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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS ANÁLISE DA DIFICULDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE AMETISTA NO MUNICÍPIO DE AMETISTA DO SUL RS. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Edivane Patrícia Ganzer Frederico Westphalen, RS, Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO CIÊNCIAS AGRONÔMICAS E AMBIENTAIS

ANÁLISE DA DIFICULDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS

DEGRADADAS POR ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE AMETISTA NO MUNICÍPIO DE AMETISTA DO SUL

RS.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Edivane Patrícia Ganzer

Frederico Westphalen, RS, Brasil 2014

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ANÁLISE DA DIFICULDADE DE IMPLEMENTAÇÃO

DE MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS

DEGRADADAS POR ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE

AMETISTA NO MUNICÍPIO DE AMETISTA DO SUL

RS.

Edivane Patrícia Ganzer

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Ambiental e Sanitarista.

Orientadora: Profª Drª Malva Andrea Mancuso

Frederico Westphalen, RS, Brasil 2014

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Ganzer, Edivane Patrícia ANÁLISE DA DIFICULDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE AMETISTA NO MUNICÍPIO DE AMETISTA DO SUL RS. / Edivane Patrícia Ganzer.-2014.

98 p.; 30cm

Orientador: Malva Andrea Mancuso Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de Santa Maria, CESNORS-FW, Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária, RS, 2014

1. extração mineral 2. recuperação de áreas degradadas 3 . ametista I. Mancuso, Malva Andrea II. Título.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Adelir Antônio Ganzer e Celanira do Carmo Ganzer,

ao meu irmão André Ganzer por sempre terem me apoiando e incentivando para a conclusão

desta jornada.

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AGRADECIMENTOS

Está conquista não é mérito exclusivamente meu. Muitas pessoas contribuíram para que

explicita ou anonimamente para a minha chegada até aqui.

Primeiramente agradeço a Deus, por sempre iluminar meus passos, me guiando e

orientando para que jamais desistisse dos meus sonhos. Pois sem Deus nada é possível, e com

ele tudo pode se tornar realidade.

Minha maior gratidão aos meus pais e meu irmão, que foram os maiores incentivadores

e responsáveis pelo alcance de meus ideais em mais essa fase.

Aos meus amigos Igor Bergmann e Caroline Dalbosco, que sempre estiveram ao meu

lado, compartilhando sentimentos, emoções e aprendizado durante todo este tempo.

À professora Malva Andrea Mancuso, por ter aceitado o desafio de me orientar, tendo

paciência e compressão.

De maneira geral a todos os colegas e professores do curso de Engenharia Ambiental e

Sanitária, dos quais tenho muita admiração. Muito obrigada pelo auxílio e pelos conhecimentos

transmitidos.

Agradeço de forma especial a todos que de alguma maneira contribuíram para a minha

caminhada até aqui.

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais

Universidade Federal de Santa Maria

ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DO PRAD EM ÁREAS DEGRADADAS POR ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE AMETISTA - RS.

AUTORA: EDIVANE PATRÍCIA GANZER PROFª DRª MALVA ANDREA MANCUSO

Data e local da Defesa: Frederico Westphalen, 04 de dezembro de 2014.

O presente trabalho desenvolveu-se na proposta de análise da ocorrência de um plano

de recuperação de áreas degradadas e a sua dificuldade de implementação através de técnicas

para a recuperação destas áreas degradadas, exigido para obtenção de licença de operação para

a atividade de lavra garimpeira, no município de Ametista do Sul – RS. Para a realização deste,

ocorreu-se em primeira fase, levantamento de dados do município em questão, desde sua

fundação até os dias atuais. Buscando-se informações junto a órgãos municipais da necessidade

da exploração mineral para este local e o quanto a sociedade em geral depende deste meio de

sobrevivência. Para tanto, considerou-se a geologia do local, conjuntamente com a sua

formação a milhões de anos atrás. Através do levantamento de dados, desenvolveu-se uma

metodologia que auxilia-se para a busca dos objetivos traçados em descobrir o porquê existe

um Plano de Recuperação das Áreas Degradadas que traz técnicas para manejo e conservação

destas áreas e uma Licença de Operação que faz uma série de exigências junto aos donos de

garimpos, mas não está totalmente ocorrendo nos garimpos de exploração mineral.

Palavras chaves: extração mineral, recuperação de áreas degradadas, ametista.

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ABSTRAT

Course ConclusionWork Agronomic and Environmental Sciences Department

Federal University of Santa Maria

ANALYSIS OF THE IMPLEMENTATION IN AREAS PRAD DEGRADED BY AMETHYST EXTRACTION ACTIVITY - RS.

AUTHOR: EDIVANE PATRÍCIA GANZER ADVISOR: MALVA ANDREA MANCUSO

Date and place of presentation: Frederico Westphalen, December 4 st, 2014.

This work was developed in the proposed analysis of the occurrence of a plan of recuperation and its difficulty of implementation using techniques for the recovery of these degraded areas, required to obtain an operating license for the activity of mining, in the city Ametista do Sul - RS. To realize this, it occurred in the first stage, survey data from the municipality in question, from its foundation to the present day. Looking up information from the municipal authorities of the need for mineral exploration for this site and how society in general depends upon this means of survival. To do so, we considered the geology of the site, together with its formation millions of years ago. Through survey data, we developed a methodology that helps is to pursue the objectives outlined in discovering why there is a Plan for Recovery of Degraded Areas that brings techniques to the management and conservation of these areas and why an Operating License which makes a series of demands to the owners of mines, but is not entirely occurring in the mines mineral exploration. Keywords: mineral exploration, reclamation, amethyst.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Distribuição geográfica da cidade de Ametista do Sul – Capital Mundial da Pedra Ametista....................................................................................................................................20 Figura 02 - Porção interna de um derrame. Essa estrutura de derrame é favorável à existência de jazidas de geodos..................................................................................................................23 Figura 03 - Província Paraná (Brasil) / Etendeka (África): Formação Serra Geral...................24 Figura 04 - Estratigrafia interna de um derrame de lava basáltica tipo I, mineralizado..............25 Figura 05 - Depósito de rejeitos de basalto.................................................................................33 Figura 06 - Acúmulo de basalto oriundo da extração mineral....................................................34 Figura 07 - Fluxograma das etapas para coleta de dados............................................................37 Figura 08 - Comparação entre as formas de descarte de rejeitos e material estéril ao longo do tempo. Despejo inadequado de rejeitos (garimpo D), Área destinada ao acúmulo de rejeitos (garimpo A)...............................................................................................................................45 Figura 9 – Supressão de vegetação nativa (garimpo L)............................................................48 Figura 10 – Resíduos sólidos que deveriam ser destinados a reciclagem, sendo queimados a céu aberto próximo as áreas de despejos de rejeitos (garimpo F)......................................................48 Figura 11 – Plantio de mudas arbóreas próximas ao local de despejo de rejeitos oriundos da exploração de pedras ametistas (garimpo F)..............................................................................49 Figura 12 – Garimpo inativo e sua antiga pilha de rejeitos e material estéril: plantio de mudas arbóreas e gramíneas de pequeno porte visando regeneração do local (garimpo C)...................49 Figura 13 – Área de despejo irregular de rejeitos e estéreis com plantação de espécies de eucaliptos e pinus (garimpo E)...................................................................................................50 Figura 14 – Contenção de talude na entrada das galerias subterrâneas mal projetados, ocasionando desmoronamentos (garimpo J)..............................................................................53 Figura 15 – Veículo para transporte de rejeitos e material estéril de dentro das galerias subterrâneas (garimpo J)............................................................................................................54 Figura 16 – Material que deveria receber segregação, identificação e classificação com posterior destinação adequada, sendo depositado nas encostas de forma inadequada (garimpo B)..........55 Figura 17 – Localização Geográfica da Região do Alto Médio Uruguai, juntamente com os municípios que compõem a COOGAMAI................................................................................57 Figura 18 – Antiga entrada de garimpo, trancada com rejeitos de basalto, visando a regeneração natural da área impactada (garimpo C)......................................................................................61 Figura 19 – Técnica Equivocada para o controle de erosão acima da entrada do garimpo (garimpo A)...............................................................................................................................65 Figura 20 – Aterro parcial de ravinas e voçorocas, em pilha de rejeitos que apresentava sinais de erosão (garimpo G)...............................................................................................................66 Figura 21 – Ausência de sistema de drenagem de águas pluviais em garimpo em atividade (garimpo K)...............................................................................................................................67 Figura 22 – Afloramento de águas acima da entrada da mina. Não observa-se sistema de drenagem preventivo (garimpo H).............................................................................................68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Condições e Restrições: Quanto do Uso de Explosivos e Quanto a Britagem do Material Estéril..........................................................................................................................47 Quadro 2 - Condições e Restrições – Quanto aos óleos lubrificantes, Emissões atmosféricas e Resíduos Sólidos.......................................................................................................................53 Quadro 3 - Licenças junto ao DNPM- Permissão da Lavra Garimpeira.....................................58 Quadro 4 - Estimativa das áreas a serem recuperadas................................................................59 Quadro 5 - Condições e restrições quanto as pilhas de rejeitos...................................................66

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Condições e Restrições de Implementação das ações indicadas na LO concedidas pela FEPAM..............................................................................................................................46 Gráfico 2 - Condições e Restrições de Implementação das ações indicadas na LO concedidas pela FEPAM quanto as questões biológicas da Licença de Operação........................................51 Gráfico 3 - Recuperação Ambiental – medidas empregadas para a recuperação das áreas impactadas pela extração mineral..............................................................................................52 Gráfico 4 - Implantação de Técnicas de Restauração das Áreas Degradadas.............................64 Gráfico 5 - Outras técnicas de emprego concomitantes............................................................69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIA - Avaliação de Impacto Ambiental

ANA – Agencia Nacional de Águas

APPs – Áreas de Preservação Permanentes

CECAV – Centro de Estudos de Cavernas

CNRH – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

COOGAMAI – Cooperativa de Garimpeiros do Médio Alto Uruguai

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LA – Licenciamento Ambiental

LI – Licença de Instalação

LO – Licença de Operação

LP – Licença Prévia

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME –Ministério de Minas e Energias

NRMs – Normas Reguladoras de Mineração

PAE – Plano de Aproveitamento Econômico

PIB – Produto Interno Bruto

PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

PNM – Plano Nacional de Mineração

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PLGs - Permissão da Lavra Garimpeira

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

RCA – Relatório de Controle Ambiental

RS – Rio Grande do Sul

SEMA – Sistema Estadual do Meio Ambiente

SMM – Secretaria de Minas e Energias

TCA – Termo de Compromisso Ambiental

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 18

2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 18

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 19

3.1 Histórico do Munícipio .................................................................................................. 19

3.2 Características Climáticas da Região de Extração ........................................................ 21

3.3 Questão Socioeconômica ............................................................................................... 21

3.4 Formação da Serra Geral e a Ocorrência de Gemas ...................................................... 22

3.5 Histórico da Exploração ................................................................................................ 26

3.6 Exploração Atual e Produtividade dos Garimpos ao Longo do Tempo ........................ 26

3.7 Volume da Pedra Gerado ............................................................................................... 27

3.8 Volume de Rejeito Gerado ............................................................................................ 28

3.9 Meio Ambiente e Características Gerais da Mineração no Brasil ................................. 28

3.10 Impactos Ambientais Gerados pela Extração Mineral e Meio Ambiente ..................... 32

3.11 Degradação Ambiental e Saúde Humana ...................................................................... 34

3.12 COOGAMAI ................................................................................................................. 35

3.13 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas ................................................................. 36

4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 37

4.1 Tipologia de Estudo ....................................................................................................... 37

4.2 Análise das Condições e Restrições da Licença de Operação ....................................... 38

4.3 Análise da Implementação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas ................ 39

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 43

5.1 Análise da Licença de Operação ................................................................................... 44

5.2 Análise do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas .............................................. 55

5.2.1 Descrição Geral do Empreendimento ............................................................................ 57

5.2.2 Caracterização do Empreendimento .............................................................................. 59

5.2.3 Metodologia de Avaliação das Áreas Contempladas no PRAD.................................... 59

5.2.3.1 Fase de pré-planejamento ....................................................................................... 60

5.2.3.2 Fases de planejamento da recuperação ambiental .................................................. 60

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5.2.3.3 Descrição das etapas do plano de recuperação, detalhando a terraplanagem, volume de material a ser movimentado, declividade e estabilidade dos taludes, drenagem ...62

5.3 Catálogo das áreas ......................................................................................................... 63

5.4 Técnicas de implantação do processo de restauração das áreas .................................... 63

5.5 Remoção das pilhas de rejeitos ...................................................................................... 69

5.6 Terraplanagem das áreas ............................................................................................... 70

5.7 Manejo do solo: vegetal e orgânico ............................................................................... 70

5.8 Disposição do solo ......................................................................................................... 70

5.9 Preparo para o plantio .................................................................................................... 71

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ................................................................. 72

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 76

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O uso e ocupação do solo pelo homem, para urbanização, agricultura ou

reflorestamento, obras de engenharia ou mineração tem se tornado, nas últimas décadas,

importante agente de degradação desse recurso natural. A atividade de mineração pode causar

impactos locais, por não atingirem grandes áreas, quando comparada com as atividades

agrícolas, por exemplo. Por outro lado, as atividades de mineração podem ter influência muito

maior do que a área de lavra podendo provocar impactos nos recursos hídricos, fauna e flora

(OLIVEIRA, 2002, et. al.).

As áreas de mineração apresentam alterações no equilíbrio dinâmico característico dos

ecossistemas naturais, como a redução da biodiversidade, que há consequências como a redução

da eficiência com que os recursos são utilizados e ocorrem perdas de energia potencial

acumulada na forma de material orgânico e nutrientes.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 em seu art. 225 trata da obrigatoriedade em

se recuperar áreas degradadas. Diante das legislações vigentes os empreendimentos que

exploram os recursos minerais ficam obrigados a recuperar o meio ambiente degradado, de

acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

A mineração, evidentemente, causa um impacto ambiental considerável. Ela altera

intensamente a área minerada e as áreas vizinhas, onde são feitos os depósitos de estéril e de

rejeito. Além do mais, quando há substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento do

minério, isto pode significar um problema sério do ponto de vista ambiental.

Assim como toda exploração de recurso natural, a atividade de mineração provoca

impactos no meio ambiente seja no que diz respeito à exploração de áreas naturais ou mesmo

na geração de resíduos. Os principais problemas oriundos da mineração podem ser englobados

em cinco categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, subsidência do terreno,

incêndios causados pelo carvão e rejeitos radioativos. (BARBOSA, 2012)

Dentre os tipos de extração mineral, a atividade de garimpagem provoca impactos

ambientais comuns a todas as áreas submetidas a esse tipo de extração rudimentar e predatória,

principalmente a contaminação dos recursos hídricos.

Muitos são os problemas enfrentados durante a exploração mineral dentro de galerias

subterrâneas, porém há problemas que são visíveis somente depois que as explorações dentro

das galerias de mineração ocorrem, os quais são decorrentes dos impactos gerados pela

exploração sem controle dos garimpeiros e sem a preocupação ambiental que é necessária.

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Para o desenvolvimento de atividades de mineração no Brasil, existem órgãos públicos

que são os encarregados pelas fiscalizações nesses locais para que a atividade não venha a

causar danos ao meio ambiente.

A justificativa para elaboração do presente trabalho se baseia nas dificuldades

enfrentadas pelos donos de garimpos em recuperar as áreas degradas pelo rejeito de garimpo

depositado nas encostas dos morros, mesmo havendo um Plano de Recuperação de Áreas

Degradadas aprovado pelo órgão licenciador no Rio Grande do Sul, FEPAM.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo a analisar e verificar a implementação do Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas através da exploração mineral da pedra Ametista no

município de Ametista do Sul - RS, proposto e aprovado pela FEPAM, em garimpos cooperados

pela COOGAMAI.

2.2 Objetivos Específicos

- Analisar os principais impactos ambientais indicados no relatório e extremidades

decorrentes da exploração de pedras preciosas na cidade de Ametista do Sul – RS;

- Analisar a Licença de Operação aprovado pelo órgão licenciador do Rio Grande do

Sul, FEPAM;

- Analisar o andamento da implementação do PRAD aprovado pela FEPAM para os

garimpos selecionados;

- Identificar as principais dificuldades encontradas para a implementação do PRAD;

- Analisar a problemática que cerca a viabilidade de implementação das propostas de

Recuperação das Áreas Degradadas nas áreas de exploração de Ametista em Ametista do Sul –

RS.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Histórico do Munícipio

Inicialmente coberto por mata virgem, com topografia acidentada e habitado por índios

Kaingang, o território onde é hoje o município de Ametista do Sul começou a ser colonizado

no início do século XX, por pessoas oriundas dos municípios de Palmeira das Missões e Santa

Bárbara (IBGE, 2014). A cidade de Ametista do Sul teve sua origem em meados da década de

1940. Inicialmente, era uma região de difícil acesso devido à superfície totalmente irregular de

seu território; e, na época, ter todo seu território coberto por mata muito fechada e pouco

intransponível. Aos poucos foram aparecendo os trilhos no meio da densa floresta, trilhos estes

que iriam ou ligariam a vários outros povoados, como Iraí, Planalto, Barril (Frederico

Westphalen) e Rodeio Bonito (ROLIN,1997).

Em 1950, foram descobertas as primeiras pedras preciosas que despertou grande

interesse nas pessoas pelo seu valor econômico. Com isso fez-se surgir os primeiros comércios

de venda e troca de mercadorias. A colonização da cidade se deu com famílias de nacionalidade

Italiana vindas de vários locais do Rio Grande do Sul, principalmente Caxias do Sul, que

vinham trabalhar na agricultura, já que o local apresentava terra fértil (GANZER, 2007).

Nos anos 70, a agricultura e a agropecuária foram dando lugar à extração de pedras

preciosas como as ametistas e ágatas. No começo, a exploração da pedra se dava de maneira

fácil e não detinha de muitos equipamentos, visto que as pedras eram encontradas inicialmente

entre raízes de árvores, encostas dos córregos e nas lavouras. Logo iniciou a exploração mineral,

principalmente da pedra ametista (que é a origem do nome do município), o que atraiu ainda

mais as pessoas para o local (IBGE, 2014).

Utilizava-se no início da exploração escavações no formato de poço, com uma abertura

lateral conhecida como “carregador”, sendo que a abertura desta era facilitada pela topografia

acidentada encontrada no local (COOGAMAI, 2014).

Com a instalação de grandes empresas exportadoras naquele distrito, os negócios

começaram a prosperar e também começaram a chegar mais habitantes e máquinas para a

exploração destes minérios. Nos anos 80, o pequeno povoado começa a dar ares de cidade, com

ruas e avenidas bem traçadas e calçadas, com água iluminação pública, telefone, ginásio de

esportes, hospital e etc (ROLIN,1997).

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Ametista do Sul é conhecida como sendo a Capital Mundial da Pedra Ametista, faz parte

da Mesorregião Noroeste Rio-Grandense e Microrregião de Frederico Westphalen (IBGE,

2008). Os municípios limítrofes são Planalto, Frederico Westphalen, Cristal do Sul, Rodeio

Bonito e Iraí. Possuí uma área de distribuída em aproximadamente 93,490 km² (Figura 1).

Localiza-se a uma latitude 27º21’38’’ sul e a uma longitude 53º10’54’’ oeste, estando a uma

altitude de 505 metros.

Ametista do Sul é destaque na produção de ametistas que ocorrerem em geodos no

interior de derrames de basalto na Formação da Serra Geral (PAGNOSSIN, 2007).

Segundo dados do IBGE (2010), a população está em torno de 8.440 habitantes. A

densidade é de aproximadamente 87,2 hab./km². Está localizada a uma altitude de 505 metros.

A economia do município de Ametista do Sul se dá em aproximadamente 70- 75%

referente à exploração das pedras preciosas segundo dados da COOGAMAI (2014), sendo que

se leva em consideração o preço de exportação da venda dos mesmos. A agricultura,

vitivinicultura, pecuária e turismo detêm os demais 25 - 30% da economia do município,

havendo uma maior ou menor participação dos trabalhadores nessas áreas em períodos em que

há alta do dólar, o qual favorece a venda de geodos e faz com que os trabalhadores que buscaram

essas alternativas voltem a explorar as minas.

Figura 1 - Distribuição geográfica da cidade de Ametista do Sul – Capital Mundial da Pedra

Ametista.

Fonte: Google Maps, 2014.

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3.2 Características Climáticas da Região de Extração

Nesta região o tipo climático é caracterizado como “subtropical”. A temperatura média

anual oscila entre 14°C e 27°C, com as máximas ocorrendo no período compreendido entre os

meses de outubro e março e as mínimas entre os meses de maio e julho. A precipitação anual é

regular, entre 1200 a 1500 mm, sendo mais intensa esta precipitação em anos de eventos

climáticos severos (El-niño e La-niña). A umidade relativa do ar é variável entre 55% a 85%,

registrando-se valores mínimos nos trimestres de novembro-dezembro-janeiro (IBGE, 2013).

3.3 Questão Socioeconômica

De acordo com a COOGAMAI (2014), no setor garimpeiro existe uma diferença

marcante entre os vários grupos sociais. O grupo dos trabalhadores garimpeiros, apesar de

representar a maioria é o grupo de menos influência social e o mais dependente. Em uma

situação superior, encontram-se os comerciantes intermediários, socialmente praticamente no

mesmo nível dos donos de garimpos. A cúpula da hierarquia encontram-se os comerciantes

exportadores que, sob o ponto de vista econômico funcionam como parte de inserção entre

produção nativa e a procura externa. Estes podem controlar tanto o mercado, como os preços.

Existe uma grande diferença de poder em termos de negociação em relação à produção

do garimpo. De um lado está o comerciante que, sendo detentor de estoques reguladores, torna-

se relativamente livre da continuidade da produção, podendo suportar com relativa facilidade

períodos de preços baixos ou, tem a seu favor a possibilidade de poder aguardar o melhor

momento para a realização de uma transação. Do outro lado estão os garimpeiros, que

dependem da continuidade da produção e consequentemente da venda das pedras, para fazer

frente aos compromissos financeiros decorrentes. O garimpeiro normalmente não possui

poupança de reserva para aguardar até as condições melhorarem, ou seja, a situação de ambos

dessa parte, transforma-se em um ciclo vicioso, pois sem condições de melhor negociar sua

produção, o garimpeiro a entrega por preços considerados baixos, e o comerciante exporta por

preços muito mais altos (SILVA, 2014).

Devido às oscilações do dólar, que é quem dita os valores de comercialização das pedras

preciosas para a exportação, o município conta com incentivos para que outras áreas estejam

também sendo desenvolvidas a fim de em momentos de crise de o setor mineiro as famílias

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terem outras formas de subsistência. O município hoje conta com projeto de vitivinicultura que

se iniciou em 1997 com 8 agricultores e 4 hectares e atualmente possui mais de 50 agricultores

integrados e um aumento de 150 hectares plantados. Acredita-se ser esta uma fonte de renda

que irá acelerar ainda mais o crescimento do município uma vez que se inicia a produção de

vinho (PREFEITURA MUNICIPAL, 2014).

3.4 Formação da Serra Geral e a Ocorrência de Gemas

Segundo PAGNOSSIN (2007, apud TEIXEIRA, 2000) a formação da Serra Geral se

caracteriza pelos sucessivos derrames vulcânicos que ocorreram na Bacia do Paraná entre 133

a 129 m.a., considerando umas das maiores manifestações continentais de basalto (rochas

ígneas) do Planeta, com cerca de 800.000km³ de lavas que recobriram cerca de 75% da

superfície da bacia.

A formação da Serra Geral é constituída por: rochas basáltica-intermediárias (basaltos,

andesi-basaltos e andesitos de afinidade toleítica ; possuem coloração cinza-escuro a preta,

maciços vesiculares, subfaneríticos de granulação variando de média a grossa); rochas ácidas

do Tipo Chapecó (dacitos, riodacitos, quartzo latitos e riolitos com jazimento tabular); rochas

ácidas do Tipo Palmas (riolitos e riodacitos). O aspecto estrutural marcante dessas rochas em

escala de afloramento é acabamento ígneo especial na porção superior das sequências

vulcânicas (MACHADO et al. 2009).

Foram identificados na região do Alto Uruguai, a partir dos rios da Várzea e do Mel,

sete derrames basálticos, mas é no quinto derrame que se concentram os geodos mineralizados.

Este derrame possui uma constância, com altitude em torno de 400 a 440m na ocorrência da

zona mineralizada, com espessura em torno de 20 a 40m (PAGNOSSIN, 2007, apud SZUBERT

et al., 1978).

Existem relatos de que o surgimento das pedras preciosas ametistas no mundo ocorreu

há aproximadamente 120-130 milhões de anos atrás, devido ao acontecimento de grandes

eventos sobre a face terrestre, dando origem à camada de basalto. O basalto se originou a partir

do derrame de lava de constituição básica e vulcânica. Acredita-se que este derrame ocorreu a

uma área de aproximadamente 2.000.000 km² identificada principalmente no Sul do continente

Americano. (COOGAMAI, 2014)

Os processos de formação de geodos mineralizados de gemas nos basaltos segundo

PAGNOSSIN (2007) na bacia do Paraná ocorreu a partir da liberação de gases aprisionados

pela lava em solidificação que formou cavidades nas rochas (geodos) preenchidas por

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mineralizações silicosas através de: a) Gases responsáveis pela formação de cavidades reagiram

com a rocha encaixante, alterando-a por reações resultariam na deposição de materiais; b)

Soluções residuais dos processos de cristalização do magma basáltico ricas em sílica seriam as

responsáveis pelas mineralizações; c) Processos hidrotermais teriam provocado alterações

significativas nos basaltos. Os fluídos de sílica que originariam a mineralogia dos geodos,

juntamente com as características de inclusões cristalinas, indicam que a gênese da ametista

deve ter ocorrido em ambiente epitermal, sob temperaturas em torno de 100ºC; os minerais de

sílica indicam temperaturas em torno de 40 a 50ºC e a calcita em torno de 30ºC.

Segundo HARTMANN (2008), os derrames basálticos ocorreram por milhões de anos,

e o vulcanismo foi o responsável pelo fechamento das saídas de água da areia para a superfície,

o qual originou a formação do que chamamos de “aquífero Guarani”. A água que ficou retida

teve sua temperatura elevada pelo calor residual do vulcanismo e subiu pelas fraturas dos

basaltos dando origem aos geodos e depois cristalizando os minerais. A água quente depositou

sílica (SiO2) nas porções mineralizadas das rochas, tais porções hoje representam morros

(Figura 2), e as regiões sem presença de sílica representam os vales.

Figura 2 - Porção interna de um derrame. Essa estrutura de derrame é favorável à existência de

jazidas de geodos.

Fonte: HARTMANN, (2008).

A região em que se encontram as jazidas de ametista está localizada nas áreas de

domínio da Bacia do Paraná, ou também denominada Bacia do Paraná-Etendeka, que recobre

toda a porção centro-oriental da América do Sul (CPRM, 2010). A Figura 3 a seguir mostra o

mapa geológico da parte sul da Bacia do Paraná, mostrando a distribuição da Formação de

Botucatu (arenitos de deserto) e do Grupo Serra Geral (basaltos e dacitos).

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Figura 3 - Província Paraná (Brasil) / Etendeka (África): Formação Serra Geral.

Fonte: HARTMANN, 2008.

Com o fim do ciclo sedimentar do preenchimento da Bacia do Paraná-Etendeka, houve

a formação deserto de Botucatu, que ficou caracterizado por um prolongado episódio de

interrupção da sedimentação, devido a uma vasta deflação eólica, que marcou o clímax aridez

desértica no interior da Bacia do Paraná- Etendeka, adjunto a fenômenos de rearranjo da sua

morfologia (CPRM, 2010).

A origem da pedra ametista se relaciona à evasão de magma básico que com a camada

subjacente de Arenito Botucatu constituída essencialmente de sílica. Com a pressão da ascensão

do magma à superfície trouxe consigo fragmentos de arenito que iriam se dissolver no mesmo,

como os mesmos são de composições diferentes, a tendência natural é sua separação, e com

isso formam-se verdadeiras câmaras magmáticas que irão condensar a presença de sílica

separada do magma básico, quando se formarão os geodos onde os cristais reteram justamente

alguma quantidade principalmente do elemento Ferro e Magnésio, os quais darão a coloração

violeta à pedra, e quanto maior for essa quantidade retida maior será a coloração e mais forte

(COOGAMAI, 2014).

A água quente depositou sílica (SiO2 na forma de ametista, quartzo e ágata) nas porções

mineralizadas das rochas (Figura 4), por isso essas porções constituem hoje morros, e as regiões

sem acréscimo de sílica são os vales.

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Figura 4 - Estratigrafia interna de um derrame de lava basáltica tipo I, mineralizado.

Fonte: HARTMANN, 2008.

A origem das estruturas é descrito como: Basalto maciço: solidificação rápida de lava

basáltica a 1150°C; argilização intensa posterior a 100-150°C; Fraturas Horizontais: formaram

a 1150°C pelo movimento da lava; Fraturas Poligonais Irregulares: formaram-se pela

fragmentação de pequenas colunas hexagonais; Superfície Ondulatória Inferior: pode ter se

originado pelo movimento da lava na parte interna do derrame ou inflação de lava pahoehoe;

Nível com Geodos: tem ocorrência nas partes elevadas da superfície inferior da camada de

fragmentos poligonais irregulares; Basalto Amigdalóide: formado pela desgasificação da lava,

em temperaturas acima de 1150°C; Vesículas foram preenchidas por minerais como zeolitas e

calcedônea a menos de 100°C, pelos mesmos fluidos aquosos que depositaram a ametista nos

geodos. Os geodos foram formados durante a argilização do basalto pela expansão de bolhas

de vapor de água a 100-150°C. A areia que formou os arenitos pode ter sido ejetada junto com

a água a partir da Formação Botucatu; a agatização da areia ocorreu a 100-150°C por ação

hidrotermal. As galerias das minas tem assoalho plano, porém, o teto é curvo e acompanha a

superfície ondulatória inferior do basalto fragmentado poligonal irregular. (HARTMANN,

2008)

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3.5 Histórico da Exploração

Com o passar dos anos, o grande valor comercial das pedras, despertou grande interesse

pela exploração, o que dificultou devido à grande retirada das pedras, que fossem encontradas

ao acaso, surgindo assim os primeiros garimpos (PREFEITURA MUNICIPAL, 2014).

Com o término da Segunda Guerra Mundial, devido ao grande valor comercial das

pedras, o interesse pela exploração aumentou. Nesta época surgem os primeiros garimpeiros

que faziam as escavações em forma de poço, com uma abertura lateral chamada de carregador,

o que era facilitada devido à topografia acidentada. O ano de 1972 foi o auge da produção, e o

garimpo que era ao ar livre, passou a ser feito sob a forma de túneis, que atualmente podem

atingir a profundidade de aproximadamente 800 metros (PREFEITURA MUNICIPAL, 2014).

Para ANDRADE (1995), nos primeiros anos de exploração de pedra Ametista, nada ou

muito pouco foi feito para que a atividade de mineração se enquadrasse dentro das legislações

da época. Não se podia, segundo o mesmo autor, esperar que as mudanças no setor ocorressem

de imediato, devido às condições que se encontravam os garimpeiros da época, que visavam o

lucro e não a segurança no setor. Mudanças são necessárias a curto, médio e longo prazo.

Desde a época de fundação da cidade de Ametista do Sul, a responsabilidade pelos danos

causados ao meio ambiente, era responsabilidade dos donos de garimpos, devido a estes

deterem a autorização para a exploração garimpeira em sua propriedade. O dono do maquinário

utilizado para a retirada das pedras e extração, seria o responsável pela segurança dos

trabalhadores, visto que ele quem fornece aos garimpeiros os equipamentos e instalações

inadequadas ou em péssimas condições, o que pode ser responsável por acidentes que poderão

vir a ocorrer dentro da mina (ANDRADE, 1995).

3.6 Exploração Atual e Produtividade dos Garimpos ao Longo do Tempo

Como já apontado anteriormente, existem períodos em que há uma menor exploração

das minas em decorrência de fatores externos, o que implica determinar os preços de venda

para exportação. O preço dos geodos varia de acordo com o dólar comercial, que é um

parâmetro de pagamento usado no Brasil para transações com exportação e importação de

produtos, que é variável. Diante disso o garimpeiro determina se é um bom ou mau período

para a retirada e venda dos geodos. Quando o dólar comercial apresenta-se como nos dias atuais,

em que se considera alto, aproximadamente R$ 2,25 (CÂMBIO, 2014), o garimpeiro retira os

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geodos de dentro das minas, e vende para o dono de garimpo ou outro comprador, por preços

considerados baixos, considerado 20 a 35% do lucro fica para o garimpeiro e o restante fica

para o dono de garimpo ou dono das terras em que o mesmo é retirado (COOGAMAI, 2014).

A pedra retirada no garimpo é considerada bruta e sendo vendida assim, pois não

recebeu nenhum beneficiamento como tratamento do mesmo para a comercialização. O

comprador da mesma faz um tratamento na mesma para que ela adquira preços maiores e assim

obtenha lucro em cima do que pagou. O beneficiamento do geodo se dá a partir do corte

horizontal na pedra, retirada de excesso de pedra basáltica que ainda está aderida, montagem

de uma base e pintura externa para que ela esteja preparada pela venda. O preço da pedra bruta

está oscilando de R$ 10 a 12,00/Kg (SILVA, 2014).

Segundo ROS (2000), os geodos atingem até 3.000kg e 3m de comprimento, sendo

comuns peças de 200- 300 kg. Segundo os mineradores, eles formam bolsões de 3 a 4m de

extensão, em todas as direções (estrutura tipo caixa de ovos).

Ainda segundo dados apresentados por ROS (2000), a produção de ametista na região

do Médio Alto Uruguai, sazonal em algumas frentes, na época do ano 2000 foi de 235 t/mês,

tendo alcançado em 1993 aproximadamente 250 t/mês. Ainda no ano 2000 Ametista do Sul já

era considerada o maior produtor de pedra ametista do Estado contando com mais de 200

garimpos ativos, e as gemas representavam mais de 80% da arrecadação municipal e 80% da

produção era exportada (SILVA, 2014).

O número de garimpeiros ativos na exploração mineral de pedra ametista, que compõe

a COOGAMAI é de 1800 garimpeiros associados, 210 minas ativas e 100 minas inativas

atualmente. (COOGAMAI, 2014)

3.7 Volume da Pedra Gerado

A quantidade de pedra comerciável varia muito. Essa variação depende da velocidade

em que o garimpeiro explora a boca da mina, há períodos em que o mesmo encontra dois ou

três geodos em uma mesma área, porém, há períodos de tempo em que ficam dias sem encontrar

geodos comerciável, ou seja, retira da mina apenas o basalto que compõem a mina.

Conforme dados apresentados por ROS (2000, apud COOGAMAI, 2000), a produção

mineral girava em torno de 250 t/mês, sendo que hoje em dia a COOGAMAI (2014), apresenta

uma estimativa média de 600 t/mês de geodos em toda a região.

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3.8 Volume de Rejeito Gerado

O volume de rejeito gerado em decorrência da extração mineral é estimado de 25.000 –

30.000 t/mês. O rejeito é considerado estéril, porém pode apresentar restos de explosivos

utilizados para a detonação no interior da mina em quantidade baixa. (SILVA, 2014)

3.9 Meio Ambiente e Características Gerais da Mineração no Brasil

Segundo WAGNER et. al, (2002), o setor mineral, em 2000, representou 8,5% do PIB,

ou seja, US$ 50,5 bilhões de dólares geraram 500.000 empregos diretos e um saldo na balança

comercial de US$ 7,7 bilhões de dólares, além de ter tido um crescimento médio anual de 8,2%

no período 1995/2000.

Em nível federal, segundo FARIAS (2002) os órgãos que têm a responsabilidade de

definir as diretrizes e regulamentações, bem como atuar na concessão, fiscalização e

cumprimento da legislação mineral e ambiental para o aproveitamento dos recursos minerais

são os seguintes:

• Ministério do Meio Ambiente – MMA: responsável por formular e coordenar as

políticas ambientais, assim como acompanhar e superintender sua execução (BRASIL, 2014);

• Ministério de Minas e Energia – MME: responsável por formular e coordenar as

políticas dos setores mineral, elétrico e de petróleo/gás (BRASIL, 2014);

• Secretaria de Minas e Metalurgia – SMM/MME: responsável por formular e

coordenar a implementação das políticas do setor mineral (BRASIL, 2014);

• Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM: responsável pelo

planejamento e fomento do aproveitamento dos recursos minerais, preservação e estudo do

patrimônio paleontológico, cabendo-lhe também superintender as pesquisas geológicas e

minerais, bem como conceder, controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração

em todo o território nacional, de acordo o Código de Mineração (BRASIL, 2014);

• Serviço Geológico do Brasil – CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais): responsável por gerar e difundir conhecimento geológico e hidrológico básico, além

de disponibilizar informações e conhecimento sobre o meio físico para a gestão territorial

(BRASIL, 2014);

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• Agência Nacional de Águas – ANA: Responsável pela execução da Política

Nacional de Recursos Hídricos, sua principal competência é a de implementar o gerenciamento

dos recursos hídricos no país. Responsável também pela outorga de água superficial e

subterrânea, inclusive aquelas que são utilizadas na mineração (BRASIL, 2014);

• Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA: responsável por formular

as políticas ambientais, cujas Resoluções têm poder normativo, com força de lei, desde que, o

Poder Legislativo não tenha aprovada legislação específica (BRASIL, 2014);

• Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH: responsável por formular as

políticas de recursos hídricos; promover a articulação do planejamento de recursos hídricos;

estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e para a

cobrança pelo seu uso (BRASIL, 2014);

• Instituto Brasileiro de Meio Ambiente Recursos Naturais Renováveis – IBAMA:

responsável, em nível federal, pelo licenciamento e fiscalização ambiental (BRASIL, 2014);

• Centro de Estudos de Cavernas – CECAV (IBAMA): responsável pelo

patrimônio espeleológico (BRASIL, 2014);

Segundo o Guia do Minerador – 2000 a legislação infraconstitucional, que disciplina a

matéria ambiental relativa à atividade de mineração, está consubstanciada basicamente nos

seguintes diplomas legais, resoluções e portarias (DNPM, 2014):

• Leis Federais: Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 e suas alterações (Leis nos

7.804, de 18 de julho de 1989, e 8.028, de 12 de abril de 1990) - Dispõe sobre a Política Nacional

do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação (DNPM, 2014);

• Lei nº 9.537, de 11 de dezembro de 1997 - Dispõe sobre a segurança do tráfego

aquaviário em águas sob jurisdição nacional e que atribui à Autoridade Marítima estabelecer

normas sobre obras, dragagem, pesquisa e lavra mineral sob, sobre e às margens das águas

jurisdicionais brasileiras (DNPM, 2014).

Decretos Federais:

• Decreto nº 97.632 de 10 de abril de 1989 - Dispõe sobre Plano de recuperação

de área degradada pela mineração (DNPM, 2014);

• Decreto nº 99.274 de 6 de junho de 1990 Regulamenta a Lei n° 6.938, de 31 de

agosto de 1981 (DNPM, 2014);

Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA

• Resolução do CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986 - Estabelece critérios

básicos e diretrizes gerais para o Relatório de impacto Ambiental (RIMA) (BRASIL, 2014);

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• Resolução do CONAMA nº 009 de 6 de dezembro de 1990 – Dispõe sobre

normas específicas para a obtenção da licença ambiental para a extração de minerais, exceto as

de emprego imediato na construção civil (BRASIL, 2014);

• Resolução do CONAMA nº 010 de 6 de dezembro de 1990 – Dispõe sobre o

estabelecimento de critérios específicos para a extração de substâncias minerais de emprego

imediato na construção civil (BRASIL, 2014);

• Resolução do CONAMA nº 2 de 18 de abril de 1996 - Dispõe sobre a

compensação de danos ambientais causados por empreendimentos de relevante impacto

ambiental;

• Resolução do CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997 - Dispõe sobre os

procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental (BRASIL, 2014);

• Resolução do CONAMA nº 303 de 20 de março de 2002 - Dispõe sobre

parâmetros, definições e limites de áreas de Preservação Permanente (BRASIL, 2014).

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que é exigido para o licenciamento ambiental

de qualquer atividade de aproveitamento de recursos minerais e dele se distingue, tem sua

definição, normas e critérios básicos, e diretrizes de implementação estabelecidos pela

Resolução do CONAMA nº 1/86 (FARIAS, 2002).

FARIAS (2002) diz que a exigência do EIA aplica-se aos empreendimentos mineiros

de toda e qualquer substância mineral. Entretanto, para as substâncias minerais de emprego

imediato na construção civil, em função das características do empreendimento, poderá ser

dispensada a apresentação do EIA. Nesse caso, a empresa de mineração deverá apresentar o

Relatório de Controle Ambiental (RCA), em conformidade com as diretrizes do órgão

ambiental estadual competente.

Ainda segundo FARIAS (2002) o EIA, a ser elaborado obrigatoriamente por técnicos

habilitados, deve estar consubstanciado no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), o qual é

submetido ao órgão de meio ambiente estadual competente, integrante do Sistema Nacional de

Meio Ambiente (SISNAMA), para análise e aprovação. Nesta fase, o RIMA deve ser tornado

público para que a coletividade ou qualquer outro interessado tenha acesso ao projeto e a seus

eventuais impactos ambientais e possa conhecê-los e discuti-los livremente, inclusive em

audiência pública.

A aprovação do EIA/RIMA é o requisito básico para que a empresa de mineração possa

pleitear o Licenciamento Ambiental do seu projeto de mineração. A obtenção do Licenciamento

Ambiental (LA) é obrigatória para a localização, instalação ou ampliação e operação de

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qualquer atividade de mineração objeto dos regimes de concessão de lavra e licenciamento.

(FARIAS, 2002)

Esse licenciamento está regulado pelo Decreto nº 99.274/90, que dá competência aos

órgãos estaduais de meio ambiente para expedição e controle das seguintes licenças:

• Licença Prévia (LP) - é pertinente à fase preliminar do planejamento do

empreendimento de mineração e contém os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de

localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de

uso de solo.

Esses requisitos devem observar as normas, os critérios e os padrões fixados nas

diretrizes gerais para licenciamento ambiental emitidas pelo Conselho Nacional de Meio

Ambiente (CONAMA). Além destes, devem também ser observados os critérios e padrões

estabelecidos pelo órgão estadual de meio ambiente, na esfera de sua competência e na área de

sua jurisdição, desde que não conflitem com os do nível federal. (FARIAS, 2002)

Segundo FARIAS (2002), o Plano de Aproveitamento Econômico da jazida (PAE), o

Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) e o EIA/RIMA são documentos técnicos

exigidos para a obtenção da Licença Prévia, cuja tramitação é concomitante ao do pedido de

concessão de lavra.

• Licença de Instalação (LI) - autoriza o início de implantação do empreendimento

mineiro, de acordo com as especificações constantes do Plano de Controle Ambiental aprovado.

• Licença de Operação (LO) - autoriza, após as verificações necessárias, o início

da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos e instalações de controle de

poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação.

Em casos de empreendimentos de mineração com significativo impacto ambiental de

âmbito nacional ou regional, a competência para efetuar o licenciamento ambiental é do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), órgão federal

vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (FARIAS, 2002).

Conforme, GEBLER E PALHARES, (2007, p.267) “o processo de Avaliação de

Impacto Ambiental (AIA) é baseado nos aspectos sociais, econômicos e agroecológicos de tudo

que envolve a produção vegetal”.

O art. 1º da Resolução CONAMA, considera impacto ambiental toda ou qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades

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sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V

- a qualidade dos recursos ambientais.

3.10 Impactos Ambientais Gerados pela Extração Mineral e Meio Ambiente

De maneira geral, com o surgimento das galerias de extração feitas nos morros onde há

ocorrência de pedras preciosas, fez com que houvesse dificuldade para a retirada dos rejeitos

oriundos das explorações dentro da galeria. Para a retirada dos geodos comercializáveis há

produção de muitas pedras de basalto que não apresentam valor agregado. Tais rejeitos, devido

à dificuldade de retirada, são depositados de maneira irregular nas saídas das minas. O depósito

(Figura 5) é feito jogando esses rejeitos morro abaixo, formando um amontoado cinza sobre a

vegetação que ali se encontra. (SILVA, 2014)

Segundo a COOGAMAI (2014), a partir do ano de 1995, a atividade de exploração

mineira da região começou a ser questionada por órgãos fiscalizadores sobre a forma de

exploração e disposição desses rejeitos oriundos da extração de pedras preciosas. Porém,

somente a partir do ano de 2005 que os órgãos fiscalizadores do setor começaram a fazer

exigências sobre a questão de exploração e forma com que ela vem ocorrendo.

Em 2010, foi encaminhado à FEPAM devido a fiscalizações realizadas, um Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD. Segundo informações repassadas pela

COOGAMAI (2014), esse mesmo Plano vem sendo a cada ano encaminhado a FEPAM,

somente com algumas mudanças. O Plano foi elaborado por empresa privada Inova Consultoria

Ambiental, contratada pela COOGAMAI, a fim de encaminhamento para fiscalização dos

órgãos competentes.

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Figura 5 - Depósito de rejeitos de basalto

A ocorrência de impactos ambientais através da extração mineral é oriunda devido à

modificação relevante das características ambientais resultantes de atividades humanas, sendo

elas positivas ou negativas (BRAGA, 2009).

Os impactos, que a atividade de mineração em Ametista do Sul pode causar à população

em geral, são extremamente preocupantes e podem ser citados: os recursos hídricos que

recebem partículas sólidas vindos do processo de pesquisa, beneficiamento e infraestrutura

poluindo as águas; a geologia é modificada na área de abertura das cavas modificando assim

sua forma, relevo, podendo causar erosões, voçorocas e assoreamentos; o solo pela retirada para

vias de acesso, altera gravemente sua permeabilidade; a vegetação e a fauna da área podem ser

perdidas se não retiradas de forma cuidadosa catalogando todas as espécies que poderão ser

usadas para recuperação da área e fazendo o controle de refúgios aos bichos após a destruição

de deus habitat; a qualidade do ar é alterada, provocada por veículos pesados e leves que

circulam na empresa e no desmonte de rocha onde partículas sólidas finas desprendem-se

formando uma nuvem de poeira alastrando a uma grande distância (SILVA, 2014). A

exploração de pedras preciosas é responsável por vários impactos ambientais, como poluição

das águas, poluição do ar, poluição sonora, modificações do relevo e outros problemas que

podem causar a saúde dos trabalhadores. No município de Ametista do Sul, as áreas degradadas

prejudicam ou podem causar transtornos do tráfego. Acarreta prejuízos a ocupação urbana

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muito próxima, pois a algumas minas que ficam no subsolo da cidade e, considerando de forma

estética os impactos visuais, resultantes dos altos volumes de rochas, solos movimentados, e o

deposito de resíduos localizados nas estradas dos garimpos e nas encostas dos morros (Figura

6).

Para SILVA (2014), os maiores impactos são o impacto visual em maior escala,

assoreamento de corpos d’água e em último a supressão vegetal, já que em alguns casos o rejeito

é depositado em locais sem presença de vegetação, onde apresenta apenas gramínea e plantas

de porte menor.

A conscientização das pessoas envolvidas na exploração mineral, considerando o

cenário de escassez de recursos naturais, é dever de todos os interessados e envolvidos, através

de instrumentos que permitam o desenvolvimento sustentável, de modo que se consiga ser

economicamente lucrativo, ambientalmente correto e socialmente responsável (HARTMANN

e SILVA, 2010).

Figura 6 - Acúmulo de basalto oriundo da extração mineral.

3.11 Degradação Ambiental e Saúde Humana

O homem como agente causador e modificador da natureza, altera e degrada o ambiente

que habita, e este acaba por interferir na própria saúde humana. Além disso KOPEZINSKI

(2000) afirma que quando a atividade de mineração é efetuada sem técnicas de segurança e sem

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controle degrada o meio físico como perda das camadas de solo fértil, desmatamento,

instabilidade das encostas, erosão, assoreamento dos rios e vales, produz rejeitos, poluição de

rios da fauna e flora.

A extração mineral se caracteriza como uma atividade insalubre, com efeitos lesivos a

saúde dos trabalhadores das minas, originando as doenças ocupacionais. Já que eles manipulam

substancias nociva como os explosivos e a poeira (RAMAZZINI, 2000).

Esta poeira é gerada na operação de lavra nos processos de corte, serra, polimento,

moagem, peneiramento. A silicose é uma doença crônica incurável consequente da poeira de

sílica (MENDES, 2003, p. 18).

3.12 COOGAMAI

A Cooperativa de Garimpeiros do Médio Alto Uruguai Ltda. foi concebida como a

maneira mais acessível que o Governo Federal encontrou para legalizar os garimpos, que até o

momento estavam clandestinos, assim fazendo com que está atividade se tornasse legal

conforme decreto nº. 7805, em junho de 1989, sancionado pelo Presidente da República. Desta

forma, criando o regime de Permissão de Lavra Garimpeira, para todo o território nacional,

tornando então a COOGAMAI a primeira cooperativa do gênero no Brasil (COOGAMAI,

2014).

A COOGAMAI, é o órgão responsável pelo acompanhamento técnico e meio de suporte

aos donos de garimpos e garimpeiros. Atualmente a cooperativa atua em até 150 garimpos,

auxiliando quando necessário. Este auxilio vem quando os órgãos ambientais pressionam os

donos de garimpos a se adequarem as normas e legislações, assim os responsáveis técnicos da

própria cooperativa fazem vistorias e auxiliam para que todos os garimpos estejam dentro das

normas e conformidades que os órgãos municipais e federais exigem (SILVA, 2014).

A cooperativa tem atuação em diversos municípios, dos quais há exploração e extração

de pedras preciosas localizados ao extremo Norte do Estado do Rio Grande do Sul na Região

do Médio Alto Uruguai. Atualmente os municípios em que a cooperativa atua são: Frederico

Westphalen, Ametista do Sul, Iraí, Planalto, Rodeio Bonito, Cristal do Sul, Trindade do Sul e

Gramado dos Loureiros, Vista Alegre, Alpestre, Rio dos Índios, Nonoai, Palmitinho, Taquaruçu

do Sul, Erval Seco, Seberi, Jaboticaba, Pinhal, Caiçara, Novo Tiradentes (SILVA, 2014).

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Em seu quadro de colaboradores a cooperativa conta com duas Biólogas, um Engenheiro

de Minas, um Geógrafo, uma Engenheira Agrônoma, um Técnico Agrícola, e uma Engenheira

Química (SILVA, 2014).

3.13 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

Restauração ou recuperação do dano ambiental, precede de um conjunto de ações

projetadas para atingir o objetivo de recuperar os recursos naturais à sua linha de base, ou seja,

voltar às condições anteriores ao evento que causou dano ambiental, visando assim, compensar

a sociedade pelo danos gerados, desde o início da degradação até sua recuperação (SÃO

PAULO, 2012).

As ações para restauração do dano ambiental provocado, ocorrem sistematicamente,

interligadas entre si, e são desenvolvidas para a restauração primária, onde estabelecem o tempo

necessário para a recuperação, bem como, estabelecem o tempo de intercorrência necessário

para o desenvolvimento pleno das ações compensatórias (SÃO PAULO, 2012).

Sinteticamente, o Plano de Restauração inclui as fases: (i) avaliação dos danos ambientais em termos de natureza, grau e extensão; (ii) desenvolvimento de alternativas de restauração e seleção das mais viáveis, que podem incluir ações de restauração, reabilitação ou aquisição de equivalente, ou sua combinação; (iii) asseguração de que as ações pretendidas serão apropriadas e dimensionadas para o retorno às condições pré incidente e para a compensação intercorrente; (iv) escolha da melhor alternativa considerando custos, tempo estimado para a restauração, probabilidade de sucesso e efeito da alternativa na saúde e segurança pública; e (v) desenvolvimento e implantação do Plano Final de Restauração (SÃO PAULO, 2012)

Dano ambiental é definido como sendo alterações adversas, observáveis ou

mensuráveis, que correm nos recursos naturais, gerando o impedimento dos seus serviços (SÃO

PAULO, 2012).

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37

4 METODOLOGIA

4.1 Tipologia de Estudo

O estudo do universo desta pesquisa foi diretamente a COOGAMAI- Cooperativa de

Garimpeiros do Médio e Alto Uruguai, por atuar diretamente e indiretamente na exploração de

geodos de pedras ametistas e apresentar dados relativos a LO e ao PRAD e sua implementação.

A coleta de dados pode ser melhor exemplificada na Figura 7, com o fluxograma

apresentado abaixo, onde estão descritas as etapas para obtenção dos dados e levantamentos

necessários para a realização deste trabalho.

Figura 7 - Fluxograma das etapas para coleta de dados.

• O trabalho aqui descrito desenvolveu-se em sua primeira fase com base em

revisões de literatura a partir do tema escolhido, visando uma abordagem de cunho qualitativo,

aplicada através de pesquisa em dados pretéritos, artigos e outras fontes que foram consultadas.

• Em sua segunda fase foi disponibilizado pela COOGAMAI, o Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas e a Licença de Operação para os garimpos de Ametista do

Sul e região. A partir da disponibilização destes, iniciou-se o processo de leitura e análise dos

mesmos, para conhecimento do que estes vinham a tratar;

• Em uma terceira fase foram desenvolvidas atividades de campo para coleta de

dados. Esta coleta de dados ocorreu através de registros fotográficos e posterior confrontamento

da análise e leitura dos dados bibliográficos levantados anteriormente e as observações feitas a

campo;

Revisão

bibliográfica(artigos,

periódicos, leis vigentes,

relarórios ETC.)

Análise do Plano de

Extração Mineral

encaminhado aos orgãos

competentes

Visitas a campoAtividades de registros

fotográficos de campo

Revisão dos dados

colhidos e verificação dos

mesmos

Análise corporativa do

PRAD e LO com

verificação realizada a

campo

Análise da viabilidade e

dificuldades na

implementação do PRAD.

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• Em uma quinta fase de elaboração do trabalho, foi necessário desenvolver a

revisão dos dados coletados tanto nas revisões de literatura quanto nos dados coletados a campo.

Para que desta forma fossem apontadas as razões pelas quais não se consegue ou se há

dificuldade de implementar o Plano de Recuperação das Áreas Degradadas pela atividade.

• Na sexta fase de elaboração do trabalho ouve-se a necessidade de análise

corporativa do PRAD e da LO, pois estas estão interligadas, podendo ser confrontadas perante

os órgãos licenciadores e competentes.

• Em sua última fase de elaboração ocorreu a análise do PRAD e sua viabilidade

de implementação, apontando suas dificuldades e pontos a serem melhorados.

Os garimpos visitados para as observações feitas a campo, não puderam ser

identificados devido a pedido dos donos de garimpos e COOGAMAI, garantindo assim o sigilo

e restrição de seus dados, assim sendo, os garimpos foram denominados A, B, C, D, E, F, G, H,

I, J, K, L.

4.3 Análise das Condições e Restrições da Licença de Operação

A análise da LO busca identificar os critérios impostos e medidas propostas para a

recuperação das áreas degradadas e áreas próximas a exploração mineral.

Os pontos analisados na LO dentre as condições e restrições que esta LO impõe estão:

I- Identificação do Empreendedor e Empreendimento;

II- Condições e Restrições: Traz consigo condições e restrições que deverão ser atendidas

para que a LO seja aprovada, algumas das quais são:

II.a Quanto ao Empreendimento

II.b Quanto a Localização

II.c Quanto ao uso de explosivos

II.d Quanto a Britgem

II.e Quanto as Questões Biológicas

II.f Quanto a Preservação e Conservação Ambiental

II.g Quanto a Recuperação Ambiental

II.h Uso de Óleos Lubrificantes

II. i Quanto a Emissões Atmosféricas

II.j Quanto a Resíduos Sólidos

II.l Quanto a Publicidade da Licença.

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39

4.3 Análise da Implementação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

Foi desenvolvido no presente trabalho análise da implementação do Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas. A análise do PRAD busca identificar os critérios e medidas

de recuperação para as áreas degradadas pela atividade de exploração mineral nos garimpos no

município de Ametista do Sul – RS.

Para a coleta de dados a campo, foi utilizado câmera fotográfica, prancheta de anotações,

caneta e duas tabelas. Nas Tabelas 1 estão descritos os elementos citados na LO, que deveriam

estar ocorrendo em todos os garimpos licenciados. Na Tabela 2, estão descritos as condições e

restrições dos elementos citados no PRAD, encaminhado e aprovado pelo órgão licenciador do

Rio Grande do Sul, FEPAM.

Conforme consta no Plano de Recuperação de Áreas, os municípios que abrangem área

de recuperação atual são: Frederico Westphalen, Ametista do Sul, Iraí, Planalto, Rodeio Bonito,

Cristal do Sul, Trindade do Sul e Gramado dos Loureiros. Para o estudo da análise de

implementação do Plano de Recuperação de Áreas Degradas foram selecionados 12 (doze)

garimpos pertencentes ao município de Ametista do Sul.

O PRAD visa atender ao Termo de Compromisso Ambiental (TCA) (ANEXO B) que

foi celebrado em 23/10/2007 (extrato publicado no DOE, em 01/02/2008) integrante do

processo administrativo nº. 4744/07-2, e o Termo Aditivo assinado na data de 26 de novembro

de 2009, entre o órgão ambiental FEPAM e a COOPERATIVA. Diante da TCA - Termo de

Compromisso Ambiental, a COOPERATIVA, obrigou-se a adotar medidas que visam cessar,

adaptar, recompor, corrigir ou minimizar os efeitos da degradação ambiental oriunda dos

processos de exploração da mineração nas áreas dos garimpos, ativos e inativos (INOVA

CONSULTORIA AMBINETAL, 2010).

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1

Tabela 1 – Condições e Restrições da Licença de Operação, utilizado a campo para observações e analise da LO.

GARIMPOS L

ICE

A D

E O

PE

RA

ÇÃ

O 5

305/

0100

-DL

CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES A B C D E F G H I J K L

Quanto ao empreendimento

Isolamento das áreas de garimpo Isolamento das áreas de risco

Marcos fixos vermelho/laranja Drenagem de todo o garimpo

Áreas de armazenamento de óleos e combustivel impermeabilizados

Disposição de material estéril e rejeito sobre as encostas Triagem de material estéril e rejeito depositado

Quanto ao uso de explosivos Sinalização por placas

Restrição de circulação de pessoas no local Quanto a britagem Utilização de britador móvel

Quanto as questões biológicas Supressão da vegetação nativa

Execução de plantio de mudas arbóreas nativas Cerca de isolamento no depósito temporário

Quanto a preservação e conservação ambiental

Áreas de preservação permanente-APPS

Quanto a recuperação ambiental

Semeadura direta Recuperação em faixas verticais e horizontais

Recuperação em bancadas Plantio em linha intercaladas

Plantio por barreiras Contenção de taludes de corte de entrada de galerias

Monitoramento ambiental Orientação técnica

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2

Relatório anual

Quanto aos óleos lubrificantes Óleos lubrificantes usados ou contaminados destinados a

reciclagem

Quanto a emissão atmosférica Medidas para controle de poeira

Caminhões de transporte cobertos com lona

Quanto aos resíduos sólidos Segregação, identificação e classificação

Armazenagem temporária no local na área

Tabela 2 – Condições e Restrições do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, utilizado a campo para observações e analise da

implementação do PRAD.

GARIMPOS CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES A B C D E F G H I J K L

PL

AN

O D

E R

EC

UP

ER

ÃO

DE

ÁR

EA

S D

EG

RA

DA

DA

S

Técnicas de implantação do processo de restauração das áreas

Semeadura direta - solo vegetal Recuperação em faixas verticais ou horizontais

Recuperação em bancadas Plantio em linhas intercaladas

Plantio em barreiras - base inferior ou superior dos taludes

Outras técnicas de emprego concomitantes

Controle de erosão Contenção de taludes

Retaludamento Contrução de terraços

Aterro parcial de ravinas ou voçorocas Drenagem de águas superficias ou subterraneas

Obras de contenção Bases drenantes de pilhas de rejeitos e pilhas de

substrato

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3

Controle das águas Implantação de sistema de irrigação - drenagem

Pilhas de rejeito Remoção das pilhas de rejeito

Acondicionamento em local próprio

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Existem poucos estudos relativos à exploração e destinação dos resíduos de mineração,

especificadamente resíduos de mineração de pedras ametistas no Brasil e no mundo, porém

legislações ambientais em vigência no Brasil trazem especificações sobre o setor e os impactos

decorrentes da extração mineral em geral (DNPM, 2007).

Conforme consta no Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM-2030), é abordado em

seu Capitulo 2 – Desafios para a geologia, mineração e transformação mineral, entre outros

aspectos a produção sustentável, reciclagem e fechamento de mina. No plano está descrito os

resíduos de origem mineral como sendo todo o tipo de resíduo gerado na atividade de pesquisa,

extração e exploração das minas (PERS, 2011, pág. 11).

O setor de agregados minerais teve fortes impactos com elevação de custos no período

de 1999 a 2003, atingindo uma inflação setorial de 100% neste período. Os itens que sofreram

maior aumento na indústria mineira foram explosivos, produtos siderúrgicos, combustíveis,

lubrificantes e energia. (DNPM, 2003)

Através de dados coletados constatou-se que a Cooperativa de Garimpeiros do Médio

Alto Uruguai – COOGAMAI opera 27 Permissões de Lavra Garimpeira - PLGs de até 1.000ha

cada uma, sendo que os donos de garimpos são gerenciadas pela cooperativa no âmbito legal.

As áreas de uso de garimpos são relativamente pequenas, devido às galerias de extração

ser subterrâneas, e o processo de remoção do minério afetar somente os pontos de saída das

minas, sendo estes impactos decorrentes dos resíduos de basalto não aproveitados no

beneficiamento e venda das pedras ametistas e demais geodos dotados de valor econômico. Tais

alterações provocadas pelo descarte desses resíduos nas encostas dos talvegues são de fácil

visualização o que se dá pela localização onde as mesmas são depositadas e pela falta de locais

apropriadas para o seu descarte.

A LO – Licença de Operação concedida pela FEPAM, o qual foi disponibilizado pela

COOPERATIVA, apresenta alguns pontos relativos ao que diz respeito à lavra garimpeira

dentro das áreas de garimpos, porém não há especificações claras, o que faz com que os donos

de garimpos optem por mesclar algumas dessas restrições, de tal modo que não são atingidos

todos os requisitos exigidos pelo órgão competente em questão. Essas LOs trazem algumas

condições e restrições, quando diz respeito ao empreendimento, sua localização, uso de

explosivos, britagem, questões biológicas, preservação e conservação ambiental, recuperação

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ambiental, uso de óleos lubrificantes, emissões atmosféricas e resíduos sólidos gerados. (LO –

Nº 5315/2012 – DL) (FEPAM, 2012).

5.1 Análise da Licença de Operação

Para que fosse expedido a Licença de Operação de cada empreendimento ocorreram

várias exigências, estas feitas pela FEPAM para expedição da LO aos donos de garimpos no

município de Ametista do Sul. A obtenção desta licença era para a promoção de operações

relativas a atividade de lavra de gemas subterrâneas e recuperação de áreas degradadas. Tais

exigências traz uma série de condições e restrições para que o empreendimento possa

funcionar seguindo os requisitos necessários (LO nº 5315/2012-DL) (FEPAM, 2012).

Conforme consta na Licença de Operação estudada (Anexo A), está só é conseguida

diante do atendimento de condições e restrições especificadas. Dentre as condições e restrições

que esta lei impõe estão:

• I- Identificação do Empreendedor e Empreendimento: conhecimento da pessoa

física ou jurídica que está solicitando tal licença, assim como, conhecimento da localização e

abrangência que essa licença irá englobar. Nessa primeira etapa, deve estar indicada a área a

ser licenciada e o que será feito na mesma;

• II- Condições e Restrições: Traz consigo condições e restrições que deverão ser

atendidas para que a LO seja aprovada, algumas das quais são:

II.a Quanto ao Empreendimento: existe uma série de tópicos gerais dentro das

condições e restrições estabelecidas, das quais quanto ao empreendimento pode-se citar

algumas de maior relevância ao nosso estudo.

No que diz respeito aos tópicos 1.5 que trata que toda a drenagem do garimpo deve ser

feita de modo que as águas sejas direcionadas para as bacias de decantação de sedimentos e

posteriormente esta água seja liberada para as partes mais baixas topograficamente, constatou-

se em visitas realizadas durante a fase de elaboração deste trabalho que dos 12 garimpos

visitados, apenas 25% destes, possuem drenagem das águas superficiais como a LO exige,

porém cumprem em parte esta condição, já que em nenhum dos garimpos visitados e

observados constatou-se a presença de bacias de decantação e tratamento destas águas. No

tópico 1.7 que diz respeito ao descarte de óleos e combustíveis em locais impermeabilizados

para que não ocorra a contaminação dos locais, constatou-se que 58% dos garimpos visitados,

apresentam esta condição dentro das conformidades e exigências da LO, porém não houve

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informações decorrentes de onde são acondicionados e se há encaminhamento destes óleos e

combustíveis excedentes ou usados para que recebam algum tipo de tratamento e/ou disposição

final ambientalmente adequada. Quando a disposição de material estéril e rejeitos morros

abaixo e seu acondicionamento no local feita por tempo determinado dito nos tópicos 1.8 e 1.9,

pode ser verificado que apenas 33% dos garimpos visitados apresentam disposição adequada

destes materiais, tendo esta disposição em partes correta, sendo que o restante dos garimpos

ainda não se adequaram s normas exigidas na LO.

Os tópicos 1.10, 1.11 e 1.12, dos quais tratam especificadamente das pilhas de rejeitos

e estéreis (basaltos) que devem ser depositados em locais apropriados, com no máximo 2 (dois)

metros de altura, dos quais deverá ser feita a triagem e posteriormente britagem. Contatou-se

que 42% dos garimpos realizam a triagem e encaminham seus rejeitos para britagem, evitando

que estes sejam depositados morro a baixo, provocando o desmatamento e a supressão da

vegetação nativa, assim como alterações geomorfológicas de taludes e instabilidade nas

encostas modificados. A Figura 8, ilustra a zona de descarga de rejeitos rejeitos e estéreis em

local adequado e ilustra depósitos inadequados realizados anos atrás, causando maiores

impactos a vegetação natural.

Figura 8 - Comparação entre as formas de descarte de rejeitos e material estéril ao longo do

tempo. Despejo inadequado de rejeitos (garimpo D), Área destinada ao acúmulo de rejeitos

(garimpo A).

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A maior dificuldade para a implementação das condições e restrições indicadas na LO,

está relacionado em efetuar as devidas adequações nas áreas de garimpo, para que de fato

estejam dentro das conformidades exigidas pelos órgãos fiscalizadores (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Condições e Restrições de Implementação das ações indicadas na LO concedidas

pela FEPAM.

Foi constatado também que dentro das exigências feitas na LO, quanto ao

empreendimento, onde solicitava-se o isolamento das áreas de garimpos, que 58% destes

obedeciam A esta condição. Já quando referia-se a isolamento das áreas de risco, este número

era menor, cerca de 42% dos garimpos visitados apresentavam cercas de isolamentos. Quanto

aos marcos fixos vermelho/laranja, que determinavam a extensão de cada garimpo, 42% destes

também apresentavam está condição. As porcentagens do que está sendo implantado nestes

garimpos, quando se diz respeito ao empreendimento, demostra que pode estar ocorrendo falta

de fiscalização ou falha durante as mesmas, pois dá margem para que os donos de garimpos e

garimpeiros possam mesclar estas informações, visando o não comprometimento com o meio

ambiente e a sociedade em geral. Porém, quando comparado a cenários anteriores a estas

legislações e exigências dos órgãos fiscalizadores, o dano causado através da exploração destes

0102030405060708090

100

Isol

amen

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%

Quanto ao Empreendiemento

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minérios eram catastróficos, pois não havia consciência nenhuma acerca das problemáticas que

estes poderiam causar a vegetação de modo geral e aos corpos hídricos próximos.

II.b Quanto a Localização: como ocorreu na LO estudada, a licença não é somente

para um dono de garimpo, mas sim para um conjunto de garimpos solicitantes que se encontram

naquela região. Na localização estão contidas o nome do proprietário, as coordenadas

geográficas em que se localiza e a área que recebeu a Licença de Operação.

II.c Quanto ao uso de explosivos: Quanto ao uso de explosivos, constatou-se nas

visitas realizadas nos vários garimpos que todos os garimpeiros receberam cursos de uso de

explosivos, visando que as normas técnicas da ABNT-NBR 9653/2005 fossem atendidas

(FEPAM, 2012). A sinalização por placas citado acima no tópico 3.2 e 3.3, ocorre em 67% dos

garimpos visitados. Já quanto a restrição de circulação de pessoas no local ocorre em 50% dos

garimpos visitados (Quadro 1).

II.d Quanto a Britagem: Nesta fase da LO, que diz respeito a britagem das pedras

basálticas, consideradas rejeitos de garimpos, onde exige que cada garimpo tenha um britador

móvel para britagem das pilhas e consequentemente a diminuição destas pilhas de acúmulo,

que nenhum garimpo tem à disposição de um britador móvel (Quadro 1). Porém, a

COOGAMAI juntamente com a Prefeitura Municipal de Ametista do Sul, adquiriu um britador

móvel para que este fosse utilizado nos garimpos do município.

Condição Restrição %

Quanto ao uso de explosivos Sinalização por placas 67

Restrição de circulação de pessoas no local 50

Quanto a britagem Utilização de britador móvel 0

Quadro 1 - Condições e Restrições da LO emitadas pela FEPAM que foram atendidas quanto

do Uso de Explosivos e Quanto a Britagem do Material Estéril.

II.e Quanto às questões biológicas: Conforme observado durante as visitas a campo,

constatou-se que o tópico 5.1 e 5.2 não atende as exigências da LO, pois em 100% dos garimpos

ocorre supressão da vegetação nativa (Figura 10). Quanto a utilização de fogo, constatou-se

50% dos garimpos, utilizam fogo para queimar os resíduos secos, os quais deveriam ser

destinados a reciclagem e/ou encaminhados a destinação ambientalmente adequada (Figura 10).

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Figura 9 – Supressão de vegetação nativa (garimpo L)

Figura 10 – Resíduos sólidos que deveriam ser destinados a reciclagem, sendo queimados a céu

aberto próximo as áreas de despejos de rejeitos (garimpo F).

O item 5.3 e 5.4 trata da necessidade de executar plantio de mudas arbóreas nativas

(Figura 11 – garimpo em atividade e Figura 12 – garimpo inativo e sua antiga pilha de rejeitos),

de modo a construir um cortinamento vegetal, do qual ficou constatado que em 67% dos

garimpos visitados ocorre o plantio de mudas arbóreas nativas, porém, muitos destes contém

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áreas de cultivo de eucaliptos e pinus (Figura 13). A justificativa para manter o cultivo de

eucaliptos e pinus nos locais destinados a vegetação nativa, é seu elevado valor comercial na

época de corte, neste sentido, as multas que possam advir do órgão ambiental pelo não

cumprimento do plantio de árvores nativas é inferior ao ganho dos donos de garimpos com a

venda da madeira (de acordo com informações dos garimpeiros).

Figura 11 – Plantio de mudas arbóreas próximas ao local de despejo de rejeitos oriundos da

exploração de pedras ametistas (garimpo F).

Figura 12 – Garimpo inativo e sua antiga pilha de rejeitos e material estéril: plantio de mudas

arbóreas e gramíneas de pequeno porte visando regeneração do local (garimpo C).

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Figura 13 – Área de despejo irregular de rejeitos e estéreis com plantação de espécies de

eucaliptos e pinus (garimpo E).

Ainda quanto as questões biológicas, cerca de 42% dos garimpos visitados apresentam

cerca de isolamento, delimitando o despejo de rejeitos e material estéril nas encostas dos

morros. O Gráfico 2, a seguir, exemplifica as condições de questões biológicas nas áreas

visitadas, demonstrando que muitos garimpos estão em desconformidades com as legislações

vigentes.

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51

Gráfico 2 - Condições e Restrições de Implementação das ações indicadas na LO concedidas

pela FEPAM quanto as questões biológicas da Licença de Operação.

II.f Quanto à preservação e conservação ambiental: Apesar dos inúmeros impactos

observados em campo em decorrência da exploração mineral de pedras ametista, as áreas de

preservação permanentes APPs, estão ainda preservadas em 92% dos garimpos observados,

porém esta avaliação levou-se em conta que os maiores impactos estão presentes nas bocas das

minas e em suas áreas de despejo de rejeitos inadequados. Logo, não há delimitação do que são

as áreas de preservação permanentes nos garimpos, o que fica difícil mensurar. No caso dos

garimpos em que há plantio de mudas exóticas como eucaliptos e pinus, estas áreas que

deveriam ser destinadas as áreas de preservação da mata nativa, podemos observar que não há

preservação da mata nativa, já que esta deu lugar para o plantio de madeiras de corte.

II.g Quanto à recuperação ambiental: O Gráfico 3, demostra a opção dos donos de

garimpos no que diz respeito ao item 7.1, sobre os tipos de técnicas empregadas para

recuperação de áreas impactadas em fase posteriormente à LO. 1) Semeadura direta: 67% dos

garimpos estão optando por esta prática; 2) recuperação em faixas verticais e horizontais: cerca

de 8% apenas dos garimpos; 3) recuperação em bancadas: nenhum garimpo está executando,

observa-se dificuldade para entrada com maquinários para execução deste tipo de obra; 4)

Plantio em linhas intercaladas: ocorre em 42% dos garimpos visitados, somente na base inferior

das pilhas de rejeitos e superior, devido à instabilidade das pilhas de rejeitos e das declividade

0102030405060708090

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%Quanto as questões biológicas

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em que as pilhas se encontram; 6) Plantio por barreiras: não está ocorrendo em nenhum dos

garimpos observados; 7) Contenção de taludes de corte da entrada das galerias: observou-se em

67% os garimpos, porém, quando ocorre maiores volumes de precipitações na região, estas

contenções não suportam o grande volume de terra, e constata-se desmoronamentos próximos

às entradas das galerias subterrâneas (Figura 14). Estes desmoronamentos podem ocorrer

devido a fragilidade destas obras de contenção e a instabilidade de algumas áreas, já que a

espessura destas camadas de solo são relativamente pequenas, estando próximas às rochas sãs.

Gráfico 3 - Recuperação Ambiental – medidas empregadas para a recuperação das áreas

impactadas pela extração mineral.

Nota-se que em aproximadamente 92% dos garimpos ocorre o monitoramento

ambiental, conjuntamente com orientação técnica necessária aos donos de garimpos. Este

monitoramento e orientação técnica e realizado pela COOGAMAI que visa orientar os donos

de garimpos para que se adequem as normas e legislações vigentes. Todos os garimpos

apresentam relatório anual de sua situação.

0102030405060708090

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Quanto a recuperação ambiental

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Figura 14 – Contenção de talude na entrada das galerias subterrâneas mal projetados,

ocasionando desmoronamentos (garimpo J).

II.h Uso de óleos lubrificantes: Conforme visita realiza a campo, o uso de óleos

lubrificantes ocorre em todos os garimpos, porém, somente 58% destes efetuam a destinação

dos frascos e restos de óleos usados. Não encontrou-se informação da destinação destes frascos

e restos de óleos usados, porém espera-se que seja para empresa capacitada e/ou tratamento

adequado (Quadro 2).

Condição Restrição %

Quanto aos óleos lubrificantes Óleos lubrificantes usados ou contaminados

destinados a reciclagem 58

Quanto a emissão atmosférica Medidas para controle de poeira 58

Caminhões de transporte cobertos com lona 25

Quanto aos resíduos sólidos Segregação, identificação e classificação 25

Armazenagem temporária no local na área 42 Quadro 2: Condições e Restrições – Quanto aos óleos lubrificantes, Emissões atmosféricas e

Resíduos Sólidos.

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II.i Quanto a emissões atmosféricas: Há a necessidade de implantação de medidas

para o controle da poeira oriundas da operação e trânsito de veículos dentro e fora da área do

empreendimento: pavimentação, umectação, etc. As caçambas dos caminhões de transporta

deverão estar obrigatoriamente cobertas por lonas, evitando assim queda de material

transportado ao trafegarem em vias públicas.

Não ocorre controle das emissões atmosféricas, que fica aderida na vegetação local e

outros receptores. Em relação à operação de detonação e perfuração há ingestão de água pelos

equipamentos de perfuração, o que reduz a emissão de poeira oriunda destes processos. Em

relação ao transporte de materiais os caminhões não apresentam cobertura com lona durante o

transporte das pedras, conforme demonstra a Figura 15 a seguir, sendo que destes apenas 25%

dos veículos de transporte apresentam esta lona de proteção (Quadro 2).

Figura 15 – Veículo para transporte de rejeitos e material estéril de dentro das galerias

subterrâneas (garimpo J).

II.j Quando aos resíduos sólidos: Durante observações feitas a campo mostrou-se

que a segregação, identificação e classificação dos resíduos sólidos ocorre em apenas 25% dos

garimpos observados (Figura 11). Alguns garimpos optam pela queima destes materiais, o que

seria uma infração já que a LO especifica que estes materiais devem ser destinados a reciclagem

e/ou destinação correta (Quadro 2). A Figura 16, ilustra a destinação dos resíduos em alguns

garimpos em atividade.

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Figura 16 – Material que deveria receber segregação, identificação e classificação com posterior

destinação adequada, sendo depositado nas encostas de forma inadequada (garimpo B).

II.l Quanto à publicidade da licença: Existe a publicidade da Licença de Operação

em local visível. Há placas de sinalização dos garimpos em todos os garimpos observados.

• III- Documentos a apresentar para a renovação da Licença de Operação: Consigo

traz uma série de documentos, requerimentos, formulários, relatórios, levantamentos e

diagnósticos dos garimpos e donos/responsáveis técnicos, para que a LO seja expedida.

Para que a LO fosse emitida pelo órgão licenciador, foi necessário a elaboração do Plano

de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, por parte d COOGAMAI.

5.2 Análise do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

O processo de recuperação ambiental de áreas exploradas pela mineração subterrânea,

com despejos de rejeitos a céu aberto, em depósitos muitas vezes não condicionados para tal

fim, é um processo de difícil manejo e ação, devido a existência de diferentes fatores

envolvidos, que se mostram como condicionantes para que de fato o processo obtenha sucesso.

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O PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas constitui-se de uma série de

informações, levantamentos, estudos destinados a permitir a avaliação dos efeitos ambientais e

a possibilidade de adequação de medidas recuperatórias das áreas em que reside ou que se

cessou o processo de extração mineral. O plano elaborado abrange uma vasta área, tendo

diferentes municípios e comunidades, o que torna o processo e recuperação mais meticuloso,

visando atender a todas as necessidades impostas, tanto pela conformação dos terrenos,

inclinações, áreas, formações fitosociológicas, questões culturais, recursos financeiros, dentre

outros parâmetros.

A elaboração do PRAD se deu para organizar de forma sistemática e ampla as principais

condicionantes existentes. As principais modificações existentes relacionados com os meios

biótico e físico, tornam-se foco dos levantamentos junto a cada garimpo, tendo em vista o

diagnóstico dos principais impactos ambientais ocasionados pela atividade. Assim, propondo

ações para as áreas que sofreram com modificações, a recuperação mais viável e compatível

com o local, sempre atentos as questões legais.

O PRAD cita que a recuperação ambiental das áreas degradadas por processos de

mineração deveria ocorrer juntamente com o processo de operação. Uma área quando

abandonada deveria imediatamente sofrer intervenção e ser corrigida para que o processo de

recuperação, efetuado por implantação ou regeneração natural, ocorra o mais rápido possível.

Dentre as exigências contidas no termo, referentes a Recuperação do Dano Ambiental, consta

o item “b”, clausula 1 (um), traz o seguinte texto: “Apresentar um Plano de Recuperação de

Áreas Degradadas (PRAD), conforme termo de referência, disponível no site da FEPAM, para

todas as áreas de garimpos ativos, inativos e as áreas de extração que deverão ser encerradas

devido a inviabilidade técnica por não atendimento a legislação ambiental vigente, dentro do

prazo de 360 (trezentos e sessenta dias)” (INOVA CONSULTORIA AMBIENTAL, 2010). Os

donos de garimpos devem cumprir esse prazo estipulado pela FEPAM, com o auxílio da

Cooperativa de Garimpeiros do Médio Alto Uruguai.

O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, de domínio da COOGAMAI, foi

elaborado pela empresa Inova Consultoria Ambiental, localizada na cidade de Ilópolis – RS.

As partes que compõe o PRAD traz consigo descrição geral do empreendimento, caracterização

do empreendimento, diagnóstico ambiental.

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5.2.1 Descrição Geral do Empreendimento

Neste item em uma primeiro momento o plano trás as localizações e vias de acesso com

mapa. As áreas de abrangência dos garimpos da COOGAMAI pertencem a Região do Alto

Médio Uruguai, estando localizada ao extremo Norte do Estado do Rio Grande do Sul. O PRAD

tem uma abrangência em 8 (oito) municípios desta região (Figura 17) que possui uma população

total de 73,701 habitantes, segundo dados do IBGE, para o ano de 2009 (IBGE, censo 2010), e

apresentam sua renda per capta oriunda da exploração mineral e agricultura.

Figura 17 - Localização Geográfica da Região do Alto Médio Uruguai, juntamente com os

municípios que compõem a COOGAMAI.

Fonte: INOVA CONSULTORIA AMBIENTAL, 2010.

O PRAD aplica-se para diferentes municípios e comunidades, segundo consta no plano.

Os garimpos que receberam licença junto ao DNPM, que pertencem a COOGAMAI

estão listados a seguir no Quadro 3, dos quais estão inseridos nas Permissões Lavra Garimpeira

– PLG. A quantidade de PLG’s é de 27 com área de até 1.000 há cada (INOVA

CONSULTORIA AMBIENTAL, 2010).

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Nesta descrição geral, o PRAD também traz o objetivo da recuperação ambiental das

áreas degradadas pela extração mineral, o qual descreve como sendo de grande importância na

fase inicial do projeto. O principal objetivo do PRAD é proceder com o processo de

recuperação, seja pelo plantio arbóreo ou ainda pela permissão do processo de regeneração

natural, que em já ocorre nas áreas.

Quadro 3: Licenças junto ao DNPM- Permissão da Lavra Garimpeira.

Fonte: INOVA CONSULTORIA AMBIENTAL, 2010.

Área Nova Número do Processo Cidade Localidade 1 810.606/2002 Frederico Westphalen Linha Progresso 2 810.602/2002 Frederico Westphalen Linha Progresso 3 810.595/2002 Frederico Westphalen Linha Getúlio Vargas 4 810.588/2002 Frederico Westphalen Castelinho 5 810.653/2002 Cristal do Sul São Miguel do Braga 6 810.658/2002 Cristal do Sul São Miguel do Braga 7 810.659/2002 Cristal do Sul São Miguel do Braga 8 810.660/2002 Cristal do Sul Volta Grande 9 810.664/2002 Cristal do Sul Palmital

10 810.532/2002 Rodeio Bonito Saltinho 11 810.537/2002 Rodeio Bonito Barra do Pinhal 12 810.652/2002 Trindade do Sul Linha Demétrio 13 810.645/2002 Trindade do Sul Linha Demétrio 14 810.520/2002 Rodeio Bonito Jacutinga 15 810.499/2002 Rodeio Bonito Linha Limeira 16 810.497/2002 Ametista do Sul Linha do Pique 17 810.477/2002 Ametista do Sul São Valentim 18 810.462/2002 Ametista do Sul São Valentim 19 810.432/2002 Ametista do Sul e Planalto São Roque 20 810.546/2002 Ametista do Sul Volta da Banana 21 810.568/2002 Ametista do Sul Barreirinho 22 810.425/2002 Ametista do Sul e Planalto Santa Cruz 23 810.401/2002 Planalto Santa Cruz 24 810.388/2002 Planalto Santa Cruz 25 810.372/2002 Planalto e Iraí Divino 26 810.622/2002 Ametista do Sul Paredão 27 810.633/2002 Ametista do Sul e Iraí Santa Dorotéia

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5.2.2 Caracterização do Empreendimento

As áreas a ser recuperada foi estimada com base em levantamentos planimétricos

realizados junto aos garimpos ativos. Tirou-se a média de área de uso do garimpo, considerando

áreas do depósito de rejeito, e a praça onde se tem a boca do garimpo e as infraestruturas. No

total tem-se uma área que corresponde a 1ha, sendo estimados para a área de depósitos de

rejeitos 0,35 há e área útil do garimpo com demais elementos de 0,65ha (Quadro 2). Em

atividade hoje, somando-se os regulares e irregulares, tem-se em média 150 garimpos, sendo

que 350 garimpos estão desativados e em fase de regeneração natural, confirmado em

observações e visitas a campo.

Com base no Quadro 4, observa-se que as áreas de uso dos garimpos são relativamente

pequenas, devido a que a exploração ocorre em galerias subterrâneas, e o processo de remoção

do minério não afetar diretamente a paisagem externa. Porém há áreas que apresentam grande

dificuldade de implantação do PRAD e em função do intenso declive das encostas que

recebemos.

TIPOLOGIA DA ÁREA ÁREA (ha) Garimpos Inativos

(350) Garimpos Ativos

(150) Área que compreende os 8 (oito) municípios 50.000

Área cadastrada no DNPM 15.000 Média de área por garimpo – considerando a

frente do garimpo 1 1

Área média estimada contendo pilhas de rejeitos 0,35 0,35 Área média estimada usada como praça de

infraestruturas 0,65 0,65

Estimativa total: considerando 350 150 Área total a ser recuperada pelos processos

previstos no PRAD 122,5 52,5

Quadro 4: Estimativa das áreas a serem recuperadas.

Fonte: INOVA CONSULTORIA AMBIENTAL, 2010.

5.2.3 Metodologia de Avaliação das Áreas Contempladas no PRAD

O PRAD traz uma metodologia de reabilitação das frentes de garimpo e estabelece uma

sequência de atividades voltadas para três áreas possíveis de recuperação:

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• Áreas lavradas;

• Áreas de infraestrutura;

• Áreas de disposição de rejeitos e estéreis;

A metodologia de avaliação de recuperação do PRAD baseou-se nas seguintes etapas:

5.2.3.1 Fase de pré-planejamento

Nesta fase ocorreu a análise das áreas e como deverão ser dadas as etapas de

recuperação.

• Foi verificada a situação do garimpo, através de vistoria, onde os garimpos foram

avaliados e definidos sua situação entre: 1) Desativado; 2) Ativo e 3) Exaurido

• Área de plantio disponível na frente de garimpo para efetuar o plantio inicial das

100 mudas exigidas no TCA (INOVA CONSULTORIA AMBIENTAL, 2010).

• Verificação dos responsáveis pelo plantio das mudas, de acordo com o termo de

compromisso assinado.

• Entrega de manual técnico para cada responsável de garimpo, explicando como

deve ser efetuado o plantio das mudas.

• Realização de visitas a campo, orientando sobre o processo de recuperação das

áreas.

As etapas acima foram desenvolvidas nos garimpos ativos e parcialmente inativos, em

função da necessidade de envolver o proprietário do garimpo junto ao processo, apontada como

a principal dificuldade a ser transcorrida.

5.2.3.2 Fases de planejamento da recuperação ambiental

a) Áreas lavradas:

São as áreas existentes na frente de cada garimpo. Existem garimpos com ampla área

frente a boca das minas, o que permite o plantio de mudas, enquanto que outras apresentam

áreas restritas, possuindo somente a estrada de passagem de veículos de pequeno porte. Outras

alternativas para a recuperação destas áreas seria a regeneração natural nos garimpos inativos.

Ilustra-se na Figura 18, um garimpo inativo em que optou-se pela regeneração natural

fechando a sua entrada com rejeitos de basalto e terra, para que o mesmo viesse a se regenerar

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naturalmente. Pode-se perceber que a vegetação já está de porte grande, ou seja, a regeneração

natural está de fato ocorrendo no local.

Figura 18 – Antiga entrada de garimpo, trancada com rejeitos de basalto, visando a regeneração

natural da área impactada (garimpo C).

Dentro das hipóteses de recuperação apresenta-se: formação de bancadas em áreas

íngremes, com problemas de erosão, plantio de gramíneas, substituição de exemplares exóticos

por exemplares nativos, encascalhamento das estradas de acesso ao garimpo e as áreas de

infraestrutura, dentre outros.

b) Áreas de infraestrutura:

As áreas de infraestrutura encontram-se locadas geralmente a frente da lavra. No

entanto, alguns garimpos distanciam estas áreas devido ao espaço mais limitado ou não que

apresentam, em termos de áreas. Deste modo, muitos garimpos que contem a infraestrutura -

como casas de garimpeiros, casa de compressor, galpão de máquinas, paiol. Nesses casos consta

no plano que já estão efetuando o plantio através de introdução das 100 mudas. Nas áreas em

que o tamanho da área não permite o plantio das 100 mudas, foi indicada a recuperação através

do plantio de gramíneas, redirecionando os passeios e estradas de forma que reduzam a

compactação do solo por passagens consecutivas em pontos com potencial de regeneração.

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A implantação de vegetação paisagística também se mostra como uma das alternativas,

através da introdução de arbustos, trepadeiras e árvores de pequeno porte, que como constatado

a campo muitos locais há presença destes.

c) Áreas de disposição de rejeitos e estéreis

São as áreas que apresentam a maior degradação ambiental, onde os depósitos de rejeitos

não foram condicionadas de forma adequada, degradando assim, em muitos casos, intensas

áreas de mata nativa, assoreando pequenos cursos de água, que hoje não são mais identificadas

sem o auxílio de mapeamento, e ainda, degradando o solo através do soterramento do mesmo.

Habitats de animais foram extintos, e a morfologia da paisagem hoje mostra-se como um marco

da degradação do garimpo.

As propostas de recuperação destas áreas dependeram de estudos “in locu”, junto a cada

área de garimpo, através da observação dos seguintes parâmetros:

• Inclinação da área de depósito de rejeito;

• Quantidade de volume existente e possibilidade de remoção do mesmo;

• Possibilidade de formação de bancadas, previstas para a fase de recuperação;

• Risco de acidentes com a movimentação de maquinários;

• Risco de acidentes para operários;

Como observado a campo, nem todas estas propostas acima citadas, para a recuperação

das áreas estão sendo implantadas.

5.2.3.3 Descrição das etapas do plano de recuperação, detalhando a terraplanagem, volume de material a ser movimentado, declividade e estabilidade dos taludes, drenagem

O plano de recuperação, como dito, está previsto para ser executado em três áreas

distintas. Segundo dados de campo, a grande problemática enfrentada são as condições de

instabilidade das áreas junto aos depósitos, ou antigos depósitos.

Muitas áreas, em um primeiro momento não poderão ser recuperadas, devendo, com o

passar dos anos e o aumento da estabilidade do local serem reavaliadas e revistas possibilidade

de recuperação. Visando facilitar o desenvolvimento do trabalho, efetuou-se um registro das

áreas dos garimpos, onde se pode observa através de vistorias, os garimpos que já apresentam

regeneração natural, não sendo necessária intervenção ou apenas uma pequena intervenção, os

garimpos aptos para receberem as técnicas de recuperação, e aqueles garimpos, que devido à

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instabilidade da área, não serão implantadas técnicas de recuperação no momento, sendo

mapeados como a área de risco, somente no futuro deverão ser reavaliadas. Não há registros

juntos a COOGAMAI se isso de fato está sendo executado, ou se há registros de vistorias feitas

a campo com anotações daquilo que é feito e não está sendo executado.

5.3 Catálogo das áreas

Foi estipulado no PRAD que as áreas de recuperação seriam catalogadas de acordo com

o estabelecido abaixo:

1) Recuperação Natural: área que desativada, sofreria regeneração natural, não

necessitando de intervenção, ou requerer o mínimo de intervenção.

2) Recuperação a Implantar: área que está em atividade de exploração mineral e

que permite intervenção antrópica, onde é possível executar os manejos com o mínimo de

segurança, para maquinários e operários.

3) Área de Risco: áreas onde a intervenção feita pelo homem se torna impossível,

devido ao risco que apresentam pela pouca área que detém.

5.4 Técnicas de implantação do processo de restauração das áreas

a) Semeadura Direta – solo vegetal e sementes diversas: técnica utilizada nas áreas

em que não permite o uso de maquinário devido ao forte grau de inclinação e risco de erosão.

A semeadura direta ocorre pelo peneiramento das sementes na área, sulcos formados sobre os

rejeitos com a terra vegetal. Semeadura feita com sementes diversas.

b) Recuperação em faixas verticais ou horizontais: está técnica será aplicada nas

frentes de lavra, em áreas que contém infraestrutura construídas e junto às áreas de depósitos

que apresentam faixas horizontais ou até mesmo verticais (quando junto aos rejeitos).

c) Recuperação em Bancadas: Assemelha-se a recuperação em faixa, porém é

realizada na formação de bancadas horizontais na área, de acordo com a curva de nível, em

especial nas áreas onde se tem os depósitos de rejeito. Porém, executado quando as condições

do terreno forem favoráveis a utilização de maquinário, visando a formação de bancadas. Neste

caso também há necessidade de verificação de inclinação de 45º com a base. Para o plantio em

faixas, barreiras ou linhas intercaladas, recomenda-se o espaçamento mínimo de 1,5 a 3 metros.

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d) Plantio em linhas intercaladas: este método será aplicado nas áreas com

possibilidade de recuperação por completo através do plantio arbóreo. Neste método são

formadas linhas, preferencialmente com espaçamento regular, e as entre linhas o espaçamento

entre as plantas também deverá ser feito regular. A linhas devem seguir as curvas de nível do

terreno, e serem intercaladas no formato triangular entre a linha seguinte.

e) Plantio em barreiras – base superior ou inferior dos taludes: está técnica visa a

implantação de barreira vegetal na base superior e ainda na base inferior dos taludes formados

ao longo dos anos com depósitos de rejeitos.

Através de visitas realizadas a campo e apresentadas no Gráfico 4, que dentre as técnicas

de implantação do processo de restauração das áreas degradadas pela atividade de mineração,

a técnica de semeadura direta com solo vegetal está apresentada em 67% dos garimpos

visitados. Enquanto que as demais técnicas sugeridas no plano como: Recuperação em faixas

verticais ou horizontais 8% apenas; Recuperação em bancadas 0%; Plantio em Linhas

intercaladas 42%; Plantio em barreiras na base inferior e superior dos taludes 42%.

Gráfico 4 - Implantação de Técnicas de Restauração das Áreas Degradadas.

0102030405060708090

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%

Técnicas de implantação do processo de restauração das áreas

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a) Controle de erosão: para que ocorra o controle de erosão, o solo deverá ser

mantido coberto, através de cobertura vegetal e mantendo-se a inclinação favorável para que a

água escoe sem carreamento de material.

Durante a ocorrência de observações feitas a campo, verificou-se eu 67% dos garimpos

analisados apresentam algum tipo de controle das águas para evitar a erosão. Porém constatou-

se que em alguns garimpos a contenção da erosão é realizada e forma imprópria, observou-se,

por exemplo, a retirada da vegetação acima da boca do garimpo (Figura 19), com vista a facilitar

o escoamento superficial na intenção de evitar deslizamentos de terras e o carreamento de

árvores e solo para a entrada do garimpo.

Figura 19 – Técnica Equivocada para o controle de erosão acima da entrada do garimpo

(garimpo A).

b) Contenção de taludes: recomenda-se manter uma inclinação mínima de 45º e

uma máxima de 60º, com vista a estabilidade dos taludes.

A contenção de taludes está ocorre (Gráfico 6), em apenas 8% dos garimpos observados.

c) Retaludamento: seria a recomposição da topografia acidentada, através do

manejo correto do solo.

O retaludamento não está em ocorrendo em nenhum dos garimpos observados.

Atualmente observa-se instabilidade das pilhas de rejeitos e dificuldade em suportar o peso de

maquinários sob risco de desmoronamento.

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d) Construção de terraços: importante para as áreas onde requerem estabilidade

para o plantio de mudas.

A construção de terraços não foi implementado atualmente. A sua construção deveria

ocorrer nas pilhas de rochas que apresentam instabilidade e inclinação inadequadas.

e) Aterro parcial ou total de ravinas e voçorocas: caso ocorra desmoronamentos

indesejados, junto as pilhas de rejeitos existentes, deverá ser promovida a contenção da erosão.

O qual pode ser controlado através do aterramento de solo, ou do uso do próprio rejeito, já em

estado decomposto.

Está ocorrendo de forma parcial, ou seja, em 50% dos garimpos visitados (Gráfico 5).

Conforme ilustra a Figura 20, em que parte de solo foi colocado sobre uma pilha de rejeitos que

apresentava sinais de desmoronamento.

Condição Restrição %

Pilhas de rejeito Remoção das pilhas de rejeito 67

Acondicionamento em local próprio 50 Quadro 5: Condições e restrições quanto as pilhas de rejeitos.

Figura 20 – Aterro parcial de ravinas e voçorocas, em pilha de rejeitos que apresentava sinais

de erosão (garimpo G).

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f) Drenagem de águas superficiais e subterrâneas: através de canais para dreno na

área da base da pedreira, visando não acumular águas pluviais.

A drenagem das águas superficiais e subterrâneas ocorre em 75% dos garimpos

observados (Gráfico 6), porém, em muitos destes a drenagem é feita somente de forma manual,

ou seja, quando há ocorrência de chuvas, os próprios garimpeiros utilizam enxadas e pás, para

abrir canais para escoamento das águas, estas obras são de curta duração, pois quando ocorre

transito de veículos, estes canais acabam sendo trancados ou obstruídos. A Figura 21, apresenta

um garimpo que não houve abertura de canais de drenagem, levando ao acúmulo e retenção de

águas pluviais.

Figura 21 – Ausência de sistema de drenagem de águas pluviais em garimpo em atividade

(garimpo K).

g) Obras de contenção: formação de pilhas e leiras com material existente junto

aos garimpos, para condução de água e organização do terreno.

As obras de contenção ocorrem em 75% dos garimpos observados (Gráfico 6).

h) Base drenante de pilhas de rejeitos que formam bancadas para recuperação:

através de deposição controlada de estéreis é um bom método para estabilização de grandes

depósitos desse material em terrenos íngremes.

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As bases drenantes de pilhas de rejeitos que formam bancadas apresentam-se em 58%

dos garimpos (Gráfico 6).

i) Controle das águas: a água interceptada nos terraços e áreas de trabalho devem

ser drenadas ao longo do terreno, e depositadas em estruturas de drenagem.

O controle das águas não mostra-se eficaz, como já descrito, não há construção de

sistemas de drenagem que possibilite o controle das águas, somente obras emergenciais durante

a ocorrência de eventos hidrológicos. Devido a isso o controle das águas ocorre em 33% dos

garimpos (Gráfico 6). A Figura 22, ilustra que em morros acima da entrada da mina

subterrâneas (ocorrência de nascentes), não havendo direcionamento preferencial construído

para que estas águas não ingressem na entradas mina.

Figura 22 – Afloramento de águas acima da entrada da mina. Não observa-se sistema de

drenagem preventivo (garimpo H).

Fonte: GANZER, 2014.

j) Implantação de um sistema de irrigação/drenagem: em garimpos onde há

acúmulo de água, oriunda do corte da pedra. É necessário que ocorra a implantação de um

sistema de drenagem, utilizando-se desta água para posterior irrigação nas áreas de plantio das

mudas.

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Dos garimpos observados apenas 25% apresentam um sistema de irrigação/drenagem

para irrigação das áreas onde ocorre o plantio de mudas arbóreas e gramíneas.

Gráfico 5 - Outras técnicas de emprego concomitantes.

5.5 Remoção das pilhas de rejeitos

Conforme consta no PRAD, a remoção das pilhas de rejeitos ocorreria na primeira fase

a ser cumprida, a fim de permitir que o processo de recuperação ambiental das áreas degradadas

torna-se efetivo.

As pilhas de rejeitos devem ser avaliadas, e assim, observadas as condições de

estabilidade, para fim de plantio de unidade de arbóreas sob as pilhas de rejeitos.

O proprietário do garimpo é responsável pela contratação de maquinário para proceder

com o plantio ou com a remoção das pilhas de rejeitos, recebendo auxilio da COOGAMAIS e

da Prefeitura local. O rejeito que for removido do local, deverá ser utilizado ou condicionado

em local apropriado para este fim.

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Outras técnicas de emprego concominantes

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Em visitas realizadas a campo, observou-se que a remoção parcial das pilhas de rejeitos

em pelo menos 67% dos garimpos estudados, para posterior encaminhados a um britador e

britagem destes rejeitos, para serem utilizados na contenção de taludes e nas estradas do

município de Ametista do Sul. Porém o acondicionamento correto do material, está ocorrendo

em apenas 50% dos garimpos. Observou-se que 50% dos garimpos ainda fazem o despejo

irregular dos rejeitos da exploração do minério, depositando-os morro a baixo (Quadro 5

apresentado anteriormente).

5.6 Terraplanagem das áreas

Após o processo de remoção das camadas de rejeitos, deveria ser feito terraplanagem

do local, com posterior adição de solo de qualidade para o plantio arbóreo, de gramíneas,

herbáceas ou trepadeiras.

Não houve constatação de que este preparo do solo tenha ocorrido em nenhum dos

garimpos observados.

5.7 Manejo do solo: vegetal e orgânico

Para o plantio das mudas é imprescindível que a deposição de solo orgânico de boa

qualidade junto às covas de plantio. Sem esta etapa pode ocorrer o comprometimento da

condução das mudas. Quanto maior a quantidade de matéria orgânica, em especial húmus, e

esterco anima, mais favorável será a introdução das mudas.

Durante visitas realizadas a campo, constatou-se que o plantio das mudas não eram

feitas com solos e material orgânico previamente preparados junto as covas de plantio. As

mudas eram introduzidas no solo sem preparo deste, e apresentavam sinais de falta de nutrientes

para seu crescimento e desenvolvimento.

5.8 Disposição do solo

A disposição do solo sobre as áreas deve ocorrer em camadas, evitando o acúmulo e

aglomeramento de partículas de solo. Nos casos onde ocorrerá a semeadura direta, onde o solo

deve ser lançado sobre as áreas e retido em uma bancada, a sua disposição deverá ocorrer

lentamente, evitando o deslize do mesmo morro abaixo.

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Quando a disposição ocorrer diretamente na cova, o processo de ser manual conduzindo

o solo até o local previamente aberto e com profundidade. Não observou-se se isto de fato

ocorreu, mas pelas condições das mudas, pode-se dizer que esta condição não foi implementada.

5.9 Preparo para o plantio

Nas áreas de garimpos, existentes nas regiões com inclinação elevada de relevo,

apresentam solos pouco desenvolvidos, com fina camada de horizonte A, principal horizonte

para o crescimento das plantas, alta potencialidade para a ocorrência de processos erosivos.

Desta forma o preparo para o plantio utilizando técnicas de proteção dos solos,

associado ao uso de substrato orgânico, torna-se possível a instalação dos processos de

regeneração e recuperação.

O preparo para o plantio de fato não ocorreu como sugerido no PRAD. As mudas foram

introduzidas em covas consideradas pequenas, sem introdução de substrato e material orgânico

preparado como o plantio e consequentemente desenvolvimento e crescimento das mudas.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Para que ocorra a recuperação da degradação das áreas ambientais afetadas é necessária

não somente à implantação de técnicas de recuperação, mas também a tomada de medidas de

controle que sejam controladas administrativamente e tecnicamente durante um longo período

de tempo, forçando assim os donos de garimpos a se adequarem as normas, até que está

recuperação prevista seja estabelecida.

Conforme analisado e estudado no Plano de Recuperação de Áreas Degradadas,

constatou-se que há falhas na execução e elaboração das medidas compensatórias e mitigadoras

que visam a recuperação do dano causado ao meio ambiente ao longo dos anos. Para que a

Licença de Operação fosse concedida pelo órgão fiscalizador, houve a necessidade de

elaboração deste Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, constata-se que as técnicas de

recuperação, de maneira geral são de grande importância, mas em sua maioria não se aplicam

a estas áreas de exploração de pedras ametistas devido à instabilidade e declividade que os

mesmos se encontram.

Fazendo um comparativo entre a LO e o PRAD, pode-se dizer que o PRAD não

contempla todos as condições e restrições que a LO exige, porém traz algumas medidas que

vão além daqueles exigidas.

Maiores dificuldades da implementação do PRAD foram a falta de interesse pelos donos

de garimpos; Plantio de árvores de corte que visam lucro, pois após o corte destas, o lucro que

é obtido com a venda da madeira é superior aquele estipulado em multas dadas pelos órgãos

licenciadores; falta de fiscalização e acompanhamento da execução das práticas; necessidade

de pessoal especializado e capacitado para implantação destas técnicas apresentadas na LO e

PRAD;

O PRAD foi desenvolvido para vários garimpos, o que dificulta ainda mais sua

implementação já que há casos isolados que não se adequam aos demais garimpos por não ter

áreas suficientes e/ou condições semelhantes.

Conforme avaliado e observado a campo, através de visitas aos garimpos estudados, das

técnicas indicadas para a implantação do processo de restauração das áreas degradadas, a

técnica que se sobressai as demais é a semeadura direta, sendo esta implantada em 67% destes.

Uma das razões para isto é a facilidade que os donos de garimpos encontram, pois esta é uma

técnica considerada de fácil aplicação e pouca manutenção, outra justificativa para tal é que as

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áreas em que encontram-se as minas e seus locais de despejo de rejeitos são de difícil acesso

não permitindo entrada de máquinas pesadas para implementação de técnicas que necessitariam

destes equipamentos.

Devido à quantidade de pedras basálticas consideradas rejeitos da exploração mineral,

a utilização destas para controle de taludes apresentou-se em 67% dos garimpos. Já a contenção

de taludes somente 8% dos garimpos observados fazem esta técnica de emprego concomitante.

Exigido na LO e citado no PRAD o retaludamento e construção de terraços não foram em

nenhum garimpo implantados até o momento, provável explicação é a instabilidade das pilhas

de rejeitos que não suportariam manuseio devido a sua declividade elevada.

Um fator considerado de grande importância para a elaboração do PRAD foi a drenagem

das águas superficiais e águas subterrâneas, porém constatou-se durante as visitas realizadas

nos garimpos que poucos garimpos implantaram estas medidas, aproximadamente 33% apenas

fizeram a contenção das águas.

Dentre as técnicas citadas de recuperação das áreas degradadas aceitas pela FEPAM

para diminuir os impactos, são: 1) retirada de uma parte dos resíduos depositados nas encostas

dos talvegues, porém todo os garimpos visitados ainda apresentavam rejeitos de pedras

basálticas depositados irregularmente morro abaixo; 2) Controle de erosão: 67% os garimpos

implantaram esta técnica; 3) Contenção de taludes: apenas 8% dos garimpos implantaram esta

técnica; 4) Retaludamento: não apresentado em nenhum garimpo; 5) Construção de terraços:

foi implementado em 58% dos garimpos observados; 6) Construção de barragens de águas

superficiais e subterrâneas: não foi constatado em nenhum garimpo; 7) Obras de contenção:

constatou-se que foi implementado em 67% dos garimpos observados; 8) Aterro parcial de

ravinas e voçorocas: observou-se que em 50% dos garimpos havia implementação desta técnica;

9) Bases drenantes de pilhas de rejeitos e pilhas de substrato: constatou-se que em 58% dos

garimpos isso de fato foi implementado; 10) Controle das Águas: apenas 33% dos garimpos

implantaram sistemas de drenagem parciais; 11) Implantação de sistemas de

irrigação/drenagem: apenas 25% dos garimpos optou por implantar esta técnica; 12) Remoção

das pilhas de rejeitos: em 67% dos garimpos está ocorrendo tal implementação; 13)

Acondicionamento em local próprio de rejeitos e materiais estéreis: 50% dos garimpos

implantaram esta técnica.

Durante a observação nos garimpos foi constatado a deficiência em alguns pontos do

PRAD, onde encontra-se dificuldades não só para a retirada desses rejeitos que já estão

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depositados nos morros, mas principalmente por não apresentar locais apropriados para a

disposição dos mesmos até que estes tenham necessidade de uso.

Com base nas observações feitas a campo, constatou-se que as pilhas de rejeitos não

apresentam estabilidade favorável para entrada de maquinários sobre as mesmas para realização

de técnicas. As pilhas de rejeitos apresentam em sua maioria pedras de basalto soltas, de porte

grande a pequeno, apresentando instabilidade até ao caminhar sobre elas. Caso fossem

depositados sobre as mesmas terras e material orgânico para plantio de espécies citadas no

PRAD, tanto por semeadura direta quanto para mudas arbóreas ou gramíneas, as mesmas não

teriam estabilidade sobre as pilhas, já que estas apresentam pequenas fissuras entre as pedras

depositadas irregularmente. Quando ocorresse um precipitação fraca, esses materiais podem

ficarem fixos, porém, como não há cobertura alguma sobre as pilhas e consequentemente o

material ali implantado ficaria exposto também a grandes volumes de chuvas, sobre suas

fissuras pode ocorrer a infiltração da terra e de material orgânico, impedindo o crescimento das

sementes e mudas plantadas.

Uma sugestão seria entrada manual nessas pilhas, tomando o máximo de cuidado

possível, por estas apresentarem instabilidade, fazendo camadas sobre as pilhas de rejeitos,

utilizando-se de plásticos finos, fazendo com que este seja depositado de forma quadrangular

com pequenos furos para infiltração de água, impedindo a lavagem do material que será

depositado, assim poderia ser depositado sobre o plástico material orgânico e terra para

desenvolvimento das técnicas de semeadura direta de gramíneas e mudas arbóreas de grande e

pequeno porte, das quais se fixariam nestes locais, e com o passar do tempo, criariam raízes

que romperiam o plástico, fixando-se entre as fissuras das pedras de rejeitos.

Para que ocorra de fato a implantação dessas medidas que visam à diminuição dos

impactos gerados pela atividade fica evidente que há necessidade de o manejo dessas áreas seja

de fato fiscalizados e tenham acompanhamento dinâmico e técnico.

Com base nos resultados obtidos durante a realização deste trabalho contatou-se que as

maiores dificuldade para a implementação do Plano de Recuperação das Áreas Degradadas,

estão relacionados com a falta de interesse em alguns casos por parte dos donos de garimpos,

que em sua maioria prefere plantar árvores de corte que visam lucro muito superior aqueles

estipulados por multas dos órgãos fiscalizadores pela falta de plantio de mudas nativas nas áreas

que deveriam ser destinadas a preservação da mata nativa próxima aos garimpos.

Outra dificuldade avaliada é a falta de fiscalizações e legislações mais severas que

forcem os donos de garimpos a se adequarem todas estas técnicas descritas no PRAD, fazendo

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com que sejam preservadas as áreas de mata nativa e diminuindo assim os impactos causados

pela atividade de exploração de minério.

Apesar de a COOGAMAI auxiliar os donos de garimpos, verifica-se a necessidade de

apoio mais efetivo dos profissionais, sugerindo também o auxílio de engenheiro ambiental para

que de fato ocorra a implementação do PRAD, pois somente pessoal capacitado e especializado

em implantação destes tipos de medidas de recuperação de áreas degradadas podem avaliar e

apontar quais são as medidas e técnicas que melhor se enquadram em cada garimpo. O PRAD

foi desenvolvido para vários garimpos, o que dificulta ainda mais sua implementação já que há

casos isolados que não se adequam aos demais garimpos por não ter áreas suficientes e/ou

condições semelhantes.

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ANEXO A - LICENÇA DE OPERAÇÃO

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ANEXO B - TERMO DE COMPROMISSO AMBIENTAL

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1

APÊNDICE A – CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES OBSERVADOS EM VISITA A CAMPO PARA VERIFICAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO.

GARIMPOS L

ICE

A D

E O

PE

RA

ÇÃ

O 5

305/

0100

-DL

CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES A B C D E F G H I J K L Percentual de Restrições e Condições Atendidas (%)

Quanto ao empreendimento

Isolamento das áreas de garimpo 0 1 1 1 1 0 0 1 0 1 0 1 58

Isolamento das áreas de risco 0 1 1 1 0 0 0 1 0 1 0 0 42

Marcos fixos vermelho/laranja 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1 0 0 42

Drenagem de todo o garimpo 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 25

Áreas de armazenamento de óleos e combustivel impermeabilizados

0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 0 58

Disposição de material estéril e rejeito sobre as encostas 0 1 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 33

Triagem de material estéril e rejeito depositado 0 1 0 0 1 1 0 0 1 0 0 1 42

Quanto ao uso de explosivos Sinalização por placas 1 1 0 1 1 1 1 0 0 0 1 1 67

Restrição de circulação de pessoas no local 0 1 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 50

Quanto a britagem Utilização de britador móvel 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Quanto as questões biológicas

Supressão da vegetação nativa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Execução de plantio de mudas arbóreas nativas 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1 1 67

Cerca de isolamento no depósito temporário 1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 42

Quanto a preservação e conservação ambiental

Áreas de preservação permanente-APPS 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 92

Quanto a recuperação ambiental

Semeadura direta 0 0 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 67

Recuperação em faixas verticais e horizontais 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8

Recuperação em bancadas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Plantio em linha intercaladas 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 42

Plantio por barreiras 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Contenção de taludes de corte de entrada de galerias 1 1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 1 67

Monitoramento ambiental 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 92

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Orientação técnica 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 92

Relatório anual 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 100

Quanto aos óleos lubrificantes Óleos lubrificantes usados ou contaminados destinados a

reciclagem 0 1 1 1 0 0 1 0 1 0 1 1 58

Quanto a emissão atmosférica Medidas para controle de poeira 1 1 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 58

Caminhões de transporte cobertos com lona 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0 0 0 25

Quanto aos resíduos sólidos Segregação, identificação e classificação 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 25

Armazenagem temporária no local na área 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 42

Legenda: Implementada = 1; Não Implementado = 0.

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3

APÊNDICE B – CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES OBSERVADOS EM VISITA A CAMPO PARA VERIFICAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS.

GARIMPOS

CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES A B C D E F G H I J K L Percentual de Restrições e Condições Atendidas (%)

PL

AN

O D

E R

EC

UP

ER

ÃO

DE

ÁR

EA

S D

EG

RA

DA

DA

S

Técnicas de implantação do processo de restauração das

áreas

Semeadura direta - solo vegetal 0 0 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 67

Recuperação em faixas verticais ou horizontais 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8

Recuperação em bancadas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Plantio em linhas intercaladas 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 25

Plantio em barreiras - base inferior ou superior dos taludes 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Outras técnicas de emprego concomitantes

Controle de erosão 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 1 1 67

Contenção de taludes 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8

Retaludamento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Contrução de terraços 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 0 0 58

Aterro parcial de ravinas ou voçorocas 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 0 50

Drenagem de águas superficias ou subterraneas 0 1 1 1 1 0 1 1 1 0 1 1 75

Obras de contenção 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1 1 67

Bases drenantes de pilhas de rejeitos e pilhas de substrato 0 1 0 0 1 1 1 1 0 1 0 1 58

Controle das águas 0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 0 33

Implantação de sistema de irrigação - drenagem 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 25

Pilhas de rejeito Remoção das pilhas de rejeito 1 1 0 1 1 1 0 1 0 0 1 1 67

Acondicionamento em local próprio 1 1 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 50

Legenda: Implementada = 1; Não Implementado = 0.