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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Engenharia de Produção GUSTAVO LUIZ SINZATO ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A ENERGIA DAS ONDAS NO BRASIL E PORTUGAL Campinas 2015

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Curso de Engenharia de Produção

GUSTAVO LUIZ SINZATO

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A ENERGIA DAS

ONDAS NO BRASIL E PORTUGAL

Campinas

2015

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GUSTAVO LUIZ SINZATO – R.A. 004201100374

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A ENERGIA DAS

ONDAS NO BRASIL E PORTUGAL

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia de Produção da Universidade São

Francisco, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Engenharia

de Produção.

Orientador: Profº. Msc. Paulo Lot Junior.

Campinas

2015

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GUSTAVO LUIZ SINZATO

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A ENERGIA DAS

ONDAS NO BRASIL E PORTUGAL

Monografia apresentada ao Curso de

Engenharia de Produção da Universidade São

Francisco, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Engenharia

de Produção.

Data de aprovação: 07/12/2015

Banca Examinadora:

Profº. Me. Paulo Lot Junior (Orientador)

Universidade São Francisco

Profª. Me. Emilio Gruneberg Boog (Examinador)

Universidade São Francisco

Prof°. Dra. Elen Nara Carpin Besteiro (Examinador)

Universidade São Francisco

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ATA DE ARGUIÇÃO FINAL DA MONOGRAFIA DO ALUNO GUSTAVO LUIZ

SINZATO

Aos 7 dias do mês de dezembro do ano de 2015, às 19:00 horas, nas dependências da

Universidade São Francisco, Campus Campinas, reuniu-se a Comissão da Banca

Examinadora, para avaliação da Monografia do Trabalho intitulado “ANÁLISE

COMPARATIVA ENTRE A ENERGIA DAS ONDAS NO BRASIL E PORTUGAL”,

apresentada pelo aluno Gustavo Luiz Sinzato, como exigência parcial para conclusão do curso

de graduação no Curso de Engenharia de Produção, da Universidade São Francisco, Campus

de Campinas. Os trabalhos foram instalados às 19:00 horas pelo Prof. Msc. Paulo Lot Junior

(Orientador) do candidato e Presidente da Banca Examinadora, constituída pelos seguintes

Professores: Prof. Me. Emilio Gruneberg Boog (Examinador) da Universidade São Francisco,

e pelo Prof. Dra. Elen Nara Carpim Besteiro, da Universidade São Francisco. A Banca

Examinadora tendo decidido aceitar a monografia, passou à Argüição Pública do candidato.

Encerrados os trabalhos às 19:15 horas, os examinadores, consideraram o candidato aprovado

e com média final 10,0 (dez). E, para constar, eu Prof. Me. Paulo Lot Junior (Orientador),

lavrei a presente ata, que assino juntamente com os demais membros da Banca Examinadora.

Campinas, 07 de Dezembro de 2015.

__________________________________________

Prof. Msc. Paulo Lot

Orientador e Presidente

Universidade São Francisco

____________________________________________

Prof. Dr/Ms Y

Universidade São Francisco

__________________________________________

Prof. Dr/Ms Z

Universidade São Francisco

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AGRADECIMENTOS

A Deus por sempre ter me guiado pelo caminho correto, com força, fé, coragem, garra

e persistência.

A meus pais pelo amor, carinho, apoio e capacidade de acreditar e investir em mim.

À minha namorada Talita Lopes, pela compreensão, apoio, ajuda, alegrias e tristezas

compartilhadas.

E a todos que estiveram ao meu lado sempre me apoiando e acreditando no meu

potencial e em minha profissão.

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“Utilizai a natureza, essa imensa ajudante

desprezada. Fazeis trabalhar por vós todos os

sopros de vento, todas as quedas d’água,

todas as correntes magnéticas. A Terra possui

uma rede venosa subterrânea; existe nesta

rede uma circulação prodigiosa de água, de

óleo, de fogo; cortai a veia da Terra, e faça

jorrar essa água pelas vossas fontes, esse óleo

pelas vossas lâmpadas, esse fogo pelas vossas

lareiras. Reflita sobre o movimento das ondas,

ao fluxo e refluxo, ao vai-e-vem das marés. O

que é o oceano? Uma enorme força perdida.

Como a terra é besta! Não emprega o

oceano!”

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Noventa e três, Victor Hugo

RESUMO

A energia elétrica tornou-se indispensável para a sobrevivência das sociedades,

tornando-se presente intensamente na vida da população. Com o crescimento da população e a

Revolução Industrial, houve a necessidade de fontes alternativas e eficientes para obtenção de

energia elétrica, de forma renovável. No entanto, as formas mais comuns de geração de

energia agridem excessivamente o meio ambiente, além de serem fontes não renováveis que

possivelmente se esgotarão. Desta forma, havendo necessidade das energias não poluentes e

renováveis assumirem uma grande função na política energética dos países, a energia das

ondas surge como alternativa promissora e eficaz. A energia das ondas ocorre através das

forças gravitacionais exercidas pela lua e pelo sol sobre os oceanos, e através de dispositivos

são captadas e convertidas em energia elétrica. O trabalho tem como objetivo realizar uma

análise comparativa entre a energia das ondas no Brasil e Portugal, principalmente através de

dois estudos de caso, o Estuário do Bacanga e o sistema WaveRoller, buscando compreender

o sistema de funcionamento da geração de energia elétrica através das ondas, e verificar os

benefícios e dificuldades encontrados neste tipo de exploração de energia.

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Palavras-chave: Energia renovável; Energia das ondas; Estuário do Bacanga; Waveroller.

ABSTRACT

Electricity has become indispensable for the survival of societies, becoming intensely present

in people's lives. With the growth of population and the Industrial Revolution, there was a

need for alternative and efficient sources to obtain electricity from renewable way. However,

the most common forms of power generation excessively harm the environment, and are non-

renewable sources that possibly be exhausted. Thus, there is need for clean energy and

renewable assume a major role in the energy policy of the countries, wave energy emerges as

a promising and effective alternative. Wave energy occurs through gravitational forces

exerted by the moon and sun on the oceans, and through devices are captured and converted

into electricity. The work aims to conduct a comparative analysis of wave energy in Brazil

and Portugal, mainly through two case studies, the Estuary Bacanga and WaveRoller system,

trying to understand the operating system of electricity generation through the waves , and

check the benefits and difficulties encountered in this type of energy exploration.

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Key words: Renewable energy; Wave energy; Estuary Bacanga; WaveRoller.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema de funcionamento da usina hidrelétrica.........................................10

Figura 2 – Sistema de geração de energia elétrica através do efeito fotovoltaico..........12

Figura 3 – Esquema representativo coluna de água oscilante........................................17

Figura 4 – Sistema de corpos flutuantes: (a) Modelo centípede; (b) Croqui esquemático

......................................................................................................................18

Figura 5 – Esquema representativo do funcionamento e instalação dos dispositivos

WaveRoller...................................................................................................19

Figura 6 – Esquema dos estágios de operação da usina.................................................27

Figura 7 – Esquema representativo das placas do sistema WaveRoller.........................28

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Composição da matriz energética brasileira no ano de 2013......................09

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADENE - Agência para a Energia

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

Atm – Pressão em atmosferas

BEM - Balanço Energético Nacional

CAO - coluna de água oscilante

CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CO2 – Gás Carbônico

CPE - Companhia Portuguesa de Eletricidade

CRGE - Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade

°C – Graus celsius

ENE - Estratégia Nacional para a Energia

EPE - Empresa de pesquisa Energética

FER - Fontes de Energia Renovável

GCE - Gestão da Crise de Energia Elétrica

GWh/ano – Gigawatt-hora por ano

Kw - kilowatt

kWh/dia – Kilowatt-hora por dia

m – metro

MEID - Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento

MME - Ministério de Minas de Energia

MW - Megawatt

PCH – Pequena Central Hidrelétrica

PPT - Programa Prioritário de Termelétricas

PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

RENAE - Rede Nacional das Agências de Energia

RPM – Rotações por minuto

SURGE - Geração Simples Subaquático de Energias Renováveis

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 01

1.1 Justificativa .................................................................................... .......... 02

1.2 Questão de Pesquisa ............................................ .............................. ....... 02

1.3 Objetivos ............................................ ................................ ..................... 02

1.3.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 02

1.3.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 03

1.4 Hipótese ................................................................................. ................. 03

2. REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................... 04

2.1 História da Energia Elétrica e seu Respectivo Consumo no Brasil e Portugal............ 04

2.1.1 Acontecimentos Históricos sobre a Energia Elétrica no Brasil.......................................... 05

2.1.2 Acontecimentos Históricos sobre a Energia Elétrica em Portugal..................................... 07

2.2 Fontes de Energia......................................................................................................... 09

2.2.1 Hidráulica........................................................................................................................ 09

2.2.2 Termoelétrica................................................................................................................... 10

2.2.3 Nuclear........................................................................................................................... 11

2.2.4 Solar................................................................................................................................ 12

2.2.5 Eólica................................................................................................................................ 13

2.2.6 Biomassa.......................................................................................................................... 13

2.2.7 Maremotriz e Ondas........................................................................................................ 13

2.3 Energia das Ondas........................................................................................................ 14

2.4 Tipos de Dispositivos para Captação da Energia das Ondas....................................... 16

2.4.1 Coluna de Água Oscilante (CAO) .................................................................................. 16

2.4.2 Corpos Flutuantes ........................................................................................................... 17

2.4.3 WaveRoller....................................................................................................................... 18

2.5 Análise Comparativa entre Brasil e Portugal ............................................................... 20

2.6 Vantagens e Desvantagens do Sistema Maremotriz.................................................... 21

3 METODOLOGIA............................................................................................................. 23

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS................................................................... 26

4.1 Artigo 1. Aproveitamento da Energia das Marés – Estudo de Caso:

Estuário do Bacanga, MA......................................................... .................. 26

4.2 ARTIGO 2. Waveroller – Plug Into Wave Energy....................................................... 28

4.3 Análise dos Resultados ................................................................................................. 3 0

5 CONCLUSÃO................................................................................................................ 3 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 32

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1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica está presente intensamente na vida das pessoas, seja na realização de

tarefas diárias, no transporte, no lazer ou nas comunicações, tornando-se um item

indispensável para a sobrevivência das mesmas (SILVA, 2010).

Com o grande aumento populacional, e o mundo extremamente consumista e

inconsciente do quanto o modo de vida afeta o meio ambiente, o planeta e os seres humanos,

a área tecnológica está em busca de geração de energia elétrica através de fontes renováveis e

produtos relacionados a estas tecnologias, facilitando a diminuição no consumo residencial de

energia, evitando agressões ao meio ambiente, rebatendo frente à crise ambiental e suprindo

todo o consumo de energia (SILVA, 2010).

As formas mais comuns de geração de energias agridem excessivamente o meio

ambiente, afetando a flora e a fauna, além de lançar poluentes atmosféricos em excesso. Na

situação atual em que o planeta se encontra, é necessário que surjam novas formas

promissoras de energias renováveis (SILVA, 2010).

Devido aos problemas ecológicos atuais e a degradação ao meio ambiente, e o fato de as

fontes de energias não renováveis se esgotarem, as energias não poluentes assumem cada dia

valor mais elevado na política energética dos países, a fim de combater os níveis de poluição e

explorar novas fontes de energia.

Apesar de o Brasil ser um país rico em recursos hídricos, devido a alguns fatores

climáticos, ocorre a época de estiagem, e consequente racionamento de energia, pois os níveis

dos rios e barragens ficam baixos impossibilitando a geração de energia através das

hidrelétricas em sua capacidade total, porém nem todos os países possuem a riqueza do Brasil,

desta forma, optaram por combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) ou fontes de energia

renováveis para atender as suas necessidades elétricas (MARTINS, 2009; SILVA, 2010).

Nas últimas décadas, a demanda de recursos naturais renováveis ou não, utilizada pela

sociedade industrializada, levou a um crescente número de pesquisas em relação à

sustentabilidade desses recursos, sendo um de seus principais objetivos a capacidade de gerar

eletricidade através de fontes renováveis (ANDRÉ, 2010; GONÇALVEZ; FEIJÓ;

ABDALLAH, 2008).

Ao longo de sua existência, o homem criou tecnologias para transformar a natureza a

seu favor, houve grandes revoluções industriais que apesar de produzirem cada vez mais e

com qualidade, ocasionaram grandes prejuízos ao meio ambiente (SILVA, 2010).

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A geração de energia é proveniente de uma fonte primária, que pode ser a água, calor,

sol, vento, dentre outras, a qual impulsiona o gerador responsável por transformar energia

mecânica em energia elétrica. As principais fontes geradoras de energia são a energia

hidráulica, térmica, solar, eólica, nuclear, geotérmica e gravitacional, e como fontes energia

limpa, pode-se citar a energia solar, eólica, geotérmica, biomassa, hídrica e oceânica

(MARTINS, 2009; SILVA, 2010).

O tema apresenta interesse redobrado, devido às grandes pesquisas sobre energia

renovável, em nível mundial, a fim de contribuir socialmente, ambientalmente,

energeticamente e politicamente (MARTINS, 2009).

Devido ao grande aumento populacional, e a elevada demanda de energia elétrica pela

população, há indicação para se buscar novas fontes de energias renováveis para suprir a

demanda e como a maior parte do planeta Terra é constituída por água, a busca pela geração

de energia elétrica dos oceanos tem sido intensificada.

1.1 Justificativa

O presente trabalho agrupa uma sequência de informações que serão analisadas, visando

o comparativo da energia das ondas entre Brasil e Portugal.

Trata-se de um tema relativamente precursor no ramo da engenharia de produção,

visando à sustentabilidade, uma vez que este tipo de energia tem o propósito de substituir

parte da energia elétrica gerada por fontes não-renováveis, acarretando benefícios tanto para

as empresas que irão investir, quanto para a sociedade.

1.2 Questão de Pesquisa

Diante da teoria apresentada, essa pesquisa tem o propósito de analisar o cenário

energético em relação à energia das ondas entre Brasil e Portugal.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Através da revisão bibliográfica, analisar a exploração da energia elétrica das ondas no

Brasil e Portugal.

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1.3.2 Objetivos Específicos

Compreender o sistema de funcionamento da geração de energia elétrica através dos

oceanos.

Analisar o desenvolvimento na exploração dos oceanos como forma geradora de

energia elétrica.

Investigar o uso da energia das ondas no Brasil e Portugal.

1.4 Hipótese

Diante da investigação bibliográfica, têm-se como hipótese verificar os benefícios e

dificuldades encontrados na exploração da energia das ondas no Brasil e Portugal, assim

como suas principais particularidades.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 História da Energia Elétrica e seu Respectivo Consumo no Brasil e

Portugal

O consumo de carvão mineral, utilizado como combustível para substituir a lenha na

combustão nas máquinas a vapor teve início na Revolução Industrial. O carvão possui origem

fóssil, consequência da transformação química de milhões de anos do soterramento de

troncos, galhos, folhas de árvores. O tempo e a pressão da Terra converteram esses resíduos

orgânicos em uma massa escura homogênea, constituindo as jazidas de carvão. Esse

combustível teve forte tendência de uso na Primeira Revolução Industrial, pois alavancou a

compra e venda de máquinas a vapor na Inglaterra (BARQUETE; SILVA, 2013).

Até meados da década de 60, o carvão mineral foi a principal fonte de energia no

Mundo, sendo o combustível primordial nas termoelétricas para geração de eletricidade.

Atualmente, devido ao fácil transporte e conversão de energia elétrica em outros tipos de

energia, a eletricidade é responsável por aproximadamente um terço do consumo de energia

primaria no mundo (BARQUETE; SILVA, 2013).

A produção de energia elétrica no século 21 possui como principal foco o

desenvolvimento sustentável, aliando expansão da oferta, consumo consciente, preservação

do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida, objetivando suprir as necessidades atuais

sem impactar as necessidades das gerações futuras (RICARDO, 2010).

É atraente interpretar os cenários enérgicos no Brasil, pois, atualmente está entre os

países que mais utilizam energia renovável, graças a sua enorme capacidade em recursos

hídricos. E Portugal que se transformou em referência mundial no quesito renovável,

principalmente por restringir a dependência de fonte externa. Serão apresentados dois pontos

principais, os cenários energéticos e os programas de incentivo, para as fontes renováveis

mais estimuladas (AUMILLER, 2010).

Com base nos dados ocorridos, os quadros energéticos, ambiental e econômico, serão

apresentados de forma que se entenda a atual situação de cada país, sendo que, ambos os

países são ricos em matrizes enérgicas não renováveis. Atualmente, o Brasil está muito ligado

ao petróleo, justamente pelas reservas de petróleo, carvão e gás natural que o pais possui,

enquanto que Portugal possui planos para aumentar as fontes renováveis para produzir energia

elétrica (AUMILLER, 2010).

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Segundo Aumiller (2010), para interpretar como os dois países chegaram a situação

atual, foi realizado uma descrição histórica contendo os principais acontecimentos referentes à

energia elétrica em ambos os países.

2.1.1 Acontecimentos Históricos sobre a Energia Elétrica no Brasil

Atualmente, existem muitas fontes de informações, quando se trata de fontes renováveis

de energia elétrica, os principais pontos históricos foram retirados do Balanço Energético

Nacional (BEN), Ministério de Minas de Energia (MME), Empresa de pesquisa Energética

(EPE) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Conforme proposto pelo Centro de

Memória da Eletricidade, foi realizado uma divisão por tópicos relacionados com os

principais marcos dos avanços na energia elétrica do Brasil (AUMILLER, 2010).

Em 1879, D. Pedro II presenteou Thomas Edison com o direito de inserir os processos

de sua invenção na utilização da eletricidade na iluminação publica do país (AUMILLER,

2010).

Em 1882, Thomas Edson desenvolveu as primeiras usinas geradoras de eletricidade,

com a finalidade de atender os sistemas de iluminação, pois antes a energia era usada apenas

na comunicação com o telégrafo e telefone elétrico (BARQUETE; SILVA, 2013).

Em 1883, teve inicio o funcionamento da primeira usina hidrelétrica do Brasil,

localizada no Ribeirão do Inferno, na cidade de Diamantina, Minas Gerais. Em 1889,

iniciaram-se as operações da primeira usina de grande porte do Brasil, a Marmelos – Zero da

Companhia Mineira de Eletricidade, com capacidade de 250kw (AUMILLER, 2010).

Confirmado pelo Congresso Nacional, o primeiro artigo de lei disciplinando o consumo

de energia elétrica no Brasil ocorreu em 1903. Em 1908, começou a operação da usina

hidrelétrica Fonte Velha, uma das maiores do mundo – na época- com capacidade de 24MW

(AUMILLER, 2010).

Construída para aproveitar a cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco, a usina

hidrelétrica Delmiro Gouveia foi inaugurada com um potencial de 1,1MW, no ano de 1913.

Entrou em funcionamento a primeira usina hidrelétrica Paulo Afonso I, com potencial de

180MW, em 1954. No mesmo ano, foi construída a primeira usina termelétrica de grande

porte do país, nomeada de Usina Termelétrica Piratininga, com capacidade de 200MW. Três

anos depois, em 1957, foi produzida a Central Elétrica de Furnas S.A., com finalidade de

suprir a crise energética da Região Sudeste (AUMILLER, 2010).

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As centrais elétricas brasileiras (Eletrobrás) foram criadas na década de 60, com o

objetivo de promover estudos e projetos de construção de usinas geradoras e linhas de

transmissão elétricas para o suprimento do país (RICARDO, 2010).

Em 1963, entrou em operação a Usina Hidrelétrica de Furnas, na época a maior usina do

Brasil, gerando 1.216 MW. Após 10 anos em 1973, como resultado do tratado estabelecido

entre Brasil e Paraguai, afirmando a criação e operação de hidrelétricas no rio Paraná, foi

construída a Itaipu Binacional – ITAIPU. No mesmo ano foi criado o Centro de Pesquisas de

Energia Elétrica (CEPEL) para aumentar a tecnologia em sistemas elétricas. Em 1979 a Usina

Hidrelétrica Sobradinho começa a exercer o aproveitamento múltiplo do reservatório do rio

São Francisco, operando com capacidade de 1.050MW (AUMILLER, 2010).

Mais tarde, em 1984, entrou em funcionamento a Usina Hidrelétrica Itaipu, a maior - à

época - hidrelétrica do Mundo com eficiência de 12.600 MW. Após um ano, entrou em ação a

primeira usina nuclear do Brasil, a Termonuclear Angra I, tendo competência para gerar 626

MW (AUMILLER, 2010).

Em 1997, começou a funcionar a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) com

o objetivo de proporcionar condições favoráveis para o desenvolvimento do mercado de

energia elétrica, afim de beneficiar a sociedade (RICARDO, 2010).

No ano de 2000 foi lançado o Programa Prioritário de Termelétricas (PPT) visando a

construção de diversas usinas a gás natural no Brasil. Passado um ano, o Brasil vivenciou sua

maior crise de energia elétrica, causada principalmente pelas condições hidrológicas

desfavoráveis, com isso, o governo federal elaborou a Gestão da Crise de Energia Elétrica

(GCE), em seguida foi inserido o programa de racionamento em algumas regiões do país

(AUMILLER, 2010).

Para solucionar a crise energética o governo fez a contratação de usinas termoelétricas

emergenciais, tendo a Usina Termelétrica Eletrobold (RJ) e Usina Termelétrica Macaé

Merchant (RJ) incluída no PPT, ambas as usinas operando com gás natural. Em novembro de

2003 a Usina Hidrelétrica Tucuruí foi ampliada, aumentado a capacidade de 4.245 MW para

8.370 MW, conseguindo atender mais de 40 milhões de pessoas (AUMILLER, 2010).

Quatro anos depois, com responsabilidade da ELETROBRAS foi lançado o PROINFA

(Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), tendo como objetivo o

aumento da participação da energia elétrica gerada por fontes eólica, biomassa e PCH

(Pequenas Centrais Hidrelétricas). Em 2015 em Belém (PA), foi inaugurada a usina de

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produção de biodiesel do Grupo Agropalma. A organização utiliza como matéria prima os

resíduos do processamento da palma (AUMILLER, 2010).

Após a exploração histórica, o que se destaca é o peso político no desenvolvimento do

setor energético, a recente participação do Brasil no cenário renovável e a grande influência

que o petróleo tem na economia brasileira (AUMILLER, 2010).

Recentemente, o governo vem estimulando e investindo em programas de incentivo as

fontes renováveis, o que já vem apresentando resultados, destacando a energia eólica, apesar

da crescente participação das FER (Fontes de Energia Renováveis) o Brasil ainda tem grande

participação na exploração de fontes não renováveis, principalmente no uso de petróleo e seus

derivados. Programa como o PROINFA vem mostrando resultado, especialmente nas PCH,

onde houve um crescimento de 100% do ano de 2007 até o momento (AUMILLER, 2010).

2.1.2 Acontecimentos Históricos sobre a Energia Elétrica em Portugal

No caso de Portugal a obtenção de informações foi de fontes disponibilizadas pelo

Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento (MEID), pela Agência para a

Energia (ADENE) e por duas principais empresas do ramo energético (EDP e GalpEnergia)

(AUMILLER, 2010).

É dificultoso fundamentar as datas-chave das primeiras aplicações de energia elétrica

em Portugal. De modo aproximado ao que foi realizado para o Brasil, serão citados os

principais marcos da história da eletricidade em Portugal, com base em informações do

Primeiro Relatório de Progresso (AUMILLER, 2010).

Em 1878 foram instalados 6 lampiões de arco voltaico importados de Paris pela família

real, inicialmente na Cidade de Cascais. Após 9 anos, em 1887, foi realizado a instalação do

Arsenal da Marinha. A iluminação pública teve seu inicio em 1889, em Lisboa, sendo que, em

1891 as Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade (CRGE) concederam o direito de

produzir, distribuir e vender eletricidade destinada à iluminação publica, particular e para

indústrias (AUMILLER, 2010).

Em 1894, a Empresa da Luz Elétrica realizou a primeira rede de iluminação pública

derivada da energia hidráulica (Rio Corgo). No início do século XX o governo autorizou a

produção de energia elétrica para todo o país, surgindo diversas pequenas centrais térmicas e

de queda de água (AUMILLER, 2010).

As CRGE’s iniciaram em 1914 a construção da Central Tejo, uma central termelétrica

com capacidade de 7,36MW. Após 1 ano, inicia-se a Central do Lindoso, construída pela

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Electra del Lima, com exploração hidrelétrica de 14,7 MW. No final de 1928, o sistema

elétrico de Portugal era constituído por 395 centrais, a grande maioria interligadas as

indústrias, sendo que apenas 5 tinham capacidade maior que 5,15 MW (AUMILLER, 2010).

No ano de 1950, foi inaugurado a Central de Pracana, no rio Ocreza, operando com

capacidade de 15 MW. Passado um ano, entram em funcionamento as grandes centrais, sendo

elas: Castelo de Bode (139 MW), Venda Nova (81 MW), Belver (32 MW), Cabril (97 MW),

dentre outras. O Partido Nacional de Cargas teve que criar novas empresas com capacidade

elevada para suprir a crescente demanda, iniciando em 1953 a Hidrelétrica do Douro, em

1959 a Empresa Termoelétrica Portuguesa. Construídas pela empresa Hidrelétrica do Douro,

surgiram as de Picote (1958) com capacidade de 180 MW, de Miranda (1961) com potência

de 174 MW e Bemposta (1973) com 210 MW de capacidade (AUMILLER, 2010).

Em 1973 foi iniciada a exploração das centrais térmicas de Setúbal, contendo 4

caldeiras de 250 MW, Tunes com potencial de 197 MW e, em 1975, a de Alto de Mira, com

132 MW. No fim da década de 60 as empresas de Produção e Transporte de Energia primária

fundem-se numa única empresa, a Companhia Portuguesa de Eletricidade (CPE)

(AUMILLER, 2010).

Portugal sempre possuiu grande dependência energética, nos anos 90, Portugal chegou a

importar 80% da energia utilizada, pelo motivo que Portugal não explorava nenhum produto

energético de origem fóssil. Sendo assim, as fontes renováveis representam grande parte da

exploração do país, e assim ganham grande importância no país. Pertinente ao consumo bruto,

cerca de 40% da energia elétrica, provém de fontes renováveis (AUMILLER, 2010).

Atualmente Portugal é um dos países que continuam na busca sustentável, focando nas

energias renováveis, não só com apoio do governo, mas também com a conscientização da

população. Para se tornar cada vez mais independente no ramo energético, Portugal investe

muito em energias alternativas, as condições ambientais também são favoráveis no país. A

Rede Nacional das Agências de Energia (RENAE) é formada por 22 agências de energia,

focadas em pesquisas e acompanhamento de fontes renováveis (AUMILLER, 2010).

No ano de 2010, Portugal conseguiu 50% da energia consumida através de fontes

renováveis, o que construiu com uma redução de 700 milhões de euros na importação de

energia. No final da análise histórica de Portugal, podemos ver que Portugal já chegou a um

estado maduro em relação às fontes de energia hídrica e eólica, que proporciona opções

competitivas (AUMILLER, 2010).

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2.2 Fontes de Energia

A energia elétrica pode ser obtida através de diversas fontes, sendo que cada uma

apresenta vantagens e desvantagens distintas. O gráfico 1, evidencia como a matriz energética

brasileira está dividida em relação às fontes de energia, notando-se a participação significativa

de fontes renováveis (BAHIA, 2014; Balanço energético nacional, 2014).

Gráfico 1 - Composição da matriz energética brasileira no ano de 2013.

Fonte: Balanço energético nacional (2014).

As energias renováveis representam uma alta tecnologia utilizada para a produção de

energia elétrica, porém esta utilização não deve-se concentrar em apenas uma única forma de

energia, é necessário considerar todos os tipos para diversificar a matriz energética, de modo a

garantir um desenvolvimento sustentável (BAHIA, 2014).

2.2.1 Hidráulica

O Brasil apresenta o terceiro potencial hidroelétrico do mundo, estimado em cerca de

258.000 megawatts. Nas usinas hidrelétricas, a energia primária impulsionadora é a força

gravitacional das águas, que se encontra represada para proporcionar uma altura elevada de

queda (energia potencial). Antes de tornar-se energia elétrica, a energia primaria é convertida

em energia cinética de rotação, ou seja, a força da água contida numa represa elevada é

transformada quando movimenta uma roda dotada de pás pela vazão da água, esta roda está

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ligada a um gerador que converte todo o processo de rotação em energia elétrica, de acordo

com a figura 1 (SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2009).

Figura 1 – Esquema de funcionamento da usina hidrelétrica.

Fonte: OLIVEIRA (2009).

Neste sistema é construído um conjunto de obras para aumentar o desnível e a vazão da

água, este desnível pode ocorrer de forma natural como, por exemplo, em uma cachoeira, ou

através da construção de barragens, represando milhões de metros cúbicos de água. A usina

hidroelétrica é composta por barragem, sistemas de captação e adução de água, casa de força e

sistema de restituição de água ao leito natural.

Este tipo de energia é a mais utilizada no Brasil, devido à enorme quantidade de

recursos hídricos no país. O uso de grandes barragens é necessário para represar a água do

período de chuva, pois é a época de maior vazão, suprindo as necessidades ao longo do ano,

quando usada corretamente, sem desigualdade na obtenção de energia. As desvantagens deste

tipo de energia são a área de ocupação muito elevada ocasionando impactos ambientais, e o

investimento na construção e manutenção muito elevados, porém, por outro lado, a fonte

primária trata-se de um combustível não poluidor (água), sendo essa a sua principal vantagem

(SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2009).

2.2.2 Termoelétrica

As usinas termoelétricas funcionam com algum tipo de combustível fóssil, podendo ser

petróleo, gás natural ou carvão em caldeiras exclusivamente projetadas para esta finalidade. A

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caldeira gera vapor a partir da água que circula por uma extensa rede de tubos que revestem,

suas paredes. Este vapor gerado movimenta as turbinas cujo motor gira juntamente com o

eixo de um gerador, produzindo a energia elétrica (SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2009).

O vapor é resfriado e convertido novamente em água que volta aos tubos da caldeira,

iniciando um novo ciclo. As cinzas geradas são reaproveitadas no processo da metalurgia ou

no campo de construção. Existem diversos tipos de usinas termelétricas, tais como, usina a

óleo, usina a gás, usina a carvão, dentre outras. As desvantagens deste tipo de usina são:

contribuição para o aquecimento global, efeito estufa, chuva ácida, e consumo de energias não

renováveis. A vantagem é que pode ser construída próximo aos centros consumidores,

economizando os custos das linhas de transmissão (SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2009).

2.2.3 Nuclear

A energia nuclear é obtida através da fissão nuclear, que acontece quando um átomo

com propriedades radioativas, normalmente Urânio, é bombardeado com nêutrons deixando-o

com uma massa maior, tornando-se muito instável. Devido à instabilidade, o átomo inicial

divide-se em dois novos átomos e mais alguns nêutrons que não ficarão em nenhum átomo

(SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2009).

Segundo os autores, os nêutrons livres se chocam com outros átomos, gerando uma

reação em cadeia. Esta fissão libera calor, aquecendo a água que fica dentro do reator a

aproximadamente 1500°C e pressão de 157atm. Essa água quente irá seguir por tubos até o

vaporizador, retornando em seguida ao reator. No vaporizador os tubos extremamente

aquecidos irão aquecer outra quantidade de água. O vapor gerado irá até as turbinas girar suas

pás.

Depois de executar sua função, o vapor segue para o condensador, onde irá virar água

novamente e retornar ao vaporizador. As vantagens das usinas nucleares são o combustível

barato e independente de condições ambientais, o baixo nível de poluição gerada, a área de

instalação baixa, e a baixa quantidade de lixo gerado. Porém, as desvantagens são o alto custo

de construção, riscos de explosão ou vazamento no reator liberando radioatividade na

atmosfera e o lixo atômico, que até hoje não possui destino. Este tipo de energia representa

cerca de 7% de toda a energia produzida mundialmente (SILVA, 2010; OLIVEIRA, 2009).

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2.2.4 Solar

O Brasil possui grande potencial para a produção de energia solar fotovoltaica,

principalmente nas regiões Norte e Nordeste, nas quais a implantação de painéis fotovoltaicos

é a mais viável tecnicamente e economicamente (BAHIA, 2014).

A energia solar é a energia do sol captada por painéis formados por células voltaicas,

que possuem a função de transformá-la em energia elétrica ou mecânica. As usinas de painéis

fotovoltaicos transformam em eletricidade a energia utilizada, conforme Figura 2, já as usinas

solares térmicas utilizam espelhos que refletem o calor fornecido pelo sol para uma torre,

onde existem fluidos que aquecem gerando vapor para acionar as turbinas, gerando energia

elétrica (BARQUETE; SILVA, 2013).

Figura 2 – Sistema de geração de energia elétrica através do efeito fotovoltaico.

Fonte: BARQUETE; SILVA (2013).

Uma das principais vantagens da energia solar é a baixa poluição ao meio ambiente,

pois trata-se de uma fonte de energia limpa, renovável e inesgotável, sendo que o montante de

energia proveniente do sol é superior à produção de todas as fontes convencionais. Por outro

lado, possui como desvantagens alto custo de instalação e fabricação, dificuldade de

armazenamento, e apenas 12 horas diárias de aproveitamento da luz solar (SILVA, 2010;

OLIVEIRA, 2009).

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2.2.5 Eólica

A energia eólica é a energia cinética contida nas massas de ar em movimento, esta

energia cinética é convertida em energia cinética de rotação através do emprego das turbinas

eólicas. A energia é obtida através da força dos ventos, que é captada através de grandes

turbinas em forma de cata-vento ou moinhos ligados a um gerador, que são instalados em

lugares com alto índice de ventos, produzindo energia elétrica (SILVA, 2010; OLIVEIRA,

2009).

A formação dos ventos ocorre por meio do deslocamento do ar de zonas de alta pressão

para zonas de baixa pressão, ocorrendo frequentemente nas regiões litorâneas e montanhosas

(BARQUETE; SILVA, 2013).

2.2.6 Biomassa

Biomassa é a matéria orgânica transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica.

No Brasil, as fontes de biomassa com maior potencial para a geração de energia elétrica, são a

cana de açúcar, seu bagaço e a palha. Pode ser utilizada para produção de energia elétrica, ou

para o uso térmico industrial (BAHIA, 2014; BARQUETE; SILVA, 2013).

A energia solar é convertida em energia química, por meio da fotossíntese, base dos

processos biológicos de todos os seres vivos (ANEEL, 2002).

A liberação da energia da matéria orgânica ocorre através da queima, na qual o carbono

se combina com o oxigênio do ar, liberando energia, água e gás carbônico, essa energia

liberada pode ser aplicada aquecendo água, transformando-a em vapor, que alimenta as

turbinas gerando eletricidade. Como desvantagens apresentam liberação de gás carbônico para

a atmosfera e custos relativamente altos de produção e transporte (BARQUETE; SILVA,

2013).

2.2.7 Maremotriz e Ondas

A energia das ondas é o aproveitamento da energia contida no movimento das massas

de água devido às marés (BARQUETE; SILVA, 2013).

Energia de ondas e marés pode ser aproveitada devido à elevada disponibilidade e

densidade energética da energia proveniente dos oceanos. Estão originando diversos estudos

de novos métodos de produção de energia limpa e eficiente, sendo uma alternativa promissora

para a geração de energia elétrica, principalmente na costa brasileira. Esta fonte de energia

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contribui significativamente no setor energético, diminuindo a utilização de combustíveis

fósseis e aumentando a utilização de energia com pouco impacto ambiental e social (ANDRÉ,

2010; GONÇALVEZ; FEIJÓ; ABDALLAH, 2008).

Existem dois tipos de energia das ondas: a energia cinética das correntes graças às

marés e a energia potencial devido a diferença de altura entre as marés alta e baixa

(OLIVEIRA, 2009).

2.3 Energia das Ondas

A ideia de converter a energia das ondas em outra forma de energia não é nova, a

primeira técnica foi patenteada em 1799 por Girard e Son, na França, porém a grande

investigação e desenvolvimento da conversão de energia das ondas iniciou-se após a subida

dos preços do petróleo em 1973 (MARTINS, 2009).

A primeira usina maremotriz construída no mundo para a geração de energia elétrica,

foi em 1963 em La Rance, França (OLIVEIRA, 2009).

A maior parte da superfície do planeta Terra é constituída por água, cerca de 70%, e a

atração lunar geradora das marés, representam uma grande fonte de energia, sendo necessário

desenvolvimento de meios para aproveitamento desta (MARTINS, 2009; OLIVEIRA, 2009).

Para Martins (2009), os oceanos possuem elevado potencial energético cujo

aproveitamento se encontra em fase de desenvolvimento. Existem quatro formas de

aproveitamento da energia do mar, que pode ser através da ondulação marítima,

aproveitamento do desnível periódico devido às marés, diferença de temperatura entre a

superfície e o fundo do mar, ou através da salinidade. Porém dentre estas quatro formas,

destacam-se a energia das marés e energia das ondas devido ao elevado potencial de

utilização.

As marés são resultantes da combinação do movimento de rotação da terra e de forças

gravitacionais do sol e da lua, que ocasiona o desnível de água dos oceanos e mares. As ondas

são formadas através do aquecimento diferenciado da atmosfera, que gera diferenças de

pressão, originando o vento, e este a partir de atritos com a superfície do mar gera as ondas,

ocasionando energia cinética que pode ser utilizada para a geração de energia elétrica. A

quantidade de energia transferida é proporcional à velocidade do vento, do tempo que este

sopra e do comprimento sobre a superfície do mar (ANDRÉ, 2010; GONÇALVEZ; FEIJÓ;

ABDALLAH, 2008; MARTINS, 2009).

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Onda é uma distribuição de energia que ocupa o espaço por onde passa. As ondas

oceânicas necessitam de um meio físico para propagar-se, pois são ondas mecânicas regidas

pelas leis de Newton que resultam de forças sobre o fluído, perturbando o estado inicial,

provocadas por agentes físicos, tais como, a ação dos ventos, perturbação de objetos, dentre

outros. Uma vez que o meio sofre perturbação, este se propaga através da ação de forças

gravitacionais e tensão superficial. Em águas profundas as ondas mais compridas possuem

velocidade maior para mover-se em relação às curtas, enquanto que, em águas pouco

profundas ambas movem-se à mesma velocidade (ANDRÉ, 2010).

Os problemas de armazenamento, disponibilidade e qualidade de energia produzida, são

afetados devido à variação do nível de potencia disponível, inclusive nos períodos de

produção (MARTINS, 2009).

Este tipo de energia utiliza uma fonte de energia previsível, pois é possível prever as

características das ondas que chegam as costas com dias de antecedência, estas ondas

percorrem milhares de quilômetros com baixas perdas de energia, enfraquecendo apenas

próximo à costa devido os efeitos de atrito no fundo do mar (ANDRÉ, 2010).

A disponibilidade anual deste recurso depende da quantidade de água disponível, sendo

fatores determinantes a pluviosidade, o regime de funcionamento e a bacia hidrográfica. Uma

vez criadas, as ondas podem viajar milhares de quilômetros no alto mar praticamente sem

perdas de energia. Em regiões costeiras a densidade de energia presente nas ondas diminui

devido à interação com o fundo do mar. Assim, a força das ondas varia consideravelmente em

diferentes partes do mundo, e nem sempre em toda a parte, pode ser aproveitada eficazmente

(MARTINS, 2009).

Os estudos sobre aproveitamento da energia das ondas encontram-se em estado de

estudo no Brasil, apresentando alguns obstáculos, tais como, a ausência de dados sobre o

potencial energético do mar brasileiro, dificuldade de atração de investidores e a ausência de

mecanismos institucionais que incluam projetos de investimentos nesse tipo de geração de

energia em programas de incentivos ao desenvolvimento de energias alternativas. Os custos

dos investimentos incluem, basicamente, equipamentos novos e usados, licenças, patentes,

despesas de instalação, dentre outras (GONÇALVEZ; FEIJÓ; ABDALLAH, 2008).

Devido às poucas experiências de energia das ondas utilizada no mundo, é difícil

estimar a viabilidade econômica em seu estágio de desenvolvimento ou larga escala. Porém,

algumas tecnologias de extração de energia das ondas através dos dispositivos afastados da

costa são bastante competitivas em certos nichos de mercado, como por exemplo, em

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pequenas ilhas ou comunidades que fazem o uso da energia em pequena escala. A estimação

dos custos é parte essencial nos estudos da viabilidade da operação de usinas de energia

elétrica através das ondas marinhas, assim como a seleção dos dispositivos adequados para

serem utilizados (GONÇALVEZ; FEIJÓ; ABDALLAH, 2008).

De acordo com um grupo de estudos, se apenas 20% dos recursos de ondas

comercialmente viáveis dos Estados Unidos fossem explorados por estações de ondas com

50% de eficiência, a energia produzida excederia toda a geração hidrelétrica convencional do

país. Segundo o Conselho Mundial da Energia, as ondas e marés futuramente fornecerão 15%

da energia elétrica potencialmente consumida mundialmente (MARTINS, 2009; SILVA,

2010).

2.4 Tipos de Dispositivos para Captação da Energia das Ondas

O aproveitamento da energia das marés pode ser obtido através de diversos modelos de

dispositivos, porém, no presente trabalho, serão abordados três tipos de dispositivos para

captação da energia dos oceanos: O tipo coluna de água oscilante (CAO), presente no Estuário

do Bacanga-Maranhão, dispositivo WaveRoller, presente na cidade de Peniche-Portugal, e o

dispositivo do tipo corpos oscilantes.

2.4.1 Coluna de Água Oscilante (CAO)

O dispositivo tipo coluna de água oscilante capta a energia maremotriz através da

construção de uma barragem junto ao mar, integrando uma turbina a um gerador. Os sistemas

de coluna de água oscilante (CAO) consistem em estruturas ocas parcialmente submersas,

abertas para o mar e abaixo da superfície. São compostas por uma câmara, turbina e gerador.

Conforme as ondas atingem as imediações da câmara e se propagam para seu interior, a

superfície livre interior oscila verticalmente, comprimindo na subida ou expandindo na

descida o seu ar interior. Este ar é expelido ou sugado a partir do orifício da turbina, passando

por um gerador, que irá gerar a energia elétrica (ANDRÉ, 2010; BARQUETE; SILVA, 2013;

MARTINS, 2009).

Para aumentar o rendimento deste sistema, normalmente são utilizadas turbinas

bidirecionais, desta forma mantêm o mesmo sentido de rotação independente do sentido do

escoamento. Na figura 3 é representado o modelo de uma barragem tipo coluna de água

oscilante, para geração de energia elétrica através da energia maremotriz. Durante a maré alta

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a água enche o reservatório, passando pela turbina hidráulica e produzindo energia elétrica, e

durante a maré baixa, esvazia-se o reservatório, e a água que sai passa pela turbina no sentido

contrário gerando energia elétrica novamente (ANDRÉ, 2010; BARQUETE; SILVA, 2013;

MARTINS, 2009).

Figura 3 – Esquema representativo coluna de água oscilante.

Fonte: MARTINS (2009).

Tratando-se de aproveitamento de energia dos oceanos, a CAO é a tecnologia mais

estudada até o momento. Podem ser encontradas no modo onshore (dispositivos costeiros) ou

nearshore (dispositivos situados a dezenas de metros da costa do mar, podendo estar em

fundo oceânico em profundidades de aproximadamente 20 metros). Os dispositivos nearshore

possuem energia de agitação superior aos demais, pois são localizados em regiões menos

afetadas por fenômenos de atrito (ANDRÉ, 2010).

As CAO com estrutura fixa e do tipo nearshore, possuem como vantagens fácil

instalação, manutenção, e não requerem amarrações como os sistemas instalados em alto mar.

Os sistemas onshore com estrutura fixa são instalados em quebramares, sendo que estes têm a

vantagem de estarem localizadas em zonas de maior densidade energética com a conveniência

de acessos mais facilitados pela água (ANDRÉ, 2010).

As CAO apresentam um potencial de produção, com uma gama de valores entre os 400

e os 600 kW, necessitando de uma profundidade à entrada da onda de cerca de 6 a 8 metros

(MARTINS, 2009).

2.4.2 Corpos Flutuantes

O sistema básico dos dispositivos de corpo oscilante é composto por um corpo flutuante

(bóia), em que as características hidrodinâmicas são definidas para o corpo de modo a entrar

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em ressonância com as ondas, sendo que a capacidade de extração de energia depende de sua

dimensão (ANDRÉ, 2010).

O dispositivo de corpo oscilante abordado será o modelo centípede, conforme figura 4

(a), o qual é constituído por um determinado número de bóias parcialmente submersas,

colocadas em uma base perpendicular à frente da onda. Cada bóia está colocada na base de

um cilindro hidráulico, que ativa a transmissão mecânica comum a todos os cilindros, e

impulsiona o motor hidráulico que esta ligado a um gerador, produzindo energia elétrica, de

acordo com a figura 4 (b) (ANDRÉ, 2010).

(a) (b)

Figura 4 – Sistema de corpos oscilantes (a) modelo centípede; (b) Croqui esquemático.

Fonte: GARCIA, 2014.

Estes equipamentos movimentam-se através da flexão das articulações, ocasionando a

passagem das ondas por baixo dele sucessivamente produzindo energia. A área de extração de

energia das ondas localiza-se ao largo da costa em profundidades de 25 metros (ANDRÉ,

2010).

2.4.3 WaveRoller

O dispositivo WaveRoller é constituído por uma placa ancorada ao fundo do mar,

através de sua parte inferior. Trata-se de um dispositivo nearshore, ou seja, um dispositivo

implantado próximo à costa, e em profundidades de aproximadamente 10 a 25 metros. Nestas

áreas, com a aproximação das ondas à costa, a intensidade do movimento das partículas de

água se intensificam, desta forma, o WaveRoller aproveita este recurso energético

(MARTINS, 2009).

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O movimento da placa, para frente e para trás, resultante do movimento gerado pelas

ondas, produz energia cinética, a qual é absorvida por uma bomba pistão, esta energia é

convertida em eletricidade através de um sistema hidráulico, constituído pela combinação

motor e gerador, conforme ilustrado na figura 5 (MARTINS, 2009).

Figura 5 – Esquema representativo do funcionamento e instalação dos dispositivos

WaveRoller.

Fonte: Adaptado de VASCO, 2007.

O sistema WaveRoller trata-se de um conceito modular, ou seja, cada módulo é

composto de 3 a 5 placas ligadas ao mesmo sistema gerador (MARTINS, 2009).

O primeiro exemplar do sistema de aproveitamento das ondas WaveRoller, foi instalado

em 2007, na cidade de Peniche, em Portugal. Após a instalação, verificou-se que o dispositivo

alcançou elevado sucesso, com isso, em abril de 2008, foi instalado no mesmo local outro

dispositivo WaveRoller. Cada dispositivo possui potência de aproximadamente 10 a 13 kW, e

dimensões de 3 a 5 m2, e os módulos são constituídos por três placas (MARTINS, 2009).

As principais vantagens destes dispositivos são a facilidade de manutenção e

independência dos módulos, desta forma, a produção de energia não precisa ser interrompida

para a manutenção dos mesmos, não necessita de longos cabos elétricos para o transporte da

energia gerada, e por tratar-se de um dispositivo submerso, não apresenta impactos visuais,

nem impactos sonoros (MARTINS, 2009).

Como desvantagens estão a potência relativamente baixa em comparação com os

demais dispositivos, interferência na navegabilidade das embarcações, e devido à dissipação

de energia das ondas na aproximação à costa, este dispositivo não aproveita essa energia ao

máximo (MARTINS, 2009).

Motor hidráulico

Bomba pistão

Gerador

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2.5 Análise Comparativa entre Brasil e Portugal

Após a análise comparativa entre os cenários de Brasil e Portugal, entende-se que

ambos os países possuem grande participação não renovável na geração de energia elétrica.

Apesar disso, é destacada a crescente participação com fontes renováveis nas matrizes

energéticas de ambos os países analisados, sendo que, no Brasil as PCH’s, biomassa e hídrica,

são as fontes que mais estão recebendo apoio e investimento, enquanto que em Portugal, a

grande participação da energia eólica e hídrica continuam crescendo (AUMILLER, 2010).

É interessante ressaltar que o Brasil ocupa maior parte nas energias não renováveis, pelo

fato de que o país possui grande quantidade de petróleo, ao contrário de Portugal. No Brasil o

atual plano dominante é o PROINFA, o programa foi criado em 2002 com propósito de

aumentar a participação da energia elétrica produzida por fonte renováveis, o programa

planejava uma matriz com capacidade de 3.300 MW, com aproximadamente 12.000

GWh/ano conseguindo assim, atender 6,9 milhões das residências o que é equivalente a 3,2%

do consumo no Brasil. Essa capacidade energética é composta por 54 usinas eólicas, 27 usinas

a base de biomassa e 63 PCH’s (AUMILLER, 2010).

Passado 13 anos da criação do PROINFA, o cenário atual não foi o planejado, pois, das

54 usinas eólicas apenas 41 estão construídas, 19 usinas térmicas a biomassa, quando o

proposto foi de 27 e as PCH’s chegaram em 59,4 ou seja, menos que o projetado. As 119

usinas tem capacidade de 2.649,87 MW, atendendo 4,5 milhões de brasileiros. A Eletrobras é

a empresa responsável pela garantia da comercialização da energia gerada pelos

empreendimentos do PROINFA por um prazo de 20 anos (PROINFA, 2015).

Portugal aponta como o principal plano para energia, a Estratégia Nacional para a

Energia (ENE 2020), que foi apresentada no início de 2010, e é baseada em 5 eixos descritos

abaixo, e possui como prioridades o objetivo de serem finalizadas até 2020. Segundo

Aumiller (2010), os eixos são:

Eixo 1 – Através de projetos inovadores na área de eficiência energética, principalmente

com exploração de fontes renováveis, fundamentar a competitividade e o crescimento da

independência energética e financeira de Portugal;

Eixo 2 – Alta aplicação em energias renováveis, alcançando o crescimento econômico,

gerando emprego e contribuindo para redução da dependência de abastecimento externo.

Eixo 3 – Desenvolver uma redução em 20% do consumo de eletricidade no país até

2020, através da conscientização e fiscalização, da mesma maneira que, o país acompanha

com projetos inovadores como a otimização da iluminação das redes públicas.

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Eixo 4 – Comprometer-se na segurança de abastecimento, realizando a manutenção da

política na diversificação do mix energético, e o reforço das infraestruturas de transporte e

armazenamento da energia elétrica.

Eixo 5 – Certificar a sustentabilidade econômica e ambiental por meio da política fiscal

e verbas de incentivo e comércio de licenças de CO2.

A ENE 2020 é um projeto de extrema importância para Portugal, pois a proposta visa

um plano ambicioso para explorar as tecnologias já maduras, mas também desenvolver novas

tecnologias, tudo isso, contribuindo também para economia e segurança do abastecimento

interno do país, garantindo a sua independência em relação a outros países como fonte de

abastecimento. A energia das ondas recebe a atenção do governo com ambição de alcançar até

2020 um potencial de 250 MW, viabilizando a zona para testes e assinando o contrato de

concessão, num prazo de 18 meses é possível que a infraestrutura e instalação estejam prontas

para demonstração (AUMILLER, 2010).

Os projetos portugueses são ambiciosos, entretanto, se forem realizados com sucesso,

levarão Portugal a ocupar o terceiro lugar dos países que mais contribuem com geração de

energia elétrica a partir de fontes renováveis (AUMILLER, 2010).

2.6 Vantagens e Desvantagens do Sistema Maremotriz

Este tipo de sistema apresenta alguns constrangimentos, tais como investimento

elevado, longo período de instalação (normalmente 10 anos até estar totalmente operacional),

limitação dos aspectos positivos das cheias e modificação dos ecossistemas, impedindo o

fluxo natural dos sedimentos para as zonas costeiras, tendo como consequência o

agravamento da erosão costeira e afetando negativamente a fauna e a flora aquáticas

existentes a montante e a jusante da barragem (MARTINS, 2009).

As vantagens econômicas e sociais resultantes de fontes renováveis são complicadas de

serem notadas, e geralmente estão diretamente ligadas ao modelo de projeto a ser explorado.

De acordo com o nível de potência acessível na costa brasileira, especialmente na região sul

do país, pode-se perceber que a exploração de energia de ondas mais viável economicamente

serão aqueles mais distantes da costa, onde a capacidade energética das ondas é maior

(GONÇALVEZ; FEIJÓ; ABDALLAH, 2008).

O custo e tempo de construção de uma usina maremotriz é alto, e próximo ao de uma

usina hidrelétrica. Possui menor capacidade de aproveitamento em relação às usinas

hidrelétricas, porém os custos de operação e manutenção são baixos. A viabilidade econômica

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depende das alternativas energéticas da região, trata-se de uma alternativa competitiva em

relação a termoelétricas, porém nem tanto quando comparadas com hidrelétricas

(BARQUETE; SILVA, 2013).

Os equipamentos utilizados para a instalação da energia maremotriz pode afetar as

características ambientais do local, mudando a qualidade da água e a cadeia alimentar das

espécies da região. Como vantagens, trata-se de uma fonte não poluidora de energia elétrica,

fonte renovável, limpa e abundante, e a vida útil da usina é cerca de 2 a 3 vezes a de uma

usina nuclear ou termelétrica (BARQUETE; SILVA, 2013).

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3 METODOLOGIA

De acordo com Gil (2008), pode-se definir uma pesquisa como um procedimento

racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são

propostos, na qual são verificados os fatores que interferem nos fatos.

A prática da ciência acontece, em regra com a aplicação do método de pesquisa. Para

Miguel (2012), quanto à abordagem, as pesquisas podem ser classificadas em:

Pesquisas quantitativas:

Os conceitos da hipótese devem ser mensuráveis e verificados. Transformação de

conceitos em medidas;

Demonstrar relação de causa-efeito na hipótese;

A pesquisa deve dirigir-se para conclusões que possam ser generalizadas além dos

limites restritos da pesquisa;

A pesquisa deve ser capaz de ser replicada.

Pesquisas qualitativas:

O pesquisador analisa os fatos sob a óptica do membro interno da organização;

A pesquisa procura uma profunda compreensão do contexto da situação;

A pesquisa destaca a ordem dos fatos no decorrer do tempo;

Foco da pesquisa é mais desestruturado, flexível;

A pesquisa normalmente adota mais de uma fonte de dados.

Quanto ao tipo, Filippini (1997), divide a pesquisa nas categorias:

Survey – uso de instrumento de coleta de dados único (em geral um questionário),

aplicado a amostras de grande tamanho, com o uso de técnicas de amostragem e análise e

inferência estatística.

Estudo de caso – análise aprofundada de um ou mais objetos (casos), com o uso de

múltiplos instrumentos de coleta de dados e presença da interação entre pesquisador e objeto

de pesquisa.

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Modelagem – uso de técnicas matemáticas para descrever o funcionamento de um

sistema ou de parte de um sistema produtivo.

Simulação – uso de técnicas computacionais para simular o funcionamento de sistemas

produtivos a partir de modelos matemáticos.

Estudo de campo – outros métodos de pesquisa (principalmente de abordagem

qualitativa) ou presença de dados de campo, sem estruturação formal do método de pesquisa.

Experimento – estudo da relação causal entre duas variáveis de um sistema sob

condições controladas pelo pesquisador.

Teórico/conceitual – discussões conceituais a partir da literatura, revisões bibliográficas

e modelagens conceituais.

A metodologia tem intuito de certificar a autenticidade científica ao trabalho

explanando os procedimentos e etapas. O presente trabalho apresenta-se em analisar as

literaturas disponíveis sobre a energia das ondas, de maneira que consiga identificar as

práticas de exploração de energia elétrica dos oceanos no Brasil e Portugal, os fatores de

sucesso, dificuldades e resultados elementares.

Na condição de se discorrer de uma pesquisa qualitativa, na qual o interessante é a

compreensão e interpretação das informações fundamentais analisadas ao tema, será realizada

a investigação de referências para identificar um problema. Em seguida, serão estabelecidos

os objetivos (geral e específico) a serem aprimorados.

Na próxima etapa são apresentados estudos de casos, em artigos já divulgados por

diversos autores sobre o assunto pesquisado, os quais serão interpretados e analisados,

incorporando o que meramente for de relevância para registro, seguindo os fundamentos

delimitados pelos objetivos, elaborando assim a fundamentação teórica.

A adoção das metodologias e algumas adaptações feitas ao projeto em alguns dos

subtítulos destas facilitaram o desenvolvimento do projeto objetivo, sólido e com

embasamento científico.

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No presente trabalho, será aplicada a metodologia de pesquisa qualitativa, visto que,

será um estudo exploratório embasado em pesquisa bibliográfica mediante artigos científicos,

estudos acadêmicos e livros.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 Artigo 1. Aproveitamento da energia das marés – Estudo de

caso: Estuário do Bacanga, MA.

No Brasil, os estados que apresentam maiores amplitudes de maré são Amapá, Pará e

Maranhão, apresentado variações superiores a 5 metros, consideradas pela literatura

específica como favorável à implantação de usinas maremotrizes.

A barragem no rio Bacanga, foi construída em 1968, e está situada no estado do

Maranhão. O principal objetivo da construção foi a diminuição da distância entre a capital São

Luís ao porto de Itaqui, e a urbanização de áreas inundáveis nas marginais do rio. Na época da

construção da barragem, a usina foi projetada para ser a segunda maior do mundo,

vislumbrado o aproveitamento da energia das marés, porém devido aos elevados custos de

instalação e viabilidade técnica, os equipamentos não foram instalados.

Em 1977, a Eletrobrás solicitou às empresas nacionais o estudo sobre o aproveitamento

da energia maremotriz, principalmente para a usina do Bacanga. Um projeto conceitual foi

elaborado para o Bacanga, definindo o dimensionamento da usina, o arranjo das obras,

determinação da potência instalada e energia gerada, os equipamentos a serem utilizados e o

orçamento da obra.

A usina maremotriz proposta irá aproveitar os componentes existentes, tais como a

barragem, abertura de comportas e outras facilidades, e será acrescentado um sistema de

tomada de água e turbinas para a geração de energia. O modo de operação será o de coluna de

água oscilante, ou seja, geração de energia em maré vazante e enchente, isto é, haverá

produção de energia nos sentidos reservatório-mar e mar-reservatório.

Conforme se pode observar na Figura 6, a captação da energia das marés ocorre em

quatro estágios diferentes que se repete a cada ciclo de maré: O primeiro estágio ocorre

quando o mar está no seu nível mínimo, denominado baixamar, e o reservatório está numa

cota superior, a geração de energia ocorre absorvendo água para a turbina fixa no sentido

reservatório-mar. O segundo estágio ocorre quando a diferença de cota entre o nível do mar e

o reservatório é inferior à admitida pela turbina, não havendo neste estágio geração de

energia. No terceiro estágio, a diferença entre o nível do mar, denominado preamar, e a cota

do reservatório possibilita a geração de energia, e esta se dá no sentido mar-reservatório

através da turbina móvel. No quarto estágio, o nível do mar é máximo e a turbina móvel

alcança a sua posição final, a geração continua se dando no sentido mar-reservatório. Após

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estes quatro estágios, a operação se repete inversamente, ou seja, do quarto para o primeiro

estágio.

Figura 6 – Esquema dos estágios de operação da usina.

Fonte: FERREIRA, 2007.

A usina seria instalada na margem esquerda do rio, uma escavação da ordem de 10 m de

profundidade foi prevista para a instalação dos grupos geradores de diâmetros 5,25 m da

bulbo e 7,70 m da Straflo. A energia anual produzida seria de cerca de 56 milhões de kWh

para a opção bulbo e 60 milhões de kWh para a opção Straflo. Um esquema de diques,

sistemas de drenagem por gravidade e estações de bombeamento foram planejadas para a

proteção dos bairros marginais ao reservatório.

O estuário do rio Bacanga, em São Luís do Maranhão, foi escolhido como estudo de

caso devido às características favoráveis para implantação de uma usina maremotriz. O local

torna-se propício para a construção de uma usina piloto, pois apresenta barragem construída

propícia a elevadas alturas de marés, podendo alcançar até 6,5 metros de altura, e comprovado

potencial energético.

O estabelecimento da usina maremotriz no estuário do rio Bacanga teria como

principais objetivos, a geração de eletricidade de aproximadamente 800 residências ou para o

campus universitário da Universidade Federal do Maranhão, configurar-se como usina piloto

para o desenvolvimento da tecnologia em projetos que utilizem marés como fonte de energia,

impor um novo regime de operação a barragem melhorando o funcionamento do escoamento

fluvial, e melhorar a qualidade ambiental do reservatório através do processo de renovação da

água.

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Os resultados do modelo de geração de energia apontam para uma potência média

teórica de 3,14 MW da usina maremotriz do Bacanga, considerando a proposta de

aproveitamento com restrições ao uso do reservatório. A energia teórica produzida através

deste conceito da usina encontra-se no intervalo de 7.000 a 47.000 kWh/dia, dependendo da

maré incidente, da vazão admitida e da eficiência dos equipamentos eletromecânicos, os quais

apenas foram simulados no presente trabalho.

A partir dos resultados obtidos no trabalho, o desenvolvimento do projeto conceitual, a

utilização de turbinas de baixa queda, plataforma flutuante para as turbinas e considerando,

especialmente, as restrições encontradas atualmente, tais como a ocupação do entorno, o

assoreamento e a degradação das estruturas, faz com que a usina maremotriz do Bacanga seja

tecnicamente possível.

4.2 Artigo 2. WaveRoller – Plug into wave energy

O WaveRoller consiste em uma placa vertical totalmente submersa que gira em torno de

um eixo horizontal existente na sua base, a qual está ancorada no fundo do mar.

As ondas fazem com que as placas do dispositivo se movimentem para frente e para

trás, conforme Figura 7 e através de um sistema de conversão hidráulico produz a energia

elétrica.

Figura 7 – Esquema representativo das placas do sistema WaveRoller.

Fonte: GARCIA, 2014.

Conforme o painel do WaveRoller se movimenta e absorve a energia das ondas, as

bombas hidráulicas de pistão ligadas ao painel, bombeiam os fluídos hidráulicos para um

circuito hidráulico fechado. Todos os elementos do circuito hidráulico estão instalados numa

estrutura hermética dentro do dispositivo e não estão expostos ao ambiente marinho, desta

forma, não existe risco de fugas para o oceano. Os fluídos de alta pressão são canalizados para

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um motor hidráulico que aciona um gerador elétrico, a eletricidade gerada por esta central de

energia renovável é ligada à rede elétrica através de um cabo submerso.

O dispositivo opera em zonas perto da costa, ou seja, trata-se de um dispositivo

nearshore, e em profundidades entre 8 e 20 metros, onde escaparia a tempestades violentas.

Está totalmente submerso e ancorado ao fundo do mar, e cada unidade individual possui

capacidade de produção de eletricidade entre 500kW e 1000kW, com um fator de capacidade

de 25 a 50%.

Em 1993, o mergulhador profissional Rauno Koivusaari, fez um mergulho de

observação em um naufrágio, neste mergulho, observou que em altas profundidades, as ondas

ocasionavam um movimento de vai e vem capaz de balançar equipamentos pesados. Anos

depois, em 1999, Koivusaari apresentou a ideia a um grupo de amigos, os quais construíram

dois protótipos de pesquisa, e através dos testes foi verificado que a proposta era viável. O

fenômeno para produção de energia foi patenteado em 2000, e o primeiro investimento de

empresas privadas foi iniciado.

Em 2002, foi fundada a AW-Energy, a qual recebeu os primeiros investimentos privados

para realizar os primeiros testes marinhos realizados no Golfo da Finlândia, incluindo testes

de bomba de água e medidas de pressão.

Em 2004, foram realizados os primeiros estudos sobre os possíveis efeitos de

degradação do equipamento, incluindo os efeitos de bioincrustações. Neste mesmo ano, foram

realizados os primeiros planos para o desenvolvimento do equipamento em escala oceânica, e

a cidade de Peniche foi definida como um dos melhores locais para instalação do dispositivo.

Em 2006, Portugal foi indicado como o local de teste mais adequado para a implantação

do WaveRoller. Neste ano, foi iniciado o projeto e fabricação do dispositivo de média escala.

No ano de 2007, foi instalado e montado o dispositivo WaveRoller, sob monitoração,

afim de melhorar a exploração ao máximo da energia captada. Após os testes marinhos serem

realizados, em 2007, em Peniche, foi iniciado um novo moderno projeto de WaveRoller.

Em 2009, o programa WaveRoller foi liderado pela AW-Energy, formada por grandes

empresas locais e entidades científicas. O projeto chamado "Geração Simples Subaquático de

Energia Renováveis" ou SURGE, foi formado afim de criar um conversor de energia das

ondas e implantá-lo na cidade de Peniche, Portugal.

Após diversos estudos, os resultados confirmam a opinião inicial de que o impacto do

WaveRoller sobre o meio ambiente é mínimo, abrindo oportunidades para as futuras

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instalações do WaveRoller ao longo das costas, nas quais as considerações ambientais

desempenham papel importante.

O trabalho pioneiro da equipe WaveRoller incluiu uma vasta gama de pesquisa e

desenvolvimento, que permitiram que a tecnologia avançasse no campo da geração de energia

das ondas e contribuísse para o progresso global da indústria. Ao mesmo tempo, o projeto

SURGE (Geração Simples Subaquático de Energias Renováveis), culminou a atual produção

de eletricidade, gerando energia limpa e renovável e entregando à rede local portuguesa.

4.3 Análise dos Resultados

A análise de informações referentes ao estudo de caso entre Brasil e Portugal, aponta

que Portugal continua com grandes vantagens em investimentos de empresas privadas e

incentivo do governo local, quando se trata de desenvolvimento e implantação de novas

tecnologias referentes à exploração de energia das ondas.

No Brasil, foi observado que existe um projeto desde 1977 com ideia de implementar

uma usina maremotriz, sendo que as condições e estrutura do rio Bacanga são favoráveis para

instalação. Porém, devido aos custos e tempo de instalação, os equipamentos para conversão

de energia mecânica em energia elétrica não foram instalados, dificultando o crescimento das

fontes renováveis de energia elétrica no Brasil, com isso, o país continua imaturo nas

implantações dos projetos nas áreas estudadas.

O projeto WaveRoller comprovou os mínimos impactos ambientais e visuais causados

pela instalação dos equipamentos no fundo do mar, por se tratar de várias placas submersas, a

manutenção é feita individualmente nas placas, não havendo necessidade da parada da

produção em caso de revisões nos dispositivos.

Diferente do Brasil, Portugal esta se tornando líder na produção de energia através de

fontes renováveis, o fato da primeira usina maremotriz se encontrar na praia da Aguçadoura

(Portugal) contribuiu para o sucesso das próximas instalações. No passado, o país dependia da

importação de energia de outros países, atualmente, o governo oferece fundo de incentivo à

utilização de fontes “limpas” para geração de eletricidade.

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5 CONCLUSÃO

O aspecto ambiental é determinante tanto no cenário brasileiro quanto português, nosso

país possui grande potencial hídrico, porém, grande parte da energia elétrica ainda é extraída

por fontes não renováveis, principalmente originária do petróleo e seus derivados.

O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, criado no Brasil

com intuito de aumentar a participação da energia elétrica gerada por fontes renováveis, não

apresentou sucesso na implantação das usinas planejadas, pois, apenas uma parcela das de

usinas projetadas foram construídas.

Apesar de existir grande interesse econômico no Brasil, as fontes renováveis de energia

elétrica não recebem incentivos governamentais, a ausência de empresas com ambição no

investimento em busca da exploração da energia através das ondas, também é um dos pontos

que dificultam a implementação de usinas no país. Diferente de Portugal, que no passado foi

dependente de fontes externas de energia, e atualmente está conseguindo uma enorme

sustentação com geração de energia, através das fontes renováveis produzidas dentro do

próprio país, o qual se encontra em um estado maduro referente à exploração de fontes

renováveis para geração de energia elétrica.

Portugal possui grande expectativa de assumir a liderança entre os países com

eletricidade proveniente das ondas, os motivos e incentivos para essa posição, é o resultado de

grandes investimentos de empresas e agências focadas nas diferentes formas tecnológicas de

exploração do oceano, para conversão da energia mecânica em elétrica, e também devido ao

sucesso comprovado pelo parque de ondas da Aguçadoura.

No Brasil, na década de 70, houve uma ideia inicial para geração de energia elétrica

através da usina maremotriz situada no Estuário do Bacanga, a qual iria atender

aproximadamente 800 residências, a obra possuiu pequeno avanço na infraestrutura, porém

não foi concluída pelo alto custo gerado pelos orçamentos.

Diferente do Brasil, o projeto WaveRoller em Portugal, ganhou grande investimento em

pouco tempo de descoberta da nova forma de exploração do mar. Anos após, houve a

oficialização do projeto e definição do local de instalação, sendo no oeste de Portugal. Com a

implementação foram comprovados os mínimos impactos ambientais e visuais causados pela

instalação dos equipamentos

A exploração de energia através das ondas torna-se viável também em alguns casos

como, por exemplo, em pequenas ilhas, comunidades isoladas e grandes empresas que

investem em sua própria geração de energia afim de reduzir custos.

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