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 1 ANÁLISE DINÂMICA DE MECANISMOS FLEXÍVEIS  VICTOR HUGO PANATO 1 , DOMINGOS ALVES RADE 2  RESUMO Este artigo tem por objetivo apresentar uma síntese do estudo desenvolvido acerca da dinâmica de sistemas de multicorpos, compostos por partes rígidas e flexíveis, com aplicações aos mecanismos elásticos. A modelagem de sistemas de multicorpos é apresentada, atentando  para problem as de represent ação de rotações, caracterização de deformações dos corpos flexíveis e manipulação simbólica para formulação das equações do movimento. Para a caracterização de deformações dos corpos elásticos e conseqüente discretização dos modelos estudados é utilizado o Método de Elementos Finitos (MEF). As simulações de sistemas de multicorpos são apresentadas por meio de exemplos ilustrativos. Palavras chave: Análise Dinâmica, Mecanismos Flexíveis, Modelagem , Simulação.  ___________________ (1 )  Acadêmico do curso de Engenharia Mecânica, (2) Orientador Universidade Federal de Uberlândia - UFU Faculdade de Engenharia Mecânica – FEMEC Campus Santa Mônica – CP: 593 CEP 38400-902 – Uberlândia – MG – Brasil e-mail: [email protected]

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    ANLISE DINMICA DE MECANISMOS FLEXVEIS

    VICTOR HUGO PANATO1, DOMINGOS ALVES RADE2

    RESUMO

    Este artigo tem por objetivo apresentar uma sntese do estudo desenvolvido acerca da

    dinmica de sistemas de multicorpos, compostos por partes rgidas e flexveis, com aplicaes

    aos mecanismos elsticos. A modelagem de sistemas de multicorpos apresentada, atentando

    para problemas de representao de rotaes, caracterizao de deformaes dos corpos

    flexveis e manipulao simblica para formulao das equaes do movimento. Para a

    caracterizao de deformaes dos corpos elsticos e conseqente discretizao dos modelos

    estudados utilizado o Mtodo de Elementos Finitos (MEF). As simulaes de sistemas de

    multicorpos so apresentadas por meio de exemplos ilustrativos.

    Palavras chave: Anlise Dinmica, Mecanismos Flexveis, Modelagem, Simulao.

    ________________________

    (1)Acadmico do curso de Engenharia Mecnica, (2) OrientadorUniversidade Federal de Uberlndia - UFUFaculdade de Engenharia Mecnica FEMECCampus Santa Mnica CP: 593CEP 38400-902 Uberlndia MG Brasile-mail: [email protected]

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    DYNAMIC ANALYSIS OF FLEXIBLE MECHANISMS

    ABSTRACT

    This paper focuses on the study carried on about multibody system dynamics, formed by both

    rigid and flexible components, with particular emphasis to elastic mechanisms. The following

    aspects are addressed: modeling, simulation and optimization. Modeling of flexible

    mechanisms takes into account the representation of finite rotations and small elastic

    displacements for obtaining the equations of motion. For characterizing elastic strains, the

    Finite Element Method is used. A number of numerical simulations are presented to illustrate

    some important features of the dynamic behavior of elastic mechanisms.

    Keywords: Dynamic Analysis, Flexible Mechanisms, Modeling, Simulation.

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    1 - Introduo

    A anlise dinmica de corpos rgidos

    e flexveis interconectados, que sofrem

    grandes deslocamentos, tambm conhecidos

    como sistemas de multicorpos, um tpico

    com aplicaes em vrias reas da

    Engenharia Mecnica, tais como robtica,

    sistemas aeroespaciais, engenharia

    automotiva, entre outras.

    Particularmente, a dinmica de

    mecanismos operando a alta velocidade,

    um problema de grande importncia e tem

    recebido ateno considervel de

    pesquisadores, durante as duas ltimas

    dcadas.

    Sistemas de multicorpos eram

    tradicionalmente modelados como corpos

    rgidos, onde os efeitos das deformaes

    elsticas no movimento eram desprezados.

    No entanto, recentes trabalhos vm

    admitindo a deformao estrutural na anlise

    dinmica de sistemas de multicorpos, usando

    uma teoria de elasticidade linear, onde tais

    deformaes elsticas so admitidas

    pequenas. Percebia-se, entretanto, que estes

    mtodos lineares eram precisos somente para

    alguns tipos de sistemas mecnicos, onde

    grandes deformaes pudessem ser

    desconsideradas.

    Assim, em numerosos casos faz-se

    necessria a criao de modelos dinmicos

    mais sofisticados e precisos, capazes de

    analisar os efeitos de deformaes elsticas e

    grandes deslocamentos nas respostas de

    mecanismos flexveis.

    Os primeiros cdigos estruturais de

    simulao da Dinmica de Sistemas de

    Multicorpos pecavam principalmente pelo

    grande nmero de hipteses simplificadoras,

    como por exemplo, linearizao de rotaes e

    negligenciamento de movimentos fora do

    plano do mecanismo, que levavam a erros

    bastante significativos.

    No entanto, a hiptese mais

    questionvel para a dinmica de multicorpos,

    era a admisso de que todos corpos fossem

    rgidos no sistema. A necessidade de se ter

    mecanismos cada vez mais leves, com menor

    consumo de potncia e com velocidades cada

    vez maiores, tornou inadequada a hiptese de

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    rigidez. Por isso faz-se necessrio levar em

    conta os efeitos da flexibilidade dos corpos.

    Evidentemente, o custo computacional

    aumentado, j que os modelos matemticos

    so mais sofisticados. Todavia, com o uso de

    computadores cada vez mais potentes no

    mercado, torna-se vivel a simulao

    numrica do comportamento dinmico a parti

    destes modelos.

    Outra motivao que caracteriza este

    trabalho a incluso das tcnicas de

    otimizao nos modelos analiticamente

    estudados.

    No projeto de mecanismos elsticos,

    restries de tenso e de deformao no

    podem ser desprezadas. Alm desses, muitos

    outros critrios, especficos a cada

    mecanismo, so utilizados na otimizao de

    sistemas de multicorpos. Na literatura

    especializada, comum a adoo de funes

    objetivos, que levam em conta freqncias

    naturais de vibrao ou velocidades crticas

    de operao de um determinado mecanismos

    elstico; algumas propriedades fsicas e/ou

    geomtricas so utilizadas como variveis de

    projeto, para se obter um melhor

    desempenho.

    Com uso de pacotes de otimizao, a

    tarefa de encontrar uma configurao tima

    para um determinado problema ficou

    bastante simplificada. Esses otimizadores

    aparecem no mercado com a mesma

    capacidade matemtica, com uma interface

    grfica muito mais amigvel, e com a

    capacidade de conexo com outros

    programas, que permitem resolver vrios

    problemas na modelagem, simulao, na

    prpria otimizao, na identificao e no

    controle desses sistemas.

    2 - Modelagem Numrica de SistemasMecnicos de Multicorpos Baseada naTcnica de Rayleigh-Ritz

    A configurao e o movimento de um

    sistema de multicorpos podem ser descritos,

    utilizando as seguintes grandezas cinemticas

    vetoriais: posio, velocidade e acelerao.

    Essas grandezas devem ser medidas emrelao a um sistema tri-ortogonal de eixos

    de referncia, previamente escolhido.

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    Uma vez escolhido o sistema de

    referncia, um vetor arbitrrio u fica

    definido por suas trs componentes espaciais.

    Na anlise de sistemas de

    multicorpos, dois tipos de sistemas

    referenciais so empregados, a saber: a)

    sistema de referncia globalou inercial: com

    eixos fixos, tomado como padro para

    todos os componentes, independentemente

    de suas posies ou movimento; b) sistemas

    de referncia locais: esto ligados

    diretamente a cada um dos corpos

    componentes do sistema. Assim, sua posio

    e orientao variam com o tempo, quando o

    sistema se movimenta.

    Fig. 1 - Sistemas Referenciais

    A vetor posio iu de um ponto

    qualquerPi , de um componente genrico i do

    sistema de multicorpos pode ser

    representada da seguinte forma. No sistema

    global:

    332211 iiiuiiii

    uuu ++= (1)

    E no sistema local:

    iiiiiii uuu 332211 iiiu ++= (2)

    As configuraes determinadas pelas

    Eqs. (1) e (2) podem ser relacionadas atravs

    de uma transformao algbrica, denominada

    matriz de rotao.

    Em sistemas de multicorpos com

    componentes flexveis, deve-se incluir na

    formulao os efeitos relacionados

    elasticidade. A deformao, ou mudana de

    forma de um corpo, depende do movimento

    de cada partcula, relativo a sua vizinhana.

    2.1 - Vetor Posio

    Pode-se identificar um ponto P no

    corpo, com o vetor posio . O

    deslocamento final de P, de t0a t dado por:

    xu = (3)

    Onde:

    [ ] [ ] [ ]TTT ,xxx,uuu 321321321 === xucomo pode ser observado na Fig. 2.

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    Fig. 2 - Configurao Deformvel e Indeformvel

    Mtodos de aproximao so usados

    para formular um conjunto finito de equaes

    dinmicas do movimento de sistemas de

    multicorpos, contendo partes deformveis

    interconectadas.

    Assim, a formulao das equaes do

    movimento para corpos deformveis, que

    esto sob ao de grandes deslocamentos

    rotacionais e translacionais desenvolvidausando como referncia o sistema de

    coordenadas locais.

    Neste sistema de coordenadas, a

    configurao de cada corpo flexvel no

    sistema identificado, usando dois conjuntos

    de coordenadas: um de referncia e um

    elstico. Coordenadas de referncia definem

    a localizao e a orientao de um corpo

    selecionado. Coordenadas elsticas, por sua

    vez, definem a deformao do corpo com

    relao ao sistema de referncia. Com a

    inteno de evitar dificuldades

    computacionais, associadas a espaos de

    dimenses infinitas, essas coordenadas so

    introduzidas usando tcnicas clssicas de

    aproximao, como o mtodo de Rayleigh-

    Ritze o mtodo de Galerkin.

    Sistemas de multicorpos, em geral,

    incluem duas classes de corpos. Uma delas

    consiste de slidos compactos e volumosos

    que so tratados como corpos rgidos,

    enquanto outra classe inclui componentes

    tipicamente estruturais , como barras, vigas,

    placas elsticas.

    O comportamento de tais

    componentes governado por um conjunto

    de equaes diferenciais parciais

    simultneas.

    Supe-se que o campo de

    deslocamentos descreva a deformao do

    corpo com relao ao sistema de referncia

    local, de acordo com Fig. 3:

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    Fig. 3 - Coordenadas de um Corpo Deformvel

    O movimento do corpo ser ento

    definido como o movimento deste

    referencial, mais o movimento dos pontos

    materiais no corpo com relao a esta

    referncia.

    Estabelecendo a hiptese do campo

    de deslocamento conter modos de corpo

    rgido, ento um conjunto de condies

    iniciais dever ser imposto para definir um

    nico campo de deslocamentos, com relao

    ao sistema de coordenadas selecionado.

    Para identificar a configurao de

    corpos elsticos, um conjunto de

    coordenadas generalizadas selecionado deforma que a localizao de um ponto,

    arbitrrio, possa ser descrita por essas

    coordenadas.

    Assim, selecionado um sistema

    global, (X1X2X3), fixo no tempo, que define

    a conectividade entre diferentes corpos no

    sistema de multicorpos. Para um corpo

    arbitrrio i, escolhemos o sistema de

    referncia ( )iii XXX 321 , cuja localizao e

    orientao com relao ao sistema global so

    definidas por um conjunto de coordenadas

    chamadas coordenadas de referncia e

    denotadas por irq . Este vetor pode ser escrito

    da seguinte forma:

    [ ]TTiTiir vq = (4)

    onde iv o vetor das coordenadas

    cartesianas de translao, que define a

    localizao da origem do corpo de referncia,

    conforme a ltima figura, e i um conjunto

    de coordenadas de rotao, que descreve a

    orientao do corpo selecionado.

    Se o corpo for rgido, as coordenadas

    de referncia so suficientes para a

    localizao de um ponto arbitrrio do corpo,

    e consequentemente, essas coordenadas

    descrevem completamente a cinemtica do

    corpo.

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    8

    No caso de um corpo rgido

    bidimensional, a posio global de um ponto

    Ppode ser descrita por:

    iiiiP uAvr += (5)

    onde iu o vetor posio do ponto Pe iA

    a matriz de transformao definida por:

    =

    ii

    ii

    i

    cossen

    sencosA (6)

    Como a hiptese de rigidez do corpo i

    implica que a distncia entre dois pontos

    quaisquer do corpo permanea sempre

    constante, conclui-se que o comprimento do

    vetor iu permanecer, tambm, consta nte.

    No entanto, quando corpos

    deformveis so considerados, a distncia

    entre dois pontos arbitrrios, em geral, no

    permanece constante, devido ao movimento

    relativo entre as partculas que formam o

    corpo. Neste caso o vetor iu pode ser escrito

    como:

    i

    f

    i

    f

    qSuuuu +=+=00

    (7)

    onde 0u a posio do ponto P, no estado

    indeformado, Si a matriz de forma, e ifq

    o vetor de coordenadas generalizadas

    elsticasdo corpo flexvel i.

    Assim, podemos expressar a posio

    do pontoPno corpo i, por:

    )ifiiiiiii

    P qSuAvuAvr ++=+= 0 (8)

    onde a posio global do ponto P escrita

    em termos das coordenadas generalizadas e

    das coordenadas elsticas do corpo i. Assim,

    pode-se definir as coordenadas do corpo i,

    por:

    =

    =

    if

    i

    i

    if

    iri

    q

    v

    q

    qq (9)

    com iv e i sendo as coordenadas de

    referncia e ifq o vetor de coordenadas

    elsticas.

    2.2 - Equaes de Velocidade

    Derivando a Eq. (8) em relao ao

    tempo, teremos:

    iiiiiiP uAuAvr &&& ++= (10)

    Usando a Eq. (7), podemos escrever

    iu& em termos de suas derivadas temporais,

    de acordo com as coordenadas elsticas do

    corpo i, da seguinte maneira:

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    9

    if

    ii qSu && = (11)

    onde ifq& o vetor de velocidades elsticas

    para o corpo i. Substituindo essa relao na

    Eq. (10), resulta:

    i

    f

    iiiiii

    P qSAuAvr ++= &&& (12)

    Fazendo a seguinte substituio

    iiii BuA && = , onde iB um vetor que

    depende de e ifq , ei& a derivada das

    coordenadas rotacionais em i, a ltima

    equao ficar da seguinte forma:

    i

    f

    iiiiii

    P qSABvr &&& ++= (13)

    Podemos ainda expressar o vetor

    velocidade absoluta da Eq. (13) pela seguinte

    relao:

    [ ]

    =

    i

    f

    i

    i

    iiiiP

    q

    v

    SABIr

    &

    &

    &

    & 3 (14)

    Fazendo [ ] iiii SABIL 3= , e

    usando a relao [ ]TTifTiTii qvq &&&& = pode-

    se escrever:

    iiiP qLr && = (15)

    que uma forma simplificada para o vetor de

    velocidades generalizadas do ponto P , no

    corpo i.

    A Eq. (13) expressa o vetor

    velocidade de um ponto P em funo das

    coordenadas generalizadas do corpo i. Temos

    ainda que iv& o vetor velocidade absoluta

    da origem do corpo de referncia; ifii qSA & a

    velocidadedo ponto P, devida deformao

    do corpo, definida em relao a um

    observador estacionrio no corpo. Se este for

    rgido, ifii qSA & ser igual a zero; o termo

    central iiB & , resultante das derivadas

    temporais da matriz de transformao. Este

    termo depende das coordenadas de rotao, etambm das coordenadas de deformao

    elstica do corpo.

    2.3 - Equaes de Acelerao

    A acelerao do ponto P

    determinada pela diferenciao direta da Eq.

    (15). Isso conduz a:iiiii

    P qLqLr &&&&&& += (16)

    onde iiqL && um vetor de velocidades

    quadrticas, que contm a componente de

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    10

    Coriolis. O vetor acelerao pode ser

    expresso ainda da seguinte forma:

    iiiii

    iiiiii

    )(2

    )(

    uAuA

    uuvr iP

    &&&

    &&&&

    ++

    +++= (17)

    Nesta equao, i o vetor

    acelerao angular; o termo iv&& a

    acelerao da origem do corpo de

    referncia; )( iii u a componente

    normal de acelerao do ponto P, que

    instantaneamente coincide com P, na

    configurao indeformada. Esta componente

    da acelerao est direcionada ao longo do

    eixo que conecta a origem do sistema de

    referncia ao ponto P; ii u a

    componente tangencial da acelerao de P

    relativa origem. A direo desta

    componente perpendicular aos vetores i e

    iu ; )( iii uA &2 a componente de

    Coriolisda acelerao e iiuA && a acelerao

    do ponto Pdevida deformao relativa ao

    sistema de referncia.

    Em um corpo rgido, os dois ltimos

    termos da Eq. (17) desaparecem. Esta

    equao, inclusive, usada na dinmica de

    corpos rgidos para descrever a acelerao

    das partculas que se deslocam no corpo,

    contanto que o movimento destas seja

    apropriadamente descrito pelo vetor iu .

    2.4 - Propriedades de Inrcia

    A respeito da energia de corpos

    deformveis, observa-se diferenas entre as

    propriedades de inrcia de corpos flexveis

    que sofrem rotaes finitas e as propriedades

    de inrcia de sistemas rgidos e estruturais.

    As integrais de forma que aparecem

    nas componentes da matriz de inrcia

    representam a inrcia que existe no

    acoplamento entre o movimento de

    referncia e a deformao elstica do corpo

    deformvel. Alm disso, a matriz de inrcia

    depende da deformao elstica e, como

    consequncia, ter variao com o tempo.

    2.5 - Matriz de Inrcia

    A seguinte definio da energia

    cinticaTi , para um corpo iser usada:

    ii

    P

    Ti

    PV

    iidVT

    irr &&

    =

    2

    1 (18)

    onde i a densidade, Vi o volume, e iPr&

    o vetor velocidade de um ponto arbitrrio P

    neste sistema de referncia.

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    11

    Usando o fato de que iiiP qLr && = ,

    escrevemos:

    = iViiiTiTiii dVT qLLq &

    2

    1 (19)

    Assim:

    [ ] iV

    iiTiiTii dVTi

    qLLq && = 21

    (20)

    Ou ainda, numa forma mais

    compacta:

    iiTii

    T qMq &&

    2

    1

    = (21)

    onde, Mi a matriz simtrica, chamada

    matriz de inrcia do corpo i, no sistema de

    multicorpos. Esta matriz definida por:

    = iViiTiii

    dVLLM (22)

    Como [ ] iiii

    SABIL 3= , tem-se:

    ( )[ ]

    =

    iV

    iiii

    T

    Tii

    TiiidVSABI

    SA

    B

    I

    M 3

    3

    (23)

    Ou ainda:

    ( ) ( )

    i

    iTiTiiiTii

    iiTiiTiTi

    iii

    V

    ii

    dVi

    = SSSABSA SABBBB

    SABI

    M

    3

    (24)

    Numa notao simplificada, a Eq.

    (24) pode ser reescrita como a seguinte

    matriz simtrica:

    =iTiTi

    iiTi

    iii

    i

    ffff v

    fv

    vfvvv

    MMM

    MMM

    MMM

    M (25)

    Voltando energia cintica, pode-se

    expressar a Eq. (21) em funo das

    submatrizes da Eq. (25):

    ]2

    2

    2[2

    1T

    if

    iTif

    if

    iTi

    iiTiif

    iTi

    iiTiiiTii

    qMqqM

    MqMv

    MvvMv

    fff

    vf

    vvv

    &&&&

    &&&&

    &&&&

    ++

    +++

    ++=

    (26)

    Caso o corpo analisado seja rgido, o vetor

    ifq& , relacionado s coordenadas elsticas de

    i, desaparece, e a energia cintica se reduz a:

    [ ]iiTiiiTiiiTiiT MMvvMv vvv &&&&&& ++= 22

    1 (27)

    2.6 - Matriz de Rigidez

    Considerando o trabalho virtual

    relacionado s foras elsticas, tem-se::

    iiT

    V

    iiS dVW i = (28)

    onde i e i so, respectivamente, os vetores

    de tenso e de deformao, e iSW o

    trabalho virtual realizado pelas foras

    elsticas.

    Pode-se definir ainda, a seguinte

    relao:

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    12/18

    12

    if

    ii uD = (29)

    onde iD um operador diferencial e ifu o

    vetor de deslocamento. Assim, usando as

    coordenadas generalizadas do corpo i:

    i

    f

    iii qSD= (30)

    Relacionando os vetores i e i , de

    acordo com a equao constitutiva linear:

    iii E = , (31)

    em que iE a matriz simtrica de

    coeficientes elsticos, e fazendo as devidas

    substituies, escreve-se:

    i

    f

    iiii qSDE = (32)

    Voltando Eq. (27), tem-se:

    ( ) iifiiTiTii

    V

    Ti

    f

    i

    S dVW i qSDESDq = (33)

    Ou ainda:

    ( ) ifiiiiT

    V

    iiTif

    iS dVW i qSDESDq

    = (34)

    Define-se ento a matriz de rigidez,

    i

    ffK , como sendo:

    ( )

    iiii

    V

    TiiidV

    i

    SDESDKff =

    (35)

    Assim, pode-se escrever a equao do

    trabalho virtual, em funo da rigidez, da

    seguinte forma:

    i

    f

    iTi

    f

    i

    SW qKq ff = (36)

    Ou ainda:

    [ ]

    =i

    f

    i

    i

    i

    Tif

    Ti

    TiiS W

    q

    v

    K00000

    000

    qvff

    (37)

    2.7 - Foras Externas

    O trabalho virtual de todas as foras

    externas que atuam em um corpo i, em um

    sistema de multicorpos pode ser escrito como

    segue:

    qf Ti

    ei

    eW = (38)

    onde ief o vetor das foras generalizadas,

    associado s coordenadas do corpo i. Com

    isso, pode-se escrever:

    [ ]

    =

    i

    f

    i

    i

    TiTiTiie W

    q

    v

    fff fv

    (39)

    Nota-se que as coordenadas do vetor

    de foras externas esto relacionadas,

    respectivamente, s coordenadas de

    translao, de rotao e s coordenadas

    elsticas do corpo i.

  • 5/20/2018 Analise Dinamica de Mecanismos Flexiveis.pdf

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    13

    2.8 - Equaes do Movimento

    O trabalho virtual realizado pelas

    foras atuantes em um corpo i, em sistema

    de multicorpos pode ser representado por:

    i

    e

    i

    S

    iWWW += (40)

    onde iSW o trabalho virtual devido s

    foras elsticas, resultantes da deformao

    do corpo, e ieW o trabalho virtual

    realizado pelas foras externas, tais como

    molas, amortecedores, fora gravitacional,

    etc.

    Substituindo as Eqs. (35) e (38) em

    (39), tem-se:

    [ ]i

    Tie

    Tiii

    Tie

    iiT

    ii W qfqKqfqKq +=+=

    (41)

    Fazendo [ ] TiTieTii

    ffqK =+ , onde

    if o vetor de foras generalizadas

    associado s coordenadas do corpo i, obtm-

    se:

    iTiiW qf = (42)

    Na dinmica de multicorpos, os

    sistemas de coordenadas no so

    independentes, devido s trajetrias dos

    corpos e existncia de juntas, que podem

    ser de revoluo, prismticas ou universais.

    Estas restries cinemticas podem ser

    introduzidas na formulao pelo uso de

    equaes algbricas no-lineares que

    dependem do conjunto de coordenadas

    generalizadas e possivelmente do tempo.

    Pode-se escrever as funes de

    restries cinemticas da seguinte forma:

    0qCq =)t,(i (43)

    As Equaes de Lagrangeassociadas

    ao corpo i, no sistema de multicorpos so

    expressas segundo:

    iTi

    T

    i

    iT

    i

    iTT

    dt

    d

    fCqq q =+

    & , (44)

    onde iT representa a energia cintica do

    corpo eTi

    qC a matriz Jacobiana de

    restries, e representa o conjunto dos

    multiplicadores de Lagrange.

    Usando a expresso geral da energia

    cintica dada pela Eq. (21), os dois primeiros

    termos de (43) ficam:

  • 5/20/2018 Analise Dinamica de Mecanismos Flexiveis.pdf

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    14

    TiiTi

    i

    iiiiT

    i

    iT

    i

    i

    2

    1

    TTdtd

    +=

    qMq

    q

    qMqMqq

    &&

    &&&&

    &

    (45)

    Define-se o vetor iv como sendo o

    vetor de velocidade quadrtica , resultante da

    diferenciao da energia cintica com relao

    ao tempo e s coordenadas do corpo:

    T

    iiTi

    i

    iii

    += qMqq

    qM &&&&2

    1v (46)

    Neste vetor esto contidas as

    componentes de fora de Coriolis. Assim

    sendo, a Eq. (44) pode ser escrita como:

    iii

    T

    i

    iT

    i

    iTT

    dt

    d

    v

    =

    qM

    qq &&

    &

    (47)

    Substituindo esta equao em (43),

    tem-se:

    b

    ii

    e

    Tiiiiin,,,i, L&& 21=+=++ vfCqKqM q

    (48)

    onde nb o nmero total de corpos no

    sistema.

    A Eq. (47) pode ainda ser escrita

    numa forma mais explcita:

    ( )

    ( )

    ( )

    ( )

    +

    =

    +

    +

    +

    v

    v

    e

    eT

    T

    ii

    ii

    f

    r

    f

    r

    q

    q

    f

    r

    fff

    r

    fffr

    rfrr

    f

    f

    C

    C

    q

    q

    K0

    00

    q

    q

    MM

    MM

    f

    r

    v

    v

    &&

    &&

    (49)

    Para simplificar a notao, pode-se

    omitir o ndice ida formulao acima.

    Derivando duas vezes a equao (42),

    tem-se:

    qqCqCCqC qqqq &&&&& = ttt 2 (50)

    O vetor dado em (49) pode ser

    representado por cq=qCq && , que um vetor

    que depende das coordenadas de referncia,

    coordenadas elsticas, velocidades e

    eventualmente do tempo.

    Combinando as Eqs. (48) e (49) tem-

    se:

    ( ) ( )

    ( ) ( )

    +

    +=

    =

    ffff

    rr

    f

    r

    qff

    qrfrr

    Kf

    f

    q

    q

    0

    CM

    CMM

    f

    r

    cq

    v

    v

    ve

    ve

    T

    T

    sim.

    &&

    &&

    (51)

    Ou ainda:

    f=qM (52)

  • 5/20/2018 Analise Dinamica de Mecanismos Flexiveis.pdf

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    15

    A resoluo da equao (51) pode ser

    obtida por um mtodo aproximado

    encontrado em Shabana (1998), chamado

    tcnica de insero, que consiste na

    eliminao das foras de restrio para se

    obter os valores das aceleraes

    Esta a formulao usada por

    Shabana (1998) e que foi a base para a

    anlise desenvolvida at agora, sendo

    relevante na parte de modelagem e simulao

    dos mecanismos flexveis estudados.

    3 - Resultados Preliminares

    Usando o softwareANSYS, foi feita

    a modelagem de um mecanismo plano de

    quatro-barras.

    3.1 - Descrio do Modelo

    O modelo inicial composto de vigas

    bidimensionais acopladas, de seo

    transversal circular, conforme a Fig. 4, onde

    sero consideradas as seguintes

    caractersticas:

    Comprimento de cada viga:2l = 0,127 m,

    3l = 0,2794 m, 4l = 0,2667 m;

    Mdulo de elasticidade: E = 2,1 x 1010 kg /

    m2;

    Densidade: = 7751,09 kg / m3;

    rea da seo transversal: A = 1,6129 x 10-4

    m2;

    Momento de inrcia: I = 8,65761 x 10-9m4;

    Dimetro da seo: d = 1,4 x 10-2m;

    Coeficiente de Poisson: = 0,3.

    Fig. 4 - Mecanismo Plano de Quatro-Barras

    O modelo consiste de trs vigas

    uniformes acopladas, sendo que uma das

    extremidades de2l e outra de 4l esto fixas

    ao referenc ial, como mostra a Fig. 8.

    Foi efetuada uma anlise modal do

    sistema, utilizando o mtodo de iterao por

    subespaos para a extrao dos primeiros

    modos naturais de vibrao e uma anlise

    transientepara se obter os dados relativos s

    velocidades angulares e aceleraes

    angulares das barras3

    l e4l . Neste

    segundo tipo de anlise, (anlise esta

  • 5/20/2018 Analise Dinamica de Mecanismos Flexiveis.pdf

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    puramente cinemtica), foi atribuda a2l

    uma vel. ang. (cte) srad2,182= .

    Para simplificar a notao utilizada na

    Fig. 4, os ns 2 e 3 representaro uma junta

    de revoluo denominada B, e os ns 4 e 5

    que esto representando a junta C. Sendo

    assim, os ns 1 e 6 sero, respectivamente, os

    pontos Ae D.

    Baseado nisso, os grficos dos

    deslocamentos relativos aos ns 2 e 4, em

    funo do tempo, nas suas componentes

    cartesianas, so mostrados a seguir, nas

    figuras 5 e 6.

    Fig. 5 - Deslocamentos relativos ao ponto B

    Fig. 6 - Deslocamentos relativos ao ponto C

    O mesmo mecanismo foi modelado

    no software DYMORE e os resultados da

    simulao, plotados no ambienteMATLAB, so apresentados nas figuras 7 e

    8:

    Fig. 7 - Deslocamentos relativos ao ponto B

    Fig. 8 - Deslocamentos relativos ponto C

    Os grficos plotados nas figuras 5 e

    7, com relao junta B, mostram os

    deslocamentos segundo as trs componentes

    cartesianas, utilizando-se inicia lmente o

    ANSYS , e em seguida o DYMORE.

  • 5/20/2018 Analise Dinamica de Mecanismos Flexiveis.pdf

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    Analogamente, de acordo com a junta de

    revoluo C, so apresentadas as figuras 6 e

    8. A coincidncia dos resultados indica a

    correta utilizao dos programas

    computacionais.

    Para o mecanismo de quatro-barras

    mostrado na Fig. 4, foi formulado ainda a

    seguinte situao, similar a um problema

    apresentado por Bauchau (1998).

    4 - Concluso

    Uma reviso sobre as principais

    caractersticas da formulao inerente aos

    mecanismos flexveis foi feita, com o intuito

    de buscar as ferramentas necessrias para

    desenvolver o tema proposto.

    Uma metodologia de modelagem

    matemtica de sistemas de multicorpos,

    baseada no mtodo de Rayleigh-Ritz

    apresentada.

    Efeitos da flexibilidade no contexto

    da teoria da elasticidade linear so

    considerados.

    A anlise dinmica de um

    mecanismo de quatro barras apresentada,

    levando-se em considerao duas

    implementaes: usando o software

    ANSYS e outra utilizando o programa

    DYMORE, juntamente com o pacote

    MATLAB

    .

    Nas simulaes numricas, nota-se a

    presena de pequenas regies de

    instabilidade nos grficos relacionados ao

    mecanismo no-flexvel, no que diz respeito

    aos deslocamentos e s rotaes.

    Esta mesma concluso observada

    nas anlises de velocidade angular, foras,

    tenses, entre outras.

    A vibrao encontrada cada vez

    mais acentuada, na medida que em que se

    modifica o mdulo de elasticidade das barras

    (Bauchau, 1998).

    5. Bibliografia

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  • 5/20/2018 Analise Dinamica de Mecanismos Flexiveis.pdf

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    SONG, J. O., HAUG, E. J. - Dynamic

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    VAZ, C. M. - Modelagem Numrico-

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    Flexveis, Relatrio de Qualifica

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