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I S I E D ANAIS 2016

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I S I E D

ANAIS

2016

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I S I E D

Grupo de Trabalho 3

Comportamento Organizacional,

Gestão de Pessoas e Relações

de Trabalho

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Anais do 1º Simpósio Internacional em Estratégia e Desenvolvimento – Programa de Pós-Graduação em Administração – Universidade Federal do Pampa

DIFICULDADES NA DISSEMINAÇÃO DO COACHING COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL EM SANTANA

DO LIVRAMENTO-RS.

Grupo de Trabalho: Comportamento Organizacional, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho.

Leonardo Caliari(1), Roberto Cardoso de Mello(2), Carolina Freddo Fleck(3) (1)

Aluno de Administração da Universidade Federal do Pampa – Campus Santana do Livramento-RS; ([email protected]); (2)

Aluno de Administração da Universidade Federal do Pampa – Campus Santana do Livramento-RS; ([email protected]); (3)

Professora Orientadora; Universidade Federal do Pampa – Campus Santana do Livramento-RS; ([email protected]).

Palavras-Chave: Coaching, Desenvolvimento profissional. Mercado de trabalho.

INTRODUÇÃO

O contexto atual do mercado de trabalho tende a direcionar o foco das lideranças das empresas para

o desenvolvimento de seus colaboradores, levando em consideração motivações, interesses e talentos, e relacionando com os objetivos e metas da organização (GASPAR; PORTÁSIO, 2009). Com a busca pela vantagem competitiva por parte das empresas, exigem-se diversas competências dos seus funcionários, e isso faz com que estas empresas foquem suas estratégias para o treinamento e desenvolvimento da equipe de trabalho, para que ela consiga implantar o que foi planejado pela organização (GRAZIANO et al., 2014).

O Coaching é um processo focado que busca maximizar o desempenho dos indivíduos, considerada uma ferramenta que realiza mudanças favoráveis e perenes, sendo conduzido individualmente, para servir como uma oportunidade de enxergar os pontos positivos e negativos de cada indivíduo, aumentando a autoconfiança, diminuindo limitações e fazendo com que as pessoas atinjam seu máximo potencial nas tarefas das quais está designado a realizar (GRAZIANO et al., 2014).

Apesar dos benefícios que o Coaching pode trazer aos profissionais do mercado de trabalho, ainda há certo receio dos empresários em relação a estes instrumentos de desenvolvimento profissional, e isto provavelmente se dá ao fato deles terem surgido recentemente no cenário brasileiro (KARAWEJCZYK; CARDOSO, 2012; COSTA; CAREGNATTO, 2013).

Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar os fatores que influenciam positiva e negativamente na disseminação do Coaching como ferramenta de desenvolvimento profissional no mercado de trabalho de Santana do Livramento-RS. METODOLOGIA

A presente pesquisa é do tipo descritiva, do qual para efetivar sua realização optou-se por uma

abordagem qualitativa, visto que é baixa a quantidade de profissionais coaches em Santana do Livramento-

RS, e por isso buscou realizar um estudo profundo com um destes profissionais para entender os benefícios

do Coaching e as dificuldades para disseminar essa ferramenta na região.

A coleta de dados foi realizada a partir de uma entrevista seguindo um roteiro semiestruturado que foi

elaborado a partir da literatura referente ao Coaching. Através de pesquisas nas redes de contato dos

pesquisadores foram contatados via e-mail três profissionais coaches em Santana do Livramento-RS, sendo

que destes, apenas um retornou o contato aceitando colaborar com este estudo.

A entrevista com o coach foi gravada para que posteriormente fosse realizada a transcrição e análise

das respostas. O Coach entrevistado foi denominado com C1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Coaching é uma ferramenta de desenvolvimento que auxilia o cliente a definir e alcançar objetivos para sua vida profissional, por meio da definição de metas a partir de uma autorreflexão dos seus pontos

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positivos e negativos, sendo que, para o entrevistado “muitas vezes nós como seres humanos estamos acostumados a culpar nossos fracassos à terceiros, só que a gente acaba esquecendo de fazer uma reflexão de onde estou errando e do que eu preciso pra chegar no meu objetivo, e com isso o Coaching auxilia na autorreflexão do individuo perante suas dificuldades” (C1).

Para garantir que o processo de Coaching seja benéfico dentro de uma empresa, é extremamente necessário que a diretoria esteja envolvida neste processo, pois, conforme o entrevistado, “é muito difícil esperar que os colaboradores cheguem ao final do processo se os diretores não estão engajados em realizar as atividades que lhes são proposta pelo coach ou consultor” (C1). Para o entrevistado a resistência do mercado empresarial de Santana do Livramento-RS em relação a novas ferramentas que auxiliem na gestão organizacional é considerada um paradigma negativo que deve ser rompido.

Neste contexto os profissionais que oferecem essa ferramenta de desenvolvimento profissional possuem dificuldades na busca de clientes, e sua importância ainda não é reconhecida no mercado, sendo que, no caso do entrevistado, “a demanda pelo Coaching na cidade é muito baixa, principalmente pela falta de conhecimento da ferramenta” (C1). O entrevistado complementa mencionando que é necessário fomentar a ferramenta no Brasil como um todo, visto que é uma ferramenta pouco utilizada no país quando comparado com países de primeiro mundo como EUA, países europeus, etc.

Os poucos que conhecem a ferramenta tiveram o primeiro contato após contratar um serviço de consultoria empresarial do entrevistado, do qual este ofereceu a utilização da ferramenta para melhorar o engajamento da equipe de trabalho em prol dos objetivos da empresa. Além disso, os que conhecem o Coaching superficialmente o confundem com algum tipo de terapia ou com a psicologia, sendo conceitos completamente distintos, visto que, segundo o entrevistado “o psicólogo e o terapeuta vão trabalhar traumas do teu passado para melhorar o presente, já o Coaching ele é voltado pra te desenvolver para o futuro, visualizando onde tu estás hoje e aonde tu quer chegar amanhã” (C1).

O entrevistado conclui ressaltando que o Coaching é uma ferramenta que faz com que o cliente consiga melhor organizar e planejar seu futuro, através do estabelecimento de metas e objetivos para tornar os seus desejos futuros em algo mais tangível e de possível controle. Com isso, o Coaching surge para melhorar o desempenho da equipe de trabalho das organizações, incentivando cada indivíduo a descobrir seus pontos fortes e saber com usá-los. CONCLUSÕES

O presente estudo buscou analisar os fatores que influenciam positiva ou negativamente na disseminação do Coaching como ferramenta de desenvolvimento profissional no mercado de trabalho de Santana do Livramento-RS. Nos resultados constatou-se como fator positivo o fato dele ser utilizado juntamente à consultoria empresarial, que é um serviço que já possui uma maior abrangência na região quando comparado ao Coaching. Já como fator negativo destaca-se a resistência a mudanças por parte de muitas empresas, e o desconhecimento dos empresários sobre a ferramenta, sendo que o entrevistado tem dificuldades na divulgação desta ferramenta que é comumente confundida com algum tipo de terapia.

Como limitação desta pesquisa ressalta-se o fato de ter sido entrevistado apenas um profissional coach e que os resultados não podem ser generalizados, apesar de que foram encontrados apenas três coaches atuando na cidade, e com o estudo buscou-se refletir o caso específico do entrevistado. Sugere-se para futuros estudos a realização de uma pesquisa comparando a percepção dos coaches da cidade com a de alguns de seus clientes sobre benefícios proporcionados pelo Coaching, para assim tentar compreender os motivos do Coaching não ter muita demanda na cidade e buscar soluções para reverter este quadro. REFERÊNCIAS COSTA, Eva Cristina Boeno da; CAREGNATTO, Margareth Inês Motter. As percepções das empresas do ramo metalmecânico de Caxias do Sul sobre o desenvolvimento de seus profissionais por meio do Coaching. Revista Global Manager Acadêmica, v.2, n.1, 2013. GASPAR, Denis Juliano; PORTÁSIO, Renato Mehler. Liderança e Coaching: Desenvolvendo pessoas, recriando organizações. Revista de Ciências Gerenciais, v.13, n.18, pp.17-41, 2009. GRAZIANO, Graziela Oste; PEIXOTO, Cristiano André; PIZZINATTO, Andrea Kassouf; CASTRO, Dagmar Silva Pinto de. Coaching e Mentoring como instrumento de foco no cliente interno: um estudo regional em São Paulo. Revista Brasileira de Marketing, v. 13, n. 1, pp. 47-59, 2014. KARAWEJCZYK, Tamára Cecilia; CARDOSO, Ana Paula. Atuação profissional em Coaching e os desafios presentes e futuros nesta nova carreira. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof, v.38, n.1, 2012

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GESTÃO DO CONHECIMENTO EM INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO

Grupo de Trabalho: Comportamento Organizacional, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho

Walter Marçal Paim Leães Jr. (1), Émerson Oliveira Rizzatti(2)

(1) Mestrando em Administração da Universidade Federal do Pampa, Santana do Livramento, RS, [email protected]. (2) Mestrando em Administração da Universidade Federal do Pampa, Santana do Livramento, RS, [email protected]. Palavras-Chave: gestão do conhecimento, universidade, ensino, pesquisa, extensão. INTRODUÇÃO

Tendo em vista a demanda social por uma gestão eficiente das Instituições Federais de Ensino Superior, estes órgãos devem primar pela adoção de ferramentas de gestão que permitam o máximo aproveitamento de seus diversos recursos. Neste contexto, o conhecimento destaca-se entre os ativos das Universidades. O conhecimento é gerado a partir de um processo contínuo, individualmente e coletivamente, baseado na relação do ambiente de trabalho e as relações deste com o ambiente externo. Para o conhecimento ser considerado um recurso este deve ser gerido, sistematizado e armazenado para que possa ser reutilizado, caracterizando a gestão do conhecimento (GARCIA; VALENTIM, 2009).

Para Souza e Kurtz (2016) as instituições de ensino são vistas como entidade máxima no que se refere à criação de conhecimento. Nas suas atividades de ensino, pesquisa e extensão estas organizações obtêm, armazenam, compartilham, utilizam, produzem e gerenciam o conhecimento com o objetivo de disseminar o saber. Cabe a gestão das IFES criar condições dentro do ambiente da organização que oportunize o aproveitamento do conhecimento, de maneira a melhorar a eficiência da Instituição. Diante da importância deste tema, este estudo tem como objetivo identificar como as práticas de gestão do conhecimento são percebidas pelos docentes nas atividades de ensino, pesquisa e extensão na Universidade Federal do Pampa. METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como descritivo, pois buscou realizar a descrição da percepção dos docentes da gestão do conhecimento dentro da UNIPAMPA. A pesquisa apresenta caráter quantitativo, por meio do método survey (GIL, 2002).

O instrumento de coleta de dados buscou identificar na primeira sessão o perfil dos respondentes e por fim buscou captar o grau de concordância dos docentes quanto às dimensões da gestão do conhecimento sugeridos por Terra (1999): Visão e Estratégia – Alta Administração; Cultura Organizacional; Estrutura organizacional; Políticas de Recursos Humanos; Sistema de Informação; Mensuração de Resultados e Aprendizado com o Ambiente. O questionário foi enviado por correio eletrônico para a lista oficial de endereços de professores vinculados à UNIPAMPA. Foram formuladas as seguintes hipóteses:

Hipótese 1: Independente do tempo de vinculo com a UNIPAMPA, os professores possuem a mesma percepção quanto aos docentes buscarem atender à Universidade e não somente a sua área de atuação;

Hipótese 2: Professores de Campus diversos da UNIPAMPA, possuem percepções diferentes no que se refere a divulgação da Missão da Instituição.

Hipótese 3: Existe diferença na opinião de Mulheres e Homens, ocupantes do cargo de professor na UNIPAMPA, quanto à percepção do processo de seleção de professores realizado na UNIPAMPA e o quanto ele facilita a qualificação do quadro docente da Universidade.

Hipótese 4: Existe diferença na opinião de Mulheres e Homens, ocupantes do cargo de professor na UNIPAMPA, quanto à percepção de relevância dos sistemas de informação disponíveis (intranet, site, portais, email, ERP (GURI), entre outros)para a realização do trabalho.

De posse dados, dispostos numa planilha eletrônica, estes foram processados com uso do software SPSS (Statistical Package for Sociak Sciences). Em ambos os testes assumiu-se um erro do tipo I de 5%.

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Anais do 1º Simpósio Internacional em Estratégia e Desenvolvimento – Programa de Pós-Graduação em Administração – Universidade Federal do Pampa

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os questionários foram enviados para 868 professores registrados, segundo o portal de Dados Abertos. Obteve-se 109 respostas dos 10 Campi da Universidade entre os dias 15 e 21 de junho de 2016. Quanto ao perfil dos respondentes 54% são homens e 46% mulheres, com relação à titulação, 54,1% possuem doutorado, 23,4% pós-doutorado, 20,7% mestrado e 0,9% têm especialistas e 0,9% graduados. No que diz respeito ao tempo de vinculo com a UNIPAMPA, 44,2% possuem menos de 3 anos de vinculo, 38,1% de 4 a 7 anos e 17,7% estão de 8 a 10 anos na Instituição.

Para determinar se o tempo de vinculo com a UNIPAMPA era significativo na análise de percepção dos docentes quanto ao envolvimento destes com a Universidade e não apenas com sua área de atuação, as respostas foram submetidas ao teste ANOVA. O teste gerou um valor-p de 0,038, indicando haver pelo menos uma diferença entre as médias dos grupos. O teste Tukey evidenciou este resultado, revelando que não existe diferença significativa entre as médias das percepções dos docentes com até 3 anos de vinculo com a Instituição e a percepção dos que estão entre 3 e 7 anos na UNIPAMPA, sendo que estes dois grupos apresentaram diferença significativamente com o grupo que está entre 7 e 10 anos da Universidade. O grupo composto por aqueles que estão há mais tempo na Instituição apresentou média inferior aos outros dois grupos. Deste modo, a Hipótese 1 foi rejeitada.

Visando verificar se os docentes da UNIPAMPA possuem a mesma percepção sobre a divulgação da sua missão nos diversos Campi da Universidade procedeu-se a Análise de Variância. Com este teste se obteve o valor-p de 0,008, indicando haver uma pelo menos uma diferença significativa entre as médias dos Campi. O teste Tukey apontou que a média da percepção dos professores do Campus Dom Pedrito é menor que dos Campi Uruguaiana, Jaguarão, Itaqui, Bagé e Alegrete. Quanto aos demais Campi não se verificou diferença estatística nas médias das respostas. Portanto Hipótese 2 não se confirmou.

As hipóteses 3 e 4 foram avaliadas com o teste t-Student para 2 amostras independentes, com um nível de significância de 95% ( = 0,05).

Tabela 1: Resultados dos testes t-Student para hipóteses 3 e 4 Hipótese Sig t calculado t Tabela de Distribuição t-Student Resultado

3 0,031 2,170 2,0 Hipótese Confirmada 4 0,000 3,023 2,0 Hipótese Confirmada

Fonte: Elaborada pelos Autores.

CONCLUSÕES

As respostas obtidas permitiram o alcance dos objetivos propostos capturando a opinião dos professores sobre a gestão do conhecimento na prática universitária, indicando ser um ambiente propício para essa aplicação dessa ferramenta de gestão. Destaca-se que a Hipótese 1 e 2, onde foi verifica a divergência na percepção dos professor, abordava a dimensão da Cultural Organizacional sugerida por Terra (1999). Esta dimensão é considerada pelo autor como essencial à inovação, experimentação e aprendizado contínuo. Com relação a Hipótese 3, na qual foi demonstrada a diferença na percepção entre homens e mulheres, esta possui relação com a dimensão da Politica de Recursos Humanos, de acordo com o autor, está associada à aquisição de conhecimentos externos internos à organização. Por fim, a Hipótese 4 refere-se aos Sistemas de Informação que afetam o processo de difusão e armazenamento de conhecimento. Para maximizar o potencial do seu conhecimento a organização deve buscar a implementação de práticas da Gestão do Conhecimento com o objetivo de diminuir esta assimetria.

Entende-se como limitação desta pesquisa o foco na percepção apenas dos docentes, sugere-se estudos que entrevistem outros atores da comunidade acadêmica.

REFERÊNCIAS GARCIA, C. L.; VALENTIM, M. Gestão do conhecimento em universidades: uma proposta de mapeamento conceitual para o departamento de ciência da informação da universidade estadual paulista (UNESP). III Seminário em Ciência da Informação. Anais. Londrina, PR, Brasil. Nov. 2009. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. SOUZA, A. M.; KURTZ, D. J. A abordagem socioconstrutivista na gestão escolar: uma parceria para a construção do conhecimento – estudo de caso em uma instituição escolar em Recife/PE. Revista Navus, v. 6, n. 1, p. 47 - 59 I jan./mar. 2016. Florianópolis, SC, Brasil. TERRA, J. C. C. Gestão do Conhecimento: aspectos conceituais e estudo exploratório sobre as práticas de empresas brasileiras. Tese (Engenharia de Produção) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

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QUALIDADE DE VIDA: ANALISANDO AS DIMENSÕES DO SF-36 EM TAXISTAS

Grupo de Trabalho: Comportamento Organizacional, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho

Claudia Maria Dias Guerra Disconzi(1), Cláudia Medianeira Cruz Rodrigues(2), Rafael Camargo Ferraz(3)

(1)Bolsista do PPGA; Universidade Federal do Pampa; Campus Santana do Livramento, RS, aluna do curso de

especialização em Ergonomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS; [email protected]; (2)

Professora, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS; [email protected]; (3)

Professor; Universidade Federal do Pampa; Campus Santana do Livramento, RS; [email protected].

Palavras-Chave: qualidade de vida, SF-36, taxistas, motoristas.

INTRODUÇÃO

A Qualidade de Vida de um indivíduo é afetada por diversos fatores, sendo seu ambiente de trabalho

um dos principais a influenciar negativamente seu bem-estar. Problemas relacionados a absenteísmo, doenças ocupacionais, acidentes de trabalho e distúrbios psicológicos são realidade nas empresas, trazendo baixa produtividade, custos extras à organização e afetando o físico e o emocional do trabalhador. A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ocorre quando empresa e pessoal então envolvidos, de forma que melhorias sejam implementadas e mantidas para tornar o trabalho satisfatório e o funcionário motivado. Assim, as organizações buscam ajuda nas mais variadas áreas que estudam a relação entre trabalhador e empresa, tais como: psicologia, ergonomia, administração, sociologia e saúde (FRANÇA, 1997).

De acordo com Albuquerque e França (1997), uma rotina de trabalho pesada, em um ambiente mal planejado, envolvendo posturas inadequadas e movimentos repetitivos, tendem a gerar problemas de saúde que consequentemente influenciam a Qualidade de Vida do indivíduo, tais como Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), fadiga muscular, estresse e depressão. Portanto, profissionais que desempenham trabalhos árduos, que exigem muito da capacidade física e/ou mental do trabalhador, tendem a ser foco de estudos que visam tornar o trabalho mais seguro e confortável para o funcionário, mantendo ou até mesmo aumentando produtividade.

Em estudo realizado no Acre, envolvendo taxistas da cidade de Rio Branco, obteve-se como resultado que 72% dos motoristas apresentaram sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses de trabalho, com destaque para as regiões do tronco superior e inferior (LUNA; SOUZA, 2014). Também se verificou alta prevalência de sintomas osteomusculares no último ano em motoristas de caminhão (61,7%) (SAPORITI et al., 2010) e ônibus (59,9%) (GUTERRES et al., 2011). Porém, nenhum destes estudos trouxe uma abordagem relacionando estes dados à qualidade de vida dos entrevistados. Portanto, este trabalho tem por objetivo avaliar a qualidade de vida de motoristas de uma rádiotáxi de uma cidade no interior do RS. METODOLOGIA

A presente pesquisa trata-se de um estudo empírico, transversal, com abordagem quantitativa. O método adotado foi o survey, através da aplicação de questionários (GIL, 2010). O questionário utilizado foi o Medical Outcomes Study 36 (SF-36). O SF-36 é um questionário composto por 36 itens que buscam avaliar de forma simples e genérica a qualidade de vida dos entrevistados. Os itens estão divididos em oito domínios: Capacidade funcional, Aspectos físicos, Dor, Estado geral de saúde, Vitalidade, Aspectos sociais, Aspectos emocionais e Saúde mental. A pontuação final pode variar de 0 a 100, onde 0 corresponde ao pior estado possível de determinado domínio e 100, o melhor (CICONELLI, 1997). O questionário foi disponibilizado para os motoristas da Empresa A, rádiotáxi da cidade de Santana do Livramento, a qual conta com 62 veículos e em torno de 120 condutores. Além dos itens abordados pelo SF-36, informações sobre gênero, idade, tempo de trabalho, prática de atividade física e turnos de trabalho também foram solicitadas.

Os dados obtidos foram tratados via estatística descritiva e as variáveis Idade e Tempo de Trabalho foram relacionadas com os domínios do SF-36, utilizando-se o coeficiente de Pearson (HAIR, 2005).

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Anais do 1º Simpósio Internacional em Estratégia e Desenvolvimento – Programa de Pós-Graduação em Administração – Universidade Federal do Pampa

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os questionários ficaram disponíveis durante um mês e, do total de 120 formulários disponibilizados, apenas 17 retornaram válidos. Portanto, a amostragem desta pesquisa é não-probabilística, caracterizando apenas os envolvidos. Dos respondentes, 14 são homens e 3 são mulheres; a faixa etária varia de 22 a 70 anos, o tempo de trabalho varia de 1 a até 30 anos dedicados a função de motorista, 52,9% praticam atividades físicas e 58,8% dos motoristas entrevistados trabalham no turno da noite, enquanto 35,3% trabalham pela manhã e a tarde e apenas 5,9% dirigem nos três turnos de trabalho.

A pontuação média obtida para cada um dos domínios do SF-36 foi: Capacidade funcional= 77,06; Aspectos físicos= 57,35; Dor= 64,76; Estado geral de saúde= 60,88; Vitalidade= 50,29; Aspectos sociais= 63,42; Aspectos emocionais= 49,02 e Saúde mental= 55,29. Observa-se que apenas o constructo Capacidade funcional não apresentou média inferior a 70. Isso demonstra que a qualidade de vida dos motoristas não pode ser avaliada como positiva. O domínio mais crítico foi o que aborda Limitação por aspectos emocionais, tendo como resultado apenas 49,02 de média. Pode-se afirmar que a maioria dos constructos apresenta pontuação mediana, portanto essa seria a forma de classificar a situação atual de qualidade de vida dos motoristas de táxis entrevistados.

Através do coeficiente de Pearson, verificou-se que a idade e a Capacidade funcional apresentaram uma correlação negativa muito forte, ou seja, quanto maior a idade do indivíduo, menor sua qualidade de vida neste domínio, o mesmo ocorre entre idade e Estado geral de saúde. A idade e o domínio Limitações por aspectos físicos, e idade e o domínio Dor demonstraram correlações altas negativas. A correlação entre idade e Vitalidade foi classificada como pequena, mas definida, enquanto idade e o domínio Aspectos sociais, idade e Limitação por aspectos emocionais e idade e Saúde mental obtiveram correlações leves, sendo as duas primeiras positivas e a última, negativa. Para a variável Tempo de trabalho, verificou-se que três correlações foram altas e negativas, sendo estas relacionando o tempo de trabalho com: Capacidade funcional, Dor e Estado geral de saúde. Ou seja, quanto maior o tempo de trabalho do funcionário na função de motorista, menor a qualidade de vida no domínio avaliado. Vale destacar a correlação com o domínio Estado geral de saúde, que obteve a maior pontuação. O tempo de trabalho e Limitações por aspectos físicos obtiveram classificação moderada negativa, a relação entre tempo de trabalho e Vitalidade foi classificada como pequena, mas definida negativa, enquanto isso, tempo de trabalho e Aspectos sociais teve classificação leve positiva, e por fim, as correlações entre tempo de trabalho e Limitação por aspectos emocionais e tempo de trabalho e Saúde mental resultaram em leves e negativas.

CONCLUSÕES

Com a aplicação SF-36, a qualidade de vida dos entrevistados foi classificada de maneira geral como mediana, sendo o domínio de Limitação por aspectos emocionais o mais crítico. O domínio Capacidade funcional foi o que obteve maior pontuação. Portanto, concordando com os resultados de pesquisas envolvendo motoristas, a qualidade de vida destes trabalhadores não é vista como positiva (GUTERRES et al., 2011). Verificou-se que a idade é um grande influenciador na qualidade de vida abordada por vários

domínios. O tempo de trabalho também sugere influência em alguns constructos.

REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G.; FRANÇA, A. C. L. Estratégias de recursos humanos e gestão da qualidade de vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração: São Paulo, vol. 33, p.40-51, 1998.

CICONELLI, R. Tradução para o português e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida do Medical Outcomes Study 36- Item Short-Form Health Survey (SF-36). Tese de Doutorado-Escola Paulista de Medicina- Unifesp. São Paulo, 1997. FRANÇA, A. C. L. Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista Brasileira de Medicina Psicossomática: Rio de Janeiro, vol. 1, nº 2, p. 79-83, 1997. GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GUTERRES, A; DUARTE, D; SIQUEIRA; SILVA, M. Prevalência e fatores associados a dor nas costas dos motoristas e cobradores do transporte coletivo da cidade de Pelotas-RS. Rev Bras Ativ Fis Saúde, 2011. HAIR, J. et al. Fundamentos de Métodos de Pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookmann, 2005.

LUNA, J.; SOUZA, O. Sintomas osteomusculares em taxistas de Rio Branco, Acre: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Colet: Rio de Janeiro, 2014.

SAPORITI, A; BORGES, L; SALAROLI, L; MOLINA, M. Dores osteomusculares e fatores associados em motoristas de carretas nas rodovias do Espírito Santo. Rev Bras Pesqu Saúde, 2010.

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TRABALHO DOMÉSTICO: O DILEMA DO (NÃO) RECONHECIMENTO INDIVIDUAL, FAMILIAR E SOCIAL

Grupo de Trabalho: Comportamento Organizacional, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho

Marcos Vinicius Dalagostini Bidarte(1), Carolina Freddo Fleck(2) (1)

Bolsista do Programa de Pós-Graduação em Administração; Universidade Federal do Pampa; Campus Santana do Livramento; [email protected]; (2)

Professora Adjunta, Universidade Federal do Pampa, [email protected].

Palavras-Chave: Mulheres, Profissão do Lar, (Des) Valorização do Trabalho Doméstico, Afazeres Domésticos.

INTRODUÇÃO

Historicamente, a mulher tem exercido a responsabilidade, muitas vezes sozinha, em dedicar-se aos cuidados do lar, dos filhos, do marido e demais familiares, enquanto o homem o incumbido do sustento econômico do lar e da ordem familiar. Desta forma, à mulher era reservada a esfera privada, sendo afastada da sociedade, e ao homem a esfera pública. Esse tipo de cultura social persiste há séculos em nível mundial, pois tanto as mulheres quanto os homens são educados de formas distintas e assumem, ao longo de suas vidas, diferentes papéis sociais. Por esta razão, o trabalho doméstico sempre foi e ainda é praticada, via de regra, por mulheres.

Apesar dos avanços dos movimentos políticos, econômicos, demográficos e sociais promovidos pelas mulheres a partir da década de 1950 no Brasil, essas ainda são os indivíduos que realizam o trabalho doméstico (MADALOZZO; MARTINS; SHIRATORI, 2010; MELO; SABBATO, 2011). Isso se dá devido a uma posição imposta à mulher hierarquicamente, que a mantém aprisionada no âmbito privado e afastada da sociedade. Como resultado, há a invisibilidade do trabalho doméstico e a desvalorização do indivíduo que o exerce (DURAN, 1983; SANTOS, 2008). Diante disso, pretende-se verificar se há o (não) reconhecimento do trabalho no âmbito doméstico pelos profissionais do lar no município gaúcho de Santana do Livramento, Brasil. METODOLOGIA

A presente pesquisa possui natureza empírica, de abordagem qualitativa, e caráter exploratório-descritivo (GIL, 2012). Buscando uma análise inicial do contexto do município gaúcho de Santana do Livramento, Brasil, utilizou-se como método o estudo de caso (YIN, 2010). A técnica de coleta de dados se deu por entrevistas semiestruturadas (GIL, 2012) com seleção dos sujeitos por meio da bola de neve, apropriando-se de uma abordagem em cadeia (HAIR JR., 2005). Os sujeitos de pesquisa foram 9 mulheres, sendo que o primeiro indivíduo entrevistado foi escolhido pelo pesquisador por conveniência. As entrevistas foram realizadas entre os meses de maio de 2014 e janeiro de 2015 e tiveram a duração média de 1h. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO

O perfil demográfico apresentado pelas entrevistadas identificou a predominância do gênero feminino,

cor branca, casadas, com composição familiar média de 3 integrantes e com número de filhos médio de 1. Quanto ao gênero, percebe-se que a mulher ainda é o indivíduo que migra do exercício do trabalho remunerado no mercado de trabalho para o âmbito doméstico, o que representa a perpetuação do patriarcado brasileiro pelas gerações, pelos distintos papéis sociais que este impôs entre os homens e as mulheres.

Quanto ao (não) reconhecimento do trabalho no âmbito doméstico exercido pelas entrevistadas, este resultou em percepções díspares. Por um lado, há o reconhecimento por parte da maioria das entrevistas (E1, E3, E4, E6, E8, E9) e de suas famílias de que são profissionais do lar. Já por outro lado, há entrevistadas que não se reconhecem como profissionais do lar (E2, E5, E7) e sentem que tanto suas famílias quanto a sociedade em geral não as reconhecem como profissionais do lar (E2, E5, E7, E9). Percebe-se, mesmo com as manifestações e a evolução sociais das mulheres, que o exercício da profissão

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Anais do 1º Simpósio Internacional em Estratégia e Desenvolvimento – Programa de Pós-Graduação em Administração – Universidade Federal do Pampa

do lar é algo que ainda precisa ser reconhecido, principalmente pelo próprio indivíduo que a desempenha, conforme o estudo de Melo e Sabbato (2011).

Na visão de algumas entrevistadas (E2, E4), a sociedade somente reconhece como “trabalhador” o indivíduo que recebe remuneração pelo exercício de atividades no mercado de trabalho (in) formal. Além disso, outras entrevistadas (E2, E5, E7) destacaram que membros de suas famílias realizam piadas de mau gosto quando se queixam de estarem cansadas, devido à alta carga de trabalho demandada pelos afazeres domésticos durante o dia. As piadas realizadas são consideradas pelas entrevistadas como alguns dos piores insultos que uma mãe, esposa e dona de casa pode receber de seu esposo e filhos.

Percebe-se a invisibilidade do trabalho doméstico e a desvalorização da mulher que o exerce. A desvalorização do trabalho doméstico das mulheres pelos membros de suas próprias famílias e pela sociedade é algo que ainda ocorre nos dias atuais (MELO; CONSIDERA; SABBATO, 2007; SOARES; SABÓIA, 2007). Parte da desvalorização do trabalho doméstico pela sociedade deve-se ao fato de ser: i) um trabalho não remunerado; ii) um trabalho que não contribui monetariamente para o orçamento familiar; e iii) um papel secularmente atribuído às mulheres (BRUSCHINI, 2006; DURAN, 1983; MELO; CONSIDERA; SABBATO, 2007; SAFFIOTI, 1987). CONCLUSÕES

Verificou-se que a maioria das mulheres entrevistadas se reconhece como profissionais do lar e afirma ser reconhecida por suas famílias, menos pela sociedade. Por outro lado, houve entrevistadas que não se reconhecem como profissionais do lar e sentem que tanto suas famílias quanto a sociedade em geral não as reconhecem. O trabalho doméstico ainda precisa ser reconhecido pelo próprio indivíduo, pela família deste e pela sociedade em geral. Contudo, o reconhecimento deste trabalho deve emergir primeiramente do sujeito que o desempenha. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BRUSCHINI, C. Trabalho doméstico: inatividade econômica ou trabalho não-remunerado? Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 23, n. 2, p. 331-353, jul./dez., 2006. DURAN, M. A. A dona-de-casa: crítica política da economia doméstica. [Tradução de Y. Fernauto e W. Cappeler].

Coleção Tendências, v. 5. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6a ed. 5a reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. HAIR JR, J. F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.

MADALOZZO, R.; MARTINS, S.; SHIRATORI, L. Participação no mercado de trabalho e no mercado doméstico: homens e mulheres têm condições iguais? Estudos Feministas, v. 18, n. 2, p. 547-566, 2010. MELO, H. P. de; CONSIDERA, C. M.; SABBATO, A. D. Os afazeres domésticos contam. Economia e Sociedade,

Campinas, v. 16, n. 3, p. 435-454, dez., 2007. ____; ____. Trabalhadoras domésticas: eterna ocupação feminina. Até quando? In: BARSTED, L. L.; PITANGUY, J. (Orgs.). O Progresso das Mulheres no Brasil 2003–2010. Cap. 8, p. 179-185. Rio de Janeiro: CEPia; Brasília: ONU

Mulheres, 2011. SAFFIOTI, H. I. B. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987. SANTOS, L. da S. Profissão: Do Lar. A (des)valorzação do trabalho doméstico como desdobramento da

(in)visibilidade do feminino. (Dissertação de mestrado). Programa de Pós Graduação em Psicologia Clínica e Cultura, Brasília, DF, Brasil, 2008. SOARES, C.; SABÓIA, A. L. Tempo, trabalho e afazeres domésticos: um estudo com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 e 2005. (Textos para discussão. Diretoria de pesquisas, n.

21), Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2007. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. [Tradução Ana Thorell; revisão técnica Cláudio Damacena]. 4.

ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

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PARA O LAR: AS MULHERES QUE DEIXARAM O MERCADO DE TRABALHO PARA DEDICAREM-SE À CASA E À FAMÍLIA

Grupo de Trabalho: Comportamento Organizacional, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho

Marcos Vinicius Dalagostini Bidarte(1), Carolina Freddo Fleck(2) (1)

Bolsista do Programa de Pós-Graduação em Administração; Universidade Federal do Pampa; Campus Santana do Livramento; [email protected]; (2)

Professora Adjunta, Universidade Federal do Pampa, [email protected].

Palavras-Chave: Mulheres, Profissão do Lar, Trabalho Doméstico.

INTRODUÇÃO

Historicamente, a mulher tem exercido a responsabilidade, muitas vezes sozinha, em dedicar-se aos cuidados do lar, dos filhos, do marido e demais familiares, enquanto o homem o incumbido do sustento econômico do lar e da ordem familiar. Desta forma, à mulher era reservada a esfera privada, sendo afastada da sociedade, e ao homem a esfera pública. Esse tipo de cultura social persiste há séculos em nível mundial, pois tanto as mulheres quanto os homens são educados de formas distintas e assumem, ao longo de suas vidas, diferentes papéis sociais. Por esta razão, o trabalho doméstico sempre foi e ainda é praticada, via de regra, por mulheres.

A partir da década de 1950, mais intensamente na de 1970, as manifestações políticas e sociais, a evolução sociocultural e a busca por direitos das mulheres fizeram com que essas entrassem no mercado de trabalho (BRUSCHINI et al., 2011). Apesar dos avanços dos movimentos políticos e sociais promovidos pelas mulheres, essas ainda são os indivíduos que mais se ausentam ou se afastam do mercado de trabalho para a realização do trabalho doméstico (MADALOZZO; MARTINS; SHIRATORI, 2010; MELO; SABBATO, 2011) devido aos fatores individuais, familiares, estruturais, às desigualdades salariais e às condições de trabalho (BRUSCHINI, 1985).

Diante disso, pretende-se refletir sobre o papel do indivíduo na migração do mercado de trabalho para o exercício da profissão do lar no município gaúcho de Santana do Livramento, Brasil, bem como os principais fatores para tal atitude. Assume-se que o fenômeno da migração de sujeitos, em especial do gênero feminino, de funções remuneradas no mercado de trabalho para a dedicação a atividades domésticas e cuidados com a família ocorre da mesma forma em âmbito local. METODOLOGIA

A presente pesquisa possui natureza empírica, de abordagem qualitativa, e caráter exploratório-descritivo (GIL, 2012). Buscando uma análise inicial do contexto do município gaúcho de Santana do Livramento, utilizou-se como método o estudo de caso (YIN, 2010). A técnica de coleta de dados se deu por entrevistas semiestruturadas (GIL, 2012) com seleção dos sujeitos por meio da bola de neve, apropriando-se de uma abordagem em cadeia (HAIR JR., 2005). Os sujeitos de pesquisa foram 9 mulheres moradoras do município gaúcho de Santana do Livramento, e o primeiro indivíduo entrevistado foi escolhido pelo pesquisador por conveniência. As entrevistas foram realizadas entre os meses de maio de 2014 e janeiro de 2015 e tiveram a duração média de 1h. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo (BARDIN, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO

O perfil demográfico apresentado pelas entrevistadas identificou a predominância do gênero feminino,

cor branca, casadas, com composição familiar média de 3 integrantes e com número de filhos médio de 1. Quanto ao gênero, percebe-se que a mulher ainda é o indivíduo que migra do exercício do trabalho remunerado no mercado de trabalho para o âmbito doméstico, o que representa a perpetuação do patriarcado brasileiro pelas gerações, pelos distintos papéis sociais que este impôs entre os homens e as mulheres.

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As profissões exercidas pelas entrevistadas no mercado de trabalho eram de secretária (E3, E5, E7, E8), atendente comercial (E4; E5, E7, E9), empregada doméstica (E6), auxiliar de serviços gerais (E1), cuidador de idosos (E1, E6, E9), babá (E2, E6, E9) e fotógrafa (E2). Em média, o tempo de permanência das entrevistadas no mercado de trabalho foi de 18,3 anos. De forma geral, percebe-se que as profissões exercidas pelas entrevistadas refletiam suas habilidades como donas-de-casa.

A transição do mercado de trabalho para o exercício da profissão do lar deu-se, em todos os casos, por fatores familiares. Dentre os fatores familiares, os principais foram: “priorização da família” (E1, E2, E4, E5), “familiares doentes” (E1, E5, E7, E9), “gravidez” (E2, E4, E7), “filhos pequenos” (E2, E3, E4), “casamento” (E7, E8, E9) e “mudança de cidade” (E2, E5, E6, E9). Os fatores familiares supracitados constituíram elementos fundamentais no processo decisório das entrevistadas renunciarem o mercado de trabalho brasileiro. Percebe-se que a maioria destes fatores familiares ainda representam as responsabilidades históricas atribuídas às mulheres.

Tais resultados corroboram com as pesquisas de Araújo e Scalon (2005), Bruschini (1985), Bruschini et al. (2011), Madalozzo, Martins e Shiratori (2010) e Melo e Sabbato (2011), de que no Brasil são as mulheres os indivíduos que abandonam o mercado de trabalho, principalmente, em razão do casamento, dos filhos e das atividades domésticas. Realizando um comparativo entre países, percebe-se que esses fatores familiares são os mesmos que levam as mulheres no México a abandonar o mercado de trabalho, conforme Calderón e Campos Ríos (2013), assim como nos Estados Unidos, segundo Hewlett e Luce (2005). CONCLUSÕES

Verificou-se que a transição do mercado de trabalho para o exercício da profissão do lar deu-se, em todos os casos, por fatores familiares, o que leva a confirmar que sempre são as mulheres que tomam esta decisão sem outra alternativa. O trabalho doméstico ainda permanece como uma das principais formas de trabalho das mulheres brasileiras, o que corrobora com as reflexões sobre gênero feminino e o trabalho, sendo destinado à mulher o espaço privado, tornando-a maior responsável pelos cuidados com a casa, a família e a criação dos filhos. REFERÊNCIAS ARAÚJO, C.; SCALON, C. Gênero e a distância entra a intenção e o gesto. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.

21, n. 62, out., p. 45-68, 2006. BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BRUSCHINI, C. Mulher e trabalho: uma avaliação da década da mulher. São Paulo: Nobel, 1985. BRUSCHINI, C. et al. Trabalho, renda e políticas sociais: avanços e desafios. In: BARSTED, L. L.; PITANGUY, J.. (Orgs.). O Progresso das Mulheres no Brasil 2003–2010. Cap. 7, p. 142-177. Rio de Janeiro: CEPia; Brasília: ONU

Mulheres, 2011. CALDERÓN, Y. P.; CAMPOS RÍOS, G. Las Mujeres Jóvenes en México: ¿Estudian o Trabajan? Última década,

Santiago, v. 21, n. 39, p. 63-83, dec., 2013. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6a ed. 5a reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. HAIR JR, J. F. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.

HEWLETT, S. A.; LUCE, C. B. Off-Ramps And On-Ramps: Keeping Talented Women On The Road To Success. Harvard Business Review, v. 83, n. 3, p. 43-54, mar., 2005.

MADALOZZO, R.; MARTINS, S.; SHIRATORI, L. Participação no mercado de trabalho e no mercado doméstico: homens e mulheres têm condições iguais? Estudos Feministas, v. 18, n. 2, p. 547-566, 2010.

MELO, H. P. de; SABBATO, A. Di. Trabalhadoras domésticas: eterna ocupação feminina. Até quando? In: BARSTED, L. L.; PITANGUY, J. (Orgs.). O Progresso das Mulheres no Brasil 2003–2010. Cap. 8, p. 179-185. Rio de Janeiro:

CEPia; Brasília: ONU Mulheres, 2011. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. [Tradução Ana Thorell; revisão técnica Cláudio Damacena]. 4.

ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.