anais.abracor_2002

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Comisso Organizadora: Denise Gomes Gonalves Jayme Spinelli Junior Magaly de Oliveira Cabral Santos Maria Luisa Ramos de Oliveira Soares Comisso tcnica: Srgio Conde de Albite Silva Solange Sette Garcia de Ziga

Patrocinadores: Faperj - Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fundao Casa de Rui Barbosa Telos Equipamentos e Sistemas Fundao VITAE Apoio: Elzividros

Diretoria

Presidente: Maria Luisa R.de Oliveira Soares Vice-Presidente: Jayme Spinelli Jr. Primeiro Secretrio: Srgio Conde de Albite Silva Segundo Secretrio: Carla Veiga Fernandes Lima Primeiro Tesoureiro: Denise Gomes Gonalves Segundo Tesoureiro: Denise Oliveira Coordenador Tcnico: Jos Dirson Argolo Coordenador para Assuntos Internacionais: Luiz Antnio Souza

Conselho Fiscal: Leonardo Cury Maroun Ciannella Conselho Fiscal: Bethnia Reis Veloso Conselho Fiscal: Lucy Luccas

Conselho Administrativo: Lia Canolla Conselho Administrativo: Maria Cristina V. de Freitas Conselho Administrativo: Prside Omena Conselho Administrativo: Silvio Luiz Viana Conselho Administrativo: Solange Ziga

Suplentes: Maria de los Angeles Fanta Suplentes: Suely Deschermeyer Suplentes: Maria das Graas Prudncio

Rio Genero - Ilustrao do Reysboeck.... Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. ca. 1624. Pg. 359. In. Imagens do Brasil Colonial. Reis, Nelson Goulart

ApresentaoQuais seriam as condies para que um tema ganhe formato acadmico que o qualifique como projeto com metodologia cientifica aplicvel no campo da restaurao Primeiramente necessrio fazer um estudo das inquietaes que perpassam por esta comunidade. Tentar pesquisar, debater e atravs de dilogos, criar as condies para que a voz desta comunidade seja ouvida. A busca por estabelecer uma identidade entre os profissionais restauradores, levou a um grupo de pioneiros a estabelecer as bases para a criao da Abracor em 1980.Estas mesmas inquietaes foram os temas do primeiro encontro nacional de1985 Em um segundo momento, 1985/1987, urgia debater novas tcnicas. Tnhamos necessidade de abrir nossos atelis, falar dos nossos laboratrios, apresentar e questionar as novas propostas aprendidas em nossas viagens pelo mundo cientifico do restauro.. Discusses acaloradas surgiam em nossas reunies e muitas vezes os limites profissionais foram ultrapassados. O que fazer? A resposta estaria no aprofundamento de conceitos filosficos adequados ao momento, a analise de critrios e finalmente na percepo de que neste momento a lacuna mais profunda a ser preenchida seria a absoro por esta comunidade, de sistemas rgidos de atuao onde o objeto cultural fosse o bem mais relevante, sem contudo deixar de lado a formao e acima de tudo a analise do psique deste profissional. . Por analogia, em 1988, o tema escolhido foi a tica nas relaes profissionais.Com este tema exaustivamente estudado, voltamos a sentir a necessidade de reforar os critrios de intervenes atravs da elaborao de normas de atuao condizentes com os novos paradigmas. Materiais e tcnicas aplicadas a restaurao foi o tema do encontro de 1990. As novas metodologias abriram portas para novos debates em 1992. A busca de novos parceiros voltou o nosso olhar para a Amrica Latina, nossos interlocutores internacionais mais prximos(1994).Para estabelecer estas e outra conexes foi necessrio participar ativamente de um sistema de polticas institucionais onde a Abracor passou a ser ouvida e respeitada, dentro dos limites de suas atuaes, como um rgo representativo de classe. .Os diferentes desafios para estabelecer estas polticas, foram amplamente debatidos em 2000, caracterizando nossas inquietaes na entrada do novo milnio. Neste contexto, observamos que ainda nos ressentamos de um embasamento formal, que possibilitasse o desenvolvimento de uma metodologia cientifica aplicada na conservao-restaurao de bens culturais, compatveis com os projetos apresentados por centros internacionais de pesquisa. Outros temas seguiro a este, reflexos de nossas inquietaes futuras, mas acredito que ao longo destes ltimos anos, tentamos caminhar buscando o rumo certo e os trabalhos aqui apresentados so os resultados destas questes. A todos os nossos parceiros de travessia que ao longo de exaustivos debates cortados de emoes, construram os ltimos anos da ABRACOR, os meus mais sinceros agradecimentos.

ExpedienteAssociao Brasileira de ConservadoresRestauradores de Bens Culturais Sede: Rua So Jos, n. 50/9 andar sala n. 5. Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP.: 20.010-020. Caixa Postal 6557 CEP.: 20030-970 Rio de Janeiro RJ Brasil. Telefax: 55 (21) 2262-2591 E-mail: [email protected] Homepage: http://www.abracor.com.br Programao Visual, Editorao e Diagramao: Leonardo Ciannella, Paula Andrea Ciannella e Leandro Amorim (Vorax Criao & Design) - E-mail: contato@ vorax.net Reviso dos textos em portugus: Neide Pacheco Reviso dos textos em ingls: Lis Horta Moriconi Verso para o ingls do texto de abertura: Lis Horta Moriconi Reviso do texto de abertura em ingls: Christina Baum Impresso : Grfica Corb

Maria Luisa Soares. Presidente Abracor.

Sumrio

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Estudio de soportes inertes para la estabilizacin de obras pictricas sobre lienzo ubicadas en estructuras retablsticas. Intervencin de las pinturas sobre lienzo del Retablo del Altar Mayor de la Iglesia Parroquial San Bartolom Apstol de Agullent (Valencia-Espaa)". Mara Castell Agust, Susana Martn Rey, Laura Fuster Lpez

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A imaginria missioneira do Rio Grande do Sul. Andra Lacerda Bachettini

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Consolidao de fotografias em gelatina e prata danificadas por gua e fungos: aplicao de consolidantes com o uso de nebulizador. Sandra Baruki

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Pesquisa das condies de preservao do conjunto documental - Licena para Obras, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, usando a metodologia de amostragem aleatria. Ingrid Beck

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Recuperao do forro de estuque da Sala Federao do Museu Casa de Rui Barbosa. Claudia S. Rodrigues de Carvalho, Llia Fiuza

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Tratamento de conservao de dois objetos distintos em plumria experincia desenvolvida em estgio no Royal Albert Memorial Museum, Exeter, UK. Mnica Lima de Carvalho

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Sistema de monitoramento e insuflamento de ar visando a preservao de acervos. Maria Cludia Lorenzetti Corra, Saulo Gths , Silmara Kster de Paula Carvalho, Luiz Antnio Cruz Souza

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Conservao de arte rupestre pr-histrica: Um trabalho interdisciplinar. Helena David

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Nuevas tecnologas aplicadas a la restauracin de la escultura policroma: Restauracin virtual y bases de datos. Alonso M. Gonzlez, Roberto Viv Hernando, Ramn Molla Vaya y Pedro Snchez Morcillo

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Controle de umidade em pequenos ambientes e em vitrines. Saulo Gths

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Iscas: uma nova tecnologia para eliminao de colnias de cupins subterrneos em estruturas complexas - prdios histricos, arquivos e bibliotecas. resultados no Brasil. Joo Justi Jnior, Marcos Roberto Potenza, Sergio Luiz de Almeida

Sumrio

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Restaurao e digitalizao dos registros sonoros do Acervo Histrico da Discoteca Oneyda Alvarenga do Centro Cultural So Paulo. Evaldo Piccino, Jos Eduardo Azevedo

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Comunidade De So Sebastio Das guas Claras: a aplicao da conservao preventiva como ferramenta para a conscientizao patrimonial uma proposta preliminar. Moema Nascimento Queiroz, Luiz Souza

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As imagens processionais da ordem terceira de So Francisco de Assis de Ouro Preto Histria - Tcnica e Preservao. Maria Regina Emery Quites

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As transformaes sofridas pelo prtico de Northumberland e a sua restaurao. Nelson Prto Ribeiro, Wallace Caldas

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Restaurao do retbulo-mor da igreja abacial do mosteiro de So Bento de Olinda, Pernambuco, Brasil, para a exposio no Museu Solomon R. Guggenheim de nova Iorque, EUA.Prside Omena Ribeiro

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Metodologia aplicada para restauro: A importncia da pesquisa histrica aplica Igreja de So Loureno dos ndios e ao Palcio Araribia/Niteri/RJ. Rosina Trevisan M. Ribeiro, Cludia Nbrega, Walmor Jos Prudncio, Mariana Vaz de Souza e Ana Maria Berutti Fontes

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O estudo dos materiais de construo em textos antigos para apoiar a conservao/restaurao. Cyble Celestino Santiago

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Hospital So Francisco de Assis - Diretrizes de projeto. Mariana Vaz de Souza, Rosina Trevisan M. Ribeiro

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Estruturas de madeira: ferramentas para inspeo e conservao. Carlos Dion de Melo Teles, ngela do Valle, Rodrigo Terezo

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Fontes histricas para a conservao e restaurao de materiais fotogrficos. Maria Inez Turazzi

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Estudio de soportes inertes para la estabilizacin de obras pictricas sobre lienzo ubicadas en estructuras retablsticas. Intervencin de las pinturas sobre lienzo del Retablo del Altar Mayor de la Iglesia Parroquial San Bartolom Apstol de Agullent (Valencia-Espaa)".Mara Castell Agust*; Susana Martn Rey**; Laura Fuster Lpez***

Grupo I+D+I de la U.P.V: "Taller de anlisis y intervencin en conservacin y restauracin de pintura sobre lienzo"

1. IntroduccinLa reubicacin de pinturas realizadas sobre soporte textil en estructuras murarias o en conjuntos retablsticos, a menudo conforma una de las intervenciones ms complejas en tanto en cuanto supone siempre una alteracin de la concepcin primigenia de la propia obra. Dicha complejidad se desarrolla en dos planos paralelos: el primero correspondera a una cuestin de criterio y la segunda cuestin se centrara en la aplicacin prctica del criterio establecido, esto es: la metodologa de actuacin. Estas particulares obras presentan diversas patologas: las derivadas del propio envejecimiento natural de sus materiales constitutivos, as como las provocadas por el deterioro del soporte sustentante y por el sistema de anclaje empleado para su colocacin, ocasionando deformaciones planimtricas, desgarros, orificios, abolsamientos...., lo cual hace estrictamente necesario para el conservador-restaurador estabilizar y preservar el lienzo original, con el fin de evitar un dao a menudo irreparable en el mismo. Las intervenciones que se han realizado a lo largo de la historia para frenar el deterioro provocado por el soporte sustentante en las obras sobre lienzo, consistan en adherir las obras sobre nuevos soportes rgidos, estando caracterizadas por su imprudencia y tosquedad, en base a los conocidos cambios de gusto y poca. Estas primitivas instalaciones se realizaban con materiales tradicionales como yesos, maderas, arpilleras, cartones o telas metlicas1 que contribuan al proceso de degradacin generalizado, aportando como consecuencias agrietamientos precoces, desprendimientos por incompatibilidad entre los materiales, deformacin del soporte por falta de consistencia y prdida de adherencia al muro o soporte sustentante. Roberto Carit, Gustav Berger o G. de Nicola, fueron algunos de los investigadores que en los aos 70 idearon otros sistemas de tensin, aunque en algunos casos excesivamente complejos y elaborados, cuyas ideas se vieron enormemente simplificadas con la aparicin de las resinas sintticas y su aplicacin en la creacin de soportes rgidos como la alternativa ms simple para reforzar obras sobre lienzo. Para llevar a cabo un trabajo coherente, el montaje de las piezas debe realizarse con materiales actuales de calidad, testados en el laboratorio y que garanticen la estabilidad de las obras intervenidas. Tras casi tres dcadas de experimentacin, existe una mayor predisposicin a la utilizacin de resinas epoxdicas en la fabricacin de estratificados rgidos inertes, ya que los resultados de laboratorio obtenidos durante estos aos de ensayo, muestran mejores parmetros de durabilidad, estabilidad e indeformabilidad, frente a otros materiales usados tradicionalmente y que no ofrecen resultados ptimos de conservacin a largo plazo. En este trabajo se muestra el proceso de intervencin realizado en las pinturas sobre lienzos ubicadas en el altar mayor de la Iglesia Parroquial de Agullent (localidad prxima a Valencia- Espaa), as como las investigaciones realizadas en torno al desarrollo de nuevos soportes inertes para la recolocacin de las obras en su ubicacin original. Este rico conjunto pictrico del Barroco Valenciano, ejemplifica de manera extraordinaria

*Profesora Titular del Departamento de Conservacin y Restauracin de Bienes Culturales- Universidad Politcnica de Valencia. **Profesora Ayudante del Departamento de Conservacin y Restauracin de Bienes Culturales- Universidad Politcnica de Valencia. ***Becaria Investigacin del Departamento de Conservacin y Restauracin de Bienes CulturalesUniversidad Politcnica de Valencia.

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cmo una obra es susceptible de alteracin no slo por los agentes externos habituales y por el propio envejecimiento de los materiales, sino que el estrato subyacente (en este caso madera) puede convertirse en un foco de degradacin de accin devastadora a corto plazo. 1. Estudio tcnico de las obras y estado de conservacin En la intervencin del conjunto pictrico artstico del Altar Mayor de la Iglesia de San Bartolom de Agullent, los estudios previos evidenciaron la necesidad de establecer un criterio unitario de intervencin, dado que todas las obras conformaban un conjunto artstico nico con fuerte significacin religiosa para la localidad. Se deba atender sin embargo con especial inters a la diversidad que caracterizaba a cada una de las obras. Es por ello por lo que, se establecieron diferentes grupos en funcin de la tipologa propia de las pinturas:

Fig. 1. Distribucin de las obras en el retablo Mayor

Fig. 3. Tabla que muestra la agrupacin de las obras en funcin de sus caractersticas

Grupo-1: Puertas del altarFig. 2. Planta de la Iglesia. Se trata de dos obras de similares caractersticas realizadas al leo sobre tela de lino (182x 90 cm.), con ligamento de tipo tafetn y una densidad media. Cabe destacar que la obra San Pedro se encuentra firmada2 en su parte inferior derecha: Josef Llcer nefecit a 1740. Ninguna de las dos obras presenta costuras o aadidos. La imprimacin es rojiza, de tipo almagra, y presenta un grosor fino. La pincelada es suelta, con empastes en zonas de pliegues y carnaciones. Por ltimo, las obras presentan una fina pelcula de barniz semimate, que se encuentra muy oscurecido (debido a su fuerte oxidacin) y salpicado por numerosos restos de cera. Ambas obras se encuentran adheridas parcialmente a la madera de la puerta. Se puede decir que, en general presentan un buen estado de conservacin. Sin embargo, las obras fueron intervenidas con anterioridad. Fruto de esas intervenciones son los numerosos repintes en carnaciones y ropajes.

Grupo-2: Lienzos de las calles laterales (hornacinas)Se trata de cuatro obras de similares caractersticas realizadas al leo sobre lienzo de lino (147x 90 cm.), con ligamento de tipo tafetn, de trama cerrada y una densidad media. Ninguna de las dos obras presenta costuras o aadidos. Al igual que las obras correspondientes a las puertas del retablo, la imprimacin es rojiza, de tipo almagra, y presenta un grosor fino. La pincelada es suelta, a modo de veladuras, con empastes en zonas de pliegues y carnaciones. Por ltimo, las obras presentan

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una fina pelcula de barniz semi-mate, que se encuentra muy oscurecido (debido a su fuerte oxidacin) y salpicado por numerosos restos de cera. El estudio tcnico de las obras ubicadas en las hornacinas del retablo evidenci su precario estado de conservacin. Las obras se encontraban clavadas directamente sobre la estructura de madera del retablo, lo que haba provocado que las alteraciones del soporte lgneo (humedad, ataques biolgicos...) se transfirieran directamente a las obras. Estas alteraciones eran perceptibles en forma de abolsamientos y deformaciones bastante acusadas. Dichos abolsamientos tenan otra causa evidente centrada en la propia naturaleza de los materiales constituyentes. Cabe recordar, que se trata de leos sobre lienzos cuya estructura portante (en este caso los tablones de madera del retablo) no proporcionan unas condiciones de tensado ptimas que garanticen la correcta respuesta dimensional de dicho soporte textil a las continuas variaciones termohigromtricas de la iglesia en la que se encuentran. Por otra parte, cabe citar el hecho de que los numerosos clavos se encontraban situados sobre la propia pintura. Su oxidacin haba provocado el desprendimiento de parte del estrato pictrico circundante as como la degradacin de las fibras celulsicas del soporte textil. Existan numerosas micro-lagunas puntuales en zonas muy localizadas en la superficie pictrica como carnaciones y vestiduras. El estudio de las obras tambin revelaba que, al igual que ocurra en las restantes obras ubicadas en el retablo, el barniz haba oxidado, presentando una fuerte coloracin amarillenta que proporcionaba una tosca apariencia a las pinturas. Eran tambin evidentes las mltiples gotas de cera que salpicaban toda la superficie pictrica.

Grupo-3: Lienzos bocaporte (calle central)En este grupo se enmarcan dos obras similares en tanto en cuanto desempean una funcin particular dentro del calendario eclesistico, permaneciendo totalmente ocultos en la estructura del retablo durante determinados perodos litrgicos. Esta posibilidad de permanecer o no visibles a los fieles se desarrolla gracias a todo un sistema de rieles y poleas que queda oculto en la estructura interna del retablo. Sin embargo, aunque el uso continuado de dichos rieles ha hecho que estas obras compartan patologas y alteraciones similares, tambin presentan muchos aspectos que deben ser analizados individualmente. El Salvador Eucarstico de 138x 93 cm. es un leo sobre lino de trama cerrada, con ligamento de tipo tafetn y densidad media con una costura en sentido horizontal en la mitad superior de la obra. La imprimacin es rojiza, de tipo almagra, y presenta un grosor fino. La pincelada es suelta, a modo de veladuras, con empastes en zonas de pliegues y carnaciones. Por ltimo, presenta una fina pelcula de barniz mate, que se encontraba muy oscurecido (debido a su fuerte oxidacin) y salpicado por numerosos restos de cera. Esta obra se encontraba adherida con una cola orgnica a una tabla de madera de pino con pequeos abolsamientos en zonas prximas a la costura. Podan apreciarse prdidas importantes de pelcula pictrica as como pequeas microfisuras, adems de las provocadas por el citado riel cada vez que la obra era subida y bajada en su hornacina. Por otra parte, la obra San Bartolom tena unas dimensiones de 276x 147 cm. es un leo sobre lino con ligamento tafetn de bastante grosor, con una capa de preparacin almagra, degrosor fino. La pincelada es suelta, a modo de veladuras, con empastes en zonas de pliegues y carnaciones. Presentaba una fina pelcula de barniz brillante, que se encontraba muy oxidado alterando el cromatismo de la pelcula pictrica con numerosos restos de cera. Este lienzo bocaporte estaba adherido y clavado a un bastidor de madera de pino, de ensamblaje a media madera, con aristas vivas, travesao central y refuerzos en diagonal en los ngulos. La madera se encontraba fuertemente atacada por xilfagos, debilitando seriamente su estructura.

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El soporte textil presentaba numerosos parches procedentes de intervenciones anteriores as como restos de concreciones calcreas aplicados como refuerzo de la tela. En cuanto a la pelcula pictrica, se apreciaba una prdida aproximada del 75% del original, estando incluso repintada directamente sobre la tela, sin estuco aadido. El barniz se encontraba fuertemente oxidado con numerosas gotas de cera y deyecciones de insectos.

Grupo-4: Remate (calle central)Se trata de una obra realizada al leo sobre lienzo de lino (183 x 133 cm.) con ligamento de tipo tafetn, de trama cerrada y densidad bastante gruesa. Presentaba una costura en la zona media inferior. Al igual que el resto de las obras, la imprimacin era almagra, y de grosor fino. La pincelada era suelta, a modo de veladuras, con empastes en las zonas ms luminosas. Presentaba una fina pelcula de barniz semi-mate, que se encontraba muy oscurecido y salpicado por multitud de restos de cera. El lienzo se encontraba bastante debilitado debido principalmente al deterioro experimentado por la ausencia de un bastidor ya que estaba clavado directamente en la madera del retablo. Adems, presentaba dos lagunas provocadas por el contacto con la llama de velas. En lo que respecta a la pelcula pictrica, existan numerosos retoques en las lagunas. Era evidente el craquelado generalizado en la zona superior de la obra coincidiendo con los tonos tierra.

3. Proceso de intervencinTodas las intervenciones realizadas en el conjunto pictrico, estuvieron guiadas en todo momento por los estudios previos, los anlisis cientficos y una documentacin fotogrfica exhaustiva de los procesos realizados. Si bien exista una cuestin que centr nuestro mximo inters, en torno a la cual versa esta comunicacin: la estabilizacin y consolidacin de los soportes textiles. Por tanto, aunque todas las obras formaban parte del mismo retablo, cada una de ellas presentaba una problemtica distinta, realizndose distintas intervenciones, en funcin a la necesidad real de cada lienzo. Puertas laterales: Como ya se ha comentado en el punto anterior, los dos lienzos ubicados en esta parte del retablo, S. Pablo y S. Pedro, se encontraban totalmente destensados y con todos sus bordes debilitados, debido a la oxidacin y la herrumbre de los clavos que los sujetaban a la madera de las puertas del retablo. Fue necesaria su separacin de la tabla, para el saneamiento y consolidacin de la madera, fuertemente atacada por xilfagos, y posteriormente las dos obras, fueron nuevamente adheridas a la madera, interponiendo un estrato de fibra de vidrio, que facilitara su posterior reversibilidad. Lienzos de la calle central del altar mayor: Tanto la obra de la Epifana como San Bartolom volvieron a tensarse sobre nuevos bastidores acadmicos3, previamente tratados. La intervencin en este caso se centr en la consolidacin de los estratos pictricos, as como en el refuerzo de los soportes textiles. En cuanto al tratamiento esttico, se procedi a la realizacin de una limpieza suave fsico-qumica de la pelcula pictrica, para finalizar con las fases de estucado y reintegracin cromtica. El tercer lienzo, el Salvador Eucarstico, se encontraba adherido a una tabla. Su separacin de la misma, hubiera supuesto un fuerte estrs haciendo peligrar su integridad, por ello se opt por mantener su soporte lgneo original. Obras de las calles laterales: La problemtica en este caso, se centraba en la reubicacin de estas obras en las hornacinas del retablo, ya que originalmente se encontraban clavadas en las estructura de madera. Las graves deformaciones del soporte por la ausencia de bastidor, hacan necesario su tensado en un bastidor acadmico, pero el reducido hueco

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existente en las hornacinas haca imposible el tensado, si bien, se descart desde un principio, la posibilidad de volver a clavarlas directamente sobre la madera, por lo que fue necesario un estudio pormenorizado de diferentes mtodos de estabilizacin de soportes textiles, as como de estructuras inertes para su correcta conservacin futura. Se estudiaron las posibles alternativas que, en muchos de los casos, contemplaban la aplicacin de soportes inertes El estudio del empleo de este tipo de soportes, propios de un campo paralelo como es la conservacin y restauracin de pintura mural, hace que a menudo, obras que originariamente poseen unas caractersticas muy particulares determinadas en gran medida por el estrato subyacente o soporte (en este caso lienzo, y ms concretamente lino), por el hecho de encontrarse ubicadas o adheridas a muros, sean consideradas como pinturas murales realizadas sobre lienzo. Las alteraciones transmitidas directamente por la madera a los lienzos, se centraban en el ataque de xilfagos, y en la acumulacin de humedad, que haba provocado cambios bruscos de dilatacin y contraccin en la tela debido a su inherente higroscopicidad y el deficiente sistema de anclaje que presentaban las obras. Este continuo movimiento de la tela, fue la causa del agrietamiento y formacin de cazoletas en zonas muy localizadas de la superficie pictrica, que fcilmente podan desprenderse dada la escasa presin que les mantena unidas. As mismo, los lienzos se encontraban parcialmente descolgados y separados de la madera, debido principalmente a que el peso de las propias obras haba propiciado el desprendimiento de gran parte de los clavos que las sujetaban a la madera. Tras la experimentacin en el laboratorio con diferentes probetas, la opcin de usar soportes rgidos inertes fue la ms aceptada dado que: 1. Evitaba la colocacin de los anclajes directamente en la superficie pictrica de las obras. 2. Garantizaban la total reversibilidad de la intervencin ya que es posible la interposicin de estratos tipo sandwich, entre el soporte inerte y la obra original. 3. La estructura inerte, como su nombre indica, es simplemente el medio para conseguir la ptima estabilidad de las obras a largo plazo, sin interaccionar en ningn momento con los materiales originales de la obra. 4. Se trata de un estrato aislante de la humedad, no susceptible del ataque de microorganismos y resistente a las altas temperaturas. 5. Nos proporciona una superficie rgida adaptable a la forma que presentaba la hornacina, pudiendo ser en todo momento desmontable ante posibles intervenciones futuras sobre la mazonera4 del retablo. Se consigue as que las obras pasen de estar fijadas al retablo a ubicarse sobre una estructura portante independiente. 6. La caracterstica ms destacable es su ligereza, que facilta en gran medida el traslado de las obras y el proceso de recolocacin en su ubicacin original, minimizando la infraestructura necesaria para ello. 7. Adems, en el caso del material empleado a tal efecto (policarbonato celular de 15 cm grosor), su estructura interna acanalada le otorga la justa rigidez para el correcto tensado de las obras. 8. En el caso del policarbonato celular, es un material fcilmente asequible y econmico. Una vez concluidos los estudios previos y tras documentar grficamente el estado inicial de las obras, se desmontaron y trasladaron las obras al taller realizando previamente una suave proteccin en zonas puntuales susceptibles de desprendimiento. Las cuatro obras siguieron una pauta de trabajo paralela ya que presentaban alteraciones muy similares. El trabajo se divida en dos fases complementarias: por una parte en la propia intervencin de las pinturas, y por otra, en la preparacin de la estructura inerte que iba a servir de soporte. El proceso de intervencin se inici con la consolidacin puntual con una resina de tipo

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acrlico de las zonas que presentaban ligeros levantamientos. En el resto de la superficie pictrica, dado que se encontraba perfectamente adherida al estrato subyacente, pudo realizarse una primera limpieza consistente en la eliminacin de las numerosas gotas de cera. A continuacin, procedi a proteger las obras usando para ello papel japons de11 grs/ m2 y una resina termoplstica disuelta en las proporciones adecuadas. Una vez protegidas las obras, pudo acometerse satisfactoriamente la limpieza mecnica del reverso del soporte textil. Tras la desproteccin de las obras, se realiz la limpieza de la superficie pictrica. Para ello se realizaron pruebas con diferentes disolventes, pudiendo determinarse que una suave limpieza con una mezcla de disolventes de baja polaridad nos iba a permitir eliminar la gran cantidad de polvo graso medioambiental acumulado as como el barniz oxidado. En el caso de las obras que presentaban repintes puntuales procedentes de una desafortunada intervencin anterior, se emple de manera localizada una disolucin diferente. En lo que respecta al diseo del estratificado rgido inerte, y tras la experimentacin prctica con diferentes materiales en el laboratorio, se pudieron descartar algunos probetas que no proporcionaban unos parmetros fiables de estabilidad a largo plazo, llegando a reducir los materiales aptos a: un estratificado inerte con estructura de panal de abejas de aluminio (AerolamR)y policarbonato celular. La eleccin del policarbonato celular frente al AerolamR, se centr, bsicamente en cuestiones de tipo econmico y temporales. Ambos materiales respondan completamente a todos y cada uno de los requisitos anteriormente establecidos. Sin embargo, el policarbonato poda adquirirse fcilmente en los comercios de la ciudad, mientras que el Aerolam estaba sujeto a pedidos que requeran un largo tiempo de espera. Ante la consulta con los diferentes coordinadores del proyecto (responsables de las obras y los responsables de la intervencin) y tras haber expuesto la idoneidad de ambos materiales, se decidi emplear unos paneles de policarbonato celular de 15 cm grosor interponiendo una capa sandwich de fibra de vidrio tejida que garantizara por un lado la ptima adhesin de la obra original a dichos paneles, y por otra su completa reversibilidad. La estructura creada se estratifica tal y como se puede apreciar en el siguiente grfico (fig4): El modo de proceder se asemejaba bastante a la realizacin de un reentelado. Para ello, la fibra de vidrio se tens (en unas estructuras metlicas creadas expresamente para ello) y se impregn en varias aplicaciones por ambas caras mediante spray, con una resina de tipo termoplstico convenientemente diluida. Una vez evaporados los disolventes, se cort segn la forma de las obras originales, dejando un margen perimetral de unos 10 cm. para posibilitar el posterior tensado de las obras sobre los paneles inertes. Fig. 4. Estratificacin de la estructura rgida inerte. 0. Tablero de madera del retablo 1. Pletinas de metal para el anclaje 2. Policarbonato celular 3. Adhesivo termoplstico 4. Fibra de vidrio tejida 5. Adhesivo de contacto 6. Soporte textil original 7,8 y 9:Estrato pictrico original 7. Imprimacin 8. Pelcula pictrica 9. Barniz. A continuacin se adhiri a fibra de vidrio a los paneles reactivando para ello el adhesivo termoplstico mediante la aplicacin de calor uniforme (interponiendo una lmina de papel Melinex siliconado) y dejndolo enfriar bajo presin. Una vez enfriado, se retir el Melinex . Los bordes de fibra que sobresalan, se adhirieron igualmente en los laterales y parte posterior de los paneles. La adhesin de la obra original a la fibra de vidrio se realiz en fro con un adhesivo de contacto. Para ello se aplic una resina acrlica (Plextol B-500 ) diluida en un disolvente aromtico (xileno) al 15% en la fibra de vidrio. A continuacin se coloc encima la obra original. Su adhesin total a la fibra de vidrio, se realiz aplicando presin uniforme a travs de un Melinex,. Se dejaron las obras con peso durante 12 horas. Una vez adheridas las obras a los soportes inertes, se prosigui con el barnizado de la superficie pictrica. La reposicin de faltantes se realiz con un estuco de origen sinttico y de color blanco y que posteriormente fue reintegrada cromticamente. La ltima fase del proceso consisti en la proteccin final de las obras.

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NotasUna de las primeras pinturas sobre lienzo adheridas a un soporte semi-rgido, estaba formado por una red metlica clavada a un bastidor de madera cubierto con una argamasa de yeso. Se trata en concreto de una obra de Piero della Francesca Madonna de Monterchi, intervenida por Domnico Fiscali en 1911. RODRGUEZ, I., Evolucin de los soportes para reforzar y trasladar pinturas. Algunos ejemplos (Primera parte), Ptina, n 7, Junio 1995, pp.: 85-93.1

Dicha firma fue descubierta durante el proceso de restauracin, ya que se encontraba oculta por la moldura inferior del marco de la puerta. Cabe resear que el resto de piezas pertenecientes a dicho retablo han sido atribuidas en numerosas ocasiones por historiadores y crticos de arte al mismo autor, no apareciendo indicios de autora directos tal y como ha ocurrido con la obra a la que nos estamos refiriendo.2 3 4

Bastidores con ensambles mviles, orificios para cuas, travesaos y aristas rebajas. Estructura de madera de retablo.

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A imaginria missioneira do Rio Grande do Sul

Andra Lacerda Bachettini*

Introduo preciso, inicialmente, observar que as primeiras manifestaes religiosas crists se deram no Rio Grande do Sul, com a chegada dos jesutas ao sul do continente americano. Os padres jesutas vieram com o intento de pacificar e propagar a f crist aos habitantes das novas terras que haviam sido descobertas, conquistadas e colonizadas por Portugal e Espanha. Alm da tentativa de conquistar mais fiis para Igreja Catlica, as atividades jesuticas tinham tambm objetivos polticos, como facilitar o domnio dos povos americanos pelas coroas europias. No Brasil, as Misses dos ndios Guaranis, So Francisco de Borja, So Nicolau, So Luiz Gonzaga, So Miguel Arcanjo, So Loureno Mrtir, So Joo Batista e Santo ngelo Custdio desenvolveram-se no oeste do Rio Grande do Sul, integradas ao modelo espanhol. O trabalho de catequese dos jesutas consistia em reunir os ndios em redues, onde os padres lhes ensinavam os princpios do Evangelho, como tentativa de adapta-los ao trabalho organizado. O ndio Guarani, antes de ser reduzido, vivia disperso ao longo do territrio, em pequenos grupos, distantes entre si, cujo tamanho variava de uma casa que reunia uma grande famlia at uma pequena aldeia com algumas casas. Segundo Meli, essa forma de organizar-se no espao era considerada uma estrutura essencial de sua cultura por seus prprios lderes, ainda que isso s se tenha tornado explcito aps a reduo. Esse ndio caracterizava-se por ser caminhante; viviam sempre em busca da terra sem mal, mudando de local rotineiramente. As casas eram bem feitas, armadas com pilastras e cobertas de palha, e eram maiores ou menores, podendo comportar vrias famlias. De acordo com um relato da poca: Cada una (casa) es una gran pieza donde vive el cacique com toda su parcialidad, o vasallos, que suelen ser viente, treinta, cuarenta y a veces ms de cien famlias, segn la calidad del cacique: ni tienem outra divisin o apartamiento estas casas, que unos pilares que correm por medio del edificio a trechos, y siervem para sustentar la cumbre, y de sealar el trmino de la vivienda de cada familia, que es el espacio que hay entre uno y outro pilar, una de esta banda, outra de aqulla(MELI, 1978, p.161). A disperso dos ndios era um obstculo a sua humanizao pelos sacerdotes, e facilitava prticas abusivas contra eles, perpetradas pelos encomenderos. A reduo buscava produzir uma nova espacialidade. Seguiam, quase sempre, a mesma forma de urbanizao, delimitando o espao fsico com a inteno de introduzir os ndios aos dogmas e costumes da sociedade europia. Nas aldeias eram demarcadas, em primeiro, a igreja e a praa central e, a partir desse ncleo, traavam-se as demais construes, como a sede administrativa chamada de Cabildo, a escola, o refeitrio, as casas para as famlias, as oficinas, o cemitrio, a casa das vivas e rfos, a hospedaria e ainda a horta e pomar chamados de Quinta, formando assim uma vila organizada.

*Mestranda do Programa de Ps-Graduao em Histria da PUC RS - Especialista em Conservao Restaurao de Bens Culturais Mveis pelo CECOR/UFMG Especialista em Patrimnio Cultural Conservao de Artefatos pela UFPEL Bacharel em Pintura e Gravura pela UFPEL - Instituies: Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - 12 Superintendncia do IPHAN RS

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Na casa reducional, as famlias foram individualizadas uma das outras, por paredes, mas ainda sob um mesmo teto. Ainda que seja uma mudana profunda, os ndios encontraram uma certa continuidade da sua morada tradicional, o que teria facilitado a adaptao. Os padres jesutas mesclavam alguns costumes guarani para conseguir essa organizao na reduo. Tambm eram desenvolvidas atividades, tais como agricultura, pecuria, carpintaria, marcenaria, pintura, escultura, dentre outras. As Misses s foram incorporadas ao territrio nacional em 1750, com o Tratado de Madri, em troca da Colnia de Sacramento. Aps esse tratado, as Misses foram palco de vrios conflitos, resultando na destruio e saque das redues jesuticas. O que restou dos Sete Povos foi abandonado, e suas runas foram redescobertas no sculo XX, tornando-se objeto de proteo como parte da memria nacional. Hoje, ainda se encontram os remanescentes arqueolgicos dos antigos povoamentos. Alm desses resqucios materiais, soma-se a lio de cooperativismo e adaptao deixada pelos ndios Guarani que, apesar de terem sido massacrados pela Guerra Guarantica, deixaram uma histria de luta que impressiona a todos. Nas palavras de Luiz Antnio Custdio, observa-se esta anlise: O espirito barroco missioneiro que restou deste grande naufrgio, material e ideolgico, impressiona a quantos puderem passar por l. So anjos, arcanjos, querubins, santos e ndios. Cedro e arenito. Terra vermelha, fumaa, estrelas do sul... (Custdio, 2000, p.19). importante destacar a Reduo de So Miguel, onde se pode ver a Runa da Igreja, que ainda hoje mostra sua grandiosidade, e vale lembrar que as redues eram formadas a partir do edifcio da igreja e da praa central, locais que ficavam em destaque dentro do reduo, provocando grande impacto visual, mostrando o poder da Igreja, claramente uma das formas que os padres usavam para persuadir os habitantes das redues para uma conquista espiritual. Conforme lemos em Brando (1999): Persuadindo, a arquitetura instigava o cidado a adotar um modo de vida de acordo com o sistema, integrando-o e fazendo-o participar ativamente.... O Museu das Misses tambm est localizado dentro do stio arqueolgico da Reduo de So Miguel. Construdo em 1940, armazena acervo relacionado s Misses, em prdio projetado pelo arquiteto Lcio Costa. Em seu acervo encontram-se as esculturas missioneiras produzidas entre os sculos XVII e XVIII, aproximadamente 94 imagens sacras, as que sero objeto deste estudo. A maioria das imagens missioneiras guarani de autoria desconhecida. Sabe-se que os jesutas orientavam os indgenas nas oficinas de arte, alm de talharem algumas peas por inteiro. As figuras eram talhadas na madeira que depois eram policromadas. Os altares, tambm em madeira, eram coloridos e dourados, decorados com pilastras, flores e santos. Essas imagens serviam como elemento catequtico. Esse carter didtico da arte apareceu na Idade Mdia, como uma forma eficiente de ensinar a religio. No perodo Barroco, houve uma revalorizao da imagem religiosa, como forma eficaz de se dirigir s pessoas. Com isso, apareceram santos ligados ao cotidiano do homem comum, proporcionando um contato mais direto com Deus. Esse esprito trouxe um grande desenvolvimento da imaginria. Segundo Mriam Ribeiro, na imaginria missioneira, podem-se observar diferenas estilsticas ntidas entre as imagens do sculo XVII e as do sculo XVIII. As primeiras so inspiradas no classicismo renascentista, com modelos espanhis; j as outras so barrocas, que incorporaram os modelos italianos, germnicos e, ainda, caractersticas plsticas e simblicas prprias da cultura guarani. Tm-se conhecimento de que os jesutas Jos Brasanelli e Antnio Sepp Von Rechegg foram os artistas que difundiram os modelos barrocos italiano e germnico, mas a maioria das esculturas missioneiras eram confeccionadas pelos

Fig. 01 Ilustrao do sculo XVIII Misso Jesutica de So Joo Batista

Fig. 02 Runa da Igreja de So Miguel Arcanjo

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prprios ndios, inspiradas em modelos europeus, atravs de desenhos, gravuras ou de outras esculturas. O historiador Armindo Trevisan divide o patrimnio escultrico das Misses em quatro classes. Primeiramente, as obras-primas dos grandes mestres, que seriam as esculturas de autoria de mestres europeus que vieram para a Amrica do Sul; em segundo, as esculturas elaboradas pelos ndios seguindo modelos europeus; em terceiro, as obras mistas, esculturas nas quais a tcnica e o modelo europeu se unem ao espirito do ndio; e, por ltimo, as plsticas ndias, esculturas em pedras realizadas pelos ndios antes da chegada dos missionrios. J a museloga Maria Ins Coutinho, em seu estudo sobre a imaginria missioneira, classificou tipologicamente as obras em trs categorias: eruditas, mistas e primitivas. Nesse mesmo trabalho, as peas tambm foram analisadas do ponto de vista tcnico, estilstico, iconogrfico, da nomenclatura Barroco Guarani, mas no chegam a ter um aprofundamento maior. De acordo com a autora, alguns problemas se delinearam, principalmente em relao datao das peas. Foram levantadas duas hipteses: primeiramente, que no incio eram executadas as obras eruditas pelos mestres europeus e, as primitivas, pelos ndios; a segunda forma de pensar sugere que, em fase posterior ao incio do contato, os indgenas passaram por um perodo de maior criatividade. Nessa fase, para a autora, teriam sido realizadas as obras primitivas. No contexto da arte sacra brasileira, percebe-se que a escultura barroca missioneira ainda assunto pouco estudado. Essas obras merecem especial destaque por ilustrarem o processo de aculturao do ndio Guarani, e tambm a originalidade da expresso indgena incorporada aos padres europeus. Este trabalho tem por objetivo fazer uma anlise das esculturas sacras missioneiras. Sabe-se que hoje elas esto fora do seu contexto original. A grande maioria encontra-se em museus e colees particulares, mas isso no impede que elas possam ser estudadas. O objeto ainda existe, apesar de muitas vezes j apresentar problemas, perda de policromia, perda do suporte e blocos de madeira, seja pela ao do tempo, seja pela ao humana. So marcas deixadas pela sua prpria histria. Elas so um documento visual que nos permitir revelar um pouco da histria cultural das misses jesuticas guarani. Fig. 03 Imagem de Nossa Senhora da Conceio, pertencente ao acervo do Museu das Misses As obras so complexas, heterogneas, apresentam pluralidades artsticas; ora so representadas imagens esquematizadas e frontalistas, ora formas com planejamento movimentado, e dramatizadas, semelhantes s imagens do Barroco europeu. Pretendo realizar uma anlise das esculturas do ponto de vista estilstico, iconogrfico e tecnolgico e estabelecer relaes com a situao poltica, cultural e religiosa da poca.

JustificativaComo j se comentou na introduo, a arte religiosa dos sculos XVII e XVIII assunto pouco estudado. So escassas as publicaes na rea e, at h pouco tempo, s se ouvia falar na escultura de Aleijadinho e na pintura de Manoel da Costa Ataide, artistas que se destacaram por terem realizados obras de grande representatividade no Estado de Minas Gerais. Sabe-se que o patrimnio sacro brasileiro composto de um riqussimo e variado acervo de representaes estilsticas, existente de norte a sul do Pas. Embora existam estudos sobre a imaginria no Brasil, observa-se um volume reduzido de trabalhos referentes ao Rio Grande do Sul, quando comparado s outras regies do Brasil. No contexto do Rio Grande do Sul, encontramos um acervo importantssimo de imaginria missioneira que j foi estudado por alguns historiadores, j citados, mas ainda h muito a ser feito nessa rea. Por isso, este projeto visa a um estudo aprofundado da histria, das caractersticas estilsticas, da tcnica de construo, da iconografia e tambm a conservao. Assim, estaremos ampliando o conhecimento da rea da imaginria no Rio Grande do Sul.

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Objetivo GeralO objetivo geral deste trabalho desenvolver uma profunda investigao sobre a imaginria missioneira, atravs do estudo das esculturas sacras pertencentes ao Museu das Misses. Daremos importncia contextualizao, localizao, trajetria histrica das peas e ainda discusso a respeito de suas caractersticas, pluralidades artsticas, tecnolgicas e iconogrficas.

Objetivos Especficos Contextualizar o ndio Guarani e as redues. Estudar a esttica guarani e as artes da Contra-Reforma. Buscar a definio de um estilo das Misses. Estudar a tecnologia de construo da produo escultrica sacra desenvolvida e encontrada no Rio Grande do Sul, traando um paralelo com outras regies do Pas. Examinar a mo-de-obra utilizada: indgena e jesutica. Definir as causas de deteriorao das imagens. Diferenciar a imaginria do perodo barroco do sculo XVII e XVIII jesutica/missioneira encontrada no Rio Grande do Sul. Analisar a iconografia das imagens pertencentes a este estudo. Anlise estilstica das imagens que fizerem parte do projeto. Anlise dos materiais constituintes: realizao de exames tcnico - cientficos organolpticos e laboratoriais para tentar chegar a uma possvel datao das imagens. Formao de banco de dados que permitir o estudo das esculturas.

Metodologia Levantamento bibliogrfico. Seleo, identificao e cadastramento das imagens do estudo. Levantamento grfico e fotogrfico. Anlises das peas: iconogrfica, estilstica, materiais, tcnica, estado de conservao. Consultas e entrevistas com especialistas, historiadores, padres, muselogos, artistas, colecionadores. Cruzamentos das informaes para formao do suporte terico.

Problemas As esculturas eram uma simples cpia dos padres europeus, ou apresentavam uma criatividade indgena? Existiu um estilo artstico nas Misses. Seria este o Barroco-Guarani, uma forma crioula de expresso ? Que tipo de arte pr-reducional existia nas tribos Guarani? Quanto datao das peas, como definir as esculturas dos sculos XVII e XVIII? Como classificar tipologicamente as peas existentes? Existem vrias propostas feitas por diferentes estudiosos. Existiu uma mescla da iconografia europia com elementos nativos que remetem ao imaginrio guarani?

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HiptesesAlgumas esculturas seriam cpias de padres europeus, mas no uma cpia fiel, apresentariam manifestaes do imaginrio guarani, ou ainda poderiam apresentar inabilidade do executor. Com os exames laboratoriais de anlise dos materiais constitutivos da obra, talvez seja possvel chegar a uma datao mais precisa. A arte pr-reducional existente poderia ser os elementos em pedra, a cermica, a plumria e a tecelagem vegetal confeccionados pelos ndios. Quanto classificao tipolgica das peas, a princpio, pretende-se seguir a classificao do inventrio da imaginria missioneira realizada pelo IPHAN. O estilo artstico que se desenvolveu nas Misses foi o Barroco-Guarani, com uma mistura de elementos da arte da Contra-Reforma com elementos da cultura guarani.

Fontes e ArquivosUtilizarei fontes primrias e secundrias e consultarei arquivos de bibliotecas e instituies: Biblioteca da Escola de Belas Artes da UFMG/MG, Biblioteca da PUC/RS, Biblioteca do Instituto de Artes UFRGS/RS, Biblioteca da Unisinos/RS, Biblioteca do Margs/RS, Centro de Estudos sobre Imaginria Brasileira CEIB/ CECOR/ UFMG/MG, Banco de dados da Comisso do Patrimnio Cultural da Universidade de So Paulo/SP, Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico do Rio grande do Sul/RS, Instituto Estadual do Patrimnio Histrico e Artstico do Rio Grande do Sul, Museus das Misses - So Miguel/RS, Museu Jlio de Castilho Porto Alegre/RS , Museu de Arte Sacra de So Paulo/SP , Museu Mineiro Belo Horizonte/ MG - Igrejas e Parquias em localidades do Rio Grande do Sul.

Fases da Pesquisa1 fase: Levantamento bibliogrfico 2 fase: Disciplinas do Curso 3 fase: Levantamento do acervo/ Catalogao e Identificao 4 fase: Escolha das peas 5 fase: Entrevistas com especialistas 6 fase: Exames tcnico-cientficos 7 fase: Anlise estilstica 8 fase: Anlise iconogrfica e iconolgica 9 fase: Anlise da tcnica construtiva 10 fase: Anlise do estado de conservao 11 fase: Levantamento grfico 12 fase: Levantamento fotogrfico 13 fase: Cruzamentos das informaes 14 fase: Defesa da Dissertao

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Exames a olho nu e com lupa binocular.

Pretende-se enviar amostras dos materiais para o Laboratrio de Cincia da Conservao do Centro de Conservao e Restaurao de Bens Culturais Mveis - Cecor / UFMG e para o Instituto de Pesquisas Tecnolgicas - IPT / SP.

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Consolidao de fotografias em gelatina e prata danificadas por gua e fungos: aplicao de consolidantes com o uso de nebulizadorSandra Baruki*

IntroduoEste artigo parte da dissertao de mestrado na Camberwell College of Arts do The London Institute enfoca a pesquisa, proposta e teste de consolidao de fotografias sobre papel em gelatina e prata danificadas por fungos e gua atravs do uso de um nebulizador de ar. Estudos e artigos relevantes foram pesquisados em vrios campos de atuao incluindo no s a conservao de papel e fotografia, mas tambm outras reas da conservao. Observaes discutidas em encontros com orientadores, com conservadores de fotografia e cientistas da conservao tambm foram consideradas. Um consolidante protico, trs derivados de celulose e uma disperso de resina acrlica foram testados (Gelatina, Metilcelulose, Klucel G, Etilhidroxietilcelulose solvel em gua EHEC e Lascaux 498 HV) para pesquisar as suas eficcias enquanto aplicados como uma nvoa consolidante produzida por um pequeno nebulizador de ar comprimido. Alteraes na cor e brilho, assim como fora de adeso, foram avaliadas atravs de medies de cor e brilho das amostras antes e depois da consolidao, assim como aps o envelhecimento artificial e do uso do mtodo de teste com o Post-it concebido por Grantham (1999, p. 25). Avaliaes de resultados visuais atravs de microscpio estereoscpico tambm foram realizadas. Este texto est dividido em cinco sees, alm desta introduo. A Seo 1 apresenta os objetivos da pesquisa; a Seo 2 mostra a justificativa e motivao para a escolha do assunto; a Seo 3 desenvolve a metodologia adotada; a Seo 4 discute os resultados alcanados e finalmente, a Seo 5 apresenta as principais concluses da pesquisa. 1. Objetivos da pesquisa Fotografias em gelatina gravemente danificadas so muito freqentes em arquivos e constituem um problema complexo e um desafio para a conservao. Fotografias sobre papel em gelatina e prata danificadas por gua e fungos so resultado de condies de ambiente de armazenamento ruim, de manuseio inadequado e desastres, como enchentes e vazamentos, por exemplo. As caractersticas de deteriorao podem variar de um grau mnimo at graves. A emulso de gelatina pode estar apenas manchada (alguns pontos) ou pode chegar at a um estgio de pulverizao, com a emulso se desintegrando totalmente, nos casos mais graves. Os materiais fotogrficos histricos e contemporneos possuem estrutura multilaminar complexa formada por suporte, ligante e substncia formadora da imagem. O papel o suporte mais tradicional na histria da fotografia. Com relao a ligantes, os processos fotogrficos contemporneos usam gelatina, que s foi introduzida nas ltimas dcadas do sculo XIX. A gelatina extrada de peles e ossos de animais (Reilly, 1986, p. 28). O ltimo elemento a ser mencionado a substncia formadora da imagem. A prata metlica a mais importante substncia formadora da imagem. Fotografias em gelatina e prata podem ser divididas em papis de impresso direta de cloreto de prata (gaslight paper DOP and printing-out papers POP), clorobrometo (papis de contato e developing-out papers DOP) e brometo de prata (papis de revelao DOP) (Kingsley, 2000, p. 3). Os materiais fotogrficos podem deteriorar devido a fatores externos e intrnsecos.

*Conservadora de Fotografia, com Mestrado em Conservao (MA in Conservation) - Chefe do Centro de Conservao e Preservao Fotogrfica da Funarte /Fundao Nacional de Arte E-mail: [email protected]

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Mudanas no tamanho e formato dos objetos, reaes qumicas e aparecimento de microorganismos, fungos, bactrias e insetos so os principais problemas relacionados a altos ndices de umidade relativa. Fungos podem danificar a emulso de gelatina tornandoa solvel em gua e tambm causando manchas irreversveis. A emulso quebradia, fragmentada e em estgio de pulverizao avanado so resultados de tais fatores de deteriorao. A gelatina um dos materiais orgnicos mais sensveis umidade e, como uma classificao geral, os materiais fotogrficos so conhecidos por serem extremamente sensveis a variaes de umidade (Smith, 2000). Os procedimentos adotados para a preparao das amostras foram preestabelecidos no que diz respeito aos objetivos da pesquisa. Os consolidantes foram testados, assim como o mtodo de aplicao usando a nvoa produzida por um pequeno nebulizador de ar. Questes estticas e ticas devem ser consideradas na escolha do mtodo e material a serem aplicados em situaes reais. 2. Justificativa e motivao para escolha do tema O Centro de Conservao e Preservao Fotogrfica (CCPF) tem se preocupado em atuar tanto na conservao preventiva como em intervenes de conservao em fotografias com emulso de gelatina deteriorada por fungos e gua (especialmente quebradias, soltas e em estado de pulverizao). Em 1997, esse importante tema de pesquisa foi discutido em uma oficina coordenada pela conservadora americana Nora Kennedy, com o ttulo Brainstorming: propostas de tratamentos de conservao para fotografias danificadas por gua e/ou microorganismos, que aconteceu no CCPF como parte da programao de um seminrio internacional realizado pela FUNARTE. O programa da oficina abrangeu variadas e diferentes tcnicas de higienizao e consolidao para materiais fotogrficos atingidos por gua e/ou fungos no sentido de tentar desenvolver propostas e estratgias para a soluo de problemas desse tipo. A oficina foi o ponto inicial desta pesquisa. Desde ento, alguns materiais e mtodos tm sido testados e aplicados nos tratamentos de conservao de rotina realizados no CCPF pela sua equipe. Entretanto, os consolidantes so analisados apenas com relao aos resultados visuais e estticos alcanados. Testes cientficos complementares devem ser tambm realizados na rotina de trabalho do CCPF. Ao participar da oficina coordenada pela conservadora Dr. Sandra Grantham realizada no Victoria & Albert Museum Paper Conservation Department, para os alunos do mestrado de conservao de Camberwell, com o ttulo Tcnicas de Velatura, Aspirao e Nebulizao a consolidao estava novamente na pauta de discusso e trabalho. A consolidao com o uso de nebulizador e cmaras de umidificao foi abordada como um tratamento para camadas frgeis e soltas de tinta, com base na pesquisa extensa conduzida por Grantham durante seus estudos no Royal College of Arts Victoria & Albert Museum Joint Course (1999, p. 20-21). Tivemos a oportunidade de praticar a tcnica e comparar amostras tratadas atravs de magnificao microscpica. O curso despertou na autora deste artigo a seguinte questo: essas tcnicas e metodologias de teste so aplicveis a superfcies fotogrficas? O tratamento de fotografias de gelatina sobre papel em estgio avanado de deteriorao uma rea da conservao que demanda novas pesquisas. tambm uma questo crtica para estudos com ampla aplicao em vrios pases, conforme conversas mantidas com alguns conservadores e cientistas, assim como relatado em textos tcnicos pesquisados (Norris, 1995). As experincias relatadas acima guiaram e motivaram a escolha do tema de pesquisa: testes de consolidantes e aplicao atravs da nvoa produzida por um nebulizador de ar no tratamento de emulses fotogrficas de gelatina danificadas.

3. Metodologia3.1 Preparao de amostras De acordo com os objetivos da pesquisa, dois conjuntos de amostras foram preparados para a avaliao das caractersticas de envelhecimento e para checar a eficcia dos consolidantes sobre superfcies danificadas por umidade e fungos. A equipe do CCPF forneceu amostras de papel fotogrfico preto-e-branco processado (de papel Ilford mate):

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um grupo de material exposto luz superfcies em preto e outro sem exposio brancas para testar mudanas na cor e no brilho do material. Os papis fotogrficos processados foram cortados no tamanho 4,0 x 4,0cm. Um total de 60 amostras foram preparadas: 30 em papel branco e 30 em papel preto. Cada conjunto de amostras (ex: 30 brancas e 30 pretas) foi dividido em seis grupos de amostras de cinco espcimes cada uma. Um grupo foi mantido sem tratamento como controle e os outros cinco grupos foram consolidados (veja abaixo as tabelas). As amostras foram codificadas de acordo com o consolidante ou marcadas como no-consolidadas. Os cdigos foram escolhidos em correspondncia com os consolidantes (por exemplo, M1 a M5 para Metilcelulose; G1 a G5 para Gelatina, etc.). Encontrar as amostras de material danificado foi um tarefa rdua no desenvolvimento do trabalho. Para conseguir tais amostras, trs caminhos foram considerados: 1) amostras poderiam ser selecionadas de material fotogrfico original em gelatina e prata sobre papel, danificado por gua e fungos; 2) poderamos produzir amostras por inoculao de microorganismos nas espcimes e permitir a incubao (Holt, 1995); ou 3) a produo de amostras com a imerso em gua, danificando fotografias com gua. Questes de riscos de operao dentro da Escola fizeram com que rejeitssemos a tcnica de inoculao. Finalmente, amostras adequadas foram encontradas durante uma visita ao The Heinz Archive and Library da National Portrait Gallery (NPG) em Londres. A instituio, gentilmente, doou as amostras para o projeto cientfico e permitiu que elas fossem destrudas nos testes. Elas eram parte de um grupo de centenas de fotografias danificadas por gua. Em Camberwell elas foram checadas sob iluminao ultravioleta, para verificar a presena de contaminao ativa de fungos. Algumas apresentaram fluorescncia sob UV. Exames posteriores foram realizados em microscpio. A emulso de gelatina estava muito deteriorada, com reas frgeis, descolando, quebrando, soltando do suporte, e com reas j pulverizadas. Segundo critrios de conservao e objetivos do projeto, as fotografias foram limpas, para a reduo do ataque de fungos. Elas foram inicialmente arejadas e secas em capela de exausto, com ventilao contnua, por vrias horas, com a frente (recto) e verso para cima, respectivamente. Depois, ainda na capela, elas foram higienizadas (especialmente no verso) com o uso de um aspirador de p prprio para museus, com suco controlada. A limpeza da emulso foi evitada devido ao seu estado de grande fragilidade. A tcnica comumente utilizada de aplicao de solvente (soluo de etanol e gua 70%, aplicado com cotonete de algodo) foi evitada tambm, em virtude da fragilidade da emulso. Esse procedimento poderia destruir reas danificadas da emulso que nos interessavam como amostras. As fotografias foram cuidadosamente examinadas para a definio de reas para corte de amostras. Escolhemos principalmente regies bastante atingidas, j com a emulso em fase de pulverizao, embora algumas reas quebradias tambm tenham sido selecionadas. Trinta amostras foram cortadas do material fotogrfico doado. As amostras foram cortadas no formato 2.8 x 12.5cm. Foram, a seguir, divididas em seis grupos de amostras de cinco espcimes cada. Um grupo de amostras foi mantido sem tratamento, e todos os outros cinco restantes foram consolidados usando os materiais consolidantes detalhados abaixo. As amostras foram codificadas conforme mencionado anteriormente. Algumas amostras foram selecionadas e fotografadas no microscpio esteresocpico (20X) de acordo com o problema de deteriorao predominante detectado. A documentao fotogrfica foi realizada para comparao posterior, aps o tratamento e envelhecimento artificial. 3.2. Consolidantes testados Como mencionado h pouco, cinco misturas consolidantes foram escolhidas para testes, as quais so listadas a seguir, com as razes para a seleo. Gelatina 1% em gua: foi escolhida por ser um consolidante tradicional, usado j h muitos anos na conservao e por ser o mesmo ligante da emulso fotogrfica em teste. Metilcelulose 0,5% em gua: o adesivo tem sido utilizado nos ltimos 15 anos em conservao fotogrfica no CCPF, com bons resultados. Etilhidroxietilcelulose EHEC - solvel em gua 0,5%: este material foi tambm testado por Grantham como parte da sua pesquisa, e a autora quis examinar a sua aplicabilidade como consolidante em materiais fotogrficos. Klucel G 0,25% em IMS e

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Lascaux 498 HV em gua (mistura 1:6): os dois ltimos foram solicitados pelos colegas do CCPF, j que foram tambm utilizados na oficina mencionada anteriormente. 3.3. Preparao de amostras consolidadas Inicialmente, todos os consolidantes listados acima foram rapidamente testados com o nebulizador de ar, no sentido de avaliar a nvoa da mistura e o desempenho da aplicao na superfcie. Os procedimentos para a consolidao foram baseados nas recomendaes de Grantham (1999, 13-15), que sugere a aplicao do consolidante em etapas, em vez de em uma nica vez. O nmero de aplicaes tambm no deve exceder seis vezes, porque Grantham (1999, p. 15) descobriu que ... alm deste nmero, mudanas visveis nas camadas de tinta so evidentes e comeam a acontecer, e uma significante melhoria na adeso era freqentemente alcanada com poucas aplicaes. Esse critrio foi seguido, e os consolidantes foram aplicados s amostras em seis etapas, com um mnimo de intervalo de cinco minutos entre cada aplicao, para esperar o consolidante secar. Cada grupo de amostras foi tratado em seqncia. Grantham recomenda tambm a umidificao das superfcies de tinta a guache antes do tratamento, numa cmara com umidade relativa controlada (69% de UR). Esse procedimento tcnico no foi adotado por dois motivos: em primeiro lugar, havia a possibilidade de maior proliferao de fungos em funo da umidade relativa elevada; em segundo, as camadas de emulso de gelatina das amostras (em especial daquelas danificadas doadas pelo Heinz Archive) poderiam sofrer deteriorao causada pelos movimentos diferenciais do suporte e da emulso. 3.4. Testes 3.4.1. Medies de cor e brilho As amostras novas de papel fotogrfico processado preto-e-branco preparadas para os testes foram medidas nos critrios de cor e brilho antes da aplicao dos consolidantes. Utilizamos um cromatgrafo Minolta (modelo CR 300) para as medies de cor. O Lab colour space foi usado e os resultados, registrados. As medidas de brilho foram realizadas a partir de uma cabea de brilho conectada a um espectrofotmetro de reflexo (Unigalvo DS29). Os valores de brilho foram registrados como uma porcentagem de luz do espectro refletida e calibrada com relao a uma superfcie-padro com 100% de reflexo especular. As medies foram ento repetidas aps a aplicao de consolidantes, e os resultados foram registrados. As amostras foram ento submetidas a envelhecimento artificial por 14 dias, numa cmara Gallenkamp com temperatura de 80 C e umidade relativa de 65%. Depois da remoo do forno, as medidas de cor e brilho foram novamente tomadas e os resultados, registrados. 3.4.1. Avaliao visual e o Teste Post-itTM As amostras doadas pelo Heinz Archive foram avaliadas visualmente antes do tratamento de consolidao (a olho nu e no microscpio esterescpico Olympus SZ-PT com magnificao de 20X). Realizou-se a documentao fotogrfica atravs do microscpio para possibilitar a comparao visual posterior das amostras depois da consolidao e do envelhecimento artificial. Essas amostras foram ento consolidadas e, depois, envelhecidas artificialmente por 13 dias num forno de umidade relativa e temperatura controlada para envelhecimento artificial (cmara Gallenkamp) com a temperatura de 80C e umidade relativa de 65%. Depois da remoo da cmara de envelhecimento, as amostras fotogrficas deterioradas foram novamente analisadas a olho nu e no microscpio estereoscpico. Para avaliar a eficcia dos consolidantes em termos de fora de adeso, uma verso do teste com Post-itTM (papis com adesivo) foi usada (Grantham, 1999). As amostras envelhecidas artificialmente e um bloco de papel para notas com adesivo Post-itTM foram guardados por 24 horas em um ambiente controlado (230C 2, UR 50% 4). Cada amostra foi relacionada com uma folha de Post-itTM que foi pesada com mxima preciso de mg usando uma balana analtica Oertling localizada na mesma sala de ambiente controlado. Cada registro de peso foi anotado. A tira de adesivo de cada papel relacionado amostra foi ento suavemente aplicada sobre a superfcie consolidada de cada amostra fotogrfica. Um peso cilndrico de ao inoxidvel (20g) foi ento aplicado (rolando) duas vezes sobre a regio da tira de adesivo do Post-itTM. O papel de notas Post-itTM foi ento removido delicadamente (puxado para fora) da espcie fotogrfica. Antes da pesagem inicial, os papis de notas foram cortados (em tamanho igual) de maneira que o compri-

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mento fosse ligeiramente menor que o comprimento das amostras. Esse procedimento garantiu que a mesma rea da tira de adesivo fosse aplicada em cada amostra. Depois da remoo dos papis de notas das superfcies das amostras fotogrficas, os papis Post-itTM foram novamente pesados e os novos pesos, registrados. O aumento no peso, calculado a partir da diferena do peso inicial do papel de nota antes da presso do peso cilndrico sobre a amostra fotogrfica consolidada, indica a adeso da superfcie consolidada, ou melhor: quanto maior a diferena de peso registrada, maior a quantidade de emulso fotogrfica aderida e removida no papel de notas Post-itTM .

4. Resultados4.1. Avaliao visual e as amostras do Heinz Archive depois do envelhecimento Em todos os casos, a aplicao de consolidantes parece ter fracassado no que diz respeito ao relaxamento superficial dos pedaos de emulso e da camada de barita. Essas reas deterioradas continuaram bem aparentes e volumosas no substrato quando analisadas sob luz rasante. Os melhores resultados visuais foram conseguidos nas reas de gelatina em pulverizao. Os consolidantes aplicados melhoraram a unidade visual dessas superfcies pulverizadas. Uma avaliao para qualificao dos melhores resultados indica: os consolidantes Lascaux, Klucel G e EHEC solvel em gua deram os melhores resultados, seguidos de Metilcelulose. A Gelatina foi avaliada como a menos eficaz. 4.2 . Resultados do teste com bloco de notas Post-it TM Os aumentos de peso em gramas esto tabulados (Tabela 1) a seguir como mdias, com os desvios-padro das amostras para cada grupo de amostras de cinco espcimes. 4.3. Resultados dos testes de brilho As mudanas de brilho esto tabuladas (Tabelas 2 e 3) a seguir como mdias, com os desvios-padro das amostras para cada grupo de amostras de cinco espcimes. Em todos os casos, o brilho diminuiu depois da consolidao e envelhecimento. O brilho das amostras no consolidadas (no-tratadas) tambm diminuiu. 4.4. Medies no Lab colour space Valores mdios foram calculados para cada grupo de amostras usando o software estatstico Sigmastat 2.03 (Tabelas 4 a 11). As mdias foram ento usadas para calcular as diferenas de cor para cada grupo de amostras entre no-consolidadase no-envelhecidas com consolidadas e envelhecidas usando a frmula para clculo de diferencial de cor E = [(L2 - L1) + (a2 - a1) + (b2 - b1)].

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5. Discusses e conclusesDo ponto de vista do poder de adeso, nenhum dos consolidantes melhorou a resistncia das superfcies fotogrficas com relao ao teste Post-itTM. Os resultados foram analisados estatisticamente usando o software Sigmastat 2.03. As diferenas nas mdias de peso ganho entre todos os seis grupos de amostras no foram significativas. Embora esse teste seja bastante agressivo, j que as etiquetas adesivas so bastante grudentas, foi tambm observado que, em todas as amostras consolidadas, foi possvel remover material das superfcies fotogrficas dos espcimes apenas passando o dedo sobre elas. Em todos os casos testados, o critrio brilho diminuiu depois da consolidao e do envelhecimento. O brilho tambm decresceu nos espcimes no-consolidados, depois do envelhecimento, embora o decrscimo tenha sido ligeiramente menor do que o observado nas amostras consolidadas. No caso dos grupos de amostras de papel fotogrfico pretas, quando analisadas estatisticamente (novamente com o Sigmastat 2.03), a diferena nas

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mdias no foi significante. No caso dos grupos de amostras de papel fotogrfico brancas, uma diferena significativa nas mdias foi encontrada entre a mdia de diminuio de brilho para o grupo tratado com Lascaux e a mdia de diminuio de brilho de todos os outros grupos. A perda de brilho para esse grupo (Lascaux) foi aproximadamente o dobro da perda do grupo com o valor maior de perda mais prximo. Uma diferena significante foi tambm detectada entre o grupo tratado com gelatina e o grupo de amostras noconsolidadas. As medies tomadas no Lab colour indicaram que o todo o conjunto de amostras consolidadas apresentou dados comparativos favorveis com relao ao conjunto de amostras no-consolidadas, com apenas pequenas alteraes de cor como resultado do envelhecimento acelerado. Os valores Delta E foram pequenos em trs grupos de amostras apenas, mostrando alteraes maiores do que 1 nos seguintes grupos: as amostras brancas tratadas com Klucel G e Lascaux e nas amostras pretas tratadas com Klucel G. Com base nas informaes colhidas durante o desenvolvimento deste projeto, tentaremos a seguir traar algumas concluses. A combinao do nebulizador com os consolidantes utilizados no pareceu consolidar fisicamente as superfcies. Notamos particularmente, como mencionado acima, que, nas superfcies com reas de emulso soltas, tais reas no relaxaram de volta sobre a superfcie, o que torna difcil que uma pequena quantidade de consolidante aplicada superfcie venha a aderir essas reas ao suporte. Mesmo as reas com emulso de gelatina pulverizada permaneceram frgeis depois da consolidao. Em contrapartida, no ocorreram alteraes drsticas em brilho e cor depois da consolidao e do envelhecimento. A aplicao de consolidantes com o uso de um pequeno nebulizador de ar para fotografias danificadas permanece uma questo em aberto. Pesquisas mais aprofundadas so necessrias para se obter uma resposta. Em primeiro lugar, os testes realizados e detalhados acima devem ser refeitos para conferir se os resultados se repetem. Em segundo lugar, os procedimentos de testes podem ser tambm ampliados com a variao de condies de aplicao, com a variao de concentrao de consolidantes em solventes, variando a quantidade de vezes de aplicao, testando outros materiais e ainda experimentando a umidificao preliminar das amostras aplicao do consolidante. O exame em microscpio das superfcies antes e depois do tratamento de conservao dever ser aprofundado, de maneira a explorar como os diferentes consolidantes so depositados sobre a superfcie tratada, com a aplicao atravs da tcnica do nebulizador.

BibliografiaGRANTHAM, S. Consolidation. Byobu & Fusuma: Developing an Approach to the Conservation of Japanese Screens Through Technical Study & a Systematic Investigation of Current Practices. PhD thesis. London: Royal College of Art Victoria & Albert Museum Joint Course, 1999. HOLT, J. G. An Evaluation of Alcohol Treatments for Mold-Damaged Photographic Protein Emulsions. Unpublished manuscript. Delaware: University of Delaware/ Program in the Conservation of Art and Historical Objects, 1995. KINGSLEY, H.. Photographic Conservation Session Notes. Unpublished manuscript. Photographic Processes. London: Camberwell College of Arts, 2000. MICKALSKI, S. & DIGNARD, C. Ultrasonic Misting. Part 1, Experiments on appearance change and improvement in bonding, In Journal of the American Institute for Conservation, JAIC 36, 1997. NORRIS, D. H. Current Research Needs in the Conservation Treatment of Deteriorated Photographic Print Materials. Research Techniques in Photographic Conservation. Proceedings from the Copenhagen Conference. Denmark, 1995. REILLY, J. M. Care and Identification of Nineteenth Century Photographic Prints. Rochester: Kodak Publications, 1986. SMITH, A. Conservation Science Class Notes on Humidity. Unpublished manuscript. London: Camberwell College of Arts, 2000.

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NotasBloco de papel para anotaes, com adesivo, normalmente amarelo, e de ampla utilizao em escritrios.1

A aplicao de consolidantes com o uso de pincel, aergrafo e nvoa (ultrasonic misting) foi proposta, considerada e testada para materiais fotogrficos conforme orientao da coordenadora. A nvoa produzida atravs de equipamento de ultra-som foi preparada e realizada segundo o mtodo de aplicao de solues consolidantes para superfcies em pulverizao que foi desenvolvido pelo Canadian Conservation Institute em 1989 (Mickalski e Dignard, 1997, p. 109).2

Comunicao pessoal mantida via e-mail com a Conservadora Nora Kennedy, The Metropolitan Museum of Art, New York, fevereiro 2001.3

Conversa pessoal mantida com Bertrand Lavredrine, Diretor do CRCDG, Paris, novembro 2000.4

AgradecimentosMark Sandy e Corinne Hillman, meus orientadores em Camberwell College of Arts; Alan Elwell, Dave Garnett e Mike Yianni, tcnicos em Camberwell; Aneta Tsouka, colega de mestrado; Terence Pepper e Claire Freestone, da National Portrait Gallery, Heinz Archive, pelas amostras doadas; Bertrand Lavredrine, Director of C.R.C.D.G. - Centre de Recherches sur la Conservation des Documents Graphiques, Paris, Nora Kennedy, do The Metropolitan Museum of Art, New York e Riitta Koskivirta, do The Photographic Museum of Finland, pela orientao tcnica na elaborao da proposta; meus colegas do Centro de Conservao e Preservao Fotogrfica -CCPF, especialmente Ana Saramago e Clara Mosciaro, pela ampla ajuda durante a pesquisa, e Daniela Silva e Devani Ferreira, pela preparao de amostras; Fundao Nacional de Arte - FUNARTE e Fundao VITAE pelo apoio financeiro.

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Pesquisa das condies de preservao do conjunto documental - Licena para Obras, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, usando a metodologia de amostragem aleatriaIngrid Beck*1. O acervo e suas condies de preservaoO conjunto documental Licena para Obras, do Arquivo da Cidade, constitudo de cerca de 50.000 processos que permitem acompanhar a histria da evoluo urbana e arquitetnica da cidade do Rio de Janeiro, de 1792 at a primeira dcada do sculo XX. Os processos contm grande nmero de plantas, sendo um dos mais consultados. Trata-se de documentao de carter probatrio (regularizao do imvel, habite-se e outros), cuja obrigatoriedade da administrao pblica em conserv-la garantida pela Constituio Federal. Possui tambm grande valor informativo, seja para fins de pesquisa acadmica, seja para teses de graduao e ps-graduao (Engenharia, Arquitetura, Histria, Jornalismo, etc.). As plantas so manuscritas, em grande parte sobre uma diversidade de materiais, como papel-linho, papel-vegetal e cpias heliogrficas ou eletrostticas. Apresentam desenhos em nanquim com detalhes em policromia e inscries em tinta ferroglica. Sua conservao problemtica, devido ao manuseio intenso e falta de uma proteo fsica adequada. Considerando que a preservao desses documentos se compromete significativamente pelo fato de permanecerem dobrados, a equipe tcnica do Arquivo pensou na possibilidade do reacondicionamento deste acervo, retirando as plantas dos processos e planific-las, para serem acondicionadas em papel alcalino e dispostas em mapotecas horizontais. Mas um projeto dessa magnitude requer uma avaliao prvia, com base num planejamento cuidadoso. Como os processos contm plantas de dimenses diferenciadas, pois refletem as medidas das reas representadas em diferentes escalas, so necessrios dados confiveis sobre as quantidades dessas plantas e as medidas predominantes, em percentuais, para que se possa definir o procedimento mais adequado de preservao. Com esses dados, um estudo de viabilidade para esse reacondicionamento em mapotecas horizontais, por exemplo, poderia prever o que representaria esse acondicionamento em termos de espao fsico, considerando-se que as mapotecas podem apenas atingir a altura em que um homem possa abrir as gavetas e a retirar as plantas, sem o uso de escadas. Por outro lado, os corredores frontais s mapotecas precisam ser amplos e dispor de mesas para apoiar as plantas retiradas. Essas exigncias demandam espao fsico. Visto que o manuseio continuado tem sido responsvel por parcela significativa dos danos, a equipe tcnica considera tambm a microfilmagem um investimento prioritrio, idealmente aliada aos recursos de digitalizao, para a melhoria das condies de preservao e acesso deste importante acervo. Essa tecnologia atenderia de forma imediata ao acesso e preservao, podendo gradualmente contemplar todo o acervo relevante para a pesquisa acadmica e probatria. Da mesma forma, um programa de microfilmagem exige um planejamento, com base em dimenses e quantidades de plantas, tipos de registros grficos e de estado de conservao do suporte, dados que somente podem ser obtidos por meio de um levantamento.

*Museloga, especialista e consultora em Conservao de Documentos. Coordenadora do Projeto Conservao Preventiva em Bibliotecas e Arquivos.

2. A proposta de levantamentoO convite para a realizao de uma investigao sobre as condies e necessidades de preser-

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vao Conjunto Documental Licena para Obras partiu da Diretora da Diviso de Apoio Tcnico, Rita de Cssia de Mattos, e da Diretora da Diviso de Documentao Escrita e Especial, Domcia Gomes, do Arquivo-Geral da Cidade do Rio de Janeiro. A partir desse contato, coube-me apresentar uma proposta de trabalho que pudesse ser desenvolvido em curto perodo de tempo e que permitisse o planejamento de um programa i