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CADERNO DE RESUMOS 14 E 15 DE ABRIL DE 2011 Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP I JORNADA DO E-L@DIS REDE ELETRÔNICA E(M) DISCURSO

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CADERNO DE RESUMOS 14 E 15 DE ABRIL DE 2011

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP

I JORNADA DO E-L@DIS REDE ELETRÔNICA E(M) DISCURSO

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I Jornada do E-l@dis: Rede Eletrônica e(m) discurso, abril 2011

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Caderno de Resumos

I Jornada do E-L@Dis Rede Eletrônica e(m) Discurso

Dias: 14 e 15 de abril de 2011 Ribeirão Preto-SP

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REALIZAÇÃO

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto/ Universidade de São Paulo E-l@dis: Laboratório Discursivo

Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto Secretaria Municipal da Cultura/Ribeirão Preto

Instituto do Livro Pró-ler- Comitê Ribeirão Preto

COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenação geral do evento: Profa. Dra. Lucília Maria Sousa Romão (FFCLRP/USP). Pesquisadora responsável do

E-L@DIS - Laboratório Discursivo (FAPESP, 2010-510290)

Organização do evento: Profa. Dra. Lucília Maria Sousa Romão - (FFCLRP/USP)

Thaís Harumi Manfré Yado é Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade- (CECH/ UFSCar)

Discentes

Ane Ribeiro Patti Camila Santos de Oliveira Daiana de Oliveira Faria

Daniela Giorgenon Denise Nova Cruz

Fernanda Correa Silveira Galli Francis Lampoglia

Gustavo Grandini Bastos Jean Carlos dos Santos Jonathan Bertassi Silva

Ludmila Ferrarezi Mavi Galante Mancera Dall'Acqua Carvalho

Vânia Lúcia Coelho Vivian Lemes Moreira

Funcionários

Cíntia Braga Ferreira Pinheiro Mateus Tarcinalli Machado

Rita de Cássia Ribeiro Sumeire Tamiko Takahashi de Oliveira

APOIO

UNISEB/COC FAPESP

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SUMÁRIO

MULHER, IDENTIDADE DISCURSIVA NO SITE DO CONSELHO NACIONAL...............

DE JUSTIÇA E A “LEI MARIA DA PENHA”.........................................................................6

O TWITTER E O SUJEITO FRAGMENTÁRIO: SENTIDOS E SUJEITOS EM REDE........7

O OLHAR DO HOMOSSEXUAL SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE............................... 8

SENTIDOS DE CRIANÇA: OS FILHOS E NETOS DO NARCOTRÁFICO NO....................

MOVIMENTO DO DISCURSO ................................................................................................ 9

O JOGO DA POLISSEMIA DO DISCURSO: O MORRO E O FIEL EM DISCURSOS DE....

CRIANÇAS E JOVENS DO NARCOTRÁFICO .................................................................... 10

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO A PARTIR DA INSERÇÃO NO CIBERESPAÇO ....... 11

O BRINCAR DE FAZ-DE-CONTA ........................................................................................ 12

OS ESTUDOS DA LINGUAGEM E A NOÇÃO DE SUJEITO: O DISCURSO......................

MIDIATICO. O (TRANS) BORDAMENTO DE SENTIDOS NA REGIÃO SERRANA DO

RIO DE JANEIRO. .................................................................................................................. 13

PRÁTICAS LEITURA E ESCRITA NO FACEBOOK: UMA PONTE ENTRE WEB E A.......

SALA DE AULA ..................................................................................................................... 14

MATERIALIDADES DISCURSIVAS NO DIGITAL: SENTIDOS SOBRE A MULHER......

NA POLÍTICA EM SITES DE PESQUISA ............................................................................ 15

O AVESSO DA LEGITIMAÇÃO DE SENTIDOS DE COMPLETUDE NA/DA.....................

EDUCAÇÃO INCLUSIVA ..................................................................................................... 16

BLOG DO FOLHATEEN: PRÁTICAS ESCRILEITORAS DE JOVENS NA..........................

CIBERMÍDIA .......................................................................................................................... 17

ANÁLISE DISCURSIVA DE PRODUÇÕES LINGUÍSTICAS ESCRITAS: ...........................

INICIAÇÃO POÉTICA ........................................................................................................... 18

MOVIMENTOS DE ESPINOSA E(M) PÊCHEUX ............................................................... 19

ANÁLISE DO DISCURSO JURÍDICO DO TRABALHO DOMÉSTICO NA INTERNET..20

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO MARCADA PELO NOME PRÓPRIO .......................... 21

A (IM)PREVISIBILIDADE DOS DISCURSOS NA REDE .................................................. 22

O DISCURSO DA/SOBRE A DITADURA MILITAR NAS PÁGINAS DO JORNAL............

ÚLTIMA HORA ...................................................................................................................... 23

O ENSINO PÚBLICO BRASILEIRO DISCURSIVIZADO EM CARTUNS DE ANGELI..25

QUE VOZES FALAM NAS BIBLIOTECAS DENOMINADAS ALTERNATIVAS? ......... 26

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SUJEITOS E SENTIDOS NA REDE ELETRÔNICA: UM ESTUDO DISCURSIVO DOS.....

BLOGS ..................................................................................................................................... 27

A CONSTRUÇÃO DO EFEITO-LEITOR NO LIVRO DIDÁTICO: O QUE SE PODE LER..

NOS DISCURSOS QUE CIRCULAM NESSE MATERIAL? ............................................... 28

EFEITOS DE LITERATURA INFANTIL NO CIBERESPAÇO: QUE VOZES ESTÃO..........

INSCRITAS NO MUSEU DA PESSOA? ............................................................................... 29

A SENSUALIDADE FEMININA INSCRITA EM TELAS DO CINEMA ............................ 30

POSSIBILIDADES DE ANÁLISE DA PÁGINA INICIAL DA REDE . SOCIAL FACEBOOK

COMO UM TEXTO SINCRÉTICO ........................................................................................ 31

A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ÍNDIGENA NA DISCURSIVIDADE DA.........................

REDE ELETRÔNICA: ANÁLISE DE BLOGS ...................................................................... 32

A BIBLIOTECA ESCOLAR NA REDE ELETRÔNICA: SUJEITOS E SENTIDOS EM.........

MOVIMENTO ......................................................................................................................... 33

NOS LABIRINTOS DA INTERNET: REDES EM MOVIMENTO ...................................... 34

QUE PROFESSOR É ESSE NO DISCURSO SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL? ............... 35

O INTELECTUAL, A MÍDIA E O PODER: IDENTIDADES INTELECTUAIS NA...............

REDE ELETRÔNICA..............................................................................................................36

SENTIDOS DE BIBLIOTECÁRIO NA VOZ DE SUJEITOS UNIVERSITÁRIOS ............. 37

PRÁTICAS ESCRILEITORAS EM REDES SOCIAIS ............................................................ 38

O DISCURSO MIDIÁTICO INTERNACIONAL SOBRE CHICO MENDES: VOZ DA.........

FLORESTA E CICATRIZ NA TERRA .................................................................................. 39

O VERBAL E O NÃO-VERBAL NA REDE: SENTIDOS NO WEBSITE FLICKR ............ 40

WIKIPÉDIA E DESCICLOPÉDIA: OS DIZERES NAS ENCICLOPÉDIAS DE.....................

CONTEÚDO COLABORATIVO NA WEB ........................................................................... 41

A SUBSTÂNCIA DO ENUNCIADO ...................................................................................... 42

A IDENTIDADE DO SUJEITO NA LINGUAGEM CIBERNÉTICA ................................... 43

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MULHER, IDENTIDADE DISCURSIVA NO SITE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA E A “LEI MARIA DA PENHA”.

Gomes; Acir de Matos.1 (MS) [email protected]

1Universidade de Franca – UNIFRAN

Escolhemos como corpus desta análise o site do Conselho Nacional de Justiça e a Lei n.º 11.340/2006, notadamente o material da campanha de divulgação da referida lei, conhecida como “Lei Maria da Penha”. A análise é bibliográfica e qualitativa. A lei cria e institui mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher além de outras providências. Adotamos o referencial teórico da Análise do Discurso francesa por ser uma disciplina que investiga o campo dos enunciados a fim de entender os acontecimentos discursivos que possibilitaram o estabelecimento e a cristalização de certos sentidos em nossa cultura. A linguagem é lugar de conflito, de confronto ideológico e assim deve ser analisada, já que os fatores de sua constituição são histórico-sociais. Os mecanismos de funcionamento do discurso têm por base as formações imaginárias, que, segundo Pêcheux (1988) instituem os lugares dos protagonistas do discurso, os papéis que ambos se atribuem, as imagens que cada um faz de si mesmo e do outro. Nesta perspectiva, considera-se relevante a escolha do objeto de estudo para constatar como um órgão fiscalizador do Poder Judiciário – CNJ - concebe a mulher contemporânea em nossa sociedade. O Conselho Nacional de Justiça é um órgão voltado à reformulação de quadros e meios no Judiciário, sobretudo no que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e processual. Trata-se de um órgão do Poder Judiciário com sede em Brasília/DF e atuação em todo o território nacional, que visa a coordenação, ao controle administrativo e ao aperfeiçoamento no serviço público da prestação da Justiça. No site há divulgação das Jornadas da “Lei Maria da Penha” cujo enunciado é: “Fazer justiça é construir a paz”. Três “mulheres” aparecem alegres e sorridentes sinalizando três gerações (mãe, filha e neta). Todas estão com os olhares focados no futuro, na esperança, futuro/esperança sem violência contra elas. As cores utilizadas são suaves (rosa claro, branco e azul claro). Há movimentos curvilíneos, sinalizando mudanças, percursos, parafraseando o conceito etimológico da palavra discurso apresentado por Orlandi (2000, p.15) “a palavra discurso etimologicamente, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento.” O site possibilita que as “mulheres” se “identifiquem” com os enunciados nele existentes e com o discurso de garantia de paz através da justiça, dando credibilidade ao discurso do Conselho Nacional de Justiça. O site adota um posicionamento e uma identidade que se amoldam ao estereótipo feminino. Através desse enunciado pode-se entender que as “mulheres” vítimas de violência não têm justiça e muito menos paz e que há uma “guerra” entre homens e mulheres na busca dos seus direitos. O Conselho Nacional de Justiça sai em defesa das “mulheres” e da “Lei Maria da Penha”. As três flores existentes, uma desabrochando, outra praticamente aberta e outra totalmente aberta, sinalizam um mundo melhor já que as “mulheres”, agora representadas e identificadas nas flores, poderão viver plenamente todas as fases da vida sem serem “arrancadas” ou “destruídas” pelo agressor. O CNJ aparece como enunciador e garantidor desse discurso. Concluímos que a aceitação jurídica da “Lei Maria da Penha” necessariamente passa pela aceitação da sociedade, pelas mudanças sociais e históricas que são materializadas pelas formações ideológicas e discursivas. A sociedade ainda é machista, produz discursos que mantêm as práticas discursivas ideológicas que o identificam, no entanto, o controle do homem (masculino) sobre a mulher (feminino) vem produzindo um discurso contrário à dominação e em direção à igualdade, podendo ser identificado como masculino & feminino e não mais masculino x feminino, e o Conselho Nacional de Justiça adota esse discurso em seu site.

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O TWITTER E O SUJEITO FRAGMENTÁRIO: SENTIDOS E SUJEITOS EM REDE

Azevedo, Aline F. (DR)1; Orlandi, Eni P.2(O); [email protected]

1Linguística / Pós Graduação (IEL-Unicamp) / FAM 2Linguística / Pós Graduação (IEL-Unicamp)

Este trabalho é um fragmento de meu estudo de doutorado sobre a festa rave e sua

textualização nas tramas da web. Inscrita sócio-historicamente no imaginário da cibercidade (Lemos, 2004), a rave se organiza no/pelo delírio, na profusão de sensações efêmeras a que o sujeito é incitado nesta celebração contemporânea. Este artigo traz, portanto, alguns resultados parciais de reflexões que resultam de meu olhar de analista de discurso acerca de um objeto marginal, posto que se assenta na contravenção. Meu foco principal neste artigo é proporcionar um olhar discursivo sobre a internet, mais precisamente sobre a rede social Twitter e a forma como o sujeito se constitui ao dizer-se. Para tanto, proponho apresentar análise de corpus constituído por recortes do site de relacionamento, procurando observar seu funcionamento discursivo, bem como os movimentos dos sentidos e dos sujeitos que, diante da amplitude do digital, transbordam: na tentativa indelével de dizer-se completo, o sujeito expõe sua heterogeneidade e marca sua diferença. O Twitter, serviço norte-americano criado em março de 2006, permite postagens de, no máximo, 140 caracteres, e vem ganhando adeptos no mundo inteiro. Conhecido como microblogging, ele permite atualizações rápidas e curtas a partir uma multiplicidade de suportes diferentes. Considerando que a escrita é uma relação social (Orlandi, 2005), meu objetivo é compreender como essa relação se dá no Twitter, levando em conta a forma como, ao twitar, o sujeito pratica uma escrita de si, textualizando-se a cada novo post. Agregados sob o enunciado ‘What’s happening?’, os sujeitos que aí se produzem são incitados a falar-se, a exibir suas identidades nas páginas da web, transformando-se a cada tweet. Assim, as análises vão mostrar a dinâmica de um sujeito contingente e fluido, que se constitui nesses lugares enunciativos propiciados pela liquidez (Bauman, 2001) e produz um efeito de sentido de fragmentação: fruto de relações instáveis e efêmeras, o sujeito contemporâneo é marcado pela incompletude e pela relação com o outro e deixa traços da sua subjetividade despedaçada em seu modo de dizer. Daí a forma como, no Twitter, o sujeito fragmentário circular por uma vasta gama de papéis sociais quando ocupa posições enunciativas variadas, manifestando sua dispersão a cada novo post. Finalmente, resta apontar a centralidade da Análise de Discurso e do trabalho de Pêcheux (1988) e Orlandi (1999; 2007) na fundamentação teórica deste estudo. Tendo a discursividade como suporte para pensar a relação entre escrita e sujeito, a Análise de Discurso possibilita compreender essa relação de uma perspectiva histórica na qual entram a língua e a ideologia, deixando à mostra a evidência da suposta completude, o excesso, a saturação.

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O OLHAR DO HOMOSSEXUAL SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE

Silva, Andressa. G.1(IC); Lopes, Juliana S. 1 (O) Bernardes, Ana C. C1 (IC); Silva, Luciara C.C1 (IC); Santi, Josineusa1 (IC); Kubayama,

Célia K1 (IC). [email protected]

1Curso de Psicologia/ Instituto de Ciências Humanas (UNIP – Universidade Paulista).

O mundo contemporâneo aponta diversos modos de relacionamento afetivo e novos modelos na constituição familiar. A Homoafetividade é uma das vivências que pode estar incluída como possibilidade. Dentro desse prisma, este estudo teve por objetivo verificar, através de uma pesquisa qualitativa, os principais sentimentos e representações envolvidas nas relações homossexuais, sob a ótica dos próprios indivíduos entrevistados. Participaram da pesquisa oito sujeitos, homens e mulheres, com idade entre trinta e dois e cinqüenta e cinco anos, com experiência de relacionamentos homoafetivos. A homoafetividade é um tema vasto e pouco analisado sob a ótica do afeto envolvido nessas relações, diferentemente do estudo da homossexualidade enquanto comportamento e suas possíveis causas: emocionais, biológicas, ambientais etc., que conta com milhares de estudos, compêndios e teorias das mais variadas. Este tipo de estudo, voltado para a experiência do sujeito envolvido numa determinada vivência, tem ganhado cada vez mais espaço no meio científico. Foram realizadas entrevistas com roteiro semi-estruturado, que foram gravadas e posteriormente transcritas. Ao analisar os dados obtidos, verificou-se que alguns dos aspectos das uniões homossexuais são comuns às relações afetivas em geral, por exemplo, ciúmes; cumplicidade, não pertencendo, portanto exclusivamente às relações homoafetivas. Pode-se observar, no entanto, o predomínio da preocupação dos entrevistados quanto à sua situação relativa a seus direitos civis, posto que não sentem seus relacionamentos respaldados diante da lei. Cabe dizer, ainda, que realizar este estudo nos aproximou de um desafio, na medida em que entramos em contato com questões complexas, particulares e intrínsecas à subjetividade humana, além de ser uma temática em construção, com aspectos ainda sem precedentes, por exemplo, adoção, casamento, divórcio etc. Este estudo se aproximou da experiência homoafetiva dos entrevistados a partir de seu olhar. Através das experiências relatadas foi constatada a necessidade de que estudos futuros possam aprofundar esse conhecimento, dada a vastidão do tema.

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SENTIDOS DE CRIANÇA: OS FILHOS E NETOS DO NARCOTRÁFICO NO MOVIMENTO DO DISCURSO

Patti, Ane R. (MS)1; Romão, Lucília M. S.(O) 1; [email protected]; [email protected]

1 Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

“Pó de 10, pó de 10, vem cheirar, essa é da boa.” (Época on-line, 2007 e doc. Falcão - meninos do tráfico, 2006): o enunciado inaugural deste trabalho, pronunciado durante uma brincadeira em uma favela do Rio de Janeiro, por uma criança, nos coloca diante de algo atual, opaco, difícil de ser contornado, o efeito-sentido de criança. “Pó de 10”, [pode deiz] como, quando, onde? Que cheiro é esse? Essa é da boa? (Slogan de uma marca de cerveja: não for da boa, não serve... Do pó à cerveja, marcamos o retorno de um mesmo sentido capital da droga, porém, no discurso de uma criança). Este trabalho busca pontuar indícios sobre os modos como os filhos e netos do tráfico de drogas se inscrevem no discurso, e são inscritos nos textos midiáticos (cartuns, reportagem impressa, vídeo e on-line), deixando vazar ou interditar os efeitos do infantil. Perguntamo-nos: como essa criança “adotada” pelo tráfico constitui-se na linguagem e de que modo ancora-se em palavras já ditas para produzir sentidos sobre si mesma? Por onde vacila o sujeito em seus movimentos discursivos, tomando emprestada a voz de outros sujeitos que já circularam em outros lugares sociais? Como, na chamada sociedade pós-industrial, são produzidos sentidos sobre o infantil? Como esses discursos se formam? Onde é que estes sujeitos-criança se espelham e de que maneira eles se constituem na cultura atando (ou não) os seus fios de/em linguagem? O que a indústria cultural dita como as condições de produção, dadas pelo tráfico de drogas no espaço urbano, e que indicia um modo singular de inscrição histórica do sujeito na linguagem? O que pode e/ou deve ser dito atualmente sobre estas crianças? Estas questões fazem falar o observatório do nosso interesse, ou seja, o chão sobre o qual iremos construir a teia de nosso dizer, sem a pretensão de estabilizar sentidos na lógica do que “é” ser criança hoje no Brasil, mas na trilha de analisar o discurso midiático sobre o tema, considerando a multiplicidade de leituras possíveis e a fala em curso de sujeito(s) cuja voz faz falar um modo - dentre outros possíveis - de estar incluído na infância e no tráfico. Para isso, trabalharemos com o rastreamento do/no discurso, aqui entendido como propôs Pêcheux (1969), ou seja, como efeito de sentido entre interlocutores.

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O JOGO DA POLISSEMIA DO DISCURSO: O MORRO E O FIEL EM DISCURSOS DE CRIANÇAS E JOVENS DO NARCOTRÁFICO

Patti, Ane R. 1 (MS); Romão, Lucília M. S.1 (O); [email protected]; [email protected]

1FFCLRP/USP

Vamos partir de um acontecimento escrito, uma dissertação de mestrado para fazer circular algumas idéias trabalhadas neste pequeno advento de discurso. A partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de filiação francesa e da psicanálise lacaniana, e da seleção de alguns recortes discursivos que trazem os significantes morro e fiel, propomos uma discussão em torno da polissemia e de como alguns sentidos de criança são (des)construídos na amarração discursiva em determinadas condições de produção. Estas crianças e jovens emergem no discurso do narcotráfico, como sujeitos interpelados por este discurso em diferentes lugares: nas vozes dos filhos e netos do narcotráfico, em relatos coletados na mídia áudio-visual e em trabalhos científicos publicados no país nos últimos sete anos. Faremos gestos de interpretação a partir de dizeres que vão entrelaçando efeitos de morte, poder, realização no agora, marcando um modo de o sujeito realizar-se como pode em meio às condições de produção e à forma como a ideologia o interpela como sujeito e ainda ser criança. Apostamos que é no caminho da fala/escuta que possibilitamos a movência dos sujeitos e as (des)fixações em pontos de ancoragem para se liberarem a um vir-a-ser diferente do que se é, pois partimos da premissa de que a linguagem e o sujeito são opacos, causados por uma falta estruturante que os constitui fragmentados, falhados, incompletos, errantes, o que perpassa pelo que a psicanálise chama por inconsciente (Freud, [1915] 2006; Lacan, [1964] 1998). Realizando gestos de interpretação, pressupomos a impossibilidade de uma interpretação que dê conta do todo, de tudo, mas que porte um semi-dizer, um estranhamento que permita abrir para a opacidade da linguagem, para a polissemia, e para a construção de uma memória em detrimento de outras possíveis que ficarão silenciadas. Assim, memória e esquecimento são inseparáveis, sendo o discurso o fio que liga os ditos, os não-ditos, os inter-ditos e os já-ditos, numa constante negociação entre estrutura e acontecimento (ORLANDI, 2004, 2005b) aberta para o equívoco, falhas, non-sense, regras e irrupções, estabilização e deslizamento, permanência e fraturas, metáforas e metonímias, condensação e deslocamento, silêncios e bordados semânticos que velam e desvelam sentidos.

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A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO A PARTIR DA INSERÇÃO NO CIBERESPAÇO

Costa, Angela P.1(MS); [email protected]

1Área de Estudos da Linguagem/Programa de Pós-graduação em Letras (UFRGS)

Buscamos investigar, à luz dos pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, o papel da escola pública quanto aos modos de constituição da identidade de sujeito, especificamente em relação à sua inscrição nos saberes do hipertexto. Para esse fim, partimos do estudo de práticas de ensino da disciplina de Língua Portuguesa, produzidas no ambiente informatizado de escolas da rede pública que atendem a comunidades desfavorecidas social e economicamente. A partir da informatização da rede escolar, o ciberespaço passa e intrincar- se a este Aparelho Ideológico. Nessas novas condições onde são produzidas as práticas de ensino, torna-se necessária a reflexão, na perspectiva discursiva, a respeito de aspectos como: as especificidades que adquire a escrita a partir dos diferentes suportes de materialização, seu funcionamento no intrincamento entre a escola e o ciberespaço, bem como sobre o papel da escola quanto ao ensino da escrita digital. A abordagem deste último aspecto inclui a reflexão sobre a tomada de posição do educador em relação à perspectiva de língua a ser adotada, o que poderá levar à produção de diferentes modos de inserção do sujeito-aluno na virtualidade, a partir das diferentes formas possíveis de sua inscrição nos saberes do hipertexto.

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O BRINCAR DE FAZ-DE-CONTA

Fujita, Angela Tamye.1

[email protected] 1Programa de Pós Graduação em Psicologia (FFCLRP-USP)

O jogo de faz-de-conta se desenvolve de acordo com o imaginário das crianças. Trata-

se de um brincar com dupla tendência, de adesão ao real e de transgressão ao real, em que a apropriação de códigos culturais se faz necessária para que a brincadeira ocorra, mas resulta também na transformação do vivenciado. No jogo de faz-de-conta a criança cria suas próprias regras, desempenha vários papéis, atribui diversos significados a ela mesma, aos outros e a objetos. Tais ações são de extrema importância para o desenvolvimento infantil, pois contribui para a constituição do eu da criança e possibilita avanços ao pensamento abstrato. Apesar disso, pesquisas mostram que a maioria das escolas continuam voltadas para jogos de regras em que o imaginário é descartado e o objetivo final das brincadeiras é o aprendizado de conteúdo e de regras de forma “lúdica”. O projeto foi desenvolvido em uma escola pública da cidade de Campinas com 28 crianças com idade de 3 a 5 anos. O projeto teve por objetivo estabelecer condições para o desenvolvimento do brincar de faz-de-conta propiciando o enriquecimento das capacidades simbólicas/imaginativas. Para o desenvolvimento do projeto foram realizados 17 encontros nos quais foram utilizados objetos oferecidos pela escola e pela pesquisadora, além da criação de cenários temáticos. No início do projeto as crianças tinham dificuldade para desempenhar papéis propostos, como o papel de mãe, em que, por mais que a pesquisadora se referisse à boneca como “sua filha” as crianças continuavam por referir-se ao objeto como “a boneca”, já em atividades posteriores observa-se a incorporação do papel de mãe ao dizer “a minha filha” referindo-se a boneca. Também foi observada a atribuição de significado a objetos fora do plano concreto, ou seja, as crianças passaram a atribuir significado a diversos objetos, mesmo que estes não apresentam características condizentes com o significado imposto, mas com o objetivo de dar continuidade às temáticas propostas. O que pode ser ilustrado na fala de uma das crianças: “Tem jacaré ai tia, olha!” disse uma das crianças referindo-se ao papel que havia caído do barquinho na temática “A arca de Noé”. Além disso, as crianças passaram a brincar juntas, sendo que no início as brincadeiras se resumiam a manipulação de objetos de forma muito mecânica e isolada, sem a presença de representações. Tais resultados indicam avanços no desenvolvimento infantil e atentam para a necessidade das escolas voltarem a atenção para atividades exclusivamente lúdicas.

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OS ESTUDOS DA LINGUAGEM E A NOÇÃO DE SUJEITO: O DISCURSO MIDIATICO. O (TRANS) BORDAMENTO DE SENTIDO S

NA REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO Oliveira, Camila Santos de.1 (IC); Romão, Lucília Maria Sousa.1(O)

[email protected]; [email protected] 1 Curso de Ciências da Informação e Documentação/ FFCLRP- USP.

O presente trabalho pretende interpretar o discurso jornalístico textualizado, nas

páginas dos jornais eletrônicos, sites de divulgação de notícias e blogs informativos, buscando compreender as marcas lingüísticas do funcionamento do sujeito e do sentido manifesto e inscritos socialmente a partir das condições de produções atuais, derivadas das tecnologias de informação e do boom das mídias. Objetiva-se formular um estudo que marque as regularidades, repetições, deslocamentos e rupturas dos sentidos em diversos objetos simbólicos, pontuando a inscrição da ordem da história na ordem da língua. Este estudo quer construir um gesto de interpretação do movimento da linguagem, enfocando ideologia, sujeito, sentido e historicidade, para melhor desenvolver essa construção foi feito um recorte, ou seja, o estudo abordará notícias sobre as enchentes da região serrana do Rio de Janeiro, devido sua repercussão nas infovias. Dessa forma, entendemos o discurso jornalístico levando em conta a sua atualidade e todas as derivações políticas que lhes são próprias, buscando compreender as zonas de sentido dadas como legítimas e aceitas socialmente bem como aquelas indesejáveis ou tidas como marginais, o que nos permite também analisar aquilo que foi silenciado nas páginas jornalísticas, nos sites da internet, pois em geral estes distam da tríade erigida pelas colunas da neutralidade, objetividade e transparência, posto que é na região opaca e nebulosa da linguagem, que se movimentam o processo de injunção e constituição do sujeito, enovelando o que está dito e, sobretudo, o que foi silenciado. Esta investigação não se dá às claras como reflexo de um sentido literal, único, posto e dado pelo autor. É preciso entender o funcionamento do discurso como movimento e atualização da memória, ou seja, é preciso considerar que existe um interdiscurso que sustenta a significação, ora para repetir, fazer falar o mesmo e retornar o que já está sedimentado, oficializado, neutralizado pelo mecanismo parafrástico; ora para promover deslizamentos de sentido, fraturas naquilo que está sedimentado e rupturas que instauram o novo, o acontecimento discursivo, tal como a Analise do Discurso de matriz francesa postula. Nesse sentido, esse trabalho se caracteriza pela urgência e necessidade de compreender a complexidade de confrontos e embates materializados no/pelo discurso jornalístico, mas focando-se nas notícias sobre as enchentes na região serrana do Rio de Janeiro, e com isso mobilizar os conceitos de memória discursiva, arquivo historicidade e ideologia. Essa iniciativa decorre do interesse em elaborar estudos sobre a produção, disponibilização e circulação de dizeres e formulações (verbais e não verbais) que se projetam no contexto de redes de informações presenciais e, especialmente, virtuais, desenvolvendo a pesquisa e seus encaminhamentos com base nos procedimentos teórico-metodológicos da Analise do Discurso pechetiana.

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PRÁTICAS LEITURA E ESCRITA NO FACEBOOK: UMA PONTE ENTRE WEB E A SALA DE AULA Bosshard, Claudete A.G.1(MS); Momesso, Maria Regina.1 (O);

[email protected], [email protected] 1Mestrado em Linguística (UNIFRAN)

Pretende-se neste trabalho, refletir sobre as práticas de leitura e escrita de alunos dos

terceiros anos do Ensino Médio Profissionalizante na rede social do facebook e como essas práticas constroem subjetividades. É comum o discurso sobre a leitura superficial que os discentes de faixa-etária entre 15 e 18 anos realizam, ou seja, o aluno da era virtual necessitaria de uma prática de leitura pautada nas relações críticas e não apenas na leitura superficial de coleta de informações. Essas estão à deriva e em tempo real, bastando apenas um “clic” ou um aperto de botão, para que se tenha acesso a todo tipo de mensagem. Esse turbilhão de informação está posto de tal forma que, na maioria dos casos, o discente não sabe separar as informações relevantes, relacioná-las, interpretá-las de forma crítica e com isso produzir novos conhecimentos. Diante dessa realidade, novas práticas de leitura e escrita se instalam e a partir delas “novas” subjetividades emergem configurando não mais um leitor, mas um “escrileitor”, alguém que escreve e lê ao mesmo tempo. Portanto, as relações de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita sofrem mutações que exigem outras formas de ver o processo de interação fora da escola, o qual pode interferir intimamente naquilo que se faz dentro do âmbito escolar. Há necessidade, então, de se conhecer quem são esses adolescentes, que práticas de leitura e escrita eles produzem fora da Escola e como elas interferem no processo de ensino e aprendizagem, o que justifica essa reflexão. O corpus de análise configura-se do facebook de discentes do terceiro ano do Ensino Médio Profissionalizante de um colégio público. O estudo pauta-se na perspectiva discursiva de leitura, derivada de Michel Pêcheux e das idéias de Eni Orlandi. Para as questões sobre as subjetividades, além das contribuições da análise de discurso francesa pecheutianas, alia-se a essas os pressupostos de Foucault no que tange as tecnologias de si. Embora a rede social do facebook seja um dispositivo que se apresenta como um entretenimento, lugar de encontro de amigos, sabe-se que todos presentes nesse espaço virtual encontram-se enredados pelas redes sociais e esforçam-se por se apresentarem de uma forma que atraia as atenções ou que possa conseguir reconhecimento e consideração do grupo ao qual pertence. Nesse ambiente se podem encontrar os mais diversos discursos de apresentação de si ou de uma representação de si para os amigos virtuais. Tem-se uma dinâmica constante de encontrar estratégias discursivas que possam levar a um trabalho de pensar em si ou de modificar-se ou até mesmo de procurar modificar uma visão cristalizada a respeito de um mesmo.

CAPES/INEP/Observatório da Educação

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MATERIALIDADES DISCURSIVAS NO DIGITAL: SENTIDOS SOBRE A MULHER NA POLÍTICA EM SITES DE PESQUISA

Faria, Daiana Oliveira.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.1 (O); [email protected]

1 Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Sob a ótica da teoria de Análise dos Discurso fundada por Michel Pêcheux, objetivamos analisar o funcionamento da linguagem na rede eletrônica, em especial, os sentidos construídos sobre o espaço da mulher no atual cenário da política brasileira. Questionar como a linguagem entra em funcionamento neste “novo” espaço de enunciação, observar a inscrição sócio-histórica de sujeitos-navegadores, analisar a produção de sentidos marcada pela evidência ideológica do sentido único, demonstrar como a internet deixa à vistas os furos, falhas, deslizes, rupturas e deslocamentos inerentes à linguagem: tudo isso está no nosso horizonte. Para dar conta dessa empreitada, a teoria do discurso aborda a linguagem fazendo reflexões sobre o sujeito, a língua e a história, tendo como objeto o discurso, lugar onde se dá essa relação de imbricamento. Mobilizando os conceitos de sujeito, sentido, memória discursiva, ideologia, procederemos a análise de resultados de alguns sites de pesquisa tais como: Google, Alta-Vista, Cadê e Bing. As buscas realizadas nestes mecanismos giraram em torno dos significantes Dilma Rousseff e Marina Silva devido ao fato de tais nomes próprios terem ganhado relevância e visibilidade ao longo do segundo mandato do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, terem ocupado cargos do primeiro escalão e terem sido apontados como nomes virtuais de candidatas à presidência na disputa eleitoral de 2010, culminando à esta posição. Afora isso, estas duas figuras femininas apontam para a retomada de regiões de sentidos já faladas antes em outro lugar, visto que as duas tiveram militância política no período da ditadura militar, ocuparam posições de denúncia, contestação e desagravo diante de cenários bastante diferentes: a primeira no âmbito da luta política inscrita na cidade e inserida nos movimentos de resistência à ditadura, e a segunda dentro dos movimentos de seringueiros explorados em suas condições de trabalho na floresta. Intentamos observar se e como tais sentidos retornam e consolidam espaços de dizer que sustentaram os lugares das ministras e que poderão colocá-las nas posições de presidenciáveis. É neste contexto que propomos a escuta do discursivo, no cenário intrigante e fecundo para a produção de sentidos outros, entre retomadas e fugas, em meio à construção de discursos que conservam ou deslocam, pensando a inscrição de sujeitos que se iludem com a unidade ou se perdem nos labirintos da rede; enfim, vemos neste tempo possibilidades grandes para o estudo do discursivo, uma vez que nos valemos dessa pluralidade que nos cerceia para rever e trabalhar com os postulados da teoria do discurso.

FAPESP Nº 2010/02598-2

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O AVESSO DA LEGITIMAÇÃO DE SENTIDOS DE COMPLETUDE NA/DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Giorgenon, Daniela.1 (MS); Romão, Lucília Maria Sousa.1 (O);

[email protected] 1 Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Nas tessituras desta escrita, apresentamos a repetitória materialização de sentidos de

completude associados à educação inclusiva, dizer que se legitima e é legitimado neste contexto sócio histórico. Salientamos que nossa escuta parte de uma inquietação quanto ao silenciamento da história dos fora da escola, que até há pouco legitimou sentidos de não inclusão, de não educação para todos. Embebidas, assim, por sentidos de inclusão e exclusão, de todos e não todos, intentamos des-velar o que se intenta escamotear no contexto sócio-histórico do século XXI: sentidos (ilusórios) de apagamento da exclusão. Debruçando-nos, então, em materialidades discursivas compostas por recortes que trazem a repetição do sentido de “todos” pinçados em novembro de 2009 na página eletrônica do Ministério da Educação, e pela (d)enunciação de um sujeito-coordenador de uma escola pública - entrevistado em 2009 a cerca da inclusão de crianças e adolescentes considerados com deficiência mental nas salas regulares de Ensino Fundamental -, demarcaremos por meio das contribuições da Análise de Discurso de linha francesa (AD) alguns furos nas/das formações discursivas legitimadoras de sentidos de completude, que permeiam o discurso jurídico, político e pedagógico. Faremos esta leitura, mobilizando a noção de sujeito discursivo, a qual se desprende da noção positivista de um sujeito pleno e dotado de consciência, e que aponta que esta concepção totalizadora é oriunda de uma captura ideológica e inconsciente, denominada “esquecimentos nº 1 e nº 2”, por Pêcheux. De acordo com este autor, o sujeito é constituído na/pela linguagem ao se deparar com o real da falta, que lhe apresenta o Outro, ou seja, a anterioridade das palavras, e no atravessamento ideológico que fura a possibilidade do sujeito tudo dizer, naturalizando sentidos em dadas condições de produção. Por assim se constituir, o sujeito é tomado como uma posição no discurso que se filia a redes de memória, ainda que acredite ser dono de suas palavras e que elas retratem o que intenciona enunciar. Furando estes semblantes de evidências nas materialidades analisadas, apontaremos torções nos dizeres e denúncias de não inclusão de todos, trazendo à cena sentidos conviventes de inclusão e exclusão, os quais não devem ser obturados por um mascaramento de que a todos é oferecido o acesso à educação. Para este modo de ler/interpretar que rompe com a estabilidade dos sentidos, dando lugar a uma escuta polissêmica marcada na/pela opacidade da linguagem e no/pelo sujeito fal(t)ante, contaremos também com as contribuições de Orlandi sobre a tipologia discursiva e sobre o discurso pedagógico filiando-se ao que chama de discurso do tipo autoritário e que, ao nosso ver, vai ao encontro dos sentidos que legitimam completude.

Laboratório Discursivo E-l@dis (FAPESP 2010-510290)

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BLOG DO FOLHATEEN: PRÁTICAS ESCRILEITORAS DE JOVENS NA CIBERMÍDIA

Vizibeli, Danilo.1(MS); Momesso, Maria Regina.1(O); [email protected]

1Mestrado em Linguística (UNIFRAN)

Em tempos da chamada “era digital” o contato dos adolescentes com os mais diferentes tipos de mídia, principalmente a cibermídia, é comum. Tal contato se difere da mídia tradicional no que tange as práticas de leitura e de escrita, aqui denominadas de escrileitoras. Leem cada vez mais, mas muitas vezes uma leitura fragmentada, transformada pela flexibilidade e caráter movediço da internet. Diante desse quadro este trabalho tem por objetivo refletir sobre as práticas escrileitoras on-line de adolescentes em um blog jornalístico com o intuito de verificar a posição do sujeito discursivo perante as publicações ancoradas nos modelos do jornalismo on-line. O corpus da pesquisa é o Blog do Folhateen (<http://blogdofolhateen.folha.blog.uol.com.br>) que em seu perfil caracteriza-se como um espaço de interação do caderno publicado na Folha. E, também, é escrito por jovens (faixa-etária de 15 e 18 anos) que fazem parte o grupo de apoio da Folha. Parte-se da linha teórica da Análise de Discurso Francesa (AD), fundada por Michel Pêcheux e, também, esse estudo ancora-se em alguns pressupostos de Michel Foucault. Toma-se como foco a última fase da proposta da AD na qual Pêcheux começa a tratar o conceito de sujeito heterogêneo, sobre forte influência de Authier-Revuz. O sujeito não é mais visto como totalmente assujeitado e interpelado pela ideologia, mas um sujeito que é perpassado por diversas vozes, e que tem ao mesmo tempo a capacidade de estabelecer “novos” sentidos, por meio das subjetividades. E corrobora-se com Foucault ao trabalhar as relações de poder e saber, a qual mostra a existência de micropodores criados e que o dizer de cada sujeito sofre a influência desses, mas ao mesmo tempo é possível criar novos micropodores e instalar a (re)significação. Adolescentes inseridos num contexto da modernidade líquida, conceito cunhado por Bauman, praticam a leitura e a escrita por meio de novos suportes de forma diferente da tradicional: fazem links e conexões instantâneas, a exemplo dos hipertextos. De leitor passa-se a escrileitor, sujeito que pode ler os conteúdos da web e fazer comentários, deixar suas marcas escritas nos posts. Não que a leitura tradicional não proporcionasse a prática da escrileitura, mas era uma escrita mais individual na qual o sujeito fazia anotações no próprio livro, fazia fichamentos e não havia uma interação e a divulgação dos seus escritos. Com a internet, todos podem ser lidos, (re)comentados, gerando debate e a visibilidade no mundo virtual e tudo isso cria status e dá audiência e reconhecimento àquele que domina o suporte virtual. No blog estudado percebe-se a média de um comentário para cada post publicado, no entanto, há temas que fazem esse número aumentar sensivelmente, como por exemplo, o que trata da obra de Harry Potter. Os resultados preliminares mostram uma prática escrileitora que prima pela visibilidade e reconhecimento do escrileitor qualificado para discussão dos assuntos que permeiam o cotidiano adolescente, o que traz capital social para aquele que escreve no blog. Tudo isso parece criar no blogueiro a sensação de deter o poder e o saber fazer jornalismo online, bem como a leitura crítica dos assuntos que circulam dentro da sociedade.

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ANÁLISE DISCURSIVA DE PRODUÇÕES LINGUÍSTICAS ESCRIT AS: INICIAÇÃO POÉTICA

Massetto, Débora Cristina. (IC)1; Assolini, Filomena Elaine Paiva.1 (O) [email protected]

1Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, USP

Investiga-se, a partir de um trabalho pedagógico escolar com a literatura infanto-juvenil brasileira, em sala de aula, dentro de condições de produção favoráveis, se os estudantes do ensino fundamental ocupam o lugar de intérprete-historicizado, ou seja, conseguem produzir e inaugurar sentidos, condição elementar para que possam constituir-se como autores de seu próprio dizer. Fundamenta-se nos postulados teórico-metodológicos da Análise de Discurso de matriz francesa, que busca compreender o funcionamento da linguagem, da ideologia e da produção de sentidos, e também, nos postulados de Chartier (1999) sobre as questões referentes às práticas de leitura. O corpus foi constittui-se por 50 produções textuais escritas, produzidas por estudantes da educação básica, bem como por observações, realizadas em aulas de produção de texto, ministradas pelos professores participantes de um programa de formação continuada. A partir deste amplo “espaço discursivo”, Maingueneau (1984), realiza-se alguns recortes que foram analisados. A análise parcial de metade (25) dos textos, bem como das condições de produção em que foram realizadas as práticas pedagógicas escolares, nas quais estes foram elaborados permitem-nos dizer que o trabalho pedagógico, quando possibilita aos educandos produzirem e atribuírem sentidos, concretizados em diferentes gestos de interpretação, contribui para que as produções textuais sejam caracterizadas pela textualização, criatividade e emergência da autoria. Como conclusões preliminares, nota-se que a prática pedagógica escolar diferenciada e instigante, desenvolvida em sala de aula pelos professores, a partir das experiências de formação continuada, possibilitou-lhes o deslocamento para outras formações discursivas, nas quais, eles próprios não estiveram censurados, nem se identificaram com um discurso pedagógico escolar tradicional, DPE, no qual, os sentidos institucionalmente legitimados, são impostos aos estudantes. O corpus analisado traz indícios de que os estudantes puderam acessar seu arquivo, mobilizar zonas de significação e produzir sentidos.Conclui-se, preliminarmente, que, para a construção de sujeitos leitores, intérpretes e autores de seu próprio dizer, é fundamental que o próprio docente conheça e experimente esses lugares e ações. É pertinente, portanto, que os cursos de formação inicial e os de formação continuada, proporcionem condições para o professor constituir-se como um sujeito leitor e intérprete, requisito essencial para todos aqueles que se dedicam à docência.

Pró- Reitoria de Cultura e Extensão – USP

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MOVIMENTOS DE ESPINOSA E(M) PÊCHEUX

Nova Cruz, Denise V.1; Romão, Lucilia Maria Sousa.2; [email protected]

1Curso de Medicina/ UNIVALI; 2Curso de Ciências da Informação e da Documentação/ FFCLRP-USP Revis[it]ar a trajetória da AD francesa, tomando como ponto de partida (e de chegada)

a citação à Espinosa na comunicação proferida no México, em novembro de 1977, por Michel Pêcheux intitulada Remontemos de Foucault a Spinoza, marcando as contribuições filosóficas de Espinosa à teoria do discurso: heterogeneidades, bem como salientar como as diferentes concepções do termo ideologia produzem efeitos na formalização de Michel Pêcheux sobre a noção de interpelação. Objetivando: formalizar um diálogo de Michel Pêcheux com Espinosa e marcar as aproximações e distanciamentos em relação ao conceito de ideologia investigando os desdobramentos do texto “Remontemos de Foucault a Spinoza”, escrito e proferido por Pêcheux em 1977.

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ANÁLISE DO DISCURSO JURÍDICO DO TRABALHO DOMÉSTICO NA INTERNET

Paludetto, Diane H. S. 1 (MS); Momesso, Maria R.1(O) [email protected]

1Mestrado em Linguística (Universidade de Franca)

A categoria profissional do trabalho doméstico está inserida em uma classe tida como inferior e que menos dispõe das garantias legais do trabalhador, pois a exclusão social está expressa na Constituição Federal brasileira. Neste cenário, objetiva-se analisar vários discursos que se entrelaçam, quais sejam: o discurso jurídico que valida a discriminação em razão da suposta natureza diferenciada desse trabalho; o discurso constitucional que prioriza igualdade e justiça social ao mesmo tempo em que exclui o trabalhador doméstico de uma série de direitos; o discurso cultural que associa o trabalho doméstico ao escravismo brasileiro; o discurso econômico que protege a classe média de uma possível majoração das despesas no orçamento familiar; e o discurso social que atribui ao trabalho doméstico um labor sem prestígio, secundário, exercido por pessoas, maciçamente mulheres, com baixa ou nula escolaridade. Relacionando-se estes discursos com a prática da exploração capitalista, servirá esta de elemento extra-discursivo para se estudar a estratégia destes discursos todos. Tomando-se, assim, este corpus, este conjunto de discursos, objetiva-se, na sequência, observar se esta mesma discriminação discursiva está presente no ciberespaço, o que será possível através da análise de recortes de sites especializados sobre o trabalho doméstico. As ideias desenvolvidas por Michel Foucault, acerca da relação entre a produção do saber e o exercício do poder, são aqui utilizadas como orientação teórica básica, em razão de que tal relação está na base da constituição das ciências humanas. Foucault propôs uma análise que busca determinar o valor dos enunciados, seu lugar, sua capacidade de circulação e de troca, sua possibilidade de transformação, suas regras de aparecimento e condições de apropriação e utilização e a questão do poder, que é objeto de uma luta política. O poder político não está ausente do saber, ao contrário, “ele é tramado com o saber”. E a detenção desse poder, geralmente, é exercido pelas classes mais altas sobre as classes mais baixas, mais pobres, onde estão inseridos os trabalhadores domésticos. Depreende-se, com ressalvas, que a história do trabalho doméstico é indissociável da dicotomia classes que exploram e classes exploradas.A ressalva é necessária porque a perspectiva teórica que aqui se adota concebe o discurso como prática discursiva e o poder como algo que não está em um pólo único. Sendo assim, afasta a divisão e luta de classes, que são noções do materialismo histórico. Tomando-se o escravismo e as práticas feudais como ponto de partida e as relações sociais e as regras de conduta cibernéticas contemporâneas como ponto de chegada, observa-se que pouca mobilidade houve no tocante à imagem do trabalho doméstico perante a sociedade brasileira, talvez em razão do modo como a sociedade valora esse tipo de trabalho e do modo como a sociedade letrada relega para segundo ou nenhum plano aqueles cuja expressividade não obedece ao regramento culto.

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A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO MARCADA PELO NOME PRÓPRIO

Patti, Elci A. M. Ribeiro.1; Pimenta, Leny.2; [email protected]; [email protected];

1Universidade de Franca; 2Escola Monteiro Lobato (COC)

Esse trabalho tem por objetivo refletir sobre a significação do nome próprio no

processo de subjetivação de um grupo de professoras que trabalham com crianças de 4 meses a 7 anos de idade. É uma pesquisa qualitativa, realizada durante um curso de capacitação para agentes educacionais, em 15 creches de Franca. Através de suas narrativas em relação à história singular de seus nomes, desde a escolha por seus familiares até o momento atual. O nome aparece como uma marca representativa singular simbólica e social na subjetividade de cada uma. Para analisar os discursos tivemos como referencial teórico a Análise do Discurso (AD) de matriz francesa e a Psicanálise com a releitura de Lacan. A história de seus nomes foi discursada com muita emoção, sendo alguns marcados por uma ideologia religiosa, outros pelas marcas de dor e sofrimento, relacionadas à violência e abandono por um de seus progenitores, outros pela desvalorização ligada a gênero, e outros por trazerem alegria às entrevistadas. Todas reconheceram em seu nome uma marca fundamental em suas histórias de vida e na organização de sua subjetividade em relação à imagem que cada uma construiu de si a partir do nome.

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A (IM)PREVISIBILIDADE DOS DISCURSOS NA REDE

Galli, Fernanda Correa Silveira.1 (PD) [email protected]

1 Programa de Pós-Doutorado (FFCLRP/USP)

Discutir os conceitos de arquivo e de memória, do ponto de vista da Análise do

Discurso de linha francesa, na interlocução com autores das Ciências Sociais e da Filosofia, relacionando-os ao espaço digital da internet, tem sido um dos propósitos do desenvolvimento do meu projeto de pesquisa de pós-doutorado, em andamento. Interessa-me, mais especificamente, compreender o modo de inscrição do sujeito e a constituição do arquivo discursivo no território fluido do ciberespaço, considerando as relações intra e interdiscursivas que revelam a (im)possibilidade de o sujeito dizer o “novo” na/pela linguagem. Compreendido como posição inscrita via memória e em condições de produção marcadas pela contemporaneidade, o sujeito é afetado pelo funcionamento outro do ciberespaço, de onde emergem os dizeres em rede – “já-ditos”, “já-dados” – que compõem a trama discursiva do arquivo. Na presente discussão, a materialidade significante analisada é formada por alguns recortes do blog “A Viagem do Elefante – Rota portuguesa” – disponível no site da Fundação José Saramago (http://www.josesaramago.org), a partir dos quais procuro refletir sobre a heterogeneidade das (várias) vozes que circulam ciberespaço e sobre os deslizamentos de sentidos em e na rede. Pensar a produção dos sentidos na rede eletrônica é considerar a (im)previsibilidade dos discursos, seus “pontos de deriva possíveis”, dado que “todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, se deslocar discursivamente de seu sentido para outro” (PÊCHEUX, 1990 [2002, p.53]). Nesse deslocamento de sentidos, emerge o jogo da metáfora que, na condição de repetição, promove o esburacamento da memória que vai se dobrando, se desdobrando, e acaba por apontar a natureza movente do arquivo.

FAPESP – Processo 2009-51728-9

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O DISCURSO DA/SOBRE A DITADURA MILITAR NAS PÁGINAS DO JORNAL ÚLTIMA HORA

Lampoglia, Francis.1(MS); Miotello, Valdemir.1 (O); Romão, Lucília M. S.2 (CO) [email protected]

1PPGCTS (UFSCar); ²FFCLRP/USP

No presente trabalho, utilizaremos as bases teóricas da Análise de Discurso de matriz francesa, das teorias discursivas de Mikhail Bakhtin, bem como os estudos sobre a hemeroteca digital e mídia, a fim de observar o funcionamento discursivo das manchetes e reportagens sobre a ditadura militar brasileira entre 1964 e 1969 do jornal Última Hora, que se encontra disponível no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Interessa-nos compreender o modo como são produzidos efeitos de sentido e a forma com que o sujeito se posiciona diante da repressão, da censura e do silêncio. Cientes de que o estudo da linguagem se inscreve nas práticas sociais, assim como o estudo do discurso não existe fora da linguagem, já que história e língua se afetam mutuamente, entendemos a relevância de se estudar as manchetes dos jornais como materialidades discursivas que são atravessadas ideologicamente, marcando o contexto sócio-histórico em que foram produzidas e os efeitos de sentido que emanam das palavras. Os veículos de comunicação de massa, mais precisamente a mídia impressa, como jornais e revistas, possuem um papel mediador entre o leitor e a circulação de sentidos sobre a realidade. Contudo, ao relatar um fato, o sujeito-jornalista o faz de determinada posição discursiva, modulando a narração dos acontecimentos de forma a enquadrar-se nos interesses do jornal, o que rompe com a falácia de que o jornal retrata a realidade tal qual ela é. O discurso jornalístico acrescido do fator tempo produz um material rico para os estudos da Análise do Discurso de matriz francesa, permitindo o acesso aos sentidos que circulavam na época da repressão e que refletem até hoje na sociedade brasileira.

FAPESP (2010/03200-2)

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NÃO-VERBAL E(M) DISCURSO: SENTIDOS SOBRE DETENTOS E DEPUTADOS EM FOTOGRAFIA E CARTUM

Lampoglia; Francis.1(MS); Silva; Jonathan Raphael Bertassi.2(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.3(O);

[email protected] 1PG-CTS (UFSCar) – . Apoio: FAPESP: 2010/03200-2

2PG-Psicologia (FFCLRP/USP) – . Apoio: FAPESP: 2010/02844-3; 3FFCLRP/USP- CNPQ/FAPESP

O objetivo deste trabalho é abordar o funcionamento discursivo de uma fotografia e

um cartum que estabeleceram, nas páginas midiáticas, um fio de continuidade dos sentidos sobre detentos e deputados. A base teórica do trabalho consistiu na Análise do Discurso de matriz francesa, além de alguns conceitos de Bakhtin que sinalizaram modos de compreender os processos de produção histórica dos sentidos, de inscrição das condições de produção na linguagem e de naturalização de um efeito pelo mecanismo da ideologia. Selecionam-se, para análise, uma fotografia do jornal Brasil de Fato, veiculada no site do MST, e um cartum de Angeli, encontrado na página eletrônica do jornal Folha de S. Paulo, ambos datados de 2006. Como resultados, verificou-se como a fotografia e o cartum dialogaram entre si sob o mesmo contexto sócio-histórico e como os sentidos se movem de acordo com a formação discursiva ao qual o sujeito do discurso se filia. Observa-se, então, como fotografia e cartum funcionam discursivamente de modo plural e heterogêneo, emprestando sentidos um do outro e promovendo a emergência da simetria entre detentos e deputados. Para movimentar-se em gestos de leitura mais abertos, o sujeito precisa ter acesso à memória e romper com a idéia de imparcialidade da mídia e da fotografia e do cartum, além de romper com a noção ilusória de que a fotografia registra a realidade tal e qual ele é e de que a comicidade pueril dos cartuns sustenta-se desprovida do político. Ambos, fotografia e cartum, inscrevem-se no lugar do político, qual seja, aquele em que os sentidos de poder estão em jogo, em permanente e tenso jogo de poder.

Laboratório Discursivo El@dis – FAPESP 2010-510290/ FAPESP

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O ENSINO PÚBLICO BRASILEIRO DISCURSIVIZADO EM CARTUNS DE ANGELI

Lampoglia, Francis.1(MS); Silva, Jonathan R. B.2 (MS); Romão, Lucília M. S.3 (O) [email protected]

1PPGCTS (UFSCar) – . Apoio: FAPESP: 2010/03200-2; 2PG-Psicologia (FFCLRP/USP) – . Apoio: FAPESP: 2010/02844-3

3FFCLRP/USP- CNPQ/FAPESP

Este trabalho pretende construir um estudo sobre o discurso do ensino público brasileiro em duas charges de Angeli originalmente publicados na Folha de S. Paulo em 2007. Para fundamentar teoricamente este trabalho utilizaremos a teoria da Análise do Discurso de matriz francesa de Michel Pêcheux. Dentre os mecanismos da referida teoria, destacam-se as noções de sujeito, concebido como posição discursiva afetada pela ideologia; memória, que refere-se a sentidos já sedimentados e heterogeneidade discursiva, a qual trata da multiplicidade de vozes que compõem a voz do sujeito no discurso.Também refletiremos sobre a qualidade do ensino em nosso país, observando não somente a situação em que se encontra hoje a educação, mas quais foram as causas que levaram ao sucateamento da aprendizagem na rede pública de ensino e o que motivou as autoridades a relegarem a segundo plano um dos pilares da construção social. Ao enunciar, assumimos uma determinada posição discursiva em detrimento de outras, mobilizando certas regiões de sentido e silenciando outras, o que faz com que proferimos nosso discurso conforme a formação discursiva na qual nos filiamos e moldamos nosso dizer de acordo com a formação imaginária que temos de nosso interlocutor. Com isso, interessa-nos investigar, sob o olhar da Análise do Discurso, quais os efeitos de sentido produzidos pela charge sobre o tema da educação pública no Brasil, bem como rastrear vestígios da memória discursiva, flagrar posicionamentos e silenciamentos nos dizeres do cartunista. Pretendemos, portanto, à luz da teoria discursiva, tomar a charge como objeto discursivo e interpretar, em sua materialidade, os efeitos de memória, o movimento de naturalização da ideologia, os movimentos do sujeito, os silenciamentos e os efeitos de polissemia materializados na voz de Angeli.

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QUE VOZES FALAM NAS BIBLIOTECAS DENOMINADAS ALTERNATIVAS?

Bastos, Gustavo Grandini.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.2 (O);

[email protected] 1Mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade / Centro de Educação e Ciências

Humanas (UFSCar) 2 FFCLRP/USP- CNPQ/FAPESP

Esse trabalho busca investigar como os sujeitos constroem sentidos nas denominadas bibliotecas alternativas, espaços de leitura pouco convencionais em diferentes estados do Brasil. Investigaremos dizeres de instituições localizadas em diversos espaços, tais como um assentamento rural, uma borracharia, um hospital, um presídio, uma tribo indígena, ponto de ônibus, buscando flagrar como os sujeitos assumem-se (ou não) na posição de leitores e como atribuem sentidos ao espaço de leitura onde trabalham. Resolvemos especular sentidos sobre esta temática tendo em vista a pouca atenção que essas bibliotecas alternativas despertam tanto por parte de pesquisadores, quanto por parte das políticas governamentais de incentivo à leitura. Após a realização de uma pesquisa on-line, onde foi estabelecido contato com os coordenadores e idealizadores dos referidos espaços de leitura, enviamos um questionário e de onde coletamos as entrevistas que constituíram os nossos recortes de análise. Nos dados, nosso interesse debruçou-se sobre a maneira como os sujeitos discursivizam o espaço no qual atuam, como falam da leitura, da aprendizagem e escrita, como compreendem e representam na linguagem o que é uma biblioteca e como o bibliotecário/profissional da informação é significado, muitas vezes pela sua ausência, nessas instituições alternativas. Causou certa estranheza e interesse entender também a parca discussão sobre essas bibliotecas dentro dos documentos científicos e oficiais da Ciência da Informação, assim buscamos compreender essa inexistência e silenciamento desses espaços, entendemos que esse tipo de discussão e questionamento só tem a contribuir para um melhor entendimento dessas bibliotecas e também possibilitar o entendimento de como os organizadores desses espaços compreendem suas ações e o espaço criado. Para sustentar o nosso percurso teórico-metodológico, trabalhamos com o referencial teórico-metodológico da Análise do Discurso de filiação francesa, especialmente com algumas noções imprescindíveis para a nossa discussão, tais como os conceitos de memória discursiva, de sujeito discursivo, ideologia, discurso e silêncio.

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SUJEITOS E SENTIDOS NA REDE ELETRÔNICA: UM ESTUDO DISCURSIVO DOS BLOGS

Bastos, Gustavo Grandini.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.2 (O);

[email protected] 1Mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade / Centro de Educação e Ciências

Humanas (UFSCar) 2 FFCLRP/USP- CNPQ/FAPESP

Baseado no referencial teórico da escola francesa da Análise do Discurso de matriz

francesa, esse trabalho objetiva uma interlocução com estudos provenientes das áreas de Ciência da Informação, Linguística, Tecnologia e Sociologia da Informação, tendo como objeto de estudo os blogs de sujeitos homossexuais no Ciberespaço. Sabemos que a rede eletrônica permite ao sujeito caminhar por uma trilha infinita de links, alterando a maneira como ele idealiza tempo, espaço e tecnologias, naturalizando, através dos processos ideológicos, uma aparente posição de liberdade. E isso é definido por novas relações com o tempo e o espaço, inscritas na denominada modernidade líquida que, entre as suas principais características, fluidifica e desfronteiriza os limites do público e do privado. O blog nos parece ser um indício disso, já que é definido como uma escrita íntima colocada à vista e à escuta de todo e qualquer navegador; assim sendo, instala uma discursividade marcada pela heterogeneidade de dizeres e pelas marcas de subjetividade, ainda temos uma relação assimétrica de poder entre o blogueiro e o sujeito-leitor, já que o administrador desse espaço discursivo muitas vezes aceita ou recusa determinadas postagens, o que interfere na circulação de discursos e sentidos nesse espaço de enunciação. Acredito que refletir e pensar esse lugar de comunicação nos parece relevante e digno de análise, visto que o blog e a blogosfera Ainda são pouco pensados dentro das postulações de seu espaço enunciativo e discursivo, já que a grande parte dos estudos acerca das temáticas centram-se apenas na discussão das questões de cunho tecnológico. Pensar pontos que envolvam a circulação, movimentação e acesso aos dizeres postulados nesses espaços enunciativos é compreendido como algo digno de análise, visto as novas possibilidades enunciativas que ali se apresentam, além de outras problemáticas que acabam por afetar a escrita e a comunicação dos sujeitos nesses espaços, levando em conta aqui, questões como: a interação dos sujeitos, o uso do espaço de comentários para que o sujeito-leitor possa dizer e se comunicar com o sujeito-autor (blogueiro), além de uma série de outros recursos que afetam a construção da escrita dos textos , as publicações ali realizadas e a leitura do blog.

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A CONSTRUÇÃO DO EFEITO-LEITOR NO LIVRO DIDÁTICO: O QUE SE PODE LER NOS DISCURSOS QUE CIRCULAM NESSE

MATERIAL? Ronconi, Jacqueline M.1(IC;); Pacífico, Soraya M. R. 1 (O);

[email protected] 1Curso de Pedagogia/ FFCLRP - USP

Nossa pesquisa procurou investigar qual é a posição discursiva imaginada e permitida

para o sujeito-leitor que trabalha com o Livro Didático (LD) em sala de aula, ou seja, investigamos como o material escolar apresenta os textos científicos, jornalísticos, literários, informativos e, ainda, como o LD trata (ou adapta) estes gêneros textuais que são lidos por sujeitos-alunos que frequentam o Ensino Fundamental I. Buscamos saber se, especialmente, os textos literários, jornalísticos e científicos, trazidos pelo LD, são contextualizados e interligados aos conteúdos, se estes são articulados com a disciplina, se é ensinado ao aluno que cada tipo de texto é constituído a partir de um tipo de discurso, a saber, o discurso literário, o discurso jornalístico e o discurso científico, sendo que, cada um tem suas características próprias. Investigamos, também, se as atividades propostas, a partir da leitura destes textos, saem da paráfrase, da repetição e permitem ao aluno, ao exercer o gesto de interpretação, ocupar a posição de um sujeito-leitor que tenha acesso ao arquivo (PÊCHEUX, 1997) e que, com base nisso, possa participar do processo sócio-histórico de construção dos sentidos. Nosso corpus compreende uma pesquisa de campo com diferentes livros didáticos adotados por uma escola Municipal, de Sertãozinho-SP, para o Ensino Fundamental I. Percorrendo este “espaço discursivo”, Maingueneau (1987), levantamos alguns recortes, retirados dos LD selecionados, a fim de analisar o uso que esse material faz do discurso literário, do discurso jornalístico e se este se sobrepõe ao científico, ou não. Para concretizar nossa pesquisa, fundamentamo-nos nos postulados teórico-metodológicos da Análise do Discurso de “linha” francesa (AD), e nas teorias do letramento. É válido ressaltar que a AD como seu próprio nome indica não estuda a língua em sua estrutura, como um produto, um código pronto, tampouco a gramática, embora a língua componha o campo sobre o qual a disciplina se construiu. A AD trata do discurso que tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, enfim, de movimento (ORLANDI, 2007). Sendo assim, na primeira parte do trabalho procuramos escrever sobre os postulados teóricos da AD. Em um segundo momento, discutimos sobre o LD e o silenciamento que se produz a partir de seus textos. Lembramos que o LD é um portador de texto vinculado à ideologia da classe dominante e que trabalha com fontes de informação secundárias e terciárias; logo, não possibilita ao aluno o acesso ao arquivo, pois seus textos são resumos, traduções, reproduções, estudos recapitulativos, recortes de livros e etc. (PACÍFICO, 2008). Em um terceiro momento descrevemos a metodologia utilizada, ou seja, como a AD utiliza o método nos estudos da linguagem para interpretar sentidos cristalizados pelo discurso dominante. Sendo assim, dentro dos postulados da metodologia, percorremos caminhos que nos explicam noções importantes para o desenvolvimento de nossa pesquisa. Como resultado das análises, chegamos à conclusão de que os LD pesquisados trazem poucos textos jornalísticos e científicos e quando o fazem, estes são desprovidos de referências bibliográficas. Podemos dizer que essa falta vem ao encontro daquilo que Orlandi (1996) considera o apagamento da voz do cientista. É importante destacar que, ao não referenciar a fonte, tampouco a identidade do autor, de determinado texto jornalístico ou científico presente no LD, ele está silenciando e bloqueando a autoria.

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EFEITOS DE LITERATURA INFANTIL NO CIBERESPAÇO: QUE VOZES ESTÃO INSCRITAS NO MUSEU DA PESSOA? Santos, Jean Carlos Ferreira.1(IC); Romão, Lucília Maria Sousa.1(O);

[email protected] 1Ciências da Informação e Documentação/FFCLRP (USP)

Com base na perspectiva teórica da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, esse

trabalho objetiva apresentar uma discussão sobre os efeitos de sentidos produzidos na rede. Para isso, fizemos um recorte de um projeto do Museu da Pessoa que trata da organização das memórias da literatura infantil e juvenil, através da reunião de entrevistas com escritores, fotografias e outras materialidades que visam construir uma memória sobre a literatura brasileira destinada a crianças e jovens. A escolha desse link do museu se justifica pelo fato de vermos nesse projeto uma ferramenta diferente de promoção da leitura, pois uitliza a materialidade do virtual para mostrar escritores e produtores da literatura infantil e juvenil contando sobre suas vidas, sobre memórias antigas e recentes. A materialidade encontrada em “Memórias da Literatura Infantil e Juvenil” constitui um campo rico para a análise discursiva, pois coloca os produtores de literatura infantil em uma outra posição que não seja apenas a de escritor, mas como sujeitos (comuns) que discursivisam sobre infância, escola, alegria, tristeza, dor, saudade, sentimentos, enfim, situações da vida cotidiana, além de falarem da sua relação com a leitura, com os livros e a escrita. Esse espaço, através de palavras e imagens, produz no sujeito-navegador o desejo de saber-ler sobre a vida do outro, que não é qualquer um: é um escritor conhecido, o que atrai o sujeito-navegador a inscrever sentidos na página, motivado pelo interesse de conhecer mais sobre o escritor que fez parte de sua infância; desvelar sentidos que não estão explícitos nas páginas dos livros ou que não estão em circulação em outros espaços de leitura. Percebemos que falar da internet implica considerar as condições de produção em que se dá a troca e a criação da informação nesse espaço e como o digital permite que o sujeito-navegador constitua, ele mesmo, o seu percurso de leitura, de dobramentos e desdobramentos, realizando interferências no ato de montar, selecionar, apagar o escrito e navegar por estruturas textuais efêmeras e múltiplas. Assim, os documentos na rede eletrônica, que no Museu da Pessoa são relatos de vida, devem ser vistos como arquivos demarcados ideologicamente, nos quais sujeitos inscrevem sentidos, representam-se Imaginariamente, ocupam determinadas posições e fazem falar ditos que não são naturais nem evidentes (ROMÃO, 2006). Nos emaranhados de links, língua e história reivindicam o tempo todo que a linguagem seja significada a partir do que não está visível na tele do computador, mas do que a memória discursiva permitiu recuperar de outro local.

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A SENSUALIDADE FEMININA INSCRITA EM TELAS DO CINEMA Silva; Jonathan Raphael Bertassi.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.2(O);

[email protected] 1PG-Psicologia (FFCLRP/USP) – . Apoio: FAPESP: 2010/02844-3;

2FFCLRP/USP- CNPQ/FAPESP

Nesse trabalho, abordamos os efeitos de sentido sobre liberdade e repressão sexual feminina em sequências discursivas coletadas nos filmes Repulsa ao Sexo (Repulsion, 1965) e A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1967). Para tanto, mobilizaremos como referencial teórico a Análise do Discurso de matriz francesa para compreender os efeitos de sentido no discurso sobre a sensualidade feminina inscritos nos processos discursivos verbal e não-verbal. Como nosso escopo apontar as muitas interpretações possíveis numa década de transição (dentro e fora das telas) sobre a emancipação da mulher, encontramos na Análise do Discurso (AD) de matriz francesa um referencial adequado para rastrear os múltiplos sentidos sobre o feminino que se inscrevem nesses filmes. Por meio deste referencial teórico, visa-se o estudo da linguagem em suas práticas sociais, pois a compreensão do discurso passa necessariamente pela sociedade. Definindo a linguagem como trabalho, a disciplina desloca a importância dada à função referencial da linguagem, a qual ocupa posição nuclear na Lingüística clássica, que defende esse enfoque ma comunicação, ou na informação; assim, o viés da AD entende a linguagem como ato sócio-histórico-ideológico, sem negar o conflito, a contradição, as relações de poder que ela traz em seu bojo. As imagens não “falam”, mas significam por sua materialidade visual, portanto será analisada a partir dessa perspectiva. A razão para a escolha deste método é a possibilidade de buscar os efeitos de sentido no discurso dos quatro filmes que compõem nosso corpus sem negar o olhar socialmente inscrito do analista para privilegiar o estudo do processo e não do produto nos referidos filmes. É nosso escopo buscar compreender como circulam os sentidos da/sobre a mulher e seu conflito com os sentidos naturalizados como evidentes pelo patriarcalismo, produzindo rupturas com o silêncio e efeitos de resistências, de modo heterogêneo, que (re)significam a memória discursiva sobre o que é ser mulher. Vemos no cinema não apenas uma arte catalisadora de mudanças políticas e sociais, mas como meio de comunicação excepcional para observar o imaginário sobre um determinado assunto, não apenas (re)produzindo sentidos passivamente, mas de fato transformando a realidade fora das telas, numa conversa de mão dupla entre o que é representado no filme e o contexto sócio-histórico que sustenta tais representações, causando manutenção ou ruptura de sentidos no percorrer dessa interlocução.Se sujeito e sentidos, como postula a AD, se constituem simultaneamente, o mesmo deve ocorrer com o filme e seus realizadores/espectadores, num eterno feedback entre arte e vida.

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POSSIBILIDADES DE ANÁLISE DA PÁGINA INICIAL DA REDE SOCIAL FACEBOOK COMO UM TEXTO SINCRÉTICO

Mendonça, Juliana Bessa de.1(MS); Teixeira, Lucia1. (O) [email protected]

1Estudos de Linguagem/Pós Graduação Latu Sensu em Letras (UFF)

O presente trabalho pretende demonstrar como a página inicial da rede social Facebook pode ser considerada um texto sincrético, tendo como base o conceito de neutralização formulado por Louis Hjelmslev. A metodologia de análise será pautada na Semiótica Francesa, através da qual Algirdas Julien Greimas mostrou ser possível uma abordagem sintática do texto integral, sendo, portanto uma teoria geral da significação.A percepção de que o conteúdo de determinado texto visual sofre coerções entre um Plano de Expressão e um Plano do Conteúdo, será considerada as contribuições de Jean Marie Floch para explicitar tal conceito. Algumas contribuições mais recentes propostas por Jacques Fontanille e Claude Zilberberg contribuirão para explicitar os conceitos de sincretismo e proporcionar uma análise refinada da página em questão.

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A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ÍNDIGENA NA DISCURSIVIDAD E DA REDE ELETRÔNICA: ANÁLISE DE BLOGS

Ferreira, Lucimar L.1 (DR); Romão, Lucilia M. S.2(OQ); Zoppi Fontana, Mónica G.1(O) [email protected]

1Doutorado em Linguística /Programa de Pós-Graduação (IEL - UNICAMP) 2Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP-USP)

Neste trabalho trato do funcionamento discursivo de blogs, enfocando a subjetividade

indígena na rede eletrônica. Considerando que a internet, por mais que ainda esteja longe da grande maioria das aldeias indígenas do nosso país, já é usada e significada, neste estudo, procuro dar visibilidade aos processos discursivos em funcionamento no âmbito dos blogs, dos quais os povos indígenas lançam mão para variados fins, nessa nova ordem de uso das novas tecnologias. Isso tendo em vista que o surgimento das novas tecnologias, principalmente a internet é um espaço fecundo para a reflexão sobre processos discursivos, nas quais os sujeitos se significam e são significados, a partir das redes de memória. Assim, o que me instiga é pensar o funcionamento dos blogs enquanto espaço de constituição de sujeito e de sentidos, no qual as relações de resistência e afirmação identitária se mostram no nível simbólico. Nesse caso, entendendo que a identidade se constitui em um processo e que o ciberespaço é espaço de enunciação, o objetivo desta análise é discutir processos discursivos de constituição de sujeito na rede, considerando o imaginário, a memória e as condições de produção. Com base em fundamentos teóricos da análise de discurso e um corpus formado por recortes de materiais variados em circulação em três blogs pessoais de autores indígenas, analiso a posição-sujeito indígena, a partir da qual o sujeito, enunciador plural, produz o seu discurso como porta-voz de uma coletividade, negando os pré-construídos do discurso natural/biológico e de tutela indígena.

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A BIBLIOTECA ESCOLAR NA REDE ELETRÔNICA: SUJEITOS E SENTIDOS EM MOVIMENTO

Ferrarezi, Ludmila.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.1 (O); [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Nesse trabalho buscamos compreender como a historicidade e a memória discursiva sustentam sentidos sobre a biblioteca escolar, observando o litígio entre posições-sujeito e vozes discursivas manifestas no nosso corpus, formado por recortes de documentos, materializados na rede eletrônica, que discursivizam a biblioteca escolar. Abordamos a biblioteca escolar, a partir de uma interface entre a Ciência da Informação, Análise do Discurso de linha francesa e Educação. Selecionamos e analisamos discursivamente um corpus formado por três documentos dos Conselhos de Biblioteconomia: o folheto de uma exposição sobre biblioteca escolar, realizada em Brasília, o Manifesto em Defesa da Biblioteca Escolar, elaborado pelo CFB e os CRB’s e a Carta de Brasília do Conselho Federal e Regionais de Biblioteconomia em defesa da biblioteca escolar.Apresentamos nosso objeto discursivo, a biblioteca escolar, a partir da multiplicidade que lhe é constitutiva, o que nos levou a destacar duas regiões de sentido que a significam e delineiam o que seriam duas formações discursivas: uma em que circulam os sentidos de valorização e outra marcada por uma concepção mais restrita, em que se destacam as inúmeras faltas e problemas que a afetam. Em relação à essa primeira formação discursiva, apresentamos os sentidos acerca da constituição e desenvolvimento das bibliotecas escolares no Brasil, aqueles que permanecem e retornam- nos discursos contemporâneos, sustentados pelas condições sócio-históricas pela memória discursiva, denunciando a inércia e precariedade que as marcaram, desde o início, no século XVI. Destacamos, também, que o Projeto de lei nº 1831/2003 (que obriga todas as escolas, públicas e particulares, a terem bibliotecas e um número mínimo de livros) não diz respeito à criação de verdadeiras bibliotecas, pois faz retornar, pela memória, esses sentidos que as associam a um acervo, a um “lugar” da escola, “o armário, ou sala, onde estão disponíveis os livros”, silenciando outros aspectos referentes à sua estruturação e funcionamento. Ressaltamos, também, alguns problemas relacionados ao modo como frequentemente são realizadas a leitura e a pesquisa escolar. Inseridos em uma outra formação discursiva, estão os discursos oficiais e científicos que constituem sentidos mais coloridos acerca da biblioteca escolar da sociedade da informação, atribuindo-lhe um lugar de importância, prestígio na educação, revestindo-na de um caráter dinâmico, orgânico e plural. A partir das análises dispostas ao longo do trabalho, inferimos que o ciberespaço heterogêneo e interativo faz falar também o plural, permite os furos nas regiões de sentido estabilizadas pelo retorno da memória, suscitando outras maneiras de enunciar sobre essa instituição, outras margens de sentido.

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NOS LABIRINTOS DA INTERNET: REDES EM MOVIMENTO Ferrarezi, Ludmila.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.1 (O); [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Nosso objetivo é analisar discursivamente os movimentos do sujeito e dos sentidos nas páginas eletrônicas sobre biblioteca escolar, escutar a discursividade eletrônica, os movimentos de navegação de sujeitos inseridos em diferentes formações sociais, observando se a rede eletrônica configura-se como o lugar da tão aclamada possibilidade de emergência do sujeito e de dizeres polissêmicos, que façam surgir sentidos além do dominante. Após apresentarmos algumas considerações acerca dos movimentos do sujeito e do sentido nas teias da Internet, buscamos, embasadas pela Análise do Discurso de linha francesa, tecer alguns gestos de interpretação dos discursos circulantes no blog Librarianship, em um post intitulado “Biblioteca escolar: algumas considerações”, publicado em 7 de julho de 20099 e em uma outra postagem, do dia 6 de novembro de 20083.Concebemos a rede eletrônica como um espaço discursivo marcado pela heterogeneidade e pluralidade, assim como pela incompletude, que faz com que o sentido possa sempre deslizar, significando a biblioteca de diferentes formas, de acordo com as condições sócio-histórico-ideológicas que constituem o dizer. Não é apenas a fluida materialidade virtual que é posta, pelos sujeitos-navegadores, em contínuo deslocamento, mas também os discursos que nela se sustentam e podem ser atualizados ou esquecidos, conforme o modo como eles se trançam com a história, a memória e a ideologia, que afetam a produção e circulação dos sentidos na rede. A virtualidade da rede parece escancarar a multiplicidade que constitui todo discurso, instalando novas formas de ler e produzir sentidos, de relacionar-se com discursos outros, nos quais se pode intervir. A fragmentação dos discursos e dos gestos de leitura fazem, também, com que os sujeitos possam “escapar”, migrar para outras regiões de sentido, desviarem-se da rotas que começaram a percorrer. Associamos o sujeito navegador a um leitor ativo, um construtor de labirintos2, múltiplas possibilidades de atualização de sentidos, que configuram uma nova forma de ler, a qual pensamos ser mais aberta à polissemia, a um vir-a-ser constante. Apesar de propiciarem inúmeras possibilidades de se ocupar outros espaços discursivos, as redes da Internet também são feitas de lacunas, de ausências; tais fronteiras indiciam o caráter não-homogêneo da navegação pelas redes virtuais da Internet. Para que os sujeitos sejam realmente incluídos no ciberespaço é preciso mais do que o acesso à Internet e outras ferramentas de comunicação e informação, sendo fundamental que eles se relacionem com os sentidos postos em circulação nas redes eletrônicas, que participem ativamente dos jogos de (re)construção e interpretação dos discursos que elas sustentam. Apesar de não podermos desconsiderar as restrições que impedem o alcance do “todo”, sugerimos que a Internet abre espaço para a circulação de outros sentidos e para que o sujeito-navegador a experimente de muitas formas, valendo-se, frequentemente, do apagamento dos nomes, imagens, ou marcadores sociais do espaço físico; ocupando lugares que, muitas vezes, são impossíveis no mundo real, trançando-os a às vozes e discursos de outros sujeitos dispersos na rede

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QUE PROFESSOR É ESSE NO DISCURSO SOBRE A INCLUSÃO DIGITAL?

Sarian, Maristela.1 (DR); Castellanos Pfeiffer, Claudia.2 (O); Dias, Cristiane2 (CO); Maluf- Souza, Olímpia.3 (CO).

[email protected] 1Doutorado em Linguística (UNICAMP/CAPES/UNEMAT)

2UNICAMP 3UNEMAT

A fim de compreender os sentidos postos em funcionamento no discurso da inclusão

digital, tomamos como material de análise para este estudo o caderno Um computador por aluno: a experiência brasileira (2008), uma produção do Conselho dos Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara dos Deputados e que tem como relator o Deputado Federal Paulo Henrique Lustosa. Analisamos os sentidos construídos no discurso sobre o sujeito professor, mediante a inserção de um computador por aluno na sala de aula, conforme preconiza o PROUCA – Programa Um computador por aluno, mobilizando a noção de divisão do trabalho intelectual, de Michel Pêcheux, bem como o trabalho de Orlandi (2008). Com esse recorte, foi-nos possível compreender a intervenção da universidade na escola como uma forma de segregação dos professores da educação básica e os da educação superior como os que apenas dão aulas e os que pesquisam, os que sabem e os que não sabem manusear o computador, respectivamente, ou seja, entre aqueles que detêm ou não o saber. Observamos, também, que os princípios do PROUCA convocam esse professor, tomado como sujeito empírico, a responder a uma voz dominante, a voz do poder e de um suposto saber, que lhe diz o que fazer. A este sujeito é imputada a responsabilidade de trazer os resultados esperados pelo Estado no tocante ao seu trabalho, apagando os sentidos do político, segregando, normatizando e estabilizando os sujeitos da escolarização. Isso traz para a discussão as relações de força existentes entre o legislador e o professor, produzindo assimetrias e promovendo a divisão do trabalho intelectual.

FAPEMAT

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O INTELECTUAL, A MÍDIA E O PODER: IDENTIDADES INTELECTUAIS NA REDE ELETRÔNICA

Silva, Mauricio Junior Rodrigues.1 (DR); Gregolin, Maria do Rosário F.V. (O) 1

[email protected] 1UNESP - Araraquara

A presente pesquisa busca investigar como certos ambientes virtuais engendram, por

meio de mecanismos discursivos, identidades acerca da intelectualidade. Para tal, questiona-se como o intelectual é tomado discursivamente em lugares distintos da rede eletrônica, a saber: o site de uma empresa cultural e o site de uma agência de fomento à pesquisa. Dito de modo mais profícuo, optou-se por eleger como corpus os sites: Casa do Saber, um ambiente virtual de uma empresa situada em regiões nobres das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, que oferece acesso pago à cultura e ao saber dito intelectualizado de forma geral; e Pesquisa Fapesp Online, uma revista virtual da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que traz notícias, informações, vídeos, imagens sobre as pesquisas que instituição financia, a fim de difundir e valorizar os resultados da produção científica e tecnológica brasileira. Nesses distintos ambientes virtuais, pode-se questionar se a marca capitalista claramente perceptível na atuação discursiva do primeiro, estende-se ao segundo. Para suscitar esse e outros problemas de representação e identidade do intelectual na internet, o trabalho faz uso do referencial teórico da Análise do Discurso de filiação francesa, derivada de Michel Pêcheux e de Michel Foucault, sobretudo na perspectiva de se considerar saber e poder como âmbitos inerentes e indissociáveis. Nesse sentido, a pertinência do aparato teórico da A.D. para o presente trabalho está em relativizar a pretensa isenção e a neutralidade dos enunciados, uma vez que para Foucault (2009, p. 112), "não há enunciado livre, neutro e independente; mas sempre um enunciado fazendo parte de uma série ou de um conjunto, desempenhando um papel no meio dos outros, neles se apoiando e deles se distinguindo: ele se integra sempre em um jogo enunciativo, onde tem sua participação, por ligeira e ínfima que seja". Pautado por essa perspectiva, atuou-se em termos procedimentais da seguinte maneira: seleção e localização das fontes de informação referentes ao tema proposto; pesquisa bibliográfica e de obras relacionadas tanto à questão da intelectualidade, quanto ao campo da Análise do Discurso, para se chegar a uma profícua problematização da intelectualidade na modernidade líquida; apreciação de textos relacionados à modernidade líquida, bem como textos sobre cibercultura, cibermídia, ciberespaço, web 2.0, etc. Ao seguir essa vereda metodológica, é possível relacionar o referido arcabouço teórico ao campo das mídias digitais, e assim confrontar discurso com as relações de poder, elementos que são preponderantes à produção de sujeitos que se constituem majoritariamente por práticas discursivas. Baseado nessa percepção, advém o mote fundamental da pesquisa: perceber como na modernidade líquida (BAUMAN, 2005) certas práticas não discursivas determinam as práticas discursivas atinentes à intelectualidade.

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SENTIDOS DE BIBLIOTECÁRIO NA VOZ DE SUJEITOS UNIVERSITÁRIOS

Carvalho, Mavi Galante Mancera Dall´Acqua.1 (IC); Romão, Lucília Maria Sousa.1 (O)

[email protected] 1Ciências da Informação e da Documentação/FFCLRP-USP

A sociedade da informação firma-se nas tecnologias de informação e comunicação e

na demanda por profissionais com habilidades para o tratamento eficaz das informações, visando atender as necessidades de usuários. O bibliotecário enquanto posição discursiva, historicamente esteve ligada ao sentido de guardião de livros e, depois, passou a funcionar nos discursos atuais como mediador, promotor de leitura, educador, agente cultural e gestor de informação. As imagens, (pré)conceitos e sentidos cristalizados afetam o conhecimento teórico, os paradigmas, o mercado de trabalho e comportamento deste profissional, e da mesma forma os efeitos de reconhecimento da identidade e da percepção de sua importância pela sociedade.

Laboratório Discursivo El@dis – FAPESP 2010-510290/

PEP-USP

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PRÁTICAS ESCRILEITORAS EM REDES SOCIAIS Lovo, Rosimeire.1(MS); Momesso, Maria Regina.1 (O);

[email protected] 1 Mestrado em Linguística (UNIFRAN)

O espaço virtual tornou-se um lugar importante de comunicação cotidiana, em que o

cidadão pode, facilmente e a um custo muito baixo, ter acesso a dados localizados nos mais distantes pontos do globo, como também criar e distribuir informações em larga escala. Assim, novas práticas sociais, de educação e aprendizagem se fazem e requerem habilidades de leitura e escrita diferentes das de outros suportes, tais como o do impresso. Muitos afirmam que a internet é um recurso atrativo para crianças e jovens que se encontram em plena fase de aquisição de conhecimentos acadêmicos para a entrada no vestibular, pois por meio das redes sociais digitais os jovens estariam se comunicando, construindo o que se chama hoje de inteligência coletiva. Outros argumentam que o meio virtual propicia maior dificuldade no que tange a leitura, pois esta seria superficial e dispersa e não levaria o leitor a interpretação e reflexão em maior profundidade dos textos. Diante do exposto a presente pesquisa propõe-se a refletir sobre como esta se dando as práticas escrileitoras em redes sociais, tais como blogs e microblogs. Além disso, verificar como esses dispositivos são utilizados pela escola de educação básica como meio de inclusão digital e para melhoria da escrita e da leitura. O corpus de análise são um blog (http://ler.blogs.sapo.pt) e um microblog ((http://twitter.com/revistalingua). A teoria que embasa esse estudo é a Análise do Discurso de linha francesa, que tem como fundador Pêcheux, e alguns conceitos de Foucault a respeito das práticas educadoras e discursivas e das relações de poder, da ordem discursiva , entre outras filiadas à linha teórica abordada. Para as questões das práticas de leitura o trabalho reflete sobre o teórico Roger Chartier. Os resultados preliminares apontam que as práticas de leitura e escrita existentes nas redes sociais ainda não estão completamente sistematizadas como meio de uma prática de leitura reflexiva e de interpretação mais apurada. No entanto, os dispositivos das redes sociais como o blog e o microblog apontam como uma possibilidade fértil na criação de uma nova geração de leitores plurais que acessam e difundem informações. A inclusão digital e a alfabetização nas redes sociais é um diagnóstico otimista para o progresso da cultura escrita e dos hábitos de leitura.

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O DISCURSO MIDIÁTICO INTERNACIONAL SOBRE CHICO MENDES: VOZ DA FLORESTA E CICATRIZ NA TERRA

Yado, Thaís Harumi Manfré.1(Mestranda); Romão, Lucília Maria Sousa.2(O); [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCar) 2FFCLRP (USP)

Com o desenvolvimento e solidificação da atual Sociedade da Informação, o acesso às

informações passou a acontecer cada vez mais rápido e em maior quantidade. Procura-se então, observar como se dá a construção dos dizeres das novas mídias, como a mídia eletrônica faz falar de/sobre a morte anunciada do seringalista, ambientalista, líder sindical Chico Mendes. Assassinado na noite do dia 22 de dezembro de 1988, sua morte ocorreu por ordem de madeireiros e latifundiários que possuem terras na região da floresta Amazônica, e apesar de não ter sido reconhecido no Brasil em vida, Chico Mendes era renomado na Europa e na América do Norte, chegando até a receber um prêmio da ONU (Organização das Nações Unidas) reconhecendo sua postura de proteção ambiental. Logo, a morte de Chico Mendes foi anunciada pela mídia de diversos países e depois no Brasil, dessa forma, pode-se dizer que esse tiro brasileiro foi o tiro que mais ecoou por todo o mundo até hoje. E a partir do recorte do corpus a ser analisado, procura-se observar o movimento que o discurso, presente no campo de estudos que se denomina Análise do Discurso (AD) de matriz francesa, teve sua trajetória iniciada no fim dos anos de 1960. Desenvolvendo duelos e diálogos teóricos entre Michel Foucault e Michel Pêcheux, ao se proporem estudar o sentido e o sujeito, inseridos na História. Para a AD, a língua não é somente um código, assim, não se pode dizer que há uma separação entre emissor, receptor, nem a sequência de fala e decodificação. O conceito de discurso não é apenas da transmissão da informação em seu sentido tradicional (emissor, receptor, código, referente e mensagem), nem de seu modo linear de disposição dos elementos da comunicação. As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentidos entre locutores (ORLANDI, 2005, p. 21). Entrelaçado ao conceito de discurso, encontra-se o conceito de memória discursiva - a memória social, coletiva, para que possa ser observada a sua relação com a linguagem e com a história. A memória discursiva se constitui de acontecimentos exteriores e anteriores à constituição do discurso, dessa maneira, reflete as interdiscursividades e materialidades em seus dizeres (FERNANDES, 2005). Assim, trabalhando com esses conceitos tão importantes no campo teórico da AD, busca-se então observar o movimento discursivo presente nos dizeres midiáticos, especialmente o dizer midiático eletrônico - hipermídia. Que com o desenvolvimento da multimídia e a mudança de suporte, a internet proporcionou uma nova forma de escrita – lúdica, recuperada, “superior”. A textualidade da rede eletrônica se constitui de outra forma que a textualidade impressa (KUCISNKI, 2009). A organização multilinear presente no hipertexto proporciona que a leitura de tal documento seja realizada de qualquer ponto, causando a quebra do paradigma de início, meio e fim presente na leitura de documentos impressos (ROMÃO, 2005). Tais conceitos serão mobilizados tendo em vista entender a relação entre as mídias, a sociedade e os discursos, ou seja, visando a promoção de um campo de saberes e dizeres que levem em conta o jogo da língua e da história.

Laboratório Discursivo El@dis – FAPESP 2010-510290/

FAPESP (2010/03437-2)

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O VERBAL E O NÃO-VERBAL NA REDE: SENTIDOS NO WEBSITE FLICKR

Moreira, Vivian Lemes.1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa.1 (O) [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Este trabalho tem como objetivo discutir as formas de classificação dos arquivos

digitais em ambientes colaborativos na rede, realizada pelo sujeito-navegador através da folksonomia. A folksonomia é considerada a prática de categorização/classificação colaborativa das informações na web a partir de tags, essas que funcionam como palavras-chave atribuídas pelo sujeito-navegador para nomear/indexar informações e arquivos; não há uma metodologia e uma ordem rígida a ser seguida nesse processo, como nas taxonomias. Utilizando como referencial teórico a Análise do discurso de matriz francesa, pretende-se investigar o funcionamento discursivo da folksonomia no website Flickr, e a forma como o sujeito vem mobilizando as palavras para significar e organizar seus arquivos imagéticos na rede. Para isso, será levado em conta a noção do sujeito, que afetado pelas condições de produção na rede eletrônica, passa a discursivizar a partir de uma relação bastante singular com o tempo e o espaço; entre a virtualidade e a atualização. Lançando nós, e costurando novos sentidos, compartilhando e organizando novos caminhos de navegação e de outros processos de significação, possibilitando a inscrição do verbal a fim de organizar o não-verbal no website Flickr.

Laboratório Discursivo El@dis – FAPESP 2010-510290/

CAPES

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WIKIPÉDIA E DESCICLOPÉDIA: OS DIZERES NAS ENCICLOPÉDIAS DE CONTEÚDO COLABORATIVO NA WEB Moreira, Vivian Lemes.1 (MS); Yado, Thaís Harumi Manfré.2 (MS); Romão, Lucília

Maria Sousa.1 (O) [email protected]; [email protected]; [email protected]

1 Programa de Pós-graduação em Psicologia (FFCLRP-USP) 2Programa de Pós-graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCAR)

Este trabalho tem como objetivo refletir sob á perspectiva da Análise do Discurso de

linha francesa, a inscrição dos saberes e os efeitos de sentidos sobre o significante Amazônia, instaurados pelos sujeitos nas en(des)ciclopédias de conteúdo colaborativo no ambiente da Web 2.0. As enciclopédias de conteúdo colaborativo, como a Wikipédia e a Desciclopédia, que constituirá o corpus de nossa análise, são calcadas pela coletividade, marcando assim uma forma de escrita heterogênea que reúne diversas Formações Discursivas, que vão tecendo os discursos e (re)significando as palavras. Investigaremos as condições de produção do discurso da escrita coletiva na rede, e as marcas ideológicas na Wikipédia, que fazem parecer evidentes para o sujeito certos sentidos sobre a “Amazônia”. Discutiremos também, o confronto de sentidos instalados na Desciclopédia, sob a forma de desconstrução dos “moldes tradicionais” de funcionamento de uma enciclopédia, com o discurso próximo á paródia e do non-sense. Assim, será também realizada uma investigação, comparando na ordem da língua, os sentidos do verbete “Amazônia” entre as duas enciclopédias coletivas em evidência; observando como se dá o processo de constituição do discurso no movimento de construção da enciclopédia de conteúdo colaborativo realizada pelo sujeito-navegador.

CAPES/ FAPESP/

Laboratório Discursivo El@dis – FAPESP 2010-510290

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A SUBSTÂNCIA DO ENUNCIADO Marques, Welisson.1 (MS); Fernandes, Cleudemar A.1 (O)

[email protected] 1Universidade Federal de Uberlândia

Alvitra-se, nesta apresentação, realizar uma breve exposição sobre a noção e possível

análise de substâncias nos estudos da linguagem. Para tal, efetuaremos uma breve retomada ao Curso de Linguística Geral com o intuito de analisar, além das evidências, os conceitos de substância, forma e materialidade na definição da língua. Observaremos, também, quais as possibilidades que a teoria da enunciação nos deixou para se realizar uma análise “discursiva” dos textos desde então. Ademais, adentraremos no campo da AD francesa sob a égide dos estudos de Michel Pêcheux ([1975] 1988), trazendo, também, as profícuas contribuições de Foucault ([1969] 1995), em especial, bosquejando o conceito de enunciado. Os discursos em geral, bem como aqueles veiculados pela mídia impressa, em particular são constituídos por inúmeras substâncias, e que são, deveras, negligenciadas nas práticas analíticas. Por isso, faz-se necessário assinalar a importância de se agregar todos os elementos constitutivos de dada materialidade como, por exemplo, do verbal com o não-verbal, bem como das substâncias constitutivas dessas materialidades significantes. As reflexões arroladas nesta apresentação, vinculadas à nossa proposta de Tese de Doutoramento, contribuem no sentido de podermos assinalar a relevância das substâncias na análise de discursos na contemporaneidade e como as mesmas, investidas nas materialidades, concorrem no processo de significação dos mesmos discursos.

CAPES

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A IDENTIDADE DO SUJEITO NA LINGUAGEM CIBERNÉTICA Cabral, Zuleica A.1(MS); Correa, Djane A.1 (O);

[email protected] 1Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade/ UEPG

Vive-se hoje, numa velocidade de informações e adesão ao mundo cibernético. Na era

da tecnologia e da informação as pessoas exercem múltiplos papéis os quais implicam em novas formas de interação. Nesse sentido, discute-se acerca da aldeia global, compreendida como globalização que corresponde a uma nova visão do mundo possível através do desenvolvimento das modernas tecnologias de informação e de comunicação, abolindo as separações geográficas e distribuindo informações em escala mundial Diante desse avanço tecnológico quais as configurações identitárias na linguagem cibernética? Que relações tão íntimas há entre esses usuários e a linguagem cibernética? Por que ela é tão atraente? Que poder há nessa linguagem que arrebanha frequentemente adeptos para essa cadeia de comunicação? É o mundo globalizado, via internet, num universo linguístico novo, descontraído, veloz e altamente contagiante. Não há limites ou fronteiras, qualquer sujeito falante de uma língua pode ter acesso a essa nova revolução linguística. Sob esse prisma, discute-se que a aldeia global é excludente, pois quem participa da internet são membros de países desenvolvidos e as elites dos países subdesenvolvidos, de acordo com Lévy (1999). Essas considerações servem como premissas para a pesquisa de Dissertação de Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade e têm por objetivo geral compreender as relações identitárias do sujeito no mundo cibernético, discutir questões de escrita para corroborar o processo de construção da identidade na linguagem cibernética por meio de uma discussão em blogs. As práticas de linguagem servem de aporte objetivando debater como a cibernética inclui e exclui os sujeitos na aldeia global, como afirma McLuhan (1996), uma parcela da população privilegiada, cercada por um oceano de miseráveis. A metodologia consiste em aportes teóricos e epistemológicos baseados em Bauman (2001, 2005) para discutir identidade; Giddens (2002) para tratar de globalização e Lévy ( 2003, 2010) para ponderar acerca da cibercultura. Tendo como resultados que apontam até o momento que: a) que a identidade na rede cibernética é fluida e multifacetada, pois para cada situação os usuários, como aduz Bauman (2005), usam a identidade que convém como abrir o guarda-roupa e escolher a roupa para a ocasião oportuna; e b) a escrita é usada como prática identitária para pedir voz e mostrar o posicionamento do sujeito fluido e oprimido. Diante desse quadro, considera-se que as identidades são construídas socialmente, por meio de escolhas e as questões de linguagem nas práticas sociais permeiam a estruturação da sociedade e consequentemente a questões identitárias.