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753 Realização Apoio Institucional Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas 2012 ANÁLISE FINANCEIRA E DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR AGROPECUÁRIO ANTÔNIO ARTUR DE SOUZA * SAMUEL DIAS PINTO ELISA ELAINE MOREIRA TEIXEIRA RESUMO Em razão da crescente competição, as empresas do ramo do agronegócio vêm realizando, cada vez mais, análise econômico-financeira e do sistema de controle interno para que as tomadas de decisão referentes a projetos de expansão ou criação de novos negócios se fundamentem em informações acuradas e capazes de evitar surpresas no decorrer da vida útil de um empreendimento. O presente trabalho tem por objetivo propor um modelo de análise financeira e do sistema de controle interno para o setor de agropecuária. Busca-se, por meio desse modelo, identificar índices que permitam comparar os desempenhos financeiros da empresa pesquisada com uma segunda organização do mesmo ramo de atividade. Realizaram- se, para a análise econômico-financeira, um estudo dos índices econômicos-financeiros para os exercício de 2005 a 2007 em uma fazenda, denominada nesse estudo de Alfa comparando- os aos índices de uma empresa de capital aberto (Rasip Agro Pastoril S/A) no mesmo período em questão. No que se refere ao sistema de controle interno, procedeu-se a uma análise crítica das principais áreas administrativas da Fazenda Alfa, descrevendo-se os procedimentos de controle interno e as práticas contábeis adotadas por essa empresa. De acordo com os resultados concernentes aos indicadores financeiros, a empresa Fazenda Alfa encontra-se bem estruturada financeiramente, mostrando pequenas variações em relação a Rasip Agro Pastoril S/A. Em relação aos procedimentos de controle interno adotados pela empresa, contudo, identificaram-se falhas que afetaram alguns indicadores da empresa. Com base nas falhas encontradas e nos respectivos possíveis efeitos nos índices financeiros, foram listadas diversas recomendações para a empresa. Palavras-chave: Agropecuária; Análise Financeira; Controle Interno. 1. INTRODUÇÃO A globalização econômica vem submetendo as companhias a um ambiente altamente competitivo e complexo, o que faz da informação uma das variáveis mais importantes no processo decisório, tanto para os usuários internos como para os usuários externos. Nesse contexto, as empresas não podem mais se limitar apenas ao cumprimento de obrigações fiscais, devendo dar atenção especial aos agentes que estão à sua volta (e.g., acionistas, clientes e funcionários) e à necessidade de ferramentas de gestão que possuam comprovada eficácia, como aquelas relacionadas ao controle da gestão e à avaliação de desempenho (SILVA, et al., 2009). Nesse âmbito, cumpre destacar que a necessidade de informações mais acuradas demanda o desenvolvimento e a implementação de novas ferramentas para a análise dos dados disponíveis, o que, por sua vez, requer a obtenção de um sistema de controle interno que propicie mais segurança e transparência nas informações econômico-financeiras. A

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Análise Financeira e do Sistema de Controle Interno: Estudo de Caso em uma Empresa do Setor Agropecuário. SOUZA, A.A.; PINTO, S.D.; TEIXEIRA, E.E.M. VII EGEPE, 2012, Florianópolis SC.

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Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas 2012

ANÁLISE FINANCEIRA E DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR AGROPECUÁRIO

ANTÔNIO ARTUR DE SOUZA * SAMUEL DIAS PINTO

ELISA ELAINE MOREIRA TEIXEIRA

RESUMO

Em razão da crescente competição, as empresas do ramo do agronegócio vêm realizando, cada vez mais, análise econômico-financeira e do sistema de controle interno para que as tomadas de decisão referentes a projetos de expansão ou criação de novos negócios se fundamentem em informações acuradas e capazes de evitar surpresas no decorrer da vida útil de um empreendimento. O presente trabalho tem por objetivo propor um modelo de análise financeira e do sistema de controle interno para o setor de agropecuária. Busca-se, por meio desse modelo, identificar índices que permitam comparar os desempenhos financeiros da empresa pesquisada com uma segunda organização do mesmo ramo de atividade. Realizaram-se, para a análise econômico-financeira, um estudo dos índices econômicos-financeiros para os exercício de 2005 a 2007 em uma fazenda, denominada nesse estudo de Alfa comparando-os aos índices de uma empresa de capital aberto (Rasip Agro Pastoril S/A) no mesmo período em questão. No que se refere ao sistema de controle interno, procedeu-se a uma análise crítica das principais áreas administrativas da Fazenda Alfa, descrevendo-se os procedimentos de controle interno e as práticas contábeis adotadas por essa empresa. De acordo com os resultados concernentes aos indicadores financeiros, a empresa Fazenda Alfa encontra-se bem estruturada financeiramente, mostrando pequenas variações em relação a Rasip Agro Pastoril S/A. Em relação aos procedimentos de controle interno adotados pela empresa, contudo, identificaram-se falhas que afetaram alguns indicadores da empresa. Com base nas falhas encontradas e nos respectivos possíveis efeitos nos índices financeiros, foram listadas diversas recomendações para a empresa.

Palavras-chave: Agropecuária; Análise Financeira; Controle Interno.

1. INTRODUÇÃO

A globalização econômica vem submetendo as companhias a um ambiente altamente competitivo e complexo, o que faz da informação uma das variáveis mais importantes no processo decisório, tanto para os usuários internos como para os usuários externos. Nesse contexto, as empresas não podem mais se limitar apenas ao cumprimento de obrigações fiscais, devendo dar atenção especial aos agentes que estão à sua volta (e.g., acionistas, clientes e funcionários) e à necessidade de ferramentas de gestão que possuam comprovada eficácia, como aquelas relacionadas ao controle da gestão e à avaliação de desempenho (SILVA, et al., 2009).

Nesse âmbito, cumpre destacar que a necessidade de informações mais acuradas demanda o desenvolvimento e a implementação de novas ferramentas para a análise dos dados disponíveis, o que, por sua vez, requer a obtenção de um sistema de controle interno que propicie mais segurança e transparência nas informações econômico-financeiras. A

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atividade pecuária encontra-se inserida nesse cenário, que demanda um bom controle interno, a um custo acessível, para que as empresas sejam capazes de competir com melhores condições no mercado.

Iniciada com a colonização, a pecuária brasileira teve como objetivo inicial a produção de couro, carne para charque e serviços de tração animal (ASSAF NETO, 2001). Lemes (2001) destaca que fatores como extensão territorial, diversidade de solos, inexistência de adversidades climáticas insuperáveis, acessibilidade a recursos hídricos, grande extensão do mercado interno, baixos custos de terras no passado e disponibilidade da mão de obra determinaram vantagens na produção pecuária brasileira, comparativamente a países do primeiro mundo.

Com o passar do tempo, essa atividade parece não ter perdido sua importância, apresentando até os dias de hoje grandes perspectivas no mercado globalizado. Potsch (1965) cita que o Brasil ocupava, no início da segunda metade do século XX, o quarto lugar no mundo na criação de bovinos. De acordo com o IBGE (2011), o Brasil conta com um rebanho de cerca de 209,5 milhões de cabeças, ostentando um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, com a pecuária representando uma atividade econômica de grande relevância. Lemes (2001) afirma que o aumento do consumo de carne bovina em nível mundial pede maiores investimentos principalmente em formas mais efetivas de gestão.

Neste contexto, os controles internos são instrumentos importantes para as empresas, haja vista que, ao assegurarem os meios indispensáveis ao acompanhamento das ações planejadas e à análise dos resultados esperados, garantem a consistência dos procedimentos técnicos e administrativos adotados. Segundo Attie (1998, p. 114), “[um] sistema de controle interno bem desenvolvido pode incluir o controle orçamentário, custos-padrão, relatórios financeiros, boas análises das viabilidades financeiras e, inclusive, auditoria interna”. Portanto, é imprescindível que os profissionais ligados à administração dos negócios de uma empresa, seja qual for o setor em que atuem, tenham preocupações em obter um bom sistema de controle interno.

De acordo com Siqueira (1999, p. 105), “[...] as empresas estão sempre em busca de elementos que lhes proporcionem um diferencial em relação à concorrência, quer seja em termos de estratégias, quer seja em termos de produtos, preços, informações ou tecnologia”. Assim, as empresas do setor de agropecuária necessitam definir critérios internos detalhados que sejam mais transparentes e evitem fraudes que possam comprometer o desenvolvimento dos negócios. Com isso, garantem-se não apenas a continuidade e o fluxo dos processos, mas também a correta administração dos controles já existentes.

Nesse contexto, o presente trabalho consiste em um estudo de caso que aborda a questão dos controles em uma empresa do setor agropecuário, em uma fazenda denominada nesse estudo de Alfa. Trata-se de uma companhia com dificuldades relacionadas à validação das demonstrações financeiras com base nas informações geradas pelos atuais sistemas de controles operacionais. Por essa razão, buscou-se estudar e analisar os procedimentos de controles adotados por essa empresa, bem como introduzir uma proposta de adequação das demonstrações financeiras. Mais especificamente, procurou-se identificar qual seria o sistema de controle interno mais adequado para demonstrar a viabilidade financeira e a segurança dos ativos da empresa pesquisada.

Portanto, o objetivo geral do trabalho em tela é propor um modelo de análise econômico-financeira e do sistema de controle interno para o setor de agropecuária por meio de um estudo de caso (i.e., a empresa Fazenda Alfa). A partir do objetivo geral, foram arrolados os seguintes objetivos específicos: a) analisar a situação econômico-financeira da empresa Fazenda Alfa; b) comparar a situação financeira da empresa estudada com a de outra

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empresa do mesmo ramo de atividade (a Rasip Agro Pastoril S/A); c) identificar e analisar as deficiências dos procedimentos de controles internos adotados pela empresa Fazenda Alfa; d) descrever os procedimentos de controle interno e as práticas contábeis atualmente adotadas na empresa estudada; e) identificar e descrever as possíveis relações entre as deficiências nos controles internos e a situação econômico-financeira da empresa em estudo; e f) propor recomendações de melhoria nas possíveis falhas encontradas no controle interno.

São imprescindíveis ao processo de gestão não apenas as informações, mas também um modelo de análise dos resultados. Nesse sentido, o presente trabalho busca, em termos acadêmicos, contribuir com uma análise voltada para a adequação financeira e os sistemas de controles internos. Em termos práticos, a contribuição do trabalho está no desenvolvimento de uma proposta para auxiliar os gestores no bom desempenho operacional da empresa, visando a controles internos adequados e, conseqüentemente, bons resultados financeiros. Portanto, este estudo se justifica por empregar os conhecimentos da contabilidade como um instrumento de controle administrativo. Parte-se do pressuposto de que um sistema de contabilidade que não esteja ancorado em um controle interno eficiente é, até certo ponto, pouco relevante: por provavelmente estarem distorcidas, as informações dos relatórios não são confiáveis e podem levar a conclusões erradas e danosas para as empresas. Ampliando essa perspectiva em termos de relevância social, a divulgação dos resultados do trabalho coloca à disposição do gestor do agronegócio uma ferramenta de auxílio à tomada de decisões. Com melhores conhecimentos acerca dos mecanismos de gestão relacionados à criação de gado, logra-se uma maior otimização do resultado das empresas do setor.

O presente trabalho apresenta a seguinte estrutura: na primeira parte, é feita a introdução, onde é contextualizada a importância do sistema de controle interno para a análise da situação econômica das empresas e são delineados o tema e problema, os objetivos e a justificativa do estudo. A segunda parte aborda a revisão bibliográfica, ao discorrer conceitualmente sobre a análise de índices econômico-financeiros e o sistema de controle interno. A seguir, apresenta-se a metodologia utilizada. Na seqüência, é vista a análise dos resultados da pesquisa, seguida pela conclusão, limitações desta pesquisa e perspectiva para estudos futuros.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

Consoante Assaf Neto (2003), a análise financeira se baseia no estudo de índices financeiros, por meio do qual é possível identificar o endividamento das empresas e até mesmo a possibilidade insolvência. Cumpre apontar, contudo, que a simples evidência de um indicador como o endividamento deve funcionar apenas como um alerta, uma vez que não é suficiente para definir a situação de uma empresa: fatores como prestígio junto ao governo e relacionamento com o mercado financeiro podem ajudar uma organização a operar anos a fio no mercado, ainda que mantenha elevado o endividamento.

De acordo com Martins (2004, p. 4-5), “pode-se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise da situação financeira e análise da situação econômica”, devendo aquela ser realizada anteriormente a esta. O Quadro 1 apresenta uma síntese dos índices a serem empregados nessas análises.

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No Quadro 1, os índices são apresentados em quatro eixos, a saber: capital, liquidez, lucratividade e rentabilidade. Os índices apurados na estrutura de capital podem ser analisados da seguinte forma: quanto menor, melhor. Os índices de liquidez têm esquema de avaliação inverso: quanto maior, melhor. A Figura 1 sintetiza os aspectos revelados pelos índices financeiros.

Tendo em vista a relevância, neste trabalho foram escolhidos os seguintes índices para a avaliação da situação econômico-financeira da empresa: Endividamento Geral, Liquidez Geral, Margem Líquida, Giro do Ativo, Retorno sobre o Ativo e Retorno sobre o Patrimônio Líquido.

QUADRO 2 – Índices utilizados para a análise econômico-financeira

Índice de Estrutura de Capital Participação de Capital de

Terceiros (PCT) [(PC + ELP) / PL] x

100 [(Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo) / Patrimônio Líquido] x 100

Índice de Endividamento Geral (EG) (PC + ELP) / AT (Passivo Circulante + Passivo Exigível a

Longo Prazo) / Ativo Total Imobilização do Patrimônio

Líquido (IPL) (AP / PL) x 100 (Ativo Permanente / Patrimônio Líquido) x 100

Índice de Liquidez

Liquidez Geral (LG) (AC + RLP) / (PC + ELP)

(Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante +

Passivo Exigível a Longo Prazo) Liquidez Corrente (LC) AC/PC Ativo Circulante / Passivo Circulante

Liquidez Seca (LS) (DISP + AF + DRL) / PC

(Disponibilidades + Aplicações Financeiras + Duplicatas a Receber Líquidas) / Passivo Circulante

Índice de Lucratividade Margem Bruta LB / ROL Lucro Bruto / Receita Operacional Líquida

Margem Líquida (LL / ROL) x 100 (Lucro Líquido / Receita Operacional Líquida) x 100

Margem Operacional LO / ROL Lucro Operacional / Receita Operacional Líquida Índice de Rentabilidade

Giro do Ativo (GA) ROL/ AT Receita Operacional Líquida / Ativo Total Retorno Sobre o Ativo – ROA (LL / AT) x 100 (Lucro Líquido / Ativo Total) x 100 Retorno Sobre o Patrimônio

Líquido (ROE) (LL / ((PLn + PLn-

1)/2) x 100 (Lucro Líquido / Patrimônio Líquido médio) x 100

Fonte: Elaborado pelos autores.

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FIGURA 9 – Aspectos revelados pelos índices financeiros

Fonte: Elaborado pelos autores.

O índice de Endividamento Geral aponta a proporção dos ativos totais da empresa que

é financiada pelos credores: quanto maior esse índice, maior o montante do capital de terceiros. A Contabilidade moderna trata o Ativo como a aplicação de recursos, financiados tanto por Capitais Próprios (Patrimônio Líquido) quanto por Capitais de Terceiros. Padoveze (1998) aponta que, em época inflacionária, a utilização de capitais de terceiros é mais interessante do que o financiamento por meio de capital próprio: se os capitais de terceiros forem, em sua maior parte, decorrentes de necessidades operacionais, conhecidos como “exigíveis não onerosos” (exigíveis que não geram explicitamente encargos financeiros para a empresa), as possibilidades de incremento dos resultados são bem maiores. Não obstante, há outra face da moeda: a empresa, ao adotar uma política de elevada participação de Capital de Terceiros, pode tornar-se dependente e vulnerável a qualquer contratempo (MATARAZZO, 2003).

Os indicadores de Liquidez têm o objetivo de medir a capacidade de pagamento de uma empresa, isto é, capacidade de cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas (ASSAF NETO, 2003). Dentre esses indicadores, o índice de Liquidez Geral mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo, haja vista que relaciona tudo o que a empresa conseguirá converter em dinheiro (Curto e Longo Prazo) com tudo o que a empresa pagará a curto e longo Prazo. Embora, por um lado, esse indicador apresente deficiências como divergência em datas de recebimento e de pagamento; por outro lado, a análise abrangendo vários anos é bastante elucidativa do desempenho da organização. Cabe apontar que, também para esse índice, a análise da folga financeira pode ser prejudicada se os prazos dos ativos e passivos forem muito diferentes (ASSAF NETO, 2003).

O índice de Liquidez Corrente mede a relação entre o ativo circulante e o passivo circulante: quando superior a 1 existe capital circulante (capital de giro) líquido positivo; quando igual a 1, a empresa não apresenta capital circulante líquido; quando inferior a 1, o capital de giro líquido é negativo (ativo circulante menor que passivo circulante). Cumpre destacar, no entanto, que o índice de Liquidez Corrente (ou Liquidez Comum) mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo e apresenta dois aspectos limitantes, quais sejam: pode mascarar ativos superavaliados, obsoletos e de baixa liquidez; e pode esconder uma falta de sincronização entre recebimentos e pagamentos, ou seja, não é possível

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identificar se os recebimentos e os vencimentos acontecerão simultaneamente (MARION, 2002).

No Índice de Liquidez Seca, que avalia, de forma conservadora, a situação de liquidez da empresa (IUDÍCIBUS, 1998), são subtraídos os estoques do circulante, os quais, apesar de serem classificados como itens circulantes (curto prazo), nem sempre se tornam líquidos na mesma velocidade das demais contas do grupo (GITMAN, 2003). “Sua realização é, na maioria das vezes, mais demorada e difícil que a dos demais elementos que compõem o ativo circulante” (ASSAF NETO, 2003, p. 107). Esse índice mostra quanto das dívidas de curto prazo deverá ser resgatado pelos ativos circulantes de maior liquidez, sendo desejável que o seu valor seja equivalente ou superior a 1,0 (embora o valor aceitável dependa muito do padrão do setor). Na análise, deve-se considerar, também, que o índice de Liquidez Seca é mais relevante como medida da liquidez quando os estoques da empresa não são facilmente convertidos em caixa. Em outras palavras, quando os estoques são líquidos, o índice de Liquidez Corrente é a medida mais indicada.

De acordo com Silva (1995), “o retorno sobre o ativo (ROA) é considerado como um dos quocientes individuais mais importantes da análise de balanços, ele mostra o desempenho da empresa de uma forma global”. Essa medida deveria ser usada amplamente pelas empresas como teste geral de desempenho, comparando os resultados encontrados e o retorno esperado. A medida de retorno sobre o ativo representa o potencial de geração de lucros da empresa, isto é, quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação aos investimentos totais. O processo de avaliação dos resultados do Retorno Sobre o Ativo (ROA) é apresentado no Quadro 2, a seguir:

QUADRO 3 – Avaliação de resultados – ROA

Até 8% Rentabilidade Baixa De 8 a 14% Rentabilidade Normal

De 14 a 20% Rentabilidade Boa Acima de 20% Rentabilidade Excelente

Fonte: Cafeo (2004, p. 39).

Já o índice Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, do inglês Return on Equity), que é considerado o principal quociente de rentabilidade utilizado por analistas de mercado de capitais e por acionistas, representa a medida geral de desempenho da empresa. Segundo Gropelli e Nikbakht (1998), esse índice mede a taxa de retorno para os acionistas: em geral, quanto maior o retorno, mais atrativa é a ação. Essa taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido é uma medida de muita importância para os analistas financeiros, pois demonstra a rentabilidade dos recursos dos acionistas em relação aos recursos totais da empresa. O processo de avaliação dos resultados do ROE, é apresentado no Quadro 3.

QUADRO 4 – Avaliação de resultados – ROE

Até 2% Rentabilidade Péssima De 2 a 10% Rentabilidade Baixa

De 10 a 16% Rentabilidade Boa Acima de 16% Rentabilidade Excelente

Fonte: Cafeo (2004, p. 39).

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Há ainda os índices Margem Líquida e Giro do Ativo. O índice de Margem Líquida, conhecido também como Retorno sobre as Vendas, compara o Lucro Líquido com as Receitas Líquidas do período, fornecendo o percentual de Lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu faturamento. Por outro lado, o Giro do Ativo demonstra a relação entre as vendas efetuadas em determinado período e os investimentos efetuados para a realização dessas vendas, indicando o faturamento para cada R$ 100,00 de investimento no Ativo Total.

2.2 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

O controle interno pode ser visto como um conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com o objetivo de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da empresa. Um sistema de controle interno bem desenvolvido pode incluir o controle orçamentário, custos-padrão, relatórios operacionais periódicos, análises estatísticas, programas de treinamento de pessoal e, inclusive, auditoria interna. Pode também abranger, por conveniência, atividades em outros campos, como, por exemplo, estudos de tempos e movimentos e controles de qualidade. No entanto, cumpre destacar que, como “cada empresa tem objetivos operacionais específicos de acordo com as suas atividades e se utiliza procedimentos de controle interno distinto em função do ramo de atividade, volume das operações e riscos envolvidos” (GUIMARÃES, 2001, p. 63), não existe um modelo padrão de controle interno que se adapte às reais necessidades de qualquer empresa.

Franco e Marra (2001) conceituam controle interno como todos os instrumentos da organização destinados a vigilância, fiscalização e verificação administrativa que permitam prever, observar, dirigir ou governar os eventos ocorridos dentro da empresa e que produzam reflexos em seu patrimônio. Por sua vez, Lopes Sá (1998) define controle interno como todos os métodos e procedimentos adotados pela empresa para proteger seus ativos, controlar a validade dos dados fornecidos pela contabilidade, ampliar a eficácia e assegurar a boa aplicação das instruções da direção. Já a Instrução Normativa nº 16, de 20 de dezembro de 1991, instituída pelo Departamento de Tesouro Nacional, conceitua controle interno como o conjunto interligado de atividades, planos, métodos e procedimentos utilizados com vistas a evidenciar eventuais desvios ao longo da gestão e assegurar que o objetivo dos órgãos e entidades da administração pública seja alcançado de forma confiável e concreta.

No controle interno, incluem-se conceitos que podem ser peculiares tanto à contabilidade quanto à administração, tais como os controles contábeis e os controles administrativos. Os controles contábeis “compreendem o plano de organização e todos os métodos e procedimentos diretamente relacionados, principalmente com a salvaguarda do patrimônio e a fidedignidade dos registros contábeis” (ATTIE, 1998, p. 114), e abrangem os seguintes controles: sistema de autorização e aprovação; separação das funções de escrituração e elaboração dos relatórios contábeis daquelas associadas às operações ou custódia dos valores; e controle físico sobre esses valores. Já os controles administrativos “compreendem o plano de organização e todos os métodos e procedimentos que dizem respeito à eficiência operacional e à decisão política traçada pela administração” (ATTIE, 1998, p. 114), estando normalmente relacionados de forma indireta aos registros financeiros e frequentemente abrangendo análises estatísticas, estudos de tempos e movimentos, relatórios de desempenho, programas de treinamento e controle de qualidade.

No sistema de controle interno, verificam-se também os exames de controle interno, os quais constituem uma das fases mais relevantes no trabalho do auditor. Embora a

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administração da empresa seja a responsável pela elaboração e implantação dos controles internos, cabe a um auditor devidamente qualificado verificar se o sistema está sendo corretamente aplicado, avaliar a confiabilidade dos procedimentos em vigor e reportar as falhas observadas juntamente com as devidas recomendações para saná-las.

Para Crepaldi (1998), a revisão do controle interno deve ser, no mínimo, suficientemente extensa até que o auditor possa chegar a uma conclusão sobre a razoabilidade proporcionada por esse controle à organização da empresa como um todo. Uma das formas de realização dos exames de controle interno que satisfaça a esse critério mínimo é a aplicação de questionários de avaliação da eficiência ou adequação desses controles. Tais questionários permitem avaliar, de forma minuciosa, se os controles contábeis internos asseguram o correto registro das operações financeiras, se os controles administrativos evidenciam eficiência operacional e observância da política da empresa e da legislação em vigor, bem como se tais controles protegem adequadamente os ativos do cliente contra fraudes ou irregularidades.

Os questionários são divididos em seções, em função da natureza de cada atividade ou operação. As repostas dadas às questões durante a execução dos trabalhos devem ser confrontadas com os controles internos apresentados como parâmetros para a realização das tarefas.

3 METODOLOGIA

A pesquisa consiste em um estudo de caso descritivo e explicativo da empresa Fazenda Alfa. É uma empresa privada constituída em sociedade por cotas de responsabilidade Ltda. A empresa caracteriza-se como uma empresa de pequeno porte em termos do número de funcionários e da estrutura gerencial. Pertence ao setor de agronegócio e tem como atividade preponderante a comercialização e criação, em unidades produtivas próprias, de gados de corte e de leite. A empresa apresenta uma estrutura relativamente simples, composta por três níveis hierárquicos: a diretoria, no primeiro nível; a auditoria/assessoria contábil e a assessoria de mercado e comercialização no segundo nível; e, no terceiro nível, as gerências administrativa e operacional.

A pesquisa foi executada com a seguinte estrutura bipartite: análise financeira – correspondente aos objetivos específicos (a) e (b) – e análise dos procedimentos de controle interno – concernente aos objetivos específicos de (c) a (f). A análise financeira se baseou em dados primários e dados secundários. Estes foram coletados por meio das seguintes técnicas: pesquisa em arquivos, pesquisa documental e pesquisa na Internet. A pesquisa em arquivos teve como foco os dados contábeis da empresa Fazenda Alfa. A pesquisa no sistema contábil da empresa se fez necessária para buscar dados mais detalhados sobre algumas das contas. Por sua vez, a pesquisa documental consistiu na investigação dos relatórios contábeis e fiscais, bem como dos documentos e manuais do setor contábil da referida empresa, principalmente aqueles relacionados com as políticas e práticas contábeis empregadas. Já a pesquisa na Internet teve como objetivo a busca de dados e informações sobre o setor de agropecuário.

Na análise financeira, comparou-se a empresa Fazenda Alfa. (objeto de estudo) com outra do mesmo ramo de atividade, a Rasip Agro Pastoril S/A, cujos dados foram extraídos da base de dados Economática. Com o aporte das técnicas de análise de índices, análise vertical e análise horizontal, esse exame foi realizado no intuito de se conhecer a situação econômico-financeira de ambas as empresas e, então, explicar, de forma contrastiva, os desempenhos recentes de cada uma. A apresentação e interpretação desses dados seguem a estrutura proposta em Lanari e Souza (1999), Lara (2007) e Silva et al. (2009). Esta estrutura visa

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analisar os índices de empresas do mesmo setor de atuação. A análise dos índices financeiros se baseia naqueles disponíveis diretamente na base de dados Economática.

Como instrumentos para atingir os objetivos desejados nesta pesquisa e identificar os procedimentos de controle interno adotados pela empresa estudada, foram aplicados questionários e entrevistas, bem como realizados exame de auditoria e pesquisa em arquivos. Os questionários foram desenvolvidos de forma tal que qualquer resposta “não” às questões formuladas pudessem ser indícios de problemas de controle interno e de pontos a serem explicados ou a merecerem trabalhos complementares. Já as entrevistas não estruturadas visaram recolher informações referentes aos controles e processos da empresa. Nas pesquisas em arquivos, buscou-se levantar informações que pudessem comprovar, por meio de documentos, os impactos provocados pela não conferência e seguimento das normas estabelecidas pela empresa. Por fim, o exame de auditoria visou compreender a veracidade das informações apresentadas na escrituração e nas demonstrações financeiras da empresa.

Cumpre informar, no entanto, que no desenvolvimento desta pesquisa encontraram-se algumas limitações, pois os responsáveis pela administração direta da empresa tiveram dificuldade em demonstrar os procedimentos de controle adotados. As dificuldades encontradas, contudo, não comprometeram o desenvolvimento deste trabalho.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA E COMPARAÇÕES ENTRE A EMPRESA ESTUDADA E EMPRESA DE CAPITAL ABERTO DO MESMO RAMO DE ATIVIDADE

No caso específico da análise financeira apresentada neste capítulo, empregou-se a análise dos índices financeiros apresentados no Quadro 1. Por esse método, pôde-se efetuar cálculos para identificar a situação econômico-financeira das empresas, conforme os aspectos revelados pelos índices financeiros vistos na Figura 1 , isto é, a situação financeira, avaliada pelos índices de estrutura de capital e de liquidez e a situação econômica, avaliada pelos índices de lucratividade e rentabilidade.

A análise financeira inclui o cálculo de índices obtidos diretamente a partir dos demonstrativos financeiros. Com o objetivo de se obter uma referência para comparação mais precisa, recomenda-se analisar a situação de uma dada empresa à luz dos índices apresentados por outras organizações do mesmo ramo de atividade. Nesse sentido, apresenta-se aqui uma análise exploratória dos Balanços Patrimoniais e das Demonstrações do Resultado do Exercício de 2005 a 2007 de duas empresas. Mais especificamente, faz-se um comparativo entre os índices financeiros da empresa em estudo, a Fazenda Alfa, e aqueles encontrados para a empresa Rasip Agro Pastoril S/A. A Rasip Agro Pastoril S/A atua no mesmo setor e conta com fazendas próprias no Distrito de Vacaria (RS) e destaca-se na criação de gados e na produção de frutas. A análise comparativa levou em consideração o cenário econômico-financeiro do setor agropecuário tal como evidenciado nas informações publicadas pelo Comitê Nacional de Agropecuária (CNA) e em artigos publicados por Costa (2009) e Barbosa (2009). A Tabela. 1, a seguir, apresenta os índices de desempenho dessas duas empresas para os anos de 2005 a 2007.

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TABELA 4 - Comparação dos Índices de Desempenho da Empresas Fazenda Alfa e Rasip Agro Pastoril S/A.

Índices Fazenda Alfa Rasip Agro Pastoril 2005 2006 2007 2005 2006 2007

Endividamento Geral (%) 3% 9% 7% 24% 35% 40% Liquidez Geral 21% 8% 7% 2% 3% 2%

Margem Líquida (%) 30% 12% 16% -3% 12% 6% Giro do Ativo (%) 17% 20% 12% 59% 59% 59%

Retorno sobre o Ativo (%) 5% 2% 2% -2% 7% 3% Retorno sobre o Patrimônio Líquido

(%) 7% 4% 3% -2% 10% 6%

Fonte: Elaborado pelos autores.

Em relação ao índice de Endividamento Geral, a empresa Fazenda Alfa encontra-se em situação extremamente confortável, pois apresenta um índice (3% e 7% para 2005 e 2007, respectivamente) muito baixo em relação àquele apresentado pela empresa Rasip Agro Pastoril S/A (24% e 40% para 2005 e 2007, respectivamente). Observa-se que a empresa Fazenda Alfa agiu de forma mais conservadora do que a Rasip Agro Pastoril S/A em relação ao grau de endividamento. Mais especificamente, verifica-se que, entre 2005 e 2007, a Empresa Rasip S/A elevou a participação dos financiamentos de curto prazo em suas carteiras de obrigações.

Pela análise comparativa do índice de Liquidez Geral demonstrado na Tabela 1, percebe-se que a empresa Fazenda Alfa apresentou melhores índices do que a empresa Rasip Agro Pastoril S/A, haja vista que a comparação entre os índices é feita no sentido “quanto maior, melhor”. Observa-se que os índices de Liquidez Geral apresentados pela Fazenda Alfa declinaram (de 20,94% em 2005 para 7,39% em 2007) e os índices da empresa Rasip Agro Pastoril apresentaram estabilidade (2% em 2005 e em 2007). Conclui-se que os índices de Liquidez Geral apresentados pela empresa Fazenda Alfa tiveram um melhor desempenho em relação àqueles da empresa Rasip Agro Pastoril S/A. Ambas as empresas apresentaram condições de arcar com suas dívidas a curto e longo prazo.

Em se tratando do índice Margem Líquida, também conhecido como Retorno sobre as Vendas, a análise comparativa aponta que Fazenda Alfa apresenta melhor desempenho (30%, 12% e 16% para 2005, 2006 e 2007, respectivamente) do que a Rasip Agro Pastoril S/A (-3%, 12% e 6% para o mesmo período).

Observa-se que a empresa Rasip Agro Pastoril S/A apresentou prejuízo em sua Demonstração de Resultado, haja vista o índice de lucratividade negativo no período de 2005. Em contrapartida, a empresa Fazenda Alfa obteve melhores índices de Margem Líquida, o que implica que os negócios dessa empresa são mais lucrativos do que os da Rasip Agro Pastoril S/A.

Já no que diz respeito ao índice Giro do Ativo (GA), verifica-se que a empresa Rasip Agro Pastoril S/A apresentou melhores índices (59% para 2005, 2006 e 2007) do que a empresa Fazenda Alfa (17%, 20% e 12% para 2005, 2006 e 2007, respectivamente). Isso implica uma maior alavancagem nas vendas da empresa Rasip Agro Pastoril S/A no período pesquisado.

Em se tratando, por sua vez, do índice Retorno sobre o Ativo (ROA), a análise comparativa indica que ambas as empresas tiveram rentabilidade baixa no período: a Fazenda Alfa apresentou índices de 5%, 2% e 2% em 2005, 2006 e 2007, respectivamente, e a Rasip

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Agro Pastoril S/A apresentou, para o mesmo período, -2%, 7% e 3%. Conclui-se que a rentabilidade relacionada ao ROA de ambas as empresa encontra-se baixa nos períodos compreendidos entre 2005 e 2007. Isso implica que ambas as empresas estão com baixos potenciais de geração de lucro.

No que tange ao índice Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), também mostrado na Tabela 1, a análise comparativa aponta que ambas as empresas apresentaram rentabilidade baixa: no caso da Fazenda Alfa, 7%, 4% e 3% em 2005, 2006 e 2007, respectivamente; e, no caso da Rasip Agro Pastoril S/A, -2%, 10% e 6% no mesmo período. Observa-se que a rentabilidade relacionada ao ROE de ambas as empresa foi baixa, ou seja, menor do que 8%, nos períodos compreendidos entre 2005 e 2007. Portanto, subtende-se que o retorno do capital investido de ambas as empresas foi baixo.

4.2 AVALIAÇÃO DOS CONTROLES INTERNOS EXISTENTES NA EMPRESA ESTUDADA

Em função da existência de certas fragilidades nos controles internos, principalmente do setor financeiro, estoques e imobilizado da Fazenda Alfa, esta parte do trabalho se dedica a uma análise crítica das principais áreas administrativas da empresa em questão. Em um primeiro momento, descrevem-se os procedimentos de controle interno e as práticas contábeis adotadas pela empresa até 2007. Em seguida, são feitas recomendações de melhoria para as possíveis falhas encontradas.

Para tanto, foi aplicado um questionário de controle interno nos principais departamentos responsáveis pelos registros financeiros e contábeis, ou seja, nos setores de contas a receber, contas a pagar, contabilidade e estoque. Esse questionário foi elaborado pelos autores com base em sete anos de experiência na área. São descritas apenas as áreas em que foram detectadas falhas nos procedimentos de controles interno, de acordo com a estrutura do balanço patrimonial da empresa Fazenda Alfa As contas abrangidas são: Disponibilidade, Créditos a Receber de Clientes, Estoques, Imobilizado e Patrimônio Líquido.

Na conta Disponibilidade estão registrados os valores referentes ao caixa, banco e aplicação financeira. Diante das informações obtidas por meio dos questionários aplicados no setor de tesouraria e no setor contábil, verifica-se falha de controle no que se refere à segregação de função entre a tesouraria e a contabilidade, aos procedimentos de caixa e à ausência de planilhas de controles das aplicações financeiras. Nesse âmbito, cumpre destacar que as falhas podem distorcer os índices apresentados pela empresa.

No que se refere à segregação de função, observa-se que o responsável pelos registros contábeis controla, também, partes das atividades da área financeira, tendo inclusive poderes para movimentar contas bancárias, com exceção dos pagamentos a fornecedores (efetuados pelo responsável do Contas a Pagar). Nessa questão, as empresas mais modernas estão adotando, contudo, a prática de segregar as funções financeiras das contábeis, restringindo ao máximo o acesso do responsável pelos recebimentos e pagamentos aos registros contábeis. Dessa forma, a possibilidade de ocorrência de desvios e manipulações, apesar de não eliminada totalmente, fica substancialmente reduzida.

Na conta Caixa, estão registrados os valores referentes ao caixa sede e caixas seccionais. Verifica-se a inexistência dos boletins dos caixas seccionais como suporte dos registros contábeis. Pelas informações recebidas, os valores referentes aos caixas seccionais referem-se a numerários repassados aleatoriamente às fazendas filiais para pagamentos de despesas internas, sendo que os numerários são solicitados à sede à medida que necessário e,

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para a maior parte desses valores, não é feita prestação de contas. Visando à melhoria dos controles internos, à simplificação dos processos contábeis e à proteção dos ativos da empresa, recomenda-se a utilização de um sistema caixa de denominado “Fundo Fixo de Caixa”.

O Fundo Fixo de Caixa tem como objetivo estabelecer um valor fixo suficiente para o pagamento de despesas durante um período pré-estipulado (por exemplo, de duas semanas ou de um mês), devendo o montante ser entregue ao caixa, em cheque nominativo, mediante a assinatura de um recibo a favor da empresa. Esse recibo fica em poder do diretor responsável pela área financeira e serve de base para o registro das operações nos livros da empresa. Para que as despesas sejam contabilizadas no mês de competência, o funcionário responsável pela custódia do Fundo Fixo deve elaborar o boletim (lista detalhada dos pagamentos efetuados pelo Fundo Fixo) de caixa toda vez que o fundo fica reduzido a um limite mínimo preestabelecido ou ao final do mês caso esse limite não seja atingido. Após serem conferidos os documentos de pagamentos contra a lista detalhada, a documentação comprobatória deve ser cancelada com carimbo “Despesa Reembolsada” para evitar a reapresentação e um cheque nominativo ao responsável deve ser emitido pelo Fundo Fixo, completando desse modo o processamento de reembolso de despesas pagas. Qualquer insuficiência nos documentos comprobatórios dos pagamentos feitos, ou a sua condição de não ser documento hábil ou legal, deve provocar a sua impugnação, efetuando-se o reembolso do fundo pela diferença, ou seja, pelo total da lista menos os itens glosados. Pagamentos acima do limite máximo preestabelecido devem ser efetuados por cheques nominativos aos favorecidos. A empresa deve adotar a prática de efetuar contagens do Fundo Fixo de Caixa de forma periódica e de surpresa, devendo, ao final de cada exercício, o valor estabelecido para o Fundo Fixo ser totalmente depositado em conta bancária, de forma que o saldo do Fundo Fixo fique zerado na data do balanço e seja reconstituído no primeiro dia útil do período seguinte.

A adoção desses procedimentos oferece as seguintes vantagens: Controles melhores e mais racionais sobre o dinheiro em mãos, o recebimento e o desembolso; Limitação do montante de numerário mantido em mãos, com a consequente diminuição de riscos, como o de uso indevido; Conhecimento prévio do montante de numerário e/ou documentos que comprovam o saldo que deve ser encontrado em caixa; Reembolso das despesas dos “fundos de caixa” efetuado no final de cada mês do exercício, de forma que o saldo na data do balanço seja equivalente ao montante em dinheiro existente no caixa.

No que se refere às aplicações financeiras, embora não tenha sido identificada qualquer divergência entre o saldo das aplicações financeiras mantidas junto aos bancos e os respectivos saldos apresentados contabilmente, verifica-se inexistência de planilha de controle das aplicações capaz de resumir e acompanhar os saldos existentes. Ademais, constata-se que, contabilmente, a empresa também não segrega as aplicações entre curto e longo prazo. A esse respeito, cumpre destacar que a existência de planilha de controle contendo detalhe da movimentação financeira do período, além de facilitar as análises dos investimentos a curto e longo prazo, facilita também a conciliação com os registros contábeis.

Recomenda-se que a empresa providencie a separação entre curto e longo prazo, sendo que os títulos de liquidez imediata devem ser registrados no Ativo Circulante e os títulos de longo prazo devem ser registrados no Passivo Circulante, pois a segregação entre curto e longo prazo tende a demonstrar os reais índices de Liquidez que a empresa apresenta.

Na conta Créditos a Receber de Clientes são contabilizados os valores a receber da venda de gado em curto prazo. De acordo com os resultados obtidos por meio dos questionários aplicados junto ao setor de contas a receber e ao setor contábil, verifica-se que o registro contábil dos saldos relacionados às contas a receber é realizado mediante importação

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dos dados do sistema financeiro para o contábil. No entanto, não há formalizado procedimento de conferência entre os registros contábeis e a base de informações geradas no financeiro, o que faz com que a empresa incorra no risco de registros realizados em rubricas inadequadas.

Visando validar as informações contábeis, foi solicitado ao departamento financeiro o relatório referente aos valores a receber. Encontraram-se, no entanto, divergências entre os registros contábeis. O relatório controlado pelo setor financeiro se constitui como um importante instrumento auxiliar das atividades administrativas exercidas por esse setor e deveria servir como razão auxiliar dos saldos apresentados nos registros contábeis. Segundo informações obtidas junto ao contabilista responsável, as divergências existentes são motivadas, principalmente, por problemas no sistema informatizado de controle das contas a receber, o qual, embora consiga transferir com exatidão a totalidade dos valores faturados para o sistema contábil, não é capaz de efetuar a mesma transferência de dados, com exatidão, para o relatório de contas a receber do setor financeiro.

Recomenda-se (i) implementar uma rotina de conferência formal das informações registradas na Contabilidade por meio da importação de dados das contas a receber, (ii) regularizar as divergências apuradas, bem como (iii) revisar o sistema informatizado de dados e as rotinas de emissão dos relatórios. A esse respeito, cabe destacar que o maior controle no contas a receber tende a trazer maior credibilidade aos índices de Giro do Ativo apresentados pela empresa.

Na conta Estoques estão apropriados os animais de criação disponíveis para venda. De acordo com os resultados obtidos por meio dos questionários aplicados junto ao setor contábil, verifica-se que não tem sido prática da empresa Fazenda Alfa a realização de inventários físicos adequados, abrangendo todos os itens de estoques vivos. Segundo o contabilista responsável, os inventários são feitos mensalmente e abrangem apenas os bezerros recém-nascidos e a relação das vendas efetuadas no período. Em consequência disso, observa-se certo grau de desconforto em relação à quantidade de estoques vivos.

Visando à melhoria dos controles internos, à simplificação dos processos contábeis e à proteção dos ativos, recomenda-se que a empresa elabore inventário físico de 100% dos estoques existentes e, se necessário, promova o acerto entre estoque contábil e físico. Como a realização de um inventário físico compreende frequentemente uma tarefa complexa (MARION, 2002), seria insatisfatório depender unicamente de instruções verbais ou de uma familiaridade geral com os estoques por parte dos grupos inventariantes. A fim de assegurar um inventário físico adequado, devem ser elaboradas instruções detalhadas e por escrito, de modo que se possa ter certeza de que todos os itens de estoque serão objeto de contagem e que nenhum item (bovino, equino, suíno) será contado duplamente. Tais instruções devem também abranger os aspectos inerentes à realização de um bloqueio (corte) satisfatório da documentação de modo a revestir o inventário da segurança mínima necessária. Ademais, há que se providenciar também para que os funcionários designados para a realização dos inventários físicos sejam adequadamente orientados com respeito às instruções emitidas e que sejam capacitados para cumprir tais instruções com a eficiência requerida.

Com base nos procedimentos de inventários físicos sugeridos por Marion (2002), sugere-se elaborar um plano semestral para inventário físico de todas as categorias de estoque, ou seja, descriminar os bovinos, equinos, muares etc. Esse plano consiste em programar inventários físicos periódicos para as diversas classes de estoques, de tal forma que, ao se encerrar cada exercício, todos os estoques tenham sido contados pelo menos uma vez. Ressalta-se que, para um controle adequado das quantidades físicas dos estoques, é necessária a realização periódica de inventários físicos por funcionários capazes e sob a supervisão direta

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de outros funcionários qualificados e independentes das funções de guarda e do controle dos estoques. Basicamente, os trabalhos desses funcionários, que comporiam uma comissão permanente, consistiriam em elaborar, em conjunto com os setores envolvidos, o plano semestral dos levantamentos físicos de estoques e de bens do ativo imobilizado.

De acordo com os resultados obtidos, no que se refere ao controle do ativo da conta Imobilizado, verificou-se que a Fazenda Alfa não dispõe de um sistema de controle patrimonial que permita a identificação física e individual dos itens desta conta, com exceção das fazendas que compõem a empresa. Em decorrência disso, a contabilidade não tem refletida em seus registros uma posição individualizada dos bens no que se refere à data de aquisição, controle de depreciação e documentação suporte. Com o objetivo de salvaguardar os ativos da empresa, é imprescindível que sejam observados os seguintes principais aspectos: Levantamento geral do ativo imobilizado da empresa incluindo a respectiva identificação, codificação e chapeamento; Confronto do levantamento físico com os registros contábeis e ajustes necessários; Identificação da documentação suporte das aquisições dos bens e posterior arquivamento para fins fiscais (notas fiscais, pedidos de investimentos, ordem de compra, cotações etc.); e Estabelecimento de normas e procedimentos internos, formalizados em manuais aprovados pela empresa. Tal recomendação deve ser incluída especialmente nas áreas administrativas/contábeis das fazendas para salvaguardar o patrimônio da empresa.

Por fim, em relação ao Patrimônio Líquido, as informações fornecidas pelo setor contábil e os resultados obtidos no questionário de controle interno apontam que, no período de 2007, foi realizada uma reavaliação dos imóveis da empresa sem a obtenção de laudo técnico. A esse respeito, ressalta-se que essa prática enfraquece os controles internos e distorce os índices de Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL) apresentados pela empresa.

Recomenda-se à contabilidade a obtenção / disponibilização do laudo técnico de avaliação. Aqui, compete salientar que, para o ano de 2008, conforme rege a Lei n. 11.638/2007, mesmo com a obtenção do laudo técnico, a reavaliação dos bens deverá ser mantida até a sua efetiva realização ou estornada até o final do exercício, conseqüentemente gerando uma carga tributária sobre a realização dos valores reavaliados.

5. CONCLUSÃO

A constante mudança que tem ocorrido na economia mundial vem direcionando as empresas do setor de agropecuária ao estudo das viabilidades financeiras de projetos de expansão ou criação de novos negócios, bem como à implementação de sistemas de controle interno para a obtenção de mais segurança e transparência nas informações econômico-financeiras.

Para se manterem em um setor sensível a crises na economia, as empresas do ramo do agronegócio precisam de ferramentas de gestão que tenham comprovada eficácia no meio empresarial. Nesse âmbito, o presente trabalho buscou (i) propor, a partir de um estudo de caso (a empresa Fazenda Alfa), um modelo de análise econômico-financeira e do sistema de controle interno para o setor de agropecuária, bem como (ii) comparar, por meio de indicadores financeiros, os desempenhos financeiros da empresa pesquisada com os de uma empresa de capital aberto do mesmo ramo de atividade (a empresa Rasip Agro Pastoril S/A).

A análise dos indicadores escolhidos para elaboração deste trabalho indica que a Fazenda Alfa, por se tratar de uma empresa nova no ramo de agropecuária, apresentou uma situação financeira extremamente confortável no período em tela, pois tem um índice de Endividamento Geral muito baixo em relação ao índice apresentado pela empresa Rasip Agro

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Pastoril. Mais especificamente, esta teve índices de 24%, 35% e 50% para 2005, 2006 e 2007 respectivamente, ao passo eu aquela teve índices de 3%, 9% e 7% para o mesmo triênio.

No que se refere aos índices de Liquidez Geral, a empresa Fazenda Alfa também apresentou índices melhores do que a empresa Rasip Agro Pastoril S/A. Enquanto os índices desta foram de 2%, 3% e 2% para os anos de 2005, 2006 e 2007 respectivamente, os valores daquela foram de 21%, 8% e 7% para o mesmo triênio. Apesar das diferenças, os índices de Liquidez Geral e de Endividamento Geral de ambas as empresas implicam que elas têm condições de arcar com suas dívidas de curto e longo prazo.

Já o indicador de Lucratividade, observado por meio do índice Margem Líquida, evidenciou que a empresa Fazenda Alfa apresentou melhores índices (30%, 12% e 16% para 2005, 2006 e 2007, respectivamente) do que a Empresa Rasip Agro Pastoril (-3%, 12% e 6% para o mesmo triênio). Conclui-se que a Fazenda Alfa encontra-se mais rentável em seus negócios do que a empresa Rasip Agro Pastoril S/A.

No que se refere aos indicadores de Rentabilidade, contudo, observa-se que a empresa Rasip Agro Pastoril S/A apresentou melhores índices do que a empresa Fazenda Alfa Não obstante, mesmo aquela apresentando melhores índices de retorno do que esta, ficou evidenciado que ambas as empresa apresentaram baixos potenciais de retorno sobre os investimentos.

Assim sendo, as análises dos indicadores financeiros demonstram que a empresa Fazenda Alfa encontra-se bem-estruturada financeiramente, tendo pequenas variações em comparação com a sociedade anônima de capital aberto Rasip Agro Pastoril S/A. As análises também apontam que, no triênio sob estudado, o setor de agropecuária enfrentava uma forte crise financeira, sendo que a empresa Fazenda Alfa, nova no mercado, sobreviveu às adversidades e apresentou bons resultados. Além disso, como, de 2006 a 2008, a crise econômica se alterou, o setor de agropecuária voltou a ter bons resultados, com previsão de crescimento, o que é bom para ambas as empresas.

No que diz respeito aos controles internos existentes na Fazenda Alfa, foram realizadas entrevistas e aplicados questionários no setor financeiro e no setor contábil. Com base nas informações obtidas nos dois setores, verificaram-se falhas de controle. Apesar de mínimas, as falhas encontradas afetam os indicadores apresentados pela empresa e tendem a estar atreladas ao despreparo dos profissionais responsáveis pela gestão da empresa. Nesse escopo, as possíveis recomendações de melhoria têm como objetivo proteger os ativos da empresa e fazer com que os processos de controle funcionem de forma a gerar dados confiáveis e imprescindíveis para um bom gerenciamento dos recursos.

Nota-se que a falta ou o não cumprimento dos passos evidenciados nos controles internos prejudica a empresa, demandando dispêndios financeiros desnecessários, apresentando relatórios gerenciais inconsistentes e fomentando a incerteza de alguns indicadores financeiros. Diante desse cenário, não há dúvida de que o cumprimento dos controles estabelecidos é primordial para as tomadas de decisão em um nível gerencial. Aqui, cumpre salientar que as recomendações de melhoria foram apresentadas como sugestões para a administração da empresa, tendo como objetivo aprimorar as técnicas e procedimentos contábeis e de controles internos para que as bases de informações propiciem mais segurança e transparência nas informações econômico-financeiras. Nesse sentido, a adoção das recomendações de melhoria tende a contribuir para futuras tomadas de decisões, facilitando a visualização dos recursos tanto econômicos quanto financeiro. Em outros termos, os bons controles internos fazem com que a empresa tenda a obter resultados positivos em todos os seus processos, principalmente em relação à apresentação dos indicadores financeiros.

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Para as empresas do setor de agropecuária, este trabalho se mostra relevante por apresentar a sugestão de um modelo de análise econômico-financeira e do sistema de controle interno. O modelo proposto pode vir a contribuir para um avanço gerencial e para futuras tomada de decisões, facilitando a visualização dos recursos econômico-financeiros e bons controles internos de outras empresas.

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