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Page 1: Aniversário Macaé 201 anos
Page 2: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ2 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

História de Macaé construída através do olhar de lideranças políticasDesde a sua emancipação política e administrativa, a cidade já contou com a gestão de 35 gestores públicos

Márcio [email protected]

Ao completar nesta terça-feira (29) 201 anos de emancipação política

e administrativa, Macaé al-

cançou o patamar de Capital Nacional do Petróleo através da visão de homens que co-mandaram a administração municipal nesses dois séculos de atividades.

Ao passar por períodos mar-

cantes, que envolveram o gol-pe da Ditadura Militar, a ins-talação de um parque ferro-viária, a escolha da Petrobras pela consolidação dos primei-ros investimentos voltados a exploração e produção de pe-

tróleo na Bacia de Campos, a briga pelo acesso aos recursos gerados pelos royalties e Par-ticipação Especial (PE), além de outros fatos contaram com o posicionamento importante de lideranças políticas ilustres

cuja memória está imortaliza-da através do papel cumprido a frente da prefeitura.

Ao todo, 35 prefeito gover-naram a cidade desde 1913. Atualmente Macaé é adminis-trada pelo prefeito Dr. Aluízio

Júnior (PV), eleito no dia 7 de outubro de 2012 alcançan-do uma cotação inédita de 65,62% dos votos válidos. Ao todo, o ex-deputado federal conseguiu 70.693 votos váli-dos.

1913 A 1915

193 6

19 4 6

19 6 0 A 19 61, 1973 A 197 7 E 19 83 A 19 8 8

19 82 A 19 83

1915 A 192 3

1937

19 47

19 61 A 19 62 E 19 62 A 19 63

197 7 A 19 82 E 19 93 A 19 9 6

1924 A 1927 E 1929 A 193 0

1937 A 19 4 4

19 47 A 1951

19 62

19 8 8

1927 A 1929

193 0193 0 A 1932

19 4 4

19 4 4 A 19 45

19 4 6 E 1951 A 1955

1955 A 1959, 19 63 A 19 6 6 E 1971 A 1973

19 6 6 A 19 67

20 0 8 A 2012 1959 A 19 6 0 E 19 6 0 19 67

19 6 0

1970 A 1971

JOAO FRANCISCO

IVAIR NOGUEIRA

JORGE COSTA

ALCIDES FRANCISCO

NACIF SALIM

JOSE DE OLIVEIRA

JUVENAL BARRETO

RONALD DE SOUZA

GERSON MACIEL

CARLOS EMIR

SIZENANDO FERNANDES

TELIO BARRETO

MILNE EVARISTO

ILTAMIR ABREU

SYLVIO LOPES

FRANCISCO DE MIRANDA

BENTO COSTAALVARO RODRIGUES

FERRY JACCOUD

OYAMA MUNIZ

ELIAS AGOSTINHO

ANTONIO CURVELLO

ARISTEU FERREIRA

RIVERTON MUSSI EDUARDO SERRANOCLAUDIO MOACYR

ANTONIO OTTO

ROMEU PEREIRA

HISTÓRICO

Galeria dos ex-prefeitos ● JOÃO Francisco Moreira Neto (1913 a 1915) ● JOSÉ de Oliveira Lobo Vianna Júnior (1915 a 1923) ● JAYME Afonso (1923); ● JAYME Memória (1923 a 1924) ● SIZENANDO Fernandes de Souza (1924 a 1927) e (1929 a 1930) ● FRANCISCO de Miranda Sobrinho (1927 a 1929) ● BENTO Costa Júnior (1930) ● ÁLVARO Rodrigues da Silva (1930 a 1932) ● FLORIANO Castilho Saddock de Sá (1932 a 1935) ● DURVAL Coutinho Lobo (1935) ● IVAIR Nogueira Itagiba (1935 a 1936) e (1936 a 1937) ● RAUL Garnier da Silva (1936)

● JUVENAL Barreto Junior (1937) ● TÉLIO Barreto (1937 a 1944) ● FERRY Jaccoud D'Azeredo (1944) ● OYAMA Muniz (1944 a 1945) ● ÁLVARO Teixeira da Assunção (1945 a 1946) e (1946 a 1947) ● ELIAS Agostinho (1946) e (1951 a 1955) ● JORGE Costa (1946) ● RONALD de Souza (1947) ● JOÃO Alves Pedro Sobrinho (1947) ● MILNE Evaristo da Silva Ribeiro (1947 a 1951) ● ANTONIO Curvello Benjamin (1955 a 1959), (1963 a 1966) e (1971 a 1973) ● EDUARDO Serrano (1959 a 1960) e (1960) ● ANTONIO Otto de Souza (1960)

● ALCIDES Francisco Ramos (1960 a 1961), (1973 a 1977) e (1983 a 1988) ● GERSON Maciel Miranda (1961 a 1962) e (1962 a 1963) ● ILTAMIR Honório Abreu (1962) ● ARISTEU Ferreira da Silva (1966 a 1967) ● CLÁUDIO Moacyr de Azevedo (1967 a 1970) ● ROMEU Pereira (1970 a 1971) ● NACIF Salim Selen (1982 a 1983) ● CARLOS Emir Mussi (1977 a 1982) e (1993 a 1996) ● SYLVIO Lopes Teixeira (1988 a 1992), (1997 a 2000) e (2001 a 2004). ● RIVERTON Mussi Ramos (2005 a 2008 e 2009 a 2012)

WANDERLEY GIL

Prefeito Dr. Aluízio Júnior (PV) foi eleito em 2012 para cumprir mandato que segue até 2016

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 3

ESPECIAL 201 ANOS

Patrimônios históricos ganham realce em MacaéCom seus encantos e seu passado de tantos troféus, os patrimônios históricos macaenses são alvos de atenção especial

Isis Maria Borges [email protected]

A Prefeitura de Macaé im-plantou nova iluminação dos prédios históricos

macaense, começando pela Igreja de Sant’Anna

Com seus encantos e seu pas-sado de tantos troféus, os patri-mônios históricos macaenses são alvos de atenção especial por parte da Prefeitura de Ma-caé. Recentemente, foi inau-gurada a sua nova iluminação. Assim, os prédios históricos da Igreja de Sant’Anna, Solar dos Mellos, Igreja Matriz de São

João Batista, entre outros, re-ceberam a novidade.

A novidade chegou primeira-mente à Igreja de Sant’Anna. A cerimônia de acionamento de sua iluminação aconteceu na própria Igreja de Sant’Anna, local onde nasceu a cidade de Macaé e que se chamou Vila de São João de Macaé.

A solenidade de acionamento da iluminação foi abrilhantada pela participação dos alunos da catequese da Confraria de Sant’Anna, que apresentaram a peça ‘A Lenda de Sant’Anna’, contando a história da santa e o nascimento da cidade de Macaé.

Na ocasião, o presidente da Fundação Macaé de Cultura, Juliano Tannus Fonseca, res-saltou que a iniciativa visa dar maior valorização desses pré-dios como patrimônio históri-co e cultural de Macaé. E acres-centou que a proposta é que os cidadãos possam conhecer um pouco mais sobre a história do município.

IGREJA DE SANT´ANNAOs primeiros registros dos

Jesuítas em Macaé datam de 1634, no princípio foi fundada à margem do rio Macaé e pró-ximo ao Morro de Sant´Anna

uma fazenda agrícola, que no correr dos anos ficou sen-do conhecida como Fazen-da de Macaé ou Fazenda do Sant´Anna.

Na base do morro, entre este e o rio, levantaram um engenho de açúcar com todas as depen-dências e lavouras necessárias. Além do açúcar, produziam fa-rinha de mandioca em quanti-dade e extraíam madeira para construções navais e edifica-ções. No alto do morro foi cons-truído um colégio, ao lado uma capela e um pequeno cemitério, que guarda até hoje os restos mortais de alguns Jesuítas. Em

1759, a fazenda foi incorporada aos bens da coroa pelo desem-bargador João Cardoso de Me-nezes, nesta ocasião os Jesuítas foram expulsos do Brasil, im-posição feita pelo Marquês de Pombal. A Igreja de Sant´Anna foi fundada um século mais tar-de, em 1896, e hoje é um patri-mônio da cidade.

LENDA DE SANT´ANNAConta a lenda que a Imagem

de Sant´Anna foi encontrada por pescadores, numa das Ilhas do Arquipélago que lhe dá o no-me (Ilha de Sant´Anna). Trazida para o povoado, a imagem teria

sido colocada no Altar Mor da Capela dos Jesuítas, desapare-cendo misteriosamente no dia seguinte. Foi encontrada alguns dias após, na ilha e levada nova-mente à Capela. O fato repetiu-se mais duas vezes. Na terceira fuga, concluíram os devotos que a Santa sentia saudades da ilha que era avistada do Altar da Ca-pela.

Desta forma reedificaram o templo, voltando sua fachada frontal para o ocidente onde a Santa não divisaria mais o mar e o arquipélago de onde viera. (Fonte: Centro de Memória Antonio Alvarez Parada)

WANDERLEY GIL

Os primeiros registros dos Jesuítas em Macaé datam de 1634, no princípio foi fundada à margem do rio Macaé e próximo ao Morro de Sant´Anna uma fazenda agrícola

Page 4: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ4 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

WANDERLEY GIL

A Prefeitura está localizada na Avenida Presidente Sodré, conhecida como Rua da Praia

ESPECIAL 201 ANOS

Município conta com obra deixada por NiemeyerA sede da Prefeitura é uma das únicas obras de Oscar Niemeyer no interior do estado do Rio de Janeiro

Em 5 de dezembro de 2012 faleceu um dos maiores gênios da arquitetura

mundial do século XX - Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho. No entanto, ele está imortalizado em diversas obras construídas por meio de seu traço marcante e, em Ma-caé, reside uma dessas obras: A sede da Prefeitura. Localizada na Avenida Presidente Sodré, conhecida como Rua da Praia, no Centro da cidade, de frente para o local, onde o Rio Macaé se encontra com o mar.

Segundo dados históricos, o projeto consta oficialmente como iniciado no ano de 1985, mas sua contratação foi em 1983 quando o ex-prefeito Al-cides Ramos imaginou, no seu terceiro mandato, edificar uma nova prefeitura com oito pavi-mentos no coração da cidade e uma edição de O DEBATE registrando o fato também foi colocada na pedra fundamen-tal. Porém, o Plano Cruzado do governo Sarney, acabou levando a informações desencontradas e quando os pilares e vigas atin-giam o quinto pavimento (um deles subterrâneo), o contrato

foi rescindido e paralisada a obra, foram cerca de 18 anos de exposição do "esqueleto", cri-ticado pelos oposicionistas da época. Ele demorou a sair do pa-pel por falta de verba do poder público, embora os royalties co-meçassem a jorrar dinheiro nos cofres da prefeitura. Entre idas e vindas, a inauguração da sede aconteceu somente no mês de julho do ano de 2004, durante a terceira gestão do ex-prefeito Silvio Lopes.

A sede possui cinco pavimen-tos, dentre os quais um subter-râneo em uma área de cinco mil metros quadrados. Segundo es-timativas divulgadas durante a inauguração, o valor total da obra foi de R$ 9 milhões.

Informações reveladas na época da inauguração apon-tam que são quatro pavimentos, além do andar térreo, terraço e subsolo, divididos da seguinte forma: o pavimento semi-en-terrado possui 678,45 m2, onde foram instalados: garagem, ar-quivo geral, subestação, cister-na, hall de elevadores, geradores e sanitários de serviço; o pavi-mento térreo possui 1.096,79 m2, distribuídos em hall de

acesso principal, com salão de exposições e auditório com capacidade para 94 pessoas; os outros pavimentos possuem 619,52 m2 cada um, com dis-tribuição livre para divisórias, copa e banheiros. A área total construída é de 4.410,79 m2.

Toda história de Oscar Nie-meyer mostra o tamanho da grandeza de seu trabalho. Nas-cido no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907, em La-ranjeiras, Niemeyer formou-se em arquitetura e engenharia em 1934 pela Escola Nacional de Belas Artes. Filho de Oscar Niemeyer Soares e Delfina Ri-beiro de Almeida. Casou-se aos 21 anos com Annita Baldo, com quem teve sua única filha, An-na Maria, falecida aos 82 anos. O arquiteto ficou viúvo em 2004 e, em 2006, casou-se com sua

secretária, Vera Lúcia Cabreira.Niemeyer começou a fre-

quentar o escritório de Lucio Costa ainda em 1934. Em 1936, participou da comissão forma-da para definir os planos da se-de do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, sob supervisão de Le Corbusier, a quem assistiu, como desenhis-ta, durante sua estada de três semanas na cidade.

Entre 1940 e 1944, projetou, por encomenda do então pre-feito de Belo Horizonte, Jus-celino Kubitschek, o conjunto arquitetônico da Pampulha, que se configura num marco de sua obra. Em 1947, foi convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a participar da comissão de arquitetos encar-regada de definir os planos de sua futura sede em Nova York.

Em 1955, fundou, no Rio, a re-vista Módulo, e, no ano seguinte, a convite do então presidente da República, JK, começou a par-ticipar da construção da nova capital, cujo plano urbanístico foi confiado a Lucio Costa. Em 1958, Niemeyer foi nomeado arquiteto-chefe da nova capital e transferiu-se para Brasília, onde permaneceu até 1960. Em 1972, abriu um escritório em Paris. Autor de extensa obra no Brasil, Niemeyer realizou tam-bém grande número de proje-tos no exterior, como a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, em 1967; a Universidade de Constantine, na Argélia, em 1968; e a sede da Editora Mon-dadori, em Milão, também em 1968. Sobre as obras feitas em Brasília, Niemeyer disse: “Quem for a Brasília pode não

gostar dos palácios, mas não pode dizer que viu antes coisa parecida. E arquitetura é isso - invenção”.

Para o arquiteto macaense, Luís Vieira, Niemeyer foi o responsável por engrandecer a arquitetura brasileira. “A arqui-tetura hoje amanheceu de luto. Perdemos um revolucionário, dotado de uma capacidade sin-gular em entender e influenciar várias gerações de brasileiros e de tantos outros povos de dife-rentes culturas mundo afora. Niemeyer foi o principal res-ponsável pelo papel de destaque ocupado pela arquitetura brasi-leira. É sem dúvida uma perda inestimável não só para toda a classe de arquitetos, como para o País e também para o Mundo”, afirmou Luís Vieira, em 2012, após a morte de Niemeyer.

ESPECIAL 201 ANOS

Cidade Universitária segue impulsionando a educação superior

não é novidade que Macaé nos últimos anos vem se tornan-do também referência quando o assunto é a educação superior. O município já oferece mais de 60 cursos de graduação, sendo aproximadamente 20 gratuitos por meio do Complexo Universi-tário que abrange a Universida-de Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ) e a Faculdade Professor Miguel Ângelo da Sil-va Júnior (Femass). Seguidos de outros oferecidos pela Univer-sidade Federal do Norte Flumi-nense Darcy Ribeiro (UENF) e

Em média, 20 cursos superiores gratuitos são oferecidos no município por meio da UFRJ, IFF, UFF, UENF e Femass

Instituto Federal Fluminense (UFF) e Instituto Federal Flu-minense (IFF).

A cidade também conta com instituições particulares como Faculdade Salesiana Maria Au-xiliadora (FSMA), Universida-de Estácio de Sá, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Macaé (Fafima), Unigranrio, entre outras e os cursos variam desde a área de social até a de exatas, recebendo alunos de todas as partes.

Matérias publicadas neste veículo de comunicação mes-mo, apontam que nos últimos anos a cidade deu um salto impressionante na área dos cursos de qualificação, na edu-cação básica, superior, na pes-quisa e na extensão.

E com tudo isso está deixan-do de ser apenas a Capital do Petróleo e se tornando também a Capital do Ensino. A educação

WANDERLEY GIL

Diversos cursos gratuitos são oferecidos pelo Complexo Universitário que abrange a UFF, UFRJ e Femass

superior se tornou mais acessí-vel à população, com milhares de jovens e adultos estudando gratuitamente no Campus Uni-versitário, sem se deslocar de ci-dade, com ensino de qualidade e, acima de tudo, voltado para o cidadão macaense.

E com tantos avanços, o mu-nicípio chega aos seus 201 anos tomado de grandes conquistas, importantes realizações e cres-centes desafios.

Só a UFRJ, por exemplo, ofere-ce os cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas, Bacharelado em Ciências Biológica, Enfer-magem e Obstetrícia, Farmácia, Medicina, Nutrição, Química, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Engenharia de Pro-dução. Além ainda dos mestra-dos em Produtos Bioativos e Biociências (PPG-ProdBio) e Ciências Ambientais e Conser-vação (PPG-CiAC).

Page 5: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 5

MACAÉ 201 ANOS

O último presidente da chamada República Velha do Brasil era macaense Segundo dados históricos, Washington Luís era proveniente de família rica da cidadeMarianna [email protected]

Não é só do petróleo que vem o reconhecimen-to de Macaé no cenário

nacional. Antes de ser sede da Petrobras, a cidade foi berço do último presidente da chamada República Velha, Washington Luís Pereira de Sousa. O pre-sidente nasceu em Macaé, no dia 26 de outubro de 1869 e se-gundo alguns dados históricos, proveniente de uma família rica da cidade.

No período da sua adoles-cência, estudou no tradicional Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, em regime de in-ternato. Aos 22 anos, em 1891, Washington Luís graduou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo. No ano seguinte foi nomeado promotor público de Barra Mansa. Porém, ele não ficou muito tempo no cargo, já que decidiu atuar como advo-gado na cidade de Batatais, in-terior de São Paulo.

Durante seu tempo em Bata-tais, Washington Luís iniciou-se na vida política. Em 1897 foi eleito Vereador da cidade, sendo também presidente da Câmara de Vereadores. Em 1898 e 1899 foi prefeito de Batatais.

No ano de 1904, o macaense foi eleito deputado estadual por São Paulo, pelo Partido Republi-cano Paulista (PRP), participan-do da Constituinte paulista, que reviu a Constituição do estado. Já em 1906, Washington Luís abandonou o mandato para

assumir a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Públi-ca. Depois de ser eleito mais uma vez para o cargo de depu-tado estadual, o ex-presidente tornou-se prefeito de São Paulo por cinco anos, de 1914 até 1919. Continuando a sua trajetória política, Washington Luís foi eleito presidente do estado de São Paulo, em 1920, para um mandato de quatro anos.

Depois de ser eleito senador por São Paulo, Washington Luís venceu eleição direta e assumiu o cargo de Presidente da Repú-blica, em 15 de novembro de 1926, chegando assim ao prin-cipal posto político brasileiro.

Durante o período em que o macaense esteve no poder, en-frentou diversas adversidades, tanto políticas quanto econômi-cas. Ao longo da década de 20, a República Velha, que também era chamada de República do café-com-leite, sofria um gran-de desgaste devido a posição contrária da classe média ur-bana da época, dos movimen-tos tenentista e operário e das oligarquias dissidentes.

Logo no início do seu man-dato, Washington Luís viu uma situação um pouco mais favo-rável, pois teve fim as rebeliões tenentistas, com o término da Coluna Prestes. Mas, mesmo assim, ele se negou a assinar o pedido de anistia aos envolvi-dos nos levantes, inclusive aos “rebeldes de 1924” que deram origem à Coluna Prestes.

Já no ano seguinte, com me-do de outros possíveis levantes,

REPRODUÇÃO

Antes do petróleo, a cidade ficou conhecida por ser o local onde nasceu Washington Luís Pereira de Sousa

Washington Luís criou a Lei Ce-lerada, em 1927, que impunha censura à imprensa e restrin-gia o direito de reunião, levando para a clandestinidade o Partido Comunista Brasileiro, que havia sido reconhecido pelo governo no início do ano.

Com o cenário político mais controlado, pensou-se que tudo estaria bem, mas com a crise de

1929, iniciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, o preço do café, principal item de ex-portação do Brasil no início do século passado, caiu exponen-cialmente no mercado interna-cional. Desta forma, o café que representava 70% das exporta-ções brasileiras, perdeu valor e consequentemente afundou o país em um crise, já que com a

política de valorização do café, iniciada em 1906 com a assina-tura do Convênio de Taubaté, o Brasil tinha grande reserva de café, tanto com os cafeicultores, quanto com o governo.

Diante deste cenário, o go-verno estava em um turbilhão de problemas que foi agravado com a disputa pela sucessão presidencial. Mesmo enfra-

quecidos no cenário político brasileiro, Washington Luís e cafeicultores de São Paulo indi-caram como candidato à eleição o paulista Júlio Prestes. Minas Gerais não concordava com essa escolha e junto com o Rio Grande do Sul lançou a candi-datura de Getúlio Vargas, com o vice-presidente paraibano João Pessoa.

O resultado da eleição termi-nou com vitória de Prestes, mas com suspeita de fraude. Para complicar ainda mais o cenário político, o vice de Vargas, João Pessoa, foi assassinado. Esse foi o estopim para um golpe contra o governo de Washington Lu-ís. Militares se rebelaram nos quartéis e manifestantes toma-ram as ruas do Rio de Janeiro, atearam fogo aos jornais fiéis ao Governo e exigiram a saída do presidente.

Getúlio Vargas liderou uma conspiração e o presidente Wa-shington Luís foi deposto em 24 de outubro de 1930, pelos chefes das forças armadas. Uma junta provisória de Governo assumiu o poder, composta pelos generais Tasso Fragoso e Mena Barreto e pelo almirante Isaías de Noro-nha. O movimento ficou conhe-cido como “Revolução de 30”.

Em 21 de Novembro de 1930, o presidente deposto embarcou para um longo exílio na Suíça, Portugal e Estados Unidos. Só retornou ao país em 1947 e não se envolveu mais em política. Dedicou-se ao estudo e a pesqui-sas históricas. Morreu em São Paulo em 04 de Agosto de 1957.

Page 6: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ6 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

Patrimônios históricos recebem garantia de preservaçãoAs Sociedades Musicais Nova Aurora e Lyra dos Conspiradores foram contempladas com certificado de tombamento

Isis Maria Borges [email protected]

Chegou enfim a garantia de preservação e manuten-ção de alguns dos mais

expressivos patrimônios histó-ricos macaenses, perpetuando sua existência às futuras gera-ções. O tombamento das Socie-dades Musicais Nova Aurora e Lyra dos Conspiradores foi re-alizado durante os festejos dos 200 de criação da Vila de Macaé.

O ato de tombamento foi ins-tituído, através da lei municipal 2445/2003, como reconheci-mento do valor cultural dos pré-dios, integrando-se assim ao pa-trimônio histórico do municí-pio. A iniciativa foi da Prefeitura Municipal de Macaé, através da Fundação Macaé de Cultura. Para tanto, a equipe de gestão da Fundação Macaé de Cultura realizou várias visitas às socie-dades musicais para conhecer sua realidade e mapear as ne-cessidades e elaborar um plano de ação, que tem como primeiro ponto esse tombamento.

Na ocasião, o presidente da Fundação Macaé de Cultura, Juliano Tannus Fonseca, disse que o Tombamento Municipal das Sociedades Musicais Lyra e Nova Aurora é um compromis-so que a atual gestão assumiu com as centenárias bandas macaenses de que serão preser-vadas nas características físicas arquitetônicas de seus prédios, com elevado interesse histórico.

Na época do Tombamento, a Vice-Presidente de Acervo e Patrimônio Histórico da FMC, Gisele Muniz, afirmou que o

tombamento das duas bandas centenárias é um ato de reco-nhecimento da atual gestão do elevado valor cultural e social das duas instituições centená-rias da cidade. “As bandas ma-caenses devem ser preservadas em suas características e objeti-vos”, frisou Gisele.

ATIVIDADES DA NOVA AURORAA Sociedade Musical Nova

Aurora apresenta uma traje-tória de atividades de amor à música, ao oferecer aulas de música gratuitas para a comu-nidade. Além de emprestar os instrumentos para os alunos, a entidade tem um leque de opções de estudo dos seguintes instrumentos: percussão sin-fônica, trombone, trompete, trompa, tuba, clarineta, flauta transversa e saxofone.

E a Banda Sinfônica Nova Aurora se destaca no cenário artístico nacional, sob a batuta do Maestro Titular e presiden-te, Hélio Rodrigues.

HISTÓRICO DA NOVA AURORAFundada em 8 de junho de

1873, a Sociedade Musical No-va Aurora se constitui num dos maiores patrimônios culturais de Macaé. Seu primeiro presi-dente foi o Sr. Manoel Guedes Junior. Em dezembro de 1882, em decorrência de uma cri-se social, alguns dos diretores deixaram a Nova Aurora e par-tiram para fundar a Sociedade Musical Beneficente Lyra dos Conspiradores. Hoje, ambas tri-lham o mesmo caminho e vivem os mesmos sacrifícios em prol da sobrevivência das bandas de

música de Macaé.Sob a regência do maestro Be-

nedito Passos (Maestro Tinho), a Nova Aurora foi a Bi-Campeã do nosso Estado, e, em nível Na-cional, no programa apresen-tado para todo o país pela Rede Globo ela ultrapassou os limites de Macaé para se tornar a Banda de Música do Rio de Janeiro.

A Sociedade Musical Nova Aurora atualmente é presidi-da por Hélio Rodrigues, que também é o maestro da Banda Sinfônica, sendo o principal res-ponsável pela modernização da banda de música.

A Banda Sinfônica da Socie-dade Musical Nova Aurora já se apresentou em varias cidades do Estado, inclusive na tradi-cional Sala Cecília Meirelles, e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, além de realizar con-certos nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

HISTÓRIA DE MACAÉA Capela de Santa Cecília, no

interior da Sociedade, reforça o valor sócio-cultural e religioso da sede. No passado, no aniver-sário da entidade, pela manhã, o Coral Santa Cecília, acompa-nhado pela banda, recolhia pe-las ruas da cidade contribuições para a capela. Esse dia era fina-lizado com um baile no Salão Nobre da Sociedade, que deu origem a muitos casamentos. A Festa da padroeira dos músicos, Santa Cecília, em 22 de novem-bro, também era um marco no calendário cultural da época.

TRAJETÓRIA DE LUTAA centenária Sociedade Mu-

sical Lyra dos Conspiradores faz parte integrante da história de Macaé, sendo berço do abo-licionismo, numa luta contra a discriminação racial e em defe-sa da música.

A Lyra entrou para a história de Macaé como um dos princi-pais centros culturais e políticos do município, sendo berço de discussões que contribuíram com o desenvolvimento de um dos municípios mais impor-tantes do país. E até os dias atu-ais, a Lyra dos Conspiradores mantém vivo este pedaço fun-damental da história de Macaé.

Por outro lado, a Lyra é res-ponsável pela formação de ilustres artistas macaenses, que mostraram e mostram seus ta-lentos pelos palcos de Macaé, todo o Brasil e pelo mundo afo-ra.

BELA PÁGINA DA HISTÓRIAA história da Lyra dos Cons-

piradores começou quando um grupo de músicos, totalmente

avesso à escravidão, decidiu se unir para fundar uma nova so-ciedade musical. Neste sentido, um grupo de abolicionistas não se conformava em apoiar a es-cravidão através de sua partici-pação na Sociedade Particular Nova Aurora, na época um po-deroso veículo de comunicação de massas, que insistia em não utilizar estas qualidades em de-fesa do escravo.

Foi quando Luiz Francisco Quaresma, Cândido de Freitas Coutinho, Alfredo Amaral, An-tônio José de Carvalho Torres, José Cyriaco e Joaquim Roza decidiram fundar a Sociedade Musical Beneficente da Lyra dos Conspiradores.

No dia 25 de dezembro de 1882 nascia a Lyra, com o objeti-vo principal de conspirar contra a escravidão que envergonhava o Brasil. Seu estatuto foi o pri-meiro a desafiar a ordem social da época, estabelecendo que em seu quadro social e na banda de música fossem admitidos todos que o desejassem, sem distinção de sexo, religião, política ou cor.

Na época, Dom Pedro, através do escrivão da casa Imperial, mandou uma interpelação so-bre suas atividades, acreditando que a entidade macaense estava conspirando contra a monar-quia. Em resposta, os diretores da Lyra disseram que um grupo conspirou em segredo a criação de uma nova sociedade musical, diferente da Nova Aurora, e co-mo o objetivo principal seria a música.

No entanto, entre 1883 e 1888 a Lyra não fez outra coisa senão conspirar ativamente contra a escravidão, quer utilizando sua banda de música como força ar-regimentadora de massas, quer cedendo suas dependências pa-ra reuniões conspiradoras dos abolicionistas. Há, inclusive, quem afirme, mas não existe registro, que o sótão do prédio foi muitas vezes utilizado pa-ra esconder escravos fugitivos até seu encaminhamento pos-terior ao quilombo que existia nas proximidades de Quissamã.

Em 1887, a Lyra finalmente adquiriu o terreno da sede, o

que acabou enriquecendo o movimento de resistência à es-cravatura. Nessa mesma épo-ca, o movimento abolicionista ganhou grande expressão e a sede da Lyra passou a ser alvo de várias tentativas de invasão, inclusive com lutas brutais.

A mais séria delas aconteceu no dia 31 de julho, quando a Lyra recebeu o grande abolicio-nista Carlos Lacerda, que faria uma conferência na sede so-bre liberdade. Como mostram os registros, os componentes da Lyra descobriram que um grupo estaria organizando um ataque ao abolicionista na esta-ção ferroviária. Antes disso, eles conseguiram resgatar Lacerda do trem e o levaram para a sede da Lyra, onde houve o conflito.

Conta-se também que os primeiros fundadores da enti-dade compravam os escravos mais velhos e depois davam a carta de alforria a eles. As lu-tas deste grupo não foram em vão, pois no dia 13 de maio de 1888 foi abolida a escravidão no Brasil.

WANDERLEY GIL

O ato de tombamento foi instituído, através da lei municipal 2445/2003

WANDERLEY GIL

A Lyra entrou para a história de Macaé como um dosprincipais centros culturais e políticos do município

Page 7: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 7

ESPECIAL 201 ANOS

Três Distritos que se tornaram cidadesConceição de Macabu, Quissamã e Carapebus deixaram de ser distritos de Macaé e conseguiram a tão sonhada emancipação

Juliane Reis [email protected]

Antes de alcançar o status de Capital Nacional do Petróleo, a história eco-

nômica e cultural de Macaé foi construída por meio da partici-pação de antigos distritos, que se transformaram em cidades por meio do processo de eman-cipação, e atuam hoje em parce-ria para o desenvolvimento do Norte Fluminense.

Na relação estão os atuais municípios de Conceição de Macabu, Quissamã e Carapebus que conseguiram a tão sonhada emancipação e então deixaram de ser distritos de Macaé.

O primeiro a conquistar sua independência foi Conceição de Macabu - um município lo-calizado entre a serra e o mar na região norte do estado do Rio de

Janeiro, constituído por serras de altitudes que oscilam de 300 a 989 metros.

A criação efetivou-se em 15 de março de 1952, quando foram desanexados os 5º e 10º distri-tos de Macaé (Conceição de Macabu e Macabuzinho), que passaram a constituir o 1º e o 2º distritos do atual município.

Sua expansão econômica con-tou com rodovias e os trilhos da Estrada de Ferro Leopoldina, que liga a capital ao norte do Es-tado, e o norte ao Espírito Santo.

Em seguida foi a vez de Quis-samã, que começou a sua lu-ta por volta de 1952, quando aconteceu o primeiro encami-nhamento à Assembleia Legis-lativa do Rio de Janeiro de uma representação assinada por 1.166 eleitores reclamando a autonomia do então distrito de Macaé. Mas a resposta veio 38

anos depois (1989) e de 4º dis-trito de Macaé, Quissamã foi elevada a município.

E por último está Carapebus. O município foi reconhecido co-mo distrito de Macaé a partir de 1831, sendo o terceiro a alcançar a emancipação, seguindo os pas-sos de Quissamã e Conceição de Macabu. O ano de sua emanci-pação foi 1995.

O ato para consolidar a au-tonomia municipal aconteceu no Real Clube de Carapebus no qual foi desenvolvido um ple-biscito no dia 13 de março de 1994, com o resultado a favor da emancipação, por uma maioria esmagadora de 3.497 contra 148 votos.

Para oficializar, o Tribunal Regional Eleitoral aceitou o plebiscito em maio de 1995, e então instituiu definitivamente o município de Carapebus.

ARQUIVO

Conceição de Macabu foi o primeiro a conquistar a emancipação. A criação efetivou-se em 15 de março de 1952

ARQUIVO

Quissamã começou a sua luta por volta de 1952 e foi consagrado município em 1989

ARQUIVO

Carapebus foi o terceiro a alcançar a emancipação, em 1995, seguindo os passos de Quissamã e Conceição de Macabu

Page 8: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ8 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

Marianna [email protected]

Em 201 anos, muita coi-sa mudou em Macaé, mas foram nas últimas

décadas, após a chegada da Petrobras, que o crescimento da cidade foi tão significante. A cada dia que passa, a Capital do Petróleo vai se expandindo e, consequentemente, surgem novos bairros.

Segundo a prefeitura, o últi-mo reordenamento territorial do município foi realizado no final de 2012. De acordo com ele, sugiram novas localidades, como, por exemplo, o Parque União, que compreende Jar-dim Carioca e Jardim Franco. Outros são tradicionais da cida-de, como Imbetiba e Visconde de Araújo.

Os próprios bairros tradicio-nais mudaram sua cara. Em meio as casas e prédios antigos, construções modernas vão nas-cendo, traçando novas caracte-rísticas. O próprio cenário ur-bano também sofreu alterações e hoje é lembrado apenas pelas histórias dos moradores mais antigos e fotos da época.

A Imbetiba, por exemplo, a orla que era considerada o pon-to de encontro dos macaenses nas décadas de 70 e 80 sofreu uma grande obra de moder-nização, o que divide até hoje a opinião dos moradores. Mas esse é apenas um exemplo em vários.

A Macaé antiga, onde a ren-da era quase toda oriunda da pesca, deu espaço à cidade do

KANÁ MANHÃES

O último reordenamento territorial realizado pela prefeitura em 2012 aponta o surgimento de novos bairros

petróleo. Caminhando pela ci-dade é possível ouvir diversos sotaques e línguas, isso por-que o número de migrantes e imigrantes só cresce cada vez mais. Macaé reúne habitantes brasileiros, noruegueses, ame-ricanos, ingleses, entre outras

nacionalidades.Quanto a sua divisão ge-

ográfica, o município está dividido em Zona Urbana e Rural e Distritos e Subdis-tritos, que estão separados da seguinte forma:

1º Distrito - Macaé sede,

compreendendo: 1º Subdistri-to - Barra de Macaé; abrangen-do os bairros contidos no Setor Administrativo 05; 2º Sub-distrito - Parque Aeroporto, abrangendo os bairros contidos nos Setores Administrativos 05 e 06; 3º Subdistrito - Cabiúnas,

abrangendo os bairros contidos no Setor Administrativo 06; 4º Subdistrito - Imboassica, abrangendo os bairros contidos no Setor Administrativo 01; 5º Subdistrito - Centro, abran-gendo os bairros contidos nos Setores Administrativos 02,

03 e 04; 6º Subdistrito - Nova Cidade, abrangendo os bairros contidos no Setor Administra-tivo 03; 2º Distrito - Córrego do Ouro; 3º Distrito - Cachoeiros de Macaé; 4º Distrito - Glicé-rio; 5º Distrito - Frade; 6º Dis-trito - Sana.

ESPECIAL 201 ANOS

Economia do petróleo impulsiona o crescimento territorial do municípioNo decorrer dos últimos anos, novos bairros surgiram e outros passaram por transformações

Divisão da zona urbana por áreasos bairros de Macaé, por razões de conveniência ad-ministrativa, ficam divididos em 11 (onze) Setores Admi-nistrativos, na seguinte for-ma: Setor Administrativo 01 - Cor Azul, englobando os bairros do Mirante da Lagoa, Lagoa, Imboassica; Bairro da Glória; Granja dos Cava-leiros; Cavaleiros; Praia do Pecado, Vale Encantado; São Marcos; Novo Cavaleiros; Cancela Preta e Jardim Vi-tória; Setor Administrativo 02 - Cor Amarelo, engloban-do os bairros do Riviera Flu-minense, Novo Horizonte; Sol y Mar; Campo D`Oeste; Visconde de Araújo; Mira-mar; Praia Campista e Costa do Sol; Setor Administrativo 03 - Cor Verde, englobando os bairros Aroeira, Botafogo, Virgem Santa; Horto; Jardim

Santo Antônio (Jardim San-to Antônio e Nova Macaé), Malvinas.

Setor Administrativo 04 - Cor Vermelho, englobando os bairros do Centro, Imbetiba, Cajueiros e Alto dos Cajuei-ros; Setor Administrativo 05 - Cor Vinho, englobando os bairros da Barra de Macaé, Nova Esperança; Nova Ho-landa; Fronteira; Ajuda de Baixo; Ajuda de Cima e Par-que União (Jardim Carioca e Jardim Franco); Setor Ad-ministrativo 06 - Cor Mar-rom, englobando os bairros do Parque Aeroporto, Par-que Atlântico; São José do Barreto; Engenho da Praia; Lagomar e Cabiúnas; Setor Administrativo 07 - Cor Be-ge, abrangendo o Distrito do Sana; Setor Administrativo 08 - Cor Laranja, abrangen-

do o Distrito de Glicério; Se-tor Administrativo 09 - Cor Cinza, abrangendo o Distri-to de Córrego do Ouro; Se-tor Administrativo 10 - Cor Azul Marinho, abrangendo o Distrito do Frade; Setor Ad-ministrativo 11 - Cor Branco, abrangendo o Distrito de

Cachoeiros de Macaé; Setor Administrativo 06; 4º Sub-distrito - Imboassica, abran-gendo os bairros contidos no Setor Administrativo 01; 5º Subdistrito - Centro, abran-gendo os bairros contidos nos Setores Administrativos 02, 03 e 04; 6º Subdistrito - Nova Cidade, abrangendo os bairros contidos no Setor Administrativo 03; 2º Distrito - Córrego do Ouro; 3º Distri-to - Cachoeiros de Macaé; 4º Distrito - Glicério; 5º Distrito - Frade; 6º Distrito - Sana;

Page 9: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 9

ESPECIAL 201 ANOS

REBIO União: Pedaço de Mata Atlântica sobrevive em meio ao progressoUnidade de Conservação é reduto de diversas espécies da fauna ameaçadas de extinção Marianna [email protected]

Considerado um dos maio-res remanescentes de Mata Atlântica do estado,

a Reserva Biológica da União, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, que corta os municípios de Ma-caé, Rio das Ostras e Casimiro de Abreu, é uma das principais áreas de preservação ambien-tal da região.

Essa reserva foi criada atra-vés do Decreto de 22 de abril de 1998. O Art. 1º ressalta que o objetivo é assegurar a proteção e recuperação de remanescen-tes desse bioma e as espécies que vivem nela.

De acordo com o § 1º, do Art. 2º, “ficam excluídos dos limites da Reserva Biológica os trechos da Rodovia BR-101 e da estrada de ferro que cortam a área, com as respectivas faixas de domí-nio, a subestação de energia, as redes de alta tensão, o oleoduto e o pátio ferroviário”.

Este artigo diz que as em-presas e órgãos responsáveis pelas vias de circulação, “de-verão desenvolver suas ativi-dades em estrita observância à legislação ambiental e às normas específicas, a serem estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-nováveis-IBAMA, não poden-do expandir as suas atividades nos trechos que interferirem diretamente com a Reserva Biológica União”. Essa ques-tão é um dos maiores motivos pelo impasse sobre a duplica-

ção da BR-101 nesse trecho. Ao todo são 2.548 hectares

de área preservada. Reduto de espécies da fauna e da flora, o local abriga diversos animais ameaçados de extinção, entre eles, papagaio-chauá, gavião-

Wanderley Gil

Considerada uma Unidade de Conservação, a Reserva Biológica da União foi criada através do Decreto de 22 de abril de 1998

pomba, preguiça de coleira, sabiá-pimenta, gato-maracajá, mico-leão-dourado, onça-par-da, tiriba e tiriba-grande.

Antes de dar origem a REBIO União, as terras integravam o imóvel rural “Fazenda União”,

que teve como dono, durante o século XIX, Joaquim Luiz Pe-reira de Souza, pai de Washing-ton Luís (Presidente do Brasil entre os anos de 1926 e 1930).

Em 1939, a Companhia in-glesa “The Leopoldina Railway

Company Limited” adquiriu as terras com o intuito de forne-cer lenha nativa para as antigas locomotivas movidas a vapor. Com a devastação causada, ocorreram os primeiros re-florestamentos, só que com

eucaliptos, árvores atípicas dessa região.

Depois da crise financeira na década de 50, as terras volta-ram a ser de domínio brasilei-ro. Em 1957, a Rede Ferroviária Federal S.A. ficou responsável pela administração da Fazen-da União. Durante 39 anos, o plantio de eucalipto passou a ser uma forma de renda, já que eles eram utilizados como matéria-prima de peças para os trilhos das ferrovias.

A preocupação com a preser-vação da parte ainda tomada pe-la Mata Atlântica começou em 1994, quando surgiram as pri-meiras famílias de mico-leão-dourado. Esses animais foram remanejados no local através da técnica da Translocação.

Após ser privatizada em 1996, a Rede Ferroviária Federal co-locou a Fazenda União à venda. Na época, houve uma grande mobilização da comunidade científica nacional e interna-cional, ONG’s, Instituições Públicas da área ambiental e ambientalistas de várias nacio-nalidades, para que a área fosse protegida em forma de Unidade de Conservação (UC).

Com a criação do Decreto que prevê a criação da REBIO União, uma das exigências é a retirada dos eucaliptos para a substituição por espécies na-tivas da Mata Atlântica. Dados divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica apontam que o desmatamento desse bioma cresceu consideravel-mente nos últimos cinco anos. Atualmente, apenas 8,5% da cobertura original ainda re-siste em todo o país.

ESPECIAL 201 ANOS

Cientista inglês Charles Darwin faz visita ilustre ao município de Macaé

conhecido como o Pai do Evolucionismo, o cientista bri-tânico Charles Robert Darwin (12 de fevereiro de 1809 - 19 de abril de 1882), responsável pela Teoria da Evolução das Espé-cies, esteve em Macaé no final do século XIX, em uma visita que, sem dúvidas, foi um marco para o município.

Durante a sua expedição pelo Brasil, Darwin escolheu Concei-ção de Macabu, então território macaense, como seu refúgio de repouso para seguir sua viagem por 12 municípios fluminenses.

A sua passagem por Macaé, em abril de 1832, inclui relatos do próprio cientista, relembra-dos em 2008, através do projeto Caminhos de Darwin, que refez o trajeto percorrido pelo evolu-cionista inglês em sua visita ao Rio de Janeiro.

“(...) Dormimos na Venda do Mato, duas milhas (3,2 km) ao sul da foz do rio Macaé. Senti-me indisposto a noite toda. Não foi preciso muita imaginação para figurar os horrores de ado-ecer em um país estrangeiro, incapaz de pronunciar uma só palavra e de obter ajuda médica (...)”, escreveu Charles Darwin em seu diário de bordo, revelan-do o seu desconforto quanto ao desgaste da viagem e dificulda-de de comunicação.

Exausto, o cientista encon-trou em Conceição de Macabu as condições favoráveis para se recuperar e seguir viagem. Da-rwin permaneceu em Concei-ção de Macabu, na época terri-tório de Macaé, desde a noite de

Pai do Evolucionismo descansou em Conceição de Macabu, em expedição pelo Rio de Janeiro

12 até 19 de abril de 1832, hos-pedado na Fazenda Sossego. Em outro relato, ele cita seu apreço pelas belezas naturais da cidade.

"(...) Deixamos Sossego, cru-zamos o rio Macaé e dormimos na Venda de Mato. À noite, ca-minhei pela praia e desfrutei da vista de uma arrebentação alta e violenta”, observou o Pai do Evolucionismo, segundo ma-nuscrito publicado.

A passagem de Charles Da-rwin pelos diferentes países por ocasião de sua viagem ao redor do mundo foi objeto de diversas pesquisas, entre elas o projeto Caminhos Darwin. Em 2009, comemorou-se o bi-centenário de seu nascimento e os 150 anos do lançamento do livro "Origem das Espécies pela Seleção Natural". Muitos desconheciam a importância da sua estada no Brasil para o de-senvolvimento da sua teoria ou sequer sabiam de sua passagem por terras brasileiras em 1832.

Com apenas 23 anos recém-completados, Darwin conhe-ceu o Brasil, em sua segunda parada após deixar a Inglaterra. Ele avistou os rochedos de São Pedro e São Paulo em 16 de fe-vereiro e Fernando de Noronha no dia 20 de fevereiro. Depois seguiu para a Bahia e daí para o Rio de Janeiro, onde chegou em 4 de abril e partiu em 5 de julho. Além da atual Capital, o trajeto de Charles Darwin pe-lo Estado do Rio incluiu cida-des como Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Barra de São João, Macaé, Conceição de Macabu, Rio Bonito e Itaboraí, encer-rando em Niterói.

Em homenagem ao cientista, uma placa foi instalada próxima a sede da Prefeitura de Macaé. Mas, infelizmente, o que deve-ria ser uma lembrança desse marco histórico, hoje sofre com a ação de vândalos, sendo alvo constante de pichações.

Wanderley Gil

Placa em homenagem a visita do cientista inglês é alvo constante de pichações

Page 10: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ10 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

Cine Teatro foi inaugurado em 1935

Ao longo desses 201 anos, Macaé coleciona diversas histórias. Construções, inau-gurações, espaços que sem dúvida fizeram parte da vida das famílias que ajudaram a construir o município que ho-je é conhecido como a Capital Nacional do Petróleo.

De acordo com dados his-tóricos, após a Fábrica de Fósforos Veado, surgiu o Ci-ne Tatro Taboada, de estru-tura bastante moderna para a época. O local era de uma estrutura extraordinária. As

A inauguração aconteceu em um domingo de Páscoa após o período de construção entre 1930 e 1933

obras que deram origem ao Cine começaram em 1930, logo após a venda da Fábrica. De 1932 para 1933, as obras foram finalizadas e no ano de 1935 aconteceu a tão esperada inauguração do famoso Cine Teatro Taboada, em um do-mingo de Páscoa.

Ainda segundos os dados, o arquiteto e construtor foi Jo-aquim Murteira, e de acordo com informações, o ambien-te era de extrema elegância e requinte, conhecido por toda região por ser muito luxuoso, composto por inúmeros ca-marotes, um palco de 15 me-tros de abertura com 10 me-tros de profundidade.

Dados apontam que o local era um ambiente extrema-mente bem frequentado pelas autoridades e personalidades macaenses, além das tradi-

cionais famílias do municí-pio. Houve uma grande visão dos investidores ao iniciarem a construção, representando um grande desenvolvimento para a cidade.

Só em 1982, após quase 50 anos de funcionamento, o Cine Teatro foi fechado, mas antes disso, o último filme exibido foi a “A Lagoa Azul”. O local foi fechado sem maio-res motivos. O pipoqueiro chegava todos os dias, como de costume, para vender suas pipocas e um dia, ao parar em frente ao Cine, notou que es-tava tudo fechado.

Passado algum tempo, a classe cultural de Macaé se revoltou e realizou uma mani-festação na Praça Washington Luís, e marcando presença em grande quantidade, estavam os jovens do município.

ESPECIAL 201 ANOS

Construção da Ponte Ivan Mundim uniu ainda mais a cidadeEstrutura ligando a Barra de Macaé ao Centro foi fundada em janeiro de 1978

Marianna [email protected]

Fundada no dia 25 de ja-neiro de 1978, a Ponte Ivan Mundim, popu-

larmente conhecida como a Ponte da Barra, veio para unir ainda mais a cidade. Antes, o acesso do Centro a bairros co-mo Barra de Macaé e Parque Aeroporto era feito pela pon-te antiga, ao lado da atual, que hoje funciona como passagem apenas para pedestres.

A inauguração reuniu uma multidão e contou com a apre-sentação da banda do antigo Colégio Cenecista Professor Antônio Caetano Dias. Segundo o relato de alguns moradores que presenciaram esse momen-to, desde a construção, o nome escolhido foi uma homenagem ao engenheiro da ponte, Ivan Mundim, que faleceu antes da sua inauguração e não pôde ver o seu trabalho finalizado.

Ao longo dos seus 36 anos, uma das questões que é aguar-dada até hoje é a duplicação da ponte, que sofre com os congestionamentos todos os dias, principalmente nos horá-rios de pico. A travessia já não comporta o crescente fluxo de veículos. Diariamente, são milhares de carros, motos, ca-minhões e ônibus trafegando pela região.

A execução da obra, que te-ria como proposta desafogar o conturbado trânsito que chega ao Centro da cidade, foi uma promessa feita pelos

governos municipal e estadu-al há seis anos, porém até hoje essa medida não foi colocada em prática. Na época, a pre-visão era de que a duplicação da ponte custasse em torno de R$ 20 milhões.

WANDERLEY GIL

Inauguração da nova ponte no final da década de 70, reuniu milhares de pessoas, entre políticos e munícipes

Quem passa todos os dias pe-lo local, diz que essa medida é uma urgência para Macaé, ten-do em vista o crescimento da ci-dade. “A cidade está crescendo cada vez mais e muita gente es-tá migrando para esses bairros

mais distantes. Eu moro no São José do Barreto e venho todo dia para o trabalho. A ponte é a principal opção de acesso ao Centro e não comporta mais a grande quantidade de veículos que passam por ela diariamen-

te. Dependendo do horário, vo-cê fica um bom tempo parado. O ideal seria a duplicação, mas não sei como isso seria feito”, relata Valéria Ramos.

Apesar de estar situada no território de Macaé, a Pon-

te Ivan Mundim faz parte da extensão da rodovia estadual RJ-106 (Amaral Peixoto), que interliga a BR 101 à Região dos Lagos, cortando quase que ao meio parte do trecho urbano da cidade.

ESPECIAL 201 ANOS

Em 1912 Macaé inaugurou a Fábrica de Fósforos Veado

1912. Esse foi o ano em que foi inaugurada em Macaé a Fábrica de Fósforos Veado, na Avenida Rui Barbosa, hoje conhecida como Calçadão da Rua Direita. O empreendimento pertencia ao Coronel Antônio Martins da Costa, dirigida por ele e por seu genro, Dr. Paulino Monnerat, então Promotor Público.

De acordo com dados histó-ricos, naquele tempo, a fábrica proporcionava oportunidades de emprego a muita gente em Ma-caé, especialmente às mocinhas e aos meninos. O futuro do esta-belecimento parecia promissor,

Naquele tempo, a fábrica proporcionava oportunidades de emprego a muita gente em Macaé

quando em 1930, a grande em-presa foi adquirida pela Compa-nhia Brasileira de Fósforos, que procurava estabelecer um truste em todo o país.

Segundo os historiadores, a Companhia já tinha a intenção de fechar a Fábrica de Fósforos Veado pelo simples motivo de eliminar a concorrência, e assim foi feito, a Companhia Brasileira ficou, inclusive, com a matéria-prima e com a maquinaria.

E para comemorar o fecha-mento da empresa, foi oferecido um banquete exatamente às 20h para convidados especiais, como o governador da época, Oliveira Botelho, e o seu vice, João Gui-marães.

Por algum tempo, o enorme casarão ficou fechado, crian-do cupins e ratos, até que o Sr. Manoel Guilherme Taboada o

adquiriu do Coronel Costa pela importância de 35 contos de réis, que valeriam hoje cerca de R$ 2 milhões. O objetivo do capitalista português, há tanto tempo esta-belecido em Macaé com sua em-presa Taboada & Cia, e com “A Construtora”, era a construção do moderníssimo Cine-Teatro.

O local, que por 18 anos foi casa da marca mais famosa de fósfo-ros daquela época, deu lugar ao belíssimo Cine Teatro Taboada, também considerado um marco na cultura fluminense.

Ainda segundo a história, a Fábrica de Fósforos funcionava do lado da Fábrica Lynce, cujos seus criadores foram o famoso Farrula, juntamente com La-cerda Agostinho. No local hoje funciona as Lojas Americanas, paralelamente ao Hotel Palace, inaugurado em 1932.

Page 11: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 11

ESPECIAL 201 ANOS

Rio Macaé é responsável pelo abastecimento da cidadeDespejo de efluentes e a favelização nas margens estão entre os fatores que comprometem o recurso hídrico Marianna [email protected]

Um rio que compreende cerca de 1.766 km2 e abrange grande parte

do município de Macaé e par-celas dos municípios de Nova Friburgo, onde estão localiza-das as nascentes, de Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Con-ceição de Macabu e Carapebus sendo que, aproximadamen-te, 82% da superfície da bacia está no município de Macaé. Assim é o Rio Macaé, que há décadas vem lutando pela sobrevivência, em especial, na tão conhecida Capital do Petróleo.

Ele é um importante recurso hídrico responsável por abas-tecer diversos municípios, mas está se tornando um rio contaminado por efluentes.

Estudos sobre a qualidade da água vêm sendo feitos por pesquisadores do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimen-to Socioambiental de Macaé (Nupem) nos últimos anos. O objetivo é realizar o enqua-dramento do Rio Macaé aos índices de qualidade das águas como o CONAMA 357, obter dados de vazão e da disponi-bilidade hídrica para realizar balanços de oferta e demanda de água ao longo da bacia vi-sando a gestão do ambiente.

De acordo com as pesquisas mais recentes, os resultados preliminares indicam que de uma maneira geral o Rio Ma-caé pode ser considerado Clas-se 1, segundo o CONAMA 357 até a porção na linha azul, sen-do um rio com boa qualidade.

Porém, a porção da foz do rio que recebe boa parte do esgoto não tratado da cidade é classificada como classe 2, 3 e 4, dependendo da presença da água do mar ou do rio, que dilui ou concentra os efluen-tes da cidade.

“Posteriormente, os dados de vazão irão ser comparados com o consumo de água pelas diversas partes da bacia de-terminando o balanço entre oferta e consumo. Os dados de vazão e qualidade da água serão utilizados para o cálcu-lo dos fluxos de carbono, ni-trogênio e fósforo indicando áreas na bacia que retêm ou exportam estes nutrientes sendo mais ou menos susce-tíveis a eventos de poluição. Por fim, estes dados irão de-terminar o funcionamento e os processos hidrológicos da bacia do rio Macaé durante períodos de chuva e seca in-dicando formas de gestão do recurso fluvial”, esclarece um dos pesquisadores.

Eles falam também do que seria necessário para a sobre-vivência e despoluição do rio. Entre os fatores apontados estão o saneamento básico reduzindo a emissão de esgo-to doméstico e controle das

emissões da pecuária e agri-cultura preservando a compo-sição química das águas do rio; plantação da mata ciliar do rio e preservar todos os fragmen-tos florestais da bacia pois dados atuais mostram que a vegetação florestal aumen-ta a umidade aumentando a quantidade de ocorrência de chuvas. Zoneamento ecológi-co e econômico da bacia esti-pulando áreas de preservação do recurso natural e áreas pa-ra urbanização, agricultura pecuária, etc.

CELEBRAÇÃO

Des�le cívico-militar acontece na Imbetibaesta terça-feira (29) será marcada pelo desfile cívico de 201 anos de fundação da vila de Macaé. A programação será às 10h, na Avenida Elias Agostinho, na Imbetiba. A concentração se-rá na Avenida Agenor Caldas, que fica no mesmo bairro. Este ano, o tema principal do desfile será “Direitos humanos e boa convi-vência”. A expectativa é que um público de quatro mil pessoas participe do evento.

O desfile será aberto com a re-vista da tropa feita pelo prefeito de Macaé, Dr. Aluízio, e o coman-do do Forte Marechal Hermes, às 9h45. Para melhor atender às crianças, será montado ao lado do palanque oficial uma tenda específica para receber repre-sentações do segmento da Edu-cação Infantil, acompanhados de pais e professores. Também haverá espaço direcionado aos idosos e pessoas que apresentam deficiência.

O desfile cívico-militar será focado nas cores azul e branco. A programação contará com re-presentantes das corporações do Forte Marechal Hermes, 9°Gru-pamento de Bombeiros Militar, da Guarda Civil Municipal e De-fesa Civil, 32º Batalhão da Polícia Militar, Banda dos Veteranos, Guarda Civil Municipal, Marinha do Brasil e Capitania dos Portos.

Também vão fazer parte do evento as secretarias de Mobili-dade Urbana, Educação e Saúde, Escola Municipal de Artes Maria José Guedes, Apae, Coordena-doria da Terceira Idade e Asso-ciação Macaense do Deficiente Auditivo (Amada). Na lista tam-bém estão o Instituto Politécnico, Lions Clube de Macaé, Lira dos Conspiradores e Moto Clube de Macaé.

O evento contará com sete pelotões, que vão abordar temas que visam fortalecer vínculos necessários ao exercício da cida-dania em ambientes como escola, casa e trânsito.

WANDERLEY GIL

Apesar de ser responsável pelo abastecimento de água na cidade, o Rio Macaé segue ameaçado e assoreado

Importante recurso hídrico luta pela sobrevivência LAGOA DE IMBOASSICA

nesta terça-feira, 29 de julho, Macaé completa 201 anos de história, de cresci-mento, em especial após a chegada da Petrobras na ci-dade. Mas, não são apenas dados positivos que retratam a história do conhecido mu-nicípio que de Princesinha do Atlântico ganhou o titulo de Capital do Petróleo.

A falta de saneamento

Recentemente Esane e Secretaria de Ambiente apontaram iniciativas que já foram tomadas e destacam a construção de ETEs

básico na cidade é aponta-da por profissionais e até mesmo população de modo geral como uma grande pro-blemática na cidade. A Lagoa de Imboassica, por exemplo, até então considerada um verdadeiro depósito de esgo-to, segundo o órgão munici-pal parece estar começando a viver uma nova era.

Há um ano, quando procu-rada pela redação do Jornal O Debate, a Prefeitura in-formou que a preservação do ambiente e o saneamen-to básico estavam recebendo atenção do governo munici-pal e a previsão era de que até o final de 2016, todo o município conte com 100%

do esgoto tratado adequada-mente.

Já em junho, mês em que se comemorou o Dia do Meio Ambiente, a secretaria de Ambiente e a Empresa Públi-ca Municipal de Saneamento (Esane), através de seu presi-dente Marcos Roberto Mu-²areg, ressaltou que a meta continua e resultados já co-meçaram a ser alcançados, iniciando pela construção e ativação de ETEs evitando, assim, o lançamento de deje-tos na Lagoa de Imboassica.

Mu²areg explicou que para atender a área central, até o final desse ano está prevista a conclusão da obra da ETE Centro (iniciativa da Esane

e Odebrecht Ambiental) que está sendo construída na Li-nha Verde e próximo ao sam-bódromo.

“A estação terá cinco mó-dulos, cada um com capaci-dade de captar e tratar 100 litros de esgoto por segundo (100l/s) e atender a 50 mil habitantes. Pode até não parecer muito com base no número de habitantes do município, mas é um come-ço e um grande passo para essa questão do saneamento na cidade. Essa ETE vai aten-der todo o Centro da cidade, começando de parte do São Marcos até a subida da Ponte Ivan Mundin, abrangendo as localidades de Miramar, Vis-

conde de Araújo, Sol y Mar, Cajueiros, Imbetiba, Rivie-ra, Cancela Preta, Novo Ca-valeiros, entre outras”, disse Mu²areg.

Ele disse ainda que grande parte da comunidade de to-do entorno da Lagoa já está com rede. “Nossa parte a gen-te fez, que foi instalar a rede, agora cabe a cada morador fazer a ligação em suas re-sidências. Não basta apenas ações da Prefeitura, a popu-lação também tem que fazer a sua parte. E com todas as redes ligadas, vamos lutar pa-ra combater os lançamentos clandestinos. O decreto 070 determina às pessoas, aos moradores a fazerem suas

ligações”, ressaltou. E quanto a Lagoa Imbo-

assica, na época o até en-tão secretário de Ambiente disse que o governo tem feito investimentos com as construções de várias ETEs, algumas já em funciona-mento. O Mirante da Lagoa, Jardim Guanabara, Praia do Pecado e parte do São Mar-cos e Vale dos Cristais, por exemplo, já estão com rede jogando para a ETE do Mu-tum, com isso cerca de 70 a 80% da população do entor-no da Lagoa Imboassica, se-gundo o secretário, já estão aptos a receber as ligações e jogar o esgoto para a ETE Mutum.

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ12 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 13

Ypiranga Futebol Clube: do passado glorioso à decadênciaPrédio que abrigou bailes e apresentações culturais que reuniram a sociedade macaense, hoje segue à mercê da ação do tempo

Márcio [email protected]

Dos tempos áureos da Princesinha do Atlânti-co, no período em que o

cotidiano da cidade era condu-zido no mesmo ritmo das ondas do mar, na brisa da maré, o Clu-be Ypiranga era o sinônimo de festa para a sociedade macaen-se. Porém, apontado como uma das “vítimas do progresso”, hoje a sede de tantas programações importantes para a cidade, que chegou a receber também pre-sos políticos na Ditadura Mi-litar, torna-se mais um prédio histórico da cidade que tenta resistir ao tempo, esquecido em meio ao ritmo acelerado da Capital Nacional do Petróleo.

Mas, antes de ser reconhecido por seus bailes e pelas conquis-tas em esportes como futebol de salão, basquete e vôlei, o prédio situado na Avenida Presidente Sodré abrigou o Clube do Aba-etés, fundado pelo fazendeiro Manequinho Paes.

Segundo historiadores e moradores antigos da cidade, o Abaetés foi fundado pelo fa-zendeiro depois de um desen-tendimento com a direção do Tênis Clube, do qual era sócio. A história conta também que a ideia de Manequinho era criar em Macaé um moderno cassino de jogos e roletas, mas em 1945 o general Eurico Dutra, então presidente do país, baixou um decreto proibindo jogos de azar, decreto que dura ainda até hoje.

Diante do impedimento do governo, o Abaetés tornou-se

um clube onde eram realizados suntuosos bailes de formatura, frequentado pela alta socieda-de macaense. No entanto, com o passar do tempo, a manu-tenção do Clube acabou sendo inviável e o prédio foi vendido para Lacerda Agostinho que, em 1926, fundou o Ypiranga Futebol Clube.

Em pouco tempo, o salão principal tornou-se o espaço dos principais bailes realizados em Macaé, já a quadra constru-ída nos fundos da propriedade tornou-se o berço do futebol de salão na cidade, marcando as-sim o início do período e glória de sucesso do time que tinha como rivais o Fluminense e o Americano, de Campos dos Goytacazes.

Com o passar do tempo, a quadra recebeu uma proteção e virou berço também de times vitoriosos de basquete e de vô-lei. O espaço serviu de palco também para apresentação de grandes nomes da Música Po-pular Brasileira (MPB) como Ivan Lins e Roberto Carlos, além de concursos para esco-lhas de Miss Macaé.

Anos depois, o Ypiranga re-cebeu a rádio ZYP-21- Rádio Princesa do Atlântico, que ti-nha auditório e realizava pro-gramas de calouros, comanda-dos nos finais de semana pelo apresentador Carlos Couto. Na área, eram realizados também bailes de carnaval, por volta da década de 80.

Com a descoberta do petróleo e o início das atividades da ex-ploração na Bacia de Campos, a

ARQUIVO

Devido à ação do tempo e a falta de manutenção, o prédio do Clube Ypiranga apresenta problemas em sua estrutura

cidade se modernizou e teve seu eixo de atividades sociais deslo-cado para a região praiana, so-bretudo a Praia dos Cavaleiros.

Mesmo assim, alguns dos sócios proprietários de títulos do Ypiranga continuaram a frequentar, pelo menos, a qua-dra poliesportiva para prati-car futebol de salão. Já o salão,

que no passado foi palco para o início de relacionamentos que duram até hoje, acabou se transformando em espaço pa-ra bailes de músicas modernas como funk e forró.

Nesse período, a beleza de um dos prédios mais importantes de Macaé acabou sendo substituída por paredes descascadas, racha-

das e com infiltrações. Mesmo com as pequenas reformas estru-turais realizadas pelas últimas diretorias do Clube, os salões do Ypiranga perderam o glamour.

Hoje, o prédio da Avenida Presidente Sodré, tornou-se um verdadeiro “elefante branco” ao lado da imponência da Câmara de Vereadores. Até o fim de

2012, o prédio chegou a abrigar a equipe responsável pela elabo-ração da programação alusiva à celebração dos 200 anos de Ma-caé, comemorados em 2013.

Apesar do prédio do Ypiranga ser hoje estranho aos olhos da atual juventude de Macaé, ain-da vive um triste e decadente imbróglio.

ESPECIAL 201 ANOS

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ14 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

Canal Macaé-Campos: marcopara a economia e o progressoEstrutura foi criada como rota de comércio e hoje registra impactos ambientais gerados pelo progresso

Estrutura que marcou a ro-ta comercial entre áreas que registraram pro-

gresso, através da agricultura e da pecuária, o Canal Macaé-Campos tornou-se ao longo dos últimos 40 anos o símbolo do progresso gerado sem o pla-nejamento público necessário para evitar danos ambientais no município.

O Canal corta os municípios de Campos dos Goytacazes, Quissamã, Carapebus e Macaé. É considerado como uma das maiores obras de engenharia do país da época do Império.

O seu percurso, com uma largura média de 15 metros, es-tendia-se por 106 quilômetros, sem contar os diversos canais de derivação. Considerando-se apenas a extensão, é o segundo canal artificial mais longo do mundo, sendo superado apenas pelo Canal de Suez (163 quilô-metros), e superando o Canal do Panamá (82 quilômetros).

A ideia foi de José Joaquim da Cunha de Azeredo Coutinho, bispo de Olinda, nascido em Campos dos Goytacazes, tra-zida a público na obra "Ensaio Econômico sobre o Comércio de Portugal e suas Colônias" (Lisboa, 1794), no qual sugeriu a construção de um canal que unisse os rios Macaé e Paraíba do Sul, passando pelos rios Uru-raí e Macabu (que deságuam na lagoa Feia), e pelas lagoas de Carapebus. Este foi o trajeto posteriormente adotado.

Em 1833, a Câmara Munici-pal de Campos dos Goytacazes encaminhou uma represen-tação ao então presidente da Província do Rio de Janeiro sobre a utilidade de um canal "... por onde pudessem sair em qualquer tempo os produtos agrícolas do município e ou-tros gêneros de consumo." O 1º barão e Visconde de Araruama tornou-se o grande incentiva-dor da obra quando, em 1836, publicou a "Memória sobre a abertura de um novo canal para facilitar a comunicação entre a cidade de Campos dos Goytacazes e a vila de S. João de Macaé". Ali, afirmava que a construção de um canal "... con-tribuiria para o dessecamento dos pantanais da região, para a fluência das águas estagnadas, para o transporte por via fluvial e para a substituição do porto de São João da Barra, com foz perigosa, pelo de Macaé". Ao mesmo tempo, utilizou a sua influência política para con-vencer ao governo provincial a realizar as obras que iriam beneficiar diretamente as suas propriedades.

Embora seja frequentemente referido que o barão e visconde

de Araruama concebeu o pro-jeto, o seu próprio filho, João José Carneiro da Silva, barão do Monte de Cedro, atribuiu a ideia ao bispo de Olinda citado e também a José Silvestre Ra-belo.

O projeto do canal, datado de 1837, é de autoria do engenhei-ro inglês John Henry Freese. A sua construção foi autorizada por lei da Assembleia Provin-cial do Rio de Janeiro em 19 de outubro do mesmo ano.

O canal foi concebido princi-palmente como uma hidrovia para transporte do açúcar pro-duzido na região de Quissamã e Carapebus, que até então era transportado até o porto de Imbetiba (Macaé) por carros de bois ou por via marítima através da lagoa Feia, do canal das Flexas e da barra do Furado. As demais opções naturais de transporte marítimo passavam pelo rio Paraíba do Sul ou pelo porto de São João da Barra, mas tinham percursos mais exten-sos e não atendiam às fazendas em Quissamã e Carapebus. De qualquer modo, o transporte marítimo de carga em peque-nas embarcações, desde a barra do Paraíba do Sul ou da barra do

WANDERLEY GIL

O Canal corta os municípios de Campos dos Goytacazes, Quissamã, Carapebus e Macaé

Furado (canal das Flexas) até ao porto de Imbetiba, era ar-riscado. A barra do Paraíba do Sul era especialmente temida pela quantidade de acidentes.

Complementarmente, o ca-nal serviria para sanear a região pantanosa de Quissamã, na época infestada por mosquitos transmissores da febre palus-tre, contribuindo para a dre-nagem de brejos, aumentando a superfície de terras cultivá-veis, a ser aproveitada no culti-vo da cana-de-açúcar ou como campos de pastagem. Charles Ribeyrolles, na sua obra "Brésil pittoresque", listou vinte lagoas que foram inteiramente drena-das com a construção do canal e outras mais profundas, como as lagoas do Jesus, Paulista e de Carapebus, que foram esvazia-das parcialmente.

O próprio barão e visconde de Araruama foi contratado para a empreitada. A comissão do go-verno provincial, encarregada do projeto, era composta por ele e por seu irmão, o 1º barão de Ururaí, que a presidia. O primeiro engenheiro respon-sável pelas obras foi o tenente-coronel Ernesto Augusto César Eduardo de Miranda.

Início das obrasas obras se iniciaram ofi-cialmente em 1º de outubro de 1844, estendendo-se até 1861, utilizando a mão de obra de escravos africanos. O contra-to exigia que o canal tivesse 30 palmos à flor d'água (cerca de 6,60 metros de profundidade), o que causou o desmorona-mento de certos trechos, onde demandou o seu alargamento. Estima-se que a obra tenha custado dois mil contos de réis.

Em 1847, o imperador D. Pedro II fez uma viagem para conhecer a próspera região Norte-Fluminense e, espe-cialmente, para inspecionar as obras do canal, tendo se hospedado na Casa da Fazen-da Quissamã, pertencente ao barão e visconde de Araruama.

No ano de 1858, apesar de ainda em obras na vizinhança de Macaé, já era utilizado para o transporte de mercadorias e de passageiros. As embar-cações utilizadas eram balsas de toras de madeira, tabuados, pranchas e canoas. Relata-se

que o canal era percorrido por balsas com mais de 100 braças (220 metros) de comprimento, empregando de 30 a 40 rema-dores. Computou-se o tráfego de 60 pranchas grandes e pe-quenas, algumas com até 100 braças (220 metros) de com-primento e 13 palmos de boca (2,86 metros de largura). Nos trechos em que ainda trans-corriam obras, as cargas e os passageiros tinham que passar por baldeação em carros de boi ou no lombo de animais.

O barão e visconde de Ara-ruama, além da execução das obras, também foi contratado para efetuar a conservação do canal nos trechos que passa-vam a ser utilizados. O con-trato de conservação expirou em 1858 e o governo abriu uma licitação para renová-lo. A úni-ca proposta apresentada foi de autoria do barão e visconde de Araruama que, assim, foi re-contratado para mais um pe-ríodo de conservação.

O canal tinha toda a sua ex-

tensão aberta à navegação em 1861, porém, somente em 1872 passou a ser navegado por uma embarcação a vapor (o "Vapor Visconde"), que transporta-va carga e passageiros, além das embarcações tradicionais movidas a remos e varas. Em sua primeira viagem, o vapor Visconde partiu de Campos no dia 19 de fevereiro de 1872 re-bocando uma prancha com 11 passageiros e levou quase dois dias completos para chegar à Macaé. O uso desta hidro-via entrou em declínio após 1874 com o início da operação da Estrada de Ferro Macaé e Campos, que oferecia maior rapidez e menor custo de ope-ração.

No século XX, a partir de 1935 foram promovidas várias obras de dragagem que incor-poraram o canal a uma rede de canais e comportas utilizada para drenagem e despejo de esgotos na Baixada Campista. A extensão total dessa rede é de 1.450 quilômetros.

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 15

Município engloba parte de uma das UC mais bem preservadas do país Apesar de contar com apenas 1% do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba,investimentos estão sendo feitos na UC na área que abrange a cidade Juliane Reis [email protected]

Conhecida como a Capi-tal Nacional do Petróleo, Macaé conta com ótimas

opções para quem deseja um lugar de lazer no meio da natu-reza. Entre as belezas naturais que ajudam a compor a histó-ria do município estão o Parque Nacional da Restinga de Juru-batiba considerada uma das unidades de conservação (UC) mais bem preservadas do país.

Este ano a unidade que foi criada em 1998 completou o 16º aniversário. Além de Ma-caé, que comporta 1% da área,

o parque engloba os muni-cípios de Carapebus (34%) e Quissamã (65%) e é composta por 44km de praias e 18 lagoas costeiras de rara beleza. Desse total, 16 são permanentes e du-as são sazonais (dependem de quando chove para aparecer).

Além das 18 lagoas, os da-dos institucionais do Parque apontam ainda que há cente-nas de pequenos brejos, cada qual com sua característica físico-química da água e, con-sequentemente, com diferente vegetação e animais.

E tem mais, ao longo de to-da sua extensão, esse peque-no espaço intocado é reduto

KANÁ MANHÃES

O Parque conta com 44km de praias e 18 lagoas costeiras de rara beleza. Além de diversas espécies da fauna e da flora

de diversas espécies da fauna e da flora. A sua vegetação é considerada de fundamental importância para todo equilí-brio ecológico. Dentro dele é possível encontrar os seguin-tes tipos de vegetação: moitas, aquática, pós-praia e florestas pantanosas e periodicamente inundadas.

A vegetação em moitas com-põe aproximadamente 40% da total do parque. Ela é formada por plantas arbustivas em um solo arenoso com poucas ervas de pequeno porte. No meio delas é possível encontrar plantas re-sistentes a ambientes secos, co-mo, por exemplo, a Palmeirinha

Juruba, as Bromélias e os Cactos. A unidade também tem uma

rica vegetação aquática, que corresponde a 7% do parque. São plantas associadas a baixa oxigenação do solo, devido ao alagamento, ou com caracte-rísticas que favorecem a flutu-abilidade.

E próxima a costa marinha, encontra-se a vegetação pós-praia, que é possível ser vista em apenas 1% do parque. Elas são plantas herbáceas, rastei-ras, altamente resistentes ao vento e ao sal que vem do mar. Elas ajudam a conter os im-pactos na costa terrestre, entre eles, a contenção do movimen-

to das areias. Em meio a tantas caracte-

rísticas, o Parque também é considerado uma das Unida-des de Conservação do Brasil com maior número de pesqui-sas científicas em desenvol-vimento e para atender cada vez os anseios dos visitantes a unidade vem recebendo inves-timentos.

Em junho deste ano, na área pertencente a Macaé foi inau-gurado o Complexo de Visita-ção. O espaço ainda segue em obra e a previsão é de que tudo seja concluído ainda no final deste mês. O projeto é fruto de um Termo de Ajustamento de

Conduta (TAC) entre o MPF, ICMbio, NUPEM, Transpetro e a Petrobras - assinado em 29 de junho de 2011.

O espaço conta com Área ad-ministrativa, Auditório para 70 pessoas, Lanchonetes, Loja de souvenir, Hall de exposições, Guarita de vigilância, Vesti-ários, Sala para brigadistas e guarda ambiental, Garagem pa-ra os carros e barcos da unidade, Torre de observação de incên-dios, Ciclovia, Estacionamento, Quiosque e Ambulatório.

Interessados em conhecer a Unidade devem agendar as visitas pelo e-mail: [email protected].

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ16 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

Forte Marechal Hermes: 401 anos de históriaEspaço foi criado aproximadamente 200 anos antes da emancipação política e administrativa de Macaé e é considerado como um dos maiores patrimônios da cidade

Nesta terça-feira, Macaé, cidade conhecida como a Capital Nacional do

Petróleo completa 201 anos de emancipação política e admi-nistrativa. E em meio às come-morações, um importante pa-trimônio histórico não poderia ficar de fora. Trata-se do Forte Marechal Hermes que este ano completou 401 anos. Ao longo desses mais de 400 anos, o Forte viveu ciclos distintos e acompanhou movimentos so-ciais, políticos e econômicos da região Norte Fluminense. Sua instalação ocorreu em 16 de março de 1613 e foi motiva-da pela necessidade da Coroa Espanhola de povoar a região.

E com a ameaça de ser de-

sativado por diversas vezes ao longo da sua história, a cons-trução, que já serviu de cená-rio para o filme que contou parte da história de um dos personagens mais importan-tes da história de Macaé, Mo-ta Coqueiro, hoje é símbolo da força e da disciplina militar, atraindo os olhares de visitan-tes, e despertando o interesse de crianças, jovens e adultos.

Segundo dados históricos, a história do Forte Marechal Hermes da Fonseca começou muito antes que a de Macaé. O Forte foi construído no início do século XVII, mais precisa-mente no ano de 1613 e se di-vide em duas fases: a primeira com início em 16 de março de

1613 com a instalação do Forte Santo Antônio de Monte Frio, e termina com a sua desati-vação em 19 de novembro de 1859, e alguns acharam mui-ta coincidência com a praga rogada por Manoel da Mota Coqueiro antes de seu enfor-camento, porque não só essa fortificação foi desativada, co-mo outras do Estado do Rio de Janeiro, por ordem do então Ministro da Guerra, o Coro-nel reformado Sebastião do Rego Barros "por não serem satisfatórias suas condições defensivas e muito onerosa ao Tesouro Nacional a sua conservação".

E não é só isso, os anos se passaram e o segundo ciclo

econômico de Macaé gerado pelas construções do Canal e da Ferrovia Macaé-Campos e pela lavoura cafeeira nos Dis-tritos Serranos, fez com que o porto voltasse a ter uma enor-me importância comercial no fim do período imperial.

Foi então, no ano de 1893, que o Presidente da Repúbli-ca, Marechal Floriano Peixoto, concluiu sobre a "necessidade de se fortificar, para proteger um porto, como o de Macaé, tão vizinho à Capital da Nação e de tão fácil acesso", motivan-do, assim, a inauguração do Forte Marechal Hermes, em 15 de abril de 1910 pelo Ministro da Guerra, o Exmo. General José Bernardino Bormann, na

presença do Marechal Hermes da Fonseca, presidente eleito da República e demais autori-dades civis e militares. O pre-sidente eleito e sua comitiva foram recebidos pelo Coronel José de Lima, neto de Caxias, seguindo, posteriormente, de carruagem, até o local da inau-guração.

O porto era de extrema im-portância na época da cana-de-açúcar, o comércio do café estava no seu início e o sal que era produzido em Cabo Frio eram todos comercializados através do porto de Macaé, que se tornou na época o 6º porto mais utilizado do Brasil.

Os engenheiros que rea-lizaram o projeto do Forte,

ajudaram na criação da cida-de de Macaé e durante esses 393 anos, o Forte participou e fez história, estando em mo-vimentos sociais, políticos e econômicos da região.

Hoje considerado como um marco, o Forte representa as conquistas alcançadas pela ci-dade, suportando os ataques e os desafios e com isso a 9ª Bateria de Artilharia Antiáe-rea (Escola) - Forte Marechal Hermes - é a única organiza-ção militar representante do Exército Brasileiro na Guar-nição, sendo por isso, fiel de-positária dos ideais militares de servir à pátria e incólume baluarte de todas as tradições da poderosa Artilharia.

“Abraço ao Forte”um dos movimentos po-pulares mais importantes de Macaé aconteceu em 1995: o Abraço ao Forte. A história co-meçou quando o 10º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado no Forte Marechal Hermes da Fonseca foi ameaçado de extin-ção pelo Comando do Exército, que estava prestes a fechar as suas portas.

Na época, a especialização do Forte era Artilharia de Costa e com o plano de modernização do Exército, essa doutrina seria extinta. O comando militar ha-

via assinado o documento que colocava à venda o local onde ficam as instalações do Forte.

O motivo era que este grupo não seria mais necessário, haja vista que a costa é muito extensa e o avanço tecnológico permitiu barcos mais velozes e melhores técnicas navais, e o Forte não se-ria o suficiente para a defesa da costa. Além do mais, sua utili-dade havia sido maior na época em que o porto tinha uma gran-de importância, quando as vias marítimas eram mais usadas. Por isso, foi resolvido tornar a

artilharia de costa inoperante.Para evitar a venda do For-

te, o então prefeito Silvio Lopes Teixeira, encaminhou à Câmara um projeto de Lei para votação de urgência, o qual visou o tombamento do acervo cultural e histórico da-quela unidade militar, e cele-brar o convênio com a União, segundo o artigo 1º da Lei nº 9.636/98, visando promover a preservação do sítio onde a instituição está localizada. A proposta era proteger a área do entorno e a edificação.

KANÁ MANHÃES

Ao longo desses mais de 400 anos, o Forte viveu ciclos distintos e acompanhou movimentos sociais, políticos e econômicos da região Norte Fluminense

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 17

ESPECIAL 201 ANOS

Teatro Municipal de Macaé é reinaugurado em grande estiloReforma deixa o Teatro Municipal de Macaé impecável, sendo entregue à população

Isis Maria Borges [email protected]

Após um longo período fechado para reformas, o Teatro Municipal de

Macaé reabriu suas portas apre-sentando todos os requisitos de uma boa casa de espetáculo: beleza, modernidade e total se-gurança. Assim, o Teatro retor-nou à cena macaense, depois de ter cumprido todas as normas estruturais de segurança e de produção técnica.

Neste sentido, a entrega do Teatro Municipal de Macaé aconteceu no mês de maio, durante cerimônia oficial pre-sidida pelo Prefeito Dr. Alu-ízio Santos, reservada para autoridades, classe artística, imprensa e amigos da cultu-ra. Em seguida, ainda na noi-te de reinauguração, houve a apresentação do espetáculo ‘Tempo de Amar’, contando com a participação dos atores Nathalia Timberg, Du Mosco-vis, da cantora Zélia Ducan, do cartunista André Dahmer, da cantora lírica Letuce, e da bai-larina Carolina Bianchi.

Na ocasião, o presidente da Fundação Macaé de Cultura, Juliano Tanus Fonseca, in-formou que foram cumpridas todas as exigências feitas pelo Ministério Público e pelo Cor-po de Bombeiros, visando im-plantar um eficiente sistema preventivo de incêndio, além de concluir as obras de reforma e restauração do prédio.

"Nosso maior desafio até aqui acaba de ser superado e pela primeira vez o Teatro Municipal de Macaé será aber-to totalmente legalizado, com todo conforto e segurança”, declarou o presidente, acres-centando que esta é hora de celebrar a abertura do Teatro com a classe artística e toda sociedade macaense. “Por isso lançamos o projeto Viva Tea-tro, durante um mês inteiro de grandes espetáculos culturais, que acontecerão gratuitamen-te no Teatro Municipal de Ma-cae”, concluiu.

O FECHAMENTO DO TEATROEm 5 de maio de 2007, o

Ministério Público instaura procedimento preparatório referente a irregularidades do Teatro Municipal de Macaé, apontando, inclusive, a falta de alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros, den-tre muitos outras normas de segurança não atendidas. Mas o teatro só foi fechado para obras em dezembro de 2009.

Em janeiro de 2010, foi en-viado o projeto do sistema de prevenção de incêndio e pânico ao Corpo de Bombeiros, mas o laudo para a autorização da re-forma só foi enviado pelo órgão no mês de abril do mesmo ano. A partir daí, as obras de refor-ma estruturais daquela casa de espetáculo foram iniciadas, no sentido de que fossem executa-das todas as obras de adequação às normas de Segurança do Cor-po de Bombeiros.

A NOVA INFRAESTRUTURAJuliano esclarece que o Tea-

tro ganhou portas antichamas com maçanetas de antipânico, poltronas, carpetes e cortinas ignifugados, sistema central de climatização; o maquinário cênico foi substituído por outro de avançada tecnologia, cons-tando de quatro varas cênicas automatizadas com travas de segurança; os corredores estão mais espaçosos, para permitir a rota de pânico e fuga (em caso de acidente). Para atender esta norma, foram retiradas algumas poltronas, ficando atualmente 322 lugares.

O presidente explica ainda que o Teatro conta ainda com

WANDERLEY GIL

O Teatro retornou à cena macaense, depois de ter cumprido todas as normas estruturais de segurança e de produção técnica

novos camarins, que foram mo-biliados e decorados, para ofe-recer mais conforto aos artistas.

VIVA TEATROA reabertura do teatro foi

marcada por uma intensa pro-gramação, que transcorreu durante todo o mês de maio e início de junho. O tema des-ta novidade foi ‘Viva Teatro’, como forma de dar um desdo-bramaneto ao projeto Festival Viva Cultura, que promoveu um mês inteiro de atrações para to-dos os gostos, durante o mês de novembro do ano passado, pela passagem do Dia da Cultura (5).

Assim, o grande público pôde desfrutar do Teatro Municipal, aplaudindo as mais diversas atrações artísticas de uma pro-gramação, destacando-se as seguintes apresentações: peça teatral “Ciúme”; show da canto-ra Alcione; peça Roberto Zucco (Grupo da EMART); espetácu-los Por Gentileza (Mimos Bra-sil), Vestido de Noiva (Grutta Teatral), O Juiz de Paz (Fio Cia Teatral), O vaqueiro que não sabia mentir (Cutucurim), O quarto de Bianca (Interferên-cia), Minha alma é nada depois dessa história (Os Ciclomáticos

Cia de Teatro), (O Judas em Sá-bado de Aleluia (COMBITea-tro), Cidade do Sorriso; shows de Luiz Melodia, Tony Garrido; Danilo Caymmi e Estela Caym-

mi; quadro de debates, com a mediação do professor Julio Diniz, da PUC-RJ e com o ator Milton Gonçalves; Mostra de Esquetes e batepapo ao final

com o diretor Paulo Marcos de Carvalho; teatro infantil com Bia Bedran; show da cantora Adriana Calcanhoto; show de João Bosco.

Page 18: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ18 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo: símbolo da política macaenseSituado em um dos pontos mais importantes da cidade, o Palácio já foi palco de atos políticos e populares que marcaram a história

Márcio [email protected]

Ma i s q u e u m m a r c o arquitetônico, em virtude dos belos de-

senhos, o Palácio Cláudio Mo-

Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo passou por duas grandes reformas desde sua construção

Cláudio Moacyr de Azevedo:ícone da representação políticacláudio Moacyr de Azeve-do (1935-1995) nasceu em Ma-caé. Formado em Direito, atuou como advogado e foi também Procurador do Estado.

Durante a década de 1960 foi secretário-geral da União Flumi-nense dos Estudantes e presidente do Diretório Central dos Estudan-tes da Universidade Federal Flu-minense (UFF). Em 1967, foi em-possado como prefeito de Macaé.

Elegeu-se deputado estadual em 1970, sendo líder da oposi-ção na Assembleia. Eleito pelo

Movimento Democrático Brasi-leiro (MDB) para a Constituinte estadual, em 1974, foi líder do partido e depois presidente da Assembleia Legislativa do es-tado do Rio de Janeiro (Alerj), entre 1977 e 1978.

Foi novamente eleito pelo MDB em 1978 e tornou-se lí-der da bancada do bloco par-lamentar do PP em 1980. Ree-legeu-se em 1982 pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi líder do partido em 1985.

No ano seguinte, passou a inte-grar o Partido Democrático Tra-balhista (PDT), sendo eleito nesta legenda na legislatura de 1987.

Dois anos depois, exerceu a liderança da bancada do parti-do, mas em 1990 renunciou ao mandato para integrar o Conse-lho Estadual de Contas do Mu-nicípio. Presidiu o Conselho até sua extinção por uma emenda constitucional em 1991. Faleceu no dia 04 de agosto de 1995, em São Paulo, vitimado por proble-mas cardíacos.

acyr de Azevedo surge como o símbolo maior da política macaense ao sediar, em parte dos seus 177 anos de história, as atividades de dois pode-res fundamentais à gestão da Princesinha do Atlântico de

outrora: o Executivo e o Le-gislativo.

Situado em um dos pontos mais importantes da cidade, o Palácio já foi palco de atos políticos e populares que marcaram a história do muni-

cípio, recebendo atualmente o nome de uma das mais ex-pressivas lideranças políticas que proporcionou a Macaé projetos e investimentos que, na era da Capital do Petróleo, ainda fazem a diferença na ro-tina da população macaense: o ex-prefeito e ex-deputado estadual Cláudio Moacyr de Azevedo.

O prédio, prestes a se tor-nar um museu da política lo-cal, passou por diversas obras de restauração e deixou, no início do segundo semestre deste ano, de ser a sede das reuniões semanais, assim co-mo os trâmites cotidianos do parlamento municipal.

O Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo é considerado co-mo um dos prédios mais anti-gos e preservados da cidade, perdendo apenas para o Forte Marechal Hermes.

De acordo com informa-ções do Acervo do Patrimônio Histórico de Macaé, ligado a Fundação Macaé de Cultura (FMC), o prédio foi constru-ído em 1837 sob a responsa-bilidade do mestre de obras Filomeno Borges.

A construção foi projetada para ser a residência oficial de Francisco Domingues, pai do Visconde de Araújo, que ainda possui parentes morando na então Vila de

Macaé. Devido a imponên-cia dos traços e a qualidade do material utilizado em sua elaboração, o prédio logo em seu início já era considerado como o mais belo e rico mo-numento da cidade.

Segundo o projeto inicial, a entrada do prédio era voltada para o Pontal do Rio Macaé, um dos mais belos cenários proporcionados pela Prince-sinha do Atlântico.

Já no final do século XIX, o prédio foi transformado em ponto de comércio de revenda de água mineral. O produto vinha diretamente do Solar Monte Elísio, casa de veraneio do Visconde de Araújo, hoje conhecido pela maioria da população maca-ense como Castelo, o prédio onde funciona o Instituto Nossa Senhora da Glória e a Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora.

No ano de 1906, acabou se tornando oficialmente a sede da Câmara Municipal, que passou suas atividades para o prédio que abrigava, paralela-mente, a biblioteca da cidade.

A partir da realização das reuniões parlamentares, o prédio, cuja estrutura já era centenária, acabou apresen-tando ainda mais problemas em função da circulação intensa de moradores, que

acompanhavam as reuniões da Câmara.

Durante o seu governo, o prefeito Coronel Sizernando de Souza promoveu a primei-ra grande reforma no local, para que fosse possível tam-bém concentrar as atividades administrativas da prefeitura. Para isso, em 1927, foi levan-tado o segundo pavimento voltado já para a Avenida Rui Barbosa.

Após a morte do ex-prefeito Cláudio Moacyr de Azevedo, no dia 04 de agosto de 1995, em São Paulo, a sede do Le-gislativo recebeu o nome do político macaense que atuou também na Assembleia Le-gislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Mais de um século depois de se tornar sede da Câma-ra, o Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo passou por um grande processo de restau-ração, realizada pelo então presidente do Legislativo, o vereador Paulo Antunes, na época em seu quarto man-dato à frente do parlamento municipal.

Hoje, com a construção do Palácio Natálio Salvador An-tunes, nova sede do Legislati-vo, o Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo deverá se trans-formar em sede do museu da política macaense.

Cláudio Moacyr foi empossado prefeito de Macaé em 1967

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 19

Palácio Natálio Salvador Antunes: marco arquitetônico da CâmaraNova sede do Legislativo municipal cria marco ao modernizar administração do parlamento municipal

Márcio [email protected]

As obras foram inaugura-das no dia 27 de dezem-bro de 2012, em uma das

solenidades mais aguardadas nos últimos anos. O então pre-sidente da Câmara de Verea-dores, Paulo Antunes (PMDB), que conduziu a administração do Legislativo municipal duran-te o mandato de 2009/2012, fez história ao entregar o Palácio Natálio Salvador Antunes.

Considerado como o novo marco arquitetônico de Macaé, o Palácio Natálio Salvador Antu-nes é dividido entre as Alas I e II. A fachada recebeu a "pele espe-lhada", que dá o ar moderno ao prédio. De acordo com o projeto apresentado pelo ex-vereador Zezinho Crespo, o palácio recebe o nome do ex-presidente da Câ-mara, Natálio Salvador Antunes.

Na Ala I estão concentrados os setores de departamento de compras, sistema de comunica-ção, tesouraria, diretoria, con-trole interno, licitação, banhei-ros para cadeirantes e protocolo geral da Câmara.

Já na Ala II estão a sala de do-cumentos, histórico, telefonia e a sala reservada para a exposi-ção de documentos históricos, entre eles o de fundação da ci-dade de Macaé.

A Ala II abrigará também as salas da administração do prédio, patrimônio, secreta-ria, Comissões I e Comissões II, cerimonial, arquivo geral, arquivologista, Tribunal de Contas do Estado (TCE), ar-quivo contábil, digitalização de documentos, assessoria de

comunicação, recursos huma-nos, banheiros, depósito de materiais, serviços gerais, re-feitórios e manutenção.

Na área superior do prédio, os vereadores conheceram as duas salas de apoio que antece-dem a entrada do salão nobre Dr. Carlos Augusto de Paula (Dr. Carlão), com capacidade para receber 450 pessoas, além da área reservada para eventos, equipada com uma cozinha.

No outro setor do segundo pi-

so estão situados dois banheiros e o plenário Nacif Salim Selem, com capacidade para receber 200 pessoas. O salão tem espa-ço para 23 vereadores, equipada com a área para a Mesa Direto-ra, além do púlpito para os dis-cursos dos parlamentares.

Em meio a toda imponência da construção, a inauguração da nova sede da Câmara de Verea-dores de Macaé marcou também homenagens a políticos ilustres que contribuíram com o proces-

so de transformação do municí-pio, de Princesinha do Atlântico, à Capital Nacional do Petróleo.

Ao se tornar um dos marcos arquitetônicos da cidade, o Pa-lácio imortaliza também a me-mória de três políticos nativos da cidade que, em momentos distintos da história de Macaé, representaram o município em fases marcantes: Natálio Salva-dor Antunes, Nacif Salim Selem e Dr. Carlos Augusto de Paula.

Natálio, que dá nome à nova

construção, atuou na Câmara de Vereadores, presidindo o parlamento municipal há mais de 30 anos.

Já Nacif, ex-vereador, ex-presidente da Câmara de Ve-readores, ex-vice-prefeito e ex-prefeito, atuou no parlamento municipal na década de 70. Seu nome batiza o plenário que re-cebe os 17 vereadores que repre-sentam a população macaense.

Dr. Carlos Augusto, ou Dr. Carlão, ex-vereador, ex-depu-

tado estadual e ex-vice-prefeito, por dois mandatos, foi homena-geado ao dar nome ao Salão No-bre do novo palácio.

Ao reconhecer a importância da preservação da identidade do município, o novo palácio possui uma ala em sua entrada destinada a armazenar docu-mentos históricos, como o que registrou a fundação de Macaé como cidade, que permanece-rá exposto para apreciação de visitantes.

WANDERLEY GIL

Palácio da Câmara levou cerca de três anos para ficar pronto

Presidente do Legislativo responsávelpela construção do novo palácio

Memória de ex-vice-prefeito de Macaé está imortalizada no Salão Nobre do Palácio

Figura marcante da política municipal, Nacif Salim Selem dá nome ao plenário do Legislativo

Ex-vereador e ex-presidente da Câmara, Natálio Salvador Antunes foi homenageado

Page 20: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ20 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

História de Motta Coqueiro ainda intriga a população nos dias atuaisAlgumas pessoas acreditam que fazendeiro teria sido o último condenado à forca no paísDaniela [email protected]

Uma das histórias mais conhecidas de Macaé é rodeada de mistérios e

chama uma grande atenção de todos, a de Manoel da Motta Co-queiro. Muitos dizem, e acredi-tam, que ele teria sido o último enforcado no Brasil, em agosto de 1855, mas de acordo com alguns historiadores, depois de Motta Coqueiro mais duas pessoas foram enforcadas. A única diferença é que essas du-as pessoas não eram conhecidas publicamente como ele.

Dizem que Motta Coqueiro vivia do que plantava e colhia em sua fazenda. Ele era casado com Úrsula das Virgens Cabral e possuía cinco vastas proprie-dades rurais, entre elas, a fa-zenda do Bananal, situada no atual município de Conceição de Macabu, que na época fazia parte da Freguesia de Nossa Senhora das Neves, que hoje conhecemos como Macaé.

Motta Coqueiro e Úrsula eram quase sempre listados entre os fazendeiros ricos de Macaé, mas mesmo assim, o casal não estava entre os mais importantes da região. Em 1847 eles foram convidados a parti-cipar de uma festa realizada em Quissamã, onde Motta Coquei-ro chegou a cumprimentar o Imperador Dom Pedro II. A fes-ta foi feita para 300 convidados, o que para a época era conside-

rado um número muito grande. O que chamou a atenção, foi que Motta Coqueiro foi convidado para a ocasião, mesmo não sen-do um dos grandes fazendeiros do município.

FILHA DE COLONO ENGRAVIDA DE MOTTA COQUEIRO

Com o fim do tráfico negreiro e a Lei Eusébio de Queirós, as-sim como vários outros fazen-deiros da época, Motta Coquei-ro iniciou a prática do regime de parceria com colonos livres. Em uma de suas fazendas foi cha-mado para trabalhar o meeiro Francisco Benedito da Silva, que levou sua família junto. O que se sabe é que, uma das fi-lhas do colono, que se chamava Francisca teve um caso amoro-so com Motta Coqueiro, e após este envolvimento ela ficou grávida.

Sabendo do que havia acon-tecido, o pai de Francisca bus-cou vantagens junto ao patrão, pedindo dinheiro por conta da gravidez de sua filha. A partir deste momento, vários conflitos surgiram entre os dois. Francis-co chegou a agredir Motta Co-queiro com a ajuda de amigos.

1852: COLONO DE MOTTA COQUEIRO E FAMÍLIA ASSASSINADOS DENTRO DE CASA

Em 1852, numa noite chuvo-sa, o colono Francisco Benedito e toda sua família foram mor-tos a golpe de facões por um

grupo de bandidos, escapando somente Francisca, a filha grá-vida. Além da chacina, os crimi-nosos ainda colocaram fogo na casa. Contam que naquele dia chovia bastante e o fogo não se alastrou, o que provocou um ce-nário chocante, onde os corpos não foram totalmente queima-dos, ficando expostos. Foram ao todo oito pessoas assassinadas, sendo o colono, sua esposa e mais seis filhos, três adolescen-tes e três crianças.

Após o crime, Motta Coquei-ro foi considerado o mandante da chacina e era chamado de monstro, ficando conhecido como “A Fera de Macabu”. O mais impressionante disso tudo é que, ele em nenhum momento disse se foi ele ou não, simples-mente não se defendeu da acu-sação. Este mistério, esta coisa enigmática é que dá o sabor a essa história.

O que foi especulado na épo-ca foi a possibilidade de ter sido sua esposa Úrsula, a mandante do crime, já que se sentiu tra-ída e não aceitava o que o ma-rido havia feito. Mesmo assim, Motta Coqueiro foi preso como principal suspeito dos assassi-natos. Para intensificar ainda mais todo esse mistério, é que ele teve a possibilidade de fu-ga quando foi transferido para Campos dos Goytacazes. Fazen-deiros de Campos e pessoas da mesma classe social de Motta queriam fazer com que ele não fosse punido e deram a ele a

oportunidade de fugir, pegan-do um navio para sair do Brasil, mas ele se recusou e ficou preso aguardando o julgamento.

1855: CONDENAÇÃO E EXECUÇÃO EM PRAÇA PÚBLICA

Em agosto de 1855, Motta Coqueiro foi julgado e con-denado pelo crime. Muitas coisas estranhas acontece-ram em seu julgamento, uma delas foi o fato de que escravos nunca poderiam testemunhar contra os seus senhores, mas

no julgamento dele uma das escravas de Motta Coqueiro testemunhou contra ele, o que contribuiu e muito para sua condenação.

Após ser condenado, Motta Coqueiro voltou a Macaé para a execução, que aconteceu na Praça da Luz, onde hoje está si-tuado o Colégio Estadual Luiz Reid. Motta Coqueiro saiu da Rua Dr. Télio Barreto, onde fi-cava o Paço Municipal, foi an-dando com a Guarda Vigilante até o local de execução e foi enforcado em praça pública, na presença de milhares de pes-soas. Uma condenação dessas naquele tempo era uma coisa muito exposta, um aconteci-mento onde todos tinham que comparecer.

Muitos dizem que, antes de ser enforcado, Motta Coqueiro teria jogado uma maldição na cidade, dizendo que Macaé te-ria 100 anos de não progresso. Por conta desta lenda, muitas pessoas acreditam que de fato esta maldição deu certo. Quan-do a Petrobras chegou na cida-de, coincidiu com os 100 anos. Mas se pegarmos a história de Macaé, antes da Petrobras, já havia um progresso cultural e econômico acontecendo.

Embora não tenha nenhuma documentação que comprove isto, os historiadores dizem que é provável que o corpo de Motta Coqueiro tenha sido enterrado nos arredores onde hoje é o Ce-mitério de Santana.

Nos 201 anos de Macaé, Mapa da Violência destaca posição de 408º no ranking Nacional

ESPECIAL 201 ANOS

na próxima terça-feira, dia 29, Macaé completa 201 anos. Apontada nos últimos cinco anos como uma das cidades mais vio-lentas do Brasil, a cidade conse-guiu, mais uma vez, reduzir os ín-dices de homicídios no município. A informação foi divulgada pelo Mapa da Violência 2014, estudo que aponta redução do número de mortes violentas na cidade.

Elaborado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), o mais recente Mapa da Violência

Em comparação a outras cidades do interior do estado, posição de Macaé é favorável, na avaliação de autoridades

no Brasil, concluído no final de ju-nho, leva em conta os indicadores de morte violenta de 2012.

Na avaliação de autoridades que atuam no setor de Seguran-ça Pública, a taxa de Macaé, no momento, é estável.

De 42,4 homicídios para cada 100 mil habitantes, a taxa está em 42,2.

Segundo o Secretário de Or-dem Pública de Macaé, Edmil-son Jório, em comparação a outros municípios do interior do Estado do Rio de Janeiro, a situação de Macaé, é favorável.

Em dezembro do ano passado, o município ocupava a 248ª posição no ranking, segundo o Mapa da Violência, passando atualmente, a ocupar a 408ª colocação.

Os estudos do Mapa da Vio-lência começaram em 2007

e apontavam Macaé como o quinto município mais violen-to do País em homicídios entre jovens de 15 a 24 anos de idade.

Para o secretário, o trabalho que vem sendo desenvolvido na redução da violência local continua sendo positivo. "Em-bora não tenhamos um avanço significativo nos indicadores da taxa, mas pelo menos, em com-paração com outras cidades do interior do estado, constata que o trabalho está sendo eficiente. Macaé é uma cidade que cresce com a ocupação populacional e mesmo assim temos consegui-do controlar", ponderou.

A expectativa agora, na ava-liação de Edmilson Jório, é que com o processo de pacificação, iniciado em maio com a im-plantação de novos Módulos

de Polícia Pacificadora nas co-munidades Malvinas e Nova Holanda , é que o município continue evoluindo no contro-le da violência. "Nosso índice de 42,2 homicídios para cada 100 mil habitantes ainda está muito acima da média nacio-nal, mas pelo menos temos a consciência tranquila de que o trabalho está sendo bem fei-to. Já estivemos no quinto lu-gar no ranking nacional e hoje estamos na 408ª colocação. Completamos 45 dias do pro-cesso de pacificação. Tivemos apenas o confronto da última quinta-feira (17) envolvendo traficantes de policiais milita-res. Foi o primeiro confronto intenso depois da pacificação

na Malvinas. Foi um resultado positivo da pacificação, já que os próprios moradores denun-ciaram a presença de traficantes na comunidade e estamos con-quistando, dentro do processo, a população. Tivemos sim, nas primeiras três semanas após o início da pacificação, o aumen-to da migração da violência para fora das comunidades, ou seja, roubo de veículos, roubos a transeuntes, mas acredito que esses indicadores, aos poucos, estão sendo controlados com a presença policial nas ruas", ressaltou.

Jório atribuiu o resultado de Macaé na 408ª posição no ranking do Mapa da Violência à coordenação dos empregos

de todas as forças de segurança. "Acredito que o passo primor-dial para que Macaé venha a ca-da ano evoluindo efetivamente, está na combinação de forças. Atualmente, a prefeitura ofer-ta serviços públicos às forças de segurança. Não adianta re-duzirmos indicadores se a sen-sação de insegurança continua alta, ruim. O processo de paci-ficação, ampliação do sistema de vídeomonitoramento, com instalação de mais oito câme-ras, melhora a sensação de se-gurança. Mas acredito também que as forças de segurança só têm êxito com a colaboração da população, tanto denunciando, quanto trabalhando para defesa de todos".

Motta Coqueiro foi acusado de ser o mandante da chacina que matou Francisco Benedito e toda sua família

KANÁ MANHÃES

Macaé ocupa atualmente a posição de 408º no ranking do Mapa da Violência

Page 21: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014 21

ESPECIAL 201 ANOS

Monumento do século XIX é pouco conhecido pela população em MacaéRelatos de populares dizem que o Farol de Imbetiba já foi point da cidade na década de 70

Marianna [email protected]

Apesar do grande cresci-mento nos últimos anos, Macaé ainda preserva

um rico patrimônio histórico e arquitetônico. Um exemplo disso é o Farol de Imbetiba, também conhecido como Farol Velho e Farolito. Esse monu-mento, que foi construído ain-da no século XIX, fica localizado em uma área de rochas, na Praia de Imbetiba.

Sem ser restaurado há mais de uma década, atualmente o mo-numento sofre um grande pro-cesso de deterioração. A sua fa-chada é alvo constante de picha-ções, o que reforça a situação de abandono desse que é uma das lembranças históricas da cidade. As rochas no entorno também sofrem com o vandalismo.

A pichação geralmente acon-tece de maneira impune, já que o local é isolado da agitação da cidade, mas tal ato é conside-rado um crime, previsto na Lei 9.605/98. De acordo com o Art. 65, a pessoa que for pega em fla-grante pichando ou danifican-do edificações ou monumentos urbanos pode sofrer uma pena com multa e detenção, que varia de três meses a um ano. O arti-go é claro e diz que “se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do

seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa”.

Mas não é só o vandalismo que pode ser presenciado no local.

WANDERLEY GIL

Apesar do valor histórico, o Farol de Imbetiba sofre atualmente com o abandono, sendo alvo de pichações

Uma grande quantidade de lixo foi encontrada entre as rochas e no meio da vegetação de restin-ga. Esses resíduos são geralmen-te deixados por frequentadores.

Os resíduos deixados na areia

acabam sendo levados para os oceanos através de correntes de vento e do mar, quando a maré fica alta.

Um dos maiores riscos que esses resíduos podem causar é

a morte de animais marinhos, que sofrem grandes consequên-cias por ingerir sacolas plásticas e diversos outros materiais. Vá-rios estudos no mundo inteiro mostram a grande quantidade

de lixo encontrado nos estô-magos dos animais. Duas das espécies que mais sofrem são as tartarugas e as toninhas (golfi-nho ameaçado de extinção), que confundem o plástico com algas. Muitos morrem sufoca-dos e acabam surgindo na costa, casos que já foram presenciados em Macaé nos últimos anos.

Apesar disso, o monumento está localizado em um ponto estratégico, fazendo contraste com uma das vistas mais boni-tas da cidade. Segundo o relato de quem nasceu aqui, antes da chegada da Petrobras na década de 70, o farol era um dos pontos mais frequentados da cidade, inclusive sendo um dos lugares preferidos para atividades ao ar livre, como piqueniques.

Com a chegada da Petro-bras, o local teria sido fechado, restringindo o acesso das pes-soas. Depois de alguns anos, a empresa resolveu restaurá-lo, urbanizando a área e abrindo novamente para o público.

Hoje em dia, muitos cidadãos ainda não tiveram a oportuni-dade de conhecer esse pequeno pedaço de Macaé, escondido em meio às rochas. A sua preserva-ção é fundamental para manter viva a história da cidade e, quem sabe, torná-lo novamente um ponto turístico frequentado pela população e pelas pessoas que visitam a cidade.

Ao completar 201 anos, um breve relato sobre a colonização de Macaé

ESPECIAL 201 ANOS

Daniela [email protected]

a história da emancipação de Macaé teve início em 1813 quando, em homenagem a Dom João VI, recebeu o nome de Vi-la de São João. De acordo com informações do secretário de Acervo do Patrimônio Histórico, professor Ricardo Meirelles, ele nunca esteve no município para receber a honra.

O município foi crescendo ano após ano, prosperou e em 1846, Macaé deixou de ser uma simples vila que vivia no regime monárquico para viver no regi-me republicano. No entanto, de acordo com o historiador Ricar-do Meirelles, isso ocorreu em 1874, quando o município passou a ser uma comarca, com Justiça e Fórum.

“Por algum tempo a cidade ficou estacionada, pois apesar de ter entrado no regime repu-blicano, ainda vivia com hábitos da monarquia. Vale ressaltar que nessa época o forte da nossa eco-nomia era a cana-de-açúcar e na ocasião tínhamos até o Porto de Imbetiba para escoar a produ-ção”, informou.

Apesar de ter a permissão de viver em um regime republica-no, o município de Macaé pas-sou a ter uma estrutura política com prefeito e com a existência da Câmara Municipal, em 1899, pois segundo os registros histó-ricos da época, existia um pouco de resistência para se colocar em prática o regime republicano.

A história registrou como o pri-meiro prefeito de Macaé, o juiz de Direito João Francisco Moreira Neto. No entanto, segundo o his-toriador Ricardo Meirelles, essa informação ainda está sendo ve-rificada se é verídica ou não.

O professor Ricardo Meirel-les informa que havia uma certa desavença entre Alfredo Backer

O município foi crescendo ano após ano, prosperou e em 1846,

e Nilo Peçanha que não aceitava muito os símbolos utilizados na época pela república.

“Em 1910, por ordem do go-vernador também conhecido na época como presidente da pro-víncia, Alfredo Backer, se Macaé não utilizasse a organização pro-posta pela república seria punido e não teria nenhum ofício, bem como pedidos solicitados de me-lhoria”, contou.

Outro fato marcante na histó-ria do município foi a vinda do presidente Washington Luiz em Macaé. Macaense, ele esteve pre-sente em 1927 na inauguração da usina de luz em Glicério, onde o evento contou com a presença de ilustres políticos da época.

O historiador conta que figu-ras ilustres na história do Brasil estiveram em Macaé, como o imperador Dom Pedro II, o fi-lho de Duque de Caxias e Álvaro Marins, desenhista conceituado na época que fez várias revistas e caricaturas.

Além do aspecto político, o historiador Ricardo Meirelles destaca que Macaé sempre foi muito importante para a eco-nomia do país. “Nossa cida-de passou por todos os ciclos econômicos. O açúcar, café, criação de gado e agropecuá-ria. Nós sofremos também em 1929, quando aconteceu a gran-de crise mundial com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque que afetou o mundo todo. Na ocasião, o presiden-te Getúlio Vargas determinou que várias plantações de café fossem queimadas e Macaé também sofreu com essa or-dem”, destacou.

Macaé, depois de tantos fatos históricos que marcaram a sua trajetória de emancipação, ainda continua crescendo e recebendo pessoas de todo o mundo, princi-palmente com a implantação da Petrobras no município no ano de 1978.

E da antiga Macaé, pacata e de histórias curiosas, hoje quem vi-ve aqui pode viver em uma cidade onde o antigo convive com a mo-dernidade em perfeita harmonia.

INÍCIO DA COLONIZAÇÃOO início da colonização da

Área ocorreu em 1627, quando a Coroa Portuguesa concedeu aos Sete Capitães, militares portugueses que lutaram na expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, as terras entre o Rio Macaé e o Cabo de São To-mé. O núcleo inicial de Macaé progrediu apoiado na economia canavieira, em torno da antiga Fazenda dos Jesuítas de Macaé (1630), constituída de engenho, colégio e capela situada no Mor-ro de Santana.

Até fins do século XVII, no en-tanto, os esforços de colonização de Macaé não surtiram efeito, mantendo a cidade desprotegi-da. Em 1725, piratas franceses chegaram a se estabelecer no Arquipélago de Santana, de on-de passaram a saquear o litoral. Com a expulsão dos jesuítas, a partir de 1759, a região passou a receber novos imigrantes, pro-porcionando o surgimento de novas fazendas e engenhos, o que motivou sua emancipação, o que se deu com a edição de Al-vará de 29 de julho de 1813, sob o nome de São João de Macaé, cujo território foi desmembrado dos atuais municípios de Cabo Frio e Campos. Sua instalação deu-se em 25 de janeiro de 1814. No período imperial, a vila evoluiu rapidamente, favorecida pela po-sição geográfica de maior acessi-bilidade ao Norte Fluminense, passando à categoria de cidade em 1846.

O alicerce da economia de Macaé foi, por muitos anos, o cultivo da cana-de-açúcar, que respondeu por um crescimento demográfico expressivo nos sé-culos XVIII e XIX. O município chegou a desempenhar o papel de porta de entrada e saída do Norte Fluminense, favorecido pela ligação com Campos dos Goytacazes, através da constru-ção do canal Macaé-Campos, com 109 quilômetros de exten-são, para auxiliar o escoamento da produção, que era transpor-tada até o Rio de Janeiro a partir do Porto de Imbetiba, chegando

WANDERLEY GIL

Pela cidade, algumas construções aindaconservam traços do século passado

a operar, até 1875, com cinco bar-cos a vapor. A partir desta data, o transporte da produção regional se fez a partir de via férrea, o que provocou um novo impulso na economia de Macaé. Hoje, a ro-dovia desempenha a função de ligação entre ambas.

Até o início do século XX, a economia do município se fun-damentava na produção da cana-de-açúcar, do café, na pecuária e na extração do pescado. No pe-ríodo republicano, a cidade foi mantida como sede do municí-pio de Macaé, embora tenha so-frido várias alterações na malha distrital. Os distritos de Concei-ção de Macabu e Macabuzinho vieram a constituir o município de Conceição de Macabu, em 1952; Carapebus e Quissamã ga-nharam autonomia municipal mais recentemente.

Page 22: Aniversário Macaé 201 anos

O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ22 Macaé, terça-feira, 29 de julho de 2014

ESPECIAL 201 ANOS

A Capital do Petróleo também é conhecida como Princesinha do Atlântico A cidade de Macaé conta com nove praias que atraem os banhistas durante todo o ano

Marianna [email protected]

A lém de Capital Nacional do Petróleo, Macaé tam-bém é conhecida como a

“Princesinha do Atlântico”. Ao todo são 23 quilômetros de li-toral, divididos em nove praias: Pecado, Cavaleiros, Campista, Imbetiba, Forte, Barra, Aero-porto, Barreto e Lagomar.

Considerado o point dos pra-ticantes de esportes, a Praia do Pecado é ideal para a prática de surf, kite surf e bodyboad, sendo o local escolhido para os campeonatos dessas moda-lidades. Além disso, essa praia também atrai muitos banhis-tas, que lotam as areias nos finais de semana, feriados e período de férias.

Próximo dali fica outra praia também muito famosa, a dos Cavaleiros. Ela é famosa pela rica variedade gastronômica. É possível sentar à beira-mar e desfrutar da culinária japonesa,

italiana, brasileira, entre outras variedades. Para os amantes de corrida e caminhadas ao ar livre, o calçadão atrai muitas pessoas no início da manhã e fi-nal da tarde. Com cerca de 1500 metros de extensão, o vôlei de praia, futvôlei e outros esportes são praticados ali. É também no Cavaleiros que se concen-tra grande parte dos hotéis da cidade, reunindo as maiores bandeiras do mundo.

Mas de todas as praias, essa é uma das que sofreu a mudança paisagística mais drástica em Macaé. Depois de uma forte ressaca que atingiu o litoral macaense em 2011, o calçadão teve parte da sua estrutura da-nificada. Durante dois anos, fo-ram várias promessas de início das obras de reforma, porém, na prática isso só começou de fato no segundo semestre do ano passado. A grande inaugu-ração está marcada para esta terça-feira (29).

O novo projeto urbanístico da

orla inclui a construção de pos-tos salva-vidas novos, banhei-ros (feminino e masculino), re-construção do deck de madeira, a recuperação do passeio com pedras portuguesas, urbaniza-ção e paisagismo e manutenção da iluminação pública.

Colada nela está a Praia Cam-pista, que é menos frequentada por ser mar aberto. Ela é utiliza-da para a pesca, que é conside-rada a segunda maior atividade econômica do município.

Com apenas 500 metros, a Praia do Farol tem águas cal-mas e claras. Ela está localiza-da junto a uma encosta rochosa onde estão as ruínas do velho Farolito. É possível ver tarta-rugas marinhas, espécies ame-açadas de extinção, nadando no local.

Antes do Cavaleiros, nas dé-cadas de 70 e 80, a praia mais popular de Macaé era a Imbe-tiba. A chegada do progresso à cidade fez com que ela so-fresse constantemente com o

problema de balneabilidade. Quando está liberada para o banho, é nas suas águas que os praticantes de natação da “Academia dos Anormais” se exercitam.

Já as praias do Forte e da Barra sofrem constantemente com a poluição. Esse problema

ocorre por conta dessas praias estarem situadas onde o Rio Macaé desagua, trazendo resí-duos e esgoto sem tratamento. O crescimento desenfreado das últimas décadas fez com que Macaé perdesse muitos pon-tos quando se trata da questão ambiental. Apesar disso, é co-

mum flagrar pessoas, inclusive crianças e jovens, tomando ba-nho nessas águas, o que é desa-conselhável.

Já as praias do Barreto e La-gomar são consideradas de mar aberto, sendo pouco frequen-tadas, apesar de serem bairros com alto índice populacional.

KANÁ MANHÃES

Ao todo são 23 quilômetros de litoral, divididos em nove praias: Pecado, Cavaleiros, Campista, Imbetiba, Forte, Barra, Aeroporto, Barreto e Lagomar

Arquipélago de Sant'Annaalém das praias, o litoral macaense também conta com o Arquipélago de Sant´Anna, localizado apenas a 8 km da costa. Ao todo, são três ilhas: Ilhote Sul, Santana e Francês (única liberada para visitação), que são rodeadas pelas águas verdes e transparentes do Oce-ano Atlântico.

Considerada uma Área de Proteção Ambiental (APA), as ilhas são compostas por uma extensa biodiversidade e for-mam um Parque Municipal, protegidas pela Lei Munici-pal nº 1216/89, e regulamen-tado pelo decreto 018/2011. A existência de animais como o sanhaço, sabiá-da-praia, caná-rios, fragatas, galinhas-d'água, preás, pacas e o sagui diversifi-cam a fauna do local.

Mas quem pensa que para visitar é só pegar um barco e ir, está enganado, e pode cometer uma grave infração. Para prote-ger essa região, proporcionan-do à população uma opção de lazer sustentável, a Secretaria de Ambiente criou regras para a visitação.

Para isso foi criada a Instru-ção Normativa, que faz parte da Lei Complementar Municipal 027/2011 (Código Municipal de Meio Ambiente). Essa Instru-ção visa regular as visitas à ilha do Francês e também fiscalizar o uso indevido de objetos, co-mo churrasqueira, som, entre outros, no local.

Essa Instrução Normativa foi feita para regulamentar o uso. Não foi para proibir, apenas cria algumas restrições, já que anti-gamente muitas pessoas faziam o mau uso do local, degradando ambientalmente e colocando todo o ecossistema em risco.

Caso as pessoas não atendam essa Instrução, elas estarão sujeitas a Lei Complementar Municipal 027/2011. Nesse ca-so, poderão ter equipamentos e utensílios apreendidos e ainda sofrer algum tipo de multa por crime ambiental.

As Instruções para quem deseja visitar a ilha do Francês são: o limite de visitantes na

ilha é de 200 pessoas por vez; é proibida a prática de qualquer tipo de esporte nas praias; as embarcações só têm autoriza-ção de aproximar até 15 metros das praias para embarque e desembarque; não é permitido o acesso de animais de estima-ção; o horário de visitação é das 8 às 18 horas; não é permitido ao visitante o ingresso nas praias do arquipélago portando obje-tos de vidro, aparelhos de sons, churrasqueiras, barracas de acampamento, produtos que possam causar incêndio e óle-os bronzeadores e cada pessoa é responsável pelo recolhimento de seus dejetos.

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