análise da percepção rítmica de alunos de dança de salão

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Percepção

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  • Coleo Pesquisa em Educao Fsica - Vol.7, n 1 2008 - ISSN: 1981-4313 119

    ANLISE DA PERCEPO RTMICA DE ALUNOS DE DANA DE SALO

    Janaina Vasconcelos Martins1, Marcelo Victor da Rosa

    2

    RESUMO

    O presente estudo, caracterizado como descritivo, teve como objetivo analisar a percepo rtmica dos alunos de um projeto de aprendizagem da dana de salo, verificando se os desempenhos so diferentes entre os sexos, faixas etrias e turmas que se diferem pelo tempo de prtica. A amostragem foi de 120 alunos de ambos os sexos, entre 18 e 57 anos, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Como instrumento de coleta dos dados utilizou-se o teste de tempo, de Johnson & Nelson apud Gobbi et al (2005), que tem como variveis principais o tempo e o movimento. Para anlise dos dados utilizou-se a estatstica descritiva, teste U de Mann-Whitney e teste de Kruskal-Wallis. Atravs dos dados verificou-se a dificuldade dos alunos na percepo de ritmos acelerados, a inexistncia de diferenas significativas entre os sexos e desempenho superior de alunos com mais tempo de prtica, obtendo diferena significativa. Este estudo desmistifica a superioridade das mulheres nas atividades rtmicas e mostra a dificuldade dos alunos na percepo de ritmos acelerados, o que contribui para os professores de Dana de Salo na elaborao de um planejamento adequado ao seu pblico.

    Palavras-chave: Ritmo, Dana de Salo e Percepo Rtmica.

    ABSTRACT

    This study, characterized as descriptive, aimed to analyse the rhythmic perception of students in a learning project of lounge dance, noting that the performances are different between sexes, ages and classes with different practice time. The sampling was 120 students of both sexes, between 18 and 57 years, from Federal University of Mato Grosso do Sul. As a tool for collecting data used is the "test of time", Johnson & Nelson apud Gobbi et al (2005), whose main variables are time and movement. To analyse the collect data, were used the Mann-Whitneys test U and Kruskal-Wallis tests. Through the data, we could realize that some students have difficulty in the perception of accelerated pace, the absence of significant differences between the sexes and superior performance of students with more time to practice, getting significant difference. This study shows that women are not superior in rhythmic activities and shows the difficulty of the students in the perception of accelerated pace, which help lounge dance teachers in the drafting of a plan suited to your audience.

    Key-words: Rhythm, dance hall and perception of rhythmic.

    INTRODUO

    Pode-se definir ritmo como a capacidade de realizar um movimento em um determinado perodo de tempo, ou seja, a capacidade de adaptar-se a uma seqncia de movimentos, interiorizando-a e reproduzindo-a de forma repetitiva, em resposta a um mesmo estmulo (GOBBI et al., 2005).

    O ritmo est presente em todas as manifestaes da motricidade humana, universal e o percebemos em todos os movimentos da vida. O ritmo e o desenvolvimento humano se desenvolvem simultaneamente no tempo e no espao (TIBEAU, 2006).

    Trabalhando-se com o ritmo objetivam-se vrios benefcios, dos quais os principais so: propiciar a descoberta do prprio corpo e de suas possibilidades de movimento, e despertar sentido de cooperao, solidariedade, comunicao, liderana e entrosamento atravs de trabalho em grupo.

    Um dos exemplos mais caractersticos da capacidade rtmica a dana, que proporciona tambm a sociabilidade, cooperao, solidariedade, entre outros fatores de grande contribuio para o desenvolvimento do ser humano. De acordo com isso, ritmo e dana se complementam e a dana sem ritmo no tem nenhum sentido. Diante dessas consideraes, muitas pessoas sentem-se envergonhadas quando submetidas a atividades rtmicas. Em festas, bailes, sempre h aqueles que ficam o tempo inteiro sentados, observando as outras pessoas danarem, mesmo que a msica esteja contagiando-o, mas a dificuldade com o ritmo, com a dana e a vergonha sempre falam mais alto. O saber danar e ter a percepo de ritmo pode fazer muita diferena. Sua vida torna-se muito mais socivel passando a

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    fazer novas amizades, tendo o prazer de convidar algum para danar, sendo elogiado por saber conduzir, entre outros fatores que s melhoram a auto-estima das pessoas e proporcionam muitos benefcios.

    Assim, no Projeto de Extenso Dana de Salo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) ensina-se vrios ritmos desse estilo de dana comunidade. Neste os professores percebem a dificuldade dos alunos de no s executarem os passos em si, mas de coloc-los no ritmo da msica, surgindo ento a idia de realizao desta pesquisa.

    Outro aspecto muito importante na escolha do tema foi escassez de pesquisas no assunto. Atravs de uma pesquisa feita na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, mais precisamente no Departamento de Educao Fsica, foram analisadas todas as monografias existentes, desde 2000, mas nenhuma tinha como tema o ritmo. H algumas que evidenciam a dana, como a do autor Azuaga (2004), que atravs do tema O homem e a dana, descreve a dana como sendo prpria do ser humano, e que todos tm o direito de danar sem serem discriminados, tanto mulher quanto o homem, tendo os mesmos benefcios no desenvolvimento humano. H outro estudo, cuja autora Neves (2004), com o tema A importncia da dana no processo ensino-aprendizagem em crianas de 6 9 anos, discute sobre a histria e a importncia da dana, assim como a sua relao com o desenvolvimento infantil e o seu processo de ensino-aprendizagem. Mesmo assim, conclui-se que ainda uma rea pouco estudada.

    As outras anlises (mbito nacional) foram no site www.nuteses.ufu.br, no qual foram encontrados trs resumos de teses que complementam sobre o assunto dessa pesquisa. A autora Volp (1998), que teve como tema de sua tese Vivenciando a dana de salo na escola, considera que a dana de salo favorece a sociabilidade e concluiu que deveria fazer parte das atividades escolares como uma oportunidade para vivenciar uma experincia tima que visa melhorar a qualidade de vida do adolescente.

    J a autora Pereira (1995), com sua tese no seguinte tema: O ensino da dana na escola pblica do Rio de Janeiro, teve vrias concluses, sendo a que mais se refere ao presente estudo quanto questo que indaga sobre quais seriam as finalidades, objetivos e metodologias do ensino da Dana na Escola Pblica, concluindo que, o auto-conhecimento, o ritmo e a coordenao motora so os principais objetivos a serem atingidos atravs do mtodo de demonstrao e tendo como forma de avaliao a participao do aluno em eventos integrados ao calendrio escolar.

    Por ltimo, a autora Taube (1998) mostrou, com o tema Estudo qualitativo do desenvolvimento da capacidade rtmica da criana: ritmo espontneo e ritmo mtrico, aspectos importantes para o desenvolvimento da capacidade rtmica da criana, tais como: a histria prvia da criana: as experincias e os estmulos que a criana submetida ao longo de sua vida; e as mudanas no comportamento rtmico, expressivo e motriz, atravs das atividades que potenciavam o ritmo espontneo e atravs de atividades na qual a mtrica era determinada, mostrando aspectos diferenciados no campo metodolgico, evidenciados pela criana frente a uma e outra metodologia.

    Estes resumos de teses contriburam significativamente para a elaborao deste trabalho, j que se trata de um tema pouco explorado, sendo esta pesquisa diferenciada, pois se procura analisar a percepo de ritmo de homens e mulheres.

    Em virtude do que foi mencionado, surgiu o seguinte problema de pesquisa: qual a percepo rtmica dos alunos do Projeto de Extenso Dana de Salo-UFMS?

    Em busca dessas respostas, formulou-se o seguinte objetivo: verificar a percepo rtmica dos alunos participantes do Projeto de Extenso Dana de Salo-UFMS.

    DESCRIO METODOLGICA

    Este estudo caracteriza-se como descritivo, pois, de acordo com Cervo e Bervian (1996), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenmenos (variveis) sem manipul-los. Toda a coleta dos dados foi realizada na sala de dana do Departamento de Educao Fsica (DEF) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no ms de agosto de 2007. Para a anlise dos dados foi utilizada a estatstica descritiva (freqncia, percentual, mdia e desvio padro). O teste U de Mann-Whitney para a comparao das mdias entre turmas e sexo, e o teste de Kruskal- Wallis para comparao das mdias entre faixas etrias, ambos no paramtricos devido as diferenas no total de

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    alunos dos itens comparados. Para anlise entre faixas etrias foi utilizada a classificao de idade cronolgica convencional proposta por Gallahue e Ozmun (2003), da qual se utiliza os perodos da Adolescncia (10-20 anos), Idade Adulta Jovem (20-40 anos) e Meia-idade (40-60 anos).

    Amostras

    Os sujeitos do estudo foram os alunos que participaram das aulas do Projeto de Extenso Dana de Salo da UFMS no ano de 2007. A amostra foi composta de 120 sujeitos, sendo 60 do sexo masculino e 60 do sexo feminino, numa faixa etria de 18 57 anos. Essa amostra estava dividida em trs turmas: 1 (aulas segundas e quartas-feiras, das 19h s 20h30), 2 (teras e quintas-feiras, das 19h s 20h30) e 3 (segundas e quartas-feiras, das 17h30 s 19h), sendo a 1 dos Intermedirios, devido aos 6 meses de participao das aulas. As outras duas turmas eram compostas por Iniciantes. Como critrio de seleo, os mesmos teriam que ter idade mnima de 18 anos e estar matriculados regularmente no curso de Dana de Salo, alm de terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido.

    Protocolos Utilizados

    Como instrumento de coleta foi utilizado o teste de tempo, de Johnson & Nelson apud Gobbi et al. (2005), que tem como variveis principais o tempo e o movimento. O teste consiste em caminhar em um ritmo de passadas igual ao ritmo imposto por um metrnomo.

    So colocadas trs cadncias diferentes (64, 120 e 184 batimentos) no metrnomo, e o avaliado dever posteriormente reproduzi-las, caminhando o mais prximo possvel da velocidade do metrnomo, ou seja, no mesmo ritmo. O avaliado no dever caminhar ao mesmo tempo em que escuta o som do metrnomo, mas, sim, dever escutar o som (em uma das cadncias) durante 10 segundos e logo em seguida caminhar, tambm por 10 segundos, no mesmo ritmo do metrnomo, mas sem o auxlio do mesmo, ou seja, dever reproduzir em passadas o ritmo que ouviu anteriormente. Este procedimento se repete nas trs cadncias do metrnomo. Enquanto a pessoa caminha, outro avaliador dever contar quantas passadas o avaliado realiza no tempo de 10 segundos.

    Para se obter um bom resultado no teste, o avaliado dever realizar um nmero especfico de passadas de acordo com a cadncia anteriormente produzida pelo metrnomo. Tais nmeros estaro demonstrados no Quadro 1.

    Caso o avaliado realize o teste exatamente nas passadas sugeridas pelo Quadro 1, seu resultado ser considerado excelente no que se refere ao ritmo. Essa classificao ir variar de acordo com o nmero de passadas acima ou abaixo do referencial exposto no Quadro 2. Este quadro apresenta essa classificao juntamente com o nmero de desvios de passadas para o teste de tempo.

    Quadro 1 - Parmetros de resultados do teste de tempo (JOHNSON & NELSON, 1979 apud GOBBI et al. 2005)

    Velocidade do Metrnomo Nmero de passadas em 10 segundos

    64 12 120 22 184 32

    Quadro 2 - Classificao do resultado do teste de tempo, levando-se em considerao o nmero acima ou abaixo de passadas de acordo com o referencial apresentado no Quadro 1 (JOHNSON & NELSON, 1979 apud GOBBI et al., 2005)

    Desvios de passadas (acima ou abaixo do referencial) Classificao

    0-2 Excelente 3-4 Bom 5-7 Regular 8-9 Fraco 10 ou mais Muito Fraco

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    DESCRIO DOS RESULTADOS

    Para a anlise da percepo rtmica foi utilizado o teste de tempo, de Johnson & Nelson apud Gobbi et al. (2005), que tem como variveis principais o tempo e o movimento. Para classificao dos desempenhos so adotadas cinco escalas: Excelente, Bom, Regular, Fraco e Muito Fraco. No perodo da realizao dos testes havia aproximadamente 130 alunos inscritos nas aulas de Dana de Salo, tanto do sexo masculino como do feminino, compreendendo uma faixa etria de 16 57 anos. De acordo com a Tabela 1, participaram do teste 120 alunos, com 60 homens e 60 mulheres. Tendo em vista a presena de diversas faixas etrias nessa amostra, uma anlise por faixa etria foi realizada, com o auxlio da classificao de idade cronolgica convencional proposta por Gallahue e Ozmun (2003), utilizando os perodos da Adolescncia (10-20 anos), Idade Adulta Jovem (20-40 anos) e Meia-idade (40-60 anos). Outra anlise foi realizada de acordo com o tempo de prtica das aulas, dividindo-os em Iniciantes e Intermedirios (seis meses de aulas). Para anlise das mdias atribuiu-se nmeros de 1 a 5, respectivamente, para as classificaes de Muito Fraco a Excelente (de acordo com o Quadro 2).

    Tabela 1 - Caracterizao da populao estudada.

    Caracterizao Freqncia Porcentagem (%)

    Sexo

    Feminino 60 50 Masculino 60 50 Total: 120 100

    Faixa Etria

    Adolescente 29 24,2 Adulto Jovem 71 59,2 Meia Idade 20 16,7 Total: 120 100

    Turma

    Iniciante 102 85 Intermedirio 18 15 Total: 120 100

    De modo geral, a Tabela 2 mostra o desempenho da populao nas 3 (trs) cadncias propostas pelo teste.

    Tabela 2 - Anlise e comparao entre os ritmos propostos pelo teste.

    Classificao Porcentagem (%)

    64bpm 120bpm 184bpm

    Excelente 86 60 27 Bom 8 21 22 Regular 3 16 21 Fraco 3 2 8 Muito Fraco - 1 22

    Mdia e Desvio Padro 4,760,67 4,390,87 3,251,49

    Conforme a tabela acima, percebe-se que a porcentagem da classificao Excelente decresce conforme aumenta a velocidade do bpm e que sua mdia foi baixa (classificao Regular), com um desvio padro alto. Assim, verifica-se a dificuldade dos alunos na percepo de ritmos mais acelerados. No estudo de Vasconcelos e Coelho (2007) tambm analisam alunos que demonstraram dificuldades no ritmo, justificando a preferncia dos mesmos por estilos de ritmo mais lento. Deve-se levar em conta a bagagem motora dessa populao que deve ter um ritmo de vida desacelerado, com atividades que no exigem velocidade, pois segundo estudos de Souza e Pereira (2006), o tempo de cada sujeito se difere de acordo com sua histria de vida.

    Na Tabela 3, uma anlise do desempenho foi feita entre os alunos do sexo masculino e feminino.

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    Tabela 3. Comparao entre os sexos. (*) p0,05

    Classificao Porcentagem (%)

    64bpm 120bpm 184bpm

    Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino

    Excelente 88 84 53 67 26 30 Bom 7 8 20 22 23 20 Regular 2 3 25 7 18 23 Fraco 3 5 2 2 10 7 Muito Fraco - - - 2 23 20

    Mdia e Desvio Padro 4,800,63 4,720,72 4,250,89 4,530,83 3,171,51 3,331,48

    Nvel de Significncia 0,433 0,051 0,553

    Com esses dados, analisa-se uma diferena mnima no desempenho de ambos os sexos, os quais obtiveram valores aproximados nas classificaes de desempenho do teste. Os homens tiveram melhor desempenho no ritmo de 64bpm. As mulheres obtiveram melhor desempenho nos ritmos mais acelerados. Porm no foram observadas diferenas significativas estatisticamente. No ritmo de 120bpm foi encontrado valor de p igual a 0,051, muito prximo de obter-se diferena significativa. Entretanto no houve diferena.

    Esses resultados contradizem a afirmao de Izumi e Martins (2006), na qual as meninas possuem mais facilidade para a dana devido ao cultivo espontneo do ritmo, pela expresso corporal e pela maior sensibilidade msica e s expresses coreogrficas. Segundo eles, em geral, os meninos apresentam mais dificuldades em aprender a dana do que as meninas devido aos preconceitos presentes na sociedade, falta de vivncia com a dana, preferncia pelos jogos pr-desportivos e falta de conscincia corporal. Os dados analisados vo contra todas essas afirmaes, pois a superioridade das mulheres em atividades rtmicas no foi comprovada nesse estudo.

    Assim damos nfase nova concepo de homem que temos hoje. O "novo" homem surge no lugar do homem "antigo", matrias publicadas nos ltimos trs anos revelam algumas facetas de como se vem estruturando a dimenso simblica da associao do masculino, a partir da tese de que esse novo "macho", com caractersticas de gostos, valores e atitudes tradicionalmente atribudas mulher, o homem do sculo XXI, que dana, depila e chora (RIBEIRO e SIQUEIRA, 2007). Essas idias fundamentam os resultados obtidos na Tabela 3. Mesmo com o surgimento dessa nova tendncia, o homem antigo ainda muito presente. O machismo, os preconceitos da sociedade e a falta de molejo dos homens no deixam de existir, entretanto a dana de salo desenvolve neles um perfil diferenciado de sua maioria.

    Levando-se em conta a realizao dos testes com alunos iniciantes e com outros que j freqentavam as aulas h seis meses, realizou-se uma anlise (no paramtrica) diferenciando a turma Iniciante (102 alunos) do Intermedirio (18 alunos), com os dados da Tabela 4.

    Tabela 4 - Comparao entre turmas divididas pelo tempo de prtica. (*) p0,05.

    Classificao Porcentagem (%)

    64bpm 120bpm 184bpm

    Iniciante Intermedirio Iniciante Intermedirio Iniciante Intermedirio

    Excelente 88 84 53 67 26 30 Bom 7 8 20 22 23 20 Regular 2 3 25 7 18 23 Fraco 3 5 2 2 10 7 Muito Fraco - - - 2 23 20

    Mdia e Desvio Padro

    4,750,70 4,830,51 4,410,86 4,280,96 3,151,47 3,831,54

    Nvel de Significncia

    0,676 0,570 0,045*

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    Observa-se uma diferena entre as duas turmas, principalmente no ritmo de 184bpm, evidenciando uma melhor percepo rtmica dos alunos intermedirios em relao aos iniciantes. Houve diferena significativa no ritmo de 184bpm para a turma de nvel intermedirio. Estes possuam melhor percepo rtmica dos ritmos mais acelerados. Dados semelhantes tambm so encontrados no estudo de Vasconcelos e Coelho (2007), pois conforme a concluso dessas autoras, a maior dificuldade no aprendizado da dana, para alunos adultos iniciantes, est no ritmo mais acelerado devido preferncia deles pelos ritmos mais lentos para a prtica das aulas. A turma intermediria possui um tempo de participao maior que os iniciantes, tendo assim trabalhado a percepo rtmica e o desenvolvimento dessa capacidade. Para Maia et al (2007), o movimento humano aprendido, e pode ser melhorado por meio de informaes, repeties e necessidade de novos movimentos, estimulando assim o corpo humano a desempenhar e adquirir a aprendizagem de novas habilidades. Ento, a dana de salo pode ajudar no desenvolvimento da percepo rtmica dos indivduos atravs de sua prtica freqente.

    De acordo com a classificao de idade cronolgica convencional proposta por Gallahue e Ozmun (2003), a anlise entre faixas etrias consta nas Tabelas 5 e 6.

    Tabela 5 - Anlise entre faixas etrias. Adol.- Adolescncia; I.A.Jov- Idade Adulta Jovem; M.Idade- Meia-idade

    Classificao Porcentagem (%)

    64bpm 120bpm 184bpm

    Adol. I.A.Jov. M.Idade Adol. I.A.Jov. M.Idade Adol. I.A.Jov. M.Idade

    Excelente 87 86 85 52 65 60 31 24 35 Bom 10 6 10 28 20 15 3 27 30 Regular - 4 5 17 14 20 28 21 10 Fraco 3 4 - 3 1 - 17 7 - Muito Fraco - - - - - 5 21 21 25

    Tabela 6 - Comparao entre faixas etrias. (*) p0,05

    Ritmo Mdia e Desvio Padro Nvel de Significncia Adolescente Idade Adulto Jovem Meia Idade

    64bpm 4,790,62 4,730,74 4,800,52 0,992 120bpm 4,280,88 4,480,79 4,251,12 0,479 184bpm 3,071,53 3,251,45 3,501,61 0,568

    Assim como na comparao entre os sexos, entre faixas etrias a equivalncia prevaleceu, caracterizando cada um dos grupos, aproximadamente, com os mesmos desempenhos. Indivduos de Meia-idade obtiveram melhores desempenhos nos ritmos de 64 e 184bpm. Enquanto no ritmo de 120bpm, indivduos da Idade Adulta Jovem obtiveram melhor desempenho. No houve diferena significativa entre as faixas etrias. Esses resultados contradizem a questo de que com o avano da idade, a funcionalidade do corpo torna-se mais lenta, as capacidades fsicas, como fora, resistncia, flexibilidade, agilidade e velocidade, diminuem caso no sejam treinadas (MINCATO e FREITAS, 2007). Os grupos aqui analisados encontram-se no mesmo nvel de percepo rtmica, sem qualquer limitao devido a uma maior ou menor idade.

    Todos os grupos analisados apresentam maiores ndices de desvio padro no ritmo de 184bpm, o que demonstra a maior variao de resultados obtidos pelos participantes do estudo. Demonstra tambm a facilidade geral na percepo do ritmo mais lento (64bpm), pois todas as tabelas apresentaram valores acima de 4,7. No ritmo de 184bpm apresentaram resultados entre 3,07 e 3,83 (classificao Regular), confirmando assim as dificuldades encontradas na percepo do ritmo mais acelerado.

    CONCLUSO

    Este estudo procurou analisar a percepo rtmica dos alunos de dana de salo da UFMS. Com os dados percebe-se que as aulas de Dana de Salo atraem as diversas faixas etrias, pois

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    compreende alunos de 16 57 anos de idade. Como afirma Maia et al.(2007), apesar de muitas vezes a dana de salo ser relacionada como prpria da terceira idade, ela realizada por indivduos de faixas etrias diferenciadas. Busca-se a Dana de Salo pelos seus diversos benefcios que atraem todas as idades, principalmente no que se refere ao relaxamento, descontrao e socializao.

    Verificou-se que a populao estudada teve facilidade na percepo do ritmo mais lento (64bpm) e dificuldade na percepo do ritmo mais acelerado (184bpm), comparando as mdias e o seu desvio padro. Deve-se levar em conta a bagagem motora dessa populao que deve ter um ritmo de vida mais lento, com atividades sem a exigncia da velocidade, considerando que cada pessoa tem o seu tempo e o seu ritmo de vida.

    Nota-se que nessa pesquisa no houve diferenas significativas entre sexos, o que contradiz o senso comum, no que se diz respeito a maior facilidade das mulheres com a percepo rtmica e danas em geral. O fato dos homens obterem um desempenho prximo ao das mulheres, neste estudo, confronta com as idias de vrias pesquisas j realizadas. Devemos considerar que atualmente temos uma nova concepo de homem, o qual est mais sensvel, assume e exibe emoes, preocupa-se com a aparncia, aprecia culinria e apurou seu senso esttico. Outra hiptese seria que os homens, os quais procuram a dana de salo, j possuem alguma experincia, gostam ou praticam h mais tempo essa atividade, tendo assim uma percepo rtmica bem desenvolvida. Surge assim uma idia para estudos sobre os motivos pelos quais os homens procuram a dana de salo, analisando a percepo rtmica comparada ao desempenho das mulheres.

    A diferena mais relevante encontrada nas anlises foi entre o desempenho dos Iniciantes e Intermedirios, os quais apresentaram, com seis meses de participao nas aulas, melhor percepo no ritmo de 184bpm que os Iniciantes. Esta diferena nos mostrou que a prtica das aulas ajuda na melhora da percepo rtmica dos alunos. No podemos afirmar de fato, pois um teste no incio das aulas dos Intermedirios ou um novo teste aps seis meses de aulas no mnimo, com ambas as turmas, no fora realizado. Questes como a bagagem motora, prtica de atividades rtmicas e o tempo de prtica da prpria dana de salo devem ser considerados para maiores concluses. Assim, outra sugesto de pesquisa seria a realizao desse teste no comeo das aulas e aps, pelo menos, uns seis meses de prtica.

    Na anlise entre faixas etrias, os desempenhos foram similares, sem diferenas significativas. Sabe-se que com o avano da idade, algumas capacidades fsicas tornam-se limitadas e a funcionalidade do corpo fica mais lenta. Mas neste estudo, a populao encontra-se no mesmo nvel, apesar das diferenas de idades, com dificuldade no ritmo mais acelerado e facilidade na percepo do mais lento. Sendo assim, a populao em questo possui um mesmo nvel de percepo rtmica, de acordo com os dados obtidos atravs do teste realizado.

    Como visto, os resultados dessa pesquisa mostram algumas particularidades. Muitas questes devem ser analisadas como a inexistncia de diferenas entre os sexos e faixas etrias, dificuldades em ritmos acelerados, entre outras relacionadas a percepo rtmica, itens que norteiam a realizao de novos estudos para um melhor entendimento dessa temtica to pouco estudada, porm de muita importncia para o desenvolvimento e entendimento das questes fsicas, psicolgicas e sociais do ser humano. Esta pesquisa dar um apoio maior aos profissionais interessados nessa temtica, principalmente aos profissionais de dana de salo, que estaro mais atentos ao planejarem suas aulas, adequando-se s necessidades e sabendo trabalhar com a realidade dos seus alunos.

    Referncias Bibliogrficas

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    1 Graduanda do curso de Educao Fsica da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-UFMS e bolsista do

    Programa de Educao Tutorial /PET-Educao Fsica. 2 Professor Mestre do Departamento de Educao Fsica do Centro de Cincias Humanas e Sociais-

    DEF/CCHS/UFMS. *

    Colaboraram com esse trabalho: Tamir Freitas Fagundes (Prof. Ms. Departamento de Educao Fsica-DEF/CCHS/UFMS) e Leonardo Liziero (Acadmico Bolsista PET Educao Fsica/UFMS).