análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA PPG/CASA MESTRADO ACADÊMICO ANÁLISE ECONÔMICA DOS CUSTOS AMBIENTAIS DAS EMISSÕES DE CO 2 DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA A CIDADE DE MANAUS ARLENE PONTES NEGRÃO MANAUS - AM 2013

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Page 1: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE

E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA – PPG/CASA

MESTRADO ACADÊMICO

ANÁLISE ECONÔMICA DOS CUSTOS AMBIENTAIS DAS EMISSÕES

DE CO2 DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA A CIDADE DE

MANAUS

ARLENE PONTES NEGRÃO

MANAUS - AM

2013

Page 2: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

ARLENE PONTES NEGRÃO

ANÁLISE ECONÔMICA DOS CUSTOS AMBIENTAIS DAS EMISSÕES

DE CO2 DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA A CIDADE DE

MANAUS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências do Ambiente

e Sustentabilidade na Amazônia da

Universidade Federal do Amazonas como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Ciências do Ambiente

e Sustentabilidade na Amazônia.

Área de concentração: Dinâmicas

Socioambientais.

Orientador: Alexandre Rivas, Ph.D.

MANAUS - AM

2013

Page 3: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

Ficha Catalográfica

(Catalogação realizada pela Biblioteca Central da UFAM)

N

385a

Negrão, Arlene Pontes

Análise econômica dos custos ambientais das emissões

de CO2 do transporte rodoviário para a cidade de Manaus /

Arlene Pontes Negrão. - Manaus, 2013.

76 fls. color. pt./br.

Dissertação (mestrado em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia) – Universidade Federal do

Amazonas.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Rivas

1. Transporte rodoviário - Manaus 2. Transporte

urbano 3. Meio ambiente 4. Mudanças climáticas I. Rivas,

Alexandre (Orient.) II. Universidade Federal do Amazonas

III. Título

CDU(1997) 656.1:504.3(811.3)(043.3)

Page 4: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

ARLENE PONTES NEGRÃO

ANÁLISE ECONÔMICA DOS CUSTOS AMBIENTAIS DAS EMISSÕES

DE CO2 DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA A CIDADE DE

MANAUS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências do Ambiente e

Sustentabilidade na Amazônia da

Universidade Federal do Amazonas como

requisito parcial para obtenção ao título de

Mestre.

Aprovada em: 19/11/ 2013.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Alexandre Almir Ferreira Rivas, Ph.D.

Orientador

Universidade Federal do Amazonas

CCA – Centro de Ciências do Ambiente

Prof. Henrique dos Santos Pereira, Ph.D.

Membro - Presidente

Universidade Federal do Amazonas

CCA – Centro de Ciências do Ambiente

Prof. Sylvio Mário Puga Ferreira, Dr.

Membro

Universidade Federal do Amazonas

FES – Faculdade de Estudos Sociais

Prof. José Luiz de Souza Pio, Dr.

Membro Universidade Federal do Amazonas

ICOMP – Instituto de Computação

Page 5: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

À minha filha Isabella, pelo apoio incondicional e pelos muitos momentos que precisei estar

ausente durante o mestrado.

À minha família, pelo apoio e reconhecimento.

Page 6: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

AGRADECIMENTOS

Em especial ao professor Alexandre Rivas, não apenas pela valiosa orientação e sugestões na

elaboração desta dissertação, mas, sobretudo pelo apoio, paciência, sua tranquilidade nas

horas difíceis, pelo grande aprendizado em Economia e por me fazer olhar além do problema

da pesquisa.

Ao professor Henrique Pereira pela atenção, paciência, apoio, e por ter me ensinado a

começar tudo de novo, se for preciso. E sem perceber, mostrou novos rumos pra minha

dissertação.

Ao professor Neliton Marques pelas dicas pontuais. Por ser incrivelmente acessível em seus

conhecimentos. E por ter me ensinado a não deixar a barreira do idioma limitar minha

pesquisa.

À Banca de professores pelo conhecimento adicionado.

À Associação Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, pelas

informações prestadas sem as quais seria impossível o desenvolvimento deste trabalho.

Especialmente ao Sr. Noel Santos, gerente de fiscalização da região norte, por sua atenção e

rapidez no fornecimento dos dados. E ao Sr. Rubens Freitas, Superintendente Adjunto de

Abastecimento, pela generosidade em contribuir com seus conhecimentos.

À CIGÁS pelo pronto atendimento nas informações solicitadas.

Ao DETRAN-AM pela atenção dispensada.

Aos Professores do PPGCASA pelas aulas e pelo conhecimento compartilhado.

Ao professor Jose Luiz de Souza Pio, pela ajuda inestimável muito antes do mestrado.

Ao professor Paulo Renan Gomes da Silva, pela presença marcante e pelo companheirismo.

Aos funcionários da secretaria pela ajuda incondicional nos momentos de “aflição

acadêmica”.

À CAPES pela concessão da bolsa de estudos, a qual me proporcionou novas possibilidades.

À Universidade Federal do Amazonas, instituição a qual devo minha formação completa,

gratuita e de qualidade.

À minha família pelo apoio incondicional sem o qual não teria realizado este Mestrado.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho se

tornasse realidade.

Page 7: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

“De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estamos

sempre começando, a certeza de que é preciso continuar e

a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo,

da queda, um passo de dança, do medo, uma escada, do

sonho, uma ponte, da procura um encontro...”.

(Fernando Sabino)

Page 8: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

Resumo da Dissertação apresentada à UFAM como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANÁLISE ECONÔMICA DOS CUSTOS AMBIENTAIS DAS EMISSÕES DE CO2 DO

TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA A CIDADE DE MANAUS

Arlene Pontes Negrão

Dezembro/2013

Orientador: Alexandre Rivas, Ph.D.

Programa: Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Os transportes contribuem de forma significativa para o crescimento econômico. A maioria

das formas de transporte afeta a sociedade tanto de forma positiva como também dão origem a

efeitos paralelos, e os custos desses efeitos não são geralmente suportados por seus

utilizadores. Os veículos rodoviários têm seus impactos cumulativos causados pelas emissões

provenientes da queima de combustíveis fósseis que resultam na degradação ambiental e

contribuem para o incremento na concentração global de dióxido de carbono (CO2) na

atmosfera. A internalização desses efeitos significa trazê-los para o processo decisório dos

utilizadores e pode ser feita de forma regulatória ou na forma de instrumentos econômicos de

mercado. Para se conhecer o nível de emissões e as principais fontes do setor rodoviário da

cidade de Manaus, utilizou-se a metodologia Top-Down para a elaboração de inventários do

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, adaptada para a escala municipal. Os

valores encontrados demonstraram que na matriz de transportes da cidade é predominante o

modal rodoviário, com grande parcela nas emissões devido sua total dependência dos

combustíveis fósseis. Com o aumento da taxa de motorização, observada nesse período, é

esperado que o transporte rodoviário continue preponderante. Nesse contexto, foi evidenciado

que a análise econômica auxilia no equilíbrio de mercado utilizando incentivos econômicos

na internalização dos custos ambientais como estímulo para a redução das emissões, em sua

forma alternativa, os Certificados Negociáveis de Poluição.

Palavras-chave: transportes; dióxido de carbono (CO2); incentivos econômicos, mudanças

climáticas.

Page 9: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

Abstract of Dissertation presented to UFAM as a partial fulfillment of the requirements for

the degree of Master of Science (M.Sc.)

ECONOMIC ANALYSIS OF ENVIRONMENTAL COSTS OF CO2 EMISSIONS OF

ROAD TRANSPORT FOR THE CITY OF MANAUS

Arlene Pontes Negrão

December/2013

Advisor: Alexandre Rivas, Ph.D.

Department: Environmental Science and Sustainability in the Amazon

Transport contributes significantly to economic growth. Most forms of transport affect society

both positively as well as give rise to parallel effects, and costs of these effects are generally

not supported by its users. Road vehicles have their cumulative impacts caused by emissions

from the burning of fossil fuels that result in environmental degradation and contribute to the

increase in the global concentration of carbon dioxide (CO2) in the atmosphere. The

internalization of these effects means bring them into the decision making process of users

and can be made in the form of regulatory or economic instruments market. To know the level

of emissions and the main sources of road sector in the city of Manaus, used the Top-Down

methodology for the preparation of inventories of the Intergovernmental Panel on Climate

Change, adapted to the municipal scale values obtained showed that the matrix city transport

is predominant railroads, with large plot in emissions due to its total dependence on fossil

fuels. With increasing motorization rate observed during this period, it is expected that the

road still predominant. In this context, it was evident that economic analysis assists in

balancing market using economic incentives to internalize environmental costs as an incentive

to reduce emissions, in its alternative form, in its alternative form, Certified Emission

Reduction.

Keywords: transport; carbon dioxide (CO2); economic incentives; climate change

Page 10: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 – A importância do Tema ............................................................................................... 01

1.2 – Justificativa .................................................................................................................. 10

1.3 – Questão da Pesquisa .................................................................................................... 12

1.4 – Objetivo Geral ............................................................................................................. 12

1.5 – Objetivos Específicos .................................................................................................. 13

1.6 – Estrutura da Dissertação .............................................................................................. 13

CAPÍTULO 2 – INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE POLÍTICA AMBIENTAL

2.1 – O Conceito de custo ambiental ..................................................................................... 14

2.2 – As falhas de mercado ................................................................................................... 15

2.2.1 – Os bens públicos ............................................................................................. 16

2.2.2 – As externalidades ........................................................................................... 17

2.3 - Ótimo econômico na presença de externalidades ......................................................... 18

2.3.1 – Teoria de Pigou .............................................................................................. 18

2.3.2 – Teoria de Coase .............................................................................................. 19

2.4 – Nível ótimo de poluição ............................................................................................... 20

2.5 – A intervenção governamental nas externalidades ........................................................ 22

2.5.1 – Instrumentos de regulação direta ou de comando e controle ........................ 23

2.5.2 – Instrumentos econômicos e fiscais ou de mercado ........................................ 24

CAPÍTULO 3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Área de estudo .............................................................................................................. 29

3.2 – O setor de transportes na cidade de Manaus ............................................................... 31

3.3 – Caracterizações de sua frota ........................................................................................ 32

3.3.1 – O crescimento da frota .................................................................................. 32

3.3.2 – As emissões de poluentes em Manaus ........................................................... 34

3.3.3 – Metodologia de contabilização utilizada (Top-Down) .................................. 35

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Resultados obtidos da aplicação da metodologia Top-Down ....................................... 43

4.2 – Análise econômica das emissões no setor de transportes ............................................. 49

Page 11: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

4.2.2. A estimativa do custo ambiental das emissões .......................................................... 49

4.2.2.1. A quantificação do carbono ....................................................................... 49

4.2.2.2. O preço do carbono .................................................................................... 49

4.2.2.3. A estimativa do custo externo ..................................................................... 50

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................. 53

REFERÊNCIAS CONSULTADAS .................................................................................. 56

Page 12: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Balanço Energético da Terra.................................................................................... 02

Figura 2 - Concentração atmosférica de CO2, CH4 e N2O nos últimos 10.000 anos ............... 03

Figura 3 - Concentrações atmosféricas e antropogênicas de CO2 ............................................ 04

Figura 4 - Emissões brasileiras totais de CO2 por modal ......................................................... 08

Figura 5 - Espectro dos custos ambientais ............................................................................... 14

Figura 6 - Custo externo de produção ...................................................................................... 18

Figura 7 - Nível ótimo de emissões .......................................................................................... 21

Figura 8 - Inovação tecnológica reduz os custos de abatimento .............................................. 22

Figura 9 - Comportamento dos poluidores em relação aos direitos de emissão vendíveis ...... 26

Figura 10 - Direitos de emissão como medida de custo mínimo.............................................. 27

Figura 11 - Perímetro urbano da cidade de Manaus conforme a nova divisão de bairros........ 29

Figura 12 - Mobilidade nas áreas metropolitanas do Brasil nos anos de 1977 e 2005 ............. 31

Figura 13 - Crescimento do número de automóveis nas metrópoles ........................................ 32

Figura 14 - Crescimento do número de motocicletas nas metrópoles ...................................... 32

Figura 15 - Distribuição dos principais modos de transporte de Manaus (2007 e 2012) ......... 34

Figura 16 - Fluxograma simplificado do cálculo das emissões pela metodologia Top-Down . 35

Page 13: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Custos de Transporte ............................................................................................... 09

Tabela 2 - Frota de Manaus por segmento dos anos de 2007 a 2012 ....................................... 33

Tabela 3 - Consumo de combustíveis fósseis líquidos e gasosos na cidade de Manaus (2007-

2012) ......................................................................................................................................... 38

Tabela 4 - Fatores de Conversão para tep médio...................................................................... 38

Tabela 5 - Fatores de emissão de Carbono ............................................................................... 39

Tabela 6 - Frações de Carbono Oxidadas ................................................................................. 41

Tabela 7 - Quantidade de energia (TJ) fornecida por cada combustível de 2007 a 2012 na

cidade de Manaus. ................................................................................................................... 44

Tabela 8 - Emissões de CO2 (Gg CO2) no período de 2007 a 2012 na cidade de Manaus ..... 45

Tabela 9 - Emissões de CO2 (Gg CO2) de combustíveis fósseis na cidade de Manaus – 2010 a

2012 .......................................................................................................................................... 47

Tabela 10 – Valor do PIB de Manaus (2007-2012) e as emissões de CO2 dos transportes com

o respectivo custo ambiental..................................................................................................... 50

Page 14: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comparação entre o aumento da frota e o consumo energético da cidade de

Manaus ..................................................................................................................................... 43

Gráfico 2 - Consumo de combustíveis (TJ) da cidade de Manaus do período de 2007 a 2012

.................................................................................................................................................. 44

Gráfico 3 - Emissões de CO2 no consumo de combustíveis (TJ) da cidade de Manaus no

Período de 2007 a 2012 ............................................................................................................ 45

Gráfico 4 - Emissão de CO2 por tipo de combustível o modo rodoviário (Gg CO2/TJ) ......... 47

Gráfico 5 - Participação do transporte rodoviário leve, transporte rodoviário pesado e

transporte aeroviário nas emissões de CO2 em Manaus ........................................................... 48

Gráfico 6 - Tendência de emissão de CO2 dos combustíveis fósseis dos transportes na cidade

de Manaus entre 2007 a 2012...................................................................................................51

Page 15: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

1

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1. A importância do Tema

“O aquecimento global é inequívoco”. Com esta afirmação, em 2007, o Relatório da

Quarta Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

(Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC, 2007), divulga entre seus resultados, o

aumento das temperaturas médias globais do ar e dos oceanos e o derretimento das geleiras

das calotas polares. Houve unanimidade entre os cientistas, que a maior parte dessas emissões

foi consequência das atividades humanas. Dentre as quais, a queima de combustíveis fósseis,

que ocorre principalmente nos grandes centros devido à demanda crescente por transportes.

Este setor por ser extremamente dependente de petróleo contribui com grande importância

para as emissões de gases de efeito estufa (GEE). O aumento da concentração desses gases na

atmosfera pode causar mudanças no clima e trazer consequências catastróficas para a

humanidade, sugerem as projeções (IPCC, 2007).

A atmosfera é uma camada composta por gases que envolvem a Terra e permitem a

passagem das radiações solares para sua superfície. Esta mesma camada, aprisiona parte do

calor refletido pela superfície terrestre de volta ao espaço, regulando a temperatura média na

Terra, em torno de 15º C. Em caso contrário, a temperatura média seria por volta de 18º C

abaixo de zero, extremamente desfavorável à vida no planeta.

Para que seja mantida a estabilidade do clima e dos ecossistemas terrestres, a

atmosfera apresenta em sua composição, em mais de 99%, os gases de Nitrogênio (N2),

Oxigênio (O2) e Argônio (Ar). O restante contém pequenas quantidades de outros gases,

também conhecidos como gases traços, onde se destacam em maiores concentrações, o

dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o ozônio (O3), o vapor

d’água (H2O) e os compostos de clorofluorcarbono (CFC), também conhecidos por freons.

Esses gases, embora não dominantes, apresentam moléculas com modos de vibração e rotação

semelhantes aos da radiação infravermelha e alto potencial de interação com outros elementos

químicos. O que lhes dá a propriedade de absorção/emissão da radiação, reduzindo a

capacidade de emissão pela Terra. Por estas características e sendo responsáveis pelo aumento

da temperatura da superfície terrestre, são chamados de “Gases de Efeito Estufa” (MOLION,

2007; VEIGA, 2008).

Page 16: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

2

Neste fenômeno, a Figura 1 mostra o sol emitindo radiação eletromagnética (342

W/m-2

) na forma denominada de radiação de ondas curtas e visível ao olho humano, (ROC)

que alcança a Terra, a atmosfera e os oceanos. Parte desta radiação atravessa a camada da

atmosfera, enquanto a outra é refletida pelas nuvens, atmosfera e superfície terrestre (107

W/m-2

). A radiação que alcança a superfície terrestre é absorvida (168 W/m-2

) aquecendo-a e

participando de importantes processos, dentro os quais a evapotranspiração. É emitida de

volta para o espaço em forma chamada de radiação de ondas longas (ROL), que são lançadas

em todas as direções, inclusive de volta para a superfície do planeta (235 W/m-2

). Este

processo é mais conhecido como “Efeito Estufa”, que controla naturalmente as temperaturas

na terra, mantendo-a aquecida e com estabilidade climática (IPCC, 1996). A mesma energia

solar que a Terra recebe (ROC) é enviada em igual quantidade de volta ao espaço, mas na

forma de radiação infravermelha e fora do espectro visível (ROL).

Figura 1 – Balanço Energético da Terra. Demonstrado pelo movimento das setas, corresponde à razão

entre a quantidade de energia solar que entra e que sai do planeta, se em equilíbrio, mantém o clima

praticamente inalterado. A mudança na quantidade de energia refletida pela superfície de volta para o

espaço leva a uma maior quantidade de energia absorvida (324 W/m-2

) aumentando a temperatura, uma

consequência do chamado efeito estufa que intensifica os fenômenos das mudanças climáticas.

Fonte: Adaptado do IPCC, 1996.

Page 17: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

3

Contudo, alterações na quantidade dos gases causadores do efeito estufa, nos

aerossóis1 da atmosfera, na radiação solar e nas propriedades da superfície terrestre, alteram o

equilíbrio energético. O aumento da concentração, além dos níveis normais, dos GEE na

atmosfera interfere na elevação da temperatura média global. Essa concentração não deve

ultrapassar os 400 ppm (partes por milhão)2 para que o aumento da temperatura não supere os

2º C, em relação aos níveis do período pré-industrial (IPCC, 2007a).

A Figura 2 mostra os gráficos que ilustram, a partir de amostras de núcleos de gelo da

Antártida, perfurações com profundidades diversas, em torno de 3 mil metros de

comprimento, em que as bolhas de ar foram preservadas ao curso de milhares de anos e

analisadas quanto às concentrações de gases do efeito estufa, e revelaram a composição

atmosférica referente a cada período do passado. Conforme as amostras, o crescente aumento

nas emissões de CO2, CH4 e N2O (os principais gases do efeito estufa) a partir de 1750, deve-

se a relevante participação humana sobre o clima na Terra. Esses gases são denominados

gases de efeito estufa de longa duração, porque permanecem por algumas décadas na

atmosfera, com influência de longo prazo no clima (Op. cit., 2007a).

Figura 2 - Concentração atmosférica de CO2, CH4 e N2O ocorrida nos últimos 10.000 anos. As medições

foram obtidas a partir de testemunhos de gelo (cores diferentes correspondem aos diferentes estudos) e

amostras atmosféricas (linhas vermelhas), observados nos painéis grandes e, nos menores desde 1750.

Fonte: IPCC, 2007

O aquecimento global é um fenômeno climático de grande amplitude. A concentração

atmosférica global de CO2 em 2005 ultrapassou a faixa do ano de 1750, saltou de 280 ppm

para 379 ppm3, representando um incremento de 30%, aproximadamente. Sua principal fonte

1 Aerossóis são pequenas partículas, solidas ou líquidas, que ficam em suspensão na atmosfera. As atividades

humanas afetam diretamente sua quantidade, o que acaba afetando o clima de outras maneiras. Influenciam o

forçamento radiativo direta ou indiretamente (DUBEUX, 2007).

2 “Ppm (partes por milhão) ou ppb (partes por bilhão 1 bilhão = 1.000 milhões) é o quociente do número de

moléculas do gás estufa e o número total de moléculas de ar seco. Por exemplo, 300 ppm significa 300

moléculas de gás estufa por milhão de moléculas de ar seco” (IPCC, 2007).

Page 18: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

4

de crescimento é a utilização de combustíveis fósseis (gasolina, carvão mineral, gás natural e

xisto), seguido em menor escala pela mudança no uso do solo. E se mantida essa taxa de

crescimento, as concentrações deverão atingir o nível de 500 ppmv (partes por milhão por

volume) no final do século XXI. As análises apontam para um aumento médio da temperatura

da superfície global entre 1,5º C e 2º C em relação ao período entre 1850 a 1900, em todos os

cenários, até o final do século XXI (IPCCa, 2013). E entre os aspectos relacionados com a

América Latina para o ano de 2050, está o aumento da temperatura e associadas diminuições

na água, devendo resultar em: mudança do uso da terra, alterações na precipitação e gradual

substituição da floresta tropical por savana na Amazônia Ocidental (IPCC, 2007b).

Houve um incremento nas emissões mundiais de GEE desde o início da Revolução

Industrial, com acentuado crescimento a partir de 1945 (Figura 3). Sobretudo, devido ao

acelerado processo de migração da área rural para a urbana. Este aumento dos aglomerados

urbanos e a densidade demográfica são apontados como uma das principais causas das

emissões de gases poluentes em virtude, principalmente, do crescimento no consumo das

famílias, a queima de combustíveis fósseis devido a maior demanda por transportes, o

desmatamento e a atividade de pecuária.

Figura 3 - Concentrações atmosféricas e antropogênicas de CO2. Estas medidas foram tomadas desde o

início da Revolução Industrial até os dias atuais.

Fonte: IPAM/The Woods Hole Research Center, 2008

Page 19: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

5

Redução da Camada de Ozônio

Os elevados níveis no padrão de consumo e a possível mudança no funcionamento do

sistema climático despertaram a atenção da comunidade científica, principalmente mostrando

prováveis evidências entre as atividades humanas e as alterações climáticas. Em 1972, a ONU

convoca em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, o

evento foi um marco ao abordar a necessidade da preservação e melhoria do ambiente em que

o homem vive. O que culminou, no mesmo ano, na criação do Programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente (PNUMA), com a finalidade de coordenar os trabalhos da ONU sobre

o meio ambiente em nível global.

Em 1985, o PNUMA organizou uma convenção global, conhecida como Convenção

de Viena, assinada pelo Brasil e outros países, com a finalidade de combater as causas da

redução na camada de ozônio, ao adotar medidas de proteção para a saúde humana e do meio

ambiente. Criou as bases para discussões e negociações até o Protocolo de Montreal em 1988,

em que os países signatários comprometem-se com a redução da produção, comercialização e

consumo de substâncias com potencial de destruição da camada de ozônio. Foi o primeiro

tratado ambiental de esfera internacional de medidas com obrigações legais. Desde a sua

criação o Protocolo de Montreal vem sofrendo alterações e emendas, em reuniões anuais

chamadas de Encontro das Partes.

Protocolo de Quioto

Nos anos de 1979 e 1980 foram realizadas em Genebra, a primeira e a segunda

Conferência Mundial do Clima, respectivamente, tendo como foco central as mudanças

climáticas e o aquecimento global, demonstrando o alerta de grupos científicos a respeito das

alterações nas concentrações de diferentes gases na atmosfera e a relação com um

aquecimento global em curso, devido a grande parcela de GEE, que não poderia ser

justificada por causas naturais, e sim pela interferência do homem. Como resultado, em 1988,

foi criado o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão científico

internacional para avaliação das mudanças climáticas sob os auspícios da ONU, estabelecido

pela Organização Mundial de Meteorologia e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente para acompanhar a percepção da ação antropogênica e sua influência no clima do

planeta. Entre seus documentos publicados, o primeiro Relatório de Avaliação ensejou a

criação da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança no Clima.

Page 20: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

6

Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CNUMAD) realizada no Rio de Janeiro (RIO-92), foi firmada a

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), com o

objetivo de unir esforços para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na

atmosfera em um nível que impeça a interferência antrópica considerada perigosa no sistema

climático, como também mitigar os efeitos dos já considerados impactos inevitáveis. Os

governos que assinaram, incluindo o Brasil, comprometeram-se com uma estratégia global em

“proteger o sistema climático em benefício das gerações presentes e futuras”.

Na terceira sessão da Conferência das Partes (COP), considerado o órgão supremo da

Convenção do Clima, realizada em Quioto no ano de 1997, foi adotado o Protocolo no qual os

países industrializados, ou Partes do Anexo I, comprometeram-se em reduzir suas emissões

combinadas de gases de efeito estufa, a no mínimo, 5,2 % abaixo dos níveis de 1990, no

período compreendido entre 2008 e 2012, reconhecendo sua grande responsabilidade histórica

pela mudança no clima, conhecido como Protocolo de Quioto.

Aos países não desenvolvidos, ou Países do Não-Anexo I, como o Brasil, não foram

impostas obrigações, e sim um padrão de crescimento com ações de mitigação de suas

emissões GEE, com recursos financeiros e tecnologia dos países desenvolvidos. Estabeleceu

ainda, além das metas de emissões3, três mecanismos de flexibilização: Comércio de

Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)4, este

último, sendo o único a permitir a participação ativa dos países Não-Anexo I. Nele, os países

do Anexo I podem adquirir reduções certificadas de emissões advindas de projetos

implementados nos países do Não-Anexo I, para o alcance de suas metas de redução, a custos

marginais menores e com redução no custo total.

Emissões de CO2

No mundo, o setor de transportes responde por 20% das emissões globais de CO2, e o

Brasil é responsável por cerca de 9% do total das emissões (CNT, 2009). Se considerarmos

3 “Emissões” significa a liberação de gases de efeito estufa e/ou seus precursores na atmosfera numa área

específica e num período determinado (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).

4 O Protocolo de Quioto define o objetivo do MDL conforme o artigo 12: “A finalidade do MDL é ajudar países

em desenvolvimento a atingir o desenvolvimento sustentável e contribuir para o objetivo final da Convenção, e

ajudar os países desenvolvidos a adequarem-se aos seus compromissos quantitativos de limitação e redução das

emissões” (Artigo 12.2).

Page 21: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

7

apenas o transporte rodoviário, o sistema de ônibus, responsável por mais de 60% dos

deslocamentos, contribui com 7% das emissões do setor. Enquanto que os automóveis atuam

em menos de 30% dos deslocamentos, participam com metade dessas emissões. Isto ocorre

porque o transporte de pessoas e mercadorias sempre esteve associado a algum tipo de

poluição, atmosférica, sonora ou visual (CARVALHO, 2011).

No Brasil, 80% da população vivem em área urbana, com significativa participação no

consumo energético e nas emissões de CO2. Em grande parte, devido ao uso do transporte

individual motorizado, considerado o mais poluente, e também em relação à distância média

das viagens motorizadas realizadas. Essa mudança ocorrida na estrutura das cidades trouxe

consequências geradoras de externalidades5 negativas à sociedade, como poluição,

congestionamentos e mortes, ocasionando custos econômicos e ambientais (Op. Cit., 2011;

IPEA a).

Com efeito, o transporte individual é visto como uma solução imediata para o caos

urbano. No caso de cidades com mais de 60 mil habitantes, o transporte privado emite 15

vezes mais poluentes locais que o transporte público e quase duas vezes mais CO2 (Op. Cit.,

2011). Essa demanda por transporte individual cresce nas cidades maiores em proporções

iguais a redução das viagens a pé e por bicicleta. O transporte coletivo em cidades com mais

de 1 milhão de habitantes é o predominante com 39,4% das viagens, seguido do individual

com 33,4% de participação. Entretanto, essa mudança na matriz de transportes das cidades

custa bem mais para a sociedade, quatro vezes mais no custo dos deslocamentos por habitante

e 3,3 vezes nos custo das externalidades (BRASIL, 2007).

Transporte em Manaus

No âmbito da cidade de Manaus, a urbanização aconteceu de forma acelerada com a

criação da Zona Franca de Manaus, que atraiu um grande fluxo migratório de todas as partes

do país, principalmente nas décadas de 1960 a 1980. O que aumentou a pressão humana sobre

o meio ambiente.

5 Para efeito da Resolução do CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986. Impacto ambiental é qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de

matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, segurança e

o bem-estar da população; atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente e a quantidade dos recursos ambientais. (artigo 1º, incisos I, II, III, IV e V).

Page 22: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

8

A falta de planejamento e a não adequação do sistema viário ao crescimento da cidade

fizeram com que os transportes predominantes sejam os motorizados, ampliando a

dependência da população por ônibus ou automóvel. 71,7% dos deslocamentos realizados na

cidade são em modos motorizados (ônibus, automóvel, ônibus fretado, micro-ônibus e vans,

motos, táxi e caminhão), estando bem acima da média nacional que é de 58,7%, como

verificado por Souza (2009).

Essa deficiência é bem visível quando analisada a taxa de motorização da cidade, mais

que dobrou entre os anos de 1991 a 2007. Saiu de 0.9% em 2001 para 1,9% no ano de 2007.

Neste mesmo período, a população apresentou média de crescimento de 4% a.a., enquanto a

frota de veículos apresentou 7,4% a.a. (SOUZA, Op. cit.). Esse aumento da frota da cidade

coincide com os níveis crescentes das emissões de CO2 no setor de transportes rodoviários do

Brasil, conforme demonstrado na Figura 4, abaixo:

Figura 4 - Emissões totais brasileiras de CO2 por modal. Fonte: FGV, 2010.

Os custos dos transportes

Dentre os estudos na área do setor de transportes, o Instituto Canadense Victoria

Transport Policy Institute (VTPI) realizou um trabalho de identificação dos custos gerados

pelos transportes, no qual foram identificadas 23 categorias para os 11 modos observados.

Foram analisados em sua totalidade, inclusive, os internalizados, os externalizados, os

tangíveis e os intangíveis, no sentido de verificar quem realmente paga e quem se beneficia

dos investimentos em transportes.

Nesse estudo, os custos foram classificados como internos, quando suportados

diretamente pelo usuário; os externos são os impostos aos não usuários dos transportes; os

Page 23: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

9

variáveis e os fixos estão relacionados à quantidade de viagens; e os de mercado e não-

mercado, quando envolvem bens regularmente negociados em mercados competitivos. Os

benefícios e os custos variam de acordo com os diferentes modos de viagens e condições,

conforme Tabela 1, abaixo:

Tabela 1 - Custos de Transporte

Custo Pertinência Comportamento Natureza

01. Propriedade do veículo I F M

02. Operação do veículo I V M

03. Subsídios de operação E F M

04. Tempo de viagem I V NM

05. Acidente Interno I V NM

06. Acidente Externo E V MISTO

07. Benefícios internos para a saúde* I V MISTO

08. Benefícios externos para a saúde* E V MISTO

09. Estacionamento interno I F M

10. Estacionamento externo E V M

11. Congestionamento E V MISTO

12. Equipamento viário E V M

13. Valor da terra na via E F M

14. Serviços municipais E V M

15. Disponibilidade de transportes E V NM

16. Poluição atmosférica E V NM

17. Gases de efeito estufa E V MISTO

18. Ruído E V NM

19. Consumo dos recursos E V MISTO

20. Efeito-barreira E V NM

21. Impactos no uso do solo E F MISTO

22. Poluição da água E V NM

23. Disposição de detritos/lixo E V NM

Fonte: Litman (2009), tradução nossa.

I – interno, E – externo, F – Fixo, V- Variável, M – Mercado, NM – Não-Mercado

* Na análise custo-benefício, quando uma categoria de impacto nos transportes é classificada como um

benefício, mas o valor é negativo, significa que é um custo, mas agrupado como benefício no relatório. É a

eficiência do benefício, quando reduz os custos de congestionamentos rodoviários e de estacionamento, os

acidentes e as emissões de poluentes (LITMAN, 2013, tradução nossa). São classificados como os benefícios

internos, os benefícios de saúde da atividade de transito para os viajantes e os externos são os benefícios das

atividades de trânsito para a sociedade (LITMAN, 2009, tradução nossa).

Foi verificado que os custos externos superam um terço do total de custos dos

transportes, e os custos fixos contabilizam apenas 28% do total, comprovando que o uso dos

automóveis impõe custos subvalorizados, pois as externalidades geradas pelo proprietário são

Page 24: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

10

compartilhadas com toda a sociedade (LITMAN, 2009). Evidenciando que os preços cobrados

não refletem os custos reais da atividade.

Dentre os custos relacionados estão o da poluição atmosférica e dos gases de efeito

estufa, e nesse aspecto, os poluentes lançados na atmosfera por veículos automotores

constituem um grande desafio para a Economia Ambiental. Pois, as reduções das emissões,

particularmente em países subdesenvolvidos, envolvem o comprometimento da atividade

econômica com grande possibilidade de impactos na renda, já que o crescimento econômico

está associado a níveis crescentes das emissões.

O instrumento de mercado conhecido como MDL é a ferramenta criada pelo Protocolo

de Quioto na promoção de tecnologias limpas nos países em desenvolvimento com a intenção

de coibir as emissões de GEE. Onde cada tonelada de CO2 equivalente deixada de ser emitida

ou retirada da atmosfera se transforma em uma unidade de crédito de carbono, chamada de

Redução Certificada de Emissão (RCE), que poderá ser negociada no mercado mundial ou

diretamente vinculada a um país desenvolvido que investiu em projetos de MDL. A

quantidade máxima de poluição é determinada de acordo com a meta de qualidade

estabelecida, onde o agente poluidor só poderá emitir a quantidade de poluente igual ao

constante no certificado (CÁNEPA, 2010).

Os mecanismos econômicos são facilmente identificáveis quando países

desenvolvidos precisam do mercado de créditos de carbono, para negociar seus limites de

emissão. É uma forma de desencorajar a conduta de degradar o meio ambiente, impondo ao

poluidor o pagamento, caso continue a poluir. Busca-se o equilíbrio entre o desenvolvimento

econômico e a qualidade ambiental, para que os recursos de hoje não se esgotem ou tornem-se

inócuos (FIORILLO, 2003).

Com base no exposto, mostrar a importância do setor de transportes na emissão de

gases de efeito estufa, por intermédio de uma análise quantitativa, torna-se crucial para decidir

qual a melhor estratégia de redução ou abatimento das emissões deve ser tomada a caminho

de uma economia de baixo carbono para a cidade de Manaus.

1.2. Justificativa

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE: “O Censo

2010 mostra que a população é mais urbanizada que há 10 anos: em 2000, 81% dos brasileiros

Page 25: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

11

viviam em áreas urbanas, agora são 84%”. Houve mudanças também no ranking dos maiores

municípios, e Manaus passa de 9º para 7º, com aproximadamente 1.800.000 habitantes,

estando entre os dez municípios mais populosos do País. Seguramente, já enfrentando

dificuldades explícitas na gestão da mobilidade urbana com, aproximados, 581.479 veículos

(Jan/2013) circulando na capital de maior frota da região Norte (DETRAN/AM).

Este panorama, Manaus já está apresentando e vem de encontro a algumas

manifestações políticas que demonstram a preocupação com o tema. Como é o caso do

Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), em que as cidades com mais de 500 mil habitantes

são obrigadas a elaborar um Plano de Transporte Urbano Integrado. Posteriormente, ampliado

com a Resolução nº 34/2005, denominado Plano Diretor de Transporte e da Mobilidade,

alterando sua abrangência, antes fragmentada, e voltada unicamente para a circulação de

veículos, e não de pessoas.

Por outro lado, a Lei das Diretrizes da Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012),

considerada um avanço no caminho da sustentabilidade, apresenta entre seus objetivos a

promoção do desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e

socioeconômicos dos deslocamentos, motorizados ou não, de pessoas e cargas na cidade.

Contudo, requer um conjunto de ações que integrem as redes de transportes, não apenas na

sede do município, mas em todo território geográfico, incluindo as subunidades territoriais.

Tais aspectos da mobilidade urbana são pré-requisitos da sustentabilidade, pois se deve

considerar que qualquer mudança nos fatores urbanísticos (população, densidade, obras de

infraestrutura, etc.) tem impacto direto na mobilidade urbana e consequentemente no meio

ambiente (OLIVEIRA JUNIOR, 2012; MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2013).

O estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada – IPEA, “Perfil

da Mobilidade Urbana no Brasil – 2003” identificou o consumo de 10,7 milhões de toneladas

equivalentes de petróleo (tep) para atender ao setor da mobilidade urbana, com 75% destinado

ao transporte individual e 25% para o transporte coletivo. Atualmente, o cenário aponta

desequilíbrios no meio ambiente devido à expressiva concentração de GEE pela queima de

combustíveis fósseis e com participação de, aproximadamente, 40% do total das emissões,

liderando a atuação do setor no nível geral de emissões do país (BRASIL, 2011a).

Antecipando legislação mais restrita, o Governo do Estado do Amazonas foi o

primeiro a lançar no país, a Lei Estadual de Mudanças Climáticas (Lei nº 3.135, de 05 de

Junho de 2007), abordando propostas para mitigação e adaptação à mudança do clima.

Page 26: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

12

Reconhecendo em seu bojo, a importância do setor de transportes em projetos com vistas à

utilização do MDL e outros mecanismos ou regimes de mercado de créditos de carbono

certificados com a finalidade de contribuir para a estabilização da concentração de GEE.

Diante do exposto, esta pesquisa justifica-se devido ao aumento da frota de veículos na

cidade e seu consumo energético intensificarem as emissões de poluentes do transporte

rodoviário urbano, e tornar relevante a realização de estudos que forneçam subsídios na

compreensão das relações entre as emissões veiculares e suas concentrações no meio

ambiente. Auxiliando no estabelecimento de políticas e ações que apoiem o controle das

emissões.

1.3. Questão da Pesquisa

Com o Brasil mais urbanizado a maioria da população concentra-se nas cidades. E a

busca por níveis cada vez maiores de crescimento econômico, torna a questão das mudanças

climáticas associadas ao meio urbano algo ainda fora da pauta de discussões.

Em escala de análise local, a área urbana recebe os efeitos térmicos cumulativos.

Razão pela qual as cidades serem fontes importantes de GEE, contribuindo com aproximados

85% para as emissões de CO2, CFCs e O3 troposférico (OKE, 1997). E dentre os poluentes

que existem em grande quantidade na atmosfera, em sua maioria, são gerados pela atividade

industrial e a de transportes.

Tendo em vista o crescimento econômico e populacional da cidade nos últimos 40

anos, o presente trabalho busca responder a seguinte questão: “Qual o custo ambiental gerado

pelas emissões de Gases de Efeito Estufa devido ao aumento da frota de veículos na cidade de

Manaus?”.

1.4. Objetivo Geral

Apresenta como objetivo geral avaliar a relevância do setor de transportes rodoviários

na emissão dos gases de efeito estufa na cidade de Manaus. Dessa maneira, estima o nível de

emissões de GEE a partir do consumo de combustíveis fósseis e renováveis, no período de

2007 a 2012. A emissão considerada é a do dióxido de carbono, principal gás do efeito estufa.

Page 27: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

13

Aborda ainda, de forma teórica, a utilização dos instrumentos econômicos na

regularização das falhas de mercado, em que os certificados negociáveis de poluição são uma

alternativa que a política ambiental encontra na teoria das externalidades.

1.5. Objetivos Específicos

Categorizar, por segmento, a frota de veículos automotores rodoviários da cidade

de Manaus, no período entre 2007 a 2012.

Identificar as externalidades negativas associados ao aumento dos GEE nos

transportes.

Calcular as emissões reais de CO2 dos veículos automotores de combustão

interna, constituindo-se em seu processo evolutivo entre os anos de 2007 a 2012.

1.6 Estrutura da dissertação

Com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as emissões de CO2 no transporte

rodoviário da cidade de Manaus e demonstrar como a política econômica pode ser uma aliada

na gestão ambiental, esta dissertação está organizada em cinco capítulos. O capítulo 1

apresenta uma introdução aos conceitos fundamentais sobre o aquecimento global e as

mudanças climáticas e como o setor de transportes pode colaborar com as emissões de GEE.

No capítulo 2 são descritos os principais conceitos da economia ambiental, abordando

a influência dos bens públicos e a teoria das externalidades. Estabelece ainda como a política

de comando e controle e os instrumentos econômicos podem auxiliar contra a poluição

atmosférica.

O capítulo 3 apresenta o estudo de caso da cidade de Manaus com a caracterização de

sua matriz de transportes. Para isso desenvolve a metodologia “Top-Down” adotada pelo

IPCC no cálculo das emissões de CO2 dos principais combustíveis fósseis relacionados com o

setor de transporte, dando ênfase ao modo rodoviário.

O capítulo 4 trata da análise dos resultados obtidos com a metodologia utilizada, e

desenvolve análise econômica com base no mercado de carbono, para estabelecer em

unidades monetárias o custo ambiental das emissões e seu impacto no PIB municipal.

Por fim, o capítulo 5 apresenta as conclusões e recomendações finais.

Page 28: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

14

CAPÍTULO 2 – INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE POLÍTICA AMBIENTAL

2.1. O conceito de custo ambiental

A atividade econômica para gerar bens e serviços incorre em custos não somente para

as partes envolvidas nas relações de produção e consumo (custos privados), mas também ao

público em geral (custos sociais). Os custos sociais incluem os custos da poluição, o

esgotamento dos recursos naturais ou a degradação do meio ambiente. Nem sempre presentes

nos preços pagos por consumidores e produtores, contudo impostos a toda sociedade (UNEP,

2002).

Os resíduos e a poluição gerados no processo produtivo das firmas e famílias, quando

retornam em forma de degradação ambiental, criam um círculo de crescimento econômico

destrutivo da natureza, com a extração contínua de recursos, retorno de resíduos ao

ecossistema e um elevado custo ambiental (HARRIS, 2006).

Esses custos são tratados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos

(Environmental Protection Agency – EPA, 1995), como aqueles incorridos na atividade da

empresa e não identificados por ela. Sendo estes, mais conhecidos como os custos sociais,

aqueles resultantes do impacto dos negócios das empresas no meio ambiente e na sociedade,

podendo ser expressos em termos físicos (ex. toneladas) ou monetários (dólares, reais). À

medida que se tornam mais expansivos, pode haver maior dificuldade em mensurá-los,

conforme demonstrado na Figura 05, abaixo:

Figura 5 - Espectro dos custos ambientais. Fonte: Adaptado da EPA, 1995.

Page 29: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

15

Conforme a teoria econômica, a eficiência do mercado se dá quando seu livre

funcionamento resulta no bem-estar da sociedade. Contudo, em determinadas circunstâncias

os mercados não produzem a eficiência econômica desejada, apresentando custos sociais

maiores que os custos privados – são as falhas de mercado.

2.2. As Falhas de Mercado

De acordo com o principio econômico da “mão invisível” introduzido por Adam Smith

(1766), no intuito de obter o máximo proveito em função de seus lucros ou manter seu bem-

estar, os indivíduos alocam os recursos da economia de forma a beneficiar a todos, e não

somente a eles. Entretanto, para que isso seja possível, é necessário haver igualdade tanto

entre os Custos Privados Marginais (CPM) e os Custos Sociais Marginais (CSM), que

simbolizam a oferta de um determinando bem, como entre os Benefícios Privados Marginais

(BPM) e os Benefícios Sociais Marginais (BSM), representando a demanda por esses bens.

O preço se ajusta buscando o equilíbrio de mercado (E) e também a igualdade entre o

custo privado marginal (CPM) e o custo social marginal (CSM), condição propícia em que o

bem-estar social atinge a maximização dos resultados no mercado (CPM = CSM). Da mesma

forma, com os benefícios privados marginais (BPM) e os benefícios sociais marginais (BSM),

que representam todos os benefícios envolvidos no consumo do bem e se igualam aos

benefícios adicionados sobre a sociedade (BPM = BSM). Situação em que os interesses

privados dos indivíduos produzem benefícios públicos.

Esse equilíbrio do mercado (via ajuste de preços) pode ser afetado por alguns fatores

que levam ao “fracasso de mercado”, quando as forças da oferta e demanda são incapazes de

mantê-lo equilibrado, ocorrendo disparidade entre o custo privado e o custo social e entre o

beneficio privado e o beneficio social. Desta forma, as pessoas não conseguem mais, agindo

em beneficio próprio, promover o bem-estar social.

Na solução de problemas ambientais o livre funcionamento de mercado é falho em

virtude do uso dos recursos ambientais não ter o seu preço reconhecido no mercado, e com

isso se afastar da eficiência no sentido de Pareto6.

6 “Uma alocação é dita Pareto-Eficiente (Ótimo de Pareto) quando não há como fazer com que todas as pessoas

envolvidas melhorem, ou quando não há como fazer com que uma pessoa melhore sem piorar a situação da

outra, todos os ganhos das outras já se exauriram, ou não há trocas vantajosas para serem efetuadas” (VARIAN,

2006).

Page 30: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

16

Segundo Kahn (2005), há cinco categorias que levam o mercado a falhar: (i) a

competição imperfeita; (ii) a informação imperfeita; (iii) as intervenções governamentais

inapropriadas; (iv) a existência de bens públicos e (v) a presença de externalidades. Nesta

pesquisa será dada ênfase às duas últimas.

2.2.1. Os bens públicos

São observadas duas características cumulativas nos bens públicos: a ‘não

exclusividade’ e a ‘não rivalidade’. A primeira consiste em que o indivíduo não pode ser

afastado do direito de fruir do bem, porque ninguém pode ser excluído do uso de um bem

público. Como exemplo clássico, temos a segurança nacional ou um farol marítimo, uma vez

disponibilizado é um direito de todos, e sua exclusão seria muito onerosa ou mesmo

impossível (PINDYCK; RUBINFELD, 1999).

A segunda significa que o indivíduo ao consumir um bem não o torna menor à

disposição de outro. Um exemplo no setor de transportes é uma ponte não congestionada. Se

um indivíduo qualquer não utilizar seu veículo, não irá afetar sua disponibilidade para a

utilização por outros, e o custo marginal da utilização é zero (PINDYCK; RUBINFELD,

1999). O uso do bem não implica na utilização de mais recursos para a sua produção, porque

está inteiramente disponível para o resto da sociedade.

O bem público não guarda mecanismo de exclusão que individualize o seu consumo,

cada um pode consumir integralmente o bem ofertado, mesmo sem arcar com a contribuição

para custear sua produção/oferta (OLSON, 1999). O resultado é a aproximação de um

comportamento oportunista, conhecido como efeito carona (free-rider), que contribui para a

suboferta de bens públicos. Cada um quer desfrutar sem ter que pagar por isso. Agindo assim,

tem a convicção de que ser apenas um em um universo de milhões de pessoas, o faça passar

despercebido. Na realidade, quanto maior o grupo de pessoas torna-se mais difícil a sua

identificação.

Segundo Nash (2007), em uma via pública livre de congestionamento e sem

impedimentos ao tráfego de todos os usuários, a sua utilização por um motorista não reduz a

disponibilidade para os outros, o que a caracteriza como um bem público. Contudo, se a via

ficar congestionada, já não mais assume a característica de bem público. A entrada de mais

veículos torna indisponível a via para os demais usuários, com reflexos na redução da

velocidade, nos congestionamentos e nas emissões.

Page 31: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

17

2.2.2. As externalidades

Uma definição mais precisa sobre externalidade é dada por Baumol & Oates (1988),

ao afirmar que ela ocorre sempre que um agente econômico (uma firma, família ou o agente

governamental) escolhe variáveis reais (não monetárias) em relações de produção ou utilidade

(nível de satisfação) com efeitos involuntários (não intencional) sobre o bem-estar dos

indivíduos. Essa ação vai, indeliberadamente, repercutir no bem-estar do outro e pode ser

positiva quando seu efeito provoca elevação no nível do bem-estar ou negativa caso ocorra

perda de bem-estar (PEARCE &TURNER, 1990).

Um dos principais problemas da atualidade e que precisa ser incorporado na análise

econômica é o da poluição atmosférica causada pelo setor de transportes. Segundo Harris

(2006), a análise básica das curvas de oferta e demanda e o equilíbrio de mercado do mundo

real dos preços e quantidades transacionadas, não refletem os efeitos para a sociedade e para o

meio ambiente. Somente se houver amparo jurídico para abordá-los.

Nesse contexto, não atentar aos problemas menos tangíveis como o das emissões de

CO2, associadas ao aquecimento global implica que os mecanismos de mercado não irão

identificar o custo externo (ou externalidades negativas) e lhe será atribuído valor zero, pois

não estarão refletidos nas decisões dos consumidores e produtores. Quando os custos externos

referentes aos transportes são ignorados, implica em maior utilização das vias e dos

transportes, além do economicamente desejável (VASCONCELLOS; LIMA, 1989).

Em outra análise das externalidades relacionadas ao uso do automóvel, Harris (2006,

Op. cit.), destaca que há contribuição de forma considerável para a poluição, como: (i)

problemas urbanos e regionais, como a chuva ácida; (ii) as emissões de CO2 que contribuem

para o aquecimento global; (iii) o arrefecimento dos condicionadores de ar antigos que

concorre para a depleção da camada de ozônio; (iv) a poluição dos lençóis freáticos com o

óleo de automóvel; (v) a produção dos automóveis que libera material tóxico para o ambiente;

(vi) comprometimento de hectares de terras rurais e campos abertos com a construção de mais

estradas, e (vii) o sal lixiviado das estradas que causa dano aos mananciais.

A Figura 6 demonstra uma forma de incluir as externalidades negativas causadas pela

poluição do setor de transportes na análise da oferta e demanda de mercado. A curva de oferta

demonstrará os custos da poluição, representada pela distância entre a curva do custo social

marginal e a curva do custo privado marginal. A curva da demanda representa as funções de

benefício privado marginal e benefício social marginal. Q1 é o nível ideal da poluição (que

Page 32: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

18

conduz ao ótimo de Pareto), o ponto onde o custo social marginal é igual ao benefício social

marginal. No ponto Q2, o resultado entre Q1 e Q2, os benefícios dos bens são menores que os

custos associados. E o resultado é um custo excedente representado pela área sombreada.

Percebe-se então, que na presença de externalidades negativas não há mais a igualdade entre o

preço e o custo marginal. O agente poluidor causa a poluição e prejudica os outros agentes e

não assume o pagamento pelos custos sociais gerados. Neste exemplo, no novo ponto de

equilíbrio e’, o preço sobe para P2 e a quantidade de emissões tende a diminuir para Q2, o que

seria benéfico no caso da poluição atmosférica.

Figura 6 - Custo externo de produção.

Fonte: Adaptado de Harris, 2006.

2.3. Ótimo Econômico na presença de externalidades

Algumas soluções levam ao equilíbrio eficiente de mercado mesmo na presença de

externalidades: são as taxas de Pigou e as negociações coesianas (COSTA, 1999). Ambas

procuraram respostas para as questões ambientais na teoria neoclássica, privilegiando a

análise de mercado ao tratar o meio ambiente como bem econômico (MAN YU, 2001).

2.3.1. Teoria de Pigou

Arthur C. Pigou em seu livro The Economics of Welfare (1938), argumentou que a

existência de externalidades é suficiente para a intervenção do governo em forma de um

Page 33: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

19

imposto que correspondesse ao valor do custo social infligido à sociedade e seguindo o

Princípio do Poluidor Pagador (MAN YU, Op. cit.).

Observou ainda, que o uso do imposto eliminaria a divergência entre o custo privado

marginal e o custo social marginal, se fosse pago pelo gerador das externalidades. A

imposição dos custos sociais para o causador passou a ser conhecida como “internalização das

externalidades”, que seria a alteração dos incentivos de modo que as pessoas considerem os

efeitos de sua ação (KAHN, 2005; MANKIW, 2011).

Para Mankiw (Op. cit.), os impostos de Pigou se diferenciam dos outros, pois corrigem

os incentivos na presença de externalidades e, portanto, deslocam a alocação dos recursos

para o mais próximo do ótimo social, estabelecendo um preço para o direito de poluir. Ele

propôs a solução das externalidades aplicando o imposto sobre o produto e não sobre a

produção, por associar às externalidades a causa dos custos sociais.

2.3.2. Teoria de Coase

Ronald Coase (1960) propunha uma nova abordagem, ele defendia a ideia de que os

agentes privados poderiam negociar sem custo a alocação de recursos, a partir de direitos de

propriedade bem definidos, pois o mercado privado irá automaticamente gerar um nível ótimo

de externalidades. Conforme Mankiw (Op. cit.):

“O teorema de Coase diz que atores econômicos privados podem resolver o

problema das externalidades entre si. Qualquer que seja a distribuição de direitos, as

partes interessadas podem sempre chegar a um acordo em que cada uma das partes

fique em melhor situação e o resultado seja eficiente”.

Porém nem sempre é fácil chegar a um acordo eficiente, principalmente nos casos

em que (i) a negociação resulte em impasse, (ii) o número de interessados for muito grande,

(iii) envolva altos custos de transação, ou mesmo (iv) a impossibilidade em identificar os

envolvidos, e (v) no caso em que o direito de propriedade não esteja claramente definido.

Quando o interesse da sociedade prevalece sobre o das vítimas diretas, há a maximização da

produção coletiva (MAN YU, Op. cit.).

Contudo, não é a melhor opção para tratar das emissões veiculares, pois há a

necessidade de reconhecimento dos envolvidos para aplicação da teoria, o que não acontece

no cenário do trânsito de veículos que os agentes são por vezes indeterminados. Há ainda ao

fato de que em mercados livres, os indivíduos com menor poder aquisitivo são os que

Page 34: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

20

suportam os maiores encargos dos custos ambientais. De igual forma, as espécies animais ou

os serviços ecossistêmicos, não apresentariam grande representatividade no mercado para

defender-se dos efeitos dos poluentes (HARRIS, 2005). Nestes casos, a presença do governo é

imprescindível para diminuir as perdas sociais.

Outro ponto defendido por Coase, diz respeito à insignificância dos custos de

transação entre os acordantes. Este pressuposto é apropriado somente a um grupo pequeno de

participantes, com poder de ajustar um nível de compensação entre eles. Mas, quando a

análise se dá em grandes proporções, como é o caso das emissões de GEE afetando milhares

de pessoas e com milhares de fontes, os custos transacionais são bem mais significativos.

2.4. Nível ótimo de poluição

O conceito de nível ótimo de poluição parece controverso, mas para alcançarmos a

poluição “zero”, teoricamente, é necessário que não haja produção alguma. Pois, em qualquer

nível de produção ou consumo haverá custos inevitáveis associados.

Nesse entendimento, Kahn (2005) enfatiza que existem duas categorias de custos

relacionados com a poluição: os custos relativos aos danos que a poluição cria por intermédio

da degradação do meio ambiente físico, natural e social (representado pela função de dano

marginal). Que incluem efeitos sobre os ecossistemas, à saúde humana, inibição da atividade

econômica, às estruturas criadas pelo homem e aos efeitos estéticos. E os custos de redução

da poluição (representado pela função de custo marginal de abatimento), que incluem os

custos de oportunidade (produção ou consumo) dos recursos utilizados na redução da

poluição e os custos do trabalho, capital e energia necessários para diminuir as emissões de

poluição.

Aplicando este raciocínio no setor de transportes, o alcance deste equilíbrio se dá pelo

seguinte mecanismo: quando um pequeno aumento em qualquer atividade de transporte

produz um benefício marginal, existe um custo marginal associado. Obviamente, se o

benefício marginal excede o custo marginal, o aumento na atividade aumentará os benefícios

totais líquidos. Por outro lado, quando o custo marginal excede o benefício marginal, uma

pequena diminuição da atividade vai aumentar o total de beneficiados. Somente quando o

custo marginal for igual ao benefício marginal é que uma situação ideal existe. No caso das

emissões de CO2, o nível estável está entre o custo de uma unidade a menos de emissão e o

benefício marginal ao se deixar de emitir esta mesma unidade de CO2. Pois, neste ponto os

Page 35: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

21

custos se compensam e estariam aceitáveis em relação ao bem-estar da sociedade e a

degradação ambiental.

A Figura 7 mostra que o nível de emissões sendo menor que e* (a sua esquerda), o

custo marginal de abatimento será maior. Logo, o custo de eliminar a unidade marginal da

poluição será maior que o dano causado pela unidade de poluição. E neste caso, manter a

poluição será menos oneroso. Em caso contrário, sendo o nível de poluição maior que e*,

então os danos causados pela unidade marginal de poluição serão maiores que os custos de

eliminar a unidade de poluição. No ponto e* os danos marginais (A) são iguais aos custos

marginais (B), em que o nível de produção internaliza os custos de produzir. É o ponto que

maximiza o bem-estar ou ótimo de Pareto, segundo o qual não é possível melhorar a situação

de um agente econômico sem degradar a situação de qualquer outro agente, já que

deslocamentos mutuamente benéficos não são possíveis. A relação custo-benefício entre o

desenvolvimento econômico e o meio ambiente deve ser favorável ao meio ambiente.

Figura 7 - Nível ótimo de emissões

Fonte: Adaptado de Field, 1994.

O ponto de equilíbrio não é propriamente estático, pode mudar ao longo do tempo

(KAHN, 2005). Os custos provocados pela poluição estão em equilíbrio com os custos de

despoluir, por exemplo, se o diesel comercializado no Brasil, que atualmente apresenta 5% de

biodiesel7, combustível vegetal feito com óleos de plantas, mudasse o percentual para 10%,

haveria uma redução das emissões de CO2, a cada quilômetro percorrido.

7 Desde 2010, o diesel comercializado no Brasil contém uma mistura de 5% de biodiesel, é um combustível

produzido a partir de plantas oleaginosas cultivadas no Brasil, como soja, algodão, palma, mamona, girassol e

canola, bem como de gordura animal e óleos residuais de fritura. Acessar em: <www.petrobras.com.br>.

Page 36: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

22

A função de custo marginal de abatimento, CMA (ou custo de despoluir) tenderia a

cair, deslocando o ponto ótimo de poluição de E1 para E2 e o nível “sem controle” da poluição

diminuiria de Eu' para Eu''. Seria o caso de diminuição nos níveis de CO2 das emissões

veiculares, sem uma regulação específica que exigisse de cada poluidor a redução nos

percentuais de emissões (Figura, 08).

Figura 8 - Inovação tecnológica reduz os custos de abatimento.

Fonte: Adaptado de Rivas; Freitas; Mourão, 2008.

Restringir os níveis das externalidades a um ponto ótimo de eficiência alocativa

quando não existe um mercado que as regule, torna a poluição uma das maiores e mais

importantes falhas de mercado, principalmente, na esfera ambiental, o que leva à necessidade

da intervenção eficiente do governo na economia. Para Eaton (1999), “quando os custos de

negociar uma solução privada para um problema de externalidade são proibitivos, a

regulamentação pública é o único remédio efetivo”.

2.5. A intervenção governamental nas externalidades

A ocorrência de ineficiências na alocação dos recursos gera as falhas de mercado,

principalmente quando questões ambientais estão envolvidas. Segundo Field (1994), todas as

atividades de controle de poluição envolvem a redução dos danos impostos à sociedade e os

recursos que poderiam ter sido utilizados de outra maneira. Para corrigi-las é importante

considerar qual o mecanismo mais apropriado ao ser utilizado com relação aos custos e

benefícios.

Page 37: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

23

Para Kahn (2005), há cinco formas de intervenção governamental para corrigir as

falhas de mercado associadas com as externalidades: (i) persuasão moral; (ii) produção direta

da qualidade ambiental, (iii) prevenção de poluição, (iv) políticas de comando e controle e (v)

incentivos econômicos.

Na persuasão moral há tentativas governamentais do Estado influenciar o

comportamento das pessoas sem a imposição de regras. Como exemplo, são os programas

voluntários de reciclagem e campanhas contra a poluição. A produção direta de qualidade

ambiental promove a qualidade ambiental por ações de melhoria do governo, como o

reflorestamento e a recuperação de locais com intensa poluição atmosférica. Ambas possuem

limitações quanto às emissões globais. As políticas de prevenção da poluição são programas

implementados por empresas e agências governamentais não para o controle das

externalidades, mas sim para que os agentes econômicos aprendam a lidar com as falhas de

mercado e escolham atividades cujas externalidades negativas causem o mínimo impacto ao

meio ambiente (KAHN, 2005).

Para objeto deste estudo, a intervenção poderá ser feita por ação direta, via

instrumentos de comando e controle, ou por ação indireta, via mercado, utilizando os

instrumentos econômicos (fiscal ou de preços) como: taxas e tarifas, subsídios, devolução de

depósitos reembolsáveis e a criação de mercados (licenças negociáveis de poluição). Tais

mecanismos de intervenção são complementares e não excludentes, sendo ambos

considerados na internalização dos custos ambientais (MENDES; SERÔA DA MOTTA,

1997).

2.5.1. Instrumentos de regulação direta ou de comando e controle

As políticas de comando e controle (ou regulação direta) são instrumentos que

modificam e impõem limitações ao comportamento dos agentes econômicos. Foi a primeira

forma de regulação que surgiu, por ser a mais óbvia e intuitiva e envolve o monitoramento

constante sobre o agente e a aplicação de sanções. Caracterizam-se por altos custos de

monitoramento e pela assimetria de informações. E possuem grande capacidade para

modificar o comportamento considerado ambientalmente degradante, por isso são indicadas

quando o monitoramento é particularmente difícil (MUELLER, 1999).

Outro caso de emprego é quando o nível ótimo de poluição está próximo de zero,

como no caso de poluentes extremamente perigosos, a exemplo, os clorofluorcarbonos, em

Page 38: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

24

que os danos marginais são sempre maiores que os custos marginais de abatimento. E por

último, os eventos emergenciais imprevisíveis, como as secas nos rios em que cada unidade

de poluente lançado tem seu efeito potencializado, por ser menos diluído e causar maiores

danos (KAHN, 2005).

Por outro lado, as políticas de comando e controle, não variam com a intensidade da

degradação e sim com a capacidade institucional do órgão ambiental e não são

suficientemente flexíveis em alinhar melhoria ambiental e eficiência econômica. O que acaba

forçando todo mundo a implementar as mesmas estratégias de controle de poluição,

independente dos custos relativos à sua parcela de contribuição (MOTTA e YOUNG, 1991).

2.5.2. Instrumentos econômicos e fiscais ou de mercado

Os instrumentos econômicos agem de forma diferente dos instrumentos de comando e

controle, não impõem penalidades para corrigir comportamentos. Eles fazem os interesses dos

indivíduos coincidirem com os interesses da sociedade (KAHN, 2005). Seguem a lógica do

princípio do poluidor-pagador8, conforme Serôa da Motta (1996) os define:

“Os IE’s são amplamente considerados como sendo uma alternativa

economicamente eficiente e ambientalmente eficaz para complementar

as estritas abordagens de C&C. Teoricamente ao fornecerem incentivos ao controle

da poluição ou de outros danos ambientais, os IE’s permitem que o custo social de

controle ambiental seja menor e podem ainda fornecer aos cofres do governo local a

receita de que tanto necessitam. No entanto, os custos administrativos associados

aos IE’s podem ser mais elevados. As exigências de monitoramento e outras

atividades de fiscalização continuam, como no caso do C&C, podendo haver

necessidade de esforços adicionais de administração, a fim de fazer face às

mudanças institucionais e de projeto que surgem da aplicação dos IE’s”.

A escolha entre as políticas de comando e controle e os instrumentos econômicos pode

gerar um alto grau de incerteza em virtude da utilização de ambas em situações distintas.

Contudo, a alternativa das permissões negociáveis de poluição combinam custos mínimos de

abatimento e o alcance do nível desejado de poluição (COSTA, 1999).

8 O princípio do poluidor-pagador busca a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos

econômicos, no sentido de que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida

atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais

(Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, princípio 16°).

Page 39: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

25

Conforme Margulis (1998), os instrumentos econômicos apesar de sua flexibilidade,

apresentam limitações. Se os poluidores persistirem na poluição, sua eficácia será inferior à

alcançada pelo comando e controle. No caso das multas, se forem abaixo dos níveis

adequados, os poluidores perderão o estímulo de controle da poluição e irão preferir pagar as

multas. Para ser eficiente, o valor da taxa ou imposto deverá ser igual ao custo marginal do

dano, o que corresponde ao nível ótimo de poluição (MENDES, 2004).

Outro fator relevante, é que os instrumentos econômicos envolvem transações

monetárias (taxas, subsídios e incentivos fiscais), que necessitam de ação coordenada entre os

órgãos de administração superior (ministério de planejamento ou finanças) e os órgãos de

controle ambiental. Situação não muito propícia em países em desenvolvimento.

Cita ainda, os principais tipos de instrumentos de mercado utilizados na gestão

ambiental:

a) Taxas ambientais – São taxas pagas por emissão de poluentes.

b) Sistemas de depósito e reembolso – Depósito pago na compra de produtos

potencialmente poluidores, e que ao ser devolvido o produto para reciclagem ou reutilização,

recebem seu depósito de volta.

c) Subsídios – Concessões, incentivos fiscais e créditos fiscais ou créditos

subsidiados que incentivam seus poluidores a reduzir suas emissões ou seus custos de

controle. Ainda que incentivem o crescimento econômico, alguns provocam práticas

ambientalmente prejudiciais. Como o uso dos derivados de petróleo importados com a

isenção da Contribuição de Intervenção o Domínio Econômico – CIDE, sobre a gasolina e o

diesel, criando o efeito de incentivar o consumo sobre a gasolina e o diesel, e as emissões de

CO2.

d) Criação de mercados ou Permissões Negociáveis de Poluição – Tendo em vista as

mudanças climáticas, o Estado tornou o comércio do carbono como o instrumento para lidar

com as consequências do aquecimento global, além de ser o instrumento central do Protocolo

de Kyoto. Para Kahn (2005), a distribuição inicial de um sistema de permissões negociáveis

origina-se com a determinação do nível almejado de poluição e a alocação dos direitos de

poluição entre os poluidores.

Ressalta ainda, que a principal diferença em relação ao sistema de comando e controle

está na alocação inicial de poluição, após esta etapa, os poluidores têm a liberdade de negociar

Page 40: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

26

o direito de poluir, pois sua função não é reduzir a zero as emissões, mas fazer com que o

preço reflita seus custos. A situação em que as externalidades devem ser eliminadas é quando

seus efeitos negativos forem irreversíveis ou de grandes proporções.

A Figura 09, abaixo, demonstra o funcionamento do mercado de emissões. No eixo

das abcissas está representada a quantidade de direitos de poluição e no eixo das ordenadas

estão representados os custos de redução e o preço dos direitos. Percebe-se que é necessário

que o poluidor necessite de um direito de emissão para cada unidade de poluição que pretende

emitir. Os direitos que o Estado decidiu que representavam o nível alvo estão representados

por Q1, A curva S representa o preço oferecido pelos direitos. A curva CMR representa a

curva dos Custos Marginais de Abatimento das emissões (CMR = BLPM, quando sem limite

de emissão), e a curva da procura dos direitos. Ao preço P1, o poluidor irá comprar Q1 direitos

entre Q1 e Q2, e neste caso, é melhor reduzir a emissão do que comprar direitos. Já entre Q e

Q1, é mais rentável a compra dos direitos do que reduzir a poluição (COSTA, 1999).

Custo,

Preços de

Direitos

S

CMA

P

0 Q1 Q2 Q Quantidade de direitos

de emissão à venda

Figura 9 - Comportamento dos poluidores em relação aos direitos de emissão vendíveis.

Fonte: Adaptado de Pearce &Turner, 1990.

Na Figura 10 é apresentado como o Estado estabelece o processo de compra e venda

de quotas que permitem ao detentor de uma quota emitir o equivalente a uma tonelada de

CO2.

Page 41: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

27

Custos, CMR = CMR1 + CMR2 + ... + CMRn Preços de

Direitos S

CMR1 CMR2

P

0 Q1 Q2 Q* Q Quantidade de

direitos à venda

Figura 10 – Direitos de emissão como medida de custo mínimo. Fonte: Adaptado de Pearce &Turner, 1990.

Conforme Costa (1999), a curva de CMR é representativa da curva de custos

marginais de redução de todos os poluidores: CMR = CMR1 + CMR2 + ... + CMRn.

E corresponde à curva da demanda agregada dos direitos de todos os poluidores. A curva da

oferta dos direitos de emissão S intercepta a curva da demanda agregada dos direitos (CMR) e

resulta no preço P.

O poluidor 1 tem interesse na compra de direitos de emissão entre 0 e Q1, sendo seu

custo marginal de redução (CMR) superior ao preço dos direitos. O poluidor 1 compra os

direitos de emissão (Q1) ao preço P. A partir de Q1, é mais vantajoso ao poluidor 1 reduzir as

suas emissões do que comprar os direitos. Este mesmo comportamento vai ser repetido pelo

poluidor 2, que reduz suas emissões a partir de Q2 até o último poluidor. O último com os

maiores custos de redução vai comprar a maior quantidade de direitos. Quanto mais plana for

a função de custo marginal de abatimento maiores serão as diferenças entre o nível de

poluição atingido e o nível alvo. Da mesma forma, quanto mais íngreme a função de danos

marginais, maiores serão as perdas sociais (WEITZMAN, 1974). Todos os poluidores

reduzem as suas emissões até ao ponto em que os seus custos marginais de redução se

igualam entre si e também o preço do direito (BAUMOL e OATES, 1979).

A diferença gerada entre os custos marginais dos poluidores será o mercado dos

certificados de redução (mercado de créditos de carbono). Se as emissões de um país ou

empresa são mais baixas que sua quota, o excedente pode ser vendido. De outra forma, se as

Page 42: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

28

emissões excedem os limites estabelecidos, será necessária a compra de quotas adicionais ou

mesmo diminuir sua produção.

Instrumentos de mercado e o setor de transportes

As forças de mercado e as mudanças dos preços relativos na indução do

comportamento dos poluidores e usuários dos recursos são a base de um mercado de

incentivos econômicos. Para Grütter (2007), o mercado de GEE pode ser dividido em três

segmentos:

(a) União Europeia (EU ETS - European Union Emission Trading Scheme) – O

Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia. O maior mercado de carbono regulado,

foi criado com o objetivo de atender as metas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto, ao

reduzir as emissões de GEE dos países da União Europeia. Ou podem comprar créditos de

carbono de outras nações para compensar suas emissões.

(b) Mercado com base em projetos – O MDL é a parte mais ampla dos

mecanismos de flexibilização regulados, seguido pela Implementação Conjunta – IC. Os

preços sofrem grande variação, principalmente se levado em consideração o fator ‘risco’,

entre o vendedor e o comprador. Como, rejeição da metodologia, não aprovação do registro,

risco de implementação parcial e a não aprovação das emissões das Reduções de Emissões

Certificadas (RCE ou CERs, em inglês).

(c) O mercado voluntário - Os mercados voluntários (ou não regulados) têm

regras mais brandas que o MDL, com custos de transações mais baixos ou de acordos diretos

entre o comprador e o vendedor. Além de permitir projetos que não se qualificaram no MDL

(devido a problemas metodológicos ou de adicionalidade9), conduzindo a preços mais baixos

pagos pelas emissões voluntárias (EVs).

9 As emissões resultantes do projeto de MDL são mais baixas que a linha de base (baseline). Ex. cenário

hipotético que não seria alcançado sem o projeto de MDL.

Page 43: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

29

CAPÍTULO 3 – MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo

Aspectos físicos

A cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas é uma cidade histórica e

portuária, com elevado potencial turístico e centro financeiro da região Norte. Está localizada

à margem esquerda do Rio Negro próxima à confluência com o Rio Solimões. Sua área de

11.401 km2 corresponde a menos de 1% do território do Estado do Amazonas, o maior em

área territorial do país, conforme a Figura 11 (IBGE, 2012).

A hidrologia da região juntamente com a floresta amazônica que a rodeia, a torna uma

cidade única e amplamente vulnerável às mudanças ambientais e climáticas. Com tendência

de crescimento tanto da precipitação quanto da vazão do rio, relacionadas às mudanças

climáticas globais (GIATTI et al, 2011)10

.

Figura 11 - Perímetro urbano da cidade de Manaus conforme a nova divisão de bairros.

Fonte: Governo do Estado do Amazonas, 2013.

10

Acessar em < http://www.climasaude.icict.fiocruz.br/docs/vulnerabilidade_manaus_relat_final2_x_edit.pdf>.

Page 44: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

30

Aspectos Demográficos

A população de Manaus é de 1.802.525 habitantes, ocupando o 7º lugar dentre as mais

populosas do Brasil. Destes, 99,36% vivem em área urbana e 0,64% na área rural. Dados

muito acima da média nacional de 84,36%, para a área urbana e muito abaixo dos 15,64%,

correspondentes à área rural (IBGE, 2010).

Seu crescimento populacional, na década de 70, observou um salto demográfico da

ordem de 7,4% a.a., em decorrência, principalmente, da instalação do Parque Industrial de

Manaus – PIM, e das políticas desenvolvidas pelo Governo com a finalidade de integração da

região Norte ao resto do país, no intuito de trazer novos contingentes populacionais,

garantindo a soberania nacional sobre suas fronteiras (CARVALHO, 1997).

Aspectos Econômicos

Houve sinergia entre o desenvolvimento econômico ocasionado pelo modelo Zona

Franca de Manaus, em sua área de abrangência (Amazônia Ocidental: Acre, Amazonas,

Rondônia, Roraima, as cidades de Macapá e Santana no Amapá) e a proteção ambiental da

região. Nesse contexto econômico, o meio ambiente é ameaçado devido à prática comum de

devastação sobre a floresta para a obtenção de emprego e renda.

Nos primeiros sete meses de 2012, foram gerados, em média, 117.961 empregos, com

destaque para o setor eletroeletrônico, com aproximadamente 50.116 pessoas (SUFRAMA,

2013)11

. Foi um aumento aproximado, de 32,8% em relação ao mesmo período em 2007 que

registrava 88.825 empregos diretos.

O fortalecimento do setor comercial pela abertura de empresas e geração de empregos

auxiliou o Amazonas a alcançar a terceira posição dentre os estados com maior arrecadação

do setor industrial. E o sexto maior PIB do Brasil, com 48,5 bilhões de riquezas geradas em

2010. Compondo juntamente com São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo

Horizonte, o total de 25% do PIB Nacional.

Os reflexos do crescimento econômico e populacional podem ser percebidos no setor

de transporte, dentre outros, pelo aumento da frota de veículos em Manaus que cresceu

178,5% no período de 1998 a 2008. O coeficiente da frota de veículos pela população da

11

Ir em: <http://www.suframa.gov.br/suf_pub_noticias.cfm?id=13234>.

Page 45: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

31

capital evoluiu de 0,16% para 0,26% veículos por habitante, no mesmo período (GIATTI et

al, 2011).

3.2. O setor de transportes na cidade de Manaus

Para Souza (2009), devido aos aspectos físicos de Manaus, rodeada por água a oeste,

sul e leste, seu crescimento foi direcionado somente no sentido norte, sem áreas de circulação

à margem do rio Negro. Ocasionando sua expansão horizontal para o norte. Salienta ainda,

que a atual situação dos transportes na cidade é fruto do longo período de acelerado

crescimento urbano sem o devido planejamento, provocado a partir da ZFM. Sua estrutura

viária inadequada ao seu porte é caracterizada pelo reduzido número de vias expressas e

estreitas vias de acesso local, dificultando o desvio de fluxo em trechos congestionados.

Em 2007, Manaus registrava uma frota de 376.642 veículos (DETRAN-AM/2013), o

que corresponde a 2,29 carros para cada 10 habitantes. Em 2012, a frota atingiu 581.479

veículos, e a taxa de motorização saltou para 3,12. De 2007 a 2012 a média de crescimento da

frota foi de 7,5% a.a., enquanto que a população da cidade cresceu 2,1% a.a. Indicando que o

número de veículos ultrapassou o quantitativo de pessoas.

Este aumento da frota não é fato particular de Manaus, a recente mudança ocorrida

entre 1977 e 2005 nas grandes Regiões Metropolitanas do Brasil, apontam para a queda no

uso do transporte público (de 68% para 51% no total das viagens motorizadas) e o respectivo

aumento no uso do automóvel (de 32% para 49%), conforme os gráficos abaixo (Figura 12).

Figura 12 - Mobilidade nas áreas metropolitanas do Brasil nos anos de 1977 e 2005.

Fonte: Adaptado do IPEA, 2011a.

Page 46: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

32

3.3. Caracterizações de sua frota

3.3.1. O crescimento da frota

Conforme o Observatório das Metrópoles (2012), Manaus foi a capital que apresentou

o maior crescimento do número de automóveis. Entre os anos de 2001 a 2011, houve um

crescimento duas vezes superior que todas as metrópoles do Brasil. Contribuindo, no período

considerado, com o incremento nacional de 8,9 milhões de automóveis, mais de 890 mil

veículos por ano (Figura 13). De igual forma, as motocicletas eram em torno de 26 mil em

2001, e passou para 127 mil em 2011, apresentando um crescimento relativo de 382,2%

(Figura 14).

Figura 13 - Crescimento do número de automóveis nas metrópoles.

Fonte: Observatório das Metrópoles (2012).

Figura 14 - Crescimento do número de motocicletas nas metrópoles.

Fonte: Observatório das Metrópoles (2012).

Page 47: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

33

Esses resultados nacionais confirmam as tendências encontradas no período em

análise, conforme dados DETRAN-AM. Entre os anos de 2007 a 2012, o percentual de

aumento do número de automóveis foi de 47% em relação ao total da frota, com taxa média

de crescimento de 6,6% a.a. Enquanto que as motos apresentaram uma forte tendência de

mudança no perfil dos deslocamentos, com aproximadamente 84,8% de aumento na frota e

taxa média de crescimento de 10,7% a.a.

Abaixo, a Tabela 2 mostra a composição do padrão de mobilidade de Manaus no

período de 2007 a 2012.

Tabela 2 - Frota de Manaus por segmento dos anos de 2007 a 2012

Fonte: Elaborado a partir do DETRAN-AM, contato pessoal.

O número de automóveis em 2012 representava 53,45% da frota de veículos. O de

motocicletas respondia por 19,87%, e o total de ônibus representava somente de 1,51%, da

matriz de transportes de Manaus. Confirmando sua perda de espaço devido ao aumento na

aquisição de carros (incluindo táxis) e motocicletas (abrangendo os mototáxis) (Figura 15).

Essa estrutura de mobilidade das pessoas na cidade traz grandes consequências para os

usuários e a população em geral. Como o aumento no consumo energético e geração de

externalidades negativas oriundas da produção de transporte, como os congestionamentos,

acidentes de trânsito, problemas de saúde e a poluição ambiental.

Modos de Transporte 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Ciclomotor 364 366 369 375 534 1090

Motoneta 6355 7126 7801 8634 9783 10702

Motocicleta 62146 71280 79845 91038 103302 115560

Triciclo 55 72 84 123 265 420

Automóvel 211545 230044 250484 272029 291535 310798

Micro-ônibus 1977 2105 2232 2404 2663 2880

Ônibus 6326 6820 6888 7273 8258 8808

Reboque 1179 1282 1336 1414 1520 1618

Semirreboque 10708 11412 11627 12035 12540 13176

Camioneta 36932 36444 36318 37086 38041 38996

Caminhão 15050 16052 16801 17698 18729 19155

Caminhão-Trator 1883 2037 2176 2380 2626 2727

Trator de rodas 14 17 26 29 33 33

Trator Misto 1 1 1 1 1 1

Cavalo Mecânico 6 5 4 4 3 3

Caminhonete 21273 27109 33346 40679 47298 51859

Utilitário 828 1407 1859 2317 2899 3639

Motor-Casa 0 0 2 6 7 14

Total 376.642 413.579 451.199 495.525 540.037 581.479

Page 48: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

34

Figura 15 - Distribuição dos principais modos de transporte de Manaus (2007 e 2012).

Fonte: Elaborado a partir dos dados do DETRAN-AM, contato pessoal.

3.3.2. As emissões de poluentes em Manaus

O uso crescente de combustíveis fósseis em virtude dessa demanda por transportes

rodoviários acarreta o aumento no nível de emissões de poluentes por veículos. Com essa

premissa, o Programa de Controle de Poluição Veicular – PROCONVE estabeleceu

regulamentação a partir de 1986, para que todos os veículos novos fossem produzidos para

emitirem menores quantidades de poluentes. Comprovando redução de cerca de 90% nas

emissões de veículos leves, desde o início do programa (MMA, 1999).

Houve iniciativa do estado do Amazonas em instituir o Plano de Controle da Poluição

por Veículos em Uso – PCPV e o Programa de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso –

I/M, pelos Decretos n.º 21.623 e nº. 21.631, respectivamente. Porém até o momento nenhuma

ação efetiva foi constatada para execução.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMMAS mantém

um programa que fiscaliza empresas de ônibus e transportadoras quanto às frotas de veículos

movidos a diesel, para identificar a presença de fumaça preta emitida pelo escapamento.

Ademais, inexiste uma rede de monitoramento da qualidade do ar em Manaus.

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

de

veí

culo

s

2007

2012

Page 49: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

35

3.3.3. Metodologia de contabilização utilizada (Top-Down)

A metodologia de contabilização das emissões de CO2 pela queima de combustíveis

fósseis, no setor de transportes, pode ser aplicada por duas abordagens, conforme o

Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, 1996), dependendo da disponibilização

dos dados: a “Top-Down” e a “Bottom Up”. A primeira permite o cálculo apenas das

emissões de CO2 utilizando dados de produção e consumo de combustíveis sem a necessidade

de informações sobre a forma de utilização dos combustíveis ou por quais transformações

passou antes de seu consumo. A segunda contabiliza as emissões de todos os gases e necessita

de informações mais detalhadas sobre onde e como ocorrem as emissões, o tipo de

equipamento empregado e seu rendimento, o que muitas vezes estão indisponíveis (CETESB,

2012; MATTOS, 2001).

Para estimar as emissões de carbono pela queima de combustíveis fósseis para a

cidade de Manaus, utilizou-se a Abordagem de Referência ou o Método “Top-Down”,

adotado pela Convenção do Clima na elaboração das Comunicações Nacionais dos países

signatários. Esta metodologia contabiliza a produção doméstica, as importações e exportações

e também a variação interna dos estoques dos combustíveis, conforme as etapas do cálculo

das emissões demonstradas no fluxograma da Figura 16, para o setor de consumo energético.

Figura 16 - Fluxograma simplificado do cálculo das emissões pela metodologia Top-Down.

Fonte: MCT, 2006.

Page 50: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

36

O carbono contido nos combustíveis fósseis, quando introduzido na economia do país,

em um determinado ano, ou é liberado para a atmosfera (combustão ou volatilização) ou é

aprisionado de alguma forma, como por exemplo, sua retenção nos resíduos da combustão ou

na camada de asfalto. Isto porque, se estima que o teor de carbono contido no petróleo bruto é

conservado e mantém seu teor total em todos os seus derivados (DUBEUX, 2007; BRASIL,

2002).

A equação da abordagem Top-Down, em que as fontes de combustão são estimadas

com base no consumo de combustíveis e seus respectivos fatores médios de emissão, é

definida por:

CO2 =Σ ((CA * FC * CC) *10-3

– CEx) * FCO * RPM

Onde:

CA = consumo aparente = produção + importação – exportação – bunker – estoque (unidades

originais)

FC = Fator de Conversão para unidades de energia (TJ) em poder calorífico inferior.

CC = Conteúdo de Carbono (tC/TJ).

CEx = Carbono Excluído = carbono fixado em produtos não-energéticos.

FCO = Fator de Oxidação de Carbono (usualmente 1).

RPM = Razão entre Pesos Moleculares de carbono para dióxido de carbono.

A metodologia é composta por seis passos, sustentados por equações que estimam as

emissões reais de CO2, conforme demonstrado a seguir:

a. Conversão da unidade de consumo de combustível para unidade comum de energia, o

terajoule (TJ).

Conforme a metodologia do IPCC (1996), em virtude dos combustíveis possuírem

diferentes conteúdos energéticos, é necessária a conversão do Consumo Aparente12

(CA) de

12

O IPCC utiliza como dados do consumo aparente dos combustíveis representando a quantidade de

combustível para uso interno no país. Demonstrado pela equação: CA = α + β – x – δ – E. Onde:

α = produção anual doméstica de energia primária, em unidade original.

β = importação anual de energia primária e secundária, em unidade original.

x = exportação anual de energia primária e secundária, em unidade original.

δ = energia anualmente embarcada nos bunkers internacionais, em unidade original.

E = variação anual dos estoques de energia, em unidade original.

Page 51: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

37

cada combustível, apresentado na Tabela 2, para uma unidade comum de energia. A

conversão deve ser feita multiplicando o consumo do combustível, medidos em sua unidade

original (m3, t, l, etc.), pelo fator de conversão

13 em tonelada equivalente de petróleo (tep)

14

por unidade do combustível (tep /unidade), obtido no Balanço Energético Nacional (MME,

2012). Para então transformar a quantidade de energia em tep para o terajoule (TJ), conforme

equação 1, a seguir:

CC= CA x 41,868 x 10-3

x Fconv TJ (Eq.1)

Onde:

CC = Consumo de energia (TJ).

CA = Consumo Aparente de combustíveis em unidades físicas (m3, L, t, etc.).

1 tepbrasileiro = 10.000 Mcal = 41,868 x 10-3

TJ (terajoule = 1012

J).

Fatorconv = Fator de Conversão (tep/unidade física) da unidade física para tep médio em Poder

Calorífico Inferior (PCI).

Os dados de consumo de derivados de petróleo utilizados nos combustíveis na cidade

de Manaus foram fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP/Manaus), as informações do Gás Natural Veicular pela Distribuidora

de Gás de Manaus (CIGÁS), de fundamental importância para determinar o Consumo

Aparente (CA) dos combustíveis. Os fatores de conversão foram obtidos no Balanço

Energético Nacional (MME, 2012), e os fatores de emissão do IPCC (1996) e do MCT

(2006). É apresentado o consumo dos seguintes combustíveis durante o período de 2007 a

2012: gasolina C, gasolina de aviação, álcool hidratado, óleo diesel, óleo combustível, gás

natural veicular (GNV) e querosene de aviação. Com maior ênfase sobre o consumo da

gasolina, álcool, diesel e gás natural veicular. Conforme Tabela 3, abaixo:

13

Fator de conversão ou coeficiente de equivalência são coeficientes que permitem a transformação de

quantidades expressas em determinada quantidade de energia para quantidades em unidade comum, utilizadas

para diferentes formas de energia.

14

A tonelada equivalente de petróleo (tep) é utilizada na comparação do poder calorífico de diferentes formas de

energia com o petróleo. Uma tep corresponde à energia que se pode obter a partir da combustão de uma tonelada

de petróleo cru, aproximados 42 gigajoules. 1 tep = 10.000 Mcal = 41,9 GJ.

Page 52: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

38

Tabela 3 - Consumo de combustíveis fósseis líquidos e gasosos na cidade de Manaus (2007- 2012).

Combustível (m3) 2007 2008

2009 2010 2011 2012

Gasolina C 289.221 311.794 318.731 372.786 416.630 445.541

Gasolina de aviação 1.061 1.272 982 1.270 1.302 1.419

Álcool hidratado 31.568 52.669 76.873 52.661 38.701 38.345

Óleo diesel 356.229 574.413 776.282 941.451 840.939 864.701

Óleo combustível 908.370 911.895 871.246 884.637 474.301 402.620

Gás Natural Veicular (1000m3) **nd **nd **nd 286 1.297 2.653

Querosene de aviação* 167.315 164.371 159.306 187.657 186.664 188.953

TOTAL 1.753.764 2.016.414 2.203.420 2.440.748 1.959.834 1.944.232

Fonte: Elaborado a partir de dados da ANP (Manaus), 2013.

*Valores sem desagregação de combustíveis para transporte internacional.

**dados não disponíveis, em função do fornecimento de GNV iniciar a partir de 2010.

A partir de 2003, as edições do Balanço Energético Nacional passaram a considerar o

poder calorífico inferior (PCI)15

no conteúdo energético dos combustíveis, entrando em

concordância com os critérios internacionais (IPCC) para a conversão das unidades de energia

em uma unidade padrão (DUBEUX, 2007). Conforme descrito na Tabela 4.

Tabela 4 - Fatores de Conversão para tep médio

Fonte: Adaptado do MME, 2012.

* Valores estimados com base nos anos de 2007 a 2011.

15

“O poder calorífico inferior – PCI (Net Calorific Value – NCV) indica a quantidade de calor liberada pela

combustão completa de um volume, ou uma massa de combustível, logo a água resultante da combustão

permanece como vapor e não poderá ser recuperada. No caso do poder calorífico superior - PCS (Gross Calorific

Value – GCV) também indica a quantidade de calor liberada, porém supõe que o vapor de água está

completamente condensado e, assim, o calor de condensação poderá ser recuperado” (CETESB, 2010).

Combustível Fator de Conversão (tep médio)

Unidade 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Gasolina C 0,770 0,770 0,770 0,770 0,770 0,770 m

3

Gasolina de aviação 0,763 0,763 0,763 0,763 0,763 0,763 m3

Álcool hidratado 0,510

0,510

0,510

0,510

0,510

0,510

m3

Óleo diesel 0,848

0,848 0,848 0,848 0,848 0,848 m3

Óleo combustível 0,959

0,959 0,959 0,957 0,957 0,957 m3

Gás Natural Veicular 0,880

0,880 0,880 0,880 0,880 0,880 103 m

3

Querosene de aviação 0,822 0,822 0,822 0,822 0,822 0,822 m3

Page 53: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

39

b. Transformação do consumo aparente de cada combustível em conteúdo de carbono.

Os combustíveis possuem diferentes quantidades de carbono. Para obter o consumo

energético em conteúdo de carbono é necessário multiplicar o Consumo Aparente dos

combustíveis, em terajoule, pelo fator de emissão (Carbon Emission Factors - CEFs) de cada

combustível (Femiss), conforme Tabela 5. Esse resultado representa as quantidades emitidas em

Gg de carbono por cada 1 TJ de energia consumida. Os fatores de emissão utilizados são os

recomendados pelo IPCC (1996) e MCT (2006), conforme equação 2, que determina a

Quantidade de Carbono:

QC = CC * Femiss * 10-3

(Eq. 2)

Onde:

QC = quantidade de carbono emitida, expressa em GgC.

CC = consumo de energia (TJ).

Femiss = fator de emissão de carbono por tonelada de carbono (tC/TJ).

10-3

= para transformar toneladas de carbono (tC) em gigagramas de carbono (GgC).

Tabela 5 - Fatores de emissão de Carbono

Fonte: IPCC (1996); MCT (2006).

Combustível Fator de Emissão

(tC/TJ)

Gasolina C 18,9

Gasolina de aviação 19,5

Álcool hidratado 14,81

Óleo diesel 20,2

Óleo combustível 21,1

Gás Natural Veicular 15,3

Querosene de aviação 19,5

Page 54: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

40

c. Determinação da fração de carbono Estocado ou Fixado

O consumo de combustíveis nem sempre será para fins energéticos. A parte destinada

para uso não energético é utilizada como matéria-prima para produtos como plásticos,

asfaltos, pneus, etc., em que o carbono torna-se fixado. Esse carbono deve ser subtraído do

cálculo das emissões de carbono (MCT, 2006).

No estudo de caso da cidade de Manaus, os combustíveis analisados estão sendo

utilizados para fins energéticos, o que torna a quantidade de carbono fixada (QCF) igual a

zero:

QCF = QC x FCFix (Eq. 3)

Onde:

QCF = quantidade de carbono fixado em tC

QC = quantidade de carbono no combustível em tC

FCFix = fração de carbono fixado (adimensional)

Para as biomassas sólidas e líquidas renováveis a fração estocada é de 100%. Nessa

situação, é considerado que todo carbono emitido na queima dos combustíveis é sequestrado

na renovação da biomassa.

d. Determinação das Emissões Líquidas de Carbono

As Emissões Líquidas de Carbono (ELC) representam o balanço da massa entre o que

existe de carbono no combustível menos a quantidade de carbono fixado em usos não

energéticos (QCF), conforme já demonstrado na equação 3. Em seu cálculo está incluída a

QCF, que conforme cálculo anterior é igual à zero. Neste caso, o valor das emissões será igual

a QC, logo:

ELC = QC – QCF (Eq.4)

Page 55: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

41

Onde:

ELC = emissões líquidas de carbono (GgC).

QC = quantidade de carbono no combustível (GgC).

QCF = quantidade de carbono fixado (GgC).

e. Determinação das Emissões Reais de Carbono

Considera-se que o carbono existente no combustível não é totalmente oxidado, pois

sua combustão dificilmente ocorrerá de forma completa. Essa parte não oxidada, em torno de

1% do carbono, é incorporada às cinzas e a outros subprodutos. O cálculo da correção dos

valores computando a quantidade de carbono realmente oxidada (Tabela 6) durante a

combustão é definido pela equação 5, como segue:

ERC = ELC * FCO (Eq. 5)

Onde:

ERC = emissões reais de carbono em GgC.

ELC = emissões líquidas de carbono em GgC.

FCO = fração de carbono oxidada (adimensional).

Tabela 6 - Frações de Carbono Oxidadas

Fonte: Adaptado de Mattos (2001).

Combustível Fração de Carbono Oxidada

(adimensional)

Gasolina C

0,990

Gasolina de aviação 0,990

Álcool hidratado 0,990

Óleo diesel 0,990

Óleo combustível 0,990

Gás Natural Veicular 0,995

Querosene de aviação 0,990

Page 56: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

42

f. Determinação das Emissões Reais de CO2

Para a conversão das emissões em CO2, faz-se necessário a multiplicação das

emissões em C por 44/12, razão das massas atômicas moleculares (C = 12; O = 16, CO2 =

44). O que demonstra que em 44 toneladas de CO2 há 12 toneladas de carbono, onde 1 tCO2 é

igual 0,2727 tC.

ERCO2 = ERC * (44/12) (Eq. 6)

Onde:

ERCO2 = emissões reais de CO2 em GgCO2

ERC = emissões reais de carbono em tC

1tCO2 = (44/12) tC ou 0,2727 tC

1 Gg = kt (1000 toneladas)

Page 57: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

43

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Resultados obtidos da aplicação da metodologia Top-Down

Foi aplicada a metodologia na série histórica de 2007 a 2012, com a finalidade de

comprovar sua solidez. Os dados dos combustíveis foram convertidos em conteúdo energético

e demonstraram uma oscilação de demanda a partir de 2010, quando comparado com a frota

de veículos, que continua em crescimento (Gráfico 1). Essa pequena variação pode ser

justificada, em parte, pela implantação em 2010 do sistema de Gás Natural Veicular16

. E,

também pela inauguração da ponte sobre o Rio Negro em 2011, que provocou a abertura de

novos postos e o aumento de tráfego para os municípios de Iranduba e Manacapuru ou as

áreas de lazer nas imediações.

Gráfico 1 - Comparação entre o aumento da frota e o consumo energético da cidade de Manaus.

Fonte: Elaborado a partir da ANP (Manaus), CIGÁS e DETRAN-AM.

16

O Gás Natural Veicular (GNV) é uma mistura de hidrocarbonetos leves que permanece em estado gasoso, à

temperatura ambiente e pressão atmosférica. Possui a queima, considerada, limpa por conter quantidades

mínimas de monóxido de carbono (CO) e não possuir enxofre em sua composição causador da chuva ácida.

Acessar em < http://www.br.com.br/wps/portal/portalconteudo/produtos/automotivos/gnv>.

376.642

413.579

451.199

495.525

540.037

581.479

64.910,110

73.881,762

79.973,698

88.522,584

69.632,242

68.660,718

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

2007 2008 2009 2010 2011 2012

TJ TJ

Frota

Page 58: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

44

Na Tabela 7 são demonstrados os conteúdos energéticos referentes a cada um dos

combustíveis no período de 2007 a 2012. Tomando-a como base foi construída a evolução no

consumo de combustíveis em unidade comum de energia (TJ), sem apresentar a desagregação

de Bunker da cidade (Gráfico 2). Houve uma queda no consumo de, aproximadamente, 25%,

tendo como referência o ano de 2010.

Tabela 7 - Quantidade de energia (TJ) fornecida por cada combustível de 2007 a 2012 na cidade de

Manaus.

Consumo Total 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Gasolina C 9.324,011 10.051,727 10.275,365 12.018,009 13.431,468 14.363,511

Gasolina de aviação 33,894 40,634 31,370 40,571 41,593 45,330

Álcool hidratado 674,061 1.124,624 1.641,445 1.124,453 826,370 818,769

Óleo diesel 12.647,577 20.393,996 27.561,166 33.425,337 29.856,752 30.700,400

Óleo combustível 36.472,338 36.613,872 34.981,757 35.445,349 19.004,139 16.132,048

Gás Natural Veicular nd** nd** nd** 10,556 47,786 97,749

Querosene de aviação* 5.758,229 5.656,909 5.482,595 6.458,309 6.424,134 6.502,911

Total 64.910,110 73.881,762 79.973,698 88.522,584 69.632,242 68.660,718

* Sem desagregação de Bunker.

** Dados não disponíveis

Fonte: Elaborado a partir da ANP (Manaus) e CIGÁS.

Gráfico 2 - Consumo de combustíveis (TJ) da cidade de Manaus do Período de 2007 a 2012.

Nota: Combustíveis considerados: gasolina C, gasolina de aviação*, álcool hidratado, óleo diesel, óleo

combustível, gás natural veicular, querosene de aviação.

* sem desagregação de Bunker

Fonte: Elaborado a partir da ANP (Manaus) e CIGÁS.

A Tabela 8 apresenta o resultado dos cálculos das emissões de CO2, provenientes do

uso de combustíveis fósseis na cidade de Manaus nos anos de 2007 a 2012. É importante

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

100000

2007 2008 2009 2010 2011 2012

64.910,110

73.881,762 79.973,698

88.522,584

69.632,242 68.660,718

TJ

Page 59: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

45

destacar, que devido uma fração dos dados relativos ao óleo combustível ser utilizada para

abastecer grandes embarcações em Manaus, correspondente ao transporte de cargas e

passageiros, e em função da metodologia Top Down não detalhar como é consumida a

energia, optou-se por contabilizar o combustível nas emissões totais dos transportes. Os

valores foram obtidos pela aplicação de fatores de emissão ao consumo aparente, conforme a

Tabela 8, abaixo:

Tabela 8 - Emissões de CO2 (Gg CO2)* no período de 2007 a 2012 na cidade de Manaus.

Emissões Totais 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Gasolina C 639,6924 689,6188 704,9619 824,5195 921,4927 985,4374

Gasolina de aviação 2,3991 2,8763 2,2205 2,8717 2,9441 3,2087

Álcool hidratado 0 0 0 0 0 0

Óleo diesel 927,3962 1495,4101 2020,9500 2450,9462 2189,2762 2251,1375

Óleo combustível 2793,5257 2804,3662 2679,3577 2714,8655 1455,5840 1235,6019

Gás Natural Veicular** 0 0 0 0,5892 2,6674 5,4562

Querosene de aviação*** 407,5962 400,4243 388,0854 457,1513 454,7323 460,3085

TOTAL 4.770,6096 5.392,6957 5.795,5755 6.450,9434 5.026,6967 4.941,1502

*1 Gg equivale a 1000 toneladas

** O fornecimento de GNV para a cidade de Manaus, teve início a partir de 2010.

*** Sem desagregação de bunker internacional.

Fonte: Elaborado a partir da ANP (Manaus) e CIGÁS.

Para fins de uma verificação mais criteriosa, foram desagregadas as emissões de CO2

por cada tipo de combustível no período de 2007 a 2012, para mostrar a participação

segmentada, e a responsabilidade de cada combustível relacionado aos transportes nas

emissões. Conforme Gráfico 3, abaixo:

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

Gg

CO

2

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Querosene de aviação

Gás Natural Veicular

Óleo combustível

Óleo diesel

Gasolina de aviação

Gasolina C

Gráfico 3 - Emissão de CO2 por unidade de energia consumida (Gg CO2/TJ)

Fonte: Elaborado a partir dos dados da ANP (Manaus) e CIGÁS.

Page 60: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

46

Observa-se que a intensidade de emissão de CO2 com relação ao consumo de energia

apresentava crescimento contínuo, com grande participação do óleo diesel e da gasolina C nas

emissões. Em 2010, o GNV entrava na matriz energética de Manaus, com consumo inicial de

287 103 m

3, passando para 2.653 10

3 m

3, em 2012.

O óleo diesel apresentou forte crescimento entre os anos de 2007 a 2010. Em 2007 seu

consumo total foi de 356.229 m3, e foi para 941.451 m

3 em 2010, gerando um aumento de

264%. Mantém emissões uniformes nos anos de 2011 e 2012. Já a gasolina C, mostrou

comportamento de crescimento ao longo do período, com taxa média de 7,5%, refletindo o

incremento da frota de automóveis e motos e apontando que a venda GNV na cidade, ainda

não afetou sensivelmente a sua demanda.

A análise desagregada permite observar a participação de cada combustível nas

emissões totais, e determinar a responsabilidade, por setor, na utilização de combustíveis

fósseis e emissões de CO2.

Para verificar a participação do transporte rodoviário nas emissões, foi feita a

estimativa com base no consumo de combustíveis característicos de cada setor de transportes.

Conforme Mattos (2001), os critérios de uma proxy da alocação por setores são:

Transporte rodoviário leve – Consumo de gasolina C, álcool e gás natural

veicular (utilizado em veículos leves particulares e táxis).

Transporte rodoviário pesado – Consumo de óleo diesel, utilizado em quase

totalidade dos caminhões e ônibus.

Transporte aeroviário – Consumo de gasolina de aviação utilizada no município e

querosene de aviação utilizado nos voos nacionais. Não houve desagregação do querosene de

aviação para avaliação das emissões dos voos internacionais. Foi informado pela ANP

(Manaus), que o consumo da cidade de Manaus é de pequeno valor, sem alteração na

tendência das estatísticas.

A Tabela 9 apresenta os percentuais obtidos para as emissões de CO2 oriundas do

consumo de combustível pelo setor de transportes e sua divisão setorial pelo uso final dos

combustíveis nos anos de 2007 a 2012. E conclui-se que todos os combustíveis da matriz

municipal, tem alguma contribuição nas emissões. A participação do transporte rodoviário nas

emissões de CO2 da cidade em 2007 foi de 79,26%, passando para 87,49% em 2012,

demonstrando a grande parcela do modo rodoviário nas emissões, no consumo energético e na

demanda por combustíveis fósseis.

Page 61: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

47

Tabela 9 - Emissões de CO2 (Gg CO2) de combustíveis fósseis na cidade de Manaus – 2010 a 2012.

Setor 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Transporte rodoviário leve 639,6924 689,6188 704,9619 825,1087 924,1601 990,8936

Transporte rodoviário pesado 927,3962 1495,4101 2020,95 2450,9462 2189,2762 2251,1375

Transporte aeroviário 409,9953 403,3006 390,3059 460,023 457,4764 463,5172

Emissões do setor de transportes 1977,0839 2588,3295 3116,2178 3736,0779 3570,9127 3705,5483

Emissões do setor rodoviário 1567,0886 2185,0289 2725,9119 3276,0549 3113,4363 3242,0311

Participação do setor Rodoviário/

Emissões dos transportes de CO2 (%) 79,26 84,42 87,48 87,67 87,19 87,49

Fonte: Elaborado a partir de dados da ANP (Manaus) e CIGÁS.

No Gráfico 4 é verificada a participação nas emissões de cada combustível da matriz

de transportes de Manaus:

Gráfico 4 - Emissões de CO2 por tipo de combustível no modo rodoviário.

Fonte: Elaborado a partir de dados da ANP (Manaus) e CIGÁS.

Em observação aos combustíveis referentes ao transporte rodoviário da cidade, o

comportamento das emissões de CO2 desperta atenção não somente pela predominância do

diesel, mas também por sua tendência crescente. A demanda por diesel se destaca tanto nas

emissões totais dos transportes quanto nas emissões dos transportes rodoviários. Em relação

às emissões rodoviárias, o diesel participou com 59% em 2007, e em 2012 passou para

69,4%. A gasolina C contribuía com 41% em 2007 e sofreu redução para 30,4% em 2012.

Enquanto que o Gás Natural Veicular em 2012 mantinha participação de 0,2% do total das

emissões.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

20072008

20092010

20112012

Gg

CO

2

GNV

Óleo diesel

Gasolina C

Page 62: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

48

No Gráfico 5, os resultados da tabela 9, são melhor visualizados. Quando confrontados

os resultados somente das emissões do modo rodoviário, fica evidente que o transporte

rodoviário pesado detém a maior participação das emissões de CO2 na cidade de Manaus em

todos os anos do período em análise.

Gráfico 5 - Participação do transporte rodoviário leve, transporte rodoviário pesado e transporte

aeroviário nas emissões de CO2 em Manaus.

Fonte: Elaborado a partir de dados da ANP (Manaus), CIGÁS e DETRAN-AM.

Segundo o estudo “Evolução do Mercado de Combustíveis e Derivados” (ANP, 2013),

o comportamento da demanda por diesel no longo prazo é regularmente associado às

variações no PIB, e em 2010 houve um crescimento significativo da economia, no qual a

procura por diesel superou o crescimento econômico. Nos anos de 2011 e 2012, em virtude da

crise internacional, o PIB cresceu de forma modesta, desacelerando a demanda por diesel,

com reflexo nas emissões de CO2, no período. Contudo, continua liderando as emissões na

cidade. Em 2011, participou com 2.189,2762 Gg CO2, e em 2012, com 2.251,1375 Gg CO2 no

total das emissões dos transportes.

A gasolina tem sua demanda influenciada pela variação da renda, por seu preço de

mercado e pela variação do mercado do etanol. No período de 2003 a 2009 variou abaixo do

PIB, tendo sua fatia de mercado direcionada para o etanol (veículos flex fuel). Em 2010, o

preço da gasolina passa a ser vantajoso, explicando sua procura no mercado e mantendo suas

vendas elevadas até o ano de 2012. Como também, a insuficiência das safras de 2010 a 2012,

ameaçando a concorrência do etanol, quando torna o preço da gasolina com diferencial

0

500

1000

1500

2000

2500

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Gg

CO

2

Transporte

rodoviário leve

Transporte

rodoviário pesado

Transporte

aeroviário

Page 63: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

49

competitivo no mercado, revelado em sua tendência de crescimento no período (Op. Cit.,

2013).

4.2. Análise econômica das emissões no setor de transportes

Admitindo-se que o crescimento econômico está associado a maiores níveis de bem-

estar dos indivíduos, e também ao aumento da mobilidade urbana. Há a necessidade de

equilibrar as relações entre os deslocamentos urbanos para a realização das atividades diárias

e os custos suportados por toda a sociedade e o meio ambiente.

Para avaliar a manutenção das condições climáticas, entendidas como um recurso

ambiental, portanto, sem aferição direta, será necessário a sua representação em unidades,

pelos créditos de carbono (KAHN, 2005).

4.2.2. A estimativa do custo ambiental das emissões

4.2.2.1. A quantificação do carbono

Conforme o resultado dos cálculos da Abordagem de Referência ou o Método “Top-

Down” do IPCC, e adotado pela Convenção do Clima, têm-se as emissões em toneladas

métricas de carbono equivalente (tCO2e) para a série em análise (Ver Tabela 8).

4.2.2.2. O preço do carbono

O Brasil realizou três leilões na BM&F BOVESPA, nos anos de 2007, 2008 e 2012.

As RCEs (Reduções Certificadas de Emissões) alcançaram em 2007 o valor de € 16,2017

, ou

equivalente a R$ 42,30; em 2008 o valor de € 19,2018

, ou equivalente a R$ 51,27; E em 2012,

o valor de € 3,3019

, ou equivalente a R$ 8,47. Em função da disponibilidade dos dados da

17

Mais Detalhes sobre o Edital de Leilão nº 001/2007 realizado em 26 de setembro de 2007, disponível em:

<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/financas/leilaocarbono/Edital-01-2007-Leilao-Venda-

RCE-PMSP-Portugues.pdf>. Acesso em: 12.08.2014. 18

Informações disponíveis em: <http://www.acionista.com.br/bovespa/230908_leilao_creditos_carbono.htm>.

Edital de Leilão nº 001/2008 realizado em 25 de setembro de 2008 está disponível em:

<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/financas/leilaocarbono/Edital-RCE-2008.pdf>. Acesso

em: 12.08.2014 19

Informações disponíveis em: <http://www.acionista.com.br/bovespa/230908_leilao_creditos_carbono.htm>.

Edital de Leilão nº 001/2008 realizado em 25 de setembro de 2008 está disponível em:

<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/financas/leilaocarbono/Edital-RCE-2008.pdf>. Acesso

em: 12.08.2014

Page 64: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

50

série, foram tomados como referência os valores internacionais das cotações médias do CER-

Spot fornecidos pela BlueNext20

, conforme publicações do Banco Mundial21

e CDC Climat

Research22

, com base nos preços médios da taxa de câmbio do Banco Central.

O preço do carbono terá como base:

2007 - € 16,50, ou equivalente a R$ 43,58 (cotação de 13.08.2007/ BM, BlueNext);

2008 - € 13,30, ou equivalente a R$ 35,78 (cotação de 31.10.2008/BM, BlueNext);

2009 - € 11,93, ou equivalente a R$ 30,64 (cotação de 30.09.2009/BM, BlueNext);

2010 - € 13,71, ou equivalente a R$ 31,66 (cotação de 30/09/2010/CDC Climat Research);

2011 - € 8,39, ou equivalente a R$ 20,91 (cotação de 30/09/2011/CDC Climat Research);

2012 - € 2,09, ou equivalente a R$ 5,45 (cotação de 28/09/2012/CDC Climat Research).

4.2.2.3. A estimativa do custo externo

Com os valores deflacionados e por meio da relação entre as emissões e o PIB é

possível demonstrar o custo ambiental gerado pelo setor de transportes para manter o

desempenho da economia de Manaus.

Na Tabela 10, visualiza-se a estimativa das externalidades negativas geradas pelas

emissões de CO2 no transporte rodoviário quando associadas ao preço do carbono. Bem

como, o custo ecológico em relação ao PIB de Manaus no período de 2007 a 2012.

Tabela 10 – Valor do PIB de Manaus (2007-2012) e as emissões de CO2 dos transportes com o respectivo

custo ambiental.

ANO

PIB

MANAUS

(R$ 1.000)

TOTAL

TRANSPORTES

(tCO2)

TOTAL

RODOVIÁRIO

(tCO2)

CUSTO EXTERNO

(Emissões tCO2/R$) TOTAL TOTAL

TRANSPORTES RODOVIÁRIO

2007 45.024.001 4.770.610 1.567.089 0,106 0,035

2008 37.642.210 5.392.696 2.185.029 0,143 0,058

2009 54.853.737 5.795.575 2.725.912 0,106 0,050

2010 47.862.234 6.450.943 3.276.055 0,135 0,068

2011 45.850.258 5.026.697 3.113.436 0,110 0,068

2012 MÉDIA

DP

49.824.579

-

-

4.941.150

-

-

3.242.031

-

-

0,099

0,117

0,017

0,065

0,057

0,026

Fonte: Elaborado a partir dos dados do IBGE, ANP (Manaus), CIGÁS, Banco Mundial/ BlueNext e CDC

Research/BlueNext.

* Valores deflacionados para o ano-base 2012.

20

Histórico das cotações: < http://www.bluenext.eu/statistics/downloads.php >. 21

Informações disponíveis em:

<https://wbcarbonfinance.org/Router.cfm?Page=DocLib&ht=25621&dtype=25622&dl=0>. 22

Informações disponíveis em:< http://www.cdcclimat.com/-Publications-56-.html#pagination_art>.

Page 65: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

51

Conforme a Tabela 10 verifica-se que em 2007, o primeiro ano da série em análise, a

estimativa das externalidades negativas, ou o custo ambiental, com base no preço da cotação

do carbono, se todas as emissões de carbono derivadas do consumo de combustíveis fósseis

nos transportes de Manaus fossem internalizadas, uma proxy do montante seria de R$ 272

milhões ou 0,60% do PIB. Neste ano, foram consumidos no setor, 1.753.764m3

de

combustíveis fósseis nos transportes para atingir os estimados 45 bilhões de reais (valores

deflacionados) do PIB. Isso significa que, para cada R$ 1,00 produzido do PIB/2007 de

Manaus, foram emitidos aproximados 0,106 tCO2, ou 106 quilos de dióxido de carbono.

Quanto ao transporte rodoviário, foram emitidos 33 quilos de dióxido de carbono para cada

unidade monetária gerada do PIB. Uma proxy das externalidades negativas, somente do setor

de transporte rodoviário, somaram R$ 89 milhões ou 0,20% do PIB de Manaus.

O biênio 2008-2009 revela uma queda nas emissões, no setor de transportes, de 143

para 106 quilos de carbono por unidade monetária, respectivamente. E no setor rodoviário as

emissões caíram de 58 para 50 quilos de carbono por cada R$ 1,00 produzido. Este fato pode

ser atribuído ao percentual de 2% de mistura obrigatória do biodiesel ao diesel em 2008. No

ano de 2010 houve um aumento no nível de emissões, e a economia local passa a produzir

135 quilos de carbono pelo uso de combustíveis fósseis nos transportes, para cada unidade de

riquezas geradas, e 68 quilos de carbono no transporte rodoviário. Ainda que o percentual de

mistura de biodiesel tenha se elevado para 5%, o que demonstra a crescente participação do

diesel na matriz energética no setor de transportes da cidade (Gráfico 6).

Gráfico 6: Tendência de emissão de CO2 dos combustíveis fósseis dos transportes na cidade de Manaus

entre 2007 a 2012.

Fonte: Autora, a partir da metodologia do trabalho.

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Todos os Modais

(CO2)106 143 106 135 110 99

Modal

Rodoviário (CO2)35 58 50 68 68 65

0

20

40

60

80

100

120

140

160

CO

2 d

e c

om

bu

stív

eis

/R$

do

PIB

Page 66: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

52

Os anos de 2011 e 2012 encerram a série com a emissão de 110 e 99 quilos de carbono

emitidos pelos combustíveis fósseis por unidade monetária do PIB, respectivamente. A

participação do transporte rodoviário nas emissões de carbono foi com 68 e 65 quilos de

carbono emitidos em 2011 e 2012, respectivamente, para atingir os R$ 51 e 49 bilhões do

PIB. A partir de 2011 percebe-se uma queda das emissões nas emissões.

Havendo o mercado de compensações, ele estaria sujeito a fortes variações devido à

cotação do carbono, pois o valor das externalidades caiu de R$ 264 milhões em 2007 para

R$ 26.929 milhões em 2012. No período de 2007 a 2012, a emissão de carbono no setor de

transportes cai de 106 quilos para 99 quilos por cada R$ 1,00 produzido do PIB. Apresentou

taxa geométrica de crescimento de -1,13%, demonstrando uma tendência de descarbonização

das emissões no computo geral das emissões dos transportes (Gráfico 6). Em 2007, as

emissões de carbono foram de 4.770.610 tCO2, e alcançaram 4.941.150 tCO2 em 2012,

demonstrando sua forte ligação entre as emissões e as variações do PIB.

Contudo, as emissões de diesel, principal combustível do transporte rodoviário, saíram

de 1.567.089 tCO2 em 2007 para 3.242.031 tCO2, um aumento de 35 para 65 quilos de

carbono por unidade monetária do PIB, ou taxa média de crescimento de 10,86% a.a., ainda

que mostrando leve tendência de regressão a partir de 2011 e 2012, com a emissão de 68 e 65

quilos de carbono, respectivamente, a cada R$ 1,00 gerado na economia da cidade.

Segundo estudo do Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais - ICLEI

(2005), os mecanismos de troca seriam uma grande oportunidade para governos locais na

proposta de projetos de grande vulto, envolvendo todas as atividades de uma cidade, ou

região. Adverte que uma frota de 1.000 ônibus a diesel, emite cerca de cem mil toneladas de

carbono por ano. Se fossem substituídos por uma frota equivalente de ônibus híbridos, cujo

consumo se restringe a metade do óleo diesel, deixariam de emitir cinquenta toneladas de

carbono por ano. Caso essa medida fosse aplicada em Manaus, que possuía em 2012, em

torno de 8.800 ônibus, seriam reduzidas, em média, 440 toneladas de carbono.

Como a economia da cidade mostra forte dependência do óleo diesel para a produção e

o transporte de seus produtos, já que o Polo Industrial é seu o centro econômico e participa

com 77,7 % do PIB do Estado (IBGE, 2012). Pode-se afirmar que os produtos demandados

possuem maior intensidade de carbono, e se os custos fossem internalizados, poderiam gerar

recursos viabilizados em uma sociedade ambientalmente mais sustentável.

Page 67: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

53

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As análises conduzidas nesta dissertação objetivaram avaliar as relações entre a

atividade de transportes e sua relação econômica e ambiental de sustentabilidade, revelando

que os mesmos elementos que provocam o crescimento econômico também possuem interface

com a deterioração do meio ambiente.

Em virtude dos congestionamentos terem se tornado um fator intrínseco ao sistema de

transporte rodoviário de Manaus, a responsabilidade do setor no consumo energético,

basicamente de origem fóssil, tem sido bastante relevante. Por estas razões, este trabalho teve

como objetivo geral mostrar a importância do setor de transportes rodoviários para a emissão

dos Gases de Efeito Estufa na cidade de Manaus, com ênfase no CO2.

A aplicação da metodologia Top-Down, revelou que a gasolina C tem grande

participação nas emissões de carbono, seguida das emissões do transporte aéreo. Os

combustíveis fósseis do setor de transporte foram responsáveis pela emissão de 4.770,6096

GgCO2 em 2007, com seu maior pico em 2010 com 6.450,9434 GgCO2 e 4.941,1502 GgCO2

no ano de 2012. O aspecto da pesquisa que surpreendeu ficou para os veículos rodoviários

pesados que em 2012, foram responsáveis por 2.251,1375 GgCO2, um aumento de 142,8%

em relação a 2007. Contribuindo com grande parcela da crescente participação dos transportes

rodoviários nas emissões de carbono, de 79,26% em 2007 para 88,49% em 2012, afastando a

ideia inicial de que os automóveis seriam os grandes responsáveis pela maior parte das

emissões.

O GNV começou a ser oferecido para a população de Manaus em 2010, ano em que

foram consumidos 286.518 103 m

3. Em 2011, houve registro do consumo de 1.297.297 10

3

com aumento aproximado de 40%, em relação ao ano anterior. Já em 2012, o consumo do

combustível atingiu 2.653.058 m3, foi um acréscimo de quase dez vezes em relação ao ano de

2010. Estas estatísticas demonstram o grande potencial de crescimento do GNV, como

combustível alternativo aos fósseis derivados de petróleo na economia de Manaus, e sua

contribuição com as emissões evitadas. O que enseja maiores investimentos no setor.

Constatou-se que, ainda que os custos externos dos transportes estejam aplicados a

preços internacionais, a análise econômica, nesse sentido, mostrou-se insuficiente para

internalizar todos os custos ambientais envolvidos nos transportes. Nem todas as

externalidades referentes ao consumo energético puderam ser quantificadas. Nos anos de

Page 68: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

54

2008 e 2009, houve aumento das emissões de 5.392.696 tCO2 e 5.795.575 tCO2 e seus

respectivos custos externos não foram refletidos nos preços, que ao contrário, indicaram

redução das externalidades negativas, mas não por redução do consumo energético ou

mudanças de atitudes, e sim por queda no preço das RCEs, de € 13,30 e € 11,93,

respectivamente. Alcançou € 2,09 em 2012, com tendência de queda, o que pode ser um

demonstrativo que nem sempre o mercado é capaz de proteger de forma eficiente o meio

ambiente, quando estão envolvidos recursos comuns, como o ar puro (MANKIW, 2005).

Sob outro aspecto, o mercado de créditos de carbono trabalha a perspectiva futura de

redução das emissões, favorecendo com que os custos marginais de mitigação possam ser

adaptados de maneira mais uniforme ao longo dos anos, tendo em vista os efeitos de longo

prazo do CO2 e sua característica de dispersão ultrapassar os limites geográficos.

Enfim, estudos sobre o mercado de carbono aliados a políticas de precificação do

carbono (impostos sobre o carbono) podem ser uma alternativa para alcançar diferentes custos

de abatimentos em diferentes níveis de concentrações, a menores custos locais de redução, em

razão dos GEE ser um problema com soluções de médio e longo prazo.

Recomendações

Este estudo não esgota o assunto, tendo em vista sua limitação ao considerar a emissão

de CO2, pela metodologia Top Down. Devido às atuais informações com baixo nível de

desagregação dos dados, não foi possível a aplicação de metodologia mais complexa. E por

este motivo, foi necessário chegar a aproximações, a partir do consumo dos combustíveis, dos

fatores de emissão e dos fatores de conversão. A recomendação deixada consiste em estudos

complementares, a partir da aplicação de outros métodos, como a Bottom-up, com análise

mais detalhada das emissões. Principalmente no setor hidroviário, de fundamental

importância para a cidade, devido ao seu intenso consumo energético, mas que não foi objeto

de pesquisa deste estudo, e pela metodologia adotada, não foi possível identificar com

precisão suas emissões relativas. Este cálculo é importante para verificar a eficiência do

transporte de passageiros e cargas em relação ao transporte rodoviário.

Verificou-se a relevância no desenvolvimento de coeficientes de emissão com

características locais, para que se possa constatar a eficiência energética e o controle das

emissões de GEE, a partir da realidade da cidade de Manaus, posto que alguns fatores de

emissão da metodologia empregada utilizem padrões internacionais.

Page 69: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

55

Estabeleceu-se ainda, que a participação do setor de transportes é um importante

componente a ser utilizado em políticas internacionais (MDL e suas variações) com a

perspectiva de que sejam desenvolvidos projetos de investimentos na estrutura dos

transportes, na inovação tecnológica dos biocombustíveis, na exploração da intermodalidade

nos transportes, e em melhores condições de vida para as populações carentes, a partir das

oportunidades dos instrumentos econômicos que auxiliem na redução das emissões e

concorram para o desenvolvimento da economia do município.

Ademais, mesmo que os poluentes globais não estejam na pauta das autoridades de

Manaus, já vem sendo realizado em outras cidades do Brasil, ações que contribuem para a

redução das emissões de carbono sem que haja declínio às normas do Protocolo de Quioto,

como no caso do Projeto “Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo

Carbono em Países Emergentes (Urban-LEDS)”, promovido pelo ONU-Habitat e a Comissão

Europeia, em parceria com o ICLEI. Em que participam: Fortaleza, Recife, Belo Horizonte,

Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, Sorocaba (SP) e Betim (MG), com o intuito de

desenvolver estratégias de desenvolvimento urbano inclusivo de baixa emissão de carbono em

condições de crescimento e condições acelerados promovendo resiliência às mudanças

climáticas. Iniciativas dessa natureza contribuem para a redução das emissões ainda que não

exista uma meta definida ou um teto de emissões para a cidade.

Espera-se, que o trabalho desperte o interesse das pessoas no assunto e sirva de

estímulo aos estudos na área dos transportes e sua relação com as emissões. Com exposto,

considera-se que o objetivo de avaliar a relevância do setor de transportes rodoviários na

emissão de GEE, foi atingido.

Page 70: análise econômica dos custos ambientais das emissões de co2 do

56

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