anjo da paz do amor 15

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Caros leitores, todos viemos a Terra para provar algo a nós mesmos. Cada vinda é uma prova de fé, de amor e de compaixão de Deus; Ele usa-nos e mostra o valor da nossa vinda antes de cada reencarnação. Assim, faz-nos sentir dor, fome e sede. Depois da morte, temos de lutar para sobreviver na sinceridade da alma, no espírito e na pureza do coração de cada homem da Terra e do plano espiritual. Não vivemos só uma vida, mas milhares delas, entre os dois mundos, quando dormimos ou estando acordados.

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São Paulo – 2015

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa AF Capas

Diagramação Camila C. Morais

Revisão Vanise Macedo

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________R544av. 1

Roballo, Dilma da Cruz Freitas Anjo da paz do amor: o outro lado da vida/Dilma da Cruz Freitas Roballo. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0168-4

1. Romance brasileiro. I. Título.

15-19434 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________22/01/2015 22/01/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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Falando sobre mim

Desde criança, minha vida foi complicada, pois via “coisas” diferentes. Ia ao cemitério à noite e, durante o dia, conversava com uma menina que já havia partido deste mundo, há anos. Eu tinha cinco anos.

Eu e meu irmão mais velho, Eloi, gostávamos de ir a um armazém, pois, para chegar lá, propositalmente, cor-távamos caminho pelo cemitério “Jardim da Paz”. Aliás, morávamos ao lado, no centro. Um dia, eu e Eloi pas-sávamos pelo portão do cemitério quando uma menina muito bonita me chamou:

— Dilma!— O que, guri? — e dei um tapa no braço do Eloi.— Está louca? Pare! Deixe de me assustar! — disse

meu irmão.

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— Mas não estou falando nada. — então, olhei pros lados e avistei uma bela menina sorrindo para mim; cha-mava-me com as mãos.

— Venha aqui, Dilma. Vamos brincar um pouco.— Olhe, mano! Ali está... aquela menina... Olha! A garota estava no portão do cemitério; havia uma

entrada que, hoje em dia, não existe mais. — Vi não... Você está vendo assombração?! Pergun-

ta o nome dela pra gente saber...Segui a sugestão, e ela respondeu:— Meu nome é Raquele. E o seu é Dilma; este é seu

irmão Eloi, não é?— Como sabe?! — de repente, Eloi me pegou pelo

cabelo e puxou, levando-me pra casa.Chegando, falou pro nosso pai:— Olha, pai! A Dilma está louca! Ela falou com gente

morta, no portão do cemitério. E não é de agora que ela vem com essa de que uma menina fica chamando pra brincar!

— Eu não estou louca, pai! Eu falo com uma meni-na. O Eloi fala que não vê nada, mas ela fica bem à frente. Ela sabe até o nome dele, não é mesmo?

— Ela é mentirosa, pai! Eu não vi ninguém! — Tem, sim, pai! Uma menina e um senhor todo de

capa preta e com um chapéu grande. Não vejo o rosto, mas ele sempre está cuidando da gente. Todas as noites, eu brinco com ela quando todos vão dormir. Eu saio da-qui e entro no cemitério. Eles são de verdade, pai, e nun-ca me fizeram mal.

— Sim, filha. Conte pra mim o que eles querem com você. — pediu o pai.

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— Pai, a menina me leva pra ver os mortos; daí, falo com todos, junto a ela. Brincamos com outras meninas que estão ali, já à nossa espera. E vemos muitas crianças queimadas. Estão todas no hospital. Eu brinco com elas, limpo suas feridas, faço curativos... E rezamos pra fica-rem boas. Só isso.

De repente, entrou minha mãe na sala, chamando-me de mentirosa. Bateu em minha boca e disse que eu parecia meu avô, seu pai, que dava conversa a mentirosos.

— Mas é verdade! Meu pai me colocou pra dormir e rezou comigo.

Embora não seguisse religião alguma, depois daquele dia, começou a frequentar uma igreja com um vizinho. E co-nheceu várias religiões, sempre me levando. Lembro que íamos todos. Eu chorava muito à noite, porque sonhava com gente morta. Às vezes, acordava bem mal, por causa de tudo que via no outro lado...

Ainda lembro que ia dormir e, com o passar das horas, quando percebi, eu já estava no cemitério, vendo as pessoas que tinham partido há pouco tempo da Ter-ra. Uma vez, aconteceu com uma prima. Nunca esqueci aquele sonho... Vi sua família sofrendo, pois era bastante amada. Que dor! Acordei chorando! Procurei meu pai, pois me sentia segura com ele, que sempre cuidava de mim. De verdade, era mimada por ele e, por isso, conta-va-lhe meus sonhos.

Certa vez, porém uma voz me alertou sobre meu hábito: — Fica na sua. Não conte a ele tudo.Dali em diante, comecei a ser testada por espíritos

da escuridão, mais ainda quando levei uma senhora bem

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velha pra morar em casa. Na verdade, ela já vivia ali há muito tempo! Chamava-se Gringa e estava morta, po-rém, desejava ficar ali comigo. Nós duas saíamos para passear pelos campos, todas as noites, quando eu dormia no meu desdobramento.

Onde morávamos havia pouca casa. Um dia, lem-bro bem que saímos por caminhos no mato e encon-tramos um senhor. Ele logo se dirigiu a mim embora Gringa lhe adiantasse:

— Esta é minha amiga Dilma.Ele saiu duma cabana feita de galhos de cipó. O se-

nhor queria que lhe desse minha mão para entrar em sua casinha. Então, naquele momento, surgiu outro homem, mas de branco, e me tirou dali, rapidamente, perguntando:

— Por que veio até aqui com esta velha? Ela é uma bruxa e quer prendê-la na gaiola, de novo. Nunca mais venha pra cá! Acorde!

— Já acordei. — chorando, chamei meu pai e narrei o sonho.

— Fique calma, minha filha. Vamos rezar. Dormi bem por uns dias, porque meu pai rezava todas

as noites, antes de eu dormir; assim, os espíritos inferiores não conseguiam me perturbar. Contudo, eles usaram uma senhora, com o mesmo nome da morta que falava comigo, durante o sono. De verdade, ela tudo trazia intrigas e desu-nião à minha família, dizendo-se amiga dos meus pais, pe-dindo ajuda pra permanecer por ali por uns dias, até seus filhos construírem sua casa, próxima da dos meus pais.

Minha mãe iria ter um bebê, e a velha fez de tudo para que o perdesse. Mamãe sempre ia apanhar lenha no

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mato, e eu adorava acompanhá-la junto a outras vizinhas. Pelo caminho, comíamos frutas; dali, passávamos pelo mesmo lugar ao qual visitava nos sonhos. Mamãe sempre cuidava de mim.

Havia uma amiga negra que ia conosco; e eu a cha-mava de vizinha. Era a D. Coca. De verdade, era a Grin-ga, a morta Por várias vezes, fui ao mato, nada me acon-tecia de mal, pois me criara ali. Mas poderia ocorrer a quem me acompanhasse... Assim, mamãe veio a perder o bebê; ela escorregou e caiu. Ficou bem de início; porém, dali a uns dias, foi ao médico, e o bebê havia já estava morto. Eu me senti tão mal! Os espíritos inferiores fala-vam comigo e, por isso, ameaçavam que, se não entrasse naquela cabana, eles levariam todos de minha casa pra longe. E já estavam começando...

Minha mãe adoeceu bastante, e eu fiquei ao seu lado, com medo de ficar sem ela. Contei a meu pai o que vi, quem a derrubara, o homem que queria nos pegar... Daí, ele partiu conosco e levou um facão. Encontramos várias pessoas colhendo lenha, mas nada do tal homem, porque, na verdade, estava morto!

Depois, de noite, aquele espírito veio me buscar; en-tão, comecei a gritar e a chorar. Meu pai estava ali, rezando comigo. E, novamente, revelei o sonho. Havia tanta gente morta por ali que não suportava morar naquele lugar. Os espíritos insistiam em ter a região de volta, pois ali mesmo, há tempos, mantinham um cemitério. Diretamente, man-davam que saíssemos. Nossa, minha família sofreu demais!

Com o passar do tempo, aconteceram brigas com os vizinhos por fofocas da Gringa, que ainda residia conosco.

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A velha queria só comer e dormir. Meus pais, quase sempre trabalhando, não paravam em casa. Os vizinhos construíam uma residência por ali; quando meus pais saíam, vinham os parentes da Gringa comer nossa comida, e nós passávamos fome. Contei tudo a meu pai Ela fazia comida, mas eu e meus irmãos confirmamos que não tínhamos comido. Ne-nhum de nós mesmo, nem eu, Darlan (o caçula) e Eloi.

Um dia, Papai chegou a nossa casa ao meio-dia dis-posto a verificar a verdade. E, mal chegou, encontrou todos os parentes da velha Gringa em refeição. Naquele momento, perguntou:

— Cadê as meninas, sua velha desgraçada? Cadê meus filhos?!

— Seu Ernesto, já dei comida pra eles e coloquei pra dormir.

Meu pai entrou no quarto, já nos chamando: — Cadê vocês? Se mentirem, vão tomar uma surra

com esta velha safada!— Não, papai! Ela não deu café, nem comida pra

nós. Colocou a gente pra dormir sem comer. Se lhe con-tássemos, ela nos daria uma surra de vara. — respondeu a mana mais velha.

— Fiquem aqui, em baixo da cama. — orientou nos-so pai — ele saiu do quarto e falou — Sua velha safada, cadê você?! Se a pegar, vou deixar seu lombo riscado a laço!

Nada de Gringa aparecer, nem os parentes. Meu pai pegou seu relho de fio de aço e saiu atrás de todos. A família estava na casa que haviam construído. Naquele momento, surgiu o vizinho de frente e ajudou meu pai: não deixou ninguém brigar com tanta raiva. Meu pai era

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homem de pouca amizade com vizinhos; porém, estrei-tamos os laços com essa família que começou a cuidar de nós enquanto minha mãe e o pai trabalhavam.

Tempo depois, a família da velha Gringa voltou a morar ali com os netos; eu fiz amizade com as meninas. Quando meus pais saíam pra trabalhar, elas vinham brin-car. Mas, pouco tempo depois, as crianças começaram a pegar coisas de minha casa, e meus pais perceberam. Um dia, papai nos pegou no flagra e deu uma bela surra; não bateu mais porque Adão, o vizinho, salvou-nos. Ele falou pra meu pai que, quando eles saíam para trabalhar, as netas da velha comiam tudo que era nosso e roubavam a casa.

Um dia, meu pai fingiu ir ao trabalho, fez a volta na quadra seguinte e voltou. Então, pegou-nos brincando com as netas da Gringa! Espantou todos, a laço, de casa e nos bateu. Daquele dia em diante, elas não mais voltaram. Mas, em contrapartida, não tive sossego no sono, porque a velha começou a me perseguir. Eu dormia, e ela me chamava:

— Vamos dar uma volta, Dilma, na mata! Sempre gostei de sair, e lá íamos nós. Em certa oca-

sião, fazia-se a colheita de soja, no fundo de casa. Havia duas máquinas próprias. Sabe o que a Gringa quis que eu fizesse? Que tirasse os funcionários das máquinas:

— Vá lá e tire eles. E vá você colher no lugar deles.Ela achava que, sendo desdobrada, poderia assustá

-los. Assim, cairiam sob as máquinas e morreriam.— Não; eu não quero fazer isso!Então, a velha me pegou pelo braço e me puxou

pelo mato; eu rolei pelo chão. Como chorava, chamando meu pai! E, finalmente, meus pais me pegaram no colo.

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— Dilma, o que foi? Acorda!Contei a meu pai que sonhara com a velha bruxa.

Ouvindo aquilo, ele se dirigiu à minha mãe:— Temos que procurar ajuda pra esta menina!— Ela só quer chamar a sua atenção, porque está

com ciúme de você com Darlam. Vou lhe fazer um chá, que tudo vai ficar bem. — sugeriu mamãe.

Daquele tempo em diante, não tive mais paz! A cada dia, ou à noite, eu saía pra passear no cemitério. Aos pou-cos, mais pessoas eram enterradas ali. Eu estava sempre com a amiga Raquele. Após conversarmos, eu voltava a dormir. O pior era chegar perto dos mortos, que me assustavam muito. Porém, havia amigos espirituais pró-prios para me ajudarem.

Alguns dos sonhos eram macabros; parecia estar na cidade dos vivos e dos mortos! E comecei a me sentir per-turbada pelos espíritos; não sentia paz de espírito. Todas as noites, acordava com uma choradeira tirando o sossego dos meus pais. Sem conseguirmos suportar a situação, eles procuraram ajuda em igrejas e com os vizinhos. Mas nada resolvia! A cada dia, eu me sentia pior.

Meu pai tentou seguir a Igreja Católica, mas não teve êxito. Levou-me a uma velha benzedeira de crianças. Ela definiu que eu estava com o demônio do cemitério. Como percebemos, morávamos num local onde outrora houvera um cemitério indígena. Sendo assim, meus pais procura-ram ajuda de seus conhecidos espíritas, como Seu André.

Foi narrado o que acontecia comigo, à noite, ao dormir e ao acordar chorando, falando de gente comigo. Ali era o

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lugar ideal para virem falar comigo. Eu permanecia quieta, ouvindo as explicações mais surpreendentes para mim!

Um dia, uma menina quis desenhar comigo. Meus pais estavam na sala ao lado, à minha espera. Eu falava com ela, como se estivesse conversasse com qualquer pessoa viva.

Papai ia ao centro espírita todos os dias. Aliás, íamos em família, chovendo, caindo raio... A cada vez que eu entrava, a menina amiga me pegava pela mão e ficávamos brincando Devagar, os adultos espíritas começaram a me indagar, desejosos de saber com quem eu falava.

Até hoje sou de pouca conversa sobre esse assunto, pois não gostava de mencioná-los. Procurava encará-los apenas como parte de um sonho. Porém, falei só pra meu pai com quem eu conversava. A menina chamava-se Es-tela, tinha sete anos, pele bem clara, de cabelos compri-dos, loiros quase mel. Usava um vestido branco amarela-do e sapatos brancos. Havia flores só na frente do vestido, aliás, era bordado com elas.

— Muito linda, pai! O senhor não está vendo? Está aqui, no nosso lado... — eu passava as mãos nos cabelos de Estela, que seguiam abaixo da cintura, bem lisos.

Seus olhos eram cor de mel; o rosto, redondo. A boca pequena falava fino. Então, meu pai pediu pra eu revelar esse segredo a ninguém do centro espírita. E es-creveu, num papel, o que Estela pediu pra transmitir a seu pai: “Estou com frio e com fome; quero ir para casa com meus pais.”. Perguntei quem eram eles, e ela definiu: “Luiz e Maria de Lurdes. Quero dormir.”.

Meu pai se tornou uma figura bem conhecida nos centros espíritas. Parecia estranho, pois sabia muito sobre

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as pessoas. Afinal, ele nem estava presente na época em que a menina partira, há 15 anos!

— Deivete, por que, enquanto meu pai estava vivo, eu e meu marido nada tínhamos, ou seja, éramos pobres? Depois de sua viagem, eu parei de frequentar aquele lu-gar, e minha vida mudou muito.

— Dilma, os bens e o local em que moramos não são nosso lugar. Tem uma pessoa amada, por exemplo, que precisa passar determinadas vivências naquele lugar e fazer seu resgate. O Ernesto fazia parte do seu resgate; e você, do dele. Alguma proteção um tinha de dar em relação ao outro, como vimos. Sua vida, desde criança, foi rodeada de espíritos da luz e da escuridão, mas você era sempre socorrida por causa do seu pai, dos guias espirituais... Er-nesto soube ajudar e cuidar de você. Ao perceber que sua filha possuía o dom espiritual, ele apenas ficou de olho e lhe ensinou a respeitar os dois lados da vida, sem falar ou assustá-la com os mundos espiritual e terrestre. Acho incri-velmente lindo você respeitar os espíritos, Dilma! E você não fala pra se gabar sobre eles, sobre o plano por que te-mos adoração. É bonito ver a sua simplicidade ao perceber os dois lados, porque voltaremos, um dia, para cá. Porém, é preciso que um assunto fique bem claro, e noto que ain-da fala bastante sobre ele, explicando-o aos que vêm a sua casa: a reencarnação. Sei que acredita na vida após a morte.

— Sim, e o que estou fazendo a todos que me pro-curam explicar. Então, gostou de me ver falando àquela senhora sobre a reencarnação?

— Sim, gostei. Explicou como somos depois da morte do corpo. O espírito se liberta e, de repente, se a

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alma é bem ligada a ele, nem depois da morte, quer sair de perto. E também teve a parte em que falou sobre a necessidade de se crer em Deus para enxergar isso tudo!

— Refere-se aos seres humanos que conviviam com Jesus, com sua mãe e com os amigos dele de verdade?

— Não podemos ver tudo! Tem gente querendo ser uma de você, Dilma: não são todos que podem ver e ouvir os espíritos na Terra. Pode até o Chico nunca ter ouvido um espírito, como até você pode não ter ouvido um espírito na Terra. E assim somos nós — aos olhos dos outros podemo fazer melhor. Vários vêm a Terra para ter ciúme de cada coração, pois nunca aceitam a vitória dos outros. Quem somos nós para falar de cada um? Os melhores vêm ver o seu dom.

— Sabe, eu mesma não acreditava ter esse dom; para mim, era um sonho, nada mais. Não foi fácil aceitar essas coisas que eu via do outro lado da vida... Eu pensava em um sonho e, desde pequena, meu pai nunca me falou de dons. Ele me protegia das pessoas que vinham saber do meu dom; porém, ele contou aos amigos espíritas. E eu, no fundo, achavam que era uma perturbação. Meu pai sempre soube que não era. Depois da morte dele, ele veio conferir que era tudo verdade, porque, logo que partiu, procurou por mim na Terra e viu como eu sofria com sua morte. Tudo tinha a ver com o que eu ouvia e via naquele momento, no velório. Ele veio falar comigo, e eu respon-di às perguntas. Quando saiu do corpo, ele me chamou também. Então, teve a certeza de que eu tinha o dom de que vários senhores de centro espíritas falavam. Mas, en-quanto eu era criança, meu pai me protegia dos espíritos,