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AndRé MAggi

do cabo da enxada ao centro do

agronegócio brasileiro

s/a - Arquivo da artista

Andre Maggi_uma biografia_157x230mm.indd 3 04/09/18 09:40

EQUIPE DE ELABORAÇÃO

Diretora de Sustentabilidade, Comunicação e ComplianceJuliana de Lavor Lopes

CoordenaçãoDaniel Escobar

Pesquisa em acervo histórico da AmAggICamila Santana

SuporteBruna Dock

Elaine Andrade Érika mourett

Renê Dióz Rodrigues


Cuiabá

Série Memória do Agronegócio Volume I

Martha Baptista

AndRé MAggi

do cabo da enxada ao centro do

agronegócio brasileiro


Todos os direitos desta edição reservados para Entrelinhas Editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

1. Empresários : Biografia 338.04092

Iolanda Rodrigues Biode - Bibliotecária - CRB-8/10014

Baptista, martha André maggi : do cabo da enxada ao centro do agronegócio brasileiro / martha Baptista. -- Cuiabá, mT : Entrelinhas, 2018. -- (Série memória do agronegócio ; 1)

Bibliografia. ISBN 978-85-7992-117-9

1. Agronegócios - Brasil 2. Amaggi Exportação e Importação - História 3. Empreendedores - Biografia 4. maggi, André Antonio, 1927- 5. memórias 6. Trabalhadores - Relatos I. Título. II. Série.

18-19884 CDD-338.04092

Av. Senador metelo 3773, Jardim Cuiabá | Cep. 78.030-005 | Cuiabá-mT Tel.: (65) 3624 5294 | 3624 8711

e-mail: [email protected] | www.entrelinhaseditora.com.br

Editora maria Teresa Carrión CarracedoArte-finalização maike Vanni

Revisão marinaldo CustódioFoto da capa Valter Arantes

Produção gráfica Ricardo miguel Carrión CarracedoFotos da edição Arquivo de família e da AmAggI

Impressão Ipsis

Série Memória do Agronegócio | Vol. I

Sigla | s/a – sem identificação de autoria


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“As dificuldades foram feitas para serem vencidas”

Irineu Evangelista de Souza (1831-1889)

Barão de Mauá


Agradecimentos

Uma história como a de André Antonio maggi não é “escri-ta” a duas mãos. Resgatar fatos importantes de uma vida tão rica e, ao mesmo tempo, capturar a personalidade ímpar do funda-dor de uma empresa do porte da AmAggI são tarefas que de-pendem das lembranças deixadas por ele em várias regiões do país por onde passou. Dependem ainda da disposição e genero-sidade de muita gente em compartilhar suas memórias.

Ao longo de vários anos, muitos depoimentos foram co-lhidos visando à elaboração da biografia de André maggi, que chega agora às mãos do leitor. Alguns casos foram relatados por pessoas que já não estão entre nós e, por meio deste livro, tam-bém reverenciamos sua história.

A lista de depoimentos, que segue, inclui membros da fa-mília de maggi e de seus amigos mais próximos. Conta também com a valiosa contribuição de colaboradores – dos mais antigos e presentes ao longo da trajetória empresarial do biografado – a pessoas que cruzaram seu caminho como prestadores de servi-ço, vizinhos ou amigos.

A todos eles, nossos agradecimentos sinceros por nos aju-darem a (re)construir a história e a imagem desse homem sin-gular, que sintetiza como poucos a saga de outros migrantes que desbravaram o oeste do Brasil no século passado, transfor-mando a paisagem do cerrado brasileiro, gerando riquezas, no-vas cidades e oportunidades de crescimento.


Nossos agradecimentos especiais aos jornalistas Joaquim Castanheira e Ana Bustamente, que colheram grande par-te desses depoimentos e reuniram informações acerca da vida pessoal e profissional de maggi.

Agradecemos a confiança da família maggi, nas figuras da matriarca Lucia Borges maggi e de seus filhos Fátima, marli, Blairo, Rosângela e Vera.

Também dirigimos nossos agradecimentos à direção da AmAggI por seu apoio. Finalmente, nossa gratidão à equipe de Comunicação da empresa, que tornou este trabalho mais prazeroso, apesar de seus inúmeros desafios. Estendemos esse agradecimento em especial à equipe da Entrelinhas Editora.

A autora


Pessoas que ajudaram a reconstituir esta biografia:

Addy maria Dall’oglio CavalcaAdelma Krás Borges

Adilton SachettiAimoré XavierAltair Fabris

André Luiz maggi PissolloAndré Souza maggi

Andressa maggi LocksArnaldo FerrandoAntônio Verona

Arcelo Januário PereiraArlindo mosé Cavalca

Arnaldo BoffeBelisa Souza maggiBlairo Borges maggi

Bruno maggi PissolloCacique míriam Kazaizokairo

Carolina maggi Ribeiro Celson maggiDanilo SartorDário RomaDulce maggiEdson CintraElma Scheibel

Eraí maggi SchefferEsterlita Rodrigues

Eulino João martins (Lino)Ézio maggi

Fabrício maggi Schmidt


Felipe maggi Pissolloguilherme maggi Schmidt

Hugo Carvalho RibeiroItamar Locks

Jair Vamerlatti João Batista de Lima

João César maggiJosé Antônio Tadeu guilhen

José Luiz maggi (Zepo)Judiney Carvalho de Souza

Leonardo maggi RibeiroLucena Schafer

Lucia Borges maggiLuciana maggi

Luiz Antônio Pagotmaria Borges maggi

maria de Fátima maggi Ribeiro maria Elisabete de Brito (Bete)

marli maggi Pissollomichele de Brito martins

Ocimar VilelaOtávio Ribeiro da Silva

Paulo Krás BorgesPedro Jacyr Bongiolo

Pedro muffato Plínio Schmidt

Reinaldo PozzerRoberto Anselmo Rubert

Romualdo Cavalheiro Rosângela maggi Schmidt

Sabriny maggi Pissollo


Samuel maggi LocksSérgio Vidal de Arruda

Sirlei Ribeiro Thaiana maggi LocksTiciane Souza maggi

Vera maggi LocksVictório maggi

Waldemir Ival LotoWaldir Júlio Teis

Zilda macedoZilda maggi


Apresentação

Fátima, Marli, Rosângela, Vera e Blairo Maggi1

Quando a gente fecha os olhos por um minuto, consegue imaginar o som dos golpes da enxada na terra fértil e as mãos já calejadas daquele jovem de vinte e poucos anos. O suor escor-rendo pela testa e descendo perto dos olhos azuis que miram o solo, mas cuja mente está em outro lugar.

Um leve sorriso esboçava o contentamento pela conquista da mulher amada e o olhar era confiante, de quem sempre acre-ditou que o futuro reserva algo especial a quem trabalha e cor-re atrás de seus sonhos.

O jovem de quem falamos é nosso pai, André Antonio maggi. muitas histórias foram contadas a seu respeito duran-te as dezenas de entrevistas feitas para sua biografia. No entan-to, um dos últimos relatos foi este, feito por nossa mãe, Lucia Borges maggi.

O pai, então um jovem “sem nada” no Rio grande do Sul, em meados da década de 1950, após um episódio em que teve que se empenhar para conquistar a nossa mãe, se viu diante

1 Filhos de André e Lucia maggi.


de um desafio: iniciar uma vida a dois com outra “sem nada”, como se costumava dizer.

Ele então pegou no cabo da enxada, foi para roça e fez aqui-lo que norteou grande parte de sua vida: trabalhou com obje-tivo claro daquilo que queria. Plantou mandioca, abacaxi e ba-nana.

mas a pressa pelo casamento fez com que o pai vestisse um terno que ainda não era dele. Como a safra de mandioca seria apenas após a cerimônia, o pagamento da vestimenta do noivo teve que esperar a colheita, a transformação da mandioca em farinha e a venda desse produto. Só então ele pagou seu terno.

Essa pequena história sintetiza muito quem foi o pai. Um homem que tinha pressa de fazer as coisas acontecerem, acre-ditava no trabalho como forma de mudar seu destino e encon-trava soluções para alcançar os seus objetivos.

A ideia de transformar a vida de André maggi em uma bio-grafia surgiu em meados de 2007, seis anos após o seu faleci-mento. No entanto, na época decidimos levar adiante outro projeto, a autobiografia da mãe, que contou a história de nossa família sob o ponto de vista da matriarca no livro O Olhar da Fortaleza2.

Uma vez cumprida a etapa do livro da mãe, continuamos cultivando o sonho de vermos uma obra literária que contasse a saga de nosso pai – que evoca a de milhares de brasileiros que no século passado migraram de seus locais de origem atrás de uma vida melhor.

2 BUSTAmANTE, Ana. O Olhar da Fortaleza – Autobiografia de Lucia Bor-ges maggi. Cuiabá: midiograf gráfica e Editora, 2012, 2ª edição.


Nem todos que embarcaram nessas aventuras, em um Bra-sil ainda em expansão, tiveram êxito. mas temos orgulho de di-zer que nosso pai conseguiu. Ele venceu, deixou um legado que foi abraçado pela família e por dezenas de pessoas em quem o pai um dia acreditou e a quem ofereceu uma chance de crescer com ele.

Tal qual uma obra literária, o projeto do livro do pai teve muitos capítulos. Demorou um pouco mais até que encon-trássemos o tom correto para contar a história de um homem simples, pouco letrado, cuja mão podia estar um dia colocan-do lona na carroceria de um caminhão e no outro apertando a mão do presidente da República.

mas todo o esforço e a espera valeram a pena. Encontra-mos, na forma de escrever e no trabalho da jornalista martha Baptista, o carinho que esperávamos em relação à história da nossa família.

Ao mesmo tempo, martha trouxe o olhar jornalístico ne-cessário para contar a saga de uma pessoa que teve papel fun-damental na consolidação de mato grosso no cenário do agro-negócio nacional e internacional e que colocou seu nome entre os dos maiores empresários do Brasil.

Um trabalho dessa magnitude somente se torna realidade com o empenho de muitas pessoas e isso é algo que espelha a forma como o pai sempre trabalhou, motivando e inspirando todos à sua volta.

Ele plantou uma semente, a viu germinar e dar frutos, que foram entregues aos cuidados daqueles que o acompanharam em vida e que continuam acompanhando seus passos até hoje, por meio de seu exemplo, valores e legado, que continuam vi-vos.


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Sumário

Introdução ...........................................................................23movido a desafios ........................................................................25

Primeira Parte – Origem ...................................................31Capítulo 1 – No Pontal dos maggi ............................................33Capítulo 2 – Rumo ao oeste .......................................................53

Segunda Parte – Semeadura .............................................63Capítulo 3 – “Daqui, só vou para frente. Voltar, jamais” ........65Capítulo 4 – A semente da AmAggI.......................................81

Terceira Parte – Colheita ................................................121Capítulo 5 – Descobrindo mato grosso ................................123Capítulo 6 – Tempo de consolidação ......................................147Capítulo 7 – Desbravando o noroeste de mato grosso ........175Capítulo 8 – Sapezal: a realização de um sonho ...................197Capítulo 9 – O Corredor Noroeste de Exportação:

um divisor de águas ............................................237

Quarta Parte – Legado ....................................................271Capítulo 10 – O crepúsculo do patriarca ...............................273Capítulo 11 – A derradeira viagem .........................................301Capítulo 12 – O legado de André Antonio maggi ................315

Referências ........................................................................349


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Introdução


A artista Esterlita Rodrigues modela o busto de André Maggi, no Ateliê Raphael Galvez, em 1997. Hoje, a obra está instalada na entrada da sede da AMAGGI, em Cuiabá

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Movido a desafios

Setenta e quatro anos de vida e dezenas de milhares de qui-lômetros separam o menino André Antonio maggi do homem cujo nome está imortalizado em uma das mais modernas ave-nidas de Cuiabá. A imagem desse gaúcho destemido, esculpida em bronze pela artista Esterlita Rodrigues, contempla a foz do rio Amazonas, em Itacoatiara, no Amazonas; está eternizada na praça central de Sapezal, cerca de 500 km a noroeste da capi-tal de mato grosso, e também está presente na entrada princi-pal da sede da AmAggI1, na avenida batizada com o nome de seu fundador.

O que torna tão especial a história de André Antonio maggi? O espírito desbravador e empreendedor é característi-co de muitos sulistas – gaúchos, catarinenses e paranaenses, a maior parte deles filhos de imigrantes europeus –, que partiram rumo ao oeste do país, na metade do século passado, em bus-ca de oportunidades de crescimento. André maggi poderia ser apenas mais um desses migrantes a inscreverem o nome de sua família na saga da conquista do oeste brasileiro.

1 A AmAggI nasceu em 1977, com a criação da Sementes maggi, em São miguel do Iguaçu. Ao longo dos anos 80 e 90, outras empresas vieram se somar a essa primeira empresa, dando origem ao grupo André maggi que, em 2014, ganhou a denominação AmAggI.


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