, permitindo que as áreas usufruam do resultado

obtido nos passos anteriores. Essa fase será conduzida da seguinte maneira:

• Preparar o sistema para a carga da nova árvore de cadastro;

• Elaborar as rotas de inspeção;

• Nivelar os recursos;

• Incluir os planos de manutenção;

• Treinar os inspetores e executantes nas novas rotinas de manutenção;

• Testar e validar;

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5 RESULTADOS

Para a posterior avaliação de resultados do trabalho desenvolvido, registros diários

de dados foram realizados entre os anos de 2018 e 2019, além do levantamento dos

dados dos anos anteriores tendo como base dois parâmetros principais: Reduções

de Volume de Sopro (RVS) e Registro de ocorrências de Turno (REOC). A análise

de tais parâmetros mostra-se essencial tendo em vista a relação do mesmo com o

desempenho do alto forno.

As reduções de volume de sopro refletem nos resultados de produção da gusa,

produto final obtido no processo. Altas reduções de volume inferem em grandes

perdas de capacidade produtiva, resultando na consequente redução dos lucros.

O registro de ocorrência de turnos, em geral, visa evidenciar as ocorrências

inesperadas, realizadas em “emergência”, em grande maioria devido a falhas

inesperadas. Portanto, um grande índice de ocorrências de turno, reduz o tempo de

disponibilidade dos equipamentos, tendo em vista a influência da equipe atuando no

mesmo a fim de reparar e/ou substituir o equipamento. Assim, a elevação deste

índice pode evidenciar uma manutenção ineficiente.

Os gráficos referentes à RVS e REOC são apresentados a seguir.

Gráfico 01 – Ocorrências de turno 2015 ~2019

Fonte: ArcelorMittal, 2019

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Gráfico 02 – RVS acumulada

Fonte: ArcelorMittal, 2019

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6 CONCLUSÕES E DISCUSSÕES

Como mostrado nos gráficos 01 e 02, do ano de 2016 a 2019 ocorreu uma redução

acentuada no número de ocorrências de turno, reduzindo de 2556 ocorrências em

2016 para 1598 em 2018. A redução corresponde a 37,6 %.

Em paralelo à redução de ocorrências, tem-se uma grande queda nas reduções do

volume de sopro. Tal queda já era esperada, tendo em vista sua ligação direta com

a indisponibilidade dos equipamentos que vinha ocorrendo.

Portanto, o benefício do presente estudo é evidenciado, trazendo à tona a

importância e utilidade de metodologias como o RCM na indústria atual.

Para que os resultados sigam melhorando, sugere-se a continuação da aplicação

das metodologias atreladas à confiabilidade a longo prazo. O acompanhamento em

tempo real pode ser implementado em conjunto com os parâmetros de manutenção

preditiva já controlados remotamente, desenvolvendo um controle do

acompanhamento de criticidade de área online.

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7 REFERÊNCIAS

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PINTO, Alan Kardec. “A evolução do processo de Gestão”. 2012. Disponível em http://www.tecem.com.br/wpcontent/uploads/2013/03/a-evolucao-do-processo-de-gestao_Tecem.pdf. PINTO, A.K.; XAVIER, J.N. Manutenção: Função Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. PIRES, Jorge de Carvalho. Formas de atuação na manutenção. UCL: ww1.ucl.br/disciplinas/ManInd/Lists/Plano%20da%20Disciplina/Attachments/2/UCL_manutenção_unid%201_2.pdf. Acessado em 23 de Agosto de 2012. SATYENDRA. 2013. Disponível em: <http://ispatguru.com/blast-furnace-top-charging-systems/> Acessado em 07/09/2017. SATYENDRA. 2014. Disponível em: <http://ispatguru.com/blast-furnace-cast-house-and-its-operation/> Acessado em 07/09/2017. SATYENDRA. 2016. Disponível em: <http://ispatguru.com/blast-furnace-stock-house/> Acessado em 07/09/2017. SATYENDRA. 2016. Disponível em: <http://ispatguru.com/cleaning-of-blast-furnace-gas/> Acessado em 07/09/2017. SIQUEIRA, I.P. Manutenção centrada na confiabilidade: Manual de implementação, 2ª reimpressão. Rio de janeiro: 2012, Qualitymark, 2012, 374p. SIQUEIRA, I.P. Manutenção centrada na confialidade: manual de implementação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. SODRÉ, Ricardo, “Como estruturar a empresa antes de pensar na Implantação de um Sistema de Gestão de Ativos conforme ABNT ISO 55001”. 69º Congresso Anual da ABM. São Paulo, SP. 2014. SODRÉ, Ricardo. Plano Diretor de Manutenção e Gestão de Ativos. Gerencia de Tecnologia de Manutenção. 2013:2. VILLEMEUR, A. Reliability, availability, maintainability and safety assessment: methods and techniques. Chippenham: John Wiley & Sons, 1992. PALADY, P. Análise de Modos de Falhas e Efeitos. IMAM, 1997. XENOS. H. G. Gerenciamento da manutenção produtiva. Belo Horizonte. Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1998

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Consequênciasde falhas ocultas

A perda de função causada por estemodo de falha torne-se por si mesma evidente para a equipe de operação

em circunstancias normais?

É tecnicamente viável e vale a pena ser executada uma tarefa sob condição?

Exite uma nítida condição de falha em potencial? Qual é a condição? Qual é o intervalo

P-F? O intervalo P-F é extenso o suficiente para ter utilidade? Ele é consistente?

A tarefa pode ser feita a intervalos menores que o P-

F?

Tarefa sob condição

Não

Sim

Essa tarefa assegura a disponibilidade necessaria para reduzir o risco de

fallha múltipla a um nivel aceitável?

Uma tarefa programada de recuperação é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade? A tarefa de recuperação vai restaurar a original resistência à falha?

Essa tarefa assegura a

disponibilidade

necessaria para reduzir o risco de

fallha múltipla a um

nivel aceitável?

Tarefa programada de recuperação

Uma tarefa programada de descarte é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento

da probabilidade

condicional de falha? Qual é essa idade? A maioria das falhas ocorre após

essa idade?

Essa tarefa assegura a disponibilidade necessaria para reduzir o risco de

fallha múltipla a um

nivel aceitável?

Uma tarefa programada de localização de falha, para detectar a falha funcional, é tecnicamente

viável e vale a pena ser executada?

É possível verificar se o item falhou? A execução da tarefa é viável dentro

dos intervalos necessários?

Essa tarefa assegura a disponibilidade necessaria para reduzir o risco de

fallha múltipla a um nivel aceitável?

Tarefa programada de descarte

A falha múltipla poderia afetar a segurança ou o meio ambiente?

Tarefa programada de localização de falha

É obrigatório reprojetar

Nenhuma manutenção

Reprojetar deve ser justificado

Não

Não

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

CONSEQUÊCIAS NA SEGURANÇA E NO MEIO AMBIENTE

Este modelo de falha causa perda de função ou

outro dano que poderia

ferir ou matar alguém?

É tecnicamente viável e vale a pena ser executada uma tarefa sob condição?

Exite uma nítida condição de falha em potencial? Qual é a condição? Qual é o intervalo

P-F? O intervalo P-F é extenso o suficiente para ter utilidade? Ele é consistente?

A tarefa pode ser feita a intervalos menores que o P-

F?

Tarefa sob condição

Não

Sim

Essa tarefa reduz o risco de falha a um

nível aceitável?

Uma tarefa programada de recuperação é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade? A tarefa de recuperação vai restaurar a original resistência à falha?

Essa tarefa reduz o risco de falha a um

nível aceitável?

Tarefa programada de recuperação

Uma tarefa programada de descarte é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade?

Essa tarefa reduz o risco de falha a um

nível aceitável?

Uma combinação das tarefas acima é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Tarefa programada de descarte

Não

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Este modelo de falha causa perda de função ou outro dano que poderia

violar qualquer padrão ou

regulamento ambiental?

Combinação de tarefas

É obrigatório reprojetar

Não

Sim Sim

Sim

8 ANEXO I

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Não

CONSEQUÊCIASOPERACIONAIS

Este modelo de falha tem um efeito adverso direto sobre a capacidade operacional (volume de saída, qualidade do produto, serviço ao cliente ou custos

operacionais, além de custos diretos de reparo)?

É tecnicamente viável e vale a pena ser executada uma tarefa sob condição?

Exite uma nítida condição de falha em potencial? Qual é a condição? Qual é o intervalo

P-F? O intervalo P-F é extenso o suficiente para ter utilidade? Ele é consistente?

A tarefa pode ser feita a intervalos menores que o P-

F?

Tarefa sob condição

Sim

Durante um período de tempo, o custo da

execução dessa tarefa será inferior ao

custo total das consequências

operacionais e reparo das falhas que ela se

destina a impedir?

Uma tarefa programada de recuperação é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade? A tarefa de recuperação vai restaurar a original resistência à falha?

Durante um período de tempo, o custo da

execução dessa tarefa será inferior ao

custo total das consequências

operacionais e reparo das falhas que ela se

destina a impedir?

Tarefa programada de recuperação

Uma tarefa programada de descarte é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade?

Durante um período de tempo, o custo da

execução dessa tarefa será inferior ao

custo total das consequências

operacionais e reparo das falhas que ela se

destina a impedir?

Nenhuma manutenção programada

Tarefa programada de descarte

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Reprojetar deve ser justificado

CONSEQUÊCIAS NÃOOPERACIONAIS

É tecnicamente viável e vale a pena ser executada uma tarefa sob condição?

Exite uma nítida condição de falha em potencial? Qual é a condição? Qual é o intervalo

P-F? O intervalo P-F é extenso o suficiente para ter utilidade? Ele é consistente?

A tarefa pode ser feita a intervalos menores que o P-

F?

Tarefa sob condição

Sim

Durante um período de tempo, o custo da

execução dessa tarefa será inferior ao

custo total das consequências

operacionais e reparo das falhas que ela se

destina a impedir?

Uma tarefa programada de recuperação é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade? A tarefa de recuperação vai restaurar a original resistência à falha?

Durante um período de tempo, o custo da

execução dessa tarefa será inferior ao

custo total das consequências

operacionais e reparo das falhas que ela se

destina a impedir?

Tarefa programada de recuperação

Uma tarefa programada de descarte é tecnicamente viável e vale a pena ser executada?

Exite uma idade em que ocorre um rápido aumento da probabilidade condicional de falha? Qual é essa idade? A

maioria das falhas ocorre após essa idade?

Durante um período de tempo, o custo da

execução dessa tarefa será inferior ao

custo total das consequências

operacionais e reparo das falhas que ela se

destina a impedir?

Nenhuma manutenção programada

Tarefa programada de descarte

Não

Não

Não

Sim

Sim

Reprojetar deve ser justificado

Não