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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS PÓS OBRA POR UM SETOR DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE UMA CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE FERNANDA DE ANDRADE CAPUTO TEJO 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS PÓS OBRA POR UM SETOR DE

ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE UMA CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE

FERNANDA DE ANDRADE CAPUTO TEJO

2018

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ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS PÓS OBRA POR UM SETOR DE

ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE UMA CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE

FERNANDA DE ANDRADE CAPUTO TEJO

Projeto de Graduação apresentado ao curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Profa. Elaine Garrido Vazquez

RIO DE JANEIRO

Setembro de 2018

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ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS PÓS OBRA POR UM SETOR DE

ASSITÊNCIA TÉCNICA DE UMA CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE

Fernanda de Andrade Caputo Tejo

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Profa. Elaine Garrido Vazquez

______________________________________________

Profa. Alessandra Conde de Freitas

________________________________________________

Profa. Lais Amaral Alves

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2018

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Tejo, Fernanda de Andrade Caputo

Análise das principais patologias pós obra por um setor de

assistência técnica de uma construtora de pequeno porte/

Fernanda de Andrade Caputo Tejo – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

xii, 79 p.:il.; 29,7 cm.

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 75-78

1. Introdução 2. Manifestação Patológica 3. Manutenção e

Assistência Técnica 4. Análise prática – Construtora A 5.

Considerações finais

I. Vazquez, Elaine Garrido; II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Título

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Dedico este trabalho aos meus maiores amores;

Meus pais: Andrea e Frederico.

Minhas irmãs: Amanda e Vitória

Meus avós: Hélio, Sandra e Martha.

E a todos os familiares e amigos.

“Ame sua família, sua vida e seus amigos.

Sua família, porque são únicos. Sua vida, porque é

curta demais. Seus amigos, porque são raros.”

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AGRADECIMENTOS

A todos os meus familiares que sempre torceram por mim e acreditaram no meu

potencial. Agradeço a minha irmã gêmea e advogata, Amanda Tejo por ter perdido

muitas noites ajudando na formulação do presente texto. A minha mãe Andrea Monteiro

de Andrade e minha prima e amiga Julia Rocha, principalmente pelas noites viradas

comigo durante a realização do trabalho. Aos meus avós, Sandra e Hélio e tios Renato,

Carla e Raquel por compreenderem pelos almoços de domingo que não pude estar

presente.

Ao meu namorado e grande amor, Gabriel Fonseca por me admirar, me dar toda

força, apoio, puxões de orelha, por ter passado tardes e tardes só me vendo escrever e

por ter me dado as melhores recompensas em forma de jantar e gordices. Tudo isso só

confirmou que tenho comigo o melhor companheiro e amigo.

As coisaslindas das minhas amigas, Dani, Inês, Mariah e Kiki que por já terem

vivido o momento e essa fase tão cansativa e intensa da conclusão do curso não

cobraram a minha ausência. Agradeço demais por todas as dicas, apoio e inspiração.

Vocês são as engenheiras civis mais f** que já conheci.

Agradeço ao meu time de vôlei e as grandes amigas que fiz ao longo do curso,

Marcela, Bella, Camila e todas que já fizeram parte. Vocês me proporcionam os

momentos de alivio durante a semana nessa fase tão intensa de conclusão do curso.

Agradeço pela confiança, e por terem me ensinado valores como trabalho em equipe e

persistência.

Aos meus professores que participaram da evolução do trabalho, a minha

orientadora Elaine, que com todos os problemas pessoais se desdobrou para a sua boa

execução, sempre com bons conselhos, criticando e elogiando quando necessário e a

professora Sandra Oda, com toda sua sensibilidade e empatia se mostrou sempre

disposta a ajudar e foi fundamental para o fechamento do meu ciclo final.

Por fim, vale lembrar que “O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho

é no dicionário” (Autor Desconhecido).

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS PÓS OBRA POR UM SETOR DE

ASSITÊNCIA TÉCNICA DE UMA CONSTRUTORA DE PEQUENO PORTE

Fernanda de Andrade Caputo Tejo

Setembro de 2018

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Visando manter-se no topo, muitas empresas de pequeno porte do ramo da construção

civil passam a ter como objetivo principal assegurar relacionamentos duradouros com

seus clientes e colaboradores. Dessa forma, o investimento na manutenção preventiva,

qualidade dos serviços prestados e a posse de mecanismos rápidos para o atendimento

do cliente ao término da obra, tornam-se fatores diferenciais entre as concorrentes. O

presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo de caráter exploratório das

patologias e desenvolver uma análise de como são prestados os serviços no período pós-

entrega da obra pelo setor de assistência técnica de uma empresa do ramo da

construção civil. Para isso, será realizado um levantamento das patologias encontradas e

dos serviços prestados ao término de todas as obras entregues nos últimos 4 anos de

uma construtora especializada em construções e reformas de alto padrão que vem

atuando no mercado desde 1995. Com isso, o resultado final baseado na associação das

solicitações mais recorrentes com as suas causas, será a elaboração de um banco de

dados importante para retroalimentar o sistema e reestruturar o setor de manutenção

entre outras melhorias propostas.

Palavras-chave: Patologias, assistência técnica, manutenção, qualidade na construção.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

ANALYSIS OF MAJOR PATHOLOGIES AFTER WORK BY A TECHNICAL

ASSISTANCE SECTOR OF A SMALL CONSTRUCTION COMPANY

Fernanda de Andrade Caputo Tejo

September 2018

Adviser: Elaine Garrido Vazquez

In order to remain at the top, many small construction companies have as main

objective the establishment of long-term relationships with their clients and caterers.

Thus, the investment in preventive maintenance, the quality of the services provided

and the possession of fast tools for customer service post construction, are decisive

factors when compared to competitors. The objective of the present study is to make an

exploratory study of the pathologies and to develop an analysis of how services are

provided by the technical assistance sector of a construction company in the period after

the delivery of the work. For this, a survey will be held of the pathologies and their

immediate services rendered at the end of all post construction work in the last 4 years

of a company specialized in the high standard market since 1995. The most recurrent

applications will be associated with their causes. This will result in the creation of an

important database to feedback the system and restructure the maintenance sector

among other proposed improvements.

Keywords: Pathologies, technical assistance, maintenance, quality in construction.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - FATORES DE INSATISFAÇÃO DO CLIENTE POR ATENDIMENTOS PRESTADOS PELAS CONSTRUTORAS ...................... 14

FIGURA 2 - ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO DE GC NO SETOR DA CONSTRUÇÃO COM ENFOQUE NAS ATIVIDADES DE ASSISTÊNCIA

TÉCNICA ............................................................................................................................................... 15

FIGURA 3 - TIPOS DE CURVAS DE DESEMPENHO ..................................................................................................... 20

FIGURA 4 – LISTAGEM DE POSSÍVEIS FALHAS ASSOCIADAS AOS PROJETOS E EXECUÇÃO. .................................................. 22

FIGURA 5 – LISTAGEM DE POSSÍVEIS FALHAS ASSOCIADAS AOS MATERIAIS E DE MÁ UTILIZAÇÃO. ...................................... 22

FIGURA 6 – MODELO DE CARTA ENTREGUE AO CLIENTE JUNTAMENTE COM O MANUAL DO PROPRIETÁRIO ... ERRO! INDICADOR

NÃO DEFINIDO.

FIGURA 7 – MODELO DO MANUAL DO PROPRIETÁRIO USADO PELA EMPRESA CONTENDO A ESPECIFICAÇÃO DOS ITENS ... ERRO!

INDICADOR NÃO DEFINIDO.

FIGURA 8 – MODELO DO MANUAL DO PROPRIETÁRIO DA EMPRESA SOBRE RECOMENDAÇÕES DE INSTALAÇÕES PREDIAIS ERRO!

INDICADOR NÃO DEFINIDO.

FIGURA 9 – MODELO DO MANUAL DO PROPRIETÁRIO DA EMPRESA SOBRE OS CUIDADOS DE USO E MANUTENÇÃO DOS

ELEMENTOS ............................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

FIGURA 10 – ESPECIFICAÇÃO DOS PRAZOS DE GARANTIA ESPECIFICADOS NO MANUAL DO PROPRIETÁRIO .... ERRO! INDICADOR

NÃO DEFINIDO.

FIGURA 11 – EXEMPLOS DE NEGLIGÊNCIA DOS USUÁRIOS OU DE EVENTOS QUE LEVAM A DETERIORAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

DESCRITA NO MANUAL DO PROPRIETÁRIO........................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

FIGURA 12 – PORCENTAGENS DE OBRAS COM ÁREAS EXTERNAS E QUANTIDADE DE PAVIMENTOS. ................................... 63

FIGURA 13 – DISTRIBUIÇÃO POR OBRA DAS SOLICITAÇÕES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA CONSIDERADAS NA ANÁLISE DE

INCIDÊNCIAS. ......................................................................................................................................... 64

FIGURA 14 – RESULTADO DA ANÁLISE DE INCIDÊNCIAS DAS 61 SOLICITAÇÕES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA REGISTRADAS. ......... 65

FIGURA 15 – REPINTURA DO BANDÔ DANIFICADO POR VAZAMENTO NA ESQUADRIA ..................................................... 67

FIGURA 16 – TRINCAS ORIUNDAS DA MÁ EXECUÇÃO ............................................................................................... 68

FIGURA 19 – DIAGRAMA DE PARETO APLICADO AO CASO ........................................................................................ 69

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LISTA DE TABELAS

NENHUMA ENTRADA DE ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES FOI ENCONTRADA.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PPP – Parceria Publica Privada

PIB – Produto Interno Bruto

CREA-PR – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná

ACV - Avaliação do Ciclo de Vida.

GC – Gestão do Conhecimento

ISO - International Organization for Standardization.

RAC - Requisito de Avaliação da Conformidade para Edificações.

SINDUSCON-SP - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São

Paulo.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................................................... 9

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................ 10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................................................... 11

SUMÁRIO ............................................................................................................................................. 12

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO – A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ....................................................................... 13

1.2 RELAÇÃO COM OS CLIENTES ................................................................................................................. 14

1.3 PÓS ENTREGA E A GESTÃO DO CONHECIMENTO........................................................................................ 15

1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................... 16

1.5 OBJETIVO ........................................................................................................................................ 16

1.6 METODOLOGIA ................................................................................................................................. 16

1.7 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ................................................................................................................. 17

2 MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA .................................................................................................... 19

2.1 CONCEITOS E HISTÓRICO .................................................................................................................... 19

2.2 ORIGEM E TIPOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ................................................................................. 21

2.2.1 Patologias Estruturais ........................................................................................... 23

2.2.2 Patologias de revestimentos e vedações ............................................................... 23

2.2.3 Patologias das instalações hidrossanitárias e elétricas ......................................... 24

2.2.4 Patologias em impermeabilização ........................................................................ 24

2.2.5 Patologias nas lajes de coberturas ........................................................................ 24

2.3 ESTUDO SOBRE INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ................................................................. 25

2.4 POSSÍVEIS MÉTODOS PARA ANÁLISE DE FALHAS ........................................................................................ 26

2.4.1 Metodologia de Pareto .......................................................................................... 27

2.4.2 Metodologia de Lichtenstein ................................................................................ 28

3 MANUTENÇÃO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA ..................................................................................... 30

3.1 CONCEITO E HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO EM EDIFICAÇÕES ....................................................................... 30

3.2 ABORDAGEM GERAL DAS NORMAS ........................................................................................................ 31

3.2.1 NBR 5674:1999 e 2012 - Manutenção de edificações: Procedimentos e

Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. ....................................................... 31

3.2.2 NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais – Desempenho ............................ 33

3.2.3 NBR 14037:2011 - Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação

e manutenção das edificações. .......................................................................................... 37

3.3 CLASSIFICAÇÃO DA MANUTENÇÃO .................................................................................................... 38

3.3.1 Tipos de estratégias de Manutenção ..................................................................... 38

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3.3.2 Tipos de intervenção ............................................................................................. 40

3.4 ASSISTÊNCIA TÉCNICA ......................................................................................................................... 42

3.5 GARANTIA TÉCNICA ........................................................................................................................... 45

3.5.1 Vencimento da garantia ........................................................................................ 47

3.5.2 Análise de garantia ............................................................................................... 47

3.5.3 Características gerais da Garantia......................................................................... 48

4 ESTUDO PRATICO – GESTÃO DA ASSITÊNCIA TÉCNICA POR UMA CONSTRUTORA ...................... 49

4.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA E ORGANOGRAMA ............................................................................................ 49

4.2 MODELO DE GESTÃO DA EMPRESA (FASE DE EXECUÇÃO) ..................................................................... 52

4.2.1 Modelo de gestão da Manutenção ........................................................................ 55

4.3 ASSISTÊNCIA TÉCNICA ......................................................................................................................... 56

4.3.1 Alocação de Mão de Obra .................................................................................... 57

4.3.2 Alocação de Materiais e Equipamentos................................................................ 57

4.3.3 Custos ................................................................................................................... 58

4.3.4 Execução ............................................................................................................... 59

4.4 MANUAL E GARANTIA TÉCNICA ............................................................................................................ 59

4.5 TRATAMENTO DOS DADOS OBTIDOS ...................................................................................................... 62

4.5.1 Análise de tipos de manifestações patológicas ..................................................... 64

4.5.2 Análise das origens das patologias ....................................................................... 65

4.5.3 Diagrama de Pareto aplicado ao caso: .................................................................. 69

4.5.4 Resultados e melhorias propostas ......................................................................... 70

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 72

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 74

7 ANEXOS ...................................................................................................................................... 79

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO – A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil, como boa indicadora da situação econômica do país, vem

acumulando resultados negativos desde 2014. Somente em 2016, o Produto Interno Bruto

(PIB) do segmento encolheu 5%. Em 2017 a queda de 2,5% manteve o péssimo cenário.

(IBGE, 2017)

Segundo informações da Gazeta do Povo em parceria com o CREA-PR, apesar dos

dados apresentados, este cenário tende a mudar com algumas ações como a retomada das

Parcerias Público Privado (PPP) que acabam incentivando principalmente na execução de

obras de infraestrutura e a redução das taxas de juros, que acabam incentivando o

investimento no mercado imobiliário e consequentemente em obras de construção e reformas

residenciais, empresariais e etc. (MARTINS, 2017)

Neste contexto, com o crescimento da demanda nessa área abrem-se oportunidades

principalmente para as pequenas e médias empresas, que apresentam boa rigidez financeira,

capacidade de crescer em médio prazo e bom trânsito junto a clientes importantes (MATTOS,

2016).

Contudo, para manter-se no topo, o foco principal dessas empresas deve ser agregar

valor ao produto criando assim a boa e duradoura relação com o cliente. Vale ressaltar que

essa fidelização não se resume obrigatoriamente a ele podendo apenas ser uma porta de

entrada para captar novos clientes, como familiares e amigos. Isso pode ser justificado pelas

particularidades que o produto final desse setor da construção civil apresenta em que

dificilmente um mesmo cliente trocará de imóvel em um curto período de tempo ou sequer

adquirira um novo empreendimento (ROCHA, 2004).

Dessa forma, é de suma importância que as empresas invistam em ferramentas de

qualidade que auxiliem na gestão das informações como, por exemplo, aplicar os

aprendizados adquiridos da entrega de obras passadas em futuras construções. Assim, além da

diminuição das solicitações, dos custos e das dificuldades relacionadas à percepção que o

cliente tem a respeito das falhas, a criação do setor de assistência técnica garante o controle da

produção, agrega valor ao produto e assegura a satisfação do cliente.

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1.2 RELAÇÃO COM OS CLIENTES

Segundo relatório elaborado pelo Sinduscon-SP em parceria com outros órgãos, as

relações de consumo estão em permanente evolução. Enquanto os clientes estão ficando cada

vez mais bem informados sobre seus direitos, a demanda por produtos com elevado padrão de

qualidade cresce junto. O máximo profissionalismo, domínio de tecnologias de ponta e a

visão integrada do produto a ser ofertado são pontos chave para o atendimento dessas

expectativas. (BERTOLINI, 2016)

Segundo Jobim (1997) a preocupação das empresas com a repercussão gerada pelos

serviços de assistência técnica é um problema histórico. Como pode ser visto na figura a

seguir, esses serviços, dentre os diversos fatores mostrados, representam 52,9% das causas de

insatisfação dos clientes o que é considerado muito prejudicial as empresas.

Devido à grande complexidade no assunto, fica claro que o mercado da construção

civil só consegue atingir a satisfação de seus clientes com a utilização das melhores práticas

disponíveis, de forma que seus empreendimentos sejam muito bem concebidos, produzidos,

entregues e administrados.

Figura 1 - Fatores de insatisfação do cliente por atendimentos prestados pelas

construtoras

JOBIM, 1997

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15

1.3 PÓS ENTREGA E A GESTÃO DO CONHECIMENTO

Visando garantir o forte elo entre a empresa e o cliente no que se refere a busca da

qualidade e satisfação, o departamento pós obra pode ser considerado ponto chave já que até

as empresas que possuem um sistema de gestão da qualidade eficiente, não deixam de sofrer

com as falhas após a entrega das obras. Então, a criação do departamento de assistência

técnica como uma forma de prevenção funcionará de modo a retroalimentar o sistema

produtivo. (FANTINATTI, 2008).

No que tange o assunto, muito estudos se utilizam do termo Gestão do Conhecimento

(GC) que segundo Drucker (1999) é a transformação do conhecimento disponível em algo

produtivo. Este enfoque também pode ser usado para auxiliar as empresas a manter sua

competitividade. Há algumas evidências de que este processo de reutilização do

conhecimento seja responsável pela eliminação da recorrência de patologias na construção

civil. (FANTINATTI, 2008).

A figura a seguir, ilustra o processo de GC aplicada ao setor da Construção Civil, são

mostrados os fatores que levam instabilidade das empresas do setor e como o setor de

assistência técnica pode ser uma fonte de aprendizado. A ideia é fazer uso de técnicas e

ferramentas adequadas que geram a reutilização do conhecimento e assim garantir qualidade e

constantes melhorias.

Figura 2 - Ilustração do processo de GC no setor da construção com enfoque nas

atividades de assistência técnica

FANTINATTI, GRANJA, 2008

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1.4 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, os registros devido ao surgimento de falhas construtivas e

manifestações patológicas vêm sendo percebidos e analisados em diversos níveis. Isso pode

ser facilmente entendido, pois paralelamente a esse fato, houve um enorme avanço

tecnológico empregando novos métodos construtivos e materiais inovadores que tornaram os

empreendimentos cada vez mais complexos.

Por outro lado, autores como Taguchi (2010), ressaltam que é importante manter

sempre o foco na melhoria, no aprimoramento da execução de projetos e nas diversas

possibilidades de metodologias construtivas. Só assim será possível garantir a mudança da

mentalidade voltada cada vez mais para a prevenção. Quanto maiores forem feitos os registros

de manifestações patológicas em obras, maiores serão os motivos para a continuidade no

estudo das patologias das construções.

Muito além de somente registrar essas solicitações e quantifica-las, conhecer suas

causas, custos envolvidos e suas tendências futuras são fundamentais para o seu maior

entendimento e para a busca de métodos de melhoria.

1.5 OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho é desenvolver um estudo de caráter exploratório, a

partir do levantamento de dados da manifestação patológica de uma empresa de pequeno

porte do ramo da construção civil.

Utilizando-se desses dados, será feita uma análise de como são tratados os serviços e

apontados os possíveis mecanismos para a reestruturação do setor de assistência técnica. Com

a geração das ferramentas necessárias, os resultados desse estudo irão auxiliar na elaboração

de um banco de dados de patologias pós-obra, considerado a melhoria mais importante para o

setor entre outras melhorarias levando a busca da qualidade para a empresa em questão.

1.6 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos no referido trabalho, foram feitas extensas

pesquisas e revisões bibliográficas além de um estudo das normas pertinentes ao tema da

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análise. Assuntos como manifestação patológica, diferentes tipos de manutenção, estrutura do

setor de assistência técnica e normas de garantia foram abordados.

As informações foram coletadas principalmente de teses e dissertações de graduação,

pós-graduação e mestrado de diversas universidades do Brasil. Além disso, fontes como

publicações de artigos de revistas, estudos e relatórios técnicos também foram referencias

para o trabalho.

Por fim, o foco do estudo será uma empresa de pequeno porte do ramo da construção

civil que pretende reestruturar seu setor de assistência. A mesma será apresentada nos

próximos capítulos e para preservar sua identidade será nomeada como Construtora A.

Baseando-se nas patologias encontradas, serão evidenciados os serviços mais solicitados e

suas causas pelo setor de manutenção, ocorridas nos últimos quatro anos. Em seguida, serão

propostas melhorias como por exemplo a criação de um banco de dados de suas principais

manifestações para que possa ser usado como ferramenta de gestão da qualidade.

1.7 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

O trabalho está estruturado em seis capítulos. No primeiro foi contextualizado o tema

detalhando a sua importância, os objetivos principais do estudo, a justificativa usada para a

escolha do assunto, a metodologia empregada e como sua apresentação foi organizada.

Já no segundo capítulo, o foco do assunto foram as manifestações patológicas,

incluindo seus conceitos, histórico, as possíveis causas e os diversos tipos de patologias

encontradas na construção civil. Foram apresentados também diferentes estudos realizados

sobre a incidência de manifestações patológicas em várias formas de construções e os

possíveis métodos para a análise de patologias.

No terceiro capítulo, foi feita uma abordagem geral das normas existentes referentes

aos temas apresentados no trabalho, em seguida foi abordado a conceituação e histórico da

manutenção predial e os diferentes tipos de manutenção encontrada, os tipos de intervenção e

os requisitos e elementos associados ao sistema de gestão da manutenção nas empresas

construtoras, por fim assuntos relativos à assistência técnica, análise de garantia também

foram abordados.

No capítulo quatro foi feito um estudo prático a partir da análise de patologias

provenientes das solicitações de clientes após a entrega das obras de uma construtora que

realiza obras de construção e reforma. Além da apresentação geral da empresa em questão, foi

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mostrado como ela se estrutura em seus diferentes setores, os modelos de gestão e

gerenciamento utilizados, como é feito o manual do proprietário e as cláusulas de garantia.

Uma pesquisa feita com os engenheiros e os estagiários auxiliará no levantamento e análise

das patologias, onde foram avaliadas também as formas como são feitos esses serviços de

manutenção. Serão apresentados também os resultados obtidos da análise do levantamento

das patologias, a importância da criação de um banco de dados e as sugestões para

reestruturação do setor de manutenção da empresa entre outras melhorias propostas para

manter a máxima qualidade dos serviços prestados.

Em seguida, são apresentadas as considerações finais sobre o trabalho e todas as

referências bibliográficas utilizadas no trabalho além de apêndices e anexos.

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2 MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA

2.1 CONCEITOS E HISTÓRICO

A ocorrência de patologias em obras sempre existiu e pode ser constatado pelo Código

de Hamurabi, onde sua presença em edificações é relatada desde a época em que eram

construídas pelos primatas. Por isso, Canovas (1988) considera que elas não são um assunto

da ciência moderna e paralelamente a isso, a preocupação associado ao surgimento dessas

manifestações também existe há muitos anos.

Como já mencionado anteriormente, com a evolução da civilização e as inovações

tecnológicas que surgiram houve uma modernização nos materiais utilizados, nos métodos

construtivos e na complexidade do produto final a ser entregue. Muitas vezes, esse desejo por

serviços mais inovadores se dão pelos próprios clientes que também se apresentam nos dias

de hoje, mais informados e exigentes. A consequência principal disso é que para a empresa, a

preocupação com a possibilidade de falhas mais específicas e o surgimento de qualquer

patologia que cause desconforto ao cliente é muito maior. (ANTONIAZZI, 2008).

Sendo assim, ainda segundo Antoniazzi (2008), manifestação patológica pode ser

definida como sendo a ciência que estuda não só a manifestação em si como suas origens,

causas, consequências e o modo como ela se apresenta principalmente nos momentos em que

o empreendimento apresenta desempenho abaixo do esperado. Outros autores como Degussa

(2003) trata o assunto como uma parte da engenharia existente para analisar o modo como se

apresentam os defeitos nas edificações.

Vale lembrar que as patologias ocorridas em uma edificação acontecem em

consequência de processos conjuntos não tendo somente fatores isolados como ascendência.

Elas normalmente estão atreladas aos seus sintomas ou a suas etapas executivas.

No Brasil, o cenário sob o ponto de vista dos dados estatísticos envolvendo a

ocorrência de patologias é agravada pelo baixíssimo controle da qualidade na construção civil.

Caso esse controle fosse minimamente realizado, as empresas poderiam obter a eliminação

total ou parcial dos problemas de modo a se alcançar a satisfação dos clientes. Para isso, os

mecanismos de manutenção devem ser considerados em todas as etapas do processo

construtivo. (DARDENGO, 2010).

Alguns autores como Arditi (1999) classificam esses mecanismos como reparação,

remodelação, renovação, inspeção dos sistemas, limpeza e reabilitação. Considerando que

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todas essas etapas serão feitas com base em um planejamento específico, apresentando a

devida qualidade em cada um de seus sistemas executivos e em seus materiais utilizados,

haverá uma melhora significativa em relação a vida útil e o desempenho das edificações e só

assim o atributo final do produto estará garantido.

Autores como Taguchi (2010) e Leal (2004), relembram que determinadas patologias

podem ainda ser a causa de outras manifestações, pois elas evoluem e se se agravam com o

tempo se não forem controladas e tratadas. E que essas ocorrências são o alimento para

transtornos financeiros, administrativos e até mesmo jurídicos. Práticas como a utilização de

normas técnicas existentes ou a boa execução de um manual do proprietário poderiam

facilmente mitigar esses problemas.

Segundo Do Carmo (2003) pode-se relacionar fielmente a ocorrência de manifestações

patológicas à queda de desempenho de uma edificação, ou seja, aos danos e vícios

construtivos que surgem com o passar do tempo. O conceito de desempenho é uma ferramenta

muito útil utilizada pelos profissionais da área, que ao optarem pelas decisões importantes em

campo terão uma ideia do resultado. Até hoje, o padrão de qualidade e os níveis de

desempenho apresentados por qualquer produto é avaliado por órgãos fiscalizadores e normas

técnicas vigentes.

A figura a seguir, mostra como se comportam os diferentes níveis de desempenho de

uma edificação em função do tempo:

Figura 3 - Tipos de curvas de desempenho

CREMONI, 1988

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As duas curvas na horizontal (vermelha e verde) representam os níveis aceitáveis de

desempenho e pós a queda de desempenho, respectivamente. Cremoni (1988) mostra que a

curva roxa, representa a queda repentina de desempenho de uma edificação desencadeada por

uma patologia causada por algum fator externo não previsto em fases anteriores. Já a curva

azul, mostra o comportamento de uma edificação que apresenta queda de desempenho desde a

sua concepção e pode ter diversas causas responsáveis. O autor mostra que as curvas que

marcam o desempenho mínimo são menores quando os problemas possuem causas externas e

que conforme a curva se apresenta seu nível mínimo de desempenho também muda. Em

resumo, toda edificação está sujeita a perda de desempenho durante sua vida útil, podendo ela

evoluir de forma natural ou ser acelerada por razões externas. (CREMONINI, 1988).

2.2 ORIGEM E TIPOS DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Considera-se que as etapas de construção de uma edificação podem-se dividir em 5,

sendo elas o planejamento, execução dos projetos, compra de materiais (que ocorrem em

paralelo com o processos executivos), sua ocupação e uso (que inclui todos os serviços pós

entrega, como os de assistência técnica e os operacionais). Com isso, foi possível constatar a

partir de muitos estudos realizados que a campeã de incidências patológicas está na fase de

execução dos projetos. Em segundo lugar, a fase de execução da obra incluindo a compra de

materiais e seu mau uso. (CUPERTINO, 2013)

Segundo Antoniazzi (2008), são várias as formas como se apresentam a origem das

falhas que podem ser encontradas nas edificações. Nos quadros abaixo, elas podem ser vistas

separadas em quatro grandes grupos (falhas de projetos, falhas executivas, falhas de materiais

e por má utilização).

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O fato de os problemas encontrados na fase de execução sucederem os de má

execução dos projetos é explicado por Antoniazzi (2008), pois a deficiência de informações

nos projetos, a falta de planejamento dos mesmos influenciam diretamente nas decisões a

serem tomadas em campo. O mestre ou engenheiro, para evitar o atraso dos serviços executa-

os de forma impensada e emergencial. Futuramente atitudes como essas podem levar o

surgimento de patologias sérias para a edificação.

Outra divisão que pode ser considerada é feita por Helene (2002), o autor considera

que as patologias causadas por erros na execução podem ser construtivos ou endógenos (são

os associados a erros de projeto, materiais e execução em si), exógenos (associados aos danos

causados por terceiros), naturais (quando a causa tem origem de agentes da natureza) e

funcionais (causadas pelo mau uso do proprietário). O primeiro grupo pode ainda se dividir

em corrigíveis ou incorrigíveis, o que as difere é se a falha consegue ou não ser solucionada

por uma equipe de manutenção sem custos adicionais. Já as patologias devido a falhas de

Figura 4 – Listagem de possíveis falhas associadas aos materiais e de má utilização.

ANTONIAZZI, 2008

Figura 5 – Listagem de possíveis falhas associadas aos projetos e execução.

ANTONIAZZI, 2008

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manutenção podem se dividir em patologias de planejamento, provenientes de erros em

manuais, por exemplo. Patologias de execução causadas por procedimentos construtivos e

falta de insumos, patologias operacionais existentes devido à insuficiência de registros e

controles técnicos e as patologias gerenciais que muitas vezes podem estar associadas à

inexistência de qualidade ou até mesmo pela redução do investimento nesta área.

Ainda segundo a autora, existem as patologias chamadas “simples”, as que garantem

certa padronização, podendo ser resolvidas por qualquer profissional mesmo sem ser

especialista no assunto e as conhecidas como “complexas” que contrariamente necessitam de

uma análise aprofundada de um profissional para a sua resolução.

A seguir Helene (2002) apresenta os grupos das principais patologias encontradas.

Elas serão apresentadas nos subitens abaixo.

2.2.1 Patologias Estruturais

No Brasil, o material principal empregado em obras estruturais é o concreto armado,

mas para sua produção são utilizados também elementos como aço e madeira. De uma forma

geral então, as patologias ligadas a elas podem ser: corrosão das armaduras em aço,

fissuração, infiltração devido a juntas de dilatação, deficiência nos processos de

impermeabilização causando manchas e trincas.

2.2.2 Patologias de revestimentos e vedações

Os elementos de vedação mais empregados até hoje em obras residenciais são tijolos e

bloco de concreto, sendo necessária também a utilização de argamassas para seu assentamento

e regularização e em maioria dos casos, é a partir deles que ocorre o surgimento de falhas. Os

fatores que podem estar associados às patologias das argamassas são: existência de cal livre,

presença de argilominerais expansivos, temperatura, espessura de argamassa, aplicação do

emboço sem o chapisco. Já em relação às vedações é o aparecimento de fissuras, trincas e

umidade. (BAUER 1991 apud HELENE 2002)

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2.2.3 Patologias das instalações hidrossanitárias e elétricas

Estudos feitos por Cremoni (1999) afirmam que todos os tipos de instalações

interferem em outros processos construtivos, como por exemplo, a execução de formas e

alvenaria. Caso haja a necessidade de alguma manutenção as condições devem estar

apropriadas para sua realização. Os problemas referentes aos sistemas hidráulicos e de esgoto

mais registrados estão ligados a detalhamentos de projetos, erros no local de instalação das

tubulações, ausência de planejamento na sequência de execução, pouco investimento na

compra dos materiais utilizados podendo ocasionar na quebra dos tubos, falta de relatórios

fotográficos com a posição em que foram instaladas as tubulações deixando o funcionário

com dúvida ao realizar serviços futuramente. (CREMONI 1991 apud HELENE 2002)

2.2.4 Patologias em impermeabilização

Essas patologias podem ser ocasionadas por falhas de concretagem, caimento mal

executado, má instalação dos revestimentos, detalhes de acabamento e chumbamento

inadequado de peças. Nesse caso, as mesmas causas das instalações hidráulicas podem ser

consideradas, ou seja, as falhas de projetos, os problemas relacionados a escolha de materiais

ou sistemas, dimensionamento, má execução, falta de regularização, falhas nas bases, detalhes

de juntas, entre outras. (PICCHI, 1986 apud HELENE 2002).

2.2.5 Patologias nas lajes de coberturas

Muitos estudos mostram que as coberturas influenciam em grande escala no

surgimento de patologias. O principal fator a ser considerado é a impermeabilização dessas

áreas que estão muito expostas aos fatores naturais. Quando não realizada ou realizada

incorretamente, infiltrações e vazamentos são identificados. Eles ocorrem principalmente nas

juntas de dilatação, rodapés e ralos.

Além disso, as fissuras também são muito encontradas em lajes de cobertura. Elas

podem se originar das altas variações de temperaturas. Quando a cobertura usa telhas

instaladas com algum conector ocorre também à concentração de tensão por ações externas

ocasionando em fissuras nesses locais.

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2.3 ESTUDO SOBRE INCIDÊNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Ao longo dos anos, muitos estudos estatísticos relacionados à incidência dessas

manifestações patológicas foram realizados. Abaixo serão apresentados alguns desses que

foram considerados mais relevantes.

Estudos realizados por Vazquez e Santos em 2010 analisaram bancos de dados de

assistências técnicas nos diversos métodos executivos de obras residenciais. A partir disso,

foram apresentadas as ocorrências com mais registros e levantados os custos gerados. Quase

metade do total delas foi oriunda das instalações hidráulicas, impermeabilizações e pinturas.

Já o volume de recursos financeiros investidos se concentrou nas impermeabilizações,

seguidas das outras duas.

Já pela análise de Dardengo (2010), no mesmo ano, estudos comprovaram que

baseados principalmente em falhas congênitas (projeto) o foco das manifestações patológicas

estavam nas estruturas, principalmente as de concreto armado estendendo-se ainda para falhas

de pintura, revestimentos de piso e parede, instalações hidráulicas e por ai em diante.

Um estudo feito no Paraná com 8 edifícios observou que 70% das ocorrências eram

referentes a serviços de pinturas pela diferença de tonalidade, aparecimento de trincas entre

outros. (CONSOLI, 2006).

Outro estudo, dessa vez em Recife, feito por Silva, Sousa e Monteiro (2008) obtiveram

como resultados que a maior incidência de manifestações foi referente às infiltrações,

seguidas de fissuras e problemas com os revestimentos. Algumas das causas identificadas que

podem ser destacadas são, as más impermeabilizações, pouco cobrimento das armaduras, uso

de material inadequado, concreto de baixa qualidade e elevado grau de agressividade

ambiental. No mesmo ano, em Pelotas no Rio Grande do Sul, análises mostraram que do total

de patologias registrada, 37% eram referentes a falhas de acabamentos, 30% trincas, 30%

problemas nos revestimentos e 4% causados pela umidade (AZEVEDO, 2008).

Dados estatísticos desenvolvidos por Meira (2002) provaram que cerva de 50% das

manifestações patológicas analisadas era oriunda de problemas ligados a vazamentos e

infiltrações em instalações hidráulicas. O grupo amostral do autor foram 10 condomínios de

características iguais em Florianópolis.

O trabalho feito por Oliveira (2013) reuniu todas as solicitações à assistência técnica,

nos anos de 2009, 2010 e 2011 de uma empresa construtora de imóveis de médio e alto

padrão localizado na Barra da Tijuca. Os dados provaram que as impermeabilizações, as

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instalações hidráulicas e as fachadas foram os principais focos dos desgastes junto aos

clientes.

Em mais um estudo realizado por outro autor também interessado no tema que

objetivou identificar a existência de patologias nas edificações residenciais multifamiliares da

cidade de Viçosa, mostrou que as patologias campeãs registradas foram às infiltrações, tanta

as na laje de cobertura quanto nas lajes das garagens e caixas d’águas seguidas pelo

desprendimento dos revestimentos de fachadas e fissuras em vários locais do prédio. (SILVA,

2014).

Vistoriaram-se sete postos de saúde no município de Criciúma-SC e elaborou-se um

cronograma de visitas, auxiliado por um checklist e registraram-se com fotografias as

patologias construtivas. Após toda essa análise, todas os postos apresentaram problemas

referentes a umidade que acabavam desencadeando outras anomalias. Outros problemas

também foram considerados recorrentes como o aparecimento de trincas e fissuras e por

último, problemas relacionados à pintura.

2.4 POSSÍVEIS MÉTODOS PARA ANÁLISE DE FALHAS

Analisar patologias significa não só registrá-las e quantificá-las, mas sim associá-las as

suas causas e consequências e buscar medidas preventivas para evita-las. Em alguns casos, é

possível fazer isso apenas através da visualização. Porém em outros casos, a resolução de um

problema envolve um conjunto complexo de procedimentos e que a prática profissional usada

tem sido relacionada com a falta de uma metodologia especificada e reconhecida e essa tese

comprovada com a experiência profissional do engenheiro. Já Dal Molin discorre que a

investigação necessária para esse diagnóstico deve ser realizada de maneira completa e

sistemática.

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2.4.1 Metodologia de Pareto

Muitos estudos se basearam em Pareto na sua análise patológica. Vilfredo Pareto era

um cientista italiano renomado do século passado. Ele concluiu que apenas 80% dos

resultados são gerados por apenas 20% das causas. Essa relação causa-efeito, ou 80-20 se

mostrou em vários exemplos como, por exemplo, no caso de empresas em que 20% dos

vendedores geravam 80% das vendas ou que 20 % dos clientes eram responsáveis por 80% da

receita. Do modo da pratica, essa relação pode e deve ser aplicada a engenharia civil.

Em meio a tantos problemas e as inúmeras causas que podem estar associados, a

importância de Pareto para a engenharia nos dias de hoje, está no enorme esforço necessário

para reduzir e administrar continuamente os riscos das anomalias nas obras. Sendo assim, o

maior desafio é visualizar as maiores perdas e prejuízos e saber analisar o que poderá ser

postergado e o que deve ser priorizado. Com a utilização de gráficos contendo a curva de

Pareto é possível identificar e mostrar o peso de cada patologia, a percentagem de incidência

dos defeitos e as causas que realmente devem ser combatidas. (OLIVEIRA, 2013)

Figura 6 – Esquema Método de Pareto

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2.4.2 Metodologia de Lichtenstein

Proposta por Lichtenstein (1985), o autor objetivou principalmente tornar o processo

mais simples e objetivo. Para isso a estrutura básica dessa análise é desenvolvida em uma

sequência de três etapas que serão descritas a seguir.

A primeira delas é a Criação de subsídios que consiste em acumular o maior número

de informações necessárias que levarão ao entendimento dos fenômenos que estão

acontecendo. Esta etapa envolve a vistoria no local por visita técnica e formatação de

relatórios fotográficos, utiliza-se basicamente dos sentidos humanos. A anamnese que é o

levantamento do histórico da construção, através de entrevistas com usuários, construtores e

projetistas da edificação. E os ensaios em laboratório que são realizados por técnicos

altamente especializados na interpretação dos dados obtidos através dos exames

complementares. (DO CARMO, 2003).

A segunda é toda focada no diagnóstico. Esse termo pode ser definido como a

identificação da origem dos defeitos, esse não é considerado uma tarefa fácil principalmente

se levarmos em consideração o alto número de métodos construtivos apresentados nas

diversas etapas. (CREMONINI, 1988). Independentemente de o diagnóstico ser considerado

leve ou grave, o estudo deverá gerar um documento. Todas as causas dos problemas contidas

devem estar explicitas nas conclusões e recomendações seguidas dos processos e materiais

que serão utilizados para a realização dos reparos. Em alguns casos há a necessidade da

reformulação de plantas e memoriais descritivos, fato este, que dependerá diretamente do

nível e complexidade dos problemas patológicos apresentados. A fim de associar

tecnicamente o efeito à causa da patologia encontrada, deve haver uma análise criteriosa que

envolve em levar em conta sutileza das hipóteses e modelos encontradas. A autora defende a

utilização de modelos matemáticos, estatísticos e probabilísticos para se estender essa relação

causa-efeito, só que para isso é necessário investimento financeiro e um alto grau de

conhecimento técnico e cientifico o que muitas vezes torna o sistema inviável. Atualmente

este cenário vem mudando, com o surgimento de novas tecnologias e avanço nos métodos e

instrumentos que já são muito utilizados por diversas universidades brasileiras.

O objetivo do diagnóstico auxilia na tomada de decisão quanto ao tipo de intervenção

que deverá ser feita em cada situação já que é ele que nos permite estabelecer parâmetros

quanto ao estado de conservação do edifício. (HELENE, 2003).

Por fim, a definição conduta é a terceira e última etapa. Após a coleta de dados,

criação das hipóteses e do diagnóstico o próximo passo é a definição da estratégia de

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intervenção ou plano de ação. O conceito principal a ser adotado nessa etapa engloba decisões

técnicas especificadas pelo responsável, como por exemplo, o tipo de material a ser usada,

mão de obra e equipamentos que também dependem das características da região e das

exigências de desempenho. (DO CARMO, 2003).

Após a execução com êxito dessa última etapa, todos os dados levantados durante os

passos descritos a cima devem ser apresentados, através de relatórios fotográficos,

procedimentos utilizados, soluções adotadas de forma que a transmissão dessa informação

sirva como uma base de dados para essa área da engenharia. Essa base é considerada uma

ferramenta muito importante na resolução de patologias. (CREMONINI, 1988).

É de grande importância ressaltar que a especificação do desempenho pretendido e o

nível de qualidade exigido para a intervenção são os parâmetros definidos para relaciona-los

ao custo. Do Carmo (2003), diz que atingir o nível de qualidade e desempenho a um menor

custo é a melhor alternativa. Isso inclui considerar o investimento a ser aplicado em dinheiro

até o fim da vida útil já que nem todos os requisitos de desempenham permanecem durante

muito tempo. As opções para essas ações e para um planejamento adequado são inúmeras,

porém a melhor é a que dispõe de recursos tecnológicos e financeiros, procurando o melhor

custo/benefício, as melhores técnicas utilizadas para projetar e controlar a qualidade e os

materiais e equipamentos que serão utilizados.

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3 MANUTENÇÃO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA

3.1 CONCEITO E HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO EM EDIFICAÇÕES

Até poucos anos atrás, o enfoque que se dava para as atividades ligadas à manutenção

de obras residenciais eram mínimas. As atividades eram consideradas sem importância,

improdutivas e muitas vezes julgadas como desnecessárias. Esse cenário vem se moldando e o

tema vem sendo muito mais comentado e discutido. No Brasil, em 2009 cerca de 3,6 % do

PIB, foi gasto com serviços de manutenção. Já em países como a Europa estima-se que 40%

do total de gastos da construção civil são provenientes de serviços de reparos. (DARDENGO,

2010).

Tanto do ponto de vista econômico quanto do social pode-se dizer que a manutenção

de edifícios possui uma vasta definição valendo dizer ainda que no campo econômico, ela é

considerada uma atividade bastante cara.

Autores como Gomide (2006) e Dardengo (2010) resumem a manutenção predial ao

conjunto de ações que visam melhorar o desempenho da edificação atendendo as necessidades

dos usuários com confiabilidade, segurança, custos adequados entre outros. Outras linhas de

pensamento entendem que a manutenção serve para prolongar a vida útil da edificação e os

componentes que estão associadas a ela, respeitando todas as exigências envolvidas.

(FERREIRA, 2009). Ferreira também defende a criação de um planejamento especial de

forma a ser levados em consideração aspectos técnicos, econômicos e funcionais.

Apesar de todos esses conceitos que abordam praticamente a mesma linha de

pensamento, a definição de manutenção não pode se restringir a isso e sim em como ela é uma

forma de satisfazer as necessidades do cliente, atendendo a todos os aspectos de

modernização ou mudanças que superem o desempenho original da edificação.

Com o passar do tempo e o avanço tecnológico, a mentalidade de muitas empresas foi

mudando para moldar-se ao novo cenário da construção civil. Muitas empresas que tinham

um caráter corretivo passaram a ter uma postura mais focada à prevenção de incidências pós-

obra. (LIMA; CASTILHO, 2006). Assim, como poderá ser visto a seguir, considera-se que a

manutenção preventiva em obras residenciais é focada em minimizar os custos envolvidos em

um serviço de manutenção corretiva e de certa forma, acaba mitigando o desconforto que as

patologias surgidas no período pós-obra causam em seus clientes.

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3.2 ABORDAGEM GERAL DAS NORMAS

Nesse item serão introduzidos alguns conceitos importantes, que estão presentes nas

Normas Brasileiras, que se referem aos assuntos. Os mesmos serão comentados em seguida

ainda nesse capítulo. Pode-se facilmente perceber que as Normas Brasileiras vêm garantindo

de certa forma o crescimento e a importância do tema no país visto que essas vêm conseguido

superar o fator cultural de muitas empresas

3.2.1 NBR 5674:1999 e 2012 - Manutenção de edificações: Procedimentos e Requisitos

para o sistema de gestão de manutenção.

A norma de Manutenção aqui contemplada possui duas versões sendo a mais atual

uma revisão da antiga, essa revisão propõe uma melhoria significativa já que vai além do que

aborda a edição do ano de 1999. A antiga descreve e esclarece uma metodologia de

implantação de aspectos associados à gestão do programa de manutenção, mas a metodologia

da norma mais atual vai, além disso, e apresenta o fluxograma de documentos e

detalhamentos das etapas de serviços, incluindo toda a parte burocrática produzida para

implantação do plano. Para sua execução foi utilizada como referência a Norma NBR 14037,

que será abordada mais à frente.

O objetivo da Norma é que ela fixa os procedimentos de orientação para organização

de um sistema de manutenção de edificações mostrando a sua necessidade e importância de

modo que seja prevista uma infraestrutura material, técnica, financeira e de recursos humanos

capaz de atender aos diferentes tipos de manutenção.

A norma tem em seu escopo a responsabilidade de definir os requisitos para a gestão

do sistema de manutenção que deve ser determinado de modo a manter as características

originais da edificação além de prevenir a degradação dos seus sistemas ou elementos. Esses

requisitos são basicamente as características que a edificação deve conter como, por exemplo,

preservar o desempenho previsto, minimizar a depreciação patrimonial, estabelecer as

missões e decisões dos envolvidos.

Outra parte da Norma fala das responsabilidades tanto do proprietário de uma

edificação quando ele está encarregado pela manutenção e o mesmo deve observar o

estabelecido nas normas técnicas e no manual de operação, uso e manutenção de sua

edificação quando houver quanto de uma empresa ou profissional legalmente habilitado

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quando o proprietário delegar a gestão da manutenção de uma edificação para eles. Nesse

caso, a norma ainda especifica todas as responsabilidades técnicas do sistema de manutenção

implantado.

O tipo de uso das edificações, o tamanho e a complexidade das mesmas entre outros

são fatores que devem ser levados em consideração na organização do sistema de

manutenção. Por recomendação da Norma, parâmetros como o atendimento ao desempenho,

prazo acordado entre a ciência da não conformidade e a intervenção, a periodicidade das

inspeções prediais e o registro dessas inspeções devem ser contemplados como indicadores de

desempenho e esses devem ser periodicamente avaliados. Na organização do sistema de

manutenção deve ser prevista então uma estrutura material, financeira e de recursos humanos,

capaz de atender os diferentes tipos de manutenção necessários.

Ela contempla ainda que a coleta de informações é de suma importância para a gestão

da manutenção. Como exemplo, as solicitações, reclamações dos usuários e as inspeções

técnicas. De todas essas, há um foco na abordagem da inspeção predial onde a norma engloba

em seu conteúdo básico o relatório de inspeção que deve conter itens como a descrição da

degradação de cada sistema e seus subsistemas além de elementos e componentes,

recomendação das ações para diminuir as ações corretivas, se estão suscetíveis a ocorrências,

quando possível deve conter uma estimativa da perda de seu desempenho, além disso, deve

conter as solicitações e reclamações dos usuários ou proprietários.

Sobre as previsões orçamentárias anuais deve ser incluída uma reserva de valor

destinada unicamente para a realização de serviços de manutenção corretiva. No caso de uma

construtora orçar os serviços de manutenção com empresas terceirizadas, ela deve se atentar

ao fato de que a mesma deve também cumprir aos requisitos já explicitados anteriormente. Se

forem contratados os serviços, fatores como a qualificação da empresa, a experiência

profissional, a referência de outros clientes, a proposta técnica apresentada, habilitação

jurídica, regularidade fiscal e capacidade financeira da empresa, além do prazo de execução,

condições de pagamento e cronograma físico-financeiro. Além disso, o responsável deve

providenciar todas as condições necessárias para a realização dos serviços de manutenção,

garantindo toda segurança e danos, e a sinalização de eventuais riscos.

O controle também deve ser feito e deve seguir principalmente às normas de

segurança do trabalho. Para a realização desses tipos de serviço todos os sistemas de

segurança de edificação devem estar funcionando, e caso não estejam, devem ser previstos

sistemas provisórios. Além disso, em hipótese alguma é permitida a obstrução das saídas de

emergência e não sendo possível desobstruí-la, deve-se criar rotas alternativas. Caso haja

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mudança de característica técnica, o memorial descritivo, as especificações e todos os

manuais e projetos devem ser apropriados. Todos os registros que provem a implementação

do programa de manutenção, do planejamento, das inspeções devem possuir registros legíveis

assim como a organização e a coleta de dados.

O último item da Norma trata como deve ser a estrutura interna de gestão da

qualidade, tendo por atribuição a elaboração de normas e procedimentos para o sistema,

incluindo a documentação técnica para a execução dos serviços; a supervisão da qualidade das

atividades desenvolvidas. Também faz parte a avaliação continua da eficiência do sistema de

manutenção, aspectos como o tempo médio de resposta às solicitações dos usuários e

intervenções de emergência, a relação entre custo e tempo estimados e efetivamente

realizados, taxa de sucesso das intervenções, medida pela incidência de retrabalho necessário,

a satisfação dos usuários da edificação, medida por meio de pesquisas de opinião e o

desempenho econômico do sistema devem ser considerados.

3.2.2 NBR 15575:2013 - Edificações Habitacionais – Desempenho

A Norma de Desempenho existente em várias partes do mundo vem se destacando no

Brasil, já que aqui ela foi pioneira em impor limites mínimos de vida útil da edificação. A

Norma internacional só abrange os níveis de desempenho acústico e térmico. Ela foca

principalmente nas exigências dos usuários sobre comportamento do edifício em relação ao

uso e não em como os sistemas são construídos.

Para estabelecer o desempenho, o comum é definir requisitos qualitativos, critérios

quantitativos, métodos de avaliação e todos que permitam mensurar claramente o seu

objetivo. Conceitos como durabilidade, manutenibilidade e conforto tátil dos usuários que são

abordados na norma, nem sempre são considerados em outras normas e por isso, ela se torna

ainda mais importante.

Sabe-se que é economicamente inviável e inadmissível sob ponto de vista ambiental,

considerar uma edificação como sendo um produto descartável, ou seja, considerar que ao

atingirem níveis baixos de desempenho exigidos pela norma ABNT NBR 15575 (Norma de

Desempenho) elas são substituídas por novas. (MOURTHÉ, 2013)

Esses níveis estão relacionados a saúde, higiene, qualidade do ar, condições de

salubridade, teor de poluentes, estanqueidade a gases e insetos, riscos de contaminação do

sistema de água potável e adequação ambiental, desempenho estrutural, segurança contra

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incêndio, no uso e operação, funcionalidade e acessibilidade, conforto, desempenho térmico e

acústico e durabilidade. Para isso, a elaboração de programas de manutenção corretiva e

preventiva garante os níveis de desempenho ao longo da vida útil.

Além disso, a Norma especifica alguns indicadores de eficiência para a gestão do

sistema de manutenção, entre eles estão os prazos acordados entre a observação da não

conformidade e a conclusão dos serviços, o tempo médio de respostas às solicitações dos

usuários e emergências, a periodicidade das inspeções prediais de uso e manutenção

estabelecidas no manual de operação e os registros das inspeções.

Essa Norma é a versão mais atual e se divide em seis partes, cada uma se refere a um

sistema que compõe o edifício. São estabelecidos critérios e métodos de avaliação para o

desempenho de cada um deles. São elas: NBR 15575-1 (Requisitos gerais), NBR 15575-2

(Requisitos para os sistemas estruturais), NBR 15575-3 (Requisitos para os sistemas de piso),

NBR 15575-4 (Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas), NBR

15575-5 (Requisitos para os sistemas de cobertura) até a NBR 15575-6 (Requisitos para os

sistemas hidrossanitários).

Cada uma das seis seções foi rapidamente descritas na norma e todas foram baseadas

nos requisitos de desempenho. Com isso, seu objetivo principal está em evitar erros,

garantindo a ausência de falhas.

3.2.2.1 NBR 15575:2013 – Parte 1: Requisitos Gerais

Nesse item são definidas principalmente as exigências dos usuários que acabaram se

transformando em requisito de desempenho. Entre eles estão três pilares primordiais que

possuem critérios mínimos definidos como segurança (estrutural, contra fogo, no uso e na

operação), habitabilidade (estanqueidade, conforto térmico e acústico, saúde, higiene,

qualidade do ar entre outros) e sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade, impacto

ambiental).

São descritos as obrigações dos projetistas que devem estabelecer a vida útil de projeto

de cada sistema que compõe a edificação, do construtor e incorporador, a identificação dos

riscos previsíveis na época do projeto, devendo o mesmo, neste caso providenciar os estudos

técnicos requeridos e alimentar os diferentes projetistas com as informações necessárias e o

construtor, cabem elaborar o Manual de operação uso e manutenção ou documento similar,

atendendo a NBR 14037 (que será comentada a seguir), que deve ser entregue ao proprietário

da unidade quando da disponibilização da edificação para uso e o usuário cabe realizar a

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manutenção, de acordo com o que estabelece a NBR 5674 e o Manual de operação, uso e

manutenção, ou documento similar.

A avaliação de desempenho, segundo a Norma, se dá através de alguns mecanismos

também descritos, como por exemplo, os métodos para a avaliação (realização de ensaios

laboratoriais, ensaios de tipo, ensaios em campo, inspeções em protótipos ou em campo,

simulações e análise de projetos), amostragem que considera avaliar outras edificações com

mesmas características, relação entre as normas e documentos com resultados da avaliação

feita. São tratados as generalidades, critérios e requisitos para os itens descritos a seguir.

Desempenho Estrutural que é baseado nos estados limites e estabelecem as condições

a partir das quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da construção,

consta na Norma também que o manual do proprietário, ou documento deve conter as

informações relativas às sobrecargas limitantes no uso das edificações.

Para a Segurança contra incêndio que são pautadas na baixa probabilidade de início de

incêndio; na alta probabilidade dos usuários sobreviverem sem sofrer qualquer injúria; na

reduzida extensão de danos à propriedade e à vizinhança imediata ao local de origem do

incêndio de forma a atender às exigências do usuário quanto à segurança devem ser

cumpridos os requisitos estabelecidos na legislação e normas pertinentes.

Para a Segurança no uso e na operação dos sistemas e componentes do edifício

habitacional deve ser considerada em projeto, especialmente as que dizem respeito a agentes

agressivos.

Para a Estanqueidade a exposição à água de chuva, à umidade proveniente do solo e

àquela proveniente do uso do edifício habitacional, inclusive quanto à condensação devem ser

consideradas em projeto, pois a umidade acelera os mecanismos de deterioração e acarreta a

perda das condições de habitabilidade e de higiene do ambiente construído.

Para a Durabilidade e Manutenabilidade da edificação no qual a Norma diz que a

durabilidade do edifício e de seus sistemas é uma exigência econômica do usuário, pois está

diretamente associada ao custo global do bem imóvel.

Para a Saúde, higiene e qualidade do ar, são regidas por regulamentos técnicos

estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Outros itens também são

considerados na Norma, como o desempenho térmico, acústico e lumínico, a funcionalidade e

acessibilidade, o conforto tátil e antropodinâmico e adequação ambiental.

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3.2.2.2 NBR 15575:2013 Partes de 2 a 6 – Requisitos para os sistemas estruturais, de piso,

vedações verticais internas e externas, cobertura, hidrossanitários.

Requisitos para os sistemas estruturais: Já nessa parte da Norma, todos os sistemas

estruturais são tratados do ponto de vista dos estados-limites último e o de serviço este e mais

importante, se baseia em garantir a durabilidade quando a edificação é utilizada normalmente,

impedindo a formação de fissuras, deformações e quaisquer falhas ocorridas que possam

prejudicar os níveis de desempenho.

Requisitos para os sistemas de piso: Sobre esse assunto a Norma aborda o desempenho

de todos os seus sistemas, tanto das áreas de uso privativo quanto das áreas de uso comum do

edifício. Segundo a mesma, acidentes referentes a esses elementos são totalmente evitáveis já

que eles podem ser facilmente previstos. Não são contemplados alguns requisitos como a

limpabilidade ou manchamento. Existem normas prescritivas relacionadas a pisos, porém não

tem a ver com sua execução e sim com os diferentes materiais que podem ser utilizados na

sua produção.

Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas: Nessa parte da

Norma são estabelecidos além dos requisitos, alguns critérios e metodologia para avaliar o

desempenho dos sistemas de vedações internas e externas. Além de eles serem usados para

volumetria e compartimentação dos espaços do edifício, eles são de suma importância, pois

estão totalmente integrados a outros sistemas afetando diretamente no desempenho. Dentre os

seus requisitos principais estão: conseguir um nível de segurança considerando-se todas as

combinações de ações que podem ocorrer durante a vida útil da edificação; Resistir às

solicitações originadas pela fixação de peças suspensas. Resistir a ações transmitidas por

portas e outros elementos; Apresentar aberturas nas fachadas com dimensões suficientes para

proporcionar a ventilação interna dos ambientes entre outras. São parâmetros também a

limitação dos deslocamentos, fissuras em função da exposição a temperaturas variadas

mantendo sempre sua capacidade funcional e estética mesmo quando houver o

envelhecimento natural durante a vida útil do projeto.

Requisitos para os sistemas de cobertura: Quando se trata dos sistemas de coberturas a

Norma é focada na resistência e a durabilidade dos mesmos considerando toda ação externa

que possa interferir no seu desempenho. Ações de chuvas, granizos, deslizamento dos

componentes, arrancamento de sua estrutura pelo vento, estanqueidade, conforto térmico e

acústico além da estabilidade da cor no caso de estruturas usando telhas.

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Requisitos para os sistemas hidrossanitários: Os sistemas de instalações

hidrossanitários são de muita importância para o desempenho da edificação, pois servem para

garantir as necessidade e funções humanas, além de dar toda condição de saúde e higiene para

a habitação. Para isso, elas devem ser incorporadas a construção com o objetivo básico de

garantir a segurança dos usuários e de outros elementos, sem riscos de queimaduras no caso

das instalações de água quente, vazamentos por danificação das tubulações ou entupimento de

ralos. Elas devem estar compatibilizadas com outros sistemas e materiais.

3.2.3 NBR 14037:2011 - Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e

manutenção das edificações.

Cada vez mais a sociedade tem reconhecido e assumido a importância das atividades

de uso, operação e manutenção dos edifícios como forma de preservar e fazer as edificações

durarem mais durante sua vida útil de projeto. Pode-se dizer que já existe uma razoável

integração entre as etapas posteriores a execução assim como já existe uma considerável

integração entre as etapas de projeto e executiva.

Sendo assim, seu objetivo principal é informar todas as características técnicas da

edificação construída, com todos os procedimentos recomendáveis e obrigatórios para

manutenção. Além disso, ela informa e orienta os usuários sobre suas obrigações em relação

aos serviços de manutenção e a todos os as atividades de prevenção de falhas por falta de

informação.

A apresentação do manual deve ser a mais clara possível com um nível de

detalhamento e didática compatível a complexidade da edificação. Sendo necessário, devem-

se utilizar figuras, esquemas, fotografias e tabelas. Ele deve ser entregue em meio físico, e

possuir características que o mantenham acessível aos seus leitores por muito tempo. A

Norma permite também a utilização do meio eletrônico, mas essa só é aceitável se também

existirem meios de rápido e fácil acesso.

É sugerida uma estrutura mínima do Manual com uma tabela, variável de acordo com

a complexidade da edificação, que contenha a disposição dos capítulos e suas subdivisões

básicas. Resumidamente, os conteúdos que devem estar presentes são os equipamentos

utilizados, suas descrições e a relação com os fornecedores com seus dados para contato.

Também deve estar no manual todos os contatos dos responsáveis pelos projetos entre outros.

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Por fim, os prazos de vida útil dos elementos e garantia, devem estar descritos

claramente e se necessário, no caso da garantia deve estar explicito as condições de perda.

Além disso, deve conter também todos os procedimentos que o construtor ou o incorporador

vão adotar para atender as solicitações dos clientes.

Alguns requisitos como as propriedades especiais previstas no projeto, desenhos

esquemáticos cotados com a posição das instalações, especificação detalhada dos insumos e

materiais, carga máxima admissível nos circuitos elétricos e nos sistemas estruturais e a

sugestão ou modelo do programa de manutenção preventiva.

O manual deve conter informações sobre os prazos de garantia assim como a perda da

mesma, caso exista. Ele ainda apresenta o procedimento da forma como o construtor se obriga

a prestar o serviço de atendimento ao cliente. Deve conter ainda os dados e contatos dos

fornecedores.

As normas, os materiais e todos os componentes usados na construção da edificação

estão em constante mudança, portanto é essencial a atualização do manual sempre que houver

uma alteração e por fim, ele deverá conter uma advertência explicita e grifada a respeito da

sua responsabilidade de utilizar o manual.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DA MANUTENÇÃO

É importante entender que existem diversas formas de classificação dos tipos de

manutenção. A primeira possibilidade é com relação a estratégia, ou seja, o plano de ação

contendo aspectos teóricos capazes de materializar os objetivos principais. Outra forma é de

acordo com o tipo de intervenção de manutenção adotada. (GOMIDE, 2006)

Serão abordadas as duas formas de classificação descritas acima, porém somente os

tipos de estratégias e intervenções consideradas as mais importantes serão incluídas para o

presente trabalho.

3.3.1 Tipos de estratégias de Manutenção

Segundo a Norma NBR 5462:1994 – Confiabilidade e Mantenabilidade que define os

termos relacionados com a confiabilidade e a mantenabilidade de uma edificação são

descritos os diferentes tipos de estratégias de manutenção como, por exemplo, a Manutenção

Corretiva que é aquela efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item

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em condições de executar uma função requerida, ou seja, realizada quando se quer corrigir

algo na obra para que ela passe a cumprir o seu papel de acordo com o que foi definido

preliminarmente em projeto.

Já a Manutenção Preventiva define a manutenção preventiva como a atividade

efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a

reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item, isto é,

conjunto de ações e serviços realizados previamente, com o objetivo principal de evitar que

falhas ocorram após a entrega do empreendimento ao cliente, causando o desgaste na relação

construtora-cliente.

Por fim, a Manutenção Preditiva é definida pela Norma como sendo a manutenção que

permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de

técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de amostragem,

para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva, ou seja,

essa linha de atividade de manutenção tem como intuito prenunciar a situação em que está

uma edificação e encontrar falhas em estágio inicial, quando ainda não ameaçam a edificação

ou processos de execução.

Outros autores também fazem considerações referentes a essas estratégias. Para

Gomide (2006) a Manutenção Corretiva, é a atividade que visa à recuperação, caracterizada

por serviços planejados ou não, a fim de corrigir falhas. Implica, necessariamente, a

paralisação de um sistema. O tempo e o custo que se leva para realização de atividades não

previstas são maiores já que os principais fatores são que a empresa terá de garantir de forma

emergencial os insumos e realocar sua mão de obra, trocando atividades do cronograma da

obra para atender a solicitações inesperadas.

Pioneira no meio profissional, esse tipo de manutenção pode ser entendida como um

ciclo conhecido como “esperar quebrar para consertar”, ou seja, há a correção das patologias

em obras somente após a ocorrência delas. Pode ser considera como a forma mais cara de

manutenção. Sabe-se ainda que nem sempre é possível garantir que essas falhas não ocorram

em algum momento principalmente devido a imprevisibilidade de certos eventos, porém

existem algumas ações com o simples objetivos de reduzi-las. Um exemplo é obter uma mão

de obra qualificada e treinada para atuar imediatamente nos casos de defeitos previsíveis. Este

tipo de manutenção muito usada no Brasil acaba gerando uma impressão de economia para

empresa (VILLANUEVA, 2015).

Já a Manutenção Preventiva, segundo Villanueva (2015), é totalmente baseada em um

planejamento prévio com o auxílio de dados estatísticos e históricos de ocorrências anteriores.

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O objetivo principal é evitar a ocorrência dessas solicitações ou até mesmo da diminuição do

desempenho baseando-se num plano de ações capaz de evita-las.

A ideia é estabelecer visitas periódicas, inspeções e reparos regulares de modo a

identificar e evitar que pequenos problemas, ainda solucionáveis se transformem em

problemas maiores e mais custosos. Só assim será possível garantir o perfeito funcionamento

da edificação por um período de tempo pré-determinado. (PROBERT, 2006).

O custo ainda pode ser relativamente alto, visto que para conseguir manter essas

atividades o controle de mão de obra é maior, os funcionários devem apresentar maior

capacidade técnica. Os fornecedores e materiais devem estar preparados a atender as

solicitações. Já o tempo se comparado a manutenção corretiva pode ser considerado menor, já

que a empresa já separou um tempo para investir nessas solicitações e não irá ocorrer nada de

surpresa.

Por fim, alguns autores ainda consideram que além do fato de o investimento nas

intervenções preventivas levar a uma diminuição do investimento nas corretivas, há uma

diminuição no número de intervenções em horários impróprios como, por exemplo: em

períodos noturnos, em fins de semana, durante períodos críticos de produção e distribuição.

Segundo Dardengo (2010) a manutenção preditiva objetiva identificar de forma

antecipada as manifestações patológicas, utilizando-se de sistemas e equipamentos capazes de

diagnosticar o comportamento a edificação. Não se deve confundi-la com a manutenção

preventiva, as duas apenas caminham juntas e a preditiva visa programar e evoluir os

processos da manutenção preventiva. Ela pode ainda ser considerada uma atividade de

programação de intervenções baseada em parâmetros de desempenho.

Em resumo, ela é caracterizada pela previsão de diagnósticos através da busca

constante por prever falhas, criar alertar, utilizando-se basicamente da tecnologia que simula

possíveis cenários de futuras intervenções nos sistemas construtivos. Uma vez identificada a

raiz do problema, cria-se um planejamento especifico para elimina-lo, assim o investimento

para esse tipo de manutenção deve ser maior, porém o custo e o tempo são menores.

(DARDENGO, 2010)

3.3.2 Tipos de intervenção

O primeiro modo de intervenção é chamado de Conservação. Ela considera que os

responsáveis pela edificação devem tomar ações que caracterizam atividades simples de

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conservação como limpeza e remoção de resíduos. Por mais que elas não sejam classificadas

como atividades reais de manutenção, ao se unirem com outros tipos de atividades acabam

contribuindo para bons resultados. (VILLANUEVA, 2015).

Para Gomide (2006), esse tipo de atividade deve ser rotineira, realizada diariamente ou

com pequenos intervalos de tempo e está basicamente ligada aos serviços básicos de limpeza.

Já para Bonin (1988), apesar da mesma conceituação usada por Gomide, ele acrescenta que

essas atividades devem criar condições adequadas para o uso. Para isso, é de suma

importância que a equipe de conservação da edificação, dê feedbacks essenciais para

avaliações e analises de tempo em tempo evitando o retrabalho da equipe. Isso somente é

possível, quando a conservação não é feita de maneira improvisada, pois sendo pouquíssimas

são as informações geradas.

A reparação é mais uma forma de intervenção que pode ser explicada por Gomide

(2006) como sendo uma atividade preventiva ou corretiva realizada de modo à nunca deixar

que qualquer processo do sistema atinja níveis baixos de qualidade. Níveis esses que acabam

se associando a alguns parâmetros de desempenho. A principal característica dessa atividade é

a substituição de antigos elementos e componentes por novos através de planejamentos e

controles permanentes que prolongam a vida útil do edifício. Outra definição, considerada

mais simples, abrange o mesmo conceito já mencionado, porém enfatiza que ao se

reestabelecerem os níveis de desempenho aceitáveis, os mesmo não devem ultrapassar a

qualidade inicial de quando construído. (BONIN, 1988)

Para explicar o conceito de Restauração, outros conceitos que podem se confundir

com o tema devem ser abordados. O primeiro deles é a Reforma cuja ideia visa

principalmente a realização de melhorias independentemente das características anteriores. O

segundo é o Retrofit, termo que pode ser definido como o meio termo entre a renovação e a

manutenção, já que do mesmo modo que se devem manter as características originais é

preciso moderniza-la. Por fim, a Restauração, mais parecida com a Reforma, ela busca a

restituição do imóvel, porém levando-a à sua condição original. (VILLANUEVA, 2015)

Outros autores também possuem estudos sobre a Restauração e apresentam conceitos

mais amplos, como Vale (2006) que diz que Restauração é o conjunto de atividades que visa

recuperar a imagem, a concepção origina ou informações históricas do empreendimento,

podendo assim ser aplicado principalmente a obras de arte.

Atualmente, elas são muito utilizadas como uma forma de intervenção predial para

adequar e inserir edifícios antigos a estrutura da cidade contribuindo para a otimização do

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espaço urbano assim como a preservação da arquitetura e paisagismo da cidade.

(VILLANUEVA, 2015).

Bonin (1998) também conceituou a Restauração, focando na ideia de manutenção e

explicando que são todas as atividades corretivas realizadas quando o produto está com nível

de desempenho abaixo do aceitável. E nesse caso, esse nível quando ajustado também não

deve ultrapassar a qualidade inicial de quando construído.

Por outro lado, deve-se lembrar de que serviços de restauração demandam técnicas

especiais de planejamento, projeto, execução e conservação. Para isso eles devem ser

realizados por profissionais especializados e é necessário que se tenha o histórico completo de

pesquisa. (VILLANUEVA, 2015)

Por fim, a atividade conhecida como Modernização, possui uma liberdade maior do

que os outros termos já abordados, pois ela é caracterizada por qualquer serviço realizado com

objetivo de fazer reformas para modernizar substituindo elementos ou equipamentos de um

sistema que estão obsoletos por novos mais eficientes. Alguns serviços realizados podem ser

de tamanha importância para o empreendimento como a redução de gastos com água e

energia por exemplo.

Para Gomide (2006), a modernização é o conjunto de atividades tanto preventivas

quanto corretivas que visam recuperar a qualidade e elevar o edifício a níveis de desempenho

maior do que o original construído e projetado, elevando-o a um novo patamar. Por isso, ela

não está ligada a rotina da manutenção e sim a de possibilitar estudos quanto a sua

viabilidade.

Em resumo, o conceito de manutenção contempla não somente o objetivo de fazer a

edificação manter seu desempenho original e sim acompanhar a dinâmica do mercado,

necessidades dos seus usuários, a modernização e inovação dos produtos. Ou seja, deseja-se

superar o desempenho original do edifício. (BONIN, 1988)

3.4 ASSISTÊNCIA TÉCNICA

O momento de entrega de um imóvel é um trunfo na formação da satisfação do cliente.

É basicamente nesse momento que ele vê na prática toda expectativa gerada com a execução

de um projeto ou também nesse momento que poderemos acabar criando uma relação ruim

com o futuro morador muito insatisfeito e cheio de razões para reclamar. No caso da segunda

opção além de todo incomodo gerado, a etapa do pós-entrega é muito delicada pois várias

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visitas para reparos serão solicitadas gerando custos não calculados, perda de tempo e

desgaste de pessoal.

Quando a relação com o cliente já foi prejudicada ao não atingir as expectativas

esperadas na entrega da obra, o que resta para a empresa construtora é investir e manter o

setor de assistência técnica nos mais altos níveis. É a forma como serão prestados os

atendimentos a essas solicitações que farão toda a diferença e poderá salvar a relação de

confiança com o cliente. (SOUZA, 1995)

Impulsionado pela obrigação de focar na satisfação do cliente, na qualidade do

produto a ser entregue e a na diminuição das solicitações após a entrega, Souza (1997)

defende então a importância de uma empresa possuir um departamento de assistência, o

interessante é utilizar checklists de serviços para um melhor controle. Quando esse setor

funciona bem, analisando todos os dados gerados por esse acompanhamento, o grau de

satisfação exigido pela norma ISO 9001 (ABNT, 2008) deve ser mensurado.

Também segundo as normas ISO 9001 (ABNT 2008), todas as solicitações técnicas

devem ser registradas para o caso de futuras intervenções nos empreendimentos. Esse registro

alimentará o banco de dados por meio de histogramas, gráficos de tendências, gráficos de

Pareto, tabelas e etc. Após um estudo estatístico, serão identificados melhores modos de

execução, com mais critério de modo a evitar novas ocorrências patológicas. (RAMOS;

FILHO, 2007).

Para um setor de assistência técnica, coletar e armazenar dados é muito importante

pois ajuda a retroalimentar o sistema produtivo. A intenção é criar ações preventivas que

podem ir desde a elaboração de novas especificações de projeto e materiais até o

aperfeiçoamento de pessoal, visando a eliminação dos problemas encontrados e isso só é

possível com a rastreabilidade dos processos. (SOUZA, 1997).

Essa retroalimentação é constatada também por meio de reuniões entre coordenadores

de obras, engenheiros e encarregados específicos, engenheiros responsáveis pelos serviços de

assistência técnica e entrega das unidades. Nelas são discutidas as possíveis causas para a

ocorrência de patologias e podem ser usadas como uma forma de medidas preventivas.

(RESENDE; MELHADO; MEDEIROS, 2002).

Quando se pensa em retroalimentar o sistema várias formas de análise são levadas em

consideração e elas estão diretamente ligadas aos seus diferentes referenciais, ou seja, nas

responsabilidades dos vários tomadores de decisão do processo.

Do ponto de vista do projetista, o que se considera é a identificação das falhas

construtivas mais frequentes que ainda podem ser corrigidas na fase de execução; a

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identificação do que é valor para o usuário e as falhas que são provenientes da falta de

compatibilização entre projetos também são bastante consideradas. Dos fornecedores, o foco é

em identificar falhas provenientes de materiais com baixa qualidade para que sejam pensados

em novos fornecedores capazes de garantir a qualidade. Da empresa construtora, a

identificação dos sistemas e subsistemas construtivos com mais ocorrências e recorrências de

falhas de modo a serem evitados futuramente podendo também considerar a tabulação dos

dados para uma melhor avaliação. Das empresas terceirizadas que prestam serviços devem

arcar com as falhas referentes aos serviços prestados, sendo assim as responsáveis pela

manutenção e correção destes. Por fim, a empresa que administra o empreendimento também

tem suas responsabilidades frente à alimentação do sistema, entre elas estão à identificação

das falhas ocorridas com as manutenções, a identificação dos serviços que possuem maior

índice de solicitação e reclamação pelos usuários além da melhoria da gestão e manutenção

dos empreendimentos.

Brito (2009) mostra que é de suma importância a participação de todos os tomadores

de decisão do processo em relação a retroalimentação das informações pois só assim os

envolvidos aprenderão com as falhas. Outra forma bastante válida que pode beneficiar o

departamento pós-obra com informações auxiliares é a avaliação de satisfação dos usuários,

reuniões de condomínios e etc.

Autores como Resende, Melhado e Medeiros (2002) e Ramos (2007) defendem que

alguns procedimentos ou etapas devem ser previamente definidos para o acompanhamento

dos serviços e fluxo das informações de assistência técnica. Elas podem ser divididas em:

entrega do edifício ao cliente externo, auxilio ao usuário para melhorar a utilização e gerar

uma maior durabilidade do imóvel, atendimento a solicitação de reparo feita pelo cliente,

análise da referida solicitação, programação e realização do serviço, apropriação dos custos

envolvidos, ações preventivas e o levantamento da satisfação dos clientes.

Nas duas primeiras fases da lista descrita acima, além do empreendimento alguns

documentos também devem ser entregues, como por exemplo, o Manual do Proprietário que é

executado da forma mais clara e de fácil entendimento sendo assim capaz de sanar quaisquer

dúvidas dos usuários. Nele estão descritas todas as instruções, garantias da construtora,

formas e períodos de inspeções preventivas entre outras. (RESENDE; MELHADO;

MEDEIROS, 2002).

Já na etapa de atendimento a solicitação de reparo feita pelo cliente alguns detalhes

são importantes e devem ser levados em consideração como, por exemplo, o que diz o autor

Resende (2002), que o nível de detalhamento das reclamações deve ser o máximo possível a

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ponto de ser plausível identificar o serviço, os materiais e as formas de manifestação. Além

disso, outro ponto é que ao ser realizado um atendimento por um Departamento Pós-obra, o

mesmo deverá fornecer uma resposta o mais rápido possível, solicitando ao usuário um

agendamento de uma visita técnica para verificação do serviço reclamado. A solicitação no

departamento deverá ser filtrada e classificada em categorias. (RESENDE; MELHADO;

MEDEIROS, 2002).

Quando na fase de análise das solicitações, elas podem ser julgadas procedentes ou

improcedentes. E mesmo as do segundo grupo, devem ser avaliadas e justificadas já que toda

e qualquer informação obtida é de grande importância para a geração do banco de dados e

assim retroalimentar o sistema.

Em seguida todos os dados coletados podem ser apresentados para a equipe de

planejamento e tomadora de decisão gerando indicadores que podem ser utilizadas para

melhoria contínua dos processos em futuros empreendimentos e para sempre tentar agregar

valor ao produto final. (BRITO, 2009).

Em resumo, fica evidente que apesar de todos os procedimentos de qualidade que

muitas empresas empregam em suas etapas de produção, a criação do setor de assistência

técnica é fundamental principalmente porque muitas ocorrências e falhas somente são

constatadas após a entrega da obra ao cliente; Esse setor não deve somente funcionar

realizando reparos solicitados aleatoriamente e sim, deve estar sempre se estruturando para

prestar um serviço cada vez mais qualificado, com procedimentos sistematizados, com um

fluxo de informações bem definidos focando principalmente no cliente. (SOUZA, 1997).

3.5 GARANTIA TÉCNICA

De um modo geral, após a entrega de um imóvel por uma construtora, é de

responsabilidade de esta informar aos usuários através de um manual de uso, um conjunto de

técnicas e prazos mínimos para a observação de falhas importantes para o bom funcionamento

da edificação. Só assim será possível dar as ferramentas necessárias aos responsáveis para

estabelecerem um plano de ação preventiva ao imóvel. Além disso, devem constar os prazos

para a realização de vistorias para a coleta de dados e suas revisões.

Muitos empreiteiros acabam por ter a impressão de que após o término da obra suas

obrigações com o cliente estão encerradas. Muito pelo contrário, os prazos de garantia devem

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estar descritas no contrato e as condições de assistência técnica com as responsabilidades

envolvendo a empresa construtora devem ficar as mais claras possíveis. (ROCHA, 2012).

O conceito de Garantia Contratual foi desenvolvido por Del Mar em 2007 e pode ser

caracterizada pela convenção estabelecida entre as duas partes de um negócio. Ela é

totalmente voluntária de modo a favorecer os dois lados. O que não se deve esquecer é que ela

deve ser compatível com o prazo estabelecido pelo desempenho do produto. Ela deve ser

formalizada por escrito, padronizada e deve ser o mais clara possível obtendo a forma dos

serviços, o prazo, o lugar em que acontecerá e os ônus ao consumidor.

O Código do Consumidor Brasileiro do ano de 1990, também conceitua garantia

contratual como pode ser visto no artigo 50:

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida

mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser

padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a

mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode

ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe

entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do

fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e

uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.

O código também deixa claro que o cliente pode fazer valer seus direitos, rejeitando o

produto entregue ou serviços, tendo ainda o direito de pedir uma restituição da quantia paga

ou abatimento proporcional do preço.

Sobre os prazos de responsabilidade do construtor, Del Mar (2007) diz que a

obrigação contratual principal é entregar a obra em perfeitas condições, de acordo com a boa

técnica, e pode também ser chamado para reparar as falhas durante todo o prazo prescrito em

contrato incluindo o período de entrega ou conclusão dos serviços, ou, dependendo do caso,

do surgimento do vício ou defeito.

Vale ainda dizer que a vida útil da edificação não pode influenciar nos prazos de

responsabilidade do construtor ele deve servir somente como uma referência para o

estabelecimento dos mesmos. Isso pode ser justificado, pois há uma gama enorme de produtos

e serviços com vida útil ou durabilidade totalmente diferentes.

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Algumas causas podem ser excluídas da lista de responsabilidades do construtor como,

por exemplo, a legítima defesa, a culpa exclusiva da vítima, o fato de terceiro, alguma

cláusula de não indenizar ou caso de força maior. Um exemplo prático que pode ser julgado

improcedente no contrato de garantia e que se encaixa no item de culpa exclusiva da vítima é

a demolição de paredes de alvenarias construídas em um prédio. Caso venha ocorrer

problemas futuros identificados como consequências disso, eles não poderão ser imputados ao

construtor. O fato exclusivo de terceiro é quando a verdadeira causa do dano pode ser ato de

outra pessoa. Como exemplo dessa situação tem-se um acidente de trânsito em que um

veículo desgovernado atinge um prédio, comprometendo a sua estrutura. Os três últimos

podem ser exemplificados respectivamente quando um acontecimento natural, derivado de

força da natureza, ou o fato das coisas, como raios, inundação, terremoto ou temporal. Força

maior é gerado por um elemento humano, a ação das autoridades, tal como uma revolução,

furto, roubo, assalto ou desapropriação. (DEL MAR, 2007).

3.5.1 Vencimento da garantia

Após estabelecidos os prazos de garantia, deve-se considerar a possibilidade de seu

vencimento. Autores como Mourthé (2013) dizem que nesse caso, não deve ser registrada a

solicitação do cliente no sistema e o mesmo deverá ser imediatamente comunicado. Todas as

informações relacionadas a garantia devem estar baseadas no manual do proprietário, em

normas técnicas e nas legislação brasileira. A equipe de assistência técnica deve ser preparada

para saber imediatamente, de acordo com a descrição do cliente, se determinada solicitação

ainda está dentro da garantia.

Após uma breve análise da ocorrência, se ela ameaçar a solidez e segurança do

empreendimento, ela deve ser analisada in loco antes de se concluir se está fora da validade já

que todo serviço que se encaixar dentro desses itens possuem um prazo mais estendido.

(MOURTHÉ, 2013)

3.5.2 Análise de garantia

A autora ainda analisa sobre uma das formas para o tratamento das solicitações que

podem ser julgadas procedentes ou improcedentes. Casos ela seja julgada como pertinentes,

dentro do prazo ou nos requisitos descritos a cima, deve-se imediatamente realizar o cadastro

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do pedido de reparo num sistema. Automaticamente o sistema enviará um e-mail para a

equipe técnica informando os dados da nova ocorrência. O engenheiro responsável pelo

recebimento da solicitação deve elaborar um programa de execução de serviços e em seguida

a equipe entrará em contato com o cliente para agendar a visita. Nessa vistoria, será analisada

a responsabilidade da construtora. Ao iniciarem os serviços de manutenção, deve-se levar em

conta a disponibilidade de funcionários, materiais e equipamentos. (MOURTHÉ, 2013)

No caso de serem julgadas improcedentes, a equipe técnica deve explicar com o

máximo de informações técnicas ao cliente as razões que tornaram a solicitação

improcedente. Alguns documentos podem ser emitidos para provar o atendimento da

solicitação e a aceitação ou não do usuário, provando todos os processos envolvidos no aceite

ou não. (MOURTHÉ, 2013)

Após a conclusão dos serviços deve-se criar um mecanismo que gere automaticamente

uma pesquisa de satisfação. (MOURTHÉ, 2013)

3.5.3 Características gerais da Garantia

Alguns insumos devem ser incluídos na garantia dos serviços. Uma delas ocorre após

a classificação e definição do atendimento que será realizado e pode ser definida pelo

planejamento da mão de obra, materiais e equipamentos que serão utilizados nos serviços de

garantia. (MOURTHÉ, 2013)

Outro ponto a ser considerado é que o horário de trabalho e tempo de serviço deve ser

o melhor que atenda a ambos os envolvidos. Ao mesmo tempo em que é importante o cliente

se programar e ter plena ciência do que será realizada, a empresa que estiver prestando o

serviço deve realiza-lo de maneira rápida e definitiva evitando maiores incômodos.

(MOURTHÉ, 2013)

Em relação aos gastos envolvidos, é importante que se possa verificar se o que foi

provisionado no ato da definição do empreendimento está de acordo com o que está sendo

gasto com esses serviços. (MOURTHÉ, 2013).

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4 ESTUDO PRÁTICO – GESTÃO DA ASSITÊNCIA TÉCNICA POR UMA

CONSTRUTORA

No presente capítulo será realizado um estudo de caráter exploratório englobando

todos os assuntos teóricos apresentados nos capítulos anteriores com objetivo de propor uma

aplicação sistemática. Segundo Santos (2000), quando o trabalho utiliza como matéria prima

todos os dados obtidos no campo de coleta para tomada de conclusões a respeito do tema, ele

possui um estilo de análise baseado em revisões bibliográficas.

O objetivo do estudo foi a empresa na qual a autora está inserida como estagiária

desde Dezembro de 2015. Para a coleta de dados, além da pesquisa de campo, foram feitas

entrevistas e questionários com os responsáveis (engenheiros e estagiários) pelas obras já

finalizadas e que possuíram serviços de assistência técnica em seu escopo pós obra.

A empresa construtora que realiza diversas obras de construção e reforma de alto

padrão, não terá sua identidade revelada, nem nome e nem marca citadas. Nenhum de seus

clientes, parceiros ou empresas terceirizadas serão expostos. O objetivo é manter um de seus

principais valores, que é a discrição quanto a todos os detalhes e informações referentes aos

projetos singulares dos escritórios de arquitetura parceiros e das propriedades e altos

investimentos feitos pelos seus clientes.

4.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA E ORGANOGRAMA

Focada no desenvolvimento e execução dos mais refinados projetos de construção,

reforma e manutenção de casas, apartamentos, escritórios e lojas, a empresa vem atuando no

mercado desde 1995. Para atender o alto padrão exigido por seus clientes, a tal realiza os

serviços com o máximo de qualidade, flexibilidade, confiabilidade e exclusividade.

Com sua sede localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro,

a construtora executa as suas principais obras não só em diversos bairros da cidade e

principalmente na Zona Sul, como também em locais mais distantes como Itaipava e Angra

dos Reis. Com a melhora no mercado da construção civil, o seu acentuado crescimento e

aumento das relações com seus clientes e arquiteturas parceiras, abrangeram-se as

oportunidades de expansão e no ano de 2018 foi realizado a primeira obra no estado de São

Paulo.

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Há mais de 20 anos no mercado, seu crescimento não foi apenas físico e vem

aumentando cada vez mais sua equipe de trabalho com o único objetivo de deixar de ser uma

empresa de pequeno passando a ser de médio porte.

Em sua forma de atuação, existem dois modos em que o cliente pode solicitar os seus

serviços. A primeira delas é quando o cliente requer o orçamento para execução da obra já

tendo contratado o escritório de arquitetura e já possui consigo os projetos prontos, nesse caso

construtora e arquitetura não possuem nenhum vínculo. O outro modo é ao contratar o projeto

da arquitetura pelos escritórios parceiros, os mesmos a indicam. Esses escritórios prezam pela

qualidade e a garantem através de experiências anteriores, supondo assim que a mesma está

preparada a atender o nível de detalhamento exigido em seus projetos. Isso faz com que o

escritório de arquitetura também seja tratado como cliente para a construtora.

Além dos projetos de arquitetura, todos os outros projetos imprescindíveis na fase de

execução são contratados de empresas terceirizadas. São eles: instalações prediais

(hidrossanitárias, elétrica e gás), instalações especiais (áudio e vídeo, automação, ar

condicionado, câmera de segurança, entre outros), estrutural e de iluminação. Normalmente,

como os projetos mantem um padrão pelos escritórios de arquitetura serem parceiros, já

existem fornecedores de confiança preparados para atender o que se pede, tornando o

caminho tanto de orçamento quanto de execução mais rápido e seguro.

Todos os outros serviços contratados, como plotagem e projetos, serviços de fretes e

retiradas de entulho, impermeabilização, fornecimento e instalação de esquadrias, instalações

de ar condicionado, aquecimento, exaustão, contratação e colocação de mármores e granitos,

instalações de gás, execução de forros em gesso, pintura, fornecimento e instalação de vidros

e espelhos, entre outros necessitam de uma mão de obra mais especializada e por isso também

são terceirizados.

Pode-se dizer que a empresa possui sua estrutura muito bem definida e ela se divide

em nove áreas, sendo elas Diretoria, Departamento Financeiro, Departamento De Pessoal,

Departamento de compras, Departamento de orçamento, Departamento de execução de obras,

Departamento de Manutenção, Segurança do Trabalho e Equipe de Obra que serão em

seguida apresentadas.

A diretoria é área administrativa da empresa, responsável pelo gerenciamento

MACRO da mesma. É formada pelos dois donos que a nomearam com seu sobrenome e por

três sócios.

O Departamento Financeiro possui todas as responsabilidades relacionadas aos

assuntos financeiros. Ficando encarregado tanto pelas questões da própria empresa quanto dos

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clientes que se referem aos serviços das obras, uma vez que a empresa trabalha por

administração.

Por trás de todas as contratações e desligamentos está o Departamento De Pessoal que

fica responsável também por garantir os direitos dos trabalhadores e todos os assuntos que

envolverem as questões humanas. Mesmo parecendo que questões relacionadas a gestão das

obras não dizem respeito a esse setor, nesse caso, os funcionários ficam com o dever de

conferir diariamente a presença dos empregados de cada obra e no final de cada quinzena

liberar a folha de ponto aos seus respectivos gestores.

Um dos setores mais importantes, composto somente por dois integrantes é o

Departamento de Compras. Tem a responsabilidade pela compra e/ou aluguel de

equipamentos e ferramentas além de ser o elo entre fornecedores e os encarregados das obras

em seus pedidos de materiais. Também fazem pesquisas e concorrências de preços dos

insumos em geral. Normalmente, ao se iniciarem as obras cada mestre recebe um bloco de

pedido de materiais, estes são preenchidos no decorrer da obra e via ferramenta eletrônica ou

outros meios são enviados ao departamento que fazem os pedidos. O mesmo se compromete

em entregar o material no prazo de dois dias úteis e a garantir o melhor preço e qualidade.

O Departamento de orçamento também é integrado por dois membros, um deles é um

dos sócios. A empresa ao ser procurada para a possível execução da obra encaminha para o

setor que tem a responsabilidade de se comunicar com a arquitetura e ao receber os projetos

fará a execução do orçamento inicial da obra assim como a proposta formal de execução para

aprovação e fechamento do empreendimento com os possíveis futuros clientes.

O setor de Execução da Obra é formado por duas equipes, cada uma delas possui em

seu comando dois dos engenheiros diretores. Cada um deles coordena outros engenheiros ou

arquitetos que coordenam trainees e estagiários. No total, a equipe de engenharia hoje é

formada por mais ou menos 20 pessoas, todas fazem parte dos serviços de execução das

obras.

Departamento de Manutenção foi criado para acompanhar e planejar os serviços e

solicitações dos clientes após a entrega da obra, de acordo com o direito de garantia da

mesma. Composto por um engenheiro e um estagiário, eles ficam responsáveis por esses

serviços e não necessariamente são os mesmos que participaram da execução da obra. Isso só

ocorre, quando a solicitação é feita diretamente pelo cliente ao gestor principal.

A Equipe de obra é a principal responsável pelo andamento e realização das

construções. O mestre de obra, supervisores de elétrica e hidráulica, eletricistas, bombeiros,

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pedreiros, armadores, carpinteiros e serventes compõe a equipe. Todos são contratados da

empresa.

Por fim e não menos importante, outros funcionários auxiliam no bom

desenvolvimento e qualidade dos serviços. O Técnico de segurança do trabalho que com base

nas normas, fica responsável pela fiscalização e vistoria das condições de trabalho dos

funcionários inclusive o uso de equipamentos de proteção de modo a garantir a total

segurança dos empregados da obra e a Equipe de Apoio do escritório composta por técnico de

informática, motoboy, recepcionista e copeira estão sempre preparados para não faltar

nenhum insumo básico.

4.2 MODELO DE GESTÃO DA EMPRESA (FASE DE EXECUÇÃO)

A parte administrativa da gestão e gerenciamento da empresa, na etapa de construção

ou reforma, possui um padrão comum que deve ser seguido com raras exceções. Já quando o

foco é a parte prática da gestão, não existe uma metodologia única e especifica a ser seguida,

ela varia de gestor pra gestor e é constituído exclusivamente por suas experiências anteriores.

A seguir, eles serão brevemente apresentados e são fundamentais para auxiliar no

entendimento e servir como comparativo para a gestão da manutenção, ou seja, no período

pós entrega.

A primeira ferramenta de gestão está relacionada ao tempo, é o cronograma.

Inicialmente durante a fase de orçamento, o prazo da obra é definido com base nos projetos

existentes. Normalmente neste momento eles ainda não estão muito detalhados e faltam

definições por isso a duração da obra acaba sendo uma estimativa. O que ocorre é que na

maioria das vezes, o prazo não se enquadra com as atividades a serem realizadas e começa a

haver uma necessidade de aceleração dos processos desde o início da obra para evitar atrasos.

Em alguns casos, o contrato define uma multa em caso de não cumprimento do prazo. O

cronograma é quinzenalmente atualizado e enviado para o cliente juntamente com outros

documentos. Conforme se dá a evolução da obra, o gestor vai definindo de acordo com a sua

própria intuição, a duração das atividades e seus predecessores. O que se costuma fazer é usar

como base outras obras que já acabaram e que possuem características parecidas, porém

fazendo os ajustes necessários de acordo com a especificidade de cada uma.

Em relação ao gerenciamento dos custos, é feita uma previsão no momento em que se

realiza o orçamento da mesma, esse também é executado baseado em informações contidas

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nos projetos e assim como o prazo, também pode haver itens com valores incoerentes ou até

mesmo itens sem orçamento. Os itens do orçamento são separados por uma numeração

especifica e são lançados no sistema online da empresa. Todos os pagamentos liberados

devem ser enviados ao financeiro, com a exata especificação de qual item aquele produto ou

serviço está sendo apropriado. Assim é possível fazer um controle dos gastos e saldos de cada

item. Com isso, também é enviado ao cliente de quinze em quinze dias uma previsão e a

prestação de todas as despesas e eles podem assim acompanhar o fluxo financeiro de sua obra.

No caso da contratação de qualquer serviço, após o levantamento e orçamento com no

mínimo dois fornecedores faz-se um quadro de concorrência para aprovação do cliente. Neste

quadro é informado o valor do orçamento inicial podendo ainda conter a informação de que o

item não foi orçado inicialmente. No caso do serviço ser contratado e haver saldo, a

construtora deve tentar ao máximo garantir que esse valor seja menor ou igual ao já

considerado em orçamento, porém no caso de não ter nenhum valor inicial separado para o

serviço, o cliente precisa aprovar esse “extra” e após isso, o engenheiro supervisor da equipe

aprova adição o valor do sistema para só então ocorrer a liberação do pagamento.

Para o gerenciamento de Qualidade na empresa inclui-se o monitoramento dos

serviços e análise da qualidade pelo engenheiro responsável no decorrer da obra, visando

sempre atingir o melhor resultado possível. Para isso, eles tentam impor o padrão de

qualidade de modo intuitivo baseando-se em experiências anteriores e em princípios básicos

da empresa mesmo não existindo documentações que estabeleçam esse padrão ou registros

dos resultados. Um indicador de qualidade muito considerado é o feedback recebido pelos

clientes e arquitetos. Para isso, quase todo serviço terceirizado acaba sendo contratado pelos

mesmos fornecedores que já são de confiante e vão garantir o padrão de qualidade exigido.

Na parte de gerenciamento de Recursos Humanos, a ferramenta utilizada se dá

totalmente pelo feeling do engenheiro responsável, pois não existem registros formais que

identifique as habilidades de cada funcionário. Em cada função da obra existem níveis e de

acordo com tempo e merecimento os funcionários vão recebendo a promoção, isso acaba

incentivando e estimulando o trabalhador aumentando a produtividade. No início de cada

obra, o engenheiro responsável escolhe sua equipe e instrui, acompanha e analisa cada

membro. Em caso de o desempenho ser abaixo do esperado, ele pode reformular sua equipe

mesmo durante a obra. É de costume que no término de uma obra e início de outra, o

engenheiro leve sua equipe junto, com isso as relações se intensificam e o modo de trabalho e

execução dos processos fica facilitado o que pode ser considerado mais um ponto positivo.

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O gerenciamento de comunicações é uma das ferramentas mais precárias, apesar da

insistência em manter a boa comunicação sempre por parte da empresa, esta é feita sem muito

planejamento e sem nenhum instrumento especifico. O engenheiro realiza essa comunicação

através de visitar diárias e por contato via telefone com o mestre de obras. Outro ponto é a

realização de reuniões semanais que envolvem não só todos os executores do processo, como

também os clientes, arquitetas que usam o tempo para tomar decisões que só estando no

campo podem ser tomadas. Todos os assuntos conversados são arquivados e redigidos nas

atas de reunião. Quando há incremento ou mudança de informações nos projetos, eles são

anotados nas próprias plantas que ficam nas obras.

Antigamente, quando não havia o setor os mecanismos de aquisição de materiais eram

muito deficientes, não existia uma homogeneidade, controle, eficiência. Considerado uma

ferramenta do gerenciamento de Aquisições, a criação do setor de comprar foi muito

importante para diminuir os custos e o tempo entre o pedido e a entrega na obra. Eles geram

ordens de compras que são enviadas para os fornecedores e ficam registradas no sistema de

modo a evitar problemas como o envio de materiais não solicitados e etc. Além disso, o setor

auxilia na concorrência de materiais garantindo sempre o melhor preço, mantém a planilha

com o contato dos fornecedores sempre atualizada. Dentro do gerenciamento de serviços

adquiridos, os próprios engenheiros ou estagiários também utilizam o sistema e fazem esse

controle através dos chamados “controle de contrato”. Neles são especificado nome do

serviço, nome da empresa contrata, valor total do contrato fechado e a cada pagamento que é

realizado atualiza-se o controle com a especificação da devida parcela. Qualquer funcionário

pode acessar o controle e ele auxilia muito o acompanhamento diário dos serviços que estão

sendo executados.

A respeito do gerenciamento das Partes Interessadas que incluem os clientes, donos do

empreendimento, os escritórios de arquitetura, os responsáveis pelos projetos, a vizinhança

que pode vir a serem afetados com a obra, os síndicos dos prédios quando as obras são em

apartamentos. Manter sempre a boa relação e preocupação com todos os envolvidos é um

ponto forte para que a obra não conte com imprevistos e desgastes desnecessários. É padrão a

execução de reuniões semanais e as constantes trocas de informações por meios eletrônicos e

esses garantem o engajamento das partes interessadas deixando-os sempre a parte de todos os

processos decisórios que devem ser tomados de última hora na obra. Além disso, uma prática

realizada constantemente que também diz respeito à gestão das partes interessadas são as

vistorias de vizinhança realizada. Antes do início dos serviços são feitas inspeções e gerados

relatórios para comprovar os dados já existentes nos vizinhos. Isso não garante que não

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ocorrerão imprevistos, mas só assim a empresa estará pronta a atender, sempre que possível as

solicitações dos vizinhos mantendo sempre a boa relação com os mesmos.

4.2.1 Modelo de gestão da Manutenção

Não existe na empresa um modelo específico da gestão pós-obra. Após a entrega do

imóvel e a utilização dos proprietários ou moradores, algumas solicitações começam a ser

feitas, sejam elas por falhas devido à má execução, por má utilização ou simplesmente por

uma questão estética. Visando fidelizar o cliente, a empresa entende que uma das maneiras de

fechar a obra com saldo ainda mais positivo é atender bem as solicitações pós-obra, sendo o

principal objetivo então a eficiência e qualidade.

Em alguns casos, os itens descritos na NBR 5674, já comentada, como as

responsabilidades dos usuários em relação a manutenção e o que deve ser seguido de acordo

com o Manual que é entregue, alguns parâmetros que devem ser levados em conta no

atendimento as solicitações como prazos, estrutura material, financeira (previsões

orçamentárias) e recursos humanos, fazem parte da gestão.

Considerado ineficiente, a gestão da manutenção não segue a rotina de realização de

inspeções, registro de informações de solicitações dos clientes e controle da eficiência através

da análise do tempo médio de respostas, taxa de sucesso e incidência de retrabalho entre

outros aspectos e nem um levantamento de desempenho econômico como solicita a Norma de

Manutenção de edificações.

Em relação às Normas de Desempenho, apesar de praticamente todos os itens

descritos para que a edificação não perca seu desempenho ser seguida, a ocorrência de

patologias é inevitável. Como a tipologia da empresa é de obras e reforma de alto padrão, o

desempenho se mantém acima dos níveis desejados.

Sobre as diferentes classificações abordadas tanto pela Norma quanto por definições

dos autores, pode-se dizer que como forma de estratégia não é realizada manutenções

preventivas e sim, na maioria dos casos, manutenções corretivas já que pouco é feito para

prevenir a ocorrência de novas patologias. A manutenção preditiva não se aplica ao sistema da

empresa. Apesar de não ser o foco do sistema de gestão da manutenção da empresa, alguns

dos tipos de intervenção já foram realizadas na empresa como os procedimentos de

conservação e reparação em maior número e em raros casos, a restauração e modernização.

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4.3 ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Como comprovado por Souza em 1995, desde aqueles tempos até hoje a existência do

setor de assistência técnica e sua manutenção é de suma importância e fundamental para

manter a qualidade. O modo como são prestados os serviços também. No caso da construtora,

apesar da existência do setor de assistência, sua gestão é muito deficiente já que o principal

ponto para isso é que muitos serviços de assistência técnica são solicitados diretamente ao

engenheiro responsável pela obra através de telefonemas ou correio eletrônico, já que durante

a execução da mesma foi criado com o cliente uma relação de confiança. Quando o serviço

solicitado for algo mais fácil de ser resolvido, o próprio estagiário fica responsável por

resolver. Muitas vezes é necessário contato com os fornecedores e pede-se a sua visita para

análise do problema. No caso de problemas maiores, o engenheiro marca uma reunião no

local para apurar as possíveis causa e criar um plano e manutenção para resolução. Após certo

tempo da entrega da obra, quando não se tem mais um vínculo tão grande com a exata equipe

da obra, ai sim esta passará para o setor de manutenção.

Outro ponto a ser considerado é que apesar do setor existir, não é feito o registro das

ocorrências assim como a norma ISO 9001 impõe, logo além de não terem o grau de

satisfação exigido pela mesma, não existe um plano de manutenção preventiva que busque

evitar que futuras solicitações venham a ocorrer como estudado por Souza.

De acordo com o descrito no capítulo anterior, quando se pensa em retroalimentar o

sistema, está se buscando muitos benefícios para isso a empresa deve ter um posicionamento

em relação aos envolvidos. No caso, quando as falhas envolvem os projetistas, ou processos

executivos ou experiências ruins na contratação de serviços terceirizados, apesar de servir

para e engenharia como ensinamento para as futuras obras, nada é formalizado. O que ocorre

é que no caso de se ter futuros gestores, os mesmos acabam insistindo no erro. Também não

tem nenhum feedback formal do cliente nem do condomínio, nem dos fornecedores e

projetistas, logo não se tem noção da satisfação dos envolvidos.

A seguir serão descritos todos os procedimentos envolvidos na resolução das

solicitações e a ineficiência de cada processo, que pode afetar diretamente no modo como são

eles são prestados.

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4.3.1 Alocação de Mão de Obra

Do mesmo modo que ocorre com a engenharia, quando algum serviço de manutenção

é solicitado, apesar de existirem funcionários específicos do setor (bombeiro, eletricista,

pedreiro, pintor, entre outros fazem parte da equipe de mão de obra) nem sempre esses são os

funcionários que vão ao local das ocorrências para tentar resolvê-las e esse é um dos maiores

problemas durante a resolução das patologias pós-obra.

Muitas vezes, quando o serviço é realizado por mão de obra própria da empresa, os

engenheiros ou até mesmo os clientes, solicitam que o funcionário que participou

efetivamente do serviço vá ao local para resolver o problema. Como a obra já acabou há

algum tempo e a mesma equipe já está locada em outra obra ainda em fase de execução, o

empregado tem que parar os serviços que está fazendo e ir para o local da solicitação, o que

acaba sendo muito ruim, pois além do tempo que se perde para aloca-lo, a nova obra que nada

tem a ver com o problema se prejudica.

Esse deslocamento de mão de obra acaba dificultando o controle (o ponto diário do

funcionário acaba sendo dividido em duas obras), o tempo e os custos que devem ser

incluídos no escopo sendo que muitas vezes eles não foram nem estimados.

Quando o serviço é contratado, o problema para a empresa não é tão grande já que a

terceirizada deve resolver o problema da maneira que achar melhor.

4.3.2 Alocação de Materiais e Equipamentos

Outro ponto negativo é que pelo prazo para resolução das patologias terem que ser o

mais curto possível, a compra de materiais ou contratação de serviços deve ser feito de forma

emergencial e nem sempre se consegue garantir o menor preço. A saída que se encontra é

solicitar que alguém da equipe vá pessoalmente à loja mais próxima e faça a compra do

material ou no caso da prestação de serviços até mesmo contrata-se o serviço que atenda o

menor prazo e não o menor preço. Em alguns casos, as lojas parceiras possuem o cadastro dos

clientes e faturam os materiais para um prazo maior não necessitando que o pagamento seja

realizado na hora pelo próprio funcionário.

A mobilização de equipamentos e ferramentas também trazem muitos transtornos.

Como eles seguem com o mestre da obra para as próximas construções, não sobram

ferramentas que podem ser usadas na manutenção. Sendo assim, eles são “emprestados” por

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tempo determinado de execução. Alguém da equipe fica responsável por pegá-lo e devolve-lo

e às vezes pode até ocorrer de um frete para fazer o transporte das ferramentas e

equipamentos.

4.3.3 Custos

Existem três maneiras que pode ser feito o controle de custos dos serviços de

manutenção. Uma deles é a mais simples, quando o mesmo ainda está dentro da garantia, o

pagamento não é destinado ao cliente e sim ao prestador de serviços, sendo ele a própria

construtora ou as empresas terceirizadas contratadas. Os pagamentos são liberados não com o

nome do cliente, mas sim com nome de Garantia, assim os custos ficam todos por

responsabilidade dos mesmos destes.

Ao ser executado o orçamento inicial da obra, estima-se um valor de verba que entra

com o nome de Pós-Obra. Nos casos em que o cliente deseja modificar ou incluir algo de

projeto não realizados antes da obra, no caso de pequenos extras esses são lançados nesse

item específico. Já nos casos em que a modificação é maior envolvendo um gasto mais alto,

cria-se uma nova planilha orçamentária com a descrição dos serviços e uma nova subdivisão

de itens que irão ser aprovados com o cliente e será aberta no sistema uma “nova obra”. A

cada pagamento referente a execução dos serviços, eles vão sendo lançados nesses itens do

mesmo modo em que se faz no orçamento inicial.

Vale lembrar que nesse momento não se faz mais a Previsão de Despesas e sim, um

Reembolso de Despesas com todos os serviços realizados discriminados, incluindo a folha de

ponto. Ou seja, a empresa realiza todo pagamento e depois cobra o cliente.

Um ponto negativo é que hoje, como os serviços de manutenção não são centralizados

em seu setor, cada engenheiro/estagiário acaba criando um mecanismo de execução diferente,

tornando o procedimento confuso e de difícil controle. Muitas vezes alguns itens do

orçamento inicial terminam a obra com um saldo positivo e por equívoco da equipe esse item

acaba sendo usado para outros alguns serviços extras que não tem a ver. Causando uma má

impressão quando o cliente vai realizar a conferência ao pagar o reembolso.

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4.3.4 Execução

Outro ponto a ser considerado, é que pela forma como deve ser prestada a assistência

técnica há um enorme desgaste e desmotivação da equipe envolvida, principalmente dos

estagiários que passam a ter a responsabilidade única de resolvê-los.

Além de todas as variáveis já mencionadas, outras também ajudam a acentuar essa

insatisfação, por exemplo, o horário de atendimento e acesso à residência dos clientes nem

sempre é o mesmo da realização das obras, essa inflexibilidade dificulta o processo. Por fim,

vale lembrar que quando ocorrem problemas, outras pessoas sem serem os próprios clientes

podem ser afetadas e isso também prejudica muito o andamento do processo de manutenção.

4.4 MANUAL E GARANTIA TÉCNICA

Quando a construção é finalizada e como consta na norma NBR 14037 abordada

anteriormente, a empresa por meio dos gestores e seus engenheiros ficam responsáveis por

entregar ao cliente, o manual do proprietário juntamente com outros itens complementares

contendo todas as especificações técnicas e procedimentos recomendados e obrigatórios.

Ele é preparado fisicamente, de forma clara e com o nível de detalhamento compatível

a complexidade dos projetos. É entregue ao cliente numa pasta organizada. Além disso, as

informações também são colocadas num pen drive e entregues juntamente, seguindo assim o

que se orienta na Norma.

Uma carta datada com a descrição de todos os itens que estão sendo entregues,

também é levada ao cliente e ele deve dar ciência e assina-la comprovando o recebimento do

Manual. No anexo B, pode ser visto um modelo de carta da empresa.

O Manual da empresa possui sete capítulos e um capítulo final de anexo que contém

somente a Legenda do quadro elétrico, seguindo todos os itens propostos na Norma. O

primeiro capítulo apresenta rapidamente o objetivo da entrega do mesmo, alertando a

obrigatoriedade dele ser lido e entendido corretamente e no caso de haver quaisquer dúvidas

referentes às informações contidas, o contato da empresa está disponível no próprio manual.

No capítulo seguinte são detalhadas todas as características técnicas e especificações

dos materiais utilizados. A primeira informação é referente ao projetista ou arquiteto

responsável pela execução dos projetos. Sobre as vedações externas e internas, são descritos

desde se foram utilizados tijolos ou paredes de drywall até a especificação dos revestimentos

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usados, cômodo por cômodo, onde foram comprados e quem realizou a instalação ou o

serviço de pintura. No anexo B, pode ser visto uma parte do Manual da referida empresa.

Outros itens, como as bancadas, os vidros e espelhos, as ferragens das portas, as

louças, metais e todos os acessórios e os acabamentos elétricos utilizados seguem o mesmo

modelo mostrado.

Já no capítulo três, são descritas as instalações prediais e os equipamentos utilizados.

Todos os projetos referentes a elas são de empresas terceirizadas como já falado

anteriormente, o nome dos fornecedores aparece nesse momento. Já os equipamentos e

instalações são feitos por outras empresas, nem sempre a mesma que fornece instala.

No caso das instalações elétricas e hidráulicas, a mão de obra é toda própria sendo

somente fornecido o material usado para a execução. Sobre as instalações elétricas, são

incluídos informações referentes a localização do quadro elétrico, os tipos de disjuntores

usados e entrega-se uma legenda referente a distribuição dos circuitos, esta deve ficar colada

na tampa do quadro. Já as hidráulicas, são especificados os tipos de tubos e conexões usados

em cada instalação (água quente ou fria, esgoto, gás e etc.).

Além disso, durante a execução das instalações a equipe faz registros fotográficos para

alimentar um relatório que é entregue juntamente com os projetos e manual. Nesse relatório

está mostrada a exata posição dos tubos, marcado com auxílio de uma régua para quando

forem quebrar ou furar a parede não terem surpresas desagradáveis.

As instalações seguem todos os requisitos contidos nas Normas Técnicas Vigentes na

ABNT, e às instruções das concessionárias responsáveis, podem ser vistas na figura do Anexo

B. Também nesse mesmo anexo, pode ser visto a imagem, do quarto capítulo, onde são

descritos os Cuidados de Uso e como deve ser feita a Manutenção de todos os itens já

apresentados e detalhados.

Os últimos capítulos incluem além de uma grande listagem de contatos telefônicos, e-

mails, endereços e o nome da pessoa responsável de todos os fornecedores, instaladores,

empresas contratadas as condições de garantia.

Também são descritos as condições de prazos encontram-se claramente especificadas

no Manual. O termo inicial (início da garantia) se conta a partir da data de entrega da obra já

os termos finais (fim da garantia) coincidirão com os prazos indicados, para cada caso, da

devida garantia. Elas são especificadas por anos, por cinco anos para as impermeabilizações e

rachaduras, por 1 ano para fissuras na massa do emboço, vazamentos internos, azulejos,

cerâmicas e pisos soltos, revestimentos de fachada soltos, esquadrias de alumínio e madeira,

fissuras em teto de gesso, fixação de cubas e instalações elétricas e hidráulicas em geral. Por

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seis meses acertos e vedações nas esquadrias, rejuntamento de elementos cerâmicos,

rejuntamento de pias, vasos e pisos, pintura interna, fissuras na massa de acabamento,

entupimento de tubulações hidráulicas e de esgoto, peças soltas de instalações, trincos

maçanetas fechaduras; regulagem de metais sanitários; cupins e brocas; mau cheiro. Por fim,

as garantias de três meses, referentes a vícios aparentes ou de fácil constatação, tais como:

louças sanitárias quebradas, rachadas ou manchadas; azulejos e cerâmicas com diferença de

tonalidade; vidros quebrados, rachados ou manchados; pinturas manchadas ou escorridas;

tetos ou paredes novas onduladas; esquadrias manchadas ou arranhadas; acabamento dos

metais; mármores e granitos trincados e manchados.

Algumas condições especiais e de exclusão da garantia também são explicitadas no

Manual. Sobre as especiais, a garantia de aparelhos ou equipamentos, de um modo geral,

instalados em seu imóvel será a mesma dada pelo próprio fabricante. As peças, materiais ou

equipamentos reconhecidos como defeituosos serão substituídos, sem ônus para o cliente

através do serviço de manutenção.

A garantia será perdida caso sejam realizadas quaisquer obras, benfeitorias ou

modificações em geral sem ciência e aprovação da construtora.

Os defeitos de funcionamento ou danos que sejam resultantes da inadequada utilização

ou da má conservação do imóvel ou de seus equipamentos, em especial devido ao emprego de

sobrecargas nas lajes, pilares ou paredes, ou do emprego de substâncias químicas ou materiais

de efeitos corrosivos para os sistemas de tubulação e peças de acabamento e a falta de

manutenção nos equipamentos, materiais e/ou serviços executados também configuram a

perda da garantia.

O período máximo de intervalo entre cada manutenção preventiva a ser efetuada,

deverá ser estipulado conforme a necessidade e o desgaste sofrido pelo material e/ou

equipamentos, por constante utilização ou exposição a ataques causados pelo meio ambientes

(intempéries). Tal manutenção preventiva é extremamente importante e de responsabilidade

dos usuários da residência, a fim de prolongar a vida útil dos equipamentos, materiais e/ou

serviços, minimizando custos com reparos futuros e mantendo valorizado o patrimônio.

De acordo com o previsto na norma sobre o tema, conclui-se que os problemas

encontrados na resolução dificilmente estarão associados a má execução do manual já que ele

segue tudo descrito na mesma. .

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4.5 TRATAMENTO DOS DADOS OBTIDOS

Nesse momento, são apresentados os resultados do levantamento e análise de todas as

manifestações patológicas detectadas nas obras finalizadas nos últimos quatro anos (de 2015 a

2018).

A equipe de engenharia foi consultada e através do preenchimento de um formulário

informativo foi feito o levantamento das ocorrências que cada um achou mais relevante em

suas obras. Todos os entrevistados responderam sobre a realização de registros fotográficos

referentes a solicitação que estavam descrevendo, e nem todos disseram ter mas todos

confirmaram que as obras foram vistoriadas.

Dezesseis funcionários receberam o questionário, porém somente treze puderam

responder, o que significa que o resultado obtido pode ser considerado aceitável para o estudo

já que isso representa uma taxa de respostas de 82%. Quem respondeu ainda tinha a opção de

falar sobre mais de um empreendimento, totalizando no total um conjunto amostral de vinte

obras solicitadas.

A partir do levantamento de dados foram contabilizadas 61 solicitações, dentre elas a

maioria não tinha nenhum registro em formulários ou foram anexadas ao sistema de gestão da

empresa. Isso significa que a alimentação das informações geradas está limitada a

quantificação do número de solicitações por serviços e algumas pequenas considerações

feitas.

Sem esse registro formal e como já citado anteriormente, com tantas variantes no

modo como são prestados os serviços de manutenção de engenheiro para engenheiro, também

não foi possível levantar informações referentes a valores exatos e custos envolvidos por isso

eles não entraram de forma tão específica na análise.

Um dos pontos importantes que se buscou com o formulário foi analisar como a

equipe de engenharia da empresa se comportou durante a prestação dos serviços de

manutenção e qual a opinião dos entrevistados sobre a importância do assunto.

Conforme verificado no processo de coleta de dados, não são realizadas manutenções

preventivas e sim, na maioria dos casos, realizam-se manutenções corretivas. As questões

abordaram então a periodicidade das solicitações, quais foram os meios nos quais foram

feitas, em quais categorias elas se encaixam, quais foram as possíveis causas e consequências

e como foram tratadas e planejadas.

A priori, foram perguntadas sobre as características das obras consideradas no estudo.

O objetivo de saber as características era tentar associar a quantidade e tipos de patologias à

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complexidade das construções, porém não foi possível saber informações tão profundas a

respeito das especificações dos empreendimentos por serem consideradas pessoais de seus

clientes. O que se pode concluir foi que mesmo as obras mais simples tiveram solicitações

feitas por seus clientes, o que mostra que a complexidade apesar de interferir na quantidade se

solicitações, não deixam de acontecer.

Características básicas foram perguntas somente por uma questão de comparativo e

pode-se concluir que 90% (noventa) das obras que fizeram parte do estudo estavam

localizados na Zona Sul, em bairros como Leblon, Ipanema e Jardim Botânico. Os outros

10% estavam localizadas em outros bairros como, por exemplo, no Itanhangá, na Barra da

Tijuca.

Dados como a área privativa dos empreendimentos também foram levantadas e pode-

se concluir que mais da metade possuem áreas de até 500 m² e um pouco menos da metade

áreas maiores que isso. Outros dados que poderiam influenciar nos resultados e por isso

fizeram parte da enquete foram se as obras possuíam áreas externas e a quantidade de

pavimentos que possuíam. Nas figuras a seguir é possível ver que 85% das obras possuem

área externa e 80% possuem dois ou três pavimentos.

Figura 7 – Porcentagens de obras com áreas externas e quantidade de pavimentos.

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4.5.1 Análise de tipos de manifestações patológicas

Através do formulário preenchido pelos funcionários, foi possível levantar qual a

incidência das solicitações considerada mais expressivas em cada obra. O resultado da análise

das ocorrências apresentadas foi dividido por categorias de serviços baseados em estudos

feitos por Helene, dentre eles estão às instalações hidrossanitárias e elétricas, sistemas de

vedações (esquadrias), revestimento de paredes, pisos e tetos, pintura, impermeabilização,

instalações especiais e outros. As patologias estruturais não foram citadas, pois não se aplicam

ao caso já que a tipologia das construções da empresa não abrangem projetos estruturais

complexos. No quadro abaixo pode ser visto o levantamento das respostas da pesquisa feita

por obras e no anexo A o quadro completo com suas causas associadas.

Quadro 1 – Distribuição por obra das solicitações de assistência técnica consideradas na análise

de incidências.

INST.

HIDROSSANITÁRIASINST. ELÉTRICAS ESQUADRIAS REVESTIMENTOS PINTURA IMPERMEABILIZAÇÃO INST. ESPECIAIS OUTRAS

A 2 ✓ ✓

B 1 ✓

C 1 ✓

D 6 ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

E 2 ✓ ✓

F 3 ✓ ✓ ✓

G 2 ✓ ✓

H 1 ✓

I 4 ✓ ✓ ✓ ✓

J 3 ✓ ✓ ✓

K 4 ✓ ✓ ✓ ✓

L 5 ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

M 4 ✓ ✓ ✓ ✓

N 4 ✓ ✓ ✓ ✓

O 3 ✓ ✓ ✓

P 3 ✓ ✓ ✓

Q 5 ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

R 1 ✓

S 3 ✓ ✓ ✓

T 4 ✓ ✓ ✓ ✓

GRUPOS DE PATOLOGIASNº DE

SOLICITAÇÕESOBRA

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Como a pesquisa mostrou uma média de 3 solicitações por obra e o máximo de

solicitações registradas no formulário foram 6, não foi possível fazer uma análise estática

individual de cada obra. Sendo assim, a análise comparativa das solicitações foi feita somente

de forma conjunta entre os tipos ocorridos. A figura a seguir mostra graficamente a análise e a

incidência por grupo de serviços do total das 61 solicitações levantadas.

De todos os estudos similares apresentados nos capítulos introdutórios, vários também

registraram as instalações hidrossanitárias dentre as mais ocorridas, como por exemplo,

Vazques e Santos em 2010, Dardengo no mesmo ano e Oliveira em 2013.

4.5.2 Análise das origens das patologias

Com a pesquisa, também foi possível avaliar as origens das manifestações patológicas

por serviço, ou seja, para cada serviço de solicitação registrado foram relatadas as principais

causas envolvidas. É importante ressaltar que os entrevistados tinham a opção de marcar mais

de uma causa para uma mesma patologia, logo a quantidade de solicitações não foi a mesma

da quantidade de causas e isso pode ser comprovado através dos estudos feitos por Degussa

em 2003, que diz que as patologias acontecem não somente por um fator mas sim pela ação

conjunta de vários.

Figura 8 – Resultado da análise de incidências das 61 solicitações de assistência técnica

registradas.

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As causas foram relacionadas a seis grandes grupos de origens eles foram escolhidos

de acordo com o modo de gerenciamento da empresa e com base em estudos feitos por

Antoniazzi (2008) e Helene (2002).

Antoniazzi as divide em falhas de projeto, executivo, materiais e falhas por má

utilização e Helene contempla para o caso as causas endógenas, exógenas e funcionais. O que

diferiu apenas foi que nesse estudo foram desmembradas as falhas executivas entre (mão de

obra própria, mão de obra terceirizada ou um conjunto das duas). O levantamento feito pode

ser visto no anexo A ao final do presente texto e mostra as causas relacionadas às patologias

por obra.

A primeira consideração a ser feita, mostra o que muitos autores concluíram em seus

estudos nos quais algumas patologias oriundas da fase de execução de projetos podem ser

confundidas com as causadas por falhas de execução de obra pois uma sucede a outra e

segunda, muitas vezes, é consequência da primeira.

As instalações elétricas e hidrossanitárias foram as que mais apresentaram registros de

solicitações. A causa mais citada para esses serviços foram as referentes aos problemas na

execução, principalmente as por mão de obra própria da empresa já que esses tipos de

serviços são executados pelos seus funcionários. Cupertino já havia registrado esse resultado

em seus estudos ao mostrar que a campeã de incidência está na fase de execução dos projetos

seguida pelas falhas executivas da obra auxiliando também no que foi dito anteriormente em

relação à confusão que se faz sobre esses dois processos que se sucedem.

Muitas ocorrências registradas podem ser consideradas, segundo Helene, como sendo

funcionais já que apresentaram equívocos durante a instalação dos materiais, pela falta do

manual técnico com as exatas especificações. Foram registradas falhas como entupimento de

ralos e lâmpadas queimadas e podem estar relacionadas à falta de manutenção também

abordada em estudos feitos pela autora.

Apesar de mais raro, problemas relacionados à baixa qualidade dos materiais ou falta

de detalhamento de projetos também foram citados.

Empatados em segundo lugar com oito registros todas as estão as Esquadrias e os

Revestimentos. Suas falhas podem estar relacionadas principalmente aos problemas

executivos, porém de empresas terceirizadas ou no caso dos revestimentos um problema

conjunto da mão de obra própria com o fornecedor.

O que foi bastante registrado na pesquisa é a incompatibilização na execução de dois

ou mais serviços, por exemplo, são muito recorrentes vazamentos nos locais das esquadrias

principalmente as de fachadas devido a falhas de instalação, seu posicionamento sob o

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revestimento dos beirais e má vedação (impermeabilização). Como os materiais normalmente

são fornecidos pelas mesmas empresas parceiras acredita-se que a causa não está relacionada

à baixa qualidade dos materiais.

A pintura foi o terceiro grupo de registros mais considerados, entretanto, essa é uma

patologia considerada secundária, que ocorre devido as demais citadas. São exemplos,

ocorrência de fissuras, má vedação das esquadrias e problemas com a impermeabilização

gerando infiltrações. As duas figuras a seguir mostram serviços de pintura de manutenção

relacionados respectivamente a um vazamento na esquadria da sala de jantar que danificou

um bandô e um teto de outra obra com trincas que surgiram ao longo do tempo.

Na figura 10, apesar de não ter sido explorado no trabalho podemos ver um tipo de

manutenção detectiva pois ela é caracterizada por estratégias de manutenção preparadas a

detecção de alguns problemas. Pode-se ver que algumas falhas tem efeito imediato sobre

outros elementos, e como pode ser visto nesse caso da figura, a falha da esquadria levou a

danificação do elemento do bandô. Em resumo, a mancha foi importante para alertar sobre as

falhas na esquadria.

Figura 9 – Repintura do Bandô danificado por vazamento na esquadria

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Por fim, outro problema muito citado foram os relacionados a impermeabilização. Sua

causa principal também está relacionada a execução. Normalmente eles estão centralizados

em itens que não se dá muita importância a realização do correto processo executivo, como já

mencionado alguns pontos críticos como ralos perfis para colocação de vidros, esquadrias ou

guarda corpos. Nos estudos feitos por Picchi, ele cita e comenta as mesmas causas

identificadas pelos participantes da enquete. Outras solicitações consideradas estavam

relacionadas com a má impermeabilização de fachadas e nas lajes de cobertura.

Ainda foram levantados problemas relacionados a outros itens como vidros que podem

estar relacionados principalmente a qualidade baixa do material fornecido, problemas com

forros de gesso causados pela má execução principalmente de sua estrutura. E relacionados a

instalações especiais como, por exemplo, instalação de ar condenado, automação.

Pode-se concluir a partir de toda essa análise e de acordo com as informações dadas

pelos engenheiros que as falhas nas execuções são as principais causas das manifestações

patológicas.

Figura 10 – Trincas oriundas da má execução

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4.5.3 Diagrama de Pareto aplicado ao caso

Apesar de o método de Lichtenstein (1985) ser considerado completo não foi possível

utilizá-lo para o estudo, pois não são contempladas na gestão da manutenção da empresa todas

as etapas contidas no método. Por isso, o considerado mais simples e de maior aplicabilidade

ao caso será o de Pareto.

A partir de a imagem a seguir pode-se observar que 85,25% das solicitações estão

associadas a seis grupos. Sendo 21,31% para instalações elétricas, 18,03% instalações

hidrossanitárias, 13,11% para os revestimentos e esquadrias, 9,84% para pintura e

impermeabilização e isso comprova o teorema onde diz que 80% dos resultados estão

associados por 20% dos efeitos.

Como explicado por Pareto, as mais incidentes patologias se concentram em 80%

delas provando o dito em sua metodologia. A bissetriz mostrada abaixo representa isso.

Figura 11 – Diagrama de Pareto aplicado ao caso

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4.5.4 Resultados e melhorias propostas

A pesquisa feita com a equipe objetivou também levantar a opinião sobre como são

tratados os serviços de manutenção de um modo geral, foram perguntados sobre quatro macro

consequências entre custos, tempo gasto, alocação de mão de obras e equipamentos e quais os

mesmos consideravam mais e menos relevantes.

Também foram questionados sobre o modo como foram solucionados as ocorrências

analisadas e o quão importante considera a retroalimentação do sistema. 100% dos

entrevistados deixaram claro que em meio a tantas deficiências encontradas no setor de

assistência técnica da empresa a boa gestão do planejamento, com prazos e custos

determinados e cumpridos garantem o sucesso e fidelização ao cliente.

Concluem também de acordo com as informações dadas pelos engenheiros que as

falhas nas execuções são as principais causas das manifestações patológicas. Surgem então

propostas ligadas ao treinamento do pessoal, qualificação da mão de obra, revisão da

metodologia de execução dos serviços, análise da qualidade dos materiais e desenvolvimento

de uma equipe especializada na conferência dos produtos e serviços focados não só na

manutenção, mas também na prevenção. Se fossem levados ao setor de manutenção da

empresa todos os registros formais relacionados às falhas apresentadas, soluções rápidas já

estariam implementadas.

Questionados como foram feitas as solicitações todos os entrevistados responderam

que as mesmas foram feitas por telefone. Este meio apesar de ser caracterizado como o mais

rápido, na maioria das vezes, acaba não tendo sequer um registro informal de que o problema

ocorreu e, além disso, eles podem acabar sendo feitos por colaboradores que não possuem

qualificação técnica mínima, tornando o procedimento falho no seu início. Sendo assim,

apesar de a vistoria técnica não ser um ponto falho e ter sido apontado por praticamente todos

que responderam o formulário, ela deve se manter na rotina de atendimento as solicitações

visto que a obtenção de um parecer técnico oficial irá refletir na real dimensão do problema e

só assim o dimensionamento da equipe e a mobilização de material poderão ser realizados da

forma correta, sem prejuízos.

Com isso, sabendo que a empresa não possui ainda um banco de dados disponivel com

os serviços já realizados e já ciente de que ele é de extrema importancia para alimentação do

sistema ajudando a manter a qualidade, a sua criação pode ser considerada uma melhoria

significante para a empresa. Durante a realização do levantamento de solicitações para a

execução do presente trabalho foi possivel notar que a criação de um formulário ou uma

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planilha eletrônica contendo todas as informações necessárias a serem registradas de uma

forma padronizada é a sugestão prática para levantamento de dados de assistencia técnica. Só

assim a transparência das informações registradas aumenta.

Também através da realização desse estudo foi possivel perceber que os custos

envolvidos no atendimento das solicitações de assistências técnicas, tanto de mão de obra

quanto de materiais são pouco informados e não possuem o controle mais eficiente. Podemos

considerar que na maioria das vezes esses registros não são feitos pois existem dificuldades

relacionadas a mensuração de tempo de trabalho, materiais que serão utilizados já que

frequentemente esses serviços são pequenos e demandam pequenas quantidades de insumos.

Caso fossem inseridos no banco de dados sugeridos, eles poderiam servir como exemplo para

futuras solicitações com caracteristicas semelhantes e assim seria mais facil prever um valor

mais exato.

Baseados nas informações levantadas, na atual estrutura da empresa e nos estudos

bibliográficos outros pontos foram pensados como forma de melhoria continua. A

reestruturação física do setor de assistência têm muita importancia, já que manter a boa

relação com o cliente é um dos lemas da empresa. Isso poderia ser feito contratando-se mais

mão de obra especializada tanto para a parte gerencial e de planejamento quanto na parte

executiva dos serviços pós-obra. Muitas vezes, devido a pequena quantidade de funcionários

que integram o setor da empresa, estes não conseguem suprir a alta demanda das solicitações.

Isso resolveria o problema da realocação de mão de obra comentada por alguns funcionários.

No mesmo sentido, uma das propostas é a melhora no gerenciamento e controle de

ferramentas e equipamentos, de modo que elas devem ser de utilização exclusiva do setor de

manutenção. Assim esses itens não precisariam sair de suas obras, ficando em falta na sua

fase de execução.

Por fim, ainda tem-se como sugestão a realização de reuniões mensais entre a equipe

de engenheria para um balanço quantitativo e qualitativo das solicitações. Essas reuniões

seriam baseadas nos dados inseridos no sistema e seriam debatidas propostas para a melhoria

das patologias suas causas e consequencias.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo a alcançar os objetivos do presente trabalho, foi posto em discussão as

necessidades e as formas de se introduzir sistemas de gestão de manutenção em construtora

que há pouco investimento nessa área de assistência técnica pós-obra. As características

particulares desse tipo de empresa foram mapeadas através da execução de um formulário e

do levantamento das principais solicitações e suas causas associadas foram apresentadas.

Objetivando a análise patológica alguns métodos para análise de falhas foram

abordados, e o método de Pareto usado como um método muito prático e útil devendo ser

implementado em todas as empresas como forma de assegurar a qualidade do produto.

No entanto, ainda percebe-se a dificuldade, não apenas de leigos da construção civil,

mas também entre engenheiros, arquitetos e colaboradores, de entender e identificar a

importância de se retroalimentar o sistema como forma de ferramenta da gestão da qualidade.

Muitas empresas ainda não tem a preocupação de desenvolver o seu gerenciamento com o

intuito de se fortalecer no mercado de reforma e usar isso como uma forma de fidelizar o

cliente e se sobressair dentre outras concorrentes.

O presente trabalho serviu para alertar as empresas sobre a necessidade e as vantagens

competitivas que um bom sistema de gestão e gerenciamento da manutenção pode

proporcionar.

Ao longo desse trabalho foi apresentada uma visão geral dos temas e sua importância

na atualidade e como esse mercado tem se expandido no Brasil, de forma a fornecer grandes

oportunidades de mercado nessa área já que se chegou à conclusão de que ainda são escassos

os estudos sobre a manutenção e assistência técnica.

A consideração mais importante a ser feita é que apesar de desde o início já ter sido

provado que a criação de um banco de dados é uma das ferramentas mais importantes para a

retroalimentação do sistema e da gestão da manutenção, garantindo a qualidade, o modo como

ela deve ser feita é muito difícil, e isso foi provado durante a execução do presente trabalho

onde foram encontrados diversas dificuldades para o levantamento dos dados de assistência

técnica da empresa em questão. Em resumo, o caminho para se chegar até a criação de um

banco de dados por uma empresa que não faz registros, não é uma tarefa fácil.

Conclui-se que o trabalho atingiu os objetivos propostos e chegou-se a um bom

número de melhorias propostas para a reestruturação do setor da empresa em questão podendo

ser usado como uma forma de melhorar a qualidade e garantir ainda mais a fidelização dos

seus clientes.

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Por fim, o tema é um incentivo para trabalhos futuros e tem como material a realização

das várias pesquisas apresentadas neste estudo e relacionadas especificamente às empresas

que não possuem técnicas de melhorias e retroalimentação dos processos em seus setores de

manutenção e assistência técnica. Como sugestão então ealizar uma análise dos custos

gerados pelas solicitações e prestadas pelas empresas construtoras. Analisar os meios e como

as informações relacionadas aos serviços podem ser registradas visando ter uma maior

rastreabilidade e consequentemente uma maior possibilidade de intervenção das

manifestações patológicas, detectadas no pós-obra, em empreendimentos futuros.

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ANEXO A

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ANEXO B

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