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Anexo I - Guião de Entrevista para Diagnóstico
Objetivos:
Compreender o sentido da criação do Diploma de Competências Interculturais;
Compreender os princípios subjacentes e as orientações definidas para a
implementação do Diploma de Competências Interculturais;
Perceber como se perspetiva o processo de criação do Diploma de Competências
Interculturais;
Perceber como se prevê o desenvolvimento do projeto no futuro.
Categorias Objetivos Específicos Questões Notas
Legitimação da
entrevista
Informar o
entrevistado sobre
o contexto / âmbito
de realização da
entrevista e
respetivos
objetivos.
Assegurar a
confidencialidade
do entrevistado.
Pedir para Gravar a
entrevista.
Permite a gravação
da entrevista?
Conceção Inicial
Diploma de
Competências
Interculturais
Perceber a
necessidade da
criação do Diploma
de Competências
Interculturais
Pode esclarecer as
razões que estão
associadas à
criação do DCI?
Saber se foi feito
um diagnóstico
inicial; quais os
problemas
identificados; saber
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Data: 28/04/2015
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se já foi
experimentado
noutros países;
saber qual o
panorama
português (ao nível
do racismo,
interculturalidade,
preconceito,
religião,
aprendizagem a
distância)
Penso que o ACM
tem vindo a criar
outras ferramentas
de e.learning no
seu trabalho de
sensibilização e
promoção da
convivência e da
interculturalidade.
Que ligação faz
entre outras
experiências deste
tipo e o que se
pretende com o
DCI?
Como se articula
este dispositivo
com outras
ferramentas de e-
learning que têm
vindo a ser
-
utilizadas pelo
ACM, I.P.?
Perceber qual a
articulação do
Diploma de
Competências
Interculturais com
as políticas
existentes
Como se articula o
DCI com as
políticas públicas
nacionais de
promoção da
cidadania e da
interculturalidade?
Como se articula o
DCI com as
políticas europeias
nesta área?
Conhecer as
finalidades da
criação do Diploma
de Competências
Interculturais
Quais as grandes
metas que se
pretende alcançar
com o DCI?
Tentar saber se a
definição de metas
é dinâmica ou se se
mantêm as metas
traçadas
inicialmente
Conhecer os
obstáculos
previstos
inicialmente em
relação ao Diploma
de Competências
Interculturais
Quais os
obstáculos,
dificuldades ou
constrangimentos
que se previram
inicialmente
previstos na
concretização do
DCI?
Tentar reconhecer
alguns
constrangimentos a
nível interno e
externo
-
Como prevê que se
possam vir a
prevenir a superar?
Desenvolvimento
do processo de
criação do Diploma
de Competências
Interculturais
Compreender a
leitura que faz do
processo até ao
presente
Qual o motivo da
escolha de um
público-alvo entre
os 13 e os 18 anos
de idade?
Porquê em moldes
tecnológicos?
Quais as temáticas
iniciais pensadas
para o DCI?
Como vê a
evolução das
temáticas
selecionadas, desde
o que se pensou
inicialmente?
Como vê a
evolução do
conceito do DCI,
desde a sua
conceção inicial à
realidade presente?
Que parcerias se
preveem
fundamentais para
a sua
implementação?
Porque não se
optou por parceiros
como escolas,
agrupamentos ou
associações
culturais, etc?
No seu ponto de
vista como deve ser
realizada a
avaliação do DCI?
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Perspetivas futuras
da aplicação da
plataforma
Visão prospetiva
das mais-valias e
constrangimentos
do DCI
Quais considera
serem as mais-
valias da
implementação do
DCI?
Quais considera
serem os
constrangimentos
da implementação
do DCI?
Compreender o
impacto do
Diploma de
Competências
Interculturais
Como vê o
desenvolvimento
futuro desta
plataforma?
Dar exemplos
concretos. Se
pensam alargar o
público-alvo. Se
pensam modificar
as temáticas, o
público-alvo, as
parcerias...
Como vê a difusão
do DCI nos
projetos
pertencentes ao
ACM?
Quais? E externas?
Que parcerias, para
além das atuais,
pensa serem
relevantes para a
continuidade deste
projeto?
Escolas
Associações
Culturais
Associações
Juvenis
No seu ponto de
vista, que impacto
terá o DCI a nível
nacional?
Autoformação dos
jovens; Recurso
para uso nas
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escolas e noutras
organizações.
Questões finais e
agradecimentos
Deseja acrescentar
mais alguma
questão que não
tenha sido feita ao
longo da
entrevista?
Agradecimentos
Obrigado pela
colaboração e pela
disponibilidade.
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Anexo II - Transcrição da Entrevista para Diagnóstico
Entrevistador: Como primeira pergunta, relacionada com a conceção inicial do
Diploma, eu perguntava quais é que são as razões que estão associadas a criação do DCI?
Entrevistado: Bom… Ah… Eu creio que a competência intercultural é uma
competência, acredito eu, que no século XXI vai ser tão importante como a competência
de literacia básica: de ler, de escrever, de contar. Creio que são mesmo… Que será uma
competência decisiva, quer para indivíduos, quer para cidades, quer para regiões, quer
para países. Se nós de facto queremos posicionarmo-nos no século XXI, de acordo com
aquilo que são os desafios que esses tempos já estão a trazer, basta vermos agora neste
início de século, como de repente estamos todos a falar ou vez de diálogo religioso, que
é uma coisa que nós achávamos que a dada altura (pelo menos na Europa) isto já não faria
sentido; como de repente estamos a falar de questões urbanas, de conflitos entre
comunidade, muitas vezes entre comunidades negras e a polícia. Vejam as notícias de
hoje de Baltimore, não é? Vejam as notícias da Cova da Moura… Vejam… E eu creio
que isto é tudo um… um sintoma de uma sociedade que não está ainda capacitada para
se relacionar, até porque esta sociedade ainda não percebeu que se mudou drasticamente
na sua composição cultural, étnica, demográfica, religiosa. E creio que continuamos a
tentar resolver com ferramentas do século XX os desafios do século XXI. E porque é que
o fazemos? Primeiro, porque é normal, há sempre resistência à mudança, a mudança é
muito mais rápida do que a nossa própria capacidade em interpretar, não é?! E nós
continuamos a achar que na Europa somos todos mais ou menos como nós, assim
branquinhos, clarinhos, católicos, e não somos, não é?! Se nós formos ver, por exemplo,
a realidade das nossas escolas públicas, hoje, em Portugal, nós já temos um número muito
significativo de jovens… muitos até já são portugueses e essa até é outra categoria que as
pessoas ainda não arrumaram, não?! Porque continuam a achar, ou veem um miúdo negro
na televisão e é angolano ou é africano. E a questão é que não. Estas pessoas são novos
cidadãos portugueses, como nós. Estes novos cidadãos trazem novas práticas culturais,
novos desafios culturais, e nós temos que saber lidar com isto. Isto por um lado, um lado
mais, se quiserem, pragmático, prático, do dia-a-dia. Depois acho que também esta ideia
das competências interculturais é decisiva para cidades, regiões, mesmo países, porque
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se nós formos olhar para aquilo que são as grandes tendências, os grandes padrões, para
os próximos 20, 30, 50 anos, isto é quase como a deriva das placas tectónicas, não é?!
Isto está tudo a mexer, o mundo está todo a mexer. E nuns casos vai fazer colidir placas
que vão entrar em conflito, noutros casos, uns vão submergir (risos) e os outros vão
ascender. Mas o mundo está nesta deriva, isto é incontornável. Quem não vê isto não está
a ver o que é que são os próximos 20, 30, 40, 50 anos. E isto exige capacidade de
chocarmos, colidirmos, de nos encontrarmos, de eventualmente nos transformarmos
como país, por exemplo. E eu creio que Portugal aí tem uma oportunidade muito grande
histórica, porque sempre tivemos esta nossa… quer dizer, nós já nos deslocamos há
muitos séculos nesta deriva global, nós já nos posicionamos há muitos séculos, mas acho
que é a altura de tornarmos isto uma caraterística nossa, um referencial nosso, criando,
por exemplo, este diploma, para que cada vez mais, isto que toda a gente diz que os
portugueses têm esta capacidade de se relacionar, de nos pormos o lugar do outro… diria
que sim, é verdade, mas se pudermos tornar isso numa competência que, por exemplo,
podemos passar a por no nosso currículo, não é?! Quando nos candidatamos a um posto
de trabalho em Portugal, mas cada vez mais na Europa, no mundo. Isto vai ser cada vez
mais valorizado! Por isso, eu acho que temos que preparar… temos que preparar o futuro,
não é?! (risos) A frase não é minha, infelizmente, gostava que fosse (risos). E a melhor
forma de o preparar é inventá-lo… isto é incontornável, daqui a cinquenta anos, estou
convencido de que nas escolas do mundo inteiro haverá temas como este nos currículos.
Nós estamos ainda só aqui a dar um passo prévio a esse caminho e a dizer “isto é muito
importante, isto deve fazer parte da formação de qualquer cidadão”. Portanto, porque um
diploma de competências interculturais? Porque acho que é tão importante como um
diploma de competências básicas de TIC, ou como saber ler ou escrever. Qual é a
probabilidade de nós, que ainda estamos aqui com esta idade, ou os nossos filhos e netos
virem a trabalhar com pessoas do mundo inteiro? Elevadíssima, não é? Sejam asiáticos,
sejam sul-americanos, sejam africanos, e portanto temos que nos preparar para isso.
Entrevistador: Ainda relacionado com esta questão, eu perguntava se foi feito algum
diagnóstico inicial?
Entrevistado: O diagnóstico, eu diria que decorre dos muitos, muitos anos de trabalho
do Alto Comissariado, não é? Nós fomos sentindo ao longo dos anos naquilo que
começou por ser um gabinete ligado à interculturalidade, na altura o gabinete do
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secretariado entreculturas, que começou em 1993, na altura com o engenheiro Roberto
Carneiro, com quatro ou cinco pessoas a tentarem trazer este tema para a opinião pública,
para as escolas, começando a trabalhar com um núcleo bastante reduzido de escolas mas
que foi cada vez mais ganhando escala. Eu diria que o diagnóstico decorre, antes de mais,
da evidência da prática, não é?! Não há propriamente um estudo que não seja empírico, o
que nos tenha aqui influenciado. Mas, aquilo que nós sentimos é um pouco este… este
sabor destes tempos, não é? Cada vez mais, todos os dias, nós, em casa, nos média, na
rua, com os amigos, cada vez mais temos este desafio de nos relacionarmos com os outros
e, portanto, o que achámos é que tinha que haver um referencial, tinha que haver, no
fundo, um standard mínimo para que se aceite que aquela pessoa detém essas
competências interculturais e que não há outra entidade pública melhor do que o Alto
Comissariado para definir esse standard, aplica-lo e certifica-lo. Não é? Portanto,
achamos que por agora… talvez um dia isto seja mainstream, seja no Ministério da
Educação, mas achamos que por agora, nesta fase de tornar isto algo credível e aplicável,
que faria sentido ser o ACM a pô-lo em prática. Também porque cada vez mais nos pedem
este tipo de ferramentas, não é?! Cada vez mais os nossos projetos locais, as escolas, os
projetos do Escolhas… cada vez mais as pessoas nos dizem: “Vocês deviam ter uma
ferramenta que nos ajudasse a trabalhar este tema de uma forma estruturada”. Porque a
verdade é que neste momento há muita gente a fazer muita coisa mas cada um faz por si,
não é?! Não há propriamente um standard…
Entrevistador: Uma organização?!
Entrevistado: Exatamente! Um referencial é isso! É termos um referencial mínimo, “tem
que cumprir isto e achamos que está apto a ter o mínimo de certificação”. Portanto, o
diagnóstico eu diria que é muito este da…
Entrevistador: E esses foram os problemas identificados?
Entrevistado: Sim, eu diria que dos vários trabalhos que já foram feitos na casa… e há
de facto já muito trabalho feito nesta área, nos últimos anos. Fomos sempre caminhando
para esta ideia de um referencial. Por um lado estamos a fazer isso também com o
Ministério da Educação, estamos a criar um referencial para o ensino básico e isso está a
ser preparado com a DGE, Direção Geral de Educação, mas isso seria quase o currículo
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que nós acharíamos que as escolas podem implementar. E depois queremos ter uma
ferramenta de entrada, que é este diploma. É um diploma que eu diria de competências
básicas interculturais, para que este tema entre também na agenda das instituições, das
pessoas, e portanto, queremos muito que nesta ideia das literacias múltiplas… não é? Já
dizia o Jaques Deloir, do livro Branco, há uns anos, que era o século das literacias
múltiplas. Esta é mais uma das literacias múltiplas que nos parece muito importante.
Entrevistador: Penso que o ACM tem vindo a criar outras ferramentas de e-learning no
seu trabalho de sensibilização e promoção da convivência, da interculturalidade… que
ligação fazem entre outras experiências deste tipo e o que se pretende com o DCI?
Entrevistado: Ah… sim, o ACM, tem vindo cada vez mais a tentar ferramentas que
sejam úteis para a sociedade portuguesa nestas matérias, que nos ajudem a continuar a ser
um país tolerante. Mesmo em tempos de crise, vocês veem que os discursos públicos
sobre a imigração, continuam a ser discursos sensatos… os próprios partidos políticos,
mesmo os mais de extrema-esquerda ou direita, continuam a ter uma postura
relativamente sensata. Não vemos, como vemos noutros países da Europa, manifestações
contra a imigração, e tudo isto tem a ver com uma pedagogia que nós incutimos, não é?!
Nós tentamos, no fundo, salvaguardar que esta pedagogia não desapareça da sociedade
portuguesa. Porque aquilo que nós vamos demonstrando, e vocês certamente perceberam
em Dezembro, lançámos um relatório de migração em números porque… Esse relatório
é muito importante porque demonstra, aos portugueses em geral, às instituições também,
que a imigração continua a ser uma grande oportunidade, porque se nós formos ver os
dados da demografia, da economia, do trabalho, da segurança social, em todas essas áreas,
os imigrantes têm um contributo líquido muito grande para o nosso país em todas essas
áreas. E, portanto, o que nós tentamos passar é que não há que temer estas pessoas em
Portugal. Depois, o que tentamos para além disso é que a gestão dessas pessoas que cá
estão… uma coisa é estarem cá, outra coisa é a maneira como gerimos essa relação com
essas pessoas… seja feita também de uma forma positiva. E aí, vocês conhecem, se calhar
até melhor do que eu, todos os modelos que existem de gestão, de diversidade, e sabemos
que há países mais amigáveis e países menos amigáveis. Há países que tentam fazer isso
por via da assimilação, que quer dizer “sim senhor, os imigrantes são muito importantes,
mas deixem lá os vossos valores, a vossa cultura e tornem-se como eu”; há outros que
pura e simplesmente negligenciam isso e acham que “ok, isto acontece naturalmente, não
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é?!”… a ideia do melting point… a ideia do “toma lá os ingredientes todos da salada que
depois aquilo acaba por se diluir a longo prazo”; Há outros que dizem “não, basta que
estejamos aqui acomodados uns aos outros, vocês no vosso lado e nós no nosso. Também
não tem que haver aqui grande mistura, não é?!”. É um bocadinho a lógica do multiculti…
cada um na sua… todos diferentes mas, portanto, cada um no seu canto. O que nós
achamos é que há um modelo que é de gestão da interculturalidade. E a interculturalidade
(às vezes parecem ser só palavras, só expressões e mais ou menos, algumas, até ficam
contaminadas), para nós, interculturalidade é uma chave para ler tudo aquilo que nós
fazemos nesta área das políticas de imigração. O que diz é “não, nós não podemos
continuar cada um no seu lado. Sim, nós temos que nos contatar, trocar e transformar
mutuamente”, e isto implica mutuamente o contacto entre as pessoas, trocas culturais,
talvez uma nova cultura que surge da fusão de tudo isto. Há aqui uma lógica muito
cosmopolita, muito contemporânea. Vejam como é que… Vocês gostam de música?
Entrevistador: Sim!
Entrevistado: Conhecem os Buraka Som Sistema?
Entrevistador: Sim.
Entrevistado: Os Buraka Som Sistema para mim simbolizam isso tudo, não é? Que é, de
repente, temos uma coisa nova, híbrida. Uns tipos negros da Amadora, com uns tipos
brancos da Buraca, com mais não sei quem e, de repente, temos uma fusão de música
europeia mas com um toque africano. Isto para mim é o intercultural é isto. Isto não
aconteceria se aquelas pessoas não se misturassem, não se contatassem. Se calhar uns
continuavam a ouvir música eletrónica e os outros a dançar kuduro. Mas é desta troca,
desta mistura… e de repente temos milhares de pessoas a seguir aquele grupo e temos
milhares de pessoas que se aproximam pela música, não é? Eu acho que é uma prova
simples e que é exatamente este o espírito, que é… não é uma cultura de perda, eu não
tenho que perder nada do que tinha e de certeza que todos eles… Eu conheço-os
pessoalmente, continuam a ser as pessoas que eram…
Entrevistador: Então é um ganha-ganha!
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Entrevistado: É um win-win! E é um win-win no fundo porque é uma cultura que motiva
aquilo que nasceu. É quase um win-win, que depois ainda tem um win adicional que é
aquilo que de novo nasceu dali. Se nós pensarmos, a música é uma boa forma de
percebermos isso na prática. Se nós pensarmos no desporto, se nós pensarmos na cultura,
se nós pensarmos em tantas áreas da nossa sociedade… eu acho que se conseguíssemos
esta mistura, esta permuta, esta troca, que é completamente diferente de “cada um está no
seu lado e somos felizes assim”. Estão a ver? E eu acho que o que nós queremos com este
modelo e também com este diploma é logo desde muito pequeninos (e vamos tentar que
cada vez mais, desde pequeninos, o diploma comece ainda mais cedo do que estamos
agora a começar com o piloto), devemos começar desde o 1º ciclo, para que estes meninos
percebam que ser diferente não é negativo, que ser diferente pode ser uma fonte de
enriquecimento pessoal, social, “societal”, não é? E portanto, eu diria que há aqui uma
lógica de transformação da sociedade. É o que nós queremos com estas medidas: é que
desde muito pequeninos as crianças se habituem a olhar para outros meninos que serão
diferentes como uma fonte de oportunidade, de riqueza, de diversidade.
Entrevistador: Como se articula este dispositivo com outras ferramentas de e-learning
que se têm vindo a desenvolver no ACM?
Entrevistado: Bem, desde logo, nós quisemos fazer isto online para garantir a maior
difusão possível. Não é? Nós queremos que qualquer pessoa diria, no mundo inteiro (até
porque isto pode ser útil até para os portugueses que estão lá fora, mas no fundo para todo
o território nacional) … Não é por acaso que optámos por uma plataforma de internet,
que à partida ficará alojada no portal do ACM, precisamente para garantir a máxima
cobertura possível e que, no fundo, o projeto possa crescer exponencialmente sem que os
custos cresçam exponencialmente não é? Estão a ver se nós fizéssemos isto, por exemplo,
a formadores, a pessoas que iriam dar formação, isto às tantas era insuportável em termos
de custos incomportáveis. Achámos que este é o tempo da Web 2.0, das redes sociais, de
partilhar com os amigos “olha que giro, fiz o teste, porque é que não fazes também e
imprimes logo em casa e juntas ao teu currículo”. No fundo, quisemos fazer disto uma…
eu diria, quase uma ferramenta open source, não é? O mais disseminado possível, e aí
alinha-se completamente com todas as plataformas que nós estamos a fazer, porque eu
diria que aqui na casa está a acontecer assim uma espécie de revolução digital. Não é? Eu
estou a puxar a bolsa de formadores, vamos passar a ter módulos online, portanto, não
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podíamos continuar a dar formação como em 1993 em que era preciso uma sala, um
formador, formandos… Hoje em dia as pessoas aprendem em qualquer contexto.
Entrevistador: Torna-se mais acessível e mais abrangente?
Entrevistado: Se quiser ter um curso aqui de certeza que consegue não é? Cursos
gratuitos, online, no telemóvel, e pode estar em qualquer lado a fazer o curso…
Entrevistador: É muito mais prático…
Entrevistado: E mais barato também!
Entrevistador: Como se articula o DCI com as políticas públicas nacionais de promoção
da cidadania e da interculturalidade?
Entrevistado: O Diploma é uma das medidas que consta do Plano Estratégico para as
Migrações porque nós achámos que deveria ter este peso político e, portanto, consta
exatamente no próprio plano estratégico de uma decisão política, assinada por todos
Ministros deste país, como sendo algo muito importante. E portanto, eu diria que se
percebeu que, de facto, isto não é só para jovens, em pequena escala, isto é um desafio do
país para o futuro. Portanto, aí estamos também bem alinhados.
Entrevistador: E como se articula o DCI com as políticas europeias desta área?
Entrevistado: Tudo o que são políticas europeias nesta área apontam para a importância
de ferramentas deste género. Nós fazemos parte de uma rede, que é a rede Cirius, uma
rede sobre migrações e educação. E na rede Sirius tem-se falado muitíssimo o criar
referenciais, criar ferramentas de trabalho para os educadores, para os formadores, e
portanto, eu diria que é uma peça… é mais uma, se quiserem, é mais um… um recurso
que passamos a disponibilizar nesta área, para além de muitos outros que já temos ao
longo dos anos também conseguido criar, este é mais um recurso importante para quem
quiser trabalhar este tema, não é?
Entrevistador: Quais as grandes metas que pretende alcançar com o DCI?
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Entrevistado: É aquilo que falámos ao início de que as pessoas vejam esta ferramenta
como vêm o saber usar a internet, o saber escrever… é conseguirmos provar que esta é
uma competência efetivamente importante no século XXI. Não interessa só a imigrantes.
Muitas vezes dizem o que dizem é “mas eu não tenho imigrantes aqui na minha vila”…
mas das duas uma (risos): ou vai ter ou convive com eles em muitos outros espaços que
não o espaço físico, onde mora ou, muitas vezes, as pessoas também se esquecem do
passado que têm intercultural. Quer dizer, não é por acaso que nós temos esta tez morena.
(risos). Isto há aqui heranças genéticas, há aqui… e enquanto não reconhecermos isso
próprio, logo isso dentro de nós próprios, como é que vamos ser interculturais se não
começarmos por reconhecer que os portugueses são…? Isto aqui é uma boa imagem
(entrevistado pega numa peça de porcelana que estava em cima da mesa). Sabem o que é
isto? Isto é o antigo Mosteiro de Saúde onde, hoje em dia, é a Assembleia da República.
Antes de ser este mosteiro, isto era… Estão a ver onde é que estamos não é? Isto é ali em
Santos, não é? Era o maior… era o mercado árabe maior de Lisboa onde existia, antes de
ser construído o Mosteiro, por baixo, nos tempos de ocupação árabe. E foi completamente
arrasado onde foi construído o Mosteiro, e depois, subsequentemente, a Assembleia. E
nós, por exemplo, nessa área, o legado dos árabes em Portugal, e nós basicamente
apagámos isso da nossa história. Não é? Essa parte que foram cinco séculos. São cinco
séculos. Conta a história que quando foi construído o Mosteiro, varremos praticamente
tudo o que eram os vestígios dos árabes para desaparecer de vez. E isto, enquanto não
resolvermos estas coisas connosco próprios, não é? São cinco séculos, são 500 anos em
que nós também temos que arrumar um bocadinho estas categorias para conseguirmos
olhar para o futuro. Porque este legado árabe é enorme, gigantescos falamos muito da
toponímia, das cidades, da irrigação… mas houve mais, houve casamentos mistos, houve
muita gente que, hoje em dia, têm descendentes de algum mouro (risos) ou de um cigano.
Eu tinha uma avó morena, de Sevilha, e os morenos em Sevilha 90% são ciganos. E eu
tenho que me orgulhar disso, não tenho que esconder isso. E durante muito tempo nós,
quando eramos diferentes, escondíamos. Vocês conhecem ali no Alentejo uma aldeia
muito engraçada em que as senhoras e os senhores têm todos um traço africano muito
grande… o nariz, o cabelo encaracolado… não conhecem essa? É ali numa zona ao pé
dos arrozais, perto de Alcácer do sal. Agora não me lembro exatamente do nome da terra.
E, durante séculos, aquelas senhoras e aqueles senhores tinham vergonha de sair à rua.
Porquê? Porque por alguma razão histórica foram trazidos escravos de África para
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trabalhar nos arrozais, porque eram muito mais resistentes à Malária, a doenças
endémicas daquelas mortais, de problemas de mosquitos e, normalmente, como em tudo
na vida, acabaram por se misturar com as senhoras locais, não é? O amor encarrega-se
sempre destas coisas, não é? (risos) Não é só nos filmes, não é só no Samba (risos). E daí
nasceram senhoras e senhores que eram mulatos, com traços muito africanos… e durante
décadas, séculos, estas pessoas viveram escondidas do mundo. O próprio Estado Novo
ocultou aquela história durante muito tempo. E nós, lá está, habituámo-nos a não viver
bem com isto, a não viver bem com a diferença. E o que nós queremos é isto, é que as
pessoas aprendam, não só a conviver bem com a sua diferença (porque ninguém se
relaciona bem com os outros se não conviver bem consigo próprio) e que depois, daí,
consigam perceber as vantagens, também competitivas, da diversidade. E reparem, não é
por acaso que hoje em dia um dos administradores do Deutsche Bank, um dos maiores
bancos do mundo, diz “eu no meu conselho de administração tenho um português, tenho
um brasileiro, tenho um angolano, tenho…” porque se se pretende ser global no mercado
da economia, eu tenho que ter há minha volta pessoas que reflitam esse mesmo território
onde eu quero intervir. E portanto, às vezes podemos falar de forma mais romântica sobre
estes temas e tudo isto é muito bonito e tudo isto nos faz sentir melhor, mas depois, do
ponto de vista prático das entidades, do crescimento económico, destas coisas que nós
falamos, a diversidade é absolutamente decisiva. Até porque é diferente eu ligar para
Angola e deste lado ser angolano e falar com alguém de lá e começo logo por falar uma
série de coisas que criam logo empatia, que criam logo um clima diferente, do que nem
nos entendermos muito bem. As vezes é um bocadinho a interculturalidade neste sentido,
percebermos que nos pode ajudar também, nomeadamente em Portugal, enquanto país, a
posicionarmo-nos num mercado que, por exemplo, no âmbito da lusofonia, estamos a
falar num mercado muito grande não é? Estamos a falar de mais de 300 milhões de
pessoas, que é diferente de estarmos sempre a falar no nosso mercadozinho de 10 milhões.
Eu diria que há muitas razões para isto.
Entrevistador: Quais os obstáculos, dificuldades ou constrangimentos que se previram
inicialmente previstos na concretização do DCI?
Entrevistado: Um dos obstáculos e as pessoas acharem que isto não é importante, isto
não é relevante... Ah isto está bem, isto é muito giro, mas apenas só há 3%, 3,7% de
emigrantes em Portugal. Portanto 96,3% das pessoas não são emigrantes, isto é
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importante. Isto é relevante e é quanto mais se pensamos que lá fora, Portugueses lá fora
são mais que 4,5 milhões não é? Portanto esses Portugueses precisam de se preparar para
viver num mundo global. E depois é aquilo que já falamos, interessa a toda a gente, eu
não vejo a quem isto não posso interessar, hoje em dia, os emigrantes se fossem um país
já eram o quinto mais país do mundo, a seguir à China, à India, ao Estados Unidos e à
Indonésia, os emigrantes de todo o mundo se juntassem, são 230 milhões,
aproximadamente, já seriam o quinto mais país do mundo. E esta a aumentar, a crescer
de ano para ano, portanto é uma dinâmica irrevogável, incontornável, não há forma de
isto não continuar a crescer nos próximos anos. Reparem hoje em dia e mais barato ir de
avião de Lisboa a, sei lá, Londres, do que irmos de carro de Lisboa a Bragança. E isto
muda a forma como nós vemos o mundo e portanto acho que é incontornável.
Entrevistador: Como prevê que se possam vir a prevenir a superar essas dificuldades?
Entrevistado: Dando um sentido sério a este diploma, demonstrando a sua relevância,
demonstrando que de facto estas competências são muito importantes. Acho que é por ai,
demonstrando que isto é útil não é? Hoje em dia, por exemplo, nas escolas, há tantas
agendas que as pessoas querem trazer para dentro da escola não é? Cada vez mais, há
entidades, o ACM, a igualdade de género, à uma serie de temas transversais que todas
estas entidades querem por dentro da escola, de preferência dentro de uma disciplina e
nós pensamos assim: Ok, não há tempo para tudo não é? (risos) os jovens coitados não
é? Passariam sete dias por semana na escola. Portanto nós temos que tornar alguns temas
transversais, eventualmente opcionais como este. Sendo transversais e opcionais as
pessoas têm que querer, têm que ser útil. Os jovens têm de dizer: Ok eu quero perder meia
hora da minha vida a fazer isto, porque é útil, isto é uma ferramenta útil. Assim como nós
fazemos os cursos da Microsoft Online de literacia digital porque é útil, depois no
currículo calha bem, eu querei-o é que o que eu gostava que no currículo isto calhasse
bem, que as pessoas percebessem que de facto é uma mais-valia e claro depois já temos
que começar não é?
Entrevistador: Qual o motivo da escolha de um público-alvo entre os 13 e os 18 anos?
Entrevistado: Porque são… Não são adolescentes, são “aborrecentes” (risos), não é?
Muito facilmente dizem, “epá isto é aborrecido, isto é uma chatice, tenho tanta coisa mais
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interessante para fazer, no Facebook e no Whatsapp e não sei que, e nós pensámos, ok,
se conquistaremos estes, que são os que se aborrecem facilmente com isto,
garantidamente os mais pequeninos alinham e os que estão acima, mais velhos também
facilmente... Portanto, quisemos começar pelos mais difíceis de cativar, não é? Que são
estes adolescentes. E eu acho que ai, tanto conquistado, demonstrando que isto é útil e
funciona, temos depois condições para crescer para os mais velhos, jovens adultos,
adultos e para baixo para os mais pequeninos, com quem muitas vezes e mais fácil criar,
muitas vezes uma relação e explicar porque é que estas coisas são importantes, portanto
quisemos começar ai pelos mais difíceis.
Entrevistador: Eu perguntava porque em moldes tecnológicos, mas já respondeu.
Entrevistado: Sim, sim. Mas barato, mas eficiente, mais interessante.
Entrevistador: Quais as temáticas iniciais pensadas para o DCI?
Entrevistado: Pensamos muito nesta questão do «Eu», quem é que eu sou, que camadas
é que eu trago de diversidade, de diferença, acho que antes de mais pensamos em nós
próprios, depois «Eu na relação com os outros», quem são os outros que estão à minha
volta, como é que eu me posso relacionar com eles, como é que podemos ganhar nesta
troca, nesta relação e depois talvez um nível que ainda esta mais por concretizar seria «Eu
na globalização», neste mundo global, nesta… Eu no mundo, não é? E portanto eu diria
que é esta ideia multinível, eu; eu e os outros; eu no mundo e no fundo darmos ferramentas
práticas, nós quisemos que o diploma fosse prático, fosse dinâmico, didático, para que
também seja divertido fazer uma coisa destas, isto não tem que ser uma coisa chata, na
sala de aula não é? Faz-me sempre lembrar a professora do Charlie Brown (risos), vocês
viam o Charlie Brown? Eles estavam sempre la na sala e ouvia-se “brobrobro brobrobro
brobrobro” (risos). Nós temos de fazer as coisas para não ser a professora do Charlie
Brown. Este tema também pode ser extramente aborrecido, não é? Podemos estar ali horas
e horas.. Quisemos que fossem coisas irreverentes, mais dinâmicas e acho que estamos
num bom caminho
Entrevistador: Como vê a evolução do DCI, desde a sua conceção inicial à realidade
presente?
-
Entrevistado: Está a andar, não é? Já estou curioso de ver. Já estou farto de pedir
mostrem-me lá agora, ver para querer. O que me vão dizendo é, está em andamento, está
a ser preparado não é? Confesso que ainda não vi o protótipo, porque acho que é… Isto
tem de ser muito visualmente muito agradável, muito bem desenhado, com bom layout.
Creio que isso conseguido rapidamente lançamos isto, não é? Em escala. Nós vamos
começar por testas isto com os projetos do Escolhas não é? Por causa das redes dos
centros de inclusão de inclusão digital e parece-me que ai é uma boa forma de testar isso.
Mas depois queremos expandir para as escolas para… No fundo as escolas podem ser o
maior cliente deste Diploma.
Entrevistador: Eu passei esta pergunta à frente, vou questioná-la agora. Como vê a
evolução das temáticas selecionadas desde o que se pensou inicialmente?
Entrevistado: Ganharam ainda maior pertinência desde que pensamos nisto. Nós
pensámos nisto, sensivelmente Julho do ano passado, quando temos montar uma coisa
deste género. Eu diria, desde Julho do ano passado vejam os fenómenos que aconteceram!
Estado Islâmico, Migrações no mediterrânico, conflitos urbanos no mundo inteiro,
sobretudo nos Estados Unidos com conflitos de polícia e tal. Portanto, se nós já tínhamos
a impressão que isto era urgente e era importante, agora ainda mais não é? Reparem que
como é possível estes jovens que nasceram na Europa, muitos deles já franceses ou
holandeses, belgas, portugueses, de repente estão disponíveis para deixar tudo e ir para a
Síria e para o Iraque combateram por ideais que talvez tenham mil anos, não é? Querendo
que o tempo volte atrás, por uma coisa que nós dizemos: Como é que é possível? Estes
jovens cresceram na Europa, estudaram na Europa e de repente estão disponíveis para nos
matar, não é? A nós que se calhar eramos os colegas deles, de escola, de… Portanto há
aqui qualquer coisa, do ponto de vista da relação intercultural, inter-religiosa que não
correu bem, não é? Porque estes jovens não vieram das montanhas da Síria e desceram
para invadir a cidade, são pessoas que viviam em Paris, em Londres e portanto há aqui
qualquer coisa que falhou não é? Do lado da… Pode ter corrido tudo bem com
matemática, com a física, com a história, porque muitos deles são alunos do ensino
superior. Mas do outro lado, da relação com os outros da sociedade que os acolheu, que
é o país deles. Muitos deles são nacionais desses países, há aqui qualquer coisa que falhou.
Bem sei que nesta idade dos “aborrecentes” também todos temos aquele sonho de ser
-
rebeldes por uma causa não é? Isto é muito apelativo não é? No meu tempo a malta… sei
lá, ia roubar uns figos (risos), ficávamos todos contentes e achávamos que eramos uns
grandes malucos. Hoje em dia não, quer dizer, podemos ir roubar uns figos ou então
podemos alistar no estado islâmico e decapitar gente não é? E isso é típico da
adolescência, esta irreverência, agora para além disso há aqui vidas falhadas, não é? Há
aqui gente que se calhar procura aqui a família que não tem, gente que talvez procura o
mérito e reconhecimento que não tem, o emprego que não consegue, não é? E que procura
aqui vingar-se de supostamente não os terão acolhido, de forma mais correta não é?
Permitimos que dentro da Europa existissem radicais islâmicos a mobilizar pessoas, o que
me parece uma coisa estranha não é? Porque a dada altura era, ok estas ai no teu lado, eu
nem quero saber, não me chateiam, eu estou no meu não é? E isto não é interculturalidade
isto é acomodação das culturas, o multiculturalismo no seu pior. Portanto eu acho que se
precisássemos de alguma prova que isto é muito importante, acho que, os últimos tempos
nos têm trazido mostras disso. Sim?
Entrevistador: Que parcerias se preveem fundamentais para a implementação do DCI?
Entrevistado: Bom, desde logo os projetos locais do Escolhas, não é? Isso é muito
importante, para garantir o teste da realidade. Depois pensamos que a escolas devem…
eventualmente a própria Direção Geral da Educação, deveria qui ser chamada para
garantir que isto é escalado, que isto passa a ser uma ferramenta ainda de maior alcance
eu diria que depois quaisquer outras entidades que queiram implementar. A vantagem
deste modelo estar online, gratuito, sem quaisquer requisitos, que não seja as pessoas
quererem, qualquer pessoa a partir dai pode aplicar e usar o diploma.
Entrevistador: No seu ponto de vista, como deve ser realizada a avaliação do DCI?
Entrevistado: Epá, ainda não tinha chegado ai (risos), eu acho que isto de ser uma
ferramenta para o utilizador de muito fácil avaliação, portanto, eu tenho um sistema que
é aquilo que vocês estão a desenvolver, de autoavaliação que me sinaliza consoante eu
estou a conseguir ou não cumprir os objetivos e que no final me permite imprimir o meu
próprio certificado e assegurar que a coisa foi cumprida do outro lado, depois penso que
devemos criar um sistema que nos permita monitorizar, por um lado, perceber quem é
que está a preencher, quem é que está a ser certificado, porque é que as pessoas
-
eventualmente não estão a preencher, não estão a ser certificadas, onde é que estão os
bloqueios, não é? Porque eventualmente pode haver uma questão mal formulada, nós
depois temos de ter aqui um modelo que nos permita monitorizar os dados dos
aplicadores, dos utilizadores finais. Depois a nível da avaliação de impacto, eu acho que
temos de ter aqui um sistema, eventualmente até encomendar externamente uma entidade
que nos demonstre que a utilidade ou não desta ferramenta, a sua eficiência, no fundo
aqueles critérios clássicos da avaliação externa não é? Pertinência, a Eficácia, a
Eficiência, a Adequabilidade, eu creio que ai, nestas coisas é sempre importante bom ter
muitas vezes uma voz externa não é? Alguém que olhe para isto desprendido de interesse
de… Porque para mim, eu estarei sempre a olhar para isto com algum carinho. Porque é
uma ideia que achamos que era importante ter e esta a ser implementada e as vezes é bom
vir alguém de fora, nos dar um pouco de luz sobre estes temas
Entrevistador: Quais considera serem as mais-valias da implementação do DCI?
Entrevistado: Ainda não consigo responder porque ainda não implementamos, não é?
Eu posso achar que isto implementado, vai efetivamente contribuir para…
Entrevistador: Numa perspetiva futura?
Entrevistado: (o entrevistado pausa durante uns segundos) Um país mais tolerante, em
que as pessoas percebam que a diferença, aquilo que nos une e muito mais do que as
pequeninas diferenças que vemos e acho que isso é uma mensagem muito importante para
agora e para o futuro e um país que continue a reconhecer que nomeadamente na área da
imigração que há uma grande oportunidade, portanto que, continue a ser um país em que
o racismo, eu diria, tenho um numero relativamente reduzido de incidência e basta
atravessarmos a fronteira e vermos como nos outros países o racismo cresce
exponencialmente, eu acho que aqui, continuamos a ser ainda assim relativamente
tolerante, ainda que obviamente há incidente pontuais, há coisas… mas isso não há
nenhum país no mundo que… não existe. Eu creio que é isso, continuarmos a fazer a tal
pedagogia, eu acho que um dos grandes objetivos é que este instrumento continue a servir
para fazer a tal pedagogia e sobretudo preparar as novas gerações para que essa pedagogia
se mantenha, porque vocês vem como a história se repete, não é? Estamos a assistir agora
com a crise, com os partidos de extrema-direita a crescerem, com estes líderes populistas,
-
se nós recuarmos 50 anos atrás na história da Europa, vemos exatamente a mesma coisa,
os mesmos descuros, o desemprego, a culpa nos emigrantes e depois surge um líder
qualquer que acha que resolve isto tudo, e vai tudo atras, derrapante temos ditaduras,
temos guerras, não é? Portanto, eu acho que nós temos de perceber isto sempre, porque
nós daqui a 50 anos, não estaremos... Eu possivelmente não estarei cá, vocês são mais
novinhos. E quem ficar tem de continuar a fazer esta pedagogia, nada melhor de que
começar pelas crianças, por aqueles que nós não podemos perder, de vista, que esta
menagem tem que continuar.
Entrevistador: Quais considera serem os constrangimentos da implementação do DCI?
Entrevistado: Ahh… É a questão das pessoas acharem que isto é irrelevante, que não é
um tema importante, é uma coisa para minorias, não tem espaço… não ter conquistado
ainda o seu espaço na agenda, na agenda… Hoje em dia temos tanta coisa para fazer
online não é? Se entre ir ao email, ir ao Facebook, se as pessoas reconhecem que é
importante ter essa meia hora para fazer isto, mas eu acredito que sim.
Entrevistador: Como vê o desenvolvimento futuro desta plataforma? Por exemplo, se
alagar o público-alvo, modificar as temáticas…
Entrevistado: Alargar o público-alvo, para cima e para baixo, mais jovens e mais velhos
e eventualmente começarmos a ter módulos complementares, se quisermos saber mais
sobre uma determinada área, eu tenho aqui um conjunto de módulos, um bocadinho na
logica dos cursos que falávamos, da Eudime, não é? Ter no fundo pequenos cursos
adicionais, gratuitos online, para que eu possa saber mais, se eu quiser saber muito sobre
dialogo inter-religioso, por exemplo não é? Tenho ali um módulo sobre diálogo inter-
religioso, ou se eu quiser saber muito sobre… sei lá, história da diversidade, no fundo
começarmos a ter aqui pacotes adicionais de formação gratuita para as pessoas.
Entrevistador: Como vê a difusão do DCI nos projetos pertencentes ao ACM?
Entrevistado: Essa está garantida, não é? Quer dizer eu ai não ponho hipótese de isto
não acontecer, seja nos CLAI’S, seja nos projetos do ESCOLHAS, por ai não vejo… A
questão é que ai vamos estar a converter os já convertidos, não é? Portanto por ai…
-
Entrevistador interrompe e pergunta: E externos?
Entrevistado: Externos? Ahhh… Externos vamos ver, vamos primeiro testar
internamente garantir que isto funciona, garantir que isto corre bem, que é interessante,
que é relevante e depois escalar.
Entrevistador: Que parcerias, para além das atuais, pensa serem relevantes para a
continuidade do projeto? Aqui falamos por exemplo de Escolas, associações culturais
Entrevistado: Acho que já respondi não é? Já falei um bocadinho da Direção Geral da
Educação, claramente é muito importante, associações juvenis, associações de
emigrantes, culturais. Depois é uma questão de alargar o leque.
Entrevistador: Ainda numa perspetiva futura, no seu ponto de vista que impacto terá o
DCI a nível nacional?
Entrevistado: Acho que já respondi também, espero ter… para a autoformação… Para a
autoformação, a nível pessoal, creio que também já…
Entrevistador: será um recurso para usar nas escolas, ou noutras organizações?
Entrevistado: Sim, sim.
Entrevistador: Deseja acrescentar mais alguma questão que não tenha sido feita ao longo
da entrevista?
Entrevistado: Não, só agradecer-vos também, o estágio que têm feito, o trabalho que tem
feito, muito empenhados e acho que isso merece sempre um agradecimento, não é?
Esquecemo-nos de nos cumprimentar, andamos tão atarefados aqui, quase que não nos
vemos, mas dizer que estou muito contente com o vosso trabalho e agora muito curioso
de ver o que ai vem. Agora criou-me aqui uma expetativa, que isto vai ser grande, um
grande recurso, e eu espero que sim. Portanto sim. Quando é que contam ter a primeira
versão?
-
Entrevistador: Nós preferíamos que estivesse tudo pronto no final de Maio. Que é
quando acabam também os nossos estágios
Entrevistado: Mas depois se quisermos corrigir alguma coisa já não estão cá não é?
Entrevistador: Não, mas… Ou seja, nós preferencialmente temos de ter para entrar na
nossa tese e tudo mais. Mas o que falamos com a Cristina foi, já pode não entrar dentro
da nossa tese, mas nós podemos continuar a… Sim, pelo menos a tentar perceber o que é
que é que esta ali de mal e o que se pode melhorar. Sim, já não entra e no nosso… Porque
depois temos que entregar. Este e o mês mais… Parece que falta pouco mas vai ser o mês
mais trabalhoso.
Entrevistado: Mas já têm uma plataforma? Já têm testes? Como é que está?
Entrevistador: Amanha acabamos as atividades, fica tudo pronto. O Entrevistado
interrompe e diz, agora é começar a programar. Sim, agora e esperar pela empresa, pela
resposta. O Entrevistado volta a interromper e pergunta: Quem é? É a global estratégias
Entrevistado: Ok, tem de ser uma coisa visualmente muito atrativa
Entrevistador: Nós ate amanha fazemos a nossa parte que é a da criação do… das
atividades e depois é a parte…
Entrevistado: Vocês fizeram algum benchmarking internacional? Descobriram algumas
coisas conhecidas como isto?
Entrevistador: Estivemos a pesquisar algumas atividades, alguns jogos, para não fazer
uma cópia exata… O Entrevistado interrompe e pergunta: Certo, mas ao nível do
Diploma de Competências Interculturais? A nível de diplomas eu não vi nada, eles fazem,
nós vimos, (o assistente do entrevistador fala diretamente para o entrevistador e diz)
Aquele da violência! Nós, vamos fazer uma coisa mais global e eu acho que os jogos que
existem são muito focados num tema, mais especifico, violência, racismo..
-
Entrevistado: Pois, pois… Boa.
Entrevistador: Isso é o que há mais…
Entrevistado: Agora, isso tem de ter um lado muito interativo, muito visual, muito
aliciante. Não meter lá uns bonequinhos toscos (risos).
Entrevistador: nós já preparamos várias atividades, rápidas e dinâmicas, agora é esperar
pela resposta da empresa, para saber se aquelas atividades podem ser naquele modelo.
Entrevistado: Boa, boa, excelente!
Entrevistador: Então, agradecemos a sua colaboração e a disponibilidade
Entrevistado: Ora essa, estamos cá para isso. Está bem? Bom trabalho, vamos falando.
-
Anexo III - Grelha de Análise da Entrevista para Diagnóstico
Categorias Subcategorias Indicadores Unidades de registo
Razões
associada à
conceção
inicial do
DCI
Razão de criação
do DCI
Competência
Intercultural
vista como uma
competência e
decisiva
importante
“ (…) a competência
intercultural(…)acredito eu,
que no século XXI vai ser tão
importante como a
competência de literacia básica
(…)”
“ (…) Que será uma
competência decisiva, quer
para indivíduos, quer para
cidades, quer para regiões, quer
para países.”
“Porque acho que é tão
importante como um diploma
de competências básicas de
TIC (…)”
Adequada aos
desafios e
necessidades
atuais
“ (…) Se nós de facto queremos
posicionarmo-nos no século
XXI, de acordo com aquilo que
são os desafios que esses
tempos já estão a trazer basta
vermos agora neste início de
século, (…) como de repente
estamos a falar de questões
urbanas, de conflitos entre
comunidade (…)
“Depois acho que também esta
ideia das competências
interculturais é decisiva para
cidades, regiões, mesmo países
(…), o mundo está todo a
mexer.”
-
Instrumento
mobilizador de
mudança
“E creio que continuamos a
tentar resolver com
ferramentas do século XX os
desafios do século XXI”
“ (…) eu diria que há aqui uma
lógica de transformação da
sociedade. É o que nós
queremos com estas medidas: é
que desde muito pequeninos as
crianças se habituem a olhar
para outros meninos que serão
diferentes (…) ”
Valorização do
DCI no
currículo
“ (…) mas se pudermos tornar
isso numa competência que,
por exemplo, podemos passar a
por no nosso currículo (…)Isto
vai ser cada vez mais
valorizado (…)”
“ (…) porque é útil, depois no
currículo calha bem (…)de
facto é uma mais-valia (…)”
Está incluído no
Plano
Estratégico para
as Migrações
(PEM)
“O Diploma é uma das medidas
que consta do Plano
Estratégico para as Migrações
(…) ”
Diagnóstico
Inicial
É realizado ao
longo do tempo
“: O diagnóstico, eu diria que
decorre dos muitos, muitos
anos de trabalho do Alto
Comissariado, não é?”
Evidência
prática
“Eu diria que o diagnóstico
decorre, antes de mais, da
evidência da prática, não é?!
-
Não há propriamente um
estudo que não seja empírico
(…)”
Desafios do dia-
a-dia
“ Cada vez mais, todos os dias,
nós, em casa, nos media, na
rua, com os amigos, cada vez
mais temos este desafio de nos
relacionarmos com os outros
(…)”
Transformação
da sociedade
“ (…) eu diria que há aqui
uma lógica de
transformação da
sociedade. É o que nós
queremos com estas
medidas (…) “
Necessidades
locais
/institucionais
“ (…) os nossos projetos locais,
as escolas, os projetos do
Escolhas… cada vez mais as
pessoas nos dizem: “Vocês
deviam ter uma ferramenta que
nos ajudasse a trabalhar este
tema (…) ”
“ E depois queremos ter uma
ferramenta de entrada, que é
este diploma. (…), para que
este tema entre também na
agenda das instituições, das
pessoas (…)”
Obstáculos,
dificuldades e
constrangimentos
previstos
Desinteresse
pelo tema
“ (…) as pessoas acharem que
isto não é importante, isto não
é relevante (…)”
-
Razão da escolha
do Público-Alvo
São a faixa
etária que mais
se desinteressa
“ (…) Não são adolescentes,
são “aborrecentes” (…) Muito
facilmente dizem, “epá isto é
aborrecido, isto é uma chatice
(…) ”
“ Portanto, quisemos começar
pelos mais difíceis de cativar
(…) “
Cativar outas
faixa-etárias
“ (…) se conquistaremos estes,
que são os que se aborrecem
facilmente com isto,
garantidamente os mais
pequeninos alinham e os que
estão acima, mais velhos
também (…) ”
Temáticas
pensadas
inicialmente
Diversidade e
Diferença
“Pensamos muito nesta questão
do «Eu», quem é que eu sou,
que camadas é que eu trago de
diversidade, de diferença (…) “
Relação com os
outros
“ (…) «Eu na relação com os
outros», quem são os outros
que estão à minha volta, como
é que eu me posso relacionar
com eles (…) ”
«Eu na
globalização»
“ (…) seria «Eu na
globalização», neste mundo
global, nesta… Eu no mundo,
não é? (…) “
Parcerias
fundamentais
Programa
Escolhas
“Bom, desde logo os projetos
locais do Escolhas (…) ”
-
Escolas “Depois pensamos que a
escolas devem… (…) ”
Direção
Regional da
Educação
“ (…) eventualmente a própria
Direção Geral da Educação,
deveria qui ser chamada para
garantir que isto é escalado
(…) “
Avaliação do DCI
Autoavaliação
“ (…) eu tenho um sistema que
é aquilo que vocês estão a
desenvolver, de autoavaliação
que me sinaliza consoante eu
estou a conseguir ou não
cumprir os objetivos (…) “
Monitorizada
“ (…) depois penso que
devemos criar um sistema que
nos permita monitorizar, por
um lado, perceber quem é que
está a preencher, quem é que
está a ser certificado (…) “
Externa
“ Depois a nível da avaliação
de impacto, (…) encomendar
externamente uma entidade
que nos demonstre que a
utilidade ou não desta
ferramenta (…) ”
O DCI
como
ferramenta
digital
Promoção de
valores Tolerância
“ (…) o ACM, tem vindo cada
vez mais a tentar ferramentas
(…) , que nos ajudem a
continuar a ser um país
tolerante. “
Motivação pela
opção tomada Maior difusão
“ (…) garantir a maior difusão
possível. Não é? Nós queremos
-
que qualquer pessoa, diria, no
mundo inteiro (…) ”
Menores custos
“ (…) o projeto possa crescer
exponencialmente sem que os
custos cresçam
exponencialmente (…) “
Ser open source
“ (…) No fundo, quisemos
fazer disto uma… eu diria,
quase uma ferramenta open
source, não é? O mais
disseminada possível (…) “
Perspetivas
futuras da
aplicação
do DCI
Metas a alcançar
Valorização por
parte das
pessoas
“ (…) que as pessoas vejam
esta ferramenta como veem o
saber usar a internet, o saber
escrever (…) “
“Sendo transversais opcionais
as pessoas têm que querer, têm
que ser útil. Os jovens têm de
dizer: Ok eu quero perder meia
hora da minha vida a fazer isto
(…)”
“ (…) provar que esta é uma
competência efetivamente
importante no século XXI
(…)”
Recolhimento
da diversidade
“ (…) o que nós queremos é
isto, é que as pessoas
aprendam, não só a conviver
bem com a sua diferença (…)
perceber as vantagens, (…)
competitivas, da diversidade. “
-
Alargar o
público-alvo
“ (…) com este modelo e
também com este diploma é
logo desde muito pequeninos
(e vamos tentar que cada vez
mais, desde pequeninos, o
diploma comece ainda mais
cedo (…) devemos começar
desde o 1º ciclo (…)“
“ Alargar o público-alvo, para
cima e para baixo, mais jovens
e mais velhos (…) ”
Inserção de
outros módulos
“ (…) e eventualmente
começarmos a ter módulos
complementares (…)”
Mais-valias Pais mais
tolerante
“ (…) Um país mais tolerante,
em que as pessoas percebam
que a diferença, aquilo que nos
une e muito mais do que as
pequeninas diferenças que
vemos (…) ”
Constrangimentos Falta de
interesse
“ (…) É a questão das pessoas
acharem que isto é irrelevante,
que não é um tema importante,
é uma coisa para minorias (…)
-
Anexo IV - Tabela de identificação da amostra
Data Local Prática Jovem Informações
Sexo Idade Habilitações
8 de Junho
de 2015
Projeto Escolhas:
Intendarte Questionário
A 14 M -----------------
B 16 M 9
C 14 M 6
9 de Junho
de 2015
Projeto Escolhas:
+ Skills Questionário
D 16 M Curso
Vocacional
E 18 F 9
F 15 M 8
G 14 M 8
H 15 M 9
I 15 F 8
J 16 M 8
12 de Junho
de 2015
Centro de Estudos
100 Limites Questionário
K 16 F 11
L 14 M 9
M 17 F 12
N 18 M 12
O 16 M 10
17 de Junho
de 2015
P 16 F 10
Q 15 M 6
R 17 M 7
S 13 M 6
T 15 F 9
15 de Junho Projeto Escolhas:
Eu amo SAC
Questionário
Focus Group
U 13 M 12
V 14 M 8
X 13 M 9
W 15 F 9
Y 17 M 11
-
Anexo V - Questionário para a Amostra
-
Anexo VI - Guião do Focus Group
Objetivos Questão Notas
Compreender as
potencialidades que os
Ambientes Virtuais de
Aprendizagem podem
proporcionar aos seus
utilizadores
Como sentiram esta
experiência de utilizar esta
plataforma?
Perceber se gostaram das
atividades, perceber o
que acharam da
organização da
plataforma e se foi fácil
navegar na mesma.
Que importância atribuem
a utilização de plataformas
como esta?
Perspetivar mudança de
opinião após utilização
da plataforma.
Analisar o papel das
tecnologias na facilitação
de processos de
aprendizagem
A utilização da plataforma
mudou a vossa opinião em
relação à utilização das
Tecnologias para a
aprendizagem? Porquê?
Conhecer opinião em
relação à utilização das
tecnologias, após
contacto com a
plataforma.
Avaliar a adequação do
DCI
Acham que a plataforma
esta adequada à
aprendizagem de temas
interculturais?
O que acham que se deve
alterar ou melhorar na
plataforma?
Incluir mais recursos,
mais atividade, mais
temas, melhor
organização.
-
Anexo VII - Transcrição do Focus Group
Moderador: Cada vez que faço uma pergunta, vocês respondem, um de cada vez. Agora
a primeira pergunta começamos por ali as respostas, mas vamos mudando! Sempre que
apontar para um de vocês, depois continua assim.
Moderador: Então, primeiro peço que me digam a idade, a escolaridade e a ocupação,
se tiverem.
1Jovem 1: Tenho 13 aos, sou estudante e estou no 6º ano.
Jovem 2: Tenho 17, e ando no 12º ano.
Jovem 3: Tenho 13 anos e ando no 6º ano.
Jovem 4: 14 anos, ando no 7º ano.
Jovem 5: Ando no 9º ano, tenho 15 anos e sou estudante.
Moderador: Vou agora fazer algumas perguntas sobre a plataforma que utilizaram.
Jovem 4: Tive 0 naquela atividade, não sei nada (risos).
Moderador: São perguntas fáceis, são só sobre a plataforma que estiveram a fazer.
Moderador: Então começamos por ti, (apontando para a Jovem 5). Pergunto, como é que
sentiste a experiência de utilizar esta plataforma?
Jovem 5: Bem…
Moderador: Gostaste das atividades?
Jovem 5: Sim.
Moderador: Achaste que foi fácil?
1 O número de cada jovem corresponde ao atribuído na tabela de identificação do Focus Group
-
Jovem 5: Algumas.
Moderador: E quais achaste mais fáceis?
Jovem 5: A das imagens…
Jovem 4: Quais imagens?
Moderador: A da banda desenha? Sim?
Moderador: E agora tu, (apontando para o jovem 3), o como te sentiste?
Jovem 3: Bem, achei fácil.
Moderador: Achaste fácil as atividades?
Jovem 3: Sim, só o último módulo é que não.
Moderador: Era mais complicado?
Jovem 3: Era.
Moderador: E agora tu, (apontando para o jovem 1), o que achaste…?
Jovem 1: Aprendi algumas coisas!
Moderador: E o que achaste mais fácil?
Jovem 1: Foi a primeira palavra cruzada.
Moderador: E mais difícil?
Jovem 1: Foi aquela dos artigos…
-
Moderador: E os recursos, o que acharam? Os que exploraram...
Jovem 1: Bons, têm muita informação e ajudam.
Jovem 2: Sim também acho.
Jovem 5: Sim.
Moderador: Agora tu (apontando para o jovem 4), o que achaste da plataforma?
Jovem 4: Senti-me inculto! (todos os participante riem)
Moderador: Foi? Porquê?
Jovem 4: Não sabia nada! (risos) 0%
Moderador: Então e se fizesses agora outra vez?
Jovem 4: Não!
Moderador: Então Não aprendeste?
Jovem 4: Sim.
Moderador: Eu acho que vocês foram aprendendo algumas coisinhas!
Jovem 1: Sim.
Moderador: Então vamos passar à próxima pergunta… Começas tu! (apontando para o
jovem 1) Qual a importância que atribuem à utilização de plataforma como esta? Achas
que são importantes?
Jovem 1: São
-
Moderador: Porquê?
Jovem 1: Porque ensinam as coisas às pessoas?
Moderador: E achas que era igual se fosse em papel?
Jovem 3: Era mais difícil.
Jovem 4: Não!
Jovem 1: Porque é tecnologias.
Jovem 3: «Ya!» Porque tínhamos de estar ali a escrever.
Moderador: Então é mais fácil?
Jovem 4: Oh, tinhas que escrever a mesma no teclado.
Jovem 3: Não era muito! Não era muito. Não era estar a escrever a mão. Podia estar
sempre a clicar no rato.
Moderador: Vocês gostam mais de escrever no teclado?
Jovem 1, 3: Sim.
Moderador: Então acham importantes estas plataformas.
Jovem 1, 3 e 4: Sim.
Jovem 3: É de mais fácil acesso e de distribuição de informação.
Jovem 2: Eu acho que é uma forma de aprender, mas jogando, acho que é mais fácil e
didática.
-
Jovem 1: E a procura de informação.
Jovem 2: Também é mais portátil, uma pessoa pode ir ao telemóvel, vai procurar a
aplicação ou vai ao site e… aprende.
Moderador: Então agora podes ser tu!
Jovem 3: Então era assim (apontado para o colega)! Era assim nesta ordem (risos).
Moderador: É quem eu escolher (risos).
Moderador: A utilização da plataforma mudou a vossa opinião em relação às tecnologias
de aprendizagem?
Jovem 3: Sim.
Moderador: Porquê?
Jovem 3: Porque nem sempre é Facebook, também dá para aprender.
Moderador: Muito bem!
Jovem 2: Eu, na minha opinião, a mim não mudou muito, porque já estou habituado a
aceder a plataformas parecidas, para outro tipo de temas e hoje em dia as plataformas têm
jogos didáticos e isso tudo que é para as pessoas não se cansarem muito.
Moderador: Muito bem!
Moderador: E agora tu, (apontando para o jovem 1), mudou alguma coisa?
Jovem 1: Não…
Moderador: Para que é que serviam antes, para ti?
-
Jovem 1: Eram normal.
Moderador: Normal como? Usavas para que?
Jovem 3: O que é que é normal? (olhando para o jovem 5)
Jovem 1: Era normal sou mudou algumas coisas.
Jovem 3: Era normal, então aprendes no face ?
Jovem 1: Não.
Moderador: Então achas que estas plataformas são importantes? Ou não?
Jovem 1: Sim.
Moderador: E tu? (apontando para o jovem 4).
Jovem 4: Qual é que é a pergunta?
Moderador: A utilização da plataforma mudou a vossa opinião em relação às tecnologias
de aprendizagem?
Jovem 4: Não.
Moderador: Não? Porquê?
Jovem 4: Porque aqui no Eu Amo SAC temos ensino orientado.
Moderador: Diz? Não percebi.
Jovem 4: Ensino orientado! Dão-nos uma folha e um nome de uma coisa e nós temos que
ir pesquisar.
-
Moderador: Então já utilizavam as tecnologias antes.
Jovem 1: Já.
Moderador: Então e tu? (apontando para o jovem 5).
Jovem 5: A mesma coisa.
Moderador: Já estavam habituados é isso?
Jovem 1: Grande resposta (olhando para a jovem 5).
Jovem 4: Nós aqui a desenvolver e ela…
Moderador: Ok, então agora começas tu (apontando para o jovem 4) Acham que a
plataforma está adequada para aprendizagens de temas interculturais.
Jovem 4: Está!
Moderador: Porquê?
Jovem 4: Porque fala do racismo, de religiões.
Jovem 1: De igualdade.
Jovem 3: Dos direitos.
Jovem 1: Acho que está mais bem organizada, útil.
Moderador: Mais?
Jovem 2: Até mesmo para qualquer tipo de trabalhos, se alguém precisar de ter um
trabalho sobre a interculturalidade e isso tudo pode aceder à plataforma, porque para além
de estar tudo resumido, sempre consegue aprender ao mesmo tempo que faz o trabalho.
-
Jovem 4: Fala de xenofobia.
Moderador: Agora já sabes o que é que é ou não?
Jovem 4: É quando eu sou contra…Emigrantes.
Moderador: Exatamente.
Moderador: E tu, (apontando para o jovem 5) achas que a plataforma está adequada a
estes temas?
Jovem 5: Mais ou menos, sei lá.
Moderador: Mais ou menos? Então porquê?
Jovem 5: Não sei. (risos)
Moderador: Ok… Então vou passar à última pergunta, de uma forma geral, o que é que
acham que se deve alterar ou melhorar na plataforma?
Jovem 3: Nada.
Jovem 1: Algumas perguntas e abordar mais temas.
Jovem 2: Sei lá, outro tipo de atividades.
Moderador: Organização não se mudava nada?
Jovem 3: Não.
Jovem 2: Acho que não, está acessível, hoje em dia toda a gente consegue ir a net e
realizar as atividades.
-
Jovem 3: Tipo para as pessoas que não conseguem ler.
Moderador: Aumentar um bocado o…
Jovem 1: Sim a banda desenhada não se via nada.
Jovem 3: Não, não é isso. As pessoas que não conseguem ler. Eu tenho um primo que
não consegue ler nem escrever. Tipo meter alguém a falar.
Moderador: Ok.. Então e acham que se devia incluir mais recursos, como por exemplo
documentos, vídeos ou imagens?
Jovem 1: Sim.
Jovem 2: Notícias.
Moderador: E sobre que temas?
Jovem 4: Sobre os mesmos.
Jovem 3: Bullying.
Jovem 1: Podia haver mais alguma coisa.
Jovem 3: Exato.
Moderador: Como por exemplo?
Jovem 1: Segurança.
Jovem 3: Segurança e Higiene e saúde.
Jovem 1: Isso.
-
Moderador: Ok e em relação ao tema da interculturalidade que temas e que acham que
se devia incluir mais? Para além destes.
Jovem 1: Eu acho que está bom assim.
Jovem 3: Sexualidade.
Moderador: Sexualidade? Não se fala muito pois não?
Jovem 3: Não, têm vergonha.
Moderador: Exato. E vocês gostavam de saber mais sobre isso?
Jovem 1: Já sei tudo! (Todos riem-se) Eu dei em Ciências.
Moderador: Mas acham que é pouco?
Jovem 3 e 4: Sim.
Moderador: Então destes três temas, qual é que foi o mais interessante?
Interculturalidade, racismo ou religiões.
Jovem 1, 3 e 4: Racismo!
Jovem 2: Religião
Moderador: E tu? (apontando para o jovem 4)
Jovem 4: Religião, porque aprendi mais
Moderador E qual o que foi menos interessante?
Jovem 3: Interculturalidade.
-
Jovem 5: Interculturalidade.
Jovem 1: Religião.
Moderador: E tu? (apontando para o jovem 4).
Jovem 4: Esse da Intercult… (risos) Interculturalidade.
Jovem 2: Eu gostei de todos.
Moderador: Querem acrescentar mais alguma coisa? Têm alguma dúvida?
Jovem 4: Tenho uma dúvida, quem é aquela Lili que aparece no início da plataforma?
Moderador: É a mascote
Jovem 4: Ahh.. É só isso.
Moderador: E então muito obrigado.
-
Anexo VIII - Grelha de análise do focus group
Categoria Indicadores Respostas Contagem
Atividades da
plataforma
Apreciação ‘Gostei’ 2
Facilidade
‘Achei fácil’ 1
‘Era mais
difícil’ 1
Aprendizagem ‘Aprendi’ 3
Recursos da plataforma Utilidade ‘Eram bons’ 3
Adequação do DCI
Plataforma esta adequada à
aprendizagem de temas
interculturais
Sim 4
‘Mais ou
menos’ 1
Já utilizavam as tecnologias Sim 5
Realização de alguma
alteração
Para quem tem
mobilidade
reduzida
2
Inclusão de
mais temas 2
Alteração de
atividades 1
Inclusão de
mais recursos 5
Mais portátil 1
-
Acesso/distribuição da
informação Mais fácil
Papel das tecnologias
na facilitação de
processos de
aprendizagem
Plataforma mudou a opinião
em relação as tecnologias na
educação
Sim 1
Não 4
Outras Plataformas de
aprendizagem
Importância ‘Sim’ 3
Comparação vs método
tradicional
‘Era mais
difícil’ 1
Mais acessível 3
Procura da informação Mais atrativo 2
Mais fácil 1
-
Anexo IX- Notas de campo
Data: 8 de Junho 2015
Local: Intendente | Projeto: Intendarte (Projeto Escolhas)
1º dia de implementação do projeto:
Comentário: Apesar de já conhecer o projeto e as instalações pois visitei-o
previamente com a equipa Técnica de Lisboa do Escolhas, estava um pouco nervoso pois
não sabia como os jovens iam reagir a implementação da plataforma.
Este projeto situa-se no Intendente, sendo o projeto que mais perto do ACM, IP.
Chegamos ao projeto às 15h05 (eu e a colega que estava a implementar o DCI também,
a Bruna Marques), todavia só começamos a implementar a plataforma por volta das
16h30, pois chegaram uns jovens que andavam no 5º ano e estavam a explorar o espaço
e computadores, para conhecerem o projeto.
Para a aplicação da plataforma no projeto, tivemos como número total de
participantes, seis jovens. Sendo que apliquei o meu questionário e a plataforma apenas
a três jovens e a minha colega, Bruna Marques, aplicou a outros três jovens. Este processo
será o mesmo para as restantes aplicações, pois apesar de ser o mesmo espaço de
aplicação, temos objetivos diferentes e recolha de dados diferentes.
Comentário: O Espaço CID@NET estava ligado a um espaço de lazer com uma
mesa de ping-pong, o que distraiu um pouco a atenção dos jovens participantes no
projeto. O espaço CID@NET estava adequado as necessidades dos jovens, contendo seis
computadores com respetivos acessórios .
Iniciando a implementação, o Jovem A1 começou a utilizar a plataforma um
pouco depois das 16h30. Este jovem optou por não explorar a plataforma e iniciar jogo.
Logo que clicou no módulo I, primeira atividade, começou a demonstrar desinteresse pela
plataforma. Ligou o seu mp3, estava quase sempre desatento, olhando para o colega do
lado que estava na rede social Facebook. Interveio poucas vezes, dizendo: «Tenho mesmo
de fazer isto? Só queira consultar os meus emails». «Não, quero realizar mais nenhuma
atividade (após concluir o 1º módulo), posso ir embora?».
À medida que o Jovem B abria uma atividade dizia o seguinte: «Não percebo
nada, o que é para fazer aqui». Nesse sentido, dizia-lhe para ler o enunciado de cada
1 A identificação de cada jovem é a mesma utilizada na tabela de pontuações (Anexo IX)
-
atividade. Apenas no terceiro módulo esteva mais atento, lendo e respondendo de forma
mais reflexiva. Ao mesmo tempo que o Jovem B realizava as atividades, apareceu o
Jovem C. Este jovem demonstrou maior atenção que os anteriores, inclusivamente à
medida que ia realizando as atividade interagia com o Jovem B, dizendo: «Tens de ler o
que diz lá em cima! É muito fácil, está lá tudo», «Já colocaste nos espaços quatro palavras,
se só falta uma, pensa qual é».
Comentário: Criei algumas expetativas em relação ao número de participantes,
pois pensei que conseguíssemos que mais jovens utilizassem a plataforma, para ser
preciso, estávamos a espera de 12 jovens, seis para cada um de nós. Por outro lado, com
esta experiência foi possível perspetivar o que poderia acontecer nas seguintes
intervenções e, nesse sentido, optei por prolongar por mais uma sessão a intervenção.
Data: 9 de Junho 2015
Local: Bairro Alto (Lisboa) | Projeto: + Skillz (Projeto Escolhas)
2º dia de implementação do projeto
Para este segundo dia de intervenção, estava acordado realizar a implementação
da plataforma no + Skillz, no bairro alto. Após alguma dificuldade em encontrar o local,
conseguimos chegar a horas ao local. Pretendíamos, eu a colega Bruna Marques, iniciar
a implementação do projeto às 14h00, mas como ainda não estavam jovens, pois estavam
na escola, iniciamos a aplicação às 15h30.
Em relação ao espaço CID@NET, este estava bem equipado com computadores
bons e atuais. Existiam seis computadores disponíveis, eu e a minha colega ficamos
responsáveis por utilizar dois para a nossa intervenção.
Comentário: Reparei que nesta sala CID@NET, eram desenvolvidas várias
atividades com os jovens, desde o apoio escolar, aprendizagem de inglês e utilização dos
computadores por adultos.
Esta intervenção contou com a presença de 11 jovens, sendo que implementei a
plataforma e questionários a sete e a minha colega aos restantes. A primeira jovem que
queria explorar a plataforma, estava bastante curiosa, queria ver as atividades, mas
reparamos que apenas tinha 10 anos, o que está fora do público-alvo do projeto, nesse
sentido não pode utilizar a plataforma.
-
O Jovem D iniciou a exploração da plataforma começando por ler as indicações.
Ao realizar as atividades demonstrou bastante interesse pelos temas e não teve
dificuldades na concretização das atividades.
Igualmente, a Jovem E, demonstrou interesse pelos temas, rapidamente realizou
as atividades. Após completar o segundo módulo, perguntou: «Este site está ativo desde
quando?» «É que está muito bem feito». Depois de completar o último módulo, voltou a
elogiar o site, dizendo: «bastante bom, bastante bom», «Acho que é uma boa ideia esta
plataforma, estes temas. Tive uma disciplina sobre isto e gosto muito destes temas». «É
importante que falassem mais nas escolas».
O Jovem F demonstrou algumas dificuldades de interpretação, nos módulos II
(sobre discriminação) e módulo III (Tradições religiosas), sendo que, não realizou o
primeiro módulo. Ao realizar o quizz sobre as religiões afirmou: «Não sei nada disto,
nunca estudei nada sobre as religiões».
O Jovem H, enquanto esperava que um colega acabasse a realização perguntou
se tivesse muitas respostas certas tinha direito a um prémio.
O Jovem J, após consultar a página dos vídeos disse a outro colega “olha este
vídeo do racismo que falamos na aula de sexta”. «Este vídeo é muito interessante e ajuda
a perceber o racismo, vou também ver os outros, posso?»
Comentário: De uma forma geral a implementação correu bem, superou as
minhas expetativas em dois modos. Primeiramente atingimos o número de jovens
atingidos pré-estabelecidos e em segundo lugar, os jovens mostraram interesse pela
plataforma, não só na realização das atividades, mas também pela qualidade dos
recursos e pela importância da plataforma. O Dinamizador do Projeto (+ Skillz), também
teve um papel fulcral no bom funcionamento da intervenção, pois motivou os jovens para
participar e prestou sempre ajuda, sempre que necessária.
Data: 12 de Junho 2015
Local: Odivelas | Entidade: Centro de Estudos 100 limites
3º dia de implementação do projeto
Inicialmente não estava planeado a implementação da plataforma no Centro de
Estudos 100 limites, todavia, devido a não conseguirmos implementar o mesmo num dos
projetos Escolhas e tendo em conta a necessidade de ter uma amostra de 25 elementos
-
(planeada previamente), decidimos, eu e a colega Bruna Marques, aplicar o o projeto
nesta entidade.
Chegamos ao Centro de Estudos às 10h15, sendo que já se encontravam
presentes 4 jovens que iriam explorar a plataforma, sendo que dividimos estes jovens
pelos dois. Como total de jovens neste dia, foram 8 elementos, sendo que apliquei a
plataforma e o meu questionário a seis elementos e a minha colega a dois.
No centro de estudos não existe espaço com computadores e/ou outros aparelhos
informáticos, nesse sentido foi necessário, eu e minha colega utilizarmos os nossos. Nesse
sentido, aplicamos a plataforma DCI na sala principal do centro, pois era mais ampla e
tinha mesas suficientes para a nossa aplicação como para os restantes jovens que estavam
a estudar.
A jovem K iniciou a exploração da mesma pouco depois de chegarmos ao local.
Rapidamente a jovem consultou os vários separadores e em seguinte iniciou as atividades.
Esta jovem respondeu rapidamente às atividades propostas, não demonstrando grandes
dificuldades.
O Jovem L, a utilizar a plataforma, demorou um pouco mais que a primeira a
concretizar as atividades, todavia só sentiu dificuldades no último módulo (religiões),
pois nos outros dois realizou as atividades rapidamente sem dificuldades.
Por sua vez, o Jovem M e o Jovem N não demonstraram dificuldades, realizando
exercícios rapidamente. O Jovem M, após concluir todos os módulos voltou a abrir os
recursos, consultando alguns dos documentos que ainda não tinha visto
O Jovem O, ao contrário s dos colegas anteriores demonstrou alguma dificuldade
de interpretação, embora que à medida que concluía as atividades, esta dificuldade
diminuía.
Comentário: Neste dia apesar de aplicar a plataforma e questionários a estes
seis jovens, sabia que iria descolar-me pelo menos mais uma vez ao local para aplicar a
outros jovens, pois seria necessário para ter a minha amostra planeada completa.
Data: 15 de Junho 2015
Local: Santo António dos Cavaleiros (Lisboa) | Projeto: Eu Amo SAC (Projeto
Escolhas)
4º dia de implementação do projeto
-
O Projeto Eu Amo SAC que se situa em Santo António dos Cavaleiros, foi o
terceiro local pensado para realizar a aplicação da plataforma e questionário. Chegamos
ao projeto às 13h30 todavia este ainda não estava aberto, voltamos novamente às 14h30.
Ao chegar ao projeto, reparei que a dinamizadora já tinha jovens preparados para
utilizarem a plataforma, nesse sentido iniciou-se sem qualquer problema.
Os primeiros dois jovens a utilizar a plataforma, exploraram todos os
separadores, incluindo abriram alguns recursos. Um aspeto comum a primeiros dois
jovens é que ambos refletem muito antes de responder, embora que, o Jovem V,
demonstre alguns erros de interpretação.
Comentário: Reparo que a sala dedicada ao CID@NET está bem equipada, têm
vários aparelhos tecnológicos, como um projetor, webcams, microfones etc. A disposição
da sala está feita de uma forma atrativa e acolhedora.
O Jovem X, após obter uma pontuação fraca numa das atividades do módulo III,
perguntou se podia repetir, pois como ele diz «Agora já aprendi, posso fazer outra vez?».
Neste sentido, notei que este jovem mostrou interesse por aprender o tema.
O Jovem U fez algumas questões pertinentes sobre a plataforma, queria
descarregar alguns documentos para ler, mas por questões de segurança, o computador
não autorizou o descarregamento. Enquanto realizava o questionário, na pergunta das
perceções e influências do tema após utilização da plataforma, o mesmo fez questão de
dizer: «Eu já tratava todos igual, da mesma maneira». O Jovem X também a preencher o
questionário referiu que só utilizava livros para estudar, pois a sua mãe não deixava
utilizar tecnologias.
Tal como o jovem V, a Jovem W, demonstrou algumas dificuldades de
interpretação em todos os módulos, o que levou a despender mais tempo por cada
atividade tendo em conta os restantes colegas.
Também neste dia realizei um focus group com o grupo de jovens, acima
mencionado e com outros três, resultando assim num total de seis participantes. De forma
a realizar esta conversa num ambiente mais propício, a dinamizadora do projeto
disponibilizou uma sala desocupada. A sala em questão estava bem equipada, com mesas
e cadeiras adaptadas para várias faixas etárias e encontrar-se bem dividida, sendo que,
metade da sala era usada com intuito de estudar (com estante com livros, material escolar)
e a outra parte da sala estava adequada para uma vertente de lazer (com jogos de
tabuleiro). O focus group realizou-se num ambiente calmo, sem quaisquer interrupções
ou constrangimentos. O focus group realizou-se rapidamente, durou cerca de 13 minutos,
-
pois enquanto alguns jovens realizavam intervenções pertinentes e uteis para a
investigação, outros não falaram tanto, e tão pouco desenvolviam as suas ideias.
No total, obtivemos como amostra deste projeto 11 jovens, sendo que apliquei o
questionário e focus group a 5 jovens e a colega Bruna Marques, aplicou o seu
questionário aos restantes seis elementos
Comentário: À saída do projeto conversei um pouco com a coordenadora do
local, que demonstrou enorme interesse pelo nosso projeto. Referiu a preocupação com
a nossa intervenção, sendo que avisou os jovens com antecedência para estarem
presentes neste dia e colaborarem no projeto.
Data: 17 de Junho 2015
Local: Odivelas | Entidade: Centro de Estudos 100 limites
5º dia de implementação do projeto
Continuando a aplicação da plataforma no Centro de Estudos, já estavam
presentes os jovens que na sessão anterior não exploraram a plataforma. Os quatro jovens
que utilizaram a plataforma consultaram todas as páginas de recursos e para além disso
descarregaram alguns documentos, dando uma vista de olhos pelos mesmos.
O primeiro jovem a explorar a plataforma, Jovem Q,