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ANGOLA Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Maio de 2014 Parceiro estratégico:

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ANGOLA

Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

Maio de 2014

Parceiro estratégico:

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Índice

1. SADC. Enquadramento regional, político e económico ................................................................................. 24

1.1. Caracterização da comunidade .................................................................................................................... 24

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC. ................................................................................... 24

1.1.2. Os Estados Membros da SADC...................................................................................................... 26

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC ...................................... 27

1.2. A SADC enquanto comunidade económica .............................................................................................. 33

1.2.1. SADC e a COMESA ........................................................................................................................ 37

1.3. As economias da SADC ............................................................................................................................ 38

1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África. .............................. 38

1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural. ............................................................................... 39

1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano. ...................................................... 41

1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

Regiões de forte orientação agrícola. ....................................................................................................... 42

1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial. ............................. 43

1.3.6. Seicheles. SIDS com economia orientada para o Turismo. ........................................................... 44

1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços. .......................................... 45

1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. ................. 46

1.4. Trocas comerciais na SADC ..................................................................................................................... 48

1.4.1. Complementaridade das Economias .............................................................................................. 48

1.4.2. Comércio intrarregional ................................................................................................................... 49

1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região ............................ 51

1.5. Comércio extrarregional ............................................................................................................................ 54

1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC ...................................................................................... 54

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC ................................................................................... 61

1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC ................................................................................................. 65

1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial............... 67

1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos ........................................................... 68

1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas ..

................................................................................................................................................................... 71

2. África do Sul. O país com maior peso na região ............................................................................................ 76

2.1. Macroeconomia ......................................................................................................................................... 76

2.1.1. PIB da economia Sul-Africana ........................................................................................................ 76

2.1.2. Orçamento Geral do Estado ........................................................................................................... 77

2.1.3. Dívida Pública externa e interna ..................................................................................................... 78

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2.2. Estrutura produtiva .................................................................................................................................... 79

2.2.1. PIB por Setor ................................................................................................................................... 79

2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado ................................................................................ 80

2.3. Política económica .................................................................................................................................... 81

2.3.1. Perspetivas futuras ......................................................................................................................... 81

2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul ....................................................................................... 81

2.4. Infraestruturas e energia ........................................................................................................................... 84

2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas ............................................................. 92

2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais ........................................................................................ 96

2.7. Principais setores de oportunidade ......................................................................................................... 108

2.8. Investimento direto estrangeiro de, e para a África do Sul ..................................................................... 110

2.9. Financiamento à Economia ..................................................................................................................... 111

2.9.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................... 111

2.9.1. Bancarização da população .......................................................................................................... 112

2.9.2. Microcrédito ................................................................................................................................... 113

2.9.3. Taxas de juro de financiamentos .................................................................................................. 113

2.9.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................ 114

3. Angola. A 2ª principal economia da SADC................................................................................................... 116

3.1. Macroeconomia ....................................................................................................................................... 116

3.1.1. PIB da economia angolana ........................................................................................................... 116

3.1.2. Orçamento Geral do Estado para 2013 ........................................................................................ 117

3.1.3. Dívida Pública ............................................................................................................................... 118

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira ................................................................................................... 119

3.1.5. Nível de financiamento à economia .............................................................................................. 119

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez ....................................................................... 120

3.2. Política Económica .................................................................................................................................. 122

3.3. Estrutura produtiva .................................................................................................................................. 130

3.3.1. PIB por setor ................................................................................................................................. 130

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado ....................................................................................... 131

3.4. Petróleo e Gás Natural ............................................................................................................................ 133

3.5. Infraestruturas e energia ......................................................................................................................... 135

3.6. Polos industriais e agroindustriais ........................................................................................................... 150

3.7. Abertura da economia e relações comerciais ......................................................................................... 152

3.8. Investimento privado de e para Angola ................................................................................................... 160

3.8.1. Principais investimentos privados em Angola ............................................................................... 160

3.8.2. Investimento Direto Estrangeiro .................................................................................................... 161

3.9. Principais setores de oportunidades na economia ................................................................................. 166

3.10. Financiamento à economia ..................................................................................................................... 168

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3.10.1. Principais bancos presentes ......................................................................................................... 168

3.10.2. Bancarização da população .......................................................................................................... 169

3.10.3. Taxas de juro de financiamentos .................................................................................................. 169

3.10.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................ 170

4. Investir em Angola ........................................................................................................................................ 172

4.1. Como investir em Angola? ...................................................................................................................... 172

4.2. Incentivos e benefícios ao investimento.................................................................................................. 173

4.2.1. Incentivos à captação de IDE ....................................................................................................... 176

4.3. Principais mecanismos de financiamento ............................................................................................... 180

4.4. Competitividade de Angola no contexto regional .................................................................................... 182

4.5. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação ................................................................................. 183

4.5.1. Exportações – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos ....... 183

4.5.2. Entrada e saída capitais ................................................................................................................ 185

4.5.3. Estabilidade legal e fiscal - Barreiras legais, fiscais e regulamentares ........................................ 187

4.5.4. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra ................................................................... 199

4.5.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade ..................................... 200

4.5.6. Sistema jurídico e judiciário .......................................................................................................... 202

4.5.7. Resolução extrajudicial de litígios ................................................................................................. 203

4.6. Principais caraterísticas dos Acordos de Angola no domínio do comércio e investimento .................... 205

4.6.1. Protocolos existentes na SADC e posicionamento de Angola face aos mesmos. ....................... 205

4.6.2. Acordos essenciais de Angola na área do comércio (ACI, APPRI, ADT) .................................... 205

4.6.3. Acordos entre EUA e Angola – AGOA .......................................................................................... 206

4.6.4. Acordos entre a UE e Angola........................................................................................................ 206

5. Atratividade de Angola no contexto CPLP ................................................................................................... 210

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Acrónimos e abreviaturas de termos utilizados

ACP – African, Caribbean, and Pacific Group of States

ACI - Acordos Comerciais de Investimento

ADT – Acordo para evitar a Dupla Tributação

AGO – Angola

AGOA – African Growth and Opportunity Act

ANIP – Agência Nacional de Investimento Privado

APPRI – Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos

ASEAN – Association of Southeast Asian Nations

BAfD – Banco Africano de Desenvolvimento

BD – Barris (de petróleo) por dia

BDI – Burundi

BEI – Banco Europeu de Investimento

BIT – Bilateral Investment Treaty

BM – Banco Mundial

BNA – Banco Nacional de Angola

BNT – Barreiras Não Tarifárias

BTA – Bilateral Trade Agreements

BT – Barreiras Tarifárias

BWA – Botsuana

CAGR – Compound Annual Growth Rate - Taxa de crescimento anual composta

CAF – República Centro-Africana

CCI – Câmara de Comércio Internacional

CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal - Angola

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CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental

CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central

CGD – Caixa Geral de Depósitos

CMR – Camarões

COD – República Democrática do Congo

COG – Congo

CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

CRIP - Certificado de Registo de Investimento Privado (Angola)

DB – Ranking Doing Business

EIU - Economist Intelligence Unit

EM – Estados Membros

EUA – Estados Unidos da América

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

FMI – Fundo Monetário Internacional

GAB – Gabão

GATT – General Agreement on Tariffs and Trade

GNL – Gás Natural Liquefeito

GNQ – Guiné Equatorial

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPA – Investment Promotion Agency

IRT - Imposto sobre o Rendimento do Trabalho

LSO – Lesoto

LUPP – Luanda Urban Poverty Programme

MDG – Madagáscar

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MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MIGA - Agência Multilateral de Garantia de Investimentos

MMTZ – Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia

MPME – micro, pequenas e médias empresas

MOZ – Moçambique

MUS – Maurícias

MWI – Maláui

NAM – Namíbia

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OEM – Original Equipment Manufacturer

OMC – Organização Mundial do Comércio

OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PE – Projetos Estruturantes

PIB – Produto Interno Bruto

PME – pequenas e médias empresas

PPPs – Parcerias Público-Privadas

PTAs – Preferential Trade Arrangements

RDC – República Democrática do Congo

SACU – Southern African Customs Union

SADC – Southern African Development Countries

SIDS – Small Islands Developing States

STP – São Tomé e Príncipe

SWZ – Suazilândia

SYC – Seicheles

TBI – Tratado Bilateral de Investimento

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TCD – Chade

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

TZA – Tanzânia

UE – União Europeia

UNCTAD – United Nations Conference for Trade and Development

USAID – United States Agency for International Development

WTTC – World Travel & Tourism Council

ZAF – África do Sul

ZCL – Zona de Comércio Livre

ZMB – Zâmbia

ZWE – Zimbabué

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Nota prévia

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Nota prévia

O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa (“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).

Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.

Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.

As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.

Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita.

Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham

acesso ao presente documento.

Projeto Co-Financiado:

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Sumário

Executivo

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Sumário Executivo

A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes.

Entre estas, os países da CPLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAE Macau) assumem um papel relevantíssimo, não só pelo seu potencial intrínseco, mas também por se encontrarem inseridas em comunidades económicas regionais em crescente integração económica. Constituem, assim, um incontornável desafio e uma oportunidade única para os empresários nacionais.

Com efeito, os países da CPLP e a RAE de Macau encontram-se integrados em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes.

Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes.

Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro.

CPLP

Características

%

Comércio CPLP

(% Quota Mundial)

% - Valor

População CPLP 2012, % da população mundial

3,68% CPLP - Total do comércio mundial

3,9% - US$ 706 mil milhões

PIB 2012, % do PIB mundial 3,67% Exportações totais CPLP 2,1% - US$ 379 mil milhões

Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP 1,8% - US$ 327 mil milhões

Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86%

Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat

Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na proximidade cultural e na complementaridade de competências.

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O reforço da integração no espaço comum lusófono e o estabelecimento de players regionais e de redes de empresas oriundas desse espaço facilitarão o acesso a novos consumidores, com preferências tendencialmente convergentes, e a mercados com elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte necessidade de investimento.

Por outro lado, o desenvolvimento será exponenciado com o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas regionais, aumentando ainda o grau de integração de cada uma das comunidades económicas regionais.

Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não apresentam, ainda, um nível de concorrência particularmente elevado, podendo conferir uma vantagem relevante (first mover) aos investidores

que primeiro acedam ao mercado.

As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal de adesão à ASEAN.

Comunidades económicas regionais*

ASEAN

Estados Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei Darassalam, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja.

Membros observadores: Papua Nova Guiné e Timor-Leste.

SADC

Estados Membros: Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

CEEAC

Estados Membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro - Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão

e São Tomé e Príncipe.

MERCOSUL

Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

CEDEAO

Estados Membros: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal,

Serra Leoa e Togo. * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa comunidade económica regional foi analisada enquanto plataforma para a China e RAE Hong-Kong.

*RP China e RAE Macau

2.35% 2.60%

3.24% 3.40% 3.38% 3.54%

3.31%

4.04% 4.37% 4.46% 4.51% 4.49%

2%

3%

4%

5%

2013 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de crescimento estimada

CPLP Mundo

Fonte: FMI e análise PwC

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O presente guia procura, portanto, enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu.

Para o efeito procurou-se caracterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e os países da CPLP. Foi analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que resultam no presente guia de investimento não só para os mercados alvo, neste caso Angola, como também para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica.

Angola e a SADC

No presente estudo procurou-se analisar em que medida a crescente integração regional de Angola na SADC, apoiada no seu nível de recurso naturais e rendimento disponível, no desenvolvimento das ligações aos países vizinhos (nomeadamente à República Democrática do Congo e Namíbia) e na vontade política em substituir as importações por produção interna, poderão incrementar o potencial de crescimento deste país e permitir o desenvolvimento de oportunidades de IDE em Angola e nos mercados adjacentes pelos agentes económicos da CPLP (sendo o oposto, igualmente, um objetivo).

As relevantes potencialidades da SADC poderão ser exploradas pelos países da CPLP, nomeadamente através dos seus 2 países membros que pertencem à comunidade, Angola e Moçambique. Muito embora estes países apresentem diferenças endógenas que deverão ser consideradas, ambas as nações apresentam caraterísticas comuns, enquanto grandes produtores ou potenciais produtores de oil&gas, forte potencial agrícola, interesses económicos estratégicos com a Africa do Sul, a mesma língua oficial e relevantes laços culturais com os demais países da CPLP. Acresce que Angola e Moçambique são das economias mais dinâmicas da região. De entre as características de Angola destacam-se: i) o português como uma das línguas oficiais, ii) bases legais e regulatórias fortemente influenciadas pela legislação portuguesa, iii) fortes relações económicas entre Angola e Portugal, iv) consciência do Estado, enquanto dinamizador da diversificação da economia, consolidação dos agregados macroeconómicos e pilar da melhoria do bem-estar da população, e, v) capacidade de atração de montantes significativos de IDE, em particular de Portugal.

Angola tem registado um forte crescimento económico, sendo um dos países com maior crescimento anual do

PIB. No entanto verificam-se constrangimentos ao crescimento económico que se centram na i) dependência

de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo; e, na ii) concentração da atividade do país no

setor petrolífero (o setor petrolífero representa 45% do PIB, 60% das receitas fiscais, e mais de 90% das

exportações). O Governo estabeleceu objetivos estratégicos de médio e longo prazo para o desenvolvimento

do país tendo em consideração os aspetos acima referidos. Para a sua concretização foi definido um plano de

apoio ao crescimento dos setores de i) serviços comerciais (logísticos, telecomunicações e tecnologia), ii)

agricultura, iii) energia, e iv) construção, perspetiva que se reforça através do previsível aumento do consumo

privado.

O investimento público e privado apresenta ainda níveis reduzidos. No entanto o Estado tem inscrito nos seus

orçamentos um aumento médio de 60% das despesas de investimento. A este facto acresce a constituição de

um Fundo Soberano, em outubro de 2012, no valor inicial de US$ 5 mil milhões, para gerir de modo eficaz e

sustentável as receitas petrolíferas angolanas, canalizando-as para projetos de investimento críticos para o

desenvolvimento do país.

No entanto o fator essencial de crescimento no médio prazo de Angola assenta novamente no setor do

petróleo e do gás natural. Encontram-se estimadas cerca de 297 mil milhões de metros cúbicos de reservas no

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território, para além de reservas de gás seco. Prevê-se que o efeito de exploração deste recurso possa

corresponder comparativamente, em termos de receitas, a um aumento de 6,5% do output de produção de

petróleo atual.

O Plano Nacional de Desenvolvimento para 2013-2017, o plano dos Projetos Estruturantes de Prioridade Nacional e o modelo de desenvolvimento económico da “Estratégia Angola 2025” estabelecem parte das orientações estratégicas de Angola a médio prazo, sendo de realçar os seguintes investimentos por setor:

i) Energia – investimentos nas centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, Jamba-ya-Mina e Jamba-ya-oma, e investimento na central de ciclo combinado do Soyo;

ii) Transportes – programa de recuperação das vias secundárias e programa de recuperação e conservação das vias terciárias, com investimento previsto superior a US$ 400 milhões; e

iii) Água e saneamento – programas de desenvolvimento de abastecimento de água para as sedes de província, municípios mais populosos e meios rurais, com investimento previsto superior a US$ 600 milhões.

Refira-se ainda que uma parcela significativa do investimento anual de Angola (cerca de US$ 4,3 mil milhões) é canalizada para o setor dos transportes. A sua melhoria e modernização requerem i) a recapacitação da estrutura portuária, e ii) recuperação da infraestrutura ferroviária do país, com uma potencial ligação económica à SADC e CEEAC. No entanto, o capital disponível é limitado para os objetivos, pelo que, o sucesso das metas globais pretendidas depende, inquestionavelmente, da retoma dos níveis de investimento direto estrangeiro, que i) potenciam laços comerciais e culturais, ii) trazem o conhecimento e a experiência necessária ao desenvolvimento de setores de ponta, iii) criam ganhos económicos indiretos em setores diversos, iv) ajudam a fixar a presença estrangeira no país, e v) constituem-se como elementos-chave do sucesso dos megaprojetos do executivo angolano.

Setores relevantes no país:

Agricultura, pecuária, pescas

Petróleo bruto e gás natural

Construção

Comércio

Conforme adiante melhor se desenvolve, as principais oportunidades em Angola encontram-se nos seguintes

setores:

Setor primário:

terra arável com uma considerável aptidão agrária e elevada biodiversidade;

perspetivas de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado;

zona económica exclusiva com abundantes recursos piscatórios; e,

satisfação das necessidades alimentares de uma crescente população portuguesa expatriada e

emigrante, através do cultivo e da pecuária em Angola que responda às suas preferências.

Setor secundário:

elevado potencial de produção de eletricidade através de energias renováveis;

vastas reservas de gás natural por explorar;

potencial significativo diamantífero que ainda não está a ser explorado, que poderá transformar Angola

num dos maiores produtores de diamantes a nível mundial;

recursos petrolíferos estratégicos para o país, dentre os quais se destaca a descoberta de novos

campos de produção;

condições adequadas para a implantação e desenvolvimento de complexos industriais;

premente necessidade de reabilitação de infraestruturas, com destaque para rodovias, ferrovias,

pontes, redes de telecomunicações, redes de exploração e distribuição de água, e meios de produção

e distribuição de eletricidade; e,

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requalificação e modernização do ensino nacional, com a construção de novas universidades,

institutos politécnicos, escolas profissionais, escolas do ensino superior e escolas do ensino médio.

Setor terciário:

oportunidades de exploração turística associadas a novos polos de desenvolvimento (turismo de

negócios, social, lazer, etc.);

expansão do setor do comércio grossista e retalhista com base no aumento do poder de compra, e

com a diversificação dos hábitos de consumo da população; e

requisitos de obrigatoriedade de apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de

investimento.

Comércio Internacional de Angola com

os parceiros económicos:

Como referido, Angola apresenta

diversas oportunidades, desde o setor

primário ao setor terciário, estando este

último ainda muito concentrado nos

grandes polos urbanos de Luanda, Lobito

e Huambo.

Os maiores fatores dissuasores ao

investimento e comércio em Angola são:

um elevado capital para o investimento

inicial, o tempo necessário para iniciar a

atividade e os custos de contexto.

A entrada no mercado angolano é um

processo gradual, embora aspetos

facilitadores como seja i) o elevado nível

de bancarização da população, apenas

suplantado pela África do Sul e por

Moçambique, ii) sustentabilidade do

setor-estado, iii) crescente população

residente emigrante, parte significativa

oriunda de países desenvolvidos, e iv)

rápida interligação com as redes de

negócios locais.

As suas principais relações comerciais são com a China, EUA, África do Sul e Portugal, que representam, no

conjunto cerca de 55% das importações totais de Angola. O peso total e relativo da China tem vindo a

aumentar, contrastando com a redução da importância relativa do Brasil.

As importações de Angola ascendem a um total anual aproximado de US$ 24 mil milhões. A composição das

importações evidencia a dependência de Angola, relativamente aos países industrializados, em resultado de

uma base industrial reduzida.

Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros

comerciais, que totalizaram US$ 24 mil milhões, identificamos de

seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que

representam 49% das importações, no montante de US$ 11.811

milhões, e a negrito os produtos que poderão apresentar

oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas

para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores;

Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas;

Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e

peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de

ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para

canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico;

Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e

aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns;

Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos,

tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e

velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de

construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica;

Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas,

compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento

e refrigeração.

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

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Portugal tem aumentado as exportações

para Angola, e acima de tudo a sua quota

de mercado (tendo atingido 20%, acima

dos 6% registados pelo Brasil, com base

em informação de 2012).

Os produtos portugueses mais

exportados para Angola em 2012 foram

as bebidas alcoólicas (US$ 384 milhões),

mobiliário e peças (US $ 204 milhões) e

estruturas e peças de ferro, aço, alumínio

(US$ 171 milhões).

Os investidores portugueses poderão

procurar antecipar a expansão dos

setores económicos com maior potencial

de crescimento e abertura como o setor

agrícola, o setor das águas e do

saneamento básico, o setor da saúde, o

setor alimentar, o setor da distribuição, o

setor da educação, o setor das

telecomunicações, o setor da água, o

setor das obras públicas e da construção

cívil, continuando a afirmar a sua

presença no setor financeiro e serviços especializados.

De notar que o Governo de Angolano, com o objetivo de concretizar a sua estratégia de substituição de

importações e procurando estimular o desenvolvimento dos setores de atividade não petrolíferos, efetuou

alterações à pauta aduaneira (em vigor a partir de 2014), o que agravou as condições de exportação de alguns

dos principais produtos portugueses, pelo que será expetável a substituição de algumas exportações por

investimentos diretos e a respetiva procura de novos mercados.

Portugal, com a sua elevada penetração no mercado, e com a representatividade que tem ao nível dos

produtos exportados, deverá defender a sua quota de mercado e expandir o seu alacance geográfico,

continuando o esforço de posicionamento e melhorando a fidelização do consumidor angolano a produtos de

qualidade.

O setor de construção continua também a ser apetecível, já que representa uma oportunidade de comércio de

um muito amplo leque de produtos e serviços, desde chapas de alumínio a máquinas de construção (cerca de

35% do total de importações angolanas corresponde a maquinaria e equipamento de transporte).

Southern Africa Development Countries (SADC)

A SADC tem vindo a reforçar o seu impacto na comunidade internacional e a incrementar a integração da sua

zona de comércio livre. Em termos de setores relevantes na região, são de destacar:

Com o objetivo de melhorar a comunidade económica regional e desenvolver as infraestruturas de transportes

e comunicações, foi implementado pela SADC um programa que visa a liberalização do comércio, a livre

Do total dos produtos importados por Angola a Portugal,

que totalizaram US$ 4,7 mil milhões, identificamos de

seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos

que representam 55% das importações, no montante de US$

2,6 mil milhões:

As bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro,

aço, alumínio; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e

secções; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Carne,

miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Medicamentos

(incluindo medicamentos veterinários); Artigos de plástico; Engenharia e

empreiteiros civis, ativo imobilizado; Equipamento para distribuição de

energia elétrica; Fábrica de metais comuns; Bebidas não alcoólicas;

Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Outras

máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Veículos a motor

para transporte de mercadorias, purpo especial; Gorduras vegetais fixas

e óleos, refinado; Papel e cartão, cortados em forma ou tamanho;

Máquinas e aparelhos elétricos; Rodar planta elétrica e suas partes;

Equipamento mecânico manuseio, e suas partes; Peças e acessórios de

veículos; Material impresso; Materiais de construção; Alumínio; e

Luminárias e acessórios

Fonte: UNCTADStat, dados de 2012

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circulação de pessoas, bens e capital, bem como a realizar um conjunto de iniciativas com outras

comunidades regionais, com objetivos ambiciosos a médio prazo.

A SADC conta com um mercado potencial na ordem dos 286 milhões de consumidores, distribuídos pelos

seus EMs que apresentam características distintas, quer do ponto de vista das estruturas produtivas, como da

preferência dos consumidores.

Sendo o nível de complementaridade ainda reduzido na SADC, a intensificação das trocas comerciais é um

dos seus objetivos, pelo que se torna necessária a especialização da cadeia de valor dos EMs. A economia

moçambicana corresponde a 2,3% do PIB da SADC, a 6ª mais significativa ao nível da comunidade,

apresentando, contudo ainda um nível reduzido de relações comerciais com os restantes EMs com exceção

da África do Sul, sendo que 31% das suas importações são oriundas deste país.

Nas exportações da SADC o petróleo tem um peso significativo. Os mercados de maior relevância são a China

(em resultado da sua incremental presença em África, através de uma política de apoio ao desenvolvimento

obtendo como contrapartida recursos naturais).

Os produtos mais importados

pela SADC são os óleos

brutos, óleos de petróleo,

veículos automóveis para

transporte de pessoas,

equipamentos de

telecomunicação e máquinas

para a construção civil.

Refira-se que a China surge

como concorrente de alguns

produtos que formam a base

industrial portuguesa, tendo

como fator competitivo, o

baixo preço.

Quanto às importações da

SADC a Portugal, é de

destacar o seu grau de

diversificação que

compreende maquinaria e

equipamentos de transporte,

mas também bens e outros

produtos manufaturados,

produtos alimentares,

tabacos e produtos químicos.

Do total dos produtos importados pela SADC, no total de US$ 216.171 milhões,

identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos

que representam 55% das importações, no montante de cerca de US$ 119.893

milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de

exportação para as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou

de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de

pessoas; Equipamento de telecomunicação; Maquinas para a construção civil;

Veículos a motor para transporte de mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e

semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas

de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias

particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e

aparelhos elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas

comestíveis; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de

borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico manuseio; Aparelhos de

medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e equipamentos

associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas

compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e

refrigeração; Bebidas alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos

da indústria química; Arroz; Trigo e centeio em grão; Papel e cartão; Barras de

ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e óleos, refinado;

Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;

Gorduras vegetais e óleos e refinado; Automóveis; Aparelhos para

canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Equipamento para distribuição

de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos domésticos

elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão

interna e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento;

Cobre; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; e Materiais de

construção.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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Nas trocas comerciais entre a SADC e os

países da CPLP, apenas Portugal e o Brasil

têm representatividade significativa (que

resulta, também, do facto de SADC incluir as

duas maiores economias Africanas da

CPLP).

O principal destino das exportações

portuguesas na SADC é Angola, absorvendo

aproximadamente 87% destas. O Brasil

exporta para a SADC, maioritariamente,

produtos agroalimentares, sendo também de

destacar a exportação de maquinaria e

equipamento de transporte. A África do Sul

surge caso como o principal mercado de

destino das exportações brasileiras para a

SADC (54%), seguido de Angola (35%). A

experiência brasileira na região é um fator

que deverá ser analisado com maior detalhe,

dado o nível de penetração alcançado fora

dos países da CPLP, por via das relações

com África do Sul.

Já no domínio das exportações da SADC para os países da CPLP, também Portugal e o Brasil se destacam,

denotando igualmente crescimentos globais relevantes entre 2008 e 2012, de respetivamente 3.876 milhões

de US$ para 6.800 milhões de US$, Tendo Portugal sido o principal importador com cerca de US$ 5.8 mil

milhões em 2012. Portugal importa quase exclusivamente petróleo (93%), as importações do Brasil são mais

diversificadas, incluindo-se i) produtos químicos e relacionados, ii) bens manufaturados, e iii) combustíveis

minerais (85%).

África do Sul

A África do Sul é a principal economia da SADC, responsável por 59% do PIB, e representando 34% do PIB

da África Subsariana (valor revisto em baixa após a atualização da metodologia de cálculo do PIB da Nigéria

para o ano de 2013). É um país com uma razoável rede de infraestruturas, das quais se destaca a sua

estrutura portuária.

Após a recessão ocorrida em 2009, ultrapassada, em parte, pela melhoria da conjuntura externa e por um

conjunto de políticas governamentais expansionistas (que fomentaram a recuperação da procura interna) a

economia Sul-africana retomou o crescimento embora a níveis inferiores. O dinamismo económico da África

do Sul deve-se, por um lado, à relevância do setor mineiro (o qual contribuiu para 10% do PIB), e por outro à

capacidade de gerar riqueza no setor agrícola e de serviços, nomeadamente turismo.

O Governo assenta a sua estratégia global de crescimento e desenvolvimento em 4 pilares fundamentais: i) a

melhoria do bem-estar da população, ii) redução dos custos associados à realização de negócios, iii) aumento

das exportações, e iv) na criação de mais emprego.

Para o efeito, a África do Sul definiu, um conjunto de medidas e objetivos futuros:

Aumento do PIB per capita de US$ 4.700 para US$ 10.500 (2010-2030);

Nível de formação bruta de capital fixo a crescer de 17% para 30%, com o investimento fixo do setor

público a aumentar cerca de 10% até 2030;

Comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030;

Aumento da capacidade portuária do porto de Durban (principal infraestrutura portuária do país) de 3

milhões de contentores/ano para 20 milhões em 2040; e

Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no

valor total de US$ 5.279 milhões, identificamos de seguida,

por ordem decrescente, os 25 principais produtos que

representam 55% das importações do bloco, no montante de

US$ 2.908 milhões:

Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Óleos, petróleo bruto, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para impressão; Materiais de construção; Componentes para máquinas de energia elétrica; Alumínio.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Eletricidade disponível deverá

aumentar mais de 29 000 megawatts até

2030.

De notar que as principais importações

referem-se, maioritariamente, a maquinaria e

equipamento de transporte, óleos brutos de

petróleo, veículos para transporte de pessoas

e equipamentos de telecomunicações,

representando 25% das importações.

As importações da África do Sul à CPLP não

são significativas (4,81%), sendo estas

maioritariamente asseguradas por Angola, e

em segundo lugar pelo Brasil. Portugal tem

uma dimensão reduzida, representando em

2012, 0,13% das importações.

Quanto a exportações da África do Sul estas

compreendem matérias-primas (excetuando

combustíveis – 26%), bens manufaturados

(23%) e maquinaria e equipamentos de

transporte (17%).

Os principais destinatários são países

industrializados como a China, os EUA e o

Japão.

Importa realçar oportunidades identificadas no setor energético, e ao nível de infraestruturas, dada a sua

significativa expansão se encontrar contemplado nos objetivos do Governo. Oportunidades a explorar foram

identificadas no i) desenvolvimento de tecnologia agroindustrial, ii) desenvolvimento de serviços e

equipamentos associados ao cluster da indústria extrativa, ou iii) exploração turística, tendo presente a

possibilidade do país se tornar um hub para a África Austral.

Conclusões Globais

O crescimento de Angola tem sido continuado e o rendimento disponível crescente (muito embora as

desigualdades na sua distribuição). Indentifica-se o início de um processo de industrialização da economia que

ainda não ganhou um “momentum”, ao qual não é alheio a elevada concentração da população em Luanda,

embora as regiões ditas de províncias estejam num processo de desenvolvimento contribuindo desta forma

para a expansão do mercado interno.

As infraestruturas são ainda insuficientes para o setor não petrolífero atingir todas as potencialidades.

Infraestruturas críticas do setor energético, como as barragens hidroelétricas de Matala, Gove, Cambambe e

Mabubas necessitam de melhorias de forma a assegurar a oferta de um input crítico.

No entanto Angola mantém e tem vindo a reforçar da sua condição de centro de negócios atrativo na África

Subsariana, tendo vindo a reforçar o seu peso nas respetivas comunidades económicas a que pertence

(CEEAC e SADC), eventualmente até se revelando como um eixo de consolidação política, social e económica

entre estes 2 blocos, cenário ao qual Portugal não deve ficar alheio.

As estratégias de fortalecimento de relações comerciais, económicas e financeiras entre Portugal, restantes

países da CPLP, e Angola, dependem do aumento da abertura da economia e relações internacionais deste

último com o exterior. Importa referir que o sucesso deste desejável cenário depende, inquestionavelmente, do

trabalho na esfera diplomática entre todas estas nações, o qual conduzirá à definição de metas de

desenvolvimento e sustentabilidade multilateral.

Do total dos produtos importados pela África do Sul aos

seus parceiros comerciais, no valor de US$ 124.245 milhões,

identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25

principais produtos que representam 43% das importações,

no montante de US$ 54.093 milhões, e a negrito os produtos

que poderão representar oportunidades de exportação para

as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo

ou de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos para

transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação;

Maquinas para a construção civil; Máquinas de

processamento de dados; Medicamentos (incluindo

medicamentos veterinários); Veículos a motor para

transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos;

Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e

aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e

componentes; Aparelhos de medição, análise e controle;

Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento

mecânico e componentes; Peças e acessórios para

máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro,

painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e

ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;

Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha

e câmaras-de-ar; Fertilizantes; e Arroz

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

21

É aqui que o papel dos países mais industrializados da CPLP, Portugal e Brasil, pode ser determinante para a

transformação de Angola: estes 2 países têm meios, know-how, experiência e capacidade de resposta às

necessidades angolanas – o seu posicionamento, e o seu reconhecimento, enquanto parceiros de negócio de

excelência para Angola pode mudar em muito o futuro deste país nos próximos anos.

Construção, tecnologia, utilities, indústria agroalimentar, telecomunicações, entretenimento, ensino –

realidades que podem ser construídas com meios portugueses e brasileiros, cujos resultados levarão a ganhos

económicos e de desenvolvimento para todos os parceiros. Este pode ser um passo intermédio que conduz a

um passo mais largo – a interligação de Angola com a África do Sul.

Os EMs membros da SADC ainda têm um caminho a percorrer até que as metas que se propuseram atingir

estejam cumpridas, sendo que Angola pode em muito ajudar ao sucesso destas estratégias. Com efeito, a

recuperação, modernização e expansão das suas infraestruturas portuárias, rodoviárias e ferroviárias permitir-

lhe-á abrir canais para as nações limítrofes (RDC, Namíbia e Zâmbia). Estes serão fundamentais para Angola

escoar a sua produção, e para que estas nações possam ver a sua produção ser escoada para fora do

continente. Prevê-se que Angola venha a aderir à zona de comércio livre da SADC em 2017, o que poderá

implicar elevados fluxos de capital e recursos, representando oportunidades de negócio muito significativas,

nomeadamemte para quem possua capacidade industrial instalada.

No curto / médio prazo Portugal deverá estar presente nos setores da construção, sendo que reúne as

capacidades necessárias à execução dos megaprojetos previstos no PND 2013-2017. Crítico, também, pode

ser o contributo de Portugal para a componente de soluções tecnológicas incorporadas nestes megaprojetos –

Portugal têm-se vindo a destacar internacionalmente na criação e instalação de soluções desta natureza, pelo

que a definição de parcerias entre o setor da construção, setor tecnológico e setor manufatureiro (estruturas

metálicas, materiais de construção, etc.) pode ser determinante para que o nosso país se afirme como o

parceiro que Angola procura para desempenhar estas obras.

Apesar das alterações à pauta aduaneira em 2014, Portugal deve continuar a apostar no setor agroindustrial,

dado o crescimento das importações verificado em Angola no passado recente – 13% ao ano, para carnes,

bebidas e cereais e dada as expetativas futuras decorrentes do incremento do rendimento disponível das

populações. O investimento direto no setor agroindustrial torna-se um prioridade, tanto pelo que foi referido

acima, como pelas políticas expressas do governo Angolano no sentido de apoiar (considerado inadiável) a

expansão do setor interno agroalimentar. As alterações à pauta aduaneira demonstram ainda o

desagravamento das taxas aduaneiras sobre medicamentos, uma das principais exportações portuguesas

para Angola, a qual se cifrou em US$ 110 milhões em 2012.

Portugal deve ainda focalizar-se nas oportunidades geradas pela maior fatia das importações angolanas –

maquinaria e equipamentos de transporte, que representam 35% do total das importações angolanas

(aproximadamente US$ 8,4 mil milhões). Portugal não tem uma produção/oferta que possa responder à

totalidade da procura, mas deverá aplicação as competências desenvolvidas na área da distribuição e

manutenção, de forma a ser indentificado como parceiro chave dos produtores, quando for o caso.

Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte quadro:

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Forças Fraquezas

Português é a língua oficial de Angola

Portugal é já um parceiro económico relevante

Previsões de continuação de crescimento

Nível de rendimento per capita

Nível de endividamento do país

Perspetiva do início de exploração gás natural

Integração na SADC, OPEP

Localização geostratégica para as Américas e Europa – acesso aos portos do Atlântico por EMs da SADC

ZEE com extra territorialidade em matéria fiscal e financeira e, disponibilizando infraestruturas básicas

Benefícios e incentivos concedidos a projetos de investimento (fiscais e aduaneiros)

Reforma fiscal em curso

Saldo crescente de reservas de moeda estrangeira

Nível de desenvolvimento do sistema financeiro

Implementação de programas de microcrédito

Possibilidade de recurso a arbitragem judicial

Outros fatores como as praias, a paisagem, o clima e a cultura local, que potenciam o turismo

Falta de mão-de-obra qualificada

Reduzida abertura da economia e forte estratégia protecionista (ex.: requisitos para o IDE no país)

Setores de atividade e oportunidades relevantes de investimento controlados pelo Estado

Condicionalismos e limites impostos ao repatriamento de lucros e de salários, e transferências de fundos

Várias infraestruturas em estado debilitado

Grande dependência do setor petrolífero e restantes setores pouco desenvolvidos

Dificuldade na obtenção de vistos

Recente aumento das taxas da pauta aduaneira

Pesada carga burocrática no relacionamento com o exterior – procedimentos de licenciamento, etc.

Direito de propriedade sobre solos interdito a estrangeiros

Inexistência de qualquer ADT

Oportunidades Ameaças

Grande potencial de crescimento

Desenvolvimento de infraestruturas (habitação, educação, saúde, saneamento, transportes (portos e aeroportos), logística, e redes de telecomunicações

Requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população

Grandes projetos de investimento previstos em infraestruturas (elevada concentração no setor energético)

Desenvolvimento de 3 polos turísticos

Plano Nacional de Desenvolvimento (2013-2017)

Crescimento potencial do setor da construção civil, financeiro e energético

A implementação, pela SADC, de programa que visa a liberalização do comércio e livre circulação de pessoas, bens e capital no médio prazo

Potencialidades para intensificação das trocas comerciais com EM da SADC e da CPLP

Solidez e diversificação do sistema bancário,

Crescente presença de comunidades portuguesas em Angola, que se constituem como uma nova classe média no país (potencial segmento-alvo)

Atrasos na superação das dificuldades ao nível do setor dos transportes e das condições infraestruturais, as quais podem travar os desenvolvimentos de setores de atividade não petrolíferas

Nível de saneamento básico e a falta de acesso a cuidados básicos de saúde contribui para a propagação de doenças

Concorrência dos países africanos mais desenvolvidos (África do Sul e Nigéria)

S W

O T

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01

1.SADC

Enquadramento regional, político e

económico

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24

1. SADC. Enquadramento regional, político e

económico

1.1. Caracterização da comunidade

1.1.1. Principais objetivos e aspirações da SADC.1

A Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral (“SADC”) é uma organização de âmbito regional,

criada a 17 de agosto de 1992, no âmbito da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África

Austral (“SADCC”). A SADCC, criada a 1 de abril de 1980 – constituída por Angola, Botsuana, Lesoto, Maláui,

Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué – orientou-se sobre a cooperação em temas como a

independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra o apartheid.

A 17 de agosto de 1992, os Chefes de Estado e Governos da SADCC assinaram, durante a Cimeira de

Windhoek (Namíbia), o tratado que viria a transformar a “SADCC” em SADC – Comunidade de

Desenvolvimento da África Austral. A fundação da SADC teve como objetivo principal a coordenação de

projetos estruturantes para a região, alvejando o desenvolvimento económico dos Estados Membros (“EMs”).

O Tratado da SADC serve de base jurídica e de quadro regulatório para a realização da missão da SADC na

promoção de um crescimento económico sustentável e equitativo, visando atingir um desenvolvimento

socioeconómico sustentável e justo através de sistemas produtivos eficientes, e de uma boa governação,

cooperação e integração aprofundada, paz duradoura e segurança, permitindo que a região se assuma como

competitiva e eficaz nas suas relações económicas internacionais. Efetivamente os EMs da SADC

apresentam, regra geral, um risco por país comparativamente menor do que a generalidade dos demais

Estados do continente Africano.

1 www.sadc.int

Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013

Dentro do contexto africano, os

países da SADC são os que

apresentam, em média, menor

risco, com exceção da República

Democrática do Congo e do

Botsuana

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

25

Abaixo elencam-se as principais etapas históricas que se encontram na origem e desenvolvimento da

SADCC/SADC.

Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC

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26

1.1.2. Os Estados Membros da SADC

Atualmente a SADC conta com 15 EMs: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui,

Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia,

Zâmbia e Zimbabué.

SADC

Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto,

Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia,

Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e

Zimbabué.

Áreas de cooperação:

Segurança alimentar, terras e agricultura;

Serviços;

Indústria, comércio, infraestruturas e finanças;

Desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia;

Recursos naturais e meio ambiente;

Bem-estar social, informação, cultura e desporto;

Política, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança. Missão e objetivos da SADC:

Desenvolver valores políticos comuns, sistemas e instituições;

Promover e defender a paz e segurança;

Promover o desenvolvimento autossustentado na base da

autossuficiência coletiva, e da interdependência entre os EMs;

Conseguir a complementaridade entre as estratégias e os programas

nacionais e regionais;

Promover e otimizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos

da região;

Conseguir a utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção

efetiva do meio ambiente;

Reforçar e consolidar as afinidades e laços históricos, sociais e

culturais desde há muito existentes entre os povos da região;

Promover o crescimento económico e o desenvolvimento

socioeconómico sustentáveis e equitativos, que garantam o alívio da

pobreza, com o objetivo final da sua erradicação;

Melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral,

bem como apoiar os socialmente desfavorecidos, através da

integração regional.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

27

1.1.3. Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC2

Através do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (“RISDP”), foram definidos quatro

setores principais para impulsionar a integração regional e desta forma fomentar o crescimento e

desenvolvimento económico da região: Indústria, Comércio, Finanças e Infraestruturas.

Simultaneamente, e como forma de agilizar o processo de integração, a SADC introduziu medidas que visam:

1. A integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e

liberalização do comércio;

2. Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento;

3. Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiros e de capitais;

4. Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência

macroeconómica;

5. Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do investimento direto estrangeiro (“IDE”) e o reforço da

competitividade produtiva;

6. Participação eficaz e cumprimento dos acordos internacionais.

1 - Integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e liberalização do comércio

O grande objetivo nesta área está intimamente ligado à

implementação e à concretização da Zona de Comércio Livre

(“ZCL”), que visa a liberalização das trocas comerciais entre os

EMs. O processo teve início em 2008, com adesão imediata de 12

dos 15 EMs: África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Maláui,

Maurícias, Madagáscar, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia,

Zâmbia, Zimbabué (estando em via de concretização a entrada dos

países que ainda não aderiram ao Protocolo de Comércio - Angola,

República Democrática do Congo e Seicheles).

Protocolo de Comércio SADC

O Protocolo de Comércio é a base legal da ZCL - foi

assinado em 1996 e encontra-se em vigor desde 2000. O

Protocolo vincula os EMs à eliminação das taxas existentes

aquando da troca de produtos e serviços, visando

harmonizar os procedimentos comerciais e burocráticos

existentes ao nível da SADC, como sucede, a título

exemplificativo, com a harmonização dos títulos de

transporte de mercadorias. Tem ainda como objetivo a

definição das regras de origem da SADC e a redução de

outras barreiras ao comércio intrarregião, facilitando assim o

movimento de capitais, bens e serviços transfronteiriços.

Implementação da Zona de Comércio Livre da SADC

Ao abrigo da ZCL, os EM eliminaram taxas e outras

barreiras tarifárias e não tarifárias. Estão ainda incluídas na

ZCL medidas dirigidas à facilitação do comércio, reduzindo-

se assim a burocracia nas fronteiras e estabelecendo-se um

regime para dinamizar a circulação de mercadorias na

região.

2 Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional

Ao abrigo do Protocolo do Comércio foram

estabelecidas as seguintes instituições:

Comité de Ministros responsáveis pelo Comércio: Responsável pela implementação do Protocolo. Superintende o Comité de Funcionários Seniores e os subcomités.

Comité de Funcionários Seniores: Atua como um órgão técnico de consulta, e é composto por Secretários Permanentes responsáveis pelo Comércio. Supervisiona a implementação do Protocolo do Comércio, bem como o Fórum de Negociação de Comércio.

Fórum de Negociação de Comércio: O Fórum é responsável pelas negociações do comércio da SADC, pela liberalização comercial, e pela cooperação regional noutros setores.

Angola poderá aderir, a breve prazo, à ZCL (que integra 12 EMs, fazendo já parte do Protocolo de Comércio desde 1996)

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Eliminação das Tarifas no Comércio Regional

Ao abrigo do protocolo de Comércio da SADC, a liberalização das tarifas na região foi efetuada

progressivamente. Em geral, os EMs mais desenvolvidos reduziram as tarifas para níveis mais baixos - a

África do Sul, em conjunto com outros países (Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) eliminaram grande

parte das taxas no ano 2000. Os países de rendimento médio, nomeadamente as Maurícias, reduziram

gradualmente as suas taxas no período compreendido entre os anos de 2000 e 2008. No entanto, nos países

menos desenvolvidos, como Moçambique e Zâmbia, as reduções tarifárias foram introduzidas apenas entre

2007 e 2008.

Todas as mercadorias são classificadas em quatro categorias tarifárias: A, B, C e E.

Categoria A

Liberalização imediata

Todas as tarifas são eliminadas, a partir da data de implementação, previsto

para o período após 25 de setembro de 2000, cumpridas as exigências de

ratificação do tratado.

Categoria B

Liberalização gradual

Adiantamento (liberalização gradual) - as tarifas são reduzidas, de forma

igualitária, desde o 1.º até ao 8.º ano;

Normalização (liberalização gradual pelas Maurícias e pelo Zimbabué) - as

tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 4º até ao 8º ano;

Atraso (liberalização gradual por MMTZ) - as tarifas são reduzidas, de

forma igualitária, desde o 6º até ao 8º ano.

Categoria C

Mercadorias sensíveis

Estão incluídas nesta categoria, as mercadorias de elevada importância

económica para os EMs:

A redução tarifária tem início apenas após o período de 8 anos;

Representam 15 % (ou menos) das tarifas.

Categoria E

Lista de exclusão

Esta categoria compreende um número reduzido de mercadorias (como,

nomeadamente, armas de fogo).

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29

Cooperação aduaneira e facilitação do comércio

No sentido de reduzir dificuldades de cariz burocrático nas barreiras aduaneiras, o Subcomité de Cooperação

Aduaneira desenvolveu e implementou um documento único - SADC-CD3, consistindo num formulário de

declaração única que substituiu várias declarações aduaneiras concebidas para diferentes regimes.

Monitorização de implementação

A Direção de Comércio, da Indústria, das Finanças e do Investimento do Secretariado da SADC monitoriza as

operações da ZCL ao nível regional, embora a implementação

efetiva esteja dependente das estruturas desenvolvidas nos

EMs.

Encontra-se previsto o (potencial) estabelecimento de um

Mecanismo de Cumprimento e Monitorização do Comércio

(MCM), tendo como objetivo incrementar consideravelmente o

comércio na região.

Resolução de disputas na ZCL

A resolução de disputas entre os EM é regulada no Anexo VI do Protocolo de Comércio (baseado no

Entendimento da OMC sobre o assunto).

Zona Franca de Comércio (ZFC)4

No âmbito tarifário da SADC, cumpre ainda fazer

referência à Zona Franca de Comércio (“ZFC”), uma

zona geográfica delimitada dentro de um país onde dão

entrada mercadorias nacionais ou estrangeiras,

beneficiando as mesmas de tarifas alfandegárias

reduzidas, ou nalguns casos mesmo de isenção.

O principal objetivo da criação de uma ZFC é o de

estimular as trocas comerciais e de fomentar o

desenvolvimento regional.

Na SADC são de destacar as seguintes ZFCs (que

podem ter especial interesse para potenciais

investidores):

Na região do Sul de Angola no Lubango,

perspetiva-se a criação de uma zona franca de

desenvolvimento da Lusofonia que integrará as

províncias de Huíla, Namibe e Cunene, onde se prevê

que operem os empresários destas províncias e os da

Lusofonia com o objetivo de estreitar laços de

investimento;

Em Moçambique foi criada uma zona franca

industrial denominada Parque Industrial de Beluluane,

localizado na província de Maputo e, mais

recentemente, as Zonas Francas de Locone e

Minheuene, ambos localizados no distrito de Nacala.

3 Disponível em http://www.manica-africa.com/UserFiles/File/01a%20-%20TMS%20Traders%20Manual.pdf

4 Agência Angola Press, 2013; Portal do Governo Moçambicano.

Acordos de Comércio Livre - Oportunidade ou Ameaça ao desenvolvimento?

São vários os argumentos a favor e contra a

adoção de práticas regionais de comércio livre.

Por um lado, o livre comércio aumenta o nível

global de produção, permitindo a especialização

entre os países que dedicam recursos e

esforços para a produção de bens e serviços

específicos, nos quais detêm vantagens

comparativas. Por outro lado, argumenta-se que

os países se fecham na produção e exportação

de um limitado número de produtos, não

promovendo a inovação e desenvolvimento de

outros setores e a diversificação económica

interna, ficando igualmente dependentes da

importação de um conjunto relevante de

produtos e serviços. No entanto, é sabido que a

dependência económica contribui para reduzir a

probabilidade de conflitos regionais entre

países.

Acresce ainda que a redução mútua de tarifas

potencia, igualmente, o comércio e o

desenvolvimento económico, “desonerando” os

produtos e tornando-os mais acessíveis às

populações, e, consequentemente, potenciando

as estratégias de redução da pobreza nos

países menos desenvolvidos.

Desde o estabelecimento da ZCL, em

janeiro de 2008, que produtores e

consumidores não pagam taxas de

importação em aproximadamente 85%

nos bens de primeira necessidade. As

restantes tarifas serão, na sua maioria,

eliminadas até 2015

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

30

2 - Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento

No setor industrial, a SADC implementou uma nova política e estratégia de desenvolvimento industrial regional, bem como um plano de reforço da competitividade e diversificação do setor industrial, tendo em vista a concretização de vários objetivos, entre os quais se destacam:

Harmonização dos quadros reguladores no domínio da exploração mineira, tendo sido já desenvolvido

o respetivo plano de implementação;

Adoção de um quadro regional de política mineira da SADC;

Implementação de uma estratégia de cadeia de valores da indústria para os setores prioritários.

3- Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiro e de capitais

Nesta área, quatro países – a República Democrática do Congo, o Maláui, a África do Sul e a Tanzânia –

mantêm mecanismos de câmbio liberalizados, tendo sido desenvolvido um quadro para cotações duplas e

cruzadas das bolsas de valores regionais, bem como um modelo de interligação das bolsas de valores com o

objetivo de assegurar a eficiência e estabilidade do mercado financeiro e de capitais.

4 - Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência macroeconómica

No plano estratégico de desenvolvimento regional, a coordenação e a harmonização das políticas monetárias

foi reconhecida como essencial para o aumento dos índices de integração económica regional, tendo já os

EMs constituído um comité de governadores de bancos centrais da SADC.

No âmbito deste quadro de cooperação, foram fixados em 2013 os seguintes objetivos:

Adoção de mecanismos que aumentem os níveis da cooperação monetária regional;

Operacionalização do Sistema de Pagamento, Compensação e Liquidação Facilitada; e

Desenvolvimento do Quadro Administrativo e Jurídico Institucional Facilitado.

Regras de “origem” na SADC: As regras de “origem” são instrumentos importantes no processo de integração regional. Determinando a origem dos bens transacionados, estas regras servem para possibilitar o tratamento pautal preferencial de mercadorias comercializadas entre os EMs da SADC (caso estas tenham origem nos EMs da região). Para que um produto qualifique como originário de um EM, deve satisfazer um dos critérios das regras de origem da SADC: Regra "totalmente produzidos/obtidos": As mercadorias produzidas ou manufaturadas num EM utilizando materiais da região, são consideradas como originárias da região da SADC; "Regra suficientemente trabalhados ou processados": a transformação de um produto num produto diferente. Por forma a aferir se um produto foi ou não suficientemente trabalhado ou processado, o mesmo deverá ser submetido ao " teste de importação limitada" (critérios de conteúdo de importação ou de adição de valor) ou ao "teste de classificação pautal do SH" (regra de mudança da posição pautal). Para que um produto beneficie da isenção num EM, torna-se necessária a apresentação de evidência documental no posto aduaneiro fronteiriço.

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31

De notar que o memorando de entendimento de convergência macroeconómica celebrado pelos EMs tem

como principal objetivo o estabelecimento de um conjunto de critérios orçamentais que contribuam para a

diminuição dos défices fiscais e das dívidas públicas dos EMs.

Em resultado desta implementação, em 2008, todos os EMs da SADC conseguiram alcançar um défice inferior

a 5% do PIB. Cumpre ainda notar que 13 EM atingiram uma dívida pública inferior a 60% do PIB (com exceção

da República Democrática do Congo e do Zimbabué); por outro lado, em 2010, a África do Sul, o Lesoto, as

Maurícias, a Namíbia, e o Zimbabué concretizaram as metas de inflação inseridas no programa de

convergência macroeconómica de 2012.

5 - Aumento dos níveis de investimento intra-SADC e do IDE, bem como o reforço da competitividade produtiva

Em 2010, foi lançado um programa para promoção do investimento da região, através de Acordos

Preferenciais de Comércio (“PTA” – Preferential Trade Agreements), tendo sido também desenvolvido um

modelo de tratado bilateral de investimento na SADC, e criadas diretrizes para a concessão de isenções

fiscais. A necessidade de coordenação das políticas e das atividades de promoção do investimento é

necessária para facilitar o aumento de investimento na região.

Encontra-se atualmente a ser desenvolvido pelo Secretariado da SADC, um portal de investimento para a

região da SADC que tem uma informação prospetiva dos investimentos a realizar durante no âmbito do plano

de investimento regional. Este portal irá sensibilizar potenciais investidores quanto ao clima e às oportunidades

em aberto na SADC, bem como facilitar a interação com os PTAs dos vários EMs.

Foi ainda desenvolvido, através da colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento

Sustentável, um modelo Tratado Bilateral de Investimento (“BIT”) para a SADC. Assim, os EMs concordaram

em desenvolver diretrizes para implementação dos BITs, com o objetivo de regular, de forma eficaz, o

investimento estrangeiro nas suas economias.

Cumpre referir que em janeiro de 2011 foi inaugurado o fórum de PTA da SADC, que teve por objetivo

promover o diálogo e desenvolver estratégias com a vista a melhorar o clima de investimentos na região.

No âmbito de uma avaliação macro da competitividade regional, o relatório de 2013 do World Economic

Forum, ao ter procedido à análise da competitividade de 148 economias, com base em 12 pilares de

avaliação, dentre os quais fatores económicos, sociais, fiscais, populacionais, tecnológicos e infraestruturais,

entendeu que o mercado no qual a SADC se encontra inserido é pouco competitivo.

Aliás, entende o World Economic Forum que o continente Africano é, atendendo aos fatores em avaliação,

uma das regiões menos competitivas do mundo.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

32

Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013

Fonte: Fórum Económico Mundial

Porém, uma análise circunscrita aos fatores económicos poderá determinar uma diferente conclusão. A

análise em conjunto de outros fatores que não económicos, não reflete o valor de investimentos que estes

países têm captado nos últimos anos, como adiante é demonstrado.

6- Participação eficaz e cumprimento com os acordos internacionais

Atualmente, 14 dos EMs da SADC são também membros da Organização Mundial de Comércio (“OMC”) (com

a exceção das Seicheles, que se encontram em processo de adesão). Assim, os EMs da SADC pertencentes

à OMC estão adstritos ao regime jurídico estabelecido por esta organização.

Em junho de 2010, os responsáveis da SADC adotaram uma estratégia com vista a concluir um PTA que

abrange mercadorias. Apesar de ainda não estar em vigor, é intenção da SADC que as negociações sobre

serviços e investimentos estejam concluídas até 2014.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

33

1.2. A SADC enquanto comunidade económica

O desempenho económico da região da SADC nos últimos 5 anos, fortemente dependente da procura de

matérias-primas, foi largamente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das

economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho económico mundial provocou uma

diminuição na procura global, comprometendo o ritmo de crescimento da economia da região da SADC, que já

mostrava sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional.

Mesmo estando geograficamente ligados e tendo projetos comuns, as economias dos EM da SADC

apresentam características distintas em muitos aspetos, como geografia do país, população e níveis de

produção. Acresce que o nível de complementaridade das economias é limitado.

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC

País

Extensão

Territorial

(milhares de

km2)

População5

População

(% s/ total

região)

PIB

(milhões

de US$)

PIB

per

capita Nível de IDH

6

Índice de

Liberdade

Económica

(Ranking Mundial

2013)

África do Sul 1.221,0 51.189.306 17,9% 384.313 7.508 Médio 74

Angola 1.246,7 20.820.525 7,3% 114.197 5.485 Baixo 158

Botsuana 581,7 2.003.910 0,7% 14.411 7.191 Médio 30

Lesoto 30,4 2.051.545 0,7% 2.448 1.193 Baixo 155

Madagáscar 587,0 22.293.914 7,8% 9.975 447 Baixo 73

Maláui 108,5 15.906.483 5,6% 4.264 268 Baixo 118

Maurícias 2,0 1.291.456 0,5% 10.492 8.124 Elevado 8

Moçambique 801,6 25.203.395 8,8% 14.588 579 Baixo 123

Namíbia 824,3 2.259.393 0,8% 12.807 5.668 Médio 84

R.D. Congo 2.344,9 65.705.093 23,0% 17.870 272 Baixo 171

Seicheles 0,5 87.785 0,0% 1.032 11.758 Muito Elevado 124

Suazilândia 17,4 1.230.985 0,4% 3.747 3.044 Médio 104

Tanzânia 945,1 47.783.107 16,7% 28.249 609 Baixo 98

Zâmbia 752,6 14.075.099 4,9% 20.678 1.469 Baixo 93

Zimbabué 390,8 13.724.317 4,8% 10.814 788 Baixo 175

Região SADC 9.854,5 285.626.313 100% 649.885 2.2757

5 Dados de 2012

6 Dados de 2012. Dado que o PIB per capita não leva em conta níveis de educação e de saúde como dimensões mais

próximas do desenvolvimento social, considerou-se o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela ONU/PNUD. Os resultados do IDH variam entre zero (na ausência completa de bem-estar social) e um (pleno desenvolvimento humano). 7 PIB per capita da região = PIB / População Total

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34

A extensão territorial dos países membros oscila entre 0,5 km2 das Seicheles e 2.344,9 km

2 da República

Democrática do Congo, que, além de ser o país com maior extensão territorial, é também o que tem mais

habitantes (65,7 milhões), representando 23% do total da população da região.

Estima-se que a população da SADC ultrapasse os 285 milhões de habitantes (dados de 2012). Desse total,

35,5% vivem em centros urbanos. Importa salientar, no entanto, que o grau de urbanização difere entre os

diversos países que constituem a região. Na África do Sul, a população urbana representa 62,43% do total, no

Botsuana 62,25%, em Angola 59,91%, e nas Seicheles 54,01%. Os menores índices de urbanização

verificam-se no Maláui (15,85%) e na Suazilândia (21,25%).

Economicamente, a região é dominada pela África do Sul – que representa quase 60% do PIB da região –,

seguida de Angola, que representa quase 18%. A economia da África do Sul, abundante em recursos naturais

como o ouro, platina e diamantes, é a maior e mais sofisticada do continente Africano. Com um crescimento

de 2,5% em 2012, a economia Sul-Africana desacelerou face ao ano anterior (3,5%). No entanto, para 2013, o

FMI prevê uma expansão de 3,3%, e para 2014, de 3,4%. Angola, a segunda maior economia da SADC, é um

país rico em recursos naturais e o maior produtor de petróleo daquela região. As receitas deste recurso natural

representam quase ¾ do PIB do país.

Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos (2008-2012), foram a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabué,

com taxas de crescimento médias do PIB muito próximas dos 7%. No entanto, os principais impulsionadores

do PIB da SADC em 2012, foram Moçambique (7,40%), Zâmbia (7,32%) e República Democrática do Congo

(7,15%).

Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012

Fonte: Banco Mundial

Os países que apresentam um PIB per capita em 2012 abaixo da média da região - $2.275 USD - (i.e, Lesoto, Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué), têm revelado um crescimento significativo, denotando alguma convergência regional.

No entanto, a grande maioria dos países da SADC viram a sua posição no ranking do Índice Global de

Competitividade do World Economic Forum cair entre 2008 e 2013, exceção para as Maurícias (que passou de

57º para 45º), resultado dos esforços da agência de promoção de investimento – Enterprise Mauritius – na

desburocratização do país, e na criação de condições de maior atratividade ao investidor externo; Zâmbia (de

112º para 93º; Zimbabué (de 133º para 131º) e Suazilândia (em 2009 era 128º e passou para 126º).

8.91% 7.92% 6.71%

11.23% 10.69%

1.51%

-0.08%

2.14%

10.20% 9.74%

1.64%

5.54% 8.06% 9.01%

25.10%

-30.00%

-20.00%

-10.00%

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

Cre

scim

en

to m

éd

io 0

8-1

2 (

%)

Crescimento médio 08-12 PIB (crescimento, % anual, 2012)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

35

No entanto o desempenho no índice é particularmente relevante, como o demonstra a correlação deste com o crescimento do PIB (confrontar gráfico seguinte). Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013

Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do Fórum Económico Mundial

O Lesoto manteve a sua posição no ranking global.

Os restantes EMs da SADC viram o seu posicionamento no ranking cair, como sucedeu com Angola, África do

Sul, Moçambique, Namíbia e Tanzânia, não obstante o crescimento registado ao nível do PIB no mesmo

período.

A manutenção dos índices de crescimento atuais pode estar em crise, caso não sejam adotadas medidas, a

curto e a médio prazo, que sejam valorizadas pelos investidores externos e que permitam trazer maior

competitividade à Economia.

Maláui

Madagáscar

Moçambique

Tanzânia

Zimbabué

Lesoto

Zâmbia

Suazilândia

Angola

Namíbia

Botsuana

A. do Sul

Maurícias Seicheles

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

(20) (15) (10) (5) - 5 10 15 20

Taxa d

e c

rescim

en

to m

éd

ia a

nu

al d

o P

IB 2

008

-2012

Alteração ao Ranking GCI 08-09 e 13-14

Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em 2014

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

36

Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e do peso do PIB do País no total da SADC

Fonte: Banco Mundial

A análise do gráfico supra compara o crescimento do PIB, a taxa de crescimento média dos últimos 5 anos e a

sua representatividade regional, medida pela dimensão do círculo.

Atendendo aos respetivos critérios de análise, verifica-se que o desempenho da região é influenciado

fundamentalmente por dois países - a África do Sul, com o PIB mais relevante da região (59,14%), seguido de

perto por Angola (17,57%).

A manter-se o ritmo de crescimento médio dos últimos anos associado ao valor do PIB anual, África do Sul

poderá aumentar a sua representatividade económica na SADC. Os países que acompanharam o crescimento

de África do Sul em 2012 e que apresentam um valor de crescimento médio elevado do PIB entre 2008 e

2012, Namíbia e Maurícias, têm uma representatividade de PIB reduzida na economia da Região que não

influenciará o seu desempenho económico.

Angola, apesar de um crescimento médio abaixo de África do Sul, Maurícias e Namíbia entre 2008 e 2012,

apresenta uma variação de PIB no ano de 2012 elevada, a qual terá como consequência uma aproximação

aos níveis de crescimento médio dos países atrás referidos e uma maior influência na economia da região.

A SADC tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais que poderão

potenciar a integração regional entre os países africanos, nomeadamente com a COMESA.

África do Sul

Angola

Botswana

R.D. Congo

Lesoto Madagáscar

Malawi

Maurícias

Moçambique

Namíbia

Seicheles

Swazilândia

Tanzânia Zâmbia

Zimbabwe

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% 8.00% 9.00% 10.00%

Δ P

IB 2

012 (

US

$)

Taxa de crescimento média do PIB 2008-2012

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

37

1.2.1. SADC e a COMESA

Caraterização e objetivos

O Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA) surge como resultado das recomendações feitas pela

Comissão Económica para África (órgão das Nações Unidas) no sentido de se formar uma comunidade económica da

áfrica austral e oriental, como meio para facilitar a integração regional.

Atualmente são 19 os Estados Membros que constituem o mercado comum de África Austral e Oriental nomeadamente;

República do Burundi, Cômoros, RDC, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Madagáscar, Maláui, Maurícias,

Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda, Zâmbia, Zimbabué. Para além destes países existem 5 Estados que

figuram na lista de estados observadores desde Angola, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Lesoto.

Os objetivos da COMESA são amplos e de longo prazo, tendo, no entanto, sido definidas como prioridade de médio prazo

a “Promoção da Integração Regional através do Comércio e Investimento.”

São objetivos da COMESA:

A criação de uma área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços produzidos na região

que integra os países membros e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não tarifárias;

A criação de uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da COMESA

passem a estar sujeitos a uma tarifa única em todos os Estados da COMESA;

Livre circulação de capital e investimento suportada pela adoção de uma área comum de investimento bem como

pela criação de um clima mais favorável ao investimento na região da COMESA;

Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da COMESA e a eventual

criação de uma união monetária comum com uma moeda comum; e,

A adoção de regras comuns de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo

eventualmente à livre circulação de pessoas de boa-fé.

A SADC e COMESA – A proposta de “Acordo Tripartido entre a COMESA, SADC e EAC*”

Com o objetivo de aumentar a competitividade, os Estados membros das três Comunidades Económicas Regionais do

Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a Comunidade do Leste Africano (EAC) e a Comunidade para o

Desenvolvimento Africano Austral (SADC), têm vindo a negociar um acordo tripartido, que de acordo com a última versão

proposta, tem como objetivos principais:

Reduzir as tarifas impostas aos produtos originários e comercializados na região;

Eliminar todas as barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio de bens;

Liberalizar o comércio de serviços, facilitar o investimento transfronteiriço e a circulação de empresários;

Harmonizar os procedimentos aduaneiros e adotar medidas de facilitação do comércio;

Reforçar a cooperação no desenvolvimento de infraestruturas;

Estabelecer e promover a cooperação em todas as áreas relacionadas ao comércio entre os Estados-Membros

do Acordo Tripartido;

Estabelecer e manter uma estrutura institucional para a implementação e administração da Área de Livre

Comércio Tripartido e, eventualmente, uma união aduaneira.

O Acordo Tripartido propõe abranger igualmente a harmonização e coordenação de normas industriais e de saúde, o

combate de práticas desleais de comércio e surtos de importação, a liberalização de certos setores de serviços prioritários,

a promoção da agregação do valor de transformação da região.

A futura criação de uma vasta área de comércio livre composta por 26 Estados das três regiões económicas resultaria na

criação do maior mercado Africano, com 26 dos 54 países africanos, integrando as principais economias africanas e com

uma maior capacidade de atrair IDE e produção em larga escala.

* EAC é uma organização intergovernamental regional, que engloba o Burundi, o Quénia, o Ruanda,a Tanzânia e o

Uganda. Os principais objetivos desta organização passam, entre outros, por ampliar e aprofundar a cooperação politica,

económica e social entre os seus EMs, tendo sido criada, em 2005 uma União Aduaneira, e em 2010, um Mercado

Comum.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

38

1.3. As economias da SADC

1.3.1. Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África.8

Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola %

Fonte: African Economic Outlook

Energia (*) – Eletricidade, água e gás

Representando 17,57% do PIB da

SADC, Angola possui reservas de

petróleo que no ano de 2011 foram

estimadas em 10.470 milhões de barris,

tendo a produção nesse mesmo ano

sido de 1.618 barris/dia. Contudo, a

elevada importância deste subsetor na

economia poderá acarretar um

enviesamento da estrutura produtiva do

país (“dutch disease”).

Apesar de a produção de diamantes

corresponder apenas a 0,9% do PIB, o

setor não deixa de ter um forte

potencial de crescimento. Aliás, e de

acordo com o Sumário Global de 2009

do Esquema de Certificação do

Processo de Kimberley, Angola é o

quarto maior produtor mundial deste

recurso natural.

Constituindo 21,70% do PIB angolano, e em resultado do aumento do consumo interno e do investimento

privado nos últimos 4 anos, o comércio assume-se como setor essencial, sendo caracterizado por uma forte

preponderância das importações (enquanto a produção nacional não conseguir dar resposta às necessidades

do mercado nacional).

Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de

várias iniciativas, incluindo:

Programas de incentivos;

Linhas de financiamento;

Forte investimento público;

Campanhas de marketing e de estímulo a comprar nacional.

O Governo pretende também fomentar pólos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as

produções agrícolas e pecuárias, o seu processo de transformação, de armazenamento e de logística.

O setor da construção (8,40%) tem vindo a crescer, como resultado de uma forte aposta do Governo na

reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população.

8 Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC, Banco Nacional de Angola, setembro 2012;

Ministério das Finanças de Angola; BPI - Research Angola julho 2013; Análise BES, 2012; Indicadores de desenvolvimento mundiais, Banco Mundial; BNA

45.30

21.70

10.50

8.40

6.50

7.30 0.10

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Energia (*)

Outros

Indústria

Construção

Agricultura

Comércio

Ind. Mineira

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39

Quanto ao setor industrial (6,50%), este é caracterizado pelo elevado nível de importações, o que deverá

conduzir a uma aposta estratégica na produção nacional.

1.3.2. Moçambique. Forte potencial de Gás Natural.9

Representando 2,24% do PIB da SADC,

Moçambique encontra-se localizado numa

zona estratégica, sendo uma porta de

entrada na região, condicionando o acesso

ao mar a muitos dos países da SADC,

nomeadamente: Maláui, Zâmbia e

Zimbabué.

Moçambique apresenta forte potencial de

exploração de carvão, gás natural e

hidroeletricidade. No entanto, não tem

capacidade para explorar eficazmente estes

recursos e servir as necessidades em

eletricidade da sua população. Sabe-se que,

atualmente, apenas 10% da população tem

acesso a eletricidade (2011). Estima-se que

o país exporte 35% da produção total de

energia, maioritariamente para a África do

Sul e para o Zimbabué.10

Apenas 10% da área agrícola

moçambicana (48 milhões de hectares) se

encontra explorada. O país dispõe de

muitas possibilidades em termos de

irrigação, possuindo grandes bacias

hidrográficas que continuam por explorar

(Zambeze, Save, Limpopo). O estado atual

das infraestruturas em nada tem ajudado o

desenvolvimento do setor agrícola do país,

apesar de já estarem perspetivados diversos

investimentos a este nível.

Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique %

Fonte: African Economic Outlook

Serv. Financeiros (*) Financeiros, Imobiliário e Serviços de Negócio

A agricultura foi definida, no Orçamento de Estado de 2012, como um setor prioritário, estando-lhe destinado

11,6% do orçamento de despesas totais. O Programa Estratégico para o Desenvolvimento Agrário (PEDSA

2010-2019) preconiza o crescimento acumulado da agricultura em pelo menos 7% ao ano, a duplicação da

produção, a intensificação do repovoamento pecuário, o aumento da capacidade de produção de aves e a boa

gestão dos recursos naturais.

Cumpre notar ainda que Moçambique é um país com grandes potencialidades pesqueiras, devido à sua

localização costeira, com uma extensão de litoral de 2.750 km e uma Zona Económica Exclusiva (“ZEE”) de

586 mil km2 de superfície oceânica, possuindo grande diversidade de recursos de pesca.

Os recursos naturais, especialmente o gás natural, desempenham em Moçambique um papel determinante

para o crescimento da Economia.

A relevância dada à indústria extrativa no Plano Económico e Social para 2013 dá enfoque aos objetivos de

desenvolvimento previstos para a área dos recursos minerais.

9 Análise BES, junho 2013; Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional

de Angola, setembro 2012; CPI Moçambique 10

Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, República de Moçambique: Country Strategy Paper, 2011-2015

30.60

28.00

11.20

8.70

7.30

6.50

4.50 2.70

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Agricultura

Outros

Admin. pública,saúdee educ.

Construção

Indústria

Transp. e comum.

Serv. Financeiros (*)

Comércio

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

40

De salientar que a dimensão e a qualidade do gás natural descoberto no país justificam o estudo sobre o

desenvolvimento, em larga escala de um projeto de GNL, tendo sido anunciado recentemente um projeto que

irá envolver duas das maiores empresas de prospeção deste recurso. Perspetiva-se a construção de 10

fábricas de processamento de gás natural avaliadas no valor de US$ 50.000 milhões. Assim, Moçambique

poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, ficando apenas atrás

da Nigéria.

A produção industrial tem crescido a uma taxa média anual acima dos 3% no decurso dos dois últimos anos,

prevendo-se que atinja os 5,8% em 2013. Os setores que manifestam maior potencial de crescimento são o

dos cimentos, o mobiliário e também das indústrias alimentares e bebidas. Um forte investimento no setor do

cimento vai triplicar a capacidade de produção até 2013, atualmente próximo de 1.3 milhões de toneladas

anuais.

Tem-se acentuado o aumento da procura no mercado da construção em Moçambique, estando perspetivados

grandes projetos na indústria extrativa, energia, e transportes. O crescimento económico do país requer

investimentos nas respetivas infraestruturas, desenvolvidas em torno dos três principais corredores logísticos

de Maputo, Beira e Nacala (o corredor de Mtwara fica a norte de Moçambique) que servem, não apenas as

exportações de carvão, mas também o desenvolvimento dos outros setores da economia nacional e a ligação

às regiões do interior.

Apesar do peso ainda diminuto no PIB do país,

cerca de 2% (5% se considerarmos os efeitos

indiretos), o setor do turismo tem vindo a recuperar

o seu potencial, tendo reforçado a capacidade de

alojamento e a qualidade do produto oferecido.

Destacam-se as áreas do país que têm vindo a ser

tidas como potenciais zonas turísticas:

Mapa 1 Corredores de desenvolvimento e potenciais polos de desenvolvimento

Fonte: Perspetivas para os Polos de Crescimento em Moçambique: Sumário do Relatório, FMI

Zona costeira de Matutuine – Maputo;

Parque Nacional do Limpopo – Gaza;

Corredor dos Parques Nacionais de

Banhine, Zinave e Bazaruto-

Inhambane/Gaza;

Reserva de Pomene- Inhambane;

Costa Morrungulo - Inhambane Vilanculos

– Inhambane;

Praia do Tofo – Inhambane;

Arquipélago de Bazaruto – Inhambane;

Cidade de Inhambane;

Parque Nacional de Gorongosa – Sofala;

Reserva de Marromeu- Sofala;

Ilha de Moçambique- Nampula;

Chocas Mar – Nampula;

Pemba - Cabo Delgado;

Ibo - Cabo Delgado;

Lago Niassa- Niassa; e

Reserva do Niassa – Niassa.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

41

1.3.3. África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano.11

Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul

Fonte: African Economic Outlook

Representando a África do Sul 59,14% do

PIB da SADC, os serviços financeiros e o

imobiliário desempenham, como se

salienta através do gráfico, um papel de

relevo no desenvolvimento do país. O

crescimento do setor deveu-se, em

grande parte, a um aumento da atividade

nos bancos comerciais. De salientar que

a África do Sul dispõe de uma estrutura

financeira sofisticada, sendo a Bolsa de

Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a

maior de África.

O Governo Sul-Africano está empenhado

em alcançar os resultados propostos pelo

Plano de Desenvolvimento Nacional,12

contando-se entre estes, melhores

resultados educacionais, a promoção da

saúde da população, adequada

localização e manutenção de

infraestruturas, uma forte rede de

segurança social, a criaçao de um Estado

competente e a aposta na redução dos

níveis de corrupção.

O turismo também se apresenta como um importante setor na sua economia. Também ao nível do emprego,

este setor apresenta uma importância relevante, tendo empregado, em 2011, cerca de 1.200 mil pessoas

(emprego direto e indireto). Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos

turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente africano (depois de Marrocos).

A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB Sul- Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu

10% para o PIB do país, estimando-se que, com os efeitos indiretos, esta contribuição ascenda a 20%. O setor

empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 201213

.

Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem

vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor

(US$), apresentando uma quota mundial de 9,87%.14

A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente africano, tem um peso diminuto no PIB do

país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter uma relevante base agrícola. Neste setor destaca-se o

vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção uma quota mundial de 3,5%.Para

além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança agrícola

positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de

autoabastecimento agrícola15.

11

Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012 12

“Banco Nacional de Desenvolvimento 2030: “Our future - make it work”, Capítulo 3: “Economy and employment” 13

Factos sobre a Indústria Mineira da África do Sul – agosto de 2013, Câmara de Minas da África do Sul 14

África do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme disponível em: https://kimberleyprocessstatistics.org/ 15

Conclusões com base nos dados da Análise Económica da Agricultura da África do Sul, 2011/2012

21.20

16.30

14.50

13.40

9.80

8.20

6.90

4.50 2.90 2.40

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00 Agricultura

Energia (*)

Construção

Outros

Transp. e comum.

Ind. mineira

Indústria

Comércio

Adm. pública, saúde eeducação

Serv. financeiros (*)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

42

1.3.4. Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de forte orientação agrícola.16

Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Lesoto, Madagáscar, Maláui, República

Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e

Zimbabué representam cerca de 13% do PIB

regional e apresentam forte peso da agricultura

na sua economia.

Apesar da relação entre o Lesoto e a África

do Sul ter por várias vezes beneficiado o

Lesoto, discute-se a necessidade de

diversificar a economia do país por forma a

reduzir a dependência deste face à África do

Sul.

O país que contribui com apenas 0,38% para o

PIB da região, tem cerca de 85% da população

residente em áreas rurais.

A economia do país cresceu aproximadamente

4,2% em 2011, impulsionada por uma

recuperação da atividade do setor mineiro (que,

por sua vez, cresceu a uma taxa de 14,5%).

Este setor foi estimulado, por um lado, pela

reabertura de algumas das minas e, por outro,

pela abertura de novas minas.

O setor com maior contribuição no PIB do Lesoto é o setor dos serviços financeiros (19,80%). Apesar deste

setor ser relativamente pequeno e subdesenvolvido, o acesso ao financiamento tem vindo a ser facilitado. A

banca comercial é responsável por 51,3% dos ativos do setor financeiro.17

O setor da indústria é impulsionado, principalmente, pela indústria dos têxteis, motor de crescimento e de

criação de emprego durante a última década (2011).18

No entanto, a competitividade deste setor está

condicionada à elevada concorrência dos produtores asiáticos no mercado americano, após a interrupção das

quotas pelo Acordo Multi-Fibras (AMF).

Com um peso de 1,53% e 0,66% do PIB da SADC, respetivamente, Madagáscar e Maláui apresentam uma

estrutura produtiva semelhante, com forte peso agrícola.

No caso de Madagáscar, este setor apresenta um peso preponderante na sua estrutura produtiva, contribuindo

com 70% das receitas das exportações, e empregando cerca de 80% da população. Contudo, apenas 5% do

terreno é próprio para cultivo. As plantações mais relevantes são o arroz, mandioca, batata-doce, vegetais

frescos, bananas, milho e feijão.19

O setor agrícola, responsável por 31,60% de valor acrescentado para a economia de Maláui, sustenta 85% da

população e contribui com 90% de receitas de exportação. A economia do Maláui depende, em grande

medida, das exportações do tabaco, tendo estas totalizado, em 2010, US$ 585 milhões, representando assim

49% do total das exportações do país.20

16

African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012 17

Relatório do País Nr. 12/102 – FMI 18

Reino do Lesoto, Country Strategy Paper 2013-2017, Banco Africano de Desenvolvimento 19

http://www.intracen.org/; http://faostat.fao.org/ 20

Estratégia Nacional de Exportações do Maláui para 2013-2018

19.80

12.80

12.50

11.50

9.10

8.60

7.90

6.70

6.50

4.70

-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100Energia (*)

Construção

Transp. e comum.

Ind. mineira

Agricultura

Comércio

Outros

Admin. pública,saúde eeduc.

Indústria

Serv. Financeiros (*)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

43

Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar

Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui

Fonte: African Economic Outlook, 2012 Fonte: African Economic Outlook, 2012

Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Representando 2,75% do PIB da SADC, a

República Democrática do Congo dispõe de

inúmeros recursos naturais, destacando-se os

diamantes, cobalto, cobre, ouro, e nióbio. A

participação de produtos minerais nas exportações

do país atinge cerca de 70%.

O setor agrícola carece de ganhos de

competitividade e de escala, embora não deixe de

ser um setor de grande importância para o país,

tendo contribuído para o seu crescimento nos

últimos anos. A agricultura ocupa a maior parte da

mão-de-obra local.

Tradicionalmente, o país exporta tabaco, madeira,

café, algodão e óleo de palma.

No plano industrial, a República Democrática do

Congo produz têxteis, artigos de limpeza, calçados

e plástico.

1.3.5. Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial.

Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) –

28.70

17.60

15.00

13.70

12.30

6.10

4.50

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Construção

Admin. pública,saúdee educ.

Comércio

Indústria

Serv. Financeiros (*)

Transp. e comum.

Agricultura

31.60

23.50

11.80

11.30

7.00

5.60 3.40 2.80

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Indústria

Construção

Outros

Transp. ecomum.

Ind. mineira

Serv. Financeiros(*)

Comércio

Agricultura

23.20

22.20

13.50

12.20

8.40

7.40

7.30

4.70

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Construção

Serv. Financeiros (*)

Admin. pública,saúde eeduc.

Ind. mineira

Transp. e comum.

Comércio

Agricultura

Indústria

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

44

O setor agrícola é ainda a principal fonte de

rendimento para mais de 70% da população

da Suazilândia, sendo por isso a principal

fonte de subsistência da Economia.21

Entre os

principais produtos exportados encontram-se o

açúcar, o algodão, os produtos enlatados e o

milho.

O setor industrial tem-se tornado mais

diversificado desde meados da década de

1980, e representou cerca de 44% do PIB em

2011.

Ao longo dos últimos anos, a estrutura

económica da Suazilândia tem vindo a alterar-

se, de uma base agrícola para uma base

industrial (43,50%).

Suazilândia

Fonte: African Economic Outlook, 2011

1.3.6. Seicheles. SIDS22 com economia orientada para o Turismo.23

Representado menos de 1% do PIB da

SADC, o turismo pesa fortemente no PIB

das Seicheles, sendo que dos quase 31%

do PIB relativos ao “Comércio”, 20,7%

respeitam à hotelaria e restauração (em

2011).

Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles

Fonte: African Economic Outlook, 2011

21

Reino da Suazilândia – Comunidade Europeia, Country Strategy Paper and National Indicative Programme 2008-2013. 22

Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento 23

Fonte: Áfrican Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012

43.50

21.20

9.90

7.40

7.40

7.20

2.20

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Construção

Serv. Financeiros (*)

Transp. e comum.

Agricultura

Comércio

Admin. pública,saúde eeduc.

Indústria

30.60

28.00

11.20

8.70

7.30

6.50

4.50

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Outros

Admin. pública,saúde eeduc.

Construção

Indústria

Transp. e comum.

Serv. Financeiros (*)

Comércio

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

45

1.3.7. Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços.

Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias %

Representando menos de 1,61% do PIB

da SADC, um dos setores que mais

impulsionou o crescimento económico

das Maurícias foi o setor dos serviços,

com destaque para o turismo,

transportes, comunicação e serviços

financeiros.

Não obstante, o setor industrial mantém

relevo económico no país, fruto da

estratégia de desenvolvimento de

clusters, zonas francas industriais e de

comércio e da atividade de captação de

IDE.

Acresce ainda a proatividade da agência

de investimento das Maurícias na

promoção das exportações e do país

enquanto destino de IDE, sendo ainda

uma plataforma de investimento em

África.

Fonte: African Economic Outlook, 2012

23.50

18.90

17.60

13.50

9.00

6.30

5.90

3.50

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Agricultura

Comércio

Serv. Financeiros (*)

Admin. pública,saúde e educ.

Transp. e comum.

Construção

Indústria

Ind.mineira

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46

1.3.8. Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa.24

Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Atendendo à dimensão da economia do

Botsuana, Namíbia e Zâmbia, a análise

conjunta dos seus principais setores permitirá

uma visão mais abrangente e adequada do

seu impacto regional.

Destes países, verifica-se que a indústria

extrativa, em particular, a mineira assume-se

como o setor mais relevante representando

7,5% do PIB da SADC.

Representando 2,22% do PIB da SADC, o

Botsuana tem como pilar da sua economia o

setor diamantífero, o qual responde por

uma parte significativa do PIB, e representa

cerca de 45% das receitas do Governo, e

aproximadamente 70% das receitas de

exportação. Em 2011, o Botsuana produziu

28% do valor global de diamantes, com as

vendas perfazendo US$ 3.900 milhões.

A agricultura no Botsuana desempenha um

papel relevante do ponto de vista social pelo

número de pessoas que dependem deste

setor, apesar da sua reduzida expressão

económica no PIB. Ainda assim, as

condições do país para a prática agrícola não

são as melhores, devido às más condições

do solo e às chuvas irregulares, o que explica

a incapacidade de satisfazer a população a

nível alimentar. Um dos maiores sistemas de

águas insulares do mundo – o Delta do

Okavango – está localizado no Botsuana,

sendo um ponto de importante atração

turística.

Nos próximos anos o crescimento económico

deverá manter-se “robusto”, com os serviços

(hotelaria e serviços aéreos e financeiros) a

responderem por grande parte deste

crescimento.

24

Fontes: African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012

26.40

18.70

15.60

13.70

6.30

6.10

5.20

4.70 2.70

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Agricultura

Outros

Transp. e comum.

Indústria

Construção

Serv. Financeiros (*)

Comércio

Admin. pública,saúdee educ.

Ind. mineira

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

47

Equivalendo a 1,97% do PIB da SADC, a

Namíbia tem na base da sua economia a

extração e processamento de minerais,

representando o setor mineiro cerca de 20%

do PIB do país.

Mais de metade da população da Namíbia

depende da agricultura para a sua

subsistência. Apesar do peso relativo do

setor dos serviços financeiros ser relevante

para a economia (28,70%), este apresenta

um conjunto de fraquezas passíveis de se

transformar em oportunidades: mercado

financeiro superficial, concorrência limitada,

sistema de proteção financeira limitado,

mercado de capitais subdesenvolvido,

ineficiente e inadequada regulação, acesso

limitado aos serviços financeiros, iliteracia e

falta de proteção ao consumidor; falta de

competências de gestão financeira, e

domínio de capital estrangeiro na prestação

de serviços financeiros.

Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia

Fonte: African Economic Outlook, 2011

Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia

Fonte: African Economic Outlook, 2012

Representando 3,18% do PIB da SADC, a

Zâmbia, 4º maior produtor mundial de cobre,

é um país rico em vários minerais: cobalto,

ouro e diversas pedras preciosas. A indústria

extrativa representa uma grande parte das

exportações de mercadorias do país.

Outros setores relevantes na economia do

país são a agricultura (19,10%), o comércio

(16,20%) e os serviços financeiros (13,70%).

Contam-se, entre os produtos exportados, os

têxteis, os materiais de construção, os

alimentos processados e os produtos

animais e de couro.

Nos últimos anos, o país tem vindo a crescer

economicamente, devido, em grande

medida, às políticas económicas ponderadas

do Governo, visando melhorar e diversificar

a competitividade da Economia.

28.70

14.80

13.50

11.30

10.60

7.90

5.50

3.90 3.10

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00

Energia (*)

Construção

Outros

Agricultura

Ind. mineira

Comércio

Indústria

Transp. e comum.

Serv. Financeiros (*)

27.50

19.10

16.20

13.70

8.60

3.80 3.70 2.90 2.30

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

80.00

90.00

100.00Admin. pública,saúdee educ.

Energia (*)

Transp. e comum.

Outros

Indústria

Serv. Financeiros (*)

Comércio

Agricultura

Construção

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48

1.4. Trocas comerciais na SADC

1.4.1. Complementaridade das Economias

A intensificação das trocas exige a complementaridade industrial das economias, implicando níveis de

especialização diferenciados. O baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa

possibilidade, que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo esforço de

diversificação das economias - uma aspiração de muitos países da região.

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC

25

País Exportador

AO

26 BW

27 CG

28 LS

29 MG

30 MW

31 MU

32 MZ

33 NA

34 SC

35 ZA

36 SZ

37 TZ

38 ZM

39 ZW

40

País

im

po

rtad

or

AO - 2 0 0 0 0 1 0 0 1 53 0 50 50 50

BW 27 - 29 29 23 30 25 31 38 29 16 31 64 67 67

CG 15 20 - 9 10 13 14 19 16 16 14 10 59 63 58

LS 42 44 42 - 52 44 47 43 43 43 44 44 71 71 71

MG 23 32 26 28 - 33 23 30 31 25 22 32 65 61 64

MU 20 22 14 25 26 - 22 24 25 25 12 29 59 58 65

MUS 19 20 17 29 44 21 - 21 27 28 9 30 58 59 62

MZ 16 34 18 25 18 25 13 - 21 14 34 30 64 57 64

NA 39 34 27 40 29 35 39 36 - 40 10 37 64 66 67

SC 10 21 15 15 13 18 9 15 15 - 15 18 61 55 58

ZA 58 54 62 53 51 58 45 77 65 55 - 58 80 81 86

SZ 14 9 12 11 9 10 15 13 12 12 3 - 55 55 56

TZ 27 32 28 34 28 41 23 33 34 29 17 35 64 64 69

ZM 22 28 28 31 31 40 23 31 31 29 18 31 - - 70

ZW 24 30 20 30 23 33 24 28 28 25 19 30 62 60 -

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

25

O Trade Complementary Index (TCI – Indice de Complementaridade de Comércio) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade. 26

Angola 27

Botsuana 28

República Democrática do Congo 29

Lesoto 30

Madagáscar 31

Maláui 32

Maurícias 33

Moçambique 34

Namíbia 35

Seicheles 36

África do Sul 37

Suazilândia 38

Tanzânia 39

Zâmbia 40

Zimbabué

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

49

O nível de complementaridade na SADC é reduzido, havendo no entanto maior complementaridade entre a

África do Sul enquanto importador de um vasto conjunto de países, dos quais se destacam o Zimbabué (86

pts), a Zâmbia (81 pts), a Tanzânia (80 pts) e Moçambique (77 pts).

Em termos de complementaridade enquanto país exportador, o Zimbabué apresenta um maior nível de

complementaridade com 6 países do bloco, o Botsuana (67 pts), o Lesoto (71 pts), a Namíbia (67 pts), África

do Sul (86 pts), Tanzânia (69 pts) e Zâmbia (70 pts).

É notória a importância da África do Sul no bloco e a capacidade de absorção das exportações de um

alargado conjunto de países atendendo à sua estrutura de importações, e em concreto de Moçambique.

1.4.2. Comércio intrarregional

A SADC regista o 3º maior valor mundial de trocas intrarregião, medido pelo rácio de exportações sobre o PIB,

dos espaços de integração económica analisados, cujo nível de integração é liderado pela União Europeia

(“UE”) e seguido pela ASEAN, o que indicia um nível de integração relevante, tendo em consideração o nível

de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem representar o dobro das

registadas.

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012)

Indicador SADC União Europeia

CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN

Exportações intrarregião

(milhões US$, 2012) 27.153 3.630.191 16.283 1.111 67.343 11.667 324.184

Exportações intrarregião

(% no PIB da região, 2012)

4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90%

Exportações intrarregião

(% das exportações mundiais, 2012)

0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77%

Crescimento anual médio das exportações

intrarregião (2008-2012)

6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65%

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Acresce que a dinâmica de crescimento é a mais acentuada das regiões analisadas. Importa no entanto,

referir que os produtos petrolíferos assumem especial relevo nas trocas comerciais, estimando-se que possam

representar 20% do total das exportações intrarregião.

As exportações intra-SADC só representam 8,86% do total das exportações da região

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

50

Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

A dimensão, estrutura, localização das economias e acordos prévios determinam o fluxo atual de trocas

comerciais.

A análise do peso das exportações vs. importações intrarregião revela que 4 países representem cerca de

52% das importações intrarregionais: África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, conjuntamente, demonstram

um elevado nível de integração económica regional.

Angola, apesar de apresentar um elevado índice de exportações regionais, tem um valor reduzido de

importações. Este indicador é característico de uma economia protecionista ou de uma baixa

complementaridade entre as necessidades dos países e a capacidade de exportação dos demais países da

região da SADC.

No polo oposto, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, apesar de apresentarem índices de importações regionais mais

elevados que os demais países, têm valores de exportação reduzidos (quando comparando com as

exportações). Este indicador é característico de economias menos protecionistas ou de um maior grau de

complementaridade regional. Para mais informações sobre o grau de complementaridade verificar a análise

realizada adiante em ponto autónomo.

Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

20,980 19,444

22,344 25,882 27,153

472,620 469,077

572,817

658,562 663,724

0

100,000

200,000

300,000

400,000

500,000

600,000

700,000

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

2008 2009 2010 2011 2012

PIB

a p

reço

s c

orr

en

tes (

mil

es U

S$)

Imp

ort

açõ

es;

Exp

ort

açõ

es (

Mil

es U

S$)

Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$)

África do Sul

Angola

Zâmbia

Zimbabué

Namíbia

Moçambique

Tanzânia

Botsuana

Maurícias

Maláui

Madagáscar

Rep. Dem. Congo

Seicheles

Lesoto

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

16%

18%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Imp

ort

açõ

es in

tra-S

AD

C (

%n

o t

ota

l d

as im

po

rtaçõ

es in

tra-S

AD

C)

Exportações intra-SADC (%no total das exportações da SADC)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

51

De referir que apenas a África do Sul, Angola e Tanzânia (embora em menor grau) apresentam balanças

comerciais intra-regionais positivas, sendo a República Democrática do Congo e o Lesoto aquelas que

apresentam balanças comerciais proporcionalmente mais deficitárias.

Importa igualmente compreender, atendendo às características dos vários mercados, quais os produtos

transacionados intra-SADC e, consequentemente, aqueles que revelam menos obstáculos à exportação.

Produtos transacionados intra-SADC

Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

1.4.3. África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região

A África do Sul, a economia mais desenvolvida da SADC, mantém vínculos comerciais com quase todos os

países-membros da SADC e possui uma grande diversidade de produtos exportados, sendo de destacar os

seguintes: petróleo refinado (6%), veículos de transporte de mercadorias (5%) e engenharia civil e

empreiteiros; fábrica e equipamento (3%).

Da análise dos mercados de destino dos produtos exportados verifica-se uma dispersão das exportações de

petróleo refinado pelos vários países da SADC, e uma concentração das exportações com um maior volume

para seis países: Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botswana (12%), Angola (10%) e Rep.

Dem. Congo (10%).

35%

17% 14%

9%

8%

6%

4% 3% 3%

Combustíveis minerais,lubrificantes e materiaisrelacionadosMaquinaria e equipamentos detransporte

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (excetocombustíveis)

Commodities e transações n.e.

Bebidas e tabaco

As principais trocas assentam

em matérias-primas, produtos

petrolíferos, nos quais a região é

abundante, produtos

agroalimentares para satisfazer

a procura decorrente do

aumento populacional, assim

como do aumento do poder de

compra, e em equipamento de

transporte.

Os produtos manufaturados têm

ainda uma baixa

representatividade, quando

comparado com as regiões

económicas mais desenvolvidas,

o que representa uma

oportunidade para os países que

acelerem a sua industrialização.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

52

Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As principais exportações para estes seis países totalizaram em 2012 um montante superior a 4 mil milhões de

USD, sendo as exportações de maquinarias e equipamentos de transportes responsáveis por cerca de 49%

das principais exportações, num total de 1.9 mil milhões de USD exportados.

Angola tem um peso substancial nas trocas intra-SADC (25%), mas concentrando-se apenas num produto – o

petróleo (99% do total das exportações de Angola para a SADC) com destino a África do Sul.

África do Sul 43% das exportações intra-SADC

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

53

Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2010 e 2012

O incremento e diversificação da base industrial, beneficiando de um mercado interno, poderão gerar uma

base de produção para as economias vizinhas, muito embora existam um conjunto de fatores críticos que,

entre outros, terão de ser ultrapassados:

Concorrência da África do Sul;

Crescimento da capacidade industrial;

Capacitação de quadros técnicos;

Adesão a instrumentos regionais de facilitação de transporte de mercadorias;

Compatibilização e futura harmonização aduaneira;

Adesão a instrumentos de harmonização fiscal;

Adesão à estratégia de integração regional da SADC.

Angola 25% das trocas intra-SADC

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

54

1.5. Comércio extrarregional

1.5.1. Principais parceiros comerciais da SADC

A SADC tem historicamente apresentado uma Balança Comercial negativa em cerca de USD 8 mil

milhões (cerca de 1,2% do PIB da região), excetuando em 2011, ano em que as exportações

superaram marginalmente as importações.

Importações

A SADC importa maioritariamente de países industrializados (China, países membros da EU, Japão e Índia).

Nota-se que a China foi o único país que conseguiu aumentar significativamente a sua importância relativa nas

importações do bloco, em parte pela sua crescente necessidade de recursos naturais, dos quais se destaca,

entre outros, o petróleo.

A importação de petróleo do bloco resulta em grande medida das necessidades de África do Sul que, além das

importações de Angola, importa petróleo dos Emirados Árabes Unidos e Nigéria. Aliás, Angola encontra-se no

terceiro lugar das importações de petróleo de África do Sul, apesar de ter capacidade de produzir petróleo

suficiente para suprir a totalidade das necessidades deste país.

Entre 2008 e 2012, assistiu-se a um crescimento do nível das importações para a região, a ritmo anual de

5,72%.

Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro de Comércio Internacional, 2008-2012

Numa análise global, o aumento das importações demonstra um crescimento contínuo e consistente das

economias emergentes, como é o caso da China e da Índia, com forte presença na região e em todo o

continente Africano. Por outro lado, nos principais produtos importados pelo bloco, pode verificar-se uma certa

estagnação na importância dos países europeus, dos EUA e do Japão.

11% 12% 13% 14% 17%

9% 9% 9% 8% 8% 5% 4% 5% 6% 6% 4% 4%

4% 4% 5%

4% 3% 4% 3%

3% 4% 4%

3% 3% 3%

1% 2% 2% 2%

3%

3% 3% 2% 2%

3%

2% 3% 2% 2%

3%

2% 2% 2% 2%

2%

2% 2% 2% 2%

2%

3% 3% 2% 2%

2%

171.955

140.592

162.756

205.792 214.824

-

50,000

100,000

150,000

200,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Peso

nas im

po

rtaçõ

es d

a S

AD

C

China Alemanha Índia Reino Unido Japão

França Gana Portugal Países Baixos Bélgica

Tailândia Brasil Importações

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55

Importações da SADC – Top produtos

Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012

Relativamente aos produtos, destacam-se as importações de maquinaria e equipamentos de transporte,

representando cerca de 33% das importações totais da região. Em segundo lugar surgem as importações de

combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados com um peso de 18%, dada a inexistência de

capacidade instalada na refinação de petróleo na região.

33%

18% 15%

11%

9%

8%

3% 2% Maquinaria e equipamentos detransporte

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Óleos vegetais e animais, gorduras eceras

Do total dos produtos importados pela SADC no montante de US$ 216 mil milhões identificamos

de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das

importações, no montante de cerca US$ 119.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão

representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais

betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de

telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de

mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos

veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as

indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos

elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para

circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico

manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e

equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas

compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas

alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio

em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e

óleos; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras

vegetais e óleos refinados; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios,

cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos

domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna

e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos

inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Materiais de construção.

Fonte: UNCTADStat, dados 2012

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56

Importações SADC da China e da Alemanha

Gráfico 22 - Importações SADC da China

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Nas importações de maquinaria e equipamento de

transporte vindas da China, são de destacar as

importações de máquinas automáticas para

processamento de dados, equipamentos de

telecomunicações e calçado.

Este facto resulta da política explícita do Governo

chinês, que troca petróleo por bens e

infraestruturas.

Note-se que a China posiciona-se como um

concorrente de muitos produtos que formam a base

da estrutura industrial portuguesa.

Da Alemanha os grandes fluxos de importação

referem-se a veículos de transporte de pessoas,

turbinas de vapor e partes e acessórios para veículos

automóveis.

45%

23%

21%

8% 3%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

59%

14%

13%

7% 4%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

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57

Importações SADC dos EUA e da Índia

Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 25 - Importações SADC da Índia

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Os Estados Unidos da América também apresentam

um peso significativo nas importações da SADC de

veículos (para transporte de pessoas e de

mercadorias), assim como de máquinas e

equipamentos de engenharia civil.

Da Índia são importados veículos de transporte de

passageiros, embora pesem mais os óleos de petróleo

ou de minerais betuminosos (> 70%) e as importações

de medicamentos (incluindo medicamentos

veterinários).

A Índia, apesar de não ser um importante produtor de

petróleo, aproveita a sua capacidade excedentária de

refinação para se posicionar como um fornecedor de

combustíveis beneficiando, deste modo, as suas

exportações para o bloco.

52%

13%

10%

9%

9% 4%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

34%

23%

18%

13%

7% 5%

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

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58

Importações SADC do Reino Unido

Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Relativamente ao Reino Unido, são de

destacar as importações de óleos brutos

de petróleo, óleos de minerais

betuminosos, crude, artigos de cerâmica

e veículos de transporte de pessoas.

Note-se que a proximidade cultural do

Reino Unido é explorada, em produtos

menos complexos, permitindo-lhe

posicionar-se como um sério concorrente

de muitos produtos que formam a base

da estrutura industrial portuguesa.

44%

23%

10%

9%

5% 5%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Bebidas e tabaco

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59

Exportações da SADC – Top produtos

Exportações

Os principais destinos das exportações dos países da SADC são a China, os EUA, a Índia e o Reino Unido,

representando cerca de 54% do total das exportações da SADC em 2012.

Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro Internacional de Comércio, 2008-2012

Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012

Fonte: International Trade Centre

As exportações dos EM da SADC são maioritariamente matérias-primas, com especial relevo para o petróleo e

seus derivados, diamantes, minérios e cobre, denotando assim a elevada importância que as indústrias ligadas

à extração mineira ou petrolífera têm nos países da região.

Pela natureza das exportações (matérias-primas), os principais destinos analisados individualmente continuam

a ser os países com elevada produção industrial. Assim, boa parte do petróleo exportado pelos países da

SADC tem como destino a China, os EUA, a Índia e Taiwan.

17% 20% 25% 27% 28%

16% 13% 13% 11% 10% 4% 7% 7% 7% 8% 6% 5% 5% 4% 8%

5% 4% 4% 4%

4% 5% 5%

4% 4% 4%

171,049

131,156

170,444

206,740 206,868

-

50,000

100,000

150,000

200,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Exp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Peso

nas e

xp

ort

açõ

es t

ota

is d

a S

AD

C

China EUA Índia

Reino Unido Japão Alemanha

Taipé Chinesa Hong Kong, China Exportações

40%

21%

14%

8%

5%

4% 4% 2% 2%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Maquinaria e equipamentos de transporte

Alimentos e animais vivos

Commodities e transações n.e.

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco Angola representa 85%

das exportações de

combustíveis da SADC

As exportações da

SADC cresceram, em

média, 17% por ano,

desde 2009

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60

Gráfico 29 - Exportações SADC para a China

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

58% 24%

10%

2% 2%

2%

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Bebidas e tabaco

Maquinaria e equipamentos de transporte

72%

11%

7%

4% 3%

2%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Outros artigos manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Químicos e produtos relacionados

79%

11%

4% 2% 2%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Commodities e transações n.e.

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

49%

25%

8%

5%

5% 3% 3%

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionadosAlimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Maquinaria e equipamentos de transporte

Outros artigos manufaturados

Commodities e transações n.e.

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61

1.5.2. Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC

Importações

Analisando a relação comercial na vertente das trocas comerciais da SADC com os países pertencentes à CPLP,

começando pelas importações, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Portugal

merece especial destaque pelo aumento do volume de exportações para a SADC (crescimento médio anual de 21%, entre

2008 e 2012).

Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC

Fonte: Centro de Comércio Internacional, 2012

3,895 3,298 2,620 3,357 4,317

3,883 4,527

3,135

4,468

8,187 4.52% 5.57%

3.54%

3.80%

5.82%

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Brasil Portugal

Angola é o principal

parceiro comercial

de Portugal dentro

da SADC,

absorvendo 87% das

exportações

portuguesas para

este mercado

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

62

Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Quando observados os principais grupos de produtos

exportados por Portugal para a SADC, os que

apresentam maior peso são a maquinaria, o

equipamento de transporte e os bens manufaturados.

Se analisarmos cada um dos países da CPLP que

integram a SADC são de destacar os seguintes

produtos exportados por Portugal:

- Angola: bebidas alcoólicas; estruturas e partes de

estruturas de ferro, aço ou alumínio e móveis e suas

partes, cujo principal destino é Angola.

- Moçambique: máquinas e aparelhos, metais comuns,

veículos e outros materiais de transporte, produtos

alimentares, pastas celulósicas e papel e químicos, para

Moçambique.

Importações SADC do Brasil

Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC

30%

23% 15%

10%

10%

8% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco

Químicos e produtos relacionados

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

A África do Sul é o país da SADC que mais importa produtos oriundos do Brasil, seguido de Angola

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

63

O Brasil apresenta uma forte exportação de

alimentos para a SADC. São de destacar as “outras

carnes e miudezas comestíveis” com elevado envio

para Angola e para África do Sul, assim como os

açúcares, melaço e mel, com presença forte em

Angola.

As exportações de móveis e peças de mobiliário

apresentam também um valor relevante, tendo como

principal destino, dentro da SADC, Angola.

O Brasil apresenta uma base mais diversificada de

exportação, com competências para exportar para a

África do Sul (pese embora a base de produtos

corresponder a bens do setor primário).

O peso de Moçambique nas importações do Brasil é

diminuto.

Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil

Exportações

A CPLP é responsável somente por cerca de 3,3% das exportações da SADC, sendo que apenas Portugal e Brasil apresentam valores dignos de registo.

Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio)

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

Portugal tem vindo a aumentar a sua importância no seio da SADC, nomeadamente através da crescente

importação dos produtos da SADC. Entre 2008 e 2012, Portugal aumentou a sua quota nas exportações da

SADC de 0,68% para 2,81%.

49%

21%

10%

7%

5% 4%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

1,160 692 1,094

1,980

5,808 2,716

528

1,209

1,392

992

2.27%

0.93%

1.35%

1.63%

3.29%

-

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

6,000

7,000

8,000

2008 2009 2010 2011 2012

Exp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Portugal Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

64

O Brasil surge como o 2º país da CPLP, não pertencente ao bloco, em termos de destino das exportações dos

países membros da SADC, representando cerca de 0,48% das exportações da zona.

Exportações SADC para Portugal e para o Brasil

Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Enquanto Portugal importa quase exclusivamente combustíveis da SADC, o Brasil importa também químicos e

outros bens manufaturados, bem como alguma maquinaria.

93%

4%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Alimentos e animais vivos

32%

27%

25%

8%

5%

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

65

1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC

A SADC tem vindo a registar desde 2008 uma tendência de abrandamento na sua competitividade para

captação de investimento direto estrangeiro, nomeadamamente pela diminuição do capital investido na região

que em 2008 registava um volume de US$ 18 mil milhões e em 2012 somente de cerca de US$ 11 mil

milhões. Os países da SADC que mais captaram IDE em 2012 foram Moçambique, África do Sul e a Rep.

Democrática do Congo.

Relativamente ao aumento do investimento da região no exterior (Outward) este tem vindo a aumentar

exponencialmente desde 2008, tendo atingido em 2012 cerca de US$ 7.8 mil milhões.

Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012

Com exeção de Angola, Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo, os fluxos de IDE nos demais países da região têm-se apresentado heterogéneos. Países como o Botsuana, o Lesoto, Madagáscar, Maláui, Namíbia, Seicheles, Suazilândia e Zimbabué têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor estrangeiro, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva.

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$)

País 2008 2009 2010 2011 2012

Angola 1.679 2.205 (3.227) (3.024) (6.898)

Botsuana 521 129 (6) 414 293

Rep. Dem. Congo 1.727 664 2.939 1.687 3.312

Lesoto 112 100 114 132 172

Madagáscar 1.169 1.066 808 810 895

Maláui 195 49 97 129 129

18,714

13,177

8,198

12,865 11,788

(514)

1,509 2,591

2,080

7,841

(5,000)

-

5,000

10,000

15,000

20,000

2008 2009 2010 2011 2012

Mil

es U

S$

Inward Outward

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

66

País 2008 2009 2010 2011 2012

Maurícias 383 248 430 273 361

Moçambique 592 893 1.018 2.663 5.218

Namíbia 720 522 793 816 357

Seicheles 130 118 160 144 114

África do Sul 9.006 5.365 1.228 6.004 4.572

Suazilândia 106 66 136 93 90

Tanzânia 1.383 953 1.813 1.229 1.706

Zâmbia 939 695 1.729 1.108 1.066

Zimbabué 52 105 166 387 400

SADC 18.714 13.177 8.198 12.865 11.788

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Nos últimos 2 a 3 anos registou-se um forte aumento da atratividade de Moçambique como destino de IDE,

muito tendo contribuído os projetos associados ao potencial de desenvolvimento da exploração de LNG – Gás

Natural.

A Tanzânia e a República Democrática do Congo viram igualmente os fluxos de IDE serem reforçados em

2012.

Por outro lado, verificou-se também uma diminuição dos fluxos de IDE para a África do Sul com uma queda

de 24 por cento para US$ 4,6 milhões.

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67

1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial

A SADC constitui uma geografia de oportunidade de IDE, na contribuição para o seu desenvolvimento,

agregando cerca de US$ 650 mil milhões de PIB e mais de 285 milhões de habitantes.

Os planos de desenvolvimento e reforço de integração gerarão a prazo oportunidades de modernização

económica da região e intensificação de trocas comerciais, a par de um incremento do tecido industrial com

potencial exportador, os quais poderão ser impulsionados pela concretização das ZCL e dos instrumentos para

o desenvolvimento de setores industriais competitivos a nível global, a que não ficará alheia a modernização e

maior integração do mercado de capitais e do sistema financeiro.

De fato, presentemente as importações de maquinaria, combustíveis, bens manufaturados e químicos

constituem cerca de 75% das importações da SADC, como resultado da incapacidade de refinação dos países

produtores de petróleo (Angola em particular) e da menor industrialização das economias, em particular as de

menor dimensão. As importações de fora da SADC têm origem na sua maioria da China, EUA, Alemanha e

Reino Unido, excetuando o que respeita a combustíveis que são exportados a partir da Índia e também de

Angola (por refinar).

Aliás, em termos de balança comercial, desde o final da década de 90, o desempenho económico e a balança

comercial dos países da SADC encontram-se altamente correlacionados com o crescimento da economia

chinesa. Por outro lado, verificou-se um declínio das relações comerciais relativas com os EUA, deixando

assim os países da SADC menos expostos ao desempenho da Economia norte-americana. Estas mudanças

são particularmente expressivas no caso da África do Sul, de Angola, de Madagáscar, da Namíbia e das

Seicheles.

A heterogeneidade económica dos EMs da SADC releva o peso da África do Sul e Angola, que representam

cerca de 60% e 18% do PIB da região, respetivamente, mas com estruturas produtivas substancialmente

diferentes, sendo que, as restantes 13 economias representam cerca de 22% do PIB (dados de 2012).

A África do Sul, quando comparada com as restantes economias da região, apresenta uma estrutura produtiva

bastante diversificada, sendo o parceiro dominante nas trocas comerciais intra-regionais, representando 43%

das exportações intra-SADC e com elevada diversidade de produtos exportados. As exportações com maior

volume destinam-se à Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botsuana (12%), Angola (10%) e

Rep. Dem. Congo (10%), sendo que este conjunto de nações importa, fundamentalmente, Maquinaria e

Equipamento de Transporte, Químicos e Combustíveis.

O petróleo é particularmente significativo na estrutura económica angolana. Fortalecida por uma Balança

Comercial positiva, Angola representa 25% das trocas comerciais da SADC, com elevada concentração de

exportações de petróleo para a África do Sul. No quadro da estratégia do Governo de Angola surge o fomento

à diversificação da economia. Esta opção governativa introduz um conjunto de oportunidades de investimento

no tecido empresarial local, desde o setor agrícola, passando pela indústria agroalimentar, até às atividades de

logística e serviços. O tecido industrial deverá ser igualmente alvo de crescimento a prazo como resultado da

política de fomento, bem como do incremento do rendimento da população e do consumo privado, constituindo

aqui também uma oportunidade de investimento.

Moçambique, a prazo, tem focos desenvolvimento no projeto de exploração de gás natural, estimando-se que

todas as atividades no cluster da prospeção, extração e exploração possam prosperar a médio / longo prazo, a

par das atividades subsidiárias e acessórias ao mencionado cluster. De igual modo, a aceleração esperada da

Economia colocará mais capital a circular nas ruas, fomentando o aumento do consumo de bens duradouros e

bens não - duradouros. A oportunidade que o gás natural poderá gerar tem levado a um intensificar dos níveis

de IDE para Moçambique, que desde 2010 têm crescido a um ritmo superior a 100% ao ano.

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68

A agricultura surge com principal relevo no Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo,

Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que no seu conjunto representam cerca de 16% do PIB da região. Principal

fonte de emprego, a agricultura apresenta, na maioria das explorações, oportunidades de mecanização e

incremento de produtividade. Acresce ainda que é um setor que em muitos países apresenta fortes índices de

exportação, apresentando um peso relevante na Balança Comercial desses países. São também estes países

que se têm apresentado menos atrativos à captação de IDE, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura

produtiva.

A indústria extrativa, em particular a mineira, é preponderante nas economias do Botsuana, Namíbia e Zâmbia,

concentrando-se as oportunidades de negócio neste cluster.

As oportunidades de investimento no Turismo têm sido, na sua maioria, concretizadas nas Seicheles e

Maurícias, sendo que o Botsuana (Bacia do Okavango), Moçambique e Namíbia vêm apostando no

desenvolvimento deste setor. Angola tem também como objetivo, a prazo, a criação de uma indústria de

Turismo, promovendo o desenvolvimento de 3 polos turísticos em Cabo Ledo, Kalandula e junto ao Okavango,

o qual impulsionará atividades de serviços profissionais nas áreas do ambiente, ordenamento do território e

construção e infraestruturas.

1.8. Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos

Região País Principais

produtos agrícolas

Oportunidades

para o bloco

(produtos e serviços

associados aos setores)

Principais

aeroportos

Principais

portos

SA

DC

Bots

ua

na

Pecuári

a,

Sorg

o, M

ilho,

Feijã

o, G

irassol,

Am

endo

im

Indústr

ia m

ine

ira,

Sa

úde

,

Turism

o, In

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas

A SADC apresenta um conjunto alargado de oportunidades para as empresas portuguesas em termos de

exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por Angola.

Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no total US$ 5.3 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de US$ 2.9 mil milhões:

Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros comerciais no, total US$ 24 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 49% das importações, no montante de US$ 11.811 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças

de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos,

tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras,

cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção

civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários);

Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados;

Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos

plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias;

Outras máquinas e aparelhos para as indústrias

particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração;

Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Gorduras vegetais

e óleos, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos

elétricos; Equipamento e componentes mecânicas;

Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para

impressão; Materiais de construção; Componentes para

máquinas de energia elétrica; Alumínio.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns; Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas, compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração.

Do total dos produtos importados pelo Botsuana aos seus parceiros comerciais no, total US$ 8.025 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ 5.870 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela República Democrática do Congo aos seus parceiros comerciais no, total US$ 6.1 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 50% das importações, no montante de cerca de US$ 3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Equipamento de telecomunicação; Materiais de construção; Geradores; Aeronaves e equipamentos

associados; Madeira e aparas de madeira; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas de processamento de dados; Cereais em grão; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Peças e acessórios dos veículos; Tabaco; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Metais comuns; Mobiliário e peças; Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Calçado; Produtos comestíveis e preparações.

Veículos a motor para transporte de mercadorias; Óleos

de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas para a construção civil; Outras carnes e miudezas comestíveis; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Peixe fresco ou congelado; Produtos comestíveis e preparações; Tubos e perfis ocos, de ferro e aço; Tecidos de algodão; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Materiais de construção; Bombas para água; Máquinas e aparelhos elétricos; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Metais comuns; Máquinas de energia elétrica e componentes; Bombas, compressores a gás e ventiladores; geradores; Roupas e outros artigos têxteis; Ferramentas mecânicas e outras.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Do total dos produtos importados pelo Lesoto aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no montante de US$ 1.4 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados por Madagáscar aos seus parceiros comerciais no, total US$ 3.05 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 1.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos de malha; Tecidos de algodão; Outras refeições à base de cereais e farinha; Equipamento de

telecomunicação; Outras carnes e miudezas comestíveis; Automóveis; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Perfumaria e cosméticos; Recetores de televisão; Produtos residuais de petróleo; Milho; Calçado; Fios têxteis; Sabonetes, produtos de limpeza e polimento; Pregos, parafusos, porcas, parafusos, rebites e semelhantes; Aparelho para circuitos elétricos, painéis; Gás natural; Papel e cartão; Trigo e centeio em grão; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plástico; Leite e produtos lácteos.

Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fios têxteis; Arroz; Açúcar, melaço e mel; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tecidos de algodão; Tecidos artificiais; Gorduras vegetais e óleos; Tecidos de malha; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Outros tecidos; Peixe fresco ou congelado; Equipamento de telecomunicação; Carvão; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Artigos de plástico; Lã; Artigos de matérias têxteis; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Materiais de construção.

Do total dos produtos importados pelo Maláui aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 56% das importações, no montante de cerca de US$ 1.5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Maurícia aos seus parceiros comerciais no, total US$ 5.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 5.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Fertilizantes; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Tabaco; Materiais de construção; Material para impressão; Trigo e centeio em grão; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos medicinais e farmacêuticos; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Máquinas para a construção civil; Mobiliário e peças; Aparelhos elétricos de diagnóstico para as ciências médicas; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Artigos de matérias têxteis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Papel e cartão; Polímeros de etileno; Automóveis; Óleos essenciais e perfumes; Máquinas e aparelhos elétricos; Minerais em bruto.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Peixe fresco ou congelado; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carvão; Materiais de construção; Tecidos de algodão; Pérolas, pedras

preciosas e semipreciosas; Leite e produtos lácteos; Máquinas de processamento de dados; Fios têxteis; Propano e butano liquefeito; Tabaco; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Motores de pistão de combustão interna e componentes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Perfumaria e cosméticos; Produtos comestíveis e preparações; Metais comuns; Arroz; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Máquinas e aparelhos elétricos; Trigo e centeio em grão; Artigos de plástico.

Do total dos produtos importados pela Namíbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 6.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 57% das importações, no montante de US$ 3.679 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelas Seicheles aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 752 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 68% das importações, no montante de cerca de US$ 513 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios de cobre; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Embarcações; Peixe fresco ou congelado; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Madeira e aparas; Gorduras

vegetais e óleos, refinado, do fracionamento; Metais

Page 73: ANGOLA - Particulares · OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo PE – Projetos Estruturantes PIB – Produto Interno Bruto ... assumem um papel relevantíssimo,

Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

73

telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Aparelhos e equipamentos fotográficos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Cobre; Mobiliário e peças; Aeronaves e equipamentos associados; Artigos de matérias têxteis; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Bebidas alcoólicas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Metais comuns; Máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Aparelhos de medição, análise e controle; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Peças e acessórios de veículos; Trigo e

centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Artigos plásticos.

comuns; Materiais de construção; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Papel e cartão;

Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Arroz; Artigos plásticos; Aeronaves e equipamentos associados; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Outras carnes e miudezas comestíveis; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Material para impressão; Legumes.

Do total dos produtos importados pela Suazilândia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 1.2 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pela Tanzânia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 11.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações, no montante de cerca de US$ 6.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Tecidos de malha; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Tecidos de algodão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Óleos essenciais e perfumes; Material para impressão; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sumos de frutas e de vegetais; Artigos de plástico; Produtos comestíveis e preparações; Energia; Calçado; Refeições à base de cereais e farinha; Bebidas alcoólicas; Produtos diversos das indústrias químicas; Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tules, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas;

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos artificiais; Cobre; Equipamento de telecomunicação; Peças e acessórios dos veículos; Outros produtos químicos orgânicos.

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Automóveis; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado e não revestido; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motocicletas e velocípedes; Outras matérias plásticas em formas primárias; Fertilizantes; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plásticos; Geradores; Polímeros de etileno, em formas primárias; Metais comuns; Máquinas de processamento de dados; Semirreboques.

Do total dos produtos importados pela Zâmbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 8.2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados pelo Zimbabué aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 4.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 52% das importações, no montante de cerca de US$ 2.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Minérios de cobre e seus concentrados; Óleos brutos de petróleo e outros; Máquinas para a construção civil;

Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Cobre; Fertilizantes; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Óleos de

petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios e concentrados de metais básicos; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço e alumínio; Bombas de água; Metais comuns; Produtos diversos das indústrias químicas; Tubos e perfis ocos,

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fertilizantes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Máquinas para a construção civil; Milho; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Açúcar, melaço e mel;

Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Tabaco; Níquel minérios e concentrados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Energia; Produtos comestíveis e preparações; Automóveis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Artigos de plástico; Papel e cartão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Sais metálicos e

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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acessórios, ferro e aço; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos laminados planos de ferro e aço, revestidos, folheados; Automóveis; Ferramentas mecânicas, outras; Peças e acessórios de veículos.

peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tecidos artificiais.

Países analisados autonomamente

Do total dos produtos importados por Moçambique aos seus parceiros comerciais no total de US$ 6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ 3.167 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Do total dos produtos importados a África do Sul aos seus parceiros comerciais no total de US$ 124 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 43% das importações, no montante de US$ 54 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas:

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a construção civil; Arroz; Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Fertilizantes; Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; Alumínio; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos residuais de petróleo; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Carvão; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados planos de ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sabonetes, limpeza e de polimento; Mobiliário e peças.

Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e componentes; Peças e acessórios para máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; Arroz.

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75

2.África do Sul

O país com maior peso na região

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2. África do Sul. O país com maior peso na região

2.1. Macroeconomia

2.1.1. PIB da economia Sul-Africana

A África do Sul é o país com maior peso na região, representando mais de 59% do PIB da SADC.

Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC41

A economia da África do Sul 42

é a maior e mais sofisticada do continente Africano, representando cerca de

34% do PIB da África Subsaariana e 59% do PIB da SADC. É uma economia abundante em recursos naturais,

como platina, ouro, diamantes e carvão, dispõe de uma razoável rede de infraestruturas e transportes e

apresenta um sistema financeiro bastante desenvolvido. A sua importância no continente Africano foi

confirmada pela inclusão no acrónimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - South Africa).

41

World Bank 42

Fonte: FMI (Fundo Monetário Internacional), IFI (Instituto de Finanças Internacionais), Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul, e Análise BPI agosto 2013

África do Sul 59.14%

Angola 17.57%

Botsuana 2.22%

Congo R.D 2.75%

Lesoto 0.38%

Madagáscar 1.53%

Malauí 0.66%

Maurícia 1.61%

Moçambique 2.24%

Namíbia 1.97%

Seicheles 0.16%

Suazilândia 0.58%

Tanzânia 4.35%

Zâmbia 3.18%

Zimbabué 1.66%

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77

Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$

Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB

Após o decréscimo do PIB registado em 2009 a trajetória de crescimento do PIB recuperou, em parte como

resultado do conjunto de políticas governamentais de estímulo fiscal e da recuperação da procura interna, por

via da realização do Mundial de Futebol. Em 2011 o crescimento do PIB de 3.5% (segundo o FMI e o IFI),

resulta da contribuição positiva das exportações (evolução dos preços das commodities), mas também da

procura interna.

O setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo

contribuído em 2010 com cerca de 8,6% para o PIB e em 2011 com cerca de 10% (Análise BES 2012). A

importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país bastante rico em recursos minerais. Em

2010, o país foi o maior produtor mundial de crómio, o maior produtor de platina (com uma quota mundial de

76%), o 5º maior produtor de ouro e o 4º maior produtor de diamantes (em volume e valor).

Para além deste setor, aqueles que têm maior peso no crescimento económico do país são as infraestruturas

(transportes, energia, comunicações e habitação social), a agricultura e o turismo.

2.1.2. Orçamento Geral do Estado43

A situação orçamental da África do Sul é sólida, muito embora se tenha registado uma ligeira quebra no

exercício de 2012. O défice do setor público administrativo aumentou ligeiramente de 4.1% do PIB em 2011,

para 4.2% do PIB em 2012.

Os maiores défices orçamentais recentes foram consequência de medidas anticíclicas do Governo, que

visaram apoiar o crescimento e o emprego. Assim, a despesa pública governamental aumentou, tendo subido

de 20% do PIB em 2011, para 29,9% em 2012.

O Governo previu para o ano de 2013 um aumento na despesa pública. No entanto, tudo indica que este

aumento está a decorrer a um ritmo inferior quando comparado com os resultados do exercício anterior, e com

as previsões orçamentais.

Apesar da economia Sul-Africana ter continuado a crescer desde a recessão de 2009, o ritmo moderado do

seu crescimento tem afetado negativamente as receitas, tendo a economia sido afetada pela instabilidade no

mercado laboral e pela diminuição dos preços nas matérias-primas. A degradação contínua do crescimento

económico verificada nos principais parceiros comerciais do país também não contribuiu para inverter esta

tendência.

43

Fontes: African Economic Outlook; Relatório Económico Anual – Banco Central da África do sul, 2013

5,591 5,766

7,265 7,951 7,507

2008 2009 2010 2011 2012

PIB per capita (USD)

3.6

-1.5

3.1 3.5

2.5

2008 2009 2010 2011 2012

PIB (variação anual)

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78

2.1.3. Dívida Pública externa e interna44

A dívida pública interna aumentou substancialmente, tendo passado de cerca US$ 87 mil milhões em 2011,

para cerca de US$ 105 mil milhões em 2012. A dívida nacional corresponde a 90% do endividamento total.

Devido à natureza da moeda nacional e dos mercados de capitais, a fonte de financiamento primária para o

défice orçamental continua a ser a contratação de empréstimos internos através de uma combinação de títulos

do Tesouro, de obrigações de taxa fixa, e de obrigações indexadas à inflação.

A dívida pública externa reduziu de 3,8% do PIB em 2011, para 3,7% em 2012, enquanto a dívida externa total

passou de 27% (US$ 50,9 mil milhões) do PIB em 2011, para 29,2% (US$ 53,3 mil milhões) em 2012. O rácio

do serviço da dívida (que avalia a proporção das receitas da exportação necessárias para pagar o serviço da

dívida), aumentou de 93.8% em 2011, para 96.4% em 2012..

O aumento da dívida externa deveu-se, em grande parte, ao aumento do financiamento junto dos mercados de

capitais internacionais pelo Governo, pelo setor bancário, e através de financiamento externo com vista a

financiar investimentos em infraestruturas.

A Moody’s desceu a notação do crédito soberano da África do Sul em um nível - de A3 para Baa1, bem como

as notações dos depósitos externos das principais instituições financeiras e dos bancos comerciais. Cumpre

informar que as notações revistas, emitidas pela Moody’s, estão alinhadas com as notações das outras

principais agências de notação de risco de crédito, sendo improvável que afetem o acesso do país aos

mercados de crédito internacionais.

A estratégia para a gestão da dívida faz parte integrante das amplas políticas de sustentabilidade do Governo,

sendo de destacar afixação dos objetivos líquidos de financiamento, que incluem projeções detalhadas de

componentes internos e externos, a longo e a curto prazo (para um período de três anos).

O total da dívida bruta aumentou de cerca US$ 97 mil milhões, a 31 de março de 2011, para US$ 119 mil

milhões em 2012.

44

Fonte: African Economic Outlook

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79

2.2. Estrutura produtiva

2.2.1. PIB por Setor

O papel do Governo é relevante ao ponto de assegurar 40%, do investimento na Economia.

Conforme referido, os serviços financeiros e o imobiliário desempenham um papel de relevo no

desenvolvimento da África do Sul, sendo um dos setores determinantes na contribuição para o PIB. O

crescimento do setor deveu-se, em grande parte, a um aumento da atividade dos bancos comerciais. De

salientar que a África do Sul dispõe de uma estrutura financeira sofisticada, sendo a Bolsa de Valores de

Joanesburgo (JSE Limited) a maior de África.

Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011

No setor dos serviços, o turismo vem-se apresentando como um importante setor na sua Economia,

contribuindo fortemente para os níveis de emprego. Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking

mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente Africano (depois de

Marrocos).

A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB sul-Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10%

para o PIB do país, estimando-se que com os efeitos indiretos destas contribuições ascendam a 20%. O setor

empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em 201245

. Em 2011, a

África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a

reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (apresentando

uma quota mundial de 9,87%46

).

A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente Africano, tem um peso diminuto no PIB do

país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter relevantes fundações agrícolas. Neste setor destaca-se o

vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção, com uma quota mundial de

3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança

45

Facts about South African Mining-August 2013, Câmara de Minas da África do Sul 46

BES Research Africa do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme available at: https://kimberleyprocessstatistics.org/

7%

16%

21%

8%

15%

5%

3%

13%

10% 2%

Serviços Pessoais

Serviços Públicos

Serviços Financeiros e imobiliário

Transportes e comunicação

Turismo e Comércio

Construção

Eletricidade, gás e água

Indústria Transformadora

Mineração

Agricultura, pescas e florestas

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80

agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a

capacidade de autoabastecimento agrícola47.

2.2.2. Composição do Setor Empresarial do Estado

O Departamento de Empresas Públicas (Department of Public Enterprises – DPE) é o representante do

Governo com responsabilidade pelas seguintes empresas detidas pelo Estado (State Owned Companies -

SOC):

Setor da Energia e Extração Mineira - Eskom e Alexkor;

Setor da Produção - Denel, Safcol e Broadband Infraco;

Setor dos Transportes - South Áfrican Airways, Transnet e South Áfrican Express Airways.

Estas empresas têm um papel fundamental no crescimento económico do país, e um peso muito importante

em vários domínios da região da África Subsariana.

A Eskom é responsável por 95% da energia usada na África do Sul e por cerca de 45% da energia usada em

todo o continente Africano. Estas empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de infraestruturas chave e

contribuem para o aumento da capacidade de produção do país – por exemplo, a principal filial da Safcol, a

Komatiland Forests, detém 80% da companhia de florestas moçambicana - Indústrias Florestais de Manica -,

tendo um papel vital no desenvolvimento rural e na redução do desemprego local.

Os investimentos em infraestruturas são um elemento fulcral da estratégia de crescimento, e as empresas

detidas pelo Estado estão a implementar programas por forma a assegurar que são criadas oportunidades

sustentáveis para investir.

O objetivo deste departamento é o de impulsionar o investimento e a produtividade, e transformar o leque de

empresas do Estado, bem como os seus clientes e fornecedores, por forma a incentivar o crescimento,

industrialização, criação de novas empresas e o desenvolvimento de novas competências. Para que tal

aconteça, os objetivos e atividades do departamento deverão estar em linha com os do Governo.

47

Conclusões com base nos dados do Economic Review of the South African Agriculture 2011/2012

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81

2.3. Política económica

2.3.1. Perspetivas futuras

Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul

48

As perspetivas de crescimento futuro continuam a

refletir uma incapacidade estrutural do país em

retomar o crescimento registado na última década.

Para 2014, a média das previsões de instituições

internacionais aponta para um crescimento de

3,5%, ainda que o cenário do FMI aponte para um

crescimento de 2,0%, e para 2015 as instituições

internacionais esperam um crescimento de 3,7%,

prevendo o FMI um crescimento de apenas 3,4%.

A desaceleração da Economia da África do Sul é

consistente com o abrandamento da taxa de

crescimento dos BRICS e da economia mundial. O

retomar das taxas de crescimento de 5%,

encontra-se pois dependente de alterações da

estrutura económica, e também da conjuntura

mundial.

Vários são os fatores limitativos do potencial crescimento da África do Sul: um mercado de trabalho ineficiente,

com grande falta de formação técnica e infraestruturas deficitárias e degradadas. Por outro lado, as elevadas

taxas de criminalidade, corrupção, ineficiência das entidades públicas e um crescimento mundial mais fraco,

continuarão a atrasar o crescimento do país.

No entanto, verificam-se alguns aspetos positivos como, designadamente, a expansão da classe média, que

deverá estimular o consumo privado de bens duradouros e serviços e a melhoria de redes de transporte e

estações elétricas que deverão permitir um reforço gradual da atratividade ao investimento externo.

2.3.2. Prioridades estratégicas da África do Sul

Embora tenham ocorrido avanços significativos em determinadas áreas, a África do Sul continua a debater-se

com desafios significativos.

A maior economia Africana, e a 28º do mundo, enfrenta um alto nível de desemprego, sobretudo jovem, uma

população que vive com escassos rendimentos (contextos que explicam os elevados índices de criminalidade);

para além de questões de saúde pública, nomeadamente o ainda significativo flagelo da incidência de VIH.

A fraca qualidade do ensino e lacunas ao nível da educação contribuem também para o posicionamento mais

frágil em termos de desenvolvimento. A nível económico, pontua a dificuldade sentida nos últimos anos em

alcançar patamares de expansão mais robustos, que permitam sustentar a trajetória de desenvolvimento e

prosseguir na senda do crescimento. Neste ponto, entre os fatores que mais contribuem para esta situação,

destacam-se a deficiente oferta de energia elétrica, causando roturas nos transportes e na atividade

económica; o comportamento volátil do setor de extração e transformação de minério; o impacto desfasado

das políticas económicas restritivas antes da crise de 2008; e o recuo da procura externa e dos preços das

commodities nos mercados internacionais.

Mais recentemente, o Governo Sul-Africano anunciou as linhas gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento

(NDP) para 2030.

48

Fonte: FMI, IFI, Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul - BPI Research agosto 2012

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82

Plano Nacional de Desenvolvimento: Uma estratégia para o crescimento e desenvolvimento49

O Orçamento para 2013 consubstancia os objetivos estratégicos de crescimento e redução da pobreza

definidos no Plano Nacional de Desenvolvimento (“NDP”, na sigla original). O NDP, criado com o objetivo de

introduzir uma estratégia de longo prazo para um combate definitivo à pobreza e para reduzir as

desigualdades sociais até 2030, tem como principal foco (i) a melhoria do bem estar da população, (ii) a

redução dos custos associados à realização de negócios, (iii) o aumento das exportações e (iv) a criação de

mais emprego, com o objetivo último de tornar o crescimento económico mais inclusivo.

Plano Nacional de Desenvolvimento – África do Sul: 10 Ações Prioritárias

1. Criação de um pacto social (entre o Governo, setor privado, sindicatos e a sociedade civil) para reduzir a

pobreza e as desigualdades, com o objetivo de impulsionar o investimento e o crescimento económico;

2. Definição de uma estratégia para erradicar a pobreza e os seus efeitos que passe por reduzir o desemprego,

reforçar o salário mínimo nacional, desenvolver a rede de transportes públicos e aumentar o rendimento dos

trabalhadores em zonas rurais;

3. Melhoria da gestão e responsabilidade do serviço público, a coordenação do Governo com outras áreas e

eliminação da corrupção;

4. Impulso ao investimento em setores com maior intensidade de trabalho (com especial foco na criação de

emprego para os mais jovens), impulso da competitividade do país e das exportações;

5. Desenvolvimento do sistema educativo;

6. Desenvolvimento do sistema de saúde, através da modernização das infraestruturas de apoio à saúde pública,

de uma maior formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde e da redução do custo dos seguros

privados de saúde (em relação aos seguros públicos);

7. Impulso ao desenvolvimento em infraestruturas até 10% do PIB;

8. Assegurar a sustentabilidade ambiental e a capacidade de proteção contra choques externos;

9. Reforma do espaço geográfico, aumentando a densidade populacional das cidades, melhorando o sistema de

transportes, criando empregos mais próximos das zonas residenciais e desenvolvendo o mercado imobiliário; e

10. Redução da criminalidade através do reforço da justiça criminal e da melhoria do ambiente comunitário.

As ações prioritárias têm por base um conjunto de medidas e objetivos futuros definidos pelo Governo, até 2030 nas diversas dimensões.

Economia

O PIB deverá aumentar 2,7 vezes em termos reais, o que implica uma taxa de crescimento médio

anual do PIB de aproximadamente 5,4%. O PIB per capita deverá aumentar de R50 000 por pessoa,

em 2010, para R110 000 por pessoa em 2030 (preços constantes);

As exportações (medidas em volume) deverão registar uma taxa de crescimento de 6% ao ano em

2030, com a rubrica das exportações “não tradicionais” a crescerem cerca de 10% ao ano;

As poupanças nacionais deverão aumentar de 16% do PIB para 25% do PIB até 2030;

O nível da formação bruta de capital fixo deverá crescer de 17% para 30%, com o nível de

investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10%

até 2030.

Comércio

O comércio intrarregional da África Austral deverá aumentar, de 7% para cerca de 25% até 2030;

49

Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul / BPI Research agosto 2013

Aumento estimado do comércio intrarregional na África Austral de 7% para

25% em 2030

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83

O comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030.

Emprego

A taxa de desemprego deverá baixar de 24,9% em 2012 (junho 2012) para 14% em 2020 e 6% em

2030. Seguindo estas previsões, o “emprego total” deverá aumentar de 13 milhões para 24 milhões de

pessoas empregadas;

A percentagem da população adulta a trabalhar deverá aumentar de 41% para 61% até 2030;

A percentagem da população adulta a trabalhar, nas áreas rurais, deverá aumentar de 29% para 40%

até 2030;

Os programas do Governo para o apoio ao emprego deverão atingir 1 milhão de pessoas em 2015 e 2

milhões de pessoas até 2030.

Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030

Objetivos 2010 2015 2020 2030

Taxa de desemprego (%) 25% 20% 14% 6%

Emprego (milhões) 13 15,8 18,9 23,8

Energia

A proporção de pessoas com acesso à rede elétrica deverá aumentar pelo menos 90% até 2030

(segundo dados da IEA, World Energy Outlook 2011, a taxa de eletrificação na África do Sul é de

cerca de 75% nas zonas urbanas / centrais, e o número de pessoas sem eletricidade é de cerca de

12.3 milhões).

Até 2030, a África do Sul precisará de mais 29 000 MW de eletricidade disponível, e será dada maior

importância ao setor das energias renováveis. Este deverá registar um desenvolvimento considerável

até 2030.

Água

Assegurar que toda a população tenha acesso a água limpa e potável, (estima-se que cerca de 94%

da população tenha acesso a água potável, de acordo com o Department water affairs – Rep of South

África) e que este recurso é suficiente para satisfazer as necessidades relativas à agricultura e

indústria.

Transportes

Futuramente, a percentagem de utilizadores de transportes públicos no seu dia-a-dia deverá aumentar substancialmente. Um dos objetivos do Governo para 2030 é tornar os transportes públicos mais “amigos do utilizador e do ambiente” e mais económicos.

Portos

É esperado um aumento da capacidade portuária de Durban, de aproximadamente 3 milhões de

contentores por ano para 20 milhões em 2040. O porto de Durban concorre diretamente com o Porto

de Maputo no qual foi anunciado em 2011 um investimento de US$ 750 milhões até 2030.

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84

2.4. Infraestruturas e energia

Panorâmica das infraestruturas na África do Sul

Situada no extremo sul do continente Africano, a África do Sul

faz fronteira com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbabué e

Moçambique, possuindo uma área de 1,1 milhões de

quilómetros quadrados.

Desde as eleições de 1994, que o país se encontra dividido em nove províncias distintas. A densidade populacional, como se poderá apreender da tabela ao lado, varia bastante de província para província

Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013

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85

Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas50

A atual degradação de infraestruturas

é comumente apontada como um

constrangimento ao crescimento

(destacando-se o défice na rede de

fornecimento elétrica, na rede de

transportes e nas rodovias), o que é

ampliado pelo fraco investimento no

desenvolvimento das estruturas de

apoio à capacidade produtiva.

Note-se que de acordo com o índice

de Competitividade Global do World

Economic Fórum para 2012-2013, a

África do Sul está, a nível de

infraestruturas, acima do nível padrão

da região. Mas, ainda assim, o país

encontra-se posicionado em 63.º

lugar (de um total de 144 países). As

suas infraestruturas requerem

manutenção, e muitas delas

encontram-se obsoletas.

Apesar de em 2012 o investimento público ter aumentado em estradas, linhas ferroviárias, em portos e no

setor energético, continua a existir falta de dinamismo no setor, muito devido aos baixos níveis de investimento

privado.

Na tabela seguinte pode-se ver o investimento público previsto em infraestruturas, por setor, entre 2010 e

2015.

Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 201551

(US$M)

Setor Total

Serviços Económicos 677

Energia 296.2

Água e saneamento 75.2

Transporte e logística 262.0

Outros serviços económicos 43.6

Serviços sociais 140.2

Saúde 36.0

Educação 40.7

Serviços às comunidades 57.6

50

Fonte: Census 2011 51

Fonte: Análise do Orçamento de Estado para 2012

Província População (2011)

Área (km²)

Densidade populacional

(por km²)

Gauteng 12.272.263 18.178 675.1

KwaZulu-Natal 10.267.300 94.361 108.8

Mpumalanga 4.039.939 76.495 52.8

Western Cape 5.822.734 129.462 45.0

Limpopo 5.404.868 125.755 43.0

Eastern Cape 6.562.053 168.966 38.8

North West 3.509.953 104.882 33.5

Free State 2.745.590 129.825 21.1

Northern Cape 1.145.861 372.889 3.1

África do Sul 51.770.561 1.220.813 42.4

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86

Energia

O setor elétrico na África do Sul é dominado pela Eskom, que detém e opera a maioria

das infraestruturas elétricas, fornecendo 95% da energia do país.

O índice Doing Business de 2013 do Banco Mundial, estabelece que um dos aspetos mais negativos no

investimento na África do Sul está relacionado com a obtenção de eletricidade, encontrando-se o país em

150.º lugar (de 185.º posições possíveis).

As infraestruturas elétricas deficitárias constituem graves obstáculos à produção, especialmente quanto à

produção mineira.

Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul52

Como resultado de baixos investimentos no setor, o total de energia passível de distribuição é inferior aos

níveis de 2006.

O país não se encontra capaz de gerar a energia necessária para fazer face à procura, acrescendo ainda que,

reflexo do avançado estado de degradação das infraestruturas, a Eskom, empresa de distribuição elétrica Sul-

Africana, não tem conseguido responder às necessidades da população. A falta de manutenção adequada tem

resultado numa recorrência cada vez maior nos cortes energéticos imprevistos, reduzindo assim a capacidade

elétrica nacional. As reservas marginais de energia da Eskom têm vindo a descer abaixo de 1% nos passados

meses, o que, quando comparado com uma norma internacional de 15% não deixa de ser preocupante.

52

Fonte: Eskom (2011)

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87

Apesar de a Eskom deter o monopólio no setor, existem hoje expetativas claras relativas à alteração das

regras que vigoram presentemente, e à implementação de regulação económica neste âmbito, visando a

quebra do atual monopólio na energia Sul-Africana.

Transportes

Os transportes, a par da energia, são o setor que tem atraído maior atenção por parte

do Governo, por se estabelecer como uma área bastante deficitária.

Cumpre salientar as seguintes caraterísticas da rede ferroviária da África do Sul (figura abaixo):

Ligação dos oito principais portos marítimos ao interior do país;

Os comboios de passageiros e de mercadorias utilizam as mesmas linhas ferroviárias (pelo menos em

serviços intercidades); e

Ligação da África do Sul à Namíbia, ao Botsuana, a Moçambique e ao Zimbabué (e através do

Zimbabué, liga o país à Zâmbia). A linha ferroviária percorre ainda a Suazilândia.

A rede ferroviária Sul-Africana é constituída por quase 21 mil quilómetros de linha (num total de mais de 30 mil

quilómetros, quando consideramos as rotas ferroviárias principais que têm linhas duplas).

Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos53

Na África do Sul existem oito

principais portos marítimos

comerciais (cuja localização pode

ser vista na figura ao lado):

Durban;

Baía de Richards;

Cidade do Cabo;

Baía de Saldanha;

Nggura / Coega;

Porto de East London;

Baía de Mossel;

Porto Elizabeth.

Os portos sul-Africanos

encontram-se divididos em três

grupos: ocidentais, centrais, e

orientais. A divisão geográfica

decorre da respetiva área de

influência que cada porto serve.

Os vários portos encontram-se ligados, por corredores, aos centros industriais e mineiros de Gauteng e

Mpumalanga, sendo a operação dos portos efetuada na sua maioria pela Transnet (que detém uma posição

dominante nos portos Sul-Africanos).

53

Fonte: Transnet, Ltd (2010)

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88

Considerando que os portos são compostos por uma mistura complexa de infraestruturas físicas e serviços

operacionais, a sua eficácia é avaliada através da eficiência com que os portos conseguem servir quem os

utiliza, criando assim valor para a economia nacional.

De referir que os portos sul-Africanos abrangem várias funções – enquanto uns estão focados quase

exclusivamente em produtos a granel, outros dão apoio apenas a determinados setores (a Baía Mussel, por

exemplo, presta apoio à indústria off-shore petrolífera). Existem portos que, por outro lado, se especializam

num só tipo de carga.

Porto Categoria de mercadorias por porto e suas especializações

Baía de Richards e Durban 65% de todo o fluxo de carga e passageiros

Baía de Richards e de Saldanha 80% de carga de granéis sólidos (principalmente minérios)

Durban e Baía de Saldanha 84% de granéis líquidos

Durban e Porto de East London 98% de todas as importações e exportações de veículos

Durban e Cidade do Cabo 82% do comércio de contentores

Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) 54

54

Fontes: Trasnet, Ltd , 2010

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89

Porto Principais características

Durban

É o porto que oferece o maior leque de infraestruturas e serviços em todo o país.

Entre os principais produtos movimentados contam-se os contentores, veículos, grãos (arroz e milho), produtos florestais (incluindo aparas de madeira), granéis líquidos (petróleo bruto, produtos petrolíferos e químicos), carvão, fertilizante, aço, fruta, açúcar e passageiros (incluindo navios de cruzeiro).

O porto pertence à Transnet, através da Associação Nacional dos Portos, ainda que alguns terminais sejam operados por empresas privadas.

Baía de

Richards

Maior porto de granéis sólidos do país.

A carga a ser movimentada neste porto tem crescido, uma vez que muitas empresas têm estado a sair de Durban (devido ao ambiente menos congestionado à volta da zona de Richards).

O comércio do porto é dominado por exportações de carvão e de fluxos de granéis sólidos.

Cidade do

Cabo

Não tem a relevância do porto de Durban e da Baía de Richards em termos de comércio nacional, servindo uma função mais regional.

Não obstante, e estando localizado na muito preenchida rota marítima oriental-ocidental, desempenha um papel relevante enquanto centro de transbordo para mercadoria destinada à África Ocidental.

Mais do que uma infraestrutura facilitadora do comércio, o Porto da Cidade do Cabo dispõe de atividade piscatória, reparação de navios e instalações de lazer.

Desempenha um importante papel na reparação de navios, especialmente nos setores da indústria petrolífera, diamantífera e piscatória do Atlântico Sul.

Baía de

Saldanha

É o porto com maior profundidade do país, estando apto a receber embarcações até 21,5 m de calado.

Grande parte da carga que passa pelo porto é a granel.

Porto

Elizabeth

Tem seis terminais, que servem diferentes funções (de contentores, de carga a granel, de carga a granel fracionada, de veículos, de navios petroleiros, e de produtos alimentares frescos).

Os terminais do porto estão, na sua maioria, equipados com carros e guindastes pórticos de última geração.

Os principais bens a serem transacionados no porto são carga contentorizada (destinada tanto a exportações como a importações), apoiando a indústria automóvel, bem como as exportações de minério de manganês.

Está previsto um plano de expansão para o porto.

Nggura /

Coega

É o porto mais recente do país, tendo começado a sua atividade em outubro de 2009.

Fica apenas a 20 km nordeste do porto Elizabeth.

Porto de

East London

É, atualmente, o único porto fluvial do país.

Dispõe de um terminal multiusos (incluindo um terminal de contentores), um terminal de granel, e um terminal de veículos.

As exportações e importações de veículos são hoje a principal atividade do porto.

Baía de

Mossel

É quase totalmente dedicado a prestar apoio à indústria off-shore petrolífera.

Relativamente à rede rodoviária Sul-Africana, esta compreende, aproximadamente, 154 mil quilómetros de

estradas pavimentadas, e 454 mil quilómetros de estradas de cascalho. As estradas são classificadas como

estradas nacionais, provinciais ou municipais.

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90

Existem, no entanto, estradas “não reclamadas” cuja

dimensão ascende aos 140.000 quilómetros e que se

encontram normalmente nas áreas rurais do país. Não

são incluídas nas contagens oficiais, nem existe

qualquer entidade responsável pela sua manutenção.

A má condição da rede rodoviária Sul-Africana é geral,

mas afeta mais gravemente as estradas de cascalho

localizadas na província. Para além de melhorias na

qualidade da rede rodoviária, mostra-se também

necessário um planeamento de acesso a estradas

rurais, que assegurem ligações a estradas provinciais

e distritais, possibilitando um acesso eficiente a

localidades mais dispersas, e com baixa densidade

populacional.

Apesar da condição das estradas Sul-Africanas se ter deteriorado devido à sobreutilização e parco

investimento há, contudo, estabilidade na condição dos eixos rodoviários principais (como resultado de

investimentos mais elevados ao longo dos últimos anos).

Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas55

A distância entre Maputo e Joanesburgo é de cerca de 460 kms. O principal eixo rodoviário que liga estas

duas cidades é a estrada N4/EN4 passando pelo eixo principal de Lebombo, conhecida em Moçambique como

Ressano Garcia. A estrada entre Maputo e Joanesburgo é alcatroada e dispõe de facilidades de acesso, como

postos de combustíveis. É um dos principais eixos viários do país e é muito utilizada por camiões de carga

provenientes da África do Sul.

Em termos ferroviários são necessárias melhorias na qualidade do serviço oferecido aos utilizadores da rede,

e na capacidade operacional da rede ferroviária.

55

Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul

A deterioração das estradas sul-Africanas

acarreta três principais consequências:

Estima-se que o custo para reparar a

deterioração sofrida é, á data, sete vezes

maior do que se a manutenção tivesse

sido feita atempadamente;

Os custos pelos utilizadores numa estrada

em más condições são o dobro quando

comparados com uma estrada em boas

condições; e

A acumulação do investimento subiu aos R

65 mil milhões em 1999.

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91

Uma vez que é dada prioridade, na rede ferroviária Sul-Africana aos comboios de mercadorias, a maioria dos

comboios de passageiros estão limitados à velocidade máxima de 70 km/h. Assim, o período de viagem em

comboios tem-se revelado mais longo quando comparado a viagem por autocarro.

Mostram-se ainda prementes alterações institucionais que visam tornar a rede ferroviária mais eficiente, como

por exemplo a introdução de um regulador económico para o efeito, separando-se a gestão das infraestruturas

das operações, e publicitando-se o papel desempenhado pela rede ferroviária no comércio internacional sul-

Africano.

Mais, 78% da rede ferroviária do país já ultrapassou os vinte anos de vida útil inicialmente previstos, o que

indica necessidades urgentes de reabilitação.

Água e saneamento56

A África do Sul é um dos países onde a água mais escasseia, sendo que, dentro da SADC, é o membro que utiliza, em maior grau, os seus recursos hídricos. Os rios e as barragens sustentados pela água da chuva constituem a maior fonte de água, o que não tem chegado para colmatar as necessidades do país (sendo que a água existente para consumo é mal repartida entre a população).

A escassez da água representa um dos maiores obstáculos em termos de infraestruturas. As suas bacias

hidrográficas já estão totalmente utilizadas. Cerca de 77% da água da superfície (armazenada em barragens e

rios) está a ser usada.

O Governo definiu 2014 como meta para garantir o financiamento dos serviços básicos de abastecimento de

água e saneamento a todos os cidadãos sul-Africanos.

Em 2013, 74% da população Sul-Africana dispõe de acesso a saneamento básico no país.57

TIC58

As telecomunicações são dominadas pelo setor privado, apesar de o Governo

exercer uma influência significativa através de políticas nacionais e regulamentação.

Estima-se que 17,4%59 da população tenha acesso à internet, sendo que existem dois

sistemas de acesso digital no país:

A internet;

Os sistemas móveis.

O setor encontra-se atualmente numa fase decisiva da evolução para a internet de banda larga, encontrando-

se os operadores de telecomunicações a investir em novas infraestruturas.

As redes móveis não estão a conseguir acompanhar a procura que tem havido pelos seus serviços.

Por outro lado, grande parte da população continua sem acesso à internet de banda larga, tendo vindo a ser

alocados recursos para a criação de uma infraestrutura digital nacional.

56

Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 57

Fonte: Organização Mundial de Saúde, Estatísticas Mundiais de Saúde, 2013 58

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 59

Estatísticas Mundiais da Internet, 2012

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92

É pouca a população Sul-Africana que atualmente tem

acesso a computadores, ou a dispositivos de utilizadores

finais, havendo uma repartição inapropriada de recursos.

Mas, e não obstante, o futuro não deixa de ser otimista –

estima-se que a maioria da população adulta estará a

utilizar a internet no final da década.

2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas

60

A criação e a coordenação das políticas comerciais e industriais na África do Sul está a cargo do

Departamento de Comércio e Indústria (DTI).

Entre os cinco objetivos estratégicos do DTI, encontra-se o estabelecimento de um ambiente regulatório justo

que tenha em vista possibilitar o investimento, o comércio e o desenvolvimento empresarial de modo equitativo

e socialmente responsável.

Neste âmbito, são também de destacar outros departamentos e agências responsáveis por iniciativas

marcantes quanto às políticas de comércio e de investimento, entre as quais se contam o Departamento do

Tesouro Nacional, o da Agricultura, o de Saúde e o de Assuntos Minerais e Energéticos. O Banco Central

desempenha, naturalmente, um papel decisivo no desenvolvimento destas iniciativas.

Note-se que a África do Sul possui diversos acordos que complementam os tratados multilaterais, sendo de

destacar o Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC), assinado em 1999 com a União

Europeia (UE), configurando esta última não só a principal fonte de IDE do país, mas ainda o principal parceiro

comercial da África do Sul.

O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para 2030, elaborado em finais de 2011, contribuirá em larga

medida para o investimento e correspondente desenvolvimento em infraestruturas a curto prazo, prevendo-se

um investimento para os próximos três anos – o equivalente a 25,8% do PIB de 2012/201361

. Do valor global

do investimento estima-se que parte do investimento projetado (cerca de 4%) possa ocorrer por recurso a

PPPs.

60

Fonte: África do Sul – Perfil e Oportunidades Comerciais, 2011 (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) 61

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul

A África do Sul tem o objetivo claro de reforçar a sua centralidade em África, apoiando a cadeia de valor do setor da construção e promovendo a exportação de serviços

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93

Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas)62

Este investimento deverá resolver, ainda que parcialmente, os problemas ao nível da produção e do

fornecimento de eletricidade, dos transportes, dos combustíveis, e da captação e distribuição de água e

alojamento.

Energia

Dado o crescimento económico da África do Sul, e dadas as necessidades energéticas

do país, há um conjunto de medidas que se encontram a ser adotadas de modo a

aumentar a capacidade de produção e distribuição de energia elétrica.

Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica

Objetivo Medidas Políticas

Pretende-se que a escassez

de energia não constitua um

entrave ao potencial

crescimento da economia.

Aumentar a proporção da população com energia elétrica

Redução da intensidade energética

Desenvolvimento das infraestruturas de transmissão

Redução da utilização do carvão

Maior recurso ao gás e às energias renováveis

Estas medidas integram-se no Plano de Desenvolvimento Nacional e em projetos específicos que permitirão atingir os índices de capacidade e distribuição necessários ao país. Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético

63

Projeto Montante

Plano de Desenvolvimento Nacional para 2030 Até 10% do PIB

Funcionamento das estações de energia elétrica de Kesuli e de Medupi (que irão adicionar

4.800 MW à capacidade de distribuição da Eskom, cada uma) US$ 1.4 mil milhões

62

Fonte: Análise Orçamental de 2012 do Tesouro Nacional 63

Fonte: E.E.F., Mercados Financeiros (África do Sul) agosto 2013, BPI; Financing of Kusile and Medupi Power Plants – a research paper prepared for BankTrack and Pacific Environment, Profundo Economic Research, outubro 2010.

22%

18%

5% 4%

48%

Departamentos Provinciais

Autoridades locais

Instituições fora do orçamento

Parcerias Público-Privadas

Empresas públicas não-financeiras

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94

Transportes

Igualmente, o crescimento económico de África do Sul tem vindo a revelar uma

crescente necessidade de aumentar a eficiência dos transportes. Nesse sentido há um

conjunto de medidas programáticas que orientam os investimentos no setor dos

transportes.

Tabela 10 - Eficiência dos transportes

Objetivo Medidas Políticas

Melhorar a eficiência da

rede rodoviária, dos portos e

da rede ferroviária

Aumentar a capacidade ferroviária

Recapitalização total da frota ferroviária

Expansão dos terminais dos portos, ampliação dos canais, e reconstrução de algumas estruturas dos portos

Promover uma utilização maior dos transportes públicos

Melhorias na qualidade da rede ferroviária (ao invés de se aumentar apenas o comprimento das estradas)

Estas medidas programáticas irão resultar num conjunto vasto de investimentos que se estima virem a totalizar cerca de US$ 12.5 mil milhões.

Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes

64

Projeto Montante

Projetos no setor dos transportes públicos US$ 9.2 mil milhões

Melhorias nos principais portos comerciais do país US$ 496 milhões

Projetos no setor rodoviário US$ 2.8 mil milhões

Água e saneamento

No setor da água e saneamento há um conjunto de medidas programáticas que visam melhorar o acesso, bem como a própria rede das infraestruturas de saneamento básico.

Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico

Objetivo Medidas Políticas

Garantir o abastecimento de

água e de saneamento

básico a todos os cidadãos

sul-Africanos

Gestão dos escassos recursos hídricos do país

Assegurar que a população tem acesso a água e a saneamento básico

Alocação da água mais eficiente

Redução de perdas de água

64

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Trasnet, Ltd 2010.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

95

Para se atingirem estes objetivos o Governo encontra-se a elaborar um programa nacional de gestão de

recursos hídricos com medias a médio e longo prazo, ainda não tendo definido o montante global de

investimentos.

Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento65

Projeto Montante

Programa de gestão dos recursos hídricos n.d.

O PND visa ainda incentivar o investimento privado, de forma coordenada com o investimento público (de forma a evitar duplicações) na área dos transportes públicos, no setor das TIC, na área das energias renováveis e no desenvolvimento de mais infraestruturas, promovendo a facilitação para a entrada do investimento privado no país, e o crescimento de parcerias público-privadas (especialmente em matéria de instalação de redes de fibra ótica nacionais, regionais e municipais).

65

Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul.

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96

2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais

A África do Sul apresenta uma economia relativamente aberta, com valores de exportação elevado e

diversificado.

Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana

África do Sul 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ /ZAR) 8,20 7,23 7,30 8,40 8,23

Inflação 3,40% 4,64% 7,10% 11,54% 7,13%

Balança Comercial (em % do PIB) (3,06%) (0,88%) (0,20%) (0,62%) (3,05%)

Balança Corrente (em % do PIB) (7,35%) (3,99%) (2,79%) (3,41%) n.d.

Fonte: Banco Mundial; OANDA

Relativamente à taxa de câmbio, importa referir que vigora um sistema de câmbio flutuante, sem intervenção

do Banco Central. O Rand desvalorizou face ao Dólar, comparando com 2009 e 2010, e é expetável que assim

permaneça.

Ao nível da taxa de inflação identifica-se uma tendência crescente, tendo atingido um pico em 2011 justificado

pelo aumento mundial dos preços dos alimentos e do petróleo.

A balança comercial apresenta-se continuamente deficitária entre 2008 e 2012, assim como a balança

corrente.

Importações

As importações têm apresentado um ritmo crescente desde 2009,

mantendo-se a China e a Alemanha como principais mercados de

origem.

Tanto a China como a Alemanha exportam, na sua maioria, maquinaria

e equipamentos de transporte, tendo representado no primeiro caso

61%, e no segundo caso 46%, em 2012, no total das importações da

África do Sul.

A África do Sul enquanto plataforma de acesso aos mercados da região da SADC tem um importante papel de destaque dentro da comunidade perante o mercado externo, maximizado pela sua entrada no grupo dos BRIC

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97

Importações Sul-Africanas – Top produtos

Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

As importações Sul-Africanas correspondem essencialmente a maquinaria e equipamentos de transporte e

combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados, representando este dois grupos de produtos

cerca de 60% do total das importações da África do Sul.

Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

O país da CPLP com maior relevo nas importações de África do Sul é Angola, pelas exportações de petróleo,

tendo representado 2,25% do total das importações da África do Sul.

11% 13% 14% 14% 14%

11% 12% 11% 11% 10%

6% 5% 4% 4% 8%

8% 8% 7% 8% 7%

6% 5% 5% 5% 5%

3% 3% 4% 4% 5%

101,640

74,054

94,226

121,606 122,760

-

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

140,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

nas im

po

rtaçõ

es t

ota

is d

e Á

fric

a d

o S

ul

Índia

Japão

EUA

Arábia Saudita

Alemanha

China

Importações

36%

24%

11%

11%

9%

5% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

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98

Em segundo lugar surge o Brasil que apresentou uma maior variedade de produtos

exportados para a África do Sul, destacando-se as exportações de carne, açúcar, trigo

e Minério de ferro e seus concentrados.

Moçambique exportou essencialmente combustíveis minerais: petróleo (50%), gás

natural (19%) e eletricidade (15%), em 2012.

Portugal tem uma dimensão reduzida no global das trocas, principalmente em 2012,

representando apenas 0,13% do total das importações de África do Sul. Com maior

peso surgem as exportações portuguesas de veículos e outro material de transporte e

as exportações de cortiça.

Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

As importações a partir de países da CPLP têm aumentado de forma relativamente consistente e expressiva

nos últimos 3 anos, com especial destaque para os parceiros da CPLP inseridos na SADC, Angola e

Moçambique, com crescimentos, respetivamente, de cerca de US$ 2.6 mil milhões em 2011 para cerca de

US$ 4 mil milhões em 2012.

398 420 528 1,052

1,270

1,661 1,242

1,354

1,667 1,671

2,686

1,371

1,998

1,585

2,805

4.79%

4.23%

4.25%

3.65%

4.81%

(500)

500

1,500

2,500

3,500

4,500

5,500

6,500

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Portugal Moçambique Brasil Angola

A CPLP representou, em 2012, apenas 4,81% das importações sul africanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

99

Importações Sul-Africanas de Angola

Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Angola apresenta um forte fluxo de exportação de petróleo para África do Sul, potenciado pelos diversos

acordos comerciais existentes que incluem a cooperação neste setor.

Importações Sul-Africanas do Brasil

Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Angola 2,25% das importações sul africanas

Brasil 1,36% das importações sul africanas

Angola e África do Sul mantêm um acordo para exploração, refinação e distribuição de petróleo entre as principais empresas do ramo de ambos os países - a Sul-Africana PetroSA e a angolana Sonangol

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

100

Nos últimos anos o perfil de exportações do

Brasil para a África do Sul têm vindo a alterar-

se, ocorrendo um aumento do peso dos

produtos relacionados com o setor alimentar.

De facto, em 2012, são os produtos

alimentares que ocupam o lugar cimeiro da

pauta alfandegária brasileira para este país,

com especial destaque para o abate e a

preparação de produtos de carne e de

pescado.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil

Importações Sul-Africanas de Moçambique

Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

33%

27%

14%

9%

7%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Químicos e produtos relacionados

Moçambique 1,03% das importações sul africanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

101

Moçambique tem um peso pouco expressivo

nas importações Sul-Africanas, as quais

correspondem essencialmente (87%) a

exportações de petróleo, gás natural e

eletricidade, não obstante a facilidade logística

de acesso ao mercado.

Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Importações Sul-Africanas de Portugal

Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

87%

5% 3% 3%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Portugal Representação marginal nas importações sul africanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

102

As empresas nacionais não aproveitam o

mercado Moçambicano como ponte para o

mercado sul-africano, o que pode justificar a

fraca penetração no referido mercado.

Graças ao forte desenvolvimento do setor

automóvel da África do Sul (atualmente entre

os 20 primeiros a nível mundial em termos de

produção automóvel), Portugal tem visto o seu

fluxo de exportações de veículos e outro

material de transporte aumentar.

A cortiça também merece destaque,

representando 7,17% do total das exportações

portuguesas para África do Sul em 2012.

Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,2012

Exportações

Tal como ao nível das importações, os lugares cimeiros dos clientes Sul-Africanos são preenchidos pela China

e pelos Estados Unidos da América. O Japão surge em 3º lugar, seguido da Alemanha.

Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino

Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

36%

29%

13%

11%

6% 2%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Matérias-primas (exceto combustíveis)

6% 11% 11% 13% 12%

11% 9% 10% 9% 9%

11% 8% 9% 8%

6%

8% 7% 8% 6%

5%

3% 4% 4% 4%

4%

7% 6% 5%

4%

4%

5% 4%

3% 3%

4%

73,966

61,677

80,892

92,976

86,712

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

70,000

80,000

90,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

nas e

xp

ort

açõ

es t

ota

is d

e Á

fric

a d

o S

ul

Países Baixos

Reino Unido

Índia

Alemanha

Japão

EUA

China

Exportações

As empresas portuguesas gozam de um acordo comercial celebrado entre a África do Sul e a União Europeia que prevê a redução ou mesmo isenção de tarifas nos produtos importados

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

103

Quanto à estrutura das exportações Sul-Africanas, o top 3 dos produtos mais exportados foi preenchido em

2012 pelas exportações de ferro (13%), carvão (8%) e platina (7%).

Exportações Sul-Africanas – Top produtos

Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos

Fonte: International Trade Centre, 2012

Relativamente à CPLP, a África do Sul exporta mais para Moçambique, o que se justifica em grande parte pela

proximidade geográfica dos dois países, como anteriormente referido. Em segundo lugar surge Angola,

seguido do Brasil e de Portugal. Destes 4 países, apenas Portugal apresenta uma tendência decrescente.

Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2008-2012

26%

23%

17%

11%

7%

7%

6% 2%

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Bens manufaturados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Químicos e produtos relacionados

Commodities e transações n.e.

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Bebidas e tabaco

Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras

338 193 163 107 85

593 368

709 744 728

747

629

773 777 1,142

1,116

1,324

1,270

2,026

2,077 3.78% 4.08%

3.61%

3.94% 4.65%

-

500

1,000

1,500

2,000

2,500

3,000

3,500

4,000

4,500

2008 2009 2010 2011 2012

Ex

po

rta

çõ

es

(m

ilh

õe

s U

S$

)

Portugal Brasil Angola Moçambique

A CPLP representou, em 2012, 4,65% das exportações sul africanas, com destaque para Moçambique

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

104

Exportações Sul-Africanas para Moçambique

A CPLP, na sua relação comercial com a África do Sul, apresenta um peso relativamente reduzido,

apresentando no entanto uma balança comercial superavitária, sustentada fundamentalmente pelas

exportações de petróleo de Angola.

Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

A África do Sul representa cerca de 31% na

quota de importações de Moçambique, sendo

fornecedor de inúmeros produtos, traduzindo

uma forte relação comercial.

São, no entanto, de destacar as exportações

Sul-Africanas de eletricidade e carvão e ainda

de maquinaria e equipamentos de transporte.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique

28%

23% 18%

14%

9%

6%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Bens manufaturados

Alimentos e animais vivos

Químicos e produtos relacionados

Outros artigos manufaturados

Moçambique 2,39% das exportações sul africanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

105

Exportações Sul-Africanas para Angola

Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Com Angola o fluxo de exportações não é tão

intenso como em relação a Moçambique, mas

apresenta ainda assim uma grande diversidade

de produtos exportados.

Os maiores fluxos em 2012 foram as

exportações de fertilizantes (13%), veículos de

transporte de mercadorias (8%) e bebidas

alcoólicas (6%).

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola

28%

26% 18%

11%

8%

5% 4%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Químicos e produtos relacionados

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Bebidas e tabaco

Outros artigos manufaturados

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Angola 1,32% das exportações sul africanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

106

Exportações Sul-Africanas para o Brasil

Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As exportações de África do Sul para o Brasil

têm muito pouca representatividade no total

das importações brasileiras, cerca de 0,38%

em 2012 e das exportações sul-africanas

(0,84%). O seu crescimento médio anual foi de

2,36% entre 2008 e 2012.

Ao nível dos combustíveis minerais exportados

para o Brasil, destaca-se o carvão, que liderou

em 2012 a pauta alfandegária quando

analisada em maior detalhe. Em segundo lugar

surgem as exportações de inseticidas e em

terceiro materiais plásticos.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil

33%

33%

18%

8%

5%

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiaisrelacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Matérias-primas (exceto combustíveis)

Alimentos e animais vivos

Outros artigos manufaturados

Brasil 0,84% das exportações sul africanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

107

Exportações Sul-Africanas para Portugal

Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

No que se refere às importações Portuguesas

de produtos Sul-Africanos o grau de

especialização é superior.

Em 2012, a importação portuguesa de bens

alimentares liderou a tabela, sendo de

destacar as compras de frutas e nozes e de

peixe.

As compras de ouro não monetário também

merecem destaque, representando 20% do

volume de importações de África do Sul, sendo

este país o principal fornecedor de ouro de

Portugal neste mesmo ano.

No entanto a relevância proporcional nas

importações nacionais e nas exportações sul-

africanas é diminuta.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal

52%

20%

12%

8%

5%

Alimentos e animais vivos

Commodities e transações n.e.

Químicos e produtos relacionados

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Portugal 0,10% das exportações sul africanas, com tendência decrescente

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

108

2.7. Principais setores de oportunidade

As oportunidades decorrentes das necessidades de investimento

em infraestruturas e energia já apresentadas podem constituir

áreas de oportunidade de negócio para investidores

internacionais, em particular nos domínios das áreas de projeto,

fiscalização e construção civil e obras públicas.

Acresce que as prioridades do Governo, a nível setorial e a seguir

referidas originam um conjunto de oportunidades adicionais de

negócio, nas mais variadas áreas da Economia, sendo de

destacar:

Desenvolvimento de tecnologias na área agroindustrial, promovendo o desenvolvimento agrícola de

pequenos e médios negócios agrários, para os países adjacentes e pertencentes à SADC, os quais

apresentam forte dependência do setor agrícola, nomeadamente o Lesoto, Maláui, Moçambique,

República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué;

Desenvolvimento de serviços e equipamentos associados ao Cluster da indústria extrativa, que

representa cerca de 10% do PIB da África do Sul e cujo potencial de crescimento mantém-se positivo;

Turismo (de lazer e de negócios), com alavancagem nos objetivos da África do Sul de se tornar um

hub da África Austral para ligações intra e intercontinentais.

A tabela seguinte visa sintetizar as prioridades governamentais nos vários setores de atividade e, portanto, os

setores mais favoráveis ao investimento oriundo da SADC em geral, e de Portugal em particular.

Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) 66

Principais

Setores

Económicos

Apostas do Governo

Agro - indústria Investimentos substanciais em infraestruturas de irrigação, incluindo o armazenamento de água, distribuição pelo país, assim como o investimento numa tecnologia de poupança de água, em regiões com elevado número de recursos naturais;

Apoio aos pequenos agricultores (tecnologia e acesso aos mercados);

“Segurança de investimento”: os agricultores só devem investir em determinada área, quando a garantia de retorno seja total. Esta medida irá garantir a disponibilidade de rendimento para os agricultores existentes, para novos agricultores, e o retorno do investimento necessário;

Desenvolvimento de tecnologia: O crescimento da produção agrícola foi sempre alimentado pelo desenvolvimento de novas tecnologias, sendo que os retornos do investimento relacionados com I&D neste campo são elevados;

Medidas políticas para estimular o aumento do consumo de frutas e legumes por parte da população;

Exploração de medidas “inovadoras”, como por exemplo o estabelecimento de contratos com pequenos agricultores com o objetivo de melhorar a gestão da produção.

Indústria extrativa Diagnóstico dos principais constrangimentos que impedem o crescimento e desenvolvimento do setor mineiro e implementação de um conjunto de medidas de combate aos mesmos;

Aprofundamento dos vínculos deste setor com os outros setores da economia, como por exemplo reforço das relações entre vários fabricantes ou fornecedores ligados ao setor da mineração;

Promover a I&D, permitindo a melhoria dos métodos de extração, maior eficiência energética e redução do desperdício de água; Identificação de oportunidades que aumentem o envolvimento regional do Cluster (o setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo contribuído, em 2011, com cerca de 10% para o PIB. A importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país notoriamente rico em recursos minerais).

66

Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul

“O pólo agroindustrial de Capanda tem uma área de 411 mil hectares. A meta é substituir 50% do que Angola gasta a importar alimentos.”

Revista Exame. 2013

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

109

Principais

Setores

Económicos

Apostas do Governo

Manufatura Dar prioridade aos produtos que são mais “dinâmicos” e apresentam maior grau de ligação ao uso doméstico;

Aproveitamento de contratos públicos e privados para promover a localização e a diversificação industrial;

Intensificação e apoio à I&D, com o objetivo de promover o desenvolvimento de novos produtos, inovação e comercialização. No ranking de competitividade 2013 - 2014 “Global Competitiveness Report”, que analisa a competitividade de vários países com base numa serie de critérios, a África do Sul classificou-se em 33º lugar (em 148 países) no critério “capacidade de inovação” e em 43º no critério “gastos das empresas em I&D”.

Turismo e Cultura Promoção do país enquanto destino de conferências e eventos;

Melhoria do nível de infraestruturas, nomeadamente rede de transportes, alojamento e ofertas turísticas;

Posicionar o país como um Centro de Negócios;

Promoção do país enquanto destino internacional, pela sua biodiversidade, beleza e recursos naturais. Facilidade de deslocação para os turistas que viajam entre países da região (o setor do turismo apresenta-se como um importante setor da economia do país, tendo representado, em 2011, 14,5% do PIB).

Setor financeiro Desenvolvimento do setor e garantia de acesso à população Sul-Africana (em 2030, é esperado um aumento de cerca de 63% das pessoas com acesso a serviços financeiros). O setor bancário da África do Sul encontra-se bastante desenvolvido, podendo ser visto como estando entre iguais, ao nível da banca europeia.

Desta lista merecem destaque as potencialidades abertas pela necessidade de equipamentos e tecnologia

para a agroindústria e indústria regular, bem assim como pela promoção do Turismo. A aposta nas

infraestruturas a seguir mencionada, reitera, mais uma vez, a relevância dos equipamentos, a par

naturalmente da exportação do leque total de serviços ligados à construção e às obras públicas.

Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas67

Principais Setores de

Infraestruturas

Potencialidades / Apostas do Governo

Construção /

Infraestruturas

Aumento da capacidade do Governo relativa à gestão do Orçamento destinado a infraestruturas, assim como outras questões relevantes para o setor, especialmente no que respeita à gestão de projetos, planeamento a longo prazo e monotorização e avaliação das despesas de construção e outros trabalhos;

Promoção das exportações dos setores da construção civil e indústrias fornecedoras, através da criação de um centro Financeiro para a África e mais apoio nas relações diplomáticas comerciais;

Intensificação do apoio às indústrias fornecedoras, como por exemplo materiais de construção, aço, vidro ou cimento;

Criação de condições para uma indústria cíclica menos volátil, dando prioridade a pequenos projetos regionais, que são mais facilmente acessíveis para as pequenas empresas ou pequenos operadores.

67

Fontes: NDP 2030 – Governo África do Sul

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

110

2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul

O período de 2010 a 2012 reflete um aumento exponencial do IDE Sul-Africano para o exterior, bem como

uma continuação da capacidade de captação da IDE para o país (inward), mantendo-se um saldo positivo

entre os fluxos de IDE de, e para a África do Sul.

África do Sul Dados referentes aos últimos 24 meses

Número de projetos: 277

CAPEX: US$ 13.037 milhões

Postos de trabalho criados: 28.393

Empresas/investidores: 245

Principais cidades recetoras de IDE

Joanesburgo: 89 projetos

Cidade do Cabo: 42 projetos

Durban: 13 projetos

Pretória: 10 projetos

Porto Elizabeth: 9 projetos

Fonte: FDI markets

De facto o investimento sul-africano no exterior tem vindo a aumentar, em particular para o resto de África,

(cerca de 18 mil milhões de US$). Segundo o “World Investment Report 2013”, o aumento dos fluxos outward

de IDE africanos, deve-se sobretudo aos investimentos Sul-Africanos para o exterior, em particular no setor

mineiro, no setor grossista, e em produtos do setor da saúde.

Por outro lado, em termos de IDE a África do Sul é o país africano que mais investimento chinês recebeu em

2011 (cerca de US$ 16 mil milhões). Adicionalmente, segundo um estudo desenvolvido pelo UNCTAD, a África

do Sul surge em 15º lugar no “TNCs’ top prospective host economies for 2013–2015”.

Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012

9,006

5,365

1,228

6,004

4,572

-3,134

1,151

-76 -257

4,369

(4,000)

(2,000)

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xo

s d

e ID

E (

milh

ões U

S$)

Inward Outward

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

111

Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$)

Setor 2009 2010

Indústria extrativa 39.115 58.569

Outros serviços 32.688 39.610

Atividades empresariais 31.708 36.427

Transporte, armazenagem, telecomunicações 8.764 12.646

Comércio grosso e a retalho 4.204 5.199

Construção 275 308

Agricultura 126 140

Serviços de comunicação, sociais e pessoais 77 87

Eletricidade, gás e água 4 4

Fonte: Centro de Comércio Internacional

2.9. Financiamento à Economia

2.9.1. Principais bancos presentes

Tendo um sistema regulamentar eficiente,

mercados financeiros bem desenvolvidos e

instituições financeiras sólidas, o sistema

financeiro da África do Sul é bastante estável. De

acordo com o Relatório sobre a Competitividade

Global para 2012-2013 do Fórum Económico

Mundial, o país ficou classificado em terceiro lugar

num total de 144 países, quanto ao

desenvolvimento do mercado financeiro, e em

primeiro lugar no quadro jurídico do setor

financeiro e da regulamentação dos mercados dos

valores mobiliários.

O setor bancário da África do Sul é composto por

19 bancos e 12 sucursais de bancos estrangeiros.

No entanto, o setor é ainda bastante concentrado,

com 4 bancos a representarem 86% do total de

ativos. Destaca-se o “The Standard Bank of South

África”, com uma quota de 24.6% em termos de

depósitos, e de 26% em termos do crédito

concedido (no final de 2011), banco que se

posiciona no ranking mundial na posição 112. Os

rácios de capitalização dos bancos encontram-se,

claramente, acima dos níveis regulatórios exigidos,

com uma média de 14.1% para o rácio de RWC

(risk weighted capital) e de 11.8% no Tier 1.

No contexto da SADC, a África do Sul é o país em que se verifica o maior nível de protecionismo do setor

financeiro, verificando-se uma predominância de bancos cuja estrutura acionista é fundamentalmente local.

A indústria mineira lidera a captação de IDE na África

do Sul

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 22 - Estrutura acionista bancária em África

Estes dados, para pequenas economias

pouco expostas ao exterior, reiteram a

relevância dos setores referidos na secção

anterior como setores apetecíveis para IDE

no País em função das apostas estratégicas

do Governo.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

112

2.9.1. Bancarização da população68

O nível de bancarização da África do Sul é dos

mais elevados da SADC e de toda a África.

O Finscope Survey 2012, refere que 67% da

população adulta da África do Sul tem conta

bancária, e desses, cerca de 72%, além de terem

conta bancária, utilizam também produtos

bancários, tendo-se verificado um aumento da

utilização de contas poupança (30% para 39%) e

de máquinas eletrónicas e cartões de débito (52%

para 61%). Já a utilização de produtos bancários

manteve-se nos 25%.

A maioria dos adultos (70%) usa

produtos/serviços não bancários formais e 51%

dos adultos usa mecanismos informais. No

entanto, cerca de 19% da população não usa

produtos nem serviços bancários.

Existem diferenças significativas entre os níveis

de inclusão financeira nas zonas rurais e urbanas:

enquanto cerca de três quartos dos adultos (74%)

das áreas urbanas têm conta bancária, apenas

54% dos adultos usam produtos bancários nas

zonas rurais. O setor informal, mais acentuado

nas zonas rurais, desempenha um papel

importante em quebrar as barreiras da inclusão

financeira.

O setor bancário tem-se empenhado em melhorar o nível de inclusão financeiro da população Sul-Africana. O

Financial Sector Charter (FSC) e o Black Economic Empowerment Act (BBBEE) têm sido os principais pilares

da transformação do setor. Assinado em 2003 e implementado em 2004, o FSC é um acordo de

transformação voluntária para o setor financeiro.

O setor financeiro em geral e as instituições financeiras, em particular, assumiram o compromisso de

"promover ativamente um setor financeiro globalmente competitivo, que reflita a demografia do país, e que

contribua para o estabelecimento de uma sociedade justa através de uma eficaz prestação de serviços

financeiros acessíveis direcionando investimentos para setores-alvo da economia". O Governo criou ainda

canais alternativos para o financiamento das pequenas e médias empresas (PME).

Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 201269

68

Fonte: www.bna.ao 69

Fontes: http://www.banking.org.za, Finscope Survey 2012, OCDE

67

63

63

6

5

5

8

5

9

19

27

23

0% 20% 40% 60% 80% 100%

2012

2011

2010Bancários

Formais (não bancários)

Informais

Não servido

%

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África

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113

2.9.2. Microcrédito

O setor do microcrédito na África do Sul surgiu em 1980 e tem sido impulsionado por várias Empresas,

Organizações Não Governamentais e Agências Governamentais, das quais se destacam:

Small Enterprise Foundation – é a mais antiga e mais conhecida organização de microcrédito na África

do Sul e tem como público-alvo os residentes das zonas rurais do Limpopo e Mpumalanga, onde os

níveis de pobreza são dos mais elevados do país;

Marang Financial Services – organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar o acesso dos mais

pobres aos serviços financeiros;

Women’s Development Businesses – é composta por três organizações: WDB Micro Finance, WDB

Trust e WDB Investment Holdings - todas trabalham em conjunto para ajudar as mulheres Sul-

Africanas a encontrar uma solução duradoura para a pobreza;

FINCA South Africa – tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mais

desfavorecida através da prestação de serviços financeiros para empreendedores com pouca

capacidade financeira;

Paradigm Shift - organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar as igrejas dos países

em desenvolvimento para dar formação aos mais desfavorecidos sobre negócios, microcrédito,

orientação e disciplina.

Apesar de ter vindo a crescer ao longo dos anos, em 2000 o setor entrou na chamada “Fase de

Consolidação”, uma vez que o rápido crescimento das instituições de microcrédito se tornou insustentável.

Primeiro porque o número limitado de pessoas que necessitavam desses créditos levou a um aumento da

competitividade entre as instituições, o que levou a uma redução das margens de lucro. Segundo, o Governo

proibiu o crédito consignado e criou um Conselho Regulador das Micro Finanças (Micro Finance Regulatory

Council), com a finalidade de regular o microcrédito.

A diminuição dos lucros, a eliminação de um mecanismo de cobrança estável e os elevados custos de

cumprimento da legislação fizeram com que muitos credores saíssem do mercado. Considerando que existiam

cerca de 3.500 instituições de microcrédito registadas em 1997, apenas 1.334 permaneciam em 2000.

2.9.3. Taxas de juro de financiamentos70

A África do Sul tem um sistema de câmbio flutuante. Por forma a minimizar o impacto negativo de excesso de

fluxos de capitais de curto prazo e de volatilidade cambial, o Banco Central Sul-Africano (South African Reserv

Bank) intervém no mercado cambial, aligeirando os controlos cambiais e acelerando a acumulação das

reservas cambiais externas. Estas reservas atingiram, em agosto de 2011, um máximo histórico de US$ 51.4

mil milhões, tendo-se mantido próximas deste nível (US$ 50 mil milhões) até agosto de 2012. O Banco Central

Sul-Africano tem vindo a utilizar a acumulação de reservas como um instrumento de gestão da sua liquidez

internacional, ao invés de aplicar esta acumulação numa política cambial ativa.

A política monetária assegurou a estabilidade dos preços, mantendo-se a inflação dentro das taxas previstas

(3-6%) na primeira metade de 2012. No entanto, a inflação de base aumentou significativamente em dezembro

de 2012 para 4,9%, bem acima da média a longo prazo de 4,9%. A taxa de inflação global anual homóloga

(year-on-year inflation), impulsionada pelos preços do petróleo, da eletricidade, da educação e da comida,

registou uma subida para os 5,7% em dezembro de 2012, depois de se ter mantido nos 5,6% em novembro.

No entanto e apesar de uma taxa de juro historicamente baixa, a procura de crédito pelo setor privado

permanece relativamente baixa. Por outro lado, entre julho e agosto de 2012 o crescimentoda massa

monetária desceu de 8,3% para 7,8%.

70

Fonte: African Economic Outlook

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

114

2.9.4. Bolsa de valores71

Em junho de 2012, a bolsa de valores de Joanesburgo – JSE – tinha 401 empresas cotadas, tendo a

capitalização da bolsa atingido os US$ 734 milhões, o que representa um crescimento médio anual de 56%

desde 2000.

Segundo dados da World Federation Exchange disponibilizados pela JSE, a bolsa de valores Sul-Africana

ocupa o 19º lugar num conjunto de 54 membros, o 21º em volume de transações, e o 29º em liquidez de

mercado. As transações em bolsa estão totalmente automatizadas, realizando-se através de um sistema

eletrónico de compensação e liquidação.

71

Fonte: Research BPI – África do Sul 2012

O investimento na África do Sul deverá igualmente ter em consideração o cumprimento das regras para combater a desigualdade previstas pelo programa “Broad-Based Black Economic Empowerment (B-BBEE)”

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

115

3. Angola

A 2ª principal economia da SADC

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

116

3. Angola. A 2ª principal economia da SADC

3.1. Macroeconomia

3.1.1. PIB da economia angolana

A recuperar de um período de crescimento relativamente lento, o PIB de Angola, que representa 17,57% do

PIB da região da SADC e pouco mais de 3% da CPLP, cresceu, aproximadamente, 8,1% em 2012, estimando-

se que venha a crescer entre 7,2% em 2013 e 7,5% em 2014.

Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos) 72

Os seus baixos níveis de investimento – tanto público, como privado, são uma das caraterísticas mais marcantes da economia angolana. A taxa de investimento no país representa cerca de 13% do PIB, bem abaixo da média trianual para a África Subsariana de 24%. O investimento público corresponde aproximadamente a 10% do PIB, enquanto o investimento privado representa apenas 3% deste. No entanto, cumpre notar que as autoridades do país têm vindo a adotar medidas para aumentar o valor do investimento, tendo o mesmo crescido 29 pontos percentuais só em 2012, sendo que o Orçamento de Estado para 2013 perspetivou um aumento de 60% nas despesas de investimento. Apesar das perspetivas a médio prazo serem favoráveis, a dependência petrolífera torna a sua economia bastante vulnerável a choques externos, além de a exporem ao risco da denominada “dutch disease” (cuja tradução literal é doença holandesa). Esta “doença” é caracterizada pelo aumento da receita nacional decorrente da exportação de recursos naturais abundantes (no caso petróleo) e o fenómeno de desindustrialização decorrente da valorização cambial. Os recursos (capital e trabalho) tendem a deslocar-se para a produção de bens/serviços nacionais "não transacionáveis ” para responder ao aumento da procura interna, diminuindo assim a produção dos setores primário e secundário. Obedecendo às leis de mercado, o aumento da procura interna originará uma escalada dos preços dos produtos não transacionáveis. Por outro lado, os preços de produtos transacionáveis (como os produtos alimentares) são definidos no palco internacional reduzindo a possibilidade de aumento das margens e afastando os investidores. Resumindo, dar-se-á um aumento de preços internos e um aumento de fluxo de

72

Banco Mundial

14

2 3

4

8.1

0

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

0

2

4

6

8

10

12

14

16

2008 2009 2010 2011 2012

PIB (M USD) Crescimento anual PIB (em %)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

117

divisas estrangeiras decorrentes da venda de petróleo. Como consequência, ter-se-á um aumento da taxa de câmbio real, e/ou pressões inflacionistas. Assim, o setor transacionável (com especial ênfase nas exportações) perde competitividade e tende a contrair-se, agravando ainda mais a dependência do petróleo. Uma forma de combater esta tendência é a de calibração das tarifas, dentro do que é permitido pelo comércio internacional, promovendo a opção por “campeões” nacionais. Contudo, estes raramente se tornam um sucesso, em países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, devido à falta de concorrência. A segunda opção é a utilização das receitas do petróleo de forma a controlar a taxa de câmbio e as reservas nacionais de moeda estrangeira, o que tem sido uma das estratégias utilizadas por Angola. Desde pelo menos 2004, os especialistas das organizações internacionais, como a OMC e o FMI, têm salientado este risco para a economia angolana. O recente acordo celebrado entre o FMI e Angola, em parte, esteve relacionado com uma ineficiente política de gestão de receitas de petróleo, alterando os termos de troca no comércio internacional. Por outro lado, a dependência de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo – especialmente de bens alimentares – faz com que qualquer aumento substancial nos preços internacionais deste tipo de bens se traduza num rápido aumento da inflação e numa redução do consumo (tendo assim um forte impacto na população mais pobre). Relativamente à inflação, de notar que a mesma desceu para 9% em 2012, o valor mais baixo das últimas décadas (em grande medida devido à descida global dos preços dos produtos alimentares, e dos esforços do Banco Nacional de Angola (BNA) em estabilizar a taxa de câmbio nominal). Importa ainda notar que as flutuações dos preços das matérias-primas no mercado internacional e o combate à inflação poderão alterar as condições conjunturais de mercado e alterar o risco macroeconómico do país.

3.1.2. Orçamento Geral do Estado para 201373 No que respeita ao Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2013, vale a pena destacar que a composição da despesa por natureza económica refletiu o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e sociais necessárias ao aumento da produção, do emprego e do bem-estar da população, com a predominância dos gastos para o investimento (24,7%), pessoal (19,51%), amortização da dívida (18,24%), e aquisição de bens e serviços (17,5%).

Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%)

73 Fonte: Relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para 2013, Rep. de Angola

25%

12%

17%

20%

18%

8%

Investimento

Subsídios

Bens e serviços

Pessoal

Amortizações da divida

Juros

A composição da despesa por natureza económica reflete o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e sociais

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

118

A distribuição funcional e programática da despesa prioriza o setor social, com destaque para a educação, saúde, proteção social, habitação e proteção ambiental.

3.1.3. Dívida Pública74

No âmbito do programa Standby Agreement 2009-2012, com o apoio do FMI, o Governo fez esforços

significativos para disciplinar a política orçamental e reforçar a gestão financeira pública. A racionalização das

despesas correntes permitiu o registo de um superavit orçamental de 8,8% do PIB, em 2012, e possibilitou o

reembolso de dívida pública no montante de US$ 7,5 mil milhões.

A dívida de Angola aparenta estar a entrar num período de estabilização e o rácio da dívida pública externa

em percentagem do PIB caiu de 19.7% em 2011, para 19.5%, em 2012. No entanto, deverá subir ligeiramente

para 20.4% em 2013, devido à assinatura de novas linhas de crédito destinadas a financiar o programa

nacional de reabilitação de infraestruturas.

Já o rácio da dívida pública interna em percentagem do PIB caiu de 11.8% em 2011, para menos de 9% em

2012, devido à racionalização das fontes de financiamento das despesas. A regra orçamental implementada

pelo Governo, baseada na acumulação de elevadas reservas de moeda estrangeira, permite imunizar/cobrir o

risco de volatilidade dos preços do petróleo e dos choques externos, ao nível da economia do país.

A criação de um Fundo Soberano, em outubro de 2012, também é vista como um passo importante para

atenuar o impacto da volatilidade dos preços do petróleo sobre as despesas de investimento, e garantir a

sustentabilidade da gestão das receitas petrolíferas.

74

Fonte: African Economic Outlook

A distribuição funcional e programática da despesa prioriza o setor social

8%

5%

11%

7%

9%

9%

18%

31%

Educação

Saúde

Proteção Social

Habitação e serviços comunitários

Defesa

Segurança e ordem pública

Assuntos económicos

Serviços públicos gerais

Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%)

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

119

3.1.4. Reservas de moeda estrangeira

As reservas em moeda estrangeira existentes em Angola são essencialmente constituídas por reservas

monetárias, e ouro, incluindo Direitos de Saque Especial (“SDR”).

Estes valores expressos no gráfico abaixo permitem à autoridade monetária central do país cumprir com as

suas obrigações garantindo a emissão de moeda e reservas bancárias.

O gráfico abaixo representa a evolução ocorrida ao nível da reserva de moeda estrangeira e ouro para o

período em análise de 2007-2011 em Angola.

Gráfico 63 - Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$ milhões)

Fonte: Factbook, CIA

3.1.5. Nível de financiamento à economia

No final do ano de 2009, Angola foi sujeita a um processo de ajustamento macroeconómico envolvendo as

autoridades nacionais e o FMI. O financiamento de cerca de US$ 1,4 mil milhões foi reembolsado com

sucesso no final do ano 2012.

A ajuda financeira externa e a intervenção do FMI permitiram resolver alguns problemas existentes até então,

tais como o desequilíbrio orçamental externo existente devido à crise internacional, o qual terá dado início a

uma crise de liquidez.

O encerramento do programa de ajuda financeira foi concluído de forma bastante positiva, tendo sido

determinante, para o sucesso do mesmo, o crescimento do setor do petróleo.

A evolução do crédito à economia e o reforço dos ativos contribuiu para o crescimento da liquidez no ano de

2011. Em 2012, o peso dos depósitos em moeda nacional foi mais moderado não tendo ultrapassado os 50%.

11,200

18,380

13,640 16,890

28,350

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

2007 2008 2009 2010 2011

Milh

ões U

S$

Angola

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120

Gráfico 64 - Fatores de variação da liquidez - variação em % do valor inicial da massa monetária

Fonte: Banco de Portugal /BNA /FMI

3.1.6. Evolução das taxas de juro e variação da liquidez75

No que diz respeito ao sistema monetário e cambial, destacam-se as seguintes taxas de juro: a taxa básica de

juro, que expressa a orientação da política levada a cabo pela autoridade monetária e a taxa LUIBOR (Luanda

Interbank Offered Rates), que têm por base as taxas interbancárias.

No ano de 2011, verificou-se um abrandamento da descida da inflação, o que levou consequentemente à

descida do nível das taxas de intervenção (desde a taxa de redesconto às taxas das Facilidades

Permanentes) assim como das taxas praticadas para os títulos do Banco Central e das relativas aos Bilhetes

do Tesouro.

As taxas bancárias também sofreram uma descida, mais especificamente as taxas passivas, não tendo esta

descida abrangido as taxas ativas. É de notar que em conformidade ocorreu uma melhoria na procura do

crédito concretizada pelo crescimento do mesmo no ano de 2011 e no início do ano de 2012.

Apresenta-se de seguida um gráfico que representa as taxas de juro (taxas anuais) e taxas de câmbio efetiva

para o período 2004-2012.

75

Fonte: BNA, FMI

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

121

Gráfico 65 - Taxas de juro (taxas anuais) e taxa de câmbio efetiva

A taxa de câmbio da moeda angolana face ao Euro tem vindo a sofrer depreciações nos últimos 4 anos, após um período de ligeira valorização entre 2008 e 2009, variando entre um valor máximo de 1 kwanza valer 0,0105 euros em março de 2009 ao mínimo 0,0072 euros em maio de 2011. À data deste estudo, em outubro de 2013, 1Kz valem cerca de 0,0075 euro.

Gráfico 66 – Variação da taxa de câmbio Kwanza/Euro

Fonte: BNA e Banco de Portugal

Fonte: BNA e FMI

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

122

3.2. Política Económica

Angola tem-se assumido como uma potência regional no contexto da África Subsariana, convergindo para uma economia de mercado com um rendimento anual per capita na ordem de US$ 5.500.

Gráfico 67 - PIB de Angola – taxa de variação real (%)25

Visão da OCDE76

, Banco Mundial e FMI77

As previsões do Banco Mundial e da OCDE

apontavam para um crescimento em 2013 de

7,2%, e 8,2% respetivamente. O FMI estimou

um crescimento na ordem os 6,2%.

Estas previsões basearam-se em expetativas

de uma expansão mais robusta do setor

petrolífero e da produção de gás, no aumento

do consumo privado e na implementação do

programa de investimento público em

infraestruturas. Em consequência, os setores

privilegiados serão a atividade da construção, a

produção de energia e o setor dos transportes.

Visão do Governo de Angola, Plano Nacional de Desenvolvimento (“PND”) 2013 – 2017

O Quadro Macroeconómico de Referência para 2013-2017 define as premissas e metas para os principais

agregados, tendo em atenção a evolução recente da economia internacional e nacional, bem como o quadro

macroeconómico estabelecido na Estratégia Nacional Angola 2025.

76 OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 77

Fonte: BPI Research julho 2013

2.4 3.4 3.9

7.4

(8)

(6)

(4)

(2)

-

2

4

6

8

10

12

2009 2010 2011 2012

Setor Petrolífero

Setores Não Petrolíferos

Crescimento PIB

14%

3% 4% 4%

9% 6%

8%

14.00%

3.00% 3.50% 4.00%

8.50% 8.25% 8.00%

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

%

Crescimento PIB Real Angola FMI

Crescimento PIB real Angola OCDE

Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

123

Para 2013 o Governo prevê um crescimento real do PIB de 7,1%, onde o setor não petrolífero desempenhará

um papel preponderante.

Segundo o PND 2013 – 201778

, estima-se que a economia continue a evoluir positivamente.

Gráfico 69 - Taxa de variação (%) do PIB no período 2013-2017

Prioridades Estratégicas para o país

O PND (2013-2017) contém o enquadramento

estratégico de longo prazo estabelecido através

Estratégia Nacional “Angola 2025”, que fixa as

Grandes Orientações para o Desenvolvimento

de Angola, destacando-se:

1. Garantir a Unidade e a Coesão Nacional; 2. Construir uma Sociedade Democrática e

Participativa, garantindo as liberdades e direitos fundamentais e o desenvolvimento da sociedade civil;

3. Promover o Desenvolvimento Humano e o Bem-Estar dos Angolanos, assegurando a Melhoria da Qualidade de Vida, Combatendo a Fome e a Pobreza Extrema;

4. Promover o Desenvolvimento Sustentável, Competitivo e Equitativo, garantindo o Futuro às Gerações Vindouras;

5. Promover o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação;

6. Apoiar o Desenvolvimento do Empreendedorismo e do Setor Privado;

7. Desenvolver de Forma Harmoniosa o Território Nacional;

8. Promover a Inserção Competitiva da Economia Angolana no Contexto Mundial e Regional.

1. População e desenvolvimento social

O desempenho económico recente gerou disparidades

económicas e sociais que o Governo pretende ver

ajustadas, nomeadamente em termos de condições de

saúde e educação que oferece à população, que têm um

impacto direto no Índice de Desenvolvimento Humano

(“IDH”) publicado pelas Nações Unidas, razão pela qual

este índice foi eleito para monitorizar este vetor.

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de

2012, Angola é o 148.º país mais desenvolvido do mundo,

com um Índice de Desenvolvimento Humano de 0.508

(baixo), num universo de 187 países. Conserva a posição

que tinha em 2011, sendo que entre 2007 e 2012, o país

conseguiu subir um lugar no IDH.

As economias que registam um “IDH médio” – meta do

Governo para 2017 – apresentam uma medida

comparativa nas condições económicas, sociais, culturais

e políticas da sociedade, com indicadores de bem-estar da

população, entre 0,536 e 0,710. Dentro do contexto da

SADC, a África do Sul, o Botswana, a Namíbia ou a

Swazilândia são exemplos de países que já registam um

IDH médio.

78

Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, Governo de Angola

7.4 7.1 8 8.8

7.5

4.3

4.3 6.6

4.5 4 3.8

-9.8

9.1 7.3

9.7 11.2

9.2

10.4

(15)

(10)

(5)

-

5

10

15

2012 prog 2013p 2014p 2015p 2016p 2017p

PIB pm PIB petrolífero PIB não petrolífero

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

124

Gráfico 70 - IDH – Evolução desde 2000

Tabela 18 - Objetivo do PND 2013 – 2017: IDH79

Indicador 2011 2012 Meta 2017

IDH (PNUD – Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento) 0,486 (baixo) 0,508 (baixo) 0,54 (médio)

2. Estabilidade e Regulação Macroeconómica

Nos últimos anos, o Governo tem vindo a promover a condução coordenada das políticas fiscal, monetária e

cambial, acentuando o papel da Programação Financeira como instrumento balizador da articulação entre o

Ministério das Finanças e o BNA e criando as condições ideais para o cumprimento dos objetivos estratégicos

do planeamento macroeconómico para o crescimento económico sustentado.

79

Fonte: Relatório IDH 2011, 2012

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

1995 2000 2005 2010 2015

Paises com baixo IDG

Angola

Mundo

“As ambições e objetivos do nosso Programa de Governação têm uma forte motivação de justiça social e de desenvolvimento humano. A sua concretização assenta numa estratégia de crescimento económico em que o investimento público e o investimento privado em projetos estruturantes do setor público se constituem na plataforma para o desenvolvimento da economia nacional.” Eng.º José Eduardo dos Santos, Presidente da República, 26 de setembro de 2011

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125

Objetivo do PND 2013 - 2017: Taxa de inflação80

Gráfico 71 - Inflação média anual – histórico e últimas previsões do FMI

Um dos objetivos estratégicos do executivo é a

manutenção da taxa de inflação na ordem dos 9%.

As expetativas do Governo são consistentes com

as estimativas do FMI. Angola poderá alcançar

uma inflação média anual de 9,4% (inflação

homóloga de 9,2%) no final de 2013. Nos anos

seguintes, o FMI projeta uma descida moderada

dos preços, até estes se fixarem numa variação de

7% em 2016, valor que revela algum alinhamento

com o objetivo do Governo, para 2017.

Gráfico 72 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas (%)

3. Promoção do Crescimento Económico, do Aumento do Emprego e de Diversificação

Económica

Diversificação da Estrutura Económica Nacional Apesar dos esforços que têm sido desenvolvidos, a estrutura económica de Angola mantém-se pouco diversificada. Com efeito, o setor petrolífero representa ainda cerca de 45% da estrutura do PIB, 60% das receitas fiscais, e ultrapassa 90% das exportações, revelando a natureza vulnerável da economia em relação aos choques externos. A diversificação da estrutura económica que se espera alcançar no período de execução do PND expressar-se-á na diminuição progressiva do peso do setor petrolífero, passando dos atuais cerca de 45% para 27%, em 2017, no aumento das receitas fiscais e no crescimento das exportações não petrolíferas.

80

Fonte: BNA (BPI Research julho 2013)

23.00%

12.00%

15.30%

8.50% 7.00%

0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

Inflação em Angola

15.3 11.4 9 9.2 7.60

-

5

10

15

20

2010 2011 2012 2013p Meta 2017

Para os próximos anos, o Governo espera estabilizar a taxa de inflação anual ao nível de um dígito percentual

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

126

Fonte: BPI Research julho 2013

Taxa crescimento real por

setores (%)

2010 2011(P)

Agricultura 6 11,4

Pescas e derivados 1,3 3,5

Petróleo -3 -5,6

Diamantes e indústria

extractiva

-10 -3,3

Indústria transformadora 10,7 3,8

Energia 16,1 15

Construção 16.1 6,8

Serviços mercantis 10,9 12,3

Outros 8,7 8,2

PIB 3,4 3,5

PIB não petrolífero 7,7 9

PIB petrolífero -3 -5,6

Fonte: BNA

7.8

9.7 9.1 9.5

-3

-5.6

4.3

1.7

(8)

(6)

(4)

(2)

-

2

4

6

8

10

12

2010 (t.v.r) 2011 (t.v.r) 2012 (t.v.r) Metas 2017

Taxa d

e c

rescim

en

to %

Taxa Média anual de crescimento do setor não petrolífero (%)

Taxa média anual de crescimento do setor petrolífero (%)

A diversificação da estrutura económica que se espera alcançar no período de execução do PND expressar-se-á na diminuição progressiva do peso do setor

petrolífero

Gráfico 73 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero

A agricultura, indústria, energia, construção e

comércio têm contribuído fortemente para a

diversificação da economia e redução da

dependência do setor petrolífero. No entanto,

muito continua por fazer, já que Angola

demonstra ainda forte dependência na

importação de um cabaz relativamente

alargado de produtos.

A energia e a construção, impulsionada pelos

programas de reconstrução e

infraestruturação do Governo, têm sido os

setores que mais têm crescido, esperando-se

um novo aceleramento tendo presente os

programas previstos até 2016.

É expectável que, a prazo, se venha a

verificar um intensificar do crescimento dos

setores agroalimentar, industrial e logístico,

acompanhando, mas também servindo como

duplo catalisador, do aumento do consumo

privado.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

127

Gráfico 74 - Crescimento de cada setor e respetivo peso no PIB de Angola

Promoção do emprego e capacitação e valorização dos recursos humanos nacionais

O crescimento económico e a sustentabilidade orçamental ainda são altamente dependentes das receitas

petrolíferas. No entanto, o setor petrolífero é de capital intensivo e emprega apenas uma pequena

percentagem da força de trabalho total. Tal facto restringe a diversificação económica, impede a tão

necessária criação de emprego e potencia a denominada “doença holandesa” acima caracterizada. É assim

fundamental acentuar a diversificação da economia.

Apoio às exportações

Um elemento importante para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento de Angola reside no seu

relacionamento com o exterior e na inserção competitiva da economia no contexto internacional. Para além de

continuar a afirmar-se como centro produtor e exportador de energia, será necessário apostar na

diversificação e no aproveitamento de nichos de mercado no comércio mundial.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

128

Tabela 19 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações

Indicador Metas 2017

Volume Médio Anual de Exportação de Petróleo (Milhões de barris) 669,1

Crescimento das Exportações não Petrolíferas 23%

4. Reforço do Posicionamento de Angola no Contexto Internacional e Regional, em

particular na União Africana e na SADC

As opções estratégicas relativas ao posicionamento de Angola no contexto internacional e regional encontram-

se expressas na Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo, dando ênfase à sua aspiração de ter um

papel crítico na SADC e CEEAC:

Continuar a respeitar e a aplicar os princípios da carta da Organização das Nações Unidas e da Carta

da União Africana, e estabelecer relações de amizade e cooperação com todos os povos e Estados;

Apoiar a inserção competitiva na economia global, através:

o Da diversificação das relações bilaterais para ampliar acordos comerciais e cooperação

científica e tecnológica com os países emergentes;

o Da participação nas negociações e acordos de cooperação Sul-Sul e das nações tropicais;

o Do estreitamento das relações comerciais e de cooperação cultural e tecnológica com os

países lusófonos no âmbito da CPLP;

o Do estabelecimento de entendimentos comerciais com os EUA quanto à economia do Golfo

da Guiné, de modo a consolidar a presença angolana na região e negociar parcerias

comerciais com a UE, no âmbito da SADC.

Promover a integração regional com liderança:

o No quadro do estabelecimento do mercado comum regional;

o Tomando iniciativas políticas para assegurar a segurança e a estabilidade política regional, ou;

o Afirmando-se como plataforma de articulação entre a SADC, a CEEAC e a região do Golfo da

Guiné.

Aumentar o peso e a importância relativa de Angola no mercado mundial de energia.

A prossecução dos objetivos da Política de Reforço do Posicionamento de Angola no contexto internacional e

regional, apresentados na tabela que se segue, será baseada, em particular, nas seguintes prioridades

políticas:

a) Consolidar as relações com as instituições financeiras internacionais;

b) Reforçar a posição geoestratégica de Angola na região e no mundo.

Para tal, um dos indicadores chave que merecem a atenção do Governo Angolano, é a posição do país no

ranking DB.

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129

Tabela 20 - Objetivo do PND 2013 – 2017: Doing Business81

Indicador DB 2012 DB 2013 Meta 2017

Posição de Angola no Ranking Doing Business (ano base 2012) 174 172 165

O Relatório sobre a Competitividade Global 2010-2011 do World Economic Forum descreve os três fatores

que justificam uma posição menos destacada para a realização de negócios em Angola:

Uma complexa e exigente carga burocrática e administrativa;

Mão-de-obra pouco qualificada; e,

Pouca capacidade das suas infraestruturas.

É essencial realizar reformas que favoreçam o desenvolvimento de negócios, para que as empresas possam

competir mais eficazmente na economia global, especialmente quando outros países estão a melhorar

continuamente os seus climas de negócio.

81

Fonte: Banco Mundial

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

130

3.3. Estrutura produtiva

3.3.1. PIB por setor

Conforme referido, a economia angolana (ainda) depende em larga medida do setor petrolífero, sendo já

público o objetivo do executivo de reduzir essa dependência a prazo, fomentando a agricultura, indústria,

serviços de logística, telecomunicações e tecnologia.

Apesar da produção de diamantes corresponder apenas a 0,9% do PIB, o setor não deixa de ter um forte

potencial de crescimento, sendo, como anteriormente indicámos, o quarto maior produtor mundial deste

recurso natural.

Gráfico 75 – PIB por setor 2012 - Angola82

Contribuindo com 21,70% para o PIB, e em resultado do “boom” no consumo interno e no investimento privado

nos últimos 4 anos, o comércio assume grande relevo.

Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de

várias iniciativas, incluindo:

Programas de incentivos;

Linhas de financiamento;

Forte investimento público;

Campanhas de marketing e de estímulo à aquisição de produtos e serviços angolanos.

O Governo pretende também fomentar polos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as

produções agrícolas e pecuárias e o seu processo de transformação, armazenamento e logística.

O setor da construção (8,40%) tem crescido como resultado de uma forte aposta do Governo na reconstrução

e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e população.

Já o setor industrial (6,50%) é caraterizado pelo elevado nível de importações, o que poderá conduzir a uma

forte aposta estratégica na produção nacional.

82

Banco Mundial

11%

45%

7%

8%

22%

7%

Agricultura, pecuária, pescas

Petróleo Bruto e Gás

Energia Elétrica

Construção

Comércio

Outros

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131

O Estado assume as mais variadas formas (diretas e indiretas) de participação na economia do país. O

passado recente demonstrou que muitos setores da economia (estratégicos ou não) acabaram por se tornar

propriedade do Estado, em regime de monopólios ou quase-monopólios autorregulados.

3.3.2. Retrato do setor empresarial do Estado

O Estado assume uma forte presença no setor petrolífero. Para além deste, os setores onde o Estado está

mais representado é o setor dos transportes (18,3%), do urbanismo, da construção (14,6%) e da geologia,

minas e indústria (12,2%).

Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público 2009 – 2010, ISEP / Ministério da Economia

Conforme se indicou, importa salientar que em termos económicos a presença do Estado faz-se sentir com

mais relevância ao nível do setor petrolífero. Os serviços financeiros também mostram forte presença do

Estado, em particular ao nível de Banca e Seguros, este último alvo de elevada concentração nos últimos

anos.

Gráfico 76 - Empresas do Setor Público - Volume

de negócios (%)

Gráfico 77 - Empresas do Setor Público -

Empregados (%)

Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público 2009 – 2010, ISEP / Ministério da Economia

Nota: valores relativos apenas a empresas que prestaram contas

79%

6%

4% 6%

5%

Petróleo Banca Energia Transportes Outros

18%

8%

16%

31%

27%

Petróleo Banca Energia Transportes Outros

15 (18,3%)

Transportes

12 (14,6%)

Urbanismo e

construção

9 (11%)

Agricultura e

pescas

10 (12,2%)

Geologia, minas,

indústria

8 (9,8%)

Energia e

águas

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132

A Sonangol na economia Angolana

A Sonangol é a maior empresa angolana, estando no centro da estratégia financeira do país. As receitas do petróleo recebidas anualmente pela Sonangol são reinvestidas no setor público e na economia em geral. Criada em 1976, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol E.P.), é a maior empresa do país, sendo responsável pela gestão da indústria petrolífera no país, administrando concessões petrolíferas, procedendo à exploração, produção, comercialização, transporte, refinação e distribuição do petróleo. Além do petróleo, o portfólio diversificado da Sonangol, sobre a égide do Grupo Sonangol, inclui dezenas de subsidiárias, operando em diversos setores de atividade, destacando-se:

Setor de habitação, por meio da Sonangol Imobiliária e Propriedades (Sonip), que atualmente coordena o desenvolvimento da “Zona Económica Especial (ZEE) de Luanda/Bengo” e vários outros projetos de habitação, em Lobito e outras localidades;

Indústria manufatureira, através da recém-criada Sonangol Investimentos Industriais (SIIND), especificamente na “ZEE de Luanda/Bengo”;

Telecomunicações, por meio da MSTelcom;

Transportes aéreos, via SonAir65

;

Setor da saúde, através da Clínica Girassol;

Setor financeiro, alguns bancos angolanos foram abertos tendo como principal acionista a própria Sonangol, como por exemplo o Banco Angolano de Investimentos (BAI).

A Sonangol já foi aclamada no passado como a instituição nacional mais competente e, por meio de investimentos globais estratégicos, é o veículo primário da imagem de Angola no estrangeiro. Além destes setores, a Sonangol possui uma dezena de outras subsidiárias e projetos relacionados com o petróleo, e também com o gás natural, através da Sonangol Gás Natural.

Na Lusofonia a Sonangol tem um conjunto de importantes investimentos, com especial foco em Portugal, com

participações na GALP energia e Millennium BCP. No Brasil a Sonangol Starfish identificou em 2012 os

primeiros indícios de petróleo no mar, na bacia de campos, em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde assegura o

transporte de crude e outros derivados através da empresa SonaShip e é acionista da petrolífera cabo-

verdiana Enacol, em conjunto com o estado de Cabo Verde e a Galp. Em São Tomé e Príncipe tem vindo a

investir nos aeroportos e na companhia aérea STPAirways, através da sua filial Sonair.

“Sonangol investe mais US$ 78 milhões em seis novas fábricas na ZEE Luanda-Bengo.”

In O PAÍSonline, maio 2012

A Sonangol anunciou em Abril de 2014 que a Total irá investir no projeto do Kaombo, no

offshore ultra profundo angolano, um valor estimado em US$ de 16 mil milhões.

Com uma capacidade de produção diária de 230 mil barris, a iniciar em 2017, o Kaombo,

vai produzir reservas estimadas em 650 milhões de barris.

A Total é operadora do Bloco 32 no qual detém uma participação de 30%, em conjunto

com a Sonangol Pesquisa e Produção com iguais 30%, a Sonangol Sinopec

Internacional com 20%, a ExxonMobil com 15% e a Galp com 5%.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

133

3.4. Petróleo e Gás Natural

Atualmente Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África Subsariana depois da Nigéria,

produzindo aproximadamente 1,7 milhões de barris por dia (bbl) durante 2011.

O estatuto de Angola enquanto exportador internacional de petróleo foi reconhecido pelo mundo quando o país

aderiu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 2007. Angola assumiu ainda a

presidência rotativa desta organização em 2009. O país é também um importante fornecedor de petróleo à

China e aos Estados Unidos.

Gráfico 78 - Principais destinos de exportação do setor petrolífero (%)

Fonte: UNCOMTRADE

No PND 2013 – 2017, o Governo Angolano define, para o setor petrolífero, o seguinte objetivo:

“Assegurar a inserção estratégica de Angola no conjunto dos países produtores de energia e

desenvolver o Cluster do petróleo e gás natural, contribuindo para financiar o desenvolvimento da

economia e sua diversificação”.

Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude, investimento e criação de emprego

83

Indicadores dos Objetivos 2017

Indicadores Ano base Metas

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Total de Produção Petróleo Bruto

Angola (Milhões de bbls84

) 634 674 704 733 760 686

Produção Média Diária de

Petróleo Bruto (Milhões de bbls) 1,73 1,85 1,93 2,01 2,08 1,88

83

Fonte: Governo de Angola in Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, segundo o Ministério do Planeamento, no âmbito das “Políticas e prioridades para o desenvolvimento setorial” 84 Barril (unidade)

57%

17%

13%

9% 5%

China EUA Índia Taiwan África do Sul

China e EUA são os principais destinos de exportação de

Angola

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

134

Indicadores dos Objetivos 2017

Indicadores Ano base Metas

2012 2013 2014 2015 2016 2017

Exportações de Petróleo Bruto

(Milhões de bbls) 633,6 673,6 704 732,5 760,4 686

Preço Estimado de Exportação de

Petróleo Bruto (US$/bbl) 103,8 96,0 93,4 92,0 89,9 89,4

Capacidades e Armazenagem em

Terra (Mil m3)

660 942 1.290 1.526 1.650 1.670

Postos de Abastecimento 173 130 58 29 66 51

Vendas Produtos Refinados

(Mil TM) 4.738 5.004 5.291 5.591 5.909 6.248

Investimentos (Milhões US$) 19.932 17.473 16.474 14.121 10.255 7.401

Força de Trabalho 72.673 79.914 87.880 96.668 106.306 116.898

Com base nos investimentos realizados nos últimos anos (e consequentes descobertas concretizadas),estima-

se que o potencial de produção do país poderá aumentar de 20 para 50 anos, com o ritmo da produção média

diária de petróleo bruto e recuperar para 1,88 milhões de barris diários.

Estratégia para o Gás Natural

O aumento substancial confirmado das reservas de gás natural e o seu caráter atrativo do ponto de vista

económico são os catalisadores para o desenvolvimento deste setor.

As reservas de gás natural de Angola estão estimadas em aproximadamente 297 mil milhões de metros

cúbicos. Foram encontradas ainda reservas de gás seco no país, embora, em 2012, ainda não estivessem a

ser exploradas.

A Sonagás— Sonangol Gás Natural — é o titular registado da totalidade do gás angolano. A empresa é a

representante legal do Governo em todas as matérias relacionadas com gás natural.

O Governo de Angola e a Sonangol consideram a oportunidade de produzir GNL de grande importância

nacional.

A produção de gás natural em Angola está a funcionar a apenas a um quinto da sua capacidade estimando-se

que no final de 2014 haja uma considerável melhoria da sua exploração.

A capacidade projetada de produção de GNL em Angola é de 5,2 milhões de toneladas ao ano. Tal seria

equivalente a 45 milhões de barris de petróleo ou a um aumento de 6,5% na atual produção de petróleo, em

termos de receitas.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

135

No âmbito da nova Estratégia Energética, encontram-se planeados, ou em execução, os seguintes projetos:

Aumento da capacidade de produção em 7000 MW (seis vezes a capacidade atual);

Construção de 46 pequenas barragens hídricas, totalizando cerca de 180 MW;

Construção de 2.350 Km de rede de distribuição e 37 novas subestações;

Construção de 1.300 estações transformadoras (maior concentração em Luanda).

3.5. Infraestruturas e energia

O estado atual das infraestruturas em Angola

A população angolana, de 20,7 milhões de habitantes (prev.

2013 EIU - Economist Intelligence Unit), encontra-se

desigualmente distribuída pelo país. As áreas mais

densamente povoadas situam-se em redor da capital,

Luanda, e de outras cidades principais como Huambo e

Lobito. No geral, o litoral e as zonas sul e leste do país são

menos povoadas do que as terras altas do interior.

Não obstante, Angola tem demonstrado um compromisso

determinado em financiar a reconstrução e a expansão das

suas infraestruturas, um gesto fundamental para dar um

primeiro impulso à sua economia não-petrolífera.

Figura 25 - O estado das infraestruturas em África - Angola

Fonte: Africa gearing up, PwC 2013

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

136

Energia

Angola tem efetuado investimentos substanciais no setor energético, desde 2002, para

restabelecer e reconstruir as suas infraestruturas.

Angola tem três sistemas e redes de energia domésticos autónomos – Norte, Centro e Sul (CMI – CHR

Michelsen Institute). Os planos para as linhas de transmissão e interconectores encontram-se em diferentes

fases de planeamento e preparação (encontram-se em fase de pré instalação). Pretende-se que esta possa

estar ligada à República Democrática do Congo (RDC) e à Namíbia, de modo a facilitar as transferências de

energia dentro do quadro do grupo de energia regional.

Tabela 22 - Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade (US$ milhões)

Investimento por sistema e previsão do

consumo de eletricidade 2012 2013

Sistema Norte 1.648,00 1.150,00

Sistema Centro 92,62 -

Sistema Sul - -

Sistemas Isolados 23,92 1,70

Energias Renováveis 31,91 -

Total 1.796,45 1.151,70

Fonte: Ministério de Energia e Águas de Angola in “Programa de Desenvolvimento do setor da Energia 2008 – 2013”

De entre os principais desafios do setor, destacam-se:

A carência de investimentos em infraestruturas;

A requalificação das barragens de Matala, Gove, Cambambe, Mabubas;

Os principais sistemas ainda não se encontram interligados;

Existem impedimentos diretos à medição e contabilização do consumo;

Existem algumas ligações clandestinas à rede.

A falta de eletricidade e / ou o seu abastecimento irregular constituem uma perda significativa de receitas

fiscais para o Estado, e uma sobrecarga financeira para as empresas, que se vêm obrigadas a dispor de

sistemas alternativos de fornecimento de energia, condicionando desta forma o seu rendimento85

.

Por outro lado, os custos de produção energética são relativamente elevados, tendo em conta os padrões dos

países vizinhos da África Austral (figura seguinte). Os elevados custos em Angola, particularmente quando

comparados com outros países, são parcialmente explicados pela dependência do país em relação à

produção com base em petróleo.

85

Fonte: CCIPA, através dos dados fornecidos pelo Ministério de Energia e Águas de Angola

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137

Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados86

Transportes

Em resultado da guerra civil, as infraestruturas de transportes de Angola sofreram um

processo de deterioração significativo, levando ao encerramento da maior parte da

rede rodoviária e ferroviária

No entanto, desde 2002 Angola tem vindo a receber elevados empréstimos chineses para reconstruir as suas

infraestruturas.

Com efeito, desde 2004, têm sido feitos investimentos intensivos na reabilitação das infraestruturas

rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias, na sua maioria financiados por empréstimos e linhas de

crédito chineses (nos últimos anos, Angola foi um dos países africanos que recebeu mais crédito bancário da

China).

O investimento de Angola em infraestruturas (aproximadamente de US$ 4,3 mil milhões por ano) é equivalente

a 14% do PIB (Pushak & Foster, 2011), sendo fortemente canalizado para o setor dos transportes.

Transportes Aéreos:

O principal aeroporto internacional de Angola está localizado em Luanda e é servido por

diversas companhias aéreas internacionais e regionais, incluindo a TAAG (a companhia

aérea de bandeira nacional), TAP, British Airways, South African Airways, Air France,

Lufthansa, Ethiopian Airlines, Kenya Airways, KLM, Air Namíbia, Linhas Aéreas de

Moçambique, Brussels Airlines, Iberia e Emirates Airlines.

Totalmente renovado (projeto concluído em 2010 em preparação para o Campeonato Africano das Nações), o

aeroporto ocupa atualmente uma área de mais de 37.543 m2. Dispõe de duas pistas com pavimento asfáltico

de 3.700 metros e 2.600 metros cada, e 8 espaços para estacionamento de aeronaves.

Com a recente renovação os balcões de check-in passaram de 12 para 26. O aeroporto renovado conta ainda

com 3 novos parques de estacionamento para automóveis, táxis e autocarros, com capacidade para 856

veículos.

86

Fonte: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março

2011 Baseado em Briceño-Garmendia e Shkaratan (2010-); baseado em dados de 2005 –06. Os custos de Angola são baseados em estimativas feitas pela SFI e relativos a 2010. kWh = kilowatt-hora

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138

Atualmente, o aeroporto acolhe cerca de 7 de voos internacionais por dia (destino Luanda), estando previsto o

aumento do seu tráfego. A Egypt Air, a Royal Air Maroc e a Delta Airlines tencionam dar início às suas

operações em Luanda num futuro próximo.

Transportes Ferroviários:

Foram construídas três linhas ferroviárias de referência a partir da costa em direção a

leste na época colonial, ligando os principais portos de Angola no Atlântico ao interior

do país. No seu auge em 1973, estas linhas transportavam 9,3 milhões de toneladas

de carga, estimulando o crescimento de muitas das principais cidades angolanas no interior (Pushak & Foster,

2011).

As três linhas ferroviárias que atravessam Angola são:

Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL): liga a capital angolana Luanda à província interior de Malange.

A linha está totalmente operacional, mas não tem ainda acesso ao Porto de Luanda;

Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB): liga o Porto do Lobito no Atlântico à cidade do Luau, na

fronteira leste do país, e às redes ferroviárias no sudeste da RDC e na Zâmbia. O CFB opera

atualmente entre o Lobito e o Huambo;

Caminhos-de-Ferro de Moçamedes (CFM): liga a cidade do Namibe à província leste do Kuando

Kubango.

Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, 201087

87

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

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139

Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, 201088

Empresas Porto Região Linhas

(kms)

Operacionais

(kms)

Operacionais

(%)

CFL Luanda Norte 425 425 100

CFB Lobito Centro 1.347 246 18

CFM Namibe Sul 987 0 0

As linhas ferroviárias serão de importância vital para desenvolver o interior do país. As cidades do interior de

Angola têm sido excluídas dos grandes desenvolvimentos das regiões costeiras há vários anos. O setor

agrícola deverá ser o principal beneficiário.

A indústria dos diamantes – centralizada no interior do país - irá também ela beneficiar de uma rede ferroviária

operacional.

Transportes Rodoviários

Desde 2002, Angola tem levado a cabo progressos impressionantes na reabilitação das

suas infraestruturas, no processo de reconstrução de estradas e pontes.

Em virtude disso, a rede de estradas aumentou para 62.560 km em 2010 (ibid). Este

esforço tem sido financiado por fundos públicos e créditos externos. Empresas de construção estrangeiras,

nomeadamente chinesas e brasileiras, têm sido responsáveis por grande parte da reconstrução das

infraestruturas do país.

A reabilitação das estradas tem sido concentrada nas vias que ligam os principais centros urbanos e nas

estradas em redor de Luanda.

88

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

Fonte: Angola Roadmap, Bing, Microsoft

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

140

Em 2011, foram

movimentados 482.365

contentores. A variação

desse movimento foi

superior a 28%, o que

representa um

crescimento de 106.064

contentores em relação a

2010

Transportes Marítimos

Luanda, Lobito, Namibe e Cabinda são os principais portos de carga em Angola.

Porto de Luanda

O Porto de Luanda é a principal rota do comércio internacional em Angola,

movimentando mais de 70% das importações do país.

É o principal centro para as operações atuais de importação de produtos alimentares, produtos relacionados

com a indústria energética, e para as operações atualmente em franco crescimento de carga geral e de

contentores. Situa-se a 8º47' S de latitude e 13º14' E de longitude, na baía de Luanda, com excelentes

condições naturais, ondulação fraca e ventos calmos.

Movimentação de contentores:

Em 2011 a movimentação de contentores no Porto de Luanda registou um aumento de cerca de 28%, num

total de 482.365 contentores.

Caraterísticas

O porto tem 2.738 metros de cais de acostagem, divididos em 7 terminais + 1 plataforma logística de apoio à

indústria petrolífera, trabalha 24 horas diárias, e é gerido pela Empresa Portuária de Luanda E.P.89

. Dispõe de

3 rebocadores com potências entre os 750 e os 2.500HP (unidade de medida horsepower).

Produtos

As mercadorias de entrada são as mais variadas e vão desde a farinha, arroz ou cereais para moagem até aos

materiais de construção, produtos manufaturados, viaturas e equipamentos de transporte. As tonelagens de

saída e de exportação são sobretudo café, tráfego local de cabotagem e contentores vazios.

As operações de movimentação de carga no porto foram concessionadas a quatro operadores

independentes90

:

Terminal Petrolífero: concessionado à SONILS em 1997 por um período de 25 anos. O terminal

serve as indústrias do petróleo e gás;

Terminal de Carga Geral (TCG): este terminal foi concessionado à Multiterminais em 2005 por um

período de 20 anos. A Multiterminais é um consórcio formado pela Copinol SARL (51%), Nile Dutch

África Line (35%) e pela NDS Lda (14%);

89 Fonte: Orey Angola 90 Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 - Banco Africano de Desenvolvimento - BAfD

0

50000

100000

150000

200000

250000

Cheios Vazios Total

Embarque

Desembarque

Gráfico 80 - Movimentação de contentores no Porto de Luanda em 2011

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141

Terminal Polivalente (TP): este terminal foi concessionado à Unicargas em 2005 por um período de

20 anos. A Unicargas é uma empresa de transportes detida pelo Estado angolano;

Terminal de Contentores (TC): este terminal foi concessionado à Sogester em 2007 por um período

de 20 anos. A Sogester é detida pela APM Terminals (40%) com a Maersk Line (11%) e a Gestão de

Fundos (49%). A APM Terminals faz parte do Grupo Moller-Maersk, que inclui também a companhia

de navegação Maersk.

Mapa 2 - Mapa do Porto de Luanda

Fonte: OREY Angola

Porto de Lobito

O Porto de Lobito, o segundo maior porto de Angola depois de Luanda, fica a 12º20' S de latitude e a 13º34' E de longitude, na baía do Lobito.

Movimentação de contentores

A movimentação de contentores tem vindo a aumentar tendo movimentado 2.7 milhões de toneladas em 2011, cerca de 400 toneladas a mais que em 2010

91. Em 2011, o referido porto movimentou cerca de 87.538

contentores.

Caraterísticas

O porto tem 1.122 m de cais de acostagem, divididos em 2 zonas. A autoridade portuária "Porto do Lobito" dispõe de dois rebocadores, 15 gruas em terra com capacidades entre as 5 e as 22 toneladas e ainda de uma grua flutuante com capacidade de elevação de 120 toneladas

92.

Produtos

Os principais produtos movimentados no Porto de Lobito são sobretudo cereais para moagem e matérias-primas para a vizinha zona industrial da Catumbela bem como farinha, açúcar, arroz, materiais diversos para construção e equipamentos para as cidades do Lobito e Benguela

93.

91 Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 - BAfD 92 Orey Angola 93 Orey Angola.

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142

O setor dos transportes poderá representar um estrangulamento para a economia angolana nos próximos

anos, se os principais desafios não forem ultrapassados. De facto, as fracas condições das infraestruturas

rodoviárias e da logística dos transportes atrasam o desenvolvimento económico global do país.

A maior parte do tráfego está concentrada na área em redor de Luanda, mas os níveis de tráfego globais são

comparativamente baixos. A condição inadequada das estradas e a falta de manutenção das mesmas é um

dos fatores que contribuem para os baixos níveis de tráfego.

Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população94

Água e saneamento

Angola tem feito importantes progressos neste setor tanto em áreas urbanas, como em

áreas rurais. Em áreas urbanas, cerca de 4,8% da população tem vindo a obter acesso

a fossas sépticas, todos os anos, a uma taxa de crescimento excecionalmente alta, que

reflete o rápido processo de urbanização do país.

Angola apresenta ainda uma elevada taxa de incidência de doenças, relacionada com a falta de saneamento e

água potável, e outros problemas do setor hídrico.

Em 2006 uma epidemia de cólera atingiu Luanda, afetando 23.000 pessoas e causando quase 300 mortes

(LUPP, 2007). A água contaminada, o escoamento inadequado das águas de escorrimento e o funcionamento

deficiente do sistema de esgotos, têm resultado em altas taxas de doenças (USAID, 2009).

A situação é particularmente grave em ambientes periférico-urbanos informais e em campos de refugiados. No

contexto rural, o abastecimento de água faz-se por poços e furos, o que não garante o fornecimento de água

potável.

94

Fonte: AICD - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011/ Atlas Interativo de Infraestruturas do DIAOP para Angola

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143

Angola alcançou uma subida de 4 posições na classificação do Índice de Desenvolvimento das TIC (IDT) de 2011, que compara os avanços das tecnologias de informação e comunicação em 154 países

A Unitel anunciou, em 2012, um programa intensivo de expansão e modernização da sua rede ao longo dos próximos quatro anos, avaliado em US$ 1.7 mil milhões. Tal significa o alargamento da sua rede a áreas ainda não cobertas, bem como a implementação de uma rede de fibra ótica ao longo de todo o país para melhorar a largura de banda. A empresa estará ainda envolvida num projeto para a construção do primeiro satélite do país.

Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC)95

O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um setor emergente em

Angola. Graças ao empenho demonstrado pelo Governo na implementação e

desenvolvimento deste setor, o país conheceu um crescimento notável que obteve

inclusivamente reconhecimento internacional.

O Ministério das Telecomunicações e Tecnologias da Informação é responsável pela supervisão do setor. O

Instituto Angolano das Comunicações (INA-COM), criado em 1999, define os

preços dos serviços de telecomunicações e atua como autoridade reguladora

independente para o setor.

A Angola Telecom é a empresa estatal de serviços de telecomunicação e

internet, e as suas subsidiárias incluem a TV Cabo, uma empresa de

programação de televisão que oferece serviços de banda larga de cabo para

transmissão televisiva e radiofónica; a Multitel, um portal que oferece um

vasto leque de serviços de internet; e a Elta, um diretório online de listas

telefónicas e contactos web.

Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África Subsariana com cerca de 13 milhões de clientes de telemóveis.

O setor das telecomunicações opera através de duas operadoras móveis em Angola: a Movicel, uma empresa

angolana, e a Unitel, parcialmente detida pela Portugal Telecom. Para além das operadoras referidas, foram

licenciadas quatro operadoras de linhas telefónicas (Mercury, Nexus, Mundo Startel e Wezacom).

Com cerca de 8 milhões de clientes a Unitel é a operadora líder de telecomunicações móveis em Angola. A

empresa foi criada em 2001 e tem, desde então, registado um crescimento considerável. Atualmente a Unitel

tem, grosso modo, o dobro da dimensão da Movicel, o seu único concorrente no mercado. A Unitel ostenta

ainda a mais elevada receita média por utilizador (ARPU – average revenue per user) em África, de cerca de

US$ 21/mês.

A empresa oferece um pacote completo de serviços de comunicação móvel, incluindo: GPRS96

, EDGE97

,

UMTS98

e serviços de chamadas no estrangeiro. Além disso, em 2009 a Unitel lançou serviços 3G. A empresa

é detida pela Mercury (uma subsidiária da Sonangol), Grupo GENI, Vidatel e Portugal Telecom, cada um

detendo uma participação de 25%. Em particular, a sua parceria com a Portugal Telecom, um operador

internacional de telecomunicações móveis, tem facilitado a importação de tecnologia e a transferência de

competências.

A Movicel foi criada em 2003 como o “braço” de

telecomunicações móveis da empresa nacional de

telecomunicações, Angola Telecom, tendo uma base de

clientes de 5 milhões. A Movicel especializou-se no

segmento mais baixo do mercado, oferecendo com a

adesão, equipamentos móveis com preço de revenda de

cerca de US$ 30. O ARPU da Movicel está acima dos

US$ 20.

95

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD) 96 GPRS - General Packet Radio Services (Serviços Gerais de Pacote por Rádio) 97 EDGE - Enhanced Data rates for GSM Evolution – tecnologia digital para telemóveis 98 UMTS - Universal Mobile Telecommunications System – é uma das tecnologias de 3ª geração dos telemóveis.

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144

Angola tem todas as condições para se tornar um país produtor e exportador das novas tecnologias, identificando com clareza quais as suas necessidades neste domínio

Tabela 24 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – telefones

Indicador Angola Moçambique Namíbia África do Sul

Telefones fixos por 100 habitantes 1,6 0,4 6,7 8,4

Telemóveis por 100 habitantes 46,7 30,9 67,2 100,5

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

Nos próximos anos, as duas operadoras planeiam desenvolver ambiciosos projetos de expansão para satisfazer a procura e para melhorar e expandir a sua cobertura no país. A Movicel deverá introduzir a tecnologia 4G no país, para permitir um acesso rápido à internet. As áreas de crescimento do setor incluem os serviços 3G e os serviços de videoconferência e dados. A internet chega à população angolana de forma deficitária, apesar dos esforços do Governo de Angola na criação de infraestruturas de telecomunicações, como é o exemplo da criação, a nível nacional, de uma rede de fibra ótica. Cerca de 10% da população angolana tem acesso à internet, menos do que a média da SADC, que é de 12% (segundo dados da União Nacional das Telecomunicações). Os meios mais usados pelos angolanos para acederem à internet são os computadores e os telemóveis.

Tabela 25 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – internet

Indicadores Angola Moçambique Namíbia África do Sul

Utilizadores de internet por 100 hab. 10 4,2 6,5 12,3

Percentagem de agregados

familiares com computador 7,1 7,5 15,4 18,3

Assinantes de internet de banda

larga fixa, por 100 hab 0,1 0,1 0,4 1,5

Subscrições ativas de banda larga

móvel por 100 habitantes 5,6 1,i5 7,5 16,6

Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD)

De acordo com o Relatório da Economia da Informação, 2007-2008, publicado pela UNCTAD, as Tecnologias

de Informação e Comunicação são um setor em que a concorrência tende a aumentar e que, nessa medida,

os países que quiserem atrair investimentos estrangeiros, terão que investir na força de trabalho doméstica,

nas infraestruturas de telecomunicações e em fortalecer o ambiente de investimentos.

Assim, é importante melhorar as infraestruturas já existentes, a diversos níveis:

Rede de energia elétrica: Angola debate-se com algumas dificuldades no fornecimento de energia elétrica, colmatando as falhas com o uso de geradores. Desta forma, urge melhorar as infraestruturas, uma vez que estas se revelam essenciais para a utilização eficiente das tecnologias de informação;

Infraestruturas de telecomunicações: deverá existir uma maior disseminação, a nível nacional, e a uma velocidade muito maior de infraestruturas que suportem as comunicações;

O país enfrenta ainda algumas dificuldades, que têm constituído um entrave a um desenvolvimento mais

rápido do setor das TIC. A dinamização do setor tem dependido, em grande medida, de parcerias

estabelecidas a nível internacional.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

145

Contudo, o país tem todas as condições para, aos poucos, se tornar cada vez menos dependente das

relações económicas internacionais no que respeita à aquisição de produtos tecnológicos, e de se tornar um

produtor e exportador destas novas tecnologias, identificando com clareza quais as suas necessidades neste

domínio e procurando as vias adequadas para responder, por si próprio, aos seus interesses nacionais.

Principais investimentos previstos em infraestruturas e energia

Apesar de existir ainda alguma fragilidade nas infraestruturas do país, Angola é um dos poucos países africanos que não enfrenta uma grande lacuna de financiamento neste setor. Em grande parte devido às suas reservas de petróleo, Angola tem os recursos financeiros suficientes para construir ou reconstruir as infraestruturas, expandir a economia e modernizar as ligações das suas cidades.

Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND 2013-2017) 99

Setor Potencialidades

Energia Elevado potencial hídrico, eólico, solar e biomassa;

Capacidade institucional consolidada (ministério e empresas públicas do setor);

Aprovação do Decreto Presidencial nº 256 – Política e Estratégia de Segurança Energética Nacional, com o objetivo principal de quadruplicar a oferta de energia atualmente existente, promovendo a utilização mais eficiente dos recursos endógenos e de tecnologias.

Água Existência de 47 bacias hidrográficas principais;

Perspetiva de expansão do fornecimento de água potável a toda a população;

Programa “Água para Todos”.

Construção e

Urbanismo

Melhoria substancial das infraestruturas rodoviárias na maior parte do território nacional, permitindo o restabelecimento da circulação entre todas as capitais de província;

Necessidade de completar a rede nacional de estradas, em particular as vias de ligação municipal e comunal;

Cluster da habitação considerado prioritário e disponibilidade de reservas fundiárias.

Telecomunicações

e Tecnologias de

informação

Rápida expansão da procura de TIC quer a nível individual quer empresarial e institucional;

Implementação do Programa de Governo Eletrónico;

Operacionalização dos conceitos de “Correio de Proximidade” e de “Estações Multifuncionais”, que poderão funcionar como importantes ferramentas para a fixação das populações nas suas áreas de origem.

Transportes Cluster considerado prioritário com importantes projetos estruturantes, quer ao nível das infraestruturas, quer dos sistemas de transportes e das suas articulações com as plataformas logísticas;

Incremento da procura de infraestruturas derivada do aumento das atividades empresariais, resultantes das políticas nacionais de expansão e cooperação regional (SADC, CEEAC);

Relançamento do setor marítimo nacional, para o transporte marítimo internacional e nacional (cabotagem e fluvial).

Projetos Estruturantes de Prioridade Nacional (PE)

Os PEs são investimentos de dimensão significativa, de natureza pública ou privada que concorrem para a

concretização do modelo de desenvolvimento económico da Estratégia Nacional Angola 2025.

99

Fonte: PND – 2017, Governo de Angola

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146

Energia

Até 2016, o Ministério da Energia e Águas pretende executar alguns PEs, nomeadamente:

Das centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, no rio Kwanza: o projeto

deverá consumir cerca de US$ 763 milhões, desenvolvendo um aproveitamento

hidroelétrico da barragem de Cambambe (600 MW), do Nhangue (450 MW), Laúca

e Caculo Cabaça. A conclusão está prevista para 2015;

A central do ciclo combinado do Soyo, que se prevê que esteja concluído até dezembro de 2014, e

cujo principal objetivo é a queima de gás natural;

Centrais hidroelétricas de Jamba-ya-Mina e Jamba-ya-oma no Rio Cunene: o projeto prevê a

regularização do caudal do Jamba-ya-mina, do Jamba-ya-oma e do projeto binacional do Baynes,

devendo a sua construção ficar concluída em 2016.

Ao nível da distribuição de energia, as autoridades pretendem promover a construção dos sistemas de

transmissão associados às novas centrais, e a interligação dos sistemas Norte, Centro e Sul. Estão também

previstos investimentos ao nível da energia hídrica, solar, eólica, gás natural e biocombustíveis.

Os PEs relativos ao setor energético têm por base três vetores, e para cada um destes estão previstos vários

projetos e investimentos.

1. Transporte de energia elétrica;

2. Distribuição da energia elétrica;

3. Eletrificação rural e mini hídricas.

Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica100

Projeto Montante

(US$ milhões)

Central ciclo combinado do Soyo – fase 1 e sistema associado 3,1

Central ciclo combinado do Soyo – fase 2 51

Construção da segunda central do aproveitamento hidroeléctrico de Cambambe e

Alteamento 114

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Laúca 384

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Caculo Cabaça 379

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Jamba ya Oma 60

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Jamba ya Mina 89

Reabilitação reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Luachimo 23

Construção da mini – hídrica de Chiumbe-Dala (12 MW) 10

100

Fonte: PND 2013 – 2017

O Governo Angolano tem previsto um

investimento de cerca de US$ 1,412 mil

milhões no setor do transporte da

energia elétrica entre 2013-2017

PND 2013-2017

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147

Com a implementação do Decreto

Presidencial nº 256, o Governo

prevê que o setor energético ocupe

cerca de 10% ou 15% no PIB

Angolano, até 2025

Projeto Montante

(US$ milhões)

Sistema associado ao A.H. da 2ª central de Cambambe 67

Sistemas associados aos A.H.´s de Laúca e Caculo Cabaça 91

Interligação Centro e Sul 93,8

Sistema Regional Leste 48

Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica

101

*Valores estimados à taxa de câmbio atual AKZ vs US$, aplicável à data da elaboração do presente guia.

Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas102

Projeto Montante

(US$ milhões)

Programa nacional de eletrificação rural 1.253

Construção da mini-hídrica do Cunje (4MW) 2

Construção da mini-hídrica do Cutato (4 MW) 6

Construção do parque eólico do Tômbwa *

Projeto de indústria eletro-intensiva (alumínio) *

Construção do aproveitamento hidroelétrico de Cacombo *

Construção da 2ª central de Hidrochicapa *

*projetos em PPPs

101

Fonte: PND 2013 – 2017 102

Fonte: PND 2013 – 2017

Projeto Montante

(US$ milhões)

Programa de eletrificação das

cidades de Luanda e Caxito 31

Programa de eletrificação das sedes

municipais e comunais 619

Estão previstos investimentos de

cerca de 650 milhões de US$ no

setor da distribuição da energia

elétrica

In PND 2013-2017

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148

O Decreto Presidencial nº 256 aprovado a 29 de setembro de 2011, cujo objetivo principal é o de

quadruplicar a oferta de energia atualmente existente, prevê um investimento global de cerca de US$ 13 mil

milhões, e deverá ser realizado até 2025. Este programa irá permitir ao setor energético crescer de 3% para

10% ou 15% do PIB, no final da sua implementação.

Transportes O setor dos transportes engloba, entre outros PE, a reconstrução de novas estradas secundárias e terciárias.

Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes103

Projeto Montante

(US$ milhões)

Programa de recuperação das vias secundárias 347,3

Programa de recuperação e conservação da rede terciária de estradas 67,3

Água e saneamento

Os PEs do setor da água e saneamento abrangem, tal como nos restantes setores, alguns vetores considerados essenciais ao seu desenvolvimento, nomeadamente:

1. Abastecimento de água às sedes de província e municípios mais populosos;

2. Abastecimento de água em meios rurais.

Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província e municípios mais populosos

104

Projeto Montante

(US$ milhões)

Construção do sistema IV do Bita 51

Construção do sistema 5 Quilonga Grande 74

Reforço dos sistemas de abastecimento de água e saneamento de 17 cidades capitais de

Província 276

Construção de novos sistemas de abastecimento de água em 130 sedes municipais do

território nacional 144

Fonte: PND 2013 – 2017

103

Fonte: PND 2013 – 2017 104

Fonte: PND 2013 – 2017

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149

Presentemente, encontram-se identificados 47 PE de iniciativa privada

Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais105

Projeto Montante

(US$ milhões)

Projeto para melhoria do abastecimento de água dos meios rurais – Programa “Água para

todos” 58

Fonte: PND 2013 – 2017

Projetos estruturantes de iniciativa privada

Presentemente, encontram-se identificados 47 Projetos Estruturantes (PE) de iniciativa privada nos clusters da alimentação e agroindústria (25), Geologia, Minas e Indústria (15) e Petróleo e Gás Natural (7). Estima-se que 39 destes projetos envolvam um investimento total de AKZ 970.906 milhões, dos quais aproximadamente 17% se inserem no cluster geologia, minas e indústria, cerca de 16% destinam-se ao cluster alimentação e agroindústria e 67% ao cluster petróleo e gás natural. O valor dos restantes 8 projetos de iniciativa privada (dos quais 6 do cluster geologia e minas e 2 do cluster petróleo e gás natural) ainda não está determinado. Exceto os projetos do cluster petróleo e gás natural, cujos investimentos se encontram maioritariamente associados aos locais de proveniência daqueles recursos, os restantes PE de iniciativa privada apresentam-se dispersos por várias províncias do território.

105

Fonte: PND 2013 – 2017

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150

A aposta do Governo angolano na produção nacional traduz-se em: • Programas de incentivos; • Linhas de financiamento; • Forte investimento público; • Campanhas de marketing para incentivar a compra de produtos e serviços comercializados em

Angola. Fonte: Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas

3.6. Polos industriais e agroindustriais

O executivo angolano tem nas suas linhas de

orientação programáticas o objetivo de construir e

desenvolver polos agroindustriais, procurando sinergias

pela integração de atividades agropecuárias e os seus

processos de transformação, armazenagem e logística.

Os investimentos previstos são elevados, estando

identificados como grandes projetos:

• Polo agroindustrial de Capanda em Malange –

US$ 375 milhões;

• Polo agroindustrial da Camabatela em Kwanza

Norte – US$ 243 milhões.

É intenção do Governo que uma parte significativa dos

projetos de investimento de médio e longo prazo,

estimados em cerca de US$ 2.478 milhões, se

desenvolvam através de PPP.

As principais produções deverão ser o milho, arroz,

feijão, óleo de soja, soja, hortícolas, farinhas, rações e

carne bovina, suína, de aves, leite e ovos (sendo estes

dois últimos produtos “projetos bandeira” do Governo).

A nível do fomento industrial, têm sido várias as

iniciativas de desenvolvimento de polos industriais, em

parceria com outras entidades públicas. A título de

referência, a Sonangol tem estabelecido parcerias com

empresas privadas para o desenvolvimento de

unidades industriais na ZEE (de Viana),

compreendendo atividades como a metalomecânica,

galvanização, produção de casas pré-fabricadas,

reciclagem de resíduos, produção de vidro e produção

avícola.

As políticas de aceleração do programa de

industrialização do país passam pela construção de

polos de desenvolvimento industrial nas 18 províncias.

Os polos industriais concentram-se principalmente no

litoral, existindo perspetivas de alargar o projeto a todas

as províncias.

73 Novas unidades industriais na ZEE

Polos de desenvolvimento industrial

nas 18 províncias

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151

No orçamento de estado de 2012 encontravam-se previstos planos de desenvolvimento industriais para os

polos industriais de Viana, Lucala e Futila na ordem dos US$ 12 milhões no total, quantia semelhante a 2011 e

quase o dobro do valor que constava no OGE de 2010.

Espera-se que o desenvolvimento dos polos industriais seja efetuado no quadro da lei das parcerias público-

privadas.

A par destes programas, o Governo tem igualmente lançado várias iniciativas para o fomento industrial, desde

o processamento de sucatas metálicas, ao cimento e materiais de construção, ao têxtil, recorrendo ao OGE ou

a financiamento internacional, tal como se verifica no setor têxtil.

“O polo agroindustrial de Capanda tem

uma área de 411 mil hectares. A meta é

substituir 50% do que Angola gasta a

importar alimentos.”

Revista Exame, 2013

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152

3.7. Abertura da economia e relações comerciais

A economia angolana é relativamente fechada não obstante o elevado valor de exportações que, no entanto

apresentam forte concentração no petróleo.

Tabela 33 - Abertura da economia angolana106

Angola 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa de câmbio (US$ /AKZ) 110,38 111,08 121,53 131,01 123,17

Inflação 12,47% 13,73% 14,47% 13,47% 10,29%

Balança Comercial (em % do PIB) 51,00% 27,10% 41.20% 45,30% 49,23%

Balança Corrente (em % do PIB) 8,50% (11,30%) 9,10% 12,60% 17,69%

Importações

Angola importa maioritariamente da China, dos EUA e da África do Sul. Tal como se verifica relativamente ao

bloco comercial em que Angola se encontra inserida, o peso total e relativo da China tem vindo a aumentar, o

que contrasta com o declínio da importância relativa do Brasil.

Gráfico 81 - Evolução das importações de Angola e principais países de origem, 2008-2012

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

106

Fontes: Banco Mundial, Bloomberg, BNA

14% 14% 13% 17% 21%

16% 18% 16%

19% 20%

10% 8% 8%

9% 8% 4% 4%

4%

5% 6% 10%

8% 6%

6% 6%

20,982

22,660

16,667

20,190

24,000

-

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso

na

s i

mp

ort

açõ

es t

ota

is d

e A

ng

ola

Brasil

África do Sul

EUA

Portugal

China

Importações

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

153

Portugal tem conseguido aumentar as suas exportações para Angola, aumentando igualmente o seu peso

relativo no total das importações angolanas – representou em 2012 cerca de 20% das importações do país. O

Brasil consegue ter algum relevo, representando 6% das importações, em 2012, embora apresente uma

tendência decrescente.

Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Relativamente aos produtos importados verifica-se que Angola, para conseguir desenvolver a sua indústria,

ainda se encontra dependente, em grande medida, dos países industrializados. Angola importa

maioritariamente máquinas, aparelhos, instrumentos mecânicose materiais elétricos, automóveis e obras de

ferro fundido, ferro ou aço para construção.

A indústria portuguesa poderá beneficiar do forte relacionamento entre os dois países para melhorar a

compatibilidade dos produtos exportados, vs. importações de Angola, nomeadamente, em setores

competitivos e que têm vindo a sofrer reduções no consumo interno, como sucede com a maquinaria e

alimentos.

3,578 4,238

2,769 3,998

7,558 2,005

1,737

1,007

1,299

2,191

10 12

3

5

26.66% 26.42%

22.68%

26.26%

40.62%

-

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

milh

ões U

S$)

Portugal Brasil Moçambique

A CPLP representou, em 2012, 40,62%

das importações angolanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

154

Gráfico 83 - Importações angolanas - Top produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Não obstante o peso dos produtos importados, em particular máquinas e equipamentos, importa realçar o

crescimento médio anual que as importações de combustíveis e bens agroalimentares (em especial, carnes,

bebidas e cereais) tiveram no período 2008-2011 (56% e 13%) e que revelam por um lado as fortes lacunas

que o setor primário apresenta no abastecimento alimentar das populações, a par do elevado ritmo de

crescimento populacional que o país vem registando desde o fim da guerra civil, e por outro indiciam um

crescimento do consumo privado.

Gráfico 84 - Importações angolanas – evolução por tipo de produtos

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Portugal merece destaque na análise dos principais mercados nas importações angolanas nos 4 produtos

mais importados, fazendo parte do top 5 dos parceiros comerciais. Quanto às exportações portuguesas para

Angola são de destacar as máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, sendo Portugal o maior exportador

destes produtos para Angola, o que reflete as fortes relações comerciais entre os dois países.

35%

18%

16%

9%

9%

5%

5% 2%

Maquinaria e equipamentos detransporte

Alimentos e animais vivos

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Bebidas e tabaco

Combustíveis minerais, lubrificantes emateriais relacionados

Óleos vegetais e animais, gorduras eceras

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

155

Figura 28 - Principais importações angolanas de Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Agregadamente, a maquinaria e

equipamentos de transporte são a fatia

com maior peso nas importações de

Angola com proveniência de Portugal.

Analisando em maior detalhe, importa

destacar as bebidas alcoólicas,

representando cerca de 8,2% das

exportações portuguesas para Angola.

Destacam-se igualmente as

exportações de mobiliário, estruturas e

partes de estruturas de ferro, aço ou

alumínio e de barras de ferro e aço

para construção.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 85 - Importações angolanas a Portugal

30%

23% 15%

11%

10%

8%

Maquinaria e equipamentos de transporte

Bens manufaturados

Outros artigos manufaturados

Alimentos e animais vivos

Bebidas e tabaco

Químicos e produtos relacionados

Portugal 20% das importações angolanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

156

Figura 29 - Principais importações angolanas do Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Relativamente aos produtos vindos do Brasil,

em 2012, o que tem maior peso é a categoria

carne, com uma importância relativa de

27,86%.

Em segundo lugar surgem as importações de

açúcar com um peso de 10,56% e, de seguida,

mobiliário com 4,77%.

Identificam-se possibilidades de concorrência

entre as economias que possam apresentar os

mesmos produtos ou fileiras de produtos

usando como base o produto importado por

referência.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

Gráfico 86 - Importações angolanas ao Brasil

A importação de serviços por parte de Angola centra-se nos serviços associados ao setor da construção e dos

transportes, o que é compreensível considerando o atual estado de desenvolvimento da economia angolana,

57%

17%

11%

8% 5%

Alimentos e animais vivos

Maquinaria e equipamentos de transporte

Outros artigos manufaturados

Bens manufaturados

Químicos e produtos relacionados

Brasil 6% das importações angolanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

157

que tem investido na construção de infraestruturas e de projetos industriais relevantes e que depende da rede

de transportes internacionais para a escoação dos seus produtos, verificando-se mesmo uma forte ligação

entre o aumento das exportações de petróleo e as importações de serviços de transporte.

Gráfico 87 - Importações angolanas de serviços

Fonte: International Trade Centre

Exportações

Os principais mercados para os quais Angola exporta os seus produtos são a China, os EUA, a Índia, Taipé

Chinesa e a África do Sul, sendo responsáveis pela absorção mais de 82% das exportações. A China tem

vindo a ganhar importância relativa nas exportações angolanas, sendo o destino de quase 50% das

exportações do país, por contrapartida do declínio da importância relativa dos EUA nas relações comerciais

angolanas.

Gráfico 88 - Evolução das exportações de Angola e principais países de destino

Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat

5.007 4.676 4.643 7.932

3.721 4.156 3.089 3.629

11,723 9,378 8,296 10,853

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2008 2009 2010 2011

Serviços de Construção Transportes Outros Serviços

33% 37% 43%

38% 46%

29% 24% 23%

21% 14%

2% 9%

9%

9% 11%

63,914

40,828

50,595

66,996 73,000

-

10,000

20,000

30,000

40,000

50,000

60,000

70,000

80,000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2008 2009 2010 2011 2012

Peso n

as e

xport

ações t

ota

is d

e

Angola

India

EUA

China

Exportações

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

158

As exportações angolanas para a CPLP representam pouco mais de 50% do que Angola importa dos países

membros, sendo que na sua grande maioria aquelas correspondem a produtos petrolíferos destinados a

Portugal. O quadro de relações de exportação para a CPLP é residual para os restantes países.

Gráfico 89 - Exportações angolanas para a CPLP

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Portugal é o principal destino das exportações

angolanas dentro da CPLP, absorvendo cerca de

7,13% das exportações totais do país (2012), seguido

novamente pelo Brasil cujas relações comerciais com

Angola não são significativas para as exportações do

país.

Figura 30 - Principais exportações angolanas para Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2021

550 215

683

1,602

5,423

2,106

142 477

450

111

4.20%

0.91%

2.33%

3.07%

7.58%

-

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

6,000

2008 2009 2010 2011 2012

Imp

ort

açõ

es (

mil

es U

S$)

Portugal Brasil

Portugal 7% das exportações angolanas

A CPLP representou, em 2012, cerca de 7,58% do destino das exportações angolanas. 99% destas exportações correspondem a petróleo

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

159

Figura 31 - Principais exportações angolanas para o Brasil

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012

As exportações para o Brasil têm um menor peso na economia de Angola e 99% delas são propano e butano.

Brasil 0,15% das exportações angolanas

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

160

3.8. Investimento privado de e para Angola

3.8.1. Principais investimentos privados em Angola

Em 2012 as propostas de investimento aprovadas totalizaram US$ 2.436 milhões, sendo que Portugal foi o

país estrangeiro com o maior valor de investimentos aprovados, com um total de US$ 489 milhões investidos

no país, tendo sido inclusive o único país da CPLP que obteve aprovação às suas propostas de investimento

(além do investimento de fonte angolana).

Tabela 34 - TOP 10 dos países de origem do investimento privado em Angola

Ranking Países N.º propostas Montante

(US$ milhões)

1 Angola 29 1.616

2 Portugal 24 489

3 Países Baixos 2 106

4 África do Sul 3 55

5 China 16 42

6 Bélgica 2 15

7 Espanha 7 14

8 Maurícias 3 13

9 Nigéria 2 11

10 Inglaterra 4 8

Fonte: ANIP (Agência Nacional de Investimento Privado - de Angola), 2012

A grande maioria dos investimentos aprovados destinaram-se à província de Luanda, sendo que os projetos

foram dispersos por diversas áreas, desde atividades auxiliares de seguros e fundos de investimento sendo

esta a principal atividade económica na qual as empresas portuguesas investiram, passando por projetos de

construção de edifícios (no todo ou em parte) por projetos de investimento no comércio a retalho, comércio por

grosso e pela fabricação de diversos produtos, tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, entre

outros.

Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões, tendo-se a China assumido como

principal fonte de investimento em Angola, com um total de US$ 30 milhões.

Portugal viu aprovadas propostas de investimento no total de US$ 11 milhões, sendo assim o segundo país

com maior valor de investimento em Angola. De notar também que, em 2013, o Brasil também viu duas

propostas suas de investimento privado serem aprovadas, num total de US$ 4 milhões.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

161

3.8.2. Investimento Direto Estrangeiro

Em 2012, as propostas de investimento aprovadas totalizaram

US$2.436 milhões108

. Portugal foi o país estrangeiro com o maior valor

de investimentos aprovados, com um total de 489 milhões US$

investidos no país.

A grande maioria dos investimentos aprovados tiveram como destino a

província de Luanda, compreendendo atividades auxiliares de seguros

e fundos de investimento (sendo esta a principal atividade económica

na qual as empresas portuguesas investiram), projetos de construção

de edifícios (no todo ou em parte), projetos de investimento no comércio

a retalho e no comércio por grosso e a fabricação de diversos produtos,

tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, de entre outros.

Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões,

tendo a China levado a dianteira como principal fonte de investimento

em Angola, com um total de US$ 30 milhões US$. Portugal viu

aprovados propostas de investimento no total de 11 milhões US$,

sendo assim o segundo país em valor de investimento em Angola.

Adicionalmente, em 2013 o Brasil também viu duas propostas de

investimento privado aprovadas, num total de 4 milhões US$.

O IDE tem vindo a desempenhar um papel relevante na atividade económica de Angola. A atração dos investidores por Angola deve-se, maioritariamente, às riquezas existentes em petróleo e outros recursos naturais. Nas atividades não-petrolíferas, o principal interesse recai sobre a indústria transformadora e sobre a reabilitação das infraestruturas e a agricultura.

Não obstante, o período entre 2010 e 2012, foi um período de retração

do IDE em Angola, tendo-se verificado inclusivamente um forte fluxo

de desinvestimento. Esse facto provocou um saldo líquido negativo

nesse período, devido a uma multiplicidade de fatores, como a

recuperação do investimento anteriormente realizado por empresas

petrolíferas estrangeiras, a falta de liquidez de alguns investidores

internacionais e a necessidade de obtenção de liquidez através da

venda das respetivas participações no investimento realizado e sua

aquisição por investidores nacionais.

Angola apresenta uma economia fortemente especializada na extração

petrolífera, o que também se reflete no IDE recebido. Entre 2003 e

2012, este setor atraiu 3.609 projetos, representando 2.8% de todos os

projetos greenfield do período. Segundo a plataforma fDI Markets

(Financial Times Ltd.), Angola liderou o ranking dos projetos

greenfield109

dos países subdesenvolvidos, com o projeto americano

no setor do petróleo da empresa Esso Exploration Angola (Block 15),

com o valor de 2.500 milhões US$, o qual criou 219 postos de

trabalho.

O setor das tecnologias de comunicação e informação apresentou um

crescimento de IDE relevante – a sua quota do total de projetos

107 fDI Markets (Financial Times Ltd.) 108

De acordo com informação oficial da ANIP. 109

Projetos novos construídos de raiz.

Angola Dados referentes aos últimos 24 meses

Número de projetos: 47

CAPEX: US$ 3.380 milhões

Postos de trabalho criados: 5.422

Empresas/investidores: 26

Top cidades recetoras de IDE

Luanda: 18 projetos

Soyo: 3 projetos

Viana: 2 projetos

Cabinda: 2 projetos

Huambo: 1 projeto

Fonte: fDI Markets 107

“O investimento privado, a par do investimento público, continua a ser uma aposta estratégica do Estado para a mobilização de recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos, visando o desenvolvimento económico e social do País, o aumento da competitividade, crescimento da oferta de emprego e a melhoria das condições de vida das populações”

Lei Base de Investimento Privado – Lei nº 20/11

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

162

greenfield cresceu de 9,3% em 2003 para 13,4% em 2012, e foi o setor que mais projetos atraiu neste período.

No setor dos serviços financeiros, entre 2003 e 2012, Angola atraiu 135 projetos na área da Banca, dos quais

76% oriundos de Portugal, tendo o número de projetos aumentado o seu peso no IDE recebido de 6,8% em

2003 para 9% em 2012.

No que respeita a investimento no exterior (Outward) com origem em Angola, entre 2010 e 2012 registou-se

um aumento progressivo do investimento, tendo Portugal como principal destino.

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat

Tabela 35 – IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010

Empresa

Investimento

estimado

(US$

milhões)

Criação

estimada

de postos

de

trabalho

Ano País de

origem Setor

Área chave

de negócio

Total 9.000 2.013 2009 França Carvão, petróleo e

gás natural

Indústria manufatureira

Chevron

Corporation

8.300 1.967 2004 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Chevron

Corporation

3.800 0 2008 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

ITIC Group 3.535 3.000 2008 China Imobiliário Construção

Total 3.400 806 2003 França Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

ExxonMobil 3.400 806 2004 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

ExxonMobil 3.000 839 2003 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Chevron

Corporation

2.500 289 2009 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Roc Oil 2.338 289 2003 Austrália Carvão, petróleo e Extração

Gráfico 90 - Fluxos de IDE em Angola 2008-2012

1,679

2,205

-3,227

-3,024

-6,898

2,570

7

1,340

2,093 2,741

-8,000.0

-6,000.0

-4,000.0

-2,000.0

-

2,000.0

4,000.0

2008 2009 2010 2011 2012

Flu

xo

s d

e ID

E (

mil

es

US

$)

Inward

Outward

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

163

Empresa

Investimento

estimado

(US$

milhões)

Criação

estimada

de postos

de

trabalho

Ano País de

origem Setor

Área chave

de negócio

gás natural

ExxonMobil 2.338 215 2006 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

British Petroleum 2.338 215 2003 Reino

Unido

Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

British Petroleum 2.338 215 2008 Reino

Unido

Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Petrobras 2.338 289 2003 Brasil Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

British Petroleum 2.338 215 2007 Reino

Unido

Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

China Petroleum

and Chemical

2.338 215 2007 China Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Eni 2.338 215 2007 Itália Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Total 1.587 171 2004 França Carvão, petróleo e

gás natural

Indústria manufatureira

ExxonMobil 745 167 2003 EUA Carvão, petróleo e

gás natural

Indústria manufatureira

Camargo Corrêa 683 894 2010 Brasil Construção Indústria manufatureira

Mota Engil 603 3.000 2008 Portugal Imobiliário Construção

British Petroleum 600 142 2009 Reino

Unido

Carvão, petróleo e

gás natural

Extração

Portugal Telecom 400 123 2004 Portugal Comunicação TIC e infraestruturas de

internet

AXE Group 329 155 2009 Bélgica Transportadora Formação

Imocom 329 612 2009 Portugal Construção Indústria manufatureira

ZTE 300 474 2005 China Comunicação TIC e infraestruturas de

internet

Odebrecht 250 66 2007 Brasil Energias renováveis Eletricidade

Technip-Coflexip 223 448 2003 França Metais Indústria manufatureira

Banco Espirito

Santo

218 632 2008 Portugal Construção Indústria manufatureira

Daimler 200 1.977 2010 Alemanha OEM automóvel Indústria manufatureira

Rangel 196 159 2009 Portugal Transportadora Logística, distribuição e

transporte

Coca-Cola 184 366 2009 EUA Bebidas Indústria manufatureira

H & C Maritime

Construction

172 1.544 2009 Países

Baixos

Transportes não-

automóveis

Indústria manufatureira

Zimsun Leisure 168 324 2003 Zimbabué Hotelaria Construção

Lonrho 164 306 2008 Reino

Unido

Construção Indústria manufatureira

Technip-Coflexip 154 228 2008 França Equipamento

industrial

Indústria manufatureira

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

164

Empresa

Investimento

estimado

(US$

milhões)

Criação

estimada

de postos

de

trabalho

Ano País de

origem Setor

Área chave

de negócio

Rezidor Hotel 128 211 2009 Bélgica Hotelaria Construção

InterContinental

Hotels

128 209 2009 Reino

Unido

Hotelaria Construção

SABMiller 125 1.029 2009 Reino

Unido

Bebidas Indústria manufatureira

Unicer 120 1.000 2004 Portugal Bebidas Indústria manufatureira

SBM Offshore 100 923 2010 Países

Baixos

Transportes não-

automóveis

Indústria manufatureira

AP Moller – Maersk 95 397 2009 Dinamarca Logística Logística, distribuição e

transporte

Lonrho 95 798 2009 Reino

Unido

Alimentação e tabaco Indústria manufatureira

Secil 91 314 2007 Portugal Materiais de

construção

Indústria manufatureira

Alrosa 90 300 2005 Rússia Minerais Indústria manufatureira

Nampak 87 690 2007 África do

Sul

Metais Indústria manufatureira

TOTAL 64.199 29.247

Fonte: UNCTAD, “Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade 2001-2010 and the way forward

Em toda a África começam-se a verificar novos modelos de IDE. A China tem vindo a desenvolver várias

iniciativas, alterando a configuração do investimento neste continente, entre as quais o desenvolvimento e

implantação territorial de zonas económicas, reforçando a sua presença a atuando como plataforma

multiplicadora de novo investimento chinês.

Há muitos exemplos do crescente interesse do investimento chinês em infraestruturas africanas. Na Zâmbia,

investidores chineses ganharam um contrato para a construção de uma central elétrica no montante US$ 600

milhões.

Na África do Sul e no Botswana, as empresas chinesas têm vindo a construir hotéis e outras infraestruturas

turísticas.

O gigante das telecomunicações chinesas, a Huawei, ganhou contratos no valor de US$ 400 milhões para o

fornecimento de serviços de comunicação móvel no Quénia, Zimbábue e Nigéria.

Para além destes exemplos, as empresas chinesas estão a ganhar contratos internacionais e estão a construir

estradas, pontes, sistemas de saneamento e edifícios para o aparelho de estado em todo o continente.

De acordo com o “China’s National Bureau of Statistics”, os cinco países africanos com maior stock de IDE

chinês em 2011 foram a África do Sul, Nigéria, Madagáscar, Guiné e Sudão.

Em países como o Gana, a Etiópia, Angola, Quénia e Tanzânia, multinacionais chinesas adotaram uma

abordagem de agregação de um pacote de produtos e serviços.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

165

Estes podem incluir portos, sistemas de água, redes de comunicação móveis, infraestruturas ferroviárias e

escolas - tudo o que pode ser trazido simultaneamente para o mercado por empresas chinesas altamente

diversificadas110

.

O investimento Chinês, inclui igualmente o setor industrial, como podemos verificar de seguida.

Há um vasto conjunto de exemplos que refletem o investimento chinês na África Subsariana. Enquanto o

petróleo e a mineração continuam a ser um importante foco do IDE chinês, nos últimos anos verificou-se uma

diversificação do investimento em diversos setores, desde o setor do calçado ao processamento de alimentos.

As empresas chinesas também têm feito grandes investimentos no desenvolvimento de infraestruturas

africanas, tendo como alvo os setores-chave, como telecomunicações, transportes, construção civil, centrais

elétricas e empresas de tratamento de resíduos111

.

Os investidores chineses estão particularmente bem posicionados para capitalizarem o crescimento

económico previsto para África. Tipicamente as empresas chinesas que investem em África são grandes

empresas estatais.

Estas empresas, apesar de não serem as mais eficientes, apresentam como vantagem competitiva a

possibilidade de recorrerem a crédito subsidiado, permitindo-lhes margens competitivas superiores para

poderem ganhar contratos face a outros investidores estrangeiros e empresas africanas.

110

Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, 2013 111

Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, 2013.

Fonte: China's Investment in African Industrial Zones, World Bank, 2011

Case study: 7 Zonas económicas chinesas em África

Argélia

Jiangling Economic and Trade Cooperation Zone

Egito

Tianjin TEDA Suez Economic and Trade Zone

Etiópia

Jiangsu Oriental Industrial Park

Nigéria

Ogun State Economic and Trade Cooperation Zone

Nigéria

Lekki Free Trade Zone, Lagos State

Zambia

Nonferrous Metal Mining Group Industrial Zones: Chambishi and Lusaka

Maurícias

Jinfei Economic and Trade Cooperation Zone

País/ Projeto

Investimentototal Descrição

ZambiaChambishi e Lusaka

• US$410m • China Nonferrous Mining Co. investiu 95%• Projeto centrado no cobre e cobalto• 700 Chineses + 3,300 Locais

EgitoSuez

• US$80m • Foco no textil, equipamento para a indústria do petróleo e montagem de automóveis e equipamento elétrico

NigériaLekki

• US$264m em2–3 anos,

• US$369m total

• 60% investimento chinês• Foco no automóvel, texteis e iluminação e

eletrodomésticos

NigériaOgun

• US$220mstart-up,

• US$500m 1ª fase

• 82% do investimento efetuado por um consórcio chinês

• Foco na indústria ligeira

MauríciasJinfei

• US$220m 1ª

fase• US$729m

total

• 100% investimento chinês• Base industrial e de serviços para negócios

sino-africanos

EtiópiaOriental

• US$101m • Investidores 100% Chineses• Foco em produtos de ferro e materiais de

construção

ArgéliaJiangling

• £556m • Foco em materiais para as indústriasautomóvel e de construção

Zonas económicas chinesas em África

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166

3.9. Principais setores de oportunidades na economia

“As maiores oportunidades estão no relançamento dos setores fora do âmbito da Indústria Petrolífera e Diamantífera.”

O PND antevê que com o objetivo de promover a produção

nacional, a melhoria das condições sociais da população e o

incremento da autonomia da economia angolana, o Governo

continuará a implementar um conjunto diversificado de

investimentos nos diversos setores estratégicos para o país.

No plano das infraestruturas de transporte, o Governo angolano

pretende promover a reparação de estradas. No setor elétrico, há

o objetivo de promover a construção, a reparação das estruturas inativas, o reforço da capacidade de

transporte e transformação e a interligação dos três principais sistemas elétricos (Norte, Centro e Sul).

De uma forma mais detalhada, destacam-se aquelas que se consideram ser as potencialidades dos principais

setores de Angola:

Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND 2013-2017)112

Setor Potencialidades

Agricultura Cluster agroalimentar considerado prioritário, solos de elevada aptidão agrária e elevada biodiversidade;

Abundância de recursos hídricos e extensão do território.

Pescas Orla marítima extensa com um considerável nível de biomassa – o litoral angolano é, de um modo geral, a imagem tradicional das costas do Continente Africano: pouco acidentado com poucas reentrâncias ou saliências. O país possui 20 milhas náuticas de águas territoriais e 200 milhas náuticas de área pesqueira

113

Desenvolvimento da aquicultura para aumentar a disponibilidade de pescado;

Perspetiva de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado e dinamização das salineiras.

Petróleo Grandes reservas de recursos petrolíferos por explorar e descoberta de novos campos de produção, incluindo no pré-sal;

Elevado potencial para a produção de formas alternativas de energias renováveis bem como de Gás Natural Liquefeito);

Aumento da capacidade de refinação com a construção e operação da Refinaria do Lobito (localizada no morro de Quileva, ao longo da linha costeira, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, a construção da refinaria começou em 2012. Até à conclusão do projeto irão decorrer duas fases, isto é, a da construção com a duração de dois anos e meio, sob responsabilidade das empresas Odebrecht, Mota Engil e Zagope e a segunda fase, destinada à montagem das diversas linhas de refinação de petróleo durante três anos).

Geologia Diversas ocorrências minerais devidamente identificadas;

Grande potencial diamantífero;

Possibilidade de escoamento de minérios pelas vias marítima e ferroviária.

Indústria O setor industrial tem registado fortes taxas de crescimento (57,30% em 2011; 97% em 2012 e 56,7% em 2013, de acordo com a CCIPA – Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola

Condições adequadas para a implantação de polos de desenvolvimento e complexos industriais (por exemplo nas províncias de Cabinda e Zaire);

Reabilitação de infraestruturas, com destaque para estradas, caminhos-de-ferro, pontes e fontes de

112

Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013 – 2017, Governo de Angola 113 Embaixada da República de Angola

Angola aposta na diversificação da sua economia, o que poderá originar a relevantes oportunidades de IDE

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167

Setor Potencialidades

fornecimento de energia elétrica e água;

Lançamento de novos programas de financiamento às micro, pequenas e médias empresas (MPME);

Aumento significativo do número de estabelecimentos de ensino superior e ensino médio e de outros centros de estudos técnicos e tecnológicos (a literacia da população adulta angolana, é de cerca de 70%. Em 2012 existiam 16 colégios e universidades públicas, além das universidades privadas – cerca de 22 – que têm vindo a aumentar);

Desenvolvimento tecnológico.

Comércio Lançamento do Programa Nacional de Plataformas Logísticas;

Organização do Comércio Rural;

Programa “Train For Trade”, para desenvolvimento da capacidade de fazer negócios.

Hotelaria e

Turismo

Oportunidades de exploração turística associadas a novos polos de desenvolvimento (turismo de negócios, social, lazer, desportivo e ecoturismo);

Construção de novos hotéis, recuperação das vias de comunicação e de acesso;

Existência de património etnológico e cultural diversificado e de rica variedade de realidades climáticas (belezas paisagísticas do país)

Ambiente Aumento das áreas de conservação ambiental e florestal, bem como a valorização do património natural e das comunidades;

Novas metodologias de análise da viabilidade económica e ambiental, assim como a obrigatoriedade de apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de investimento.

Tabela 37 - Potencialidades a nível do setor empresarial (PND 2013-2017)

Setor Potencialidades

Setor empresarial

público, PPPs e

setor empresarial

privado

Implementação da reforma do setor público empresarial;

Oportunidades de PPPs com potencial de “Value for Money”;

Operacionalização do programa “Angola Investe” para facilitar acesso ao crédito, desburocratização e apoios fiscais às MPME angolanas;

Operacionalização do “Programa de Apoio ao Pequeno Negócio” para a redução da economia informal;

Redução dos custos da burocracia através dos Guichés Únicos;

Concentração das cadeias produtivas através da implantação da ZEE Luanda-Bengo (localizada em Viana, numa área total de 8.300 hectares, onde foram projetadas 73 fábricas orçamentadas em US$ 50 milhões).

Em conclusão, o crescimento nos setores não petrolíferos será impulsionado pelo acréscimo do consumo e

por um aumento do investimento público em infraestruturas114

:

O setor comercial deverá registar um crescimento nos próximos anos, impulsionado pela subida dos

rendimentos per capita e pela urbanização em curso;

O setor agrícola continuará a beneficiar da expansão das infraestruturas nas zonas rurais;

A construção deverá continuar a sua tendência de crescimento acentuado, suportada pelos planos do

Governo de construir projetos de habitação em larga escala e de requalificar estradas, pontes, silos e

o sistema ferroviário.

114

Fonte: Banco Mundial, 2012

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168

À medida que o plano de substituição de importações por produção nacional for sendo executado é expectável

que surjam novas medidas protecionistas dos respetivos setores.

3.10. Financiamento à economia

3.10.1. Principais bancos presentes

Do ponto de vista financeiro, Angola tem tido um

crescimento notável, constituindo atualmente o

terceiro maior setor bancário da África Subsariana,

atrás da África do Sul e da Nigéria. Angola possui

cerca de 23 instituições bancárias115

autorizadas

pelo BNA, das quais 3 são detidas pelo Estado

Angolano.

De facto, no contexto da SADC, Angola é dos

poucos países que goza de um sistema financeiro

concorrencial plural, com vários bancos a operar

no mercado, com estruturas acionistas

diversificadas, entre os quais investidores

internacionais, privados e Governo, ao contrário do

que se verifica na África do Sul em que o sistema

financeiro é dominado fundamentalmente por

entidades/grupos locais.

De referir ainda que o sistema financeiro angolano

possui fortes ligações (comerciais e/ou acionistas)

com os grupos bancários portugueses,

nomeadamente com o Banco BPI, Caixa Geral de

Depósitos (CGD), BES e Millennium BCP e, mais

recentemente, mas de forma reversa, o BIC em

Portugal.

No mercado bancário angolano, destacam-se

como os cinco maiores bancos, o Banco Angolano

de Investimento (BAI), o Banco Espírito Santo

Angola (BESA), o Banco de Fomento Angola

(BFA), o Banco de Investimento Comercial (BIC) e

o Banco de Poupança e Crédito (BPC) que no seu

conjunto controlam mais de 80% do total dos

ativos bancários, depósitos e empréstimos.

115

Banco Angolano de Investimentos, S.A. (BAI), Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A. (BANC), Banco BAI

Micro Finanças, S.A. (BMF), Banco BIC, S.A. (BIC), Banco Caixa Geral Totta de Angola, S.A. (BCGTA), Banco Comercial

Angolano, S.A. (BCA), Banco Comercial do Huambo, S.A. (BCH), Banco de Comércio e Indústria, S.A. (BCI), Banco de

Desenvolvimento de Angola, S.A. (BDA), Banco de Fomento Angola, S.A. (BFA), Banco de Negócios Internacional, S.A.

(BNI), Banco de Poupança e Crédito, S.A. (BPC), Banco de Poupança e Promoção Habitacional, S.A. (BPPH), Banco

Espírito Santo Angola, S.A (BESA), Banco Keve, S.A. (KEVE), Banco Kwanza, S.A (BKI), Banco Millennium Angola, S.A

(BMA), Banco Privado Atlântico, S.A. (BPA), Banco Sol, S.A. (BSOL), Banco Valor, S.A. (BVB), Banco VTB África, S.A.

(VTB), Finibanco Angola, S.A. (FNB), Standard Bank de Angola (SBA).

Predominantemente local

Equilibrada

Estrangeira e Governo

Predominantemente estrangeira

Predominantemente Governo

Excluído

(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)

Estrutura acionista bancáriaFigura 32 - Estrutura acionista bancária em África

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

169

3.10.2. Bancarização da população116

O nível de bancarização de Angola no seio da SADC é

apenas suplantado pela África do Sul e Moçambique,

onde mais de 40% da população dispõe de conta

bancária, (à data de realização do presente estudo, é

provável que Angola também já tenha ultrapassado

esta barreira, atendendo ao crescimento exponencial

do seu nível de bancarização).

As principais instituições bancárias angolanas

encontram-se presentes nas 18 províncias nacionais,

o que tem permitido uma crescente bancarização ao

nível do país. O banco de maior dimensão em Angola

é o BAI.

Em face das desigualdades existentes em Angola e da

necessidade de combate à pobreza, foi implementado

um instrumento, o microcrédito, cuja concessão tem

como principais destinatários desempregados,

microempresas, imigrantes, recém-licenciados e

pequenas comunidades agrícolas e piscatórias.

Atualmente, existem três instituições de microcrédito

autorizadas pelo BNA com sede em Luanda que são a

KIXICRÉDITO (Angola), S.A., a FACILCRED, S.A. e a

SOMICRE, S.A.

3.10.3. Taxas de juro de financiamentos

No que toca aos empréstimos concedidos, tem havido uma crescente preocupação por parte do Governo de

Angola no sentido de melhorar o setor de regulação do crédito nomeadamente no que diz respeito ao direito à

informação tendo, neste âmbito, sido criada, em 2010, a Central de Informação de Risco de Crédito (CIRC)

com o principal objetivo de incrementar a eficiência na avaliação e gestão do risco de crédito.

116

BES Research 2012; www.bna.ao

< 10%

Entre 10% e 20%

Entre 20% e 30%

Entre 30% and 40%

> 40%

Não disponível

(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)

Contas bancárias (% +15anos)Figura 33 - Contas bancárias em África com antiguidade superior a 15 anos

A curto e médio prazo o setor dos serviços financeiros deverá continuar a crescer transversalmente em África, impulsionado pelo crescimento da economia africana, a atração de IDE e a crescente urbanização dos países. Os níveis de competitividade e barreiras à entrada necessariamente aumentarão, criando, no entanto, oportunidades para as instituições financeiras de países desenvolvidos que introduzam uma oferta diferenciadora na região, respondendo igualmente aos desafios de inovação tecnológica, mobilidade e maior bancarização e sofisticação da população.

Ao nível da regulação do setor financeiro, é também expetável que se continuem a verificar progressos, em particular ao nível do controlo e gestão de risco e compliance, numa aproximação aos standards internacionais.

Estas duas tendências impõem grandes desafios aos países africanos, nomeadamente ao nível da disponibilidade de pessoal qualificado e com as competências adequadas. Os países enquadrados em acordos regionais e com laços geopolíticos e de comércio sólidos, sem dúvida, poderão constituir-se parceiros na resolução desta lacuna, que a prazo será sentida com maior intensidade.

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170

O BNA, relativamente a empréstimos concedidos, procedeu à introdução de uma taxa de juro de referência no

ano de 2011, sendo que a taxa de juro de referência aplicada no final do mês de julho de 2012 era de 10,25%.

Importa referir que a taxa de juro de referência é revista mensalmente por forma a refletir a média das taxas de

juro das operações bancárias.

3.10.4. Bolsa de valores117

Atualmente, Angola ainda não possui mercado bolsista, embora se preveja que o arranque da bolsa de valores

de Angola tenha início no ano de 2016.

117

Fontes: BAfD; BNA

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171

4.Investir em

Angola

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172

4. Investir em Angola

4.1. Como investir em Angola?

O investimento privado em Angola decorre de um processo negocial entre investidores e autoridades

angolanas, nomeadamente a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP), o BNA, a Administração

Fiscal e o Governo.

A lei que regula o investimento privado em Angola, em vigor desde 2011, define que apenas se considera

como investimento privado aquele cujo montante global corresponda ao valor igual ou superior a 1 milhão de

US$.

De forma a possibilitar a aprovação de uma proposta de investimento, o investidor deverá entregar os

seguintes documentos:

Carta de submissão da proposta;

Procuração mandatando o subscritor da proposta (caso não seja promotor da proposta de

investimento);

Modelo de apresentação de proposta, devidamente preenchido;

Modelo de candidatura aos incentivos, devidamente preenchido (caso reúna as condições

estabelecidas por lei);

Cópias da documentação legal dos proponentes estatutos, registo comercial em caso de

pessoa(s) coletiva(s);

Cópias da documentação legal dos proponentes (bilhete de identidade, passaporte e registo criminal,

devidamente autenticados pelos serviços consulares da República de Angola no país de origem do

proponente) em caso de pessoa(s) singular(es);

Pessoas singulares - Apresentação de declaração bancária confirmando serem titulares de bom

crédito, isto é, pagam as suas dívidas com regularidade, sem ser necessário constar o montante da

conta;

Deliberação da Assembleia-Geral da sociedade, devidamente autenticada pelos Serviços Consulares

da República de Angola no país de origem do proponente (caso de transmissão de quotas/ações);

Certificado de denominação social (em caso de sociedade a constituir para efeito de implementação

do projeto de investimento);

Estudo de viabilidade técnica, económica e financeira do projeto de investimento;

Estudo de impacto ambiental, se aplicável;

Proposta de contrato de investimento entre os “investidores” e o Estado;

Cópia da documentação comprovativa da existência de terreno para o projeto, caso este tenha forte

dependência em termos de localização (terreno apropriado para o seu objetivo);

Relatórios e contas dos últimos três anos;

Cópia(s) dos estatutos da(s) empresa(s) que opera(m) no exterior.

É importante referir que, para os investimentos estrangeiros, toda a documentação referente ao processo de

candidatura deverá ser traduzida para português e autenticada pelos serviços consulares da Embaixada de

Angola no país de origem ou de residência do investidor.

Os projetos de investimento até 10 milhões de US$ são aprovados pela ANIP e pelo Ministério das Finanças,

sendo que os projetos de investimento superiores a este montante serão aprovados pelo Presidente e pelo

Conselho de Ministros.

Uma vez obtida a aprovação do investimento, a ANIP emite o CRIP (Certificado de Registo de Investimento

Privado) e envia-o para:

BNA que autoriza a importação de capitais do estrangeiro;

Direção Nacional da Alfândegas que autoriza a redução ou isenção de taxas aduaneiras;

Direção Nacional dos Impostos que monitoriza os impostos e os benefícios fiscais.

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173

De acordo com o artigo 27º da Lei nº 20 / 11, a concessão dos incentivos e facilidades ao investimento é feita tendo em conta os seguintes objetivos económicos e sociais:

a) Incentivar o crescimento da economia;

b) Promover o bem-estar económico, social e cultural das populações, em especial da juventude, dos idosos, das mulheres e das crianças;

c) Promover as regiões mais desfavorecidas, sobretudo no interior do país;

d) Aumentar a capacidade produtiva nacional, com base na incorporação de matérias-primas locais e elevar o valor acrescentado dos bens produzidos no país;

e) Proporcionar parcerias entre entidades nacionais e estrangeiras;

f) Fomentar a criação de novos postos de trabalho para trabalhadores nacionais e elevar a qualificação da mão-de-obra angolana;

g) Obter a transferência de tecnologia e aumentar a eficiência produtiva;

h)Aumentar as exportações e reduzir as importações;

i) Aumentar as disponibilidades cambiais e o equilíbrio da balança de pagamentos;

j) Propiciar o abastecimento eficaz do mercado interno;

k)Promover o desenvolvimento tecnológico, a eficiência empresarial e a qualidade dos produtos;

l)Reabilitar, expandir ou modernizar as infraestruturas destinadas à atividade económica.

Após a obter a aprovação da sua proposta de investimento, o investidor deve, de entre outras obrigações:

Constituir e registar a sociedade ou sucursal;

Publicar os Estatutos no Diário da República;

Obter a licença de atividade;

Registar-se junto das autoridades fiscais.

4.2. Incentivos e benefícios ao investimento O investimento privado em Angola é regulado pela Lei Base de Investimento Privado – Lei nº 20/11, de 20 de maio, que visa, essencialmente, introduzir os ajustamentos que a aplicação dos principais instrumentos legais reguladores do investimento privado, na última Lei Base de Investimento Privado, revelou serem necessários. Um dos grandes objetivos desta lei é a criação de um sistema de incentivos, benefícios e facilidades que atente, em concreto, ao impacto económico e social dos projetos na economia. A lei aplica-se ao investimento privado a realizar em Angola, mas apenas a uma parte – o objetivo é regular o investimento mais relevante / estruturante. Assim, na delimitação do campo de aplicação, recorre-se a um critério monetário/financeiro: apenas os investimentos (externos e internos) de valor igual ou superior a US$ 1.000.000,00 estão abrangidos. Os projetos de montante abaixo do referido, embora viáveis, não estão sujeitos à Lei n.º 20/11, não podendo aceder aos benefícios previstos na lei, nem sendo garantido o repatriamento do investimento e correspondentes acréscimos. Os regimes de investimento privado nas atividades de exploração petrolífera, diamantífera, das instituições financeiras e, ainda, de outros setores que a lei determine, estão sujeitos a legislação específica.

Benefícios e incentivos118

Para o acesso a incentivos, as operações de investimento devem preencher determinados requisitos de interesse económico, nomeadamente:

1. Realizar o investimento nos seguintes setores de atividade: agricultura e pecuária; indústria transformadora; infraestruturas ferroviárias, rodoviárias, portuárias e aeroportuárias; telecomunicações e tecnologias de informação; indústria de pesca e derivados; energia e águas; habitação social; saúde e educação; e hotelaria e turismo;

2. Realizar investimentos nos polos de desenvolvimento e nas demais ZEE de investimento;

3. Realizar investimentos nas zonas francas a criar.

118

Lei Base de Investimento Privado – Lei nº 20/11

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

174

Os incentivos fiscais são concedidos dependendo da zona em que o investimento é realizado, tendo o

Governo estabelecido zonas de desenvolvimento específicas, agregando assim determinadas províncias de

acordo com o seu grau de desenvolvimento.

a) Zona A - Província de Luanda, os municípios-sede das Províncias de Benguela, Cabinda, Huíla e o Município do Lobito;

b) Zona B - Restantes municípios das Províncias de Benguela, Cabinda e Huíla e Províncias do Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malange, Namibe e Uíge;

c) Zona C - Províncias do Bié, Cunene, Huambo, Cuando-Cubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico e Zaire.

Tabela 38 - Incentivos fiscais por zona

Zona A

Imposto Industrial

(art.º 38)

Imposto sobre Aplicação

de Capitais

(art.º 40)

Imposto de Sisa

(art.º 41)

Critérios para aplicação

dos limites máximos

(art.º 42)

Isenção ou redução do

Imposto Industrial sobre os

lucros resultantes de

investimento privado por um

período entre 1 a 5 anos.

Isenção ou redução do

Imposto sobre Aplicação de

Capitais sobre os lucros

distribuídos aos sócios por

um período até 3 anos.

Isenção ou redução do

Imposto de Sisa pela

aquisição de terrenos e

imóveis adjacentes ao

projeto.

O limite máximo de

isenção só pode ser

atribuído ao investimento

(i) avaliado num valor

superior a US$ 50

milhões ou (ii) que crie,

no mínimo, 500 novos

postos de trabalho

diretos para cidadãos

nacionais.

Zona B

Imposto Industrial

(art.º 38)

Imposto sobre Aplicação

de Capitais

(art.º 40)

Imposto de Sisa

(art.º 41)

Critérios para aplicação

dos limites máximos

(art.º 42)

Isenção ou redução do

Imposto Industrial sobre os

lucros resultantes de

investimento privado por um

período entre 1 a 8 anos.

Isenção ou redução do

Imposto sobre Aplicação de

Capitais sobre os lucros

distribuídos aos sócios por

um período até 6 anos.

Isenção ou redução do

Imposto de Sisa pela

aquisição de terrenos e

imóveis adjacentes ao

projeto.

O limite máximo de

isenção só pode ser

atribuído ao investimento

(i) avaliado num valor

superior a US$ 20

milhões ou (ii) que crie,

no mínimo, 500 novos

postos de trabalho

diretos para cidadãos

nacionais.

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175

Zona C

Imposto Industrial

(art.º 38)

Imposto sobre Aplicação

de Capitais

(art.º 40)

Imposto de Sisa

(art.º 41)

Critérios para aplicação

dos limites máximos

(art.º 42)

Isenção ou redução do

Imposto Industrial sobre os

lucros resultantes de

investimento privado por um

período entre 1 a 10 anos.

Isenção ou redução do

Imposto sobre Aplicação de

Capitais sobre os lucros

distribuídos aos sócios por

um período até 9 anos.

Isenção ou redução do

Imposto de Sisa pela

aquisição de terrenos e

imóveis adjacentes ao

projeto.

O limite máximo de

isenção só pode ser

atribuído ao investimento

(i) avaliado num valor

superior a US$ 20

milhões ou (ii) que crie,

no mínimo, 500 novos

postos de trabalho

diretos para cidadãos

nacionais.

Na concessão dos benefícios, a lei é mais benéfica se o projeto for localizado nas Zonas B ou C, (menos desenvolvidas) e, em último lugar, na Zona A. Na Zona C, a isenção e redução tributária podem ser concedidas a fornecedores secundários (subcontratados).

Para todas as zonas, quando não seja aprovada a isenção de

Imposto Industrial a possibilidade de redução da taxa de Imposto

Industrial está limitada a um máximo de 50% da taxa geral em vigor.

Os incentivos ou reduções fiscais são negociados individualmente.

Poderão ser ainda concedidos benefícios fiscais extraordinários a investimentos desde que estes sejam

considerados muito relevantes para o desenvolvimento estratégico da economia nacional e verifiquem uma

das seguintes condições:

Que criem pelo menos 500 postos de trabalho;

Que contribuam para o desenvolvimento tecnológico inovador e maior investigação científica;

Que resultem numa exportação anual que exceda os 50 milhões de US$;

Avaliados em mais de 50 milhões de US$.

Há ainda projetos que pela sua particular relevância para a economia angolana podem beneficiar de incentivos

fiscais extraordinários.

Regimes especiais – Lei que estabelece incentivos e facilidades para as Micro, Pequenas e

Médias empresas (MPME), Lei 30/11, de 13 de setembro

Há ainda um conjunto de benefícios fiscais transversais que, apesar de não estarem condicionados pela

existência de um fluxo financeiro externo para Angola, concedem vantagens para todos os empresários que

invistam no país.

Estes benefícios consistem na redução da taxa de Imposto Industrial e são especificamente orientados para

MPME, sendo esta classificação determinada pelo número de trabalhadores e montante de faturação, nos

seguintes termos:

Microempresas: até 10 trabalhadores e/ou faturação anual bruta até US$ 250.000;

Pequenas empresas: entre 11 e 100 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ 250.000 e

US$ 3.000.000;

Médias empresas: de 101 até 200 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ 3.000.000 e

US$ 10.000.000.

Os incentivos fiscais ao IDE têm vindo

a tornar-se crescentemente seletivos

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176

Os valores dos benefícios são:

Microempresas: taxa de 2% sobre as vendas brutas;

PME:

Zona A: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 50% - prazo: 5 anos

Províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Cuanza-Norte, Malanje, Cuando Cubango,

Cunene e Namibe

Zona B: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 35% - prazo: 3 anos

Províncias de Cuanza-Sul, Huambo e Bié

Zona C: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 20% - prazo: 2 anos

Província de Benguela, excetuando os Municípios do Lobito e de Benguela e a Província de

Huíla, excetuando o Município do Lubango

Zona D: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 10% - prazo: 2 anos

Província de Luanda e Municípios de Benguela, do Lobito e do Lubango

4.2.1. Incentivos à captação de IDE

A captação de IDE tem sido promovida pelo Governo e, em concreto, pela ANIP que tem como meta para o

ano de 2013, atrair cerca de US$ 4 mil milhões para Angola em novos projetos.

O valor de IDE em projetos aprovados pela ANIP atingiu em 2012 o montante de 2.3 mil milhões de euros,

tendo o valor global de IDE em 2012 atingido o montante de 9,9 mil milhões de dólares, de acordo com a

African Economic Outlook (perspetivas económicas em África) do Banco Mundial.

A estratégia futura da ANIP passa pelo reforço da cooperação com os maiores investidores em Angola, nos

quais se inclui Portugal, e pela diversificação das fontes de investimento através da captação de investidores

de novos mercados do Extremo Oriente e da Europa Central e de Leste, nomeadamente em, Singapura,

Malásia, Tailândia, Polónia, Alemanha, República Checa e Hungria.

Apesar de ser expectável que os fluxos de IDE sejam orientados para setores de exploração de matérias-

primas, especialmente o petróleo e minério, a estratégia de captação de IDE passa também pela diversificação

do investimento para outros setores como o agrícola, águas, energia, infraestruturas, transportes,

telecomunicações, TI, construção/urbanismo e para o reforço da indústria nacional.

Para o índice de desenvolvimento esperado em termos de IDE em muito contribuirão o PND e os projetos

estruturantes de Prioridade Nacional incluídos no plano Estratégia Nacional Angola 2025.

A dinamização desta captação de IDE passa por um conjunto de incentivos e benefícios fiscais caraterizados

no ponto anterior, bem como por um conjunto de mecanismos recentes de proteção ao investidor constantes

da Lei de Bases do Investimento Privado, dos Acordos de Proteção Recíproca de Investimento e de alguns

acordos internacionais a que Angola aderiu e ratificou e que se encontram devidamente identificados adiante.

Há também um vasto conjunto de reformas que o Governo tem vindo a implementar por forma a melhorar o

ambiente de negócios através da simplificação administrativa, e a regular a atividade económica, como sucede

com a Lei das MPME, a Lei das PPPs e o quadro legal que regula a situação dos estrangeiros.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

177

O investimento privado externo – Mecanismos de captação de IDE

A Lei do Investimento Privado em Angola é um elemento essencial para se compreender como investir em

Angola uma vez que estabelece as bases gerais do investimento e define os princípios e o regime de acesso

aos incentivos, bem como outras facilidades a conceder pelo Estado a este tipo de investimento.

Algumas das principais caraterísticas e mecanismos de atração de IDE previstos na Lei de Investimento

Privado são:

Fatores a ponderar Regras para o investimento privado externo em Angola

É obrigatório um sócio

Angolano?

Há legislação especial para determinados setores de atividade que obrigam a

participação maioritária de sócios de nacionalidade angolana, como adiante se indica.

Nos restantes setores de atividade, apesar de não ser obrigatório poderá revelar-se

uma mais-valia para a integração e conhecimento das especificidades do mercado

angolano.

Quais as operações de

investimento em Angola

consideradas investimento

externo?

Há um vasto conjunto de operações consideradas como sendo de investimento

externo em Angola, como sejam, a introdução de tecnologia e know-how, desde que

representem uma mais-valia ao empreendimento e sejam suscetíveis de avaliação

pecuniária; a introdução de máquinas, equipamentos e outros meios fixos corpóreos;

a participação em sociedades e empresas de direito angolano domiciliadas em

território nacional, a criação e ampliação de sucursais ou de outra forma de

representação social de empresas estrangeiras; a criação de novas empresas

exclusivamente pertencentes ao investidor externo; a aquisição da totalidade ou parte

de empresas ou de agrupamentos de empresas já existentes e participação ou

aquisição de participação no capital de empresas ou de agrupamentos de empresas,

novos ou já existentes, qualquer que seja a sua forma; a celebração e alteração de

contratos de consórcios, associações em participação, joint ventures, associações de

terceiros a partes ou a quotas de capital e qualquer outra forma de contrato de

associação permitida no comércio internacional, ainda que não prevista na legislação

comercial em vigor; a tomada total ou parcial de estabelecimentos comerciais ou

industriais, por aquisição de ativos ou através de contratos de cessão de exploração,

a tomada total ou parcial de empresas agrícolas, mediante contratos de

arrendamento ou de quaisquer acordos que impliquem o exercício de posse e

exploração por parte do investidor; a exploração de complexos imobiliários, turísticos

ou não, independentemente da natureza jurídica que assumam; a realização de

prestações suplementares de capital, adiantamentos aos sócios e, em geral,

empréstimos ligados à participação nos lucros; a aquisição de bem imóveis situados

em território nacional, quando essa aquisição se integre em projetos de investimento

privado.

Todas as operações de

investimento externo são

abrangidas pela Lei do

Investimento Privado?

Não. Os domínios das atividades de exploração petrolífera, diamantífera, das

instituições financeiras estão sujeitos a legislação específica, bem como outras que

estejam reguladas em diploma próprio.

Quais as formas de

investimento consideradas

como sendo de investimento

externo?

É considerado investimento externo o ato ou atos que revistam a transferência de

fundos próprios do exterior; a aplicação de disponibilidades em moeda externa, em

contas bancárias constituídas em Angola por não residentes cambiais, suscetíveis de

reexportação, nos termos da legislação cambial aplicável; a aplicação, em território

nacional, de fundos no âmbito de investimento externo; a importação de máquinas,

equipamentos, acessórios e outros meios fixos corpóreos; e, a incorporação de

tecnologias e know-how.

É possível ao investidor

externo proceder à

transferência integral para o

exterior dos lucros e

dividendos num único

Não. Após a implementação do projeto de investimento e cumpridos os requisitos

mínimos do investimento (US$ 1 milhão) e os critérios para a graduação do direito de

repatriamento dos lucros e dividendos é, regra geral, garantido o direito de transferir

para o exterior os lucros e dividendos, o produto da liquidação do investimento

(incluindo mais valias) e royalties.

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178

Fatores a ponderar Regras para o investimento privado externo em Angola

momento? No entanto, há um conjunto de condicionalismos, alguns de âmbito subjetivo, que

condicionam a transferência de lucros e dividendos para o exterior, identificados nas

respostas seguintes.

Para além dos

condicionalismos resultantes

do próprio investimento e

acordados com a ANIP há

algum outro mecanismo que

inviabilize a transferência de

capitais para o exterior?

Sim. As transferências para o exterior podem ser suspensas pelo Governo sempre

que o seu montante seja suscetível de causar perturbações graves à balança de

pagamentos, caso em que o Governador do BNA, pode determinar, excecionalmente,

o seu escalonamento ao longo de um período negociado de comum acordo.

Há um limite mínimo de

investimento para poder

repatriar capitais?

Sim, o limite mínimo do investimento é de US$ 1 milhão.

Nem todos os sócios de uma sociedade que investiu 1 milhão US$ têm direito ao

estatuto individual de investidor privado, somente sócios ou acionistas que, na

proporção da sua participação social, comprovem ter investido no projeto de

investimento o montante mínimo de US$ 1 milhão.

Se não tiver um milhão de

US$ para investir qual o

regime aplicável?

Nesse caso o investimento está fora do âmbito específico da Lei do Investimento

Privado aplicando-se as disposições gerais referentes ao comércio e às empresas,

não conferindo o direito a repatriar lucros, dividendos ou outras mais-valias e não

conferindo o direito de acesso ao seu regime específico de benefícios fiscais.

Há incentivos fiscais para o

investidor externo?

Os incentivos ou reduções fiscais são negociados individualmente. Para mais

detalhes ver ponto 4.2 acima.

Os incentivos fiscais são

iguais e parametrizados?

Não. Os incentivos fiscais disponíveis poderão consistir na redução ou isenção de

Imposto Industrial, Imposto sobre a Aplicação de Capitais, Imposto de Sisa e Imposto

do Selo, variando de acordo com a zona de desenvolvimento e o número de postos

de trabalhos angolanos criados. Há ainda a possibilidade, em projetos de

investimento privado de particular relevância para a economia angolana, de poderem

ser concedidos benefícios fiscais extraordinários.

No âmbito de um projeto de

investimento externo a

importação de máquinas,

materiais e acessórios podem

beneficiar de isenções e

facilidades?

Sim, o registo das operações depende da apresentação do CRIP e é da competência

do Serviço Nacional das Alfândegas, em coordenação com o Ministério do Comércio.

Há um processo específico

para beneficiar de isenção de

importação de máquinas,

materiais e acessórios ao

abrigo de um projeto de

investimento?

Sim. Apenas os titulares do CRIP gozam de isenções. Esta isenção só é concedida

após a entrega do CRIP e os processos de Investimento Privado devem conter uma

lista dos equipamentos aprovados pela ANIP.

Ainda assim é importante ter em consideração que a Pauta Aduaneira em vigor,

estabelece as mercadorias que podem ser importadas livres de direitos aduaneiros,

para efeito de promoção dos investimentos privados.

Os benefícios fiscais incluem

a dispensa das obrigações

fiscais?

Não. Os incentivos fiscais e aduaneiros não dispensam o investidor privado da sua

inscrição no registo geral de contribuintes, do cumprimento das demais obrigações

legais e formalidades prescritas pela Administração Fiscal e da comprovação

casuística do incentivo que lhe tenha sido concedido.

Que garantias são conferidas

ao investidor externo?

É conferido um conjunto alargado de garantias ao investidor externo, salientando-se

aquelas que têm impacto económico, como sendo, os direitos de propriedade

intelectual sobre criações intelectuais, o não cancelamento de licenças sem a

instrução de um processo judicial ou administrativo, o pagamento de uma

indemnização justa, pronta e efetiva em caso expropriação que só poderá ocorrer por

fundadas razões de interesse público.

É importante ter em consideração que estrangeiros não podem ser titulares do direito

de propriedade sobre solos.

O investidor externo é

obrigado a ter conta bancária

em Angola?

Sim. Deverão ter contas em bancos angolanos onde depositam os respetivos meios

monetários, e através das quais fazem todas as operações de pagamento, internas e

externas, relacionadas com o investimento aprovado.

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179

Fatores a ponderar Regras para o investimento privado externo em Angola

A conta bancária pode estar

em moeda estrangeira?

Sim. O investidor privado pode manter na sua conta bancária valores monetários em

moeda estrangeira, convertendo-os, parcelarmente, em moeda nacional, para realizar

gradualmente as operações previstas no número anterior e realizar o capital da

sociedade ou empreendimento privado a constituir.

Há alguma obrigação de

criação de postos de

trabalhos angolanos e de

formação nos projetos de

investimento?

Sim. O projeto deve permitir a criação de novos postos de trabalho para

trabalhadores nacionais e elevar a qualificação da mão-de-obra angolana. Deve ter-

se em atenção que o período de duração dos incentivos depende também do número

de postos de trabalho a criar e tipo de formação a ministrar, para os trabalhadores

angolanos.

Há obrigações acessórias

quanto aos trabalhadores que

deverão ser asseguradas na

execução do projeto?

Sim. Os investidores deverão efetuar e manter atualizados os necessários seguros

contra acidentes e doenças profissionais dos trabalhadores, bem como os seguros de

responsabilidade civil por danos a terceiros ou ao meio ambiente.

Os trabalhadores estrangeiros

que estejam a trabalhar num

projeto de investimento

externo poderão repatriar os

montantes dos seus salários?

Sim, desde que reunidos alguns pressupostos e dentro dos limites dos valores

estabelecidos na legislação cambial, os trabalhadores não residentes contratados no

quadro de projetos de investimento privado gozam do direito de transferir os seus

salários para o exterior, devendo a entidade patronal respeitar o estabelecido na

legislação tributária.

Qual o prazo de decisão de

um processo de investimento?

O prazo indicativo é, no mínimo, de 100 a 120 dias, considerando:

- 45 dias para a ANIP apreciar, negociar e remeter para aprovação os termos do

investimento proposto;

- 30 dias para a Comissão de Negociação de Facilidades e Incentivos (CNFI) para

proceder à análise e à avaliação da proposta de investimento;

- 10 dias para a CNFI emitir parecer final.

Posteriormente o prazo de decisão é de:

- 15 dias para decisão após receção parecer vinculativo do Ministro das Finanças

para projetos de valor abaixo de 10 milhões US$;

- 30 dias após apreciação em Conselho de Ministros, de projetos acima de US$ 10

milhões.

Quem é a entidade que tem

competência para a decisão

final do regime de incentivos?

Acima de US$ 10 milhões é da exclusiva competência do Titular do Poder Executivo;

quando o investimento for inferior é da competência do Conselho de Administração

da ANIP, após parecer vinculativo do Ministro das Finanças.

Há setores de investimento

exclusivamente reservados ao

Governo Angolano?

Sim. Nomeadamente, a produção, distribuição e venda de material de guerra, o

Banco Central e questões relacionadas com a moeda, a propriedade de portos e

aeroportos e da rede da infraestrutura básica de telecomunicações.

Existem áreas ou zonas

específicas com regimes

fiscais competitivos para a

instalação de empresas?

Sim. Existem um conjunto de áreas designadas por Zonas Económicas Especiais

(ZEE) que dispõem de estatuto de extra territorialidade em matéria fiscal e financeira,

para além de disponibilizarem infraestruturas básicas às empresas que aí se

instalarem.

Fonte: Lei de Investimento Privado

Dado que as disposições são gerais, como anteriormente já foi referido, a sua consulta não exclui a

necessidade de confirmação de regras que constem de legislação específica setorial sendo também

recomendável a obtenção prévia de aconselhamento técnico especializado.

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180

4.3. Principais mecanismos de financiamento

A banca comercial, tanto do país de origem como de Angola, têm atuado como meio privilegiado para o

investimento em Angola.

Muitos países, nomeadamente o Brasil, Portugal, a Alemanha e os EUA têm disponibilizado linhas de crédito

para facilitar e promover as suas próprias exportações para Angola e, nalguns casos, para investimentos.

Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação,

sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da CGD e

outros mecanismos de apoio às empresas exportadoras.

Por outro lado, a banca angolana poderá beneficiar a muito curto

prazo de um aumento de liquidez e crédito por via da nova Lei

Cambial para o Setor Petrolífero, aprovada em 2012 que exigia às

empresas internacionais de petróleo transferissem uma parte

substancial das suas transações dos bancos offshore para os

bancos nacionais, até outubro de 2013. Este potencial aumento de

liquidez deverá ser associado a novas medidas de supervisão pelo Banco Central.

Existem vários mecanismos alternativos para investir em Angola, sendo que alguns dos bancos comerciais

que operam em Angola recorrem a financiamento junto de instituições multilaterais financeiras, como por

exemplo, o BAfD, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Mundial, que lhes concedem

financiamento para concederem crédito à economia e às empresas.

Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento, e cujo plano

de investimento permita desenvolver a economia, existem instrumentos financeiros em algumas destas

instituições multilaterais financeiras para apoiar o investimento diretamente às empresas.

Para além destas entidades, na Europa existem as Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD) que,

desde que verificado um conjunto de requisitos, podem financiar projetos de investimento em países em

desenvolvimento, contribuindo desta forma para o desenvolvimento económico do país do investimento.

Estas instituições poderão constituir um importante mecanismo de financiamento aos investimentos das

empresas nos países em desenvolvimento. As IFD beneficiam de apoios do Estado europeu da sua origem e

podem aceder a fundos comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento, permitindo-lhes financiar

projetos de internacionalização de PME a condições de mercado mais competitivas, por prazos mais longos, e

com outros instrumentos alternativos para diminuição dos

riscos da operação.

As IFD europeias constituíram uma associação designada por European Development Finance Institutions (EDFI), que no final do ano de 2012, no seu conjunto, detinham um portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de EUR 26 mil milhões, sendo que só no ano de 2012 foram aprovados EUR 4,7 mil milhões em 714 novos projetos

119.

Mas nem todas as áreas ou setores de atividade são

elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento.

119

De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: http://www.edfi.be/component/downloads/downloads/92.html

FMO - Netherlands Development Finance Company é uma das maiores Instituições Financeiras de apoio ao desenvolvimento com um portfolio de projetos de 6.280 milhões de euros, sendo que deste montante cerca de 67% são empréstimos concedidos para investimentos em países em desenvolvimento.

Em Portugal a Instituição Financeira de Apoio ao Desenvolvimento é a SOFID

“Banco Mundial 'dá' 400 milhões a Angola para ampliar central hidroelétrica de Cambambe” Revista Visão, 15 de julho de 2013

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

181

A IFD portuguesa é a Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID120

) que disponibiliza:

Empréstimos;

Participações de Capital;

Garantias Bancárias;

Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF);

o O ITF tem por objetivo captar e mobilizar recursos financeiros e competências técnicas para

apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países

da África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP;

Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF).

A SOFID apresenta condições de financiamento específicas de apoio a projetos de internacionalização de

empresas portuguesas orientadas para os PALOP, nomeadamente:

Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de 250 mil Euro; máximo de 2,5 milhões de

Euro (com possibilidade de vir a ser alargado no futuro caso haja aumento de capital da SOFID);

Prazo: até 10 anos;

Carência: até 3 anos;

Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais;

Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID no momento, podendo

ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou internacionais

disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF e o NIF;

Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional;

Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor

sobre ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções;

Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução);

Comissões de acordo com o preçário em vigor.

Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são:

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado;

Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados;

Participações de capital;

Financiamento “mezzanine” (exemplo, swaps de câmbio);

Garantias;

Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento;

Produtos de gestão de risco;

Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.

120 Notamos que as referências a esta entidade devem lidas como SOFID ou futuro banco de fomento.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

182

Gráfico 91 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade

4.4. Competitividade de Angola no contexto regional

Há um conjunto de relatórios e indicadores que procuram caracterizar os mercados dos vários países mundiais

sendo recorrente que Angola seja classificada numa das posições mais baixas da tabela. A título

exemplificativo o relatório do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Angola se encontra

na posição 172 só ficando à frente do Zimbabué e do Congo.

Tabela 39 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC

Países Facilidade de se

fazer negócios

Abertura de

empresas

Obtenção de

alvarás de

construção

Obtenção

eletricidade

Registo de

propriedade

Obtenção de

crédito

Maurícias 19 14 62 44 60 53

África do Sul 39 53 39 150 79 1

Botsuana 59 99 132 90 51 53

Seicheles 74 117 57 144 66 167

Namíbia 87 133 56 87 169 40

Zâmbia 94 74 151 151 96 12

Suazilândia 123 165 41 156 129 53

51% 46%

3%

Modalidades de financiamento EDFI - 2012

Participações de capital e equiparáveis

Empréstimos

Subvenções

33%

26%

22%

6%

13%

Setores de atividade

Financeiro Infraestruturas Indústria

Agroindústria Outros

Fonte: Relatório Anual EDFI 2012

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

183

Países Facilidade de se

fazer negócios

Abertura de

empresas

Obtenção de

alvarás de

construção

Obtenção

eletricidade

Registo de

propriedade

Obtenção de

crédito

Tanzânia 134 113 174 96 137 N/D

Lesotho 136 79 140 133 157 154

Madagáscar 142 17 148 183 147 180

Moçambique 146 96 135 174 155 129

Maláui 157 141 175 179 97 129

Angola 172 171 124 113 131 129

Zimbabué 172 143 170 157 85 129

Congo 181 149 81 140 106 176

Face aos dados anteriormente indicados, as previsões estimavam um crescimento do IDE de Angola a partir

de 2013, atendendo aos investimentos previstos em campos de pré-sal (sob a camada salina) e a um conjunto

de novos indicadores que sustentam o crescimento dos valores de IDE, nomeadamente:

A concessão de novos blocos de petróleos que têm atraído investidores estrangeiros – em 2012

foram negociados oito novos projetos com Chevron, Total, British Petroleum e ExxonMobil;

O investimento e o início de produção em 2013 de Gás Natural Liquefeito, do Soyo;

A descoberta pela De Beers de novos depósitos de diamantes rentáveis na província da Lunda Norte

e a descoberta de enormes reservas de diamantes no Lulo;

A possibilidade de desenvolvimento do setor minério, além da extração de diamantes;

A existência de 58 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis e recursos hídricos

abundantes;

O setor de turismo, hotelaria e restauração que, apesar de limitados pelas restrições nas concessões

de vistos de entrada e pelos preços elevados, têm exibido um forte crescimento ao longo dos anos,

acolhendo sobretudo viajantes de negócios.

4.5. Principais constrangimentos ao IDE e Exportação

4.5.1. Exportações – Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos

Licenciamento das importações para Angola

A entidade responsável pela fiscalização das atividades alfandegárias é a Direção Nacional das Alfândegas.

Para uma empresa poder exportar para Angola terá, numa primeira fase, de compreender que existem três

tipos de regimes de licenciamento de importações previstos nos termos do Decreto Presidencial 264/10, de 26

de Novembro, que regula os procedimentos administrativos que devem ser observados para o licenciamento

de importações, exportações e reexportações:

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184

Dispensa de licenciamento;

Licenciamento automático;

Licenciamento não automático.

Os procedimentos que dispensam licenciamento incluem a importação de peças e acessórios abrangidos por

contrato de garantia, importação e exportação de amostras, importação, exportação e reexportação de

mercadorias destinadas à realização de testes, exames e/ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica.

No regime de licenciamento automático enquadram-se as mercadorias cuja importação, exportação ou

reexportação de mercadorias não está sujeita a qualquer restrição de entrada ou saída do país. Estão

submetidas a este regime, em especial, as importações, exportações e reexportações de mercadorias sujeitas

ao regime do setor petrolífero e as mercadorias destinadas a projetos de investimento privado, aprovados pela

ANIP.

No regime de licenciamento não automático enquadram-se todas as mercadorias fora do âmbito de aplicação

dos regimes anteriores e que estão sujeitas ao sistema de contingentação ou qualquer outro tipo de restrição.

Há assim em Angola um conjunto de bens que estão sujeitos a um regime de contingentação que deverá ser

previamente avaliado.

Adicionalmente, importa salientar que as alterações à pauta aduaneira

de Angola, visam proteger os empresários e a produção nacional

especialmente nos setores agrícola e industrial. Os produtos cujas

taxas aumentam são aqueles que concorrem com a produção nacional,

visando-se dessa forma proteger e incentivar a produção em território

angolano. Um produto concreto que sofre agravamento é a cerveja, que tem um aumento significativo das

taxas aduaneiras por se entender que esta bebida entra no mercado angolano a preços inferiores aos da

produção nacional concorrendo com as empresas angolanas do setor.

Regulamento sobre a Contratação de Prestação de Serviço de Assistência Técnica Estrangeira

ou de Gestão

O Decreto Presidencial n.º 273/11 estabeleceu os termos e condições a que deve obedecer a Contratação de

Prestação de Serviços de Assistência Técnica Estrangeira ou de Gestão, a serem celebrados por empresas

privadas ou mistas, com entidades não residentes.

O referido Decreto visa regular a prestação de serviços por entidades estrangeiras e a racionalização dos

recursos cambiais em angola.

Do novo regime decorre um dever de comunicação da existência de tais serviços ao Ministério da Economia,

quando o seu valor global anual não ultrapasse os seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz

300.000.000 (trezentos milhões de kwanzas), no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de

serviço ao setor petrolífero, registadas e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos

Petróleos, ou Kz 100.000.000 (cem milhões de kwanzas) para as demais empresas. Se ultrapassados os

limites será necessária aprovação prévia por Comissão de Avaliação.

Estão sujeitos a aprovação:

1. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão com valores acima dos

seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz 300.000.000 (trezentos milhões de kwanzas),

no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero, registadas

e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos Petróleos, ou Kz 100.000.000 (cem

milhões de kwanzas) para as demais empresas; e/ou

A obtenção de eletricidade pode

demorar em média 113 dias

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

185

2. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão cuja duração exceda 12

meses.

O Decreto também estabelece que as sociedades angolanas, constituídas por via de um projeto de

investimento privado, que pretendam contratar estes serviços a associados estrangeiros, têm que obter uma

autorização especial por parte da ANIP mediante parecer prévio favorável do Ministério da Economia.

O Decreto impõe um conjunto de requisitos que este tipo de contratos deve cumprir, bem como as

formalidades do processo de aprovação, sendo que o incumprimento desses requisitos ou dessas

formalidades implica a respetiva nulidade.

4.5.2. Entrada e saída capitais

Regras gerais do regime cambial

As transferências de fundos de contas bancárias domiciliadas fora de Angola para contas bancárias

domiciliadas em Angola, e vice-versa, estão sujeitas a licenciamento cambial, o qual varia dependendo

do tipo de operação cambial em causa.

A realização de operações cambiais depende de intermediação obrigatória de uma instituição

financeira autorizada a exercer o comércio de câmbios limitados aos valores e regras da respetiva

entidade supervisora.

Os pagamentos feitos por não residentes a residentes e entre residentes devem ser efetuados em

contas de instituições bancárias domiciliadas em Angola.

Os residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, estão autorizados a

abrir e movimentar contas em moeda estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas em

Angola.

Os não residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, podem abrir e

movimentar contas em moeda nacional ou estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas

em território nacional.

As pessoas singulares residentes cambiais podem abrir e movimentar contas em moeda estrangeira

junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola.

As pessoas coletivas residentes cambiais não podem abrir e movimentar contas em moeda

estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola, salvo com autorização

especial do BNA.

Os pagamentos ao abrigo de contratos a residentes não cambiais efetuados por um residente cambial,

bem como o próprio contrato que formalize tais pagamentos, estão sujeitos a licenciamento cambial

prévio junto do BNA apenas quando o respetivo montante seja igual ou superior aos seguintes limites:

(i) Kz 100.000.000 (cem milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda ou (ii) Kz

300.000.000,00 (trezentos milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda cujos ordenantes

sejam empresas prestadoras de serviços ao setor petrolífero, devidamente registadas e/ou com

contrato programa celebrado com o Ministério dos Petróleos. O repatriamento de lucros está sujeito a

licenciamento prévio do BNA.

Regras no âmbito de um projeto de investimento

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

186

Há um conjunto de restrições à entrada e saída de capitais de Angola conforme anteriormente já foi indicado.

A transferência de capitais para o exterior é objeto de regulação e controlo pelo BNA e o repatriamento está

sujeito ao cumprimento do acordo constante do projeto de investimento realizado com a ANIP ou com Estado

Angolano.

Assim, após a implementação do projeto de investimento e cumpridos os requisitos mínimos do investimento

(US$ 1 milhão) e os critérios para a graduação do direito de repatriamento dos lucros e dividendos é, regra

geral, garantido o direito de transferir para o exterior os lucros e dividendos, o produto da liquidação do

investimento (incluindo mais-valias) e royalties.

Este repatriamento é estabelecido de acordo com um quadro de prazos mínimos que varia de acordo com o

montante investido e a zona do investimento.

Tabela 40 - Prazo mínimo para repatriamento de dividendos e lucros

Prazo mínimo Zona A Zona B Zona C

1º Ano A partir de US$ 50 milhões A partir de US$ 5 milhões

A ser negociado 2º Ano Entre US$ 10 milhões e US$ 50

milhões

Entre US$ 1 milhão e US$

10 milhões

3.º Ano Entre US$ 1 milhão e US$ 10

milhões

A percentagem de dividendos transferíveis é negociada caso a caso e deve ser incluída no contrato de

investimento da empresa.

No entanto, há um conjunto de condicionalismos, alguns de âmbito subjetivo, que limitam a transferência de

lucros e dividendos para o exterior.

O controlo cambial é igualmente efetuado nas entradas e saídas dos viajantes existindo mesmo restrições aos

montantes passíveis de entrarem e saírem do país em moeda estrangeira.

Assim, de acordo com a Lei Cambial:

Os viajantes residentes cambiais, onde se incluem os estrangeiros com residência em Angola, podem

entrar ou sair do território angolano com até US$ 15.000 ou o seu equivalente em moeda estrangeira;

Os viajantes não residentes cambiais, incluindo nacionais com residência no estrangeiro, podem

entrar ou sair do território angolano com até US$ 10.000 ou o seu equivalente em outra moeda

estrangeira.

Quando os valores transportados forem superiores aos indicados deverão ser declarados às Alfândegas.

Todos os valores superiores aos limites estabelecidos que não sejam autorizados pelo BNA são apreendidos.

Regime cambial nas operações de importação

A Lei Angolana regula com especial cuidado as operações de importação estabelecendo que a liquidação do

valor das importações só poderá ser efetuada pelas instituições bancárias angolanas. Nesse sentido, o Aviso

n.º 19/2012, de 19 de abril do BNA, estabelece o novo regime para as operações cambiais referentes ao

pagamento de importação, exportação e reexportação de mercadorias em Angola.

Em todas as operações cambiais (de importação e de exportação) passam a ser admitidas as modalidades de

liquidação a seguir discriminadas:

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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a) Crédito Documentário ou Carta de Crédito;

b) Pagamento Antecipado;

c) Pagamento Postecipado.

Para realização da operação cambial e variando consoante a modalidade de liquidação escolhida, deverão ser

apresentados à instituição bancária um conjunto de documentos, entre os quais, carta do cliente, (na qual

conste o número de registo como importador e contribuinte) solicitando a realização da operação, fatura pró-

forma, original da fatura comercial (cumprindo certos requisitos), documento de transporte, a licença de

importação, o contrato de fornecimento e a garantia bancária.

4.5.3. Estabilidade legal e fiscal - Barreiras legais, fiscais e regulamentares

O Governo de Angola tem vindo a realizar esforços significativos para melhorar a eficiência fiscal,

encontrando-se em curso uma reforma fiscal.

Esperam-se alterações significativas em diversos diplomas fiscais, nomeadamente ao Código do Imposto

Industrial e do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho.

No âmbito da reforma fiscal, foram publicados, em outubro de 2013, o “Regime jurídico das faturas e

documentos equivalentes”, o “Estatuto dos Grandes Contribuintes” e o “Regulamento do Imposto de Consumo

para o setor petrolífero”, sendo que: (i) o primeiro regula as condições técnicas para a emissão, conservação,

e arquivo das faturas e documentos equivalentes, (ii) o segundo define, entre outras matérias, os requisitos

para integração no Regime de Tributação de Grupos de Sociedades e a aplicação do Regime Fiscal dos

Preços de Transferência; e, (iii) o terceiro define as regras de liquidação e pagamento de Imposto de Consumo

nos casos de serviços adquiridos por empresas do setor petrolífero.

Para se compreender melhor o sistema fiscal Angolano importa ter em consideração os diferentes impostos

existentes e as respetivas taxas.

1. Imposto Industrial

Em Angola os lucros das atividades comerciais e industriais desenvolvidas por pessoas coletivas estão

sujeitos a Imposto Industrial à taxa de 35%. As atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias estão, porém,

sujeitas à taxa de 20%.

O valor do Imposto Industrial é calculado tomando como base o lucro apurado na demonstração de resultados

do exercício, ajustado em conformidade com as regras fiscais.

As entidades fiscalmente residentes são tributadas pela totalidade dos lucros obtidos no país e no estrangeiro,

enquanto os estabelecimentos estáveis de entidades não residentes estão sujeitos a tributação pelos lucros

atribuíveis ao mesmo.

O Imposto Industrial compreende três grupos ou regimes de tributação:

Grupo A – Constituído pela generalidade dos contribuintes cuja matéria coletável seja constituída pelos lucros

apurados no exercício com base na contabilidade, corrigidos nos termos da legislação fiscal. Aplica-se

designadamente a: empresas estatais, sociedades anónimas e em comandita por ações, sociedades

comerciais, instituições de crédito, entre outras entidades;

Grupo B – Constituído por contribuintes aos quais não seja obrigatoriamente aplicável o regime do grupo A ou

do grupo C, ou a contribuintes que pratiquem atos isolados, sendo a matéria coletável apurada mediante

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aplicação de uma percentagem ao volume de negócios ou faturação ou, em caso de impossibilidade de tal

determinação, por aplicação de uma percentagem ao valor das compras ou dos custos dos serviços

prestados;

Grupo C - Reservado a contribuintes ou pessoas singulares, cuja matéria coletável é fixada em função da

categoria do estabelecimento, da sua localização e do ramo de atividade, designadamente os sujeitos que

exerçam atividade por conta própria, ou não disponham de escrita, de entre outros casos.

Estima-se que em breve seja alterado o Código do Imposto Industrial com diversas modificações significativas

nomeadamente, da taxa geral de imposto, das regras de formação dos grupos de tributação e introdução de

tributações autónomas.

Determinação da matéria coletável

Consideram-se custos dedutíveis os que sejam considerados razoáveis e indispensáveis para a realização dos

proveitos e ganhos sujeitos a imposto e para a manutenção da fonte produtora, designadamente:

Encargos relativos à produção ou aquisição de bens ou serviços como mão-de-obra, energia, gastos

gerais de fabrico, conservação e reparação;

Encargos de distribuição e venda, abrangendo os transportes, publicidade e colocação de mercadorias;

Encargos de natureza financeira, de entre os quais juros de capitais alheios, descontos, ágios,

transferências, oscilações cambiais, emissões de ações;

Encargos de natureza administrativa, nomeadamente remunerações, quotas, abonos de família, rendas,

subsídios, transporte e comunicações, previdência social e seguros.

Não se consideram custos ou perdas do exercício, nomeadamente:

As reintegrações e amortizações não contabilizadas;

As reintegrações e amortizações na parte em que excedam os valores que decorrem da aplicação das

taxas fixadas pela Administração Fiscal;

Créditos incobráveis;

Donativos não abrangidos pela Lei do Mecenato;

Multas fiscais;

Despesas não documentadas.

Deverão ser fiscalmente dedutíveis as provisões:

Relativas a processos judiciais em curso;

Associadas à cobertura de créditos de cobrança duvidosa;

Destinadas a cobrir as perdas de valor das existências;

Constituídas de acordo com instruções da inspeção provincial de créditos e seguros no âmbito de

processos de fiscalização.

Reporte de prejuízos fiscais

O prazo geral de reporte de prejuízos fiscais é de 3 anos.

Noção de Estabelecimento Estável

O conceito de Estabelecimento Estável consagrado na lei Angolana é inspirado na Convenção Modelo da

ONU. De acordo com este normativo, uma entidade não residente criará um estabelecimento estável em

Angola se reunir um dos requisitos abaixo indicados:

a) Tenha uma sucursal, um escritório ou um local de direção em Angola;

b) Tenha um estabelecimento de construção ou de montagem ou exerça aí atividades de fiscalização,

quando o estaleiro ou as atividades excedam um período de 90 dias em cada período de 12 meses;

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c) Preste serviços em Angola, incluindo consultoria, atuando através de trabalhadores ou colaboradores

contratados para esse fim, quando os referidos serviços sejam prestados por um período superior a 90 dias

em cada período de 12 meses.

Retenção na fonte sobre pagamentos de serviços

A tributação do rendimento gerado por empreitadas e outras prestações de serviços (não abrangidas pelo

Imposto sobre o Rendimento do Trabalho - IRT) é efetuada por retenção na fonte à taxa geral de 35% prevista

no Imposto Industrial, sobre uma matéria coletável correspondente a 10% ou 15% do valor do contrato.

Esta tributação equivale a taxas efetivas de retenção na fonte de:

3,5% no caso de serviços de construção, beneficiação, reparação e conservação sobre bens imóveis;

5,25% no caso de outros serviços, quando não tributados nos termos o Código do IRT (de notar que caso

o serviço seja prestado por um trabalhador independente cuja atividade conste da lista prevista no Código

do IRT, a taxa de retenção na fonte será de 10,5%).

Nos termos da Lei 7/97, que estabelece as regras de retenção de Imposto Industrial, importa referir que os

serviços sujeitos a retenção na fonte são:

Empreitadas e subempreitadas;

Prestações de serviços decorrentes de contratos de assistência técnica, de gestão e outros serviços de

idêntica natureza.

No entanto, verifica-se que a Administração Tributária tem vindo a considerar como sujeitas a retenção na

fonte um conjunto alargado de prestações de serviços. Prevê-se a publicação de nova legislação que altere o

regime das retenções na fonte no sentido de passar a abranger diversos tipos de prestações de serviços.

O imposto deverá ser retido no momento do pagamento dos serviços e entregue à administração tributária no

prazo de 15 dias contados do pagamento. Na prática tem sido aceite a entrega do imposto no final do mês

seguinte ao pagamento dos serviços.

Este imposto tem a natureza de imposto por conta no caso de sociedades residentes em Angola ou

estabelecimentos estáveis em Angola de empresas não residentes, e tem a natureza de imposto final no caso

do beneficiário dos rendimentos ser entidade não residente.

Para efeitos da dedução na declaração de rendimento anual das retenções na fonte sofridas, as sociedades

que operam em Angola deverão efetuar um controlo dos clientes a quem prestaram serviços sujeitos a

retenção na fonte, no sentido de lhes solicitarem anualmente o comprovativo da entrega desse imposto nos

cofres do Estado. Este comprovativo deverá ser obtido pelas entidades que retiveram o Imposto Industrial, nas

respetivas repartições de finanças. Não sendo obtido dos clientes o comprovativo de que as retenções na

fonte foram efetivamente entregues, a dedução à coleta efetuada poderá ser questionada pela Administração

Tributária.

Regime de tributação de Grupos de Sociedades

O Estatuto dos Grandes Contribuintes, recentemente publicado (outubro de 2013), consagra um regime

especial de tributação para os considerados Grandes Contribuintes.

O Grande Contribuinte que integre um grupo de sociedades, passou a ter a possibilidade de ser tributado pela

soma algébrica dos resultados, positivos ou negativos, dos contribuintes que integram esse grupo.

Genericamente devem ser cumpridas as seguintes condições:

A sociedade dominante, deverá deter, de forma direta ou indireta, uma participação de, pelo menos, 90%

do capital das demais e a essa participação corresponderem pelo menos metade dos direitos de voto;

A sociedade dominante e as sociedades dominadas devem ter sede e direção efetiva em Angola;

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A participação deve ter uma antiguidade superior a dois anos, com exceção das sociedades constituídas

pela própria sociedade dominante;

A sociedade dominante não pode ser considerada dependente de nenhuma outra sociedade com sede ou

direção efetiva em Angola;

As sociedades do grupo não podem estar inativas há mais de um ano ou terem pendente contra si ações

ou processos de insolvência, liquidação, dissolução, ou execução fiscal;

Não podem integrar o perímetro sociedades que tenham registado prejuízos fiscais nos últimos dois

exercícios fiscais anteriores à data do pedido de inclusão no perímetro;

Não podem ser incluídas sociedades que beneficiem de incentivos fiscais atribuídos ao abrigo da Lei de

Bases do Investimento Privado, quer seja através da modalidade de isenção, quer de redução da taxa

nominal do Imposto Industrial.

Regime de neutralidade fiscal aplicável a processos de reestruturação

Espera-se que, no âmbito da reforma fiscal em curso, diversas operações de reestruturação de empresas

passem a beneficiar de um regime de neutralidade fiscal.

Preços de transferência

De acordo com o disposto no Código do Imposto Industrial, a Administração Tributária poderá efetuar as

correções necessárias à determinação da matéria coletável sempre que, em virtude das relações especiais

entre o contribuinte e outra pessoa, sujeita ou não a Imposto Industrial, tenham sido estabelecidas condições

diferentes das que seriam normalmente acordadas entre entidades independentes, conduzindo a que o lucro

apurado com base na contabilidade seja diverso daquele que se apuraria na ausência dessas relações.

Foi recentemente alterada a legislação em sede de Preços de Transferência (outubro de 2013), nos termos da

qual, algumas entidades passam a ter obrigação de preparar dossier de Preços de Transferência.

A nova legislação define:

O conceito de relações especiais, o qual abrange participações no capital ou dos direitos de voto de uma

entidade por administradores ou gerentes de outra sociedade ou seus cônjuges, ascendentes e

descendentes; identidade da maioria dos órgãos de direção, administração ou gerência, ou seus

cônjuges, unidos de facto, ascendentes ou descendentes; relações de domínio, vínculo de subordinação

ou de grupo paritário; existência de relações comerciais representativas de mais de 80% do volume total

de operações, ou de financiamentos de uma entidade em mais de 80% da sua carteira de crédito;

O conceito de operações vinculadas, designadamente transações de bens, direitos e serviços, bem como

operações financeiras;

O valor mínimo de proveitos anuais que obriga à elaboração do dossier (quando a soma algébrica das

vendas e prestações de serviços exceda sete mil milhões de Kwanzas – cerca de EUR 53 milhões ou

US$ 72 milhões);

A estrutura de um documento de preços de transferência, muito embora possa vir a ser alterada pelo

Diretor Nacional de Impostos;

A data de entrega do dossier (até 6 meses após o fecho do exercício);

Os métodos para determinação das condições que seriam acordadas nas operações entre entidades

independentes (apenas contemplando métodos transacionais).

2. Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC)

Os dividendos e os royalties são tributados por retenção na fonte à taxa de 10%, sendo a responsabilidade

pela retenção do imposto da entidade que procede ao pagamento. O imposto retido nos termos referidos

deverá ser entregue até ao final do mês seguinte ao da ocorrência dos factos tributáveis.

Os juros de empréstimos – de terceiros ou de sócios – estão sujeitos a taxas de IAC de 15% e 10%,

respetivamente.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Nos contratos de financiamento por terceiros presume-se o vencimento de juros à taxa de 6% se não for

estipulada taxa mais elevada. Já no caso dos suprimentos a presunção corresponde à taxa de juro praticada

pelo mercado.

De referir que o valor do empréstimo é sujeito a Imposto do Selo, sendo que existem isenções que poderão

ser aplicáveis.

As declarações mensais deverão ser arquivadas, sendo o imposto devido até ao final do mês seguinte ao da

ocorrência do facto tributário.

3. Imposto do Selo

O Imposto do Selo incide sobre diversos escritos e atos e corresponde a um montante fixo, a uma

percentagem ou a uma permilagem, nos termos previstos na Tabela Geral do Código do Imposto de Selo. Este

imposto incide sobre, por exemplo, alvarás, licenças, atos notariais, contratos, requerimentos, operações

bancárias, letras e documentos de despacho aduaneiro.

A responsabilidade pela liquidação do imposto varia também e poderá recair, nomeadamente, sobre a

sociedade comercial, os bancos ou os notários.

Uma das principais bases de incidência deste imposto é o valor dos recibos de quitação. Deverá ser liquidado

Imposto do Selo sobre todos os recibos de quitação emitidos pelos contribuintes (pelo fornecimento de bens,

materiais, equipamento, prestação de serviços, etc.), à taxa de 1% sobre o respetivo valor.

O imposto liquidado nestes termos deverá ser pago no último dia de cada mês, por referência aos recibos do

mês anterior.

4. Imposto Predial Urbano (IPU)

O IPU incide sobre o valor patrimonial dos imóveis urbanos à taxa de 0,5% sobre o valor que exceda o limite

de Kz 5.000.000 (cerca de EUR 34.000 ou US$ 53.500). O valor patrimonial dos imóveis corresponde ao valor

mais elevado de entre o valor de aquisição e o valor que resulte da avaliação de acordo com tabelas de

cálculo aprovadas pelo Decreto Presidencial nº 81/11, de 25 de abril, cujos ponderadores abrangem a área

coberta do imóvel e um valor fixado por metro quadrado, corrigido consoante algumas caraterísticas do imóvel.

No que respeita aos rendimentos provenientes de contratos de arrendamento o IPU corresponde a uma taxa

efetiva de 15%. Este imposto incide sobre os rendimentos de imóveis urbanos à taxa de 25% sobre 60% do

valor anual das rendas, presumindo-se que 40% do rendimento será destinado à manutenção e conservação

do imóvel.

O IPU deverá ser objeto de retenção na fonte obrigatória sempre que os inquilinos possuam ou devam possuir

contabilidade organizada.

Os rendimentos de rendas de imóveis não são sujeitos a Imposto Industrial e o IPU não é dedutível à coleta de

Imposto Industrial.

Qualificam como prédios urbanos os edifícios ou construções com carácter de permanência aptos a produzir

rendimentos decorrentes de atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias.

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5. Imposto de SISA

O Imposto de SISA incide sobre as transmissões onerosas de propriedade ou de qualquer direito parcelar

sobre bens imóveis, as promessas de compra e venda logo que verificada a tradição, arrendamentos de longo

prazo, entradas em espécie para o capital social de sociedades e em alguns casos, aquisição de capital social

em sociedades.

A aquisição de 50% do capital social de uma sociedade (que inclui sociedades por quotas ou sociedades

anónimas) está sujeita a SISA quando o objetivo dessa aquisição seja o da aquisição dos imóveis detidos pela

mesma.

A taxa de SISA aplicável à transmissão onerosa de imóveis é de 2% do valor do contrato.

São em geral sujeitos passivos do imposto os adquirentes dos imóveis ou dos direitos sobre os mesmos, cada

permutante em caso de contrato de troca, o arrematante ou adjudicatário em caso de arrematações e

adjudicações judiciais e administrativas.

A promessa de compra e venda do imóvel com tradição despoleta tributação em sede de Imposto de Sisa.

6. Imposto de Consumo

O Imposto de Consumo em Angola caracteriza-se por ser um imposto tendencialmente monofásico, ad

valorem, incidindo a tributação sobre a produção e algumas prestações de serviços.

De facto, ao contrário do que se verifica em muitos outros países, não existe em Angola um Imposto sobre o

Valor Acrescentado. O Imposto de Consumo não concede ao sujeito passivo a possibilidade de dedução do

imposto suportado nas operações realizadas a montante, não alcançando a neutralidade económica,

característica fundamental do sistema de tributação sobre o valor acrescentado.

Deste modo, importa referir alguns dos aspetos fundamentais do sistema de tributação do consumo em Angola

em sede de Imposto de Consumo.

Incidência de imposto

O IC incide nas operações de:

Produção e importação de mercadorias, seja qual for a sua origem;

Arrematação ou venda realizados pelos serviços aduaneiros ou outros quaisquer serviços públicos;

Utilização dos bens ou matérias-primas fora do processo produtivo e que beneficiaram da desoneração

de imposto;

Consumo de água e energia;

Diversos tipos de prestações de serviços, alguns deles identificados na tabela em baixo o resumo dos

diversos impostos conforme se demonstra na tabela seguinte.

Quanto às exceções ao âmbito de sujeição de imposto, importa referir que a produção de produtos agrícolas e

pecuários, de silvicultura, de pesca e minerais, não estão sujeitas a Imposto de Consumo quando não sofram

qualquer transformação.

Não obstante a sujeição a imposto das operações supra referidas, a legislação prevê a isenção de imposto em

determinadas circunstâncias, nomeadamente nas exportações quando a exportação seja feita pelo próprio

produtor, assim como as importações e aquisições locais de matérias-primas e bens de equipamento para a

indústria nacional (desde que certificados pelos Ministérios da tutela).

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

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Cálculo do imposto

O valor tributável, para a produção de mercadorias, corresponde ao preço de custo à porta de armazém,

sendo bastante relevante o cálculo correto do mesmo, de modo a corresponder às imposições legislativas,

tendo em conta que o Imposto de Consumo não funciona com base num sistema de reembolso a favor do

sujeito passivo quando a liquidação é superior à devida. Na produção das mercadorias, o imposto é liquidado

no momento do processamento das faturas pelos produtores.

Quanto à importação de mercadorias, o valor tributável é o valor aduaneiro, calculado nos termos a que nos

referiremos adiante, liquidado no momento do desalfandegamento pelos Serviços Aduaneiros competentes.

Para as outras operações, o valor tributável corresponde ao valor da fatura, sendo o imposto liquidado no

momento do processamento das faturas, pelos sujeitos ativos das relações que se estabelecem.

Taxas aplicáveis

Sobre o valor tributável, calculado nos termos supra referidos, incide uma taxa de 10%, exceto para os bens e

serviços enunciados nas listas anexas ao Regulamento, que podem variar entre 2% e 30%, consoante o bem

ou serviço transacionado.

As taxas fixadas nas listas em anexo ao regulamento, subdividem-se em 3 listas:

Bens sujeitos a taxa reduzida (de 2%), caraterizados por serem bens essenciais para a população

angolana (incluindo alguns produtos alimentares como carnes, leite, trigo, milho, arroz e óleos, assim

como medicamentos e livros);

Mercadorias importadas e de produção nacional (por exemplo a água e outras bebidas não alcoólicas,

exceto sumos de frutas, que inclui cervejas de malte, vinhos, tabacos, produtos de beleza, vestuário,

entre outros) podendo ser-lhes aplicável uma taxa de 20% ou 30%;

Consumo de serviços com taxas de 5% e 10%.

Por fim, importa referir que não existem impostos especiais sobre o consumo, nomeadamente sobre o tabaco

ou álcool no ordenamento jurídico angolano. Não obstante estes produtos são tributados em sede de Imposto

de Consumo, aplicando-se taxas agravadas.

7. Os Direitos Aduaneiros

Os direitos aduaneiros consistem em impostos indiretos que incidem sobre o valor da mercadoria importada ou

exportada no território aduaneiro.

A Pauta Aduaneira, que se baseia no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, da

OMA (Organização Mundial das Alfândega), fixa as taxas de direitos aduaneiros que recaem sobre as

mercadorias, variando de acordo com o tipo de mercadorias.

Os direitos e demais imposições aduaneiras, devidos no regime aduaneiro a que as mercadorias em causa

tenham sido sujeitas são:

Direitos aduaneiros;

Direitos anti dumping (aplicados a certas mercadorias importadas com o objetivo de dirimir a margem

de dumping);

Imposto de Consumo;

Imposto do Selo;

Emolumentos gerais aduaneiros;

Sobretaxas;

Outras imposições legalmente aprovadas.

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As taxas de serviços aduaneiros referidas no Texto da Pauta Aduaneira são prestações coativas pecuniárias,

cobradas pelas alfândegas aos utentes dos seus serviços, compreendendo nomeadamente os emolumentos

gerais aduaneiros. São cobradas em todos os regimes aduaneiros, incluindo os regimes aduaneiros isentos do

pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras.

Quanto aos emolumentos gerais aduaneiros, consistem na contraprestação dos serviços prestados pelas

alfândegas, sendo devidos em todos os regimes aduaneiros e em outros serviços realizados pela alfândega.

São calculados e cobrados pelas Alfândegas.

O Imposto de Consumo, é cobrado no acto de desalfandegamento das mercadorias. As taxas deste imposto

repartem-se pelo regime geral de tributação e pela tributação no âmbito da promoção do investimento, que é

aplicável igualmente aos direitos de importação, isto é, a mercadorias importadas ao abrigo de projetos de

investimento público aprovados pelas entidades competentes ou com comprovados efeitos estruturantes para

a economia nacional.

Tal como anteriormente referido, as alterações à pauta aduaneira que entraram em vigor em 2014 visam a

proteção da produção nacional em diversos setores, pelo que os produtos que se enquadrem nesses setores

agravadas as respetivas taxas de importação.

Benefícios fiscais de natureza aduaneira

Os benefícios fiscais previstos no texto da Pauta Aduaneira ou em legislação complementar abrangem os

direitos aduaneiros e o Imposto de Consumo.

Os bens que sejam objeto de importação ou exportação definitiva ou sujeitas a qualquer outro regime

aduaneiro podem usufruir dos seguintes benefícios fiscais aduaneiros:

Isenção de direitos e demais imposições aduaneiras,

Isenção parcial de direitos e demais imposições aduaneiras,

Isenção de direitos aduaneiros, com exceção das demais imposições aduaneiras.

A concessão de benefícios, ao abrigo da legislação vigentea projetos de investimento devidamente aprovados

por entidades competentes reveste caráter automático e imediato.

Quanto ao direito aos benefícios fiscais, é apenas reconhecido às entidades e bens expressamente indicados

por lei e aprovados no âmbito dos projetos de investimento.

8. Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT)

Trabalhadores independentes

As pessoas coletivas a exercer atividade em Angola deverão reter imposto sobre pagamentos efetuados

a profissionais independentes a uma taxa efetiva de 10,5% (correspondendo a uma taxa de 15% aplicada

a 70% dos seus rendimentos).

Os profissionais liberais estão obrigados à entrega de declarações periódicas de rendimentos.

Trabalhadores dependentes

Estão sujeitos a IRT indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que aufiram rendimentos

pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de trabalho prestado a Angola. Por esta razão,

são tributados em Angola em sede de IRT todos os rendimentos cujo custo seja:

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Diretamente assumido por entidade angolana (i.e. quando os pagamentos sejam efetuados pela

entidade local) ou;

Indiretamente assumido por entidade angolana (i.e. custos de pessoal pagos no estrangeiro que

sejam debitados a entidade angolana).

São considerados rendimentos de trabalho, os pagamentos em dinheiro e em espécie (como por exemplo

alimentação ou alojamento), excluindo, no entanto, subsídios diários (até aos limites fixados por lei), subsídio

de férias, décimo terceiro mês e as contribuições para a Segurança Social.

O IRT deverá ser liquidado pelo empregador angolano, retido na fonte aquando do pagamento das

remunerações e entregue ao Estado até ao final do mês seguinte. As taxas de IRT, que progridem até 17%

(sobre o excesso de Kz230 mil, correspondente a, aproximadamente, € 1.750 ou US$ 2,700), incidem sobre os

rendimentos ilíquidos, deduzidos apenas do valor das contribuições devidas pelo colaborador para o regime de

Segurança Social angolana. A taxa de IRT aplicada não depende nem da situação familiar, nem da residência

fiscal do beneficiário dos rendimentos.

A substituição tributária em sede de IRT é total, pelo que, sendo retido o imposto na fonte, não há lugar à

entrega de qualquer declaração fiscal por parte do colaborador.

Nos termos da legislação angolana, o colaborador apenas poderá ser considerado como colaborador da

empresa em Angola enquanto tiver o seu visto de trabalho. A partir do momento em que este visto seja obtido,

o colaborador poderá passar a constar do processamento de salários da empresa em Angola, sendo as suas

remunerações sujeitas a retenção na fonte, em sede de IRT.

Retenção na Fonte

Taxas Progressivas aplicáveis aos trabalhadores por conta de outrem:

Rendimentos em Kwanzas Imposto

Até 25.000,00 Isento

De 25.001,00 até 30.000,00 5% sobre o excesso de 25.000,00

De 30.001,00 até 35.000,00 Kz 250,00 + 6% sobre o excesso de 30.000,00

De 35.001,00 até 40.000,00 Kz 550,00 + 7% sobre o excesso de 35.000,00

De 40.001,00 até 45.000,00 Kz 900,00 + 8% sobre o excesso de 40.000,00

De 45.001,00 até 50.000,00 Kz 1.300,00 + 9% sobre o excesso de 45.000,00

De 50.001,00 até 70.000,00 Kz 1.750,00 + 10% sobre o excesso de 50.000,00

De 70.001,00 até 90.000,00 Kz 3.750,00 + 11% sobre o excesso de 70.000,00

De 90.001,00 até 110.000,00 Kz 5.950,00 + 12% sobre o excesso de 90.000,00

De 110.001,00 até 140.000,00 Kz 8.350,00 + 13% sobre o excesso de 110.000,00

De 140.001,00 até 170.000,00 Kz 12.250,00 + 14% sobre o excesso de 140.000,00

De 170.001,00 até 200.000,00 Kz 16.450,00 + 15% sobre o excesso de 170.000,00

De 200.001,00 até 230.000,00 Kz 20.950,00 + 16% sobre o excesso de 200.000,00

Mais de 230.001,00 Kz 25.750,00 + 17% sobre o excesso de 230.000,00

Taxa aplicável a empresários: 20%

9. Segurança Social

Em regra, as contribuições para a Segurança Social são devidas no país onde a respetiva atividade é

exercida, independentemente do local onde é paga a respetiva remuneração.

Os expatriados que exerçam a sua atividade em Angola deverão fazer as contribuições para a Segurança

Social nesse país. No entanto, conforme seguidamente se explicita, o regime de exceção existente no país

permite o afastamento desta regra geral.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

196

Contribuições

As contribuições para a Segurança Social são calculadas sobre o salário mensal e sobre qualquer

remuneração adicional dos trabalhadores, excluindo alguns subsídios.

Os empregadores angolanos são responsáveis pela inscrição dos trabalhadores na Segurança Social, assim

como pela retenção e pagamento das contribuições que sejam por si devidas e pelos colaboradores às taxas

de 8% e 3%, respetivamente.

O pagamento mensal das contribuições para a Segurança Social deve ser feito até ao 10º dia do mês seguinte

ao que a contribuição se refere.

Existe um regime de exceção para trabalhadores estrangeiros não residentes, i.e. titulares de visto de

trabalho, que provem estar cobertos por regime de Segurança Social de outro país, não os sujeitando ao

pagamento das contribuições em Angola, desde que estes efetuem prova de que se encontram registados e a

efetuar contribuições para um sistema de Segurança Social equivalente noutro país.

Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases tributáveis

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável

Imposto Industrial

35%

Empresas com sede ou direção efetiva em Angola: rendimentos obtidos

no exercício da sua atividade no país e no estrangeiro – tributação pelo

lucro universal;

Empresas com estabelecimento estável em Angola: lucros imputáveis a

esse estabelecimento estável;

Empresas não residentes e sem estabelecimento estável em Angola –

não sujeitas a tributação salvo ao abrigo do regime especial de

tributação das empreitadas e da prestação de serviços;

3,5%*

5,25%

Regime especial de tributação de empreitadas e prestações de serviços –

aplicável a pessoas coletivas quer tenham ou não sede, direção efetiva e

estabelecimento estável em Angola:

Contratos de empreitada, subempreitada;

Prestação de serviços de gestão, assistência técnica ou similares não

abrangidos pelo Código do IRT;

Atividades que concorram para completar obras ou serviços;

Tais serviços podem vir a ser considerados custos, contabilizados ou

não em Angola, pelo outro contratante.

Imposto sobre a

Aplicação de

Capitais

(IAC)

10% Lucros/dividendos/mais-valias (quando não sujeitas a Imposto Industrial ou IRT)

10% Juros das obrigações

10% Emissão de ações em que tenha havido reserva de preferência na subscrição

10% Royalties

10% Juros de suprimentos

15% Juros de capitais mutuados

15% Rendimentos de contratos de abertura de crédito

Imposto sobre o

Consumo

10% Serviços de hotelaria e similares

5% Serviços de telecomunicações, água e energia

10% Locação de máquinas

5% Serviços de consultoria

5% Serviços de gestão de cantinas, refeitórios e condomínios

5% Serviços de transporte

5% Serviços de segurança privada

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

197

Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável

2% a 30% Produção e importação de diversos bens

Imposto do Selo Variável Atos notariais, contratos, licenças, operações de financiamento, operações

aduaneiras, operações societárias, entre outras.

Imposto sobre os

Rendimentos do

Trabalho

(IRT)

Trab. conta de

outrém taxa

máxima 17%

Trab. conta

própria taxa

máxima 15%

(sobre 70%)

Sujeitos passivos: Indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que

aufiram rendimentos pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de

trabalho prestado a Angola

Imposto Predial

Urbano

(IPU)

25%

0%-0,5%

A taxa de 25% incide sobre rendimentos de imóveis arrendados, na proporção de 60% do rendimento auferido, o que corresponde a uma taxa efetiva de 15%. O montante de imposto não poderá ser inferior a 1% do valor patrimonial do imóvel.

No caso de imóveis não arrendados a taxa de IPU é calculada sobre o valor patrimonial do imóvel à taxa de 0% do valor até Kz 5.000.000 e de 0,5% sobre o valor que excede Kz 5.000.000.

Imposto de SISA 2%

Transmissões de propriedade imobiliária e assemelhadas (e.g. arrendamento por prazo superior a 20 anos);

Entradas de bens imóveis para o capital social das sociedades;

Algumas situações de aquisição de partes sociais.

*Taxa aplicada a contratos para construção ou beneficiação do ativo fixo imobilizado

Angola ocupa uma posição baixa na tabela da competitividade do Relatório Paying Taxes da PwC, devido a

um conjunto alargado de fatores, dos quais se destacam o elevado tempo necessário a cumprir com as

obrigações fiscais e a percentagem total de imposto sobre os lucros cujo valor é influenciado pelos regimes

especiais de tributação que incidem sobre as empresas petrolíferas.

Numa análise comparativa de competitividade fiscal entre os vários países da CPLP verifica-se igualmente que

Angola se encontra numa das últimas posições.

Tabela 42 - Paying Taxes, PwC, 2014 - SADC

Países Rank Pagamentos

(número)

Tempo

(horas

por ano)

Imposto

sobre os

lucros (%

lucros)

Contribuições

e impostos

sobre o

trabalho (%

lucros)

Outros

impostos

(% lucros)

Total

(%

lucros)

Maurícias 13 8 152 10,6 10,3 7,3 28,2

Seicheles 19 27 76 23,3 1,7 0,7 25,7

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

198

África do Sul 24 7 200 21,9 4,1 4,1 30,1

Botsuana 47 34 152 21,7 0,0 3,7 25,4

Zâmbia 68 38 183 1,2 10,4 3,5 15,1

Maláui 81 35 175 20,7 9,6 4,6 34,9

Suazilândia 59 33 110 28,2 4,0 4,3 36,5

Madagáscar 61 23 183 14,0 20,3 1,5 35,8

Lesoto 101 33 324 13,1 0,0 2,9 16,0

Moçambique 129 37 230 30,9 4,5 2,1 37,5

Namíbia 114 37 314 17,7 1,0 3,1 21,8

Tanzânia 141 48 176 20,4 18,0 6,5 44,9

Zimbabué 142 49 242 20,8 5,1 9,4 35,3

Angola 155 30 282 25,2 9,0 17,9 52,1

Congo 176 32 348 58,9 7,9 51,3 118,1

Tabela 43 - Paying Taxes, PwC, 2014 – CPLP

Países Rank Pagamentos

(número)

Tempo

(horas por

ano)

Imposto

sobre os

lucros

(% lucros)

Contribuições e

impostos sobre o

trabalho

(% lucros)

Outros

impostos

(% lucros)

Total

(%

lucros)

Timor-Leste 55 18 276 11,0 0,0 0,0 11,0

Cabo Verde 80 30 186 18,0 18,5 0,7 37,2

Portugal 81 8 275 15,1 26,7 0,5 42,3

Moçambique 129 37 230 30,9 4,5 2,1 37,5

Guiné-Bissau 153 46 208 14,9 24,8 6,2 45,9

Angola 155 30 282 25,2 9,0 17,9 52,1

São Tomé e

Príncipe 156 42 424 22,1 6,8 3,6 32,5

Brasil 159 9 2600 24,9 39,6 3,8 68,3

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

199

4.5.4. Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra

Vistos

Visto de curta duração e múltiplas entradas

Existem diversos tipos de vistos para Angola, nomeadamente (i) o visto diplomático, (ii) o visto ordinário, (iii) o

visto de cortesia, (iv) o visto de turismo, (v) o visto de estudo; (vi) o visto para fixação de residência, (vii) o visto

de permanência temporária, (viii) o visto privilegiado, (ix) o visto de trabalho, (x) o visto de tratamento médico,

(xi) o visto de curta duração e (xii) o visto de trânsito.

Para os empresários importa ter em consideração que:

O visto de curta duração, é concedido por razões de urgência (ex: reunião, conferência, óbito) e

permite a permanência em território angolano até 7 dias, prorrogável uma única vez por igual período.

O visto ordinário, é concedido para prospeção de negócios e permite a permanência em território

nacional até 30 dias, prorrogáveis duas vezes por igual período de tempo;

O visto ordinário ao abrigo do protocolo celebrado com Portugal é concedido para: (i) desenvolver

contactos exploratórios de domínio comercial ou análogo, (ii) conduzir negociações de projetos de

investimento, (iii) empresários e investidores, (iv) quadros dirigentes de empresas, (v) proceder à

montagem de equipamentos ou prestar assistência técnica pós-venda; (vi) ministrar conferências ou

ações formativas. Este tipo de visto é válido para entradas múltiplas num período de 36 meses,

permitindo ao seu titular uma permanência continua ou interpolada em território angolano por um

período máximo de 90 dias por semestre.

O visto privilegiado, concedido ao cidadão estrangeiro investidor, representante ou procurador de

empresa investidora, pelas missões diplomáticas e consulares angolanas e que permite a entrada em

território nacional para fins de implementação e execução da proposta de investimento aprovada nos

termos da Lei do Investimento Privado. Permite ao titular múltiplas entradas e a permanência em

território nacional até dois anos, prorrogáveis por iguais períodos de tempo, e o seu beneficiário pode

requerer autorização de residência;

o Este visto pode ser dos seguintes tipos:

Visto privilegiado tipo A – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento

superior ao equivalente a US$ 50.000.000 ou com investimento realizado na Zona C

de desenvolvimento;

Visto privilegiado tipo B – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior

ao equivalente a US$ 50.000.000 e superior a US$ 15.000.000;

Visto privilegiado tipo C – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior

ao equivalente a US$ 15.000.000 e superior a US$ 5.000.000;

Visto privilegiado tipo D – Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior

ao equivalente a US$ 5.000.000.

O visto de trabalho, destinado a cidadãos estrangeiros não residentes que pretendam desempenhar

uma atividade remunerada no interesse do Estado ou por conta de outrem. Este visto permite várias

entradas no país até ao termo do contrato de trabalho, sendo atribuído por um período mínimo de três

meses e um período máximo de 36 meses, de acordo com a duração do contrato de trabalho. Permite

ao seu titular exercer apenas a atividade profissional que justificou a sua concessão e em dedicação

exclusiva à entidade empregadora que o requereu. Os vistos de trabalho são divididos em várias

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

200

categorias em função das caraterísticas da entidade empregadora ou do setor de atividade e algumas

categorias de trabalhadores beneficiam de um regime excecional;

o Os trabalhadores ligados aos projetos de investimento podem solicitar a obtenção do respetivo

visto de Trabalho.

O visto para fixação de residência, concedido aos cidadãos que pretendam fixar residência em

Angola permite a permanência em território nacional pelo período de 120 dias, prorrogáveis por

idênticos períodos de tempo até decisão do pedido de autorização de residência, e o exercício de

atividade remunerada.

São vários os acordos celebrados entre Angola e outros Estados para a supressão ou facilitação de vistos. De

entre eles, destacam-se os celebrados com os países-membros da Comunidade de Países de Língua

Portuguesa (Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste),

com países africanos (África do Sul, Guiné Equatorial, Namíbia), com países asiáticos (Coreia, Vietname) e

com outros países como a Rússia, Argentina e Espanha.

O acordo entre Angola e Portugal permite um regime privilegiado de vistos para cidadãos angolanos e

portugueses de curta e longa duração.

De notar que as demoras na emissão dos vistos são comuns. Se for aceite, o visto pode demorar entre duas a

doze semanas.

4.5.5. Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade

Apesar de não ser obrigatório é recomendável estabelecer um contrato de seguro sobre as mercadorias e

bens com destino a Angola, que poderá ser realizado por empresas seguradoras privadas.

Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos críticos na promoção e sucesso das

exportações.

A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à

concretização de oportunidades de negócio.

Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores,

incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das

mercadorias exportadas.

A concessão de seguro às empresas exportadoras materializa-se com operações de empréstimo às

empresas, logo dependentes de plafonds que as empresas têm no sistema financeiro e sujeitas a taxas

indexadas ao risco que o seu perfil determina.

São dois os principais riscos cobertos pelos seguros de exportação:

Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de

pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória;

Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras,

revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de

transferência/conversão, etc.).

Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das entidades

seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

201

Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado. Esta garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de sociedades de garantia mútua. Atualmente a segunda opção é a mais utilizada

No caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à exportação, dispõe de um mecanismo específico designado por Convenção Portugal-Angola (Seguro), no valor de 1.000 milhões de Euro.

De acordo com informação disponibilizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) de

Portugal, são enquadráveis operações de exportação de bens de equipamento e serviços portugueses de

médio e longo prazo, com cobertura da COSEC, a qual, pode assumir a forma de: seguro dos créditos dos

exportadores sobre os importadores angolanos (crédito fornecedor) ou garantia dos financiamentos

concedidos por instituições de crédito ao BNA, a outras instituições de crédito angolanas ou a importadores

angolanos (crédito comprador).

Os créditos cobertos são avalizados pelo Estado Angolano que se compromete a garantir, através do seu

Ministério das Finanças, o bom pagamento e a transferência dos montantes relativos às exportações

efetuadas ao abrigo da Convenção.

Existe igualmente uma linha de seguro de créditos à exportação para países fora da OCDE, Turquia e México

com Garantia do Estado.

Além destas soluções, existe um conjunto de outros instrumentos financeiros que estão disponíveis não só na

banca comercial, como em fundos de investimento que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro.

Nessa situação há instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao

investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou

exportação.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

202

4.5.6. Sistema jurídico e judiciário

Principais formas jurídicas de estabelecimento comercial

No sistema jurídico angolano, os tipos de sociedades mais comuns são as Sociedades por Quotas

(Limitada/Lda.) e as Sociedades Anónimas (SA).

As Sociedades por Quotas apresentam menor complexidade organizativa, com estrutura mais leve ao nível

dos órgãos sociais, estando normalmente associadas a negócios de pequena ou média dimensão. As

Sociedades Anónimas são, em geral, o veículo escolhido pelos investidores para projetos de investimento de

maior dimensão.

Sociedade por Quotas Sociedades Anónimas

Número de Sócios

Pelo menos dois.

Na maioria dos casos o capital social poderá ser detido integralmente por entidades estrangeiras, salvo

as exceções detalhadas abaixo. 124

Pelo menos 5. Na maioria dos

casos o Capital Social poderá

ser integralmente detido por

entidades estrangeiras, salvo

as exceções detalhadas

abaixo. 121

Responsabilidade dos sócios Até ao valor das quotas. Até ao valor das ações

subscritas.

Capital social mínimo US$ 1.000 US$ 20.000

Para além destas, existem ainda as sociedades em nome coletivo, as sociedades em comandita e as

sociedades unipessoais. Estas últimas passaram a ser permitidas com a publicação da Lei nº 19/12, de 11 de

junho, que veio permitir a constituição de sociedades unipessoais, isto é, sociedades com um único sócio,

pessoa singular ou coletiva.

Nas sociedades em nome coletivo, o sócio responde ilimitadamente pelas obrigações sociais,

subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios, para além de responder pela

sua entrada.

Por outro lado, este não responde pelas obrigações da sociedade, contraídas após a data da sua saída, mas

responde pelas contraídas anteriormente à data da sua entrada.

Nas sociedades em comandita, o sócio ou os sócios comanditários respondem apenas pela sua entrada e os

sócios comanditados têm responsabilidade ilimitada, ou seja, respondem pelas dívidas da sociedade, ilimitada

e solidariamente entre si, nos mesmos termos que os sócios das sociedades em nome coletivo. Existem dois

tipos diferentes de sociedades em comandita: as sociedades em comandita simples e as sociedades em

comandita por ações.

As sociedades em comandita são pouco comuns em Angola, bem como as sociedades em nome coletivo que,

neste último caso, apesar de terem estrutura simples e flexível se tornam pouco atraentes, dado o risco

associado, pois o património dos sócios responde subsidiariamente pelas dívidas da sociedade.

121

A exceção a esta regra está ligada aos setores que são da reserva exclusiva do Estado (ex: materiais de guerra, Banco Central, direitos de propriedade sobre os portos, caminhos de ferro, serviços postais), e aos setores que só podem ser exercidos por entidades privadas através de concessão do Estado (ex: produção, distribuição e comercialização de energia, exploração de portos e aeroportos, tratamento e distribuição de água). Além dos aspetos já referidos, existem também limitações impostas às empresas que prestem serviços ao setor petrolífero, pelo que, em alguns casos, é exigido que o capital seja detido maioritariamente por nacionais de Angola.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

203

Neste contexto, os tipos societários dominantes correspondem às sociedades por quotas e às sociedades

anónimas, sendo estas as principais escolhas dos investidores angolanos e estrangeiros.

O Sistema judiciário

O sistema judiciário em Angola está organizado em 3 categorias: Tribunal Supremo, os Tribunais Provinciais e

os Tribunais Municipais, que se distinguem por diferentes competências e pela sua organização.

Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola122

Tipos de Tribunais

Judiciários Competência Organização Nº de Tribunais

Tribunal Supremo

Exerce jurisdição em todo o

território nacional e é por

princípio o tribunal de último

recurso.

Constituído pelo Plenário e

Câmaras de competência 1

Tribunais Provinciais

Decidir os conflitos de

competência entre os

Tribunais Municipais da

respetiva Província.

Exerce jurisdição no

território da Província.

Organizado por salas:

Cível e Administrativo,

Família, Trabalho, Crimes

Comuns e Crimes contra a

Segurança do Estado

19

Tribunais Municipais

Competência genérica em

matéria cível e criminal,

exercendo jurisdição no

território do Município

-

35

(instalados 12)

O sistema judiciário angolano ainda não permite uma capacidade de resposta célere aos complexos

problemas que advêm de relações comerciais internacionais sendo comum aos investidores internacionais

optarem por meios alternativos de resolução de litígios por forma a assegurar os seus direitos.

A possibilidade das entidades poderem recorrer à arbitragem constitui um dos fatores de atenuação dos

efeitos negativos da morosidade da justiça dos estados, do risco das decisões judiciais arbitrárias, da falta de

garantias e da incerteza quanto à eficácia dos contratos. Estima-se que mais do que 95% dos contratos

internacionais têm cláusulas arbitrais.

4.5.7. Resolução extrajudicial de litígios

Por forma a remover os principais constrangimentos ao investimento privado estrangeiro em Angola, o

Governo Angolano adotou um conjunto de instrumentos jurídicos que visam a resolução extrajudicial de litígios

via conciliação e arbitragem123

.

Em Angola, a arbitragem é a solução imperativa para a resolução de litígios em contratos de investimento ao

abrigo da Lei de Investimento Privado A referida Lei obriga que o recurso à arbitragem, para a resolução de

litígios decorrentes de investimento privado, ocorra em Angola.

122

Fonte: http://www.tribunalsupremo.ao 123

Lei n.º 16/2003 de 25 de Julho

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

204

Apesar da República de Angola não ter ratificado as duas mais importantes Convenções Internacionais em

matéria de arbitragem, nomeadamente, a Convenção das Nações Unidas sobre o Reconhecimento e

Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras, a Convenção de Nova Iorque de 1958, a Convenção para a

Resolução de Diferendos relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de outros Estados, a Convenção

CIRDI124

de 1965, dispõem de leis que permitem a proteção de investimentos estrangeiros através da

Arbitragem.

Há diferentes mecanismos de resolução arbitral que resultam dos Contratos de Investimento e dos Tratados

Bilaterais de Investimento (TBI).

Assim, a análise desta temática deverá ser analisada in casu para que o investidor possa optar pela solução

que melhor atenda aos seus interesses.

Todavia, não poderá deixar de ter em consideração as regras da Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de

20 de maio, bem como as regras que determinem o regime de arbitragem aplicável que resultem dos TBI.

O investidor deverá ter algum cuidado nesta opção atendendo a que a Lei será determinante no regime e nas

regras legais que lhe serão aplicáveis.

Poder-se-á ter, por um lado, um contrato de investimento que preveja uma arbitragem ad hoc, a realizar-se em

Angola, com aplicação da lei angolana ao mérito da causa e ao processo arbitral, e por outro, um TBI que

indica, em princípio, uma arbitragem internacional institucionalizada, que poderá decorrer fora do território

angolano, com recurso a procedimentos fixados no respetivo centro de arbitragem escolhido pelo investidor.

A título exemplificativo, apesar de Angola não ter ratificado as convenções mais relevantes em matéria de

arbitragem, há um conjunto de TBI no qual está incluído Portugal que remete a resolução arbitral dos litígios

para o Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos (CIRDI) e para o Mecanismo

Complementar para a Administração de Procedimentos de Conciliação, Arbitragem e Averiguação, bem como

para o Tribunal de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou ainda para um árbitro

internacional ou Tribunal ad hoc designado por acordo especial ou estabelecido nos termos das Normas de

Arbitragem da CNUDCI125

.

Por último, deve igualmente ter-se em consideração que a Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de 20 de

maio, contém regras imperativas, nomeadamente quando dispõe que “a arbitragem deve ser realizada em

Angola e a lei aplicável ao contrato e ao processo deve ser a lei angolana”.

Atendendo à complexidade da matéria e das possíveis soluções alternativas existentes esta matéria deverá

ser acompanhada pelo respetivo profissional competente.

124 Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos 125 CNUDCI - Commission des Nations Unies pour le Droit Commercial International

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

205

4.6. Principais caraterísticas dos Acordos de Angola no domínio do comércio e investimento

4.6.1. Protocolos existentes na SADC e posicionamento de Angola face aos mesmos.

A SADC possui mais de 26 instrumentos de cooperação entre os EM, dos quais 23 se encontram atualmente

em vigor. A República de Angola assinou, mas não ratificou, 4 dos 23 tratados em vigor, tendo assinado e

ratificado apenas 19.

Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC

Tipo de Acordo Âmbito e Descrição do Acordo

Protocolos da SADC

ratificados por Angola

em áreas não

económicas

1. Protocolo sobre imunidade e privilégios;

2. Protocolo sobre o combate ao tráfico ilícito de drogas;

3. Protocolo da SADC contra a corrupção;

4. Acordo de cooperação e assistência mútua no campo do combate ao crime;

5. Protocolo da SADC sobre extradição;

6. Protocolo sobre género e desenvolvimento.

Protocolos da SADC

assinados e ratificados

por Angola

Angola tem assinado e ratificado os protocolos referentes a vários setores,

nomeadamente:

Sistema judicial;

Saúde;

Energia;

Pescas;

Extradição;

Corrupção;

Ambiente;

Trocas comerciais;

Educação e cultura;

Sistema financeiro;

Assistência mútua legal em matéria criminal.

Protocolos Assinados

mas não Ratificados

1. Protocolo sobre as minas e geologia;

2. Protocolo sobre a ciência, tecnologia e inovação;

3. Protocolo sobre política, defesa e segurança;

4. Protocolo pacto de defesa mútua.

Protocolos não

Assinados nem

Ratificados

1. Protocolo sobre o desenvolvimento do turismo;

2. Protocolo controlo de armas de fogo, munições e outro material conexo;

3. Protocolo facilitação de circulação de pessoas;

4. Protocolo sobre o comércio de serviços.

4.6.2. Acordos essenciais de Angola na área do comércio (ACI, APPRI, ADT)

Existe um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão

facilitar o acesso dos investidores portugueses aos mercados, contando-se entre eles os Acordos Comerciais

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206

de Investimento (ACI), os Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos (APPRI) e os Acordos

para evitar a Dupla Tributação (ADT).

Angola ratificou poucos acordos, tendo vindo a ser de prática comum a assinatura de acordos pelo país, sem

que, no entanto, exista uma posterior ratificação.

Tabela 46 - Acordos Bilaterais de Angola

Tipo de Acordos Acordos assinados mas ainda não

em vigor

Acordos em vigor

Acordos de Promoção e Proteção

Recíproca de Investimentos

Portugal, África do Sul, Espanha,

Reino Unido

Cabo Verde, Alemanha, Itália, Rússia

Acordos para Evitar a Dupla

Tributação

Não Não

Angola faz parte da OMC desde 23 de novembro de 1996. A sua regulação alfandegária segue a

Pauta Aduaneira aprovada pelo Decreto-Lei n.º 2/08, de 4 de agosto;

Angola é membro da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (“MIGA”);

Angola é membro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (“OMPI”), tendo aderido ao

código de classificação internacional de patentes e registo de marcas da instituição;

Angola aprovou a Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial e Propriedade

Intelectual para a Proteção de marcas e patentes;

Angola assinou acordos de cooperação aduaneira com Portugal e São Tomé e Príncipe.

4.6.3. Acordos entre EUA e Angola – AGOA126

A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir a

exportação de bens e produtos para os EUA sem que os mesmos se encontrem sujeitos a taxas alfandegárias.

Para beneficiarem deste regime é necessário que os produtos sejam de origem africana, e que os países em

causa estejam a adotar medidas para a implementação duma economia de mercado livre, através de políticas

democráticas.

4.6.4. Acordos entre a UE e Angola

Acordo Cotonu

O Acordo de Cotonu assinado em 2000, por 79 países, é o principal instrumento para a prestação de

assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas

e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos.

126 AGOA - African Growth and Opportunity Act

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207

O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos

países ACP, tendo como principal desígnio a redução da pobreza nos Estados ACP, do qual faz parte Angola.

No entanto, cumpre referir que o Acordo de Cotono veio, em muito, facilitar o investimento de EM da UE nos

países africanos que subscreveram o Acordo.

De notar que o Acordo previu ainda a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus

objetivos, o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED).

No âmbito do FED, o montante global disponibilizado pela UE a Angola entre 2008 a 2013, através do

“Documento de Estratégia para Angola”, foi aproximadamente de 228 milhões de euros. Deste montante,

cerca de 214 milhões foram destinados ao financiamento para o apoio macroeconómico, às políticas setoriais,

aos programas e projetos previstos nos setores focais e não focais de Assistência Comunitária, e cerca de 14

milhões de Euros para necessidades imprevistas.

O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP,

nomeadamente:

Promoção do investimento

Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP através de subsídios para

assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para

participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos

privados, nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a

partir dos recursos próprios do BEI;

Criação de instrumentos de garantias de investimento, através de

Seguros de risco, com vista aumentar a confiança dos investidores nos Estados ACP;

Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial

quanto a regimes de resseguros destinados a cobrir o IDE realizado por tais investimentos; e

Medidas que visem a proteção dos investimentos.

Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas IFD.

Além do Acordo de Cotonu, existem um conjunto de outras convenções e compromissos políticos assinados

entre a UE e Angola. No entanto, cumpre neste âmbito sublinhar a ausência de acordos de interesse

comercial, fiscal e aduaneiro entre Portugal e Angola.

Entre as convenções assinadas pela UE e por Angola, contam-se:

Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda, de 2 de março de 2005 (e instrumentos subsequentes);

Parceria Estratégica África-UE de 2007;

Documento de Estratégia por País e o Programa Indicativo Nacional para o período 2008-2013;

Estratégia Nacional de Desenvolvimento a Longo Prazo (“Visão 2025”), os vários Planos Nacionais de Desenvolvimento que têm vindo a ser feitos, e alguns documentos complementares aprovados pelo Governo.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

209

5.CPLP

Atratividade de Angola no contexto da

CPLP

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

210

5. Atratividade de Angola no contexto CPLP

No contexto da CPLP Angola é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte riqueza

em matérias-primas.

Angola tem, no entanto, adotado uma forte estratégia protecionista que a tem colocado em posições inferiores

nos relatórios de realização de negócios do Banco Mundial, reveladores da dificuldade do investimento

estrangeiros.

Tabela 47 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP

Países Facilidade de se

fazer negócios

Abertura de

empresas

Obtenção de

alvarás de

construção

Obtenção de

eletricidade

Registo de

propriedade

Obtenção

de crédito

Portugal 30 31 78 35 30 104

Cabo Verde 122 129 122 106 69 104

Brasil 130 121 131 60 109 104

Moçambique 146 96 135 174 155 129

São Tomé e

Príncipe 160 100 91 72 161 180

Timor-Leste 169 147 116 40 185 159

Angola 172 171 124 113 131 129

Guiné-Bissau 179 148 117 182 180 129

A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis

de especialização diferenciada entre parceiros.

Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)127

Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat

127

O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade.

Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e

Príncipe Timor Leste Portugal Macau

Angola 5 1 2 4 2 1 80 0Brasil 40 32 19 31 24 23 47 13

Cabo Verde 6 5 3 8 4 3 2 7Guiné-Bissau 2 5 3 4 1 1 1 0

Moçambique 15 12 13 10 11 10 9 9

São Tomé e Príncipe 18 13 18 19 19 6 3 8

Timor Leste 5 1 5 3 7 4 1 4

Portugal 83 48 72 38 66 51 37 35

Macau 11 8 9 5 12 6 5 1

País

impo

rtad

or

País exportador

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

211

O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no

relacionamento entre Portugal e Angola.

De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso

relativo que tem vindo a reduzir-se desde 2008. Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um

decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião

de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de 2010.

Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns

países da CPLP.

O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial

biunívoca.

A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts),

Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu

lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as

estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade

entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de

complementaridade de 72 pts.

De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-CPLP poderá ser potenciada fundamentalmente por 2

motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal – país CPLP que

mais destaca nas importações intrarregião.

Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental

de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

212

Angola – Valor total das importações, US$ 24 mil milhões, 2012

Principais produtos importados Potenciais fornecedores CPLP

Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados

Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%

Brasil

Portugal*

Maquinaria e equipamento de transporte

Máquinas para a construção civil

Geradores

Veículos a motor para transporte de mercadorias

Veículos automóveis para transporte de pessoas

Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares

Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis

Materiais de construção

Equipamento para distribuição de energia elétrica

Bombas, compressores a gás e ventiladores

Equipamentos de aquecimento e refrigeração

Brasil

Portugal

Maquinaria e equipamento de transporte

Equipamento de telecomunicação

Motocicletas e velocípedes Brasil

Outros artigos manufaturados

Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas;

Aparelhos de medição, análise e controle;

Artigos de plástico

Brasil

Portugal

Alimentos e bebidas Bebidas alcoólicas

Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais

Brasil

Portugal

Alimentos Carnes e miudezas comestíveis

Cereais

Brasil

Moçambique

Matéria prima (exceto combustíveis)

Ferro e aço Brasil

Portugal

Produtos manufaturados

Produtos de ferro e aço

Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções;

Metais comuns;

Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio;

Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço

Ferramentas mecânicas e outros

Brasil

Portugal

Fonte: UNCTAD, UNCTADstat * Petróleo refinado

Alguns dos produtos com potencial de produção local*

Maquinaria e equipamento de transporte

Maquinaria especializada

Peças industriais

Materiais de construção

Alimentos

Carnes

Cereais

Agro indústria em geral e pescas

Produtos manufaturados

Vestuário

Ferro e aço

Produtos de ferro e aço

Combustíveis minerais Petróleo

Gás natural *Para mais dados ver setores de investimento.

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

213

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC ................................................................................. 33

Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-SADC ................................................................................. 48

Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) .............................................................. 49

Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC – inward (milhões US$) ............... 65

Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030 ............................................... 83

Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas .................................................................................... 84

Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, 2010 - 2015 (US$M) ......................................... 85

Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica .................................... 93

Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético .............................................................. 93

Tabela 10 - Eficiência dos transportes ................................................................................................................ 94

Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes .................................................... 94

Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico ................................................................................ 94

Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento .............................................. 95

Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana ................................................................................................. 96

Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) .................................................................... 108

Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas ................................................................................. 109

Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$) ................................................................ 111

Tabela 18 - Objetivo do PND 2013 – 2017: IDH ............................................................................................... 124

Tabela 19 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Exportações .................................................................................. 128

Tabela 20 - Objetivo do PND 2013 – 2017: Doing Business ............................................................................ 129

Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude,

investimento e criação de emprego ................................................................................................................... 133

Tabela 22 - Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade (US$ milhões) ........................ 136

Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, 2010 ................................................................. 139

Tabela 24 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – telefones .............................. 144

Tabela 25 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões – internet ................................ 144

Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND 2013-2017) ...................................................... 145

Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica ............................... 146

Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica ............................. 147

Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas ............................... 147

Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes .......................................................... 148

Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província e

municípios mais populosos................................................................................................................................ 148

Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais .............. 149

Tabela 33 - Abertura da economia angolana .................................................................................................... 152

Tabela 34 - TOP 10 dos países de origem do investimento privado em Angola .............................................. 160

Tabela 35 – IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre 2003-2010 ............... 161

Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND 2013-2017) ........................................................................ 166

Tabela 37 - Potencialidades a nível do setor empresarial (PND 2013-2017) ................................................... 167

Tabela 38 - Incentivos fiscais por zona ............................................................................................................. 174

Tabela 39 - Doing Business 2013 – Posição por país da SADC ...................................................................... 182

Tabela 40 - Prazo mínimo para repatriamento de dividendos e lucros ............................................................. 186

Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases tributáveis 196

Tabela 42 - Paying Taxes, PwC, 2014 - SADC ................................................................................................. 197

Tabela 43 - Paying Taxes, PwC, 2014 – CPLP................................................................................................. 198

Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola ......................................................................................................... 203

Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC ...................... 205

Tabela 46 - Acordos Bilaterais de Angola ......................................................................................................... 206

Tabela 47 - Doing Business 2013 – Posição por país da CPLP ....................................................................... 210

Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)............................................................ 210

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

214

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Crescimento médio anual países SADC 2008-2012 ........................................................................................... 34

Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade 2008-2013 .................. 35

Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB 2008-21012 e

do peso do PIB do País no total da SADC ............................................................................................................................ 36

Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 – Angola % ............................................................................................... 38

Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 – Moçambique % ...................................................................................... 39

Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul ............................................................................................. 41

Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Lesoto ...................................................................................................... 42

Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar .............................................................................................. 43

Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui ....................................................................................................... 43

Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo .......................................................... 43

Gráfico 11 – Produto Interno Bruto por setor (%) – Suazilândia ............................................................................................ 43

Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) – Seicheles ...................................................................................... 44

Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Maurícias % ........................................................................................... 45

Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Botsuana ................................................................................................ 46

Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Namíbia .................................................................................................. 47

Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) – Zâmbia ................................................................................................... 47

Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-SADC vs. Evolução do PIB da região .................................................................... 50

Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-SADC no total da região ................................................................... 50

Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-SADC (2012) ..................................................................................................... 51

Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino ................................................................. 54

Gráfico 21 – Importações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 55

Gráfico 22 - Importações SADC da China ............................................................................................................................. 56

Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha ...................................................................................................................... 56

Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA ............................................................................................................................. 57

Gráfico 25 - Importações SADC da Índia .............................................................................................................................. 57

Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido .................................................................................................................. 58

Gráfico 27 – Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, 2008-2012 ............................................. 59

Gráfico 28 – Exportações da SADC - Top produtos, 2012 .................................................................................................... 59

Gráfico 29 - Exportações SADC para a China ...................................................................................................................... 60

Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA ....................................................................................................................... 60

Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia ........................................................................................................................ 60

Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido ............................................................................................................ 60

Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio) ........................................................ 61

Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal ........................................................................................................................... 62

Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil ............................................................................................................................. 63

Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio) .................................................................... 63

Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal ..................................................................................................................... 64

Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil ....................................................................................................................... 64

Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, 2008-2012 ................................................................................................... 65

Gráfico 40 – Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC .............................................................................. 76

Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$ ........................................................................................................ 77

Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB .................................................................................................................... 77

Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011 ....................................................................................................................... 79

Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB (1994-2018), África do Sul ...................................................................................... 81

Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas) .................................................. 93

Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, 2008-2012 .................................... 97

Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos......................................................................................................... 97

Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP ................................................................................................................. 98

Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil ................................................................................................................ 100

Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique .................................................................................................... 101

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

215

Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal ........................................................................................................... 102

Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino .................................................... 102

Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos ...................................................................................................... 103

Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP .................................................................................................................. 103

Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique ................................................................................................. 104

Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola .......................................................................................................... 105

Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil ......................................................................................................... 106

Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal ........................................................................................................ 107

Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, 2008-2012 ..................................................................................................... 110

Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos) .......................................................................................... 116

Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) ..................................................................................... 117

Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) ........................................................................................ 118

Gráfico 63 - Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$ milhões) .................................................................................... 119

Gráfico 64 - Fatores de variação da liquidez - variação em % do valor inicial da massa monetária ................................... 120

Gráfico 65 - Taxas de juro (taxas anuais) e taxa de câmbio efetiva .................................................................................... 121

Gráfico 66 – Variação da taxa de câmbio Kwanza/Euro ..................................................................................................... 121

Gráfico 67 - PIB de Angola – taxa de variação real (%)25

................................................................................................... 122

Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola ........................................................................................................... 122

Gráfico 69 - Taxa de variação (%) do PIB no período 2013-2017 ....................................................................................... 123

Gráfico 70 - IDH – Evolução desde 2000 ............................................................................................................................ 124

Gráfico 71 - Inflação média anual – histórico e últimas previsões do FMI ........................................................................... 125

Gráfico 72 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas (%) .......................................................................................... 125

Gráfico 73 - Objetivo do PND 2013 - 2017: Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero ........................................... 126

Gráfico 74 - Crescimento de cada setor e respetivo peso no PIB de Angola ...................................................................... 127

Gráfico 75 – PIB por setor 2012 - Angola ............................................................................................................................ 130

Gráfico 76 - Empresas do Setor Público - Volume de negócios (%) ................................................................................... 131

Gráfico 77 - Empresas do Setor Público -Empregados (%) ................................................................................................ 131

Gráfico 78 - Principais destinos de exportação do setor petrolífero (%) .............................................................................. 133

Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados ....................................... 137

Gráfico 80 - Movimentação de contentores no Porto de Luanda em 2011.......................................................................... 140

Gráfico 81 - Evolução das importações de Angola e principais países de origem, 2008-2012 ........................................... 152

Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP .................................................................................................................... 153

Gráfico 83 - Importações angolanas - Top produtos ........................................................................................................... 154

Gráfico 84 - Importações angolanas – evolução por tipo de produtos ................................................................................ 154

Gráfico 85 - Importações angolanas a Portugal .................................................................................................................. 155

Gráfico 86 - Importações angolanas ao Brasil ..................................................................................................................... 156

Gráfico 87 - Importações angolanas de serviços ................................................................................................................ 157

Gráfico 88 - Evolução das exportações de Angola e principais países de destino .............................................................. 157

Gráfico 89 - Exportações angolanas para a CPLP .............................................................................................................. 158

Gráfico 58 - Fluxos de IDE em Angola 2008-2012 .............................................................................................................. 162

Gráfico 91 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade........................ 182

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Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP

216

Índice de Figuras

Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013 .......................................................................................................................... 24

Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC ................................................................................................................. 25

Figura 3 – Índice Global de Competitividade 2013 ................................................................................................................ 32

Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em África ....................................................................................................... 35

Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-SADC, por produto ......................................................................... 52

Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-SADC, por produto .................................................................................. 53

Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC .......................................................................... 61

Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC .............................................................................. 62

Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, 2013 ................................................................. 84

Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul ....................................................................................... 86

Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos ............................................................................................. 87

Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) ................................................................................. 88

Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas .......................................................................................................... 90

Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola ................................................................................................. 99

Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil ................................................................................................... 99

Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique ..................................................................................... 100

Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal ............................................................................................ 101

Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique .................................................................................. 104

Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola ............................................................................................ 105

Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil ........................................................................................... 106

Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal ......................................................................................... 107

Figura 22 - Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 111

Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África ........................................................................................................ 112

Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, 2010 - 2012 .................................................................................. 112

Figura 25 - O estado das infraestruturas em África - Angola ............................................................................................... 135

Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, 2010 ................................................................................................................. 138

Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população .............................................................. 142

Figura 28 - Principais importações angolanas de Portugal ................................................................................................. 155

Figura 29 - Principais importações angolanas do Brasil ...................................................................................................... 156

Figura 30 - Principais exportações angolanas para Portugal .............................................................................................. 158

Figura 31 - Principais exportações angolanas para o Brasil ................................................................................................ 159

Figura 32 - Estrutura acionista bancária em África .............................................................................................................. 168

Figura 33 - Contas bancárias em África com antiguidade superior a 15 anos .................................................................... 169

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6. www.pwc.pt

Apoio: Projeto Co-Financiado:

Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: