análise de avaliação de desempenho em hospital público

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  • 7/25/2019 Anlise de Avaliao de Desempenho Em Hospital Pblico

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    Anlise de avaliao de desempenho em

    hospital pblico

    Elizabeth Perazzolo

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao

    em Sade Pblica da Faculdade de Sade Pblica

    da Universidade de So Paulo para obteno do

    ttulo de Doutor em Sade Pblica.

    rea de Concentrao: Servio de Sade Pblica

    Orientadora: Profa. Dra. Vitria Kedy Cornetta

    So Paulo

    2008

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    expressamente proibida a comercializao deste documento, tanto na sua forma

    impressa como eletrnica. Sua reproduo total ou parcial permitida

    exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, desde que na reproduo figure a

    identificao do autor, ttulo, instituio e ano da tese/dissertao.

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    DEDICATRIA

    A Deus, por ter permitido e iluminado a minha caminhada.

    Em memria dos meus pais Domingos Perazzolo e Rosria M. Perazzolo (Guida)

    que, pelos seus ensinamentos e valores, sempre me incentivaram na busca

    incansvel por novos conhecimentos.

    minha irm Maria Ins, pelo estmulo, apoio, compreenso e pacincia.

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    AGRADECIMENTOS

    Profa. Dra. Vitria Kedy Cornetta, pela amizade, incentivo, respeito, orientao

    segura ao longo destes anos e pela confiana em mim depositada.

    Maria Jos Amaral de Barros Ritzmann, Cristiane Santiago e Mrcia Camargo,

    amigas e parceiras no trabalho, pela pacincia, compreenso, apoio e incentivo.

    Amlia Q. Hashimoto pelo incentivo, apoio e reviso gramatical.

    Gisele Nazar pelo estmulo e ajuda nas tradues.

    Aos meus colegas e amigos do Instituto do Corao do Hospital das Clnicas da

    Faculdade de Medicina Universidade de So Paulo (InCor-HC.FMUSP) que direta

    ou indiretamente, com compreenso, amizade e colaborao, ajudaram a viabilizar

    este trabalho.

    Ao Servio de Gesto do Fator Humano do InCor-HC.FMUSP, por meio de Adelmo

    Fachim e das suas lideranas e, em especial, Vilma Nepomuceno, que despertaram

    em mim forte curiosidade em percorrer caminhos repletos de surpresas no mundo da

    gesto de pessoas por competncias.

    Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo, pelos conhecimentos

    transmitidos, por meio de seu competente corpo de docentes, agregando valor ao

    meu aprimoramento profissional.

    Ao Ncleo de Planejamento e Gesto da Superintendncia do HC.FMUSP, por meio

    de sua equipe, pela realizao da metodologia do Prmio Nacional da Gesto em

    Sade (PNGS), que despertou em mim o interesse para o tema da pesquisa.

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    Resumo

    Perazzolo E. Anlise de avaliao de desempenho em hospital pblico [tese de

    doutorado]. So Paulo: Faculdade de Sade Pblica da USP; 2007.

    A avaliao de desempenho uma das aes essenciais gesto de pessoas, pois

    dela surgem conseqncias importantes para a motivao, aprendizagem,

    comprometimento e progresso funcional. Avaliar desempenho constitui um desafio

    aos lderes. Objetivo - conhecer e analisar, segundo as lideranas de hospital

    pblico, o processo de avaliao de desempenho. Mtodo - Estudo exploratrio

    realizado com amostra intencional de lderes das reas assistencial, de apoio e

    administrativa de uma instituio pblica, com experincias em processos de

    avaliao, nos papis de avaliado e avaliador. Foram estruturados trs grupos focais,

    variando de 8 a 11 componentes cada. Os encontros, gravados, com durao

    aproximada de duas horas, foram conduzidos pela pesquisadora, utilizando guia de

    discusso. Resultados- Na anlise de contedo, as manifestaes foram agrupadas

    em cinco categorias: expectativas dos lderes; sentimentos manifestados; atributos

    avaliados; atitudes dos lderes evidenciadas; contribuies ao processo. Concluses -

    Avaliao de desempenho imprescindvel nas organizaes e deve estar alinhada s

    diretrizes institucionais e polticas de gesto de pessoas; deve ser transparente,

    objetiva e tica diminuindo subjetividade; gerar planos de desenvolvimento sendo

    processo educativo e no punitivo. A capacitao tcnica e preparo emocional dos

    avaliadores favorecem o feedback e a aprendizagem, respeitando a individualidade

    do avaliado. Instrumento de avaliao precisa ter estrutura padronizada inserindo

    competncias tcnicas e comportamentais, alm de perguntas abertas para o

    avaliador. Fundamental mudar a terminologia de avaliao de desempenho para

    verificao das competncias. Consideraes finais - Os lderes expressam

    sentimentos positivoscom a avaliao de desempenhoquando h justia, seriedade e

    sigilo no processo gerando desenvolvimento; manifestam frustraes em situaes

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    contrrias que resultam na desmotivao. Foram destacados, para alm dos objetivos

    do estudo, os atributos da liderana a serem avaliados.

    Descritores: Gesto de pessoas; Avaliao de desempenho; Competncia.Liderana; Hospital.

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    Abstract

    Perazzolo E. Anlise de avaliao de desempenho em hospital pblico/TheAssessment of Performance in a Public Hospital [thesis]. So Paulo (BR): Faculdade

    de Sade Pblica da Universidade de So Paulo; 2007.

    The assessment of performance is one of the most essential procedures for the

    management of people because it causes important consequences in terms of

    motivation, learning, commitment and functional development. Assessing the

    performance is a challenge to the leaders. Objective - To know and analyze theprocess of the assessment of performance, according to the public hospital

    leaderships. Method - Exploratory study with an intentional sample of leaders in

    assistential, supporting and administrative areas of a public institution with

    experience in the process of evaluation, and in the roles of evaluated and evaluator.

    Three focus groups were formed, ranging from 8 to 11 members each. The meetings

    were recorded with the duration of approximately two hours and were led by the

    investigator of this study, by using a guide of discussion. Results - Based on theanalysis of contents, the manifestations were grouped into five categories: leaders

    expectations, demonstrated feelings, enhanced attitudes, assessed attributes and

    contributions to the process. Conclusion - The assessment of performance is

    absolutely necessary for the organizations and must be aligned with the institutional

    orientations and management of people policie; it has to be transparent, ethical and

    objective, with little subjectiveness; it also has to generate plans for the development,

    since it is an educating, not punishing process. The technical ability and emotional

    preparation of the evaluators contribute to the feedback and learning process,

    preserving the individual aspects of the evaluated ones. The evaluation tool needs to

    be standardized with behavioral and technical competencies, besides the open

    questions for the evaluator. It is essential to change the assessment of performance

    terminology to check the competencies. Final considerations - The leaders

    demonstrate positive feelings in relation to the assessment of performance when it is

    fair, serious and sigilous in the process generating development; they show frustation

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    in situations contrary to the cases causing unmotivation. Besides the objectives of

    this study, it was emphasized the attributes of the leadership to be assessed.

    Keywords: People management; Assessment of performance; Competence;

    Leadership; Hospital.

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    N D I C E

    1 INTRODUO 112 JUSTIFICATIVA 19

    3 OBJETIVO GERAL 24

    4 OBJETIVOS ESPECFICOS 24

    5 REVISO DA LITERATURA 25

    5.1 MODELO DE GESTO DE PESSOAS POR COMPETNCIAS 25

    5.2 AVALIAO DE DESEMPENHO COM FOCO EM COMPETNCIAS 36

    5.3 ARTE DE SER LDER 42

    5.4 GESTO HOSPITALAR 48

    6 MTODO DE PESQUISA 55

    6.1 TIPO DE PESQUISA 55

    6.2 LOCAL DA PESQUISA 58

    6.3 UNIVERSO OU POPULAO 60

    6.4 AMOSTRA 60

    6.5 SUJEITOS DA PESQUISA 61

    6.6 COLETA DE DADOS 62

    6.7 ANLISE DOS DADOS 65

    6.8 PROCEDIMENTOS TICOS 66

    7 RESULTADOS E DISCUSSO 68

    7.1 1 PARTE CARACTERIZAO DOS LDERES 68

    7.2 2 PARTE ANLISE DO PROCESSO DE AVALIAO DE DESEMPENHO 76

    8 CONCLUSES 116

    9 CONSIDERAES FINAIS 117

    10 REFERNCIAS 121

    11 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 126

    ANEXOS

    Anexo 1 - Carta de convocao dos lderes 127

    Anexo 2 - Guia de discusso para grupos de lderes sobre a avaliao dedesempenho

    128

    Anexo 3 - Caracterizao do sujeito da pesquisa 129

    Anexo 4 - Termo de consentimento das lideranas entrevistadas 130

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    Lista de Quadros

    Quadro 1 - Vantagens para a organizao e para as pessoas sobre autilizao do conceito de competncias.

    26

    Quadro 2 - Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa. 56

    Quadro 3 - Vantagens e desvantagens da tcnica de grupo focal. 57

    Quadro 4 - Expectativas dos lderes sobre o processo de avaliao. 77

    Quadro 5 - Manifestaes de satisfao e de insatisfao dos lderes

    sobre o processo de avaliao.

    88

    Quadro 6 - Fatores que agradaram e desagradaram os lderes no

    processo de avaliao (sentimentos).

    96

    Quadro 7 - Principais atributos (competncias) da fora de trabalho

    a serem avaliados.

    100

    Quadro 8 - Atributos (competncias) importantes de um lder a

    serem avaliados.

    103

    Quadro 9 - Como avaliar e o motivo da avaliao (atitudes). 105

    Quadro 10 - Formulrio de avaliao e forma de apresentao dos

    resultados (contribuies).

    110

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    Lista de Grficos

    Grfico 1 - Caracterizao das lideranas quanto faixa etria. 68

    Grfico 2 - Caracterizao das lideranas quanto ao sexo. 69

    Grfico 3 - Caracterizao das lideranas quanto ao tempo na instituio. 70

    Grfico 4 - Caracterizao das lideranas quanto profisso. 71

    Grfico 5 - Caracterizao das lideranas quanto ao nome do cargo. 72

    Grfico 6 - Caracterizao das lideranas quanto ao tempo no cargo. 73

    Grfico 7 - Caracterizao das lideranas quanto jornada de trabalho. 74

    Grfico 8 - Caracterizao das lideranas quanto ao nmero de

    funcionrios sob sua responsabilidade.

    75

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    1 INTRODUO

    A passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade da informao; o

    valor dado ao capital humano, ou seja, educao e ao desenvolvimento de

    competncias das pessoas como fora dominante da economia; o investimento

    em altas tecnologias; o foco na economia mundial; o estilo descentralizador e

    participativo; o compromisso profissional e a comunicao lateral intensa so

    mudanas observadas pelo Homem, que proliferam a uma velocidade cada vez

    mais crescente. Como destaca CRAWFORD (1994) ... novos conhecimentos

    levam s novas tecnologias, as quais, por sua vez, levam as mudanaseconmicas; que, conseqentemente, geram mudanas sociais e polticas, as

    quais, em ltima instncia, criam um novo paradigma ou viso de mundo (p.16).

    Na era da competitividade, para o dinmico e complexo universo de recursos

    humanos, entra em cena o conceito modelo de gesto de pessoas, que vem

    ganhando legitimidade. Para DUTRA et al. (2001), esse modelo ... deve ser

    compreendido como o conjunto de polticas, prticas, padres atitudinais, aes einstrumentos empregados por uma empresa para interferir no comportamento

    humano e direcion-lo no ambiente de trabalho (p.20).

    Essas iniciativas so provenientes de diferentes instncias da organizao, tais

    como: os programas de qualidade, os processos de elaborao do planejamento

    estratgico e as intervenes diretamente dirigidas para orientar o comportamento

    organizacional (sistemas de remunerao, de gesto de carreiras, de avaliao de

    desempenho, de captao e demisso de pessoas).

    O termo modelo, para esse autor, funciona como peneira e molde

    propiciando a seleo de idias e aes, bem como estruturando uma maneira

    coerente de pensar sobre a realidade para a tomada de deciso.

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    No 1 Encontro Internacional de Gesto de Competncias em Qualidade de Vida no

    Trabalho, em 1998, DUTRA menciona que as grandes mudanas, vividas pelas

    empresas e pelo ambiente cultural da sociedade ocidental moderna, ocasionam umatransformao significativa na gesto de pessoas. Tais mudanas esto relacionadas

    s estruturas e s formas de organizao do trabalho mais flexveis, aos processos de

    trabalho geis e focados no mercado, velocidade exigida para entrar e sair de

    mercados locais e globais e ao alto grau de competitividade. Esse cenrio requer

    pessoas comprometidas e envolvidas com o negcio e com postura autnoma e

    empreendedora; que estejam atualizadas com as tendncias do mercado e com o

    campo de atuao, tanto em termos nacionais como internacionais;

    e que procuremarticulao e negociao no trabalho, formando um time em processo contnuo de

    aprimoramento e aperfeioamento.

    Assim, a empresa para sobreviver importante superar desafios e, para ter sucesso,

    preciso competir. PRAHALAD (1997) caracteriza o panorama competitivo das

    organizaes nos seguintes subconjuntos:

    1. Do cmodo ao competitivo, ser um inovador; transformar habilidades

    gerenciais antigas e aprender com o novo.

    2. Do local ao global, abrindo novos caminhos para as empresas j estabelecidas.

    3. Do gostar de mim para o gostar de quem?`, diz respeito a complexa

    competio da empresa com seus concorrentes. O fato est em no apenas

    competir com o conhecido, mas est relacionado em competir com estranhos.

    4. Das fronteiras setoriais ntidas s indefinidas, surgindo em cena a combinao

    de funcionalidade nos novos negcios, gerando incertezas.

    5. Da estabilidade volatilidade, onde as empresas experimentam novos produtos

    e servios.

    6. Dos intermedirios ao acesso direto, reduzindo as camadas existentes entre o

    cliente e o fornecedor.

    7. Da integrao vertical aos especialistas, propiciando melhor relao e

    negociao com os concorrentes, criando, assim, uma nova dimenso e diferencial

    competitivo.

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    8. De uma herana intelectual nica mltipla, ocasionada pela convergncia

    tecnolgica, o que exige um novo perfil das lideranas nas organizaes.

    Todo esse cenrio impe um modelo de gesto de pessoas onde a liderana enfrenta

    diversos desafios como: significativas alteraes na estrutura organizacional da

    empresa; novas formas de organizao eficiente e eficaz do trabalho; avaliao de

    desempenho e o desenvolvimento de competncias da fora de trabalho e do prprio

    lder que estejam alinhadas s estratgias organizacionais.

    O lder, ciente de suas competncias, conquista sua legitimidade junto aos seusliderados na medida em que exista um clima de confiana e respeito mtuo no

    ambiente de trabalho, bem como um grande esforo para seu aprendizado contnuo

    em lidar com as pessoas, gerando seu comprometimento com as prticas relativas ao

    capital intelectual.

    Para PERAZZOLO (2000), o lder, desenvolvendo e aperfeioando suas

    competncias humanas e tcnicogerenciais de forma continuada, busca o sucesso na

    administrao do seu negcio. Elepassa a ser o elemento principal, modificando sua

    maneira de pensar e agir, como tambm sendo o prprio agente transformador do seu

    meio e grupo.

    Essa conscincia e dinamismo da liderana podem contribuir para o sucesso da

    organizao que busca, cada vez mais, servir melhor o cliente, gerar maiores

    resultados, obter o comprometimento das pessoas e ser inovadora. Para WARDMAN

    (1996), "Uma estratgia competitiva de sucesso atual pode no ser mais vlida no

    futuro. As empresas precisam estar atentas para isso, aumentando continuamente sua

    capacidade de aprender e inovar (p.11).

    fato de que o mundo se movimenta muito rpido. A diversidade e a mudana esto

    se tornando universais. A tecnologia avana a cada dia. A tomada de decises est

    cada vez mais complexa. Conflitos que ultrapassam fronteiras (culturais,

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    econmicas, religiosas, tnicas e ideolgicas) so muito comuns. Dessa forma, hoje,

    liderar sabendo lidar com os conflitos passou a ser imprescindvel (GERZON, 2006).

    O lder no pode atuar como ditador e nem como gestores comuns (administradores).

    A liderana eficaz aquela que:

    1. Assume o compromisso em considerar, integralmente, os aspectos racional e

    emocional que envolvem o conflito;

    2. Transcende limites e desfaz esteretipos, auxiliando as partes a trabalhar em

    conjunto para fortalecer o todo;

    3.

    Levanta questes estabelecendo dilogo entre as partes;4. Desenvolve parcerias e alianas;

    5. Lida com as diferenas existentes na organizao, possuindo a habilidade de

    transformar diferena em oportunidade (inovao).

    Essas competncias da liderana podem ser refletidas nas instituies hospitalares e

    sua aplicabilidade um desafio ao lder, no dia-a-dia.

    O hospital para atingir elevados nveis de eficincia e eficcia precisa ser concebido

    como uma empresa e assumir, com a coletividade, um importante papel na produo

    de servios (GONALVES e ACH, 1999).

    CASTELAR et al. (1995) analisam o hospital, examinando elementos que

    caracterizam as empresas. Quanto ao aspecto humano e de produo, o hospital um

    grupo de pessoas direcionado produo de servios (assistncia prestada aos

    pacientes); quanto ao aspecto patrimonial, ele constitudo de informaes que

    integram o prprio balano (crdito, dvidas, dentre outras) e, tambm, de dados

    como reputao, marca, imagem, renome e competncia tcnica e, quanto ao aspecto

    da trocade servios prestados sade, o hospital pode receber diretamente de seus

    pacientes ou indiretamente por um sistema de seguro social, permitindo que as

    receitas ultrapassem as despesas.

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    No se trata de transformar os hospitais em empresas, mas, tambm, no se deve

    esquecer que o hospital um negcio e, como todo negcio, tem que ter lucro para

    sobreviver no mercado.

    O maior patrimnio de um hospital seu capital intelectual, especificamente sua

    fora de trabalho. Em alguns hospitais pblicos e privados existe a preocupao em

    manter o pessoal capacitado e qualificado para o desempenho das funes. Apesar

    disso, vale ressaltar que nos hospitais privados quando acontece alguma

    intercorrncia o profissional sumariamente desligado, o que no ocorre nos

    hospitais pblicos em virtude da lentido da mquina administrativa.

    O fundamento que norteia os modelos de gesto nas instituies hospitalares pblicas

    a tenso existente entre a restrio de recursos versus as necessidades de

    investimentos. Isso acaba gerando reformas administrativas importantes para garantir

    a modernizao hospitalar e a racionalizao dos servios, com melhores

    desempenhos e menores custos, sendo ofertados aos pacientes do Sistema nico de

    Sade (SUS) e queles vinculados Sade Suplementar.

    O paciente do SUS ou da Sade Suplementar no tem a condio de estimar a

    qualidade tcnica da interveno mdico-hospitalar. O que ele percebe a maneira

    como tratado em termos da ateno dispensada por toda equipe, dos

    esclarecimentos dados sobre os procedimentos que fazem parte da sua assistncia, da

    alimentao equilibrada, da limpeza diria, dentre outros servios prestados,

    fazendo-o ser fiel quela determinada instituio hospitalar.

    O importante ressaltar que os servios prestados apenas tm valor quando existem a

    competncia dos profissionais e a presena de uma liderana comprometida com a

    satisfao desse paciente, com a eficincia dos processos de trabalho, com a

    educao continuada dos funcionrios e com os resultados da organizao.

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    O lder faz a ligao entre a organizao hospitalar e as pessoas que nela trabalham.

    O sucesso dessa articulao depende de seu estilo especfico, mais participativo e

    descentralizador ou mais autocrtico e centralizador.

    Dentre os Fundamentos do PNGS - Prmio Nacional da Gesto em Sade 2004, que

    sustentam os Critrios de Avaliao da Gesto das Organizaes, divulgados pela

    FPNQ (2003-2004), pode-se destacar a Liderana e Constncia de Propsitos. De

    acordo com tal fundamento, ... a fora propulsora da excelncia organizacional est

    baseada na capacidade e no comprometimento da alta direo em desenvolver um

    sistema de gesto eficaz, que estimule as pessoas a um propsito comum eduradouro, considerando os valores, as diretrizes e as estratgias da organizao e

    comprometendo-os com resultados (p.9).

    Alm disso, salienta que:

    ... a ao da alta direo e dos demais lderes deve conduzir ao equilbrio noatendimento das necessidades de todas as partes interessadas, promovendo odesenvolvimento da organizao de forma harmnica, sustentada e virtuosa. Aparticipao pessoal, ativa e continuada da alta direo cria clareza e unidade depropsito na organizao e nas pessoas direcionando-as para a busca daexcelncia. Por meio do seu comportamento tico, das suas habilidades deplanejamento, comunicao e anlise crtica de desempenho e da suacapacidade de estimular a motivao nas pessoas, a alta direo serve deexemplo para todos, desenvolvendo um sistema de liderana em todos os nveis,capaz de manter o engajamento das pessoas na causa da organizao (p.9).

    Os hospitais, em suas diversas especialidades, necessitam de lderes competentes

    para que possam responder s exigncias do ambiente externo, caracterizado por

    desafios polticos, econmicos, sociais e tecnolgicos e s do ambiente interno comnfase nos pontos fortes e oportunidades de melhoria da organizao, apresentando a

    eficincia e eficcia dos processos de trabalho e estabelecendo polticas coerentes em

    gesto de pessoas. Tais competncias das lideranas precisam estar claras e definidas

    na organizao, servindo de parmetros para uma avaliao crtica do desempenho

    profissional.

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    O lder tem mais poder para alcanar as metas organizacionais e estabelecer uma

    relao de trabalho eficaz com sua equipe quando h a descrio de competncias, a

    avaliao sistemtica do desempenho e o plano de desenvolvimento de taiscompetncias.

    A maioria das pessoas precisa da ajuda do lder para visualizar e compreender os

    pontos fortes e os aspectos de melhoria do desempenho. Elas necessitam saber em

    quais competncias esto se saindo extremamente bem e quais precisam desenvolver

    e mudar.

    A avaliao deve considerar as necessidades, as expectativas e, at mesmo, a

    personalidade do avaliado, onde se procura enfatizar os aspectos positivos e mostrar

    os pontos que necessitam ser melhorados ou alterados, alm de motivar o

    colaborador a melhorar o seu desempenho e gerar orgulho.

    Toda avaliao, atrelada a uma poltica institucional, deve alavancar o potencial das

    pessoas para o alto desempenho, sem destruir a viso de futuro das mesmas. A

    avaliao um processo complexo, abrangente, subjetivo, discutvel e polmico que

    pode ser uma prtica nas instituies pblicas e privadas.

    Para o lder ser bem sucedido, ele precisa ter feedbacksobre a sua performance. Da

    mesma forma, os membros de sua equipe necessitam saber quando e como melhorar

    suas competncias.

    Apesar do processo de avaliao gerar uma aprendizagem tanto para o avaliado

    quanto para o avaliador, ele pode causar ansiedade, frustraes, sentimento de

    insegurana e desmotivao para ambas as partes, demonstrando o cuidado do lder

    na utilizao desse instrumento de gesto.

    Este estudo no enfatizar as caractersticas dos hospitais pblicos e privados para a

    implementao do instrumento de avaliao de desempenho. A instituio pblica foi

    eleita por suas reformas administrativas, que so fundamentais sua sobrevivncia e,

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    tambm, pela prpria experincia da pesquisadora nos processos de gesto de

    pessoas em hospital pblico.

    Portanto, importante conhecer a avaliao de desempenho, segundo as lideranas

    que atuam em um hospital pblico, revelando os aspectos essenciais para a eficincia

    dessa ferramenta de gesto.

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    2 JUSTIFICATIVA

    O cenrio mundial caracteriza-se por profundas mudanas repletas de turbulncias

    e tenses nas esferas polticas, tecnolgicas, econmicas e sociais. Segundo

    DUTRA (2005), ...ser lder nesse contexto significa legitimar-se pela sua

    capacidade de conciliar as expectativas da organizao com as de seus liderados e

    de oferecer referncias em um ambiente de grande volatilidade (p.8).

    A dcada de 90 foi considerada a dcada do lder. No comeo existia a busca

    por um heri que mudaria a vida das pessoas e estabeleceria uma nova direo

    para tir-las das situaes difceis. Hoje, as organizaes buscam lderes

    visionrios, ou seja, pessoas que por caractersticas de personalidade trazem

    transformaes relevantes para a empresa.

    A liderana um fenmeno social, um processo de influncia interpessoal

    exercida numa dada situao e conduzida por meio de um processo de

    comunicao, visando os resultados efetivos para as pessoas, para asorganizaes, para a comunidade e sociedade. De acordo com DUTRA (2005),

    ... a liderana no surge de modo instantneo. Ela deve ser cultivada ao longo do

    tempo (p.9).

    Dessa forma, fundamental considerar e trabalhar a cultura organizacional, o

    planejamento estratgico, a gesto dos processos e as dimenses que caracterizam

    a gesto de pessoas (motivao, liderana, comunicao, dentre outras), para

    estimular o desenvolvimento de potenciais lderes e reforar o comportamento

    necessrio ao reconhecimento profissional da fora de trabalho.

    Um ambiente favorvel para desenvolver as competncias das lideranas o do

    respeito ao indivduo, organizao e sociedade, alm do posicionamento tico

    alicerado em valores.

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    O lder centralizador e autoritrio tem seu espao na cultura de muitas empresas. No

    entanto, ele caminha em contramo s necessidades das organizaes modernas e das

    pessoas. Um ambiente voltado ao empreendedorismo, iniciativa e criatividade

    exige uma liderana mais participativa e democrtica. Uma postura autoritria da

    liderana pode gerar resultados a curto prazo, mas no mdio e no longo prazos

    agregar pouco valor para a empresa e para as pessoas.

    YUKL (2001) destaca os esforos dos cientistas sociais em descobrirem os traos, as

    habilidades, os comportamentos, a origem do poder, bem como as situaes que

    determinam como o lder capaz de influenciar seus seguidores e alcanar osobjetivos. A eficcia de uma liderana evidenciada pelo comportamento do lder,

    seja nos processos de trabalho seja na gesto de pessoas, caracterizando-se pelas

    aes de:

    1. Planejar: estabelecendo objetivos, prioridades, estratgias, recursos e

    responsabilidades;

    2. Clarificar: explicando as metas a serem alcanadas, as prioridades, as regras

    e o trabalho/atividades;

    3. Monitorar: envolvendo a avaliao dos trabalhos realizados e o desempenho

    dos colaboradores;

    4.

    Apoiar: demonstrando considerao pelas necessidades e sentimentos das

    pessoas;

    5. Desenvolver o profissional no trabalho, facilitando a adaptao no ambiente

    e ampliando as possibilidades de carreira na organizao ou no mercado

    externo;

    6.

    Reconhecer o desempenho e a contribuio efetiva na instituio.

    Os lderes que agregam valor so, tambm, aqueles que entendem a importncia da

    complementaridade das pessoas num grupo, apoiando e incentivando o

    desenvolvimento de cada uma delas. So conscientes de que as competncias

    necessrias para executar a liderana, de maneira eficaz, podem ser aprendidas,

    avaliadas e desenvolvidas continuamente.

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    Liderar encorajar as pessoas unio e ao compromisso para a realizao de um

    trabalho conjunto, com objetivo comum, desenvolvendo o senso de equipe, criando

    expectativas realizveis, acompanhando os resultados, reconhecendo e

    recompensando os esforos.

    De acordo com os princpios da qualidade, o processo de gesto exige postura de

    uma liderana mais participativa e descentralizada em cada unidade e em cada

    degrau da organizao. Os lderes analisam criticamente a performance

    organizacional e tomam aes, consolidando o controle e o aprendizado. A

    instituio deve saber avaliar o desempenho dos lderes e desenvolv-los, pois, estesso os principais responsveis pela obteno dos resultados que asseguram a

    satisfao de todas as partes interessadas e a perpetuidade da empresa.

    Hoje, os hospitais devem estar muito alm do que apenas prestarem assistncia

    sade. Os hospitais pblicos e privados tm sido alvos freqentes de dois aspectos

    importantes: a qualidade pelo servio prestado e a busca por resultados que so

    obtidos por pessoas comprometidas, qualificadas e motivadas.

    Esse o maior desafio dos gerentes-lderes, pois, de um lado fundamental que seus

    valores, crenas e motivao tragam para o ambiente organizacional o verdadeiro

    sentido da palavra comprometimento e, por outro lado, devem estar sempre atentos

    aos aspectos que envolvem a valorizao e o reconhecimento das pessoas. O lder de

    sucesso precisa possuir competncias gerenciais e tcnicas, bem como inmeras

    caractersticas pessoais, intelectuais, emocionais e fsicas para vencer os desafios.

    Os hospitais so, provavelmente, as instituies mais carentes no que diz respeito

    descrio das competncias e a eficincia do processo de avaliao de

    desempenho. Tal carncia pode ser atribuda a vrios fatores, seja pelo fato de no

    ser conhecido e nem disseminado na organizao o conceito de competncia; seja

    pela existncia de uma nomenclatura antiga de cargos voltados s atribuies e

    requisitos bsicos, requerendo do lder aes mais imediatas; seja, enfim, pelo no

    monitoramento do processo de desenvolvimento e avaliao.

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    Como exemplo dessa carncia, cita-se um trabalho de avaliao (FPNQ-PNGS, ciclo

    2003-2004) desenvolvido em um complexo hospitalar pblico, sobre os critrios de

    avaliao da gesto em sade, onde no foram contemplados os itens descrio das

    competncias e avaliao doslderes e da fora de trabalho, sendo que tais aspectos

    so relevantes no processo rumo excelncia organizacional.

    Por outro lado, esta pesquisadora, que trabalha h mais de 20 anos em hospital

    pblico, observou que o assunto competncia profissional prematuro e o processo

    de avaliao de desempenho traz poucos resultados prticos.

    Nesse contexto, vale ressaltar que:

    1. A competncia sustenta-se em um conjunto de conhecimentos, habilidades e

    atitudes da pessoa, incluindo o seu diferencial na entrega do servio prestado e no

    grau de complexidade de sua atuao.

    2. O processo de avaliao procura destacar os pontos fortes da pessoa e os aspectos

    de melhoria do seu desempenho, permitindo a estruturao de um plano de ao que

    resulte na prestao de servios com qualidade. Alm dessas informaes objetivas

    do desempenho, o momento da avaliao permeado por expectativas e sentimentos

    do avaliador e do avaliado podendo trazer distores em seu resultado.

    Outro aspecto importante que neste estudo, a maioria dos autores referendados

    consultor de empresas, administrador ou professor na rea de gesto de pessoas,trazendo experincias no desenvolvimento de lideranas e na implantao de projetos

    de recursos humanos como, por exemplo: avaliao, gesto por competncia,

    diagnstico comportamental, desenvolvimento humano e organizacional, dentre

    outros. Portanto, na rea da sade so escassos os trabalhos vivenciados no segmento

    gesto de pessoas.

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    Assim, considerando os assuntos relacionados liderana, competncia e

    avaliao inseridos no contexto hospitalar pblico, foi necessrio realizar estudos

    com lderes onde pudessem expressar seus sentimentos, suas crticas, suas opinies e

    expectativas diante do processo de avaliao e suas contribuies para a eficincia do

    processo, sendo o escopo desta pesquisa.

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    3 OBJETIVO GERAL

    Conhecer, segundo a tica das lideranas do hospital pblico, o processo de

    avaliao de desempenho.

    4 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Descrever e analisar as expectativas, os sentimentos e as atitudes das

    lideranas frente ao processo de avaliao.

    Identificar e analisar as contribuies das lideranas para a eficincia do

    processo de avaliao de desempenho.

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    5 REVISO DA LITERATURA

    5.1 MODELO DE GESTO DE PESSOAS POR COMPETNCIAS

    De acordo com DUTRA et al. (2001), o processo de gesto de pessoas

    sofreu grandes transformaes ao longo dos ltimos vinte anos, podendo

    citar:

    1.Alterao de um perfil obediente e disciplinado para um perfil mais

    autnomo e empreendedor exigido pelas organizaes;

    2.

    Deslocamento do foco de gesto (passiva) de pessoas, por meio docontrole, para a idia voltada ao desenvolvimento mtuo (empresa-

    pessoa);

    3.Maior participao das pessoas no sucesso da organizao.

    Mas, o mecanismo de gerir pessoas, adotado pela maior parte das empresas,

    muitas vezes no atende s demandas da realidade. Alguns gerentes esto

    preocupados em direcionar suas foras para um mercado mais competitivo.

    Isso traz como conseqncia a utilizao de mtodos tradicionais de gesto,

    mais adequados ao dia-a-dia, gerando um forte descontentamento na

    dinmica de administrar indivduos.

    De acordo com Versiani e Bastos, citados por PERAZZOLO (2000),

    A experincia tem mostrado que muitos dos gerentes enxergam anecessidade de mudar, embora, muitas vezes, no entendem nem percebem

    que os mecanismos utilizados para mudar no promovem a mudananecessria. Muitos tm gasto mais energia com a inteligncia competitiva emenos com o marketing inteligente, deixando de captar as necessidades docliente, ficando assim presos competio predatria dos mercadostradicionais. Novas oportunidades exigem olhar o mundo de uma maneiranova, por uma tica nova, reciclando os modelos mentais das pessoas(p.26).

    Nas organizaes mais avanadas, portanto, os lderes, das diversas reas, se

    tornam gestores de pessoas ganhando autonomia nas decises e nas aes a

    respeito de seus colaboradores. Esto comprometidos com o processo de

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    preparar e desenvolver os indivduos. Nesse contexto, ROSSO (2003)

    define o Gestor de Pessoascomo ... todo e qualquer lder que conduz uma

    equipe de trabalho. (...) hoje em dia, as lideranas em uma instituio so(ou deveriam ser) a continuao dos braos da rea de Recursos Humanos

    (p.19).

    A gesto por competncias, quando aplicada e internalizada na organizao,

    pode ser til ao cumprir trs tarefas estratgicas: a) articular as aes de

    recursos humanos estratgia organizacional e, portanto, aos resultados do

    negcio; b) integrar os processos principais de gesto, tornando-os maiscoerentes e consolidados; c) ligar o desempenho das pessoas s estratgias

    da organizao.

    Assim, a utilizao do conceito de competncia, inserido em um modelo de

    gesto de pessoas alinhado com as expectativas da organizao e das

    pessoas, apresenta uma srie de vantagens para ambos os lados (Quadro 1).

    Quadro 1 Vantagens para a organizao e para as pessoas sobre autilizao do conceito de competncias

    PARA A ORGANIZAO PARA AS PESSOAS

    Simplicidade, flexibilidade e transparncia. Horizontes profissionais claros comcritrios de acesso definidos.

    Equilbrio entre remunerao e valoragregado.

    Remunerao compatvel com acomplexidade das atribuies e dasresponsabilidades e com o mercado.

    Direcionamento e otimizao dosinvestimentos no desenvolvimentoprofissional.

    Estmulo ao autodesenvolvimento e abrangncia da atuao.

    Capacidade de atrao, reteno epotencializao de talentos.Adaptao s mudanas de estrutura,organizao do trabalho e tecnologia.

    Condies claras e objetivas para amobilidade profissional entre as carreiras.

    Fonte: adaptado de DUTRA, J. S. et al. (2001). Gesto por competncias: um modelo avanado parao gerenciamento de pessoas. p. 42.

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    Para acompanhar as exigncias das organizaes e alcanar os resultados, o

    lder precisa ser competente e desempenhar com sucesso o trabalho

    alicerado em metas e objetivos. Esse considerado um aspecto crticodentro das empresas, sobretudo nas instituies hospitalares.

    Na Era da Competncia, as empresas precisam de indivduos que sejam mais

    do que bons profissionais e que tenham um conjunto de competncias

    necessrias para garantir o sucesso.

    A competncia inseparvel da ao. No se reduz a um estado ouconhecimento, a um saber ou habilidade. Consiste na capacidade da pessoa

    gerar resultados e atender os objetivos pessoais e/ou organizacionais.

    fundamental ressaltar que a organizao e as pessoas possuem um

    conjunto prprio de competncias. No caso da organizao, a construo da

    competncia nasce do seu processo de desenvolvimento, estabelecendo

    vantagens competitivas dentro do cenrio no qual est inserida. Com relao

    s pessoas, a construo da competncia caracterizada pela integrao de

    trs eixos: a pessoa com sua biografia e socializao, sua formao e sua

    situao profissional. Tais competncias podem ou no serem aproveitadas

    pela organizao.

    De qualquer maneira, organizao e pessoas, lado a lado, propiciam um

    processo contnuo de troca de competncias. Pode-se dizer que existe uma

    relao ntima, ou melhor, uma influncia entre as competncias

    organizacionais e as individuais.

    Mas, o que significa competncia?

    A palavra competncia utilizada de maneira diferente pelos especialistas

    em recursos humanos e estrategistas de negcios. No Novo Dicionrio da

    Lngua Portuguesa, FERREIRA (1975) define competncia como sendo

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    "... a qualidade de quem capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer

    determinada coisa; capacidade, habilidade, aptido, idoneidade (p.354).

    Precisa-se entender que habilidade compe a competncia, assim como o

    conhecimento e as atitudes. Logo, no tem sentido afirmar habilidade como

    sinnimo de competncia, pois ela um dos aspectos fundamentais para uma

    pessoa ser competente.

    J COOPERS e LYBRAND (1997) apresentam a definio do especialista

    Scott B. Parry que define competncia como: ... um agrupamento de

    conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados, que afeta parte

    considervel da atividade de algum, que se relaciona com o desempenho,

    que pode ser medido segundo padres preestabelecidos, e que pode ser

    melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento (p.126). Destacam

    que competncia o conhecimento aplicado e orientado para melhorar o

    desempenho do indivduo, do grupo e da organizao; deve ter relao com

    as atividades principais e no com as atividades de suporte ou apoio; e que

    deve ser medida de acordo com padres.

    Existe uma tendncia em definir competncia mencionando o popular

    conceito CHA, ou seja, um conjunto de conhecimentos (saber), habilidades

    (saber fazer) e atitudes (querer fazer) de uma pessoa. Nesse contexto, LEME

    (2006) separa o CHAem dois grupos:

    Competncias Tcnicas: tudo o que o profissional precisa ter paradesempenhar seu papel, e so expressas pelo C e pelo H do CHA, o saber eo Saber Fazer.

    Competncias Comportamentais: So o diferencial competitivo de cadaprofissional e tm impacto em seus resultados. Aqui, so expressas pelo Ado CHA, o Querer Fazer (p.3).

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    A Gesto de Pessoas com foco em competncias no pode ficar apenas no

    conceito do CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes), apesar dele por si

    s ser fundamental, mas no suficiente.

    RABAGLIO (2006) escreve que competncia o conjunto de

    conhecimentos, habilidades e atitudes que so os diferenciais de cada

    pessoa e tm impacto em seu desempenho e conseqentemente nos

    resultados atingidos (p.23). Uma pessoa tem bom desempenho quando

    possui conhecimentos imprescindveis, habilidades e atitudes essenciais para

    a eficincia e a eficcia dos seus processos de trabalho.

    O ser humano deve ser visto como um ser sistmico e integrado em suas

    dimenses racionais e emocionais. importante compreender o inter-

    relacionamento entre capacidade emocional, intelectual e fsica. Exemplos:

    - Pessoas podem raciocinar de modo errado, caso esteja presente um

    problema emocional importante;

    - Um modo de interpretar o mundo de forma errnea pode levar a presenade sentimentos inadequados, como a desmotivao;

    - Um problema de sade pode afetar a habilidade e, conseqentemente, o

    quadro emocional.

    Para DUTRA et al. (2001), competncia envolve trs importantes atributos:

    Capacidade de entrega do serviopelo colaborador;

    Complexidade dessa entrega caracterizada pela presena de aes com

    certo grau de dificuldade;

    Espao ocupacionalda pessoa decorrente da complexidade de suas aes

    na prestao do servio.

    Ainda DUTRA et al. (2001), citando Maria Tereza Fleury, competncia

    Saber agir de maneira responsvel (...) implica mobilizar, integrar,

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    transferir conhecimentos, recursos, habilidades que agreguem valor

    econmico organizao e valor social ao indivduo (p.27).

    Assim, o simples fato de uma pessoa possuir determinados conhecimentos,

    habilidades e atitudes no garantem a sua entrega, ou seja, aquilo que agrega

    valor para a organizao (rentabilidade). Uma pessoa pode ter as

    qualificaes necessrias para um determinado trabalho, mas isso no

    assegura que a mesma ir entregar o que lhe demandado.

    A competncia de uma pessoa precisa ser compreendida por sua capacidadede entrega, agregando valor instituio, prpria pessoa e ao meio em que

    vive, gerando resultados de acordo com os objetivos organizacionais. Uma

    pessoa se desenvolve quando amplia a sua capacidade de entrega do servio

    demonstrando sua eficincia e eficcia na realizao do trabalho.

    Importante valorizar as pessoas por seus atos e suas realizaes e no pela

    descrio formal de seus cargos. Sabe-se que cargo um item na folha de

    pagamento e um registro em carteira enquanto que funo representa o que o

    colaborador deve ser ou fazer em sua organizao. Desse modo, a pessoa o

    que ela faz de forma eficaz. Olhar as pessoas por sua capacidade de entrega

    uma perspectiva adequada para os processos de avaliao, orientao e

    recompensa em virtude de seu carter individualizado.

    O outro atributo no conceito de competncia a complexidade. Um

    indivduo, dentro de um processo especfico de desenvolvimento, adquire a

    capacidade de assumir e de executar atribuies e responsabilidades de maior

    complexidade.

    Para FERNANDES (2004), O nvel de complexidade est relacionado ao

    grau de abstrao exigido para que a deciso tomada seja correta, e pode ser

    medido a partir do intervalo de tempo entre a tomada de deciso e a

    possibilidade de avaliao dos resultados dela decorrentes (p.27).

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    Um desafio empresarial consiste, portanto, na determinao dessa

    complexidade, estabelecendo uma escala de nveis que tem relaoconsistente com as caractersticas da estrutura organizacional e com os

    aspectos significativos do mercado no qual est inserida. Dois profissionais

    podem ter uma determinada competncia, porm o primeiro um

    profissional Jnior que apresentar capacidade direcionada para resolver

    problemas mais simples (operacionais), enquanto que um diretor vai

    requerer competncia em um nvel de complexidade superior.

    A Avaliao de Competncia Tcnica (saber e saber fazer) e

    Avaliao de Competncia Comportamental (querer fazer), fazendo

    parte de um processo de Avaliao de Desempenho por Competncias,

    necessitam medir a entrega do servio prestado pelo colaborador e a

    complexidade da sua funo.

    Em toda organizao importante a presena de pessoas com competncias

    tcnicas e competncias comportamentais (atitudinais) que gerem resultados,

    mas, que, tambm, contribuam para o crescimento da instituio, que

    justamente a entrega de cada um, dentro do padro de complexidade de cada

    cargo.

    O atributo espao ocupacional decorre da relao entre complexidade de

    aes e agregao de valor, ou seja, envolve um conjunto de

    responsabilidades profissionais assumido pelo indivduo no

    desenvolvimento do trabalho, ampliando seus limites na organizao. As

    pessoas mais competentes, em geral, so chamadas a novos desafios e, na

    medida em que obtm sucesso, recebem desafios ainda maiores.

    Assim, cabe enfatizar a evoluo na aplicao do conceito competncia.

    Inicialmente, competncia era voltada aos conhecimentos, habilidades e

    atitudes das pessoas. Por meio do processo evolutivo somente o CHA passou

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    a ser insuficiente. Gesto de Pessoas por Competncias passa, assim, a

    buscar resultados organizacionais com competncia por meio dos

    colaboradores, visando manter ou ampliar as vantagens competitivas daempresa.

    Entre tantas definies existentes sobre competncias, a autora deste estudo

    adota o conceito de DUTRA et al. (2001) pela insero dos aspectos de

    entrega, complexidade e espao ocupacional na verificao da

    competncia de uma pessoa e no apenas o conjunto de conhecimentos,

    habilidades e atitudes refletindo, dessa forma, uma nova relao entretrabalho e empresa:

    A competncia de uma pessoa pode ser compreendida como suacapacidade de entrega. Uma pessoa competente quando, graas s suascapacidades, entrega e agrega valor ao negcio ou empresa em que atua, aele prprio e ao meio em que vive. Uma pessoa se desenvolve quandoamplia sua capacidade de entrega. Estabelecendo diferentes nveis decomplexidade dessa entrega, estamos construindo uma escala para mensurare orientar o desenvolvimento (p.46).

    Ao ser competente, a pessoa passa a assumir mais responsabilidades e

    atribuies. De certo modo, isso evidenciado nos nveis hierrquicos da

    organizao e tambm nos diferentes degraus da remunerao. Em outras

    palavras: a instituio paga mais porque o colaborador agrega mais valor

    empresa, assumindo responsabilidades de maior complexidade; e assume tais

    atribuies medida que busca de forma continuada seu desenvolvimento.

    Inmeras empresas procuram identificar e mapear suas competncias crticas,

    procurando categoriz-las de vrias formas, como exemplo: em competncias

    essenciais (organizacionais), gerenciais e funcionais (tcnicas) de acordo

    com a cultura da organizao.

    Cabe esclarecer que as essenciais sustentam a cultura e os valores da

    organizao, garantindo o alinhamento com os pilares estratgicos.

    COOPERS e LYBRAND (1997) mencionam Prahalad e Hamel que

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    utilizam a expresso competncia essencial (core competence) quando

    tratam das capacidades que levam as empresas liderana em seu setor

    (p.123).

    Mais especificamente, para PRAHALAD e HAMEL (1990) so trs os

    aspectos que identificam core competencies na organizao: ter potencial

    acesso para uma ampla variedade de mercado, trazer produtos essenciais

    (core products) agregando benefcios ao cliente e ser de difcil imitao pelos

    competidores. Nesse contexto, as competncias essenciais mantm a

    liderana da empresa no mercado, estabelecendo sua vantagem competitiva.

    Os lderes, respeitando a cultura organizacional, precisam compreender os

    desafios e as oportunidades que a empresa tende a empreender para alcanar

    os resultados esperados e, a partir da, definir as competncias da fora de

    trabalho e da prpria liderana, como tambm as necessidades de

    desenvolvimento e aperfeioamento, visando impactar o negcio.

    De forma sistmica, o que pode levar o lder ao sucesso (XAVIER, 2002):1.Sua competncia comportamental que inclui o autoconhecimento, a

    capacidade de controlar as prprias emoes, motivao e automotivao,

    empatia e habilidade de relacionamento com as pessoas (equipe, pares,

    chefes, clientes, fornecedores, parceiros);

    2.Sua competncia tcnica, seus conhecimentos aprofundados e

    especializados da rea de atuao, seus conhecimentos sobre o

    comportamento do mercado, sua experincia da prtica administrativa e donegcio, sua viso da Instituio e seu autodesenvolvimento contnuo;

    3.Sua capacidade intelectual direcionada incorporao constante de novas

    informaes, criatividade, busca do saber implcito (intuio),

    orientao estratgica para o alcance dos resultados em um mundo de

    incertezas e ao raciocnio lgico para as anlises das variveis (internas e

    externas), das relaes e dos processos de trabalho;

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    4.Seu investimento na sade e vigor fsico/mental, proporcionando maior

    capacidade de trabalho.

    Para a implementao efetiva e assertiva do Modelo de Gesto por

    Competncias necessrio seu alinhamento com as estratgias

    organizacionais (misso, viso, valores, metas, anlise dos ambientes externo

    e interno).

    Segundo TACHIZAWA e SCAICO (1997):

    Se no h uma clara definio do negcio em que a empresa se insere, com

    certeza no se pode gerenciar efetivamente a organizao em seus nveisestratgicos, ttico e operacional. Sem a orientao de uma estratgia clara,no se pode ter certeza da adequada alocao de recursos, de gerenciamentodos processos crticos de negcios e de recompensa do desempenhoesperado (p.75).

    fundamental saber dirigir os esforos para aquilo que traz resultados. O

    responsvel por um negcio no pode deixar de ser eficiente porque ser

    eficiente desenvolver bem sua obrigao. Ele precisa contribuir para o

    melhor resultado de toda a empresa, ou seja, necessita ser eficaz, pois, ser

    eficaz o que traz o sucesso organizacional. Saber aproveitar as

    oportunidades e prevenir as ameaas so desafios de todo lder.

    A base para a definio de um modelo de competncias constituda por

    meio do planejamento estratgico. Para ALMEIDA (2003), Planejamento

    estratgico uma tcnica administrativa que procura ordenar as idias das

    pessoas, de forma que se possa criar uma viso do caminho que se deve

    seguir (estratgia) (p.13). Depois de ordenar as idias, so elaboradas as

    aes implementando o Plano Estratgico, para que sem desperdcio de

    esforos, a organizao caminhe na direo pretendida. Pode-se dizer que

    constitui em um processo participativo, envolvendo todos os nveis da

    Instituio.

    O Modelo de Gesto por Competncias precisa estar relacionado s

    necessidades e ao foco do negcio e, alinhado aos valores e misso da

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    empresa na medida em que visa selecionar, capacitar e remunerar por

    competncias. O modelo, sendo desenvolvido de forma participativa, auxilia

    a construir e reforar os comportamentos que fazem parte da culturaorganizacional.

    O planejamento estratgico, sendo uma tcnica dinmica, um processo

    sistemtico de anlise e de reestruturao, interfere no sistema de

    competncias que sofre tambm mudanas, na medida em que acompanha as

    necessidades do negcio, que espelham os atributos considerados crticos para

    o sucesso organizacional dentro de uma perspectiva de tempo. A mudana por

    um determinado mercado faz a organizao direcionar seus esforos, recursos

    e comportamentos de sua fora de trabalho para o atendimento de novas

    necessidades.

    Vale enfatizar, portanto, que o modelo de competncias em uma empresa

    precisa estar alinhado ao planejamento estratgico, respeitando a dinmica da

    cultura organizacional e considerando as exigncias do mercado. Essa

    integrao subsidia a tomada de deciso, estabelecendo as competncias dehoje e do futuro da fora de trabalho, bem como da liderana, gerando

    resultados que agregam valor ao negcio.

    As organizaes que tm problemas trabalhistas ou que possuem uma cultura

    mais autoritria tero certo grau de dificuldade para a implantao de um

    Sistema de Gesto de Pessoas por Competncias, pois apresentam viso

    limitada no conseguindo alinhar o trabalho com o desenvolvimento pessoal

    e, tambm, no percebem que investir em Competncia significa aumentar a

    empregabilidade.

    Em linhas gerais, dentre os vrios fatores crticos de sucesso para a

    implantao nas organizaes de um modelo de gesto por competncia,

    podem ser destacados:

    Comprometimento da alta direo com viso para resultados;

    Infra-estrutura organizacional;

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    Metodologia clara e consistente;

    Avaliao crtica da performance empresarial por meio de metas e

    indicadores;

    Polticas coerentes de gesto de pessoas e avaliao de desempenho

    pautada em competncias que ser discutida no prximo item.

    5.2 AVALIAO DE DESEMPENHO COM FOCO EM COMPETNCIAS

    A chave do sucesso em Gesto de Pessoas consiste no estabelecimento de umprocesso de avaliao eficaz.

    Toda avaliao utilizada para:

    Ajustar os objetivos com as metas da organizao e da equipe;

    Desenvolver a viso sistmica da organizao;

    Buscar eficcia na comunicao interna;

    Melhorar a performance (desempenho);

    Manter a motivao e o compromisso;

    Analisar o desenvolvimento;

    Identificar necessidades de treinamento;

    Estimular o aperfeioamento;

    Comemorar xitos e aprender com os erros;

    Compreender os desejos de crescimento profissional na empresa;

    Avaliar o potencial e obter o mximo de produtividade de cada colaborador.

    Os mtodos tradicionais de avaliao de desempenho, em virtude de suas

    limitaes, tm forado as organizaes a buscarem formas inovadoras,

    criativas, mais participativas, caracterizadas tambm por nova concepo de

    auto-avaliao, foco no futuro e na melhoria contnua do desempenho.

    O desafio das empresas desenvolver mecanismos capazes de dirigir os esforos

    das pessoas para os objetivos e metas que no apenas sirvam organizao, mas,

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    sobretudo, que atendam aos interesses (motivos) das pessoas, buscando a

    integrao entre os objetivos institucionais e pessoais.

    Nesse contexto, o gestor-lder precisa compreender os fatores direcionados s

    motivaes intrnsecas e extrnsecas do ser humano. De acordo com

    VANSTEENKISTE et al. (2006), a motivao intrnseca representa o

    compromisso do indivduo na atividade por sua prpria causa, sem fatores

    externos, sendo importante base para a aprendizagem e o desenvolvimento.

    Enquanto que a motivao extrnseca sofre a influncia/controle de fatores

    externos (recompensas, fiscalizao, ltimos prazos, dentre outros)determinando o comportamento da pessoa.

    Assim, quanto mais saudveis forem o contexto organizacional e as relaes

    interpessoais vinculadas ao conhecimento dos aspectos motivacionais e dos

    fatores que diminuem a insatisfao, maior a facilidade para se obter as

    mudanas nas atitudes esperadas.

    Os caminhos da avaliao de desempenho tm sido marcados por dois fatores

    fundamentais:

    A substituio da estrutura funcional e departamentalizada, pela organizao

    por processos e por equipes;

    A participao dos colaboradores nos resultados, permitindo negociaes

    claras e objetivas entre as partes.

    Os benefcios de toda avaliao consistem em:

    Ser um processo facilitador do autoconhecimento, autodesenvolvimento,

    autocrtica e melhoria contnua;

    Estimular e envolver toda empresa para o alcance dos resultados

    organizacionais e do desenvolvimento profissional;

    Estreitar o relacionamento entre lder e liderado, ou melhor, entre avaliador e

    avaliado;

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    Promover o planejamento de um plano de desenvolvimento profissional

    alinhado com as diretrizes institucionais;

    Estabelecer o compromisso de desenvolvimento a ser gerenciado pelas partes

    durante o perodo.

    A avaliao de desempenho verifica se o colaborador possui ou no as

    competncias tcnicas necessrias para exercer a funo, apresentando os pontos

    fortes e os aspectos de melhoria. Procura, tambm, mapear as competncias

    comportamentais adequadas para a realizao do trabalho.

    Para o avaliador um desafio avaliar as competncias comportamentais

    considerando a subjetividade que envolve o processo. Com o objetivo de

    eliminar a subjetividade do processo tradicional de avaliao, LEME (2006) cria

    a Metodologia do Inventrio Comportamental para Mapeamento de

    Competncias. Segundo o autor, um mtodo comprovado matematicamente

    para medir as competncias comportamentais, tornando a avaliao precisa e

    objetiva e aumentando a eficincia do processo.

    A avaliao de desempenho, quando bem aplicada, um eficiente instrumento

    de apoio gesto de pessoas, avaliando o colaborador sob vrios aspectos do seu

    desempenho na organizao. Pode ser realizada pela liderana imediata, por um

    par, por um cliente interno ou externo.

    Todos precisam ser preparados tecnicamente para efetuarem a avaliao e,

    tambm, para serem avaliados. imprescindvel o estabelecimento de critrios

    claros para que a ferramenta de avaliao esteja alinhada com os objetivos de

    desenvolvimento das pessoas e com o alcance dos resultados empresariais. O

    sucesso de uma avaliao depende como a organizao envolve os

    colaboradores e conduz o processo avaliatrio.

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    Todo o processo de avaliao no tem a finalidade de criar problemas, mas de

    solucion-los. Assim, um aspecto fundamental para reflexo a tica na

    utilizao das ferramentas de avaliao. Para RABAGLIO (2006),

    No importa se estaremos avaliando nosso melhor amigo ou nosso piorinimigo. O fato que somos profissionais e que somos avaliados pela formacomo avaliamos pessoas e, nesta atribuio, devemos colocar todo nossoprofissionalismo, lealdade, integridade, justia, comportamento tico eimparcialidade, e nos despirmos de rtulos, preconceitos, pressupostos,discriminaes que possam influenciar a eficcia nos resultados daavaliao (p.12).

    A implementao do processo de avaliao de desempenho requer a ateno do

    lder para alguns pontos chaves, a fim de obter seu sucesso:

    Determinar o que e como ser avaliado;

    Estipular um perodo de tempo entre a divulgao do incio da avaliao e sua

    oficial aplicao pela empresa;

    Deixar claro o resultado esperado, que deve agregar tanto para o colaborador

    quanto para a organizao, e como acontecer a avaliao;

    Treinar os avaliadores esclarecendo os critrios que, alm de claros, precisam

    ser mensurveis e conhecidos por todos, bem como o perodo a ser avaliado;

    Apresentar os resultados ao avaliado para que este possa ter conscincia dos

    seus pontos fortes e dos pontos as serem melhorados;

    No assumir na avaliao o que no possvel de ser cumprido.

    Para LEME (2006), o estabelecimento do perodo da avaliao importante para

    a obteno de resultados fidedignos e com menor subjetividade. Esse autor

    enfatiza que ...no quer dizer que o passado deva ser simplesmente esquecido,

    mas que a avaliao deve acontecer baseada em um determinado perodo, que

    tem seu incio na data do empenho e trmino no incio da avaliao (p.17).

    Nas instituies que esto alinhadas com a nova realidade do mercado, o

    importante utilizar a avaliao de desempenho para o desenvolvimento ou

    aperfeioamento das competncias do profissional.

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    Dessa forma, verificar e avaliar apenas as competncias tcnicas e

    comportamentais ainda no suficiente. necessrio analisar o que ocolaborador entrega para a empresa, o nvel de complexidade da sua funo e

    seu espao ocupacional.

    Toda essa inquietude organizacional alavancou a gesto por competncias que

    procura desenvolver a performance das pessoas em suas atribuies; fazer uso

    do potencial humano e melhorar a eficcia organizacional.

    O alcance desses objetivos pode acontecer por meio da avaliao de desempenho

    com foco em competncias, que se caracteriza por ser um trabalho consistente e

    integrado com as diretrizes da organizao.

    Segundo ELLIOT et al. (2000), avaliar competncia uma fase na qual a pessoa

    fica atenta em fazer bem uma atividade. Supem uma interveno direta no

    desempenho da tarefa. Mencionam, ainda, como importante fazer bem a

    avaliao para iniciar um servio, pois isso acaba influenciando na motivao

    interna do colaborador.

    Na prtica, o inicio do processo de avaliao, requer que cada cargo tenha as

    competncias descritas e alinhadas aos processos de trabalho. Em seguida, deve

    ser usado um instrumento de avaliao para identificar as competncias

    presentes no repertrio tcnico e comportamental do avaliado e identificar

    aquelas que necessitam de desenvolvimento ou aperfeioamento.

    Assim, a avaliao com foco em competncias uma ferramenta que d clareza

    e objetividade ao desempenho real e ao desempenho esperado para que, ambos,

    avaliador e avaliado, em conjunto, possam elaborar um plano de ao de

    desenvolvimento em busca do perfil e desempenho ideais.

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    A entrevista da avaliao com foco em competncias deve ser considerada uma

    ao estratgica para o lder que passa a compreender a necessidade de fazer

    gesto e desenvolvimento de pessoas, comprometendo-se com o crescimento eaperfeioamento de sua equipe.

    Essa ao estratgica deve:

    Fortalecer os relacionamentos e a comunicao entre lder e equipe;

    Reconhecer e valorizar os pontos fortes do avaliado;

    Apontar de forma objetiva o que pode ser aperfeioado e desenvolvido;

    Mostrar as percepes do lder e as do avaliado; Fazer com que avaliador e avaliado estabeleam um plano de

    desenvolvimento, bem como sua forma de acompanhamento para eliminar os

    gapsidentificados.

    Considerando seu carter estratgico e tambm motivacional, a entrevista de

    avaliao deve ser planejada tanto pelo avaliador quanto pelo avaliado. Iniciar,

    conduzir e finalizar uma entrevista so cruciais para o avaliador, devendo-se:

    Proporcionar um ambiente de cordialidade que seja neutro;

    Ouvir com ateno e respeito as expectativas e as ansiedades do avaliado bem

    como sua auto-avaliao;

    Fornecerfeedbackpositivo, reconhecendo e valorizando os pontos fortes;

    Fornecerfeedbackconstrutivo, identificando claramente as oportunidades de

    desenvolvimento;

    Ser imparcial na avaliao, mantendo o foco no perodo que est sendo

    avaliado.

    Importante, ainda, o avaliador deixar bem claro para a pessoa que a avaliao

    ter sua continuidade por meio do acompanhamento do plano de

    desenvolvimento, demonstrando interesse em ajud-la naquilo que for

    necessrio.

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    importante salientar que o mtodo tradicional de avaliao de desempenho

    olha para o passado a partir dos requisitos tcnicos que j ocorreram, enquanto

    que a abordagem da avaliao por competncias vai direcionar o olhar para ofuturo, ou seja, para o desenvolvimento das pessoas.

    Em sntese, avaliar o desempenho com foco em competncias torna-se uma

    prtica desafiadora para o gerente-lder desde o momento da definio das

    competncias por cargo, da estruturao do instrumento, do envolvimento e

    treinamento de todos, da implementao do processo, da anlise dos resultados

    at o momento do acompanhamento dos planos de desenvolvimento ouaperfeioamento dos avaliados. Conhecer a arte de sua atuao no contexto de

    gesto de pessoas o foco do prximo captulo.

    5.3 ARTE DE SER LDER

    A globalizao da economia, a competio dos mercados, o gerenciamento dos

    processos de trabalho e a importncia do capital intelectual fazem surgir

    modelos administrativos direcionados oportunidade e necessidade de uma

    administrao mais flexvel e mais participativa. Assim, o chefe, com

    autoridade formal e, principalmente, controlador dos comportamentos dos

    subordinados, passa a ser uma figura ultrapassada nas organizaes moderna.

    No passado, parecia mais fcil supor que as pessoas se deixassem administrar e

    seguissem, sem questionar, as normas estabelecidas pelas organizaes.

    Tambm, supunha, como vivel, a possibilidade de mudar o comportamento das

    pessoas de acordo com os padres determinados pelos cargos. O cargo de

    chefe/supervisor geralmente contava com algum que acumulava respeitvel

    conhecimento da organizao e da tecnologia, mas no possua o conhecimento

    para lidar com pessoas que imprescindvel para o sucesso do trabalho. Hoje,

    so completamente infrutferas as tentativas de controle do comportamento

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    humano. Apesar de tudo isso, raramente so encontrados nas instituies postos

    de chefias com verdadeiros lderes.

    Em uma administrao participativa possvel evidenciar que as pessoas

    estejam mais informadas, compreendendo claramente a relao entre o esforo

    despendido no trabalho e o alcance dos objetivos. Tm, tambm, melhor

    entendimento de quais padres de comportamento sero recompensados ou no.

    Todo processo participativo desencadeia uma alavancagem motivacional da

    fora de trabalho.

    No contexto participativo, a figura do lder destacada, porm, existe

    controvrsia entre os termos liderana e gerenciamento, sendo ambos

    necessrios para o sucesso de uma empresa.

    Conforme relata YUKL (2001), para alguns autores existem pessoas que so

    gerentes e outras que so lderes, apresentando caractersticas e valores

    distintos, ou seja, os gerentes se caracterizam por fazer as coisas certas

    (eficincia), enquanto que os lderes fazem certas as coisas (eficcia). Uma

    pessoa poderia ser um lder sem ser um gerente e outra seria um gerente sem

    saber liderar.

    J, outros autores, concebem liderana e gerenciamento como processos

    distintos, mas discordam que sejam processos estanques nas pessoas, isolando

    suas condutas. Dentre as competncias gerenciais, a liderana seria o atributo

    fundamental do gerente.

    YUKL (2001) faz referncia a Rost quando define gerenciamento como um

    relacionamento de autoridade que existe entre o gerente e os subordinados para

    a produo de um servio, enquanto que a liderana visto como um

    relacionamento de influncia entre lder e seguidores. Os gerentes poderiam

    ser lderes apenas se tivessem essa habilidade de influenciar pessoas para o

    alcance dos resultados.

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    Ainda mencionando YUKL (2001), este pontifica a complexidade da liderana

    na medida em que enfatiza como sendo um processo de influenciar pessoas paraque possam entender e aceitar quais necessidades devem ser atendidas e como

    isso deve ser feito de forma eficaz; um processo de facilitar os esforos

    individuais e coletivos para alcanar os objetivos. Os lderes tm as seguintes

    caractersticas: traos (personalidade, valores, motivos), convico e otimismo,

    habilidades e experincias na rea de atuao, atitudes, integridade e tica,

    influncia ttica e atribuies sobre os seguidores.

    A eficcia de uma liderana est profundamente ligada a alguns traos da

    personalidade do lder, tais como: alto nvel de energia e tolerncia ao estresse,

    autoconfiana, controle interior, estabilidade emocional e maturidade,

    integridade, motivao gerencial e elevado impulso para empreender. O sucesso

    tambm consiste em desenvolver habilidades nas dimenses interpessoal,

    cognitiva e tcnica, pois depende da cultura organizacional e do nvel de

    gerenciamento. Dentre as diversas habilidades, podem ser destacadas:

    persuaso, anlise, comunicao, memorizao dos detalhes, inteligncia

    emocional/social, aprendizagem e adaptao a mudanas.

    Coordenar e influenciar pessoas, em lugar de dirig-las ou control-las, so os

    principais desafios do lder, que busca a eficcia dos processos de trabalho por

    meio de suas atitudes e das pessoas. O lder, atuando como um modelo de

    identificao favorvel para o liderado, o responsvel pela sobrevivncia do

    negcio. Servir de modelo, conseqentemente, uma combinao de carter

    (quem voc como pessoa) e competncia (o que voc pode fazer).

    A credibilidade para com a figura do lder torna-se fundamental, uma vez que o

    processo de liderana se caracteriza por esse relacionamento recproco que

    existe entre aqueles que escolheram dirigir e aqueles que decidiram seguir. Para

    merecer credibilidade, o lder deve clarificar seus prprios valores que

    constituem nos padres que guiam seus pensamentos, sentimentos e atitudes.

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    Esses valores so traduzidos em um conjunto de princpios que so verbalizados

    aos liderados.

    Reconstruir a credibilidade um processo complexo que requer ateno diria

    dos lderes, os quais tm a misso de alimentar o relacionamento com seus

    seguidores; precisam ter tempo para agirem de forma consciente e consistente,

    pois, suas aes devem ser mais expressivas do que as suas palavras.

    Portanto, o processo de autoconhecimento um mecanismo impar do lder de

    manter viva essa credibilidade dos seus liderados por sua pessoa, pois, permiteque ele compreenda e valorize as necessidades dos seus seguidores. Como

    registra BERGAMINI (1994), O lder ter maior facilidade para chegar

    compreenso do outro a partir do grau de conhecimento que tenha sobre si

    mesmo (p.176). Alm disso, esse processo, tambm habilita o lder a interagir

    com o ambiente social de uma forma mais ampla e eficaz.

    Acredita-se que o lder necessita muito mais de habilidade interpessoal do que

    de habilidades tcnicas e conceituais. A habilidade interpessoal realmente

    importante quando se trabalha com grupos de pessoas e deve ser natural e

    contnua envolvendo certa sensibilidade do lder, no apenas no momento da

    tomada de deciso, mas tambm no seu comportamento dirio.

    Para o lder ser eficaz necessrio que essa habilidade interpessoal seja

    naturalmente desenvolvida e demonstrada por meio de suas atitudes. Utilizando

    sua sensibilidade interpessoal, ele ir distinguir as diferenas individuais dos

    liderados, posicionando-os em cargo que atendam, de forma apropriada, as

    necessidades e expectativas das pessoas.

    A liderana no pode ser confundida como uma autoridade oficial, pois, muitas

    vezes o administrador imagina que sua posio no organograma lhe concede um

    grupo de seguidores sendo que, na verdade, tem apenas um grupo de

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    subordinados. A eficcia de uma liderana depender do reconhecimento e

    aceitao dos liderados com relao a quem os pretenda dirigir.

    Como foi mencionado por CORNETTA (2002),

    Uma caracterstica bsica do nosso lder a sua capacidade de conduzir,com entusiasmo, toda a equipe. As estratgias devem ser transparentes, seminfluncias de foras ocultas. O lder conhece, desenvolve e utiliza ashabilidades de cada um; reconhece o bom desempenho e delega tarefas paraque as pessoas, percebendo o significado, contribuam para o objetivocomum (p.328).

    O lder deve ser capaz de conduzir a organizao e a equipe de trabalho tantonos momentos de crescimento quanto nos perodos de crise. Conviver com a

    diversidade significa saber transitar por diferentes culturas e por diferentes

    dimenses polticas e econmicas. Nesse ambiente cada vez mais incerto e

    ambguo, o lder necessita estabelecer referenciais perenes, os quais devero

    estar alicerados cada vez mais em valores, princpios e no comportamento tico

    (DUTRA, 2005). Paralelo a isso, ele precisa ser capaz de construir equipes

    comprometidas com o negcio, sem perder de vista as necessidades e desejosindividuais das pessoas, alavancando a contribuio e o potencial de cada um.

    Lderes que agregam valor aos seus seguidores so aqueles que ajudam as

    pessoas a se sentirem poderosas trabalhando entusiasticamente na direo dos

    objetivos. Dentre seus desafios, pode ser destacado o fato de desenvolver as

    pessoas, seus talentos e suas competncias. Desenvolver pessoas no apenas a

    ao de trein-las e, sim, fazer com que se sintam valorizadas no trabalho;

    ampliar suas competncias capacitando-as; fortalecer os aspectos ticos da

    organizao educando-as; criar um clima onde elas possam se sentir motivadas

    no trabalho, contribuindo para o sucesso da empresa.

    A liderana, tambm, deve saber como lidar com situaes de conflitos que

    trazem conseqncias positivas ou negativas dependendo do seu modo de agir.

    Alguns lderes podem ter anseio de liderar pelo conflito, mas no sabem como

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    faz-lo. Outros preferem explorar o conflito em benefcio prprio. E existem

    aqueles que com habilidade conseguem transformar o conflito em oportunidade

    de aprendizado e de transform-lo em foras positivas para atingir propsitosmaiores.

    Liderar, superando conflitos, exige do lder competncias especificas, tais como:

    ao global, viso sistmica, confiana ao promover dilogo entre as partes e

    inovao. Como foi enfatizado por GERZON (2006) existe uma carncia de tais

    lderes e os que conseguem liderar por meio dos conflitos esto com tudo.

    Toda liderana deve reconhecer os esforos positivos de cada membro de sua

    equipe. Para isso, importante estabelecer um sistema eficaz de avaliao de

    desempenho que permita um relacionamento e dilogo franco onde o avaliador

    e o avaliado devam saber exatamente o que ser avaliado. Aprender a trabalhar

    os erros de forma construtiva e aproveitar os conhecimentos, a tcnica e a

    experincia das pessoas so inerentes ao papel de lder.

    A prtica da liderana pode ser avaliada e percebida pelo reconhecimento das

    aptides e limites do grupo, pelo incentivo ao treinamento e desenvolvimento

    das competncias (sobretudo as interpessoais), pelas avaliaes peridicas do

    desempenho e, pelo clima de reconhecimento e valorizao dos acertos.

    Querer liderar e acreditar que pode faz-lo so os primeiros passos no caminho

    da liderana. Sabe-se que o processo de liderana uma arte e que o

    instrumento do artista ele mesmo. Portanto, o autodesenvolvimento contnuo

    consiste na ferramenta imprescindvel para o lder.

    Poucas empresas se tm dado conta da sinergia organizacional e humana que

    desperdiada pela realidade de no possurem lderes eficazes. Apresentam na

    sua estrutura muitos diretores/chefes/supervisores que raramente conseguem

    gerar um ambiente que integre satisfao, produtividade e motivao.

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    As organizaes devem compreender as transformaes do processo de

    liderana e a cultura organizacional, para estimular e reforar o comportamento

    de verdadeiros lderes. Esse , tambm, um desafio das instituies hospitalaresque o foco do prximo item.

    5.4 GESTO HOSPITALAR

    As organizaes esto descobrindo que precisam agir de modo diferente para

    sobreviver competitividade que caracteriza o mercado atual.

    evidente que compreender as mudanas do cenrio moderno to vital para o

    gerenciamento de uma empresa quanto administrar os problemas do dia-a-dia.

    Uma gesto no articulada com a realidade pode passar por obstculos mais

    imediatos e comprometer a sobrevivncia da organizao.

    Por outro lado, uma gesto dirigida sem um olhar para o amanh corre o riscode ser apanhada de surpresa por transformaes que podem ocorrer nos clientes,

    nos fornecedores, no prprio cenrio econmico, enfim em todo o ambiente

    (interno e externo), sem tempo da organizao poder reagir de forma eficaz.

    Nesse contexto, essencial aos gestores-lderes estarem acima de tais

    turbulncias, procurando enxergar as transformaes de forma mais ampla e

    consistente.

    Toda mudana uma tarefa bem difcil. No mundo organizacional no

    diferente. Muitas vezes mais fcil abrir uma nova empresa do que fazer

    mudanas, pois se deve respeitar principalmente a sua cultura.

    A cultura de uma organizao aquela que define suas fronteiras, que gera a

    identidade nas pessoas que nela trabalham e que facilita o comprometimento

    das pessoas com algo maior do que os seus interesses individuais, estimulando a

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    estabilidade. Toda cultura percebida por meio dos seguintes elementos,

    segundo TACHIZAWA et al. (2006):

    1. Ambiente dos negcios constitudo pelos competidores, clientes,tecnologia e outros fatores;

    2. Valoresso a crena do negcio e de como conduz-los pelos membrosda organizao;

    3. Heris so aqueles que na organizao personificam a cultura e osvalores constituindo exemplos para os outros;

    4. Rituais que mostram s pessoas o tipo de comportamento que delas esperado;

    5.

    Rede cultural significa os modos como se transmite a cultura a seusmembros (p.108-109).

    Assim, o diferencial competitivo de toda organizao que foca o sucesso

    acontece pela ateno direcionada aos elementos citados. Aquelas empresas que

    so eficientes e eficazes por meio da atuao de pessoas satisfeitas e motivadas

    alcanam o sucesso, em virtude da existncia de uma cultura forte, enquanto

    que outras, caracterizadas por conflitos internos e desmotivao dos

    trabalhadores, no tm a mesma sorte. A cultura organizacional um fator

    importante que pode explicar o sucesso econmico.

    A competitividade consiste na capacidade da empresa formular e implementar

    estratgias que lhe permitam conservar de forma permanente sua posio de

    mercado. Seu desempenho competitivo, alm da cultura organizacional, est

    ligado existncia de novas tecnologias e aos modelos de gesto inovadores

    que vm transformando o sistema produtivo e exigindo cada vez mais a

    capacidade intelectual dos colaboradores.

    No novo cenrio econmico, o capital intelectual fator estratgico, sendo um

    diferencial competitivo quando bem gerenciado. Por esse motivo, as pessoas

    devem ser reconhecidas e valorizadas, pois so elas que agregam valor ao

    negcio.

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    Pouco a pouco, as empresas vo se conscientizando de que precisam ser geis

    para acompanhar as modificaes do mercado, e que a reduo de custos bem

    como o aumento da eficincia somente sero obtidos se as estruturasdepartamentalizadas derem lugar integrao das reas e participao das

    pessoas.

    Em vista disso, as organizaes so mais pressionadas a investirem no

    desenvolvimento de seus colaboradores para conquistarem vantagens e de

    continuarem cada vez mais competitivas.

    Por outro lado, tambm as pessoas se do conta de que precisam se aperfeioar

    de forma contnua, sendo esta uma condio para a insero ou manuteno no

    mercado de trabalho.

    Para permitir que as instituies acompanhem e se antecipem as rpidas

    mudanas, surge uma nova abordagem gerencial direcionada valorizao do

    ser humano. Esse novo estilo de gerenciamento chamado de gesto de

    pessoas, cujo princpio consiste em encantar o colaborador para que este

    encante os clientes.

    A criao de um ambiente focado no monitoramento, no controle e melhoria

    dos processos de trabalho e no aprendizado contnuo dos colaboradores faz com

    que as organizaes sejam capazes de oferecer aos clientes o queeles desejam,

    quando e como.

    Nos dias de hoje, as instituies no mais prometem segurana e estabilidade

    aos seus funcionrios. Uma empresa, para ser reconhecida externamente,

    necessita ter no apenas a eficincia e a eficcia dos seus processos (produtos,

    apoio, fornecedores e financeiros), mas, principalmente, o nimo e a motivao

    das pessoas para o trabalho. Ter viso sistmica dos processos e, sobretudo,

    tratar os funcionrios como parceiros constitui um grande desafio gerencial.

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    Faz sentido, atualmente, compreender porque as empresas esto cada vez mais

    preocupadas com seu capital intelectual e esto mais atentas s competncias

    que aprimoram o nvel tcnico e o comportamento dos colaboradores, pois asobrevivncia das empresas e o aumento dos resultados dependem diretamente

    das pessoas.

    A valorizao e o reconhecimento das pessoas so as palavras-chave para uma

    profunda mudana nos processos e nos resultados de uma empresa, pois fazem

    com que os colaboradores estejam mais prximos da organizao resultando,

    consequentemente, no seu comprometimento com o negcio.

    O contexto da atualidade e suas implicaes de gesto de pessoas precisam ser

    refletidos nos hospitais e outras instituies de sade porque tambm esto

    inseridos nas condies do mercado, sofrendo as influncias polticas, sociais,

    econmicas e tecnolgicas. Os hospitais prestam servios sociedade e tm a

    obrigao de serem fiis aos propsitos de promover a sade, prevenir a doena,

    diagnosticar, tratar e reabilitar o cidado dentro de um bom padro tcnico e

    excelente nvel de humanizao. Seus colaboradores, como pessoas

    comprometidas, qualificadas e motivadas, so considerados os nicos

    recursos voltados prestao de servios com qualidade ao cliente

    fragilizado.

    No entanto, observa-se uma carncia significativa de pessoas comprometidas e

    participativas com o negcio sade. As pessoas que trabalham com a sade

    sentem falta de um ambiente sinrgico, cooperativo e com possibilidades de

    crescimento. Seus lderes ou administradores lidam insatisfatoriamente com as

    necessidades e expectativas dos colaboradores e dos usurios.

    O hospital considerado uma instituio autoritria, fortemente alicerada em

    rotinas e normas rigidamente estabelecidas pelos gerentes, e regras muitas vezes

    inflexveis a serem cumpridas pelos colaboradores. Tal rigidez e inflexibilidade

    no fornecem espao para o aprendizado. Sabe-se que o ciclo contnuo do

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    aprendizado acontece quando os colaboradores so estimulados a melhorar os

    processos, a tomar conscincia dos erros, a introduzir melhorias e a propor

    soluo para os problemas.

    O ambiente hospitalar compreende diversas categorias profissionais que esto

    inseridas em uma estrutura funcional especfica e devem assegurar, por meio do

    trabalho em equipe, a prestao de servio adequado ao cliente.

    Todo profissional, que vem desenvolver qualquer tipo de trabalho no hospital,

    precisa ter em mente de que o hospital um prestador de servio, e que todocliente que o procura necessita de assistncia nos diferentes nveis de

    complexidade de ateno sade, ou seja, todos devem compartilhar de uma

    nica misso: atendimento e recuperao do doente.

    O relacionamento entre todos os membros de equipe fundamental para que o

    hospital possa realizar sua misso. Todos dependem de todos. Tudo deve

    funcionar de uma forma sistmica, ou seja, os colaboradores devem interagir

    como um todo, difundindo ou complementando informaes que, uma vez

    integradas, iro construir a melhor conduta e cuidados na recuperao da sade.

    Considerar a fora de trabalho como parceiros muito importante na

    organizao hospitalar para o alcance de seu objetivo principal que consiste no

    atender o doente com respeito e tica.

    O ambiente de cooperao o diferencial de qualquer hospital, pois alm de

    minimizar a tenso no ambiente, faz com que a organizao alcance suas metas

    a partir dofeedbackdo desempenho das suas equipes.

    Todo trabalho de equipe exige que os colaboradores conheam bem as

    atividades, necessidades e dificuldades de seu setor, bem como de colegas de

    outros setores mantendo, assim, uma relao recproca de respeito, ajuda e

    solidariedade.

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