anÁlise das habilidades e competÊncias na … · curso, capacidades, habilidades. ... a exemplo...

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ANÁLISE DAS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO DOS ENGENHEIROS DE PRODUÇÃO SOB O PONTO DE VISTA DE SEUS DISCENTES Vitor Silva Miranda (UNIVASF ) [email protected] Angelo Antonio Macedo Leite (UNIVASF ) [email protected] William Wendel Richardson de Souza Junior (UNIVASF ) [email protected] Este trabalho busca expor o perfil do aluno do curso de Engenharia de Produção da UNIVASF, evidenciando a percepção dos mesmos acerca do planejamento do curso, seus objetivos profissionais e acadêmicos e suas críticas, para tanto foi aplicaado um questionário fechado para 139 alunos, a partir do terceiro período do curso. Verificou-se que os alunos possuem o desejo de continuar os estudos em Engenharia de Produção e que a maioria tem desejo de atuar nas áreas de Planejamento e Controle da Produção e Gestão Financeira, possivelmente, por considerar o curso de grande importância para sua formação profissional e prestígio social. Através de questionários aplicados, foi possível desenvolver uma comparação do que é esperado pelo projeto pedagógico do curso e o que é posto em prática, desde a grade curricular atual até a metodologia avaliativa adotada, considerando o perfil socioeconômico, estudantil e profissional de cada estudante. Além disso, com os resultados obtidos é possível inferir futuras melhorias do curso, tanto no âmbito universitário quanto no mercado de trabalho. Possibilitando assim um acervo com as opiniões e dados dos alunos do início, meio e fim do curso, o que gerará um aparato para os coordenadores e docentes do curso e também para os futuros discentes possam ter uma visão mais profunda do curso e do aproveitamento do que é abordado. Palavras-chave: Engenharia de produção, perfil, planejamento do curso, capacidades, habilidades. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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ANÁLISE DAS HABILIDADES E

COMPETÊNCIAS NA FORMAÇÃO DOS

ENGENHEIROS DE PRODUÇÃO SOB O

PONTO DE VISTA DE SEUS DISCENTES

Vitor Silva Miranda (UNIVASF )

[email protected]

Angelo Antonio Macedo Leite (UNIVASF )

[email protected]

William Wendel Richardson de Souza Junior (UNIVASF )

[email protected]

Este trabalho busca expor o perfil do aluno do curso de Engenharia de

Produção da UNIVASF, evidenciando a percepção dos mesmos acerca

do planejamento do curso, seus objetivos profissionais e acadêmicos e

suas críticas, para tanto foi aplicaado um questionário fechado para

139 alunos, a partir do terceiro período do curso. Verificou-se que os

alunos possuem o desejo de continuar os estudos em Engenharia de

Produção e que a maioria tem desejo de atuar nas áreas de

Planejamento e Controle da Produção e Gestão Financeira,

possivelmente, por considerar o curso de grande importância para sua

formação profissional e prestígio social. Através de questionários

aplicados, foi possível desenvolver uma comparação do que é esperado

pelo projeto pedagógico do curso e o que é posto em prática, desde a

grade curricular atual até a metodologia avaliativa adotada,

considerando o perfil socioeconômico, estudantil e profissional de

cada estudante. Além disso, com os resultados obtidos é possível inferir

futuras melhorias do curso, tanto no âmbito universitário quanto no

mercado de trabalho. Possibilitando assim um acervo com as opiniões

e dados dos alunos do início, meio e fim do curso, o que gerará um

aparato para os coordenadores e docentes do curso e também para os

futuros discentes possam ter uma visão mais profunda do curso e do

aproveitamento do que é abordado.

Palavras-chave: Engenharia de produção, perfil, planejamento do

curso, capacidades, habilidades.

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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1.Introdução

Percebe-se que cada vez mais uma elevação da concorrência financeira internacional e sua

influência no crescimento dos cursos de Engenharia de Produção. Se tornou uma necessidade

para o sucesso das empresas brasileiras investir no estudo e desenvolvimento da Engenharia

de Produção em seus postos de trabalho, com isso a demanda por este profissional tende a

crescer mais e mais no mercado. Nos últimos cinco anos o número de instituições públicas

que oferecem cursos ligados a Engenharia de Produção mais que duplicou (OLIVEIRA,

2010).

O mercado demanda por profissionais e isso faz necessário repensar diretrizes capazes de

orientar e estabelecer as normas e o perfil necessário aos conhecimentos esperados para um

engenheiro de produção, como um engajado perfil de formação científico, tecnológico e

profissional, sendo capaz de conciliar todas as suas competências considerando os valores

sociais, humanos e ambientais, com uma visão integrada em favor da ética e da humanística.

A formação acadêmica do engenheiro de produção, na maioria dos cursos, busca preparar e

dinamizar as competências necessárias, como: os conhecimentos das ferramentas matemáticas

e computacionais, o gerenciamento da produção, o planejamento, o controle, a segurança do

trabalho, a pesquisa operacional, a gestão econômica.

Os conhecimentos denominados como básicos também são indispensáveis a formação do

engenheiro de produção, assim também como o estágio supervisionado que busca dar uma

experiência profissional e muito mais vivenciada que as salas de aulas. São complementos

ainda da formação necessária a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso e as atividades

complementares que colaboram para o profissional diferenciado. Contudo, uma pergunta

torna-se pertinente como tem se dado a preparação dos alunos diante de um projeto político

pedagógico e da concorrência entre as empresas?

O presente estudo está centrado na temática da avaliação, que é vista como um processo

sistemático, contínuo e dinâmico, com o objetivo de reorientar as metodologias educacionais

pois sem a mesma não é possível a melhoria. Nesta vertente, este trabalho visa entender as

competências na formação do Engenheiro de Produção, através do estudo de caso realizado

no curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Vale do São Francisco -

UNIVASF.

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O Projeto Pedagógico do curso de Engenharia de Produção da UNIVASF traz um

direcionamento mais profundo acerca dos objetivos e metas planejados para a formação do

profissional do curso de Engenharia de Produção, com um diferencial regional, valorizando as

vantagens competitivas da região e buscando sanar as dificuldades da mesma.

As buscas por avaliações e renovações constantes do curso estão realmente direcionando a

mudança das matrizes curriculares e do próprio planejamento, a fim de obter uma melhoria

contínua, resultando em um profissional mais capacitado que é formado pela instituição.

O curso de Engenharia de Produção da UNIVASF proporciona ao discente uma visão mais

preparada para o mercado de trabalho, que é fruto de aprofundamento dos docentes em

implantar mais aulas práticas, visitas técnicas e laboratórios interdisciplinares. O discente não

se limita apenas aos conteúdos teóricos, mas sim em suas aplicações, por meio de projetos de

iniciação científica, extensão e empresas júnior, obtendo se assim uma capacitação

diferenciada.

Contudo o PPC relata integralmente a história do curso e expõe o planejamento futuro, com o

intuito de formar profissionais cada vez melhores e mais capacitados assim o processo de

avaliação e correção vem dando resultados, a exemplo tem-se a nova matriz curricular

imposta, que busca o melhor aproveitamento do curso por parte do discente. Assim a região

só tem a ganhar com os novos profissionais formados, uma possibilidade de potencializar a

industrialização da mesma.

Durante o semestre de 2015.2, com o objetivo de qualificar e desenvolver um estudo e análise

das percepções compartilhadas pelos estudantes do cursos de graduação de Engenharia de

Produção da UNIVASF acerca da profissão Engenheiro de Produção e o propósito de estudo

da Engenharia de Produção e suas diretrizes, foi realizado uma pesquisa de opinião com os

alunos.

As várias questões vinculadas à pesquisa vieram trazer a luz a as ideias dos alunos acerca das

áreas do curso e suas respectivas afinidades tanto com uma abrangência acadêmica como

também uma abrangência profissional. Portanto, percebeu-se, muitos aspectos que

determinaram o verdadeiro perfil dos alunos, seus objetivos e suas expectativas acerca da

carreira profissional e a jornada acadêmica em que estão envoltos, como também, sobre sua

inserção no mercado de trabalho.

2.Objetivo

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O objetivo deste trabalho é analisar as habilidades e competências na formação dos

engenheiros de produção sob o ponto de vista dos alunos do curso de Engenharia de Produção

da UNIVASF.

3.Referencial Teórico

3.1. A Engenharia de Produção

Olhando para ao início do conceito da Engenharia de Produção, têm-se a figura do artesão,

que era responsável por desenvolver todas as fases produtivas, desde a concepção de ideias

acerca do produto, até a sua execução final. Todas as funções hoje separadas na indústria

moderna estavam concentradas em uma pessoa só (OLIVEIRA,2010).

Com o desenvolvimento da manufatura na Inglaterra, através da Revolução Industrial,

iniciada no século XVIII, surgiram não só as máquinas, mas também processos de melhoria

organizacional e de operações. Não obstante, quando o homem além de produzir, começou a

se atentar para se organizar, mecanizar, integrar, mensurar e aprimorar a produção, e nesse

instante foi surgindo uma origem da Engenharia de Produção.

“A prática da Engenharia de Produção é suficientemente antiga, com

as primeiras evidências encontradas na Inglaterra na época da

Revolução Industrial.Contudo, o nascimento da Engenharia de

Produção, como é normalmente aceito, se deu nos Estados Unidos, no

período de 1882 a 1912, com o surgimento e desenvolvimento do

chamado “Scientific Management”, obra de um grupo de engenheiros:

F.W. Taylor, Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt, H. Emerson, entre

outros” (LEME, 1983).

Conforme Oliveira (2010), a Engenharia de Produção ainda é considerada um curso novo se

comparada às outras engenharias, principalmente, a Engenharia Civil que dispõe de mais de

dois séculos de existência em cursos regulares no Brasil.

3.2. A Engenharia de Produção no Brasil

Escola Politécnica da USP, por meio da criação de disciplinas como uma mescla da teoria

organizacional com as outras engenharias.

Na Década de 50 houve um crescimento da industrialização no país, com a chegada de

multinacionais era preciso uma melhoria nos padrões de produtividade e competitividade da

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indústria nacional, isso criou uma exigência de profissionais para se adequarem a este cenário,

e a Engenharia de Produção se mostrou capaz de responder a essas demandas.

Com o movimento de pioneirismo da USP, a Engenharia de Produção ecoou no Rio de

Janeiro em 1957, onde no curso de pós-graduação em Engenharia Econômica da UFRJ inseriu

em suas disciplinas conteúdos da Engenharia de Produção. Ainda no Rio de Janeiro, em 1967

foi criado o primeiro Programa de Mestrado em Engenharia de Produção do Brasil na PUC-R,

neste ano ainda foi criado o mestrado em Engenharia de Produção da Coope/UFRJ.

A USP também foi pioneira na criação do primeiro curso de graduação de Engenharia de

Produção "plena" do país. Vale salientar, que a Engenharia de Produção era vista até então

como uma vertente da mecânica e da civil.

Por volta de 1990, as regiões Sul e Sudeste já demostravam seu alto grau de industrialização

por meio dos 19 cursos de graduação em Engenharia de Produção existentes em seus estados.

Fora estes, naquela época a Engenharia de Produção estava presente em mais três estados: em

Pernambuco e na Paraíba, por meio de cursos de mestrado da UFPE e UFPB, e como uma das

áreas de ênfase no curso de Engenharia Mecânica da UFMG, em Minas Gerais.

3.3. A Engenharia de Produção na UNIVASF

A questão da pequena ou nenhuma proliferação dos cursos de Engenharia de Produção nas

regiões Norte e Nordeste junto com o fato de não existir qualquer curso de graduação em

Engenharia de Produção em uma extensão de 300 Km da Região do Submédio São Francisco,

são fatores que têm colaborado para aumentar as dificuldades conhecidas do desenvolvimento

industrial nessa área geográfica.

A implantação do Curso de Engenharia de Produção na UNIVASF teve sua importância mais

que confirmada pelos fatos acima expostos. A performance deste tipo de profissional é de

grande importância para acelerar o processo de modernização e melhoria das condições

sociais locais de todo o Vale do São Francisco

Atualmente a Engenharia de Produção é uma das engenharias que mais possui cursos

espalhados pelo país, com a evolução do mundo da produção, hoje em dia o conhecimento se

tornou o ativo mais valioso das empresas, ele influencia diretamente na obtenção de vantagem

competitiva em processos de produção, estratégias de gestão, qualidade e valor dos produtos,

entre outros conhecimentos provenientes das ferramentas da Engenharia de Produção. Com

esse tipo de habilidade e com a base de conhecimentos da engenharia, a Engenharia de

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Produção se torna a melhor opção para as empresas que procuram atender suas necessidades

de mercado, finanças, pessoas, produção e máquinas, aliando isso tudo a um pensamento

integrativo, sistêmico e tecnológico.

4.Metodologia

4.1. Tipo da Pesquisa

Segundo Cervo (2007), esta pesquisa tem perfil descritivo pois procura descobrir, como que

um acontecimento ocorre, e analisar os comportamentos das variáveis do processo, buscando

identificar as nuances do caso em estudo sem modifica-los.

4.1.1. Natureza da pesquisa

De acordo com Ganga (2012), a abordagem quali-quantitativo é utilizada neste trabalho, pois

ela se compõe de forma a utilizar dados obtidos através de questionários para analisar uma

problemática através de análises estatísticas com finalidade de propor um resultado

satisfatório.

Então, os questionários aplicados à amostra em questão, eram constituídos de dados

qualitativos e quantitativos, seguindo assim de acordo com os objetivos da pesquisa na análise

do problema.

4.2. Forma de obtenção de dados

Os dados requeridos para as análises estatísticas foram obtidos por meio a aplicação de

questionários, a população abordada foi restringida aos alunos do curso de Engenharia de

Produção da UNIVASF a partir do 3º período.

4.3. Fases da pesquisa

Nesta seção são expostas as etapas metodológicas que dirigiram o presente trabalho a sua

execução e conclusão final. A primeira etapa da pesquisa conta com a identificação da

problemática em questão, a partir daí foi possível o início da revisão da literatura acerca dos

assuntos inerentes ao trabalho.

Na próxima parte foi desenvolvido um fluxograma com o intuito de guiar as ações que devem

ser praticadas para alcançar os frutos almejados com este estudo de caso.

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Figura 1 – Detalhamento das fases da pesquisa

Revisão

bibliográfica

Construção

dos

questionários

Aplicação dos

questionários

Tratamento

dos dados

Construção do

artigo com os

resultados

obtidos

Cálculo da

Amostra

Fonte: Elaboração própria (2016)

O trabalho deve estar norteado à solução de uma problemática exibida na introdução do

mesmo, encima desta problemática será efetuado levantamentos de dados relevantes para

estudo em questão.

4.4. Cálculo da Amostra

O tamanho da amostra foi definido a partir da população-alvo, sendo assim foram estudados

os estudantes do curso de Engenharia de Produção a partir do 3º período, obtendo-se assim o

tamanho amostral da pesquisa e melhor aplicação dos questionários.

De acordo com Barbetta(2004), se o tamanho da população é conhecida, pode-se fazer a

seguinte correlação para ter o tamanho da amostra com as seguintes fórmulas. Neste estudo

foi considerado um intervalo de confiança desejável de 90%(noventa por cento) e uma

margem de erro mínima de ±10%(dez por cento), para o cálculo utilizou-se :

e (1)

Onde:

N- Tamanho (número de elementos) da população.

n- Tamanho (número de elementos) da amostra.

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no- Uma primeira aproximação para o tamanho da amostra.

Eo- Corresponde ao erro amostral tolerável para a pesquisa.

Portanto, para a aproximação do tamanho da amostra tem-se:

(2)

Assim, para a definição da amostragem aleatória simples referente à população-alvo do estudo

em questão foi projetado o seguinte cálculo:

(3)

5. Resultados e Discussões

No período de dezembro de 2015 até fevereiro de 2016, foi aplicado o questionário do estudo

aos alunos do curso de graduação de Engenharia de Produção da UNIVASF a partir do

terceiro semestre, com participação voluntária de 139 alunos. Na elaboração das perguntas de

cunho qualitativo utilizou-se a Escala Likert.

A estrutura pedagógica do curso se divide em três núcleos: o núcleo de conteúdos básicos, o

núcleo de conteúdos profissionalizantes e o núcleo de conteúdos específicos. Partindo disto,

os resultados obtidos buscam relacionar a distribuição dos conhecimentos visto ao longo do

curso e como eles tem sido repassados aos alunos, relatando assim a eficácia das

metodologias abordadas pelos docentes na visão dos alunos. Ao passo que se estuda a

estrutura pedagógica, chega-se a um tema pertinente ao processo educacional, a discussão

acerca da relação professor-aluno.

Para alguns autores, entre eles, Rogers (1972), a relação professor-aluno é compreendida

como o estabelecimento de um clima que facilita a aprendizagem, a partir da existência de

determinadas qualidades de comportamento do professor, como autenticidade, apreço ao

aluno e empatia.

Na Figura 2, observa-se a opinião dos alunos acerca da influência relação interpessoal com os

professores nos estímulos aos estudos, percebe-se que cerca de 55% dos alunos se mostraram

favoráveis a afirmação dita, isso se faz mais presente ao longo das disciplinas dos ciclos

específico e profissionalizante, visto que durante o ciclo básico a relação entre os professores

e os alunos é um tanto que conturbada, como exemplo disto tem-se uma considerável

quantidade de desavenças e processos contra os professores da área de cálculo e física.

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Algumas das causas deste efeito de desestímulo, por parte dos professores na relação

professor-aluno, pode se dar pela falta de comprometimento de alguns alunos com as

disciplinas, ou até pela elevada carga horária de ensino que alguns professores,

principalmente do ciclo básico, assim o desgaste físico e mental dos profissionais pode

interferir na relação professor-aluno.

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Figura 2 – Relação professor-aluno

Fonte: Elaboração própria (2016)

O professor tem um papel crucial no ato de oferecer livros e bibliografias que proporcionem

um bom aprendizado, assim como também na indicação de artigos, filmes e recursos a serem

pesquisados pelos alunos (LA ROSA, 2001).

Percebe-se na Figura 3, que ainda há um déficit nas bibliografias indicadas pelos professores,

pois cerca de 29% respondeu negativamente e 20% indiferente, muitos dos livros utilizados

ainda são antigos e desatualizados, muitos dos alunos citaram a falta de atualização não só nas

bibliografias, mas nos conteúdos ensinados também.

Pode-se inferir algumas causas a esta problemática de obsolescência das literaturas indicadas

pelos professores, como a falta de solicitação para livros mais atuais na biblioteca do campus

ou até a falta de renovação e reciclagem dos docentes, para procurar técnicas e métodos mais

atuais utilizadas no mercado.

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Figura 3 – Referências bibliográficas indicadas

Fonte: Elaboração própria (2016)

A organização dos estudos contribui para um resultado no desempenho das disciplinas

cursadas, a organização é proveniente da dedicação continuada dos estudos, trazendo bons

frutos assim para os alunos (ROGERS, 1972).

Na Figura 4, percebe-se que uma grande parcela dos entrevistados considerou que o curso

exigiu organização e dedicação constante aos estudos, pelo fato de ser um curso com uma

carga horária relativamente grande e que exige mais do aluno pela característica de mesclar

disciplinas, projetos, núcleo temático e pesquisa.

Figura 4 – Organização e dedicação aos estudos

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Fonte: Elaboração própria (2016)

Algo que também motiva uma busca por maior dedicação aos estudos é a necessidade de

adaptação ao nível de exigência da faculdade, o fato de que muitos dos alunos têm algum

déficit em conteúdos do ensino médio e que isto demanda uma atenção para assimilá-los e

poder partir para as disciplinas do curso.

Segundo Bergamini(1982), a importância do trabalho em equipe se origina de três

necessidades interpessoais: Inclusão, Controle e Afeição e, com a execução e prospecção do

mesmo cria-se a oportunidade das pessoas se associarem a um grupo, onde cada indivíduo irá

passar por diferentes formas de atendimento de suas necessidades.

Observando a figura 5, é visto que muitos discordam do estimulo ao trabalho em equipe por

parte dos professores durante a disciplina, muitos professores ministram suas disciplinas

apenas com provas individuais e deixam de lado a didática e a pedagogia inerente a um ensino

completo. Alguns professores, ainda que em minoria, optam por avaliações através de

seminários, apresentações dos alunos e até elaboração ode artigo científico em grupo, pois

acredita quem estas atividades podem contribuir para o estímulo das relações interpessoais

dos alunos, além de fortalecer as capacidades de comunicação dos mesmos.

Figura 5 – Trabalho em equipe

Fonte: Elaboração própria (2016)

Segundo Da Silveira (2004), para os professores das disciplinas básicas de cursos de ciências

exatas e engenharia, assim como para os das disciplinas profissionalizantes, muitos dos

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problemas dos cursos está na falta de recursos didáticos, enquanto que para os alunos a maior

deficiência dos cursos está na falta de aulas práticas.

Na Figura 6 pode-se observar que a maioria dos entrevistados defende a ideia de que o curso

possui poucas atividades práticas, existe um déficit por atividades que levem o aluno a aplicar

os conhecimentos na prática, como visitas técnicas, aulas em laboratórios, simulações e

dinâmicas, entre outros.

Figura 6 – Atividades Práticas

Fonte: Elaboração própria (2016)

Nota-se que há algumas dificuldades em relação a realização de visitas técnicas na região,

muitas vezes motivadas pela falta de conhecimento sobre o curso, por parte dos gestores das

empresas da região, o déficit no contato com as empresas também é colocado em evidência,

as vezes por motivos estratégicos algumas empresas não permitem visitas as suas instalações

e processos de operações.

A formação de um engenheiro em muitos casos está intimamente ligada a uma forte junção

em ciência básicas e conhecimentos consolidados e atualizados e áreas profissionalizantes

(MAINES, 2001). Ao observar-se a Figura 7, nota-se no caso particular de estudo, que 44%

dos alunos entrevistados acreditam que os conhecimentos propiciados pelo curso são

atualizados, porém essa parcela de conhecimento se concentra no núcleo básico do curso,

visto que muitos dos alunos notam que novas técnicas são demandadas pelo mercado de

trabalho e os conhecimentos ensinados tem que acompanhar essas renovações.

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Figura 7 – Conhecimentos atualizados

Fonte: Elaboração própria (2016)

Assim os 42% que responderam negativamente tem essa visão sobre a falta de renovação de

conhecimentos e técnicas ensinados pelas disciplinas dos núcleos profissionalizante e

específico.

A importância do tema Ética e Responsabilidade Social tem crescido nos últimos tempos, a

ponto de estar incluído entre as características que acabam identificando uma empresa e, com

isso, conferindo-lhe competências, principalmente no tocante a imagem da mesma perante a

sociedade (FURLANETTO, et al. 2006).

A Figura 8 identifica o impacto das disciplinas em relação à ética no exercício profissional, a

maioria dos alunos entrevistados concordaram com a afirmação exposta, resultado

comprovado pela efetividade da implementação das disciplinas de Ética e Responsabilidade

Social e Aspectos Jurídicos para a Engenharia, que buscam moldar a consciência profissional

dos alunos em um âmbito profissional e moral.

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Figura 8 – Desenvolvimento de consciência ética

Fonte: Elaboração própria (2016)

Segundo Meira e Kurcgant(2009), a avaliação geral do curso visa diagnosticar os pontos

críticos do programa de ensino para oportunizar as correções e melhorias necessárias para

uma melhor proposta educativa.

A avaliação de um curso tem que ter um olhar tanto quantitativo, pois deve-se levar em conta

o número de professores e suas titulações, o número de publicações dos mesmos, o

desempenho dos alunos no Enade, a quantidade de projetos de iniciação científicas e

extensões exercidas pelos alunos do curso, além de levar em conta também aspectos

qualitativos como o grau de satisfação dos alunos com as disciplinas e como são

desenvolvidas e a maneira como a administração do curso é conduzida.

Na avaliação geral do curso cerca de 43% dos entrevistados responderam positivamente, é um

curso novo ainda e que está em processo de consolidação e crescimento, mas que tem um

grande potencial, pois conta com um grande número de professores doutores e se localiza em

uma região estratégica que está se desenvolvendo a todo vapor.

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Figura 9 – Avaliação geral do curso

Fonte: Elaboração própria (2016)

6.Considerações Finais

As questões levantadas no presente trabalho puderam ser respondidas a partir das análises dos

dados.

As principais percepções dos discentes em relação as análises das competências na formação

do Engenheiro de Produção estão associados à importância da relação professor-aluno que por

vezes passa despercebida em curso da área de ciências exatas, mas que tem a sua devida

influencia no aprendizado, a influência das disciplinas em relação a organização se tornou

evidente, em função de ser um curso de carga horária relativamente pesada.

Observa-se ainda que, de uma forma geral, que falta um estímulo maior por parte dos

docentes para a realização de mais atividades práticas durante o curso, além da necessidade de

bibliografias mais atuais que venham a gerar conhecimentos mais atualizados e técnicas e

métodos mais utilizados no mercado de trabalho para a área. Portanto, o trabalho atingiu os

objetivos propostos, além de alcançar resultados importantes na percepção do universo

exposto pela visão dos discentes.

Tomando por base o estudo desenvolvido, apresentam-se as seguintes sugestões para novos

trabalhos:

Page 17: ANÁLISE DAS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS NA … · curso, capacidades, habilidades. ... a exemplo tem-se a nova matriz curricular ... Durante o semestre de 2015.2,

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

17

Utilizar o Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa para identificar os fatores

agravantes dos critérios utilizados no presente estudo e então propor planos de ação à

Universidade;

Comparar os resultados do estudo com as avaliações obtidas pela CPA- Comissão

Própria de Avaliação;

Aplicar o questionário aos alunos egressos, afim de perceber diferenças de percepções

nos alunos que já concluíram o curso.

REFERÊNCIAS

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produção: a formação docente e os resultados do ENADE 2011. Revista Gestão Universitária na América

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