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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE JORNALISMO ANDERSON AZEVEDO NOGUEIRA O TRABALHO DO REPÓRTER ESPORTIVO NAS EMISSORAS DE RÁDIO AM EM FORTALEZA. FORTALEZA/CE 2013

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE JORNALISMO

ANDERSON AZEVEDO NOGUEIRA

O TRABALHO DO REPÓRTER ESPORTIVO NAS EMISSORAS DE

RÁDIO AM EM FORTALEZA.

FORTALEZA/CE

2013

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ANDERSON AZEVEDO NOGUEIRA

O TRABALHO DO REPÓRTER ESPORTIVO NAS EMISSORAS DE

RÁDIO AM EM FORTALEZA.

Monografia submetida à aprovação da coordenação do Curso de Jornalismo do Centro de Ensino Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação sob a orientação do professor Paulo Augusto dos Santos Paiva.

FORTALEZA/CE

2013

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ANDERSON AZEVEDO NOGUEIRA

O TRABALHO DO REPÓRTER ESPORTIVO NAS EMISSORAS DE

RÁDIO AM EM FORTALEZA.

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Jornalismo, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: 05/ 07/ 2013

Conceito: Aprovado com nota 9,0 (nove)

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Professor M.S. Paulo Augusto dos Santos Paiva (Orientador)

Faculdade Cearense

_________________________________________________ Professora M.S. Lenha Aparecida Silva Diógenes (Membro)

Faculdade Cearense

_________________________________________________ Professor M.S. Carlos Alberto Ferreira Júnior (Membro)

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Faculdade Cearense

Aos meus familiares e amigos o meu

muito obrigado por mais este objetivo

atingido. As dificuldades apareceram, mas

com a ajuda de todos consegui contornar

e seguir em frente. Sozinho, não seria

possível chegar até aqui. Meus sinceros

agradecimentos!

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus por ter permitido que eu chegasse até aqui

firme e forte apesar dos percalços que apareceram durante o caminho, desde a

minha entrada na faculdade em 2008 até os dias de hoje.

Aos meus avós que me criaram desde os meus 3 anos de idade e me

aguentam até hoje sempre com muito amor e carinho, sem medirem esforços para

que eu alcance os meus objetivos. Foi muito difícil o momento em que passei com o

AVC sofrido por minha avó, mas hoje com a ajuda de todos tudo está bem.

A minha namorada, Iasmyn Crisrrayni que me apoiou sempre e me ajudou

nos momentos em que precisei.

Aos meus vários amigos e colegas conquistados na Faculdade. Todos eles

têm uma parcela de contribuição nesta conquista. É uma etapa vencida com a ajuda

de todos.

Aos meus companheiros de rádio, Edson Ferreira, Cesar Luis, Julio Salles,

Danilo Queiroz e Luiz Eduardo.

E claro, aos professores da Faculdade Cearense. Sem o conhecimento

passado por eles nada também seria possível, em especial às professoras Joana

D‟arc, Lenha Diógenes e Adalucami Menezes e aos professores José Enrique

Gomez, Carlos Perdigão e Paulo Paiva, este último meu orientador, pela grande

ajuda a mim prestada.

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“Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras.”

(Augusto Branco)

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RESUMO

Esta pesquisa mostra como se deu à evolução do rádio no Brasil e no

Ceará, além de discutir a questão da imparcialidade e da objetividade entre os

jornalistas e radialistas, especialmente entre as emissoras utilizadas neste estudo,

rádios Verdes Mares e Assunção. O presente trabalho está dividido em cinco

capítulos. Para a realização deste trabalho recorremos a vários autores que falam do

rádio nos seus mais diversos aspectos, dos seus primórdios até os dias atuais.

Desde autores conhecidos nacionalmente como Heródoto Barbeiro, Paulo Rangel e

Luiz Arthur Ferraretto, a autores conhecidos localmente como João Dummar,

Eduardo Campos, e Paulinho Leme. Uma análise comparativa entre os formatos de

reportagens aplicados nas rádios Assunção e Verdes Mares através das jornadas

esportivas e programas foi feita, abordando o assunto como ouvinte. O motivo pelo

qual essas emissoras são rotuladas como clubísticas, envolvendo os dois principais

times do Estado, Fortaleza e Ceará. Pesquisamos a história das emissoras em

questão, assim como a história dos narradores das mesmas. Alguns dos citados

neste trabalho deram declarações que ajudaram na construção desta pesquisa,

assim como contaram histórias sobre o começo de suas carreiras, entre eles Julio

Salles, narrador da Rádio Assunção e Edson Ferreira, repórter da Rádio Verdes

Mares. Ouvimos jogos em ambas as emissoras e constatamos a preferência dos

seus principais narradores pelos clubes, e, por conseguinte, dos torcedores pelas

emissoras as quais os narradores exprimem algum sentimento, seja pelo Fortaleza,

seja pelo Ceará. Podemos constatar através desta pesquisa realizada que o trabalho

desempenhado pelos repórteres no rádio AM é feito da mesma maneira

independentemente da emissora a qual a mesmo esteja desempenhando sua

função, mesmo quando é comparado ao repórter de rádio FM.

O que faz com que a emissora seja rotulada como emissora do clube A ou

clube B é a maneira com a qual o narrador descreve a partida, demonstrando sua

preferência pela equipe A ou B.

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Palavras-chave: Rádio, rádio esportivo, repórter, rádio AM, Rádio

Assunção, Rádio Verdes Mares, imparcialidade.

ABSTRACT

This research shows how was the evolution of radio in Brazil and Ceará, in addition

to discussing the issue of fairness and objectivity among journalists and

broadcasters, especially among the stations used in this study, radios Verdes Mares

and Asuncion. This paper is divided into five chapters. For this work we resort to

various authors who talk radio in its various aspects, from its beginnings to the

present day. From nationally known authors such as Herodotus Barber, Paulo

Rangel and Luiz Arthur Ferraretto, the authors known locally as John Dummar,

Eduardo Campos and Paulinho Leme. A comparative analysis between the formats

applied to radio reports and Assumption Verdes Mares journeys through sports

programs and was made by addressing the issue as a listener. The reason these

stations are labeled as clubísticas involving the two top teams in the state, Fortaleza

and Ceará. Researched the history of the stations in question, as well as the history

of the narrators of the same. Some cited this work gave statements that helped build

this research, as well as told stories about the beginning of their careers, among

them Julio Salles, narrator Radio Assumption and Edson Ferreira, a reporter with

Radio Verdes Mares. We hear games on both stations and found the preference of

its main narrators clubs, and therefore the fans by the stations which the narrators

express some feeling, is at Fortaleza, Ceará is at. We can see through this research

that the work done by reporters in AM radio is done the same way regardless of the

station to which it is performing its function, even when compared to FM radio

reporter.

What makes the station is labeled as the club station A or B club is the way in which

the narrator describes the match, demonstrating his preference for team A or B.

Keywords: Radio, radio sports reporter, AM radio, Radio Asuncion, Radio Verdes

Mares, impartiality.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11 1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 11 1.3 RELEVÂNCIA ...................................................................................................... 12

2. Capítulo 1 - ORIGEM DO RÁDIO .......................................................................... 14

2.1 NASCIMENTO E PATENTEAMENTO DO RÁDIO .............................................. 14 2.2 SURGIMENTO DO RÁDIO NO BRASIL .............................................................. 14

2.3 SURGIMENTO DO RÁDIO NO CEARÁ .............................................................. 16 2.4 PRIMEIRA TRANSMISSÃO ESPORTIVA NO BRASIL E NO CEARÁ ................ 17

2.5 FUTEBOL NO RÁDIO FM NO BRASIL E NO CEARÁ ........................................ 18

3. Capítulo 2: O REPÓRTER ESPORTIVO NO RÁDIO AM E EMISSORAS EM

ESTUDO: RÁDIOs VERDES MARES E ASSUNÇÃO .............................................. 20

3.1 O REPÓRTER ESPORTIVO DE RÁDIO AM ...................................................... 20 3.2 RÁDIO VERDES MARES AM 810, VERDINHA .................................................. 21 3.3 RÁDIO ASSUNÇÃO CEARENSE, A VOZ DA ARQUIDIOCESE ........................ 22 3.4 RÁDIO COMERCIAL ........................................................................................... 23

4. Capítulo 3: JORNALISMO E A IMPARCIALIDADE ............................................... 25

4.1 CONCEITO DE IMPARCIALIDADE..................................................................... 25 4.2 A IMPARCIALIDADE NO RÁDIO ........................................................................ 26 4.3 A PARCIALIDADE NO RADIO ESPORTIVO CEARENSE .................................. 26

5. Capítulo 4: FORTALEZA ESPORTE CLUBE E CEARÁ SPORTING CLUB:

“COMBUSTÍVEIS” QUE MOVEM ÀS EMISSORAS EM ESTUDO. .......................... 28

5.1 FORTALEZA ESPORTE CLUBE ........................................................................ 28 5.2 CEARÁ SPORTING CLUB .................................................................................. 29

6. Capítulo 5: O REPÓRTER ESPORTIVO NO RÁDIO CEARENSE ....................... 31

6.1 A RELAÇÃO ENTRE EMISSORA - NARRADOR - REPÓRTER - CLUBE ......... 31

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 34

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 35

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1. INTRODUÇÃO

O rádio AM tem como função fundamental desde os seus primórdios a

informação. O jornalismo até hoje se utiliza do AM no rádio como principal fonte

de notícias e informações, claro que não mais tanto quanto nas épocas de 50 e

60, quando o rádio era um aparelho caro e “chique” e que somente as famílias

mais bem sucedidas poderiam comprá-lo e possuí-lo. Também existe a

concorrência com as rádios FM em que se mescla música, para todos os gostos

e idades, com pitadas de informação.

O futebol, como esporte mais popular do país, não poderia ficar de fora com

seu conteúdo de um meio de comunicação que passou a ser tão comum entre os

brasileiros. Além do futebol, outros esportes também são apreciados no rádio. As

corridas de cavalo são um bom exemplo disso, pois elevavam a audiência das

emissoras que transmitiam os páreos equinos nos finais de tarde. Mas nada se

compara ao trabalho das emissoras na cobertura do futebol.

Em Fortaleza, as rádios que transmitem o futebol tem em sua maioria o AM

como primordial retransmissor. Hoje, o FM vem cedendo o espaço de suas

músicas para também participar de um mercado concorrido e que parece já

consolidado: as transmissões de futebol. Busca-se uma nova maneira de fazer

coberturas esportivas através do FM, o que parece não mais ter perspectiva de

mudança no rádio AM. Com locutores antigos, narradores idem, repórteres que a

cada dia vão se acomodando com os velhos vícios de linguagem e que não

procuram se reciclar. Esse é o retrato do rádio esportivo em Fortaleza. Sempre

com as mesmas perguntas, os mesmos clichês, as mesmas participações, só

mudando apenas o dia, o horário e o adversário do jogo.

Segundo Rangel (2006) o repórter esportivo deve fugir da mesmice.

Pesquisar, elaborar, “fuçar” atrás da informação, tudo isso é papel de um bom

repórter esportivo ter sempre a sua fundamentação. Buscar uma informação

nova, algo que ainda não tenha sido abordado, mostrado para o ouvinte em uma

nova perspectiva de algo que pode ser tão comum para muitos, mas que pode vir

a ser o diferencial para o repórter esportivo.

Talvez seja pela maneira com que o ouvinte esteja acostumado a

acompanhar o futebol. Mas como tudo na vida passa a ser rotina se feito da

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mesma maneira repetidas vezes, acompanhar o futebol da mesma maneira em

qualquer emissora que seja sintonizada faz com que a informação passada se

torne corriqueira e sem novos atrativos para o ouvinte.

Acredito que a partir desse estudo possa se mostrar o esporte no rádio com

novos horizontes, dar-lhe sua importância necessária e agregando-o com o

dinamismo do veículo, sua velocidade e seu poder de interação com as pessoas

é que passe a ser algo que, além de prazeroso, torne-o a aguçar ao ouvinte em

busca de uma melhor qualidade e proporcione para os produtores de programas

esportivos uma nova visão de como abordar o futebol.

A proposta geral é mostrar como se deu a evolução do rádio no Brasil e no

Ceará, além de discutir a questão da imparcialidade e da objetividade entre os

jornalistas e radialistas, especialmente entre as emissoras utilizadas neste

estudo.

O presente trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro aborda a

origem do rádio, desde e seu nascimento e patenteamento, o surgimento do

rádio no Brasil e no Ceará, apresentamos um pouco da história do rádio

esportivo no Brasil e no Estado, as primeiras emissoras e os pioneiros da

narração, dos comentários, além de fatos que mudaram o rádio no Brasil. A

história do futebol no rádio FM também é abordada.

No segundo capítulo abordamos o repórter esportivo no rádio AM e as

emissoras que foram utilizadas para a realização da comparação do estudo:

Rádiso Verdes Mares e Assunção, contando as suas histórias, desde origem até

os tempos atuais. Também é abordado o seu aspecto comercial.

No terceiro capítulo abordamos o jornalismo e o conceito de imparcialidade

aplicado no jornalismo e no rádio, assim como a parcialidade existente no rádio

esportivo cearense, não por parte dos repórteres, mas sim dos narradores.

No quarto capítulo falaremos do Fortaleza Esporte Clube e do Ceará

Sporting Club, duas equipes que movem o futebol cearense e são os principais

destaques das emissoras em estudo.

Por último, no quinto capítulo, falamos do repórter esportivo no rádio

cearense e da relação do mesmo entre as fontes (clubes e assessores), a

emissora em que trabalha. Além disso, será abordado o trabalho do narrador,

que é quem comanda as jornadas esportivas.

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1.1 OBJETIVOS

Analisar a cobertura esportiva das Rádios Assunção Cearense e Verdes

Mares e a maneira com a qual ambas realizam suas transmissões esportivas.

Comparar as reportagens que são feitas em ambas às emissoras sobre os

clubes Fortaleza Esporte Clube e Ceará Sporting Club.

Identificar semelhanças e diferenças no estilo de transmissão entre estas

duas emissoras.

Investigar de que maneira a introdução de coberturas esportivas no rádio FM

pode influenciar no trabalho do repórter esportivo do rádio AM.

1.2 JUSTIFICATIVA .

Trabalhar com futebol pode ser o sonho de muitas pessoas ligadas ao

esporte e que pode ser alcançado de muitas maneiras. Uma dessas maneiras é o

repórter esportivo (seja ele setorista ou plantonista). Escolhi este tema por já

trabalhar na área e por me envolver um pouco mais do que o normal com um

trabalho que me é gratificante em todos os sentidos.

Aprendi a gostar de rádio por intermédio de meu pai, que sempre ouvia as

transmissões esportivas na antiga Rádio Assunção AM, atualmente Rádio Globo

Fortaleza AM 620. Tive também a oportunidade de ser aluno de um professor de

história em um colégio aqui da capital, que é até hoje plantonista esportivo, atuando

na Rádio Verdes Mares AM 810. Entrei com 16 anos na Rádio Clube AM, também

trabalhei em emissoras como Rádio Verdes Mares, Rádio Dragão do Mar, Rádio

Universitária e Central Radcom (Maracanaú), sendo as duas últimas FM, mas

sempre ligado com transmissões esportivas ou programas esportivos.

Na época em que era apenas ouvinte, não me ligava apenas na partida que

estava sendo transmitida, mas também na maneira com que os narradores se

expressavam verbalmente, a interação entre narrador – repórter e a imparcialidade,

principalmente a imparcialidade. Infelizmente aqui em Fortaleza, não conhecemos

um repórter pelo seu papel desempenhado dentro ou fora dos gramados, mas

sempre associado ao clube ao qual está setorando. Exemplos podem ser citados

como Aluísio Lima, setorista do Fortaleza na Rádio Assunção e Ibernon Monteiro,

setorista do Ceará na rádio Verdes Mares. Jamais poderá se imaginar na cabeça do

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torcedor que eles farão trabalhos em outras emissoras e cobrindo equipes

diferentes, que não estas. Mesmo os radialistas sendo parciais, e o torcedor

conhecendo o seu time do coração, há programas destinados apenas ao clube

preferido. Com isso, se o público quiser escutar apenas notícias destinadas ao seu

time, ele tem a opção de sintonizar a rádio com o programa parcial.

O esporte como um todo é mostrado em todas as suas modalidades e as

diferentes formas de coberturas jornalísticas trazidas e mostradas assim no livro

Manual do Jornalismo Esportivo, diferentemente do que é visto no rádio esportivo

cearense, que somente trata o futebol como carro-guia. Existem dez emissoras

transmitindo futebol, oito AM`s e duas FM`s em Fortaleza. Uma diversidade que se

assemelha no conteúdo. Segundo Rangel (2006), a postura e o comportamento do

repórter refletirão na própria imagem do veículo em que trabalha. O repórter

esportivo deve pesquisar sobre o que vai abordar de maneira fundamentada. A

maneira igualitária da cobertura esportiva nas emissoras radiofônicas cearenses

merece ser abordada em busca do diferencial.

1.3 RELEVÂNCIA

A narração de uma partida pelos locutores brasileiros é feita de maneira

singular. Jogando com o imaginário do fanático torcedor, o locutor cria um lance

mais bonito do que a realidade. É uma descrição sempre emocionante, precisa e

rica em detalhes. A partir desses pressupostos a respeito de coberturas esportivas,

a importância deste trabalho é levar a uma reflexão sobre as possibilidades de

criação e experimentalismo de novas maneiras de se transmitir esporte em rádio. O

gosto pela narração esportiva se dá mais pelo costume de ouvir a mesma narração,

a mesma cobertura, como força de hábito de audição inconsciente.

O papel que o repórter esportivo desempenha e de que maneira a execução

de sua função influencia a sua empresa, faz com que o repórter se policie e fique

atento sobre sua conduta dentro e fora do seu local de trabalho, seja ele o estúdio

ou o campo de jogo. Nessa perspectiva, deve existir a qualidade da programação

para levar ao ouvinte muito mais do que o entretenimento ao acompanhar futebol

pelo rádio, a busca pelo diferencial, uma cobertura aprofundada jornalisticamente.

Fazer o repórter correr atrás da notícia que ainda não teve, pois a reportagem não é

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apenas a significação de um fato. É necessário o detalhamento, a escolha de um

ângulo ainda não explorado, procurar descobrir o possível impacto das informações

no tema tratado. Para produtores de programas esportivos e coordenadores de

equipes – que têm suas funções distintas dentro de uma emissora – possam vir a

apresentar um melhor conteúdo em seus programas; para estudantes de jornalismo

que possam vir a melhor compreender através desta pesquisa o estilo esportivo que

vem sendo trabalhado pelas emissoras que trabalham com o esporte no AM e agora

com o advento do rádio FM esportivo no Brasil.

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2. Capítulo 1 - ORIGEM DO RÁDIO

2.1 NASCIMENTO E PATENTEAMENTO DO RÁDIO

Heinrich Hertz provou a existência das ondas sonoras em 1887. Anos

depois, Guglielmo Marconi construiu a antena receptora (1894) que captou sinais de

alfabeto Morse. O sistema criado por Marconi que espalhou e conseguiu obter uso

prático pelo público deu a ele o crédito de “pai do rádio”. O assunto foi dado por

encerrado quando Marconi teve seu invento reconhecido pela British Patent nº

12039, como a primeira patente de rádio, em dois de julho de 1897.

A primeira fábrica de aparelhos de rádio foi a sua Wireless Teleghaph and Signal Company Limited fundada em 20 de julho de 1897, mudada mais tarde para Marconi’s Telegraphy Company. (Ferraretto, 2007, p. 22)

Tanto o rádio como a telegrafia sem fio não poderiam ser proprietárias do

bem comum e infinito das frequências. Para decidir com quem ficaria cada

freqüência (espaço no "dial"), foi criada, no início do século, a Associação

Internacional de Rádio e Telegrafia.

A partir daí, até os dias de hoje, assistimos as mais diversas formas da

manifestação de poderes para definir os critérios e direitos de exploração das ondas

de rádio. As ondas de frequências em que se propagam os sons radiofônicos

sempre serão bens de todos, porque são recursos proporcionados pela própria

natureza. E segundo Ferraretto, o rádio (sistema de emissão e de recepção), como

conhecemos hoje, só foi descoberto em 1920 por um engenheiro da companhia

norte-americana Westinghouse. Neste mesmo ano, a primeira emissora entrou no ar

promovendo a campanha presidencial nos Estados Unidos.

2.2 SURGIMENTO DO RÁDIO NO BRASIL

Em 1890 o padre-cientista Landell de Moura, através dos seus experimentos

constatou que era possível mandar mensagens através de ondas utilizando meios

como a "telegrafia sem fio", a "radiotelefonia", a "radiodifusão", os "satélites de

comunicações" e os "raios laser". Dez anos mais tarde, em 1900, o padre obteve do

governo brasileiro a carta patente nº 3279, que lhe reconhece os méritos de

pioneirismo científico, universal, na área das telecomunicações. No ano seguinte, ele

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embarcou para os Estados Unidos e em 1904, o "The Patent Office at

Washington"1 lhe concedeu três cartas patentes: para o telégrafo sem fio, para o

telefone sem fio e para o transmissor de ondas sonoras. Padre Landell de Moura

foi precursor nas transmissões de vozes e ruídos.

No Brasil, segundo Ferraretto, a primeira estação de rádio oficialmente

conhecida foi instalada no Rio de Janeiro, com equipamentos fornecidos pela

americana Westinghouse. A inauguração aconteceu no dia 7 de setembro de 1922,

como parte das comemorações do centenário da Independência. Foram importados

para o evento 80 receptores, através dos quais alguns representantes da sociedade

carioca puderam ouvir o discurso do então presidente, Epitácio Pessoa. De acordo

com Luiz Artur Ferraretto,

A pedido da Repartição Geral dos Telégrafos que a Westinghouse promove a primeira demonstração pública, no Brasil, de radiodifusão sonora, no dia 7 de setembro de 1922, durante a Exposição Internacional do Rio de Janeiro, que comemorava o centenário da independência. No mesmo evento, a Western Eletric, também com sede nos Estados Unidos, coloca no seu estande dos transmissores de 50 watts cada, que ao contrário do equipamento da Westinghouse, acabaria sendo adquirido pelo governo. O público presente à inauguração do evento escutou as transmissões por meio de alto-falantes. (Ferraretto, 2007, p. 93-94.)

Após o discurso do presidente Epitácio Pessoa, óperas deram sequência às

transmissões, que no entanto foram interrompidas por um período por não haver um

projeto de programação contínua.

Antes dessa primeira transmissão, a oficial, alguns amadores já haviam

feitos suas próprias experiências. Assim, o nascimento do rádio no Brasil se deu na

inauguração da Rádio Clube Pernambuco, quando Oscar Moreira Pinto fez suas

primeiras transmissões com um equipamento trazido da França, no dia 6 de abril de

1919, em Recife.

Em 1923 por sua vez, é feita a primeira transmissão de rádio em cadeia no

mundo, envolvendo a WEAF e a WNAC, de Boston. Neste mesmo ano, surge a

primeira emissora brasileira: a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro, fundada por

1 The Patent Office at Washington – Em 4 de outubro de 1901, padre Landell deu entrada neste

documento pedindo privilégio para as suas invenções, tendo obtido em 11 de outubro de 1904 a patente 771.917, para um transmissor de ondas e em 22 de novembro de 1904, as patentes 775.337, para um telefone sem fio, e a 775.846 para um telégrafo sem fio.

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Roquette Pinto, o pioneiro do rádio no Brasil. Para ele o rádio deveria ter como

função principal a educação. E foi com essa característica educativa que a rádio se

manteve durante anos. Em sua programação eram dadas as cotações das bolsas de

açúcar e café, além da previsão do tempo e de números musicais. Principalmente no

início da rádio, a maior parte da programação dedicava-se à música erudita. Em 30

de novembro é criada a Sociedade Rádio Educadora Paulista - Pra-E.

É em 1925 que tem início a programação esportiva no rádio brasileiro, com a

rádio Educadora de São Paulo. Em uma tarde de domingo de abril desse ano, a

emissora transmitiu os resultados dos jogos de futebol da capital, interior e

estrangeiro. Nesse período as transmissões não eram feitas diretamente dos

estádios de futebol. Enviados das rádios aos jogos mandavam telegramas contendo

os resultados das partidas. Com esse material em mãos, os locutores passavam as

notícias aos ouvintes.

2.3 SURGIMENTO DO RÁDIO NO CEARÁ

No Ceará, o rádio passou por um período que podemos chamar de “pré-

história” do rádio, e que teve seu início em 1924, com a instalação da Rádio Club

Cearense, uma associação de cidadãos interessados em radiofonia. Essa entidade

chegou a reunir 129 associados, dentre os quais estavam pessoas como, Elesbão

de Castro Velloso, que instalou o primeiro equipamento para a transmissão de voz e

música, e que acabaria por se transformar em uma pequena estação, com potência

de três watts, localizada na sede do Clube, na Rua Barão do Rio Branco, no centro

de Fortaleza.

Naquela época, poucos membros da Rádio Club Cearense sabiam operar o

inovador aparelho receptor de três válvulas, em circuito T.S.F, com alto-falante

Ericsson Super-Tone. Em toda a capital cearense, no início da década de 20,

existiam apenas mais quatro aparelhos receptores de rádio. Pertenciam a Clóvis

Meton de Alencar, Alfredo Euterpino Borges, João de Carvalho Góes e Augusto

Mena Barreto. (CAMPOS, 1984)

Segundo o autor Eduardo Campos, a história do rádio no Ceará começa

oficialmente no dia 28 de agosto de 1931, em Fortaleza, através da criação da

sociedade civil integrada por “amadores da radiotelefonia”, chamada Ceará Rádio

Clube. O seu fundador foi João Dummar, um apreciador da música erudita e

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radiotelefonia – como se denominava então as atividades de radiodifusão. A

emissora era inaugurada uma década depois da Rádio Sociedade, que foi a primeira

no Brasil. (CAMPOS, 1984)

A Ceará Rádio Clube, conhecida como “a pioneira”, iniciou efetivamente

suas atividades em 1932 com o prefixo PRATT. Pouco tempo depois passou para a

ter o prefixo PRE-9. Segundo Eduardo Campos (CAMPOS, 1984, p.5), a emissora

“dava-se ao luxo de ter dois pianos, um francês, de cauda, e outro, de fabricação

nacional, de armário. As torres de transmissão eram do tipo „self-supporting‟”.

De acordo com Campos, o rádio não possuía patrocínios, era bancado pelos

grandes comerciantes da época.

2.4 PRIMEIRA TRANSMISSÃO ESPORTIVA NO BRASIL E NO CEARÁ

Edileuza Soares afirma em seu livro que Nicolau Tuma foi quem fez a

primeira transmissão de um jogo de futebol no rádio brasileiro na década de 30 entre

as seleções dos Estados de São Paulo e Paraná. Neste mesmo ano, o rádio

brasileiro transmitiu pela primeira vez um campeonato mundial de futebol: a Copa do

Mundo da França. Serviços de alto-falantes foram instalados nas praças de

centenas de municípios brasileiros, para que a população pudesse acompanhar as

partidas através da narração de Gagliano Neto. De lá para cá, o rádio revelou

seguidas gerações de locutores, na sua maioria formados no interior do país. Do

estilo mais descritivo de Jorge Cury, Edson Leite, Oduvaldo Cozzi e Rebelo Júnior,

ao ritmo alucinante de Pedro Luiz, Geraldo José de Almeida, Waldir Amaral, Joseval

Peixoto, Fiori Giglioti, Osmar Santos e José Silvério. Estes nomes desfilaram pelo

dial do rádio brasileiro ao longo das últimas cinco décadas, despertando paixões nos

ouvintes como se fossem os próprios ídolos do futebol.

De acordo com Filho2, a primeira transmissão esportiva no rádio cearense

aconteceu em 1938, quando o time do Palestra Itália, hoje Palmeiras, realizou uma

excursão à Fortaleza. Nicolau Tuma e Oduvaldo Cozzi acompanhavam a equipe

2 FILHO, Silvio Augusto Couto de Castelo Branco. Analises dos estilos de locução

dos locutores: Gomes Farias E Carlos Fred. Monografia. Universidade de Fortaleza. Fortaleza,

2006.

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paulista, cobrindo a viagem do “verdão”. No Ceará, não havia à época nenhum

profissional especializado nas transmissões esportivas.

A Ceará Rádio Clube por sua vez foi a primeira emissora cearense a

transmitir uma partida de futebol. Coube ao locutor José Cabral de Araújo e ao

comentarista Rui Costa Souza cobrir o primeiro jogo. As partidas de futebol eram

realizadas no Campo do Prado, onde atualmente é a Escola Técnica (IFCE). José

Cabral de Araújo narrava os jogos em cima de um “puleiro” instalado no local.

A transmissão pioneira de futebol foi levada a efeito por José Cabral de Araújo, do Estúdio das Damas (e na diretamente do campo), com Rui Costa Souza, este realmente assistindo à partida do Prado, de onde, por linha telefônica, relatava ao primeiro todos os lances do prélio. Graças a esse artifício, os que estavam na cidade puderam acompanhar todo o jogo narrado com maestria pelo locutor que se julgava presente. (Campos, 1934, p.35).

2.5 FUTEBOL NO RÁDIO FM NO BRASIL E NO CEARÁ

O rádio entra no novo milênio provando que tem o seu lugar garantido no

coração do torcedor. Seguindo a tendência iniciada no final da década de 90, o

futebol invade algumas das estações mais populares em seus horários nobres, com

grande resposta do público, inclusive as FM‟s. (Canalito, 2007, p. 8)

Não por acaso, a rádio Transamérica FM é uma das únicas emissoras

brasileiras que pagaram a licença de transmissão da Copa do Mundo direto do

Japão e da Coréia, reunindo-se à Rádio Globo e à Rádio Bandeirantes. Certamente

outras rádios também transmitirão os jogos da Copa do Mundo, mas provavelmente

com menos infra-estrutura do que as que conseguiram o credenciamento devido.

No Ceará, atualmente, somente três emissoras FM‟s aderiram ao futebol em

sua programação: primeiramente a rádio FM 92, com um conteúdo esportivo voltado

para torcedores do Ceará Sporting Club, há um programa chamado “Canal do

Vovô”, que vai ao ar das 20 às 21h e com jornadas esportivas cobrindo todos os

jogos do Ceará, e um programa chamado “A Voz do Leão”, que vai ao ar das 21 às

22h com conteúdo voltado para a torcida do Fortaleza Esporte Clube, assim com a

cobertura dos jogos do Tricolor de Aço. Lembrando ainda que ambos os programas

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vão ao ar de segunda à sexta-feira; a Rádio 100 FM, que possui o programa

“Esporte 100sacional”, que vai ao ar diariamente de segunda à sexta-feira, das 22 às

23h, abordando não somente o futebol, mas outros esportes no geral e também

transmissões das partidas envolvendo Ceará e Fortaleza; e por último a rádio

Expresso FM 90,7,que possui o programa “Expresso da Bola” voltado para o público

em geral, torcedores do Fortaleza, Ceará, Ferroviário, Icasa, Guarany, dentre outros,

futebol nacional e abordando outros esportes como automobilismo, vôlei, futsal,

basquete, enfim, aspectos em geral. Também possui jornadas esportivas

acompanhando jogos de Fortaleza, Ceará, Ferroviário e Icasa.

A Internet deu um novo fôlego para o rádio AM e FM. A maioria delas possui

sua própria página, onde é possível que o ouvinte-internauta, além de “curtir” seu

som, pesquise sobre a história da rádio, participe de promoções. É a demonstração

de que as emissoras de rádio estão se adaptando e se preparando para os novos

tempos.

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3. Capítulo 2: O REPÓRTER ESPORTIVO NO RÁDIO AM E EMISSORAS EM ESTUDO: RÁDIOs VERDES MARES E ASSUNÇÃO

3.1 O REPÓRTER ESPORTIVO DE RÁDIO AM

Uma função específica do Jornalismo Esportivo é o cronista esportivo, um

jornalista especializado em narrar momentos e lances de um jogo ou competição

sob a forma de crônica, um texto mais leve e literário. No rádio, destacam-se as

figuras do narrador, comentarista e repórter de campo.

O contato do repórter com as fontes e com o palco dos acontecimentos

facilita, para ele, a detecção dos assuntos de interesse e suas respostas, buscando

sempre o esclarecimento para o ouvinte.

Entretanto, observa-se em muitas emissoras de rádio e principalmente em

programas no estilo “mesa redonda”, a ausência do chamado ao vivo nas

participações do repórter, em que ele precisa ouvir a fonte. A presença das fontes na

rede mundial de computadores através de redes sociais, contatos via correio

eletrônico, assessores de comunicação, fontes de pesquisa, banco de dados e a

falta de disponibilidade em conceder entrevistas, reduziram o contato direto e

pessoal do repórter com essas fontes. Entrevistas são gravadas e colocadas ao ar,

impedindo a capacidade do repórter de complementar e enriquecer seu relato oral

através da descrição dos acontecimentos, reações e sensações que podem ser

constatados através das participações in loco.

Segundo Lopez, existem três níveis de dinamismo da informação

jornalística, no que diz respeito à apuração e às ferramentas de acesso às fontes: a)

primário, que envolve as fontes consultadas durante o desenrolar dos

acontecimentos, quando o jornalista realiza a apuração em campo, adensando a

abordagem do evento de acordo com o seu desenvolvimento; b) secundário, que se

refere, normalmente, às fontes de análise dos acontecimentos e que são

consultadas via telefone; c) terciárias, as fontes diretamente relacionadas ao

acontecimento normalmente não são consultadas – nestes casos a informação

chega à redação através de outros meios de comunicação, agências ou assessorias,

e não são confirmadas diretamente pelo jornalista. (Lopez, 2010, p.76)

Essa intermediação acaba por reduzir consideravelmente o imediatismo e o

dinamismo da transmissão da informação, embora essas fontes sejam fundamentais

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em casos de coberturas geograficamente distantes ou de busca por informações

complementares.

A dinâmica de complementaridade das fontes é uma demanda da informação. Para a compreensão de um acontecimento por parte do jornalista, principalmente quando ele não o presencia, é preciso cruzar informações, descrições e análises em busca das ferramentas para a construção do melhor relato. Assim, enquanto as fontes externas agiriam como fornecedoras de dados e referenciais de análise, as fontes internas fariam o papel de trazer um novo ponto de vista para a cobertura. (Lopez, 2010, p. 77).

Outro veículo que veio ajudar a “modificar” a maneira com a qual o repórter

de rádio deve trabalhar chama-se “televisão”. O chamado “tubão”, narração de um

jogo através da tevê, aumentou ainda mais essa distância entre repórter e fonte.

Devido aos altos custos para se executar uma transmissão de futebol, seja em outra

cidade ou em outro Estado, como, por exemplo, passagens, hotel, alimentação e

linha telefônica, o uso da televisão tornou-se uma questão de sobrevivência

monetária para os donos de equipes esportivas. Isso impossibilita não só uma

melhor visão da partida em si, como restringe ao repórter, que muitas vezes deixa a

possibilidade de assumir uma entrevista, questionando ou argumentando com os

atletas e membros de comissões técnicas.

Muitas das vezes o repórter de rádio pega “carona” na entrevista que o

jogador ou treinador deu ao repórter da televisão. E isso é percebido pelo ouvinte,

que nota a diferença na qualidade do som que vai ao ar, notando-se a distinção

entre o som do rádio e da tevê. E isso é muito costumeiro de acontecer quando os

times cearenses, no caso aqui deste trabalho, Fortaleza e Ceará, vão jogar, seja no

interior do Estado, seja em outros lugares.

3.2 RÁDIO VERDES MARES AM 810, VERDINHA

No dia 31 de julho de 1956, poucos dias depois da inauguração da Rádio

Uirapuru, Fortaleza ganhava mais uma nova emissora: a Rádio Verdes Mares,

conhecida popularmente por Verdinha, que pertencia aos Diários Associados. O seu

fundador foi o ex-prefeito e radialista Paulo Cabral de Araújo. Vários nomes

importantes se engajaram na fundação da rádio, como: Cid Carvalho, Paulo

Limaverde, Leorne Belém, Mardônio Sampaio, Edilmar Norões, José Santana, Zé

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Domingos, Mozart Marinho e Robério Távora. A Verdinha possuía uma programação

bem semelhante a da Ceará Rádio Clube. (Filho, 2006)

Em 1961, a Rádio Verdes Mares foi negociada com o industrial Edson

Queiroz, que iniciou uma série de investimentos significativos para incrementar a

audiência da emissora. Era o início do grupo de comunicações que poucos anos

depois englobaria a TV Verdes Mares, filiada da Rede Globo e o Jornal Diário do

Nordeste, na década de 80, além da Rádio FM Recife (PE).

Dois radialistas tiveram papel de destaque na consolidação da Verdinha.

São eles: Narcélio Limaverde, que dirigiu a emissora e Renan França, radialista que

veio do Rio de Janeiro. Sob o comando de Narcélio, a Verdinha populariza-se e

passa a disputar a corrida pela audiência, principalmente a partir do projeto “Narcélio

Limaverde nos bairros”. Todos os sábados era escolhido um bairro e montado um

estúdio em um caminhão. Com esta inovação, a Verdinha passou para o primeiro

lugar em audiência nas pesquisas de opinião.

Outro fator muito importante na história da Verdinha da grande audiência

conquista pela equipe de esportes, sobretudo na década de 1970: com a

popularidade entre os torcedores cearenses, a emissora criou o “Clube do

Torcedor”, em que cada torcedor possuía uma carteirinha com seu respectivo time

(Ceará, Fortaleza e Ferroviário).

Ressalte-se ainda o pioneirismo da Verdinha no esporte em se tratando da

cobertura das Copas do Mundo (1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002 e 2006).

Inclusive em 2006, data de comemoração de 50 anos da rádio, a programação da

verdinha passa a atingir vários Estados e o mundo com sua transmissão via satélite

e Internet.

3.3 RÁDIO ASSUNÇÃO CEARENSE, A VOZ DA ARQUIDIOCESE

No dia 11 de fevereiro de 1962, mais uma rádio aparecia no cenário

radiofônico do Ceará, a Rádio Assunção Cearense. A emissora foi fundada por D.

Antônio de Almeida, sobre a administração da Arquidiocese de Fortaleza. O padre

Francisco Pinheiro Landim ficou com a responsabilidade de assumir a direção.

A Rádio Assunção Cearense funcionava como porta-voz da Arquidiocese e

sua programação era voltada para os problemas educacionais, tendo uma

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programação bem diversificada. Os seus estúdios funcionavam na Rua Visconde de

Sabóia. (FILHO, 2006)

Já no ano de 1982, os irmãos Moésio Loyola e José Maria de Melo

compraram a emissora da Arquidiocese e mudaram a sua programação. Moésio

Loyola antes de ser dono de rádio, era repórter e locutor esportivo. Desde então, os

programas e transmissões esportivas passaram a ser o carro-chefe da emissora.

No dia 15 de julho de 2006, a Rádio Assunção Cearense passou a ser

arrendada ao Sistema Globo de Rádio. Excetuando-se os programas e transmissões

esportivas, toda a programação é retransmitida do Rio de Janeiro. Em 2012, com a

não renovação contratual com o Sistema Globo de Rádio, a emissora voltava a ter

somente raízes locais. Porém, em 2013, no dia 5 de janeiro, um novo arrendamento

foi feito, desta vez para o Grupo Bandeirantes de Rádio.

3.4 RÁDIO COMERCIAL

A autorização da publicidade em rádio, em 1932, estimulou a consolidação

da audiência das emissoras de rádio. Com o rádio comercial a identificação da

audiência passou a ser estratificada, dividida pelas classes A, B, C, D e E. De

acordo com os principais institutos de pesquisa (Ibope, Data Folha, Vox Populi), os

ouvintes estariam assim distribuídos: (CANALITO e LEME,2007)

Classe A – Possui pessoas economicamente independentes, com acesso à

informação, ao conhecimento e à cultura.

Classe B – Segmento considerado em fase de ascensão social. A classe B

pode ser alta ou baixa.

Classe C – Pequenos funcionários, no máximo com ensino médio completo,

em geral morando em subúrbios.

Classe D – Pessoas sem ocupação fixa, que fazer trabalhos sazonais ou

vivem de pequenos biscates.

Classe E – Marginalizada, fruto de êxodo rural, desemprego e falta de

políticas públicas contra a pobreza e injustiça social.

Segundo Canalito e Leme, com a abundância das emissoras de rádio, as

agências de pesquisa e o mercado publicitário passaram a adotar a divisão por

classes como critério para a classificação econômica no Brasil.

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O rádio comercial busca atingir primordialmente as classes A, B e C,

localizadas através de pesquisas de audiência. A mais aceita pelo mercado

radiofônico e publicitário é a pesquisa Ibope, realizada por meio de entrevista recall3,

com periodicidade mensal e disponibilizada em base de trimestre móvel.

Nos programas futebolísticos e nas jornadas esportivas, literalmente a

propaganda é a “alma do negócio”. A quantidade de comerciais apresentados chega

a ser exorbitante para o ouvinte, muitas vezes até ultrapassando o verdadeiro intuito

que é o da informação. E para o repórter, isto não é diferente. Em cada lance

descrito, em cada participação feita, seja no estúdio ao vivo, seja por telefone, seja

gravado, sempre aparece o informando... (nome da empresa), ou então falando em

nome de... (nome da empresa). E assim, para não fugir da regra, também funciona

desta maneira nas emissoras que aqui estão sendo objetivo de pesquisa, Rádio

Verdes Mares e Rádio Assunção.

3 Entrevista recall – é a entrevista feita periodicamente com o objetivo de recordação de dados. Na

pesquisa Ibope, o entrevistado responde sobre quais rádios ouviu nas últimas 48 horas, em quais horários, por quanto tempo e em quais locais esteve exposto ao veículo. Além da audiência de rádio, são registradas informações pessoais sobre o entrevistado (sexo, idade, escolaridade, onde mora e posse de bens) para classificação econômica. (Canalito e Leme, Premius, 2010)

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4. Capítulo 3: JORNALISMO E A IMPARCIALIDADE

4.1 CONCEITO DE IMPARCIALIDADE

A definição de imparcialidade no jornalismo leva sempre a um debate,

principalmente quando fala-se de jornalismo esportivo. Para Buarque, “ser imparcial

significa ser neutro, reto e justo; que não sacrifica a sua opinião à própria

conveniência, nem às de outrem” (BUARQUE, 2004, p.1075). Já para Sérgio Xavier

Filho,

“Jornalismo é tudo igual. Econômico, esportivo, policial, as regras básicas são sempre as mesmas. Ouvir todos os lados da questão, para checar cada informação, escrever com ética e clareza. Em uma frase se resume tudo. Ou quase. O jornalismo esportivo se atrapalha de vez em quando em um requisito básico da profissão, que é a imparcialidade. Como podemos praticar a imparcialidade se, no fundo, não somos imparciais? Porque, antes de mais nada, desconfie de repórter de futebol que diz não ter time. Se não tem, provavelmente não ama o esporte e talvez esteja sem emprego. (...) Todos torcemos, a dificuldade é separar a paixão que vem da infância da atividade diária. Os melhores conseguem, mas muita gente é condescendente demais quando se trata do próprio clube ou, como costuma acontecer, extremamente exigente. Temos um complicado exercício cotidiano para separar emoção de razão”. (FILHO, 2008, p. 23)

Não só no futebol a imparcialidade gera uma certa polêmica, “para os

profissionais que trabalham diretamente na mídia impressa, há, com frequência,

uma preocupação em produzir um discurso que legitima a informação com isenção e

imparcialidade” (MOURÃO, 2005, p.74).

Para Elcias Lustosa, “a imparcialidade jamais ocorre efetivamente no jornalismo. Nos anos 50, os jornalistas, com raras exceções, assumiram a pregação da imparcialidade como princípio ético e moral do jornalismo, embora praticassem exatamente o contrário” (LUSTOSA, 1996, p.81).

Muitos se julgam imparciais, mas na verdade escondem-se em seus próprios

interesses. Não é fácil encontrar um jornalista que seja neutro. Para Bahia, "a

imparcialidade é para o jornalismo um ideal, como a honestidade, a exatidão, a

veracidade, a responsabilidade, a objetividade, etc". (BAHIA, 1990,p.13).

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4.2 A IMPARCIALIDADE NO RÁDIO

No Brasil, o jornalismo esportivo gera um enorme interesse por parte da

população. E o principal esporte nacional é o assunto mais tratado no rádio

esportivo, o futebol. Assim como no jornalismo impresso ou televisivo, o rádio

esportivo possui vários aspectos característicos: objetividade, construção da

realidade, neutralidade, imparcialidade, etc. De todas as características citadas, a

mais polêmica é a imparcialidade.

No Rádio Esportivo, a maioria dos locutores e comentaristas expressa sua

paixão clubística e fogem da característica. Para Paulo Vinicius Coelho, “não existe

jornalista de esportes, especialmente os que trabalham com futebol, que não tenha

um time de infância”. (COELHO, 2003, p.55).

Muitos jornalistas esportivos possuem seu clube do coração e não possuem

problema em expor em uma matéria jornalística ou no rádio. Um exemplo deles é

Milton Neves, torcedor do Santos Futebol Clube. Segundo Paulo Vinicius Coelho,

“Milton Neves sempre deixou claro ser torcedor do Santos e que sonhava com o dia

em que trabalharia com futebol para mostrar o conhecimento que adquiriu nos

tempos em que era apenas um ouvinte atento”. (COELHO, 2003, p.56).

No Rádio Esportivo, muitos torcedores possuem a opção de escolher o seu

narrador ou comentarista preferido na emissora em que pode escutar. O polêmico é

que muitos ouvintes afirmam que rádio “A” é Fortaleza e rádio “B” é Ceará. Este é o

caso das emissoras em destaque. Para muitos torcedores do Fortaleza, a rádio

Assunção é tricolor, mesmo transmitindo jogos do seu rival, Ceará, e de outros

clubes como Guarany de Sobral, Ferroviário, Icasa, dentre outros. O mesmo

acontece com a rádio Verdes Mares, que para vários torcedores do Ceará é

alvinegra, mesmo transmitindo jogos de diversas outras equipes.

4.3 A PARCIALIDADE NO RADIO ESPORTIVO CEARENSE

Assim como em outras regiões e estados brasileiros, os locutores e

comentaristas não escondem seus clubes do coração, no Ceará não é diferente.

Nas grandes emissoras da capital cearense os radialistas não ocultam o seu time de

infância e usam os microfones para promoverem as partidas de futebol e defender o

seu clube.

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Em Fortaleza, a rivalidade entre os torcedores do Ceará Sporting Club e do

Fortaleza Esporte Clube é muito grande, tanto no campo quanto nas rádios. Um dos

grandes radialistas que não esconde o seu time é Gomes Farias.

O “locutor espetáculo”, como é conhecido na Rádio Verdes Mares, começou

sua carreira na Rádio Dragão do Mar através de um teste com 460 candidatos.

Conseguiu seu primeiro contrato em 1958 e logo foi destaque nas transmissões

esportivas. Após o falecimento de Paulino Rocha, Gomes Farias assumiu o

comando da Rádio Verdes Mares e segue até hoje na chefia das transmissões

esportivas.

Além de narrador esportivo, Gomes Farias acumula quatro mandatos como

Deputado Estadual pelo Estado do Ceará. Sempre quando assume um mandato, o

locutor agradece seus votos à torcida do Ceará, pois segundo ele, é a torcida que o

coloca no parlamento.

Além de Gomes Farias, outro radialista de destaque no rádio é Júlio Salles,

da Rádio Assunção Cearense, que não nega sua preferência pelo Fortaleza Esporte

Clube. O locutor tricolor possui uma grande “simpatia” por parte dos torcedores do

Fortaleza. Com o grande prestígio, Júlio Salles possui uma coluna diária no site do

seu clube do coração. O rádio esportivo cearense possui um “leque” de jornalistas e

radialistas que são parciais. Prova disso tudo é que existem programas de rádio que

são destinados apenas para um clube, e defendem a sua paixão como torcedor.

Há muitos radialistas que não escondem o seu clube do coração. Fazem

isso ou porque querem, gostam ou porque o amor pelo time é grande. O certo é que

todo é radialista ou jornalista sempre tem seu time de coração.

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5. Capítulo 4: FORTALEZA ESPORTE CLUBE E CEARÁ SPORTING CLUB: “COMBUSTÍVEIS” QUE MOVEM ÀS EMISSORAS EM ESTUDO.

5.1 FORTALEZA ESPORTE CLUBE

Falar das origens do Fortaleza Esporte Clube4 passa necessariamente por

falar de Alcides de Castro Santos. Primeiramente, ele fundou em 1912 um clube

também chamado Fortaleza, que posteriormente veio a ter suas atividades

encerradas.

A seguir, participou da fundação do Stella Foot-Ball Club, em 1915 (Stella era

o nome de um colégio suíço onde estudavam os filhos de alguns nobres

representantes da alta sociedade de Fortaleza). Este clube teve estreita ligação com

o Fortaleza Esporte Clube (FEC), principalmente pela presença de Alcides Santos

na formação dos dois, tendo o Fortaleza sido fundado em 18/10/1918. Como grande

desportista que era, também estimulou e participou da fundação de Riachuelo,

Tabajara e Maranguape, todos antes de 1918. Esteve ligado ao Fortaleza EC em

seus primeiros 20 anos de história.

O clube possui o estádio Alcides Santos, maior estádio particular cearense,

também chamado de Parque dos Campeonatos, e o Centro de Treinamento

Ribamar Bezerra, o maior do estado com 90 mil metros quadrados.

Dono da maior torcida do estado do Ceará – dentre todos os clubes

brasileiros – desde o começo da década de 1970, quando o clube já levava os

maiores públicos para os estádios cearenses comprovando o crescimento de sua

torcida após as conquistas de inúmeros títulos nacionais e estaduais. A afirmação de

o Fortaleza ter a maior torcida do estado foi recentemente comprovada pelos

institutos de pesquisa IBOPE, em 2001, Datafolha, e Jornal Lance, contando assim

com a quarta torcida do Nordeste e a décima sexta do Brasil. O clube tricolor

também tem números expressivos de seus torcedores no Amazonas, no Distrito

Federal, no Pará, no Piauí, no Rio Grande do Norte e em Roraima, onde o clube

possui embaixadas desde 2005 e a maior torcida organizada de Boa Vista.

É o clube cearense que mais recebeu apostas de Time do Coração na

loteria Timemania, da Caixa Econômica Federal, nos anos de 2009, 2010 e 2011,

sendo atualmente o segundo do Nordeste e o décimo quarto do Brasil.

4Página oficial do Fortaleza Esporte Clube, disponível em http://www.fortalezaec.net/FortalezaEC

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5.2 CEARÁ SPORTING CLUB

Um dos principais times do futebol cearense, o Ceará Sporting Club 5

nasceu dia 2 de junho de 1914, através da idéia de Luís Esteves Júnior e Pedro

Freire. Os dois jovens se reuniram no Café Art Noveau, que se localizava na Praça

do Ferreira, onde resolveram discutir a fundação de um clube de futebol.

Não havia nenhum clube de futebol na cidade de Fortaleza e os dois jovens

resolveram convidar um grupo de 24 pessoas para providenciar a Ata de fundação.

Por unanimidade, todos os presentes resolveram chamar o time de Rio Branco Foot-

ball Club e escolheram Gilberto Gurgel como presidente.

Primeiramente, o grupo pioneiro conseguiu arrecada cerca de dois mil e

duzentos réis para o material esportivo. O primeiro uniforme do Rio Branco era

composto de camisas lilases e calções brancos.

No mesmo ano de sua fundação, 1914, o Rio Branco organizou um

campeonato amador e foi campeão vencendo o Rio Negro por 1 x 0. O primeiro time

foi formado por Aldo, Garcia e Speedy; Célio, Carlito e Gotardo; Abreu, Pinto, Meton,

Olsen e Ninito.

Um ano depois do seu nascimento, o Rio Branco Foot-ball Clube passou a

se chamar de Ceará Sporting Club, através de uma reunião de seus diretores. Com

isso, o uniforme do time passou a ser preto e branco, onde até hoje não mudou. O

presidente escolhido foi Nelson Gurgel Amaral.

Além da mudança de nome do Ceará ocorrida em 1915, nasce a Liga

Metropolitana Cearense, onde organizou os campeonatos de futebol até 1920.

Durante os cinco campeonatos disputados organizados pela Liga Metropolitana

Cearense, de 1915 a 1919, o Ceará venceu todos e se tornou penta campeão.

Já em 1920, a Associação Desportiva Cearense, atual Federação Cearense

de Futebol, passou a organizar os campeonatos. Após o penta, o Ceará só seria

campeão em 1922, goleando o seu principal rival, o Fortaleza Esporte Clube, por 4 x

1 e evitando o tri campeonato consecutivo.

A primeira grande façanha do Ceará desde o seu nascimento em 1914 foi o

tetra-campeonato estadual em 1978. Na final da competição, o alvinegro precisava

5 Página oficial do Ceará Sporting Club, disponível em

http://www.cearasc.com/_index.php?page=historia.php

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ganhar o jogo para ser campeão. Felizmente para a sua torcida, o time ganhou de 1

X 0 do seu maior rival, o Fortaleza, e conquistou o título. Tiquinho foi o autor do gol.

No ano de 1985, o Ceará conseguiu a sua melhor colocação no

Campeonato Brasileiro de Futebol. O time conseguiu o 7º lugar na classificação

geral.

O ano de 1994 mostrou a força do Ceará Sporting Club para o Brasil. O

alvinegro cearense conseguiu chegar na final da Copa do Brasil e foi vice campeão.

Com o feito, o Ceará ganhou vaga na internacional Copa Conmebol, torneio sul-

americano, onde nenhum outro time cearense havia disputado.

Em 1999, o Ceará conquistou o seu segundo tetra-campeonato, ao

empatar com o Juazeiro Esporte Clube, time que não existe mais, em zero a zero.

Com isso, o alvinegro foi o time que mais conquistou campeonatos estaduais

durante o século XX.

Durante os 94 anos de existência, o principal rival do Ceará Sporting

Club sempre foi o time do Fortaleza. Juntos, os dois clubes somam 77 títulos

estaduais dos 93 disputados até o ano de 2013. Clássico-rei é como é chamado o

confronto entre os dois times.

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6. Capítulo 5: O REPÓRTER ESPORTIVO NO RÁDIO CEARENSE

“Uma boa reportagem depende de boas perguntas feitas para as pessoas

certas no momento adequado” (Barbeiro, 2006, p.20). É assim que o autor define a

maneira de se fazer uma boa reportagem. No futebol isso às vezes falha. Fazer uma

pergunta inadequada, ou em um momento inapropriado, muitas vezes faz com que a

reportagem possa cair de nível de tal maneira que o repórter perde o rumo e acaba

devolvendo o comando da jornada para o narrador.

Postura e comportamento são muito importantes. Isso pode refletir na

própria imagem do veículo em que trabalha. E essa imagem, aqui no Ceará, do

repórter esportivo, geralmente vem vinculada a um clube. (Barbeiro, 2006, p. 38)

6.1 A RELAÇÃO ENTRE EMISSORA - NARRADOR - REPÓRTER - CLUBE

No caso da rádio Assunção, o repórter Aluísio Lima, que cobre diariamente a

equipe do Fortaleza há mais de 10 anos está mais do que rotulado. Nos programas

da emissora e nas jornadas esportivas, o “Diabo Loiro”, como é conhecido entre os

colegas de rádio, sempre traz o noticiário do Tricolor de Aço. E da mesma forma

acontece na Rádio Verdes Mares, onde o repórter Ibernon Monteiro cobre o dia a dia

do Ceará nos programas e nas jornadas.

Sempre acompanhados dos mesmos narradores em dias de jogos, não só

os repórteres, mas as rádios ficaram com rótulos de rádio do time A ou rádio do time

B como citado anteriormente. Julio Salles e Aluísio Lima “puxam o barco” do lado

tricolor enquanto Gomes Farias e Ibernon Monteiro “puxam o barco” do lado

alvinegro. O interessante é que ambas as emissoras realizam trabalhos voltados

para os dois clubes, e não para um só. A Rádio Assunção transmite jogos do Ceará

com seu narrador e repórter, Messias Alencar e Carlos Gomes, e a Verdes Mares

transmite jogos do Fortaleza, variando o narrador, mas sempre com o repórter

Edson Ferreira.

Observando as participações dos repórteres em suas respectivas emissoras,

nota-se que os mesmos preferem manter uma política de boa vizinhança com atletas

e dirigentes, a fim de que se mantenham as “fontes” e para que os caminhos nos

clubes não se fechem a sua atuação. E isso de os jornalistas terem que manter

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relações amistosas com os jogadores e os dirigentes dos grandes clubes, faz com

que muitas vezes os tornam reféns de sua profissão.

Partindo desse pressuposto de relação entre repórter e fonte, juntamente

com a participação do narrador, é que se foi criando esse vínculo entre ouvinte –

narrador – repórter – clube. Não há atualmente uma troca, por exemplo, de

setoristas nas equipes. Sempre foram e serão os mesmos, ao menos que o

profissional se desligue da emissora em que está trabalhando ou aconteça algo que

o impeça de trabalhar, como um problema de saúde. O ouvinte já se acostumou há

muito tempo em ouvir a notícia do seu clube na sua rádio preferida.

Aqui em Fortaleza isso chegou a ser tão forte a ponto de as torcidas gritarem

nas arquibancadas palavras de baixo calão contra as emissoras consideradas

“adversárias” de seus clubes, sendo que isso nunca existiu, pelo menos falando de

maneira jornalística. Não se muda o conceito da informação para beneficiar ou

prejudicar equipe A ou B. E isso afeta diretamente o repórter.

Caso um dia necessite que o profissional que cobre diariamente a equipe A

precise um dia por um motivo qualquer ir cobrir a equipe B, o mesmo chega a ser

hostilizado por torcedores, mal visto pelos próprios dirigentes, que são fontes, muitas

vezes o acusando de “espionagem”, e o pior, os próprios colegas de profissão os

veem de maneira diferente. Isso porque se esquece que ali está um profissional, e

não um torcedor, coisa que a maioria dos repórteres de rádio hoje no Ceará o é.

De um modo geral, não parte do repórter a opção por trabalhar somente

cobrindo a equipe X ou Y, mas sim do coordenador da equipe, que na maioria dos

casos é o narrador, aquele que “puxa a sardinha” para o clube X ou Y e acaba

levando o repórter de carona.

Hoje, com o advento do rádio FM em coberturas esportivas no Estado,

busca-se essa desmistificação, essa mudança de pensamento, fazendo um rodízio

entre os narradores e repórteres. Mas como todos os profissionais que estão no FM

vieram do AM, acabam caindo na teia da rotulação por parte dos torcedores que se

acostumaram a escutá-los em uma determinada emissora. Cobrindo sempre o

mesmo clube ou determinado assunto.

Os programas seguem a mesma linha de raciocínio, mudando às vezes

somente a ordem em que a pauta é empregada. Manchetes trazendo os destaques,

posteriormente o breve comentário, voltando a palavra para o repórter que traz o seu

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noticiário sobre o clube que está cobrindo, assim “devolvendo a bola” para o estúdio

onde o âncora do programa, muitas vezes o narrador e o comentarista, trocam

ideias e falam sobre o que aconteceu durante o dia. Entre estes assuntos outras

pautas são abordadas como destaques nacionais ou outros esportes, mas sempre

com o “carro-chefe” voltado para o futebol.

Outra característica que faz parte da vida do repórter de rádio AM é a leitura

dos chamados testemunhais foguetes durante as partidas. Como se não bastasse o

narrador lendo a caixeta de comercias, coisa que às vezes faz mais do que narrar o

jogo, após reportar o lance o repórter lê o velho e famoso “informando...” dizendo

assim o nome da empresa a qual está sendo veiculada a propaganda na emissora.

Esta é outra característica que o rádio FM tentou modificar, mas repetindo,

assim como acontece de os profissionais do FM terem vindo do AM, acabam

trazendo os mesmos hábitos e informando sempre o nome de empresas. Empresas

estas que na maioria das vezes o próprio repórter é o “dono” da propaganda, já que

na maioria das emissoras os profissionais ganham por cotas. Quem mais tiver

comerciais, ganha mais, e assim o rádio cearense vai sobrevivendo.

Como existem muitas emissoras no estado, em especial em Fortaleza, a

disputa por clientes faz com que os repórteres tenham comerciais por um valor bem

abaixo do que deveria ser o praticado, prostituindo assim o mercado. Vale ainda

destacar que o repórter não recebe 100% do valor da propaganda. Ele repassa uma

porcentagem para a emissora, já que na maioria dos casos elas trabalham com o

sistema de cota.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No caso da rádio Assunção, a maioria da torcida do Fortaleza prefere ouvir o

jogo sintonizando o seu prefixo, 620, já que Júlio Salles demonstra a todos sua

maneira vibrante de narrar os jogos do Fortaleza Esporte Clube e de incentivar a

torcida, muitas vezes pedindo que a mesma apoie a equipe em jogos difíceis.

Jargões também são utilizados como “mata leão!”, na hora em que o mesmo narra

um gol do Fortaleza. Já a maioria da torcida do Ceará prefere ouvir o jogo

sintonizando o canal 810, a Verdinha, como é conhecida,que tem Gomes Farias

simpatizante nato do Ceará Sporting Club. E ele utiliza jargões como “queima a

pitchaca, vozão!”, “ô time pai d‟égua, Ceará!” e isso foi criando empatia por parte dos

torcedores do Alvinegro.

Como a cultura do rádio esportivo cearense é a de sempre manter um

mesmo repórter em um determinado clube, o torcedor sempre associa o repórter

com o clube ao qual ele faz a cobertura diariamente, muitas vezes até

impossibilitando seu trabalho em outras equipes, pois até mesmo os dirigentes os

acusam de “espionagem”, quando não estão cobrindo sua equipe de costume.

As próprias emissoras contribuem para que o repórter fique rotulado, o que

não é bom em um mercado tão concorrido como é o do rádio esportivo cearense.

Sejam em programas esportivos ou jornadas, independente da rádio, o trabalho é

feito quase sempre que da mesma maneira, claro, que diferentemente dentro do

estilo de cada profissional.

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