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GOVERNO PUBLICA PRIMEIRO RELATÓRIO SOBRE ÍNDICES DE PREÇOS NA CADEIA ALIMENTAR PROMOÇÕES DA DISTRIBUIÇÃO GERAM FORTE POLÉMICA ANO XII NÚMERO 05 MAIO 2012 ANIL I N F O R M A Ç Ã O COMISSÃO EUROPEIA AVALIA APLICAÇÃO DAS REGRAS DA CONCORRÊNCIA NO SECTOR ALIMENTAR GOVERNO APRESENTA PROGRAMA DA INDÚSTRIA RESPONSÁVEL

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GOVERNO PUBLICA PRIMEIRO RELATÓRIO

SOBRE ÍNDICES DE PREÇOS

NA CADEIA ALIMENTAR

PROMOÇÕES DA DISTRIBUIÇÃO

GERAM FORTE POLÉMICA

ANO XII NÚMERO 05 MAIO 2012

ANIL I N F O R M A Ç Ã O

COMISSÃO EUROPEIA AVALIA APLICAÇÃO DAS

REGRAS DA CONCORRÊNCIA NO SECTOR ALIMENTAR

GOVERNO APRESENTA

PROGRAMA DA INDÚSTRIA RESPONSÁVEL

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2 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

NACI

ONAL

Resolução n.º 62/2012 2012.05.04, AR Recomenda ao Governo que promova o consumo de pro-dutos nacionais e crie melhores condições para que esses produtos de origem nacional sejam identificados.

Lei n.º 19/2012 2012.05.08, AR Aprova o novo regime jurídico da concorrência, revogan-do as Leis n.os 18/2003 e 39/2006 e procede à segunda alteração à Lei n.º 2/99.

Resolução n.º 67/2012 Resolução n.º 68/2012 2012.05.10, AR Recomenda ao Governo a adopção de medidas tendentes ao combate da obesidade infanto-juvenil em Portugal.

Decreto-Lei n.º 101/2012 2012.05.11, MAMAOT Cria uma linha de crédito com juros bonificados, dirigida prioritariamente a operadores do setor da pecuária ex-tensiva, que exerçam as actividades da bovinicultura, capri-nicultura, ovinicultu-ra, equinicultura, suinicultura e apicul-

tura, com vista a compensar o aumento dos custos de pro-dução resultantes da seca.

Resolução C. Ministros n.º 47/2012 2012.05.18, PCM Lança o Programa da Indústria Responsável com vista à melhoria do ambiente de negócios, à redução de custos de contexto e à optimização do enquadramento legal e regula-mentar relativo à localização, instalação e exploração da actividade industrial.

Portaria n.º 169/2012 2012.05.24, MAMAOT Fixa a estrutura nuclear do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambien-te e do Ordenamento do Território.

U. E

UROP

EIA

Regulamento (UE) n.º 380/2012 2012.05.04, L 119 Altera o anexo II do Regulamento (CE) n.º 1333/2008 no que diz respeito às condições de utilização e aos teores de utilização dos aditivos alimentares que contêm alumínio.

Decisão 2012/249/UE 2012.05.09, L 123 Relativa à determinação dos períodos de arranque e de paragem para fins da Directiva 2010/75/UE relativa às emis-sões industriais.

Regulamento n.º 419/2012 2012.05.17, L 130 Altera o Regulamento (UE) n.º 562/2011 que adota o plano de atribuição de recursos aos Estados-Membros, a imputar ao exercício de 2012, para o fornecimento de géneros

alimentícios provenientes das existências de intervenção a favor das pessoas mais necessitadas da União Europeia.

Regulamento (UE) n.º 441/2012 2012.05.25, L 135 Altera os anexos II e III do Regulamento (CE) n.º 396/2005 no que se refere aos limites máximos de resíduos de bife-nazato, bifentrina, boscalide, cadusafos, clorantraniliprol, clortalonil, clotianidina, ciproconazol,... no interior ou à superfície de determinados produtos.

Regulamento (UE) n.º 432/2012 2012.05.25, L 136 Estabelece uma lista de alegações de saúde permitidas rela-tivas a alimentos que não referem a redução de um risco de doença ou o desenvolvimento e a saúde das crianças.

R.A.

AÇOR

ES Portaria n.º 56/2012

2012.05.17, SRAF Reforça a regulamentação do Sistema de Apoio Financeiro à Agricultura designado de SAFIAGRI. Revoga a Portaria n.º 24/2009, alterada e republicada pela Portaria n.º 57/2009.

Dec. Reg. Regional n.º 14/2012/A 2012.05.23, PGR Regulamenta o exercício da actividade industrial na Região Autónoma dos Açores, aprovado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 5/2012/A.

LEGISLAÇÃO

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 3

NESTA EDIÇÃO Legislação do mês 2

Governo publica primeira aproximação ao índice de preços na cadeia alimentar

3

Agenda 4

Estamos em condições de sobreviver a uma mega-guerra de preços?

5

Números em imagem e newsletter SIMA 6

A guerra dos hipers: artigos de fundo sobre o dossier Pingo Doce

10

Marcado do queijo requer novas estratégias 17

Natas no topo! 20

MDD de Natas UHT em destaque no linear 21

Índice de preços na cadeia alimentar 22

Programa Indústria Responsável Resolução Conselho de Ministros n.º 47/2012

27

Ajudas Seca - Linha de Crédito Decreto-Lei n.º 101/2012

28

Aplicação das regras de concorrência no sector alimentar

30

Se alguém nos copia é sinal do nosso sucesso 33

Governo quer contratos obrigatórios na fileira do leite já em Outubro

34

Comunicar inovação com iogurtes 35

Lactogal desiste da compra da Renoldy 37

Leite corre sérios riscos de redução de apoios 37

Prolacto: 1000 dias sem acidentes de trabalho 38

Mais seis milhões de litros de leite em S.Miguel 39

Produzir mais e com mais qualidade 40

Berta Cabral promete entidade reguladora para o sector do leite

41

Primeiros compradores acumulam dívidas 43

Crise no sector leiteiro da União Europeia 45

Industriais franceses preparam fim das quotas 46

Arla Foods expande-se na Alemanha e R.Unido 48

Foi aprovado Programa Indústria Responsável 49

AR avalia relações fornecedores/distribuidores 51

Inadmissível ser o produtor a pagar descontos 52

LTO: preços em Março descem 1 cêntimo 56

À mesa com queijos portugueses 58

ASAE já enviou processo Pingo Doce à AdC 54

ANO XII

NÚMERO 05

DATA MAIO. 2012 GOVERNO PUBLICA PRIMEIRA APROXIMAÇÃO AO ÍNDICE DE PREÇOS NA CADEIA ALIMENTAR A Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, anunciou já por diversas vezes que a página na Internet do Ministério da Agricultura iria começar a apresentar informa-ção sobre a formação de preços, com o objectivo de mostrar "o que é que cada participante ganha ao longo de toda a cadeia". Assunção Cristas foi acrescentando que "o importante é que fique claro, transparente, rigoroso e objectivo quem é que ganha o quê e porquê", concluindo que, com essa informação, "será mais fácil introduzir medidas para ter maior equilíbrio ao longo de toda a cadeia". Foi entretanto já conhecido, o primeiro desses relatórios, com os valores a ser apresentados de forma agregada e sempre sob a forma de índices, o que nos per-mite visionar um primeiro retrato da realidade e extrair algumas importantes constatações (evolução de preços alimentares abaixo da inflação, evolução dos preços na indústria e nos preços ao consumidor em linha com a evolução nos preços das matérias primas, compressão das margens da produção, forte volatili-dade dos custos com diversos factores de produção). Refere a Nota Introdutória do relatório que nos próximos trimestres “serão ana-lisados, individualmente, os vários produtos alimentares“, onde poderão surgir mais informações mais ‘polémicas’ em especial pela abordagem que seja feita ao cálculo do preço de cessão pela indústria à distribuição, pois são conhecidos as significativas diferenças entre valores facturados e valores recebidos. O próprio relatório, que apresentamos mais à frente, refere como principais constatações, o seguinte: n A evolução dos preços agrícolas, no geral, foi acompanhada por uma evolução

aproximada nos preços dos bens alimentares na indústria e no consumidor, no período 2005-2011, quer nos movimentos ascendentes quer descendentes.

n Contudo, a produção agrícola não conseguiu fazer repercutir nos preços de venda o grande aumento dos custos de produção, o que teve um impacto for-temente negativo sobre as margens dos agricultores. O preço implícito no produto agrícola teve uma diminuição real entre 2005 e 2011 de 26%.

n As dificuldades dos agricultores em repercutir nos respetivos preços de venda o grande aumento dos custos de produção são consistentes com a análise con-duzida pela Autoridade da Concorrência “aos múltiplos contratos celebrados entre distribuidores e fornecedores” que revelou “um desequilíbrio negocial entre as duas partes, com preponderância para os primeiros”.

n A partir de 2009 observou-se que os preços dos bens alimentares na produ-ção, na indústria e no consumidor tiveram um crescimento inferior ao da infla-ção. Esta tendência revela a importância dos bens alimentares na contenção geral dos preços. É no entanto conseguido, contudo, com sacrifício dos rendi-mentos dos agricultores.

n A situação descrita no ponto anterior é específica de Portugal, uma vez que o ritmo de crescimento dos preços nacionais dos bens alimentares foi inferior ao verificado na UE27 em toda a cadeia de abastecimento alimentar.

n O crescimento dos preços na UE27 foi superior ao da inflação em toda a cadeia de abastecimento alimentar.

O ritmo do crescimento dos preços dos produtos alimentares, em velocidade inferior à da inflação e em ciclo diferente do que se passa no restante território da União Europeia, demonstra a forma como o sector alimentar está a pagar a factura da situação económica do país, mas também da actuação dos operadores da moderna distribuição. Isto é, face a custos mais elevados de matérias-primas e factores de produção, face a um crescimento desses custos que (como se verifica nos outros países) é mesmo mais forte que o da inflação, o sector tem vindo a ceder - via preços e restantes condições contratuais (e não contratuais) - toda a sua rentabilidade aos distribuidores para que estes possam desenvolver as suas guerras de preços e as suas permanentes operações promocionais, sem apesar disso, verem penalizadas as suas margens e resultados...

Pedro Pimentel

NOTA DE ABERTURA

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4 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

FEIR

AS

FIA 2012 - Foire Internacionale d’Alger 2012.05.30-06.05 Argel (Argélia) www.safex-algerie.com

Feira Nacional da Agricultura 2012 2012.06.02-10 CNEMA (Santarém) www.cnema.pt

Alimentaria México 2012 2012.06.05-07 Mexico DF (México) www.cnema.pt

35.ª Semana Verde de Galicia 2012.06.14-17 Silleda (Espanha) www.semanaverde.es

AgroVouga 2012 (inclui Aveiro Festival - Gastronomia, Vinhos e Produtos do Centro) 2012.06.22-07.01 Parque de Exposições (Aveiro) www.aveiroexpo.pt

Sial Brazil 2012 2012.06.25-28 São Paulo (Brasil) www.sialbrazil.com

Speciality & Fine Food Fair 2012 2012.09.02-04 Londres (Reino Unido) www.specialityandfinefoodfairs.co.uk

Gida Worldfood Istambul 2012 2012.09.06-09 Istambul (Turquia) www.ite-gida.com

World Food Moscow 2012 2012.09.17-20 Moscovo (Rússia) www.world-food.ru

ExpoAlimenta 2012 (inclui Portugal Tradicional - Salão Internacional de Produtos Alimentares Tradicionais de Portugal) 2012.10.12-15 Exposalão (Batalha) www.exposalao.pt

The World of Milk 2012 2012.11.07-10 Sofia (Bulgária) www.iec.bg

Essência do Gourmet 2012 2012.11.23-25 Palácio da Bolsa (Porto) www.essenciadogourmet.com

Iberia Expo 2012 - Exposição Anual de Produtos de Portugal e Espanha 2012.11.28-30 Fortaleza (Brasil) www.iberiaexpo.com

12.º Congreso Panamericano de la Leche 2012.06.05-07 Assunção (Paraguai) www.congresofepale.com

Estratégias de internacionalização de Produtos Agro-Alimentares 2012.06.06 CNEMA (Santarém) www.cnema.pt

IDF/INRA International Symposium on Spray Dried Dairy Products 2012.06.19-21 St. Malo (França) www.colloque.inra.fr/sddp2012

Heath Claims and Food Labelling 2012.06.19-21 Bruxelas (Bélgica) www.foodlabelling.agraevents.com

O mercado de matérias-primas alimentares: Futuros e a cobertura de risco em bolsa 2012.06.28 Hotel Villa Batalha (Batalha) www.anilact.pt

Oportunidades de mercado: o novo ciclo para os alimentos saudáveis 2012.07.03 Tecmaia (Maia) www.fipa.pt

Food Ingredients Conferences 2012: Innovation in Dairy 2012.07.10-12 Amsterdam (Holanda) www.fi-dairyinnovation.com

EDA World Dairy Forum 2012.09.26 Ljubljana (Eslovénia) http://euromilk.org/eda/

IDF World Dairy Summit 2012 2012.11.04-08 Cape Town (Àfrica do Sul) www.wds2012.com

FICHA TÉCNICA Responsável: Pedro Pimentel Colaboradores: Maria Cândida Marrramaque Cristina Pinto ANIL - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LACTICÍNIOS Rua de Santa Teresa, 2C - 2.º 4050-537 Porto Tel.: (351) 222 001 229 Fax: (351) 222 056 450 E-mail: [email protected] Website: www.anilact.pt

EVEN

TOS

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A operação-surpresa realizada pela insígnia Pingo Doce no passado dia 1 de Maio, tão criticada e elogiada, foi, para além de todos os significados que relativamente a ela se possam extrair, o tiro-de-partida de uma mega-guerra de preços entre as diferentes cadeias de distribuição. A promoção da cadeia da Jerónimo Martins teve um impacto para além do que aquele próprio grupo imaginaria e houve muitos que logo argumentaram com a livre-actuação no mer-cado, com a ‘genialidade’ da operação a nível de marketing ou com a ‘solidariedade’ com os consumidores portugueses, a atravessar grandes dificuldades e tão necessitados de reduzir os seus gastos. Para esses, a ilegalidade inquestionável desta operação (e de todas as do mesmo género) resulta de um excesso de zelo legislativo das autoridades, porque, con-cluem, todos ficam a ganhar: os consumidores, porque com-pram mais barato, a insígnia, porque aumentou o seu volume de negócios, a sua notoriedade e a fidelização dos consumi-dores, e os fornecedores porque aumentam fortemente as suas vendas, sem verem penalizados as suas margens... Afinal, é a cadeia de distribuição que suporta os custos com as suas próprias acções!... Mas será mesmo assim??... Não discuto a ‘genialidade’ do marketing, embora não consi-ga deixar de me lembrar da velha frase dos políticos, que diz que “não interessa se falam bem ou mal de mim... o que inte-ressa é que falem de mim”. Não discuto também a teoria de que esta acção responde aos anseios dos consumidores e à sua inquestionável ânsia de poupar em tudo aquilo que é possível, embora o que se assistiu naquele célebre 1 de Maio, tenha parecido mais um saque do que uma acção comercial, com a ‘pequena’ diferen-ça de que dali ninguém saiu sem pagar. Quanto ao resto, pre-paração muito pouca, segurança quase nenhuma, preocupa-ção com o conforto dos clientes simplesmente esquecida (afinal, se é p’ra comprar barato, qualquer coisa serve...). Estou certo que o Pingo Doce não irá utilizar, em campanhas futuras, imagens da quase selvajaria que se viu naquela acção e que tão bem foi caricaturada por humoristas como Ricardo Araújo Pereira, no seu sketch “Adquirir Produtos à Bruta”, de audição absolutamente obrigatória. Quanto ao resto, tudo é discutível, diria mesmo, altamente discutível!... Desde logo, a questão da legalidade deste tipo de acção e, acima de tudo, porque é que está legalmente proibida a figura da ‘venda com prejuízo’ e por que é que a sua prática deve ser condenada e sancionada. São muitos, alguns com fortes responsabilidades até, que parecem não perceber o que é que realmente está em causa com esta prática. A venda com prejuízo é uma prática anti-concorrencial, pois funciona como um instrumento para - através da utilização de preços abaixo do respectivo custo - exclusão da concorrência, seja ao nível de espaços comerciais, seja a nível de produtos con-correntes. Neste caso concreto, o Pingo Doce, fruto da sua dimensão e capacidade económica, mas também da sua capacidade de imposição junto dos seus fornecedores, decidiu colocar os produtos no mercado a preço que, de nenhuma forma, podem ser acompanhados por muitos dos seus concorren-

EM FOCO

tes. Assim, no limite, a sucessão de acções deste tipo, levaria a que os consumidores deixassem de fazer as suas compras noutras lojas doutras insígnias, levando-as a sair do mercado, com penalização quer para as insígnias concorrentes (e todo o restante comércio), quer para os produtos que não são vendidos no Pingo Doce (o qual, refira-se, tem um sortido cada vez mais curto e mais baseado em marcas próprias). Quando tal acontecesse, não apenas o seu poder negocial acrescido lhe permitiria um ainda maior esmagamento dos preços das compras, junto dos seus fornecedores, como também - face à ausência de concorrência no mercado do retalho - praticar preços ao consumidor menos eficientes (ou seja, mais caros)... Sobre as vantagens para os consumidores, elas existem sem dúvida (quem não gosta de aproveitar uma promoção ou um desconto) mas são efémeras, respondem a um anseio, mas são tudo menos desinteressadas e solidárias, correspondem a uma tentativa de recuperar vendas e superar a concorrên-cia e não a uma especial preocupação com os consumidores ou com os fornecedores nacionais, geram a ideia de que é possível baixar os preços naquela ordem de grandeza (mas o Pingo Doce não anunciava ter já preços baixos, em toda a loja, o ano inteiro?) e contrariam a sua linha de comunicação dos últimos anos, lembrando aquela frase típica do futebol de que o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira... Em relação às vantagens para o Pingo Doce, aquela cadeia lá saberá fazer as suas contas, mas se é verdade que ganhou notoriedade, é verdade também que ela é largamente negati-va e deu azo a uma chuva inusual de críticas e protestos, se é verdade que as vendas aumentaram, será que a rentabilida-de a acompanhou (falam-se em mais de 20 milhões de pre-juízos num único dia)? e se é verdade que muitos foram os que acorreram às suas lojas naquele dia, isso corresponderá a uma efectiva fidelização do cliente quando, como facilmen-te se adivinha (e, nalguns casos, já se concretizou), as outras insígnias competirem com promoções do mesmo tipo ou ainda mais agressivas? Finalmente, em relação às vantagens para os fornecedores, aquelas ideias-feitas não passam disso mesmo. Aos fortes aumentos de vendas de que tanto se fala, corresponde o outro lado da moeda: a redução de vendas nos dias subse-quentes (depois de repostos os stocks das lojas) e noutras insígnias, pois os consumidores são os mesmos e apenas reforçaram o seu volume de compras nesse dia (reduzindo compras nos dias seguintes) e/ou mudaram o local de com-prar (deixando de comprar noutras lojas). Quanto à não penalização das margens dos fornecedores, basta ler a comunicação social dos últimos dias para perce-ber que estamos conversados. O Pingo Doce já começou a pressionar os seus fornecedores, exigindo contribuições e descontos adicionais. A lenga-lenga refere acções futuras, mas os proveitos obtidos servirão para minimizar o impacto de operações passadas (como a de 1 de Maio). Como era fácil de imaginar, ‘não há almoços de borla’, nem há que tenha mão nisto, pois as exigências (e ameaças) repetem-se e não são exclusivas do Pingo Doce, pois as insígnias con-correntes não hesitam para responder à letra!

(continua na página 19)

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 5

ESTAMOS EM CONDIÇÕES DE SOBREVIVER A UMA MEGA-GUERRA DE PREÇOS?

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NÚMEROS EM IMAGEM

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8 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

NEWSLETTER SIMA - MAIO. 2012

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10 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

O sigilo que rodeou os preparativos do megadesconto nas lojas Pingo Doce teve, afinal, um retorno bastante ruido-so. Feito o balanço, conclui-se que difi-cilmente o estrago poderia ser maior. A actuação polémica da marca Pingo Doce chamou a atenção do Governo para o espartilho com que a distribui-ção esmaga os produtores. A acção originou também uma investi-gação da ASAE por vendas com prejuí-zo de 16 produtos, agudizou o conflito com os sindicatos e os partidos de esquerda, pôs os funcionários à beira de um ataque de nervos e, muito pro-vavelmente, gerou um prejuízo que agentes do sector estimam que seja superior a duas dezenas de milhões de euros, e que será reflectido, ao longo do ano, nas contas da Jerónimo Martins (JM), a holding que controla aquela rede de supermercados. As queixas dos produtores Os produtores e fornecedores, que, desde há muito, se queixam do estrei-tamento das suas margens e do alarga-mento dos prazos de pagamento, são frequentemente «associados» às cam-panhas de descontos da grande distri-buição sem terem sido previamente consultados. A Visão quis saber se a Jerónimo Martins planeia pedir aos seus fornecedores que partilhem os descon-tos desta operação. A resposta foi a seguinte: «O Pingo Doce não está a repercutir o investimento feito na acção do dia 1 de Maio nos fornecedo-res, sem prejuízo de existirem muitos fornecedores do pingo Doce que estão alinhados com o objectivo de reforço da competitividade». «Nas promoções, os fornecedores nunca são ouvidos. Mas a industria já sabe que vai pagar. Normalmente, é sempre pedida uma ‘comparticipação’. Há um receio objectivo de que isso aconteça», afirma Pedro Queiroz, da FIPA. Para Pedro Pimentel, da ANIL, é tempo de começar a perder o medo. «Se forem pedir dinheiro aso fornece-dor, tem de se dizer que não. E se hou-

ver retaliação, tem de ser denunciada. De futuro, as promoções têm de ser negociadas previamente, não retroacti-vamente. Tem de haver limites. Não estamos numa selva.» Esmagados por contratos leoninos, há entre os produtores nacionais uma sensação e alívio em relação aos resul-tados desta promoção. «O país e o Governo começam a perceber que há um enorme desequilíbrio na negociação dos fornecedores com as cadeias de distribuição. A JM e a Sonae, juntas, têm mais de 50% do mercado. É a dis-tribuição que decide tudo, desde o preço às promoções. Os operadores são absolutamente soberanos», diz Pedro Queiroz. Pedro Pimentel corrobora: «Andamos, há muito tempo, a sensibilizar governos e autoridades para o que se está a pas-sar. Mesmo esta ministra (da Agricultu-ra, que considerou a situação inadmissí-vel) estava pouco inclinada a intervir. Agora,isto pode funcionar como um tiro no pé. A questão ficou na ordem do dia e o País está, finalmente, a dis-cutir o assunto. O Pingo Doce acabou por motivar o poder político a avançar muito mais depressa.» Torres Paulo, da Associação de Produ-tores de Pêra Rocha (ANP), também faz uma leitura crítica dos acontecimen-tos. «Isto não é reflexo da crise, mas sim da ânsia de ganhar quota de merca-do. (Sonae e JM) estão a fazer guerra entre ele à custa da economia portu-guesa. Têm perfeita consciência de que estão a levar empresas á falência. Onde está a sua consciência social?» Depois do pequeno comércio, são os fornece-dores que se ressentem. O desempre-go aumenta e o poder de compra das pessoas diminui. O alerta é partilhado por Pedro Pimentel: «isto só é bom para o consumidor, a curto prazo”. «Está à vista de todos que alguma coisa tem de mudar. Competitividade com base no esmagamento sucessivo das margens começa a não ser mais possí-vel. A indústria está em sérias dificulda-

des», conclui Pedro Queiroz. Torres Paulo vai mais longe e denuncia a impo-sição da venda abaixo do custo, «que está a acontecer com a pêra rocha. E não é por uma semana. É por três ou quatro meses. A preocupação com o alargamento dos prazos de pagamento é comum aos produtores. A Lei 118/2010 «estipula prazos de pagamento obrigatórios de 30 dias apenas para um leque muito reduzido de produtos» e a intenção é alarga-lo à maior parte, que, na genera-lidade, anda entre os 60 e os 90 dias, ou mais. «A verdade é que o consumi-dor paga sempre no acto de compra, as empresas de distribuição são as únicas que recebem na hora. E funcionam como entidade parabancárias. O dife-rencial de prazos de pagamento é enor-me e, num quadro de restrição de cré-dito bancário, cria grandes problemas de tesouraria”, adverte Pedro Pimentel. O meu poder é maior que o teu A relação entre uma cadeia de distri-buição e um fornecedor obedece à assinatura de um contrato único e anual. Contudo, ao longo do processo, há procedimentos comuns e genéricos a que os fornecedores estão sujeitos. Aqui ficam alguns... ‘Fee’ de entrada: quem entra pela pri-meira vez, e só para referenciação, tem de pagar à cabeça um valor que «pode atingir dezenas de milhares de euros, sem nenhuma garantia de venda». Isto só para que um produto possa integrar a lista dos que as cadeias de distribui-ção podem vir a comprar. Desconto adicional: costuma ser pedido sempre que uma cadeia abre novas lojas. Se o fornecedor disser que não lhe interessa vender em determinada loja, «arrisca-se a não vender em nenhuma». Ou quando há promoções – quase nunca previamente combinadas com o fornecedor. Este é chamado depois a »comparticipar» na iniciativa, consoante as vendas obtidas. Rappel (bónus de quantidade): é incon-dicional; a cadeia assume que vai ven-der uma determinada quantidade e negoceia um desconto cobre isso. O desconto é feito e executado, mesmo que o objectivo não seja atingido. Prazos de pagamento: a generalidade dos contratos estipulam entre 60 a 90 dias, mas na prática é sempre mais do isto. Basta um desacerto numa factura para que se suspenda ou alargue os prazos.

in Visão

A GUERRA DOS HIPERS ARTIGOS DE FUNDO SOBRE DOSSIER PINGO DOCE

A acção realizada a 1 de Maio pelo Pingo Doce tem sido objecto de ampla discussão, com as posições mais diversas e os ângulos de observação - políticos, sociológicos, económicos - mais díspares. Contudo, este facto acabou por trazer para cima da mesa e em força, a ques-tão das relações entre produção e distribuição, acordando consciências e reforçando argu-mentos para os que, há anos, vêm denunciando o esmagamento promovido pela distribuição aos seus fornecedores.

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 11

São pelo menos 10 páginas, com 11 cláusulas, mais de 40 alíneas e espaços m branco a preencher depois de outros acordos, geralmente por email ou telefone – como as condições de entrega e os descontos. Nos dois con-tratos a que a Sábado teve acesso, há cerca de 20 obrigações para os produ-tores e só duas para a Jerónimo Mar-tins (JM). E em ambos falta pelo menos um por-menor essencial nas relações entre a cadeia de distribuição e os fornecedo-res: o preço por produto, que, como se lê nos documentos, está definido em tabelas de preços, tabelas que não constam do contrato de condições gerais de fornecimento e podem ser alteradas com um pré-aviso mínimo de 30 dias. Mas, mesmo que o preço estivesse especificado, nada garantia que esse valor fosse, de facto, cobrado. Estes contratos prevêem que todas as factu-ras dos produtores tenham uma nota, como se lê nos dois documentos: “Sobre estes produtos incidem ainda os descontos e outras contrapartidas que sejam decorrentes de todos os contra-tos e acordos celebrados entre as par-tes.” Ou seja, se participar numa pro-moção com 10% de desconto, o forne-cedor pode receber menos essa per-centagem pelo produto. Os contratos a que a Sábado teve aces-so têm datas de 2002 e 2007 e podem ser renovados automaticamente, por períodos de um ano, se ambas as par-tes estiveram de acordo – o que acon-teceu até 2010, quando o fornecedor em causa faliu. Mas só a dona do Pingo doce pode terminá-los, sem justifica-ção, e de um dia para o outro. A marca pode “suspender ou interromper, em qualquer momento, a comercialização de qualquer produto ou produtos for-necidos ao abrigo do presente contra-to, mediante notificação à segunda con-traente com a antecedência de cinco dias, sem prejuízo de em situações de força maior ou com caracter de urgên-cia o prazo de pré-aviso não ser exigí-vel”, lê-se num dos contratos. Outra das alíneas prevê a indemnização à JM no caso de erros ou alterações no código de barras ou rotulagem sem um pré-aviso de 30 dias. Define-se uma “penalização de 2% sobre o valor dos produtos que não se encontrem em

conformidade”. Mas há mais penalizações para os for-necedores da grande distribuição, asse-gura João Paulo Girbal, presidente da Centromarca, uma associação que junta 56 associados e mais de 800 marcas. Quando uma cadeia como a do Pingo Doce decide mudar a imagem ou abrir uma nova loja, os fornecedores são, muitas vezes, chamados a pagar uma percentagem dos custos – no último caso porque ganham mais um espaço para colocar os produtos, e ainda: sem-pre que um cliente deixa cair um pro-duto e este se estraga, quem paga é fornecedor; se um cho-colate é roubado, o cus-to também é assegurado pela marca que o produz; e se não gostar daquilo que comprou e decidir devolver, é, mais uma vez, o fornecedor a pagar, tal como acontece quando o prazo de vali-dade acaba e o produto não se vende. Os fornecedores tam-bém recebem menos se o tipo e o tamanho de embalagem for diferente do previsto ou se houver atrasos na entrega – 24 a 48 horas a mais podem dar origem a uma penali-zação de 20% sobre o preço da encomenda em falta. Na prática, as cadeias de distribuição alugam o espaço: os fornecedores têm de pagar os centímetros que ocupam nas prateleiras, os folhetos promocio-nais e as arcas frigoríficas ou congela-doras, onde a área a ocupar é negocia-da ao centímetro – os produtos que exigem frio têm um custo de prateleira superior. E quanto mais visibilidade quiser, mais paga – as prateleiras de conto ou as ilhas de produtos custam entre 2 e 5 mil euros cada 15 dias e uma fotografia a cores num catálogo promocional entre mil e 3 mil euros. De acordo com a Autoridade da Con-corrência (AdC), que em 2010 analisou vários contratos de fornecimento entre 2000 e 2009, há casos em que, depois de aplicados os descontos ficam 35 a 45% mais baratos (como o arroz) ás cadeias de distribuição. As massas, fari-

nhas e cereais chegam a ser pagas a menos de metade do preço e o café pode sair 755 mais barato do que pre-visto. Outra das obrigações que está nos contratos consultados pela Sábado é, precisamente, a participação em pro-moções feitas pelas grandes superfícies. Entre as situações mais comuns estão os descontos de aniversário da marca – supermercado faz promoções e os fornecedores colaboram com descon-tos no preço de venda. No total, entre algures de espaço e de topos, participa-ções em aniversários, entre outros, a JM teve ganhos suplementares de 493 milhões de euros, segundo o Relatório

e Contas de 2011. “As cadeias de dis-tribuição organizam a campanha, deci-dem quanto tempo dura e qual o des-conto”, diz Pedro Pimentel, da ANIL. “No passado, a Jerónimo Martins pagou menos 10% numa promoção de marca própria”, afirma João Dinis, dirigente da CNA. Para chegar às prateleiras dos super-mercados, os produtores podem ter de oferecer os produtos durante três a seis meses, diz João Paulo Girbal. “É a chamada taxa de referenciação. É preci-so convencer a distribuição de que o seu produto tem capacidade para ven-der mais do que o outro que está ali ao lado na prateleira.” Depois, têm de se preparar para conversas duras. Na JM há, no mínimo, duas a três reuniões por ano com cada fornecedor. E quem

OS BASTIDORES DO NEGÓCIO DA DISTRIBUIÇÃO

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vai aos escritórios da empresa costuma esperar. “A reunião começa sempre meia hora depois do previsto. Não sei se é intencional, mas de fosse eu faria isso – é uma das estratégias para criar ansiedade no produtor”, diz um direc-tor comercial que não quis ser identifi-cado. Os preços pagos também podem mudar ao longo do ano: a empresa tem especialistas que visitam a concorrência todos os dias para analisarem os preços ao fim da manhã e antes de as lojas fecharem. “Os valores pagos aos pro-dutores são ajustados em função destes números”, diz uma fonte do sector. Em 2012, a JM reduziu o prazo de paga-mento para 402 fornecedores nacionais de frescos que cumprem 95% das enco-mendas que vendem mais de 50% da produção à empresa. Objectivo: aumentar a sua liquidez e reduzir o risco de falência. Antes, os produtores já podiam receber mais cedo, mas com custos acrescidos. ”Se quiséssemos receber a sete dias, pagávamos um juro de 5% descontando na facturação”, diz

um produtor – um sistema de paga-mento feito através da banca. Os montantes pagos também podem ser definidos com efeitos retroactivos. Como antes de o contrato entrar em vigor (geralmente é renegociado em Julho e Agosto) se aplicam as condições do anterior. O novo preço de venda pode ser inferior. Se assim for, o pro-dutor é obrigado a devolver a diferença desde Janeiro. “Muitas vezes alegam que não atingiram os lucros previstos, daí baixarem os preços no contrato seguinte”, diz um especialista. Um dos casos foi relatado à Sábado por um produtor: “Combinei por email coma empresa aumentar o preço de venda para 35 cêntimos o quilo por causa das intempéries e aceitaram, mas quando fui assinar o contrato seguinte em Junho, cobraram-me o valor que

pagaram a mais para os meses de Mar-ço, Abril, Maio.” Resultado: teve de devolver 13 dos 35 cêntimos que rece-beu por cada quilo (cerca de 37% do valor), ou seja mais de 123 mil euros. O Pingo Doce tem duas outras impor-tantes fontes de negócio: os produtos brancos, que representam 41,4% das vendas, e a margem financeira conse-guida com os pagamentos. “Estas cadeias recebem a pronto pagamento e pagam a prazo, o que significa que podem pôr o dinheiro a render durante meses”, explica João Paulo Girbal. O dinheiro que ganham durante este tem-po é utilizado para remodelar e finan-ciar a abertura de novas lojas, 2onde vão continuar a receber a pronto e a pagar a prazo, perpetuando a margem financeira” – a Polónia, que representa 60% das receitas da empresa, com 1.300 lojas, vai absorver 80% do inves-timento do grupo, que prevê abrir 250 novos espaços no país este ano, depois de em 2011 ter inaugurado 239. Por outro lado, em muitos produtos o Pingo Doce disponibiliza apenas a mar-

ca líder e os produtos bran-cos, o que aumenta a noto-riedade. “Nas promoções, os produtos bran-cos estão quase á entra das superfícies, à altura dos olhos e das mãos. As outras marcas

estão nas prateleiras de cima, mais escondidas”, diz João Dinis. O dirigente acusa as distribuidoras de pressionarem os fornecedores a fazer produtos bran-cos. “É raro alguém dizer que não, por-que há vários castigos.” Todos os anos há leilões para escolher novos fornecedores dessas marcas pró-prias, explica o presidente da Centro-marca. Os leilões são, habitualmente feitos na internet – os interessados têm 10 minutos para licitar e, se a cadeia de distribuição não ficar satisfeita, abre novas janelas de licitação, de três em três minutos. Geralmente ganha quem oferece um preço mais baixo. E os pro-dutos podem ser muito parecidos com os de marca. “No nossos caso, até a máquina era a mesma, só parávamos para mudar a embalagem”, conta um produtor.

Mais de metade do leite produzido no país, por exemplo, é vendido às duas principais cadeias de distribuição. Então porquê esta promoção de 1 de Maio? “Nos últimos anos, a Jerónimo Martins tem tido um crescimento a dois dígitos, mas no primeiro trimestre de 2012 houve uma quebra de vendas em Por-tugal de 0,8%”, explica José António Rousseau, ex-director geral da APED. Além disso, a posição de 51% que a JM tem no Pingo Doce vale 4 a 5% no total do grupo. Já no caso da Sonae, os hipermercados representam 57% das receitas. Ou seja, uma guerra de pre-ços pode prejudicar sobretudo a empresa de Belmiro de Azevedo. Por-que não há margens de 50% neste negócio. “ A margem de lucro bruta da JM deve rondar os 30 a 40% e a líquida está nos 6,7%, adianta Rousseau. E varia em função dos produtos: o leite e o arroz podem dar lucros de 2 a 3%, mas os baldes podem render 80% Do lado dos fornecedores, a situação também mudou. “Quando nos torna-mos parceiros, no início dos anos 80, faziam-me encomendas de cinco tone-ladas por dia numa semana, e na seguinte já eram 10 toneladas diárias”, explica um produtor que chegou a fac-turar 6 milhões de euros à JM. Esses números incentivaram-no a incentiva-ram-no a investir 2 milhões de euros na compra de máquinas. Em 2010, o último ano em que traba-lhou para a empresa, chegou a acordo para fornecer o seu produto de duas formas: em caixas de 15 kg pelas quais cobrava 22 cêntimos por quilo e em sacos de plástico de 1 Kg que vendia por 32 cêntimos. “Nas caixas de 15 kg não ia ganhar nada, mas ia ganhar nas de 1 kg. Passado um mês eles tiraram os sacos de plástico porque não lhes compensava” – nos dois casos a marca cobrava cerca de 40 cêntimos ao clien-te final. Mantém até hoje os rolos de plásticos 8os custos com embalagens eram suportados por este produtor) no armazém. “Estão aqui 10 mil euros”, aponta à Sábado. Quando deixou de vender o pingo Doce e entrou em insolvência, a Jerónimo Martins com-prava 90% do que produzia. Já não tinha então margem para negociar – todos os meses tinha de pagar 35 mil euros ao banco para amortizar o empréstimo que contraiu para investir.

in Sábado

12 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 13

Decomposição do preço dos legumes indica que 60% do preço final está asso-ciado a custos de transporte, armaze-namento ou encargos com as lojas. A margem líquida das empresas de distri-buição portuguesas na venda de produ-tos hortícolas “não ultrapassa os 2% a 3%”. A informação foi avançada pela secretária-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, sublinhando que estes valores “ não têm qualquer correspon-dência com as margens de comerciali-zação relativas de 50% a 80%” divulga-das pelo OMAIAA. “Não se pode ir apenas ao preço de venda e ao preço pago ao produtor, subtrair e falar m, margens de lucro”, diz a dirigente da APED. Em causa está a “criação de valor ao longo de uma cadeia que passa por várias fases e que tem diversos custos associados”. Nomeadamente em factores tão diver-sos como a embalagem, dos produtos, o seu transporte e armazenamento, custos com pessoal ou os custos gerais de manutenção das lojas. Em Portugal ainda não existe uma defi-nição exacta da distribuição de valor ao longo de toda esta cadeia, desde a saída do produto do fornecedor até á chega-da à prateleira do supermercado. O assunto está a ser discutido em sede da Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Alimentar (PARCA) e, segundo fonte oficial do gabinete da ministra da Agricultura, deverá brevemente dar origem a “metodologias e procedimentos que permitirão uma monitorização séria da distribuição de valor ao longo da cadeia”. Mas, segundo a APED, é possível ter já indicadores de referência na matriz que dá forma ao preço final de alguns pro-dutos. Por exemplo, na preparação dos trabalhos para a PARCA, a associação socorre-se de um estudo feito em França pela Federation des Entreprise du Commerce et de la Distribution para mostrar que quase 60% do preço de venda ao público dos produtos hor-tícolas está associado a custos de logís-tica e transporte (7,5%), embalagem, armazenamento ou conservação (23%) e custos gerais das lojas ou recursos humanos (26,5%). Somando a estes custos o pagamento ao produtor (36%) e o pagamento de impostos (a taxa mais reduzida de IVA,

ou seja, 6% no caso português), e estu-do indica que a margem líquida dos distribuidores em França ronda os 1,5%. “A grande diferença entre o mer-cado português e o francês é o volume de compra. Mas na formação desta cadeia de valor a realidade não é muito diferente. Em Portugal a margem líquida das empresas não ultrapassa os 2% a 3%, sintetiza a dirigente da APED. Uma posição que, aliás, coincide com a expressa esta semana pelo presidente da Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, que em entrevista à SIC Notícias garantiu que as margens de lucro na operação de distribuição do grupo se situam na ordem dos 3%. Confrontado com estas margens, o presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca (Centromarca), João Paulo Girbal, recusa comentar, mas questiona: “Se têm uma margem tão pequena, como é que podem dizer que vendem com descontos a 50% sem terem prejuízo?” O presidente da Confederação Nacio-nal das Cooperativas Agrícolas (Confagri), Manuel dos Santos Gomes, vai mais longe e socorre-se de indica-dores da Autoridade da Concorrência que apontam para “margens de lucro médias que rondam os 20% para con-cluir: “Dificilmente uma Cadeia da Dis-tribuição consegue efectuar descontos de 50% sobre produtos sem incorrer na prática de dumping”. Ministério quer transparência Após as notícias publicadas com base nas margens de 50% a 80% referidas nas suas análises preliminares a alguns produtos alimentares, o Observatório Agrícola (OMAIAA) esclareceu que esses indicadores eram “margens de comercialização relativas e não mar-gens de lucro”. O Ministério da Agricultura também pede “muito cuidado com quaisquer conclusões que se retirem dos núme-ros apresentados” pelo OMAIAA. “Trata-se apenas de preços de venda, nunca de margens de negócio, muito menos de margens de lucro. Para que se tirem conclusões minimamente inte-ressantes, é necessário conhecer os preços finais em cada etapa, bem como conhecer a estrutura de custos”, diz fonte oficial. E alerta para o facto de a utilizações desses valores funcionar “apenas como ruído para a opinião

pública”. “O problema existe, mas não +e com interpretações abusivas de números que se resolve”, conclui o ministério. A Confagri insiste, no entanto, que os indicadores do OMAIAA “têm sido um dos motivos para as reivindicações de uma maior regulação das relações comerciais com a grande distribuição, de forma a equilibrar o peso negocial de cada um dos parceiros”. Nesse sen-tido, embora admita que a PARCA pode ser um fórum de debate útil, San-tos Gomes enfatiza que a iniciativa legislativa para equilibrara esse poder negocial “partirá sempre da tutela da Agricultura Economia”. Por isso faz votos para que rapidamente se avance em matéria legislativa, na medida em que as experiências em sede de autor-regulação falharam redondamente”.

Fornecedores temem factura ‘disfarçada’ O desafio foi lançado pelo presidente da Jerónimo Martins (JM), Alexandre Soares dos Santos, quando confrontado com críticas sobre o abuso de posição dominante da sua empresa na relação com fornecedores: “Digam-me quem

DISTRIBUIÇÃO REFERE MARGENS DE 3%

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são os fornecedores que se queixam de que Jerónimo Martins deu cabo deles”, apelou, em entrevista à SIC Noticias. As palavras surgiram em resposta às declarações da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, sobre o alegado desequilíbrio de forças no poder nego-cial entre as empresas da grande distri-buição e os fornecedores. E na base do raciocínio do presidente da dona do Pingo Doce esteve a escassez de empresas que assumem publicamente o facto de serem prejudicadas na sua relação comercial com os principais operadores da distribuição moderna. Confrontado com este repto, o presi-dente da Centromarca avança uma explicação: “A ausência de queixas não é sinónimo de ausência de problemas. É preciso que quem se quer queixar o possa fazer”, diz João Paulo Girbal. Contactados pelo Expresso na sequên-cia de recente campanha de 50% de desconto do Pingo Doce, alguns dos principais fornecedores da empresa foram parcos em palavras. A esmagado-ra maioria das marcas escusa-se a res-ponder se o Pingo Doce as informou se iria ou não reflectir nas suas margens o desconto que deram ao consumidor. Refugiam-se no segredo das condições de negociação e também guardam para si a opinião sobre a iniciativa. A Nestlé é das poucas que fala sobre estas matérias, mas evita as perguntas colocadas, com um comentário genéri-co. “Fomos surpreendidos pela acção da JM, não tínhamos conhecimento e não tivemos qualquer participação na mesma”, refere a Nestlé através da direcção de comunicação corporativa. Na Bebilusa, Rodrigo Martins, sócio de empresa, diz apenas que “com os impostos que recaem sobre as bebidas alcoólicas não há margem para redu-

ções de preço”. O dirigente da Centromarca contex-tualiza a escassez de respostas. “Há dois operadores que representam mais de 50% do mercado. Ora, nenhum for-necedor pode dar-se ao luxo de perder esse cliente. Portanto, não têm autono-mia para fazer críticas”, mas, avisa, “as intervenções das associações e confe-derações são suficientes para demons-trar que há um grande desequilíbrio”. As “práticas abusivas” O cenário de desequilíbrio é corrobo-rado pelo Ministério da agricultura. “Tal como acontece frequentemente quando a capacidade negocial é muito desequilibrada, é inequívoco que apare-cem práticas abusivas. Isso não pode acontecer. Aliás, é do interesse da dis-tribuição que não aconteça, pois a con-sequência de processo de abuso pro-longado pode ter como consequência o desaparecimento de parte significativa dos produtores nacionais”, resume fonte oficial do ministério. Sobre a recente campanha do Pingo Doce – nomeadamente a garantia dada por Soares dos Santos de que os forne-cedores não serão chamados a pagar o custo da iniciativa –, Girbal espera que a JM “cumpra a palavra”. Mas há quem não tenha dúvidas de que os produto-res serão chamados a participar nos custos da campanha. “Há a possibilida-de de as empresas serem confrontadas com os custos sem que isso seja defini-do claramente”, teme Pedro Pimentel, dirigente da ANIL. Até porque, como sublinha o presiden-te da CCP, João Vieira Lopes, “ou os fornecedores suportaram uma parte significativa da promoção, ou estão a ser violadas as disposições legais exis-tentes, nomeadamente no que se refe-re `designada ‘venda com prejuízo’, o

que conduz a uma situação de concor-rência desleal”. O próprio Ministério da Agricultura assume reservas sobre as intenções da JM. “Não temos dúvidas de que a ten-tação será forte, dada a desigualdade da capacidade negocial. Estaremos disponí-veis para receber queixas sobre tal eventualidade e apelamos ao grupo em causa que não o faça”. Torres Paulo, da Associação Produto-res de Pêra Rocha, refere que o Pingo Doce “não teve atrevimento” para lhes cobrar a campanha e defende que este caso “resulta de uma falta de ética pelo medo que têm de perder a guerra da concorrência entre cadeias de distribui-ção”. Mas, acrescenta, “não podem matar a economia e quem produz”. A Confagri e a CIP subscrevem o aler-ta. “As práticas utilizadas (pelo princi-pais operadores da distribuição) no relacionamento com os fornecedores representam frequentemente um impo-sição em vez de uma negociação”, defende o presidente da Confagri, Manuel dos Santos Gomes. “Os maiores constrangimentos surgem quando as vendas totais de uma empre-sa fornecedora estejam dependentes em cerca de 30% de um único grupo de retalho, enquanto para este último, na maior parte dos casos, não é gerada qualquer dependência”, diz o líder da CIP, António Saraiva. Pedro Monteiro, dirigente da ANIA, considera que, apesar de Soares dos Santos ter dito que não vais apresentar facturas aos fornecedores, o ambiente continuará desfavorável. “como vão continuar com campanhas agressivas, o Continente e os outros vão responder e vais sobrara para os fornecedores e para a indústria”.

in Expresso

14 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

RELANÇADO DEBATE SOBRE MARGENS DA DISTRIBUIÇÃO A base de partida para esta discussão está no facto de, muitas vezes, um pro-duto sair da exploração agrícola ou de um produtor agro-industrial a 40 cênti-mos e surgir na prateleira de um super-mercado a um euro ou mais. Esta dis-tância entre o preço na produção e o valor ratificado no retalho representa a diferença entre o agricultor explorado e a cadeia retalhista gananciosa? Não há uma resposta absoluta para a questão, porque são muitos e distintos os percursos que, por exemplo, uma

alface percorre desde que sai da terra até que chega ao consumidor. Mas uma coisa parece certa: no mercado dos produtos agrícolas de base e agro-industriais há um permanente jogo de tensões entre o produtor e/ou o inter-mediário – que quer sempre vender por um preço mais elevado – e o reta-lhista (loja de bairro ou hipermercado) – que quer colocar o produto à venda pelo valor mais baixo possível. Com uma dimensão aquisitiva e uma força negocial que a produção, muito menos organizada, não consegue repli-car, as grandes cadeias retalhistas aca-

Com uma dimensão aquisitiva e um poder negocial muito superiores, a grande distribuição é muitas vezes o elo mais forte face a uma oferta que ainda está muito dispersa. A investigação ao preço a que é comercializado o leite nas grandes superfícies e a agressiva campanha promocional que o Pingo Doce fez no 1º de Maio relançaram o debate sobre as margens de comerciali-zação de que a grande distribuição usu-frui face aos preços que pratica junto dos fornecedores.

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 15

bam geralmente por ser o elo mais forte desta cadeia. Um dos segmentos de consumo que têm sido mais abordados nós últimos dias é o dos produtos hortícolas. Há casos em que um quilo de alface é vendido pelo produtor a 30 cênti-mos acaba no supermercado a 1,20 euros. O produtor queixa-se que o valor a que vendeu não dá para suportar os custos de produção que o retalhista ficou um margem astro-nómica. A distribuição argumenta que houve custos pelo caminho que contribuíram o para o preço final: “Estes custos são de transporte, de acondicionamento de frio, energia, logística, recursos humanos, impos-tos, taxas, entre outros”, diz Ana Isabel Morais, directora-geral da APED. E no caso dos perecíveis, acrescenta, rapidamente se atinge o prazo de venda, obrigando a deitar muitas sobras para o lixo. A maioria das vezes, neste sector, um produtor não vende directamen-te para uma grande cadeia. Não tem dimensão para isso. Pelo caminho, entra um intermediário que construiu uma central de normalização que trata da calibragem do produto, da embala-gem e da entrega às grandes cadeias, que depois tratam do transporte para cada uma das lojas. Todos estes percursos acrescentam valor, mas há também casos em que é uma organização de produtores que recolhe o produto, que vende por um determinado prelo a uma grande cadeia e ele surge ao dobro do preço na pra-teleira da loja. Na área das frutas, o sistema funciona, geralmente, de um modo similar, embora neste segmento já existam várias organizações de pro-dutores que tiveram capacidade para erguer estações fruteiras que lhes garantem o alargamento das margens de comercialização. A ameaça da importação é outro dra-ma que condiciona em baixa os preços. Porque as grandes potências têm exce-dentes de produção que se dispõem a vender a preço quase de saldo. E esse valor acaba por funcionar como mais uma referência nas negociações entre as partes. Na área do leite, a situação é diferente. As três grandes uniões de cooperativas que controlam a Lactogal (transforma-ção) recolhem praticamente um terço da produção. O preço a que a distribui-

ção compra não é público. Fernando Cardoso, responsável da Fenalac, fede-ração das cooperativas do sector, diz que muitas vezes o problema está a posteriori. As cadeias estabelecem pro-

moções, cobram o marketing, área de exposição e depois deduzem esses cus-tos ao fornecedor. As marcas de base que a Lactogal produz estão nos hipers a um valor perto dos 60 cêntimos. Um litro à produção custa 32, a embalagem custa dez, há custos de transformação e de logística. “Não restam dúvidas de que as margens estão esmagadas e o problema é que o leite está quase ao preço da água”, diz Fernando Cardoso. Agricultores exportam para ganhar mais As exportações de frutas e legumes deverão atingir pela primeira vez este ano o valor recorde de mil milhões de euros, um aumento de 25% face a 2011. para conseguir melhores preços e escoar produção, os produtores nacionais estão a apostar nos mercados externos, fugindo à crise do consumo em Portugal, que está a esmagar as margens do negócio. Lá fora, os produtores nacionais ven-dem não só para as maiores cadeias de distribuição do mundo, da britânica Tesco á francesa Carrefour, mas tam-bém para os mercados abastecedores e tradicionais. Cá dentro, o cenário é de aperto económico: os consumidores reduzem os gastos com a alimentação, as maiores empresas do retalho alimen-tar registam quebras nas vendas face a anos anteriores e os “custos de con-

texto” (energia, combustível ou impos-tos) aumentam. “Em Portugal há uma busca pelo preço baixo para atrair con-sumidores ao ponto de venda e usa-se a produção nacional para a captar clien-

tes”, resume o presidente da FNOP, sublinhando que os agricultores não conseguem repercutir a subida das despesas no seu preço. As guerras entre a distribuição e os fornecedores são antigas mas agudi-zaram-se coma crise e as promo-ções cada vez mais agressivas das cadeias de retalho. A campanha do Pingo Doce fez levantar um coro de protestos e resultou num processo de venda com prejuízo, que está a ser analisado pelo Autoridade da Concorrência (AdC) . Nesta nego-ciação, de que nenhuma das partes pode prescindir, uns querem vender ao melhor preço possível, outros lutam por comprar pelo menor valor. Num relatório da AdC lê-se que em Portugal operam nove grandes gru-pos no retalho alimentar que, em

2008, tinham uma quota de 85% das vendas do sector. Os dois maiores, Continente (do grupo Sonae, dono do público) e Pingo Doce (da Jerónimo Martins), representam uma quota con-junta de 45% desse total. A concentração do mercado – acentua-da com a venda dos hipermercados detidos pelo Carrefour à Sonae e das lojas Plus à Jerónimo Martins – faz com que produtores e industria alimentar dependam, em média, em cerca de 30% de um único cliente, diz Pedro Quei-roz, director-geral da Federação das Industrias Portuguesas Agro-Alimentares. João Paulo Girbal, presi-dente da Centromarca (associação de empresas de produtos de marca), lem-bra que este cenário “não surgiu de um dia para o outro”. “Foi um processo natural e agora é preciso adicionar legislação que reequilibre o jogo”, defende. O tema está a ser discutido no âmbito da PARCA que junta todos os intervenientes na mesma mesa. No congresso da Associação Portugue-sa das Empresas de Distribuição (APED), em Janeiro Assunção Cristas, ministra da Agricultura, defendeu maior transparência na formação dos preços a que os produtos chegam às pratelei-ras e admitiu que a relação entre pro-dutores e distribuição é “desequilibrada”. “É com alguma triste-

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za que se ouve dizer que é mais fácil exportar do que conseguir entrar na distribuição nacional”, disse. Na altura, e reagindo a estas declarações, Paulo Azevedo, CEO da Sonae, afirmou que o facto de ser mais fácil exportar do que vender no mercado doméstico “é uma boa notícia”. “Quer dizer que já conse-guimos abastecer a distribuição com fornecedores portugueses.” Ana Isabel Morais, directora-geral da APED, lembra que a crise tem coloca-do “muita pressão sobre o preço” e isso “obriga a que toda a cadeia tenha de criara uma proposta de valor ajusta-da ao contexto”. O sector da distribui-ção alimentar modernizou-se e é “obcecado pela eficiência” para ofere-cer ao cliente o preço mais baixo. E “num momento de crise como este, as tensões (entre distribuição e fornece-dores) tendem a ter mais expressão”, admite. Para a directora-geral da APED, o crescimento das exportações dos hortofrutícolas é motivo de “orgulho” para o país. Quanto aos preços conse-guidos no estrangeiro, “são ajustados ao que os mercados estão dispostos a pagar”. “Temos países com um poder de compra bastante diferenciado do de Portugal”, diz.

PARCA: melhorar as relações entre os parceiros Uma nova regulação que ajude a melhorara as relações entre produto-res e distribuição vai ocupar as reu-niões da PARCA até Junho. Esta plata-forma foi criada pelo Governo para facilitar o diálogo entre os intervenien-tes da cadeia de produção e abasteci-mento e junta à mesma mesa, entre outros, a APED, a CIP e a CAP. No âmbito da PARCA está a ser anali-sada toda a legislação que envolve a produção e venda de produtos. Assun-ção Cristas, já defendeu a criação de regulamentação que defina “conteúdos mínimos” que devem constar dos vários agentes da cadeia alimentar (produtores e grande distribuição). Quando há campanhas como as do Pingo Doce, a legislação pode ser rele-vante, “pois existe o risco de um agen-te da cadeia com maior capacidade negocial levar a cabo uma campanha de preços que venha a ser reflectida à força sobre os agentes a montante”. Ana Isabel Morais, directora-geral da APED, admite que há ajustamentos a fazer, mas lembra que “Há muita legis-lação sobre o sector”, desde a Lei da Concorrência às práticas restritivas do

comércio ou a Lei dos Saldos. Além disso, no espaço europeu “não há um modelo único e aplicável a todos os países”. Por seu lado, Pedro Queiroz, director-geral da FIPA, defende um enquadramento legal “mais adaptado aos dias de hoje”, com reforço dos meios de fiscalização. Fonte oficial da Jerónimo Martins, admite que “desde sempre” a relação entre a industria e a distribuição “não é fácil”. É preciso “muito trabalho para que, no final, o bom senso prevaleça e o consumidor saia mais bem servido”, refere, em respostas enviadas ao Públi-co. “O negócio do Pingo Doce é de volume muito mais do que de margem. Assim, os nossos parceiros neste modelo de negócio, que é conhecido pelas partes, têm de ser altamente efi-cientes e produtivos para continuarem a ser rentáveis”, acrescenta. Aníbal Marques, director de produtos frescos do grupo Auchan, diz desco-nhecer casos de tensão negocial com os produtores. “Os nossos fornecedo-res são nossos parceiros, existindo entre nós as melhores relações comer-ciais”. Não foi possível obter comentá-rios do Continente.

in Público

16 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

UNANIMIDADE PELA REVISÃO DA LEGISLAÇÃO será difícil atingir consensos. “Há toda uma relação que é necessário equili-brar. Isso parece claro e é nesse senti-do que o PS vai agir”, acrescenta Miguel Freitas, alertando, porém, que os parti-dos não devem legislar a quente. O PSD alinha na necessidade de au-mentar as sanções para as vendas com prejuízo e não acredita na eficácia da actual lei. “É, de facto, necessário mu-dar a lei, porque de outra maneira, não digo que é um incentivo às distribuido-ras, mas não se sentem inibidas para infringir”, diz o deputado do PSD, Pedro do Ó Ramos. O valor das coi-mas é tão baixo que existe o risco de os “benefícios que se podem retirar de não cumprir a lei serem superiores à coima”. Todos de acordo A ideia de que é preciso proteger a produção é consensual entre todos os partidos e Pedro do Ó Ramos admite que a campanha do grupo Jerónimo Martins “agudizou a situação” e veio apressar a vontade que já existia de legislar nesse sentido. “É do senso

comum que os produtores têm mar-gens muitíssimo reduzidas e, depois do que aconteceu, o governo tem essa preocupação”, garante. A ideia primeira do Governo é que sejam encontradas soluções consen-suais, mas, se isso não for possível, o CDS estará na linha da frente no senti-do de que “seja criada legislação”, garante o deputado Abel Baptista, aler-tando que essa regulamentação é fun-damental para a economia nacional. “Não podemos viver só de importa-ções”, alerta, O argumento é acompa-nhado pelo PSD, que defende a neces-sidade de dar “capacidade aos produto-res”, até para que Portugal tenha “mais gente no campo” e “apoie a agricultu-ra”. “Se a produção for esmagada pela distribuição dificilmente será pujante”, acrescenta. Mais adiantado está o projecto de lei que o BE vai apresentar na Assembleia da República. A iniciativa vai no sentido de obrigar à elaboração de contratos escritos entre a produção e a distribui-ção, que definam, além das margens, os prazos de pagamento.

in I online

Nunca uma campanha de promoções de um supermercado tinha feito, em Portugal, tanto barulho. Com o país inteiro a discutir a polémica do Pingo Doce, os partidos não fecharam os ouvidos e, no parlamento, é consensual a ideia que é preciso mexer na legisla-ção. Se o governo já admitiu criar novas leis para regular os contratos entre as distribuidoras e os produtores, o PS está a preparar um conjunto de pro-postas, que incluem coimas mais pesa-das para as vendas com prejuízo. “Há uma certa desproporção entre o que é o crime cometido e aquilo que é a coi-ma a pagar. Há a necessidade de agrava-mento das coimas nas vendas com pre-juízo”, diz o deputado do PS, Miguel Freitas, revelando que os socialistas estão a preparar alterações legislativas no sentido de regular as vendas com prejuízo, o alinhamento dos preços entre os distribuidores e os prazos de pagamento aos produtores. Os socialistas estão, para já, atentos ao trabalho desenvolvido pelo governo no âmbito da PARCA e acreditam que não

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 17

A União Europeia é o maior mercado queijeiro à escala mundial.. Em 2001, 43 por cento e em 2010, 45 por cento de todo leite produzido no território comunitário foi direccionado para a produção de queijo. A taxa de cresci-mento do mercado de queijo na EU foi de 1,8% entre 2000 e 2005, mas desa-celerou para 1,1% entre 2006 e 2010. Para o período 2011 e 2015 prevê-se uma taxa de crescimento de apenas 0,6%. O aumento anual do consumo per capita para este mesmo período está estimado em 0,4%. As estimativas referem crescimentos superiores a 2% na Irlanda, Polónia e Hungria, entre 1 e 2% no Reino Unido, Suécia, Espanha, Grécia e na maioria dos novos Estados-membro, mas nos grandes mercados como os da França. Alemanha ou Itália, o crescimento deve estagnar. As quotas de mercado das principais marcas dos mais importantes operado-res mantiveram-se estáveis, tal como o conjunto das marcas-próprias no con-junto de mercados da UE. As quotas de mercado mais importantes para as mar-cas-próprias referem-se aos segmentos de Cheddar, Gouda e Emmental. Nas categorias de queijos-especialidade, as quotas de mercado das marcas-próprias são bastante mais baixas. O valor-acrescentado que os produto-res de queijo beneficiavam tem vindo a reduzir-se desde 2007. A rentabilidade associada à produção de leite em pó desnatado ou de manteiga foi mais favorável que a relativa a queijo como o Gouda ou Cheddar, mesmo que asso-ciados aos rendimentos provenientes ao soro em pó. Nos queijos duros e semi-duros, o processo de maturação cria um diferencial de tempo que difi-culta uma estratégia que considere as evoluções do mercado. Por exemplo, quando um queijo é produzido com preços elevados de matérias-primas e mais tarde é vendido numa fase em que os preços de mercado sofreram uma quebra generalizada, as margens podem mesmo chegar a ser negativas.

Produção crescente Os analistas do Rabobank prevêem que 2015 e 2020 na Irlanda, Holanda e Dinamarca e em algumas regiões da Alemanha e de França, produção de leite cresça acima de 15%, podendo esse incremento chegar em algumas parcelas de território a 50%. A maior parte do leite produzido na União Europeia não consegue ainda competir nos sectores das commodities a nível do mercado lácteo mundial. Contudo, em alguns segmentos dos leites em pó, como é o caso dos leites infantis, onde a qualidade é, pelo menos, tão impor-tante como o preço, o ‘novo’ leite pro-duzido na EU a partir de 205 será mui-to competitivo.

Seleccionando estratégias Num mercado queijeiro maduro, com-petitivo e cada vez mais volátil, na opi-nião do Rabobank, as empresas fabri-cantes têm, basicamente, seis opções estratégicas com o objectivo do cresci-mento e da rentabilidade: n Consolidar as posições de mercado e

aumentar a eficiência a nível opera-cional e do marketing;

n Aumentar o nível de va lor-acrescentado na comercialização pelo desenvolvimento de pontos de venda exclusivos com produtos com carac-terísticas únicas, com o suprte de marketing dedicado e, preferencial-mente, de marcas;

n Aumentar o nível de valor-acres-centado na comercialização pela adi-ção de serviços de processamento secundário e serviços logísticos;

n Desenvolver soluções para o queijo-ingrediente para clientes que o utili-zem para produtos alimentares pron-tos a usar, como pizzas, sandwiches, snacks de queijo ou molhos;

n Criar uma maior flexibilidade no portfolio de produtos visando evitar os altos e baixos do mercados inter-nacionais;

n Apontar para o crescimento em mer-cado no exterior da União Europeia através de conceitos específicos para exportação.

Consolidar as posições de mercado Muitos dos principais operadores no mercado queijeiro comunitário tentam consolidar as suas posições através de aquisições, seguida da racionalização das respectivas operações e das estru-turas de comercialização. No entanto, a consolidação foi relativamente modesta e as principais racionalizações ocorreram a nível industrial. As suas quotas de mercado têm-se mantido praticamente estáveis. A quota de mer-cado das marcas-próprias cresceu de 20,5% em 2002 para 22,5% em 2009 na Europa Ocidental, enquanto na Europa Central e de Leste essa quota é ainda muito pouco significativa (a rondar os dois por cento).

Aumentar o valor-acrescentado na comercialização Nos últimos anos alguns produtos direccionados para a área dos snacks, caso, por exemplo, de snacks para crianças que podem ser levados no lanche escolar, têm obtido bastante sucesso. Os consumidores estão dispo-níveis para pagar um preço mais eleva-do por queijos-especialidade produzi-dos regionalmente, que combinam uma boa qualidade e paladar com um mar-keting que o combina com a tradição. O boom dos queijos com baixo teor de gordura já abrandou mas o elevado teor de gorduras saturadas nos queijos convencionais continua a ser uma das suas principais ‘fraquezas’.

MERCADO DO QUEIJO REQUER NOVAS ESTRATÉGIAS ARTIGO DA REVISTA EUROPEAN DAIRY MAGAZINE 04.2012

O mercado queijeiro na União Europeia está a mudar, com a desaceleração das suas taxas de crescimento, o decrescimento das margens e a crescente volatilidade nos merca-dos das commodities. Depois do desmantelamento das quotas leiteiras em 2015, a produ-ção de leite comunitária irá aumentar. De acordo com os especialistas da entidade bancá-ria holandesa Rabobank, as alterações irão obrigar os produtores de queijo a modificar as suas estratégias.

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Aparentemente, a maior parte das opções para modificação das caracterís-ticas do próprio produto parecem ter sido já testadas, pelo que as futuras inovações deverão incidir, especialmen-te, em aspectos de conveniência, ofere-cendo maior flexibilidade de utilização na cozinha ou introduzindo formatos e embalagens que melhorem a respectiva portabilidade ou que permitam o aumento de número de vezes que um queijo poderá ser utilizado.

Adicionar processamento e/ou logística Muitas empresas desenvolveram mode-los de negócio específicos para a cria-ção de valor nos primeiros estádios da cadeia. Estes modelos de negócio incluem por exemplo serviços ao nível de armazenagem ou maturação quer para produtores quer para retalhistas, serviços de corte, embalagem e logísti-ca para clientes da distribuição e da área do food service e o desenvolvi-mento de conceitos para marcas-próprias e para a gestão de categorias para clientes da distribuição. Especial-mente nos mercados onde a distribui-ção está mais consolidada, tem-se mos-trado compensador implementar linhas de corte e embalagem para determina-dos clientes retalhistas. Estes investi-mentos representam uma elevada garantia de que a relação comercial perdurará dado que a dependência mútua é elevada.

Desenvolver soluções para a indústria alimentar O queijo como ingrediente foi um fac-tor indutor de crescimento na década de noventa. No entanto, muitos opera-dores falharam no reconhecimento das melhores oportunidades neste segmen-to. Há ainda um elevado valor a ser capturado na oferta de soluções à medida para clientes de elevada dimen-são noutros sectores da indústria agro-alimentar.

Criar flexibilidade no portfolio de produtos Numa situação excedentária, onde fabricantes multi-produtos utilizam queijos-commodities para escoar exce-dentes de matéria-prima, torna bastan-te difícil aos fabricantes que se dedicam apenas à produção de queijo reter as suas margens. Depois de 2015, a única forma de escapar a essa situação passa por criar diferentes válvulas de escape. Isso pode incluir o investimento em capacidade de produção para produtos alternativos, o balanceamento das pro-duções entre unidades industriais e o desencorajamento de aumentos de produção ao nível das explorações lei-teiras. Isso pode ser alcançado, por exemplo, através de um sistema de preços diferenciados para o leite na origem, em que o preço A (geralmente mais elevado) é pago pelo leite utilizado pelo processador para o fabrico dos queijos que constituem o seu ‘core business’, enquanto os volumes adicio-nais são pagos a um preço B, derivado da rentabilidade obtida pela empresa nos seus mercados secundários. Excedentes num determinado mercado lácteo tendem a criar, rapidamente, excedentes noutros mercados lácteos e isso é especialmente relevante no sec-tor do queijo, onde a capacidade de armazenamento é limitada e os custos de armazenagem muito elevados.

Apontar para mercados no exterior da União Europeia As exportações de queijo da União Europeia ainda estão a crescer e benefi-ciam da propensão para pagar um pre-ço elevado por queijos europeus de qualidade. Os mercados de exportado, contudo, têm vindo a quebrar em diversas categorias, dependendo do uso. Argélia, Egipto, Arábia Saudita e Japão importam maioritariamente quei-jo para ulterior processamento. Na Rússia e no México as importações de queijo são feitas predominantemente a granel, sendo os queijos posteriormen-te reembalados para os clientes da dis-tribuição e dos serviços de catering. Os Estados Unidos e o Canadá importam maioritariamente queijos-especialidade, já prontos para vender nas principais lojas e cadeias de distribuição. A competição nos mercados onde os queijos são geralmente utilizados para posterior processamento, envolve pre-ço e é muito similar à que se verifica

nos mercados dos leites em pó ou da manteiga. O objectivo nessas circuns-tâncias de mercado passa mais por ven-der “proteínas e gorduras embaladas’ do que por comercializar queijo. A quota de importações permaneceu mais ou menos estável na maior parte dos destinos de exportação de queijos comunitários.

Desafio principal Nos próximos anos, o crescimento da produção leiteira previsto para depois de 2015 será, provavelmente, o maior desafio que será enfrentado pelos ope-radores da União Europeia, de acordo com os analistas do Rabobank. O cres-cimento anual do consumo de 0,6%, previsto por aqueles mesmos analistas, permite um crescimento da capacidade de transformação de 50.000 toneladas (ou se quisermos, de uma grande uni-dade industrial de fabrico de queijo) por ano. Para aumentar a sua escala de crescimento, os operadores das regiões onde se prevê um forte incre-mento da capacidade de aprovisiona-mento terão que conquistar novos mercados para os seus queijos ou dar prioridade a outros produtos lácteos. Cada produtor, individualmente, tem que decidir em primeiro lugar qual o destino a dar aos volumes adicionais de leite que processará, considerando as oportunidades existentes, a nível comu-nitário e a nível global, nos mercados do queijo, mas também nos mercados da manteiga e dos leites em pó.

18 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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Depois deve ser considerada a sua pró-pria capacidade produtiva e respectiva eficiência a nível comercial e, finalmen-te, avaliada cuidadosamente as suas ambições de crescimento e a capacida-de de crescimento das empresas con-correntes.

Sustentabilidade Considerando o baixo nível actual de consumo e o muito mais forte cresci-mento demográfico, os mercados dos países em desenvolvimento oferecem melhores oportunidades, em termos de crescimento da procura a longo-prazo, do que os mercados da Europa Oci-dental. Existe apenas um reduzido potencial para a produção local de queijo nos mercados em desenvolvi-mento já que a necessidade crescente de matéria-prima para o fabrico de produtos lácteos frescos, não permite a existência de disponibilidade de leite que possibilite uma produção eficiente de queijo. Preço, qualidade e sustenta-bilidade do abastecimento são factores de sucesso importantes nos mercados de importação para a manteiga, o leite em pó e o queijo. As exportações de queijo da União Europeia podem bene-ficiar fortemente de uma estratégia país-a-país. Dado o nível de saturação na EU, as ambições ao nível da instalação de capacidade produtiva depois de 2015 e as perspectivas de crescimento mais favoráveis fora da União Europeia, investimentos em estratégias direccio-nadas para a exportação parecem os mais adequados.

Rentabilidades crescentes As exportações para a Rússia continua-rão a ser cruciais para o sector queijei-ro da UE. O aumento do rendimento disponível naquele país, tem contribuí-do para o incremento do respectivo consumo per capita e a Rússia não parece capaz de suprir a sua crescente procura interna. As oportunidades de crescimento de valor são provavelmen-te ainda melhores, já que os queijos comunitários chegam nesta altura à Rússia predominantemente a granel, com grande parte das funções de corte e embalagem a ser realizadas mais pró-ximo dos mercados de consumo. Por outro lado, as exportações para os mercados onde os queijos são, maiori-tariamente, processados a posteriori, podem beneficiar de conceitos alterna-tivos de queijo que sejam mais compe-titivos a nível de preço e, ainda assim, satisfaçam as necessidades dos consu-midores.

Os mercados de queijo em crescimen-to na Ásia e na América Latina reque-rem uma dupla aproximação. O cresci-mento do consumo é, em parte, reali-zado por queijos-ingrediente, ao mes-mo tempo que se verifica um incre-mento das populações a residir em centros urbanos, que tendem a adoptar hábitos de consumo de queijo num registo mais ocidentalizado. Este tipo de clientes requer um marketing mais direccionado e uma distribuição mais agressiva, provavelmente envolvendo investimentos em distribuidores locais.

Domínio da distribuição Numa época de crescente dominância da distribuição e de diminuição de oportunidades de diferenciação ao nível do produto, a importância da qualidade e paladar do produto é fortemente reconhecida, pelo que a concorrência passa, em larga medida, pelos modelos de serviço, que podem variar significati-vamente de mercado para mercado.

Nos mercados em que o queijo é pre-dominantemente vendido em porções pré-embaladas de queijos-commoditity sem marca, investimentos dirigidos para serviços de corte e embalagem adequados às necessidades de determi-nados clientes da distribuição podem gerar retornos interessantes. Combinar essa opção com serviços de distribui-ção, de armazenagem e maturação e entregas just-in-time criam valor adicio-nal para esses clientes. Nos mercados os queijos-especialidade e queijos de marca dominam as prate-leiras do retalho, serviços ao nível da gestão de categorias podem gerar valor para os clientes da distribuição. O mercado dos queijos-ingrediente requer um ainda maior nível de focali-zação nos clientes. Depois do paladar e da qualidade, o maior factor de sucesso neste mercado é a forma como esses queijos são fornecidos e a forma como se adequam à respectiva aplicação no produto transformado.

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 19

Estas acções, também motivaram uma muito maior visibilidade para estes pro-blemas (que têm anos) e mesmo que com alguma demagogia e populismo à mistura, uma muito maior atenção do poder executivo e político, parecendo haver uma quase total unanimidade de que este é o momento para fazer, este é o momento para fiscalizar, este é o momento para legislar.

Conhecendo o país, sabemos que agora é a altura do ‘ou-vai-ou-racha’ pelo que tudo faremos para que as mudanças efectivamente ocorram, para que a montanha - tal como é habitual - não vá apenas parir um rato, para que o senti-do de impunidade diminua e para que a riqueza de uns não se faça meramente pelo esmagamento de outros

Pedro Pimentel

(continuação da página 5) Como dizia atrás, a acção do Pingo Doce foi o tiro de partida de uma guer-ra que, caso nada seja feito, vai deixar muitos mortos e feridos pelo caminho, seja nas insígnias da distribuição, seja no campo das empresas fornecedoras, que não estão em condições de tudo fazer e de tudo ceder, como se as margens do negócio assim o permitissem.

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As ”natas para outros usos” incluem natas para café, chantilly, etc. A catego-ria pode ainda ser dividida em natas U.H.T., que representam cerca de 93,7% do volume da categoria e “pasteurizadas”, que representam os restantes 6,3% (estes valores dizem respeito ao consumo dos lares), sendo que podem ser encontradas na secção de frio.

A categoria de “natas” teve um desem-penho extremamente positivo no ano de 2011, crescendo em valor 18,1% e em volume 11,4%, sendo uma das cate-gorias do total FMCG que está no top 15 das que mais cresceram em valor e em volume em 2011, face ao ano de 2010. Este crescimento foi resultado não tanto do aumento de comprado-res, que foi relativamente insignificante (0,3 pp), mas mais pelo aumento do gasto médio (16,2%) e da compra

média por lar comprador (11%). O maior número de refeições feitas em casa pelos lares, como resultado de um processo de contenção que está a ocorrer em Portugal, pode ter contri-buído para a performance desta catego-ria que atinge cerca de 765 dos lares portugueses. As “natas para bater e para culinária” foi o segmento estrela da categoria, crescendo 62,2% em valor e 70% em volume, ainda que não tenha sido o segmento que mais contribuiu, em valor e em volume, para o crescimento do total de “natas”, também porque é um segmento com um peso relativa-mente baixo para o total, como se verá mais à frente. O segmento que mais contribuiu para o crescimento em valor de 2natas” foi “natas para bater” e em volume foi “natas para cozinhar”. O primeiro segmento cresceu 13,5% em valor e 4,6% em volume, enquanto o segmento cresceu 29,1% em valor e 24% em volume.

“Natas para bater” é o segmento com mais peso em valor, representando mais de metade da categoria de natas (56,1%), mas também em volume, com uma quota de 62,2%. “Natas para culi-nária” conseguiram atingir uma quota de mercado em valor e em volume de 26,8%. “Natas para bater e para culiná-ria” representaram apenas 4,5% em valor e 3,7% em volume. As MDD’s já assumiram uma posição proeminente nesta categoria, apresen-

tando uma quota de mercado em volu-me de 59,1% no ano de 2011, ainda que tenham perdido praticamente 3 pp (pontos percentuais), em relação ao ano de 2010. Se durante muito tempo a sofisticação dos produtos era sinal de que as Marcas de Fabricantes se conse-guiriam destacar em relação às MDD’s, o facto é que isto é cada vez menos comum e a categoria de natas é exem-plo disso. Em “natas para bater” as MDD’s já representam 66,7 por cento do seg-mento em volume (e este será talvez o segmento com menos sofisticação) e em “natas para culinária” já represen-tam metade da categoria, com uma quota em volume de 53,4 por cento (ganharam quase 6 pp às Marcas de Fabricantes). Em “cremes de soja”, talves o sinal máximo da sofisticação de produtos, as MDD’s atingiram metade do peso do segmento (50,4%).

No que diz respeito às insíginas, o Continente é o líder em “natas”, com uma quota de mercado em volume de 39,1% seguido do Pingo Doce, com um peso em volume de 20,2%. Minipreço e Lidl, muito próximos um do outro representam, respectivamente, 11,6 e 11,1 por cento.

Em todos os segmentos a insígnia da Sonae é o líder de mercado.

20 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

NATAS NO TOPO! ANÁLISE DA KANTAR WORLDPANEL NA HIPERSUPER N.º 308

O mercado de “natas” está dividido em “natas para bater”, “natas para culinária”, “natas para bater e culinária”, “cremes de soja” e outros usos”. As “natas para bater”, com uma maior percentagem de M.G. (Matéria Gorda) são para ser utilizadas na confecção de sobremesas, enquanto as “natas para culinária”, com uma menor percentagem de M.G., são sobretudo para serem usadas em pratos salgados, as “natas para bater/culinária” tanto podem ser usadas para sobremesas como para pratos salgados..

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 21

A amostra utilizada no estudo Precise, para as recolhas de espaço, foram 115 lojas distribuídas por Portugal Conti-nental, no canal Hipers, Supers e Dis-counts. Este painel foi constituído por 29 lojas Continente, 12 Continente Modelo, 10 E’Leclerc, 9 Intermarché, 22 Jumbo, 2 Lidl, 8 Minipreço, 4 Pão de Açúcar e 19 Pingo Doce. As medições de linear foram efetuadas em cm’s através da medição com fita métrica, tendo sido recolhido o espaço ocupado por marca de Natas no seg-mento UHT, não sendo efetuada qual-quer distinção por funcionalidade e/ou formato.

Na medição de espaço em cm´s identi-ficamos que a marca com maior quota de espaço de linear é MDD com 29%, no entanto e contrariamente a outras categorias as restantes marcas analisa-das apresentam valores bastante próxi-mos, nomeadamente Mimosa com 24% e de seguida Parmalat que apresenta 23%. Já a marca Ucal tem o share of shelf mais baixo, com apenas 1,75% do espa-ço ocupado nas lojas lidas. Agrupando as lojas por Canal concluí-mos que se mantém a leitura anterior-mente verificada com MDD em desta-que nos principais canais, tendo apenas a exceção dos Supers onde é a Mimosa que detém uma maior quota de espaço com 30,36%. Curiosamente a marca Ucal que apresentava o valor mais bai-xo no total do mercado, analisando por canal, destaca-se nas lojas Discount com um share of shelf superior a Agros e Gresso.

Como lojas Hiper considerou-se as Insígnias Continente, Jumbo, Pão de Açúcar, El Corte Inglés e E’Leclerc; para Supers, temos Continente Mode-lo, Continente Bom Dia, Intermarché e Pingo doce; as lojas Dia e Lidl foram classificadas como Discounts. De refe-rir que a classificação das insígnias per-tencentes a cada canal poderá ser efe-tuada de acordo com as necessidades de cada cliente. Fazendo uma análise por distribuidor/fabricante, observarmos que é na insíg-nia Continente onde todos têm a sua maior quota de espaço. Ao analisarmos cada uma das marcas por insígnia, con-cluímos que Mimosa e Parmalat vão ao encontro do que verificámos na análise anterior, tendo a sua maior aposta no Continente; já as marcas Gresso, Agros e Ucal destacam-se nas lojas Jumbo. A título de curiosidade, e através deste levantamento de espaço em cm’s,

podemos dizer que das 115 lojas anali-sadas, o Jumbo Setúbal é o ponto de venda que tem o maior linear de Natas UHT com cerca de 15 metros, sendo que representam aproximadamente 12 prateleiras com exposição de produto. Em termos de inserções em folheto, e através da plataforma e-Foliotrack, que

reúne toda a infor-mação sobre folhe-tos promocionais para o setor da Grande Distribui-ção, baseamos as nossas análises t ambé m par a Natas UHT. Ava-liando as inserções em folheto, nos meses de Janeiro e Fevereiro, verifica-mos que existe um decréscimo de 61%, sendo que

todas as marcas fizeram menos inser-ções em folheto em 2012. A Parmalat, que fez mais inserções em 2010 com 43% de Share of Voice, para 2011 e 2012 temos a Mimosa em des-taque com 33% e 28%, respetivamente, verificando ainda que é a marca com uma maior evolução de SOV. Em 2011 foram feitas 59 inserções em folheto na categoria de Natas UHT com promo-ção de Descontos em €, Desconto %, Leve X Pague Y, e Descontos Cartão, para este último a marca em destaque é a Parmalat com 6 inserções. Se avaliarmos a presença de Natas UHT em capa de folheto detetamos que em 2011 apenas a Mimosa e a Mar-ca Dia estiveram presentes. A Mimosa destaca-se ainda como a marca com mais Destaques de Página, já a Parmalat esta em destaque nas campanhas em folheto inseridas em Espaço de Marca.

MDD DE NATAS UHT EM DESTAQUE NO LINEAR ANÁLISE DA MARKTEST PARA A REVISTA DISTRIBUIÇÃO HOJE

A Marktest efectuou na semana 8, um teste da categoria de Natas, através do seu Departamento de Estudos para a Grande Distribuição. Esta análise mostra alguns indica-dores da referida categoria através de: espaço ocupado no linear em cm’s, inserções em folheto. Os estudos da Marktest utilizados foram o e-Foliotrack - Análise de Folhetos, e o Precise – Auditoria Ponto Venda, este último na vertente espaço de linear em cm’s.

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22 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

NOTA INTRODUTÓRIA Por Despacho conjunto do Ministro da Economia e do Emprego e da Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (Despacho n.º 15480/2011), foi criada a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA), com a missão de promover a análise das relações entre os sectores de produção, transformação e distribui-ção de produtos agrícolas, com vista ao fomento da equidade e do equilíbrio na

cadeia alimentar. Nesse Despacho está previsto que a PARCA pode constituir subcomissões com missões específicas. Assim, em 10 de Janeiro de 2012, a PARCA consti-tuiu uma Comissão Técnica com o objetivo de reforçar a transparência na cadeia alimentar. Esta Comissão, apre-sentou as suas conclusões em 14/03/2012 (reunião extraordinária da PARCA), fazendo o ponto da situação

da informação e das lacunas existentes. Concluiu-se que, sem prejuízo de se ter que obter informação mais completa sobre preços e margens, se devia pro-ceder a análises da evolução dos preços na produção, na indústria e no consu-midor, através dos índices de preços já disponíveis, publicando relatórios tri-mestrais a partir de Maio de 2012. Dando seguimento a essa orientação, o Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP), em colaboração com a Direção Geral das Atividades Económicas

(DGAE), apresenta a pri-meira edição de 2012 da publicação trimestral Evo-lução dos Preços na Cadeia de Abastecimento Alimen-tar, que se baseou em informação disponibilizada pelo INE. Esta publicação divulga e analisa informação relativa a índices de preços de bens alimentares, procurando assim, contribuir para a melhoria da informação aos consumidores, às autorida-des públicas e aos opera-dores do mercado e conse-quentemente contribuir para a transparência ao longo da cadeia de abaste-cimento alimentar. Iniciar-se-á esta série de publicações com a análise da informação relativa aos índices de preços do agre-gado alimentar no seu con-

junto para o período 2005-2011. Abor-dar-se-á igualmente a evolução dos preços dos fatores de produção agríco-la, a comparação com os preços do conjunto da economia e far-se-ão com-parações com a situação observada na UE. Nos trimestres seguintes, serão analisa-dos, individualmente, os vários produ-tos alimentares.

PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES • A evolução dos preços agrícolas, no

geral, foi acompanhada por uma evo-lução aproximada nos preços dos bens alimentares na indústria e no consumidor, no período 2005-2011, quer nos movimentos ascendentes quer descendentes.

• Contudo, a produção agrícola não conseguiu fazer repercutir nos pre-ços de venda o grande aumento dos custos de produção, o que teve um impacto fortemente negativo sobre as margens dos agricultores. O preço implícito no produto agrícola teve uma diminuição real entre 2005 e 2011 de 26%.

• As dificuldades dos agricultores em repercutir nos respetivos preços de venda o grande aumento dos custos de produção são consistentes com a análise conduzida pela Autoridade da Concorrência “aos múltiplos contra-tos celebrados entre distribuidores e fornecedores” que revelou “um desequilíbrio negocial entre as duas partes, com preponderância para os primeiros”1.

• A partir de 2009 observou-se que os preços dos bens alimentares na pro-dução, na indústria e no consumidor tiveram um crescimento inferior ao da inflação. Esta tendência revela a importância dos bens alimentares na contenção geral dos preços. É no entanto conseguido, contudo, com sacrifício dos rendimentos dos agri-cultores.

• A situação descrita no ponto anterior é específica de Portugal, uma vez que o ritmo de crescimento dos preços nacionais dos bens alimentares foi inferior ao verificado na UE27 em toda a cadeia de abastecimento ali-mentar.

• O crescimento dos preços na UE27 foi superior ao da inflação em toda a cadeia de abastecimento alimentar.

I. ÍNDICES DE PREÇOS DE BENS ALIMENTARES NA PRODUÇÃO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO No gráfico 1 apresenta-se a evolução mensal dos índices preços dos bens alimentares2 ao nível do produtor, da indústria e do consumidor no período 2005-2011. Os preços agrícolas apresentam uma maior volatilidade3, embora as tendên-cias evolutivas não apresentem diferen-ças significativas ao longo do período, quer nos movimentos de subida de preços quer nos de descida.

ÍNDICE DE PREÇOS NA CADEIA ALIMENTAR PRIMEIRO RELATÓRIO - MAIO DE 2012

O GPP, em colaboração com a DGAE, apresenta a primeira edição de 2012 da publica-ção trimestral Evolução dos Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar, que se baseou em informação disponibilizada pelo INE. Esta publicação divulga e analisa informação relativa a índices de preços de bens alimentares, procurando assim, contribuir para a melhoria da informação aos consumidores, às autoridades públicas e aos operadores do mercado e consequentemente contribuir para a transparência ao longo da cadeia de abastecimento alimentar.

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No gráfico 2 apresentam-se os dados em médias móveis de 12 meses, o que permite captar mais facilmente a ten-dência. Esta análise é importante pois permite abstrair da sazonalidade e ate-nuar a visibilidade de evoluções pon-tuais.

Ao longo deste período observa-se que os efeitos da evolução dos preços agrí-colas são repercutidos a jusante4, indi-cando um efeito neutro em termos das margens da indústria e do comércio.

No gráfico 3 apre-senta-se a evolução dos preços alimen-tares na agricultura, indústria e no con-sumidor, corrigidos do efeito da infla-ção. Isto permite evidenciar os movi-mentos de preços

alimentares que não se devem à alteração média da economia. Podem-se destacar dois períodos: o período 2005-2009

em que os preços dos bens alimenta-res refletiram, essencialmente, a

evolução dos preços do conjunto da eco-nomia e o período a partir de 2009 em que o crescimento

dos preços dos bens alimentares foi inferior ao conjun-to da economia em toda a cadeia de abastecimento ali-mentar, o que é mais facilmente visível em termos das tendências cap-tadas pelas médias móveis de 12 meses (gráfico 4).

II ÍNDICES DE PREÇOS E DE CUSTOS DE PRODUÇÃO NO SECTOR AGRÍCOLA O preço de venda no produtor dos bens alimentares não acompanhou o crescimento dos custos necessários à sua produção, em particular os bens de consumo corrente que apresentaram um crescimento muito acentuado, como se pode ver no gráfico 5. De

facto, o preço de venda no produtor cresceu 1,5% em média anual, enquanto os custos associados à produção cres-ceram respetivamente 5,1% e 2,6%, nos

bens de consumo corrente e de investi-mento, no período 2005-2011. Este diferencial de crescimento é, particular-mente, evidente a partir de meados de 2007, em resultado do aumento do preço do petróleo e de matérias-primas agrícolas (gráficos A1 e A3, em anexo) e traduzir-se-á, certamente, numa diminuição das margens ligadas à produção. No gráfico 6 podemos observar os índices de preços dos bens de consumo corrente com maior peso na estrutura

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de consumos. Os alimentos para ani-mais representam cerca de 50% dos consumos intermédios da atividade

agrícola e possuem, com exceção dos adubos (que representam 4% da estru-tura de consumos), a maior volatilidade de preços (0,14 face a 0,05 do preço de venda), imediatamente seguidos da energia e lubrificantes (0,13) que repre-sentam cerca de 10% da estrutura de consumos. Contudo, a análise da corre-lação (quadro A2, em anexo) não indi-ciou existir uma relação entre o preço dos bens agrícolas e os custos ineren-tes à produção, o que mostra a dificul-dade, por parte do produtor agrícola, em repercutir no preço de venda as variações de preços dos meios de pro-dução. O crescimento acentuado dos preços dos consumos intermédios face ao pre-ço dos bens agrícolas no produtor tra-duziu-se numa forte diminuição dos preços implícitos no produto agrícola, como se pode ver no gráfico 7 e qua-dro A3 em anexo. Esta diminuição tra-duziu-se numa forte degradação dos preços implícitos no produto agrícola relativamente aos preços implícitos no PIB da Economia (-26%), conduzindo a uma diminuição em termos de poder aquisitivo real. Ou seja, se os preços de

2005 se tivessem mantido inalterados o poder aquisitivo do rendimento dos

agricultores em

2011 seria 35% superior ao verificado. III ÍNDICES DE PREÇOS DOS BENS ALIMENTARES UE27 Na UE também se verificou uma evolu-ção tendencialmente aproximada dos preços dos bens alimentares na produ-ção, indústria e consumidor. No entan-to, o ritmo de crescimento dos preços dos bens alimentares na UE foi supe-rior ao verificado em Portugal em toda

a cadeia de abastecimento alimentar

(gráficos 8 e 9). A evolução dos pre-ços na UE, nomea-damente dos bens agrícolas, está for-temente influencia-da pelo comporta-mento do preço dos cereais (gráfico A3, em anexo), em particular na UE27 devido à importân-cia dos cereais na estrutura produtiva europeia, o que pode explicar em

parte o diferencial de crescimento entre a UE e PT. O preço dos bens agrícolas, à seme-lhança de PT, apresenta maior volatili-dade face ao preço dos restantes inter-venientes na cadeia. Diferentemente do que se passou em Portugal, nos anos mais recentes, os preços dos bens ao longo de toda a cadeia alimentar têm crescido mais do que a inflação.

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 25

IV NOTA METODOLÓGICA O acompanhamento da evolução dos preços recorre a índices de preços que possibilitam a comparação das dinâmi-cas evolutivas das séries temporais de uma forma clara e imediata facilitando a sua compreensão e a deteção de varia-ções sazonais características. Contudo, existem limitações inerentes à sua utilização. É oportuno salientar para o fato de não se estarem a analisar margens, uma vez que para os sectores da indústria e comércio alimentar não se dispõe de informação sobre custos de produção para o período em análise. A análise baseou-se, essencialmente, em informação disponibilizada pelo INE. De seguida apresentam-se os principais conceitos utilizados na análise. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO: O coeficiente de correlação mede o grau de associação linear entre duas variá-veis, podendo assumir valores negati-vos, caso as evoluções sejam divergen-tes, ou positivos, no caso de evoluções no mesmo sentido. Quanto mais próxi-mo da unidade, em valor absoluto, maior a proximidade das respetivas evoluções, considerando existir corre-lação a partir de 0,75, em valor absolu-to. No caso da análise de evolução de preços, assumindo que o coeficiente de correlação é positivo, isto é, que as duas series de preços evoluem no mes-mo sentido que é situação mais comum, quanto maior a correlação maior a repercussão entre os preços ao longo da cadeia, assim como, maior a manutenção das margens brutas. Se o coeficiente apresentar um valor negati-vo, significa uma evolução divergente entre os preços, poderá por exemplo evidenciar introdução de produtos importados no mercado. Este indicador é idêntico quando calculado a partir dos índices de preços ou dos níveis de preços. COEFICIENTE DE VARIAÇÃO: O coefi-ciente de variação é uma medida relati-va de dispersão para um conjunto de dados, definida como o quociente entre o desvio-padrão e a média, ou seja, mede a dispersão dos resultados face à média, e contrariamente ao desvio-padrão permite comparar a dispersão de duas distribuições podendo ser usa-da para medir volatilidade de uma série. Quanto maior o coeficiente de variação de uma série maior a sua volatilidade. Este indicador é idêntico quando calcu-

lado a partir dos índices de preços ou dos níveis de preços. ÍNDICES DE PREÇOS DE PRODUTOS AGRÍCOLAS NO PRODUTOR: Indica-dor económico que mede a evolução dos preços de primeira venda pelo agri-cultor/produtor, à saída da exploração agrícola/unidade produtiva, excluindo subsídios ao produto e incluindo pré-mios de qualidade (sempre que exis-tam) e impostos, exceto o IVA dedutí-vel (Fonte: a partir de INE). ÍNDICES DE PREÇOS HARMONIZADO NO CONSUMIDOR: Indicador que mede as variações dos preços de aqui-sição de bens e serviços de consumo, utilizados ou pagos pelas famílias. O IHPC resulta dos Índices de Preços no Consumidor (IPC) a nível da UE, calcu-lados de acordo com uma abordagem harmonizada e com um conjunto único de definições que possibilita compara-ções entre os diferentes países da União Europeia. ÍNDICES DE PREÇOS IMPLÍCITO NO PRODUTO AGRÍCOLA: O Índice de Preços Implícito no VAB agrícola resul-ta do rácio entre o VAB agrícola a pre-ços correntes e a preços constantes e traduz a evolução da valorização pelo mercado do valor acrescentado (ou produto) da atividade agrícola, isto é, a variação desse produto que é devida às alterações dos preços dos bens vendi-dos e consumidos pela agricultura. A atribuição da denominação preço implí-cito deve-se à inexistência de um preço para o produto. De fato, o produto agrícola resulta da diferença entre a produção e os consumos intermédios, consequentemente a sua valorização depende da valorização dos preços destas componentes. Quando confrontado com o índice de preços implícito do PIB (que resulta do rácio entre o PIB a preços correntes e a preços constantes) reflete a variação real do poder aquisitivo do produto que é devida às alterações de preços dos bens produzidos e consumidos pela agricultura e pelos restantes sectores de atividade. ÍNDICES DE PREÇOS NA PRODUÇÃO INDUSTRIAL: Indicador económico que mede a evolução dos preços que os produtores recebem do adquirente de um bem produzido, deduzido dos impostos a pagar relativamente a esse bem, em consequência da sua produção ou venda, e acrescido de qualquer sub-sídio a receber relativamente a esse bem, em consequência da sua produção

ou venda. Não engloba despesas de transporte faturadas à parte pelo pro-dutor, mas inclui as margens de trans-porte cobradas pelo produtor na mes-ma fatura (Fonte: a partir de INE). ÍNDICES DE PREÇOS NO CONSUMI-DOR: Indicador que mede a evolução, no tempo, dos preços de um conjunto de bens e serviços considerados repre-sentativos da estrutura de consumo da população residente em Portugal. O IPC é definido como um índice enca-deado de tipo Laspeyres, isto é, um indicador da variação dos preços de um painel de produtos transacionados no mercado nacional, assumindo quantida-des e qualidade constantes. O indica-dor corresponde deste modo ao rácio entre o custo de aquisição de um con-junto de bens e serviços de qualidade constante e em quantidade fixa em dois momentos diferentes no tempo (Fonte: a partir de INE). ÍNDICES DE PREÇOS REAL: O índice de preços real traduz a evolução corri-gida pela evolução geral dos preços (inflação). Resulta do rácio entre o índi-ce de preços e o índice de preços ao consumidor total. MÉDIA MÓVEL ANUAL: A média móvel anual corresponde, para cada observa-ção, à média simples das últimas 12 observações. Traduz, de forma mais percetível, o sentido da tendência de uma determinada variável.

1 Concorrência, Autoridade da. (2010). Relatório Final sobre Relações Comerciais entre a Distri-buição Alimentar e os seus Fornecedores. Lisboa.

2 O conceito de bens alimentares está de acordo com a definição de cadeia de abastecimento ali-mentar apresentada em Food supply chain moni-tor, EUROSTAT.

3 De facto, a série dos índices de preços no pro-dutor apresenta o maior coeficiente de variação da cadeia de abastecimento alimentar, 0,05 face a 0,04 e 0,03 da indústria e no consumidor.

4 O recurso a coeficientes de correlação eviden-ciou uma forte correlação entre os preços na indústria e no consumidor (ρ = 0,91), contudo mais moderada entre o produtor e a restante cadeia alimentar (ρ = 0,53 e ρ = 0,65, respetiva-mente na indústria e no consumidor).

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PERGUNTA N.º 1514/XII (1.ª) Assunto: Venda por empresa da grande distribuição de leite ao preço de 13 cêntimos/litro Destinatário: Ministro da Economia e do Emprego

Ex.ma Sr.ª Presi-dente da Assem-bleia da República A APLC - Associa-ção Nacional de Produtores de Leite e Carne veio a público denun-ciar que um grupo da grande distri-

buição (Continente/SONAE) desenca-deou uma campanha de promoção nes-te início do ano, com a venda de leite «ao preço simbólico de 13 cêntimos/litro»! O pacote de litro e meio custa 78 cêntimos, e tem um desconto de 75% em cartão. Outros produtos, mar-cas brancas do Grupo (batata francesa e sumos) estão igualmente a serem vendidos com o mesmo desconto! Tal situação é manifestamente uma venda com preços abaixo dos custos de produção, sendo que nos últimos meses/anos, o preço médio do leite nos países da União Europeia na produ-ção rondou os 30 cêntimos/litro. A suspeita de que tal leite foi importa-do a preços de «saldo», num quadro de dumping, exige a rápida intervenção do Governo e da Autoridade da Concor-rência. Ao abrigo das disposições constitucio-nais e regimentais aplicáveis, solicito ao Governo que, por intermédio do Minis-tro destinatário desta pergunta, me sejam prestados os seguintes esclareci-mentos: 1. Que informação tem o Governo sobre a referida situação? 2. A confirmar-se a denúncia, que medidas já tomou para lhe pôr cobro? Foi convocada uma reunião de urgência e extraordinária da PARCA - Platafor-

ma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar? 3. Que medidas estão previstas junto dos órgãos competentes da União Europeia para pôr cobro a tais opera-ções de dumping entre Estados-membros? Palácio de São Bento, quarta-feira, 4 de Janeiro de 2012 Deputado(a)s AGOSTINHO LOPES (PCP) Resposta à pergunta nº 1514/XII/1ª, de 4 de Janeiro de 2012 «Venda por empresa da grande distri-buição de leite ao preço de 13 cênti-mos/litro» Na sequência do ofício acima identificado e, e, resposta à per-gunta nº 1514/XII/1ª, de 4 de Janeiro de 2012, formulada pelo Deputado Agos-tinho Lopes, do Grupo Parla-mentar do Parti-do Comunista Português, encarrega-me sua Excelência o Ministro da Eco-nomia e do Emprego de, relativamente às questões colocadas, que se referem às suas competências em razão da maté-ria, transmitir o seguinte. 1 – O Ministério da Economia e do Emprego, através da Direcção-Geral das Actividades Económicas (DGAE) e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apurou que, na sequência da campanha “HIPER DES-CONTO” realizada pela cadeia de supermercados “Continente”, cada litro de leite meio gordo da marca

“Continente” no âmbito desta campa-nha tinha um custo efectivo de €0,13, porquanto as embalagens de 1,5 litros, eram vendidas ao preço de €0,78, o que corresponde a €0,52 por litro, após a aplicação dos descontos de 50%, entre 16 a 31 de Janeiro de 2012, e de 25%, entre 1 a 15 de Fevereiro de 2012. 2 – Tendo presente o disposto no arti-go 3º do Decreto-lei nº 370/93, de 29 de Outubro, na relação introduzida pelo Decreto-Lei nº 140/98, de 16 de Maio, (venda de bens por preço infe-rior ao da compra), conclui a ASAE que a prática em causa consubstanciava uma venda com prejuízo, isto é, uma venda por preço inferior ao seu preço de compra efectivo, enquadrável no nº 1 do referido artigo 3º, e sustentável de lesar interesses económicos dos con-correntes desta empresa. 3 – Com base nesta premissa, foi desencadeada no mês de janeiro de 2012, uma Ordem de Operações a vários estabelecimentos comerciais onde se encontrava à venda este pro-duto, procedendo à apreensão de diversas quantidades de leite meio gor-

do da marca “Continente”, à venda nos estabelecimentos “Continente”, sítios no Centro Comercial Vasco da Gama, Telheiras, Centro Comercial Colombo e Amadora. 4 – Confirma-se que esta matéria está a ser objecto de acompanhamento na Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Alimentar (PARCA). Lisboa, 22 de Maio de 2012 A Chefe de Gabinete (em substituição) Filipa Sousa dos Santos

LEITE E PRODUTOS LÁCTEOS - VENDAS COM PREJUÍZO RESPOSTA DO MINISTRO DA ECONOMIA A PERGUNTA DO PCP

Na sequência da campanha realizada pela insígnia Continente (e posteriormente pelo Pingo Doce) de vendas de leite a preços de 0,13 e 0,25 €/litro, respectivamente, e das denúncias então realizadas por diferentes entidades ligadas ao sector, o deputado Agosti-nho Lopes (PCP) formulou uma pergunta escrita dirigida ao Sr. Ministro da Economia e Emprego. Mais de quatro meses depois, vem agora aquele membro do Governo dar ‘resposta’ à pergunta formulada. A escassez de informação e a falta de cuidado com que essa resposta foi preparada são sintomáticos do desconhecimento e reduzida atenção daquele membro do Governo a estes dossiers.

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A criação de um contexto favorável ao investimento constitui-se como uma prioridade fundamental do XIX Gover-no Constitucional, uma vez que dele depende o desígnio do crescimento económico sustentável da dinamização e desenvolvimento do investimento privado. Com este objetivo, o Governo pretende implementar um conjunto de reformas tendo em vista garantir aos cidadãos e às empresas que os proces-sos de interação com a Administração Pública, central e local, sejam mais sim-ples, mais previsíveis, mais rápidos, em suma, mais eficientes. A captação de novos investidores e o reforço de investimentos já existentes exige um esforço contínuo de melhoria do ambiente de negócios e redução de custos de contexto, seguindo as melho-res práticas no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde se incluem as reformas já em curso nos setores da economia, da justiça e do direito do trabalho. No contexto atrás descrito, considera o Governo essencial realizar uma reforma global, com uma visão disruptiva mas concertada e objetiva, do enquadramento jurídico que regula todos os processos inerentes à localiza-ção, instalação e exploração da ativida-de industrial, de forma eficiente e cor-retamente implantada no território. Este programa de ação do Governo, que envolve a intervenção, nomeada-mente, da Presidência do Conselho de Ministros, do Ministério da Economia e do Emprego e do Ministério da Agricul-tura, do Mar, do Ambiente e do Orde-namento do Território, permitirá garantir uma articulação transparente, ágil e eficaz entre as diversas entidades, privadas e públicas, intervenientes no processo de criação e fomento da ativi-dade industrial em Portugal, de um modo sustentável a nível social, ambien-tal e económico. Assim: Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Minis-tros resolve: 1 - Lançar o Programa da Indústria Res-ponsável com vista à melhoria do ambiente de negócios, à redução de

custos de contexto e à otimização do enquadramento legal e regulamentar relativo à localização, instalação e exploração da atividade industrial, com os seguintes objetivos prioritários: a) Rever o quadro legal e normativo que, de alguma forma, possa impor barreiras e entraves injustificados ao desenvolvimento da atividade indus-trial, de modo a inverter o paradig-ma do licenciamento para uma lógica de responsabilização do investidor no setor da indústria, com a corres-pondente intervenção do Estado num controlo rigoroso e a posterio-ri da atividade exercida;

b) Garantir que a determinação referi-da na alínea anterior é tida em consi-deração, no âmbito da revisão, a levar a cabo até ao final de 2012, dos regimes jurídicos relevantes, nomea-damente os seguintes: i) O regime aplicável ao exercício da

atividade industrial; ii) O regime jurídico aplicável à ava-

liação de impacte ambiental; iii) O regime jurídico aplicável à

urbanização e à edificação; iv) O regime jurídico aplicável à utili-

zação de recursos hídricos; v) Os regimes jurídicos respeitantes

às bases do ordenamento do ter-ritório, à utilização dos solos e aos instrumentos de gestão terri-torial;

vi) O regime jurídico aplicável à Reserva Ecológica Nacional;

vii) O regime jurídico aplicável à segurança contra incêndio em edifícios;

c) A criação de áreas territorialmente delimitadas, dotadas de infraestrutu-ras e pré -licenciadas, denominadas zonas empresariais responsáveis (ZER), que permitam a localização e instalação de novos estabelecimen-tos industriais de forma simplificada e vantajosa para os investidores, contribuindo para uma melhoria significativa no ordenamento do ter-ritório e assegurando a defesa do ambiente e da saúde pública.

2 - Estabelecer que, sem prejuízo do disposto no n.º 7, para a implementa-

ção da medida referida na alínea c) do número anterior, será criado um grupo de trabalho, coordenado pelo Ministé-rio da Economia e do Emprego e inte-grado por representantes da Presidên-cia do Conselho de Ministros, das áreas da modernização administrativa e das autarquias locais, do MAMAOT, de organismos da Administração Pública relevantes em razão da matéria, nomeadamente da Direção-Geral das Atividades Económicas, do IAPMEI, da Autoridade Nacional de Proteção Civil, da Direção -Geral do Território, da Agência Portuguesa do Ambiente, da AICEP, bem como da Associação Nacional de Municípios Portugueses e das estruturas representativas da indús-tria, que deverá apresentar, no prazo máximo de 90 dias: a) A atualização e levantamento de todos os parques industriais e, em geral, de todas as áreas destinadas à instalação de indústrias, armazéns ou outras atividades similares, e reforço das ferramentas de georreferencia-ção existentes;

b) Uma proposta quanto aos requisi-tos técnicos e infraestruturais a que devem obedecer as ZER;

c) Uma proposta de plano de conver-são em ZER das várias áreas identifi-cadas nos termos da alínea a).

3 - Reconhecer a importância do «Balcão do empreendedor» para a inte-gral implementação dos objetivos da presente resolução, determinando que aquele deve ser ampliado e reestrutu-rado, com vista a assegurar que toda a relação do investidor com a Adminis-tração Pública, central e local, no âmbi-to da atividade industrial, é feita através de um balcão único, de forma agilizada e tendencialmente desmaterializada, com uma redução significativa de pra-zos de decisão e consulta. 4 - Definir que a ampliação e reestrutu-ração previstas no número anterior garantem, nomeadamente, o seguinte: a) A configuração do «Balcão do empreendedor» como um meio de contacto privilegiado do industrial com todos os procedimentos ine-rentes à localização, instalação e exploração da atividade industrial, de forma integrada;

b) A interligação, tendencial e incre-mental, entre os vários regimes legais e regulamentares aplicáveis;

c) A tramitação simultânea de proces-sos;

d) O seguimento e gestão dos proces-

RESOLUÇÃO CONSELHO DE MINISTROS N.º 47/2012 2012.05.18, PCM

Lança o Programa da Indústria Responsável com vista à melhoria do ambiente de negó-cios, à redução de custos de contexto e à optimização do enquadramento legal e regula-mentar relativo à localização, instalação e exploração da actividade industrial.

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 27

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sos por todas as entidades envolvi-das e pelo industrial;

e) A possibilidade de o industrial apre-sentar uma única vez e no mesmo local toda a informação necessária à boa instrução dos vários processos.

5 — Determinar que, em cumprimento dos princípios previstos nos números anteriores, a reforma a levar a cabo deve garantir que a Administração Pública, em particular, a administração local, dispõe das ferramentas técnicas que lhe permitam assegurar a defesa do interesse público e o cumprimento da legislação em vigor de forma célere e eficaz, devendo, para o efeito, a plata-forma eletrónica disponibilizar uma área de backoffice que garanta: a) O acesso à informação contida nos processos no «Balcão do empreen-dedor» por todas as entidades da

Administração Pública competentes; b) A gestão, dentro do «Balcão do empreendedor», por estas entida-des, dos procedimentos e dos seus fluxos decisórios;

c) Gerar informação estatística que permita uma adequada avaliação ex post das medidas tomadas, respei-tando as normas relativas à proteção de dados pessoais;

d) Assegurar um adequado cadastro de todo o tecido industrial e a dispo-nibilização pública de dados estatísti-cos relevantes.

6 — Determinar a revisão do regime de reconhecimento de projetos de potencial interesse nacional, tornando-o mais transparente e com maior abrangência. 7 — Criar uma Comissão de Dinamiza-ção e Acompanhamento Interministe-

rial do Programa da Indústria Respon-sável, coordenada pelo Ministério da Economia e do Emprego e integrada por representantes da Presidência do Conselho de Ministros, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e do MAMAOT, que assegure a monitoriza-ção e a agilização da implementação desta reforma estrutural para o investi-mento no setor da indústria. 8 — Determinar que os representantes n o grupo de trabalho e a Comissão de Dinamização e Acompanhamento Interministerial do Programa da Indús-tria Responsável são designados por despacho do membro do Governo responsável pela área respetiva. 9 — Determinar que a presente reso-lução entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

As condições climatéricas que têm atin-gido Portugal continental nos últimos meses, com quase total ausência de chuva, colocaram o território em situa-ção de seca severa e de seca extrema, sendo que as atuais previsões disponí-veis apontam para a manutenção de ausência de precipitação significativa. O Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Terri-tório tem acompanhado e monitorizado os efeitos da seca no terreno, nomea-damente ao nível da alimentação animal, bem como do desenvolvimento vegeta-tivo de diversas outras culturas, tais como os cereais, os olivais e a vinha. Com efeito, a situação pluviométrica tem impedido o normal desenvolvimen-to das pastagens e forragens e de algu-mas espécies vegetais que constituem uma grande componente da alimenta-ção animal, com repercussões negativas no sector pecuário extensivo, designa-damente na bovinicultura, caprinicultu-ra, ovinicultura, equinicultura, suinicul-tura, bem como no sector da apicultu-ra, colocando em causa a manutenção dos respectivos efectivos, em especial devido ao agravamento dos encargos com a alimentação animal.

Reconhecendo-se a urgência da criação de apoios de carácter prioritário para fazer face aos efeitos nefastos no sec-tor da pecuária extensiva, não são de menosprezar as consequências nos restantes sectores da actividade agríco-la, em especial a agricultura de sequei-ro, nos quais são igualmente sentidas dificuldades acrescidas nas respectivas produções em virtude da falta de chu-va, sendo expectável uma diminuição do rendimento dos produtores durante o presente ciclo. Nesta medida, entendeu o Governo criar um apoio financeiro, que permita o acesso ao crédito em condições mais favoráveis, com prioridade para as enti-dades do sector da pecuária extensiva, admitindo-se desde já o acesso de outros sectores de actividade agrícola, que em função da avaliação dos efeitos da seca venham a revelar perdas igual-mente significativas. Assim: Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição o Governo decreta o seguinte: Artigo 1.º - Objeto 1 - O presente diploma cria uma linha de crédito com juros bonificados, diri-

gida prioritariamente a operadores do sector da pecuária extensiva, que exer-çam as actividades da bovinicultura, caprinicultura, ovinicultura, equinicultu-ra, suinicultura e apicultura, com vista a compensar o aumento dos custos de produção resultantes da seca, nomea-damente os custos relativos à alimenta-ção animal devido à escassez de pasta-gens e forragens e de algumas espécies vegetais. 2 - Sem prejuízo do disposto no núme-ro anterior, podem ainda aceder à pre-sente linha de crédito operadores que exerçam outras actividades agrícolas nos termos e condições a definir por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da agricultura. 3 - A presente linha de crédito é criada nos termos do Regulamento (CE) n.º 1535/2007, relativo aos auxílios de minimis no sector da produção de pro-dutos agrícolas. Artigo 2.º - Potenciais beneficiários e condições de acesso Têm acesso à linha de crédito criada pelo presente diploma, as pessoas sin-gulares ou colectivas, que satisfaçam as seguintes condições: a) Se encontrem licenciadas ou regis-

tadas para o exercício das activida-des definidas no artigo anterior;

b) Exerçam actividade nos respectivos sectores;

c) Se localizem no território continen-tal;

d) Tenham a situação contributiva regularizada perante a administração fiscal e a segurança social.

DECRETO-LEI N.º 101/2012 2012.05.11, MAMAOT

Cria uma linha de crédito com juros bonificados, dirigida prioritariamente a operadores do setor da pecuária extensiva, que exerçam as atividades da bovinicultura, caprinicultura, ovinicultura, equinicultura, suinicultura e apicultura, com vista a compensar o aumento dos custos de produção resultantes da seca.

28 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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Artigo 3.º - Montante global de crédito 1 - O montante global de crédito a con-ceder, no âmbito da presente linha, não pode exceder € 50 000 000. 2 - O montante de crédito a conceder ao sector referido no n.º 1 do artigo 1.º é de € 30 000 000, sendo o remanes-cente a conceder às actividades defini-das na portaria referida no n.º 2 do artigo 1.º 3 - Caso o montante global do crédito solicitado, decorrente das candidaturas apresentadas, venha a ultrapassar os montantes fixados no número anterior, os montantes de crédito por beneficiá-rio são objecto de rateio, reduzindo –se proporcionalmente em função do excesso verificado e diminuindo-se, em conformidade, o montante individual de crédito a contratar. 4 - Caso o montante global do crédito solicitado, decorrente das candidaturas apresentadas ao sector ou às activida-des referidas no artigo 1.º não tenha sido integralmente utilizado, o remanes-cente pode ser transferido para as can-didaturas relativas ao sector ou às acti-vidades que tenham ultrapassado a repartição fixada no n.º 2. Artigo 4.º - Montante individual de crédito e do auxílio 1 - O montante individual de crédito a conceder no âmbito do n.º 1 do artigo 1.º é fixado do seguinte modo: a) € 180, por fêmea da espécie bovina e equina, com idade superior a 24 meses;

b) € 40, por fêmea das espécies ovina e caprina, com idade superior a 12 meses ou que já tenha parido;

c) € 120, por fêmea reprodutora da espécie suína;

d) € 5, por colmeia. 2 - O montante do auxílio a atribuir, expresso em equivalente-subvenção bruto, não pode exceder € 7500 por beneficiário, durante qualquer período de três exercícios financeiros, conforme o disposto no n.º 2 do artigo 3.º do Regulamento (CE) n.º 1535/2007. 3 — O auxílio a conceder no âmbito do presente regime é cumulável com outros auxílios de minimis enquadrados no Regulamento (CE) n.º 1535/2007 e o respectivo montante acumulado duran-te o período de três exercícios financei-ros não pode exceder o limite estabele-cido no número anterior. 4 - A portaria referida no n.º 2 do arti-go 1.º estabelece os montantes indivi-duais de crédito para os sectores de actividade agrícola nela previstos.

Artigo 5.º - Forma O crédito é concedido, sob a forma de empréstimo reembolsável, pelas insti-tuições de crédito que celebrem proto-colo com o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I. P. (IFAP), no qual é estabelecida uma taxa de juro nominal máxima. Artigo 6.º - Condições financeiras dos empréstimos 1 - Os empréstimos são concedidos pelo prazo máximo de um ano a contar da data da primeira utilização de crédi-to. 2 - A utilização dos empréstimos é realizada no prazo máximo de quatro meses após a data de celebração do contrato, podendo efectuar-se até qua-tro utilizações por contrato. 3 - Os empréstimos vencem juros à taxa contratual, calculados, dia a dia, sobre o capital em dívida. 4 - Os juros são postecipados e pagos de uma só vez na data do reembolso. 5 - Os juros referidos no número ante-rior beneficiam de uma bonificação, a suportar por verbas do orçamento do MAMAOT, da responsabilidade do IFAP, igual à taxa de referência para o cálculo de bonificações (TRCB), criada pelo Decreto-Lei n.º 359/89, em vigor no início de cada período de contagem de juros. 6 - Caso a taxa de juro praticada pela instituição de crédito seja menor à TRCB, a bonificação referida no núme-ro anterior passa a ser igual à referida taxa de juro praticada. Artigo 7.º - Formalização 1 - As candidaturas são apresentadas pelos potenciais beneficiários no IFAP 2 - Compete ao IFAP, decidir o enqua-dramento das candidaturas apresenta-das nesta linha de crédito, podendo as instituições de crédito contratar apenas após este enquadramento. 3 - A não contratação da operação de crédito no prazo fixado pelo IFAP, determina a libertação do auxílio de minimis aprovado. 4 — Os prazos para apresentação, aná-lise, decisão das candidaturas e celebra-ção dos contratos são fixados e divul-gados em circular do IFAP, disponibili-zado no seu sítio da internet. Artigo 8.º - Pagamento das bonificações de juros 1 — A bonificação de juros prevista no n.º 5 do artigo 6.º, a pagar pelo IFAP, às instituições de crédito aderentes, é processada enquanto se verificarem as condições de acesso definidas no pre-

sente diploma, bem como o pontual cumprimento das obrigações contra-tualmente assumidas pelos beneficiá-rios, na qualidade de mutuários. 2 — As instituições de crédito devem fornecer ao IFAP, todas as informações por este solicitadas, relativas aos empréstimos objecto de bonificação. Artigo 9.º - Dever de informação 1 - O IFAP, deve informar por escrito os beneficiários do montante do auxí-lio, expresso em equivalente de sub-venção bruto e do seu carácter de minimis. 2 - Os beneficiários dos auxílios devem informar o IFAP, sobre o recebimento de quaisquer outros auxílios de mini-mis, concedidos ao abrigo do Regula-mento (CE) n.º 1535/2007. Artigo 10.º - Incumprimento pelo beneficiário 1 - O incumprimento de qualquer das obrigações dos beneficiários, na quali-dade de mutuário, é prontamente comunicado pela instituição de crédito mutuante ao IFAP. 2 - O incumprimento previsto em 1 determina a imediata cessação do paga-mento das bonificações, bem como a recuperação das que tiverem sido inde-vidamente processadas. Artigo 11.º - Acompanhamento e controlo No âmbito da presente linha de crédi-to, compete ao IFAP : a) Estabelecer as normas técnicas e financeiras complementares que se revelem necessárias para garantir o cumprimento do disposto no pre-sente diploma;

b) Assegurar a observância do regime comunitário de auxílios de minimis;

c) Articular a assinatura do protocolo com as instituições de crédito;

d) Analisar as candidaturas, tendo em vista o seu enquadramento na linha de crédito e a aferição do montante do empréstimo a conceder;

e) Efectuar o processamento e paga-mento das bonificações de juros;

f) Acompanhar e fiscalizar as condi-ções de acesso e permanência na presente linha de crédito.

Artigo 12.º - Financiamento A cobertura orçamental dos encargos financeiros decorrentes da presente medida é assegurada por verbas do orçamento do MAMAOT, da responsa-bilidade do IFAP, I. P. Artigo 13.º - Entrada em vigor O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

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Participam na Rede Europeia da Con-corrência a Comissão Europeia e as autoridades nacionais de concorrência dos 27 Estados-Membros. Joaquín Almunia, comissário responsá-vel pela política de concorrência, afir-mou: “As autoridades de concorrência em toda a Europa estão a trabalhar arduamente para garantir que os mer-cados dos produtos alimentares funcio-nem tanto para os fornecedores e como para os consumidores. Nas situa-ções em que se verificou um comporta-mento anticoncorrencial a qualquer nível da cadeia de abastecimento ali-mentar, as autoridades da concorrência intervieram rapidamente. Mas é possível fazer mais: alguns produtores poderiam reestruturar e agrupar atividades, a fim de se tornarem mais eficientes, ao pas-so que alguns países ainda têm obstácu-los regulamentares desnecessários a nível do comércio retalhista. As autori-dades de concorrência estão prontas para ajudar a abordar estas questões a nível da UE e nacional”, acrescentou. O relatório fornece informações por-menorizadas sobre o funcionamento da concorrência no setor alimentar, com base nas atividades mais recentes desenvolvidas pela Comissão Europeia e pelas autoridades nacionais de concor-rência neste domínio. Entre 2004 e 2011, as autoridades de concorrência europeias investigaram mais de 180 processos anti-trust, adota-ram perto de 1 300 decisões em maté-ria de concentrações e realizaram mais de 100 ações de controlo. O maior número de processos diz respeito aos níveis da transformação e fabrico e, em menor medida, da venda a retalho. Foram proibidos mais de 50 cartéis que envolviam a fixação de preços, a repar-tição de mercados e de clientes e a troca de informações comerciais sensí-veis, o mesmo acontecendo com práti-cas de exclusão prejudiciais para agri-cultores ou fornecedores. Nas suas atividades de acompanhamen-to do mercado, as autoridades da con-

corrência analisaram o funcionamento dos mercados dos produtos alimenta-res. Grande parte deste trabalho mos-trou que existiam diversas explicações para a evolução desfavorável do merca-do não relacionadas com a ausência de concorrência entre os intervenientes no mercado. As autoridades de concorrência apela-ram também a uma reforma regulamen-tar, nomeadamente a alteração ou revogação das disposições legislativas que entravam a criação de estabeleci-mentos de comércio a retalho e a ado-ção de códigos ou de legislação para abordar as situações de práticas comerciais desleais. Por último, as autoridades de concor-rência convidaram os produtores a aumentar a eficiência e a reforçar a sua posição na cadeia de valor, nomeada-mente através da criação de cooperati-vas. O setor alimentar continuará a constituir uma prioridade fundamental para as autoridades de concorrência europeias, que estão atualmente a investigar cerca de 60 novos casos anti-trust e a realizar novas ações de con-trolo. Tal como no passado, as autori-dades de concorrência continuarão a coordenar as suas ações através da Rede Europeia da Concorrência e a desenvolver esta cooperação no futuro.

Contexto O relatório dá resposta a pedidos de esclarecimento de deputados do Parla-mento Europeu sobre as medidas tomadas pelas autoridades de concor-rência no setor alimentar. Vem igual-mente na sequência da Comunicação da Comissão sobre a melhoria do fun-cionamento da cadeia de abastecimento alimentar, de 28 de outubro de 2009. A comunicação apelava para uma aborda-gem comum entre as autoridades de concorrência no âmbito da Rede Euro-peia da Concorrência, para uma dete-ção mais eficaz dos problemas endémi-cos específicos aos mercados dos pro-dutos alimentares e uma melhoria da coordenação das ações futuras.

AS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES

Por que razão se publica este relatório? O relatório da REC sobre o setor ali-mentar dá resposta a pedidos de escla-recimento de deputados do Parlamento Europeu sobre as ações tomadas pelas autoridades de concorrência no setor alimentar e, em última análise, à Comu-nicação da Comissão sobre a melhoria do funcionamento da cadeia de abaste-cimento alimentar, de 28 de Outubro de 2009. A comunicação apelava a uma aborda-gem comum entre as autoridades de concorrência no âmbito da REC, para detetar de forma mais eficaz os proble-mas endémicos específicos aos merca-dos dos produtos alimentares e coor-denar rapidamente as ações futuras. A Comissão criou um Fórum de alto nível sobre a melhoria do funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar a fim de acompanhar a aplicação das dife-rentes iniciativas políticas da Comuni-cação de Outubro de 2009, e o relató-rio da REC será debatido no âmbito deste fórum. O relatório fornece informações por-menorizadas e conclusões sobre o fun-cionamento da concorrência no setor alimentar, com base nas atividades mais recentes desenvolvidas pela Comissão Europeia e pelas autoridades nacionais de concorrência neste domínio. Por conseguinte, destina-se também a con-tribuir de forma positiva para os deba-tes em curso sobre a melhoria da cadeia de abastecimento alimentar e a reforma da política agrícola comum.

O que é a REC? A REC (Rede Europeia da Concorrên-cia) é constituída pela Comissão Euro-peia e pelas autoridades de concorrên-cia dos vinte e sete Estados-Membros. Foi criada durante a reforma de modernização das regras antitrust da União Europeia como uma instância de debate e cooperação entre as autorida-des de concorrência dos Estados Mem-bros nos casos de aplicação dos Arti-gos 101.º e 102.º do Tratado. A Rede Europeia da Concorrência assegura uma repartição eficaz do tra-balho e uma aplicação efetiva e coeren-te das regras de concorrência da UE. Para mais informações sobre a REC e as suas atividades consultar o sítio Web Europa: http://ec.europa.eu/competition/ecn/index_en.html.

APLICAÇÃO DAS REGRAS DE CONCORRÊNCIA NO SECTOR ALIMENTAR PUBLICADO RELATÓRIO DA REDE EUROPEIA DE CONCORRÊNCIA

A Rede Europeia da Concorrência (REC) publicou um relatório que revela que a aplicação ativa da legislação da concorrência no setor alimentar em toda a Europa, em especial ao nível da transformação e da produção, tem beneficiado os agricultores, os fornecedores e os consumidores. O relatório afirma que nos últimos anos o setor alimentar tem constituí-do uma prioridade das autoridades de concorrência europeias, cuja ação tem vindo a intensificar-se desde a eclosão da crise do preço dos produtos alimentares em 2007.

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Como foi elaborado o relatório? O relatório da REC sobre o setor ali-mentar foi elaborado em estreita coo-peração e coordenação entre os servi-ços da Comissão (DG Concorrência) e as autoridades de concorrência dos Estados-Membros da UE e da Noruega. Este trabalho conjunto foi realizado no âmbito de um grupo de trabalho, o sub-

grupo alimentar da REC.

Na Europa, os preços dos produtos alimentares têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. Será que a concorrência está de facto a fun-cionar no setor alimentar? O relatório indica que as autoridades de concorrência europeias realizaram um elevado número de ações de con-trolo do mercado, como inquéritos setoriais, que revelaram como funcio-nam os mercados dos produtos alimen-tares. Algumas destas acções de controlo concluíram que, de um modo geral, a concorrência funciona bem nos merca-dos dos produtos alimentares, em benefício dos consumidores. Na sequência de outras investigações foram também detetados desenvolvi-mentos desfavoráveis no mercado, como os aumentos de preços, que podem ser explicados por fatores estruturais ou cíclicos, que os interve-nientes no mercado não relacionaram necessariamente com a existência de restrições da concorrência. Estes factores incluem as flutuações nos mercados mundiais das mercadorias, o aumento dos custos de produção dos produtos agrícolas, a evolução da oferta e da procura mundiais, a disponibilidade de existências, a evolução dos custos da energia e da mão-de-obra ou a produ-ção sazonal de alguns produtos alimen-tares. Por último, as autoridades de concor-rência identificaram diversos casos de

comportamentos anticoncorrenciais que provocaram distorções nos merca-dos, essencialmente sob a forma de cartéis de fixação dos preços ou de repartição de mercados entre concor-rentes (cerca de metade dos casos) e, em menor medida, sob a forma de res-trições verticais, ou seja, acordos entre intervenientes a diferentes níveis da cadeia de produção e de distribuição - normalmente restrições à liberdade de fixação de preços - e abusos de posição dominante, tais como obrigações de exclusividade. Quais os sectores alimentares mais investigados pelas autoridades de concorrência? As investigações cen-traram-se também em níveis especí-ficos da cadeia alimentar? Os casos antitrust investigados pelas autoridades de concorrência europeias abrangem um amplo leque de produtos e atividades. As autoridades de concor-rência europeias analisaram todos os níveis da cadeia de abastecimento ten-do investigado infrações ou alegadas infrações cometidas por produtores, transformadores, fabricantes, grossistas e retalhistas: o maior número de casos diz respeito aos níveis da transforma-ção/ fabrico e da venda a retalho. No que diz respeito a setores específi-cos de produtos alimentares, o maior número de casos dizia respeito aos produtos à base de cereais, à venda a retalho de artigos de mercearia, e ao leite e produtos lácteos, a que se seguiam as frutas e os produtos hortí-colas e carne, aves de capoeira e ovos.

Quais os tipos de práticas anticon-correnciais mais investigados pelas autoridades de concorrência? Metade do número total de casos indi-viduais analisados pelas autoridades de concorrência centrava-se em acordos horizontais entre concorrentes, o que significa, na prática, que as autoridades intervieram em mais de 50 cartéis de fixação de preços, repartição de merca-dos e de clientes e intercâmbio de informações comerciais sensíveis. Estão neste momento a investigar mais de 30 outros cartéis potenciais. As restantes infrações incluem restri-ções verticais, tais como o sistema de manutenção dos preços de revenda, ou seja, um produtor de alimentos fixa o preço mínimo a que um retalhista deve vender os seus produtos - e os abusos de posição dominante, tais como obri-

gações de exclusividade ou a imposição de quantidades mínimas de compra.

Quantas concentrações no sector alimentar foram consideradas pro-blemáticas e em que sectores especí-ficos? Entre as cerca de 1 300 concentrações analisadas pelas autoridades de concor-rência europeias, 82 suscitaram preo-cupações. Estas preocupações incidiram em especial no setor da venda a reta-lho, que representava 33 % de todas as concentrações e 31% de todas as con-centrações que suscitaram preocupa-ções. Entre os outros setores proble-máticos podem referir-se os setores dos laticínios e da carne, que represen-tavam, respetivamente, 9 % e 10 % de todas as concentrações e 17% e 12% de todas as concentrações que suscita-ram preocupações. Em última análise, as autoridades de concorrência autorizaram a maior par-te das 82 concentrações que suscita-ram preocupações, mas apenas median-te compromissos assumidos pelas par-tes envolvidas na operação. As autoridades de concorrência proibi-ram igualmente oito concentrações que levantavam sérias preocupações em matéria de concorrência nos setores da pastelaria, queijo, carne, bebidas e pro-dutos de confeitaria. Estas intervenções demonstram que a concentração de alguns mercados não pode continuar a aumentar sem que surja o risco de impedir a concorrência efetiva, e as autoridades de concorrência europeias continuarão a utilizar os instrumentos à sua disposição para evitar que este risco se concretize.

As autoridades de concorrência identificaram problemas estruturais com um impacto negativo nos mer-cados dos produtos alimentares? Sim. As investigações de controlo do mercado realizadas pelas autoridades de concorrência identificaram fatores estruturais ou regulamentares suscetí-veis de afetar negativamente o funcio-namento global e a competitividade do setor alimentar, como a estrutura frag-mentada e atomística dos agricultores nalguns Estados Membros, a existência de fases intermédias desnecessárias na cadeia de abastecimento ou a existên-cia de barreiras regulamentares à entrada nos mercados retalhistas. Nes-tas situações, as autoridades de con-corrência emitiram recomendações e proporcionaram aos intervenientes no

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mercado e às entidades públicas orien-tações sobre os instrumentos regula-mentares mais adequados para abordar estes fatores, como se explica mais adiante.

Os pequenos agricultores alegam que sofrem fortes pressões e não podem sequer cobrir os seus custos de produção. É este um dos proble-mas identificados pelas autoridades de concorrência? Com efeito, algumas autoridades de concorrência europeias analisaram a posição dos agricultores na cadeia de valor e salientaram, em especial, o caráter fragmentado a atomizado das estruturas da produção agrícola pri-mária nos seus Estados Membros como um elemento negativo que compromete o desenvolvimento e o crescimento do setor agrícola. Para abordar o problema, estas auto-ridades de concorrência europeias apelaram a uma reestruturação e consolidação pró concorrenciais do setor agrícola, através da criação de cooperativas e de outras formas de cooperação promotoras da eficiência entre os produtores. Estes mecanismos permitirão que os produtores se tor-nem mais competitivos e reforçarão a sua posição negocial na cadeia de abas-tecimento. As autoridades de concorrência defen-deram também a racionalização da res-tante parte da cadeia de abastecimento, eliminando as fases intermédias desne-cessárias, que aumentam a complexida-de e a rigidez e implicam custos suple-mentares nos preços finais no consumi-dor.

As regras de concorrência deviam ser flexibilizadas, a fim de reforçar a posição dos pequenos agricultores? As autoridades de concorrência euro-peias rejeitaram firmemente a adoção de derrogações às regras de concorrên-cia (por exemplo, permitindo acordos de fixação de preços ou restrições de produção) como uma alegada solução para reforçar a posição de negociação dos pequenos agricultores face a outros grandes intervenientes na cadeia ali-mentar. Estas derrogações constituiriam uma solução contraprodutiva a longo prazo, porque não criariam ganhos de eficiência na cadeia de abastecimento e porque seriam prejudiciais para os con-sumidores e outros intervenientes na cadeia de abastecimento.

As autoridades de concorrência consi-deram que os problemas com que se confrontam os pequenos agricultores em certos Estados-Membros deveriam antes ser abordados promovendo uma reestruturação e consolidação pró-concorrenciais do setor agrícola atra-vés de formas de cooperação autoriza-das ao abrigo das regras de concorrên-cia e da PAC, nomeadamente, através da congregação de algumas atividades (por exemplo, produção, armazenagem ou comercialização de produtos) de forma proporcionada e da integração

de uma parte do valor na cadeia (por exemplo, transformação ou venda a retalho).

Muitos interessados também se queixam das práticas comerciais desleais impostas por grandes inter-venientes no mercado ao longo da cadeia. Que medidas tomaram as autoridades de concorrência para combater estas práticas? Um elevado número de autoridades de concorrência identificou conflitos rela-tivos a alegadas práticas comerciais desleais, em situações em que existe um desequilíbrio do poder de negocia-ção entre as partes na cadeia de abaste-cimento. Estas autoridades de concor-rência concluíram que a maioria destas práticas não é abrangida pelo âmbito do direito da concorrência, uma vez que não puderam identificar prejuízos para os consumidores. Algumas autoridades propuseram abor-dar este problema através de legislação em matéria de práticas comerciais des-leais ou de códigos de boas práticas, providos de mecanismos de aplicação eficazes. Outras autoridades expressa-ram também preocupações quanto aos potenciais efeitos anti-concorrenciais dessas práticas a longo prazo, uma vez que são suscetíveis, em última análise, de afectar negativamente o processo

concorrencial na cadeia de abasteci-mento ou o bem-estar dos consumido-res ao reduzirem o investimento e a inovação e ao limitarem as possibilida-des de escolha dos consumidores.

Diz-se que o setor retalhista está dominado por um pequeno grupo de grandes intervenientes na maior par-te dos Estados-Membros. As autori-dades de concorrência propuseram medidas para abordar estas situa-ções? O nível retalhista é um dos níveis em que existe uma concentração no setor

alimentar, como o demonstram os casos apresentados no relatório. As autoridades de concorrência con-cluíram que a elevada concentração dos mercados retalhistas, em espe-cial a nível local, está muitas vezes associada à existência de obstáculos significativos à entrada nesses mer-cados. Estas barreiras resultam principal-mente de limitações regulamentares de caráter público, como a legisla-ção restritiva em matéria de distri-buição de zonas/planeamento e as

autorizações administrativas necessá-rias para a abertura ou a extensão de estabelecimentos de venda a retalho. Um número reduzido de autoridades de concorrência verificou que estes obstáculos podem igualmente resultar de regimes privados, como mecanismos de controlo dos terrenos destinados a estabelecimentos retalhistas ou outras disposições contratuais que limitam a liberdade de os retalhistas independen-tes integrarem redes de comércio a retalho concorrentes ou de comuta-rem entre elas. As autoridades de concorrência apela-ram claramente à eliminação destas barreiras, a fim de reforçar a concor-rência e facilitar a entrada de novos operadores nos mercados a retalho.

Quais são as perspetivas? O setor alimentar continuará a constituir uma prioridade para as autoridades de concorrência? O setor alimentar continuará a consti-tuir uma prioridade fundamental para as autoridades de concorrência euro-peias, o que é confirmado pelo facto de estarem atualmente a analisar cerca de 60 novos casos antitrust e a realizar novas ações de controlo. Tal como no passado, as autoridades de concorrência continuarão a coorde-nar as suas ações através da Rede

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“SE ALGUÉM NOS COPIA É UM SINAL DO NOSSO SUCESSO”

em Portugal, uma fashion trend setter e parte do target, fazia sentido essa asso-ciação. DV: A origem nacional do leite nos iogur-tes passou este ano a ser comunicada. Porquê só agora? SC: Todos os iogurtes produzidos em Castelo Branco [fábrica da Danone Portugal] são feitos com leite fresco 100% nacional [são aí produzidos 65% dos iogurtes Danone]. Optámos por dar visibilidade a isso no pack Danone, a linha de básicos para toda a família. Sentimos que é uma mais-valia na nossa comunicação. O feedback que temos tido é muito positivo. Sentimos um benefício também nas vendas - não posso precisar quanto. DV: Foi na fábrica de Castelo Branco que surgiu o Activia Smoothie. Como tem sido a adesão? SC: É um projecto de uma equipa de investigação e desenvolvimento portu-guesa. A embalagem foi desenvolvida com a Logoplaste - um formato inova-dor. Ultrapassou as nossas melhores expectativas e já se tornou um dos top sellers da Danone Portugal. Esta inova-ção também teve impacto nas exporta-ções. Em março iniciámos a exportação para Espanha e prevemos exportar para outros países na Europa. Não posso referir ainda os mercados por questões concorrenciais. Dez por cento da pro-dução da fábrica de Activia Smoothies é para exportação e a nossa ambição este

ano é aumentar essa percentagem. Estamos a responder à crise através do contacto mais próximo com o nosso consumidor, antecipando tendências e inovando. Sabemos que não é só atra-vés da inovação que conseguimos dar resposta à crise, mas tendo ofertas mais competitivas, tanto que lançámos o Plano de Poupança Danone [Fernando Mendes é o embaixador]. DV: É uma resposta às marcas de distri-buição - entraram em territórios pre-mium, como dos Bifidus, subsegmento que ajudaram a criar. SC: As marcas brancas são uma realida-de e para a Danone Portugal o desafio é maior. Se alguém nos copia ou entra no segmento onde somos líderes des-tacados é sinal do nosso sucesso. Só nos resta continuar essa inovação. Por exemplo, o copo de formato arredon-dado é antidesperdício: permite consu-mir mais 4% de produto do que o anti-go. Toda a nossa gama de sólidos está a migrar para este novo copo - um inves-timento de mais de 10 milhões de euros no centro de investigação do grupo, que estamos a implementar em Portugal. Investimos mais de um milhão de euros para adaptar as nossas linhas fabris - começou com o Activia, em janeiro, e em abril passou para o Cor-pos Danone, com um pack x6 a um preço mais competitivo. Estamos a conseguir mostrar às famílias portugue-sas que estamos preocupados com o seu orçamento.

in Dinheiro Vivo

Novos produtos como o Activia Aro-mas e um Plano Poupança são a receita da Danone para enfrentar 2012. Sandro Cardoso, responsável de comunicação da Danone Portugal, revela a estratégia da empresa que está neste momento a exportar para Espanha uma criação portuguesa: os Activia Smoothies. Dinheiro Vivo (DV): Júlia Pinheiro e Car-los Lopes são caras da Activia e Dana-col. São ligações a manter? Sandro Cardoso (SC): Queremos man-ter a comunicação com celebridades. Seleccionamos Júlia Pinheiro porque sentimos que, com o seu estilo de vida muito stressante, era uma pessoa que podia personificar a estratégia da mar-ca. Em todos os planos está prevista a manutenção de Júlia Pinheiro. Do Car-los Lopes também. Temos uma parce-ria com o Instituto do Coração para um evento que estamos a levar a todo o País: check ups de colesterol. DV: No caso da Corpos Danone fizeram parceria com a Pipoca Mais Doce. SC: No contexto pessimista e de crise que vivemos queremos aumentar a autoestima das mulheres portuguesas, daí termos lançado o Manifesto. Como esta campanha culminava no Facebook, onde as mulheres podiam pôr o seu Manifesto - a frase mais votada pode fazer parte da comunicação -, precisá-vamos de uma embaixadora que ajudas-se nas redes sociais. Sendo a Pipoca Mais Doce uma das principais bloggers

RECORTES DE IMPRENSA

POTENCIAR O CONSUMO ENTRE OS MAIS JOVENS

Denominada “Via Láctea, estrelas feitas com leite e talento”, esta iniciativa teve início no dia 24 de abril e irá terminar no final de Junho. Em comunicado, a Fenalac adianta que

com esta acção pretende pro-mover o consumo diário de leite junto do público jovem, “alimento essencial numa ali-mentação saudável e equilibra-da”. A campanha pretende reve-lar o potencial de cada partici-pante através do desenvolvi-mento de trabalhos sobre o leite em três áreas específicas: artística, literária e científica. Na área da arte, o leite servirá de tema a uma pintura, música, vídeo, fotografia, escultura ou

desenho. Na área da escrita, será ava-liada a inspiração no leite e a sua des-crição em prosa, soneto, conto, verso ou poema. Relativamente à área da ciência, o projeto poderá passar “pela criação de um novo sabor ou, por exemplo, em provar uma teoria”. Os prémios serão atribuídos num evento final a realizar no dia 29 de junho, no qual serão expostos os 30 melhores trabalhos de todas as áreas. O escalão júnior (entre os 15 e os 17 anos) será premiado com cursos de verão nacionais e o escalão sénior ganhará cursos de verão administrados por universidades internacionais, ambos com duração de cerca de uma semana.

in Vida Rural

A Fenalac (Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite em Portugal), com o apoio do IFAP – Instituto de Financiamento da Agricul-tura e Pescas” e da União Europeia, acaba de anunciar uma nova campanha a nível nacional para potenciar o consu-mo do leite entre os mais jovens.

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 33

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NÃO FOI PEDIDA RENEGOCIAÇÃO AO SECTOR LÁCTEO nem pode ser feita à posteriori, mas já aconteceu, portanto não seria nada original", para já, garantiu "não há nenhuma penalização para o setor".

Ministra tem planos para evitar promoções inesperadas A ministra da Agricultura revela que tem planos para evitar promoções ines-peradas, um dia depois da polémica com a promoção de 50 por cento de desconto nos supermercados. Assun-ção Cristas considera que está à vista a capacidade dos distribuidores para suportarem a nova taxa de segurança alimentar e sanitária, afirmando que «as grandes superfícies podem muito bem acomodar essa despesa» A ministra entende que a campanha de 50 por cento dos supermercados do grupo Jerónimo Martins é a prova. As declarações de Assunção Cristas foram

feitas na Comissão de Agricultura. Quando se estava a discutir a nova taxa de segurança alimentar, o deputado comunista Agostinho Lopes disse que a polémica com o Pingo Doce mostra que os distribuidores não respeitam as regras e mandam no Governo. Assunção Cristas diz que não e apro-veitou para revelar planos do Governo para tentar evitar abusos, como episó-dios de promoções inesperadas e que não fiquem formalizadas no papel. «Estamos com muita atenção a avaliar as situações e planeamos produzir legislação nessa matéria, nomeadamen-te no que tem a ver com alterações dos contratos que são de boca, que não estão escritos, a meio dos perío-dos de contratação, procurando reper-cutir situações de inesperadas promo-ções que depois vão parar ao próprio produtor», explica.

in Dinheiro Vivo/Diário Económico

Até ao momento a Associação Nacio-nal de Industriais de Lacticínios (ANIL) não tem conhecimento de nenhum pedido por parte do Pingo Doce junto das empresas de lacticínios para uma renegociação de contrato. De acordo com Pedro Pimentel, presidente da ANIL, "é comum que em casos de pro-moções de determinados produtos as cadeias de distribuição peçam a colabo-ração dos fornecedores, com uma renegociação de contratos, fazendo repercutir o esforço nos mesmos for-necedores". No caso da campanha promocional do Pingo Doce, afirma que foram sabendo da sua "existência na segunda-feira à tarde, e até agora, não temos conheci-mento de nenhum pedido de renego-ciação". No entanto, não exclui que tal venha ainda a acontecer, "não deve

GOVERNO QUER CONTRATOS OBRIGATÓRIOS NA FILEIRA DO LEITE JÁ EM OUTUBRO

este caminho e que qualquer desvanta-gem adicional será superada». Contratos são um substituto menor das quotas Os industriais e produtores de leite reconhecem que os contratos obriga-tórios para o sector, que o Governo quer aplicar a partir de Outubro, são positivos em termos de estabilidade de negócio, mas menos eficazes do que as quotas leiteiras. O novo modelo deve avançar na segun-da quinzena de Outubro, segundo a ministra da Agricultura, Assunção Cris-tas, que admitiu envolver todos os agentes da cadeia alimentar na contra-tualização, incluindo a distribuição, para superar «uma deficiência na configura-ção europeia, que só trata da relação entre produção e indústria». Para o presidente da ANIL, Pedro Pimentel, os novos contratos serão, no entanto, «um mau substituto» para o fim das quotas leiteiras, previsto para 2015, já que este esquema estabelecia uma série de regras entre produtores e compradores, funcionando, de facto, como um contrato. Pedro Pimentel considera que as quo-tas são «um mecanismo efectivo de controlo da oferta» que travou a pro-dução de excedentes nos anos 80 e

que será mais difícil controlar agora. «Com os contratos obrigatórios ganha-se em termos de previsibilidade e infor-mação. É uma situação positiva a nível de estabilidade de negócio, mas é um substituto inferior das quotas no que respeita à regulação de mercado». O presidente da Associação de Produ-tores de Leite (APROLEP), Carlos Neves, assume que a expectativa é positiva, já que os contratos «podem ajudar a equilibrar as relações» entre vendedores e compradores, mas é pre-ciso «ver como vão funcionar». «É uma medida positiva. Não resolve todos os problemas, mas pode dar um contributo para haver estabilidade para os produtores, em termos de entrega, e para a indústria, que teria uma garan-tia de abastecimento». Carlos Neves salientou que «é impor-tante reforçar o poder negocial dos produtores», mas admitiu que um con-trato «não é a mesma coisa que as quotas, que são impostas para evitar um descontrolo de produção na Euro-pa» cujos efeitos seriam particularmen-te negativos para um país periférico como Portugal. O presidente da APROLEP sublinhou que os produtores já estão a ser pres-sionados para baixar os preços e que Portugal corre o risco de se tornar «um destino das sobras de leite de outros países».

in Agência Lusa

A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, anunciou esta quarta-feira que o Governo quer aplicar contratos obri-gatórios para o setor do leite, a partir de outubro. «É nossa intenção traba-lhar no sentido de instituir contratos obrigatórios», respondeu Assunção Cristas ao deputado do CDS, Manuel Fialho Isaac, que questionou a ministra sobre o assunto durante a audição na Comissão Parlamentar de Agricultura. A ministra Assunção Cristas adiantou que o novo modelo deve ser imple-mentado na segunda quinzena de outu-bro para «estar em conformidade» com a legislação comunitária que está a ser preparada. A ministra acrescentou que quer ir mais longe do que as autoridades euro-peias nesta matéria, envolvendo todos os agentes da cadeia alimentar na con-tratualização: «Há uma deficiência na configuração europeia, que só trata da relação entre produção e transforma-ção, e queríamos também tratar com a distribuição». O Governo está «a trabalhar esta matéria com o sector» e Assunção Cristas admitiu que há riscos de a ambição ser excessiva. «O risco de sermos excessivamente ambiciosos pode ser grande e é preciso convicção de todo o sector que é útil irmos por

34 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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COMUNICAR INOVAÇÃO COM IOGURTES

Branco foram investidos 1,4 milhões de euros na adaptação das linhas de pro-dução para que Portugal, a par com Espanha, fosse dos primeiros países do mundo a produzir este pote de iogurte mais ergonómico, com um design moderno e mais apelativo e, principal-mente, que evita o desperdício de pro-duto, permitindo comer o iogurte até ao fim. B: Como é que nova embalagem pode ser útil para a imagem e comunicação da Danone em Portugal? HB: A nova embalagem é mais um exemplo da inovação Danone. É mais um elemento de continuidade do historial Danone em termos de ino-vação que vem trazer um benefício acrescido – evitar o desperdício – para os consumidores. Em época de crise, a Danone consegue continuar a trazer inovação ao mercado, 10 anos depois da última inovação em potes de iogurte. B: Que produtos é que a Danone já desenvolveu de raiz em Portugal? HB: Ao longo dos anos, a Danone Por-tugal tem desenvolvido vários produtos em Castelo Branco, como é o caso da receita do novo Grego sólido laranja-limão-tangerina, cuja receita portuguesa já despertou o interesse de outros paí-ses. Temos o caso do Activia Smoothie, sendo o mais recente exemplo, consti-tuindo já um case study de inovação no grupo Danone. Trata-se de um iogurte totalmente concebido, desenvolvido e produzido em Castelo Branco, depois de a equipa de I&D portuguesa ter aus-cultado as necessidades das famílias portuguesas, que revelaram querer iogurtes com mais fruta. A embalagem do Activa Smoothie é, igualmente, úni-ca no mercado, tendo sido desenvolvi-da em parceira com a Logoplaste, par-ceiro da Danone Portugal. Investimos cerca de 1 milhão de euros neste pro-jecto. Nove meses depois do lançamento em Portugal, já alargamos a gama inicial (acrescentando ananás, aos sabores morango e manga) e já nos encontra-mos a exportar para Espanha. Neste momento, a exportação de Smoothie representa cerca de 10% da produção de Activia Smoothie na fábrica em Por-tugal. Em breve, começaremos a expor-tar para outros mercados estratégicos europeus. Mais recentemente podemos ainda referir o caso de Corpos Dano-

ne, cuja receita totalmente desenvolvi-da em Portugal, completamente breakthrough e adaptada à mulher por-tuguesa, com o melhor 0% do merca-do, e cuja plataforma online evidencia a mulher moderna do novo século, e cuja atitude pelo seu corpo está presente no claim "I Love meu Corpos Danone", trazendo de novo para a sociedade o claim que marcou esta marca e a socie-dade portuguesa.

B: Qual a importância da Danone Por-tugal no universo do grupo a nível glo-bal? HB: A Danone é líder em Portugal no que respeita a marcas de fabricantes, e constitui uma business unit de relevo no panorama do grupo Danone, a pró-pria fábrica da Danone em Portugal é considerada a 6ª melhor no universo de 49 fábricas da Danone em todo o mun-do, tendo em conta critérios de segu-rança e competitividade. Encontramo-nos a desenvolver em Portugal, na uni-dade de I&D de Castelo Branco, o Centro de Inovação do Iogurte líquido para toda a Europa – pois Portugal é dos países que mais consomem esta categoria de iogurtes. Quando a Dano-ne entrou em Portugal em 1989 o con-sumo do iogurte situava-se nos 8 kg p.p., e hoje atingimos valores de 23kg p.p., acreditamos que contribuímos para este incremento do consumo de iogurte no nosso país, e que continua a haver espaço para o crescimento da categoria. A fábrica da Danone em Por-tugal sempre dinamizou o mercado do iogurte líquido, através do desenvolvi-mento de uma gama de produtos neste formato, onde além de respondermos aos hábitos dos consumidores, reuni-mos todos os benefícios do iogurte e a sua frescura. O Activia Smoothie é um exemplo.

in Briefing

A Danone criou uma nova embalagem ergonómica para o iogurte que, segun-do a marca, facilita o consumo e evita o desperdício. Henri Bruxelles, diretor-geral da empresa em Portugal, diz que o projecto é mais um exemplo da ino-vação da marca no mercado nacional, onde está desde 1989. "Quando a Danone entrou em Portugal o consu-mo do iogurte situava-se nos 8 kg p.p., e hoje atingimos valores de 23kg p.p., acreditamos que contribuímos para este incremento do consumo de iogur-te no nosso país". É assim que Henri Bruxelles define a importância da subsidiária portuguesa para o grupo Danone. A marca tem uma fábrica em Castelo Branco de onde já saíram inovações mundiais como, por exemplo, o Activia Smoo-thie. Briefing: Como é que nasceu a ideia de criar a nova embalagem ergonómica? Porque é que se chama Kiss? Henri Bruxelles (HB): Este novo pote reflecte o compromisso da Danone de estar junto das famílias e de as ajudar nos seus planos de poupança, numa época de crise. Este novo formato é fruto de mais de três anos de investiga-ção dedicados a desenvolver uma embalagem que facilitasse o consumo de iogurte e ajudasse a evitar o desper-dício de produto. Neste projecto, que contou com um investimento de 10 milhões de euros, estiveram envolvidos 30 investigadores das unidades de I&D do grupo Danone, liderados por Portu-gal e Espanha. A Danone descobriu o ângulo óptimo (60º) para uma maior destreza no aproveitamento do iogurte alcançando assim uma maior poupança de produto em cada unidade consumi-da. Desta forma, alterou o formato na base do copo - de cilíndrico com ares-tas para curvo - optimizando em cerca de 4% o aproveitamento do produto. O copo redondo também se adapta melhor ao formato da mão, o que per-mite uma melhor adaptação da colher ao copo. Quanto ao nome, Kiss, é ape-nas um nome que identifica o projecto e não tem sido comunicado como tal para o consumidor. B: Há alguma contribuição portuguesa na I&D da embalagem? HB: Trabalhamos a nível ibérico – Lis-boa e Barcelona - sobre como reinven-tar o pote de iogurte do futuro, do século XXI. Na fábrica de Castelo

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FRULACT INVESTE EM SEGUNDA FÁBRICA EM MARROCOS global de lácteos nos próximos 10 anos, que vários especialistas presentes na 20ª Assembleia Anual da Federação Panamericana de Lácteos (FEPALE), em finais de 2011, anteciparam, que a Fru-lact também traça a sua crescente pre-sença em África. Ou não fos-se um facto que a empresa canaliza 75% dos seus volu-mes anuais exactamente para a indústria de lacticínios, absorvendo os outros sub-sectores os restantes 25% (gelados 10%, bebidas 8% e pastelaria 7%). "Aquele é um mercado de futuro", afirma João Miranda, que está, aliás, ciente de que não só o Magrebe, onde agora também está a reforçar, mas toda a região da SADCC (África Austral) "vai explodir em termos de consumo nos próximos 10 a 15 anos". "A Europa torna-se castradora para quem quer crescer" E a Frulact, líder ibérico e quinto player europeu nos preparados de fruta para a indústria alimentar, "quer estar nesse canal, nessa região, para antecipar esse futuro", adianta o empresário, cons-ciente de que é também na África do Sul que está parte da sua concorrência, nomeadamente o líder mundial neste sector. Falamos da multinacional Agra-na, austríaca, que factura dois mil milhões de euros anuais, opera em 26 países e detém 56 fábricas, três das

quais exactamente ali: Cairo, Cidade do Cabo e Joanesburgo, esta última inau-gurada em Novembro do ano transac-to. "A nossa aposta na África do Sul não teve a ver com a concorrência, mas sim porque aquele mercado vai crescer no futuro e nós entendemos que temos

espaço", realça, garantindo que "avaliamos seguramente os nossos con-correntes, mas, também, aquilo que são as nossas competências e a capacidade que temos de penetrar no mercado". Questionado sobre se a Ásia e a Amé-rica Latina apenas continuam a ser mercados de aprovisionamento para a Frulact ou se a actual conjuntura euro-peia pode fazer mudar essa opção, João Miranda é cautelosamente audaz. "A Europa torna-se castradora para quem quer crescer", começa por dizer o empresário, reforçando, porém, logo a seguir que uma das orientações do grupo é a "globalização do negócio", pelo que "o crescimento em mercados emergentes está incorporado estrategi-camente no nosso pipeline".

in Vida Económica

Depois da inauguração, em 2008, em Larache, da fábrica em Marrocos, a Frulact está a investir três milhões de euros numa segunda unidade industrial naquele país, contígua à primeira, que "ficará operacional em junho/julho", revelou João Miranda, presidente da empresa. A abrir o segundo semestre, também vai ser inaugurada a nova fábrica na África do Sul, numa joint-venture com a sul-africana Blendtonels e onde o grupo investiu 10 milhões de euros este ano. A África do Sul, que de 4 a 8 de Novembro próximo acolhe na Cidade do Cabo o World Dairy Summit, orga-nizado pela FIL/IDF, é o mesmo país da chamada África Negra que está prestes a albergar, junto a Pretória, a sexta fábrica de preparados de fruta para a indústria alimentar que a Frulact está a instalar. Uma unidade construída de raiz, finan-ciada com recurso maioritário à banca local naquele país "no que a capitais alheios diz respeito" e que dará traba-lho a 70 novos quadros já em julho. Terá capacidade para processar 12 mil toneladas de fruta a somar às 50 mil que a Frulact já transforma anualmente, permitindo ao grupo passar dos 75 milhões de euros de volume de negó-cios em 2011 para os 90 milhões já este ano. É a contar com o expectável cresci-mento em 2,5% ao ano do mercado

A Lactogal adoptou em Fevereiro um programa de melhoria contínua da pro-dutividade na plataforma logística de Oliveira de Azeméis. Apoiada pelo Kai-zen Institute Portugal, a empresa por-tuguesa estima aumentar a produtivida-de em cerca de 15%, “eliminando a necessidade de subcontratação nos meses de maior procura”. O projecto da empresa já está na fase de concretização das melhorias. “A primeira fase, de planeamento assentou na sensibilização da equipa e num diag-nóstico que permitiu o levantamento das necessidades da organização. Neste momento, está a iniciar-se a fase de implementação e concretização das melhorias”.

in HiperSuper

KAIZEN APOIA LACTOGAL EM OLIVEIRA DE AZEMÉIS

Sabe bem crescer é o conceito por trás da nova campanha de publicidade multi-meios da marca A Vaca que ri, A cam-panha, que tem como objectivo “recru-tar famílias e tornar-se uma marca desejada por todos”, sendo direcciona-da sobretudo para as mães, contando com a nutricionista Maria Paes de Vas-concelos para explicar os benefícios do queijo na alimentação infantil. Para as mães, foi criada uma página no Facebook (Conversas de Mamãs), onde é possível trocar ideias e partilhar experiências sobre temas como nutri-ção e bem-estar das crianças. No pon-to de venda, a marca oferece porta-triângulos e vales de desconto nas pró-ximas compras.

in Meios e Publicidade

A ‘VACA QUE RI’ DIZ QUE SABE BEM CRESCER

A Santiago lançou uma gama de queijos dedicada ao público infantil. A nova linha é constituída por queijo fresco, triângulos de queijo fundido, queijo fresco para barrar e flamengo fatiado, cujas embalagens são decoradas com imagens das personagens de animação: Hello Kitty e Winkx. “Há muito que a Santiago está apostada em desenvolver uma linha de produtos lácteos para crianças. Desenvolvemos estas embalagens para que as crianças encarem estes produtos ricos em cál-cio como gulseimas”, sublinha João Santiao, administrador da empresa. Os novos produtos da Santiago estão disponíveis em várias cadeias de hiper e supermercados.

in HiperSuper

SANTIAGO LANÇA QUEIJOS PARA CRIANÇAS

36 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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LEITE CORRE SÉRIOS RISCOS DE REDUÇÃO DE APOIOS

deiramente comum para os agriculto-res europeus, com respeito pelas espe-cificidades de cada Estado e uma PAC mais justa e equitativa e, simultanea-mente, garante da competitividade da agricultura europeia. Do ponto de vista financeiro, os meus propósitos vão no sentido de que, ape-sar de as perspectivas apontarem para uma considerável redução do orçamen-to agrícola da UE e de termos agora mais Estados-membros e mais agricul-tores pelos quais é necessário repartir os recursos, Portugal e os demais paí-ses que ocupam uma posição mais des-favorável no "ranking" financeiro devem manter ou até aumentar ligeiramente os envelopes nacionais. VE: Como é que UE vai passar a pagar as ajudas diretas? CS: O novo regime assentará num pagamento básico e num pagamento "verde" por hectare. A forma de cálcu-lo e o ritmo de aproximação dos mon-tantes por hectare entre agricultores dentro de um país ou de uma região constitui o aspecto mais controverso e será sobre ele que a negociação será mais dura. VE: E quanto ao sector do leite? CS: O sector do leite é outro dos que correm sérios riscos de ver o seu nível de apoios reduzido substancialmente. A solução que preconizo, no que diz res-

peito ao ritmo de convergência até 2019, não evitará uma redução dos apoios neste sector e nos outros que referi, mas atenuará a sua intensidade, caso venha a merecer suporte político suficiente. O problema reside no facto da proposta da Comissão pretender que todos os agricultores dentro de um Estado ou de uma região, caso os Estados decidam regionalizar os paga-mentos directos, tenham, até 2019, um nível apoio igual, por hectare. Contudo, por razões históricas, alguns sectores, como os referidos, auferem níveis de apoio por hectare muito superiores ao valor médio dos pagamentos no nosso país. É preciso por isso encontrar um mecanismo de redução progressiva menos violento. VE: O fim das quotas leiteiras pare-ce-lhe definitivamente arrumado? CS: O fim do regime de quotas foi con-firmado em 2003, para ter efeitos a partir de 2015. Tenho por várias vezes procurado pôr em cima da mesa a pos-sibilidade de rever essa posição. Tem havido, contudo, quer no PE, quer no Conselho, confortáveis maiorias com posição contrária. Não creio que seja fácil inverter essas posições. É necessá-rio prever mecanismos alternativos de apoio ao sector do leite que ajudem a impedir o fim de muitas explorações na Europa, onde a produção de leite é menos competitiva.

in Vida Económica

Se as propostas da Comissão Europeia para a nova PAC (Política Agrícola Comum) forem aprovadas como estão, "os sectores do tomate, do leite e do arroz serão fortemente atingidos no que diz respeito à redução do nível dos apoios por hectare", alerta o eurodepu-tado Luís Capoulas Santos., que, ainda assim, está confiante que Portugal possa "manter ou até aumentar ligeiramente" o envelope nacional. Vida Económica (VE): A Comissão de Agricultura do Parlamento Europeu aprovou a semana passada um rela-tório da sua autoria sobre a reforma da PAC. A que conclusões chegou? Luis Capoulas Santos (CS): A refor-ma da PAC, definindo as regras de apli-cação para o período 2013/2020 com-porta um pacote de sete regulamentos, um dos quais, porventura o mais técni-co, é precisamente este meu relatório, que visa definir, com antecipação, os envelopes nacionais para 2013. VE: Que mudanças vamos sentir em Portugal? CS: O que está em causa são os restan-tes regulamentos, especialmente dois: os "Pagamentos Directos" e o "Desenvolvimento Rural", isto é, o pri-meiro e o segundo pilares da PAC. Apresentarei dentro de um mês estes relatórios. Tenho como preocupações centrais a defesa de uma política verda-

LACTOGAL DESISTE DA COMPRA DA RENOLDY

comentários sobre o assunto". Até ao fecho da edição não foi possível obter um comentário da Renoldy.

A Lactogal avançou com o processo de aquisição da Renoldy, detida pelo grupo Dalisun Holdings, em 2011, cerca de cinco anos depois de ter comprado a Leche Celta à Dean Foods. Em 2007, a

AdC impôs a alienação do capital que passaria a deter na Renoldy, na altura participada as Dean Foods e cujo con-trolo passaria para a Lactogal. Esta operação levantou dúvidas ao nível da concorrência e controlo do merca-do leiteiro. No passado dia 9 de Feve-reiro, o regulador já tinha decidido transferir este processo de fusão para investigação aprofundada, estando “a ultimar as diligências instrutórias ten-dentes à tomada de uma decisão final”. A mesma fonte da AdC salienta que as diligências instrutórias “visavam confir-mar ou infirmar as preocupações jus-concorrenciais identificadas na decisão de passagem a investigação aprofunda-da”. Essas preocupações diziam respei-to ao impacto da operação ao nível da aquisição de leite cru, assim como a nível de produção e comercialização grossista de leite UHT e de leite pas-teurizado.

in Diário Económico

A Lactogal - que agrupa três cooperati-vas de lacticínios e derivados - desistiu do processo de aquisição da Renoldy, empresa produtora de leite de Alpiarça e que tinha sido obrigada a alienar na operação de compra da Leche Celta, em 2007. Fonte da Autoridade da Con-corrência (AdC) revelou que a entida-de reguladora, no passado dia 26 de Abril, decidiu a "extinção do procedi-mento que teve por base um pedido de desistência do procedimento de con-trolo da operação de concentração, apresentado pela Lactogal, e que cor-responde a um direito que esta empre-sa detinha enquanto notificante". Questionada, fonte oficial do grupo presidido por Casimiro de Almeida - dono de marcas como a Mimosa e Vigor - afirmou que "a Lactogal não faz

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38 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

Quase três anos sem um único aciden-te foi o motivo da comemoração ontem na fábrica da Nestlé da Lagoa. Sempre com o compromisso da segu-rança no trabalho a fábrica que empre-ga 66 colaboradores inaugurou um cartaz com as fotografias dos filhos dos trabalhadores onde é visível o lema “zero acidentes por ti e por eles”. A fábrica que transforma anualmente 70

milhões de litros de leite é a primeira unidade fabril da marca no mercado português a atingir mil dias sem aciden-tes de trabalho. As políticas de segurança impostas pela empresa pretendem ir além do ambien-te laboral e fazer com que os colabora-dores transfiram a mentalidade de segurança para o dia-a-dia. A fábrica da Nestlé na Lagoa foi a única unidade fabril da multinacional suíça no merca-do português a conseguir alcançar os

PROLACTO: MIL DIAS SEM ACIDENTES DE TRABALHO

mil dias sem acidentes, um número que nas unidades fabris de toda a Península Ibérica também é difícil de alcançar. Apenas algumas secções das fábricas o conseguem. Na fábrica da Lagoa foi dia de festa para os 66 trabalhadores que ajudam a fábri-ca a laborar 24 sobre 24 horas, todos os dias do ano. Para comemorar mil dias sem acidentes, foi descerrado um

cartaz onde foram colocadas fotografias dos filhos dos funcionários, com o lema “segurança: a tua primeira prioridade. Zero acidentes por ti e por eles”. Os funcionários foram depois convidados a escrever um compromisso de seguran-ça no próprio cartaz. Uma medida que Ana Gomes, directora de recursos humanos da Nestlé, revela ser “para a família, é mais do que um objectivo organizacional, mas mais um objectivo social para a família, daí esta

motivação para que eles se preocupem em estar de saúde para poderem regressar a casa para cuidar da sua família e criar um ambiente familiar mais equilibrado”. O facto de passarem mil dias sem ocorrer qualquer acidente é visto com satisfação pelo director técnico da região Ibérica da Nestlé, que também esteve presente nas comemo-rações, pois acrescentou que “as fábri-cas são sítios perigosos”. Um número importante, mas que foi conseguido pelos colaboradores, “foram eles que se empenharam e inte-riorizaram a nossa política de higiene e segurança no trabalho, não só a leram como implementaram no seu dia-a-dia e isso para nós é gratificante”, ressal-vou Ana Gomes. A Nestlé aplica a metodologia Beha-vioural Based Safety (comportamentos baseados na segurança) em que os cola-boradores são observados no dia-a-dia de trabalho e onde os actos inseguros são identificados para serem posterior-mente corrigidos. Na fábrica da Lagoa foram feitas por ano 141 observações de segurança, o que representa quase duas observações por colaborador de forma a “envolve-lo” nas questões de segurança para poder mudar o com-portamento. Ana Gomes explica que a multinacional tem um lema de incutir no espírito dos colaboradores uma mentalidade de segurança, “não é só em termos de comportamento dentro e fora da fábri-ca, porque a segurança é importante para os postos de trabalho, para a sua vida e família. Achamos que isto é uma prática de todos os dias e assim vamos criando a nossa cultura de segurança cujo lema é “acidentes zero”.

in Correio dos Açores

VALORIZAR LACTICÍNIOS PARA GERAR RIQUEZA

Depois de ter visitado a Cooperativa Agrícola de Laticínios do Faial (CALF), Vasco Cordeiro destacou o “exemplo da forma como a cooperativa está a vencer o desafio da valorização do pro-duto” que comercializa. “O projeto que a CALF tem para a criação de valor acrescentado, no âmbito da apresenta-ção do Queijo Flamengo que produz, ilustra bem como, com a mesma maté-ria-prima, podemos valorizar e gerar mais riqueza e emprego”, salientou. Segundo o candidato do PS/Açores, a

CALF é uma indústria que tem conhe-cido uma evolução muito forte nos últimos anos e que tem a vantagem de satisfazer a ambição de transformar mais leite através de uma valorização do produto e, dessa forma, reverter esse valor acrescentado em benefício dos agricultores, devido à sua natureza de cooperativa. “A aposta que a CALF está a fazer na valorização do leite que transforma e o facto de ser uma cooperativa é clara-mente uma via que se deve incentivar”, concluiu.

in Açoriano Oriental

O candidato do PS/Açores à Presidên-cia do Governo Regional defendeu a valorização e a diferenciação dos pro-dutos de lacticínios como estratégia para gerar mais riqueza e criar postos de trabalho no sector agrícola. “O pro-jeto de governo que tenho para os Açores passa por aproveitar o poten-cial que este sector apresenta, não ape-nas para o fortalecimento da economia, mas também para a criação de emprego e para a geração de riqueza”, afirmou Vasco Cordeiro.

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MAIS SEIS MILHÕES DE LITROS DE LEITE EM S. MIGUEL

produção dos últimos seis anos. Só nos produtos residuais (iogurtes e natas) é que a indústria láctea reduziu, sensivel-mente, as produções. Com efeito, em Janeiro deste ano, as fábricas da ilha produziram 6.726.265 litros de leite para consumo quando, em igual perío-do de 2011, haviam transformado 5.053.513 litros, o que constitui um aumento de vendas em Janeiro de qua-se 1.673 mil litros de leite. É significativo referenciar que, a produ-ção de leite para consumo público em Janeiro deste ano nas fábricas de lacticí-nios de São Miguel (6.726.265 litros) representa quase o dobro do leite para consumo produzido em Janeiro de 2008 (3.824 mil litros de leite). Já em Fevereiro deste ano, a indústria láctea micaelense produziu à volta de sete milhões e 100 mil litros de leite para o consumo quando, no mesmo mês do ano passado, havia produzido cinco milhões e 595 mil litros, o que representa um aumento de produção na ordem de 1.606 mil litros. Nos meses de Janeiro e Fevereiro, des-te ano verificou-se também um aumen-to de 326,3 toneladas de queijo do que Janeiro e Fevereiro de 2011. Os núme-ros falam por si. Em Janeiro, foram pro-duzidas 1.506 toneladas de queijo quan-do, no primeiro mês de 2011, haviam

sido transformadas 1.413 toneladas. Já em Fevereiro, a indústria láctea produ-ziu cerca de 1.610 toneladas de queijo quando, em idêntico período do ano passado, havia produzido cerca de 1.367 toneladas de queijo. Neste período de tempo as fábricas produziram menos 110 toneladas de leite em pó. Com efeito, em Janeiro deste ano, as unidades fabris produzi-ram 1.034.625 quilos de leite em pó quando, em idêntico período de 2011, haviam produzido, 972.735 quilos, o que representa um aumento de 61,8 toneladas de leite em pó. Contudo, em Fevereiro, aconteceu o inverso e de forma mais acentuada. Produziu-se em Fevereiro deste ano 803.800 quilos de leite em pó quando, no mesmo mês de 2011, haviam transformado 975.755 quilos de leite em pó. Nos primeiros dois meses do ano veri-ficou-se um aumento da produção de manteiga em mais de 199 toneladas e uma quebra ligeira na produção de iogurtes. Significativa foi a quebra ocor-rida na produção de nata embalada para consumo, já de si residual na produção das unidades fabris. Dos 31.696 quilos de natas produzidos em Janeiro de 2011 passou-se para uma produção de 25.769 quilos em Janeiro deste ano. E, de 17.863 quilos produzidos em Feve-reiro do ano passado, passou-se para 9.396 quilos no mesmo mês deste ano.

in Correio dos Açores

As explorações agrícolas de São Miguel produziram mais seis milhões e 500 mil litros de leite em Janeiro e Fevereiro deste ano em relação a igual período do ano passado, revelam dados do Ser-viço Regional de Estatística. Em Janeiro, a produção passou de 26 milhões de litros em 2011 para 28,8 milhões de litros este ano, em Fevereiro, enquanto em 2011 as explorações agrícolas haviam produzido 25,3 milhões de litros, este ano produziram 28,9 milhões de litros. Estas produções atingidas nos primei-ros dois meses deste ano constituem um recorde, pelo menos, dos últimos sete anos. E também se verificaram aumentos de produção de leite em Janeiro e Fevereiro em todas as ilhas dos Açores. Estes aumentos resultam, sobretudo, de as condições meteoroló-gicos terem sido muito favoráveis para a produção de erva. A pouca chuva aliada aos ‘olhos de sol’ provocou um rendimento das pastagens muito supe-rior para o que é habitual neste perío-do do ano. As fábricas de São Miguel aumentaram, nos primeiros dois meses deste ano, em mais cerca de três milhões e 300 mil litros, o leite para consumo público, em relação a igual período do ano pas-sado, o que constitui um recorde de

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 39

SONAE QUER REFORÇAR COMPRAS NOS AÇORES

dores açorianos e a sua aposta nos produtos locais com compras de 58 milhões de euros (valor que aumentou 20 por cento este ano) e ultrapassando as 7 mil toneladas (valor que até à data já cresceu 24 por cento). Aumentar e diversificar aquisições A presidente do Clube de Produtores do Continente, Eunice Silva, disse, após visita à Quinta dos Açores, que existe potencial para que mais produtos regionais possam chegar às prateleiras das 170 lojas que a cadeia de hipermer-cados dispõe em todo território nacio-nal. "Para além das três áreas principais, que são os queijos, leite e carne, as lojas continente também disponibilizam outros produtos dos Açores, como as frutas, peixe ou doçaria", referiu. De acordo com Eunice Silva, "trata-se de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos anos

e que temos todo interesse em apro-fundar de modo a promover ainda mais a marca dos Açores". Nesse sentido, referiu que existe a disponibilidade da parte das cadeia de hipermercados para aumentar o volume de aquisições em outras áreas. Novos produtos A administradora do Grupo Barcelos, Telma Barcelos, destacou o facto de a Quinta dos Açores estar a preparar o lançamento de novos produtos. Para além dos gelados com diversos sabores, a Quinta dos Açores vai disponibilizar em breve iogurte grego e queijos dife-rentes dos que se podem encontrar no mercado. "Temos apresentado aos con-sumidores uma variada linha de produ-tos na carne e lacticínios que são as duas grandes áreas em que desenvolve a sua atividade. Este ano temos o lança-mento de novos produtos porque pre-tendemos estar no mercado de uma forma inovadora", referiu.

in Açoriano Oriental/Diário Insular

O Clube de Produtores Continente está a promover visitas nos Açores para conhecer os produtores açorianos inscritos na Açorcarnes (Terceira) e Lactaçores (São Miguel). A iniciativa tem como objetivo não só reforçar a relação de parceria existente entre o Continente e a INSCO, mas também promover os produtos regionais, de origem e qualidade comprovadas, e dinamizar a sua exportação para as lojas Continente. Os produtos com maior volume de compras são o leite (mais de 13 milhões de litros e compras de mais de 8 milhões de euros), a carne (mais de mil toneladas e compras no valor de 7 milhões de euros) e os queijos (mais de 5,5 mil toneladas e compras de mais de 35 milhões de euros). A SonaeMC tem fomentado as suas relações de parceria com os fornece-

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ORDEM É PARA PRODUZIR MAIS E COM MAIS QUALIDADE

CA: Há uma transferência de lavradores para a Unileite? JR: Sim, todos os anos há transferência de lavradores para a Unileite. Isso tem-se vindo a acentuar cada vez mais. A Unileite tem crescido de forma subs-tancial e sustentada. Este era o objecti-vo da sua direcção e da produção em geral e isso tem-se notado a olhos vis-tos. Nós temos uma boa indústria da produção e temos boas indústrias dos ‘privados’. Mas, obviamente, em maté-ria de pagamento, estas indústrias ‘privadas’ têm uma forma de estar mui-to diferente da indústria da produção que penaliza os produtores. Reconhecemos que, no ano anterior, toda a indústria teve, pela primeira vez, um comportamento exemplar. Mas, este ano, acabaram por dar uma grande machadada no rendimento do agricul-tor. Mas, apesar de todas as dificulda-des, o sector agrícola é o que tem resistido melhor a esta crise. Não estou a dizer que estamos bem, - por-que não estamos - mas este sector, garantidamente, é o que vai ultrapassar esta crise com menos dificuldade. CA: A tendência de crescimento na pro-dução de leite vai manter-se? JR: Vai manter-se. Temos um excepcio-nal efectivo genético na Região. Em minha opinião, devemos ter menos vacas a produzir mais leite. Há quem pense o contrário e respeitamos esta forma de pensar. Mas, obviamente, se não tivéssemos seguido o caminho do melhoramento genético, hoje não está-vamos a falar nas quantidades produzi-das de que estamos a falar nem na sus-tentabilidade do emprego que existe. Hoje, 13 a 15% do emprego directo está na agricultura e outros 50% do emprego depende, de forma indirecta, deste sector. Para além do peso econó-mico que é reconhecido ao sector agrí-cola, também existe este impacto social. Portanto, o leite tem um grande potencial de crescimento. Não há pro-blemas de limitações de quotas até porque ainda estamos abaixo do que nos é permitido produzir. Temos indústrias modernizadas e com muito mais capacidade para transformar e comercializar. A indústria açoriana, neste momento, atendendo à grande redução da produção de leite a nível nacional, tem um grande espaço de crescimento no país. Temos um grande campo de crescimento e os produtos

lácteos açorianos têm uma grande acei-tação. E tem de haver engenho e arte da transformação e da comercialização para preencher este espaço e evitar que aja muitas importações destes pro-dutos. Tem de haver agressividade comercial. [...]

CA: Criou-se alguma empatia entre a Ministra da Agricultura e o sector agrí-cola açoriano… JR: Sim, é verdade. Temos uma abertu-ra total da Ministra da Agricultura e isso é um proveito para os Açores. Nada melhor que ter uma porta aberta directamente para a Ministra e seus secretários de Estado por forma a tra-balharmos em conjunto em prol da Região. É esse o nosso objectivo. Esta ministra tem demonstrado uma dispo-nibilidade total. Já reunimos muitas vezes e vamos continuar a juntarmo-nos porque os desafios que se avinham, o trabalho que tem de ser feito, depen-de, quase todo ele, da Ministra da Agri-cultura. Quanto mais intervenção tiver-mos junto dela, a sensibilizá-la para as questões e problemas dos Açores pe-rante Bruxelas, mais sucesso podemos ter e não o contrário. Há que aprovei-tar esta porta aberta. [...] Sabemos que o próximo envelope fi-nanceiro da UE é fundamental para a Região. Existem negociações do POSEI-MA que a Região tem de preparar, mas a Ministra deve defender em Bruxelas. E não podemos estar a defender a cria-ção de lobbys na defesa dos interesses dos Açores e quando existe a oportu-nidade de fortalecer a posição dos Açores no Ministério. É falta de bom senso desperdiçarmos a oportunidade de estar perto da Ministra a tentar influenciá-la, de forma positiva, para os problemas do sector na Região Autó-noma dos Açores.

in Correio dos Açores

As explorações agrícolas micaelenses estão a aumentar a produção em mais de três milhões de litros de leite ao mês em relação ao ano anterior e que se sabe que o emprego cresceu 13% no sector agrícola nos primeiros três meses do ano em contra ciclo com todos os outros sectores de actividade. O presidente da Ass. Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, lança um desafio aos produtores para “melhorarem, ainda mais, a qualidade de excelência do seu leite” e às indústrias para que ocupem os espaços no mercado nacional deixa-dos vagos pela quebra da produção de leite em Portugal. Correio dos Açores (CA): A produção de leite cresceu em dez milhões de litros nos primeiros três meses deste ano em relação a igual período do ano passado. A que se deveu este crescimento? Jorge Rita (JR): Deve-se, essencialmen-te, a uma expectativa positiva que vinha de há algum tempo atrás. O preço do leite tinha subido e havia a expectativa de que a sazonalidade se iria manter e os industriais não iriam baixar o preço em 2,5 cêntimos. Tem-se provado que, quando se paga bem pelo preço do leite, a lavoura responde com mais e melhor produção. Além disso, tivemos um Inverno excep-cional. As temperaturas foram amenas com muito alimento disponível nas pas-tagens. Com estas condições, as vacas produzem mais. Juntando estas duas vertentes, temos este resultado de mais produção. E não nos podemos esquecer do investimen-to no melhoramento genético que se tem feito nas explorações. Temos cada vez menos vacas e melhoras vacas, com muito mais e melhor produção. Este é dos poucos sectores que tem vindo a crescer, de forma sistemática, nos últi-mos anos. [...] CA: A expectativa de manter a sazonali-dade no preço do leite saiu frustrada. A lavoura está a ressentir-se? JR: Sim, principalmente aquela lavoura que não é produtora da Unileite. Todos os que colocam o seu leite na indústria ‘privada’, viram o seu leite baixar em 2,5 cêntimos. Esta é a grande injustiça que se vive na fileira do leite. Estas indústrias deveriam analisar bem a deci-são que tomaram. Se os produtores tivessem alternativa para colocar o seu leite, se calhar, estas indústrias não tinham feito o que fizeram.

40 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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BERTA CABRAL PROMETE ENTIDADE REGULADORA PARA O SECTOR DO LEITE A presidente do PSD/Açores disse que, caso vença as eleições regionais de Outubro, terá como "medidas imedia-tas" a criação de uma entidade regula-dora do leite e produtos agrícolas e a renegociação de apoios comunitários.

“A agricul-tura tem uma impor-tância na nossa vi-da económica, social e co l ec t i va . C o m o m e d i d a s

imediatas deve-se criar uma entidade reguladora do leite e dos produtos agrícolas, como forma de garantir uma maior transparência na formação dos preços”, frisou Berta Cabral.

Além da criação da entidade reguladora do leite e produtos agrícolas que, segundo Berta Cabral, permitirá "equi-dade de distribuição da riqueza produ-zida na pecuária", a presidente do PSD/Açores assumiu ainda o compromisso de avançar, "a partir de outubro, com o processo de renegociação e de reforço de algumas verbas destinadas à agricul-tura", caso o seu partido vença as elei-ções regionais e constitua governo. “É preciso ter em conta que já se esgo-taram as verbas para o desenvolvimen-to rural e é urgente que, em 2013, haja um reforço”, referiu a candidata do PSD/Açores, para quem é preciso tam-bém dar "um outro patamar de projec-ção" e reconhecimento Europeu e internacional da marca "Açores" e envolver a Universidade dos Açores no processo de inovação e investigação.

A produção leiteira açoriana aumentou 5,4 por cento no ano agrícola termina-do em Março, impulsionada pela subida de 12 por cento registada no primeiro trimestre deste ano, revelou o Serviço Regional de Estatística. De Janeiro a Março, o volume de leite entregue pelos produtores nas indústrias de lac-ticínios das ilhas atingiu cerca de 143 milhões de litros, mais 15 milhões do que no período homólogo do ano pas-sado. Com um efectivo bovino que ronda os 250 mil animais, os Açores asseguram quase um terço da produção leiteira nacional, figurando o queijo e o leite em pó na lista das principais exporta-ções da região. Na ilha de S. Miguel, que concentra mais de metade do leite entregue para transformação, registou-se no primeiro trimestre um aumento de produção de 81 milhões para 90 milhões, verificando-se na Terceira um acréscimo de 34,8 milhões para 39,7 milhões de litros. Nos primeiros três meses do ano, a produção regional de carne de vaca, apurada em função do volume de aba-tes nos matadouros das ilhas, também subiu, de 2.659 para 2.755 toneladas.

PRODUÇÃO LEITEIRA REGIONAL AUMENTOU DOZE POR CENTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

Produção de leite aumenta na Terceira A produção de leite na Terceira aumentou no último trimestre deste ano de 34,8 milhões para 39,7 milhões de litros, face a igual período de 2011. De acordo com dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA), a produção leiteira açoriana aumentou 5,4 por cento no ano agrícola terminado em março, impulsionada pela subida de 12 por cento registada no primeiro trimestre deste ano. O presidente da Associação Agrí-cola da Ilha Terceira (AAIT), Paulo Simões Ferreira, defendeu que este aumento da produção de leite está principalmente ligado às excelentes condições climáticas verificadas nos últimos meses. "Tivemos um inverno excepcional, com as pastagens em mui-to boa produção e erva de boa qualida-de. Além disso, também se tem aposta-do no aperfeiçoamento da raça Hols-tein Frísia, o que dá os seus frutos", sustentou. Ainda de acordo com Paulo Simões Ferreira, visto que o aumento de pro-dução se sustentou sobretudo na quali-

dade da pastagem, não houve aumento dos custos de produção o que condu-ziu a uma subida real dos rendimentos dos agricultores. Quanto à capacidade açoriana para fazer subir ainda mais a produção de leite, Paulo Simões Ferrei-ra não acredita que exista muito mais espaço de manobra. "As ilhas não cres-cem em termos de área e o número de

animais que temos será o ajustado ao nosso sistema", reflectiu. Uma tendência actual é para a conver-são de explorações de leite em outras, vocacionadas para a carne. "É algo que se verifica de forma lenta mas consis-tente. Há cada vez mais explorações com raças de carne, o que não aconte-cia, por exemplo, há uma década atrás", concluiu.

in Agência Lusa/Diário Insular

A presidente do PSD/Açores entende que "é preciso saber aproveitar os recursos naturais invejáveis" de que dispõem as nove ilhas dos Açores, e "tornar a Universidade dos Açores parceira deste sector, de forma a que haja inovação, investigação ao nível de novos produtos de transformação, e que haja também um outro patamar de certificação reconhecida". Na Feira Agrícola, Berta Cabral defen-deu ainda “a descentralização de com-petências nas associações” do sector para que sejam "verdadeiros parceiros e que possam desmultiplicar as funções que o sector público nem sempre pode fazer", frisando as mais valias destas organizações que "estão mais próximas dos produtores e dos agentes econó-micos deste sector". "Todos temos a ganhar com maior eficiência e celerida-de de resolução dos problemas dos agricultores", sublinhou.

in Agência Lusa

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 41

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42 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

As entregas mensais de leite em Espa-nha, não apraram de subir ao longo de toda a campanha 2011/2012. Em Mar-ço, as entregas já corrigidas de gordura aumentaram 3,7 por cento em relação ao mesmo mês do ano anterior, segun-do os mais recentes dados do FEGA. Com os números de março já se têm todos os valores da campanha, con-cluindo-se que em todos os meses as entregas foram superiores às de iguais meses da campanha 2010/11, tal como já havia acontecido nesse período, em relação a 2009/10.

ESPANHA NÃO ULTRAPASSA QUOTA NACIONAL

As entregas acumuladas, já corrigidas, atingiram 6.160.051 toneladas na cam-panha 2011/2012. Embora este valor seja 2,4% superior ao da campanha anterior, é, ainda assim, inferior ao da quantidade de referência espanhola, pelo que, tal como aconteceu nas últi-mas campanhas, relativamente a 2011/12 não haverá lugar ao pagamento de imposição suplementar. Embora a nível nacional não se tenha ultrapassado a quota espanhola, de 7.685 produtores dos 20.585 que reali-zaram entregas de leite durante a cam-

panha, ou seja, 37% dos produtores, ultrapassaram as suas quptas indivi-duais. Dos produtores ultrapassadores, 564 (2,7% do total) fê-lo em mais de 200%. No ano anterior, esses percentuais foram um pouco maiores: 43% dos produtores excederam a sua quota e 3% fizeram-no em mais de 200%. No mês de Março, registaram-se entre-gas de 19.361 produtores (946 menos do que no início da campanha) a 301 compradores. As entregas apresenta-ram um teor de gordura médio de 3,69%, quando em Março de 2011 esse teor havia sido de 3,70%.

in Agrodigital

PREÇO ESPANHOL DESCE 1,9 CÊNTIMOS EM MARÇO

médios mensais foram sempre superio-res aos pagos em iguais meses da cam-panha 2010/11. No entanto, enquanto na primeira metade da campanha, o diferencial se situou em torno dos 2 cêntimos por litro, no segundo semes-tre da campanha, essa diferença foi encurtada para chegar a apenas 0,5 cêntimos em Março de 2012 face a Março de 2011 . Ao longo de toda a campanha, os pre-ços recebidos nas Ilhas Baleares foram os mais baixos de Espanha, seguidos dos da Galiza e da Cantábria. Os pre-ços mais elevados são os de Valência e da Andaluzia. A diferença de preço entre a Galiza e a Andaluzia ronda os 4-4,5 cêntimos/litro.

in Agrodigital

Em Março, o preço médio pago pelo leite em Espanha foi de 32,4 cêntimos/litro, o que significa uma descida de 1,9 cêntimos em comparação com Feverei-ro, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo FEGA. Depois de conhecido o preço de Março foi possível determinar o preço médio pago ao produtor para o conjunto da campanha. Na campanha de 2011/12, o produtor espanhol recebeu o seu leite a um preço médio de 32,5 cêntimos/litro. Estes preços são calculados pelo FEGA de acordo com os dados forneci-dos pelos compradores que recolhem leite em Espanha, através das respecti-vas declarações obrigatórias referentes às entregas mensais de leite. Em toda a campanha passada, os preços

A filial espanhola da Danone tornou-se numa grande fábrica de ideias da multi-nacional francesa. A empresa liderada por Javier Robles irá lançar em Maio o Yolado, um novo conceito de iogurte congelado para ser consumido como um sorvete. Este projecto está a ser totalmente desenvolvido em Espanha e se for bem sucedido, será lançado noutros países europeus. Danone vai investir entre sete e nove milhões de euros no seu lançamento, valor que inclui também o orçamento para a fase de desenvolvimento do pro-duto, que será fabricado na unidade industrial de Aldaya (Valência). Mais do que competir directamente com os fabricantes de gelados, o objec-tivo da Danone é que o Yolado crie uma nova categoria de negócios geran-do novas ocasiões de consumo de iogurte. Estima-se que em Espanha, o setor dos gelados movimente mil milhões de euros por ano. Desta cifra, cinquenta por cento são consumidos em casa. Yolado será vendido refrigerado, como os restantes iogurtes da marca. Os consumidores devem colocar o produ-to no congelador em sua casa e depois de algumas horas irá ter um produto que terá uma textura cremosa como um gelado. "Não é um gelado de iogur-tes, mas sim um iogurte congelado", explicam os que já provaram o novo produto.

in Expansión

DANONE INVESTE 9 MILHÕES NO YOLADO

DELEITE : 2.ª MARCA MAIS VENDIDA NA GALIZA

ção, porque "cada novo cliente repre-senta meses de trabalho" comercial . Em relação ao preço pago aos fornece-dores pelo leite, lembrou que o "objec-to social” da empresa Alimentos Lác-teos, como empresa de base cooperati-va , é "retribuir o maior benefício pos-sível" ao produtor. Reconheceu que há uma tendência de descida nos preços de leite e que são obrigados a "competir no mercado com armas iguais aos demais", mas que estão a fazer todo o possível para "manter o preço" nas prateleiras das cadeias comerciais, de modo a que oscile entre "79 e 83 cêntimos de euro por litro."

in Agência EFE

A marca ‘Deleite Galego’ da empresa Alimentos Lácteos tornou-se na segun-da mais vendida na Galiza, logo atrás da líder do mercado espanhol: a Clas. De acordo com as informações presta-das pelo seu director-geral, a marca ‘Deleite Galego’ ganhou mais um déci-ma de quota de mercado em Março, colocando-se nos 6% na Galiza, uma percentagem considerada muito satisfa-tória, considerando que a marca ainda não está presente em diversas cadeias de distribuição. "Somos claramente o líder do sector do leite galego vendido na Galiza", disse Miguel Martín, embora reconhecendo que a nova marca "está a custar a entrar" na cadeia de distribui-

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A principal confederação agrícola espa-nhola COAG pediu ao ministro da Agricultura, Alimentación y Medio Ambiente, Miguel Arias Cañete, a cria-ção de um órgão de controlo “in-dependente” que sancione as práticas comerciais “abusivas” no seio da cadeia agro-alimentar. Esta proposta foi avançada em comuni-cado, no qual se refere que esta figura/entidade deveria estar incluída na futu-ra Lei da Melhoria da Cadeia Agro-Alimentar, diploma relativamente ao qual pedem celeridade para acabar com a impotência de agricultores e produ-

COAG QUER ÓRGÃO QUE SANCIONE PRÁTICAS ABUSIVAS

tores face à grande distribuição. "A posição de domínio dos cinco gran-des grupos, que controlam cerca de 70% da distribuição alimentar, faz com que os enormes diferenciais entre o que paga o consumidor e o que recebe o produtor se mantenham”, afirma a COAG no seu comunicado. A COAG, para além disso, reclama ao Ministério, mais competências para as organizações interprofissionais para que possam negociar contratos de compra-e-venda, elaborar índices de tendência de custos e preços e "gerir a oferta."

Entre as suas reivindicações, figura a proibição da "venda com prejuízo", dos

leilões "cegos" ou da modifica-ção unilateral dos contratos. "Sob nenhuma circunstância podemos acei-tar simples códi-

gos de boas práticas de carácter volun-tário, uma vez que se revelaram inefica-zes em face do cumprimento unilateral da grande distribuição", sublinhou o secretário-geral da COAG, Miguel Blanco, no comunicado.

in AgroInformación

PRIMEIROS COMPRADORES GALEGOS ACUMULAM DÍVIDAS

mente em quase 10 milhões de euros, o que supõe, em média, valor em atra-so de 10.000 euros por exploração. A falta de liquidez dos primeiros com-pradores explica-se por vários factores. Desde aqueles que são também comer-cializadores e que estão agora a ver os seus productos a serem pagos a 120 dias, até aos intermediários que se viram muito penalizados pela situação que se viveu (e vive) na Clesa. «Esta grave crise coloca à vista a neces-sidade de que a Xunta exija avais aos primeiros compradores para cobrir as respectivas dívidas aos produtores», explica Javier Iglesias, de Unións Agra-rias. A morosidade que afecta as explo-rações colocou muitas delas ‘contra-as-cordas’.

in La Voz de Galicia

A morosidade dos pagamentos também se converteu num grave problema para a economia rural. Cerca de um milhar de explorações leiteiras, quase 10% de todas as que existem na Galiza, sofrem graves casos de atrasos de pagamento que ameaçam a sua viabilidade a curto prazo, num cenário marcado pelos bai-xos preços na origem e pelo incremen-to dos custos de produção. Os problemas financeiros de uma deze-na de grandes primeiros compradores - intermediários entre as explorações e as indústrias processadoras - faz com que centenas de explorações estejam com entre dois e até cinco meses sem receber pela matéria-prima que já entregaram. A dívida total na Galiza que afecta um milhar de explorações, cifra-se actual-

Algumas indústrias começaram a aplicar descidas ao preço do leite que pagam na Galiza, descidas que se cifram entre “um e dois cêntimos”, afirmou o res-ponsável das Unións Agrarias (UU.AA), José Rodríguez, que informou que "já há descidas efectivas por parte de várias empresas do sector". "Não se trata de uma única indústria, e é uma tendência que não está muito de acordo com o que está a suceder nos mercados dos países que nos circun-dam", acrescentou. Segundo José Rodríguez, esta descida de preços "varia" de uma indústria para outra, porque "as empresas nem sequer seguem uma dinâmica geral com todos os produtores e nas distintas zonas".

in Finanzas.com

PREÇO DO LEITE BAIXA NA GALIZA

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 43

A estratégia da distribuição alimentar de baixar os preços da cesta de com-pras em plena crise em na Galiza um efeito letal para a economia rural. Mul-tinacionais francesas como a Carrefour vendem a mesma branca – leite UHT em brik da própria cadeia – ao dobro do preço em França relativamente ao preço praticado na Galiza. Um estudo realizado pelo gabinete técnico das Unións Agrárias (UPA) mostram como as marcas se vendem na Galiza num intervalo de preços de entre 48 e 53 cêntimos, enquanto em França esse

MARCAS BRANCAS EM ESPANHA CUSTAM METADE DO QUE CUSTAM EM FRANÇA

preço oscila entre 88 e 98 cêntimos, Este diferencial tem origem nos exce-dentes franceses, um país com uma produção muito superior ao seu consu-mo interno. Isso propicia que as gran-des cadeias de distribuição utilizem o produto excedentário para a realização de políticas comerciais muito agressivas noutros pontos da União Europeia, o que empurra os preços na origem para baixo. Esta estratégia baseia o seu êxito na própria desestruturação do mercado interno galego que, de forma diferente

do que acontece nou-tros países, tem uma cadeia de valor muito peculiar, onde produto-res, indústrias e distri-buição não adoptam decisões conjuntas. Espanha, com uma pro-dução inferior ao seu

consumo interno, importa mais matéria-prima do que a necessária para equili-brar esse deficit, o que gera um proble-ma de preços no campo. As organizações agrárias pediram já ao presidente da Xunta da Galiza, Nuñez Feijoo, que desenvolva démarches para travar este tipo de estratégias.

in La Voz de Galicia

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ITAMBÉ PLANEIA ENTRADA NA BOLSA DE VALORES

no mercado internacional, apesar de não informar a origem das empresas que estão interessadas na operação. Desde o final de 2010 a Itambé procura um investidor estratégico no sector para assumir uma participação entre 20% e 30% da empresa, segundo anun-ciou o presidente da empresa Jacques Gontijo em Março de 2011. Com a conclusão do processo em 2012, Ricar-do Cotta acredita que a Itambé dará um grande passo em direcção à abertu-ra de capitais, vista hoje como a melhor alternativa para financiar os planos de expansão da marca. "Queremos ter acesso a recursos de terceiros, não por

meio de dívidas, mas, sim, de equity". "Com isso, teremos musculatura para aproveitar o crescimento ao ritmo que o mercado brasileiro exige, além de lidar com concorrentes que já têm acesso a esse tipo de recursos a custo mais competitivo", acrescenta, ao citar o caso da Nestlé e da BRFoods. "Temos que nos tornar gigantes para nos mantermos nesta disputa", refere Ricardo Cotta. O bom momento que vive nesta altura o mercado de acções brasileiro estimula a evolução do pro-cesso, iniciado há mais de três anos. "Não podemos perder este ‘comboio’. O momento é propício para aceder a esse mercado", avalia Ricardo Cotta.

in Estado de Minas/MilkPoint

Em três anos, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), controladora da Itambé, pla-neia estar cotada na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Boves-pa), o que deve aquecer ainda mais a disputa no mercado lácteo brasileiro. O anúncio foi feito pelo responsável da Itambé, Ricardo Cotta. "O primeiro passo nessa direcção deve ser finaliza-do aeste ano, quando será escolhido um parceiro estratégico, que terá a responsabilidade de agregar valor, conhecimento e sinergia”, informou. Ricardo Cotta revela que há interessa-dos tanto no mercado brasileiro como

CHINA QUER TORNAR-SE POTENCIA LEITEIRA MUNDIAL

da China Modern Dairy, que em pouco tempo se tornou o maior produtor de leite do país. Modelada nos melhores exemplos dos EUA, a Modern Dairy tem 15 explorações leiteiras de grande dimensão e outras quatro em constru-ção. A empresa tem actualmente 128,8 mil cabeças de gado e está importar mais 22 mil por ano, com o objectivo de chegar a 300 mil até 2015, somando importação e a sua própria recria. "A China não tem uma tradição na área dos lacticínios. Estou confiante que podemos fazer tão bem quanto os EUA", diz Deng Jiuqiang. Para encorajar as grandes explorações a crescer, o governo de Beijing determinou que as maiores processadoras de leite do país comprassem uma percentagem subs-tancial de leite dessas explorações de elevada dimensão. A Modern Dairy e outras grandes ex-plorações leiteiras chinesas contam com um apoio considerável do gover-no. A companhia recebeu subsídios de 7,6 milhões de dólares em 2010 e 2011, destinados em grande parte à compra de vacas, segundo documentos que a empresa submeteu aos regulado-res. O chinês consome, em média, 9,5 litros de leite líquido por ano, menos de um terço do consumo de japoneses e sul-coreanos, e muito abaixo dos 78,8 litros consumidos nos EUA. Os 12 milhões de vacas da China pro-duzem pouco. O país perdeu perto de 15% dos animais depois do escândalo

da melamina, já que produtores arrui-nados as venderam como animais de carne. As que ficaram têm problemas de saúde animal e têm uma vida produ-tiva curta. As vacas chinesas, importa-das da Europa há alguns anos, mas nun-ca procriadas cientificamente, produ-zem, em média, 4.000 litros/ano. Procriar vacas chinesas com sémen estrangeiro acabaria por melhorar a qualidade genética do efectivo, mas isso levaria décadas para acontecer, de acordo com especialistas em reprodu-ção. "Não se pode continuar a cruzar animais baixos e esperar que nasçam animais altos", diz Julian Wolhardt. A Modern Dairy e os seus investidores descobriram que a única maneira de fazer as vacas chinesas melhorarem ra-pidamente é substituí-las. A produtivi-dade por vaca da empresa subiu de 6.100 litros/ano em 2008 para 7.800 litros em 2011, graças a vacas novas e a investimentos em instalações e técnicas de alimentação nos moldes americanos. A Modern Dairy insemina as novilhas imigrantes exclusivamente com sémen bovino americano. A China, que em 2002 era o 45.º maior receptor de sémen bovino dos Estados Unidos, hoje é o 9.º maior, sendo que importou 366 mil doses no ano passado, a entre 10 e 30 dólares cada. Os EUA também for-necem ração, porque a China não tem suprimento de alfafa com alta proteína que as vacas de alta produtividade necessitam. A procura das vacas chine-sas ajudou o preço da alfafa nos Esta-dos Unidos a duplicar no ano passado.

in Globo Rural

A China está a aumentar as importa-ções de gado do Uruguai, Austrália e Nova Zelândia, que devem embarcar 100 mil novilhas para o país. A acção é parte importante do esforço para satis-fazer a crescente procura doméstica por leite e recompor os rebanhos do país, depois do escândalo sobre leite adulterado ter provocado vítimas fatais em 2008, devastando a produção e levando os desconfiados consumidores chineses a adoptar o leite importado. De acordo com matéria publicada no The Wall Street Journal, a indústria leiteira chinesa tem um longo caminho pela frente: as vacas chinesas têm metade da produtividade das america-nas. Mas, da mesma forma que cons-truiu a sua liderança noutros sectores, o governo chinês decidiu tornar-se uma grande potência no leite. Por este motivo, desde 2009, a China tornou-se o principal comprador de vacas leiteiras do mundo, elevando os preços mundiais e pressionando outros segmentos, como o da alfafa e o do sémen bovino. A China importou des-de 2009 cerca de 250 mil vacas que ainda não haviam reproduzido, de acordo com a Global Trade Informa-tion Services, que acompanha os dados do sector. No ano passado, o país gas-tou mais de 250 milhões de dólares em 100 mil novilhas estrangeiras. "Nós temos que resolver os nossos próprios problemas com o leite", diz Deng Jiuqiang, fundador e presidente

44 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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Na primavera de 2012, o European Dairy Board refere que a situação do mercado leiteiro em muitos países da Europa recorda os acontecimentos de 2008 e 2009 com os preços do leite a caírem para níveis preocupantes. Mas, ao contrário de 2008 e 2009, os custos de produção estão a subir, refere aque-la entidade. Em Itália, por exemplo, quando os con-tratos leite expiraram no final de Mar-ço de 2012, o mercado entrou em colapso e o preço do leite caiu para valores abaixo da fasquia dos 30 cênti-mos. Os agricultores estão agora a ter de enfrentar reduções significativas de preços de cerca de 15 por cento para os contratos com a indústria de lacticí-nios italiana para 2012. Em 2011 o preço médio na origem ainda era de 40 a 41 cêntimos para leite de consumo e leite destinado à produção de queijo creme. O preço do

CRISE NO SECTOR LEITEIRO DA UNIÃO EUROPEIA

leite destinado ao fabrico de produtos tradicionais de qualidade como o Grana e Gorgonzola foi de 42 a 43 cêntimos. Na Holanda, a situação no mercado spot é crítica, devido ao forte exces-so de produção. Aqui é actualmente muito difícil – senão mesmo impossí-vel - para os agricultores conseguir vender o seu leite. Os preços do leite no mercado spot caíram para entre 21 e 24 cêntimos. Ou seja menos 10 a 12 cêntimos do que o valor que está a ser pago aos produ-tores que entregam o leite nas prin-cipais cooperativas. De qualquer modo, a tendência de descida é mais do que clara para todos os produtores. A situação é semelhante noutros países europeus com os preços a descerem abaixo dos 30 cêntimos, como resulta-do dos enormes volumes de produção. Os preços normais para leite em Fran-ça desceram de 31-32 cêntimos em Março para 28 cêntimos em Abril. Na Bélgica passou-se de 28-29 cêntimos em Março para 25 cêntimos em Abril. Na Alemanha, o preço na origem foi ligeiramente superior rondando 31-32 cêntimos. E a principal característica da situação actual no mercado lácteo suíço é uma produção recorde e sem precedentes,

que deverá refletir-se numa redução, em Maio, de 3,5% do preço do leite no campo. O European Dairy Board considera que a única forma de contrariar os crescen-tes volumes de leite produzidos, passa

pelo seu escoamento para o mercado mundial sob a forma de leite em pó e manteiga. Nas circunstâncias actuais isso representará um ‘custo’ de 0,8 cêntimos por quilo para que seja possí-vel esse escoamento ‘a perder’. Para além da tendência de queda nos preços do leite na origem, verifica-se uma situação muito difícil em diversos países dado incremento dos correspon-dentes custos operacionais. Em Itália, por exemplo, os preços dos combustí-veis e da energia eléctrica aumentaram 20% e o da soja cresceu 22%. Como resultado, o custos de produção do litro de leite aumentou fortemente.

in The CattleSite

FABRICANTES FRANCESES QUEREM RECUPERAR MERCADO

3,589,093 toneladas, o que representa um retrocesso de 1,5% em relação a 2010. Para além das questões do pro-cessamento, o IPLC e o Syndilait cons-tatam uma diminuição sensível das compras do produto. "O consumo tem vindo a diminuir desde 2001”, detalhou Anne-Sophie Royant, da Syndilait. “É necessário que a fileira lance acções de comunicação. " Jim Begg, director-geral da Dairy UK, realizou uma apresentação em que ilus-trou a eficácia das campanhas publicitá-rias realizadas na Inglaterra e Escócia. "No Reino Unido, o leite líquido repre-senta 51% do consumo total de produ-tos lácteos, enquanto essa parcela não ultrapassa os 14% em França. 98% dos lares britânicos consomem leite todos os dias”, referiu. “O declínio no consu-mo tem sido contrariado por campa-nhas publicitárias activas”.

in La France Agrícole

"A situação do leite de consumo em França, é preocupante. Temos de parar de sacrificar o leite do nosso território em nome da produtividade ", disse Emmanuel Vasseneix, presidente do Instituto Profissional do Leite de Con-sumo (IPLC) na assembleia geral do IPLC e do Syndilait, realizada na semana passada, em Paris. O consumo de leite beneficia de uma imagem positiva entre os consumidores franceses. O sector pretende jogar de forma acertada em novos nichos de mercado, como o leite orgânico e o leite de regiões, para recuperar quota de mercado. As empresas francesas referem enfren-tar uma feroz concorrência no seu pró-prio mercado, em especial depois de 2008, por via das importações prove-nientes da Alemanha e da Bélgica. Em 2011, elas representaram 241.900 tone-ladas. Paralelamente, a produção de leite de consumo em França atingiu

Em França, as entregas de leite em Fevereiro de 2012, o penúltimo mês da campanha 2012/2012, aumentaram 3,9% em comparação com as de Feve-reiro do ano passado. O valor corrigi-do, ponderado o facto do ano presente ser bissexto e Fevereiro ter 29 dias, coloca aquele aumento nos 2,2%, ape-sar de tudo bastante baixo face aos incrementos do Verão de 2011, que variaram entre 7 e 10%. Nos onze primeiros meses da campa-nha, as entregas acumuladas situam-se 4,1% acima das de igual da campanha anterior. De acordo com as estimativas da FranceAgrimer, na campanha 2011/2012, as entregas de leite na França podem ultrapassar, pela primei-ra vez em 25 anos, a cifra de 24.000 milhões de litros. Na União Europeia espera-se que as entregas da campanha de 2011/2012, se fixem num volume 2,2% mais elevado do que na campanha anterior, devido aos aumentos ocorridos em França e na Alemanha (onde também é previsí-vel que a produção possa estabelecer um novo recorde). Também se espera um aumento significativo da produção na Polónia (4,8%).

in Agrodigital

ESPERADO RECORDE DE PRODUÇÃO EM FRANÇA

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 45

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INDUSTRIAIS FRANCESES PREPARAM FIM DAS QUOTAS

Os industriais privados franceses têm vindo a abordar os mercados interna-cionais através de investimentos locais mais do que através das exportações dos excedentes do leite recolhido em França. A Lactalis, por exemplo, ainda muito recentemente fechou negocia-ções para a compra da segunda maior cooperativa leiteira sueca, a Skanemeje-rier. No caso da Danone, “apenas uma pequena parcela da produção [realizada em França] é exportada com destino a países limítrofes como a Bélgica ou o Reino Unido”, explica a responsável da empresa, Florence Chambon. “O res-tante tem como destino o mercado francês”. A Danone tem abordado os mercado fora da União Europeia atra-vés de aquisições, como se verificou na Rússia [com a Unimilk], onde criou, recentemente, um centro de formação para produtores de leite, com o objec-tivo de melhorar o aprovisionamento naquele país. No entanto, do lado das cooperativas,

o discurso é bem mais ambicioso. O fim das quotas constitui “uma oportuni-dade formidável para dinamizar as nos-sas actividades”, explicou Daniel Lacombe, secretário geral da la FNCL (Fédération nationale des coopératives laitières), no último congresso anual daquela Federação, em Abril passado. “Os projectos de investimento foram já lançados”, assegurou Dominique Char-gé, presidente da FNCL. A Sodiaal, por exemplo, pretende investir em duas novas torres de seca-gem na seu parque industrial de Carhaix, na Bretanha, e tranformar entre 280 e 300 milhões de litros de leite por ano em leite em pó, para exportação para o mercado chinês. A aquisição de empresas privadas é outra das vias equacionadas pelos coo-perativistas. Por exemplo, a Agrial criou, em Março passado, a Senagral, empresa constituída em regime de joint-venture com a Senoble, e ambiciona aumentar a sua produção entre 15 e 20%, em 2015.

in Ouest France Entreprises

Os industriais de lacticínios franceses estão a organizar-se para fazer face ao desmantelamento do regime de quotas com prudência, enquanto do lado das cooperativas a perspectiva é mais ofen-siva. A expectativa face ao fim das quo-tas está a fazer aparecer, em França, duas filosofias bem distintas. Enquanto as entidades de raiz coopera-tivas vêm nesta alteração fundamental da organização do mercado lácteo comunitário uma oportunidade exce-lente para conquistar os mercados internacionais, as indústrias privadas, mais prudentes, preferem esperar para observar a evolução dos mercados antes de se comprometerem com maiores volumes de recolha. “Com quota ou sem quota, o problema é o mercado”, assegura Michel Nalet, director de comunicação da Lactalis. “Não é pelo facto de se verificar uma liberalização do mercado que podemos aceitar quinze por cento de leite suple-mentar”, acrescentou.

LACTALIS RECEBE APOIOS PARA REINDUSTRIALIZAÇÃO

confirma um envelope de quase 100 milhões de euros com destino à Lacta-lis, para ajuda a reindustrialização daquelas três unidades industriais. Em Monteyral, será criada uma unidade de produção de sobremesas lácteas, com um investimento previsto de 58 milhões de euros, enquanto em Saint-Martin-des-Entrées, o investimento incidirá numa unidade de acondiciona-mento de produtos frescos de longa conservação, orçada em 40 milhões de

euros. Para Craon prevê-se uma unidade de fabrico e embalagem de leites em pó infantis diferenciados nutricionalmente, mas aqui as ajudas públicas não deverão ser atribuídas. Este programa de investimentos avan-çado pela Lactalis, que se absteve de o comentar, tem por objectivo criar 295 novos postos de trabalho nos três pró-ximos anos e dar maior sustentabilida-de industrial àquelas três unidades de produção.

in La France Agrícole

De acordo com informação veiculada pela comunicação social francesa, o grupo Lactalis prevê a realização de investimentos vultuosos em três das suas unidades de produção no seu país de origem: Saint-Martin-des-Entrées (Calvados), Craon (Mayenne) et Mon-teyral (Lot-et-Garonne), investimentos que serão comparticipados com ajudas públicas. Um despacho do ex-ministro da indús-tria, Eric Besson, datado de 4 de Maio,

PARMALAT COMPRA FILIAL AMERICANA DA LACTALIS

sua administração acordou pagar 904 milhões de dólares pela Lactalis Ameri-can Group, que vende o queijo brie "President" bem como queijo mozzarel-

la fabricado nos Estados Unidos. Os analistas assina-laram que o preço é abultado mas elogiaram as pote-ciais sinergias da operação. A Kepler elevou a

sua recomendação para a Parmalat de manter para a comprar e subiu o seu

preço-objectivo de 1,9 para 2,1 euros por acção. Para a Lactalis, que comprou uma parti-cipação accionista de 83% da Parmalat no ano passado, a operação transfere efectivo da sua companhia italiana para a sede francesa, na sequência do endivi-damento realizado para realizar aquela aquisição. A Parmalat, que foi assesorada pelo Mediobanca SpA nesta compra, disse que a operação foi exclusivamente motivada pelas relevantes sinergias industriais, pela ampliação da cobertura territorial, pela melhoria da carteira de produtos e pelo Ebitda.

in Dow Jones

A Parmalat SpA, grupo lácteo italiano absorvido pela francesa Lactalis no ano passado, comprou a sua matriz opera-cional nos Estados Unidos que somou

milhões de dólares em vendas. A Par-malat disse, na semana passada, que a

46 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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VÁRIOS PAÍSES PEDEM MEDIDAS PARA AJUDAR O SECTOR LEITEIRO COMUNITÁRIO Espanha e outros países pediram à Comissão Europeia a restauração das restituições à exportação para produ-tos lácteos e a revisão dos preço de intervenção e de referência para ajudar o sector. O pedido, apresentado pela Polónia, no último Conselho de Ministros da Agri-cultura, teve o apoio deoutrs Estados-membro: Espanha, Portugal, Letónia, Lituânia e Hungria A petição deriva da "situação dos pre-ços do leite e produtos lácteos", que exigem que Bruxelas "tome medidas", disse numa conferência de imprensa o

ministro da Agricultura, Alimentação e Ambiente espanhol, Miguel Arias Cañe-te, no final daquela reunião. "Nós defendemos que a CE restaure as restituições à exportação, se for neces-sário e que proceda à revisão de pre-ços de referência e de intervenção", disse o ministro espanhol. O Comissário Europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, disse que, em sua opi-nião, não estão ainda reunidas as con-dições para reimplementar as restitui-ções à exportação, mas comprometeu-se a estudar a situação do sector.

in Besana

A administração da Yakult, fabricante japonesa de leite fermentado, informou que não tem interesse em que a Dano-ne aumente a sua participação no capi-tal da empresa. Para os executivos da Yakult, que detêm uma maior participa-ção accionista, a Danone poderia pro-vocar interferências no comando da empresa. Em 2004, Danone e Yakult fizeram um negócio no qual a francesa se comprometeu a não aumentar a participação na empresa japonesa durante cinco anos, e, em 2007, esse acordo foi estendido até 2012, sendo que o prazo expirou esta semana. No mês passado, o jornal japonês Nik-kei publicou uma reportagem em que apontava que a fabricante francesa esta-ria interessada em incrementar de 20% para 28% a sua participação no capital da Yakult. Com o fim do período de restrição ao aumento de capital, a

YAKULT NEGA AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA DANONE

Danone poderia lançar uma oferta agressiva para ampliar a sua participa-ção societária e conquistar, dessa for-ma, o controle da Yakult. "Nós não queremos ne-nhum aumento no controle da Danone", afirmou Yoshihiro Kawabata, vice-presidente da Yakult, segundo reportagem da Dow Jones publicada pelo Wall Street Journal. Quando ques-tionado sobre o que ocorrerá se a Danone forçar um aumento de capital, o executivo disse: "será difícil manter-mos as nossas conexões sob a perspec-tiva de manter a nossa independência".

in MilkPoint

A Parmalat apresentou os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2012, anunciando uma quebra dos lucros em 33,2% face aos primeiros três meses de 2011 para os 33,4 milhões de euros, contra os 50 milhões atingidos há um ano. Quanto às vendas, o grupo italiano registou uma evolução positiva de 5,9% para os 1,094 mil milhões de euros contra os 1,033 mil milhões do primeiro trimestre de 2011. O grupo italiano, no qual a Lactalis detém uma posição maioritária, revela ainda que o EBITDA aumentou 7% para os 75,1 milhões de euros. De entre os mercados explorados pela Parmalat, destaque para a África, mer-cado onde o crescimento foi de duplo dígito (+11,2%), seguindo-se o Canadá (+8,8%), América Central e do Sul (+8,6%), Itália (+8,2%), Europa (+4%) e Austrália (+1,7%). No comunicado de imprensa que acompanha estes resulta-dos, os responsáveis pela Parmalat admitem um crescimento de 3% para a globalidade do ano fiscal.

in Hipersuper

PARMALAT COM RESULTADOS MISTOS

A cooperativa leiteira neozelandesa Fonterra Co-Operative anunciou, esta semana, que vai investir numa nova fábrica de mistura e embalagem na Indonésia, que deve começar a funcio-nar no espaço de 18 meses. A procura de produtos lácteos na Indonésia deve crescer cerca de 50% durante os próxi-mos oito anos. "Com a previsão de rápido crescimento da procura na Indonésia, queremos ampliar as nossas capacidades de embalagem e mistura naquele país para

FONTERRA INVESTE NA INDONÉSIA

suportar o crescimento de longo prazo dos nossos negócios", afirmou o direc-tor-executivo da empresa Theo Spie-rings, em nota à imprensa. O valor do projecto não foi divulgado. "A procura global por produtos lácteos deve aumentar até 100 mil milhões de litros durante os próximos oito anos e 60% deste crescimento deve ocorrer na China, na Índia e na Indonésia", comentou Theo Spierings.

in Dow Jones/MilkPoint

O grupo lácteo francês Lactalis conti-nua a sua expansão. A Comissão Euro-peia acaba de dar luz verde à operação de aquisição da Skånemejerier Lactalis AB, uma subsidiária da cooperativa láctea sueca Skånemejerier ek. Esta cooperativa sueca é muito activa nos sectores de leite de consumo, de produtos lácteos frescos, sumos, quei-jo, manteiga e natas. No início de Abril, a Comissão Euro-peia havia decidido realizar uma análise preliminar, a qual considerava que a operação de concentração notificada poderia encontrar-se abrangida pelo âmbito de aplicação do Regulamento das concentrações comunitárias, reser-vando-se a faculdade de tomar uma decisão final sobre este ponto e tendo, na altura, solicitado aos terceiros inte-ressados que lhe apresentem as suas eventuais observações sobre o projeto de concentração em causa.

in Agrodigital

LUZ VERDE PARA AQUISIÇÃO DA LACTALIS

NA SUÉCIA

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 47

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FONTERRA REDUZ PREVISÃO DE PAGAMENTO O director executivo da Fonterra, Theo Spierings, afirmou que a menor previsão do preço do leite foi devida à contínua redução nos preços das com-modities. "O índice ponderado do glo-balDairyTrade baixou 20,3% desde a nossa última previsão de preços do leite em Abril. Os níveis de produção nos Estados Unidos e na Europa estão elevados, enquanto continuamos a ter níveis de produção maiores do que o normal na Nova Zelândia. Tudo isso está a ocorrer num momento de fortes incertezas nos mercados globais". O presidente da Fonterra, Henry van

der Heyden, por seu lado, disse que a previsão de abertura para 2012/13 reflectiu um cenário mais realista no que se refere aos mercados globais de lácteos durante a próxima campanha. "Existe muito leite e os preços vêm caindo. Achamos que a oferta e a pro-cura se deverão equilibrar mais para o final de 2012, o que pode ajudar a reduzir as pressões de baixa nos pre-ços, mas não ainda há consenso sobre para quando podemos esperar ver a recuperação de preços, de forma que é importante fazermos as melhores esti-mativas possíveis para que os produto-res possam planear a sua actividade".

in Fonterra.com/MilkPoint

A cooperativa neozelandesa Fonterra anunciou uma redução de 22,9 centa-vos (0,18 euros) na sua previsão de Preços do Leite ao Produtor para a actual campanha, para 4,95 dólares (3,90 euros) por quilo de sólidos do leite, em resposta à redução nos pre-ços globais das commodities lácteas. Ao mesmo tempo, a Fonterra anunciou uma menor previsão de abertura para a campanha de 2012/13 do pagamento, que começará em 1 de Junho de 2012, reflectindo uma previsão de maior pro-dução mundial que deverá levar à redu-ção dos preços lácteos internacionais.

ARLA FOODS EXPANDE NO REINO UNIDO E ALEMANHA

perativa que conta, actualmente, com 8.024 sócios, na Suécia, Dinamarca e Alemanha. No mercado britânico pro-cessa actualmente 2.000 milhões de litros, sendo responsável pelo abasteci-mento de 27% do mercado de leite fresco daquele país. Em termos globais, conta com fábricas em 13 países e escritórios comerciais noutros vinte, acumulando mais de 17 mil colaborado-res. Entretanto, a Arla Foods anunciou tam-bém que está em negociações para a aquisição da oitava maior empresa de lacticínios da Alemanha [país onde, em 2011, adquiriram outra importante empresa, a Hansa Milch], a cooperativa Milch-Union Hocheifel (MUH), a qual, combinada com a referida operação com a britânica Milk Link reforçará ainda mais o protagonismo da Arla no sector lácteo mundial.

“Com estas aquisições a Arla Foods tornar-se-á a maior empresa láctea do Reino Unido e a terceira maior da Ale-manha, o que se enquadra nos objecti-vos definidos pela empresa, no hori-zonte 2015”. O volume de negócios combinado das três empresas situar-se-á nos 70 mil milhões de coroas dina-marquesas [quase 9 mil milhões de euros] e corresponde a um processa-mento de leite na ordem dos 12 milhões de toneladas [mais de seis vezes a produção leiteira portuguesa], mais 3 milhões do que actualmente. Os representantes dos sócios das três cooperativas – Arla Foods, Milk Link e MUH – irão decidir no final de Junho os aspectos finais deste processo de fusão, sendo que as operações terão que obter luz verde das autoridades competentes. Com esta fusão, a nova Arla Foods passará a possuir 12.300 sócios

in Agrodigital/Reuters

A cooperativa sueco-dinamarquesa Arla Foods, uma das maiores empresas de lacticínios do mundo, anunciou a sua próxima fusão com uma das maio-res cooperativas leiteiras do Reino Unido, a Milk Link. O resultado será a maior cooperativa do sector lácteo britânico, que processará anualmente mais de 3,5 milhões de toneladas de leite, ou seja 24 por cento da actual produção leiteira britânica. A Milk Link é uma cooperativa leiteira fundada em 2000, é a 4.ª empresa no ranking de empresas de lacticínios do país, contando actualmente com 1.600 sócios, 1.200 colaboradores e oito unidades fabris, gerindo anualmente mais de 1.500 milhões de litros de lei-te. O seu portfolio de produtos inclui queijo, leite fresco e UHT e diversos tipos de ingredientes lácteos. A Arla Foods, por seu lado, é uma coo-

DIPLOMA ATENUA IMPACTO DA BAIXA DE PREÇOS que se registaram entre 2007 e 2009, que significou uma situação muito difícil gerada pelos preços baixos do leite e pelos altos custos de alimentação. O produtor californiano, Douglas Mad-dox referiu que "um estudo que enco-mendamos determinou que uma sobreoferta de produtos lácteos de aproximadamente 1% faz com que os preços ao produtor diminuam mais de 10%". Para atenuar esse efeito, indicou, "é necessário desenvolver Programas de Estabilização de Preços". Por outro lado, o presidente e director

executivo da NMPF, Jerry Kozakindi-cou que "o Senado deu um grande pas-so na direcção correcta mediante a inclusão das reformas do sector lácteo seguindo o modelo da NMPF para o programa Fundação para o Futuro". O Comité aprovou duas emendas à Farm Bill: uma que autoriza uma revi-são do programa de estabilização do mercado ao final de cinco anos e, uma segunda, que estende o programa MILC (Milk Income Loss Contract) até Junho de 2013, o que significa uma rede de segurança, enquanto se regulamenta o programa de estabilização.

in Portal Lechero/MilkPoint

A Comissão de Agricultura do Senado dos Estados Unidos aprovou um pro-jecto de lei agrícola que contém melho-rias no programa relativo ao leite e produtos lácteos, em sintonia com o proposto pela Federação Nacional de Produtores de Leite (NMPF). O projec-to de lei foi aprovado por uma votação de 16 a 5 e avançará agora para o Sena-do para sua consideração. A legislação inclui um novo programa voluntário de protecção de margens, que visa resguardar os produtores de leite de preços baixos, tais como os

48 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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PROGRAMA INDÚSTRIA RESPONSÁVEL FOI APROVADO

As fábricas mais perigosas (2%) terão de esperar entre 20 a 110 dias para poderem abrir portas. Só nestas unida-des com maior impacto ambiental, é que se mantêm procedimentos de autorização prévia da administração pública. Mesmo nestes casos, o Gover-no pretende acelerar os prazos de licenciamento criando modelos padrões sempre que possível, através de figura da “Conferencia das Entidades Interve-nientes”, onde se reúnem o promotor

e as entidades da administração pública. A orientação geral da nova regulamentação geral da nova regulamentação é a de responsabili-zação do indus-trial, reduzindo ao mínimo as autorizações pré-vias e reforçando a fiscalização à posteriori. O Estado defende

que a sua vontade é defender o ambiente e saúde das populações sem, no entanto, colocar entraves burocráti-cos que considera desnecessários. O objectivo último destas mudanças é reunir no portal toda a informação e um documento “tendencialmente” padronizado de licenciamento. Nesse sítio, o investidor poderá ainda encon-trar qual o parque industrial que já pos-sui as licenças de que necessita, caso a sua actividade tenha características com efeitos ambientais. Um dos exemplos apresentados pelo Governo é o de uma indústria cerâmica: através do “site” o investidor pode ficar a saber qual a ZER que tem as licenças de que precisa. O Programa Indústria Responsável (PIR) reúne uma equipa interministerial que junta a Economia, a Agricultura e Negócios Estrangeiros.

Novos parques industriais podem especializar-se Os parques industriais ou áreas de Localização Empresarial, podem trans-formar-se em Zonas Empresariais Res-ponsáveis (ZER) e especializar-se segundo o nível de perigosidade da indústria. Estas estruturas vão oferecer às empresas uma redução de 50% nas

taxas de licenciamento. A conversão dos actuais parques em ZER (que dis-pensarão estudos de impacto ambien-tal) terá um procedimento simplificado. Este processo que o Governo vai ini-ciar com as autarquias e a Associação Nacional de Municípios arranca com o levantamento de todas as infra-estruturas deste tipo. A iniciativa deve-rá estar concluída no fim do ano. As novas sociedades gestoras do ZER serão acreditadas como entidades licenciadoras (de âmbito industrial e ambiental).

O critério do perigo Perigosidade Reduzida: A industria tem de fazer uma mera comunicação à autarquia , pagando-lhe uma taxa. Apli-ca-se a negócios que não precisam de estudos de impacto ambiental e que vão passar a corresponder a 60% dos licenciamentos. O prazo para perigosi-dade tipo 3 passa dos actuais 5 a 35 dias para zero dias. Deverá entrara em vigor até Março de 2013. Quem está incluído? Serão sobretudo micro empresas, como por exemplo uma carpintaria ou confecções, que tenham 19 trabalhadores e potência eléctrica de 85 Kva. Antes, seriam con-sideradas de perigosidade média. Perigosidade Média: O industrial terá, na maioria dos casos, de fazer uma comu-nicação à administração central. A aprovação será entre 10 a 60 dias, em função das exigências ambientais, com diferimento tácito. Os prazos médios históricos das empresas de perigosida-de tipo 2 têm sido de 45 a 85 dias, e as actividades aqui classificadas vão cor-responder a cerca de 38% dos licencia-mentos. Quem está incluído?: Empresas de madei-ras, têxteis, metalomecânicas e de metalurgia. Perigosidade Máxima: Correspondem actualmente a apenas 2% dos licencia-mentos. O Governo espera reduzir os prazos de licenciamento das fábricas de perigosidade tipo 1 dos actuais 110 a 170 dias para 20 a 110 dias. A simplifi-cação de processos e redução dos pra-zos é obtida, segundo o Governo, atra-vés de licenças padronizadas. Quem está incluído? O tipo de actividade que está relacionado com as perigosi-dades mais elevadas em termos ambientais são a produção de cimento, a pasta de papel e a produção de pro-dutos cerâmicos.

in Jornal de Negócios

O Governo aprovou o diploma [ver página 27] que simplifica e reduz os prazos de licenciamento industrial, pre-vendo-se que as novas regas estejam em vigor na sua totalidade em Junho do próximo ano. Mas antes, a partir de Março de 2013, as industrias menos perigosas, que o Executivo estima serem 60% do total, vão poder iniciar actividade como uma mera comunica-ção às câmaras municipais. O Programa Indústria Responsável

(PIR) quer criar um novo quadro jurídi-co para facilitar a captação de novos investidores e gerar novos projectos para as empresas já estabelecidas. O novo paradigma de licenciamento de empresa, presente no sistema de Indus-tria responsável, tem ainda uma outra novidade, a criação de Zonas Empresa-riais Responsáveis, que prevê a criação de indústrias “tipo chave na mão”. Nes-te contexto, poderão surgir novos espaços industriais ou os já existentes serem reconvertidos, com taxas de licenciamento mais baixas (entre 33% e 50% mediante o nível de perigosidade), e dispensa de estudos de impacto ambiental.

Mais 12% com licenciamento zero O novo diploma, com cerca de 150 páginas, alarga ainda os critérios (número de trabalhadores, potência eléctrica e potência térmica) que são adoptados para classificar a perigosida-de das unidades industriais. Esta mudança faz com que mais de 12% das empresas possam recorrer ao licencia-mento zero. As estimativas do Gover-no dizem ainda que 98% das empresas poderão começar a actividade dois meses depois do pedido realizado.

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 49

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50 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

19 DIAS PARA DEVOLVER IVA AOS CONTRIBUINTES O Governo quer encurtar o prazo de devolução do IVA para 19 dias em 2012, menos 2,1 dias do que no ano passado, de acordo com o Quadro de Avaliação e Responsabilização (QUAR). A meta estabelecida pelo Ministério das Finanças à Administração (AT), apesar de encurtar o prazo face ao ano passa-do, fica aquém dos 14,7 dias de prazo médio de devolução de 2010. Segundo a síntese de execução orça-mental de Março, os reembolsos do IVA aumentaram 2,4% no trimestre, ou 25 milhões de euros, face a 2011, atin-

gindo 1.122,9 milhões euros. Actualmente existem dois regimes de reembolso do IVA: o geral que prevê o pagamento ao contribuinte até ao fim do 2.º mês seguinte ao da apresentação do pedido, com o limite de 80 dias, abrangendo quase 65% das empresas com direito a reembolso de IVA e o dos empresários do regime mensal, a quem o IVA deve ser reembolsado num prazo até 30 dias após a apresen-tação do pedido, encontrando-se neste regime as restantes 35% das empresas.

in Agência Lusa

O compromisso assumido pelas 26 empresas consistia em não apresentar publicidade dirigida a menores de 12 anos. Só na televisão não foi cumprido a 100% o acordo assinado por empre-sas que se comprometeram a não fazer publicidade de alimentos e bebidas diri-gida a menores de 12 anos. As 26 empresas que em 2011 se com-prometeram a não publicitar alimentos e bebidas sem recomendações nutricio-nais, cujo público-alvo são crianças até aos 12 anos, cumpriram os objectivos traçados, revela um relatório de moni-torização dos ‘Compromissos do Sec-tor Alimentar em Portugal’, uma inicia-tiva promovida pela Associação Portu-guesa de Anunciantes (APAN) e pela Federação das Indústrias Agro-Alimentares (FIPA) em 2009. O compromisso assumido pelas 26 empresas do sector alimentar consistia em não apresentar publicidade a géne-ros alimentícios dirigida a crianças menores de 12 anos através da televi-são, publicações e Internet, exceptuan-

EMPRESAS CUMPREM PUBLICIDADE PARA MENORES DE 12 do-se os produtos que preenchessem critérios nutricionais que tinham por base evidências científicas aceites e/ou recomendações nutricionais, nacionais ou internacionais aplicáveis. As empre-sas que assinaram este acordo abstêm-se igualmente de “efectuar comunica-ção comercial relacionada com produ-tos alimentares em escolas do 1.º ciclo, excepto quando especificamente solici-tada ou acordada com a escola, e se destinar a fins educativos”. De acordo com a análise efectuada a 31.400 spots publicitários das empresas signatárias, que representaram em 2011 cerca de 60% da totalidade do investimento publicitário a alimentos e bebidas em Portugal, a taxa de cumpri-mento na televisão, na imprensa e na Internet foi total, conclui o relatório. “Na televisão, a representatividade total da taxa de cumprimento foi de 99,2%, na imprensa foi de 100% e na Internet foi de 100%”, revela o docu-mento. Foram analisados 17 canais de televisão, cinco revistas para crianças e

dezasseis sites na Internet. Os ‘Compromissos do Sector Alimen-tar’ são uma iniciativa voluntária onde os signatários se comprometem a alte-rar a forma como comunicam com crianças menores de 12 anos. Este compromisso segue o EU Pledge, uma iniciativa europeia com os mesmos objetivos, lançada em 2007 com o con-tributo dos signatários para a European Union Platform for Action and Diet, Phisical Activity and Health, um fórum estabelecido pelo Comissário Europeu Markos Kyprianou (anterior Comissá-rio Europeu para a Saúde e Assuntos de Consumo) em 2005, como forma de encorajar as partes envolvidas a desen-volver iniciativas que promovam estilos de vida saudáveis no contexto europeu. O relatório de monitorização foi desenvolvido pela Accenture e pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco que avaliaram o cumprimento dos com-promissos assumidos pelas 26 empre-sas signatárias na vertente publicitária nos diferentes órgãos de comunicação social.

in Público

PUBLICADA LINHA DE CRÉDITO PARA A PECUÁRIA

A linha de crédito de 50 milhões de euros para a produção pecuária, devido à seca, já está a ser aplicada. Segundo o diploma, esta linha de apoio pode ser requerida por operadores de outras actividades agrícolas. A prioridade (30 dos 50 milhões de euros da linha) vai para "operadores do sector da pecuária ex-tensiva, com vista a compensar o au-mento dos custos de produção resul-tantes da seca, nomeadamente os cus-tos relativos à alimentação animal devi-do à escassez de pastagens e forragens

e de algumas espécies vegetais". O Governo admite que, mediante por-taria, o restante apoio (20 milhões de euros) possa ser requerido por outros operadores. A linha de crédito disponi-biliza o dinheiro com juros bonificados. O montante individual do apoio é de 180 € por vaca com idade superior a 24 meses; 40 € por cabra e ovelha com idade superior a 12 meses [...]. Cada beneficiário não pode receber mais de 7,5 mil euros durante três anos.

in Jornal de Negócios

Apenas 6% do território do Continente concentra metade do poder de com-pra, revelam os dados do sistema de geomarketing da Marktest. Um total de 25 dos 278 concelhos de Portugal Con-tinental ocupam 6% do território e concentram metade (50,3%) do índice de poder de compra regional. O índice de poder de compra regional (ou sales index) é um índice expresso em permilagem que permite comparar os concelhos entre si e analisar a con-tribuição de cada um para um total de 1000, que corresponde à soma dos 278 concelhos. É calculado com base em informação indicadora do potencial de rendimento e consumo de cada conce-lho, nomeadamente população, receitas fiscais, vendas de automóveis, consumo de electricidade, dependências bancá-rias e estabelecimentos comerciais. A repartição geográfica do sales index mostra a litoralização e a concentração num número reduzido de concelhos. Se metade do poder de compra está con-centrada em 25 concelhos, verifica-se ainda que 22.5% deste índice está res-trito a apenas 5 concelhos.

in Hipersuper

TERRITÓRIO: 6% PODER DE COMPRA: 50%

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ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA VAI AVALIAR AS RELAÇÕES ENTRE A DISTRIBUIÇÃO E OS SEUS FORNECEDORES

existência de ‘dumping’ [venda abaixo do custo de produção] no leite, propus avaliarmos tudo”. O grupo de trabalho tem como objecti-vo perceber, entre outras questões, como é que a produção chega ao mer-cado, como são constituídos os preços, qual é a quota de mercado da grande distribuição, como é feito o licencia-mento das grandes superfícies, avançou o deputado. O grupo de trabalho para analisar a situação da grande distribuição e da produção nacional será coordenado pelo deputado do PSD Nuno Serra. Entre Janeiro e Abril a Autoridade da Concorrência (AdC) já abriu mais pro-cessos de venda abaixo do preço de custo do que durante todo o ano pas-sado. Dados anteriormente fornecidos pela Autoridade da Concorrência mos-tram que desde Janeiro deram entrada 58 novos casos, valor que supera os 51

registados ao longo de 2011. Este número já é, aliás, superior aos proces-sos registados em 2010 pelo regulador da concorrência. Há dois anos foram identificados 42 casos de venda com prejuízo, prática restritiva do comércio que pode valer uma multa máxima de perto de 30 mil euros. Neste momento, a Autoridade da Concorrência tem em mãos um total de 109 processos, 58 dos quais abertos em 2012. Campanhas como as de 50% de desconto do Pingo Doce ou 75% em cartão do Continente estão a ser analisadas pelo regulador. É proibido por lei vender um produto por um preço inferior ao seu valor de compra efectivo, mas numa altura em que o comércio recorre a promoções agressivas para captar mais vendas, adensam-se as denúncias dos produto-res e a acção fiscalizadora da Autorida-de de Segurança Alimentar e Económi-ca (ASAE), a quem cabe apurar se hou-ve ou não ilícito.

in Público

Os deputados da comissão de Econo-mia decidiram criar um grupo de traba-lho para analisar a situação da grande distribuição e da produção nacional, na sequência de uma proposta apresenta-da pelo CDS-PP. O deputado do CDS-PP Hélder Ama-ral, que propôs a criação do grupo de trabalho disse que a iniciativa surgiu depois de ter sido apresentado na comissão de Economia um requerimen-to do PS para ouvir os ministros da Economia e da Agricultura sobre a sobre a promoção realizada pelo Pingo Doce. Esse requerimento acabou por ser chumbado pela maioria parlamentar PSD/CDS-PP e, explicou Hélder Ama-ral. “em vez de andarmos a ouvir minis-tros por causa de um caso específico - o Pingo Doce - quando temos conheci-mento que a Autoridade da Concor-rência (AdC) está a avaliar a possível

JORGE HENRIQUES REELEITO PRESIDENTE DA FIPA

quarto mandato à frente da entidade que representa a indústria agro-alimentar em Portugal, sector que representa um volume de negócios de cerca de 14 mil milhões de euros e 110.000 mil trabalhadores. Numa altura em que a indústria agro-alimentar está sob forte pressão, o ree le i to pres idente e legeu a “competitividade” como uma das traves-mestras para o sector, alicerçada “num

conjunto de políticas fiscais e de sinali-zação que este governo tem de ter relativamente à indústria”. Em nota de imprensa, Jorge Henriques, de 58 anos, refere que “esta reeleição representa um voto de confiança, por parte das associadas, no plano estraté-gico que tem vindo a ser implementado e que tem conduzido à modernização do movimento associativo do sector e a um ganho considerável de dimensão e da sua capacidade de intervenção”.

in Hipersuper

O actual presidente da F e d e r a ç ã o das Indústrias Portuguesas A g r o -Alimentares (FIPA), Jorge Henr iques , foi reeleito para um

HIPERS COM ACTIVIDADE ‘PREDADORA’ NOS PREÇOS

«demonstram bem as margens de lucro especulativas» que conseguem. Ao faze-rem «descontos até 50%» em bens como «leite, carne, arroz e fruta», os hipermercados vendem «abaixo do preço de custo», uma «ilegalidade» que «arruína a concorrência», afirmou. Considerou, ainda, que a «actividade especulativa e praticamente impune» desenvolvida por estas marcas «é res-ponsável, em parte, pelo défice da balança comercial de Portugal em bens agroalimentares andar já pelos quatro mil milhões de euros por ano». Jerónimo de Sousa, que falava num encontro com agricultores no Carva-

lhal, concelho de Grândola, defendeu que o Governo deve «regular, pela via

legislativa e pela fiscalização eficaz, a actividade comercial das grandes cadeias de hipermercados».

in Agência Financeira

As grandes cadeias de hipermercados de s en vo l ve m u ma a ct i v i da de «predadora» nos preços de produção e de consumo de bens agroalimentares, com margens de lucro «especulativas», disse o secretário-geral do PCP. Segun-do, Jerónimo de Sousa, essa actuação das grandes cadeias de hipermercados agrava a «dramática» situação dos pro-dutores agrícolas, «esmagando a pro-dução nacional e a pequena e média agro-indústria». O secretário-geral do PCP lembrou, citado pela Lusa, os «saldos» que «as maiores cadeias de hipermercados» têm feito no último mês, que

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 51

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ACÇÃO DO PINGO DOCE GERA TORRENTE DE REACÇÕES

Para João Vieira Lopes, presidente da CCP, a situação é inequívoca. “O negó-cio alimentar não tem margem para poder fazer promoções deste tipo a não ser que o operador em causa prati-que dumping”, afirmou. Também o presidente da CIP diz que se a campa-nha tiver violado as regras, a empresa deve ser penalizada. António Saraiva sublinhou que se tratou de «uma estra-tégia comercial», mas ressalvou que, «se ferir as regras da concorrência, tem de ser penalizada». O dirigente da CNA João Dinis, por seu lado, criticou a "campanha esmaga-dora" dos supermercados Pingo Doce no 1º de Maio, questionando quanto é que a cadeia "estará a ganhar normal-mente". "Afinal se podem vender pro-dutos -- uma campanha esmagadora, de milhares de toneladas de produtos - a metade do preço, afinal, quando estão a vender normalmente, quanto é que estão a ganhar? É que há uma lei que proíbe a venda abaixo do custo, afir-mou, acrescentando que existe "uma

ditadura comercial" das grandes super-fícies comerciais, caracterizando-as como "um Estado dentro do Estado”. A Jerónimo Martins em comunicado, informou que a acção foi "gerada pelo investimento do Pingo Doce (...) e de alguns dos seus parceiros de negócio", ficando por saber se os fornecedores souberam à posterior se iriam passar a fazer parte da campanha, e em que condições, questiona a Centromarca. A campanha “foi uma grande surpresa, um segredo muito bem guardado, para os fornecedores também”, garante o presidente da Centromarca, que garan-tiu não ter notícia de “que os nossos associados tenham sido consultados para participar em qualquer tipo de iniciativa deste tipo. E espero que o custo não seja transmitido de alguma forma, a posteriori, forçando-os a suportar o custo – isso acontece com frequência”. João Paulo Girbal deu como exemplo os últimos casos de descontos impostos por operadores da distribuição a produtores de queijo e a fornecedores de pescado.

in Lusa/Público/JdN

Na sequência da acção promocional realizada pela cadeia Pingo Doce, a FIPA pediu, desde logo uma “actuação rápida” da ASAE para averiguar se aquela cadeia vendeu produtos abaixo do preço de custo. “Esperamos que haja uma actuação rápida das autorida-des para perceber melhor os contor-nos desta situação”, disse Pedro Quei-roz, secretário-geral da Federação. A FIPA aplaudiu, entretanto, o anúncio feito por Assunção Cristas de que tem planos para introduzir novas leis que travem abusos e promoções inespera-das na distribuição, quase sempre feitas à custa da redução das margens de lucro dos fornecedores. “Estamos com muita atenção a avaliar as situações e planeamos produzir legislação nessa matéria, nomeadamente no que tem a ver com alterações dos contratos que não estão escritas, a meio dos períodos de contratação, procurando repercutir situações de inesperadas promoções que depois vão parar ao próprio pro-dutor”, disse a ministra.

INADMISSÍVEL SEREM PRODUTORES A PAGAR DESCONTOS

dos contratos". Referindo que "não houve nenhum acordo antecipado" entre os produto-res e o a Jerónimo Martins, advertiu que é preciso "saber quem é que vai, no fundo, suportar esta campanha". "É o que nos preocupa (...), que é saber em que medida é que este tipo de prá-ticas pode depois levar a repercutir sobre a produção e agro-indústria mais valores que não foram acordados pre-viamente", afirmou, considerando inad-missível haver acções que "não são combinadas e depois são imputadas". Assunção Cristas adiantou ainda que a página do MAMAOT vai começar a apresentar informação sobre a forma-ção de preços, para mostrar "o que é que cada participante ganha ao longo de toda a cadeia". "O importante é que fique claro, transparente, rigoroso e objetivo quem é que ganha o quê e porquê", realçou, acrescentando que, assim, "será mais fácil introduzir medi-das para ter maior equilíbrio ao longo de toda a cadeia". Forçar descontos é “abuso” e “envenena” relações Para o Governo, a questão da campa-

nha do Pingo Doce “tem duas dimen-sões”: a primeira “está relacionada com o eventual não cumprimento da lei da concorrência”. Uma outra questão, acrescenta fonte do MAMAOT, “é perceber até que ponto estas promoções não são, na íntegra ou em parte, suportadas pelos produtores que fornecem a distribui-ção”, acrescentando que “se a JM vier a forçar (ou tiver previamente feito) a repercussão nos produtores destes descontos (pedindo descontos em fac-turas futuras), abusando claramente da sua posição dominante no mercado, é uma iniciativa que só ajuda a envene-nar as relações entre a distribuição e fornecedores”. A tutela explica, na mesma resposta, que em sede de PARCA “o que está em causa não é esta promoção em concreto”. “Mas todas aquelas que, de forma abusiva, possam estar a lesar os interesses dos produtores agrícolas e das industrias alimentares”, advoga. O MAMAOT “irá avaliar a situação, com o objectivo de sugerir as alterações legislativas que regulem os aspectos contratuais, tornando obrigatórios cer-tos conteúdos”.

in Agência Lusa

A ministra da Agricultura admitiu a necessidade de legislação para regular a relação contratual entre produtores e distribuidores, considerando "inadmissí-vel" que descontos como os promovi-dos pelo Pingo Doce no 1 de Maio sejam "imputados" aos produtores. "Quanto mais a autorregulação avançar, menos necessidade haverá de legislar-mos, mas há pontos onde, por ventura, precisamos de legislar", reconheceu Assunção Cristas. A ministra adiantou que está a traba-lhar com PARCA para promover a auto-regulação e analisar em que áreas pode haver "lapsos de legislação" ou onde "seja conveniente legislar", para "ter um maior equilíbrio" no sector. "De facto, há práticas conhecidas que têm já grande historial que, por ventu-ra, têm de ser analisadas se são admis-síveis, justas e rigorosas”. A governante apontou a necessidade de legislar, nomeadamente para "tornar os contratos escritos obrigatórios para que as cláusulas sejam claras, os con-teúdos previsíveis e para que outros, não sendo previsíveis, também não devam ser impostos às várias partes

52 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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LUTA ESTÁ A DEIXAR MORTOS E FERIDOS PELO CAMINHO

de existirem muitos fornecedores do Pingo Doce que estão alinhados com o objectivo de reforço da competitivida-de”, assegura, por escrito, fonte da JM, que garante não ter sido ainda notifica-da pela Autoridade da Concorrência. “Os nossos associados foram comple-tamente apanhados de surpresa”, garante Pedro Monteiro, secretário-geral da Associação Nacional dos Industriais de Arroz. Não há conheci-mento de nenhum contacto posterior da JM: “provavelmente ainda não ocor-reu”, defende, acreditando que tal é uma “inevitabilidade”. “Faseado, por meses” ou no acerto do trimestre, semestre ou ano, o preço dos fornece-dores será “reduzido no final” das con-tas com o distribuidor. Está como outros: “quem gere os preços e as margens são os distribuidores”. “Não fomos contactados” pelo Pingo Doce, afirma Fernando Cardoso. O responsável da Fenalac faz o aviso pré-vio: “até do ponto de vista da concor-

rência, não podíamos nem devíamos ser contactados”, alerta. Remete por-tanto a questão de relação comercial para os operadores. Não tem contudo “dúvida nenhuma”, sabendo que a “margem de lacticínios é, em média de 18% a 20%,” que houve venda abaixo do preço de custo. Já Pedro Pimentel, presidente da ANIL, afirma que “não houve qualquer con-tacto prévio” da JM a associados da ANIL, que “não houve encomendas adicionais” para as lojas e não lhe foi comunicado nenhum contacto da JM com associados para repassar o custo. Mas não estranhava, assume, como noutro tipo de campanhas, “sempre a posteriori”, os fornecedores venham a ser confrontados com o desconto. O sector do leite foi o último a denun-ciar a distribuição (nomeadamente a Sonae e a JM) por venda abaixo do preço de custo daquela matéria-prima. Foi em Janeiro passado e o assunto, após investigação da ASAE, está desde então nas mãos da Concorrência.

in Jornal de Negócios

Por uma questão de “sobrevivência”, acredita, Fernando Cardoso, “porque nós todos estamos a viver dificulda-des”, os “agentes económicos estão dispostos a tudo”, O secretário-geral da Fenalac vê na “disputa comercial” do mercado do retalho alimentar em Por-tugal tanto de “simbólico”, em termos “económicos, socais e políticos”, como de “insustentável”. “A luta entre a JM e a Sonae está a deixar mortos e feridos pelo caminho”, diz. “Curiosamente, duas empresas nacio-nais que não têm pejo nenhum em des-truir o que ´é nacional por uma mar-gem de meia dúzia de tostões”, acusa. O que defende, sublinha, “não é aumentar o preço dos consumidores, mas que “a margem de lucro seja melhor distribuída”, entre quem pro-duz e quem vende. Mais tarde ou mais cedo “O Pingo Doce não está a repercutir o investimento feito na acção do dia 1 de Maio nos fornecedores, sem prejuízo

FORNECEDORES APANHADOS DE SURPRESA...

cliente deixa cair ao chão. Por isso teme as consequências já que "alguém vai ter de pagar". É que "a margem bru-ta de 37%, assumida pelo Pingo Doce, não cobre descontos de 50% nos pre-ços finais de todos os produtos". Outra forma de cobrir os gastos com a cam-panha são as aplicações financeiras do dinheiro dos clientes que só será pago aos fornecedores 90 dias depois. Os dois grandes grupos nacionais que dominam 60% do mercado em Portugal - JM e Sonae - têm grande poder sobre os fornecedores e até impõem redu-ções na factura para pagar a 10 dias por exemplo. "Estas situações só ocorrem porque há um problema de regulação no sector, em que a força está do lado da distribuição, e a legislação precisa de ser revista", sustenta João Paulo Girbal. A mesma opinião tem Carlos Neves, da APROLEP: "O poder político deve refletir sobre o poder das cadeias de distribuição. Se têm uma margem muito grande devem é ajudar o Banco Ali-mentar e as IPSS", defende. Por seu lado, o presidente da ANIL, Pedro Pimentel, também critica este tipo de campanhas: "Levantam imensas ques-tões do ponto de vista legal, mas até

agora não houve qualquer desfecho em relação à queixa que apresentámos em janeiro contra Continente e Pingo Doce por dumping". O processo foi remetido à Autoridade da Concorrência, mas não há conclu-sões. A Sonae argumentou que estava a cumprir a legislação e que se não che-gasse a acordo com os produtores de leite (o único produto em que o país é auto-sustentável) passaria a importar este bem de consumo prioritário. Manuel Ramirez (das Conservas Rami-rez) ou Jorge Paiva Raposo (da Baca-lhoa Vinhos) estimam que o Pingo Doce integre esta campanha como um custo de marketing, reduzindo por exemplo as verbas nas campanhas de televisão. A ideia é partilhada pelo pre-sidente da Frutus. Torres Paulo consi-dera que "do ponto de vista do marke-ting foi uma campanha espectacular que coloca o Pingo Doce nas primeiras páginas dos jornais sem custos". Por isso, acha "inconcebível que haja conse-quências para os fornecedores". Resta lembrar, que esta iniciativa des-viou as compras do mês dos outros hipermercados e que esta foi apenas mais uma batalha da guerra entre as principais cadeias.

in Expresso

Os produtores e fornecedores do Pin-go Doce foram apanhados de surpresa com esta campanha do Pingo Doce e agora só esperam que a fatura não lhes vá parar às mãos. "Fazem o papel de Pai Natal para dar ao povo e depois espre-mem os produtores e a indústria", criti-ca Carlos Neves, dirigente da Aprolep. É que apesar de a Jerónimo Martins nada lhes ter comunicado até agora, produtores e fornecedores contacta-dos têm a memória fresca de outros casos em que acabaram por ter de pagar parte das campanhas. Mas os acertos de contas são normalmente feitos só ao fim de três meses. Foi apurado que os contratos de forne-cimento do Pingo Doce têm cláusulas relativas a promoções que podem ser invocadas para transferir uma parte dos custos para os fornecedores. Além disso, os preços dos produtos podem variar com a quantidade vendida. Segundo João Paulo Girbal, presidente da Centromarca, também é recorrente os hipermercados debitarem aos pro-dutores "tudo e mais alguma coisa": desde produtos que alegadamente não estão em condições, a roubos em pra-teleira, ou até pacotes de arroz que o

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ASAE JÁ ENVIOU PROCESSO PINGO DOCE À ADC

Maio, depois da ASAE ter concluído que há "indícios de incumprimentos". Encargos judiciais são "irrelevantes" A ASAE considera que, no dia de pro-moção, o Pingo Doce vendeu produtos abaixo do preço de custo, o que é uma prática ilegal em Portugal. A Jerónimo Martins poderá ter de pagar 30 mil euros. O que, para o BESI, mostra que os encargos relativos a processos judi-ciais sobre a retalhista não terão um impacto relevante. Sonae preparada para “guerra de preços” A Sonae está preparada para responder à estratégia de promoções agressivas do Pingo Doce, visando defender a sua quota de mercado. E a Jerónimo Mar-tins (JM) continuará a apostar em mais acções de super-descontos, para inver-ter a tendência de queda das receitas.

Estas são as principais conclusões de análise que o BESI efectuou, depois de ter falado com as duas maiores empre-sas portuguesas de retalho alimentar, na sequência de iniciativa que a JM adoptou no 1º de Maio. Segundo o BESI, a empresa liderada por Pedro Soares dos Santos reconhece que a promoção de 50% nas compras acima de 100 euros teve compras aci-ma de 100 euros teve como objectivo trazer para terreno positivo a variação das vendas comparáveis da cadeia de supermercados Pingo Doce, que foi negada no primeiro trimestre. Admitiu ainda que a sai iniciativa poderá gerar uma “guerra de preços” no retalho em Portugal, mas acrescenta que está pre-parada para tal e que esta “é a melhor altura para colocar pressão nos con-correntes mais fracos”.

in Agência Lusa/JdN

A (ASAE já entregou à Autoridade da Concorrência o processo sobre a investigação que fez à campanha de 50% de desconto realizada pelos super-mercados Pingo Doce. Na página de Internet da entidade regu-ladora pode ler-se que, no âmbito da investigação para detectar eventuais vendas com prejuízo, a ASAE confir-mou existir "indícios do incumprimento de algumas disposições previstas no DL nº 370/93 de 29 de Outubro". Cabe agora à AdC proceder à instrução do processo e proceder à eventual aplica-ção de coimas que poderão atingir os 30 mil euros JM só fala depois da posição da AdC A Jerónimo Martins aguarda que a AdC se pronuncie sobre as eventuais ilegali-dades na campanha promocional dos supermercados Pingo Doce no 1.º de

CENTROMARCA DEFENDE REVISÃO DA LEGISLAÇÃO O presidente da Centromarca, João Paulo Girbal, afirmou que a campanha do Pingo Doce, "vem na sequência de outros que evidenciam a necessidade de fazer uma revisão da legislação que rege estas matérias", acrescentando que tal foi também reconhecido pela ministra da Agricultura. No modelo actual, as marcas perderam o poder negocial. Em Portugal, cerca de 90% da legislação regula a produção e apenas 10% rege a distribuição, de acordo com Centromarca. “Queremos

espelhar na lei dispositivos iguais para quem vende (produção) e para quem compra (distribuição)”, disse a sua directora-geral, Beatriz tmperatori. O problema é que a AdC “está voca-cionada para resolver questões trans-versais aos mercados”, lamentou. O regulador “poderia investigar casos mais micro, mas não o faz E não pode-mos estar dependentes da sua vontade, apenas porque determinada matéria afecta só x % do mercado”.

in I online

Depois da ASAE ter encontrado "indícios" de violação da lei, a polémica com a campanha do Pingo Doce veio para ficar. O secretário de Estado do Empreendedorismo admite que estão a ser feitos ajustamentos à lei, nomeada-mente no que diz respeito às coimas, que são tidas como pouco dissuasoras. "Nunca vamos ter uma resposta reacti-va", disse Carlos Oliveira sobre as alte-rações legislativas que estão a ser pre-parar para equilibrar as relações entre os produtores e os hipermercados. A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, tinha anunciado na AR a sua intenção: "Planeamos produzir legisla-ção nessa matéria nomeadamente no

GOVERNO VAI REVER MULTAS À DISTRIBUIÇÃO

que tem a ver com a alteração dos con-tratos a meio dos períodos de contra-tação, procurando repercutir situações como, por exemplo, aquelas de inespe-radas promoções que vão depois parar ao próprio produtor" e falou de "práticas inadmissíveis" e sublinhou que a relação entre os produtores e as empresas de distribuição é "muito desequilibrada". No seu entender a campanha de 50% de desconto do Pingo Doce é também uma prova que as cadeias de distribui-ção têm capacidade para suportar a nova taxa de segurança alimentar e sanitária.

in Diário Económico

Centenas de agricultores concentraram-se em Lisboa, exigindo medidas legisla-tivas para travar a «ditadura» dos donos das grandes superfícies que «engordam» à custa de pagar mal. João Dinis, dirigente da CNA, que promo-veu o protesto, afirmou que «está à vista» o desequilíbrio de forças entre quem produz e quem comercializa, e que só é possível «acabar com a ditadu-ra comercial das grandes superfícies e dos seus donos pela via legislativa». «Propomos alterações à lei existente e nova legislação para regular e evitar os abusos imensos, colossais, que, impune-mente, as grandes superfícies e seus donos cometem», salientou João Dinis, acrescentando: «se a 1 de Maio foi pos-sível uma grande cadeia de distribuição vender os produtos a metade do preço normal, imagine-se o que lucram». O dirigente sublinhou que os hipermer-cados «poderiam pagar melhor e a tempo e horas à produção e mesmo assim ter margem de lucro para baixar os preços no consumo» e admitiu que nem as grandes empresas como a Lac-togal têm poder negocial para enfrentar as grandes empresas de distribuição que usam as marcas brancas como arma, condicionando a escolha dos consumidores.

in Agência Lusa

AGRICULTORES CONTRA DITADURA DA DISTRIBUIÇÃO

54 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 55

GUERRA DE PREÇOS ENTRE INSÍGNIAS SUPERMERCADOS TENTAM RENEGOCIAR CONTRATOS

João Paulo Girbal diz que se confirma-ram as piores expectativas que surgi-ram no dia do mega-desconto do Pingo Doce e teme que a situação se agrave com a 'guerra' das promoções entre supermercados. Os pedidos feitos este mês aos produtores vieram na maioria dos casos do Pingo Doce, mas esta não é a única cadeia de supermercados a

pedir mudan-ças nos contra-tos até porque há mais empre-sas a fazer grandes cam-panhas de pro-moção. «Estão a ser pedidas com-participações em algo que a produção não foi vista nem achada», afirma o presidente da Centromar-ca, que acres-

centa que muitos produtores não podem aceitar as novas condições dos supermercados. Existem no entanto empresas com medo represálias caso não aceitem as condições dos super-mercados, nomeadamente com marcas que podem desaparecer das prateleiras. A prazo, a Centromarca, teme falên-cias, desemprego, desinvestimento na produção nacional e, eventualmente, um aumento das importações. Contac-tado pela TSF, o Pingo Doce preferiu não comentar esta denúncia da Centro-marca.

Produtores confirmam pressão do Pingo Doce A mesma versão têm os produtores de carne, que disseram à TVI que estão a haver pressões para renegociar os con-tratos, adiantando mesmo que estas exigências já não são de agora e que foram feitas por alguns hipermercados, entre estes, o Pingo Doce. Mas, não foram os únicos. Também o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, Pedro Pimen-tel, confirmou à agência Lusa que a associação já foi contactada por algu-mas empresas do sector lácteo, que afirmaram que o Pingo Doce quer negociar condições adicionais ao que já está contratualizado. "Há uma tentativa de renegociar deter-minadas condições para garantir a sus-tentabilidade financeira de acções futu-ras, tendo em vista a continuidade da política de promoções", declarou. Trata-se de "obter contrapartidas em ter-mos de descontos para fazer face aos próprios descontos ao consumidor. Os fornecedores estão a ser contactados com um pedido de colaboração para fazerem estas campanhas", continuou Pedro Pimentel. O dirigente da ANIL disse que esta «contribuição adicional» não configura para já nenhum ilícito, pois decorre de uma processo de negociação entre as partes, mas avisa que se daí resultarem consequências negativas para as empre-sas (como por exemplo, retirar o pro-duto por falta de acordo), a associação poderá tomar medidas. E acrescentou que «há uma discrepância entre o dis-curso público, segundo o qual as cam-panhas não iriam afectar os fornecedo-res e que está a acontecer agora».

in TSF online/Lusa

A Centromarca - Associação Portugue-sa de Empresas de Produtos de Marca garante que o Pingo Doce contactou, nas últimas semanas, muitos produto-res para pedir comparticipações em dinheiro para pagar campanhas espe-ciais ou promoções. A cadeia de super-mercados não comenta, mas a aquela associação diz que são consequências das campanhas de mega-desconto.

João Paulo Girbal explica que o que está a ser pedido a cada produtor pode não ser igual em todos os casos, «mas os temas andam à volta de um aumento de margem pedido pelo distribuidor que variará entre 2 e 3,5% a partir de Maio, uma verba que o produtor teria de entregar ao Pingo Doce, uma rene-gociação de contratos e verbas para reforço de competitividade». O presi-dente desta associação diz que na práti-ca a campanha do 1º de Maio e as cam-panhas que se seguiram «já estão a começar a ser pagas pelos produtores».

REINO UNIDO: APROVADA FIGURA DE ‘OMBUNDSMAN’ PARA ARBITRAR RELAÇÕES PRODUÇÃO/DISTRIBUIÇÃO

ção" que teria por missão arbitrar os litígios entre fornecedores e as cadeias de supermercados, investigar denúncias anónimas e aplicar sanções àqueles que estejam em situação de incumprimento. Esta decisão surgiu em resultado de uma decisão da Comissão de Concor-rência britância, de Abril de 2008, que assinalava que as quatro grandes cadeias de distribuição a operar no país (Tesco, Asda, Sainsbury e Morrison) se

aproveitavam do seu poder de merca-do para exercer acções de concorrên-cia desleal sobre os seus pequenos fornecedores. No que se refere às políticas de penali-zação, o governo é de opinião que a melhor medida para fazer alterar a ati-tude de uma cadeia de distribuição é penalizar a sua imagem pública, divul-gando amplamente os seus comporta-mentos anti-competitivos. Não obstan-te, pretende também regular-se a capa-cidade de impor sanções económicas mais adequadas.

in Agrodigital

O governo britânico pretende criar a figura de um Provedor/Árbitro ("Ombudsman"), no âmbito da Comis-são de Concorrência, que tem por missão garantir o cumprimento do código de boas práticas entre os princi-pais supermercados do Reino Unido e os seus fornecedores. Em Maio do ano passado, o governo publicou uma proposta de lei para criar o "Provedor do Código da Distribui-

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LTO: PREÇOS COMUNITÁRIOS NO MÊS DE MARÇO COM QUEBRA DE UM CÊNTIMO

ou seja 0,0157 €/kg menos do que no mês anterior. Na Alemanha, a Humana Milchunion pagou 0,3204 €/kg, preço similar ao pago em Janeiro e Fevereiro. A Alois Müller, pagou mais, um preço médio de 0,3295 €/kg. Na Suécia e na Dinamarca, a Arla pagou aos seus produtores o leite a 0,3208 €/kg (-0,0038 €/kg do que no mês anterior) e na Finlândia, a Hämeen-linnan pagou o leite a 0,3935 €/kg. Em França, a cooperativa Sodiaal é das que pagou um preço mais baixo (0,3281 €/100 kg), enquanto outras indústrias pagaram acima dos 0,34 €/kg: a Bongrain a 0,3402 €/kg, a Danone a 0,3445 €/kg e a Lactalis a 0,3473 €/kg. No Reino Unido, os preços oscilaram entre os 0,3114 €/kg da First Milk e os 0,3444 €/kg da DairyCrest. Na Irlanda, a Kerry pagou em Março o mesmo preço que leva praticando desde Abril de 2011 (0,3283 €/kg). Glanbia pagou o leite a 0,3391 €/kg. Na Holanda, a FrieslandCampina pagou o leite a 0,3096 €/kg (-0,015 €/kg) e a DOC Kaas a 0,3205 €/kg (-0,01 €/kg). Em Itália, a Granarolo pagou o leite a 0,4164 €/kg.

Preços lácteos internacionais baixam face ao aumento da oferta No mercado internacional dos produ-tos lácteos reina um sentimento negati-vo desde as últimas semanas, o que se está a traduzir em preços mais baixos. O motivo é um aumento de produção superior ao esperado e uma menor procura nos mercados de exportação. Desde o início de 2012, os preços da manteiga já caíram 1.000 euros a tone-lada, enquanto os do leite em pó intei-ro e desnatado baixaram 450 e 320 euros/tonelada, respectivamente. O consumo nos países desenvolvidos permanece inalterado, de modo que aumento da produção tem que seguir para os mercados de exportada. Não se espera que os preços internacionais dos produtos lácteos subam, enquanto não for absorvido este excedente de produção. O momento em que isso acontecera vai depender de como se desenvolva a produção leiteira no hemisfério norte. De acordo com a avaliação da organi-zação European Dairy Farmers, os pre-ços de mercado dos produtos lácteos são mais afectados pelas variações da produção do que da procura. Os ope-radores estão agora numa posição de expectativa.

in Agrodigital

Os produtores da UE receberam o seu leite, em Março, a preço médio de 33,7 cêntimos/kg, o que representa um decréscimo de 1 cêntimo/kg em rela-ção a Fevereiro, mês que havia apre-sentado um preço semelhante ao de Janeiro. Em relação a um ano atrás, o preço de Março foi inferior em 1,5 cêntimos face o do mesmo mês de 2011. Estes preços foram calculados pela LTO com base nos preços pagos por várias empresas a operar no terri-tório comunitário. Nos EUA, o preço também caiu em Março, mas menos do que na União Europeia: -0,3 cêntimos/kg. No entan-to, em Fevereiro a quebra havia sido de 2,7 cêntimos/kg face a Janeiro. O preço médio de Março foi de 29,24 cêntimos/kg (para o leite classe III), sendo um valor 3,5 cêntimos/kg menor do que o de Março de 2011. O preço médio na Nova Zelândia em euros também dimi-nuiu, mas essencialmente devido à taxa de câmbio (-0,5 cêntimos/kg). Em Mar-ço, foi pago a um preço médio de 31,47 cêntimos/kg, mais um cêntimo do que no mesmo mês do ano passado. Ao nível de empresas, na Bélgica, a Milcobel pagou em Março a 0,306 €/kg,

QUEBRA DE 6% NO LEILÃO DA FONTERRA

Os preços de leite em pó inteiro (WMP) e do leite em pó desnatado (SMP) retornaram a patamares de anos anteriores. O leite em pó inteiro fechou com um preço de 2.546 dóla-res/tonelada, o que significa uma que-bra de 8,9%. e o leite em pó desnatado viu o seu preço cotado a 2573 dólares/tonelada, apresentando uma descida de 5,4%. O queijo cheddar, por seu lado, acabou por apresentar apresentou uma

quebra menos brusca de 0,2%, sendo cota-do a 2.857 dólares/tonelada. Ao invés, a caseína, com um pre-ço médio de 6.244 dólares/tonelada foi o único produto licita-do que apresentou uma variação positiva (0,7%), embora ligei-ra.

in gDT/MilkPoint

O último leilão realizado pela platafor-ma globalDairyTrade (gDT) da Fonter-ra, no dia 15 de Maio, apresentou mais uma nova queda no valor médio dos produtos lácteos, que fechou a 2619 dólares/tonelada, sendo a segunda que-da mais forte desde o início deste ano. A descida aconteceu praticamente de forma generalizada em todos os produ-tos colocados no leilão, com excepção da caseína.

A relação preliminar de 1,45 entre leite e ração, anunciada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), equi-para-se com o milk/feed ratio obtido em junho de 2009, que foi o ponto mais baixo de um ano considerado particularmente mau. A relação entre leite e ração é uma aproximação gros-seira da rentabilidade leiteira com base nos custos actuais da alimentação ani-mal e os preços do leite na origem. Os elevados custos de alimentação e quebra dos preços do leite foram res-ponsáveis pelo baixo desempenho des-ta relação nos últimos meses. O preço do leite utilizado pelo USDA caiu de 0,380 dólares em Março para 0,373 dó-lares/kg em Abril. O preço do milho em Abril foi um pouco baixo do que o de Março - 6,14 contra 6,35 dólares por bushel -, mas o preço da soja aumentou de 13 dólares por bushel em Março, para 13,80 dólares em Abril.

in Dairy Herd/MilkPoint

MILK-FEED RATIO AO NÍVEL DE 2009

56 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

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Os preços globais dos produtos lácteos estão entre 20% a 30% menores do que o pico alcançado no mesmo perío-do de 2011, à medida que o aumento na produção mundial de leite tem revertido déficits na oferta em exce-dentes. Como resultado, os maiores stocks deverão manter a pressão de baixa nos mercados lácteos internacio-nais na segunda metade de 2012, de acordo com o United States Dairy Export Council (USDEC). A última reunião da USDEC atraiu um número recorde de espectadores - o que reflecte o amplo entendimento da necessidade de operar mais efectiva-mente nos mercados internacionais. As actuais condições de enfraquecimento dos preços são "uma dolorosa reafir-mação de que os ciclos de mercado continuarão, mesmo que a procura, ao longo do tempo, seja superior à ofer-ta", disse o presidente do USDEC. "De facto, este é um período de redução temporária que muitos dos nossos programas pretendem abranger". Tom Suber pediu aos exportadores norte-americanos para protegerem o volume e os ganhos de participação de mercado acumulados em 2010-11. "Não podemos perder o êxito e o

AUMENTO DA PRODUÇÃO FAZ QUEBRAR PREÇOS

equilíbrio no mercado mundial através dos nossos stocks de cada vez que a oferta e a procura entram em desequi-líbrio". As condições de mercado no curto prazo são desafiadoras. Impulsio-nados pelo clima e pelos fortes preços ao produtor, a produção de leite nos cinco principais blocos/países exporta-dores (União Europeia, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália e Argentina) aumentaram em mais de 3% na actual campanha produtiva, refere o USDEC. "A procura internacional mostrou-se insuficiente para absorver todo o exce-dente gerado nas regiões exportado-ras", disse o analista do Rabobank, Tim Hunt. "Mais leite está a ser canalizado para o fabrico de commodities stocká-veis em resultado disso e existem alguns sinais iniciais de acumulação de stocks, à medida que se desenvolve o aumento na produção na UE e nos Estados Unidos". No ano passado, quando os maiores compradores de produtos lácteos do mundo, Argélia, China e Rússia, colecti-vamente recuaram nas suas aquisições na segunda metade do ano, o Sudeste Asiático, o Médio Oriente, o Norte de África e outros países mais do que compensaram essa desaceleração.

Tim Hunt espera que as condições de mercado melhorem no final de 2012 ou no começo de 2013, à medida que o equilíbrio entre procura e oferta melhore. "O crescimento estrutural tende a manter-se intacto", disse ele.

in Dairy Herd/MilkPoint

MERCADOS EMERGENTES AGUENTAM PROCURA

A oportunidade de negócios para a indústria láctea a nível mundial está nos 2,7 mil milhões de novos consumidores das nações em desenvolvimento, espe-cialmente, da China, Índia, Indonésia, Brasil, Paquistão e Quénia. A população de baixos rendimentos destes países, que ganha entre 2 e 8 dólares por dia, corresponde a 40% da população mun-dial, responde por 38% do consumo de produtos lácteos líquidos, com um con-sumo de 72,5 mil milhões de litros registados em 2011. A radiografia do sector foi feita pela Tetra Pak, que está presente em 85 países, através de um relatório anual que procura identificar as tendências do sector. "O crescimento dos países emergentes nos últimos dez anos possi-bilitou que milhões de consumidores de baixos rendimentos tivessem acesso aos bens de consumo", avalia Dennis Jönsson, CEO da empresa.

O recente relatório indica estes futuros consumidores como DIP - Deeper in the Pyramid. Segundo a Boston Consul-ting Group, que auxiliou a Tetra Pak a identificar a nova estratégia, os hábitos de consumo desta população estão em transformação. A empresa está convic-ta de que será necessária a distribuição em pequenos estabelecimentos e que os produtos deverão ser colocados no mercado em embalagens de menor capacidade, com custo mais barato, em torno de 0,20 dólares para leites acho-colatados e aromatizados. O estudo revela que o consumo global de produtos lácteos líquidos aumentará cerca de 3% ao ano até 2014 na Ásia, África e América Latina. As bebidas à base de ácido láctico, espécie de iogur-te líquido, leites infantis e aromatiza-dos, devem crescer 12, 9 e 5 por cen-to, respectivamente, na Ásia.

in Valor/MilkPoint

■ Informação ANIL Mai 2012 ■ 57

Em 2011, a produção de leite sofreu um aumento considerável face ao ano precedente, tanto na UE, como nos EUA e na Oceânia. Na UE, a recolha de leite aumentou 2,1% face a 2010, mas este crescimento não foi uniforme, já que houve países em que a produção apresentou mesmo quebras, de acordo com os dados da Comissão. Dentro dos países que aumentaram as suas produções, pode proceder-se a uma divisão em três grupos: crescimen-to elevado (>4%), crescimento médio (entre 2 e 4%) e crescimento reduzido (<2%). A França foi o segundo país com o crescimento mais elevado (+5,5%), apenas superado pela Letónia (+5,8%). A Áustria é o terceiro país que se inte-gra no grupo de crescimento elevado.

Os países que apresentaram um aumento intermédio – entre 2 e 4% – são, para além de Espanha, a Alemanha, a Polónia, a Irlanda, a República Checa e a Lituânia. No grupo de crescimento reduzido (inferior a 2%) estão o Reino Unido, a Bélgica, a Holanda, a Estónia, a Eslovénia e a Dinamarca. Os restantes países apresentam reduções de produ-ção face a 2010, sendo especialmente fortes as quebras registadas em Itália e na Bulgária, ambas superiores a 7%.

in Agrodigital

GRANDES OSCILAÇÕES DA PRODUÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA

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58 ■ Informação ANIL Mai 2012 ■

À MESA COM QUEIJOS PORTUGUESES ARTIGO DO CRÍTICO MÁRIO RODRIGUES NO SITE ESCAPE.PT Caseus, era assim que se chamava em latim popular o produto que faz parte dos hábitos alimentares dos Portugue-ses. Queso, foi a palavra original prove-niente de Espanha, no ano de 980, que deu origem à actual palavra queijo em Português. Pensa-se que a sua origem será anterior à pré-história, possivel-mente no Médio Oriente, quando as ovelhas começaram a ser domesticadas, tendo surgido a ideia de ordenhar os animais para beber o seu leite, primeiro produto a aparecer, anterior aos quei-jos. Posteriormente propagou-se à Europa, ainda anterior à época dos Romanos. Ácidos e salgados era como se pensa que seriam os primeiros queijos, que teriam sido descobertos por mero aca-so com a transformação do leite em coalha e separação do soro. Com o clima mais frio na Europa do que no médio-oriente, a necessidade de sal para a sua conservação é menor, tornando as condições para o desenvolvimento de variedade de micróbios benéficos e mofos, base para que os queijos mais velhos tenham o sabor característico. Já no tempo dos Romanos o queijo era um alimento diário, sendo o processo de confecção não muito diferente dos dias de hoje e bastante bem desenvolvido. Na Europa, com as ordens religiosas, os queijos ganharam em qualidade e padrão, e depois, com a descoberta da pasteurização e a Revolução Industrial, a sua produção teve grandes avanços. O queijo é um alimento sólido, e em Portugal é normalmente feito a partir do leite de vacas, cabras e ovelhas. Na Suíça, em 1815, surgiu a primeira produ-ção industrial, mas foi nos EUA que verdadeiramente se desenvolveu a pro-

dução em larga escala. A partir de 1860, a ciência teve um papel importante na evolução do queijo que nos dias de hoje é consumido. As diferentes formas, tex-turas, sabores, odores e cores devem-se ao tipo de leite e processo empregue na fabricação. Existem hoje no mundo mais de 1.000 tipos de queijos, sendo que em Portugal existem cerca de quarenta. Os queijos, de forma geral, apresentam na sua composição: água, proteínas, gordura, cloreto de sódio (sal), lactose, ácido lático, sais minerais e vitaminas. São alimentos fundamentais para uma vida saudável, pois são ricos em proteí-nas de alto valor biológico, cálcio, fósfo-ro, zinco, iodo, selénio e vitaminas, entre outros. Nos curados, à medida que o queijo vai envelhecendo há uma redução do teor de água, além da trans-formação da lactose, proteínas e gordu-ras através do metabolismo das bacté-rias lácteas usadas na fabricação, pro-porcionando sabores, odores e texturas distintos. São de fácil digestão, pouca lactose e alto teor de cálcio. Não é um produto fácil em termos co-merciais, pois a sua produção depende de uma série de factores específicos, o seu manuseamento no transporte ne-cessita de frio e com o tempo perde peso. O flamengo e o queijo prato são os mais consumidos e representam a maior parcela do consumo em fast food, snacks, cafés, sendo que mais de 50% do mercado está em duas empresas, com estratégias muito específicas. Portugal tem um consumo por habitan-te/ano de 10,5 kg, sensivelmente 3 a 4 vezes menos do que em países como a Grécia, Suiça, França, Itália. Os tão famosos queijos DOP, representam uma pequena parte em termos de produção.

Como curiosidade esta é uma área de negócio que representa anualmente cerca de 600 milhões de euros, produ-zimos 70 mil toneladas o que equivale à utilização de 700 milhões de litros de leite das várias espécies, sendo que boa parte é exportado para PALOPs, EUA, Canadá e norte de África e importamos 30 mil toneladas devido, em parte, a alguns desajustamentos do mercado. Por todas as questões aqui referidas, será fundamental que o aumento do consumo deste importante produto seja correspondido através do aumento da produção interna e não da importação. Existem nesta área aspectos que pare-cem importantes, como uma maior evo-lução e sensibilização da parte dos pro-dutores, ao nível do marketing e da for-mação técnica, bem como uma maior preocupação de formação dos recursos humanos, de restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos que prestem serviços mais personalizados. À semelhança do que acontece com as harmonizações de vinhos e gastronomia, o incremento das harmonizações de queijos e vinhos, criará condições siner-géticas para os produtores de queijos, dos vinhos e das entidades onde são realizados, como os restaurantes, sendo uma importante alavanca no desenvolvi-mento deste mercado. A ANIL, tem tido um papel importante, no que penso ser o início de todo este processo evolutivo. Recentemente foi realizada a final do Concurso Sabores de Idanha/Sogrape 2012, com os alunos das Escolas de Hotelaria e Turismo do Turismo de Portugal, utilizando os quei-jos da Cooperativa de Produtores de Queijo da Beira Baixa, criando novos sabores, texturas e cores e harmonizan-do-os com os vinhos da Sogrape. Um bom exemplo para a formação profissio-nal, que esperamos ver repetido por esse país fora.

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