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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM
SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA E
RACIONALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PARA UM
CANTEIRO DE OBRA
Douglas de Farias Lessa
2019
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM
SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA E
RACIONALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PARA UM
CANTEIRO DE OBRA
Douglas de Farias Lessa
Projeto de Graduação apresentado ao
curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, com parte dos
requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientador: Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Setembro de 2019
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM
SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA E
RACIONALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PARA UM
CANTEIRO DE OBRA
Douglas de Farias Lessa
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_________________________________________________
Profª. Elaine Garrido Vazquez – DCC/UFRJ
_________________________________________________
Prof. Luis Otávio Cocito de Araújo – DCC/UFRJ
_________________________________________________
Prof. Theophilo Benedicto Ottoni Filho – DRHIMA/UFRJ
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
SETEMBRO de 2019
Lessa, Douglas de Farias
Análise da viabilidade técnica e econômica de um sistema de
aproveitamento de água de chuva e racionalização do consumo de
água em um canteiro de obra/ Douglas de Farias Lessa, Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2019.
xii, 89 p.: 29,7 cm.
Orientador: Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Civil, 2019.
Referências Bibliográficas: p. 86-89.
1. Introdução 2. Revisão Bibliográfica 3. Estudo prático da
gestão de água no canteiro de obra 4. Considerações finais
I. Vazquez, Elaine Garrido. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Análise da viabilidade técnica e econômica de um sistema de
aproveitamento de água de chuva e racionalização do consumo de
água para um canteiro de obra.
AGRADECIMENTOS
Primeiro, gostaria de agradecer ao meu pai, David Lessa, à minha mãe, Valéria Lessa, e
à minha irmã, Joyce Balbino, por todo amor, preocupação e apoio que sempre me foi
dado em todos os momentos da minha vida. Agradeço à Deus por ter me dado essa
família, pois sem eles nada disto seria possível.
Agradeço ao resto da minha família, meus avós, tios e primos, pelo carinho e estímulo
que sempre recebi ao longo da minha jornada acadêmica.
Agradeço à minha namorada e parceira Carolina Garcia, pelo apoio e paciência nesse
último ano da faculdade. Não tenho palavras para descrever o amor e admiração que tenho
por você.
Agradeço aos amigos de coração, pela lealdade e amizade de sempre e por estarem
presentes em todos os momentos, assim como às grandes amizades que construí na
faculdade, por compartilharem dos mesmos sentimentos provenientes da vida acadêmica,
e principalmente pelo companheirismo e pelos momentos de estudo e descontração.
Agradeço também aos colegas Daniel Rozental, Daniel Bland, Rafael La Rocque, Isac
Oliveira e Roberta Caldas, que participaram da Iniciação Científica junto comigo, pelos
momentos que trabalhamos juntos e iniciamos um estudo que pude utilizar como base
para o meu projeto.
Agradeço, por último, à minha orientadora, a professora Elaine Garrido Vazquez, pelas
aulas ministradas e valiosos ensinamentos transmitidos, e também pela paciência e
dedicação ao longo da elaboração deste trabalho.
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM
SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA E
RACIONALIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM UM
CANTEIRO DE OBRA
Douglas de Farias Lessa
Setembro de 2019
Orientador: Elaine Garrido Vazquez
Curso: Engenharia Civil
Estima-se que somente 2,5% da água do mundo são classificadas como água doce
e destas, apenas 0,3% é de acesso mais fácil. Essa restrita disponibilidade de água doce
para consumo, faz com que o uso consciente do recurso hídrico seja cada vez mais
necessário. A Construção Civil tem um grande potencial consumidor de água, e dessa
forma, fica evidente a necessidade de incorporação de práticas de sustentabilidade no
canteiro de obra, seja sua demanda relacionada tanto ao consumo próprio dos
trabalhadores, como na composição dos materiais e como recurso em atividades e
serviços. Este trabalho busca avaliar a viabilidade técnica e econômica de um sistema de
aproveitamento de água da chuva além de propor práticas sustentáveis, visando o uso
mais racionalizado da água no canteiro de obra. O sistema de captação será desenvolvido
a partir do layout de um canteiro existente, estimando seu custo inicial de investimento.
Baseado no índice pluviométrico do respectivo local em estudo e na área para captação
disponível, será analisada a eficiência potencial que o sistema é capaz de oferecer, e assim
avaliado o tempo necessário para que o sistema possa retornar o investimento inicial
aplicado. Como principal resultado, este trabalho demonstra que o sistema de
aproveitamento de água de chuva, junto à práticas de gestão eficiente podem representar
retornos econômicos, além do principal benefício que é a conservação do recurso hídrico.
Palavras-chave: Consumo. Água de chuva. Sistema. Canteiro de obra. Construção
Sustentável.
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Civil Engineer.
TECHNICAL AND ECONOMIC FEASIBILITY ANALYSIS OF A
RAINWATER HARVESTING SYSTEM AND RATIONALIZATION
OF WATER CONSUMPTION IN A CONSTUCTION SITE
Douglas de Farias Lessa
September of 2019
Advisor: Elaine Garrido Vazquez
Course: Civil Engineering
It is estimated that only 2.5% of the world's water are classified as freshwater and
of these, only 0.3% is easier to access. This restricted availability of fresh water for
consumption makes the conscious use of water resources increasingly necessary. Civil
Construction has a great potential for water consumption, and thus it is evident the need
to incorporate sustainability practices at the construction site, whether its demand related
to the workers' own consumption, the composition of materials and as a resource in
activities and services. This work aims to evaluate the technical and economic viability
of a rainwater harvesting system and to propose sustainable practices, aiming at a more
rationalized use of water at the construction site. The catchment system will be developed
from the layout of an existing construction site, estimating its initial investment cost.
Based on the rainfall index of the respective study site and available catchment area, the
potential efficiency that the system is capable of offering will be analyzed, and thus the
time required for the system to return the initial investment applied will be assessed. As
a main result, this work demonstrates that the rainwater harvesting system, allied with
efficient management practices can represent economic returns, besides the main benefit
that is the conservation of water resources.
Keywords: Consumption. Rainwater. System. Construction site. Sustainable
construction.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
1.1 CONTEXTO E JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA 13
1.2 OBJETIVO 18
1.3 METODOLOGIA 18
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20
2.1 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL 20
2.1.1 Certificações ambientais e eficiência do uso da água 21
2.2 ÁGUA NA CONSTRUÇÃO CIVIL 26
2.2.1 Demanda por água no canteiro de obra 28
2.3 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO CANTEIRO DE OBRA 30
2.3.1 Fornecimento via concessionária – CEDAE – RJ 31
2.3.2 Fornecimento via águas subterrâneas – RJ 36
2.3.3 Fornecimento via caminhão-pipa – RJ 37
2.4 GESTÃO SUSTENTÁVEL DE ÁGUA NO CANTEIRO DE OBRA 38
2.5 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA O USO EFICIENTE DA ÁGUA 40
2.5.1 Fontes alternativas de água 40
2.5.1.1 reaproveitamento de águas servidas 41
2.5.1.2 aproveitamento de água da chuva 44
2.5.2 Medição setorizada 47
2.5.2.1 nível de setorização 49
2.5.2.2 dados e parâmetros de consumo 50
2.5.2.3 procedimentos de intervenção 51
2.5.3 Equipamentos economizadores 52
3 ESTUDO PRÁTICO DA GESTÃO DE ÁGUA NO CANTEIRO DE OBRA 56
3.1 ANÁLISE DO LAYOUT DO CANTEIRO DE OBRA 56
3.2 ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE DE ÁGUA 58
3.3 GESTÃO SUSTENTÁVEL NO CANTEIRO DE OBRA 58
3.4 PROPOSTA DE USO SUSTENTÁVEL NO CANTEIRO DE OBRA 58
3.4.1 Análise de viabilidade de um sistema de aproveitamento de água da chuva 59
3.4.1.1 dados pluviométricos da região 60
3.4.1.2 área de captação 62
3.4.1.3 volume do reservatório 64
3.4.1.4 estimativa de demanda a ser atendida 68
3.4.1.5 previsão orçamentária do sistema 70
3.4.1.6 pay-back do sistema 72
3.5 SUGESTÕES DE PRÁTICAS DE USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA 75
3.5.1 Medição setorizada 75
3.5.2 Equipamentos economizadores 80
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: QUANTIDADE DETALHADA DE ÁGUA DOCE NO PLANETA (ADAPTADO DE
WWW.EDUCACAO.GLOBO.COM, 2019). 13
FIGURA 2: TOTAL DE ÁGUA RETIRADA NO BRASIL (MÉDIA ANUAL) (ANA, 2018). 15
FIGURA 3: TOTAL DE ÁGUA CONSUMIDA NO BRASIL (MÉDIA ANUAL) (ANA, 2018). 15
FIGURA 4: TIPOLOGIAS DA CERTIFICAÇÃO LEED (GBCB, 2019). 24
FIGURA 5: ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED (GBCB, 2019). 24
FIGURA 6: FAIXAS DE CLASSIFICAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO LEED (GBCB, 2019). 26
FIGURA 7: INSTALAÇÕES A SE DISPOR EM UM CANTEIRO DE OBRA (ADAPTADO DE MTE,
2019). 28
FIGURA 8: ETAPAS DO ESTUDO REFERENTES À UMA GESTÃO EFICIENTE DE ÁGUA DENTRO
DO CANTEIRO (VALENTE, 2009). 39
FIGURA 9: FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE REAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS CINZAS
(GONÇALVES ET AL., 2005). 44
FIGURA 10: USOS INDICADOS PARA O USO DE ÁGUAS PLUVIAIS (ZANELLA, 2015). 45
FIGURA 11: FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA
(GONÇALVES ET AL., 2005). 46
FIGURA 12: ESQUEMA DA SETORIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA (TAMAKI, 2003). 48
FIGURA 13: FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE GESTÃO DA MEDIÇÃO SETORIZADA
(GONÇALVES ET AL., 2005). 49
FIGURA 14: ESCALA DA MEDIÇÃO SETORIZADA (ADAPTADO DE TAMAKI, 2019). 50
FIGURA 15: EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA (DOCOL, 2019). 53
FIGURA 16: REGIÃO EM QUE EMPREENDIMENTO DO ESTUDO SE LOCALIZA
(WWW.WEBSTAND.COM.BR, 2019). 57
FIGURA 17: PLANTA DA ÁREA DE VIVÊNCIA DO CANTEIRO DE OBRA EM ESTUDO
(DOCUMENTO INTERNO RJZ CYRELA, 2014). 57
FIGURA 18: FLUXOGRAMA COM MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA
POTÁVEL NOS CANTEIROS DE OBRAS. 59
FIGURA 19: ESTAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS DO RIO DE JANEIRO (ADAPTADO DE FUNDAÇÃO
GEO-RIO, 2019). 61
FIGURA 20: MÉDIA HISTÓRICA DE PRECIPITAÇÕES (EM MM) DA ESTAÇÃO
PLUVIOMÉTRICA DO RECREIO DOS BANDEIRANTES. 62
FIGURA 21: PLANTA DE COBERTURA DO BARRACÃO 1. 63
FIGURA 22: PLANTA DE COBERTURA DO BARRACÃO 2. 63
FIGURA 23: VARIAÇÃO MENSAL DO VOLUME TOTAL DE ÁGUA DA CHUVA CAPTADA
PELOS DOIS RESERVATÓRIOS. 67
FIGURA 24: FIGURA ILUSTRATIVA DO RESERVATÓRIO ESCOLHIDO
(WWW.FORTLEV.COM.BR, 2019). 67
FIGURA 25: FIGURA ILUSTRATIVA COM DIMENSÕES REAIS EM METROS DO
RESERVATÓRIO ESCOLHIDO (WWW.FORTLEV.COM.BR, 2019). 68
FIGURA 26: NÍVEIS DE MEDIÇÃO SETORIZADA EM UM CANTEIRO DE OBRA. 76
FIGURA 27: ESBOÇO DA MEDIÇÃO SETORIZADA DO PAVIMENTO TÉRREO DO PRIMEIRO
BARRACÃO (ADAPTADO DE DOCUMENTO INTERNO RJZ CYRELA, 2019). 78
FIGURA 28: ESBOÇO DA MEDIÇÃO SETORIZADA DO PAVIMENTO SUPERIOR DO PRIMEIRO
BARRACÃO (ADAPTADO DE DOCUMENTO INTERNO RJZ CYRELA, 2019). 78
FIGURA 29: ESBOÇO DA MEDIÇÃO SETORIZADA DO PAVIMENTO TÉRREO DO SEGUNDO
BARRACÃO (ADAPTADO DE DOCUMENTO INTERNO RJZ CYRELA, 2019). 79
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS DA ÁREA DE “EFICIÊNCIA NO USO DA ÁGUA” DA CERTIFICAÇÃO
LEED (ADAPTADO DE USGBC, 2019). 25
TABELA 2: PONTUAÇÃO DO CRÉDITO “REDUÇÃO DO USO EXTERNO DE ÁGUA” (ADAPTADO DE USGBC,
2019). 25
TABELA 3: PONTUAÇÃO DO CRÉDITO “REDUÇÃO DO USO INTERNO DE ÁGUA” (ADAPTADO DE USGBC,
2019). 26
TABELA 4: FAIXAS DE CONSUMO E VALORES REFERENTES À TARIFA 1 (ADAPTADO DE CEDAE, 2019). 34
TABELA 5: FAIXAS DE CONSUMO E VALORES REFERENTES ÀS TARIFAS 2 E 3 (ADAPTADO DE CEDAE, 2019).
35
TABELA 6: SÉRIE HISTÓRICA DE PRECIPITAÇÕES DA ESTAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO RECREIO DOS
BANDEIRANTES (ADAPTADO DE FUNDAÇÃO GEO-RIO, 2005-2017). 61
TABELA 7: COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL DA COBERTURA (ADAPTADO DE TOMAZ, 2007).64
TABELA 8: CÁLCULO DO VOLUME DO RESERVATÓRIO 1. 65
TABELA 9: CÁLCULO DO VOLUME DO RESERVATÓRIO 2. 66
TABELA 10: CÁLCULO DE DEMANDA POR ÁGUA NAS DESCARGAS DE BACIAS SANITÁRIAS. 69
TABELA 11: COMPARAÇÃO DO VOLUME CAPTADO, O DEMANDADO PARA AS DESCARGAS E O VOLUME DE
ÁGUA POTÁVEL ADQUIRIDO PELA OBRA. 69
TABELA 12: CUSTO DOS RESERVATÓRIOS. 71
TABELA 13: CUSTO DOS BOMBAS. 71
TABELA 14: CUSTO DA VARA DE 6 METROS DE TUBO. 72
TABELA 15: PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA DO SISTEMA. 72
TABELA 16: TABELA DE TARIFA CEDAE PARA A CATEGORIA DO IMÓVEL. 73
TABELA 17: PESQUISA DE MERCADO DO PREÇO DA ÁGUA POTÁVEL E FORNECIMENTO VIA CAMINHÃO PIPA.
74
TABELA 18: CUSTO MÉDIO DO METRO CÚBICO DE ÁGUA POTÁVEL. 74
TABELA 19: POTENCIAL DE RETORNO EM CONTAS DE ÁGUA ATRAVÉS DO SISTEMA. 75
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: HISTÓRICO GLOBAL DE CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE (ADAPTADO DE VALENTE,
2009 E BRANDÃO, 2011). 22
QUADRO 2: VANTAGENS DAS CERTIFICAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE (ADAPTADO DE VALENTE, 2009).23
QUADRO 3: DESCRIÇÃO DAS INSTALAÇÕES DISPOSTAS EM UM CANTEIRO DE OBRA (ADAPTADO DE MTE,
2015). 29
QUADRO 4: BAIRROS REFERENTES À TARIFA A (CEDAE, 2019). 32
QUADRO 5: BAIRROS REFERENTES À TARIFA B (CEDAE, 2019). 33
QUADRO 6: FORMAS DE REUSO D’ÁGUA (GIACCHINI, 2011). 42
QUADRO 7: EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES (ADAPTADO DE SABESP, 2018). 54
QUADRO 8: EQUIPAMENTOS MONITORADOS POR CADA HIDRÔMETRO DO PRIMEIRO BARRACÃO. 78
QUADRO 9: EQUIPAMENTOS MONITORADOS POR CADA HIDRÔMETRO DO SEGUNDO BARRACÃO. 79
QUADRO 10: EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES (ADAPTADO DE GONÇALVES ET AL., 2005). 81
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTO E JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA
A água é um dos principais componentes da biosfera e compõe aproximadamente
três quartos da superfície do planeta Terra. Sua existência é de extrema importância não
só para o desenvolvimento dos ecossistemas terrestres, como também para a preservação
da vida humana (CARVALHO et al., 2014).
Entretanto, essa grande presença de água no planeta deve ser analisada com mais
cautela, uma vez que 97,5% desse recurso se encontra nos mares e oceano, contendo uma
grande concentração de sais, e portanto se classificando como água salgada. Como é
possível se observar na Figura 1, dos restantes 2,5% correspondentes à água doce, quase
70% encontram-se confinados em calotas polares e aproximadamente 30% localizam-se
em aquíferos subterrâneos, sobrando uma fração muito pequena em forma de nuvens e
vapor d’água ou compondo rios e lagos (GOBBI, 2018).
Figura 1: Quantidade detalhada de água doce no planeta (Adaptado de
www.educacao.globo.com, 2019).
Dessa forma, percebe-se o primeiro problema relacionado à água para o ser
humano: a sua fração majoritária não se encontra disponível para consumo. Além disso,
apesar do fato de a água ser um recurso natural renovável, uma vez que possui um ciclo
de renovação através dos processos de evaporação e precipitação, a relação entre o tempo
14
necessário para que esse processo de renovação se desenvolva e a velocidade de
exploração do recurso hídrico pode contribuir para o seu processo de esgotamento
(GOBBI, 2018).
Com o passar dos anos, há uma evidente tendência de aumento do consumo de
água no mundo, principalmente em virtude do crescimento da população mundial
associado ao desenvolvimento urbano (GIACCHINI, 2011). O crescimento populacional
é um importante fator a ser considerado, e sua relação com o crescimento da demanda de
água não é linear. Nos últimos vinte anos, a taxa de demanda por água superou o dobro
da taxa de crescimento populacional (WWAP, 2015).
A alta vulnerabilidade resultante de um balanço hídrico desfavorável, combinada
a baixos investimentos em infraestrutura hídrica, principalmente dos sistemas de
produção de água, e a práticas de uso não sustentáveis podem piorar o atual panorama e
acarretar períodos de stress hídrico por escassez, como apresentado em diversas regiões
do país nos últimos anos (ANA, 2018).
Esse crescimento populacional não é responsável apenas pelo aumento do
consumo direto de água pela população, mas também impõe a necessidade do aumento
da produção agrícola para suprir a demanda da população por alimento, significando
maiores consumos indiretos de água por esse setor. Estima-se que a população mundial
irá crescer de 7 bilhões de pessoas em 2011 para 9,3 bilhões em 2050, representando um
aumento de 33%, enquanto a demanda por alimento aumentará 60% (WWAP, 2016).
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA) (2018), a demanda por uso
de água no Brasil é crescente, com aumento estimado de aproximadamente 80% no total
retirado de água nas últimas duas décadas, e previsão de que a retirada aumente 24% até
2030.
As parcelas utilizadas de água podem ser classificadas em retirada, consumo e
retorno. A retirada refere-se à água total captada para um determinado uso, o retorno
refere-se à parte da água retirada para um determinado uso que retorna para os corpos
hídricos e o consumo refere-se à água retirada que não retorna diretamente aos corpos
hídricos, ou seja, é a diferença entre a retirada e o retorno.
15
O principal uso de água no Brasil, em termos de quantidade utilizada, é a irrigação,
seguido do abastecimento humano e da indústria. A Figura 2 mostra o total de água
retirada, enquanto a Figura 3 detalha o consumo total de água no Brasil.
Figura 2: Total de água retirada no Brasil (Média anual) (ANA, 2018).
Figura 3: Total de água consumida no Brasil (Média anual) (ANA, 2018).
Outro fator determinante que ameaça a disponibilidade de água é o gerenciamento
inadequado do recurso hídrico. É notável observar a situação extrema em que se apresenta
o conflito entre a expansão urbana e a preservação do meio ambiente, com a urbanização
cada vez mais rápida e sem planejamento, sem as condições de infraestrutura necessárias
ao assentamento de toda a população, somados a uma gestão ineficiente dos recursos
naturais. Segundo Gobbi (2018), os principais responsáveis pela degradação da qualidade
de água superficial e subterrânea do globo terrestre são: a falta de saneamento básico e o
lançamento de esgoto doméstico na natureza; o descarte de dejetos industriais sem o
devido tratamento; e a contaminação por produtos químicos utilizados na atividade
agrícola.
16
Além dos fatores citados, o desperdício também é um importante contribuinte para
a redução de água existente no planeta. Ao se falar nesse ponto, geralmente é dado um
destaque para o desperdício doméstico produzido pela população com atitudes básicas do
dia a dia, como por exemplo, tomar banhos demorados, escovar os dentes e se barbear
com a torneira aberta, lavar calçadas e veículos com um volume exagerado de água,
desatenção e descuido com vazamentos nas residências, entre outros.
Entretanto, outras formas ainda mais graves contribuem para esse desperdício. Um
volume muito elevado de água é desperdiçado diariamente em sistemas de abastecimento
devido a vazamentos nas tubulações, causados pela ausência de fiscalização e
manutenção dos sistemas de fornecimento de água por todo o país. Portanto, o desperdício
de água não pode ser combatido apenas pelo cidadão comum, mas também pelo setor
público tanto na execução de sistemas eficientes de abastecimento quanto com o aumento
da manutenção e fiscalização adequadas.
Além disso, o grande consumo de água nos processos de produção agrícola deve
induzir a promoção de técnicas mais eficientes de irrigação visando um consumo mais
conservador e sustentável de água.
Já no setor industrial, onde os processos normalmente possuem um ciclo fechado
e assim mais controlável, as fábricas e unidades de produção precisam investir na redução
desse consumo e desperdícios com a introdução de medidas de reúso e reciclagem, e em
tecnologias adequadas para tratamento de efluentes.
A incorporação de práticas que buscam melhorias na eficiência do uso da água é
considerada indispensável para mitigar a projeção de que, em 2030, haverá um déficit de
40% entre a demanda e a oferta de água no planeta (WWAP, 2016).
Na indústria da Construção Civil não pode ser diferente e o desenvolvimento
sustentável deve ser um dos princípios básicos desse setor. A construção e a manutenção
da infraestrutura do país consomem até 75% dos recursos naturais extraídos (CBCS,
2007). De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do estado do Rio
Grande do Sul (SINDUSCON-RS) (2013), esse setor é uma das atividades humanas que
mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, sendo responsável
por 40% do consumo mundial de energia e por 16% da água utilizada no mundo.
17
Dessa forma, nota-se que o setor tem um enorme impacto no meio ambiente e
patrimônio natural, quer durante a fase construtiva, quer durante a fase de utilização dos
edifícios. Por outro lado, a cadeia produtiva da Construção Civil se apresenta um setor
indispensável para a economia nacional, já que é o principal motor de desenvolvimento
socioeconômico, com significativa participação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional,
sendo um grande gerador de empregos no nosso país (ZEULE, 2014).
A necessidade de se promover uma maior conscientização universal sobre o uso
correto da água ganhou um foco especial no início deste século e se torna fundamental
para a preservação desse bem para as gerações futuras. É de extrema importância que
profissionais da Construção Civil se conscientizem a respeito do assunto, e realizem
estudos mais aprofundados sobre soluções e práticas alternativas para melhor
aproveitamento e redução do consumo de água, sem tirar, é claro, a responsabilidade
também do cidadão comum em contribuir para um planeta mais sustentável em suas ações
cotidianas. Por isso, é necessária uma reeducação da população, uma vez que é possível
notar que por mais que este seja um assunto presente nos dias de hoje, não parece haver
uma real preocupação pela mesma e muitas vezes há até mesmo um total descuidado por
esse bem tão precioso para a humanidade.
Para Cardoso e Araújo (2007), a etapa de construção de um edifício possui uma
significativa participação nos impactos ambientais pela Construção Civil. Estes impactos
são consequências de atividades desenvolvidas durante a execução de diferentes serviços
no canteiro de obra, sobre os quais cabe à equipe de obra agir e controlar. Em relação ao
consumo de água, a Construção Civil tem um grande potencial consumidor, apresentando
elevado consumo tanto direto com materiais, processos produtivos e serviços, como
indireto pela água incorporada aos produtos utilizados na construção (WATERWISE,
2017 apud MARQUES, GOMES E BRANDLI, 2017). Assim sendo, o presente estudo
busca trabalhar em cima desse considerável consumo de água pelo setor da Construção
Civil ainda na fase de construção, dando foco na gestão mais ecológica da água dentro do
canteiro de obra.
18
1.2 OBJETIVO
Neste trabalho, o objetivo será a realização de um estudo de economia do consumo
de água potável nos canteiros de obra, visando sua racionalização. Em fase de concepção
de projeto, será feita uma análise de viabilidade técnica e econômica de um sistema de
captação e aproveitamento de água da chuva visando a economia do consumo de água
potável no canteiro de obra. Esse sistema seria responsável pelo recolhimento da água da
chuva, tratamento, armazenamento e sua utilização dentro do próprio canteiro de obra
para fins não potáveis. Serão propostas também outras práticas de gestão de uso eficiente
de água.
1.3 METODOLOGIA
Em um primeiro momento realizou-se uma revisão bibliográfica para
amadurecimento e aprofundamento sobre a importância da água para a Construção Civil
e a necessidade de se incorporar práticas de uso sustentável de água. Essa revisão servirá
de embasamento teórico para elaboração de um plano de conservação de água visando a
redução do consumo de água dentro dos canteiros de obras.
Feita essa revisão, partiu-se para a elaboração de um plano de intervenção para
redução do consumo de água. Após o levantamento dos pontos de utilização de água nos
canteiros e as formas de abastecimento de água, fez-se um estudo de gestão sustentável
de água, bem como foram apresentadas algumas possíveis práticas que visam o uso
eficiente de água no canteiro.
Por fim, foi elaborado um estudo prático aplicado a um canteiro de obra real. Esse
estudo foi composto de duas partes: primeiro, foi feita uma análise de viabilidade de um
sistema de aproveitamento de água da chuva para utilização com fins não potáveis,
considerando as variáveis necessárias para o estudo; após o estudo, foram propostas mais
duas práticas de gestão, a setorização da medição do consumo de água e utilização de
equipamentos economizadores nos barracões.
19
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho está dividido em 4 capítulos, iniciando com a introdução,
apresentada neste primeiro capítulo, seguida de uma revisão bibliográfica, um estudo
prático de redução do consumo de água no canteiro de obra e terminando com as
considerações finais.
Neste primeiro capítulo, é apresentada o contexto e a justificativa para escolha do
tema do trabalho a partir de um panorama atual sobre a situação dos recursos hídricos do
planeta e a ameaça à sua disponibilidade. Na sequência é feita uma breve explicação sobre
o impacto e a responsabilidade que a indústria da Construção Civil apresenta nesse
contexto. Em seguida, são apresentados o objetivo que se pretende alcançar com este
trabalho e a metodologia empregada e, por fim, a estrutura do trabalho.
No segundo capítulo é feita uma revisão bibliográfica sobre a importância da
construção sustentável, bem como uma sucinta explicação sobre as certificações
ambientais e como elas se relacionam com o consumo de água. Em seguida, são
apresentadas as principais formas de consumos de água nos canteiros de obras e também
os tipos de fornecimento de água para as obras. Por fim, são discutidas práticas de gestão
sustentável para controle e racionalização do consumo de água nos canteiros de obras.
No terceiro capítulo é apresentado um estudo específico de redução do consumo
de água no canteiro de obra. Nele será feita uma análise da viabilidade técnica e
econômica de um sistema de aproveitamento de água da chuva, sendo analisados os dados
pluviométricos da região em que o sistema é aplicado e as áreas disponíveis para captação
da água. A partir desses dados, é feito um dimensionamento para o reservatório do
sistema, bem como um custo estimativo para os principais componentes do sistema. Por
fim é feita uma análise do potencial econômico que o sistema é capaz de oferecer, e
comparado seu valor com a previsão orçamentária. Além da análise de viabilidade do
sistema, são propostas outras práticas visando a gestão eficiente do uso da água.
No quarto e último capítulo são descritas as considerações finais que foram
possíveis de se tomar através do desenvolvimento deste estudo.
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
A construção sustentável se desenvolve por meio de ações que vão de encontro
aos problemas ecológicos intrínsecos ao setor construtivo, e buscam, através de
tecnologia e inovação, a solução desses problemas no processo de construção, atendendo
tanto às necessidades do usuário quanto do meio ambiente.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) (2018) define a construção sustentável
como um processo de construção que busca, em todas as suas etapas, a manutenção da
harmonia do ambiente construído com o ambiente natural, englobando a sustentabilidade
econômica e social para enfatizar a adição de valor à qualidade de vida dos indivíduos e
das comunidades.
De modo geral, tanto o MMA (2018) quanto o SINDUSCON-RS (2013) apontam
que alguns dos principais desafios da construção consistem basicamente nos princípios
básicos a serem implementados para uma construção sustentável, que são práticas de
redução e planejamento otimizado do consumo de materiais e energia, redução da geração
de resíduos, gestão ecológica do consumo de água e na melhoria da qualidade e eficiência
do ambiente construído, preservando o ambiente natural.
Além disso, na busca para que objetivos do desenvolvimento sustentável sejam
alcançados, Amado (apud FARIAS, 2010) recomenda a implementação de métodos e
ações passivas, processos construtivos rigorosos e detalhados, seleção e utilização de
materiais mais ecológicos, além da avaliação e monitoramento contínuos.
Farias (2010) evidencia a importância na preservação da biodiversidade dos
sistemas naturais, sendo o seu objetivo equilibrar o consumo de recursos naturais a uma
velocidade passível de estes serem renovados na natureza. Portanto, fica evidente a
importância da incorporação do conceito de construção sustentável na indústria da
Construção Civil nos dias de hoje.
Apesar de a água ser um material fundamental para execução de obras de
construção civil, há uma necessidade de se implantar medidas para examinar
sistematicamente a necessidade do uso da água nos processos de limpeza buscando a
otimização do seu consumo e descarte, realizar revisões periódicas nas instalações
21
provisórias e aplicar sistemas alternativos de coletas de água. (SILVA; VIOLIN, 2013).
Ainda segundo esses autores, e com base na experiência por eles estudada, além das
questões econômicas, uma boa prática de gestão de água nos canteiros contribui na busca
pelo benefício ambiental.
Exemplos de possíveis práticas sustentáveis a serem implementadas nos canteiros
são: utilização de torneiras com acionamento e desligamento automático; instalação de
temporizadores nos chuveiros; utilização de água da chuva para descargas, limpeza da
obra e etc; estudos para utilização de fontes alternativas de água para consumo em
serviços de construção civil; palestras para conscientização dos funcionários, com relação
à fonte finita de recursos naturais; acompanhamento mensal dos consumos e medidas para
redução dos mesmos (ZEULE; SERRA, 2014).
Apesar de algumas empresas já adotarem a concepção da construção sustentável
e a colocarem como um dos pilares em suas metodologias de trabalho, é necessária uma
maior difusão desse conceito dentro dessa indústria da construção. O SINDUSCON-RS
(2013) enfatiza que a construção sustentável vem elevando o nível de conscientização e
da responsabilidade com relação ao meio ambiente, e que em futuro próximo ela será o
único caminho possível a se seguir diante do atual cenário do planeta.
A economia de água nos canteiros deve estar fundamentada na sustentabilidade,
entretanto fatores econômicos podem ajudar a impulsionar as empresas a proporem novas
práticas de consumo e reúso de água, uma vez que o custo da água tende a aumentar cada
vez mais devido a sua crescente demanda e menor oferta, elevando assim o custo total do
empreendimento. O reaproveitamento da água utilizada no canteiro de obra pode também
significar uma economia da empresa com os gastos nas elevadas contas mensais de água,
já que com a reutilização de parte da água consumida e utilização da água captada pela
chuva, o volume de água demandado terá uma redução.
2.1.1 Certificações ambientais e eficiência do uso da água
Com o aumento da preocupação da influência das atividades da Construção Civil
e suas respectivas consequências para o meio ambiente, associado à compreensão de que
atitudes sustentáveis podem diminuir os danos ao ambiente natural obtendo níveis
superiores de desempenho ambiental, surgiram as primeiras certificações de
22
sustentabilidade construtiva no mercado a partir do final do século XX (BRANDÃO,
2011). O Quadro 1 mostra o histórico das principais certificações a nível mundial.
Quadro 1: Histórico global de certificações de sustentabilidade construtiva (Adaptado de
VALENTE e BRANDÃO, 2019).
ANO LOCAL CERTIFICAÇÃO
1990 Inglaterra BREEAM
1993 Canada BEPAC
1998 EUA LEED
2002 Japão CASBEE
2002 França HQE
2004 Austrália NABERS
2008 Alemanha DGNB
2008 Brasil AQUA
Como é possível observar, o mercado oferece diversas certificações, criadas por
diferentes órgãos, que estão à disposição dos profissionais, das empresas da indústria da
construção e da própria sociedade. Apesar de cada órgão certificador possuir seu próprio
sistema de classificação e parâmetros de avaliação, todos englobam a certificação
energética com fonte de energia renovável, reciclagem e consumo racional de água,
utilização de matérias recicláveis, visando minimizar a agressão à natureza (VALENTE,
2009).
Dessa forma, a certificação na Construção Civil se demonstra uma ferramenta de
grande valor, visto que estabelece um processo de gestão dos impactos da edificação
sobre o meio ambiente. Segundo Zeule e Serra (2014), os selos de certificações funcionam
como um critério de qualidade incorporado à edificação. As organizações apresentam um
selo que comprova a sustentabilidade incorporada ao produto, valorizando assim o
empreendimento no mercado.
O objetivo dessas certificações é promover uma maior conscientização de todos
os envolvidos no processo, desde a fase inicial de projeto até a fase construtiva, chegando
ao usuário final através da incorporação de soluções que permitirão uma redução no uso
de recursos naturais além de proporcionar conforto e qualidade para seus usuários
(VALENTE, 2009). Assim, tanto o meio ambiente, como as empresas e usuários finais
23
são impactados pelas vantagens advindas dos empreendimentos certificados, como
podem ser visualizados no Quadro 2.
Quadro 2: Vantagens das certificações de sustentabilidade (Adaptado de VALENTE, 2019).
INTERESSADO VANTAGENS
Empresa
Abertura de novos mercados; Aumento de credibilidade frente ao
mercado; Redução de acidentes ambientais; Redução com os custos
devido aos acidentes ambientais; Redução na utilização dos recursos
naturais; Redução nos custos com utilização de mão de obra
qualificada.
Clientes Conservação de recursos naturais; Redução da poluição; Incentivo à
reciclagem; Produtos e processos mais limpos.
Meio Ambiente Conservação de recursos naturais; Redução da poluição; Incentivo à
reciclagem.
O cenário ideal seria que cada país ou região possuísse suas próprias diretrizes,
uma vez que determinados fatores, tais como, condições climáticas e disponibilidade de
materiais e mão de obra, são determinantes para a adoção de certas práticas. Porém não é
isso que acontece na prática, e o Brasil é um exemplo de um país que não possui diretrizes
próprias, incorporando as criadas em outros países e adaptando-as para a nossa realidade
(BRANDÃO, 2011).
No Brasil, os sistemas de certificação mais utilizados são o LEED (Leadership in
Energy Environmental Design) e AQUA (Alta Qualidade Ambiental), certificação
baseada na experiência francesa com o HQE (Haute Qualité Environnementale)
(VALENTE, 2009).
Por meio da conscientização sobre o cuidado com o meio ambiente e da
preocupação com a qualidade de vida de seus clientes, diversas empresas têm buscado
implementar práticas sustentáveis durante o ciclo produtivo e na fase de ocupação de um
empreendimento, visando se adequar às novas exigências do mercado e obter
certificações internacionais. Dessa forma, a empresa ganha credibilidade no mercado
como sendo ecologicamente correta, pela associação da marca ao produto, tendo ainda
potencial para entrada em novos mercados, diminuindo seus custos produtivos e atraindo
novos investimentos.
24
Para exemplificar como funciona um dos método de pontuação das certificações
considerando o uso eficiente da água, será descrito de forma resumida o sistema de
pontuação da certificação LEED. A certificação engloba todos os tipos de construção e
todas as fases de construção, sendo então necessário classificar a avaliação a ser
empregada, de acordo com uma das 4 tipologias existentes, apresentadas na Figura 4.
Figura 4: Tipologias da certificação LEED (GBCB, 2019).
As tipologias analisam 8 áreas de interesse, listadas na Figura 5, as quais possuem
seus respectivos pré-requisitos e créditos. Os pré-requisitos devem ser obrigatoriamente
cumpridos para obtenção do selo de certificação. Já os créditos são constituídos por
indicadores de desempenho, cada qual com sua pontuação, e que ao final da avaliação, o
edifício recebe a certificação de acordo com o total de pontos obtidos a partir das medidas
adotadas para seu cumprimento (GBCB, 2019).
Figura 5: Áreas de atuação da certificação LEED (GBCB, 2019).
Para exemplificar a pontuação dessa certificação, será adotada a tipologia LEED
BD+C, por considerar o projeto de novas construções. Na Tabela 1 são apresentados os
25
pré-requisitos e créditos referentes à área de interesse em questão (Eficiência do uso da
água) e presentes na versão mais recente da certificação (v4.1) lançada no ano de 2019.
Tabela 1: Pré-requisitos e créditos da área de “Eficiência no Uso da Água” da certificação
LEED (Adaptado de USGBC, 2019).
Segundo o United States Green Building Council (USGBC) (2019), quando há
necessidade de irrigação na área externa, é exigida uma redução em pelo menos 30% a
partir do valor de base calculado para o pico do mês de irrigação do local. Já em relação
ao uso interno, o USGBC (2019) especifica que equipamentos e acessórios devem reduzir
o consumo de água em 20% a partir do valor base. Já em relação à medição de água, o
USGBC (2019) determina a instalação de hidrômetros permanentes que meçam o uso
total de água potável para o edifício e os terrenos associados, e a compilação dos dados
do medidor em resumos mensais e anuais.
Como é possível observar, essa área é responsável por uma pontuação máxima de
11 pontos, divididos nos 4 créditos apresentados. Em relação à redução do uso externo e
interno de água, a porcentagem de redução no uso de água é que determinará a pontuação
adquirida pelo projeto, e as Tabelas 2 e 3 apresentam a pontuação para cada performance
de desempenho.
Tabela 2: Pontuação do crédito “Redução do Uso Externo de Água” (Adaptado de USGBC,
2019).
26
Tabela 3: Pontuação do crédito “Redução do Uso Interno de Água” (Adaptado de USGBC,
2019).
Portanto, o selo é uma confirmação de atendimento aos critérios de desempenho
e uma garantia de adoção de práticas sustentáveis nos determinados campos de interesse.
A pontuação total de pontos possíveis, somando as otimizações aplicadas em todas as
áreas, é de 110 pontos. Estes são conquistados à medida que o empreendimento aplicar
os créditos sugeridos pelo LEED. De acordo com a pontuação total obtida, o edifício será
classificado em níveis de desempenho, recebendo um dos quatro tipos de certificação
atribuídos pela entidade, que são identificados conforme a Figura 6.
Figura 6: Faixas de classificação da certificação LEED (GBCB, 2019).
2.2 ÁGUA NA CONSTRUÇÃO CIVIL
A água é um dos elementos de maior relevância nos processos produtivos da
Construção Civil, uma vez que é essencial não só para o consumo humano, como é
indispensável confecção de concretos, argamassas e eficaz ferramenta nas atividades de
limpeza e cura do concreto (SILVA; VIOLIN, 2013).
27
No Brasil os sistemas construtivos mais empregados nas construções são o
sistema estrutural em concreto armado, e o sistema de vedação vertical em tijolos ou
blocos cerâmicos assentados e revestidos com argamassa. Esses sistemas construtivos
podem ser considerados grandes vilões quando o assunto é consumo de água, por
utilizarem considerável volume desse insumo para produção de concreto e argamassa.
A quantidade de água influencia na qualidade e desempenho final desses
materiais, devendo ser respeitada a indicação de acordo com o grau de trabalhabilidade e
a resistência que se deseja alcançar. De toda forma, o consumo de água na produção de
concreto e argamassa, quando analisado de forma geral, torna-se representativo tanto
considerando a utilização do recurso natural quanto aos gastos relacionados a esse
consumo.
De maneira geral, esse recurso não é visto e nem tratado como material de
construção, uma vez que não são incluídos nas composições de custos dos serviços de
engenharia, mesmo sabendo-se que as contas de água representam um custo notável para
as construtoras (NETO, 2005 apud PASSARELO, 2008).
O mesmo acontece para a execução dos serviços realizados no canteiro de obra
que utilizam a água como ferramenta, ou seja, o custo do recurso consumido não é
calculado, embora o consumo seja elevado. A grande questão é que dependendo do
volume de cada um dos serviços realizados, o consumo de água para as suas realizações
podem ser consideráveis. Exemplos desses serviços são: a compactação de aterros, cura
do concreto, testes de impermeabilização e limpeza do canteiro.
Uma boa compactação de aterros é resultado de dois fatores determinantes:
energia de compactação e teor de umidade do solo. Existe um valor chamado de teor de
umidade ótima em que a ação de compactação seria facilitada e portando mais eficaz. A
partir desse coeficiente e conhecendo-se a categoria do solo utilizado no aterro, será
conhecido o volume de água que será necessário para umedecer o solo para a realização
do serviço de compactação.
A cura do concreto é o processo de endurecimento do concreto, tornando-o
resistente e mais durável, quando bem realizada. Para se realizar uma cura eficiente do
concreto, é necessário mantê-lo umidificado durante os primeiros dias após a sua
28
concretagem, evitando perda de água do concreto por retração, o que pode gerar fissuras
e rachaduras na estrutura (YAZIGI, 2004 apud PESSARELLO, 2008).
Yazigi (apud PESSARELLO, 2008) orienta que após a execução de uma
impermeabilização é recomendado que seja efetuado um teste com lâmina d´água, com
duração mínima de 72 horas, para verificação da real estanqueidade do sistema adotado.
O volume de água consumido em testes de impermeabilização vai depender do tipo de
elemento a ser testado e as áreas de impermeabilizações, podendo atingir volumes muito
significativos.
2.2.1 Demanda por água no canteiro de obra
Além do consumo para produção e serviços, há consumo de água para as
necessidades humana. Este relaciona-se, basicamente, às demandas essenciais de todos
os funcionários dentro da área de vivência, as quais são asseguradas de acordo com a
legislação trabalhista através da Norma Regulamentadora Nº 18 (NR-18). O Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) (2015), exige que os canteiros devam dispor de certas
instalações através da norma citada, que estão apresentadas na Figura 7.
Figura 7: Instalações a se dispor em um canteiro de obra (Adaptado de MTE, 2019).
29
Cabe ressaltar que as instalações de alojamento, lavanderia e área de lazer são
obrigatórias nos casos onde houver trabalhadores alojados, e o ambulatório, apenas
quando se tratar de frentes de trabalho com cinquenta ou mais trabalhadores. Essas
instalações estão descritas de forma mais clara no Quadro 3.
Quadro 3: Descrição das instalações dispostas em um canteiro de obra (Adaptado de MTE,
2019).
INSTALAÇÕES DESCRIÇÃO
Instalações
Sanitárias
A NR-18 define como instalação sanitária o local destinado ao
asseio corporal e/ou ao atendimento das necessidades fisiológicas
de excreção. A instalação sanitária deve ser composta de lavatório,
vaso sanitário e mictório, na proporção de um conjunto para cada
grupo de 20 trabalhadores ou fração, bem como de chuveiro, na
proporção de uma unidade para cada grupo de 10 dez trabalhadores
ou fração.
Alojamento
No caso de haver alojamento, a NR-18 exige o fornecimento de
água potável, filtrada e fresca para os trabalhadores por meio de
bebedouros de jato inclinado ou equipamento similar que garanta
as mesmas condições, na proporção de um para cada grupo de 25
trabalhadores ou fração.
Local para
Refeições
Nos canteiros de obra, a NR-18 especifica a obrigatoriedade da
existência de local adequado para refeições, e o local deve ter
lavatório instalado em suas proximidades ou no seu interior. É
obrigatório também o fornecimento de água potável, filtrada e
fresca, para os trabalhadores, por meio de bebedouro de jato
inclinado ou outro dispositivo equivalente, sendo proibido o uso de
copos coletivos.
Cozinha
A NR-18 especifica que quando houver o preparo de comida no
próprio canteiro de obra, este deve dispor de cozinha sendo
necessário ter pia para lavagem dos alimentos e utensílios, além de
possuir instalações sanitárias, que não se comuniquem com a
cozinha, para uso exclusivo dos funcionários encarregados de
manipular gêneros alimentícios, refeições e utensílios, não devendo
ser ligadas à caixa de gordura.
Lavanderia
No caso em que haja trabalhadores alojados na obra, a área de
vivência deve possuir, por norma, local próprio, coberto, ventilado
e iluminado para que o trabalhador possa lavar, secar e passar suas
roupas de uso pessoal, devendo o local ser dotado de tanques
individuais ou coletivos em número adequado. Entretanto, a
empresa poderá contratar serviços de terceiros para atender a esse
item, sem ônus para o trabalhador.
30
Além dos consumos nos ambientes em que se dispõe instalações sanitárias, a água
é utilizada pra certos serviços relacionados a organização e limpeza do canteiro de obra
para realização das atividades de forma otimizada, sem prejuízo para os trabalhadores ou
para a vizinhança. O serviço de limpeza do canteiro demanda a utilização do recurso água,
dependendo do estágio em que a obra estiver ou o tipo de limpeza que se estiver
realizando. Amostra disso é que não necessariamente a atividade é a lavagem de um piso,
por exemplo. Essa água pode ser utilizada para a lavagem de rodas dos caminhões que
entram e saem do canteiro de obra, para evitar que levem sujeira para o ambiente externo
ao canteiro, como também pode ser utilizada para umedecer diariamente as rotas de
circulação de caminhões dentro do canteiro, para controle da poeira em suspensão,
evitando que incomodem os moradores no entorno da obra.
2.3 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO CANTEIRO DE OBRA
A água que chega aos canteiros de obras pode possuir diferentes procedências, e
segundo Birbojm (apud REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004), as duas situações que
interferem diretamente na escolha da forma de abastecimento de água em canteiros de
obra são a existência de rede pública de abastecimento ou a inexistência desta.
Dessa forma, o modelo mais comum de alimentação de água nos canteiros é pela
rede de abastecimento público pela concessionária responsável do estado ou município
em que a obra se encontra. Entretanto, nem sempre no local onde será instalado o canteiro
de obra já existe uma ligação com a rede pública de abastecimento de água e, portanto a
empresa deve se planejar para exigir a expansão da rede junto à concessionária ou
encontrar a melhor alternativa para recebimento de água.
No caso de inexistência da rede de abastecimento no local da obra e de plano de
expansão da rede existente, na maioria das vezes a solução encontrada é a perfuração e
captação através de poços artesianos ou, ainda, a compra de água potável e recebimento
na obra através de caminhões pipas (PASSARELO, 2008).
31
2.3.1 Fornecimento via concessionária – CEDAE – RJ
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) é a companhia de
saneamento que opera e mantém a captação, tratamento, adução, distribuição das redes
de águas, além da coleta, transporte, tratamento e destino final dos esgotos gerados dos
municípios conveniados do estado do Rio de Janeiro (CEDAE, 2019).
Portanto, após o tratamento da água, ela vai para reservatórios de distribuição,
passa pelas tubulações adutoras, até que chega nas redes públicas de distribuição, que
levam a água para os pontos de consumo doméstico, indústria, serviço público, entre
outros.
A CEDAE (2019) afirma que todas as operações, desde a captação da água dos
mananciais até distribuição para consumo, são controladas por equipamentos de alta
tecnologia e, portanto asseguram à população uma água com qualidade garantida e
própria para consumo.
Existem basicamente dois tipos de cobrança distintos: a cobrança por consumo
estimado e a cobrança por consumo medido (CEDAE, 2019). Seus nomes simplificam a
diferença entre elas, uma vez que a cobrança por consumo estimado é feita quando a
ligação não dispõe de hidrômetro para medir o volume fornecido, e portando estima-se o
volume consumido, enquanto que a cobrança por consumo medido resulta de duas leituras
reais registradas pelo hidrômetro, obtendo-se o volume real consumido. Dessa forma,
nota-se que é essencial a existência de hidrômetro na entrada do empreendimento para
que se possa pagar pela água que realmente foi consumida.
Segundo a CEDAE (2019), a Lei Federal do Saneamento sugere tarifas
diferenciadas de acordo com as categorias dos imóveis (domiciliar, comercial, industrial
e pública) e suas faixas de consumo. O critério é adotado pela estrutura tarifária da
CEDAE, pressupondo que aqueles que respondem por um maior consumo pagam um
pouco mais por ela, de acordo com as faixas de consumo por eles atingidas.
Além disso, a lei também estabelece uma tarifa mínima a ser paga pelos usuários,
mesmo que não haja consumo em um determinado período, relativa a uma taxa de
operação decorrente dos serviços prestados de forma ininterrupta pela empresa à
população (CEDAE, 2019). Esses serviços estão sempre à disposição do cliente e a
CEDAE precisa de recursos para ajudar a cobrir seus custos, além de investir em novas
32
demandas da população. Por essa razão, a cobrança mínima pela CEDAE nas categorias
domiciliar e pública, refere-se a uma utilização de 500 litros de água diários, mesmo que
o imóvel esteja desocupado, e 666 litros por dia para comércio e a indústria (CEDAE,
2019).
Como foi dito anteriormente, a CEDAE tem na sua política de cobrança tarifária
a tarifa diferenciada de acordo com a localidade, que se divide nas tarifas “A” e “B”. Nos
Quadros 4 e 5 estão relacionados os bairros com suas tarifas correspondentes.
Quadro 4: Bairros referentes à tarifa A (Adaptado de CEDAE, 2019).
ÁREA DE ABRANGÊNCIA REFERENTE À TARIFA A
DECRETO 23.676 DE 04 DE NOVEMBRO DE 1997
BAIRROS
ABOLIÇÃO CURICICA JARDIM BOTÂNICO R. DOS
BANDEIRANTES
ACARI DEL CASTILHO JARDIM CARIOCA R. PRATA
ÁGUA SANTA DENDÊ JARDIM
GUANABARA RAMOS
ALDEIA CAMPISTA ENCANTADO JARDIM OCEÂNICO RIACHUELO
ALTO DA BOA VISTA ENGENHO DA
RAINHA JOÁ RIBEIRA
ANDARAÍ ENGENHO DE
DENTRO LAGOA RIO COMPRIDO
ANIL ENGENHO NOVO LAPA ROCHA
BAIRRO DE FÁTIMA ENGENHO VELHO LARANJEIRAS ROCINHA
BANCÁRIOS ESTÁCIO LARGO DO JACARÉ SAMPAIO
BARRA DA TIJUCA FAZENDA
BOTAFOGO LEBLON SANTA TERESA
BARROS FILHO FLAMENGO LEME SANTO CRISTO
BENFICA FREGUESIA LINS DE
VASCONCELOS SÃO CONRADO
BONSUCESSO GALEÃO MANGUE SÃO CRISTÓVÃO
BOTAFOGO GAMBOA MANGUEIRA SÃO FRANCISCO
XAVIER
BRAZ DE PINA GARDÊNIA AZUL MANGUINHOS SAÚDE
C CHAGAS GÁVEA MARACANÃ SUMARÉ
CACHAMBI GLÓRIA MARÉ TANQUE
CACUIA GRAJAÚ MARIA DA GRAÇA TAQUARA
CAETÉ GRUMARI MÉIER TAUÁ
CAJU GUARABU MONERÓ TERRA NOVA
CAMORIM HIGIENÓPOLIS N. SENHORA DA
GRAÇA TIJUCA
33
CAMPINHO HONÓRIO GURGEL OLARIA TODOS OS SANTOS
CANOA HUMAITÁ PAQUETÁ TOMÁS COELHO
CASTELO ILHA DO FUNDÃO PARADA DE LUCAS TRIAGEM
CATETE ILHA DO
GOVERNADOR PAU FERRO TUBIACANGA
CATUMBI ILHAS PAVUNA URCA
CENTRO INHAÚMA PECHINCHA USINA
CIDADE DE DEUS IPANEMA PENHA VARGEM GRANDE
CIDADE NOVA IRAJÁ PIEDADE VARGEM PEQUENA
CIDADE
UNIVERSITÁRIA ITACOLOMI PILARES VIDIGAL
CINELÂNDIA ITANHANGÁ PITANGUEIRAS VIGÁRIO GERAL
COCOTÁ IZADORA PORTUGUESA VILA ISABEL
COELHO NETO JACARÉ PRAÇA DA
BANDEIRA VILA VALQUEIRE
COPACABANA JACAREPAGUÁ PRAÇA SECA VL IV CENTENÁRIO
CORDOVIL JACAREZINHO PRAIA DA
BANDEIRA ZUMBI
COSME VELHO JARDIM AMÉRICA PRAIA VERMELHA
Quadro 5: Bairros referentes à tarifa B (Adaptado de CEDAE, 2019).
ÁREA DE ABRANGÊNCIA REFERENTE À TARIFA B DECRETO
23.676 DE 04 DE NOVEMBRO DE 1997
BAIRROS
ANCHIETA JARDIM SULACAP RICARDO ALBUQUERQUE
BANGU MADUREIRA ROCHA MIRANDA
BARRA DE GUARATIBA MAGALHÃES BASTOS SANTA CRUZ
BENTO RIBEIRO MARECHAL HERMES SANTÍSSIMO
BOA ESPERANÇA GRANDE MINDINHA SEM. A VASCONCELOS
CAMPO DOS AFONSOS MONTEIRO SENADOR CAMARÁ
CAMPO GRANDE OSWALDO CRUZ SEPETIBA
CASCADURA PACIÊNCIA SETE DE ABRIL
CAVALCANTE PADRE MIGUEL TURIAÇU
COLÉGIO PALMARES VAZ LOBO
COSMOS PAQUETÁ VICENTE CARVALHO
COSTA BARROS PARQUE ANCHIETA VILA ALIANÇA
DEODORO PEDRA DE GUARATIBA VILA COSMOS
34
ENGENHEIRO LEAL PENHA CIRCULAR VILA DA PENHA
GUADALUPE PRAIA DA BRISA VILA KENNEDY
GUARATIBA QUINTINO BOCAIÚVA VILA MILITAR
INHOAÍBA REALENGO VISTA ALEGRE
JARDIM N. HORIZONTE RESTINGA MARAMBAIA
A estrutura tarifária da CEDAE é composta por três tarifas: Tarifa 1 – para unidade
predial com volume apurado até 0,5 m³/dia/economia, e Tarifas 2 e 3 – para demais
unidades. Os valores, referentes à dezembro de 2018, estão expostos nas Tabelas 4 e 5.
Tabela 4: Faixas de consumo e valores referentes à tarifa 1 (Adaptado de CEDAE, 2019).
35
Tabela 5: Faixas de consumo e valores referentes às tarifas 2 e 3 (Adaptado de CEDAE,
2019).
CATEGORIA FAIXA MULTIPLICADOR TARIFA VALOR
0 - 15 1,00 4,343787 65,16
16 - 30 2,20 9,556331 208,50
31 - 45 3,00 13,031361 403,97
46 - 60 6,00 26,062722 794,91
>- 60 8,00 34,750296 1.142,42
0 - 20 3,40 14,768876 295,38
21 - 30 5,99 26,019284 555,57
>- 30 6,40 27,800237 1.111,58
0 - 20 5,20 22,587692 451,75
21 - 30 5,46 23,717077 688,92
>- 30 6,39 27,756799 1.244,06
0 - 15 1,32 5,733799 86,01
>- 15 2,92 12,683858 656,78
DOMICILIAR: 70 m³/mês
COMERCIAL: 50 m³/mês
INDUSTRIAL: 50 m³/mês
PÚBLICA: 60 m³/mês
CATEGORIA FAIXA MULTIPLICADOR TARIFA VALOR
0 - 15 1,00 3,810332 57,15
16 - 30 2,20 8,382730 182,90
31 - 45 3,00 11,430996 354,36
46 - 60 6,00 22,861992 697,29
>- 60 8,00 30,482656 1.002,12
0 - 20 3,40 12,955129 259,10
21 - 30 5,99 22,823889 487,34
>- 30 6,40 24,386125 975,06
0 - 20 4,70 17,908560 358,17
21 - 30 4,70 17,908560 537,26
31 - 130 5,40 20,575793 2.594,84
>- 130 5,70 21,718892 2.812,03
0 - 15 1,32 5,029638 75,44
>- 15 2,92 11,126169 576,12
DOMICILIAR: 70 m³/mês
COMERCIAL: 50 m³/mês
INDUSTRIAL: 140 m³/mês
PÚBLICA: 60 m³/mês
DOMICILIAR
ESTRUTURA TARIFÁRIA VIGENTE
TARIFA 2 E 3 - ÁREA A
NOTA: Os valores das contas se referem aos limites superiores das faixas, sendo
nas faixas em aberto (MAIOR), equivalentes aos seguintes consumos:
COMERCIAL
INDUSTRIAL
PÚBLICA
CONSIDERAÇÕES
NOTA: Os valores das contas se referem aos limites superiores das faixas, sendo
nas faixas em aberto (MAIOR), equivalentes aos seguintes consumos:
TARIFA 2 E 3 - ÁREA B
DOMICILIAR
COMERCIAL
INDUSTRIAL
PÚBLICA
CONSIDERAÇÕES
36
2.3.2 Fornecimento via águas subterrâneas – RJ
A captação subterrânea é realizada através de poços tubulares para obtenção da
água dos lençóis subterrâneos. Quando a água do poço perfurado possui pressão natural
própria, este é chamado de poço artesiano. Quando não possui, sendo sempre necessário
o auxílio de uma bomba, o poço é chamado de freático.
Uma grande vantagem da água confinada no subsolo é que devido ao fato da sua
grande profundidade os aquíferos ficam pouco propensos à qualquer contaminação pelo
homem, muitas vezes não sendo necessário um tratamento prévio ao consumo. Além
disso, outro ponto positivo é a garantia do abastecimento durante períodos de
racionamento em épocas de maior consumo, como no verão, evitando assim, o
suprimento complementar de água pela contratação de caminhões-pipa (SANTIAGO,
2018).
Por outro lado, Santiago (2018) afirma que a perfuração de um poço tubular exige
um alto investimento inicial que, de certa forma, pode ser considerado de risco, já que em
alguns casos pode ocorrer de não ser encontrada água no poço escavado.
No entanto, a utilização de poços tubulares já nas primeiras fases da construção
de um empreendimento pode ser uma boa alternativa para a obtenção de água no canteiro
de obras e, apesar do alto custo de investimento, pode gerar uma economia no orçamento
da obra se comparada com os custos em relação ao uso de caminhões-pipa. Sendo assim,
a água de poço pode acabar tornando-se uma alternativa economicamente mais viável em
casos de obras de grande porte e longa duração (PASSARELO, 2008).
Com o objetivo de não causar prejuízo ao meio ambiente e aos usuários, é
importante que a construção dos poços obedeça às normas vigentes na legislação
brasileira e também às normas técnicas, podendo-se citar a NBR 12.212 - "Projeto para
captação de água subterrânea" e a NBR 12.244 - "Construção de poço para captação de
água subterrânea".
Vale ressaltar também que sua implantação pode levar certo tempo, sendo
necessário planejamento por parte das empresas. Essa demora se deve a toda burocracia
que envolve diversos procedimentos para garantir que o poço esteja de acordo com as
normas exigidas pelos órgãos competentes. Após a perfuração e conferida a vazão, deve
37
ser solicitada a outorga de direito de uso da água, uma das medidas que acaba tendo uma
maior importância durante o processo.
O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) (2010) define que “a outorga de direito
de uso de recursos hídricos (OUT) é o ato administrativo de autorização mediante o qual
o órgão gestor de recursos hídricos faculta ao outorgado o direito de uso dos recursos
hídricos, superficiais ou subterrâneos, por prazo determinado, nos termos e nas condições
expressas no respectivo ato”.
2.3.3 Fornecimento via caminhão-pipa – RJ
Na cidade no Rio de Janeiro existem várias empresas especializadas, responsáveis
pelo fornecimento de água através de caminhão pipa, que precisam estar adequadas a
algumas regras dispostas na Resolução Nº 2551 da Secretaria Municipal da Saúde (SMS)
(2015) para estarem aptas para desempenhar o transporte e distribuição de água.
Antes de tudo, estas empresas devem estar cadastradas junto à entidade, que sob
regime de permissão ou concessão, seja responsável pela produção e distribuição
canalizada de água potável (SMS, 2015). Além disso, essa resolução enfatiza que a
empresa transportadora e/ou distribuidora de água potável através de caminhões-pipas
deve anexar nesse cadastro uma declaração garantindo que tanques, equipamentos e
válvulas dos veículos transportadores sejam de uso exclusivo para o armazenamento e
transporte de água potável. A água potável distribuída por meio de veículos
transportadores deverá ser submetida a análises laboratoriais para garantir a sua
potabilidade.
Segundo o Ministério da Saúde (MS) (2019), o tanque do caminhão-pipa deve ser
limpo e desinfetado obrigatoriamente uma vez ao mês, quando houver mudança na fonte
de abastecimento de água potável ou quando a água transportada apresentar
contaminação, inconformidade ou outro problema. O Ministério da Saúde (2019) ainda
descreve outras instruções que os caminhões-pipas devem obedecer, tais como: a parte
interna do tanque deve ser lisa e impermeável, revestida de material anticorrosivo e
antioxidante, não tóxico, para não alterar a qualidade da água e protegendo o interior da
ação dos produtos químicos usados na desinfecção de rotina; tanto a torneira de saída de
água do tanque como o acesso destinado ao descarte da água que sobra da lavagem e
38
desinfecção têm que ter vedação e fechamento, para impedir a entrada de insetos, roedores
etc;
Esses caminhões geralmente têm capacidade de 10 m³ ou 20 m³, e cabe à empresa
de construção seguir o planejamento de acordo com a demanda necessária e o estágio em
que a obra se encontra para contratar o caminhão com capacidade adequada, ou quantos
forem necessários. Assim, as instalações do canteiro de obra conseguirão armazenar a
água fornecida à obra, sem que haja nenhum desperdício da água ou de custos para a
empresa.
2.4 GESTÃO SUSTENTÁVEL DE ÁGUA NO CANTEIRO DE OBRA
O conceito de conservação da água representa qualquer redução benéfica nas
perdas, desperdício ou uso de água (EPA, 1998 apud GIACCHINI, 2011). Segundo
Giacchini (2011), existem basicamente três níveis para atuação na conservação da água:
a conservação da água na Bacia Hidrográfica, a conservação nos Sistemas Públicos de
Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário e a conservação nos Sistemas Prediais.
As ações de conservação à nível de sistema prediais se referem à práticas de gestão
do uso racional da água nas edificações, podendo-se citar a utilização de aparelhos
economizadores, práticas de manutenção predial, adoção de sistemas de medição
setorizada e uso de fontes alternativas de água para fins não potáveis (GIACCHINI,
2011).
Porém, essas práticas sustentáveis devem ser aplicadas desde as primeiras etapas
do processo de construção de edificações. As instalações provisórias dos canteiros de obra
respondem por um grande consumo de água, assim seu projeto e dimensionamento se
mostram fundamentais.
Portanto, é essencial um planejamento prévio da concepção das instalações
hidráulicas provisórias em canteiros de obra, podendo ser bastante expressivo para a
minimização de consumos excessivos da água, contribuindo assim para a redução do
impacto ambiental dos canteiros de obra (REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004). A
concepção do sistema de instalações prediais, sejam elas provisórias ou não, deve ser
estudada de forma criteriosa baseada na NBR 5626 - “Instalação predial de água fria”.
39
Entretanto, Reis, Souza e Oliveira (2004) destacam que a palavra provisória não
pode ser interpretada como um processo precário, executado sem nenhum critério e por
mão-de-obra desqualificada tecnicamente. Os autores ainda enfatizam que a utilização de
materiais de qualidade, serviços satisfatórios de dimensionamento e execução e o
planejamento criterioso do layout do canteiro, certamente implicarão em menor dispêndio
com compra de materiais, prevenção de vazamentos e de pressões inadequadas além de
evitar excessivo consumo de água.
Isso poderia contribuir para o aumento do risco de aparecimento de patologias,
como por exemplo, falhas de abastecimento, consumo excessivo de água e energia,
desperdício, vazamentos e pressões inadequadas.
A gestão eficiente quanto ao uso de água nos canteiros ocorre basicamente em
quatro etapas que estão simplificadas na Figura 8 e descritas em seguida.
Figura 8: Etapas do estudo referentes à uma gestão eficiente de água dentro do canteiro
(VALENTE, 2009).
A primeira etapa se refere à concepção do projeto, que é o ponto de partida para
se decidir as principais estratégias e ferramentas de gestão de água dentro do canteiro. É
necessário um estudo de viabilidade técnica e econômica para definição de materiais de
qualidade e sistemas economizadores de água, viabilizando um orçamento que se encaixe
nos planos da empresa.
Na segunda vem a execução com qualidade, no que diz respeito tanto para os
serviços utilizadores de água quanto na execução das instalações prediais e de seus
materiais para garantir seu perfeito desempenho.
Em seguida, é imprescindível a aplicação de ferramentas para gestão de insumos.
Essa etapa responde pelos procedimentos de manutenção preventiva além do
monitoramento do consumo de água, através de indicadores.
40
Por fim, a capacitação dos gestores e conscientização dos funcionários também
representa uma etapa de extrema importância no processo, uma vez que estes serão os
principais usuários no canteiro, fazendo uso diário dos equipamentos e consumo da água.
Todo o trabalho possui forte dependência destes usuários, e caso não sejam
conscientizados e instruídos de forma correta, a aplicação da gestão sustentável será em
vão, podendo não acrescentar positivamente da forma esperada pela equipe. Assim, as
empresas também devem buscar formas de conscientização, intensificando ações de
sensibilização dos funcionários por meio de palestras que mostrem a eles a importância
do recurso hídrico e do seu consumo consciente.
A empresa construtora é total responsável pela proteção do meio ambiente e
controle dos impactos provenientes de suas atividades, e, portanto, deve disponibilizar de
recursos financeiros, equipamentos e a estrutura organizacional para implantar práticas
gerenciais que respondam pela construção sustentável em seus canteiros de obras
(CARDOSO; ARAÚJO, 2007).
Todavia, apesar de muitos estudos e orientações voltadas para a gestão sustentável
de água nos canteiros de obra, buscando a redução e controle do consumo de água, não
se observa uma implantação massiva desse conceito nos canteiros (ZEULE; SERRA,
2014).
2.5 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA O USO EFICIENTE DA ÁGUA
2.5.1 Fontes alternativas de água
Como já mencionado anteriormente, a água tem variadas utilidades do canteiro de
obra e, portanto é necessária a inserção de práticas sustentáveis para o gerenciamento do
seu uso. Apesar de muitos estudos nesse campo, observa-se que ainda não há uma difusão
massiva da aplicabilidade de tais práticas nos canteiros de obra, devido talvez à falta de
incentivo das normalizações (SERRA et al., 2017).
Nesse contexto, o uso de fontes alternativas de água em canteiros de obra surge
como estratégia indispensável em sistemas de gestão sustentável, possibilitando um
melhor controle no consumo de água. A SINDUSCON-RS (2013) propõe a reciclagem
das águas servidas e o aproveitamento da água de chuva como possíveis medidas
41
utilizadas em instalações provisórias das obras para diminuição do consumo de água,
além de reduzir o impacto ambiental.
O reúso da água pode ser entendido como o processo pelo qual a água proveniente
da chuva ou utilizada em determinados pontos de consumo é armazenada e reutilizada
pelo sistema, seja na mesma atividade original ou com uma função diferente desta. A
opção pela prática do uso de água de fonte alternativa ao sistema de abastecimento
público transfere a responsabilidade pela qualidade da água para o gestor local,
demandando a implantação de sistemas de tratamento para garantir os padrões mínimos
de qualidade compatíveis com os usos específicos, e constante acompanhamento da
qualidade da água produzida (CBIC, 2017).
Para se ter ideia do potencial de economia de fontes alternativas, Carvalho et al.
(2014) mencionam que o consumo de água pelos sanitários em um edifício residencial
convencional gira em torno de 70% de toda a água utilizada, e de acordo com o CBCS
(apud CARVALHO et al., 2014), o uso apropriado de fontes alternativas de água pode
auxiliar na redução de 30% a 40% desse valor. Portanto, o reúso de água em substituição
à água potável colabora para a mitigação dos impactos ao meio ambiente provocados pela
Construção Civil, haja visto que representa uma redução de grandes volumes de água nas
obras, além de contribuir para amenização dos problemas de disponibilidade de água
potável e uma menor geração de esgoto.
2.5.1.1 reaproveitamento de águas servidas
As águas servidas se dividem em duas categorias, segundo Giacchini (2011): as
águas cinzas, provenientes dos lavatórios de banheiro, chuveiros, máquinas de lavar
roupas, tanques e lavagem de automóveis; e as águas negras, oriundas de bacias sanitárias,
as quais são compostas basicamente por matéria fecal e urina, e resíduos sólidos orgânicos
advindos das pias de cozinha. Enquanto as águas negras possuem risco sanitário,
necessitando passar por um tratamento completo antes se ser reutilizada, as águas cinzas
podem ser utilizadas para reúso com fins não potáveis, após um tratamento básico, e
representam 50% a 80% do esgoto residencial (SINDUSCON-RS, 2013).
Em alguns países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão, Austrália,
Alemanha e Suécia, a reciclagem desses efluentes já é realidade. Isso porque esses países
42
apresentam uma legislação específica para o tema em questão e exigências para
implantação de sistemas de tratamento e reúso de água (MORELLI, 2005 apud
CARVALHO et al., 2014). Por outro lado, apesar deste tema estar começando a ser objeto
de estudo, o Brasil ainda não dispõe de legislação nem normatização técnica que
regulamente a aplicação de sistemas de reúso de água (GIACCHINI, 2011). Essa falta de
legislação dificulta o emprego dessa prática no país, uma vez que atrapalha o trabalho dos
profissionais para implantação desses sistemas, além de colocar em risco a saúde da
população em contato com a água servida reutilizada. Giacchini (2011) destaca que
quando utilizados, adotam-se padrões de referências internacionais ou orientações
técnicas produzidas por empresas privadas.
A reutilização de água pode ocorrer de diferentes formas, podendo ela ser direta
ou indireta, resultadas de ações planejadas ou não (MAURICIO, 2016). A prática do reúso
indireto ocorre quando os efluentes, resultados de diversas atividades humanas, são
lançados no meio ambiente e após a passagem por um curso d’água são utilizados a
jusante, em sua forma diluída, no atendimento de alguma necessidade. Já a pratica de
reúso direto, se processa quando essa água utilizada passa por um processo de tratamento
e é utilizada novamente em seus pontos de aplicação, não sendo descarregada no meio
ambiente. O reúso pode ainda ser planejado, quando é resultado de ações conscientes e
controladas, pressupondo a existência de tratamento adequado de efluentes que atenda
aos padrões de qualidades necessários de acordo com o uso que se pretenda fazer.
O Quadro 6 apresentado por Giacchini (2011), traz um resumo das diferentes
formas de reúso de água e suas características.
Quadro 6: Formas de reúso d’água (Adaptado de GIACCHINI, 2019).
FORMAS DE REúSO CARACTERÍSTICAS
Direto Uso planejado de esgotos tratados para certa finalidade como
uso industrial, irrigação e água potável.
Indireto
Quando a água, já utilizada, uma ou mais vezes para o uso
doméstico ou industrial, é descartada nas águas superficiais
ou subterrâneas e utilizada novamente, mas de forma diluída.
Planejado Quando este é resultado de uma ação planejada e consciente,
adiante do ponto de descarga do efluente a ser usado.
Não planejado Caracterizado pela maneira não intencional e não controlada
de sua utilização.
Potável Com a finalidade de abastecimento da população.
43
Não potável
Objetiva atender a demanda que tolera águas de qualidade
inferior (Fins industriais, recreacionais, irrigação, descarga
em vasos sanitários, entre outros).
Potável direto O esgoto é recuperado através de tratamento avançado e é
injetado diretamente no sistema de água potável.
Potável indireto
O esgoto depois de tratado é lançado nas águas superficiais
ou subterrâneas para diluição e purificação natural,
objetivando uma posterior captação e tratamento.
No setor urbano, o reúso está mais frequentemente relacionado à reciclagem da
água nas edificações, um caso particular do reúso direto e planejado que possui um amplo
e diversificado potencial de reúso. Entretanto, por estar relacionado à atividades urbanas
e assim possível contato direto com os usuários, esse reúso exige que o sistema de
tratamento garanta qualidade e segurança sanitária.
Os efluentes tratados podem ser utilizados tanto para fins potáveis como não
potáveis, e ambos demandam de tratamento adequado. Uma vez que compreendem
menores riscos ao homem, os usos não potáveis devem ser priorizados ao se utilizar a
pratica de reúso na área urbana.
Os processos utilizados no tratamento de água cinza são similares aos utilizados
nas estações de tratamento de efluentes (ETE’s) (GIACCHINI, 2011). No entanto, vale
ressaltar que a qualidade dos efluentes possuem imposições bem superiores,
especialmente ao se tratar de reúso em edificações. Giacchini (2011) afirma que “para
produzir água de reúso inodora e com baixa turbidez, uma estação de tratamento deve ser
composta pelo menos, dos níveis primário e secundário de tratamento, e já para se
assegurar baixas densidades de coliformes totais e termotolerantes, o tratamento deve
prever desinfecção e, portanto, é fundamental o tratamento a nível terciário”.
Portanto, quanto maior o grau de qualidade a que se deseja alcançar, maiores serão
os custos de implantação dos sistemas de tratamento (MAURICIO, 2016), e ainda
segundo o autor, sistemas de tratamento e de controle avançados podem significar custos
exorbitantes em comparação com os benefícios de sua aplicação, resultando na
inviabilidade econômico-financeira desse processo.
A Figura 9 apresenta um fluxograma geral do sistema de reaproveitamento de
águas cinzas.
44
Figura 9: Fluxograma do sistema de reaproveitamento de águas cinzas (GONÇALVES et al.,
2005).
2.5.1.2 aproveitamento de água da chuva
O aproveitamento da água da chuva é uma prática utilizada pelas mais antigas
civilizações, e empregada no mundo inteiro. Essa técnica vem se difundido há algum
tempo e tem sido incorporada em edificações urbanas como forma de mitigar os variados
impactos advindos do aumento do consumo de água e da ausência de controle da poluição
(BARROS, 2000 apud CARVALHO et al., 2014).
Embora, seja um assunto ainda em estudo no Brasil, o país já possui uma norma
técnica específica sobre o tema. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
publicou em 2007 a primeira edição da NBR 15.527 - "Água de chuva - Aproveitamento
de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos". Essa norma acaba
de receber uma segunda edição no ano de 2019, atualizando para NBR 15.527 -
"Aproveitamento de água de chuva de coberturas para fins não potáveis – Requisitos",
com o intuito de fornecer os requisitos para o aproveitamento de água da chuva de
coberturas para fins não potáveis. A NBR 15.527:2019 especifica que a concepção do
projeto do sistema de coleta da água de chuva deva atender às normas NBR 5.626 -
"Instalação predial de água fria" e NBR 10.844 - " Instalações prediais de águas pluviais".
Semelhante à prática de reúso de efluentes, Giacchini (2011) destaca que o sistema
de aproveitamento da água de chuva abrange questões sanitárias, técnicas de implantação,
45
operação e manutenção. Por se tratar de um sistema de aproveitamento de água de
qualidade questionável, é crucial que haja manutenção e higienização frequente de todos
equipamentos que compõem tal sistema em busca da preservação da qualidade da água
que será utilizada. O grau de tratamento a ser aplicado na água captada pelo sistema
depende diretamente com a finalidade a ela designada.
O vasto leque de possibilidades do seu uso para fim não potável em áreas urbanas
contribui para adoção dessa técnica, permitindo um uso mais racional do recurso água. A
Figura 10 exemplifica alguns dos possíveis usos para a água captada. O sistema de
captação e uso de água da chuva permite a utilização de uma água de qualidade inferior,
liberando grandes consideráveis volumes de água potável para consumo humano direto
ou ainda para outras práticas. Cabe ressaltar que a água da chuva geralmente é
encaminhada direta para os sistemas de drenagem pública e que por muitas vezes são
sobrecarregados em dias de fortes chuvas. Portanto, dada a ocorrência periódica de
precipitações pluviais, é coerente se pensar no aproveitamento dessa água, que já seria
coletada ao interceptar as coberturas e telhados, antes de ser encaminhada para o sistema
de coleta pluvial.
Figura 10: Usos indicados para o uso de águas pluviais (ZANELLA, 2015).
Estudiosos indicam que a economia alcançada por um sistema de aproveitamento
de águas pluviais para uso residencial e comercial chega a 15% do serviço de
abastecimento público de água. (TOMAZ, 2005 apud CARVALHO et al., 2014). Muitos
shoppings, supermercados, prédios residenciais e indústrias já utilizam a técnica para usar
a água de chuva em serviços com fins não potáveis.
46
A qualidade da água é influenciada pelo seu contato com substâncias encontradas
nas superfícies de coleta da água de chuva, tais como: fezes de pássaros e roedores,
animais mortos em decomposição, resíduos de tinta, entre outros que acabam por causar
a contaminação da água por compostos químicos ou por agentes patogênicos (REBELLO,
2004 apud GIACCHINI, 2011). Dessa forma, de acordo com a Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (CETESB) (2019), a água de chuva é vista como esgoto pela
legislação brasileira, pois devido à sua atuação como solvente universal, vai carregando
e dissolvendo todo tipo de impurezas. Buscando-se a melhoria da qualidade da água
captada e diminuição de sólidos dissolvidos e suspensos, recomenda-se a instalação de
um dispositivo para o descarte de um volume correspondente ao escoamento inicial
(ABNT, 2019).
O sistema de aproveitamento da água de chuva é uma técnica relativamente
simples, composta pelo seguinte ciclo: captação, tratamento, armazenamento e, por fim,
distribuição da água que intercepta as coberturas da edificação (GIACCHINI, 2011).
Basicamente, após a precipitação da água da chuva no telhado, ela é coletada por meio de
calhas e condutores verticais e direcionada para reservatórios, passando por processo de
filtragem e desinfecção antes de seguir para os pontos de consumo. Deve-se atentar à
necessidade do descarte inicial da água captada nos primeiros minutos de chuva, uma vez
que contém uma maior quantidade de impurezas e presença de materiais indesejáveis,
comparado à água captada “após a lavagem da superfície”. A Figura 11 apresenta um
fluxograma geral do sistema de aproveitamento da água da chuva.
Figura 11: Fluxograma do sistema de aproveitamento da água da chuva (GONÇALVES et al.,
2005).
47
A NBR 15.527:2019 destaca ainda algumas recomendações de grande
importância na construção de sistemas de aproveitamento da água de chuva nas
edificações. São elas: a construção de sistemas de instalações hidráulicas independentes
para água de chuva e água potável, evitando o risco de mistura e contaminação das águas;
possibilidade de lançamento do volume não aproveitável da água de chuva na rede de
galerias de águas pluviais, em caso de chuvas intensas, bem como do abastecimento com
tubulação de água potável para suprir a falta de água, em caso de grandes períodos de
estiagem.
Portanto, o aproveitamento de água de chuva se torna uma solução cada vez mais
viável de consumo consciente com o intuito de reduzir a demanda de água potável. Além
da preservação do meio ambiente e redução dos custos com água, o sistema contribui para
uma menor captação de água de mananciais e reduz a possibilidade de alagamentos
urbanos.
2.5.2 Medição setorizada
O esforço para a redução do consumo de água na fase construtiva de uma
edificação exige também um bom planejamento de gestão da demanda já na fase pré-
canteiro. Dessa forma, no momento em que é estudado o layout do canteiro de obra que
se pretende implantar, pode-se concomitantemente, realizar o projeto de instalações
prediais que irá alimentá-lo, e planejar uma forma de monitoração setorizada para
acompanhar e controlar o consumo de água durante essa etapa inicial.
A setorização do consumo de água é a principal ferramenta da gestão da demanda
(CBIC, 2017). Essa ferramenta consiste do mapeamento do percurso da água dentro do
canteiro, através de um planejamento e da instalação de hidrômetros que permitem o
acompanhamento permanente do consumo, conhecendo o real consumo de água pelos
pontos de sua utilização monitorados. Na Figura 12 é possível observar o conceito geral
da setorização do consumo através de um esquema, em que se observa a instalação de um
hidrômetro de tarifação à esquerda, que mede o real volume de água abastecido, e à
direita, hidrômetros de setorização, que fazem a medição da água consumida em
determinado ponto de utilização.
48
Figura 12: Esquema da setorização do consumo de água (TAMAKI, 2003).
De acordo com Tamaki (2003), os principais objetivos que se deseja alcançar com
o seu uso são: conhecimento do real consumo de água para comparação com futura
cobrança; controle sobre o consumo de um maior número de pontos de utilização; e
minimização de anomalias, como vazamentos e consumo excessivo, possibilitando uma
economia de recursos financeiros bem como do recurso hídrico.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (2017) afirma que nos
casos em que não existe o monitoramento do consumo de água, eventuais elevações só
são notadas a cada 30 dias, nas contas de águas, e portanto, a setorização do consumo de
água permite uma rápida identificação e intervenção dessas elevações de consumo
inesperada. A Figura 13 apresenta um fluxograma geral do sistema de gestão da medição
setorizada que resume o funcionamento da ferramenta.
49
Figura 13: Fluxograma do sistema de gestão da medição setorizada (GONÇALVES et al.,
2005).
Para que essa medição seja implementada de acordo com os objetivos da empresa,
é necessário que seja definido o nível de setorização que a empresa objetiva alcançar,
levando-se em conta as atividades a serem realizadas e a disponibilidade de recursos
(TAMAKI, 2003).
2.5.2.1 nível de setorização
Tamaki (2003) afirma que o objetivo da apresentação da medição setorizada em
níveis é facilitar a aplicação da ferramenta de gestão nos sistemas de suprimento de água,
buscando real conhecimento dos dados de consumo de água nos principais pontos,
determinados pela empresa, em que ocorra sua utilização.
50
O trabalho de Temaki (2003) apresenta um nível de setorização para casos de
aplicação da ferramenta em um empreendimento qualquer, e essa escala é disponibilizada
na Figura 14. Dessa forma, cabe ao setor de planejamento da empresa decidir qual o grau
de detalhe dos dados de consumo de água deseja ser atingido. Cabe ressaltar, que quanto
maior o grau de detalhe, maior será o investimento necessário, uma vez que será
necessária a instalação de um número maior de hidrômetros.
Figura 14: Escala da medição setorizada (Adaptado de TAMAKI, 2019).
2.5.2.2 dados e parâmetros de consumo
A medição setorizada como ferramenta de gestão de demanda, possibilita a
obtenção de uma grande quantidade de informação qualificada através da medição do
consumo correspondente com seus determinados setores (Tamaki, 2003).
Além de se obter dados do consumo de água dos pontos estabelecidos através da
realização de medições programadas in loco, é importante o levantamento de dados
complementares para que possam ser associados aos dados de consumo, produzindo
51
resultados mais efetivos e detalhados da situação da utilização da água. Exemplos desses
dados são: número de trabalhadores por mês de obra, número de equipamentos que
consomem água em cada ambiente, atividades e serviços executados no canteiro, de
acordo com o andamento da obra, e metro quadrado construído.
Dessa forma, ao se fazer a associação desses dados levantados, é possível se obter
indicadores de consumo da obra, sendo os mais empregados o consumo mensal por
ambiente (m³/ambiente), o consumo mensal per capita (m³/mês.pessoa) e o consumo
mensal por área construída (m³/mês.m²). Outros indicadores podem ser obtidos, de acordo
com os objetivos definidos pela empresa.
Tamaki (2003) destaca que essas informações devem ser obtidas e tratadas,
gerando-se um banco de dados para controle de informações e gerenciamento do
consumo. A obtenção dos dados de consumo e de outros complementares permite o
conhecimento dos parâmetros considerados normais de consumo para um dado sistema,
de acordo com o andamento da obra.
Os dados de consumo obtidos podem ser lançados em tabelas ou planilhas
eletrônicas, possibilitando a criação de gráficos e comparação com dados anteriores. Em
função do histórico registrado, é possível verificar quando os indicadores fogem dos
valores considerados padrões, apresentando assim uma situação de anormalidade,
podendo essa ser algum vazamento, funcionamento irregular de equipamentos ou
consumo elevado resultando em desperdício de água, possibilitando o início de uma ação
corretiva sobre o sistema em menor tempo (CBIC, 2011).
2.5.2.3 procedimentos de intervenção
Nessa etapa conclui-se o ciclo da gestão de demanda, ou seja, nela são detectadas
inconformidades no sistema e estabelecidos os procedimentos de intervenção para que a
equipe possa recuperar as anomalias e o sistema volte a funcionar conforme eficiência
prevista.
Portanto, é de suma importância que haja leitura frequente dos hidrômetros,
preferencialmente diária, e constante retroalimentação do sistema, possibilitando o
armazenamento de toda informação para que elevações inesperadas dos indicadores
sejam rapidamente assimiladas, identificadas, diagnosticadas e prontamente corrigidas,
52
seja pela eliminação das perdas físicas, da utilização de novas tecnologias ou da revisão
de um processo que utiliza água (CBIC, 2017).
Tamaki (2003) afirma que uma medição setorizada com um maior número de
pontos de controle, permite uma melhor percepção de sistemas mais ineficientes e que
exijam intervenções prioritárias, maximizando o retorno dos investimentos realizados.
2.5.3 Equipamentos economizadores
Reis, Souza e Oliveira (2004) explicam que por possuírem um curto período de
vida útil, não há uma preocupação quanto aos materiais utilizados e técnicas executivas
na execução das instalações provisórias de canteiros de obra. Dessa forma, na maioria das
vezes, são utilizados produtos de baixa qualidade ou reaproveitados materiais que já
estejam com sua integridade física afetada, contribuindo assim para o desperdício de
água.
Entretanto, o desenvolvimento tecnológico, junto à crescente preocupação com o
desperdício de água e seu uso racional, vem possibilitando a fabricação de equipamentos
sanitários alternativos classificados como economizadores de água, sendo
disponibilizados por diferentes marcas no mercado (TAMAKI, 2003).
Essa categorização se explica pelo fato desses dispositivos buscarem uma redução
do consumo de água, através de uma menor utilização de água do que os dispositivos
convencionais, porém preservando sua eficiência e desempenho. Segundo Tamaki
(2003), esses equipamentos visam o atendimento das necessidades dos usuários,
cumprindo suas finalidades com um aumento do controle e da facilidade do uso sem
incorrer desperdícios.
O mercado oferece uma grande diversidade de dispositivos economizadores.
Dentre eles, os mais empregados são: torneiras e válvulas hidromecânicas de fechamento
automático; torneiras e chuveiros temporizados; bacia sanitária de volume de descarga
reduzido (VDR) e mictório com válvula hidromecânica de fechamento automático; e
arejadores, restritores de vazão e válvulas reguladoras de pressão. Alguns desses
componentes do fornecedor DOCOL podem ser vistos na Figura 15, valendo destacar que
a economia especificada nas imagens é em relação a produtos convencionais da mesma
categoria.
53
Figura 15: Equipamentos economizadores de água (DOCOL, 2019).
Devido ao grande desperdício de água gerado por aparelhos convencionais
desregulados, Serra e Zeule (2014) destacam que estes têm sido largamente substituídos
em diversos locais públicos por dispositivos de tecnologia mais avançada.
O resultado da economia gerada pela substituição dos equipamentos do sistema
depende da economia individual por ciclo de uso e da frequência de utilização dos
mesmos (TAMAKI, 2003). Entretanto, Reis, Souza e Oliveira (2004) afirmam que a
economia produzida durante a vida útil do canteiro de obra pode compensar o
investimento feito na aquisição dos equipamentos economizadores, que são mais caros
que os convencionais, principalmente considerando que a empresa pode reutilizar esses
54
componentes para outras obras futuras, não sendo exigido novo investimento de capital
inicial.
No Quadro 7 é possível observar um panorama de equivalência entre produtos
convencionais e economizadores, além da economia de consumo de água que pode ser
alcançada com a substituição dos mesmos.
Quadro 7: Equipamentos economizadores (Adaptado de SABESP, 2019).
EQUIPAMENTO
CONVENCIONAL CONSUMO
EQUIPAMENTO
ECONOMIZADOR CONSUMO ECONOMIA
Bacia com caixa
acoplada
12
litros/descarga Bacia VDR
6
litros/descarga 50%
Bacia com válvula
bem regulada
10
litros/descarga Bacia VDR
6
litros/descarga 40%
Ducha (água
quente/fria) - até 6
mca
0,19 litros/seg Restritor de vazão 8
litros/min 0,13 litros/seg 32%
Ducha (água
quente/fria) - 15 a
20 mca
0,34 litros/seg Restritor de vazão 8
litros/min 0,13 litros/seg 62%
Ducha (água
quente/fria) - 15 a
20 mca
0,34 litros/seg Restritor de vazão
12 litros/min 0,20 litros/seg 41%
Torneira de pia -
até 6 mca 0,23 litros/seg
Arejador vazão cte
(6 litros/min) 0,10 litros/seg 57%
Torneira de pia -
15 a 20 mca 0,42 litros/seg
Arejador vazão cte
(6 litros/min) 0,10 litros/seg 76%
Torneira uso
geral/tanque - até
6 mca
0,26 litros/seg Regulador de vazão 0,13 litros/seg 50%
Torneira uso
geral/tanque - 15 a
20 mca
0,42 litros/seg Regulador de vazão 0,21 litros/seg 50%
Torneira uso
geral/tanque - até
6 mca
0,26 litros/seg Restritor de vazão 0,10 litros/seg 62%
Torneira uso
geral/tanque - 15 a
20 mca
0,42 litros/seg Restritor de vazão 0,10 litros/seg 76%
Torneira de jardim
- 40 a 50 mca 0,66 litros/seg Regulador de vazão 0,33 litros/seg 50%
Mictório 2 litros/uso Válvula automática 1 litro/seg 50%
55
Vale ressaltar que a introdução de novos componentes que afetam diretamente os
operários de um canteiro de obra, o que requer uma mudança de hábito destes usuários e
na maioria das vezes acaba não agradando a todos. Dessa forma, de nada vale a utilização
de equipamentos economizadores nos canteiros se não houver também uma
conscientização dos operários quanto à importância da água e da redução do seu consumo.
Isso porque uma insatisfação generalizada entre os usuários do sistema pode levá-los a
atos extremos de vandalismo e degradação dos equipamentos hidráulicos das instalações
provisórias, acarretando resultados contrários à esperada redução do consumo de água e
prejuízos que podem ser maiores que os benefícios pretendidos (REIS; SOUZA;
OLIVEIRA, 2004). Portanto, a realização de campanha de conscientização dos
funcionários, em paralelo à adaptação do sistema hidráulico, se mostra de fundamental
importância para que todo o sistema de consumo racional seja eficiente.
56
3 ESTUDO PRÁTICO DA GESTÃO DE ÁGUA NO CANTEIRO DE OBRA
3.1 ANÁLISE DO LAYOUT DO CANTEIRO DE OBRA
É razoável se pensar que não existe um padrão de canteiro de obra. De fato, o
layout de um canteiro é dependente de diversas variáveis que mudam de obra para obra,
podendo citar como exemplo: o tamanho do terreno, o sistema construtivo a ser utilizado,
a produção dos insumos no próprio canteiro ou a terceirização do serviço, entre outros.
Cada caso é único, e portanto, requer estudo específico e envolvimento de
especialistas. Além dessas variáveis que influenciam diretamente nas áreas de cobertura
disponíveis que poderão ser utilizadas para captação, pode acontecer que os índices
pluviométricos locais não supram a demanda necessária, como também pode não haver
demanda que justifique a previsão do sistema, ou ainda o investimento e custos
operacionais podem inviabilizar a implantação do sistema (CBIC, 2017). Dessa forma, a
ABNT (2019) recomenda que seja realizada uma análise de viabilidade técnica e
econômica do sistema a ser implantado.
Por meio dessa análise, é possível compreender e tomar soluções consistentes que
equilibram o consumo de insumos, de forma a racionalizar seu uso sem prejuízo ao
desempenho das atividades. O estudo de viabilidade fornece subsídios técnicos e
financeiros que permitem identificar, para cada solução avaliada, estimativa de consumo
dos insumos, investimento necessário, período de retorno e custos de operação (CBIC,
2017).
Com o intuito de se alcançar resultados teóricos para o trabalho em
desenvolvimento, foi adotado um cenário real de obra. Em 2014, foi desenvolvido um
Programa de Iniciação Científica a partir de uma parceria da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) com a RJZ Cyrela, com o seguinte tema “Racionalização do consumo
de água em canteiros de obra”. Ressalto a importância dos colegas de equipe para a
realização do estudo que fizemos na época. O empreendimento, objeto de estudo, foi
Ocean Pontal Residence, realizado no Recreio dos Bandeirantes nos anos de 2014 e 2015
pela empresa parceira RJZ Cyrela. Ele se localiza em um novo bairro, criado pelas
construtoras Even, Gafisa, Calper, Calçada e Cyrela, chamado de Pontal Oceânico, em
alusão ao Bairro do Jardim Oceânico, localizado no lado oposto da orla, no início da Barra
da Tijuca. A Figura 16 mostra uma vista aérea da localização dessa região.
57
Figura 16: Região em que empreendimento do estudo se localiza (www.webstand.com.br,
2019).
A área do terreno era de 22.296,95 m² com 645,04 m de perímetro, e o
empreendimento foi composto por 7 blocos com 9 pavimentos, incluindo o pavimento
térreo. A planta da área de vivência do canteiro de obra se encontra na Figura 17,
constituindo-se de dois barracões de obra, bem como centrais de produção e depósitos de
materiais.
Figura 17: Planta da área de vivência do canteiro de obra em estudo (Documento Interno RJZ
Cyrela, 2014).
É possível observar que a área de vivência era composta basicamente pelos
barracões de apoio à obra, centrais de produção e depósito de materiais. Os barracões
eram os locais em que mais havia consumo diário de água, sem levar em consideração as
atividades de produção de materiais. Eles dispunham de áreas destinadas à instalações de
58
banheiros e vestiários para os funcionários bem como banheiros para a parte de
escritórios. Havia também uma cozinha e um refeitório, além de uma enfermaria.
3.2 ANÁLISE DA DISPONIBILIDADE DE ÁGUA
Por ser localizado em uma região um pouco isolada, na época não havia rede de
abastecimento de água, e portanto a empresa optou pela aquisição de água via
fornecimento de caminhão-pipa. Também não foram utilizados poços de água subterrânea
para abastecimento.
3.3 GESTÃO SUSTENTÁVEL NO CANTEIRO DE OBRA
O presente trabalho possui um foco na conservação a nível de sistemas prediais,
mais especificamente na fase de construção de empreendimentos, nas instalações de
canteiros de obra. É importante destacar também que esta proposta trabalho é um estudo
a nível de concepção de projeto, primeira etapa da gestão apresentada na Figura 8 do Item
2.4, ou seja, nada foi aplicado na obra base de estudo.
3.4 PROPOSTA DE USO SUSTENTÁVEL NO CANTEIRO DE OBRA
O enorme consumo de água potável nos canteiros de obras aliado ao fato da
importância da água como um recurso natural implicam na necessidade de se buscar
formas para reduzir o seu consumo nos canteiros. Baseado nisso, foi elaborada o seguinte
fluxograma com um proposta de medidas mitigadores para o desenvolvimento do estudo
que se faz presente, esquematizada na Figura 18.
59
Figura 18: Fluxograma com medidas para a redução do consumo de água potável nos canteiros
de obras.
Portanto, o foco principal do trabalho foi direcionado para o racionamento do
consumo de água potável dentro dos canteiros de obra por meio de um sistema de
aproveitamento da água da chuva para uso com finalidades não potáveis, por ser um
sistema mais simples que o de reaproveitamento de águas servidas. Serão ainda propostas
práticas de gestão que visam a conservação e o controle do consumo exagerado de água
nos canteiros, que são a medição setorizada e a utilização de equipamentos
economizadores.
3.4.1 Análise de viabilidade de um sistema de aproveitamento de água da chuva
A NBR 15.527:2019, base para aplicação de um sistema de aproveitamento de
água da chuva, destaca que o estudo de concepção do sistema deve englobar as seguintes
variáveis: precipitação pluviométrica, área de captação, volume do reservatório, demanda
a ser atendida e percentual de atendimento estimado desta demanda.
60
3.4.1.1 dados pluviométricos da região
O histórico dos dados pluviométricos da região em estudo é uma informação
fundamental no estudo de viabilidade de um sistema de aproveitamento de água da chuva.
Ele é um dos fatores que pode determinar que um sistema de aproveitamento em
determinada região seja viável ou não. A NBR 15.527:2019 afirma que o estudo das séries
históricas e sintéticas das precipitações da região de aplicação do projeto de
aproveitamento da água de chuva deve estar inclusa na sua concepção. A norma ainda
descreve que a série histórica consiste em uma sequência de dados obtidos em intervalos
regulares de tempo durante um período específico, e as séries sintéticas são produzidas a
partir de um modelo baseado na série histórica.
Através desse histórico de dados é possível conhecer o perfil da chuva da região,
e assim se antecipar para se ter uma estimativa da quantidade de água de chuva esperada
em cada mês do ano. É claro que pode haver ocorrências de chuva que fogem desse
padrão, já que a chuva é um fenômeno meteorológico que ocorre a partir de processos
aleatórios, porém esses valores padrões se tornam referência base a ser adotado no estudo.
Os dados utilizados nesse trabalho foram obtidos a partir do Sistema Alerta Rio,
onde estão disponíveis os Relatórios Anuais de Chuva para a cidade do Rio de Janeiro
produzidos pela Fundação Geo-Rio, que apresentam os registros pluviométricos mensais
provenientes de 33 estações pluviométricas que integram o sistema, disponibilizadas na
Figura 19.
61
Figura 19: Estações pluviométricas do Rio de Janeiro (Adaptado de FUNDAÇÃO GEO-RIO,
2019).
A partir dos Relatórios Anuais de Chuva disponíveis, referentes aos anos de 2005
até 2017, foi possível fazer um resumo de chuva acumulada mensalmente em cada um
desses anos. A Tabela 6, mostra esse resumo, com valores registrados na estação
pluviométrica de número 30, localizada no bairro do Recreio dos Bandeirantes.
Tabela 6: Série histórica de precipitações da estação pluviométrica do Recreio dos Bandeirantes
(Adaptado de FUNDAÇÃO GEO-RIO, 2019).
62
Através desse histórico de chuvas registradas e acumuladas pelos meses durante
o determinado período, pôde-se obter médias mensais de chuva no bairro em questão,
representada na Figura 20. Elas serão utilizadas como parâmetro de entrada para o estudo
de viabilidade do sistema de aproveitamento de água da chuva, representando a
expectativa de chuva para cada mês do ano.
Figura 20: Média histórica de precipitações (em mm) da estação pluviométrica do Recreio dos
Bandeirantes.
3.4.1.2 área de captação
Considerou-se como área disponível para captação de água, as coberturas dos dois
barracões de obra, um composto basicamente de escritórios e refeitório, e o outro de
banheiros e vestiários para os trabalhadores. Além disso, foi considerado que os barracões
permaneceram inalterados durante o prazo da obra, ou seja, a área disponível para
captação teve o mesmo valor estipulado para o prazo de duração da obra.
O primeiro possui 24,00 metros de comprimento por uma largura média de 10,35
metros de cobertura, possuindo uma área útil de 248,40 m², e sua planta da sua cobertura
pode ser visualizada na Figura 21.
150,3
94,4
139,9128,1
91,7
79,6
67,0
38,9
69,780,2
121,2127,9
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
63
Figura 21: Planta de cobertura do barracão 1.
Já o segundo, tem dimensões de 28,20 metros por 9,90 metros de cobertura, com
área útil de 279,18 m², e sua planta de cobertura está representada na figura 22.
Figura 22: Planta de cobertura do barracão 2.
Dessa forma, a área total disponível para captação de água da chuva, considerando
as coberturas dos barracões, apresenta um total de 527,58 m². É importante considerar,
que na obra em questão, havia várias centrais de produção e depósitos de materiais,
consistindo de outras possíveis áreas de contribuição para abastecimento do sistema.
Entretanto, para o estudo que se faz presente, será considerado apenas as áreas de
cobertura dos barracões de obra.
64
3.4.1.3 volume do reservatório
A NBR 15.527:2019 menciona que o volume do reservatório deve ser
dimensionado levando-se em consideração a área de captação, regime pluviométrico e
demanda não potável a ser atendida. Para o cálculo do volume do reservatório, seguiu-se
as instruções estabelecidas pela NBR 15.527:2019, podendo ele ser estimado através da
seguinte equação:
𝑉𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝑃 × 𝐴 × 𝐶 × 𝜂 (1)
onde
𝑉𝑑𝑖𝑠𝑝 é o volume disponível anual, mensal ou diário de água da chuva, expresso em (L);
P é a precipitação média anual, mensal ou diária, expressa em milímetros (mm);
A é a área de coleta, expressa em metros quadrados (m²);
C é o coeficiente de escoamento superficial da cobertura (runoff);
𝜂 é a eficiência do sistema de captação.
A precipitação média e a área de coleta já foram definidas nos Itens 3.4.1.1 e
3.4.1.2, respectivamente. Em relação aos coeficientes de escoamento superficial da
cobertura, seus valores variam de acordo com o tipo de material componente da cobertura
e estes podem ser vistos na Tabela 7.
Tabela 7: Coeficiente de escoamento superficial da cobertura (Adaptado de TOMAZ, 2019).
Uma vez que as faixas de coeficientes são próximas, com o intuito de generalizar
o tipo de material da cobertura, adotou-se o valor de 0,90 para o coeficiente de runoff, já
que esse valor se enquadra em todos os tipos de cobertura apresentados na tabela anterior.
65
Por último, a eficiência do sistema de captação leva em conta o dispositivo de
descarte de sólidos e desvio de escoamento inicial, quando utilizado. Este dado pode ser
fornecido pelo fabricante ou estimado pelo projetista, e na falta de dados, a NBR 15.527
recomenda o fator de captação de 0,85, valor que será adotado para o trabalho.
Dessa forma, o volume do reservatório foi calculado fazendo-se o somatório da
fórmula para todos os meses, que seria igual a aplicar o valor de precipitação média anual,
e o resultado dessa operação para cada uma das áreas de coberturas dos barracões se
encontra na Tabela 8 e Tabela 9.
Tabela 8: Cálculo do volume do reservatório 1.
66
Tabela 9: Cálculo do volume do reservatório 2.
O volume total captado pode ser obtido pela soma dos volumes dos reservatórios.
A partir do resultado obtido, foram feitas algumas considerações antes de tomar uma
decisão quanto ao volume do reservatório a ser utilizado. Primeiro, foi possível se
observar a discrepância do maior e menor volume captado de água, 60.645 litros (Janeiro)
contra 15.716 litros (Agosto). A Figura 23 mostra essa considerável variação. Segundo,
que esses seriam os volumes necessários para o reservatório, caso só houvesse acumulo
de água durante o mês inteiro, sem utilização da água em nenhum momento. Entretanto,
na prática, sempre que houver água no reservatório, ela será priorizada para utilização em
descargas de bacias sanitários, ou outros usos não potáveis. Portanto, como esse sistema
teria um fluxo diário de uso da água, dificilmente o sistema acumularia a água da chuva
de um mês inteiro, sem nenhuma utilização durante esse tempo, concluindo assim, que
esses volumes podem ser considerados superdimensionados para o caso real.
67
Figura 23: Variação mensal do volume total de água da chuva captada pelos dois reservatórios.
Portanto, tomou-se a decisão de se basear nos volumes médios anuais somados
que representam o valor de 39.984 litros. Sendo assim, optou-se por adotar duas unidades
de reservatório tanque de capacidade de 20.000 litros da Fortlev, para atendimento aos
dois barracões de obra, ilustrado na Figura 24, com suas dimensões exatas especificadas
na Figura 25.
Figura 24: Figura ilustrativa do reservatório escolhido (www.fortlev.com.br, 2019).
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
Volume Captado
Volume Médio
68
Figura 25: Figura ilustrativa com dimensões reais em metros do reservatório escolhido
(www.fortlev.com.br, 2019).
Uma vez que existem dois barracões de obras e como optou-se por utilizar também
dois reservatórios, cada reservatório poderia ser responsável por armazenar a água da
chuva captada por cada um dos barracões, ainda que o sistema seja único e interligado.
3.4.1.4 estimativa de demanda a ser atendida
A partir dos diários de obra disponibilizados pela empresa, pôde-se fazer um
levantamento do quantitativo de trabalhadores, bem como do quantitativo de volume de
água que entrou na obra. Os dados disponíveis são correspondentes ao universo de seis
meses de obra, e assim, foi feito um estudo de previsão de demanda de água para
utilização em bacias sanitárias para o período disponibilizado, compreendendo os meses
de fevereiro a julho. Vale ressaltar que a obra em questão foi abastecida por fornecimento
de água potável via caminhão-pipa, uma vez que não havia rede de abastecimento público
de água no local na época, e sem haver separação da aquisição para uso com fins potável
e não potáveis.
Em relação ao consumo da descarga de bacias sanitárias, foi feita uma pesquisa
nos fornecedores Celite e Deca, e obtida a informação que as bacia convencionais,
produzida por eles, possuem uma capacidade de consumo nominal de 6 litros de água por
fluxo, por mais que as mesmas sejam preparadas para a função de descarga dupla: uma
para resíduos sólidos utilizando 6 litros e outra para resíduos líquidos com o uso de 3
69
litros. As bacias com caixa acoplada funcionam com essa mesma tecnologia de duplo
acionamento de 3/6 litros de água.
Para evitar a combinação do uso de mictórios e bacias sanitárias no cálculo de
demanda de água para as descargas, foi levado em conta somente a utilização de bacias
sanitárias, por possuírem um consumo de água maior que mictórios. Dessa forma foi
considerado uma margem para o consumo das descargas das bacias sanitárias, utilizando
o valor de 6,5 litros de água por uso. Também foi adotada uma média de 3 utilizações
diárias por trabalhador, e o resumo desse cálculo se encontra na Tabela 10.
Tabela 10: Cálculo de demanda por água nas descargas de bacias sanitárias.
Paralelamente, obteve-se o quantitativo de volume de água potável adquirido para
usos gerais nos canteiro de obra. A Tabela 11 apresenta um comparativo dos volumes de
água demandado para descarga de bacias sanitárias, o volume potencial a ser captado pelo
sistema de aproveitamento de água da chuva e o volume de água potável que foi adquirido
pela obra.
Tabela 11: Comparação do volume captado, o demandado para as descargas e o volume de água
potável adquirido pela obra.
Portanto, foi possível concluir a partir da análise dos dados referentes ao período
disponibilizado, que a água coletada pelo sistema, seria capaz de ser utilizada em sua
70
totalidade para abastecer o sistema de descargas das bacias sanitárias e mictórios dos
banheiros do barracão de obra. Vale destacar ainda, que a água da chuva por si só não
seria suficiente para abastecimento do sistema por completo, exigindo que ele fosse
também abastecido por tubulação de água potável para suprir toda a demanda exigida
pelo consumo do sistema de descargas.
Entretanto, no caso de meses em que as descargas fossem capaz de ser abastecidas
somente pela água da chuva, e ainda haver a disponibilidade dessa água, ela poderia ser
utilizada para outros fins não potáveis. Exemplo alternativos seriam um sistema de
lavagem de rodas dos caminhões, lavagem de bicas de caminhões betoneiras e aspersão
de água para estabilização de solos expostos nas rotas de circulação de caminhões dentro
do canteiro, evitando que o ambiente externo à obra seja afetado e os moradores do
entorno da obra incomodados pela sujeira produzida no canteiro de obra.
Nota-se também que os volumes de água potável adquirido pela obra são
relativamente superiores aos volumes utilizados nas descargas das cabias, o que faz
sentido, uma vez que a água que foi utilizada nas instalações sanitárias era parte dessa
água fornecida pelos caminhões na obra.
3.4.1.5 previsão orçamentária do sistema
Foram levantados custos somente dos principais componentes do sistema de
aproveitamento de água da chuva, por representarem um maior peso orçamentário, que
são o reservatório, a bomba e a tubulação.
Em relação ao reservatório, foi feita uma pesquisa de mercado dos custos de
reservatórios tanque de 20.000 litros da Fortlev, e o resumo dos custos encontrados está
apresentado na Tabela 12. Cabe notar, que o valor da loja localizada em São Paulo inclui
um custo de frete calculado para um CEP no Recreio dos Bandeirantes.
71
Tabela 12: Custo dos reservatórios.
Em relação à bomba, foi feito um levantamento de custos de bombas periféricas
com 1CV de potência. Foram pesquisadas quatro marcas diferentes: Dancor, Ferrari,
Vonder e Eletroplas. Igualmente ao caso do reservatório, para lojas localizadas em São
Paulo está incluso um custo de frete calculado para o mesmo CEP no Recreio dos
Bandeirantes. A relação de custos encontrados está apresentada na Tabela 13.
Tabela 13: Custo dos bombas.
Para o cálculo com a tubulação, foi levantado um comprimento total de tubos
utilizado para a montagem do sistema. Foi considerado todo o comprimento de tubo PVC
de 20mm de diâmetro. Além disso, foi estimado um coeficiente de 25% que será aplicado
72
em cima do custo total com tubulação para se considerar as conexões e outros
componentes do sistema. Os valores encontrados para varas de 6 metros de tubulação
PVC são apresentados na Tabela 14.
Tabela 14: Custo da vara de 6 metros de tubo.
Como optou-se por adotar 2 reservatórios para o estudo em questão foi adotado
também o uso de 2 bombas. Pelo levantamento feito através da planta baixa dos barracões,
chegou-se no valor de 270 metros de tubulação, o que representaria 45 varas de 6 metros
de tubo mais ou 25% acrescido sobre esse valor. Dessa forma, os custos referentes à esses
equipamentos, bem como a previsão orçamentária necessária para investimento do
sistema de aproveitamento de água da chuva está resumido na Tabela 15.
Tabela 15: Previsão orçamentária do sistema.
É importante levar em consideração esse custo com esses equipamentos é apenas
um investimento feito na primeira aplicação do sistema de aproveitamento em alguma
obra. Em futuras obras, eles poderão ser reutilizados, e dessa forma, não haverá novos
custos representativos, somente economia nas contas de água das obras alcançadas
através do sistema.
3.4.1.6 pay-back do sistema
A fim de se alcançar um resultado que mais se aproxime da realidade, optou-se
por considerar um prazo de 24 meses para utilização do sistema, que é o tempo médio de
73
duração de uma obra de edificação residencial, e que coincidiu com o prazo da obra do
estudo em questão.
Para se obter um valor representativo que traduzisse a economia obtida nas contas
de água produzida pelo sistema, foi estabelecido o tipo de tarifa a ser aplicada pela
CEDAE, além de uma pesquisa de mercado para se obter um custo unitário do metro
cúbico de água oferecido pelas empresas de fornecimento de água por meio de caminhão
pipa para o bairro em questão.
O bairro do Recreio dos Bandeirantes está localizado na área de abrangência
referida à tarifa A, e pelo consumo de água em que se espera de uma construção foram
adotadas as tarifas 2 e 3. Em relação à categoria dos imóveis, o fornecimento de água para
obra se enquadra no tipo industrial. Dessa forma, como é possível observar na Tabela 5
do Capítulo 2.3.1, os valores da tarifa da CEDAE correspondente ao estudo de caso são
apresentados abaixo na Tabela 16:
Tabela 16: Tabela de tarifa CEDAE para a categoria do imóvel.
Vale lembrar que o cálculo é feito da seguinte forma: caso o consumo seja um
valor inferior à 20 m³, paga-se a tarifa mínima adotada pela CEDAE, considerando
portanto um consumo de 20 m³; caso o consumo esteja entre 20 e 30 m³, paga-se os
primeiros 20 m³ com a tarifa de R$ 22,59 e o remanescente com a tarifa de R$ 23,72; e
caso o valor seja superior à 30 m³, paga-se os primeiros 20 m³ com a tarifa de R$ 22,59,
os outros 10 m³ com a tarifa de R$ 23,72 e o remanescente com a tarifa de R$ 27,76. Os
valores da tabela foram produzidos considerando o consumo de 20, 30 e 50 m³ para cada
uma das linhas.
Uma vez que observada a Tabela 11, que apresenta o valor de aquisição de água
via caminhão pipa pela obra, todos os valores dos meses disponíveis superaram 30 m³ de
água. Dessa forma, concluiu-se que os volumes de água mensais, costumam ficar na
74
terceira faixa da Tabela apresentada anteriormente, e assim o valor do metro cúbico de
água que seria economizado deve ser considerado na tarifa de R$ 27,76.
Já o custo representativo ao fornecimento de água via caminhão-pipa, foi
calculado a partir de um preço médio oferecido no mercado. Foram obtidos custos reais
de caminhão pipa com capacidade de 10 m³ e 20 m³ para o bairro do Recreio dos
Bandeirantes oferecidos por quinze empresas, e seu valor médio foi calculado
desconsiderando-se o menor e o maior valor oferecido. O resumo com os preços e as
respectivas empresas, e o resultado médio obtido estão representados nas Tabelas 17 e
18.
Tabela 17: Pesquisa de mercado do preço da água potável e fornecimento via caminhão pipa.
Tabela 18: Custo médio do metro cúbico de água potável.
O cálculo foi feito considerando um valor unitário de R$ 33,08 por metro cúbico
de água, por ter-se notado que nos diários de obra eram comprados 15.000 ou 20.000
litros de água potável por caminhão.
75
A partir desses dados, foi possível fazer um comparativo com valores
representativos da economia que se alcançaria em caso de obra abastecida pela rede
pública de água e também em caso de obra que utiliza fornecimento de água via caminhão
pipa. Portanto, como inicialmente foi estipulado que o prazo de utilização do sistema seria
de 24 meses, basta que o valor total de economia para o prazo de um ano seja multiplicado
por 2, para se configure no prazo adotado. A Tabela 19 traz o resumo final desses valores.
Tabela 19: Potencial de retorno em contas de água através do sistema.
Comparando-se esses valores retornados com o valor do investimento inicial
estimado para o sistema de R$ 23.588,09, pôde-se concluir que o valor investido seria
retornado no final do segundo ano da primeira aplicação do sistema de aproveitamento
de água da chuva. Com a reutilizações dos materiais nos próximos canteiros de obra, os
lucros serão representativos, uma vez que não seriam mais exigidas despesas relevantes
como a de investimento inicial.
3.5 SUGESTÕES DE PRÁTICAS DE USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA
3.5.1 Medição setorizada
O trabalho de Tamaki (2003) apresenta uma escala de setorização da medição do
consumo de água para condomínios, indústrias ou empresas, por exemplo, já
76
disponibilizada no Item 2.5.2. A partir dessa ideia foi pensado e adaptado uma escala
geral compatível para canteiros de obra, apresentada na Figura 26.
Figura 26: Níveis de medição setorizada em um canteiro de obra.
Vale ressaltar que cabe a empresa planejar o grau de investimento na prática de
medição setorizada, definindo o nível de detalhamento dos dados de consumo de água
que se deseja alcançar a partir da instalação de hidrômetros.
Dessa forma, é importante que haja um planejamento eficiente da implantação do
canteiro de obras em busca da otimização do consumo de água. Golçalves et al. (2005)
afirmam que é fundamental que se faça um estudo do abastecimento de água e da
condição de captação de esgoto no local onde acontecerá a obra, antes da implantação do
canteiro. No caso de haver redes no local, devem ser providenciados os pedidos de ligação
oficiais na concessionária, a fim de ser evitadas improvisações. Caso contrário, deve-se
fazer um estudo e propor alternativas para o fornecimento de água.
Recomenda-se que haja pelo menos um projeto básico para os sistemas
hidráulicos prediais e dos sistemas especiais do canteiro de obras, e que ele seja concebido
dentro de premissas específicas. É de extrema importância a consideração da
implementação do sistema de monitoramento do consumo na fase de concepção do
projeto hidráulico do canteiro de obra, para que ele seja dimensionado de forma correta,
considerando a perda de carga introduzida pelos hidrômetros, que não é desprezível, de
modo que não comprometa o desempenho do sistema (GONÇALVES et al., 2005).
77
Quanto mais detalhado o sistema de medição estabelecido, melhor a qualidade dos
dados obtidos. O sistema a ser implantado pode ser composto por medidores mecânicos
ou eletrônicos. Enquanto a leitura deva ser efetuada visualmente nos medidores
mecânicos, com o sistema de monitoramento eletrônico, as informações são obtidas em
tempo real, eliminando a necessidade da leitura em campo e agilizando a implementação
das intervenções necessárias (GONÇALVES et al., 2005). Os investimentos necessários
para a setorização englobam os custos resultante da compra dos hidrômetros, e se for o
caso, de algum programa específico para gerenciamento dos dados, decodificadores e
dispositivos de proteção dos pontos.
A partir da planta do canteiro de obra em que o estudo trabalha, foi elaborado um
esboço de medição setorizada do consumo dos equipamentos dos dois barracões de obra
da área de vivência. Nesse esboço, tentou-se posicionar os hidrômetros estrategicamente
com o objetivo de monitorar o consumo por setores que alimentassem equipamentos do
mesmo tipo, porém tentando considerar o menor número de hidrômetros possível para
evitar custos exagerados. Por esse motivo, houve hidrômetros que consideram mais de
um tipo de equipamento.
O primeiro barracão atende as instalações de escritórios, refeitório e almoxarifado
basicamente. No pavimento térreo se localizam sala do mestre, enfermaria, refeitório,
cozinha e almoxarifado, e no segundo pavimento os escritórios, salas e banheiros. As
Figura 27 e 28 apresentam as plantas baixas do pavimento térreo e do segundo pavimento,
respectivamente, enquanto o Quadro 8 traz um resumo dos equipamentos medidos por
cada hidrômetro.
78
Figura 27: Esboço da medição setorizada do pavimento térreo do primeiro barracão (Adaptado
de Documento Interno RJZ Cyrela, 2019).
Figura 28: Esboço da medição setorizada do pavimento superior do primeiro barracão
(Adaptado de Documento Interno RJZ Cyrela, 2019).
Quadro 8: Equipamentos monitorados por cada hidrômetro do primeiro barracão.
HIDRÔMETRO EQUIPAMENTOS
H1 Hidrômetro de Entrada (Todos)
H2
1 Chuveiro
1 Vaso Sanitário
1 Lavatório (1 Torneira)
H3 2 Lavatórios (6 Torneiras)
79
H4
1 Chuveiro
1 Vaso Sanitário
1 Lavatório (1 Torneira)
H5 2 Lavatórios (2 Torneiras)
H6 1 Vaso Sanitário
1 Lavatório (1 Torneira)
H7 2 Vasos Sanitários
2 Lavatórios (2 Torneiras)
H8 2 Mictórios
3 Lavatórios (3 Torneiras)
H9 4 Vasos Sanitários
Já o segundo barracão atende as instalações de vestiários feminino e masculino
para os funcionários da obra. No pavimento térreo se localizam os banheiros, e no
segundo pavimento os vestiários. A Figura 29 apresenta a planta baixa do pavimento
térreo onde há equipamentos consumidores de água, enquanto o Quadro 9 traz um resumo
dos equipamentos medidos por cada hidrômetro.
Figura 29: Esboço da medição setorizada do pavimento térreo do segundo barracão (Adaptado
de Documento Interno RJZ Cyrela, 2019).
Quadro 9: Equipamentos monitorados por cada hidrômetro do segundo barracão.
HIDRÔMETRO EQUIPAMENTOS
H1 Hidrômetro de Entrada (Todos)
H2 10 Vasos sanitários
H3 3 Mictórios
H4 3 Lavatórios
H5 40 Chuveiros
80
H6 3 Mictórios
H7 4 Lavatórios (12 Torneiras)
H8 12 Vasos Sanitários
H9 4 Chuveiros
3.5.2 Equipamentos economizadores
Antes da implementação dessa ação, recomenda-se uma avaliação técnico-
econômica das atividades referentes aos componentes a serem especificados conforme
projeto do canteiro de obra, considerando seus respectivos custos e inclusive de mão-de-
obra, bem como atos de vandalismo, por exemplo.
Segundo Gonçalves et al. (2005), a substituição de equipamentos convencionais
por equipamentos economizadores tem como objetivo a redução do consumo de água
independentemente da ação e comportamento do usuário.
Por mais que essa substituição por si só já represente uma economia do consumo
de água, uma vez que utilizam menores volumes, não pode deixar de existir uma
preocupação do usuário quanto ao uso conveniente desses equipamentos para que a
ferramenta como um todo produza resultados positivos.
Um fato, que merece destaque, e que foi apresentado pela empresa construtora do
empreendimento consiste no elevado número de atos de vandalismo nos canteiros de
obra, sejam casos de furtos ou danificação de metais hidráulicos, acarretando muitas
vezes em desperdícios de grandes volumes de água, além de custos adicionais para
manutenção das instalações.
Isso mostra a importância da empresa conscientizar os trabalhadores, principais
consumidores diretos e indiretos desse recurso, em relação ao combate ao desperdício de
água. Portanto, palestras e programas de conscientização e capacitação são fundamentais
para alcançar esse objetivo. Somente mostrando a eles a importância cada vez maior da
água como recurso natural, e portanto, a necessidade de economia no seu uso através do
consumo racional, é que eles podem entender e se sensibilizar com o atual panorama em
que vivemos.
Gonçalves et al. (2005) recomenda que podem ainda ser implantados canais de
comunicação dos funcionários com os responsáveis pelo gerenciamento da obra, de
81
maneira que permita que possíveis desperdícios sejam notificados para possíveis
correções. Outra proposta poderia ser pensada de forma que, obtendo-se resultados
efetivos dessa racionalização, os operários recebessem algum benefício em retorno,
estimulando assim que o engajamento destes fosse alcançado. Através da divulgação do
consumo mensal de água, se eles batessem as metas estipuladas pela equipe de
gerenciamento, eles poderiam receber alguma bonificação por méritos de desempenho e
consciência.
O Quadro 10 apresenta tecnologias economizadoras de água e que podem ser
utilizadas como apoio nessa etapa de canteiro de obra, em substituição aos equipamentos
convencionais tradicionalmente utilizados.
Quadro 10: Equipamentos economizadores (Adaptado de GONÇALVES et al., 2019).
EQUIPAMENTO TIPO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
TORNEIRAS
Hidromecânica
O controle da vazão é obtido pela regulagem
de um registro regulador de vazão, ou seja, os
usuários não interferem na vazão, que é
convenientemente regulada em função da
pressão existente no ponto.
Sensor
O comando e ciclo de funcionamento destes
equipamentos se dá pela ação de um sensor de
presença. O sensor capta a presença das mãos
do usuário, quando este as aproxima da
torneira, liberando assim o fluxo de água. É
uma solução adequada quanto à questão do
vandalismo.
Registro
regulador de
vazão para
lavatórios
Os registros reguladores de vazão para
lavatórios podem ser aplicados tanto para
torneiras como para misturadores. Esses
registros possibilitam reduções muito
significativas quando regulados
adequadamente e instalados com as torneiras
de fechamento automático de funcionamento
hidromecânico.
AREJADORES Arejadores
Dispositivo regulador e abrandador do fluxo
de saída de água usualmente montado na
extremidade de torneira e bicas em geral,
destinado a promover o direcionamento do
fluxo de água, evitando dispersões laterais e
amortecendo o impacto do jato de água contra
as partes que estão sendo lavadas.
82
DISPOSITIVOS
DE DESCARGA
PARA
MICTÓRIOS
CONVENCIONAIS
Válvula de
acionamento
hidromecânico
Esta válvula é caracterizada por um corpo
metálico externo que controla e conduz a água
até o mictório. Para o acionamento da
descarga, o usuário deve pressionar o
acionador da válvula liberando o fluxo de água
para a bacia do mictório.
Válvula de
acionamento por
sensor de
presença
Neste tipo de equipamento, quando o usuário
se aproxima e se posiciona de frente ao
mictório, o sensor que emite continuamente
um sinal imperceptível ao usuário,
infravermelho ou ultra-som, detecta a sua
presença e quando se afasta, o fluxo de água é
liberado.
BACIAS
SANITÁRIAS
Válvula de
descarga de
duplo
acionamento
A válvula de descarga, contém dois botões: um
deles, quando acionado, resulta em uma
descarga completa para o arraste de efluente
com sólidos; o outro botão resulta em uma
meia descarga, geralmente de 3 litros, para
limpeza apenas de efluente líquido na bacia
sanitária.
CHUVEIROS
Registro
regulador de
vazão para
chuveiros
Há uma grande variedade de tipos e modelos
de chuveiros no mercado, com as mais
diversas
vazões. Tais dispositivos, que podem ser
aplicados em chuveiros, possibilitam a
regulagem da vazão a
níveis de conforto e economia conforme o tipo
de chuveiro empregado, a pressão existente
no ponto e hábitos de usuários.
Válvula de
fechamento
automático
para chuveiros
A instalação de válvulas de fechamento
automático para chuveiros funciona nos
mesmos moldes, por exemplo, das torneiras
hidromecânicas, porém com ciclo de
funcionamento em torno de 35 segundos.
REDUTORES DE
PRESSÃO
Caso uma determinada área da edificação
apresente uma pressão elevada, pode ser mais
conveniente a instalação de uma válvula
redutora de pressão na tubulação de entrada de
água da área. Estes dispositivos mantêm a
vazão constante em uma faixa de pressão, em
geral, de 100 a 400 kPa (10 a 40 mca).
83
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto no início do trabalho, a maior parte da água considerada própria para
consumo se encontra indisponível, presa em calotas polares. A crescente demanda por
recurso hídrico no Brasil, diretamente promovida pelo aumento populacional,
desenvolvimento econômico e processo de urbanização do país, e não uso de práticas
sustentáveis pode contribuir para o seu processo de esgotamento. Apesar da grande
disponibilidade de recursos hídricos em algumas regiões do Brasil, algumas cidades
brasileiras já apresentam quadros de crise hídrica.
Nesse contexto, o setor da Construção Civil é responsável por exercer uma grande
pressão nos recursos naturais e tem uma importante participação nos impactos gerados ao
meio ambiente, em todas as etapas do processo de construção, destacando-se o elevado
consumo de água potável. Dessa forma, a construção sustentável surge como um dos
princípios do desenvolvimento sustentável, de forma que se busque a incorporação de
tecnologias e práticas inovadoras que buscam melhorias na eficiência do uso da água,
atendendo tanto às necessidades do usuário quanto do meio ambiente.
Como visto em algumas citações, a sustentabilidade na Construção civil tem se
tornado algo mais usual e continuamente vem sendo mais praticada no setor. Assim,
certificações ambientais surgem como uma boa alternativa para tornar as construções
mais sustentáveis, trazendo benefícios não apenas ambientais, mas econômicos e sociais.
As empresas ganham credibilidade no mercado e com diminuição dos custos
operacionais, a saúde dos ocupantes é melhorada e os recursos naturais são usados
racionalmente. Tudo isso ilustra diversas vantagens resultantes dos selos de certificações.
O sistema de aproveitamento de água de chuva aparece como uma das possíveis
alternativas para a economia de água potável, além de poder contribuir para a prevenção
de enchentes nos grandes centros urbanos. Essa água pode ser utilizada para usos não
potáveis nos canteiros de obras, como nas descargas de vasos sanitários, lavagem de rodas
e bicas de caminhões, aspersão de água para controle de poeira no canteiro e lavagem de
pisos. Além disso, pode-se citar outras importantes medidas de gestão eficiente do uso da
água nos canteiros, como por exemplo, a setorização da medição de água no canteiro e a
preferência por equipamentos economizadores aos convencionais.
84
A Norma técnica de referência para o aproveitamento de água de chuva é a NBR
15.527 que acabou de ganhar uma nova versão no ano de 2019. A mesma fornece
importantes informações como os requisitos para a instalação do sistema de
aproveitamento de água da chuva, parâmetros de qualidade da água e instruções para a
manutenção do sistema.
Este foi um estudo acadêmico que analisou dados gerais para a viabilidade de um
sistema de aproveitamento de água da chuva no canteiro de obra objeto de estudo, situado
no bairro do Recreio dos Bandeirantes. Foram levados em consideração a sua demanda
de água para descarga de bacias sanitárias, bem como os índices pluviométricos da região
de implantação e área de captação disponível. Em relação ao custo, foi estimado um valor
de investimento inicial baseado nos principais componentes do sistema. Foi calculada
também a potencial economia nos custos de água gerada pelo sistema e o tempo de retorno
do investimento.
Através dos resultados obtidos pelo estudo, puderam ser feitas algumas
conclusões. Esta seria uma obra em que o sistema teria sua viabilidade. Além de possuir
demanda considerável para as descargas das bacias, esse volume poderia ter sido
parcialmente abastecido pela água da chuva, gerando economia de água e custos com o
seu serviço. O potencial de economia com os custos de água que se poderia alcançar
supera o custo estimado para aplicação do sistema. Esse valor seria retornado em forma
de economia nas contas de água, e pagaria no quarto semestre de obra o investimento
inicial com a implantação do sistema de aproveitamento de água da chuva. Vale ressaltar
ainda, que os equipamentos do sistema poderão ser utilizados novamente em futuras
obras, o que reduziria o investimento necessário nas seguintes obras, e os retornos
alcançados pelo sistema seriam mais significantes.
Outro ponto que merece destaque é quanto à capacitação e conscientização dos
usuários. Eles serão os principais consumidores de água no canteiro de obra, e portanto
são peças fundamentais no sistema de gestão eficiente. Somente através de palestras e
programas de conscientização quanto ao atual panorama do recurso hídrico, é que se pode
alcançar resultados positivos prevenindo ainda atos de vandalismo e desperdício de água.
O cumprimento de todas as etapas de uma gestão eficiente de água no canteiro,
apresentadas na Figura 8 do Item 2.4, produz resultados ajustados à realidade que
expressam fielmente a eficiência da gestão como um todo. Dessa forma, fica como
85
sugestão para trabalhos futuros, um acompanhamento e obtenção de dados em uma
aplicação real do sistema de gestão hídrica no canteiro, desde a sua fase de concepção até
sua aplicação de fato e capacitação dos usuários.
Além do sistema de gestão como um todo, a aplicação e acompanhamento de um
sistema de aproveitamento de água da chuva em uma obra real, se mostra importante para
que se comprove de forma mais nítida a viabilidade do sistema. Com dados mais precisos,
é possível se obter o custo real de investimento inicial, como também a elaboração de
relatórios mensais da economia de água obtida pela utilização do sistema e suas
equivalentes economias financeiras, e ao final da obra, um resumo geral do desempenho
do sistema. Se possível, também é indicada a realização de testes em amostras da água
coletada para verificação se os parâmetros das águas captadas atendem aos especificados
na NBR 15.527, garantindo assim a sua qualidade ou a necessidade de tratamento da
mesma.
86
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