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Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento. CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Português Analista Judiciário TRE Período: 2010 - 2016

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CEM

CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER

Português

Analista Judiciário

TRE

Período: 2010 - 2016

Português

Cargo: TRE Analista

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1) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) Está inteiramente clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: a) O autor não se revela que sua posição esteja inteiramente intolerante diante dos estrangeirismos, uma vez que chega a justificá-lo dependendo do que for o caso. b) Foi especialmente o emprego da expressão "coffee break" onde o autor se mostrou irritado, de vez que o uso de “cafezinho” seria inevitavelmente melhor. c) Conquanto mostre plena relutância ao se valerem de termos estrangeiros, o autor não o evita de fazer em casos específicos, tal como o dos tecnológicos. d) Ao aceitar o emprego de termos estrangeiros quando estes não tiverem tradução satisfatória,

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o autor mostra que não é um purista em defesa da língua portuguesa. e) O prestígio de que alguns acenam para o uso de palavras inglesas é visto como injustificável na ótica do autor do texto quando se refere a este linguajar. 2) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados.

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(Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) ... capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. (último parágrafo) Considerando-se o par de palavras eminentes / iminentes, é correto afirmar que se trata de exemplo de a) antonímia. b) sinonímia. c) paronímia. d) homonímia. e) homofonia. 3) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Na Inglaterra dos períodos Tudor e Stuart, a visão tradicional era a de que o mundo fora criado para o bem do homem e as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos e necessidades. Tal pressuposto fundamenta as ações dessa ampla maioria de homens que nunca pararam um instante para refletir sobre a questão. Entretanto, os teólogos e intelectuais que sentissem a necessidade de justificá-lo podiam apelar prontamente para os filósofos clássicos e a Bíblia. A natureza não fez nada em vão, disse Aristóteles, e tudo teve um propósito. As plantas foram criadas para o bem dos animais e esses para o bem dos homens. Os animais domésticos existiam para labutar, os selvagens para serem caçados. Os estoicos tinham ensinado a mesma coisa: a natureza existia unicamente para servir aos interesses humanos. Foi nesse espírito que os comentadores Tudor interpretaram o relato bíblico da criação. [...] É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico com que os pregadores das dinastias Tudor e Stuart interpretavam a história bíblica. (Thomas Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 21-22) A forma verbal que exprime acontecimento passado anterior a outro igualmente passado é encontrada no segmento: a) o mundo fora criado para o bem do homem. b) as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos e necessidades.

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c) nunca pararam um instante. d) os teólogos e intelectuais [...] podiam apelar prontamente para os filósofos clássicos e a Bíblia. e) tudo teve um propósito. 4) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) A alternativa que apresenta frase correta é: a) − Senhor Ministro, peço sua licença para advertir que Vossa Excelência se equivocais no julgamento dessa lei tão polêmica. b) Seus companheiros, até os recém-contratados, não lhe atribuem nenhum deslize e creem que esse é mais um injusto empecilho entre tantos com que ele já se defrontou. c) Se eles não satisfazerem todas as exigências, não se têm como contratá-los sem enveredar pelo caminho da irregularidade. d) O traumático episódio gerou grande ansiedade, excitação desmedida que lhe fez xingar e investir contra a pessoa mais cumpridora com seus deveres. e) Caso ele venha a se opor, será uma compulsão a que ninguém deve compartilhar, sob perigo de todos os envolvidos se virem em situação de risco na empresa. 5) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Em 1904, Kafka escreveu a seu amigo Oskar Pollak: "No fim das contas, penso que devemos ler somente livros que nos mordam e piquem. Se o livro que estamos lendo não nos sacode e acorda como um golpe no crânio, por que nos darmos o trabalho de lê-lo? Para que nos faça feliz, como diz você? Seríamos felizes da mesma forma se não tivéssemos livros. Livros que nos façam felizes, em caso de necessidade, poderíamos escrevê-los nós mesmos. Precisamos é de livros que nos atinjam como o pior dos infortúnios, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, que nos façam sentir como se tivéssemos sido banidos para a floresta, longe de qualquer presença humana, como um suicídio. É nisso que acredito." (Adaptado de Alberto Manguel. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 113) Para que nos faça feliz... O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em que se encontra o grifado acima está em: a) ...como a morte de alguém que amamos... b) ... por que nos darmos o trabalho...

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c) Se o livro que estamos lendo... d) ... livros que nos atinjam... e) Seríamos felizes da mesma forma... 6) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram(a) uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou(b). E isso continua(c). Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam(d) a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar(e). O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia

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Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Em certas passagens do primeiro parágrafo, os autores referem-se a certas ações pretéritas que consideravam contínuas. A forma verbal que demonstra essa atitude é a) criaram. b) alcançou. c) continua. d) anunciavam. e) vê triunfar. 7) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas! Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia

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vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) ... o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o verbo grifado acima está em: a) Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. b) ... como se fossem romances de aventuras... c) ... o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias... d) E assinala o grande carinho, a bondade... e) Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens... 8) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada.

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Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Está inadequada a correlação entre tempos e modos verbais no seguinte caso: a) Muitos se lembrariam da alegria voraz com que eram disputadas as toneladas da vítima. b) Foi salva graças à religião ecológica que andava na moda e que por um momento estabelecera uma trégua entre todos. c) Um malvado sugere que se dê por perdida a batalha e comecemos logo a repartir os bifes. d) Depois de se haver debatido por três dias na areia da praia a jubarte acabara sendo salva por uma traineira que vinha socorrê-la. e) Já informado do salvamento da baleia, o cronista teve um sonho em que o animal lhe surgiu com a força de um símbolo. 9) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Análise de Sistemas - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização

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que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Está inteiramente adequada a correlação entre tempos e modos verbais na frase: a) Seria impossível que a gente imagine o que venha a ser essa subcivilização que se cria dentro dos presídios brasileiros. b) A ideia de reabilitação dos prisioneiros, sendo bonita, poderia ser também implementada, não contrariasse a índole da nossa gente. c) Como costuma ocorrer, a interpretação a ser feita de cada fato teria variado de acordo com as conveniências de quem o analise. d) Por mais ferozes que sejam, as leis de uma sociedade são vistas como parâmetros legais de julgamento e punição, e acabariam justificando os excessos de violência. e) Os que vivemos aqui em cima desfrutaríamos do ar limpo que se nega aos que se encontrassem como prisioneiros, em nossas cadeias. 10) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Quando eu sair daqui, vamos começar vida nova numa cidade antiga, onde todos se cumprimentam e ninguém nos conheça. Vou lhe ensinar a falar direito, a usar os diferentes talheres e copos de vinho, escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler. Sinto que você leva jeito porque é aplicada, tem meigas mãos, não faz cara ruim nem quando me lava, em suma, parece uma moça digna apesar da origem humilde. Minha outra mulher teve uma educação rigorosa, mas mesmo assim mamãe nunca entendeu por que eu escolhera justamente aquela, entre tantas meninas de uma família distinta.

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(Chico Buarque. Leite derramado, São Paulo, Cia. das Letras, 2009, p. 29) Minha outra mulher teve uma educação rigorosa, mas mesmo assim mamãe nunca entendeu por que eu escolhera justamente aquela, entre tantas meninas de uma família distinta. O verbo grifado na frase acima pode ser substituído, sem que se altere o sentido e a correção originais, e o modo verbal, por: a) escolheria. b) havia escolhido. c) houvera escolhido. d) escolhesse. e) teria escolhido. 11) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares. Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira, e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque, o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo".

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Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong, mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) ... a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho ... Transpondo a frase acima para a voz passiva, a forma verbal corretamente obtida é: a) tinha interrompido. b) foram interrompidas. c) fora interrompido. d) haviam sido interrompidas. e) haveriam de ser interrompidas. 12) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro

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e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas! Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) ... onde percorreu as regiões mal-afamadas do rio Doce... A forma verbal resultante da transposição da frase acima para a voz PASSIVA é: a) foi percorrido. b) percorreu-se. c) foram percorridas. d) eram percorridas. e) percorreram. 13) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Conselhos a o candidato Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de

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Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga: − Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida. Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...] Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária. No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. (BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684) *aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte. *capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. Identifica-se, no segmento sublinhado acima, a) noção de causa, que justifica a decisão tomada pelo autor. b) a consequência de uma ação deliberada anteriormente. c) ressalva que restringe o sentido da afirmativa anterior. d) uma finalidade, que reafirma as intenções do autor, expostas no texto.

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e) condição, pois o autor conclui não ter conseguido aconselhar o candidato. 14) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) A frase em total concordância com o padrão culto escrito é: a) Dirigimo-nos a V.Sa. para solicitar que, em vossa apreciação do documento, haja bastante precisão quanto aos pontos que quereis ver alterados. b) Senhor Ministro, sabemos todos que Vossa Excelência jamais fizestes referência desairosa ao poder legislativo, mas desejamos pedir-lhe que desfaça o mal-entendido. c) Ao encontrar-se com Sua Magnificência, não se conteve: − Senhor Reitor, sou o mais novo membro do corpo docente e vos peço um minuto de sua atenção. d) Assim que terminou a cerimônia, disse à Sua Santidade: − Ponho-me a vossa disposição se acaso deseje mandar uma mensagem ao povo brasileiro. e) Entendemos que V.Exa. necessita de mais dados sobre a questão em debate e, assim, lhe pedimos que nos conceda um prazo para que o documento seja mais bem elaborado. 15) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Na Inglaterra dos períodos Tudor e Stuart, a visão tradicional era a de que o mundo fora criado para o bem do homem e as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos(a) e necessidades. Tal pressuposto fundamenta as ações dessa ampla maioria de homens que nunca pararam um instante para refletir sobre a questão(b). Entretanto, os teólogos e intelectuais que sentissem a necessidade de justificá-lo podiam apelar prontamente para os filósofos clássicos(b) e a Bíblia. A natureza não fez nada em vão(c), disse Aristóteles, e tudo teve um propósito. As plantas foram criadas para o bem dos animais e esses para o bem dos homens. Os animais domésticos existiam para labutar, os selvagens para serem caçados. Os estoicos tinham ensinado a mesma coisa:(e) a natureza existia unicamente para servir aos interesses humanos. Foi nesse espírito que os comentadores Tudor interpretaram o relato bíblico da criação. [...] É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico(d) com que os pregadores das dinastias Tudor e Stuart interpretavam a história bíblica. (Thomas Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 21-22) O texto legitima a seguinte afirmação:

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a) Em as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos, a substituição do segmento destacado por “haviam de se subordinar” mantém o sentido de inevitabilidade e a correção originais. b) Os segmentos para refletir sobre a questão e para os filósofos clássicos e a Bíblia exercem a mesma função sintática. c) De modo a preservar a correção e o sentido originais, a redação alternativa para elidir a dupla negação em A natureza não fez nada em vão é “A natureza fez tudo com gratuidade”. d) Em É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico, a retirada da vírgula depois de É difícil, sem outra alteração, manteria a correção original. e) Os dois-pontos introduzem uma citação literal dos estoicos. 16) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio(a) − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares. Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira(b), e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque(c), o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo"(d). Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-

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coreanos do complexo industrial de Kaesong(e), mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) No processo argumentativo, pode ser corretamente entendido como expressão de uma circunstância de tempo o seguinte segmento: a) Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio. b) Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira. c) Compelido a responder ao ataque. d) voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo". e) expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong. 17) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio(a) − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares. Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no

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Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira(b), e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque(c), o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo"(d). Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong(e), mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) No processo argumentativo, pode ser corretamente entendido como expressão de uma circunstância de tempo o seguinte segmento: a) Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio. b) Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira. c) Compelido a responder ao ataque. d) voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo". e) expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong. 18) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Está correta a seguinte frase: a) Ainda que os méritos pela execução do projeto não coubessem àquele engenheiro, foram-lhe logo atribuídos, mas ele, com humildade, não hesitou em recusá-los. b) Parecia haver muitas razões para que seus estudos de metereologia não convencesse, mas a mais excêntrica era inventar pretextos inverossímeis para seus erros. c) Devem fazer mais de seis meses que ele não constroe nenhuma maquete, talvez por estresse; por isso, muitos são a favor de que lhe seja concedido as férias acumuladas. d) Ele é especialista em vegetais euros-siberianos, motivo das suas análizes serem feitas em

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extensa faixa da Europa e dele viajar tão à vontade. e) Ao que me disseram, tratam-se de questões totalmente irrelevante para o pesquisador, mas, mesmo assim, jornalistas tentam assessorá-lo na divulgação delas. 19) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – Análise de Sistemas - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hiper-moderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia

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Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) O segmento que, inspirado no texto, se apresenta correto é: a) estrelas das quais se reconhecem as fotos. b) chega à ser a vedete do momento. c) forma de paralização. d) sublimação de que todos aplaudem. e) estrelas da beneficiência. 20) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.

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(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Analisando-se aspectos sintáticos de frases do texto, é correto afirmar que em a) Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima as formas verbais sublinhadas têm um mesmo sujeito. b) todos se empenhavam no lúcido objetivo comum configura-se um caso de indeterminação do sujeito. c) uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas a voz verbal é ativa, sendo umas bugigangas o objeto direto. d) eu já podia recolher a minha aflição não há a possibilidade de transposição para outra voz verbal. e) Logo uma estatal, ó céus o elemento sublinhado exerce a função de adjunto adverbial de tempo. 21) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Análise de Sistemas - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa

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superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Na frase eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, deve-se entender que a) o sujeito da forma verbal formando é a classe animal. b) a ação verbal expressa em passou (...) formando está na voz passiva. c) a expressão sem redenção possível qualifica país. d) o pronome que retoma o termo antecedente redenção. e) a classe animal é complemento da expressão verbal passou (...) formando. 22) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos.

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A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Na frase acima, o segmento destacado equivale a: a) por conta de ter ficado muito tempo restrito. b) ainda que tenha ficado muito tempo restrito. c) em vez de ter ficado muito tempo restrito. d) ficando há muito tempo restrito. e) conforme tendo ficado muito tempo restrito. 23) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar.

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O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passa-se a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Considerado o fragmento acima, em seu contexto, é correto afirmar: a) A expressão ou mesmo indica que os autores atribuem à palavra degradação um sentido de rebaixamento mais intenso do que atribuem à palavra banalização. b) A substituição de não se dá sem uma forma de banalização por “procede de um tipo de atitude trivial” mantém o sentido original. c) A forma trazendo expressa, na frase, sentido de condicionalidade, equivalendo a “se trouxer”. d) O contexto exige que se compreendam os segmentos da figura pura da estrela e do ícone único e insubstituível como expressões de sentidos opostos. e) A substituição de das quais por “cujas” mantém a correção e o sentido originais.

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24) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Considere as afirmações que seguem.

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I. A sequência na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha constitui elenco de profissões que tiveram de se associar ao domínio da cultura para atingir a economia do estrelato. II. Em A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo, a expressão em destaque foi obrigatoriamente empregada para evitar a ambiguidade que ocorreria se, em seu lugar, fosse usado o pronome “que”. III. Em A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo, o segmento destacado poderia ser substituído por “prevalecente”, sem prejuízo do sentido e da correção originais. O texto legitima a) I, somente. b) II, somente. c) III, somente. d) I e III, somente. e) I, II e III. 25) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois

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até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas! Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil... O elemento em destaque na frase acima exerce a mesma função sintática que o segmento grifado em: a) “Os livros de Auguste Saint-Hilaire (...) leem-se aos quinze anos como...” b) Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. c) Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas... d) A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck... e) “...exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. 26) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos

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ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas! Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior... O verbo transitivo empregado com o mesmo tipo de complemento que o verbo grifado acima está em: a) ... o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. b) Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda... c) ... tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles... d) Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo.

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e) Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas... 27) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões. No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) A conectividade está na ordem do dia, não há quem dispense a conectividade, seja para testar o alcance da conectividade, seja para alçar a conectividade ao patamar dos valores absolutos.

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Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por: a) lhe dispense - testá-la o alcance - alçá-la b) a dispense - lhe testar o alcance - alçá-la c) a dispense - a testar no seu alcance - lhe alçar d) dispense-a - testá-la o alcance - alçá-la e) dispense-lhe - lhe testar o alcance - lhe alçar 28) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) No âmbito da arte contemporânea, a pintura de Chagall ...... pela importância que tem nela o elemento temático, de fundo onírico, que, por sua vez, ...... as profundas raízes afetivas e culturais do artista. Sua obra, moderna, ...... todas as conquistas formais da arte contemporânea. (Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marc-chagall.html) Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: a) se destaca − refletem − assimila b) destaca − refletem − assimilava c) destaca-se − refletiam − assimilaram d) destaca − refletia − assimilara e) se destaca − reflete – assimilou 29) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso

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público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase: a) A argumentação na qual se valeu o ministro baseava-se numa analogia em cuja pretendia confundir função técnica com função política. b) As funções para cujo desempenho exige-se alta habilitação jamais caberão a quem se promova apenas pela aclamação do voto. c) Para muitos, seria preferível uma escolha baseada no consenso do voto do que a promoção pelo mérito onde nem todos confiam. d) A má reputação de que se imputa ao "assembleísmo" é análoga àquela em que se reveste a "meritocracia". e) A convicção de cuja não se afasta o autor do texto é a de que a adoção de um ou outro critério se faça segundo à natureza do caso. 30) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa

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aldeia global: o primado das conexões. No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) Está INADEQUADO o emprego do elemento sublinhado na frase: a) No ônibus de viagem, ao qual recorro regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões. b) Ao contrário de outros tempos, já não é mais ao crepúsculo que me atenho em minhas viagens. c) A conectividade está nos conduzindo a um destino com o qual ninguém se arrisca a prever. d) As pessoas absortas em suas conexões parecem imergir numa espécie de solidão com cujo sentido é difícil de atinar. e) O cronista considera que nossas necessidades permanentes, às quais alude no último parágrafo, disfarçam-se em meio a tantas conexões. 31) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) Atenção: Considere o poema abaixo para responder à questão.

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Só é meu O país que trago dentro da alma. Entro nele sem passaporte Como em minha casa. Ele vê a minha tristeza E a minha solidão. Me acalanta. Me cobre com uma pedra perfumada. Dentro de mim florescem jardins. Minhas flores são inventadas. As ruas me pertencem Mas não há casas nas ruas. As casas foram destruídas desde a minha infância. Os seus habitantes vagueiam no espaço À procura de um lar. Instalam-se em minha alma. Eis porque sorrio Quando mal brilha meu sol. Ou choro Como uma chuva leve Na noite. (...) Só é meu O mundo que trago dentro da alma. (Trecho de Um poema de Marc Chagall. Trad. Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008) Dentro de mim florescem jardins. O elemento grifado acima exerce a mesma função sintática do grifado em: a) Os seus habitantes vagueiam no espaço. b) Ele vê a minha tristeza. c) Mas não há casas nas ruas. d) Me cobre com uma pedra perfumada. e) As ruas me pertencem. 32) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013)

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Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Pintor, gravador e vitralista, Marc Chagall estudou artes plásticas na Academia de Arte de São Petersburgo. Seguindo para Paris em 1910, ligou-se aos poetas Blaise Cendrars, Max Jacob e Apollinaire − e aos pintores Delaunay, Modigliani e La Fresnay. A partir daí, trabalhou intensamente para integrar o seu mundo de reminiscências e fantasias na linguagem moderna derivada do fauvismo e do cubismo. Na década de 30, o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura, onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. Em 1941, parte para os EUA, onde sua esposa falece (1944). Chagall mergulha, então, em um período de evocações, quando conclui o quadro "Em torno dela", que se tornou uma síntese de todos os seus temas. (Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marc-chagall.html) ... quando conclui o quadro “Em torno dela”... O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está em: a) ... Marc Chagall estudou ar tes plásticas na Academia de Arte de São Petesburgo. b) A partir daí, trabalhou intensamente para... c) o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura... d) ... onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. e) Em 1941, parte para os EUA... 33) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Conselhos a o candidato Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga: − Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder

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cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida. Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...] Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária. No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. (BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684) *aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte. *capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito ... A expressão sublinhada acima preenche corretamente a lacuna existente em: a) Aqueles ...... caberia manifestar apoio aos defensores da causa em discussão ainda não haviam conseguido chegar à tribuna. b) O acadêmico, ...... todos esperavam um vigoroso aparte contrário ao pleito, permaneceu em silêncio na tumultuada sessão. c) Em decisão unânime, os acadêmicos ofereceram dados da agremiação ...... desejasse participar da discussão daquele dia. d) O novo acadêmico demonstrou grande afeição ...... compartilha das mesmas ideias literárias e aborda os mesmos temas. e) O discurso de recepção do novo integrante do grupo deveria ser pronunciado ...... apresentasse maior afinidade entre ambos.

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34) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) Está plenamente adequado o emprego de ambas as expressões sublinhadas na frase: a) Há vocábulos estrangeiros em cujo emprego se faz desnecessário, uma vez que nossa língua conta com termos de que o sentido traduz plenamente o daqueles. b) O abuso no emprego de estrangeirismos, ao qual o autor se bate, é um mal em cujo reconhecimento pouca gente é capaz. c) Nossas exportações de café, às quais tanto devemos, levaram a outros países um hábito cujo cultivo tornou-se parte de nossa identidade. d) Um hábito ridículo, do qual muita gente se curva, está no emprego abusivo de palavras estrangeiras, nas quais se atribui um prestígio maior. e) Há expressões estrangeiras, como “shopping center”, onde o uso se justifica plenamente, uma vez que nomeiam realidades em que o estabelecimento se deu em outros países.

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35) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito. Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão. O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim: − Vou dizer ao velho! Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida.

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(REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43) Atente para as seguintes afirmações: I. Na frase Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém (3º parágrafo), pode-se substituir "na" por "à", mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido da frase. II. Em ... enquanto os canoeiros remavam a toda a força... (3º parágrafo), pode-se acrescentar crase em "à toda a força", sem prejuízo para a correção da frase. III. No segmento As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba... (1º parágrafo), pode-se substituir "para a" por "à", sem prejuízo para a correção e, em linhas gerais, o sentido da frase. Está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) II e III. c) III. d) I e II. e) I e III. 36) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os

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bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal em: a) À noite, davam-se aos trabalhos de poucos e à diversão de muitos uma trégua oportuna, para tudo recomeçar na manhã seguinte. b) Aos esforços brutais da jubarte não correspondiam qualquer efeito prático, nenhum avanço obtinha o gigante encalhado na areia. c) Sempre haverá de aparecer aqueles que, diante de um espetáculo trágico, logram explorá-lo como oportunidade de comércio. d) Como se vê, cabe aos bons princípios ecológicos estimular a salvação das baleias, seja no alto-mar, seja na areia da praia. e) Da baleia encalhada em 1966 não restou, lembranos o autor, senão as postas em que a cruel voracidade dos presentes retalhou o animal. 37) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e

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uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para preencher de modo adequado a lacuna da seguinte frase: a) As acusações que ...... (promover) quem defende o "assembleísmo" baseiam-se na decantada "soberania" das assembleias. b) Não ...... (convir) aos radicais da meritocracia admitir que pode haver boas resoluções obtidas pelo critério do voto. c) Por que ...... (haver) de caber a um simples passageiro as responsabilidades do comando de uma aeronave? d) O que aos bons políticos não ...... (poder) faltar, sobretudo nos momentos de decisão, é o espírito público. e) Não ...... (caber) às associações de classe, em assembleias, avaliar o mérito técnico, julgar a qualificação profissional de alguém. 38) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal na frase: a) Dentro da elite nunca se criticou, diante da rotina do sistema penitenciário brasileiro, os horrores a que os presos são submetidos. b) Reserva-se ao pobre, tantas vezes identificado como potencialmente perigoso, as opções da resignação ou da marginalidade social. c) Sem altos investimentos não haverão como minimizar os horrores que vêm caracterizando as nossas penitenciárias. d) A nenhum dos intérpretes de um fato faltarão argumentos para considerá-lo segundo seu interesse e sua conveniência.

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e) Ainda que não lhes convenham fazer altos investimentos, as elites terão que calcular os custos de tanta violência. 39) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados.

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(Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) Com a substituição do segmento grifado pela expressão entre parênteses no final da transcrição, o verbo que deverá ser mantido no singular está em: a) ... o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil ... (o raciocínio dos conservacionistas) b) Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular ... (assuntos cada vez mais populares) c) ... de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. (daqueles que) d) ... nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. (tantas espécies ameaçadas) e) ... um tema que se discuta nos bares ... (daqueles temas) 40) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares. Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira, e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque, o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo".

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Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong, mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) Considerado o padrão culto escrito, a substituição que mantém a correção original do segmento é a de a) um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos por “submarinos norte-coreanos havia sido os responsáveis pelos disparos”. b) mantido pelas duas nações por “mantido por ambas as nações”. c) Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos por “Nesse cenário cujos os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos”. d) Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves por “A despeito do imbróglio não ter consequências graves”. e) chama a atenção para o imprevisível desenlace por “chama a atenção para o que concerne o imprevisível desenlace”. 41) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. [...] ser independente significa bem mais do que ser livre para viver como se quer: significa, basicamente, viver com valores que façam a vida ser digna de ser vivida. Não basta um estado de espírito. Não basta, como diz o samba, “vestir a camisa amarela e sair por aí”. Tampouco basta sentir-se autônomo, fazendo parte do bando. É preciso algo mais. Ora, um dos valores que vêm sendo retomados pelos filósofos e que cabem como uma luva nessa questão é o da resistência. Na raiz da palavra resistere se encontra um sentido: “ficar de pé”. E ficar de pé implica manter vivas, intactas dentro de si, as forças da lucidez. Essa é uma exigência que se impõe tanto em tempos de guerra quanto em tempos de paz. Sobretudo nesses últimos, quando costumamos achar que está tudo bem, que está tudo “numa boa”; quando recebemos informações de todos os lados, sem tentar, nem ao menos, analisá-las, e terminamos por engolir qualquer coisa.

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Resistir como forma de ser independente é, talvez, uma maneira de encontrar um significado no mundo. Daí que, para celebrar a independência, vale mesmo é desconstruir o mundo, desnudar suas estruturas, investigar a informação. Fazer isso sem cansaço para depois termos vontade de, novamente, desejá-lo, inventá-lo e construí-lo; de reencontrar o caminho da sensibilidade diante de uma paisagem, ao abrir um livro ou a porta de um museu. Independência, sim, para defendermos a vida, para defendermos valores para ela, para que ela tenha um sentido. Independência de pé, com lucidez e prioridades. Clareza, sim, para não continuarmos a assistir, impotentes, ao espetáculo da própria impotência. (PRIORE, Mary Del. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta, 2013, p. 281) Considere as alterações propostas nas alternativas abaixo para alguns segmentos do texto. Mantém-se a correção gramatical no que consta em: a) Na raiz da palavra resistere se encontra um sentido ... Na raiz da palavra resistere se encontra algumas indicações de seu significado ... b) Não basta um estado de espírito. Não basta algumas decisões tomadas nesse sentido. c) Essa é uma exigência que se impõe tanto em tempos de guerra quanto em tempos de paz. Essa é uma das exigências que se impõem tanto em tempos de guerra quanto em tempos de paz. d) É preciso algo mais. Faz-se necessário as mudanças de visão e de atitudes. e) ... para que ela tenha um sentido. ... para que as metas estabelecidas a cada um tenha um sentido. 42) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida),

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havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase: a) Vincula-se ao nosso antigo complexo de povo colonizado hábitos como o que nos leva ao emprego indiscriminado de termos estrangeiros. b) Somente no caso de haverem razões plenamente justificáveis admite-se, na opinião do autor do texto, o uso de vocábulos estrangeiros. c) Constam nos programas de congressos acadêmicos, como se fosse natural, chamamento em inglês para o nosso brasileiríssimo cafezinho. d) O emprego de termos estrangeiros cujas acepções originais não têm tradução adequada conta com o respaldo do autor do texto. e) Aquilo que os estrangeiros parecem dizer melhor, com palavras mais apropriadas, quase sempre encontram perfeita tradução em nosso idioma. 43) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação.

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Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período: a) Em qualquer escalão do governo costuma haver mais cedo, ou mais tarde, atritos entre o pessoal técnico-administrativo estabilizado, por concurso, e o pessoal indicado para cargos de confiança que ficam ao sabor, das conveniências políticas. b) Em qualquer escalão, do governo, costuma haver mais cedo ou mais tarde, atritos entre o pessoal técnico-administrativo estabilizado por concurso, e o pessoal indicado para cargos de confiança, que ficam ao sabor das conveniências políticas. c) Em qualquer escalão do governo, costuma haver, mais cedo ou mais tarde, atritos entre o pessoal técnico-administrativo, estabilizado por concurso, e o pessoal indicado para cargos de confiança, que ficam ao sabor das conveniências políticas. d) Em qualquer escalão do governo costuma haver, mais cedo ou mais tarde, atritos, entre o pessoal técnico-administrativo, estabilizado por concurso e o pessoal, indicado para cargos de confiança, que ficam ao sabor das conveniências políticas. e) Em qualquer escalão do governo costuma haver mais cedo, ou mais tarde atritos, entre o pessoal técnico-administrativo estabilizado, por concurso, e o pessoal indicado, para cargos de confiança, que ficam ao sabor das conveniências políticas. 44) FCC – Analista Judiciário – Análise de Sistemas - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões. No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período: a) A conectividade representa em nossos tempos, de fulminantes avanços tecnológicos, mais do que um fenômeno da comunicação, constitui um modo de viver, e de pensar de tal modo, que muitos dos nossos valores seculares, caem por terra, como vem ocorrendo por exemplo com o direito à privacidade. b) A conectividade representa, em nossos tempos de fulminantes avanços tecnológicos, mais do que um fenômeno da comunicação, constitui um modo de viver e de pensar, de tal modo, que muitos dos nossos valores seculares caem por terra, como vem ocorrendo por exemplo, com o

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direito à privacidade. c) A conectividade representa, em nossos tempos de fulminantes avanços tecnológicos mais do que um fenômeno da comunicação; constitui, um modo de viver e de pensar, de tal modo que muitos dos nossos valores seculares, caem por terra; como vem ocorrendo por exemplo, com o direito à privacidade. d) A conectividade representa, em nossos tempos de fulminantes avanços tecnológicos, mais do que um fenômeno da comunicação: constitui um modo de viver e de pensar, de tal modo que muitos dos nossos valores seculares caem por terra, como vem ocorrendo, por exemplo, com o direito à privacidade. e) A conectividade representa, em nossos tempos, de fulminantes avanços tecnológicos: mais do que um fenômeno da comunicação; constitui um modo de viver e de pensar, de tal modo que muitos dos nossos valores seculares caem por terra, como vem ocorrendo por exemplo, com o direito à privacidade. 45) FCC – Analista Judiciário – Apoio Especializado - TRE SP (2012) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hiper-moderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas

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especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Alterada a pontuação original, a frase do texto que mantém a correção é: a) As indústrias culturais e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”; absolutamente moderna: a estrela. b) Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da forma-moda − conseguindo tornar efêmeras, e consumíveis, as próprias estrelas da notoriedade. c) O que caracteriza o star-system em uma era hiper-moderna é de fato, sua expansão para todos os domínios. d) A própria literatura, consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos — por intermédio de agentes segundo o sistema que prevalece, nas indústrias do espetáculo. e) Depressa, ela desempenhou um papel, importante no sucesso de massa, que o cinema alcançou. 46) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto: Suporta-se com paciência a cólica do próximo. * Matamos o tempo; o tempo nos enterra. * Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem. * Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros. *

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Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é a de um joalheiro. * Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX) Ocorre pontuação plenamente adequada na frase: a) Criador de frases ferinas, Machado de Assis aproveitou-se dessa qualidade para, num romance famoso, compor um capítulo unicamente com aforismos, sempre bem-humorados e argutos, entre os quais alguns que volta e meia são citados até hoje. b) Criador de frases ferinas Machado de Assis, aproveitou-se dessa qualidade, para num romance famoso compor um capítulo unicamente com aforismos, sempre bem-humorados e argutos, entre os quais, alguns que volta e meia são citados até hoje. c) Criador de frases ferinas, Machado de Assis, aproveitou-se dessa qualidade para num romance famoso compor um capítulo, unicamente com aforismos, sempre bem-humorados, e argutos entre os quais alguns que volta e meia são citados até hoje. d) Criador de frases ferinas, Machado de Assis aproveitou-se dessa qualidade, para num romance famoso, compor um capítulo, unicamente com aforismos sempre bem-humorados, e argutos, entre os quais alguns que volta e meia são citados até hoje. e) Criador de frases ferinas Machado de Assis aproveitou-se dessa qualidade, para num romance famoso compor um capítulo, unicamente com aforismos, sempre bem-humorados, e argutos entre os quais, alguns que volta e meia são citados até hoje. 47) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Embora o meu vocabulário seja voluntariamente pobre – uma espécie de Brasileiro Básico – a única leitura que jamais me cansa é a dos dicionários. Variados, sugestivos, atraentes, não são como os outros livros, que contam sempre a mesma estopada* do começo ao fim. Meu trato com eles é puramente desinteressado, um modo disperso de estar atento... E esse meu vício é, antes de tudo, inócuo para o leitor. Na minha adolescência, todo e qualquer escritor se presumia de estilista, e isso, na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que deve ter causado a autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto: grande infanticida, isto é o que ele foi. Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência verbal de Rui Barbosa. O seu fraco, ou o seu forte, eram os sinônimos. (...)

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*aquilo que é maçante, enfadonho, aborrecedor. (Adaptado de: QUINTANA, Mário. Dicionários. Caderno H. 7. ed. São Paulo: Globo, 1998, p.176) Atente para as seguintes afirmações sobre o emprego dos sinais de pontuação: I. Em não são como os outros livros, que contam sempre a mesma estopada do começo ao fim, a retirada da vírgula implicaria prejuízo ao sentido original. II. A substituição por parênteses dos travessões que isolam o segmento uma espécie de Brasileiro Básico implicaria prejuízo para a correção da frase. III. Em e isso, na época, significava riqueza vocabular..., a retirada da primeira vírgula acarretaria pre juízo para a correção da frase. Está correto APENAS o que se afirma em a) II e III. b) I. c) I e III. d) II. e) I e II. 48) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito. Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão. O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a

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barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim: − Vou dizer ao velho! Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida. (REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43) Dadas as alterações, a frase do texto cuja a pontuação está correta é: a) Ricardo desatou a corda − meteu-se na canoa comigo – e: quando procurou, manobrar era impossível. (3º parágrafo) b) Os aruás cobriam, os lajedos botando gosma, pelo casco: nas grandes secas, o povo comia aruá que tinha gosto de lama. (1º parágrafo) c) Ouvia, então, a conversa dos estranhos − quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que, vindos dos engenhos de Itambé, atravessavam com destino ao sertão. (3º parágrafo) d) Os grandes do engenho não gostavam, de me ver metido com aquela gente às vezes: escondia-me, quando o meu avô aparecia, para dar gritos no fundo da canoa; até que ele fosse para longe. (3º parágrafo) e) Havia lá para as bandas da Paciência, o Poço das Pedras; punham-se os animais dentro d’água, e ficávamos nos banhos nos cangapés. (1º parágrafo) 49) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) A relação insistentemente estabelecida entre o conceito de fatalismo e a realidade do sistema penitenciário brasileiro está caracterizada de modo conciso nesta frase: a) A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. b) (...) é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. c) É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. d) O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? e) É impossível a gente (...) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios (...).

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50) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) ... para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. (último parágrafo)

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A expressão pronominal grifada acima preenche corretamente a lacuna da frase: a) O número de espécies de um bioma garante a matéria genética ...... dispõem os pesquisadores para estudos nas mais diversas áreas do conhecimento. b) Material genético disponível para estudos mais aprofundados na área da saúde humana é tudo aquilo ...... possam sonhar os cientistas. c) Justifica-se uma preocupação maior com a sustentabilidade do planeta, tendo em vista ...... se acelera o ritmo da degradação de diversos biomas. d) As inúmeras espécies que constituem os biomas oferecem material de estudo ...... se fundamentam os cientistas para descobrir a cura de doenças. e) É necessário ampliar o conhecimento sobre a importância da biodiversidade para a vida no planeta, ...... se amplie o campo das pesquisas genéticas. 51) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE TO (2011) Assunto: Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. De volta à Antártida A Rússia planeja lançar cinco novos navios de pesquisa polar como parte de um esforço de US$ 975 milhões para reafirmar a sua presença na Antártida na próxima década. Segundo o blog Science Insider, da revista Science, um documento do governo estabelece uma agenda de prioridades para o continente gelado até 2020. A principal delas é a reconstrução de cinco estações de pesquisa na Antártida, para realizar estudos sobre mudanças climáticas, recursos pesqueiros e navegação por satélite, entre outros. A primeira expedição da extinta União Soviética à Antártida aconteceu em 1955 e, nas três décadas seguintes, a potência comunista construiu sete estações de pesquisa no continente. A Rússia herdou as estações em 1991, após o colapso da União Soviética, mas pouco conseguiu investir em pesquisa polar depois disso. O documento afirma que Moscou deve trabalhar com outras nações para preservar a "paz e a estabilidade" na Antártida, mas salienta que o país tem de se posicionar para tirar vantagem dos recursos naturais caso haja um desmembramento territorial do continente. (Pesquisa Fapesp, dezembro de 2010, no 178, p. 23) Há exemplos de palavras ou expressões empregadas no texto para retomar outras já utilizadas sem repeti-las literalmente, como ocorre em: I. o continente gelado = a Antártida II. Moscou = a Rússia

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III. a revista Science = o blog Science Insider IV. a potência comunista = a União Soviética Atende corretamente ao enunciado da questão o que está em a) I e III, apenas. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) I, II e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 52) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Pintor, gravador e vitralista, Marc Chagall estudou artes plásticas na Academia de Arte de São Petersburgo. Seguindo para Paris em 1910, ligou-se aos poetas Blaise Cendrars, Max Jacob e Apollinaire − e aos pintores Delaunay, Modigliani e La Fresnay. A partir daí, trabalhou intensamente para integrar o seu mundo de reminiscências e fantasias na linguagem moderna derivada do fauvismo e do cubismo. Na década de 30, o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura, onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. Em 1941, parte para os EUA, onde sua esposa falece (1944). Chagall mergulha, então, em um período de evocações, quando conclui o quadro "Em torno dela", que se tornou uma síntese de todos os seus temas. (Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marc-chagall.html) No texto, evita-se a repetição do termo onde (3o parágrafo), substituindo o segmento onde surgem por: a) em que apresenta. b) cuja apresenta. c) que apresentam. d) que passa a apresentar. e) na qual apresenta-se. 53) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) As pessoas ficam na expectativa de um futuro diferente; ......, suas atitudes é que deveriam ser

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diferentes. Preenche corretamente a lacuna da frase acima o que se encontra em: a) embora b) conquanto c) todavia d) porquanto e) desde que 54) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito. Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão. O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado

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para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim: − Vou dizer ao velho! Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida. (REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43) Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida. (último parágrafo) Não havia força que pudesse contê-la. (3º parágrafo) Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. (1º parágrafo) Nas frases acima, os pronomes sublinhados referem-se respectivamente a: a) rio − canoa − aruá b) Zé Guedes − água − aruá c) rio − correnteza − povo d) Zé Guedes − canoa − povo e) Zé Guedes − correnteza – aruá 55) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares.

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Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira, e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque, o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo". Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong, mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Outra formulação para o segmento destacado acima, que, considerado o contexto, lhe seja equivalente e mantenha a clareza e correção originais é: a) os processos de hostilidade um pelo outro podem tornar-se incontroláveis. b) os processos de hostilidade de parte à parte podem se tornarem incontroláveis. c) os processos de hostilidade que uns países têm pelos outros podem se tornar incontroláveis. d) os processos de hostilidade acionados de forma alternada podem se tornar incontroláveis. e) os processos de hostilidade entre eles respondendose podem se tornar incontroláveis. 56) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) A frase em que a palavra destacada está empregada de modo equivocado é: a) Inerme diante da ofensiva tão violenta, não lhe restou nada a fazer senão render-se. b) Há quem proscreva construções linguísticas de cunho popular.

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c) Fui informado do diferimento da reunião em que o fato seria analisado. d) A descriminalização de algumas drogas é questão polêmica. e) A flagrância do perfume inebriava a todos os convidados. 57) FCC – Analista Judiciário – Apoio Especializado - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hiper-moderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia

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Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) A correlação entre as indústrias culturais e o cinema, tal como instaurada na linha 1, respeita a mesma relação de sentido que se estabelece, na mesma ordem, entre os termos destacados em: a) Esse hospital fica no centro, e é a instituição de saúde mais conceituada da região. b) Ele adora gato, aliás, todos os felinos. c) Sempre cultivou flores, sendo a orquídea uma das suas prediletas. d) Enxugue os pratos, mas seque bem. e) Não se importa de ser chamado de obeso, mas de gordo... 58) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Pintor, gravador e vitralista, Marc Chagall estudou artes plásticas na Academia de Arte de São Petersburgo. Seguindo para Paris em 1910, ligou-se aos poetas Blaise Cendrars, Max Jacob e Apollinaire − e aos pintores Delaunay, Modigliani e La Fresnay. A partir daí, trabalhou intensamente para integrar o seu mundo de reminiscências e fantasias na linguagem moderna derivada do fauvismo e do cubismo. Na década de 30, o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura, onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. Em 1941, parte para os EUA, onde sua esposa falece (1944). Chagall mergulha, então, em um período de evocações, quando conclui o quadro "Em torno dela", que se tornou uma síntese de todos os seus temas. (Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marc-chagall.html) Para manter as relações de sentido e a correção gramatical do texto, o termo derivada (2o parágrafo) NÃO pode ser substituído por: a) provida. b) advinda. c) proveniente. d) originária. e) oriunda. 59) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Pintor, gravador e vitralista, Marc Chagall estudou artes plásticas na Academia de Arte de São

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Petersburgo. Seguindo para Paris em 1910, ligou-se aos poetas Blaise Cendrars, Max Jacob e Apollinaire − e aos pintores Delaunay, Modigliani e La Fresnay. A partir daí, trabalhou intensamente para integrar o seu mundo de reminiscências e fantasias na linguagem moderna derivada do fauvismo e do cubismo. Na década de 30, o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura, onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. Em 1941, parte para os EUA, onde sua esposa falece (1944). Chagall mergulha, então, em um período de evocações, quando conclui o quadro "Em torno dela", que se tornou uma síntese de todos os seus temas. (Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marc-chagall.html) ... para integrar o seu mundo de reminiscências e fantasias... Traduz corretamente o sentido do termo destacado acima: a) projeções. b) lembranças. c) ilusões. d) pesares. e) delírios. 60) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os

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bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) em necrológio eufórico (1o parágrafo) = em façanha mortal. b) Comum, vírgula (2o parágrafo) = Geral, mas nem tanto. c) que se desse por perdida a batalha (2o parágrafo) = que se imaginasse o efeito de uma derrota. d) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3o parágrafo) = derrogou uma imunidade para nós todos. e) é preciso dar provas da eficácia (4o parágrafo) = convém explicitar os bons propósitos. 61) FCC – Analista Judiciário – Apoio Especializado - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite.

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É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) resignação à fatalidade social (2o parágrafo) = capitulação dos fatores sociais b) martírio exemplar do apenado (2o parágrafo) = tortura infligida sem piedade c) proclamada como uma utopia (2o parágrafo) = enfatizada como um alto ideal d) uma paródia sangrenta (4o parágrafo) = uma ironia bastante ferina e) sem redenção possível (4o parágrafo) = destituída de remorso 62) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia.

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Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. (4o parágrafo) A relação sintático-semântica entre os dois segmentos da afirmativa acima se estabelece como a) um tempo determinado e um de seus principais efeitos. b) uma assertiva e uma de suas consequências objetivas. c) um efeito decorrente de sua causa principal. d) um fato real, seguido de uma hipótese provável. e) uma observação concreta e sua conclusão mais coerente. 63) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Em 1904, Kafka escreveu a seu amigo Oskar Pollak: "No fim das contas, penso que devemos ler somente livros que nos mordam e piquem. Se o livro que estamos lendo não nos sacode e acorda como um golpe no crânio, por que nos darmos o trabalho de lê-lo? Para que nos faça feliz, como

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diz você? Seríamos felizes da mesma forma se não tivéssemos livros. Livros que nos façam felizes, em caso de necessidade, poderíamos escrevê-los nós mesmos. Precisamos é de livros que nos atinjam como o pior dos infortúnios, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, que nos façam sentir como se tivéssemos sido banidos para a floresta, longe de qualquer presença humana, como um suicídio. É nisso que acredito." (Adaptado de Alberto Manguel. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 113) ... por que nos darmos o trabalho de lê-lo? A expressão que contém o mesmo sentido do segmento grifado acima é: a) entediarmos ao. b) esforçarmos para. c) preservarmos de. d) pouparmos de. e) resguardarmos em. 64) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. De volta à Antártida A Rússia planeja lançar cinco novos navios de pesquisa polar como parte de um esforço de US$ 975 milhões para reafirmar a sua presença na Antártida na próxima década. Segundo o blog Science Insider, da revista Science, um documento do governo estabelece uma agenda de prioridades para o continente gelado até 2020. A principal delas é a reconstrução de cinco estações de pesquisa na Antártida, para realizar estudos sobre mudanças climáticas, recursos pesqueiros e navegação por satélite, entre outros. A primeira expedição da extinta União Soviética à Antártida aconteceu em 1955 e, nas três décadas seguintes, a potência comunista construiu sete estações de pesquisa no continente. A Rússia herdou as estações em 1991, após o colapso da União Soviética, mas pouco conseguiu investir em pesquisa polar depois disso. O documento afirma que Moscou deve trabalhar com outras nações para preservar a "paz e a estabilidade" na Antártida, mas salienta que o país tem de se posicionar para tirar vantagem dos recursos naturais caso haja um desmembramento territorial do continente. (Pesquisa Fapesp, dezembro de 2010, no 178, p. 23) A principal delas é a reconstrução de cinco estações de pesquisa na Antártida, para realizar estudos sobre mudanças climáticas, recursos pesqueiros e navegação por satélite, entre outros.

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O segmento grifado na frase acima tem sentido a) adversativo. b) de consequência. c) de finalidade. d) de proporção. e) concessivo. 65) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Quando eu sair daqui, vamos começar vida nova numa cidade antiga, onde todos se cumprimentam e ninguém nos conheça. Vou lhe ensinar a falar direito, a usar os diferentes talheres e copos de vinho, escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler. Sinto que você leva jeito porque é aplicada, tem meigas mãos, não faz cara ruim nem quando me lava, em suma, parece uma moça digna apesar da origem humilde. Minha outra mulher teve uma educação rigorosa, mas mesmo assim mamãe nunca entendeu por que eu escolhera justamente aquela, entre tantas meninas de uma família distinta. (Chico Buarque. Leite derramado, São Paulo, Cia. das Letras, 2009, p. 29) ... escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler. A expressão grifada na frase acima pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido original, por: a) pessoalmente. b) de modo incisivo. c) apontando. d) entre outras coisas. e) cuidadosamente. 66) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Cartão de Natal Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida

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e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o não. João Cabral de Melo Neto Pois que reinaugurando essa criança O segmento grifado acima pode ser substituído, no contexto, por: a) Mesmo que estejam. b) Apesar de estarem. c) Ainda que estejam. d) Como estão. e) Mas estão. 67) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Assunto: Sentidos Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Cartão de Natal Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes:

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que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o não. João Cabral de Melo Neto que desta vez não perca esse caderno Com a frase acima o poeta a) alude a uma impossibilidade. b) exprime um desejo. c) demonstra estar confuso. d) revela sua hesitação. e) manifesta desconfiança. 68) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes.

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Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Saquarema, tal como se observa na relação entre estas duas expressões: a) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na areia. b) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputadas as toneladas da vítima. c) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. d) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. e) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo uma estatal, ó céus. 69) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O

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sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Atente para as seguintes afirmações sobre o texto: I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes. II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos a um mesmo propósito. III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o autor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e III, apenas. c) II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) III, apenas. 70) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro

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Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois fatores: a) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira da Petrobrás. b) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido objetivo comum. c) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestígio dos valores ecológicos. d) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciativas que couberam a uma traineira. e) o aproveitamento comercial da situação e a força descomunal empregada pela jubarte. 71) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mérito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada de uma decisão, a) complementares, pois em separado nenhuma delas satisfaz o que exige uma situação dada. b) excludentes, já que numa votação não se leva em conta nenhuma questão de mérito. c) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe que toda votação é ilegítima. d) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam sejam as que decidam pelo mérito. e) independentes, visto que cada uma atende a necessidades de bem distintas naturezas.

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72) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) Atente para as seguintes afirmações: I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo, é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os reais interesses de quem a formula. II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à razão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha a resolução pelo voto.

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III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao termo "assembleísmo" expressa o ponto de vista dos que desconsideram a qualificação técnica. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 73) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos

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deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) Considerando-se o contexto, são expressões bastante próximas quanto ao sentido: a) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional. b) especialidade técnica e vocação política. c) classificação de profissionais e escolha da liderança. d) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação. e) transparência do método e desejo da maioria. 74) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As

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rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Atente para as seguintes afirmações: I. O autor entende que a elite brasileira, ao considerar que os prisioneiros são efetivamente merecedores dos horrores do sistema penitenciário, naturaliza e justifica essa situação. II. A situação surpreendente dos atuais presídios é um alerta para todos aqueles que vêm garantindo tão significativas conquistas no terreno da reabilitação social. III. O autor considera a hipótese de que a realidade interna dos presídios seja vista como uma réplica desmascarada das violências que ocorrem na sociedade brasileira. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. 75) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização

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que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Afirmações como Pobre não deixará de ser pobre e eles são a classe animal sem redenção possível ilustram adequadamente a) a convicção daqueles que não acreditam que nossas camadas populares revelem alguma índole especial. b) os valores viciosos de uma ideologia ultraconservadora, com a qual se identifica a elite brasileira. c) a certeza de que qualquer solução para os horrores do nosso sistema penitenciário requererá vultosos investimentos. d) o fato de que todas as rebeliões de presos, independentemente de suas causas, repercutem do mesmo modo na sociedade. e) a expectativa, considerada pela elite, de que só com altos custos se daria fim aos horrores do nosso sistema penitenciário. 76) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões.

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No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) O paradoxo central de que trata o autor dessa crônica está no fato de que a) o paradigma da conectividade fez o homem apagar sua maior conquista: uma efetiva comunicação com seus semelhantes. b) as múltiplas mídias contemporâneas exercem tamanha sedução sobre nós que deixamos de ser o que sempre fomos: uns românticos. c) nunca foi tão difícil ficarmos sós, mormente numa época como a nossa, em que a solidão ganhou foros de alto prestígio. d) as múltiplas formas de conectividade, que marcam nosso tempo, surgem como um eficaz mascaramento da humana solidão. e) as pessoas que se rendem a todos os mecanismos de conexão são as que melhor compreendem as razões de suas carências. 77) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões. No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) Atente para as seguintes afirmações: I. No primeiro parágrafo, sugere o autor que a velha palavra "conectividade" ganhou novas conotações, em virtude da multiplicação das mídias e dos novos hábitos sociais. II. No segundo parágrafo, a experiência de uma viagem de ônibus é nostalgicamente lembrada para se opor ao mundo das comunicações eletrônicas e dos transportes mais rápidos. III. No último parágrafo, o autor vê nas obsessivas conexões midiáticas e em seus múltiplos

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suportes um indício de que estamos buscando suprimir nossas carências mais profundas. Em relação ao texto está correto SOMENTE o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 78) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões. No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz; do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências

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permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) Considerando-se o contexto, está correta a seguinte observação sobre uma expressão ou frase do texto: a) em um fone de ouvido bastante ineficaz, o termo sublinhado tem o sentido de desestimulante. b) a conectividade que veio para ficar é qualificada como irrestrita porque ela nada restringe a ninguém. c) o segmento Que nada enfatiza a ideia de que os homens já não se deparam com entraves em sua comunicação. d) com paraíso artificial, o autor quer acentuar o fato de que o prestígio da conectividade não será duradouro. e) ao empregar de longe, o autor intensifica a superioridade da comparação a seguir. 79) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção

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humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) A afirmativa correta, considerando-se o assunto do texto, é: a) A contabilidade atual em torno dos benefícios oferecidos ao meio ambiente pela biodiversidade desconsidera a presença humana no planeta. b) A biodiversidade transformou-se em um assunto para leigos, que o discutem sem levar em conta, verdadeiramente, a importância dos biomas para a ciência genética. c) Diante da importância da biodiversidade, é compreensível que ela seja avaliada apenas por conta dos benefícios que presta à manutenção das condições climáticas do planeta. d) Há, atualmente, preocupação maior com a manutenção da biodiversidade, baseada especialmente na ampla conscientização de sua importância para a vida no planeta. e) Apesar da importância de grande número de espécies animais que oferecem vasto material genético para pesquisas, ainda são incipientes os estudos nessa área. 80) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a

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dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) Considere as afirmativas a respeito da pontuação nos trechos transcritos abaixo: I. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. O travessão introduz um argumento que justifica o que acaba de ser afirmado. II. Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Os dois pontos introduzem segmento explicativo para a expressão anterior a eles, urgência dos fatos. III. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os

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biomas oferecem ... O emprego das aspas busca chamar a atenção para um sentido particular atribuído ao vocábulo serviços. Está correto o que se afirma em a) I e II, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 81) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Em 1904, Kafka escreveu a seu amigo Oskar Pollak: "No fim das contas, penso que devemos ler somente livros que nos mordam e piquem. Se o livro que estamos lendo não nos sacode e acorda como um golpe no crânio, por que nos darmos o trabalho de lê-lo? Para que nos faça feliz, como diz você? Seríamos felizes da mesma forma se não tivéssemos livros. Livros que nos façam felizes, em caso de necessidade, poderíamos escrevê-los nós mesmos. Precisamos é de livros que nos atinjam como o pior dos infortúnios, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, que nos façam sentir como se tivéssemos sido banidos para a floresta, longe de qualquer presença humana, como um suicídio. É nisso que acredito." (Adaptado de Alberto Manguel. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 113) I. Kafka acredita que, para valer a pena ser lido, um livro deve surpreender e provocar o leitor, causando-lhe estranhamento e espanto. II. Ao afirmar que Seríamos felizes da mesma forma se não tivéssemos livros, Kafka paradoxalmente defende a ideia de que, apesar de oferecerem entretenimento, os livros não proporcionam um modo saudável de diversão, pois a leitura é uma atividade extremamente solitária. III. As reflexões de Kafka são construídas por meio de imagens que traduzem o tipo de livro que o autor considera necessário ler: aquele que atinge o leitor como o pior dos infortúnios. Está correto o que se afirma em a) I, apenas.

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b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 82) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. De volta à Antártida A Rússia planeja lançar cinco novos navios de pesquisa polar como parte de um esforço de US$ 975 milhões para reafirmar a sua presença na Antártida na próxima década. Segundo o blog Science Insider, da revista Science, um documento do governo estabelece uma agenda de prioridades para o continente gelado até 2020. A principal delas é a reconstrução de cinco estações de pesquisa na Antártida, para realizar estudos sobre mudanças climáticas, recursos pesqueiros e navegação por satélite, entre outros. A primeira expedição da extinta União Soviética à Antártida aconteceu em 1955 e, nas três décadas seguintes, a potência comunista construiu sete estações de pesquisa no continente. A Rússia herdou as estações em 1991, após o colapso da União Soviética, mas pouco conseguiu investir em pesquisa polar depois disso. O documento afirma que Moscou deve trabalhar com outras nações para preservar a "paz e a estabilidade" na Antártida, mas salienta que o país tem de se posicionar para tirar vantagem dos recursos naturais caso haja um desmembramento territorial do continente. (Pesquisa Fapesp, dezembro de 2010, no 178, p. 23) Em "paz e a estabilidade", na última frase do texto, o emprego das aspas a) indica que esse segmento é transcrição literal do documento do governo russo mencionado no início do texto. b) sugere a desconfiança do autor do artigo com relação aos supostos propósitos da Rússia de manter a paz na Antártida. c) revela ser esse o principal objetivo do governo russo ao reconstruir estações de pesquisa na Antártida que datam do período soviético. d) aponta para o sentido figurado desses vocábulos, que não devem ser entendidos em sentido literal, como o constante dos dicionários. e) justifica-se pela sinonímia existente entre paz e estabilidade, o que torna impensável a existência de uma sem a outra. 83) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Quando eu sair daqui, vamos começar vida nova numa cidade antiga, onde todos se cumprimentam e ninguém nos conheça. Vou lhe ensinar a falar direito, a usar os diferentes talheres e copos de vinho, escolherei a dedo seu guarda-roupa e livros sérios para você ler. Sinto que você leva jeito porque é aplicada, tem meigas mãos, não faz cara ruim nem quando me lava, em suma, parece uma moça digna apesar da origem humilde. Minha outra mulher teve uma educação rigorosa, mas mesmo assim mamãe nunca entendeu por que eu escolhera justamente aquela, entre tantas meninas de uma família distinta. (Chico Buarque. Leite derramado, São Paulo, Cia. das Letras, 2009, p. 29) Leia atentamente as afirmações abaixo sobre o texto. I. Ao expressar o desejo de viver numa cidade onde todos se cumprimentam e ninguém nos conheça, o narrador incorre numa evidente e insolúvel contradição. II. A afirmação de que a outra mulher teve uma educação rigorosa é reafirmação, por contraste, de que aquela a quem o narrador se dirige não a teve, o que já estava implícito no propósito de lhe ensinar a falar direito, a usar os diferentes talheres e copos de vinho etc. III. Ao dizer que sua interlocutora parece uma moça digna apesar da origem humilde, o narrador sugere, por meio da concessiva, que a dignidade não costuma ser característica daqueles cuja origem é humilde. Está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) II e III, apenas. c) I e III, apenas. d) I e II, apenas. e) II, apenas. 84) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Cartão de Natal Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno,

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fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o não. João Cabral de Melo Neto No poema, João Cabral a) critica o egoísmo, e manifesta o desejo de que na passagem do Natal as pessoas se tornem generosas e façam o sim comer o não. b) demonstra a sua aversão às festividades natalinas, pois nestes dias a aventura parece em ponto de vôo, mas depois a rotina segue como sempre. c) critica a atração núbil para o dente daqueles que transformam o Natal em uma apologia ao consumo e se esquecem do seu caráter religioso. d) observa com otimismo que o Natal é um momento de renovação em que os homens se transformam para melhor e fazem o ferro comer a ferrugem. e) manifesta a esperança de que o Natal traga, de fato, uma transformação, e que, ao contrário de outros natais, seja possível começar novo caderno. 85) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Cartão de Natal Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece

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que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o não. João Cabral de Melo Neto É correto perceber no poema uma equivalência entre a) ferrugem e aventura. b) dente e entusiasmo. c) caderno e vida. d) sementes e pão do dia. e) ferro e atração núbil. 86) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Na Inglaterra dos períodos Tudor e Stuart, a visão tradicional era a de que o mundo fora criado para o bem do homem e as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos e necessidades. Tal pressuposto fundamenta as ações dessa ampla maioria de homens que nunca pararam um instante para refletir sobre a questão. Entretanto, os teólogos e intelectuais que sentissem a necessidade de justificá-lo podiam apelar prontamente para os filósofos clássicos e a Bíblia. A natureza não fez nada em vão, disse Aristóteles, e tudo teve um propósito. As plantas foram criadas para o bem dos animais e esses para o bem dos homens. Os animais domésticos existiam para labutar, os selvagens para serem caçados. Os estoicos tinham ensinado a mesma coisa: a natureza existia unicamente para servir aos interesses humanos. Foi nesse espírito que os comentadores Tudor interpretaram o relato bíblico da criação. [...] É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico com que os pregadores das dinastias Tudor e Stuart interpretavam a história bíblica. (Thomas Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p.

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21-22) No excerto, o autor concebe a visão tradicional como a) uma interpretação que entende o homem como uma dentre várias espécies, o que implica isonomia entre elas. b) uma concepção característica do espírito e cultura dos ingleses, sem nenhuma restrição temporal. c) um ponto de vista circunstancial necessário, que permitiu ao homem provar sua superioridade sobre os animais. d) uma percepção equivocada, pois pensadores que tentaram entendê-la não achavam suporte nas culturas que lhes eram contemporâneas. e) uma suposição tomada como verdadeira e não submetida a análise crítica por aqueles que nela alicerçavam sua prática. 87) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Na Inglaterra dos períodos Tudor e Stuart, a visão tradicional era a de que o mundo fora criado para o bem do homem e as outras espécies deviam se subordinar a seus desejos e necessidades. Tal pressuposto fundamenta as ações dessa ampla maioria de homens que nunca pararam um instante para refletir sobre a questão. Entretanto, os teólogos e intelectuais que sentissem a necessidade de justificá-lo podiam apelar prontamente para os filósofos clássicos e a Bíblia. A natureza não fez nada em vão, disse Aristóteles, e tudo teve um propósito. As plantas foram criadas para o bem dos animais e esses para o bem dos homens. Os animais domésticos existiam para labutar, os selvagens para serem caçados. Os estoicos tinham ensinado a mesma coisa: a natureza existia unicamente para servir aos interesses humanos. Foi nesse espírito que os comentadores Tudor interpretaram o relato bíblico da criação. [...] É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico com que os pregadores das dinastias Tudor e Stuart interpretavam a história bíblica. (Thomas Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 21-22) É difícil, hoje em dia, ter noção do empolgante espírito antropocêntrico com que os pregadores das dinastias Tudor e Stuart interpretavam a história bíblica. Entende-se corretamente do acima transcrito, considerado em seu contexto, que

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a) a contemporaneidade não propicia sensações de arrebatamento de nenhuma ordem. b) a grande dificuldade dos dias atuais é aceitar com isenção de ânimo a palavra de pregadores de uma doutrina. c) a interpretação da Bíblia pelos pregadores das dinastias Tudor e Stuart é difícil de ser compreendida atualmente, em função dos elevados conhecimentos desses religiosos. d) os pregadores das dinastias Tudor e Stuart tinham a fervorosa crença, hoje dificilmente compreensível, de que o ser humano é o núcleo em torno do qual estão dispostas todas as coisas. e) o homem moderno não pode sequer imaginar como eram cheias de empolgação as pregações no tempo dos Tudor e dos Stuart, dada a centralidade do cultivo do espírito. 88) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares. Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira, e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque, o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo". Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong, mantido pelas duas nações no território comunista.

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É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) Considerado o principal tema abordado no texto, o título mais adequado para o editorial é: a) Os EUA e a Coreia do Sul. b) Coreia contra Coreia. c) Sanções comerciais em tempos de conflito. d) Avaliações internacionais em países asiáticos. e) Interesses comuns no incentivo a conflitos armados. 89) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas. Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares. Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a

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capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira, e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque, o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo". Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong, mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) É correto afirmar que o editorial a) critica severamente países que lançam mão de retaliações comerciais para ameaçar outros países, concretizando essa ideia por meio do caso típico de países asiáticos vizinhos. b) defende respostas prudentes dos países a ofensas inimigas, como arma para darem, a organismos internacionais, oportunidade de avaliarem as reais condições dos potenciais beligerantes. c) chama a atenção para o fato de que a Coreia do Sul, em atendimento aos interesses dos Estados Unidos, deve retardar o quanto possível o fatal enfrentamento com a Coreia do Norte. d) adverte sobre a possibilidade de um conflito armado entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, como decorrência do aumento progressivo da agressividade entre esses dois países. e) analisa os principais entraves dos países que fazem fronteira, quando reconhecem um ao outro como o “principal inimigo”, e propõe, com bastante isenção, meios para serem vencidas as vulnerabilidades decorrentes da vizinhança. 90) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Atenção: Para responder à questão, leia o editorial abaixo. Embora(a) um conflito armado não seja do interesse de nenhuma das partes envolvidas na

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longeva disputa entre as duas Coreias, são imprevisíveis as consequências da escalada de hostilidades entre os dois países nos últimos dias. Os primeiros movimentos sul-coreanos foram cautelosos. Após ter(b) um navio de guerra atacado por torpedos, em março, o país não respondeu de imediato ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas(c). Investigadores internacionais foram chamados a avaliar o episódio − e determinaram, após longa perícia, que um submarino norte-coreano havia sido o responsável pelos disparos. A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado(d), os EUA, é compreensível. São preocupantes as consequências de um conflito aberto com o decrépito regime do ditador comunista Kim Jong-il, que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares(e). Para os norte-americanos, que ainda têm batalhas a travar no Afeganistão e mantêm tropas no Iraque, não faz sentido abrir uma nova frente de combate na Ásia. Há ainda o fato de que a capital sul-coreana, Seul, fica próxima à fronteira, e essa situação de vulnerabilidade desaconselha uma aventura militar contra o norte. Compelido a responder ao ataque, o governo sulcoreano suspendeu o que restava da política de reaproximação com o país vizinho − intensificada na última década, mas já alvo de restrições na Presidência do conservador Lee Myung-bak. Cortou o comércio com o norte da península e voltou a classificar Pyongyang como o seu "principal inimigo". Em resposta, a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho e expulsou sul-coreanos do complexo industrial de Kaesong, mantido pelas duas nações no território comunista. É um retrocesso a lamentar, já que interesses econômicos comuns e troca de informações, por pequenos que sejam, podem ajudar na prevenção de conflitos armados. Nesse cenário em que os atores envolvidos não são capazes de entender os movimentos e as intenções do rival, os processos de hostilidade mútua podem se tornar incontroláveis. Mesmo que o imbróglio não tenha consequências graves, ele chama a atenção para o imprevisível desenlace da lenta derrocada do regime comunista de Pyongyang, uma herança anacrônica dos tempos da Guerra Fria. (Folha de S. Paulo. A2 opinião, quarta-feira, 26 de maio de 2010) Sempre levando em conta o contexto, é correto afirmar: a) A conjunção Embora equivale a “na medida em que”. b) A expressão Após ter pode ser substituída por “Tendo tido”, sem prejuízo do sentido original.

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c) Em ao que se afigurava como o mais audacioso ato de hostilidade do vizinho em mais de duas décadas, tem-se uma avaliação que compara um ato (I) a outro específico anteriormente realizado (II), evidenciando a superioridade de (I). d) Em A prudência da Coreia do Sul e de seu principal aliado, os EUA, é compreensível, se o que está em destaque for substituído por “As atitudes oportunas” nenhuma outra alteração será necessária para se manter a correção original. e) A frase que realizou, nos últimos anos, testes balísticos e nucleares define melhor o antecedente não bem delimitado, como ocorre em “A pessoa que se esforça vence”. 91) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não

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é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) No texto, os autores a) tecem elogios às indústrias culturais, assinalando como positivo o desempenho delas na constituição de sociedades modernas. b) advogam o reconhecimento do papel exclusivo do cinema na criação e disseminação da figura da estrela. c) atribuem às estrelas do cinema a massificação dessa arte, em um sistema que permanece unicamente por força da atuação das atrizes de alta categoria. d) condenam a expansão do sistema que equivocadamente se constituiu no passado em torno da figura da estrela, porque ele tornou obrigatória a figura intermediária do agente. e) apontam a hipermodernidade como era que adota, de modo generalizante, práticas que na modernidade mais se associavam às indústrias do espetáculo. 92) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos.

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A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Os autores referem-se a Gandhi ou Che Guevara com o objetivo de a) insinuar que, na modernidade, a imagem independe do valor que efetivamente um homem representa. b) recriminar, em aparte irrelevante para a argumentação principal, a falta de critério na exposição da figura de um líder, que acarreta o uso corriqueiro de sua imagem − numa foto ou pôster. c) comprovar que o sistema associado à figura da estrela estava ligado aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. d) conferir dignidade à indústria cultural, demonstrando que essa indústria tem também a função de dar visibilidade à imagem de grandes líderes. e) demonstrar, por meio de particularização, que antes da era hipermoderna já havia sinais de que o star-system invadiria todos os domínios. 93) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os

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domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hipermoderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da forma-moda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. Levando em conta o acima transcrito, em seu contexto, assinale a afirmação correta. a) No segmento que se encontra entre vírgulas, imediatamente depois de Da glória, somente uma das declarações destina-se a caracterizar “glória”. b) É legítimo entender-se do fragmento: as estrelas ostentavam, e pelas mesmas razões, a aura de heroísmo que representava a glória dos homens ilustres da Antiguidade.

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c) No segmento que descreve a segunda parte do processo de deslocamento, introduzida por depois, a expressão que está subentendida é Da glória. d) As aspas, em “pessoas”, chamam a atenção para o particular sentido em que a palavra foi usada: como sinônimo das duas expressões imediatamente anteriores. e) A forma efêmeras e consumíveis obtém sua força expressiva pela repetição de uma mesma ideia, repetição que se dá sem acréscimo de traço de sentido. 94) FCC – Analista Judiciário – Apoio Especializado - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua. Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hiper-moderna é, de fato(a), sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até(b) na cozinha, tem-se uma economia do estrelato, um mercado do nome e do renome(c). A própria(d) literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares(e), assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos. A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela, trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”, das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade.

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(Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Considerado o processo de argumentação, é correto afirmar que, no segundo parágrafo, o emprego de a) de fato aponta para a mais importante característica do star-system, desde o tempo em que foi criada a figura da estrela. b) até sinaliza que, dentre todas as áreas da cultura, os autores consideram a cozinha como o domínio mais representativo dos costumes de um grupo social. c) renome − em nome e renome − manifesta o reforço, pela repetição, da ideia de que o estrelato depende fundamentalmente do prenome do artista. d) A própria indica que, numa escala, a literatura é considerada um domínio em que não se esperaria ver a adesão a procedimentos das indústrias culturais. e) paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, nessa sequência, é segmento que vai do termo menos importante para o mais importante. 95) FCC – Analista Judiciário – Apoio Especializado - TRE AP (2011) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. As indústrias culturais, e mais especificamente a do cinema, criaram uma nova figura, “mágica”, absolutamente moderna: a estrela. Depressa ela desempenhou um papel importante no sucesso de massa que o cinema alcançou. E isso continua(a). Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Mas alguns sinais já demonstravam que o sistema estava prestes a se espalhar(b) e a invadir todos os domínios: imagens como as de Gandhi ou Che Guevara, indo de fotos a pôsteres, no mundo inteiro, anunciavam a planetarização de um sistema que o capitalismo de hiperconsumo hoje vê triunfar. O que caracteriza o star-system em uma era hiper-moderna é, de fato, sua expansão para todos os domínios. Em todo o domínio da cultura, na política, na religião, na ciência, na arte, na imprensa, na literatura, na filosofia, até na cozinha, tem-se uma economia do estrelato(c), um mercado do nome e do renome. A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo. Todas as áreas da cultura valem-se de paradas de sucesso (hit-parades), dos mais vendidos (best-sellers), de prêmios e listas dos mais populares, assim como de recordes de venda, de frequência e de audiência destes últimos.

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A extensão do star-system não se dá sem uma forma de banalização ou mesmo de degradação − da figura pura da estrela(d), trazendo consigo uma imagem de eternidade, chega-se à vedete do momento, à figura fugidia da celebridade do dia; do ícone único e insubstituível, passase a uma comunidade internacional de pessoas conhecidas, “celebrizadas”(e), das quais revistas especializadas divulgam as fotos, contam os segredos, perseguem a intimidade. Da glória, própria dos homens ilustres da Antiguidade e que era como o horizonte resplandecente da grande cultura clássica, passou-se às estrelas − forma ainda heroicizada pela sublimação de que eram portadoras − , depois, com a rapidez de duas ou três décadas de hipermodernidade, às pessoas célebres, às personalidades conhecidas, às “pessoas”. Deslocamento progressivo que não é mais que o sinal de um novo triunfo da formamoda, conseguindo tornar efêmeras e consumíveis as próprias estrelas da notoriedade. (Adap. de Gilles Lipovetsky e Jean Serroy. Uma cultura de celebridades: a universalização do estrelato. In A cultura – mundo: resposta a uma sociedade desorientada. Trad: Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.81 a 83) Considerado o contexto, o segmento que está corretamente entendido é: a) E isso continua / E o sucesso do cinema se perpetua. b) estava prestes a se espalhar / estava expondo-se ao risco de se disseminar pelo mundo. c) tem-se uma economia do estrelato / vive-se uma escassez de verdadeiros talentos. d) figura pura da estrela / artista estritamente fabricada, de modo artificial, para fazer sucesso. e) pessoas conhecidas, “celebrizadas” / personalidades que gozam de fama, “tornadas célebres”. 96) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) Atenção: Considere o poema abaixo para responder à questão. Só é meu O país que trago dentro da alma. Entro nele sem passaporte Como em minha casa. Ele vê a minha tristeza E a minha solidão. Me acalanta. Me cobre com uma pedra perfumada. Dentro de mim florescem jardins. Minhas flores são inventadas. As ruas me pertencem Mas não há casas nas ruas. As casas foram destruídas desde a minha infância.

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Os seus habitantes vagueiam no espaço À procura de um lar. Instalam-se em minha alma. Eis porque sorrio Quando mal brilha meu sol. Ou choro Como uma chuva leve Na noite. (...) Só é meu O mundo que trago dentro da alma. (Trecho de Um poema de Marc Chagall. Trad. Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008) Infere-se corretamente do poema que a) as consequências das guerras podem ser devastadoras para a imaginação poética. b) os imigrantes passam a vagar sem destino diante do exílio forçado. c) o poeta encontra amparo em um lugar que só existe na sua imaginação. d) o isolamento subjetivo é uma característica típica daqueles perseguidos por seus próprios países. e) os elementos da natureza podem trazer conforto para as desilusões ocasionadas pela vida urbana. 97) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RO (2013) Leia a tirinha abaixo.

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(http://joaoemarianopaisdalinguaportuguesa.blogspot.com.br/2010/01/ historias-em-quadrinhos.html) A respeito da tirinha, considere: I. O efeito humorístico da tirinha se constrói a partir do empréstimo de atributos humanos a algo abstrato. II. No primeiro quadro, a redação também estaria correta do seguinte modo: Espera-se que o ano que começa seja melhor do que o anterior. III. Identifica-se, na tirinha, crítica às pessoas que se resignam diante dos acontecimentos. IV. Infere-se da tirinha que as pessoas costumam se sentir infelizes na virada do ano. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) II, III e IV. e) I, II e III. 98) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Conselhos a o candidato Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga: − Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder

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cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida. Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...] Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária. No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. (BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684) *aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte. *capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal. No desenvolvimento do texto, o autor deixa transparecer a) incentivo a quem lhe escreve, de consultar outros acadêmicos, dado que se trata de candidato merece dor de pertencer ao grupo. b) extrema seriedade ao tentar instruir um candidato, com o objetivo de garantir-lhe sucesso na eleição, ainda que não haja vaga para essa pretensão. c) indecisão sobre se haverá meios eficazes para orientar um candidato, já que o próprio autor é um dos escritores que fazem parte do quadro da Academia. d) aconselhamento ao candidato que desista de seu intento, com a certeza de que será um perdedor, visto que muitos outros já não conseguiram ser eleitos. e) tratamento irônico a respeito das pretensões de um candidato a vaga na Academia, pretensão extemporânea, pois o quadro está completo. 99) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015)

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Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Conselhos a o candidato Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga: − Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida. Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...] Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária. No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. (BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684) *aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte. *capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal.

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A resposta dada pelo conde Afonso Celso, transcrita no 2º parágrafo, é exemplo de a) uma resposta evasiva, em razão da intempestiva consulta feita pelo candidato. b) certa incoerência voluntária na sequência de dados oferecidos pelo acadêmico citado. c) um capcioso jogo de palavras cujo sentido, no entanto, não permite conclusão alguma. d) um raciocínio completo, com as razões que justificam o posicionamento de quem fala. e) argumentos que se sucedem, aparentemente, de modo lógico, porém sem resultado objetivo. 100) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Conselhos a o candidato Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga: − Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida. Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...] Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária. No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato.

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(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684) *aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte. *capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Infere-se, a partir da referência ao dito popular, que o autor a) se considera inteiramente livre de quaisquer compromissos relativos à consulta que lhe foi enviada, esquivando- se, também, de tentar conseguir votos para o suposto candidato. b) deseja, secretamente e de antemão, que o candidato não consiga comprovar que tem o mérito necessário para justificar sua pretensão de fazer parte da Academia. c) procura justificar sua isenção quanto ao questionamento do candidato, mesmo pondo de lado o fato de perceber certo mau agouro embutido na consulta que lhe foi enviada. d) busca questionar o mal-estar que sentiu ao receber a consulta do provável candidato, apoiando-se na sabedoria popular, fato que contraria sua formação erudita de acadêmico. e) se vale da sabedoria popular para considerar-se imune a um eventual desejo secreto do candidato de que surja a vaga com a morte de um dos acadêmicos, até mesmo a dele. 101) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Conselhos a o candidato Certa vez um enamorado da Academia, homem ilustre e aliás perfeitamente digno de pertencer a ela, escreveu-me sondando- me sobre as suas possibilidades como candidato. Não pude deixar de sentir o bem conhecido calefrio aquerôntico, porque então éramos quarenta na Casa de Machado de Assis e falar de candidatura aos acadêmicos sem que haja vaga é um pouco desejar secretamente a morte de um deles. O consultado poderá dizer consigo que “praga de urubu não mata cavalo”. Mas, que diabo, sempre impressiona. Não impressionou ao conde Afonso Celso, de quem contam que respondeu assim a um sujeito que lhe foi pedir o voto para uma futura vaga: − Não posso empenhar a minha palavra. Primeiro porque o voto é secreto; segundo porque não há vaga; terceiro porque a futura vaga pode ser a minha, o que me poria na posição de não poder cumprir com a minha palavra, coisa a que jamais faltei em minha vida.

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Se eu tivesse alguma autoridade para dar conselhos ao meu eminente patrício, dir-lhe-ia que o primeiro dever de um candidato é não temer a derrota, não encará-la como uma capitis diminutio, não enfezar com ela. Porque muitos dos que se sentam hoje nas poltronas azuis do Trianon, lá entraram a duras penas, depois de uma ou duas derrotas. Afinal a entrada para a Academia depende muito da oportunidade e de uma coisa bastante indefinível que se chama “ambiente”. Fulano? Não tem ambiente. [...] Sempre ponderei aos medrosos ou despeitados da derrota que é preciso considerar a Academia com certo senso de humour. Não tomá-la como o mais alto sodalício intelectual do país. Sobretudo nunca se servir da palavra “sodalício”, a que muitos acadêmicos são alérgicos. Em mim, por exemplo, provoca sempre urticária. No mais, é desconfiar sempre dos acadêmicos que prometem: “Dou-lhe o meu voto e posso arranjar-lhe mais um”. Nenhum acadêmico tem força para arranjar o voto de um colega. Mas vou parar, que não pretendi nesta crônica escrever um manual do perfeito candidato. (BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993, vol. único, p. 683-684) *aquerôntico = relativo ou pertencente a Aqueronte, um dos rios do Inferno, atravessado pelos mortos na embarcação conduzida pelo barqueiro Caronte. *capitis diminutio: expressão latina de caráter jurídico empregada para designar a diminuição de capacidade legal. No Dicionário Houaiss encontra-se que sodalício é palavra que designa grupo ou sociedade de pessoas que vivem juntas ou convivem em uma agremiação; confraria. Deduz-se corretamente que, segundo o autor, o emprego da palavra reflete a) conhecimento aprofundado, pois se trata de um grupo formado por escritores eruditos. b) pedantismo, tendo em vista tratar-se de termo praticamente desconhecido no uso diário da língua. c) ignorância que, já de início, se torna obstáculo intransponível para a eleição pretendida. d) prepotência, como demonstração de conhecimentos que ultrapassam o dos demais acadêmicos. e) insistência, na tentativa de angariar adeptos para o ingresso no grupo de escritores. 102) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

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[...] ser independente significa bem mais do que ser livre para viver como se quer: significa, basicamente, viver com valores que façam a vida ser digna de ser vivida. Não basta um estado de espírito. Não basta, como diz o samba, “vestir a camisa amarela e sair por aí”. Tampouco basta sentir-se autônomo, fazendo parte do bando. É preciso algo mais. Ora, um dos valores que vêm sendo retomados pelos filósofos e que cabem como uma luva nessa questão é o da resistência. Na raiz da palavra resistere se encontra um sentido: “ficar de pé”. E ficar de pé implica manter vivas, intactas dentro de si, as forças da lucidez. Essa é uma exigência que se impõe tanto em tempos de guerra quanto em tempos de paz. Sobretudo nesses últimos, quando costumamos achar que está tudo bem, que está tudo “numa boa”; quando recebemos informações de todos os lados, sem tentar, nem ao menos, analisá-las, e terminamos por engolir qualquer coisa. Resistir como forma de ser independente é, talvez, uma maneira de encontrar um significado no mundo. Daí que, para celebrar a independência, vale mesmo é desconstruir o mundo, desnudar suas estruturas, investigar a informação. Fazer isso sem cansaço para depois termos vontade de, novamente, desejá-lo, inventá-lo e construí-lo; de reencontrar o caminho da sensibilidade diante de uma paisagem, ao abrir um livro ou a porta de um museu. Independência, sim, para defendermos a vida, para defendermos valores para ela, para que ela tenha um sentido. Independência de pé, com lucidez e prioridades. Clareza, sim, para não continuarmos a assistir, impotentes, ao espetáculo da própria impotência. (PRIORE, Mary Del. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta, 2013, p. 281) De acordo com o texto, a afirmativa correta é: a) O excesso de informações hoje à nossa disposição, em bons ou em maus momentos, nos propicia elementos para uma vida de liberdade, baseada na independência e na escolha de novos valores e de novos paradigmas que possam resistir às inúmeras mudanças que ocorrem habitualmente. b) Uma independência de atitudes e de valores perante a vida baseia-se, especialmente, no grau de liberdade de escolha que cabe a cada um, de modo a garantir que as informações recebidas se transformem nos fundamentos de uma vida livre e bem vivida. c) A resistência ao acúmulo de informações recebidas aleatoriamente direciona as escolhas feitas durante a vida, pois nem sempre a liberdade se mostra como o caminho mais favorável a ser percorrido, principalmente se forem deixados de lado os valores básicos da existência humana. d) A liberdade de escolha que poderá tornar-nos seres independentes exige lucidez diante da enxurrada de informações que recebemos atualmente, e resistência em prol de valores fundamentais que atribuam significado à existência. e) Uma vida realmente digna de ser vivida deve ter como fundamentos essenciais a ampla liberdade de escolha de valores que se coadunam com as transformações atuais e a independência para afastar obstáculos que possam impedir a realização total de nossos objetivos. 103) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015)

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Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas! Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) De acordo com o texto,

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a) a grande importância de Auguste Saint-Hilaire para os brasileiros vincula-se ao fato de ter sido um estrangeiro que se esforçou enormemente para conhecer o Brasil e poder assim avaliá-lo com justeza. b) Auguste Saint-Hilaire deve ser lembrado por suas qualidades pessoais, como a simpatia e a bondade, já que do ponto de vista científico a sua obra é bem menos consistente do que a do irmão Geoffroy. c) a pouca valorização da obra de Auguste Saint- Hilaire advém do fato de que seus livros, a despeito do caráter científico, são lidos com alguma frequência como pitorescos romances de aventura. d) Auguste Saint-Hilaire sempre demonstrou grande simpatia pelo Brasil, mas não deixou de criticar asperamente as condições de nossas estradas e o que havia de inóspito em muitas regiões que teve de atravessar. e) há uma grande injustiça no fato de nem todas as enciclopédias mencionarem o nome de Auguste Saint-Hilaire, quando nunca deixam de mencionar o nome de seu irmão Geoffroy, que é muito menos importante do que ele. 104) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas!

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Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) No penúltimo parágrafo do texto, a obra de Auguste Saint- Hilaire é apresentada como a) acessível a todos, mas capaz de ser realmente compreendida apenas por especialistas. b) hermética e pouco acessível, a despeito da aparente simplicidade. c) clara e despretensiosa, mas na verdade profunda e judiciosa. d) clara e simples, com predomínio da sensatez sobre a profundidade. e) pouco enfática e não muito rigorosa, ainda que relativamente profunda. 105) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Embora o meu vocabulário seja voluntariamente pobre – uma espécie de Brasileiro Básico – a única leitura que jamais me cansa é a dos dicionários. Variados, sugestivos, atraentes, não são como os outros livros, que contam sempre a mesma estopada* do começo ao fim. Meu trato com eles é puramente desinteressado, um modo disperso de estar atento... E esse meu vício é, antes de tudo, inócuo para o leitor. Na minha adolescência, todo e qualquer escritor se presumia de estilista, e isso, na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que deve ter causado a autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto: grande infanticida, isto é o que ele foi. Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência verbal de Rui Barbosa. O seu fraco, ou o seu forte, eram os sinônimos. (...) *aquilo que é maçante, enfadonho, aborrecedor. (Adaptado de: QUINTANA, Mário. Dicionários. Caderno H. 7. ed. São Paulo: Globo, 1998, p.176)

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Do texto, pode-se depreender a contraposição feita entre a) o período da adolescência, em que não se sabe ainda dar o devido valor às palavras, e a maturidade, em que se adquire a capacidade de reconhecer um grande escritor justamente por conta das palavras que ele emprega. b) a leitura desinteressada dos dicionários, que não tem reflexo imediato na produção escrita, e a procura de palavras difíceis e raras para conferir ao texto um estilo pomposo e supostamente mais nobre. c) um vício inocente, como a leitura de dicionários para passar o tempo, e vícios que podem ser transmitidos dos adultos para as crianças, levando-as ao uso de substâncias que causam dependência e podem mesmo levá-las à morte. d) a leitura de livros que contam sempre a mesma história maçante e a leitura de livros que, devido ao vocabulário variado e sugestivo, podem ser ao mesmo tempo interessantes e tão importantes para o aprendizado como a leitura dos dicionários. e) a influência prejudicial de Coelho Neto sobre os novos escritores, ainda que fosse considerado um grande estilista, e o grande exemplo de Rui Barbosa, cuja expressão era tão rica como a nossa natureza. 106) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito. Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão. O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo

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cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim: − Vou dizer ao velho! Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida. (REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43) Conforme o texto, a) o avô, dono de engenho, não gostava dos viajantes, pois questionavam sua soberania ao falarem de lugares dos quais ele não era dono, ainda que o narrador já os conhecesse. b) o sentido de Chamavam-no "o rio" (1º parágrafo) é imediatamente posto em questão pela frase seguinte (E era tudo), visto que esta constatação se afasta do modo de ver o rio pelas pessoas. c) embora não tivessem subestimado o rio, o narrador e seu amigo Ricardo assustam-se com a correnteza e com o logro praticado por Zé Guedes. d) a época de estiagem proporcionava o verdadeiro período fértil do rio, uma vez que seu leito era então o lugar de plantio e de diversão para os meninos, em contraposição ao período destrutivo das cheias. e) "Paciência" era o nome que se dava a um lugar bastante afastado, a que se chegava a cavalo e onde o narrador e seu amigo passearam de canoa com Zé Guedes. 107) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se à crônica abaixo, publicada em 28/08/1991. Bom para o sorveteiro Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a notícia me perseguia. Até no avião, o

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único jornal abria na minha cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores especializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela montanha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um belo espetáculo. À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, todos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula. O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se começasse logo a repartir os bifes. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua entre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio. Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da eficácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia recolher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil, à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo. (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo) Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o último parágrafo do texto. a) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o impulso para as privatizações e os custos da alta inflação. b) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflação ou o processo empresarial das privatizações. c) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos, qual seja a escalada inflacionária ou a privatização. d) O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fatos, haja vista a inflação nacional ou a escalada das privatizações. e) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da economia inflacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações.

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108) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A razão do mérito e a do voto Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a campanha pelas eleições diretas para presidente da República, buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumento: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefeririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma função eminentemente técnica e uma função eminentemente política. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que ninguém prosseguir no comando da nação. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há necessidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qualquer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser processos marcados pela transparência do método e pela adequação aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profundas de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento. Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o prestígio do "assembleísmo" surge como absoluto. Há quem pretenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a "soberania" que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembrando a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a "meritocracia". Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que deverá pilotar nosso avião. (Júlio Castanho de Almeida, inédito) Atente para a redação do seguinte comunicado: Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a assembleia geral da próxima sexta-feira, aonde se decidirá os rumos do nosso movimento reinvindicatório. As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em:

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a) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão os rumos do nosso movimento reivindicatório. b) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a assembleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os rumos do nosso movimento reinvindicatório. c) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a assembleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão os rumos do nosso movimento reivindicatório. d) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assembleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os rumos do nosso movimento reivindicatório. e) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão os rumos do nosso movimento reinvindicatório. 109) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa – Contabilidade - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Fatalismo De todos os persistentes horrores brasileiros, o pior, talvez porque represente tantas coisas ao mesmo tempo, é o horror do sistema penitenciário. Ele persiste há tanto tempo porque, no fundo, é o retrato do que a elite brasileira pensa do povo, e portanto nunca chega a ser um horror exatamente insuportável. Pois se fica cada vez mais infernal, apesar de todas as boas intenções de reformá-lo, é infernal para bandidos, que afinal merecem o castigo. A cadeia brasileira é um resumo cruel da nossa resignação à fatalidade social. Pobre não deixará de ser pobre, e a ideia da reabilitação, em vez do martírio exemplar do apenado, por mais que seja proclamada como uma utopia a ser buscada quando sobrar dinheiro, é a negação desse fatalismo histórico. É uma ideia bonita, mas não é da nossa índole. Ou da índole da nossa elite. É impossível a gente (que vive aqui em cima, onde tem ar) imaginar o que seja essa subcivilização que se criou dentro dos presídios brasileiros, onde as pessoas vivem e morrem pelas leis ferozes de uma sociedade selvagem − mas leis e sociedade assim mesmo. O que está sendo representado por essa selvageria tão desafiadoramente organizada? Que lá dentro o país é igual ao que é aqui fora, menos os disfarces e a hipocrisia, e que tudo não passa de uma paródia sangrenta para nos dar vergonha? Ou que eles são, finalmente, a classe animal sem redenção possível que o país passou quinhentos anos formando, fez o favor de reunir numa superlotação só para torná-la ainda mais desumana e que agora o aterroriza? Como sempre, a lição dos fatos variará de acordo com a conveniência de cada intérprete. As rebeliões reforçam a resignação, provando que bandido não tem jeito mesmo ou só matando, ou

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condenam o fatalismo que deixou a coisa chegar a esse ponto assustador. De qualquer jeito, soluções só quando sobrar algum dinheiro. (Adaptado de Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro) Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: a) O cronista se dispõe a denunciar que nosso sistema penitenciário desfruta de péssimas condições, impondo horrores aos que nele se encontram apenados. b) São ambíguas as reações à eventualidade de uma rebelião, haja visto que esta tanto pode gerar um certo fatalismo como propiciar ceticismo em relação aos bandidos. c) Sugere-se, no texto, que as barbaridades sofridas pelos presos, no sistema penitenciário, lembram as duras discriminações que sofrem os pobres em nossa sociedade. d) Há um fatalismo que predomina em nosso modo de ser, revelando uma índole violenta, que as elites sancionam quando lhes convêm, ou fazem vista grossa, quando é o caso. e) O texto indica que não deixa de ser cômodo, para muitos, acreditar que existe uma natureza humana violenta e irreprimível, contra a qual não vale a pena lutar, mas resignar-se. 110) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE TO (2011) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral − a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 2050 e uma missão para a biodiversidade em 2020." Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão

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varridas definitivamente do globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana. Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinha, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem – como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60% desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações) As informações mais importantes contidas no texto estão resumidas, com lógica, clareza e correção, em: a) A biodiversidade passou a ser um tema que tem trazido preocupação maior em todas as áreas, tanto que 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade. A razão dessa preocupação está no grande número de espécies ameaçadas, principalmente em virtude da intervenção humana. A biodiversidade tem sido bem mais valorizada pelos benefícios prestados ao ambiente, do que por sua contribuição aos estudos genéticos, sem se levar em conta que a degradação desses biomas esteja ocorrendo em um ritmo mais acentuado do que a possibilidade de sua recuperação. b) O Ano Internacional da Biodiversidade, que é este, procura ser preocupação geral com os biomas que, além de oferecer serviços ao ambiente, tem possibilidades genéticas para os estudos que estão principiando. A extinção de grande número de espécies, por causa da ação indevida do ser humano, eis por que tem muitas espécies ameaçadas, já que os biomas, embora ofereçam os serviços da natureza, não conseguem se recuperar mais depressa que a sua degradação. c) O tema da biodiversidade que virou assunto popular ultimamente, todos discutem, sem conhecimento de que ele é importante para a vida de todos no planeta, como banco genético, que os estudos ainda estão começando. Somente os serviços que os biomas estão prestando à natureza é que está sendo considerado, no interesse da maioria, por sua regulação climática e, mais ainda, a proteção a desastres naturais. d) A biodiversidade, com a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma região, tem seu valor reconhecido como benefício para as condições gerais do globo, que se mantém com sua preservação. E ainda, tem valor para pesquisas sobre genética, para se descobrir as causas de muitas doenças, hoje desconhecidas, apesar de que sua degradação esteja mais rápida do que a regeneração desses biomas. e) A degeneração da biodiversidade hoje é bem maior que a ampla recuperação dos biomas, conquanto seja fornecedora de material genético, capaz de descobrir a solução para problemas

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humanos, principalmente na saúde. Vai se desenvolver novo plano estratégico de conservação dessa biodiversidade nos próximos 20 anos, que é necessário para a proteção das várias espécies de plantas e animais que aí vivem. 111) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) A frase que respeita totalmente o padrão culto escrito é: a) De dissensões entre mentes lúcidas e independentes não se deve temer, porquanto o debate, ao suscitar reflexão, traz luz a questões controversas. b) Consta naquele livro já bastante saudado pela crítica os nomes de vários integrantes de movimentos de resistência ao regime ditatorial. c) O eminente orador enrubeceu quando arguido sobre sua anuência ao polêmico pacto, mas quiz se mostrar seguro de si e respondeu-lhe de imediato. d) Esse exercício indicado pelos assessores do preparador físico é eficaz para intumescer alguns músculos, mas se mostra de efeito irrisório se mau realizado. e) Havia excesso de material a ser expedido, por isso as folhas mandadas à última hora, apesar do empenho, não coube no malote. 112) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE RS (2010) Está totalmente em conformidade com o padrão culto escrito a seguinte frase: a) A inserção do adolescente no grupo deveu-se ao coordenador, cuja experiência todos tiraram proveito, mesmo quando supuseram que ele ignorava o clima de apreensão. b) Sei que sou eu que sempre medio o debate, mas dessa vez declino da responsabilidade: é com revezamento de obrigações que se pode descobrir lideranças. c) Interpondo recurso, ele procurou desagravar-se da afronta que atribuiu às palavras do juiz em sua sentença, contra a qual a instância superior não hesitou em se pronunciar. d) Dados como esses obtidos em recente pesquisa, sem dúvida permite que se os interpretem sob dupla perspectiva: a dos cidadãos e também do filósofo. e) O fato e esse advogado que representa a autora da ação parecem ter sido feito um para o outro; mais: o operador do direito age com proficiência e ela, nele crê cegamente. 113) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) O crescimento da vida urbana aumentou a visibilidade das mulheres. Hoje elas estão menos obrigadas a se consagrar exclusivamente à vida doméstica. Hoje as mulheres podem investir numa carreira. A revolução das comunicações começou com o telefone e prossegue no Facebook.

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O Facebook contribuiu para diluir as fronteiras entre o isolamento e a vida social. As frases isoladas acima compõem um único parágrafo, devidamente pontuado, com clareza e lógica, em: a) A revolução das comunicações começou com o telefone e prossegue no Facebook. Que contribuiu para diluir as fronteiras entre o isolamento e a vida social. E ainda, com o crescimento da vida urbana aumentou a visibilidade das mulheres. Hoje elas estão menos obrigadas a se consagrar exclusivamente à vida doméstica; que podem investir numa carreira. b) Com o crescimento da vida urbana, aumentou-se a visibilidade das mulheres, às quais estão hoje menos obrigadas a se consagrar exclusivamente a vida doméstica, assim como podem investir numa carreira. Para diluir as fronteiras entre o isolamento e a vida social, veio a revolução das comunicações, tendo começado com o telefone e prossegue no Facebook, que contribuiu para esse fato. c) A visibilidade das mulheres, depois do crescimento da vida urbana, hoje estão menos obrigadas a se consagrar exclusivamente à vida doméstica e poder investirnuma carreira. Em razão da revolução das comunicações, que começou com o telefone e prossegue no Facebook, o qual contribuiu para diluir as fronteiras entre o isolamento e a vida social. d) Hoje as mulheres estão menos obrigadas a se consagrar exclusivamente à vida doméstica, com o crescimento da vida urbana, que aumentou sua visibilidade, podendo investir numa carreira. E ainda a diluição das fronteiras entre o isolamento e a vida social com a revolução das comunicações que, tendo começado com o telefone, prossegue no Facebook, contribuiu para isso. e) O crescimento da vida urbana aumentou a visibilidade das mulheres, que hoje estão menos obrigadas a se consagrar exclusivamente à vida doméstica, além de poderem investir numa carreira. A revolução das comunicações, que começou com o telefone e prossegue no Facebook, contribuiu para diluir as fronteiras entre o isolamento e a vida social. 114) FCC – Analista Judiciário – Apoio Especializado - TRE SP (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Você está conectado? Alguns anos atrás, a palavra "conectividade" dormia em paz, em desuso, nos dicionários, lembrando vagamente algo como ligação, conexão. Agora, na era da informática e de todas as mídias, a palavra pulou para dentro da cena e ninguém mais admite viver sem estar conectado. Desconfio que seja este o paradigma dominante dos últimos e dos próximos anos, em nossa aldeia global: o primado das conexões. No ônibus de viagem, de que me valho regularmente, sou quase uma ilha em meio às mais variadas conexões: do vizinho da direita vaza a chiadeira de um fone de ouvido bastante ineficaz;

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do rapazinho à esquerda chega a viva conversa que mantém há quinze minutos com a mãe, pelo celular; logo à frente um senhor desliza os dedos no laptop no colo, e se eu erguer um pouquinho os olhos dou com o vídeo − um filme de ação − que passa nos quatro monitores estrategicamente posicionados no ônibus. Celulares tocam e são atendidos regularmente, as falas se cruzam, e eu nunca mais consegui me distrair com o lento e mudo crepúsculo, na janela do ônibus. Não senhor, não são inocentes e efêmeros hábitos modernos: a conectividade irrestrita veio para ficar e conduzir a humanidade a não sabemos qual destino. As crianças e os jovens nem conseguem imaginar um mundo que não seja movido pela fusão das mídias e surgimento de novos suportes digitais. Tanta movimentação faz crer que, enfim, os homens estreitaram de vez os laços da comunicação. Que nada. Olhe bem para o conectado ao seu lado. Fixe-se nele sem receio, ele nem reparará que está sendo observado. Está absorto em sua conexão, no paraíso artificial onde o som e a imagem valem por si mesmos, linguagens prontas em que mergulha para uma travessia solitária. A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. É disfarce tão eficaz que os próprios disfarçados não se reconhecem como tais. Emitimos e cruzamos frenéticos sinais de vida por todo o planeta: seria esse, Dr. Freud, o sintoma maior de nossas carências permanentes? (Coriolano Vidal, inédito) A conectividade é, de longe, o maior disfarce que a solidão humana encontrou. A frase acima pode ser reescrita, sem prejuízo para a clareza, a correção e o sentido, da seguinte forma: a) À distância, a maior camuflagem da nossa solidão são os meios com que nos conectamos. b) Nenhum disfarce de nossa solidão chegou a ser mais eficaz do que o da conectividade atual. c) Nossa dissimulada solidão é preferível, como sempre foi, do que já foi nossa ansiedade de comunicação. d) Pela conectividade, mal conseguimos disfarçar a necessidade maior de imergirmos em nossa solidão. e) O disfarce de uma geral e efetiva conectividade oculta o fato de que jamais superamos nossa solidão. 115) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE RR (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. [...] ser independente significa bem mais do que ser livre para viver como se quer: significa,

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basicamente, viver com valores que façam a vida ser digna de ser vivida. Não basta um estado de espírito. Não basta, como diz o samba, “vestir a camisa amarela e sair por aí”. Tampouco basta sentir-se autônomo, fazendo parte do bando. É preciso algo mais. Ora, um dos valores que vêm sendo retomados pelos filósofos e que cabem como uma luva nessa questão é o da resistência. Na raiz da palavra resistere se encontra um sentido: “ficar de pé”. E ficar de pé implica manter vivas, intactas dentro de si, as forças da lucidez. Essa é uma exigência que se impõe tanto em tempos de guerra quanto em tempos de paz. Sobretudo nesses últimos, quando costumamos achar que está tudo bem, que está tudo “numa boa”; quando recebemos informações de todos os lados, sem tentar, nem ao menos, analisá-las, e terminamos por engolir qualquer coisa. Resistir como forma de ser independente é, talvez, uma maneira de encontrar um significado no mundo. Daí que, para celebrar a independência, vale mesmo é desconstruir o mundo, desnudar suas estruturas, investigar a informação. Fazer isso sem cansaço para depois termos vontade de, novamente, desejá-lo, inventá-lo e construí-lo; de reencontrar o caminho da sensibilidade diante de uma paisagem, ao abrir um livro ou a porta de um museu. Independência, sim, para defendermos a vida, para defendermos valores para ela, para que ela tenha um sentido. Independência de pé, com lucidez e prioridades. Clareza, sim, para não continuarmos a assistir, impotentes, ao espetáculo da própria impotência. (PRIORE, Mary Del. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta, 2013, p. 281) Não basta um estado de espírito. Não basta, como diz o samba, “vestir a camisa amarela e sair por aí”. Tampouco basta sentir-se autônomo, fazendo parte do bando. (1º parágrafo) O sentido do segmento transcrito acima está exposto, de maneira diversa, porém com correção, clareza e fidelidade, em: Para ser independente, ... a) é preciso ter vontade própria, tomar decisões, como diz a letra da música, ou nem mesmo buscar nas ideias dos outros o mesmo estado de espírito, participando, portanto, do grupo em que se identifica essa sua maneira de ser. b) deve haver correspondência entre a própria maneira de viver, com atitudes baseadas em escolhas marcadamente pessoais, e a experiência de todo o conjunto, ainda que possa considerar-se único, sem imposição de ideias alheias. c) não é suficiente tomar decisões sem a devida deliberação, nem considerar-se capaz de determinar as próprias normas de conduta, sem imposição alheia, se estiver vivendo de acordo com o ideário da maioria. d) não é necessário viver sem rumo, a esmo, como um estado de espírito, se o fato de sentir-se livre de imposições da maioria pudesse mantê-lo inserido no convívio social, apesar de defender as próprias ideias. e) seria importante manter-se segundo as normas de conduta estabelecidas por si mesmo,

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deliberadas com determinação, compartilhando, porém, das mesmas ideias do grupo em que se encontra inserido. 116) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática. Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas. Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás. Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões malafamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas! Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso” Saint-Hilaire. Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso”. Precisamos ler muitos homens como Auguste Saint- Hilaire. (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso” Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil.

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2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) Ao se reescrever livremente um segmento do texto, a frase cuja REDAÇÃO se manteve inteiramente clara e correta é: a) Se Auguste Saint-Hilaire não foi tão famoso como seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck, se não encontramos o seu nome, como o dele, em todas as enciclopédias, a recordação importante para nós, a que precisa de ser particularmente estimada, a recordação do irmão menos célebre. b) Tendo em vista o desconforto de que ainda experimentamos em nossos dias, conquanto hoje temos as estradas de ferro e o automóvel, podemos avaliar o quão difícil e cansativo devia ser viajar à Goiás em 1816. c) Uma característica fundamental da obra de Saint- Hilaire tem haver com a exposição particularmente clara e simples, cuja profundidade do julgamento se assemelha à simples bom senso. d) Não apenas devido a seus muitos trabalhos e devotamento, lúcida afeição e simpatia, mas também com o objetivo de distingui-lo do irmão, muito mais ilustre em todo o mundo, podemos nos referir a Auguste Saint-Hilaire como o “nosso” Saint- Hilaire. e) Seis anos de viagens pelo interior do país por meio de regiões frequentemente inóspitas, cujas estão representadas nessa obra iminente do sábio francês. 117) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A discussão sobre “centro” e “periferia” no pensamento brasileiro vincula-se a elaborações que se dão num âmbito mais amplo, latino-americano. O primeiro locus importante onde se procura interpretar a relação entre esses dois polos é a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), criada pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947. É possível encontrar antecedentes a esse tipo de análise na teoria do imperialismo. No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados, interessando-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles. Também certos latino-americanos, como o brasileiro Caio Prado Jr., o trindadense Eric Williams e o argentino Sérgio Bagu, haviam chamado a atenção para a vinculação, desde a colônia, da sua região com o capitalismo mundial. Não chegaram, contudo, a desenvolver tal percepção de maneira mais sistemática. Já no segundo pós-guerra, ganha impulso uma linha de reflexão que sublinha a diferença entre centro e periferia, ao mesmo tempo que enfatiza a ligação entre os dois polos. Na verdade, a

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maior parte das teorias sociais, econômicas e políticas, apesar de terem sido elaboradas de forma ligada às condições particulares dos países desenvolvidos do Atlântico Norte, as tomava como tendo validade universal. Assim, o marxismo, a teoria da modernização e a economia neoclássica tendiam a considerar que os mesmos caminhos seguidos pelas sociedades em que foram formulados teriam que ser trilhados pelo resto do mundo, “atrasado”. (RICUPERO, Bernardo. “O lugar do centro e da periferia”. In: Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 94) No texto, o autor a) propõe a reformulação de dois conceitos importantes no pensamento brasileiro − o “centro” e a “periferia” −, tecendo reflexão que admite recuperar as apresentadas nas últimas décadas por teorias sociais, econômicas e políticas. b) reconhece o pioneirismo da teoria do imperialismo no que se refere à análise do diálogo entre “centro” e “periferia”, identificando nela a desejável equanimidade no valor atribuído a cada um dos polos. c) correlaciona a temática do “centro” à da “periferia”, e, construindo relação homóloga, obriga-se a estabelecer também correlação entre o pensamento brasileiro e o latino-americano. d) está interessado em caracterizar o pensamento brasileiro no que se refere ao exame das relações entre “centro” e “periferia”, o que não o dispensou de citar linhas interpretativas do tema que se aproximam desse pensamento e as restrições que faz a elas. e) historia cronologicamente o caminho percorrido pelo pensamento latino-americano desde o início das discussões sobre “centro” e “periferia” até o momento em que se fixa na determinação das diferenças entre os dois conceitos. 118) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A discussão sobre “centro” e “periferia” no pensamento brasileiro vincula-se a elaborações que se dão num âmbito mais amplo, latino-americano. O primeiro locus importante onde se procura interpretar a relação entre esses dois polos é a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), criada pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947. É possível encontrar antecedentes a esse tipo de análise na teoria do imperialismo. No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados, interessando-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles.

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Também certos latino-americanos, como o brasileiro Caio Prado Jr., o trindadense Eric Williams e o argentino Sérgio Bagu, haviam chamado a atenção para a vinculação, desde a colônia, da sua região com o capitalismo mundial. Não chegaram, contudo, a desenvolver tal percepção de maneira mais sistemática. Já no segundo pós-guerra, ganha impulso uma linha de reflexão que sublinha a diferença entre centro e periferia, ao mesmo tempo que enfatiza a ligação entre os dois polos. Na verdade, a maior parte das teorias sociais, econômicas e políticas, apesar de terem sido elaboradas de forma ligada às condições particulares dos países desenvolvidos do Atlântico Norte, as tomava como tendo validade universal. Assim, o marxismo, a teoria da modernização e a economia neoclássica tendiam a considerar que os mesmos caminhos seguidos pelas sociedades em que foram formulados teriam que ser trilhados pelo resto do mundo, “atrasado”. (RICUPERO, Bernardo. “O lugar do centro e da periferia”. In: Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 94) É possível encontrar antecedentes a esse tipo de análise na teoria do imperialismo. No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados, interessando-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles. Considerado o trecho acima transcrito, é correto afirmar: a) A possibilidade referida na frase inicial é descartada, como o comprova o fato de, na segunda frase, nada mais se abordar do assunto mencionado. b) Observado que ocorrem aspas em países “atrasados” e que não são usadas em países capitalistas avançados, conclui-se que o autor as emprega para relevar seu julgamento quanto aos países que se defrontam com os países capitalistas avançados. c) O emprego de principalmente sinaliza que a elaboração anterior à CEPAL tinha sua atenção dirigida a países com distintos graus de desenvolvimento. d) A clareza do texto exige o entendimento de que os segmentos os países capitalistas avançados e (pel)os países “atrasados” são retomados, na última linha, respectivamente, por deles e neles. e) O sinal gráfico indicativo da crase está adequadamente empregado em à CEPAL, mas se, em vez de Comissão, tivesse sido empregada uma palavra masculina, o padrão culto escrito abonaria unicamente o emprego de a. 119) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A discussão sobre “centro” e “periferia” no pensamento brasileiro vincula-se a elaborações que se

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dão num âmbito mais amplo, latino-americano. O primeiro locus importante onde se procura interpretar a relação entre esses dois polos é a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), criada pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947. É possível encontrar antecedentes a esse tipo de análise na teoria do imperialismo. No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados, interessando-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles. Também certos latino-americanos, como o brasileiro Caio Prado Jr., o trindadense Eric Williams e o argentino Sérgio Bagu, haviam chamado a atenção para a vinculação, desde a colônia, da sua região com o capitalismo mundial. Não chegaram, contudo, a desenvolver tal percepção de maneira mais sistemática.(a) (b) (c) Já no segundo pós-guerra, ganha impulso uma linha de reflexão que sublinha a diferença entre centro e periferia, ao mesmo tempo que enfatiza a ligação entre os dois polos. Na verdade, a maior parte das teorias sociais,(d) (e) econômicas e políticas, apesar de terem sido elaboradas de forma ligada às condições particulares dos países desenvolvidos do Atlântico Norte, as tomava como tendo validade universal. Assim, o marxismo, a teoria da modernização e a economia neoclássica tendiam a considerar que os mesmos caminhos seguidos pelas sociedades em que foram formulados teriam que ser trilhados pelo resto do mundo, “atrasado”. (RICUPERO, Bernardo. “O lugar do centro e da periferia”. In: Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 94) O texto legitima o seguinte comentário: a) se a caracterização de Caio Prado Jr., Eric Williams e Sérgio Bagu fosse eliminada, a argumentação não perderia intensidade, pois eles são citados meramente como exemplos. b) no segmento da sua região, o pronome remete às regiões indicadas tanto pelos adjetivos pátrios específicos, quanto pelo adjetivo pátrio que reporta ao processo de colonização. c) a expressão tal percepção evidencia que se nega a Caio Prado Jr., Eric Williams e Sérgio Bagu a categoria de pensadores, dado que não se reconhece alguma organização intelectual na intuição que tiveram. d) o segmento ganha impulso uma linha de reflexão que sublinha a diferença entre centro e periferia, ao mesmo tempo que enfatiza a ligação entre os dois polos exprime a evolução simultânea de duas ações opostas, uma de desvalorização, outra de valorização. e) A expressão Na verdade introduz esclarecimento acerca das teorias citadas, indicando com precisão que elas se preocupam com a universalidade, e não exatamente com a questão do centro e da periferia.

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120) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. A discussão sobre “centro” e “periferia” no pensamento brasileiro vincula-se(a) a elaborações que se dão num âmbito mais amplo, latino-americano. O primeiro locus importante onde se procura interpretar a relação entre esses dois polos é a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), criada pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947. É possível encontrar antecedentes a esse tipo de análise na teoria do imperialismo. No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se(b) principalmente com os países capitalistas avançados, interessando-se(c) pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem(d) para além deles. Também certos latino-americanos, como o brasileiro Caio Prado Jr., o trindadense Eric Williams e o argentino Sérgio Bagu, haviam chamado a atenção para a vinculação, desde a colônia, da sua região com o capitalismo mundial. Não chegaram, contudo, a desenvolver tal percepção de maneira mais sistemática. Já no segundo pós-guerra, ganha impulso uma linha de reflexão que sublinha a diferença entre centro e periferia, ao mesmo tempo que enfatiza a ligação entre os dois polos. Na verdade, a maior parte das teorias sociais, econômicas e políticas, apesar de terem sido elaboradas de forma ligada às condições particulares dos países desenvolvidos do Atlântico Norte, as tomava como tendo validade universal. Assim, o marxismo, a teoria da modernização e a economia neoclássica tendiam a considerar que os mesmos caminhos seguidos pelas sociedades em que foram formulados teriam(e) que ser trilhados pelo resto do mundo, “atrasado”. (RICUPERO, Bernardo. “O lugar do centro e da periferia”. In: Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (orgs.). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 94) A única afirmação INCORRETA sobre a forma transcrita do texto é: a) vincula-se / o tempo e o modo verbais indicam que a ideia é tomada como verdadeira. b) preocupava-se / a forma verbal designa que o fato é concebido como contínuo. c) interessando-se / esse gerúndio, colocado depois do verbo principal − preocupava-se −, indica uma ação simultânea ou posterior, e pode ser legitimamente considerado equivalente a “e interessava-se”. d) repercutissem / essa forma subjuntiva enuncia a ação do verbo como eventual. e) teriam / constitui forma polida de presente, atenuando a ideia de obrigação ou dever.

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121) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) No excerto, o autor, crítico de cinema, a) faz referência a dados biográficos e a específico artigo de Pauline Kael, também crítica de cinema, com o objetivo de produzir um tributo à trajetória da americana. b) esquadrinha a composição de coletânea sobre específica criação de Orson Welles, em que se inclui célebre artigo de crítica de cinema americana. c) faz reparo, em função de direito suposto, a atitude de Pauline Kael, considerando-a comportamento antiético e apenável. d) resguarda-se de julgar o mérito do artigo de Pauline Kael sobre “Cidadão Kane”, não sem, entretanto, atribuir à crítica a malícia de provocar com ele afervorados movimentos de opinião. e) dá ciência do comportamento de Pauline Kael, há décadas, quando escreveu sobre Orson Welles, e legitima tanto a defesa que ela fazia do roteirista Herman J. Mankiewicz, quanto a reputação de gênio maldito de que o diretor gozava. 122) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012)

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Assunto: Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) No excerto, o autor, crítico de cinema,Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Considerado o acima transcrito, é correto afirmar: a) Na frase, há duas informações prestadas de modo subentendido. b) Se em vez de Há 40 anos fosse outra a formulação, esta estaria correta: “Devem fazer uns 40 anos”. c) Se Há 40 anos fosse deslocado para o fim da frase, não haveria alteração de sentido, pois o contexto não contém contraponto que justificasse ter sido dado relevo ao segmento por meio de sua colocação no início do enunciado. d) Considerados (I) a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos e (II) seu artigo mais famoso, a ausência, em II, do determinante destacado em I sinaliza que, numa dada escala, I ocupa lugar significativamente mais elevado do que o lugar ocupado por II. e) A forma verbal publicava foi empregada para denotar uma ação passada habitual ou repetida.

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123) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz(a) era a força criativa por trás do filme, mais importante até(b) que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer(c) justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a(d) reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando(e) para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) Considerado o segundo parágrafo, é correto afirmar: a) O padrão culto escrito legitima tanto a forma defendia que, como a forma “defendia de que”. b) O emprego de até denota que, considerada uma gradação, se tem a expectativa de que a força criativa de maior grandeza seja a do diretor do filme. c) Substituindo Ela queria fazer por “Ela tensionava fazer”, o sentido e a correção originais estariam preservados. d) A expressão entrara para a história estaria corretamente substituída por “passou a figurar no conjunto de conhecimentos relativos ao passado do cinema e sua evolução”. e) A ideia negativa presente na caracterização de gênio (gênio maldito) está também marcada na palavra reputação. 124) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012)

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Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro − embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Outra redação para o trecho destacado, que preserva o sentido e a correção originais, é: a) a despeito de Pauline jurar que Welles não tinha escrito nem ao menos uma linha do script. b) apesar de Pauline negar a Welles o mérito de escrever mais do que uma linha do script. c) não obstante Pauline jurava que Welles não tinha escrito nem sequer uma linha do script. d) mesmo tendo sabido que Pauline jurou: “Welles não escreve ainda que seja uma linha do script”. e) apesar da crítica Pauline jurar que Welles não escrevia pelo menos uma linha do script. 125) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.

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Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa − Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. Afirma-se com correção sobre o acima transcrito: a) Os parênteses em (o artigo foi bastante contestado na época) acolhem a razão da ressalva expressa anteriormente. b) Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia equivale à forma correta “Independente que “Raising Kane” tivesse de justiça e verdade”. c) Entende-se corretamente que a palavra agora remete ao exato instante em que o leitor realiza a leitura do texto. d) O emprego de teria em teria baseado sinaliza a presença de uma hipótese que, pelo contexto, é improvável. e) Em surgem agora evidências de que, o emprego do segmento destacado é determinado pelo verbo presente na frase.

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126) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Transpondo a frase destacada para a voz passiva, a forma verbal encontrada é: a) publicaram. b) havia sido publicado. c) publicou-se. d) tinha publicado. e) era publicado. 127) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001),

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publicava seu artigo mais famoso. Era um detalhado estudo sobre “Cidadão Kane” (1941), espertamente intitulado “Raising Kane” (trocadilho com a expressão “to raise Cain”, que significa algo como “gerar reações inflamadas”). No texto – que integra a coletânea “Criando Kane e Outros Ensaios”, publicada no Brasil em 2000 −, Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles (1915-85). Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que(I) Welles não escrevera nem sequer uma linha do script. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a(II) própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. A crítica teria baseado(II) o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa – Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final. (Bruno Ghetti. “Méritos de Pauline: o retrato de uma crítica”. Folha de S. Paulo, ilustríssima, cinema, domingo, 11 de dez. de 2011. p. 6) Considere os itens abaixo. Em cada um deles, encontramse a transcrição de um segmento do texto e o mesmo segmento pontuado de maneira diferente da original. I. frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro / frequentemente reivindicando, para si, as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro II. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), / Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia − o artigo foi bastante contestado na época − III. urgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. / surgem agora, evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. O padrão culto escrito abona a nova pontuação de a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III. d) II e III, apenas.

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e) I e III, apenas 128) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) A frase correta do ponto de vista da grafia é: a) Era grande a insidência de casos de enjoo quando era servido aquele alimento, por isso o episódio não foi tratado como exceção, atitude que garantiu o êxito das providências. b) Em meio a tanta opulência da mansão leiloada, encontrou a geringonça que, tratada criativamente por ele, garantiu por anos seu apoio a entidades beneficientes. c) Seus gestos desarmônicos às vezes eram mal compreendidos, mas seu jeito afável de falar, sem resquícios de mágoa, revelava sua intenção de restabelecer a paz entre os familiares. d) Defendeu-se dizendo que nunca pretendeu axincalhar ninguém, mas as suas caçoadas realmente humilhavam e incitavam à malediscência. e) Sempre ansiosos, desenrolaram no saguão apinhado a faixa com que brindavam os recém-formados, com os seguintes dizeres: “Viagem bastante e divirtam-se, nobres doutores”. 129) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) Considerado o padrão culto escrito, a frase que NÃO exige correção é: a) No memorial do professor está registrado que ingressou para a universidade em idade inferior à determinada pela lei. b) O fato que o acusado se recusa a dar detalhes é o que mais pesará na decisão dos jurados. c) O movimento que me filiei nos anos 70 foi grandemente responsável pela renovação da pintura no Brasil. d) Esta é, enfim, a parca remuneração da qual arco totalmente com as despesas da casa. e) Os valores por que tantos lutaram e morreram não serão jamais esquecidos, pois nossa geração se dedicará a relembrá-los a cada passo. 130) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) A frase construída em conformidade com o padrão culto escrito é: a) Qualquer que sejam os motivos alegados pela comissão para justificar o atraso, lhe devem ser repassadas as anotações acerca dos itens em que houve perda do prazo de entrega anteriormente acordado. b) Demos a eles a notícia que mais almejam e passeamos nosso olhar sobre seus semblantes: o que veremos surpreenderá, pois será muito mais do que alguém possa supor. c) O empreiteiro jura que reconstróe a laje danificada em poucos dias, mas existe, na avaliação do engenheiro e do arquiteto, sérias dúvidas quanto à possibilidade de isso ser possível. d) Pelo que tudo indica, os responsáveis pela empresa hão de questionar a advertência que lhes

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foi feita pelo setor de cobranças, que, durante dias, os procurou para tratar do assunto em pendência. e) Registram-se em livros de história que aqueles artesãos eram bastante hábeis com as ferramentas que eles mesmo produziam, o que lhes garantiu a fama de burilar com criatividade qualquer tipo de material. 131) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE PR (2012) A frase que respeita o padrão culto escrito é: a) Tudo que fizeram afim de angariar a simpatia do diretor pela proposta não deu bons frutos, por isso não lhes restaram, conforme estavam todos de acordo, outra idéia a não ser agregar valor ao projeto inicial. b) Os jornalistas não creem que existam documentos espúrios em meio àqueles já examinados, e isso por que já haviam feito cuidadosa checagem, todavia, a transparência impondo, voltarão a tarefa de imediato. c) A questão ficou cada vez mais descaracterizada quando, logo depois da visita o antropólogo defendeu que aquelas dificuldades não se restringiam para as nações indígenas daquela região, sendo mais universal. d) A manutenção e apoio ao grupo de escoteiros dependem dele aceitar a contrapartida dos empresários, que não é, aliás, nada abuso, visto que eles executam as tarefas solicitadas cotidianamente, sem desgaste exaustivo. e) Não obstante a grande aprovação recebida pelos candidatos da legenda, não se ignora que, se não revirem suas plataformas, cujas bases têm fragilidades que só há pouco os analistas expuseram, sairão lesados em futuro bem próximo. 132) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse

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exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) No primeiro parágrafo, o autor justifica a força das experiências vividas nos dias de eleição por meio de um postulado genérico: a) Minhas primeiras memórias (...) remontam ao primeiro ano primário (...). b) (...) essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. c) Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados (...). d) (...) admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas (...). e) (...) as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. 133) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as

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crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Atente para as seguintes afirmações: I. No 2º parágrafo, o autor afirma que suas primeiras experiências cívicas, de quando ainda era um menino, assemelham-se às que viveu ao longo da ditadura. II. No 3º parágrafo, a expressão critérios eminentemente ideológicos está definindo uma preocupação efetiva e permanente da maioria do eleitorado. III. No 4º parágrafo, o autor se vale de elementos das experiências presentes para reafirmar vivas impressões de seu passado. Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II.

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e) II e III. 134) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: a) atinasse exatamente com as razões (2º parágrafo) = atentasse resolutamente para os motivos.

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b) provocava amistosamente (3º parágrafo) = debelava com afabilidade. c) se balizava por critérios (3º parágrafo) = permitia-se conduzir com denodo. d) eminentemente ideológicos (3º parágrafo) = prontamente políticos. e) na animação que toma conta das cercanias (4º parágrafo) = no entusiasmo que assalta as proximidades. 135) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento.

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(Aristides Silvério, inédito) O autor do texto vale-se, por vezes, do cotejo entre elementos do passado e elementos do presente, tal como ocorre entre os segmentos: a) Minhas primeiras memórias e as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. b) ajudavam a criar um clima festivo de feriado e pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. c) Mas nem tudo era festa e Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. d) em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora e onde às vezes há alguém debruçado. e) Fico às vezes parado, ali por perto e olhando os meninos que brincam na rua. 136) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se

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balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Atente para as seguintes construções: I. (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas). II. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados. III. meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito. Preserva-se o sentido dessas construções caso se substituam os elementos sublinhados, na ordem dada, por: a) até, ainda assim e próprio. b) até, exato e igual. c) ainda assim, próprio e inclusive. d) inclusive, ainda assim e próprio. e) propriamente, exato e inclusive. 137) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse

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exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal na frase: a) Sempre haverá esses mágicos canais da memória que nos transportam para situações antigas, quando as vem evocar alguma situação do presente. b) Votavam-se, nas antigas eleições, com as mesmas cédulas de papel que fartamente se distribuía entre os eleitores, às vezes ainda indecisos. c) Mas nem tudo era manifestações de entusiasmo, já que sempre tinham de haver alguns debates entre os eleitores, como os que estabeleciam meu pai com o vizinho. d) Tudo, desde os alto-falantes até os gritos da criançada, se somavam para que se guardasse daquela agitação algumas das lembranças mais vívidas da infância. e) Enquanto houverem parapeitos e janelas, não faltarão senhores e senhoras que ali se debrucem, cuidando para que não se perca quaisquer detalhes da rotina da rua. 138) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do

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alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Está correto o emprego de seção, em seção eleitoral (1º parágrafo), assim como está correto o do termo sublinhado na frase: a) A secção em que se deveria homenageá-lo foi adiada para a próxima semana. b) Ele se indispôs contra a seção de seus direitos em favor de tantos parentes e contraparentes. c) Na sessão para a qual foi indicado para assumir nova função, o chefe é reconhecidamente um intolerante. d) Não houve como obter dele a cessão de seu posto para um colega mais experiente. e) A sessão longitudinal dessa planta expôs os vestígios do parasita que a fez definhar. 139) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010)

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Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Mantêm-se a correção e a coerência da frase dada, ao se substituir o elemento sublinhado pelo que está entre parênteses, no seguinte caso: a) Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário (...) (integram-se com o)

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b) (...) essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna (...) (representavam logo) c) (...) ajudavam a criar um clima festivo de feriado (...) (exaurir de um ar faustoso) d) (...) ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações (...) (atentando para) e) (...) olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado (...) (em cujas eventualmente) 140) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos. Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento.

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(Aristides Silvério, inédito) Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. É plenamente aceitável esta nova redação da frase acima: a) Embora envelhecido por tantas décadas, ainda considero muito especiais os dias de eleição. b) Percebo, porquanto mais velho tantas décadas, como são muito especiais os dias de eleição. c) Mais velho tantas décadas, julgo-lhes ainda muito especiais, os dias de eleição. d) Por quanto já mais velho tantas décadas, vejo quão especiais são os dias de eleição. e) Acho ainda o quanto são especiais, mesmo mais velho por décadas, os dias de eleição. 141) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Eleições antigas Minhas primeiras memórias dos dias de eleição remontam ao primeiro ano primário, quando, do alto dos meus sete anos, admirava a profusão de cédulas de papel, que atulhavam as calçadas e as ruas, ou bailavam no ar, subitamente sacudidas por ventos que nunca faltaram, bem me lembro, nas ladeiras da minha cidade. Muito antes da votação eletrônica (confesso: antes mesmo de haver televisores nas casas), essas cédulas eram já os votos que o eleitor devia colocar na urna de sua seção eleitoral. Eu não entendia bem o motivo mesmo daqueles dias agitados, mas as crianças amam qualquer coisa que quebre a rotina. E um dia de eleição era um dia especial. Gravações de falas, de slogans e de jingles de propaganda, que circulavam em carros armados com altofalantes, ajudavam a criar um clima festivo de feriado, embora nenhum menino atinasse exatamente com as razões cívicas de tanta balbúrdia. Anos mais tarde, com a seca de eleições durante os longos anos de ditadura, pude sentir de modo especial o significado daqueles dias. Mas nem tudo era festa. Volta e meia irrompiam discussões, às vezes ásperas, entre simpatizantes de diferentes candidatos. Da janela de casa, em que todos os dias do ano gastava pelo menos uma hora “a espiar o movimento”, meu pai provocava amistosamente o vizinho do outro lado da rua, que tinha o mesmo hábito da janela: “O seu Ademar já perdeu...”. A resposta vinha na hora: “Veremos, veremos...”. Aprendi que esse “veremos” significava ficar muitas horas, nos dias seguintes, a acompanhar as apurações pelo rádio. Eu acabava torcendo, é claro, para o candidato de meu pai (que sempre era, também, o de minha mãe), embora não tivesse a menor ideia do que representaria de fato uma eventual vitória. Quando Juscelino se anunciou candidato, meu pai disse que não votaria numa pessoa com sobrenome “impronunciável”. Nem sempre ele se balizava por critérios eminentemente ideológicos.

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Ainda acho, tantas décadas mais velho, muito especiais os dias de eleição. Alguma coisa daquela antiga festividade retorna, na animação que toma conta das cercanias das escolas onde se vota. Fico às vezes parado, ali por perto, depois de votar, olhando os meninos que brincam na rua, olhando as janelas das casas, onde às vezes há alguém debruçado, a espiar o movimento. (Aristides Silvério, inédito) Está adequada a correlação entre tempos e modos verbais na seguinte construção: a) Aquelas cédulas de papel eram as que o eleitor devesse utilizar na hora em que se dispusesse a votar. b) Não tardava muito para que começassem a irromper discussões entre os que simpatizavam com diferentes candidatos. c) À medida que eram divulgados, os resultados parciais das eleições teriam provocado as mais distintas reações. d) Meu pai achava que um candidato com aquele sobrenome não pudesse vir a exercer um cargo daquela relevância. e) Eu faria qualquer coisa para que a sensação daqueles dias de eleição possa ressurgir em mim, com a mesma força. 142) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.”

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À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Em relação à apresentação e à organização do texto, é correto afirmar que a) a referência, no primeiro parágrafo, à contribuição de Montesquieu para os estudos jurídicos encontra sustentação no último parágrafo. b) a utilização de aspas indica que os trechos assim ressaltados correspondem a uma tradução de fragmentos das Cartas persas, de Montesquieu. c) o segundo e o terceiro parágrafos encerram críticas de Montesquieu às baldadas tentativas dos mandatários que buscavam amenizar o autoritarismo do regime. d) o último parágrafo corresponde a uma efetiva conclusão do texto, já que nele se comprovam as teses propostas nos parágrafos anteriores. e) seu autor não se furtou, utilizando para isso as aspas de praxe, a emitir opinião pessoal acerca do mérito mesmo das questões satirizadas por Montesquieu 143) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.”

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O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Esta é uma questão que NÃO foi contemplada, no texto, como objeto da sátira de Montesquieu: a) os excessos arquitetônicos da cidade de Paris. b) a habitual usura dos súditos franceses. c) a atuação dos símbolos na linguagem católica. d) a dissimulação feminina das experiências sexuais. e) os traços de um autoritarismo ludibrioso e inescrupuloso. 144) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão

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extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Comenta-se corretamente um aspecto do texto, em redação conforme a norma culta, em: a) Nas Cartas persas, Montesquieu valeu-se de um documento genuinamente histórico, quanto mais não seja para fazê-lo insurgir-se diante do regime francês. b) Apropriando-se imaginariamente de uma correspondência entre dois persas, Montesquieu os consita para si e faz deles emissores de sua própria crítica. c) Com o estratagema de uma forjada correspondência entre dois persas, Montesquieu acaba por denunciar as mazelas que vê na França do Século das Luzes. d) Pustulando a autoria de cartas efetivamente persas, Montesquieu deseja satirizar os hábitos franceses, e acaba estendendo-os a todos os demais do Século das Luzes. e) Estreiando na literatura com as Cartas persas, Montesquieu já apregoava os maus costumes franceses, deblaterando-os à revelia do monarca e do próprio Papa. 145) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu

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O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Deve-se entender, pelo sentido que tem no contexto, que o segmento a) era também um exuberante talento artístico é uma informação enfática e inclusiva. b) por meio da suposta correspondência é uma alusão à eventual legitimidade das cartas. c) porque as tira da vaidade dos súditos é uma reiteração da vaidade do rei da França. d) exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos é uma condenação da subserviência imperial. e) não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros é uma comprovação das práticas piedosas do Papa. 146) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010)

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Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) A forma verbal resultante da transposição para a voz passiva da frase a) Quanto às minas de ouro, o rei as tira da vaidade dos súditos será tê-las-á tirado. b) retrata satiricamente toda a civilização francesa será tem-na retratado. c) exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos será têm sido exercidos. d) fornece a eles (...) certos tratados de fé será são-lhes fornecidos. e) custa ao marido colocar sua mulher na moda será custa-lhe tê-la colocado.

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147) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) O verbo indicado entre parênteses deverá ser flexionado numa forma do singular para preencher de modo correto a lacuna da frase: a) Nem mesmo se ...... (atrever) a repudiar as mordazes críticas de Montesquieu quem por elas se sentisse atingido.

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b) ...... (vir) somar-se ao autoritarismo político as ingerências autoritárias do poder religioso. c) Não ...... (ficar) à margem da dura crítica de Montesquieu nem mesmo algumas características das construções parisienses. d) ...... (constituir) matéria para o riso do filósofo até mesmo os ritos e os símbolos católicos. e) Não ...... (escapar) à crítica de Montesquieu quaisquer atitudes que lhe parecessem viciosas. 148) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973)

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Com o tempo, o sarcasmo de Montesquieu tornou-se proverbial, mas no século XVIII temiam esse sarcasmo todos os que se sentissem objetos possíveis dele, já que o filósofo explorava esse sarcasmo com a arte de quem sabe tornar o sarcasmo uma arma mortal. Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por: a) temiam-no - lhe explorava - o sabe tornar. b) lhe temiam - o explorava - lhe sabe tornar. c) temiam-no - o explorava - sabe torná-lo. d) temiam a ele - explorava-lhe - sabe torná-lo. e) o temiam - explorava-o - sabe tornar-lhe. 149) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.”

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O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Está correta a flexão de todas as formas verbais na frase: a) Muitos dos contemporâneos de Montesquieu conviram em que ele cometia intoleráveis abusos no exercício de sua crítica. b) O que hoje não mais constitue escândalo, à época de Montesquieu podia ser uma abominável prática social. c) Os herdeiros intelectuais de Montesquieu recomporam suas ideias ao longo do tempo e as adaptaram a diferentes circunstâncias. d) Mesmo que os católicos mais críticos intervissem junto às autoridades, Montesquieu não arrefeceria o tom de suas ironias. e) Nada faria com que um espírito crítico como o de Montesquieu detivesse sua mordacidade diante das mazelas de sua época. 150) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.”

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À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Está inteiramente adequada a pontuação do seguinte período: a) Por meio das Cartas persas, Montesquieu, acabou atingindo de forma inapelável, não apenas as instituições políticas, mas também a própria Igreja Católica satirizada, nada mais nada menos, que em sua autoridade máxima, a figura do Papa. b) Por meio das Cartas persas, Montesquieu acabou atingindo, de forma inapelável, não apenas as instituições políticas, mas também, a própria Igreja Católica; satirizada nada mais nada menos, que em sua autoridade máxima a figura do Papa. c) Por meio das Cartas persas Montesquieu acabou atingindo de forma inapelável, não apenas as instituições políticas mas também a própria Igreja Católica, satirizada nada mais nada menos, que em sua autoridade máxima, a figura do Papa. d) Por meio, das Cartas persas, Montesquieu acabou atingindo de forma inapelável: não apenas as instituições políticas, mas, também, a própria Igreja Católica; satirizada nada mais, nada menos, que em sua autoridade máxima: a figura do Papa. e) Por meio das Cartas persas, Montesquieu acabou atingindo, de forma inapelável, não apenas as instituições políticas, mas também a própria Igreja Católica, satirizada, nada mais, nada menos, que em sua autoridade máxima: a figura do Papa. 151) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AC (2010) Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte. Mordacidade de Montesquieu O grande pensador Montesquieu, uma das mais iluminadas inteligências da França do século XVIII, um mestre para os estudos jurídicos, era também um exuberante talento artístico. Em 1721 aparece sua primeira obra literária, as Cartas persas, nas quais retrata satiricamente toda a

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civilização francesa, por meio da suposta correspondência de dois viajantes persas em andanças por Paris e desejosos de “instruir- se nas ciências do Ocidente”. Em Paris, contemplam uma cidade onde “as casas são tão altas que se as julgaria habitadas por astrólogos” e tão extremamente povoadas que, “quando todo mundo desce para as ruas, faz-se uma bela confusão.” O rei da França parece-lhes “o mais poderoso príncipe da Europa. Não tem minas de ouro como o rei da Espanha, seu vizinho, mas tem mais riquezas porque as tira da vaidade dos súditos, inesgotável mais que as minas... Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos, fazendo-os pensar como ele. Se não tem mais que um milhão de escudos em seu tesouro e tem necessidade de dois, não precisa fazer mais do que persuadi-los de que um escudo vale dois, e todo mundo acredita.” À crítica da autoridade política, característica do Século das Luzes, junta-se a da autoridade religiosa, quando os persas encontram “um outro mágico, mais forte que o rei e não menos mestre de seu próprio espírito quanto do espírito dos outros. Esse mágico chama-se Papa e faz crer aos súditos que três não é mais que um, que vinho não é vinho, que pão não é pão, e mil outras coisas da mesma espécie. Para não dar descanso aos súditos e não deixá-los perder o hábito da crença, fornece a eles, de quando em quando, certos tratados de fé.” O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas que “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”. Os caprichos da moda entre os franceses parecem-lhes surpreendentes, e “não se acreditaria em quanto custa ao marido colocar sua mulher na moda.” (Extraído do encarte a Montesquieu. S. Paulo: Abril, Os pensadores, 1973) Atente para as seguintes afirmações: I. O sentido da frase Esse rei é um grande mágico: exerce seu império sobre o próprio espírito dos súditos não se altera caso se substitua o sinal de dois-pontos por conquanto. II. Na frase O sarcasmo estende-se aos costumes, e Montesquieu põe na boca dos persas palavras de admiração ao encontrarem mulheres muito habilidosas (...), a conjunção e pode ser substituída por haja vista que. III. Com a afirmação “fazem da virgindade uma flor que perece e renasce todos os dias”, Montesquieu reconhece os sinceros escrúpulos da moralidade francesa. Está correto APENAS o que se afirma em a) II.

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b) III. c) I e II. d) II e III. e) I. 152) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) Quanto ao emprego de termos estrangeiros em nosso país, a posição do autor do texto consiste, resumidamente, em a) abolir toda e qualquer palavra ou expressão cujo sentido técnico esteja fora do alcance do brasileiro. b) discriminar esse uso, justificando em cada caso a razão pela qual devem ou não ser evitados. c) acatar esse uso, desde que a razão disso seja o fato de não haver expressão similar em nossa língua.

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d) tolerar essa prática, uma vez que ela já está arraigada no uso comum do falar brasileiro. e) acolher os vocábulos que constituírem uma espécie de apropriação de palavras do português. 153) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) Atente para as seguintes afirmações: I. No 1º parágrafo, o autor sugere que sempre é possível encontrar numa determinada língua uma expressão cujo sentido seja equivalente ao de uma expressão de outra língua. II. No 2º parágrafo, o emprego da palavra cafezinho, no lugar da expressão “coffee break”, é apresentado como exemplo de uma forma de nacionalismo exacerbado e, até certo ponto, injustificável.

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III. No 3º parágrafo, a importância histórica do café em nossa economia e em nossa cultura é ressaltada pelo autor do texto para mostrar o ridículo do emprego da expressão “coffee break”. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) III, apenas. 154) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de uma expressão em: a) cujo sentido muito específico na língua original (1º parágrafo) = uma significação que torna

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criativa a língua de que proveio b) é um tanto ridículo o abuso pretensioso (2º parágrafo) = é algo risível o uso indiscriminado e afetado c) pontos de conversa amiga (2º parágrafo) = intervalos de tolerância recíproca d) a filial da periferia (3º parágrafo) = a sucursal das vizinhanças e) não é preciso subestimar (3º parágrafo) = não carece de se vangloriar 155) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. As palavras que nos exprimem Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada. Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga. Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade. (Adalberto Tolentino, inédito) Está plenamente adequada a correlação entre os tempos e modos verbais na frase: a) A menos que sejam absolutamente indispensáveis, não se devia empregar palavras estrangeiras quando houver no vernáculo termos equivalentes. b) A menos que encontre forte justificativa, o emprego de palavras estrangeiras deve ser evitado, até porque é ridículo atribuir mecanicamente prestígio ao que vem de fora.

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c) Não fosse o café, nossa economia não terá se beneficiado com as volumosas exportações, e o nosso desenvolvimento social estaria ocorrendo em outro ritmo. d) Seria um tolo complexo de inferioridade a razão pela qual muitos de nós emprestássemos mais prestígio a termos estrangeiros do que aos que pertencessem ao nosso idioma. e) Muitos ainda julgam que a simplicidade de uma palavra como “cafezinho” não esteja à altura de eventos a que se pretendesse conferir grandeza e solenidade. 156) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto: Suporta-se com paciência a cólica do próximo. * Matamos o tempo; o tempo nos enterra. * Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem. * Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros. * Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é a de um joalheiro. * Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX) Atente para as seguintes afirmações: I. O texto de Machado de Assis constitui-se de frases avulsas, criadas pelo autor, e cada uma delas se apresenta com o aspecto característico de provérbios populares. II. Numa das máximas, um cocheiro entende que o prazer advindo do uso de uma carruagem perderia muito caso esse uso deixasse de ser um privilégio de uns poucos. III. A reflexão de um joalheiro, numa das máximas, leva a crer que ele condena o referido hábito dos botocudos porque ele é contra o uso vaidoso de adereços.

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Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em a) II e III. b) I e III. c) I e II. d) III. e) II. 157) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE SE (2015) Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto: Suporta-se com paciência a cólica do próximo. * Matamos o tempo; o tempo nos enterra. * Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem. * Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros. * Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é a de um joalheiro. * Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, capítulo CXIX) Considerando-se aspectos construtivos do texto, é correto afirmar que a) a máxima Suporta-se com paciência a cólica do próximo apresenta uma forma verbal na voz passiva. b) a máxima Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros constitui-se de duas orações com sujeitos distintos. c) em Matamos o tempo; o tempo nos enterra há ocorrência tanto da voz ativa como da voz passiva. d) em Não te irrites se te pagarem mal um benefício o termo benefício assume a função de sujeito. e) em antes cair das nuvens, que de um terceiro andar o termo sublinhado está indicando anterioridade.

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158) FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária - TRE AP (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. Embora o meu vocabulário seja voluntariamente pobre – uma espécie de Brasileiro Básico – a única leitura que jamais me cansa é a dos dicionários. Variados, sugestivos, atraentes, não são como os outros livros, que contam sempre a mesma estopada* do começo ao fim. Meu trato com eles é puramente desinteressado, um modo disperso de estar atento... E esse meu vício é, antes de tudo, inócuo para o leitor. Na minha adolescência, todo e qualquer escritor se presumia de estilista, e isso, na época, significava riqueza vocabular... Imagine-se o mal que deve ter causado a autores novos e inocentes o grande estilista Coelho Neto: grande infanticida, isto é o que ele foi. Orgulhávamo-nos, como das nossas riquezas naturais, da opulência verbal de Rui Barbosa. O seu fraco, ou o seu forte, eram os sinônimos. (...) *aquilo que é maçante, enfadonho, aborrecedor. (Adaptado de: QUINTANA, Mário. Dicionários. Caderno H. 7. ed. São Paulo: Globo, 1998, p.176) As normas de concordância estão plenamente observadas na seguinte frase: a) Ao estilo verborrágico do típico escritor do começo do século foi contraposto pelos modernistas novas maneiras de se fazer literatura, num estilo mais próximo da oralidade e do coloquial. b) O aumento da frequência das consultas aos dicionários eletrônicos, instalados em boa parte dos computadores, parecem evidenciar que não demorará muito para os dicionários em papel se tornarem obsoletos. c) A prosa de Mário Quintana, assim como muitos dos textos de sua obra poética, são caracterizadas pela ironia e pela aparente simplicidade da linguagem e do pensamento. d) Escritores rebuscados, como Coelho Neto, contemporâneo de Rui Barbosa, teve inegável responsabilidade no grande prestígio que o discurso grandiloquente e pomposo adquiriu no Brasil no final do século XIX e início do XX. e) Muitos escritores já confessaram ver no dicionário não um manual de consulta esporádica, mas um livro como quaisquer outros e que pode ser lido do começo ao fim. 159) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão. O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos

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antigos fora muito mais estreito. Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão. O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim: − Vou dizer ao velho! Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida. (REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43) No trecho Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés (1º parágrafo), os elementos sublinhados têm,

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respectivamente, a mesma função que os sublinhados em: a) Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens... (1º parágrafo) b) ... amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava. (2º parágrafo) c) Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe. (3º parágrafo) d) Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força... (3º parágrafo) e) Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. (3º parágrafo) 160) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à pergunta. No Engenho do Pau d’Arco, na Paraíba, nas ruas do Recife e João Pessoa, no início do século XX, cismava, sofria, escrevia poemas, um homem jovem, magro e taciturno, que se tornaria conhecido na história da literatura brasileira pelo nome de Augusto dos Anjos. Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto. Mas o que desmorona não é apenas sua família: é todo um amplo setor da classe latifundiária do Nordeste atingida por transformações econômicas, sociais e políticas. Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética, o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira. Tanto uma como outra influíram na sua formação, mas a nenhuma delas se filiou. Na obra de Augusto dos Anjos aparecem, não de maneira eventual, e sim como elemento constitutivo de sua linguagem, alguns traços que caracterizam a nova poesia, a que se convencionou chamar de poesia moderna. Daí a presença, em sua obra, de elementos que o põem adiante de sua época. Mas em que me baseio para afirmar que existe, no poeta do Eu, elementos que antecipam a linguagem moderna da poesia brasileira? Para responder essa questão, devo primeiramente esclarecer o que entendo por “poesia moderna” ou “nova linguagem da poesia”. Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa, o próprio poeta decidiu que habitaria o cotidiano e passou a ver nele não o mundo de que se deve fugir e sim o mundo que se deve transformar. A desmistificação do real implica, naturalmente, a desmistificação da linguagem. A poesia se torna, cada vez mais, o trabalho objetivo do poeta sobre a linguagem, visando exprimir a complexidade desse mundo concreto e dinâmico. Sua “ação” só terá sentido na medida em que sua linguagem não apareça como um discurso vazio a deslizar pela superfície das coisas. Toda atividade humana é um esforço para superar a contradição sujeito-mundo. A poesia é um modo específico de tentar essa superação infinitamente recomeçada. É, por isso, um discurso

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deliberadamente desconcertante, que contraria a normalidade. Para atingi-lo, o poeta moderno lança mão de uma série de recursos que constituem as características de sua nova linguagem: construção sintática inusitada, choque de palavras, enumeração caótica, mistura de formas verbais coloquiais e eruditas, de palavras vulgares com palavras “poéticas”, etc. Alguns desses recursos foram utilizados por Augusto dos Anjos. (Adaptado de: GULLAR, Ferreira. Disponível em: jornal-daparaiba.com.br/euaugusto) Depreende-se do texto de Ferreira Gullar que a) a influência do Parnasianismo na poesia de Augusto dos Anjos determina sua tentativa utópica de captar a verdadeira essência do sujeito-mundo. b) o desmoronamento da vida pessoal do poeta Augusto dos Anjos, que vivia em um ambiente de tristeza e luto, ocasionou a tendência a escapar da realidade, traço marcante de sua obra. c) as transformações econômicas, sociais e políticas que atingiram o Nordeste durante a juventude de Augusto dos Anjos foram determinantes para sua filiação à escola simbolista. d) o emprego de recursos inovadores na linguagem poética de Augusto dos Anjos indica que já havia em sua poesia elementos posteriormente considerados como pertencentes à poesia moderna. e) a linguagem poética inovadora de Augusto dos Anjos evolui à medida que o poeta se dedica a superar, por meio de sua arte, as contradições sociais e históricas de sua época 161) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à pergunta. No Engenho do Pau d’Arco, na Paraíba, nas ruas do Recife e João Pessoa, no início do século XX, cismava, sofria, escrevia poemas, um homem jovem, magro e taciturno, que se tornaria conhecido na história da literatura brasileira pelo nome de Augusto dos Anjos. Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto. Mas o que desmorona não é apenas sua família: é todo um amplo setor da classe latifundiária do Nordeste atingida por transformações econômicas, sociais e políticas. Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética, o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira. Tanto uma como outra influíram na sua formação, mas a nenhuma delas se filiou. Na obra de Augusto dos Anjos aparecem, não de maneira eventual, e sim como elemento constitutivo de sua linguagem, alguns traços que caracterizam a nova poesia, a que se

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convencionou chamar de poesia moderna. Daí a presença, em sua obra, de elementos que o põem adiante de sua época. Mas em que me baseio para afirmar que existe, no poeta do Eu, elementos que antecipam a linguagem moderna da poesia brasileira? Para responder essa questão, devo primeiramente esclarecer o que entendo por “poesia moderna” ou “nova linguagem da poesia”. Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa, o próprio poeta decidiu que habitaria o cotidiano e passou a ver nele não o mundo de que se deve fugir e sim o mundo que se deve transformar. A desmistificação do real implica, naturalmente, a desmistificação da linguagem. A poesia se torna, cada vez mais, o trabalho objetivo do poeta sobre a linguagem, visando exprimir a complexidade desse mundo concreto e dinâmico. Sua “ação” só terá sentido na medida em que sua linguagem não apareça como um discurso vazio a deslizar pela superfície das coisas. Toda atividade humana é um esforço para superar a contradição sujeito-mundo. A poesia é um modo específico de tentar essa superação infinitamente recomeçada. É, por isso, um discurso deliberadamente desconcertante, que contraria a normalidade. Para atingi-lo, o poeta moderno lança mão de uma série de recursos que constituem as características de sua nova linguagem: construção sintática inusitada, choque de palavras, enumeração caótica, mistura de formas verbais coloquiais e eruditas, de palavras vulgares com palavras “poéticas”, etc. Alguns desses recursos foram utilizados por Augusto dos Anjos. (Adaptado de: GULLAR, Ferreira. Disponível em: jornal-daparaiba.com.br/euaugusto) Afirma-se corretamente: a) Fazendo-se as alterações necessárias, o elemento sublinhado em Toda atividade humana é um esforço para superar a contradição sujeito-mundo (6º parágrafo) foi corretamente substituído por um pronome da seguinte forma: "para lhe superar". b) O elemento sublinhado em e passou a ver nele (5º parágrafo) refere-se a “mundo”. c) No segmento Daí a presença, em sua obra, de elementos que o põem adiante de sua época (4º parágrafo), o termo em destaque justifica a flexão verbal. d) Sem prejuízo do sentido, o sinal indicativo de crase é facultativo e pode ser colocado no elemento em destaque em: mas à nenhuma delas se filiou. (3º parágrafo) e) O termo destacado no segmento Para atingi-lo, o poeta moderno... (último parágrafo), refere-se a “discurso deliberadamente desconcertante”. 162) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à pergunta. No Engenho do Pau d’Arco, na Paraíba, nas ruas do Recife e João Pessoa, no início do século XX, cismava, sofria, escrevia poemas, um homem jovem, magro e taciturno, que se tornaria conhecido

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na história da literatura brasileira pelo nome de Augusto dos Anjos. Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto. Mas o que desmorona não é apenas sua família: é todo um amplo setor da classe latifundiária do Nordeste atingida por transformações econômicas, sociais e políticas. Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética, o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira. Tanto uma como outra influíram na sua formação, mas a nenhuma delas se filiou. Na obra de Augusto dos Anjos aparecem, não de maneira eventual, e sim como elemento constitutivo de sua linguagem, alguns traços que caracterizam a nova poesia, a que se convencionou chamar de poesia moderna. Daí a presença, em sua obra, de elementos que o põem adiante de sua época. Mas em que me baseio para afirmar que existe, no poeta do Eu, elementos que antecipam a linguagem moderna da poesia brasileira? Para responder essa questão, devo primeiramente esclarecer o que entendo por “poesia moderna” ou “nova linguagem da poesia”. Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa, o próprio poeta decidiu que habitaria o cotidiano e passou a ver nele não o mundo de que se deve fugir e sim o mundo que se deve transformar. A desmistificação do real implica, naturalmente, a desmistificação da linguagem. A poesia se torna, cada vez mais, o trabalho objetivo do poeta sobre a linguagem, visando exprimir a complexidade desse mundo concreto e dinâmico. Sua “ação” só terá sentido na medida em que sua linguagem não apareça como um discurso vazio a deslizar pela superfície das coisas. Toda atividade humana é um esforço para superar a contradição sujeito-mundo. A poesia é um modo específico de tentar essa superação infinitamente recomeçada. É, por isso, um discurso deliberadamente desconcertante, que contraria a normalidade. Para atingi-lo, o poeta moderno lança mão de uma série de recursos que constituem as características de sua nova linguagem: construção sintática inusitada, choque de palavras, enumeração caótica, mistura de formas verbais coloquiais e eruditas, de palavras vulgares com palavras “poéticas”, etc. Alguns desses recursos foram utilizados por Augusto dos Anjos. (Adaptado de: GULLAR, Ferreira. Disponível em: jornal-daparaiba.com.br/euaugusto) A frase que admite transposição para a voz passiva está em: a) Na obra de Augusto dos Anjos aparecem... b) Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa... c) Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto. d) ... o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira. e) Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética...

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163) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à pergunta. No Engenho do Pau d’Arco, na Paraíba, nas ruas do Recife e João Pessoa, no início do século XX, cismava, sofria, escrevia poemas, um homem jovem, magro e taciturno, que se tornaria conhecido na história da literatura brasileira pelo nome de Augusto dos Anjos. Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto. Mas o que desmorona não é apenas sua família: é todo um amplo setor da classe latifundiária do Nordeste atingida por transformações econômicas, sociais e políticas. Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética, o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira. Tanto uma como outra influíram na sua formação, mas a nenhuma delas se filiou. Na obra de Augusto dos Anjos aparecem, não de maneira eventual, e sim como elemento constitutivo de sua linguagem, alguns traços que caracterizam a nova poesia, a que se convencionou chamar de poesia moderna. Daí a presença, em sua obra, de elementos que o põem adiante de sua época. Mas em que me baseio para afirmar que existe, no poeta do Eu, elementos que antecipam a linguagem moderna da poesia brasileira? Para responder essa questão, devo primeiramente esclarecer o que entendo por “poesia moderna” ou “nova linguagem da poesia”. Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa, o próprio poeta decidiu que habitaria o cotidiano e passou a ver nele não o mundo de que se deve fugir e sim o mundo que se deve transformar. A desmistificação do real implica, naturalmente, a desmistificação da linguagem. A poesia se torna, cada vez mais, o trabalho objetivo do poeta sobre a linguagem, visando exprimir a complexidade desse mundo concreto e dinâmico. Sua “ação” só terá sentido na medida em que sua linguagem não apareça como um discurso vazio a deslizar pela superfície das coisas. Toda atividade humana é um esforço para superar a contradição sujeito-mundo. A poesia é um modo específico de tentar essa superação infinitamente recomeçada. É, por isso, um discurso deliberadamente desconcertante, que contraria a normalidade. Para atingi-lo, o poeta moderno lança mão de uma série de recursos que constituem as características de sua nova linguagem: construção sintática inusitada, choque de palavras, enumeração caótica, mistura de formas verbais coloquiais e eruditas, de palavras vulgares com palavras “poéticas”, etc. Alguns desses recursos foram utilizados por Augusto dos Anjos. (Adaptado de: GULLAR, Ferreira. Disponível em: jornal-daparaiba.com.br/euaugusto)

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O elemento que NÃO é um pronome está sublinhado em: a) ... o próprio poeta decidiu que habitaria o cotidiano... (5º parágrafo) b) ... que se tornaria conhecido na história da literatura brasileira... (1º parágrafo) c) ... alguns traços que caracterizam a nova poesia... (4º parágrafo) d) ... o poeta moderno lança mão de uma série de recursos que constituem... (último parágrafo) e) ... o mundo que se deve transformar. (5º parágrafo) 164) FCC – Analista Judiciário – Área Administrativa - TRE PB (2015) Atenção: Considere o texto abaixo para responder à pergunta. No Engenho do Pau d’Arco, na Paraíba, nas ruas do Recife e João Pessoa, no início do século XX, cismava, sofria, escrevia poemas, um homem jovem, magro e taciturno, que se tornaria conhecido na história da literatura brasileira pelo nome de Augusto dos Anjos. Augusto dos Anjos vive em um ambiente de decadência, doença e luto. Mas o que desmorona não é apenas sua família: é todo um amplo setor da classe latifundiária do Nordeste atingida por transformações econômicas, sociais e políticas. Na época em que Augusto forjava os instrumentos de sua expressão poética, o Parnasianismo e o Simbolismo eram as tendências atuantes na poesia brasileira. Tanto uma como outra influíram na sua formação, mas a nenhuma delas se filiou. Na obra de Augusto dos Anjos aparecem, não de maneira eventual, e sim como elemento constitutivo de sua linguagem, alguns traços que caracterizam a nova poesia, a que se convencionou chamar de poesia moderna. Daí a presença, em sua obra, de elementos que o põem adiante de sua época. Mas em que me baseio para afirmar que existe, no poeta do Eu, elementos que antecipam a linguagem moderna da poesia brasileira? Para responder essa questão, devo primeiramente esclarecer o que entendo por “poesia moderna” ou “nova linguagem da poesia”. Quando a linguagem da poesia desceu ao nível da prosa, o próprio poeta decidiu que habitaria o cotidiano e passou a ver nele não o mundo de que se deve fugir e sim o mundo que se deve transformar. A desmistificação do real implica, naturalmente, a desmistificação da linguagem. A poesia se torna, cada vez mais, o trabalho objetivo do poeta sobre a linguagem, visando exprimir a complexidade desse mundo concreto e dinâmico. Sua “ação” só terá sentido na medida em que sua linguagem não apareça como um discurso vazio a deslizar pela superfície das coisas. Toda atividade humana é um esforço para superar a contradição sujeito-mundo. A poesia é um modo específico de tentar essa superação infinitamente recomeçada. É, por isso, um discurso deliberadamente desconcertante, que contraria a normalidade.

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161) E 162) E 163) A 164) A

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