anexo i - guião de entrevista para diagnóstico · 2017. 2. 17. · e eu creio que portugal aí...

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Anexo I - Guião de Entrevista para Diagnóstico Objetivos: Compreender o sentido da criação do Diploma de Competências Interculturais; Compreender os princípios subjacentes e as orientações definidas para a implementação do Diploma de Competências Interculturais; Perceber como se perspetiva o processo de criação do Diploma de Competências Interculturais; Perceber como se prevê o desenvolvimento do projeto no futuro. Categorias Objetivos Específicos Questões Notas Legitimação da entrevista Informar o entrevistado sobre o contexto / âmbito de realização da entrevista e respetivos objetivos. Assegurar a confidencialidade do entrevistado. Pedir para Gravar a entrevista. Permite a gravação da entrevista? Conceção Inicial Diploma de Competências Interculturais Perceber a necessidade da criação do Diploma de Competências Interculturais Pode esclarecer as razões que estão associadas à criação do DCI? Saber se foi feito um diagnóstico inicial; quais os problemas identificados; saber Instituto de Educação da Universidade de Lisboa Data: 28/04/2015

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  • Anexo I - Guião de Entrevista para Diagnóstico

    Objetivos:

    Compreender o sentido da criação do Diploma de Competências Interculturais;

    Compreender os princípios subjacentes e as orientações definidas para a

    implementação do Diploma de Competências Interculturais;

    Perceber como se perspetiva o processo de criação do Diploma de Competências

    Interculturais;

    Perceber como se prevê o desenvolvimento do projeto no futuro.

    Categorias Objetivos Específicos Questões Notas

    Legitimação da

    entrevista

    Informar o

    entrevistado sobre

    o contexto / âmbito

    de realização da

    entrevista e

    respetivos

    objetivos.

    Assegurar a

    confidencialidade

    do entrevistado.

    Pedir para Gravar a

    entrevista.

    Permite a gravação

    da entrevista?

    Conceção Inicial

    Diploma de

    Competências

    Interculturais

    Perceber a

    necessidade da

    criação do Diploma

    de Competências

    Interculturais

    Pode esclarecer as

    razões que estão

    associadas à

    criação do DCI?

    Saber se foi feito

    um diagnóstico

    inicial; quais os

    problemas

    identificados; saber

    Instituto de Educação da Universidade de Lisboa

    Data: 28/04/2015

  • se já foi

    experimentado

    noutros países;

    saber qual o

    panorama

    português (ao nível

    do racismo,

    interculturalidade,

    preconceito,

    religião,

    aprendizagem a

    distância)

    Penso que o ACM

    tem vindo a criar

    outras ferramentas

    de e.learning no

    seu trabalho de

    sensibilização e

    promoção da

    convivência e da

    interculturalidade.

    Que ligação faz

    entre outras

    experiências deste

    tipo e o que se

    pretende com o

    DCI?

    Como se articula

    este dispositivo

    com outras

    ferramentas de e-

    learning que têm

    vindo a ser

  • utilizadas pelo

    ACM, I.P.?

    Perceber qual a

    articulação do

    Diploma de

    Competências

    Interculturais com

    as políticas

    existentes

    Como se articula o

    DCI com as

    políticas públicas

    nacionais de

    promoção da

    cidadania e da

    interculturalidade?

    Como se articula o

    DCI com as

    políticas europeias

    nesta área?

    Conhecer as

    finalidades da

    criação do Diploma

    de Competências

    Interculturais

    Quais as grandes

    metas que se

    pretende alcançar

    com o DCI?

    Tentar saber se a

    definição de metas

    é dinâmica ou se se

    mantêm as metas

    traçadas

    inicialmente

    Conhecer os

    obstáculos

    previstos

    inicialmente em

    relação ao Diploma

    de Competências

    Interculturais

    Quais os

    obstáculos,

    dificuldades ou

    constrangimentos

    que se previram

    inicialmente

    previstos na

    concretização do

    DCI?

    Tentar reconhecer

    alguns

    constrangimentos a

    nível interno e

    externo

  • Como prevê que se

    possam vir a

    prevenir a superar?

    Desenvolvimento

    do processo de

    criação do Diploma

    de Competências

    Interculturais

    Compreender a

    leitura que faz do

    processo até ao

    presente

    Qual o motivo da

    escolha de um

    público-alvo entre

    os 13 e os 18 anos

    de idade?

    Porquê em moldes

    tecnológicos?

    Quais as temáticas

    iniciais pensadas

    para o DCI?

    Como vê a

    evolução das

    temáticas

    selecionadas, desde

    o que se pensou

    inicialmente?

    Como vê a

    evolução do

    conceito do DCI,

    desde a sua

    conceção inicial à

    realidade presente?

    Que parcerias se

    preveem

    fundamentais para

    a sua

    implementação?

    Porque não se

    optou por parceiros

    como escolas,

    agrupamentos ou

    associações

    culturais, etc?

    No seu ponto de

    vista como deve ser

    realizada a

    avaliação do DCI?

  • Perspetivas futuras

    da aplicação da

    plataforma

    Visão prospetiva

    das mais-valias e

    constrangimentos

    do DCI

    Quais considera

    serem as mais-

    valias da

    implementação do

    DCI?

    Quais considera

    serem os

    constrangimentos

    da implementação

    do DCI?

    Compreender o

    impacto do

    Diploma de

    Competências

    Interculturais

    Como vê o

    desenvolvimento

    futuro desta

    plataforma?

    Dar exemplos

    concretos. Se

    pensam alargar o

    público-alvo. Se

    pensam modificar

    as temáticas, o

    público-alvo, as

    parcerias...

    Como vê a difusão

    do DCI nos

    projetos

    pertencentes ao

    ACM?

    Quais? E externas?

    Que parcerias, para

    além das atuais,

    pensa serem

    relevantes para a

    continuidade deste

    projeto?

    Escolas

    Associações

    Culturais

    Associações

    Juvenis

    No seu ponto de

    vista, que impacto

    terá o DCI a nível

    nacional?

    Autoformação dos

    jovens; Recurso

    para uso nas

  • escolas e noutras

    organizações.

    Questões finais e

    agradecimentos

    Deseja acrescentar

    mais alguma

    questão que não

    tenha sido feita ao

    longo da

    entrevista?

    Agradecimentos

    Obrigado pela

    colaboração e pela

    disponibilidade.

  • Anexo II - Transcrição da Entrevista para Diagnóstico

    Entrevistador: Como primeira pergunta, relacionada com a conceção inicial do

    Diploma, eu perguntava quais é que são as razões que estão associadas a criação do DCI?

    Entrevistado: Bom… Ah… Eu creio que a competência intercultural é uma

    competência, acredito eu, que no século XXI vai ser tão importante como a competência

    de literacia básica: de ler, de escrever, de contar. Creio que são mesmo… Que será uma

    competência decisiva, quer para indivíduos, quer para cidades, quer para regiões, quer

    para países. Se nós de facto queremos posicionarmo-nos no século XXI, de acordo com

    aquilo que são os desafios que esses tempos já estão a trazer, basta vermos agora neste

    início de século, como de repente estamos todos a falar ou vez de diálogo religioso, que

    é uma coisa que nós achávamos que a dada altura (pelo menos na Europa) isto já não faria

    sentido; como de repente estamos a falar de questões urbanas, de conflitos entre

    comunidade, muitas vezes entre comunidades negras e a polícia. Vejam as notícias de

    hoje de Baltimore, não é? Vejam as notícias da Cova da Moura… Vejam… E eu creio

    que isto é tudo um… um sintoma de uma sociedade que não está ainda capacitada para

    se relacionar, até porque esta sociedade ainda não percebeu que se mudou drasticamente

    na sua composição cultural, étnica, demográfica, religiosa. E creio que continuamos a

    tentar resolver com ferramentas do século XX os desafios do século XXI. E porque é que

    o fazemos? Primeiro, porque é normal, há sempre resistência à mudança, a mudança é

    muito mais rápida do que a nossa própria capacidade em interpretar, não é?! E nós

    continuamos a achar que na Europa somos todos mais ou menos como nós, assim

    branquinhos, clarinhos, católicos, e não somos, não é?! Se nós formos ver, por exemplo,

    a realidade das nossas escolas públicas, hoje, em Portugal, nós já temos um número muito

    significativo de jovens… muitos até já são portugueses e essa até é outra categoria que as

    pessoas ainda não arrumaram, não?! Porque continuam a achar, ou veem um miúdo negro

    na televisão e é angolano ou é africano. E a questão é que não. Estas pessoas são novos

    cidadãos portugueses, como nós. Estes novos cidadãos trazem novas práticas culturais,

    novos desafios culturais, e nós temos que saber lidar com isto. Isto por um lado, um lado

    mais, se quiserem, pragmático, prático, do dia-a-dia. Depois acho que também esta ideia

    das competências interculturais é decisiva para cidades, regiões, mesmo países, porque

  • se nós formos olhar para aquilo que são as grandes tendências, os grandes padrões, para

    os próximos 20, 30, 50 anos, isto é quase como a deriva das placas tectónicas, não é?!

    Isto está tudo a mexer, o mundo está todo a mexer. E nuns casos vai fazer colidir placas

    que vão entrar em conflito, noutros casos, uns vão submergir (risos) e os outros vão

    ascender. Mas o mundo está nesta deriva, isto é incontornável. Quem não vê isto não está

    a ver o que é que são os próximos 20, 30, 40, 50 anos. E isto exige capacidade de

    chocarmos, colidirmos, de nos encontrarmos, de eventualmente nos transformarmos

    como país, por exemplo. E eu creio que Portugal aí tem uma oportunidade muito grande

    histórica, porque sempre tivemos esta nossa… quer dizer, nós já nos deslocamos há

    muitos séculos nesta deriva global, nós já nos posicionamos há muitos séculos, mas acho

    que é a altura de tornarmos isto uma caraterística nossa, um referencial nosso, criando,

    por exemplo, este diploma, para que cada vez mais, isto que toda a gente diz que os

    portugueses têm esta capacidade de se relacionar, de nos pormos o lugar do outro… diria

    que sim, é verdade, mas se pudermos tornar isso numa competência que, por exemplo,

    podemos passar a por no nosso currículo, não é?! Quando nos candidatamos a um posto

    de trabalho em Portugal, mas cada vez mais na Europa, no mundo. Isto vai ser cada vez

    mais valorizado! Por isso, eu acho que temos que preparar… temos que preparar o futuro,

    não é?! (risos) A frase não é minha, infelizmente, gostava que fosse (risos). E a melhor

    forma de o preparar é inventá-lo… isto é incontornável, daqui a cinquenta anos, estou

    convencido de que nas escolas do mundo inteiro haverá temas como este nos currículos.

    Nós estamos ainda só aqui a dar um passo prévio a esse caminho e a dizer “isto é muito

    importante, isto deve fazer parte da formação de qualquer cidadão”. Portanto, porque um

    diploma de competências interculturais? Porque acho que é tão importante como um

    diploma de competências básicas de TIC, ou como saber ler ou escrever. Qual é a

    probabilidade de nós, que ainda estamos aqui com esta idade, ou os nossos filhos e netos

    virem a trabalhar com pessoas do mundo inteiro? Elevadíssima, não é? Sejam asiáticos,

    sejam sul-americanos, sejam africanos, e portanto temos que nos preparar para isso.

    Entrevistador: Ainda relacionado com esta questão, eu perguntava se foi feito algum

    diagnóstico inicial?

    Entrevistado: O diagnóstico, eu diria que decorre dos muitos, muitos anos de trabalho

    do Alto Comissariado, não é? Nós fomos sentindo ao longo dos anos naquilo que

    começou por ser um gabinete ligado à interculturalidade, na altura o gabinete do

  • secretariado entreculturas, que começou em 1993, na altura com o engenheiro Roberto

    Carneiro, com quatro ou cinco pessoas a tentarem trazer este tema para a opinião pública,

    para as escolas, começando a trabalhar com um núcleo bastante reduzido de escolas mas

    que foi cada vez mais ganhando escala. Eu diria que o diagnóstico decorre, antes de mais,

    da evidência da prática, não é?! Não há propriamente um estudo que não seja empírico, o

    que nos tenha aqui influenciado. Mas, aquilo que nós sentimos é um pouco este… este

    sabor destes tempos, não é? Cada vez mais, todos os dias, nós, em casa, nos média, na

    rua, com os amigos, cada vez mais temos este desafio de nos relacionarmos com os outros

    e, portanto, o que achámos é que tinha que haver um referencial, tinha que haver, no

    fundo, um standard mínimo para que se aceite que aquela pessoa detém essas

    competências interculturais e que não há outra entidade pública melhor do que o Alto

    Comissariado para definir esse standard, aplica-lo e certifica-lo. Não é? Portanto,

    achamos que por agora… talvez um dia isto seja mainstream, seja no Ministério da

    Educação, mas achamos que por agora, nesta fase de tornar isto algo credível e aplicável,

    que faria sentido ser o ACM a pô-lo em prática. Também porque cada vez mais nos pedem

    este tipo de ferramentas, não é?! Cada vez mais os nossos projetos locais, as escolas, os

    projetos do Escolhas… cada vez mais as pessoas nos dizem: “Vocês deviam ter uma

    ferramenta que nos ajudasse a trabalhar este tema de uma forma estruturada”. Porque a

    verdade é que neste momento há muita gente a fazer muita coisa mas cada um faz por si,

    não é?! Não há propriamente um standard…

    Entrevistador: Uma organização?!

    Entrevistado: Exatamente! Um referencial é isso! É termos um referencial mínimo, “tem

    que cumprir isto e achamos que está apto a ter o mínimo de certificação”. Portanto, o

    diagnóstico eu diria que é muito este da…

    Entrevistador: E esses foram os problemas identificados?

    Entrevistado: Sim, eu diria que dos vários trabalhos que já foram feitos na casa… e há

    de facto já muito trabalho feito nesta área, nos últimos anos. Fomos sempre caminhando

    para esta ideia de um referencial. Por um lado estamos a fazer isso também com o

    Ministério da Educação, estamos a criar um referencial para o ensino básico e isso está a

    ser preparado com a DGE, Direção Geral de Educação, mas isso seria quase o currículo

  • que nós acharíamos que as escolas podem implementar. E depois queremos ter uma

    ferramenta de entrada, que é este diploma. É um diploma que eu diria de competências

    básicas interculturais, para que este tema entre também na agenda das instituições, das

    pessoas, e portanto, queremos muito que nesta ideia das literacias múltiplas… não é? Já

    dizia o Jaques Deloir, do livro Branco, há uns anos, que era o século das literacias

    múltiplas. Esta é mais uma das literacias múltiplas que nos parece muito importante.

    Entrevistador: Penso que o ACM tem vindo a criar outras ferramentas de e-learning no

    seu trabalho de sensibilização e promoção da convivência, da interculturalidade… que

    ligação fazem entre outras experiências deste tipo e o que se pretende com o DCI?

    Entrevistado: Ah… sim, o ACM, tem vindo cada vez mais a tentar ferramentas que

    sejam úteis para a sociedade portuguesa nestas matérias, que nos ajudem a continuar a ser

    um país tolerante. Mesmo em tempos de crise, vocês veem que os discursos públicos

    sobre a imigração, continuam a ser discursos sensatos… os próprios partidos políticos,

    mesmo os mais de extrema-esquerda ou direita, continuam a ter uma postura

    relativamente sensata. Não vemos, como vemos noutros países da Europa, manifestações

    contra a imigração, e tudo isto tem a ver com uma pedagogia que nós incutimos, não é?!

    Nós tentamos, no fundo, salvaguardar que esta pedagogia não desapareça da sociedade

    portuguesa. Porque aquilo que nós vamos demonstrando, e vocês certamente perceberam

    em Dezembro, lançámos um relatório de migração em números porque… Esse relatório

    é muito importante porque demonstra, aos portugueses em geral, às instituições também,

    que a imigração continua a ser uma grande oportunidade, porque se nós formos ver os

    dados da demografia, da economia, do trabalho, da segurança social, em todas essas áreas,

    os imigrantes têm um contributo líquido muito grande para o nosso país em todas essas

    áreas. E, portanto, o que nós tentamos passar é que não há que temer estas pessoas em

    Portugal. Depois, o que tentamos para além disso é que a gestão dessas pessoas que cá

    estão… uma coisa é estarem cá, outra coisa é a maneira como gerimos essa relação com

    essas pessoas… seja feita também de uma forma positiva. E aí, vocês conhecem, se calhar

    até melhor do que eu, todos os modelos que existem de gestão, de diversidade, e sabemos

    que há países mais amigáveis e países menos amigáveis. Há países que tentam fazer isso

    por via da assimilação, que quer dizer “sim senhor, os imigrantes são muito importantes,

    mas deixem lá os vossos valores, a vossa cultura e tornem-se como eu”; há outros que

    pura e simplesmente negligenciam isso e acham que “ok, isto acontece naturalmente, não

  • é?!”… a ideia do melting point… a ideia do “toma lá os ingredientes todos da salada que

    depois aquilo acaba por se diluir a longo prazo”; Há outros que dizem “não, basta que

    estejamos aqui acomodados uns aos outros, vocês no vosso lado e nós no nosso. Também

    não tem que haver aqui grande mistura, não é?!”. É um bocadinho a lógica do multiculti…

    cada um na sua… todos diferentes mas, portanto, cada um no seu canto. O que nós

    achamos é que há um modelo que é de gestão da interculturalidade. E a interculturalidade

    (às vezes parecem ser só palavras, só expressões e mais ou menos, algumas, até ficam

    contaminadas), para nós, interculturalidade é uma chave para ler tudo aquilo que nós

    fazemos nesta área das políticas de imigração. O que diz é “não, nós não podemos

    continuar cada um no seu lado. Sim, nós temos que nos contatar, trocar e transformar

    mutuamente”, e isto implica mutuamente o contacto entre as pessoas, trocas culturais,

    talvez uma nova cultura que surge da fusão de tudo isto. Há aqui uma lógica muito

    cosmopolita, muito contemporânea. Vejam como é que… Vocês gostam de música?

    Entrevistador: Sim!

    Entrevistado: Conhecem os Buraka Som Sistema?

    Entrevistador: Sim.

    Entrevistado: Os Buraka Som Sistema para mim simbolizam isso tudo, não é? Que é, de

    repente, temos uma coisa nova, híbrida. Uns tipos negros da Amadora, com uns tipos

    brancos da Buraca, com mais não sei quem e, de repente, temos uma fusão de música

    europeia mas com um toque africano. Isto para mim é o intercultural é isto. Isto não

    aconteceria se aquelas pessoas não se misturassem, não se contatassem. Se calhar uns

    continuavam a ouvir música eletrónica e os outros a dançar kuduro. Mas é desta troca,

    desta mistura… e de repente temos milhares de pessoas a seguir aquele grupo e temos

    milhares de pessoas que se aproximam pela música, não é? Eu acho que é uma prova

    simples e que é exatamente este o espírito, que é… não é uma cultura de perda, eu não

    tenho que perder nada do que tinha e de certeza que todos eles… Eu conheço-os

    pessoalmente, continuam a ser as pessoas que eram…

    Entrevistador: Então é um ganha-ganha!

  • Entrevistado: É um win-win! E é um win-win no fundo porque é uma cultura que motiva

    aquilo que nasceu. É quase um win-win, que depois ainda tem um win adicional que é

    aquilo que de novo nasceu dali. Se nós pensarmos, a música é uma boa forma de

    percebermos isso na prática. Se nós pensarmos no desporto, se nós pensarmos na cultura,

    se nós pensarmos em tantas áreas da nossa sociedade… eu acho que se conseguíssemos

    esta mistura, esta permuta, esta troca, que é completamente diferente de “cada um está no

    seu lado e somos felizes assim”. Estão a ver? E eu acho que o que nós queremos com este

    modelo e também com este diploma é logo desde muito pequeninos (e vamos tentar que

    cada vez mais, desde pequeninos, o diploma comece ainda mais cedo do que estamos

    agora a começar com o piloto), devemos começar desde o 1º ciclo, para que estes meninos

    percebam que ser diferente não é negativo, que ser diferente pode ser uma fonte de

    enriquecimento pessoal, social, “societal”, não é? E portanto, eu diria que há aqui uma

    lógica de transformação da sociedade. É o que nós queremos com estas medidas: é que

    desde muito pequeninos as crianças se habituem a olhar para outros meninos que serão

    diferentes como uma fonte de oportunidade, de riqueza, de diversidade.

    Entrevistador: Como se articula este dispositivo com outras ferramentas de e-learning

    que se têm vindo a desenvolver no ACM?

    Entrevistado: Bem, desde logo, nós quisemos fazer isto online para garantir a maior

    difusão possível. Não é? Nós queremos que qualquer pessoa diria, no mundo inteiro (até

    porque isto pode ser útil até para os portugueses que estão lá fora, mas no fundo para todo

    o território nacional) … Não é por acaso que optámos por uma plataforma de internet,

    que à partida ficará alojada no portal do ACM, precisamente para garantir a máxima

    cobertura possível e que, no fundo, o projeto possa crescer exponencialmente sem que os

    custos cresçam exponencialmente não é? Estão a ver se nós fizéssemos isto, por exemplo,

    a formadores, a pessoas que iriam dar formação, isto às tantas era insuportável em termos

    de custos incomportáveis. Achámos que este é o tempo da Web 2.0, das redes sociais, de

    partilhar com os amigos “olha que giro, fiz o teste, porque é que não fazes também e

    imprimes logo em casa e juntas ao teu currículo”. No fundo, quisemos fazer disto uma…

    eu diria, quase uma ferramenta open source, não é? O mais disseminado possível, e aí

    alinha-se completamente com todas as plataformas que nós estamos a fazer, porque eu

    diria que aqui na casa está a acontecer assim uma espécie de revolução digital. Não é? Eu

    estou a puxar a bolsa de formadores, vamos passar a ter módulos online, portanto, não

  • podíamos continuar a dar formação como em 1993 em que era preciso uma sala, um

    formador, formandos… Hoje em dia as pessoas aprendem em qualquer contexto.

    Entrevistador: Torna-se mais acessível e mais abrangente?

    Entrevistado: Se quiser ter um curso aqui de certeza que consegue não é? Cursos

    gratuitos, online, no telemóvel, e pode estar em qualquer lado a fazer o curso…

    Entrevistador: É muito mais prático…

    Entrevistado: E mais barato também!

    Entrevistador: Como se articula o DCI com as políticas públicas nacionais de promoção

    da cidadania e da interculturalidade?

    Entrevistado: O Diploma é uma das medidas que consta do Plano Estratégico para as

    Migrações porque nós achámos que deveria ter este peso político e, portanto, consta

    exatamente no próprio plano estratégico de uma decisão política, assinada por todos

    Ministros deste país, como sendo algo muito importante. E portanto, eu diria que se

    percebeu que, de facto, isto não é só para jovens, em pequena escala, isto é um desafio do

    país para o futuro. Portanto, aí estamos também bem alinhados.

    Entrevistador: E como se articula o DCI com as políticas europeias desta área?

    Entrevistado: Tudo o que são políticas europeias nesta área apontam para a importância

    de ferramentas deste género. Nós fazemos parte de uma rede, que é a rede Cirius, uma

    rede sobre migrações e educação. E na rede Sirius tem-se falado muitíssimo o criar

    referenciais, criar ferramentas de trabalho para os educadores, para os formadores, e

    portanto, eu diria que é uma peça… é mais uma, se quiserem, é mais um… um recurso

    que passamos a disponibilizar nesta área, para além de muitos outros que já temos ao

    longo dos anos também conseguido criar, este é mais um recurso importante para quem

    quiser trabalhar este tema, não é?

    Entrevistador: Quais as grandes metas que pretende alcançar com o DCI?

  • Entrevistado: É aquilo que falámos ao início de que as pessoas vejam esta ferramenta

    como vêm o saber usar a internet, o saber escrever… é conseguirmos provar que esta é

    uma competência efetivamente importante no século XXI. Não interessa só a imigrantes.

    Muitas vezes dizem o que dizem é “mas eu não tenho imigrantes aqui na minha vila”…

    mas das duas uma (risos): ou vai ter ou convive com eles em muitos outros espaços que

    não o espaço físico, onde mora ou, muitas vezes, as pessoas também se esquecem do

    passado que têm intercultural. Quer dizer, não é por acaso que nós temos esta tez morena.

    (risos). Isto há aqui heranças genéticas, há aqui… e enquanto não reconhecermos isso

    próprio, logo isso dentro de nós próprios, como é que vamos ser interculturais se não

    começarmos por reconhecer que os portugueses são…? Isto aqui é uma boa imagem

    (entrevistado pega numa peça de porcelana que estava em cima da mesa). Sabem o que é

    isto? Isto é o antigo Mosteiro de Saúde onde, hoje em dia, é a Assembleia da República.

    Antes de ser este mosteiro, isto era… Estão a ver onde é que estamos não é? Isto é ali em

    Santos, não é? Era o maior… era o mercado árabe maior de Lisboa onde existia, antes de

    ser construído o Mosteiro, por baixo, nos tempos de ocupação árabe. E foi completamente

    arrasado onde foi construído o Mosteiro, e depois, subsequentemente, a Assembleia. E

    nós, por exemplo, nessa área, o legado dos árabes em Portugal, e nós basicamente

    apagámos isso da nossa história. Não é? Essa parte que foram cinco séculos. São cinco

    séculos. Conta a história que quando foi construído o Mosteiro, varremos praticamente

    tudo o que eram os vestígios dos árabes para desaparecer de vez. E isto, enquanto não

    resolvermos estas coisas connosco próprios, não é? São cinco séculos, são 500 anos em

    que nós também temos que arrumar um bocadinho estas categorias para conseguirmos

    olhar para o futuro. Porque este legado árabe é enorme, gigantescos falamos muito da

    toponímia, das cidades, da irrigação… mas houve mais, houve casamentos mistos, houve

    muita gente que, hoje em dia, têm descendentes de algum mouro (risos) ou de um cigano.

    Eu tinha uma avó morena, de Sevilha, e os morenos em Sevilha 90% são ciganos. E eu

    tenho que me orgulhar disso, não tenho que esconder isso. E durante muito tempo nós,

    quando eramos diferentes, escondíamos. Vocês conhecem ali no Alentejo uma aldeia

    muito engraçada em que as senhoras e os senhores têm todos um traço africano muito

    grande… o nariz, o cabelo encaracolado… não conhecem essa? É ali numa zona ao pé

    dos arrozais, perto de Alcácer do sal. Agora não me lembro exatamente do nome da terra.

    E, durante séculos, aquelas senhoras e aqueles senhores tinham vergonha de sair à rua.

    Porquê? Porque por alguma razão histórica foram trazidos escravos de África para

  • trabalhar nos arrozais, porque eram muito mais resistentes à Malária, a doenças

    endémicas daquelas mortais, de problemas de mosquitos e, normalmente, como em tudo

    na vida, acabaram por se misturar com as senhoras locais, não é? O amor encarrega-se

    sempre destas coisas, não é? (risos) Não é só nos filmes, não é só no Samba (risos). E daí

    nasceram senhoras e senhores que eram mulatos, com traços muito africanos… e durante

    décadas, séculos, estas pessoas viveram escondidas do mundo. O próprio Estado Novo

    ocultou aquela história durante muito tempo. E nós, lá está, habituámo-nos a não viver

    bem com isto, a não viver bem com a diferença. E o que nós queremos é isto, é que as

    pessoas aprendam, não só a conviver bem com a sua diferença (porque ninguém se

    relaciona bem com os outros se não conviver bem consigo próprio) e que depois, daí,

    consigam perceber as vantagens, também competitivas, da diversidade. E reparem, não é

    por acaso que hoje em dia um dos administradores do Deutsche Bank, um dos maiores

    bancos do mundo, diz “eu no meu conselho de administração tenho um português, tenho

    um brasileiro, tenho um angolano, tenho…” porque se se pretende ser global no mercado

    da economia, eu tenho que ter há minha volta pessoas que reflitam esse mesmo território

    onde eu quero intervir. E portanto, às vezes podemos falar de forma mais romântica sobre

    estes temas e tudo isto é muito bonito e tudo isto nos faz sentir melhor, mas depois, do

    ponto de vista prático das entidades, do crescimento económico, destas coisas que nós

    falamos, a diversidade é absolutamente decisiva. Até porque é diferente eu ligar para

    Angola e deste lado ser angolano e falar com alguém de lá e começo logo por falar uma

    série de coisas que criam logo empatia, que criam logo um clima diferente, do que nem

    nos entendermos muito bem. As vezes é um bocadinho a interculturalidade neste sentido,

    percebermos que nos pode ajudar também, nomeadamente em Portugal, enquanto país, a

    posicionarmo-nos num mercado que, por exemplo, no âmbito da lusofonia, estamos a

    falar num mercado muito grande não é? Estamos a falar de mais de 300 milhões de

    pessoas, que é diferente de estarmos sempre a falar no nosso mercadozinho de 10 milhões.

    Eu diria que há muitas razões para isto.

    Entrevistador: Quais os obstáculos, dificuldades ou constrangimentos que se previram

    inicialmente previstos na concretização do DCI?

    Entrevistado: Um dos obstáculos e as pessoas acharem que isto não é importante, isto

    não é relevante... Ah isto está bem, isto é muito giro, mas apenas só há 3%, 3,7% de

    emigrantes em Portugal. Portanto 96,3% das pessoas não são emigrantes, isto é

  • importante. Isto é relevante e é quanto mais se pensamos que lá fora, Portugueses lá fora

    são mais que 4,5 milhões não é? Portanto esses Portugueses precisam de se preparar para

    viver num mundo global. E depois é aquilo que já falamos, interessa a toda a gente, eu

    não vejo a quem isto não posso interessar, hoje em dia, os emigrantes se fossem um país

    já eram o quinto mais país do mundo, a seguir à China, à India, ao Estados Unidos e à

    Indonésia, os emigrantes de todo o mundo se juntassem, são 230 milhões,

    aproximadamente, já seriam o quinto mais país do mundo. E esta a aumentar, a crescer

    de ano para ano, portanto é uma dinâmica irrevogável, incontornável, não há forma de

    isto não continuar a crescer nos próximos anos. Reparem hoje em dia e mais barato ir de

    avião de Lisboa a, sei lá, Londres, do que irmos de carro de Lisboa a Bragança. E isto

    muda a forma como nós vemos o mundo e portanto acho que é incontornável.

    Entrevistador: Como prevê que se possam vir a prevenir a superar essas dificuldades?

    Entrevistado: Dando um sentido sério a este diploma, demonstrando a sua relevância,

    demonstrando que de facto estas competências são muito importantes. Acho que é por ai,

    demonstrando que isto é útil não é? Hoje em dia, por exemplo, nas escolas, há tantas

    agendas que as pessoas querem trazer para dentro da escola não é? Cada vez mais, há

    entidades, o ACM, a igualdade de género, à uma serie de temas transversais que todas

    estas entidades querem por dentro da escola, de preferência dentro de uma disciplina e

    nós pensamos assim: Ok, não há tempo para tudo não é? (risos) os jovens coitados não

    é? Passariam sete dias por semana na escola. Portanto nós temos que tornar alguns temas

    transversais, eventualmente opcionais como este. Sendo transversais e opcionais as

    pessoas têm que querer, têm que ser útil. Os jovens têm de dizer: Ok eu quero perder meia

    hora da minha vida a fazer isto, porque é útil, isto é uma ferramenta útil. Assim como nós

    fazemos os cursos da Microsoft Online de literacia digital porque é útil, depois no

    currículo calha bem, eu querei-o é que o que eu gostava que no currículo isto calhasse

    bem, que as pessoas percebessem que de facto é uma mais-valia e claro depois já temos

    que começar não é?

    Entrevistador: Qual o motivo da escolha de um público-alvo entre os 13 e os 18 anos?

    Entrevistado: Porque são… Não são adolescentes, são “aborrecentes” (risos), não é?

    Muito facilmente dizem, “epá isto é aborrecido, isto é uma chatice, tenho tanta coisa mais

  • interessante para fazer, no Facebook e no Whatsapp e não sei que, e nós pensámos, ok,

    se conquistaremos estes, que são os que se aborrecem facilmente com isto,

    garantidamente os mais pequeninos alinham e os que estão acima, mais velhos também

    facilmente... Portanto, quisemos começar pelos mais difíceis de cativar, não é? Que são

    estes adolescentes. E eu acho que ai, tanto conquistado, demonstrando que isto é útil e

    funciona, temos depois condições para crescer para os mais velhos, jovens adultos,

    adultos e para baixo para os mais pequeninos, com quem muitas vezes e mais fácil criar,

    muitas vezes uma relação e explicar porque é que estas coisas são importantes, portanto

    quisemos começar ai pelos mais difíceis.

    Entrevistador: Eu perguntava porque em moldes tecnológicos, mas já respondeu.

    Entrevistado: Sim, sim. Mas barato, mas eficiente, mais interessante.

    Entrevistador: Quais as temáticas iniciais pensadas para o DCI?

    Entrevistado: Pensamos muito nesta questão do «Eu», quem é que eu sou, que camadas

    é que eu trago de diversidade, de diferença, acho que antes de mais pensamos em nós

    próprios, depois «Eu na relação com os outros», quem são os outros que estão à minha

    volta, como é que eu me posso relacionar com eles, como é que podemos ganhar nesta

    troca, nesta relação e depois talvez um nível que ainda esta mais por concretizar seria «Eu

    na globalização», neste mundo global, nesta… Eu no mundo, não é? E portanto eu diria

    que é esta ideia multinível, eu; eu e os outros; eu no mundo e no fundo darmos ferramentas

    práticas, nós quisemos que o diploma fosse prático, fosse dinâmico, didático, para que

    também seja divertido fazer uma coisa destas, isto não tem que ser uma coisa chata, na

    sala de aula não é? Faz-me sempre lembrar a professora do Charlie Brown (risos), vocês

    viam o Charlie Brown? Eles estavam sempre la na sala e ouvia-se “brobrobro brobrobro

    brobrobro” (risos). Nós temos de fazer as coisas para não ser a professora do Charlie

    Brown. Este tema também pode ser extramente aborrecido, não é? Podemos estar ali horas

    e horas.. Quisemos que fossem coisas irreverentes, mais dinâmicas e acho que estamos

    num bom caminho

    Entrevistador: Como vê a evolução do DCI, desde a sua conceção inicial à realidade

    presente?

  • Entrevistado: Está a andar, não é? Já estou curioso de ver. Já estou farto de pedir

    mostrem-me lá agora, ver para querer. O que me vão dizendo é, está em andamento, está

    a ser preparado não é? Confesso que ainda não vi o protótipo, porque acho que é… Isto

    tem de ser muito visualmente muito agradável, muito bem desenhado, com bom layout.

    Creio que isso conseguido rapidamente lançamos isto, não é? Em escala. Nós vamos

    começar por testas isto com os projetos do Escolhas não é? Por causa das redes dos

    centros de inclusão de inclusão digital e parece-me que ai é uma boa forma de testar isso.

    Mas depois queremos expandir para as escolas para… No fundo as escolas podem ser o

    maior cliente deste Diploma.

    Entrevistador: Eu passei esta pergunta à frente, vou questioná-la agora. Como vê a

    evolução das temáticas selecionadas desde o que se pensou inicialmente?

    Entrevistado: Ganharam ainda maior pertinência desde que pensamos nisto. Nós

    pensámos nisto, sensivelmente Julho do ano passado, quando temos montar uma coisa

    deste género. Eu diria, desde Julho do ano passado vejam os fenómenos que aconteceram!

    Estado Islâmico, Migrações no mediterrânico, conflitos urbanos no mundo inteiro,

    sobretudo nos Estados Unidos com conflitos de polícia e tal. Portanto, se nós já tínhamos

    a impressão que isto era urgente e era importante, agora ainda mais não é? Reparem que

    como é possível estes jovens que nasceram na Europa, muitos deles já franceses ou

    holandeses, belgas, portugueses, de repente estão disponíveis para deixar tudo e ir para a

    Síria e para o Iraque combateram por ideais que talvez tenham mil anos, não é? Querendo

    que o tempo volte atrás, por uma coisa que nós dizemos: Como é que é possível? Estes

    jovens cresceram na Europa, estudaram na Europa e de repente estão disponíveis para nos

    matar, não é? A nós que se calhar eramos os colegas deles, de escola, de… Portanto há

    aqui qualquer coisa, do ponto de vista da relação intercultural, inter-religiosa que não

    correu bem, não é? Porque estes jovens não vieram das montanhas da Síria e desceram

    para invadir a cidade, são pessoas que viviam em Paris, em Londres e portanto há aqui

    qualquer coisa que falhou não é? Do lado da… Pode ter corrido tudo bem com

    matemática, com a física, com a história, porque muitos deles são alunos do ensino

    superior. Mas do outro lado, da relação com os outros da sociedade que os acolheu, que

    é o país deles. Muitos deles são nacionais desses países, há aqui qualquer coisa que falhou.

    Bem sei que nesta idade dos “aborrecentes” também todos temos aquele sonho de ser

  • rebeldes por uma causa não é? Isto é muito apelativo não é? No meu tempo a malta… sei

    lá, ia roubar uns figos (risos), ficávamos todos contentes e achávamos que eramos uns

    grandes malucos. Hoje em dia não, quer dizer, podemos ir roubar uns figos ou então

    podemos alistar no estado islâmico e decapitar gente não é? E isso é típico da

    adolescência, esta irreverência, agora para além disso há aqui vidas falhadas, não é? Há

    aqui gente que se calhar procura aqui a família que não tem, gente que talvez procura o

    mérito e reconhecimento que não tem, o emprego que não consegue, não é? E que procura

    aqui vingar-se de supostamente não os terão acolhido, de forma mais correta não é?

    Permitimos que dentro da Europa existissem radicais islâmicos a mobilizar pessoas, o que

    me parece uma coisa estranha não é? Porque a dada altura era, ok estas ai no teu lado, eu

    nem quero saber, não me chateiam, eu estou no meu não é? E isto não é interculturalidade

    isto é acomodação das culturas, o multiculturalismo no seu pior. Portanto eu acho que se

    precisássemos de alguma prova que isto é muito importante, acho que, os últimos tempos

    nos têm trazido mostras disso. Sim?

    Entrevistador: Que parcerias se preveem fundamentais para a implementação do DCI?

    Entrevistado: Bom, desde logo os projetos locais do Escolhas, não é? Isso é muito

    importante, para garantir o teste da realidade. Depois pensamos que a escolas devem…

    eventualmente a própria Direção Geral da Educação, deveria qui ser chamada para

    garantir que isto é escalado, que isto passa a ser uma ferramenta ainda de maior alcance

    eu diria que depois quaisquer outras entidades que queiram implementar. A vantagem

    deste modelo estar online, gratuito, sem quaisquer requisitos, que não seja as pessoas

    quererem, qualquer pessoa a partir dai pode aplicar e usar o diploma.

    Entrevistador: No seu ponto de vista, como deve ser realizada a avaliação do DCI?

    Entrevistado: Epá, ainda não tinha chegado ai (risos), eu acho que isto de ser uma

    ferramenta para o utilizador de muito fácil avaliação, portanto, eu tenho um sistema que

    é aquilo que vocês estão a desenvolver, de autoavaliação que me sinaliza consoante eu

    estou a conseguir ou não cumprir os objetivos e que no final me permite imprimir o meu

    próprio certificado e assegurar que a coisa foi cumprida do outro lado, depois penso que

    devemos criar um sistema que nos permita monitorizar, por um lado, perceber quem é

    que está a preencher, quem é que está a ser certificado, porque é que as pessoas

  • eventualmente não estão a preencher, não estão a ser certificadas, onde é que estão os

    bloqueios, não é? Porque eventualmente pode haver uma questão mal formulada, nós

    depois temos de ter aqui um modelo que nos permita monitorizar os dados dos

    aplicadores, dos utilizadores finais. Depois a nível da avaliação de impacto, eu acho que

    temos de ter aqui um sistema, eventualmente até encomendar externamente uma entidade

    que nos demonstre que a utilidade ou não desta ferramenta, a sua eficiência, no fundo

    aqueles critérios clássicos da avaliação externa não é? Pertinência, a Eficácia, a

    Eficiência, a Adequabilidade, eu creio que ai, nestas coisas é sempre importante bom ter

    muitas vezes uma voz externa não é? Alguém que olhe para isto desprendido de interesse

    de… Porque para mim, eu estarei sempre a olhar para isto com algum carinho. Porque é

    uma ideia que achamos que era importante ter e esta a ser implementada e as vezes é bom

    vir alguém de fora, nos dar um pouco de luz sobre estes temas

    Entrevistador: Quais considera serem as mais-valias da implementação do DCI?

    Entrevistado: Ainda não consigo responder porque ainda não implementamos, não é?

    Eu posso achar que isto implementado, vai efetivamente contribuir para…

    Entrevistador: Numa perspetiva futura?

    Entrevistado: (o entrevistado pausa durante uns segundos) Um país mais tolerante, em

    que as pessoas percebam que a diferença, aquilo que nos une e muito mais do que as

    pequeninas diferenças que vemos e acho que isso é uma mensagem muito importante para

    agora e para o futuro e um país que continue a reconhecer que nomeadamente na área da

    imigração que há uma grande oportunidade, portanto que, continue a ser um país em que

    o racismo, eu diria, tenho um numero relativamente reduzido de incidência e basta

    atravessarmos a fronteira e vermos como nos outros países o racismo cresce

    exponencialmente, eu acho que aqui, continuamos a ser ainda assim relativamente

    tolerante, ainda que obviamente há incidente pontuais, há coisas… mas isso não há

    nenhum país no mundo que… não existe. Eu creio que é isso, continuarmos a fazer a tal

    pedagogia, eu acho que um dos grandes objetivos é que este instrumento continue a servir

    para fazer a tal pedagogia e sobretudo preparar as novas gerações para que essa pedagogia

    se mantenha, porque vocês vem como a história se repete, não é? Estamos a assistir agora

    com a crise, com os partidos de extrema-direita a crescerem, com estes líderes populistas,

  • se nós recuarmos 50 anos atrás na história da Europa, vemos exatamente a mesma coisa,

    os mesmos descuros, o desemprego, a culpa nos emigrantes e depois surge um líder

    qualquer que acha que resolve isto tudo, e vai tudo atras, derrapante temos ditaduras,

    temos guerras, não é? Portanto, eu acho que nós temos de perceber isto sempre, porque

    nós daqui a 50 anos, não estaremos... Eu possivelmente não estarei cá, vocês são mais

    novinhos. E quem ficar tem de continuar a fazer esta pedagogia, nada melhor de que

    começar pelas crianças, por aqueles que nós não podemos perder, de vista, que esta

    menagem tem que continuar.

    Entrevistador: Quais considera serem os constrangimentos da implementação do DCI?

    Entrevistado: Ahh… É a questão das pessoas acharem que isto é irrelevante, que não é

    um tema importante, é uma coisa para minorias, não tem espaço… não ter conquistado

    ainda o seu espaço na agenda, na agenda… Hoje em dia temos tanta coisa para fazer

    online não é? Se entre ir ao email, ir ao Facebook, se as pessoas reconhecem que é

    importante ter essa meia hora para fazer isto, mas eu acredito que sim.

    Entrevistador: Como vê o desenvolvimento futuro desta plataforma? Por exemplo, se

    alagar o público-alvo, modificar as temáticas…

    Entrevistado: Alargar o público-alvo, para cima e para baixo, mais jovens e mais velhos

    e eventualmente começarmos a ter módulos complementares, se quisermos saber mais

    sobre uma determinada área, eu tenho aqui um conjunto de módulos, um bocadinho na

    logica dos cursos que falávamos, da Eudime, não é? Ter no fundo pequenos cursos

    adicionais, gratuitos online, para que eu possa saber mais, se eu quiser saber muito sobre

    dialogo inter-religioso, por exemplo não é? Tenho ali um módulo sobre diálogo inter-

    religioso, ou se eu quiser saber muito sobre… sei lá, história da diversidade, no fundo

    começarmos a ter aqui pacotes adicionais de formação gratuita para as pessoas.

    Entrevistador: Como vê a difusão do DCI nos projetos pertencentes ao ACM?

    Entrevistado: Essa está garantida, não é? Quer dizer eu ai não ponho hipótese de isto

    não acontecer, seja nos CLAI’S, seja nos projetos do ESCOLHAS, por ai não vejo… A

    questão é que ai vamos estar a converter os já convertidos, não é? Portanto por ai…

  • Entrevistador interrompe e pergunta: E externos?

    Entrevistado: Externos? Ahhh… Externos vamos ver, vamos primeiro testar

    internamente garantir que isto funciona, garantir que isto corre bem, que é interessante,

    que é relevante e depois escalar.

    Entrevistador: Que parcerias, para além das atuais, pensa serem relevantes para a

    continuidade do projeto? Aqui falamos por exemplo de Escolas, associações culturais

    Entrevistado: Acho que já respondi não é? Já falei um bocadinho da Direção Geral da

    Educação, claramente é muito importante, associações juvenis, associações de

    emigrantes, culturais. Depois é uma questão de alargar o leque.

    Entrevistador: Ainda numa perspetiva futura, no seu ponto de vista que impacto terá o

    DCI a nível nacional?

    Entrevistado: Acho que já respondi também, espero ter… para a autoformação… Para a

    autoformação, a nível pessoal, creio que também já…

    Entrevistador: será um recurso para usar nas escolas, ou noutras organizações?

    Entrevistado: Sim, sim.

    Entrevistador: Deseja acrescentar mais alguma questão que não tenha sido feita ao longo

    da entrevista?

    Entrevistado: Não, só agradecer-vos também, o estágio que têm feito, o trabalho que tem

    feito, muito empenhados e acho que isso merece sempre um agradecimento, não é?

    Esquecemo-nos de nos cumprimentar, andamos tão atarefados aqui, quase que não nos

    vemos, mas dizer que estou muito contente com o vosso trabalho e agora muito curioso

    de ver o que ai vem. Agora criou-me aqui uma expetativa, que isto vai ser grande, um

    grande recurso, e eu espero que sim. Portanto sim. Quando é que contam ter a primeira

    versão?

  • Entrevistador: Nós preferíamos que estivesse tudo pronto no final de Maio. Que é

    quando acabam também os nossos estágios

    Entrevistado: Mas depois se quisermos corrigir alguma coisa já não estão cá não é?

    Entrevistador: Não, mas… Ou seja, nós preferencialmente temos de ter para entrar na

    nossa tese e tudo mais. Mas o que falamos com a Cristina foi, já pode não entrar dentro

    da nossa tese, mas nós podemos continuar a… Sim, pelo menos a tentar perceber o que é

    que é que esta ali de mal e o que se pode melhorar. Sim, já não entra e no nosso… Porque

    depois temos que entregar. Este e o mês mais… Parece que falta pouco mas vai ser o mês

    mais trabalhoso.

    Entrevistado: Mas já têm uma plataforma? Já têm testes? Como é que está?

    Entrevistador: Amanha acabamos as atividades, fica tudo pronto. O Entrevistado

    interrompe e diz, agora é começar a programar. Sim, agora e esperar pela empresa, pela

    resposta. O Entrevistado volta a interromper e pergunta: Quem é? É a global estratégias

    Entrevistado: Ok, tem de ser uma coisa visualmente muito atrativa

    Entrevistador: Nós ate amanha fazemos a nossa parte que é a da criação do… das

    atividades e depois é a parte…

    Entrevistado: Vocês fizeram algum benchmarking internacional? Descobriram algumas

    coisas conhecidas como isto?

    Entrevistador: Estivemos a pesquisar algumas atividades, alguns jogos, para não fazer

    uma cópia exata… O Entrevistado interrompe e pergunta: Certo, mas ao nível do

    Diploma de Competências Interculturais? A nível de diplomas eu não vi nada, eles fazem,

    nós vimos, (o assistente do entrevistador fala diretamente para o entrevistador e diz)

    Aquele da violência! Nós, vamos fazer uma coisa mais global e eu acho que os jogos que

    existem são muito focados num tema, mais especifico, violência, racismo..

  • Entrevistado: Pois, pois… Boa.

    Entrevistador: Isso é o que há mais…

    Entrevistado: Agora, isso tem de ter um lado muito interativo, muito visual, muito

    aliciante. Não meter lá uns bonequinhos toscos (risos).

    Entrevistador: nós já preparamos várias atividades, rápidas e dinâmicas, agora é esperar

    pela resposta da empresa, para saber se aquelas atividades podem ser naquele modelo.

    Entrevistado: Boa, boa, excelente!

    Entrevistador: Então, agradecemos a sua colaboração e a disponibilidade

    Entrevistado: Ora essa, estamos cá para isso. Está bem? Bom trabalho, vamos falando.

  • Anexo III - Grelha de Análise da Entrevista para Diagnóstico

    Categorias Subcategorias Indicadores Unidades de registo

    Razões

    associada à

    conceção

    inicial do

    DCI

    Razão de criação

    do DCI

    Competência

    Intercultural

    vista como uma

    competência e

    decisiva

    importante

    “ (…) a competência

    intercultural(…)acredito eu,

    que no século XXI vai ser tão

    importante como a

    competência de literacia básica

    (…)”

    “ (…) Que será uma

    competência decisiva, quer

    para indivíduos, quer para

    cidades, quer para regiões, quer

    para países.”

    “Porque acho que é tão

    importante como um diploma

    de competências básicas de

    TIC (…)”

    Adequada aos

    desafios e

    necessidades

    atuais

    “ (…) Se nós de facto queremos

    posicionarmo-nos no século

    XXI, de acordo com aquilo que

    são os desafios que esses

    tempos já estão a trazer basta

    vermos agora neste início de

    século, (…) como de repente

    estamos a falar de questões

    urbanas, de conflitos entre

    comunidade (…)

    “Depois acho que também esta

    ideia das competências

    interculturais é decisiva para

    cidades, regiões, mesmo países

    (…), o mundo está todo a

    mexer.”

  • Instrumento

    mobilizador de

    mudança

    “E creio que continuamos a

    tentar resolver com

    ferramentas do século XX os

    desafios do século XXI”

    “ (…) eu diria que há aqui uma

    lógica de transformação da

    sociedade. É o que nós

    queremos com estas medidas: é

    que desde muito pequeninos as

    crianças se habituem a olhar

    para outros meninos que serão

    diferentes (…) ”

    Valorização do

    DCI no

    currículo

    “ (…) mas se pudermos tornar

    isso numa competência que,

    por exemplo, podemos passar a

    por no nosso currículo (…)Isto

    vai ser cada vez mais

    valorizado (…)”

    “ (…) porque é útil, depois no

    currículo calha bem (…)de

    facto é uma mais-valia (…)”

    Está incluído no

    Plano

    Estratégico para

    as Migrações

    (PEM)

    “O Diploma é uma das medidas

    que consta do Plano

    Estratégico para as Migrações

    (…) ”

    Diagnóstico

    Inicial

    É realizado ao

    longo do tempo

    “: O diagnóstico, eu diria que

    decorre dos muitos, muitos

    anos de trabalho do Alto

    Comissariado, não é?”

    Evidência

    prática

    “Eu diria que o diagnóstico

    decorre, antes de mais, da

    evidência da prática, não é?!

  • Não há propriamente um

    estudo que não seja empírico

    (…)”

    Desafios do dia-

    a-dia

    “ Cada vez mais, todos os dias,

    nós, em casa, nos media, na

    rua, com os amigos, cada vez

    mais temos este desafio de nos

    relacionarmos com os outros

    (…)”

    Transformação

    da sociedade

    “ (…) eu diria que há aqui

    uma lógica de

    transformação da

    sociedade. É o que nós

    queremos com estas

    medidas (…) “

    Necessidades

    locais

    /institucionais

    “ (…) os nossos projetos locais,

    as escolas, os projetos do

    Escolhas… cada vez mais as

    pessoas nos dizem: “Vocês

    deviam ter uma ferramenta que

    nos ajudasse a trabalhar este

    tema (…) ”

    “ E depois queremos ter uma

    ferramenta de entrada, que é

    este diploma. (…), para que

    este tema entre também na

    agenda das instituições, das

    pessoas (…)”

    Obstáculos,

    dificuldades e

    constrangimentos

    previstos

    Desinteresse

    pelo tema

    “ (…) as pessoas acharem que

    isto não é importante, isto não

    é relevante (…)”

  • Razão da escolha

    do Público-Alvo

    São a faixa

    etária que mais

    se desinteressa

    “ (…) Não são adolescentes,

    são “aborrecentes” (…) Muito

    facilmente dizem, “epá isto é

    aborrecido, isto é uma chatice

    (…) ”

    “ Portanto, quisemos começar

    pelos mais difíceis de cativar

    (…) “

    Cativar outas

    faixa-etárias

    “ (…) se conquistaremos estes,

    que são os que se aborrecem

    facilmente com isto,

    garantidamente os mais

    pequeninos alinham e os que

    estão acima, mais velhos

    também (…) ”

    Temáticas

    pensadas

    inicialmente

    Diversidade e

    Diferença

    “Pensamos muito nesta questão

    do «Eu», quem é que eu sou,

    que camadas é que eu trago de

    diversidade, de diferença (…) “

    Relação com os

    outros

    “ (…) «Eu na relação com os

    outros», quem são os outros

    que estão à minha volta, como

    é que eu me posso relacionar

    com eles (…) ”

    «Eu na

    globalização»

    “ (…) seria «Eu na

    globalização», neste mundo

    global, nesta… Eu no mundo,

    não é? (…) “

    Parcerias

    fundamentais

    Programa

    Escolhas

    “Bom, desde logo os projetos

    locais do Escolhas (…) ”

  • Escolas “Depois pensamos que a

    escolas devem… (…) ”

    Direção

    Regional da

    Educação

    “ (…) eventualmente a própria

    Direção Geral da Educação,

    deveria qui ser chamada para

    garantir que isto é escalado

    (…) “

    Avaliação do DCI

    Autoavaliação

    “ (…) eu tenho um sistema que

    é aquilo que vocês estão a

    desenvolver, de autoavaliação

    que me sinaliza consoante eu

    estou a conseguir ou não

    cumprir os objetivos (…) “

    Monitorizada

    “ (…) depois penso que

    devemos criar um sistema que

    nos permita monitorizar, por

    um lado, perceber quem é que

    está a preencher, quem é que

    está a ser certificado (…) “

    Externa

    “ Depois a nível da avaliação

    de impacto, (…) encomendar

    externamente uma entidade

    que nos demonstre que a

    utilidade ou não desta

    ferramenta (…) ”

    O DCI

    como

    ferramenta

    digital

    Promoção de

    valores Tolerância

    “ (…) o ACM, tem vindo cada

    vez mais a tentar ferramentas

    (…) , que nos ajudem a

    continuar a ser um país

    tolerante. “

    Motivação pela

    opção tomada Maior difusão

    “ (…) garantir a maior difusão

    possível. Não é? Nós queremos

  • que qualquer pessoa, diria, no

    mundo inteiro (…) ”

    Menores custos

    “ (…) o projeto possa crescer

    exponencialmente sem que os

    custos cresçam

    exponencialmente (…) “

    Ser open source

    “ (…) No fundo, quisemos

    fazer disto uma… eu diria,

    quase uma ferramenta open

    source, não é? O mais

    disseminada possível (…) “

    Perspetivas

    futuras da

    aplicação

    do DCI

    Metas a alcançar

    Valorização por

    parte das

    pessoas

    “ (…) que as pessoas vejam

    esta ferramenta como veem o

    saber usar a internet, o saber

    escrever (…) “

    “Sendo transversais opcionais

    as pessoas têm que querer, têm

    que ser útil. Os jovens têm de

    dizer: Ok eu quero perder meia

    hora da minha vida a fazer isto

    (…)”

    “ (…) provar que esta é uma

    competência efetivamente

    importante no século XXI

    (…)”

    Recolhimento

    da diversidade

    “ (…) o que nós queremos é

    isto, é que as pessoas

    aprendam, não só a conviver

    bem com a sua diferença (…)

    perceber as vantagens, (…)

    competitivas, da diversidade. “

  • Alargar o

    público-alvo

    “ (…) com este modelo e

    também com este diploma é

    logo desde muito pequeninos

    (e vamos tentar que cada vez

    mais, desde pequeninos, o

    diploma comece ainda mais

    cedo (…) devemos começar

    desde o 1º ciclo (…)“

    “ Alargar o público-alvo, para

    cima e para baixo, mais jovens

    e mais velhos (…) ”

    Inserção de

    outros módulos

    “ (…) e eventualmente

    começarmos a ter módulos

    complementares (…)”

    Mais-valias Pais mais

    tolerante

    “ (…) Um país mais tolerante,

    em que as pessoas percebam

    que a diferença, aquilo que nos

    une e muito mais do que as

    pequeninas diferenças que

    vemos (…) ”

    Constrangimentos Falta de

    interesse

    “ (…) É a questão das pessoas

    acharem que isto é irrelevante,

    que não é um tema importante,

    é uma coisa para minorias (…)

  • Anexo IV - Tabela de identificação da amostra

    Data Local Prática Jovem Informações

    Sexo Idade Habilitações

    8 de Junho

    de 2015

    Projeto Escolhas:

    Intendarte Questionário

    A 14 M -----------------

    B 16 M 9

    C 14 M 6

    9 de Junho

    de 2015

    Projeto Escolhas:

    + Skills Questionário

    D 16 M Curso

    Vocacional

    E 18 F 9

    F 15 M 8

    G 14 M 8

    H 15 M 9

    I 15 F 8

    J 16 M 8

    12 de Junho

    de 2015

    Centro de Estudos

    100 Limites Questionário

    K 16 F 11

    L 14 M 9

    M 17 F 12

    N 18 M 12

    O 16 M 10

    17 de Junho

    de 2015

    P 16 F 10

    Q 15 M 6

    R 17 M 7

    S 13 M 6

    T 15 F 9

    15 de Junho Projeto Escolhas:

    Eu amo SAC

    Questionário

    Focus Group

    U 13 M 12

    V 14 M 8

    X 13 M 9

    W 15 F 9

    Y 17 M 11

  • Anexo V - Questionário para a Amostra

  • Anexo VI - Guião do Focus Group

    Objetivos Questão Notas

    Compreender as

    potencialidades que os

    Ambientes Virtuais de

    Aprendizagem podem

    proporcionar aos seus

    utilizadores

    Como sentiram esta

    experiência de utilizar esta

    plataforma?

    Perceber se gostaram das

    atividades, perceber o

    que acharam da

    organização da

    plataforma e se foi fácil

    navegar na mesma.

    Que importância atribuem

    a utilização de plataformas

    como esta?

    Perspetivar mudança de

    opinião após utilização

    da plataforma.

    Analisar o papel das

    tecnologias na facilitação

    de processos de

    aprendizagem

    A utilização da plataforma

    mudou a vossa opinião em

    relação à utilização das

    Tecnologias para a

    aprendizagem? Porquê?

    Conhecer opinião em

    relação à utilização das

    tecnologias, após

    contacto com a

    plataforma.

    Avaliar a adequação do

    DCI

    Acham que a plataforma

    esta adequada à

    aprendizagem de temas

    interculturais?

    O que acham que se deve

    alterar ou melhorar na

    plataforma?

    Incluir mais recursos,

    mais atividade, mais

    temas, melhor

    organização.

  • Anexo VII - Transcrição do Focus Group

    Moderador: Cada vez que faço uma pergunta, vocês respondem, um de cada vez. Agora

    a primeira pergunta começamos por ali as respostas, mas vamos mudando! Sempre que

    apontar para um de vocês, depois continua assim.

    Moderador: Então, primeiro peço que me digam a idade, a escolaridade e a ocupação,

    se tiverem.

    1Jovem 1: Tenho 13 aos, sou estudante e estou no 6º ano.

    Jovem 2: Tenho 17, e ando no 12º ano.

    Jovem 3: Tenho 13 anos e ando no 6º ano.

    Jovem 4: 14 anos, ando no 7º ano.

    Jovem 5: Ando no 9º ano, tenho 15 anos e sou estudante.

    Moderador: Vou agora fazer algumas perguntas sobre a plataforma que utilizaram.

    Jovem 4: Tive 0 naquela atividade, não sei nada (risos).

    Moderador: São perguntas fáceis, são só sobre a plataforma que estiveram a fazer.

    Moderador: Então começamos por ti, (apontando para a Jovem 5). Pergunto, como é que

    sentiste a experiência de utilizar esta plataforma?

    Jovem 5: Bem…

    Moderador: Gostaste das atividades?

    Jovem 5: Sim.

    Moderador: Achaste que foi fácil?

    1 O número de cada jovem corresponde ao atribuído na tabela de identificação do Focus Group

  • Jovem 5: Algumas.

    Moderador: E quais achaste mais fáceis?

    Jovem 5: A das imagens…

    Jovem 4: Quais imagens?

    Moderador: A da banda desenha? Sim?

    Moderador: E agora tu, (apontando para o jovem 3), o como te sentiste?

    Jovem 3: Bem, achei fácil.

    Moderador: Achaste fácil as atividades?

    Jovem 3: Sim, só o último módulo é que não.

    Moderador: Era mais complicado?

    Jovem 3: Era.

    Moderador: E agora tu, (apontando para o jovem 1), o que achaste…?

    Jovem 1: Aprendi algumas coisas!

    Moderador: E o que achaste mais fácil?

    Jovem 1: Foi a primeira palavra cruzada.

    Moderador: E mais difícil?

    Jovem 1: Foi aquela dos artigos…

  • Moderador: E os recursos, o que acharam? Os que exploraram...

    Jovem 1: Bons, têm muita informação e ajudam.

    Jovem 2: Sim também acho.

    Jovem 5: Sim.

    Moderador: Agora tu (apontando para o jovem 4), o que achaste da plataforma?

    Jovem 4: Senti-me inculto! (todos os participante riem)

    Moderador: Foi? Porquê?

    Jovem 4: Não sabia nada! (risos) 0%

    Moderador: Então e se fizesses agora outra vez?

    Jovem 4: Não!

    Moderador: Então Não aprendeste?

    Jovem 4: Sim.

    Moderador: Eu acho que vocês foram aprendendo algumas coisinhas!

    Jovem 1: Sim.

    Moderador: Então vamos passar à próxima pergunta… Começas tu! (apontando para o

    jovem 1) Qual a importância que atribuem à utilização de plataforma como esta? Achas

    que são importantes?

    Jovem 1: São

  • Moderador: Porquê?

    Jovem 1: Porque ensinam as coisas às pessoas?

    Moderador: E achas que era igual se fosse em papel?

    Jovem 3: Era mais difícil.

    Jovem 4: Não!

    Jovem 1: Porque é tecnologias.

    Jovem 3: «Ya!» Porque tínhamos de estar ali a escrever.

    Moderador: Então é mais fácil?

    Jovem 4: Oh, tinhas que escrever a mesma no teclado.

    Jovem 3: Não era muito! Não era muito. Não era estar a escrever a mão. Podia estar

    sempre a clicar no rato.

    Moderador: Vocês gostam mais de escrever no teclado?

    Jovem 1, 3: Sim.

    Moderador: Então acham importantes estas plataformas.

    Jovem 1, 3 e 4: Sim.

    Jovem 3: É de mais fácil acesso e de distribuição de informação.

    Jovem 2: Eu acho que é uma forma de aprender, mas jogando, acho que é mais fácil e

    didática.

  • Jovem 1: E a procura de informação.

    Jovem 2: Também é mais portátil, uma pessoa pode ir ao telemóvel, vai procurar a

    aplicação ou vai ao site e… aprende.

    Moderador: Então agora podes ser tu!

    Jovem 3: Então era assim (apontado para o colega)! Era assim nesta ordem (risos).

    Moderador: É quem eu escolher (risos).

    Moderador: A utilização da plataforma mudou a vossa opinião em relação às tecnologias

    de aprendizagem?

    Jovem 3: Sim.

    Moderador: Porquê?

    Jovem 3: Porque nem sempre é Facebook, também dá para aprender.

    Moderador: Muito bem!

    Jovem 2: Eu, na minha opinião, a mim não mudou muito, porque já estou habituado a

    aceder a plataformas parecidas, para outro tipo de temas e hoje em dia as plataformas têm

    jogos didáticos e isso tudo que é para as pessoas não se cansarem muito.

    Moderador: Muito bem!

    Moderador: E agora tu, (apontando para o jovem 1), mudou alguma coisa?

    Jovem 1: Não…

    Moderador: Para que é que serviam antes, para ti?

  • Jovem 1: Eram normal.

    Moderador: Normal como? Usavas para que?

    Jovem 3: O que é que é normal? (olhando para o jovem 5)

    Jovem 1: Era normal sou mudou algumas coisas.

    Jovem 3: Era normal, então aprendes no face ?

    Jovem 1: Não.

    Moderador: Então achas que estas plataformas são importantes? Ou não?

    Jovem 1: Sim.

    Moderador: E tu? (apontando para o jovem 4).

    Jovem 4: Qual é que é a pergunta?

    Moderador: A utilização da plataforma mudou a vossa opinião em relação às tecnologias

    de aprendizagem?

    Jovem 4: Não.

    Moderador: Não? Porquê?

    Jovem 4: Porque aqui no Eu Amo SAC temos ensino orientado.

    Moderador: Diz? Não percebi.

    Jovem 4: Ensino orientado! Dão-nos uma folha e um nome de uma coisa e nós temos que

    ir pesquisar.

  • Moderador: Então já utilizavam as tecnologias antes.

    Jovem 1: Já.

    Moderador: Então e tu? (apontando para o jovem 5).

    Jovem 5: A mesma coisa.

    Moderador: Já estavam habituados é isso?

    Jovem 1: Grande resposta (olhando para a jovem 5).

    Jovem 4: Nós aqui a desenvolver e ela…

    Moderador: Ok, então agora começas tu (apontando para o jovem 4) Acham que a

    plataforma está adequada para aprendizagens de temas interculturais.

    Jovem 4: Está!

    Moderador: Porquê?

    Jovem 4: Porque fala do racismo, de religiões.

    Jovem 1: De igualdade.

    Jovem 3: Dos direitos.

    Jovem 1: Acho que está mais bem organizada, útil.

    Moderador: Mais?

    Jovem 2: Até mesmo para qualquer tipo de trabalhos, se alguém precisar de ter um

    trabalho sobre a interculturalidade e isso tudo pode aceder à plataforma, porque para além

    de estar tudo resumido, sempre consegue aprender ao mesmo tempo que faz o trabalho.

  • Jovem 4: Fala de xenofobia.

    Moderador: Agora já sabes o que é que é ou não?

    Jovem 4: É quando eu sou contra…Emigrantes.

    Moderador: Exatamente.

    Moderador: E tu, (apontando para o jovem 5) achas que a plataforma está adequada a

    estes temas?

    Jovem 5: Mais ou menos, sei lá.

    Moderador: Mais ou menos? Então porquê?

    Jovem 5: Não sei. (risos)

    Moderador: Ok… Então vou passar à última pergunta, de uma forma geral, o que é que

    acham que se deve alterar ou melhorar na plataforma?

    Jovem 3: Nada.

    Jovem 1: Algumas perguntas e abordar mais temas.

    Jovem 2: Sei lá, outro tipo de atividades.

    Moderador: Organização não se mudava nada?

    Jovem 3: Não.

    Jovem 2: Acho que não, está acessível, hoje em dia toda a gente consegue ir a net e

    realizar as atividades.

  • Jovem 3: Tipo para as pessoas que não conseguem ler.

    Moderador: Aumentar um bocado o…

    Jovem 1: Sim a banda desenhada não se via nada.

    Jovem 3: Não, não é isso. As pessoas que não conseguem ler. Eu tenho um primo que

    não consegue ler nem escrever. Tipo meter alguém a falar.

    Moderador: Ok.. Então e acham que se devia incluir mais recursos, como por exemplo

    documentos, vídeos ou imagens?

    Jovem 1: Sim.

    Jovem 2: Notícias.

    Moderador: E sobre que temas?

    Jovem 4: Sobre os mesmos.

    Jovem 3: Bullying.

    Jovem 1: Podia haver mais alguma coisa.

    Jovem 3: Exato.

    Moderador: Como por exemplo?

    Jovem 1: Segurança.

    Jovem 3: Segurança e Higiene e saúde.

    Jovem 1: Isso.

  • Moderador: Ok e em relação ao tema da interculturalidade que temas e que acham que

    se devia incluir mais? Para além destes.

    Jovem 1: Eu acho que está bom assim.

    Jovem 3: Sexualidade.

    Moderador: Sexualidade? Não se fala muito pois não?

    Jovem 3: Não, têm vergonha.

    Moderador: Exato. E vocês gostavam de saber mais sobre isso?

    Jovem 1: Já sei tudo! (Todos riem-se) Eu dei em Ciências.

    Moderador: Mas acham que é pouco?

    Jovem 3 e 4: Sim.

    Moderador: Então destes três temas, qual é que foi o mais interessante?

    Interculturalidade, racismo ou religiões.

    Jovem 1, 3 e 4: Racismo!

    Jovem 2: Religião

    Moderador: E tu? (apontando para o jovem 4)

    Jovem 4: Religião, porque aprendi mais

    Moderador E qual o que foi menos interessante?

    Jovem 3: Interculturalidade.

  • Jovem 5: Interculturalidade.

    Jovem 1: Religião.

    Moderador: E tu? (apontando para o jovem 4).

    Jovem 4: Esse da Intercult… (risos) Interculturalidade.

    Jovem 2: Eu gostei de todos.

    Moderador: Querem acrescentar mais alguma coisa? Têm alguma dúvida?

    Jovem 4: Tenho uma dúvida, quem é aquela Lili que aparece no início da plataforma?

    Moderador: É a mascote

    Jovem 4: Ahh.. É só isso.

    Moderador: E então muito obrigado.

  • Anexo VIII - Grelha de análise do focus group

    Categoria Indicadores Respostas Contagem

    Atividades da

    plataforma

    Apreciação ‘Gostei’ 2

    Facilidade

    ‘Achei fácil’ 1

    ‘Era mais

    difícil’ 1

    Aprendizagem ‘Aprendi’ 3

    Recursos da plataforma Utilidade ‘Eram bons’ 3

    Adequação do DCI

    Plataforma esta adequada à

    aprendizagem de temas

    interculturais

    Sim 4

    ‘Mais ou

    menos’ 1

    Já utilizavam as tecnologias Sim 5

    Realização de alguma

    alteração

    Para quem tem

    mobilidade

    reduzida

    2

    Inclusão de

    mais temas 2

    Alteração de

    atividades 1

    Inclusão de

    mais recursos 5

    Mais portátil 1

  • Acesso/distribuição da

    informação Mais fácil

    Papel das tecnologias

    na facilitação de

    processos de

    aprendizagem

    Plataforma mudou a opinião

    em relação as tecnologias na

    educação

    Sim 1

    Não 4

    Outras Plataformas de

    aprendizagem

    Importância ‘Sim’ 3

    Comparação vs método

    tradicional

    ‘Era mais

    difícil’ 1

    Mais acessível 3

    Procura da informação Mais atrativo 2

    Mais fácil 1

  • Anexo IX- Notas de campo

    Data: 8 de Junho 2015

    Local: Intendente | Projeto: Intendarte (Projeto Escolhas)

    1º dia de implementação do projeto:

    Comentário: Apesar de já conhecer o projeto e as instalações pois visitei-o

    previamente com a equipa Técnica de Lisboa do Escolhas, estava um pouco nervoso pois

    não sabia como os jovens iam reagir a implementação da plataforma.

    Este projeto situa-se no Intendente, sendo o projeto que mais perto do ACM, IP.

    Chegamos ao projeto às 15h05 (eu e a colega que estava a implementar o DCI também,

    a Bruna Marques), todavia só começamos a implementar a plataforma por volta das

    16h30, pois chegaram uns jovens que andavam no 5º ano e estavam a explorar o espaço

    e computadores, para conhecerem o projeto.

    Para a aplicação da plataforma no projeto, tivemos como número total de

    participantes, seis jovens. Sendo que apliquei o meu questionário e a plataforma apenas

    a três jovens e a minha colega, Bruna Marques, aplicou a outros três jovens. Este processo

    será o mesmo para as restantes aplicações, pois apesar de ser o mesmo espaço de

    aplicação, temos objetivos diferentes e recolha de dados diferentes.

    Comentário: O Espaço CID@NET estava ligado a um espaço de lazer com uma

    mesa de ping-pong, o que distraiu um pouco a atenção dos jovens participantes no

    projeto. O espaço CID@NET estava adequado as necessidades dos jovens, contendo seis

    computadores com respetivos acessórios .

    Iniciando a implementação, o Jovem A1 começou a utilizar a plataforma um

    pouco depois das 16h30. Este jovem optou por não explorar a plataforma e iniciar jogo.

    Logo que clicou no módulo I, primeira atividade, começou a demonstrar desinteresse pela

    plataforma. Ligou o seu mp3, estava quase sempre desatento, olhando para o colega do

    lado que estava na rede social Facebook. Interveio poucas vezes, dizendo: «Tenho mesmo

    de fazer isto? Só queira consultar os meus emails». «Não, quero realizar mais nenhuma

    atividade (após concluir o 1º módulo), posso ir embora?».

    À medida que o Jovem B abria uma atividade dizia o seguinte: «Não percebo

    nada, o que é para fazer aqui». Nesse sentido, dizia-lhe para ler o enunciado de cada

    1 A identificação de cada jovem é a mesma utilizada na tabela de pontuações (Anexo IX)

  • atividade. Apenas no terceiro módulo esteva mais atento, lendo e respondendo de forma

    mais reflexiva. Ao mesmo tempo que o Jovem B realizava as atividades, apareceu o

    Jovem C. Este jovem demonstrou maior atenção que os anteriores, inclusivamente à

    medida que ia realizando as atividade interagia com o Jovem B, dizendo: «Tens de ler o

    que diz lá em cima! É muito fácil, está lá tudo», «Já colocaste nos espaços quatro palavras,

    se só falta uma, pensa qual é».

    Comentário: Criei algumas expetativas em relação ao número de participantes,

    pois pensei que conseguíssemos que mais jovens utilizassem a plataforma, para ser

    preciso, estávamos a espera de 12 jovens, seis para cada um de nós. Por outro lado, com

    esta experiência foi possível perspetivar o que poderia acontecer nas seguintes

    intervenções e, nesse sentido, optei por prolongar por mais uma sessão a intervenção.

    Data: 9 de Junho 2015

    Local: Bairro Alto (Lisboa) | Projeto: + Skillz (Projeto Escolhas)

    2º dia de implementação do projeto

    Para este segundo dia de intervenção, estava acordado realizar a implementação

    da plataforma no + Skillz, no bairro alto. Após alguma dificuldade em encontrar o local,

    conseguimos chegar a horas ao local. Pretendíamos, eu a colega Bruna Marques, iniciar

    a implementação do projeto às 14h00, mas como ainda não estavam jovens, pois estavam

    na escola, iniciamos a aplicação às 15h30.

    Em relação ao espaço CID@NET, este estava bem equipado com computadores

    bons e atuais. Existiam seis computadores disponíveis, eu e a minha colega ficamos

    responsáveis por utilizar dois para a nossa intervenção.

    Comentário: Reparei que nesta sala CID@NET, eram desenvolvidas várias

    atividades com os jovens, desde o apoio escolar, aprendizagem de inglês e utilização dos

    computadores por adultos.

    Esta intervenção contou com a presença de 11 jovens, sendo que implementei a

    plataforma e questionários a sete e a minha colega aos restantes. A primeira jovem que

    queria explorar a plataforma, estava bastante curiosa, queria ver as atividades, mas

    reparamos que apenas tinha 10 anos, o que está fora do público-alvo do projeto, nesse

    sentido não pode utilizar a plataforma.

  • O Jovem D iniciou a exploração da plataforma começando por ler as indicações.

    Ao realizar as atividades demonstrou bastante interesse pelos temas e não teve

    dificuldades na concretização das atividades.

    Igualmente, a Jovem E, demonstrou interesse pelos temas, rapidamente realizou

    as atividades. Após completar o segundo módulo, perguntou: «Este site está ativo desde

    quando?» «É que está muito bem feito». Depois de completar o último módulo, voltou a

    elogiar o site, dizendo: «bastante bom, bastante bom», «Acho que é uma boa ideia esta

    plataforma, estes temas. Tive uma disciplina sobre isto e gosto muito destes temas». «É

    importante que falassem mais nas escolas».

    O Jovem F demonstrou algumas dificuldades de interpretação, nos módulos II

    (sobre discriminação) e módulo III (Tradições religiosas), sendo que, não realizou o

    primeiro módulo. Ao realizar o quizz sobre as religiões afirmou: «Não sei nada disto,

    nunca estudei nada sobre as religiões».

    O Jovem H, enquanto esperava que um colega acabasse a realização perguntou

    se tivesse muitas respostas certas tinha direito a um prémio.

    O Jovem J, após consultar a página dos vídeos disse a outro colega “olha este

    vídeo do racismo que falamos na aula de sexta”. «Este vídeo é muito interessante e ajuda

    a perceber o racismo, vou também ver os outros, posso?»

    Comentário: De uma forma geral a implementação correu bem, superou as

    minhas expetativas em dois modos. Primeiramente atingimos o número de jovens

    atingidos pré-estabelecidos e em segundo lugar, os jovens mostraram interesse pela

    plataforma, não só na realização das atividades, mas também pela qualidade dos

    recursos e pela importância da plataforma. O Dinamizador do Projeto (+ Skillz), também

    teve um papel fulcral no bom funcionamento da intervenção, pois motivou os jovens para

    participar e prestou sempre ajuda, sempre que necessária.

    Data: 12 de Junho 2015

    Local: Odivelas | Entidade: Centro de Estudos 100 limites

    3º dia de implementação do projeto

    Inicialmente não estava planeado a implementação da plataforma no Centro de

    Estudos 100 limites, todavia, devido a não conseguirmos implementar o mesmo num dos

    projetos Escolhas e tendo em conta a necessidade de ter uma amostra de 25 elementos

  • (planeada previamente), decidimos, eu e a colega Bruna Marques, aplicar o o projeto

    nesta entidade.

    Chegamos ao Centro de Estudos às 10h15, sendo que já se encontravam

    presentes 4 jovens que iriam explorar a plataforma, sendo que dividimos estes jovens

    pelos dois. Como total de jovens neste dia, foram 8 elementos, sendo que apliquei a

    plataforma e o meu questionário a seis elementos e a minha colega a dois.

    No centro de estudos não existe espaço com computadores e/ou outros aparelhos

    informáticos, nesse sentido foi necessário, eu e minha colega utilizarmos os nossos. Nesse

    sentido, aplicamos a plataforma DCI na sala principal do centro, pois era mais ampla e

    tinha mesas suficientes para a nossa aplicação como para os restantes jovens que estavam

    a estudar.

    A jovem K iniciou a exploração da mesma pouco depois de chegarmos ao local.

    Rapidamente a jovem consultou os vários separadores e em seguinte iniciou as atividades.

    Esta jovem respondeu rapidamente às atividades propostas, não demonstrando grandes

    dificuldades.

    O Jovem L, a utilizar a plataforma, demorou um pouco mais que a primeira a

    concretizar as atividades, todavia só sentiu dificuldades no último módulo (religiões),

    pois nos outros dois realizou as atividades rapidamente sem dificuldades.

    Por sua vez, o Jovem M e o Jovem N não demonstraram dificuldades, realizando

    exercícios rapidamente. O Jovem M, após concluir todos os módulos voltou a abrir os

    recursos, consultando alguns dos documentos que ainda não tinha visto

    O Jovem O, ao contrário s dos colegas anteriores demonstrou alguma dificuldade

    de interpretação, embora que à medida que concluía as atividades, esta dificuldade

    diminuía.

    Comentário: Neste dia apesar de aplicar a plataforma e questionários a estes

    seis jovens, sabia que iria descolar-me pelo menos mais uma vez ao local para aplicar a

    outros jovens, pois seria necessário para ter a minha amostra planeada completa.

    Data: 15 de Junho 2015

    Local: Santo António dos Cavaleiros (Lisboa) | Projeto: Eu Amo SAC (Projeto

    Escolhas)

    4º dia de implementação do projeto

  • O Projeto Eu Amo SAC que se situa em Santo António dos Cavaleiros, foi o

    terceiro local pensado para realizar a aplicação da plataforma e questionário. Chegamos

    ao projeto às 13h30 todavia este ainda não estava aberto, voltamos novamente às 14h30.

    Ao chegar ao projeto, reparei que a dinamizadora já tinha jovens preparados para

    utilizarem a plataforma, nesse sentido iniciou-se sem qualquer problema.

    Os primeiros dois jovens a utilizar a plataforma, exploraram todos os

    separadores, incluindo abriram alguns recursos. Um aspeto comum a primeiros dois

    jovens é que ambos refletem muito antes de responder, embora que, o Jovem V,

    demonstre alguns erros de interpretação.

    Comentário: Reparo que a sala dedicada ao CID@NET está bem equipada, têm

    vários aparelhos tecnológicos, como um projetor, webcams, microfones etc. A disposição

    da sala está feita de uma forma atrativa e acolhedora.

    O Jovem X, após obter uma pontuação fraca numa das atividades do módulo III,

    perguntou se podia repetir, pois como ele diz «Agora já aprendi, posso fazer outra vez?».

    Neste sentido, notei que este jovem mostrou interesse por aprender o tema.

    O Jovem U fez algumas questões pertinentes sobre a plataforma, queria

    descarregar alguns documentos para ler, mas por questões de segurança, o computador

    não autorizou o descarregamento. Enquanto realizava o questionário, na pergunta das

    perceções e influências do tema após utilização da plataforma, o mesmo fez questão de

    dizer: «Eu já tratava todos igual, da mesma maneira». O Jovem X também a preencher o

    questionário referiu que só utilizava livros para estudar, pois a sua mãe não deixava

    utilizar tecnologias.

    Tal como o jovem V, a Jovem W, demonstrou algumas dificuldades de

    interpretação em todos os módulos, o que levou a despender mais tempo por cada

    atividade tendo em conta os restantes colegas.

    Também neste dia realizei um focus group com o grupo de jovens, acima

    mencionado e com outros três, resultando assim num total de seis participantes. De forma

    a realizar esta conversa num ambiente mais propício, a dinamizadora do projeto

    disponibilizou uma sala desocupada. A sala em questão estava bem equipada, com mesas

    e cadeiras adaptadas para várias faixas etárias e encontrar-se bem dividida, sendo que,

    metade da sala era usada com intuito de estudar (com estante com livros, material escolar)

    e a outra parte da sala estava adequada para uma vertente de lazer (com jogos de

    tabuleiro). O focus group realizou-se num ambiente calmo, sem quaisquer interrupções

    ou constrangimentos. O focus group realizou-se rapidamente, durou cerca de 13 minutos,

  • pois enquanto alguns jovens realizavam intervenções pertinentes e uteis para a

    investigação, outros não falaram tanto, e tão pouco desenvolviam as suas ideias.

    No total, obtivemos como amostra deste projeto 11 jovens, sendo que apliquei o

    questionário e focus group a 5 jovens e a colega Bruna Marques, aplicou o seu

    questionário aos restantes seis elementos

    Comentário: À saída do projeto conversei um pouco com a coordenadora do

    local, que demonstrou enorme interesse pelo nosso projeto. Referiu a preocupação com

    a nossa intervenção, sendo que avisou os jovens com antecedência para estarem

    presentes neste dia e colaborarem no projeto.

    Data: 17 de Junho 2015

    Local: Odivelas | Entidade: Centro de Estudos 100 limites

    5º dia de implementação do projeto

    Continuando a aplicação da plataforma no Centro de Estudos, já estavam

    presentes os jovens que na sessão anterior não exploraram a plataforma. Os quatro jovens

    que utilizaram a plataforma consultaram todas as páginas de recursos e para além disso

    descarregaram alguns documentos, dando uma vista de olhos pelos mesmos.

    O primeiro jovem a explorar a plataforma, Jovem Q,