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Elder Emanoel Pedrosa Dias ANÁLISE DE METODOLOGIA DE MELHORIA DE PROCESSOS: APLICAÇÕES À INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Sistemas de Gestão. Orientador: Prof. João Alberto Neves dos Santos, D.Sc NITEROI 2006

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1

Elder Emanoel Pedrosa Dias

ANÁLISE DE METODOLOGIA DE MELHORIA DE PROCESSOS: APLICAÇÕES À INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado em Sistemas de Gestão da

Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

concentração: Sistemas de Gestão.

Orientador:

Prof. João Alberto Neves dos Santos, D.Sc

NITEROI 2006

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2

Elder Emanoel Pedrosa Dias

ANÁLISE DE METODOLOGIA DE MELHORIA DE PROCESSOS: APLICAÇÕES À INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Dissertação apresentada ao Curso de

Mestrado em Sistemas de Gestão da

Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

concentração: Sistemas de Gestão.

Aprovada em ____ de _________ de 2006

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________

Prof., João Alberto Neves dos Santos, D.Sc

Universidade Federal Fluminense

________________________________________

Prof. Ruben Huamanchumo Gutierrez, D.Sc

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________

Prof. Cyro Borges, D.Sc

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

3

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado serenidade, paciência, saúde e sabedoria para mais esta

etapa em minha vida.

A minha esposa, pelo entendimento nas horas de ausência, confiança,

compreensão e carinho.

À Universidade Federal Fluminense (UFF), que acolheu e permitiu o

desenvolvimento deste estudo.

A DaimlerChrysler do Brasil, empresa em que trabalho pelo apoio e oportunidade

de aprimoramento profissional.

Ao SENAI-JF por ser o elo desta parceria Universidade e Empresa.

Ao professor Dr. João A. Neves, pela orientação deste trabalho e por compartilhar

o seu conhecimento, dedicação e paciência.

Aos meus colegas de turma pelo entusiasmo, amizade e colaboração.

Aos meus pais, pelo carinho e experiência de vida.

Aos amigos que vivenciaram a minha luta neste período de estudo.

4

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................13

1.1 OBJETIVOS GERAIS .................................................................................................15

1.1.1 Objetivos Específicos ...........................................................................................15

1.2 MOTIVAÇÃO E RELEVÂNCIA ..................................................................................15

1.3 ESTRATÉGIA DE AÇÃO...........................................................................................16

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................................16

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................................17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................................18

2.1 HISTÓRIA DA QUALIDADE .......................................................................................18

2.1.1 Evolução e os Princípios da Qualidade................................................................19

2.1.2 Princípios Segundo Deming.................................................................................21

2.1.3 Princípios Segundo Juran ....................................................................................23

2.1.4 Princípios Segundo Crosby..................................................................................25

2.1.5 Comparação dos Princípios de Deming, Juran e Crosby...................................27

2.2 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE - BASEADO ISO 9000 - 2000...........................................................................................................................................28

2.3 PROBLEMAS DE QUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES .........................................30

2.4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE............................................................................32

2.4.1 As Sete Ferramentas da Qualidade (Estatísticas) ..............................................33

2.4.2 As Sete Novas Ferramentas da Qualidade (Gerenciais).....................................36

5

2.5 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS .......................................................................40

2.5.1 Aperfeiçoamento de Processos ............................................................................40

2.5.2 Metodologias de Análise e Melhoria dos Processos .........................................40

2.5.2.1 Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP) ..............................41

2.5.2.2 Problem Solving ( Juran Institute 1991) ..........................................................42

2.5.2.3 Metodologia para Análise e Melhoria de Processos (MAMP)..........................44

2.5.2.5 Metodologia NEVES ...........................................................................................47

2.5.2.6 Processo de Solução de Problemas (PSP) .......................................................52

2.6 OUTRAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE ...........................................................54

2.6.1 Desdobramento em Função Qualidade – QFD ....................................................54

2.6.2 Brainstorming (BRASSARD, 1994) ......................................................................55

2.6.3 5W1H ( What; Why; Who; When; Where; How)....................................................56

2.6.4 Técnicas de Grupo Nominal (TGN) – (GALVÃO e MENDONÇA, 1997) ..............57

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ...................................................................................58

3.1INTRODUÇÃO .............................................................................................................58

3.2 TIPOS DE PESQUISA UTILIZADOS EM CADA FASE .............................................60

4- ANÁLISE DO LEVANTAMENTO E DAS METODOLOGIAS PARA ANÁLISE E MELHORIA DOS PROCESSOS .......................................................................................63

4.1 DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA............63

4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS .......................................................................................................................64

4.3 ANÁLISE DAS METODOLOGIAS ESTUDADAS EM RELAÇÃO AOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ...............................................................................................................68

6

4.3.1 Análise dos Critérios em Relação as Metodologias Estudadas ........................70

4.4 ANÁLISE CRÍTICA DAS METODOLOGIAS DE ANÁLISE E MELHORIA DO PROCESSO ......................................................................................................................72

4.4.1 Matriz Comparativa das Metodologias ................................................................72

4.4.1.1 Passos Comuns às Metodologias......................................................................72

4.4.1.2 Passos Comuns à Maioria das Metodologias...................................................73

4.4.1.3 O Passo a Passo da Metodologia Proposta......................................................74

5 NOVA METODOLOGIA DE ANÁLISE E MELHORIA DO PROCESSO .......................76

5.1 – DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA.....................................................76

5.2 DETALHAMENTO DAS FASES DA METODOLOGIA...............................................78

5.2.1 Fase I: Definir e Delimitar o Problema ..................................................................78

5.2.1.1 Definir Claramente o Problema ..........................................................................78

5.2.1.2 Conhecer o Processo e Levantar Dados...........................................................78

5.2.1.3 Analisar o Processo ............................................................................................79

5.2.1.4 Aplicar Ação de contenção.................................................................................79

5.2.2 Fase II – Identificar a Causa-Raiz ..........................................................................79

5.2.2.1 Identificar as Causas...........................................................................................80

5.2.2.2 Definir Causa-Raiz ...............................................................................................80

5.2.3 Fase III – Gerar Soluções e Definir Alternativas de solução .............................81

5.2.3.1 Planejar Solução Definitiva.................................................................................81

5.2.4 Fase IV: Implementar Solução...............................................................................82

5.2.4.1 Implementar Plano de Ação...............................................................................82

7

5.2.5 Fase V: Testar a Eficácia da Solução Escolhida .................................................82

5.2.5.1 Verificar Eficácia da Solução..............................................................................82

5.2.5.2 Prevenção da Reincidência ................................................................................83

5.2.6 Fase VI: Divulgação dos Resultados ...................................................................83

5.2.6.1 Divulgar os Resultados Obtidos ........................................................................83

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO ..............................................................84

6 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA...............................................................................86

6.1 A EMPRESA ...............................................................................................................86

6.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA........................................................87

6.2.1 Fase I: Definir e Delimitar o Problema .................................................................87

6.2.1.1 Definir claramente o problema...........................................................................88

6.2.1.2 Conhecer o Processo e Levantar Dados...........................................................88

6.2.1.4 Aplicar Ação de Contenção ................................................................................90

6.2.2 Fase II: Identificar a Causa-Raiz............................................................................90

6.2.2.1 Análise da Causa da Falha .................................................................................90

6.2.2.2 Definir Causa-Raiz ...............................................................................................92

6.2.3 Fase III: Gerar Solução e Definir Alternativas de Solução..................................92

6.2.3.1 Planejar Solução Definitiva.................................................................................92

6.2.4 Fase IV: Implementar Solução...............................................................................92

6.2.4.1 Implementar o Plano de Ação ............................................................................93

6.2.5 Fase V: Testar a Eficiência da Solução Escolhida ..............................................93

6.2.5.1 Verificar A Eficácia da Ação ...............................................................................93

8

6.2.5.2 Prevenir Reincidência .........................................................................................93

6.2.6.1 Divulgar os Resultados Obtidos ........................................................................94

6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO......................................................94

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................96

7.1 CONCLUSÕES ...........................................................................................................96

7.2 RECOMENDAÇÕES...................................................................................................97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................98

ANEXO............................................................................................................................100

9

LISTA DAS FIGURAS

FIGURA 1: COMO OS PROBLEMAS FLUEM NA ORGANIZAÇÃO .................. 31

FIGURA 2: SETE FERRAMENTAS GERENCIAIS DA QUALIDADE.................. 36

FIGURA 3: DIAGRAMA DE DEFINIÇÃO DE PROBLEMA.................................. 43

FIGURA 4: CICLO DE ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSOS .................... 45

FIGURA 5: CICLO DE ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSO....................... 48

FIGURA 6: FASES DA PESQUISA E RESULTADOS ALCANÇADOS.............. 58

FIGURA 7: VOTANTES VERSUS CRITÉRIOS.................................................... 66

FIGURA 8: FLUXO DE MONTAGEM DE UM VEÍCULO...................................... 86

FIGURA 9: FALHAS DE RUÍDO NO BANCO ...................................................... 88

10

LISTA DOS QUADROS

QUADRO 1: COMPARATIVO DOS FATORES DO CONCEITO DE QUALIDADE.........27

QUADRO 2: APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE ..............................39

QUADRO 3 : CORRELAÇÃO ENTRE O CICLO PDCA E MASP....................................42

QUADRO 4: ESPECIFICAÇÃO 5W1H............................................................................56

QUADRO 5: MÉTODO TGN .............................................................................................57

QUADRO 6: RESUMO DAS FASES E TIPOS DE PESQUISA UTILIZADOS.................62

QUADRO 7: VOTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS PESQUISADOS ..................................65

QUADRO 8: CLASSIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DA MAMP .......................................66

QUADRO 9: ANÁLISE BASEADA NOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA MAMP .......68

QUADRO 10: CLASSIFICAÇÃO DAS MAMP´S BASEADA NOS CRITÉRIOS..............71

QUADRO 11: ETAPAS DAS METODOLOGIAS..............................................................72

QUADRO12: FASES E ETAPAS DA NOVA METODOLOGIA........................................78

QUADRO 13: APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE ...........................84

QUADRO 14: HIPÓTESES LEVANTADAS ...................................................................91

11

RESUMO

Esta dissertação propõe um modelo de uma Metodologia de Análise e

Melhoria do Processo com a utilização integrada das Ferramentas da Qualidade.

A metodologia consiste de uma série de passos em uma seqüência lógica, que

permite analisar, identificar e propor soluções para os problemas de qualidade. Na

verdade, a MAMP proposta é uma adaptação aperfeiçoada à Metodologia

Processo de Solução de Problema da DaimlerChrysler do Brasil, que é utilizada

na fábrica de Juiz de Fora – Minas Gerais. Ao longo do trabalho foi feita uma

revisão da literatura e um levantamento dos principais atributos (critérios) de uma

MAMP. Foram desenvolvidas as etapas da metodologia, fazendo uso de

ferramentas da qualidade mais adequadas para o cumprimento de cada etapa.

Foi feita uma aplicação pratica da Metodologia proposta, sendo obtido resultado

satisfatório na melhoria da qualidade nos processos de fabricação e,

conseqüentemente, no produto final. Obteve-se uma redução de tempo na análise

do problema, redução dos custos de retrabalho e o alcance das metas gerenciais.

Palavras chaves: Metodologia, Análise e Melhoria, Ferramentas da Qualidade,

Indústria Automobilística.

12

ABSTRACT

This dissertation proposes a model for a Methodology of Analysis and

Improvement of the Process (MAMP) with integrated use of the Quality Tools. The

methodology consists of a series of steps in a logical sequence that allow to

analyze, identify and propose solutions for the quality problems. Actually the

MAMP proposed in this dissertation it is an improved adaptation of the Problems

and Solution Process of DaimlerChrysler Brazil, which is used in Juiz de Fora

plant. Along the preparation of this dissertation a revision of the literature has been

made as well as a search of the main attributes (criteria) of MAMP. The steps of

the methodology were developed making use of the most appropriate quality tools

for the execution of each stage. Also it has been made a practical application of

the proposed Methodology, where satisfactory results have been reached for the

improvement of the quality, for the manufacturing processes and, consequently,

for the finished product. This way a shorter time for problems analysis and a cost

rework reduction have been noted as well as the enterprise’s goals have been

met.

Key words: Methodology, Analysis and Improvement, Quality Tools and

Automobilist Industry.

13

1 INTRODUÇÃO

O crescente processo de globalização da economia aliada ao

desenvolvimento de novas tecnologias e abertura de novos mercados são

responsáveis por uma nova tendência mundial. Nunca como agora, o

acirramento da concorrência entre as empresas estimulou tanto a elevação dos

níveis de padrão da qualidade e a eficiência dos sistemas produtivos.

Uma empresa deve ser tratada como um grande processo, que a partir de

uma entrada, incorpora valor, tendo como resultados produtos, informações e/ou

serviços. A importância de se conhecer, controlar e melhorar os processos pode

ser atribuída a uma visão moderna de gerenciamento, onde a estrutura da

empresa deve ser adaptada aos processos de forma sistematizada e interagida a

melhor atendê-los.

Um processo pode ser dividido em uma família de causas: insumos,

equipamentos, informações do processo ou medidas, condições ambientais,

pessoas e métodos ou procedimentos. Este conceito fornece uma poderosa

forma de lidar com os problemas, pois permite que cada processo menor seja

controlado separadamente, facilitando a localização de possíveis problemas e a

atuação nas causas destes problemas, o que resulta na condução de um controle

mais eficiente de todo o processo. Normalmente os processos e subprocessos

estão inseridos em uma cadeia de cliente-fornecedor. Um processo é cliente do

processo anterior e fornecedor do posterior. Os problemas existentes na

execução dos subprocessos podem estar relacionados com falhas na definição

dos processos, defeitos nos produtos ou serviços, desperdícios e outras não

conformidades que caracterizam a não qualidade.

Um fator importante a considerar, quando da abordagem de problemas em

processos produtivos, é o conceito de Maslow, implantado inicialmente no Japão

pós-guerra, que expõem sobre a idéia de que todo ser humano tem uma natureza

boa e que um trabalho bem executado gera satisfação e sentimento de realização

(CAMPOS, 1992). Tendo como premissa que muitos problemas podem ser

causado pelo homem e que na abordagem de problemas industriais a tendência

natural é buscar um “culpado” e não a causa. Este trabalho propõe a eliminação

de problemas, focando os processos e buscando a análise e melhoria dos

14

processos, que devem ser pesquisados e analisados por todos os envolvidos a

fim de melhorá-lo. Para que se possa extrair o melhor resultado dessas pessoas é

de fundamental importância a eliminação da insegurança “a cultura do medo” no

intuito de gerar comprometimento, satisfação e sentimento de realização na

solução de problemas.

Para uma análise eficaz de um determinado problema, faz-se necessário

que se tenha um sistema de gestão organizado para o processamento da

informação numa seqüência pré-fixada. Para aplicar métodos lógicos de análise,

é preciso compreender a diferença entre análise de problemas e tomada decisões

e, também, ter uma compreensão dos conceitos subjacentes a cada um de tais

processos. Dois conceitos da análise de problemas são evidenciados; um deles é

que cada problema gera um desvio de algum padrão já definido, e o outro é que

uma mudança sem ser planejada também pode ser a causa de um problema.

Conceitos como estes proporcionam um roteiro indicativo à direção a ser tomada

na análise de problemas e na tomada de decisões.

De acordo com JURAN (1992), problema defini-se como o resultado

indesejável de um processo, ou seja, é um item de controle que não atinge o

nível desejado. Já para Kume (1993), problema é o resultado indesejável de um

trabalho ou processo. Como o resultado de um processo (produto ou serviço) é

realizado para atender as necessidades do cliente, podemos definir problema

como sendo as necessidades do cliente não atendidas (Silva, 2001).

Então, problemas são situações que exigem tomadas de decisão. Estas

situações podem ser: Situações insatisfatórias, produtos e serviços que não

seguem os padrões estabelecidos, metas que não foram atingidas, desperdícios,

insatisfação dos clientes, desempenho abaixo do esperado. Problemas também

são oportunidades de melhoria, ou seja, ganhos de valor para o cliente, reduções

de custos, metas e índice de desempenho que podem ser superadas, inovações

em processos e produtos, melhoria da eficácia, eficiência e produtividade de

processos. Entretanto, existe a necessidade de uma metodologia adequada e

eficiente, estruturada em as etapas, descritas em um roteiro, a fim de que a

análise e melhoria possam ser executadas.

15

1.1 OBJETIVOS GERAIS

Este trabalho tem como objetivo desenvolver ou adaptar uma metodologia

de Análise e Melhoria do Processo (AMP) que seja adequada às necessidades da

indústria automobilística, mostrando as ferramentas de uso mais adequado a

cada passo da metodologia.

A principal questão a ser respondida pela pesquisa é: Como melhorar os

processos da Empresa, de forma que o processo aperfeiçoado seja estabilizado

em seu desempenho?

1.1.1 Objetivos Específicos

Como objetivo específico, deseja se propiciar à Empresa condições de

tratar de forma adequada seus problemas, de modo a promover uma constante

melhoria de seus processos e a obtenção de uma consistente garantia de

qualidade.

Outra contribuição da pesquisa é definir critérios de avaliação de uma

metodologia de análise e melhoria do processo.

As metodologias de análises e melhorias dos processos, atualmente

utilizadas variam amplamente de acordo com a situação a ser analisada. Logo,

surge a necessidade de se adaptar um modelo que auxilie a alta gerência a

detectar quais os problemas mais importantes, que requerem maior esforço e a

obtenção da melhoria destes, proporcionando subsídios para a tomada de

decisão quanto à escolha das estratégias da empresa.

A metodologia desenvolvida neste trabalho propõe-se a auxiliar na

melhoria dos processos produtivos, alcançando assim a qualidade desejada.

Portanto, usou-se as ferramentas da qualidade nas avaliações propostas,

retratando as situações particulares de cada fase de aplicação desta metodologia.

1.2 MOTIVAÇÃO E RELEVÂNCIA

O principal problema da pesquisa é que existe uma dificuldade para

controlar e estabilizar os resultados dos processos que foram melhorados na

empresa, utilizando a atual metodologia de melhoria de processos. Isso pode

estar sendo causado pela falta de padronização, pela capacitação insuficiente,

16

pela implantação de solução que não bloqueie adequadamente o problema, ou

mesmo pelo uso inadequado das ferramentas nas diversas etapas da

metodologia de melhoria de processos.

Para desenvolver uma metodologia adequada às necessidades dos

processos da empresa, será necessário estudar diversas metodologias de

melhoria de processos, por exemplo: MASP (CAMPOS, 1992), MAMP (GALVÃO

E MENDONÇA, 1997), Problem Solving (Juran Institute, 2001), Memory Jogger

(BRASSARD, 1992), dentre outras. Esta metodologia possibilitará à Empresa

estruturar a seqüência de atividades a serem desenvolvidas, visando a análise, a

simplificação e o aperfeiçoamento dos processos, buscando a eficiência e eficácia

na produção.

1.3 ESTRATÉGIA DE AÇÃO

A proposta de desenvolvimento deste trabalho propõe estudar

metodologias como: MASP(Campos 1992), MAMP(GALVÃO E MENDONÇA,

1997), Processo de Solução de Problemas (PSP da DaimlerChrysler do Brasil),

Metodologia NEVES(Neves, 2004), e Problem Solving(Juran Institute, 2001), ou

outras, onde serão adotados critérios para avaliar essas metodologias, para poder

desenvolver ou adaptar a melhor delas, de forma a atender as necessidades da

DaimlerChrysler do Brasil, uma vez que as soluções dos problemas estabelecidas

pela metodologia PSP não garantem que o bom desempenho e a eficácia dos

processos seja mantida ao longo do tempo.

Tratando-se de pesquisa-ação a ser realizada no ambiente da própria

empresa, todos os recursos necessários estão disponíveis. Os sistemas de

informação e as pessoas envolvidas no processo estão presentes e disponíveis.

O autor exerce influência direta na concepção e adaptação do sistema de

medição do desempenho, podendo dessa forma aplicar efetivamente a

metodologia a ser desenvolvida.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

A presente Metodologia de Análise e Melhoria do Processo (MAMP) foi

desenvolvida para ser aplicada na indústria automobilística, podendo ser utilizada

também em outros tipos de organizações fabris.

17

Por outro lado, deve-se ter cuidado com a sua utilização dentro do setor

de serviços que possui ferramentas mais adequadas, notadamente no que se

refere ao relacionamento com clientes, por exemplo, o “ciclo de serviços”.

Não se pode afirmar que a metodologia de análise e melhoria do processo

(MAMP) desenvolvida seja a melhor ou a única para ser aplicada na indústria

automobilística, mas sim que ela é adequada e eficaz, constituindo-se em uma

alternativa a ser apresentada para as empresas do setor. Também não visa

esgotar o assunto das metodologias, nem mesmo como abordar todas as

implicações na implantação destas.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação está estruturada em seis capítulos, como segue:

O capítulo 1 apresenta uma abordagem geral sobre o tema, os objetivos

(geral e específico), a motivação e relevância, metodologia e a estratégia de ação.

No capítulo 2, uma revisão bibliográfica sobre os principais conceitos de

qualidade envolvidos no tema, uma revisão sobre as ferramentas da qualidade e

a importância da gestão de processos e as metodologias de análise e melhoria do

processo (MAMP).

No capítulo 3, é o estudo da metodologia de pesquisa utilizada para

desenvolver a análise e melhoria do processo (MAMP).

No capítulo 4, apresenta uma análise do levantamento da metodologia

proposta deste trabalho.

No capítulo 5, apresenta a metodologia proposta deste trabalho

No capítulo 6, apresenta aplicação desta metodologia proposta.

No capítulo 7, conclusão sobre a metodologia e recomendações para

trabalhos futuros.

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta uma exploração teórica do processo da qualidade

referente a alguns conceitos envolvidos, assim como a descrição das principais

ferramentas da qualidade a serem trabalhadas neste estudo e a importância da

gestão de processos e as metodologias de análise e melhoria do processo

(MAMP).

2.1 HISTÓRIA DA QUALIDADE

A história da qualidade tem mudado muito com o decorrer dos anos. Até o

século XVII, as atividades de produção de bens eram desempenhadas por

artesãos, os produtos eram produzidos artesanalmente, os requisitos não eram

especificados e os produtos não eram uniformes. A qualidade dependia da

habilidade dos artesãos e as peças não eram intercambiáveis. Com o surgimento

da produção em série, tornou necessário uniformizar os produtos e suas partes,

para que eles fossem intercambiáveis e fáceis de montar. Os produtos passaram

a ser especificados, bem com as partes e materiais usados em sua fabricação.

Surgiu-se então a inspeção da qualidade para assegurar que os materiais

recebidos dos fornecedores e os produtos acabados cumpriam os requisitos de

qualidade.

Com isso as fábricas começaram a inspecionar a qualidade dos produtos,

acumularam grandes quantidades de produtos defeituosos que precisavam ser

retrabalhados ou até mesmo refugados. Isso acarretava grandes perdas. Muitas

vezes as fábricas não conseguiam entregar produtos em tempo aos clientes

porque os problemas de produção causavam perda dos lotes produzidos. Logo,

ficou evidente que não bastava inspecionar a qualidade, era essencial produzir

produtos de qualidade.

As empresas então, começaram a estudar as condições que os

processos de produção deveriam atender para manter a qualidade uniforme,

produzir conforme um padrão especificado, eliminando a produção de lotes

defeituosos e, conseqüentemente, os desperdícios. Para isso, foi desenvolvidos a

19

técnica do Controle Estatístico do Processo (CEP) e o estudo da capacidade do

processo. Mesmo com processos capazes de produzir com qualidade uniforme,

as empresa ainda enfrentavam problemas devido a erros de projeto dos produtos

ou então por causa de materiais defeituosos ou fora da especificação. Ficou

evidente que toda a empresa e também seus fornecedores precisavam ser

envolvidos no esforço de gerenciamento da qualidade.

Assim, todos os departamentos das empresas foram envolvidos no

esforço de produzir com qualidade, através dos programas e sistemas de gestão

da qualidade. Começaram a exigir também que os fornecedores fizessem esse

tipo de esforço, exigindo que eles se submetessem a auditorias para comprovar

sua efetividade.

2.1.1 Evolução e os Princípios da Qualidade

Agora serão estudados os conceitos da evolução da qualidade segundo

Feigenbaum e os princípios de Deming, Juran e Crosby, sem esgotar totalmente o

assunto e de uma maneira abrangente, escreveu o que é necessário, para a

adoção da Qualidade pelas organizações.

A qualidade existe desde dos tempos em que reis, faraós e chefes tribais

governavam. Onde os inspetores aceitavam ou rejeitavam os produtos se estes

não cumpriam as exigências governamentais.

Segundo Feigenbaum (1994), a evolução da qualidade pode ser analisada

em cinco fases, a partir de 1900, como segue:

1ª Fase - 1900 - CONTROLE DA QUALIDADE PELO OPERADOR - Um

trabalhador ou um grupo pequeno era responsável pela fabricação do produto por

inteiro, permitindo que cada um controlasse a qualidade de seu serviço.

2ª Fase - 1918 - CONTROLE DAQUALIDADE PELO SUPERVISOR - Um

supervisor assumia a responsabilidade da qualidade referente ao trabalho da

equipe, dirigindo as ações e executando as tarefas onde necessárias e

conveniente em cada caso.

20

3ª Fase -1937 - CONTROLE DA QUALIDADE POR INSPEÇÃO - Esta fase surgiu

com a finalidade de verificar se os materiais, peças, componentes, ferramentas e

outros estão de acordo com os padrões estabelecidos. Deste modo seu objetivo é

detectar os problemas nas organizações.

4ª Fase - 1960 - CONTROLE ESTATISTICO DA QUALIDADE – Esta fase ocorreu

através do relacionamento da variabilidade na indústria. Numa produção sempre

ocorre uma variação de matéria-prima, operários, equipamentos etc. A questão

não era distinguir a variação e sim como separar as variações aceitáveis daquelas

que indicassem problemas.

Deste modo surgiu o Controle Estatístico da Qualidade, no sentido de

prevenir e atacar os problemas. Surgiram também as sete ferramentas básicas da

qualidade na utilização da produção: Fluxograma, Folha de Verificação, Diagrama

de Pareto, Diagrama de Causa e efeito, Histograma, Diagrama de dispersão e

Carta de Controle.

5ª Fase - 1980 – GERENCIAMENTO DA QUALIDADE – A qualidade passou de

um método restrito para um mais amplo, o gerenciamento. Mas ainda continuou

com seu objetivo principal de prevenir e atacar os problemas, apesar de os

instrumentos se expandirem além da estatística, tais como: quantificação dos

custos da qualidade, controle da qualidade, engenharia da confiabilidade e zero

defeitos.

Os avanços tecnológicos, a rapidez da difusão internacional de inovações

de produtos e de processos, em particular, as tecnologias de automação e as

novas técnicas de organização da produção de origem japonesa promoveram

uma sensível elevação dos padrões de eficiência e qualidade da indústria

mundial. A grande maioria das nações industrializadas respondeu aos critérios

cada vez mais exigentes de competitividade internacional, enganjando-se em

programas de atualização da qualidade industrial e definindo políticas para a

adoção das novas práticas produtivas por parte das empresas.

21

2.1.2 Princípios Segundo Deming

A filosofia de Deming(1986), a qualidade é definida consoante as

exigências a as necessidades do consumidor. Como elas estão em permanente

mudança as especificações de qualidade devem ser alteradas constantemente.

Deming estabeleceu quatorze pontos, conhecidos como princípio de

Deming, que representam os fundamentos de sua filosofia para alcançar a

Qualidade.

Estes pontos vêm evoluindo ao longo do tempo, no sentido de refletir à

experiência adquirida desde a década de 1950, através do "feedback" das

diversas situações surgidas nas organizações em que Deming prestava

consultorias e como resultado de reflexões de estudos, e discussões ocorridas

nos diversos seminários em que ele participou.

Os adeptos de Deming afirmam que as idéias básicas não foram

modificadas durante muitos anos, mas à medida que a declaração da filosofia é

modificada, tende a explicar melhor os conceitos envolvidos.

Os 14 pontos de Deming mostram o caminho que ele indica para que uma

empresa possa eliminar completamente as causas de defeitos, reduzindo a

variabilidade dos produtos e processo, e atingindo alta qualidade sem defeitos

nem desperdícios de material, trabalho e capital.

A seguir são mostrados os 14 pontos apresentados por Deming em 1986:

1. Crie uma visão consistente para a melhoria contínua de produtos e

serviços, com a finalidade de a empresa torna-se competitiva,

permanecer no mercado e criar empregos.

2. Adote a nova filosofia e assuma a sua liderança na empresa.

3. Não depender da inspeção em massa. Deve-se eliminar a

necessidade de inspeção em massa, construindo a qualidade junto

com o produto, desde o começo.

4. Cessar a prática de avaliar as transações apenas com base nos

preços.

22

5. Melhorar continuamente o sistema de produção e serviços, para

melhorar a qualidade e a produtividade e, dessa maneira, reduzir

constantemente os custos.

6. Instituir o treinamento profissional. Os principais responsáveis pelo

treinamento são os chefes. É preciso verificar se os funcionários

estão trabalhando corretamente, ensina-los e incentivá-los a

aprender e melhorar constantemente.

7. Instituir a liderança. Os líderes devem apoiar e desenvolver seus

subordinados para cumprir os objetivos do grupo.

8. Afastar o medo, para que todos possam trabalhar eficazmente pela

empresa. Quando as pessoas trabalham com medo escondem os

erros e problemas e não propõem soluções para resolver os

problemas.

9. Eliminar as barreiras entre os departamentos. As diversas áreas da

empresa devem agir como equipe, para antecipar problemas na

produção e na utilização que possam afetar o produto ou serviço.

10. Eliminar "slogans" e exortações e metas para o pessoal, pedindo

zero defeito e níveis mais altos de produtividade. Essas exortações

apenas criam relações hostis, já que o principal problema nas

causas da má qualidade e má produtividade é o sistema, o qual se

encontra além da força de trabalho.

11. Abandone a gestão por objetivos com base em indicadores

quantitativos.

12. Remover as barreiras que impedem ao trabalhador sentir orgulho

pela tarefa bem feita.

13. Instituir um sólido programa de educação e auto-aprimoramento

para todos os empregados.

14. Agir no sentido de concretizar a transformação. A transformação é o

trabalho de todos.

23

2.1.3 Princípios Segundo Juran

Juran (1992), define qualidade como adequação ao uso. Esta definição

pode ser aplicada para todo tipo de organização, seja de manufatura, de serviço,

com ou sem fins lucrativos.

A Qualidade é avaliada pelo usuário ou cliente. O objetivo é satisfazer o

cliente com a "quantidade certa" - nem mais nem menos. Como Deming, Juran

considera que a maioria dos problemas da Qualidade de uma organização é

causada pelos seus dirigentes, e não os trabalhadores.

Juran (1992) estabeleceu que a Qualidade é feita de três processos

gerenciais que são: o planejamento, o controle e a melhoria. Baseou-se

principalmente na prática de gestão financeira de uma organização. E dentro de

cada processo, Juran (1992) estabeleceu etapas, para a melhoria da Qualidade, e

que representam os fundamentos de sua filosofia.

Triologia de Juran

Juran (1992) aponta que o Gerenciamento para a Qualidade envolve três

processos básicos gerenciais: Planejamento da Qualidade, Controle da Qualidade

e Melhoria da Qualidade. A sua “Triologia” mostra como esses processos são

inter-relacionados.

1. Planejamento da Qualidade

Segundo Juran (1992), o planejamento da qualidade corresponde ao

desenvolvimento do produto/serviço e processos necessários ao atendimento das

necessidades dos clientes. É essencial para delinear um guia para a qualidade,

preparando a empresa para alcançar metas; um processo bem planejado a partir

do projeto, é sempre capaz de atingir as metas de qualidade sob condições de

funcionamento. Envolve etapas universais, mas são elementos básicos do

planejamento:

• Identifique os consumidores.

• Determine as necessidades dos consumidores.

24

• Desenvolvimento de um produto que possa responder essas

necessidades.

• Otimização das características do produto de modo a satisfazer os

clientes internos e externos.

• Projetar processos que possam produzir com as características

estabelecidas.

• Transferir para a produção os planos resultantes e estabelecer

controles de processos.

2. Controle da Qualidade:

Conforme Juran (1992), o controle de qualidade são atividades que

asseguram que a condução das operações esteja conforme planos e

procedimentos da qualidade definida. Um processo bem controlado mais

certamente levará a um produto/serviço de qualidade constantemente nos

padrões, previsível, confiável, adequado ao uso e que satisfaça às necessidades

e expectativas do cliente. As atividades envolvem os elementos:

• Avalie o nível de desempenho da qualidade.

• Compare o desempenho com os objetivos fixados.

• Tome medidas para reduzir a diferença entre o desempenho atual e

o previsto.

3. Melhoria da Qualidade:

Juran (1992), a melhoria da qualidade são atividades que levam a empresa

à excelência e dão vantagem competitiva. Permitem alcançar níveis sem

precedentes na satisfação de clientes, pois a melhoria contínua da qualidade é o

fundamento para ampliar mercado, lucros e sobrevivência em longo prazo.

Incluem:

• Reconheça as necessidades de melhoria (conceito de melhoria

contínua).

25

• Transforme as oportunidades de melhoria numa tarefa de todos os

trabalhadores.

• Crie um conselho de qualidade, selecione projeto de melhoria e as

equipes de projeto e de facilitadores.

• Promoção da formação em Qualidade, instituindo o treinamento

para despertar o comprometimento para com os objetivos da

Qualidade.

• Avaliação da evolução dos projetos.

• Premiação das equipes vencedoras e divulgação dos resultados.

• Reveja os sistemas de recompensa para aumentar o nível de

melhorias.

• Inclua os objetivos de melhoria nos planos de negócio da empresa.

2.1.4 Princípios Segundo Crosby

Philip Crosby (1983), a qualidade significa conformidade com requisitos.

Enfatiza que ao se referir à qualidade de algum objeto, deve-se definir esse objeto

em termos específicos, e quando todos os critérios estiverem definidos e

explicados será possível e praticável a mensuração da qualidade.

O processo Crosby(1983), ajuda a administração a enraizar uma cultura

para a melhoria, um ambiente de trabalho onde a administração tem a expectativa

de que as coisas sejam feitas certas a primeira vez e os colaboradores

compartilham dessa filosofia.

O processo mostra à administração o que ela tem que fazer para criar esse

ambiente, assegurando que todos os colaboradores entendem porque eles são

pessoalmente responsáveis pela solução dos problemas existentes e, mais

importante ainda, de prevenir a ocorrência de novos problemas. Mostrando aos

colaboradores a entenderem como se beneficiarão ao implantar o processo para

a melhoria da qualidade, assegurando assim, seu envolvimento e participação.

Crosby (1983)estabeleceu que o progresso global de uma organização

pode ser apreciado utilizando o que ele chamou de "matriz de maturidade".

26

Esta matriz tem 5 estágios: incerteza, despertar, esclarecimento,

sabedoria e finalmente a certeza.

Estes estágios permitem avaliar várias categorias de atividades tais como

compreensão e atitude da gerência com relação à Qualidade, o "status" da

Qualidade na organização, o tratamento de problemas, o custo da qualidade em

relação às vendas, etc.

Crosby (1983), fornece as organizações uma linguagem comum da

qualidade e um mapa do caminho a ser seguido para tornar a qualidade parte da

rotina diária de todos, todos os dias. Dessa maneira o processo para a melhoria

da qualidade, e que representam os fundamentos da sua filosofia.

Após a organização se situar na matriz, Crosby (1983) propõe um

programa de 14 etapas para a melhoria da Qualidade, e que representam os

fundamentos de sua filosofia.

1. Comprometimento da gerência.

2. Formação de uma equipe de melhoria.

3. Criação e cálculo de índices de avaliação da qualidade.

4. Avaliação dos custos da qualidade.

5. Conscientização dos empregados.

6. Identificação e solução das causas das não conformidades.

7. Formação de comitê para buscar zero defeitos.

8. Treinamento de gerentes e supervisores.

9. Lançamento em solenidade do dia do "defeito zero".

10. Estabelecimento das metas a serem atingidas.

11. Eliminação das causas dos problemas.

12. Reconhecimento oficial das pessoas que obtiveram sucesso.

13. Formação de conselhos da qualidade para compartilhar problemas e

trocar idéias com outros gerentes.

27

14. Começar tudo de novo.

2.1.5 Comparação dos Princípios de Deming, Juran e Crosby

Ao estudar os conceitos de Qualidade baseado nas contribuições dos

gurus da qualidade como: Deming, Juran e Crosby, a adoção de um conceito de

Qualidade é passo fundamental para o sucesso da organização. Este conceito

deve ser de fácil entendimento, e deve ser baseado na cultura das empresas que

a constituem para ser assimilado por todos seus colaboradores.

Para adotar o conceito que lhe seja adequado, poderá examinar a

definição de qualidade que direcionará suas características do sistema,

abordagem gerencial e fatores humanas para a qualidade. O Quadro 1 apresenta

um comparativo dos fatores para definição do conceito de qualidade.

Quadro 1: Comparativo dos fatores do conceito de qualidade

Fatores QUALIDADE SISTEMA DA QUALIDADE

ABORDAGEM GERENCIAL

RECURSOS HUMANOS

Abordagem DEFINIÇÃO CARACTERÍSTICAS FOCO FATORES

Deming Perseguição às necessidades dos clientes e homogeneidade do processo de serviços com baixa variabilidade (previsibilidade)

Direcionamento pelas necessidades do consumidor e desenvolvidas pelo aprimoramento dos processos administrativos numa postura de contínua melhoria numa base objetiva, e conseqüente transferências dos resultados aos clientes.

Gerência com ênfase em princípios operacionais e ação pontual, utilizando como ferramenta o controle estatístico de processos adaptado às condições de processo.

Promovendo comprometimento, conscientização e motivação pela integração de objetivos do desenvolvimento individual através do desenvolvimento da empresa.

Juran Adequação ao uso através de percepção das necessidades dos clientes e aperfeiçoamentos introduzidos a partir de níveis de serviços já alcançados.

Evidenciadas através das próprias características dos produtos e serviços que garantem a satisfação dos clientes (adequação ao uso) e aprimoramento passo a passo por equipes multifuncionais, com critérios de priorização e garantia de que níveis de qualidade já atingidos serão mantidos e

Funções gerenciais em qualidade com planejamento, execução e melhoria através de metodologia de resolução de problemas.

Mostrando compreensão da qualidade como uma das principais responsabilidades gerenciais, comprometimento da organização com a qualidade objetiva em todos os níveis, conscientização e conseqüente envolvimento de

28

melhorados. todos com projetos de melhoria.

Crosby Cumprimento das especificações estabelecidas para satisfazer aos clientes de modo econômico

Construída através do envolvimento de toda a organização em torno de metas da qualidade, firmemente estabelecidas, periodicamente avaliadas através de dados confiáveis de custos, como elementos indicadores de necessidades concentração de esforços.

Mecanismos de planejamento e controle alimentados por esquemas eficientes de comunicação

Estabelecendo comprometimento, conscientização, comunicação e motivação através de recompensas.

Fonte: CARDOSO, Olga Regina. Foco da Qualidade Total de Serviços no Conceito do Produto Ampliado. 1995, p. 333.

2.2 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE - BASEADO ISO 9000 -

2000

Ao ter estudado os princípios de qualidade defendidos por Deming, Juran

e Crosby. Reconhece que a qualidade e fundamental para o sucesso das

organizações e que é preciso gerenciamento para manter um padrão consistente

de qualidade dos produtos, bens e serviços.

Na versão da ISO 9000 – 2000 baseia-se em oito princípios de padrões

de qualidade, amplamente testados e aprovados que podem ser usados pela alta

direção das organizações para conduzir a melhoria do desempenho dos

processos. Estes são:

Princípio 1 - Organização Focada no Cliente

Toda organização existe para fornecer um produto, que pode ser um bem ou um

serviço, a um cliente. O cliente proporciona à empresa uma receita, com a qual

ela conta para remunerar funcionários (pelo trabalho), fornecedores (pelos

produtos fornecidos) e proprietários (pelo capital investido). Sendo assim, a

satisfação do cliente é fundamental para que o negócio sobreviva e cresça.

29

Princípio 2 - Liderança

Liderança é a capacidade de influenciar o comportamento das pessoas sem fazer

uso do poder. Para que isso seja possível é preciso que as pessoas compartilhem

visões e objetivos comuns.

Princípio 3 - Envolvimento das Pessoas

Envolvimento consiste em dar poder e autonomia às pessoas, de modo que elas

mesmas passem a perceber, analisar, diagnosticar e propor soluções para os

problemas da empresa, que se manifestam em sua esfera de atuação.

Princípio 4 - Abordagem por Processos

Os objetivos das empresas tornam-se realidade como resultados de processos,

isto é, conjuntos de atividades coordenadas, com propósitos bem definidos. A

empresa precisa reconhecer os processos essenciais para seu sucesso e investir

em melhorar seu desempenho, até atingir o nível de excelência.

Princípio 5 - Abordagem Sistêmica da Administração

Sistema é um conjunto de elementos inter relacionados. Cada elemento do

sistema depende dos outros para realizar suas funções. O sistema depende de

cada uma de suas partes para atingir seus propósitos. A administração sistêmica

estimula a cooperação entre os vários setores da empresa. A otimização da

empresa como um todo não resulta da otimização dos desempenhos individuais.

Princípio 6 - Melhoria Contínua

As empresas precisam melhorar continuamente seus produtos e processos para

um melhor desempenho da organização.

Princípio 7 - Decisões Baseadas em Fatos

Decisões baseadas em opiniões e palpites costumam dar maus resultados, além

de desagradar a algumas pessoas. Para tomar decisões coerentes, com as

melhores possibilidades de acerto, é preciso que elas sejam baseadas em fatos,

reconhecidos por todos. Um fato é uma verdade comprovada por dados e

30

informações resultantes da observação da realidade. A comprovação de um fato

exige coleta de dados de observações e sua análise através de métodos

estatísticos, como histogramas, diagramas de Pareto e gráficos de tendências.

Princípio 8 - Relacionamentos Mutuamente Benéficos com Fornecedores

As organizações e seus fornecedores são interdependentes e um relacionamento

mutuamente benéfico incrementa a capacidade de ambos para criarem valor.

2.3 PROBLEMAS DE QUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES

Ao focar os problemas de qualidade na indústria, importante dizer que

toda organização tem problemas e que problema é qualquer resultado indesejado

em um processo ou atividade. Assim as empresas tendem a instalar um ambiente

de soluções não eficazes, superficiais, quer dizer “mau analisado” ineficientes,

levando a resultados não desejados e indo contra o propósito da organização. O

imprevisto leva a formação de problemas cujas soluções podem abrir caminho

para a inovação e melhorias do processo. Portanto, a inovação, a melhoria e a

capacidade de lidar com o imprevisto são fatores determinantes para o sucesso

da organização e para um processo altamente dinâmico.

Mas, segundo Bohn (2000), na organização de negócios, existem

invariavelmente mais problemas que pessoas com tempo para lidarem com estes

problemas. Na melhor das hipóteses, isto leva a situações onde os menores

problemas são ignorados. Na pio das hipóteses, um sintoma crônico inicia ao

surgirem “bombeiros”, e estes consomem das organizações.

Nas suas observações, Bohn (2000) identificou alguns sintomas das

organizações que sofrem desta síndrome. Os sintomas são caracterizados por:

Não existe tempo suficiente para solucionar todos os problemas,

existem mais problemas do que solucionadores de problema;

engenheiros, gerentes ou outros trabalhadores com conhecimento que

possam lidar com os problemas;

31

Soluções são incompletas, muitos problemas são “remendados” e não

solucionados. Isto é, as causas superficiais são tratadas, mas as

causas escondidas não são consertadas;

Existem recorrências de problemas e desdobramento dos mesmos. As

soluções incompletas causam ressurgimento de velhos problemas ou

verdadeiramente criam novos problemas, alguma vezes em outra parte

da organização;

A urgência relega a importância. O esforço no avanço da solução de

problemas e das ações de longo prazo, como também de

desenvolvimento de novos processos é repetidamente interrompido ou

diferido pelos incêndios que devem ser apagados;

Muitos problemas tornam-se crises. Normalmente os problemas

queimam sem alarde até que eles explodem, freqüentemente a

explosão ocorre exatamente quando o tempo se esgotou. Nestes

casos, são necessários esforços heróicos para soluciona-los;

A performance cai. Tantos problemas solucionados inadequadamente

e oportunidades deixadas de lado, que a performance cai em mergulho

vertical;

A figura 1 mostra como os problemas atravessam a organização,

deixando uma parte da fila existente negligenciada, sem soluções adequadas. O

problema deve-se ao fato de que não existem pessoas suficientes para solucionar

todos os problemas. A decisão é feita baseada na urgência, sem olhar para

importância dos mesmos (Bohn, 2000).

Figura 1: Como os problemas fluem na organização Fonte: Bohn (2000, p.85)

Clientes, chefes, outros

departamentos, novas idéias,

etc.

Fila de problemas

Gerente ou

comissão

Engenheiro 1

Engenheiro 2

Engenheiro 3

Problemas negligenciados

32

À medida que cresce a quantidade de problemas, os engenheiros e seus

gestores experimentam vários tipos de pressões, entre as quais: suas próprias

imposições, sabendo que existe um acúmulo de problemas; pressão do cliente

que espera o produto imediatamente em boa qualidade; pressão da alta

administração que está preocupada pelas reclamações do cliente e de objetivos

não alcançados. Quando se instala o time de força - tarefas “bombeiros”, estes

focam apenas a causa raiz de um determinado problema, e não analisam todo o

processo em sua total complexidade. As interferências ou variações podem

ocorrer em um tipo de processo e muitas vezes não faz o uso adequado das

ferramentas da qualidade e de uma metodologia de análise e melhoria do

processo.

2.4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE

A abordagem sistematizada à análise de problemas é um dos aspectos

mais importantes para um programa de qualidade. Diversas ferramentas da

qualidade foram desenvolvidas para auxiliar o profissional a compreender os

problemas que ocorrem em um processo produtivo e a encontrar soluções

adequadas para manter uma boa eficiência dos processos.

Devemos então ressaltar a capacitação profissional como uma destas

ferramentas, pois na cultura da qualidade o objetivo é que o profissional confie

menos no feeling e trabalhe preferencialmente com dados. Ao contrário do que

possa parecer à primeira vista, essa forma não reprime a criatividade, mas a

desenvolve. Dispor de informações reais sobre o que está acontecendo modifica

a forma de combater os problemas: em lugar de buscarmos soluções por

“tentativa e erro”, podemos analisar a questão de forma sistemática e identificar

soluções de melhoria.

Outra forma de identificar soluções seria a utilização adequada das

técnicas e ferramentas da qualidade, como meio de facilitar a identificação dos

problemas buscando os melhores resultados para um desempenho satisfatório do

processo.

Agora estaremos enunciando de forma sucinta e informando o escopo

das principais ferramentas da qualidade que podem ser aplicadas na metodologia

de análise e melhoria do processo. Também não é objetivo esgotar o assunto,

33

nem discutir as aplicações específicas de cada uma delas, mas sim possibilitar

uma visão global dessas ferramentas, criando uma fundamentação inicial para

compreensão destas, quando utilizadas ou mencionadas neste estudo.

As ferramentas da qualidade são divididas em dois grupos:

As sete ferramentas da qualidade;

As sete novas ferramentas da qualidade.

Modernamente, as empresas têm feito uso de outras ferramentas durante

o desenvolvimento da análise e Melhoria do Processo, que serão posteriormente

apresentadas.

2.4.1 As Sete Ferramentas da Qualidade (Estatísticas)

Também denominada as 7 ferramentas do Controle da Qualidade, ou 7

Ferramentas Estatísticas, foram criadas com a finalidade de permitir a

manipulação e análise objetivas de informações quantitativas (dados), com a

exceção do Diagrama Espinha de Peixe que lida com informações qualitativas

(fatos). São ferramentas utilizadas no controle da qualidade, que facilitam a

coleta, a organização e a análise de informações. Estas ferramentas viabilizam a

tomada de decisão fundamentada em fatos e dados, um dos princípios da

Qualidade Total.

Para Kume (1993), as Ferramentas Estatísticas (da Qualidade) conferem

objetividade e exatidão à observação. Ele ainda afirma que as máximas da forma

estatísticas de pensar são:

1. Dar maior importância aos fatos do que aos conceitos abstratos;

2. Não expressar fatos em termos de intuição ou idéias. Usar evidências

obtidas a partir de resultados específicos da observação.

3. Os resultados da observação, sujeitos a erros variação naturais, são parte

de um todo obscuro. A principal meta da observação é descobri esse todo

obscuro; e

4. Aceitar o padrão regular que aparece em grande parte dos resultados

observados como informação confiável.

As sete ferramentas definidas também por Kume (1993) são:

34

1. FOLHA DE VERIFICAÇÃO - são formulários planejados os quais os dados

coletados são preenchidos de forma fácil e concisa. Registram os dados

dos itens a serem verificados, permitindo uma rápida percepção da

realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir

erros e confusões.

A grande vantagem da folha de verificação é que ela permite uma

identificação imediata dos problemas que ocorrem com maior freqüência

num determinado processo, dispensando a aplicação do gráfico de Pareto,

para as situações em que as causas não necessitam ser traduzidas para

uma outra unidade que não seja a própria freqüência em que ocorrem.

2. HISTOGRAMA - gráfico de barras que dispõe as informações de modo que

seja possível a visualização da forma da distribuição de um conjunto de

dados. E também a percepção da localização do valor central e da

dispersão dos dados em torno deste valor central. A comparação de

histogramas com os limites de especificação nos permite avaliar se um

processo está centrado no valor nominal e se é necessário adotar alguma

medida para reduzir a variabilidade do processo. O histograma é particularmente útil na análise preliminar de dados, pois ele

consegue o:

Entendimento da distribuição dos dados;

Cálculo dos valores médios e desvio padrão;

Comparação com padrões;

Comparação entre itens estratificados.

3. ESTRATIFICAÇÃO – consiste no agrupamento da informação (dados) sob

vários pontos de vista, de modo a focalizar a ação. Os fatores

equipamento, material, operador, tempo, entre outros, são categorias

naturais para a estratificação dos dados. É muito usada para a focalização

da coleta de dados a partir da compreensão do tipo de dados que devem

ser coletados, tendo-se em mente o objetivo da coleta de dados e quais

comparações são necessárias.

35

4. DIAGRAMA DE PARETO - gráfico de barras verticais que dispõe a

informação de forma a tornar evidente e visual a priorização de temas. A

informação assim disposta também permite o estabelecimento de metas

numéricas viáveis de serem alcançadas. É elaborado com base numa

Folha de Verificação ou em uma outra fonte de coleta de dados, nos ajuda

a dirigir nossa atenção e esforços pra problemas verdadeiramente

importantes. Em geral, teremos então melhores resultados se atuarmos na

barra mais alta do gráfico do que nos embaraçado nas barras menores.

5. GRÁFICO SEQUENCIAL (ou CARTA DE TENDÊNCIA) - é um gráfico que

permite o acompanhamento das variações de um determinado indicador

(parâmetro) no decorrer do tempo. Em conjunto com o Histograma é muito

utilizado na avaliação do comportamento de um processo quanto a sua

estabilidade e capacidade.

6. GRÁFICO DE CORRELAÇÃO (ou DIAGRAMA DE DISPERSÃO) - gráfico

utilizado para visualização do tipo de relacionamento existente entre duas

variáveis. Estas variáveis podem ser duas causas de um processo, uma

causa e um efeito do processo ou dois efeitos do processo. Como:

uma característica da qualidade e um fator (parâmetro) que o afeta,

duas características da qualidade que se relaciona, ou

dois fatores (parâmetros) que se relacionam com uma mesma

característica da qualidade.

7. DIAGRAMA DE CAUSA-E-EFEITO - também conhecido como Diagrama

de Ishikawa(em homenagem a seu criador), utilizado para apresentar a

relação entre um resultado de um processo (efeito) e os fatores (causas)

do processo que, pó razões técnicas, possam afetar o resultado

considerado. É empregado nas sessões de “brainstorming” realizadas nos

trabalhos em grupo. Em sua construção, as causas são agrupadas por

afinidades, podendo ainda ser identificadas causas secundárias, terciárias,

e assim por diante. Uma forma de diagrama de causa-e-efeito muito

36

utilizada é o chamado Diagrama 6M´s (de: Mão-de-obra, Máquina, Método,

Meio ambiente, Matéria-prima e Medida).

2.4.2 As Sete Novas Ferramentas da Qualidade (Gerenciais)

As Sete Novas Ferramentas da Qualidade, também chamadas de

Ferramentas da Administração, ou Sete Ferramentas de Planejamento da

Qualidade, elas complementam as Sete Ferramentas (Estatísticas) da Qualidade

ao sistematizarem o tratamento de informações qualitativas (fatos), organizando o

pensamento e liberando a criatividade. Conforme Oakland (1994), as novas

ferramentas são sistemas e métodos de documentação usados para alcançar o

sucesso do projeto pela identificação de objetos e etapas intermediárias nos

mínimos detalhes. Na figura 2, observa-se a inter-relação entre as novas

ferramentas da qualidade, quando utilizadas na gestão da qualidade.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO

Planejamento do Tempo e Acompanhamento

Figura 2: Sete Ferramentas gerenciais da qualidade Fonte: Adaptado de Pires ( 2002, p.57)

Mizumo (1993) afirma que as Sete Novas Ferramentas da Qualidade são uma

tentativa para atender sete premissas desejáveis de ferramentas destinadas ao

estimulo do pensamento e da criatividade:

AS SETE FERRAMENTAS GERENCIAIS DA QUALIDADE

Diagrama de afinidades

Diagrama de inter-relações

Diagrama de árvore

Matriz de relações Matriz de prioridades

Diagrama PDPC Diagrama de atividades

37

1. A capacidade de processar informações verbais (dados qualitativos),

de modo a expressarem fenômenos complexos em termos de gráficos e

diagramas, que revelem com clareza problemas óculos;

2. A capacidade de gerar idéias, explorando as potencialidades

individuais das pessoas, e expressando os pensamentos e idéias por

meio de afirmativas e diagramas claros;

3. A capacidade de executar tarefas, pela consideração das inter-relações

existentes, e possibilitando o desmembramento das tarefas na elaboração

de um plano de trabalho escalonado;

4. A capacidade de eliminar falhas, pela implementação de planos de

mudanças, que devem ser coordenados entre todos os envolvidos (p. ex.,

com o processo de produção, clientes externos, supervisores e

subordinados);

5. A capacidade de estimular a troca de informações, que devem ser

colocadas à disposição das pessoas envolvidas;

6. A capacidade de disseminar informações, fornecendo meios para que

idéias individuais possam ser transmitidas com clareza e outras pessoas

que possam se beneficiar delas, e;

7. A capacidade de usar “expressões filtradas”, encorajando o uso de

expressões diretas, não censuradas, sobre resultados bem sucedidos,

problemas encontrados e novas idéias.

As sete novas ferramentas definidas conforme Mizuno (1993) são:

1. DIAGRAMA DE AFINIDADES – este tipo de diagrama se destina a reunir

fatos, opiniões e idéias acerca de áreas desconhecidas e inexploradas

que estão em completo estado de desorganização, mostrando a direção

adequada a ser seguida em um processo de solução de problemas. Este

tipo de diagrama prever situações futuras.

2. DIAGRAMA DE RELAÇÕES – esclarece situações causais entrelaçadas

em problemas ou situações complexas a fim de encontrar soluções

apropriadas. O Diagrama de Relações emprega setas para mostrar as

38

relações de causa e efeito entre um número de problemas e os fatores

que os influenciam.

3. DIAGRAMADE ÁRVORE – é uma ferramenta desenvolvida para

pesquisar meios apropriados e eficazes de alcançar determinados

resultados. O tipo de diagrama representa acontecimentos na forma de

uma árvore e seus galhos, expondo os meios necessários par alcançar

metas e objetivos específicos, esclarecendo a essência do problema e

tornando visível a questão.

4. DIAGRAMA DE MATRIZ – consiste no arranjo dos elementos que

constituem um evento ou problema de interesse nas linhas e colunas de

uma matriz, de forma que a existência ou a força das relações entre os

elementos é mostrada, por meio de símbolos, nas interseções das linhas

e colunas. É utilizado na visualização de um problema como um todo,

deixando claras as áreas nas quais o problema está concentrado. Esta

ferramenta permite: A exploração de um problema sob mais de um ponto de

vista e a construção de uma base multidimensional para sua

solução.

A distribuição de tarefas entre as diversas equipes de

trabalho disponíveis.

A identificação de gargalos e pontos críticos.

5. DIAGRAMA DE PRIORIZAÇÃO – esta ferramenta processa as

informações contidas em um conjunto de dados constituído por um

grande número de variáveis, de modo que estas variáveis possam ser

representadas por apenas duas ou três características gerias. 6. DIAGRAMA DE PROCESSO DECISÓRIO – esta ferramenta é utilizada

para garantir o alcance de uma meta pelo estudo da lógica de todas as

possibilidades de ocorrência de eventos no caminho para atingir a meta e

39

das soluções que podem se adotadas, melhorando as condições de

tomada de decisões e, conseqüentemente, aprimorando o plano de ação.

7. DIAGRAMA DE SETAS – mostra o cronograma de execução das tarefas

de um projeto, bem como o seu caminho crítico e como eventuais atrasos

afetam o tempo de execução. O Quadro 2 resume o conjunto das 14 Ferramentas da Qualidade (7

Ferramentas Estatísticas e 7 Ferramentas Gerencias) com sua aplicação básica.

Quadro 2: Aplicação das Ferramentas da Qualidade Ferramenta Aplicação

7 Ferramentas (Estatísticas) do Controle de qualidade 1. Folha de

Verificação Uma ferramenta de registro, que permite que a coleta organizada de dados.

2. Histograma

Representação da distribuição de freqüência de um conjunto de dados, permitindo a observação da dispersão dos dados, sua amplitude e distribuição. Muito usada na avaliação do comportamento de um processo, quanto à sua estabilidade e capacidade.

3. Estratificação Focalização de dados coletados, (pelo seu agrupamento em subgrupos estratos) com determinados fatores característicos.

4. Diagrama de Pareto

Focalização de dados coletados, identificando prioridades para ação e onde envidar esforços.

5. Gráfico Seqüencial

Acompanhamento das variações de determinado parâmetro no decorrer do tempo. Em conjunto com o Histograma, é muito usado na avaliação do comportamento de um processo.

6. Gráfico de Correlação Visualização da correlação existente entre duas variáveis.

7. Diagrama de Causa-e-Efeito

Relaciona determinado efeito (resultado) com suas causas (fatores que afetam o resultado) que são agrupados por afinidades (podendo ainda existir causas secundárias, terciárias, etc).

7 Novas Ferramentas (Gerenciais) do Controle de Qualidade 1. Diagrama de

Afinidades Reunião, por grupos de afinidades, de fatos, opiniões e idéias.

2. Diagrama de Relações

Esclarece situações causais entrelaçadas em problemas ou situações complexas.

3. Diagrama de Árvore

Representa acontecimentos encadeados na forma de uma árvore e seus galhos (derivações).

4. Diagrama de Matriz

Indica a existência e o grau de relacionamento entre dois (ou mais) conjuntos de fatores.

5. Diagrama de Priorização

Ordena os dados relacionados em um diagrama de Matiz, quando as relações entre os elementos do matriz podem ser quantificadas. É uma técnica estatística sofisticada, denominada “análise de componentes principais”.

6. Diagrama de Processo Decisório

Define o processo de solução mais eficaz quando estamos lidando com situações incertas e/ou dinâmicas com mais de uma solução possível.

7. Diagrama de Setas

Retrata as ações necessárias para desenvolver um projeto e seus relacionamentos subordinados.

Fonte: Kume e Mizumo 1993

40

2.5 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS

2.5.1 Aperfeiçoamento de Processos

As organizações, no seu dia-a-dia, têm como uma de suas preocupações

a produção de bens e/ou serviços e isto, deve atender as necessidades dos

clientes e conseqüentemente os objetivos das empresas. Por isso, cada vez

mais, as empresas têm buscado a aplicação de novas técnicas e programas de

melhoria, a fim de conquistar excelência empresarial e crescimento contínuo.

De acordo com Feigenbaum (1994) as empresas não estão dando a

devida importância que a qualidade tem sobre a competitividade. O crescimento

econômico depende da qualidade, pois relaciona clientes, trabalhadores e

fornecedores. O uso de ferramentas adequadas pode levar empresas a tornarem-

se competitivas mundialmente.

Para Harrington (1993), não existe um produto ou serviço sem que haja

um processo. E processo é qualquer atividade que recebe uma entrada, agrega-

lhe valor e gera uma saída para um cliente interno ou externo. Os processos

fazem uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos.

O aperfeiçoamento dos processos, na visão de Harrington (1993), é

necessário seguir os seguintes princípios: “atenção no cliente; planejamento

compartilhado por todos; confiança mútua entre chefes e funcionários; processos

padronizados; enfoque no processo; participação de todos; treinamento;

relacionamento tipo” nós “; mentalidade estatística”.

2.5.2 Metodologias de Análise e Melhoria dos Processos

É importante o uso de uma metodologia adequada na identificação das

deficiências dos processos da empresa, bem como na apresentação de soluções

e na obtenção de melhorias. Isso acontece através de uma análise detalhada dos

processos e a determinação de seus processos críticos. Em seguida, procura

identificar os principais problemas desses processos e sana-las, através da

implementação de ações de melhoria.

41

A seguir são descritas algumas das principais metodologias de melhoria

dos processos que darão suporte para a elaboração do modelo proposto.

2.5.2.1 Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP)

Este método consiste em uma seqüência de etapas que levam a um

planejamento participativo para a melhoria da qualidade de um produto ou serviço

de um determinado processo em uma organização. No contexto da Qualidade

Total, esse método é conhecido pelo termo em inglês QC STORY ( de Quality

Control Story), traduzido para o português como MASP - Método de Análise e

Solução de Problemas.

O MASP, um método de solução de problemas, faz o uso de cinco das

Sete Ferramentas da Qualidade: Folha de Verificação, Estratificação, Gráfico

Seqüencial, Diagrama de Pareto e Diagrama de Causa-e-Efeito, e de uma das

Sete Novas Ferramentas da Qualidade: Diagrama de Árvore, encadeadas em

uma seqüência tal que permite direcionar logicamente o estudo de problemas,

desde a busca de informações complementares para a identificação de sua(s)

causa(s) fundamental(is) até sua eliminação pela padronização da solução

adequada.

As etapas do MASP:

1. Identificação do Problema – momento do registro/formalização do

problema detectado.

2. Definição Precisa do Problema – investigar as características

específicas do problema registrado.

3. Análise do Problema – identificação de suas possíveis causas, e

seleção da(s) causa(s) mais provável(is) causa(s) do problema.

4. Definição de um Plano de Ação – propor ações de bloqueio sobre as

causas fundamentais do problema.

5. Ação – implementação do Plano de Ação.

6. Verificação – confirmação das ações foi efetiva.

7. Padronização – formalização dos procedimentos propostos, já

confirmados quanto à sua adequação.

42

8. Conclusão – avaliação geral do processo de solução de problema,

objetivando a melhoria contínua do método.

No Quadro 3 será apresentado as etapas do MASP que são

correlacionadas no Ciclo PDCA.

Quadro 3 : Correlação entre o Ciclo PDCA e MASP.

CICLO PDCA MASP (etapas)

P – planejar 1, 2, 3 e 4

D – executar 5

C – verificar 6

A – agir 7 e 8

Fonte: Campos(1992)

2.5.2.2 Problem Solving ( Juran Institute 1991)

Esta ferramenta foi apresentada pela Toyota (TOYOTA, 2001) para

complementar as metodologias de solução de problemas. O foco deste método

está principalmente na identificação do problema e na identificação ou criação de

padrão. Conforme descrito pela Toyota, caso não exista um padrão definido para

a situação, não se poderá afirmar que existe problema, pois a afirmação da

existência de um problema está fundamentada na comparação entre o padrão e

a situação atual. No entendimento desta questão, pode-se ver a figura 3, onde se

tem a demonstração gráfica da definição de problema feita pela Toyota. A figura 3

mostra a definição gráfica, segundo a Toyota do que é problema. A linha do

tempo está sobre o eixo das abscissas. Existem dois padrões estabelecidos

(Padrão l e Padrão II). A situação atual (presente) está sobe o eixo das

ordenadas. Um processo, iniciando em A, deveria progredir sobre o eixo do

tempo, mantendo sua aderência ao padrão I, contudo com as variáveis existentes

o processo ao longo do tempo, pede a aderência ao Padrão I, atingindo o ponto

C. Quando analisado, comparando-se com o Padrão I, identifica-se uma

diferença entre as duas situações (Padrão I e ponto B) chamada Problema (Gap).

43

Um processo, iniciando no ponto C, deveria atingir o Padrão II. A diferença

existente entre os pontos C e D representa um Problema (GAP).

GAP = Diferença entre Padrão e Situação atual = Problema

Figura 3: Diagrama de Definição de Problema

Fonte: Toyota ( 2001)

A metodologia consiste em cinco passos, conforme abaixo:

1. Descrição do Problema: chama-se a situação atual de Fenômeno

(cenário, defeito, erro, posição, etc.). O histórico do problema deve

ser levantado: como foi observado, quem levantou o problema, por

que o problema é importante. Nesta fase, também é identificado o

padrão de comparação. O padrão deve ser comparado com a

situação atual para definir o gap (diferença) entre ambos;

2. Análise de Fatos e Determinação da Causa Raiz: neste passo

poderiam ser aplicadas as Sete Ferramentas da Qualidade, assim

como as Sete Novas Ferramentas da Qualidade;

3. Contramedida e ações de Melhoria: nesta fase, são identificadas

possíveis contramedidas ou melhorias, avaliação dos possíveis

efeitos, planejamento do cronograma, implantação das contra

medidas e monitoramento, utilização do PDCA;

Padrão II

Problema (GAP)

Problema (GAP)

B

A C

Padrão I

D

Presente

44

4. Verificação da Efetividade: nesta etapa verifica-se o plano terminou

como esperado, se foram atingidos os objetivos;

5. Prevenção de Recorrência: análise de resultados, entender a chave

do sucesso, padronização, auditar em outras áreas e atualizar a

documentação de suporte;

2.5.2.3 Metodologia para Análise e Melhoria de Processos (MAMP)

A Metodologia para Análise e Melhoria de Processos - MAMP

desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Qualidade Nuclear (IBQN, 1997)

estabelece os seguintes princípios: satisfação total do cliente, gerência

participativa, desenvolvimento humano, constância de propósito, melhoria

contínua, gerência de processos, delegação do poder, gerência de informação e

comunicação, garantia da qualidade e busca da excelência.

A utilização da MAMP possibilita o desenvolvimento institucional e

alcance dos seguintes objetivos:

Clareza e definição dos objetivos da organização, a fim de promover o

compartilhamento destes com todos os colaboradores;

Pleno conhecimento da organização de suas atribuições favorecendo

motivação a fim de cumpri-lás;

Processos avaliados e constantemente melhorados;

Colaboradores motivados e capacitados para executar atividades e

reconhecimento e respeito a sua dignidade e saúde;

Participação e comprometimento dos funcionários com a qualidade

racional, inovação, mudança e superação de desafios;

Circulação rápida e correta das informações entre os funcionários;

Satisfação dos clientes e usuários com atuação em seus serviços e/ou

produtos.

A metodologia considera como fundamental o Princípio da

Gerência de Processos, onde o referencial é o Ciclo PDCA. E a partir deste ciclo

de gestão é necessário definir uma meta e métodos que possibilite a realização

da meta. Importante é treinar e educar as pessoas que vão atuar no processo

45

para que executem corretamente suas tarefas e também deve estabelecer

mecanismo de controle que permitem a verificação dos resultados e tomar

medidas necessárias para corrigir eventuais desvios constatados.

A figura 4 representa o Ciclo de Análise e Melhoria de Processos,

desenvolvido pelo (IBQN, 1997).

Figura 4: Ciclo de Análise e Melhoria de Processos Fonte: IBQN

A metodologia proposta pelo IBQN (1997) é composta de 18 passos que,

devidamente seguidos, proporcionarão condições seguras e eficazes para um

bom desempenho dos processos. A seguir os passos:

46

Passo 1. Análise do processo Objetivo: Conhecer um processo é identificar os elementos, os passos, os

resultados e os padrões a ele estabelecidos.

1. Conhecer o processo atual;

2. Identificar os problemas;

3. Priorizar os problemas;

4. Identificar as possíveis causas do problema;

5. Priorizar as causas;

Passo 2. Melhoria do processo – Soluções Objetivo: Nesta etapa procura identificar e ordenar as alternativas de solução para

as possíveis causas e desenvolvimento das soluções.

6. Identificar as alternativas de solução para as possíveis causas;

7. Priorizar soluções;

8. Desenvolver as soluções;

9. Identificar os problemas potenciais;

Passo 3. Melhoria do processo – Planejamento da implantação Objetivo: Planejar a implantação das ações de melhoria para alcançar o

aperfeiçoamento contínuo do processo.

10. Definir metas;

11. Definir métodos;

12. Normalizar;

13. Consolidar o planejamento da implantação;

Passo 4. Melhoria do processo - Implantação, avaliação e análise da implantação Objetivo: É a fase onde são implementadas as ações de melhoria e realizadas as

medidas de desempenho do processo.

14. Disseminar informações;

15. Educar treinar;

16. Fazer ou executar;

47

17. Medir;

18. Comparar com o planejado;

Para implementação da metodologia temos que ter uma ampla

abordagem de todos os elementos que compõem o processo. E esta análise se

dá através de um estudo de como se comporta este processo identificando suas

entradas e saídas.

Também são desenvolvidos três tipos de Indicadores para fazer a gestão

dos processos que são: de Qualidade, de Produtividade e de Capacidade.

1. Indicador de Qualidade ocorre quando se apuram as conformidades ou

adequações ao uso das saídas de um processo e se relacionam esses

resultados com o volume ou quantidade total produzida.

2. Indicador de produtividade representa o resultado da relação entre as

saídas de um trabalho e os recursos utilizados para sua produção.

3. Indicador de Capacidade relaciona uma determinada produção realizada

em um intervalo de tempo.

2.5.2.5 Metodologia NEVES

A metodologia NEVES foi desenvolvida por Neves (2004), baseada em

livros de vários autores, tais como Deming (1991), Garvin (1992), Brassard

Total de (desvios ou erros) x 100 Indicador de Qualidade = Quantidade Total Produzida

Total Produzido Indicador de Produtividade = Recursos Consumidos

Total Produzido Indicador de Produtividade = Recursos Consumidos

48

(1992), entre outros. Esta metodologia torna possível a aquisição de capacidades

fundamentais para o aprimoramento continuo dos processos.

A montagem estratégica prevê o planejamento e previsões cuidadosas

para gerar soluções e melhorias efetivas. Para isso a metodologia NEVES

procura combater os erros de maneira sistemática e planejada. A figura 5 mostra

o Ciclo de Análise e Melhoria de Processo proposto por Neves.

Figura 5: Ciclo de Análise e Melhoria de Processo

Fonte: Neves (2004) A estratégia montada por Neves (2004) é organizada em 07 fases e se

trabalhada de forma consistente alcançará o sucesso. A seguir as fases desta

metodologia:

1. DEFINIR A MISSÃO

Toda melhoria deve ter um objetivo claro, ou seja, uma MISSÃO.

1.1 Enunciar a Missão: ter bom conhecimento do processo. Quando inicia? Quem

lidera? Quem apóia? Qual a freqüência?

Definir a Missão

ColetarDados doProcesso

Identificaras Causas Elaborar

Soluções Viáveis

Planejare Efetuar

as Mudanças

Avaliar

Estabelecera Rotina

Identificar osProblemas

49

1.2 Elementos da Missão: antecedentes (descrição geral), atual contexto

(objetivos gerais e ligação com projetos paralelos) e missão propriamente dita

(enunciado formal).

1.3 Estabelecimento das Metas: definir e obter o consenso nas metas é fator

crítico para o sucesso.

2. COLETAR DADOS DO PROCESSO

2.1 Conhecendo o processo: todo processo de decisão deve se basear em fatos e

dados confiáveis, baseados na rotina atual, obtidos através de entrevistas, etc. O

mapeamento Macro – cliente/fornecedor possibilita detalhar processo mais

importantes.

2.2 Identificar os índices de cada indicador: identificar se a satisfação do cliente

foi melhorada através dos indicadores de QUALIDADE, PRODUTIVIDADE E

DESSEMPENHO. A atenção da equipe deve se voltar para a excessiva

variabilidade do processo e planejar para a consistência e estabilidade de dados.

2.3 Armadilhas a serem evitadas:

a. Dados impróprios às necessidades do TIME.

b. Dados misturados que nada têm a ver com o problema.

c. Pessoas diferentes utilizando procedimentos de coleta diferentes.

d. Processo de tendência desconhecida da pessoa que coleta.

3. IDENTIFICAR OS PROBLEMAS

Primeiramente, verificar o que causa a insatisfação do cliente, se é o baixo

desempenho, lembrando que funcionários desmotivados ou sem capacitação são

um grande foco de problemas, ou determinados equipamentos ou ainda

instalações inadequadas. Por fim, listar os problemas de soluções imediatas e

priorizar os problemas de solução complexa.

50

4. IDENTIFICAR AS CAUSAS

Definir o problema de forma consensual possibilita remover causas sem

distorções. Para isso, serão utilizadas algumas ferramentas básicas da

qualidade: folha de verificação, a estratificação, o brainstorming e o diagrama

de causa e efeito.

Deve-se:

Verificar a necessidade de outros dados e informações, quem irá

colher, como serão analisados utilizando mapas e fluxogramas;

Aproveitar a experiência e o conhecimento das pessoas que

conhecem o processo;

Utilizar o consenso e verificar se existem dados disponíveis

contraditórios sobre as conclusões apresentadas;

A partir das mudanças evidentes que possam ser implementadas, o líder irá

definir os próximos passos.

5. ELABORAR SOLUÇÕES VIÁVEIS

1. Uma boa solução começa pela clara definição do problema.

2. Identificar as restrições ao desenvolvimento do processo: recursos

disponíveis e as regras internas, a capacitação técnica inadequada

às exigências do processo e as divergências entre as facções e

grupos.

3. Gerar alternativas executáveis.

4. Avaliar as alternativas que atuam sobre as causas básicas do

problema.

5. Selecionar as melhores soluções que devem ser implementadas de

forma gradual.

6. Estabelecer a ordem da implantação: quais os principais métodos e

ferramentas que serão utilizadas.

51

7. Identificar problemas potenciais: importante fazer o registro das

mudanças implementadas e das soluções que não foram

implementadas.

6. PLANEJAR E EFETUAR MUDANÇAS

1. Conscientizar as lideranças: verificar quais pessoas deverão ser

alertadas sobre as mudanças que irão ocorrer.

2. Definir metas e método para o processo: quais as metas são viáveis,

pois metas difíceis desmotivam e muito fáceis não incentivam.

3. Normalizar o processo: definir padrão para garantir uma maneira

uniforme de execução.

4. Planejar a implantação: fase I - listar o que fazer (adequação das

mudanças, planejamento dos passos e definição de pessoal); fase II-

quem será diretamente afetado pelas mudanças; fase III- estimar o

tempo de consolidação das mudanças.

5. Educar e treinar o pessoal: após definir requisitos mínimos, preparar o

pessoal para trabalharem dentro de novas condições.

6. Disseminar as informações: divulgar as mudanças através de

memorandos, cartilhas, etc.

7. Implantar o novo processo: mudanças em pequena escala no início

com supervisão do líder, o monitoramento possibilita verificar se as

ferramentas são eficazes. A equipe deve avaliar mudanças no dia-a-dia

para reduzir erros e reter as lições aprendidas. A padronização do novo

processo deve ser a última tarefa a ser acompanhada.

7. AVALIAR

1. Levantar os índices de desempenho do novo processo.

2. Comparar os resultados com a situação passada.

3. Comparar os resultados com a situação desejada, a fim de verificar se

as metas estabelecidas foram adequadas ou não.

4. Avaliar os ganhos quantificáveis e os não quantificáveis alcançados.

52

5. Divulgar os resultados alcançados, o que a equipe conseguiu, os

integrantes da equipe e os objetivos alcançados.

Apenas com o cumprimento das metas é que se alcançam as melhorias.

Neves(2004).

2.5.2.6 Processo de Solução de Problemas (PSP)

É uma metodologia desenvolvida pela DaimlerChrysler (2001), cuja

estrutura permite o gerenciamento do problema em sua totalidade, seja do ponto

de vista pela incidência, da evolução das ações corretivas, da eficácia destas

ações e o feedback aos sensores.

O processo de solução de problemas consiste numa seqüência das

etapas, que deverão ser seguidas a partir do momento em que o problema se

torne evidente. Essa etapa decorre de uma análise profunda dos processos de

uma organização e da determinação de seus processos críticos. Após, identifica-

se as principais deficiências desses processos com o objetivo de sana-las através

da implementação de ações de melhoria.

Um dos principais objetivos desta metodologia é à busca da melhoria

contínua, através da estabilidade dos processos. Esta metodologia também

procura suprir as necessidades de cada departamento e eliminar as barreiras de

estrutura interna da organização, tentando gerar o máximo de benefício

organizacional.

A aplicação desta metodologia se dá quando:

A causa do problema é desconhecida;

A resolução do problema está para além da capacidade de uma só

pessoa;

A gravidade do problema exige que haja uma equipe;

Ou de outros problemas definidos pela gestão da empresa.

A metodologia de solução de problemas é composta de 12 etapas:

53

1. Levantamento dos dados.

2. Definir e formar a equipe - formar uma equipe de pessoas com

conhecimentos do processo e do produto.

3. Definir e implementar ações de contenção – definir e implementar

ações de contenção de maneira que o problema não se propague

para o cliente interno ou externo. Verificar a efetividades das ações

de contenção.

4. Analisar e definir teste e ensaios – analisar o problema e fazer o

cruzamento entre um ou mais produtos para avaliar a situação.

5. Executar testes e ensaios - consiste em identificar todas as causas

possíveis do problema.

6. Analisar as causas da falha – analisar os resultados dos testes e

ensaios executados para buscar a causa do problema.

7. Definir a causa raiz – com o uso das ferramentas da qualidade

(diagrama de causa e efeito e 5 porquês), definir qual é a origem

do problema.

8. Definir plano de ação – para as causas raízes identificadas e

estabelecer um plano de ações corretivas para resolver o

problema.

9. Implementar plano de ação – definir e planejar a implementação do

plano e definir sistemas de controle, de maneira a assegurar que a

causa raiz seja eliminada.

10. Verificar a eficácia das ações – acompanhar o desempenho das

ações implementas.

11. Prevenir a reincidência – modificar os sistemas, procedimentos,

padrões, plano de controle e outros, de maneira a prevenir a

recorrência da falha. Identificar oportunidades de melhoria e

estabelecer iniciativas de melhoria no processo.

12. Feedback – feedback e lições aprendidas para os envolvidos e

para a gestão.

54

2.6 OUTRAS FERRAMENTAS DA QUALIADE

2.6.1 Desdobramento em Função Qualidade – QFD

O Desdobramento da Função Qualidade (QFD, de Quality Function

Deployment), é uma metodologia extremamente útil no ato de se detalhar ou

desdobrar as necessidades e desejos dos clientes por todos os departamentos de

uma organização, isto é, por todas as funções no processo de geração de um

bem ou serviço.

American Supplier Institute, Inc. – ASI (1989, p.4), define o “QFD é um

sistema para traduzir os requisitos do cliente em requisitos apropriados à

organização para cada estágio desde a Pesquisa & Desenvolvimento até a

Engenharia e Manufatura, inclusive para o Marketing/Vendas.

Por isso, o QFD não é apenas uma ferramenta da qualidade, mas assume

um papel importante como ferramenta de planejamento na criação de novos

bens/serviços e/ou na renovação daqueles já existentes.

O QFD é uma metodologia de melhoria da qualidade baseada no maior

entendimento das necessidades dos clientes. Ao combinar, de uma forma

sistemática e estruturada, tais necessidades como requisitos técnicos

correspondentes, o QFD incorpora a voz do cliente nos parâmetros técnicos que

regem o processo produtivo. Os resultados do método são usados para priorizar

os elementos de projeto mais importantes, unindo esforços e recursos para

otimizar os fatores que mais estão comprometidos com as necessidades e

desejos dos clientes.

Outra característica importante do QFD é a prevenção de problemas, um

dos benefícios do QFD é a minimização de problemas de produção e, portanto,

um baixo nível de recursos destinados à solução desse tipo de problema. Neste

sentido, e na busca de uma performance consistente que satisfaça aos clientes, o

QFD é uma das ferramentas mais poderosas de apoio à Qualidade Total. Com o

QFD, a Garantia da Qualidade é transferida da manufatura (que lida com

55

produtos) para o desenvolvimento de produto (que lida com muitos itens

intangíveis) com enfoque pró-ativo.

O QFD, portanto, lida com o mapeamento de processos, indicadores de

desempenho, cálculos matriciais, priorizações numéricas, técnicas de análise e

solução de problemas e também com as “Sete ferramentas da qualidade”. Assim,

segundo Havener (1993), o QFD é basicamente um processo de engenharia,

traduzindo a voz do cliente em especificações de produto, de processo e de

fabricação.

2.6.2 Brainstorming (BRASSARD, 1994)

Uma das técnicas mais utilizadas para gerar idéias espontaneamente a

respeito de um determinado assunto chama-se Brainstorming, o que significa

‘tempestade de idéias”.

Para que uma sessão técnica de brainstorming seja bastante produtiva é

importante que um grande número de idéias seja produzido, isto é, quanto mais

idéias geradas, melhor terá sido o brainstorming. È importante que não haja

críticas às idéias geradas (suspensão de julgamento). Como todos no grupo têm

que participar dando idéias, forma-se uma roda com seus integrantes, de forma

que cada um fale uma palavra ou expressão a respeito do tema e vai,

sucessivamente, passando a palavra à pessoa seguinte, fazendo a “roda girar”.

Como são geradas muitas idéias, alguém do grupo fica encarregado de anotar o

que for sendo falado, em um flip-chart ou folha de papel, porém esta pessoa

também deve participar, igual aos demais, quando chegar a sua vez.

A seguir são dadas algumas dicas do processo de brainstorming, que

também é muito útil no levantamento das possíveis soluções dos problemas.

Dicas do Processo de Brainstorming

Reunir o pessoal

Definir o objetivo do trabalho

Explicar as regras a serem seguidas

Escolher com um grupo um coordenador

Usar flip-chart, quadro negro/branco de modo que todos possam ver o

que for escrito

56

Iniciar o processo com a “coleta” de idéias.

As causas identificadas a partir de um brainstorming serão apresentadas

em um diagrama de causa e efeito. Essas causas, depois de organizadas e

compiladas, são classificadas em “famílias”. Depois de agrupadas nestas famílias,

as causas são representadas graficamente em um diagrama parecido com uma

espinha de peixe, onde na cabeça do “peixe” representa-se o problema escolhido

e nas espinhas agrupam-se as causas em suas respectivas famílias.

2.6.3 5W1H ( What; Why; Who; When; Where; How)

Uma vez que a situação foi analisada utilizando as ferramentas

brainstorming, diagrama de Ishikawa e GUT, devemos montar um plano de ação

para corrigir os problemas e/ou possibilidades de melhoria levantadas.O plano de

ação 5W1H permite considerar todas as tarefas a serem executadas ou

selecionadas de forma cuidadosa e objetiva, assegurando sua implementação de

forma organizada. Cada ação deve ser especificada levando-se em consideração

os seguintes, conforme mostra no Quadro 4.

Quadro 4: Especificação 5W1H

1. What O que será feito? (Etapas)

2. Why Porque será feito? (Justificativa)

3. Who Quem o fará? (Responsabilidade)

4. When Quando será feito? (Tempo)

5. Where Onde será feito? (Local)

1. How Como será feito? (Método)

Esta técnica consiste em equacionar o problema, descrevendo-o por

escrito, da forma como é sentido naquele momento particular de: como afeta o

processo, as pessoas, que situação desagradável o problema causa. Com a

57

mudança do final da pergunta podemos utiliza-los também como um plano de

ação para implementação das soluções escolhidas.

2.6.4 Técnicas de Grupo Nominal (TGN) – (GALVÃO e MENDONÇA, 1997)

A Técnica de Grupo Nominal (TGN) pode ser utilizada quando se tem a

necessidade de reduzir um grande número de causas ou soluções ao mesmo

tempo em que se faz uma priorização racional do conjunto reduzido. Esta técnica,

que tem por objetivo a seleção e a priorização ponderada, é feita individualmente,

no início, e depois em grupo.

O Quadro 5 mostra que conforme a quantidade de itens em análise, usam-

se taxas de compressão variadas na seguinte proporção:

Quadro 5: Método TGN Quantidade de itens Taxa de compressão

Até 19 4

De 20 a 34 6

De 35 a 50 8

Fonte: Galvão e Mendonça, 1997

Esta técnica poderá ser usada com quaisquer critérios de análise, portanto

é importante que os mesmos sejam definidos. Assim, cada componente do grupo

de trabalho elege individualmente um número determinado de elementos, dando

para cada um destes um grau diferenciado de acordo com o critério usado.

58

3 Metodologia de Pesquisa

3.1INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentado o processo de pesquisa que foi utilizado ao

longo do desenvolvimento da dissertação. É mostrado também, em quais fases

da pesquisa foram utilizados as diversas técnicas e métodos para se alcançar os

resultados finais da investigação. O processo como um todo pode ser visualizado

na Figura 6.

Resultados Alcançados

ee

Figura 6: Fases da Pesquisa e Resultados Alcançados

A partir da Figura 6, é possível verificar que, na primeira fase da pesquisa,

se realizou uma revisão bibliográfica inicial. A revisão bibliográfica visou a

Fases do Processo de Pesquisa

- Melhoria do Processo Estudado

- Verificação da Eficácia da Aplicação da MAMP - Verificação da Adequação da MAMP aos Critérios

1 - Revisão Bibliográfica

- Identificação das Metodologias e Técnicas

3 –Levantamento dos critérios da MAMP

4 – Desenvolvimento e Adaptação da MAMP

5- Aplicação da MAMP

- Estabelecimento das Fases e Etapas da MAMP Desenvolvida ou Adaptada

6 – Avaliação da MAMP

Revisão da Literatura

2 – Avaliação das Metodologias

- Identificação dos Critérios de Avaliação - Identificação à Metodologia mais Adequada

- Identificação dos Principais Critérios de Avaliação da MAMP

59

identificação das metodologias e técnicas utilizadas. Para tal, foram revisados os

seguintes assuntos:

a) Análise e Melhoria de Processos;

b) Ferramentas da Qualidade;

c) Evolução da Qualidade segundo Feigenbaum;

d) Conceitos relacionados aos Gurus Deming, Juran e Crosby;

e) Identificação dos Problemas de Qualidade nas Organizações;

f) Padrões da Qualidade segundo os requisitos da ISO 9000 : 2000.

A segunda fase da pesquisa constituiu-se na avaliação de algumas das

metodologias de análise e melhoria do processo existente. Para isso, foram

estabelecidos os critérios de avaliação, de forma a identificar a metodologia mais

adequada e possível de adaptação.

Destaca-se nessa fase o estudo das seguintes metodologias:

• Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP, Campos

1992);

• Problem Solving (Toyota, Juran Institute 1990);

• Metodologia de Análise e Melhoria do Processo (MAMP, Galvão e

Mendonça, 1997);

• Metodologia NEVES ( Neves, 2004);

• Processo de solução de Problemas (PSP, DaimlerChrysler, 2001).

A terceira fase constitui-se um levantamento dos critérios de uma

Metodologia de Análise e Melhoria do Processo, baseado nas metodologias

estudadas e uma pesquisa de campo para identificar quais critérios deve conter

em uma MAMP.

A quarta fase teve como propósito o desenvolvimento e adaptação da

metodologia de análise e melhoria do processo (MAMP). Levou-se em

consideração as MAMP´s estudadas e as especificidades inerentes ao setor

automotivo. A MAMP desenvolvida foi dividida em etapas, sendo identificadas as

ferramentas e técnicas mais adequadas para serem utilizadas em cada uma das

etapas.

60

Na quinta fase da pesquisa, constituiu-se na aplicação da MAMP na Empresa

em um estudo de caso. Tomou-se o cuidado de escolher adequadamente o

processo onde ela foi aplicada, as necessidades de dados desse processo para

que se pudesse utilizar a MAMP em toda a sua potencialidade.

Na sexta fase foi realizada a avaliação da MAMP, de forma a identificar

seus pontos fortes e oportunidades de melhoria, além de verificar a adequação do

uso das ferramentas em cada etapa da metodologia.

3.2 TIPOS DE PESQUISA UTILIZADOS EM CADA FASE

Preliminarmente, é importante definir o que se entende como pesquisa.

Segundo GIL (1994, p.19), pesquisa é “o procedimento racional e sistemático que

tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

Assim, as pesquisas podem ter por missão a busca do conhecimento pelo próprio

desejo de investigar determinadas áreas, ou seja, a pesquisa de ordem intelectual

ou pesquisa pura; ou então o desejo de descobrir alguma aplicação prática para a

solução de um problema, ou seja, a pesquisa aplicada.

Há várias taxionomias de tipos de pesquisa, conforme os critérios

utilizados pelo autor. VERGARA (2000, p. 46-47) propõe dois critérios básicos:

quanto aos fins e aos meios. Quanto aos fins, uma pesquisa pode ser

(VERGARA, 2000, p.47):

a) Exploratória: possui uma natureza de sondagem em uma área

com pouco conhecimento acumulado.

b) Descritiva: expõe características de determinada população ou

fenômeno. Essa pesquisa não possui compromisso de explicar

os fenômenos que descreve.

c) Explicativa: tem como objetivo principal tornar um fato ou

fenômeno inteligível, justificar-lhe os motivos e esclarecer quais

fatores contribuem para sua ocorrência.

d) Metodológica: é um estudo que se refere a instrumentos de

captação ou de manipulação da realidade. Está, portanto,

associada a caminhos e formas, formas e maneiras para atingir

um determinado fim.

61

e) Aplicada: possui uma finalidade prática, ao contrário da pesquisa

pura, motivada pela necessidade de resolver problemas

concretos e existentes no ambiente da pesquisa.

f) Intervencionista: tem como principal objetivo interpor e interferir

na realidade estudada, de forma a modificá-la.

Quanto aos meios de investigação, a pesquisa pode ser (VERGARA, 2000, p.

47-48):

a) de Campo: investigação empírica, realizada no local onde

ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-

lo.

b) de Laboratório: realizada em local circunscrito, normalmente

envolvendo simulações.

c) Documental: investigação realizada com base no conteúdo de

documentos.

d) Bibliográfica: estudo sistematizado desenvolvido mais fortemente

com base em materiais publicados por outros pesquisadores.

e) Experimental: investigação empírica na qual o pesquisador

manipula e controla as variáveis independentes e observa as

variações nas variáveis dependentes.

f) Ex Post Facto: pesquisa referente a um fato já ocorrido, o qual o

pesquisador não pode controlar ou manipular as variáveis.

g) Participante: pesquisa que não se esgota na figura do

pesquisador. Dela tornam parte pessoas implicadas no problema.

h) Pesquisa-Ação: tipo específico de pesquisa participante que

supõe intervenção participativa na realidade social.

i) Estudo de Caso: é o circunscrito a uma ou poucas unidades, com

caráter de profundidade e detalhamento.

VERGARA (2000, p. 49) salienta que os tipos de pesquisa apresentados não

são mutuamente excludentes, uma pesquisa pode ser, ao mesmo tempo, de tipos

e finalidades distintas.

62

No caso da presente pesquisa, quanto aos fins, foi realizada uma pesquisa

metodológica e exploratória, tendo em vista que seu objetivo principal é

desenvolver uma Metodologia de Análise e Melhoria de Processos para ser

utilizada no setor automotivo.

Também é uma pesquisa Aplicada, pois possui como finalidade prática

melhorar a metodologia utilizada pela DaimlerChysler, além de ser descritiva, pois

terá que descrever como deverá ser desenvolvida a metodologia proposta

Quanto aos meios, ocorreram investigações bibliográficas, de campo,

participante e ex-post-facto, sendo a pesquisa de campo o mais forte meio

utilizado. No Quadro 6, foram apresentadas de forma sucinta as fases de

pesquisa realizadas, os procedimentos utilizados e a finalidade de cada fase.

Quadro 6: Resumo das Fases e Tipos de Pesquisa Utilizados Fases da Pesquisa Procedimento

Utilizado Finalidade da Fase

1 - Revisão da Literatura.

Qualitativo: Pesquisa bibliográfica.

Identificar o que existe na literatura científica sobre MAMP e ferramentas da qualidade,

2 - Avaliação das Metodologias.

Qualitativo: Avaliação dos conceitos teóricos identificados.

Identificação dos Critérios de Avaliação.

3 – Levantamento dos critérios da MAMP

Qualitativo: identificação dos principais critérios de avaliação de uma Metodologia, com base na literatura.

Identifica os principais critérios segundo os profissionais que utilizam as MAMPs.

4 - Desenvolvimento da MAMP.

Qualitativo: Aplicação dos Conceitos identificados nas MAMP estudadas.

Definição das etapas, de forma sistematizada da MAMP.

Qualitativo: Utilização da MAMP modelo desenvolvida /adaptado.

Com base na MAMP, identificar as necessidades de dados e outras informações sobre o processo a ser melhorado. 5 - Aplicação da

MAMP Quantitativo: Utilização das técnicas e ferramentas para a Análise de Dados

Utilização das técnicas de coletas de dados, estatísticas e outros se necessários.

6 - Avaliação da Proposta.

Qualitativo: ex-post-facto

Verificar a validade da Metodologia desenvolvida.

63

4- Análise do Levantamento e das Metodologias para Análise e Melhoria dos Processos

Para a Análise e Melhoria do Processo, faz-se necessário uma análise

detalhada das relações entre características e causas de um problema, no intuito

de gerar ações de melhoria para o processo. Conforme Neves (2004), um

processo de soluções e melhorias efetivas, sustentadas de forma permanente,

terá o sucesso se apresentar uma estratégia montada para o cumprimento de um

planejamento e, conseqüentemente, alcançando as melhorias desejadas.

Em decorrência disso, o melhoramento contínuo dos processos exige um

método adequado, procedimentos e regras. Caso estes não sejam usados

adequadamente, não será possível resolver os problemas, obter um controle e

estabilizar os processos. Para ter um resultado positivo com a utilização de uma

metodologia estruturada, é necessário que se faça à análise e encontre a causa e

se defina e implementem as ações corretivas eficazes para a estabilização dos

processos.

4.1 DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA

Nessa etapa foi realizado um estudo das diversas metodologias que são

utilizadas na análise e melhoria do processo e verificou-se que alguns critérios

são comuns.

Estes critérios são descritos a seguir junto com sua definição operacional:

a) Simplicidade: é fácil entendimento pelo usuário.

b) Clareza: estabelece os passos da solução de forma clara para quem a

utiliza.

c) Objetividade: permite chegar diretamente às causas e à solução do(s)

problema(s) a ser (em) vencido(s).

d) Encadeamento: utiliza uma seqüência lógica em seus passos para a

solução.

e) Instrumental: obriga à utilização de técnicas e ferramentas, evitando os

“achismos”.

f) Previsão: impõe que seja feito um planejamento das ações de melhoria.

g) Medição: prescreve a utilização de indicadores e medidas objetivas de

avaliação dos resultados e monitoramento da s melhorias.

64

Além desse foram definidos outros critérios que estão relacionados à

aplicação de uma metodologia de análise e melhoria do processo, os quais são

descritos a seguir:

h) Comparabilidade: orienta para que seja feita uma comparação entre o

antes e o depois.

i) Priorização: busca estabelecer prioridades para que se resolver os

problemas identificados.

j) Normalização: permite padronizar e documentar a solução.

k) Retroalimentação: orienta para que seja fornecido feedback para as partes

interessadas na solução.

l) Adaptabilidade: é adaptável a cada situação problema e a qualquer

processo.

m) Provisão: orientar para a utilização dos recursos necessários para a

solução do problema.

n) Resolutividade: permite que se chegue à solução na primeira aplicação,

não sendo necessário ser aplicada em ciclos contínuos.

o) Agilidade: permite que se chegue rapidamente à solução, evitando rodeios.

Por outro lado, verificou-se até que ponto os critérios listados anteriormente

tinham sua aplicação validada por profissionais que atuam na área de produção e

administração. As questões foram deixadas em aberto no questionário e enviado

aos profissionais que atuam na área, de forma a permitir que os respondentes

participassem ativamente da definição dos critérios de avaliação da MAMP.

4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DOS

CRITÉRIOS

Foi elaborado um questionário, de acordo com os critérios propostos

anteriormente, que devem ser atendidos por uma metodologia. Foi pedido aos

respondentes que escolhessem quatro critérios que julgassem os mais

importantes para que uma MAMP seja bem-sucedida na sua aplicação. Para

realização desta pesquisa, foi estabelecido como critério uma pontuação de 1

(um) a 4 (quatro); sendo que a de número 4 (quatro) corresponde ao item mais

importante, a de numero 3 (três) o segundo item mais importante, a de número 2

65

(dois) o terceiro item mais importante e por fim, a pontuação de número 1 (um)

ao quarto item mais importante.

Foram aplicados 136 questionários para os profissionais de produção e

administração e 59 (43%) responderam o questionário, sendo que deste total 36

(61%) profissionais responderam de forma correta e 23 (39%) profissionais

responderam de forma errada. As respostas incorretas não foram aproveitadas

nesta pesquisa.

O Quadro 7 apresenta a relação dos critérios pesquisados e as

respectivas respostas para cada profissional pesquisado. Importante ressaltar

que foi aplicado a Técnicas de Grupo Nominal (TGN), conforme descrito no

capítulo 2(dois) e na última coluna está incluído o número de votantes para cada

critério.

Quadro 7: Votação dos profissionais pesquisados

66

Para uma melhor clareza do desenvolvimento desta pesquisa, na figura 7

é apresentado o gráfico de Pareto, sendo uma relação comparativa entre o total

de respostas obtidas por cada critério e o somatório das notas apresentadas por

cada respondente.

53

4644

38

28 2725 24

16 1512

7 64

19 1915

13 1210

8 86

8 7

2 3 2

0

10

20

30

40

50

60

Mediçã

o

Simplici

dade

Objetiv

idade

Clareza

Encade

amento

Adapta

bilidade

Previsã

o

Instru

mental

Prioriz

ação

Retro-al

imen

tação

Normali

zaçã

o

Agilida

de

Comparabil

idade

Resolutiv

idade

PontosVotos

Figura 7: Votantes versus Critérios Fonte: próprio autor

Conforme mostrado na Figura 7 observa-se que os critérios da MAMP

podem ser agrupados com a seguinte classificação: fundamentais, muito

importante, importante, desejáveis e pouco importantes. O Quadro 8 mostra a

divisão dos critérios de acordo com esta classificação.

Quadro 8: Classificação dos Critérios da MAMP Classificação Critério

1 Fundamental Medição

Simplicidade

Objetividade 2 Muito Importante

Clareza

Encadeamento

Adaptabilidade

Previsão 3 Importante

Instrumental

67

Priorização

Retro-alimentação 4 Desejáveis

Normalização

Agilidade

Comparabilidade 5 Pouco importantes

Resolutividade

O critério Medição representa um dado fundamental para as metodologias

de análise e melhoria do processo, isso porque ela possibilita quantificar o estado

de um processo e o resultado dele, visando identificar possíveis falhas.

O Princípio 7 da ISO 9000 versão 2000, Decisões Baseadas em Fatos, é

muito dependente da capacidade de processo de fornecer as medições

necessárias à tomada de decisão. Além disso, as diversas metodologias

estudadas prevêem o uso de indicadores de desempenho para servir de base

para o estabelecimento de metas.

Foram considerados muito importante pelos respondentes, os critérios

Simplicidade, Objetividade e Clareza, pois promovem um dinamismo ao

processo, tendo em vista permitirem a busca de causas e soluções dos

problemas pela facilidade do acesso do usuário na compreensão da tarefa a ser

executada, alcançando assim, os objetivos propostos.

Verifica-se, na verdade, que esses três critérios se completam, pois uma

MAMP de fácil entendimento (simples), que permite a manutenção do foco nas

causas e nas soluções (objetividade) e que possui passos estabelecidos,

proporciona ao usuário uma facilidade na busca de soluções.

Após estes critérios apresentam-se como importantes os critérios de

Encadeamento, Adaptabilidade, Instrumental e Previsão. O que apresentam

em comum é o fato de possibilitarem uma previsão do desenvolvimento do

processo das MAMP´s, através do planejamento para execução passo a passo

das soluções dos problemas, utilizando as ferramentas apropriadas, assegurando

o melhor resultado possível para estabilização do processo.

Apresentam-se como desejáveis os critérios Priorização, Retro-Alimentação e Normalização. Isso mostra que é necessário priorizar os

problemas, tendo em vista que quando se analisa um processo surgem diversos

68

problemas, porém aqueles mais importantes e que geram maiores conseqüências

nefastas e devem ser priorizados, até porque não existirão recursos para resolver

todos os problemas do processo. Considera-se também desejável que o feedback

seja feito de forma a disseminar o conhecimento e a correção do uso da

metodologia e das ferramentas inerentes àquele passo. A fim de padronizar os

procedimentos e as ações para que chegue rapidamente a uma resposta final.

Por último, os critérios classificados como pouco importantes são

Agilidade, Comparabilidade e Resolutividade. Estes permitem que chegue

rapidamente a uma resposta final, com soluções eficazes para não ser necessário

uma re-aplicação das análises e soluções em ciclos contínuos. Deve-se fazer

uma comparação do antes e do depois para medir a eficácia das melhorias.

4.3 ANÁLISE DAS METODOLOGIAS ESTUDADAS EM RELAÇÃO AOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Foi realizada uma análise das metodologias estudada MASP (Campos,

1992), Problem Solving (Toyota, 2001), MAMP (Galvão e Mendonça, 1996),

MAMP (Neves, 2001) e PSP (DCBR, 2001) em relação ao critério: fundamental,

muito importante e importante. No Quadro 9 mostra uma análise das

metodologias baseada nos critérios de avaliação das Metodologias de Análise e

Melhoria do Processo.

Quadro 9: Análise Baseada nos Critérios de Avaliação da MAMP

MASP (Campos) Problem solving

(juran)

MAMP(Galvão e

Mendonça) MAMP(Neves) PSP(DCBr)

1. Identificação do

problema (escolha do

problema, histórico,

situação atual,

priorização e equipe)

1. Definir missão

2. Definição

precisa (coleta de

dados, enetendimento

e cronogrma de

atuação)

1. Conhecer o

processo atual

2. coletar os dados do

processo

1. Levantamento de

dados

2. identificar os

problemas

1. Descrição do

problema

3. Priorizar os

problemas

3. Identificar os

problemas

2. Definir e formar

69

equipe

3. Definir e

implementar ações de

contenção

4. analisar e definir

testes e ensaios

5. Executar testes e

ensaios

3. Análise do problema

(definição e escolha

das causas, análise de

causas mais prováveis

e teste de

consistência)

2. Análise dos fatos 6. Analisar as causas

da falha

2. Determinação da

causa-raiz

4. Identificar as

possíveis causas do

problemas

4. Identificar as causas 7. Definir causa-raiz

5. Priorizar as causas

6. Identificar as

alternativas de solução

7. Priorizar soluções

4. Definição de um

Plano de Ação

(elaboração do plano e

cronograma)

3. Contra-medidas da

causa-raiz

8. Desenvolver

soluções

6. Planejar mudanças 8. Definir plano da

ação

9. identificar os

problemas

10. Definir metas

11. Definir rótulos

12. Nomalizar

5. Implementação do

plano de ação

(treinamento e

execução)

6. Efetuar mudanças 9. Implementar plano

de ação

13. Consolidar o

planejamento da

implantação

14. Consolidar o

planejamento da

implantação

15. Disseminar

informações

16. Fazer ou executar

17. Medir

6. Verificação (

comparação dos

resultados, listagem

4. Verificação da

efetividade

18. Comparar com

planejado

7. Avaliar 10. Verificar a eficácia

das ações

70

dos efeitos

secundários e

bloqueio efetivo)

7. Padronização 5. Prevenção da

recorrência

8. Estabelecer rotinas 11. Prevenir a

reincidência

8. Conclusão –

avaliação geral do

processo de solução

problema

12. Feedback

4.3.1 Análise dos Critérios em Relação as Metodologias Estudadas

Para o critério Medição, foi observado que todas as metodologias

estudadas responderam satisfatoriamente, pois a coleta e análise dos dados,

geram oportunidades de melhoria do processo. Assim, entende-se que este

critério é fundamental, pois é com ele que monitora-se o desempenho do

processo.

O critério Simplicidade atende as metodologias MASP, Problem Solving e

MAMP(Neves), já a MAMP (Galvão e Mendonça) não atende totalmente devido

ao excessivo detalhamento dos passos desta metodologia e a PSP têm

deficiência devido à dificuldade de entendimento na sua aplicação no chão de

fábrica. Então, o critério Simplicidade torna-se muito importante as MAMP´s para

o entendimento fácil do usuário na sua utilização.

A Objetividade está claramente definida nas metodologias, exceto na

metodologia MASP, onde a busca de soluções não está totalmente clara. É muito

importante que as MAMP´s sejam diretamente objetivas nas causas para as

ações.

Em relação a Clareza todas as MAMP´s estudadas atendem este critério,

exceto a PSP, pois observou-se que nesta metodologia pode haver

redundâncias, como por exemplo: no passo 4 (analisar e definir testes e ensaios)

e o passo 6 ( analisar as causas da falha), deve-se analisar primeiro as causas e

depois definir os testes. É um critério muito importante, porque estabelece uma

seqüência lógica em sua aplicação em problemas a serem analisados e

resolvidos.

71

Em relação ao critério Encadeamento, observou-se a importância das

metodologias estudadas, pois este critério ordena os passos para a solução do

problema.

O critério Adaptabilidade está evidenciado em todas as metodologias

deste estudo, sendo aplicável a cada situação problema e a qualquer processo

com bons resultados.

A Previsão não foi totalmente vista na metodologia Problem Solving

(Toyota, 2001), pois nas contramedidas não fica claro que inclui um cronograma

de atividades e nas demais metodologias este critério inclui um plano de ação

definido. A Previsão é importante, pois impõe que seja feito um planejamento das

ações de melhoria a serem implementadas.

Em relação ao critério Instrumental foi observada a importância deste nas

metodologias estudadas, pois, tende a facilitar e sistematizar o relacionamento

entre as causas e soluções, quando na utilização de técnicas e ferramentas.

Então o critério Instrumental é importante porque com ele evita-se os riscos de

“achismo”.

No Quadro 10 mostra a classificação das metodologias de acordo com os

critérios adotados.

Quadro 10: Classificação das MAMP´s Baseada nos Critérios

MASP (Campos) Problem solving

(juran)

MAMP(Galvão e

Mendonça) MAMP(Neves) PSP(DCBr)

Medição - ok Medição - ok Medição - ok Medição - ok Medição - ok

Simplicidade - ok Simplicidade - ok

Pouca simplicidade

devido ao excessivo

detallhamento doas

passos da metodologia

Simplicidade - ok

Simplicidade tem

deficiência devido à

dificuldade de

entendimento na sua

aplicação

Objetividade – não

está claramente

colocada a busca de

soluções

Objetividade - ok Objetividade – ok Objetividade - ok Objetividade - ok

Clareza – ok Clareza – ok Clareza – ok Clareza – ok

Clareza – ok, porém

pode haver

redundância.

Encadeamento - ok Encadeamento - ok Encadeamento - ok Encadeamento - ok Encadeamento - ok

Adaptabilidade – ok Adaptabilidade – ok Adaptabilidade – ok Adaptabilidade – ok Adaptabilidade – ok

Previsão - ok

Previsão – ok, mas

nas contramediads

não fica claro que

Previsão - ok Previsão - ok Previsão - ok

72

inclui um cronograma

de atividades

Instrumental - ok Instrumental - ok Instrumental - ok Instrumental - ok Instrumental - ok

4.4 ANÁLISE CRÍTICA DAS METODOLOGIAS DE ANÁLISE E MELHORIA DO

PROCESSO

4.4.1 Matriz Comparativa das Metodologias

É importante observar que as metodologias em estudo apresentam passos

comuns e diferentes na sua estruturação. Será apresentado um quadro

comparando todos os passos de aplicação de cada metodologia descrita no

referencial teórico (capítulo 2).

Quadro 11: Etapas das Metodologias

MASP (JUSE) Problem Solving (Juran Institute)

MAMP (Galvão e Mendonça) MAMP (Neves) PSP (DCBr)

1. Identificação do Problema 1. Definir a missão 1. Conhecer o processo atual 2. Coletar os dados do processo 1. Levantamento de dados 2. Identificar os problemas 2. Definição Precisa do Problema

1. Descrição do Problema 3. Priorizar os problemas 3. Identificar os problemas

2. Definir e formar equipe 3. Definir e implementar ações

de contenção 4. Analisar e definir testes e

ensaios 5. Executar testes e ensaios 3. Análise do Problema 2. Análise de Fatos 6. Analisar as causas da falha 2. Determinação da causa-raiz 4. Identificar as possíveis causas

dos problemas 4. Identificar as causas 7. Definir a causa-raiz

5. Priorizar as causas 6. Identificar as alternativas de

solução 5. Elaborar soluções viáveis

7. Priorizar soluções 4. Definição de um Plano de Ação

3. Contra-medidas e ações de melhoria

8. Desenvolver soluções 6. Planejar mudanças 8. Definir plano de ação

9. Identificar os problemas potenciais

10. Definir metas 11. Definir métodos 12. Normalizar 5. Ação – implementação do Plano de Ação.

6. Efetuar mudanças 9. Implementar plano de ação

13. Consolidar o planejamento da implantação

14. Disseminar informações 15. Educar e treinar 16. Fazer ou executar 17. Medir 6. Verificação – confirmação das ações foi efetivo.

4. Verificação da Efetividade 18. Comparar com o planejado 7. Avaliar 10. Verificar a eficácia das ações

7. Padronização 5. Prevenção de recorrência 8. Estabelecer rotinas 11. Prevenir a reincidência 8. Conclusão – avaliação geral do processo de solução de problema.

12. Feedback

4.4.1.1 Passos Comuns às Metodologias

Foi feita uma análise dos passos das metodologias conforme os critérios

da pesquisa. Pelo quadro 11 verifica-se dois passos que são comuns a todas as

73

metodologias estudadas, são eles: Planejamento das Ações de Melhoria e

Verificação da implantação de Melhoria.

a) Planejamento das Ações de Melhoria:

Observa-se que na metodologia MASP é prevista a definição de um plano

de ação; no Problem Solving são previstas ações de melhoria; na MAMP(Neves)

é definido um planejamento da mudanças e no PSP uma definição do plano de

ação. Cabe destacar que na MAMP (Galvão e Mendonça) o planejamento das

mudanças é feito de forma mais detalhada, abrangendo os passos 8, 9, 10 até o

passo 12.

b) Verificação da Implantação de Melhoria

Em todas as metodologias do presente trabalho é prevista uma verificação

da implantação das melhorias, de forma a identificar se as mudanças surtiram o

efeito desejado.

Na MASP a verificação é confirmação das ações se foram efetiva, na

Problem Solving verificação da efetividade, quer dizer, as ações no processo foi

alcançados os objetivos. Já a MAMP(Galvão e Mendonça), compara com o

planejado e verifica-se o efeito das ações no desempenho do processo. Na

metodologia(Neves), avalia-se as ações com os novos índices dos processos e

compara os resultados com a situação passada. E na PSP verificar a eficácia

das ações onde é acompanhar o desempenho das ações implementadas.

4.4.1.2 Passos Comuns à Maioria das Metodologias

Outros passos são comuns na maioria das metodologias estudadas, onde

se observa de acordo com o quadro 11 os seguintes passos:

a) Definição Clara dos Problemas

Nas metodologias MASP, Problem Solving e MAMP(Neves) está

claramente definida a descrição precisa do problema. Porém, na MAMP(Galvão e

Mendonça) há identificação e priorização dos problemas mais importantes. E já

na PSP não aborda este ponto.

74

b) Identificação das Causas, definindo a(s) Causa(s)-Raiz

Quatro das metodologias estudadas, Problem Solving, MAMP(Galvão e

Mendonça), MAMP(Neves) e PSP definem a identificação das causas, porém a

MASP não defini claramente este item.

c) Prevenção da Reincidência

As metodologias MASP, Problem Solving, MAMP(Neves) e PSP definem a

prevenção de reincidência das falhas, comparando o resultado do processo atual

com os níveis do passado, já a MAMP(Galvão e Neves) não define.

d) Conhecer o Processo e levantar dados

As três metodologias, MAMP(Galvão e Mendonça), MAMP(Neves), PSP

atendem este item, que possibilitam conhecer e obter os dados e fatos do

Processo. A metodologias, MASP, Problem Solving abordam diretamente a

descrição do problema e não faz o conhecimento do Processo.

e) Análise do Problema

As metodologias MASP, Problem Solving e PSP fazem a análise do

problema e as MAMP(Galvão e Mendonça), MAMP(Neves) não priorizam

diretamente esta análise.

f) Implementar o Plano de Ação

As metodologias, MASP, MAMP(Neves) e PSP correspondem ao item de

implementação do plano de ação conforme as ações estabelecidas

previamente. Porém, as metodologias MAMP(Galvão e Mendonça),

Problem Solving não respondem a este ponto.

4.4.1.3 O Passo a Passo da Metodologia Proposta

Pode-se reordenar, de forma conclusiva, os diversos passos analisados

anteriormente para estruturar a nova Metodologia de Análise e Melhoria do

Processo.

1. Definição clara do problema;

2. Conhecer o processo e levantar os dados;

75

3. Análise do processo;

4. Identificação das causas, definido a(s) causa(s)-raiz;

5. Planejamento das soluções de melhoria;

6. Implementação do plano de ação;

7. Verificação da eficácia das ações;

8. Prevenção da reincidência

9. Divulgação dos resultados obtidos.

Esta proposta de metodologia será descrita de forma detalhada no próximo

Capítulo.

76

5 NOVA METODOLOGIA DE ANÁLISE E MELHORIA DO PROCESSO

A metodologia proposta tem como objetivo propiciar à Empresa condições

de tratar de forma adequada a identificação e solução de problemas de qualidade

e a obtenção da garantia de qualidade.

A adequabilidade do modelo será testada após a apresentação da

metodologia, levando em conta as características do processo produtivo da

empresa.

5.1 – DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA

A metodologia proposta aqui foi estruturada de maneira a auxiliar os

gestores a solucionar os problemas, permitindo a melhoria do processo. Sendo

assim, trata-se o tema através de um processo de análise, e fornecendo aos

gerentes meios para:

a) Analisar e resolver problemas.

b) Identificar os benefícios da análise estruturada.

c) Proporcionar aprendizagem organizacional ao time.

d) Separar os fatores políticos dos fatores técnicos dos problemas que

envolvem a participação do cliente.

A metodologia proposta é um processo dinâmico de busca de soluções

para a melhoria do processo, de forma a resolver o problema e/ou desvio. A

proposta não é um processo rígido e sim flexível em cada caso com que se

defronta. Seu objetivo é aumentar a possibilidade de resolver satisfatoriamente

uma situação onde um problema tenha surgido.

É muito importante na análise e melhoria do processo, que forme uma

equipe de profissionais que tenham conhecimento do produto e do processo, a

experiência, a disciplina técnica, a autoridade, o tempo e habilidade de estudar e

detalhar o problema a ser abordado, estabelecendo e identificando a função do

time e de cada participante.

77

É preciso definir o moderador que acompanhará o time e conduzirá as

atividades através da metodologia estruturada (Sholtes, 1993). A escolha deve

estar baseada em algumas características pessoal e técnica na função

moderadora como:

a) Conhecimento da metodologia;

b) Conhecimento técnico (processo e produto);

c) Raciocínio rápido de forma abstrata e lógica;

d) Saber trabalhar em equipe;

e) Persistência;

f) Bom relacionamento inter pessoal;

Outro ponto importante, é que os membros do time possuam as

habilidades na utilização das ferramentas da qualidade, eles devem estar

preparados para trabalhar em equipe e lidar com as diferenças de ponto de vista.

Há que se buscar uma sinergia, a comunicação e muita disciplina, sem prejudicar

o nível de participação e envolvimento das pessoas com a missão definida.

A metodologia de análise e melhoria do processo segue-se um

encadeamento lógico em seus passos para a solução de problemas:

Fase I. Definir e delimitar o problema,

Fase II. Identificar a causa-raiz deste problema e comprová-la,

Fase III. Gerar soluções de contenção e definir alternativas de solução,

Fase IV. Definir e implementar solução,

Fase V. Testar a eficácia da solução escolhida, e;

Fase VI. Divulgação de resultados.

A modelo proposto, foi dividido em seis fases. Cada fase é composta por

várias etapas que caracterizam o objetivo e as atividades envolvidas, facilitando o

entendimento, a compreensão e a aplicação da metodologia. O quadro 12 mostra

as fases e etapas da nova metodologia.

78

Quadro12: Fases e Etapas da Nova Metodologia Fase Etapa

1.1 Definir claramente o problema

1.2 Conhecer o processo e levantar

dados

1.3 Analisar o processo

I. Definir e delimitar

problema

1.4 Aplicar solução de contenção

2.1 Identificar causa II. Identificar a causa - raiz

2.2 Definir causa-raiz

III. Gerar e definir

alternativa de solução 3.1 Planejar solução definitiva

IV. Implementar solução 4.1 Implementar o plano de ação

5.1 Verificar eficácia da ação V. Testar eficácia da

solução escolhida 5.2 Prevenção da reincidência

VI. Divulgar resultados 6.1 Divulgar os resultados obtidos

Fonte: Próprio autor

5.2 DETALHAMENTO DAS FASES DA METODOLOGIA

5.2.1 Fase I: Definir e Delimitar o Problema

Esta fase tem como objetivo identificar os problemas de qualidade,

preparar a utilização da metodologia e definir claramente qual é o defeito. É

constituída de quatro etapas conforme apresentadas:

5.2.1.1 Definir Claramente o Problema

É uma tarefa muito importante, pois o problema se resolve com a correta

identificação do mesmo. Logo, levantar o histórico do problema, identificando sua

freqüência e como o mesmo ocorre.

5.2.1.2 Conhecer o Processo e Levantar Dados

É identificar as entradas e saídas do processo. Consiste em conhecer

quem são os clientes que recebem e quem são os fornecedores. É importante

analisar a documentação existente (Normas, Procedimentos, Plano de Processo

79

etc.), pesquisar as informações dos clientes obtendo dados e fatos e os padrões a

ele associado.

5.2.1.3 Analisar o Processo

Neste momento será feita a investigação das características específicas

do problema como uma visão ampla dos vários pontos de vista. É comum,

quando se vai tratar de algum problema, sair procurando imediatamente a solução

ou procurar um culpado pelo mesmo, sem antes conhecer a verdadeira causa

deste.

Durante o desenvolvimento desta etapa se faz necessário coletar o dados

e analisar os problemas de qualidade selecionados sob alguns pontos de vista:

a) Coletar Dados: Descobrir as características do problema sob alguns

aspectos: tempo, local, sintoma e indivíduo.

b) Análise do Problema: A análise deve ser feita no local da ocorrência do

problema. Devem ser questionado e observado alguns pontos: meios de

produção, a padronização das tarefas, verificar se o executante faz conforme

o plano de processo, as condições ambientais (iluminação, limpeza,...) e

outras informações que possa ajudar nesta análise, conforme as

características do processo.

5.2.1.4 Aplicar Ação de contenção

Quando o problema for identificado, deve criar um planejamento

para uma contenção da causa e implementar para que o efeito não se propague.

Deve fazer quando a implantação da solução definitiva haja uma certa demora e

para que processo produtivo não continue a gerar os efeitos indesejáveis como

retrabalho, sucateamento de peças, etc.

5.2.2 Fase II – Identificar a Causa-Raiz

Esta fase o objetivo é levantar as possíveis causas da falha. Onde se

tende a definir o problema de forma consensual, possibilitando remover as causas

sem distorções.

Para isso serão utilizadas algumas Ferramentas Básicas da Qualidade,

entre elas a Folha de Verificação, a Estratificação, o Diagrama Causa e Efeito e o

80

Brainstorming, onde se procuram detectar quais as causas ou as principais

influências sobre o problema.

5.2.2.1 Identificar as Causas

Com base nas condições que o problema está envolvido o grupo deve

levantar as possíveis causas influentes do problema. Nesta etapa deve-se fazer o

uso da capacidade dos membros do time, para aumentar o universo de

possibilidades a serem pesquisadas.

Nesta etapa, o coordenador busca trabalhar com todo o time e negociar as

possíveis discordâncias entre os componentes, sendo que os integrantes da

equipe pertencem a áreas (ou empresas) diferentes e às vezes nenhum deles

quer ser o responsável pelo problema. É muito importante que o coordenador

escuta a equipe de forma empática, com o objetivo de ouvir o que eles têm a dizer

sobre as possíveis causas. Segue-se então, uma negociação entre as partes

visando o interesse e comprometimento mútuo, onde as hipóteses levantadas

atendam aos anseios das duas partes, visando a identificar as causas.

5.2.2.2 Definir Causa-Raiz

Neste momento liste todas as causas possíveis, justificando cada uma

delas e definindo em consenso o nível de gravidade de cada causa identificada

como sendo: muito provável, provável, ou pouco provável. Com isso o grupo irá

definir as causas de maior potencial, isto permite deixar claro quais são os

problemas vitais e os triviais.

As causas assinaladas devem ser reduzidas através da eliminação das

causas menos prováveis. Isto poderá ser feito com base nas informações

levantadas anteriormente, na experiência dos integrantes da equipe e em

informações adicionais que deverão ser coletadas.

Nesta etapa é importante verificar dois pontos: a confirmação da causa

mais provável, isto se faz com base nos resultados das experiências/simulações,

será confirmada ou não a existência de relação entre o problema (efeito) e as

causas mais prováveis (hipóteses). E quando a causa for consistente, será

verificado se existe uma evidência técnica de que é possível bloquear as causas e

se isto não geraria efeitos indesejáveis ao produto ou no processo. Pois se isto for

81

percebido pode ser que ainda não seja a causa fundamental (causa não

consistente), mas um efeito dela. Neste caso transforme a causa no novo

problema e pergunte outro porque, voltando ao inicio do processo para analisar e

identificar a causa-raiz.

5.2.3 Fase III – Gerar Soluções e Definir Alternativas de solução

Com base nos resultados dos experimentos/simulações, é confirmada ou

não a relação existente entre o problema e a causa.

Esta fase tem como objetivo de identificar e selecionar as possíveis

soluções que são capazes de bloquear as causas-raiz do problema.

É constituída de uma etapa:

a) Planejar solução definitiva

5.2.3.1 Planejar Solução Definitiva

Neste momento é extremamente importante que a equipe utilize toda a

sua criatividade e o conhecimento técnico. Pois, identificada à causa-raiz a equipe

deve seguir com a geração de soluções para o problema em estudo.

Muitas vezes surgem diversas soluções alternativas que precisam ser

analisadas antes da definição de qual ou quais devem ser escolhidas. Deve-se

verificar se elas atuam sobre as causas básicas do problema, atestando também

se as soluções são fáceis de implementar e de serem mantidas.

A solução selecionada deve eliminar a causa-raiz ou minimizar sua

influência sobre o efeito indesejado.

Nesta etapa, podem ser utilizadas várias ferramentas básicas da

qualidade:

Brainstorming

Folha de Verificação

Histograma

Matriz GUT

Diagrama de Pareto

Estratificação

Fluxograma

Etc.

82

5.2.4 Fase IV: Implementar Solução

Esta fase tem como objetivo implementar as soluções para o problema.

5.2.4.1 Implementar Plano de Ação

Nesta etapa altera se todo o processo conforme as modificações

propostas, para que esta seja feita de forma efetiva e atinja os resultados

projetados. Pode-se utilizar a ferramenta Folha de Verificação caso existam

muitos detalhes a serem observados na implantação da solução. Aqui se faz

necessário também, estabelecer a forma de medir os resultados para futura

comprovação da eficácia da solução adotada:

Itens de controle;

Verificação nos diversos níveis do processo;

Padrões de aferição;

Forma de medição; e

Informações necessárias para aferir e controlar o processo.

5.2.5 Fase V: Testar a Eficácia da Solução Escolhida

Esta fase tem como objetivo verificar a eficácia das ações implantadas,

padronização do processo e prevenir a recorrência.

5.2.5.1 Verificar Eficácia da Solução

Toda solução deve ser validada antes de ser implementada para

comprovar sua eficácia. O grupo deve acompanhar o processo ao longo de algum

tempo para verificar a efetividade da ação atuou sobre o processo impedindo a

recorrência da falha ou se melhorou os índices de desempenho conforme

acordado nas metas iniciais.

Para o acompanhamento das soluções, podem ser utilizadas várias

ferramentas da qualidade das quais destacam-se as Cartas de Controle ou Folha

de Verificação.

83

5.2.5.2 Prevenção da Reincidência

Neste momento indagamos se a causa fundamental foi efetivamente

encontrada e bloqueada, pois nesta fase é que ocorre a constatação das

soluções, pode ser necessário fazer algum tipo de ajuste no processo para obter

um resultado satisfatório. Nestes casos o grupo deve atuar sobre o processo a fim

de melhorar os resultados.

Caso a solução não tenha o efeito esperado, deve-se retornar para a

análise de soluções (quando não eliminou a causa-raiz) ou para a fase da análise

das causas (quando eliminou a provável causa-raiz, mas os efeitos ainda se

apresentam).

Se a solução alcançar seu objetivo, e conseqüentemente comprova-se a

eficácia das ações, este novo procedimento operacional deverá se tornar o

padrão. Para isto, é importante garantir que a informação seja uniforme para

todos os envolvidos. Deve-se também rever toda a documentação do processo

que sofreu alteração (desenhos, FMEA, plano de processo, plano de controle,

procedimentos, etc).

Outro ponto importante é efetuar a educação e o treinamento, certificando-

se que todos os funcionários estão aptos a executar o procedimento operacional

padrão.

5.2.6 Fase VI: Divulgação dos Resultados

É muito importante a divulgação dos resultados obtidos, de modo, que

todos saibam, que as melhorias previstas geraram os resultados esperados.

5.2.6.1 Divulgar os Resultados Obtidos

Com o objetivo de comprovar se realmente a ação foi incorporada

em todo o sistema, e os novos padrões estabelecidos estão cumpridos, deve-se

divulgar um relatório com as melhorias propostas e os resultados após a

comprovação da efetividade das soluções para todos as áreas envolvidas.

84

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO

Sugere-se algumas ferramentas da qualidade para uso nas diferentes

fases da MAMP. Sua aplicação, no entanto, não é obrigatório, dependendo,

sobretudo, das situações específicas a cada problema a ser analisado.

As Fases mais importantes e robustas da metodologia proposta são as

Fases l e II que compreendem a definição do problema e a identificação da

causa-raiz. Nestas fases, há uma grande diversidade de ferramentas sugeridas,

pois são escolhidos em função da complexidade envolvida. A Fase III apresenta

um grau de complexidade menor, já que trabalha as ações geradas nas fases

anteriores. Já na Fase IV, a implementação das ações ligadas ao problema

analisado, sendo assim a necessidade de uso de ferramentas é menor. E, por

fim, as Fases V e VI para testar a eficiência e divulgar os resultados, o uso das

ferramentas é feito da mesma forma que na Fase IV e envolve a eficácia das

ações implementadas e o feedback para os envolvidos neste processo de

solução de problema. O quadro 13 mostra a aplicação das Ferramentas da

Qualidade em relação com as Fases.

Quadro 13: Aplicação das Ferramentas da Qualidade Fase Ferramentas da Qualidade

Fase l: Definir e delimitar o problema

Fase ll: Identificar a causa - raiz

Brainstorming Estratificação Diagrama de Afinidades Folha de Verificação Diagrama de Matriz Diagrama de Causa e Efeito Diagrama de Pareto Fluxograma Histograma 5W1H

Fase lll: Gerar soluções e

definir alternativas de solução

Brainstorming Estratificação Diagrama de Afinidades Folha de Verificação Diagrama de Matriz Diagrama de Pareto Fluxograma Histograma

Fase IV: Implementar solução Diagrama de Matriz Folha de Verificação

85

Fluxograma

Fase V: Testar a eficiência

Diagrama de Matriz Folha de Verificação Fluxograma Carta de Controle

Fase VI: Divulgação dos resultados

Diagrama de Pareto Folha de Verificação Fluxograma

Fonte: Juran Institute, 1990 e Neves, 2004

Além da adequada metodologia de análise e melhoria do processo, é

imprescindível que os profissionais tenham sólidos conhecimentos sobre a

finalidade e as etapas adotadas em cada fase com as respectivas ferramentas,

para que delas façam uso com maior efetividade, possibilitando aplicações

criativas, inclusive através de novas combinações e modificações.

86

6 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Neste capítulo em estudo é apresentada uma aplicação prática da

metodologia proposta num ambiente da Indústria Automotiva. Inicia-se com uma

breve explanação sobre a empresa e depois passando para o relato da aplicação

(etapa por etapa) da metodologia proposta.

6.1 A EMPRESA

O estudo de caso presente neste trabalho foi desenvolvido em uma

montadora de veículos.

A empresa divide em três macros setores de produção, sendo cada um

responsável por uma etapa de fabricação do veículo. Estes setores, que

compõem a estrutura industrial da Empresa e podem ser observados no fluxo de

montagem de veículos ilustrado na figura 1:

Setor 1 Setor 2 Setor 3

Figura 8: Fluxo de montagem de um veículo

Resumidamente, o processo de montagem de um veículo ocorre,

conforme ilustrado na Figura 8, em três etapas, sendo desenvolvidas as seguintes

atividades em cada setor:

Setor 1 - Montagem bruta: É neste setor que as peças são unidas através de

processos mecânicos, solda e por cola para formar a carroceria do veículo. Após

a montagem das peças forma-se a carroçaria do veículo em chapa.

Setor 2 - Pintura: É uma das mais modernas. Opera com tintas a base de água, o

que reduz significativamente o impacto ambiental. O processo começa com a

limpeza da carroceria e aplicação de fosfato, banho de KTL, aplicação de massa

(PVC), pintura, verniz, controle de superfície e aplicação de cera para

conservação.

Montagem Bruta

Pintura Montagem Final

87

Setor 3 – Montagem Final: É nesta área que as carrocerias ganham sua

configuração final. Onde a carroçaria já pintada recebe as peças e acessórios de

acabamento e as peças mecânicas. Terminado de montar o veículo, é realizado

o teste elétrico / eletrônico, teste de alinhamento das rodas e faróis, teste de rolo

onde verifica o desempenho do veículo, teste de infiltração e de rodagem para

verificar o funcional e o nível de ruído. Após a conclusão desta etapa é feita uma

inspeção da qualidade, onde se libera ou não o veículo para a venda ao cliente

final.

As três áreas de produção têm ligação direta com a cadeia produtiva,

entre outros fatores, influenciando na qualidade final do veículo pronto. A auditoria

de produto acabado – APA, audita o veículo acabado, ou seja, após ter passado

por todos as etapas do processo de produção. Assim, o método APA de auditar o

veículo consegue monitorar o nível de qualidade associada a todos os setores da

empresa.

6.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA

Dentre os processos com problemas de qualidade identificados na

Auditoria de Produto Acabado (APA) no período em estudo, foi escolhido um

deles para a avaliação da metodologia proposta. Isto porque, este processo

envolve um problema reincidente, com um nível de ocorrência alto, de alta

gravidade e inaceitável tanto por parte da empresa quanto do consumidor. O

processo escolhido foi o de montagem do banco.

Do modo como o problema se apresentava, a causa-raiz poderia estar

tendo influência das áreas de: Engenharia de Qualidade e Processo e Engenharia

do Produto. Então, foi formado um time de trabalho constituído por representantes

por parte da montadora e do fornecedor. Foi indicado 1 representante da

montadora e 2 representantes do fornecedor e mais 02 colaboradores de apoio.

Os trabalhos foram acompanhados pelo gerente da qualidade da

montadora e do fornecedor.

6.2.1 Fase I: Definir e Delimitar o Problema

Após o veículo ser auditado pela APA, foi apresentada a lista de falhas e

novamente ela se repetiu. Então o problema foi priorizado de acordo com a sua

88

gravidade “nível classificação da falha” e sua freqüência de ocorrência.

Imediatamente o veículo foi selecionado para análise da falha. Esta falha ocorre

com certa freqüência, a uma taxa média de 3/10. A Figura 9 mostra a relação das

falhas por semana, o que enfatiza a utilização do critério Medição.

Falhas - APA (status semanal)

05

1015202530

Ruídobanco

B C D E F outros

Problemas

Figura 9: Falhas de ruído no banco

Fonte: O autor

6.2.1.1 Definir claramente o problema

Ao examinar novamente o veículo foi evidenciado o ruído no pé do banco

traseiro. Logo o responsável propôs montar a peça padrão neste carro e não foi

constatado o problema. A descrição do problema nos relatórios gerencias é:

“Ruído no pé do banco traseiro do lado esquerdo”.

6.2.1.2 Conhecer o Processo e Levantar Dados

Para um melhor entendimento do problema, a equipe foi até a linha de

produção para conhecer as etapas do processo de montagem da peça na

carroçaria. Ficou entendido que a relação cliente e fornecedor é:

Cliente: Área de montagem final faz a montagem da peça na carroçaria.

Fornecedor interno: Área de montagem bruta que fornece a carroçaria.

Fornecedor externo: Fornecedor de bancos.

Foi levantada na estação de trabalho a documentação técnica do

processo, onde constam dos meios de controle, métodos de montagem e

89

ferramentas. A operação de montagem estava de acordo com o plano de

processo e o auto controle estava sendo realizado durante a montagem.

6.2.1.3 Analisar o Processo

Após conhecer o processo a equipe passou a analisá-lo. Então, a equipe

pode averiguar que a falha só poderia ser causada na montagem, se o banco

traseiro não fosse totalmente fixado na parte de trás do assoalho, ou se houvesse

uma interferência com outra peça montada no carro e também com a própria

carroçaria.

A equipe permaneceu na linha de produção por um dia e foram

descartadas estas 03 hipóteses, pois o veículo que se encontrava com a equipe

não evidenciava este tipo de ocorrência. Logo o time voltou a analisar o veículo

que apresentava a não conformidade e foi realizado teste de funcionamento do

banco fora do veiculo, comparando com a peça padrão.

Esta análise foi finalizada sem apresentar uma diferença entre as peças,

montada novamente a peça no veículo e realizado o teste do veículo na pista de

ruído. Para surpresa da equipe nas duas primeiras voltas na pista de teste o

ruído não era ouvido pelo motorista de teste nem por um membro da equipe,

porém o teste foi continuado e o ruído voltou a se propagar, de forma leve até

chegar a um nível inaceitável.

Analisou-se novamente a montagem do banco e verificou-se uma folga no

travamento do banco no assoalho da carroçaria. Pediu-se uma análise

dimensional do eixo de fixação do banco em relação à sua posição e espessura, o

resultado encontrava-se dentro do especificado. Conclui-se que a falha não

estava relacionada no processo de montagem do banco na carroçaria e no

processo de fabricação do veículo, mas sim pela falta de sincronismo no

mecanismo de articulação de travamento do banco no assoalho do veículo. Ou

seja, o problema estava no processo de fabricação do banco, no fornecedor.

Passou-se, então a analisar com os dados já levantados anteriormente, o

processo de fabricação dos bancos no fornecedor.

90

6.2.1.4 Aplicar Ação de Contenção

Para ser definida uma ação de contenção eficaz na montadora, antes de

se chegar à causa-raiz do problema, levou-se um banco para uma mesa de teste

onde simulava as mesmas condições da peça montada no veículo. Foi constatado

que a lingüeta de travamento do banco não estava retornando por completo, pois

isto impedia o bom funcionamento do sistema. É, importante ressaltar que houve

uma falta de sincronismo no mecanismo de travamento.

Então a equipe propôs criar duas Ações para garantir a posição correta da

lingüeta de travamento.

1. Fazer a montagem dos bancos em uma mesa de montagem e verificar

a posição da lingüeta de travamento;

2. Fazer um ajuste no mecanismo de travamento para garantir o

posicionamento correto das peças que apresentavam a lingüeta na

posição incorreta.

Depois de implementada a ação de contenção na bancada de análise, foi

realizado um teste em um lote 10 de peças que apresentava a lingüeta na posição

correta, Ação 01 e o resultado foi satisfatório. Na Ação 02, realizou-se um ajuste

nas peças para posicionar a lingüeta na posição ideal, ocorreram três tentativas

para assegurar a posição que não causaria ruído no veículo. Depois de ter

testado as peças nos veículos e ter um resultado satisfatório, entregaram-se 03

veículos para análise da APA, quando foi realizado teste na pista de ruído e teste

de rodagem e no final dos testes os resultados foram satisfatórios em relação do

que ocorria antes.

A ação de contenção proposta foi eficaz e a partir deste momento 100%

dos bancos passariam por esta inspeção antes das peças serem disponibilizadas

para a linha de montagem.

6.2.2 Fase II: Identificar a Causa-Raiz

6.2.2.1 Análise da Causa da Falha

Para uma análise mais profunda da causa-raiz, a equipe se reuniu para

traçar as próximas etapas do trabalho. Assim, foi proposto enviar 03 conjuntos do

91

banco traseiro para o fornecedor, onde haveria mais recursos para desmontar o

banco e analisar a falha no processo do fornecedor.

A mesma equipe que trabalhou no início da análise da montadora

trabalhou também no fornecedor. O primeiro passo no fornecedor foi de dar um

feedback para o gerente da qualidade, a fim de deixá-lo informado sobre o que

tinha sido feito e as próximas etapas para análise do problema. A equipe reuniu-

se para nomear um moderador para a equipe.

Nesta etapa, o moderador orientou a equipe para a fase de geração de

hipóteses da causa-raiz. A ferramenta escolhida para esta fase foi o Diagrama de

Causa e Efeito. Antes de iniciar a geração das hipóteses, foi solicitado pelos

integrantes ir até a linha de montagem dos bancos e acompanhar o processo de

fabricação. Logo após esta etapa concluída, a equipe retornou para a sala de

reunião, a fim de dar prosseguimento à investigação da causa-raiz do problema.

Com o auxilio da ferramenta da qualidade, criaram-se algumas hipóteses

sobre a causa da falha do ruído. Como a causa da falha do ruído parecia estar na

interação do sistema de travamento em função da constatação da eficácia da

ação de contenção, iniciaram-se as discussões pelo sistema de travamento do pé

do banco. O travamento ocorre devido ao bom funcionamento dos cames, sendo

um que elimina a folga e o outro que garante o travamento do banco na

carroçaria. Concluiu-se que a causa da falha foi a falta de sincronismo do

funcionamento dos cames.

As hipóteses levantadas a partir da análise da causa da falha estão

listadas no quadro 14.

Quadro 14: Hipóteses levantadas 1ª Came fora da especificação nominal

2ª Rebarba de material nos cames

3ª Folga no cravamento do came

4ª Eixo de fixação do banco na carroçaria fora do especificado

5ª Excesso de tinta no sistema de travamento

6ª Desgaste prematuro do ferramental de montagem

7ª Eixo de transmissão fora do especificado

8ª Folga excessiva entre os cames

92

Para cada hipótese gerada, criou-se um plano de ação para checar

de como estava a condição de qualidade.

6.2.2.2 Definir Causa-Raiz

Analisando o plano de ação criado a partir das hipóteses geradas na fase

anterior, pode verificar que a 7ª hipótese estava fora do seu padrão dimensional e

as outras hipóteses encontravam-se nas especificações de projeto.

Como restou apenas uma hipótese, não houve necessidade de definir

quais são as hipóteses muito provável, provável e pouco provável. Com isso a

equipe definiu que a causa de maior potencial é o “eixo de transmissão fora do

especificado”.

Para a análise da causa da falha, a equipe selecionou algumas peças na

linha de produção para que fosse verificado o nível de qualidade das peças. Fez-

se o dimensional detalhado do eixo e comprovou-se que a falha estava sendo

causada no processo de fabricação do eixo.

A equipe verificou que perfil interno do tubo de transmissão estava com o

dimensional fora do padrão. A especificação de projeto do eixo de transmissão

estabeleceu um ângulo de 40° ± 0,5° sendo que foram encontrados tubos com até

43° (com 3º acima) fora do especificado.

Conclui-se que esta falha ocorreu devido ao desgaste do jogo de punções,

das matrizes do perfil externo e do punção formador do perfil interno.

6.2.3 Fase III: Gerar Solução e Definir Alternativas de Solução

6.2.3.1 Planejar Solução Definitiva

Depois de ter feito as análises do problema, só havia uma ação para

solucionar o problema: corrigir o ferramental de construção do tubo.

6.2.4 Fase IV: Implementar Solução

93

6.2.4.1 Implementar o Plano de Ação

Não foi necessário criar um plano de ações complexo, tendo em vista que

só havia uma ação a ser implementada para solução do problema. Corrigir o

ferramental de construção do tubo.

Logo foi criado um pedido interno para a confecção de uma nova

ferramenta. Em um prazo de 05 dias úteis foram implementadas as ações

necessárias para corrigir o problema.

6.2.5 Fase V: Testar a Eficiência da Solução Escolhida

6.2.5.1 Verificar A Eficácia da Ação

Depois da troca da ferramenta, foi produzido um lote de 50 peças sem a

reincidência da falha. Foi comprovada a eficácia da ação.

6.2.5.2 Prevenir Reincidência

Foi verificado o status do processo atual e este atende as exigências de

qualidade do cliente. Implementou-se no processo um calibrador especialmente

construído para assegurar a qualidade das peças produzidas e estabelecido uma

freqüência de medição.

Logo este processo tornou-se o padrão. Atualizou-se o plano de

manutenção, FMEA de processo e outros documentos para garantir a operação.

Foi introduzido um check list para controlar o perfil interno do tubo com uma

freqüência definida para cada lote de produção.

Caso a causa-raiz não fosse comprovada, o processo deveria ser

reiniciado para reavaliação das análises.

6.2.6 Fase Vl: Divulgação de Resultados

94

6.2.6.1 Divulgar os Resultados Obtidos

Foi divulgado um relatório final contendo todos os dados da análise do

problema e das ações tomadas. Todo material está seqüenciado conforme os

passos da Metodologia de Analise e Melhoria do Processo.

Foram enviadas as cópias do Relatório Final para:

Gerente de Qualidade – fornecedor

Gerente da Qualidade – montadora

6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO

Diante do estudo de caso descrito neste capítulo, compreende-se que a

Metodologia de Análise e Melhoria do Processo proposta foi eficaz para a solução

de problemas. Talvez, alguém que tivesse apenas lido o Relatório Final, sem ter

participado de todas as etapas do trabalho, poderia imaginar que é muito fácil

chegar à causa-raiz do problema. Porém, só podem ser consideradas desta

forma, quando resultam de um árduo trabalho de equipe na estruturação do

problema tornando-o claro. Isso comprova porque a Clareza é realmente um

critério de avaliação importante para uma MAMP.

Quando se trata de um problema envolvendo Cliente e Fornecedor, nem

sempre é simples se chegar a uma única causa. Isto pode ser agravado por

inúmeros motivos por ambas as partes.

Antes da aplicação da metodologia proposta, havia sido feita uma série de

testes e investigações a partir de uma metodologia mais aberta (PSP), sem

alcançar os objetivos. Como foi possível perceber, sem o auxilio das ferramentas

da qualidade e da metodologia proposta, dificilmente se conseguiria identificar,

analisar e controlar o problema de forma eficaz. Logo, é essencial o critério

Instrumental nas MAMP´s, onde ele determina uma forma correta de utilização

das técnicas e ferramentas da qualidade.

Assim, no caso apresentado, buscou-se mostrar a eficácia da metodologia

proposta, pois antes havia uma freqüência de falha 3/10 carros e na conclusão do

trabalho passou-se a ter “zero falha” por veículo auditado.

Outro aspecto importante para o sucesso da metodologia proposta foi o

trabalho em equipe, a motivação, a seriedade, o compromisso e a experiência

95

técnica, que levou seus membros a superarem os desafios no decorrer do

trabalho.

Fica entendido que, ao buscar a excelência em processos / serviços e

produtos, é essencial para uma empresa que a utilização de ferramentas da

qualidade e metodologias seja feita de forma adequada, pois são importantes

para melhoria dos processos. Conclui-se que o critério Adaptabilidade é

importante nas MAMP´s, porque ele determina que as metodologias sejam

adaptada a cada situação problema e a qualquer processo.

96

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 CONCLUSÕES

O presente trabalho buscou desenvolver uma metodologia capaz de

eliminar ou reduzir os problemas de qualidade em uma empresa automobilística.

Porém, a primeira dificuldade encontrada foi identificar metodologias que fossem

aplicadas aos inúmeros problemas de qualidade a um produto tão complexo como

o automóvel. Apesar disto, houve uma tentativa de adaptação do modelo de

metodologias já existentes, a essa proposta de estudo.

Para isso foi elaborado um questionário com base nas metodologias

existentes na literatura, onde se levantou alguns critérios e sua definição

operacional. De acordo com as respostas obtidas, foi utilizada a Técnica de Grupo

Nominal para definir quais são os critérios fundamentais, muito importantes,

importantes, desejáveis e pouco importantes.

De acordo com a votação dada pelos profissionais da área, julgou-se que

uma metodologia deveria conter os 08(oito) critérios mais votados e pontuados

conforme a TGN. A partir daí, analisou-se todas as metodologias contidas neste

estudo em relação aos 08(oito) critérios estabelecidos e propôs-se um modelo de

uma metodologia.

Para avaliar a metodologia proposta, ela foi aplicada a um processo onde

o autor trabalha, e pode-se concluir que a utilização da metodologia promoveu

uma efetiva melhoria no processo, tendo em vista que reduziu significativamente

a reincidência de um mesmo defeito detectado diversas vezes na auditoria do

produto acabado (APA). Sob este aspecto, a metodologia proposta logrou

sucesso também quanto ao alcance das metas gerenciais.

Esta melhoria se refletiu diretamente nos indicadores do APA e, como

conseqüência, favoreceu uma melhor avaliação da qualidade dos veículos em

função dos defeitos não mais serem observados, além da redução dos custos de

retrabalho e refugo de peças, dentre outros benefícios.

De forma ideal, todos os veículos produzidos deveriam não ter nenhum

problema de qualidade. Contudo, não sendo possível, os problemas identificados

97

precisam ser resolvidos em sua causa-raiz, tornando a solução do problema

definitiva e duradoura.

Finalmente, esta dissertação apresentou um estudo de caso com a

presença de duas empresas na cadeia cliente e fornecedor, uma montadora de

veículos e a outra fornecedora de peças, validando a aplicação da metodologia

proposta de forma integrada. Sendo assim, considera-se que seus objetivos foram

alcançados.

7.2 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se validar a metodologia de uma maneira mais abrangente,

ampliando sua aplicação a um número maior de processos, tanto operacionais e

como administrativo, de forma a verificar sua adequação a novas situações, o que

possibilitará analisar sua adequação ao critério Adaptabilidade.

Sugere que a pessoa responsável pela aplicação da metodologia aqui

proposta tenha bons conhecimentos do sistema produtivo, pois isto facilitará a

análise do problema. Vale ressaltar ainda que o aprendizado é continuo, portanto,

quanto mais as mesmas pessoas envolvidas estiverem buscando soluções para

os problemas surgidos, maior será a facilidade de trabalhar com as técnicas e

ferramentas da qualidade exigidas pela Metodologia de Análise e Melhoria do

Processo.

Listam-se, ainda, algumas sugestões para trabalhos futuros:

a) Analisar outros casos na Indústria Automobilística, para reforçar a

eficiência da metodologia.

b) Fazer uma pesquisa, de forma a estabelecer a confirmação de que

os critérios identificados são realmente importantes para uma

MAMP, aplicando técnicas de estatística aplicada.

c) Testar a metodologia em empresas de diferentes perfis. Isso

permitiria testar a metodologia em outros ambientes e, caso

necessário, promover adaptações pertinentes aos setores testados.

98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. BRASSARD, Michael. The Memory Jogger. Qualitymark, Rio de

Janeiro,1992.

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Fundação Christiano Ottoni, 1992.

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Rio de Janeiro: 1997.

5. CARDOSO, V., CAMEIRA, R. E PROENÇA, A. Inteligência Competitiva e

Gestão do Conhecimento - XXI ENEGEP - 1997.

6. CARDOSO, Olga Regina. Foco da Qualidade Total de Serviços no Conceito do Produto Ampliado. 1995

7. CHALHOUB, F., SCIAMMARELLA, L. - Sistemas Integrados de Gestão e o Papel da Ergonomia no Processo de Implantação, VI - 2002.

8. CROSBY, Philip B. Qualidade é Investimento. Rio de Janeiro: José

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9. CROSBY, Philip B. Qualidade: falando sério. São Paulo: MC Graw-hill,

1990.

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12. DAVENPORT, Thomas H. - Reegenharia de Processos, Harvard

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13. DEMING, W. Edwards. A Nova economia para a industria, o governo e a educação. Qualitymark Rio de Janeiro: 1997.

14. DEMING, W. Edwards. Qualidade: A Revolução da Administração. Marques-Saraiva Rio de Janeiro: 1990.

15. FEIGENAUM, A. V. Controle da Qualidade Total, Makron Books 1994.

16. GALVÃO, Célio Arnulfo Castiglione e MENDONÇA, Mauro. Fazendo Acontecer na Qualidade Total – Análise e Melhoria de Processos.Qualitymark, Rio de Janeiro: 1996.

17. GOLDRATT, Eliyahu M., COX, Jeff - A Process of Ongoing Improvement, Nobel , São Paulo: 2002.

99

18. HARRINGTON, James. - Business Process Improvement: The

Breakthrough Strategy for Total Quality, Productivity, and Competiveness,

MacGraw-Hill, New York: 1991.

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20. NBR ISO 9000/2000. Sistema de Gestão da Qualidade – requisitos. Rio

de Janeiro, ABNT, 2001.

21. JURAN INSTITUTE. Quality Improvement Tools. 1990.

22. KAPLAN, R. E NORTON, D. - Organização Orientada Para a Estratégia -

2001.

23. Kume, H., Métodos Estatísticos para Melhoria da Qualidade, Ed.

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24. Mizumo, S., Gerência para Melhoria da Qualidade – As Sete Novas Ferramentas da Qualidade, Rio de Janeiro, LTC, 1993

25. NEVES S., João Alberto. Apostila da Metodologia de Análise e Melhoria de

Processos. Disciplina de Engenharia de Métodos. UERJ, Resende, 2004.

26. RUMMLER, G. A. E Brache, A. P. Improving Performance, 2º ed. Jossey

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27. SCHEER, A.W., ARIS - Business Process Modeling, 2 ed., Springer

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28. SCHERKENBACH, William W. - Os 14 Pontos de Deming Para a Qualidade e Produtividade, Qualitymark, ,São Paulo: 1990.

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30. WEAVER, Charles N. How to Use Process Improvement Teams, - Quality Progress, v26, n12, p65, December 1993.

31. WERKEMA, M.C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o Gerenciamento de Processos; Belo Horizonte: Fundação Christiano

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32. WOMACK, James P., JONES, Daniel T. - A Mentalidade Enxuta das Empresas, Campus, Rio de Janeiro: 1998.

33. VERGARA, Syvia Constant – Projetos e Relatórios de Pesquisa, Ed. Atlas,

São Paulo, 1997.

100

ANEXO

Questionário: Metodologia de Análise e Melhoria do Processo – MAMP

Nome: _____________________________Tempo que atua na área qualidade: _____

Instituição:________________________________________________________________

A seguir são apresentados alguns critérios, encontrados na literatura sobre o assunto, que devem

ser atendidos por uma “boa” Metodologia de Análise e Melhoria do Processos. Escolha quatro

critérios que você julgue os mais importantes para que uma Metodologia de Análise e Melhoria de

Processos seja bem-sucedida na sua aplicação. Nos parênteses deve ser marcado da seguinte

forma: ao critério que você julgar mais importante deve ser dado 4 (quatro) pontos, ao segundo

mais importante deve ser dado 3 (três) pontos, ao terceiro mais importante deve-se dar 2 (dois)

pontos e ao quarto mais importante deve-se dar 1 (um) ponto.

a) Simplicidade: é de fácil entendimento pelo usuário. ( )

b) Clareza: estabelece os passos da solução de forma clara para quem a utiliza. ( )

c) Objetividade: permite chegar diretamente às causas e à solução do(s) problema(s) a ser(em)

vencido(s). ( )

d) Encadeamento: utiliza uma seqüência lógica em seus passos para a solução. ( )

e) Instrumental: obriga à utilização de técnicas e ferramentas, evitando os “achismos”. ( )

f) Previsão: impõe que seja feito um planejamento das ações de melhoria. ( )

g) Medição: prescreve a utilização de indicadores e medidas objetivas de avaliação dos resultados

e monitoramento das melhorias. ( )

h) Comparabilidade: orienta para que seja feita uma comparação do antes e do depois. ( )

i) Priorização: busca estabelecer prioridades para se resolver os problemas identificados. ( )

j) Normalização: permite padronizar e documentar a solução. ( )

k) Retroalimentação: orienta que seja fornecido feedback para as partes interessadas na solução.

( )

l) Adaptabilidade: é adaptável a cada situação problema e a qualquer processo. ( )

m) Provisão: orientar para a utilização adequada dos recursos necessários para a solução do

problema. ( )

n) Resolutividade, pois permite que se chegue à solução na primeira aplicação, não sendo

necessário ser aplicada em ciclos contínuos. ( )

o) Agilidade: permite que se chegue rapidamente à solução, evitando rodeios. ( )

p) Outro Critério. Qual? ___________________________________ ( )

q) Outro Critério. Qual? ___________________________________ ( )

r) Outro Critério. Qual? ___________________________________ ( )

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