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ANAIS III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade 30 de junho a 03 de julho de 2013 Centro de Convenções de Bonito Bonito Mato Grosso do Sul

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    III Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade

    30 de junho a 03 de julho de 2013

    Centro de Convenções de Bonito

    Bonito – Mato Grosso do Sul

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013

    REALIZAÇÃO

    Fundação Neotrópica do Brasil

    PARCEIROS INSTITUCIONAIS

    Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul

    Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul

    (SEPROTUR)

    Governo do Estado de Mato Grosso do Sul

    Prefeitura Municipal de Bonito – MS

    Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

    PATROCINIO PRATA

    MMX Mineração e Metais S.A.

    PATROCINIO BRONZE

    Instituto Semeia

    Petrobrás/ Governo Federal

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013

    APOIO

    Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

    Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)

    Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado

    de Mato Grosso do Sul (FUNDECT)

    Universidade Católica Dom Bosco

    Universidade Anhanguera Uniderp

    Fundação Manuel de Barros

    Portal O Eco

    Instituto Homem Pantaneiro

    EcoBrasil

    Photo in Natura

    Promossel

    Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA)

    Conselho Municipal de Turismo de Bonito (COMTUR)

    Associação de Atrativos Turísticos de Bonito e Região (ATRATUR)

    Bonito Convention Bureau

    Rio da Prata

    Hotel Piramiúna

    Hotel Paraíso das Águas

    Hotel Águas de Bonito

    Pousada Olho D'Água

    Hotel Marruá

    Pousada Chamamé

    Hotel Cabanas

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    Idealizador do evento

    Dr. Miguel Serediuk Milano

    Conselheiro Honorário da Fundação Neotrópica do Brasil

    Coordenação geral

    Drª Gláucia Helena Fernandes Seixas

    Superintendente Executiva da Fundação Neotrópica do Brasil

    Coordenação executiva

    M. Sc. Marja Zatoni Milano

    Coordenadora de Projetos da Fundação Neotrópica do Brasil

    Coordenação logística

    Cecilia Brosig

    Bióloga da Fundação Neotrópica do Brasil

    Equipe

    Anne de Souza Galvão | Jornalista | Fundação Neotrópica do Brasil

    Anne Zugman | Bióloga-Educadora Ambiental | Fundação Neotrópica do Brasil

    Giana Alves Correa | Auxiliar administrativo e financeiro | Fundação Neotrópica do Brasil

    Michele Chincoviaki Pereira | Voluntária | Fundação Neotrópica do Brasil

    Vandir Fernandes da Silva | Técnico de campo voluntário| Fundação Neotrópica do Brasil

    Victor do Nascimento | Técnico de campo | Fundação Neotrópica do Brasil

    Walter Alexandre Oliveira Figueiredo | Auxiliar administrativo e financeiro

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    Monitores Voluntários

    Camila da Silva Pereira | UFMS | Campo Grande| MS

    Cláudia Naomi Oyama | Fepar | INSEP | Almirante Tamandaré| PR

    Fabricio Gomes Figueiredo | UFGD | Dourados | MS

    Gabriel Felix Ortega | UFMS | Campo Grande | MS

    Inês Regina Dias De Souza Braga| Curso de Guias | Bonito| MS

    Johnny Alexandre Ferreira | UFMS | Campo Grande| MS

    João Carlos Raimundo Junior | UEMS | Aquidauana| MS

    Marcelo Minuzzi Niederauer | Guia local |Bonito | MS

    Marcia Regina De Alencar | Colégio Falcão | Bonito| MS

    Marina Mayumi |Colégio Falcão | Bonito | MS

    Morgana Pereira Gonçalves da Silva | Curso de Guias | Bonito |MS

    Tânia Regina Fernandes Seixas |Voluntária da Fundação Neotrópica do Brasil

    Verónica Ramirez Martinez | UFMS | Ponta Porã | MS

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    APRESENTAÇÃO

    O turismo e a natureza possuem uma estreita relação de dependência. Pode-se dizer, inclusive, que o meio ambiente é a base de um amplo segmento do turismo, quando o homem desloca-se para outros lugares em busca do contato com a natureza, do desconhecido, da aventura e de novas culturas. Entretanto, toda atividade turística gera impactos, que podem ser negativos ou positivos, quer em termos ambientais como sociais.

    Os impactos negativos de projetos turísticos incluem a degradação dos mesmos ambientes dos quais dependem para o êxito das suas iniciativas, colocando em risco suas operações e condições de sustentabilidade. Isso inclui, no campo social, por exemplo, as características das relações com as comunidades locais e a sociedade como um todo. Por outro lado, com bom planejamento, é possível gerenciar o desenvolvimento do turismo para minimizar seus impactos negativos e potencializar os benefícios para o ambiente e a sociedade. Só assim, o turismo torna-se aliado da conservação da natureza e pode desempenhar um papel fundamental ao contribuir para a valorização de áreas naturais protegidas, a conservação de espécies-bandeira da fauna nativa, a sensibilização e educação ambiental do público visitante, a obtenção de recursos para a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico local de forma sustentada.

    Quando se fala em turismo e sustentabilidade, é preciso reconhecer a importância de planejar em longo prazo e utilizar indicadores de desempenho que avaliem aspectos econômicos, ambientais e sociais. Além disso, é preciso investir em práticas e tecnologias que permitam minimizar e monitorar os impactos negativos do turismo sobre o ambiente e as comunidades locais.

    Nesse contexto, o Congresso de Natureza, Turismo e Sustentabilidade foi idealizado para discutir o turismo como promotor da conservação ambiental e da natureza como capital de base para o turismo.

    Tomando por base a experiência e o sucesso alcançados nas edições anteriores (2010 em Bonito/MS e 2011 em Cuiabá/MT), o CONATUS está se tornando uma referência para todos que de alguma forma pensam, pesquisam e atuam no turismo de natureza e sustentável no Brasil.

    Vale ressaltar que não há momento mais oportuno para as discussões e reflexões aqui propostas, vistos os investimentos em turismo que já estão acontecendo para a Copa de 2014 no Brasil e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Logo, é fundamental o planejamento cuidadoso, que gere bons e perenes frutos, preparando o Brasil para se inserir na indústria de turismo mundial de grande escala.

    Ainda mais diversificado, em sua terceira edição o Conatus contou com a participação de palestrantes da Argentina, Costa Rica, México e Portugal, além de especialistas de renome nacional e internacional, para compartilharem os seus

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    conhecimentos com os congressistas. No total foram 31 palestrantes, e mais de 350 participantes, três dias de palestras, mesas redondas, reuniões paralelas e sessões de apresentações de trabalhos técnicos e científicos em painéis.

    As palestras e artigos aqui apresentados correspondem às apresentações realizadas durante as palestras, mesas redondas que fizeram parte do III CONATUS também compõe este documento os resumos expandidos que foram selecionados pelo comitê técnico científico do III CONATUS.

    É importante ressaltar que os trabalhos presentes nesta publicação são de inteira responsabilidade dos autores, independentemente de seus vínculos institucionais, bem como não necessariamente retratam a opinião dos organizadores do evento.

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    SUMÁRIO

    1. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL ............................................................................................... 10

    2. PROGRAMAÇÃO III CONATUS .......................................................................................................... 15

    3. MESAS REDONDAS ........................................................................................................................... 20

    3.1. CASOS DE SUCESSO ......................................................................................................................... 20

    NAS TRILHAS DA BIODIVERSIDADE DO PANTANAL: OPORTUNIDADES E AMEAÇAS ......................... 20

    ECOTURISMO NO JALAPÃO: TRAJETÓRIAS E DESAFIOS .................................................................... 26

    ALTERNATIVAS PARA SUSTENTAÇÃO FINANCEIRA DE RPPN: DESAFIO COMPARTILHADO ENTRE

    EMPRESA E ONG ............................................................................................................................... 27

    3.2 EXPERIÊNCIAS TEMÁTICAS ............................................................................................................... 33

    OBSERVAR É PARA QUEM ENXERGA LONGE .................................................................................... 33

    MERGULHO EM FERNANDO DE NORONHA ...................................................................................... 35

    CAMINHADAS DE LONGO PERCURSO ............................................................................................... 39

    3.3 PARECERIAS PÚBLICO PRIVADAS ...................................................................................................... 40

    PARCERIA PÚBLICO PRIVADA - A VISÃO DO ICMBIO ......................................................................... 40

    PARCERIA PÚBLICO PRIVADA: A VISÃO DO INSTITUTO SEMEIA ....................................................... 41

    PARCERIA PÚBLICO PRIVADA: A VISÃO DO CONCESSIONÁRIO ......................................................... 42

    3.4 TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E GESTÃO DESCENTRALIZADA ................................................... 46

    TRAJETÓRIA DO TURISMO NO SUL DA BAHIA: SOCIEDADE, BIODIVERSIDADE E PLANEJAMENTO ... 46

    CONSTRUINDO UM MODELO DE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA PARA AS UNIDADES DE

    CONSERVAÇÃO FEDERAIS ................................................................................................................. 56

    UM MODELO DE GESTÃO DESCENTRALIZADA DO TURISMO: A PARCERIA ENTRE A SECRETARIA

    MUNICIPAL DE TURISMO E O CONSELHO MUNICIPAL DE TURISMO DE BONITO-MS ....................... 57

    3.5 POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE ...................................... 58

    FUNDO DE COMPENSAÇÕES AMBIENTAIS E A IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UC NO BRASIL 58

    USO PÚBLICO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO RIO DE JANEIRO ........................................... 59

    A EXPERIÊNCIA DA FUNDAÇÃO DE TURISMO DE MS ........................................................................ 61

    SOBRE OS DESTAQUES DO III CONATUS – ENCERRAMENTO ............................................................ 62

    4. PALESTRAS ...................................................................................................................................... 63

    EXPERIÊNCIAS DE USO PÚBLICO NA ARGENTINA: LIÇÕES A APRENDER ........................................... 63

    ROTA VICENTINA: 350 KM DE CAMINHADA NO SUDESTE DE PORTUGAL ........................................ 64

    UMA EXPERIÊNCIA DE TURISMO DE AVENTURA NO MÉXICO .......................................................... 67

    TURISMO DE VIDA SELVAGEM: A VISÃO DE UM CONSUMIDOR E ALGUMAS LIÇÕES ...................... 68

    PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS PARA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL ........ 73

    HOTÉIS SUSTENTÁVEIS ...................................................................................................................... 76

    INFRAESTRUTURAS SUSTENTÁVEIS PARA USO PÚBLICO EM UC ...................................................... 80

    ASPECTOS FILOSÓFICOS E JURÍDICOS DA REGULAÇÃO E LICENCIAMENTO DO TURISMO DE

    NATUREZA NO BRASIL ....................................................................................................................... 81

    5. RESUMOS EXPANDIDOS ................................................................................................................... 82

    AÇÕES AMBIENTAIS EM HOTÉIS DO RIO DE JANEIRO/RJ: ................................................................. 82

    CONHECIMENTO E GESTÃO DOS HOTELEIROS CARIOCAS ................................................................ 82

    SUELLEN ALICE LAMAS ...................................................................................................................... 82

    AS MOTIVAÇÕES E O CUSTO DE VIAGEM DOS VISITANTES DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA

    DOS VEADEIROS (PNCV) - UMA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE DE SEU

    ENTORNO .......................................................................................................................................... 88

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    CAMA E CAFÉ MULHERES DE PEDRA: UMA PROPOSTA PARA DESENVOLVIMENTO DE TURISMO DE

    BASE LOCAL ....................................................................................................................................... 95

    CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS PRESTADOS PELA ................................................. 101

    GRUTA DO SALITRE, DIAMANTINA-MG .......................................................................................... 101

    FERRAMENTA DE GESTÃO OPERACIONAL PARA O FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO

    DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISES E PERSPECTIVAS DOS “PARQUES DA COPA” ................................. 107

    FORTALECIMENTO DO USO PÚBLICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: CONCEPÇÃO E AÇÃO EM

    UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS ..................................................................................... 113

    NORMALIZAÇÃO EM TURISMO DE NATUREZA: A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA AVENTURA

    SEGURA.. ......................................................................................................................................... 119

    O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO NO MUNICÍPIO DE VARGEM-SP/BRASIL .................................. 125

    O PAPEL DO TURISMO DE CONSERVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS VALORES AMBIENTAIS EM

    PROJETOS DE PESQUISA .................................................................................................................. 131

    O PROGRAMA TURISMO SOLIDÁRIO NA COMUNIDADE DE MENDANHA, MG ............................... 138

    O TURISMO COMO PROMOTOR DA CONSERVAÇÃO AMBIENTAL .................................................. 145

    PROJETO AVES URBANAS – ARARAS NA CIDADE E O TURISMO DE OBSERVAÇÃO ......................... 151

    SELEÇÃO DE INDICADORES PARA MEDIR O GRAU DE SUSTENTABILIDADE EM MATÉRIA DE

    QUALIDADE DO MEIO FÍSICO E DOS RECURSOS NATURAIS PARA DESTINOS DE PRAIA ................. 155

    TRILHA TRANSCARIOCA ................................................................................................................... 163

    TURISMO EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO, SOBRE A RESEX MARINHA CAETÉ-

    TAPERAÇU/BRAGANÇA ................................................................................................................... 169

    TURISMO DE BASE COMUNITARIA: UMA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO

    NO PARÁ. O CASO DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DAS ILHAS DE BELÉM,LOCALIZADO NA ILHA DE

    COTIJUBA. ....................................................................................................................................... 175

    TURISMO INDÍGENA: UMA ALTERNATIVA PARA A REVITALIZAÇÃO DA CULTURA KADIWÉU ......... 181

    TURISMO RURAL COMUNITÁRIO: UMA NOVA ALTERNATIVA NO SALAR DE UYUNI ...................... 188

    USO PÚBLICO NAS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DO ESTADO DO MATO

    GROSSO DO SUL- MS: UM POTENCIAL POUCO EXPLORADO .......................................................... 194

    USO PÚBLICO NA RESERVA BIOLÓGICA Estadual DA Praia do Sul ILHA GRANDE/RJ ...................... 201

    COMITÊ TÉCNICO CIENTÍFICO .............................................................................................................. 207

    TRABALHOS PREMIADOS COM MENÇÃO HONROSA ........................................................................... 209

    COMISSÃO AVALIADORA DOS TRABALHOS ......................................................................................... 209

    6. MOÇÕES APROVADAS PELA PLENÁRIA .......................................................................................... 210

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    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    1. FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL

    A Fundação Neotrópica do Brasil é uma organização não governamental sem finslucrativos com sede em Bonito, Mato Grosso do Sul, Brasil. Tem como missão promover e praticar ações de conservação da natureza para garantir a manutenção dos diferentes ambientes naturais e da diversidade de vida na terra. Desde sua criação, em 30 de Julho de 1993, a organização desenvolveu diversas açõesjunto aos órgãos governamentais de meio ambiente e organizações não governamentais do Estado. É membro do Fórum Estadual de Meio Ambiente de MS, da Coalizão Rios Vivos, do Comitê Estadual de Recursos Hídricos do Rio Miranda, Conselho da Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação e está cadastrada no CNEA (Cadastro Nacional de Entidades Ambientais) do Ministério do Meio Ambiente. Ao longo desses anos desenvolveu projetos de pesquisa científica, mobilização da sociedade para a conservação da natureza e atividades que contribuíram para a criação e o fortalecimento de unidades de conservação (p.ex. Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Monumento Natural da Gruta do Lago Azul e Reservas Particulares do Patrimônio Natural) além de recuperação de áreas degradadas e adequação de propriedades rurais. Atualmente, a Fundação Neotrópica do Brasil realiza projetos focados nas seguintes linhas de ação: 1) Fomento a criação e apoio a gestão das Unidades de Conservação, públicas e privadas; 2) Recuperação de áreas degradadas e adequação de propriedades rurais no Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal; 3) Pesquisa científica sobre biodiversidade e conservação; 4) Comunicação, mobilização e sensibilização da sociedade para as questões ambientais; 5) Estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas ambientais; 6) Discutir e promover o turismo como promotor da conservação ambiental e a natureza como capital de base para o turismo no Brasil.

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

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    PROJETOS EXECUTADOS PELA FUNDAÇÃO NEOTRÓPICA DO BRASIL

    2001 /2002 Elaboração do Plano de Ecodesenvolvimento no Entorno do

    Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Apoio:

    MMA/PROBIO/CNPq/BIRD.

    2003 e 2005 Implementação das Ações Prioritárias do Plano de

    Ecodesenvolvimento no Entorno do Parque Nacional da Serra da

    Bodoquena. Apoio: MMA/PROBIO/CNPq/BIRD.

    2003 – 2009 Projeto Formoso Vivo: Proteção e Recuperação das Matas

    Ciliares e Reservas Legais da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso,

    Bonito/MS: parceria com a Promotoria de Justiça de Bonito.

    Apoio: Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

    2004/2005 Projeto Corredor de Biodiversidade do Miranda - Serra da

    Bodoquena: Fase I - Características e oportunidades. Apoio:

    Conservação Internacional do Brasil.

    2004 – 2007 Projeto Pé da Serra - Qualificação e diversificação da produção

    de alimentos pelas mulheres dos assentamentos rurais do

    Entorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Apoio:

    Programas de Pequenos Projetos/ GEF / PNUD.

    2004 – 2010 Projeto Papagaio Verdadeiro e Galego: Monitoramento e

    Conservação no Corredor de Biodiversidade Cerrado -

    Pantanal/MS. Apoio: Conservação Internacional Brasil.

    2004 – 2006 Projeto Execução e Monitoramento do Plano de Conservação e

    Recuperação das Matas Ciliares do Rio Formoso, em Bonito/MS.

    Apoio: Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

    2005 – 2006 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

    Bodoquena Fase II: ações prioritárias do plano de conservação e

    implementação. Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    2005 – 2007 Projeto Frutificando, diminuindo os impactos sobre os recursos

    naturais com a educação ambiental, novas alternativas de

    produção e renda, e organização comunitária. Apoio: Instituto

    HSBC Solidariedade.

    2004/2006/2008 Participação no Programa Trainee em Meio Ambiente da

    Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

    2007 – 2012 Proteção e recuperação das nascentes e corpos d'água da micro-

    bacia do rio Anhumas na região da Serra da Bodoquena, Bonito –

    MS. Apoio: Fundo Nacional de Meio Ambiente.

    2007 - 2010 Projeto estruturação de um laboratório de geoprocessamento

    para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul. Apoio:

    Fundação AVINA.

    2007-2008 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

    Bodoquena - Fase III Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

    2008-2009 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

    Bodoquena - Fase IV Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

    2008-2009 Projeto Reflorestar Legal. Apoio: MMX - Minerais e Metálicos.

    2009-2010 Projeto Consciência Ecológica através do Ecoturismo - Guia

    ECOnsciente. Apoio: Fundação Citi.

    2010-2011 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

    Bodoquena - Fase V. Apoio: Conservação Internacional do Brasil.

    2010-2011 Ecologia e Conservação dos Psitacídeos no Parque Nacional da

    Serra da Bodoquena e seu entorno, Mato Grosso do Sul. Apoio:

    Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

    2010 Realização do Congresso de Natureza, Turismo e

    Sustentabilidade – Conatus 2010. Apoio: diversas fontes

    financiadoras.

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    2010-2012 Projeto Rede Latino-Americana de Ministério Público Ambiental.

    Apoio: Fundação Avina, Fundação Ford e Fundação Grupo O

    Boticário de Proteção à Natureza.

    2011 Realização do II Congresso de Natureza, Turismo e

    Sustentabilidade – CONATUS 2011. Apoio: diversas fontes

    financiadoras.

    2011 – 2012 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

    Bodoquena - Fase VI. Apoio: Conservação Internacional do

    Brasil.

    2011-2012 Projeto Produtores de Biodiversidade do Rio Formoso: mercado

    voluntário para PSA de Biodiversidade na Bacia Hidrográfica do

    Rio Formoso, em Bonito, Mato Grosso do Sul. Apoio:

    Funbio/AFCoF.

    2011-2012 Projeto Criação de uma unidade de conservação municipal de

    uso sustentável no Entorno do Parque Nacional da Serra da

    Bodoquena, em Bonito, Mato Grosso do Sul. Apoio:

    Funbio/AFCoF.

    2011-2012 Projeto Mimoso Vivo: Adequação Ambiental de Propriedades

    Rurais da Micro-bacia do Rio Mimoso, em Bonito-MS. Apoio:

    PDA/MMA.

    2011-2012 Projeto Inclusão Verde: Observadores Mirins de Aves da Serra

    da Bodoquena e Curso de Formação de Monitores Ambientais.

    Projeto realizado em parceria com o Instituto Família Legal.

    Apoio: Oi Futuro.

    2012-2013 Projeto Corredor de Biodiversidade Miranda - Serra da

    Bodoquena - Fase VII. Apoio: Conservação Internacional do

    Brasil.

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    2012 – 2014 “Mapeamento de ninhos de Harpia harpyja no Parque Nacional

    da Serra da Bodoquena e entorno em Bonito – Mato Grosso do

    Sul”. Apoio: Fundaç~o Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

    2012 – 2014 Projeto Eco-comunicadores do Pantanal: rede de comunicadores

    ambientais no Pantanal Sul Matogrossense. Apoio: IUCN.

    2012 – 2014 O papagaio verdadeiro como indutor da conservação do

    Pantanal Sul. Apoio SPVS – E-cons.

    2013 Realização do III Congresso de Natureza Turismo e

    Sustentabilidade – CONATUS 2013. Apoio: diversas fontes

    financiadoras.

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    2. PROGRAMAÇÃO III CONATUS

    Domingo (30 de junho)

    16h-19h RETIRADA DE CREDENCIAIS

    19:30 Cerimônia de abertura

    Coquetel de boas vindas

    Segunda-feira (01 de julho)

    Temática do dia NATUREZA

    Manhã Livre para visitas locais

    13h – 13:30

    Apresentação de painéis

    13:30 às

    14:30 Palestra 1

    Experiência de uso público na Argentina: lições a aprender

    Diego Cannestraci – Nodocom Comunicaçãoe eventos

    14:30 às

    15:30 Palestra 2

    Rota Vicentina: 350 km de caminhada no sudoeste de Portugal

    Marta Cabral – Casas Brancas

    15:30 às 16h

    INTERVALO

    16h às 17h

    Palestra 3 Uma experiência de turismo de aventura no México

    Mauricio Morales Contel – México Verde Expediciones

    17h às 18:30

    Mesa-redonda

    1

    Casos de Sucesso

    Nas trilhas da biodiversidade do Pantanal: oportunidades e ameaças

    José Sabino - UNIDERP

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    III CONGRESSO DE NATUREZA, TURISMO E SUSTENTABILIDADE

    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    Ecoturismo no Jalapão: trajetórias e desafios

    Lucio Flavo Adorno - UFT

    Alternativas para a sustentação financeira de RPPN: desafio compartilhado entre empresa e ONG

    Rubens de Souza – MMX

    Ângelo Rabelo – Instituto Homem Pantaneiro

    18:30 às 20h

    Mesa- redonda

    2

    Experiências Temáticas

    Observar é para quem exgerga longe

    Guto Carvalho – Avistar Brasil

    Mergulho em Fernando de Noronha

    Ismael Escote – Atlantis Divers

    Caminhadas de longo percurso

    Alexandre Lorenzetto - INEA

    Terça-feira (02 de julho)

    Temática do dia TURISMO

    9:30 às 11:30

    Reunião

    Paralela I

    “Marca Parque: como valorizá-la”

    1. Apresentação da proposta do Semeia ligada à Marca Parque Brasil – Anna Carolina Lobo / Instituto Semeia

    2. A visão do ICMBio- Giovanna Palazzi /Diretora de criação e manejo de UC / ICMBio

    3. Aprofundamento do tema e apresentação de experiências – Tiago Guimarães / Consultor de Projetos e Marcas

    4. A visão do operador – uma experiência do uso da Marca Parque na Argentina – Diego Cannestraci / Operador de turismo

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    30 de junho a 03 de julho de 2013 – Bonito/ MS

    13h – 13:30

    Apresentação de painéis

    13:30 às

    14:30 Palestra 4

    Turismo de Vida Selvagem: a visão de um consumidor e algumas lições

    Fábio Olmos - Permian Global

    14:30 às

    15:30 Palestra 5

    Península Papagayo na Costa Rica: um modelo sustentável

    Manuel Ardón - Península Papagayo

    15:30 às 16h

    INTERVALO

    16h às 17h

    Palestra 6

    Parcerias público-privadas para a gestão de Unidades de Conservação no Brasil

    Marco Aurélio de Barcelos Silva - Portugal Ribeiro & Navarro Prado Advogados

    17h às 18:30

    Mesa- redonda

    3

    Parcerias Público Privadas

    A visão do ICMBio

    Giovanna Palazzi – Diretora de Criação e Manejo de UC (ICMBio)

    A proposta do Instituro Semeia

    Anna Carolina Lobo – Coordenadora – Instituto Semeia

    A visão do concessionário

    Diego Cannestraci – Nodocom Comunicação e Eventos

    18:30 às 20h

    Mesa-redonda

    4

    Turismo de Base Comunitária e gestão descentralizada

    A cadeia do turismo beneficiando as comunidades em Itacaré – BA

    Rui Barbosa da Rocha – Instituto Floresta Viva

    Construindo um modelo de Turismo de Base Comunitária para

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    as unidades de conservação federais

    Denise Carvalho - ICMBio

    Um modelo de gestão descentralizada do turismo: a parceria entre a Secretaria Municipal de Turismo e o Conselho Municipal

    de Turismo de Bonito – MS

    Juliane Salvadori – Secretaria Municipal de Turismo de Bonito

    Quarta-feira (03 de julho)

    Temática do dia SUSTENTABILIDADE

    9:30 às 11:30

    Reunião Paralela

    II

    “O avanço da cultura da soja em Bonito – MS: quais os possíveis efeitos sobre o turismo?”

    1. Quadro atual no Município de Bonito – MS – Paulo Sergio Gimenes /AGRAER

    2. O efeito da soja nos ecossistemas e o papel do ZEE – Dr. Paulino Medina Jr. / UFGD

    3. Esta questão na perspectiva do Direito Ambiental - Dr. Marcelo Buzaglo Dantas/Advogado

    4. Uma proposta para promover o adequado uso da terra no município – Carolina Ximenes de Macedo / Fundação Grupo O Boticário

    13h – 13:30

    Apresentação de painéis

    13:30 às

    14:30 Palestra 7

    Hotéis Sustentáveis

    Alexandre Garrido – Sextante Ltda.

    14:30 às

    15:30 Palestra 8

    Infraestruturas sustentáveis para uso público em UC

    Sérgio Pamplona - Arquinatura

    15:30 às 16h

    INTERVALO

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    16h às 17h

    Palestra 9

    Aspectos filosóficos e jurídicos da regulação e licenciamento do turismo de natureza no Brasil

    Marcelo Buzaglo Dantas – Buzaglo Dantas Advocacia

    17h às 18:30

    Mesa-redonda

    5

    Políticas públicas sobre Natureza, Turismo e Sustentabilidade

    Fundo de compensações ambientais e a implantação e manutenção de UC no Brasil

    Rosa Lemos de Sá - FUNBIO

    Uso público nas UC do Rio de Janeiro

    Manuela Tambellini – INEA

    A experiência da Fundação de Turismo de MS

    Nilde Brun – FundTur MS

    18:30 às 20h

    Destaques do CONATUS 2013

    ENCERRAMENTO

    Marcos Martins Borges – EcoBrasil

    Renata L. Weiss – Instituto Semeia

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    3. MESAS REDONDAS

    3.1. Casos de sucesso

    Nas trilhas da biodiversidade do Pantanal: oportunidades e ameaças

    JOSÉ SABINO: Coordena o Projeto Peixes de Bonito, pela Universidade Anhanguera (Uniderp). Sua produção acadêmica tem foco em comportamento animal e conservação da biodiversidade; dedica especial atenção à compreensão pública da ciência no Brasil.

    Resumo da apresentação

    NAS TRILHAS DA BIODIVERSIDADE DO PANTANAL:

    OPORTUNIDADES E AMEAÇAS AO TURISMO SUSTENTÁVEL

    JOSÉ SABINO1

    Abstract

    The Pantanal's biodiversity - and the surroundinghighlands - is recognized as natural resource with economic, cultural, aesthetic, scientific and educational values. It is also undeniable that the Pantanal's flora and fauna provides resources for recreation, especially for tourism. The landscape and the biological rhythm of the biome are shaped by the flood pulse, cyclical. This natural wealth gives to the Pantanal a remarkableability for ecotourism, with a diversity of attractions rarely seen elsewhere. In recent years, this potential was more adequately exploited. As the antithesis of mass tourism, sustainable tourism requires planning and training of the business sector and government in order to meet the increasing demands without causing damage to the environments.Examples of low-impact tourism, combined with scientific research resulted in good references for the region, and this activity can be expanded. At the same time, the vast natural richness of the Pantanal is under intense threatdue to the opening of new areas for exploration and of the development current model. Thus, the sustainable use of biodiversity is a challenge that requires resources ranging from scientific knowledge to the management of the natural heritage, through public and private policies that promote ecotourism.

    Palavras-chave: Ecoturismo. Conservação. Econegócios. Ameaças ambientais.

    1.

    1Projeto Peixes de Bonito – Universidade Anhanguera-Uniderp.

    Av. Alexandre Herculano, 1400 Jardim Veraneio, 79037-280 Campo Grande -MS

    Endereço eletrônico: [email protected]

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    Key words: Ecotourism. Conservation. Ecobusiness. Environmental threats.

    Introdução

    A biodiversidade do Pantanal – e dosplanaltos de seu entorno – constitui recurso natural com reconhecido valor econômico, cultural, estético, científico e educacional. Com área remanescente estimada em 146.000 km2(PETRY et al., 2011), a planície alagável do Pantanal abriga uma das mais ricas concentrações de vida selvagem da Terra. O bioma é povoado por uma espetacular concentração de espécies de aves, peixes, mamíferos e tantos outros elementos de sua profícua biodiversidade (MITTERMEIERet al., 2003).

    A região tem um pronunciado contraste entre a planície sazonalmente inundável do Pantanal e os planaltos do seu entorno, que não é inundável.A dinâmicahidrológica pantaneira caracteriza-sepela inundação anual cíclica, que dita o ritmo biológico do bioma, molda a paisagem e nutre um complexo mosaico de matas, cordilheiras, campos secos, campos inundados, baías, corixos e rios. Desse modo, os hábitats mudam em função do fluxo de água, que leva nutrientes e sedimentos que enriquecem os hábitats, favorecendo a proliferação de microrganismos, plantas, invertebrados, peixes, herpetofauna, aves e mamíferos(ALHO e SABINO, 2012).

    A vegetação mais a produtiva, predominante nas áreas sazonalmente alagadas, nutre as cadeias tróficas e suportaa fauna abundante. Muitas espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada (Pantera onca) e a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) ocorrem com populações viáveis na região. Aves aquáticas são excepcionalmente abundantes durante a estação seca, sustentadas pela fauna aquática confinada em baías e corixos (ALHO e SABINO, 2011).Entretanto, a riqueza natural do Pantanal está sob ameaça devido à abertura de novas áreas para exploração e pressionada pelo atual modelo de desenvolvimento.

    Ameaças à biodiversidade

    O Pantanal é uma região vulnerável a riscos e ameaças ambientais (PETRY et al., 2011).A perda de hábitats naturais e de sua biota associada tem sido drástica nas últimas décadas. Parte das ameaças provém da pecuária bovina e de práticas agrícolas insustentáveis, que convertem a vegetação natural em pastagens e lavouras, sem cuidados com a conservação dos solos, especialmente nos planaltos circundantes, onde se localizam as nascentes dos rios que correm para o Pantanal (PETRY et al., 2011). Incêndios causados por seres humanos são graves e tornaram-se parte do ciclo anual. Existe, ainda, a ameaça potencial da modificação do fluxo das águas, devido à implantação de pequenas centrais hidrelétricas em rios de planalto do entorno da Bacia do alto Paraguai, cujas águas regulam o ciclo hidrológico do Pantanal (PETRY et al., 2011; ALHO e SABINO, 2012).

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    De maneira sintética, as principais ameaças ambientais ao bioma pantaneiro podem ser listadas em sete tópicos: (1) conversão da vegetação natural em pasto e campos agrícolas, (2) destruição e degradação de hábitats principalmente pelo emprego de fogo, (3) sobre-exploração de espécies, sobretudo pela pesca, (4) poluição de água, (5) modificação de fluxo de rios principalmente pela implantação de pequenas usinas hidrelétricas, (6) introdução de espécies invasoras exóticase (7) turismo não sustentável (ALHO e SABINO, 2011).

    A implantação de áreas protegidas é apenas uma parte da estratégia necessária à conservação, mas – dada a variedade de ameaças – fica evidente que o uso sustentável da biodiversidade do Pantanal demanda por uma complexa agenda deconservação (ALHO e SABINO, 2011).

    Potencial ao Ecoturismo

    As principais atividades econômicasna região são a pecuária, a mineração, a pesca comercial, de subsistência elazer, e– mais recentemente –o turismo (SEIDL,2001). Por suas belezas naturais, o Pantanal apresenta aptidão para o ecoturismo, com uma diversidadede atrativos raramente vista em outros locais (SABINO, 2012). O turismo sustentável desponta como alternativa econômica para região pantaneirapor meio de projetos, programas e políticas – públicas e privadas – que fomentem a boa governança dos recursos naturais.No âmbito oficial, programas como“Polos de Ecoturismo” e “Brasil dos Viajantes” s~o referências de diagnóstico, indução e capacitação de pessoal, enquanto organizaçõesnão governamentais como aSOS Pantanal (2012) compilam e divulgam um conjunto de boas práticas de turismo na região.

    Exemplos de turismo de baixo impacto, combinados com ações de pesquisa científica, têm resultado em boas referências para a região, e essa atividade tende a se ampliar. Casos de turismo baseados na observação de vida silvestre proliferam no Pantanal, com destaque para projetos como Arara-Azul, Gadonça e Onçafari (PIVATTO e GUEDES, 2012). Pivatto e Sabino (2007) apontam o potencial para expans~o do “birdwachting” no Brasil, com destaque ao Pantanal.A pesca também representa um ativo de alto valor ao turismo regional (SHRESTHAet al., 2002), embora existam críticas à sustentabilidade do modelo predominante(BENANTE et al., 2012).

    O desenvolvimento de ferramentas e métricas confiáveis de monitoramento de impactos do ecoturismo é essencial para manter, ou mesmo recuperar ambientes (SABINO e ANDRADE, 2003; TERESA et al., 2011).A produção desse tipo de conhecimento, centrado no biomonitoramento, gera capacidade de prevenir e restaurar eventuais impactos e, em essência, resulta na segurança da operação turística de longo prazo.

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    Conclusões

    Manter e usar de modo sustentável a riqueza biológica envolve apreciáveis investimentos em recursos para a produção de conhecimento científico, além da proteção à própria natureza. Entender a economia dos ecossistemaspode nos orientar na tomada de decisões sobre o que e quanto devemos conservar nomundo natural, em meio a escolhas conflitantes e demandasconcorrentespor recursos(SUKHDEV, 2011).

    Nesse cenário que conecta a economia à valoração da biodiversidade, o ecoturismo ocupa lugar de destaque. A busca por novas experiências ao ar livre, maior contato com a natureza e a possibilidade de conhecer lugares pouco explorados são alguns dos motivos que tem levado cada vez mais pessoas a praticarem ecoturismo e a gerarem negócios da economia verde(SABINO, 2012).

    O turismo baseado na vida selvagem é, muitas vezes, identificado como atividade sustentável (ROE et al., 1997). Junto dosbenefícios do ecoturismo, contudo, existem impactos negativos que podem desencadearalterações nos sistemas naturais (GIANNECCHINI 1993). Tais impactos foram demonstrados em diferentes grupos taxonômicos, comomamíferos (RODE et al., 2006), aves (GILL, 2007),répteis (ROMERO EWIKELSKI, 2002)e peixes (SABINO e ANDRADE, 2003).

    Acomodar o crescente número de turistas no Pantanal, sem prejudicar a biota, é um desafio. Há registros de que parte deste turismo é predatório. Por exemplo, grupos de turistas podem invadir áreas frágeis que devem ser preservadas, como locais de nidificação de aves aquáticas. Grupos de pesca esportiva podem espalhar lixo, particularmente em acampamentos ilegais em mata de galeria, onde os pescadores deixam sinais de sua presença destrutiva. Numerosos barcos-hotéisdo Pantanal não tratam os resíduos de forma adequada e espalhamlixoem seu caminho (ALHO, 2005).

    Por ser a negação do turismode massa, os empresários do setor, o Poder Público e mesmo os visitantes precisam estar preparados para se adequar às demandas cada vez maiores,sem prejudicar os ambientes,tratando comrespeito as peculiaridades e limites da natureza. Assim, usar de modo sustentável o patrimônio natural do Pantanal é um desafio que demanda por recursos que vão desde o conhecimento científico à gestão dos recursos naturais, passando por políticas públicas que fomentem o turismo sustentável.

    Agradecimentos

    À Universidade Anhanguera-Uniderp pelo financiamento ao Projeto Peixes de Bonito. Aos parceiros de Bonito e região, em especial o Grupo Rio da Prata e o Rio Sucuri, por permitir e apoiar pesquisas em suas propriedades.

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    Referências bibliográficas

    ALHO, C.J.R. The Pantanal.In: Lauchlan H. Fraser; Paul A. Keddy. (Org.).The World's Largest Wetlands - Ecology and Conservation. New York, USA: Cambridge University Press, v. único, p. 203-271.2005.

    ALHO, C.J.R.; SABINO, J.A conservation agenda for the Pantanal’s biodiversity. Braz. J. Biol., vol. 71, no. 1 (suppl.), p.327-335, 2011.

    ALHO, C.J.R.; SABINO, J. Seasonal Pantanal flood pulse: implications for biodiversity conservation: a review. OecologiaAustralis, v. 16, p. 958-978, 2012.

    BENANTE, D. et al. Avaliação histórica da pesca no Pantanal sul-mato-grossense: contribuição para o debate da sustentabilidade. Capítulo 3. In: Alves, G.L., Mercante, M.A; Favero, S. (orgs.) Pantanal sul-mato-grossense: ameaças e propostas. AutoresAssociados, Campinas. 2012.

    GIANNECCHINI, J. Ecotourism: new partners, new relationships.Conservation Biology 7:429–432. 1993.

    GILL, J. Approaches to measuring the effects of humandisturbance on birds. Ibis 149:9–14. 2007.

    MITTERMEIER, R.A. et al.Wilderness: Earth's Last Wild Places. Mexico, DF: CEMEX/Conservation International. 502 p. 2003.

    PETRY, P. et al. Análise de Risco Ecológico da Bacia do Rio Paraguai: Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai. The NatureConservancy; WWF-Brasil. Brasília, DF: The NatureConservancy do Brasil, 54p. 2011.

    PIVATTO, M.A.C.; SABINO, J. O turismo de observação de aves no Brasil: breve revisão bibliográfica e novas perspectivas.Atualidades Ornitológicas(Impresso), v. 139, p. 10-13, 2007.

    PIVATTO, M.A.C. e GUEDES, N.M.R.Observação de vida silvestre e turismo científico - interagir e conservar a natureza. Pp. 25-40.In: Sabino, J. (org.). Ecoturismo: nas trilhas da biodiversidade brasileira. Campo Grande: Natureza em Foco. 160 p. 2012.

    RODE, K.D., et al.(2006) Behavioral responses ofbrown bears mediate nutritional effects of experimentallyintroduced tourism. Biological Conservation 133:70–80.

    ROE, D. et al.Take onlyphotographs, leave only footprints: the environmental impacts ofwildlife tourism. IIED Wildlife and Development Series, no 10,p 83.(1997)

    ROMERO, L.M.; WIKELSKI,M. Exposure to tourism reduces stressinducedcorticosterone levels in Galápagos marine iguanas.Biological Conservation,108:371–374. 2002.

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    SABINO, J.(org.).Ecoturismo: nas trilhas da biodiversidade brasileira. Campo Grande: Natureza em Foco. 160 p. 2012.

    SABINO, J.; ANDRADE, L.P. Uso e conservação da ictiofauna noecoturismo da região de Bonito, Mato Grosso do Sul: o mito da sustentabilidade ecológica no rio Baía Bonita (aquário natural deBonito). Biota Neotropica, 3:1–9. 2003.

    SEIDL, A.F. Biodiversity conservation and cattle ranchersin the Brazilian Pantanal.Pp. 17–36.In:Use ofIncentive Measures for the Conservation and SustainableUse of Biological Diversity. UNEP.160 p. 2001.

    SHRESTHA, R.K.et al. Value of recreational fishing in the Brazilian Pantanal: a travel cost analysis using count data models. EcologicalEconomics 42: 289–299.2002.

    SOS PANTANAL. Boas práticas-Turismo. 2012. Acesso em19.Jun.2013.

    SUKHDEV, P. (org.) TEEB: The Economics of Ecosystems and Biodiversity - Mainstreaming the Economics of Nature. 2010. 36p. Acessoem 12.Jun.2013.

    TERESA, F.B.et al. Fish as indicators of disturbance in streams used for snorkeling activities in a tourist region. Environmental Management (New York), v. 47, p. 960-968, 2011.

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    Ecoturismo no Jalapão: trajetórias e desafios

    LÚCIO FLAVO ADORNO: É geógrafo e professor da Universidade Federal do Tocantins; presidiu por 3 anos o Fórum Estadual de Turismo do Tocantins; possui projetos de pesquisas sobre o turismo no Jalapão patrocinados pela Fundação O Boticário e pela Conservação Internacional; foi responsável pela instituição e implementação da RPPN Catedral do Jalapão; esteve como Secretário de Turismo do Estado do Tocantins nos dois últimos anos onde participou da implantação um voucher ecológico na Cachoeira do Jalapão.É Diretor Executivo da REPANATO - Associação de RPPNs do Tocantins, foi membro da CONACER - Conselho Nacional do Programa Cerrado Sustentável (MMA/PR), do Comitê Científico da Iniciativa Cerrado/ GEF/SBPC e Diretor da Agência de Desenvolvimento Turístico da Amazônia – ADETUR.

    Resumo da apresentação

    O Jalapão, localizado no Estado do Tocantins, abrange uma área de 34.113,20 Km², composto por 8 municípios, compreendendo um Território da Cidadania e ao mesmo tempo o maior Mosaico de Unidades de Conservação do Cerrado. Ao todo são sete diferentes tipos de áreas protegidas, com destaque para a vocação turística e uso público para o Parque Estadual do Jalapão, o Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba, o Monumento Natural Canyon e Corredeiras do Rio Sono e a RPPN Catedral do Jalapão. As atividades turísticas só começaram na segunda metade da década de 1990 através de expedições de aventura na natureza por duas empresas com serviços inspirados no estilo overlanding africano. A busca por uma terra inóspita da civilização moderna, ainda selvagem, alicerçou o surgimento desses produtos ao desenvolvimento desse destino, que teve no início da primeira década desse novo século um grande reforço com a projeção da cultura local de comunidades remanescentes de quilombolas ao demonstrarem seu conhecimento tradicional de produzirem utensílios doméstico ao tecerem com uma planta conhecida como capim dourado. Assim firmou-se o destino de aventura agregando o ecoturismo e o artesanato envolvendo essas comunidades locais no roteiro das operadoras nacionais, o que ascendeu o mercado regional com o surgimento de várias pequenas agências de receptivo principalmente da capital do estado, entrando em disputa no mercado com o oferecimento de serviços off road no sistema de viagem com duas caminhonetes. Por outro lado as frequentes passagens do Rally Internacional dos Sertões estimulou a visitação autônoma por grupos de jeppeiros e motociclistas, ao ponto de gerar impasses entre os diferentes usuários dos atrativos naturais da região. Atualmente o Jalapão enfrenta vários desafios de gestão ambiental de seus atrativos, um forte desgaste e esvaziamento das instâncias de governança turística da região, bem como de investimentos públicos e de sustentabilidade econômica dos empresários do trade turístico.

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    Alternativas para sustentação financeira de RPPN: desafio compartilhado entre empresa e ONG

    RUBENS SOUZA: Analista de Responsabilidade Social Sênior da MMX Sudeste, MBA em Responsabilidade Socioambiental-FGV/RJ, Pós-graduado em Educação Ambiental-UNB, Especialista em Melhores Praticas em Ecoturismo-MPE/FunBio, Analista de Sistemas com ênfase em Sistemas Administrativos-PUC/MG. Experiência em Gestão de entidade civil e articulação para o fomento de iniciativas socioambientais. Atualmente junto com a equipe de Responsabilidade Social da MMX, é responsável pelos projetos sociais estratégicos e os previsto no EIAs do projeto Serra Azul/MG e de Corumbá/MS.

    ÂNGELO RABELO: Oficial da Reserva da PMMS no Posto de Coronel, formado pela Academia da Brigada Militar do Rio Grande do Sul; mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela PMESP, 2013; curso de Comunicação Social – Especialização em Relações Públicas, Academia de Polícia Militar de Barro Branco, 1986, São Paulo – SP; Direito na Universidade Católica Dom Bosco, 1994, MBA Marketing, Fundação Getulio Vargas, 2004, Campo Grande; curso de Especialização em Conservação de Recursos Naturais - USP-SP; curso de Manejo de Recursos Naturais e Áreas Silvestres - Colorado State University, 1994, Fort Collins/Colorado – USA; diversos cursos na área de Educação Ambiental. Trabalhou dois anos como Diretor do Departamento de Educação Ambiental - SEMA-MS; atuou com Consultor do WWF, Sesc Pantanal e do Banco Mundial Projeto PRODEAGRO, gerente da Atividade de Fiscalização do Programa Nacional de Meio Ambiente -Pantanal - Banco Mundial, Consultor da SODEPAM para Assuntos de Proteção e Fiscalização. Exerceu inúmeras funções publicas : Secretario de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, 1996 a 2004, Município de Corumbá. Coordenou a implantação do Programa Monumenta – Minc -no município de Corumbá. Ocupou o cargo de Assessor Parlamentar no Senado Federal com Senador Delcídio do Amaral.Possui 2 Prêmios Internacionais: Memorial Prize do WWF, Estados Unidos 1991 – WWF- USA, 1989 e Memorial Prize do WWF , Inglaterra 1992 pelos trabalhos de Conservação a Natureza do Brasil . Em 2010 foi agraciado com o prêmio anual Individual de Conservação a Natureza pela Fundação Ford. Medalhas de Mérito da PMMS, PMSP e PMRS. De 2011 a 2013 atuou na iniciativa privada como Diretor de Licenciamento ambiental do Grupo EBX na Diretoria de Sustentabilidade, RJ. Em 2013 Recebeu em Londres a homenagem do fotógrafo Sebastião Salgado no lançamento do Projeto Genesis, o reconhecimento pelo trabalho em prol da conservação do Pantanal. Atualmente exerce a função de Conselheiro do Instituto Homem Pantaneiro.

    Resumo da apresentação

    Em 2006 a MMX – Mineração e Metálicos S.Aempresa de mineração do grupo EBX, adquiriu em Corumbá, Mato Grosso do Sul, uma mina para exploração de minério de ferro.

    Além de cumprir todas as exigências legais junto aos órgão ambientais para o início das operações, adquiriu no mesmo ano voluntariamente uma área de 20.000 hectares na Serra do Amolar, com objetivos específicos de conservação e preservação.

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    Neste mesmo ano a empresa estabeleceu uma parceria com o Instituto Homem Pantaneiro, uma organização local que desenvolve projetos e programa socioambiental para o Pantanal. O Instituto ficou responsável de criar uma unidade de conservação na área e gerir programas estratégicos e os previstos em seu plano de manejo.

    O IHP organizou e coordenou duas expedições para área em dois períodos(seca e cheia), em parceria com outras instituições como EMBRAPA e UFMS, realizando uma Avalição Ecológica Rápida, que balizou e deu subsídios para elaboração dos documentos necessário para criação de uma RPPN.

    Em 2008 o ICMBio concedeu o titulo criação da RPPN Engenheiro Eliezer Batista com 12.608,79 hectares considerando um polígono socioambiental adequado a realidade local, neste mesmo ano também foi apresentado e protocolado o Plano de Manejo da RPPN.

    Com o intuito de fomentar outras iniciativas de conservação ambiental o Instituto Homem Pantaneiro articulou com outras instituições publicas e privadas detentoras de áreas no Pantanal e criou a Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, agregando outras unidades de conservação publicas e privadas somando um total de 272.000 hectares de áreas protegida, afim de criar um mosaico com iniciativas de conservação e preservação do pantanal, para esta iniciativa a rede contou com o apoio de outras empresas do Grupo EBX,além de outros parceiros institucionais.

    Durante estes anos o IHP e a MMX vem buscando alternativas de sustentabilidade para a RPPN, dentro deste contexto o turismo mais especificamente o Ecoturismo é apontando como uma possível forma de sustentação financeira, seria esta atividade viável para a área?

    Para responder esta pergunta fomos buscar fundamentos que possam balizar possíveis investimentos e aviabilidade da atividade na área.

    Em uma pesquisa2 realizada em 2006 em 14 RPPNs, mostrou-se que o ecoturismo é mais expressivo na Mata Atlântica (41%dos casos), Pantanal (24%)e Cerrado (17%), seguidas da Amazônia (7%), dos Costeiros(5%), da Caatinga e dos Campos Sulinos (ambos com 3%).No Pantanal, verificou-se 161.915,2 ha em RPPNs com ecoturismo, apresentando as reservas privadas de maiorextensão. Tendo como os principais objetivos para sua criação: a conservação (100% dos casos), o ecoturismo (79%), a educação ambiental (72%), a pesquisa científica (64%). Isso evidência em que os objetivos das reservas privadas brasileiras foram prioritariamente voltados para as questões conservacionistas, aliados a outras intenções secundárias, com destaque para o ecoturismo.

    Outro dado importante é que o ecoturismo foi avaliado como economicamente lucrativo pela maioria dos proprietários das RPPNs (57%), em

    2RUDZEWICZ, Laura; LANZER, Rosane Maria. Práticas de ecoturismo nas Reservas de Patrimônio

    Natural/2006

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    que o retorno do investimento inicial para o desenvolvimento das práticas de ecoturismo ainda não ocorreu, em 79% dos casos. Esses dados levam a considerar que o ecoturismo deve ser um complemento à busca pela viabilidade financeira das reservas.

    Em 79% dos casos as RPPNs demonstraram integrar-se a outras áreas protegidas, formando corredores ecológicos, ampliando sua importância para a conservação dos ecossistemas e, na perspectiva do turismo, integrando e diversificando as possibilidades de uso público em áreas naturais protegidas.

    As dificuldades para a viabilidade financeira das reservas é a ausência de planejamento e monitoramento ambiental demonstraram ser fatores limitantes à perspectiva de longo prazo, tanto para fins de conservação, quanto para o desenvolvimento do ecoturismo nos ambientes protegidos.

    Um outro estudo demonstra o fluxo turismo em áreas com características parecidas com a RPPN Engenheiro Eliezer Batista vejamos a tabela abaixo:

    PERCEPÇÃO DO TURISMO EM ZONAS ÚNIDAS3

    Parque EtoshaPans Namíbia 200 mil turistas/ano

    Parque Estadual do Rio Doce* Marliéria - Minas Gerais 25 mil turistas/ano

    Carvenas de Skocjan Eslovênia 200 mil turistas/ano

    Parque de KaKadu Austrália 200 mil turistas/ano

    Sesc Pantanal (RPPN)* Poconé - Mato Grosso 20 mil turistas/ano

    De um total de 1.927 Sítios RAMSAR no mundo apenas 680(35%) tem alguma atividade turística.

    A RPPN EngenheiroEliezer Batista tem previsto em seu Plano de Manejo a visitação publica, a área ainda não dispõem de infraestrutura adequada para o desenvolvimento da atividade turística, porém desde 2010 recebe pesquisadores e visitantes técnicos que desejam realizar seus trabalhos e conhecer a área. Nos últimos 3 anos a RPPN EEB recebeu 651 pessoas formadoras de opinião, acadêmicos de diversas universidades, estudantes, pesquisadores e pessoasreconhecidas mundialmente.Podemos destacar as presenças como: Thomas Lovejoy, Michael Begon, Sebastião Salgado, Lawrence Wabba, FamiliaKink entre outros.

    3Turismo em Zonas Úmidas: Uma Grande Experiência –MMA/2011

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    Atualmente são desenvolvidos na RPPN EEB diversos projetos de pesquisa e apoio a comunidade como:

    Ecologia e Conservação de pequenos e grandes felinos da Serra do Amolar, Pantanal do Brasil;

    Doenças transmitidas por vetores em canídeo silvestre (Cerdocyonthous) e cães domésticos da região da Serra do Amolar;

    Curso de Campo da UFMS, Curso Estratégias de Conservação para Natureza; Projeto criação de peixes em taques redes e criação de abelha nativa.

    Recentemente o IHP em parceria com a MMX lançou um Livro com os aspectos biológicos da Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista intitulada “Descobrindo o Paraiso”, que identificou diversas espécies endêmicas ainda não descritas pela ciência mundial, ressaltando a importância e relevância ambientalda área. O IHP também mantem parceria estratégicas importantes para o desenvolvimento da área como: SOS Pantanal, IBAMA/Prevfogo, Parque Nacional do Pantanal, PMA/MS, PANTHERA, SPVS, UFMS, Acaia Pantanal, ICMBio, REPAMS, Fundação Ecotrópica, Fundação Boticário, EMBRAPA/Pantanal.

    Consideramos alguns fatores críticos e favoráveis o desenvolvimento turístico na RPPN EEB e na região, pois existem variáveis pontos da qual os proprietários e gestores não tem controle e não de sua responsabilidade o seu desenvolvimento. Abaixo apontamos estes fatores

    FATORES CRÍTICOS E FAVORÁVEIS AO DESENVOLVIMENTO

    DE TURISMO NA RPPN EEB E REGIAO

    Críticos Favoráveis

    Infraestrutura básica de apoio turísticos nos gateways deficiente e inexistente;

    Diversidade de fauna e flora com certa facilidade para observação;

    Pouco levantamento da biodiversidade; (Criação e divulgação de lista de fauna e Flora)

    Proximidade a um parque nacional e a outras UCs;

    Distancia de grandes centros receptivos;

    Possibilidade de agregar a outros destinos consolidados nacional e internacional;

    Exploração excessiva do segmento da pesca; Inexistência de outro produto turístico (eco)

    o Pantanal apresenta ecossistemas e dinâmicas ecológicas frágeis e as dificuldades de acesso inibem a presença massificada de equipamentos e turistas.

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    Sazonalidade (Clima, Queimadas, Mosquito)

    Destino único com interesse de grupos bem específicos;

    Alto custo de operacionalização; Participação e alternativa de desenvolvimento para as comunidades do entorno;

    Falta de controle e fiscalização em área natural de grande extensão e de difícil acesso;

    Diferentes tipos de atividades podem ser desenvolvidas na RPPN EEB e seus entorno.

    Descrédito por parte de operadores ecoturismo com destino Corumbá;

    Diferentes paisagens ao longo do ano, por conta do pulso hídrico da região e clima.

    Aqui apontamos algumas alternativas de atividades que devem ser precedidas de um estudo mais aprofundado para avaliar sua viabilidade econômica e ambiental para implementação de um negócio turístico:

    • Ecolodge com atividades de:Ecoturismo - Observação de fauna e flora e turismo segmentado/exclusivo;

    • Aventura – Canoagem, mergulho; • EtnoCutural; • Turismo Cientifico;

    Apontamos ainda outras alternativas de sustentabilidade e geração de renda para área:

    • PSA por desempenhar um importante papel de repositório(berçário) de estoque pesqueiro que influencia diretamente a cadeia do turismo de pesca;

    • Pagamento de taxa de conservação aos visitantes com renda revertida para fundo das comunidades locais e para custos operativos de conservação e manutenção do valor natural e cultural da área;

    • Valoração da Biodiversidade – Banco Genético; • REDD - Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal; • Utilização dos recursos naturais de forma sustentável;

    Neste contexto podemos concluir que noPantanal existem práticas bem-sucedidas e grande potencial turístico nas RPPNs, porém, em sua maioria o ecoturismo praticado no Pantanal Sul Matogrossense ainda é uma atividade inexpressiva, desordenada, de baixa qualidade impulsionada, quase que exclusivamente, pela oportunidade mercadológica, deixando a rigor, de gerar os benefícios sócio-econômicos e ambientais esperados e comprometendo não raro, o conceito de imagem do produto ecoturístico brasileiro nos mercados interno e externo.

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    Neste sentido a MMX e o IHP estão desenvolvendo um plano de negócios e de sustentabilidade que apontem a viabilidade, alternativase soluções com o objetivo de estruturar e dotar a região da Serra do Amolar de equipamentos e serviços turísticos de alta qualidade explorando o seu potencial natural e cultural de forma sustentável, objetivando a conservação, proteção e sustentabilidade da RPPN EEB, bem como o retorno financeiros aos parceiros envolvidos.

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    3.2 Experiências temáticas

    Observar é para quem enxerga longe

    GUTO CARVALHO: É profissional de comunicação e birdwatcher. Atou muitos anos como diretor publicitário, produziu e dirigiu séries de TV como Ecoprático e Sustentáculos além de programas especiais com foco em conhecimento e sustentabilidade. É criador e organizador do Encontro Brasileiro de Observação de Aves - AvistarBrasil.

    Resumo da apresentação

    Observação de aves pode ser definida como a necessidade compulsiva de identificar objetos voadores. Um observador de aves não é somente aquele ser com roupas camufladas, binóculos e um compêndio ornitológico, nem o fotógrafo solitário com um tripé nas costas e uma lente-bazuca nas mãos. Antes de ser profissional um observador de aves se esconde naquele tiozinho que atrapalha o trânsito ao estacionar seu carro pra olhar uma gavião pousado na marginal do Tietê em São Paulo, ou ainda na madame que coloca comidinha na varanda do prédio dos Jardins. E esse estilo não se perde, nem mesmo após fotografar a sua 1749º espécie. Ser observador é um estilo de vida e se manifesta em todas suas atividades. Em sua origem, "observar uma ave" é a experiência criadora do birdwatching e tem sua potência máxima no prazer de ver e identificar uma espécie desejada, o chamado "orgasmo ornitológico". Diferente de outras modalidades como por exemplo canyoning ou escalada, onde o "objeto do desejo" é estático, no birdwatching ele é móvel: as aves tem asas e podem voar… Isso cria condições únicas de mobilidade e dispers~o: Basta uma ave migratória aparecer no centro de Belo Horizonte, para converter a urbana lagoa da Pampulha num centro pop-up de birdwatching. Os recentes burburinhos (twitching) em torno do gavião de penacho, tuits, caburé-acanelado são outros bons exemplos desse fenômeno. A experiência da observação segue intrincadas regras estatísticas, mas de modo geral será freqüente onde houver muitas aves e algumas pessoas, ou onde houver muitas pessoas e algumas aves e atinge o ápice em locais com muitas gente e muitas aves… (Manaus por exemplo). Isso explica que a maioria dos registros ocorre em locais inusitados para o turismo de natureza. São Paulo, por exemplo, ocupa um surpreendente e honroso quarto lugar na lista de espécies. A observação de aves, se analisada pela ótica de seu produto (orgasmo ornitológico), apresenta uma distribuição estatísticas do tipo Cauda Longa, onde alguns destinos líderes dominam o mercado (Pantanal, Alta Floresta, Lagoa do Peixe, Itatiaia, etc) mas paralelamente uma infinidade de locações alternativas gera um volume de negócios muito superior ao gerado pelos líderes.

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    Isso aponta caminhos alternativos ao atendimento dos top birders, brasileiros ou gringos. Abre espaço para inovação e exploração de nichos. Indica uma estratégia de consolidação e fortalecimento dessa cauda longa. Os hotspots sempre serão importantes, mas a verdadeira consolidação do segmento depende de entender melhor a demanda, a dinâmica e a diversidade de um segmento com asas e uma longa cauda.

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    Mergulho em Fernando de Noronha

    ISMAEL ESCOTE: Iniciou a carreira como profissional de mergulho em Bonito-MS, onde chegou em 1995 e viveu por 9 anos; formou-se como Guia de Turismo do MS em 1996 e como Instrutor de Mergulho em 1998; em 1999 criou a operadora de mergulho Sub Mundo, especializada em mergulho técnico e cavernas, e esta se tornou pioneira na implementação comercial de mergulhos com misturas gasosas no Brasil. Mora em Fernando de Noronha desde 2006, assumindo a coordenação de mergulho técnico e tornou-se responsável pela coordenação geral das operações de mergulho, pela seleção e treinamento da equipe. Participou de diversos treinamentos de gestão e qualidade pelo Sebrae em Fernando de Noronha e auxiliou na implementação do Sistema de Gestão de Segurança (SGS) na Atlantis Divers. É instrutor de mergulho pelas certificadoras PADI - NAUI - SSI - TDI - IANTD – IANTD, especializado em mergulho em cavernas, mergulho profundo, mergulho em naufrágios, misturas gasosas, foto sub, vídeo sub, DPV e emergências e resgate.

    Resumo da apresentação

    Introdução

    A atividade de mergulho autônomo em Fernando de Noronha é sem dúvida

    um dos pilares de sustentação da cadeia turística da Ilha. O fluxo anual, de acordo

    com dados da administração de FN, foi de aproximadamente 62.000 visitantes em

    2012. Para tratar deste tema os tópicos abordados nesta apresentação serão os

    seguintes:

    Localização geográfica e infraestrutura urbana. Mergulho em suas diversas modalidades. Importância da atividade para a ilha e para o mercado de mergulho

    brasileiro.

    Localização geográfica e características do arquipélago

    O Arquipélago de Fernando de Noronha está localizado na costa nordeste

    do Brasil, fora da plataforma continental à uma distância de aproximadamente,

    550 km de Recife-PE e de 350 km de Natal-RN. Trata-se de um conjunto de ilhas

    oceânicas formado pela ilha principal e mais 12 ilhas e ilhotas, com uma área de

    112 km2. As ilhas têm origem em uma cadeia vulcânica cuja base encontra-se a

    4000 metros de profundidade. Fernando de Noronha é um Distrito Estadual de

    Pernambuco, sendo este o único do país. Além disso, toda a áreaterrestre do

    Arquipélago é composta por duas unidades de conservação, sendo dividas da

    seguinte forma: Na área da APA que equivale a 30% está a maior parte da

    infraestrutura urbana e o Parque Nacional Marinho abrange os 70% restantes.

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    Infraestrutura

    A única ilha habitada do arquipélago é a ilha principal chamada Fernando

    de Noronha. A população de Noronha varia entre 3500 a 4000 habitantes

    dependendo do período do ano. Este número considera a população fixa e a

    flutuante, que são os visitantes e os prestadores de serviço temporários.

    A ilha dispõe de um aeroporto com capacidade para operar com aeronaves

    de grande porte. Dois voos diários de Recife e um voo diário de Natal realizados

    por duas companhias aéreas fazem o transporte de visitantes e moradores da ilha

    até o continente. Um pequeno porto serve aos diversos barcos de carga que

    abastecem a ilha semanalmente com gêneros alimentícios, combustível, gás etc. e

    também atende às embarcações de turismo e mergulho que levam os visitantes

    para as atividades ao redor da ilha.

    Existe um hospital público e um posto de saúde para o atendimento da

    população e visitantes, porém a infraestrutura e os equipamentos são limitados e

    nos casos de emergências graves pode ser necessário a remoção para o continente.

    Existe também o atendimento móvel de emergências feito por uma equipe do

    SAMU.

    Na área de segurança pública há uma delegacia da Polícia Civil, uma

    delegacia da Polícia Federal, um destacamento da Polícia Militar e um

    destacamento do Corpo de Bombeiros.

    O comércio é composto de pequenos mercados e outros estabelecimentos

    que atendem à demanda por alimentos, bebidas, remédios, vestuário e materiais

    de construção. Além disso há uma quantidade considerável de bares e

    restaurantes.Os meios de hospedagem também são diversificados com oferta de

    acomodações simples e pousadas familiares até bangalôs de luxo com serviços

    personalizados.

    A maior parte da água tratada disponível vem de processo de dessalinização

    e apenas uma pequena parte do esgoto é tratado. A energia elétrica é

    disponibilizada por uma usina geradora que funciona com motores à combustão de

    óleo diesel.

    Para comunicação há rede de telefonia fixa, rede de telefonia celular que

    atende às principais operadoras e também internet entretanto bastante limitada

    em termos de velocidade e pontos de conexão. O sistema de dados disponível para

    celular é o Edge que tem velocidade bem inferior ao 3G. Há apenas uma agência

    bancária e alguns postos de serviço, pouquíssimas opções de caixa eletrônico e

    nenhuma casa de câmbio.

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    Mergulho

    São três as operadoras que prestam serviços de mergulho autônomo em

    Fernando de Noronha somando entre elas oito embarcações que possuem licença

    para esta atividade. Noronha é sem dúvida o melhor local do Brasil para a prática

    desta atividade do turismo devido aos seguintes fatores:

    Condição climática, temperatura e visibilidade da água muito boa durante o

    ano todo. Por se tratar área protegida, a vida marinha é abundante e diversificada e

    além disso, há também uma diversidade muito grande na paisagem sub aquática,

    tornando cada mergulho uma experiência diferente do ponto de vista cênico. É

    possível realizar mergulho em fundo rochoso, arenoso, em cavernas e naufrágios,

    mergulhos profundos e mergulho de correnteza onde o fluxo da água leva o

    mergulhador como se ele estivesse em um rio. São basicamente três modalidades

    de mergulho autônomo exploradas na ilha:

    1. Mergulho de Batismo –Modalidade em que o visitante deseja fazer somente uma experiência, acompanhado de um instrutor, sem que isto se converta em um treinamento para emissão de certificação. No Batismo, também conhecido como “Discovery scubadiving”, o visitante recebe uma instruç~o teórica durante a navegação até o ponto de mergulho e em seguida vai para a água onde é feita a adaptação ao equipamento antes de descer, acompanhado e em contato físico o tempo todo com um instrutor de mergulho. A duração da imersão é de aproximadamente 30 minutos e a profundidade máxima é de 12 metros.

    2. Mergulho Credenciado – Nesta modalidade o visitante já participou de curso de treinamento e possui credencial de mergulhador recreativo, que o habilita a mergulhar até o limite de seu nível de treinamento, que pode ser básico, avançado ou mergulhador técnico. Em função das regras do Parque Nacional Marinho, estes mergulhos serão sempre acompanhados de um condutor de mergulho, que é um profissional qualificado para instruir e conduzir outros mergulhadores. Nas saídas embarcadas os grupos são divididos em até 8 mergulhadores sendo conduzidos por 2 profissionais obedecendo sempre a razão de 1:4 nos mergulhos convencionais e 1:2 nos mergulhos técnicos. A atividade pode ser conduzida em três períodos: manhã, tarde e noite. Nos mergulhos diurnos as saídas são programadas para duas imersões de aproximadamente 40 minutos e no período noturno apenas uma imersão. As profundidades máximas dependem do nível de treinamento dos mergulhadores, sendo os limites para básico – 25 metros, avançado – 40 metros e técnico – 65 metros.

    3. Cursos de mergulho – É a modalidade onde o visitante deseja obter a credencial ou certificação de mergulhador autônomo. Esta credencial é emitida por entidades certificadoras que treinam seus instrutores de acordo com padrões reconhecidos internacionalmente e portanto têm validade ao redor do mundo sendo reconhecidas na grande maioria dos países onde se opera mergulho autônomo. Após o primeiro curso, de nível básico, o mergulhador tem a oportunidade de acessar outros níveis e uma

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    infinidade de especialidades que vão desde fotografia sub até mergulho em cavernas, sem falar dos programas profissionalizantes.

    Ao todo são 23 pontos de mergulho cadastrados na área do PARNAMAR –

    Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.

    Importância da atividade

    O mergulho autônomo é uma das atividades que mais agrada aos turistas

    que vêm à Noronha, de acordo com as estatísticas do perfil do visitante,

    divulgadas pela Administração da Ilha. Além disso, devido ao volume de

    operações ao longo do ano Noronha é também um grande polo de capacitação

    profissional para esta atividade. Além de formar profissionais de mergulho,

    algumas empresas também contratam profissionais formados que tem intenção

    de passar um período curto na ilha, no máximo três meses, com o objetivo de se

    qualificar melhor para atuar em seu local de origem.

    Outro ponto bastante importante da atividade de mergulho é seu potencial

    como ferramenta de educação ambiental. O impacto exercido pelo mergulho

    enquanto experiência é tão forte para as pessoas, que seria um desperdício não

    utilizar isso, agregando consciência ambiental e passando informações sobre a

    importância do participante como elo na cadeia conservacionista.

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    Caminhadas de longo percurso

    ALEXANDRE LORENZETTO: Biólogo; mestre em Áreas Naturais Protegidas (Espanha); pesquisador associado do Programa Parkswatch-Greenvest, realizando avaliações de efetividade de gestão de áreas protegidas e programas de apoio e fortalecimento para as mesmas, na América Latina. Realizou trabalhos em áreas protegidas na América Latina, com especial ênfase na Argentina, onde fez parte da Comissão de Uso Público para parques de alta montanha. Experiência também na Europa (Espanha e Itália) e África, realizando pesquisas, consultorias e voluntariados, sempre com especial interesse no tema de uso público. Usuário assíduo de unidades de conservação, montanhista com mais de 15 anos de atividades, é também membro voluntário do Corpo de Socorro em Montanha- COSMO (Parque Estadual Marumbi- PR). Atualmente é o coordenador do Projeto de Fortalecimento do Uso Público para o Instituto Estadual do Ambiente- RJ, executado pelo ITPA (Instituto Terra de Preservação Ambiental)

    Resumo da apresentação

    A palestra aborda conceitos gerais de caminhadas de longa distância pelo mundo, citando alguns exemplos das mais conhecidas. Será aprofundado o tema de caminhadas de longo percurso na Europa, com as suas diversas associações e a estrutura que eles possuem para organizar este tipo de produto turístico. Como estudo de caso será apresentado o caso espanhol, como funcionam as trilhas de longa distância naquele país, como se fomenta, como se divulga, organiza, etc. Além disso, será mostrado como a Espanha está inserida dentro do contexto europeu, principalmente relacionado às trilhas transnacionais. Também foram abordadas experiências do autor em percorrer algumas destas trilhas de longo percurso, exemplificando com fotos e comentando sobre a logística necessária e preparação para os determinados tipos percursos, outros relatos de experiências na América Latina foram trazidos, em locais onde se pratica muito esta atividade, como na Patagônia. Por fim, será feito um paralelo sobre as travessias que possuímos no Brasil e alguns projetos de trilhas de longa distância que estão sendo executados e planejados atualmente.

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    3.3 Parecerias Público Privadas

    Parceria Público Privada - A visão do ICMBio

    GIOVANNA PALAZZI: Graduada em Ecologia pela Universidade Estadual Paulista

    (UNESP), desde 2000. Ingressou na carreira de Especialista em Meio Ambiente em

    2002 no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

    (Ibama) e em 2007 passou a integrar o quadro funcional do Instituto Chico Mendes

    de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No período de 2011/2012 atuou como

    Gerente de Projetos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), no Departamento de

    Áreas Protegidas, onde coordenou ações de implementação do Sistema Nacional de

    Unidades de Conservação (SNUC). No período de 2010/2011 foi coordenadora geral

    de Criação, Planejamento, Avaliação e Monitoramento de Unidades de Conservação

    na Diretoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral do ICMBio (DIREP),

    atual DIMAN. Em 2009 foi coordenadora regional do ICMBio em Manaus – CR 02,

    onde atuou na estruturação e implementação do ICMBio em nível local. No período

    de 2002 a 2008 foi chefe da Floresta Nacional do Tapajós, UC gerida pelo Instituto

    localizada em Santaré/PA, e do Parque Nacional de Anavilhanas, gerido pelo

    Instituto localizado no Amazonas. Atualmente Giovanna é diretora de Criação e

    Manejo de UCs do Instituto Chico Mendes

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    Parceria Público Privada: A visão do Instituto Semeia

    ANNA CAROLINA LOBO: Bacharel em Turismo, com pós-graduação em Tecnologia e

    Gestão Ambiental. É coordenadora de Projetos do Instituto Semeia desde janeiro de

    2012. O Instituto Semeia é uma ONG brasileira dedicada a reunir entidades públicas

    e privadas para desenvolver modelos de gestão responsáveis, de classe mundial para

    as áreas protegidas do Brasil. Anteriormente, ela trabalhou por 6 anos como Gerente

    de Visitação Pública e Ecoturismo na Fundação Florestal, órgão responsável pela

    gestão de Unidades de Conservação do Governo do Estado de São Paulo. Durante o

    mesmo período coordenou o Projeto de Desenvolvimento do Ecoturismo na

    Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, financiado pelo Banco

    Interamericano de Desenvolvimento. Atuou como conselheira no Conselho Estadual

    de Turismo e Conselho Estadual de Monumentos Geológicos. De 2003 a 2006

    trabalhou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São

    Paulo, onde esteve a frente do programa de regionalização do turismo em diversas

    regiões do Estado, assim como do financiamento de projetos de turismo, hotelaria e

    outros negócios relacionados a cadeia produtiva do turismo, pelo Fundo de

    Desenvolvimento do Vale do Ribeira. Também foi conselheira do Consema - Conselho

    Estadual do Meio Ambiente. Foi autora e coautora das seguintes publicações:

    “Modelo de Tomada de Decisão para o Desenvolvimento de Parcerias entre os setores

    público e privado na conservação e no empreendedorismo turístico em UC” (2012);

    “Unidades de Conservação devem ser Fontes de Riqueza para o País” (2012); “Trilhas

    de longo curso e diversificação do uso público nos parques estaduais de São Paulo”

    (2011); "Manual de Monitoramento e Gestão dos Impactos da Visitação em UC"

    (2010); "Manual para Construção e Manutenção de Trilhas" (2010), "Cadernos de

    Educação Ambiental - Ecoturismo" (2010); "Passaporte para as Trilhas de São

    Paulo" (2008); "Roteiros de Mergulho" (2009); e "Programa de Ecoturismo: As UCs

    Paulistas para a Sociedade" (2009).

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    Parceria Público Privada: A visão do concessionário

    DIEGO CANNESTRACI: Diretor da Nodocom Comunicación y Eventos, que desenvolve

    eventos esportivos em parques nacionais e áreas protegidas da Argentina. Formado

    em física pela Universidade Nacional de Comahue, com especialização em atividades

    recreativas na natureza e cursos de ciências sociais, geografia e negócios, além de ter

    feito cursos do comitê Olímpico Argentino e Internacional. É guia de montanha;

    autor e editor publicações técnicas de cartografia e livros de trekking.

    Resumo da apresentação

    Experiencias de uso público, garantías y sustentabilidad real.

    Antes de contar mi experiencia técnica como prestador de servicios privados en la naturaleza en los Parques Nacionales de Argentina, debo hacer una breve reseña sobre el contexto de histórico y geográfico de las áreas protegidas ambientalmente en la Argentina y brevemente sobre mi historia personal como actor subjetivo en la economía y uso público de los Parque Nacionales.

    Es interesante conocer que la historia de los PNs Argentinos, que oficialmente fueron creados por el estado argentino en 1920, con el primer parque llamado Parque Nacional del Sud (Luego Nahuel Huapi) y creando luego en 1934 la Dirección de Parques Nacionales. Pero que en realidad tuvieron su origen en una donación privada y desinteresada en el área del PN Nahuel Huapi en 1903.

    “El 6 de noviembre de 1903, el Dr. Francisco P. Moreno, geógrafo, paleontólogo y gran explorador, en una carta dirigida al entonces Ministro de Agricultura Wenceslao Escalante, manifestaba lo siguiente:

    “Durante las excursiones que en aquellos años hice en el sur admiré lugares excepcionalmente hermosos y más de una vez enuncié la conveniencia de que la Nación conservara la propiedad de algunas de ellas, para mejor provecho de las generaciones presentes y venideras. Vengo por ello, invocando los términos de la Ley, a solicitar la ubicación de un área de tres leguas cuadradas con el fin de que sea conservada como parque público. Al hacer esta donación emito el deseo de que la fisonomía actual del perímetro que abarca no sea alterada y que no se hagan más obras que aquellas que faciliten comodidades para la vida del visitante.”

    La donación del terreno, se hizo con la exclusiva condición de ser reservada como "Parque Nacional sin que en ella pueda hacerse concesión alguna a particulares". Convencido sobre el devenir de la región, pronosticó que "convertida en propiedad pública inalienable llegaría a ser pronto centro de grandes actividades intelectuales y sociales y por lo tanto, excelente instrumento de progreso humano".

    De esta manera, la donación y acto simbólico del Perito Moreno marco el rumbo de Parques de Uso público del país, estableciendo que se realicen “m|s obras que aquellas que faciliten la vida del visitante”, integrando de manera natural el turismo al concepto de |rea protegida. Especificando adem|s que “sus

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    excursiones por aquellos años como explorador” dieron la visión de bellezas naturales únicas a ser preservadas.

    En el transcurso de 110 años desde esta donación inicial, Argentina tiene hoy 40 aéreas protegidas bajo la Administración de Parques Nacionales, presidida por primera vez desde hace 2 meses por un Guardaparque como autoridad máxima, mostrando sin dudas una madurez muy solida como institución, pero sobre todo coherencia en su mensaje. Esto sin contar las áreas provinciales y municipales de conservación, más de 300.

    Se protegen más de 4 millones de hectáreas, y se están por agregar en diferentes proyectos de PNs más de 1,5 millones de hectáreas nuevas al manejo de la APN.

    Algunas lecciones aprendidas

    Al tener nuestros PNs una misión fundacional orientada al uso público, no han sido pocas las lecciones que la historia ha dejado, pero sin dudas aún queda