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 Análise de alguns poemas de “MENSAGEM Brasão Bellum sine bello II. Os Castelos Primeiro / Ulisses Mito – algo que não corresponde à realidade; serve como explicação para a realidade; chega a confundir-se com a realidade; Nada – enquanto não é explicado; Tudo – a partir do momento em que o desvendamos; passa a ser uma revelação; Brilhante – algo que chama a atenção; sinónimo de luz; Sol como mito que é mudo se não o percebemos, se não conseguimos olhar para ele; brilhante a partir do momento em que o percebemos; Morto – enquanto não o vemos e não o conseguimos explicar; a partir do momento em que o concretizamos (Cristo) torna-se vivo; Ulisses - a sua importância veio de ser um fundador mítico; foi suficiente para nós sem existir, fundou a cidade de Lisboa; A lenda é repetida ao longo do tempo e vai entrando na realidade; O mito enriquece a realidade; acrescenta-lhe coisas; A vida sem o mito fica reduzida a metade; a vida morre e o mito permanece – o mito imortaliza; É como se existissem níveis diferentes para o mito (em cima) e para a realidade (em baixo). Síntese: o poeta utiliza o nome de Ulisses, fundador mítico de Lisboa, pela sua identificação com a coragem, o instinto guerreiro e a ligação ao mar. Também os portugueses se vão revelar como um povo heróico e guerreiro, construtor do império marítimo. O mito é apresentado no poema de forma paradoxal, é o nada enquanto está por desvendar e o tudo quando revelado e explicado, desvenda a verdade. Sexto / D. Dinis Importância dada à arte e à escrita; D. Dinis incentivou ao culto das letras; D. Dinis mandou plantar o pinhal de Leiria que mais tarde iria, a sua madeira, servir para construir as naus(possível visão metafórica);  “silêncio múrmuro” – silêncio interior, dentro dele;  “cantar, jovem e puro” - cantar de todo um povo, toda uma nação;  “busca o oceano por achar” – oceano desconhecido, com potencialidades desconhecidas porque ainda ninguém o explorou;  “marulho obscuro” – não se descodifica ainda;

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Análise de alguns poemas de “MENSAGEM” 

BrasãoBellum sine bello

II. Os Castelos

Primeiro / Ulisses

Mito – algo que não corresponde à realidade; serve como explicaçãopara a realidade; chega a confundir-se com a realidade;Nada – enquanto não é explicado;Tudo – a partir do momento em que o desvendamos; passa a seruma revelação;Brilhante – algo que chama a atenção; sinónimo de luz;

Sol como mito que é mudo se não o percebemos, se nãoconseguimos olhar para ele; brilhante a partir do momento em que opercebemos;Morto – enquanto não o vemos e não o conseguimos explicar; apartir do momento em que o concretizamos (Cristo) torna-se vivo;Ulisses - a sua importância veio de ser um fundador mítico; foisuficiente para nós sem existir, fundou a cidade de Lisboa;A lenda é repetida ao longo do tempo e vai entrando na realidade;O mito enriquece a realidade; acrescenta-lhe coisas;A vida sem o mito fica reduzida a metade; a vida morre e o mito

permanece – o mito imortaliza;É como se existissem níveis diferentes para o mito (em cima) e paraa realidade (em baixo).

Síntese: o poeta utiliza o nome de Ulisses, fundador mítico deLisboa, pela sua identificação com a coragem, o instintoguerreiro e a ligação ao mar. Também os portugueses se vãorevelar como um povo heróico e guerreiro, construtor doimpério marítimo. O mito é apresentado no poema de formaparadoxal, é o nada enquanto está por desvendar e o tudo

quando revelado e explicado, desvenda a verdade.

Sexto / D. Dinis

Importância dada à arte e à escrita;D. Dinis incentivou ao culto das letras;D. Dinis mandou plantar o pinhal de Leiria que mais tarde iria, a suamadeira, servir para construir as naus(possível visão metafórica);

 “silêncio múrmuro” – silêncio interior, dentro dele; “cantar, jovem e puro” - cantar de todo um povo, toda uma nação; “busca o oceano por achar” – oceano desconhecido, compotencialidades desconhecidas porque ainda ninguém o explorou;

 “marulho obscuro” – não se descodifica ainda;

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 “mar futuro” – realidade desse mar que está por descobrir (nofuturo);Terra que se quer expandir, o mar é o que resta, por onde a terra sequer expandir;Comparação do rumor dos pinhais com o trigo – aproximação da

terra com o mar – a ambição dos portugueses é tão grande que têmde se expandir para o mar;Ondulação do trigo – ondulação do mar.

Síntese: D. Dinis, personagem histórica, assume um papel dedupla importância: o incentivo das letras e da cultura, com oseu próprio contributo como poeta e, por outro lado, o depreparar as grandes viagens marítimas com a célebreplantação do pinhal de Leiria. D. Dinis foi o poeta que sonhoue concretizou o sonho, que lançou as sementes dos

descobrimentos marítimos, ou seja, é realçada a suacapacidade de visionário.

III. As Quinas

Quinta / D. Sebastião, Rei de Portugal

Dá-se importância à loucura;Loucura ligada à ideia de que é alguém que vai à procura, que quer

mais; sonho;Grandeza pela qual temos que lutar; alguém que pretende ir maisalém sem esperar pela sorte;D. Sebastião fala na 1ª pessoa;Aquilo que ele tinha por certo era maior do que ele próprio;No areal ficou o corpo que houve (enquanto figura histórica); aquiloque ele representava permaneceu (mito);Que outros peguem na loucura dele;Sem a loucura, o Homem é incompleto, é apenas um animal, vivepara morrer e para além disso procria;

Sem o mito, o Homem fica reduzido a metade;Fernando Pessoa espera um império espiritual constituído por umareconstituição da cultura – Quinto Império.

Síntese: Fernando Pessoa caracteriza D. Sebastião apontandoa loucura como busca da grandeza. Desejar o impossível éloucura mas é a única forma de se conseguir realizar algo deimportante. D. Sebastião representa o próprio Portugal, umPortugal moribundo que se pretende ressuscitar. Valoriza-se oherói pela sua atitude de recusa de favores da sorte. O poeta

acentua a diferença entre o que houve que corresponde àrealidade e o que há que corresponde ao mito, o que perdura,

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o sonho de grandeza, a memória que permanece.Mar PortuguêsPossessio Maris

Primeiro / O Infante

Existência de uma tríade perfeita: a obra nasce do sonho (grandezade espírito), do Homem e da vontade de Deus;

 “Deus quis que a terra fosse toda uma” – exemplo para provar que atese é verdadeira; que não houvesse diferenças, que a terra seunisse;Foi através do mar que Portugal deu a conhecer novos mundos aomundo; o mar deixou de ser um obstáculo;O poeta trata o Infante por tu – ideia de cumplicidade e emotividade;

 “foste desvendando” – perifrástica; ideia de continuidade – remete

para os obstáculos que tiveram de enfrentar; “orla branca” – sinónimo de visibilidade, luminosidade; aquilo que édesconhecido passa a ser conhecido;

 “Clareou, correndo, até ao fim do mundo” – ideia de que o mundo eramais pequeno antes dos Descobrimentos;

 “azul profundo” – azul do mar; adjectivo restritivo;Há sempre a ideia da intervenção divina; necessidade de recorreràquilo que transcende o Homem para explicar o próprio Homem;Infante – simboliza um herói colectivo (povo português); osportugueses fizeram com que se conhecesse o mundo;

 “Cumpriu-se” – a missão dos portugueses era predestinada; “o Império se desfez” – decadência; “Senhor, falta cumprir-se Portugal!” – o Império desfez-se masPortugal ainda existe → subjacente à ideia de Quinto Império(império espiritual).

Síntese: o poeta apresenta uma concepção messiânica daHistória, apresentando o sopro criador do sonho comoresultado de uma lógica em que Deus é a causa primeira, oHomem o intermediário e a obra o resultado final. A esta visão

equivale aquilo que n’Os Lusíadas aparece como narrativaépica dos Descobrimentos, das façanhas do povo corajoso queé o povo português, das glórias e das tormentas por quepassou.

Segundo/ Horizonte

O título do poema Horizonte evoca um espaço longínquo que seprocura alcançar, funcionando, assim, como uma espécie de metáfora

da procura, como um apelo da distância, do “longe”, à eterna procurados mundos por descobrir e simboliza a verdade do conhecimento.

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No primeiro verso da primeira estrofe Pessoa através da apóstrofe,invoca o “mar anterior a nós”, ou seja, o mar das trevas (mar daidade média), o mar ainda não descoberto mostrando-nos a grandeadmiração que este tem pelo mesmo e, o pronome pessoal “nós” refere-se ao povo português que tinha “medos” mas que mesmo

assim conseguiu descobrir “coral, praias e arvoredos”.

Encontramos nos restantes versos da primeira estrofe umaoposição que refere este tal “mar anterior”, o mar anterior aosdescobrimentos, através de substantivos como “medos”, “noite e acerração”, “tormentas” e “mistério” que remetem para a face ocultada realidade; e que, através de palavras como “coral praias earvoredos”, “desvendadas”, “Abria” e “Splendia”, que contêm a ideiade descoberta, refere o mar posterior aos Descobrimentos.

Ainda na primeira estrofe do poema há a referência ao “sulsiderio” que é o sul celeste, o sul onde se situavam as serras maisbaixas, o sul que “esplendia” sobre as “naus da iniciação”, sobre asnaus portuguesas que, impulsionadas pelos ventos do sonho, daesperança e da vontade, abriram novos caminhos e deram início aum novo tempo descobrindo a maior parte das terras desconhecidas.Esta referência à navegação no hemisfério sul na 1ª estrofe écaracterizada por um estado de euforia.

Em suma, a mensagem que esta estrofe nos pretende passar é

que o “mar anterior” que os portugueses temiam por serdesconhecido, foi desvendado, tiraram-lhe a “noite” e revelou-seentão o seu mistério. Abriu-se esse conhecimento quando as nausdos iniciados viajaram para Sul.

A segunda estrofe do poema é sobretudo descritiva, sendo que,esta descrição é feita através da sucessiva aproximação do longepara o mais perto: “A linha severa longínqua/Quando a nau seaproxima” e “o Longe nada tinha/Mais perto abre-se a terra”. Nestaestrofe o abstracto torna-se concreto.

A “linha severa na longínqua costa” representa as tais terrasdesconhecidas, mas que “quando a nau se aproxima ergue-se aencosta em árvores” conseguiram ser alcançadas pelos portugueses,esta encosta são, então, todos os lugares onde os portuguesesmarcaram a sua presença.

Por fim, na última estrofe, Pessoa aproveita o balanço doraciocínio anterior e chega à conclusão que podia equiparar o sonho aver essas “formas invisíveis da distância imprecisa”, ver para além doque o que os nossos olhos alcançam e “buscar na linha fria dohorizonte a árvore, a praia.. os beijos merecidos da Verdade”. Osonho é o mito que é o tudo desde que determinadas forças se

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desocultem, desde que se defina uma “abstracta linha” (v.12) que,neste caso, representa o mar português como o “mito é nada que étudo” do poema “Ulisses” que pertence à primeira parte daMensagem. O uso do verbo ser no presente do indicativo confere aosversos intemporalidade.

Nos versos 16 e 17 há uma passagem do abstracto ao concretoreforçado pela acumulação de nomes concretos como “árvore”,

 “praia”, “flor”, “ave” e fonte que servem para alcançar um estádio denatureza suprema.

O poema acaba com o verso “Os beijos merecidos da Verdade” (associar a “Ilha dos Amores” d’ Os Lusíadas) que nos mostra que osportugueses são dignos de receber a verdade do conhecimentooculto, o tal horizonte.

Este poema mostra-nos Pessoa como um nacionalista místico mas,por outro lado pessimista, apesar de apenas nos deparamos com aslágrimas e sofrimento de Portugal através de raras expressões como

 “noite e cerração”, “tormentas”, “distância imprecisa” e “linha fria dohorizonte”.

Décimo / Mar Português

 “quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal!” – hipérbole; osofrimento implicado foi enorme;

 “Quantos filhos em vão rezaram!” – rezaram mas eles não voltaram; “Quantas noivas ficaram por casar” – muitas noivas “enviuvaram” mesmo antes de casar;

 “Para que fosses nosso, ó mar!” – para que o mundo fosse nosso emtroca muitas mães choraram, muitos filhos em vão rezaram e muitasnoivas ficaram por casar → teoria do heroísmo (o herói para o sertem que sofrer);

 “Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena” – se aalma tiver a grandeza que era característica de D. Sebastião; a almasó é grande quando existe o sonho, a vontade de ir mais além;

 “Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor.” – teoria do heroísmo → era preciso sofrer, ultrapassar muitosobstáculos;

 “Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou océu.” – o mar representa o perigo e o abismo, mas nele é que sereflecte o céu – o herói enfrenta o perigo e o abismo mas depoistambém acede à felicidade.

Síntese: o poema revela através da apóstrofe inicial aemotividade que associa o mar e as lágrimas. Apresenta a

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teoria do heroísmo também presente n’ Os Lusíadas e segundoa qual a glória se atinge depois de ultrapassado o sofrimento.O mar é o elemento simbólico da conquista suprema dosportugueses e é ao mesmo tempo elemento conciliador entreaquilo que é o prazer absoluto, o poder da descoberta e o

obstáculo a ultrapassar que, inevitavelmente, conduz aosofrimento.

O EncobertoPax in excelsis

I. Os Símbolos

Primeiro / D. Sebastião

Presença de Deus – entidade mítica que está num plano acima doshomens;Sonhar – mito; apesar de Deus estar acima dos homens, deixa-nossonhar; o Homem quer ter o papel de Deus (transcende-se);

 “Que importa o areal e a morte e a desventura / Se com Deus meguardei?” – interrogação retórica – põe em causa o passado histórico;o que importa a morte se o sonho permaneceu?;

 “eu” – identificado com o sonho, que é eterno;

 “É Esse que regressarei.” – crença no regresso de D. Sebastião(sebastianismo) – é o mito que regressa.

Síntese: o poeta afirma a crença no regresso de D. Sebastião.Desta forma, prepara-se para a missão a cumprir. A afirmaçãoda existência de Deus e o chamamento divino remetem para omessianismo presente no sebastianismo.

Segundo / O Quinto Império

O poeta caracteriza as pessoas que vivem em casa num sentidoantitético;Triste de quem se contenta com aquilo que é imediato;Alguém que não tem sonhos, alguém que vive a vida de formaincompleta;Falta ao tal homem a “asa” que lhe permita concretizar o sonho;Lareira: conforto, bem-estar;O homem que vive contente com aquilo que tem se tivesse um sonhopoderia voar, ir mais longe;Quem é feliz é porque se contenta com pouco, é permanentemente

feliz com o imediato;Vive por viver; não vive, sobrevive;

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A alma deste homem não possui mais nada a não ser a espera damorte;O tempo vai passando;Transmite a ideia de que o descontentamento é característica dohomem, ser descontente é querer sempre mais;

O nosso sentido da visão não vê; aquilo que realmente vê é a alma;Implícita a ideia da existência de quatro impérios;Algo vai renascer: renovação, luminosidade, caminho doconhecimento;Implícita a ideia de esperança no futuro;

 “Dia claro” é a sucessão da noite;Estes quatro impérios vão dar lugar ao Quinto Império(verdadeiramente um império espiritual); Tudo passa com o tempo.Morreu D. Sebastião histórico, mas ficou o mítico para darcontinuidade.

Síntese: Pessoa considera que tradicionalmente existemquatro impérios materiais: o da Babilónia, o Persa, o da Gréciae o de Roma. De acordo com o esquema português, osimpérios são espirituais; o primeiro é o da Grécia quesimboliza a civilização ocidental e a origem do que somosespiritualmente; o segundo é o de Roma que se relaciona coma formação da língua; o terceiro é o da Cristandade queconstitui a referência religiosa e moral do ocidente; o quarto éo da Europa laica depois da Renascença. O Quinto Império

terá de ser então o de Portugal representando a novacivilização universal.

II. Os Avisos

Terceiro/ “Screvo meu livro à beira-mágoa” 

 “à beira mágoa” – duplo significado → mágoa provocada pelo impérioque se desfez e por estar triste, desiludido, nostálgico em relação àgrandiosidade do passado;O coração não tem nada que o preencha – sente-se vazio;Água das lágrimas;Dirige-se a Deus, razão de viver dele – o que o faz viver é aesperança, o sonho, a crença na concretização do sonho;Os dias dele são vazios;O que preenche os dias dele é o sentir e o pensar em Deus –cumplicidade entre ele e Deus;Remete para o regresso de D. Sebastião;

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Cristo – é aquele que concretiza Deus; morre e ressuscita para nossalvar, assim com D. Sebastião sob a forma de mito;Este Messias vem despertar o Quinto Império;D. Sebastião: o mito antes de ser descodificado tem algo de obscuro;Deus deu-lhe a vida e ele para já é apenas isso → o que completa a

vida do Homem é o sonho e a concretização desse sonho;A esperança manifesta-se desde início; quando voltar D. Sebastião, aesperança transforma-se em amor à pátria renovada;A pátria sente saudade desde que D. Sebastião morreu;D. Sebastião é sonho.

Síntese: o poeta apresenta-se triste e desiludido perante arealidade do mundo e do seu país. Por outro lado, conserva aesperança do regresso de um D. Sebastião mítico e dessemodo atenua o sofrimento. Podemos então concluir que todo o

percurso do poema vai do desespero à esperança. A esperançanum futuro em que o sonho se concretize. As interrogaçõessucessivas mostram a urgência do poeta em saber quandochegará o Encoberto, o D. Sebastião mítico que representa aesperança e a concretização do sonho.

III. Os Tempos

Quinto / Nevoeiro

Clima de aborrecimento;Neste momento, Portugal não é nada que se distinga do resto daterra; passa-nos despercebido;Portugal cada vez mais triste;

 “Brilho sem luz” → paradoxo – a ideia de brilho remete para a luz;Indefinição das pessoas que constituem o país;O Homem não está completo;Ânsia de recuperar o que foram no passado; desejo que D. Sebastiãoregresse;Não há nada definido, como se tudo acabasse; perda de identidade

que tem a ver com a alma;Hoje Portugal é indefinição; reticências → esperança;Está na hora de começar a construir um Portugal novo.

Síntese: o poema apresenta um tom de melancolia, reflexo doestado de espírito do s. p. que entristece ao mesmo tempo quevê o seu país perder a identidade. O próprio título remete paraalgo de indefinido, de obscuro e que antecede a renovação.Finalmente, termina fazendo um apelo a todos os portuguesesque considera irmãos, dizendo-lhes que chegou hora de

decidir, de reconstruir, de inovar. Esta esperança do poetacontinua a identificar-se com o mito sebastianista que prevê oregresso de D. Sebastião e a constituição do Quinto Império.

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Homem o intermediário e a obra o resultado final. A esta visãoequivale aquilo que n’Os Lusíadas aparece como narrativaépica dos Descobrimentos, das façanhas do povo corajoso que

é o povo português, das glórias e das tormentas por quepassou.