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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO CONFORTO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA EmmilyGersica Santos Gomes (IFPB) [email protected] Danielly Felix de Oliveira (FPI) Phelippe Afonso de Oliveira (FPI) [email protected] Deborah Mais Fragoso Barbosa (FPI) [email protected] Matheus das Neves Almeida Me (UFPI) [email protected] A prática de análise do Conforto Ambiental vem sendo bastante difundida em diversas atividades produtivas. Em se tratando de atividade de ensino, a eficiência acústica em essa atividade torna-se imprescindível, uma vez que o ensino necessitta de condições acústicas apropriadas para seu pleno aproveitamento por parte dos seus usuários. Diante da importância de avaliar essas condições e propor melhorias em salas de aulas, este artigo desenvolveu um estudo direcionado ao conforto acústico, nível de ruído e tempo de reverberação, em salas de aula. Tendo como objetivo examinar e comparar as condições acústicas em que os profissionais da área de ensino veem sendo submetidos. Para alcançar o objetivo da pesquisa foram levantados dados em diferentes dias referentes ao nível de ruído e o tempo de reverberação de três salas de aula e posteriormente esses valores foram comparados com as normas regulamentadoras: NBR 12179 (ABNT, 1990); NBR 10151 (ABNT, 1987); NBR 10152 (ABNT, 1999). Os resultados encontrados indicam que os níveis de ruído e os tempos de reverberação a qual os profissionais do ensino estão expostos, em esse caso particular, estão fora dos padrões estabelecidos por estas normas e consequentemente a eficiência acústica diminui com essas condições inadequadas. Dessa forma, as condições acústicas deste ambiente não são favoráveis ao desenvolvimento desta atividade, forçando aos profissionais desta área a disputar com os níveis de ruído acima do normal e consequentemente causando esforços desnecessários Palavras-chave: Conforto Acústico, Nível de ruído, Tempo de Reverberação XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO

CONFORTO ACÚSTICO EM SALAS DE

AULA

EmmilyGersica Santos Gomes (IFPB)

[email protected]

Danielly Felix de Oliveira (FPI)

Phelippe Afonso de Oliveira (FPI)

[email protected]

Deborah Mais Fragoso Barbosa (FPI)

[email protected]

Matheus das Neves Almeida Me (UFPI)

[email protected]

A prática de análise do Conforto Ambiental vem sendo bastante

difundida em diversas atividades produtivas. Em se tratando de

atividade de ensino, a eficiência acústica em essa atividade torna-se

imprescindível, uma vez que o ensino necessitta de condições acústicas

apropriadas para seu pleno aproveitamento por parte dos seus

usuários. Diante da importância de avaliar essas condições e propor

melhorias em salas de aulas, este artigo desenvolveu um estudo

direcionado ao conforto acústico, nível de ruído e tempo de

reverberação, em salas de aula. Tendo como objetivo examinar e

comparar as condições acústicas em que os profissionais da área de

ensino veem sendo submetidos. Para alcançar o objetivo da pesquisa

foram levantados dados em diferentes dias referentes ao nível de ruído

e o tempo de reverberação de três salas de aula e posteriormente esses

valores foram comparados com as normas regulamentadoras: NBR

12179 (ABNT, 1990); NBR 10151 (ABNT, 1987); NBR 10152 (ABNT,

1999). Os resultados encontrados indicam que os níveis de ruído e os

tempos de reverberação a qual os profissionais do ensino estão

expostos, em esse caso particular, estão fora dos padrões estabelecidos

por estas normas e consequentemente a eficiência acústica diminui

com essas condições inadequadas. Dessa forma, as condições

acústicas deste ambiente não são favoráveis ao desenvolvimento desta

atividade, forçando aos profissionais desta área a disputar com os

níveis de ruído acima do normal e consequentemente causando

esforços desnecessários

Palavras-chave: Conforto Acústico, Nível de ruído, Tempo de

Reverberação

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

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1. Introdução

As condições ambientais das atividades são importantes para o desempenho laborais em

sistemas produtivos. Quando se trata de conforto acústico e atividade de ensino essa

harmonia, sem sobra de duvida, deve ser mais eficaz, uma vez que os profissionais dessa área

estão sujeitos a níveis de ruído acima dos normais em praticamente todos os ambientes de

ensino. Esse fato foi confirmado por Mendell e Heath (2005) ao afirmarem que a análise nos

ambientes escolares deve ser uma prática porque os usuários passam mais tempo nesse

ambiente que em sua residência.

Para Ochoa, Araújo e Sattle (2012) obter um desempenho ambiental satisfatório deve-se

envolver uma série de variáveis no estudo do ambiente, dentre eles o conforto acústico, que

trabalham em conjunto para que as condições laborais sejam satisfeitas, principalmente a

inteligibilidade da fala do professor pelos alunos e vice-versa.

Diversas pesquisas apontaram para a importância das variáveis acústicas nível de ruído e

tempo de reverberação e sua relação com aproveitamento acadêmico dos estudantes (LOSSO,

2003; KLODZINSKI; ARNAS E RIBAS, 2005; FIORAMONTE ET AL, 2015; GUIDINI ET

AL, 2012; DIAS, PINHEIRO E PINHEIRO, 2015). Souza (2000) demostrou que muitos

ambientes escolares, do ensino fundamental e médio,os ruídos estão presentes e são oriundos,

em sua maioria, do tráfego de veículos, que o considera uma fonte principal de poluição

sonora nos grandes centros urbanos.

Dessefeito, durante o processo de aprendizagem, faz-se necessário que a mensagem emitida

pelo professor seja recebida de forma clara peloaluno com o mínimo de interferência por parte

do ruído. Em uma situação desfavorável em que há competição entre a fala do professor e os

demais ruídos,o desempenho escolar pode sofrer interferência (ENIZ, 2004; LACERDA E

MARASCA, 2001).

Portanto, nesta pesquisa discutiu-se ascondições acústicas na atividade produtiva, atividade de

ensino, que é uma das vertentes da análise do conforto ambiental. Mensuraram-se os níveis de

ruído, por meio de um decibelímetro digital, e os tempos de reverberação, por meio da

identificação dos materiaise cálculos das áreas desses, que estão presente nas salas de uma

faculdade. A fim de analisar os resultados dos dados obtidos utilizou-se a analise de variância

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para verificar se existe variação nas médias dos níveis de ruído para as diferentes salas

analisadas e, também, comparou-se esses níveis com as normas regulamentadoras para

verificar se estão de acordo com os valores ideais estipulados.

2. Fundamentação teórica

2.1 Conforto Ambientais

A importância das boas condições do ambiente de trabalho reflete diretamente na

produtividade e qualidade do trabalho realizado e para que o trabalhador se sinta bem em seu

ambiente de trabalho é preciso que ele usufrua de uma situação favorável de conforto

ambiental (FILHO et al 2010).Para Dias, Pinheiro e Pinheiro (2015), a ergonomia é um estudo

científico que pode visar a adequaçãodo meio ambiente de trabalho aos sujeitos nele

inseridos, através da aplicação das normas de referência aos ambientes físicos avaliados como

insalubres e/ou desconfortáveis.

2.2 Tempo de Reverberação

A reverberação consiste no prolongamento necessário de um som produzido, a título de sua

inteligibilidade em locais mais afastados da fonte produtora. Isso se dá basicamente em

recintos fechados. Esse prolongamento deverá ser maior quanto maior for à distância entre a

fonte e a recepção, ou ainda, quanto maior for o volume interno do recinto. “Ao incidirem em

uma superfície, as ondas sonoras são refletidas, absorvidas ou transmitidas em proporção que

dependem da dimensão da forma e do material dessa superfície” (SOUZA,ALMEIDA &

BRAGANÇA, 2007).

Conforme Bastos (2012), o tempo de reverberação está intimamente ligado à caracterização

da acústica do ambiente pois seu valor pode ser favorável ou não para a qualidade da palavra,

visto que esse fenômeno sonoro pode aumentar o nível sonoro ou mascarar o som direto, onde

as salas tornam-se salas “vivas” quando têm tempos de reverberação mais significativos e

“mortas” quando quase não existe reverberação.

A reverberação é inversamente proporcional a capacidade de absorção sonora dos materiais,

pois quanto maior for essa capacidade no ambiente, menor o tempo de reverberação. A

absorção corresponde ao quociente entre a quantidade de energia sonora absorvida por um

certo material e a quantidade de energia que sobre ele incide e esse quociente varia de 0 a 1.

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De acordo com a NBR 12179 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,

1990), o cálculo dos coeficientes de absorção e o tempo de reverberação podem ser calculados

a partir da equação de Sabine (Eq. 1).

Eq. 1

onde:

0,16 = constante

V = volume em m3

S = a soma das superfície de cada material em m2e calculado pela Eq. 2

= coeficiente de absorção

Eq. 2

Uma das condições que a NBR 12179 (ABNT, 1990) impõe no roteiro para o

desenvolvimento do tratamento acústico de um espaço, é a impermeabilização acústica,

através do uso de materiais com a capacidade de absorção de ruídos, dessa maneira,

interferindo apenas em revestimentos ou nos materiais que compõem o interior da edificação,

sem interferir na geometria.

2.3 Nível de Ruído

De acordo com o Iida (2005), o ruído é um estímulo auditivo que não contém informações

úteis para cada tarefa em execução e é uma mistura complexa de vibrações, portanto, ele pode

ser definido como um som desagradável. O ruído pode ser divididoem curta-duração (1 ou 2

minutos), provocando queda no rendimento, ou de longa-duração (horas) que dependendo da

faixa de intensidade ele provoca ou não a queda no desempenho eaumentando o número de

erros.

A Norma Regulamentadora nº 15, da Portaria do Ministério do Trabalho nº 3.214/1978

estabelece o limite de tolerância para ruídos contínuos ou intermitentes em 8 horas a máxima

exposição diária permissível de 85 dB(A), entendendo-se que a exposição do profissional a

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níveis acima dos estabelecidos pela norma serão lesivos para essa carga horária. Quando a

exposição ao ruído é intensa e repentina ocorrerá danos ao aparelho auditivo e aumentando a

possibilidade de perda de audição. O ruído, sendo um risco, necessita de ações de prevenção

bem como de controle, os quais são de responsabilidade da empresa (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2006).

3. Materiais e métodos

Esta pesquisa classifica-se quanto à natureza como aplicada, pois, busca gera conhecimentos

para aplicação prática dirigida a soluções de problemas específicos (análise ergonômica do

nível de ruído nas salas de aula). Quanto à abordagem do problema trata-se de uma pesquisa

quantitativa, pois, por meio de um levantamento traduzido em números que passou por uma

análise estatística para alcançar o objetivo. Do ponto de vista do objetivo este estudo trata-se

de uma pesquisa descritiva e explicativa, pois, visa descrever as características (fatores de

variação) de um fenômeno (níveis de ruído).

3.1 Características físicas do ambiente de trabalho

O ambiente de trabalho é umafaculdade que está localizada cidade de Patos/PB. As salas de

aula estudadas encontram-se no bloco do curso de Arquitetura e Urbanismo, inserido na parte

posterior da faculdade.

Mais especificamente, as salas analisadas foram: a Multimeios e os Ateliê 1 e 2, que estão no

pavimento terrio do bloco, como representado na Figura 1. Outra área, como o corredor

interno, que compõe o entorno do ambiente também se efetuou um levantamento de dados

acústico, porém, não sofrereu análise acústica nesta pesquisa.

Figura 1: Planta baixa do ambiente de trabalho

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Com a finalidade de elucidar as características físicas dos locais onde as coletas foram

realizadas, descrevem-se sucintamente esses ambientes de trabalho.

Sala de Multimeios: Essa sala possui uma área de 52,14 m² e é de fácil acesso devido

sua localidade no prédio, recebendo atividades didáticas como: aulas expositivas e o

desenvolvimento das disciplinas teóricas

Sala do Ateliê 1: Possui uma área de 71,15 m² e está localizada ao lado da

coordenação do curso, e sua porta dá acesso direto ao corredor interno. É utilizada

principalmente para aulas práticas de desenho a mão.

Sala do Ateliê 2:Com área de 47,03m² e tem acesso direto do corredor interno. A sala

é um ambiente utilizado principalmente para aulas práticas que envolvam produção de

maquetes, pintura, colagens, etc.

3.2 Ferramenta de coleta de dados

Nas medições dos níveis de ruído, utilizou-se o decibelímetro digital portátil, ITDEC 4000

INSTRUTEMP, seguindo os procedimentos definidos de acordo com a NBR 10151, além do

próprio manual do aparelho que especifica os seguintes ajustes: ponderação de frequência

“A”, que simula a forma que o ouvido humano captura as frequências, fazendo com que os

resultados sejam mais próximos do real ao que realmente chega aos usuários, e com tempo de

resposta Slow (lento), que faz as medições em intervalos de 1s, pois os ambientes analisados

possuem uma frequência de som razoável e consistente. Também, adotou-se a faixa de

alcance do aparelho de 50 a 100 dB, medidas essas dadas pelo próprio aparelho, que indica se

a faixa de alcance deve ser de 30 a 80, 50 a 100 ou 60 a 120, de acordo com as medições.

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Realizou-se as medições em 4 dias, nos turnos que ocorrem as aulas (matutino e noturno),

com intervalos de 1 minuto, tendo duração de 5 minutos cada, para se estabelecer uma média

aritmética e analisar a viabilidade de se assistir aula nessas condições, em termos acústicos do

nível de ruído. O posicionamento adotado para o aparelho, também seguiu a NBR 10.151.

Escolheram-se os horários de pico: de 7h às 7:10h, das 9h às 9:10h e das 11h às 11:10h para o

turno matutino e de 18h às 18:10h, das 20h às 20:10h e das 21:50h às 22h (Ver Tabela 2 no

Anexo 1).

3.3 Ferramentas de análise dos dados

Organizaram-se os dados levantados de forma sistêmica para uma análise detalhada, buscando

o objetivo da pesquisa. O processo de tratamento dos dados constou inicialmente da tabulação

e organização das medições e informações obtidas no levantamento com o auxílio de planilha

eletrônica do software Microsoft Excel® e posteriormente utilizou-se o software R x64

3.2.4® para efetuar os cálculos estatísticos da média dos níveis do ruído que serviu de

comparação com os valores das normasNBR 10151, NBR 10152 e ANSI S12.60. Para fins de

tratamento dos dados do tempo de reverberação efetuou-se através do cálculo das áreas pelo

software AutoCAD® e posteriormente do tempo por meio da planilha eletrônica do software

Microsoft Excel® contendo a equação de Sabine.

4. Resultados e discussões

Foram efetuadas 96 observaçõesdos níveis de ruído das três salas (Anexo 1) e mediante essas

observações pode-se inferir que esses ambientes encontram-se fora dos padrões estabelecidos

pelas normas para os dois turnos de trabalho, pois os níveis médios de ruídos foram: de 74,58

db para o Ateliê 1, de 73,58 dB para o Ateliê 2 e de 75,88 dB para Multimeios estão acima do

permitido pelas normas. Para o Ateliê 1, que também é utilizada como sala de desenho, a

NBR 10152 ainda faz uma ressalva, designando um valor ideal em decibéis de 35-45; dessa

forma os resultados encontram-se muito acima do indicado.

Com auxílio da planilha geral de cálculo de Tempo de Reverberação (ver Anexo 2) realizou-

se os estudos para saber se a situação atual está de acordo com 0,6s que é o que a norma ANSI

S12.60 (2012) indica.

Na sala de Multimeiosverificou-se que na frequência de 125Hz o tempo ótimo de

reverberação seria 0,88s porém a sala se encontra com 2,91s, estando 229,64% acima do valor

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ideal; Na frequência de 500Hz seria 0,6s e está atualmente com 3,06s, sendo assim 409,68%

acima da média; Já na frequência de 2000Hz o tempo ótimo seria 0,6, no entanto a sala se

encontra com 3,03 para a frequência mais aguda, sendo 404,60% acima do determinado pela

norma. Fazendo uma análise geral, constatou-se que nas três frequências estabelecidas, a Sala

de Multimeios está atualmente muito acima da média, a resposta do som está muito lenta.

No Ateliê 1verificou-se que os resultados também não correspondem com o estabelecido na

norma. Na frequência mais grave, 125Hz, o tempo ótimo de reverberação seria 0,88 e na

situação atual se encontra com 2,31, ficando com uma diferença percentual de 161,82%. Na

frequência de 500Hz o ideal seria 0,6s mas o que foi encontrado foi 2,98%, o que equivale a

396,24% a mais. Na frequência de 2000Hz está a situação mais crítica, pois está a 3,72s

enquanto o ideal seria 0,6, o que indica que está 520,07% a mais.

Por último efetuou-se a análise do Ateliê 2 onde verificou-se que o tempo ótimo de

reverberação indicado por norma é muito abaixo do tempo encontrado atualmente na sala.

Para a frequência de 125Hz a diferença percentual é de 128,07% pois o ideal seria 0,88s e o

encontrado foi 2,01s; Em 500Hz o proposto seria 0,6, porém está com 2,43s com diferença de

304,48%; Na última frequência foi visto que o correto seria ter 0,6s mas o que está disposto é

3,15 com 425,30% de diferença.

5. Conclusões

A análise dos resultados das condições acústicas (Nível de ruído e tempo de reverberação)

dastrês salas de aula investigadas, nos turnos matutino e noturnonão estão suficientemente

adequadas às Normas Regulamentares Brasileiras (NBR) e que os níveis médios de ruídos

estão acima do permitido pelas normas, assim como os tempos de reverberação estão bem

acima dos tempos ótimos para esses ambientes. Ademais, esse ruído acima do normal nas

salas sofre certa influência do ruído do corredor interno devido a um grande fluxo de usuários

do bloco do curso de Arquitetura e Urbanismo, mostrando assim uma carência do isolamento

acústico nas estruturas das salas analisadas. Vale salientar que esses níveis foram medidos nas

condições extremas quando os turnos se iniciam, na hora do intervalo e ao final dos

expedientes.

Algumas medidas podem ser de caráter organizacional, tais como: retirando as cadeiras do

corredor interno onde alguns alunos utilizam como área de vivência e, assim, é necessária a

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construção de uma área de vivencia na parte externa do bloco; de mudança do layout onde a

coordenação deixaria de ser ao lado das salas eliminando o ruído proveniente dela e a vedação

acústica das salas desse bloco, em que necessitem de maior investimento, possuem grande

eficiência de redução da poluição sonora.

Como pretensão de estudos futuros poderia analisar o nível de ruído nas outras salas de aula

do curso de Arquitetura e Urbanismo, tanto a que estão ao lado quanto as que estão nos

pavimentos superiores desse bloco, como também, as salas dos demais cursos ofertados pela

faculdade.

5. Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12179: Tratamento Acústico em Recintos

Fechados. Rio de Janeiro, 1992.

BRASIL. Ministério da Saúde. Perda auditiva induzida por ruído (Pair). Brasília, 2006. Disponível em:

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ANEXO 1 – VALORES DAS MEDIÇÕES DO NÍVEL DE RUÍDO DO AMBIENTE DE

TRABALHO

ANEXO 2 – VALORES ENCONTRADOS DOS TEMPOS DE REVERBERAÇÃO

PARA AS TRÊS SALAS