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1 ANGELITA FAEZ QUALIDADE DO LEITE DE VACAS SADIAS E PORTADORAS DE MASTITE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para obtenção de título de Bacharel no Curso de Ciências Biológicas, ministrado pela Universidade do Contestado UnC, Campus de Concórdia, sob a orientação da MSc. Catia Silene Klein. CONCÓRDIA 2007

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ANGELITA FAEZ

QUALIDADE DO LEITE DE VACAS SADIAS E PORTADORAS DE MASTITE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para obtenção de título de Bacharel no Curso de Ciências Biológicas, ministrado pela Universidade do Contestado – UnC, Campus de Concórdia, sob a orientação da MSc. Catia Silene Klein.

CONCÓRDIA

2007

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FAEZ, Angelita. Qualidade do leite de vacas sadias e portadoras de mastite. Trabalho de conclusão de curso. Curso de Ciências Biológicas. Universidade do Contestado, UnC. Concórdia, 2007.

RESUMO

O leite possui excelente valor nutritivo, e seu sistema agroindustrial tem se transformado em um dos mais importantes do país. A Região Oeste de Santa Catarina vem se destacando, ano após ano na pecuária leiteira, com seus pequenos produtores investindo em infra-estrutura e melhoramento do plantel. Um dos maiores empecilhos na melhoria da produção e da qualidade do produto tem sido a mastite bovina. A mastite é uma inflamação da glândula mamária acompanhada da diminuição da secreção de leite e mudanças em sua composição. Manifestada em sua forma subclínica, não apresenta sintomas visíveis no animal ou no leite, sendo detectada apenas através de exames específicos, como o Califórnia Mastitis Test (CMT), ou da Contagem de Células Somáticas (CCS). O presente trabalho teve por objetivo pesquisar o índice de animais infectados pela mastite subclínica em quatro propriedades localizadas em Terra Vermelha, Concórdia, SC. Para isso, foram coletadas amostras do leite de cinco vacas em cada uma destas propriedades, onde foi realizado o teste CMT, análises físico-químicas e CCS durante as quatro estações do ano, totalizando 80 análises. Para a definição da contaminação do animal utilizou-se o resultado do CMT, que detectou 40% dos animais infectados. Posteriormente, esses dados foram comparados com os resultados dos testes microbiológicos, físico-químicos e de CCS, e ficou constatado que a mastite interfere na qualidade microbiológica do produto, aumentando a CCS e Unidades Formadoras de Colônia (UFC), interferindo assim, na qualidade do mesmo.

Palavras-chave: células somáticas, leite, mastite

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FAEZ, Angelita. Quality of sound and milk of cows suffering from mastitis. Work completion of course. Course of Biological Sciences. University of Contestado, UnC. Concórdia, 2007.

ABSTRACT

Milk, for its excellent nutritional value, has transformed its agro industrial system in one of the country's most important. The region west of Santa Catarina has been highlighting, year after year in the livestock milk, with its small producers investing in infrastructure and improving the plantel. One of the biggest impediments in improving the production and quality of the product has been the bovine mastitis. The mastitis is an inflammation of the mammary gland accompanied by the decrease in the secretion of milk and changes in its composition. Manifested in his subclinical form, no symptoms visible in animals or milk, and is detected only through special examinations, such as the California Mastitis Test (CMT), or the Count of Somatic Cells (CCS). The present work was aimed at searching the index of animals infected with subclinical mastitis in four properties located in Terra Vermelha, Concordia, SC. For this, samples were collected from five of milk cows in all of these properties. The test was conducted CMT, physic-chemical analysis and CCS during the four seasons of the year, totaling 80 tests. To the definition of the contamination of animal, was used the result of the CMT, which detected 40% of infected animals. Subsequently, these data were compared with the results of microbiological testing, physic-chemical and CCS, and it was found that mastitis interfere in the microbiological the product, increasing the CCS and CFU.

Keywords: somatic cells, milk, mastitis

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 7

2.1 O LEITE ................................................................................................................... 7

2.2 MECANISMO DE SÍNTESE DO LEITE ................................................................... 8

2.2.1 SÍNTESE DE GORDURA ..................................................................................... 8

2.2.2 SÍNTESE DE PROTEÍNAS .................................................................................. 9

2.2.3 SÍNTESE DE CARBOIDRATOS (LACTOSE) ...................................................... 10

2.2.4 SÍNTESE DE SÓLIDOS TOTAIS ......................................................................... 10

2.3 O QUE É MASTITE ................................................................................................ 11

2.4 TESTE DE CMT E CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS ................................ 12

2.5 PATÓGENOS DA MASTITE E PERÍODO SECO ................................................... 13

2.8 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE .......................................................... 14

2.9 INSTRUÇÃO NORMATIVA 51 ................................................................................ 16

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................. 18

3.1 AMOSTRAGEM....................................................................................................... 18

3.2 ANÁLISE DAS AMOSTRAS .................................................................................... 18

3.2.1 TESTE CALIFÓRNIA MASTITE ........................................................................... 18

3.2.2 DETERMINAÇÃO DE GORDURA, PROTEÍNA, LACTOSE E SÓLIDOS ............ 19

3.2.3 CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS ........................................................... 19

3.2.4 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ......................................................................... 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 22

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 29

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 30

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1 INTRODUÇÃO

O leite é considerado o alimento humano mais próximo da perfeição, por

apresentar excelentes valores nutritivos, devido principalmente ao seu teor de

proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e água, nutrientes estes

indispensáveis nas diferentes fases do crescimento, como também na

complementação alimentar de adultos, caracterizando assim, um alimento em

potencial nas diversas funções vitais do organismo. (OLIVEIRA et al., 1994).

O sistema agro-industrial do leite, devido a sua enorme relevância social, é

um dos mais importantes do país. A atividade é praticada em todo o território

nacional em mais de um milhão de propriedades rurais e, somente na produção

primária, gera acima de três milhões de empregos e agrega mais de seis bilhões ao

valor da produção agropecuária nacional. Três importantes fatores marcaram o setor

leiteiro nacional, principalmente na última década: o aumento da produção, a

redução do número de produtores e o decréscimo dos preços recebidos pelos

produtores. (VILELA et al., 2002).

A Região Oeste de Santa Catarina vem se destacando na pecuária leiteira,

com seus pequenos produtores investindo cada vez mais em tecnologias de

resfriamento e conservação do produto, pastagens e melhoramento de seu rebanho.

Porém, sabe-se que é necessário investir também na melhoria das condições

sanitárias dos animais, para que o leite produzido na região possa competir, em

termos de qualidade, com o das demais regiões do país e também com o exterior.

Um dos fatores mais preocupantes em relação à qualidade do leite diz respeito à

mastite bovina.

Segundo Fonseca e Santos (2000), no Brasil, em função da alta prevalência

de mastite nos rebanhos, ocorre perda de 2,8 bilhões de litros/ano em relação a

produção anual de 21 bilhões de litros, significando de 12% a 15% do total e um

prejuízo de mais de um bilhão de reais por ano.

Mastite é o nome dado à inflamação que ocorre na glândula mamária de

animais mamíferos, resultante da invasão de microrganismos patogênicos através

do canal de saída do leite sendo considerada um dos principais fatores que afetam a

sua qualidade. A doença pode diminuir a produção, alterar o sabor, o odor e a

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composição do produto, aumentando a contagem de células somáticas no tanque de

refrigeração e em certos casos também aumenta a contagem bacteriana. Essas

alterações acabam reduzindo o rendimento industrial do leite e a vida de prateleira

do produto. (SOUSA, 2005).

Considerada a doença infecciosa que mais predomina em bovinos leiteiros, a

mastite é resultado da interação de vários fatores tais como homem, vaca, ambiente,

microrganismos e manejo. A forma de apresentação da mastite varia de subclínica a

clínica, devido a fatores relacionados e ao agente invasor da glândula mamária.

(SOUSA, 2005).

Quantificar a perda associada à mastite subclínica é difícil, e esta forma de

apresentação da doença é de 15 a 40 vezes mais freqüente que a forma clínica.

Além de maior ocorrência em relação à mastite clinica, casos subclínicos são de

longa duração e difíceis de detectar. Usualmente precedem casos clínicos e

reduzem extremamente a produção de leite, afetando drasticamente a qualidade do

produto. A forma subclínica da doença é importante sob o ponto de vista

epidemiológico, pois, constitui como reservatório ou fonte de patógenos que

induzem a infecção em outros animais dentro do rebanho. Estima-se que 70% a

80% das perdas são associadas com a mastite subclínica, enquanto que esse

número reduz para 20% a 30% se tratando da mastite clínica. (SOUSA, 2005).

No Brasil, a partir do mês de julho de 2005, a CCS do rebanho tornou-se um

requisito de qualidade para o leite cru refrigerado nas regiões Sudeste, Centro-Oeste

e Sul. O limite máximo recomendado é de 1 milhão de células somáticas/mL de leite

até 2008; 750 mil até 2011 e 400 mil a partir do mesmo ano. O uso da CCS para

controlar a saúde do úbere, já provou ser uma ferramenta de grande valia para a

identificação de animais infectados. (DÜRR, 2005).

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o grau de contaminação das vacas

da região de Terra Vermelha, Concórdia – SC, para que se tenha uma noção das

reais condições sanitárias de seu rebanho.

Além disso, pretende-se alertar os produtores sobre os prejuízos causados

pela mastite, comparando a qualidade do leite entre os animais sadios e portadores

de mastite bovina.

O fato de não haver pesquisas específicas sobre a mastite na Região Oeste

Catarinense levou à idealização deste trabalho, uma vez que a atividade leiteira

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cresce ano após ano nesta região e dados sobre o assunto se tornam necessários

para um controle sanitário.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O LEITE

O leite é a principal fonte de nutrição para os recém-nascidos, até que eles

sejam capazes de digerir alimentos mais diversificados, pois além de possuir uma

série de componentes vitais para a criança, carrega os genes da mãe e defesas

naturais. Além de energia e proteína ele é rico em cálcio, o principal mineral na

prevenção da osteoporose. O desenvolvimento tecnológico permite que se melhore

ainda mais seu valor nutricional. O leite pode ainda ser modificado na composição,

para uma finalidade específica, chamado leite funcional. Existem, além do leite

integral, os leites desnatados e semidesnatados, que têm parte da gordura retirada,

para aquelas pessoas que precisam ou querem controlar a ingestão de gordura.

(FONSECA; SANTOS, 2000).

O leite de vaca é considerado um alimento de importante valor nutritivo para o

homem, devido a seus componentes. Composto por mais de 100.000 tipos

diferentes de moléculas, e cada uma apresentando uma função especifica, é uma

mistura complexa, nutritiva e estável de gorduras, proteínas, minerais e vitaminas,

que são dissolvidas na água do leite, formando uma solução com uma composição

média de 87,5% de água, 3,8% gordura, 3,3% proteína, 4,6% lactose e 0,8%

minerais e vitaminas. (BRITO; DIAS, 1989). Embora o leite tenha como função

primordial a alimentação do neonato, ele constitui um dos alimentos mais complexos

que se conhece e oferece possibilidades de processamento industrial para obtenção

de diversos produtos para a alimentação humana. (FONSECA; SANTOS, 2000).

Os problemas com a produção, nas propriedades rurais, iniciam-se com a

ocorrência de processos inflamatórios nas mamas (mastite), grande parte dos quais

não apresentam manifestação clínica visível. O único indicador desta problemática é

a queda de produção, assim, a ordenha é o momento mais indicado para avaliar as

produções individuais, quantitativas e qualitativas. (GERMANO, 2001).

O leite produzido no país foi classificado em “A”, “B”, e “C”. Os três tipos

variam quanto ao grau de pureza, que é crescente do “C” ao “A”. O leite do tipo “C”

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pode ter no máximo de 150 mil unidades formadoras de colônias de bactérias (UFC)

e cinco coliformes por mililitro. O tipo “B” tem no máximo de 40 mil UFC e dois

coliformes por mililitro. Para o tipo “A”, os padrões são de 10 mil UFC e nenhum

coliforme por mililitro. Os três tipos devem ser isentos de coliformes fecais, pois

estes são nocivos. Embora o leite do tipo “C” seja o mais impuro, ele está de acordo

com as normas do Ministério de Saúde. (BRASIL, 2002).

O principal fator que tem estimulado a melhoria da qualidade do leite no Brasil

é a procura por parte dos laticínios, indústrias e dos consumidores por produtos de

melhor qualidade, fazendo com que sejam implantadas medidas para aumentar a

qualidade da matéria prima. Do ponto de vista tecnológico, a qualidade da matéria

prima é um dos maiores entraves ao desenvolvimento e consolidação da indústria de

laticínios no Brasil. De modo geral, o controle da qualidade de leite nas ultimas

décadas tem se restringido a prevenção e adulterações do produto in natura

baseado na determinação da acidez, índice crioscópico, densidade, percentual de

gordura e extrato seco desengordurado. A contagem global de microrganismos

aeróbios mesófilos (indicadores de qualidade microbiológica do produto) tem sido

utilizada somente para leite cru do tipo A e B. (MULLER, 2002 apud MOLOZZI,

2006).

Segundo Coldebella (2003), no Brasil, a produção de leite, como outros tantos

segmentos da atual sociedade, é uma atividade cada vez mais competitiva. É,

portanto, importante quantificar os fatores que podem influenciá-la, buscando

efetivos de quantidade e qualidade do leite produzido, na tentativa de suprir a

demanda nacional.

2.2 MECANISMOS DE SÍNTESE DO LEITE

2.2.1 Síntese de Gordura

A gordura do leite é composta quase em sua totalidade por triglicerídeos (98%

da gordura total). Esses triglicerídeos são sintetizados nas células epiteliais da

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glândula mamária, sendo que os ácidos graxos que compõem esses triglicerídeos

podem vir de duas fontes: a partir de lipídeos de origem do sangue e pela síntese de

células epiteliais. Esses triglicerídeos são transportados pelo sangue até a glândula

mamária, onde sofrem quebra de subunidade de glicerol a ácidos graxos livres que

podem então, ser absorvidos pelas células da glândula mamária. (FONSECA;

SANTOS, 2000).

Não existe um valor máximo para o porcentual de gordura, pois os valores

podem variar conforme a alimentação e raça do animal. De acordo com a normativa

nº 51 de 18 de setembro de 2002, os valores estabelecidos são no mínimo de 3.0%

(BRASIL, 2002).

Outro fator importante é o fato de que o percentual de gordura do leite

também interfere em sua qualidade nutritiva, que segundo Fonseca e Santos (2000),

a qualidade do leite é definida em seus parâmetros físico-químicos e

microbiológicos.

2.2.2 Síntese de Proteínas

As proteínas do leite são sintetizadas nas células alveolares a partir de

aminoácidos do sangue. Alguns aminoácidos que não são sintetizados são

chamados de essenciais, pois necessitam vir do sangue, enquanto outros podem ser

produzidos pelas próprias células secretoras. Algumas proteínas presentes no leite

não são sintetizadas na glândula mamária e são transportadas pelo sangue até

entrarem no lúmen alveolar. A albumina encontrada no leite é produzida no fígado e

sua concentração no leite reflete no sangue. (COLDEBELLA, 2003).

De acordo com a Normativa 51 (Brasil, 2002), o valor mínimo de proteínas

deve ser de 2,9%. Já Tronco (2003) estabelece uma margem de 3,2% a 3,5%. De

acordo com Muller (2002), meio litro de leite fornece 25% das proteínas

recomendadas para um adulto, sendo que a elevada qualidade das proteínas do

leite é devido à diversidade e a qualidade aminoácidos presentes.

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2.2.3 Síntese de Carboidratos (lactose)

A lactose é um dissacarídeo, composto de dois açúcares, glicose e galactose,

sendo este último originado da própria glicose. Para a formação de uma molécula de

lactose, ocorre a ligação de uma molécula de glicose a outra de galactose, que é

feita pela enzima lactose sintetase. A lactose é um dos principais determinantes do

volume do leite, pois ela representa cerca de 50% da pressão osmótica deste, e

assim, controla o volume de água do leite. (FONSECA; SANTOS, 2000).

De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária dos

Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 1952) o valor mínimo de lactose deve ser de

4,7%. No entanto, Tronco (2003) estabelece uma faixa de 4,7% a 5,2%. A Normativa

51 (BRASIL, 2002) não estabelece valor mínimo de lactose.

2.2.4 Síntese de Sólidos Totais

O RIISPOA (1952) estabelece que o extrato seco total (EST) seja de 11,5%.

Já a Normativa 51 (BRASIL, 2002) cita apenas o valor para extrato seco

desengordurado (ESD) 8,4%. Com a retirada de 87,3% de água, os demais

componentes são denominados extratos secos ou sólidos totais, que são divididos

em lipídeos ou gorduras e sólidos desengordurados que contém as proteínas,

glicídios (lactose) e sais minerais (cinzas), sendo que a determinação destes é de

grande importância para os cálculos de rendimento e perdas industriais na

fabricação de produtos lácteos. (CAMARGO, 1984).

As variações nos valores de sólidos totais podem alterar significativamente o

rendimento final do produto, já que as variações de 0,5 unidades percentuais

significam a perda de até 5 toneladas de leite em pó e de 1 tonelada de queijo,

respectivamente, para cada milhão de litros de leite processado. (FONSECA;

SANTOS, 2000).

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2.3 O QUE É MASTITE

A mastite é um processo inflamatório da glândula mamária, acompanhada de

redução de secreção de leite e mudança de permeabilidade da membrana dos

tecidos, o que ocasiona mudança na sua composição. A inflamação caracteriza-se

por aumentos no volume, da temperatura, vermelhidão, dor e/ou distúrbio funcional,

resultando em diminuição da produção de leite e em alterações físicas, químicas e

bacteriológicas do mesmo. (LANGONI, 2000).

A mastite é um dos mais importantes problemas sanitários que afeta a

produção de leite. Ela pode se manifestar de forma clinica ou subclínica. Na forma

clinica provoca anormalidades na secreção láctea, tamanho, consistência e

temperatura da glândula mamária, e possivelmente reação sistêmica. A forma

subclínica é aquela na qual existe a inflamação, porém, sem a apresentação de

sinais visíveis da doença, sendo necessária a análise (como CCS) e/ou cultura do

leite para a sua detecção. (COLDEBELLA, 2003).

Pelo menos 20% das vacas em produção apresentam algum tipo de mastite

em um ou mais quarto do úbere, sendo que somente 3% apresentam na forma

clínica. A mastite é uma doença de alto custo, uma vez que partes do tecido secretor

de leite estariam prejudicadas pela infecção. Pesquisadores de vários países

confirmam esta perda, com estudos de relações entre queda da produção e altas

contagens de células somáticas (CCS), método clássico para interpretar a saúde da

glândula mamária, principalmente quanto à presença de mastite subclínica. (RIBAS,

1999).

No Brasil, pode-se afirmar que a mastite ocorre em todos os rebanhos

leiteiros. As características dos patógenos causadores de mastite pode ser

classificada em contagiosa ou ambiental. A mastite contagiosa é transmitida quase

que exclusivamente durante a ordenha, podendo ser através das mãos do

ordenhador, pano ou esponja para secar os tetos das vacas, ou ainda, a presença

de moscas principalmente em casos de pós-parto, podendo transmitir os agentes

causadores da mastite. Os agentes causadores da doença podem ser

Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae ou Corynebacterium bovis, cujo

habitat preferencial é o interior da glândula mamária. Seu controle é mais fácil, e é

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realizado através de medidas higiênicas durante o processo de ordenha.

(COLDEBELLA, 2003).

A mastite ambiental é aquela ocasionada por agentes que compartilham o

mesmo ecossistema da vaca, tais como: solos, pisos, esterco, urina e materiais

orgânicos. Dentre eles destaca-se a Escherichia coli, Enterobacter sp, Klebsiella sp,

Pseudomonas sp, Staphylococcus coagulase-negativos, Streptococcus dysgalactiae.

A contaminação dos animais por esses microorganismos, embora possa ocorrer

durante o processo de ordenha, acontece principalmente entre ordenhas.

Geralmente, são de difícil controle, porque os seus principais agentes são

disseminados no ambiente animal. (LONGONI, 2000 apud COLDEBELLA, 2003).

Segundo Fonseca e Santos (2000), no Brasil, em função da alta prevalência

de mastite nos rebanhos, pode ocorrer perda de 2,8 bilhões de litros/ano em relação

a produção anual de 21 bilhões de litros, significando de 12% a 15% do total.

2.4 CALIFÓRNIA MASTITIS TEST E CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS

O CMT é um dos testes mais usuais para o diagnóstico da mastite subclínica,

sendo um indicador indireto da contagem de células somáticas no leite. Consiste na

coleta de leite dos quartos mamários, individualmente, em uma bandeja apropriada,

adicionando-se um detergente aniônico neutro, que atua rompendo a membrana das

células e liberando o material nucléico (DNA), que apresenta alta viscosidade.

(FONSECA e SANTOS, 2000).

Este teste é utilizado mundialmente no diagnóstico da mastite subclínica e

tem como vantagem poder ser empregado no local do rebanho, no momento em que

os animais são ordenhados além de ser prático, ter baixo custo e fornecer resultados

imediatos. (ENEVOLDSEN et al., 1995).

Em virtude de sua fácil execução e interpretação, o CMT tem sido foco de

muitos estudos, nos quais o principal objetivo é determinar o escore que melhor

reflita a quantidade de células somáticas existentes no leite. (WINTER et al., 1999).

Schuppell e Schwope (1998) encontraram correlação significativa entre o CMT e a

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CCS. Gallina et al. (1996) relataram correlação positiva e significativa de 0,76 entre a

CCS e o CMT, e correlação negativa e significativa entre CCS e produção de leite.

Em uma glândula infectada, as células de defesa correspondem de 98 a

99% da células encontradas no leite. (PHILPOT e NICHERSON, 1991). A ocorrência

de uma infecção na glândula mamária provoca a liberação de substâncias químicas

devido à ação dos agentes patogênicos e da destruição de tecido secretor, o que

induz a passagem de células brancas do sangue para o interior da glândula. Estas

células têm a função de combater os agentes patogênicos. Na glândula mamária

infectada predominam principalmente os neutrófilos. (PAAPE et al., 1979). Os

linfócitos perfazem de 20 a 40% do total de células e o restante corresponde a

macrófagos e células secretores descamadas. (DANIEL et al., 1991).

Assim, a contagem de células somáticas (CCS) do leite de uma vaca permite

a quantificação do grau de infecção da glândula mamária. A avaliação periódica da

CCS do leite do tanque do rebanho permite a determinação da incidência média de

mastite no rebanho. A correlação entre a CCS média no tanque e a ocorrência de

mastite é alta, e varia de 0,50 a 0,96. Elevada CCS no tanque geralmente indica

perda de produção de leite, sendo que a manutenção de baixa CCS no tanque é um

indicativo de boa saúde da glândula. (SCHUKEN et al., 1990).

2.5 PATÓGENOS DA MASTITE E PERÍODO SECO

Há mais de meio século se reconhece a importância do período seco no

controle de mastite contagiosa. (NEAVE et al., 1950). Muitas infecções dessa

doença, especialmente as causadas pelo Staphylococcus aureus e Streptococcus

agalactiae, são subclínicas e o uso da terapia da vaca seca é um método

comprovado e rentável para eliminá-las. Já a importância do período seco no

controle da mastite ambiental foi reconhecida há menos tempo. Entre os principais

patógenos ambientais se incluem as bactérias Gram-negativas, como a Escherichia

coli e Klebsiella spp, e as Gram-positivas, como o Streptococcus dysgalactiae e o

Streptococcus uberis. Em um estudo, as vacas em que foram isolados patógenos

ambientais das amostras na secagem apresentam 4,5 vezes mais chance de terem

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um caso clínico de mastite ambiental na lactação seguinte do que as que secaram

sem infecção. Nesse estudo, a maioria (65%) dos casos clínicos de mastite

ambiental ocorridos na lactação seguinte foi causada por infecções adquiridas

durante o período seco anterior. (BRADLEY, 1999).

Inúmeros patógenos são capazes de infectar o úbere durante o período seco.

Um estudo recente avaliou o desenvolvimento de novas infecções intramamárias

nessa época. (DINGWELL et al., 2002). De modo geral, 16,7% dos quartos

desenvolveram infecções intramamárias durante o período seco. Após o parto, foram

isolados vários patógenos de mastite dos quartos de vacas que não tinham infecção

no momento da secagem. Outro aspecto importante diz respeito ao fato de que no

período seco, a glândula mamária está em repouso, ou seja, não há leite em seu

interior, capaz de diluir os produtos aplicados, principalmente pela via intramamária.

Isto aumenta a eficácia do tratamento. (RUEG, 2003).

2.6 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE

A qualidade microbiológica do leite é um termo muito amplo e genérico e,

para sua compreensão, torna-se fundamental o entendimento de alguns conceitos

básicos elementares. São apontados como os principais microrganismos envolvidos

com a contaminação do leite as bactérias, sendo que vírus, fungos e leveduras têm

participação reduzida, apesar de serem potencialmente importantes em algumas

situações. As bactérias são classificadas em três categorias distintas, em relação à

faixa de temperatura ótima para o crescimento e multiplicação, sendo as bactérias

psicrófitas, com crescimento bacteriano entre 0 ºC e 15 ºC, as mesófilas, entre 20º C

e 40 ºC e as termófilas entre 44 ºC e 55 ºC. Além dessas, ainda podem ser citadas

as psicotróficas, que são aquelas capazes de crescer em baixas temperaturas (7

ºC), e as termodúricas, que são capazes de resistir ao processo de pasteurização.

(FONSECA; SANTOS, 2000).

A qualidade microbiológica pode ser um bom indicativo da saúde da glândula

mamária do rebanho e das condições gerais de manejo e higiene adotados na

fazenda. Pode-se considerar que dentro da glândula mamária saudável, leite é

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praticamente estéril. No entanto, após a sua retirada, o leite pode ser contaminado

por microrganismos a partir de três principais fontes: de dentro da glândula mamária,

da superfície exterior do úbere e tetos e da superfície do equipamento de ordenha e

tanque. Desta forma, a saúde da glândula mamária, a higiene de ordenha, o

ambiente em que a vaca fica alojada e os procedimentos de limpeza do

equipamento são fatores que afetam diretamente a contaminação microbiana final

do leite cru. Além disso, são igualmente importantes a temperatura e o período de

tempo de armazenagem do leite, uma vez que estes dois fatores estão diretamente

ligados com multiplicação dos microrganismos presente no leite, afetando

diretamente a contagem bacteriana total. (DÜRR, 2005).

O contato da água não tratada com o equipamento de ordenha possui pouco

efeito imediato sobre a carga microbiana total do leite, mas pode ocorrer intensa

multiplicação desses microrganismos em resíduos de leite no equipamento, e dessa

forma, pode ocorrer o aparecimento de grande número de bactérias psicotróficas no

leite. (FONSECA; SANTOS, 2000).

De forma geral a carga microbiana do leite depende da carga bacteriana

inicial e da taxa de multiplicação dos microrganismos. A carga bacteriana inicial pode

ser definida como a concentração de microrganismos existentes no leite

armazenado no tanque resfriador, imediatamente após o término da ordenha, e

depende basicamente de quatro fatores: microrganismos dentro da própria glândula

mamária (mastite), higiene de ordenha (limpeza e desinfecção da superfície dos

tetos e dos utensílios e equipamentos de ordenha) e a qualidade da água utilizada

tanto na lavagem dos tetos durante a ordenha, quanto na lavagem e desinfecção do

sistema de ordenha. (FONSECA; SANTOS, 2000).

Desde a sua obtenção até o seu consumo, o leite fica exposto à uma série de

influências de natureza físico-química e a um grande número de contaminantes. Os

componentes do leite, incluindo proteínas, gorduras, lactose e outros constituintes

menores, são considerados substratos passíveis a serem utilizados e degradados

por diversas espécies de microrganismos. Certamente existe a preocupação com a

contaminação do leite nas diversas etapas desde a sua produção, não só no sentido

de proteger a saúde do consumidor e de reduzir os prejuízos econômicos

decorrentes das alterações dos produtos, como também no sentido de evitar a

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17

diminuição das fontes importantes de proteínas e outros elementos que o

constituem. (TRONCO, 2003).

Segundo Ordonez (2005), devido a sua composição química, o leite torna-se

um alimento de extremo valor na dieta humana, mas, pela mesma razão, constitui

excelente substrato para o crescimento de grande diversidade de microrganismos

heterótrofos que, como o homem, utiliza os princípios nutritivos presentes neste

alimento. A atividade de microrganismos que contaminam o leite é claramente

benéfica para o homem, visto que eles participam ativamente das mudanças físicas,

químicas e organolépticas que ocorrem no leite ao se preparar os diversos produtos

lácteos por ele consumidos. Por outro lado, a atividade microbiana incontrolada é

prejudicial e leva a alteração deste, tornando-o inadequado para o consumo. Em

outros casos, os microrganismos patogênicos presentes no leite podem causar

graves problemas para a saúde humana.

A maioria das fazendas leiteiras utiliza fonte de água para o processo de

produção de leite, que na maioria das vezes não sofre nenhum tipo de tratamento

prévio. Essas fontes podem estar contaminadas com microrganismos de origem

fecal e de uma ampla variedade de fontes como solo e vegetação. Esses

microrganismos podem incluir pseudomonas e outros bacilos Gram-negativos.

(FONSECA; SANTOS, 2000).

Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito à correta higiene dos

ordenhadores, desinfecção das instalações e utensílios utilizados, da lavagem,

desinfecção e secagem das tetas dos animais com papel toalha. (SOUZA, 2005).

2.7 INSTRUÇÃO NORMATIVA 51

O Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL), com o

objetivo de aumentar a qualidade do leite produzido no Brasil estipulou algumas

normas a serem seguidas por toda a cadeia de produção.

Equipamentos para refrigeração: o leite cru deverá ser refrigerado na

propriedade rural. Deverão ser usados tanques de refrigeração por expansão direta

ou por imersão de latões em água gelada desde que o leite seja mantido abaixo de

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18

7 ºC por, no máximo, 48 horas. O leite cru refrigerado deverá ser transportado a

granel da propriedade para a indústria, em tanques rodoviários isotérmicos, ou em

latões desde que chegue à indústria em até duas horas após a ordenha. Uma vez

por mês, as amostras do leite de cada propriedade deverão ser enviadas pela

indústria para análise na Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade

do Leite (RBQL), sendo que o resultado da análise será fornecido ao produtor.

Através disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), poderá

acompanhar a qualidade do leite produzido em cada propriedade e exigir que sejam

tomadas as medidas para sua melhoria As análises exigidas pelo IN 51 são:

Contagem Bacteriana Total (CBT), Contagem de Células Somáticas (CCS),

determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais, sólidos

desengordurados e pesquisa de resíduos de antibióticos. (BRASIL, 2005).

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19

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 AMOSTRAGEM

Foram realizadas quatro coletas, uma em cada estação do ano em 20 vacas,

de quatro propriedades localizadas em Terra Vermelha, Concórdia – SC, sendo que

vários animais foram substituídos no decorrer das coletas, por entrarem em período

seco, devido ao seu estado adiantado de prenhez. As datas de coletas das amostras

foram: 14/03/07 (verão), 15/05/07 (outono), 19/08/07 (inverno) e 23/09/07

(primavera).

Após coletadas, as amostras foram identificadas e analisadas através do

método Califórnia Mastitis Test (CMT) conforme Philpot e Nickerson (1991), ainda na

propriedade, utilizando uma raquete com 4 recipientes ou depósitos para o leite de

cada teto. Posteriormente, as amostras do leite de cada teto foram identificadas e

colocadas em frascos estéreis, específicos para este fim, onde foram adicionados

conservantes específicos para preservação das amostras até o processamento das

análises. Em seguida, as amostras foram levadas em caixas de isopor com gelo até

o Laboratório Estadual de Qualidade do Leite, que é uma parceria da Universidade

do Contestado (UnC) e Companhia Integrada do Desenvolvimento Agrário de Santa

Catarina (CIDASC) onde as mesmas foram analisadas quanto as suas propriedades

físico-quimicas e microbiológicas.

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20

3.2 ANÁLISE DAS AMOSTRAS

3.2.1 Teste Califórnia Mastite (CMT)

O primeiro passo do exame foi eliminar os três primeiros jatos de leite de cada

um dos quartos da mama e logo após ordenhar um jato 2 mL nos depósitos

correspondentes da raquete.

A etapa seguinte consistiu em adicionar 2 mL do reagente violeta de

bromocresol em cada depósito e agitar suavemente a raquete com movimentos

circulares durante 10 segundos. O leite dos quartos que não mudou de aspecto foi

identificado como saudável e as amostras que ficaram com um aspecto viscoso

foram identificadas como contaminadas, de acordo com seu grau de contaminação e

sua viscosidade.

Segundo o CMT, os quartos se classificam da seguinte maneira:

Grau 0: leite normal. A mistura não muda de aspecto

Grau 1 (+): pouco viscoso. O leite deixa um remanescente viscoso que desliza

menos.

Grau 2 (++): medianamente viscoso. Aparece imediatamente. O muco formado gira

ao girar a raquete.

Grau 3 (+++): muito viscoso. Forma uma clara ou muco espesso, com consistência

de clara de ovo que ao girar a raquete fica aderido no fundo e não acompanha o

movimento da raquete (PHILPOT; NICKERSON, 1991).

3.2.2 Determinação de gordura, proteínas, lactose, e sólidos totais

As análises físico-quimicas foram realizadas no equipamento Bentley 2000R

(marca Bentley Instrumental), que é um analisador eletrônico de leite por radiação

infravermelho próximo. O equipamento determina a concentração de cada

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21

componente, em comprimento de onda específico, através da exposição da amostra

à radiação. Os componentes foram analisados simultaneamente.

3.2.3 Contagem de células somáticas

A contagem de células somáticas foi realizada pelo equipamento Somacount

300R. A amostras foram submetidas a um banho-maria em uma temperatura de

40ºC por 15 minutos e posteriormente, agitadas manualmente por 12 vezes antes de

serem analisadas. Este equipamento utiliza tecnologia de citometria de fluxo,

designada para a indústria médica na contagem das células, onde o núcleo das

mesmas é corado com brometo de etídio e exposto a raio laser refletindo

fluorescência, sendo os sinais transformados em impulsos elétricos, que detectado

por fotomultiplicador são contados, visualizados no equipamento e impressos.

(VOLTALINI et al., 2001).

Ambos equipamentos funcionam ao mesmo tempo e possuem capacidade de

realizar 300 amostras/hora.

3.2.4 Análises microbiológicas

As análises microbiológicas foram realizadas pelo equipamento Bactocount

IBC (Bentley Instruments), de última geração totalmente automatizado que utiliza

citometria de fluxo para enumeração rápida de bactérias individuais de leite cru. As

amostras foram aquecidas em um carrocel a 50 ºC e incubadas em uma solução

tampão para clarificação, uma enzima proteolítica e um marcador de DNA são

adicionados para romper as células somáticas, solubilizar os glóbulos de gordura e

proteínas, permeabilizar as bactérias e corar o DNA/RNA. O inóculo é sonificado

duas vezes para a degradação química das partículas que possam interferir e

romper as colônias remanescentes de bactérias, melhorando a identificação destas

e reduzido a fluorescência de base.

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22

Após um período de dez minutos de incubação a amostra é transferida para a

citometria de fluxo, onde as bactérias são alinhadas e expostas a um feixe de laser

fluorescente. O sinal de fluorescência é coletado por células óticas, filtrado e

detectado com um fotomultiplicador altamente sensível. A intensidade e largura dos

pulsos de fluorescência são registrados e utilizados como parâmetros. Os pulsos são

classificados e traduzidos em contagem individual de bactérias (CIB) e após a

calibração do equipamento, transformadas em UFC/mL. (BROUTIN et al., 2002).

Para cada laudo analisado, a primeira amostra deve ser sempre uma

amostra controle. Estas amostras são preparadas semanalmente, o suficiente para

ser usado durante o procedimento da análise daquela semana, sendo preparadas

com muita precisão e divididas em frascos estéreis, com sinalização diferente das

amostras utilizadas para análise regular. O leite para as análises controle do

laboratório é oriundo da Escola Agrotécnica Federal de Concórdia (EAFC), sendo

armazenado sob refrigeração a 4 ºC durante os cinco dias em que forem utilizados.

Para a realização das análises, as amostras foram homogeneizadas

manualmente por 15 vezes e submetidas à análise no respectivo equipamento.

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23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste trabalho, onde foram realizadas 80 análises, considerou-se o teste de

CMT positivo para a definição da contaminação por mastite subclínica, mesmo que a

CCS tenha apresentado valores acima dos parâmetros estabelecidos. Destas 80

análises, 32 amostras apresentaram contaminação por mastite subclínica.

De acordo com os resultados obtidos neste estudo, do total de 20 matrizes, a

incidência de mastite subclínica no verão foi de oito animais infectados,

correspondendo a 40% do plantel (Tabela 1). No outono, o número de animais

portadores da doença foi de sete, representando 35 % do total de animais

examinados (Tabela 2). No inverno, novamente, foram detectados oito animais com

resultados positivos, ou 40% dos animais (Tabela 3). Na primavera, foi encontrado o

total de nove animais infectados (Tabela 4) o que representa 45% do plantel (Figura

1), porém realizando o teste estatístico Qui-Quadrado, com 0,5 graus de liberdade,

com valor de (p) = 0,9368, ficou demonstrado que esta variação no número de

animais infectados não é significativa. Isto pode ser explicado pelo número (N) da

amostragem ser muito pequena.

Figura 1 – Porcentagem de animais portadores de mastite em cada coleta

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Tabela 1 - coletas referentes ao mês de março, 2007

Data de coleta animal

gordura % proteína

lactose %

sól. Tot. %

CCS x 1000

UFC x 1000

14/3/2007 1 2,52 3,44 4,49 11,39 37 1

14/3/2007 2 2,48 3,09 4,46 11,03 25 13

14/3/2007 3++ 2,1 3,11 3,78 9,85 2564 233

14/3/2007 4 4,36 4,35 4,2 13,81 125 18

14/3/2007 5 2,39 3,65 4,41 11,4 101 44

14/3/2007 6 2,04 3,25 4,34 10,56 84 16

14/3/2007 7 2,37 2,88 4,39 10,67 12 21

14/3/2007 8 1,82 2,84 4,45 10,1 7 31

14/3/2007 9 1,52 2,79 4,67 10,01 19 21

14/3/2007 10+ 4 3,88 4,05 12,84 201 30

14/3/2007 11++ 5,16 4,26 4,03 14,37 866 168

14/3/2007 12 1,72 2,63 4,48 9,84 617 13

14/3/2007 13+ 3,3 3,56 3,82 11,55 834 128

14/3/2007 14 3,33 3,08 3,92 11,26 609 211

14/3/2007 15 2,76 3,25 4,28 11,26 11 257

14/3/2007 16+ 4,55 3,81 3,96 13,21 274 58

14/3/2007 17 1,76 3,06 4,36 10,16 8 2

14/3/2007 18+ 3,01 3,15 4,22 11,29 42 147

14/3/2007 19++ 3,07 3,52 2,9 10,18 7110 982

14/3/2007 20+++ 1,7 4 1,94 8,1 5469 3205

Média 2,7 3,38 4,05 11,14 950,75 279,95

Nota: ( + ) = nível de contaminação por mastite.

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Tabela 2 - Coleta referente ao mês de maio, 2007

Data de coleta animal

gordura % proteína

lactose %

sól. Tot. %

CCS x 1000

UFC x 1000

15/5/2007 1 4,35 3,42 4 12,75 42 15

15/5/2007 2 2,46 3,24 4,43 10,93 20 23

15/5/2007 3++ 2,88 3,5 3,57 10,66 646 201

15/5/2007 4 5,1 4,56 4,04 14,73 111 27

15/5/2007 5 3,7 3,48 4,04 12,13 321 44

15/5/2007 6 2,95 3,86 4,11 11,68 199 53

15/5/2007 7 3,03 2,69 4,27 10,9 141 35

15/5/2007 8++ 3,88 2,67 3,96 11,53 555 1604

15/5/2007 9 4,08 3 3,93 12 2598 163

15/5/2007 10+++ 2,3 2,73 4,15 9,97 270 5158

15/5/2007 11 6,14 4,42 4,05 15,78 165 55

15/5/2007 12+ 4,25 4,38 3,04 12,45 851 306

15/5/2007 13 2,37 2,84 4,25 10,25 627 103

15/5/2007 14 3,26 3,56 3,84 11,45 243 132

15/5/2007 15+ 4,12 3,14 4 12,28 562 189

15/5/2007 16 2,88 3,4 4,11 11,19 210 127

15/5/2007 17 4,6 4,31 3,48 13,26 730 666

15/5/2007 18 3,6 3,14 4,04 11,67 53 99

15/5/2007 19+++ 3 3,53 2,67 9,8 8403 4815

15/5/2007 20+++ 2,49 3,82 2,71 9,56 3153 3244

Média 3,57 3,48 3,83 11,74 995 683

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Tabela 3 - Coleta referente ao mês de agosto, 2007

Data de coleta animal gordura % proteína

lactose %

sól. Tot. %

CCS x 1000

UFC x 1000

19/8/2007 1 2,41 3,42 3,38 12,75 38 32

19/8/2007 2 2,01 3,24 4,63 10,93 25 23

19/8/2007 3+ 2,34 3,5 3,57 10,66 646 182

19/8/2007 4 2,19 4,56 4, 14,73 121 24

19/8/2007 5++ 2,97 3,48 4,08 12,13 300 312

19/8/2007 6 2,18 3,86 4,11 11,68 189 53

19/8/2007 7 2,56 2,69 4,00 10,9 141 35

19/8/2007 8+++ 3,25 2,67 3,96 11,53 8403 1604

19/8/2007 9 2,82 3 3,93 11,72 101 24

19/8/2007 10+++ 2,29 2,73 4,15 12 626 5158

19/8/2007 11 2,19 4,42 4,92 9,97 270 29

19/8/2007 12+ 2,89 4,38 3,50 15,78 165 55

19/8/2007 13+ 8,13 2,84 4,25 12,45 851 294

19/8/2007 14 2,86 3,56 3,84 10,25 616 103

19/8/2007 15 2,36 3,14 3,50 11,45 243 132

19/8/2007 16 2,95 3,4 3,99 12,28 562 161

19/8/2007 17 2,48 4,31 3,60 11,19 230 127

19/8/2007 18++ 2,03 3,14 4,04 13,26 711 400

19/8/2007 19 2,53 3,53 2,67 11,67 62 99

19/8/2007 20+++ 2,49 3,82 2,71 9,8 2598 4815

Média 2,80 3,38 3,84 11,85 844 683,75

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Tabela 4 - Coleta referente ao mês de setembro, 2007

Data de coleta animal gordura % proteína lactose %

sól. Tot. %

CCS x 1000

UFC x 1000

23/9/2007 1 1,49 3,62 3,22 9,05 6403 3674

23/9/2007 2+ 1,64 3,52 4,59 10,74 130 13

23/9/2007 3++ 3,12 4,75 2,95 11,37 9103 5329

23/9/2007 4 3,57 4,66 4,34 13,44 439 77

23/9/2007 5 3,45 4,66 4,14 13,07 5846 3518

23/9/2007 6+++ 1,48 3,72 4,6 10,77 22 1456

23/9/2007 7 1,65 3,47 4,3 10,38 4102 1616

23/9/2007 8+++ 0,3 3,36 4,46 9,06 43 986

23/9/2007 9 3,31 3,79 3,84 11,78 3438 1054

23/9/2007 11+ 1,18 3,14 3,53 8,69 4448 1110

23/9/2007 12++ 2,3 3,13 3,66 9,96 3085 16

23/9/2007 13 0,91 3,36 4,53 9,8 23 18

23/9/2007 15 1,94 4,63 1,24 8,07 4080 1482

23/9/2007 16++ 0,84 2,93 4,58 9,38 5 16

23/9/2007 17 0,83 2,96 4,68 9,52 15 12

23/9/2007 18++ 2,54 5,56 2,03 10,47 7169 4102

23/9/2007 19 2,43 4,3 4,27 11,88 451 10

23/9/2007 20+ 2,97 6,47 2,04 11,76 4312 48

23/9/2007 21 2,73 3,43 4,19 11,26 44 17

Média 2,03 3,97 3,74 10,55 2797 1292

Nas coletas em que foi detectado um maior número de animais

contaminados (com mastite), houve uma diminuição na média dos componentes

físico-químicos, exceto o teor de proteínas, que segundo Fonseca e Santos, (2000)

pode aumentar devido às secreções liberadas pela glândula infectada junto com o

leite (Figura 2).

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Aplicando o teste estatístico ANOVA (Tukey) com um critério, ou seja foi

comparada a variação que cada componente físico-químico do leite apresentou no

decorrer das quatro estações, com 0,5 graus de liberdade, constatou-se que o valor

de (p) foi superior a 0,5, ou seja, a diferença entre as estações do ano não foi

significativa devido à pequena amostragem utilizada.

Figura 2 – Média dos componentes físico-químicos nas quatro coletas

De acordo com os resultados (Figura 2), a porcentagem média de gordura foi

de 3,0%, valor mínimo estabelecido pela Instrução Normativa nº 51 de 18 de

setembro de 2002, enquanto que para proteínas, foi registrado uma média de 3,5%,

valor este, superior aos 2,9% exigido pela legislação brasileira (BRASIL, 2002).

O teor médio de lactose encontrado foi de 3,8% (Figura 2), ficando abaixo do

valor mínimo estabelecido pelo (RIISPOA, 1952) dos resultados obtidos por Tronco

(2003) que é de 4,7%. Porém, a Instrução Normativa 51 não estabelece valores

mínimos para lactose. O teor médio de sólidos totais que, segundo Camargo (1984)

é o conjunto de todos os componentes do leite, exceto a água, foi de 11,3% (Figura

2), ficando abaixo do mínimo estabelecido pelo RIISPOA (1952) que é de 11,5%. A

Instrução Normativa nº 51 (BRASIL, 2002) estabelece apenas o valor de 8,4% para

extrato seco desengordurado.

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De acordo com a Figura 3, a CCS e UFC apresentaram na primavera, uma

média de 2.797.800 cel./mL e 1.292.320 UFC/mL, valores estes muito acima do

máximo estabelecido pela legislação que é de 1 milhão de cel./mL e UFC/mL,

enquanto que nas outras estações as médias de CCS e UFC ficaram dentro dos

parâmetros estabelecidos pela IN 51 (BRASIL, 2002).

Figura 3 – Média de Contagem de Células Somáticas e Unidades Formadoras de Colônias nas

coletas de verão, outono, inverno e primavera na comunidade de Terra Vermelha, Concórdia – Santa

Catarina

A média geral de contagem de UFC atingiu 770.000 UFC/mL, ficando abaixo

da encontrada por Baldissera (2007), que em 160 amostras, registrou uma média de

3.807.000 UFC/mL. Esta diferença pode ser devido ao fato de que neste trabalho, as

coletas foram realizadas diretamente do teto do animal devidamente desinfectado

para os frascos esterilizados, imediatamente refrigerados e analisados em no

máximo dois dias, enquanto Baldissera utilizou amostras enviadas por algumas

indústrias ao Laboratório Estadual de Qualidade do leite, sendo que em muitos

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casos estas amostras demoraram até cinco dias do tempo de coleta ao laboratório e

serem analisadas, aumentando assim a contagem bacteriana.

Conforme Figura 4, a CCS apresentou-se 57,5% superior no leite dos animais

infectados. Os animais portadores de mastite apresentaram uma contagem de

UFC/mL 35,05% superior aos animais sadios.

Aplicando o teste de Tukey, com 0,5 graus de liberdade concluiu-se que

houve uma variação significante entre as estações do ano, tanto na contagem de

CCS com (p) = 0,0326, quanto na contagem de UFC que apresentou o valor de (p) =

0,2164. Esta variação, possivelmente foi provocada pela mastite.

Figura 4: Comparação da Contagem de Células Somáticas (CCS) e Unidades Formadoras de

Colônias (UFC) do leite de animais sadios e portadores de mastite.

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5 CONCLUSÃO

Devido à pequena amostragem utilizada nesta pesquisa, não foram

encontradas diferenças significativas dos componentes físico-químicos entre as

estações. Porém, sabe-se, por meio de dados publicados, que a mastite causa

decréscimo no rendimento leiteiro e mudanças em sua composição, as quais afetam

suas características físico-químicas e, principalmente microbiológicas dos produtos

lácteos.

Através deste trabalho, constatou-se que os produtores participantes desta

pesquisa possuíam pouco conhecimento em relação à mastite e seus prejuízos.

Todos se mostraram muito surpresos com os resultados, chegando a duvidar

de sua confiabilidade, principalmente pelo fato de que a maioria dos animais

infectados eram de raça holandesa pura e com maior potencial de produção. Porém,

a alta CCS apresentada em análises laboratoriais destas amostras veio a confirmar

a eficiência do CMT.

Isso ressalta a importância da implantação do Programa de Controle Leiteiro

no estado de Santa Catarina, ferramenta essa de suma importância para ajudar os

produtores no manejo de seu plantel e também poder diagnosticar qual o animal

apresenta-se com mastite para aplicar o medicamento correto, e ainda, sem

desperdiçar dinheiro e, principalmente, preservando a saúde do consumidor.

Assim fica evidente a necessidade de se realizar novos estudos com uma

amostragem maior para poder repassar dados mais concretos para o público mais

interessado: o produtor leiteiro e, especialmente, o consumidor de leite.

Outro ponto importante diz respeito às exigências dos países desenvolvidos

no que se refere à exportação. Sabe-se que existe uma grande demanda, por isso

produzir leite de qualidade significa abrir as portas do mercado externo para o leite

brasileiro, garantindo assim, melhores preços e estabilidade de mercado.

Somente o esforço conjunto de produtores, veterinários e responsáveis

técnicos nas indústrias é que pode garantir a obtenção de matéria-prima de

qualidade que é requisito fundamental para a obtenção de produtos lácteos seguros

e com uma maior qualidade.

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Angelita Faez