análise da distribuição das lixeiras públicas

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UNIVERSIDADE GAMA FILHO MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS LIXEIRAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ BRASÍLIA - DF 2009

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Page 1: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

UNIVERSIDADE GAMA FILHO

MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS LIXEIRAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ

BRASÍLIA - DF 2009

Page 2: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS LIXEIRAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ

BRASÍLIA - DF 2009

Page 3: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS LIXEIRAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ

Monografia apresentada à Universidade Gama Filho como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gestão Ambiental em Empresas.

Orientador: Msc. Declev Reynier Dib-Ferreira

BRASÍLIA - DF

2009

Page 4: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

MÁRCIO LUIZ OLIVEIRA OLIVEIRA

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS LIXEIRAS PÚBLICAS NA CIDADE DE BELÉM DO PARÁ

Monografia julgada e aprovada:

Nota: pts

Professor Orientador: Msc. Declev Reynier Dib-Ferreira

Membro da Banca:

BRASÍLIA - DF 2009

Page 5: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

SUMÁRIO

Lista de abreviaturas e siglas v

Lista de ilustrações vi

Lista de tabelas vii

Resumo viii

Abstract viii

Introdução 1

Capítulo I – Gestão dos resíduos sólidos 3

I.1 – Gestão dos resíduos sólidos no Brasil 3

I.2 – Gestão dos resíduos sólidos em Belém do Pará 5

Capítulo II – Estudo de caso e as variáveis analisadas 8

II.1 –Estudo de caso 8

II.2 – Bairros selecionados para análise 10

II.2.1 – Bairros centrais 10

II.2.2 – Bairros periféricos 11

II.3 – As variáveis analisadas 12

II.3.1 – Resíduos sólidos 13

II.3.2 – Lixeiras públicas 15

Capítulo III – Descrição dos procedimentos metodológicos utilizados 16

Capítulo IV – Resultados 19

IV.1 – Apresentação dos resultados obtidos 19

IV.2 – Interpretação dos resultados obtidos 20

IV.2.1 – Situação 1: Sem padronização na distribuição das lixeiras 20

IV.2.2 – Situação 2: Lixeiras sendo distribuída a cada 20 metros 25

IV.2.3 – Situação 3: Lixeiras sendo distribuída a cada 50 metros 27

Considerações Finais 30

Referências Bibliográficas 31

Page 6: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

v

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais)

DRES (Departamento de Resíduos Sólidos)

FUNASA (Fundação Nacional de Saúde)

IBAM (Instituto Brasileiro de Administração Municipal)

IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)

PMRJ (Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro)

SEGEP (Secretaria Municipal de Coordenação Geral do Planejamento e Gestão de Belém)

SESAN (Secretaria de Saneamento do Município de Belém)

SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento)

Page 7: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

vi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 Percentual de lixeiras pesquisadas, em relação à localização 20

FIGURA 02 Quantidade de lixeiras nos trechos de vias pesquisados 21

FIGURA 03 Total de lixeiras das praças, comparação entre bairros centrais e

periféricos 22

FIGURA 04 Lixeiras pequenas encontradas em Belém 23

FIGURA 05 Lixeiras pequenas encontradas em Belém 23

FIGURA 06 Lixeiras grandes encontradas em Belém 23

FIGURA 07 Lixeiras grandes encontradas em Belém 23

FIGURA 08 Lixeiras grandes de plástico encontradas em Belém 24

FIGURA 09 Lixeiras grandes de plástico encontradas em Belém 24

FIGURA 10 Comparação entre o total de lixeiras nos trechos de vias pesquisados 25

FIGURA 11 Comparação entre o total de lixeiras públicas nos trechos de vias

pesquisados 26

FIGURA 12 Comparação entre o total de lixeiras nas praças pesquisadas que

possuem déficit 26

FIGURA 13 Comparação entre o total de lixeiras nos trechos de vias pesquisados 28

FIGURA 14 Comparação entre o total de lixeiras públicas nos trechos de vias

pesquisados 28

FIGURA 15 Comparação entre as situações 1 e 3, referentes a cada praça

pesquisada 28

Page 8: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

vii

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 Capitais estaduais e a quantidade coletada de resíduos sólidos (2007) 6

TABELA 02 População urbana de Belém atendida pela coleta de resíduos (%) 7

TABELA 03 Fatores que influenciam as características dos resíduos 13

TABELA 04 Bairros considerados centrais e seus logradouros pesquisados 17

TABELA 05 Bairros considerados periféricos e seus logradouros pesquisados 17

TABELA 06 Check-list para praças 18

TABELA 07 Check-list para trecho de vias 18

TABELA 08 Quantidade de lixeiras nos logradouros dos bairros centrais 19

TABELA 09 Quantidade de lixeiras nos logradouros dos bairros periféricos 19

TABELA 10 Área das praças pesquisadas 20

TABELA 11 Quantidade de lixeiras nas praças comparadas 22

TABELA 12 Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 2, nos

bairros centrais 24

TABELA 13 Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 2, nos

bairros periféricos 25

TABELA 14 Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 3, nos

bairros centrais 27

TABELA 15 Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 3, nos

bairros periféricos 27

Page 9: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

viii

RESUMO

A cidade de Belém, segundo dados da ABRELPE (2007), é a terceira capital do país mais eficiente no serviço de coleta de resíduos por habitantes. No entanto, em relação à limpeza urbana, sua imagem perante a população local não é das melhores, principalmente pela falta de lixeiras suficientes nos logradouros. Neste trabalho foi feita uma análise sobre a distribuição das lixeiras encontradas nas áreas públicas de Belém, sendo utilizados como locais de estudo dez bairros. Durante o levantamento de campo foram pesquisados cinco bairros centrais e cinco periféricos, sendo analisados dois logradouros por bairro, podendo ser praças ou trechos de vias. Através do estudo das informações obtidas, percebeu-se que as lixeiras são dispostas de forma aleatória, independente do bairro, além disso, os bairros da periferia belenense possuíam lixeiras mal distribuídas por toda a sua área e com capacidades insuficientes, levando-se em consideração a densidade demográfica desses bairros. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos; Belém do Pará; Lixeiras; Logradouros Públicos.

ABSTRACT

The city of Belém, according to data of the ABRELPE (2007), has one of the most efficient collector garbage for person in Brazil. However, in relation the cleanness urban, its image is not good, especially for the lack of garbage can in the public spaces. This work made an analysis of the distribution of garbage can found in the public spaces in Belém. Five central and five peripherals quarters had been analyzed, two public spaces for each quarter. The study perceived that the garbage can are used of random form and the peripherals quarters has badly distribution and insufficient capacities in consideration the demographic density. KEY WORDS: Quarters; Belém of Pará; Garbage Can; Public Spaces.

Page 10: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

1

INTRODUÇÃO

Belém, capital do estado do Pará, é uma cidade que convida o turista a um passeio

pelas ruas com famosos túneis verdes que a fazem conhecida como a “Cidade das

Mangueiras”. Belém é uma cidade de gente hospitaleira e beleza única, uma das principais

portas de entrada da região amazônica e parada obrigatória para quem quer conhecer o norte

do Brasil.

Por ser uma metrópole, Belém sofre com os problemas comuns de grandes cidades,

como a falta de infra-estrutura suficiente para suportar a população local. No entanto, alguns

serviços públicos como coleta de resíduos sólidos são de boa qualidade, como constatado pela

pesquisa da ABRELPE (2007), no qual a cidade está entre as melhores capitais brasileiras em

relação à coleta de resíduos por habitantes.

Todavia, na realidade, este sistema de coleta ainda precisa de muitas melhorias para se

tornar mais eficiente, pois o que se nota em um simples passeio pela cidade é uma grande

concentração de lixeiras públicas em alguns logradouros e em outros uma total ausência

desses mobiliários urbanos. Além disso, outro motivo para que a cidade possua lixos nas ruas

é a falta de conscientização ambiental por parte dos próprios belenenses, entretanto, não

podemos esquecer que uma distribuição irregular das lixeiras na cidade também contribui

decisivamente com este quadro.

Neste trabalho será feito um levantamento sobre a distribuição das lixeiras encontradas

nas áreas públicas de Belém, com o objetivo principal de contribuir para o aperfeiçoamento

do sistema de armazenamento de resíduos sólidos existente atualmente na capital paraense.

De forma mais específica, será verificado, através da utilização de check-lists e análise das

leis municipais sobre resíduos sólidos existentes em Belém, se a distribuição das lixeiras na

cidade é realizada baseada em alguma norma de padronização prevista em lei ou mesmo por

uma recomendação de distribuição, ou se é realizada de forma aleatória.

Também será verificado se há uma padronização na distribuição desses mobiliários

públicos nos bairros centrais e nos periféricos, ou se, caso seja feita baseada em uma lei

municipal, se esta prevê a distribuição de forma diferenciada nesses bairros. Para que os

bairros possam ser comparados, será analisado a quantidade de lixeiras existentes em

20 (vinte) logradouros de 10 (dez) bairros belenenses, onde serão pesquisados trechos de vias

e praças consideradas de grande fluxo de pessoas e automóveis.

Page 11: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

2

A importância de pesquisas sobre este tema consiste na melhoria da qualidade de vida

das pessoas, pois o excesso de resíduos nas ruas da cidade é um dos principais responsáveis

por danos à saúde pública, através da proliferação de vetores e do entupimento de bueiros

causando possíveis enchentes, o que pode ser combatido pelo poder público através de uma

boa distribuição de lixeiras públicas nos logradouros da cidade.

No que diz respeito ao turismo, uma cidade limpa e com lixeiras bem distribuídas,

aliado a um serviço de coleta eficiente dos resíduos, torna os logradouros mais limpos e

valoriza ainda mais as belezas da cidade, o que poderá atrair ainda mais turistas, visto que do

contrário, uma cidade suja não serve como atração para os turistas retornarem ou

recomendarem a amigos tal viagem.

Page 12: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

3

CAPÍTULO I – GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

I.1 – Gestão dos resíduos sólidos no Brasil

A gestão dos resíduos sólidos é um conjunto de atitudes com o objetivo da eliminação

dos impactos ambientais negativos, associados à produção e à destinação do lixo. Segundo o

IBAM, a gestão dos resíduos sólidos é a maneira de conceber, implementar e administrar

sistemas de limpeza pública considerando uma ampla participação dos setores da sociedade

com a perspectiva do desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade do desenvolvimento é

vista de forma abrangente, envolvendo as dimensões ambientais, sociais, culturais,

econômicas, políticas e institucionais.

Para alcançar essa sustentabilidade, deve-se articular políticas e programas de vários

setores da administração e vários níveis de governo, envolvendo o legislativo e a comunidade

locais, além de buscar a garantia dos recursos e a continuidade das ações, identificando

tecnologias e soluções adequadas à realidade local. Em relação aos resíduos sólidos, as metas

são a redução ao mínimo de sua geração, o aumento ao máximo da reutilização e da

reciclagem do que foi gerado, a promoção do depósito e do tratamento ambientalmente

saudável dos rejeitos e a universalização do atendimento.

No Brasil, o serviço de limpeza urbana iniciou oficialmente em 25 de novembro de

1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império, quando da

assinatura do Decreto nº. 3024 pelo imperador D. Pedro II, aprovando o contrato de “limpeza

e irrigação” da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por Luciano

Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje denomina os

trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras (MONTEIRO, 2001).

Dos tempos do Império até hoje, os serviços de limpeza urbana passaram por diversas

situações boas e ruins. Atualmente, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em

cada cidade brasileira das mais variadas formas, sendo que na sua maioria sendo feita de

forma precária, sem a atenção merecida por parte do poder público, comprometendo a saúde

da população, degradando os recursos naturais, prejudicando o turismo e, acima de tudo,

prejudicando a qualidade de vida da população (MONTEIRO, op.cit.).

Segundo a Constituição Federal, nos incisos VI e IX do art. 23, estabelecem a

competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios de proteger

o meio ambiente e combater a poluição em qualquer das suas formas, bem como promover

Page 13: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

4

programas de construção de moradias e a melhoria do saneamento básico; e nos incisos I e V

do art. 30 estabelecem como atribuição municipal legislar sobre assuntos de interesse local,

especialmente quanto à organização dos seus serviços públicos, como é o caso da limpeza

urbana. Além da Constituição Federal, a Gestão de Resíduos Sólidos também está prevista na

Lei 11.445 / 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o Saneamento Básico; e no

Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil.

Ficou padronizada no Brasil a competência do município sobre a gestão dos resíduos

sólidos produzidos em seu território, incluindo-se os provenientes dos serviços de saúde e

excetuando os de natureza industrial, sendo que grande parte dos resíduos sólidos que

deveriam ser coletados pelo órgão público municipal não é regularmente coletada, sendo

frequentemente jogados nos municípios junto às habitações (principalmente nas áreas de

baixa renda) ou sendo vazada de forma incorreta pela população em logradouros públicos,

terrenos baldios, encostas e cursos d’água.

No caso de grandes aglomerações urbanas, em particular nas Regiões Metropolitanas,

o destino do lixo passa a ser um problema sério, geralmente afetando vários municípios,

sendo necessária a intervenção do Governo Estadual para cuidar das integrações necessárias.

Além disso, cabe aos Governos Estaduais e ao Governo Federal auxiliar o município,

estabelecendo as normas gerais que serão adotadas como princípios orientadores e tornando

acessíveis os programas de financiamento para serviços de limpeza urbana.

Apesar de todo quadro aparentemente negativo, a coleta dos resíduos sólidos é o

segmento que mais se desenvolveu dentro do sistema de limpeza urbana, que é composto pela

geração, acondicionamento, coleta, transporte, transferência, tratamento e disposição final dos

resíduos sólidos e limpeza de logradouros públicos; além de ser o que apresenta maior

abrangência de atendimento junto à população, em grande parte devido a pressão exercida

pela população e pelo comércio para a execução da coleta com regularidade, evitando-se

assim o incômodo da convivência com os resíduos nas ruas (MONTEIRO, op.cit.).

E justamente essa pressão é que faz com que o serviço seja seletivo, pois a imensa

maioria dos municípios não possui meios de oferecer o serviço a toda a população, e acabam

priorizando os setores comerciais, as unidades de saúde e o atendimento à população de renda

mais alta.

Os serviços de varrição e limpeza de logradouros também são muito deficientes nas

cidades brasileiras, acontecendo de forma regular somente nos municípios de grande porte,

geralmente na zona urbanizada, com freqüências e roteiros predeterminados. Já nos demais

municípios, esse serviço se resume à varrição apenas das ruas pavimentadas ou dos setores de

Page 14: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

5

comércio da cidade, bem como à ação de equipes de trabalhadores que saem pelas ruas e

praças da cidade, em roteiros determinados de acordo com as prioridades imediatas,

executando serviços de raspagem, capina, roçagem e varrição dos demais logradouros

públicos.

Levando-se em consideração apenas os resíduos urbanos e públicos, percebe-se de

uma forma generalizada que as administrações públicas apenas afastam das zonas urbanas os

resíduos coletados, depositando-os em locais inadequados e a céu aberto, tanto em cursos

d’água quanto em áreas ambientalmente protegidas, sendo que na sua maioria com a presença

de catadores.

Nas últimas décadas, uma nova forma de gerenciamento dos serviços de limpeza

urbana nas cidades brasileiras vem sendo adotada, que é a privatização dos serviços. Essa

forma de prestação de serviços se dá através da contratação, pelas prefeituras, de empresas

privadas, que passam a executar, com seus próprios meios – incluindo equipamentos e pessoal

– a coleta, a limpeza de logradouros, o tratamento e a destinação final dos resíduos. Como a

gestão de resíduos sólidos é uma atividade essencialmente municipal e as atividades que a

compõem se restringem ao território do município, não são muito comuns no Brasil as

soluções consorciadas, entre municípios vizinhos, a não ser quando se trata de destinação final

em aterros.

Para mudar essa situação, tanto os administradores quanto a população devem

começar a discutir objetivamente o problema, conscientes de suas responsabilidades e de que

o bom funcionamento do serviço de limpeza urbana é importante para o município, já que um

serviço de limpeza urbana, quando mal realizado, traz vários problemas, tais como, a poluição

atmosférica causada pela queima de lixo a céu aberto e a contaminação de lençóis d’água por

substâncias químicas presentes na massa de resíduos; o lixo mal acondicionado ou depositado

a céu aberto constitui-se em foco de proliferação de vetores transmissores de doenças (ratos,

baratas, moscas, etc.); e a exposição indevida do lixo gera incômodos à população, tanto pelo

seu mau odor quanto pela poluição visual e degradação do espaço onde é lançado

(MONTEIRO, op.cit.).

I.2 – Gestão dos resíduos sólidos em Belém do Pará

A cidade de Belém do Pará é famosa por ser a “cidade das Mangueiras”, pela chuva

que cai no meio da tarde, pela sua hospitalidade e por outros atrativos que tornaram na grande

metrópole amazônica. No que diz respeito à limpeza urbana, sua imagem perante a população

Page 15: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

6

local não é tão boa, devido a impressão inicial de que falta mais lixeiras na cidade, embora

hoje a capital paraense ocupe a terceira posição entre as capitais brasileiras no que diz respeito

à quantidade coletada de resíduos por habitantes / dia, conforme tabela 01.

Tabela 01 – Capitais estaduais e a quantidade coletada de resíduos sólidos (2007)

Capitais Estaduais

População Urbana (2007)

Quantidade Coletada (t/dia) (2007)

Quantidade Coletada (Kg/hab/dia) (2007)

Boa Vista-RR 249.853 795 3,18 Natal-RN 757.343 1.363 1,80

Belém-PA 1.408.847 2.399 1,70

Brasília-DF 2.325.910 3.675 1,58

Salvador-BA 2.833.424 4.080 1,44

João Pessoa-PB 674.762 938 1,39

Rio de Janeiro-RJ 6.093.472 7.793 1,28

Manaus-AM 1.646.602 1.976 1,20

Recife-PE 1.519.713 1.824 1,20

São Luís-MA 957.515 1.139 1,19

Fortaleza-CE 2.431.415 2.675 1,10

Maceió-AL 846.344 931 1,10

Belo Horizonte-MG 2.412.937 2.654 1,10

Goiânia-GO 1.221.644 1.200 0,98

Porto Alegre-RS 1.360.367 1.265 0,93

São Paulo-SP 10.329.527 9.379 0,91

Aracajú-SE 520.303 468 0,90

Florianópolis-SC 396.723 357 0,90

Curitiba-PR 1.797.408 1.583 0,88

Macapá-AP 343.271 275 0,80

Vitória-ES 314.042 251 0,80

Campo Grande-MS 706.319 530 0,75

Teresina-PI 719.730 518 0,72

Porto Velho-RO 320.142 198 0,62

Cuiabá-MT 501.511 311 0,62

Palmas-TO 163.970 98 0,60

Rio Branco-AC 268.859 81 0,30 Fontes: SNIS (2002 a 2005), ABRELPE (2005 e 2007)

Page 16: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

7

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, a taxa

de cobertura do serviço de coleta de resíduos sólidos em relação à população urbana é de

98,81%, mesmo possuindo características climáticas, topográficas, geológicas e urbanísticas

que dificultam a coleta diária e regular do lixo da cidade.

Como alternativas para solucionar os problemas causados por essas características

peculiares locais, a cobertura pelos meios tradicionais são auxiliados por tratamentos

diferenciados e especiais principalmente nas áreas mais carentes (baixadas, invasões e com

precariedade do sistema viário), tais como carrocinhas de madeira, carrinhos de ferro com

rodas de pneus e caçambas estacionárias.

Mesmo sendo previsto no art. 39 do Plano Diretor Municipal de Belém, no qual o

Poder Público Municipal poderá estabelecer parcerias com os demais municípios da Região

Metropolitana de Belém para elaborar e implementar o Plano de Gerenciamento Integrado de

Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Belém, compartilhando o Sistema de

Tratamento e Destino Final, a Política Municipal de Resíduos Sólidos é feita de forma

individual, sem parceria com outros governos municipais.

A Secretaria de Saneamento do Município de Belém – SESAN, através de seu

Departamento de Resíduos Sólidos – DRES é responsável pela operacionalização destas

atividades. Várias empresas prestam serviços para a SESAN na área da limpeza urbana,

principalmente através da locação de pessoal e equipamento para a execução da varrição,

limpeza de valas, raspagem de meio-fio, remoção de entulhos, entre outros, sendo que apenas

a coleta regular do lixo domiciliar é totalmente terceirizada, através de contrato com empresas

especializadas, que atende a população segundo a freqüência apresentada na tabela 02.

Tabela 02 – População urbana de Belém atendida pela coleta de resíduos (%)

População atendida, segundo a freqüência Diária 2 ou 3 vezes por semana 1 vez por semana 37 % 62 % 2 %

Fonte: SNIS, 2006

Page 17: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

8

CAPÍTULO II – ESTUDO DE CASO E AS VARIÁVEIS ANALISADAS

II.1 – Estudo de caso

A colonização da cidade de Belém data do início do século XVII, como conseqüência

da disputa da colonização das Américas pelas duas maiores potências da época, as Coroas

Portuguesa e Espanhola (VIANA, 1967). Geograficamente singular, foi colonizada por sobre

o Meridiano de Tordesilhas, em terras então pertencentes à Espanha. Foi fundada em 1616,

sob comando da Dinastia Filipina, para proteger a foz do Rio Amazonas e garantir o território

sob posse e domínio ibérico (PEREIRA et al, 2007).

Inicialmente batizada de Feliz Lusitânia, foi denominada também de Santa Maria do

Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará e, finalmente, Belém. A morfologia da cidade

era diminuta, consistindo somente em um forte, terminado em 1616, e o colégio jesuíta de

1626 (JESUÍTAS, [s.d.]). Ambas as edificações estavam localizadas no ponto mais alto do

terreno, margeando a orla fluvial. A decisão de alocar os principais edifícios na cota mais

elevada parte de conceitos militares de defesa, pois quando em ponto mais alto, é facilitada a

visibilidade de qualquer atividade ocorrida: no caso de Belém, a visibilidade fica facilitada

tanto na orla fluvial quanto em terra.

Tanto por estar situada na chamada “entrada” da Amazônia, próximo à foz do Rio

Amazonas, quanto por obter índios educados pelos jesuítas, Belém se tornou um chamariz:

para os ingleses, franceses e holandeses, interessados na dominação territorial pan-americana,

como para os bandeirantes, quais viam no índio doutrinado pela educação missionária,

potencial mão de obra a ser utilizada nas fazendas ao Sul.

Em 1688 é criado o mercado do Ver-o-Peso, que auxilia a cidade a comercializar seus

bens locais. Localizado na orla, se torna o primeiro meio de comunicação entre a cidade e o

mundo. Por se tratar de um ponto confluente de vias fluviais e, conseqüentemente,

geograficamente favorável, a cidade de Belém ganha atenção internacional. Com isto, não é

incomum a vinda de grande número de europeus, principalmente provindos da península

ibérica.

Belém, como toda a ocupação portuguesa na Amazônia, foi realizada além dos limites

do Tratado de Tordesilhas (VIANA, op. cit.). Apesar de ser uma colônia portuguesa, o

território belenense somente irá, de fato, pertencer a Portugal, com a assinatura do Tratado de

Madrid, em 1750. Com o passar do tempo, Belém foi a capital brasileira com a relação mais

Page 18: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

9

sólida com Portugal, como prova disso é o fato de Belém, por estar distante das principais

capitais brasileiras e manter relação estreita com a Metrópole, reconhece a independência

brasileira perante Portugal somente um ano após sua proclamação.

O Norte brasileiro manteve-se sempre em contato mais estreito com Portugal do que

com as demais regiões brasileiras. Somente com a proibição do uso das línguas indígenas foi

que esta região iniciou, de fato, a falar a língua portuguesa. Ainda hoje é perceptível o fato de

que, em Belém, se fala o português com sotaque da antiga metrópole.

Durante a época do ciclo econômico da borracha (1850–1920), a cidade foi palco de

diversos acontecimentos. O ouro branco, nome dado ao látex, oportunizou à Belém diversos

melhoramentos em sua infra-estrutura, sendo o mais significativo a implantação de luz

elétrica. Houve também uma internacionalização da cidade e, conseqüentemente, o requinte

de sua elite, que vivia “deslumbrada com o glamour da belle-époque de inspiração parisiense”

(DUARTE, 2007).

Na época, o censo de 1900 indicava que Belém era uma das grandes capitais

brasileiras, contando com 96 mil habitantes (JUNIOR, 2007). Com o declínio da borracha

brasileira, na década de 1920, da ascensão da borracha da Malásia, a economia e,

conseqüentemente, a população belenense, declinaram. O pequeno sopro do segundo ciclo da

borracha, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), trouxe nova esperança e

contingente populacional interessado em trabalhar plantações de seringueiras. Entretanto,

após a guerra, este ciclo, como o primeiro, também se findou.

A cidade hoje, capital da Região Metropolitana de Belém, continua sendo um grande

chamariz populacional instigando nas massas o sonho de riqueza nos grandes centros urbanos.

A cidade convida para um passeio pelas ruas com famosos túneis verdes que fazem Belém ser

conhecida como a Cidade das Mangueiras. Belém é cidade de gente hospitaleira e beleza

única.

A evidente vantagem geográfica somada às belezas naturais e ao valor inestimável do

patrimônio cultural são responsáveis por um importante diferencial em relação às demais

capitais brasileiras. A metrópole conta, atualmente, com cerca de 1,5 milhão de habitantes,

sendo que a capital do Pará reflete bem o que se pode chamar de uma cidade tipicamente

amazônica, com a sua arborização do centro urbano de Belém preservada em suas Praças,

Bosques, Parques, ruas e avenidas, os túneis de folhagens criados pela natureza com os galhos

das mangueiras, que evidencia a beleza da região: o verde.

Page 19: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

10

II.2 – Bairros selecionados para análise

Depois de escolher Belém como a cidade a ser utilizada como estudo de caso, de

acordo com o objetivo deste trabalho, selecionar dez bairros para serem analisados. Para

determinar quais bairros seriam pesquisados, foi feita a análise o mapa de renda per capita da

cidade de Belém. Assim, foi possível estabelecer critérios para determinação dos bairros

centrais e periféricos.

Importante destacar que “o termo periferia deve ser entendido enquanto resultado de

processos que combinam a condição do espaço com a condição social dos moradores”

(NAHON, 2003). Trindade Jr. (1998) acrescenta que o termo periferia pode ser usado

indiscriminadamente para designar espaços próximos ou distantes do centro metropolitano,

pois é um conceito relativo, que se articula dialeticamente com o centro ou com áreas mais

bem dotadas. Neste trabalho, entende-se como bairros periféricos aqueles em que

apresentaram a menor renda per capita.

Os bairros selecionados para pesquisas serão apresentados a seguir:

II.2.1 – Bairros centrais

Os bairros considerados centrais selecionados para esta pesquisa foram Batista

Campos, Cidade Velha, Nazaré, Reduto e Umarizal.

Batista Campos é um bairro nobre e organizado da cidade, com 19.412 habitantes,

cujo nome é em homenagem ao Cônego João Batista Gonçalves Campos (1782–1834), líder

do movimento da Cabanagem. Possui uma área territorial de 1.430,77 km² e nele fica situado

o principal Shopping Center de Belém (SEGEP, 2006).

Cidade Velha é o bairro mais antigo de Belém, onde surgiu a cidade, a partir do seu

descobrimento por Francisco Caldeira Castelo Branco, em 12 de janeiro de 1616. Possui

inúmeros prédios coloniais históricos, com azulejos portugueses, muitos dos quais tombados

pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Com 12.025 habitantes,

a sua área territorial de 1.188,32 km² apresentam nomes de cidades ou personalidades,

principalmente portuguesas e brasileiras (SEGEP, op. cit.).

Nazaré é um bairro nobre e bem estruturado de Belém, onde se concentra as opções de

moradia mais valorizadas da cidade. Com 18.706 habitantes, a sua área territorial de 1.509,99

km² reúne prédios residenciais e comerciais, construídos principalmente entre as décadas de

1960 e 1990. Por sua localização central, é possível encontrar em Nazaré uma ampla e

Page 20: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

11

diversificada rede de lojas, serviços, colégios, restaurantes, clínicas, hospitais e

supermercados, além de pontos ligados à história e à cultura da cidade, como a Basílica de

Nossa Senhora de Nazaré e a Praça Santuário, e as sedes dos dois principais clubes da cidade,

o Clube do Remo e o Paysandu Sport Club (SEGEP, op. cit.).

Na Belém da Belle Èpoque, o bairro do Reduto abrigou as primeiras fábricas

aproveitando a proximidade com o porto em especial pela ligação com este pelo antigo

Igarapé das Almas, que servia de entreposto para embarque desembarque de cargas.

Atualmente com 6.998 habitantes, nos seus 813,92 km², o bairro vai se remodelando aos

poucos mas ainda mantém algumas ruas estreitas assim como alguns galpões que

testemunham sua origem fabril, já o antigo igarapé hoje é só um canal, numa das regiões mais

valorizadas da cidade conhecida por Doca de Souza Franco, ladeada por modernos edifícios e

outras construções de alto padrão (SEGEP, op. cit.).

Umarizal é um bairro conhecido como reduto de intelectuais, boêmios e sambistas nas

décadas de 1970 e 1980, sendo nessa epóca essencialmente residencial. Com o crescimento

populacional de Belém, muitos prédios foram construídos no local, ocupando o espaço que

anteriormente era de grandes e antigos casarões. O nome do bairro deriva das muitas árvores

de umari (uma fruta silvestre) que lá existiam, à época de sua colonização.

Atualmente, o Umarizal é um dos bairros mais caros e valorizados da cidade, logo

atrás de Nazaré. Com 30.064 habitantes e uma área territorial de 2.659,80 km², além de

prédios e residências remanescentes do período de expansão, o bairro se caracterizou a partir

da década de 1990 como um grande centro noturno da cidade, com restaurantes, bares, boates,

casas de show e botecos dedicados às classes A e B. O maior ícone do Umarizal é a avenida

Visconde de Souza Franco, ou “Doca”, onde se concentram boa parte dos serviços oferecidos

(SEGEP, op. cit.).

II.2.2 – Bairros Periféricos

Os bairros considerados periféricos selecionados para esta pesquisa foram Guamá,

Mangueirão, Marambaia, Pedreira e Telégrafo.

Marcado pela pobreza e pela violência sem controle, o Guamá é o bairro mais

populoso de Belém, com 102.124 habitantes. Em seus 4.127,78 km² de área territorial, está

situado o campus da Universidade Federal do Pará – UFPA. Guamá aparece como referência

recorrente nas denominações de localidades e vilas no Estado do Pará, numa alusão a um dos

Page 21: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

12

principais rios deste estado e tem significado no vocábulo indígena de “rio que chove”

(SEGEP, op. cit.).

Mangueirão é como é conhecido popularmente o Estádio Olímpico do Pará e acabou

emprestando o nome a esse bairro de Belém. Com 32.699 habitantes, nos seus 6.153,53 km²

também abriga o único Planetário da região norte do Brasil, localizado entre uma extensa área

verde pertencente à Marinha, o Estádio Olímpico e a rodovia Augusto Montenegro, uma das

principais da capital paraense (SEGEP, op. cit.).

Marambaia é um bairro com 62.370 habitantes e uma área territorial de 5.040,51 km²,

composto por alguns grandes conjuntos habitacionais da década de 1980, além de possui

dentro de seu territorio áreas da Marinha do Brasil e o Parque Ambiental de Belém (SEGEP,

op. cit.).

Pedreira é um bairro residencial de classe média, razoavelmente tranqüilo. Com

69.067 habitantes e com uma área territorial de 3.724,61 km², foi planejado por Antônio

Lemos, intendente de Belém, na virada do século XIX para o XX, com os recursos

propiciados pelas exportações da borracha amazônica, com avenidas de 40m de largura e

transversais medindo 20m de largura. Atualmente abriga a Aldeia de Cultura Amazônica Davi

Miguel, também conhecida como Aldeia Amazônica ou mesmo Aldeia Cabana, que serve

como Palco para vários eventos culturais da Cidade (SEGEP, op. cit.).

Telégrafo é um bairro tradicional da cidade de Belém, com uma população de 42.785

habitantes. Situados dentro de seus 2.317,31 km² estão a Universidade do Estado do Pará –

UEPA (Reitoria) e a a sede central dos Correios no estado do Pará (SEGEP, op. cit.).

II.3 – As variáveis analisadas

Através do estudo de caso, pretende-se analisar como é realizado o sistema de

armazenamento de resíduos sólidos existente atualmente na cidade de Belém, verificando se a

distribuição das lixeiras públicas na cidade acontece de forma regular, ou seja, se os bairros

mais periféricos possuem as mesmas condições dos mais centrais. Diante do exposto,

pretendemos contribuir para o aperfeiçoamento do sistema de armazenamento resíduos

sólidos existente atualmente na cidade de Belém.

Então, a variável analisada nesse trabalho será as lixeiras públicas, um dos mais

relevantes mobiliários urbanos de uma cidade. Ressalta-se que para auxiliar nas análises das

lixeiras públicas, iremos também analisar os resíduos sólidos, sendo ambos apresentados a

seguir.

Page 22: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

13

II.3.1 – Resíduos sólidos

Resíduos sólidos ou lixo são todas e quaisquer sobras e/ou detritos provenientes das

atividades humanas, com exceção de dejetos e outros materiais. Podem ser classificados

quanto a sua natureza física, sua composição química, sua fonte geradora ou pela sua

periculosidade ao meio ambiente (LIMA-E-SILVA et.al., 2002), podendo ocasionar

problemas sanitários, econômicos e principalmente estéticos. Sua composição varia de

comunidade para comunidade, dependendo de fatores climáticos, épocas especiais, fatores

demográficos e fatores socioeconômicos (MONTEIRO, op.cit.), conforme pode ser visto na

tabela 03.

Tabela 03 – Fatores que influenciam as características dos resíduos

FATORES CLIMÁTICOS * Chuvas: Aumenta o teor de umidade do lixo.

* Outono: Aumenta a quantidade de folhas no chão.

* Verão: Aumenta o teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos rígidos). ÉPOCAS ESPECIAIS

* Carnaval: Aumenta o teor de embalagens de bebidas (latas, vidros e plásticos rígidos).

* Natal/Ano novo/Páscoa: aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis e metais) * Dia dos Pais/Mães: aumento de embalagens (papel/papelão, plásticos maleáveis e metais). * Férias escolares: esvaziamento das cidades em locais não turísticos e conseqüentemente o aumento populacional em locais turísticos.

FATORES DEMOGRÁFICOS * População urbana: quanto maior a população urbana, maior a geração per capita de resíduos.

FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS * Nível cultural: quanto maior o nível cultural, maior a incidência de materiais recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica. * Nível educacional: quanto maior o nível educacional, menor a incidência de matéria orgânica. * Poder aquisitivo: quanto maior o poder aquisitivo, maior a incidência de materiais recicláveis e menor a incidência de matéria orgânica. * Desenvolvimento tecnológico: introdução de materiais cada vez mais leves, reduzindo o valor do peso específico aparente dos resíduos. * Lançamentos de novos produtos e promoções de lojas: aumento de embalagens. * Campanhas ambientais: redução de materiais não-biodegradáveis (plásticos) e aumento de materiais recicláveis e/ou biodegradáveis (papéis, metais e vidros).

FONTE: Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM, 2001.

A importância sanitária dos resíduos sólidos é de prevenir e controlar doenças a eles

relacionadas. Além disso, o efeito que uma comunidade limpa exerce sobre os hábitos da

população em geral facilita a instituição de hábitos correlatos. Em relação ao aspecto

Page 23: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

14

econômico, uma solução adequada para o problema dos resíduos sólidos, e conseqüentemente

a dos problemas de ordem sanitária, faz com que aumente a vida média efetiva do homem,

quer pela redução da mortalidade, quer pela redução de doenças (FUNASA, 2001).

Para o acondicionamento dos resíduos sólidos nas fontes produtoras, alguns aspectos

devem ser considerados, dentre eles o modo mais adequado de acondicionar os resíduos para

coleta, a localização do recipiente e o horário do serviço de coleta. Esses aspectos

devidamente esclarecidos à comunidade visam o controle de vetores, a redução de odores e a

estética.

Para resíduos de origem domiciliar e/ou comercial, as formas mais utilizadas de

acondicionamento são os recipientes metálicos ou plásticos, os recipientes de borracha, sacos

plásticos tipo padrão ou sacos plásticos de supermercado. Na escolha do recipiente, o mesmo

deve atender às condições sanitárias, possuir capacidade para conter o lixo gerado durante o

intervalo entre as coletas e a possibilidade de manipulação segura por parte de quem coleta.

Para o serviço de coleta, o que proporciona maior facilidade e rapidez são os sacos

plásticos, tanto o padrão quanto o de supermercado, pois são mais leves, reduzem os

problemas de catação de quem faz a coleta, entre outros. Porém, ambientalmente os sacos

plásticos são os que causam maiores problemas de poluição visual e maiores danos ao meio

ambiente dentro dos aterros sanitários (FUNASA, op.cit.).

A respeito da coleta e transporte dos resíduos sólidos, dois fatores são necessários para

um bom serviço de coleta: a universalidade e a regularidade da coleta. A universalidade da

coleta significa que o serviço prestado deve ser o mesmo para todos. Já a regularidade

representa três itens importantes: a periodicidade, a freqüência e o horário da coleta

(FUNASA, op.cit.). A regularidade do sistema é muito importante para que o serviço de

coleta funcione, já que, com isso, a população passa a ficar mais estimulada em colaborar.

II.3.2 – Lixeiras públicas

Lixeira pública, também conhecida como cesta coletora de lixo, é um repositório onde

se armazena lixo temporariamente. É muito comum em centros urbanos onde os lixos jogados

na rua podem causar a proliferação dos animais transmissores de doenças e pode também

entupir bueiros causando enchentes. No Brasil, são utilizados latas ou tambores como lixeiras

públicas em pequenas cidades.

As lixeiras devem ser instaladas em geral a cada 20 metros, de preferência em

esquinas e locais onde haja maior concentração de pessoas, pontos de ônibus, ruas comerciais,

Page 24: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

15

escolas, praças, bares, entre outros (IBAM, 2001). Para os demais lugares, o estipulado é 50

metros.

Uma boa cesta deve ser pequena, para não atrapalhar o trânsito de pedestres pelas

calçadas; durável, bonita e integrada com os equipamentos urbanos já existentes (orelhão,

caixa de correio, pontos de ônibus). Além disso, não devem possui tampa, pois o usuário,

certamente, não gostará de tocá-la, diretamente nos equipamentos auxiliares dos varredores.

Além das cestas coletoras, outras medidas devem ser tomadas paralelamente para

reduzir a quantidade de lixo lançada nos logradouros, tais como plano de varrição,

implantação e fiscalização dos serviços (IBAM, op. cit.).

Page 25: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

16

CAPÍTULO III: DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS UTILIZADOS

Este capítulo descreve a metodologia adotada para a realização da pesquisa. Até o

momento foi apresentada, no primeiro capítulo, gestão dos resíduos sólidos no Brasil e em

particular na cidade de Belém, no Pará; posteriormente, no capítulo seguinte, foram

apresentados o estudo de caso e as variáveis de análise deste trabalho. A partir deste ponto,

será explicado como se adequou a metodologia aos objetivos do trabalho e como foi realizada

a pesquisa.

Analisou-se a eficiência de um dos mobiliários urbanos de maior relevância para as

cidades, as caixas coletoras de lixo (lixeiras públicas). Parar entendermos o termo mobiliário

urbano é necessário conceituá-lo: “coleção de artefatos implantados no espaço público das

cidades, de natureza utilitária ou de interesse urbanístico, paisagístico, simbólico ou cultural”

(PMRJ, s.d.). Como exemplo de mobiliário urbano temos postes de distribuição elétrica,

sinalização vertical de trânsito, hidrante, telefone público, caixas coletoras de correio, caixas

coletoras de lixo, outdoors e muitos outros.

Alguns mobiliários urbanos implantados na cidade de Belém possuem uma

multiplicidade de elementos e formas de implantação que não se articulam uns com os outros,

prejudicando a utilização dos espaços públicos pela população, é o caso das lixeiras, sendo

que a análise da distribuição e eficiência deste mobiliário urbano é o objetivo principal desta

pesquisa.

Os espaços de implantação do mobiliário urbano são os logradouros públicos da

cidade de uso comum da coletividade, podendo ser espaços de circulação ou de permanência.

As vias de pedestres e veículos são os principais espaços de circulação, enquanto que as

praças, parques, jardins, orlas, são os espaços de permanência.

O projeto contou com três etapas: levantamento de campo, análise dos dados e

pesquisa da legislação. Durante o levantamento de campo foram pesquisados dez bairros,

cinco centrais e cinco periféricos, sendo que em cada bairro foram analisados dois

logradouros (ver tabelas 04 e 05). Quanto à escolha dos logradouros pesquisados, utilizou-se

tanto espaços de circulação como de permanência, segundo dois critérios: primeiramente as

ruas de maior fluxo de veículos e pessoas do bairro (normalmente coincidente com a rua em

que há transporte público) e, posteriormente, uma praça expressiva presente no bairro.

Page 26: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

17

Ressalta-se que em alguns bairros não foi encontrada praça que possa ser considerada

expressiva.

Tabela 04 – Bairros considerados centrais e seus logradouros pesquisados

BAIRROS CENTRAIS BAIRROS LOGRADOUROS

Batista Campos Praça Batista Campos

Travessa Padre Eutíquio

Cidade Velha Praça Frei Caetano Brandão

Rua Dr. Assis

Nazaré Avenida Braz de Aguiar

Praça do Santuário

Reduto Avenida Visconde de Souza Franco

Rua 28 de Setembro

Umarizal Avenida Senador Lemos

Praça Brasil

Tabela 05 – Bairros considerados periféricos e seus logradouros pesquisados

BAIRROS PERIFÉRICOS BAIRROS LOGRADOUROS

Guamá Avenida Perimetral

Praça Princesa Izabel

Mangueirão Rodovia Augusto Montenegro

Rodovia Transcoqueiro

Marambaia Avenida Rodolfo Chermont Praça Dom Alberto Ramos

Pedreira Avenida Duque de Caxias Avenida Pedro Miranda

Telégrafo Avenida Pedro Álvares Cabral

Travessa Djalma Dutra

As variáveis analisadas foram disposição, quantidade e funcionalidade das lixeiras. As

informações foram obtidas tomando como base um check-list contendo dados obtidos sobre as

variáveis analisadas em cada logradouro. Sobre o check-list, foram feitos duas listas, uma

específica para praças (tabela 06) e outra para trechos de vias (tabela 07). Nelas contêm itens

como o total de lixeiras, a situação atual (funcionando ou danificada), entre outros. A pesquisa

ocorreu duas vezes, uma nos dias 04 e 05 de maio de 2009 e nos dias 05 e 06 de junho do

mesmo ano, com o objetivo de verificar se as lixeiras móveis continuariam nos logradouros

após um mês, o que pode ser comprovado após a análise das pesquisas.

Page 27: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

18

Tabela 06 – Check-list para praças

NOME DA PRAÇA LOCALIZAÇÃO

ÁREA QUANTIDADE DE LIXEIRAS:

PARTICULAR: PREFEITURA:

Tabela 07 – Check-list para trecho de vias

NOME DO LOGRADOURO PERÍMETRO

LOCALIZAÇÃO QUANTIDADE DE LIXEIRAS:

PARTICULAR: PREFEITURA:

Com estas listas de controle, será possível a obtenção de dados e informações que

indicarão, por exemplo, como está a distribuição das lixeiras nos logradouros, destacando que

em cada trecho de via será analisado 500 metros de via, em ambos os lados do logradouro; e

nas praças foram estudados a área total das mesmas. No segundo momento, será feita análise

dos dados coletados e por seguinte, realizada a pesquisa da legislação que regula a

distribuição deste mobiliário urbano na cidade de Belém.

Com a obtenção da quantidade de lixeiras nesses logradouros, será realizada a

apresentação de três situações: primeiramente a situação atual de cada logradouro, no qual

será apresentado o total de lixeiras em cada local pesquisado; posteriormente serão realizadas

duas comparações, uma referente ao total de lixeiras que deveriam ter nos logradouros usando

como base à distância entre lixeiras de 20 metros e a outra usando como termo de referência

50 metros.

Vale ressaltar que no caso das praças, será realizado uma contagem em cima de área,

isso é, no caso da situação 2 (de 20 m entre duas lixeiras), transformou-se esse valor em uma

área quadrada de 400 m², no qual essa área teria que possui duas lixeiras; já no caso da

situação 3 (50 m), a área para duas lixeiras seria de 2.500 m².

Com a apresentação dessas três situações, dará para verificar se a cidade está sendo

bem servida de lixeiras nos logradouros e, além disso, será possível a comparação entre a

distribuição de lixeiras nos bairros da periferia com a dos bairros centrais, para verificar se há

uma padronização nessa distribuição pela área territorial da capital paraense.

Page 28: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

19

CAPÍTULO IV: RESULTADOS

IV.1 – Apresentação dos resultados obtidos

Após a aplicação dos check-lists nos vinte logradouros selecionados dentre os dez

bairros da capital paraense, chegou-se aos seguintes resultados, conforme tabelas 08 e 09:

Tabela 08 – Quantidade de lixeiras nos logradouros dos bairros centrais

Bairro Logradouro Lixeiras Batista Campos Praça Batista Campos 185 Batista Campos Travessa Padre Eutíquio 0 Cidade Velha Praça Frei Caetano Brandão 32 Cidade Velha Rua Dr. Assis 1 Nazaré Avenida Braz de Aguiar 13 Nazaré Praça do Santuário 16 Reduto Avenida Visconde de Souza Franco 4 Reduto Rua 28 de Setembro 8 Umarizal Avenida Senador Lemos 6 Umarizal Praça Brasil 52

TOTAL 317

Tabela 09 – Quantidade de lixeiras nos logradouros dos bairros periféricos

Bairro Logradouro Lixeiras Guamá Avenida Perimetral 0 Guamá Praça Princesa Izabel 6 Mangueirão Rodovia Augusto Montenegro 0 Mangueirão Rodovia Transcoqueiro 5 Marambaia Avenida Rodolfo Chermont 4 Marambaia Praça Dom Alberto Ramos 30 Pedreira Avenida Duque de Caxias 5 Pedreira Avenida Pedro Miranda 4 Telégrafo Avenida Pedro Álvares Cabral 2 Telégrafo Travessa Djalma Dutra 2

TOTAL 58

No total de logradouros, 14 (catorze) foram trechos de ruas, dos quais 8 (oito) foram

pesquisados em bairros periféricos e 6 (seis) em bairros centrais, ressaltando que em todos

foram analisados 500m de via. Já o total de praças foram 6 (seis), sendo que 4 (quatro) foram

pesquisadas nos bairros centrais e apenas 2 (duas) nos bairros periféricos. Diferentemente dos

trechos de vias, nas praças foram analisadas as suas áreas totais, havendo variação das áreas

pesquisadas, conforme apresentando na tabela 10.

Page 29: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

20

Tabela 10 – Área das praças pesquisadas

Praça Bairro Área Batista Campos Batista Campos 38.671 m² Frei Caetano Brandão Cidade Velha 5.939 m² Do Santuário Nazaré 9.511 m² Brasil Umarizal 9.427 m² Princesa Izabel Guamá 356 m² Dom Alberto Ramos Marambaia 18.330 m²

FONTE: Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belém – SEMMA

IV.2 – Interpretação dos resultados obtidos

Baseados nos resultados obtidos, foram realizados e analisados três situações sobre a

distribuição desse mobiliário público em Belém, que serão apresentados a seguir.

IV.2.1 – Situação 1: Sem padronização na distribuição das lixeiras

A situação 1 é na qual encontra-se atualmente a distribuição de lixeiras em Belém. Foi

possível perceber que não há uma padronização na distribuição das lixeiras no município, o

que pode ser comprovado também após consulta as leis municipais, quando foi verificado que

não há legislação que trate sobre essa distribuição nos logradouros da cidade. Outro fator

possível de perceber na pesquisa é a diferença significativa entre a quantidade de lixeiras

presentes nos logradouros dos bairros centrais em relação as existentes nos bairros periféricos,

conforme figura 01.

Figura 01 – Percentual de lixeiras pesquisadas, em relação à localização

15,5%

84,5%

Bairros Centrais Bairros Periféricos

Se for analisado apenas as lixeiras presentes nos trechos de vias, verificou-se que três

dos catorze logradouros pesquisados não apresentaram nenhuma lixeira durante os seus 500m

Page 30: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

21

5

8

4

6

4

4

2 1 25

13

Rod. Transcoqueiro Av. Braz de Aguiar

Av. Duque de Caxias Rua 28 de Setembro

Av. Pedro Miranda Av. Senador Lemos

Av. Rodolfo Chermont Av. Visconde de Souza Franco

Av. Pedro Álvares Cabral Rua Dr. Assis

Trav. Djalma Dutra

de via estudados, sendo que desses, dois estão situados nos bairros periféricos. Nota-se que há

mais lixeiras nas vias localizadas nos bairros centrais do que nas vias localizadas na periferia

de Belém (figura 02).

Figura 02 – Quantidade de lixeiras nos trechos de vias pesquisados

Além disso, pode-se verificar que como há poucas lixeiras nas vias analisadas dos

bairros periféricos, a população acaba ajudando nesse serviço público, implantando lixeiras

por conta própria defronte as suas residências, o que é comprovado pelo percentual de lixeiras

particulares nos bairros periféricos: 77,28 % do total das lixeiras encontradas. Já nas lixeiras

nos bairros centrais, esse percentual é de apenas 12,5 %.

Já em relação às praças estudadas, não é possível simplesmente comparar a quantidade

de lixeiras entre os bairros, visto que a distribuição das lixeiras depende da área de cada praça.

Mas se comparar apenas a soma das lixeiras das praças do Santuário e Brasil, localizados nos

bairros centrais, com 18.938m² ao todo, com a quantidade de lixeiras das praças Princesa

Izabel e Dom Alberto Ramos, localizados nos bairros periféricos, com 18.686m², pode-se ter

uma idéia da diferença na distribuição dessas lixeiras (ver figura 03 e tabela 11).

Vias dos Bairros Periféricos Vias dos Bairros Centrais

Page 31: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

22

Figura 03 – Total de lixeiras das praças, comparação entre bairros centrais e periféricos

36

68

0

10

20

30

40

50

60

70

Bairros Centrais Bairros Periféricos

Tabela 11 – Quantidade de lixeiras nas praças comparadas

Bairros Centrais

Praça Brasil 52 lixeiras 9.427 m²

Praça do Santuário 16 lixeiras 9.511 m²

Bairros Periféricos

Praça Dom Alberto Ramos 30 lixeiras 18.330 m²

Praça Princesa Izabel 6 lixeiras 356

Outra observação possível foi das lixeiras encontradas na pesquisa. Sem levar em

consideração as lixeiras particulares, foram encontrados 6 (seis) tipos de lixeiras diferentes

implantadas pela Prefeitura nos logradouros da cidade. Foram visualizados 2 (dois) tipos de

lixeiras pequenas de madeira, com capacidade de 30 litros (figuras 04 e 05); 1 (uma) lixeira

grande de madeira (figura 06) e 1 (uma) lixeira grande de ferro (figura 07), ambas com

capacidade de 100 litros; e 2 (dois) tipos de lixeiras de plástico (figuras 08 e 09), com

capacidade de 100 litros, sendo estes de cores diferentes – laranja e verde – mas essas cores

são mero acaso, sem relação com coleta seletiva de resíduos que, aliás, não acontece de forma

regular em Belém.

Page 32: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

23

Figuras 04 e 05 – Lixeiras pequenas encontradas em Belém

Figuras 06 e 07 – Lixeiras grandes encontradas em Belém

Page 33: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

24

Figuras 08 e 09 – Lixeiras grandes de plástico encontradas em Belém

IV.2.2 – Situação 2: Lixeiras sendo distribuída a cada 20 metros

Na situação 2, as lixeiras teriam que ser distribuídas a cada 20 metros. Quando

comparado com a atual situação, dos logradouros situados nos bairros centrais, apenas as

Praças Frei Caetano Brandão e Brasil estariam dentro da conformidade, no que diz respeito à

quantidade de lixeiras que deveriam existir nesses logradouros (tabela 12). Para adequar-se a

essa distribuição desse mobiliário urbano a cada 20 m, seria necessária nesses bairros a

implantação de mais 153 lixeiras.

Tabela 12 – Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 2, nos bairros centrais

Bairro Logradouro Situação 1 Situação 2 Diferença

Batista Campos Praça Batista Campos 185 194 +9 Travessa Padre Eutíquio 0 25 +25

Cidade Velha Praça Frei Caetano Brandão 32 30 –2 Rua Dr. Assis 1 25 +24

Nazaré Avenida Braz de Aguiar 13 25 +12 Praça do Santuário 16 48 +32

Reduto Avenida Visconde de Souza Franco 4 25 +21 Rua 28 de Setembro 8 25 +17

Umarizal Avenida Senador Lemos 6 25 +19 Praça Brasil 52 48 –4

TOTAL 317 470 +153

Page 34: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

25

No caso dos logradouros situados nos bairros periféricos, essa diferença entre as duas

situações é ainda mais relevante, tendo somente a Praça Princesa Izabel de acordo com essa

padronização (tabela 13). Seria necessária a implantação de mais 236 lixeiras nesses bairros.

Tabela 13 – Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 2,

nos bairros periféricos

Bairro Logradouro Situação 1 Situação 2 Diferença

Guamá Avenida Perimetral 0 25 +25 Praça Princesa Izabel 6 2 –4

Mangueirão Rodovia Augusto Montenegro 0 25 +25 Rodovia Transcoqueiro 5 25 +20

Marambaia Avenida Rodolfo Chermont 4 25 +21 Praça Dom Alberto Ramos 30 92 +62

Pedreira Avenida Duque de Caxias 5 25 +20 Avenida Pedro Miranda 4 25 +21

Telégrafo Avenida Pedro Álvares Cabral 2 25 +23 Travessa Djalma Dutra 2 25 +23

TOTAL 58 294 +236

Foram realizadas também três comparações: primeiro, comparando o total de lixeiras

que deveriam existir nos trechos de vias pesquisados, caso fossem distribuídas a cada 20 m

(Situação 2), com todas as lixeiras encontradas nesses logradouros atualmente (Situação 1)

(figura 10); segundo, comparando a Situação 2 com o total de lixeiras públicas encontradas

hoje nas mesmas (figura 11); e terceiro, a quantidade de lixeiras que deveriam ter nas três

praças que não estão de acordo com padronização em questão (Batista Campos, do Santuário

e Dom Alberto Ramos) em comparação com a atual situação das mesmas (figura 12).

Figura 10 – Comparação entre o total de lixeiras nos trechos de vias pesquisados

350

540

50

100

150

200

250

300

350

Situação 2 Situação 1

Page 35: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

26

Figura 11 – Comparação entre o total de lixeiras públicas nos trechos de vias pesquisados

350

210

50

100

150

200

250

300

350

Situação 2 Situação 1

Figura 12 – Comparação entre o total de lixeiras nas praças pesquisadas que possuem déficit

231334

0

50

100

150

200

250

300

350

Situação 2 Situação 1

IV.2.3 – Situação 3: Lixeiras sendo distribuída a cada 50 metros

Na situação 3, a distribuição das lixeiras ocorreriam a cada 50 metros. Quando

comparado com a situação atual, dos logradouros situados nos bairros centrais, metade deles

estariam dentro da conformidade, no caso todas as praças e a Avenida Braz de Aguiar (tabela

14). No caso desse mobiliário urbano a cada 50 m, seria necessário apenas uma redistribuição

das lixeiras já existentes pelos bairros centrais, visto que atualmente há 204 lixeiras

implantadas a mais do que seria necessário, de acordo com a situação 3.

Page 36: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

27

Tabela 14 – Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 3, nos bairros centrais

Bairro Logradouro Situação 1 Situação 3 Diferença

Batista Campos Praça Batista Campos 185 32 –153 Travessa Padre Eutíquio 0 10 +10

Cidade Velha Praça Frei Caetano Brandão 32 5 –27 Rua Dr. Assis 1 10 +9

Nazaré Avenida Braz de Aguiar 13 10 –3 Praça do Santuário 16 8 –8

Reduto Avenida Visconde de Souza Franco 4 10 +6 Rua 28 de Setembro 8 10 +2

Umarizal Avenida Senador Lemos 6 10 +4 Praça Brasil 52 8 –44

TOTAL 317 113 –204

Já nos logradouros situados nos bairros periféricos, a diferença entre as duas situações

é semelhante com a ocorrida na situação 2. Somente as praças possuem mais lixeiras hoje do

que seriam necessários na situação 3 (tabela 15). Seria necessária a implantação de mais 38

lixeiras nesses bairros.

Tabela 15 – Diferença entre as quantidades de lixeiras nas situações 1 e 3,

nos bairros periféricos

Bairro Logradouro Situação 1 Situação 3 Diferença

Guamá Avenida Perimetral 0 10 +10 Praça Princesa Izabel 6 1 –5

Mangueirão Rodovia Augusto Montenegro 0 10 +10 Rodovia Transcoqueiro 5 10 +5

Marambaia Avenida Rodolfo Chermont 4 10 +6 Praça Dom Alberto Ramos 30 15 –15

Pedreira Avenida Duque de Caxias 5 10 +5 Avenida Pedro Miranda 4 10 +6

Telégrafo Avenida Pedro Álvares Cabral 2 10 +8 Travessa Djalma Dutra 2 10 +8

TOTAL 58 96 +38

As três comparações realizadas na situação 2 também foram feitas na situação 3. Em

relação ao total de lixeiras e ao total de lixeiras públicas nos trechos de vias, desconsidera-se

as lixeiras encontradas na Avenida Braz de Aguiar, pois essas estão dentro da conformidade

da existência desse mobiliário urbano a cada de 50 m (figuras 13 e 14); e em relação as

lixeiras nas praças, percebeu-se que todas as praças cumprem com essa padronização,

inclusive tendo lixeiras a mais do que seriam necessárias (figura 15).

Page 37: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

28

Figura 13 – Comparação entre o total de lixeiras nos trechos de vias pesquisados

41

130

0

20

40

60

80

100

120

140

Situação 3 Situação 1

Figura 14 – Comparação entre o total de lixeiras públicas nos trechos de vias pesquisados

130

90

20

40

60

80

100

120

140

Situação 3 Situação 1

Figura 15 – Comparação entre as situações 1 e 3, referentes a cada praça pesquisada

Batista Campos

185

320

40

80

120

160

200

Brasil

52

80

10

20

30

40

50

60

Frei Caetano Brandão

32

50

5

10

15

20

25

30

35

Page 38: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

29

Dom Alberto Ramos

30

15

0

10

20

30

Do Santuário

16

8

0

4

8

12

16

Princesa Izabel

6

10

2

4

6

Situação 1 Situação 3

Page 39: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

30

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização da pesquisa e a interpretação dos resultados obtidos, chegou-se a

conclusão de que as lixeiras públicas em Belém são distribuídas de forma aleatória, além de

ser realizada de forma diferenciada se compararmos os bairros centrais (com mais lixeiras)

com os bairros periféricos.

Essa disparidade fica bem nítida se levarmos em consideração as praças públicas da

cidade, pois em relação aos trechos de vias analisados essa má distribuição de lixeiras é

amenizada pela população dos bairros periféricos, através da instalação de lixeiras

particulares, também realizada de forma aleatória e sem padronização, mitigando o problema

do armazenamento de resíduos mas prejudicando o fluxo de transeuntes pelas calçadas.

Como contribuição para o aperfeiçoamento do sistema atual de armazenamento de

resíduos sólidos na capital paraense, sugerimos a criação de uma lei municipal que vise à

padronização da distribuição dos mobiliários públicos, em especial das lixeiras, nos

logradouros de Belém.

Também como sugestão, recomenda-se que seja adotada na cidade a distribuição de

lixeiras a cada 50m, tanto nos bairros centrais quanto nos periféricos, pois estaria resolvendo

o problema referente à ausência desse mobiliário urbano e também não onerando demais ao

órgão gestor municipal, visto que a manutenção destes é constante, devido ao vandalismo e a

utilização indevida das lixeiras por parte da população.

Ressalta-se que, adotando-se lixeiras a cada 50m, o déficit existente hoje acontece

apenas nas vias públicas, visto que, mesmo havendo muito mais lixeiras nas praças dos

bairros centrais, as praças localizadas nos bairros periféricos também estão de acordo com a

normatização aqui proposta.

Então, ao concluir este trabalho, percebe-se que o objetivo principal foi alcançado,

pois com a realização da distribuição padronizada das lixeiras públicas nos diversos bairros de

Belém o sistema de armazenamento dos resíduos sólidos será de fato aperfeiçoado, o que

tornará a cidade mais limpa, bonita, mais eficiente no serviço de coleta de resíduos sólidos e

conseqüentemente com menos gastos com saneamento e saúde provocados pelo lixo

espalhado nas ruas e melhorando ainda mais a qualidade de vida da população de Belém e de

seus turistas.

Page 40: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 41: Análise da Distribuição das Lixeiras Públicas

32

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