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FACULDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS YONARA DA SILVA ANDRADE ANÁLISE EXPLORATÓRIA SOBRE OS INDICADORES CONTÁBEIS TRADICIONAIS: UM ESTUDO DE CASO DAS LOJAS AMERICANAS S/A RIO DE JANEIRO 2014.2

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FACULDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

YONARA DA SILVA ANDRADE

ANÁLISE EXPLORATÓRIA SOBRE OS INDICADORES CONTÁBEIS TRADICIONAIS: UM ESTUDO DE CASO DAS LOJAS AMERICANAS S/A

RIO DE JANEIRO

2014.2

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FACULDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

YONARA DA SILVA ANDRADE

ANÁLISE EXPLORATÓRIA SOBRE OS INDICADORES CONTÁBEIS TRADICIONAIS: UM ESTUDO DE CASO DAS LOJAS AMERICANAS S/A

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade São Judas Tadeu como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis, sob a orientação da professora Maria Amália da Costa Bairral

RIO DE JANEIRO 2014.2

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TERMO DE APROVAÇÃO

YONARA DA SILVA ANDRADE

ANÁLISE EXPLORATÓRIA SOBRE OS INDICADORES CONTÁBEIS TRADICIONAIS: UM ESTUDO DE CASO DAS LOJAS AMERICANAS S/A

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade São Judas Tadeu como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis, aprovado

pela seguinte banca examinadora:

____________________________________________ Professor Rubem Roberto Magalhães de Souza

Coordenador da graduação em Ciências Contábeis Faculdade São Judas Tadeu

____________________________________________ Professora Orientadora Maria Amália da Costa Bairral

Faculdade São Judas Tadeu

____________________________________________ Professor Alexandre Tavares dos Santos

Faculdade São Judas Tadeu

Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2014.

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DEDICATÓRIA

(MODELO)

NÃO COLOCAR O TÍTULO, APENAS O TEXTO QUE DESEJA USAR

Dedico este trabalho à minha família, meus

amigos de sala de aula e professores que

sempre me apoiaram durante toda essa

trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que sempre esteve comigo, me iluminando,

para que eu pudesse alcançar este objetivo.

A professora Maria Amália da Costa Bairral, minha orientadora, pela atenção

no decorrer da elaboração do presente trabalho.

Agradeço em especial aos meus queridos pais Josiane Andrade e José Ivanildo

de Andrade por sempre me apoiarem e acreditarem no meu potencial. Essa conquista

também é de vocês!

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“Não temas porque eu sou contigo, não te assombres porque eu sou o teu Deus, te

sustento e te ajudo com a destra da minha justiça.”

(Isaías 41:10)

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar de que maneira as tradicionais ferramentas de Análise das Demonstrações Contábeis podem auxiliar os usuários internos e externos no processo de tomada de decisão. Para atender o objetivo do trabalho fez-se necessário uma pesquisa exploratória e qualitativa, com a aplicação de um estudo de caso realizado a partir dos Balanços Patrimoniais e das Demonstrações do Resultado do Exercício da Lojas Americanas S/A, tradicional empresa de comércio varejista. A pesquisa apresenta conteúdo acerca das Demonstrações Contábeis como o conceito e finalidade dos demonstrativos de publicação obrigatória por parte das empresas. Também serão conceituadas as tradicionais Técnicas de Análise dos demonstrativos contábeis, como as Análises Vertical e Horizontal e os Indicadores Econômicos e Financeiros. A partir do estudo de caso, resultados apontaram a importância da utilização das técnicas de análise como ferramenta no processo de tomada de decisões, sendo possível obter informações a partir da capacidade de liquidez da empresa em diferentes períodos, e pontuar os aspectos positivos e negativos que merecem atenção para uma melhor gestão do passivo exigível da empresa.

Palavras-Chave: Demonstrações Contábeis. Técnicas de Análise. Estudo de Caso.

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ABSTRACT

The principal objective of this study is to analyse how the traditional tools of the Analysis of Financial Statements can help the internal and external users in the decision-making process. To meet the main goal of this study was necessary an exploratory and qualitative research with the application of the case study held from the Balance Sheets and the Common Size Income Sheet of the Lojas Americanas S/A, traditional retail business. The research presents Financial Statements content like the concept and purpose of the mandatory disclosure statements. They are also renowned Analyses Vertical and Horizontal and Economic and Financial Indicators. From the case study the results indicate the importance of using technical analysis as a tool in the decision-making process, making it possible to obtain information from the company's liquidity capacity at different times and score the positive and negative aspects that deserve attention to better management of the liabilities of the company.

Key-words: Financial Statements. Analysis Techniques. Case Study.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Informações buscadas pelos principais usuários das demonstrações

contábeis e decisões auxiliadas por essas informações .......................................... 17

Quadro 2 – Estrutura do Balanço Patrimonial ........................................................... 21

Quadro 3 – Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício ....................... 24

Figura 1 – Etapas do Processo de Análise .............................................................. 26

Quadro 4 – Síntese de estudos voltados para a Análise das Demonstrações Contábeis

.................................................................................................................................. 36

Quadro 5 – Síntese das expressões matemáticas utilizadas para os cálculos dos

índices de liquidez imediata, corrente, seca e geral ................................................. 40

Gráfico 1 – Evolução das contas do Ativo no período de 2011 a 2013.......................45

Gráfico 2 – Evolução das contas do Passivo no período de 2011 a 2013 ................ 47

Quadro 6 – Cálculo dos Índices de Liquidez ............................................................. 49

Gráfico 3 – Evolução dos Índices de Liquidez no período de 2011 a 2013 ............... 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Cálculo das Análises Vertical e Horizontal - Balanço Patrimonial ........... 43

Tabela 2 – Cálculo das Análises Vertical e Horizontal – Demonstração do Resultado

do Exercício .............................................................................................................. 47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AH Análise Horizontal

AV Análise Vertical

BP Balanço Patrimonial

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

DFC Demonstração do Fluxo de Caixa

DLPA Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

DVA Demonstração do Valor Adicionado

LASA Lojas Americanas S/A

PMPC Prazo Médio de Pagamento de Compras

PMRE Prazo Médio de Rotação de Estoque

PMRV Prazo Médio de Recebimento de Vendas

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14

1. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................ 16 1.1 Balanço Patrimonial ........................................................................................ 19 1.1.1 Ativo ................................................................................................................ 21 1.1.2 Passivo ........................................................................................................... 22 1.2 Demonstração do Resultado do Exercício ...................................................... 23 2. TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................... 25 2.1 Análise Vertical ............................................................................................... 27 2.2 Análise Horizontal ........................................................................................... 28 2.3 Análise por Índices ......................................................................................... 28 2.3.1 Indicadores Econômicos ................................................................................. 29 2.3.1.1 Índices de Rentabilidade (Taxa de Retorno) ................................................. 29 2.3.1.2 Índices de Lucratividade ................................................................................ 30 2.3.2 Indicadores Financeiros .................................................................................. 30 2.3.2.1 Índices de Atividade ...................................................................................... 30 2.3.2.2 Índices de Estrutura de Capital (Endividamento) .......................................... 31 2.3.2.3 Índices de Liquidez ........................................................................................ 32 2.4 Tipos de Índices de Liquidez .......................................................................... 32 2.4.1 Liquidez Imediata ........................................................................................... 33 2.4.1 Liquidez Corrente ........................................................................................... 33 2.4.1 Liquidez Seca ................................................................................................. 34 2.4.1 Liquidez Geral ................................................................................................ 34 2.5 Estudos Anteriores com Abordagem sobre Análise das Demonstrações ....... 36 3. METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 37 3.1 Tipologia da Pesquisa .................................................................................... 37 3.2 Seleção da Amostra e Período de Estudo ...................................................... 37 3.3 Coleta de Dados ............................................................................................. 38 3.4 Análise dos Dados .......................................................................................... 38 3.4.1 Análise Vertical ............................................................................................... 39 3.4.2 Análise Horizontal ........................................................................................... 39 3.4.3 Índices de Liquidez ......................................................................................... 39 4. ESTUDO DE CASO: LOJAS AMERICANAS S/A .................................................. 41 4.1 Caracterização da Empresa ........................................................................... 41 4.2 Análise Horizontal e Vertical ........................................................................... 42 4.3 Análise Através dos Índices de Liquidez ........................................................ 48 4.3.1 Liquidez Imediata ........................................................................................... 49 4.3.2 Liquidez Corrente ........................................................................................... 50 4.3.3 Liquidez Seca ................................................................................................. 50 4.3.4 Liquidez Geral ................................................................................................ 51

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 56 ANEXO A - BALANÇO PATRIMONIAL 2011 - LOJAS AMERICANAS S/A ............. 58 ANEXO B - BALANÇO PATRIMONIAL 2012 - LOJAS AMERICANAS S/A ............. 59 ANEXO C - BALANÇO PATRIMONIAL 2013 - LOJAS AMERICANAS S/A ............. 60 ANEXO D – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2011 – LOJAS AMERICANAS S/A ................................................................................................... 61 ANEXO E – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2012 – LOJAS AMERICANAS S/A ................................................................................................... 62 ANEXO F – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2013 – LOJAS AMERICANAS S/A ................................................................................................... 63

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INTRODUÇÃO

Atualmente as organizações são expostas a um ambiente econômico-

financeiro muito competitivo, ocasionando uma grande preocupação em conhecer

cada vez melhor o seu negócio visando a melhor tomada de decisões gerenciais. A

contabilidade tem um papel importante nessa verificação, pois através de seu sistema

contábil são elaboradas demonstrações financeiras que mensuram o patrimônio e

apuram o resultado da organização em um determinado período, possibilitando a

comparação, com períodos passados e com o ambiente institucional que atua, e a

avaliação do desempenho empresarial.

Nesse contexto, a análise das demonstrações financeiras é a ferramenta que

auxilia nesse levantamento, pois pode apresentar, através de suas técnicas, a

situação financeira, econômica e patrimonial das empresas.

Segundo Bortoluzzi et al. (2011, p. 201):

A técnica de análise das demonstrações contábeis é uma forma de avaliar o desempenho econômico-financeiro, com o objetivo de apresentar aos gestores das organizações informações que auxiliem no processo de tomada de decisão. Essa técnica considera os diversos demonstrativos contábeis como fonte de dados, que são compilados em índices, cuja análise histórica possibilita identificar a evolução do desempenho econômico e financeiro da organização.

A utilização das análises horizontal e vertical e dos indicadores econômico-

financeiros se dá através de fórmulas matemáticas que mostram a evolução, seja ela

positiva ou negativa, dos resultados das operações da empresa num determinado

espaço de tempo. Sendo assim, as informações adquiridas podem ser interpretadas

e aplicadas por seus usuários.

Este trabalho se justifica por fazer um diagnóstico financeiro numa empresa de

ramo varejista, a partir da aplicabilidade de importantes e tradicionais técnicas de

análise das demonstrações financeiras, muito utilizadas, para auxiliar na avaliação da

situação financeira e econômica das empresas.

Por meio do tema apresentado, questiona-se: “De que maneira a análise das

demonstrações financeiras pode ser aplicada nas demonstrações contábeis de uma

empresa?”

A metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho é uma pesquisa

exploratória, baseada em estudo de caso, realizada a partir dos Balanços Patrimoniais

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e Demonstrações do Resultado do Exercício das Lojas Americanas S/A

disponibilizados, em 18 de março de 2014, no próprio site da organização.

O estudo de caso limitou-se a utilização de Balanços Patrimoniais e

Demonstrações do Resultado do Exercício, por se tratarem de tradicionais

demonstrações contábeis e mais, comumente, utilizadas na análise financeira. Quanto

as técnicas de análise, restringiu-se ao uso das análises vertical e horizontal, primeira

etapa das técnicas de análise, e os índices de liquidez, por analisarem a capacidade

de liquidação das dívidas e situação financeira da empresa.

Sendo assim, esse estudo tem como objetivo geral verificar a aplicabilidade e

importância das técnicas tradicionais de análise das demonstrações contábeis na

empresa Lojas Americanas S/A.

Os objetivos específicos são:

Apresentar um estudo teórico sobre o tema escolhido;

Conceituar as principais demonstrações contábeis;

Descrever os diferentes tipos de análise que podem ser utilizadas;

Identificar a relevância dos índices de liquidez para o conhecimento da

capacidade de pagamento de exigibilidades e de lucratividade da

empresa;

Analisar o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do

Exercício da empresa Lojas Americanas S/A nos anos de 2011, 2012 e

2013, mediante técnicas da análise vertical, horizontal e de quocientes,

mas especificamente o índice de liquidez.

Para o alcance dos objetivos da pesquisa, o trabalho foi dividido em cinco

capítulos. No primeiro, são apresentadas as principais demonstrações contábeis

exigidas pela Lei das Sociedades por Ações, dando ênfase no Balanço Patrimonial e

Demonstração do Resultado do Exercício. No segundo capítulo, segue-se

apresentando as técnicas de análise das demonstrações contábeis tradicionalmente

utilizadas pelos usuários internos e externos. No terceiro, trata-se da metodologia do

trabalho, apresentando sua tipologia, coleta e análise de dados. O quarto capítulo

compõe-se da caracterização da empresa escolhida para o estudo de caso e da

aplicação de tradicionais técnicas de análise nos demonstrativos contábeis

escolhidos, seguido das considerações finais.

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1. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis são os principais objetos de trabalho da

contabilidade, disponibilizados em forma de relatórios, que visam gerar tanto

informações econômicas, que diz respeito ao patrimônio e bens, quanto financeiras,

ligadas ao valor em dinheiro disponível.

Para Assaf (2010, p. 35):

Através das demonstrações contábeis levantadas por uma empresa, podem ser extraídas informações a respeito de sua posição econômica e financeira. Por exemplo, um analista pode obter conclusões sobre a atratividade de investir em ações de determinada companhia; se um crédito solicitado merece ou não ser atendido; se a capacidade de pagamento (liquidez) encontra-se numa situação de equilíbrio ou insolvência; se a atividade operacional da empresa oferece uma rentabilidade que satisfaz as expectativas dos proprietários de capital; e assim por diante.

Os relatórios contábeis são elaborados através dos acontecimentos ocorridos

na empresa em um espaço de tempo, como entradas e saídas de dinheiro, compra e

venda de mercadorias, aumento de capital, ou seja, de acordo com o ciclo operacional

da empresa. Iudícibus (2008, p. 26) afirma que o demonstrativo contábil “é a

exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade,

em determinado período”.

Os demonstrativos contábeis não são utilizados apenas por usuários internos,

como empregados, gestores e pessoas ligadas ao negócio, mas também por usuários

externos, que necessitam dessas informações para a tomada de decisões como os

bancos, para conceder ou não um empréstimo para uma empresa, por exemplo.

Montoto (2012, p. 37) define como usuários das demonstrações contábeis os

“investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos,

fornecedores e outros credores comerciais, governos e suas agências e o público”.

Investidores, credores, fornecedores e o público são definidos como usuários

externos. No grupo dos usuários internos encontram-se os empregados e gestores da

empresa. A quadro 1, a seguir, apresenta as informações buscadas pelos principais

usuários das demonstrações contábeis:

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Usuário Tipo de Usuário

Informações Buscadas Decisões Auxiliadas Pelas Informações

Investidores Externo Capacidade da empresa de

pagar dividendos.

Compra, venda ou permanência de

investimentos na entidade em questão.

Empregados Interno

Estabilidade e lucratividade, fatores que permitem a empresa de

prover as remunerações e benefícios.

Extração de relatórios para a diretoria e permanência ou não no emprego, por

exemplo.

Credores por Empréstimos

Externo Capacidade da empresa em pagar empréstimos e

juros a curto e longo prazo.

Concessão ou não de empréstimos.

Fornecedores Externo

Capacidade da empresa em pagar as dívidas em

seus vencimentos, normalmente, a curto

prazo.

Concessão de contratos de venda de mercadorias ou

prestação de serviços para a entidade.

Clientes Externo

Continuidade operacional da empresa, especialmente

em contratos a longo prazo.

Compra de mercadorias ou prestação de serviços a

serem feitas pela empresa.

Governo e suas Agências

Externo Destinação dos recursos,

ou seja, quais são as atividades da empresa.

Regulamentação da empresa quanto a

pagamento ou não de impostos, por exemplo.

Público Externo Evolução e desempenho

da empresa.

Avaliação da capacidade da empresa em gerar

empregos, por exemplo.

Quadro 1 – Informações buscadas pelos principais usuários das demonstrações contábeis e decisões auxiliadas por essas informações. Fonte: Adaptado Montoto (2012)

Entretanto, a elaboração das demonstrações contábeis não ocorre somente

devido a necessidade dos usuários internos e externos de conhecer o patrimônio da

empresa. A Lei 6.404/76, atualizada pela Lei 11.638/07, determina em seu artigo 176

a elaboração e publicação dos principais demonstrativos para sociedades anônimas

de capital aberto e para sociedades anônimas de capital fechado com ativo total acima

de R$ 240.000.000,00 e receita bruta anual maior que R$ 300.000.000,00:

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:

I - balanço patrimonial;

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II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III - demonstração do resultado do exercício; e

IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

O Balanço Patrimonial (BP) é o demonstrativo contábil que apresenta, no fim

do exercício, a formação financeira e patrimonial da empresa em valores monetários.

Através do balanço é mostrado todos os bens, direitos e obrigações da organização,

classificados como ativo e passivo. Reis (2003, p. 51) define o balanço patrimonial

como “uma apresentação estática, sintética e ordenada do saldo monetário de todos

os valores integrantes do patrimônio de uma empresa em determinada data.”

A Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) visa demonstrar

os elementos que contribuíram para o aumento ou diminuição da conta lucros ou

prejuízos acumulados.

Assaf (2007, p. 97) afirma:

(...) a demonstração de lucros e prejuízos acumulados retrata as movimentações ocorridas na conta de lucros acumulados do patrimônio líquido, fornecendo explicações sobre seu comportamento ao longo do exercício social.

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) demonstra o resultado, seja

positivo ou negativo, obtido pela empresa, mediante apuração de despesas e receitas

ocorridas no exercício, resultando no lucro ou prejuízo do período. Segundo Blatt

(2001) a DRE calcula os resultados líquidos, ou seja, deduzidos de impostos e

despesas, das empresas em um espaço de tempo específico.

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) se caracteriza pela apresentação de

transações realizadas em um período, ou seja, as entradas e saídas de recursos da

empresa que modificaram, para mais ou para menos, o saldo da conta caixa.

Segundo Marion (2012, p. 54):

A Demonstração do Fluxo de Caixa indica, no mínimo, as alterações ocorridas no exercício no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregadas em fluxos das operações, dos financiamentos e dos investimentos. Essa demonstração será obtida de forma direta (a partir

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da movimentação do caixa e equivalentes de caixa) ou de forma indireta (com base no lucro/prejuízo do exercício).

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) informa o valor da riqueza da

empresa e como essa riqueza é distribuída. A DVA, de acordo com a Lei 11.638/07 é

obrigatória apenas para companhias de capital aberto, conforme mencionado

anteriormente.

Para Marion (2010, p.59):

A Demonstração do Valor Adicionado evidenciará os componentes geradores do valor adicionado a sua distribuição entre empregados, financiadores, acionistas, governos e outros, bem como a parcela retida para o reinvestimento.

Além das demonstrações contábeis descritas, a Lei 6.404/76 determina, em

seu terceiro parágrafo, a formulação das Notas Explicativas como um relatório

complementar às demonstrações contábeis. Esse relatório deve informar detalhes

sobre a elaboração dos demonstrativos que esclareçam os resultados apresentados.

A seguir serão apresentadas maiores informações sobre o Balanço Patrimonial

e a Demonstração do Resultado Exercício, demonstrativos utilizados para o estudo

de caso do presente trabalho.

1.1 BALANÇO PATRIMONIAL

O objetivo principal do Balanço Patrimonial é demonstrar a posição financeira

e patrimonial da empresa geralmente ao fim do ano, de acordo com o exercício social

da empresa. É demonstrado numericamente os bens, direitos, obrigações e

participações de acionistas ou cotistas. O balanço patrimonial mostra-se uma

demonstração de suma importância, pois é um elemento fundamental para o

conhecimento da posição de uma empresa (ASSAF NETO, 2010).

O artigo 178 da Lei 6.404/76, atualizada pela Lei 11.941/09, define o Balanço

Patrimonial, conforme transcrição a seguir:

Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.

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§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:

I – passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).

As informações mínimas que devem constar no Balanço Patrimonial estão

definidas no item 54 do CPC 26, transcrito a seguir:

54. O balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, no mínimo, as seguintes contas: (a) caixa e equivalentes de caixa; (b) clientes e outros recebíveis; (c) estoques; (d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); (e) total de ativos classificados como disponíveis para venda (Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; (f) ativos biológicos; (g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; (h) propriedades para investimento; (i) imobilizado; (j) intangível; (k) contas a pagar comerciais e outras; (l) provisões; (m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”); (n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro; (o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamento Técnico CPC 32; (p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31;

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(q) participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e (r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade.

O Quadro 2 apresenta, de forma sintética, a estrutura do Balanço Patrimonial

de acordo com a Lei 6.404/76:

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Caixa Fornecedores

Duplicatas a Receber Salários a Pagar

Estoques Impostos a Pagar

Dividendos a Pagar

ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo (Financiamentos)

Investimentos

Imobilizado

Intangível PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Reservas de Capital

Ajustes de Avaliação Patrimonial

Reserva de Lucros

Ações em Tesouraria

Prejuízos Acumulados

Quadro 2 – Estrutura do Balanço Patrimonial Fonte: Adaptado Marion (2012)

O Balanço Patrimonial divide-se em dois grupos denominados como Ativo e

Passivo, que serão apresentados a seguir:

1.1.1 Ativo

No Ativo é apresentado tudo o que a empresa tem, ou seja, todos os seus bens,

recursos, direitos a recebimento e despesas, que podem gerar benefícios futuros.

Montoto apud Iudícibus (2012, p. 517) ressalta: “ativos são recursos controlados por

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uma entidade capazes de gerar, mediata ou imediatamente, fluxos de caixa”. O ativo

é dividido em dois subgrupos: Ativo Circulante e Ativo Não Circulante.

O Ativo Circulante é o grupo formado pelas contas que representam os bens e

direitos e tudo que poderá ser transformado em itens monetários no curto prazo, ou

seja, até o final do exercício seguinte. Ribeiro (2013, p.403) destaca o ativo circulante

como:

(...) valores numerários (Caixa e Equivalentes de Caixa, isto é, dinheiro em caixa e em bancos, seja na conta corrente ou em aplicações de liquidez imediata), Bens destinados à venda ou a consumo próprio, despesas pagas antecipadamente com vencimentos fixados em até 12 meses da data do Balanço em que as contas estão sendo classificadas, bem como direitos cujos vencimentos também ocorram dentro deste período.

O Ativo Não Circulante é representado pelos bens e direitos que serão ou

poderão ser realizados (conversão em dinheiro) a longo prazo, ou seja, após o final

do exercício seguinte. Montoto (2012, p. 140) especifica:

O Ativo Não Circulante foi criado pela MP 440/2008 (Lei 11.941) e é subdivido em quatro subgrupos:

Realizável a longo prazo (aplicações em direitos realizáveis nos exercícios posteriores ao seguinte);

Investimentos (bens para investimento ou para utilização futura);

Imobilizado (máquinas, equipamentos, edifícios); e

Intangível (marcas, licenças e concessões).

1.1.2 Passivo

O Passivo mostra a origem dos recursos que se encontram investidos no ativo,

podendo tais recursos serem originários de terceiros ou dos sócios. Diante disso, o

Passivo é dividido em: Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio

Líquido.

O Passivo Circulante é o grupo formado pelas contas que representam as

dívidas para pagamento (realização) até o fim do exercício seguinte, por exemplo:

obrigações com fornecedores, empréstimos e financiamentos, obrigações tributárias,

obrigações trabalhistas e previdenciárias, entre outras (RIBEIRO, 2013).

O Passivo Não Circulante é distribuído pelas obrigações acima citadas, porém

com realização após o fim do exercício seguinte.

Page 23: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

23

O Patrimônio Líquido representa a parte da empresa que pertence a seus

sócios e proprietários, bem como o investimento dos mesmos na empresa. A Lei

6.404/76, atualizada pela Lei 11.941/07, em seu art. 178, § 2º, III, divide o Patrimônio

Líquido em “capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial,

reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados”.

1.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A Demonstração do Resultado do Exercício expressa o lucro ou o prejuízo

obtido pela empresa no período, através do confronto entre receitas e despesas.

Sendo assim, quando as receitas do período forem maiores que as despesas,

resultará no lucro, e quando as despesas forem maiores que as receitas, resultará em

prejuízo.

Montoto (2012, p.183) ressalta:

O Demonstrativo do Resultado é o relatório construído a partir dos saldos de encerramento de todas as contas de resultado. De forma geral, as contas de resultado são receitas, deduções de receitas, custos, despesas, impostos e participações sobre lucros.

O artigo 187 da Lei 6.404/76, atualizada pela Lei 11.941/09, define o que as

empresas devem descriminar na Demonstração do Resultado do Exercício, conforme

transcrição a seguir:

Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou

Page 24: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

24

previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

O Quadro 3 demonstra a estrutura da Demonstração do Resultado do

Exercício:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Vendas Brutas

(-) Deduções

Vendas Líquidas

(-) Custo dos Produtos Vendidos

Lucro Bruto

(-) Despesas

Vendas

Administrativas

Lucro antes das Despesas e Receitas Financeiras

(-) Despesas Financeiras

(+) Receitas Financeiras

Lucro antes do IR e Contribuição Social

(-) Imposto de Renda e Contribuição Social

Lucro Líquido

Quadro 3 – Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: Adaptado Marion (2012)

O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício são os

demonstrativos mais comumente usados pois mostram de forma objetiva a saúde

financeira da empresa. O Balanço Patrimonial pode expor, através da análise de suas

contas, se o dinheiro disponível poder arcar com as dívidas a curto ou longo prazo. A

Demonstração do Resultado do Exercício, com base nos dados extraídos do Balanço

Patrimonial, pode apresentar aos analistas e usuários se o capital investido na

empresa foi recuperado ou não, por exemplo. Para que uma análise possa obter bons

resultados os dados apresentados nos demonstrativos devem mostrar a realidade da

empresa, ou seja, deve-se averiguar a credibilidade desses dados (MARION, 2012).

Page 25: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

25

2. TÉCNICAS ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Atualmente, com o cenário competitivo das empresas, as decisões a serem

tomadas ganham grande importância e responsabilidade por parte dos gestores.

Muitas dessas decisões são feitas com base na análise dos dados fornecidos pelas

demonstrações contábeis, após suas publicações.

A Análise das Demonstrações Contábeis surgiu com a necessidade de

interpretação dos resultados mostrados nos demonstrativos contábeis. Os bancos

foram os primeiros a utilizarem e se interessarem por esse tipo de análise (MARION

e RIBEIRO, 2011).

A análise das Demonstrações Contábeis é uma técnica contábil utilizada para

examinar os dados fornecidos pelos demonstrativos contábeis e, por meio de

interpretação, transformar esses dados em informações. A análise é uma importante

ferramenta para as empresas, pois as informações obtidas permitem uma avaliação

de desempenho da entidade, auxiliando no processo de tomada de decisão.

Marion e Ribeiro (2011, p. 158) definem a análise das Demonstrações

Contábeis como uma “ferramenta de grande valia nas tomadas de decisões,

especialmente por possibilitar o conhecimento da situação econômica e financeira da

organização”.

Montoto (2012, p. 68) acrescenta que a análise dos relatórios contábeis

(...) permite verificar, por exemplo se a empresa tem mais disponibilidade (dinheiro) que no ano anterior, se tem mais estoques, se o grau de investimento em imobilizados (edifícios, veículos, máquinas) é compatível com o negócio e com o setor em que a empresa atua, se o retorno sobre o investimento foi adequado (se comparado às expectativas e ao mercado), entre outras analises.

Por meio das informações extraídas da interpretação dos dados fornecidos

pelas Demonstrações Contábeis, o usuário interno, saberá, por exemplo, se as

vendas aumentaram ou diminuíram em um determinado período, qual a possível

razão do aumento ou diminuição do lucro e quais as tendências para os próximos

períodos. Já o usuário externo poderá averiguar quais as condições de uma empresa

em quitar suas obrigações, assim como o rumo do negócio.

O processo de análise se inicia quando os usuários estão de posse das

demonstrações contábeis. Esse procedimento pode ser dividido em 7 partes,

conforme figura abaixo:

Page 26: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

26

Figura 1 – Etapas do Processo de Análise

Fonte: Adaptado Marion e Ribeiro (2011)

O usuário, interno ou externo, examinará e selecionará as demonstrações

desejadas para a análise de acordo com as suas necessidades de informação sobre

a situação da empresa. Por exemplo, para informações sobre a saúde financeira e

econômica da empresa serão utilizados o Balanço Patrimonial e a Demonstração do

Resultado do Exercício, com o auxílio das Notas Explicativas, podendo ser aplicado o

uso de outros demonstrativos para complementar e reforçar as informações extraídas.

As demonstrações selecionadas deverão ser padronizadas, ou seja, as contas

deverão ser examinadas e transcritas de acordo com modelos de padronização

existentes na literatura de Análise das Demonstrações Contábeis.

Segundo Marion (2012, p.10): “É imprescindível a preparação das peças

contábeis para uma análise mais realista.”

Através das demonstrações financeiras padronizadas, o usuário poderá extrair

dados e valores correspondentes a demonstrativos de, no mínimo, três períodos

anteriores que serão transportados para o modelo de padronização definido (MARION

e RIBEIRO, 2012).

Em seguida, serão utilizadas técnicas de análise vertical e horizontal e análise

por meio de indicadores, que revelam como é formado, como está a evolução e a

tendência das contas da demonstração escolhida para analisar.

Os resultados encontrados serão interpretados isoladamente, em conjunto, e

comparando com anos anteriores e resultados de outras empresas do ramo. As

Etapas do Processo de Análise

Cálculo dos Indicadores

Interpretação dos Quocientes

Análise Vertical e Horizontal

Comparação de Padrões

Exame e Padronização

Coleta de Dados

Page 27: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

27

conclusões extraídas serão convertidas em relatórios que servirão para tomadas de

decisão.

Braga et. al. (2004, p.52) afirma que “existe um vasto instrumental de análise à

disposição daqueles que desejam avaliar os aspectos econômicos e financeiros

refletidos nas demonstrações contábeis das empresas”.

Nos próximos itens o trabalho apresentará tradicionais técnicas de análise,

mais comumente utilizadas em balanços patrimoniais e demonstrações do resultado

do exercício.

2.1 ANÁLISE VERTICAL

A análise vertical, utilizada nas demonstrações contábeis, visa identificar o

percentual que cada elemento representa do total, ou seja quanto representa cada

valor em relação ao total. Sendo assim, é possível verificar as contas que tem maior

representatividade em relação ao total do ativo, passivo e patrimônio líquido. Essa

técnica é feita dividindo-se os elementos de um grupo pelo total desse mesmo grupo,

resultando no percentual daquele elemento.

Utilizando-se do Balanço Patrimonial como exemplo, poderemos dizer que o

total do ativo seria 100% e ao examinar as contas do ativo poderíamos, através da

análise vertical, calcular qual o percentual de qualquer conta do ativo em relação a ao

total. Então, se o valor total do ativo fosse R$ 100.000,00 e o valor do ativo circulante

fosse R$ 25.000,00, poderíamos dizer que o ativo circulante está representado em

40% do ativo total. O usuário poderá comparar os resultados obtidos com resultados

de anos anteriores ou de concorrentes para que seja verificado se há valores acima

ou abaixo do padrão, por exemplo.

Para Assaf (2010, p. 101), a análise vertical é um processo “comparativo,

expresso em porcentagem, que se aplica ao se relacionar uma conta ou grupo de

contas com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo”.

Page 28: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

28

2.2 ANÁLISE HORIZONTAL

A Análise Horizontal identifica a evolução de cada elemento do patrimônio em

relação a anos anteriores, ou seja, identifica uma série histórica. Essa técnica fornece

tanto o conhecimento do desempenho das contas analisadas, bem como o

comportamento desses elementos, como aumento ou diminuição de valores ao longo

dos anos, quanto tendências que podem ocorrer no futuro.

A análise horizontal é feita de uma conta em comparação a outros exercícios

sociais, avaliando os demonstrativos contábeis “pela evolução de seus valores ao

longo do tempo” (ASSAF, 2010). Pode-se dividir essa técnica de análise em dois tipos:

análise horizontal anual, realizada em relação ao ano anterior, e análise horizontal

encadeada feita em relação a um no período base específico.

Adotando a Demonstração do Resultado do Exercício como exemplo,

poderíamos dizer que em 2010 tivemos um lucro líquido de R$ 200.000,00 e que em

2011 o lucro líquido resultou em R$ 250.000,00. A Análise Horizontal calculará qual o

percentual de aumento ou diminuição da conta Lucro Líquido de 2010 para 2011.

Nesse exemplo, o aumento do lucro líquido seria de 25% de 2010 para 2011.

Marion e Ribeiro (2012, p. 189) acrescentam que, devido a análise horizontal

ser feita em comparação com períodos passados, o usuário e analista “não poderá,

evidentemente, desprezar em sua análise a influência da inflação, que pode concorrer

para um crescimento aparente ou para a redução dos valores em análise”.

2.3 ANÁLISE POR ÍNDICES

A Análise por Índices é formada por indicadores que mostram o desempenho

da empresa financeiramente e economicamente. Os índices são calculados por meio

da relação entre contas ou grupo de contas, que podem ser comparados com

resultados de períodos passados ou resultados de outras empresas.

Morozini, Hein e Olinquevitch apud Mintzberg (2006, p. 87) afirmam que para

se iniciar o processo de análise das demonstrações contábeis “se começa com cálculo

de um conjuntos índices econômico-financeiros desenvolvidos para revelar os pontos

fortes e fracos das empresas”.

Page 29: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

29

2.3.1 Indicadores Econômicos

Os indicadores econômicos, quando utilizados, trazem informações acerca da

rentabilidade e lucratividade da empresa, que abordam aspectos diferentes. A

rentabilidade pode ser definida como a relação entre o lucro líquido e o investimento

realizado, mostrando ao usuário a velocidade de retorno do capital investido. Já a

lucratividade pode indicar qual o ganho obtido pela empresa, relacionando o lucro

líquido e a receita total (MONTENEGRO, 2012).

2.3.1.1 Índices de Rentabilidade (Taxas de Retorno)

Os Índices de Rentabilidade podem ser divididos em: Giro do Ativo, Taxa de

Retorno sobre o Investimento e Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido.

O Giro do Ativo pode avaliar a capacidade da entidade em utilizar seus ativos

para gerar vendas, ou seja, se o ativo está sendo utilizado para investir na empresa.

Morozini, Hein e Olinquevitch (2006, p.89) acrescentam que o Giro do Ativo pode ser

considerado “um importante indicador que mede a situação operacional da empresa,

fazendo relação das vendas de um determinado período com os investimentos

efetuados na empresa no mesmo período”.

A Taxa de Retorno sobre o Investimento pode revelar o ganho obtido pela

empresa para a quantidade de aplicação investida no ativo. Essa métrica calcula o

payback do investimento total, ou seja, quanto tempo pode levar para a empresa

receber de volta o capital investido (LAVOR MOREIRA, 2003).

Já a Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido leva em consideração o ganho

que a empresa teve em relação ao valor investido pelos proprietários da empresa.

Lavor Moreira (2003, p.9) afirma que esse indicador calcula o poder de ganho ou

prejuízo dos acionistas, pois os recursos dos empresários estão alocados no

Patrimônio Líquido.

Page 30: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

30

2.3.1.2 Índices de Lucratividade

Os Índices de Lucratividade dividem-se em: Margem Bruta, Margem

Operacional e Margem Líquida.

Marion e Moura Riberio (2012, p.174) afirmam que a interpretação das Margens

Bruta, Operacional e Líquida deve ser “direcionada a verificar a margem de Lucro da

empresa em relação às vendas”.

A Margem Bruta evidencia quanto a empresa obteve de lucro em um período,

diminuindo os custos das mercadorias vendidas e serviços prestados. Quanto maior

a margem bruta, maior a lucratividade das vendas.

A Margem Operacional mostra qual a representatividade das atividades

operacionais nas receitas líquidas. O cálculo é feito dividindo o Lucro Operacional

pelas Vendas Líquidas.

A Margem Líquida apresenta quanto foi o lucro para os acionistas em relação

as receitas com vendas e prestação de serviços da empresa. A Margem Líquida é

calculada dividindo o Lucro Líquido pelas Vendas Líquidas, ou seja, demonstra o

sucesso da atividade empresarial.

2.3.2 Indicadores Financeiros

Os indicadores financeiros fornecem índices referentes a condição de estrutura,

liquidez e atividade da empresa. Para Marion e Ribeiro (2012), os índices de

financeiros podem ser divididos em Índices de Liquidez, Índices de Atividade e Índices

de Estrutura de Capitais ou Endividamento.

2.3.2.1 Índices de Atividade

Os Índices de Atividade evidenciam quanto tempo, em média, é preciso para a

empresa receber suas vendas, pagar suas comprar e renovar seus estoques e,

através dessa análise, conhecer melhor a política de compra e venda. Sendo assim,

os Indicadores de Atividade podem ser classificados como Prazo Médio de Rotação

Page 31: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

31

de Estoque, Prazo Médio de Recebimento de Vendas e Prazo Médio de Pagamento

de Compras.

Marion e Ribeiro (2012, p.179) afirmam que esses índices “expressam a

velocidade com que determinados elementos patrimoniais se renovam durante um

certo período. Devido a sua natureza, tais quocientes geralmente apresentam seus

resultados em dias, meses ou períodos, fracionados ou múltiplos, de um ano".

O Prazo Médio de Rotação de Estoque (PMRE) indica quantos dias as

mercadorias ficam mantidas na empresa, antes de serem vendidas. Calcula-se

multiplicando o valor da conta Estoques por 360 e dividindo esse resultado pelo valor

do Custo das Vendas.

O Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) mostra quantos dias a

empresa espera para receber o que vendeu. É calculado multiplicando o valor da

conta Duplicatas a Receber por 360 e dividindo esse resultado pelo valor das

Compras.

O Prazo Médio do Pagamento de Compras (PMPC) explica quantos dias a

empresa demora para pagar suas compras. Calcula-se multiplicando o valor da conta

Fornecedores por 360 e dividindo o resultado pelo valor das Compras.

Nesse sentido Marion (2012, p.112) complementa que “quanto maior for a

velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, melhor”, mas

“quanto mais lento for o pagamento de compras, desde que não corresponda a

atrasos, melhor”.

2.3.2.2 Índices de Estrutura de Capital (Endividamento)

Os Índices de Estrutura de Capital visam avaliar a representatividade do capital

de terceiros na empresa e a formação dessa representatividade.

Marion (2012) apresenta como os principais indicadores de Estrutura de

Capital: Participação de Capitais de Terceiros sobre Recursos Totais, Garantia do

Capital Próprio ao Capital de Terceiros e Composição do Endividamento.

A Participação de Capitais de Terceiros sobre Recursos Totais é calculada

dividindo o Capital de Terceiros com a soma do Capital de Terceiros mais o Capital

Próprio. O resultado indicará o percentual do capital de terceiros no investimento total

da empresa.

Page 32: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

32

A Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros pode ser calculada

dividindo o Capital Próprio pelo Capital de Terceiros, essa relação apresentará a

quantidade de recursos próprios da empresa sobre os recursos adquiridos de

terceiros, ou seja, quanto maior, melhor. Esse índice indica para os credores a

Margem de Segurança dos capitais de terceiros.

A Composição do Endividamento mostra quanto do passivo circulante está

contido no passivo exigível da empresa. Seu cálculo é obtido dividindo o valor do

Passivo Circulante pelo Capital de Terceiros. Neste índice quanto menor for o

resultado melhor, pois evidencia que o passivo exigível é composto, em sua maioria,

de longo prazo.

2.3.2.3 Índices de Liquidez

Os Índices de Liquidez apresentam a capacidade da empresa em liquidar suas

dívidas com terceiros em seu vencimento, seja a curto ou longo prazo. O indicador de

liquidez relaciona os valores que a empresa possui de bens e direitos com as

obrigações a serem pagas.

Marion (2012, p. 75) afirma que os índices de liquidez “são utilizados para

avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação

sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos”.

A seguir é apresentado, mais detalhadamente, os índices de liquidez,

selecionados para utilização no presente estudo.

2.4 TIPOS DE ÍNDICES DE LIQUIDEZ

O Índice de Liquidez analisa se os bens e direitos da empresa quitarão as

obrigações da empresa, ou seja, quanto maior forem os valores de bens e direitos

melhor será a condição financeira e terá melhores condições de quitar suas dívidas.

Entretanto, Marion e Ribeiro (2012, p.167) acrescentam que é necessária

atenção em alguns elementos da análise liquidez:

Page 33: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

33

alto grau de endividamento nem sempre é sinônimo de insolvência – a empresa poderá estar endividada, mas paga seus compromissos em dia. Isso é possível, por exemplo, nos casos em que a empresa consegue renegociar facilmente suas dívidas;

a empresa poderá apresentar baixo grau de liquidez em curto prazo, porém um bom grau de liquidez em longo prazo e vice-versa; e

a empresa poderá contar com alto grau de liquidez, mas não dispor de dinheiro para pagar seus compromissos imediatos.

Os índices de liquidez são divididos em: Liquidez Imediata, Liquidez Corrente,

Liquidez Seca e Liquidez Geral.

2.4.1 Liquidez Imediata

O Índice de Liquidez imediata tem como objetivo evidenciar a possibilidade de

pagamento de obrigações de curto prazo, utilizando os valores em caixa e

equivalentes de caixa. Pode ser calculado dividindo-se os valores de caixa e

equivalentes de caixa com o saldo da conta passivo circulante.

Marion (2012) acrescenta que a liquidez imediata é um índice sem realce pois

integra obrigações que apesar de curto prazo, poderão ser pagas em 5 dias ou em

até 360 dias.

A Liquidez Imediata é um indicador com pouca relevância pois, devido a

inflação, manter valores elevados em caixa não caracteriza uma boa política

empresarial. Esse índice é uma exceção à regra de quanto maior melhor, sendo ideal

o índice estar mais próximo de zero, mostrando que os ativos circulantes não ficaram

parados na empresa.

2.4.2 Liquidez Corrente

O índice de liquidez corrente visa mostrar a capacidade de pagamento da

empresa no curto prazo, adotando os valores do ativo circulante. Esse índice informa

quanto a empresa tem de ativo circulante para quanto a empresa tem de passivo

circulante.

Calcula-se a liquidez corrente dividindo os valores do ativo circulante pelo

passivo circulante. Quanto maior o resultado melhor, e isso representará quanto a

Page 34: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

34

empresa possui no ativo circulante para cada R$ 1,00 de passivo circulante. Essa

sobra também pode ser denominada como Capital Circulante Líquido positivo.

Conforme Marion e Ribeiro (2012, p.169):

Quando esse coeficiente for superior a 1, indicará a existência de uma folga financeira de curto prazo, que corresponde ao Capital Circulante Líquido. Essa folga financeira possibilita à empresa efetuar transações sem prejudicar a sua liquidez, podendo ser utilizada na aquisição de estoques, em aplicações financeiras de curto prazo, etc.

2.4.3 Liquidez Seca

Através do índice de liquidez seca é possível averiguar a possibilidade de

pagamento das dívidas a curto prazo, porém excluindo o valor da conta estoque, ou

seja, excluindo um valor incerto, por se tratar de mercadorias ainda não vendidas. Por

esse motivo esse indicador é considerado muito conservador.

A liquidez seca é calculada da diminuição do valor da conta estoques da conta

ativo circulante, esse resultado deverá ser dividido pelo valor da conta passivo

circulante. Quanto maior o resultado melhor, e isso representará qual a capacidade

da empresa em pagar suas dívidas sem depender da venda de mercadorias ou

serviços.

Morozini et. al. apud Helfert (2006) afirma que o ponto positivo desse índice

seria “testar a capacidade de pagar os passivos circulantes no caso de uma crise real,

na suposição de que os estoques não teriam nenhum valor”.

Essa verificação permite ao usuário uma visão mais real e crítica da capacidade

de pagamento de obrigações da empresa.

2.4.4 Liquidez Geral

O objetivo do índice de liquidez geral é considerar a capacidade de pagamento

das dívidas da entidade, incluindo tudo que poderá ser convertido em dinheiro, no

curto e no longo prazo, relacionando com todas as dívidas assumidas, por isso, quanto

maior o resultado melhor.

Page 35: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

35

Calcula-se a liquidez geral dividindo-se a soma do ativo circulante com a conta

realizável a longo prazo, dividindo pela soma do passivo circulante com a conta

exigível a longo prazo.

Segundo Marion e Ribeiro (2012, p.168):

Quando esse quociente for igual ou superior a 1, pode-se afirmar, em princípio, que a entidade se encontra satisfatoriamente estruturada do ponto de vista financeiro. Por outro lado, quando esse quociente for inferior a 1, pode-se, em princípio, dizer que a empresa se encontra em situação de insolvência, pois os capitais de terceiros (Obrigações Totais) financiaram todo o Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo, além de parte do Ativo Fixo, revelando que a empresa se encontra nas mãos de terceiros.

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36

2.5. ESTUDOS ANTERIORES COM ABORDAGEM SOBRE ANÁLISE DAS

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

No quadro 1 é apresentado uma síntese de estudos voltados para a Análise de

Demonstrações Contábeis Através de Indicadores Financeiros e Econômicos:

Autor (Ano) Empresa (Período Analisado)

Técnicas de Análise Utilizadas

Resultados

Radaelli Basso et. al. (2010)

Lojas Americanas S/A (2007 a 2009)

Análises Horizontal e Vertical e dos índices de liquidez, endividamento, atividade e rentabilidade.

A empresa varejista apresentou um aumento da liquidez corrente e, também um aumento da disponibilidade de capital no curto prazo. Em 2007 e 2009 passou por um momento de insolvência, ou seja, sem condições para pagar tudo que deve, o que poderia resultar na falência da empresa, caso persistisse. Isso ocorreu devido a grande participação do Capital de Terceiros no negócio.

José Borba (2004)

Lojas Renner S/A (2000 A 2002)

Análise Vertical e Horizontal e Índices de Liquidez, Endividamento, Rentabilidade, e Atividade.

A empresa estava, no período analisado, com uma boa situação financeira, independente dos prejuízos. Uma análise complementar, feita com balancetes dos três primeiros trimestres de 2003, informam que a empresa mantém um ótimo nível de estabilidade e uma boa saúde financeira.

Vermeulen Noceti (2007)

Eugênio Raulino Koerich S/A (2006 a 2007)

Índices de Liquidez e Atividade.

A empresa varejista apresentou na Análise de índices de Liquidez, indicadores acima de 3, o que evidencia a estabilidade da empresa no mercado. A Análise de Atividade apresentou que compra-se à vista para se vender a prazo.

Quadro 4 – Síntese de estudos voltados para a Análise das Demonstrações Contábeis Notas: (1) as demonstrações contábeis utilizadas nos dois primeiros estudos citados no quadro foram elaboradas antes da harmonização dos padrões contábeis internacionais (IFRS). Fonte: Autora (2014)

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37

3. METODOLOGIA

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA

Para a identificação da pesquisa, utiliza-se como base a sistemática

apresentada por Vergara (2011), que classifica o estudo quanto aos fins e quanto aos

meios.

Quanto aos fins, a pesquisa é exploratória, pois busca conhecer o fenômeno

da análise financeira nos demonstrativos contábeis, envolvendo um levantamento

bibliográfico. Segundo Beuren (2004, p. 80): “Por meio do estudo exploratório, busca-

se conhecer com maior profundidade o assunto de modo a torná-lo mais claro ou

construir questões importantes para a condução da pesquisa.”

Quanto aos meios, apresenta-se como qualitativa ao utilizar estudo de caso,

que segundo Goode e Hatt (1979) se caracteriza como um meio de organizar os

dados, preservando do objeto estudado o seu caráter unitário. Adicionalmente, Yin

(2001, p. 33) afirma que: “o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende

um método que abrange tudo - com a lógica de planejamento incorporando

abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados”. Notadamente,

caracteriza-se como uma investigação ex post facto por se referir a fatos já ocorridos,

dos quais o pesquisador não pode controlar nem manipular as variáveis (CRESWELL,

2010).

3.2. SELEÇÃO DA AMOSTRA E PERÍODO DE ESTUDO

Para composição da amostra da pesquisa realizou-se um estudo de caso a

partir das principais demonstrações contábeis da Lojas Americanas S/A nos anos de

2011 a 2013, disponibilizadas no sitio eletrônico da empresa. A empresa Lojas

Americanas S/A foi escolhida por ter uma representatividade no segmento varejista e

possuir demonstrações contábeis publicadas, facilitando o acesso a informações

financeiras e contábeis. A escolha dos exercícios de 2011 a 2013 se justifica por

representar as demonstrações contábeis mais recentes, disponíveis no sítio eletrônico

das Lojas Americanas S/A e no sítio da Comissão de Valores Mobiliários, órgão

Page 38: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

38

regulador e fiscalizador do mercado de capitais, que alenca as empresas de capital

aberto com demonstrações contábeis publicadas.

3.3. COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir de livros, artigos e leis publicados sobre as

demonstrações contábeis e seus indicadores, além dos balanços patrimoniais e

demonstrações do resultado do exercício no período de 2011 a 2013. Fundamenta-se

a escolha dessas demonstrações por serem as mais utilizadas e citadas em literatura,

facilitando a obtenção de conteúdo sobre o assunto.

Na coleta de dados fez-se necessário à padronização das demonstrações

contábeis a serem analisadas, que no caso do presente estudo, restringem-se ao

Balanço Patrimonial – BP e a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE

adquiridos através do sitio eletrônico da empresa, tal procedimento é relevante, pois

representa uma simplificação e/ou reclassificação criteriosa dos dados, ou seja, das

contas contábeis, reduzindo as inconsistências.

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados empregada para responder à questão de pesquisa

envolveu a seleção de técnicas de análise das demonstrações contábeis,

consolidadas na literatura, quais sejam: análise horizontal anual, análise vertical e

análise de índices. Quanto a esta última foi selecionada o índice de liquidez, por

representar um preocupante fator das empresas, a capacidade de liquidação de suas

dívidas, e sua necessária geração de caixa.

Para a realização das técnicas citadas, foram utilizadas as seguintes fórmulas

matemáticas:

Page 39: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

39

3.4.1 Análise Vertical

A análise vertical mostra, nas demonstrações contábeis, o percentual de um

item ou subgrupo em relação ao total ou subtotal tomado como base. A fórmula usada

para a extração desses percentuais foi:

𝐴𝑉 (%) = 𝑋

𝑌 𝑋 100 (2)

Onde:

X = valor da conta ou grupo de contas contábeis;

Y = valor total escolhido como base.

3.4.2 Análise Horizontal

A análise horizontal apresenta a evolução de cada conta contábil ou grupo de

contas em relação a um período anterior, definida como análise horizontal anual, ou

em relação a um ano base qualquer, definida como a análise horizontal encadeada.

No presente trabalho foi utilizada a análise horizontal anual, expressa mediante a

seguinte fórmula:

𝐴𝐻 (%) = 𝑋

𝑌 𝑋 100 (1)

Onde:

X = valor atual da conta ou grupo de contas;

Y = valor da conta ou grupo de contas no ano anterior.

3.4.3. Índice de Liquidez

O índice de liquidez verifica a capacidade de pagamento das dívidas de uma

empresa em curto e longo prazo, e pode ser dividido em: liquidez imediata, corrente,

seca e geral, utilizando-se das seguintes expressões matemáticas descritas no quadro

abaixo:

Page 40: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

40

Índice de

Liquidez Fórmula Resultado Interpretação

Imediata DISPONIBILADES /

PASSIVO CIRCULANTE

Maior que 1

A empresa terá, caso necessário, condições de pagar o Passivo Circulante no curtíssimo prazo, porém manter valores elevados em caixa não caracteriza uma boa política empresarial.

Menor que 1

Resultado ideal, pois o índice estar mais próximo de zero mostra que os ativos circulantes não ficam parados na empresa.

Corrente ATIVO CIRCULANTE /

PASSIVO CIRCULANTE

Maior que 1

Quanto maior, melhor. Mostra quanto a empresa possui para cada R$ 1,00 de dívida, ou seja têm recursos financeiros suficientes para honrar seus compromissos de curto prazo.

Menor que 1

A empresa não tem ou terá recursos financeiros suficientes para honrar seus compromissos de curto prazo.

Seca

ATIVO CIRCULANTE – ESTOQUE / PASSIVO

CIRCULANTE

Maior que 1

Quanto maior, melhor. A empresa tem ou terá recursos financeiros em curto prazo suficientes para honrar seus compromissos de curto prazo, independente de conseguir vender seus estoques ou não.

Menor que 1

A empresa tem ou terá em curto prazo somente uma parte dos recursos financeiros necessários à liquidação do Passivo Circulante.

Geral

(ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO

PRAZO) / (PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NÃO CIRCULANTE)

Maior que 1

Quanto maior, melhor. A empresa terá recursos financeiros suficientes para honrar seus compromissos de curto e longo prazo.

Maio que 1 A entidade não terá recursos financeiros suficientes para honrar seus compromissos.

Quadro 5 – Síntese das expressões matemáticas utilizadas para os cálculos dos índices de liquidez imediata, corrente, seca e geral Fonte: Autora (2014)

Page 41: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

41

4. ESTUDO DE CASO: LOJAS AMERICANAS S/A

Neste capítulo é apresentado o estudo de caso com a caracterização da

empresa, análises vertical e horizontal, bem como a aplicação dos índices de liquidez:

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A Lojas Americanas S/A (LASA) é uma tradicional empresa de comércio

varejista do Brasil, com mais de 80 anos de vida. Foi inaugurada no Brasil no ano de

1929 pelos americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger, com

o slogan “Nada além de dois mil réis". Desde o nascimento a empresa está em

desenvolvimento constante, sendo altamente reconhecida em todo Brasil.

Atualmente a empresa conta com 849 lojas em principais cidades do país e 4

centros de distribuição, comercializando mais de 60.000 itens de 4.000 empresas

diferentes. Além das lojas físicas, a Lojas Americanas atende seus clientes por meio

de uma estrutura de atendimento multicanal via internet, telefone, catálogos, TV e

quiosques através da empresa controlada B2W Digital, possuindo o controle acionário

com 55% do capital social da empresa (LOJAS AMERICANAS, 2014).

De acordo com as informações apresentadas nos Relatórios da Administração

disponibilizados no site da empresa, referente aos exercícios 2011, 2012 e 2013, a

empresa obteve uma evolução positiva:

Em 2011, após investir R$ 994 milhões na empresa e sua controlada

visando o desenvolvimento de logística e inovação tecnológica, a Lojas

Americanas S/A atingiu, ao fim do ano, R$ 9.978 bilhões de receita

líquida consolidada, valor equivalente a um crescimento de 8,7% em

relação as vendas líquidas do ano anterior. O lucro líquido foi de 340,42

milhões, 20,5% maior que em 2011.

A empresa, em 2012, obteve receita líquida de R$ 11,334 bilhões,

crescimento de 13,6% em relação a 2011. Segundo o Relatório da

Administração desse mesmo ano, o varejo brasileiro conseguiu

apresentar crescimento, mesmo passando por desafios econômicos,

como a inflação. O lucro líquido foi de 410,2 milhões, 20,5% maior que

em 2011.

Page 42: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

42

Em 2013, a Lojas Americanas S/A alcançou, com vendas de produtos e

serviços, na visão consolidada, uma receita líquida de R$ 13,401

bilhões, representando um crescimento de 18,2% em relação a 2012. O

lucro líquido de 2013 foi de R$ 462,9 milhões, desempenho acima do

atingido em 2011 e 2012.

Nos próximos subcapítulos foram utilizados como base, para as análises

horizontal e vertical e índices de liquidez, os dados consolidados dos demonstrativos

contábeis Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício dos anos

2011, 2012 e 2013. Por se tratar de uma empresa de capital aberto, os demonstrativos

foram elaborados e publicados pela Lojas Americanas S/A, compatíveis com as

práticas contábeis adotadas no Brasil e com as normas da Comissão de Valores

Mobiliários – CVM.

4.2 ANÁLISES VERTICAL E HORIZONTAL

Com base nos valores apresentados nos demonstrativos contábeis, a Análise

Horizontal calcula a variação ocorrida na conta ou grupo de contas de um período

para o outro, evidenciando se houve crescimento ou redução da conta analisada.

A Análise Vertical apresenta a real participação da conta ou grupo de contas

no demonstrativo em relação a um total. Esta análise demonstra a característica

estrutural das contas da empresa nos seus demonstrativos contábeis.

Abaixo serão apresentados os cálculos e a interpretação das Análise Horizontal

e Vertical realizadas no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do

Exercício das Lojas Americanas S/A:

Page 43: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

43

Tabela 1 - Cálculo das Análises Vertical e Horizontal - Balanço Patrimonial

Nota: (1) AH: Análise Horizontal; AV: Análise Vertical. (2) A Análise Horizontal utilizada foi a Anual, que utilizada o período (ano) anterior como base para o cálculo dos percentuais. (3) A Análise Vertical foi calculada em relação ao Ativo Total, no caso do Ativo, e em relação ao Passivo Total, no caso do Passivo. Fonte: Autora (2014)

ATIVO 2011 AH AV 2012 AH AV 2013 AH AV

ATIVO CIRCULANTE

Disponível 131.504 100% 1% 183.514 40% 2% 424.020 131% 3%

Aplicações Financeiras 2.253.757 100% 24% 2.924.806 30% 26% 3.664.418 25% 26%

Soma Financeiro 2.385.261 100% 25% 3.108.320 30% 28% 4.088.438 32% 29%

Clientes 2.182.064 100% 23% 1.622.157 -26% 15% 1.775.641 9% 13%

Estoques 1.456.898 100% 15% 1.884.234 29% 17% 2.473.266 31% 17%

Outros (Despesas antecipadas +

Outros circulantes) 748.070 100% 8% 662.284 -11% 6% 654.225 -1% 5%

Soma Operacional 4.387.032 100% 46% 4.168.675 -5% 38% 4.903.132 18% 35%

TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE 6.772.293 100% 72% 7.276.995 7% 66% 8.991.570 24% 64%

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Partes Relacionadas 66.777 100% 1% 55.307 -17% 0% 55.119 0% 0%

Realizável a Longo Prazo 470.227 100% 5% 867.616 85% 8% 1.176.079 36% 8%

Investimentos - - - - - - -

Imobilizado 934.592 100% 10% 1.334.442 43% 12% 1.785.347 34% 13%

Intangível 1.280.915 100% 14% 1.601.241 25% 14% 2.185.357 36% 15%

Total Permanente 2.215.507 100% 23% 2.935.683 33% 26% 3.970.704 35% 28%

TOTAL ATIVO NÃO CIRCULANTE 2.685.734 100% 28% 3.803.299 42% 34% 5.146.783 35% 36%

TOTAL DO ATIVO 9.458.027 100% 100% 11.080.294 17% 100% 14.138.353 28% 100%

PASSIVO

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores 2.369.740 100% 25% 2.920.066 23% 26% 3.953.213 35% 28%

Outras Obrigações 762.367 100% 8% 625.553 -18% 6% 779.451 25% 6%

Soma Operacional 3.132.107 100% 33% 3.545.619 13% 32% 4.732.664 33% 33%

Empréstimos Bancários 1.240.995 100% 13% 1.193.629 -4% 11% 527.660 -56% 4%

Outros 192.462 100% 2% 166.457 -14% 2% 219.990 32% 2%

Soma Financeiro 1.433.457 100% 15% 1.360.086 -5% 12% 747.650 -45% 5%

TOTAL PASSIVO CIRCULANTE 4.565.564 100% 48% 4.905.705 7% 44% 5.480.314 12% 39%

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Exigível a Longo Prazo

Empréstimos 3.563.254 100% 38% 4.892.209 37% 44% 6.945.688 42% 49%

Outros 170.781 100% 2% 114.388 -33% 1% 223.867 96% 2%

Total do Exigível a Longo Prazo 3.734.035 100% 39% 5.006.597 34% 45% 7.169.555 43% 51%

CAPITAL DE TERCEIROS 8.299.599 100% 88% 9.912.302 19% 89% 12.649.869 28% 89%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital e Reservas 687.591 100% 7% 804.544 17% 7% 1.170.774 46% 8%

Ajustes - - - - - - - - -

Outros 470.837 100% 5% 363.448 -23% 3% 317.710 -13% 2%

TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.158.428 100% 12% 1.167.992 1% 11% 1.488.484 27% 11%

TOTAL DO PASSIVO 9.458.027 100% 100% 11.080.294 17% 100% 14.138.353 28% 100%

CONTAS DO BALANÇO PATRIMONIAL 2011 A 2013 (em milhares de reais)

Page 44: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

44

Com base nos dados do Balanço Patrimonial, a Análise Vertical demonstra que,

nos anos de 2011, 2012 e 2013, o maior percentual de participação do Ativo Total está

representado pelo Ativo Circulante, com 72%, 66% e 64%, respectivamente. Porém,

mostrou uma queda de 6% de 2011 para 2012 e 2% de 2012 para 2013. Já o saldo

do Ativo Não Circulante mostrou, ao longo dos três anos, uma evolução de 8% nessa

representatividade, com participação estrutural de 28% (2011), 34% (2012) e 36%

(2013).

Esse cenário é resultado da mudança na formação dos itens desse grupo, com

destaque para algumas contas em particular, apontadas abaixo de acordo com a

Análise Vertical aplicada:

“Clientes”, no Ativo Circulante, que em 2011 representava 23% do Ativo

Total, diminuiu em 2012 para 15%, e em 2013 para 13%. Essa queda

indica uma diminuição nas vendas pagas a prazo, todavia não se

verificou nos períodos analisados uma redução nas vendas líquidas. Tal

fato pode revelar uma mudança na política de concessão de crédito da

empresa. Esse comportamento difere do estudo de Borba (2004), onde

a empresa aumentou a política de concessão de crédito passando de

33% para 40%.

“Estoques”, no Ativo Circulante, mostrou um sutil aumento na sua

participação estrutural de 15% (2011) para 17% (2012 e 2013), refletindo

a peculiaridade do segmento de mercado varejista que opera com

estoques mais enxutos devido à alta rotatividade. Já o estudo de Borba

(2004) mostra uma tendência de redução dos estoques. Depreende-se

que mesmo dentro do segmento de atuação da empresa, há uma

pluralidade de tendências, ou seja, as tomadas de decisões gerenciais

priorizam as necessidades de giro da empresa.

“Total Permanente”, no Ativo Não Circulante, que obteve um

crescimento significativo de 2011 a 2013, aumentando de 2012 para

2013 um percentual de 35%. Esses percentuais denotam o aumento de

bens, no Imobilizado, como compra de terrenos e lojas que são comuns

em lojas de departamento e, no Intangível, devido ao desenvolvimento

de websites e sistemas, conforme informado no Relatório da

Administração.

Page 45: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

45

Também é possível observar, de acordo com os cálculos de Análise Horizontal,

que os bens e direitos da empresa obtiveram uma evolução crescente, em 2011 e

2012, tanto no Ativo Circulante como no Ativo Não Circulante, mas em proporções

diferentes. Porém, de 2012 para 2013 é possível notar um aumento significativo,

principalmente no Ativo Total. Esse aumento denota, principalmente, o crescimento

do Ativo Financeiro da empresa, através do saldo da conta Aplicações Financeiras,

que cresceu 25% em 2013 e, representa 26% do Ativo Total nesse mesmo período.

O gráfico abaixo demonstra a evolução dos bens e direitos da empresa:

Com auxílio da Análise Vertical, nota-se que o Passivo Circulante, em 2011

possuía o maior percentual de participação do Passivo Total, com 48%. Porém

demonstrou em 2012 e 2013 uma queda nessa representatividade, com 44% e 39%,

respectivamente. O Passivo Não Circulante, ao contrário do Passivo Circulante,

apresentou um aumento de participação estrutural ao longo dos três anos, com 39%

(2011), 45% (2012) e 51% (2013), passando a obter a maior representatividade do

Passivo Total a partir de 2012 e permanecendo em 2013.

Essa troca de posições se deu em consequência da mudança de

comportamento de algumas contas, a seguir destacadas através da Análise

Horizontal:

6.772.293

2.685.734

9.458.027

7.276.995

3.803.299

11.080.294

8.991.570

5.146.783

14.138.353

-

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE TOTAL DO ATIVO

Em m

ilhar

es d

e re

ais

Ativo Circulante e Ativo Não Circulante

2011 2012 2013

Gráfico 1 – Evolução das contas do Ativo no período de 2011 a 2013 Fonte: Autora (2014)

Page 46: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

46

“Fornecedores”: conta que aumentou de 2011 para 2012, 23% e, de

2012 para 2013, 35%, indicando um maior número de compras de

mercadorias efetuadas a prazo, ou seja, para pagamento futuro.

“Empréstimos Bancários a Curto Prazo” que diminuiu significadamente

ao longo dos três anos, caindo em 2012 4% em relação a 2011, e em

2013 caindo expressivamente 56% em relação a 2012.

“Empréstimos a Longo Prazo” que, diferente da conta Empréstimos

Bancários a Curto Prazo, apresentou aumento nos três anos, obtendo

uma evolução maior em 2013, com 42% de aumento em relação a 2012.

Os três aspectos acima podem demonstrar uma nova postura em relação a

busca de Capital de Giro para a empresa. O aumento da conta “Fornecedores” indica

uma maneira de obter maior facilidade em negociar menores juros e maiores prazos

de pagamento, diferente dos empréstimos bancários de curto prazo. Também foi

possível observar a diminuição de empréstimos a curto prazo e o aumento de

empréstimos a longo prazo, uma atitude benéfica para empresa, pois proporcionam

maior tempo para quitar a dívida, ou seja, maior prazo para a empresa obter o retorno

esperado.

O Patrimônio Líquido não demonstrou alterações relevantes quanto a

representatividade no Ativo Total, representando 12% em 2011 e, se estabilizando em

11% nos anos de 2012 e 2013. Porém apresentou um aumento de 27% de 2012 para

2013, devido ao aumento de Capital e Reservas.

O gráfico abaixo permite visualizar a evolução das contas do Passivo ao longo

dos três anos e, também, a influência da mudança de comportamento descrita acima,

referente a maior captação de recursos para empresa feita através de empréstimos a

longo prazo e compras a curto prazo, em 2013:

Page 47: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

47

Gráfico 2 - Evolução das contas do Passivo no período de 2011 a 2013

Fonte: Autora (2014)

A tabela abaixo refere-se a aplicação das técnicas de Análise Vertical e

Horizontal na Demonstração do Resultado do Exercício:

Tabela 2 - Cálculo das Análises Vertical e Horizontal – Demonstração do Resultado do Exercício

Nota: (1) AH: Análise Horizontal; AV: Análise Vertical. (2) A Análise Horizontal utilizada foi a Anual, que utiliza o período (ano) anterior como base para o cálculo dos percentuais. (3) A Análise Vertical foi calculada em relação a Receita Líquida de vendas e serviços, considerada como 100%. Fonte: Autora (2014)

4.565.564 3.734.035

1.158.428

9.458.027

4.905.705 5.006.597

1.167.992

11.080.294

5.480.314 7.169.555

1.488.484

14.138.353

-

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

PASSIVOCIRCULANTE

PASSIVO NÃOCIRCULANTE

PATRIMÔNIOLÍQUIDO

TOTAL DO PASSIVO

Em m

ilhar

es d

e re

ais

Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido

2011 2012 2013

2011 AH AV 2012 AH AV 2013 AH AV

Receita líquida de vendas e serviços 9.978.406 100% 100% 11.334.061 14% 100% 13.401.172 18% 100%

Custo das mercadorias vendidas e servições prestados (7.000.751) 100% 70% (7.939.683) 13% 70% (9.326.423) 17% 70%

Lucro bruto 2.977.655 100% 30% 3.394.378 14% 30% 4.074.749 20% 30%

Receitas (despesas) operacionais

Com vendas (1.391.119) 100% 14% (1.671.841) 20% 15% (2.068.080) 24% 15%

Gerais e administrativas (276.843) 100% 3% (334.698) 21% 3% (403.309) 20% 3%

Honorários dos administradores (23.486) 100% 0,24% (25.811) 10% 0,23% (30.786) 19% 0,23%

Outras receitas (despesas) operacionais, líquidas (138.172) 100% 1% (94.834) -31% 1% (94.659) 0% 1%

(1.829.620) 100% 18% (2.127.184) 16% 19% (2.596.834) 22% 19%

Lucro operacional antes do resultado financeiro 1.148.035 100% 12% 1.267.194 10% 11% 1.477.915 17% 11%

Receiras financeiras 408.938 100% 4% 352.244 -14% 3% 380.339 8% 3%

Despesas financeiras (1.131.965) 100% 11% (1.138.813) 1% 10% (1.261.502) 11% 9%

Resultado financeiro (723.027) 100% 7% (786.569) 9% 7% (881.163) 12% 7%

Participação em controladas e controlada em conjunto - - -

Lucro do exercício antes do Imposto de renda,

contribuição social e das participações425.008 100% 4% 480.625 13% 4% 596.752 24% 4%

Imposto de renda e contribuição social

Corrente (145.366) 100% 1% (189.722) 31% 2% (232.197) 22% 2%

Diferido 28.420 100% 0,28% 44.590 57% 0,39% 63.186 42% 0,47%

Lucro do exercício antes das participações 308.062 100% 3% 335.493 9% 3% 427.741 27% 3%

Participação de empregados e diretores (19.165) 100% 0,19% (23.400) 22% 0,21% (27.000) 15% 0,20%

Lucro antes da operação descontinuada 288.897 100% 3% 312.093 8% 3% 400.741 28% 3%

Operação descontinuada 14.869 100% 0,15% 34.481 132% 0,30% 1.876 -95% 0,01%

Lucro líquido do exercício 303.766 100% 3% 346.574 14% 3% 402.617 16% 3%

CONTAS DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - 2011 A 2013 (em milhares de reais)

Page 48: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

48

Quanto a Demonstração do Resultado do Exercício é possível observar, por

meio da Análise Horizontal, que a Receita Líquida referente a vendas e serviços

aumentou ao longo dos três anos, com uma maior elevação de 2012 a 2013, com

18%.

Já a Análise Vertical, mostra que a maior representatividade em relação a

Receita Líquida está na conta Custo das mercadorias vendidas e serviços prestados,

representando 70% em 2011, 2012 e 2013.

Verifica-se também, por meio da Análise Vertical, que nos três anos o lucro

líquido da empresa manteve-se estável, representando 3% da receita líquida. Porém,

através da Análise Horizontal, nota-se que o lucro líquido apresentou aumento de 14%

em 2012 e 16% em 2013. Os aspectos apresentados denotam que apesar da Análise

Horizontal mostrar percentuais crescentes de evolução da conta Lucro Líquido, este

não se refletiu na participação da conta em relação a receita líquida, exibidos pela

Análise Vertical. Isto evidencia que os aumentos observados na análise horizontal,

provavelmente, decorrem de efeitos inflacionários, exibindo uma evolução crescente

porém não representativa, em termos de margem do lucro líquido ao longo dos anos.

Apesar de as Lojas Americanas S/A não apresentar evoluções expressivas do

Lucro Líquido no período analisado, verifica-se que também não houve aumento nos

custos e despesas operacionais, ao contrário do estudo de Borba (2004) sobre a Lojas

Renner S/A, onde aumento expressivo nos custos e despesas operacionais acarretou

um Prejuízo Líquido nos três exercícios.

4.3 ANÁLISE ATRAVÉS DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ

A análise feita através de índices fornece uma verificação com maiores

detalhes sobre a situação da empresa. O índice de liquidez tem como objetivo avaliar

a capacidade da empresa em quitar seus compromissos a curto e longo prazo.

A seguir serão apresentados os cálculos e a interpretação dos Índicadores de

Liquidez realizados de acordo com as contas do Balanço Patrimonial e da

Demonstração do Resultado das Lojas Americanas S/A:

Page 49: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

49

Quadro 6 - Cálculo dos Índices de Liquidez Fonte: Autora (2014)

4.3.1 Liquidez Imediata

Os índices de Liquidez imediata, que apresentam 0,03 para 2011, 0,04 para

2012 e 0,08 para 2013, revelam que a empresa possui limitados recursos, como caixa

e equivalentes de caixa, suficientes para saldar suas obrigações em curto prazo caso

fosse necessário liquidá-las.

Entretanto, apesar da Lojas Americanas ter apresentado resultados abaixo de

1 nos três anos, a Liquidez Imediata é o único indicador de liquidez não interpretado

da forma “quanto maior, melhor”. Isso ocorre pois, devido a inflação e o

desenvolvimento do mercado de crédito, não é aconselhável a empresa manter

valores elevados em caixa, uma vez que os pagamentos ocorrerão ao longo do

exercício social, podendo esses valores serem investidos no giro da empresa.

Logo, a empresa está em linha com as práticas correntes de manutenção de

menores índices de liquidez imediata haja vista o poder corrosivo da inflação nos

preços.

O estudo feito por Noceti (2007) sobre uma empresa de varejo regional de

Santa Catarina chamada Eugênio Raulino Koerich S/A apresenta, em semelhança ao

caso das Lojas Americanas S/A, que a empresa obteve indicadores de Liquidez

Imediata abaixo de 1, com 0,18 em 2006 e 0,43 em 2007.

Índices Fórmula 2011 2012 2013

Liquidez ImediataDISPONIBILADES /

PASSIVO CIRCULANTE0,03 0,04 0,08

Liquidez CorrenteATIVO CIRCULANTE /

PASSIVO CIRCULANTE1,48 1,48 1,64

Liquidez SecaATIVO CIRCULANTE – ESTOQUE /

PASSIVO CIRCULANTE1,16 1,10 1,19

Liquidez Geral

(ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL

A LONGO PRAZO) / (PASSIVO

CIRCULANTE + PASSIVO NÃO

CIRCULANTE)

0,87 0,82 0,80

ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Page 50: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

50

4.3.2 Liquidez Corrente

A Liquidez Corrente da empresa apresentou em 2011 e 2012 o mesmo

resultado, 1,48, indicando que para cada R$ 1,00 de dívida no passivo circulante,

possuía R$ 1,48 de ativo circulante. Em 2013 apresentou um aumento, subindo para

1,64.

O Balanço Patrimonial mostra que, através da Análise Horizontal, em 2011 e

2012 o Ativo Circulante e o Passivo Circulante cresceram, proporcionalmente, 7%, por

esse motivo se mantiveram com o resultado de 1,48 ao longo dos dois anos.

Contribuiu, principalmente, para o crescimento da Liquidez Corrente em 2013 o

aumento de 24% do Ativo Circulante, resultado da evolução positiva do saldo da conta

Aplicações Financeiras, com um crescimento de 25%.

Os cálculos evidenciam que a empresa possuiu uma maior folga em 2013,

melhorando assim a capacidade de pagamento de suas dívidas de curto prazo.

Adicionalmente, através dos cálculos da Análise Vertical, podemos evidenciar que a

liquidez corrente, é dependente, em grande parte dos rendimentos de aplicações

financeiras pois, em 2013, a conta apresentava maior representatividade no Ativo,

com 26%.

Esses resultados mostram uma constante na situação financeira (liquidez) da

empresa, conforme apontado no estudo de Basso et. al. (2010), cujos índices de

liquidez corrente (2007 a 2009) também foram crescentes, refletindo um aumento da

folga financeira de curto prazo.

Diferente dos resultados apresentados pela Lojas Americanas S/A, o trabalho

de Borba (2004) mostra que a Lojas Renner S/A apresentou de 2000 a 2002 um

decréscimo referente ao índice de Liquidez Corrente, consequência do maior

crescimento dos empréstimos e financiamentos a curto prazo.

4.3.3 Liquidez Seca

Analisando os índices de Liquidez Seca é possível verificar em 2011 um índice

de 1,16. Esse índice diminuiu em 2012, com R$ 1,10 para cada R$ 1,00 de dívida de

curto prazo. Já em 2013, o índice subiu para 1,19. Sendo assim, a empresa obteve,

nos três anos, capacidade de quitar suas dívidas de curto prazo utilizando o Ativo

Page 51: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

51

Circulante sem os valores de Estoque. A queda para R$ 1,10, em 2012, pode ter sido

influenciada devido ao aumento de 29% dos Estoques, pois quanto maior for o valor

da conta, maior será o valor excluído da expressão numérica calculada para se obter

o indicador de Liquidez Seca.

Eliminando os valores de Estoque é possível desconsiderar elementos de

incerteza em relação a liquidez, ou seja, os produtos em estoque podem ser vendidos

ou não, podendo até demorar muito mais a se transformar em dinheiro.

De acordo com Borba (2004) em seu estudo de caso sobre a Lojas Renner

S/A, a empresa obteve indicadores de Liquidez Seca estáveis, com 1,23 em 2000,

1,24 em 2001 e 1,24 em 2002, semelhante ao caso das Lojas Americanas, devido à

redução da participação no Ativo da empresa.

4.3.4 Liquidez Geral

A Liquidez Geral, se comportou de maneira decrescente durante os três anos.

Em 2011 era de 0,87, passando, no ano seguinte para 0,82 e alcançando 0,80 em

2013. Sendo assim, em 2013, a empresa apresentava o menor índice de Liquidez

Geral obtendo para cada R$ 1,00 de dívida geral (Passivo Circulante mais Exigível a

Longo Prazo) apenas R$ 0,80 de Ativos Circulantes e Ativos Realizáveis a Longo

Prazo.

Contribuiu principalmente para o resultado do indicador abaixo de 1 e a queda

durante os anos, de acordo com os cálculos de Análise Horizontal, o aumento do

Exigível a Longo Prazo nos três anos, com 34% de 2011 para 2012 e 43% de 2012

para 2013. Denota-se através desse aumento, uma mudança de comportamento da

empresa referente a obtenção de Capital de Giro, concentrando em Empréstimos a

Longo Prazo devido ao vencimento prolongado, aspecto já mencionado anteriormente

neste estudo.

Sendo assim, a empresa não possuía em 2011, 2012 e 2013 capacidade de

quitar suas dívidas de curto e longo prazo com seu Ativo Total, porém é preciso saber

a composição desses endividamentos, ou seja, melhor conhecimento quanto aos seus

vencimentos para uma melhor análise da saúde financeira da empresa, no que se

refere à liquidez.

Page 52: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

52

De acordo com o estudo feito Basso (2010) a Lojas Americanas S/A, em 2007

apresentou indícios de insolvência e, em 2008 atingiu a região de insolvência, o que

poderia resultar em falência caso persistisse. Esse quadro foi resultado da

participação expressiva do Capital de Terceiros na empresa, ponto de atenção para a

empresa nos exercícios mais recentes, 2011, 2012 e 2013, já que a Liquidez Geral

apresenta-se em queda durante os três anos.

A seguir é mostrado a evolução dos Índices de Liquidez ao longo dos três

anos:

0,03

1,48

1,16

0,87

0,04

1,48

1,10

0,82

0,08

1,64

1,19

0,80

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

Liquidez Imediata Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Geral

Índices de Liquidez

2011 2012 2013

Gráfico 3 – Evolução dos Índices de Liquidez no período de 2011 a 2013 Fonte: Autora (2014)

Page 53: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

53

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou analisar de que maneira tradicionais técnicas de análise

podem ser aplicadas nas Demonstrações Financeiras de uma empresa. Para esse

propósito, foi necessário atingir os objetivos específicos: (a) apresentar um estudo

teórico sobre o tema escolhido; (b) conceituar as principais Demonstrações Contábeis;

(c) descrever os diferentes tipos de análise que podem ser utilizadas; (d) identificar a

relevância dos Índices de Liquidez para o conhecimento da capacidade de pagamento

de exigibilidades e de lucratividade da empresa; (e) analisar o Balanço Patrimonial e

a Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Lojas Americanas S/A nos

anos de 2011, 2012 e 2013, mediante técnicas de Análise Vertical, Horizontal e de

quocientes, mas especificamente o Índice de Liquidez.

Para alcançar os objetivos propostos foi feita uma pesquisa exploratória sobre

o assunto, abrangendo as Demonstrações Contábeis e as tradicionais Técnicas de

Análise utilizadas atualmente, seguida de um estudo de caso sobre a empresa

varejista Lojas Americanas S/A. O estudo de caso consistiu na aplicação das Análises

Vertical e Horizontal e dos Índices de Liquidez nos dados sobre a empresa, fornecidos

a partir do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício dos

anos de 2011, 2012 e 2013, disponibilizados no sítio eletrônico da empresa. Em

resumo, os dados demonstraram que:

O Ativo da empresa obteve evolução positiva ao longo dos três anos

estudados, principalmente devido o investimento feito pela empresa em

Ativo Imobilizado, como compras de terrenos e lojas.

O Passivo passou por uma mudança significativa durante o período

analisado, em especial de 2012 para 2013 onde os Empréstimos a curto

prazo obtiveram uma queda de 56%, e os Empréstimos de longo prazo

aumentaram 42%. Essa troca de postura em relação a busca de Capital

de Giro para empresa, possibilitam maior tempo para a empresa obter o

retorno esperado com esse financiamento.

Analisando a Demonstração do Resultado do Exercício foi possível

observar que os aumentos em vendas líquidas foram decorrentes de

efeitos inflacionários e não volume de vendas, já que ao longo dos três

exercícios o percentual de participação da conta Lucro Líquido em

relação a Receita Líquida permaneceu em 3%. Todavia, releva

Page 54: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

54

mencionar que a empresa também gerenciou adequadamente seus

custos e despesas operacionais que mantiveram-se estáveis nos três

exercícios propiciando a manutenção do lucro líquido mesmo sem um

aumento de volume de vendas.

A Liquidez Imediata da empresa apresentou resultados abaixo de 1 em

2011, 2012 e 2013, mostrando que a empresa está em linha com as

práticas atuais de manutenção de menores valores em caixa, por causa

do poder corrosivo da inflação, ou seja, a desvalorização da moeda.

A Liquidez Corrente, com resultados acima de 1, se mostra estável de

2011 para 2012, porém aumenta de 2012 para 2013, exibindo a

capacidade de pagamento das dívidas de curto prazo utilizando o seu

Ativo Circulante. Também é possível observar que a Liquidez Corrente

da empresa é dependente, ao longo dos três anos, principalmente, do

saldo da Conta Aplicações Financeiras.

A Liquidez Seca também apresentou resultados positivos nos três

exercícios estudados, porém obteve uma queda de 2011 para 2012,

ficando com um indicador de 1,10. Essa queda foi influenciada, em

especial, pelo aumento da conta de Estoques, já que esse valor é

excluído do cálculo do indicador.

O Índice de Liquidez Geral exibiu resultados abaixo de 1, assim como

uma queda desses indicadores ao longo dos anos estudados. Isso se

deu, em maior parte, devido a maior busca por Empréstimos a longo

prazo. O aumento de Empréstimos a longo prazo podem trazer

benefícios, mas deve também deve ser ponto de atenção para empresa

já que a Liquidez Geral se manteve em queda em 2011, 2012 e 2013.

A Lojas Americanas apresentou, nos anos de 2011, 2012 e 2013, resultados

positivos a respeito de sua capacidade de pagamento de curto prazo, revelando como

uma atitude positiva e, também, como ponto de atenção a maior procura por

financiamentos de longo prazo, deixando em queda o indicador de Liquidez Geral, que

abrange o pagamento de dívidas de longo prazo.

Conclui-se que as tradicionais técnicas de Análise das Demonstrações

Contábeis são imprescindíveis para uma melhor verificação da saúde financeira e

econômica das empresas. Através da Análise Vertical e Horizontal foi possível

Page 55: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

55

verificar de que maneira as principais contas do Balanço Patrimonial e da

Demonstração do Resultado do Exercício se comportaram ao longo dos anos e quais

as possíveis justificativas para esses comportamentos. Os índices de Liquidez

proporcionaram uma maior visibilidade acerca da saúde financeira da empresa no

aspecto de capacidade da empresa em quitar suas dívidas e quais os aspectos

favoreceram esses resultados.

Para futuras sugestões de desenvolvimento do tema estudado podem ser

apontadas as seguintes questões: (a) ampliar a amostra para outras empresas do

segmento varejista, para que se possa comparar os resultados obtidos com outros

exemplos ou com padrões de mercado; (b) utilizar as demais técnicas de indicadores,

como por exemplo, os Índices de Atividade que evidenciam o tempo que a empresa

leva para receber e pagar os valores de vendas e compra à prazo, e os Índices de

Endividamento que expressam a representatividade do capital de terceiros na

empresa, dando maior consistência aos Índices de Liquidez.

.

Page 56: Análise exploratória sobre os indicadores contábeis tradicionais_Estudo de Caso Lojas Americanas.pdf

56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO A – BALANÇO PATRIMONIAL 2011 – LOJAS AMERICANAS S/A

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ANEXO B – BALANÇO PATRIMONIAL 2012 – LOJAS AMERICANAS S/A

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ANEXO C – BALANÇO PATRIMONIAL 2013 – LOJAS AMERICANAS S/A

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ANEXO D – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2011 – LOJAS AMERICANAS S/A

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ANEXO E – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2012 – LOJAS AMERICANAS S/A

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ANEXO F – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 2013 – LOJAS AMERICANAS S/A