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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FELIPE CONCATTO ANÁLISE EXPLORATÓRIA DO PROCESSO DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO PÚBLICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ Balneário Camboriú 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

FELIPE CONCATTO

ANÁLISE EXPLORATÓRIA DO PROCESSO DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO

PÚBLICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2010

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FELIPE CONCATTO

ANÁLISE EXPLORATÓRIA DO PROCESSO DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO

PÚBLICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Balneário Camboriú

2010

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – ênfase em Gestão Empreendedora, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú.

Orientador: Prof. MSc. Roberto Hering

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FELIPE CONCATTO

ANÁLISE EXPLORATÓRIA DO PROCESSO DE ESTACIONAMENTO ROTATIVO

PÚBLICO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Administração e aprovada pelo Curso de Administração – ênfase em Gestão

Empreendedora da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Balneário

Camboriú.

Área de Concentração: Administração de Empresas

Balneário Camboriú, 30 de novembro de 2010.

___________________________________

Prof. MSc. Roberto Hering

Orientador

_____________________________________

Profª. Dra. Sara Joana Gadotti dos Anjos

Avaliadora

_____________________________________

Prof. MSc. Marcos Aurélio Batista

Avaliador

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EQUIPE TÉCNICA

Estagiário: Felipe Concatto

Área de Estágio: Administração de serviços

Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder, MSc.

Supervisor da Empresa: Adelar Zeferino de Oliveira

Professor orientador: Roberto Hering, MSc.

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DADOS DA EMPRESA

Razão Social: Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Balneário

Camboriú - COMPUR.

Endereço: Rua Dinamarca, nº 175, Bairro das Nações – Balneário Camboriú, SC.

Setor de Desenvolvimento do Estágio: EstaR

Duração do Estágio: 240 horas

Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Adelar Z. Oliveira - Supervisor

Carimbo do CNPJ da Empresa:

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 30 de novembro de 2010.

A Companhia de Urbanização e Desenvolvimento de Balneário Camboriú, pelo

presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a

divulgar os dados do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o

Estágio Curricular Obrigatório, pelo acadêmico Felipe Concatto.

___________________________________

Adelar Zeferino de Oliveira

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O único lugar onde o sucesso vem

antes do trabalho é no dicionário.

(Albert Einstein)

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Dedico este trabalho à minha mãe, Lia Mara

Antoniolli Concatto, que nunca mediu esforços para

me proporcionar uma educação de boa qualidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade e pela força concedida para que eu pudesse

superar todos os obstáculos nessa conquista.

Aos meus pais, Lia Mara e Evandro Concatto, pela compreensão, paciência e

incentivo neste período importante da minha vida.

Aos meus colegas de curso, Claudio Roberto Zambotti, Lucas Corso e

Ricardo Montovani Baumann, pelo apoio e motivação ao longo desses anos e

valiosas contribuições ao presente estudo.

Ao meu orientador, Prof. Roberto Hering, por todo o conhecimento, conselhos

e ensinamentos transmitidos no decorrer do estágio.

Aos professores da banca examinadora pelas valiosas sugestões.

À COMPUR pela disponibilidade e interesse na pesquisa, e aos colegas com

os quais compartilhei inesquecível experiência profissional.

A todos os envolvidos neste projeto, e aos demais professores do curso de

Administração de Balneário Camboriú.

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RESUMO

A qualidade na prestação de serviços realizados pelo setor público ainda mantém o foco na própria existência do serviço, deixando a qualidade em segundo plano. Porém, a prestação deficiente de um serviço acaba por comprometer a imagem dos governantes e de sua administração perante a sociedade. A questão do trânsito torna-se extremamente relevante no município de Balneário Camboriú em face da área reduzida, aumento no fluxo de veículos e escassez de vagas de estacionamento. Este estudo teve como objetivo geral analisar o processo de serviço de estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú e, para tanto, guiou-se na execução dos seguintes objetivos específicos: descrever o atual sistema de estacionamento rotativo público, mapear os processos de prestação de serviços, analisar a percepção dos funcionários e usuários em relação ao serviço oferecido atualmente, identificar pontos críticos no processo e propor ações de melhoria do serviço. A pesquisa constitui-se de um estudo de caso de natureza exploratória e qualitativa. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram a entrevista semi-estruturada e a observação participante. Os participantes do estudo são usuários e funcionários do EstaR selecionados por amostragem não probabilística intencional. A organização foi caracterizada e teve seus processos mapeados. Após análise das entrevistas realizadas, foram identificados os pontos críticos do processo. Por fim, foram propostas melhorias à organização com foco na otimização do processo e aumento da qualidade do serviço prestado.

Palavras-chaves: qualidade, serviço, estacionamento rotativo.

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ABSTRACT

The quality in the rendering of services carried through by public sector still keeps the focus in the proper existence of the service, leaving the quality in second plain. However, the deficient render of a service finishes for compromising the image of the governing and its administration before the society. The question of the transit becomes extremely relevant in the city of Balneário Camboriú in face of the reduced area, increase in the flow of vehicles and parking vacant scarcity. This study it had as main objective to analyze the process of public rotating parking service of Balneário Camboriú and, for in such a way, it was guided in the execution of the following specific objectives: to describe the current system of public rotating parking, to map the processes of rendering of services, to analyze the perception of the employees and users in relation to the service offered currently, to identify critical points in the process and to propose actions to improve the service . The research consists of a study of case of exploratory and qualitative nature. The instruments used for the collection of data had been the half-structuralized interview and the participant observation. Study participants are users and employees of EstaR selected by intentional not probabilistic sampling. The organization was characterized and had its processes mapped. After analysis of the carried through interviews, it was identified the critical points of the process. Finally, they had been proposals improvements to the organization with focus in the optimization of the process and increase of the quality of the given service.

Keywords: quality, service, rotating parking.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – O sistema de Produção de Serviços ...................................................... 26

Figura 02 – Aspectos tangíveis e intangíveis nas diferentes ofertas ao mercado. .... 29

Figura 03 – Classificação dos serviços pela matriz volume x variedade. .................. 31

Figura 04 – Principais influências das expectativas .................................................. 36

Figura 05 – Estrutura do processo. ........................................................................... 37

Figura 06 – Símbolos para a construção de fluxogramas. ........................................ 40

Figura 07 – Cartão de estacionamento EstaR ........................................................... 57

Figura 08 – Aviso de Irregularidade. ......................................................................... 60

Figura 09 – Antigo uniforme do EstaR....................................................................... 66

Figura 10 – Atual uniforme do EstaR. ....................................................................... 67

Figura 11 – Processo de monitoramento................................................................... 71

Figura 12 – Processo de regularização ..................................................................... 73

Figura 13 – Processo de venda de cartão ................................................................. 75

Figura 14 – Gap’s na prestação do serviço ............................................................... 79

Figura 15 – Setores 14 e 15 ...................................................................................... 81

Figura 16 – Comparativo das placas de Itajaí e Balneário Camboriú ........................ 83

Figura 17 – Placa do EstaR posicionada em local inadequado. ................................ 83

Figura 18 – Tamanho do aviso de irregularidade comparado com um AIT. .............. 85

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Definições de serviços .......................................................................... 24

Quadro 02 – Comparação entre bens e serviços. ..................................................... 25

Quadro 03 – Classificação de processo de serviços ................................................. 30

Quadro 04 – O significado de qualidade. .................................................................. 33

Quadro 05 - Equação da satisfação .......................................................................... 35

Quadro 06 – Resumo da metodologia utilizada no estudo. ....................................... 45

Quadro 07 - Protocolo do estudo de caso. ................................................................ 48

Quadro 08 – Resumo do método aplicado aos participantes da pesquisa. ............... 50

Quadro 09 – Comparativos entre os decretos relacionados ao EstaR ...................... 54

Quadro 10 – Relação de logradouros do sistema EstaR........................................... 63

Quadro 11 – Relação de logradouros recentemente integrados ao EstaR. .............. 64

Quadro 12 – Relação de logradouros que serão integrados ao EstaR. .................... 65

Quadro 13 – Tarefa de verificação da situação da vaga. .......................................... 69

Quadro 14 – Símbolos normalmente utilizados pelos monitores EstaR. ................... 70

Quadro 15 – Perfil dos entrevistados. ....................................................................... 77

Quadro 16 – Proposições de melhorias ao EstaR. .................................................... 88

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LISTA DE ABREVIATURAS

AIT – Auto de Infração de Trânsito

CET – Companhia de Engenharia de Tráfego

COMPUR – Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Balneário Camboriú.

CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito

DETRAN – Departamento de Trânsito

EstaR – Estacionamento Rotativo

FUMTRAN – Fundo Municipal de Trânsito

GEIPOT – Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes

HT – Hand-Talk (comunicador portátil)

PMSC – Polícia Militar do Estado de Santa Catarina

RENAVAM - Registro Nacional de Veículos Automotores

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 17

1.1 Tema do estágio ......................................................................................... 17

1.2 Problema de pesquisa ................................................................................ 18

1.3 Objetivos ..................................................................................................... 18

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 18

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 18

1.4 Justificativa ................................................................................................. 18

1.5 Contextualização do ambiente de estágio................................................ 20

1.6 Organização do trabalho ............................................................................ 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 22

2.1 Administração ............................................................................................. 22

2.2 Serviços ....................................................................................................... 23

2.2.1 Conceito de serviços .................................................................................... 23

2.2.2 Operações de serviços ................................................................................. 25

2.2.3 Características dos serviços ......................................................................... 28

2.2.4 Classificação dos serviços ............................................................................ 29

2.3 Qualidade .................................................................................................... 32

2.3.1 Qualidade nos serviços ................................................................................ 34

2.4 Processo...................................................................................................... 36

2.4.1 Fluxograma ................................................................................................... 38

2.5 Estacionamento .......................................................................................... 42

2.5.1 Tipos de estacionamento .............................................................................. 42

2.5.2 Estacionamento rotativo ............................................................................... 43

3 METODOLOGIA .......................................................................................... 45

3.1 Tipologia de pesquisa ................................................................................ 45

3.2 Sujeito do estudo ........................................................................................ 49

3.3 Instrumento de pesquisa ........................................................................... 50

3.4 Análise e apresentação dos dados ........................................................... 52

3.5 Limitações da pesquisa ............................................................................. 53

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4 RESULTADOS ............................................................................................. 54

4.1 Funcionamento do sistema EstaR de Balneário Camboriú .................... 54

4.1.1 Instituição do EstaR e entidade administradora............................................ 55

4.1.2 Horário de funcionamento............................................................................. 56

4.1.3 Tempo máximo de permanência na vaga ..................................................... 56

4.1.4 Forma de cobrança ....................................................................................... 56

4.1.5 Utilização do estacionamento ....................................................................... 58

4.1.6 Notificação de Irregularidade ........................................................................ 59

4.1.7 Regularização da Irregularidade ................................................................... 61

4.1.8 Isenções ....................................................................................................... 61

4.1.9 Área de Abrangência .................................................................................... 62

4.1.10 Monitoramento .............................................................................................. 66

4.2 Processos do serviço de estacionamento rotativo ................................. 69

4.2.1 Processo de monitoramento ......................................................................... 69

4.2.2 Processo de regularização ........................................................................... 72

4.2.3 Processo de venda de cartão ....................................................................... 74

4.3 Percepção dos funcionários e usuários em relação ao serviço prestado ... 76

4.3.1 Perfil dos entrevistados ................................................................................ 76

4.3.2 Avaliação do serviço prestado ...................................................................... 77

4.4 Identificação dos pontos críticos do processo ........................................ 78

4.4.1 Horário de funcionamento inadequado ......................................................... 79

4.4.2 Falta de um plano alternativo para os condutores ........................................ 80

4.4.3 Falta de pontos de venda de cartão e regularização .................................... 80

4.4.4 Sinalização deficiente ................................................................................... 82

4.4.5 Falta de suporte ao monitor .......................................................................... 84

4.4.6 Tamanho do aviso de irregularidade ............................................................ 84

4.5 Proposição de melhorias ........................................................................... 85

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 89

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 91

APÊNDICE ................................................................................................................ 97

ANEXOS ................................................................................................................... 98

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema do estágio

A qualidade há muito tempo deixou de ser um diferencial competitivo às

organizações, sendo hoje praticamente um pré-requisito para a sobrevivência no

mercado. A constante busca pela redução de custos e aumento das vendas leva

muitas empresas a tornarem seu processo produtivo cada vez mais eficiente e o

produto ou serviço cada vez mais adequado ao uso pelo cliente.

Salientam Johnston e Clark (2002) que todas as pessoas entram em contato

com as operações de serviço em seu cotidiano, sendo clientes ou usuários de uma

grande variedade de serviços comerciais e públicos.

A questão do trânsito torna-se extremamente relevante no município de

Balneário Camboriú, considerado a capital catarinense do turismo e que está

crescendo em proporções assustadoras em relação à sua extensão territorial. Nesse

sentido, proporcionar um serviço altamente eficaz para garantir a rotatividade das

vagas destinadas a estacionamento é mais que justificada. A falta de vagas, bem

como um sistema de rotatividade ineficaz gera uma série de transtornos tanto para

moradores e comerciantes como para turistas que visitam o município.

Para Gates (1999), como o acesso a informação é cada vez mais ampliado, a

expectativa dos consumidores em relação às empresas tende a alterar-se, sendo

que a melhora da qualidade e o aperfeiçoamento dos processos deverão acontecer

muito mais depressa.

A prestação de serviços realizada pelo setor público ainda mantém em foco a

própria existência do serviço, deixando a qualidade relegada a um segundo plano.

As entidades governamentais são cada vez mais exigidas pela opinião pública, ao

passo que a prestação deficiente de um serviço acaba por comprometer a imagem

dos governantes e de sua administração perante a sociedade.

Diante do disposto, este trabalho consiste em analisar o atual sistema de

estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú, com o propósito de

identificar falhas que devem ser corrigidas e pontos que poderiam ser aprimorados

de forma a melhor atender às necessidades de seus usuários.

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1.2 Problema de pesquisa

Em face das constatações realizadas, o presente estudo tem como problema

de pesquisa a seguinte pergunta: Quais melhorias poderiam ser implementadas

no processo do estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú para

aumentar a qualidade do serviço?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o processo de serviço de estacionamento rotativo público de

Balneário Camboriú.

1.3.2 Objetivos Específicos

Descrever o atual sistema de estacionamento rotativo público;

Mapear os processos de prestação de serviços;

Analisar a percepção dos funcionários e usuários em relação ao serviço

oferecido atualmente;

Identificar pontos críticos no processo;

Propor ações de melhoria do serviço.

1.4 Justificativa

Uma das preocupações dos gestores de operações de serviços relaciona-se à

qualidade dos serviços prestados. A qualidade há algum tempo se tornou um tema

de grande relevância às organizações. Diversos estudos vêm sendo realizados

acerca do tema, visando satisfação dos clientes e melhoria contínua do desempenho

organizacional. O aumento do nível de exigência dos usuários e a necessidade de

eficiência e eficácia nos serviços impulsionaram essas mudanças.

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19

Salientam Martins e Laugeni (2006) que a participação do setor de serviços

nas economias modernas é crescente. Aproximadamente 75% dos empregos, assim

como 75% do PIB estão concentrados no setor de serviços.

A cidade de Balneário Camboriú, com uma população estimada de 106.220

habitantes (IBGE, 2010), possuía em outubro de 2010 uma frota de 62.708 veículos,

segundo estatísticas do DETRAN/SC (2010). Isso corresponde a 1,69 habitantes por

veículo. Considerando o fato de o município ter apenas 46,489 Km² (IBGE, 2002),

sendo o segundo menor município do estado de Santa Catarina em extensão

territorial, é perceptível a alta concentração de veículos, gerando constantes

congestionamentos e maior busca por vagas de estacionamento, tanto em via

pública quanto em propriedades particulares. Tal fator é potencializado pela vinda de

milhares de turistas para a região em determinadas épocas do ano.

No entendimento de Albrecht (1998), os órgãos governamentais têm, em

geral, uma imagem de prestação de serviço muito ruim. A razão pela qual o serviço

público é tão mal visto é muito simples: não é necessário que as entidades

governamentais ofereçam um bom serviço. Não há nenhum fator de sobrevivência

no raciocínio dos gestores de órgãos públicos. Raramente, no caso de um órgão do

governo, há alguma razão forte para obrigá-lo a bem servir. Não há, na maioria dos

casos, qualquer alternativa.

Corroboram Carvalho e Paladini (2006) que os consumidores aprenderam a

ser mais objetivos ao avaliar a qualidade de um serviço, inclusive dos serviços

públicos. O custo de operação das ações do governo é muito elevado, gerando

déficits em todos os níveis. O aumento de tributação visando aumento de receita é

vista com repúdio pela opinião pública e gastos excessivos são cerceados por uma

recente legislação. A única alternativa viável é a economia de recursos e a gestão

competente, apelando para qualidade e produtividade.

As oportunidades, bem como os ganhos em potencial, de operações

governamentais preocupadas com a qualidade do serviço são enormes. Para que

um órgão público realmente se preocupe com o serviço é preciso que alguém

responsável esteja interessado nisso. Um executivo governamental somente o fará

se seu sistema pessoal de valores proporcionar um motivo forte para a ação, o que é

muito raro (ALBRECHT, 1998).

Nesse contexto, a importância da qualidade no serviço de estacionamento

rotativo fica evidente. O presente estudo proporcionará à organização a avaliação

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dos serviços oferecidos e identificação das possíveis melhorias a serem aplicadas

ao processo produtivo. A pesquisa é viável, uma vez que o pesquisador trabalha na

organização em foco e tem acesso às informações necessárias ao estudo.

1.5 Contextualização do ambiente de estágio

A cidade de Balneário Camboriú possui uma considerável demanda por

estacionamento, principalmente pela área reduzida e alta concentração de veículos.

Uma solução amplamente utilizada por várias administrações governamentais para

solucionar a falta de espaço para estacionamento é adotar um sistema que gere

rotatividade nas vagas de estacionamento público, democratizando seu uso.

Em face dessa necessidade, foi criado o EstaR, departamento ligado à

COMPUR, instituído pelo decreto 4.464/2006 que regulamentou o estacionamento

rotativo público de Balneário Camboriú.

O serviço oferecido pela organização é um estacionamento rotativo nas vias

públicas da cidade, podendo o condutor estacionar o veículo por, no máximo, duas

horas, mediante a utilização de cartões EstaR, que podem ser adquiridos com os

monitores, nos postos de venda (comércio) e na própria central de atendimento. O

serviço é disponibilizado nas principais ruas e avenidas de Balneário Camboriú,

como a avenida Atlântica, avenida Brasil, avenida Alvin Bauer, avenida da Lagoa,

rua 511, rua 1400, rua 1500 e rua 2000.

Atualmente a organização vem ganhando importância à medida que a

preocupação com a escassez de vagas de estacionamento começa a se tornar uma

constante em Balneário Camboriú. Recentemente o poder público começou a

discutir medidas para melhorar as questões do trânsito e estacionamento da cidade,

sendo que começa a aumentar o foco na organização em estudo.

1.6 Organização do trabalho

O presente estudo está dividido em 05 (cinco) capítulos, visando facilitar o

entendimento dos conceitos apresentados.

O primeiro capítulo traz a introdução, contendo uma breve descrição do tema

e do problema de pesquisa, os objetivos deste estudo, bem como sua justificativa e

a contextualização do ambiente onde o estágio foi realizado.

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21

O segundo capítulo aborda a fundamentação teórica, criando uma base

conceitual para os tópicos abordados. Foram apresentados referenciais teóricos

acerca da administração, dos serviços, da qualidade, processo e estacionamento.

O terceiro capítulo trata da metodologia utilizada, descrevendo a tipologia de

pesquisa, o sujeito de estudo, os instrumentos de pesquisa utilizados na coleta dos

dados, a análise e coleta de dados, bem como as limitações encontradas.

O quarto capítulo apresenta os resultados obtidos após a realização da

pesquisa e da análise dos dados coletados.

O quinto e último capítulo traz as considerações finais, abrangendo vários

aspectos do estudo realizado.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Administração

A administração é conceituada por Maximiano (2002, p. 283) como sendo “[...]

um processo de tomar decisões, de realizar ações que compreende quatro

processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle.”

A administração é um conjunto de atividades que envolvem planejamento,

tomada de decisão, organização, liderança e controle, direcionadas para a utilização

dos recursos de uma organização, podendo esses recursos serem financeiros,

materiais, de informações e humanos. O intuito é atingir os objetivos organizacionais

de maneira efetiva e eficiente (GRIFFIN, 2007)

Afirma Chiavenato (1997) que administrar é aplicar técnicas com o objetivo de

estabelecer metas e operacionalizar o seu alcance pelos colaboradores que

participam das organizações, visando obter resultados que satisfaçam as

necessidades de seus clientes assim como às suas próprias. As organizações em si

existem para cumprir objetivos que os indivíduos isoladamente não podem alcançar

em face das suas limitações individuais.

Nesse entendimento, Maximiano (1995) corrobora que, quando se juntam as

pequenas contribuições de cada indivíduo da organização, geram-se produtos e

serviços que seriam mais difíceis de serem realizados por uma única pessoa.

Percebe-se, nesse momento, que a divisão do trabalho permite a superação das

limitações individuais.

Saliente Griffin (2007) que a criação de uma estrutura e de uma configuração

organizacional que conectem seus elementos é uma das principais medidas para

administrar um negócio de forma eficiente.

A administração hoje é um fator-chave para melhorar a qualidade de vida das

pessoas e das organizações, uma vez que contribui na resolução de problemas de

diversas naturezas. A administração saiu das quatro paredes das organizações e

chegou ao ambiente externo. É necessário, então, estudar e aplicar as teorias no

contexto de cada organização. Apenas dessa maneira a administração será uma

ferramenta primordial para qualquer indivíduo, organização ou até mesmo sociedade

que almeje o sucesso (MAXIMIANO, 1995).

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23

2.2 Serviços

2.2.1 Conceito de serviços

O conceito de serviço deve ser tão concreto quanto possível, de modo que

possa ser compreendido por todos. É uma maneira de expressar a noção de que a

organização tem intenção de solucionar certos tipos de problemas, de uma

determinada forma (GRÖNROOS, 1993).

Conforme Paladini (1995, p. 57), serviço “refere-se a bens intangíveis,

representados por ações desenvolvidas por terceiros em atendimento a solicitações

específicas de atividades a executar”.

“A caracterização do que seja um serviço, de forma clara e indiscutível, é

muito difícil. Os autores que têm estudado o assunto, muitas vezes definem aquilo

que não é serviço para, a partir daí, conceituá-lo.” (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 435)

Nesse sentido, Lima et al. (2004) afirmam que a definição de serviços é

problemática por causa da extrema amplitude e complexidade dessa atividade, que

abrange desde os serviços de caráter pessoal até os relacionados a produtos, como

a entrega em domicílio e os serviços de suporte. Apesar de tal dificuldade, Santos

(2005) traz algumas definições encontradas na literatura que sinalizam

características que fazem parte da natureza dos serviços (quadro 01).

Autor(es) Definição

Vargo e Lusch (2004, p. 334)

Serviço é “a aplicação de competências especializadas

(habilidades e conhecimento), por meio de ações,

processos, e atuações para o benefício de outra entidade

ou de si próprio (auto-serviço)”.

Zeithaml e Bitner (2003, p. 28) “Serviços são ações, processos e atuações”.

Bowen e Ford (2002, p. 449)

“Um serviço intangível inclui todos elementos que juntos

são responsáveis por criar uma experiência memorável

para o cliente em um determinado momento do tempo”.

Lovelock e Wright (2001, p. 5)

Serviço “é um ato ou desempenho que cria benefícios

para clientes por meio de uma mudança desejada no – ou

em nome do – destinatário do serviço”.

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24

Kotler (2000, p. 448)

“Serviço é qualquer ato ou desempenho, essencialmente

intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não

resulta na propriedade de nada. A execução de um serviço

pode estar ou não ligada a um produto concreto”.

Ramaswamy (1996, p. 3)

Serviço pode ser entendido como “as transações de

negócios que acontecem entre um provedor (prestador do

serviço) e um receptor (cliente) a fim de produzir um

resultado que satisfaça o cliente”.

Grönroos (1995, p. 36)

“O serviço é uma atividade ou uma série de atividades de

natureza mais ou menos intangível – que normalmente,

mas não necessariamente, acontece durante as

interações entre clientes e empregados de serviço e/ou

recursos físicos ou bens e/ou sistemas do fornecedor de

serviços – que é fornecida como solução ao(s)

problema(s) do(s) cliente(s)”.

Quadro 01 – Definições de serviços Fonte: Adaptado de Santos (2005)

Corroborando com o conceito de serviço, Levitt (1991 apud DAVIDOW;

UTTAL, 1994) afirma que “serviço ao cliente significa em todos os aspectos, atitudes

e informações que ampliem a capacidade do cliente de compreender o valor de um

produto ou serviço essencial”.

Para se entender a amplitude, bem como o real significado do que seja

serviço, se faz necessário o estudo das principais diferenças entre os serviços e os

bens físicos. Nesse sentido, Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000, p. 42) salientam que:

Fazer a diferenciação entre um produto e um serviço é difícil, pois a compra de um produto é acompanhada de algum serviço de apoio (por exemplo, instalação) e a compra de um serviço muitas vezes inclui mercadorias (por exemplo, alimentos em um restaurante).

Ao diferenciar produto de serviço, Paladini (1994) afirma que, com relação a

bens tangíveis, as relações com os consumidores centralizam-se em vendas,

marketing e assistência ao uso dos produtos. Já a área de serviços envolve relações

diretas com clientes, ou seja, a mão-de-obra da empresa interage com os

consumidores. O quadro 02 traz uma comparação entre bens manufaturados e os

serviços:

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Bens Físicos Serviços

Tangível e homogêneo Intangível e heterogêneo

Produção e distribuição são processos

separados do consumo

Produção, distribuição e consumo

são processos simultâneos

Valor principal produzido em fábricas Valor principal produzido nas interações

entre comprador e vendedor

Podem ser estocados e pode haver

transferência de propriedade

Não podem ser estocados e

não transfere propriedade

Quadro 02 – Comparação entre bens e serviços. Fonte: Adaptado de Grönroos (1993).

2.2.2 Operações de serviços

Operações de serviços referem-se aos processos responsáveis por executar

e entregar o pacote de valor esperado pelo cliente das organizações prestadoras de

serviços (CÔRREA; CAON, 2002).

No entendimento de Lovelock e Wright (2004, p. 56), “as operações de

serviços são parte do sistema total de serviço em que os insumos são processados

e os elementos do serviço são criados.”

Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), é preciso fazer uma diferenciação

entre as entradas e os recursos nas operações de serviços. Nesse sentido, as

entradas são os clientes e os recursos são a mão-de-obra, o capital e os bens

facilitadores do desenvolvimento do serviço.

Conforme Johnston e Clark (2002), as operações de serviços são constituídas

de duas partes: linha de frente e retaguarda. Na linha de frente (do termo em inglês

front office) ocorrem as interações entre a organização e seus clientes, podendo este

contato ser pessoal (direto ou indireto) ou não-pessoal. Já a retaguarda (do termo

inglês back office ou back room) dá suporte ao processo de prestação de serviço,

tendo pouco ou nenhum contato com os clientes.

Salienta Lovelock (1995 apud HECKERT, 2001) que a criticidade das

atividades de linha de frente é maior, uma vez que nestas não há a possibilidade de

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retrabalho em caso de falhas. Na linha de frente se misturam as funções de

marketing, operações e recursos humanos.

No sistema de produção de serviços proposto por Grönroos (1993) e exposto

na figura 01, os vários recursos geradores da qualidade são combinados de forma

sistêmica. O grande quadrado central ilustra a organização prestadora dos serviços

do ponto de vista do cliente. O cliente localiza-se dentro do quadrado porque ele é

um recurso engajado na produção do serviço. A linha de visibilidade divide a parte

do serviço que é visível ao cliente da parte que é invisível.

Figura 01 – O sistema de Produção de Serviços Fonte: Grönroos (1993, p. 262).

Salientam Corrêa e Caon (2002) que, muito embora a classificação em

atividades de linha de frente e retaguarda seja dicotômica, há variação nos graus de

interação e extensão, objetivação e estocabilidade, sendo tal fato relevante ao

gestor de operações. Outro fato a se destacar é de que a linha de visibilidade até

certo ponto é uma decisão gerencial, podendo ser deslocada para aumentar ou para

diminuir a área de contato com o cliente.

O momento onde o cliente interage com a organização é definido por Albrecht

(1998, p. 27) como sendo a “hora da verdade”, que nada mais é do que “qualquer

episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da organização e

obtém uma impressão da qualidade de seu serviço”.

Outros autores denominam esse encontro de “momento da verdade”, definido

por Lovelock e Wright (2004, p. 62) como “um ponto na entrega de serviços em que

os clientes interagem com funcionários ou equipamentos de auto-atendimento e cujo

resultado pode afetar as percepções da qualidade do serviço”.

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Durante a prestação de serviços, o cliente vivencia uma série de horas ou

momentos da verdade, realizados numa sequência específica, denominada ciclo do

serviço. A somatória de todas as horas da verdade experimentadas por seus clientes

transforma-se em sua imagem em termos de serviço (ALBRECHT, 1998).

Salientam Gianesi e Corrêa (1994) que os primeiros e os últimos momentos

da verdade estão, geralmente, entre os críticos para a percepção do cliente. Nos

primeiros, o cliente ajustará sua percepção para o que poderá acontecer no restante

do ciclo do serviço.

Considerando que a avaliação da qualidade de serviços acontece no

ambiente de front office, ela ocorre especificamente nos momentos da verdade de

um ciclo de serviços, pelo julgamento de performance de alguns determinantes da

qualidade associados à cada momento do ciclo (ALBRECHT, 1998).

De acordo com Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), o contato do cliente com o

sistema de prestação de serviço ocorre de três maneiras básicas. Na primeira, o

cliente pode estar fisicamente presente e interagir fisicamente com os prestadores

na criação do serviço. Na segunda, o contato pode ser indireto e ocorrer por meio de

comunicação eletrônica. Na terceira, determinadas atividades de serviço podem

ocorrer sem nenhum contato com o cliente.

Complementa Horovitz (1993) que o primeiro contato do cliente com a

organização é ainda mais importante por ser múltiplo. O cliente de um hotel, por

exemplo, encontra consecutivamente o carregador, o recepcionista, a arrumadeira, o

barman. Cada um desses primeiros contatos deve dar certo.

Após a primeira experiência com o serviço, a decisão de retorno será

baseada se ocorreu ou não um “fracasso do serviço” (FITZSIMMONS;

FITZSIMMONS, 2000).

Observe que o cliente, em cada um dos momentos de contato, terá algum nível de expectativa em relação a algum ou alguns critérios de desempenho. Isso significa que a operação de serviço tem de estar preparada para criar no cliente uma percepção que iguale ou supere esse nível de expectativa em cada um desses momentos, os quais, também, do ponto de vista do cliente, não terão todos o mesmo nível de importância (CORRÊA; CAON, 2002, p. 104).

Corroborando, Grönroos (1993, p. 55) afirma que “as situações em que o

cliente se depara com os recursos e com as formas de operar do fornecedor de

serviços são críticas para a experiência de qualidade”.

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28

2.2.3 Características dos serviços

As características principais dos serviços são amplamente conhecidas na

literatura. Autores como Kotler e Armstrong (2003), Grönroos (1993), Martins e

Laugeni (2006) e Schmenner (1999) apresentam um conjunto de características

comuns e/ou complementares aos serviços. Sintetizando-as, destacam as

características “básicas”:

a. Intangibilidade: os serviços são intangíveis por natureza. São resultados de

uma ação, de um esforço, não podem ser tocados ou possuídos como os

bens manufaturados. O cliente vivencia o serviço prestado, dificultado sua

avaliação, que só poderá ser feita quanto estiver consumindo ou utilizando;

b. Produção e consumo simultâneos (perecibilidade): Nos serviços, a

produção e o consumo são simultâneos. Assim, não podem ser estocados

para venda e consumo futuro, dificultando o controle da qualidade durante a

prestação. Eventuais falhas são imediatamente percebidas pelos clientes;

c. Participação do cliente: O cliente participa do processo produtivo, podendo

não só executá-lo passivamente, mas também como co-produtor. Além disso,

o cliente é quem inicia o referido processo, pois este só ocorre após a sua

solicitação.

Existe ainda outra característica que Kotler (2000) intitula como

“variabilidade”. Grönroos (1993) e Paladini (2000), de forma análoga, denominam

“heterogeneidade”. Tal característica se refere à alta variabilidade dos serviços

dependendo de onde, quando e por quem são prestados. Isso porque, segundo

Paladini (2000, p. 334), “os serviços são caracterizados pela realização de tarefas

com base no relacionamento entre as pessoas.”

Além das características supracitadas, Lovelock e Wright (2004) e

Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) chamam a atenção para outra importante

característica relacionada à “maior dificuldade de avaliação por parte do cliente dos

resultados de uma organização de serviços”, dificuldade esta relacionada com a

variabilidade das condições atreladas à prestação de serviços.

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Enfatiza-se que existem vários tipos, várias categorias de serviços, sendo

alguns mais intangíveis que outros (figura 02). Independente do tipo, o serviço na

sua essência é aquela ação, desempenho que se transfere (LAS CASAS, 1991).

Figura 02 – Aspectos tangíveis e intangíveis nas diferentes ofertas ao mercado. Fonte: Lima et al. (2004).

2.2.4 Classificação dos serviços

Os serviços possuem características básicas que os diferenciam dos bens

manufaturados. Para tal distinção, uma das principais vias utilizadas tem sido

classificá-los. A tentativa de estabelecer tipologias para serviços é bem antiga. O

que muda entre os modelos de classificação são as dimensões ou parâmetros

utilizados para distinguir os tipos de serviços.

A variável de classificação adotada por Chase (1978 apud SIQUEIRA, 2006)

é a intensidade do contato do cliente com o prestador de serviços, traduzida pela

duração da presença do consumidor no sistema de prestação do serviço.

Lovelock (1983 apud SIQUEIRA, 2006) propôs uma metodologia de

classificação dos serviços que abrange cinco sistemas distintos: natureza do ato de

serviço; relacionamento com os clientes; personalização e julgamento em serviços;

natureza da demanda e da oferta; e método de atendimento em serviços.

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Já o modelo proposto por Schmenner (1986 apud SIQUEIRA, 2006) classifica

os serviços em duas dimensões. A primeira é o grau de interação do cliente e

adaptação do serviço, e a segunda é o grau de intensidade da mão-de-obra

necessária para a entrega do serviço. O autor desenvolveu uma matriz de processos

de serviços com base nesses dois fatores, conforme o quadro 03 a seguir.

Grau de interação e adaptação ao cliente

Baixo Alto

Grau de

intensidade

da mão-de-

obra

Baixo

Indústria de serviço:

-Empresas aéreas

-Transporte de cargas

-Hotéis

Lojas de serviço:

-Hospitais

-Oficinas de veículos

-Serviços de manutenção

Alto

Serviços de massa:

-Varejista

-Vendas em atacado

-Escolas

Serviços profissionais:

-Médicos, dentistas

-Advogados

-Contadores

Quadro 03 – Classificação de processo de serviços Fonte: Siqueira (2006)

Corroboram Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) que o eixo horizontal mede o

grau de intensidade de trabalho, definido como a proporção entre o custo do

trabalho e o custo do capital. Já o eixo vertical mede o grau de interação do cliente e

de personalização, uma variável de marketing que descreve a capacidade do cliente

de interferir pessoalmente na natureza do serviço que está sendo prestado.

No método proposto por Silvestro et al. (1992 apud SANTOS, 2005), as

dimensões de volume de variedade são utilizadas para classificar três tipos de

serviços (figura 03): serviços profissionais, loja de serviços e serviços de massa.

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Figura 03 – Classificação dos serviços pela matriz volume x variedade. Fonte: SIlvestro et al. (1992) apud Santos (2005)

Os serviços profissionais são aqueles em que o cliente procura no fornecedor

uma capacitação de que não dispõe. Dessa forma, o processo de prestação do

serviço enfatiza as pessoas, sendo os equipamentos utilizados apenas como

ferramentas de apoio. O objetivo aqui é a personalização do serviço a clientes

específicos. Nos serviços profissionais, o valor do serviço é produzido

prioritariamente no front office (GIANESI; CORRÊA, 1994).

Lojas de serviços são processos intermediários no contínuo entre os serviços

profissionais e os serviços de massa. Caracterizam-se pelo maior volume de clientes

processados por dia. O valor do serviço é gerado tanto no front office como no back

office. Neste tipo de processo há diversas oportunidades de padronização de

operações exigindo menor autonomia do pessoal de contato, mesmo com um certo

grau de personalização (id., ibid.).

Os serviços de massa atendem um maior número de clientes por unidade de

tempo. O grau de padronização das operações é alto, o que favorece o uso de

equipamentos para a produção do serviço. O grau de contato com o cliente é baixo e

impessoal (id., ibid.).

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2.3 Qualidade

O conceito de qualidade e sua importância surgiram em 1970, com o

renascimento da indústria japonesa, que seguindo os preceitos do consultor

americano W. E. Deming, faz da qualidade uma arma para a vantagem competitiva

(MARTINS; LAUGENI, 2006).

Há uma diversidade de conceitos com relação a como é definida, entendida

ou praticada a qualidade. Paladini (2000) salienta que a palavra “qualidade” é uma

palavra de domínio público. Isso significa que não se pode defini-la de qualquer

modo, certo de que as pessoas acreditarão ser este seu significado. O maior

equívoco está em considerar que a qualidade possa resumir-se a apenas um

elemento. O conceito de qualidade envolve múltiplos elementos, com diferentes

níveis de importância.

O quadro 04 apresenta a definição de diversos estudiosos, desenvolvidas ao

longo das últimas décadas.

Autor Significado

Feigenbaum

(1983)

A qualidade é conceituada de acordo com a opinião dos clientes, e, na busca por

competitividade e melhoria contínua, as organizações devem ter este conceito

suficientemente claro no momento da tomada de decisão.

Garvin (1984) Identifica cinco abordagens para a definição da qualidade:

- a transcendente: nesta visão a qualidade é exemplo de “excelência inata”;

- a baseada no produto: qualidade é uma variável precisa e mensurável, podendo

ser avaliada objetivamente;

- a baseada no usuário: a qualidade é subjetiva, calcada na preferência do

consumidor.

- a baseada na produção: a qualidade está em conformidade com as

especificações;

- a baseada no valor: a qualidade é definida em termos de custos e preços,

relacionando esses dois aspectos em seu resultado para o consumidor.

Ishikawa (1985) Considera que a qualidade pode ser interpretada de duas maneiras. Na primeira,

muito restrita, significa qualidade de produto; na segunda, mais abrangente,

refere-se à qualidade de trabalho, qualidade de serviço, qualidade de informação,

qualidade de processos, qualidade de pessoas, qualidade de sistema, qualidade

de objetivos, etc.

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Deming (1990) Relata que qualidade não é um luxo, mas sim aquilo que o cliente sempre deseja,

necessita e quer. Como seus desejos estão em contínua mudança, a solução

para definir qualidade é redefinir constantemente as especificações.

Juran (1991) Qualidade é a adequação ao uso. Um dos seus significados é o desempenho do

produto, cujas características proporcionam a satisfação dos clientes que o

comprarão. Seria, por outro lado, a ausência de deficiências, pois estas geram

insatisfação e reclamações dos clientes.

Crosby (1992) Qualidade é a conformidade com as especificações. Quando se tenciona fazer

certo da primeira vez, todos devem saber o que isso significa. A qualidade

encontra-se na prevenção, que, por sua vez, se origina do treinamento, disciplina,

exemplo, liderança e persistência. O padrão de seu desempenho é o zero defeito,

ou seja, os erros não são tolerados e sua medida é o preço da não-conformidade.

Dale e Cooper

(1992)

Oferecem diferentes possibilidades para a definição de qualidade, tais como:

uniformidade das características do produto ou entrega de um serviço em torno de

um valor nominal ou alvo.; conformidade com as especificações acordadas;

adequação ao propósito/uso; satisfação às expectativas dos clientes e

entendimento às suas necessidades e desejos futuros, nunca tendo de lhes “pedir

desculpas”.

Paladini (1995) A qualidade é conceituada de acordo com a opinião dos clientes e, na busca por

competitividade e melhoria contínua, as organizações devem ter este conceito

suficientemente claro na tomada de decisões.

Jenkins (2000) Qualidade é o grau de ajuste de um produto à demanda que pretende satisfazer.

Quadro 04 – O significado de qualidade. Fonte: Adaptado de Siqueira (2006)

O primeiro passo para se definir corretamente qualidade é considerá-la como

um conjunto de atributos ou elementos que compõem o produto ou serviço. A

preocupação com os reflexos práticos que conceitos equivocados da qualidade

podem ter é justificada: quando uma pessoa tem na mente o conceito incorreto da

qualidade, ela tende a transferi-lo para sua atividade produtiva, concentrando seus

esforços numa direção que nem sempre é a mais correta (Paladini, 2000).

A manutenção da qualidade em organizações de serviços, segundo Belluzzo

e Macedo (1993), depende da gestão de suas operações e da qualidade pretendida,

visando assegurar que as necessidades dos usuários sejam conhecidas, entendidas

e praticadas com base em suas determinações, envolvendo todos os processos

necessários ao fornecimento do serviço.

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34

2.3.1 Qualidade nos serviços

O serviço é diferente do produto industrial, porque é intangível, e não pode

ser armazenado nem inspecionado. Ele também é mais complexo do que um bem

industrial, pois há o relacionamento entre pessoas, sendo sua qualidade geralmente

subjetiva (MARTINS; LAUGENI, 2006).

Em serviços, segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), a avaliação da

qualidade surge ao longo do processo da prestação, que geralmente ocorre no

encontro entre o cliente e um funcionário da linha de frente.

O conceito de qualidade em serviços, além de derivar do conceito geral de

qualidade, tem na multiplicidade de atributos a abordagem do gerenciamento de

serviço, cujo foco principal volta-se em como o serviço é percebido pelo cliente para

se tornar a mais importante força impulsionadora da operação dos negócios

(ALBRECHT, 1998).

A qualidade do serviço vem de toda a organização, de uma cultura

empresarial voltada para o cliente, é um serviço bem feito, um serviço desejado

perfeitamente executado. Um erro muito comum cometido pelas empresas que

buscam a melhoria da qualidade dos serviços é focalizar a tomada de decisão nos

processos internos, sem qualquer ligação com as prioridades de serviço oferecidas

aos clientes. Se a estratégia da qualidade em serviços não for baseada no que os

clientes pensam, o melhor que se pode esperar são apenas melhorias parciais, pois

a qualidade é também definida por eles (BERRY, 1995 apud SIQUEIRA, 2006).

No entendimento de Grönroos (1993), a qualidade de um serviço conforme

percebida pelos clientes tem duas dimensões: uma dimensão ou resultado técnico (o

que os clientes recebem de suas interações com a empresa) e uma dimensão

funcional ou relacionada ao processo (como recebem os serviços e como vivenciam

o processo de produção e consumo simultâneo). Como os prestadores de serviços

normalmente não conseguem esconder-se por trás de marcas conhecidas ou

distribuidores, os clientes, na maioria dos casos, serão capazes de identificar a

empresa, seus recursos e suas formas de operar.

Para Johnston e Clark (2002), Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000) e Grönroos

(1993), a qualidade em serviços deve ser compreendida como “aquilo que os

clientes percebem” e definida pela comparação da percepção do serviço prestado

com a expectativa do serviço desejado. A percepção da qualidade por parte do

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cliente depende, basicamente, de dois fatores: das expectativas que o cliente

possuía antes de passar pela experiência do serviço e da percepção do mesmo em

relação à qualidade do serviço.

Com frequência, a melhoria da qualidade é mencionada como um objetivo interno, sem quaisquer referências explícitas ao que queremos dizer por qualidade do serviço. Falar de melhoria na qualidade sem definir o que isso significa, como é percebida pelos clientes e como pode ser melhorada ou realçada, tem um valor limitado (GRÖNROOS, 1993, p. 47)

Corroborando com esse entendimento, Lovelock e Wright (2004, p.106)

afirmam que a qualidade do serviço está relacionada com “[...] avaliações cognitivas

de longo prazo, por parte dos clientes, sobre a entrega do serviço de uma empresa”.

As definições baseadas em serviços igualam a qualidade à satisfação do cliente,

conforme a fórmula expressa no quadro 05 a seguir:

SATISFAÇÃO = SERVIÇO PERCEBIDO / SERVIÇO ESPERADO

Quadro 05 - Equação da satisfação Fonte: Lovelock e Wright (2004)

Muitas vezes a qualidade do serviço é utilizada com o mesmo significado de

satisfação, ou seja, o grau de ajustamento entre as expectativas de um cliente e as

percepções de um serviço (CORRÊA; CAON, 2002).

Salientam Johnston e Clark (2002, p. 132) que “as expectativas dos clientes

serão influenciadas por muitas coisas”, conforme apresentado na figura 04.

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Figura 04 – Principais influências das expectativas Fonte: Johnston e Clark (2002, p. 133)

As expectativas do cliente são os verdadeiros padrões para a avaliação a

qualidade do serviço. É essencial compreender a natureza e os determinantes

dessas expectativas para assegurar que a execução do serviço satisfaça ou supere

tais expectativas (BERRY; PARASURAMAN, 1995).

Geralmente os serviços são criados e entregues na hora. Para isto, a

qualidade do serviço tem que ser necessária e imediata. O treinamento e o bom

relacionamento com os funcionários são especialmente importantes para a

qualidade do serviço (SCHMENNER, 1999).

2.4 Processo

Processo é simplesmente um conjunto de atividades estruturadas e medidas,

destinado a resultar num produto ou serviço específico para determinado cliente ou

mercado (DAVENPORT, 1994).

Processo é um método particular de operação ou uma série de ações

envolvendo múltiplos passos que precisam, na maioria das vezes, acontecer numa

Preço

Disponibilidade de alternativas

Marketing

Comunicação boca a boca

Experiência prévia

Hábito/atitude do cliente

Expectativas

do cliente

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37

seqüência definida. Os processos de serviço vão de procedimentos simples até

atividades altamente complexas (LOVELOCK; WRIGHT, 2004)

No entendimento de Johnston e Clark (2002, p. 200) “um processo de serviço

reúne atividades com recursos e é definido como o conjunto de tarefas ou atividades

inter-relacionadas que, juntas, em uma sequência apropriada, entregam o serviço.”

Na definição de Carreira (2009), processo é uma série de atividades

decompostas em tarefas que, por sua vez, são decompostas em operações (ver

figura 05). Tais operações são responsáveis pela produção de bens e serviços.

Figura 05 – Estrutura do processo. Fonte: Carreira (209, p. 94).

Processo, para Ritzman e Krajewski (2004) envolve a utilização de recursos

de uma organização visando proporcionar algo de valor. Nenhum produto pode ser

produzido e nenhum serviço pode ser prestado sem um processo, e nenhum

processo pode existir sem um produto ou serviço.

“Não devemos confundir métodos de produção com processos pois [...]

ambos são diferentes. Enquanto método de produção define a técnica pela qual se

produz algo, processo define a forma pela qual essa técnica é empregada.” (CRUZ,

1997, p. 85)

Para Cury (2000), o processo representa um grupo lógico de atividades vitais

para o funcionamento da organização, independente de seus executores. É através

Atividades

Tarefas

Opera- ções

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38

da identificação das necessidades de informações de cada processo que deverão

ser definidos e desenvolvidos os processos.

Salienta Cruz (1997, p. 83) que:

é grande o número de empresas sem qualquer organização ou documentação dos processos. Isto tem causado um grande estrago a essas empresas, principalmente às pequenas e médias, por serem construídas e desenvolvidas pelos próprios donos, raramente tiveram a oportunidade de serem erguidas de forma organizada, com todos os processos documentados.

Empresas industriais japonesas investem 70% de seus fundos de pesquisa e

desenvolvimento em inovação de processos têm resultados muito superiores ao de

empresas americanas que investem a mesma proporção em desenvolvimento de

produtos (GONÇALVES, 2000).

O mapeamento dos processos é definido por Johnston e Clark (2002) como a

técnica de se colocar em um gráfico o processo do serviço para orientação em suas

fases de avaliação, desenho e desenvolvimento. O surgimento de uma visão e de

um entendimento compartilhado de um processo por todos os envolvidos configura-

se como o principal benefício obtido, permitindo uma visualização do papel de cada

um no processo de serviço do princípio ao fim.

“A eficácia de qualquer processo pode ser melhorada, não importa como ele

tenha sido concebido. Eficácia aperfeiçoada gera clientes mais satisfeitos, o que

leva a maiores vendas e participação no mercado”. (HARRINGTON, 1993, p. 41)

Corrobora Araujo (2001) que o estudo de processo objetiva assegurar a

fluidez da movimentação e manter os limites de decisão dentro de princípios que não

permitam a ineficiência e a ineficácia de todo o processo.

“Assim como na análise de processos de manufatura, a ferramenta-padrão

para análise de processo de serviços é o fluxograma.” (DAVIS; AQUILANO; CHASE,

2001, p. 136)

2.4.1 Fluxograma

A técnica mais conhecida e utilizada no estudo de processos administrativos é

a da elaboração de fluxogramas. Esta técnica procura apresentar o processo passo

a passo, ação por ação (ARAUJO, 2001).

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O fluxograma consiste em uma representação gráfica que apresenta a

sequência de um trabalho de forma analítica. Caracteriza as operações, os

responsáveis e/ou unidades organizacionais envolvidos no processo. Seu objetivo é

a padronizar a representação (OLIVEIRA, 2002).

Corrobora Harrington (1993, p. 104) com o conceito de fluxograma ao defini-lo

como sendo um “método para descrever graficamente um processo existente, ou um

novo processo proposto, usando símbolos simples, linhas e palavras de forma a

apresentar graficamente as atividades e a seqüência no processo.”

Por gráficos de fluxo ou de processo podem-se entender todos aqueles que procuram representar, de maneira dinâmica e analítica, a seqüência lógica das fases, etapas ou passos de um trabalho desenvolvido em um escritório ou em uma área industrial, por meio de determinadas simbologias (convenções), caracterizando ainda seus agentes executores. Estes gráficos recebem genericamente a denominação de “fluxogramas” [...]. (ROCHA, 1987, p. 98)

Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000, p. 139), fluxograma “é um recurso

visual usado pelos engenheiros de produção ao analisar sistemas de produção

buscando identificar oportunidades de melhorar a eficiência dos processos.”

Os símbolos utilizados no fluxograma visam colocar em evidência a origem,

processamento e destino da informação. Alguns símbolos já estão consagrados,

outros ainda são duvidosos, porém a tendência é a padronização. Sempre que o

fluxo justificar, é plausível a utilização de outros símbolos menos conhecidos. Nesse

caso, recomenda-se elaborar uma legenda para esclarecer o significado dos

símbolos utilizados (CURY, 2000)

Os fluxogramas, segundo Cruz (1997), podem assumir intermináveis séries

de nomes, formas e pequenos detalhes. Estes não invalidam o caráter geral da

técnica desenvolvida para o desenho do fluxo dos processos. A figura 06 apresenta

os principais símbolos utilizados nos fluxogramas.

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Figura 06 – Símbolos para a construção de fluxogramas. Fonte: Cruz (1997, p. 117).

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41

Corroboram Slack, Chambers e Johnston (2002) que o fluxograma permite

uma visão detalhada das partes do processo onde ocorre um fluxo. Dessa forma,

garante que todos os diferentes estágios nos processos de fluxos estejam incluídos

no processo de melhoramento. O ato de registrar cada estágio do processo

rapidamente faz vir à tona fluxos pobremente organizados, clareando as

oportunidades de melhoramentos.

“Os fluxogramas procuram mostrar o modo pelo qual as coisas são feitas, e

não o modo pelo qual o „chefe‟ diz aos funcionários que as façam. São, portanto, a

fotografia de uma situação real.” (ROCHA, 1987, p. 98).

As vantagens da utilização dos fluxogramas apresentadas por Cury (2000)

são: entendimento do real funcionamento dos componentes do sistema,

simplificação da descrição do processo, auxiliar na identificação de falhas,

possibilidade de aplicação em qualquer sistema (simples ou complexo), e

clareamento de qualquer alteração realizada.

Corrobora Lerner (1991) que o fluxograma possibilita a fácil visualização das

rotinas de trabalho de acordo com as informações adquiridas nos levantamentos,

evitando a leitura de textos longos que exigem muito tempo para sua leitura.

Recomenda-se informatizar a elaboração de fluxogramas. Contudo, os gráficos não

excluem a necessidade das descrições narrativas, uma vez que ambos são

desenvolvidos para finalidades específicas e se complementam.

Salienta Carreira (2009) que o administrador deve ter cautela ao utilizar o

fluxograma, pois é por meio dele que se recompõe a propriedade do modo de

produção, transferindo o conhecimento da cabeça de um funcionário para o

computador.

Embora existam diversas observações sobre inúmeros detalhes com os quais

se deve ter cuidado ao elaborar um fluxograma, a prática é muito simples, pois na

maioria das vezes são construídos fluxogramas simples (CRUZ, 1997).

De acordo com Schmenner (1999), o monitoramento das estatísticas no

próprio fluxograma de processo ou de informação permite aos colaboradores e

gerentes examinar o processo com facilidade e começar a questionar o modo de

fazer as coisas e como seria possível melhorá-las.

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42

2.5 Estacionamento

O Código de Trânsito Brasileiro instituído pela lei nº 9.503, em seu anexo I,

define estacionamento como sendo a “imobilização de veículos por tempo superior

ao necessário para embarque ou desembarque de passageiros” (BRASIL, 1997).

Corroborando com esse entendimento, o GEIPOT (1997) apud Elias (2001)

conceitua estacionamento como sendo a retirada do veículo de circulação,

acomodando-o junto ao bordo da via ou fora da via.

2.5.1 Tipos de estacionamento

O estacionamento pode ser classificado, basicamente, pelo local a ele

destinado, podendo ocorrer em via pública ou fora dela (CET, 1979).

Nas vias públicas, o estacionamento pode ser livre ou controlado, sendo este

o que oferece aos usuários o acesso mais fácil e, às vezes, o mais econômico, além

de uma maior atratividade aos motoristas, mesmo com as deficiências por ele

apresentado: insegurança e desconforto. Os estacionamentos para uso público

permitem que as vagas disponíveis sejam ocupadas por qualquer motorista e, no

caso de existir restrição, é aplicada a todos os motoristas (PORTUGAL, 1980 apud

CASTRO, 2000).

Os estacionamentos realizados fora da via pública ocorrem em lotes não

edificados, parques de estacionamento, garagens comerciais e particulares. São

classificados em função do tipo de operação e da propriedade, podendo ser de

propriedade e operação particulares, de propriedade pública operado por particular e

de propriedade e operação pública (PIGNATARO, 1973 apud ELIAS, 2001).

Segundo a CET (1979), a implantação destes estacionamentos é necessária para

que haja um equilíbrio entre a capacidade dos acessos, a geração de viagens e a

oferta de vagas para estacionar, já que os da via pública não suprem a demanda

existente.

A necessidade de restringir o tráfego de automóveis nos centros urbanos leva

o poder público a intervir diretamente na acessibilidade destes locais, utilizando

principalmente dois tipos de sistema de estacionamento: o estacionamento

dissuasório, onde são criadas vagas em áreas públicas ou adquiridas, fora do

perímetro central, em locais que estimulem a integração modal com o transporte

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coletivo e sejam atrativos o suficiente para dissuadir a circulação do automóvel, a

partir daquele ponto; e o estacionamento rotativo pago em vias públicas, que

consiste na reserva de áreas onde são estabelecidos, pela autoridade de trânsito,

um tempo máximo de permanência na vaga e um valor a ser pago pelo tempo

estacionado (ELIAS, 2001).

2.5.2 Estacionamento rotativo

O estacionamento rotativo está previsto no Inciso X do Art. 24 do Código de

Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), segundo o qual compete aos órgãos e entidades

executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: implantar,

manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias.

O aumento da circulação de veículos nos centros urbanos e a concentração

de diversas atividades nessas áreas geraram uma quantidade maior de viagens,

superando a capacidade das vias, desencadeando desta forma uma série de

problemas relacionados à fluidez do tráfego, principalmente no que diz respeito ao

estacionamento de veículos (CASTRO, 2000).

No entendimento de Pope (1998 apud ELIAS, 2001), a progressiva

necessidade de circulação e estacionamento de veículos gera transtornos que são

sentidos por todos os segmentos da população. Nas áreas urbanizadas, os

residentes reclamam do tráfego; os condutores reclamam do congestionamento do

tráfego; e os comerciantes reclamam que os clientes não querem enfrentar o tráfego

para chegar ao centro comercial, acreditando não haver áreas suficientes para

estacionamento.

Diante da escassez de vagas para estacionamento em via pública, o

planejador de transportes se vê obrigado a estabelecer limite para o tempo máximo

de permanência dos veículos que ocuparem estas vagas. Esta medida coíbe os

estacionamentos de longa duração e promove a constante troca dos veículos nas

vagas. Esta técnica de restrição de uso da via é denominada Sistema de

Estacionamento Rotativo (ELIAS, 2001).

Já o sistema de estacionamento rotativo pago, além da fixação de um período

máximo de permanência do veículo na mesma vaga em via pública, prevê a

cobrança de uma taxa de utilização da vaga, que varia conforme o tempo de

permanência. Este sistema deve ser incentivado em áreas comerciais e situações

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específicas, porque amplia as possibilidades de atendimento ao público, favorece as

atividades do comércio e facilita o acesso aos serviços públicos, aos hospitais e aos

demais setores de interesse público (DENATRAN, 2004).

O aumento da oferta dinâmica de vagas foi comprovado por estudo realizado

em áreas com zona azul na cidade de São Paulo. De acordo com Ming (2001), a

probabilidade de se encontrar uma vaga disponível em áreas com estacionamento

rotativo pago é da ordem de 90%. O estudo foi desenvolvido com o propósito de

criar um indicador para medir a eficiência, bem como o desempenho, das áreas com

zona azul implantada.

No capítulo seguinte será apresentada a metodologia utilizada na elaboração

da presente pesquisa.

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3 METODOLOGIA

Nesta sessão são apresentados os procedimentos necessários para a

consecução do estudo. Roesch (2005, p. 125) explica que “o capítulo da

metodologia descreve como o projeto será realizado”.

O método, no entendimento de Richardson (1999), consiste na escolha do

procedimento para descrever e explicar determinados fenômenos. Tais

procedimentos se assemelham aos utilizados nos métodos científicos. Baseados em

teorias já existentes, procuram delimitar um problema, realizar observações e

interpretá-las, fundamentadas nas relações encontradas.

O quadro 06 traz um resumo da metodologia que será utilizada no

desenvolvimento da pesquisa:

Objetivo da pesquisa

Abordagem da pesquisa

Procedimento técnico

Métodos para coleta de dados

Pesquisa exploratória

Qualitativa Estudo de caso Entrevista semi-estruturada Observação participante

Quadro 06 – Resumo da metodologia utilizada no estudo. Fonte: O Autor (2010).

3.1 Tipologia de pesquisa

O presente estudo caracteriza-se como sendo um estudo de caso, de

natureza exploratória e qualitativa.

A natureza exploratória da pesquisa evidencia-se pela exploração dos

processos da organização em estudo, objetivando familiaridade com o problema

para torná-lo explícito. No entendimento de Aaker, Kumar e Day (2004, p. 94):

A pesquisa exploratória é usada quando se busca um entendimento sobre a natureza geral de um problema, as possíveis hipóteses alternativas e as variáveis relevantes que precisam ser consideradas. Normalmente, existe pouco conhecimento prévio daquilo que se pretende conseguir. Os métodos são muito flexíveis, não estruturados e qualitativos, para que o pesquisador comece seu estudo sem pré-concepções sobre aquilo que será encontrado. A falta de estrutura rígida permite que se investiguem diferentes ideias e indícios sobre a situação.

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A pesquisa exploratória é utilizada com o intuito de melhor compreender um

problema ou uma situação para prover critérios, tendo como objetivos formular ou

definir um problema de pesquisa com maior precisão, identificar cursos alternativos

de ação, desenvolver hipóteses ou proposições, isolar variáveis e relações-chave

para exame posterior, obter critérios para desenvolver uma abordagem do problema

e estabelecer prioridades para pesquisas futuras (GATES; McDANIEL Jr., 2005).

A natureza qualitativa da pesquisa evidencia-se na análise detalhada da

organização que opera o estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú,

sendo que não houve utilização de dados estatísticos ou levantamento de dados

numéricos. Esse entendimento é corroborado por Oliveira (1999, p. 117), que

caracteriza a pesquisa qualitativa como sendo:

[...] aquela que possui a facilidade em poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar procedimentos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudanças, criar ou formar opiniões de determinados grupos e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação de particularidades dos comportamentos dos indivíduos.

Complementa Richardson (1999) que a abordagem qualitativa de um

problema justifica-se por ser uma forma adequada para o entendimento da natureza

de um fenômeno social.

Um estudo de abordagem qualitativa não emprega dados estatísticos nem

levantamento de dados que necessitem ser mensurados por números. Não tem

pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas (OLIVEIRA,

1999).

No entendimento de Cervo e Bervian (1996, p. 78), uma pesquisa qualitativa é

caracterizada pela “[...] tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e

características situacionais apresentados pelos entrevistados em lugar da produção

de medidas quantitativas de características ou comportamentos.”

Diferentemente da pesquisa quantitativa, os métodos qualitativos consideram

a comunicação do pesquisador com o campo e seus membros como parte da

produção de conhecimento. As subjetividades, tanto do pesquisador como daqueles

que estão sendo estudados, são parte do processo de pesquisa (FLICK, 2004).

O estudo de caso é conceituado por Gil (2002, p. 54) como sendo o “[...]

estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu

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amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros

delineamentos já considerados.”

Explicam Cervo e Bervian (1996, p. 50) que o estudo de caso “[...] é a

pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para

examinar aspectos variados de sua vida”.

Corrobora Vergara (2000) que o estudo de caso é circunscrito a uma ou

poucas unidades, podendo essas ser uma pessoa, uma família, um produto, uma

empresa, um órgão público ou até mesmo um país. Tem caráter de profundidade e

detalhamento, podendo ou não ser realizado no campo.

Destacam Cooper e Schindler (2003, p.130) que os estudos de caso:

[...] colocam mais ênfase em uma análise contextual completa de poucos fatos ou condições e suas inter-relações. Embora as hipóteses sejam freqüentemente usadas, basear-se apenas em dados qualitativos torna o suporte ou a rejeição mais difícil. Uma ênfase em detalhes fornece informações valiosas para solução de problemas, avaliação e estratégia.

Não existem regras precisas sobre técnicas utilizadas em um estudo de caso

pelo fato de que cada entrevista ou observação é única. Como não há padronização

de dados, tampouco regra objetiva que estabeleça o tempo adequado de pesquisa,

a duração do estudo de caso é variável, podendo durar semanas ou até mesmo

muitos anos (GOLDENBERG, 2000).

Para aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso, Yin (2005)

afirma que uma das táticas mais utilizadas é a elaboração de um protocolo, cuja

utilização objetiva orientar o pesquisador ao realizar a coleta de dados a partir de um

estudo de caso único. O quadro 07 a seguir apresenta o protocolo do presente

estudo de caso.

1 Verificação do estudo de caso

1.1 Plano para condução do estudo de caso

Análise exploratória do processo de estacionamento rotativo público de Balneário

Camboriú.

1.2 Objetivo geral

Analisar o processo de serviço de estacionamento rotativo público de Balneário

Camboriú.

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1.3 Metodologia utilizada para coleta de dados

Entrevista semi-estruturada e observação participante.

2 Procedimento de campo

2.1 Observação Participante

2.2 Realização das entrevistas

a) Funcionários do EstaR – (05 entrevistas)

b) Usuários do EstaR – (11 entrevistas)

3. Questões para o estudo de caso

3.1 Como funciona o processo de prestação de serviço?

3.2 Quais as falhas que influenciam a qualidade do serviço prestado?

3.3 Quais são as melhorias viáveis para a organização?

4. Plano de análise do relatório do estudo de caso

4.1. Descrição da empresa

4.2. Processos do serviço

4.3. Avaliação da percepção dos entrevistados

4.4. Identificação dos pontos críticos

4.5. Proposição de melhorias

5. Análise dos dados coletados

5.1. Reunir e organizar todo material pesquisado e produzido

5.2. Identificar falhas que influenciam a qualidade do serviço prestado.

5.3. Propor melhorias para a organização.

5.4. Análise e apresentação dos dados.

Quadro 07 - Protocolo do estudo de caso. Fonte: O Autor (2010)

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49

3.2 Sujeito do estudo

Os participantes da presente pesquisa são usuários e funcionários do

estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú, selecionados por critérios

de representatividade e acessibilidade pelo pesquisador, configurando uma

amostragem não probabilística intencional. Richardson (1999, p. 161) esclarece que

“os elementos que formam a amostra relacionam-se intencionalmente de acordo

com certas características estabelecidas no plano e nas hipóteses formuladas pelo

pesquisador.”

Corrobora Mattar (2001) que a amostragem não probabilística intencional tem

por característica o conhecimento da localização da população, motivo pelo qual a

mesma foi escolhida para a composição da amostra. A suposição básica dessa

técnica é que podem ser escolhidos os casos a serem incluídos na pesquisa e, com

isso, chegar a amostras que sejam satisfatórias para as necessidades.

Nas amostragens não probabilísticas intencionais, os itens são escolhidos por

serem acessíveis, mais articulados ou mais fáceis de serem avaliados. Neste tipo de

amostragem, o pesquisador está interessado na opinião de determinados elementos

da população. Assim, os resultados desse procedimento não podem ser

generalizados para toda a população, pois sua validade se resume ao contexto

específico que foi pesquisado (OLIVEIRA, 2003).

Corrobora Malhotra (2006) que os entrevistados devem ser escolhidos de

forma que possam fornecer informações úteis a respeito da população de interesse.

Embora não exista a preocupação de representatividade estatística, se faz

necessário escolher indivíduos distribuídos nos estratos de interesse. O número de

entrevistados não precisa ser volumoso, mas sim estar de acordo com a

necessidade do fluxo ou quantidade de informações adequada ao estudo.

Os participantes totalizaram um número de 16 entrevistados, sendo 11

usuários do EstaR e 05 funcionários da organização. O quadro 08 condensa

diversas informações sobre os participantes da pesquisa, como as técnicas de coleta

de dados utilizadas neste trabalho, amostragem, entre outras.

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Participantes da pesquisa Usuários e funcionários do EstaR

Abrangência geográfica Cidade de Balneário Camboriú, SC

Técnica de amostragem Amostragem não probabilística intencional

Tamanho da amostra 16 entrevistados

Forma de aplicação Pessoal

Quadro 08 – Resumo do método aplicado aos participantes da pesquisa. Fonte: O Autor (2010)

3.3 Instrumento de pesquisa

A presente pesquisa será conduzida nas seguintes etapas: primeiramente

será descrito o funcionamento do sistema de estacionamento rotativo público de

Balneário Camboriú. Em seguida será mapeado, através da elaboração de

fluxogramas, os processos de prestação de serviço. Posteriormente serão coletados

dados junto aos usuários e funcionários da organização para, finalmente, apresentar

as ações de melhorias. A coleta de dados se dará pela utilização de entrevista semi-

estruturada e observação participante, entre os meses de março a outubro.

A entrevista é um processo de interação social, no qual o entrevistador tem a

finalidade de obter informações do entrevistado, através de um roteiro contendo

tópicos em torno de uma problemática central (HAGUETTE, 1995). Salienta Roesch

(2005) que a qualidade dos dados obtidos na entrevista depende da habilidade do

entrevistador, do nível de confiança que se estabelece entre o entrevistador e o

entrevistado e da relevância da pesquisa para os entrevistados.

A entrevista semi-estruturada dá ao entrevistado a liberdade de expressar-se

como quiser, sendo guiado pelo entrevistador. Triviños (1994) ressalta que essa

opção metodológica, ao mesmo tempo em que valoriza e mantém a presença do

investigador, também propicia ao pesquisado a liberdade na comunicação,

favorecendo a descrição, explicação e compreensão dos fenômenos sociais.

Corrobora Roesch (2005) que nas entrevistas semi-estruturadas são

utilizadas questões abertas, que permitem ao entrevistador entender a perspectiva

dos participantes da pesquisa, não deixando que o pesquisador predetermine sua

perspectiva mediante uma seleção prévia de categorias de questões.

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A entrevista semi-estruturada está focalizada em um assunto sobre o qual é

confeccionado um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras

questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Esse tipo de

entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não

estão condicionadas a uma padronização de alternativas (MANZINI, 1990/1991, p.

154).

As entrevistas foram conduzidas mediante a utilização de um roteiro de

questões (vide apêndice A) que serviu de orientação. Nesse sentido, houve também

perguntas adicionais com o intuito de aprofundar a discussão do assunto em tela.

Observação participante é definida por Minayo (2004) como um processo pelo

qual se mantém a presença do observador numa situação social visando realizar

uma investigação científica, na qual o observador está em relação face a face com

os observados. Ao participar da vida deles, colhe dados e se torna parte do contexto

sob observação, modificando e sendo modificado por este, simultaneamente.

A observação participante é a técnica de captação de dados menos

estruturada utilizada nas ciências sociais, pois não supõe qualquer instrumento

específico que direcione a observação. Assim, uma das limitações existentes

evidencia-se no fato de que a responsabilidade e o sucesso pela utilização dessa

técnica recaem quase que inteiramente sobre o observador. Outra limitação

constitui-se na relação observador/observado e na capacidade de percepção do

primeiro, que pode ser alterada em decorrência do seu envolvimento no meio

(HAGUETTE, 1995).

No entendimento de Yin (2005), a observação participante é a modalidade

especial de observação na qual o pesquisador não é apenas um observador

passivo. Em vez disso, ele pode assumir uma variedade de funções dentro de um

estudo de caso e pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados.

A oportunidade mais interessante relaciona-se à sua habilidade de conseguir

permissão para participar de eventos ou de grupos que são, de outro modo,

inacessíveis à investigação cientifica.

Na observação participante, o observado não é apenas um espectador do fato

que está sendo estudado. Ele se coloca na posição e ao nível dos outros elementos

humanos que compõem o fenômeno a ser observado (RICHARDSON, 1999).

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3.4 Análise e apresentação dos dados

A etapa de análise e apresentação é uma das fases decisivas da elaboração

do trabalho científico. Trata-se da coleta e registro de informações, da análise e

interpretação dos dados reunidos e, finalmente, da classificação dos mesmos

(CERVO; BERVIAN, 1996).

Após a coleta dos dados, estes foram analisados de forma qualitativa e

apresentados de forma estruturada, por meio da descrição do atual sistema de

estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú e do mapeamento dos

processos do serviço. Procurou-se identificar falhas no processo e, dessa forma,

propor melhorias visando aperfeiçoar o serviço prestado pela organização. Os dados

analisados foram apresentados em quadros, figuras e textos explicativos.

Foi realizada uma análise descritiva dos dados, onde o foco é na integração

das respostas, visando uma interpretação dinâmica da influência de cada fator na

problemática do estudo. No entendimento de Soriano (2004, p. 243), tal análise é

efetuada da seguinte maneira:

Consta de dois processos: o primeiro é a análise individual dos resultados obtidos em cada pergunta para avaliar a tendência, situação ou magnitude do aspecto detectado através do item ou da pergunta; o segundo processo consiste em combinar as diferentes respostas que tratam do mesmo fator.

Corrobora Gil (2002) que a análise qualitativa é uma sequência de atividades

que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação

e a redação do relatório.

“A análise de dados normalmente envolve a redução dos dados acumulados

a um tamanho administrável, desenvolvimento de sumários, busca de padrões e

aplicação de técnicas estatísticas.” (COOPER; SCHINDLER, 2003, p.84, grifo dos

autores)

Comenta Malhotra (2006) que a análise de dados não é um fim em si mesma.

Deve fornecer informações que auxiliem na abordagem do problema em estudo. A

quantidade de informações das entrevistas individuais é extensa. Em face desta

questão, é necessário fazer uma síntese dos dados para que se tenha clareza nos

dados obtidos. Deve-se fazer um resumo das informações relevantes para os

objetivos da pesquisa, para em seguida iniciar a análise e interpretação dos dados.

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53

3.5 Limitações da pesquisa

Podem-se destacar algumas limitações de pesquisa ao longo da coleta dos

dados, que influenciaram diretamente a percepção dos usuários e também dos

funcionários do estacionamento, elencadas a seguir:

Mudança de endereço da central EstaR;

Alteração do uniforme dos monitores.

Definidos os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento

deste estudo, serão apresentados no capítulo a seguir os dados coletados durante a

elaboração da pesquisa.

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4 RESULTADOS

A presente etapa da pesquisa é destinada à apresentação dos resultados dos

estudos realizados junto ao estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú,

com o intuito de atingir os objetivos propostos.

4.1 Funcionamento do sistema EstaR de Balneário Camboriú

Nesta seção será descrito o funcionamento do sistema de estacionamento

rotativo público de Balneário Camboriú. Entre os aspectos abordados está a criação

e implantação do EstaR, forma de cobrança, horário de funcionamento, área de

abrangência, etc. Por ser de cunho público, qualquer alteração no sistema de

estacionamento rotativo precisa ser aprovada pelo órgão legislativo municipal.

Com o intuito de melhor compreender a evolução do sistema EstaR de

Balneário Camboriú, foi elaborado um quadro dos decretos sancionados e suas

principais resoluções:

Decreto Principais resoluções

4.464/2006

Instituiu o EstaR, definiu o valor cobrado, tempo máximo na vaga,

valor do aviso de irregularidade, isenções, determinou as áreas

de estacionamento e deu outras providências.

4.629/2007

Alterou o valor do Aviso de Irregularidade para o pagamento

único no valor correspondente ao número de cartões relativos ao

seu tempo de permanência na vaga.

4.647/2007

Estendeu a isenção do pagamento de estacionamento rotativo

aos veículos à disposição do poder judiciário e aos veículos de

órgãos de imprensa do município de Balneário Camboriú, SC.

5.006/2008

Alterou o horário de funcionamento do EstaR, passando a operar

nos horários compreendidos entre 09:00 e 20:00 horas, de

segunda a sábado, incluindo os feriados.

5.510/2009 Alterou o valor cobrado pelo estacionamento, o valor do aviso de

irregularidade e deu outras providências.

Quadro 09 – Comparativos entre os decretos relacionados ao EstaR Fonte: O Autor (2010)

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55

Os principais aspectos relacionados ao sistema de estacionamento rotativo

público serão aprofundados nos tópicos a seguir.

4.1.1 Instituição do EstaR e entidade administradora

O estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú foi instituído no dia

30 de agosto de 2006 através do decreto municipal nº 4.464, começando a operar

efetivamente em janeiro do ano seguinte. Este decreto atribuiu à Companhia de

Desenvolvimento e Urbanização de Balneário Camboriú (COMPUR) a

responsabilidade pela implantação, operação e administração do sistema de

Estacionamento Rotativo.

A COMPUR foi criada através da Lei Municipal n.º 253, de 05 de março de

1974, e tem por função principal o desenvolvimento e a urbanização do nosso

município, bem como estudos, planejamento, paisagismo e outros serviços de

natureza pública. É responsável também pela execução direta de obras e

benfeitorias, ou contratação de terceiros, através de licitação pública.

A escolha desta organização para operacionalizar o EstaR se deve

principalmente ao fato de a COMPUR, por força da Lei nº 2.399/2004, ter recebido a

incumbência de Órgão Executivo de Trânsito Municipal, passando a ser a gestora do

trânsito e do sistema de transportes de Balneário Camboriú. Além disso, a

organização é uma sociedade de economia mista, sendo que 99,9% do capital social

pertence à Prefeitura Municipal e 0,01% é pertencente a acionistas que compõem a

empresa, de acordo com a Ata de Constituição.

A organização “EstaR” é um departamento da COMPUR, localizado na Rua

901, nº 220. Possui um supervisor geral, três coordenadores, uma assistente

administrativa, duas atendentes e cinquenta monitores de estacionamento. Há dois

turnos de trabalho: matutino e vespertino. O turno matutino opera das 09:00 até às

15:00 horas, e o turno vespertino das 14:00 às 20:00 horas. Logo, o horário de

serviço dos funcionários coincide com o horário de funcionamento do EstaR.

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56

4.1.2 Horário de funcionamento

O decreto original previa, pelo seu Artigo 5º, o funcionamento do EstaR nos

horários compreendidos entre 10:00 e 22:00 horas, durante todos os dias, inclusive

sábados, domingos e feriados. A redação deste artigo foi alterada posteriormente em

agosto de 2008, por força do decreto nº 5.006, sendo que o novo horário de

funcionamento ficou compreendido entre 09:00 e 20:00 horas, de segunda a sábado,

incluindo os feriados. Entretanto, atualmente a organização não opera nos feriados.

4.1.3 Tempo máximo de permanência na vaga

O Artigo 6º do decreto original prevê que o prazo máximo de permanência nas

vagas é de 02:00 (duas) horas contínuas, vedada a sua prorrogação, sendo

necessário para tanto o uso de 02 (dois) cartões, contendo cada um deles o período

de 01:00 (uma) hora. O veículo que estiver estacionado por tempo superior ao

regulamentado, deverá ser retirado imediatamente do local, não sendo permitido

renovar o cartão ou utilizá-lo em outra vaga na mesma via pública municipal.

Entretanto, o procedimento adotado atualmente prevê a renovação dos cartões após

a mudança de vaga, podendo esta ser a vaga da frente ou a vaga de trás daquela

onde o veículo se encontra estacionado. O tempo máximo de permanência na

mesma vaga ainda não sofreu alterações.

4.1.4 Forma de cobrança

O decreto nº 4.464/2006, através do Artigo 8º, determinou o preço pelo

estacionamento rotativo controlado, sendo este de R$ 1,00, cobrado mediante a

venda de cartões de estacionamento, com período máximo de permanência de 01

(uma) hora cada. Este decreto também prevê a revisão ou reajuste de preço será

efetuado sempre que o sistema se mostrar em desequilíbrio econômico financeiro, e

dar-se-á mediante o cálculo de custo através de respectiva planilha. Posteriormente,

por força do decreto nº 5.510/2009, o valor cobrado pelo estacionamento passou a

ser de R$ 1,25 por hora, também mediante venda de cartões de estacionamento. O

cartão poderá ser utilizado em qualquer vaga do sistema, ressalvado o limite de

horário fixado.

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57

O cartão de estacionamento EstaR (figura 07) pode ser adquirido junto aos

monitores devidamente uniformizados, na central de atendimento ou nos postos de

venda credenciados, identificados com a logo do EstaR.

Figura 07 – Cartão de estacionamento EstaR Fonte: O Autor (2010)

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58

4.1.5 Utilização do estacionamento

As áreas de estacionamento rotativo são destinadas ao estacionamento de

veículos de passageiros e veículos de carga com capacidade de até 1.800 quilos.

Para o estacionamento de motocicletas, foram criados locais regulamentados,

ficando estas isentas de uso do cartão de estacionamento. Entretanto, as

motocicletas estacionadas fora dos espaços regulamentados com informação

complementar serão obrigadas a fazer uso do mencionado cartão. Veículos acima

de 1.800 quilos em operações de carga e descarga de mercadorias, junto às vias

públicas localizadas nas áreas de estacionamento rotativo, ficam isentos de

pagamento, desde que tais operações sejam realizadas, obrigatoriamente, entre

02:00 e 12:00 horas.

Ao estacionar seu veículo nas áreas de EstaR, o condutor deverá fazer uso

do cartão de estacionamento exigido pela sinalização. O cartão pode ser adquirido

com monitores devidamente identificados, nos postos de venda conveniados

identificados com a logo “Aqui tem EstaR” e na central do EstaR. Para ser válido, o

cartão precisa estar devidamente preenchido, com o ano, mês, dia, hora e minuto da

chegada do veículo na vaga. O cartão deve ser colocado em local visível, no painel,

lado direito ou esquerdo, com a frente do cartão voltada para fora.

A responsabilidade pela aquisição, raspagem e colocação do cartão no

veículo é inteiramente do usuário. Por isso, cartão colocado por fora do veículo só

será considerado se corretamente raspado e permanecer no veículo durante todo o

tempo em que estiver estacionado na vaga.

A permanência do condutor ou de outra pessoa no veículo não isenta o uso

do cartão, sendo obrigatório o uso do mesmo durante o tempo em que estiver

estacionado na vaga.

Não caberá à Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú ou à COMPUR

qualquer responsabilidade por acidentes, danos, furtos ou quaisquer outros

prejuízos ou danos materiais a que derem causa ou vierem a sofrer os veículos

estacionados, seus proprietários, usuários ou acompanhantes enquanto

permanecerem nas Áreas de Estacionamento Rotativo ou ainda quando os veículos

delas forem guinchados.

As informações supracitadas estão disponíveis no verso do cartão de

estacionamento. É importante ressaltar ainda que, embora não esteja

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59

regulamentada em lei, é dado um tempo de tolerância de 15 minutos aos veículos

que se encontram sem o cartão de estacionamento.

4.1.6 Notificação de Irregularidade

O veículo estacionado é considerado irregular quando:

I - exceder o período máximo de estacionamento permitido em cada área;

II - estiver com o cartão de estacionamento rasurado, preenchido de forma irregular,

colocado incorretamente, ou que esteja sem o uso do cartão ou, ainda quando este

não estiver preenchido;

III - estiver utilizando cartão diferente daquele adotado pela COMPUR.

O decreto original prevê que os proprietários e/ou condutores de veículos

estacionados em desacordo com a regulamentação, e que tenham sido devidamente

notificados de tal situação mediante “Aviso de Irregularidade”, serão penalizados

com o pagamento de preço único, no valor correspondente a 10 (dez) cartões de

estacionamento, ficando retido o número de cartões correspondente ao período de

sua permanência e os demais serão entregues ao usuário para futura utilização.

Porém, o decreto 4.629, aprovado em 30 de janeiro de 2007, alterou o valor

do Aviso de Irregularidade, sendo o mesmo regularizado através do pagamento

único no valor correspondente ao número de cartões relativos ao seu tempo de

permanência na vaga, devendo o condutor apenas efetuar pagamento em dinheiro,

de acordo com o período especificado no Aviso de Irregularidade: R$ 1,00 para uma

hora e R$ 2,00 para duas horas.

Em setembro de 2009, por força do decreto nº 5.510, através de alteração do

Artigo 19, o Aviso de Irregularidade (ver figura 08) passou a ter o valor equivalente a

04 (quatro) cartões de estacionamento (R$ 5,00).

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60

Figura 08 – Aviso de Irregularidade. Fonte: O Autor (2010)

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61

4.1.7 Regularização da Irregularidade

Os usuários notificados por Aviso de Irregularidade têm prazo de até 05

(cinco) dias para proceder à regularização junto à operadora do sistema. Esta

regularização pode ser efetuada tanto com o monitor na rua ou diretamente na

central do EstaR. Há também a possibilidade de regularização via depósito bancário,

devendo o condutor enviar via fax a sua via do aviso de irregularidade. Contudo,

esta última forma de regularização não possui publicidade: somente é informada em

caso de eventual solicitação do condutor.

Decorrido o prazo sem que ocorra a devida regularização, será o Aviso de

Irregularidade convertido em multa por infração ao Artigo 181, inciso XVIII da Lei nº

9.503/97 - CTB, a ser exarada pelo agente da autoridade de trânsito.

Caso o veículo ultrapasse as 02 (duas) horas de tempo máximo de

permanência, será emitido um aviso de “atenção”. A “atenção” impossibilita a

regularização do aviso de irregularidade, sendo este encaminhado diretamente à

autoridade de trânsito competente. Este processo não está previsto na legislação,

sendo um processo administrativo próprio da operadora do sistema.

Os Avisos de Irregularidade com prazo vencido e as Atenções são

despachadas ao FUMTRAN, onde um agente de trânsito do município irá lavrar um

“Auto de Infração de Trânsito” (vide anexo B) com base nas informações constantes

no aviso, sendo este o primeiro passo no processo de infração de trânsito.

Contextualizando, o aviso de irregularidade somente se converterá em multa

caso não seja regularizado no prazo ou se o veículo exceder o período máximo de

permanência na vaga.

4.1.8 Isenções

O decreto nº 4.464/2006, no seu Artigo 16, determina que não estarão

sujeitos ao pagamento deste estacionamento os veículos oficiais, conforme

Resolução nº 45, de 22 de maio de 1998 do CONTRAN, disciplinado pelos artigos

115 e 121 do Código de Trânsito Brasileiro, e:

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62

I - Os veículos de empresas públicas prestadoras de serviços essenciais como:

Correios, telefonia, água, energia elétrica, coleta de lixo, desde que devidamente

identificados.

Através de Parágrafo Único, também determina que o disposto no artigo não

se aplica às empreiteiras e os terceiros prestadores dos serviços mencionados

acima. Contudo, este artigo sofreu alteração por força do decreto nº 4.647/2007, que

estendeu a isenção aos seguintes veículos:

II - Os veículos à disposição do Poder Judiciário com jurisdição neste Município,

quando em serviço.

III - Os veículos de órgãos de imprensa desse município, quando em serviço, desde

que devidamente identificados.

O parágrafo único também foi alterado, passando a vigorar com o seguinte

texto: “Não se aplica o disposto neste artigo às empreiteiras e os terceiros

prestadores dos serviços acima indicados, bem como as empresas que trabalham

com caçamba de entulho e ocupam vagas do EstaR”. Percebeu-se a necessidade

de regulamentar o uso de caçambas de entulho devido ao aquecimento da

construção civil na cidade nos últimos anos. Entretanto, a fiscalização e cobrança

não são de responsabilidade da COMPUR.

4.1.9 Área de Abrangência

O decreto original definiu os logradouros cujas vagas passaram a integrar a

área de estacionamento rotativo público. A relação destes se encontra no anexo I do

referido decreto, sendo listados no quadro a seguir:

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Rua Trecho

Avenida Atlântica Rua 3.800 até Rua Miguel Matte

Avenida Brasil Rua 1.101 até Rua 2.000

Avenida Alvin Bauer Av. Atlântica até Avenida Brasil

Avenida da Lagoa Em toda sua extensão

Rua 51 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 511 Av. da Lagoa até a Avenida Brasil

Rua 701 Av. da Lagoa até a Avenida Brasil

Rua 1001 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1101 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1100 Rua 1.304 até a Avenida Brasil

Rua 1200 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1300 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1304 Rua 1.100 até a Rua 1.300

Rua 1400 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1600 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1800 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Rua 1910 Rua 1.900 até a Avenida Brasil

Rua 1950 Rua 2.000 até Avenida Brasil

Rua 2000 Av. Atlântica até a Avenida Brasil

Quadro 10 – Relação de logradouros do sistema EstaR Fonte: Balneário Camboriú (2006)

A partir do final de 2009, mais logradouros foram integrados ao sistema de

estacionamento rotativo EstaR. Entretanto, a relação com as ruas e quantidade de

vagas não foram publicadas, ficando esta relação em poder da COMPUR. Através

de mapeamento realizado pelo autor, estão listados no quadro 11 os logradouros

integrados à relação original:

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64

Rua Trecho

Avenida Atlântica Rua 3.800 até Rua 3.900

Avenida Brasil Rua 1901 até Rua 1101

Rua 511 Avenida Brasil até Rua 403

Rua 1301 Av. Atlântica até Avenida Brasil

Rua 1601 Av. Atlântica até Avenida Brasil

Rua 1801 Av. Atlântica até Avenida Brasil

Rua 1901 Av. Atlântica até Avenida Brasil

Rua 1500 Av. Brasil até Terceira Avenida

Rua 1520 Rua 1900 até Rua 904

Rua 1922 Rua 1826 até Rua 1400

Rua 1440 Rua 1822 até Rua 1400

Rua 1528 Rua 1822 até Rua 1400

Rua 1532 Rua 1822 até Rua 1500

Rua 1536 Rua 1500 até Rua 902

Rua 1400 Av. Brasil até Rua 1528

Rua 916 Rua 912 até Terceira Avenida

Rua 912 Rua 1400 até Rua 904

Rua 910 Rua 1520 até Terceira Avenida

Rua 906 Rua 1520 até Terceira Avenida

Rua 904 Rua 900 até Terceira Avenida

Rua 900 Rua 908 até Rua 904

Quadro 11 – Relação de logradouros recentemente integrados ao EstaR. Fonte: O Autor (2010)

O planejamento da COMPUR prevê a inclusão de mais ruas ao sistema de

estacionamento rotativo EstaR, devido ao substancial aumento do número de

veículos em circulação na cidade e a consequente redução da disponibilidade de

vagas para estacionamento.

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A definição dos prováveis logradouros foi realizada em reunião ocorrida em

agosto de 2010 e estão listadas no quadro a seguir:

Rua Trecho

Avenida Alvin Bauer Av. Brasil até Terceira Avenida

Avenida Central Avenida do Estado até Av. Brasil

Alameda 1000 Av. Central até Rua 1170

Rua 10 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 100 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 200 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 300 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 500 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 600 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 622 Rua 600 até Rua 620

Rua 620 Rua 700 até Terceira Avenida

Rua 700 Av. Central até Terceira Avenida

Rua 701 Av. Brasil até Avenida Central

Rua 601 Rua 403 até Avenida Central

Rua 501 Rua 403 até Avenida Central

Rua 401 Av. Brasil até Avenida Central

Rua 101 Av. Brasil até Avenida Central

Quadro 12 – Relação de logradouros que serão integrados ao EstaR. Fonte: O Autor (2010)

Ressalta-se que o decreto original permite a alteração das vias e logradouros

públicos pertencentes ao sistema de estacionamento. Como forma de atender

necessidades técnicas, a critério da COMPUR, poderá o sistema sofrer acréscimos

ou supressões de vias e logradouros públicos municipais, ou mesmo de parte

daqueles que já se encontram em operação.

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66

4.1.10 Monitoramento

O profissional denominado “monitor de estacionamento rotativo” é o

responsável direto pela fiscalização dos veículos estacionados nas áreas do EstaR.

O monitor tem a função de vender os cartões de estacionamento, emitir avisos de

irregularidade e efetuar a regularização dos mesmos, além de emitir avisos de

atenção. É funcionário celetista de direito privado, pois são contratados da

COMPUR. Os cinqüenta monitores receberam recentemente um fardamento azul,

semelhante ao dos agentes de trânsito do município, sendo que até setembro os

monitores utilizavam o tradicional uniforme laranja (figura 09).

Figura 09 – Antigo uniforme do EstaR Fonte: Diarinho (2009)

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67

O objetivo da mudança, de acordo com a organização em estudo, é

proporcionar uma maior sensação de segurança, uma vez que o monitor fica

semelhante aos agentes de trânsito e futura guarda municipal. A figura 10 a seguir

mostra um monitor devidamente uniformizado com o novo fardamento.

Figura 10 – Atual uniforme do EstaR. Fonte: O Autor (2010)

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Os itens que o monitor utiliza durante seu trabalho estão listados a seguir:

bloco de avisos de irregularidade

bloco de recibos de regularização

bloco de atenções

blocos de cartões EstaR

folhas de trabalho

prancheta

pochete com R$ 20,00 para troco

caneta

Em posse destes itens, o monitor, ainda na central do EstaR, verifica em qual

setor está alocado e anota o “dia da regularização” (avisos com data de emissão

anterior a este dia não podem mais ser regularizados). Em seguida ele se desloca a

pé ao setor que irá monitorar.

A fiscalização dos veículos estacionados no setor se dá por “voltas”. O

monitor percorre todo o setor anotando na folha de trabalho a placa dos veículos e a

hora da anotação. Cada volta corresponde a uma coluna na folha de trabalho, tendo

esta quatro colunas. Ao finalizar o trajeto, ele deverá aguardar a tolerância de 15

minutos. Caso a tolerância do primeiro veículo anotado já tenha se esgotado, o

monitor já pode iniciar uma nova volta, realizando o mesmo trajeto da primeira. É na

segunda passagem pelo veículo que o monitor irá conferir a situação do mesmo e irá

aplicar as penalidades caso ele esteja em situação irregular.

O monitor é comissionado em 5% sobre sua venda mensal de cartões EstaR

e regularizações efetuadas. Ou seja, monitor não recebe comissão pela emissão do

aviso, mas sim quando alguém regulariza o aviso com ele. O monitor que mais

vendeu no mês recebe uma bonificação de R$ 100,00, denominada “monitor do

mês”. Cada um dos turnos (matutino e vespertino) tem o seu monitor do mês. A

empresa divulga mensalmente um ranking das vendas por monitor. Para efeito do

monitor do mês, as faltas e as advertências reduzem o valor total da venda, fazendo

o monitor cair no ranking; entretanto ele recebe a comissão normalmente.

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4.2 Processos do serviço de estacionamento rotativo

O serviço de estacionamento rotativo EstaR de Balneário Camboriú compõe-

se basicamente dos seguintes processos: monitoramento, regularização e venda de

cartão, cujas caracterizações serão descritas a seguir.

4.2.1 Processo de monitoramento

Visto que os veículos estacionados nas áreas de EstaR possuem um tempo

de tolerância de 15 minutos sem o cartão, e um tempo máximo de 02 horas na

mesma vaga com o cartão, se faz necessário o monitoramento desses veículos para

fiscalizar o correto uso do cartão e verificar se os mesmos não excederam o tempo

de permanência permitido.

Neste processo, o monitor realiza a fiscalização dos veículos estacionados

nas áreas de estacionamento rotativo público, controlando o tempo de permanência

em cada vaga e aplicando as punições cabíveis caso o veículo fique em situação

irregular.

O processo começa com o monitor registrando na folha de trabalho (anexo A)

a placa dos veículos estacionados no setor em que ele está alocado. Esta constitui a

primeira volta, sendo registrado na primeira coluna os veículos estacionados, o

horário de registro e as vagas livres. O controle é feito vaga por vaga.

Na segunda volta, que só pode ser iniciada 15 minutos depois do início da

primeira, o monitor irá verificar se a vaga ainda está ocupada pelo mesmo veículo

que ele registrou na primeira volta, se há outro veículo na vaga ou se a vaga está

livre. O quadro a seguir resume esta tarefa:

Situação Procedimento

A vaga está ocupada pelo mesmo veículo

Verificar a situação do veículo (regular ou irregular)

A vaga foi ocupada por outro veículo

Registrar a placa do novo veículo na planilha

A vaga está livre Registrar a vaga livre na planilha

Quadro 13 – Tarefa de verificação da situação da vaga. Fonte: O Autor (2010)

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No caso da primeira hipótese descrita no quadro 13, o monitor irá verificar a

situação do veículo na vaga: se ele está com o cartão devidamente preenchido ou

não. Se o veículo estiver regular, o monitor registra a situação na folha de trabalho,

normalmente utilizando algum símbolo. Nas próximas voltas o monitor apenas irá

conferir se o cartão está dentro do tempo e se o veículo não deixou a vaga.

Na hipótese de o veículo estar irregular, ou seja, sem o cartão, com o mesmo

não preenchido ou preenchido incorretamente, o monitor deverá emitir o aviso de

irregularidade, especificando a irregularidade cometida pelo condutor, a hora que ele

foi registrado pela primeira vez e o horário de emissão. Na planilha, o monitor irá

também fazer o registro, normalmente utilizando os símbolos apresentados no

quadro a seguir. Ressalta-se que tais símbolos não são padronizados, sendo que

pode haver variações de monitor para monitor.

Símbolo utilizado Situação

C /C = Com cartão, regular

S / C Sem cartão, irregular

C / V Cartão vencido, irregular

C / I Cartão preenchido incorretamente, irregular

C / N / P Cartão não preenchido, irregular

M Veículo irregular, atenção emitida

Quadro 14 – Símbolos normalmente utilizados pelos monitores EstaR. Fonte: O Autor (2010)

Nas demais voltas, o monitor continua controlando os veículos estacionados.

Se no caso algum deles estiver na vaga há mais de 02 horas, com o cartão vencido,

o monitor irá emitir a irregularidade e o “aviso de atenção”, impedindo que o monitor

regularize o aviso de irregularidade. Entretanto, se o veículo estiver sem o cartão, o

procedimento muda: o monitor irá emitir o aviso de irregularidade após 15 minutos

sem cartão na vaga. A partir daí, o monitor deverá esperar 02 horas a partir da

emissão do aviso para emitir o aviso de atenção.

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O fluxograma a seguir resume o processo de monitoramento, identificando o

fluxo dos procedimentos mencionados anteriormente:

INÍCIO

SIM

REGISTRO DA

PLACA

O VEÍCULO ESTÁ NA VAGA

HÁ MAIS DE 15 MINUTOS?

O VEÍCULO ESTÁ

REGULAR?

SIM

NÃO

SIM

NÃO

O VEÍCULO

EXCEDEU 02 HORAS

NA VAGA?

NÃO

SIM

A VAGA ESTÁ

OCUPADA?FIMNÃO

REGISTRO DA

SITUAÇÃO

EMISSÃO DO AVISO

DE IRREGULARIDADE

O VEÍCULO JÁ FOI

NOTIFICADO?

NÃO

SIM

ANEXAR AVISO

NO VEÍCULO

EMISSÃO DO AVISO

DE ATENÇÃO

ANEXAR

ATENÇÃO NO

VEÍCULO

FIM

Figura 11 – Processo de monitoramento Fonte: O Autor (2010)

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4.2.2 Processo de regularização

Uma vez emitido o aviso de irregularidade, este precisa ser regularizado, sob

pena de ser convertido em infração de trânsito para o veículo notificado. A

regularização é efetuada junto aos monitores do EstaR, podendo ser feita na rua ou

na própria central.

Para regularizar um aviso, o condutor precisa ter em mãos a 2ª via (via verde)

com o número íntegro, devendo entregá-la ao monitor que fará a regularização.

Excepcionalmente ocorrem situações em que o condutor acaba perdendo a sua via

do aviso. Nesse caso, é preciso solicitar à central do EstaR a 1ª via (via branca) do

referido aviso, que fica arquivada por 05 dias úteis a partir da emissão. Tendo a 1ª

via em mãos, a regularização é feita normalmente.

Ao regularizar um aviso, o monitor primeiramente irá verificar a data de

emissão do mesmo. Isso porque há um prazo para ser efetuada a regularização: 05

dias úteis a partir da emissão. Logo, se o aviso de irregularidade foi emitido a mais

de 05 dias úteis, o monitor não poderá regularizá-lo, sob pena de receber

advertência. Nesta situação, não há mais nada a se fazer por parte do cliente ou do

monitor. A 1ª via do aviso de irregularidade vencido será encaminhado ao órgão de

trânsito do município para ser lavrado um auto de infração de trânsito com os dados

constantes no aviso emitido pelo monitor.

Estando o aviso de irregularidade dentro do prazo, o monitor efetua a

regularização do mesmo. Ele preenche um recibo em três vias, contendo a data da

regularização, o valor pago e o número do aviso regularizado. Pode-se regularizar

mais de um aviso por recibo. Por fim, o monitor assina o recibo e entrega a 2ª via

para o cliente, que realiza o pagamento ao monitor. O aviso de irregularidade do

cliente, ao ser regularizado, deve obrigatoriamente ser entregue ao monitor.

Ao encerrar o expediente, o monitor destaca do bloco de regularização a 1ª

via dos recibos, junta com os avisos de irregularidade regularizados e os entrega ao

monitor interno que realiza o acerto, realizando o pagamento do valor recolhido.

Para melhor entendimento do processo, foi elaborado o fluxograma

apresentado a seguir:

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INÍCIO

RECEBER AVISO DO

CLIENTE

O AVISO FOI EMITIDO HÁ

MAIS DE 05 DIAS ÚTEIS?

INFORMAR A

IMPOSSIBILIDADE DE

REGULARIZAÇÃO DO

AVISOSIM

PREENCHER RECIBO DE

REGULARIZAÇÃO E

ENTREGAR COMPROVANTE

AO CLIENTE

NÃO

RECEBER DO CLIENTE

O VALOR DA

REGULARIZAÇÃO

REALIZAR O ACERTO NA

CENTRAL AO FINAL DO

EXPEDIENTE

FIM

VERIFICAR DATA DE

EMISSÃO DO AVISO

FIM

O CONDUTOR POSSUI

A 1ª VIA DO AVISO?

SIM

CONSULTA À 1ª VIA DO

AVISO NA CENTRALNÃO

Figura 12 – Processo de regularização Fonte: O Autor (2010)

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74

4.2.3 Processo de venda de cartão

Para a utilização do estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú,

se faz necessário o uso do cartão de estacionamento EstaR. Tais cartões são

adquiridos através de processo licitatório pela COMPUR, uma vez que a empresa é

uma sociedade de economia mista. Normalmente é encomendada uma grande

quantidade, no intuito de reduzir o custo unitário do cartão. Os cartões são dispostos

em blocos, contendo 08 unidades.

Realizado o procedimento de compra, o departamento financeiro da

COMPUR irá registrar a quantidade de cartões e os custos, para em seguida liberar

lotes ao setor EstaR.

Uma vez que os cartões são entregues na central do EstaR, é realizada a

distribuição dos mesmos. O monitor interno separa uma quantidade de blocos para

cada monitor e para os postos de venda. A entrega desses blocos é feita pelo

coordenador do turno. O fluxograma a seguir mostra as etapas do processo:

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75

INÍCIO

COMPUR REALIZA

LICITAÇÃO PARA

COMPRA DE

CARTÕES DE

ESTACIONAMENTO

CONTROLE PELO

FINANCEIRO DA

EstaR

COORDENADOR

ENTREGA CARTÕES

AOS MONITORES

COORDENADOR

ENTREGA CARTÕES

AOS POSTOS DE

VENDA

MONITORES

POSTO

DE

VENDA

EMISSÃO DE

RECIBO PARA O

POSTO DE VENDA

RECOLHIMENTO

DO MONTANTE

VENDIDO JÁ

DESCONTANDO

COMISSÃO DO

P.V.

MONITOR

ANOTA SEU

SALDO DE

CARTÕES E

REALIZA

VENDAS NO

HORÁRIO DE

SERVIÇO

MONITOR RETORNA À

CENTRAL E INFORMA

QUANTIDADE VENDIDA

CENTRAL

RECOLHE O QUE

FOI VENDIDO E

MONITOR ASSINA

PLANILHA

FIM

FIM

DISTRIBUIÇÃO

DOS CARTÕES

Figura 13 – Processo de venda de cartão Fonte: O Autor (2010)

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76

Ao receber os blocos de cartões EstaR do coordenador, o monitor faz seu

controle individual, dirige-se ao setor e efetua a venda desses cartões. Ao retornar à

central no final do turno, o monitor informará ao monitor interno quantos cartões

sobraram. Ao subtrair a sobra do monitor com o saldo que ele tinha antes de se

dirigir ao setor, o acertador sabe a quantidade vendida e cobra a quantia do monitor,

que assina a planilha de controle do acerto.

No caso do posto de venda, o coordenador faz a entrega dos blocos de

cartões mediante solicitação do posto. No ato, o coordenador já recolhe o montante

vendido e paga a comissão de venda. Em seguida, ele emite ao posto de venda um

recibo de entrega informando a quantidade de cartões fornecida.

4.3 Percepção dos funcionários e usuários em relação ao serviço prestado

Nesta parte do estudo será apresentada a análise das entrevistas semi-

estruturadas junto aos funcionários e usuários do EstaR. A pesquisa teve como

objetivo estudar a percepção dos mesmos, verificando opiniões, reclamações, e

sugestões que os pesquisados apresentaram.

4.3.1 Perfil dos entrevistados

A pesquisa foi composta por uma amostra de 16 entrevistados. Determinados

critérios foram avaliados pelo pesquisador no momento da seleção dos

respondentes, tais como o ramo de atividade exercido, conveniência, facilidade de

acesso, frequência de uso do serviço e, no caso dos funcionários, tempo de serviço

na organização.

No momento da escolha dos entrevistados, levou-se em consideração o

conhecimento sobre os tópicos abordados e a disposição para falar abertamente

sobre o assunto em tela. Procurou-se verificar se o serviço prestado pelo EstaR

corresponde às expectativas de seus usuários. Também foi verificado se as opiniões

a respeito do serviço prestado pelo EstaR correspondiam aos dados levantados na

observação participante.

Foi elaborado o seguinte quadro para se ter uma melhor compreensão do

perfil dos entrevistados:

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77

Número da Entrevista

Entrevistado Idade Sexo Ramo de atividade

01 Funcionário 27 M Monitor do EstaR

02 Funcionário 51 M Monitor do EstaR

03 Usuário 50 M Comércio

04 Funcionária 30 F Monitora do EstaR

05 Funcionário 36 M Monitor do EstaR

06 Usuário 23 M Comércio

07 Usuária 31 F Comércio

08 Funcionário 27 M Monitor do EstaR

09 Usuário 39 M Comércio

10 Usuária 20 F Serviço

11 Usuário 27 M Comércio

12 Usuária 53 F Funcionalismo Público

13 Usuário 24 M Serviço

14 Usuária 32 F Comércio

15 Usuário 42 M Comércio

16 Usuário 28 M Serviço

Quadro 15 – Perfil dos entrevistados. Fonte: O Autor (2010)

Cabe ressaltar que as entrevistas foram realizadas em sessões únicas sem

agendamento prévio e tiveram uma duração média de 10 minutos. Foi efetuado o

registro das entrevistas no próprio roteiro, para que posteriormente fosse realizada a

análise dos dados.

Na próxima parte do estudo, será apresentado o resultado da análise das

informações levantadas com as entrevistas realizadas junto aos funcionários e

usuários do estacionamento.

4.3.2 Avaliação do serviço prestado

Um dos objetivos da pesquisa é a obtenção de dados a respeito da percepção

dos funcionários e usuários com relação ao serviço prestado pela EstaR.

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78

De forma geral, os entrevistados classificaram a qualidade do serviço

prestado como sendo boa e apontaram a democratização das vagas públicas de

estacionamento como aspecto positivo do sistema.

Com relação à localização da central, houve divergências. Vários

entrevistados desconheciam a atual localização, pois a central foi recentemente

transferida da Avenida da Lagoa para a Rua 901. Os respondentes que tinham

conhecimento da localização atual da central tiveram opiniões variadas. A maioria

afirmou que a localização está boa, porém fizeram algumas ressalvas com relação a

placas de indicação e informações aos clientes.

Quanto ao uniforme, houve um consenso de que a recente mudança

melhorou a aparência dos monitores. Um dos entrevistados ressaltou que

antigamente os monitores pareciam garis, devido à semelhança do uniforme laranja

com os funcionários da empresa que presta serviço de limpeza urbana para a

prefeitura, e com o novo uniforme eles passaram inclusive a impor mais respeito.

Os entrevistados também foram questionados sobre aspectos negativos do

EstaR. Houve uma variedade de opiniões, várias delas confirmando os dados

coletados na observação participante. Faz-se necessária uma análise mais

aprofundada desses aspectos a fim de sugerir as melhorias para os problemas

levantados. Tal análise será apresentada a seguir.

4.4 Identificação dos pontos críticos do processo

Esta parte do estudo é destinada à análise dos pontos críticos do processo do

estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú. Será realizado um

aprofundamento dos problemas constatados durante a coleta de dados.

Muito dos pontos críticos constatados durante o período de observação

participante puderam ser confirmados nas entrevistas realizadas junto aos

funcionários e usuários do EstaR. Os pontos críticos levantados foram: horário de

funcionamento inadequado, falta de um plano alternativo para os condutores, falta

de pontos de venda e regularização, sinalização deficiente, falta de suporte ao

monitor e tamanho do aviso de irregularidade. Esses problemas serão aprofundados

a seguir.

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79

4.4.1 Horário de funcionamento inadequado

Como já abordado neste estudo, o horário de funcionamento do EstaR de

Balneário Camboriú compreende o período das 09:00 às 20:00 horas de segunda a

sábado. O EstaR não funciona nos domingos e feriados.

Muitos entrevistados, tanto usuários como funcionários, reprovaram o horário

de funcionamento atual, primeiro por ir até 20:00 horas, segundo por funcionar

sábado à tarde. A alegação é de que a grande maioria das cidades com

estacionamentos rotativos pagos funcionam apenas em horário comercial durante a

semana, e sábado até às 12:00 horas.

O ponto crítico aqui é após as 18:00 horas. Constatou-se por meio da

observação participante que há uma dificuldade significativa para o monitor

visualizar o cartão dentro dos veículos à noite, uma vez que não é pequena a

quantidade de carros que possuem películas escuras, as chamadas insulfilm. Já

para o condutor o problema é ainda maior: além da maior dificuldade de localizar os

monitores à noite, ele terá menos postos de venda para comprar o cartão, visto que

a maioria encerra o expediente às 18:00 horas.

Verificou-se também a constante ocorrência de gap’s na troca de turno,

demonstrado na figura 14. Enquanto o monitor da tarde está saindo da central em

direção ao setor, o monitor da manhã abandona o setor, no intuito de chegar à

central mais cedo para realizar o acerto. Outro problema ocorre pela manhã: os

monitores saem da central por volta das 09:00 horas, pois ficam aguardando a

ordem de saída do coordenador. O setor também acaba ficando sem monitor no final

do dia, quando praticamente todos saem do setor antes das 19:30 horas para

realizar o acerto na central do EstaR. Isso se deve principalmente ao fato de a

jornada de trabalho dos monitores confundir exatamente com o período de

funcionamento do EstaR: eles entram às 09:00 e saem às 20:00 horas

Figura 14 – Gap’s na prestação do serviço Fonte: O Autor (2010)

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80

4.4.2 Falta de um plano alternativo para os condutores

Outro ponto crítico é relacionado principalmente com os clientes que possuem

comércio das áreas de EstaR. Os comerciantes geralmente são os que mais utilizam

o sistema de estacionamento rotativo. Hoje eles são obrigados a seguir as

determinações do decreto 4.464/2006 e alterações posteriores: pagam R$ 1,25 por

hora e são obrigados a trocar a vaga a cada 02 horas, sem nenhuma outra

alternativa a não ser os estacionamentos particulares.

Muitos dos entrevistados citaram a falta de um plano alternativo para os

condutores, principalmente os comerciantes, como o principal problema relacionado

ao serviço prestado. Tal situação foi confirmada na observação participante como

sendo geradora de uma série de conflitos que comprometem a qualidade do serviço.

Muitos comerciantes abusam da tolerância dada e trocam o veículo de vaga para

ganhar mais 15 minutos. Alguns chegam a fazer isso o dia todo, sem usar um único

cartão. Além disso, eles correm o constante risco de ter o cartão vencido, uma vez

que precisam atender a clientela do comércio onde trabalham.

4.4.3 Falta de pontos de venda de cartão e regularização

Outro aspecto relevante da problemática abordada é a escassez de pontos de

venda – tanto monitores como estabelecimentos comerciais – para a compra do

cartão de estacionamento EstaR. Vários entrevistados manifestaram seu

descontentamento com relação a este item. A princípio pode-se supor que falta

monitores na rua, mas uma investigação mais aprofundada revela uma falha grave

do sistema: há logradouros com vagas de EstaR em plena zona residencial. Na

observação participante pode-se constatar, inclusive, que determinadas ruas sequer

tinham um fluxo moderado de veículos. Ocorre que os condutores acabam deixando

o veículo na frente de garagens (não configurando estacionamento em vaga de

EstaR) e a maioria dos monitores sequer monitoram esses logradouros.

Tomando como exemplo os setores 14 e 15 (figura 15), observa-se que as

ruas 916, 912, 910, 906 e a rua 1536 são áreas predominantemente residenciais,

não justificando a instalação de estacionamento rotativo. Além disso, esses

logradouros são extensos e possuem vagas de estacionamento de ambos os lados,

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81

o que toma muito tempo do monitor caso ele queira fiscalizar corretamente as vagas.

Cita-se ainda as transversais à esquerda da rua 1500.

A alegação da organização é que uma vez colocado estacionamento rotativo

em determinado logradouro, é preciso colocar também em todas as ruas adjacentes

para evitar uma “fuga” dos condutores. Contudo, essa prática se mostrou inviável,

uma vez que poucos monitores fiscalizam corretamente tais vagas e poucos

usuários efetivamente pagam estacionamento nestes locais mais calmos.

RUA 912

RU

A 9

04

RUA 900

RU

A 9

08

RU

A 9

06

RU

A 9

10

RUA 1520

RU

A 1

40

0

RU

A 9

16

RUA 1536

Igreja Matriz Santa Inês

Camelódromo

ColégioEnergia

Figura 15 – Setores 14 e 15 Fonte: O Autor (2010)

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82

O ponto crítico configura-se justamente na dificuldade do monitor em fiscalizar

vagas em áreas residenciais. Enquanto ele monitora tais vagas, o condutor que

estaciona seu veículo numa rua mais movimentada não o encontra.

Cabe ressaltar também a questão da regularização. Considera-se a hipótese

de o condutor ser notificado num sábado à noite e ao tomar conhecimento da

existência do aviso no seu veículo, já são 20:15 horas. Ele poderia regularizar o

aviso na segunda-feira, mas e se ele for viajar no domingo? E se ele for um turista

indo embora? Como o condutor vai efetuar a regularização? Esse tipo de problema

ocorre com certa frequência, principalmente na alta temporada e feriados

prolongados. O que a organização oferece hoje é a possibilidade de regularizar

através de depósito bancário. Para isso, o condutor deve enviar via fax ou através

de e-mail a sua via do aviso de irregularidade e o comprovante de depósito.

Contudo, tal opção não é informada em nenhum lugar, apenas se o condutor ligar

para a central solicitando a regularização.

4.4.4 Sinalização deficiente

Esse ponto crítico foi muito mencionado pelos monitores entrevistados. Há

logradouros com poucas placas de sinalização, a própria informação contida na

placa não é clara e o principal problema: há locais com sinalização contraditória.

Muitos entrevistados citaram a sinalização da cidade vizinha de Itajaí: há uma

tarja azul na placa escrito “estacionamento rotativo pago”. Tal disposição, na visão

deles, favorece o entendimento da informação por parte do condutor. Mencionaram

ainda o excesso de informações nas placas de Balneário Camboriú, quando as

informações do EstaR são integradas às placas de carga/descarga.

A questão do posicionamento incorreto das placas gera uma série de

transtornos para os condutores. Muitos estacionam seus veículos sem perceber que

a vaga é rotativa e monitorada pelo EstaR, sendo esse problema inclusive divulgado

na mídia, conforme reportagem realizada pelo jornal Diarinho (2010), na qual um

condutor reclama que falta sinalização adequada na rua 1304.

Ressalta-se ainda a questão da sinalização complementar, ou seja, as faixas

pintadas no chão. Há logradouros que tal sinalização se encontra apagada ou

desatualizada. A figura 16 faz um comparativo das placas de estacionamento

rotativo de Itajaí e de Balneário Camboriú.

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Figura 16 – Comparativo das placas de Itajaí e Balneário Camboriú Fonte: O Autor (2010)

O aspecto mais prejudicial à qualidade do serviço de estacionamento na

questão da sinalização é a contradição da mesma. Não é raro encontrar locais em

que há uma placa de EstaR posicionada junto à outra placa de regulamentação,

como por exemplo na rua 2000 (figura 17), onde há uma placa de EstaR entre duas

placas de indicam estacionamento para motocicletas.

Figura 17 – Placa do EstaR posicionada em local inadequado. Fonte: O Autor (2010)

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O mais comum é encontrar sinalização complementar diferente da sinalização

vertical, como faixas amarelas, vagas de farmácias e pintura amarela do meio-fio.

Esses aspectos acabam por deixar usuários e monitores em dúvida com relação a

ser permitido o estacionamento naquele local.

4.4.5 Falta de suporte ao monitor

Um dos aspectos que mais chamaram a atenção nas entrevistas foi o fato de

todos os monitores entrevistados afirmarem que já sofreram agressões verbais no

trabalho por parte dos condutores. Muitos ressaltaram ainda temer a presença de

flanelinhas no setor de serviço, visto que muitos monitores já chegaram a ser

ameaçados, inclusive com objetos cortantes. Um dos entrevistados afirmou que já

teve uma arma de fogo apontada para ele em pleno serviço.

A exposição a tais riscos no serviço leva à necessidade de um efetivo apoio

dos órgãos responsáveis por sua segurança e integridade física, como a PMSC e a

própria organização em estudo. A realidade, no entanto, é bem diferente. Os

monitores não dispõem de apoio especial nas ocorrências nem de acompanhamento

psicológico. Hoje, o monitor precisa fazer uso de seu próprio telefone celular ou

telefone público para comunicar qualquer problema às entidades responsáveis.

4.4.6 Tamanho do aviso de irregularidade

Uma vez emitido o aviso de irregularidade, este precisa ser regularizado pelo

condutor para que não se converta em infração de trânsito. Em face disso, surge a

prerrogativa de que o aviso deveria ser bem visível. No entanto, constatou-se

durante o período de observação participante que muitos condutores, ao entrar no

veículo, não percebiam o aviso de irregularidade anexado ao limpador de para-

brisas. Não retirando o aviso do limpador, o condutor corre o risco de perdê-lo e ter o

veículo autuado por falta de regularização.

O aviso de irregularidade, portanto, não possui tamanho adequado para que o

condutor possa percebê-lo facilmente. Em comparação, um auto de infração de

trânsito, que não tem outra função senão informar o condutor da infração cometida,

é 53% mais largo e 38% mais alto que o aviso de irregularidade emitido pelos

monitores. A figura 18 traz um comparativo entre ambos.

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Figura 18 – Tamanho do aviso de irregularidade comparado com um AIT. Fonte: O Autor (2010)

4.5 Proposição de melhorias

Identificados os pontos críticos do processo de prestação de serviço, resta

propor as melhorias que visam eliminar ou pelo menos reduzir esses problemas que

acabam comprometendo a qualidade do serviço prestado pelo EstaR.

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A primeira sugestão é a redução do período de funcionamento do EstaR em

uma hora. O novo horário seria das 09:00 às 19:00 horas. O objetivo é amenizar

problemas na prestação de serviço que ocorrem devido à falta de iluminação. Para

eliminar os gap’s no processo, essa hora que foi reduzida do horário de

funcionamento seria transferida para a jornada de serviço dos monitores. Ou seja,

eles começariam a trabalhar às 08:30 horas e só seriam liberados às 19:30 horas,

mantendo a atual jornada de 11 horas dividida em dois turnos. Com uma jornada de

trabalho mais longa do que a prestação efetiva do serviço, o monitor teria tempo

para se preparar antes de sair da central e para realizar o acerto ao retornar do

setor.

Quanto à questão da falta de um plano alternativo para os condutores, a

proposta é de criação de áreas denominadas “zonas brancas”, onde os condutores

poderiam estacionar o veículo por mais tempo. Essas zonas seriam implantadas em

logradouros menos movimentados, incentivando, por exemplo, o comerciante a não

deixar seu veículo em ruas de maior movimento que eventuais clientes poderiam

utilizar. Sua utilização seria mediante um cartão especial, com um custo mais

reduzido para o cliente.

Para amenizar o problema da falta de pontos de venda de cartão e

regularização, sugere-se a criação de quiosques do EstaR em áreas estratégicas,

auxiliando o monitor na venda do cartão e na regularização dos avisos. Com relação

a problemas de regularização, como a perda do aviso, a proposta é de criação de

um sistema online onde o cliente possa regularizar o aviso apenas informando sua

placa e o número do RENAVAM do veículo. O pagamento seria por depósito

bancário ou débito em conta, pois a emissão de boletos bancários acaba sendo

inviável para a organização.

A sugestão para corrigir a sinalização deficiente é a reformulação das

informações contidas nas placas, através de propostas efetuadas por empresa de

design no processo licitatório, no intuito de se obter um melhor entendimento para os

condutores que utilizam o EstaR. Propõe-se também um levantamento fotográfico

dos locais problemáticos. Tal levantamento poderia inclusive ser realizado pelos

monitores, que trabalham nas áreas de EstaR e conhecem os problemas

relacionados. Após a reunião dos dados, estes seriam despachados ao setor

competente da COMPUR que realiza a manutenção da sinalização, no sentido de

priorizar futuros reparos.

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87

Com relação à falta de suporte ao monitor, a proposta é de criação de uma

central de rádio no EstaR, com cada monitor portando um HT. Assim, poderiam

transferir informações de forma muito mais rápida. Complementando, poderia se

adotar um sistema de comunicação interna onde o monitor avisaria o momento de

chegada e saída do setor, pausa para o intervalo, deslocamento, etc., permitindo

maior controle pela central. Levanta-se também a possibilidade de convênio com a

Secretaria de Segurança do município com foco na colaboração recíproca: os

monitores poderiam auxiliar agentes de trânsito e militares denunciando ocorrências

e receberiam apoio imediato em caso de emergências.

Por último, propõe-se a reformulação do aviso de irregularidade. A primeira

ação seria o aumento do tamanho, com o intuito de aumentar a visibilidade do aviso

para que ele não passe despercebido pelo condutor. O aumento de tamanho

também proporcionaria a inclusão de mais informações, principalmente referente às

formas de regularização do mesmo, ou seja, informar todos os meios disponíveis

para que o condutor possa efetuar o pagamento do aviso de irregularidade.

Para melhor entendimento do conteúdo em tela, foi elaborado um quadro

sintetizando os pontos críticos identificados e suas respectivas melhorias propostas.

Pontos críticos Ação Como será feito Melhoria

Horário de funcionamento

inadequado

Redução do período de funcionamento do EstaR em 01 hora

Horário de funcionamento das 09:00 às 19:00 horas. Divisão da hora que sobrou em 30 minutos antes e 30 minutos depois do expediente

O monitor seria obrigado a chegar mais cedo e sair do setor na hora certa

Falta de um plano alternativo

para os condutores

Criação de “zonas brancas”

Implantação em ruas menos movimentadas, utilização mediante uso de cartão especial

Disponibilidade de um local alternativo para condutores estacionarem o veículo por mais tempo, incentivando o uso de cartão em ruas menos movimentadas

Falta de pontos de venda de

cartão e regularização

Criação de quiosques do EstaR e de um sistema de regularização via internet

Quiosque fixo em locais estratégicos efetuando venda de cartão e regularização de avisos. Regularização de avisos pela internet, através de depósito bancário ou débito em conta.

Aumento do número de regularização dos avisos, possibilidade de regularização remota, aumento da disponibilidade do monitor

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Sinalização deficiente

Reformulação das informações contidas nas placas de estacionamento rotativo e levantamento dos locais problemáticos

Reavaliação das informações, propostas junto a empresas de design. Realização de um multirão realizando levantamentos fotográficos das sinalizações irregulares para futura solicitação de reparo junto ao setor competente

Informações mais claras aos clientes e monitores, redução do número de conflitos em virtude de diferentes interpretações da sinalização

Falta de suporte ao monitor

Uso de comunicação via rádio pelo EstaR

Criação de uma central de rádio no EstaR, com o fornecimento de um HT para cada monitor. Realizar possível convênio com a secretaria de segurança

Rapidez da transmissão de informações entre monitores e central do EstaR. Apoio mais efetivo da PMSC e dos agentes de trânsito

Tamanho do aviso de

irregularidade

Reformulação do aviso de irregularidade

Aumento de tamanho e inclusão de mais informações sobre a regularização do mesmo

Aumento da facilidade do condutor perceber a presença do aviso de irregularidade e suas formas de regularização

Quadro 16 – Proposições de melhorias ao EstaR. Fonte: O Autor (2010)

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo analisar o processo de serviço de

estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú, com o intuito de propor

melhorias que visem aumentar a qualidade e confiabilidade do serviço prestado pelo

EstaR. Para alcançar o objetivo geral, foram traçados os seguintes objetivos

específicos: descrever o atual sistema de estacionamento rotativo público, mapear

os processos de prestação de serviços, analisar a percepção dos funcionários e

usuários em relação ao serviço oferecido atualmente, identificar pontos críticos no

processo e propor ações de melhoria do serviço.

O primeiro objetivo específico tratou da descrição da organização e dos vários

aspectos que abrangem a prestação do serviço, tal como a instituição da

organização, a legislação regulamentadora, a área de abrangência e os profissionais

que operam o sistema. O intuito foi clarear o entendimento do que é e como

funciona o sistema de estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú.

No segundo objetivo específico foram mapeados os processos de prestação

de serviços, constituindo três processos básicos da organização: monitoramento,

regularização e venda de cartão. Foram elaborados fluxogramas que permitiram um

amplo entendimento do fluxo de prestação do serviço oferecido pelo EstaR.

Descrito o sistema e tendo seus processos mapeados, o terceiro objetivo

específico tratou da análise da percepção dos funcionários e usuários com relação

ao serviço prestado pelo EstaR, visando corroborar os dados levantados durante a

observação participante. Com a análise dos dados obtidos, pode-se orientar o

estudo na condução da próxima etapa.

O quarto objetivo específico foi a identificação dos pontos críticos do

processo, ou seja, problemas que atrapalham a prestação do serviço e interferem na

qualidade do mesmo. Através da análise dos dados levantados pela pesquisa,

identificou-se seis pontos críticos no sistema EstaR: horário de funcionamento

inadequado, falta de um plano alternativo para os condutores, falta de pontos de

venda e regularização, sinalização deficiente, falta de suporte ao monitor e tamanho

do aviso de irregularidade.

Identificados os pontos críticos do processo, pode-se atingir o último objetivo

específico, que foi propor ações de melhorias do serviço. As melhorias foram

sugeridas visando eliminar, ou pelo menos amenizar os problemas identificados.

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90

Cabe ressaltar que a determinação judicial liminar tomada na Ação Civil

Pública nº 005.10.015800-0, movida pela 6ª Promotoria de Justiça de Balneário

Camboriú, SC, no dia 03 de novembro de 2010, determinou à COMPUR a

suspensão da regularização de infrações de trânsito por meio do aviso de

irregularidade mediante o pagamento de taxa (R$ 5,00), bem como de efetuar a

remessa ao órgão de trânsito competente dos avisos de irregularidade, até o

deslinde final da ação.

Em virtude deste fato, a organização objeto deste estudo se viu obrigada a

alterar seus processos, sendo alterado o processo de monitoramento e extinto o

processo de regularização, ambos identificados durante a coleta de dados. No

entanto, destaca-se que a decisão foi em caráter liminar, ou seja, a ação

propriamente dita ainda não foi julgada, sendo que a COMPUR e o FUMTRAN já

declararam que vão recorrer da decisão. Diante de tais fatos, é possível afirmar que

a presente pesquisa foi parcialmente comprometida, mas não em caráter

permanente, uma vez que existe a possibilidade da organização voltar a operar

conforme apresentado neste estudo.

Tais circunstâncias não impedem a organização de analisar as melhorias

propostas, pois apenas duas das seis propostas sugeridas se tornaram inviáveis

para o momento, diante dos fatos supracitados.

Conclui-se que o trabalho foi de grande valia à organização, uma vez que a

realização da análise de seus processos permitiu identificar pontos críticos que

atrapalham a prestação do serviço. Uma vez identificados esses pontos críticos,

foram propostas melhorias que visam corrigi-los. Além disso, o estudo teve caráter

preliminar, abrindo margem para futuros trabalhos que poderão complementar esta

pesquisa, podendo se destacar:

Diagnóstico do impacto das alterações no procedimento operacional do EstaR

de Balneário Camboriú;

Proposta de criação de zonas brancas em áreas de estacionamento rotativo

público de Balneário Camboriú;

Análise da qualidade de vida no trabalho dos monitores de estacionamento

rotativo público de Balneário Camboriú.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

ROTEIRO DE ENTREVISTA INDIVIDUAL SEMI-ESTRUTURADA Percepção dos funcionários e usuários com relação ao serviço de estacionamento rotativo prestado pela EstaR ROTEIRO DA ENTREVISTA Nº ______

Data: _____/_____/________

Horário de início = ____:____

Horário de término=____:____

1. Dados de identificação ( ) Funcionário do EstaR

( ) Usuário do EstaR

Ramo que atua: _______________________

Idade: ______

Sexo: _____

2. Questões para responder aos objetivos do estudo

a) Como você avalia a qualidade do serviço prestado pelo EstaR?

b) Cite aspectos positivos e negativos relacionados ao EstaR.

c) Na sua opinião, qual o principal problema relacionado ao serviço prestado?

d) Você já vivenciou ou já ouviu falar de alguma situação desagradável que tenha acontecido ao utilizar o estacionamento rotativo EstaR? Se sim, conte como foi.

e) O que você acredita que está faltando no serviço prestado pelo EstaR?

f) Qual a sua opinião em relação à postura e identificação dos monitores do EstaR?

g) Qual a sua opinião em relação à localização e atendimento da central do EstaR?

h) Você tem alguma sugestão que possa melhorar a qualidade do serviço de estacionamento rotativo público de Balneário Camboriú?

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ANEXOS

ANEXO A – FOLHA DE TRABALHO DOS MONITORES

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ANEXO B – AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO DO MUNICÍPIO