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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DISTRIBUÍDA POR MEIO DE IMAGENS NDVI, NA BACIA DO RIO NEGRINHO - SC. PATRÍCIA KAZUE UDA FLORIANÓPOLIS, (SC) MARÇO/2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DISTRIBUÍDA POR

MEIO DE IMAGENS NDVI, NA BACIA DO RIO NEGRINHO - SC.

PATRÍCIA KAZUE UDA

FLORIANÓPOLIS, (SC)

MARÇO/2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

ANÁLISE DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL DISTRIBUÍDA POR

MEIO DE IMAGENS NDVI, NA BACIA DO RIO NEGRINHO - SC.

PATRÍCIA KAZUE UDA

Trabalho apresentado como parte dos requisitos para

a Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia

Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa

Catarina.

Orientadora

Prof. Dra. CLÁUDIA WEBER CORSEUIL

Co-orientador

Prof. Dr. Masato Kobiyama

FLORIANÓPOLIS, (SC)

MARÇO/2010

AGRADECIMENTOS

À minha família, especialmente minha mãe, pelo carinho e incansável apoio, que me

permitiram chegar a esta última etapa do curso de graduação e por suas palavras sensatas, que

me serviram e me servem de base para minhas escolhas e ações.

Ao meu namorado, Matheus, por todo carinho e pelas palavras de conforto, apoio e incentivo.

A minha orientadora Cláudia Weber Corseuil, pelos ensinamentos que me fizeram descobrir o

Geoprocessamento, área pela qual descobri grande afinidade. Agradeço, também, pela

confiança, apoio e oportunidade de trabalhar em sua equipe.

Ao professor Masato Kobiyama, pela oportunidade de realizar este trabalho no LABHIDRO e

por todas outras oportunidades que me possibilitaram um amadurecimento que tão logo será

importante na esfera profissional. Agradeço.

À Nadine Lory Bortolotto, pelo grande auxílio no desenvolvimento de meu trabalho, pelas

horas de conversa, pelas importantes palavras de incentivo e força e por sua amizade.

Ao professor Antenor de Oliveira Aguiar Netto, pelos preciosos ensinamentos, sugestões e

dúvidas esclarecidas, sempre com disposição e paciência. Agradeço, também, por sua

dedicação (em todos os sentidos) aos trabalhos desenvolvidos por nossa equipe no

LABHIDRO.

À Laís Brandão Feilstrecker, colega que auxiliou no desenvolvimento de minhas atividades e

por seus incentivos.

Ao Gilmar, por sua disposição em me orientar em questões de estatística e, principalmente,

pela ajuda na busca de alternativas para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao colega de trabalho, Romério Júnior, pela ajuda na manipulação de dados.

À Marilice Cordeiro Garrazta Azul, pela ajuda em questões de geoprocessamento.

À Carla Canton Sandrin, amiga de todas as horas, que sempre me apóia.

A todos que foram meus professores e que exerceram importante papel em minha formação.

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pela oportunidade e infra-estrutura

disponibilizada no curso de graduação.

RESUMO

No ciclo hidrológico, a componente responsável por abastecer a atmosfera de água é a

evapotranspiração da água de superfícies. Esta é de difícil medição e os resultados estimados

correspondem a valores pontuais de localização específica, que, quando adotados para grandes

regiões, podem resultar em uma estimativa errônea. Atualmente, o sensoriamento orbital e os

sistemas de informações geográficas tem possibilitado que vários fenômenos sejam

representados de forma espacial e podem ser uma alternativa para o cálculo de

evapotranspiração em nível regional. Dentre as técnicas de sensoriamento remoto, o

processamento digital de imagens pela aplicação do índice de vegetação da diferença

normalizada (NDVI) possibilita a extração de informações espectrais dos objetos na superfície

terrestre e pode ser correlacionado a outras variáveis, para determinação de parâmetros

biofísicos. Neste contexto, este estudo tem por objetivo avaliar a evapotranspiração potencial

(ETP) distribuída na bacia do rio Negrinho, por meio de imagens NDVI, obtidas a partir de

imagens do satélite LandSat-TM5. A bacia do rio Negrinho possui área de 195km2, está

localizada no Planalto Norte de Santa Catarina e é composta por diferentes usos do solo (mata

nativa, reflorestamento, áreas de cultivo, áreas urbanas, entre outros). Imagens NDVI foram

geradas por meio da razão entre as bandas do vermelho e do infravermelho próximo, a partir

das imagens LandSat-TM5. Para os dias 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009, dados de nove

estações meteorológicas (seis localizadas no Estado do Paraná e três em Santa Catarina) foram

utilizados para cálculo da ETP segundo método de Penman Modificado. Posteriormente, por

meio de regressão linear, foi realizada uma relação estatística entre os dados de NDVI e de

evapotranspiração pontual, possibilitando o cálculo e a representação espacial da ETP. Como

resultado, obteve-se um mapa de ETP da bacia para cada data, a partir dos quais foi possível

verificar que a ETP média distribuída, de acordo com o uso e ocupação do solo atual, está entre

4,26 e 5,09mm.d-1

(01 de fevereiro de 2009) e entre 2,97 e 3,60mm.d-1

(28 de agosto de 1009).

Constatou-se que a vegetação tem grande influência no comportamento da evapotranspiração,

visto que corresponde a mais de 75% da área da bacia. Para as áreas de reflorestamento e mata

nativa, foram encontrados valores mais elevados de ETP média com 5,09 e 5,00mm.d-1

(em 01

de fevereiro) e 3,60 e 3,52mm.d-1

(em 28 de agosto), respectivamente. Constatou-se que o

método aplicado obteve um bom ajuste, devido aos elevados coeficientes de determinação (r2)

das imagens NDVI versos ETP (0,9364 e 0,9193).

Palavras-chave: Evapotranspiração potencial, índice de vegetação da diferença normalizada,

evapotranspiração potencial distribuída.

ABSTRACT

In the hydrological cycle, the component responsible for supplying water to atmosphere

is evapotranspiration of surfaces. The evapotranspiration is difficult to measure and its estimate

correspond to specific values of specific location and when adopted for large regions, can result

in an erroneous estimate. Nowadays, the orbital sensing and the Geographic Information

Systems (GIS) has enabled many phenomena to be represented in a space and can be an

alternative to the calculation of evapotranspiration at the regional level. Among the remote

sensing techniques, the image digital processing by application of Normalized Difference

Vegetation Index (NDVI), allows the extraction of spectral information of objects on the

surface and can be correlated with other variables to determine biophysical parameters. In this

context, the objective of the present study is to evaluate the potential evapotranspiration (ETP)

distributed in the Rio Negrinho river catchment, using NDVI images obtained from Landsat-

TM5 images. The Rio Negrinho river basin (195km2), is located on the Northern Plateau of

Santa Catarina and is composed of different land uses (native forest, reforestation, agricultural

areas, urban areas, among others). NDVI images were generated by calculating the ratio

between the red band and the near infrared band from the Landsat-TM5 images. To February 1

and August 28, 2009, data from nine weather stations (six in the state of Paraná and three in

Santa Catarina) were used to calculate ETP by Penman modified method. After, was performed

a statistical relationship between the data of NDVI and evapotranspiration by linear regression,

enabling the calculation and spatial representation of the ETP. One map of the ETP basin was

obtained for each date and it showed that the mean ETP distributed in accordance with use and

land cover is between 4.26 and 5.09 mm.d-1

(February 01, 2009) and between 2.97 and 3.60

mm.d-1

(August 28, 2009). It was found that the vegetation has great influence on the

evapotranspiration, because it corresponds to more than 75% of the watershed area. The

reforestation areas and the native forests showed the higher values of mean ETP: 5.09 and 5.00

mm.d-1

(01 February) and 3.60 and 3.52 mm.d-1

(28 August), respectively. The method used

showed a good performance due to high coefficients of determination (r2) of NDVI images

verses ETP (0.9364 and 0.9193).

Keywords: Potential evapotranspiration, Normalized Difference Vegetation Index, distributed

potential evapotranspiration.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Espectro eletromagnético: principais regiões. ........................................................ 20

Figura 2. Curvas de reflectância espectral para diferentes alvos. ........................................... 22

Figura 3. Curva de reflectância característica de uma folha verde sadia ................................ 24

Figura 4. Localização da bacia hidrográfica do Rio Negrinho ............................................... 34

Figura 6. Fluxograma metodológico ..................................................................................... 39

Figura 7. Imagens LandSat-TM5 de 01/02/2009 (à esquerda) e 28/08/2009 (à direita), em

composição RGB-321, da área de abrangência da bacia do rio Negrinho. ............................. 48

Figura 8. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 01/02/2009 ............ 52

Figura 9. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 28/08/2009 ............ 53

Figura 10. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 01 de fevereiro de 2009. ............... 56

Figura 11. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 28 de agosto de 2009. ................... 57

Figura 12. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de verão de 2009 .. 59

Figuras 13. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de inverno de 200959

Figura 14. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de verão de 2009 ...... 60

Figura 15. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de inverno de 2009 .. 61

Figura 16. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 01/02/2009 ................ 63

Figura 17. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 28/08/2009 ................ 64

Figura 18. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 01/02/2009 ..................... 66

Figura 19. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 28/08/2009 ..................... 67

Figura 20. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e

Penman-Monteith, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009. ....................... 71

Figura 21. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e

Penman-Monteith, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009. ....................... 72

Figura 22. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado,

Penman-Monteith e Thornthwaite, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009.74

Figura 23. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado,

Penman-Monteith e Thornthwaite, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009. 74

LISTA DE TABELAS

Tabela1. Balanço observado e simulado, em mm, de algumas bacias do estudo. .................. 32

Tabela 2. Temperatura média, mínima e máxima, precipitação anual e dias de chuva da zona

agroecológica 3 (GUP3). ...................................................................................................... 35

Tabela 3. Umidade relativa, ocorrência de geadas, horas de frio e insolação da zona

agroecológica 3 (GUP3). ...................................................................................................... 35

Tabela 4. Imagens LandSat-TM5 utilizadas. ........................................................................ 37

Tabela 5. Caraterísticas das estações meteorológicas. .......................................................... 37

Tabela 6. Intervalo espectral das bandas do sensor TM5. ..................................................... 40

Tabela 7. Valores de Gain e Offset (B) a aplicados às imagens TM5. ................................. 41

Tabela 8. Parâmetros das imagens LandSat TM5, órbita 220. .............................................. 41

Tabela 9. Duração máxima da insolação diária (N), em horas, nos meses e latitude de 10ºN a

40ºS. Os valores correspondem ao 15º dia de cada mês. ....................................................... 81

Tabela 10. Temperatura média mensal da estação de Rio Negrinho, para o ano de 2009. ..... 43

Tabela 11. Estações meteorológicas dias de dados utilizados. .............................................. 44

Tabela 12. Valores para o fator de peso (W) para o efeito da radiação na ET em diferentes

temperaturas e altitudes. ....................................................................................................... 82

Tabela 13. Albedo para algumas superfícies. .................................................................... 82

Tabela 14. Radiação solar extraterrestre (mm.d-1). .............................................................. 82

Tabela 15. Pressão de saturação se vapor d’água (mmHg). .................................................. 83

Tabela 16. Uso e cobertura do solo da bacia do Rio Negrinho. ............................................ 51

Tabela 17. Valores médios de reflectância de superfície dos diferentes usos do solo das

imagens LandSat – TM5, órbita 220 e ponto 78. .................................................................. 54

Tabela 18. ETP obtida das estações meteorológicas............................................................. 58

Tabela 19. ETP obtida pelo método de Thornthwaite........................................................... 61

Tabela 20. Dados de NDVI e ETP, para o dia 01 de fevereiro de 2009. ............................... 62

Tabela 21. Dados de NDVI e ETP, para o dia 28 de agosto de 2009. ................................... 63

Tabela 22. ETP em função dos diferentes usos e cobertura do solo. ..................................... 68

Tabela 23. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de verão de 2009. ...................... 69

Tabela 24. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de inverno de 2009. ................... 70

Tabela 25. Somatório mensal de ETP diária, obtida pelo método aplicado. .......................... 73

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DHSVM - Distributed Hydrology Soil Vegetation Model

ETP - Evapotranspiração Potencial

ETR - Evapotranspiração Real

FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture

Organization of the United Nations)

FRB - Fator de Reflectância Bidirecional

GPS - Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System)

IAF - Índice de Área Foliar

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

IVP - Infravermelho Próximo

IVM - Infravermelho Médio

LABHIDRO – Laboratório de Hidrologia da UFSC

LandSat-TM5 - Land Remote Sensing Satellite 5 - Thematic Mapper

MODIS - Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer

ND - Número Digital

NDVI - Índice de Vegetação da Diferença Nornamlizada (Normalized Difference Vegetation

Index)

REM - Radiação Eletromagnética

SEBAL - Surface Energy Balance Algorithm for Land

SEBI - Simplified Surface Energy Balance Index

SIG - Sistemas de Informação Geográfica

SVAT - Soil Vegetation Atmosphere Transfer

SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

WDI - Water Deficit Index METRIC - Mapping Evapotranspiration at high Resolution and

with Internalized Calibration

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 13

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 13

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 14

3.1 Evapotranspiração ...................................................................................................... 14

3.1.1 Métodos de Estimativa de Evapotranspiração Pontual .......................................... 16

3.1.4 Evapotranspiração Distribuída .............................................................................. 17

3.2 Sensoriamento Remoto ............................................................................................... 18

3.2.1 Fundamentos da Observação Remota ................................................................... 18

3.2.2 Espectro eletromagnético ..................................................................................... 19

3.2.3 Características da radiação energética no espectro óptico ..................................... 20

3.2.4 Comportamento Espectral da Vegetação............................................................... 23

3.3 Processamento Digital de Imagens Multiespectrais ..................................................... 25

3.3.1 Calibração de Imagens Multiespectrais para Valores Físicos ................................ 26

3.3.2 Índices de Vegetação ............................................................................................ 29

3.4 Importância dos Estudos sobre Evapotranspiração e Estudos em Bacias Hidrográficas 31

4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 34

4.1 Caracterização da Área de Estudo ............................................................................... 34

4.2 Material ...................................................................................................................... 36

4.3 Método ....................................................................................................................... 39

4.3.1 Fluxograma Metodológico ................................................................................... 39

4.3.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais .... 40

4.3.3 Geração das imagens NDVI ................................................................................. 41

4.3.4 Método de Thornthwaite ...................................................................................... 42

4.3.5 Método de Penman-Monteith ............................................................................... 43

4.3.6 Método de Penman Modificado ............................................................................ 44

4.3.7 Relação entre os dados NDVI e ETP .................................................................... 47

4.3.8 Geração das Imagens de ETP Distribuída ............................................................. 48

4.3.9 Geração dos Mapas de Uso e Cobertura do Solo ................................................... 48

4.3.10 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP ......................................... 50

5. RESULTADOS .............................................................................................................. 51

5.1 Uso e Cobertura do Solo ............................................................................................. 51

5.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais .......... 54

5.3 Imagens NDVI ........................................................................................................... 55

5.4 Estimativa de ETP Pontual ......................................................................................... 58

5.5 Relação entre os dados NDVI e ETP ........................................................................... 62

5.6 Mapas de ETP Distribuída .......................................................................................... 65

5.7 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP .................................................. 68

CONCLUSÕES .................................................................................................................. 75

RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 76

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ................................................................................. 77

ANEXOS ............................................................................................................................ 81

11

1. INTRODUÇÃO

O ciclo hidrológico consiste na troca constante de água entre a superfície terrestre e a

atmosfera. A componente responsável por abastecer a atmosfera de água é a

evapotranspiração de superfícies.

A evapotranspiração é uma componente do ciclo hidrológico que apresenta grande

incerteza na sua determinação. Pode ser medida através de equipamentos específicos, como

lisímetros, estimada por meio de balanço hídrico ou por equações aplicando dados

metereológicos. No entanto, sua medição é difícil e os resultados estimados representam

valores pontuais de localização específica. Portanto, a adoção destes dados pontuais para

grandes regiões pode resultar em uma estimativa errônea de evapotranspiração, devido às

diferentes coberturas de solo, dentre outros fatores (FOLHES, 2007).

O sensoriamento orbital e os sistemas de informações geográficas (SIGs) tem

possibilitado que vários fenômenos sejam representados de forma espacial e podem ser uma

alternativa para o cálculo de evapotranspiração em nível regional. Uma importante vantagem

do uso de sensoriamento remoto é a possibilidade de cálculo de evapotranspiração sem a

necessidade de se quantificar complexos processos hidrológicos. Comumente, a representação

espacial da evapotranspiração é realizada por meio de algoritmos matemáticos que interpolam

e/ou extrapolam informações pontuais obtidas em estações metereológicas (GIACOMONI &

MENDES, 2008).

A vegetação, por meio de interceptação, da precipitação e da evapotranspiração, tem

grande influência no balanço hídrico de uma bacia hidrográfica. Desta forma, técnicas de

sensoriamento remoto, juntamente com algoritmos de processamento de imagens,

possibilitam a extração de dados de extensas áreas vegetadas. Como exemplo, tem-se os

índices de vegetação, que são resultados de várias combinações matemáticas das reflectâncias

da superfície terrestre em faixas espectrais da radiação eletromagnética, especialmente nas

regiões do visível e do infravermelho próximo (LIU, 2006).

A base da proposição desses índices está no comportamento antagônico da refletância

da vegetação nas regiões espectrais do visível e do infravermelho próximo: em principio,

quanto maior a densidade da cobertura vegetal em certa área, menor a refletância na faixa do

visível (de 0,4 a 0,7 μm), devido à absorção da radiação solar pela ação dos pigmentos

fotossintetizantes presentes nas folhas. Já na faixa do infravermelho próximo (0,725 a 1,10

12

μm), a refletância é maior devido ao espalhamento múltiplo da radiação eletromagnética nas

diferentes camadas das folhas (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

Epiphanio et al. (1996) relatam que a relação entre sensoriamento remoto e parâmetros

biofísicos pode ser feita por meio da aplicação de índices de vegetação. Esses índices são

medidas radiométricas adimensionais, que indicam a abundância relativa e a atividade da

vegetação verde, incluindo índice de área foliar (IAF), porcentagem de cobertura de cobertura

verde, teor de clorofila, biomassa verde e radiação fotossinteticamente ativa absorvida, entre

outros (JENSEN, 2009).

As características das plantas podem ser correlacionadas com a resposta espectral

registrada em imagens provenientes de sensores remotos. Essas imagens servem como

poderosas ferramentas que, quando transformadas para índices de vegetação (como imagens

NDVI) e relacionadas com parâmetros físicos, como, por exemplo, a evapotranspiração,

podem produzir mapas dessas variáveis para fins de planejamento e gestão dos recursos

hídricos.

Dentro deste contexto, a bacia do Rio Negrinho é caracterizada pelo desenvolvimento

de atividades agrícolas e florestais, sendo de fundamental importância o conhecimento da

evapotranspiração distribuída, uma vez que, juntamente com outros fatores, possibilitam a

determinação das disponibilidades e dos déficits hídricos. Portanto, o estudo constitui uma

alternativa para a estimativa espacial da evapotranspiração, justificando sua utilização para a

verificação das necessidades hídricas da bacia, em função dos diferentes usos e cobertura do

solo, contribuindo para o uso eficiente da água, visando uma produção sustentável.

13

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar a evapotranspiração potencial distribuída, por meio de imagens NDVI na bacia

do Rio Negrinho – SC.

2.2 Objetivos Específicos

Determinar o NDVI da bacia do rio Negrinho, por meio de imagens de satélite

multiespectrais.

Avaliar a distribuição espacial da evapotranspiração potencial na bacia do rio

Negrinho a partir da relação entre NDVI e ETP.

Avaliar a distribuição sazonal da evapotranspiração potencial na bacia do rio

Negrinho com base nas imagens NDVI determinadas em diferentes épocas do ano.

Comparar os resultados obtidos pela relação entre NDVI e ETP com os estimados

por Penman Modificado, Penman-Monteith e Thornthwaite.

14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Evapotranspiração

O ciclo hidrológico refere-se ao movimento da água na sua forma líquida, gasosa e

sólida entre a superfície terrestre e a atmosfera. De uma maneira resumida, as componentes do

ciclo hidrológico são: a precipitação, a vazão, a evapotranspiração e o armazenamento de

água no solo, lagos e rios. Tanto a chuva quanto a precipitação são variáveis facilmente

mensuráveis, enquanto o armazenamento e a evapotranspiração ainda requerem a utilização

de métodos indiretos para sua estimativa (KAN, 2005).

No ciclo hidrológico, a componente responsável por abastecer a atmosfera de água é a

vaporização (evapotranspiração) da água de superfícies. Nos solos vegetados, o processo

combinado de evaporação pela superfície do solo e transpiração pelas plantas é chamado de

evapotranspiração (RIGHETTO, 1998). Segundo Kobiyama (2009), a evapotranspiração

engloba os fenômenos físicos e fisiológicos que transformam a água precipitada em vapor, ou

seja, engloba os processos de evaporação e transpiração.

Portanto, a evaporação é o processo físico em que a água no estado líquido, presente na

superfície do solo, nas plantas, nos cursos de água, lagos, reservatórios e mares, passa para o

estado gasoso. A evaporação depende, basicamente, de quatro fatores principais: suprimento

de energia externa (radiação solar), grau de saturação do ar circundante, velocidade do vento e

disponibilidade de água (GIACOMONI, 2005).

A transpiração é a perda da água das células vivas dos tecidos vegetais através dos

estômatos (poros de respiração das plantas). Mesmo sendo um processo físico, a transpiração

é o único componente de evapotranspiração sob controle fisiológico da planta.

Conforme Tucci (2007), o solo, as plantas e a atmosfera podem ser entendidos como

partes de um sistema fisicamente inter-relacionado e dinâmico, em que os vários processos de

fluxo estão interligados. Considerando o funcionamento deste sistema, cabe ressaltar que o

fluxo de água ocorre em direção ao gradiente de potencial negativo: a água movimenta-se dos

pontos de maior potencial hídrico, para os de menor potencial. As diferenças de potencial, em

diferentes pontos do sistema são proporcionais à resistência do fluxo. A menor resistência ao

fluxo encontra-se internamente na planta, e, a maior resistência, no fluxo das folhas para a

atmosfera devido à mudança do estado líquido para gasoso. A planta, através de suas raízes,

retira do solo a água para suas atividades vitais e transpira pelos estômatos localizados nas

15

folhas, e a diferença total do potencial entre o solo e a atmosfera pode chegar a centenas de

bares. O transporte de água das folhas até a atmosfera ocorre também através do processo de

difusão de vapor. A umidade relativa, ou seja, a relação entre a tensão real e a de saturação de

vapor, relaciona-se exponencialmente com o potencial hídrico.

Apesar de o processo de transpiração não ser idêntico ao de evaporação, os fatores

como disponibilidade de energia, demanda atmosférica e poder evaporante do ar,

representados pelas variáveis climatológicas como radiação, temperatura do ar, umidade do ar

e velocidade do vento também são os principais fatores que influenciam a transpiração. Além

destes, fatores relativos à planta também influenciam a evapotranspiração, podendo-se citar o

albedo característico da planta, o estádio de desenvolvimento e o tamanho da superfície foliar

transpirante, pois quanto maior a área foliar, maior a superfície transpirante e maior o

potencial para o uso de água (RIGHETTO, 1998; GIACOMONI, 2005).

Para a análise e mensuração do processo de evapotranspiração, dependendo das

condições da vegetação, do tamanho da área vegetada e do suprimento de água pelo solo,

define-se condições bem características, tais como de evapotranspiração potencial (ETP) e

evapotranspiração real (ETR) (PEREIRA, ANGELOCCI e SENTELHAS, 2002).

Segundo Kobiyama (2009), a evapotranspiração potencial (ideal) é o total de água

transferido para a atmosfera por evaporação e transpiração, de uma superfície extensa, coberta

por vegetação e sem limitação de disponibilidade de água. Segundo Righetto (1998), a

evapotranspiração potencial, corresponde à perda de água de uma superfície coberta com

grama batatais em fase de crescimento ativo, bem suprida de umidade, no centro de uma área

irrigada com dimensões que permitam desprezar o transporte horizontal de vapor de agua.

Kobiyama (2009) e Tucci (2007) expõem que a evapotranspiração real é a quantidade

de água que é transferida para a atmosfera pelos processos de evaporação e transpiração, sob

características existentes da atmosfera e de disponibilidade de água no solo. Conceitualmente,

a evapotranspiração real não pode exceder a evapotranspiração potencial (ETR < ETP).

A estimativa da evapotranspiração é relativamente mais difícil e complexa, quando

comparada a da precipitação e do escoamento superficial. Por esta razão, vários métodos

foram desenvolvidos visando a sua medição e a estimativa (BRUTSAERT, 1982; PEREIRA,

NOVA & SEDIYAMA, 1997).

Dentre os métodos desenvolvidos, estão os que determinam a evapotranspiração de

maneira pontual e distribuída. Os métodos que determinam a evapotranspiração pontualmente

foram os primeiros a serem propostos e constituem-se dos procedimentos clássicos utilizados

16

para medição ou estimativa de evapotranspiração: métodos diretos (como lisímetros de

pesagem, de drenagem ou medidas de umidade do solo) e métodos indiretos (como o método

de Thornthwaitee, a equação de Jensen e Haise, os métodos de Penman e Penman-Montheith

e o Balanço hídrico) (TUCCI, 2007). Para a estimativa da evapotranspiração distribuída,

muitos modelos baseados em técnicas de sensoriamento remoto foram desenvolvidos nas

últimas décadas. Alguns destes métodos serão discutidos posteriormente.

3.1.1 Métodos de Estimativa de Evapotranspiração Pontual

O método de Thornthwaite foi desenvolvido em 1948, visando a estimativa da

evapotranspiração potencial mensal de um gramado (posto meteorológico). Thornthwaitee

baseou-se no balanço hídrico de bacias hidrográficas localizadas na região leste e central dos

Estados Unidos e medições de evapotranspiração a partir de lisímetros para desenvolver seu

método (que utiliza apenas a temperatura como variável independente) (PEREIRA, NOVA &

SEDIYAMA, 1997; TUCCI, 2007). Em geral, este método funciona bem em climas úmidos

(CAMARGO & CAMARGO, 2000). A evapotranspiração potencial mensal estimada

considera um mês de 30 dias e cada dia com 12 horas de fotoperíodo.

O método de Penman é considerado como o primeiro método combinado e relaciona

os efeitos do balanço de energia e do poder evaporante do ar. É de natureza puramente física,

embora tenha aspectos empíricos e é considerado como padrão por muitos (PEREIRA,

NOVA & SEDIYAMA,1997).

Esse método estima a evapotranspiração potencial diária e, comparado com outros

métodos, utiliza um número grande de dados meteorológicos para seu cálculo. O método de

Penman apresenta bons resultados e sua precisão depende da estimativa da radiação líquida e

do fluxo de calor no solo (VESTENA, 2002). No entanto, Pereira, Nova & Sediyama (1997)

citam que o método superestima a evapotranspiração em condições potenciais e que medições

realizadas em lisímetro de lençol freático constante cultivado com grama (Paspalum notatum

L.) apontaram uma influência das estações do ano sobre os resultados estimados por Penman,

com superestimativa de menos de 10% no verão e indicaram o outono como a estação mais

crítica, superestimando os valores de evapotranspiração em até 100%.

Em função da quantidade de dados necessários à sua aplicação, bem como a

complexidade de seus cálculos, pesquisadores alteraram este método, como Monteith e

Doorenbos e Pruit, buscando simplificá-lo e aperfeiçoá-lo. Oliveira apud Vestena (2002)

17

estimaram a evapotranspiração potencial para a bacia do rio Ribeirão da Onça, no estado do

Paraná, e afirma que o método de Penman modificado por Doorenbos e Pruit é o melhor

método de estimativa da evapotranspiração potencial por ser mais preciso comparado com os

métodos de Hamon, Thornthwaite e Blaney e Criddle, além da vantagem de estimar valores

diários.

Monteith aperfeiçoou o método de Penman pela introdução da representação de uma

fisiologia vegetal simplificada para representar o controle da evapotranspiração pelas

superfícies (KARAM & FILHO, 2006). Allen et al. (1998) recomendam o método de Penman

Monteith parametrizado para grama, com 12 cm de altura, resistência aerodinâmica da

superfície de 70 s.m-1

e albedo de 0,23, como o método padrão para a estimativa de

evapotranspiração de referência. Após revisão de diversos métodos, chegou-se a conclusão de

que o método de Penamn Monteith é o método com maior probabilidade de estimar

corretamente a evapotranspiração de referência em uma ampla gama de locais e climas e pode

ser aplicado em situações com dados de curto período de tempo.

3.1.4 Evapotranspiração Distribuída

Como explicitado anteriormente, a evapotranspiração pode ser medida através de

equipamentos específicos, como lisímetros, estimada por meio de balanço hídrico ou por

dados metereológicos aplicados a equações. Porém, os métodos mais utilizados necessitam de

diversos dados metereológicos e são limitados, pois estimam valores pontuais de

evapotranspiração, impossibilitando uma análise em escala regional (GIACOMONI &

MENDES, 2008; MENEZES et al., 2007).

Recentemente, o desenvolvimento de técnicas de sensoriamento remoto orbital e os

sistemas de informações geográficas (SIGs) permitiram que diversos fenômenos fossem

representados de forma espacial e podem ser uma alternativa para o cálculo de

evapotranspiração a nível regional (GIACOMONI & Mendes, 2008). Segundo Li e Lyons

(1999), o sensoriamento remoto constitui uma abordagem adequada para estimativa de

evapotranspiração para grandes áreas, por que os satélites de sensoriamento remoto são uma

tecnologia capaz de fornecer parâmetros representativos como as características radiométricas

da superfície, albedo e índices de vegetação consistentes globalmente e de maneira prática e

economicamente viável.

18

Visando uma estimativa de evapotranspiração em escala regional mais representativa,

muitos modelos foram desenvolvidos nas últimas décadas, de caráter empírico, determinístico

e semi-emprírico.

Dentre os métodos empíricos pode-se citar o método residual do balanço de energia,

Water Deficit Index (WDI), etc. Os métodos empíricos apresentam-se simples, no entanto,

necessitam grande esforço metodológico para se tornarem operacionais (FOLHES, 2007).

Os métodos determinísticos baseiam-se nos processos físicos de transporte de massa e

energia acoplados por meio de modelos de interação solo-planta-atmosfera, ou seja, são uma

abordagem determinística, utilizada nos modelos Soil Vegetation Atmosphere Transfer

(SVAT) que estimam evapotranspiração e outros processos, por meio da interação dos

diferentes elementos do sistema vegetal. Estes métodos apresentam as seguintes vantagens em

relação aos métodos empíricos: expressam melhor a realidade física do transporte de energia e

água no sistema e simulam os fluxos de maneira continua. Porém, os modelos determinísticos

freqüentemente necessitam de grande número de parâmetros de entrada e apresentam

complexas interações, implicando em significativas simplificações antes de sua utilização

(FOLHES, 2007).

Os métodos semi-empíricos reproduzem o balanço de energia nas superfícies.

Proporcionam uma fácil operacionalização das estimativas de evapotranspiração, porque

possibilitam a realização de diversas simulações em curto espaço de tempo e, relativamente,

com poucos dados de superfície (FOLHES, 2007).

Atualmente, diversos métodos vêm sendo utilizados, como por exemplo o algoritmo S-

SEBI (Simplified Surface Energy Balance Index), algoritmo SEBAL (Surface Energy Balance

Algorithm for Land) e o METRIC (Mapping Evapotranspiration at high Resolution and with

Internalized Calibration).

3.2 Sensoriamento Remoto

3.2.1 Fundamentos da Observação Remota

Novo (2008) define sensoriamento remoto como o uso conjunto de sensores,

equipamentos para processamento, transmissão de dados colocados a bordo de aeronaves,

espaçonaves, ou outras plataformas, com o objetivo de estudar eventos, fenômenos e

19

processos que ocorrem na superfície terrestre a partir do registro e da análise das interações

entre a radiação eletromagnética e as substâncias que o compõem.

Campbell (1987) conceitua sensoriamento remoto como a ciência que obtém

informações da superfície terrestre à distância, por meio de imagens.

Uma imagem digital é, por conseguinte, um arranjo de elementos (pixels) sob a forma

de malha ou matriz, na qual cada pixel tem sua localização definida em um sistema de

coordenadas e representam a intensidade (brilho) dos materiais da área correspondente ao

pixel por meio de níveis de cinza ou números digitais (CRÓSTA, 1992).

Cabe ressaltar que para o processo de sensoriamento acontecer, é imprescindível que

entre o objeto observado e o sensor, exista algum tipo de interação. A partir disto, pode-se

definir as três principais componentes de qualquer sistema de sensoriamento remoto: o sensor

(por exemplo, um sensor multiespectral a bordo de um satélite), o objeto observado ( o alvo) e

o fluxo energético que possibilita colocar ambos em relação. Para um sensor a bordo de um

satélite em órbita, há três maneiras de se adquirir informações: (1) por reflexão da radiação

solar, (2) por emissão de radiação pelo alvo, ou (3) por emissão-reflexão (sensor emite fluxo

energético e capta posteriormente sua reflexão sobre a superfície terrestre). Em qualquer uma

das três situações, a radiação eletromagnética é o meio pelo qual a informação é transferia do

objeto observado ao sensor (CHUVIECO,2007; NOVO, 2008).

3.2.2 Espectro eletromagnético

O conjunto de ondas eletromagnéticas que compõem o campo de radiação de um

determinado objeto nomeia-se espectro. Para o sensoriamento remoto da superfície terrestre a

principal fonte natural de energia eletromagnética é o sol (LIU, 2006).

Ainda que a sucessão de valores de comprimento de onda seja contínua, comumente

divide-se estes valores em uma séria de bandas, na qual a radiação eletromagnética manifesta

um comportamento similar. A organização destas bandas em comprimentos ou freqüência se

denomina espectro eletromagnético. Portanto, o espectro eletromagnético representa todo o

conjunto de comprimentos de onda conhecidos, que vão desde os comprimentos de onda mais

curtos, como os raios gama até os mais longos, como as ondas de rádio (CHUVIECO, 2007;

NOVO, 2008), conforme pode ser visto na Figura 1.

20

Figura 1. Espectro eletromagnético: principais regiões.

Fonte: Adaptado de NOVO (2008).

Do ponto de vista do sensoriamento remoto, as bandas do espectro visível (luz visível),

do infravermelho próximo, do infravermelho médio, do infravermelho térmico e das

microondas são as mais freqüentemente empregadas na tecnologia atual. Segundo Liu (2006),

Novo (2008) e Chuvieco (2007), isto se deve à atmosfera absorver quase toda a energia

eletromagnética emitida pela radiação solar com comprimentos de onda inferiores a 0,3µm

(raios X, raios gama e ultravioleta) e permitir a penetração de radiação eletromagnética com

comprimentos de ondas maior que 0,3µm até a superfície terrestre.

Para o presente estudo, convém destacar as bandas a serem utilizadas para a realização

do mesmo:

Espectro visível (0,4 a 0,7 µm): tem esta denominação por ser a única

radiação eletromagnética que ao incidir no sistema visual humano, é capaz de

provocar sensação de cor no cérebro e coincide com os comprimentos de onda na qual

a radiação solar é máxima. Podem-se separar três bandas elementares, que, em razão

das cores primárias que nossos olhos percebem, são: azul (0,4 a 0,5 µm), verde (0,5 a

0,6 µm) e vermelho (0,6 a 0,7 µm) (MOREIRA, 2001; CHUVIECO, 2007).

Infravermelho próximo (0,7 a 1,3 µm): faixa espectral muito utilizada pela

capacidade de distinguir massas vegetais e concentrações de umidade (CHUVIECO,

2007).

3.2.3 Características da radiação energética no espectro óptico

Chuvieco (2007) denomina o domínio óptico do espectro como o grupo de

comprimentos de onda diretamente dependentes da energia solar. Para estudos de

21

sensoriamento remoto é importante o entendimento da relação entre o fluxo de energia solar e

a superfície terrestre. A radiação que a Terra recebe pode ser decomposta nos termos,

conforme a seguir:

(1)

em que é o fluxo incidente sobre a superfície, é o fluxo refletido, é o fluxo

transmitido e o absorvido. No entanto, é importante expressar esta equação em formas

relativas:

(2)

Como a relação entre o fluxo refletido, transmitido e absorvido não é constante e é

dependente do comprimento de onda, a Equação 2 torna-se:

(3)

em que é a reflectância (relação entre o fluxo incidente e refletido por uma superfície),

é a absortância (relação entre o fluxo incidente e a parcela absorvida por uma superfície) e

é a transmitância (relação entre o fluxo incidente e o transmitido por uma superfície).

Segundo Liu (2006), a transmitância é o fenômeno em que a radiação incide em um

alvo não sofre atenuação sensível na passagem. A transmitância dos objetos naturais depende

das propriedades dos objetos e das faixas de onda da radiação eletromagnética. Por

exemplo, a água limpa tem alta transmitância de radiação, no entanto, as folhas transmitem

razoavelmente as faixas do infravermelho, mas não na faixa do visível.

Qualitativamente, a reflectância é uma propriedade de um determinado objeto refletir a

radiação eletromagnética sobre ele incidente e é influenciada pela sua rugosidade ou tamanho

das irregularidades da superfície em relação ao comprimento de onda (LIU, 2006).

A intensidade média de fluxo radiante, proveniente de todas as direções, que atinge uma

determinada superfície, é chamada irradiância. Como pode ser medida para cada comprimento

de onda, ou para regiões específicas do espectro eletromagnético recebe a designação Eλ. A

intensidade média do fluxo radiante refletido, originado de todas as intensidades provenientes

de cada um dos infinitos pontos existentes na superfície, é denominada Radiância (L). Pelas

mesmas razões explicitadas para irradiância, também recebe a designação λ, tornando-se Lλ

(PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).Pelo exposto, pode-se concluir que a reflectância

22

representa a relação entre radiância de um alvo pela sua irradiância. Nota-se que a reflectância

expressa as propriedades intrínsecas dos objetos em refletir radiação eletromagnética sobre

eles incidente (PONZONI, 2002). A neve apresenta reflectividade alta e constante, refletindo

a maior parte da energia que recebe, dos diferentes comprimentos de onda. Já a vegetação

possui um comportamento cromático (CHUVIECO, 2007).

A análise conjunta destes três fenômenos, reflectância, absortância e transmitância,

compõem o estudo do comportamento espectral dos alvos. Entretanto, comumente enfatiza-se

a análise da reflectância dos alvos, uma vez que a maioria dos sensores atualmente

disponíveis para o estudo dos recursos naturais utiliza a radiação eletromagnética refletida por

eles (JÚNIOR, 2001).

O gráfico que apresenta a variação da reflectância espectral de um objeto em função do

comprimento de onda é chamado curva de reflectância espectral. A Figura 2 apresenta as

curvas de reflectância espectral médias para as classes vegetação, solo exposto e água.

Figura 2. Curvas de reflectância espectral para diferentes alvos.

Fonte: Novo (2008).

Cada objeto gera sua curva característica no espectro eletromagnético, que é conhecida

como assinatura espectral. Geralmente, um conjunto de valores de energia em certas bandas-

chave em determinado objeto detectado pelos sensores de satélite é utilizado para identificar e

separá-lo de outros objetos (LIU, 2006). Conforme pode ser observado na Figura 2, o solo

exposto é caracterizado pelo contínuo aumento da reflectância com o aumento do

comprimento de onda incidente. Já a água possui um comportamento antagônico, com baixa

reflectância (<10%) para comprimentos de onda de aproximadamente 0,5µm e diminuindo em

23

todo espectro do visível, até praticamente a 0% quando incidido por comprimentos de onda de

0,8 µm. Já a vegetação possui um comportamento cromático, ou seja, tem baixos valores de

reflectância na faixa do visível, altos valores no infravermelho próximo e menores valores na

região do infravermelho médio.

Pela análise de curvas de reflectância, como as apresentadas acima, pode ser prevista a

aparência de alvos em produtos de sensoriamento remoto, como imagens orbitais ou

fotografias aéreas. Esta aparência é mostrada pela tonalidade (clara ou escura) assumida pelos

alvos e, dependendo do tipo de produto, ela ainda pode ser expressa pela cor e pela textura.

Conclui-se, então, que o conhecimento do comportamento espectral dos alvos é fundamental

para a extração de informações a partir de produtos de sensoriamento remoto (JÚNIOR,

2001).

3.2.4 Comportamento Espectral da Vegetação

O estudo da interação entre radiação eletromagnética e vegetação (fenômenos de

reflexão, absorção e transmissão) resulta na caracterização do comportamento espectral da

vegetação, que envolve principalmente o estudo dos fatores influentes na reflexão da radiação

por folhas isoladas e por dosséis de vegetação (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

Apesar de sua importância, este estudo ainda oferece notáveis dificuldades como

conseqüência dos múltiplos fatores que influenciam na radiância final detectada pelo sensor

(CHUVIECO, 2007).

De todos os elementos constituintes da vegetação, a folha é o principal quando se

considera o processo de interação descrito. Para uma melhor compreensão das características

de reflectância da REM incidente sobre uma folha é necessário o conhecimento de seu estado

fenológico (que irá indicar sua composição química, principalmente tipo e quantidade de

pigmentos fotossintetizantes), de sua forma e morfologia interna (distribuição e quantidade de

tecidos, espaços intercelulares, etc) e de seu conteúdo de umidade (PONZONI, 2002;

CHUVIECO, 2007).

Para um melhor entendimento do comportamento espectral da vegetação, a curva de

reflectância característica de uma folha verde sadia é mostrada na Figura 3.

24

Figura 3. Curva de reflectância característica de uma folha verde sadia.

Fonte: Novo (2008).

Os principais aspectos relacionados ao comportamento espectral da folha, em relação a

três regiões espectrais são:

Região do visível (0,4 a 0,7 µm): zona com cerca de 90% de absorção da

radiação, em que os pigmentos existentes nas folhas dominam a reflectância espectral.

Estes pigmentos, geralmente encontrados nos cloroplastos são: clorofila (65%),

carotenos (6%), e xantofilas (29%). A proporção destes pigmentos nas folhas pode

variar grandemente de espécie para espécie. Todos estes pigmentos absorvem na

banda do espectro em torno de 0,445 µm (região do azul), particularmente, a clorofila

absorve a banda do espectro em torno de 0,645 µm (região do vermelho), na região do

espectro em torno de 0,55 µm há uma menor absorção, ocasionando um pico de

refletividade que coincide com a banda do verde do espectro visível e causa a cor que

percebemos como de vegetação vigorosa (LIU, 2006, PONZONI, 2002; CHUVIECO,

2007; PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

Região do infravermelho próximo (0,7 a 1,3 µm): caracterizada por uma

absorção pequena da radiação e considerável espalhamento interno na folha,

ocasionando alta reflectância no intervalo de 0,7 a 1,3 µm. A absorção da água líquida

é geralmente baixa nessa região e a reflectância é aproximadamente constante. A alta

reflectância se deve a estrutura celular interna das folhas, principalmente à camada

esponjosa do mesófilo, que com suas cavidades de ar internas espalha a maior parte da

radiação nesta região. Por isso, a folha sadia tem alta refletância na região do

25

infravermelho próximo, em evidente contraste com a baixa reflectância na faixa do

visível, especialmente na banda do vermelho (PONZONI, 2002; CHUVIECO, 2007).

Região do infravermelho médio (1,3 a 3,2 µm): a absorção devido à água

líquida é evidente, provocando grande redução da reflectância espectral da vegetação.

A água absorve consideravelmente a REM incidente na região espectral compreendida

entre 1300 nm a 2000 nm. Considerando a água líquida, há uma reflectância

geralmente pequena (menor que 10% para um ângulo de incidência de 65o e, menor

que 5%, para um ângulo de incidência de 20o) na região em torno de 2000 nm.

Pontualmente, a absorção da água se dá em 1100 nm; 1450 nm; 1950 nm; 2700 nm e

6300 nm (CHUVIECO, 2007; PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

Considerando o nível de coleta de dados em laboratório comumente são consideradas as

folhas, partes de plantas, das quais são extraídos dados com o objetivo de caracterizar

espectralmente fenômenos e/ou aspectos relacionados ao processo de interação entre a

radiação eletromagnética e a vegetação (PONZONI, 2002). No entanto, o sensor de um

satélite não mede somente folhas isoladas, mas sim agrupamento de folhas, que formam

dosséis (dosséis de florestas, culturas agrícolas, formações vegetais de porte herbáceo, etc).

Isto implica que, além dos fatores que controlam a reflectância das folhas, deve-se considerar

as características morfológicas das plantas: altura, perfil, grau de cobertura do solo, índice de

área foliar (IAF), etc, que provocam uma notável modificação no seu comportamento

reflectivo. Outro grupo de fatores a ser considerado está relacionado com a situação

geográfica das plantas: declividades, orientações, associações com outras espécies, geometria

da plantação, etc (CHUVIECO, 2007; PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

Apesar da complexidade, estes fatores possibilitam orientar estudos científicos de

vegetação a partir de sensores espaciais. Diversos estudos apontam que o contraste mais

nítido na reflectividade espectral na vegetação sadia se constrói entre as bandas do visível e

do infravermelho próximo. O que leva a se considerar, como princípio genérico, que quanto

maior o contraste entre estas duas bandas, maior o vigor da vegetação e mais clara a sua

discriminação frente a outros tipos de alvos. Este comportamento espectral teórico tem

servido de base para obter uma série de índices de vegetação, que tem por base o contraste

entre bandas do infravermelho próximo e do vermelho visível (CHUVIECO, 2007).

3.3 Processamento Digital de Imagens Multiespectrais

26

3.3.1 Calibração de Imagens Multiespectrais para Valores Físicos

A resolução radiométrica de uma imagem de satélite pode ser conceituada como “a

sensibilidade de um detector de sensoriamento remoto a diferenças na potência do sinal à

medida que registra o fluxo radiante refletido, emitido ou retroespalhado pelo terreno”

(JENSEN, 2009). Esta resolução determina o número de níveis de sinal claramente

discriminados pelo sensor. Assim, valores dos pixels em imagens de satélite normalmente

expressam a quantidade de energia radiante recebida do sensor na forma de valores relativos

não calibrados, simplesmente chamados de números digitais (NDs) (EASTMAN, 2006).

Cada sensor possui seu próprio critério para identificar os valores de radiância medidos

na escala de sua resolução radiométrica (8 bits, 16 bits, etc), em suas respectivas bandas

espectrais. Ponzoni & Shimabokuro (2007), afirmam que mesmo as imagens de um respectivo

sensor, em diferentes bandas, não apresentam necessariamente compatibilidade entre os NDs.

Portanto, um valor de ND em duas imagens em diferentes bandas espectrais não está em

mesma escala de cinza. Isso resulta na impossibilidade de comparação entre NDs de distintos

sensores e entre diferentes bandas de um mesmo sensor.

Como solução a este obstáculo, está a conversão dos NDs para valores físicos (de

radiância ou reflectância). A partir do conhecimento de algumas características, tanto do

sensor que gera as imagens, quanto das condições ambientais nas quais as mesmas foram

geradas, pode ser feita esta conversão por meio de algoritmos desenvolvidos para o

processamento das imagens de satélite.

A conversão dos NDs para valores de radiância aparente permite que os dados contidos

nas diferentes bandas espectrais de um mesmo sensor ou de sensores diferentes possam ser

comparados entre si. No entanto, ela passa a não ser um parâmetro mais apropriado para

avaliações das propriedades espectrais de objetos em função de ser um parâmetro

radiométrico condicionado à intensidade de energia radiada pela fonte. Utiliza-se então,

valores de reflectância, representada por fatores de reflectância (Fator de Reflectância

Espectral aparente – FRB aparente).

Markham e Barker, em 1986, propuseram um método para transformação de ND para

FRBaparente. Primeiramente, os NDs são convertidos para valores de Radiância Bidirecional

aparente, usando os parâmetros de calibração do sensor.

Normalmente, os sensores são calibrados de modo que haja uma relação linear entre o

ND e radiância espectral. Esta função linear é normalmente descrita por três parâmetros: o

27

intervalo de valores de ND da imagem, a radiância espectral mínima (Lmin) e a radiância

espectral máxima (Lmax) medidas por um detector sobre o comprimento da banda espectral.

Lmin é a radiância espectral correspondente ao mínimo valor de DN (normalmente 0). Lmax é a

radiância correspondente ao ND máximo (exemplo, 255). Não só cada sensor, mas cada

banda dentro do mesmo sensor tem a sua própria Lmin e Lmax. As informações sobre os

parâmetros de calibração do sensor são normalmente fornecidas com os dados das imagens ou

estão disponíveis na internet (EASTMAN, 2006). A equação abaixo representa a conversão

de ND para Radiância Bidirecional aparente:

(4)

em que é Radiância Bidirecional aparente; é a radiância espectral mínima; é

a radiância espectral máxima, é o número digital máximo (depende da resolução

radiométrica do sensor) e é o número digital a ser convertido.

Alternativamente, a calibração do sensor pode ser expressa sob a forma de offset e

ganho. Neste caso, a radiação pode ser calculada como:

(5)

em que é Radiância Bidirecional aparente; é o número digital a ser convertido;

refere-se a uma quantidade em valores de suficiente para compensar a chamada

corrente escura do detector, ou seja, para compensar a resposta do detector mesmo quando

este não receber qualquer quantidade de radiação incidente e refere-se a um valor de

ganho normalmente ajustado para impedir que o valor medido sature positivamente quando

observa objetos claros, e negativamente quando observa objetos escuros.

Por fim, os valores de Radiância Bidirecional aparente são utilizados para determinação

do Fator de Reflectância Bidirecional aparente (FRB aparente):

(6)

em que é o FRB aparente; é Radiância Bidirecional aparente; é a distância Sol-

Terra em unidades astronômicas; é a irradiância média do sol no topo da atmosfera e

é o ângulo solar zenital.

28

Apesar da conversão de ND para FRB aparente, ainda não é possível a caracterização

espectral de um objeto existente na superfície terrestre, devido aos efeitos da atmosfera

interferir nos valores de FRB aparente. Para que tal caracterização seja possível, é necessária

a eliminação ou minimização dos efeitos da atmosfera sobre os valores de FRB aparente.

A atmosfera pode afetar a natureza das imagens de sensoriamento remoto de várias

maneiras. Em nível molecular, os gases atmosféricos causam a dispersão, que afeta

progressivamente comprimentos de onda mais curtos (o que faz, por exemplo, o céu parecer

azul). Além disso, os principais componentes atmosféricos, como oxigênio, dióxido de

carbono, ozônio e vapor de água (especialmente os dois últimos) causam absorção da energia

em comprimentos de onda selecionados. Partículas de Aerossol (suspensão gasosa de

partículas finas sólidas ou líquidas) são os principais determinantes da neblina, e afetam não-

seletivamente (isto é, afetam igualmente todos os comprimentos de onda) (EASTMAN,

2006).

De maneira prática, Novo (2008) afirma que os efeitos da atmosfera sobre as imagens

de sensoriamento remoto são a redução do contraste entre os objetos de uma dada cena, a

redução da possibilidade de detecção de pequenos objetos dentro de uma cena, ou de distinção

entre objetos que apresentem pequenas variações na intensidade de sinal.

Um método comumente utilizado para se efetuar a correção atmosférica de imagens de

sensoriamento remoto é a Correção Atmosférica pela Subtração do Pixel Escuro (ou Dark

Object Subtraction-DOS), proposto por Chavez, em 1988. É considerado um método de fácil

aplicação, já que dependente somente de dados da própria imagem. A Correção Atmosférica

pelo pixel escuro adota a hipótese de que em toda e qualquer cena e em qualquer banda

espectral existam pixels que deveriam assumir o valor "0" (seja nas imagens originais com

NDs, quanto naquelas já convertidas para FRB aparente). Alguns pixels poderiam assumir

valor “0” devido ao não recebimento de radiação incidente (sombras na região do visível, por

exemplo), ou devido à completa absorção da radiação incidente (como corpos d'agua límpida

nas regiões do infravermelho próximo e médio). Então, são determinados valores de ND ou

de FRB aparente para serem subtraídos de todos os NDs ou FRBs aparentes de toda a cena

(PONZONI & SHIMABOKURO, 2007).

Uma das principais criticas à aplicação desse método para proceder a correção

atmosférica de dados orbitais, além dessa homogeneidade assumida da influência atmosférica

para toda a cena, refere-se ao fato de que a correção considera somente o fenômeno de

espalhamento da atmosfera, desprezando completamente o de absorção.

29

3.3.2 Índices de Vegetação

Novo (2008) expõe que a correção dos efeitos atmosféricos é importante em três casos

específicos: i) quando o usuário quer recuperar/conhecer o valor da refletância, da emitância

ou do retro-espalhamento do alvo estudado, para poder utilizar estes valores em modelos

empíricos ou teóricos; ii) quando o usuário deseja comparar imagens de diferentes datas em

termos das propriedades dos objetos na cena; iii) quando o usuário precisa utilizar algoritmos

que se baseiem em operações aritméticas entre bandas (como a utilização de imagens NDVI).

Segundo Liu (2006), nas aplicações de sensoriamento remoto, cientistas desenvolveram

os índices de vegetação para monitorar e quantificar as condições e distribuições espaciais das

vegetações, usando os dados de refletâncias espectrais da radiação eletromagnética.

Os índices de vegetação são resultados das várias combinações matemáticas das

refletâncias em varias faixas espectrais da radiação eletromagnética, especialmente nas

regiões do visível e do infravermelho próximo (LIU, 2006). A base da proposição desses

índices apóia-se no comportamento antagônico da refletância da vegetação nas regiões

espectrais do visível e do infravermelho próximo: em principio, quanto maior a densidade da

cobertura vegetal em certa área, menor a refletância na faixa do visível (de 0,4 a 0,7μm)

devido à absorção da radiação solar pela ação dos pigmentos fotossintetizantes presentes nas

folhas. Já na faixa do infravermelho próximo (0,725 a 1,10 μm), maior a refletância devido ao

espalhamento múltiplo da radiação eletromagnética nas diferentes camadas de folhas

(PONZONI & SHIMABUKURO, 2007). Basicamente, o objetivo da aplicação dos índices de

vegetação visa condensar as informações espectrais dos alvos e realçar o que é vegetação do

que não é vegetação, avaliar as condições de crescimento das culturas, verificar a ocorrência

de doenças, pragas, secas e geadas, e diversos eventos catastróficos meteorológicos (LIU,

2006).

As aplicações de índices de vegetação no monitoramento e na discriminação de usos do

solo na superfície terrestre têm varias vantagens, como por exemplo:

a) os dados compactos de índices de vegetação são calculados com os dados de

refletâncias das várias faixas espectrais da energia de radiação eletromagnética;

b) os valores relativos compensam a variação de intensidade da radiação;

c) minimizam ou corrigem parcialmente fatores que influenciam os valores de

refletância da vegetação, como os efeitos das variações locais das condições atmosféricas

(efeitos de iluminação da cena) e das variações de ângulo de visada de sensores e ângulos

30

solares (geometria de aquisição), considerando se esses efeitos na variação da refletância

recebida pelos sensores nas bandas que compõem os índices são da mesma magnitude

(PONZONI & SHIMABUKURO, 2007; LIU, 2006).

Índice de Vegetação da Diferença Normalizada

O índice de vegetação da diferença normalizada (Normalized Different Vegetation Index

- NDVI) foi proposto por Rouse et al., em 1973. O NDVI é calculado pela diferença de

refletância entre a faixa de infra-vermelho próximo (NIR) e a do vermelho visível (VIS). Essa

diferença é normalizada pela divisão da soma das faixas de NIR e VIS (LIU, 2006). Neste

índice, é incluída especificamente a região do vermelho, em substituição a de toda região do

visível, devido a maior absorção da radiação eletromagnética pela clorofila para a faixa

espectral do vermelho em relação às demais. Em adição, esta faixa espectral tem a vantagem

de corresponder a de maior comprimento de onda na faixa do visível, pois, quanto menor o

comprimento de onda, maior a interferência da atmosfera. Portanto, privilegia-se a região do

vermelho em detrimento a do azul e a do verde (PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

A equação geral é representada pela Equação abaixo.

(7)

em que NDVI é o índice de vegetação da diferença normalizada; NIR é a refletância da faixa

de infravermelho próximo (0,725 a 1,10 μm); VIS é a refletância da faixa de vermelho visível

(0,63 a 0,7 μm).

Liu (2006) e Shimabukuro et al (2007) explicam que por ser resultado da combinação

de duas bandas, o NDVI encobre parcialmente os efeitos da presença dos constituintes

atmosféricos, minimizando os efeitos da atenuação atmosférica em imagens multi-temporais.

E por causa da normalização, os efeitos das variações de ângulos solares e ângulo de visada

dos sensores também são minimizados.

Pela sua formulação, é nítida a possibilidade de cálculo a partir de dados das regiões do

vermelho e do infravermelho próximo provenientes de qualquer sensor. Em função das

resoluções espectral e radiométrica do sensor utilizado, os valores de NDVI mostrarão

características e dinâmicas próprias, ou seja, é de suma importância observar as características

espectrais e radiométricas do sensor do qual se extrai os dados para o cálculo deste índice

(PONZONI & SHIMABUKURO, 2007).

31

EPIPHANIO et al. (1996) relatam que a relação entre sensoriamento remoto e os

parâmetros biofísicos dos objetos da superfície terrestre pode ser feita através da aplicação de

índices de vegetação.

Dalposso et al. (2009) estudaram o comportamento espectral da biomassa da soja em

36 municípios da região Oeste do Paraná a partir da análise da autocorrelação espacial do

índice NDVI de dados referentes a refletância de superfície das imagens do sensor TM.

Como resultados, obtiveram mapas de NDVI relacionados a índices estatísticos que

possibilitaram a identificação do estádio de desenvolvimento das culturas e podem ser

utilizados para um melhor planejamento do momento de plantio, evitando sobrecargas de

abastecimento.

Schirmbeck et al. (2009), propuseram uma parametrização para aplicação do modelo

Penman-Monteith ajustada ao sensoriamento remoto, para estimativa da evapotranspiração

distribuída na área de ocorrência do Sistema Aqüífero Guarani, no estado do Rio Grande do

Sul. Para tanto, utilizaram imagens NDVI, obtidas a partir de imagens MODIS, para

estimativa da temperatura de superfície (parâmetro de entrada do modelo). Os resultados

obtidos pelos autores demonstraram que o modelo é consistente e possibilita a obtenção da

distribuição espacial da evapotranspiração em grandes áreas com uma reduzida quantidade de

informações de terreno.

3.4 Importância dos Estudos sobre Evapotranspiração e Estudos em Bacias

Hidrográficas

Brutsaert (2005) afirma que em termos de quantidade de água transportada em bacias

globais, a evapotranspiração é o segundo componente mais importante do ciclo hidrológico,

depois de precipitação. A climatologia geral do ciclo hidrológico indica que sobre a superfície

da Terra a quantidade média de evapotranspiração corresponde a, aproximadamente, 60 a

65% da precipitação média.

Mello et al. (2004) verificaram uma porcentagem, em relação ao balanço hídrico anual,

de 51,6% de evapotranspiração para uma bacia hidrográfica com grande parte de sua

superfície ocupada por braquiária (Brachiaria decumbens), com a presença de eucalipto

(Eucaliptus grandi) e vegetação típica de várzea.

Kobiyama & Chaffe (2008) realizaram um estudo para avaliar o balanço hídrico e

analisar a evapotranspiração na bacia do rio Cubatão-Sul, com área de 403,83 km2, no estado

32

de Santa Catarina. Esta bacia é de suma importância para a irrigação e suprimento de água

potável para a Região da Grande Florianópolis. As análises foram realizadas com dados de

uma estação hidrometeorológica referentes ao período de 1977 a 1994 e a evapotranspiração

foi estimada através do modelo hidrológico concentrado HYCYMODEL e dos métodos do

balanço hídrico simplificado, de Hamon, de Penman modificado, de Blaney e Criddle e de

Thornthwaite. Os autores constataram que a evapotranspiração real chega a 44% do balanço

hídrico anual. Ainda explicitam que, além de o cultivo extensivo de terra ter aumentado,

devido ao crescimento populacional, o ambiente vem sendo degradado devido ao mau

planejamento do uso do solo. Por conseguinte, há uma demanda social para as pesquisas de

evapotranspiração em nível de bacia hidrográfica para quantificar a água e os impactos aos

recursos ambientais. Portanto, o estudo realizado por Kobiyama e Chaffe & vem a contribuir

para o estabelecimento de estratégias de manejo dos recursos hídricos e para orientações

relativas ao uso do solo na bacia do rio Cubatão-Sul.

Pineda (2008) realizou um estudo observacional e de modelagem hidrológica na

Reserva Biológica do Rio Cuieiras, 60km a noroeste de Manaus, na micro-bacia do Igarapé

Asu. Para a modelagem hidrológica foram utilizados dois modelos, dentre os quais, o

DHSVM (Distributed Hydrology Soil Vegetation Model), um modelo hidrológico físico-

distribuído. A evapotranspiração simulada pelo DHSVM foi bastante similar à série de

evapotranspiração medida na região, conforme se observa na Tabela 1:

Tabela1. Balanço observado e simulado, em mm, de algumas bacias do estudo.

Bacia 3a Ordem 1

a Ordem

Período Dez/2004 – Out/2006 Mai/2005 – Out/2006

Observado DHSVM Observado DHSVM

Precipitação 3291,00 2845,20

Evapotranspiração 1714,82 19854,26 1543,30 1890,25

Escoamento 2001,30 2222,38 1449,41 624,26

Armazenamento -425,12 885,64 -147,51 330,69

Fonte: adaptado de Pineda (2008).

Assim, observou-se que a estimativa da evapotranspiração chegou a um valor de até

66,4% em relação ao total precipitado. A autora escolheu o uso de modelos distribuídos para

obter uma melhor representação dos processos hidrológicos e do cálculo da evapotranspiração

em modelos de interação superfície vegetada-atmosfera.

Meireles (2007) estimou a evapotranspiração distribuída horária e diária na bacia

hidrográfica do Acaraú, no estado do Ceará. A partir de uma imagem LandSat 5 TM, datada

de 01 de setembro de 2004, foi analisado o comportamento da evapotranspiração nos

33

reservatórios Jaibaras, Paulo Sarasate, Edson Queiroz e Forquilha e na região que abrange o

Perímetro de Irrigação Araras Norte. Para tanto, o autor aplicou o modelo SEBAL (Surface

Energy Balance Algorithm for Land), o qual estima a evapotranspiração distribuída horária e

diária como um residual do balanço de energia, e tem como dados de entrada, além de outros,

imagens NDVI. Os resultados obtidos apontaram as maiores taxas de evaporação nas regiões

de superfície líquida dos açudes, correspondendo a 7,5mm.d-1

, além da influência da

perenização dos cursos de água na umidade do solo das margens, pois percebeu-se em alguns

intervalos da zona ripária valores de NDVI e de evapotranspiração diária semelhantes aos

observados nas áreas irrigadas. O autor ainda evidencia um grande potencial no emprego do

algoritmo SEBAL em estudos de desertificação, alterações na vegetação e uso da terra em

escala de bacias hidrográficas, visto que a identificação de alterações de espécies pode ocorrer

pelo estudo das cartas de evapotranspiração.

Portanto, a partir dos estudos citados, pode-se verificar que informações quantitativas

do processo de evapotranspiração constituem importante fase do ciclo hidrológico e são

utilizadas na resolução de diversos problemas que envolvem o manejo de água. Dentre as

utilidades apresentadas, a evapotranspiração é freqüentemente adotada como a quantidade de

água necessária ao abastecimento no desenho de esquemas de irrigação, ou seja, é utilizada no

planejamento de áreas agrícolas para plantio irrigado e de sequeira e a quantidade e a taxa de

evapotranspiração são as informações requeridas para o projeto de reservatórios de água para

a geração de energia e abastecimento municipal e industrial, irrigação de regiões de

agricultura e até mesmo recreação (BRUTASET, 1992; TUCCI, 2007).

34

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização da Área de Estudo

A área de estudo é constituída pela bacia hidrográfica do Rio Negrinho, com área de

195,09 km2, está localizada no Planalto Norte Catarinense, próximo à divisa com o estado do

Paraná, entre as longitudes 49°19’54”W e 49°31’22”W e as latitudes 26°14’45”S e

26°25’31”S. Esta bacia abrange as cidades de Rio Negrinho, São Bento do Sul e Corupá

(Figura 4).

Figura 4. Localização da bacia hidrográfica do Rio Negrinho.

Brasil

35

A bacia está inserida na Zona Agroecológica 3B. Esta zona é classificada como de

clima Cfb, segundo Köeppen, ou seja, clima temperado constantemente úmido, sem estação

seca, com verão fresco (temperatura média do mês mais quente < 22,0°C). O clima é

mesotérmico brando (temperatura do mês mais frio entre 10 e 15°C), com isoterma do mês

mais frio entre 11,5°C e 13,0°C, ficando inserida, desta forma, na GUP 3 como está

apresentado nas Tabelas 2 e 3 (EPAGRI/CIRAM, 2009).

Tabela 2. Temperatura média, mínima e máxima, precipitação anual e dias de chuva da zona agroecológica

3 (GUP3).

GUP Zona Temperatura (

oC) Precipitação

(mm/ano) Dias de chuva

Média Máxima Mínima

3 B 15,5 a 17,0 26,6 a 24,0 10,8 a 11,8 1360 a 1670 138 a 164

Fonte: EPAGRI/CIRAM (2009)

Tabela 3. Umidade relativa, ocorrência de geadas, horas de frio e insolação da zona agroecológica 3

(GUP3).

GUP Zona

Umidade

Relativa

(%)

Geadas

(ocorrência)

Horas de frio

Abril a outubro Insolação

(horas/ano) <7,2

oC <13,0

oC

3 B 80,0 a 86,2 5,4 a 14,0 437 a 642 1653 a 2231 1413 a 1413

Fonte: EPAGRI/CIRAM (2009)

A temperatura média anual varia de 15,5 a 17,0°C. A temperatura média das máximas

varia de 24,0 a 26,6°C, e das mínimas de 10,8 a 11,8°C. As horas de frio abaixo ou iguais a

7,2°C variam de 437 a 642 horas acumuladas por ano. A insolação total anual varia de 1.413 a

1.613 horas.

A precipitação pluviométrica total anual pode variar de 1.360 a 1.670 mm, com o total

anual de dias de chuva entre 138 e 164 dias. A umidade relativa do ar pode variar de 80,0 a

86,2% (EPAGRI/CIRAM, 2009).

A área de estudo localiza-se na região de predominância da Floresta Ombrófila Mista.

Esta formação é caracterizada por possuir o pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia) como

espécie dominante (Klein, 1978). Este tipo de formação é constituída de submatas composta

por árvores características nas diferentes áreas de ocorrência. Nessa submata predominam a

imbuia (Ocotea porosa) e a Sapopema (Sloanea lasicoma). Já na sinusita das árvores

predomina a erva-mate (Ilex paraguriensis). Essas características imprimem uma fisionomia

própria da mata dos pinhais, pertencente a essa região no Estado Catarinense (Klein, 1978).

36

A paisagem da região está bastante descaracterizada, devido a substituição da floresta

original por áreas de pastagem, cultivos anuais e plantios de Pinus sp, sendo este último, a

formação dominante e que impulsiona o mercado da região. Atualmente, restam pequenos

fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, alguns conectados a corredores ciliares

remanescentes e outros ocorrendo de forma isolada (SANTA CATARINA, 1986).

A cobertura original da região está inserida na transição entre as unidades

fitogeográficas da Floresta Ombrófila Mista (floresta com araucária) e Floresta Ombrófila

Densa (floresta atlântica), ambas pertencentes ao bioma Mata Atlântica (EMBRAPA, 2004).

A Floresta Ombrófila Mista se estabelece, geralmente, em altitudes superiores a 500 m,

onde as chuvas são bem distribuídas ao longo do ano, sem períodos de seca e com

temperatura média anual amena, com quatro a seis meses de frio (temperatura média de 15ºC)

e, com no máximo seis meses quentes (temperatura média de 20ºC). A composição florística é

muito influenciada pelas baixas temperaturas e pela ocorrência de geadas no inverno

(Roderjan et al., 2002; Santa Catarina, 1986; EMBRAPA, 2004).

Na região, atualmente, a cobertura florestal original é composta predominantemente por

formações secundárias, em estágio de regeneração, devido ao corte seletivo de araucária

(Araucaria angustifolia), imbuia (Ocotea porosa) e cedro (Cedrella fissilis) e ao corte raso de

outras espécies, que ocorreram nas décadas de 1960 e 1970.

4.2 Material

Para o processamento e análise dos dados foram utilizados os programas

computacionais Idrisi Andes (EASTMAN, 2006), SPRING (Sistema de Processamento de

Informações Georreferenciadas), versão 5.0.4 e Microsoft Office Excel.

Para coleta dos pontos de controle e, conseqüentemente, para elaboração dos mapas de

uso e cobertura do solo, foi utilizado o Receptor GPS Garmim, modelo Map 76CSx.

No estudo, foram utilizadas imagens do satélite LandSat-TM5, listadas na Tabela 4,

com resolução radiométrica de 8bits (256 níveis de cinza), resolução espectral com três

bandas cobrindo a região do espectro visível (bandas 1, 2 e 3), uma banda cobrindo o

infravermelho próximo - IVP (banda 4), duas bandas cobrindo o infravermelho médio – IVM

(bandas 5 e 7) e data de passagem do satélite a cada 16 dias. Essas imagens foram obtidas

gratuitamente pelo site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE.

http://www.dgi.inpe.br/CDSR.

37

Tabela 4. Imagens LandSat-TM5 utilizadas.

Órbita Ponto Data Resolução

Espacial Dia Mês Ano

220 78 01 02 2009 30m

220 79 01 02 2009 30m

220 78 28 08 2009 30m

220 79 28 08 2009 30m

Os dados meteorológicos foram obtidos de nove estações, sendo três, localizadas no

Estado do Paraná e seis, em Santa Catarina (Tabela 5 e Figura 5). Os dados meteorológicos

utilizados foram: temperaturas média, máxima e mínima do ar, umidade relativa do ar,

velocidade do vento e radiação.

Tabela 5. Caraterísticas das estações meteorológicas.

Estação Latitude Longitude Altitude

(m) Dias de dados utilizados

Respon

-sável

Curitiba A807 25,4486°S 49,2300°W 923,5 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET

Florianópolis

A806 27,600°S 48,6166°W 1,8 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET

Ilha do Mel

A847 25,4945°S 48,3259°W 1,0 01/02/2009 INMET

Indaial A817 26,9164°S 49.2685°W 86,13 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET

Itapoá A851 26,0813°S 48,6417°W 2,0 01/02/2009 INMET

Ituporanga

A863 27,4183°S 49,6467°W 4,84 01/02/2009 INMET

Morretes A873 25,5090°S 48,8087°W 59,0 01/02/2009 e 28/08/2009 INMET

Rio dos Bugres 26,2569°S 49,5305°W 810,0 01/02/2009 e 31/12/2009 UFSC

Rio Negrinho

A862 26°2485°S 49°5806°W 869

01/01/2009 a 20/03/2009 e

21/06/2009 a 22/09/2009 INMET

38

Figura 5. Localização das estações meteorológicas.

39

4.3 Método

4.3.1 Fluxograma Metodológico

A Figura 6 apresenta o fluxograma com o resumo das principais etapas utilizadas para a

geração das imagens NDVI; os métodos de obtenção de ETP pontuais, método de obtenção da

ETP distribuída; comparação entre os métodos.

Figura 6. Fluxograma metodológico.

Áreas de Estudo

Aquisição de Dados

Imagens Multiespectrais

Dados Monitorados

Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica

Imagens NDVI

Método de Penman Modificado

Método de Penman- Monteith

Método de Thornthwaite

Relação NDVI x ETP

Imagens de ETP Distribuída

Aplicabilidade do Método

Comparação

Mapas de Uso e Cobertura do Solo

Análise da Distribuição Espacial da ETP

40

4.3.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais

A calibração radiométrica e a correção dos efeitos atmosféricos foi realizada com o

objetivo de reduzir as distorções acarretadas pela defasagem dos sensores e obter valores

físicos de reflectância dos objetos nas imagens de forma mais fidedigna, para posterior

obtenção do índice de vegetação.

A calibração radiométrica e a correção atmosférica das imagens foram realizadas no

software Idrisi Andes, utilizando-se o modelo Cos(t), propsoto por Chavez (1996) apud

Eastman (2006).

O modelo utiliza as equações propostas por Markham e Barker (1986) apud Eastman

(2006), para a conversão dos NDs para fator de reflectância bidirecional aparente (FRB) e o

método da subtração do pixel escuro para a remoção de névoa.

O Cos(t) requer como dados de entrada: i) a imagem a ser corrigida; ii) dados referentes

ao satélite, como o horário e a data de passagem, o ângulo de visada, a elevação solar, bem

como os valores de offset e gain; iii) o comprimento médio do intervalo espectral da imagem

(banda); iv) o ND do pixel escuro (locais com ausência de reflectância).

As imagens de entrada no modelo correspondem às bandas 3 e 4 do satélite LandSat

TM-5, órbita 220 e ponto 78, data de passagem em 01 de fevereiro de 2009 e 08 de agosto de

2009. A data, o horário e a elevação do sol no momento da passagem do satélite, também

foram obtidos no site do INPE.

O valor médio do intervalo espectral das bandas 3 e 4 foi calculado pela média

aritmética entre o comprimento mínimo e máximo das mesmas (Tabela 6).

Tabela 6. Intervalo espectral das bandas do sensor TM5.

Banda Intervalo Espectral (µm)

1 Azul – Verde 0.45 – 0.52

2 Verde 0.52 – 0.60

3 Vermelho 0.63 – 0.69

4 Infravermelho Próximo 0.76 – 0.90

5 Infravermelho Médio 1.55 – 1.75

6 Infravermelho Termal 10.40 – 12.50

7 Infravermelho Médio 2.08 – 2.35

Fonte: adaptada de INPE (2009).

41

Os NDs utilizados no modelo Cos(t), para subtração do pixel escuro, foram

determinados em regiões de sombreamento de relevo e de águas profundas, para as banda 3 e

4, respectivamente.

Os valores de offset e gain foram determinados segundo Chander et al. (2004).

Tabela 7. Valores de Gain e Offset (B) a aplicados às imagens TM5.

Radiância Espectral, Lmím e Lmáx (w/m2.sr.um)

Data De 01/03/1984 a 04/05/2003 Após 05/05/2003

Banda Lmím Lmáx Gain Offset 1/Gain Lmím Lmáx Gain Offset 1/Gain

1 -1.52 152.10 0.602431 -1.52 1.66 -1.52 193.0 0.762824 -1.52 1.31

2 -2.84 296.81 1.175100 -2.84 0.85 -2.84 365.0 1.442510 -2.84 0.69

3 -1.17 204.30 0.805756 -1.17 1.24 -1.17 264.0 1.103988 -1.17 0.96

4 -1.51 206.20 0.814549 -1.51 .423 -1.51 221.0 0.872588 -1.51 1.15

5 -0.37 27.19 0.108078 -0.37 9.25 -0.37 30.2 0.119882 -0.37 8.34

7 -0.15 14.38 0.056980 -0.15 17.55 -0.15 16.5 0.65294 -0.15 15.32

Fonte: Chander et al., 2004.

O ângulo de visada para todos os satélites Landsat, no modelo Cos(t), é considerado

como zero (0).

A Tabela 8 apresenta os dados de entrada inseridos no modelo Cos(t):

Tabela 8. Parâmetros das imagens LandSat TM5, órbita 220.

4.3.3 Geração das imagens NDVI

Após a calibração radiométrica e atmosférica foram calculados os índices de vegetação,

pelo método da diferença normalizada. Esse método possibilita o realce das imagens por meio

Ponto Data

Hora

(GMT) Banda

Compr. médio

da banda

(µm)

ND Gain Offset

Ângulo

visada

(o)

Ângulo

Elevação do

Sol (o)

078 01/02/2009 12.947 3 0.66 12 0.103988 -0.117 0 54.2286

078 01/02/2009 12.947 4 0.83 07 0.0872588 -0.151 0 54.2286

079 01/02/2009 12.961 3 0.66 10 0.103988 -0.117 0 49.7139

079 01/02/2009 12.961 4 0.83 10 0.0872588 -0.151 0 49.7139

078 28/08/2009 13.014 3 0.66 12 0.103988 -0.117 0 41.7203

078 28/08/2009 13.014 4 0.83 09 0.0872588 -0.151 0 41.7203

079 28/08/2009 13.026 3 0.66 14 0.103988 -0.117 0 60.5475

079 28/08/2009 13.026 4 0.83 08 0.0872588 -0.151 0 60.5475

42

da diferença normalizada entre bandas, condensando as informações espectrais dos objetos e

realçando a vegetação, com o objetivo de minimizar a influência do solo na resposta espectral

da mesma, diminuir a interferência da atmosfera e as variações mensais do ângulo solar

zenital, a partir da Equação:

(8)

onde NDVI é o índice da diferença normalizada; é a banda correspondente ao intevalo do

comprimento de onda do vermelho; é a banda correspondente ao intervalo do

comprimento infravermelho próximo do sensor TM (0,76 - 0,90 µm).

4.3.4 Método de Thornthwaite

O método de Thornthwaite estima a evapotranspiração potencial mensal, considerando

como padrão 30 dias em um mês e doze horas de insolação diária. Este método foi aplicado

utilizando os dados da estação de Rio Negrinho A862, para três períodos no verão e no

inverno de 2009.

O método de Thornthwaite requer como dados de entrada a temperatura média de cada

mês, conforme Equação:

(9)

em que ETP é a evapotranspiração potencial (mm/mês); Ti é a temperatura média mensal do

mês i (oC); I é o índice de calor da região; a é o coeficiente, também relacionado à

temperatura.

O índice de calor foi calculado pela Equação:

(10)

em que I é o índice de calor da região e Ti é a temperatura média mensal do mês i (oC).

Já o coeficiente a foi estimado segundo:

(11)

a

I

TiETP

1016

12

1

514,1

5i

TiI

49239,0107912,11071,71075,6 22537 IIIa

43

Em que, a é o coeficiente e I é o índice de calor da região.

Por fim, realizou-se a correção da ETP para cada mês, em função do número total de

dias e horas de insolação diária:

(12)

em que, ETPcorrigida é a evapotranspiração potencial ajustada (mm/mês); ETP é a

evapotranspiração potencial calculada previamente (mm/mês); N é o fotoperíodo médio

mensal, (normalmente assume-se que o 15º dia representa a média mensal); ND é o número

de dias respectivo mês.

A insolação média mensal (N) foi obtida para cada mês a partir da Tabela 9 (Anexo).

A Tabela 10 mostra os dados utilizados para o cálculo de I:

Tabela 10. Temperatura média mensal da estação de Rio Negrinho, para o ano de 2009.

Mês Temperatura média (oC)

Janeiro 19.26

Fevereiro 20.54

Março 20.4

Abril 17.69

Maio 15.06

Junho 11.25

Julho 11.75

Agosto 14.06

Setembro 15.41

Outubro 16.35

Novembro 21.08

Dezembro 20.44

4.3.5 Método de Penman-Monteith

O método de Penman-Monteith estimou a evapotranspiração potencial em escala diária

e foi aplicado utilizando os dados da estação de Rio Negrinho, para os dias de verão (01 de

janeiro a 20 de março) e inverno (21 de junho a 22 de setembro) do ano de 2009.

A seguinte Equação apresenta a equação de Penman-Monteith:

(13)

em que é a evapotranspiração de referência (mm.d-1

); é a radiação líquida (MJ/m2

d-

1); é o fluxo de calor no solo (MJ/m

2 d

-1); é a temperatura média do ar (ºC); é a

3012

NDNETPETPcorrigido

44

velocidade média do vento a 2 m de altura (m/s); é o déficit de pressão de vapor

(kPa); é a curva de pressão de vapor (kPa/ºC); é a constante psicrométrica, que possui

valor de 0,063 kPa/ºC e é um fator de conversão.

4.3.6 Método de Penman Modificado

O método de Penman Modificado estima a evapotranspiração diária e requer como

dados de entrada: temperatura média diária, velocidade média do vento, umidade relativa do

ar média, radiação solar média e insolação.

Este método foi aplicado em duas etapas: i) aplicação visando à obtenção de valores de

ETP para serem relacionados com valores de NDVI, por meio de regressão linear; ii)

aplicação objetivando a comparação de seus resultados com o método aplicado, juntamente

com os métodos de Penman-Monteith e Thornthwaite.

A utilização de dados estimados por este método, para relação com NDVI, justifica-se

pelo fato de ter sido apontado como um bom método de estimativa de ETP para a região que

compreende o Planalto Norte Catarinense e o Primeiro Planalto Paranaense (VESTENA &

KOBIYAMA, 2004, 2007; FILL et al., 2005; MULLER, 1995).

Na primeira etapa, foram calculadas as ETPs com dados de nove estações

meteorológicas, para o dia 01 de fevereiro e de seis estações para o dia 28 de agosto de 2009,

mesmas datas das imagens adquiridas do satélite LandSat-TM5 (Tabela 11).

Tabela 11. Estações meteorológicas dias de dados utilizados.

Estação Dias de dados utilizados

Ilha do Mel A847 01/02/2009

Itapoá A851 01/02/2009

Ituporanga A863 01/02/2009

Curitiba A807 01/02/2009 e 28/08/2009

Florianópolis A806 01/02/2009 e 28/08/2009

Indaial A817 01/02/2009 e 28/08/2009

Morretes A873 01/02/2009 e 28/08/2009

Rio do Bugres 01/02/2009 e 28/08/2009

Rio Negrinho A862 01/02/2009 e 28/08/2009

45

Na segunda etapa, foi calculada a ETP com dados da estação de Rio Negrinho, para os

dias de verão (01 de janeiro a 20 de março) e inverno (21 de junho a 22 de setembro) do ano

de 2009.

A equação de Penman Modificado é descrita a seguir:

(14)

em que é a evapotranspiração potencial (mm.d-1

); é o fator de correção da fórmula

(adimensional) para compensar o efeito do dia e da noite nas condições climáticas, relaciona a

radiação solar, a umidade relativa máxima e a velocidade do vento diária e noturna; é o

fator de ponderação relacionado com a temperatura e altitude (adimensional); é a radiação

líquida (mm.d-1

); é a função relacionada ao vento (adimensional) e é a diferença

entre a pressão de saturação do vapor d’água ( e a pressão de saturação real do vapor no ar

( (mbar).

O fator de ponderação ( ) foi obtido pela Tabela 12 (Anexo).

A radiação solar líquida foi estimada segundo:

(15)

em que é a radiação solar líquida (mm.d-1

); é a radiação solar líquida de ondas curtas

(mm.d-1

) e é a radiação solar de ondas longas (mm.d-1

).

Já a radiação solar líquida de ondas curtas foi calculada conforme:

(16)

em que é a radiação solar líquida de ondas curtas (mm.d-1

); é o albedo da superfície

(adimensional) (adotado valor 0,25, em função da Tabela 13, Anexo); e são coeficientes

de Angstron (adimensionais) (adotados valores de 0,25 e 0,50, respectivamente), é o

número de horas de insolação (horas/dia), é o número máximo de horas de insolação

(horas/dia) (Tabela 8, Anexo) e é radiação solar extraterrestre (mm.d-1

) (Tabela 14,

Anexo).

A radiação solar de ondas longas foi calculada segundo Equação abaixo:

(17)

46

Em que é a radiação solar líquida de ondas longas (mm.d-1

); é a função da

temperatura do ar; é a função da pressão real de vapor e é a função da relação

n/N.

A partir da Equação descrita, foi calculada a função da temperatura do ar:

(18)

em que, é a função da temperatura do ar; é a constante de Sefan-Boltzmann (4,903*10-

3 Mj/m

2dK

-4); é a temperatura máxima diária (K) e é a temperatura mínima diária (K).

A equação que representa a função da pressão real de vapor é indicada por:

(19)

em que, é a função da pressão real de vapor e é a pressão de saturação real do

vapor no ar (mbar).

Já a função da relação n/N é indicada abaixo:

+0,1 (20)

em que é a função da relação n/N; é o número de horas de insolação (horas/dia) e é

o número máximo de horas de insolação (horas/dia) (Tabela 9, Anexo).

A função relacionada ao vento é representada a seguir:

(21)

em que, é a função relacionada ao vento (adimensional) e é a velocidade média diária

do vento, obtida a 2 metros acima da superfície (km/dia).

Como as estações meteorológicas fornecem a velocidade a 10 metros de altura da

superfície, foi então, feita a conversão de para :

(22)

47

em que, é a velocidade média diária do vento, obtida a 2 metros acima da superfície

(km/dia); é a velocidade média diária do vento, obtida a 10 metros acima da superfície

(km/dia); é a altura de 2 metros acima da superfície e é a altura de 10 metros acima da

superfície.

foi calculado a partir da Equação:

(23)

em que é a pressão de saturação do vapor d’água (mbar) (obtida através da Tabela 15,

Anexo) e é a umidade relativa do ar média (%).

4.3.7 Relação entre os dados NDVI e ETP

A relação entre os dados de NDVI e ETP foi realizada por meio de regressão linear

simples, gerando uma equação para a data de 01 de fevereiro de 2009 e outra para 28 de

agosto de 2009.

Os dados de ETP utilizados nas regressões lineares correspondem aos calculados pelo

método de Penman Modificado para as estações meteorológicas. Já os dados de NDVI foram

adquiridos pela identificação do valor do NDVI para o pixel com as mesmas coordenadas das

estações. Cabe ressaltar que, para a data de 01 de fevereiro, foram utilizados os dados das

nove estações, no entanto, para 28 de agosto, foram utilizados os dados de seis estações,

devido à impossibilidade de adquirir dados de NDVI para as mesmas coordenadas das três

estações, pela presença de nuvens. Além destes dados, ainda foi adotada a hipótese de que,

quando o NDVI tem seu valor mínimo (-1,0), não há ETP (ETP = 0).

Por meio do software Microsoft Office Excel foi criado o diagrama de dispersão para as

duas datas. Aplicando o método dos mínimos quadrados foi encontrada a linha e a equação de

regressão para a qual é mínima a soma dos quadrados dos desvios entre os valores observados

e estimados da variável dependente (ETP), para os dados amostrais.

Neste estudo, a Equação 24 mostra a relação entre NDVI e ETP:

(24)

Em que, é a evapotranspiração potencial (mm.d-1

); e são os coeficientes a

serem estimados pelo método dos mínimos quadrados (coeficiente linear e angular,

48

respectivamente) e é o valor do índice de vegetação da diferença normalizada

(adimensional).

4.3.8 Geração das Imagens de ETP Distribuída

Determinados os coeficientes e da Equação 30, foram gerados mapas de ETP

distribuída por meio do software Idrisi Andes, que dispõe de ferramenta para a inserção da

equação de regressão, tendo como variável independente as imagens NDVI. Desta maneira,

para cada pixel das imagens NDVI foi calculado o respectivo valor de ETP, gerando, então, as

imagens de ETP distribuída.

4.3.9 Geração dos Mapas de Uso e Cobertura do Solo

Para elaboração dos mapas de uso e cobertura do solo foram utilizados recortes das

imagens LandSat TM5, órbita 220, ponto 78, datadas de 01/02/2009 e 28/08/2009, que

abrangem a região da bacia do Rio Neginho (Figura 7).

Figura 7. Imagens LandSat-TM5 de 01/02/2009 (à esquerda) e 28/08/2009 (à direita), em composição

RGB-321, da área de abrangência da bacia do rio Negrinho.

49

O processamento destas imagens foi realizado no software SPRING 5.0.4, por meio do

método de segmentação por crescimento de regiões e posterior classificação supervisionada.

A segmentação é um processo que segmenta a imagem digital em regiões (áreas)

espectralmente homogêneas, sendo algumas dessas áreas utilizadas posteriormente pelo

classificador (INPE, 2009).

Para a execução da segmentação por crescimento de regiões foi necessária a definição

do limiar de similaridade (baseado em um teste de hipótese estatístico que testa a média entre

os pixels e os agrupa em função de sua semelhança espectral) e da área mínima para a

formação de um segmento. O valor do limiar de similaridade utilizado foi 12 e de área 30

pixels.

Após a etapa de segmentação das imagens, foi realizada a coleta das amostras de

treinamento, em função das cinco classes de uso e ocupação do solo estabelecidas:

i) reflorestamento: áreas com reflorestamento de pinus;

ii) vegetação nativa: áreas com Floresta Ombrofila Mista, em diferentes estádios de

desenvolvimento e de regeneração;

iii) agricultura: áreas com diferentes tipos de culturas anuais cultivadas na região.

iv) solo Exposto áreas de solo exposto em época de preparo para o plantio e estradas.

v) área urbana: área urbana das cidades de São Bento do Sul e Rio Negrinho.

A partir das amostras suficientemente representativas de cada classe e das respectivas

bandas das imagens, foi realizado procedimento de classificação, segundo o método de

Battacharya, com limiar de aceitação de 99%.

Terminada a classificação supervisionada, foram realizadas edições nas imagens

classificadas por meio de interpretação visual considerando critérios como, textura, cor,

padrão, forma e localização. Além desses critérios, foi levado em consideração o

conhecimento da área, adquirido nos trabalhos de campo, para auxiliar no enquadramento das

classes de uso e do solo. No trabalho de reconhecimento da área em campo foram levantados

vários pontos com GPS de navegação, referentes a cada classe de uso, para auxiliar o processo

de classificação e de conferência do mapa final.

Por fim, foi executado o mapeamento para classes, que permitiu a transformação das

imagens classificadas para mapa temático matricial, ou seja, o mapa de uso e cobertura do

solo da bacia do rio Negrinho.

50

4.3.10 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP

Para avaliar o desempenho do método aplicado, foram feitas comparações entre os

valores de ETP diária e mensal com os métodos de Penam Modificado, Penman-Monteith e

Thornthwaite aplicados com os dados da estação Rio Negrinho A862. A utilização do método

de Penman Modificado justifica-se pelo fato de ter sido aplicado em estudos e ter sido

apontado como um bom método de estimativa de ETP para a região que compreende o

Planalto Norte Catarinense e o Primeiro Planalto Paranaense (VESTENA & KOBIYAMA,

2004, 2007; FILL et al., 2005; MULLER, 1995). Já o método de Penman Monteith, foi

escolhido em função de ser comumente utilizado e por ser o método padrão, indicado pela

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO - Food and

Agriculture Organization of the United Nations) (ALLEN et al., 1998). A utilização do

método de Thornthwaite justifica-se devido sua criação especificamente para bacias

hidrográficas e por utilizar apenas um parâmetro como variável independente.

Visto que as imagens utilizadas para relação entre os dados NDVI e ETP foram obtidas

em 01 de fevereiro e 28 de agosto, considerou-se que as equações de regressão são

representativas somente para as estações correspondentes a estas datas. Desta maneira, a

equação de regressão obtida para 01 de fevereiro, somente é representativa para os dias de

verão (de 01 de janeiro a 20 de março) e a obtida para 28 de agosto, para os dias de inverno de

2009 (21 de junho a 22 de setembro).

51

5. RESULTADOS

5.1 Uso e Cobertura do Solo

Analisando as Figuras 8 e 9, verifica-se que a cobertura predominante na bacia do Rio

Negrinho é a mata nativa, composta por floresta Ombrófila Mista em seus estágios de

regeneração. Conforme pode ser observado na Tabela 16, o reflorestamento possui a segunda

maior área de cobertura (17,70% em 01/02/2009 e 19,01% em 28/08/2009), evidenciando a

importância/magnitude das atividades de reflorestamento para a região. Pode-se observar,

também, um aumento de aproximadamente 8% da área de solo exposto para a data de 28/08,

em comparação a 01/02. Isto se justifica pelo fato de a imagem da segunda data ter sido

obtida em época de colheita das culturas. No entanto, as áreas de agricultura permaneceram

praticamente constantes nas duas imagens (fato que pode ter ocorrido pela não distinção deste

uso pelo classificador, e seu enquadramento como mata nativa – o que justificaria o aumento

de aproximadamente 7,5% para mata nativa). As áreas urbanas representam parte das cidades

de Rio Negrinho e São Bento do Sul e, provavelmente, em função da resolução espacial das

imagens utilizadas não possibilitar uma distinção apurada dos alvos e devido ao classificador

utilizado, houve uma diferença de 3,12km2 (sendo na realidade é improvável) nas áreas

urbanas nos dias 02 de fevereiro e 28 de agosto.

Tabela 16. Uso e cobertura do solo da bacia do Rio Negrinho.

Data 02 de fevereiro de 2009 28 de agosto de 2009

Classe (km2) (%) Classe (km

2) (%)

Reflorestamento 34,524 17,70 Reflorestamento 37,089 19,01

Mata Nativa 124,302 63,71 Mata Nativa 109,770 56,26

Agricultura 18,885 9,68 Agricultura 18,649 9,56

Solo Exposto 6,403 3,28 Solo Exposto 21,722 11,14

Área Urbana 10,981 5,63 Área Urbana 7,865 4,03

52

Figura 8. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 01/02/2009.

53

Figura 9. Mapa de uso e cobertura do solo da bacia do rio Negrinho em 28/08/2009.

54

5.2 Calibração Radiométrica e Correção Atmosférica das Imagens Multiespectrais

Para as duas imagens LandSat TM5, órbita 220 e ponto 78, foram selecionadas áreas de

reflorestamento, agricultura e urbanas para análise dos valores médios de reflectância de

superfície dos pixels, como mostra a Tabela 17.

Tabela 17. Valores médios de reflectância de superfície dos diferentes usos do solo das imagens LandSat –

TM5, órbita 220 e ponto 78.

Data da Imagem Banda Reflectância

Urbana Reflorestamento Agricultura

01/02/2009 3 0,1048553 0,0146633 0,0213584

01/02/2009 4 0,2684202 0,2599674 0,4878405

28/08/2009 3 0,1112958 0,0169664 0,0463236

28/08/2009 4 0,2464923 0,2828465 0,5152444

A calibração radiométrica e a correção atmosférica, realizadas no modelo Cos(t)

apresentaram resultados satisfatórios. Observando a Tabela 17 verifica-se que a reflectância

para as áreas de agricultura está de acordo com os obtidos por Mercante et al. (2009). Os

autores analisaram as mudanças no comportamento espectral de uma cultura da soja,

localizada próxima ao município de Cascavel-PR por meio de imagens do satélite LandSat-

TM5. Após realizarem a calibração radiométrica e a correção atmosférica, constataram uma

variação no valor da reflectância da cultura, para a banda 3, de aproximadamente 0,025 a

0,085, e, para a banda 4, de 0,29 a 0,60, ambas para o período do início do desenvolvimento

da cultura (23/11/2004) até o pico vegetativo (26/01/2005). Portanto, os valores de 0,0213584

e 0,0463236 obtidos para áreas de cultivo agrícola, neste estudo, estão próximos com o

intervalo obtido por Mercante et al. (2009).

Ponzoni & Rezende (2004), objetivando avaliar o potencial e as limitações do uso de

dados radiométricos de imagens LandSat-TM5 na caracterização espectral de vegetação

secundária arbórea da região de Altamira - PA, a partir do estabelecimento de correlações

entre parâmetros biofísicos coletados em campo e dados radiométricos extraídos de imagens

orbitais TM/Landsat, encontraram valores de reflectância espectral de aproximadamente 0,27

e 0,04 para as bandas 4 e 3, respectivamente.

Roberts (1991) apud Pereira, Batista & Roberts (1996) determinaram a resposta

espectral de diferentes coberturas vegetais, para imagens LandSat-TM5, dentre elas, áreas de

floresta. Como resposta espectral para floresta, para a banda 4, obtiveram um valor de

55

reflectância próximo a 0,27. Neste estudo, os valores de reflectância das áreas de

reflorestamento (0,2599674 e 0,2828465 para a banda 4) são satisfatórios, visto a proximidade

destes com os estimados pelos autores.

5.3 Imagens NDVI

Após a calibração radiométrica e a correção atmosférica foram geradas imagens de

índice de vegetação, pelo método da diferença normalizada (NDVI).

Com o objetivo de avaliar posteriormente a ETP distribuída para a bacia do rio

Negrinho, foi feito um corte nas imagens (Figuras 10 e 11) onde o NDVI variou entre -1 e 1.

Observando as Figuras 13 e 14 constata-se que a imagem NDVI destaca a vegetação em

relação aos demais elementos, como áreas urbanas, solo exposto e corpos hídricos. Os tons de

verde indicam áreas cobertas de vegetação. Sendo que as zonas em verde escuro representam

regiões de vegetação densa, como florestas, onde os valores de NDVI estão próximos de 1. As

zonas urbanas, o solo exposto e os plantios recentes estão representados em tons mais

amarelados, com NDVI variando de 0 a -1.

Analisando as imagens obtidas em 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009, verifica-se

que na última, foi observada uma área maior com NDVI negativo, em virtude do solo exposto

devido à colheita em áreas de cultivo.

Na bacia em estudo não foi detectada a presença de corpos d’água de magnitude

suficiente a serem evidenciados nas imagens NDVI, uma vez que as imagens apresentam uma

resolução de 30x30m.

56

Figura 10. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 01 de fevereiro de 2009.

57

Figura 11. Imagem NDVI da bacia do rio Negrinho para 28 de agosto de 2009.

58

5.4 Estimativa de ETP Pontual

Método de Penman Modificado

Os valores de ETP obtidos pelo método de Penman Modificado, visando a relação com

valores de NDVI, são mostrados na Tabela 18. Observa-se que, no dia 01 de fevereiro, a ETP

apresentou valores mais elevados para as estações de Florianópolis e Ilha do Mel (5,35 e

6,01mm.d-1

, respectivamente). Já os valores menos elevados de ETP foram registrados nas

estações de Rio dos Bugres e Rio Negrinho tanto para o dia 01 de fevereiro (4,15 e 3,95mm.d-

1, respectivamente), quanto para o dia 28 de agosto de 2009 (2,65 e 2,90mm.d

-1).

Tabela 18. ETP obtida das estações meteorológicas.

ETP para o dia 01 de fevereiro de 2009 ETP para o dia 28 de agosto de 2009

Estação ETP (mm.d-1

) Estação ETP (mm.d-1

)

Curitiba A807 4,66 Curitiba A807 3,34

Florianópolis A806 5,35 Florianópolis A806 3,41

Ilha do Mel A847 6,01 Indaial A817 3,60

Indaial A817 4,98 Morretes A873 3,21

Itaopá A851 4,89 Rio dos Bugres 2,65

Ituporanga A863 4,60 Rio Negrinho A862 2,90

Morretes A873 4,99

Rio dos Bugres 4,15

Rio Negrinho A862 3,95

Os valores de ETP obtidos através dos dados da estação de Rio Negrinho, para os dias

de verão e inverno do ano de 2009 (01 de janeiro a 20 de março e 21 de junho a 22 de

setembro), objetivando posterior comparação com os resultados do método aplicado, são

apresentados nas Figuras 12 e 13.

59

Figura 12. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de verão de 2009.

Figuras 13. ETP obtida pelo método de Penman Modificado, para os dias de inverno de 2009.

A partir das Figuras 12 e 13, verifica-se a influência das estações no comportamento da

ETP. Para os dias de verão, cujas temperaturas diárias são mais elevadas, observa-se valores

de ETP mais elevados do que para os dias de inverno. Nos dias de 01 de janeiro a 20 de março

de 2009, obteve-se a máxima ETP de 4,90mm em 30 de janeiro, mínima de 3,44mm em 05 de

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3 19/3

ETP

(m

m/d

ia)

Data

ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

21/6 28/6 5/7 12/7 19/7 26/7 2/8 9/8 16/8 23/8 30/8 6/9 13/9 20/9

ETP

(m

m/d

ia)

Data

ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009

60

janeiro e uma média de 4,00mm.d-1

. Nos dias de 21 de junho a 22 de setembro de 2009,

observou-se uma ETP máxima de 3,97mm em 02 de setembro, mínima de 2,24mm em 31 de

julho e uma média de 2,94mm.d-1

.

Método de Penman Monteith

Os valores de ETP obtidos pelo método de Penman-Monteith, a partir dos dados da

estação de Rio Negrinho, para os dias de verão e inverno do ano de 2009 (01 de janeiro a 20

de março e 21 de junho a 22 de setembro), objetivando posterior comparação com os

resultados do método aplicado, são apresentados nas Figuras 14 e 15.

Figura 14. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de verão de 2009.

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3 19/3

ETP

(m

m/d

ia)

Data

ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009

61

Figura 15. ETP obtida pelo método de Penman Monteith, para os dias de inverno de 2009.

A partir das Figuras 14 e 15, também pode-se verificar a influência das estações no

comportamento da ETP. Para os dias de 01 de janeiro a 20 de março de 2009, observou-se a

máxima ETP de 6,00mm em 31 de janeiro, mínima de 3,70mm em 19 de março e uma média

de 4,79mm.d-1

. Para os dias de 21 de junho a 22 de setembro de 2009, observou-se uma ETP

máxima de 4,10mm em 02 de setembro, mínima de 1,30mm em 06 de julho e uma média de

2,31mm.d-1

.

Método de Thornthwaite

O método de Thornthwaite estimou a ETP em escala mensal, utilizando-se os dados da

estação de Rio Negrinho A862. Os resultados são apresentados na Tabela 19.

Tabela 19. ETP obtida pelo método de Thornthwaite.

Data ETP (mm)

01/01/09 a 21/01/09 60,72

22/01/09 a 21/02/09 98,22

22/02/09 a 20/03/09 89,87

21/06/09 a 20/07/09 41,68

21/07/09 a 20/08/09 42,07

21/08/09 a 22/09/09 59,39

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

21/6 28/6 5/7 12/7 19/7 26/7 2/8 9/8 16/8 23/8 30/8 6/9 13/9 20/9

ETP

(m

m/d

ia)

Data

ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009

62

Os dados apresentados na Tabela 19 indicam uma maior ETP para os períodos

referentes à estação verão, com máxima ETP de 98,22mm para os dias de 22 de janeiro a 21

de fevereiro. O valor de 60,72mm (sensivelmente inferior a ETP dos demais períodos da

estação verão) pode ser explicado pelo fato de abranger 21 dias, enquanto a mínima ETP foi

obtida para os dias de 21 de junho a 20 de julho, com valor de 42,07mm.

5.5 Relação entre os dados NDVI e ETP

A partir da análise de regressão entre os dados de ETP das estações e de NDVI, dos

pixels de localização geográfica idêntica a das estações meteorológicas, (Tabelas 20 e 21)

obtiveram-se os diagramas de dispersão para os dias de 01 de fevereiro e 28 de agosto de

2009, conforme mostram as Figuras 16 e 17.

Tabela 20. Dados de NDVI e ETP, para o dia 01 de fevereiro de 2009.

Estação NDVI ETP (mm.d-1

)

Rio Negrinho A862 0,587035 3,945

Itaopá A851 0,776037 4,889

Indaial A817 0,906801 4,976

Ituporanga A863 0,84667 4,598

Florianópolis A806 0,84359 5,345

Curitiba A807 0,770952 4,657

Morretes A873 0,888212 4,989

Ilha do Mel A847 0,910759 6,012

Rio dos Bugres 0,757434 4,145

63

Figura 16. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 01/02/2009.

Tabela 21. Dados de NDVI e ETP, para o dia 28 de agosto de 2009.

Estação NDVI ETP (mm.d-1

)

Rio Negrinho A862 0,55113 2,902

Indaial A817 0,631533 3,602

Florianópolis A806 0,692394 3,410

Curitiba A807 0,417897 3,343

Morretes A873 0,893864 3,212

Rio dos Bugres 0,408139 2,646

y = 2.7302x + 2.6389R² = 0.9364

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

5.5

6

6.5

-1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

ETP

(m

m/d

ia)

NDVI

NDVI x ETP

64

Figura 17. Regressão linear entre valores de NDVI e ETP, para o dia 28/08/2009.

Após obtidos os diagramas de dispersão, foi estabelecida a equação de regressão por

meio do método dos mínimos quadrados (apresentadas nas Figuras 19 e 20), no software

Microsoft Office Excel.

Portanto, a relação entre NDVI e ETP, utilizando os dados de 01/02/2009, pode ser

expressa pela Equação:

(25)

onde é a evapotranspiração potencial (mm.d-1

) e é o índice de vegetação da

diferença normalizada (adimensional).

E a relação entre NDVI e ETP, utilizando os dados de 28/08/2009, pode ser expressa

pela Equação 32:

(26)

A partir dos valores obtidos do coeficiente de determinação (0,9364 e 0,9193), pode-se

observar que existe uma alta relação entre as variáveis, ETP e NDVI, justificando, então, o

uso das imagens NDVI para estimativa da ETP distribuída.

y = 1.9054x + 2.0244R² = 0.9193

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

-1.2 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

ETP

(m

m/d

ia)

NDVI

NDVI x ETP

65

5.6 Mapas de ETP Distribuída

Na Figura 18, está representada a imagem de ETP para o dia 01 de fevereiro de 2009,

para a bacia do rio Negrinho. De maneira geral, as tonalidades verde claro e amarelo

representam valores de inferiores a 3,5mm.d-1

e que correspondem à parte das áreas urbanas e

de solo exposto. Constata-se que 52% das zonas urbanas compreendem ETP entre 3,55 e

4,53mm.d-1

e 97% das áreas de solo exposto possuem ETP entre 4,05 e 4,77. As tonalidades

de azul representam a ETP superior a 3,7mm.d-1

e correspondem às áreas cobertas por

vegetação (cultivos agrícolas, pastagens e florestas). Verifica-se, também, que 97% das áreas

de agricultura possuem ETP entre 4,58 e 5,21 mm.d-1

, 98% das áreas de mata nativa possuem

ETP entre 4,34 e 5,21 mm.d-1

e 92% das regiões com reflorestamento, com ETP entre 4,89 e

5,29 mm.d-1

. A média de ETP para toda a bacia foi de 4,94mm.d-1

, sendo fortemente

influenciado pela presença de vegetação (principalmente floresta), que representa 81,41% da

cobertura total da bacia do rio Negrinho.

A Figura 19 apresenta a imagem de ETP para o dia 28 de agosto de 2009, para a bacia

do rio Negrinho. As áreas com tonalidade verde claro e amarelo representam ETP com

valores inferiores a 3,04mm.d-1

e correspondem e ao solo exposto à zona urbana. Observa-se

uma porcentagem de 76% de ETP entre 2,57 e 3,3mm.d-1

para as áreas urbanas e 95% da ETP

entre 2,53 e 3,59mm.d-1

para as regiões de solo exposto. Igualmente à Figura 18, os pixels em

tons de azul também correspondem às áreas cobertas por vegetação e, neste caso, representam

a ETP superior a 3,36mm.d-1

. Verifica-se que 86% das áreas de agricultura apresentam ETP

entre 3,13 e 3,59mm.d-1

, 94% das regiões de mata nativa possuem ETP entre 3,17 e 3,79

mm.d-1

e 92% das áreas com reflorestamento, com ETP entre 3,29 e 3,85 mm.d-1

. Para o dia

28 de agosto de 2009, o valor médio de ETP para toda a bacia foi de 3,46mm.d-1

.

66

Figura 18. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 01/02/2009.

67

Figura 19. Mapa de ETP distribuída da bacia do rio Negrinho, em 28/08/2009.

68

A Tabela 22 expressa a ETP com base nos diferentes usos e coberturas do solo, para os

dias 01 de fevereiro e 28 de agosto de 2009. Verifica-se que os valores médios de ETP não

variam significativamente em relação à sua mediana. Isto indica que a média de ETP é

representativa para toda a bacia. Foi constatado que as áreas de reflorestamento e mata nativa

possuem um comportamento médio de ETP mais elevados que as demais classes. Observa-se,

também, que a ETP média para as áreas urbanas pode ter sido superestimada, visto que as

cidades de Rio Negrinho e São Bento do Sul se enquadram em zona rural (com vegetação em

meio à área urbana) e que, visualmente, a área urbana, no mapa de uso e cobertura do solo, foi

sobreestimada, em função da resolução da imagem (30x30m).

Tabela 22. ETP em função dos diferentes usos e cobertura do solo.

Data 01 de fevereiro de 2009 28 de agosto de 2009

Uso e ocupação ETP média

(mm.d-1

)

ETP mediana

(mm.d-1

)

ETP média

(mm.d-1

)

ETP mediana

(mm.d-1

)

Reflorestamento 5.09 5.11 3.60 3.61

Mata Nativa 5.00 5.05 3.52 3.54

Agricultura 4.87 4.89 3.38 3.38

Solo Exposto 4.35 4.36 3.18 3.21

Área Urbana 4.26 4.28 2.97 2.96

5.7 Comparação entre os Métodos de Estimativa de ETP

As Tabelas 23 e 24 apresentam os resultados de ETP diária, obtidos para a estação de

Rio Negrinho, para os dias de verão e inverno, respectivamente. Pela Tabela 23 é possível

observar uma ETP mínima de 3,70 mm.d-1

, máxima de 5,27 mm.d-1

e média de 4,30 mm.d-1

.

Já pela Tabela 24, observa-se uma ETP mínima de 2,37 mm.d-1

, máxima de 4,19 mm.d-1

e

média de 3,11 mm.d-1

. Estes resultados evidenciam a influência da temperatura na

evapotranspiração, pois, para os dias de verão, cujas temperaturas foram mais elevadas,

observou-se valores mais elevados de ETP.

Analisando apenas os resultados do método aplicado, constata-se que os mesmos estão

de acordo com Kobiyama & Vestena (2007). Estes autores analisaram os processos

hidrológicos e avaliaram o balanço hídrico da bacia hidrográfica do Ribeirão da Onça, no

município de Colombo/PR, área de manancial da Região Metropolitana de Curitiba, para o

período de 1997 a 2000. Os métodos utilizados foram o do balanço hídrico simplificado e de

Penman Modificado. Para o método de Penman Modificado, os autores encontraram valores

69

médios diários de ETP, de aproximadamente 2,8 a 5,0 mm.d-1

para os meses de janeiro a

março, com predominância de ETP entre 4,0 e 5,0 mm.d-1

principalmente para os meses de

janeiro e fevereiro. Assim, os resultados obtidos por esse estudo estão de acordo com

Kobiyama & Vestena (2007), pois obtiveram-se valores de ETP entre 3,7 e 5,2 mm.d-1

, com

predominância de ETP entre 4,0 e 5,0 mm.d-1

, conforme pode ser observado na Figura 23.

Tabela 23. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de verão de 2009.

Data ETP

(mm.d-1

) Data

ETP

(mm.d-1

) Data

ETP

(mm.d-1

)

1/1 4.65 1/2 3.76 1/3 4.82

2/1 3.91 2/2 4.44 2/3 4.67

3/1 3.89 3/2 4.09 3/3 4.67

4/1 3.76 4/2 4.44 4/3 4.59

5/1 3.70 5/2 4.27 5/3 5.10

6/1 3.81 6/2 4.44 6/3 4.84

7/1 4.20 7/2 4.42 7/3 4.29

8/1 4.52 8/2 4.56 8/3 4.31

9/1 4.62 9/2 4.59 9/3 4.28

10/1 4.16 10/2 4.32 10/3 4.18

11/1 4.21 11/2 4.29 11/3 4.09

12/1 4.76 12/2 4.16 12/3 4.31

13/1 4.51 13/2 4.02 13/3 4.31

14/1 4.53 14/2 3.81 14/3 4.13

15/1 4.73 15/2 3.89 15/3 3.85

16/1 4.31 16/2 3.94 16/3 3.99

17/1 3.98 17/2 4.23 17/3 4.45

18/1 4.75 18/2 4.64 18/3 3.96

19/1 4.35 19/2 4.49 19/3 3.82

20/1 4.31 20/2 4.35 20/3 3.89

21/1 4.02 21/2 4.08

22/1 3.92 22/2 4.46

23/1 4.09 23/2 4.68

24/1 4.16 24/2 4.31

25/1 4.39 25/2 3.83

26/1 4.35 26/2 3.99

27/1 4.29 27/2 4.33

28/1 4.40 28/2 4.38

29/1 4.52

30/1 5.27

31/1 5.13

70

Tabela 24. ETP obtida pelo método aplicado, para os dias de inverno de 2009.

Data ETP

(mm.d-1

) Data

ETP

(mm.d-1

) Data

ETP

(mm.d-1

) Data

ETP

(mm.d-1

)

21/6 2.99 1/7 2.74 1/8 2.83 1/9 3.87

22/6 2.86 2/7 2.83 2/8 3.19 2/9 4.19

23/6 2.84 3/7 2.63 3/8 3.35 3/9 3.31

24/6 2.89 4/7 2.46 4/8 2.55 4/9 3.75

25/6 2.69 5/7 2.59 5/8 3.25 5/9 3.60

26/6 2.69 6/7 2.94 6/8 3.57 6/9 3.31

27/6 2.61 7/7 3.58 7/8 2.90 7/9 3.28

28/6 2.75 8/7 3.31 8/8 4.06 8/9 3.15

29/6 4.15 9/7 3.08 9/8 3.13 9/9 3.21

30/6 3.38 10/7 3.12 10/8 3.47 10/9 3.03

11/7 3.29 11/8 2.90 11/9 3.15

12/7 2.53 12/8 2.85 12/9 3.12

13/7 2.61 13/8 3.17 13/9 3.56

14/7 2.93 14/8 3.25 14/9 3.19

15/7 2.71 15/8 3.40 15/9 3.19

16/7 2.82 16/8 3.72 16/9 3.38

17/7 3.44 17/8 3.42 17/9 3.61

18/7 3.38 18/8 3.06 18/9 3.09

19/7 2.86 19/8 3.54 19/9 4.12

20/7 2.80 20/8 3.66 20/9 3.18

21/7 2.73 21/8 2.98 21/9 3.23

22/7 2.76 22/8 2.72 22/9 3.38

23/7 2.45 23/8 2.93

24/7 2.68 24/8 2.95

25/7 2.42 25/8 3.21

26/7 2.72 26/8 3.10

27/7 2.75 27/8 3.11

28/7 2.75 28/8 3.06

29/7 3.09 29/8 3.22

30/7 2.60 30/8 3.51

31/7 2.37 31/8 3.47

As Figuras 20 e 21 mostram a ETP diária, estimada com os dados da estação de Rio

Negrinho, segundo o método aplicado, método de Penman Modificado e Penman Monteith. A

partir da Figura 20, comparando o método aplicado com método de Penman Modificado, para

o período de verão de 2009, constata-se uma diferença relativa de +7,00% para todos os dias,

visto que, para extrapolação dos resultados, foi considerado que todos os demais dias teriam

uma proporção de +7,00% em relação ao método de Penman Modificado (valor da diferença

relativa entre os dois métodos, para o dia 01 de fevereiro). O mesmo comportamento é

71

verificado para o período de inverno (conforme Figura 21), visto que o valor da diferença

relativa para o dia 28 de agosto (5,60%) foi extrapolado para os demais dias.

Realizando uma comparação em relação ao método de Penman Monteith, verificou-se

que, a partir dos dados apresentados na Figura 20, o método aplicado apresentou resultados

inferiores como tendência, com diferença relativa máxima de -38,25% (em 01 de fevereiro),

mínima de -0,17% (em 20 de março) e média de -11,19%. No entanto, conforme pode ser

observado na Figura 21, no período de 21 de junho a 22 de setembro, os valores de ETP

resultaram mais elevados para o método aplicado, com diferença relativa máxima de +55,85%

(em 6 de julho), mínima de +0,61% (em 29 de agosto) e média de +26,49%. Para a maioria

dos dias, de 21 de junho a 25 de agosto, a diferença relativa entre os métodos foi superior a

+25,00%.

Figura 20. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e Penman-

Monteith, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009.

0.00

1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

7.00

1/1 8/1 15/1 22/1 29/1 5/2 12/2 19/2 26/2 5/3 12/3 19/3

ETP

(m

m/d

ia)

Data (dia/mês/ano)

ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009

Método Aplicado

Método de Penman modificado

Método de Penman Monteith

72

Figura 21. Resultados de ETP diária pelo método aplicado, método de Penman Modificado e Penman-

Monteith, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009.

A Tabela 25 mostra os resultados dos somatórios mensais de ETP para os dias de verão

e inverno, obtidos pelo método aplicado, para a estação de Rio Negrinho A862.

Kobiyama & Vestena (2004), estimaram a evapotranspiração potencial pelo método de

Penman Modificado, para quatro estações meteorológicas do Estado do Paraná: Piraquara

(Pinhais), Cascavel, Guarapuava e Paranavaí, no período de 1990 a 2000. Analisando o

método aplicado, constata-se que os resultados obtidos para os meses de janeiro e fevereiro

estão próximos aos obtidos pelos autores, para a estação de Pinhais (janeiro: 137 mm.d-1

e

fevereiro: 117 mm.d-1

, março: 70 mm.d-1

e setembro: 62 mm.d-1

), com diferença relativa ao

método aplicado de -2,08% e -1,88%, 20,26% e 17,22% respectivamente. Os valores obtidos

para janeiro e fevereiro também estão de acordo com Fill et al. (2005). Os autores

estabeleceram o balanço hídrico mensal da bacia do rio Barigüi, situada na região

metropolitana de Curitiba-PR, para o período de 1985 a 2000. Para tanto, os autores

utilizaram o método de Penman Modificado para cálculo da ETP, obtendo 120,7 mm.d-1

para

o mês de janeiro e para fevereiro 97,8 mm.d-1

, o que corresponde a uma diferença relativa ao

método aplicado de 10,03% e 17,81%, respectivamente.

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

21/6 28/6 5/7 12/7 19/7 26/7 2/8 9/8 16/8 23/8 30/8 6/9 13/9 20/9

ETP

(m

m/d

ia)

Data (dia/mês/ano)

ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009

Método Aplicado

Método de Penman modificado

Método de Penman Monteith

73

Tabela 25. Somatório mensal de ETP diária, obtida pelo método aplicado.

Data ETP (mm)

01/01 a 31/01 134.21

01/02 a 28/02 119.24

01/03 a 20/03 86.57

21/06 a 30/06 29.84

01/07 a 31/07 87,99

01/08 a 31/08 99,53

01/09 a 22/09 74.90

Para comparação em escala mensal, os dias representativos de verão e inverno foram

divididos em três períodos cada, conforme mostram as Figuras 22 e 23.

Realizando a comparação em relação ao método de Penman Monteith, verificou-se,

segundo dados mostrados nas Figuras 22 e 23, que o método aplicado apresentou resultados

inferiores, com diferença relativa máxima de -41,81% (no período de 21 de junho a 20 de

julho) e mínima de -11,61% (no período de 22 de janeiro a 21 de fevereiro). Em comparação

ao método de Thornthwaite verificou-se as maiores diferenças, com 32,29%, 26,58% e

22,90% para os períodos de 01 a 21 de janeiro, 22 de janeiro a 21de fevereiro e 22 de

fevereiro a 20 de março, respectivamente. Para os períodos relativos à Figura 23, as diferenças

relativas obtidas podem ser consideradas discrepantes, com valores de 52,9%, 55,6% e 45,6%,

respectivamente.

74

Figura 22. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado, Penman-

Monteith e Thornthwaite, para o período de 01 de fevereiro a 20 de março de 2009.

Figura 23. Resultados de ETP em escala mensal, pelo método aplicado, Penman Modificado, Penman-

Monteith e Thornthwaite, para o período de 21 de junho a 22 de setembro de 2009.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

01/01/09 a 21/01/09 22/01/09 a 21/02/09 22/02/09 a 20/03/09

ETP

(m

m)

Data

ETP - 01/01/2009 a 20/03/2009

Método Aplicado

Método de Penman Modificado

Método de Penman Monteith

Método de Thornthwaite

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

21/06/09 a 20/07/09 21/07/09 a 20/08/09 21/08/09 a 22/09/09

ETP

(m

m)

Data

ETP - 21/06/2009 a 22/09/2009

Método Aplicado

Método de Penman Modificado

Método de Penman Monteith

Método de Thornthwaite

75

CONCLUSÕES

Os resultados permitem concluir que:

O método aplicado obteve bom ajuste, evidenciando uma alta relação entre

índice de vegetação da diferença normalizada e evapotranspiração potencial

pelos elevados coeficientes de determinação (r2 = 0,9364 e 0,9193).

Para as imagens LandSat-TM5, datadas de 01 de fevereiro e 28 de agosto de

2009, o NDVI variou de -1 a 1 na bacia do rio Negrinho, indicando que existem

áreas sem cobertura vegetal e com densa cobertura de vegetação,

respectivamente.

Na bacia do rio Negrinho, a vegetação tem grande influência no comportamento

da evapotranspiração, visto que corresponde a mais de 75% de sua área.

A evapotranspiração média distribuída na bacia do rio Negrinho, de acordo com

o uso e ocupação do solo atual, está entre 4,26 e 5,09mm.d-1

(01 de fevereiro de

2009) e entre 2,97 e 3,60mm.d-1

(28 de agosto de 1009).

Salienta-se que o método utilizado está condicionado a data de obtenção das imagens e

a qualidade das mesmas com relação a presença de nuvens. Desta forma, a análise sazonal da

evapotranspiração foi realizada somente para o verão e inverno, uma vez que foi possível

obter imagens LandSat-TM5, sem presença de nuvens, referentes a 01 de fevereiro e 28 de

agosto de 2009.

76

RECOMENDAÇÕES

• Utilização de imagens com melhor resolução espacial e espectral, possibilitando

uma distinção mais refinada dos alvos da superfície terrestre, para que se

obtenha um melhor resultado na confecção dos mapas de uso e ocupação do

solo, imagens NDVI mais refinadas e um estudo mais apurado da

evapotranspiração.

• Utilização de imagens com melhor resolução temporal, aumentando a

probabilidade de obtenção de imagens sem a presença de nuvens e um melhor

detalhamento do comportamento temporal da evapotranspiração.

• Aplicação em regiões com mais dados meteorológicos disponíveis, favorecendo

a análise estatística da relação NDVI x ETP.

77

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration:

Guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 1998. 300 p. (Irrigation

and Drainage Paper, 56).

BRUTSAERT, W.H. Evapotranspiration into the atmosphere. New York: Springer, 1982.

316p.

BRUTSAERT, W.H. Hydrology An Introduction. Cambrigde University Press. New York,

2005. 605p.

CAMARGO, A.P. de; CAMARGO, M.B.P. de. Uma Revisão Analítica Da Evapotranspiração

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81

ANEXOS

Tabela 9. Duração máxima da insolação diária (N), em horas, nos meses e latitude de 10ºN a 40ºS. Os

valores correspondem ao 15º dia de cada mês.

Latitude Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

10oN 11,6 11,8 12,1 12,4 12,6 12,7 12,6 12,4 12,2 11,9 11,7 11,5

8oN 11,7 11,9 12,1 12,3 12,5 12,6 12,5 12,4 12,2 12,0 11,8 11,6

6oN 11,8 11,9 12,1 12,3 12,4 12,5 12,4 12,3 12,2 12,0 11,9 11,7

4oN 11,9 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4 12,3 12,2 12,0 12,0 11,9 11,9

2oN 12,0 12,0 12,1 12,2 12,2 12,2 12,2 12,2 12,1 12,1 12,0 12,0

Equador 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,1 12,2

2oS 12,2 12,1 12,1 12,1 12,0 12,0 12,0 12,0 12,1 12,1 12,2 12,2

4oS 12,3 12,2 12,1 12,0 11,9 11,8 11,9 12,0 12,1 12,2 12,3 12,4

6oS 12,4 12,3 12,1 12,0 11,9 11,7 11,8 11,9 12,1 12,2 12,4 12,5

8oS 12,5 12,4 12,1 11,9 11,7 11,6 11,7 11,9 12,1 12,3 12,5 12,6

10oS 12,6 12,4 12,1 11,9 11,7 11,5 11,6 11,8 12,0 12,3 12,6 12,7

12oS 12,7 12,5 12,2 11,8 11,6 11,4 11,5 11,7 12,0 12,1 12,7 12,8

14oS 12,8 12,6 12,2 11,8 11,5 11,3 11,4 11,6 12,0 12,1 12,8 12,9

16oS 13,0 12,7 12,2 11,7 11,4 11,2 11,2 11,6 12,0 12,1 12,9 13,1

18oS 13,1 12,7 12,2 11,7 11,3 11,1 11,1 11,5 12,0 12,5 13,0 13,2

20oS 13,2 12,8 12,2 11,6 11,2 10,9 11,0 11,4 12,0 12,5 13,2 13,3

22oS 13,4 12,8 12,2 11,6 11,1 10,8 10,9 11,3 12,0 12,6 13,2 13,5

24oS 13,5 12,9 12,3 11,5 10,9 10,7 10,8 11,2 11,9 12,6 13,3 13,6

26oS 13,6 12,9 12,3 11,5 10,8 10,5 10,7 11,2 11,9 12,7 13,4 13,8

28oS 13,7 13,0 12,3 11,4 10,7 10,4 10,6 11,1 11,5 12,0 12,5 13,0

30oS 13,9 13,1 12,3 11,4 10,6 10,3 10,4 11,0 11,9 12,8 13,6 14,1

32oS 14,0 13,2 12,3 11,3 10,5 10,0 10,3 10,9 11,9 12,9 13,7 14,2

34oS 14,2 13,3 12,3 11,3 10,3 9,8 10,1 10,9 11,9 12,9 13,9 14,4

36oS 14,3 13,4 12,4 11,2 10,2 9,7 10,0 10,7 11,9 13,0 14,0 14,6

38oS 14,5 13,5 12,4 11,1 10,1 9,5 9,8 10,6 11,8 13,1 14,2 14,8

40oS 14,7 13,6 12,4 11,1 9,9 9,3 9,6 10,5 11,8 13,1 14,3 15,0

Dados interpolados da Tabela meteorológica de Smithsonian. 6a edição. 1951 - Quadro 171

Fonte: Pereira et at., 1997.

82

Tabela 12. Valores para o fator de peso (W) para o efeito da radiação na ET em diferentes temperaturas e

altitudes.

Temperatura (oC) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

W por altitude 0 (m) 0,43 0,46 0,49 0,52 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69

500 0,44 0,48 0,51 0,54 0,57 0,6 0,62 0,65 0,67 0,7

1000 0,46 0,49 0,52 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71

2000 0,49 0,52 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,73

3000 1,52 0,55 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,73 0,75

4000 0,54 0,58 0,61 0,64 0,66 0,69 0,71 0,73 0,75 0,77

Temperatura (

oC) 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

W por altitude 0 (m) 0,71 0,73 0,75 0,77 0,78 0,80 0,82 0,83 0,84 0,85

500 0,72 0,74 0,76 0,78 0,79 0,81 0,82 0,84 0,85 0,86

1000 0,73 0,75 0,77 0,79 0,80 0,82 0,83 0,85 0,86 0,87

2000 0,75 0,77 0,79 0,81 0,82 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88

3000 0,77 0,79 0,81 0,82 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89

4000 0,79 0,81 0,82 0,84 0,85 0,86 0,87 0,89 0,90 0,90

Fonte: Kobiyama, 2009.

Tabela 13. Albedo para algumas superfícies.

Superfície Albedo (%) Superfície Albedo (%)

Água 5 Milho 16 a 23

Areia seca 35 a 45 Arroz 12

Areia úmida 20 a 30 Batata 20

Solo claro seco 25 a 45 Trigo 24

Solo cinza 10 a 20 Feijão 24

Solo escuro 5 a 15 Tomate 23

Gramado 20 a 30 Abacaxi 15

Algodão 20 a 22 Sorgo 20

Alface 22 Floresta 10 a 15

Fonte: Adaptado de Rosenberg et al. (1983) e de Vianello & Alves (1991) apud Pereira et a., 2002.

Tabela 14. Radiação solar extraterrestre (mm.d-1).

Latitude Hemisfério Sul

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

20 o 17,3 16,5 15,0 13,0 11,0 10,0 10,4 12,0 13,9 15,8 17,0 17,4

22 o 17,4 16,5 14,8 12,6 10,6 9,6 10,0 11,6 13,7 15,7 17,0 17,5

24 o 17,5 16,5 14,6 12,3 10,2 9,1 9,5 11,2 13,4 15,6 17,1 17,7

26 o 17,6 16,4 14,4 12,0 937,0 8,7 9,1 10,9 13,2 15,5 17,2 17,8

28 o 17,7 16,4 14,3 11,6 9,3 8,2 8,6 10,4 13,0 15,4 17,3 17,9

30 o 17,8 16,4 14,0 11,3 8,9 7,8 8,1 10,1 12,7 15,3 17,2 18,1

Fonte: Doorenbos & Pruit (1979, p. 25) apud Vestena, 2002.

83

Tabela 15. Pressão de saturação se vapor d’água (mmHg).

Fonte: Ometto (1981, p. 178) apud Vestena, 2002.