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Artigo elaborado por mim, no ano de 2012, para conclusão do curso de Administração, com ênfase em Gestão de Negócios, do Centro Universitário UNIFAFIBE.TRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAFIBE
ANÁLISE SWOT: UMA ANÁLISE DO ENSINO SUPERIOR NA REGIÃO DE
BEBEDOURO ATRAVÉS DE UM ESTUDO MULTI-CASOS
Rafael Henrique dos Santos Orientador: Prof. Felipe Furlan Soriano
Bebedouro 2012
ANÁLISE SWOT: UMA ANÁLISE DO ENSINO SUPERIOR NA REGIÃO DE
BEBEDOURO ATRAVÉS DE UM ESTUDO MULTI-CASOS
Resumo
Diante do grande crescimento do número de instituições de ensino superior no país, tem
aumentado a facilidade para se cursar um curso de nível superior em virtude da
disponibilidade de cursos, entretanto, a qualidade no ensino destas instituições talvez
não tenha crescido ao passo com que o número delas. Dessa forma, a presente pesquisa
analisa essa questão na região de Bebedouro, aplicando-se a análise SWOT em duas
instituições que têm crescido nos últimos anos (“X” e “Y”). Assim, levantando
informações que possibilitem uma análise deste cenário.
1. Introdução
O curso superior tem se mostrado cada vez mais como uma questão determinante para a
conquista de um bom emprego, sendo exigido por diversas empresas no país e no
mundo. Por ser a porta de entrada para o ingresso na carreira profissional, a demanda
por cursos superiores encontra-se numa crescente, acarretando na abertura de diversas
instituições que o oferecem. Dessa forma, fazer um curso superior nos dias de hoje, já
não é mais tão restrito como em épocas passadas.
Anteriormente era uma exclusividade de poucos, entretanto atualmente, com o número
de opções de instituição, cursos e alta disponibilidade de vagas, boa parte das pessoas já
pode realizar um curso superior.
Porém, a qualidade dos mesmos parece não ter acompanhado a sua evolução em
quantidade ofertada. Conforme a publicação de Glória Tupinambás (2011) em uma
inspeção que realizou o jornal revela problemas em universidades mal avaliadas pelo
MEC, como laboratórios precários, atrasos de pagamento dos professores, alunos
insatisfeitos, entre outros problemas avaliados. Esses problemas podem ser fatores
determinantes para que ocorra um ensino de qualidade na instituição, caso não sejam
identificados e solucionados.
Dessa forma, mostra-se importante que as instituições de ensino estejam atentas à
identificação, análise e solução desses problemas. Visando contribuir academicamente,
este artigo procura analisar os problemas existentes em 2 instituições de ensino superior
do município de uma determinada região do Estado de São Paulo, sendo chamadas
neste artigo de Instituições “X” e “Y”.Este estudo multicaso tem como finalidade
identificar os problemas na gestão das instituições, tanto interna como externamente,
para que ambas possam visualizar as dificuldades em suas gestões e verificar as atitudes
que podem ser tomadas para solucioná-las, a fim de evitar um desgaste das imagens das
instituições diante não só da população da região estudada. mas como diante de toda a
população atendida pelo ensino destas instituições.
Sendo assim, para atingir essa meta foi definido como objetivo geral do trabalho a
identificação e análise dos principais pontos a serem melhorados nas instituições de
estudadas através da aplicação da Análise SWOT. De forma que, para que este seja
atingido alguns passos foram previamente estabelecidos como a aplicação da Análise
SWOT nos objetos de estudo, realização de uma entrevista com um colaborador da
instituição, um representante do corpo docente, e um representante dos estudantes e, por
fim, a apresentação do contexto atual de ambos os casos e proposição de soluções.
2. Revisão Teórica
Neste capítulo são explicados os principais conceitos trabalhados por este artigo, a fim
de proporcionar uma melhor compreensão em relação ao tema aqui abordado.
2.1 Desenvolvimento da educação superior no Brasil
Conforme apresenta Cunha (2004), analisar o desenvolvimento do ensino superior no
Brasil é complexo, devido a enorme dimensão nos números apresentados: em meados
de 1931 eram cerca de 20 mil estudantes matriculados em até duas ou três universidades
na época; já nos tempos atuais, em 2002, apresentam-se cerca de 3,5 milhões de
estudantes de graduação distribuídos por 165 universidades, 77 centros universitários, e
1.400 faculdades integradas, faculdades isoladas e centros de educação tecnológica.
Segundo o autor, este vasto crescimento no número de vagas e conseqüentemente no
número de instituições disponíveis não foram acompanhados do mesmo nível de
qualidade das instituições, em qualquer âmbito que fosse, até mesmo no quadro docente
das instituições, conforme citado em seu artigo; perdeu-se a visão de que uma boa
administração da instituição, aliada a uma avaliação da mesma, são necessárias para que
se obtenha um feedback do ensino aplicado e da qualidade como um todo da instituição.
2.2 Administração na educação superior
Focando no tema central do presente artigo, a educação superior, Dias Sobrinho (2003)
comenta que a avaliação é uma ferramenta que usamos em nosso dia-a-dia, seja
formalmente ou espontaneamente; ela está incorporada significativamente na vida de
estudantes, professores e instituições de ensino. O autor ainda complementa que com a
crescente demanda por vagas nas universidades, a exigência pela eficiência no ensino
das mesmas aumenta a cada dia, e o modelo adotado para isso era a expansão de vagas
com redução de recursos; estavam então abertas as portas para privatização, daí a
necessidade de uma avaliação rígida.
Para realizar essa avaliação, utiliza-se a Análise SWOT, que é segundo Kotler (2000, p.
98): “a avaliação global das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças”.
Tal avaliação é aplicada realizando-se o cruzamento das forças e fraquezas internas da
organização com as oportunidades e ameaças externas à intenção estratégica da empresa
(CHIAVENATO; SAPIRO, 2009).
2.3 Análise SWOT
Conforme Kotler (2000) uma unidade de negócios tem por natureza própria de
sobrevivência, que analisar os elementos macroambientais (tecnologia, política, entre
outros) e elementos microambientais (clientes, fornecedores, entre outros), pois são
decisivos na obtenção de lucros para a empresa, portanto devem ser acompanhadas as
tendências e mudanças para que possa se definir as oportunidades e ameaças externas a
empresa.
Segundo Kotler ; Keller (2006, p.50) “a avaliação global das forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças é denominada análise SWOT (dos termos em inglês strengths,
weaknesses, opportunities, threats). Ela envolve o monitoramento dos ambientes
externo e interno”.
Neste sentido, além de se analisar os elementos externos a empresa, se faz necessária
também a análise interna da empresa, para que se possa definir a capacidade de
aproveitamento e adaptação da empresa em relação aos fatores externos, e a sucessão da
empresa em relação a estes fatores, afim de se obter um melhor resultado final.
Por esse motivo, o uso de uma metodologia adequada mostra-se relevante. Uma
ferramenta importante e adequada para esse tipo de situação é a Análise SWOT.
3. Procedimentos Metodológicos
Segundo Gil (2009, p. 17) a pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos
disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros
procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao
longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada
formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.
Neste contexto, pode-se afirmar que a presente pesquisa tem caráter descritivo, que
segundo Gil (2009) proporciona ao leitor uma maior identificação com o problema
estudado e com uma visão mais explícita do mesmo, e em alguns casos, pode até
assumir a forma de um estudo de caso.
Para embasar conceitualmente o artigo foi realizada uma revisão bibliográfica sobre os
conceitos abordados pela pesquisa. Complementando com uma aplicação prática dos
principais conceitos foi definido como método de pesquisa o estudo multi-casos no qual
serão analisadas variáveis qualitativas. A abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do
investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para
entender a natureza de um fenômeno social. Tanto assim é que existem
problemas que podem ser investigados por meio de metodologia quantitativa,
e há outros que exigem diferentes enfoques e, conseqüentemente, uma
metodologia de conotação qualitativa. (RICHARDSON, 1999, p. 79)
Segundo Yin (2010, p. 24) “o método do estudo de caso permite que os investigadores
retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real”.
Quanto a escolha dos objetos abordados no estudo de caso, a mesma foi feita por
conveniência, visando obter informações que possam contribuir para a resolução dos
objetivos da pesquisa, dessa forma foram escolhidas as instituições de ensino superior
“X” e “Y”, localizadas na região de Bebedouro. As informações serão colhidas através
de entrevistas não estruturadas. Segundo Richardson (1999), esse tipo de entrevista é
adequada para colher os pontos mais importantes considerados pelo entrevistado,
podendo ser utilizadas em análises qualitativas.
Nestas instituições de ensino superior foram realizadas entrevistas com as pessoas
envolvidas na administração, e as que freqüentam os cursos disponibilizados pelas
instituições, para que seja possível obter-se uma maior amplitude informações
provenientes de indivíduos que possuem pontos de vista diversificados, proporcionando
uma visão mais abrangente. Posteriormente as informações obtidas pelas entrevistas
foram analisadas através da Análise SWOT.
4. Análise e Discussão
4.1 Instituição “X”
A Instituição “X”, como é chamada neste artigo, está localizada na região Norte do
Estado de São Paulo, está no mercado desde 1983, sendo que seu primeiro vestibular foi
no mês de dezembro do ano de 1988. Seu faturamento e outros números acerca da sua
parte financeira não foram divulgados por sigilo da Instituição, e por declarar que é uma
instituição sem fins lucrativos que tem como objetivo o aperfeiçoamento e a qualidade
de ensino dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão. O fato de não visar lucro
também possibilita que a instituição atue com uma mensalidade até 50% inferior ao que
é cobrado pelas faculdades privadas. Constitui-se como Entidade Autárquica Municipal
com personalidade jurídica própria de direito público. Possui 7 cursos de graduação,
que são eles: Administração, Ciências Contábeis, Jornalismo, Radialismo (Rádio e TV),
Publicidade e Propaganda, Direito e Serviço Social; todos reconhecidos pelo Conselho
Estadual de Educação (CEE).
4.2 Instituição “Y”
A Instituição “Y”, como também é chamada neste artigo, também se localiza na região
Norte do Estado de São Paulo, está no mercado há 44 anos, desde abril de 1968 quando
sua pedra fundamental foi criada. Seu faturamento também não foi fornecido por
questões de sigilo da instituição. A missão da Instituição “Y”, como instituição de
ensino superior, é constituir-se em efetivo agente de integração e transformação social,
educando, produzindo e disseminando o saber universal, contribuindo para o
desenvolvimento humano, comprometendo-se com a justiça social, a democracia e a
cidadania da comunidade em que se insere e que a justifica. Possui 21 cursos de
graduação, que são eles: Administração, Ciências Biológicas (Bacharelado e
Licenciatura), Ciências Contábeis, Design Gráfico, Direito, Educação Física
(Bacharelado e Licenciatura), Enfermagem (Bacharelado e Licenciatura), Engenharia
Agronômica, Engenharia Biomédica, Engenharia Civil, Engenharia de Produção,
Estética e Cosmética, Fisioterapia, Gestão Ambiental, Letras Português – Espanhol,
Letras Português – Inglês, Nutrição, Pedagogia, Produção Sucroalcooleira, Psicologia e Sistemas de Informação.
4.3 Análise dos dados coletados
Nesta seção são apresentados os dados coletados nas entrevistas com os representantes
das instituições, dos corpos docentes e dos estudantes, onde serão considerados os
dados coletados com todos os representantes de cada instituição, em quadros nas etapas
da Análise SWOT: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças.
4.3.1 Instituição “X”
Com a visão da Análise Interna, foram verificados estes dados, que seguem no quadro
abaixo:
FORÇAS FRAQUEZAS
qualidade no corpo docente;
convênio com a USP – Ribeirão Preto para cursos de Pós-
graduação;
baixo custo dos cursos;
infra-estrutura de qualidade;
mensalidades mais baixas da região;
relação próxima professor-aluno.
burocracia elevada;
baixa comodidade para os alunos na estrutura das salas de aula.
Quadro 1 – Forças e fraquezas da instituição “X”
A seguir é demonstrada a visão da Análise Externa da Instituição, foram verificados
estes dados no quadro abaixo:
OPORTUNIDADES AMEAÇAS criação de novos convênios com
instituições públicas de qualidade;
captação de novos alunos mediante novos cursos devido a alta
demanda.
crescimento do número de
instituições concorrentes na
região;
por ser um órgão público, fica vulnerável às decisões do governo
e que se altera a cada 4 anos;
o crescimento dos cursos à distância, com preços menores,
mais convenientes para muitos
estudantes. Quadro 2 – Oportunidade e ameaças da instituição “X”
4.3.2 Instituição “Y” Com a visão da Análise Interna, foram verificados estes dados, que seguem no quadro
abaixo:
FORÇAS FRAQUEZAS
corpo docente qualificado;
acervo bibliográfico e informatizado, além de infra-
estrutura de qualidade;
bom histórico no mercado em que
mal atendimento dos funcionários
aos estudantes;
barreiras para a concessão de descontos;
alta rotatividade de funcionários;
atua;
fácil localidade na região;
responsabilidade social atrelada à suas clínicas e demais
departamentos;
bons coordenadores de cursos;
reconhecimento dos egressos à qualidade dos cursos oferecidos;
capacidade de expansão para novos cursos.
gestores com acúmulo de tarefas;
perfil de alunos com deficiência na formação básica;
comunicação interna deficiente;
alguns cursos com demanda restrita ou inviável.
Quadro 3 – Forças e fraquezas da instituição “Y”
Agora com a visão da Análise Externa da Instituição, foram verificados estes dados no
quadro abaixo:
OPORTUNIDADES AMEAÇAS alta quantidade de alunos na região
que não possuem ensino superior;
demanda por novos cursos na região atrelada a autonomia para
realização dos mesmos pela
instituição;
parcerias com novas empresas da
região para concessão de estágios;
reaproveitamento dos egressos para realização de novos cursos;
melhor utilização da infra-estrutura institucional para captação de
receitas;
abertura de novos cursos não existentes na região.
concorrência com demais instituições da região;
fator econômico, o que pode afetar todas as instituições do ramo;
outras instituições com corpo
docente qualificado e preços mais
acessíveis;
a inovação dos cursos à distância;
a evasão de alunos por qualquer motivo ocorrente.
Quadro 4 – Oportunidade e ameaças da instituição “Y”
5. Considerações finais
Considerando os fatores das Análises Internas e Externas de ambas as Instituições, nota-
se que existem fatores semelhantes em uma Análise SWOT de duas Instituições de
Ensino Superior localizadas na mesma cidade. Abaixo seguem estes fatores no quadro:
FORÇAS FRAQUEZAS
corpo docente qualificado;
infra-estrutura de qualidade.
-
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
criação de novos convênios com
novas empresas para
crescimento do número de
instituições concorrentes na
complementação da formação dos
alunos nos cursos oferecidos;
captação de alunos pela demanda de novos cursos na região.
região;
o crescimento dos cursos à distância, mais convenientes,
cômodo para os estudantes, e
financeiramente mais viáveis. Quadro 5 – Comparativo das instituições “X” e “Y”
Tendo estes dados como referência pode-se dizer que estes fatores, por existirem em
ambas as instituições de ensino superior na mesma região, dão indícios de serem fatores
relevantes e de grande importância para as instituições para que elas possam corrigir ou
melhorar os pontos negativos e investir ou aproveitar seus pontos positivos para buscar
um crescimento ainda maior da própria instituição, sempre agregando ainda mais
qualidade ao seu ensino oferecido e à formação de seus alunos. Dessa forma, serem
questões importantes e que merecem ser tratadas com uma atenção especial por parte
das instituições de ensino.
6. Referências Bibliográficas
CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico: Fundamentos e aplicações
2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
CUNHA, L.A. Desenvolvimento desigual e combinado no ensino superior: Estado e
mercado. In: Fórum Brasil de Educação – IV Encontro Nacional.; Brasília. Anais
eletrônicos Campinas: 2004. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
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DIAS SOBRINHO, J. Avaliação: Políticas educacionais e reformas da educação
superior São Paulo: Cortez, 2003.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
GLÓRIA TUPINAMBÁS Inspeção revela problemas em universidades mal
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Acesso em 13.maio.2012.
KOTLER, P. Administração de Marketing 10ª ed. São Paulo: Pearson Education do
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KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing 12ª ed. São Paulo:
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RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: Métodos e Técnicas 3ª ed. São Paulo: Atlas,
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YIN, R. K. Estudo de caso: Planejamento e métodos 4ª ed. Porto Alegre: Bookman,
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