análise semiótica com base na teoria de pierce
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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO - III MÓDULO Semiótica – Prof.ª Lurdete Cadorin Biava
Aluna: Nathanye Godinho
Análise semiótica com base na teoria de Pierce.Produto: Um sled, o qual é utilizado nas operações de salvamento
aquático pelos bombeiros e guarda-vidas de Florianópolis:
O sled é uma espécie de prancha que serve para ser fixada na parte
traseira de um jet-ski. É utilizado para transportar a vítima por afogamento em
meio aquático para um local seco e seguro.
Ao analisarmos a forma deste sled (Figura 1), em especial, podemos
verificar que sua combinação de cores consiste em detalhes neutros nas cores
preta e branca e, há a predominância chamativa das cores vermelha e
amarela.
FIGURA 1Fonte: Acervo (2011).
Com base no ponto de vista de Pierce, ao analisarmos as relações
sígnicas, podemos afirmar que neste primeiro impacto, na “primeiridade”,
percebemos a sua forma e suas cores que chamam a atenção e podem emitir
certa sensação para o observador. As cores, que fazem parte da primeira
provável percepção, formam um “qualisigno”, o qual constitui da relação do
signo consigo mesmo. Ainda na “primeiridade” – em se tratando da relação do
signo com o objeto –, vemos que seu formato e sua pequena corda preta
pendurada na parte superior são “ícones”, pois levam o intérprete a assemelhar
estas características com as pranchas de morey boogie, já conhecidas por
muitos indivíduos. Estas relações ocorrem na primeira parte do processo
mental (no interpretante); a “rema”.
Já nas relações da “secundidade”, podemos dizer que as cores
transformam-se também em “sinsignos”, a partir do momento em que adquirem
algum sentido. No caso, as cores utilizadas neste objeto são as cores vermelha
e amarela que, são muitas vezes utilizadas para chamar a atenção e
principalmente, utilizadas como identidade visual do corpo de bombeiros.
As alças pretas estão em contraste com as outras cores presentes;
provavelmente para serem mais bem notadas, visto que foram feitas para a
vítima segurar e se firmar para não se afogar. Quando percebemos um objeto
com forma de arco fixa em um local ou outro objeto, logo associamos com uma
alça, a qual serve para uma pessoa segurar com as mãos. Estas alças
dispostas ao redor do sled formam um “índice”, indicando que estão ali para
serem pegas. As duas cordinhas brancas nas laterais, que servem para
amarrar o equipamento em uma parte do jet ski, destoam com o resto, fazendo-
nos perceber que deve haver uma outra função que não apenas segurar com
as mãos, pois estão penduradas e são muito moles.
O fato de haver o espaço na lateral (esquerda), com a ausência da
continuidade das alças na borda, “indica” à vítima – no momento em que ocorre
o resgate aquático – que a mesma deve subir na prancha por este lado, pois
facilita o movimento, sem barreiras para dificultar.
A textura desta prancha é macia, fosca e quase lisa; fazendo um
observador associar – dependendo de seu repertório – estas características
(“índices”) com o material E.V.A. Levando a pensar também que se trata de um
objeto que foi feito artesanalmente. O interpretante já passou pelo “discente”, o
qual é capaz de estabelecer também a relação semântica.
Na “terceiridade”, o “legisigno” é estabelecido quando ocorre a
abstração e as associações com convenções já existentes. As cores vermelha
e amarela – além de serem chamativas e já terem alguns significados
intrínsecos pela psicodinâmica – já são presentes nas praias no que se refere à
segurança dos banhistas; em postos de guarda-vidas, uniforme dos guarda-
vidas, bandeiras de prevenção, equipamentos de segurança, entre outros. Já é
convencionado pela sociedade que estes tons fazem parte da gama de cores
que é utilizada no âmbito da segurança; o que faz o observador associar estas
cores com o contexto em que estão inseridas, com base no seu repertório que
contém o conhecimento da convenção.
Esta assimilação com o Corpo de Bombeiros é “simbólica”, pois está
representando a segurança, o salvamento e a responsabilidade que os
bombeiros têm perante a sociedade. Neste processo final, têm-se o
“argumento”, ou seja, uma conclusão que o “intérprete” adquire sobre o objeto.
Na área central superior do sled há ainda, um “símbolo” em forma de
um losango na cor vermelha; com a silhueta em amarelo (contraste para
melhor visualização), de um jet-ski com o sled preso atrás, juntamente com a
silhueta do piloto em cima do veículo e, de uma outra pessoa, em cima do sled.
Estes três elementos inseridos na ilustração estão colocados em uma vista
lateral, para melhor identificação do significado das formas. Este “símbolo”
“indica” para que serve o equipamento e, o observador já fez a analogia das
formas do desenho com os elementos (jet ski, pessoas e sled), sendo estes os
“ícones”.
O símbolo central é um “legisigno”, pois foi colocado com a intenção de
que a maioria dos observadores seja capaz de interpretá-lo e chegar a uma
certeza (“argumento”). Segundo Niemayer (2007), mesmo que o símbolo seja
novo, com livre associação; esta associação não é arbitrária, mas determinada
por princípios pré-existentes. A percepção das cores e da silhueta faz parte da
“rema”, juntamente com a alusão que se faz com os objetos e bonecos
ilustrados. A interpretação da função do objeto desenhado na figura, e inserido
no contexto, já faz parte do “discente”. As certezas relacionadas ao salvamento
aquático e questões sociais e psicológicas, se dão no “argumento”.
Referência:
NIEMAYER, Lucy. Semiótica aplicada ao design. Rio de Janeiro: 2AB, 2007.