analise 31-amor de perdição

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Publicado em 1862, Amor de Perdio, de Camilo Castelo Branco, um marco do Ultrarromantismo portugus. Muito bem recebido pelo pblico em seu lanamento, acabou se tornando uma espcie de Romeu e Julieta lusitano Nesta novela passional e exemplar pela temtica, o escritor Camilo Castelo Branco levou s ltimas consequncias a ideia de submeter a vida aos ditames do sentimento. O livro trata do amor impossvel e discute a oposio entre a emoo e os limites impostos pela sociedade realizao dos ideais romnticos. Temtica recorrente na obra de Castelo Branco, o amor inviabilizado justificado por diversos motivos, entre eles a rivalidade familiar. Sem o objeto da paixo, o heri romntico confirma sua sina trgica. Uma novela ultrarromntica Aplaudido pelo pblico em seu lanamento,Amor de Perdiotornou-se um clssico de amor lusitano. Nele, o mesmo amor que redime, resulta em morte, conforme antecipa o narrador-autor na introduo ao comentar o destino de seu heri: "Amou, perdeu-se e morreu amando". Anote! Obra-prima do Ultrarromantismo portugus,Amor de Perdiotem um narrador em primeira pessoa que no participa dos acontecimentos, mas conhece os fatos passados por "ouvir falar"e "por pesquisar em documentos". A apoteose do sentimento O livro conta a histria do amor impossvel de dois jovens, separados pelas rivalidades de suas famlias os Albuquerque e Botelho, moradoras da cidade de Viseu, em Portugal, e inimigos por questes financeiras. O corregedor Domingos Botelho e sua mulher Rita Preciosa tm cinco filhos. Entre eles, Simo, que desde pequeno mostra o gnio explosivo e indolente, e Manuel, que calmo e ponderado. O primeiro vai estudar em Coimbra depois de uma confuso domstica, em que toma a defesa de um criado da famlia. L, adota os ideais igualitrios da Revoluo Francesa e acaba preso durante seis meses por badernas e arruaas. Quando sai da cadeia, volta a Viseu, onde conhece Teresa, 15 anos, vizinha e filha da famlia inimiga, por quem se apaixona. Para lembrar Para separar os dois enamorados, o pai de Teresa ameaa mand-la para o convento e Domingos Botelho envia Simo novamente a Coimbra. Uma velha mendiga faz o papel de pombo-correio do casal, trocando cartas. Movido pelo amor Teresa, Simo decide se regenerar e estudar muito. Nesse meio tempo, o irmo Manuel, que viera a Coimbra, foge para a Espanha com uma aoriana casada. A irm caula de Simo, Ritinha, se faz amiga de Teresa. O pai da herona quer cas-la com o primo Baltasar Coutinho ordem que a moa se nega a cumprir. As intenes do pai da amada fazem Simo retornar clandestinamente para Viseu, hospedando-se na casa de um ferreiro, Joo da Cruz, antigo conhecido da famlia. Combina avistar-se s escondidas com Teresa no aniversrio dela, mas o encontro transferido porque Teresa seguida. Na data, Simo comparece com o ferreiro Joo da Cruz e outros amigos e encontra Baltasar, que vem para matar Simo na companhia de criados dois deles mortos no confronto. Ferido, Simo convalesce na casa de Joo da Cruz. Teresa vai para um convento. Mariana, a filha do ferreiro apaixonada por Simo, empresta a ele suas economias para que v atrs de Teresa, dizendo que o dinheiro pertence me do protagonista. Anote! No dia em que Teresa deve mudar de convento, Simo decide rapt-la. Ocorre ento um novo confronto com Baltasar Coutinho, que leva um tiro na testa e cai morto. Simo entrega-se polcia, vai preso e dispensa a ajuda da famlia para sair da cadeia. Levado a julgamento, condenado forca. Enquanto isso, Mariana enlouquece de amor e a sade de Teresa definha no convento. Na cadeia, Simo passa os dias lendo e escrevendo cartas. Joo da Cruz assassinado pelo filho do criado de Baltasar Coutinho. Mariana, que estava no Porto, volta a Viseu para tomar posse da herana, confiada a Simo. Tardiamente, o pai de Simo pede que sua pena seja comutada em dez anos de priso, mas o filho rejeita a ajuda paterna. Prefere o desterro para as ndias. No dia da partida da nau dos condenados, Teresa morre no convento. Ao inteirar-se da morte da amada, Simo adoece e morre no dcimo dia de viagem. Quando o corpo jogado ao mar, Mariana se lana da proa, suicidando-se abraada mortalha do amado. Para lembrar O narrador-autor deAmor de Perdioconta fatos reais romanceados a partir dos relatos de uma tia que o criou. Preocupa-se em transcrever documentos para dar autenticidade s aventuras que vai narrar. Essa preocupao do autor um recurso romntico para mobilizar e envolver o leitor com a inteno de comov-lo. No ultrarromantismo, a herona apaixonada cultiva a solido e seu amor trgico quase sempre resulta em morte. Cenrio em movimento A novela desenrola-se em Portugal do sculo XIX, fase final do Absolutismo, perodo em que a Corte portuguesa experimenta as consequncias das invases francesas determinadas por Napoleo Bonaparte. EmAmor de Perdio, o deslocamento dos personagens para as cidades de Viseu, Coimbra e Porto apenas reflete a complexidade das situaes que as envolvem, mas no determina os acontecimentos. Ainda assim, as referncias s cidades permitem ao leitor ter uma viso mais ampla da moral vigente e do provincianismo da sociedade portuguesa da poca, onde a tradio familiar e a preocupao com a reputao prevalecem sobre o indivduo. Novela com muitos narradores Camilo Castelo Branco conta sua histria de maneira densa e gil, intercalando com maestria a narrao e os dilogos. Sem deixar de afirmar o carter verdico dos fatos que descreve, o narrador-autor assume que se vale mais da memria do que da realidade dos fatos, ao mesmo tempo que se utiliza de inmeros documentos para afastar dvidas quanto credibilidade do que conta. um narrador que se posiciona como contador de fatos j ocorridos. "J l se vo cinquenta e sete anos [...]", diz a carta de tia Rita. Ao relatar a forma como conseguiu os documentos para reconstituir "a triste histria de meu tio paterno Simo Botelho", o narrador est com o foco centrado na primeira pessoa. Assim que comea a descrever os fatos ocorridos a cada um dos personagens, torna-se um narrador de terceira pessoa. Amor por correspondncia As cartas trocadas entre os apaixonados protagonistas, inseridas no livro, so um importante recurso retrico que intensifica o teor passional e dramtico da histria. Trazendo emoes e confisses de Simo e Teresa, os textos os transformam tambm em narradores. Amor de Perdio , portanto, uma obra que possui mltiplos narradores. Deve-se destacar tambm o pessoalismo do narrador-autor, que de vez em quando interfere para julgar ou ponderar mostrando comoo ou indignao. Mas sem se alongar demais nas suas digresses a ponto de prejudicar a ao. Ao em ordem cronolgica EmAmor de Perdio, os acontecimentos desenrolam-se de uma maneira bastante linear e em ordem cronolgica, privilegiando a ao em vez da descrio praticada pelos realistas. Exemplar no gnero novela passional, a obra tem uma nica trama central a infeliz histria de amor entre Teresa e Simo, repleta de desavenas, infortnios, crimes, mortes, fugas e tentativas de rapto , em torno da qual se movimentam os outros personagens, enfatizados a cada captulo. Uma linguagem popular "Rapidez das peripcias, a derivao concisa do dilogo para pontos essenciais do enredo, a ausncia de divagaes filosficas, a lhaneza de linguagem e o desartifcio das locues." assim que o prprio Castelo Branco justifica o sucesso de seu romance. A explicao est includa no prefcio da segunda edio da novela, que o escritor desdenhava no incio por t-la produzido em apenas 15 dias, enquanto estava preso. Anote! Embora tenha escrito febrilmente para sustentar a famlia e produzido certa vez quatro livros ao mesmo tempo, Camilo manteve sempre o cuidado estilstico e a preocupao com a pureza da linguagem. Se aos personagens mais populares, emprestava uma fala viva e espontnea, aos protagonistas burgueses usava uma retrica mais sentimental e trgica. Personagens sem contradies O mundo romntico idealizado, povoado de personagens virtuosos e sem contradies. Nesse contexto, podem-se contrapor s regras sociais, mas sempre guiados por seus sentimentos. Para lembrar Amor de Perdiotem trs personagens principais Simo, Teresa e Mariana. Embora pertenam a extratos sociais diferenciados (Simo e Teresa so burgueses; Mariana e Joo da Cruz so camponeses), a distino se perde porque o que vale, na novela e no romance romntico, a nobreza das emoes, permitindo que a firmeza de carter se sobressaia. Simo Antonio Botelho, o heri romntico Se muito do que relatado emAmor de Perdiotem seu fundo de verdade, e todos os Botelho citados na narrativa so realmente parentes de Camilo por parte de pai, o heri romntico , confessadamente, enriquecido pela imaginao do autor. O Simo real, segundo um bigrafo, era pouco estudioso e um bagunceiro em Coimbra, at ser degredado para a ndia em 1807, sem que se tivesse mais notcias dele depois. Ainda jovem, o Simo de Camilo investido de ideais revolucionrios, o que demonstra claramente quando se rebela contra a mentalidade escravocrata de sua famlia. Cena que descrita no primeiro captulo. Anote! Essencialmente romntico, e muito inspirado na vida do prprio Camilo, o heri tenta seguir a ordem estabelecida para conquistar o amor de Teresa, desejo que se prova impossvel. Sem obter resultado, Simo parte para uma poca de extremismos emocionais, como a tentativa de rapto que culmina em mortes, preconizando seu destino trgico. Defensor das ideias liberais, tem nobreza de carter. Tanto que se entrega polcia depois de dar vazo ao seu lado colrico quando mata Baltasar Coutinho. Teresa de Albuquerque, a herona romnticaA frgil Teresa ope-se firmemente ao destino que a famlia quer para ela, mas se v obrigada a cumprir as ordens do pai, o dominador Tadeu de Albuquerque. Obstinada e apaixonada, luta para no se casar com o primo Baltasar Coutinho e troca cartas com Simo, na tentativa de acalmar a chama da paixo. Marginalizada e enclausurada em um convento, reflete a f na justia divina e as injustias cometidas em funo dos preconceitosemagrecerda poca que se interpunham entre ela e a felicidade que no se realiza. Mariana, a amante silenciosaMulher mais velha, de 24 anos, criada no campo, Mariana pertence a uma camada popular. Dela, o narrador diz ter "formas bonitas" e um rosto "belo e triste" para realar a grandeza de seu amor-renncia. O desprendimento que mostra, amando Simo em silncio e por isso ajudando-o a se aproximar da felicidade (que Teresa), faz parte do iderio romntico. Abnegada e fiel, Mariana jamais diz uma palavra e controla obstinadamente o cime. o personagem que mais sofre no romance. Pode-se dizer que existe aqui uma trade romntica Simo, Mariana e Teresa, que nunca se realizam sentimentalmente e tm final trgico. Joo da Cruz, o compons rsticoPersonagem popular, um campons rstico que se transforma no protetor do jovem Simo quando este volta cidade de Viseu atrs da amada. Se a princpio cuida do rapaz porque o pai de Simo livrara-o de uma complicao judicial, depois envolve-se emocionalmente a ponto de matar para defender o rapaz. Baltasar Coutinho, o burgus interesseiro o primo de Teresa, rapaz sem moral e sem brios, que no ama a moa, mas est disposto a recorrer a quaisquer expedientes para vencer a disputa com Simo. Faz o contraponto com o heri, na medida em que ambos vm de famlias abastadas. Mas, enquanto ele norteado por intenes medocres, Simo se move pelos mais nobres sentimentos. Tadeu de Albuquerque, o pai autoritrio o pai de Teresa, que a todo momento toma o destino da moa nas mos, sem respeitar-lhe qualquer sentimento. Por uma rivalidade particular, decide obstruir a felicidade da filha e criar toda sorte de empecilhos para afast-la de seu verdadeiro amor. Manuel Botelho, o irmo desmioladoO jovem irmo de Simo, que inicialmente critica o protagonista por sua vida desordenada quando vai morar com ele em Coimbra, acaba se envolvendo com uma mulher casada. Arrependido, confirma sua dependncia familiar quando pede ajuda aos pais para devolver aos Aores a mulher comprometida com quem fugira. As novelas camilianas Embora o autor classificasse suas obras como romances, os crticos literrios referem-se a elas como novelas. A diferena essencial est no tratamento linear da narrativa, nas cenas sucessivas e na concluso fechada. Os romances abordam um mundo mais multifacetado, com personagens mais contraditrios e complexos. Camilo um escritor de estilo romntico que escreveu vrios gneros de novelas: satricas, histricas e de suspense, mas foram suas novelas passionais que lhe conferiram maior destaque. Nelas, o tema central o amor, a exacerbao do sentimento que leva ruptura com padres de comportamento e regras sociais, a transgresso norteada pelo mais nobre dos sentimentos, a paixo que justifica toda sorte de condutas, at mesmo o enlouquecimento (de Mariana), a clausura (de Teresa) e a transformao de um homem de bem em criminoso (o assassinato cometido por Simo). So histrias curtas, quase sempre relatando a luta entre o Bem e o Mal. Nessas novelas, o autor explora a contradio entre o eu, que pretende se guiar pelos sentimentos, e os limites que muitas vezes impedem a concretizao desses sentimentos em um mundo repleto de personagens talhados de forma maniquesta, voltados para o Bem ou para o Mal, sem se desviar de seus propsitos. Um apaixonado do ceticismo O autor inscreve-se no segundo momento romntico portugus, chamado de Utra-Romantismo. Em vez de se voltar para a questo do nacionalismo, caracterstica da primeira fase do Romantismo em vrios pases europeus, incluindo Portugal, Camilo opta pela abordagem dos sentimentos. Sua principal interrogao at que ponto o homem pode se valer dos sentimentos para guiar sua existncia. Para lembrar O Romantismo surge na primeira metade do sculo XIX, condicionado pelo fenmeno da ascenso da burguesia, provocado pela Revoluo Francesa e consolidado com as Revolues Liberais de 1830 e 1848. uma reao ao universalismo neoclssico, propondo uma Literatura subjetiva e individualista. O exagero desse individualismo, o tdio e o ceticismo diante da existncia criam a sensao indefinida de insatisfao a que os romnticos davam o nome de "Mal do Sculo". A dificuldade em distinguir sonho e realidade; o nacionalismo e a valorizao do passado; o desejo de reforma; e o engajamento poltico caracterizam a Literatura romntica. O romance romntico aborda a temtica do amor nas suas formas mais exaltadas, acima do controle da razo e inevitavelmente ligado morte, como se v emAmor de Perdio, de Camilo Castelo Branco. A oposio ao realismo Amor de Perdio, publicado em 1862, anterior ao incio do Realismo em Portugal, que comea em 1865, com as polmicas Conferncias do Cassino Lisbonense e as discusses chamadas "Questo Coimbr". Camilo opunha-se ao romance realista, julgando-o imoral e criticando-o por retratar pessoas fteis ou que premeditam crimes, que desorganizam famlias; padres que rompem o celibato e alteraes sexuais temticas que rejeita em favor da apologia do sentimento. Diz ele do Realismo: "Quero escrever romances para as pessoas lerem na sala, no nos quartos de banho. Quero escrever romances para que todas as pessoas da famlia possam ler: as moas mais jovens, as senhoras...". Um romntico incorrigvel H uma relao fundamental entre a vida de Camilo Castelo Branco e o que ele projeta como fico em suas novelas. Para criar seus personagens, muitas vezes o autor transfere sua vivncia aos protagonistas. Considerado o maior prosador romntico da lngua portuguesa, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco teve uma vida atribulada e de final trgico, bem ao gosto dos heris romnticos que elaborou. Para lembrar Poeta, romancista, crtico literrio, tradutor, polemista e galanteador, foi autor de mais de uma centena de ttulos, escrevendo poesias, peas de teatro, crticas literrias e novelas. Uma trajetria atormentada As invases francesas em Portugal so referncias para o autor. Camilo Castelo Branco nasceu filho bastardo em 16 de maro de 1825, em Lisboa, cidade que conheceu apenas de passagem. Sua me, Jacinta Rosa do Esprito Santo, falecida quando o menino tinha apenas 2 anos, era uma criada de seu pai, Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, que faleceu oito anos mais tarde. rfo, passa a ser cuidado pela tia Rita Emlia (a tia Rita que transporta para a literatura emAmor de Perdio). Da convivncia com a tia, guardou os relatos sobre o av assassinado e a morte de seu tio Simo, degredado para a ndia. Dizia-lhe a tia que "era necessrio ser desgraado para no contradizer os fados de famlia". E ele foi. Casou-se pela primeira vez aos 16 anos com Joaquina Pereira, de 15 anos, que abandonou. Seguiu para o Porto, onde se tornou estudante de Medicina. Inadaptado, freqentava mais bailes do que aulas, at ser reprovado por faltas. De frias em Trs-os-Montes, envolveu-se com a prima Patrcia Emlia, com quem fugiu para o Porto, sendo acusado de adultrio e preso. Com a morte da primeira mulher, Joaquina, em 1847, passou a viver maritalmente com Patrcia, de quem se separou quando ela engravidou. Em 1850, conheceu Ana Plcido, o grande amor de sua vida, que se casou com Manuel Pinheiro Alves, por arranjo de famlia. Deprimido, ingressou num seminrio, onde viveu um caso amoroso com uma freira. Amor de Perdio ambientado no perodo de D. Joo VI. Nesse meio tempo, publicou sua primeira novela,Antema(1851). Em 1858, depois de passar uma temporada nmade, completamente ao sabor das emoes, retomou o contato com Ana Plcido, ento me de um garoto. No mesmo ano, os dois passaram a viver juntos para serem presos dois anos depois, como adlteros. Durante a priso um ano e 15 dias , escreveuAmor de Perdio. Em 1861, o casal foi julgado e absolvido. Dois anos depois, nasceu Jorge, que se transformaria em alcolatra e incendirio. Em 1864, Castelo Branco fixou residncia pela primeira vez, na casa herdada do ex-marido de Ana. Nesse mesmo ano, nasceu o filho Nuno, que se tornaria um desvairado, sempre s voltas com escndalos. Em 1883, precisando de dinheiro, Camilo foi obrigado a leiloar sua biblioteca. Dois anos depois, recebeu o ttulo de visconde e uma penso. Em 1888, casou-se com Ana Plcido, que queria o ttulo de viscondessa. Anote! A deciso de morrer foi tomada quando a cegueira, consequncia de uma sfilis contrada na juventude e mal curada, j o impedia definitivamente de escrever. Camilo Castelo Branco foi contemporneo do Romantismo. Nasceu no ano da publicao do poema narrativo "Cames", de Almeida Garrett, o iniciador do Romantismo em Portugal e que, ao lado de Alexandre Herculano e Antnio Feliciano de Castilho, teve grande influncia sobre sua obra. Enquanto estudava Medicina, leu Lamartine, Chateaubriand, Victor Hugo, Alexandre Dumas e Georges Sand, que admirava profundamente. Pouco antes de matar-se, mostrou-se consciente de sua importncia e do respeito de que era merecedor. "Chamo-me Camilo Castelo Branco e estou cego. Sou o cadver representante de um nome que teve alguma reputao gloriosa neste pas durante 40 anos de trabalho." Romntico e trgico que era, suicidou-se com um tiro no ouvido em 1 de junho de 1890. Sobre sua morte, publicou o jornalO Sculo: "Morreu o ilustre romancista Camilo Castelo Branco. Sabe-se a tortura contnua em que vivia por causa de seus padecimentos. Hoje, pelas seis horas da tarde, num momento de desespero, desfechou um tiro no ouvido, sobrevivendo apenas poucas horas ao ferimento. A notcia espalhada aqui, rapidamente, tem produzido geral consternao". Obra diversificada Camilo Castelo Branco foi o primeiro escritor profissional de Portugal. Para sobreviver, escreveu mais de uma centena de ttulos, tornando-se figura ilustre de sua poca e conhecida do grande pblico. No entanto, o ritmo febril de sua produo fez com que sua obra abusasse das repeties temticas, que procuravam agradar ao gosto do grande pblico da poca. Castelo Branco escreveu em profuso novelas passionais, satricas, histricas e de suspense, consagrando-se principalmente nos dois primeiros gneros. Entre sua vasta produo, destacam-se:Antema(1851),Onde Est a Felicidade?(1856),Romance de um Homem Rico(1861);Amor de Perdio e Corao,Cabea e Estmago(1862);Amor de Salvao(1864); AQueda dum Anjo(1866);Eusbio Macrio(1879);A Brasileira de Prazins(1882).