anÁlise criminal como ferramenta de gestÃo no relacionamento com a imprensa goianiense

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ANÁLISE CRIMINAL COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NO RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA GOIANIENSE Divino Alves de Oliveira Edno Paula Ribeiro Telma Lúcia Bernardes DEZEMBRO 2013 SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA GERÊNCIA DE ANÁLISE DE INFORMAÇÕES

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RESUMO: A imprensa apresenta notícias sobre criminalidade sem tratamento científico dos dados. Se faz necessário a adoção de ferramenta de gestão de estatística criminal, informações sociais, econômicas e temporais sobre o fenômeno, pelos gestores públicos, sob pena de perda de credibilidade.

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    ANLISE CRIMINAL COMO FERRAMENTA DE GESTO NO

    RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA GOIANIENSE

    Divino Alves de Oliveira

    Edno Paula Ribeiro

    Telma Lcia Bernardes

    DEZEMBRO

    2013

    SECRETARIA DA SEGURANA PBLICA GERNCIA DE ANLISE DE INFORMAES

  • 2

    ANLISE CRIMINAL COMO FERRAMENTA DE GESTO NO

    RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA GOIANIENSE

    Artigo apresentado ao Curso de Anlise Criminal como

    um dos pr-requisitos para concluso do curso sob a

    orientao da Prof. Ms. Karoline Andrade de Alencar

    Isecke.

    Divino Alves de Oliveira

    Edno Paula Ribeiro

    Telma Lcia Bernardes

    DEZEMBRO

    2013

    SECRETARIA DA SEGURANA PBLICA GERNCIA DE ANLISE DE INFORMAES

  • 3

    RESUMO: A imprensa apresenta notcias sobre criminalidade sem tratamento

    cientfico dos dados. Se faz necessrio a adoo de ferramenta de gesto de

    estatstica criminal, informaes sociais, econmicas e temporais sobre o fenmeno,

    pelos gestores pblicos, sob pena de perda de credibilidade.

    Palavras-chaves: Imprensa. Estatstica Criminal. Gestor Pblico. Criminalidade.

    Ferramenta de Gesto.

    ABSTRACT: The press features news about crime without scientific data processing.

    It is necessary to adopt management criminal statistics, social information about the

    economic and temporal phenomenon, by public managers, under penalty of loss of

    credibility tool.

    Key-words: Press. Criminal Statistics. Public Manager. Criminality. Management

    Tool.

  • 4

    SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................... 05

    2 TRANSPARNCIA E CREDIBILIDADE ................................................................ 06

    3 ANLISE CRIMINAL: UMA FERRAMENTA DE GESTO ................................... 08

    4 METODOLOGIA ................................................................................................... 10

    5 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................. 11

    6 CONCLUSO ........................................................................................................ 12

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 13

  • 5

    1 INTRODUO

    No atual cenrio onde os efeitos da comunicao miditica influenciam

    diretamente na construo da imagem e reputao de uma instituio, urge que os

    gestores pblicos passem a adotar estratgias de comunicao que lhes

    possibilitem um posicionamento firme e coeso diante dos questionamentos da

    imprensa e, por conseguinte, da opinio pblica, com vistas credibilidade das

    organizaes que representam.

    O caos institucional e a violncia sempre foram explorados pelos veculos de

    comunicao. Observa-se, entretanto, que em decorrncia das novas mdias sociais,

    a velocidade e o acesso s informaes tm aumentado de forma considervel.

    Almeida (2000, pg. 9) ensina que:

    O caos institucional e a violncia so explorados pela mdia desde os tempos desde os mais remotos tempos. Na evoluo da mdia encontramos a existncia de propagao de atos violentos e de conflitos, o que diferencia os dias atuais das pocas remotas apenas a velocidade de propagao das informaes e a facilidade de acesso das pessoas a estas informaes.

    A busca desenfreada por maiores ndices de audincias, o sensacionalismo

    exacerbado e a valorizao do grotesco, fazem com que veculos de comunicao

    excedam no seu papel institucional de informar e noticiar fatos de toda ordem,

    inclusive, fatos policiais, conforme Almeida (2000, pg. 9):

    O retrato jornalstico da violncia no pode ser tomado como o real. Os crimes apresentados ao telespectador e ao leitor de jornais so os mais fantsticos, intrigantes, extraordinrios, quase que lendas urbanas. A explorao emocional o foco preferido, porque dela que extrai-se os maiores ndices de audincia. As pesquisas acadmicas que tratam da veiculao de violncia pela mdia aferiram que a dramatizao exagerada e a manipulao dos fatos direcionada de acordo com o ndice de audincia apresentado.

    Neste diapaso, o gestor pblico, segundo Couto (2010, p.8) todo

    funcionrio pblico ocupante de cargo de carreira ou agente de empresa estatal que

    pratica atos de gesto, administra negcios, bens ou servios, e necessita ter a seu

    dispor, estratgias de comunicao para o cumprimento de suas atribuies, uma

    vez que notcias veiculadas e as medidas adotadas podem causar estragos

    extremamente nocivos imagem e a reputao de sua instituio.

    No mbito da segurana pblica, diante da atualidade e relevncia deste

    tema, bem como da carncia de estudos sobre a utilizao da anlise criminal como

  • 6

    ferramenta de apoio a gesto do relacionamento institucional com a imprensa,

    buscou-se a realizao de reviso de literatura, visando formar a base conceitual

    para a abordagem do tema, o que abre um leque de possibilidades no campo da

    pesquisa cientifica.

    Assim, o presente artigo se justifica, na medida em que, embora no

    pretendendo esgotar as possibilidades de pesquisa, se prope a analisar a gesto

    do relacionamento institucional com a imprensa goianiense, tendo a anlise criminal

    como possvel ferramenta na construo da imagem e defesa institucional,

    apresentando dados sobre a incidncia de crimes, e, adotando as melhores prticas

    de transparncia de um governo aberto e democrtico.

    2 TRANSPARNCIA E CREDIBILIDADE

    A globalizao das informaes, da economia e dos prprios meios de

    comunicao, fizeram com que a administrao pblica mudasse seus

    posicionamentos sobre divulgao de suas aes e de seus resultados.

    Para Vieira (2006, p.2) obrigao do Estado prestar contas aos cidados

    sobre o desempenho dos seus funcionrios e das organizaes em que eles atuam.

    Se antes, o fechar-se em copas, no que se referia transparncia e

    publicidade era normal aos gestores pblicos, hoje, conforme ensina Neto et al

    (2009, p.1) mais do que garantir o atendimento das normas legais, as iniciativas de

    transparncia na administrao pblica constituem uma poltica de gesto

    responsvel que favorece o exerccio da cidadania pela populao.

    Assim, diante do imperativo legal da publicidade e da transparncia, reforado

    pelas constantes intervenes da imprensa, na busca pela informao, os gestores

    pblicos se veem compelidos a analisar, interpretar, divulgar suas aes e os

    resultados atravs de suas assessorias de imprensa, conforme ensina Mafei (2004,

    p.6):

    Hoje as empresas e os governos precisam de gestores capacitados para compreender e interpretar as informaes publicadas pela imprensa, do ponto de vista do que interessa para as organizaes. Se tiverem, ainda, noes sobre como se processa uma informao com potencial para virar notcia, sabero como surge e como poderia ser evitada boa parte dos problemas com a mdia.

  • 7

    No Estado de Gois o aumento dos ndices de criminalidade tem se

    constitudo tema de destaque dos diversos veculos de comunicao, em especial

    na capital.

    A jornalista Rosana Melo em seu artigo Nmero de homicdios em Goinia

    chega a 496 em 10 meses, no Jornal O Popular (2013), aponta que:

    De janeiro a outubro de 2013 aconteceram 496 assassinatos em Goinia. O nmero maior que o registrado no mesmo perodo do ano passado, 474. Ao longo de todo 2012, foram cometidos 577 homicdios na capital. Foi o ano mais violento de todos os tempos em Goinia, at agora.

    J o jornalista Thiago Burigato (2013) por sua vez em seu artigo Nmero de

    homicdios em Gois dobra em dez anos, no Jornal Opo, assegura que:

    Dados divulgados na pesquisa Mapa da Violncia 2013: Homicdios e Juventude no Brasil, realizada pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), revelam que os homicdios em Gois mais que dobraram em um perodo de dez anos.

    Essa a tnica diria das manchetes dos principais peridicos e programas

    de televiso com carter jornalstico: A divulgao de ndices de violncia e

    criminalidade, assinalando ainda que os mesmos so apresentados sempre em

    escala ascendente, o que aumenta a sensao de insegurana, medo e

    intranquilidade das pessoas, as quais passam a confiar e a acreditar cada vez

    menos nos rgos responsveis pela segurana pblica em Gois.

    Diante de to grande bombardeamento de informao onde o crime-notcia,

    se apresenta como tema amplamente explorado; a imprensa acaba por agendar as

    pessoas, em decorrncia da intensidade do fato, a ter especial ateno quele

    assunto, em detrimento de outros. Penedo (2004, p.4) ensina que:

    A hiptese do agenda-setting formulada por McCombs e Shaw (1972) surgiu no mbito do estudo da comunicao poltica e recupera a noo de impacto dos media, num plano cognitivo a dois nveis: por um lado, os media identificam os temas/assuntos que merecem a ateno do pblico; por outro, hierarquizam o grau de relevncia desses assuntos.

    Cabe aos gestores da segurana pblica, diante da hiptese do agenda-

    setting, um posicionamento revestido dos princpios da transparncia e publicidade,

    com foco na identificao dos padres de motivao do ofensor, as oportunidades

    que existem para ocorrncia do crime, os nveis de proteo para as vtimas no

  • 8

    evento criminoso (RODRIGUES, 2012, p.22), com vistas ao resgate da credibilidade

    e reputao institucional.

    3 ANLISE CRIMINAL: UMA FERRAMENTA DE GESTO

    Em seu estudo sobre A produo da opacidade: estatsticas criminais e

    segurana pblica no Brasil, Lima (2008, p.1) evidencia que:

    Um dos temas que mais chamam a ateno na discusso sobre segurana pblica no Brasil , sem dvida, a (in)existncia de estatsticas criminais que permitam mensurar e subsidiar a tomada de decises e o planejamento de polticas pblicas eficientes e democrticas na rea. A disponibilidade e o papel das informaes sobre crimes e criminosos configuram-se como centrais neste debate e, assim, mobilizam diferentes atores em torno da definio de atribuies, categorias, contedos, regras e procedimentos envolvidos nesse processo, na medida em que iro determinar rumos e sentidos de polticas pblicas de pacificao social.

    Destarte os atuais investimentos da Secretaria de Segurana Pblica de

    Gois, a precariedade histrica e a no unicidade de informaes para uma anlise

    de estatstica da criminalidade por parte dos gestores do sistema de segurana

    pblica estadual, que possibilite tomadas de decises e a adoo de polticas

    pblicas eficazes e eficientes na rea, contribuem para que a questo da violncia e

    criminalidade na Regio Metropolitana de Goinia seja pauta constante nos veculos

    de comunicao da capital goiana.

    Diante da necessidade do combate efetivo criminalidade e da crescente

    demanda de informaes por parte da imprensa, Mardegan & Campos (2008, p.273),

    ensinam que:

    O Governo, ento, atravs de sua polcia precisa apresentar uma nova estratgia, utilizando-se de diversos meios para enfrentar os problemas causados pela criminalidade. Dentre eles, destacam-se a tecnologia da informao e a anlise criminal.

    Na Administrao Pblica cabe aos gestores, a posio de tomadores de

    decises. Entretanto, absolutamente necessrio que tais posicionamentos sejam

    pautados por uma produo de conhecimento que minimize as possibilidades de

    erro. No mbito da Segurana Pblica, a Anlise Criminal fornece ao tomador de

    deciso, resultados e estudos para tal, conforme Dallbian (2012, p.25, apud Boba,

    2009):

  • 9

    A apresentao dos resultados de um estudo ou pesquisa sobre crime, baseados em preocupaes legais, polticas e prticas, para informar diferentes pblicos sobre o que lhes interessar sobre o crime e desordem.

    Ainda segundo Dallbian (2012, p 18 apud Boba, 2009) Anlise Criminal pode

    ser entendida como sendo:

    [...] um estudo sistemtico de problemas de crime e desordem, bem como outros relacionados segurana pblica, incluindo fatores sociodemogrficos, espaciais e temporais, para apoiar os rgos de segurana pblica na preveno e reduo de crimes e desordem, na priso de criminosos e na avaliao de resultados das medidas e aes de segurana pblica.

    Peixoto (2008, p.11, apud Magalhes, 2007), apresenta trs perspectivas de

    produo de conhecimento, com foco na segurana pblica: Anlise Criminal

    Estratgica; Anlise Criminal Ttica e Anlise Criminal Administrativa.

    Interessa especificamente a este artigo o mtodo e o objeto de pesquisa da

    Anlise Criminal Administrativa, uma vez que tem por finalidade a padronizao dos

    conhecimentos por meio de relatrios, visando implantao e execuo de

    polticas de segurana pblica voltadas para a reduo da criminalidade,

    estabelecendo procedimentos para garantir a credibilidade das aes dos rgos

    estaduais de Segurana Pblica, em especial com a imprensa.

    Sobre o mtodo e objeto da Anlise Criminal Administrativa, Filipe (2006,

    p.12, apud Dantas & Ferro, 2006), ensina que:

    A atividade de anlise criminal administrativa consiste basicamente na apresentao dos resultados de pesquisas e anlises sobre o fenmeno do crime e questes conexas, tendo por base necessidades polticas, legais e prticas que motivem a necessidades de informaes da parte do pblico interno e/ou externo.

    A busca por um relacionamento respeitoso e transparente com a imprensa, a

    fim de que as informaes a ela repassadas estejam corretas e possam influenciar a

    opinio pblica de forma a aumentar a confiana e o respeito para com a instituio

    responsvel pelo provimento da paz e a justia social, a utilizao de mtodos

    cientficos que viabilizem a avaliao do desempenho dos prprios gestores; que

    auxiliem na deteco de estratgias que produziram resultados satisfatrios na

    reduo dos ndices de criminalidade em Goinia, e que possibilite a anlise de

    desvios estatsticos, onde sejam levadas em considerao as condies temporais,

  • 10

    geogrficas, antropolgicas, ambientais e econmicas, dentre outras, deve ser uma

    constante por parte dos gestores pblicos de segurana.

    Atravs da Anlise Criminal, os diversos dados produzidos no labor dirio dos

    operadores de segurana pblica sero planificados de maneira contnua e coesa,

    sendo elaboradas estatsticas criminais nas formas descritiva e indutiva, de modo

    que o gestor da rea de segurana pblica, de posse de inteligncia acionvel

    (adequada, ntegra, legal, oportuna e confivel), possa levar com segurana e

    transparncia as informaes sociedade, atravs da imprensa goianiense. Tal fato,

    possivelmente, refletir em melhor interao entre Secretaria de Segurana Pblica

    de Gois, meios e mecanismos de comunicao e a prpria sociedade.

    A quebra de paradigmas de uma poltica de segurana pblica fechada em si

    mesma, para um sistema de gesto democrtica de segurana, passa

    necessariamente por uma prestao de contas sociedade (FERREIRA;

    CAMPAGNAC, 2013).

    Assim, supe-se que o uso sistemtico e institucional da anlise criminal,

    como disciplina metodolgica, no mbito administrativo, se constitua em uma

    ferramenta til para a prestao de contas do Estado perante a sociedade, uma vez

    que possibilitaria, aos gestores das instituies de segurana pblica, a

    administrao proativa dos recursos do Estado no controle da desordem pblica,

    violncia e, consequente reduo da criminalidade. Este modelo de gesto,

    baseado em conhecimento, se daria pela adoo de estratgias de segurana

    pblica efetivas, e elaborao de polticas pblicas adequadas.

    4 METODOLOGIA

    Utilizou-se como metodologia para o desenvolvimento do presente artigo, o

    mtodo indutivo, atravs de pesquisas bibliogrfica e documental. A primeira,

    bibliogrfica, a pesquisa serviu-se do conhecimento cientifico produzido sobre o

    tema a partir da literatura existente. Neste caso, as fontes foram livros, artigos,

    dissertaes e teses. A pesquisa documental, por seu lado, se refere s anlises de

    reportagens de jornais, revistas e documentos legais, onde foram extrados dados

    relevantes ao presente estudo (SEVERINO, 2007).

  • 11

    Quanto aos objetivos da pesquisa, tratou-se de uma pesquisa exploratria,

    que para Mattar (1999, p.80) visa promover o pesquisador de um maior

    conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva.

    Em relao forma de abordagem do objeto de estudo, tratou-se de uma

    pesquisa qualitativa.

    Tais mtodos permitiram a identificao e formao de toda a base conceitual

    para a abordagem do tema, abrindo possibilidades de novas discusses no campo

    da pesquisa cientifica.

    5 RESULTADOS E DISCUSSO

    Ao longo desse artigo, mostrou-se que diariamente a questo da violncia

    tem sido exaustivamente destacada nos meios de comunicao de Gois.

    Os jornais impressos, os noticirios da TV, as ondas do rdio, as redes

    sociais e sites da internet, apresentam em grandes manchetes, dados, nmeros,

    informaes e ocorrncias que retratam uma realidade social cada vez mais

    violenta, mesmo quando visivelmente tendenciosas.

    Os noticirios policiais em Goinia no fogem a essa regra: Uma mdia

    voltada para a produo em grande escala de informao, s vezes sem qualidade.

    Verifica-se tambm, pelo referencial terico, que produes factuais e a

    presso pelo imediatismo se somam divulgao de fenmenos sociais violentos,

    como roubos, homicdios, latrocnios, estupros e chacinas, os quais passam a ter

    constantemente pautas garantidas em todos os canais de TV, nos programas de

    rdio e nas principais pginas dos jornais, influenciando de maneira incisiva na

    imagem e reputao das instituies que fazem a gesto e operao das polticas

    de segurana pblica no estado, alm do uso poltico para confronto partidrio com

    a governadoria.

    O jornalismo policial pressionado pela velocidade sempre crescente das

    novas tecnologias, pressionado ainda pela busca constante e irracional do furo de

    reportagem e por interesses comerciais cada vez mais altos; ganha expresso e

    fora.

    Observou-se a necessidade de os gestores pblicos de segurana se

    capacitarem no somente para realizarem uma anlise objetiva, critica e cientifica

  • 12

    daquilo que publicado pela imprensa e que se relaciona com as polticas de

    segurana do estado, mas tambm que possam a partir dessa anlise cientfica,

    interagir com os veculos de comunicao com rapidez e transparncia no

    posicionamento institucional.

    Pela anlise do referencial bibliogrfico tomado como base conceitual deste

    estudo, observa-se que os gestores de segurana pblica disponibilizam para a

    imprensa dados estatsticos sem nenhum tratamento cientifico, obtidos de pequenas

    amostras, o que gera erros nas avaliaes e interpretaes.

    Por outro lado, a imprensa utiliza-se da notcia no apenas como informao,

    mas tambm como pano de fundo para a criao de espetculos miditicos com

    forte apelo emocional, gerando em decorrncia uma impresso no verdadeira de

    fatos sociais, como bem define um estudo de Rondelli (2001, p.147),

    [...] estamos vivendo em um horizonte de representaes sociais da violncia para cuja disseminao em muito contribuem os meios de comunicao de massa produzindo a dramatizao da violncia e difundindo sua espetacularizao enquanto um efeito da violncia exercida pelo campo jornalstico.

    Neste contexto, a Anlise Criminal pode ser utilizada como ferramenta de

    apoio gesto, pois propicia o monitoramento e anlise de fatos ligados desordem

    pblica, violncia e criminalidade, para subsidiar o planejamento das aes de

    polticas de segurana pblica, mostrando-se til na identificao de padres nas

    prticas delituosas, considerando estatisticamente as caractersticas de cada regio,

    conforme ensina Silva (2005, p.10).

    Os produtos da anlise criminal servem ao propsito de apoiar as reas estratgica, ttica e administrativa das organizaes de segurana pblica, orientando o planejamento e emprego de recursos humanos e materiais no sentido da preveno e represso do fenmeno da criminalidade. Contribuem, de maneira especfica, para as atividades de investigao, priso de delinquentes e esclarecimento de crimes, bem como norteiam a gesto das organizaes policiais no suporte daquelas mesmas atividades.

    Tal ferramenta possibilita o monitoramento de resultados operacionais dos

    rgos policiais, adequao s metas estratgicas e acompanhamento das

    diferentes modalidades de aes criminosas, permitindo ainda a deteco de boas

    prticas aplicadas pelos gestores na soluo de problemas especficos,

    possibilitando, inclusive, sua aplicao na gesto inteligente de recursos e efetivos.

  • 13

    6 CONCLUSO

    No tocante a gesto da segurana pblica, a anlise criminal pode ser

    utilizada como importante ferramenta na construo da imagem e defesa

    institucional, uma vez que possibilita aos gestores da rea, atravs de informaes

    sobre questes sociais e geogrficas, associadas s tcnicas de anlises

    estatsticas, dar conhecimento a populao e a outros rgos sobre a situao da

    segurana pblica, em determinado lapso temporal, uma vez que utiliza um

    processo de anlise sistemtica para identificar e mapear os padres e tendncias

    da criminalidade e outros dados para a produo de informao oportuna e

    pertinente em relao ao crime e outros assuntos que ocorrem dentro do sistema de

    segurana pblica, sendo uma ferramenta fundamental para determinar o uso

    operacional dos recursos, ajudar no processo investigativo, e para orientar a

    alocao de pessoal e equipamento, fornecendo estrutura para uma abordagem

    dinmica para a reduo da criminalidade.

    A Anlise Criminal Administrativa tem como objetivo subsidiar o gestor pblico

    sobre a situao da segurana pblica, permitir o planejamento de aes policiais e

    de investimentos no setor e ainda o esclarecimento opinio pblica, atravs dos

    meios de comunicao sobre as aes de segurana desenvolvidas. Visando dirimir

    possveis problemas no relacionamento com a imprensa goianiense, urge que os

    dados criminais sejam interpretados com prudncia, pelos analistas criminais, pois

    alm de formadora da opinio pblica, a imprensa utilizando-se de uma matria-

    prima - a informao -, cria um produto para ser comercializado na sociedade,

    conforme ensina Ferreira (2001,p.32), sobre a construo da informao jornalstica:

    O jornal no se preocupa com as origens, com a contextualizao da informao; seu interesse repousa no que permite rpido consumo, nas informaes que podem ser "vendidas" populao. Essa tendncia pode ser demonstrada, dentre outras maneiras, por meio da anlise das prprias manchetes do jornal, que procuram atrair instantaneamente a ateno do leitor.

    A partir da anlise desenvolvida e diante da obrigatoriedade e a abrangncia

    dos princpios da publicidade e da transparncia na administrao pblica brasileira

    e tambm como forma de se evitar a divulgao de matrias pela imprensa que no

    contemplem de forma tica e com imparcialidade os fatos relacionados

    criminalidade em Gois e em especial em Goinia, o que contribuir de forma

  • 14

    decisiva para a construo de uma imagem e uma reputao cada vez mais forte da

    Secretaria de Segurana Pblica de Gois, urge que a Anlise Criminal seja utilizada

    pelos gestores pblicos de segurana como uma poderosa ferramenta de apoio

    gesto.

    Mas no basta apenas um discurso retrico sobre a importncia da Anlise

    Criminal como ferramenta de apoio gesto, em especial, no trato com a imprensa.

    Para que as informaes fornecidas pelos gestores pblicos no mbito da

    segurana imprensa, sejam o menos possvel questionveis, e possam influenciar

    na formao da opinio pblica, a integrao dos sistemas de tecnologia da

    informao e das bases de dados das Polcias Militar, Civil, Tcnico Cientifica e

    Corpo de Bombeiros, apresentada como proposta extremamente pertinente.

    Conforme ensina Nourani et al (2011, p.143):

    Somente no setor da Segurana Pblica existem dezenas de base de dados em formatos diferentes, implantados com tecnologias diferentes, sem nenhuma preocupao em sua integrao, e tudo isto nas instituies pblicas, dentro de um mesmo estado, e muitas vezes sob comando de uma mesma secretaria. Como o caso de base de dados da Policia Civil, da Polcia Militar e da Polcia Tcnico-Cientfica, sem mencionar outras secretarias do setor, como a da Justia e a da Administrao Penitenciria. Soma-se a esta Torre de Babel de bases de dados, a falta de integrao dos sistemas desenvolvidos, e em desenvolvimento, pas afora.

    importante salientar que em tese, quanto maiores forem os investimentos

    para reestruturao, reaparelhamento e aquisio de ferramentas de Tecnologia de

    Informao na rea de Anlise Criminal em Gois, bem como a qualificao

    profissional dos recursos humanos, mais confivel ser a prestao de contas do

    Estado perante a sociedade. Conforme assegura Nourani et al (2011, p.142):

    No obstante, os rgos de segurana pblica, bem como as administraes municipais, constituem elementos essenciais nesse processo de melhoria. A fim de aumentar o bem-estar da sociedade, em particular a sua segurana, deve-se aumentar a capacidade das instituies pblicas envolvidas. Para aumentar esta capacidade, a capacidade das instituies pblicas envolvidas. Para aumentar esta capacidade, a melhor alternativa o investimento em tecnologia e em capacitao dos recursos humanos para sua utilizao.

    necessrio que os operadores da segurana pblica sejam qualificados

    para exercerem as atividades especficas de Anlise Criminal de interesse da

    Secretaria de Segurana Pblica do Estado de Gois, de forma a padronizar as

    aes das diversas Instituies de Segurana Pblica no campo da Anlise Criminal,

  • 15

    buscando o seu aprimoramento na lide com os dados estatsticos; de forma a

    identificar tcnicas e instrumentos que possibilitem a coleta de dados, com a correta

    aplicao dos conceitos bsicos relacionados Anlise Criminal.

    Necessrio ainda que os gestores de segurana pblica sejam

    qualificados tambm no trato com a imprensa com o objetivo de que possam

    compreender e atender s suas necessidades e melhor aproveitar as oportunidades

    de exposio da prpria Secretaria de Segurana Pblica.

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALMEIDA, Dayse Coelho de. O desafio da violncia sociedade brasileira. Jus Navigandi, Teresina, ano 8,n. 158,11 dez. 2003. Disponvel em:. Acesso em: 7 nov. 2013.

    AZEVEDO, Ana Lusa Vieira de. Uso das estatsticas criminais e planejamento das atividades policiais: um estudo sobre a percepo dos profissionais de segurana pblica do estado do Rio de Janeiro. 2012.

    BURIGATO, Thiago. Nmero de homicdios em Gois dobra em dez anos. Jornal Opo, Goinia, 18 jul. 2013. Disponvel em: < http://www.jornalopcao.com.br/posts/ultimas-noticias/numero-de-homicidios-em-goias-dobra-em-dez-anos >. Acesso em: 18 jul. 2013.

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