anÁlise tÉrmica de um dessalinizador de mÚltiplo

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i ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO EFEITO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL Por Luiz Faustino de Souza Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Mestre João Pessoa Paraíba fevereiro, 2002 Universidade Federal da Paraíba Centro de tecnologia Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica - Mestrado - Doutorado -

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Page 1: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

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ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

EFEITO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

Por

Luiz Faustino de Souza

Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba

para obtenção do grau de Mestre

João Pessoa – Paraíba fevereiro, 2002

Universidade Federal da Paraíba

Centro de tecnologia

Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica - Mestrado - Doutorado -

Page 2: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

ii

LUIZ FAUSTINO DE SOUZA

ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

EFEITO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal da Paraíba, em

cumprimento às exigências para obtenção

do Grau de Mestre.

Orientadores: Prof. Dr. Marco A. Wanderley Cavalcanti

Prof. Dr. Zaqueu Ernesto da Silva

João Pessoa – Paraíba 2002

Page 3: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

iii

Page 4: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

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ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

EFEITO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

por

Luiz Faustino de Souza

Dissertação aprovada em 28 de fevereiro de 2002

Período letivo 2002.1

Prof. Dr. CLEITON RUBENS FORMIGA BARBOSA - UFRN

Examinador Externo

Prof. Dr. ROMBERG RODRIGUES GONDIM - UFPB

Examinador interno

Prof. Dr. JOSE MAURÍCIO ALVES DE MATOS GURGEL - UFPB

Examinador interno

Prof. Dr. MARCO ANTÔNIO WANDERLEY CAVALCANTI – UFPB

Orientador

Prof. Dr. ZAQUEU ERNESTO DA SILVA – UFPB

Orientador

João Pessoa – PB 2002

Page 5: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

v

DEDICATÓRIA

A minha esposa Ivone, a meus filhos Isabele e Lucas, a meus pais José Faustino de

Souza e Adélia da Silva Souza, a meus irmãos Francisco e Maria do Socorro pelo apoio,

compreensão, carinho e amizade.

Page 6: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

vi

AGRADECIMENTOS

A Deus por tudo que tem me concedido e a minha família por estar sempre ao meu

lado em todos os momentos.

Aos professores Dr. Carlos A. Cabral dos Santos e Dr. Francisco Antônio Belo que

souberam transmitir conhecimentos sem precisar se impor.

Aos funcionários do LES e da coordenação do curso que direta ou indiretamente

contribuíram para a realização deste trabalho.

Aos colegas estudantes pelo companheirismo e amizade, em especial a Severino

Cirino, Rômulo da Silveira Paz, Fernando Fernandes Vieira e Carlos Antônio Pereira de

Lima.

Aos professores, Dr. Cleiton Rubens Formiga Barbosa, Dr. Jose Maurício Alves de

Matos Gurgel e Dr. Romberg Rodrigues Gondim que coroaram o meu trabalho com suas

participações na banca examinadora.

Aos professores orientadores, Dr. Marco A. Wanderley Cavalcanti e Dr. Zaqueu

Ernesto da Silva pela orientação competente e responsável.

Page 7: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

vi

ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

EFEITO PARA OBTENÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL

RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo teórico do balanço térmico em um dessalinizador

múltiplo efeito do tipo tubo horizontal com filme fino, usado como fonte alternativa de

água potável. São apresentados os princípios de funcionamento de diferentes processos de

dessalinização, sendo efetuado o balanço térmico de uma instalação de dessalinização

MED de 18 efeitos. Os resultados obtidos, em termos de produção de destilado e de

consumo de energia específica, também são apresentados para diferentes condições de

operação. Apresenta-se ainda, resultados quanto à influência das condições de

fornecimento de calor à água a ser dessalinizada, bem como a influência da sua vazão de

abastecimento. Os resultados obtidos indicam uma conversão de água salobra em água

dessalinizada da ordem de 22 a 30 %.

Palavras chave: Engenharia Mecânica. Dessalinização. Fluxo de Calor e Massa.

Page 8: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

vii

THERMAL ANALYSIS OF A DESSALINIZADOR OF MULTIPLE

EFFECT FOR OBTAINING OF DRINKABLE WATER

ABSTRACT

This work presents a theoretical study of the thermal balance of a multiple effect

desalting (MED) unit type horizontal tube with thin film, used as an alternative source of

potable water. The operations principles of different desalting processes are presented and

a thermal balance over a MED unit with 18 effects is done. The obtained results of distilled

production and specific energy consummation are also presented for different operating

conditions. In this work are show results about the influences of salt water heating

conditions and the salt water volumetric flow. The results show a salt water conversion as

desalting water between 22 and 30 %.

Keywords: Mechanical engineering. Desalinization. Flow of heat and mass.

Page 9: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

viii

SUMÁRIO

Resumo ........................................................................................................................... vi

Abstract ..........................................................................................................................vii

Lista de Figuras ................................................................................................................ x

Lista de Tabelas .............................................................................................................xii

Lista de Símbolos ......................................................................................................... xiii

Lista de Abreviaturas ................................................................................................... xv

CAPÍTULO I

1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 5

2.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5

2.2 DESTILAÇÃO DE MÚLTIPLO EFEITO .................................................................... 6

2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO DOS PRINCIPAIS

PROCESSOS DE DESSALINIZAÇÃO ....................................................................... 8

2.3.1 Processos Térmicos ................................................................................................... 8

2.3.1.1 Destilação “Flash” de Múltiplo Efeito .................................................................. 10

2.3.1.2 Destilação Solar ................................................................................................... 14

2.3.1.3 Destilação de Múltiplo Efeito (MED) ................................................................... 16

2.3.1.4 Destilação por Compressão de Vapor ................................................................... 17

2.3.1.5 Congelamento ...................................................................................................... 18

2.3.1.5.1 Congelamento Direto ......................................................................................... 19

2.3.1.5.2 Congelamento Indireto ...................................................................................... 20

2.3.2 Processo Através de Membrana ............................................................................... 21

2.3.2.1 Osmose Reversa ................................................................................................... 21

Page 10: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

ix

2.3.2.2 Eletrodiálise ......................................................................................................... 24

CAPÍTULO III

ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR MED DE PEQUENO

PORTE TIPO HTTF ..................................................................................................... 28

3.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 28

3.2 ASPECTO DO DESENHO DO EVAPORADOR ...................................................... 29

3.3 ANÁLISE TÉRMICA DA INSTALAÇÃO ................................................................ 32

3.3.1 Aquecedor ............................................................................................................... 33

3.3.2 Evaporador .............................................................................................................. 34

3.3.3 Pré-aquecedor ......................................................................................................... 37

3.3.4 Condensador ........................................................................................................... 39

3.3.5 Balanço global ........................................................................................................ 40

3.4 PROPRIEDADES FÍSICAS ....................................................................................... 40

3.4.1 Calor específico....................................................................................................... 41

3.4.2 Calor latente de vaporização .................................................................................... 41

3.4.3 Elevação do ponto de ebulição ................................................................................ 42

3.5 MÉTODO COMPUTACIONAL ................................................................................ 42

3.5.1 Outras propriedades ................................................................................................. 43

3.5.1.1 Densidade............................................................................................................. 43

3.5.1.2 Entalpia do vapor de água saturado ....................................................................... 44

3.5.1.3 Entalpia da água líquida saturada .......................................................................... 44

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................... 47

4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................... 47

CAPITULO V

CONCLUSÕES E PESPECTIVAS ............................................................................... 52

5.1 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 52

5.2 PERSPECTIVAS ....................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 54

Page 11: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Representação de um esquema simplificado da destilação por evaporação “Flash”

com 1, 2, e 3 estágios ............................................................................................... 25

Figura 2.2: Representa um esquema de um destilador tipo “flash” de múltiplo estágio ................ 27

Figura 2.3: Representação de um modelo simplificado de evaporação através de energia solar ... 29

Figura 2.4: Representa um modelo simplificado de destilação por evaporação de múltiplo

efeito ........................................................................................................................ 30

Figura 2.5: Destilação por compressão de vapor ......................................................................... 32

Figura 2.6: Congelamento direto ................................................................................................ 33

Figura 2.7: Congelamento indireto ............................................................................................. 34

Figura 2.8: Comparação entre osmose e osmose reversa. ............................................................ 36

Figura 3.1: Representa o diagrama esquemático de um destilador MED tipo HTTF .................... 45

Figura 3.2: Representa do diagrama de fluxo do aquecedor ........................................................ 47

Figura 3.3: Diagrama de fluxo do evaporador (E2 e E3) ............................................................... 49

Figura 3.4: Diagrama de fluxo do evaporador (E4 a EN) .............................................................. 50

Figura 3.5: Diagrama de fluxo do pré-aquecedor ........................................................................ 51

Figura 3.6: Diagrama de fluxo do condensador ........................................................................... 53

Figura 3.7: Fluxograma de procedimento de cálculo computacional ........................................... 60

Figura 4.1: Representa o efeito da taxa de fluxo da água aquecida e da temperatura da água

aquecida na produção de destilado para o fluxo de água de abastecimento e

temperatura da água de abastecimento constantes (mf = 4,44.10-3 m

3/s, Tf = 30

oC) ... 64

Figura 4.2: Representa o efeito do fluxo de água aquecida e do fluxo de água de

abastecimento sobre a produção de destilado para a temperatura da água aquecida

e a temperatura da água marinha constantes (Taq= 80 oC, Tam= 30

oC) ........................ 64

Figura 4.3: Representa o efeito da baixa taxa de fluxo da água aquecida e da temperatura da

água aquecida na produção de destilado para o fluxo de água de abastecimento e

temperatura da água de abastecimento constantes (mf = 1,39.10-3 m

3/s, Tf = 30

oC) ... 65

Page 12: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

xi

Figura 4.4: Representa o efeito do fluxo baixo de água aquecida e de água de abastecimento

sobre a produção de destilado para a temperatura da água aquecida e a

temperatura da água marinha constantes (Taq= 80 oC, Tam= 30

oC). ............................ 65

Page 13: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1: Representa a concentração média dos principais íons na água marinha...................... 15

Tabela 4.1: Representa a distribuição de temperatura da água de abastecimento nos pré-

aquecedores, de temperatura do concentrado de água salgada em cada efeito, de

temperatura do vapor que sai de cada efeito, de massa de concentrado de água

salgada, de massa de vapor e de salinidade. .............................................................. 61

Tabela 4.2: Apresenta a taxa de produção de destilado Md e o consumo de calor específico

CCE ......................................................................................................................... 62

Page 14: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

xiii

LISTA DE SÍMBOLOS

A Área de transferência de calor (m2)

am água do mar

aq Água aquecida de circulação

ap água pura

c Concentrado de água salgada

CCE Taxa de consumo de calor específico (J/kg de destilado)

con Condensador

Cp Calor específico (J/kg.°C)

d Destilado

E Efeito

EPE Elevação do ponto de ebulição (°C)

ev Evaporador

f Água marinha de abastecimento do sistema

h Entalpia (J/kg)

hs Coeficiente de película externo

ht Coeficiente de película interno

i Indexador

l Líquido saturado

Lv Calor latente de vaporização (J/kg)

m Taxa de fluxo de massa (m3/h)

Md Taxa de produção total de água (m3/h)

N Número de efeitos

p Pré-aquecedor

Q Quantidade de calor (J/s)

S Salinidade

T Temperatura (°C)

Page 15: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

xiv

T Variação de temperatura (oC)

U Coeficiente global de transferência de calor (J/s.m2.°C)

v Vapor saturado

Densidade (kg/m3)

Page 16: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

xv

LISTA DE ABREVIATURAS

ED Eletrodiálise

HTTF Tubo Horizontal com Filme Fino

MED Destilação de Múltiplo Efeito

MSF Destilação Flash de Múltiplo Estágio

RO Osmose Reversa

VC Destilação por Compressão de Vapor

Page 17: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

1

CAPÍTULO I

1.1 INTRODUÇÃO

A habilidade de tratar a água salgada, de forma a torná-la apta para o consumo, tem

sido procurada pela humanidade por longo tempo. Mais de três quartos da superfície da

terra são cobertos por água salgada. Embora essa água seja importante para alguns meios

de transportes e pesca, ela é muito salgada para manter a vida humana ou para as

atividades do campo.

A composição da água do mar varia conforme a posição geográfica e a

profundidade considerada, embora a concentração de sais varie de lugar para lugar, a

relação entre os constituintes mais abundantes é praticamente constante. Entre estes

constituintes estão: cloreto de sódio, bicarbonatos, sulfato de cálcio e sulfato de magnésio.

A tabela 1.1 apresenta as concentrações médias dos principais íons presentes na água do

mar.

Tabela 1.1: Concentração média dos principais íons na água marinha

Íons Fórmula 10-2

.( kg/kg)

Cloreto Cl 18,900

Sódio Na++

10,556

Sulfato SO4-- 2,649

Magnésio Mg++

1,272

Cálcio Ca++

0,400

Potássio K+ 0,380

Bicarbonato HCO3- 0,140

Brometo Br- 0,065

Borato H2BO3- 0,026

Estrôncio Sr++

0,013

Fluoreto F- 0,001

Total 34,482

Page 18: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

2

Fatores tais como clima, características geológicas, tipos de solos e distância em

relação ao mar são determinantes da salinidade das águas naturais.

Em regiões áridas ou semiáridas é comum a salinização das águas, devido à própria

constituição natural das mesmas. O manejo inadequado do solo também pode causar um

aumento da salinidade. Áreas irrigadas tornam-se improdutivas, devido à má qualidade das

águas de irrigação. Para água de irrigação, os limites de salinidade são determinados em

função dos tipos de cultura, solo e clima. A irrigação com águas contendo sais dissolvidos

em concentrações superiores a 2 kg/m3 causam quedas consideráveis na produção agrícola.

Para as águas de uso industrial, a salinidade tolerada depende do tipo de produto

fabricado. As águas usadas na fabricação de produtos têxteis, químicos, papel e alimentos,

por exemplo, pedem baixa salinidade.

As águas contendo sais dissolvidos com concentração igual ou acima de 1,0 kg/m3

são prejudiciais à saúde e inadequadas para o abastecimento humano.

Essas limitações têm restringido o tamanho e a localização de comunidades ao

redor do mundo, conduz à fadiga muitas pessoas que não tem recursos para viver próximo

a um manancial ou fonte de água potável. O emprego das tecnologias de dessalinização

nos últimos 40 anos tem mudado esse panorama em muitos lugares. Vilas, cidades e

indústrias tem agora surgido ou sido implantadas em muitas áreas tidas como áridas ou

secas, em todo o mundo, onde se disponha de água do mar ou salobra, que são tratadas

com as técnicas de dessalinização.

Essa mudança é notória em algumas partes do árido Oriente Médio, Norte da África

e em algumas ilhas do Caribe, onde a falta d‟água doce tem severamente limitado o

desenvolvimento. No entanto, cidades modernas e indústrias de porte desenvolvem-se em

algumas dessas áreas, graças a disponibilidade de água doce produzida por dessalinização

de água do mar, segundo Buros (1990).

Na Europa, em 1910, muitas indústrias já utilizavam-se do método da destilação, e

em 1920 o Japão destilava água do mar. Durante a Segunda Guerra Mundial, os navios

americanos também destilavam água do mar para abastecimento próprio, produzindo cerca

de 81.10-6

m3/s, usando 4.10

-2 m

3 de gasolina como fonte de energia, e a Pfausdler-Permitit

Co. de Nova York / EUA desenvolveu um „kit‟ de emergência para a dessalinização de

pequenas quantidades de água do mar para o consumo de sobreviventes de quedas de

aviões ou naufrágios. Na década de 60 a dessalinização foi introduzida na Califórnia,

Page 19: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

3

Flórida, Texas e Ilhas Virgens, especialmente para tratar água subterrânea com altas

concentrações de sólidos dissolvidos. Com o aumento do preço do petróleo nos anos 70, os

países produtores localizados em regiões áridas passaram a comprar equipamentos para a

produção de água doce, incentivando a expansão do mercado.

Muitos países no Oriente Médio descobriram que a única solução lógica e

disponível para o problema da escassez de água doce era a dessalinização da água do mar

ou salobra. No final de 1991, tinham sido instalados em todo o mundo, um total de 8.886

unidades de dessalinização com capacidade total de 2,1 m³/s. A proporção maior de

capacidade está instalada na Arábia Saudita (24,4%), seguida dos EUA (15,2%), Os

Emirados Árabes (10,6%) e Kuwait (9,1%).

No Brasil, o emprego da dessalinização de água ainda é pequeno, embora no

Nordeste seja aplicado o processo de osmose reversa para dessalinização de águas salobras

oriundas de poços para o abastecimento de pequenas comunidades.

Hoje existem muitos métodos de dessalinização, cada um trabalhando em uma

relação muito próxima com os outros para produzir água doce.

Os principais processos de dessalinização são:

1- Processos Térmicos

Destilação Flash de Múltiplo Estágio (Multi-Stage Flash – MSF)

Destilação de Múltiplo Efeito (Multi-effect distillation – MED)

Destilação por Compressão de Vapor (Vapor Compression – VC)

Destilação Através de Energia Solar

Congelamento

2- Processos Através de Membranas

Osmose Reversa

Eletrodiálise

Atualmente, destiladores de múltiplo efeito de água marinha de alta performance

estão disponíveis comercialmente e são frequentemente utilizados para fornecer água

potável à comunidades residências em muitas partes do mundo. Eles se caracterizam por

uma taxa de alta performance e consumo energético relativamente baixo em comparação

com os destiladores de múltiplos estágios flash de pequeno porte. Estes evaporadores

podem usar água quente como fonte de energia térmica e ser operado a temperaturas de

Page 20: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

4

água salgada mais baixas que as outras fontes térmicas (cerca de 70°C), reduzindo assim o

potencial para formação de crostas.

A configuração típica de plantas de destiladores de múltiplo efeito (MED) mais

atuais é o tubo horizontal, filme fino (horizontal tube, thin-film – HTTF).

Neste trabalho, tem-se como objetivo descrever o funcionamento básico dos

principais métodos de dessalinização, efetuar uma análise térmica em um dessalinizador

MED do tipo HTTF de pequeno porte, desenvolver um algoritmo para análise térmica e

simular o seu comportamento em diversas condições de operações.

Page 21: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

5

CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INTRODUÇÃO

A dessalinização é tão antiga quanto é o sistema solar. Parte da água salgada na

terra é transformada em vapor através da energia solar, então se formam nuvens que se

precipitam como água potável através das chuvas.

Os Gregos e Romanos fizeram uma descrição da dessalinização usando métodos

primitivos. Desde o século XVI a dessalinização da água do mar era utilizada nas

embarcações. A dessalinização em terra teve início no século XVIII e começou a

desempenhar papel importante a partir do final dos anos 1940 e começo de 1950,

especialmente em países onde a água potável é escassa como nos países do Golfo Árabe,

USA, Ilhas do Caribe e algumas áreas da América do Norte.

Um marco no desenvolvimento da dessalinização ocorreu nos anos 40, durante a

Segundo Guerra Mundial, quando vários estabelecimentos militares, em regiões áridas,

necessitaram d‟água para suprir suas tropas. A potencialidade que a dessalinização oferecia

ficou evidenciada e trabalhos foram prosseguidos após a guerra em vários países. Um dos

mais concentrados esforços foi levado a termo pelo Governo Americano, através da

criação do Office of Saline Water (OSW), no princípio dos anos 50 e, suas organizações

sucessoras, como o Office of Water Research and Technology (OWRT). O Governo

Americano financiou seu desenvolvimento por mais de 30 anos, despendendo cerca de 300

milhões de dólares no processo. Esse dinheiro ajudou a concretizar muito da investigação

básica e desenvolvimento de diferentes tecnologias, para dessalinização das águas do mar e

salobra.

Page 22: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

6

No final da década de 60, unidades de até 8.000 metros cúbicos começaram a se

instalar em várias partes do mundo. Essas unidades, a maioria de processos térmicos,

foram usadas para dessalinizar a água do mar, porém nos anos 70 os processos de

membranas comerciais começaram a surgir e ser empregados. Originalmente, o processo

de destilação foi usado para dessalinização água salobra. Essa técnica era dispendiosa e

inibiu o seu desenvolvimento para o tratamento da água. Quando a eletrodiálise foi

introduzida, permitiu dessalinizar água salobra muito mais economicamente e, muitas

aplicações foram então encontradas. Similarmente, a osmose reversa (RO) foi

originalmente empregada para dessalinização de águas salobras, no entanto o processo

provou ser adequado também para dessalinizar a água do mar.

Nos anos 80, a tecnologia de dessalinização tornou-se um empreendimento

totalmente comercial. A tecnologia beneficiou-se das experiências operacionais alcançadas

com as unidades construídas e operadas nas décadas anteriores. Uma variedade de

tecnologias de dessalinização foi desenvolvida através dos anos e, baseados nos seus

sucessos comerciais, podem ser classificados como mais e menos importantes processos de

dessalinização.

Nas últimas décadas, vários estudos têm sido realizados no sentido de melhorar o

desempenho, segurança, viabilidade econômica, etc., das diversas técnicas de

dessalinização existentes.

2.2 DESTILAÇÃO DE MÚLTIPLO EFEITO

O processo de destilação de múltiplo efeito (MED) é o mais velho entre os

processos de dessalinização. Referencias e patentes tem sido registradas desde 1840. Este

processo tem sido utilizado para destilação industrial por um longo tempo. Uma utilização

popular é a evaporação do suco de cana de açúcar na produção de açúcar ou na produção

de sal com o processo de evaporação. Algumas das primeiras plantas de destilação de água

utilizavam o processo MED, mas este foi substituído pelas unidades de MSF por causa dos

fatores de custo e sua maior eficiência. Entretanto, a partir dos anos 1980, o interesse no

processo MED tem aumentado, e muitos desenhos têm sido construídos em torno do

conceito de operacionalização a temperaturas mais baixas.

Page 23: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

7

Embora as aplicações mais recentes do processo MED tenham sido na Índia,

Caribe, Ilhas Canárias e Emirados Árabes, a sua popularidade no mundo vem aumentando

após a utilização das plantas MED de configuração HTTF.

Muitos artigos têm sido publicados fazendo análise sobre vários aspectos relativos a

planta MED. Problemas de “design” onde o número de efeitos, a temperatura do

concentrado no topo (primeiro efeito), performance do evaporador e a temperatura da água

do mar são especificados e áreas de transferência de calor e o consumo de calor específico

são calculados.

Takada e Draka (1983), fizeram a descrição de um evaporador do tipo HTTF onde

mostra as vantagens deste tipo de evaporador em uma planta MED.

El-Nashar (1985), fez a descrição detalhada de uma planta de pequeno porte

instalada em Abu Dhabi (EAU) que utiliza que utiliza como energia térmica agua aquecida

através de energia solar.

El-Dessuky e Assassa (1985), contribuiram com a modelagem matemática dos

plantas MED.

Darwish e El-Hadik (1986), investigaram a performance térmica dos sistemas MED

e compararam-na com aquela dos sistemas MSF.

Morin (1993), fez a comparação do desenho e operacionalização entre os sistemas

MED e MSF.

El-Nashar e Qamhiyeh (1995), desenvolveram um programa para simular a

performance de uma planta MED.

Aly e Marwan (1997), desenvolveram um modelo dinâmico do processo MED

para estudar o comportamento transiente do sistema.

Al-Shammiri e Safar (1999), abordaram sobre o aspectos gerais de uma planta

MED comercial associado ao aspecto técnico relativos a correntes, condensadores,

evaporadores, bombas e capacidade. Abordaram também sobre taxa de ganho, temperatura

operacional, materiais de construção, manutenção e operações desta planta.

García-Rodríguez e Gómez-Camacho (1999), avaliaram o custo de produção de

uma planta MED acoplada a um coletor solar instalada na plataforma solar de Alméria

(PSA), Espanha. Eles compararam os custos da água da planta MED com uma planta que

utiliza fonte de energia convencional.

Page 24: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

8

El-Nashar (2000a), desenvolveu um programa simplificado para simular a

performance de uma planta MED.

El-Nashar (2000b), Utilizou um programa, denominado SOLDES, para simular

simular a operação de uma planta MED.

2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO DOS PRINCIPAIS PROCESSOS

DE DESSALINIZAÇÃO

Um dispositivo de dessalinização essencialmente efetua a separação da água

salgada em dois fluxos: um com baixa concentração de sais dissolvidos (o fluxo de água

doce, potável) e, o outro contendo os remanescentes sais dissolvidos (o concentrado ou

fluxo de salmoura). O dispositivo requer energia para operar e pode usar variadas

tecnologias para efetuar a separação.

2.3.1 Processos Térmicos

Mais de 60% da água dessalinizada no mundo, é produzida com calor para destilar

águas do mar e obter-se água doce. Para isso ser feito economicamente, numa estação de

dessalinização o ponto de ebulição é controlado por ajuste da pressão da água que está

sendo destilada.

Para reduzir significativamente a quantidade de energia necessária para a

vaporização, o processo de destilação para dessalinização usualmente adota múltiplas

ebulições em sucessivos estágios, cada qual operando a uma menor temperatura e pressão.

Outro fator importante é o controle de crosta. A água do mar é uma complexa

mistura de sólidos dissolvidos, gases e vida marinha. Os sólidos representam um particular

papel de deterioração no processo de transferência de calor porque alguns deles se

depositam nas superfícies do tubo de aquecimento formando uma crosta. Os organismos

marinhos também podem se agregar à área de transferência de calor e desenvolver uma

camada de isolamento. Tais fenômenos podem reduzir drasticamente o coeficiente de

transferência de calor total, comprometendo a eficiência do processo.

Page 25: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

9

Para minimizar os efeitos desses componentes, a água do mar é pré-tratada para

remoção das substâncias nocivas ou para torná-las inativas. As substâncias mais comuns na

formação de crostas são: sulfato de cálcio, hidróxido de magnésio e carbonato de cálcio. O

pré-tratamento no controle de pH e descarbonatação vai impedir a formação de crosta de

hidróxido de magnésio e carbonato de cálcio. Quanto ao controle do sulfato de cálcio, se o

processo de dessalinização for de alta eficiência, com utilização de temperaturas inferiores

a 95oC , não haverá problema, uma vez que ele se torna mais insolúvel com o aumento da

temperatura acima da temperatura mencionada. Caso contrário, haverá necessidade de

maior investimento no pré-tratamento. Organismos marinhos presentes na água a tratar

podem ser removidos através de cloração, que além de eliminar os organismos existentes,

previne crescimentos subseqüentes.

A máxima temperatura permitida para a liberação do vapor d‟água de uma solução

depende da volatilidade dos componentes do soluto, das condições nas quais se formam as

incrustações e ocorre a corrosão.

A pressão de vapor da água do mar é cerca de 1,84% menor do que a pressão de

vapor de água doce, para uma dada temperatura, e, a uma dada pressão, a elevação do

ponto de ebulição é 0,46; 0,53 e 0,60oC, a respectivamente 75, 100 e 125

oC. A pressão

atmosférica, a ebulição da água doce ocorre a 100oC e a da água do mar a 100,53

oC. Essas

diferenças parecem desprezíveis, mas são importantes, especialmente na destilação por

múltiplos estágios (SPIEGLER, 1965).

Vários meios, tais como queima a de combustíveis fósseis, água aquecida através

de energia solar e mesmo energia elétrica, alem de rejeitos térmicos, podem ser usados

para fornecer calor para a destilação. O mais usado é o vapor d‟água condensado, porque

oferece vantagens: é fácil controlar sua temperatura e possui quantidade relativamente

grande de calor latente que é liberado com a condensação.

Na destilação, o processo de transferência de calor é essencial. O principal fator que

determina o porte de uma unidade de destilação é a taxa de transferência de calor, que se

dá, em geral através de um tubo de aquecimento.

Quanto maior for o coeficiente de transferência total de calor, mais eficiente será o

fluxo de energia, havendo possibilidade de diminuir a área de transferência de calor, o que

pode significar instalações de menor porte e, portanto, mais econômicas.

Page 26: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

10

Diferentes arranjos caracterizam os tipos de processos de destilação. Os principais

processos são: Flash de Múltiplo Estágio, Destilação através de Energia Solar, Ebulição de

Efeito Múltiplo, Compressão de Vapor. Dentre estes, três tipos básicos são mais

comercialmente usados: Flash de Múltiplos Estágios, Destilação de Múltiplo Efeito e

Compressão de Vapor.

Outro processo térmico de dessalinização é o Congelamento. Os métodos de

congelamento são: Congelamento Direto e Congelamento Indireto.

2.3.1.1 Destilação “Flash” de Múltiplo Estágio

No processo MSF ilustrado na figura 2.1, a água marinha é aquecida em um

recipiente chamado de aquecedor de água salgada. Isto é feito geralmente condensando-se

o vapor em uma série de tubos que passam através do recipiente que por sua vez aquece a

água marinha. Esta água marinha aquecida flui então para outro recipiente, denominado de

estágio, onde a pressão é tal que a água irá ferver imediatamente. A introdução súbita da

água aquecida na câmara faz com que esta ferva rapidamente, quase explodindo ou

transformando-se rapidamente em vapor. Geralmente, apenas uma pequena parcela desta

água é convertida em vapor (vapor d‟água), dependendo da pressão mantida neste estágio a

ebulição irá continuar apenas até o ponto em que a água resfria.

O conceito de destilação de água com um recipiente operando a uma pressão

reduzida não é novo e tem sido bem utilizado. Nos anos 50, foi desenvolvida uma unidade

que utilizava uma série de etapas estabelecidas a pressões atmosféricas cada vez mais

baixas. Nesta unidade, a água poderia passar de um estágio para outro e ser fervida

repetidamente à medida que se adiciona mais calor. Tipicamente, uma planta MSF pode

conter de 4 a 40 estágios.

Page 27: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

11

Figura 2.1: Destilação por evaporação “Flash” – SPIEGLER (1965)

O vapor gerado pelo “flashing” é convertido em água doce através da condensação

em tubos de troca de calor que correm através de cada estágio. Os tubos são resfriados

através da entrada de água que vai para o aquecedor de água salgada. Isto, por sua vez,

aquece a água de forma que a quantidade de energia térmica necessária no aquecedor para

aumentar a temperatura da água salgada seja reduzida.

Plantas de MSF geralmente operam a altas temperaturas, de 90 a 120oC. Um dos

fatores que afetam a eficiência térmica da planta é a diferença na temperatura do aquecedor

de água salgada para o condensador no final frio da planta. Operando uma planta a limites

de temperatura mais altos do que 120oC tende-se a aumentar a eficiência, mas também

aumenta o potencial para formação de crostas e acelerar a corrosão de superfície do metal.

À primeira vista, os processos „flash‟ parecem ineficientes porque água quente

esfria consideravelmente, quando só uma pequena fração foi evaporada. Por exemplo, a

evaporação de cerca de 7 % de uma dada quantidade de água inicialmente a 100oC, causa

esfriamento a 60 oC. Por outro lado, as vantagens de minimizar a formação de incrustações

e a simplicidade do modelo dos evaporadores “flash”, fazem com que seja competitivo.

Como exemplo de aplicação dos processos tipo “flash” podem ser citadas instalações no

Page 28: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

12

Kuwait, com produção de 115,74 kg de água/s e um projeto de demonstração em San

Diego, produzindo 46,30 kg de água/s.

É possível produzir mais destilado por unidade de aquecimento de vapor, se o

processo “flash” é realizado em mais de um estágio. Por exemplo, considerando dois

estágios, a água salina vai evaporar a 60oC na primeira câmara e a 40

oC na segunda,

quando a água salina de alimentação está aproximadamente 20oC. A quantidade de água

evaporada em cada um dos dois estágios aproximadamente é a metade da evaporada no

estágio único.

Com dois estágios, o resíduo salino concentrado é descarregado a 40oC, ao invés

dos 60oC no estágio único, portanto, menos calor é perdido com a descarga do resíduo, e o

aquecedor deverá elevar a temperatura da água salina de 60oC para 80

oC, e não de 60 a

100oC como no estágio único.

Resumindo, o fornecimento de calor externo para dois estágios é a metade do

necessário para estágio único.

Os valores de temperatura mencionados são aproximados, apenas para ilustrar que a

economia cresce com o aumento do número de estágios.

Há perdas na transferência de calor, portanto a água salina, nos tubos de entrada,

deixa os estágios sem absorver o calor total do vapor condensado. Na verdade, o

coeficiente de transferência de calor é menor do que o do evaporador de múltiplo “efeito”,

porque a água salina nos tubos do evaporador “flash” não entra em ebulição.

Para usar uma significativa porção do calor latente do resíduo salino concentrado e

aquecido que deixa o primeiro estágio, só 10 a 20 % são descartados, e o resto recirculado

pela seção de aquecimento.

O carbonato de cálcio é precipitado através do pré-tratamento dá água salina para

são formar incrustações aderentes aos tubos. A corrosão é minimizada, passando a água de

alimentação através de um dispositivo que subtrai o ar, antes de entrar para o aquecimento.

Grandes quantidades de ar e dióxido de carbono contido na água são também liberadas no

pré-tratamento.

Ar e gases incompressíveis são continuamente eliminados através do sistema de

ventilação, para manter as pressões nos diferentes estágios.

O principal custo de investimento é representado pelo material da tubulação e é

costume considerar a economia da evaporação “flash” em termos de tratamento de sua área

Page 29: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

13

de transferência de calor. O aumento do número de estágios causa um decréscimo na

requerida área de troca de calor. Por exemplo, comparando instalações contendo grande

numero de estágios, e tendo idêntica produção diária, pode-se demonstrar que o grau de

desempenho é proporcional à área de aquecimento.

Os tubos de aquecimento podem ser dispostos vertical ou horizontalmente. Cada

arranjo tem suas vantagens, mas a horizontal é preferível para unidades maiores.

A Figura 2.2 mostra esquematicamente o processo de evaporação “flash” para n

estágios: a água a tratar passa por uma seqüência de trocadores de calor, nos quais a

temperatura é progressivamente acumulada, por condensação do vapor produzido nas

correspondentes câmaras de expansão („flash‟), atingindo de 80 a 110oC. Depois de

aquecimento suplementar entre 90 e 120oC por uma fonte externa de vapor, a água salina é

expandida consecutivamente através de um número n de estágios, contendo trocadores de

calor, onde sua pressão de vapor é progressivamente reduzida.

Ebulição e evaporação parcial ocorrem em cada estágio, o vapor condensado no

correspondente trocador de calor, sendo coletado nos canais como destilado, deixando

progressivamente a instalação, em paralelo com o rejeito salino, até que ambos são

extraídos do último estágio à temperatura de cerca de 40oC. Vácuo é aplicado nas câmaras

„Flash‟ para manter a queda requerida na pressão do vapor.

Figura 2.2: Destilação por evaporação “Flash” de múltiplo estágio – LORCH (1987).

Page 30: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

14

2.3.1.2 Destilação Solar

A utilização direta da energia solar para a dessalinização da água tem sido

pesquisada e utilizada já a algum tempo. Durante a II Guerra Mundial, realizou-se trabalho

considerável para fazer pequenos alambiques solares, conhecidos como destiladores

solares, para utilização em botes salva-vidas. Este trabalho continuou após a guerra,

resultando numa variedade de dispositivos sendo construídos e testados.

Estes dispositivos geralmente imitam uma parte do ciclo hidrológico natural no

qual a água salina é aquecida pelos raios solares de forma a propiciar a produção de vapor

d‟água (umidificação). O vapor de água é então condensado em uma superfície fria e o

condensado coletado como água produto. Um exemplo deste tipo de processo é o

destilador solar, similar à estufa solar de plantas e vegetais, no qual a água é aquecida num

reservatório existente sobre o piso (ocupando toda área do piso). A água condensa na

superfície interna da cobertura inclinada de vidro que cobre o reservatório conforme

mostra a figura 2.3.

As variantes deste tipo de destilador solar têm sido feitas num esforço para

aumentar a sua eficiência, mas todos compartilham as seguintes dificuldades, que

restringem a utilização desta técnica para produção em larga escala:

- Necessidade de amplas áreas de coleta solar;

- Alto custo de capital;

- Vulnerabilidade a danos relacionados ao clima.

Os destiladores solares são dispendiosos na construção, embora a energia térmica

deva ser livre de custos, a energia adicional é necessária para bombear a água. Alem disso,

é necessária manutenção e operacionalização cuidadosas para prevenir a formação de

escalas (crostas) causada pela secagem do reservatório.

Page 31: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

15

Figura 2.3: Destilação por evaporação através de energia solar – SPIEGLER (1965)

Vários dispositivos já foram utilizados para aumentar o efeito da radiação solar, tais

como o emprego de lentes e espelhos. A radiação solar se divide em três tipos: 40 % de

radiação visível, cerca de 5% de radiação ultravioleta, que varia com a umidade do ar, e

radiação infravermelha invisível que representa de 55 a 60 % da energia solar.

É possível captar mais energia pela rotação da superfície receptora continuamente

para manter sempre incidência normal. Por exemplo, numa latitude de 35o, é possível

interceptar 58% de radiação solar a mais.

As perdas de energia dependem de:

Condições meteorológicas, tais como, irradiação, temperatura do ar, velocidade

dos ventos;

Projeto do evaporador, tais como, tipo de material, forma e orientação do

evaporador e profundidade da câmara a evaporar, a qual afeta a variação da

temperatura diária da água salina, o que tem influência decisiva nas perdas.

Page 32: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

16

Exemplos de aplicação do processo na África e na Índia apresentaram produção na

faixa de 1,9.10-7

m3/s/m

2 a 3,7.10

-7 m

3/s/m

2, com eficiência de 50% do aproveitamento da

energia solar disponível.

2.3.1.3 Destilação de Múltiplo Efeito (MED)

Destilação de múltiplos efeitos (MED), como o processo MSF, acontece em uma

série de recipientes (efeitos) e utiliza o princípio de redução de pressão interna nos vários

efeitos. Isto permite à água marinha se submeter à ebulição múltipla sem suprimento de

calor adicional após o primeiro efeito. Em uma planta MED, a água marinha entra no

primeiro efeito e a sua temperatura é elevada até o ponto de ebulição após ser pré-aquecida

nos tubos. A água marinha é então vaporizada sobre as superfícies dos tubos evaporadores

numa película fina para promover ebulição e evaporação rápida. Os tubos são aquecidos

pelo vapor através de um aquecedor, ou de outra fonte, que é condensado durante o

processo de transferência de calor. O condensado do vapor é reciclado para reutilização.

Apenas uma porção de água marinha aplicada aos tubos do primeiro efeito é

evaporada. A água remanescente é levada para o segundo efeito, onde é novamente

aplicada a uma série de tubos. Estes tubos são por sua vez aquecidos pelos vapores criados

no primeiro efeito. Este vapor é condensado formando o produto água doce, enquanto

libera calor para evaporar uma porção de água marinha remanescente no próximo efeito.

Isto continua pelos vários efeitos. Nas grandes plantas, tipicamente são encontradas de 8 a

16 efeitos.

Figura 2.4: Destilação por evaporação de múltiplo efeito – LORCH (1987)

Page 33: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

17

Algumas das plantas mais recentes foram construídas para operar com uma

temperatura de topo (no primeiro efeito) de cerca de 70 oC. Isto reduz o potencial para

formação de crostas causadas pela água marinha no interior da instalação, mas por sua vez

aumenta a necessidade da área de transferência de calor adicional na forma de tubos. À

maioria das instalações mais recentes das plantas MED estão localizadas em algumas áreas

caribenhas. Embora o número de plantas MED ainda seja relativamente pequeno em

comparação aos de plantas MSF, este número tem aumentado.

2.3.1.4 Destilação por Compressão de Vapor

A destilação por compressão de vapor é geralmente utilizada para unidades de

dessalinização de água marinha em larga e média escala. O calor para evaporação da água

vem da compressão do vapor muito mais do que da troca direta de calor a partir do vapor

produzido em um aquecedor.

As plantas que utilizam este processo são geralmente desenhadas para tirar

vantagem do princípio de redução da temperatura do ponto de ebulição através da redução

de pressão. Dois métodos primários são utilizados tanto para condensar vapor quanto para

produzir calor suficiente para evaporar a água do mar que chega: um compressor mecânico

ou um jato de vapor. O compressor mecânico é comumente operado eletricamente,

permitindo o uso exclusivo de energia elétrica para produzir água através da destilação.

As unidades de VC têm sido construídas em várias configurações para promover a

troca de calor para evaporar a água marinha. O compressor cria um vácuo no recipiente e

então comprime o vapor retirado do recipiente e condensa-o dentro de um grupo de tubos

no mesmo recipiente. A água marinha é espalhada nas superfícies dos tubos aquecidos

onde ferve e evapora parcialmente, produzindo mais água.

Na unidade VC do tipo jato de vapor, também chamado de termo-compressor, um

orifício no jato de vapor cria e extrai vapor de água do recipiente principal, criando uma

pressão ambiente mais baixa neste. O jato de vapor comprime o vapor de água extraído.

Esta mistura é condensada nas paredes do tubo para fornecer energia (calor de

condensação) para evaporar a água marinha que é aplicada no lado externo das paredes do

tubo no recipiente.

Page 34: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

18

Figura 2.5: Destilação pelo Processo de compressão de Vapor – LORCH (1987)

Tem-se na figura 2.5 um esquema simplificado do processo. A água a tratar é pré-

aquecida a uma temperatura de 60 a 100oC pela troca de calor com a condensação do

destilado e com o rejeito salino. Para dar a partida e garantir as condições de operação

normal, um pré-aquecedor é alimentado externamente. O processo pode ser único ou com

vários efeitos. O vapor produzido no efeito é comprimido, mecanicamente ou por termo-

compressão antes de entrar no condensador e realizar a troca de calor no evaporador. O

destilado e o rejeito salino são descarregados através de um trocador de calor.

2.3.1.5 Congelamento

Foi realizado um amplo trabalho nos anos 50 e 60 para desenvolver a

dessalinização por congelamento. Durante o processo de congelamento, os sais dissolvidos

são excluídos naturalmente durante a formação de cristais de gelo. A água marinha pode

ser dessalinizada através do resfriamento para formar cristais em condições controladas.

Antes de toda a massa de água ter sido congelada, a mistura é normalmente lavada e

enxaguada para remover os sais da água remanescente ou aderidos aos cristais de gelo. O

gelo é então derretido para produzir água doce.

Teoricamente, o congelamento tem algumas vantagens sobre a destilação, o

processo predominante de dessalinização à época em que o processo de congelamento foi

Page 35: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

19

desenvolvido. Estas vantagens incluem uma requisição de energia teoricamente mais baixa,

potencial mínimo para corrosão e pouca incrustação ou precipitação. A desvantagem é que

esta envolve o manuseio de misturas de gelo e água que são mecanicamente complexas

tanto no transporte, como no processamento.

Os processos de dessalinização por congelamento são baseados nos princípios e

equipamentos da tecnologia de refrigeração, e podem se diretos ou indiretos.

No congelamento direto, a água funciona como seu próprio refrigerante, usando

vapor d‟água, e no indireto é usado é usado um líquido mais volátil, como por exemplo o

n-butano, que é insolúvel na água, dispensando a instalação de dois sistemas de circulação

separados por superfícies de troca de calor.

2.3.1.5.1 Congelamento Direto

No congelamento direto, água a tratar é pré-resfriada por troca de calor e entra

numa torre de congelamento ou “freezer”, conforme mostra a figura 2.6, onde a pressão é

mantida a aproximadamente 4,052.102 N/m

2, Sob tal pressão, a água salina entra em

ebulição e libera vapor. Este calor de evaporação é removido da água resfriada é dá início à

formação dos cristais de gelo. O líquido residual é o resíduo salino concentrado, que

através de trocadores de calor, volta à temperatura ambiente e é afastado do processo, com

exceção de uma parcela que retorna ao “freezer”, para controle da fluidez do rejeito.

Figura 2.6: Congelamento Direto – SPIEGLER (1965)

Page 36: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

20

Os cristais de gelo são raspados na direção do derretedor, que para impedir a

entrada de ar e facilitar a entrada dos cristais, mantém a mesma pressão do “freezer”. No

recipiente de derretimento, o gelo é distribuído e entra em contato com o vapor d‟água do

“freezer” que é condensado, derretendo o gelo. A água produzida está à temperatura

próxima do ponto de congelamento, o que é aproveitado, bombeando-a para

armazenamento, através de trocadores de calor que vão resfriar a água de alimentação que

está entrando no processo.

Para manter o equilíbrio térmico do sistema, é preciso compensar as entradas de

calor, derivadas das seguintes fontes: energia aplicada ao compressor principal, trabalho de

bombeamento e penetração de calor da atmosfera. Para isolar o sistema dessas entradas de

calor, em geral e usado m sistema convencional de refrigeração, que remove calor da água

de alimentação.

2.3.1.5.2 Congelamento Indireto

No sistema de congelamento, mostrado na figura 2.7, o n-butano é misturado com a

água do mar pré-resfriada. Ocorre então a troca de calor, congelando a água e esquentando

o hidrocarboneto. Devido à baixa pressão no sistema, o n-butano evapora.

Figura 2.7: Congelamento Indireto - SPIEGLER; LAIRD (1980).

Page 37: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

21

A solução salina adsorvida nos cristais de gelo é removida através de lavagem com

água doce. Os cristais de gelo são levados a um recipiente para o derretimento e obtenção

do produto água.

Pouca energia é envolvida nesse processo, no qual são formados gelos de

relativamente grandes dimensões, diminuindo os custos de lavagem. Se a taxa de formação

de cristais for alta, e a retirada de vapores não esta envolvida, o equipamento requer

volume relativamente pequeno. A desvantagem de processo indireto é a dispendiosa

separação e lavagem do gelo.

2.3.2 Processos Através de Membrana

Na natureza, as membranas desempenham um importante papel na separação dos

sais. Isto inclui tanto os processos de diálise quanto de osmose que ocorrem no corpo. As

membranas são utilizadas em dois processos comercialmente importantes de

dessalinização: Eletrodiálise (ED) e Osmose Reversa (RO). Cada processo utiliza a

capacidade das membranas de diferenciar e separar seletivamente sais e água. Entretanto,

as membranas são utilizadas diferentemente em cada um destes processos.

A eletrodiálise utiliza um potencial elétrico para deslocar seletivamente os sais

através de uma membrana, deixando para trás água doce, como produto.

No processo RO, a pressão é utilizada para a separação permitindo-se que a água

doce se mova através de uma membrana, deixando para trás os sais.

Estes dois conceitos têm sido explorados pelos cientistas desde a virada do século

passado, mas sua comercialização para dessalinização da água tem ocorrido apenas nos

últimos trinta anos.

2.3.2.1 Osmose Reversa

Na osmose reversa, a água escoa no sentido inverso ao da osmose, devido à

aplicação de pressão à solução mais concentrada. Portanto, a água passa pela membrana no

sentido da solução mais diluída, produzindo água doce, deixando para trás um resíduo

Page 38: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

22

fortemente concentrado e sob pressão, obviamente superior à pressão osmótica e cujo valor

depende da diferença entre as concentrações.

Na prática, a água salina é bombeada para um recipiente fechado onde é

pressurizada contra a membrana. Como uma parte da água passa através da membrana, a

água remanescente aumenta a concentração de sal. Ao mesmo tempo, uma parte desta água

é escoada sem passar através da membrana.

A Figura 2.8 mostra uma comparação entre osmose e osmose reversa.

Figura 2.8: Comparação entre Osmose e Osmose Reversa – KEMMER (1988).

Sem este escoamento controlado, a água pressurizada continuaria a aumentar a

concentração de sal, criando problemas como precipitação de sais supersaturados e

aumento da pressão osmótica através das membranas. A quantidade de água escoada para

ser consumida neste fluxo de salmoura varia de 20 a 70% do fluxo de alimentação,

dependendo da quantidade de sal da água do abastecimento.

O pré-tratamento é importante na RO porque a água deve passar através de

passagens muito estreitas durante o processo. Por conseguinte, os sólidos suspensos devem

ser removidos e a água pré-tratada de forma a não ocorrer precipitação de sal ou

crescimento de microorganismos nas membranas. Normalmente o pré-tratamento consiste

de filtração e adição de ácido ou outras substâncias químicas para inibir a precipitação.

Page 39: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

23

A bomba de alta pressão fornece a pressão necessária para permitir à água passar

pela membrana e ter os sais rejeitados. Esta pressão varia de 1,7.106 a 2,7.10

6 N/m

2 para a

água salobra e de 5,4.106 a 8,0.10

6 N/m

2 para a água salgada.

A membrana e seu conjunto consistem de um recipiente de pressão e uma

membrana que permite que a água seja pressurizada contra a membrana. A membrana deve

ser capaz de suportar a queda de toda a pressão através dela. As membranas

semipermeáveis são frágeis e variam em sua capacidade de passar água doce e rejeitar a

passagem de sais. Nenhuma membrana é perfeita na sua capacidade de rejeição de sais, de

forma que uma pequena quantidade de sais passa através da membrana e aparece na água

produto.

As membranas de RO são de configurações variadas. Duas destas membranas mais

bem sucedidas comercialmente são em forma de espiral e a de fibra fina porosa. Estas

configurações são utilizadas para dessalinizar tanto água salobra quanto marinha, embora a

construção da membrana e o recipiente de pressão irão variar dependendo do fabricante e

do conteúdo de sal da água.

O pós-tratamento consiste na estabilização da água e preparação desta para

distribuição. Este pós-tratamento deverá consistir da remoção de gases tais como sulfeto de

hidrogênio e ajuste de pH.

Dois aperfeiçoamentos têm ajudado a reduzir o custo operacional das plantas RO

durante a ultima década: O desenvolvimento de membranas que possam operar

eficazmente com pressões mais baixas e a utilização de instrumentos para recuperação de

energia. As membranas de baixa pressão são amplamente utilizadas para dessalinizar água

ligeiramente salgada (salobra). Os instrumentos de recuperação de energia são conectados

ao fluxo de concentrado à medida que este deixa o recipiente de pressão. A água na

corrente de concentrado perde apenas 1,0.106 a 4,0.10

6 N/m

2 em relação à pressão aplicada

pela bomba de alta pressão. Estes instrumentos de recuperação de energia são mecânicos e

geralmente consistem de turbinas ou bombas de algum tipo que possam converter a queda

de pressão em energia rotativa.

Os principais problemas que envolvem o equipamento de osmose reversa em geral

e a membrana em particular são provocados por resíduos. Portanto, ao projetar o pré-

tratamento é necessário considerar o seguinte:

incrustações nas membranas

Page 40: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

24

precipitação de óxidos metálicos

entupimento no equipamento

resíduos coloidais

crescimento biológico dentro do equipamento.

O projeto simplificado de um sistema de osmose reversa para a dessalinização de

água consiste basicamente de uma bomba para trazer a água a tratar na pressão de operação

requerida, uma membrana num recipiente sob pressão e uma válvula para controle da

descarga do rejeito salino. Entretanto, para que o tratamento seja interessante devem ser

consideradas algumas exigências tais como:

Resistência da membrana a pressões da ordem de 14,18.105 a 83,08.10

5 N/m

2 ,

dependendo da concentração dos sólidos dissolvidos totais da água a tratar

Alta produtividade por unidade de volume

Manutenção fácil da limpeza do equipamento

Evitar a passagem secundária da água de alimentação para o produto.

2.3.2.2 Eletrodiálise

A eletrodiálise foi comercialmente introduzida nos anos 60, cerca de 10 anos antes

da Osmose Reversa. O desenvolvimento da eletrodiálise forneceu uma forma eficaz no que

se refere a custo para dessalinizar a água salobra e incitou um interesse considerável nesta

área.

A eletrodiálise depende dos seguintes princípios gerais:

A maioria dos sais dissolvidos na água são iônicos, estando carregados

positivamente (catiônico) ou negativamente (aniônico).

Estes íons são atraídos para eletrodos com carga elétrica oposta.

As membranas podem ser construídas para permitir a passagem seletiva tanto de

ânions como de cátions.

Os constituintes iônicos desenvolvidos em uma solução salina tais como Na+, Ca

2+

e CO32-

estão dispersos na água, neutralizando eficazmente suas cargas individuais.

Quando são colocados eletrodos ligados a uma fonte externa de corrente continua como

Page 41: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

25

uma bateria e um contêiner de água salgada, a corrente elétrica é transportada através da

solução, com os íons tendendo a migrar para o eletrodo de carga oposta.

Para estes fenômenos dessalinizarem a água, as membranas deverão permitir a

passagem de cátions ou ânions (mas não de ambas), sendo colocadas entre um par de

eletrodos. Estas membranas são arrumadas alternadamente com uma membrana seletiva de

ânions seguida de uma membrana seletiva de cátions. Uma chapa espaçadora que permite à

água fluir pela face da membrana é colocada entre cada par de membranas.

Um espaçador estabelece um canal que transporta água como produto, enquanto o

próximo carrega água salobra. Como os eletrodos estão carregados e a água salina flui ao

longo do espaçador em ângulos retos para os eletrodos, os ânions na água são atraídos e

desviados na direção dos eletrodos positivos. Isto dilui o conteúdo de sal da água no canal.

Os ânions passam através da membrana seletiva de ânions, mas não podem passar além da

membrana seletiva de cátions, que bloqueia seu trajeto e prende o ânion na água salgada.

De forma semelhante, os cátions sob a influencia do eletrodo negativo movem-se na

direção oposta através da membrana seletiva de cátion para o canal de concentrado no

outro lado. Aqui os cátions são aprisionados porque a próxima membrana é seletiva de

ânions e evita mais movimento na direção do eletrodo.

Através desta combinação, as soluções concentradas e diluídas são criadas nos

espaços entre as membranas alternantes. Estes espaços, ligados pelas duas membranas

(uma aniônico e outra catiônica) são chamados células. O par de células consiste de duas

células, uma na qual os íons migram (a célula diluída com a água produto) e outra na qual

os íons se concentram (a célula concentrada com o fluxo de salmoura).

A unidade básica de eletrodiálise consiste de vários pares (centenas) de células

juntas a eletrodos na parte externa e é referida como um perfilado de membranas. A água

passa simultaneamente em caminhos paralelos através de todas as células para

proporcionar um fluxo contínuo de água dessalinizada e água salgada para emergir no

perfilado. Dependendo do desenho do sistema, produtos químicos podem ser adicionados

aos fluxos no perfilado, para reduzir o potencial de formação crostas.

A água em estado natural deve ser pré-tratada para evitar a existência de materiais

que poderiam danificar as membranas ou obstruir os canais estreitos nas células de entrada

do perfilado de membrana. A água circula através da parede através de uma bomba de

baixa pressão com energia suficiente para se sobrepor (vencer) a resistência da água à

Page 42: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

26

medida que esta passa através de passagens estreitas. Geralmente, é usado um retificador

para transformar corrente alternada em corrente contínua nos eletrodos do lado externo dos

perfilados de membranas.

O pós-tratamento consiste na estabilização da água e na preparação desta para a

distribuição. Este pós-tratamento deverá consistir da remoção de gases tais como sulfeto de

hidrogênio e ajuste de pH.

A medida da eficiência do processo é quanto da energia aplicada é usada no

transporte dos íons, em oposição à dissipação como calor no retorno da resistividade

elétrica interna do sistema, ou seu desperdício em outra forma de expressão eletroquímica.

Uma das exigências no desempenho das membranas, é que passem facilmente os íons para

minimizar a resistência interna. A segunda é que possuam baixa transferência de água, para

assegurar tão alta produção de água dessalinizada quanto possível.

Como qualquer processo, a eletrodiálise também apresenta alguns problemas:

impedimentos à passagem de corrente elétrica entre o arranjo das membranas, com as

interfaces solução/membrana apresentando resistências, imperfeição das membranas na

seletividade dos íons, desperdício de energia provocado pelo aquecimento das próprias

membranas e da solução ionizada, e polarização das concentrações de sal. Portanto, os

níveis teóricos de energia necessária para a prática da eletrodiálise ficam maiores.

A eficiência total do processo depende da eficiência na utilização da corrente

elétrica, das necessidades de voltagem e da polarização da solução. O nível de eficiência de

corrente vai depender da quebra da molécula da água com a ionização, formando

hidrogênio (H+) e hidroxila (OH-), e conseqüentemente desvio de corrente: menor

seletividade das membranas é função da grande transferência de água e surgimento de

corrente alternativa paralela através das pilhas, e uma tendência à formação de incrustações

de carbonato e sulfato de cálcio, junto às membranas.

A polarização, além de conseqüências técnicas, apresenta conseqüências

econômicas. O uso de bombas de circulação, caracterizadas por altas taxas de escoamento,

minimiza a formação de camadas nas divisas e aumentam os espaços dos compartimentos.

Os custos de energia de circulação serão adicionados, mas, a redução da polarização vai

diminuir a energia total necessária à pilha.

Reações podem ocorrer nos eletrodos, aumentando o consumo de energia além de

conseqüências prejudiciais ao processo. O trafego de elétrons que ocorre nos eletrodos

Page 43: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

27

resulta em reações químicas, que devem se acomodadas no projeto da pilha. Para tanto,

recomenda-se isolamento hidráulico dos compartimentos dos eletrodos. Reações no catodo

provocam aumento da alcalinidade devido à formação de hidroxilas, e neste caso deve-se

ajustar o pH. E se houver tendência à concentração de íons cloro (reações no anodo), pode-

se usar agentes redutores, tais como bissulfito de sódio.

Do ponto de vista do produto água, é importante considerar:

A alimentação do processo deve ser água livre de ferro, manganês, turbidez, e

matéria orgânica para a ótima operação.

Dados sobre a vida útil das membranas e eletrodos são importantes na

determinação de custo.

Em geral, 10 a 30% da alimentação são necessários para afastar os sais

concentrados e os minerais removidos. Pequenas unidades compactas de

eletrodiálise produzem de 0,5 m3 a 1,0 m

3 de água por dia, consumindo menos

que 60 watts. Em geral são empregados para uso doméstico e pequenas

fazendas onde energia elétrica é disponível.

Para tratamento da água do mar não é considerado um processo econômico,

devido a alta concentração de sólidos dissolvidos.

Page 44: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

28

CAPÍTULO III

BALANÇO TERMICO EM UM DESSALINIZADOR MED DE

PEQUENO PORTE TIPO HTTF

3.1 INTRODUÇÃO

A configuração típica utilizada nos desenhos de plantas MED mais atuais é a do

tipo HTTF com uma disposição na qual a água salgada é distribuída como um delgado

filme sobre a face externa dos tubos horizontais com o vapor que se condensa fluindo para

a face interna dos tubos. Podem ser alcançados altos coeficientes de transferência de calor

devido ao fato de que a água salgada está fervendo fora dos tubos e o vapor está se

condensando dentro. Com o vapor que aquece entrando na série de tubos por um lado e o

destilado sendo descarregado pelo outro, temos gases não condensáveis direcionados

positivamente e unidirecionalmente, fora da zona de transferência de calor. O

desprendimento do vapor da água em ebulição é muito suave, de forma que o transporte de

gotículas é minimizado visto que a evaporação ocorre por sobre toda a superfície de

transferência de calor.

Este desenho tem a importante vantagem de ser estável a condição de carga parcial

com respostas rápidas às alterações nas condições terminais devido à quantidade

relativamente pequena de água salgada nos efeitos. Este aspecto é particularmente

importante quando se utiliza uma fonte de energia solar para suprir a energia térmica na

forma de água aquecida para o primeiro efeito do evaporador. Em uma situação assim, a

temperatura da água aquecida varia durante o dia, dependendo da intensidade da radiação

solar que cai nos coletores solares e o evaporador irá operar sob condições de carga parcial

em uma parte substancial de um dia típico.

Page 45: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

29

As plantas MED de disposição HTTF podem ser configuradas de várias formas. O

arranjo normal é ter o suprimento pré-aquecido em vários pré-aquecedores até atingir uma

temperatura logo abaixo daquela do primeiro efeito numa configuração de alimentação

para frente com um fluxo e água salgada (concentrado) único em cada efeito. A água

salgada do segundo efeito se torna o abastecimento do terceiro efeito e assim por diante.

Neste arranjo a concentração da água salgada aumenta enquanto que a temperatura diminui

à medida o concentrado avança do efeito de topo para os que os se sucedem,

conseqüentemente a concentração mais alta ocorrerá à temperatura mais baixa. Este é

obviamente o melhor arranjo do ponto de vista de formação de crostas.

3.2 ASPECTO DO DESENHO DO EVAPORADOR

O evaporador MED considerado nesse estudo é de configuração HTTF, devido a

sua configuração e arranjo este modelo é chamado de MES (Multi-efect stack), EL-

NASHAR (1985), consta de 18 efeitos, 17 pré-aquecedores e um condensador, no qual os

diferentes efeitos são dispostos em duas colunas com o efeito de topo (1º efeito) sendo

comum às duas colunas. Uma coluna contém os efeitos de números impares (1,3,5,...N-1) e

na outra coluna os efeitos de números pares (2,4,6,...N). Existem passagens com

interconexão entre os as duas colunas para permitir que o vapor gerado em m efeito passe

para o próximo efeito na outra coluna. A água de abastecimento pré-aquecida é espalhada

no feixe de tubos do primeiro efeito e a água salada (concentrado) deste efeito é dividida

igualmente entre as duas colunas (2 grupos) e flui pela ação da gravidade cascateando para

baixo de um efeito para o efeito seguinte. Dessa forma cada grupo carregará metade da

água salgada concentrada descarregada a partir do primeiro efeito. A água salgada

concentrada quando alcança o efeito mais baixo (de base) é descarregada no mar.

Cada efeito, exceto o de base, contém um feixe de tubos pré-aquecedores separados

por camadas internas de divisão. Existe uma placa de esguichos no assoalho de cada efeito

para distribuir o spray de água salgada concentrada uniformemente por sobre o feixe de

tubos do efeito seguinte. A placa de esguicho é coberta por uma tela para proteger os furos

do esguicho de entupimento por entulho. São incorporados separadores em cada passagem

de vapor para evitar o transporte de gotículas de água salgada que podem contaminar o

produto.

Page 46: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

30

A energia térmica abastece o evaporador na forma de água aquecida que flui

através do feixe de tubos do primeiro efeito. À medida que a água quente flui através dos

tubos, sua temperatura cai por causa da transferência de calor para a água marinha que

escorre por fora dos tubos.

Page 47: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

31

Figura 3.1: Diagrama esquemático do dessalinizador MED

E1 ÁGUA

AQUECIDA

P1

P2

E2

E3

Ei

Pi

Ei-1

E18

E17

P17

C ÁGUA

MARINHA

DESCARTE DO

CONCENTRADO

mf

17

md(i-1)

i=1

mv(1)

Taq(1)

Taq(2)

mc(1)/2

Tam(2)

Tam(1)

Tp(1)

mc(1)/2

mv(i)

Tp(i+1)

md(i)

Md

mv(2)

mv(3)

PRODUTO

mC(2)

mv(2)

Page 48: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

32

O vapor é gerado em cada efeito através de fervura e evaporação instantânea exceto

no primeiro efeito no qual o vapor é gerado principalmente através da fervura. O vapor

gerado em um efeito passa através dos separadores para dentro dos tubos no efeito seguinte

onde este se condensa para formar parte do vapor gerado naquele efeito. O condensado de

um efeito junta-se ao condensado do efeito seguinte através de tubos de conexões. O vapor

gerado no ultimo efeito é condensado em um condensador. O destilado que sai do

condensador junta-se ao destilado acumulado de todos os efeitos, como mostra a figura 4.1.

O nosso desenho baseia-se em uma planta MED de dessalinização solar em

funcionamento em Abu Dhabi (EUA), El-Nashar (1985). Onde, a áreas de superfícies de

cada um dos diferentes feixes de tubos são:

Evaporador do 1º efeito, 24 m2.

Evaporadores do 3º ao 13º efeitos, 61m2.

Evaporadores do 2º e do 14º ao 18º efeitos, 63m2.

Condensador, 35m2.

Pré-aquecedores, 19m2.

A capacidade nominal da planta é de 1,389 m3/s e a quantidade de calor consumido

TCC é 183,35.103 J/kg de destilado.

3.3 ANÁLISE TÉRMICA DA INSTALAÇÃO

O modelo simples a ser desenvolvido neste estudo baseia-se nas seguintes

afirmações:

O processo ocorre em regime permanente.

Nenhuma perda de calor para a atmosfera de qualquer parte da planta.

Não á mistura da água salgada concentrada com o vapor.

O condensado que deixa cada efeito está m estado líquido saturado.

A queda de pressão através dos separadores é desprezível.

A diferença entre a temperatura do vapor no ultimo efeito e a temperatura da

água marinha que sai do condensador é constante igual a 1,2 °C, em

conformidade com dados experimentas.

Page 49: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

33

A diferença de temperatura do vapor entre os sucessivos é assumida constante.

A diferença de temperatura da água de alimentação que passa através de cada pré-

aquecedor é assumida constante.

A diferença entre a temperatura de saída da água aquecida e a temperatura da água

de alimentação que deixa o pré-aquecedor é constante e igual a 1,1°C em

conformidade com dados experimentais.

A diferença entre a temperatura de saída da água aquecida e a temperatura da água

salgada concentrada no aquecedor é assumida como constante e igual a 1,2°C em

conformidade com dados experimentais.

O evaporador em estudo pode ser concebido como consistindo de quatro partes

estruturais: o bloco aquecedor (primeiro efeito), o bloco evaporador (consistindo dos

efeitos N-1) e o bloco pré-aquecedor (consistindo dos efeitos N-1) e o bloco condensador,

sendo N = 18.

3.3.1 Aquecedor

Um balanço de massa, sal e de energia em torno do aquecedor (Figura 4.2) pode ser

escrito como segue:

Figura 3.2: Diagrama de Fluxo do Aquecedor (1o Efeito)

E1

ÁGUA

AQUECIDA

maq Taq(1)

Taq(2)

CONCENTRADO DE

ÁGUA SALGADA

mc(1) Tc(1)

VAPOR

mv(1) Tv(1)

Page 50: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

34

1m)1(mm vcf ( 3.1 )

1m

mSS

c

ffc ( 3.2 )

1TCm1T1C1m1h1m2T1TCm ppffcpccvvaapaqaq ( 3.3 )

A equação da transferência de calor para o aquecedor pode ser escrita como:

1T2T

1T1Tln

2T1TUA2T1TCmQ

caq

caq

aqaq

aqaqaqaqpaqaqaq ( 3. 4)

Onde o coeficiente global de transferência de calor Uaq é dado pela seguinte

correlação baseado em testes experimentais, EL-NASHAR (1990):

1,3516

v

0,28935

v

aqaq0,476136

f

0,3039

aqaq 1T1T2

2T1Tmm

3

4,186U ( 3.5 )

Onde Uaq está em unidade J/m2.s.°C e as taxas de fluxo maq e mf são expressas em

m3/h.

3.3.2 Evaporadores

Para os efeitos E2 e E3 (Figura 4.3), as equações da conservação de massa e energia

são as seguintes:

Page 51: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

35

Figura 3.3: Diagrama de Fluxo do Evaporador (Efeitos 2 e 3)

imim2

1mvb

c ( 3.6 )

i2m

1miSiS

c

ccc ( 3.7 )

1T1C

2

1m

iTiCimihim1iQ1iL1im

cpcc

cpccvvpv

( 3.8 )

Para os efeitos seguintes (i=4 até N), Fig. 4.4, as equações da conservação de massa

e energia são:

VAPOR mv(i)

mc(i) Tc(i)

VAPOR

mV(i-1) CONCENTRADO DE

ÁGUA SALGADA

mc(i)/2 Tc(i)

CONDENSADO

md(i)

i = 2, 3

Page 52: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

36

Figura 3.4: Diagrama de Fluxo do Evaporador (Efeitos 4 a N)

imim1im vcc ( 3.9 )

im

2im2iSiS

c

ccc ( 3.10 )

1iT1iC1im

iTiCimihim1iQ1iL1im

cpcc

cpccvvpv ( 3.11 )

Onde QP(i-1) é o calor transferido a água de alimentada no pré-aquecedor (i-1).

A equação da transferência de calor para um efeito típico Ei pode ser dada como:

EPE1iTiTiAiU1iQ1iL1imiQ vvevevpvev ( 3.12 )

Onde o coeficiente global de transferência de calor Uev(i) pode ser expresso como:

ih

1

ih

1

1iU

evtevs

ev ( 3.13 )

VAPOR mv(i)

mc(i) Tc(i)

VAPOR

mV(i-1) CONCENTRADO DE

ÁGUA SALGADA

mc(i-1) Tc(i-1)

CONDENSADO

md(i)

Page 53: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

37

Onde hevs(i) e hevt(i) são os coeficientes de película do lado externo e lado interno

do tubo, respectivamente. As correlações que expressam estes coeficientes em termos de

taxa de fluxo e temperatura são obtidas de ELNASHAR (1990) e são dados abaixo:

1,063

vv

0,48

v

0,386

cevs iT1iTiTim422,2ih ( 3.14 )

1,415

vvevt iT1iT3026,7ih ( 3.15 )

Estes coeficientes são expressos em J/s.m2.°C, a taxa de fluxo em m

3/h e a

temperatura em °C.

3.3.3 Pré-aquecedores

A equação da conservação da energia para um pré-aquecedor típico (Figura 4.5), Pi

é dada abaixo:

Figura 3.5: Diagrama de fluxo do Pré-Aquecedor

1iTiTiCmiQ pppffp ( 3.16 )

SAÍDA DE

VAPOR

mf(i+1) Tp(i+1)

mv(i)

ENTRADA

DE VAPOR

mv(i)

ENTRADA

SAÍDA mf(i) Tp(i)

Page 54: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

38

Esta equação é aplicável no intervalo i = 1 a N-1. Para o ultimo pré-aquecedor, a

equação da energia toma a seguinte forma:

2T1NT1NCm1NQ amppffp ( 3.17 )

A equação da transferência de calor par um pré-aquecedor típico pode ser escrita

como:

1iTiTiCm

iTiT

1iTiTln

iTiT1iTiTAiUiQ

pppff

pv

pv

pvpvppp

( 3.18 )

O coeficiente global de transferência de calor para um pré-aquecedor típico é

também escrito em termos dos coeficientes de películas externa e externa do tubo como:

ih

1

ih

1

1iU

ptps

p ( 3.19 )

As correlações para os dois coeficientes para os pré-aquecedores são obtidas de

Duckler et al. (1969):

0,85

pvps 1iT1iT2253,5ih ( 3.20 )

0,8

fpppt miT1iT0,011,35244,4ih ( 3.21 )

As unidades para estas correlações são as mesmas como as anteriores.

Page 55: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

39

3.3.4 Condensador

A equação da conservação de massa no condensador (Figura 4.6) é como segue:

Figura 3.6: Diagrama de Fluxo do Condensador

)N(m)N(m vd ( 3.22 )

Aplicando a lei da conservação da energia em torno do condensador, obtemos:

ldvvamampamam h)N(mNhNm1T2TCm ( 3.23 )

A equação da transferência de calor para o condensador é:

2TNT

1TNTln

2TNT1TNTAUQ

amv

amv

amvamvcondcondcond ( 3.24 )

O coeficiente global de transferência de calor para o condensador é dado como

segue:

contcons

cond

h

1

h

1

1U ( 3.25 )

ÁGUA

MARINHA

mv(18)

mam, Tam(1)

md(18)

Tam(2)

Page 56: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

40

As correlações para os coeficientes de películas para o lados externo e interno do

tubo do condensador são dadas como em EL-NASHAR (1990):

0,462

amamvconds

2

2T1TNT4,649h ( 3.26 )

0,8

famamcondt m2T1T228,5h ( 3.27 )

Novamente, as unidades para estas correlações são as mesmas como as anteriores.

3.3.5 Balanço global

Em adição as equações de conservação e de transferência de calor apresentadas em

cada um dos blocos, três equações de conservação adicionais para água, sal e energia

podem ser obtidas pela aplicação dos princípios do balanço de calor e massa para a planta

como um todo. As equações resultantes são dadas abaixo:

Nm1NmMm ccdf ( 3.28 )

NSNm1NS1NmSm ccccamf ( 3.29 )

1TCmhM

NTNCNm1NT1NC1Nm

2TCm-m2T1TCm

ampamamld

cpcccpc

ampamfamaqaqpaqaq

( 3.30 )

3.4 PROPRIEDADES FÍSICAS

Estas representam uma parte complementar essencial do modelo. As propriedades

físicas usadas nesta análise são calor específico, Cp, calor latente de vaporização, Lv

elevação do ponto de ebulição e EPE.

Page 57: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

41

3.4.1 Calor específico

As correlações usadas na determinação do calor específico foi extraída de FIORINI

et al (2001):

632

p 10DTCTTAC ( 3.31 )

Onde:

22S101,2288S6,61974206,8A ( 3.31a )

242 S102,2719S105,41781,1262B ( 3.31b)

2642 S101,8906S105,3566101,026C ( 3.31c)

2967 S104,42S101,517106,87774D ( 3.31d )

Onde Cp é expresso em J/kg.°C.

3.4.2 Calor latente de vaporização

O calor latente de vaporização é determinado como em EL-NASHAR;

QAMHIYEH (1995):

4186T100,2859T100,7828T0,565597,6L 2524

v ( 3.32 )

Page 58: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

42

3.4.3 Elevação do ponto de ebulição (EPE)

As correções usadas na determinação da EPE foi extraída de EL-NASHAR;

QAMHIYEH (1995):

242 T100,1647T100,81890,9576S8,770,05EPE ( 3.33 )

3.5 MÉTODO COMPUTACIONAL

Os códigos computacionais foram desenvolvidos utilizando a linguagem de

programação FORTRAN 90 e usando-se o Power Station 4.0 sendo executado em

ambiente Windows. A plataforma computacional foi um Microcomputador K¨6 II de 450

MHz com 160 MB de memória RAM.

Um valor aproximado para a diferença de temperatura entre a água do mar na saída

do condensador, e a água do mar na entrada do condensador é assumido e ajustes da

temperatura de saída aquecida taq( 2 ) e da temperatura da água do mar na saída do

condensador tam( 2 ) são feitos.

As condições iniciais nos leva as seguintes equações:

1,22TNT amv ( 3.34 )

1,12T1T aqp ( 3.35 )

2,12T1T aqc ( 3.36 )

vvv T1iTiT ( 3.37 )

1N

NT1TT vv

v ( 3.38 )

Page 59: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

43

ppp T1iTiT Δ ( 3.39 )

1N

2T1TT

amp

p ( 3.40 )

Os parâmetros de entrada de dados são a taxa de fluxo da água aquecida maa,

temperatura da água aquecida taq, taxa de fluxo de água marinha mam taxa de fluxo da água

de abastecimento do sistema mf e temperatura da água do mar na entrada do condensador

tam( 1 ). Os resultado de saída são a produção de destilado Md, a taxa de consumo de calor

específico CCE, a distribuição de temperatura da água salgada concentrada, massa tac( i ),

massa de água salgada em cada efeito mc( i ), massa de vapor em cada efeito mv( i ) e a

concentração salina em cada efeito S( i ).

A taxa de consumo de calar específico é determinada através da expressão:

dM

aqQCCE ( 3.41 )

3.5.1 Outras propriedades

No desenvolvimento do método computacional, outras propriedades da água e do

vapor saturado também foram consideradas. Estas propriedades são determinadas como

segue:

3.5.1.1 Densidade

A densidade é determinada como em FOFONOFF; MILLARD Jr. (1983):

20

3/22210

44

32

210apam SdStcTccStbTbTbbρρ ( 3.42 )

Page 60: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

44

onde ap é a densidade da água pura e é determinada através da seguinte expressão:

55

44

33

2210ap TaTaTaTaTaaρ ( 3.43 )

os valores dos coeficientes a0, a1, a2, a3, a4, a5, b0, b1, b2, b3, b4, c0, c1, c2 e d0 são os

seguintes:

a0 = 999,842594 b0 = 8,2493x10-1

c0 = -5,72466x10-3

a1 = 6,793952x10-2

b1 = -4,0899x10-3

c1 = 1,0227x10-4

a2 = -9,095290x10-3

b2 = 7,6438x10-5

c2 = -1,6546x10-6

a3 = 1,001685x10-4

b3 = -8,2467x10-7

a4 = -1,120083x10-6

b4 = 5,3875x10-9

a5 = 6,536332x10-9

d0 = 4,8314x10-4

Onde a densidade am é dada em kg/m3 e T a temperatura em °C

3.5.1.2 Entalpia do valor de água saturado

A entalpia do vapor é determinada como segue FIORINI et al (2001):

32

v 10T0,00195T1,9470362500,15h ( 3.44 )

onde a entalpia é expressa em J/kg e a temperatura t em °C.

3.5.1.3 Entalpia da água líquida saturada

Para a determinação da entalpia da água no estado líquido saturado foi feita uma

correlação entre a entalpia e a correspondente temperatura. Esta correlação foi obtida

Page 61: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

45

através de regressão linear com os dados colhidos da tabela termodinâmica exposta em

Van Wylen et al (1997).

3

ll 10T4,187240,00679h ( 3.45 )

onde hl é expresso em J/kg e Tl em °C. Esta expressão é valida para 20,98<hl<419,2 e

5<Tl<100.

Page 62: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

46

Sim

Calcular Uaq e Q‟aq=Aaq*Uaq* Tmlaq

Tendo Tam(2) e Taq(2), calcular Tc(1) e Tp(1)

Início do calculo interativo para os efeitos E2 a EN

i = 2

Calcular mv(i), Uev(i), Up(i), Sc(i) e mc(i) i = N ?

i = i+1 Não

Calcular Qc = Ac*Uc* Tml e T‟am(2) T‟am(2) -Tam(2) < 10-6 ?

Não

Imprimir Tc(i), S(i), mv(i), Tv(i), Md, Taq(2), Tam(2), e CCE

Sim

Tam(2) =(T‟am(2)+Tam(2))/2

Não

Tam Aumenta ou

diminui

Figura 3.7: Fluxograma do Procedimento Computacional

Sim

Dados de entrada mam, maq, mf Tam(1), Taq(1), Sam

Inicio do cálculo interativo no 1o efeito

Calcular Taq(2), Qaq e mv(1)

Com Q‟aq, calcular m‟v(1)

mv(1) –m‟v(1) < 10-6 ?

Assumir Tam=4oC

Page 63: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

47

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Na tabela 4.1 temos os resultado de vinte testes que foram feitos, considerando

condições de operações variadas onde a taxa de produção de água destilada e o consumo

de calor específico são apresentados. A taxa de fluxo de água marinha, mam foi mantida

constante e igual a 8,33.10-3

m3/s em todos os testes.

Tabela 4.1: Resultado da taxa de produção de destilado Md e consumo de calor específico CCE

para diferentes condições de operações do evaporador.

No de testes maq

10-3.(m

3/s)

mf

10-3

.(m3/s)

Taq(1) (oC) Tam (

oC) Md

10-4.(m

3/s)

CCE (kJ/m3)

1 3,67 4,44 81,94 35,60 9,67 262718,68

2 3,67 4,43 80,67 35,10 9.47 260019,63

3 2,76 4,11 90,4 38,17 9,78 279984,25

4 2,75 4,04 89,3 35,43 9,36 283184,49

5 3,53 4,23 85,9 35,38 9,69 275517,96

6 3,53 4,19 91,28 38,04 10,28 287469,24

7 3,47 4,41 88,92 27,72 9,42 306977,34

8 4,43 4,94 90,28 28,86 10,50 312789,68

9 4,43 5,11 90,21 29,15 10,72 311867,09

10 4,94 4,92 90,58 29,37 10,72 314591,34

11 4,89 4,81 88,94 28,45 10,36 310527,02

12 5,56 5,01 89,73 28,88 10,83 314381,07

13 5,58 4,71 89,05 28,07 10,33 313637,31

14 4,17 5,24 91,95 27,66 10,81 323103,48

15 4,17 5,41 90,21 27,86 10,92 315754,29

16 4,83 5,36 90,33 27,26 10,97 320335,45

17 4,83 5,13 89,62 27,06 11,19 356904,39

18 5,58 5,41 91,00 26,48 11,17 327742,54

19 5,58 5,28 89,88 26,54 10,94 322692,54

20 4,17 4,23 83,71 27,10 8,97 292063,29

Page 64: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

48

A distribuição da temperatura do concentrado de água salgada Tc, da temperatura

da água de abastecimento Tp da temperatura do vapor Tv, da salinidade Sc, do fluxo do

concentrado de água salgada mc e do fluxo de vapor mv que foram calculados no teste 1

são apresentados na tabela 4.2. As condições estabelecidas foram: maq= 3,67.10-3

m3/s, mf

= 4,44.10-3

m3/s, mam= 8,33.10

-3 m

3/s, Taq= 81,94

0C, Tam= 35,6

oC e Sam=34,48.

Tabela 4.2: Distribuição das temperaturas da taxa de fluxo de alimentação nos pré- aquecedores,

temperaturas do concentrado de água salgada nos evaporadores, das temperaturas do

vapor, da salinidade, das taxas de fluxo da água salgada e taxas de fluxo do vapor.

N Tp (oC) Tc (

oC) Tv (

oC) S

10-3

mc

10-3.(m

3/s)

mv

10-5

.(m3/s)

1 69,22 69,12 69,12 35,0893 4,3645 7,7139

2 67,36 67,33 67,33 36,2389 2,1130 6,9222

3 65,50 65,55 65,55 36,2194 2,1142 6,8083

4 63,63 63,76 63,76 37,4172 2,0465 6,6528

5 61,77 61,98 61,98 37,3684 2,0492 6,5000

6 59,91 60,19 60,19 38,6070 1,9834 6,3056

7 58,05 58,41 58,41 38,5179 1,9880 6,1167

8 56,19 56,63 56,63 39,7879 1,9246 5,8861

9 54,33 54,84 54,84 39,6472 1,9314 5,6611

10 52,47 53,06 53,06 40,9368 1,8706 5,4028

11 50,61 51,27 51,27 40,7327 1,8799 5,1472

12 48,75 49,49 49,49 42,0285 1,8220 4,8583

13 46,89 47,70 47,70 41,7493 1,8341 4,5778

14 45,02 45,92 45,92 43,0358 1,7793 4,2639

15 43,16 44,13 44,13 42,6709 1,7945 3,9611

16 41,30 42,35 42,35 43,9316 1,7430 3,6278

17 39,44 40,57 40,57 43,4718 1,7615 3,3056

18 37,58 38,78 38,78 44,6897 1,7135 2,9583

A influência da variação da taxa de fluxo de água de abastecimento mf, da taxa de

fluxo da água aquecida maq e temperatura da água aquecida Taq na produção de destilado

são aqui demonstradas. A taxa de fluxo de água marinha foi mantida constante, nos casos

apresentados nas figuras 4.1 e 4.2, a 8,33.10-3

m3/s e a salinidade da água marinha igual a

34,48. Nos casos apresentados nas figuras 4.3 e 4.4 o fluxo de água marinha foi mantido a

2,78.10-3

m3/s e a salinidade a 34,48.

A figura 4.1 mostra como a taxa de fluxo de água aquecida maq e a temperatura da

água aquecida Taq afetam a produção de destilado Md. Pode-se observar que a produção de

destilado pode ser aumentada aumentando-se tanto maq quanto Taq, ou ambos. Aumentar

Page 65: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

49

tanto o maq quanto o Taq resulta em um aumento da temperatura em cada efeito, resultando

dessa forma em um aumento de produção.

A figura 4.2 mostra o efeito do fluxo de água aquecida e do fluxo de abastecimento

de água na produção de destilado para um valor constante da temperatura da água aquecida

(Taq = 80 0

C). Pode-se observar que o aumento do fluxo de água de abastecimento mf a

valor constante do fluxo de água aquecida resulta em um aumento na produção de

destilado.

Na figura 4.3 foi feito o mesmo procedimento usado na figura 4.1 assim como na

figura 4.4 usado o mesmo procedimento da figura 4.2. No entanto, consideramos taxas de

fluxo de água aquecida, de água de abastecimento e de água marinha, bem menores para

observarmos o que ocorre também nestas condições de operação.

A figura 4.3, assim como a figura 4.1, também mostra como a taxa de fluxo de água

aquecida maq, e a temperatura da água aquecida Taq, afetam a produção de destilado Md.

Nestas condições a produção de destilado também pode ser aumentada aumentando-se

tanto o maq quanto o Taq, ou ambos. Aumentar tanto o maq quanto o Taq também vai resultar

em um aumento da temperatura em cada efeito, resultando dessa forma em um aumento de

produção.

A figura 4.4, similarmente a figura 4.2, demonstra o efeito do fluxo de água

aquecida e do fluxo de abastecimento de água na produção de destilado para um valor

constante da temperatura da água aquecida (Taq = 80 0

C). Observa-se também que o

aumento do fluxo de água de abastecimento mf a valor constante do fluxo de água aquecida

resulta em um aumento na produção de destilado.

Resumindo, com as taxas de fluxos de água de aquecida, água de abastecimento e

água marinha a níveis baixos não ocorre alteração no comportamento da planta nas

condições de operação estabelecidas acima.

Page 66: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

50

0

2

4

6

8

10

12T

AX

A D

E P

RO

DU

ÇÃ

O

DE

DE

ST

ILA

DO

10

-4(m

³/s

)

70 75 80 85 90

TEMPERATURA DA ÁGUA

AQUECIDA(°C)

maq=4,17.10^-3m³/s

maq=4,44.10^-3m³/s

maq=4,72.10^-3m³/s

Figura 4.1: Efeito da taxa de fluxo da água aquecida e da temperatura da água aquecida na

produção de destilado para o fluxo de água de abastecimento e temperatura da água de

abastecimento constantes (mf= 4,44.10-3 m

3/s, Tam= 30

oC).

Figura 4.2: Efeito do fluxo de água aquecida e do fluxo de água de abastecimento sobre a produção

de destilado para a temperatura da água aquecida e a temperatura da água marinha,

constantes (Taq= 80 oC, Tam= 30

oC).

Page 67: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

51

0

1

2

3

4

5

Pro

du

to (

Md

)

10

-4.(

m³/

s)

70 75 80 85 90

Temperatura (Taq)

(ºC)

maq=8,33.10^-4m³/s

maq=11,11.10^-4m³/s

maq=13,89.10^-4m³/s

Figura 4.3: Efeito da taxa baixa de fluxo da água aquecida e da temperatura da água aquecida na

produção de destilado para o fluxo de água de abastecimento e temperatura da água de

abastecimento constantes (mf = 1,39.10-3

m3/s, Tf = 30

oC).

Figura 4.4: Efeito do baixo fluxo de água aquecida e do fluxo de água de abastecimento sobre a

produção de destilado para a temperatura da água aquecida e a temperatura da água

marinha, constantes (Taq= 80 oC, Tam= 30

oC).

0

1

2

3

4

5

Pro

du

to (

Md

)

10

-4.(

m³/

s)

8,33 11,1 13,9

Fluxo de água quente(maq)

10-4

.(m³/s)

mf=8,33.10^-4m³/s

mf=11,11.10^-4m³/s

mf=13,89.10^-4m³/s

Page 68: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

52

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

5.1 CONCLUSÕES

Neste trabalho descreveu-se os princípios de funcionamento dos diferentes

processos de dessalinização e enfatizando-se o balanço térmico em uma instalação de

dessalinização múltiplo efeito do tipo tubo horizontal com filme fino.

Um balanço de energia e de massa foi realizado em cada componente da unidade de

produção. Os princípios termodinâmicos da Primeira Lei foram verificados para a unidade

assim como a lei da conservação de massa.

Um código computacional foi elaborado com a finalidade de simular diferentes

condições de funcionamento do dessalinizador. Este código permite a estimativa da

produção de destilado e do consumo específico de energia, em função das condições de

abastecimento e de aquecimento da água salobra. Permite, também, a estimativa da

temperatura e da salinidade da água, assim como a produção de destilado, em cada efeito.

Os resultados obtidos e apresentados, referentes a uma unidade de 18 efeitos,

mostram que a taxa de conversão de água salobra em água dessalinizada situa-se a faixa de

20 a 25 % enquanto que os resultados medidos situa-se na faixa de 30 a 45%.

A diferença apresentada pode ser justificada pelo fato de não haver menção da

vazão de água do mar para o caso real e por esse motivo, ter-se feito uma aproximação de

mam no modelo. Um outro fator que influenciou no resultado foi a utilização de uma

quantidade considerável de equações empíricas no modelo.

Page 69: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

53

A análise dos resultados obtidos permitiu constatar que para uma mesma vazão de

água de abastecimento, a produção de destilado é incrementada com o aumento da energia

fornecida, sendo mais significativa a influência do aumento da temperatura da água de

aquecimento do que o aumento de sua vazão. Para temperaturas fixadas da água de

aquecimento, verifica-se que a vazão da água de abastecimento tem influência

predominante sobre a vazão da água de aquecimento.

5.2 PERSPECTIVAS

Como perspectiva para a continuidade deste trabalho, propõe-se o refinamento do

código computacional, a expansão do modelo com a inclusão de uma análise exergética e a

construção de uma unidade piloto para a obtenção de dados experimentais que permitam a

validação do modelo.

Page 70: ANÁLISE TÉRMICA DE UM DESSALINIZADOR DE MÚLTIPLO

54

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