análise poemas pessoa ortónimo
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Lê os seguintes poemas e responde às questões:
Tenho tanto sentimento
Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
1. Divide o poema em partes lógicas, justificando.
Podemos dividir este poema em 3 partes lógicas, correspondendo a cada uma das estrofes. Na 1ª parte, o
sujeito poético afirma que, frequentemente acredita ser s_____________________, mas depois de refletir
sobre o assunto, conclui que afinal nada sente, e que confundiu sentimento com p_____________________.
Na 2ª parte, defende a existência de duas vidas, uma v____________________ (que considera
v_______________), e outra p_______________ (que considera e____________), concluindo que a única
vida que temos é uma mistura das duas. Na última parte, o eu lírico confessa não saber qual é a vida
verdadeira e qual a errada, concluindo que, apesar de o desejar, não consegue libertar-se da vida pensada, ou
seja, não consegue viver com o c_______________, apenas com a r_____________, apesar de sofrer com isso
e não ser feliz.
2. Ao longo do poema, o sujeito poético autocaracteriza-se como um ser dominado pelo vício de
pensar. Explica de que modo é desenvolvida no texto a oposição sentir/pensar.
O poema aborda a dialética sentir/pensar; razão/coração, sendo que o eu, por muito que tente, não
consegue deixar que o coração domine a sua vida, mantendo-se cativo do p_____________ e, como tal,
não conseguindo atingir a f____________.
3. Mostra que o processo de autoanálise revela um sujeito poético obcecado pela racionalização.
Ao analisar a sua própria vida, o sujeito de enunciação não tem dúvidas em afirmar que a sua vida é
dominada pela razão, pelo vício de p____________, vício este que, apesar de lhe trazer dor e angústia, dá
sentido à sua e_________________.
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4. Faz a análise formal do poema, considerando a sua estrutura estrófica e rimática.
Poema constituído por 3 s________________ em verso heptassílabo (redondilha maior), com o
esquema rimático ________________________ (rimas _____________________ e
_______________________)
A criança que fui chora na estrada
A criança que fui chora na estrada
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
1. Indica a temática do poema.
Como em muitos poemas ortónimos de Pessoa, a temática gira à volta da i_________________ perdida e
guardada na m______________ do eu enquanto período de felicidade máxima da sua vida, em relação ao
qual há sempre o desejo de r_______________ impossível.
2. Explica o sentido das estrofes do poema.
primeira quadra - o sujeito vê-se comparativamente em dois estádios diferenciados da sua vida, em "duas
idades": o seu eu a________________ e o seu eu c_____________. É o seu eu adulto que escreve e que,
vendo a sua d___________ passada, deseja-a mesmo assim, porque a sua dor p______________ é
bastante pior. Vendo-se adulto, diz preferir ir ser novamente criança, mas tal não é possível, pois ninguém
r___________ ao passado.
segunda quadra - mesmo sabendo que é i____________________ regressar ao passado, o poeta pode
sonhar. Mas não há escolha possível, e este impasse deixa a sua "alma (...) p_______________".
1º terceto - Resta-lhe a m_______________: "um alto monte, de onde possa (...) relembrar".
2º terceto - A sua identidade, embora perdida na sua angústia existencial, existe assim como uma névoa
distante. Sentindo-se v_____________ por dentro, quando se lembra da sua infância sente-se um pouco
mais feliz, mais completo.
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3. A 1ª quadra estabelece uma oposição entre o passado e o presente. Transcreve e indica o
tempo e o modo das formas verbais relativas a cada um desses tempos.
Na 1ª quadra observa-se a frequente utilização de formas verbais no Modo _____________________:
pretérito _____________________ do Indicativo (fui, deixei) e presente
(__________________________),o 1º tempo remetendo para o passado e o segundo para o presente.
4. Faz o levantamento dos principais recursos do poema.
- ________________________ – do verbo “ser” (vv. 2, 3 e 4),intensificando a angústia existencial do
sujeito poético e a busca pela resposta à pergunta chave “quem sou?”.
___________________________________________ - “como hei-de encontrá-lo?” (vv.5) – que
pretende reforçar a ideia da vontade de encontrar a infância perdida.
___________________________________________________ “alma parada” (vv.8) – É o próprio
sujeito poético que parou, mas atribui tal facto à alma/coração, ao inconsciente, pois é aquilo que
sente e cria as emoções do sujeito.
5. Caracteriza o estado emocional do sujeito na 2ª estrofe.
O sujeito sente-se p___________, vazio, angustiado, sem saber quem é ou para onde vai.
6. Faz a análise formal do poema.
Estamos na presença de um s_____________ (2 quadras e 2 tercetos) de versos _____________________,
com o esquema rimático ________________________,
(rima_______________________________________________).
Tudo o que faço ou medito
Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço –
Um mar onde boiam lentos
Fragmentos de um mar de além…
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
1. Explica o sentido das estrofes do poema.
primeira quadra - Pessoa fala sobre os seus s______________ e desejos. Dono de uma imaginação
delirante e febril, Pessoa tinha sempre mil projetos a correr simultaneamente, mas nunca conseguia
concretizar nenhum, porque a r________________ fica sempre muito aquém dos nossos sonhos.
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segunda quadra - perante a d_______________ de não conseguir nunca realizar os seus projetos, fica-lhe
um sentimento de vazio e de f__________________. O Eu sente a quantidade infinita de ideias e de
pensamentos que nele abundam, mas ele próprio, a sua vida real, é um mar de s_______________, ou
seja, um mar de algas espessas, que prendem o movimento, que impedem que ele avance.
terceira quadra – O mar de que fala esta estrofe trata-se porventura de um mar distante e irreal, mas livre
e desimpedido, onde os sonhos do sujeito não o prenderiam mas antes o fariam seguir em f____________,
onde tudo o que ele imagina podia ser r__________. Mas mesmo esse mar de além, esse futuro irreal,
pode ser uma ilusão. Ele sabe que será impossível que se realizem todos os seus p________________, mas
fora dele não se sabe o que poderá acontecer - um milagre, um imprevisto, quem sabe? Pessoa deixa ao
futuro e ao Destino a resposta para a sua angústia presente.
2. Na primeira estância apresenta-se uma oposição entre o "querer" e o "fazer". Explicita essa
oposição.
A verdade é que o sujeito tem imensos s_____________, que deseja realizar, mas que não
consegue, porque a realidade fica sempre aquém.
3. Ao tomar consciência das limitações da sua capacidade de agir, que sentimento invade o sujeito
lírico? Transcreve as expressões em que se apoia a tua resposta.
Invade-o um sentimento de desencanto, f____________________________, como se pode comprovar
pelos seguintes versos “Que n___________ de mim me fica/Ao olhar para o que f__________!
4. Mostra a expressividade, a nível semântico, das metáforas: "Minha alma é lúcida e rica / E eu sou
um mar de sargaço".
Nestes versos, verificamos um contraste entre a limpidez e riqueza da expressão "lúcida e rica" e o opaco e
o i______________ do "mar de sargaço".
5. Identifica o recurso estilístico presente no último verso do poema, explicitando o seu valor
expressivo.
O recurso é a a____________________ - para exprimir um conhecimento intuitivo mas que não é
entendido pela razão.
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Boiam leves, desatentos
Boiam leves desatentos,
Meus pensamentos de
mágoa,
Como, no sono dos ventos,
As algas, cabelos lentos
Do corpo morto das águas.
Boiam como folhas mortas
À tona de águas paradas
São coisas vestindo nadas,
Pós remoinhando nas portas
Das casas abandonadas.
Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se flui;
Não sei se existe ou se dói.
1. Elabora um comentário global do poema que acabaste de ler, focando os seguintes aspetos:
1.1. Marcas de objetividade/subjetividade do eu
SUBJETIVIDADE:
- Recurso a marcas de 1ª pessoa (conjugação verbal (não s________); determinantes
___________________ (meu);
- Exposição do mundo subjectivo dos sentimentos (m____________, t_____________)
OBJETIVIDADE:
Objetivação dos p________________________, como sujeito da 3ª pessoa (Boiam leves, desatentos…)
1.2. Presença de vocábulos disfóricos
Morto, p________________, n______________, a_______________, sem r_______________
1.3. Recursos Estilísticos
- ________________ - Boiam leves, desatentos
- ________________________: boiam como folhas mortas
- _________________________: As algas, cabelos lentos
- _________________________: Não sei…/Não sei
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Mar. Manhã
Suavemente grande avança
Cheia de sol a onda do mar;
Pausadamente se balança,
E desce como a descansar.
Tão lenta e longa que parece
De uma criança de Titã
O glauco1 seio que adormece,
Arfando à brisa da manhã.
Parece ser um ente apenas
Este correr da onda do mar,
Como uma cobra que em serenas
Dobras se alongue a colear.
Unido e vasto e interminável
No são sossego azul do sol,
Arfa com um mover-se estável
O oceano ébrio de arrebol2.
E a minha sensação é nula,
Quer de prazer, quer de pesar
Ébria de alheia a mim ondula
Na onda lúcida do mar.
1 glauco: verde-mar. 2 arrebol: luz do amanhecer.
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1. O poema transmite impressões causadas pelo movimento do mar. Descreve as impressões
transmitidas.
Impressão visual do movimento progressivo l___________, pontuado pelo balançar e pelo
decrescer ao terminar; impressão de respiração de uma c______________ adormecida; impressão
do rastejar de um a____________ - ritmo pausado, mas não interrompido, contínuo,
s____________, lento, arrastado, longo.
2. Transcreve do texto as expressões que personificam esse movimento.
Por exemplo: "como a d______________"; "seio"; "arfando"; "arfa"; "ébrio".
3. "Como uma cobra que em serenas / Dobras se alongue a colear." Comenta o valor expressivo
destes versos.
O eu estabelece uma relação de semelhança entre o movimento do m__________ e o da c__________
para o leitor conseguir visualizar melhor as ondas
4. Indica o recurso estilístico utilizado no verso transcrito.
_______________________ “Como uma cobra que em serenas”
5. Substitui "do sol"... (v. 14) por uma palavra da mesma família de "sol", sem que o sentido se
altere, e indica a classe dessa palavra.
Solar – pertence à classe dos _________________
6. O quadro descrito não deixa marcas emotivas no Eu. Seleciona o momento do poema em que
se baseia esta afirmação. ___________________________________________.
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Em toda a noite o sono não veio
Em toda a noite o sono não veio. Agora
Raia do fundo
Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.
Que faço eu no mundo?
Nada que a noite acalme ou levante a aurora,
Coisa séria ou vã.
Com olhos tontos da febre vã da vigília
Vejo com horror
O novo dia trazer-me o mesmo dia do fim
Do mundo e da dor
Um dia igual aos outros, da eterna família
De serem assim.
Nem o símbolo ao menos vale, a significação
Da manhã que vem
Saindo lenta da própria essência da noite que era,
Para quem,
Por tantas vezes ter sempre esperado em vão,
Já nada espera.
1. Caracteriza os momentos temporais representados na primeira estrofe do poema.
Os momentos temporais representados são:
– a noite (p______________ recente), caracterizada como um tempo longo, de vigília, de
i_________________ – «Em toda a noite o sono não veio.» (v. 1);
– a madrugada (instante p________________), descrita por meio dos dois adjetivos «encoberta e fria»
–«Agora / Raia do fundo / Do horizonte, encoberta e fria, a manhã.» (vv. 1-3).
2. Refere um dos sentidos produzidos pela interrogação «Que faço eu no mundo?» (v. 4).
A interrogação produz, entre outros, os seguintes sentidos:
– sublinha um dos temas centrais do poema – o autoquestionamento do «eu» sobre o valor da sua
e_______________________;
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– enfatiza o desespero e a a_______________ do sujeito poético face ao seu lugar no mundo;
– acentua o estado de agitação i______________ do «eu» (agravado pela insónia).
3. Atenta nos três primeiros versos da terceira estrofe. Explicita, sucintamente, a relação entre a
«noite» e a «manhã» estabelecida nos versos 14 e 15.
Os versos 14 e 15 representam a «noite» como o lugar de onde n_____________ a «manhã» ou seja, a
«manhã» surge como uma realidade gerada na «noite» e que, saindo lentamente de dentro desta, a anula.
4. Tendo em conta todo o poema, identifica duas das razões do sentimento de «horror» referido no
verso 8.
As razões do «horror» referido pelo sujeito poético no verso 8 são, entre outras, as seguintes:
– a certeza de que cada novo d______ lhe traz sempre a mesma vivência de desilusão («o mesmo dia do
fim / Do mundo e da dor» – vv. 9-10);
– a consciência da indiferenciação do tempo, da r_____________ incessante dos dias sempre iguais
(«Um dia igual aos outros, da eterna família / De serem assim» – vv. 11-12);
– o cansaço de «tantas vezes ter sempre esperado em vão» (v. 17), levando à desistência total de
qualquer tipo de e______________ («Para quem / [...] / Já nada espera» – vv. 16 e 18).
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