análise econômica e financeira do mercado de resseguros brasileiro sob a ótica da geração de...

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I MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor Por: Vicente Miranda Neto BUSSINESS SCHOOL SÃO PAULO Abril/2012

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O estudo se propõe a abordar o mercado de Resseguros do Brasil averiguando se a maneira pela qual os gestores, de cada uma das resseguradoras locais, estão administrando o negócio da empresa de forma a criar valor aos acionistas, utilizando para isto a metodologia do EVA® (Economic Value Added), como indicador de performance empresarial

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Page 1: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

I

MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI

Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a

ótica da Geração de Valor

Por: Vicente Miranda Neto

BUSSINESS SCHOOL SÃO PAULO

Abril/2012

Page 2: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

II

BSP

Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a

ótica da Geração de Valor

2012

Page 3: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

III

Vicente Miranda Neto

MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI

Análise Econômica e Financeira do

Mercado de Resseguros Brasileiro sob

a ótica da Geração de Valor

Projeto Final apresentado à Diretoria Acadêmica da Business School São

Paulo em cumprimento parcial às exigências para obtenção do certificado de

conclusão do MBA em Gestão Estratégica de TI

Orientador: Professor Doutor Fernando Mario Rodrigues Marques.

São Paulo

2012

Page 4: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

IV

Este projeto final de MBA em Gestão Estratégica de TI está aprovado.

____________________________________

Prof. Armando Dal Colletto Diretor Acadêmico

____________________________________

Prof. Fernando Mario Rodrigues Marques Orientador

Page 5: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

V

Agradecimentos

A minha mãe, pelo exemplo de vida, retidão de caráter, e a todos os

ensinamentos que trouxeram êxito em minha vida.

A minha esposa e minhas filhas, pelo carinho e compreensão durante a

minha ausência.

Ao Prof. Fernando Marques, meu orientador, com quem tive o prazer de

conviver como aluno do MBA na BSP, por sua atenção, pelas críticas e

sugestões contidas neste trabalho.

A BSP, pelo excelente Corpo Docente que contribuiu para ampliar minha

visão sobre Estratégia Empresarial.

A Juan Bosco Francoy, Diretor Presidente da Mapfre RE Brasil, por sua

predisposição em ajudar-me a analisar e ajustar os cálculos do EVA das

resseguradoras.

A Alexandre Malucelli - JManucelliRe, Kurt Müller - MunichRe e Benildo

Costa - XLRe, pelo feedback e ajuda na conclusão do trabalho.

A Deus, pela vida.

Page 6: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

VI

Resumo

Atualmente a área de tecnologia da informação (TI) tem um papel

fundamental como facilitadora para as mudanças estratégicas, fazendo com

que o papel do Chief Information Officer (CIO) não seja mais somente técnico,

mas sim focado na estratégia do negócio. Para isto, o CIO deve, cada vez

mais, fazer parte do desenvolvimento do Modelo de Valor do Negócio, devendo

estar preparado para entender as mudanças de cenários econômicos, o

posicionamento da empresa dentro do mercado em que atua, sua relação na

cadeia de valor e todas as variáveis que compõe e formam a complexidade dos

mercados.

O estudo se propõe a abordar o mercado de Resseguros do Brasil

averiguando se a maneira pela qual os gestores, de cada uma das

resseguradoras locais, estão administrando o negócio da empresa de forma a

criar valor aos acionistas, utilizando para isto a metodologia do EVA®

(Economic Value Added), como indicador de performance empresarial.

Page 7: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

VII

Abstract

Currently the area of Information Technology (IT) plays a key role as a

facilitator for strategic changes, making the role of Chief Information Officer

(CIO) is not only more technical, but focused on business strategy.

For this, the CIO must increasingly be part of the development of the

Model Business Value, should be prepared to understand the changing

economic scenarios, the company‟s position within the market it operates, its

relationship in the value chain and all variables that make up and form the

complex markets.

The study aims to address the reinsurance market in Brazil examining

whether the way in which managers of each of the local reinsurers, are

managing the company‟s business to create shareholder value, using the

methodology of this EVA (Economic Value Added) as an indicator of business

performance.

Page 8: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

VIII

“É melhor estar aproximadamente certo do que precisamente errado."

(Warren Buffet)

Page 9: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

IX

Sumário

Agradecimentos ................................................................................................. V

Resumo ............................................................................................................. VI

Abstract ............................................................................................................ VII

Capítulo 1 - Introdução ....................................................................................... 1

Capítulo 2 - Atividade de Resseguro .................................................................. 3

2.1 - Conceito de Resseguro .......................................................................... 3

2.2 - Formas básicas de Resseguro ............................................................... 6

Proporcional e não proporcional .................................................................. 6

2.3 - Solvência .............................................................................................. 11

2.4 - Mercado de Resseguro Global ............................................................. 13

2.5 - Principais Player‟s ................................................................................. 14

Capítulo 3 - O Mercado de Resseguros no Brasil ............................................ 16

3.1 - Breve Histórico ...................................................................................... 16

3.2 - Após a quebra do monopólio ................................................................ 19

3.3 - Mercado brasileiro de resseguros ......................................................... 21

Capítulo 4 – Fundamentação Teórica .............................................................. 23

4.1 – Conceitos ............................................................................................. 23

Fontes de Capital ....................................................................................... 23

Custo de Capital ........................................................................................ 25

Custo de Capital Próprio ............................................................................ 27

Custo de Capital de Terceiros ................................................................... 29

Estrutura de Capital ................................................................................... 31

Economic Value Added - EVA® ................................................................. 35

Capítulo 5 - Pesquisa e Análise dos Resultados .............................................. 40

5.1 - Apresentação dos resultados obtidos ................................................... 40

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X

O custo do capital próprio das Resseguradoras ........................................ 41

Custo de Capital de Terceiros das Resseguradoras ................................. 44

Custo Médio Ponderado de Capital ........................................................... 45

O EVA® das Resseguradoras ................................................................... 46

5.2 - As análises envolvendo as Resseguradoras ........................................ 46

Os indicadores de performance ................................................................. 47

IRBRe ........................................................................................................ 48

MunichRe ................................................................................................... 49

XLRe .......................................................................................................... 50

ACERe ....................................................................................................... 51

JMalucelliRe .............................................................................................. 52

MapfreRe ................................................................................................... 52

5.3 – A posição das Resseguradoras a respeito dos resultados .................. 53

MunichRe ................................................................................................... 53

MapfreRe ................................................................................................... 54

JMalucelliRe .............................................................................................. 54

Capítulo 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 55

Anexos ............................................................................................................. 56

Bibliografia........................................................................................................ 61

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1

Capítulo 1 - Introdução

O resseguro pode ser entendido como o seguro da seguradora, cujo

objetivo é reduzir o risco, preservar a estabilidade e garantir o pagamento dos

sinistros.

Devido principalmente as perdas originárias pelas catástrofes ocorridas

ao longo do tempo (Furacão Andrew, os ataques terroristas no World Trade

Center, as Tsunames, etc), a indústria de resseguros no mundo acabou por

sofrer diversas mudanças significativas. Diante disto, o mercado ressegurador

se reestruturou e se consolidou.

Com a abertura do mercado de resseguros no Brasil, promoveu-se

principalmente um aumento da competitividade no setor, com a chegada de

novos players, internacionais e nacionais, e por conseqüência o

desenvolvimento do mercado de seguros.

Este estudo utiliza o EVA® (Economic Value Added) ou Valor

Econômico Adicionado, para analisar as empresas resseguradoras brasileiras

locais de forma a identificar a adição de valor ao negócio e, por conseqüência,

ao acionista. O EVA® foi definido pela revista Fortune como “a ferramenta

financeira da década de 1990” e com a corroboração do guru da administração

PETER DRUCKER, em artigo escrito para a Harvard Business Review, como

sendo de extrema necessidade para mensurar a produtividade de uma unidade

de negócio, mostrando valor adicionado. É um sistema de medição financeira

de gestão que agrega e mensura a criação de valor a qualquer tipo de negócio,

auxiliando na tomada de novas decisões e definição de estratégias.

A administração das companhias e empresas, na atualidade, tem

divulgado e buscado a palavra Valor por toda parte. É uma busca por algo mais

estimulante e recompensador para ambas as partes, acionistas e

administradores e para o governo e a sociedade. O crescimento do capital de

um acionista, ou de um grupo de acionistas, tem que estar sempre buscando a

prosperidade e é neste ponto que caberá ao gestor, gerente, diretor ou, até

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mesmo, ao sócio ou proprietário pesquisar alternativas ou ferramentas, para

que seu “negócio” cresça, tenha uma vida longa e os motive.

Este estudo teve como principais fatores motivadores:

a) conferir se o negócio, de resseguro, está gerando retorno de

investimento aos acionistas das empresas que atuam no mercado brasileiro;

b) testar a aderência do EVA®, como indicador, no mercado de

resseguro. Não sendo uma operação que cria riqueza, qual é a explicação para

ser uma operação necessária e rentável.

As hipóteses a serem testadas nesse estudo são:

H0 (hipótese nula) – Não existe geração de valor ao negócio devido à

grande necessidade de Resultado Financeiro nas operações do segmento

Segurador e Ressegurador;

H1 (hipótese alternativa) – Existe geração de valor ao negócio mesmo

com a grande necessidade de Resultado Financeiro nas operações do

segmento Segurador e Ressegurador;

A monografia está dividida em cinco capítulos: Introdução, Panorama

sobre Resseguro, Fundamentação Teórica, Pesquisa e Análise de dados e

Conclusão.

No primeiro capítulo, introdução, são discutidos aspectos estruturais da

pesquisa, informando as justificativas motivadoras do tema, hipóteses

questionadas e o objetivo que será perseguido. No segundo capítulo, é

apresentado o Negócio de Resseguro, em sua essência. O terceiro capítulo

ilustra o Negócio de Resseguro na realidade brasileira. No quarto capítulo, são

abordados os conceitos teóricos que auxiliarão na compreensão das

ferramentas em análise, tais como conceito de capital, fontes de capital, custos

de capital, estrutura de capital e EVA®. O quinto capítulo será responsável por

apresentar a pesquisa, onde a teoria será demonstrada à prática, onde os

pressupostos apresentados no início deste trabalho serão demonstrados.

Finalmente, no sexto capítulo são feitas as considerações finais do trabalho.

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3

Capítulo 2 - Atividade de Resseguro

O presente capítulo conceitua o Negócio de Resseguro, as formas de

Contratação bem como o cenário global das operações de resseguro e os

principais Player‟s.

2.1 - Conceito de Resseguro

De acordo com (GARNER, 2004), resseguro pode ser definido como

“seguro de todo ou de parte do risco de uma seguradora por uma segunda

seguradora, que aceita o risco em troca de um percentual do prêmio original”.

O resseguro é um contrato ou um acordo entre, de um lado, uma companhia de

seguros e, de outro, uma resseguradora, em que, mediante o pagamento de

um prêmio pela primeira parte, é transferido alguns dos seus riscos, ou

percentuais deles, para a segunda parte, que recebe o prêmio e assume o

risco transferido (DE CASTRO, 2010)

Nessa operação, a companhia seguradora que transfere seus riscos é

denominada de companhia cedente e a que os recebe, companhia

resseguradora. Quando um segurador cede resseguro ao ressegurador, está

simultaneamente reduzindo a variabilidade no seu fluxo de caixa e sua

alavancagem financeira, pois na eventualidade de perdas sofridas com

determinadas operações de seguro, o ressegurador estará participando

financeiramente, garantindo a solvência da operação. Portanto, a decisão de

ressegurar pode ser vista tanto como uma forma de gerenciamento de risco

como uma decisão de estrutura de capital.

Da mesma forma que o segurado procura salvaguardar-se dos efeitos

de determinados riscos por meio do seguro, assim procede o segurador, que,

compartilhando a responsabilidade assumida por meio do resseguro, cede

àqueles riscos que ultrapassam sua capacidade de retenção, resguardando-se

dos prejuízos tecnicamente desaconselháveis - Cessão. De forma similar, o

ressegurador que não deseja reter um determinado risco em totalidade,

resguarda-se cedendo parte para outro ressegurador – Retrocessão, conforme

ilustrado na Figura 1.

Page 14: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

4

Da mesma maneira que o seguro viabiliza a atividade econômica, o

resseguro viabiliza o seguro ao promover a estabilidade das carteiras das

cedentes.

O segurador direto, ao assumir com exclusividade a responsabilidade de

cobertura do risco perante o segurado, retém uma parcela da garantia dada

conforme as condições técnicas de sua carteira, e cede o excesso sob a forma

de resseguro. Ao passo que a resseguradora, ao suportar parte substancial dos

riscos cedidos, atua amplificando a mutualidade no intento de distribuir os

riscos vultosos no mercado, e, com isso, gerar à cedente uma capacidade de

oferta de seguro cada vez mais ampla e diferenciada.

Figura 1 – Cession e Retrocession

Fonte: RISK MANAGEMENT & RISK TRANSFER - March 28th 2008 – Université Laval - Jean-Sébastien Lagacé

Nesse ínterim, o sistema de resseguro encontra-se gerido por dois

princípios, o da atomização global dos riscos e da substituição. Instituem a

idéia de que através da ampla repartição global de cada operação de seguro,

utilizando-se do maior número de canais possíveis, aliada a um processo de

compensação das conjunturas desfavoráveis (princípio da substituição), é

possível que as companhias resseguradoras atinjam um equilíbrio dos

resultados e das suas contas. Assim, a partir da distribuição internacional dos

riscos a conjuntura desfavorável de um determinado país é compensada por

uma mais favorável de outro, trazendo um equilíbrio nos resultados das

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carteiras de resseguro, e, por conseqüência, perenidade ao mercado

segurador.

O caráter internacional do resseguro remonta, pois, a idéia de uma

gerência internacional de riscos incorporada às leis da probabilidade, ou seja,

uma distribuição geográfica dos negócios ameniza o eventual acúmulo de

riscos entre as regiões. Sem embargo, pode o mercado ressegurador também

atuar na diversificação das carteiras pelos ramos e tipos de seguro, a fim de

que sejam compensados os períodos de bons e maus resultados de uma por

outra.

Nada obstante, é indispensável à companhia resseguradora uma gestão

que agregue os prêmios pagos pelas cedentes (Prêmios de Resseguro), com

base na contratação do resseguro, a uma administração atenta de sua carteira

de riscos (Custos com Sinistros - descontada também as Comissões e

Despesas) e gerenciamento do Fluxo de Caixa, a fim de garantir o lucro,

elemento indispensável a sua solvência e sobrevivência.

A função gerencial da atividade de resseguro está ligada à mitigação dos

efeitos negativos que grandes perdas imprevisíveis podem causar às

companhias de seguros, juntamente com a estabilidade que tal “colchão

amortecedor” lhes fornece. De fato, a atividade de resseguro contribui para a

estabilidade financeira, uma vez que fornece liquidez e dispersa as

adversidades de um acúmulo imprevisto de sinistros, ou de um único sinistro

catastrófico, considerando que parte dessas perdas é absorvida por

companhias de resseguros estabelecidas por todo o mundo. Assim, o mercado

de resseguros funciona como um colchão amortecedor contra grandes sinistros

que venham a ocorrer afetando negativamente o mercado de seguros nacional

(DE CASTRO, 2010).

A função financeira da atividade está relacionada com a substituição de

capital e fundos próprios, assim como com a melhoria da margem de solvência

e dos indicadores de desempenho financeiro das seguradoras, resultando na

maximização do patrimônio líquido (DE CASTRO, 2010).

Page 16: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

6

2.2 - Formas básicas de Resseguro

As duas formas de resseguro encontradas são os Contratos Obrigatórios

e os Contratos Facultativos.

No caso de resseguro automático, o segurador direto se compromete a

ceder ao ressegurador as participações estabelecidas contratualmente em

todos os riscos indicados no contrato de resseguro. O ressegurador, por sua

vez, é obrigado a aceitar sua participação nos riscos - caráter obrigatório

(SWISS RE, 1999).

O contrato de resseguro automático é, via de regra, rescindível

anualmente. Desta forma, assim como o segurador direto é obrigado a ceder a

cobertura ao ressegurador, o ressegurador não pode recusar a cobertura para

riscos individuais no âmbito do contrato.

O resseguro facultativo é a forma mais antiga de resseguro. Possibilita o

resseguro de riscos individuais, dando ao segurador direto a faculdade de

decidir se interessa ceder um risco ao ressegurador e, em caso positivo, qual.

O ressegurador tem a liberdade de aceitar ou recusar um risco oferecido -

caráter facultativo. O segurador direto deve apresentar ao ressegurador uma

proposta precisa (oferta), contendo todas as informações relativas ao risco em

questão. O ressegurador decide, após um exame minucioso da proposta, se

aceita ou recusa o risco (SWISS RE, 1999).

O resseguro facultativo é aplicado quando uma apólice contém riscos

excluídos do resseguro automático, tratando as características próprias de uma

determinada operação (limites, excessos de danos, riscos específicos, etc) ou

após esgotadas a retenção do segurador direto e as demais possibilidades de

resseguro automático.

Proporcional e não proporcional

Ambos os tipos de Contratos podem ser negociados como Proporcional

ou Não-Proporcional.

Page 17: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

7

No resseguro proporcional, os prêmios e sinistros são divididos segundo

uma proporção estabelecida contratualmente entre o segurador direto e o

ressegurador. De acordo com o tipo de contrato, esta proporção é idêntica para

todos os riscos cobertos pelo mesmo contrato (resseguro cota-parte), ou pode

variar de risco a risco (todas as outras modalidades de resseguro proporcional).

No caso, por exemplo, de uma participação do ressegurador de 90% em um

risco e uma retenção do segurador direto de 10%, os prêmios e sinistros são

divididos na proporção de 90:10, isto é, proporcionalmente às respectivas

responsabilidades (SWISS RE, 1999).

O preço do resseguro proporcional é expresso na comissão de

resseguro. Originalmente, a finalidade desta comissão era ressarcir os custos

operacionais do segurador direto, tais como comissões para agentes, custos

internos administrativos e de regulação de sinistros, excluindo, porém, os

custos de peritagem e custas processuais (SWISS RE, 1999).

Devido à atual concorrência entre os seguradores diretos, muitas vezes

o nível das taxas de prêmios originais não é suficiente. O prêmio original, após

a dedução dos custos operacionais do segurador direto, não basta mais para

cobrir os eventuais sinistros. Em conseqüência, os resseguradores estão cada

vez mais propensos a devolverem ao segurador direto apenas aquela parte do

prêmio original não empregada para o pagamento de indenizações. Assim, as

comissões de resseguro são estabelecidas mais freqüentemente de acordo

com aspectos comerciais, não considerando os custos efetivos do segurador

direto. Geralmente, esta comissão é fixada contratualmente, perfazendo uma

determinada porcentagem do prêmio original (SWISS RE, 1999).

No resseguro cota-parte (variação do resseguro proporcional), o

ressegurador assume uma percentagem fixa (cota), de todas as apólices de

seguro subscritas pelo segurador direto no âmbito dos ramos estipulados no

contrato. Esta cota é determinante para a repartição da responsabilidade, dos

prêmios e dos sinistros entre o segurador direto e o ressegurador (SWISS RE,

1999).

Page 18: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

8

Este tipo de resseguro é simples e econômico. Todavia, o contrato de

cota-parte apresenta a desvantagem de não considerar suficientemente as

diferentes necessidades de resseguro do segurador direto, já que o

ressegurador avalia tudo globalmente, sem distinguir as diferenças. Ademais, o

contrato de resseguro cota-parte não contribui para a homogeneidade da

carteira, pois não limita a exposição dos riscos de ponta (característica:

importâncias seguradas muito altas). Em alguns casos, este tipo de resseguro

oferece até mesmo coberturas de resseguro nem sempre absolutamente

necessárias. Isto pode limitar inutilmente a margem de lucro do segurador

direto. Todavia, este tipo de contrato de resseguro tem seu campo de

aplicação: o contrato de cota-parte é indicado sobretudo para companhias em

desenvolvimento, ou para aquelas que começam a trabalhar em um novo ramo

de seguros. Como ainda lhes falta experiência em sinistros, sentem-se

inseguras para determinar os prêmios adequados. Através do resseguro cota-

parte, o ressegurador assume o risco de uma eventual avaliação equivocada.

No resseguro excedente de responsabilidade (variação do resseguro

proporcional), o ressegurador não participa de todos os riscos como no

contrato de cota-parte. O segurador direto retém todos os riscos até uma

determinada quantia, a sua retenção (pleno). Esta retenção máxima pode ser

fixada distintamente segundo a classe de risco. A parte da cobertura que

exceder a retenção será cedida ao ressegurador. A obrigação do ressegurador

de aceitar os riscos será limitada em seu valor, através dos chamados

excedentes, definidos por um múltiplo da retenção do segurador direto (x

plenos). Do quociente entre a retenção e a cessão ao resseguro resulta um

percentual por risco ressegurado, que é determinante para a repartição da

responsabilidade, dos prêmios e de todos os sinistros entre o segurador direto

e o ressegurador (SWISS RE, 1999).

O contrato excedente de responsabilidade é um excelente meio para

equilibrar (homogeneizar) a carteira do segurador direto, e, desta maneira,

limitar os riscos mais expostos, contrariamente ao que acontece com o contrato

de resseguro cota-parte. Visto a retenção poder ser fixada diferenciadamente

segundo a classe de risco e a sinistralidade esperada, este tipo de contrato

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9

permite ao segurador direto colocar sempre o risco aceito em acordo com sua

capacidade financeira. A desvantagem deste tipo de contrato é ser complicado

em sua aplicação, por isso caro na administração, se esta não puder ser feita

com apoio de um sistema informatizado.

No resseguro não-proporcional, não há nenhuma proporção fixa,

estabelecendo antecipadamente a repartição dos prêmios e sinistros entre o

segurador direto e o ressegurador. A repartição dos sinistros orienta-se pelos

sinistros realmente ocorridos. No contrato será fixado o montante de sinistros

(prioridade), até o qual o segurador direto deverá pagar todas as indenizações

com seus próprios recursos. O ressegurador, por sua vez, se compromete a

assumir os montantes dos sinistros que excederem a prioridade, até o limite de

cobertura acordado (plafond) (SWISS RE, 1999).

Para este tipo de cobertura o ressegurador requer uma parte adequada

dos prêmios originais. Para determinar este valor, o ressegurador considera a

sinistralidade dos últimos anos (tarifação por experiência) e a carga de sinistros

esperada em função do tipo e da composição dos riscos cobertos.

A obrigação de pagamento do ressegurador somente se efetiva quando

a carteira ou o risco ressegurados são atingidos por um sinistro que excede a

prioridade.

O resseguro excesso de danos (variação do resseguro não-proporcional

- em inglês Excess of Loss, abreviado XL) tem uma estrutura completamente

diferente dos tipos de seguros proporcionais apresentados. Enquanto para

aqueles interessa na cessão a importância segurada, no resseguro excesso de

danos, o montante de sinistros é que se mostra decisivo. Neste tipo de

contrato, o segurador direto assume financeiramente sozinho todos os sinistros

do ramo especificado no contrato, até um determinado limite (prioridade),

independentemente da importância segurada. Sinistros que superarem este

limite deverão ser cobertos pelo ressegurador, até o limite de cobertura

previamente convencionado (SWISS RE, 1999).

Page 20: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

10

Assim, a diferença em relação aos contratos proporcionais, consiste no

fato de que, nos contratos de excesso de danos, o ressegurador somente

assume o pagamento de indenizações até um certo montante de sinistros, que

ultrapassem a prioridade.

O resseguro excesso de danos pode ser basicamente dividido em

coberturas por risco e coberturas para acumulações catastróficas. Este tipo de

contrato é o mais indicado para os seguradores diretos que intencionam reter

uma grande parte do prêmio bruto, porém sem querer renunciar à cobertura de

resseguro em caso de sinistros de grandes proporções. Todavia, se comparado

aos contratos proporcionais de resseguro, aqui o segurador direto assume um

risco maior, pois, em caso de sinistros inferiores à prioridade, o ressegurador

não se responsabiliza por nenhuma indenização. Em conseqüência, no

resseguro não-proporcional, a probabilidade do segurador direto ter que pagar

um sinistro, no valor da retenção, com os próprios recursos aumenta

consideravelmente (SWISS RE, 1999).

Através desta forma relativamente rara de resseguro, o segurador direto

busca uma ampla cobertura contra oscilações anuais da sinistralidade em um

ramo de negócios. Com o resseguro Stop Loss, o ressegurador compromete-se

a assumir a parte da carga de sinistros anual que supera a prioridade, fixada

normalmente em uma percentagem da receita de prêmios anual, ou, às vezes,

em uma importância absoluta acordada previamente. É indiferente se a

prioridade é excedida pela acumulação de pequenos e médios sinistros ou por

grandes sinistros individuais (SWISS RE, 1999)..

No contrato Stop Loss o ressegurador exige que a obrigação de

pagamento somente se inicie após o segurador direto ter sofrido uma perda

técnica (isto é, sinistros + custos > prêmios).

O contrato Stop Loss oferece ao segurador direto a mais ampla

cobertura de resseguro. A reserva do ressegurador diante deste tipo de

contrato explica sua pouca difusão. Diversos são os motivos para tal reserva;

podemos, entre outros, citar: transferência excessiva de risco para o

ressegurador, sem lhe dar as respectivas possibilidades de interferência; perda

Page 21: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

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de volume de prêmios do ressegurador e, conseqüentemente, de influência;

grande necessidade do ressegurador de obter informações; possibilidades de

manipulação pelo segurador direto; internacionalização dos negócios de

seguros. Este tipo de contrato é mais freqüente no seguro de tempestade e

granizo (SWISS RE, 1999)..

2.3 - Solvência

Para poder operar no mercado, as companhias do setores de seguro e

resseguro, são obrigadas, através de normas regulatórias, a cumprir com

requerimentos mínimos de solvência. Solvência de Seguradoras e

Resseguradoras é a capacidade em honrar todos os seus compromissos

financeiros futuros, com o dilema conceitual de que a Solvência só pode

efetivamente ser verificada quando da extinção da empresa, conforme ilustrado

na Figura 2.

Figura 2 – Solvência

Fonte: fenaseg.org.br

Na relação Solvência e Liquidez, a Solvência é caracterizada pela

existência de bens suficientes para honrar obrigações futuras e a Liquidez é

caracterizada pela capacidade de geração de caixa para honrar compromissos

financeiros imediatos. Desta forma uma seguradora e/ou resseguradora pode

estar ilíquida sem que esteja necessariamente insolvente.

Os principais fatores que influenciam a solvência das resseguradoras

são as falhas no underwriting (tarifas, aceitação, diluição do risco), ativos mal

Page 22: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

12

dimensionados, flutuação do valor dos ativos, retornos inadequados nas

aplicações financeiras, gestão ineficiente (expansão, custos, fraudes), riscos

naturais, macroeconômicos e de mercado.

A Solvência II, que muito se comenta atualmente, refere-se a aplicação

das técnicas de Enterprise Risk Management, métodos de avaliação

econômicos e holísticos, que devem em breve auxiliar/substituir a contabilidade

tradicional. Com ela, as empresas de seguros e resseguro terão a capacidade

para avaliar a extensão e quantificar os custos associados aos riscos para cada

segmento das suas atividades e poderão consequentemente gerir o seu

negócio de uma forma mais precisa – adquirindo uma nova percepção do

contributo das suas diferentes atividades em termos de valor econômico e

podendo decidir mudanças de estratégia e orientação de negócio de um modo

mais qualificado e informado.

O conceito chave da Solvência II baseia-se na utilização do método dos

3 pilares, onde o Pilar I refere-se a riscos de capital, de provisão e de regras

de investimento; o Pilar II refere-se a riscos de controles internos e de

gerenciamento de risco; o Pilar III refere-se a riscos de comunicação, conforme

demonstrado na Figura 3.

Figura 3 – Pilares .da solvência

Fonte: fenaseg.org.br

Page 23: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

13

Segundo TAUTPHOEUS (2009), as considerações futuras sobre o

resseguro irão incluir uma análise abrangente dos dados do balanço numa

ótica econômica, troca de informações sobre a estratégia a médio prazo de

gestão de riscos e capital do cedente. As empresas de resseguros irão ampliar

as suas funções para além de puros fornecedores de capacidade: passarão a

diferenciar-se entre si pela qualidade da análise, pelo grau de capacidade para

desenvolver soluções devidamente adaptadas aos requisitos específicos das

empresas de seguros e, por último, mas não menos importante, pela sua

capacidade de ser um parceiro dialogante e construtivo em assuntos

específicos de gestão de riscos e capital. Deste processo resultará uma mais

ampla troca de informação e diálogo sobre estratégias. O desenvolvimento dos

mercados de seguros e resseguros irá demonstrar se uma empresa de seguros

pretende manter essas trocas de informação e diálogo com vários ou um

número limitado de empresas de resseguros e que papel será desempenhado

pelos agentes de resseguros e outros parceiros de consultoria.

2.4 - Mercado de Resseguro Global

O primeiro contrato de resseguro de que se tem prova documentada

surgiu na Itália renascentista, no bojo do desenvolvimento do transporte de

seguros marítimos, onde já se fazia uso de contratos de empréstimo chamados

“bottomry bonds”, cujo objetivo era financiar a compra da mercadoria e o risco

do transporte (TRISTÃO, 2005).

Impõe-se ressaltar que, desde o início, já era possível identificar uma

das principais características do contrato de resseguro, qual seja, a relação

exclusiva entre ressegurador e segurador, sem qualquer vínculo entre

segurado e ressegurador (TRISTÃO, 2005).

Após a Segunda Guerra Mundial, o resseguro passou por modificações

importantes, primeiro porque o novo ordenamento imposto pelo lado aliado

proibia as atividades no exterior dos resseguradores alemães, segundo que

nos países sob o controle comunistas estabeleceram-se instituições de seguros

estatais que prescindiam quase completamente do resseguro, e, por fim, foram

estabelecidos em diversos países monopólios estatais de resseguro (a

Page 24: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

14

exemplo do Brasil, Peru, Uruguai e Irã), os quais praticamente inviabilizaram as

possibilidades de negócios de outras resseguradoras (TRISTÃO, 2005).

Recentemente fatos, desde terrorismo até catástrofes naturais, deixaram

em seu rastro milhares de vidas perdidas, destruição maciça de bens e perdas

financeiras de dezenas de bilhões de dólares, mostrando a necessidade de o

seguro e o resseguro se tornarem mais técnicos, com maior severidade nas

análises para as discriminações de coberturas e fez com que as taxas de

seguro e resseguro se elevassem para reporem os prejuízos advindos dos

sinistros ocorridos (TRISTÃO, 2005).

2.5 - Principais Player’s

As resseguradoras globais sempre escolheram montar suas Holding,

principalmente, em regiões de acordo com a o nível de regulação e a carga

tributária mais significante. De 1990 até 2007, Bermuda era o local escolhido

pela resseguradoras para estabelecer negócios, devido a flexibilidade

regulatória e proximidade com os Estados Unidos.

Ultimamente é percebida uma mudança de preferência em relação para

a Europa, que historicamente estabelece as maiores resseguradoras do

mundo, sendo que ate 2009 contabilizava 60% do Premio Líquido de

Resseguro mundial e 5 dentre as 6 maiores resseguradoras encontram-se

nesta região - Hannover Re, Lloyd‟s, Munich Re, SCOR e Swiss Re. Mudanças

regulatórias e tributárias mundiais, tem redirecionado interesses

particularmente para a Irlanda e Suiça, sendo este o novo local de domicílio

para alguns grupos de resseguradoras ou subsidiárias.

As seis primeiras resseguradoras representam mais que 60% do market

share. Este percentual vem ocorrendo a mais de 3 anos, caracterizando o

potencial das empresas que participam, mesmo com a recente crise

econômica americana e com as catástrofes ocorridas, conforme ilustrado na

Figura 4.

Page 25: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

15

Figura 4 – 40 Maiores Resseguradoras – Global

Fonte: © Standard & Poor's 2011.

Page 26: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

16

Capítulo 3 - O Mercado de Resseguros no Brasil

Neste capítulo é contextualizado o Negócio de Resseguro, no Brasil, e o

cenário do mercado ressegurador brasileiro após a quebra do monopólio em

2008.

3.1 - Breve Histórico

A evolução da instituição do seguro e resseguro no Brasil acompanhou

desenvolvimento econômico conforme ocorreu no mundo, tendo sido pouco

significativa enquanto permaneceu-se na situação política de Colônia.

Na sua trajetória até a República é relevante destacar que a

estruturação e organização da atividade securitária deu-se mais como uma

dinâmica da vida econômica e da evolução da consciência do risco, do que

como uma instrumentação implantada com a finalidade de auxiliar essa

atividade. O resseguro até então era realizado quase totalmente no exterior, de

forma direta ou por intermédio de companhias estrangeiras que operavam no

Brasil.

Com o advento do regime ditatorial no país, mais precisamente com a

chegada da “Era Vargas”, a aspiração por um Estado forte e que fosse

competitivo fez com que a intervenção estatal nos mais diversos setores da

economia e da infra-estrutura se acentuasse, o que vinha ao encontro da

ideologia segundo a qual as divisas produzidas no Brasil não deveriam ser

expropriadas pelo capital estrangeiro. Mesmo criticado por ter sido instituído o

regime ditatorial em 1937 e em 1945, fato é que Getúlio Vargas, entre as

décadas de 30 e 60, conseguiu implementar o desenvolvimento da economia

nacional (GOLDBERG, 2007).

A construção do Estado brasileiro forte, portanto, motivou a instituição de

monopólios em diversos segmentos importantes para a economia e a infra-

estrutura do país, sendo exemplos clássicos o regime monopolista sobre a

exploração de petróleo e derivados, sobre o sistema de telecomunicações e

sobre o sistema de produção e transmissão de energia elétrica, ou seja, o

raciocínio orientador da política à época adotada era no sentido de que o

Page 27: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

17

Estado deveria ser um “hiper-Estado” marcado pelo acúmulo de

responsabilidades nos mais diversos segmentos da sociedade, fossem afetas

aos serviços públicos ou às atividades econômicas (GOLDBERG, 2007).

O marco inicial do resseguro no Brasil está centrado na criação do

Instituto de Resseguros do Brasil – IRB, ocorrida por força do Decreto-lei nº.

1.186, de 3 de abril de 1939. A sua criação, dotando-o do monopólio das

operações de resseguro e retrocessão realizadas no país, além de também ser

responsável pela regulação destas duas atividades e, também, do co-seguro

alinhava-se perfeitamente com a ideologia de Getúlio Vargas, com a ordem

econômica característica à época (GOLDBERG, 2007).

Anteriormente à criação do IRB, o setor de resseguro no Brasil inexistia.

As necessidades de diluição de grandes riscos, subscritos por seguradoras

nacionais, obrigatoriamente recorria-se aos resseguradores norte-americanos e

londrinos, isto é, os grandes riscos decorrentes do desenvolvimento do país

como, por exemplo, da construção de rodovias, aparelhamento de parques

industriais, construção de torres de transmissão de energia entre tantos outros,

eram diretamente remetidos ao exterior, o que se revelava totalmente contrário

à ordem econômica e ruim sob a perspectiva da evasão de riquezas nacionais

(GOLDBERG, 2007).

O desenvolvimento da economia brasileira, mais precisamente do

mercado de seguros e do setor de resseguro, carecia de que os grandes riscos

gerados no país recebessem internamente as respectivas coberturas,

securitária e ressecuritária, evitando-se a migração de bons negócios e divisas

para o exterior e, conseqüentemente, o natural controle por parte dos

resseguradores estrangeiros (GOLDBERG, 2007).

Durante boa parte do século XX, o monopólio da União, exercido por

intermédio de sua resseguradora, justificou-se, considerando que o

desenvolvimento da economia nacional encontrava a necessidade de que

fossem oferecidas as coberturas ressecuritárias. Caso não houvesse um

ressegurador brasileiro, em condições de oferecer essas coberturas,

necessariamente haveria a necessidade de se recorrer aos mercados

Page 28: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

18

resseguradores estrangeiros, ocasionando um esvaziamento da economia

nacional (GOLDBERG, 2007).

Após o advento da Constituição da República de 1988, consoante se

expôs, os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência passaram a

receber tratamento diferenciado no texto constitucional e, com relação à

instituição dos monopólios, o legislador constituinte foi bem mais rígido,

cauteloso, já que apenas os setores previstos no art. 177 continuariam a ser

explorados sob o regime monopolista, ou seja, não mais seria possível a

instituição de novos monopólios, mesmo que houvesse a edição de leis

específicas, conforme a exigência prevista nas Constituições anteriores à

Constituição em vigor (GOLDBERG, 2007).

A aproximação às últimas décadas do século XX, por sua vez, revelou

que o acúmulo de funções exercidas pelo Estado tornou-o ineficiente em várias

delas. As conseqüências decorrentes da globalização esclareceram que não

seria possível atender satisfatoriamente à demanda da população por serviços

públicos, infra-estrutura e desenvolvimento econômico concomitantemente, ou

seja, tornou-se flagrante a necessidade de que o Estado reformulasse o seu

papel, deixando de ser o “personagem principal”, leia-se, ator, para passar a

ser “coadjuvante”, leia-se, regulador, viabilizando, assim, que a iniciativa

privada pudesse agir em condições regulares, propiciando o desenvolvimento

em melhores condições para toda a sociedade (GOLDBERG, 2007).

O Brasil, ao lado de Cuba e Costa Rica, formavam o grupo dos três

últimos países do mundo que detinham regimes monopolistas de exploração

dos seus setores de resseguro. A comparação com Cuba, diante do aspecto

histórico, do comunismo que, a duras penas, ainda prevalece como regime de

governo daquele país, não inspira semelhanças com o Brasil, de modo que se

possa traçar uma analogia palpável. As dimensões da econômica brasileira, em

comparação com as dimensões da economia da Costa Rica, também não

permitem que se tome aquele modelo econômico como referência a ser

seguida, a ser objeto de comparação em matéria de exploração do setor de

resseguro (GOLDBERG, 2007).

Page 29: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

19

Coréia do Sul e China marcadas pelo desenvolvimento econômico

exponencial, também flexibilizaram os seus monopólios, circunstância esta

que, necessariamente, força a conclusão de no sentido de que no Brasil

inexistia espaço para a exploração em regime monopolista (GOLDBERG,

2007).

A aplicação da livre concorrência ao setor de resseguros e a atribuição

de órgão regulador, motiva a impressão de que está construído o mercado

ressegurador brasileiro, em que, nenhum agente possa influenciar na formação

de preços, haja diversidade de coberturas disponibilizadas às seguradoras

cedentes e os valores dos prêmios praticados tendam a diminuir em

comparação com os preços atualmente praticados pelo IRB – Brasil Re

(GOLDBERG, 2007).

3.2 - Após a quebra do monopólio

Um novo cenário se formou com a abertura do mercado brasileiro de

resseguros, em Abril de 2008. O Brasil que até então contava com apenas uma

companhia autorizada a realizar e regular esse tipo de atividade, com a

mudança, perde o monopólio e se torna uma resseguradora local, a IRBBrasil-

Re, sujeita ao mercado assim como todas as novas concorrentes.

A regulamentação permite três tipos de resseguradoras: locais,

admitidas e eventuais; sendo as seguintes as principais características.

Resseguradoras Locais - sediadas no Brasil e constituídas como

sociedades anônimas. Essas empresas podem ser empresas brasileiras

independentes ou subsidiárias de firmas internacionais. As resseguradoras

locais terão o direito de preferência em pelo menos 60% de cada cessão de

resseguros no mercado geral de resseguros até 16 de janeiro de 2010 e pelo

menos 40% após esse período. As resseguradoras locais terão direito a reter

até 100% dos prêmios cedidos dos produtos de seguro de vida com cobertura

por sobrevivência e previdência. Essas empresas serão obrigadas a manter

uma base de capital mínima de R$60 milhões para operar e capital adicional de

Page 30: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

20

acordo com regulamentação atual de solvência (Resolução CNSP 170)

(MOODY‟s, 2008).

Resseguradoras Admitidas - companhias de resseguros estrangeiras,

que optam por operar diretamente no Brasil por meio de um escritório de

representação local. Essas companhias devem possuir rating de força

financeira de no mínimo um nível acima do grau especulativo (ou seja, Baa3 ou

superior) e patrimônio líquido mínimo de US$100 milhões ou equivalente. As

resseguradoras admitidas também devem manter uma conta bancária em

moeda estrangeira no Brasil vinculada à SUSEP, com saldo mínimo de US$5

milhões, ou equivalente, para operar em todas as linhas, ou pelo menos US$1

milhão, ou equivalente, para operar somente no segmento de seguro de

pessoas (MOODY‟s, 2008).

Resseguradoras Eventuais - companhias de resseguros estrangeiras,

sem escritório de representação local, mas com procurador local, que desejam

fazer negócios de resseguros no Brasil. Essas empresas devem ter

classificação de pelo menos dois níveis acima do grau especulativo (ou seja,

Baa2 ou superior) e devem ter patrimônio líquido mínimo de US$150 milhões,

ou equivalente. As resseguradoras eventuais não podem ser sediadas em

paraísos fiscais, dessa forma excluindo efetivamente as resseguradoras que

são domiciliadas em locais de regime tributário privilegiado, mas não suas

subsidiárias sediadas em jurisdições com impostos mais elevados (MOODY‟s,

2008).

O fim do monopólio trouxe vantagens a todos, pois o IRB, anteriormente

como única opção de mercado, possuía um perfil „paternalista‟. Tinha que

aceitar muitos trabalhos e ajudava as empresas até quanto a prazos. Com o

novo mercado isso acaba. Planejamentos e contratos deverão ser

consolidados com muita antecedência para ser bem aceitos, o que é visto com

bons olhos pelo mercado. A maior expectativa é que a abertura traga novos

produtos, players e principalmente uma maior integração entre o mercado

brasileiro e os internacionais. Outra vantagem comumente apontada é a

possibilidade de relação direta das companhias com os brokers (executivos

Page 31: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

21

que intermediam operações entre seguradoras e resseguradoras estrangeiras).

Com isso, os contratos poderão ser mais discutidos.

O desenvolvimento contínuo da economia brasileira, assim como a

exposição relativamente baixa do país a catástrofes naturais (e.g. terremotos e

furacões), fez com que a abertura do mercado de resseguros particularmente

atraente para resseguradoras estrangeiras que buscam expandir e diversificar

sua carteira (MOODY‟s, 2008).

As seguradoras de pequeno e médio porte, assim como aquelas

desprovidas de conhecimentos técnicos de subscrição e regulação de sinistros

sofisticados – tradicionalmente auxiliadas pelo IRB – provavelmente

perceberam um aumento em suas taxas de resseguro e, como resultado, sua

capacidade de competir com seguradoras maiores e mais eficientes será

prejudicada. Já as seguradoras com políticas de subscrição controladas e

fundamentos financeiros e perfis de crédito sólidos, perceberam suas taxas de

resseguro reduzidas e se concentraram em outras iniciativas estratégicas,

criando parcerias com resseguradoras para o desenvolvimento de novos

produtos e buscando novos nichos de mercado – inclusive fornecendo

cobertura para riscos mais complexos (MOODY‟s, 2008).

3.3 - Mercado brasileiro de resseguros

A abertura do mercado de resseguros também trouxe mudanças nos

processos tecnológicos e operacionais da maioria das seguradoras locais. A

troca de informações entre seguradoras e resseguradoras deve ser

transparente e rápida e as empresas de resseguros preferem fazer negócios

com empresas de seguros que forneçam dados de alta qualidade e

mantenham um canal de comunicação claro e constante. Essa troca é crucial

para que as resseguradoras avaliem melhor o risco e determinem o preço

corretamente (MOODY‟s, 2008).

O mercado brasileiro e o maior da América Latina contabilizando 45% da

região (Vida e não Vida) com prêmios brutos anuais superiores a USD 40

Page 32: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

22

bilhões. O resseguro (incluindo retrocessão) contabiliza mais que USD 5

bilhões.

O Brasil possui a maior população da América do Sul, é a 9 maior

economia do mundo e tem uma baixa penetração de seguro (5% - 45º. no

mundo) e é o 2º., estando atrás da Rússia em termos de premio per capita

entre os países do BRIC, indicando um enorme potencial de crescimento para

seguros e resseguros.

Até Junho de 2010, a Susep, já havia autorizado 82 resseguradores a

operarem no país, sendo que destas 24 foram autorizadas a operar na

categoria Admitida, 52 autorizadas a operar na categoria Eventual e 6

autorizadas a operar na categoria Local. Na categoria local incluem-se o

próprio IRB-Brasil Re e a J. Malucelli Resseguradora S.A., que faz parte de um

grupo brasileiro com participações em diferentes segmentos, como bancos e

seguradoras; e os resseguradores internacionais XL Resseguros Brasil S.A.,

Mapfre Re do Brasil Companhia de Resseguros S.A., ACE Resseguradora e

Munchener Ruck do Brasil Resseguradora S.A., conforme ilustrado na Figura 5.

Apesar de o IRB-Brasil Re ainda ser o líder do setor ele está se

adequando a um mercado mais competitivo com novos entrantes inovando e

trazendo maior transparência, preços mais competitivos e aprimoramento de

produtos, resultando em um mercado mais desenvolvido.

Figura 5 – MarketShare

Fonte: www.susep.gov.br

Page 33: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

23

Capítulo 4 – Fundamentação Teórica

Neste capítulo apresenta-se a fundamentação teórica do EVA®,

abordando o conceito e os componentes necessários para aplicação da

ferramenta.

4.1 – Conceitos

Segundo PIVETA (2006), no campo teórico-científico, os primeiros

estudos sobre estrutura do capital de uma empresa e sua relação com a

geração de valor partem dos trabalhos de Modigliani e Miller (1958), que

identificaram a existência de duas fontes de capital: a fonte própria, constituída,

em linhas gerais, de recursos dos acionistas, e as fontes de terceiros, em que a

contratação de capital é realizada através de dívida. A partir dos estudos de

Modigliani e Miller (1958), teóricos como Ross, Brigham, Gapenski e Gitman

passaram a avaliar a hipótese de que existiria uma estrutura de capital mista,

cuja combinação entre as fontes própria e de terceiros poderia proporcionar

vantagens para a organização.

A tendência de ruptura de um modelo de análise de desempenho

historicamente seguido e disseminado ocorreu, principalmente, pela

necessidade de informações mais precisas ou, ainda, de informações que

minimizassem as incertezas na tomada de decisão.

O Economic Value Added (EVA) (Stern&Stewart, 1990), que propicia

uma análise determinante entre o desempenho operacional e o montante de

capital empregado, surge em decorrência à falta de ferramentas que

possibilitem a minimização das incertezas na tomada de decisão (PIVETA

2006).

Fontes de Capital

Existem duas fontes de geração de capital. A primeira refere-se ao

capital próprio, que é o capital originado de seus sócios e/ou proprietários ou

de sua própria atividade – levando-se em consideração que o acúmulo de

lucros é uma forma de investimento. A segunda constitui os recursos

chamados “de terceiros”, sendo estes valores monetários disponibilizados

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24

como empréstimos por fontes não ligadas à empresa, como por exemplo

títulos, dívidas e compromissos cujos preços são claramente definidos e

identificados no resultado da empresa.

PIVETA (2006) identifica que a maioria dos autores conceitua o capital

como um montante de recursos que, de formas diversas, adentra em uma

determinada organização. Menciona ainda que para qualquer aumento nos

ativos da empresa, há a necessidade de aumento no capital e que o capital é o

fator financiador das operações de uma companhia.

DAMODARAN (2001) retrata as principais diferenças entre as duas

fontes, conforme demonstrado na citação a seguir:

A maioria de nós pode achar a dívida e capital próprio apenas em

termos de bônus e ações, mas a diferença é verdadeiramente tratada no

cerne da questão, isto é, em relação ao fluxo de caixa da empresa. A

primeira diferença é que a divida está relacionada diretamente à quem a

fornece, ou seja, o credor, envolvendo pagamento de juros e principal,

sendo que o capital próprio proporciona à seu dono quitação posterior as

demais fontes.

Contudo, os recursos apresentados possuem diferenciação não só na

origem, mas também nas formas em que são liquidados, ou melhor, atendidos

quanto à necessidade de quitação e/ou renovação PIVETA (2006).

Segundo GITMAN (1997) o capital de terceiros inclui qualquer tipo de

fundos a longo prazo, obtidos pela empresa via empréstimos. O capital de

terceiros deve ser inferior quanto aos seus respectivos custos em relação ao

capital próprio, uma vez que o risco do capital próprio é maior do que o de

terceiros e, em uma hierarquia de quitação, a exigibilidade da fonte de recursos

de terceiros está em posição privilegiada. Quanto ao capital próprio, este

consiste em fundos de longo prazo, fornecidos pelos próprios proprietários da

empresa, os acionistas, conforme a Figura 6.

Page 35: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

25

Figura 6 – Estrutura de Balanço / Fontes de Capital

Fonte: Gitman

Já ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002), afirmam que as fontes de

recursos mais comumente conhecidas em uma organização são: ações

ordinárias, ações preferenciais e endividamento a longo prazo. As ações

ordinárias constituem um capital arriscado, pois, apesar de constituírem ações

provenientes dos chamados donos do capital próprio, ou acionistas, tais ações

não oferecem prioridade quanto aos pagamentos de dividendos. Outra fonte de

capital próprio pode se dar através dos lucros retidos, que consiste na quantia

gerada de lucro em um determinado período e que não é executada através

dos pagamentos de dividendos, e assim, possui a sua respectiva inserção na

vida operacional da organização. Um empréstimo constitui em uma obrigação

bilateral, pela qual passam a valer regras específicas, e um possível não

cumprimento pode gerar restrições para os devedores (PIVETA - 2006).

Custo de Capital

O custo de capital de uma empresa depende da estrutura, isto é, do mix

de capitais que a estruturam (capital próprio e do capital de terceiros). O custo

do capital pode ser definido como o custo médio ponderado do capital próprio e

do capital de terceiros, levando em conta neste cálculo, os impactos dos

benefícios fiscais do imposto de renda e da contribuição social (CATAPAN e

HEIDEMANN - 2002). O custo do capital representa uma taxa mínima que a

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26

empresa precisa obter em suas operações, indicando assim a remuneração

mínima necessária a ser auferida para se manter o valor de suas ações. Desta

forma, observa-se que todos os projetos precisam apresentar, em média, uma

taxa de retorno maior ou pelo menos igual à taxa do custo de capital da

empresa. Sobre o assunto, afirma CASAROTTO FILHO, com propriedade: “...

os investimentos da empresa deverão render o suficiente para pagar os juros

dos capitais de terceiros e proporcionar um lucro compatível com as

expectativas dos acionistas” (1996, p. 243). O custo da oportunidade, consiste

então, na recompensa pelo investimento de recursos em um negócio, em vez

de investimento em outros negócios de risco equivalente (CATAPAN e

HEIDEMANN - 2002).

O método WACC (Weighted Average Cost of Capital – Custo Médio

Ponderado do Capital) procura refletir o custo médio das diferentes alternativas

de financiamento disponíveis para o empreendimento. O modelo tradicional do

WACC é expresso pela seguinte fórmula:

onde:

rwacc = custo médio ponderado de capital (taxa de retorno)

rP = custo do capital próprio

rD = custo da dívida

P = capital próprio

D = capital de terceiros ou dívida

T = alíquota tributária marginal efetiva

Observa-se que, para determinar o WACC, é necessário conhecer, ou

mesmo determinar, a estrutura de capital (proporções dos tipos de capital:

próprio (P) e de terceiros (D)), os custos de capital próprio (rP) e de terceiros

(rD) e alíquotas dos impostos sobre a renda (Imposto de Renda de Pessoa

Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Page 37: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

27

Custo de Capital Próprio

O custo de capital próprio é a taxa de retorno requerida para

investimento dos fundos dos acionistas na empresa, sendo o modelo adotado

neste estudo para o cálculo desse custo o CAPM Ajustado, variação do CAPM

padrão.

O CAPM é um método que considera a existência de uma taxa de juros

livre de risco, um prêmio pelo risco de mercado e uma medida de risco da

empresa em relação ao mercado (coeficiente beta da ação), estabelecendo

uma relação linear entre risco e retorno para todos os ativos, permitindo apurar-

se, para cada nível de risco assumido, a taxa de retorno que premia essa

situação (NETO, LIMA e ARAÚJO - 2008).

A hipótese fundamental do CAPM pressupõe que o prêmio pelo risco do

investidor seja determinado pelo risco sistemático. Assume-se que todos os

investidores mantêm portfolios bem diversificados, nos quais se eliminou

totalmente o risco diversificável. Dessa forma, somente há compensação de

retorno pelo risco sistemático presente na carteira, constituindo-se no

componente relevante da formação da taxa de retorno requerida (NETO, LIMA

e ARAÚJO - 2008).

Segundo NETO, LIMA e ARAÚJO (2008), o risco sistemático contido em

um título com risco é medido, no modelo do CAPM, por seu coeficiente beta.

Para todo ativo com beta igual a 1,0, entende-se que seu retorno move-se na

mesma direção e com a mesma intensidade do retorno médio de mercado.

Nesse caso, o risco do ativo é igual ao risco sistemático de mercado. Um ativo

com beta maior que 1,0 indica um risco maior do que o de mercado, devendo

esperar-se também uma taxa de retorno mais elevada de maneira a remunerar

esse risco adicional. Ativo com beta inferior a 1,0 apresenta uma volatilidade

menor que a de mercado, indicando um risco menor que o risco sistemático de

mercado, e também menor expectativa de retorno.

A taxa de retorno requerida de um investimento é determinada e

relaciona-se ao seu beta pela seguinte identidade linear:

Page 38: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

28

onde:

Ri = retorno esperado do ativo ou carteira i (ou custo do capital próprio);

Rf = retorno do ativo sem risco (ou taxa livre de risco);

βi = beta do ativo ou carteira i (ou índice do risco sistemático);

RM = retorno esperado da carteira de mercado;

RM - Rf = prêmio de risco do mercado acionário.

Conforme DAMODARAN (1997) o beta de uma empresa é influenciado

principalmente por três variáveis:

1. Tipo de negócio: quanto maior a sensibilidade do tipo de negócio às

condições de mercado, mais alto será o beta.

2. Alavancagem operacional: empresas com alto grau de alavancagem

operacional apresentam maiores variabilidades nos lucros antes de juros e

imposto de renda do que as empresas que oferecem serviços semelhantes

com baixo grau de alavancagem operacional. Deste modo, se as outras

condições permanecerem inalteradas, as empresas menos alavancadas

tendem a apresentar menores oscilações nos fluxos de caixa disponíveis a

seus acionistas, resultando em betas menores.

3. Alavancagem financeira: empresas mais alavancadas

financeiramente tendem a apresentar betas maiores, pois, sendo os juros sobre

capital de terceiros equivalentes a custos fixos, estes permitem um incremento

mais que proporcional dos lucros nos anos bons e uma queda mais acentuada

nos anos ruins, aumentando assim a variabilidade de seus retornos.

Devido ao mercado brasileiro apresentar, ainda, volatilidade entre seus

diversos índices financeiros, esse fato impede uma definição mais confiável da

tendência de comportamento futuro. Visando suprir essa lacuna, utiliza-se o

modelo CAPM, em que é estipulado o prêmio pelo risco de mercado verificado

na economia dos Estados Unidos, sendo essa mais estável e admitida como a

de mais baixo risco, acrescida de uma medida do risco-país. Em verdade, o

denominado risco-país (risco soberano) procura retratar o risco da economia de

um país, sendo geralmente apurado pelo excesso de remuneração que os

títulos públicos de um país pagam em relação a títulos similares emitidos pelo

Page 39: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

29

Departamento do Tesouro dos Estados Unidos (Treasury Bonds – T-Bonds)

(NETO, LIMA e ARAÚJO - 2008).

Os T-Bonds, títulos lastreados pela confiança depositada pelos

investidores no governo dos Estados Unidos e admitidos pelo mercado como

livres de risco, representam uma referência de taxa de juros nos mercados

financeiros internacionais, indicando o piso mínimo dos juros.

A remuneração adicional paga pelo título brasileiro em relação aos T-

Bonds é entendida como um spread pelo risco de default, ou seja, o risco-país.

Ao se obter o custo de oportunidade do capital próprio, tendo-se como

referência o mercado dos Estados Unidos, deve-se acrescentar, ao percentual

calculado, essa taxa de risco da economia (ASSAF NETO, 2004) e adaptar o

beta calculado para o mercado norte-americano com a estrutura de capital e

carga tributária brasileiros. Assim, a equação do CAPM para cálculo do custo

de capital próprio, apresenta-se da seguinte forma, quando aplicada em

mercados emergentes:

, onde:

rCAPM = rP = custo de capital próprio;

rf = taxa de retorno do ativo livre de risco;

β = beta alavancado de acordo com o setor regulado;

rB = representa o risco-país;

rM - rf = prêmio de risco do mercado acionário.

Custo de Capital de Terceiros

A identificação do custo de capital de terceiros é feita de forma bastante

objetiva, uma vez que a empresa financia sua atividade com títulos, dívidas e

compromissos cujos valores são claramente definidos e identificados no

resultado da empresa.

Partindo-se do princípio de que o capital de terceiros é um portfolio, tem

suas principais características expressas em termos de risco e retorno, sendo

que o risco agregado depende das correlações entre os riscos das dívidas

Page 40: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

30

individuais. Cada dívida individual possui riscos distintos, em face das taxas de

juros, custos contratuais etc.

Na utilização de capital de terceiros, as partes envolvidas serão

constituídas através de um credor, o detentor do capital, e um devedor, o

tomador da quantia necessitada. Por esta relação de dependência, não

diferentemente do capital próprio, o capital de terceiros terá certo custo, além

da obrigação em devolver o capital emprestado, o tomador deverá compô-lo de

mais uma remuneração, mais comumente chamada de juros (PIVETA - 2006).

A utilização de capital de terceiros ao invés de capital próprio somente

tem sentido, quando o custo do capital de terceiros é inferior ao custo do capital

próprio, ou quando existem restrições em se obter capital próprio. No primeiro

contexto podem ser as várias explicações possíveis encontradas na literatura

para uso do capital de terceiros, tais como fator mitigante de custos de agência,

sinalização para o mercado etc. Todas elas têm um único objetivo comum:

maximizar a rentabilidade do capital próprio, de uma forma direta (como

financiamentos diretos a projetos de investimento) ou indireta (como forçar os

administradores de empresas a não esbanjarem fluxo de caixa livre da firma

por meio de comprometimento deste com pagamento de dívidas). Quando

existem restrições de crédito, entende-se que também somente faz sentido o

uso de capital de terceiros quando existem efetivas possibilidades de

investimentos com resultados positivos, mesmo que apresentem riscos

maiores. Enfim, o capital de terceiros é tido como fator de alavancagem de

resultados para o capital próprio, portanto, a princípio, um fator positivo para a

vida empresarial (MARTINS, DE CARVALHO e NETO – 2008).

Para Copeland e Weston (1992) a utilização de capital de terceiros gera

a visão de alavancagem que, em linhas gerais, é o valor total da dívida em

relação ao total dos ativos. A alavancagem não é teórica e definidamente

estática, pois existe uma variação entre níveis de endividamento entre as

empresas.

Para o custo de capital de terceiros propõe-se uma abordagem similar à

do capital próprio, ou seja, trata-se de adicionar à taxa livre de risco os prêmios

de risco adicionais exigidos para se emprestar recursos no Brasil. Esse

enfoque impede que as tarifas sejam afetadas por uma gestão financeira

Page 41: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

31

imprudente na captação de recursos de terceiros ou por decisões de captação

de dívidas vinculadas a outros interesses, contrários à eficiência máxima. O

custo do capital de terceiros é calculado então pelo método CAPM da dívida,

conforme a seguinte expressão:

onde:

rD : custo de capital de terceiros;

rf : taxa de retorno do ativo livre de risco;

rB : prêmio de risco país;

Estrutura de Capital

Com base nos estudos de Modigliani e Miller em 1963, teóricos como

Ross, Brigham, Gapenski e Gitman passaram a avaliar a hipótese de que

existiria uma estrutura de capital mista, cuja combinação entre as fontes própria

e de terceiros poderia proporcionar vantagens para a organização (PIVETA -

2006).

A consideração de o benefício tributário quando na obtenção de

empréstimos de terceiros, a partir do momento em que as despesas

decorrentes dos juros pagos pela utilização de capital de terceiros poderiam ser

deduzidas como despesas, reduzindo o valor de imposto a ser pago (PIVETA -

2006).

ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002) trazem a definição de que há

fatores compensadores na utilização de uma determinada estrutura de capital,

mas somente se o valor da empresa aumentar. Ao comparar as estruturas

possíveis de capital para uma organização, evidencia-se que a alavancagem

financeira proporciona um aumento gradativo no lucro por ação, que vem

atrelado a uma elevação do risco, algo que impacta tanto o capital de terceiros

quanto o custo do capital próprio, pois o capital próprio é mais arriscado do que

o de terceiros; ao ser o último a ter sua necessidade satisfeita, sofre influência

consecutiva, caso haja elevação do risco.

Em termos gerais, a falência corresponde à dificuldade financeira

extrema, a qual resultaria no inadimplemento das dívidas com credores. Se

Page 42: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

32

houver uma elevação do risco em determinada situação, provocado pela

percepção de dificuldade no pagamento das obrigações, o benefício gerado

pela questão fiscal passa a ser suplantado pelo aumento dos custos de capital

originados pela elevação do risco. Esse pressuposto compreende toda

estrutura de custo que onera empresas nesta situação e, desse modo, os

custos indiretos de dificuldades financeiras, ou seja, todos os incrementos

ocasionados pela falta de credibilidade no mercado, passam a se fazer

presentes na organização (PIVETA - 2006).

ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2002) definem que não existe uma

regra prática para definir que uma determinada empresa deverá manter-se de

uma forma preestabelecida em relação à sua estrutura de capital. Porém, há

evidências de diferenciação entre endividamento nos diversos setores, levando

ao entendimento da existência de estruturas ótimas de capital.

Ressalta-se que a prudência na consideração das fontes de capital é um

fator crítico no sucesso de uma organização. A definição da estrutura ótima do

capital não segue uma regra preestabelecida, e consiste na equiparação e

observância de diversos fatores que, ponderados entre si, maximizarão ou não

o valor da empresa (PIVETA - 2006).

A discussão sobre a estrutura ótima de capital inicia-se a partir de duas

teses sobre sua relevância para o valor das empresas: a de DURAND (1952),

que enfatiza a existência de uma estrutura de capital ótima e a de MODIGLIANI

e MILLER (1958), segundo a qual a forma como as empresas se financiam,

sob certas condições, é irrelevante.

Para MODIGLIANI e MILLER (1958), sob certas condições previamente

estabelecidas, não existe uma combinação ótima de endividamento e capital

próprio que minimize os custos de financiamento da empresa, maximizando

assim seu valor. Esses autores afirmam que a forma como as empresas se

financiam é irrelevante, desde que sejam observadas as seguintes premissas:

ausência de custos de falência;

todas as empresas situarem-se na mesma classe de risco;

ausência de tributação pessoal;

ausência de crescimento nos fluxos de caixa das empresas;

ausência de assimetria de informação e de custos de agência.

Page 43: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

33

Para esses autores, o valor de uma empresa não-alavancada deveria

ser igual aos seus fluxos de caixa operacionais esperados, após tributação,

descontados perpetuamente ao custo do capital próprio não-alavancado. Tais

fluxos, em uma empresa que não apresentasse crescimento (premissa do

modelo), deveriam ser dados pelo resultado operacional (receita total menos

custos fixos, variáveis e despesas de depreciação – como não há perspectiva

de crescimento, novos investimentos apenas cobrem a depreciação ocorrida

nos ativos) após tributação. Nessa empresa, todos os fluxos gerados seriam

destinados aos acionistas.

Já em uma empresa alavancada, os fluxos líquidos gerados deveriam

ser divididos entre os acionistas e os credores. Dessa forma, seu valor seria

dado pelo resultado operacional dividido pelo custo do capital próprio (valor da

empresa se ela não fosse alavancada), mais o benefício fiscal dos juros

devidos aos credores descontado a uma taxa livre de risco (também é

premissa do modelo a ausência de custos de falência). Por essa definição,

quando a tributação sobre os rendimentos da empresa for igual a zero, o valor

da empresa alavancada é exatamente igual ao valor da empresa não-

alavancada.

Por outro lado, havendo dedutibilidade dos juros pagos, o valor de

mercado de uma empresa cresce à medida que ela se endivida, já que o

aumento no endividamento implica em aumento do benefício fiscal apurado, e

o seu custo de financiamento declina, pelos mesmos motivos. Portanto, na

ausência de custos de falência e de tributos sobre a renda pessoal, a empresa

deveria financiar-se totalmente com recursos de terceiros.

Mais tarde, MILLER (1977) reconheceu que a incorporação no modelo

de tributos pessoais também poderia afetar o valor da empresa. A inclusão da

tributação pessoal diminui o benefício gerado pela alavancagem no sentido de

que, pagando impostos sobre seus ganhos, os credores exigirão maiores taxas

de juros de forma a compensar a perda para o fisco, aumentando o custo do

endividamento. A descoberta de Miller teve importantes implicações sobre a

estrutura de capital da empresa, indicando que os benefícios do endividamento

poderiam não ser tão grandes assim.

Page 44: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

34

Posteriormente, os custos de falência passaram também a ser

considerados possíveis indutores de mudanças no custo de capital de uma

empresa. Os custos de falência têm influência sobre o valor de uma empresa

alavancada, reduzindo-o, porque seus fluxos passam a ser divididos não

apenas entre acionistas e credores, mas adicionalmente com terceiras partes.

Assim, havendo custos de falência, o WACC da empresa não mais será

descendente à medida que uma empresa se endivida, mas terá uma forma de

“U”, revelando que o endividamento apenas traz benefício até o ponto em que

ele não comprometa a saúde financeira da empresa (FAMA R.; PEROBELLI -

2003)

Surgiu também uma nova teoria denominada teoria do pecking order,

que alguns têm traduzido por teoria da ordem de preferência, sendo seu

principal mentor o mesmo MYERS (1984). Essa teoria considera que as

empresas preferem prioritariamente fazer uso de recursos gerados

internamente e somente em última instância recorreriam à emissão de novas

ações, por conta dos efeitos adversos proporcionados pela existência de

assimetria de informação no mercado. Assim, a ordem de prioridade das

empresas quando se trata de formas de financiamento é a seguinte: lucros

acumulados (e depreciação), dívida e novas ações ordinárias.

Destaca-se ainda, a teoria de estrutura de capital ótima, denominada

teoria do trade-off, que considera que o nível ótimo de endividamento das

empresas seria atingido pela combinação de dois fatores que atuam como

forças contrárias. Por um lado, teríamos o efeito das economias fiscais, agindo

no sentido de incentivar o uso de dívidas e, por outro lado, teríamos o efeito

dos custos de falência esperados, que surgem em função da maior propensão

de uma empresa se tornar seriamente inadimplente diante de uma situação de

alto endividamento (NAKAMURA, MARTIN, e KAYO - 2004)

Essa breve discussão das teorias sobre a estrutura ótima de capital

mostra que há vários aspectos práticos que devem ser levados em

consideração, dentre os quais os de cunho institucional.

Diversos autores entendem que existe uma estrutura de capital

adequada, na qual é possível compor o capital de uma empresa com recursos

próprios e de terceiros, admitindo-se uma estrutura ótima de capital, que leve

Page 45: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

35

em conta o contexto de cada empresa, não havendo uma regra generalista,

considerando-se que a inserção de capital de terceiros em uma determinada

organização deverá contribuir para a maximização de seu valor. De um modo

geral, a estrutura ótima de capital é definida como aquela estrutura que, dado o

grau de risco envolvido no negócio e a existência de proteções fiscais para

pagamentos de juros incidentes sobre dívida, apresenta participações de

capital (próprio e de terceiros) que conduzem ao mínimo custo de capital,

representando, assim, uma alocação de capital eficiente.

A determinação da estrutura ótima de capital é essencial para o uso do

modelo de Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) e, conseqüentemente,

para o cálculo da taxa de retorno. De acordo com esse modelo, a taxa de

retorno aceitável de um projeto é uma média ponderada dos custos dos

diversos tipos de capital. Usualmente, trabalha-se com uma versão mais

simples do WACC, onde os diferentes tipos de capital próprio são agrupados

em uma única conta de capital próprio e os diferentes tipos de capital de

terceiros agrupados em uma única conta de dívidas.

Economic Value Added - EVA®

O EVA®, ou Economic Value Added (Valor Econômico Agregado), é um

conceito desenvolvido pela consultoria Stern Stewart & Co. no início da década

de 80 que se baseia na idéia de lucro econômico (lucro residual). Este conceito

afirma que lucro só existe após a remuneração do capital empregado pelo seu

custo de oportunidade. O EVA® é uma medida de desempenho que considera

todos os custos de operação, inclusive os de oportunidade. De uma maneira

simples, ele é o resultado operacional depois de impostos da empresa, menos

o encargo pelo uso do capital fornecido por terceiros e por acionistas; mede o

quanto foi gerado em excesso ao retorno mínimo requerido pelos fornecedores

de capital da empresa (terceiros e acionistas) (SHINOHARA - 2002).

Conforme esclarece STEWART (1991), há uma série de outras

peculiaridades contábeis que devem ser observadas quando do cálculo do

EVA®, como por exemplo:

Page 46: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

36

1. Ajuste de Leasing Operacional – os leasings operacionais são

tratados como os leasings financeiros. O ajuste consiste em trazer os

pagamentos do leasing a valor presente pelo custo da dívida embutido no

contrato (o valor obtido deve ser o valor do bem à vista) e incluir este valor no

Capital da empresa. Quando do cálculo do Lucro Operacional Líquido após os

Impostos, ou Net Operating Profit After Taxes (NOPAT), retira-se do

pagamento do leasing a porção referente aos juros, deixando apenas a porção

referente à depreciação.

2. Regime de Caixa – a metodologia EVA® reconhece o valor caixa

realmente perdido pelos acionistas na data em que esta perda ocorre, e não no

momento da provisão. Desta maneira a perda não precisa ser estimada. O

impacto deste ajuste no Capital é que todo valor que aparece na contabilidade

como uma provisão, ou seja, aqueles valores já considerados perdidos, é

considerado Capital dos acionistas no EVA®.

a) Provisão para Contingências: na metodologia EVA®, apenas o

efeito caixa das contingências é que irá influenciar o cálculo do NOPAT.

Assim, inclui-se apenas a variação da conta “Provisão para

Contingências” do Balanço Patrimonial no NOPAT para obter o efeito

caixa. Para o cálculo do Capital, as provisões são tratadas como capital

de acionistas, uma vez que elas representam dinheiro ainda não perdido

pelos mesmos.

b) Provisão para Devedores Duvidosos: aplica-se a mesma idéia

que no caso da Provisão para Contingências.

3. Amortização de Ágio (Deságio)– desconsidera-se a amortização do

ágio (deságio) no NOPAT. No Capital, o investimento é considerado por seu

valor total, incluindo o valor bruto do ágio (deságio). Somente em casos que a

amortização do ágio é dedutível de impostos, o valor do ágio (deságio) no

Capital pode ser reduzido por este benefício (prejuízo) fiscal gerado pela

amortização. Desta forma, na metodologia EVA® o ágio (deságio) pago na

compra de um ativo aumenta (reduz) o capital da companhia.

4. Caixa e Receita Financeira – economicamente, o caixa é um ativo que

a empresa possui e deve ser remunerado adequadamente. Deste modo, o

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Caixa deve ser excluído do Capital Operacional e do Capital Financeiro da

empresa, e deve-se excluir também a Receita Financeira do NOPAT.

5. Despesa Financeira – pela própria definição do EVA®, a despesa

financeira não deve ser incluída na medida de desempenho operacional, o

NOPAT. Esta é cobrada através do Encargo de Capital.

6. Resultado não Operacional – o resultado medido pela contabilidade

muitas vezes é afetado por eventos extraordinários, os quais distorcem o

resultado do período, dificultando sua comparação. O EVA® ajusta estes itens

excluindo-os do cálculo do NOPAT, mas não os esquecendo. Estes valores são

acumulados no Capital da companhia após impostos, de modo a contemplar a

despesa maior/menor com impostos resultante deste resultado não

operacional.

7. Impostos – ao calcular o NOPAT, busca-se uma medida que reflita

exclusivamente o desempenho operacional da companhia, ou seja, qualquer

decisão de financiamento não deve impactar o NOPAT. Por este motivo,

calculam-se os impostos econômicos caixa para a empresa em questão. Este

tratamento resulta em um valor de impostos que reflete o quanto seria pago de

impostos dado o resultado obtido pelas operações da companhia. O benefício

fiscal gerado pelas despesas financeiras é computado no Custo Médio

Ponderado de Capital (quando se utiliza o custo de dívida após impostos) e os

impostos sobre os itens extraordinários são imputados ao Capital na conta de

“Itens não usuais extraordinários após impostos”. Desta forma, este tratamento

contempla o planejamento fiscal da empresa. Entretanto, este valor de

impostos obtido resulta em uma grade volatilidade no EVA®, que pode reduzir

sua correlação com o valor de mercado da empresa. Por este motivo, utiliza-se

um imposto calculado com base na alíquota efetiva de curto prazo no NOPAT.

A diferença entre este valor e o correto (calculado pela metodologia de Imposto

Operacional Caixa) é acumulada no Capital em uma conta específica

denominada “Ajustes de Impostos Acumulados”.

8. Passivos Não Onerosos de Curto e Longo Prazo – para o cálculo do

Capital Investido, retiram-se todos os passivos considerados não onerosos. O

custo destes passivos não é explícito e está embutido no preço dos

produtos/serviços comprados pela empresa. Em outras palavras, este custo

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38

está incluído no NOPAT e, para evitar que ele seja cobrado duas vezes, deve-

se excluir estes passivos do Capital Investido da companhia. Deste modo, no

Capital Financeiro os passivos não onerosos não são incluídos e no Capital

Operacional os de curto prazo são subtraídos do capital de giro líquido e os de

longo prazo são subtraídos.

9. Participação de Minoritários – no cálculo do EVA® consideram-se

apenas os resultados das participações detidas pela empresa (e seus

acionistas), ou seja, exclui-se do Capital a participação de minoritários. No

NOPAT, a conta Participação de minoritários é tratada da mesma maneira que

na DRE.

Segundo STEWART (1991), o cálculo do EVA® pode ser feito da

seguinte maneira:

onde:

NOPAT = Lucro Operacional Líquido após os Impostos (Net Operating

Profit after Taxes);

Capital Empregado = volume de recursos empregados para gerar o

NOPAT;

Custo de Capital = WACC

O NOPAT significa Net Operating Profit After Taxes, ou lucro operacional

líquido depois de impostos; representa o lucro gerado pelas operações da

empresa, medindo a produtividade do capital empregado, independentemente

do método de financiamento.

A primeira aplicação do EVA® diz respeito ao controle financeiro sobre

os projetos de investimento e destinações dos recursos da organização. O

EVA® é um indicador de desempenho e portanto pode ser adotado pelas

empresas de um modo geral (SHINOHARA - 2002).

Uma aplicação do conceito de EVA® encontra-se na remuneração dos

executivos de uma empresa. Na visão de STEWART (1991), um sistema de

remuneração atrelado ao EVA® é imperioso para incentivar as pessoas dentro

da organização a atuarem conforme os interesses dos acionistas. Isto porque o

EVA® é a métrica de desempenho mais correlacionada com a criação de valor

aos acionistas. Planos de bônus tradicionalmente encontrados nas empresas

são baseados em orçamentos e possuem limites inferior e superior. O fato de o

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plano ser baseado em orçamento transforma o processo orçamentário numa

negociação de bônus. Alternativamente, devem ser estabelecidas metas

objetivas e definidas externamente à companhia, a partir das expectativas dos

acionistas. Já o fato de haver piso e o teto no plano fazem com que haja uma

região em que uma má performance não será penalizada. Isto incentiva

comportamentos de guardar performance ou de “limpar a casa”, isto é, caso o

limite superior já tenha sido alcançado, o indivíduo tenderá a não mais gerar

resultados grandiosos, já que tal ação não se traduzirá em maior remuneração;

por outro lado, uma vez atingido o limite inferior, o indivíduo arriscará qualquer

atitude em busca de uma melhora de seus resultados, já que qualquer

resultado ainda mais negativo, não impactará em uma diminuição marginal de

seus rendimentos (SHINOHARA - 2002).

Segundo STEWART (1999), o crescimento do EVA é obtido por meio de

melhorias na eficiência operacional, no investimento em projetos que criem

valor, no remanejamento de capital de atividades que destruam valor e busca

de opções que minimizem o custo de capital. Conforme Perez (2000) o EVA

pode e deve ser utilizado no nível do planejamento estratégico da empresa,

estabelecendo metas de EVA, incluindo no processo de planejamento

estratégico os seguintes passos:

Estabelecer uma meta global em termos de valor;

Fazer uma avaliação do valor da empresa por fluxos de

EVA;

Criar um plano estratégico e uma previsão financeira que

tenham condições de atingir o fluxo de EVA projetado e

justificando o valor da avaliação da empresa;

Verificar a plausibilidade do plano e da previsão;

Comunicar a meta em nível agregado e desagregá-la por

unidade de negócios, de maneira a possibilitar a transferência de

responsabilidades para todos os níveis de execução da empresa.

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40

Capítulo 5 - Pesquisa e Análise dos Resultados

O capítulo que se segue resulta na apresentação dos dados obtidos

através da análise dos Balanços, a partir de 2008, das resseguradoras que

operam na modalidade Local, aplicação do Cálculo do EVA® e demonstração

dos valores encontrados.

5.1 - Apresentação dos resultados obtidos

Serão abordadas as questões quantitativas da análise, envolvendo

conceitos teóricos já discutidos concomitantemente ao estudo do Mercado

Ressegurador Local. O período escolhido na análise corresponde a 3 anos, ou

seja, 2008 a 2010, para 5 entre as 6 resseguradoras estudadas. A AceRe como

iniciou suas atividades em 2009, teve apenas 2 anos de análise, ou seja, 2009

e 2010. A ChartisRe e a AustralRe, apesar de serem resseguradoras Locais,

iniciaram sua operação em meados de 2011 e desta forma não foram

analisadas.

Fontes de dados como Jusbrasil (www.jusbrasil.com.br) e Economatica

(www.economatica.com) foram utilizadas para o completo levantamento de

informações como, resultados, balanços entre outros.

No Anexo 1, encontra-se demonstrado o Balanço Patrimonial das

resseguradoras analisadas nos períodos corresponde a 3 anos, ou seja, 2008 a

2010, para 4 entre as 5 resseguradoras estudadas. A AceRe como iniciou suas

atividades em 2009, teve apenas 2 anos de análise, ou seja, 2009 e 2010.

Importante destacar as premissas que foram consideradas para

proceder com os cálculos dos Indicadores. O Passivo considerado no calculo

do Capital de Terceiros desconta as Provisões Técnicas e os Débitos com

Operações, devido a premissas de que tais contas terem características

determinadas (não serem empréstimos, não serem capital de terceiros e não

gerarem juros). O Capital Investido refere-se ao Total do Passivo, também

descontando as Provisões Técnicas e os Débitos com Operações, e o Capital

Próprio refere-se ao valor do Patrimônio Líquido.

Page 51: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

41

O custo do capital próprio das Resseguradoras

Para as análise foi considerado o beta 0,41 (Anexo 2), como beta base,

para calculo do beta Alavancado que é utilizado no calculo do CAPM Adaptado.

Foi considerada a alíquota de imposto de 40%, que compreende os 25% de IR

e os 15% de CSLL e Imposto sobre Lucros – vigênte desde Maio/2008 para as

Instituições Financeiras. Com isto, foi encontrado o beta Alavancado para cada

uma das resseguradoras, nos respectivos anos, além de um beta Alavancado

médio, respectivo a cada resseguradora nos respectivos anos (Anexo 3).

A partir do beta Alavancado, foram reunidos os elementos necessários à

aplicação do Capital Assets Pricing Model – CAPM Adaptado para determinar o

custo de capital próprio, com os seguintes componentes.

Para a Taxa Livre de Risco, utilizou-se para medir a taxa livre de risco,

a série de dados anuais da cotação no período de 1998-2010 do retorno dos

T.Bonds, conforme mostrado na Figura 7, obtendo-se através de média

geométrica, a taxa média de juros, considerando a taxa de Inflação Americana,

respectiva aos períodos 1999 à 2008 – 4,33%, 2000 à 2009 – 3,68% e 2001 à

2010 – 3,09%.

Figura 7 – USTB10

Fonte: Damodaran

004% 004% 003%

-020%

-015%

-010%

-005%

000%

005%

010%

015%

020%

025%

1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012

T-B

on

ds

Período

Taxa Livre de Risco

T.Bonds

Inflação

1999-2008

2000-2009

2001-2010

T.Bonds Desc.

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42

Para o Prêmio de Risco Brasil, utilizou-se a série histórica diária do índice

Emerging Markets Bonds Index Plus relativo ao Brasil (EMBI+Brazil), de no

período de 1998-2010, resultando no valor mediano respectiva aos períodos

1999 à 2008 – 6,26%, 2000 à 2009 – 4,55% e 2001 à 2010 – 4,02%, conforme

mostrado na Figura 8. Foi utilizada a mediana, devido à média ser uma medida

muito influenciada por valores "muito grandes" ou "muito pequenos".

Figura 8 – Spred Brasil

Fonte: IPEADATA

O Retorno da Carteira de Mercado, foi calculado através do retorno do

índice norte americano S&P500, que consiste em um índice composto pelas

ações das 500 maiores empresas negociadas na Bolsa de Nova York. Através

da utilização de valores históricos, assume-se implicitamente que o retorno

médio realizado é um indicador (proxy) apropriado do retorno esperado (ou

seja, que as expectativas do investidor se realizam). Entretanto, isto pode não

Page 53: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

43

ocorrer, uma vez que as expectativas realizadas no futuro podem resultar muito

distintas daquelas esperadas originalmente pelos investidores. Em razão da

volatilidade excessiva existente no mercado acionário, no qual um único evento

na economia (choque inflacionário, políticas fiscais e monetárias, etc) ocasiona

mudanças bruscas na percepção de risco pelo investidor, foi considerado o

período mais extenso possível como uma maneira de eliminar estas anomalias,

basicamente relacionadas com o ciclo econômico.

Dessa forma, com base nas séries históricas de 1926 a 2010,

considerando a taxa de Inflação Americana, foi determinada a taxa de retorno

do mercado acionário (S&P500) anual média (aritmética) de 11% a.a, conforme

mostrado na Figura 9.

Figura 9 – S&P500

Fonte: Standard and Poors

Com base em todos os elementos do modelo do CAPM, foi possível

determinar o custo de capital próprio das Resseguradoras, para cada ano da

amostra, conforme demonstrado na Figura 10. Também foi determinar o custo

de capital próprio médio do Segmento, para cada ano.

Page 54: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

44

Figura 10 – CAPM

Fonte: Elaboração própria do autor

A utilização do modelo do CAPM com dados do mercado norte-

americano ajustado ao risco país, deve-se ao fato das empresas

Resseguradoras serem empresas globais, com um grau de risco medido por

agências especializadas. FAMÁ e PEROBELLI (2001) afirmam que utilizando

dados nacionais na fórmula do CAPM, chega-se, em muitos casos, a um

prêmio pelo risco negativo, devido à taxa livre de risco ser maior do que o

retorno das ações. Assim, o investidor estaria pagando um prêmio para

assumir um risco adicional e não para evitar este risco, não sendo o caso para

o cenário considerado.

Custo de Capital de Terceiros das Resseguradoras

Com base nos parâmetros já conhecidos (Taxa Livre de Risco e Premio

de Risco Brasil) encontramos as taxas de Custo de Capital de Terceiros,

respectiva aos anos 2008 – 9,35%, 2009 – 8,23% e 2010 – 8,35%, conforme

demonstrado na Figura 11.

11%

Taxa Livre de Risco 4,33% Taxa Livre de Risco 3,68% Taxa Livre de Risco 3,09%

Prêmio de Risco Brasil 4,02% Prêmio de Risco Brasil 4,55% Prêmio de Risco Brasil 6,26%

Resseguradora ß alavancado CAPM ß alavancado CAPM ß alavancado CAPM

MunichRe 0,433807651 11,24% 0,431607991 11,23% 0,423648183 11,18%

AceRe 0,412667959 11,10% 0,410040217 11,08%

JmalucelliRe 0,424092865 11,18% 0,42309443 11,17% 0,421118611 11,16%

MafreRe 0,424993037 11,18% 0,420994588 11,16% 0,410082139 11,09%

IRBRe 0,422731254 11,17% 0,427171594 11,20% 0,431340133 11,23%

XL Re 0,418811742 11,14% 0,415314305 11,12% 0,410084439 11,09%

Média Ano 0,422850751 11,17% 0,421370521 11,16% 0,419254701 11,15%

20082010

Retorno da Carteira de Mercado

Custo de Capital Próprio

2009

Page 55: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

45

Figura 11 – Custo de Capital de Terceiros

Fonte: Elaboração própria do autor

Custo Médio Ponderado de Capital

Figura 12 – WACC

Fonte: Elaboração própria do autor

A partir dos resultados apresentados anteriormente, e aplicando alíquota

de imposto (T) igual a 40% (idem a utilizada no calculo do Beta Alavancado),

pode-se enfim calcular a taxa de retorno através do Custo Médio Ponderado de

Capital (WACC), apresentado na Figura 12. No calculo do Capital de Terceiros,

o Passivo considerado desconta as Provisões Técnicas e os Débitos com

Operações, devido a premissas de que tais contas terem características

determinadas (não serem empréstimos, não serem capital de terceiros e não

gerarem juros).

Taxa Livre de Risco

Prêmio de Risco Brasil

Total

2008

3,09%

6,26%

9,35%

2009

3,68%

4,55%

8,23%

2010

4,33%

4,02%

Custo de Capital Terceiro

8,35%

Imposto 40%

Resseguradoras 2010 2009 2008

Capital Prórpio 84,36% 88,90% 96,59%

Capital de Terceiros 15,64% 11,10% 3,41%

Custo de Capital Próprio 11,24% 11,23% 11,18%

Custo de Capital de Terceiros 8,35% 8,23% 9,35%

WACC 10,27% 10,53% 10,99%

Capital Prórpio 96,01% 99,02%

Capital de Terceiros 3,99% 0,98%

Custo de Capital Próprio 11,10% 11,08%

Custo de Capital de Terceiros 8,35% 8,23%

WACC 10,86% 11,03%

Capital Prórpio 95,62% 96,25% 96,29%

Capital de Terceiros 4,38% 3,75% 3,71%

Custo de Capital Próprio 11,18% 11,17% 11,16%

Custo de Capital de Terceiros 8,35% 8,23% 9,35%

WACC 10,91% 10,94% 10,95%

Capital Prórpio 82,65% 92,02% 98,03%

Capital de Terceiros 17,35% 7,98% 1,97%

Custo de Capital Próprio 11,18% 11,16% 11,09%

Custo de Capital de Terceiros 8,35% 8,23% 9,35%

WACC 10,11% 10,66% 10,98%

Capital Prórpio 70,60% 70,34% 64,58%

Capital de Terceiros 29,40% 29,66% 35,42%

Custo de Capital Próprio 11,17% 11,20% 11,23%

Custo de Capital de Terceiros 8,35% 8,23% 9,35%

WACC 9,36% 9,34% 9,24%

Capital Prórpio 95,51% 98,03% 97,97%

Capital de Terceiros 4,49% 1,97% 2,03%

Custo de Capital Próprio 11,14% 11,12% 11,09%

Custo de Capital de Terceiros 8,35% 8,23% 9,35%

WACC 10,87% 11,00% 10,97%

XL Re

MunichRe

Estrutura de Capital

AceRe

JmalucelliRe

MafreRe

IRBRe

Page 56: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

46

Pode ser observado que há de estruturas de capital com predominância

de capital próprio, tanto para as resseguradoras entrantes no mercado, quanto

para o IRBRe.

O EVA® das Resseguradoras

Para composição do EVA, foi encontrado o NOPBT através da soma

entre o EBIT (LAJIR) e a Receita Financeira; posteriormente foi calculado o

NOPAT sendo a diferença entre NOPBT, os Impostos (taxa de 40% sobre o

NOPBT) e a Participação sobre o Resultado; finalmente o EVA® foi calculado

com a utilização do Capital Financeiro, WACC e NOPAT. Melhorando a

identificação das variáveis também foi calculado o ROIC e o Spread base para

o EVA®.

No período de 2008 até 2010, o EVA® apresentado pela maioria das

resseguradoras é positivo. O EVA® é geralmente encontrado no início da

operação, de algumas resseguradoras, sendo recuperado nos anos seguintes.

(ver Anexo 5). A criação de valor é percebida pelos indicadores, sendo

resultado de arranjos operacionais e estratégias de crescimento.

Com o fim do monopólio do mercado de resseguros exercido pelo IRB

Re, em 2008, houve ampla entrada de empresas multinacionais no País, o que

ampliou o setor para mais de 100 resseguradoras, em operação, e com isto,

tanto o IRBRe quanto as demais resseguradoras locais estão redirecionando

seus objetivos estratégicos frente aos desafios de um mercado altamente

concorrido.

5.2 - As análises envolvendo as Resseguradoras

A performance nos primeiros anos pode ser explicada pela abertura do

mercado de resseguros, readequação do IRB, o início das operações das

demais resseguradoras, e pelo rearranjo de forças no mercado de seguros de

grandes riscos corporativos, onde as grandes seguradoras nacionais reduziram

sua exposição e as seguradoras multinacionais aceleraram e ampliaram seus

negócios.

Page 57: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

47

A crise internacional mandou à lona várias das gigantes globais do

seguro e resseguro - e em muitos casos os preços subiram, fazendo cair as

receitas operacionais e a rentabilidade das carteiras de investimento das

resseguradoras internacionais (parceiras fundamentais na distribuição de riscos

corporativos), demandando uma piora na classificação de risco de crédito

destas empresas, que poderia repercutir na classificação de risco das

seguradoras com as quais operam. Já em 2010, resseguradores recuperaram

boa parte das perdas financeiras registradas em 2009 (reflexo da crise),

caracterizando-se por ser um ano de baixo volume de pedidos de indenizações

causadas por catástrofes naturais e pela recuperação do mercado acionário

(ver Anexo 6).

Os indicadores de performance

Existem várias medidas para avaliar o desempenho econômico de um

negócio.

O EVA® é a medida que incorpora todos os custos, inclusive os custos

de oportunidade do capital empregado além de expor de uma maneira simples

e objetiva, o lucro operacional e os recursos de capital necessários para gerá-

lo. É o valor que a empresa agrega depois de remunerar os recursos próprios e

de terceiros que financiam a empresa.

O ROI (retorno sobre o Investimento) representa a razão entre o

resultado líquido apurado e o capital total investido ou também pela razão entre

este resultado líquido e o Ativo total. No estudo, o ROI foi calculado

considerando-se esta ultima relação. Reflete a capacidade do ativo de gerar

lucros, indicando a porcentagem de lucro em relação aos bens e direitos que a

empresa possui para gerar resultados, independente das fontes de

financiamento.

O ROE (retorno sobre o Patrimônio Líquido) representa a razão entre o

resultado líquido apurado e o Valor do Patrimônio Líquido. Mostra a taxa de

retorno produzida pelo capital próprio, ou seja, apura o ganho obtido sobre o

investimento realizado na empresa, apesar de não tratar a separação entre

Page 58: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

48

desempenho financeiro e operacional. Essa taxa pode ser comparada com a

de outros rendimentos alternativos no mercado, como Fundos de

Investimentos, CDBs, entre outros, podendo-se avaliar se a empresa oferece

rentabilidade inferior ou superior a essas opções. Contudo, compara atividades

diferentes, com riscos diferentes. Os valores apurados de ROE para as

resseguradoras foram comparados ao relatório do Lloyds (Latin America

Market Presentation.pdf) afim de garantir uma contraprova dos cálculos

efetuados e das premissas assumidas.

O ROIC (retorno sobre o capital investido) é a razão entre o resultado

(NOPAT) e o capital investido.

No estudo, o Capital Investido refere-se ao Total do Passivo,

descontando as Provisões Técnicas e os Débitos com Operações.

IRBRe

O IRB-Brasil Re encerrou o ano de 2010 registrando lucro líquido de R$

399,3 milhões, que corresponde a uma taxa de crescimento de 8% em relação

ao lucro líquido recorrente do exercício de 2009 que foi de R$ 370,3 milhões,

resultado -8% em relação a 2008 onde o lucro líquido registrado foi de R$

403,3 milhões.

O ROE em 2010 foi de 19,33%, maior que os 18,58% em 2009 e menor

que os 21,43% em 2008. Tanto o ROI como o ROIC apresentam melhora

crescente nos últimos anos.

O EVA® do IRB-Brasil Re apresenta-se sempre positivo. Com o EBIT

determinando que o IRB-Brasil Re é lucrativo operacionalmente e o NOPAT

demonstrando que o lucro operacional após os impostos também é positivo,

conclui-se uma operação estabilizada.

Page 59: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

49

Figura 13 – Análise IRBRe

Fonte: Elaboração própria do autor

MunichRe

Sob a óptica financeira a MunichRe encerrou 2010 apresentando

resultados bem satisfatórios em relação aos anos anteriores. Entretanto, a

MunichRe apresenta um EBIT que sinaliza prejuízo operacional e um NOPAT

demonstrando que o lucro operacional após os impostos é garantido através

das Receitas Financeiras.

O EVA® da MunichRe se recuperou no ano de 2010 com relação aos

anos anteriores, acompanhando os indicadores ROI, ROIC e ROE, concluindo-

se que a reorganização da operação e as outras ações executadas, iniciaram a

garantia da criação de riqueza aos acionais, na operação Brasil.

2010 10/09 2009 09/08 2008

Lucro Bruto 292.234 -29% 412.328 81% 228.300

EBIT (LAJIR) 139.449 -11% 157.540 227% (124.300)

LAIR 601.944 13% 533.705 -3% 548.800

Lucro Líquido do Exercício 399.333 8% 370.370 -8% 403.300

EBIT (LAJIR) 139.449 157.540 (124.300)

Receita Financeira 490.320 402.325 665.900

NOPBT 629.769 559.865 541.600

Impostos 251.908 223.946 216.640

Participação - - -

NOPAT 377.861 335.919 324.960

Capital Investido 2.956.509 2.834.244 2.913.617

Custo de Capital - WACC 9,36% 9,34% 9,24%

EVA 101.167 71.132 55.814

ROIC 12,78% 11,85% 11,15%

EVA (Spread) 3,42% 36% 2,51% 31% 1,92%

ROI 4,65% 30% 3,57% 4% 3,44%

ROE 19,13% 3% 18,58% -13% 21,43%

Resseguradoras

Ano

IRBRe

Page 60: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

50

Figura 14 – Análise MunichRe

Fonte: Elaboração própria do autor

XLRe

O grupo XL Capital, que tem sede em Bermudas ,em 2008 teve prejuízo

de US$ 2,8 bilhões e freou investimentos no mundo todo, e de certa forma

explicaria os números da operação brasileira da XLRe.

A XLRe encerrou o ano de 2010 registrando lucro líquido de R$ 6,7

milhões, que corresponde a uma taxa de crescimento de 463% em relação ao

lucro líquido recorrente do exercício de 2009, onde ocorreu prejuízo na

operação. No ano de 2009, todos os indicadores apresentam-se negativos.

O EBIT sinaliza prejuízo operacional e NOPAT demonstrando que o

lucro operacional após os impostos é garantido através das Receitas

Financeiras, menos para o ano de 2009, onde a Receita Financeira não

conseguiu amenizar o prejuízo operacional.

O EVA® da XLRe teve uma melhora, passando de (R$ 13,2 milhões),

em 2009, para (R$ 5.9 milhões) em 2010, concluindo-se que ações

necessitam ser executadas para que haja garantia da criação de riqueza aos

acionais, na operação Brasil.

2010 10/09 2009 09/08 2008

Lucro Bruto 34.011 59% 21.393 105% 10.451

EBIT (LAJIR) (3.028) 72% (11.003) -1771% (588)

LAIR 24.038 685% 3.061 -71% 10.389

Lucro Líquido do Exercício 12.382 7057% 173 -96% 4.924

EBIT (LAJIR) (3.028) (11.003) (588)

Receita Financeira 44.372 22.296 12.654

NOPBT 41.344 11.293 12.066

Impostos 16.538 4.517 4.826

Participação (2.820) (1.297) (943)

NOPAT 21.986 5.479 6.297

Capital Investido 180.639 118.354 110.023

Custo de Capital - WACC 10,27% 10,53% 10,99%

EVA 3.437 (6.985) (5.791)

ROIC 12,17% 4,63% 5,72%

EVA (Spread) 1,90% 132% -5,90% -12% -5,26%

ROI 1,19% 4452% 0,03% -98% 1,07%

ROE 8,13% 4842% 0,16% -96% 4,63%

MunichReResseguradoras

Ano

Page 61: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

51

Figura 15 – Análise XLRe

Fonte: Elaboração própria do autor

ACERe

A ACERe iniciou a operação em 2009 e encerrou o ano de 2010

registrando lucro líquido de R$ 7,5 milhões. O EBIT e o NOPAT determinam

que a ACERe é lucrativa operacionalmente. Já o EVA®, negativo, indica ser

necessária continuidade nas ações para haja criação de riqueza aos acionais,

na operação Brasil.

Figura 16 – Análise ACERe

Fonte: Elaboração própria do autor

2010 10/09 2009 09/08 2008

Lucro Bruto 11.635 1849% 597 -

EBIT (LAJIR) (2.200) 83% (12.641) -701% (1.578)

LAIR 10.557 447% (3.046) -285% 1.648

Lucro Líquido do Exercício 6.738 463% (1.856) -345% 759

EBIT (LAJIR) (2.200) (12.641) (1.578)

Receita Financeira 13.104 10.170 3.226

NOPBT 10.904 (2.471) 1.648

Impostos 4.362 (988) 659

Participação - - -

NOPAT 6.542 (1.483) 989

Capital Investido 114.942 106.637 108.595

Custo de Capital - WACC 10,87% 11,00% 10,97%

EVA (5.949) (13.211) (10.929)

ROIC 5,69% -1,39% 0,91%

EVA (Spread) -5,18% 58% -12,39% -23% -10,06%

ROI 1,94% 352% -0,77% -210% 0,70%

ROE 6,14% 446% -1,78% -349% 0,71%

Resseguradoras

Ano

XLRe

2010 10/09 2009

Lucro Bruto 11.135 -

EBIT (LAJIR) 7.119 1317% (585)

LAIR 12.064 2162% (585)

Lucro Líquido do Exercício 7.466 1376% (585)

EBIT (LAJIR) 7.119 (585)

Receita Financeira 4.945 -

NOPBT 12.064 (585)

Impostos 4.826 (234)

Participação - -

NOPAT 7.238 (351)

Capital Investido 86.274 61.831

Custo de Capital - WACC 10,86% 11,03%

EVA (2.131) (7.168)

ROIC 8,39% -0,57%

EVA (Spread) -2,47% 79% -11,59%

ROI 5,45% 676% -0,95%

ROE 9,01% 1043% -0,96%

Resseguradoras

Ano

AceRe

Page 62: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

52

JMalucelliRe

Desde o início da operação em 2008, a JMalucelliRe vêem registrando

crescimento no lucro líquido e indicando uma lucratividade operacional também

em crescimento. Tanto o EBIT como o NOPAT, demonstram lucro operacional.

O ROE, ROI e ROIC acompanham o bom desempenho, apesar de no

ano de 2010 terem uma pequena redução.

O EVA® da JMalucelliRe teve melhoras desde o início da sua operação,

concluindo-se que as ações para criação de riqueza na operação estão sendo

suficientes.

Figura 17 – Análise JMalucelliRe

Fonte: Elaboração própria do autor

MapfreRe

O ROE em 2010 foi de 14,78%, maior que os 4,03% em 2009. O ROI

apresenta-se positivo em todos os anos. O ROI, também, apresenta uma

melhora se comparado com 2009.

A MapfreRe vêem apresentando crescimento no lucro líquido e

indicando uma lucratividade operacional também em crescimento.

2010 10/09 2009 09/08 2008

Lucro Bruto 21.121 34% 15.756 595% 2.267

EBIT (LAJIR) 14.808 13% 13.118 994% 1.199

LAIR 27.153 16% 23.327 220% 7.281

Lucro Líquido do Exercício 15.810 12% 14.092 215% 4.470

EBIT (LAJIR) 14.808 13.118 1.199

Receita Financeira 12.345 10.209 6.082

NOPBT 27.153 23.327 7.281

Impostos 10.861 9.331 2.912

Participação - - -

NOPAT 16.292 13.996 4.369

Capital Investido 109.156 92.014 77.336

Custo de Capital - WACC 10,91% 10,94% 10,95%

EVA 4.385 3.932 (4.102)

ROIC 14,93% 15,21% 5,65%

EVA (Spread) 4,02% -6% 4,27% 181% -5,30%

ROI 3,40% -10% 3,78% 135% 1,61%

ROE 15,15% -5% 15,91% 165% 6,00%

Resseguradoras

Ano

JMalucelliRe

Page 63: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

53

Com o aumento do Capital Financeiro, de quase 100% entre 2009 e

2010, e um crescimento exponencial do Lucro Líquido, também no mesmo

período, o EVA® apesar de continuar negativo, apresenta uma melhora

substancial, sinalizando o ajustamento das ações para garantir criação de

riqueza na operação.

O ano de 2008, segundo indicação da resseguradora, pode ser

desconsiderado devido a MapfreRe ter iniciado operação em Novembro/2008.

Figura 18 – Análise MapfreRe

Fonte: Elaboração própria do autor

5.3 – A posição das Resseguradoras a respeito dos resultados

MunichRe

A resposta da resseguradora MunichRe indicou discordância devido a

forma da abordagem em geral no trabalho: "balance sheet approach, sem

considerar qualquer tipo de management view, que levariam a outros

resultados de ROI, entre outros KPI´s”.

Sugeriu ainda um estudo mais detalhado sobre o apontado acima, afim

de que o trabalho agrega-se ao meio acadêmico, ao público leitor e ao

mercado ressegurador, informações adequadas sobre os temas abordados.

2010 10/09 2009 09/08 2008

Lucro Bruto 11.384 530% 1.806 -

EBIT (LAJIR) 5.963 257% (3.800) -127% (1.674)

LAIR 18.761 470% 3.293 -26% 4.430

Lucro Líquido do Exercício 13.279 325% 3.121 -4% 3.251

EBIT (LAJIR) 5.963 (3.800) (1.674)

Receita Financeira 12.794 7.091 6.104

NOPBT 18.757 3.291 4.430

Impostos 7.503 1.316 1.772

Participação (335) (279) (118)

NOPAT 10.919 1.696 2.540

Capital Investido 108.673 84.100 74.451

Custo de Capital - WACC 10,11% 10,66% 10,98%

EVA (71) (7.271) (5.633)

ROIC 10,05% 2,02% 3,41%

EVA (Spread) -0,07% 99% -8,65% -14% -7,57%

ROI 3,16% 190% 1,09% -75% 4,37%

ROE 14,78% 267% 4,03% -9% 4,45%

Resseguradoras

Ano

MapfreRe

Page 64: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

54

MapfreRe

A resposta da resseguradora MapfreRe não indicou discordância

sinalizando apenas que os valores para 2008 são considerados irrelevantes

devido a MapfreRe ter iniciado operação em Novembro/2008 e da necessidade

de correção do nome MapfreRe que encontrava-se com grafia incorreta.

JMalucelliRe

A resseguradora JMalucelliRe não indicou discordância sinalizando a

clareza do trabalho.

Page 65: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

55

Capítulo 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou mostrar o desenvolvimento do cálculo do EVA®

como ferramenta de criação de riqueza ao acionista. É perceptível que o EVA®

não se trata de um novo ponto de vista, mas sim de uma metodologia de

aplicabilidade mensurativa.

É fundamental esclarecer que nem todas as decisões que elevam o

lucro da empresa são capazes de criar valor aos acionistas. Estratégias de

investimento, que incrementem o volume de vendas e os resultados

operacionais da companhia, caso não produzam um retorno suficiente para

remunerar o custo de oportunidade dos detentores do capital, destruirão o seu

valor de mercado (ASSAF NETO - 1999).

Ampliando as justificativas, outros indicativos foram demonstrados,

caracterizando que mesmo com ROE, ROI e EBIT sendo positivos, não existe

a garantia de EVA®.

Partindo dos resultados encontrados, conclui-se que o EVA® é uma

importante ferramenta de análise financeira. O EVA® apresenta uma medida

consistente de avaliação dos investimentos feitos por uma empresa, sendo

assim, aplicações que gerem um EVA negativo devem receber maior atenção.

O desempenho operacional através da elevação da receita, diminuição

dos custos, aumentos das margens brutas e operacionais, são ações que

devem garantir a evolução do EVA®, para todas as resseguradoras.

Portanto, a maximização do EVA® dependerá da excelência na gestão,

e sua perpetuidade estará condicionada ao contínuo aprimoramento das

técnicas de controle e o amadurecimento dos executivos à tomada de

decisões.

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56

Anexos

Anexo 1

Fonte: Elaboração própria do autor

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57

Anexo 2

Fonte: betaemerg.xls - http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/

Anexo 3

Fonte: Elaboração própria do autor

Industry Group Number of firms Beta D/E Ratio Tax rate Unlevered beta Cash/Firm value Unlevered beta corrected for cash

Financial Svcs. 227 0,56 57,93% 14,04% 0,37 9,62% 0,41

Financial Svcs. (Non-bank & Insurance) 53 0,68 79,25% 14,89% 0,41 12,55% 0,47

Food Processing 705 0,57 21,68% 13,70% 0,48 6,29% 0,51

Food Wholesalers 33 0,60 38,92% 15,13% 0,45 9,65% 0,50

Resseguradora Debt/Equity Imposto (T) [1+(1-T)*(D/S)] ß alavancado Debt/Equity Imposto (T) [1+(1-T)*(D/S)] ß alavancado Debt/Equity Imposto (T) [1+(1-T)*(D/S)] ß alavancado

MunichRe 583% 40% 1,058067441 0,433807651 529% 40% 1,052702417 0,431607991 334% 40% 1,033288251 0,423648183

AceRe 65% 40% 1,006507216 0,412667959 1% 40% 1,00009809 0,410040217

JmalucelliRe 345% 40% 1,034372841 0,424092865 321% 40% 1,031937634 0,42309443 272% 40% 1,027118564 0,421118611

MafreRe 367% 40% 1,036568384 0,424993037 269% 40% 1,026816068 0,420994588 2% 40% 1,000200338 0,410082139

IRBRe 312% 40% 1,03105184 0,422731254 421% 40% 1,041881938 0,427171594 523% 40% 1,052049105 0,431340133

XL Re 216% 40% 1,021492054 0,418811742 130% 40% 1,01296172 0,415314305 2% 40% 1,00020595 0,410084439

Média Ano 0,422850751 0,421370521 0,419254701

2010 2009 2008

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Anexo 4

Fonte: Elaboração própria do autor

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Anexo 5

Fonte: Elaboração própria do autor

2010 10/09 2009 09/08 2008 2010 10/09 2009 2010 10/09 2009 09/08 2008 2010 10/09 2009 09/08 2008 2010 10/09 2009 09/08 2008 2010 10/09 2009 09/08 2008

Lucro Bruto 34.011 59% 21.393 105% 10.451 11.135 - 21.121 34% 15.756 595% 2.267 11.384 530% 1.806 - 292.234 -29% 412.328 81% 228.300 11.635 1849% 597 -

EBIT (LAJIR) (3.028) 72% (11.003) -1771% (588) 7.119 1317% (585) 14.808 13% 13.118 994% 1.199 5.963 257% (3.800) -127% (1.674) 139.449 -11% 157.540 227% (124.300) (2.200) 83% (12.641) -701% (1.578)

LAIR 24.038 685% 3.061 -71% 10.389 12.064 2162% (585) 27.153 16% 23.327 220% 7.281 18.761 470% 3.293 -26% 4.430 601.944 13% 533.705 -3% 548.800 10.557 447% (3.046) -285% 1.648

Lucro Líquido do Exercício 12.382 7057% 173 -96% 4.924 7.466 1376% (585) 15.810 12% 14.092 215% 4.470 13.279 325% 3.121 -4% 3.251 399.333 8% 370.370 -8% 403.300 6.738 463% (1.856) -345% 759

EBIT (LAJIR) (3.028) (11.003) (588) 7.119 (585) 14.808 13.118 1.199 5.963 (3.800) (1.674) 139.449 157.540 (124.300) (2.200) (12.641) (1.578)

Receita Financeira 44.372 22.296 12.654 4.945 - 12.345 10.209 6.082 12.794 7.091 6.104 490.320 402.325 665.900 13.104 10.170 3.226

NOPBT 41.344 11.293 12.066 12.064 (585) 27.153 23.327 7.281 18.757 3.291 4.430 629.769 559.865 541.600 10.904 (2.471) 1.648

Impostos 16.538 4.517 4.826 4.826 (234) 10.861 9.331 2.912 7.503 1.316 1.772 251.908 223.946 216.640 4.362 (988) 659

Participação (2.820) (1.297) (943) - - - - - (335) (279) (118) - - - - - -

NOPAT 21.986 5.479 6.297 7.238 (351) 16.292 13.996 4.369 10.919 1.696 2.540 377.861 335.919 324.960 6.542 (1.483) 989

Capital Investido 180.639 118.354 110.023 86.274 61.831 109.156 92.014 77.336 108.673 84.100 74.451 2.956.509 2.834.244 2.913.617 114.942 106.637 108.595

Custo de Capital - WACC 10,27% 10,53% 10,99% 10,86% 11,03% 10,91% 10,94% 10,95% 10,11% 10,66% 10,98% 9,36% 9,34% 9,24% 10,87% 11,00% 10,97%

EVA 3.437 (6.985) (5.791) (2.131) (7.168) 4.385 3.932 (4.102) (71) (7.271) (5.633) 101.167 71.132 55.814 (5.949) (13.211) (10.929)

ROIC 12,17% 4,63% 5,72% 8,39% -0,57% 14,93% 15,21% 5,65% 10,05% 2,02% 3,41% 12,78% 11,85% 11,15% 5,69% -1,39% 0,91%

EVA (Spread) 1,90% 132% -5,90% -12% -5,26% -2,47% 79% -11,59% 4,02% -6% 4,27% 181% -5,30% -0,07% 99% -8,65% -14% -7,57% 3,42% 36% 2,51% 31% 1,92% -5,18% 58% -12,39% -23% -10,06%

ROI 1,19% 4452% 0,03% -98% 1,07% 5,45% 676% -0,95% 3,40% -10% 3,78% 135% 1,61% 3,16% 190% 1,09% -75% 4,37% 4,65% 30% 3,57% 4% 3,44% 1,94% 352% -0,77% -210% 0,70%

ROE 8,13% 4842% 0,16% -96% 4,63% 9,01% 1043% -0,96% 15,15% -5% 15,91% 165% 6,00% 14,78% 267% 4,03% -9% 4,45% 19,13% 3% 18,58% -13% 21,43% 6,14% 446% -1,78% -349% 0,71%

MunichReResseguradoras

Ano

MapfreRe IRBRe XLReAceRe JMalucelliRe

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Anexo 6

Fonte: Elaboração própria do autor

Page 71: Análise Econômica e Financeira do Mercado de Resseguros Brasileiro sob a ótica da Geração de Valor_BSP_2012

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