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ANAIS ISSN 2446-7790

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ANAIS

IISSSSNN 22444466--77779900

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ISSN 2446-7790

AANNAAIISS

IV Semana Teológica

I Mostra de Iniciação Científica da FDM 05 a 09 de outubro de 2015 | Faculdade Diocesana de Mossoró

TTEEMMAA Discurso Religioso e Questão Urbana:

Novos cenários para a evangelização

RREEAALLIIZZAAÇÇÃÃOO

CCeennttrroo AAccaaddêêmmiiccoo ddee TTeeoollooggiiaa

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ISSN 2446-7790

Copyright © Faculdade Diocesana de Mossoró FDM, 2015

Os resumos publicados são de responsabilidade de cada autor.

SSEECCRREETTAARRIIAA DDAA IIVV SSEEMMAANNAA TTEEOOLLÓÓGGIICCAA EE II MMOOSSTTRRAA DDEE IINNIICCIIAAÇÇÃÃOO CCIIEENNTTÍÍFFIICCAA Praça Dom João Costa, 511 – Bairro Santo Antônio.

FDM, Colégio Diocesano Santa Luzia

Mossoró/RN | CEP 59.611-120

(84) 3318-7648

E-mails: [email protected]

Site: http://www.fdm.edu.br/semanateologica/

CCAAPPAA,, PPRROOJJEETTOO GGRRÁÁFFIICCOO//DDIIAAGGRRAAMMAAÇÇÃÃOO:: José Alves Paiva Júnior

Francisco Igo Leite Soares

AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO,, OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO::

Francisco Cornélio Freire Rodrigues

PPRROODDUUÇÇÃÃOO GGRRÁÁFFIICCAA:: José Alves Paiva Júnior

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FACULDADE DIOCESANA DE MOSSORÓ – FDM CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA

IIVV SSEEMMAANNAA TTEEOOLLÓÓGGIICCAA EE II MMOOSSTTRRAA DDEE IINNIICCIIAAÇÇÃÃOO CCIIEENNTTÍÍFFIICCAA DDAA FFDDMM

Discurso Religioso e Questão Urbana: Novos cenários para a evangelização

Comissão Central: Prof. Me. Francisco Cornélio F. Rodrigues

Profª Esp. Luciene Lima Gonçalves

José Alves Paiva Junior

Comissão Científica: Prof.ª Dr.ª Aíla Luzia Pinheiro de Andrade

Prof.ª Dr.ª Maria Conceição Maciel Filgueira

Prof. Dr. Telmir Soares

Prof. Me. Charles Lamartine S. Freitas

Prof. Me. Francisco Cornélio Freire Rodrigues

Prof. Me. Francisco Igo Leite Soares

Profª Esp. Luciene Lima Gonçalves

Comissão Organizadora: Prof. Me. Francisco Cornélio Freire Rodrigues

Prof.ª Esp. Iêda Silvana Tavares Diniz

Profª Esp. Luciene Lima Gonçalves

Demétrio de Freitas Junior

José Alves Paiva Junior

Patricia Gurgel Medeiros Gastão

Priscila Barros Costa

Railton Sergio B. de Oliveira Junior

De 05 a 09 de outubro de 2015 – Faculdade Diocesana de Mossoró-FDM

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SSUUMMÁÁRRIIOO

AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO ................................................................................................................................................................................................................................ 88

PPRROOGGRRAAMMAAÇÇÃÃOO ................................................................................................................................................................................................................................ 99

EEMMEENNTTAASS .................................................................................................................................................................................................................................................... 1111

MININCURSOS .................................................................................................................. 11

1 - A Cidade de Deus em Agostinho e o desafio da evangelização ....................................... 11

Prof. Dr. Telmir de Souza Soares ........................................................................................... 11

2 - O ambiente urbano do cristianismo paulino .................................................................... 11

Prof. Me. Francisco Cornélio F. Rodrigues............................................................................ 11

3 - O impacto da cultura digital na evangelização: o que muda? ......................................... 12

Prof. Me. Talvacy Chaves de Freitas ...................................................................................... 12

GRUPOS DE TRABALHO (GT) ......................................................................................... 12

GT 1 - Teologia e Pastoral ...................................................................................................... 12

Prof. Esp. Augusto Lívio Nogueira de Morais ....................................................................... 12

GT 2 - Discurso Religioso ....................................................................................................... 12

Prof. Dr. Ivanaldo Santos ........................................................................................................ 12

GT 3 - Gênero, sexualidade e religião .................................................................................... 13

Esp. Zélia Cristina Pedrosa ..................................................................................................... 13

CCOONNFFEERRÊÊNNCCIIAASS EE CCOONNFFEERREENNCCIISSTTAASS ...................................................................................................................................................... 1144

07/10 - Crer na cidade: desafios e perspectivas ...................................................................... 14

Prof. Me. José Almir da Costa ................................................................................................ 14

08/10 - Pensar o Discurso Religioso entre uma sociedade Secular e uma Sociedade Pós-

Secular: Diálogos, desafios e perspectivas .............................................................................. 15

Prof. Dr. Anderson de Alencar Menezes ............................................................................... 15

09/10 - Missão urbana: teologia da cidade ............................................................................. 16

Prof. Dr. Jorge Henrique Barro .............................................................................................. 16

RREESSUUMMOOSS EE AARRTTIIGGOOSS MMOODDAALLIIDDAADDEE CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO OORRAALL ...................................................................... 1177

A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA

COMUNHÃO NA PARÓQUIA DE SANTA LUZIA DE MOSSORÓ/RN ........................... 18 Marta Maria Benjamim ........................................................................................................................ 18

Prof. Dr. Genaro Ruiz Diaz Benítez (Orientador) .............................................................................. 18

A JUDEIDADE DE JESUS NO CENTRO DO DIÁLOGO CRISTÃO-JUDEU ...................... 21 Marcílio Oliveira da Silva .................................................................................................................... 21

A MÚSICA RELIGIOSA INSERIDA NAS PROGRAMAÇÕES RADIOFÔNICAS .............. 39 Rozana Maria Feitoza Lôbo ................................................................................................................. 39

Mauricio Montecinos Billeke Christian .............................................................................................. 39

PRODUTO CULTURAL CONTEMPORÂNEO: PRÁTICAS MIDIATIZADAS DE

RELIGIOSIDADE DO PADRE MARCELO ROSSI ............................................................. 55 Rozana Maria Feitoza Lôbo ................................................................. 55

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Tobias Queiroz ..................................................................................... 55

MONTAIGNE: UM PENSADOR DA MORTE EM

CONFORMIDADE COM O CRISTIANISMO? ................................................................... 73 Antoniel Alves da Silva ........................................................................................................................ 73

UMA VISÃO SOBRE A FÉ NA SOCIEDADE METROPOLITANA NA ÓTICA DE MARIA

FREIRE DA SILVA ............................................................................................................. 86 Antoniel Alves da Silva ........................................................................................................................ 86

OS RELATOS DA CRIAÇÃO (Gn 1, 26-28 & Gn 2, 7. 18-24) NA PERSPECTIVA DE

GÊNERO: ALGUMAS REFLEXÕES ................................................................................... 87 José Alves Paiva Júnior ........................................................................................................................ 87

CATOLICISMO SOCIAL: PRÁTICAS SOCIAIS DA IGREJA NO CONTEXTO

INDUSTRIAL ..................................................................................................................... 89 Philipe Villeneuve Oliveira Rego ....................................................................................................... 89

Prof. Dra. Francisca de Fátima Araújo Oliveira ................................................................................. 89

A EVANGELIZAÇÃO HOJE À LUZ DA EVANGELII NUNTIANDI ................................. 90 Alison Felipe de Moura ....................................................................................................................... 90

UMA ANÁLISE FILOSÓFICA SOBRE O ITINERÁRIO DO AMOR CRISTÃO SEGUNDO

O PENSAMENTO DE ANDRÉ COMTE-SPONVILLE ....................................................... 91 Railton Sérgio bezerra de Oliveira Júnior ........................................................................................... 91

TAIZÉ, ECUMENISMO E RECONCILIAÇÃO: “UMA PARÁBOLA DE COMUNHÃO” ... 92 Patrícia Gurgel Medeiros Gastão ......................................................................................................... 92

RREESSUUMMOOSS EE AARRTTIIGGOOSS MMOODDAALLIIDDAADDEE BBAANNNNEERR//PPÔÔSSTTEERR...................................................................................... 110066

A INFLUÊNCIA DO GERENCIAMENTO CONTÁBIL NO PROCESSO

ADMINISTRATIVO: UMA ABORDAGEM NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE

ARACATI/CE ................................................................................................................... 107 Nádja Luana da Cunha ....................................................................................................................... 107

Rosângela Queiroz Souza Valdevino ................................................................................................ 107

Giovanni Ferreira Papini ................................................................................................................... 107

Renato Carvalho da Silva ................................................................................................................... 107

A RELEVÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL GERENCIAL: UM COMPARATIVO

ENTRE EMPRESAS NO RAMO DE BEBIDAS ................................................................. 124 Nádja Luana da Cunha ....................................................................................................................... 124

Rosângela Queiroz Souza Valdevino ................................................................................................ 124

Juliana Jéssica da Silva ....................................................................................................................... 124

Renato Carvalho da Silva ................................................................................................................... 124

A LEI DE ACESSO A INFORMAÇÃO NO PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL: UM

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CÂMARAS MUNICIPAIS ....................................... 139 Leonides Ferreira de Holanda Junior ................................................................................................ 139

Maria Rosineide dos Santos Araújo ................................................................................................... 139

Rosângela Queiroz Souza Valdevino ................................................................................................ 139

ANÁLISE CRÍTICA DOS EFEITOS DA ECONOMIA NA EDUCAÇÃO .......................... 144 Iêda Silvana Tavares Diniz ................................................................ 144

Lúcia Maria Lima Nascimento........................................................... 144

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ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NO ESTADO

DO RIO GRANDE DO NORTE .............................................. 150 Richard Ramon de Medeiros ............................................................................................................. 150

Tamina Raquel Medeiros ................................................................................................................... 150

Tathiane Russo de Andrade ............................................................................................................... 150

Fausto Pierdoná Guzen ...................................................................................................................... 150

Moisés Costa do Couto ....................................................................................................................... 150

CONTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO ACERCA DA MENSURAÇÃO

DOS CUSTOS E DESPESAS EM UMA INDÚSTRIA DE CIMENTO NA CIDADE DE

MOSSORÓ ....................................................................................................................... 152 Ítalo Carlos Soares do Nascimento .................................................................................................... 152

Jandeson Dantas da Silva ................................................................................................................... 152

Déborah Cristina da Costa e Silva Batista ......................................................................................... 152

Paula Preston Queiroz Leite Batista .................................................................................................. 152

Jandeson Dantas da Silva ................................................................................................................... 152

Wênyka Preston Leite Batista da Costa ............................................................................................ 152

CONTRIBUIÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL PARA A GESTÃO EMPRESARIAL: UM

ESTUDO COMPARATIVO EM EMPRESAS DO RAMO SALINEIRO NO MUNICÍPIO DE

AREIA BRANCA/RN ....................................................................................................... 154 Ítalo Carlos Soares do Nascimento .................................................................................................... 154

Jandeson Dantas da Silva ................................................................................................................... 154

Antonia Thamara Oliveira Campelo ................................................................................................. 154

Mayara Kênia da Silva Faustino ........................................................................................................ 154

Wênyka Preston Leite Batista da Costa ............................................................................................ 154

EDUCAÇÃO INCLUSIVA, UM NOVO MODO DE EDUCAR ......................................... 155 Jefferson Naldo Carvalho da Silva ..................................................................................................... 155

FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES SOROPOSITIVOS COM

PNEUMONIA ................................................................................................................... 156 Tatiana Vitória Costa de Almeida ..................................................................................................... 156

GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO ACERCA DA SUA EVIDENCIAÇÃO NO

AMBIENTE ORGANIZACIONAL ................................................................................... 158 Paula Preston Queiroz Leite Batista .................................................................................................. 158

Wênyka Preston leite Batista da Costa ............................................................................................. 158

Jandeson Dantas da Silva ................................................................................................................... 158

Welka Preston Leite Batista da Costa Alves ..................................................................................... 158

Sérgio Luiz Pedrosa Silva ................................................................................................................... 158

O PAPEL DA FISIOTERAPIA DERMATOLÓGICA NO PACIENTE COM HANSENÍASE

......................................................................................................................................... 160 Sirlene Batista Cavalcante ................................................................................................................. 160

Ana Elisa Gadêlha Moura de Almeida .............................................................................................. 160

Maria Stella Rocha Cordeiro de Oliveira .......................................................................................... 160

Fausto Pierdoná Guzen ...................................................................................................................... 160

Moisés Costa do Couto ....................................................................................................................... 160

RESTOS DO CARNAVAL: CONFIDÊNCIAS E MEMÓRIAS DE UMA INFÂNCIA ........ 162 Míriam Firmino da Silva Paiva .......................................................................................................... 162

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OS REFLEXOS DA ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD)

AOS CONTRIBUINTES ENQUADRADOS NO SIMPLES

NACIONAL: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN ....... 163 Israel Gama de Oliveira ..................................................................................................................... 163

Francisco Igo Leite Soares ................................................................................................................. 163

Kennedy Paiva da Silva ...................................................................................................................... 163

Rafael Ramom .................................................................................................................................... 163

ORÇAMENTO PÚBLICO COMO FERRAMENTA DE DECISÃO: UMA ABORDAGEM EM

UMA PREFEITURA DO RIO GRANDE DO NORTE....................................................... 176 Nádja Luana da Cunha ....................................................................................................................... 176

Rosângela Queiroz Souza Valdevino ................................................................................................ 176

Ana Paula de Oliveira Costa .............................................................................................................. 176

Maria Nailane Jacinto da Silva .......................................................................................................... 176

A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES HANSENIANOS

COM NEURITES .............................................................................................................. 182 Yasmin Caroline Mendonça da Costa ............................................................................................... 182

Helena de Lima Gurgel ...................................................................................................................... 182

Elanny Mirelle da Costa .................................................................................................................... 182

Moisés Costa do Couto ....................................................................................................................... 182

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES HIV/AIDS COM

ACOMETIMENOS RESPIRATÓRIAS DEVIDO À TUBERCULOSE ................................ 184 Tamina Raquel Medeiros ................................................................................................................... 184

Kelvin Viana Teixeira ........................................................................................................................ 184

Paulo Henrique Martins Fidelis ........................................................................................................ 184

Pablo de Castro Santos ....................................................................................................................... 184

Moisés Costa do Couto ....................................................................................................................... 184

TRIBUTAÇÃO: UM ESTUDO SOB A PERSPECTIVA DOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO

DE UMA EMPRESA COMERCIAL DO RAMO AGRÍCOLA NA CIDADE DE MOSSORÓ –

RN .................................................................................................................................... 186 Nádja Luana da Cunha ....................................................................................................................... 186

Rosângela Queiroz Souza Valdevino ................................................................................................ 186

José Freire de Morais Neto ................................................................................................................ 186

Luana Karissa Duarte de Oliveira Lima ............................................................................................ 186

UM OLHAR COMPARATIVO SOBRE AS INDÚSTTRIAS DO SETOR SIDERÚGICO, NO

ANO DE 2012, SOB O FOCO DAS ANÁLISES CONTÁBEIS ........................................... 191 Rosângela Queiroz Souza Valdevino ................................................................................................ 191

Jean Paul Sartre de Souza .................................................................................................................. 191

Ranieri Sousa de Oliveira .................................................................................................................. 191

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AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO

A IV Semana Teológica da Faculdade de Diocesana de Mossoró (FDM), convida

a refletirmos diante de uma perspectiva teológica sobre o ““DDiissccuurrssoo RReelliiggiioossoo

ee QQuueessttããoo UUrrbbaannaa:: NNoovvooss cceennáárriiooss ppaarraa aa eevvaannggeelliizzaaççããoo””,, tema

escolhido para (re)pensar o discurso religioso, e suas implicações nos conflitos sociais contemporâneos e na urgência em propostas pedagógicas evangelizadoras em sintonia com os contextos urbanos. Esses enfoques, foram escolhidos em virtude da comemoração dos 40 anos do documento Evangelii Nuntiandi, um importante documento que trata da evangelização no mundo contemporâneo. A partir das afirmações de homens e mulheres interpelados por diversos conflitos sociais e religiosos, surge uma resposta para a violência, como a falta de Deus no coração das pessoas. Com essa fala percebemos que as pessoas tem necessidade do transcendente, e entram em uma busca indiferenciada por respostas urgentes e eficazes para as questões fundamentais do ser humano. Portanto, falar de Deus nesse contexto tão diversificado é um dos grandes desafios do discurso religioso. Em suma, para atingir essa diversidade de culturas, em um mundo cada vez mais urbano temos que partir para um diálogo interdisciplinar na busca de muitas das respostas que buscamos diariamente. A IV Semana Teológica da Faculdade Diocesana de Mossoró – FDM, promoverá (des)encontros com as áreas da filosofia, sociologia e teologia, com vistas, a harmonizar e propor novos debates acadêmicos, contextualizando o cotidiano da realidade local e de outras vivências. Com isso, pretende oferecer um espaço para reflexão e aprofundamento filosófico/sociológico/teológico mediante sessões de comunicações, onde alunos e professores da FDM e de outras IES possam apresentar suas pesquisas nas áreas com as quais se relacionam. Neste sentido, paralelo a IV Semana Teológica, será realizada a I Mostra de Iniciação Científica da Faculdade Diocesana de Mossoró. A iniciativa, pretende agremiar temas nas mais diversas áreas do conhecimento, no sentido de propiciar uma sinergia de conhecimentos entre alunos de graduação e pós graduação da Instituição e de outras IES que desejem partilhar e/ou tornar-se parte integrante do processo de construção de conhecimentos.

Francisco Cornélio Freire Rodrigues

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PPRROOGGRRAAMMAAÇÇÃÃOO

Dia 05

19h às 19h30 – Credenciamento + momento cultural (Fernanda Azevedo – Voz e violão) 19h40 às 20h – Cerimonial de Abertura 20h às 22h – Minicursos (simultâneos) Minicurso 1: A Cidade de Deus em Agostinho e o desafio da evangelização

Ministrante: Prof. Dr. Telmir de Souza Soares Minicurso 2: O ambiente urbano do cristianismo paulino

Ministrante: Prof. Me. Francisco Cornélio Freire Rodrigues Minicurso 3: Uso das novas mídias na nova evangelização

Ministrante: Prof. Me. Talvacy de Freitas Chaves

Dia 06

19h às 20h30 – Continuação dos Minicursos 20h30 às 20h40 – Intervalo 20h40 às 22h – Áreas Temáticas – Grupos de Trabalhos (GTs) Gt 1 – Teologia e Pastoral (Teologia)

Coordenador: Prof. Esp. Augusto Lívio N. de Morais Gt 2 – Discurso Religioso (Filosofia)

Coordenador: Prof. Dr. Ivanaldo Santos (UERN) Gt 3 – Gênero Sexualidade e Religião (Sociologia)

Coordenadora: Esp. Zélia Cristina Pedrosa

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Dia 07

19h às 20h30 – Conferência 1: Crer na cidade: desafios e perspectivas

Conferencista: Prof. Me. José Almir da Costa 20h30 às 20h40 – Intervalo 20h40 às 21h40 – Exposição de Trabalhos da I Mostra de Iniciação Científica

Dia 08

19h às 20h30 – Conferência 2: Pensar o discurso religioso entre uma sociedade secular e uma Sociedade Pós Secular: diálogos desafios e perspectivas

Conferencista: Prof. Me. Anderson de Alencar Menezes 20h30 às 20h40 – Intervalo 20h40 às 21h20 – Exposição de Trabalhos da I Mostra de Iniciação Científica

Dia 09

19h às 20h30 – Conferência 3: Missão urbana: teologia da cidade

Conferencista: Prof. Dr. Jorge Henrique Barro 20h30 às 21h – Apresentação da FDM – Cursos – Pós-graduação 21h às 21h30 – Cerimonial de Encerramento 21h30 às 22h – Entrega de Certificados + Coffee Break e apresentação cultural (Giannini Alencar)

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EEMMEENNTTAASS

MININCURSOS

1

A Cidade de Deus em Agostinho e o desafio da evangelização

Prof. Dr. Telmir de Souza Soares

Neste minicurso iremos tratar de breves aspectos filosóficos e teológicos da obra de

Agostinho. Contexto histórico da obra Cidade de Deus. Estrutura da obra. Aspectos

epistêmicos e evangelísticos presentes em A Cidade de Deus.

"Dois amores construíram duas cidades" eis, nas palavras do Bispo de Hipona, um

belo resumo de A Cidade de Deus. Agostinho, com essa obra, quer apontar para as

causas da derrocada do Império romano do ocidente: Roma sucumbiu porque, à

pleno termo, ele não era uma cidade completa, a relação entre seus cidadãos se

fundava no amor às coisas terrenas e não pelo amor à Deus, fonte de todo bem. Ao

propor tal explicação, Agostinho nos deu elementos para pensar a cidade, através

dos tempos, e o plano de Deus para a mesma que, efetivado pela Igreja, via a

evangelização, visa à salvação dos homens. Deus tem um plano para a cidade e o

Bispo de Hipona, em sua obra, nos ajuda a compreender esse plano.

2

O ambiente urbano do cristianismo paulino

Prof. Me. Francisco Cornélio F. Rodrigues

Diante dos atuais desafios concernentes à evangelização no mundo urbano, o curso

visa mostrar como o apóstolo Paulo soube lidar com este problema, a partir de um

percurso histórico-descritivo dos ambientes nos quais ele anunciou o Evangelho. À

luz das estratégias paulinas, buscar-se-á uma compreensão ampla da primeira

evangelização, e como esta pode iluminar novas perspectivas.

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12

3

O impacto da cultura digital na evangelização: o que muda?

Prof. Me. Talvacy Chaves de Freitas

As mídias sociais refletem parte do ambiente digital emergente. Antes de chegar na

revolução digital, faremos uma rápida viagem nos principais ciclos tecnológicos da

comunicação que influenciaram fortemente a cultura e as instituições, entre elas, a

Igreja. Como a Igreja lida e convive na nova ambiência digital. Como evangelizar e

ser Igreja na era das mídias sociais. Em laboratório, analisar alguns cases de

evangelização no ambiente das redes sociais.

GRUPOS DE TRABALHO (GT)

GT 1

Teologia e Pastoral

Prof. Esp. Augusto Lívio Nogueira de Morais

A Teologia, enquanto ciência que busca o conhecimento sobre Deus em sua Revelação, possui um amplo leque de disciplinas que estão interligadas entre si pela única e mesma realidade: a Revelação e a nossa resposta humana por meio da fé. Entretanto, essa resposta não é teórica nem formulada em um conjunto de conceitos especulativos, ela é dada na práxis do dia a dia do cristão. A práxis é entendida como a ação pastoral, continuação da ação do Bom Pastor, Jesus, na história, por meio da Igreja, com suas diversas iniciativas evangelizadoras em favor da promoção da vida e da dignidade da pessoa humana. Por isso, Teologia e Pastoral quer apresentar a relação entre reflexão teórico-especulativa e a práxis. Os trabalhos deverão apresentar uma clara relação entre o conteúdo teológico e sua incidência sobre a atividade pastoral, como também poderão levantar os elementos pastorais que provocam a reflexão teológica.

GT 2

Discurso Religioso

Prof. Dr. Ivanaldo Santos

Esse GT discute e aceita trabalhos que tratem, numa perspectiva multi e interdisciplinar, dos temas, objetivos e métodos do discurso religioso e sobre a religião produzido, numa perspectiva mais ampla, ao longo da história e, numa mais específica, na sociedade contemporânea.

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GT 3

Gênero, sexualidade e religião

Esp. Zélia Cristina Pedrosa

O presente GT pretende abordar as relações de gênero bem como a sexualidade e suas relações com os espaços urbanos, a família e o convívio social nas expressões diversas da afetividade humana. Pretende também discutir como os sujeitos se constroem e se resignificam a partir de suas relações afetivas consigo mesmo e com o outro tendo como base o mundo católico inserido em um contexto complexo sócio-histórico-cultural. Entender os papéis de homem e mulher como socialmente construídos e com uma predefinição afetiva em suas relações, buscando desmistificar o senso comum em relação ao gênero e suas diversas formas de expressões.

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CCOONNFFEERRÊÊNNCCIIAASS EE CCOONNFFEERREENNCCIISSTTAASS

07/10 - Crer na cidade: desafios e perspectivas

Prof. Me. José Almir da Costa

Tem graduação em Filosofia pelo

Instituto Diocesano de Filosofia do

Crato. É Mestre em Teologia pela

Faculdade Jesuíta de Filosofia e

Teologia (FAJE) – Belo Horizonte.

Padre da Diocese de Limoeiro do

Estado do Ceará.

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08/10 - Pensar o Discurso Religioso entre uma

sociedade Secular e uma Sociedade Pós-Secular:

Diálogos, desafios e perspectivas

Prof. Dr. Anderson de Alencar Menezes

Licenciado em Filosofia pela

Universidade Católica de

Pernambuco, Bacharel em

Teologia pelo Centro Unisal –

Campus Pio XI (São Paulo),

Mestre em Filosofia pela

Universidade Federal de

Pernambuco e Doutor em

Ciências da Educação pela

Universidade do Porto/Portugal.

Atualmente é Professor Adjunto da

Universidade Federal de Alagoas,

membro do Conselho Editorial da

EDUFAL (Editora da Universidade

Federal de Alagoas), Membro do

Conselho Editorial e Consultor da

Revista REDUC (Revista

Eletrônica de Educação de

Alagoas).

Professor do Mestrado e Doutorado em Educação do PPGE/CEDU/UFAL; Membro

do Conselho Editorial da Revista de Educação do Centro Unisal (Americana-São

Paulo);

Tem interesse pelas seguintes Linhas de Pesquisa:

1) Área da Filosofia: Antropologia Filosófica, Ética, Bioética, Epistemologia,

Hermenêutica e Linguagem.

2) Área da Educação: Fundamentos Filosóficos da Educação; Fundamentos

Socioantropológicos da Educação; Filosofia e Educação; Teoria Crítica e Educação;

Hermenêutica e Educação, Ensino de Filosofia; Profissão Docente e Seminário de

Pesquisa.

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09/10 - Missão urbana: teologia da cidade

Prof. Dr. Jorge Henrique Barro

Possui graduação em Teologia

pelo Seminário Presbiteriano do

Norte, Recife (1987), mestrado

(1997) e doutorado (2001) em

Teologia pelo Fuller Theological

Seminary, cidade de Pasadena na

Califórnia.

É presidente da Fraternidade

Teológica Latino-Americana

(Continental).

É professor da Faculdade

Teológica Sul Americana e Diretor

de Desenvolvimento Institucional.

É avaliador do MEC-INEP para

cursos de Teologia. Tem

experiência na área de Teologia,

com ênfase em Missão Urbana e

Teologia Pastoral, atuando principalmente nos seguintes temas: missão urbana, a

missão da igreja na cidade, bíblia, missão integral e ministério pastoral.

Seu curso de Doutorado realizado no exterior foi APOSTILADO pela Escola

Superior de Teologia (EST), de São Leopoldo, RS, registrado sob o n. 0269, fls.

045-v, do livro PG 12. A partir do dia 22 de agosto de 2002, data da APOSTILA,

passou a gozar de todos os direitos e prerrogativas concedidas pelas leis da

República.

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RREESSUUMMOOSS EE AARRTTIIGGOOSS

MMOODDAALLIIDDAADDEE CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO OORRAALL

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A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA COMUNHÃO NA PARÓQUIA DE SANTA LUZIA DE MOSSORÓ/RN

Marta Maria Benjamim

Prof. Dr. Genaro Ruiz Diaz Benítez (Orientador)

RESUMO Pesquisar sobre o Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão e dos Enfermos, envolve as mais diversas dimensões: Religiosa, geográfica, demográfica, principalmente no momento histórico atual, marcado por grandes mudanças tecnológicas, crise política e financeira, aumentando o contraste social entre pobres e ricos. No intuito de compreender melhor o tema, requer no primeiro momento, como referência principal um estudo profundo do mistério da instituição da Eucaristia, a partir das narrações dos autores sinópticos do Novo Testamento, Marcos, Mateus e Lucas; foi realizada pelo próprio Jesus Cristo na Última Ceia, reunido com os seus discípulos (Mc14,22-24; Mt 26,26-28; Lc22,19-20). O serviço dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão abrange a demanda no que concerne ao atendimento dos enfermos e idosos da Paróquia de Santa Luzia? E por que esses enfermos desejam receber a Eucaristia. O Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, a exemplo das primeiras comunidades cristãs apresentam algumas características, dentre elas: atuar como auxiliar do sacerdote durante as celebrações eucarísticas na distribuição da Eucaristia, e levar a comunhão aos irmãos enfermos e idosos que não podem ir à Igreja. É importante estudar como esse ministério vem se desenvolvendo através do tempo, respondendo de acordo com as exigências da realidade atual. A população aumentou, e o número de idosos e enfermos, também. Enquanto no período de 1974 a 2004 a população latino-americana cresceu quase 80%, os sacerdotes cresceram 44,1% e as religiosas só 8%. (Cf. Annuarium Statisticum Ecclesiae). O número insuficiente de sacerdotes e sua não equitativa distribuição impossibilitam que muitíssimas comunidades possam participar regularmente na celebração da Eucaristia. Recordando que a Eucaristia faz Igreja, preocupa-nos a situação de milhares dessas comunidades privadas da Eucaristia dominical por longos períodos de tempo (2005 apud DOCUMENTO DE APARECIDA, 2008, p.56). O presente estudo visa definir o Ministério da Sagrada Comunhão com foco na ação de levar a Eucaristia aos enfermos da Paróquia de Santa Luzia da Diocese de Mossoró-RN. Identificar na Bíblia, a prefiguração da Eucaristia, a partir do Antigo e do Novo Testamento; Compreender o “serviço” ministerial da diaconia no Novo Testamento; Recordar os documentos do magistério da Igreja (Concílio Vaticano II) o serviço Pastoral confiado às mulheres. MATERIAL E MÉTODOS: Buscando-se alcançar os objetivos propostos neste trabalho, adotou-se, é do tipo bibliográfico e qualiquantitativo, método dedutivo, a partir de uma técnica de entrevista/questionários como ferramenta para captação de dados, segundo as categorias pré-definidas no referencial teórico adotado para o estudo. Dentro do universo de quarenta e seis indivíduos estudados, quarenta Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, foi selecionada uma amostra de doze

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Ministros (as) e seis enfermos atendidos pela Paróquia de Santa Luzia de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte. A pesquisa tem como escopo examinar a abrangência do serviço desse ministério junto aos enfermos e idosos da área central dessa referida cidade e averiguar como eles se sentem ao receberem a Eucaristia. Para o autor Rudio (2010, p.111), chama-se “coleta de dados” à fase do método de pesquisa, cujo objetivo é obter informação da realidade. Os dados foram tabulados e interpretados durante o ano 2011, na Paróquia de Santa Luzia. A pesquisa no referencial qualiquantitativo não é conclusiva, mas possibilita que outros estudiosos do assunto avancem, no sentido de contribuir para a compreensão desse Ministério, principalmente no que concerne aos enfermos e idosos. Assim, procedemos com roteiro de questionário com perguntas abertas e fechadas. O que mudou no enfermo /Interpretação e Conclusão: Conforme resposta dos enfermos, no que concerne à mudança com o recebimento da Eucaristia, o que chamou atenção foi sobre a “esperança renovada” com 28,6% superando a “força vivificante” com 14,3%. Concluiu-se nesse quadro que os enfermos confirmaram que além da força vivificante experimentada, aumentou a esperança a renovada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Na coleta de Dados percebeu-se que os resultados obtidos com os questionários realizados, confirmou essa abordagem fundamentada na literatura; confrontou-se entre as características das primeiras comunidades cristãs com o serviço exercido pelo Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão à realidade atual, foi constatado pelos entrevistados (Ministros e enfermos) que a vivencia desta Pastoral favorece na perspectiva transformadora dos enfermos e idosos que se sentem renovados e vivificados pelo pão Eucarístico. No decorrer desta pesquisa foi importante saber que este serviço está contribuindo para uma maior participação dos enfermos, idosos tão necessitados da assistência espiritual e que a pastoral desenvolvida pelo Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão na Paróquia de Santa Luzia vem sendo trabalhado o compromisso, apesar de atingir poucos enfermos da comunidade. Apresentam-se as seguintes sugestões: Encontros de aprofundamento da nesse ministério, troca de experiências no intuito de desenvolver e evangelizar melhor os enfermos e familiares; Organizar planos de ação para alcançar os hospitais. Já inclusive, foi comunicado ao sacerdote, iniciado o diálogo com o setor de RH e Serviço Social do Hospital Regional Tarcísio Maia, com objetivo de sistematizar e incluir no questionário de admissão do paciente, o serviço do Ministério Extraordinário Sagrada Comunhão.

REFERÊNCIAS

A Bíblia da Garota de Fé. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2009. A Bíblia da Mulher que Ora. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2009. ABIB, Mons. Jonas. Eucaristia, nosso Tesouro. São Paulo: Canção Nova, 2009. ALDAZÁBAL, José. A Eucaristia. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

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AQUINO, Felipe. O Segredo da Sagrada Eucaristia. São Paulo: Cleofas, 2006.

BAGGIO, Hugo. Pão e Peixe no Deserto. Petrópolis/RJ: Vozes, 1977. BETTO, Frei. Um Homem Chamado Jesus. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2009. Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora Paulus, 2007. Bíblia Sagrada. 59. ed. São Paulo: Editora Ave-Maria, 1988. BOFF, Leonardo. Evangelho do Cristo Cósmico a Busca da Unidade do Todo na Ciência e na Religião. Rio de Janeiro: Record, 2008. BORG, Marcus J.; CROSSAN, John Dominic. A Última Semana. Um Relato Detalhado dos Dias Finais de Jesus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. BORTOLINI, José. A Missa Explicada Parte Por Parte. 5. ed. São Paulo: Paulinas, 2007. _______. Os Sacramentos em sua Vida. 23. ed. São Paulo: Paulus, 2007. BUYST, Ione. Pão e Vinho. Para nossa Ceia com o Senhor. São Paulo: Paulinas, 2005. BRUNETTI, Diácono Aury Azélio. Curso de Preparação para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística. 16.ed. São Paulo: Ave-Maria, São Paulo, 2003. CANTALAMESSA, Raniero. “Isto é o meu Corpo”. À Luz de Dois Hinos Eucarísticos. 2.ed. São Paulo: Loyola, 2009. _______. O Ministério da Ceia. 16.ed. São Paulo: Editora Santuário, 2011. Centro de Estudos Bíblicos – CEBI. Livro do Apocalipse, Leopoldo-RS: Editora Contexto, 2007. SOBREIRO, Pe. Gilson. Tão Sublime Sacramento. São Paulo: Palavra e Prece, 2007. TRUCCO, Edgardo J. Ministros da Eucaristia. 22.ed. São Paulo: Editora Santuário, 2010. VEIGA, Pe. Alfredo. Cura pela Eucaristia. São Paulo: Loyola, 2006. VELLA, Frei Elias. Eucaristia. A Nova e a Verdadeira Arca da Aliança. São Paulo: Palavra e Prece, 2009.

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A JUDEIDADE DE JESUS NO CENTRO DO DIÁLOGO CRISTÃO-JUDEU

Marcílio Oliveira da Silva Graduando do curso de Teologia da Faculdade Diocesana de Mossoró – FDM

E-mail: [email protected]

RESUMO A Judeidade de Jesus é sem dúvida um dado capaz de intermediar o diálogo cristão-judeu. Esse diálogo se torna cada vez mais necessário, haja vista que Cristianismo e judaísmo possuem visões bem diferentes do famoso Mestre de Nazaré. O trabalho a seguir analisa a judaicidade de Cristo, ou seja, a ideia de que Jesus era um judeu e pensava judaicamente. A pesquisa histórica comprova que a sua trajetória histórica, social e religiosa estava fundada em bases judaicas. Mesmo diante das diferentes faces oferecidas pelo discurso cristão e judeu esse é um dado que não pode ser negado. O seu próprio nome - Ieshua Ha Notzri – mostra essa judeidade. Ele praticou fielmente a Torá deu a ela cumprimento e não a aboliu. Essa fidelidade pode ser notada tanto em escritos cristãos quanto em escritos rabínicos dos primeiros séculos da era cristã e de épocas posteriores. A compreensão da judeidade que norteou o pensamento de Jesus, seus ditos e atitudes torna possível aos adeptos da fé cristã e judaica obter imagens totalmente novas acerca de Ieshua e maneiras (também novas) de pensar suas doutrinas. PALAVRAS CHAVE: Jesus. Cristianismo. Judaísmo. Judeidade.

1 INTRODUÇÃO

Judaísmo e cristianismo possuem acepções distintas acerca de Jesus. A

discussão sobre o grau de importância (ou não) que ele teve na historiografia de

ambos1, persiste. Historicamente, para o povo Judeu, Jesus foi um rabino herético,

um falso Messias, que cristalizou a expectativa meio desesperada de Israel,

ademais, existem alguns versículos do Novo Testamento que chocam

profundamente os judeus (EPHRAIM, 1998, p.158). A partir da morte de Cristo (ano

30 E.C) até o final do século II, por exemplo, já se percebe a hostilidade judaica.

Entre os séculos III e VI E.C fontes rabínicas apontam avaliações difamatórias de

Jesus. Na Idade Média um Tratado polêmico, Toledot Yeshu (A história de Jesus)

trazia negações de alegações cristãs por Judeus.

1 No caso do judaísmo considera-se a repercussão que Jesus causou na sua história a partir do seu surgimento, ou seja, os primeiros séculos da historiografia cristã (do século I até os nossos dias).

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Por outro lado, o cristianismo exalta Jesus, pois ele é o objeto central dos

princípios desta fé. Se Jesus Cristo não fosse Deus, suas palavras não seriam de

ordem divina, mas apenas meras mensagens que representariam Deus. Tudo aquilo

que Cristo falou não pode simplesmente equivaler ao que disse outras grandes

figuras religiosas da humanidade, enaltecidas, porém não vistas como procedentes

de alguma natureza divina2.

No cristianismo, Jesus não é considerado apenas um homem cuja vida foi

configurada segundo o amor de Deus, mas, ele é Filho de Deus, o próprio Deus; Ele

é Messias3 (Cristo), pois que, manifesta a profunda esperança messiânica do povo

hebreu, ao qual pertenceu, e é alguém enviado por Deus para instaurar os tempos

definitivos; Foi obediente e viveu em total dependência à Deus, chamado de Abbá

ou Pai; “É Senhor, é divino, é de natureza divina, é um com o Pai desde sempre e

para sempre” (BINGEMER, 2008, p.17).

Diante dessas distintas concepções Cristãos e Judeus estabeleceram uma

histórica relação que maculou e deixou impura a imagem de Jesus. Desse modo, é

necessária uma reavaliação dessas tradições para que cada vez mais o diálogo

entre elas torne-se possível. “Não basta a absolvição dos judeus, feita pelo

Vaticano, da culpa coletiva pela morte de Jesus. Os cristãos deveriam apreciar a

Torá, o Judaísmo rabínico e a eterna renovação do povo judeu. E os judeus

deveriam reivindicar Jesus” (MATT, 2003, p.103).

Nesta perspectiva, o presente trabalho tem o objetivo de analisar uma

possível imagem de Jesus que seja aceita por cristãos e judeus, verificando se

existe algum critério que, uma vez adotado, seja capaz de conduzir a uma

concepção de Cristo e suas palavras que independa da identidade pregada pelo

2 Pode-se exemplificar alguns nomes que marcaram e ainda marcam a vida religiosa de muitas pessoas no mundo inteiro, como Buda, Maomé, Gandhi e Confúcio. Esses líderes religiosos tiveram uma vida pautada no amor por causa de Deus, porém, não foram cultuados como seres divinais. 3 A palavra Messias vem do hebraico mashíah, que significa ungido. No latim foi traduzida por Messias. O conceito vem do judaísmo e representa a expectativa de Israel na vinda do enviado de Deus. Com a chegada desse ungido a Aliança de Deus com o seu povo se plenificará e as promessas da mesma hão de se cumprir. Essa concepção adquire uma divergência no pensamento cristão. O próprio cristianismo nasceu da fé em Jesus de Nazaré como Messias. Enquanto os judeus ainda esperam a chegada desse enviado, os cristãos creem que ele já veio. A ideia cristã de Messias está ligada à esperança de um mundo renovado por Deus, onde prevaleçam a justiça e a paz, a integridade e a redenção. O Messias, conforme prega o cristianismo, inaugura um tempo novo, o Reino de Deus entre os homens (BINGEMER, 2008, p.78).

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cristianismo e o judaísmo. Encontrar esse dado é ter acesso a um elemento que

poderá favorecer o diálogo cristão-judeu.

2 A NECESSIDADE DO DIÁLOGO CRISTÃO-JUDEU

Um rabino questiona se os Judeus teriam algum interesse em conhecer

Jesus, já que em seu nome sofreram perseguições e assassinatos. “Séculos de

antissemitismo cristão assentaram as bases para o extermínio que Hitler perpetrou

de um terço do povo judeu – logo, por que deveria algum judeu se interessar pela

vida de Jesus e por aquilo que ensinou? ” (MATT, 2003, p.103). Cabe também

perguntar: qual o interesse dos cristãos em difundir a mensagem do seu fundador,

que não era cristão propriamente, mas, um judeu praticante da Torá? Além disso,

há alguma importância para eles em conhecer a visão dos judeus sobre o seu

Messias? Que significado tem a concepção judaica de Jesus para o Cristianismo?

Em visita a uma Sinagoga de Roma no ano de 1986 São João Paulo II falou

da ligação profunda entre Cristianismo e Judaísmo. Para o Papa, os cristãos

perceberão este vínculo se sondarem o próprio Mistério de Israel. A religião dos

judeus não pode ser considerada extrínseca à fé cristã, mas intrínseca (EPRHAIM,

1998, p.12). Essa afirmação do pontífice evoca elementos do possível diálogo inter-

religioso entre cristãos e Judeus, dentre os quais, como exemplo, a discussão em

torno da identidade étnica, cultural e religiosa de Jesus, exaltado pelo cristianismo e

em geral hostilizado por Judeus.

Estudos modernos, que vem sendo desenvolvidos desde o século XIX,

tentam (re) construir a imagem de Jesus, que (é) foi vista de forma muito divergente

por essas duas religiões desde que o Galileu de Nazaré entrou em cena na História.

Estudiosos rabínicos e cristãos sabem que há elementos que aproximam,

mais do que separam, cristãos e judeus. Algumas luzes já foram oferecidas para a

consonância possível do diálogo judeu-cristão. Um caminho supõe três ideias: 1-

nenhuma religião possui o monopólio da verdade, 2- a vontade divina é reflexo da

diversidade teológica e 3- Mais de uma fé tem importante papel no plano redentor

de Deus. Essa é uma proposta desenvolvida por teólogos Judeus da Idade Média e

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que foi aperfeiçoada no século XVI por um judeu chamado Eliezer Ashkenazi. Ele

escreveu uma obra sobre o relato da Torre de Babel, descrito no livro do Gn 11,1-9.

Cita: “Deus dividiu o povo em diferentes linguagens de fé a fim de evitar o

absolutismo, que enrijece inevitavelmente o pensamento livre e criativo e a autêntica

expressão religiosa” (ASHKENAZI, in MATT, 2003, p.54). Nem cristianismo, nem

tampouco o judaísmo podem ser vistas como crenças absolutas, haja vista que

vivem expectativas diferentes em torno do mesmo Deus.

Um estudioso judeu do Século XV, Arbraham Farissol, apresenta uma ideia

pertinente no tocante a essa busca do favorecimento do diálogo entre cristianismo e

judaísmo, em torno da discussão da figura de Jesus. Para ele, ainda que Jesus não

tenha atingido a expectativa do Messias esperado, existe uma significação que

“funcionou” nas tradições judaica e cristã, a saber a concepção de Jesus como

redentor para os cristãos. Assim escreve o Rabino:

Suponhamos que seu Cristo seja o Messias para eles, e nós [judeus] não devemos negar nem afirmar aquilo que se passa com o Messias deles. Porque, na minha opinião, é claramente viável que eles tenham justos motivos para designá-lo como seu legítimo redentor. Pois eles declararam – e é de fato verdade – que, desde que ele veio e transmitiu suas doutrinas, eles foram redimidos e isentados da impureza da idolatria (FARISSOL, in MATT, 2003, p.55).

Mas, dentre muitos elementos apontados para o diálogo entre essas duas

religiões é possível obter aquele que possa ser usado pelo discurso cristão-judeu

sem que haja discordâncias ou contestações entre essas crenças?

3 O PRINCÍPIO QUE NORTEIA A IMAGEM DE JESUS ACEITA PELO CRISTIANISMO E JUDAISMO

A Judeidade do Mestre de Nazaré é certamente o dado que faz emergir a

imagem de Jesus capaz de penetrar no âmbito judaico e cristão sem que haja sobra

de dúvidas e questionamentos acerca daquilo que ele disse, pensou e fez. Para que

qualquer assunto em torno de Jesus e seus seguidores seja entendido corretamente

é necessário compreende-lo dentro de categorias e padrões do pensamento

judaico. “Não o fazendo seria conferir o nosso significado estrangeiro às suas

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afirmações e atos, ao invés de extrair deles o significado de que desejavam nos

passar” (SWIDLER, 1993, p.27).

A judeidade é uma premissa que serve como ponto de partida para a (re)

construção de uma imagem aceitável de Jesus, especialmente pelos judeus, uma

vez que ele já é exaltado pelos cristãos.

Deve-se encontrar uma maneira positiva sobre Jesus nos ensinamentos teológicos judaicos. A principal razão para isso, dito de maneira sumária, é que Jesus foi judeu. Apesar das tentativas de historiadores e teólogos cristãos para negar que Jesus tenha sido judeu – por exemplo, os esforços de alguns teólogos alemães de demonstrar que ele era ariano -, Jesus foi incontestavelmente judeu. Na verdade, quase toda nação cristã se empenhou em expropriar Jesus de seu próprio povo. É hora de os cristãos aceitarem Jesus como judeu. Assim como é hora de os judeus o reivindicarem como membro legítimo e honrado do povo judeu – como um irmão (SHERWIN, 20011, p.55).

Ainda que Sherwin aponte esse dado, para que judeus compreendam

positivamente a figura de Jesus, ele também pode ser aplicado a cristãos.

Atualmente há uma enorme aceitação da judeidade de Jesus pela comunidade

científica e estudiosos das religiões em questão, logo, afirmar que Jesus era judeu é

algo que não pode ser negado por ninguém. É necessário admitir que o Mestre

galileu foi um judeu praticante embora isso possa parecer algo espantoso para

cristãos comuns, pois, entendem o termo “judeu” como uma identidade nacional, ou

seja, Jesus nasceu judeu como poderia ter nascido romano, egípcio ou grego.

Ocorre aí uma redução da sua judeidade (EPHRAIM, 1998, p.11).

Para a mentalidade cristã, seu fundador é judeu porque guarda traços e

características étnicas, como a raça semita, a língua e a cultura hebraica, ou seja, a

judeidade de Jesus é determinada pela sua nacionalidade. Mas, Um cristão não é

cristão apenas pela sua “nacionalidade”, isto é, porque foi batizado numa igreja

cristã, e sim porque como os judeus, recebeu o apelo da Graça de Deus que o

constituiu para si um povo sacerdotal (EPRHAIM, 1998, p.9).

A Judeidade de Jesus tem uma consequência, um aspecto crítico e

delicado: O galileu e seus seguidores pensavam e falavam como judeus.

Schillebeckx, in Swidler (1993, p.27) afirma que os discípulos interpretaram seu

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mestre como judeus. Isso é algo que não pode ser perdido de vista. Jesus e os seus

primeiros seguidores, os fundadores do Caminho4, foram religiosos, e praticantes da

fé judaica. A pesquisa histórica comprova que ele nasceu e tinha uma mentalidade

de judeu. Os seus primeiros discípulos o interpretaram assim.

Os cristãos que tentaram compreender as palavras, gestos e ações do seu

fundador sem levar em conta os critérios judaicos utilizados por ele, certamente,

afastaram-se de Jesus e seus amigos. É preciso considerar que existe uma

estrutura onde está inserido o falar e o agir de Cristo e seus discípulos. Os cristãos

posteriores a morte de seu mestre necessitam compreende-lo para em seguida

entender a sua mensagem. Desse modo, o conhecimento de sua pessoa antecede

a compreensão de suas palavras, ou seja, em primeiro lugar é preciso entender

Jesus, o Judeu, para em seguida perceber o “cristão” Jesus. A maneira de pensar

como não judeu é algo de grande valor, porém, ela não terá importância

considerável para se apreender o que disse o nazareno e seus amigos (SWILDLER,

1993, p.28). Logo, não se pode compreender Jesus como se ele tivesse uma

mentalidade cristã, mas, ele tinha uma mentalidade judaica. O cristão e o judeu

poderão compreendê-lo como um judeu e não como um cristão.

A judeidade é um princípio que norteia praticamente qualquer questão

abordada em torno daquilo que disseram, fizeram e pensaram Jesus e seus

seguidores. É importante considerar que todas as afirmações que se dizem acerca

do significado de algo estão atreladas. Além disso, elas só serão corretamente

compreendidas se for levado em conta às pessoas que afirmaram esse algo e os

contextos de pensamento e de discurso que foram usados. O Evangelho e a Torá

judaica, por mais doutrinais que possam ser, devem ser entendidos racionalmente

ainda que deles se abstraia elementos que favoreçam espiritualmente aqueles que

adotam esses livros como regra de fé. A estrutura judaica do conhecimento que

Jesus e seus discípulos adotaram é capaz de provocar uma revisão dos

4O Caminho era o nome dado a seita dos seguidores do Galileu Jesus de Nazaré. Posteriormente, recebeu a denominação de Cristianismo por causa da ênfase que passou a ser dada ao Termo Cristo. Para SWIDLER (1993, p.10) “Cristo” é uma versão europeizada de um termo grego, que é uma tradução de um nome originalmente hebraico. Era comum chamar muitos Judeus de Cristo especialmente antes, durante e depois do período em que Jesus viveu. Sendo assim, ele próprio acabou ganhando esse título pelos seus seguidores que desejavam falar quem ele era através deste nome.

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ensinamentos judaico e cristão levando-os a coincidirem “com o modo judaico de

entender fatos e pessoas” (SWIDLER, 1993, p.28).

4 E O SEU NOME ERA YESHUA HA NOTZRI (JESUS DE NAZARÉ)

É importante perceber que Jesus de Nazaré, chamado pelos cristãos de a

pedra angular (Sl 118,22) é também Ieshua ha Notzri (Jesus de Nazaré). Vale frisar,

ele não era cristão, mas, judeu. Essa judeidade começa pelo seu próprio nome.

Ieshua é composto de duas partes “Ye” e “shua”. A primeira é a abreviação do nome

hebraico de Deus, YHWH. A outra parte significa salvação5 em hebraico. Esse

termo sofreu constantes alterações consideradas significativas no sentido original

grego e hebraico e nas tradições cristã e israelita. Para Swidler (1993, p.8), “na

maioria dos casos, foi revestida do significado restrito desde o século III E.C., a

saber, que quando aqueles que creem no Cristo morrem, se permanecerem fiéis,

vão para o céu”. Na forma latina a palavra salvamento vem da raiz “salus”, que

significa inteireza, saúde ou bem-estar, é daí que se origina saúde ou saudável no

português. Também a palavra santo (a) deriva-se desse radical, logo, ser santo

significa sadio, aquele que leva uma vida saudável, plena.

O nome Ieshua quer dizer YHWH é salvação (Deus é salvação), saúde;

sendo que o termo YHWH é o nome próprio do Deus dos hebreus, o único criador

de tudo que existe. É plausível perceber que esse conceito teve uma grande

influência na relação das pessoas entre si e com a realidade. Talvez isso não seja

perceptível por causa da profunda habituação do monoteísmo na vida da

humanidade sobretudo entre os ocidentais. Desse modo, é válida a seguinte

reflexão:

5 Para Swidler (1998, p. 8) nas culturas indo-europeias o sentido do radical da palavra ou das palavras ligadas a salvação está relacionado a inteireza ou plenitude, já o termo semítico “shua” quer dizer amplidão ou abertura. Salvação significa estar livre num vasto espaço.

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Se eu vivesse numa nação que tivesse seu próprio deus ou seus próprios deuses, e todas as outras nações também tivessem seu deus ou deuses, as regras éticas desenvolvidas pela religião desse meu deus não seriam necessariamente aplicáveis às pessoas e coisas submetidas a outros deuses. Consequentemente, não haveria uma ética válida para todos os seres humanos e para toda terra – até se desenvolver a percepção de que havia, de fato, um Deus único criador de todos os seres humanos e de toda realidade (SWIDLER, 1993, p. 9).

O nome Ieshua afirma que YHWH é a fonte da plenitude, totalidade e

integridade do ser humano e de todas as coisas. Essa palavra carrega a essência

do monoteísmo ético, a principal contribuição do povo hebreu para a humanidade.

Obviamente existiram muitos homens chamados Ieshua, além de Jesus de Nazaré,

porém, existe uma razão especial pelo qual Ieshua ha Notzri recebeu esse nome:

“foi por intermédio dele que bilhões de não cristãos vieram à percepção judaica do

monoteísmo ético, chegaram até YWHW, à salvação, à inteireza” (SWIDLER, 1993,

p.10).

5 A JUDEIDADE DE JESUS NA FIDELIDADE À TORÁ

Pelo aspecto da identidade de Jesus perpassa o princípio de sua judeidade,

como afirmado anteriormente. Esse estudo elucida, a partir desse momento, a

implicação desta premissa na relação de Jesus com a Torá. Tendenciosamente, os

cristãos sempre trataram seu fundador como aquele que veio suplantar a Lei (a

Torá) e o Judaísmo. O apego à Lei, pelos judeus, conduzia a morte, e o Evangelho,

que era seguido pelos cristãos, conduzia a vida. Uma frase resume bem a visão da

Lei e do Evangelho pelos cristãos: “A lei é a Lei, o Evangelho é o Evangelho, os dois

jamais se encontrarão” (KIPLING, in SWIDLER, 1993, p.53).

Por ser um praticante fiel da Torá, Jesus não a dispensou nem tampouco a

aboliu, mas, veio para cumpri-la (Mt 5,17). Vale frisar que o termo Torá foi traduzido

pela Setenta Grega por nomos, Lei, no entanto, seu sentido é mais amplo

significando “instrução”, quer dizer, a vida humana, judaica, levada plenamente ao

que é correto. Em geral, quando a palavra grega nomos aparece no Novo

Testamento ela significa Torá, conquanto pode estar referindo-se a “Torá oral” ou a

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halakhah, isto é, as regras de conduta que eram interpretadas da Torá escrita. O

comprometimento de Jesus era definitivamente cumprir a Lei de uma forma que

melhor lhe parecesse. Ele ensinava aos seus seguidores a fazer o mesmo. De fato,

não veio para abolir a Lei, mas, cumpri-la.

Essa afirmativa de Mt 5 é confirmada por muitos estudiosos judaicos e

cristãos, um deles menciona que de modo algum Ieshua infringiu à Torá nem

tampouco fez com que fosse descumprida. “É inteiramente falso dizer que o fez.

Esse Jesus era tão fiel à Lei quanto eu mesmo esperaria ser. Até suspeito que

Jesus fosse mais fiel à Lei do que eu, que sou judeu ortodoxo” (SWIDLER, 1993,

p.54). A tradição de Jesus nos Evangelhos não pode ser lida e interpretada tomando

por base o ensinamento de São Paulo sobre a justificação, que se originou da

reflexão sobre o sentido salvífico da ressurreição e morte de Jesus. A Lei foi

afirmada por Jesus em Mt 5,19, quanto a isso não se pode hesitar em aceitar.

Klausner, in Swidler (1993, p.55) mostrou que Jesus guardou fidelidade “à

velha Torá” de modo inabalável e observou às Leis cerimoniais como um autêntico

judeu fariseu. Outro estudioso escreve: “Tampouco posso aceitar que o intento de

Jesus fosse de abolir o judaísmo que encontrara. Claro, tinha críticas a fazer, mas

queria aperfeiçoar a Lei de Moisés, não anulá-la” (LANGE, in SWIDLER, 1993, p.

55). Quando o cristão chega a manifestar hostilidade a Lei ele trai o ensinamento de

Jesus. Da mesma forma, o judeu que chegar a banir Jesus do cumprimento da Lei

ele trai a própria Torá e despreza um dos seus maiores cumpridores, uma referência

para o Judaísmo histórico e doutrinal. Assim:

Não há evidência de que Jesus pretendesse a suspensão da Torá. Pelo contrário, era considerado tão devoto que os Fariseus até demonstraram o interesse positivo por ele e o consideraram digno de ser acompanhado em suas andanças. Do mesmo modo, a comunidade Judaica cristã não viu motivos para abandonar a Torá, tanto na teoria como na prática. Em nenhum caso concreto, quer no tocante às curas no sábado, quer na prática da pureza ritual, quer ainda na questão do divórcio, conflito basicamente com a Lei (MAIER, in SWIDLER, 1993, p.56).

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O Galileu de Nazaré instruiu a todos que se preocupassem em fazer a

vontade Deus (Mt 7,21) que pode ser encontrada na Lei, na Torá. Não existia a ideia

de uma abolição da mesma em seu pensamento.

6 BASES CRISTÃS E JUDAICAS QUE COMPROVAM A FIDELIDADE DE JESUS A TORÁ

A compreensão das palavras de Jesus através dos sinóticos é importante

para tornar evidente sua fidelidade ao judaísmo. Embora muito do que foi escrito

pelos evangelistas tenha se fundamentado na experiência das comunidades cristãs,

a judaicidade do Galileu faz-se notar. Da mesma forma, cabe buscar em fontes

judaicas ou rabínicas dados para apreender a figura de Jesus, que viveu antes de

existir a comunidade dos cristãos, posto que sabendo da riqueza da Torá é possível

perceber ainda mais nitidamente a judeidade daquele Galileu de Nazaré6.

7 O PIDION HABEN - O RESGATE DO FILHO (Lc 2,22-24)7

Após o seu nascimento, Jesus foi conduzido por seus pais ao Templo para

participar de uma cerimônia chamada de Pidion Haben (Resgate do Filho). Pidion

significa redenção como aparece no Sl 49,8. “Um homem é incapaz de redimir um

outro, ou de pagar a Deus o seu resgate”. Esse ritual, parte do princípio de que após

a queda de Adão todo homem tornou-se escravo do pecado. Ele se encontra numa

6 Para analisar a judeidade de Ieshua nosso estudo apoiou-se, entre outros escritos já citados, em uma Obra renomada no campo da pesquisa do Jesus Histórico. Jesus, judeu praticante, foi escrita por Ephraim. Ela mostra que o Galileu foi um amante da Lei e submeteu-se a ela. Esse texto faz uso da própria escritura cristã e judaica para demonstrar que ambos os escritos deixam clara a judeidade de Jesus. 7Antes de acontecer o conhecido ritual da "apresentação de Jesus no templo" (Pidion Haben), a sua mãe precisava passar pela cerimônia conhecida como tevilá, palavra hebraica que significa imersão, que é descrita em Lv 12,2-4. Em grego esse termo foi traduzido para o equivalente a Baptizo. Maria ainda esperou cerca de quarenta dias para que Jesus pudesse ser apresentado no Templo. A descrição desse rito é apresentada através de um trecho do Shulhkhan Arukh (uma espécie de compêndio do Talmude). “Ela – isto é, a mulher nidá no momento da tevilá - deve imergir inteiramente o seu corpo, inclusive a cabeleira, de uma só vez. Por isso, ela deve ficar muito atenta, durante a imersão, para que nada nela haja que venha a estabelecer uma separação entre a água e o corpo” (EPHRAIM, 1998, p.36). A passagem de Lc 2,22-24, é também a narrativa da purificação de Maria. Algumas variações do texto grego referem-se à purificação da mãe de Jesus e não a de ambos, como geralmente é pensado. De acordo om a tradução TEB literariamente o versículo 22 pode ser traduzido como “quando foram cumpridos os dias da purificação deles” e alguns manuscritos antigos trazem: “a purificação dele ou dela”.

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condição de aprisionado ou alienado, logo, ele necessita de um goel (um redentor)

que possa pagar pelo preço do seu Pidion (resgate) para fazê-lo um homem livre e

não mais escravo. Liberdade é uma acepção que está bem vinculada a redenção.

Na tradução grega chama-se Agorazo, isto é, aquele que é tirado da Ágora, da

praça pública. É daí que surge o conceito de eleição, que significa o resgate do

gênero humano em sua totalidade. É uma concepção diferente da que é comumente

usada, quer dizer, aquele que se torna uma elite entre as nações. (EPHRAIM, 1998,

p.31).

É importante frisar que as Leis e práticas são comuns no judaísmo para

lembrar ao povo que carregam uma promessa de resgate. Essa consciência ajuda a

perceber esta cerimônia que os pais de Jesus participaram. Como judeus levam seu

primogênito para um tradicional rito judaico. Assim,

Aquele que veio cumprir a Lei não tem necessidade de ser resgatado, mas ele quer cumpri-la por dentro. Ele se encarna na Lei, lhe dá vida, permitindo, assim, que ela conheça um novo desenvolvimento, conduzindo-a à sua realização, e não ser confundida com a sua supressão simples (EPHRAIM, 1998, p.32).

Essa tradição, descrita no texto Evangélico, refere-se ao rito que é prescrito

em Ex 13,11-16 ou Nm 18,16. Ela pode ter sido convertida do paganismo ou

substituída por algum mito. A narrativa de Gn 22,1-18, onde Abraão leva seu

primogênito ao sacrifício e em que Deus provê um cordeiro em seu lugar,

certamente foi originada de antigo costume semítico de sacrificar os primogênitos às

divindades. Dessa forma a Lei Mosaica passa a prever a consagração dos

primogênitos e seu serviço. Além disso, era feito um pagamento aos Levitas (os

zeladores do Templo), pelos pais das outras tribos, de uma quantia equivalente ao

"resgate" dos seus filhos primogênitos. Os mais pobres deveriam saldar o

equivalente a duas pombas que podiam ser compradas nos mercados do Templo de

Jerusalém. Levitas e Cohanin (Sacerdotes) não pagavam tais impostos, pois,

estavam isentos desse rito. Isso leva a constatar que os pais de Jesus, embora

fossem de raiz davídica, não faziam parte da casta sacerdotal. O sacerdócio de

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Jesus acontecerá conforme uma antiga tradição, a ordem de Malki-Sédeq (Sl

104,4).

A cerimonia ocorria trinta e um dias depois do nascimento da Criança.

Faziam-se presentes um sacerdote e algumas testemunhas. O rito transcorria

(como transcorre) em aramaico. O menino era colocado numa bandeja e

apresentado pelo pai ao sacerdote (cohen). Este interrogava [o Pai] se queria deixar

o menino ou desejaria resgatá-lo. O Pai, ao preferir o resgate da criança, ouvia o

sacerdote repetir por três vezes: “teu filho será resgatado” (EPRHAIM, 1998, p.33).

O Pidion estava profundamente enraizado na consciência do povo israelita porque:

O resgate dos cativos, pidion shevouyim, assume o caráter de um dever sagrado. Ao longo da história judaica os inimigos de Israel usaram e abusaram disso, exigindo somas consideráveis em troca de prisioneiros ou judeus vendidos como escravos. Atualmente, no estado de Israel, a troca de prisioneiros confirma essa disposição: um cativo nunca deve ser abandonado, seja qual for o custo de seu resgate, o que pode chegar a cem inimigos libertados (EPHRAIM, 1998, p.33).

8 JESUS E O ZELO PELAS MITZVOT8

Esse empenho de Jesus em cumprir a Lei já foi um ponto polêmico no

passado, porém, atualmente é cada vez mais aceito entre os estudiosos do

cristianismo e judaísmo. Para Matt (2003, p.105), “Jesus estava basicamente

comprometido com a Torá e com os mitzvot”.. As palavras de Jesus em Mt 5,17-19

podem não ter autenticidade, como afirma Paulo em At 26,22, porém, os seus

ensinamentos derivam da Torá, ele está em busca de sua essência. Em Mc 12,28-

34 é perguntado sobre o primeiro de todos os mandamentos (v.28b). A resposta

vem em forma de duas mitzvot: “amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de

toda tua alma de todo teu entendimento e com toda tua força” (v.29-30) e “amarás o

teu próximo como a ti mesmo” (v.31b).

Dos Evangelhos sinóticos, Marcos é quem melhor preserva esse zelo de

Jesus pelas mitzvot. Enquanto Lucas e Mateus apresentam uma tensão com um

8 Mizvot é a forma plural de Mitzvá (Mandamento), logo, ela refere-se aos 613 mandamentos prescritos na Torá. Mitzvá vem da raiz tzvá, que significa ‘comando’; “encargo”. (EPHRAIN, 1998, p. 388).

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escriba, o relato marcano traz uma harmonia entre Jesus e esse escriba, ambos

concordam que esses são os dois principais mitzvot (mandamentos). Mas, em Mt

7,12 a máxima de Jesus “Ama teu próximo” é um parafraseamento na tentativa de

formular a essência da Torá. “Na geração anterior à de Jesus, Hillel9, ofereceu um

princípio similar, mas na negativa: ‘o que é odioso para ti, não o façais ao próximo’.

Hillel era um representante típico dos rabinos de sua época (MATT, 2003, p.106).

Jesus, por outro lado, era mais exigente e radical. Não é tarefa fácil encontrar

alguma transgressão da Torá por Jesus, por outro lado, constata-se o seu cuidado.

Em Mc 7,1-8:

Seus discípulos, não ele pessoalmente, são acusados de desconsiderar a ablução ritual das mãos. Não se tratava de uma exigência bíblica aos leigos. Era uma lei de pureza disseminada pelos fariseus que só na época de Jesus tinha passado a ser prática judaica comum. Os galileus eram de modo geral complacentes no tocante a leis de pureza como essa (MATT, 2003, p.106).

Já em Mt 12,1-8, os discípulos de Jesus (e não ele) apanham espigas de

trigo e retiram os grãos no dia de sábado. Eles não arrancam as espigas, mas,

removem os seus grãos esfregando-as em suas mãos. Para os Galileus, isso era

uma prática permitida no Sábado. No entanto, judeus de outras regiões achavam

que a permissão só acontecia utilizando-se os dedos das mãos, e não a mão inteira.

Deste modo, o comportamento dos discípulos de Jesus devia ser uma tradição da

Galileia (MATT, 2003, p.107).

9 O AMOR AOS INIMIGOS (Mt 5,43-47)

Essa passagem é certamente uma das que mais chocam os Judeus por

causa da frase “odiarás o teu inimigo”. Ela não pode ser encontrada na Torá, nem

em qualquer escrito rabínico, no Talmude e tão pouco na Halakah. É importante

considerar que Jesus não errou em afirmar isto. Ele não inicia seu discurso

indicando aquilo que estava prescrito na Lei, como era costumeiro (cf. Mt 15,21),

9 Hilel foi um líder cabalista que viveu no tempo do Rei Herodes, o Grande, e o segundo templo. A ele é atribuído ensinamentos de escritos rabínicos como a Mishná e o Talmude. Foi o fundador da Escola de Hilel, famosa por formar uma dinastia de Grandes sábios (Tannaïn).

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mas falando o que não estava na Torá através da sentença “ouvistes que foi dito”.

Ele não estava errado, a Torá não ensinava o ódio contra os “inimigos”. Um Rabi

não podia distorcer algo que estava escrito na Lei. Se assim o fizesse deveria

reparar esse dano através de um sacrifício no templo chamado de Tikkun

(EPHRAIM, 1998, p.158). Além disso, Jesus sempre estava rodeado de

contraditores que desejavam repreendê-lo a partir de ensinos errôneos da Lei, mas,

como já visto, não é tarefa simples encontrar alguma infração da Torá cometida pelo

mestre de Nazaré.

O termo “inimigo” refere-se aos estrangeiros (em hebraico – do singular

guer), que habitavam a Terra de Israel. Como já falado, a Lei não previa uma

inimizade contra o guer. É possível que o odiarás teu inimigo fosse um ditado

comum oriundo de outras tradições (como a romana por exemplo) que não deveria

ser seguido pelo judeu, uma vez que a Torá indicava o acolhimento e cuidado com

os povos estrangeiros. “Em Israel, o estrangeiro podia contar com certos direitos,

que visavam assegurar, primeiramente a subsistência” (EPHRAIM, 1998, p.159). A

Lei protegia e favorecia o indivíduo que pertencia a outro povo. Havia dois tipos de

estrangeiro segundo o Deuteronômio 10,19 e o Levítico 19,34: O Guer (que não era

obrigado a converter-se ao judaísmo, mas, que devia se comportar como um filho

de Noé) e o prosélito, que havia aceitado à Torá como regra de vida.

Posteriormente, surge uma distinção entre aquele que habitava a Terra de Israel

(guer toshav) e o prosélito propriamente dito, o guer tsedeq. Esse último termo

passou a ser predominantemente mais usado. Uma midraxe rabínica descrevia

como deveria ser a atitude do israelita diante de um prosélito:

Se um estrangeiro reside convosco, em vosso país, não o molestareis (Lv 19,33). Não lhe dirás: antes tu eras um idólatra, e agora te abrigas sob as asas da “xekiná”. O estrangeiro que reside convosco será, para vós, como um compatriota, e o amarás como a ti mesmo (SIFRÉ LEVITICO. 19,33-34, in EPRHAIM, 1998, p.160).

O “compatriota”, destacado no texto acima, é o prosélito que devia assumir

a Torá em sua vida. Um Rabi chamado Yossé bem Yehuda reforça que o preceito

“amaras o teu próximo como a ti mesmo” também se aplicava ao estrangeiro que

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aderia a Lei, assim como foi dito aos israelitas. Os convertidos ao judaísmo o faziam

por livre e espontânea vontade. A adesão implicava que o convertido passaria a

incorrer no julgamento divino. Antes de ser prosélito “ele podia violar o shabat sem

correr o risco de ser apedrejado, mas, na condição de prosélito, agora era passível

de morrer lapidado” (EPRHAIM, 1998, p.161).

Jesus condena o ódio aos “inimigos”, uma vez que a Torá não orientava

nenhum tipo de xenofobia. Isso fica claro, pois em Mt 5,44, Jesus pede que os

inimigos sejam amados: “amai os vossos inimigos”. Ele pede que seja feito o bem

pelos que vos odeiam. Tais palavras não foram uma novidade, pois, em muitos

tratados e citações rabínicas é possível encontrar ensinos semelhantes a esse de

Jesus. É verdade que havia um temor histórico do povo hebreu em não se

contaminar com a idolatria de povos vizinhos e dos ocupantes romanos, cujos

símbolos eram detestados pela população, no tempo de Jesus10, no entanto,

escritos de rabinos pregavam o amor pelos inimigos. A Shabi 31a diz:

Um pagão veio ver Shamai e lhe disse: “Ensina-me a Torá durante o tempo em que eu conseguir ficar sobre uma perna só e me tornarei prosélito”. Shamai o expulsou a pauladas. “Então, foi apresentar-se a Hilel, que o acolheu como prosélito. E Hilel lhe disse: Não faças a teu próximo o que não queres que te façam. Nisto consiste toda Lei, o resto é apenas interpretação; vá e aprende isto”. (EPRHAIM, 1998, p. 162).

O ensinamento de Hilel se assemelha bastante ao de Jesus, logo, as

palavras do mestre Ieshua não deveria soar estranho. O caráter não-violento do

amor que ele pregava é tangenciado nas palavras de outros mestres de seu tempo

ou de outras épocas. Sua pregação tinha por finalidade, simplesmente, despertar o

amor nos outros. Outro texto rabínico diz: “Se seu amigo carrega seu jumento e seu

inimigo o descarrega, é sua obrigação ir descarrega-lo com ele, a fim de romper

com a má inclinação de seu coração” (EPHRAIM, 1998, p.163). O Midraxe de um

tratado rabínico chamado Baba Kama leva ao coração da Lei, que é cheio de

10 Muitos povos que cruzaram pela história do povo de Israel foram considerados como perigosos e eram vistos com desconfiança, sobretudo por causa do perigo da idolatria, como os Filisteus e amalecitas. O Talmude diz que é preciso desconfiar dos estrangeiros que se convertiam, pois, uma antiga tradição rezava que o bezerro de ouro originou-se entre os prosélitos egípcios que acompanhou o povo no episódio do Êxodo. Talvez por isso o termo inimigo fora usado por Jesus.

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ternura, cuidado, zelo e amor. A Torá é capaz de transformar os corações de pedra

em carne: “que o homem sempre esteja entre os que são perseguidos e não entre

os perseguidores, porque não há nenhum pássaro que seja mais perseguido que as

pombas e os filhotes das pombas, que para as escrituras são dignos do altar” (Ba.

Ka 93a, in EPHRAIM, 1998, p. 163) 11.

Em Mt 5,44 Jesus quer engendrar a assunção da Lei fazendo com que “o

comportamento ético se transmute em vida mística e o dever em livre adesão”

(EPHRAIM, 1998, p.166). Isso é algo impossível para o homem, logo, Jesus assume

essa Lei tornando-a ardente desde o coração. Isto é o que um judeu chama de

“Shemá Israel”. Cristo assume a Torá através da elevação de sua cruz sofrendo por

um amor que só Deus é capaz de passar. Ele cumpre fielmente a Escritura

elevando a essência dela que satisfaz a opinião cristã e judaica através de algo que

nunca deixou de existir no seu discurso mesmo quando, historicamente, cristãos e

judeus modificaram sua imagem com suas pregações recheadas daquilo que

caracteriza suas doutrinas. A linguagem do amor em Jesus sempre existiu, e amar

como ele amou nenhum homem o fez, mas ele quer que o faça:

Quem pode amar, de verdade, o seu próximo, seja ele um compatriota ou um estrangeiro, amigo ou inimigo, simpático ou antipático? Nós amamos quem nos ama, pois, nesse trato recíproco nos damos por recompensados. Seríamos nós menos humanos que os outros homens que, por capricho ou dignidade, às vezes estendem as mãos a seu adversário e se tornam amigos de quem queriam matar? (EPHRAIM, 1998, p.167).

Não se trata da questão de tornar-se mais humano que os outros, mas, de

ser sobrehumano. Jo 4,20 nos ajuda a entender isso quando diz que aquele que

afirma amar a Deus, a quem não vê, e diz que não ama o irmão, a quem vê, é

mentiroso. O amor pregado por Cristo não visa fazer mais do que outros. Jesus não

veio instaurar uma lei suplementar, nem infringir qualquer norma da Torá. Não

houve acréscimos de uma mitzvá a outra mitzvá, mas, a incitação dos seus ouvintes

para que pudessem dar um testemunho do amor de Deus pela humanidade, que é

sobrenatural.

11 Ba. Ka: forma abreviada de Baba Kama, um tratado rabínico (EPHRAIM, 1998, p.397)

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10 CONCLUSÃO

A judeidade de Ieshua Ha Notzri mostra que ele estava inserido dentro de

uma estrutura judaica de pensamento, falava e agia judaicamente. Ele não é o

Messias esperado pelos judeus, por outro lado tornou-se o Cristo dos gentios, que

vieram a conhecer o Deus único e verdadeiro. Por meio dele tornaram-se parte do

povo eleito. Além disso, afirmou com clareza para seus seguidores que é necessário

o cumprimento da Torá, como ele mesmo a interpretava. Seus ensinamentos se

aproximavam bastante dos Mestres judaicos de sua época e os Rabinos de épocas

posteriores. De fato, Jesus não distanciou-se do judaísmo de seu tempo, mas

esteve bem próximo dele. Sua proximidade era tanta que foi capaz de denunciar e

repreender a incoerência dos chefes do judaísmo.

Cristãos e judeus precisam se entreolhar de maneira nova. Do cristianismo

deve partir a avaliação de suas raízes judaicas e o reconhecimento da vitalidade do

judaísmo e do povo judeu, o Povo de Deus. Já os judeus “podem aceitar Jesus, não

o Jesus da Igreja ou o Jesus Cristo entendido como Messias, mas o Jesus judeu,

um primo há muito afastado que por quase dois milênios tem sido incompreendido e

talvez tenha estado solitário” (MATT, 2011, p.110). A apreciação de Cristo como um

Mestre judeu é tão somente afirmar a sabedoria da Torá e sua manifestação de

formas e maneiras incontáveis, bem como a Graça da Boa Nova professada pelos

cristãos.

REFERÊNCIAS

Bíblia de Jerusalém: nova edição revista e ampliada. Tradução de Ivo Storniolo. et al. São Paulo: Paulus, 2012. Bíblia: Tradução Ecumênica. São Paulo: Loyola, 1994. BINGEMER, Maria Clara L. Jesus Cristo: Servo de Deus e Messias glorioso. São Paulo: Paulinas, 2008. (Coleção livros básicos de Teologia). EPHRAIM. Jesus, judeu praticante. Tradução de Magno José Vilela. São Paulo: Paulinas, 1998. (Coleção estudos bíblicos).

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MATT, Daniel. Yeshua, o hashid. In: BRUTEAU, Beatrice. (Org.). Jesus segundo o judaísmo: Rabinos e estudiosos dialogam sobre um antigo irmão. Tradução de Adail Sobral. 2 ed. São Paulo: Paulus, 2011. p. 103-111. SHERWIN, Byron L. “Quem você diz que sou?”: Uma nova concepção judaica a respeito de Jesus. In: BRUTEAU, Beatrice. (Org.). Jesus segundo o judaísmo: Rabinos e estudiosos dialogam sobre um antigo irmão. Tradução de Adail Sobral. 2 ed. São Paulo: Paulus, 2011. p. 52-66. SWIDLER, Leonard. Ieshua: Jesus histórico, Cristologia, ecumenismo. Tradução de Thereza Christina F. Stummer. São Paulo: Paulinas, 1993.

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A MÚSICA RELIGIOSA INSERIDA NAS PROGRAMAÇÕES RADIOFÔNICAS

Rozana Maria Feitoza Lôbo Graduada do Curso de Comunicação Social na UERN – Habilitação: Radialismo.

E-mail: [email protected]

Mauricio Montecinos Billeke Christian Professor do Curso de Comunicação Social na UERN – Habilitação: Radialismo.

RESUMO

Esse artigo tem como objetivo discorrer sobre a música religiosa nos programas radiofônicos populares em especial o ‘Programa: Manhã de Sucesso’ da Rádio FM 9512. Utilizaremos como referencial teórico, pesquisas bibliográficas, trabalhos acadêmicos, acerca do assunto, assim como fundamentamos nas teorias da comunicação de Adorno e Horkheimer (2006). As músicas religiosas tocadas nas rádios tem o objetivo de evangelizar,sem deixar de ser uma mercadoria comercializada pelos meios de comunicação, acontecendo assim sua massificação, onde o ouvinte é o consumidor e a música o produto, mesmo no caso da música religiosa. Essa observação nos mostrou qual é o mais novo horizonte de propagação da mensagem religiosa, assumindo novos contornos através dos meios massivos, com ênfase no rádio, levando simultaneamente Fé e entretenimento. PALAVRAS-CHAVE: Programa radiofônico. Música Religiosa. Massificação. Fé e Entretenimento.

1 INTRODUÇÃO

Revendo os conceitos sobre a música religiosa, no que diz respeito ao seu

valor e a sua relevância para a religião, em função da massificação, estarei

questionando até que ponto este fenômeno influencia a vida espiritual e se

corremos o risco, ou não, de usufruirmos plenamente de tudo que este tipo musical

tocado em rádios seculares podem nos proporcionar. Da mesma maneira

questionarei a postura dos ouvintes desses programas, e o papel real de

evangelização da música religiosa está sendo desfigurado.

Ao escutarmos a música religiosa, da mesma maneira que as músicas

populares como uma ‘coisa’, um objeto a ser consumido imediatamente, reduzimos

a possibilidade desta manifestação de sentido espiritual da Fé ou a transformamos

12Rádio 95 – FM 95,7 MHz - Site: http://portaltcm.com.br – Gênero Popular.

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numa experiência emocional mais profunda, como proposto na crítica Adorniana

(2006).

Neste caso a música transforma-se, num simples objeto de consumo,

causando a perda de sua relevância, esta observação de Adorno e confirmada por

Horkheimer (2006), quando concordam com essa perda de relevância, assim como

acontece com a música da Igreja, ao ser massificada pelas rádios populares.

Entendemos que as músicas religiosas tocadas no espaço religioso, e as

mesmas encontradas nas ondas das rádios comuns e misturadas as músicas

populares, apresentam uma postura diferenciada, fora que, do ponto de vista da

doutrina Adorniana, deveria ser usada como uma das mais preciosas formas de

expressão de sentimento de fé e referência para com o sagrado. Porém, sabemos

que a música religiosa nos programas de rádio tocadas no dia a dia é apenas um

produto que se poderia chamar de passatempo religioso.

Com essa prática midiática, através de seus distintos dispositivos, constrói-

se novos modos e meios de vivenciar e praticar a religiosidade, que hoje podemos

entender o contexto da midiatização da sociedade como um todo. Assim, vemos os

meios de comunicação, em especial a rádio, viverem num círculo de

estimulo/respostas que interferem em nossas sensações.

Portanto, tentaremos nos aprofundar nos apontamentos para respostas aos

questionamentos levantados: as músicas religiosas, com a missão da evangelização

a partir da massificação, permanecem com o louvor religioso, ou simplesmente

assume a função de entretenimento?

Resta-nos saber, através desse estudo, se a religião investe nesse meio

midiático com o intuito de levar a fé através das suas músicas e evangelizar a todos

usando os meios vigentes para atingir seus objetivos ou, se simplesmente se

posiciona como mais um produto a ser consumido pelos ouvintes das rádios.

Para podermos analisar as músicas religiosas inseridas nas programações

radiofônicas, faremos um breve histórico da música na religião. E em seguida,

analisaremos em profundidade a utilização da mídia para evangelização e a

massificação da Fé. No programa: Manhã de Sucesso da Rádio FM 95, pelo qual

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optou-se para esta pesquisa por um programa de entretenimento com vários blocos,

no qual é possível escutar todos os estilos de música, com participação dos

ouvintes, horóscopos, novelas, informações, utilidade pública, sorteios, além de

oração, reflexão e músicas religiosas, etc.

Parece, portanto importante de se fazer um estudo sobre essa realidade tão

presente nas transmissões radiofônicas, e com essa massificação da música

religiosa que a tira do contexto, para levá-la ás rádios populares em meio ao

entretenimento.

2 A MÚSICA NA RELIGIÃO

A comunicação, desde os primórdios é utilizada como mecanismo de

construção, de desenvolvimento e diálogo entre os povos, por ser uma necessidade

básica da pessoa humana. No tocante a música, podemos observar que em toda a

história da humanidade nos deparamos com a música fazendo parte da vida do

povo.

A música a ser tocada numa programação radiofônica chega ao cotidiano

do ouvinte, se tornando uma linguagem em liberdade, feita de assonâncias,

consonâncias, dissonâncias, rimas e imagens sonoras. Vanoye (1977, apud DE

ABREU, 2011) escreve que: “Uma boa canção é também algo que se compreende

(a que se intui) facilmente e que se retêm na memória”.

O mesmo autor nos relata que desde os tempos primitivos existe música e

magia, “cantos associados a preces ou magias, narrativas sob a forma de salmos e

cânticos populares podiam exprimir sentimentos religiosos ou profanos” (Vanoye,

1977, apud DE ABREU, 2011, pág. 116).

Santo Agostinho13, autor de grande valor na história como teólogo, fez

menção à música religiosa, a qual deveria fazer parte do culto como ferramenta de

adoração a Deus tendo, através da emoção que transmite, um papel importante na

vida espiritual do religioso.

13Santo Agostinho foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo, um Padre latino e Doutor da Igreja Católica. Agostinho é uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente, sendo o diretor da Igreja Católica – Século XV. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona> Acesso em

03/02/2014.

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Quando chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os alentos suaves que escoavam em vossa Igreja! Que emoção me causava! Fluíam em meu ouvido destilando a verdade em meu coração. Um grande elo de piedade me elevava e as lágrimas corriam-me pela face, mas me faziam bem. (Agostinho In: Morais, 2012, SP – Apud ROCHA.).

O papel da música religiosa é de suma importância por causar um bem

estar profundo quando é ouvida, se tornando um mecanismo utilizado pelos ‘fiéis’

para se conseguir um ambiente adequado, no qual se possa chegar ao objetivo das

religiões que é a aproximação com Deus (Faustini, 1973 apud ROCHA, 2000).

O reconhecimento da importância da música pela Igreja e a sua influência

na vida dos fiéis, proporciona uma contribuição: levar ao ser humano uma ajuda

nesse desenvolvimento racional e espiritual ao ouvir e refletir as letras das músicas

religiosas. Segundo Marmontel (apud COUTINHO, 2008, pág. 24), “a música é

incontestavelmente de todas as artes, aquela que reflete de uma maneira mais

sensível o grau de desenvolvimento espiritual de um povo”.

Outra personalidade na história da Igreja nos fala sobre a música e seus

efeitos no desenvolvimento social de uma pessoa. Efetivamente Lutero14 não deixa

dúvidas em seus escritos sobre os efeitos racionais intelectuais e emocionais que a

música traz para nossa formação social, acreditando que a música religiosa é uma

dádiva de Deus e deve ser usada para o louvor e propagação do evangelho.

A música é filha do céu, e o homem que verdadeiramente a ama não pode ter senão bons sentimentos. Eu não tenho consideração alguma por um povo que não saiba cantar. Aqueles que ficam insensíveis à música são corações secos, que só posso comparar com pedaços de madeira” (LUTERO in: TIEDT, 2011, s.p. apud ROCHA e DE OLIVEIRA, pág. 05)

Assim sendo, a única coisa comum a todas as culturas é a música, onde

cada uma tem o seu próprio estilo, fazendo parte também das religiões, que se

14 “Martinho Lutero foi um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia germânico que foi figura central da Reforma Protestante (...) Lutero ensinava que a salvação não se consegue com boas ações, mas é um livre presente de Deus, recebida apenas pela graça, através da fé em Jesus como único redentor do pecador.” Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero> Acesso em 03/02/2014.

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ligam a esse meio de comunicação. A escritora adventista Ellen G. White (1970) 15,

faz referência ao uso da música pelas Igrejas, colocando que esta é uma ferramenta

essencial para a transmissão dos ensinamentos de Cristo, mas que devemos ter o

cuidado de não utilizá-la somente para causar emoção nas pessoas, mas sim como

forma de mudar a vida dos fiéis pela aproximação ao Divino.

3 A MÍDIA E A EVANGELIZAÇÃO

A Igreja, atenta aos avanços tecnológicos, busca estar presente no cenário

mundial, atualizando-se nas tecnologias avançadas e utilizando-se dos meios de

comunicação para a sua missão: a evangelização. Assim, utilizara rádio como

instrumento de evangelização16.

As músicas religiosas, a serem usadas na mídia, em especial nos

programas radiofônicos, trazem a idéia de levar ao seu público – os ouvintes – a

verdade da fé, como expressão da espiritualidade. Assim, pode-se compreender

qual é o intuito do uso das rádios pela religião.

A mídia, por ser um veículo de grande importância na divulgação da cultura

na sociedade contemporânea, domina o lazer, a cultura e até mesmo a própria

religião. De modo que os meios de comunicação, estão se constituindo como

principal veículo da distribuição e disseminação desta e dos ideais apresentados

nos dias atuais.

De acordo com o pensamento de Fausto Neto (2005), o qual considera a

midiatização como produtora de fatos que afetam as formas de vida, podemos

verificar nos documentos da Igreja a mesma orientação com seus fiéis e seguidores:

[...] A igreja tem, pois, um direito radical de possuir e usar destes meios, como úteis a educação cristã e ao seu trabalho em vista da salvação das almas, os portadores tem a incumbência de formar e orientar os fiéis no uso desses meios em vista de seu próprio aperfeiçoamento de toda família humana [...] (InterMirifica, 2007, p.07).

15 Escritora da Igreja adventista - (White, 1970, p. 500-12, apud ROCHA e DE OLIVEIRA). 16 Documento CNBB – Comissão Nacional dos Bispos do Brasil. Igreja e Comunicação: Rumo ao novo milênio; Conclusões e Compromissos, Documento 59, p. 25, 1997.

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A religião e a rádio têm uma relação de proximidade (Campos, 2004), e o

crescimento tecnológico, além da evolução dos meios de comunicação, levam as

igrejas a se preocuparem com a sua utilização, buscando aprimorar e tomar posse

desse ‘novo jeito’ de consumir a Fé.

Áreas (2007) nos fala que “na contemporaneidade, a comunicação religiosa

assumiu novos contornos com a utilização dos meios de comunicação de massa.

Hoje as igrejas encontram-se irremediavelmente submissas às parafernálias de

símbolos e apelos midiáticos”, onde a midiatização religiosa afeta as práticas sociais

ao usar os meios como um novo modo de fazer religião.

As músicas inseridas nas programações radiofônicas populares, se tornam

um instrumento de suma importância para as religiões, já que a manipulação dos

meios é feita igualmente pelas estruturas religiosas, pois as músicas religiosas

inseridas nos programas radiofônicos, aderem a demanda de consumidores. Assim,

mesmo tendo, em geral, objetivos distintos, as empresas radiais e as igrejas não

são diferentes (HOHFELDT, 2001)17.

A Igreja impulsionada pelas palavras encontradas na Bíblia Sagrada18, busca

os meios de comunicação para cumprir a ordem de sair pelo mundo e pregar o

evangelho a todo a criatura, como nos é retratado na passagem bíblica ‘I Cor 9-16’.

E a partir dessa relação, a mídia e a evangelização, a partir dessa relação, visam à

vivência particular do histórico religioso e pessoal, proporcionado pela transmissão

da Fé através das músicas religiosas veiculadas com o intuito de evangelizar os

ouvintes que estão inseridos nessas práticas sociais, hoje, a cada vez mais,

midiatizadas. (Borelli, 2004)19.

A história da mídia radiofônica se desenvolve numa relação indissociável com

a religião, e isso pode ser comprovado a partir do fato e que a primeira transmissão

radiofônica experimental nos EUA teve a presença da religião (Campos 2004).

Mesmo hoje, depois de tanto tempo, as Igrejas, em especial a Católica, utiliza os

17 HOHLFELDT, Antônio. 2001, pág. 142-143 18 “Bíblia (do grego βίβλια, plural de βίβλιον, transl. bíblion, "rolo" ou "livro") é o texto religioso de valor sagrado para o Cristianismo, em que a interpretação religiosa do motivo da existência do homem na Terra sob a perspectiva judaica é narrada por humanos. É considerada pela Igreja como divinamente inspirada.” Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia_sagrada> Acesso em 03/02/2014. – (I Cor. 9-16). 19 BORELLI, Viviane, Mídia e Religião: Um estudo de recepção, 2004, p. 11

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meios de comunicação para transmitir a sua mensagem, como fazemos constar na

palavras do Sumo Pontífice:

A vós queridos sacerdotes, renovo o convite a que aproveitem com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na <<agora>> moderna criada pelos meio atuais de comunicação. (Bento XVI, 2010)20

4 A MASSIFICAÇÃO DA MÚSICA RELIGIOSA

As Paulinas – COMEP21 foram fundadas há meio século por um sacerdote

de origem italiana, e é dirigida por freiras católicas cujo apostolado se concentra,

particularmente, na utilização dos meios de comunicação social com vistas à

propagação da fé e da doutrina católica. Atualmente é a maior gravadora católica do

país22.

Segundo a lógica de Indústria Cultural, todo e qualquer produto cultural –

um filme, um programa de rádio ou televisão, um artigo em revista, etc. – não passa

de uma mercadoria submetida ás mesmas leis de produção capitalista que incidem

sobre quaisquer produtos industrializados (Moreno, 2007)23.

Pesquisa do sociólogo Alexandre Brasil Fonseca, da USP, revela um fenômeno curioso nas conversões religiosas no país, ela mostra que o brasileiro está tratando a religião como objeto de consumo (Revista Época, seção periscópio, 16 maio 1990, pág. 15 apud FERREIRA, 2012)24.

Adorno (2011) afirma que os meios de comunicação, como um todo, criam

uma espécie de padronização da sociedade. Além do que, a música tem sido uma

das mais poderosas armas para atingir este alvo.

20 Mensagem do Papa Bento XVI para a 44o Dia Mundial das comunicações, 2010. (hoje Papa Emérito) 21 COMEP: Comunicação Musical Editora Paulinas. 22Um pouco de nossa história – Paulinas – COMEP Disponível em: <http://www.paulinas.org.br/comep/?system=paginas&id=348&action=read>Acesso em 03/02/2014 23 MORENO, Carlos. 2007 – A Contemporaneidade da teoria critica no estudo de comunicação 24 Revista Veja, seção periscópio, 16 maio 1990, pág. 15 – apud FERREIRA, 2012: Padres artistas: o novo lugar do sacerdote no imaginário católico popular.

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Ao escutarmos uma música, que têm o poder de interferir em nossas

emoções, pelo rádio, é o estímulo causado pelo meio de comunicação que nos leva

a ter alguma reação, esperada, ou não. Tornando assim o produto radial, algo que é

desejado, que os ouvintes buscam ouvir através de meios comerciais. Assim,

ADORNO afirma que “este molde simplório, ao qual submetemos a música, é um

reflexo de nossos conceitos axiológicos atuais, a ‘coisificação’ da música” (Adorno,

1996, pág. 80)25.

Essa massificação pode ser explicada de forma clara quando se volta para

a música, pois esse precioso bem, inserido na programação,transforma-se numa

simples ‘coisa’ que acaba sendo consumida.

A música religiosa a ser inserida nos meios de comunicação, através de um

programa de rádio popular, torna-se um produto que é comercializado pelas ondas

da rádio, onde talvez tenha perdido o seu real significado evangélico ou espiritual.

5 A FM 95: “MANHÃ DE SUCESSO” – UM PROGRAMA RADIOFÔNICO POPULAR COM MÚSICAS RELIGIOSAS INSERIDAS EM SUA GRADE MUSICAL

Um programa radiofônico musical tem o intuito de informar, entreter, alegrar

os ouvintes em suas residências, trabalho, carro, hospitais, aparelhos móveis

(celulares), etc. Podendo variar os estilos musicais, e “como o próprio nome indica é

o formato que tem como mote a música, com conteúdo e plástica diferenciadas,

abre espaço para a difusão dos mais diferentes gêneros” (BARBOSA, 2009, pág.

115).

As religiões buscam a evangelização através das músicas nas rádios, pois

este meio de comunicação, por sua vez, busca agradar seus ouvintes conquistara

audiência. Para isso ofertam ‘produtos’ diferenciados que criam novos hábitos de

audiência e findam assim se adequando de forma qualificada a nova roupagem

(Barbosa Filho, 2009).

Sodre (2009), corroborando esse pensamento, esclarece que “O rádio se

utiliza de sua alta acessibilidade para também refletir esse processo de pluralismo

das ofertas religiosas”. Lembrando que a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, por

25 Adorno, 1996, p. 80.

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exemplo, nasceu com a vocação eminentemente educativa e tendo como objetivo

levar ao seu público um pouco de educação, de ensino e de alegria, sendo o

principio fundamental da nova época da era da comunicação de massa.

(COSTELLA, 2002).

Nas palavras inspiradoras e idealistas de Roguette Pinto (apud COSTELLA

2002, pág. 178) “todos os lares espalhados pelo imenso território do Brasil

receberão, livremente, o conforto moral da ciência e da arte; a paz será realidade

definitiva entre as nações”.

Para esse fim, inicialmente, as rádios usavam a freqüência de Amplitude

Modular (AM) e tiveram as suas primeiras transmissões asseguradas pelo

engenheiro canadense Regirald Fessendese. Nos seus primeiros anos de uso, a

rádio era utilizada para a transmissão de músicas e recados diversos, fato este que

somente mudou a partir de 1920 com o surgimento das rádios comerciais.

Na cidade de Mossoró, nos dias de hoje, há vários programas que usam em

suas grades musicais as músicas religiosas. No entanto selecionamos o programa

Manhã de Sucesso, transmitido pela Rádio FM 95 de segunda a sábado, no horário

das 08 às 12hs da manhã apresentado pelos radialistas Beri Soares, e Elisangela

Silva destinado ao público em geral. Sua programação consiste em uma seleção de

música de todos os gêneros, incluindo também músicas religiosas, informações

variadas, entretenimento, prestações de serviços, além de momentos oracionais.

Essa escolha, por este programa de rádio da Rádio FM 95, se deu por uma questão

apenas de recorte com o fim de delimitação.

Analisou-se tematicamente a grade musical deste programa pelo período de

04 (quatro) semanas devido à importância da sua audiência e atender as nossas

perspectivas, ou seja, à inserção das músicas religiosas na sua grade musical

popular.

A priori, observa-se que é um programa predominantemente musical com

espaço para as músicas religiosas, que tem um papel de evangelização. Em cada

quadro musical é inserida uma música religiosa, acompanhada de uma reflexão,

uma mensagem, onde os ouvintes têm uma participação.

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O êxito alcançado, neste programa, com as músicas religiosas pode ser

compreendido pela presença dos quatros elementos da rádio: a palavra, a música,

os efeitos sonoros e o silêncio/pausa. Na visão de Mattelart (2008), esses

ingredientes resumem os mandamentos de um programa radiofônico que

estabelece essa relação mágica e envolvente com o ouvinte.

A rádio apresenta uma paisagem construída artificialmente para produzir

sentido, e através de sua programação, em especial a música (qualquer ritmo)

ganha uma dimensão harmoniosa. Esta é maior ainda quando conquista o ouvinte,

pois o ato de escutar um programa radiofônico é dividido em quatro circunstâncias:

escuta ambiental; a escuta em si; a atenção concentrada ou a escuta por seleção,

por ser um meio de comunicação entre as pessoas, e a linguagem radiofônica ter

uma conexão entre o simbólico e o conotativo. (BALSEBRE, 1996 apud DE ABREU,

2011).

6 FÉ E ENTRETENIMENTO

As músicas religiosas se aproximam da mídia e se inserem num mercado

de bens simbólicos, quando os rádios as passam na sua grade de programas, assim

elas são entendidas na contemporaneidade, como um mecanismo sólido de

sustentação e preservação da audiência almejada, nesse sentido, a mídia e a

religião interagem na mesma busca.

A midiatização da sociedade refere-se ao processo de hegemonia de uma

cultura que se expressa por sons e imagens mediadas por alta tecnologia e tendo

grande repercussão na vida cotidiana através das diversas mídias. Pois verificamos

que, “as mídias tem a capacidade de fornecer informações políticas e culturais

assim como representar emoções e idéias, e de produzir necessidades de consumo

e entretenimento”. (MENDONÇA, 2009).

Se há fé ou não, isso não importa nos tempos atuais. A mídia é

entretenimento, ou seja, já não se sabe bem se um telespectador religioso ou não, o

que se observa, e o que importa, é a adesão ao produto e aceitação do programa

de rádio.

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As mídias são importantes, não por causa da veiculação das ideologias,

mas sim porque, se de um lado fornecem as informações que colaboram para o

esclarecimento da sociedade e do outro proporcionam o entretenimento que a

população procura com avidez e sem o qual, talvez, não pudesse suportar o

crescente desencantamento da existência. E nas duas primeiras décadas do século

XX presenciaram a implantação e consolidação da mídia radiofônica.

O programa radiofônico mostra como o discurso radiofônico de uma emissora voltada para o popular consegue atingir amplas camadas sociais, quando linguagem e mensagem atendem expectativas de realização de sonhos e desejos, que parecem distantes. O testemunho de ouvintes e a intervenção do comunicador criam um processo de interatividade, enquanto a passagem sonora – por meio da seleção de canções e músicas instrumentais profanas e religiosas, simula um ambiente sagrado, como se estivessem em um culto, mesmo que o desejo não se realize, a idéia predominante é a de conforto do espírito. (DE ABREU, 2011, pág. 108).

Observamos em GOMES (2011) que na busca de arrebanhar mais fiéis, a

igreja “vale de todo espaço necessário, inclusive a utilização de todos os meios

possíveis para a aquisição de uma emissora que possibilite a veiculação da

mensagem evangélica em tempo integral”.

Assim, observamos que os meios de comunicação oferecem ás igrejas,

novas possibilidades para exercer o seu serviço da transmissão da fé, onde a tarefa

primordial da religião é anunciar Cristo. Sendo a rádio, atualmente, um dos

instrumentos usados para responder a essa necessidade, tornando-se um

instrumento útil, de grandes conjuntos tecnológicos que se localizam dentre as veias

da comunicação.

7 CONCLUSÃO

Ao observarmos nos estudos a preocupação das Igrejas com a maneira que

se transmite a mensagem da ‘Boa Nova’, constata-se que tal atividade

comunicacional tem sido feita há séculos, utilizando-se de diversos suportes.

Nos dias de hoje a mídia é usada com muito afinco, como podemos

verificar, ao observar a transmissão da Fé através da rádio, em especial as músicas

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que estão sendo ‘afloradas’ nas programações radiofônicas, tanto em programas

especificamente religiosos, como dos populares.

A música faz parte do cotidiano das pessoas, alimenta o seu eu, entretém,

anima ou simplesmente diverte. Quando a música religiosa está também inserida

nas programações populares têm o mesmo valor que as músicas profanas, por ser

um produto midiático que atende as necessidades do dia a dia dos seus ouvintes.

Essa observação nos mostrou como o mais novo horizonte sonoro de

propagação da mensagem religiosa é a música. Ou seja, na contemporaneidade a

comunicação religiosa assume novos contornos a usar os meios de comunicação de

massa. Assim, a mensagem religiosa transmitida pela música passa a ser adotada

nas diversas denominações religiosas com muita facilidade e normalmente é vista

como um instrumento eficaz no competitivo ‘mercado religioso’.

A Igreja vem mudando de posição, como foi percebido, no tocante a relação

com os meios de comunicação. Um dos fatores que tem catalisado esta incursão na

mídia é certamente a música, que tem uma grande importância nesta nova forma de

ser Igreja, utilizando-se dos programas radiofônicos como um meio para esta

evangelização.

Percebe-se que as músicas tocadas em programações seculares estão

dominando estes meios, usando o sentimentalismo e não havendo mais a

separação do que é sagrado e do que é profano. Já que os ouvintes, desses

programas são evangelizados através das ondas do rádio, são também sujeitos

sociais que vivenciam suas próprias experiências em diversos campos, sejam eles,

individual, familiar, comunitário ou religioso.

Portanto observou-se que a rádio exerce o domínio do sentimento por meio

do som transmitido, assim, nos questionamos até que ponto a utilização das

músicas religiosas em paralelo às músicas populares, servem para atingir o seu

objetivo que é aproximar os seus fiéis de Deus, explorando o seu carisma e a sua

desenvoltura, somente com o intuito de atingir o maior público possível para

satisfazer todos os interesses e gostos, além de obter o máximo de consumo.

Essa catalisação dos meios de comunicação pelas Igrejas, através da

comunicação massiva, é apenas uma nova forma de pregar os valores religiosos.

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Assim sendo, precisamos rever certos posicionamentos neste mercado

midiático religioso. Acreditamos que este estudo é apenas o início de uma

discussão, podendo render novas pesquisas através de pontos, tal como o mercado

religioso, que não foram totalmente aprofundados e outros que não foram

contemplados neste artigo.

REFERENCIAS

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PRODUTO CULTURAL CONTEMPORÂNEO: PRÁTICAS MIDIATIZADAS DE RELIGIOSIDADE DO PADRE MARCELO ROSSI

Rozana Maria Feitoza Lôbo Graduada do Curso de Comunicação Social da UERN – Habilitação: Radialismo.

E-mail: [email protected]

Tobias Queiroz Professor do curso de Comunicação Social da UERN – RN

Mestre em Estudos da Mídia (UFRN)

RESUMO Esse artigo tem como objetivo propor uma reflexão sobre as práticas religiosas midiatizadas de Pe. Marcelo Rossi como produto cultural contemporâneo, onde iremos analisar a história da Igreja no seu envolvimento com os meios de comunicação e a sua busca incansável de mecanismos para levar a evangelização aos seus fiéis. Faremos uma abordagem geral das atividades realizadas pelo Pe. Marcelo na mídia, conjugando no estudo, as teorias da comunicação, em especial da indústria cultural (ARMAND e MATTELART, 2008), e empregando ainda uma análise de conteúdo de alguns textos e artigos sobre o tema. Como conclusão verificou-se que em toda a história da Igreja, a mesma não se limitou na utilização das novas tecnologias, utilizando-se dos meios de comunicação e nos mostrando que as suas práticas midiatizadas são produtos culturais contemporâneos. E na pessoa de Pe. Marcelo Rossi, através da divulgação dos seus produtos e imagem, fornecendo aos indivíduos não só um produto a ser consumido, mas também mecanismos para que este indivíduo se tranforme em um ser com caracterisiticas e ações apontadas por este produto cultural. PALAVRAS-CHAVE: Igreja. Mídia. Produtos Culturais Contemporâneos.

1 INTRODUÇÃO – O INÍCIO DA MIDIATIZAÇÃO RELIGIOSA

A comunicação, desde os seus primórdios, é utilizada como um mecanismo

de construção, de desenvolvimento e de diálogo entre os povos, por se tratar de

uma necessidade básica da pessoa humana, ou melhor dizendo, do ser social.

[...] A repercussão da comunicação e cultura midiatizadas pode ser apontada, em um sentido largo, como incidindo sobre o novo modo (capitalista) de vida ou ensejando os altíssimos processos de globalização econômica, através de redes suportes dos fluxos das informações financeiras e dos capitais, fiadoras da velocidade e dos mercados planetarizados [...] (CASTELLS, 1992 apud RUBIM, 2000, pág. 27).

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No entanto, por sermos tão distintos em pensamentos e influências,

começou a ocorrer uma nova forma de utilização dos meios de comunicação, não

só para atingir a massa, com suas programações, más também na reprodução e

construção de produtos culturais.

Esse desenvolvimento de produtos culturais ocorre, como podemos

observar hoje, não somente pelos meios comuns tais como artistas, TV, cinema,

livros, dentre outros, mas também através da religião e dos seus religiosos ou fiéis.

E tendo a responsabilidade de serem sedutores e concomitantemente a ter estilo,

comportamento, um novo modelo de identificação e uma razão plausível e coerente

com seu ideal.

Podendo está voltado tanto para a questão do lucro, como a divulgação da

arte, ou mesmo a transmissão de algum pensamento, conceitos ou ideais

(ARMANDO & MATTERLART, 2008).

A mídia, por ser um veículo de grande importância na divulgação da cultura

nas sociedades contemporâneas, domina o lazer, a cultura, a moda, e até mesmo a

própria religião. E os meios de comunicação de massa, estão se constituindo como

sendo o principal veiculo da distribuição e disseminação desta cultura e dos ideais

apresentados nos dias atuais. Pois segundo Thompson (1998):

[...] O desenvolvimento e a exploração destas várias tecnologias se interligaram de formas complexas com o poder econômico, político e coercitivo. [...] a transformação da mídia em interesses comerciais de grande escala é um processo que começou no início do século XIX. È claro que a comercialização dos produtos da mídia não era um fenômeno novo. [...] (THOMPSON, 1998, pág. 73).

Conforme Verón (1997), sobre a questão da midiatização na sociedade, a

mesma se caracteriza pela disposição de mídias apresentadas através dos seus

diversos signos. E de acordo também com o pensamento de Fausto Neto (2005), o

qual considera a midiatização como sendo um produtor de fatos que afetam as

formas de vida, em especial as tradicionais.

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A inclinação no sentido de configurar discursivamente o funcionamento social em função de vetores mercadológicos e tecnológicos é caracterizada por uma prevalência da forma sobre conteúdos semânticos (FAUSTO NETO, 2005: 9).

Na Igreja Católica Apostólica Romana, e demais religiões, a preocupação e

a utilização dos meios de comunicação para propagação de seus ideais não fica

fora desta nova forma de comunicação. E no caso da Igreja Católica, levando em

consideração o Padre Marcelo Rossi e seus ‘produtos’ religiosos: missas, CDs,

DVDs, santinhos, sites, marcas, e outros, o mesmo se tornou um produto cultural

contemporâneo por ter a finalidade não só de transmissão da fé católica através dos

meios de comunicação, mas também a maciça atração dos fiéis ou não, por uma

procura de respostas imediatas aos questionamentos e aflições da nossa época,

bem como uma forma comercial de produção de lucros.

[...] A mídia utiliza-se das diferentes designações, existentes para o ‘mito’, para caracterizar, e muitas vezes construir a imagem de determinados nomes do cenário social, podendo este ser artístico, político, científico, religioso, etc. e, portanto, exercer o seu poder através de discursos estruturados em conceitos analisados por vários autores [...]. (FOLLETTO, 2001, p. 25. In: RAMOS, ROBERTO. (Org.)26

Assim, tentaremos nos aprofundar e apresentar apontamentos para os

questionamentos levantados: Qual a relação entre a Igreja Católica e a produção

cultural? Qual o papel e a função da Igreja na midiatização da religiosidade? As

ações do Padre Marcelo Rossi, como produto cultural contemporâneo e ser

midiático, podem realmente ser caracterizados/classificados como sendo produtos

culturais contemporâneos? As mensagens repassadas por este ser midiático

fornecem imagens, discursos capazes de transmitir a população de massa um

verdadeiro prazer e assim responder as suas necessidades?

Iremos nos aprofundar um pouco mais sobre este item, e buscando analisar

os ‘artigos religiosos’ de Padre Marcelo Rossi como produto cultural

26 FOLLETTO, Lisiane. O discurso midiático e a construção de Pe. Marcelo Rossi. In: RAMOS,

ROBERTO. (Org.). Mídia, Textos e Contextos. EDIPUCRS, Coleção Comunicação Vol. 14, 286p.

Rio Grande do Sul: 2001. p. 11-36

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contemporâneo, através de um breve histórico da utilização dos meios de

comunicação pela Igreja e em seguida podermos destacar e identificar as práticas

midiáticas de religiosidade de Padre Marcelo Rossi, fundamentando-se em teorias,

revisões literárias e trabalhos já efetuados sobre este tema.

2 A IGREJA CATÓLICA E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Desde o seu início a Igreja Católica procurou utilizar-se de mecanismos

para levar a sua mensagem aos ‘quatro cantos e quatro ventos’27, como se pode

identificar também nos seus escritos e na sua própria história.

Um dos primeiros produtos de comunicação foi à transmissão através das

pregações, ou seja, via oral, pela tradição que era passada dos povos para outros

povos, e depois começou a utilizar-se dos meios de comunicação escrita, como

pergaminhos, símbolos, e culminando com a produção e divulgação de um dos

materiais impressos mais divulgados no século XV - através da máquina de prensa

construída por Gutemberg28 no século XV – e hoje mais vendidos - a Bíblia

Sagrada.

No ano de 1450, conforme nos fala Costela (2002, p.54) “[...] Em 1450,

seguro de sua arte, Gutemberg se propôs a imprimir a Bíblia [...] com suas 642

páginas, tal livro foi o atestado maior da eficiência da tipografia [...].”

A produção e propagação do livro sagrado para os cristãos - A Bíblia – e de

outros escritos, possibilitaram uma grande propagação da fé cristã em todo o

mundo, como também o surgimento do controle, pelas mãos da Igreja, da literatura

escrita da época (ARÊAS, 2007), e sendo este momento, uma ‘mancha negra’ na

história da Igreja até os dias de hoje. “Estas áreas eram tão importantes na

transmissão dos valores, que a Igreja da época se preocupou em fazer o Index -

Ìndice de obras que não deveriam ser lidas pelos fiéis, porque podiam ameaçar sua

doutrina” (FURTADO, 1999, p.17 apud ARÊAS, 2007, p.16).

27 Baseado na passagem Bíblica Sagrada Católica: Mc 16,15. 28 Importante inventor alemão do século XV que inventou a prensa de tipos móveis, em 1439, e revolucionou a produção de livros no século XV. Disponível em <http://www.suapesquisa.com/quemfoi/gutenberg.htm> Acesso em 04/02/2013.

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Na Idade Média a Igreja Católica, não permitia opiniões e posições

contrárias aos seus dogmas, colocados como verdades incontestáveis, onde o Papa

era visto como um rei, com grandes poderes, tendo uma grande influência nas

decisões políticas, na elaboração das leis, além de dominar o lado moral e

comportamental da sociedade.

No século XXI, no ano de 20102 a Bíblia, a escrita santa dos cristãos, teve

cerca de 3,9 bilhões de seus exemplares vendidos em todo o mundo, ficando na

lista dos livros mais vendidos dos últimos 50anos, correndo com livros de grande

renome da literatura tais como: Livro Vermelho de Mao-Tsé-Tune, O Diário de Anne

Frank, a Saga Crepúsculo, o Alquimista, dentre outros 29.

Com o surgimento de vários meios de comunicação, tais como a escrita de

livros, a rádio, o cinema, e por fim a televisão, a Igreja começa a voltar o seu olhar e

preocupação para com os meios de comunicação que vão surgindo. Tentando se

tornar a articuladora e ‘cuidadora’ da moral da grande massa populacional, como

nos é mostrado no documento Inter Mirifica do Concílio Vaticano II30.

[...] A Igreja tem, pois, um direito radical de possuir e usar destes meios como úteis a educação cristã e ao seu trabalho em vista da salvação das almas. Os pastores têm a incumbência de formar e orientar os fiéis no uso desses meios, em vista de seu próprio aperfeiçoamento e de toda família humana [...] (INTER MIRIFICA, 2007, p.7).

O avanço das mídias de comunicação levou a Igreja a se preocupar com a

utilização dos meios de comunicação, nos remetendo a década de 30 do século XX,

onde começou a lançar documentos que mostravam a preocupação com a má

29 A Bíblia Sagrada é um dos Best-Saller mais vendidos dos últimos tempos com uma venda de 3,9 a

6 bilhões de exemplares comercializados. Disponível em <http://noticias.r7.com/blogs/andre-

forastieri/2012/05/08/biblia-lidera-a-lista-dos-10-livros-mais-lidos-nos-ultimos-50-anos/>, Acesso em

04/02/2013. 30 O Concílio Vaticano II foi um Concílio Ecumênico da Igreja Católica, tendo convocação em

25/12/1961, e que terminou em 08/12/1965, e visto, para o Papa João Paulo II como "um momento

de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo”. Disponível em:

<http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2000/jan-mar/documents/hf_jp ii_spe_200

00227_vatican-council-ii_po.html> Acesso em setembro/2012.

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utilização desses meios pela população, e que iriam atingindo a moral e os bons

costumes nas famílias cristãs (SOLON, 2010).

Estes documentos colocavam que estas novas formas de se comunicar

deveriam ser utilizadas para a propagação da fé cristã e seus dogmas. E isto é visto

claramente no documento lançado em 1936 pela Igreja Católica na Encíclica

Vigilanti Cura31 (1936) “[...] Toda a arte nobre tem como fim e como razão-de-ser,

tornar-se para o homem um meio de se aperfeiçoar pela probidade e virtude; e por

isso mesmo deve ater-se aos princípios e preceitos da moral [...]”.

No caso do cinema, o olhar da igreja foi bastante crítico, pois a mesma o

alocava como sendo um meio com grande poder de influência na vida dos jovens e

que atacava fugazmente a família. Chamando os fiéis a serem ‘os olhos e ouvidos

da Igreja’, ou seja, vigilantes da moral pregada pela Igreja, com o intuito de serem

fiscais dos filmes em cartaz da época, podendo assim, como a própria igreja fala

‘separar o joio do trigo’.

Mas isto não quer dizer que a Igreja era contra os meios de comunicação, já

que a mesma começou a utilizá-los com o intuito de combater os males do século:

divórcio, traição, pudor, dentre outros.

Um exemplo desta utilização foi o lançamento em 1931 da Rádio Vaticano.

E mesmo sendo um meio utilizado pela Igreja, ainda era vista como algo profano e

sagrado, pois no Brasil o pioneiro da rádio foi o Padre Roberto Landell de Moura,

conhecido como “o pai brasileiro da rádio”.

Assim, como Campos (2004) já nos falava de que a religião e a rádio tem

uma estreita relação de aproximação, já que a primeira transmissão feita por rádio

foi de mensagens religiosas, e até os primórdios este tipo de evangelização é

levada para a população através das rádios.

Com o Concílio Vaticano II, a comunicação começou a ser vista com outros

olhos pela Igreja Católica, surgindo assim, mudanças nas linhas de pensamento

desta grande instituição, e começou-se a verificar um leque de possibilidades da

31 O Inter Mirifica é um decreto do Concílio Vaticano I, aprovado em 04 de dezembro de 1963, pelo então Papa Paulo VI, e que teve a intenção de falar sobre os meios de comunicação social, sendo de suma importância para o desenrolar da história da religiosidade católica midiática. Este decreto foi aprovado por 1.960 votyos a favor e 164 contra, dos bispos presentes neste concílio.

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utilização dos meios já existentes para a transmissão da sua mensagem, a

transmissão da palavra de Deus, e começando a se tornar um ato midiático.

[...] A Igreja com este decreto manifesta sua capacidade de unir a vida interior à exterior, a contemplação, a oração ao apostolado... Os meios de comunicação social são já inseridos como meio e documento no exercício do ministério pastoral e da missão católica no mundo [...] (Papa Paulo VI, Inter Mirifica, 1965, p.3).

Inicia-se, então a preocupação em formação de Pastorais de Comunicação,

orientações para seus fiéis para a utilização dos meios de comunicação de forma

que possam ser passadas claramente e de possível acesso. Isso pode ser

claramente observado nos documentos lançados, em especial o ‘Documentos

Finales de Puebla’ (1979): “A Igreja tem sido explícita na doutrina referente aos

Meios de Comunicação Social, publicando numerosos documentos sobre a matéria,

ainda que tenha sido tarde para praticar esses ensinamentos” (DOCUMENTOS

FINALES DE PUEBLA, 1979).

A Igreja começa a se questionar até que ponto o seu tradicionalismo deveria

ou não ser reavaliado, já que qualquer que seja a instituição, ou meio de massa,

que almeja ver o crescimento de seus fiéis a cada dia, não pode insistir em métodos

retrógrados, e assim colocar em risco a sua hegemonia, pois segundo os dados do

IBGE de 2010, a Igreja Católica hoje tem 123,3 milhões32 fiéis que se caracterizam

cristãos, e cerca de 64,6% que se consideram católicos no Brasil.

O Decreto Papal Inter Mirifica, mesmo com mais de 40 anos de existência,

gerou bastantes frutos para toda a Igreja Católica, pois foi a partir deste documento

que a Igreja, no Pontificado do Papa João Paulo II, se abriu para a questão da

Comunicação Social, gerando acontecimentos marcantes dentro da Igreja, tais

como: a criação do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, a Criação do

Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem como função levar aos fiéis

católicos ou não, anualmente, uma mensagem com temas voltados para a

comunicação. E além da criação de pastorais de comunicação nas dioceses,

32 Dados IBGE 2010. Disponível em: < htp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Carac teristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/tab1_4.pdf> Acessado em Set/2012.

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paróquias constituídas por leigos e a utilização dos rádios, imprensa, da televisão, e

da internet para a divulgação das suas diretrizes.

Segundo nos fala Patriota no seu texto: ‘Mídia e religião: 82hs de missas,

cultos, pregações e exorcismos’ sobre a comunicação religiosa (2004, p.4 - apud

ARÊAS, 2007, p. 17) “Na contemporaneidade a comunicação religiosa assumiu

novos contornos com a utilização dos meios de comunicação de maciça. Hoje as

igrejas encontram-se irremediavelmente submersas nas parafernálias de símbolos e

apelos midiáticos”.

Os Papas dos séculos XX e XXI, na pessoa de João Paulo II, Bento XVI

(Papa Emérito) e o atual Papa Francisco, atentos as transformações e inovações

tecnológicas buscam se organizar e a funcionar segundo a lógica da mídia, através

do surgimento da nova religiosidade, a religião midiática. Um dos grandes exemplos

desta grande mudança é com relação ao investimento do PIB do vaticano, que é de,

atualmente, quase 10% para a área de Comunicação, investimentos estes voltados

principalmente para o rádio, onde se encontram inúmeras rádios para dezenas e

dezenas de países33.

Temos como exemplo a criação de várias emissoras de televisão católicas,

tais como a TV Canção Nova, TV Século XXI, TV Aparecida do Norte, vários rádios,

como é o caso da Rádio Rural de Mossoró, na nossa cidade, a qual faz parte da

RCR – Rede Católica de Rádios. Começando a oferecer não só a transmissão da fé

católica, mas também uma interação midiática entre os fiéis e os locutores, além de

serem locais de propagação dos ‘produtos’ religiosos, fazendo com que assim

aumente a procura e a venda destes.

Podemos mostrar que estas diretrizes apresentadas foram seguidas a risca

pelos seus representantes, e podem ser comprovadas com o surgimento de

grandes nomes no meio religioso, de padres, principalmente, comunicadores e

pregadores, tendo como intuito propagar a fé cristã através de produtos lançados

nos meios midiáticos, começando com Pe Zezinho, Pe Antonio Maria – “padre dos

famosos” – seguidos por Pe Marcelo Rossi, o Pe Reginaldo Mansotti, Pe Fábio de

Melo, Pe Robson, dentre tantos outros.

33 Acesso Secreto – O Vaticano – Documentário doThe History Channel – Disponível em < htp://www.youtube.com/watch?v=QYOa4RWCxKw> Acessado em 02/04/2013.

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Pe Marcelo Rossi, se destacará aqui, por entendermos que este é um

fenômeno, não só como propagador na mídia da religião cristã católica, sendo

também um grande utilizador das mídias de comunicação de massa com o

propósito de evangelizar a massa, através da divulgação dos seus produtos, se

tornando um verdadeiro produto cultural contemporâneo, onde nos deteremos no

próximo item.

3 PADRE MARCELO ROSSI COMO SER MIDIÁTICO E PRODUTO CULTURAL

O ser humano sempre procura na religião respostas para os seus

questionamentos e lamentações, e uma referência para sua vida, e hoje isso não é

diferente. Com todos os meios de comunicação existentes, tornou-se fácil para os

indivíduos ‘se aproximar de Deus’. Esta cultura religiosa afeta não só o ser religioso,

mas também o ser social, pois com a transmissão pela mídia de imagens,

‘verdades’, opiniões e símbolos, o ser social com as suas necessidades faz surgir à

produção pelo próprio mercado de produtos que possam satisfazer as suas

necessidades espirituais.

A midiatização afeta as práticas sociais e as práticas religiosas,

contribuindo, assim, para uma nova experiência renovada, se tornando um produto

cultural contemporâneo e visto como um novo modo de fazer religião hoje, sendo

um divulgador midiático dos produtos culturais religiosos, como nos explica Armand

& Mattelart (2008, p.77) sobre indústria cultural:

[...] Em meados dos anos 40, Adorno e Horkheimer, criam o conceito de indústria cultural. Analisam a produção industrial dos bens culturais como movimento global de produção da cultura como mercadoria. Os produtos culturais, os filmes, os programas radiofônicos, as revistas ilustram a mesma racionalidade técnica, o mesmo esquema de organização e de planejamento administrativo que a fabricação de automóveis em série ou os produtos de urbanismo [...] (ARMAND & MATTELART, 2008, p.77).

Com o uso dos meios de comunicação pela religião, que sai do seu âmbito

institucional passando para a esfera midiática, a Igreja representa uma

reconfiguração do sentido dessa massa que passa a ser reproduzida pela tela da

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TV aos vários lugares, residência, hospitais, presídios, sendo comercializadas pelos

meios para serem transmitidas em seus horários, passando assim a ser produtos de

massa.

O Padre Marcelo Rossi, exemplo desta transformação e industrialização da

fé católica, tornou-se padre em 1994, e começou a realizar os seus trabalhos na

Zona Sul de São Paulo, sempre de forma alegre, cativante e motivadora,

preocupando-se em fazer o trabalho espiritual ajustado ao social.

As suas celebrações começaram a atrair inúmeros fiéis que antes estavam

longe da igreja, em especial os jovens, com temas fortes tais como ‘Saudade Sim,

Tristeza Não', fazendo referência ao dia de finados. E este ato, em especial, que

teve seu início em 1999, com a participação de aproximadamente 600 mil pessoas,

contando ainda com grandes nomes da música brasileira e religiosa, foi feito de

forma inovadora para a data comemorativa, com muitas músicas alegres e

cativantes, além de ser transmitida pela emissora dede grande porte televisivo como

a Rede Globo.

Com as suas celebrações alegres, diferentes, animadas e comunicadoras, e

sempre chamando a atenção para temas referentes ás necessidades do povo,

começou a sensibilizar os ouvintes e também os praticantes da fé católica sobre os

temas atuais do povo, fazendo surgir, grandes seguidores, admiradores, devotos de

várias idades, e curiosos deste novo modelo de transmissão da fé católica através

da mídia.

[...] Santo Agostinho dizia que: ‘Quem ama canta e quem canta reza duas vezes’. Todo tipo de música aproxima as pessoas, por isso, não podemos ter preconceito, desde que ela seja bem utilizada. Uma faca na mão de um cirurgião pode salvar uma vida, mas na mão de um assassino... Então, o que é importante é levar o jovem a conhecer Cristo e, com certeza, a música é um grande instrumento para isso [...] (ROSSI, 2006)34.

O seu desempenho na transmissão da fé através das celebrações, nada

convencionais, da liturgia católica – as ‘Missas Shows’ – fez com que ocorresse

34 Fala de Pe Marcelo Rossi em entrevista ao site Canção Nova em 10/08/2006 – Disponível em: <http://www.cancaonova.com/portal/canais/entrevista/entrevistas.php?id=331>, Acesso em Set/2012.

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uma renovação no modo de se comunicar e transmitir os ideais católicos, além de

sua grande popularidade, chegou a todos os meios de comunicação, alcançado até

a briga de emissoras da época, Globo X SBT, como podemos comprovar na edição

de 04 de Nov. 1998, da revista Veja (JUNQUEIRA, 1998).

E Padre Marcelo Rossi utilizava-se destes meios, e dessa ‘briga’ por

audiência para propagar a sua fé, além de propagar e publicitar, como nunca visto,

os ‘produtos’ litúrgicos católicos que levavam a sua marca. A sua participação nas

emissoras televisivas, não é ligada somente ás emissoras tradicionais mas também

a emissoras religiosas, onde o mesmo apresentava, e apresenta até hoje, a missa

dominical, o terço bizantino, dentre outros. Este último produto nos mostra

claramente que as suas atividades e produtos lançados são produtos culturais

contemporâneos. Como afirma Folletto (2001):

[...] Padre Marcelo Rossi revelou-se um importante personagem revelado pela mídia. O processo em que isto ocorre é característico de um produto cultural de massa, visando, sempre, atingir o maior público possível. Para isto se explora o carisma e a desenvoltura do personagem através de rituais e discursos que se repetem a exaustão. [...] Padre Marcelo conquista não apenas a simpatia do público, mas, também, toda a mídia brasileira. [...] E com essa mesma mídia apresenta para o mundo, um novo mito para a cultura de massa [...] (FOLLETTO, 2001, p. 35. In: RAMOS, Roberto. (Org.))

O Terço Bizantino, rezado pelo Padre Marcelo Rossi com o público pela

saúde, pelo trabalho, pela fé e pela família brasileira, é como nos explica

Sebastião35 (2010):

[...] A oração através deste terço é uma forma de se chegar à libertação que o nome de Jesus pronunciado constantemente traz ao nosso ser em sua totalidade [...] depois de escolhido o tema, você repetirá dez vezes cada jaculatória (frase). [...] (SEBASTIÃO, 2010).

Este terço acabou se tornando uma marca registrada, com o intuito de

comercializar os seus artigos religiosos, surgindo uma imensa variedade de

35 Disponível em: <http://vozdaigreja.blogspot.com.br/2000/01/aprenda-rezar-o-terco-bizantino_28.html> Acessado em 26/03/2013.

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produtos com a marca de Pe Marcelo Rossi, tornando-se então o ‘garoto

propaganda da igreja católica’. E segundo Barichello e Flores (2010, p.55), “A

religião passa a ter na mídia um dos seus campos de atuação e passa também a

assumir para si lógicas midiáticas que não ficam restritas aos contextos virtuais [...]

e também nos seus ambientes e modos tradicionais”.

O mercado religioso da fé, através dos produtos do Pe Marcelo, para os

receptores fiéis é o meio encontrado por estes para formularem os seus

sentimentos, desejos e a busca de aquisição das orações, terços, CDs, para

poderem reproduzi-los em suas casas, famílias, ou até mesmo presentear. Assim, a

Igreja é vista não como produto e sim, como nova dinâmica/atividade, constituindo-

se assim, um novo modo de união entre Igreja e seus fiéis.

Outro meio utilizado pelo padre é a rádio, onde apresenta programas que

mantém uma grande aproximação com o seu público, transmitindo vários momentos

de fé, reflexão e louvor. O curioso na utilização deste referido meio de comunicação,

é que o mesmo é reproduzido em várias emissoras de rádio no Brasil, além de ter

se tornado líder de audiência. No seu programa “Momento de Fé”, na Rádio Globo,

ocorre uma super valorização neste espaço de tempo, onde o período de

publicidade é o mais caro da rádio.

E segundo a idéia de Habermas, “o cidadão tende a se tornar um

consumidor de comportamento emocional e aclamatório, e a comunicação pública

dissolve-se em ‘atitudes, como sempre estereotipadas, de recepção isolada” (apud

ARMAND & MATTELART, 2008, p. 84-85).

O fato é que hoje observamos na maioria dos países capitalistas, que a

mídia veicula uma forma comercial de cultura, e mesmo que não seja o intuito desta

a produção de lucros, a mesma por entrar na indústria cultural de massa desenvolve

produtos que levadas para a cultura da mídia acabam por se tornar fontes de

recursos e materiais para o desenvolvimento da identidade de massa.

Este diferencial nos mostra que os produtos vendidos por Pe Marcelo Rossi,

ou seja, o Programa Momento de Fé abrange um grande contingente de ouvintes,

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pois a rádio, mesmo sendo um dos meios de comunicação mais antigo, torna-se um

desbravador de tempo e espaço, que vai além fronteiras. E assim, utilizando-se

desses meios de comunicação, às práticas religiosas midiáticas tomam para si este

pensamento, tornando-as uma vivência religiosa construída através de experiências

pontuais.

E isso ocorre, pois o produto cultural, nada mais é que bens culturais que se

tornam mercadorias comercializadas na mídia, aceitas e reproduzidas pela

população de massa, para satisfazer as inúmeras demandas e gostos, e assim

responder as necessidades apresentadas por esta cultura.

No meio de comunicação mais recente, a internet, o Pe Marcelo, utiliza-se

também deste instrumento através do seu site, que tem como intuito ser um

complemento do seu programa de rádio, além de ser um instrumento onde as

pessoas possam pedir orações, acessar o Terço da Misericórdia virtual, acender

velas virtuais, acompanhar o programa de rádio, dar sugestões, elogios e críticas

para o bom desenvolvimento do seu programa, e também poderem comprar CDs,

DVDs, livros, dentre outros produtos.

Outros produtos culturais, produzidos por Pe. Marcelo Rossi, são os seus

filmes, os CDs, DVDs e livros que retratam a fé católica no meio midiático. No seu

último CD ‘Ágape Amor Divino’, o mesmo se utilizou de várias participações

especiais de cantores que estavam na mídia e são bem quistos pela grande maioria

da população, dentre estas participações podemos citar: Belo, Xuxa, Padre Fábio de

Melo (outro ícone da música religiosa católica), Alexandre Pires, dentre tantos

outros famosos.

Como nos fala Barbosa Filho (2009, p.30), “os indivíduos são diretamente

atingidos e influenciados pela mensagem veiculada pelos meios de comunicação de

massa”, e sendo assim, é por causa desta grande influência que o Padre Marcelo

Rossi é tão querido e admirado pela cultura de massa, por trazer para eles uma

mensagem clara e objetiva, e ser feita para e com os seus fiéis, além de ser uma

mensagem de fácil acesso para todos os níveis sociais, estando nas redes sociais,

twitter, facebook, Orkut.

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Um dos exemplos deste ponto são as músicas de Padre Marcelo, pois em

1999, a sua música ‘Erguei as mãos’ começou a ser utilizado nos bailes de

carnaval, em trios elétricos do carnaval da Bahia – e de todo o Brasil - se tornando

uma febre no ‘meio pagã’, e essa grande aparição na mídia fez com que os seus

CDs triplicassem as vendas, na Revista Veja de fevereiro de 1999, (JUNQUEIRA,

1999), quando questionado sobre a utilização das suas músicas em locais tão

‘profanos’ como o carnaval, Padre Marcelo Rossi diz que “Se a minha música está

levando as pessoas ao encontro de Jesus eu devo dar glória Deus”.

Mas o diferencial do Padre Marcelo Rossi para os cantores que estão na

mídia, é que, o mesmo tem o intuito de está na mídia não só para a divulgação dos

seus produtos e sua promoção individual, mas principalmente para a evangelização,

a promoção da fé católica, da doutrina da igreja, se tornando um ‘artista de Jesus’.

E mesmo que a Igreja não tenha interesse em obter o lucro, com seus

produtos, como uma produção cultural de massa, tende ao crescimento e portanto,

ficará destinada ao consumo maciço pelo público de massa.

Assim sendo, a religiosidade midiática, aqui apresentada e analisada do Pe

Marcelo, segue as funções dos meios de comunicação apresentadas por Lasswell36,

(1987, apud Barbosa Filho, 2009), onde o meio de comunicação deve ser vigilante,

de integração e educativo.

Todos os materiais produzidos por Padre Marcelo Rossi têm uma

organização, padronização, um grande público, sendo envolvido em vários meios de

comunicação, tais como os programas de TV, as transmissões das missas, as

orações diárias, a reza do terço bizantino, os shows e shows-missas, filmes,

programas de rádio com mensagens, as reflexões, os livros, os CDs e DVDs, as

páginas do facebook e twitter, todos são reproduzidos e estão nas lojas, shoppings,

grandes magazines e internet para serem comercializados tendo assim a marca da

indústria cultural, tornando-se um produto cultural.

36 LASWELL, Harold, 1987 apud FILHO, 2009, p. 31.

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A indústria cultural fornece por toda a parte bens padronizados para satisfazer às numerosas, demandas, identificadas como distinções às quais os padrões da produção devem responder. Por intermédio de um modo industrial de produção, obtém-se uma cultura de massa feita de uma série de objetos que trazem de maneira bem manifesta a marca da indústria cultural: serialização-padronização-divisão do trabalho [...]. (ARMAND & MARTELLATI, 2008, p. 77-78).

Padre Marcelo, com a sua prática religiosa na mídia, que tem objetivo de

evangelizar e levar a mensagem cristã na medida em que usa os meios de

Comunicação Social, passa a não só transmitir a fé, mas também visar á mídia

como um veículo comercial da cultura cristã, através do consumo destes produtos

pela sociedade de massa, e assim transformando-o numa possibilidade de

interação, e adquirindo um poder sobre a sociedade e o terreno que a dominam

economicamente, segundo Adorno e Horkheimer (1947, apud Amand & Mattelart,

2008). Portanto, ele passa a se tornar um personagem criado pela própria mídia,

tornando-se industrial/comercial, a fim de conquistar um número maior de público

através dos seus produtos culturais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pudemos observar que mesmo a Igreja tendo uma crítica severa,

inicialmente, sobre as mídias de comunicação, começou a se tornar um meio

midiático, e consequentemente produziu produtos culturais contemporâneo, através

da massificação dos seus produtos, tornando-os mais acessíveis a massa, e assim,

a sua reprodutividade além fronteira.

E a utilização pela Igreja Católica dos meios de comunicação, transformou-a

em canais de transmissão, ganhando novas possibilidades de apresentação,

acontecendo de forma ativa através da utilização dos mecanismos e características

de produto cultural, onde cada produto aqui analisado, através do Padre Marcelo

Rossi, tem uma aparência concreta e flexibilidade da religiosidade, trazendo para os

seus fiéis/seguidores, mais formas de se aproximarem da doutrina da Igreja

Católica, através da acessibilidade dos seus produtos.

Entendemos então que Padre Marcelo Rossi, não seria o único a produzir

produtos culturais, seria sim, mais uma forma da Igreja continuar com a sua

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hegemonia e aumentar o número de seus fiéis, além de conseguir novas

possibilidades de se encontrar com eles, sem ficar restrita somente ao mundo físico,

ou seja, templos. E os produtos culturais contemporâneos de Padre Marcelo Rossi,

que tentamos passar neste artigo, abre um leque de análises sobre os seres

midiáticos que estão sendo produzidos pelas Igrejas, em especial aqui a Igreja

Católica, no nome de Padre Marcelo Rossi.

Assim, nos questionamos até que ponto a mídia pode se utilizar de algo tão

‘profundo’ e ‘sagrado’ para alguns, explorando o seu carisma e a sua desenvoltura,

somente com o intuito de atingir o maior público possível e assim satisfazer todos os

interesses e gostos, além de obter o máximo de consumo, já que a internet, por

exemplo, é um novo modo de assumirmos estes novos valores, ações religiosas,

além fronteiras, deixamos brechas pára novos estudos sobre a midiatização da

religiosidade.

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MONTAIGNE: UM PENSADOR DA MORTE EM CONFORMIDADE COM O CRISTIANISMO?

Antoniel Alves da Silva

Licenciado em Filosofia (FAFIC/UERN). Graduando no segundo período do curso de Teologia da Faculdade Diocesana de Mossoró - FDM

E-mail: [email protected]

RESUMO O presente artigo tem por objetivo analisar a questão da morte no pensamento do filósofo francês Michel de Montaigne. Partimos da seguinte problemática: Montaigne, ao refletir sobre a morte equipara sua reflexão com a doutrina cristã? Utilizamos como referência a obra Ensaios, além de comentadores especializados em Montaigne e consequentemente para relacionar seu pensamento com o cristianismo, recorremos a fontes da doutrina cristã católica como o catecismo e teólogos que pensaram a morte como Leonardo Boff. Veremos que a finitude humana ganha destaque na filosofia de Montaigne. O autor dos Ensaios deixará claro que a morte é condição implícita na vida humana e que não devemos ter medo desse momento. De fato, é assim que Montaigne tenta definir a morte, como um momento. Porém, jamais poderemos nos esquivar deste encontro, pois só há duas certezas acerca da morte: a de que ela é inevitável e a de que ela é imprevisível. O momento derradeiro de nossa existência é assunto de tantas religiões e crenças. O pensamento montaigniano, no que diz respeito à morte, também está de certa forma ligada à concepção de morte do Cristianismo, a qual revela que morrer não é uma maldição, mas sim uma passagem do transitório para o eterno. PALAVRAS-CHAVE: Homem. Morte. Cristianismo.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O homem está no mundo e nele caminha em busca de uma finalidade, a de

ser feliz. Procura nas mais diversas coisas algo que possa suprir seus anseios

vitais, porém nessa busca da felicidade este mesmo homem se esquiva da ideia de

vida e suas capacidades são limitadas. Na constante busca pelo viver bem é

esquecido o aniquilamento de nossa existência enquanto seres viventes neste

mundo.

Ao refletirmos sobre a morte na filosofia de Montaigne queremos entender

como podemos viver bem sem temer o nosso fim, refletir sobre a nossa finitude, em

especial nos dias atuais, é trazer à tona o medo que o próprio homem carrega

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dentro de si. Pelo que nos parece nascemos para viver, como se a morte não

fizesse parte da trajetória da vida, ou porque não dizer, a culminância da vida.

Partindo dessas considerações, o trabalho consiste em comparar a

concepção de morte na filosofia de Montaigne com a concepção de morte do

cristianismo. Buscaremos compreender o comportamento humano acerca da morte,

de forma que, transportando essa reflexão sobre o homem feita por Montaigne no

século XVI, para os dias atuais e, comparando sua equivalência com os

ensinamentos cristãos, possamos entender ou pelo menos nos ajudar a refletir

sobre o indivíduo, deixando-nos claro alguns aspectos da condição humana e da

morte. Para isso, faz-se necessário entender a concepção montaigniana de morte,

analisar o medo incutido no homem acerca da morte e consequentemente

compreender a morte como um momento e não como uma expectativa que nos

priva de viver.

Por fim, nos deteremos em comparar o pensamento montaigniano com o

cristianismo, tentando perceber o que em ambos há de equivalente. Essa

comparação nos ajudará em uma reflexão não simplesmente de tempos remoto,

mas, sobretudo nos dias atuais. A morte não fora assunto unicamente na gênese da

idade moderna, desde que o homem toma consciência de sua finitude ela se torna

objeto de reflexão. Pensar a morte na atualidade seria trazer ao homem da pós-

modernidade uma possibilidade de pensar a sua finitude e consequentemente as

ações do seu dia a dia em busca de uma vida justa e feliz.

1 A MORTE COMO QUESTÃO FILOSÓFICA

A finitude humana toma um lugar relevante nos escritos de Michel de

Montaigne, chegando ele mesmo a assumir sua real predileção por esse tema

quando diz: “Também se tornou em mim um hábito não somente ter sempre

presente a ideia da morte como também falar dela constantemente”. (MONTAIGNE,

1980, p.48). É notória a intenção de uma reflexão sobre aquilo que nos é inevitável.

Levando em consideração o medo de tal destino, Montaigne procura em sua

filosofia, refletir o comportamento do homem ao encontrar o momento último.

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A busca por essa reflexão é conduzida pelo desejo de viver bem; devemos meditar

sobre à nossa condição e só assim, tendo consciência de suas limitações,

poderemos prosseguir sem temer.

Antes de começar uma análise mais apurada sobre a morte,

contextualizaremos o pensamento do filósofo, ou seja, a partir de que pressuposto

Montaigne começa e refletir sobre a morte. Não é claro nos seus escritos o

momento exato que ele inicia suas reflexões no que concerne à finitude humana.

Porém, podemos assinalar como momento marcante a morte do seu grande amigo

La Boétie.

Em suma, isso a que chamamos comumente amigo e amizade não passam de ligações familiares, travadas ao sabor da oportunidade e do interesse e por meio das quais nossas almas se entretêm. Na amizade a que me refiro, as almas entrosam-se e se confundem em uma única alma, tão unidas uma à outra que não se distinguem, não se lhes percebendo sequer a linha de demarcação. (MONTAIGNE, 1980, p. 8).

Essa figura de amizade tão encantadora e idealizada por Montaigne refere-

se ao seu amigo La Boétie. Após presenciar a morte do seu grande companheiro,

Montaigne passa a pensar a morte, pensamento esse que não se traduz em um

sentimento de tristeza, mas sim em pensar a morte como algo que está a nos

esperar e, sobretudo, viver uma vida sem nos preocuparmos com o fim último de

nossa existência.

1.1 “DE COMO FILOSOFAR É APRENDER A MORRER”

Dentre os 107 capítulos dos três livros que compõem os Ensaios, o “De

como filosofar é aprender a morrer” é o que se detém de forma contundente no

tema da morte. Embora Montaigne retorne a esse assunto diversas vezes no

decorrer dos seus escritos, é neste que encontramos de forma incisiva o

pensamento do filósofo a respeito do fim último de nossa existência.

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De fato, tomado isoladamente, Que filosofar é aprender a morrer é certamente o texto em que o filósofo renascentista trata o problema de forma mais extensa e profunda. Nele, o tema da morte não divide espaço com nenhum outro assunto. Aqui, mais do que nunca, a morte é o centro absoluto das atenções de Montaigne. (DUARTE, 2012, p. 47)

O título do capítulo não é de origem do próprio Montaigne. Ao iniciar o

capítulo, ele anuncia que essa expressão é emprestada do filósofo Cícero1,

deixando isso bem claro quando cita a seguinte passagem: “Diz Cícero que filosofar

não é outra coisa senão preparar-se para a morte”. (MONTAIGNE, 1980, p. 44).

Qual o objetivo de retornar a essa expressão? Em que sentido a filosofia é

um preparar-se para morte? Essas são questões que permeiam o pensamento do

leitor e que iremos de forma sucinta, mostrar o porquê de Montaigne usar essa

expressão de Cícero para intitular o seu capítulo.

A tese de abertura de que filosofar é aprender a preparar-se para a morte: “[A] de certa forma o estudo e a contemplação retiram nossa alma para fora de nós e ocupam-na longe do corpo, o que é um certo aprendizado e representação [ressemblance] da morte”; “toda sabedoria e discernimento [discours] do mundo se resolvem por fim no ponto de nos ensinarem a não termos medo de morrer. (DUARTE, 2012, p. 50).

Ainda segundo Duarte a ideia de morte de Montaigne se aproxima da ideia

de Platão no Fédon. Montaigne ao usar a expressão de que filosofar é aprender a

morrer estaria exclusivamente se referindo ao pensamento platônico. Em outras

palavras, o filosofar se assemelharia com a morte do ponto de vista que ambas,

morte e filosofia, teria por objetivo o afastamento corpo/alma. Sendo assim, a prática

do filosofar, as reflexões, as contemplações, nada mais são do que um ensaio para

o momento último. O ato de filosofar seria aqui, como que uma experiência de

morte.

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A prática filosófica, centrada na contemplação e no estudo, se assemelharia a esta experiência, na medida em que se dedica apenas à atividade da alma, deixando de lado as necessidades corporais. Isto é, filosofar, segundo a definição platônica, significa um afastamento do corpo e uma atenção exclusiva ao conhecimento, que está na alma. (DUARTE, 2012, p. 50).

Essa hipótese, que podemos aludir ao dualismo platônico, só é expressa

por Montaigne no início do capítulo “De como filosofar é aprender a morrer”. Dessa

forma, não podemos dogmatizar uma interpretação partindo de tão poucos

pressupostos. Na grande parte do referido capítulo, o qual estamos analisando,

Montaigne, assim como em toda sua obra, visa o viver bem do homem. A reflexão

sobre a morte tem como finalidade, mesmo que pareça paradoxal, o viver bem.

Para esse viver bem, tão defendido por Montaigne, é necessário nos

livrarmos dos tormentos, ou da angústia pela espera da morte. Segundo Duarte,

para Montaigne nossa vida deve ser orientada para o enfrentamento e

consequentemente, a superação do medo da morte. (2012, p. 52).

1.2 O MEDO DO INEVITÁVEL: A MORTE

Para falar do medo da morte, que tanto preocupa o homem, vejamos no

pensamento de Montaigne o que ele pensa a respeito de tal acontecimento. Na

visão do filósofo “as pessoas se apavoram simplesmente com lhe ouvir o nome: a

morte! E persignam-se como se ouvissem falar do diabo.” (MONTAIGNE, 1980, p.

45). Como então falar sobre a morte se esse tema é tido como um tabu?

No decorrer do capítulo De filosofar é aprender a morrer, inferimos que

autor expõe algumas características que fazem com que a morte seja temível ao ser

humano. Podemos enumerar duas, a morte como um acontecimento inevitável e a

morte como algo imprevisível. Ambas características são, segundo Montaigne,

esperas angustiantes para o homem. Essa reflexão amedronta o indivíduo que a

aguarda, pois refletir sobre o fim último de nossa existência não seria uma

discussão nada agradável aos ouvidos de quem quer ter uma vida feliz.

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Considerando a primeira característica Montaigne recorre aos filósofos da

antiguidade Cícero e Horácio para fundamentar sua ideia, e Assim se expressa:

E ela própria é inevitável: “Marchamos todos para a morte; nosso destino agita-se na urna funerária; um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, o nome de cada um dali sairá e a barca falta nos levará a todos ao eterno exílio.” Portanto, se receamos, temos nela um motivo permanente de tormentos e andaremos como em país inimigo a deitar os olhos para todos os lados: “ela é sempre uma ameaça, como o rochedo de Tântalo1”. (MONTAIGNE,1980, p. 45).

Somos seres para morte. Isso é algo que jamais mudaremos. Estamos no

mundo, vivemos, somos geridos para esse encontro que mais dia menos dia nos

depararemos. “A meta de nossa existência é a morte; é esse o nosso objetivo fatal”.

(MONTAIGNE, 1980, p.45). Vemos, dessa forma que, para o filósofo em questão,

somos seres que vivemos e o percurso dessa vida tem como destino a morte.

Somos certos de nosso fim, pois faz parte de nossa condição finita. Se existimos

temos duas certezas, a de que vivemos e a de que um dia morreremos, essa seria

como que uma lei para Montaigne.

Morrer é a própria condição de vossa existência; a morte é parte integrante de vós mesmos. A existência de que gozais participa da vida e da morte a um tempo; desde o dia do vosso nascimento caminhais concomitantemente na vida e para a morte: “a primeira hora de vossa vida é uma hora a menos que tereis para viver”. (1980, p. 49).

Outro aspecto a ser destacado, no vigésimo capítulo do primeiro livro dos

Ensaios, é a ideia da morte como momento inesperado, ou seja, o homem não pode

prever o momento de sua partida definitiva. A cada momento podemos nos

encontrar com ela sem que estejamos esperando-a. “Não sabemos onde a morte

nos aguarda, esperemo-la em toda parte”. (MONTAIGNE, 1980, p. 47).

Montaigne retrata muito bem em suas reflexões as formas surpreendentes

que a morte pode nos envolver. Ao falar dos diversos males que assolam a vida, ele

deixa de lado as doenças, a febre e as pleurisias e trata de momentos que poderiam

ser tidos como fúteis, sem relevância no cotidiano e que por eventualidade ceifaram

a vida de tantos homens.

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Ésquilo, advertido de que morreria da queda de uma casa, embora dormisse em um campo de trigo, foi esmagado por uma tartaruga caída das garras de uma águia. Houve que sucumbisse em consequência de uma semente de uva engolida; outro, imperador, morreu de uma arranhadura feita com um pente; Emílio Lépido em virtude de uma topada na porta de sua casa; Aufídio por ter batido com a cabeça no batente da entrada da sala do conselho. (MONTAIGNE, 1980, p. 8).

Em nosso ato de viver somos cercados por situações que nos oferecem

riscos, que podem marcar, definitivamente, o nosso fim. Estamos à mercê dos

acontecimentos e não podemos viver longe dos fatos constitutivos do nosso dia a

dia. A morte apresentar-se-á inevitavelmente a todos nós em momentos e situações

desconhecidas. É neste sentido que indaga o autor dos Ensaios quando se coloca a

refletir sobre esse medo do encontro com a morte. Para ele, como poderíamos dar

continuidade à vida se nos apavora o simples ecoar da palavra morte.

(MONTAIGNE, 1980, p. 45).

Esperamos por algo que, sem sombras de dúvidas, virá. Segundo

Montaigne, o que preocuparia o homem não seria exatamente a morte, mas seria,

sobretudo, o emprego do verbo o qual abre esse parágrafo. A espera pela chegada

do nosso fim é causa de tantos tormentos, de tanto medo, de tantas frustações.

Estamos à deriva e a qualquer momento podemos nos surpreender com a chegada

da tão esperada partida.

Só sentimos a morte pelo pensamento, tanto mais quanto é coisa de um instante: “ou a morte foi, ou será; nada é presente nela.” Ela é menos cruel do que sua espera. Milhares de homens, milhares de animais morrem sem se sentirem ameaçados. (MONTAIGNE, 1980, p. 8).

Inevitabilidade e imprevisibilidade são, deste modo, características daquela

que ceifa nossa existência. Nascemos com uma única certeza, a de que

morreremos. Vivemos na espera incessante de quando esse momento nos

assaltará. A morte como algo inevitável e inesperado é para Montaigne a causa do

medo incutido na vida do homem.

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A reflexão da morte deveria ser uma meta a ser alcançada no decorrer da

vida. O homem precisa pensar a sua vida, contudo, ser consciente de sua finitude.

Porém, como superar o medo da morte se sabemos que teremos esse encontro, e

mais ainda, não sabemos quando nem como isso acontecerá?

Montaigne apresenta uma forma de nos prepararmos para esse encontro e,

consequentemente, vencermos o medo que tanto nos apavora.

Tiremos dela o que tem de estranho; pratiquemo-la, habituemo-nos a ela não pensemos em outra coisa; tenhamo-la a todo instante presente em nosso pensamento e sob todas as suas formas. Ao tropeço de um cavalo, à queda de uma telha, à menor picada de alfinete, digamos: se fosse a morte! E esforcemo-nos em reagir contra a apreensão que uma tal reflexão pode provocar. Em meio às festas e aos divertimentos, lembremo-nos sem cessar de que somos mortais. (MONTAIGNE, 1980, p. 46).

Eis para Montaigne a forma de nos livrarmos do medo da morte: somos

chamados incessantemente a meditar sobre ela, refletir a nossa condição finita.

Trazer a reflexão de tal assunto para o dia a dia, ajudar-nos-á a enfrentá-la quando

chegar a hora definitiva. Sobre o trecho citado acima, Siqueira (2011, p. 34)

Ressalta:

Este é o trecho que melhor caracteriza a ideia de preparação para a morte enquanto um procedimento racional, uma atitude de constante alerta que se dedica incansavelmente ao exercício de imaginar todas as diferentes formas possíveis de morte, julgando isso suficiente para enfrentar aquela que eventualmente ocorrerá.

Conforme já mencionamos, somos, à luz do pensamento de Montaigne,

chamados a meditar sobre a nossa finitude, mas esse pensar não deve ser um

entrave para o viver bem. Estamos para viver, seja pouco ou muitos anos, a

duração não importa, não deve ser para nós motivo de preocupação o dia da nossa

partida. Devemos viver bem o tempo presente sem lamentar premeditando a partida

futura: “Qualquer que seja a duração da nossa vida, ela é completa. Sua utilidade

não reside na duração e sim no emprego que lhe dais. Há quem viveu muito e não

viveu”. (MONTAIGNE, 1980, p. 45).

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Notamos, assim, que a visão do filósofo renascentista sobre a morte não é

de desespero, nem algo que devemos temer de tal forma a deixar de viver. Pelo

contrário, devemos viver bem a cada momento não nos preocupando com o dia

final, refletindo sobre ele sim, mas sem jamais nos deixarmos atemorizar.

2 MONTAIGNE, O CRISTIANISMO E A MORTE

Ao analisar a morte na concepção montaigniana, evidenciamos um

pensamento muito próximo da concepção de morte adotada pelo cristianismo. Seria

Montaigne um pensador genuinamente cristão? Estaria ele, unicamente,

reproduzindo os ensinamentos do cristianismo?

Contrastando o pensamento de Montaigne e o pensamento cristão, tendo

em vista analisar até que ponto o autor dos Ensaios pensava em conformidade com

a doutrina cristã, no que diz respeito à morte. Montaigne era de família tradicional

católica e sofreu, obviamente, influência dos ideais cristãos, que se torna perceptível

quando ele afirma:

Nossa religião não teve alicerce humano mais sólido que o do desprezo à vida. E não é somente a voz da razão que a isso nos conduz, pois porque temeríamos perder uma coisa que, uma vez perdida, já não podemos lamentar? (1980, p. 49).

É de se inferir que em sua filosofia, Montaigne, além de recorrer aos

filósofos antigos, é ainda inspirado pelo pensamento cristão, sendo assim

influenciado por ambas as partes.

Quando Montaigne diz que todos estão fadados à morte e que esse é o

nosso destino inevitável, podemos perceber nisto uma linha de pensamento que

provém das sagradas escrituras, mais especificamente no livro do Eclesiastes

(cf.3,20) quando afirma que: “Tudo caminha para um mesmo lugar: tudo vem do pó

e tudo volta ao pó.”

Ainda no capítulo “De como filosofar é aprender a morrer”, podemos ver a

proximidade do pensamento de Montaigne com a tradição cristã no que diz respeito

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à morte. Os pontos de vista convergem, dando assim a perceber grande

proximidade do pensamento montaigniano com os ideais religiosos cristãos.

Que tolice nos afligirmos no momento em que nos vamos ver livres de nossos males! Nossa vinda ao mundo foi para nós a vinda de todas as coisas; nossa morte será a morte de tudo. Lastimar não mais viver dentro de cem anos é tão absurdo quanto lamentar não ter nascido um século antes. A morte é origem de outra vida. Nascemos entre lágrimas e muito nos custou entrar na vida atual. (MONTAIGNE, 1980, p. 49).

Nos ensinamentos doutrinais do cristianismo ainda nos dias atuais, prega-se

que o homem nasce destinado à morte, mas a morte não entendida como fim último

da existência, mas sim, como passagem para uma nova realidade. Passa-se do

contingente, efêmero, transitório, para o eterno.

Com relação a discursão sobre a questão da morte, podemos encontrar

uma posição semelhante no pensamento de um dos expoentes da teologia da

libertação da América Latina, no século XX, Leonardo Boff:

A morte é sim o fim da vida. Mas fim entendido como meta alcançada, plenitude almejada e lugar do verdadeiro nascimento. A união interrompida pelo desenlace não faz mais que preludiar uma comunhão mais íntima e mais total. A morte como fim-fim é verdadeira. Ela marca a ruptura de um processo. Cria uma cisão entre o tempo e a eternidade. (BOFF, 2002, p. 35).

Somos assim, levados a perceber que há uma aproximação do pensamento

de Boff com o de Montaigne. O fato é que ambos, embora respeitadas as distâncias,

definem a morte como o fim da vida, fim esse que está relacionado à transitoriedade

da vida.

A morte marca para os dois a ruptura do passageiro para o eterno. Em sua

filosofia, Montaigne deixa transparecer a sua crença na vida eterna, vida essa tão

difundida pelo cristianismo. Estamos no mundo, vivemos no mundo, mas não somos

para o mundo. Essa é como que uma máxima do cristianismo, ou seja, somos

predestinados à morte, momento esse que marca a passagem para uma nova

realidade.

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A concepção de morte como momento constitutivo no ser humano nos leva

a evidenciar a grande proximidade do pensamento montaigniano com o

cristianismo. Se para Montaigne a morte é algo inerente ao ser vivente, podemos

concluir que sua concepção comunga, ou pelo menos se aproxima de forma

explicita da doutrina cristã, entende-se por cristã a doutrina cristã católica, que

segundo seu catecismo caracteriza a morte como termo da vida terrena.

Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao longo do qual passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte aparece como fim normal da vida. Esse aspecto da morte marca nossas vidas com um caráter de urgência: a lembrança de nossa mortalidade serve também para recordarmos que temos um tempo limitado para realizar nossa vida, (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 2009, §1007, p.284).

Aqui entendemos a preocupação cristã em buscar viver de tal modo a vida

que à aproveitemos o máximo possível. Essa prerrogativa cristã nos remete ao que

Montaigne tanto presou em sua filosofia. O autor dos Ensaios viver bem, viver feliz

para que no seu momento final fosse encontrado plenamente realizado, por isso,

compreendamos que a felicidade para Montaigne consiste em viver bem

(MONTAIGNE, 1980, p.373).

Poderíamos, assim, ter como máxima desta reflexão a inesgotável tentativa

do autor dos Ensaios de viver bem; neste sentido percebemos que a reflexão sobre

a morte na filosofia de Montaigne nada mais seria do que uma tentativa de viver

tranquilamente a sua vida sem se atormentar com aquilo que nos é inevitável e

imprevisível, para que, chegado o momento da partida definitiva estamos realizados

com o momento em que vivemos. No entanto, essa ataraxia1 montaigniana diante

da morte não foi bem aceita por todos os filósofos, exemplo disso é a crítica feroz

feita por Pascal (1979, p. 50) ao modo de Montaigne se comportar diante da vida:

“ora, ele só pensa em morrer covardemente, docemente, em todo seu livro”.

Reafirmamos, aqui, aquilo que expomos no início deste trabalho, a saber, a

proposição de que a morte é um dos temas que permeia quase toda a filosofia de

Montaigne. O filósofo procurou refletir a sua condição e nesta reflexão não poderia

lhe escapar a morte.

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Sendo assim, somos também condicionados a pensar a nossa finitude, mas

não como uma reflexão angustiante, antes disso, seja um refletir a vida em uma

perspectiva realista, na qual tenhamos consciência de nossas limitações e

aprendamos a viver sem temê-las. Temer a morte é temer a própria vida, vivemos e

por consequência disso estamos fadados à morte. A nossa procura deve consistir

em pensar a nossa finitude não como algo que limite o nosso viver, mas como mais

uma etapa no plano vital. Em outras palavras, devemos pensar a morte como meio

e não como fim em si mesma, isto é, como um transcender perene rumo ao fim

ultimo de todas as coisas criadas, ou seja, Deus principio e fim da vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema acerca da morte é perene na filosofia de Montaigne. Em suas

reflexões ele busca entender a vida, ou melhor, tenta encontrar um forma de viver

bem e feliz. Porém, esquivar-se da morte seria a condenação mediante o medo que

nos afastaria da felicidade. No cristianismo percebemos de forma clara que a morte

não deve ser causa de medo, mas momento de libertação de encontro com

felicidade que jamais sessa. Montenianismo e cristianismo asseguram que vivemos

de forma passageira, a vida é única, não teremos outra oportunidade, por isso,

devemos viver bem cada instante para que seja útil nossa existência nesta

realidade.

Sobre o fim da nossa existência Montaigne conclui que não há nada de

certo sobre o nosso aniquilamento, a não ser a certeza de que um dia a morte nos

alcançará. Neste sentido, o filósofo em questão diz haver duas certezas acerca da

morte, a de que ela é inevitável e imprevisível. Na concepção montaigniana o que

precisamos é ter consciência de nossa condição finita, porém essa consciência não

pode ser empecilho em busca da vida feliz.

Isso que acabamos de ver nada tem de antagônico ao pensamento cristão

no que concerne a morte. Mesmo Montaigne não sendo o pensador declaradamente

cristão, no sentido de pensar os ideais da doutrina cristã, percebe-se em seu

pensamento uma forte ligação com a doutrina vigente, a saber, o catolicismo.

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Por fim, inferimos a incondicionalidade da limitação da vida humana. A

razão, a inteligência, os bens, as glórias, enfim tudo aquilo que colocamos como

primordial e essencial torna-se inútil quando nos deparamos com a morte. Porém,

mais do que nos prendermos a um medo do momento ultimo de nossa existência,

devemos viver bem a cada momento, aproveitando a nossa existência, seja ela

curta ou duradoura. Estamos no mundo para viver e, se o fim da vida chegar, que

tenhamos vivido intensamente o tempo que nos foi concedido. À luz da filosofia de

Montaigne, percebemos a iminência do pensamento de viver a vida de tal forma e

aproveitá-la o máximo possível, buscar a felicidade não requer esquivar-se pensar a

morte; ao contrário, pensar o nosso fim como condição inerente à nossa existência

nos faz caminhar sem temer as intempéries da vida.

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 5ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Português. Bíblia de Jerusalém. Trad. Domingos Zamanga [et al.]; 8. ed. São Paulo: Paulus, 2002. BOFF, Leonardo. Vida para além da morte. 21ª. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola. 2009. DUARTE, Tiago Barros. Leituras sobre o problema da morte nos Ensaios de Michel de Montaigne. Belo Horizonte, 2012. Dissertação de Mestrado originalmente apresentada na Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. HACQUARD, Georges, Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Trad. Maria Helena Trindade Lopes. Rio Tinto: Divisão Gráfica das Edições ASA, 1996. JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário Básico de Filosofia. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. MONTAIGNE, Michel Eyquem de. Ensaios. Trad. Sérgio Milliet. 2ª. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Os Pensadores). PASCAL, Bleise. Pensamentos. Trad. Sérgio Milliet. 2ª. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores).

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UMA VISÃO SOBRE A FÉ NA SOCIEDADE METROPOLITANA NA ÓTICA DE MARIA FREIRE DA SILVA

Antoniel Alves da Silva Licenciado em Filosofia (FAFIC/UERN). Graduando no segundo período do curso de

Teologia da Faculdade Diocesana de Mossoró - FDM E-mail: [email protected]

RESUMO Desde os primórdios o ser humano expressa de alguma forma o seu ato de fé. O simples fato da esperança, dos anseios e das perspectivas de um possível acontecimento, imprimiam nos mais longínquos antepassados um resquício de actus fidei. Seguindo o percurso do tempo a fé sofre, de certa forma, as intempéries da adaptação de significados para corresponder aos anseios do contexto vigente. Mesmo o conteúdo da fé sendo irrevogável independentemente da época, viu-se a necessidade de readaptar a forma de transmissão desse conteúdo. Na pós-modernidade em especial nas grandes metrópoles se instaura um grande questionamento a respeito da fé. Afinal, o que significa ter fé numa sociedade metropolitana? Partindo dessa premissa, temos por objetivo analisar, à luz do pensamento da professora/doutora Maria Freire da Silva, a vivência da fé do cidadão metropolitano, de forma a entendermos o motivo da crescente migração religiosa em busca de satisfações pessoais. Para atingirmos esse objetivo recorremos a análise do texto: “A fé na sociedade metropolitana” da professora já mencionada que atua na faculdade de teologia da PUC-SP. Esse artigo pode ser encontrado no livro “A fé na metrópole: Desafios e olhares múltiplos”. Como resultado inferimos que a sociedade de massa impregnada pela cultura do consumo pregado pela pós-modernidade, propicia uma cisão entre objetividade e subjetividade da fé. O homem não recebe como outrora o conteúdo transmitido, mas, como artífice de sua própria vontade e liberdade busca selecionar aquilo que lhe é convencional, ou seja, o cidadão metropolitano busca uma religiosidade descomprometida com a própria fé, onde seus anseios sejam supridos de forma imediata. Neste sentido concluímos que a fé na metrópole passa por um processo crítico no que concerne a sua transmissão e vivência. A igreja como responsável pelo deposito da fé, enfrenta a grande preocupação de desenvolver um trabalho de evangelização eficaz, buscando atingir de forma direta as massas das grandes cidades, despertando os fieis impregnados pela cultura do não-compromisso para uma mentalidade comprometida com o conteúdo da fé professada. PALAVRAS-CHAVE: Fé. Sociedade metropolitana. Pós-modernidade. REFERÊNCIAS SILVA, Maria Freire da. A fé na sociedade metropolitana. In: A fé na metrópole: desafios e olhares múltiplos / João Décio, Afonso Maria Ligorio Soares (orgs.). São Paulo: Paulinas: EDUC, 2009. (Coleção religião e universidade).

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OS RELATOS DA CRIAÇÃO (Gn 1, 26-28 & Gn 2, 7. 18-24) NA PERSPECTIVA DE GÊNERO: ALGUMAS REFLEXÕES

José Alves Paiva Júnior

Graduado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Graduando do Curso de Bacharelado em Teologia na Faculdade Diocesana de Mossoró.

E-mail: [email protected]

RESUMO Moral e religião não são mais os únicos referenciais para a ética nas relações de gênero. As discussões que, nos últimos anos, se abrem à questão do gênero, indicam que as bases socialmente e culturalmente construídas para a sustentação de um modelo masculino ou feminino universal tornam-se hoje insustentáveis. O objetivo desta comunicação é, frente a tal conjuntura de declínio da moral e da religião, no que diz respeito construir modelos estereotipados nas relações de gênero, recorrer as principais contribuições da exegese bíblica e da hermenêutica feminista para identificar as nuances que, partindo de interpretações distorcidas dos relatos da criação, construíram os papéis sociais de homens e mulheres, salvaguardado a opressão masculina e legitimando a demonização e inferiorização feminina. Para isso, partimos da re-visitação e análise dos textos sagrados, mais precisamente os dois relatos da criação: Gn 1, 26-28 & Gn 2, 7. 18-24, procurando a partir deles compreender os processos de produção do homem e da mulher. Evidentemente, nossa investigação se apropria teórica e metodologicamente nas reflexões bíblicas levando em consideração o contexto no qual os textos bíblicos foram escritos, os estudos exegéticos de alguns biblistas e a hermenêutica bíblica realizada pelas mulheres da América Latina, tentando estabelecer possíveis conexões dos textos bíblicos com as construções do masculino e do feminino tradicionalmente estereotipados pela sociedade. Os resultados da nossa análise revelam que os relatos da criação não mencionam a construção de uma identidade sexual e tampouco a subordinação e submissão de um gênero a outro. Ressaltam a igualdade fundamental e identidade comum que homem e mulher receberam de Deus que é ser, antes de tudo, sua imagem e semelhança. O conclusão é lógica: o processo sócio-histórico marcadamente machista e patriarcal é quem realiza intencionalmente as distorções nos relatos da criação, uma vez que na perspectiva da mensagem divina eles são injustificáveis. Deus criou mulher e homem, a humanidade em sua totalidade. A história das sociedades e das múltiplas culturas construiu o gênero. Portanto, discutir gênero na teologia é, na verdade, discutir a teologia da criação na perspectiva da mensagem divina, rompendo tabus e denunciando a necessidade de profundas mudanças sociais. PALAVRAS-CHAVE: Teologia. Relatos da Criação. Gênero.

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REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1990. CANDIOTTO, Jaci de Fátima Souza; TEPEDINO, Ana Maria. Teologia na perspectiva das relações de gênero: a contribuição da hermenêutica bíblica. Rio de Janeiro, 2008, 135p. FREITAS, M. C. de. Gênero/Teologia feminista: interpelações e perspectivas para a teologia - Relevância do tema. In: SOTER (Org.). Gênero e Teologia: Interpelações e perspectivas. São Paulo: Paulinas/Loyola/Soter, 2003. GEBARA, Ivone. Entre os limites da filosofia e da teologia feminista. In: SOTER (Org.). Gênero e Teologia: Interpelações e perspectivas. São Paulo: Paulinas/Loyola/Soter, 2003. GEBARA, Ivone; BINGEMER, Maria Clara. A mulher faz Teologia. Petrópolis: Vozes 1986. MINETTE de TILLESSE, Caetano. Hino da criaçäo (Gn 1,1-2,4a). Revista Bíblica Brasileira – RBB. Ano1, v.1, Fortaleza 1984.

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CATOLICISMO SOCIAL: PRÁTICAS SOCIAIS DA IGREJA NO CONTEXTO INDUSTRIAL

Philipe Villeneuve Oliveira Rego

Graduando do Curso de Filosofia na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]

Prof. Dra. Francisca de Fátima Araújo Oliveira

Professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte E-mail: [email protected]

RESUMO A Europa nos Séculos XIX e XX passou por mudanças radicais na economia e política de seus países. Dominados pelo Liberalismo, ideologia política e econômica iniciada na França, agregado a Revolução Industrial, iniciando na Inglaterra, os países abandonam gradualmente a manufatura para assumir uma produção industrial e em larga escala. A concepção de que a sociedade é formada por indivíduos, e não mais grupos sociais, propicia uma política de livre desenvolvimento, aumentando assim a concentração de riquezas nas mãos dos burgueses e diminuindo as posses e poder aquisitivo da classe de antigos artesãos e camponeses. Os ideais liberais instauram políticas que restringem o poder do estado e também da religião, no aspecto político e econômico, propondo assim o laicismo. O aspecto social, paradoxal a realidade de desenvolvimento, se tornava cada vez mais precário. Cidades industrializadas com altos índices de miséria, ocupada desordenadamente por desempregados e operários explorados no trabalho das fábricas, dentre estes antigos camponeses. Partindo destes princípios, pretende-se com esse trabalho entender como a realidade Europeia no período industrial veio a satisfazer não só o construção de ideologias sociais que buscassem estudar e resolver os problemas da época, mas também os primeiros processos da Igreja Católica no âmbito social que logo resultarão no surgimento da Doutrina Social da Igreja. Para tanto, as pesquisas focaram-se no estudo do Liberalismo na Europa e suas influências políticas e econômicas; a Revolução Industrial e suas consequências diretas na sociedade; o surgimento de ideologias políticas, econômicas e sociais que estudavam maneiras de superar a realidade vivida e as práticas e ações da Igreja em meio a estas três situações, levando-a a uma postura mais social a partir da Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII. A Igreja, ameaçada pelo laicismo do Estado Liberal e pelas tensões revolucionárias das correntes socialistas e anarquistas, sensibilizando-se também com a situação dos operários, sente-se no dever não só de uma caridade assistencialista até então existente, mas na busca de compreender e agir concretamente afim de apresentar soluções para os problemas sociais. PALAVRAS-CHAVE: Liberalismo. Industrialização. Catolicismo. Social.

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A EVANGELIZAÇÃO HOJE À LUZ DA EVANGELII NUNTIANDI

Alison Felipe de Moura Mestre em filosofia pelo Ateneo Pontificio Regina Apostolorum – Roma. Licenciado em

filosofia pela (FAFIC/UERN). Especializando em teologia Bíblica e graduando em teologia pela Faculdade Diocesana de Mossoró.

E-mail:[email protected]

RESUMO Hoje mais do que nunca, a evangelização se apresenta como algo urgente e ao mesmo tempo complexo. Considerando os avanços no modo de ser e de pensar de hoje, podemos afirmar sem sombra de dúvidas, que evangelizar é o maior desafio imposto aos cristãos no mundo atual. Esse desafio se apresenta de modo mais explícito quando se levanta as seguintes questões: como fazer ecoar a palavra de Deus em meio às muitas palavras, como, a ciência, a filosofia e a técnica? E ainda, como responder de maneira clara e profunda aos anseios mais urgentes do ser humano? Com base nisso, o presente texto pretende refletir acerca da evangelização hoje, tendo como parâmetro o texto apresentado pelo papa Paulo VI: a exortação apostólica Evangelii nuntiandi, tendo em vista a grande pertinência que tais ideias suscitam ainda hoje. Segundo papa, para que essa evangelização aconteça, faz-se necessário partir de Cristo isto é, da sua pessoa e da sua doutrina, visando antes de tudo à pessoa humana. Essa evangelização deve ser levada a cabo primeiro pelo testemunho, já que, sem um testemunho autêntico corre-se o risco de se apresentar uma fé superficial e vazia de sentido. Além do âmbito pessoal, é urgente também evangelizar as estruturas. Para tal, faz-se necessário apresentar o evangelho não somente como mensagem subjetiva, mas objetiva que interpela a vida em todos os âmbitos realizando assim, a libertação que, gerada pela conversão produz um mundo novo, construindo assim o reino de Deus de entre os homens. Logo, tudo isso se realizará, como diz o pontífice, considerando que, a evangelização será eficaz se for permeada antes de tudo pela ação do espírito santo, que gera testemunhas autenticas, e que animadas pelo amor são servidoras da verdade e da unidade.

PALAVRAS-CHAVE: Mundo pós-moderno. Anúncio da fé. Evangelho. Mudança de

vida.

REFERÊNCIA

EVANGELII NUNTIANDI. 19.ed. Paulinas, São Paulo: 2006.

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UMA ANÁLISE FILOSÓFICA SOBRE O ITINERÁRIO DO AMOR CRISTÃO SEGUNDO O PENSAMENTO DE ANDRÉ COMTE-SPONVILLE

Railton Sérgio bezerra de Oliveira Júnior Licenciado em Filosofia (FAFIC/UERN). Especializando em teologia bíblica e graduando do

sexto período do curso de teologia (FDM). E-mail: [email protected]

RESUMO Este artigo tem o objetivo de analisar o amor cristão (ou amor de caridade) partindo do pensamento do filósofo francês André Comte-Sponville. Nos deparamos diante da seguinte problemática: como esse amor evangélico, que existe há mais de dois mil anos, ensinado por Jesus Cristo, deixado nos evangelhos, pode ser possível de ser realizado? Utilizamos como referência a obra O Amor, deste mesmo filósofo, além da obra de outros filósofos que nos ajudarão na melhor compreensão do pensamento do nosso autor, como Platão, Kant, Nietzsche e Marx. Veremos que o amor é um dos temas mais importantes para as pessoas e que todos os outros só possuem relevância a partir deste. Para este autor a temática do amor possui uma relação íntima com a moral, e passando para outro nível, utiliza três palavras gregas que os antigos utilizaram para indicar três tipos de amor, o éros, a paixão amorosa, o amor segundo Platão; philía, a amizade, num sentido mais substancial, o amor a tudo o que não falta; e agápe (traduzido por caritas) amar ou gostar num sentido bem amplo, o amor que Jesus anunciava. Sponville apresenta ainda que os três tipos de amor estão intimamente ligados, pois são três faces de uma mesma realidade: o amar, ou ainda, o próprio viver. PALAVRAS-CHAVES: Amor. Éros. Philía. Agápe.

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TAIZÉ, ECUMENISMO E RECONCILIAÇÃO: “UMA PARÁBOLA DE COMUNHÃO”

Patrícia Gurgel Medeiros Gastão Graduada em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

Graduanda do Curso de Bacharelado em Teologia na Faculdade Diocesana de Mossoró.

RESUMO O ecumenismo está na essência de Taizé. É o princípio que a faz tornar-se um sinal de reconciliação entre cristãos divididos, entre povos separados, constituindo aquilo que o irmão Roger chama de “uma parábola de comunhão”. Nesse sentido, o objetivo da nossa pesquisa é apresentar a proposta da comunidade de Taizé mostrando como, por meio do ecumenismo que dissolve as diferenças, é possível a construção de uma humanidade comum. Para tanto recorremos a leitura de algumas obras do irmão Roger como por exemplo: Seu amor é um fogo e a pesquisas no site oficial da comunidade Taizé disponível na rede. As fontes consultadas nos permite indicar que, o ecumenismo está, de fato, na essência da proposta de vida de Taizé, com efeito, a reconciliação dos cristãos, é o princípio que rege essa comunidade, não como finalidade em si mesmo, mas para que os cristãos unidos no amor sejam um fermento de reconciliação entre os homens, sejam um sinal de confiança entre os povos, um sinal de paz na terra assim como tem sido os irmãos de Taizé. PALAVRAS-CHAVE: Taizé. Ecumenismo. Comunhão. Unidade. Amor.

INTRODUÇÃO

A Comunidade de Taizé teve sua origem em 1940 na França com o irmão

Roger Louis Schutz-Marsauche. A intuição primeira da comunidade é reconciliar.

Diante de um mundo dilacerado por discórdias, o irmão Roger acredita que é

possível uma reconciliação da humanidade, a começar pelos cristãos.

Todavia, qual é realmente o caminho para a construção de uma nova

humanidade comum se até mesmo os cristãos que tem a obrigação de ser sinal de

unidade criam separações entre si, ao ponto de muitas pessoas rejeitarem a fé por

ver cristãos que vivem mal? Nesta medida, este trabalho se propõe a apresentar a

origem e a proposta da comunidade de Taizé mostrando como, por meio do

ecumenismo que dissolve as diferenças, é possível uma humanidade comum.

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Pois bem, a palavra-chave que num primeiro momento ilumina Taizé é

reconciliação. Por meio da reconciliação, o irmão Roger pretende que entre os

homens compreendam que podem viver unidos na oração, no trabalho, na ajuda

mútua, sem perder sua singularidade, sua dignidade humana, nem suas crenças.

Vivendo assim, os homens serão capazes de fazer da própria vida uma parábola de

comunhão: reconstruir a confiança, a esperança, e promover uma cultura de paz

entre povos na terra.

Confiar que outro mundo é possível, é a abertura necessária para a

reconciliação, para o re-encontro da humanidade com ela mesma, do ser humano

com ele próprio, com o outro que não é ele, e com o Criador. Antes é preciso re-

conciliar para gerar comunidade, comunhão, unidade. Contudo, reconciliação

pressupõe, a priori, confiança que, por sua vez, é determinante para que a

humanidade se permita construir a civilização do amor, civilização essa que

começou a ser resgatada pela proposta da comunidade de Taizé.

1 TAIZÉ: ORIGEM, FUNDADOR, REGRA

A comunidade de Taizé teve sua origem em 1940 na França com o irmão

Roger Louis Schutz-Marsauche, que por sua vez, permaneceu como seu prior37 até

à sua morte em 16 de agosto de 2005. O irmão Roger Louis38 nasceu na aldeia de

Provence, na Suíça francesa em 12 de maio de 1915 e viveu lá até a idade dos 25

anos quando deixa sua aldeia e vai viver na França, país de origem de sua mãe e

local onde, posteriormente, vai nascer a Comunidade de Taizé.

A avó do irmão Roger teve grande influência na sua vida. Quando houve a

primeira guerra mundial, a sra vó do irmão Roger morava no norte da França e foi

37 Corresponde ao superior de uma ordem religiosa ou militar. Todavia, deve-se ressaltar que Taizé não é uma congregação religiosa, mas uma comunidade ecumênica. 38 Roger Louis Schutz-Marsauche era o filho mais novo de um pastor luterano e de uma mãe protestante francesa da Borgonha. Ainda jovem, mostrou interesse por escritores espirituais católicos, como Blaise Pascal e outros. Quando começou os estudos teológicos na Universidade de Lausana, escolheu como tema para a sua tese “Estará o ideal de vida monástica de São Bento em conformidade com o Evangelho?”. (CARRARO. Lorenzo. Irmão Roger: um santo do nosso tempo. Disponível em: <http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EkFEkFZ FEVoIdcdBqA>. Acesso em 02 de setembro de 2015).

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afetada diretamente pelos efeitos da guerra: teve seus três filhos lutando na frente

de batalha. Todavia, mesmo sob o fogo dos bombardeios ela resolveu não sair de

sua casa para poder ajudar aos refugiados, idosos, crianças, mulheres grávidas

etc., permaneceu ali até o último instante quando todos tiveram de fugir.

Não obstante, a avó do irmão Roger alimentou em si um grande anseio de

que ninguém mais tivesse que passar por todo sofrimentos que ela e tantas outras

pessoas passaram no período da guerra. O irmão Roger relata no livro Seu amor é

um fogo que sua avó lamentava as divisões entre os cristãos e ao mesmo tempo

almejava uma unidade entre eles. Dizia: “cristãos divididos mataram uns aos outros

na Europa. Que pelo menos eles se reconciliem, para tentarem impedir uma nova

guerra. Para tentar realizar, nela mesma, uma reconciliação [...]”39.

Outro aspecto importante da vida do irmão Roger reporta a época de sua

adolescência. Pois bem, quando ainda era adolescente Roger ficou doente com

uma tuberculose pulmonar, durante o longo período que esteve recluso por causa

da doença, e aos cuidados da avó, amadureceu em si um chamado para criar uma

comunidade. Além do desejo natural que brotou em seu coração, as situações

vividas por sua avó se tornaram muito marcantes na vida de Roger, e de certa forma

o impulsionaram para ajudar aos necessitados e no empenho para reconciliação

entre os cristãos.

No ano de 1940 teve início a Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse

período, inflamava-se cada vez mais no coração do irmão Roger um enorme desejo

e a necessidade urgente de se criar uma comunidade de reconciliação. Foi então

que ele o irmão Roger decidiu sair da Suíça e foi para a França fixando-se então na

pequena aldeia de Taizé40. Lá ele compra uma casa abandonada e pede a ajuda de

uma de suas Irmãs Geneviève, para poder ajuda-lo no acolhimento dos refugiados

pela guerra.

O local da casa era estratégico, uma vez que estava localizada próxima a

linha de demarcação que cortava a França em duas, local ideal para poder receber

39 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Seu amor é um fogo. Trad. Christina Stummer. São Paulo: Paulinas, 1992, p. 150-151. 40 Cf., TAIZÉ. A sua história, o início. Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6564.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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os refugiados vindos da guerra, dentre eles haviam políticos judeus fugidos dos

alemães. Era uma casa muito modesta, porém no lugar exato para que se

realizasse seu desejo de estar onde se alastrava a guerra e o sofrimento daquela

gente que sofria com os efeitos da guerra.

A intenção do irmão Roger não era simplesmente oferecer um refúgio, teto,

comida, mas, sobretudo preencher a sede do absoluto que suplanta o sofrimento

humano, tanto é verdade que ele mesmo afirmava: “quanto mais aquele que crê

quer viver o absoluto de Deus, mais essencial é inserir esse absoluto no sofrimento

humano”41. Roger era um homem de oração. Tinha uma vida de intimidade profunda

com o absoluto. Porém, sempre prezando o respeito e deferência aos que lá se

achavam refugiados, para não os constranger, uma vez que eram judeus e

agnósticos, ele rezava sozinho três vezes ao dia: as vezes num oratório, outras

vezes no bosque longe de casa. É esse modo de oração que depois se fará na

comunidade.

No outono de 1942 são descobertos pela polícia nazista e tiveram que partir

sem demora. Daí o irmão Roger passa a viver em Genebra até o fim da Grande

Guerra e é lá que ele começa, de fato, uma vida comunitária com os três primeiros

irmãos até poderem retornar para Taizé em 1944. Na época em que retornaram à

Taizé, na região próxima, foi criada uma associação para cuidar de crianças órfãs

da guerra. Então foi proposto aos irmãos que pudessem acolher algumas dessas

crianças. Contudo, a Comunidade de Taizé era formada apenas por homens, de

modo que por este motivo não podiam acolher as crianças. Não satisfeito com isso,

o irmão Roger solicita a sua irmã Geneviève que retorne à Taizé para que ela possa

tomar conta dessas crianças como se fosse uma mãe para elas. Esse foi, por assim

dizer, o compromisso dos primeiros irmãos de Taizé42.

Por conseguinte, alguns outros jovens se juntam aos que já se encontravam

em Taizé. No dia de Páscoa de 1949 sete assumiram naquela data o compromisso

monástico para toda vida: vida comunitária de grande simplicidade, celibato,

41 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Op. Cit., p. 151. 42 Cf., TAIZÉ. Op. Cit., Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6564.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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aceitação do ministério do prior, comunhão de bens materiais e espirituais. Não

obstante, a regra da comunidade só vai nascer durante um longo retiro de silêncio,

no inverno de 1952-1953. Nela o fundador da comunidade de Taizé expressa aos

irmãos que é “o essencial que torna a vida comunitária possível”43.

É importante destacar que a comunidade surge localizada entre dois

mosteiros antigos: o de Cluny e o de Cister44. De certa forma o fato de nascer entre

dois grandes mosteiros antigos, a Comunidade Taizé acaba, por assim dizer, se

alimentando de alguns resquícios da vida monástica, tanto é que os primeiros

irmãos de Taizé que eram de origem evangélica (o próprio irmão Roger era

evangélico) acabaram mergulhando na vida monástica e legitimando alguns

elementos desse modo de vida como regra de vida e de oração para Taizé.

Inclusive o irmão Roger acreditava o fato de a comunidade está situada entre os

dois mosteiros indicava que “Taizé é como um renovo enxertado na árvore da vida

monástica”45.

A comunidade vai crescendo e em 1969, irmãos católicos podem unir-se a

ela. Ressaltamos que num primeiro momento só havia irmãos evangélicos na

comunidade. Com efeito, o ecumenismo está na essência da comunidade de Taizé

o que a faz torna-se um sinal de reconciliação entre cristãos divididos, entre povos

separados, constituindo aquilo que o irmão Roger chama “uma parábola de

comunhão”. Partindo do princípio de reconciliação e unidade na diversidade, foram

se agregando a comunidade muitos homens de diferentes confissões e países,

católicos ou de origem evangélica de cerca de vinte nações.

A reconciliação dos cristãos é a essência, o princípio que rege Taizé, porém

não se deve entender nunca que essa reconciliação é finalidade em si mesma, mas

sua finalidade é para que os cristãos sejam um fermento de reconciliação entre os

homens, de confiança entre os povos, de comunhão e paz na terra. Taizé quer

43 Cf., TAIZÉ. Op. Cit., Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6564.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015. 44 “O mosteiro de Cluny era um ponto de atração para tantos cristãos em busca da unidade consigo mesmo e com os outros. O de Cister, renovado por São Bernardo com ardor reformador e recusa de toda e qualquer composição em face ao absoluto do Evangelho, com um senso agudo das coisas urgentes” (ROGER, 1992, p. 152). 45 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Op. Cit., 1992, p. 152.

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fermentar o mundo com a reconciliação, partindo da unidade como um sinal de que

Deus é amor; só amor:

Penso que, desde a minha juventude, nunca perdi a intuição de que uma vida em comunidade pode ser um sinal de que Deus é amor; só amor. Pouco a pouco, crescia em mim a convicção de que era essencial criar uma comunidade de homens decididos a dar toda a sua vida e que procurassem sempre compreender-se mutuamente e reconciliar-se: uma comunidade onde a bondade de coração e a simplicidade estivessem no centro de tudo46.

1.1 A EXPANSÃO DA COMUNIDADE E A PRESENÇA DOS JOVENS

Na década de 50, quando a comunidade chega a uns doze irmãos, alguns

deles entendem que não podem reduzir aquela experiência apenas em Taizé e

seguem pelo mundo passando a viver em regiões com situações delicadas,

perigosas, mas o fazem isso para serem testemunhas da paz, para estarem ao lado

dos que sofrem com a miséria, com a pobreza, partilhando das suas condições de

vida, para escutá-los, apoia-los buscando soluções para suas dificuldades. Os

irmãos de Taizé se encontram hoje em muitas partes do mundo: aqui no Brasil em

Alagoinhas na Bahia, também estão no Chile, EUA, África do Sul, Calcutá, Itália,

Líbano, Haiti, Etiópia, Leste Europeu entre tantos outros lugares.

Também na década de 50, mais precisamente no período de 1957 – 1967

Taizé se abre para acolher um crescente número de jovens (concentrados na busca

das fontes da fé) que se deslocam de todos os continentes para participarem de

encontros de uma semana realizados em Taizé. De certa forma os jovens se voltam

para a comunidade em busca de um sentido para suas vidas e em Taizé encontram.

Em Taizé eles conseguem unir fé e compromisso, vida interior e

solidariedade humana. Muitos adquiriram na, ou com a experiência de Taizé, não só

sentido da oração e visão mais abrangente da Igreja, mas também um cuidado todo

46 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Deus só pode amar. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2004, p. 40.

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especial para com “os direitos humanos, consciência internacional, confiança nos

povos estrangeiros, sensibilidade para a paz e a partilha das culturas”47.

1.2 A ORAÇÃO DE TAIZÉ

O irmão Roger insistiu frequentemente na importância da música e do canto na vida da comunidade desde as suas origens. Aqui encontram-se o esquema de uma oração “com cânticos de Taizé”, páginas sobre os cânticos meditativos, sobre o modo de cantar estes cânticos, sobre o valor do silêncio, sobre a preparação do local de oração, a utilização dos ícones, registos sonoros, RealAudio, etc48.

Devido a influência que recebeu da vida monacal, o aspecto mais

importante de oração de Taizé é a meditação e a contemplação. O irmão Roger

dizia: “Preserve a todo o momento um silêncio interior para viver na presença de

Cristo e cultivar o espírito das bem-aventuranças: alegria, simplicidade,

misericórdia”49. Por conseguinte, faz parte do ritual comunitário a oração na “Igreja

da Reconciliação”50 três vezes ao dia: pela manhã, ao meio-dia e a noite. Os

“Cantos de Taizé” têm sua identidade própria, são feitos de uma única frase,

retomada por bastante tempo, em várias línguas, “experimentam uma realidade

essencial, rapidamente captada pela inteligência, interiorizada pouco a pouco pela

pessoa no seu todo”.

A oração da noite das sextas feiras recorda a celebração da paixão; a da

noite dos sábados é como uma vigília de Páscoa, uma festa da luz. É interessante

destacar que para esta oração, o Irmão Roger trouxe de Moscou um símbolo muito

significativo, a cruz. Todo sábado a noite o irmão Roger coloca no chão o ícone da

cruz, e os que participam da oração são convidados a colocarem sua fronte na

47 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Op. Cit., 1992, p. 155. 48 Cf. TAIZÉ. As fontes da fé. Disponível em: <http://taize.fr/pt_rubrique490.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015. 49 CARRARO. Lorenzo. Irmão Roger: um santo do nosso tempo. Disponível em: <http://www.alem mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EkFEkFZFEVoIdcdBqA>. Acesso em 02 de setembro de 2015. 50 Igreja da Reconciliação ou Igreja da Comunidade de Taizé construída em 1962 e é lá onde se reúne os cristãos para juntos fazerem suas orações. Ao longo dos anos a Igreja da Reconciliação passou por varias reformas para poder abrigar a imensa quantidade de pessoas que por ali passam.

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madeira da cruz e ali depositar em Deus os próprios fardos e os fardos do próximo,

acompanhando assim o Ressuscitado em agonia por aqueles que estão passando

por provações.

A estrutura da oração (semanal) de Taizé mergulha no mistério da paixão,

morte e ressurreição de Jesus é uma oração essencialmente pascal. Toda semana

é santa, e todo dia é páscoa: páscoa da comunhão, páscoa da cruz, páscoa da

ressurreição. É assim que Taizé se torna, como disse João XXII, uma “pequena

primavera”. É também por isso que João Paulo II quando visitou Taizé (em 1986) “A

gente passa em Taizé como passa perto da nascente”51.

2 ECUMENISMO E RECONCILIAÇÃO: “UMA PARÁBOLA DE COMUNHÃO”

Desde sua origem, a proposta de Taizé é reconciliação entre cristãos e com

todos a humanidade chamada a formar em Cristo um único corpo, cuja cabeça é

Ele. Essencialmente a comunidade de Taizé é uma seara de reconciliação, de

comunhão e de paz.

Na minha juventude, admirava-me ao ver cristãos que, apesar de viverem de um Deus de amor, gastavam tantas energias a justificar as suas separações. Então disse comigo mesmo que era essencial criar uma comunidade onde nos procurássemos compreender e reconciliar sempre e, através disso, tornássemos visível uma pequena parábola de comunhão52.

No íntimo do coração do irmão Roger ardia um enorme desejo de

reconciliação que o impulsionava a atitude de abertura, de diálogo, de encontro, de

comunhão, de partilha e de engajamento com a transformação do sofrimento

humano e a desconstrução das cercas fundamentalistas de fé que impedem uma

comunhão universal. Convicto de tal moção, dizia: “Encontrei a minha própria

identidade de cristão reconciliando em mim mesmo a fé das minhas origens

51 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Op. Cit., 1992, p. 156. 52 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger apud DAUCOURT, Gérard. O ecumenismo é em primeiro lugar uma partilha de dons. Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6819.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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(o irmão Roger era evangélico)53 com o mistério da fé católica, sem ruptura de

comunhão com ninguém”54.

A atitude de abertura, de diálogo ecumênico e de comunhão vividas pelo

irmão Roger, e, consequentemente uma característica da comunidade de Taizé, foi

duramente criticada por teólogos que, fechados em seus tratados, sistemas e

correntes teológicas, acusavam-no de não ter um pensamento teológico definido ao

ponto de mais tarde ser exigido por parte de alguns membros hierárquicos da Igreja

que Taizé tivesse uma identidade eclesial definida e oficializada. Certamente a

dificuldade tanto dos teólogos como dos membros da Igreja, era entender que a

reconciliação a comunhão e o ecumenismo é o jeito de ser de Taizé.

O irmão Roger retratou com sua própria vida todo o amor que tinha pelo

Corpo de Cristo sem que fosse necessário rejeitar suas origens, crenças e, ao

mesmo tempo, sem confrontar o diferente. Apenas queria incorporar nele tudo o que

o único Senhor dá ás igrejas (a comunhão e a unidade), e que apesar disso ainda

se encontram separadas.

Respeitosamente, confessa e admite a necessidade do ministério da

comunhão universal com o Papa, unindo-se então à fé e prática da Eucaristia da

Igreja Católica. Também estava unido a magnificência conferia pelo Senhor às

igrejas protestantes e ortodoxas. O diálogo entre as Igrejas não é fácil. Nunca foi!

Todavia, apesar das tensões e sofrimentos na tentativa de aproximação das igrejas,

o irmão Roger não renunciou o propósito de lutar e viver a reconciliação das igrejas

intensamente em todo seu ser.

Viver em comunhão e unidade é fazer com a própria vida a vontade de

Cristo. Nesse sentido, devemos ser conscientes de que quando causamos divisões

e separações estamos nos opondo à vontade de Cristo, vontade essa que está

pautada no amor, na comunhão, na partilha de dons, na fraternidade. O irmão

Roger foi muito feliz quando entendeu que o ecumenismo consegue congregar em

si os elementos necessários para a vida em comunhão e unidade, e, a partir disso,

53 Grifo nosso. 54 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger apud DAUCOURT, Gérard. Op. Cit.,. Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6819.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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fazer do ecumenismo um instrumento para a construção de um mundo de paz, de

respeito, de tolerância e de reconciliação.

Não obstante, é importante ressaltar que o ecumenismo é uma partilha de

dons, a começar pela consciência de que precisamos uns dos outros. Não é

simplesmente uma coexistência pacífica, mas confiança, enriquecimento mútuo,

colaboração, cooperação, algo parecido com o “revesti-vos de sentimentos de

compaixão, de bondade, de humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos

uns aos outros, e perdoando-vos mutualmente”55 que São Paulo exorta aos cristãos

da comunidade de Colossos. Nesse sentido, a proposta de vida oferecida pelo

irmão Roger “indicou um caminho e abriu portas, para que o ecumenismo seja em

primeiro lugar uma partilha de dons”56 com a consciência e o respeito pelo outro

sentindo-se também o outro e ao mesmo tempo co-existente com ele.

Dado o exposto, podemos dizer que a proposta de Taizé ressoa até hoje

como provocação afim de que possamos ajudar as nossas Igrejas (presentes num

mundo dilacerado pelo ódio, a violência, guerras, destruição de valores, crise de

sentido) a estar menos petrificadas na atual necessidade de afirmação das suas

identidades e mofadas em suas verdades estéreis57. Taizé pode ser inclusive uma

resposta às pessoas que, decepcionadas com as divisões entre os cristãos se

recusam a aceitar a fé, como diz o canto do Ato Penitencial usado repetidas vezes

na liturgia da Missa: “quem não te aceita, quem te rejeita pode não crer por ver

cristão que vivem mal”.

Taizé quer exatamente o oposto do que diz esse cântico. Quer a

reconciliação, a comunhão, a unidade entre os cristãos. Não obstante, é preciso

deixar claro que em nenhum momento os irmãos de Taizé se comportaram e/ou se

nos apresentam como mestres espirituais, mesmo no que diz respeito ao

ecumenismo. Ao contrário, nutridos de profunda humildade e senso de comunhão,

pela voz do seu novo prior, “os irmãos de Taizé dizem-nos que não se consideram

55 Cf. Col. 3, 12-13. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1990. 56 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger apud DAUCOURT, Gérard. Op. Cit., Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6819.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015. 57 Quando falamos de “verdades estéreis” estamos nos referindo à dificuldade que algumas igrejas fechadas em suas doutrinas, inclusive a católica, tem para dialogar com o mundo de hoje, na linguagem de hoje, que toque e fale ao coração do homem “pós-moderno”.

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como os únicos atores desta dinâmica: ‘Somos pobres que precisam da comunhão

da Igreja para avançar na fé’ ”58.

Estando em Taizé ou em fraternidade, cada irmão participa da mesma parábola de comunhão. E participa mais pela perseverança do ser do que pela do agir, mas por aquilo que ele é do que por aquilo que realiza. Assim os pequenos atos cotidianos de fidelidade preparam e sustentam as fortes continuidades de toda uma existência59.

A parábola de comunhão se explica no exercício cotidiano avançando na

descoberta do amor, no perdão que sucede habitualmente, na confiança do

coração, no olhar de paz e de proteção sobre aqueles aos quais confiaram suas

almas, se houver distância do milagre do amor, tudo se perde, tudo se dispersa e se

destrói60. Nesse processo, o ecumenismo é a como que a porta de entrada para o

acesso direto a comunhão, comunhão que é, por assim dizer, a vocação dos

cristãos. Formar comunhão pra gerar a unidade e a paz.

3 TAIZÉ: UM SENTIDO PARA A VIDA HOJE

A humanidade vive hoje um grande paradoxo. De um lado mergulhou no

bem estar, nas facilidades e no imediatismo provocado pelas grandes revoluções,

dentre elas, a revolução tecnológica, bem como, numa ilusória sensação de que o

“ter” lhe proporciona mais prazer e consequentemente lhe trará felicidade. Ledo

engano! Por outro lado, mais do que nunca, tem-se falado em crise de sentido. A

humanidade vem enfrentando talvez uma de suas maiores crises: não sabe quem é,

de onde veio, e não sabe para onde caminha. Perdeu seu referencial, suas

credenciais. Como se diz, “perdeu o fio da meada”, perdeu o seu sentido.

O ser humano cada vez mais tem se tornando uma ilha; isolado, sozinho,

solitário. A existência humana que é essencialmente, co-existência tem-se tornado

58 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger apud DAUCOURT, Gérard. Op. Cit., Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6819.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015. 59 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Op. Cit., 1992, p. 113. 60 SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger apud DAUCOURT, Gérard. Op. Cit., Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6819.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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excêntrica, egoísta, e consequentemente, egocêntrica. O próprio ser humano (do

século XXI) é um verdadeiro paradoxo: porta bandeira de si e ao mesmo tempo

carente do contato, do afeto, do outro. A vida parece ter perdido o seu colorido,

parece ter perdido o seu horizonte-sentido. O ser humano parece ter rompido com a

sua humanidade.

Nesse sentido, trilhar o caminho de reconciliação (da humanidade com ela

mesma – do ser humano consigo mesmo e com o próximo) talvez seja o meio mais

eficaz para provocar mudanças radicais no rumo (sem rumo) que a humanidade, o

ser humano, tomou. A reconciliação é, conforme entendemos, palavra chave para o

re-encontro da humanidade com ela mesma, do ser humano com ele próprio e com

o outro que não é ele, e com o Criador. Reconciliação é a hermenêutica para o

reencontro com a humanidade perdida, vendida pela mídia que mente e nos

consome. Reconciliação é também a proposta de Taizé. Antes é preciso re-conciliar

para gerar comunidade, comunhão, unidade. É preciso voltar aquilo que antes

éramos, a saber, humano.

Outra palavra chave para possivelmente saciar a crise de vazio da nossa

época que encontramos na proposta de Taizé é confiança. À medida em que formos

capazes de confiar que outro mundo é possível sem que, necessariamente, nos

afastemos deste mundo, mas ao contrário sejamos capazes de resistirmos “as

periferias existenciais” e segregações sociais, mudanças começar a aparecer. Taizé

nos prova que é possível um mundo onde as diferenças são superadas em virtude

dos grandes ideais comuns. Em Taizé constatamos que é possível homens de

diversas crenças, culturas, línguas trabalharem, rezarem, viverem juntos. Para

tanto,

A palavra “confiança” é talvez uma das mais humildes, mais quotidianas e mais simples que há, mas ao mesmo tempo uma das mais essenciais. Em vez de falar de “amor”, de ágape, ou mesmo de “comunhão’, de koinonía, que são palavras avultadas, falar-se-á talvez de “confiança”, pois na confiança essas realidades estão todas presentes. Na confiança há o mistério do amor, o mistério da comunhão e, finalmente, o mistério de Deus enquanto Trindade61. (p. 77).

61 CLÉMENT, Oliver. Taizé: Um sentido para a vida. São Paulo: Paulus, 2004, p. 77.

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O ser humano se distancia da sua humanidade quando perde a confiança

no amor. “Na confiança está o mistério do amor”. Sendo assim, sem ter a pretensão

de apresentar respostas prontas para os grandes problemas da humanidade e

principalmente a questão da crise de sentido, sugerimos, a partir da proposta da

comunidade de Taizé, que o ser humano começa a recuperar sua humanidade

perdida e consequentemente dar um novo sentido a sua vida, quando confiar que o

caminho para a construção de uma nova civilização humana mais forte do que o

ódio e que a morte, é o amor, mistério da comunhão, mistério do Deus Trindade que

nos criou a sua imagem e semelhança para que juntos construíssemos uma pátria

mais justa, uma terra sem fronteiras, onde juntos seremos um.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecer a proposta de Taizé nos permite e nos motiva reascender a

esperança de se viver no amor, bem como, entender que a experiência do amor

supera todas as barreiras humanas, gerando frutos de comunhão e unidade. O

amor é ecumênico. Tudo abrange tudo alcança tudo suporta. Crer verdadeiramente

que Deus é Amor, e poder experimentar isso na própria vida como o faz os irmãos

de Taizé, é, por assim dizer, uma experiência revolucionária do ponto de vista

antropológico existencial.

O irmão Roger entendeu que nem sempre a história da humanidade foi

marcada pela experiência do amor. Os próprios cristãos que deveriam ser mestres

na arte de amar, vivem ainda hoje brigando entre si. Por isso, a comunidade de

Taizé nasceu como uma seara de reconciliação, um espaço onde nos abrimos à

experiência do amor e fazemos da nossa vida uma parábola de comunhão.

Sendo assim, a proposta de Taizé não se perde no tempo, sobretudo hoje

quando se fala que a humanidade vive uma crise de sentido, e, além disso, quando

se tornam visíveis os efeitos da guerra velada entre os cristãos e a intolerância

religiosa por parte das grandes religiões. Diante do exposto, Taizé se consolida

cada vez mais como um sacramento de comunhão que atravessa diversas crenças,

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culturas, línguas em virtude de construir uma nova humanidade, a saber, a

humanidade que abate as fronteiras, que empenha o seu coração para congregar,

para gerar comunhão, unidade, harmonia. Esta é a humanidade que crê no amor.

Está é a humanidade que Taizé vem construindo.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1990. CARRARO. Lorenzo. Irmão Roger: um santo do nosso tempo. Disponível em: <http://www.alemmar.org/cgibin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EkFEkFZFEVoIcdBqA>. Acesso em 02 de setembro. CLÉMENT, Oliver. Taizé: Um sentido para a vida. São Paulo: Paulus, 2004. SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger apud DAUCOURT, Gérard. O ecumenismo é em primeiro lugar uma partilha de dons. Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6819.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015. SCHUTZ-MARSAUCHE, Roger Louis. Deus só pode amar. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2004. ______ Seu amor é um fogo. Trad. Christina Stummer. São Paulo: Paulinas, 1992. TAIZÉ. A sua história, o início. Disponível em: <http://taize.fr/pt_article6564.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015. ______ As fontes da fé. Disponível em: <http://taize.fr/pt_rubrique490.html>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

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A INFLUÊNCIA DO GERENCIAMENTO CONTÁBIL NO PROCESSO ADMINISTRATIVO: UMA ABORDAGEM NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

DE ARACATI/CE

Nádja Luana da Cunha

Graduada em ciências contábeis. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte –UERN. Endereço: Rua Margarida, 11 CEP: 59.600-000 – Mossoró.

E-mail: [email protected]

Rosângela Queiroz Souza Valdevino

Professora Me. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: Rua Prudente de Morais, 972 CEP: 59.611-000 – Mossoró.

E-mail: [email protected] (Orientadora).

Giovanni Ferreira Papini

Graduado em ciências contábeis. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: Rua Santa Maria, 72 CEP: 59.600-000 – Mossoró.

E-mail: [email protected]

Renato Carvalho da Silva

Contador especialista. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: AV João Pessoa, 58 CEP: 59.600-900 – Mossoró.

E-mail: [email protected]

RESUMO A presente pesquisa trouxe como tema abordado a disseminação da contabilidade gerencial, focada nas micro e pequenas empresas, que representam uma parcela da economia nacional, embora, ao mesmo tempo, estas apresentam dificuldades para manter-se em atividade, devido à falta de preparo e conhecimento de seus gestores. Diante deste fato, o estudo possui como objetivo, identificar qual a influência da contabilidade gerencial dentro de micro e pequenas empresas da cidade de Aracati/CE. A pesquisa foi realizada por meio de consulta de livros e artigos, relacionados ao tema, os dados foram coletados através de questionários aplicados aos administradores de micro e pequenas empresas da cidade de Aracati/CE. Os resultados foram obtidos através do confronto entre a teoria abordada e a prática coletada por meio dos questionários. A pesquisa mostrou que os gestores não evidenciam seu sucesso de fato a contabilidade gerencial, mas que reconhecem que tal ciência é necessária para o processo empresário. A empresa que melhor se destacou quanto ao conhecimento e uso da contabilidade gerencial foi o escritório contábil, por já trabalhar com a ciência tem melhores conceitos e aplicações. PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade Gerencial. Micro e Pequenas Empresas. Tomada de Decisão.

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1 INTRODUÇÃO

As Micro e Pequenas empresas no Brasil desempenham um papel vital para

o significativo crescimento da economia nacional, sendo estas responsáveis pelas

quedas no desemprego e crescimento das riquezas do país. Ainda que, mesmo com

o crescimento efetivo da economia, essas empresas encontrem dificuldades para

manter-se em atividade, já que os gestores dessas empresas, no âmbito

profissional, muitas vezes estão despreparados para exercer tal função, o que

acarreta no fechamento desses empreendimentos antes mesmo de completarem

três anos no mercado.

Dados do SEBRAE – Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas

Empresas (2012) afirmam que as altas taxas de falência dessas empresas estão

ligadas a deficiência na gestão dos negócios e que essa está diretamente

relacionada a não utilização dos instrumentos característicos da Contabilidade

Gerencial.

Acredita-se que os gestores não consideram a contabilidade gerencial uma

ferramenta necessária para o desenvolvimento dos seus negócios, ou no mínimo

não dão a devida relevância à prática contábil, já que na opinião de alguns micro

empreendedores Cearenses, em dados divulgados na revista Gente de Ação

(2013), afirmam que cerca de 55% dos gestores da região do litoral norte Cearense

dizem considerar a contabilidade apenas como uma ferramenta para obrigações

legislativas. Diante disto, a pesquisa buscará resolver a seguinte problemática: qual

a influência da contabilidade gerencial no processo decisório das micro e pequenas

empresas da cidade de Aracati/CE?

Este trabalho tem como objetivo geral: identificar a influência da

contabilidade gerencial no processo decisório das micro e pequenas empresas da

cidade de Aracati/CE.

O presente estudo mostra-se relevante, pois buscou alertar e informar os

gestores da cidade de Aracati/CE quanto à relevância de uma contabilidade

gerencial eficiente, estimulando-os a aperfeiçoá-la ou até mesmo, implementá-la no

processo decisório das empresas.

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A metodologia aplicada neste trabalho foi descritiva e qualitativa, com dados

coletados mediante aplicação do questionário composto de perguntas abertas e

fechadas, respondidos pelos micro e pequenos empresários da cidade de Aracati,

Ceará. Tendo ainda como embasamento a coleta de dados secundários como

estudos de artigos, revistas, livros e pesquisas eletrônicas.

Este trabalho está distribuído em cinco etapas, que inicia-se pela

introdução, dando respaldo ao estudo abordado com seus objetivos e relevâncias. A

etapa de desenvolvimento tem o referencial teórico, onde se embasa os assuntos

abordados neste tema. A metodologia é a terceira etapa encontrada neste estudo,

com enfoque em como se desenvolveu este trabalho, o tempo e abordagem feita,

passando pelos resultados encontrados na abordagem aos gestores e encerrando-

se estão as referências de pesquisa.

2 CONTABILIDADE GERENCIAL

A contabilidade gerencial é um ramo específico da Ciência Contábil, em que

o enfoque encontra-se na coleta e análise de informações para que exista um

fornecimento de dados relevantes que possam auxiliar e orientar os gestores de

uma empresa para uma eficiente tomada de decisão.

A contabilidade gerencial é definida como:

O ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que o auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial (CREPALDI, 2004, p. 20).

Ainda sobre a definição de contabilidade gerencial, Atkinson et al. (2000, p.

36) afirma que “contabilidade gerencial é o processo de produzir informação

operacional e financeira para funcionários e administradores [...] e deve orientar

suas decisões operacionais e de investimento.”

A contabilidade gerencial pode ainda ser dividida em três aspectos

complementares, segundo Jiambalvo (2009, p. 3) “todos os gerentes precisam

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planejar, controlar suas operações e tomar diversas decisões.” Enfatizando que ter

essas ideias de gerenciamento são fundamentais para manter a saúde financeira de

uma empresa.

É a contabilidade gerencial a responsável por fornecer as informações sobre

a situação financeira e econômica de uma entidade, tornando-se uma ferramenta

contábil voltada exclusivamente para a administração das empresas, no processo

de gestão, observando a organização de uma forma bem abrangente. Como

identifica Iudícibus (1998, p. 21) “a contabilidade gerencial, num sentido mais

profundo, está voltada única e exclusivamente para a administração da empresa,

procurando suprir informações que se encaixem de maneira válida e efetiva”.

De acordo com Atkinson et al. (2000) a contabilidade possui quatro funções

em uma organização: controle operacional, para o fornecimento de informações e

qualidade das tarefas executadas; custeio, que engloba os custos necessários para

produção e até mesmo para a venda e entrega de produtos; controle administrativo,

que seria o desempenho dos gerentes e das unidades operacionais; e por último, o

controle estratégico, que forneceria informações fidedignas sobre o desempenho

financeiro, competição de mercado, preferência dos clientes e inovações

tecnológicas.

2.1 CONTABILIDADE GERENCIAL NO ÂMBITO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

De acordo com o SEBRAE (2012) 70% das empresas brasileiras acabam

por encerrar suas atividades comerciais antes mesmo de completar cinco anos de

existência, e o principal motivo para que isso aconteça é exatamente as falhas

constantes no gerenciamento desses negócios por parte dos seus gestores.

A grande dificuldade encontrada por essas instituições é a concorrência

acirrada de mercado, isso aliada à falta de preparo dos administradores. Muitos

empresários até tem capital para abrir um negócio e disposição para tentar o

sucesso empresarial, mas muitos deles não têm “visão empreendedora”.

E é para isso que serve um profissional especialista em gestão de negócios,

justamente para auxiliar esses empresários a terem uma visão mais geral do seu

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empreendimento, utilizando as demonstrações contábeis e a prestação de contas

fiscais para uma tomada de decisão.

Como Corbett (1997) afirma que a contabilidade gerencial deverá servir de

ponte entre os gerentes e as informações da empresa, assim, os gestores poderão

avaliar quais ações tomarem, levando sempre em consideração o impacto de seus

atos no desempenho da empresa, com o objetivo principal de fornecer dados e

informações para os gestores analisarem e decidirem pela empresa o que será

melhor.

Rezende e Abreu (2008) ainda afirmam que para se ter um bom

gerenciamento, o sistema de informações contábeis devem estar essencialmente

interligados ao sistema de gestão empresarial, tendo assim reunido e consolidado

todas as informações relevantes e imprescindíveis para gerir a organização.

Na visão de Salvador e Pinheiro (2014, p. 3):

Para que haja um desenvolvimento satisfatório da contabilidade gerencial nas pequenas e micro empresas é necessária uma comunicação constante entre os empresários e contadores e principalmente a explicitação da contabilidade como ferramenta primordial na tomada de decisão. Esse processo deve ser planejado, bem estruturado e permanecer sob controle permanente para que os níveis de informações geradas pelos contadores atendam e resolvam de fato o grande problema enfrentado atualmente nessas empresas.

3 METODOLOGIA

A seguinte pesquisa teve como objeto de estudo empresas de micro e

pequeno porte de diferentes ramos situadas na cidade de Aracati/CE, tendo como

tempo compreendido para este estudo que discorreu entre os meses de abril de

2014 a dezembro do mesmo ano. O campo de estudo abordado foi à cidade de

Aracati – Ceará – Brasil.

No que diz respeito aos objetivos do presente estudo, por trata-se de uma

pesquisa descritiva e qualitativa, descreveu características de uma determinada

população e abordou empresários para obtenção de opiniões relevantes para o

estudo.

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De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem como

características a utilização de informações sobre uma população, um fenômeno ou

alguma experiência. Já a pesquisa qualitativa de um problema é a forma mais

adequada para entender a natureza de um fenômeno social, buscando assim,

interpretar o objetivo em termos do significado buscado. (RICHARDISON, 1999).

Com relação aos procedimentos, foram coletados dados de uma

determinada população, referenciado através de uma pesquisa bibliográfica, no qual

são feitos estudos teóricos em livros, revistas, sites, artigos, na busca de resolver

uma problemática com base no referencial.

Quanto a abordagem do problema, a pesquisa se tratou de um estudo

qualitativo, visando ter uma análise abrangente e mais profunda da população em

estudada.

A coleta de dados desta pesquisa deu-se através de um levantamento de

materiais publicados em livros, artigos e revistas, e também por meio de um

questionário com 15 perguntas abertas aplicadas para micro e pequenos

empresários da cidade de Aracati/CE.

A referida pesquisa foi feita com um total de 4 (quatro) empresas sendo uma

micro e três de pequeno porte na cidade de Aracati/CE em que os empresários se

dispuseram a responder os questionamentos solicitados. Suas empresas atuam em

áreas distintas, mas enquadram-se no requisito de MPE. A primeira foi uma

pequena empresa que atua no ramo de comércio de calçados, a segunda foi um

escritório contábil, a terceira entrevistada foi do ramo de restaurantes e o quarto foi

uma franquia do comércio de chocolates.

Para categorização dos efeitos e apresentação dos resultados foi realizado

um confronto entre a teoria, vista no referencial teórico e as respostas dadas pelos

entrevistados para que fosse possível obter resultados satisfatórios para esta

pesquisa.

4 RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa foram obtidos por meio da análise dos

questionários aplicados, contendo questões fechadas de caráter qualitativo, que

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foram aplicados a 4 (quatro) micro e/ou pequenas empresas, de ramos distintos, da

cidade de Aracati/CE.

O questionário foi composto de 15 questões abertas e estruturadas,

abordando diversos temas da contabilidade gerencial e suas ramificações, sendo

respondido pelos gestores das empresas solicitadas. Foi possível identificar

diversos aspectos interessantes no que se refere á opinião dos entrevistados quanto

à relevância da contabilidade gerencial em seus negócios, quais as perspectivas

das empresas e as necessidades de controle interno que lhes são necessárias.

4.1 APRESENTAÇÃO DAS EMPRESAS

A pesquisa busca atestar como a contabilidade gerencial influencia no

processo de gestão das empresas e quais as ferramentas utilizadas no auxílio à

tomada de decisão. A amostragem compõe-se de quatro empresas dos mais

variados ramos, que são apresentadas de acordo com a sua atividade. A pedido dos

gestores das empresas foi solicitado que a identidade das empresas fossem

preservadas.

A primeira empresa atua no ramo do comercio varejista de calçados e está

no mercado acerca de quinze anos. Esta empresa lidera o mercado do município

onde está situada, estando enquadrada como empresa de pequeno porte, e possui

atualmente nove empregos.

A segunda empresa é um escritório particular e possui como principal

atividade a prestação de serviços contábeis, seu tempo de atuação é de 25 anos no

mercado. Seu quadro de funcionários conta com quinze empregados, e seu

enquadramento fiscal é de empresa de pequeno porte.

A terceira empresa é um restaurante, localizado em ponto turístico de

Aracati-Ce. Esta empresa atua no mercado há três anos e seu enquadramento fiscal

é também de empresa de pequeno porte, contando, o seu quadro de empregados,

com 12 funcionários.

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A quarta empresa é uma loja franquiada ao comércio de chocolates. Atua no

mercado há apenas dois anos e está fiscalmente enquadrada como microempresa,

o seu quadro atual de funcionários conta com quatro colaboradores.

Catelli (2001) caracteriza que as micro e pequenas empresas geralmente

são dirigidas pelo seu proprietário e que dificilmente existem gerentes

especializados para suprir as necessidades da empresa.

4.2 DESCRIMINAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

As perguntas aplicadas no questionário são todas voltadas para a área

gerencial das empresas, objetivando identificar primeiramente, qual a influência

exercida pelo gerenciamento contábil nas mesmas e auxiliá-las caso necessário,

apoiando a implementação de algumas ferramentas da contabilidade gerencial em

seus respectivos negócios. Além disso, são abordados temas como perspectivas

futuras para seus empreendimentos, experiências em negócios anteriores, e

motivações para terem se tornado empresários.

4.2.1 Caracterização da pesquisa

O primeiro questionamento direcionado as empresas entrevistadas, foi

acerca do tempo que o seu empreendimento encontra-se no mercado competitivo, e

foram obtidas as seguintes respostas.

A empresa de comércio de calçados e o escritório contábil estão a mais de

10 anos no mercado, enquanto o restaurante e a franquia de chocolates estão a

menos de 5 anos no mercado.

As respostas dos dois primeiros entrevistados estão em contrapartida com o

que afirma uma pesquisa divulgado pelo SEBRAE (2012) citando que 70% das

micro e pequenas empresas no Brasil fecham as portas antes mesmo de

completarem 5 anos de existência. No entanto, as duas últimas empresas

abordadas estão a menos de cinco anos no mercado, podendo, ou não, entrar nas

estatísticas negativas evidenciadas pelo SEBRAE.

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Em sequência foi perguntado aos entrevistados se a contabilidade geral da

empresa era feita internamente ou se este serviço era terceirizado.

Todas as empresas questionadas, exceto o escritório contábil, utilizam um

serviço contábil terceirizado, corroborando com o que o conselho de contabilidade

(2014) afirma ser uma prática comum, em relação à contabilidade e os serviços

afins, tais como a escrituração fiscal e departamento de pessoal. A terceirização é

uma prática consagrada, oferecendo serviços de qualidade adequados às diversas

necessidades empresariais.

Ao confrontar estes dados, verificou-se que a maioria das micro e pequenas

empresas citadas utilizam serviço contábil terceirizado, o que pode ser explicado,

levando-se em conta um menor custo de serviço, em relação à contratação de um

especialista na área. A exceção da terceirização se deu exatamente no escritório

contábil, por ter especialistas dentro do seu empreendimento para que o serviço

possa ser efetuado de forma eficiente.

O terceiro assunto abordado foi referente a tomada de decisão que

influenciam as empresas e no que elas se baseiam para tomá-las corretamente.

A empresa de comércio de calçados afirmou tomar suas decisões de acordo

com o que demanda o mercado competitivo da região, o escritório contábil afirmou

utilizar as informações contábeis para auxiliar o processo da tomada de decisão

dentro da empresa, já o restaurante, afirma tomar suas decisões através das

experiências de seus proprietários, e por último, a franquia de chocolates busca

tomar suas decisões através do que mostra o mercado.

Nenhuma das empresas entrevistadas corroborou com o que cita Jiambalvo

(2009) que toda informação gerencial deve passar por um processo de análise, que

é o modo mais apropriado de abordar a solução para os problemas encontrados nos

negócios da empresa, tendo desta forma, dificuldades para serem realizadas

decisões acertadas.

Conforme as respostas obtidas ainda nesta questão, nota-se que as micro e

pequenas empresas utilizam o que está ao seu alcance como forma de auxílio no

gerenciamento, já que muitas não utilizam os preceitos básicos da contabilidade

gerencial.

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Dando continuidade, a pergunta quatro abordou os gestores com o intuito

de evidenciar qual a utilidade da contabilidade para o seu ramo de negócio.

A empresa de calçados, assim como a franquia de chocolates, afirmou que

a contabilidade auxilia na orientação e fornecimento de informações relevantes que,

possam ajudar na tomada de decisão. O que vai de encontro com o que os próprios

entrevistado disseram na questão anterior, afirmando tomar suas decisões internas

através do que evidencia o mercado competitivo. O escritório contábil, também

informou utilizar a contabilidade como auxilio na orientação e tomada de decisão, e

a única empresa divergente das demais foi o restaurante, que afirmou ter a

contabilidade apenas para fins fiscais.

Segundo a revista Gente de Ação (2013), cerca de 55% dos gestores do

litoral leste cearense consideram a contabilidade apenas para fins legislativos, o que

corrobora somente com a respostada dada pela proprietária do restaurante.

A questão cinco aborda qual o conhecimento dos gestores acerca da

contabilidade gerencial.

Todos os entrevistados responderam possuir pouco ou nenhum

conhecimento acerca das características da contabilidade gerencial, não estando

esse resultado de acordo com Catelli (2001) que, destaca que para um

empreendimento ter meios de negócio duradouro, os gestores necessitam ter um

pleno conhecimento da contabilidade gerencial. E também não corrobora com que

Jiambalvo (2009, p. 3) cita “todos os gerentes precisam planejar, controlar suas

operações e tomar diversas decisões”.

A pergunta seis questionou aos proprietários se eles acreditavam que as

informações fornecidas pela contabilidade gerencial, de alguma forma, poderiam

trazer benefício para as suas empresas.

Unanimemente os entrevistados responderam sim, que a utilização da

contabilidade gerencial pode trazer benefícios fornecendo informações de como

está a empresa financeiramente e assim, quais decisões poderiam ser tomadas na

busca de melhorias para as mesmas. Este dado corrobora com o que dizem

Salvador e Pinheiro (2014), que a utilização da contabilidade gerencial permite aos

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empresários conhecimentos dos dados que são mais relevantes para a gestão da

empresa, gerando o suporte necessário para a tomada de decisões.

Em sequência, foi abordado qual o conhecimento possui o empresário a

respeito da contabilidade gerencial, e se essas informações podem contribuir dentro

do seu negócio.

As empresas de calçados, contábil e a franquia de chocolates, responderam

que mesmo com o conhecimento limitado acerca do assunto, eles têm o

entendimento de que a utilização da informação contábil gerencial pode auxiliá-los a

ter uma maior segurança na hora de tomar decisões importantes para o futuro da

empresa. Já o restaurante, forneceu uma resposta imprevista, onde a proprietária

afirmou que o gerenciamento poderia lhe auxiliar a conseguir mais crédito bancário

para sua empresa.

As respostas fornecidas pelas empresas de calçados, contábil e a franquia

de chocolates corrobora com o que discorre Crepaldi (2004), uma empresa que

utilize um sistema integrado de contabilidade gerencial leva vantagem sobre as que

não dispõem desta ferramenta. O que deixa claro, a competitividade de mercado,

ser um fator relevante a ser alcançado por esses gestores. Já a resposta dada pela

proprietária do restaurante, não se enquadra nas características e objetivos

buscados pelo gerenciamento contábil.

A pergunta de número oito foi realizada no intuito, de evidenciar se o sócio

gerente ou proprietário da empresa possuía alguma experiência anterior no ramo de

atividade do negócio.

O gestor da empresa de calçados, afirmou ter sido empregado em uma loja

do mesmo ramo em que atua hoje, o que lhe deu respaldo para abrir sua própria

empresa. O gestor do escritório contábil, disse ter trabalhado como autônomo antes

de abrir seu próprio negócio, o que facilitou no relacionamento com clientes em

potencial. A gestora do restaurante e o dono da franquia de chocolates, afirmaram

terem feito cursos voltados para a área em que atuam hoje, obtendo conhecimentos

acerca dos seus próprios negócios.

Perez Júnior, Pestana e Franco (1995) evidenciam que uma experiência de

negócios anteriores pode trazer benefícios em uma nova empreitada, fazendo com

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que o gestor esteja preparado para eventuais percalços e agindo de forma mais

segura na hora de suas decisões.

Comparando as respostas fornecidas pelas empresas, nota-se que todos

tiveram algum motivo relevante para iniciarem suas empreitadas particulares, não

visando apenas o conforto que um negócio próprio poderia lhe oferecer, além de

terem se preparado para exercer tal função antes de concluírem a abertura da

própria empresa.

O questionamento seguinte foi referente à quais motivos levaram o gestor a

abrir uma empresa no ramo de atividade escolhido.

O comerciante de calçados confirmou ter aberto uma empresa neste ramo

por já ter conhecimento e experiência neste tipo de mercado, além de, segundo ele

ter identificado que havia uma boa oportunidade de negócio para este ramo na

cidade de Aracati/CE. O escritório contábil também afirmou ter escolhido abrir uma

empresa neste ramo por já ter uma experiência passada de negócios, e por buscar

auxiliar parentes e amigos que necessitassem de informações nesta área. A

proprietária do restaurante afirmou ter aberto sua empresa por ter capital disponível

para fazê-lo, além de sempre ter almejado possuir o seu próprio empreendimento. O

proprietário da franquia de chocolates, também afirmou ter uma quantidade de

dinheiro disponível para investimento, e segundo ele, o mesmo identificou uma

oportunidade de negocio dentro do seu ramo de atividade.

Catelli (2001) cita que ter o domínio do que envolve a sua atividade, lhe dá

um respaldo no momento de gerir o seu negócio, o empresário verifica sua

concorrência de mercado, consulta fornecedores e contrata pessoas qualificadas

para estar sempre na liderança.

Diante disso, verifica-se que todos os gestores tiveram um motivo relevante

para ter efetivado o seu empreendimento na área referida de cada um, apenas

verificando que a gestora do restaurante, o fez apenas por ter uma quantia de

dinheiro para investir em seu negócio, tornando-se uma opção de risco para

pessoas que buscam um retorno imediato.

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Em seguida, foi perguntado aos empresários qual era o assessoramento

que eles recorriam quando surgem problemas de ordem fiscal, administrativa ou

financeira dentro da empresa.

Todas as empresas, com exceção do escritório contábil, buscam auxílio ao

contador terceirizado quando surge algum problema no âmbito fiscal, financeiro ou

administrativo da empresa. Já o proprietário do escritório contábil, afirmou buscar

tentar resolver internamente esses tipos de problemas, caso não consiga, busca

ajuda através de empresas de consultoria contábil registradas.

Como supracitado, a maioria das empresas utilizam serviços contábeis

terceirizados, recorrendo assim, a profissionais da área quando surge alguma

divergência dentro do seu estabelecimento.

A pergunta número onze aborda qual o principal empecilho encontrado

pelas empresas no processo administrativo.

Todos os entrevistados, com exceção novamente do escritório contábil,

responderam que a principal dificuldade encontrada pelas empresas seja qual for o

ramo de atividade, é a elevada carga tributária brasileira. O gestor do escritório

afirmou que o principal problema encontrado por ele eram divergências com

clientes, fornecedores ou mão-de-obra qualificada.

Observa-se que a preocupação dos empresários com a carga tributária

brasileira é válida, já que a mesma é uma das mais altas do mundo, e isso acaba

dificultando uma sobrevida das micro e pequenas empresas no Brasil. Outro

problema mais grave identificado pelo gestor do escritório foi em relação à

divergência com clientes, onde os serviços prestados acabam por não serem

devidamente remunerados pelos clientes.

Logo após foi questionado aos empresários quais os principais fatores para

que uma empresa obtenha sucesso em suas atividades.

O gestor da empresa de calçados, disse que o principal fator para o sucesso

de sua atividade era ter um administrador eficiente e eficaz nas suas

responsabilidades. O escritório contábil afirmou que o principal fator para o sucesso

é a capacidade de liderança de um gestor dentro de uma empresa. De acordo com

a proprietária do restaurante o principal fator para se obter sucesso é ter

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conhecimento do mercado em que atua e aproveitar as oportunidades que possam

surgir. Já a franquia de chocolates afirmou que ter uma boa estratégia de marketing

da empresa é o principal fator de sucesso da mesma.

Martins (2012) elenca três atitudes indispensáveis para que um gestor

consiga alcançar o sucesso na carreira, a primeira delas é pesquisar, analisar as

opções de mercado concorrentes e não agir apenas por impulso, a segunda é a

organização, trabalhar em cima de metas e estimativas a curto e a longo prazo, que

estejam dentro do alcance da empresa, e a terceira é o aperfeiçoamento, para

atender as necessidades do seu empreendimento, e buscar sempre melhorar como

gestor, desta forma a empresa irá crescer junto com o seu dono.

Feito a análise das respostas obtidas, nota-se que existem divergentes

pontos no que diz respeito à estimativa de sucesso de suas empresas, em suma,

reunir todas as respostas dadas, tornaria mais viável a obtenção de sucesso no

mercado competitivo.

Em sequência foi abordado a quais tipos de assessoria ou auxilio seria

necessário para enfrentar dificuldades no gerenciamento contábil.

O gestor da empresa de calçados elencou as acessórias financeira e

contábil como as mais importantes para o seu ramo de atividade. Já o escritório,

afirmou que a principal fonte de auxilio necessária seria a assessoria jurídica,

tributaria e trabalhista. O restaurante citou o auxílio financeiro, como empréstimos e

financiamentos, e também o capital de giro da empresa como as assessorias mais

importantes dentro da sua área. Já a franquia de chocolates, afirmou ser a

assessoria jurídica, tributária e trabalhista, além de atualização com cursos

empresariais e treinamento de pessoal como as assessorias de maior relevância

dentro da empresa.

Catelli (2001) cita que o gerenciamento contábil abrange as informações

financeiras e econômicas de uma entidade, tornando-se uma ferramenta

indispensável para uma gestão organizada e eficiente.

Diversas respostas foram dadas neste item, sendo que a contabilidade

gerencial abrange todos os posicionamentos dos entrevistados, pois a mesma se

utiliza de todas as ferramentas elencadas pelos gestores, como auxílio financeiro,

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assessoria tributária, capital de giro, orçamento, entre outros, que são de

fundamental importância para a saúde financeira de um negócio.

O questionamento quatorze abordou qual a expectativa que o gestor tem de

continuidade da sua empresa no mercado competitivo.

O empresário do ramo de calçados e da franquia de chocolates, afirmaram

que suas empresas estão em um ramo de atividade em plena ascensão e que a

tendência é expandir cada vez mais. Já o escritório contábil, afirmou que seu ramo

de atividade é estável, e sua continuidade depende exclusivamente de controles

eficientes de gestão interna. Por último o restaurante, afirmou que a empresa está

iniciando suas atividades e não aprofundou-se mais sobre o assunto.

Catelli (2001) afirma que a contabilidade gerencial se for devidamente

aplicada em uma empresa, seja ela de micro ou pequeno porte, pode atender todas

as necessidades dos empresários, podendo contribuir para a permanência dessas

organizações no mercado.

O último questionamento foi feito através de uma pergunta aberta de

resposta livre dos entrevistados, que questionava a possibilidade de suas empresas

contarem com um especialista em contabilidade gerencial, exclusivamente voltado

para a melhoria interna da gestão.

O empresário do comércio de calçados, respondeu que a contratação de um

profissional especialista na área gerencial seria inviável, pois os custos para esta

aquisição seriam desnecessários, o escritório contábil, afirmou já contar com um

especialista na área gerencial, e ainda concluiu que o auxílio desse profissional no

gerenciamento interno era vital para manter a saúde financeira e profissional da

empresa. A proprietária do restaurante disse considerar-se uma especialista em

gerenciamento, por ter feito alguns cursos voltados para liderança corporativa, e a

franquia de chocolates, afirmou que a contratação de um especialista nesta área só

valeria o investimento, caso sua franquia crescesse de faturamento e de porte,

considerando assim, desnecessária sua utilização para empresas de pequeno porte.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste trabalho foi demonstrar qual a relevância que a

informação contábil gerencial exerce nas micro e pequenas empresas da cidade de

Aracati/CE. A pesquisa se desenvolveu através de pesquisas bibliográficas e de

questionários aplicados aos empreendedores, fazendo o confronto desses itens

para obtenção de um resultado satisfatório.

Conclui-se que na opinião dos gestores entrevistados, a contabilidade

gerencial não exerce grande influência em seus respectivos negócios, apesar dos

mesmos respeitaram e serem consciente de que o gerenciamento é uma ferramenta

necessária de administração, e lhes dá vantagem para tomar decisões eficazes.

Fica também evidenciado que estes administradores utilizam características

do gerenciamento mesmo sem terem pleno conhecimento acerca do assunto,

muitos utilizam o controle de orçamento e de fluxo de caixa, mesmo que de maneira

informal, mas que, ainda sim, lhes fornecem um maior respaldo no momento

necessário de se tomar decisões. A empresa que melhor se destacou quanto ao

conhecimento e uso da contabilidade gerencial foi o escritório contábil, por já

trabalhar com a ciência tem melhores conceitos e aplicações.

Concluída está pesquisa pode-se notar que o gerenciamento contábil

exerce sim certa relevância na hora da tomada de decisão, pois, os gestores que a

utilizam, mesmo que de forma inconsciente, estarão sempre um passo a frente dos

demais concorrentes.

O trabalho teve como limitação a quantidade de empresas e a dificuldade de

encontrar empresas do mesmo ramo que estivessem disponíveis para melhor

comparar as ideias em relação à contabilidade gerencial.

Sugere-se a pesquisas futuras, o confronto de opiniões entre empresas do

mesmo ramo de atividade, para que seja exercido um parâmetro entre as

instituições que se utilizam dos preceitos contábeis e das que não se utilizam

dessas informações.

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REFERÊNCIAS

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A RELEVÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL GERENCIAL: UM COMPARATIVO ENTRE EMPRESAS NO RAMO DE BEBIDAS

Nádja Luana da Cunha Graduada em ciências contábeis. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte –

UERN. Endereço: Rua Margarida, 11 CEP: 59.600-000 – Mossoró. E-mail: [email protected]

Rosângela Queiroz Souza Valdevino

Professora Ma. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: Rua Prudente de Morais, 972 CEP: 59.611-000 – Mossoró.

E-mail: [email protected] (Orientadora).

Juliana Jéssica da Silva Graduada em ciências contábeis. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte –

UERN. Endereço: Rua Santa Maria, 72 CEP: 59.600-000 – Mossoró.

Renato Carvalho da Silva Contador especialista – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN.

Endereço: AV João Pessoa, 58 CEP: 59.600-900 – Mossoró. E-mail: [email protected]

RESUMO Diante de uma acirrada concorrência de mercado, as micro e pequenas empresas buscam aperfeiçoar-se cada vez mais, mantendo um bom relacionamento com seus clientes e recorrendo as práticas da Contabilidade Gerencial como instrumento crucial na tomada de decisão. Essa pesquisa teve como principal objetivo compreender como duas empresas no ramo de bebidas fazem uso das informações no gerenciamento da entidade. O presente estudo caracteriza-se por uma pesquisa descritiva. A pesquisa foi realizada em duas empresas de bebidas, uma situada na cidade de Mossoró – RN e a outra na cidade de Itaberaba – BA. Os dados obtidos foram coletados por meio de questionário semiestruturados. Para a realização dessa pesquisa, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, descritiva e qualitativa, a fim de se obter um direcionamento sobre o tema proposto no estudo. Em seguida, foi realizada a aplicação do questionário a gestora da empresa A, localizada na cidade de Mossoró-RN e ao gestor da empresa B, localizada na cidade de Itaberaba-BA, onde ficou-se evidente que ambos possuem conhecimento apropriado a respeito da contabilidade gerencial, afirmando que a mesma possui papel relevante na tomada de decisão dentro da entidade, de forma a contribuir para a continuidade das empresas, mostrou-se também a visão de ambos os gestores sobre a influência da contabilidade gerencial dentro da entidade. PALAVRAS-CHAVE: Micro e pequenas empresas. Tomada de decisão. Contabilidade Gerencial.

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, as micros e pequenas empresas buscam aperfeiçoar-se cada

vez mais em seus produtos e serviços, em virtude da acirrada concorrência que o

mercado atual impõe nos padrões de consumo.

É notório que com o decorrer dos anos o processo de gerir empresas vem

se modificando, com isso, passou-se a buscar novas ferramentas, informações e

tecnologias para o auxílio da tomada de decisão.

Tendo em vista a permanência da empresa na atividade desempenhada e

consequentemente manter-se competitiva, as entidades buscam aprimorarem-se

em seus segmentos. Assim, Iudícibus (2010, p. 21) afirma que “todo procedimento,

técnica, informação ou relatórios contábeis feitos “sob medida” para que a

administração os utilize na tomada de decisão entre alternativas confiantes, ou na

avaliação de desempenho, recai na contabilidade gerencial”. Dessa forma, não há

como não relatar a contabilidade gerencial e sua relevante influencia na gestão das

empresas.

Assim, pode-se constar que as entidades fazem-se necessárias da

contabilidade gerencial para uma melhor percepção de mercado e tomada de

decisão, tendo em vista tais pontos, pode-se estabelecer o seguinte problema de

pesquisa: como as empresas de bebidas fazem uso das informações contábeis no

gerenciamento da entidade e se ocasiona impactos na parte financeira?

O objetivo geral desse trabalho foi, portanto, compreender como as

empresas de bebidas fazem uso das informações contábeis no gerenciamento da

entidade. Já como objetivos específicos, essa pesquisa pretende: identificar a

relevância da informação contábil nas entidades; compreender a visão dos gestores

sobre a contabilidade gerencial e evidenciar o papel da contabilidade gerencial

dentro das empresas.

Em todo o mundo tem-se a extinção de muitas micro e pequenas empresas,

que não conseguem acompanhar a alta competitividade do mercado e também em

consequência de erros de administração da entidade que vão desde uma má

utilização das informações gerenciais até a inexistência das mesmas.

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Para tanto, a contabilidade gerencial faz-se presente no auxílio das

informações e utilizando-se como ferramenta para à obtenção de relatórios

satisfatórios para a avaliação de suas entidades. Relatórios esses que precisam ser

precisos, coesos e de fácil entendimento para a melhor averiguação acerca da real

situação de mercado, clientes, saúde financeira da empresa e tomada de decisão.

Assim sendo, a contabilidade gerencial é um destaque como ferramenta da

tomada de decisão na empresa buscando auxiliá-las. Em complemento, esse

estudo é relevante, pois avalia teoria e prática, possibilitando evidenciar a

contabilidade gerencial em um ramo pouco evidenciado atualmente.

A tipologia de pesquisa, quanto aos objetivos, é qualitativa e descritiva. Os

dados primários foram coletados inicialmente por meio de questionários aos

gestores de cada uma das empresas, enquanto os dados secundários foram

coletados por meio de livros, revistas, artigos científicos e pesquisas eletrônicas.

Esse trabalho está dividido em capítulos. No primeiro encontra-se a

introdução, onde aborda-se a contextualização do tema logo após, tem-se o objetivo

geral e específicos. No segundo capitulo encontra-se o referencial teórico, onde foi

abordado os conceitos fundamentais para tal pesquisa. O terceiro capitulo refere-se

a metodologia em que encontra-se o método tido como base para desenvolver o

meio utilizado para a coleta de dados. Tem-se ainda a análise dos resultados e por

fim as conclusões e referências.

2 CONTABILIDADE GERENCIAL

Com o aumento da concorrência em diversos ramos de comércio e

prestações de serviços, as empresas buscaram aprimorar suas qualidades

procurando um diferencial a mais para uma fidelização do cliente e também uma

forma eficaz de se ter relatórios mais precisos a respeito de sua empresa, fazendo

assim uma melhor gestão empresarial. A contabilidade gerencial surgiu com o

intuito de satisfazer as necessidades empresariais, fornecendo-lhes relatórios

precisos, úteis e de relevância para os gestores no auxílio à tomada de decisão

(PADOVEZE, 2012).

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Em um sentido mais restrito, Iudícibus (2010) faz referência que a

contabilidade gerencial está voltada principalmente para a administração da

entidade, suprindo informações relevantes e efetivas para o processo decisório do

administrador.

Faz-se uso da contabilidade gerencial não só no campo contábil, pois as

empresas que procuram uma melhor administração em outras áreas recaem ao

processo de gestão contábil para a elaboração de relatórios, pareceres, informações

precisas a respeito de certas situações.

Assim sendo, Iudícibus (2010, p. 21, grifo do autor) afirma:

De maneira geral, portanto, pode-se afirmar que todo procedimento, técnica, informação ou relatório contábil feitos “sob medida” para que a administração os utilize na tomada de decisões entre alternativas conflitantes, ou na avaliação de desempenho, recai na contabilidade gerencial.

As informações contábil-gerenciais utilizam-se de demonstrações passadas

e presentes para a elaboração dos relatórios pertinentes ao gestor da entidade e

seus usuários. Tais informações servirão de auxílio para decisões futuras e planos

estratégicos empresariais, de forma que, tais informações possam servir como

modelo para uma gestão saudável e de bons resultados.

2.1 A CONTABILIDADE GERENCIAL COMO FERRAMENTA DECISÓRIA

Com uma constante evolução, os campos de atuação das empresas

necessitam aprimorarem-se à demanda emanada pela população, e com isso faz-se

necessários à necessidade de agilizar e tornar a margem de lucro significativa, com

esse fato, teve-se que manter a excelência no processo de informação e decisões

organizacionais (PADOVEZE, 2012).

Atualmente, as entidades preocupam-se com a fidelização do cliente, com a

concorrência de mercado, melhorias organizacionais e principalmente com

informações relevantes do dia a dia empresarial, buscando acertar nas decisões

tomadas pelos gestores através dos relatórios e dados gerados e elaborados pela

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contabilidade gerencial. Com esse ambiente altamente competitivo, Crepaldi (2011)

afirma que o sistema gerencial da empresa tem que obter informações precisas e

oportunas para a tomada de decisão da entidade, a fim de ressaltar melhores

resultados para a organização.

Para Sá (2012) relata que com esses processos de transição em que o

mercado apresenta, a contabilidade gerencial tem papel decisório para os gestores,

pois elabora planos estratégicos, auxilia o gestor na entidade, executa uma série de

tarefas para um melhor rendimento, aproveitamento e melhores resultados. É

notório a preocupação dos administradores com relação as informações geradas

pela empresa, pois é de primordial relevância que sejam tempestivas, de qualidade,

apresentem confiança suficiente para uma tomada de decisão precisa e coesa.

3 METODOLOGIA

Nesta seção serão apresentados: o tipo de pesquisa realizada e os

procedimentos adotados no estudo piloto e na coleta de dados propriamente dita.

A pesquisa existe para difundir a necessidade de compreensão,

interpretação e de desenvolvimento de novos ramos no mundo. Para Gil (1989) o

delineamento da pesquisa abrange o campo mais amplo, ou seja, levam-se em

consideração as variáveis envolvidas e o espaço em que os dados irão ser

coletados.

A expor esse trabalho, utilizou-se da pesquisa qualitativa, pois abrangeu a

relevância das informações contábeis a seus usuários. Ainda para Gil (1989) cita

que o método qualitativo busca examinar um grupo específico, busca aprofundar-se

sobre determinado ponto de vista do examinador. As informações fornecidas nesse

estudo serão interpretadas, levando em consideração seu grau de importância para

o estudo.

Já quanto ao método de pesquisa, foi descritiva, teve como um de seus

objetivos descrever características e aspectos de sua população. A área de estudo

realizou-se em duas revendas no ramo de bebidas, uma localizada na cidade de

Mossoró-RN e outra na cidade de Itaberaba-BA. Com relação ao tempo

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desprendido para este estudo foi discorrido entre os meses de abril a novembro de

2014.A coleta de dados desta pesquisa deu-se através de um levantamento de

materiais publicados como livros, artigo, revistas e outros e um questionário com

perguntas abertas aos gestores das duas empresas, de forma a expressarem seus

pontos de vista acerca do assunto.

A referida pesquisa obtinha 08 questões semiestruturadas, abertas e foi

realizada com os dois gestores das empresas. Para categorização dos efeitos e

apresentação dos resultados foi realizada um confronto entre a teoria, vista no

referencial teórico e as respostas dadas pelos entrevistados.

4 RESULTADOS

A obtenção dos resultados foi proposta por questionário estruturado com

perguntas abertas, de caráter qualitativo em duas empresas do ramo de bebidas,

onde a empresa A situa-se na cidade de Mossoró – RN e a empresa B, está

localizada na cidade de Itaberaba – BA.

O questionário contou com oito perguntas abertas, onde os gestores das

duas entidades puderam expor seus pontos de vista sobre o tema abordado da

pesquisa, sua aplicação, seu diferencial de mercado, a relevância da tomada de

decisão, entre outros aspectos que as empresas consideram relevantes para o

mercado organizacional.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS

A primeira empresa entrevistada foi denominada de empresa A, localizada

na cidade de Mossoró – RN. A segunda empresa entrevistada denominada de B

situa-se na cidade de Itaberaba – BA. Ambas atuam no mercado de distribuição de

uma marca conhecida internacionalmente no ramo cervejeiro.

A empresa A atua na cidade de Mossoró e cidades vizinhas há 14 anos,

possui cerca de 80 pessoas no seu quadro de funcionários, onde estão alocados

nos setores de entrega, administração, vendas e marketing. Já a empresa B, atua

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no mercado há 17 anos, possui em seu quadro de funcionários 67 colaboradores,

também distribuídos nos setores de vendas, entrega, administração e marketing.

Com relação aos questionamentos levantados, foi realizada uma entrevista

com a gestora da Empresa A, sexo feminino, solteira e atua a 5 anos na entidade.

Na organização B, a entrevista deu-se com o gestor da empresa, sexo masculino,

solteiro e que atua a 2 anos na corporação.

4.1.1 Resultados e discussões

Para a obtenção dos resultados, foi realizado um questionário estruturado

com ambos os gestores. Primeiramente convém observar que o mercado onde as

duas empresas atuam é altamente competitivo e apresenta diversos produtos

substitutos, desse modo, foi questionado aos gestores o que as empresas fazem

para manterem-se competitivas e produzir o diferencial de mercado.

De acordo com a gestora da Empresa A, o relacionamento com o cliente é a

base para manter-se competitivo no mercado, pois assim, a empresa conhece as

reais necessidades dos clientes, conquistando assim, a sua fidelização. Do ponto de

vista do gestor B, o diferencial está no bom relacionamento com sua equipe,

preservando o respeito, harmonia e união interna entre os colaboradores, além de

manter um bom serviço prestado aos clientes. Respostas essas que constatam o

que o Conselho federal de contabilidade (2014) diz a respeito da alta

competitividade de mercado e da relevância em se ter um bom profissional contábil

atualizado, proativo, versátil e com um bom relacionamento interpessoal com todos

da corporação empresarial, além de respaldar a ética contábil e proporcionar

relatórios de qualidade para a tomada de decisão, com isso, levando assim os

colaboradores da empresa a um relacionamento amistoso com seus clientes e

fornecedores.

No tocante ao conceito de contabilidade gerencial, abordado no

questionário, as respostas dos dois gestores A e B enfatizam que a contabilidade

gerencial pode influenciar nas decisões empresariais. “...é quando tudo que é visto

na contabilidade seja imposto, tributos, ou até mesmo decisões financeiras podem

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afetar no cotidiano e no desenvolvimento da empresa” (GESTOR A).“[...] conjunto

de informações que é passada para a administração geral da empresa que auxilia

os gerentes em seu processo decisório” (GESTOR B). Corroboram com a ideia de

Iudícibus (2010) que a contabilidade gerencial está voltada principalmente para a

administração da entidade, suprindo informações relevantes e efetivas para o

processo decisório do administrador. Como também, parte da ideia de Atkinson

(2000) de que a contabilidade gerencial deve produzir informações precisas e

relevantes para os usuários internos da instituição, afim de levar os gestores à

tomada de decisão correta, visando o bem econômico e a geração de benefícios

para a entidade.Com isso, tende-se a observar, que os dois gestores A e B

compreendem o conceito da contabilidade gerencial dentro da entidade e sabem a

relevância dos relatórios elaborados pelo contador gerencial para o auxílio à tomada

de decisão.

Tendo em vista a visão dos dois gestores das empresas sobre a relevância

da contabilidade gerencial, foi abordada a influência da mesma na entidade. Onde a

gestora da empresa A ressalta que é através dos relatórios gerados pelo contador

gerencial que se obtém as informações necessárias para a tomada de decisão

dentro da entidade. Pensamento esse, que assemelha-se ao que Ricardino (2005)

expõe, ao afirmar que a principal finalidade da contabilidade gerencial está voltada

para suprir as informações que a administração necessita na elaboração de sua

estratégia organizacional de mercado. Já quanto o gestor da empresa B, assim

como a gestora da empresa A, ressalta a relevância da contabilidade gerencial

como ferramenta decisória dentro da entidade, evidenciando que quase sempre a

utiliza na empresa B para o planejamento estratégico organizacional, bem como,

para o controle da empresa. Portanto, tais respostas fornecidas, reforçam a ideia de

Crepaldi (2011) que a contabilidade gerencial tem como principal objetivo fornecer

informações como instrumento de auxílio aos administradores das empresas volta-

se para um melhor aproveitamento de seus recursos financeiros na execução de

seus futuros ideais, objetivos e lucratividade.

Com base no mercado atual, onde as empresas buscam a excelência e a

alta competitividade acelera o processo dos negócios, as decisões que envolvem o

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futuro da organização tem maior visão no campo dos negócios, de acordo com

Crepaldi (2011) o sistema gerencial da empresa tem que obter informações precisas

e oportunas para a tomada de decisão da entidade, a fim de ressaltar melhores

resultados para a organização. Dessa maneira, foi questionado aos gestores a visão

dos mesmos sobre a tomada de decisão dentro da entidade, assim sendo, a gestora

da empresa A, trata com relevância e destreza ao afirmar que a tomada de decisão

é tida como importante dentro da instituição, pois visa o desenvolvimento

empresarial futuro. O gestor B assegura que, com as informações coerentes e

precisas, pode-se tomar decisões mais coesas que façam com que a empresa

consiga se sobressair no mercado. Dessa forma, a replicação dos entrevistados vai

ao encontro do entendimento do IASB (2001) ao relatar que a informação contábil é

capaz de elaborar um diferencial, auxiliando os usuários internos sobre ações

futuras, elaboração de relatórios de resultados passados e filtragem de informações

relevantes que levem a empresa à obtenção de resultados lucrativos.

Diante desse cenário, torna-se fundamental e significante que as decisões

tomadas venham a ser precedidas de informações relevantes e que possibilitem

resultados diferenciados e satisfatórios. Para Oliveira, Muller e Nakamura (2000)

explica que além da contabilidade gerar informações precisas, possibilita a

elaboração de modelos patrimoniais de forma a evidenciar resultados de exercício

passado, bem como controlar, elaborar, gerir um melhor desenvolvimento na

empresa. Tendo em vista tal informação, foi questionado aos gestores o papel da

contabilidade gerencial dentro da empresa. A gestora da empresa A relatou que a

contabilidade gerencial fornece mecanismos que auxiliam o entendimento sobre o

desenvolvimento dos setores da entidade, quanto ao gestor B, assegura que,

cercar-se de boas informações é favorável para a saúde empresarial.

O constante uso das informações contábeis pelos administradores das

empresas acarretam benefícios financeiros e fiscais, além de uma visão mais

precisa a cerca da saúde empresarial, bem como um auxilio nas decisões futuras da

entidade. Infelizmente, algumas empresas não utilizam tais informações, seja por

desconhecimento empresarial, como também, por falta de recursos para a

implantação do setor contábil. Assim Caneca (2009) destaca que a empresa que

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possui um sistema gerencial, e que solicita, absorve e põe em prática os relatórios

na tomada de decisão, tem uma maior chance de se alcançar o sucesso

profissional, uma vez que, é a partir de boas decisões que advém bons resultados.

Embora os gestores reconheçam a relevância da informação contábil para a tomada

de decisão, foi indagado aos mesmos se utilizam-se das informações contábil

gerenciais na entidade. Onde tanto a gestora A, quanto o gestor B, proferiram que,

nem sempre utilizam-se das informações contábeis, alegando o fato de se requerer

informações mais rápidas para a tomada de decisão, partindo assim, para decisões

que não exigem um maior aprofundamento nas respostas do que as elaboradas

pelo setor contábil. Padoveze (2012) destaca que a finalidade da empresa é gerar

lucros para seus investidores, uma boa administração é crucial para o

desenvolvimento empresarial, sua continuidade e sucesso, esses são alguns dos

fatores que induzem o administrador a ter uma contabilidade gerencial como

instrumento de apoio às decisões pertinentes.

Sob a ótica dos dois gestores, foi inquerido se há diferença entre a

contabilidade financeira e a contabilidade gerencial, ambos não souberam informar

se havia diferenciação entre esses dois ramos contábeis. No entanto, Atkinson

(2000) declara que esses dois ramos possuem usuários diferentes, uma vez que, a

contabilidade financeira busca suprir a necessidade dos usuários externos da

entidade, como bancos e fornecedores, já quanto à contabilidade gerencial destaca

que é voltada para os usuários internos, como gestores, acionistas e colaboradores,

ou seja, tem como uma de suas prioridades o auxílio dos gestores, o fornecimento

de informações fidedignas, coerentes e oportunas para a tomada de decisão.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral desse trabalho foi identificar a relevância da contabilidade

gerencial como instrumento decisivo na tomada de decisão dentro da empresa A e

da empresa B.

Para o alcance dos objetivos propostos, foram realizadas entrevistas

semiestruturadas com os dois gestores das empresas A e B. Combinando o estudo

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do referencial teórico com as respostas obtidas na entrevista, foi possível o alcance

do objetivo proposto.

Analisando-se os pontos abordados, constatou-se que os gestores A e B

são cientes da relevância da contabilidade gerencial no processo decisório da

empresa. Das informações coletadas, notou-se que ambos enfatizam a tomada de

decisão como ponto crucial para a continuidade da empresarial e que a

contabilidade gerencial é fundamental no crescimento financeiro.

Dessa forma, ficou evidente que a contabilidade gerencial dentro da

entidade tem papel decisório, uma vez que coleta, controla, direciona e informa os

gestores das empresas sobre quais rumos à mesma deverá seguir para se obter um

melhor resultado durante o período do exercício que se encontra.

O primeiro objetivo específico da pesquisa era identificar a importância da

informação contábil dentro das entidades, que foi respondido demonstrando que o

referencial teórico aborda sobre o assunto e os gestores das empresas A e B

conseguem identificar tal importância na instituição no dia a dia empresarial.

Quanto ao segundo objetivo específico, compreender a visão dos gestores

sobre a contabilidade gerencial, foi evidenciado que, os dois gestores tem

entendimento e discernimento sobre essa questão, toda via destacam o contador

gerencial como um elo entre uma boa administração e bons resultados futuros,

através das informações gerenciais elaboradas. Porém, quanto a aplicabilidade da

informação gerencial dentro das empresas A e B, não condiz com o exposto no

referencial teórico, uma vez que, os mesmos conhecem a necessidade de se ter um

bom planejamento estratégico contábil na entidade, mas não aplicam devidamente

essas orientações, pois, necessitam de informações a curto prazo, e alegam que

são obtidas através de relatórios não tão precisos e coesos como os fornecidos pelo

setor contábil, partindo assim, a se obter algumas decisões errôneas para a

entidade. Decisões essas, que poderiam ser assertivas, utilizando-se dos relatórios

contábeis fornecidos pelo contador gerencial da entidade, que coleta, analisa, filtra e

gerencia as informações mais relevantes para a necessidade atual do gestor

empresarial.

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Já em relação ao terceiro objetivo especifico proposto, que era evidenciar o

papel da contabilidade gerencial dentro da empresa, notou-se que diversos autores

citados no referencial tem um campo de visão bastante semelhante em relação ao

papel que a contabilidade gerencial exerce dentro das entidades, demonstrando que

é de grande relevância para o processo decisório empresarial. Sob essa mesma

visão os gestores A e B corroboram com esses autores, ao perceber que a

continuidade empresarial depende não só dos setores de execução na empresa,

como também, das informações geradas pelo setor contábil, que identifica uma

melhor forma de se obter melhores resultados e uma melhor lucratividade

empresarial, colaborando assim para uma boa gestão, todavia que, o sucesso é

obtido pelo esforço de um grupo, e não só de apenas um único setor ou

colaborador.

Sendo assim, não basta às empresas terem o conhecimento organizacional,

é necessário por em prática as técnicas e melhorias para obtenção de resultados

positivos no andamento empresarial. O que ficou compreendido é que, embora a

empresa A e a empresa B tenham o conhecimento à cerca do assunto proposto, as

mesmas ainda estão em processo de aprendizagem para conciliarem a teoria e

prática.

Diante de um mercado altamente competitivo, as empresas tendem a

buscar o diferencial para sobressaírem-se sobre suas concorrentes. Diferencial esse

que, pode ser encontrado no bom uso da contabilidade gerencial e suas

ferramentas decisórias, auxiliando os gestores no processo de tomada de decisão.

Evidenciando que o contador não é apenas aquele funcionário que apenas calcula

impostos, e sim um profissional apto para se dar um bom direcionamento

empresarial, contribuindo assim, para a execução de atividades que viabilizem a

permanência dessas empresas no cenário econômico.

O trabalho foi limitado apenas a duas empresas mostrando-se um estudo de

caso muito concentrado. Como sugestão para as demais pesquisas poderia ser

ampliado o número de empresas e até comparar ramos diferentes para se ter um

melhor embasamento sobre a problemática de pesquisa.

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REFERÊNCIAS

ATKINSON, A.A; BANKER, R. D; KAPLAN, R. S; YOUNG, S. M; Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. CANECA, R. L. et al. A influência da oferta de contabilidade gerencial na percepção da qualidade dos serviços contábeis prestados aos gestores de Micro, Pequenas e Médias Empresas. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 11, n. 43, p. 35-44. Disponível em: <http://webserver.crcrj.org.br/asscom/Pensar contabil/revistaspdf/revista43.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2014. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais de Contabilidade e normas Brasileiras de Contabilidade.CFC. Brasília, DF, 2014. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade. São Paulo: Ed. Atlas, 2011. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1989. INSTITUTO DOS AUDITORES INDEPENDENTES DO BRASIL. NPC S/N: Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/detPublicacao.php?cod=150>. Acesso em: 09 jun. 2014. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, A. G.; MÜLLER, A. N.; NAKAMURA, W.T. A utilização das informações geradas pelo sistema de informação contábil como subsídio aos processos administrativos nas 55 pequenas empresas. Revista FAE, Curitiba, v.3, n.3, p.1-12. 2000. Disponível em: <http://www.unifae.br/publicacoes/pdf/ revista_da_fae/fae_v3_n3/a_utilizacao_das_informacoes.pdf>. Acesso em: 18 out. 2014. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial. Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2012. Disponível em:<http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=phJkh gva1_4C&oi=fnd&pg=PA7&dq=contabilidade+gerencial+segundo+padoveze&ots=1ZVGlEPSU4&sig=jShTE_ka7r-gc9_R2ctSYpr-2vM#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 11 set. 2014. RICARDINO, Álvaro. Contabilidade gerencial e societária: origens e desenvolvimento. São Paulo: Saraiva, 2005. SÁ, Antônio Lopes de. Teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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A CONTABILIDADE GERENCIAL E SUA RELEVÂNCIA NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES

Kennedy Paiva da Silva

Rafael Ramon Rodrigues Francisco Igo Leite Soares

RESUMO Este trabalho tem como objetivo evidenciar a importância da contabilidade Gerencial para a tomada de decisões nas empresas, com ênfase na observação da sua importância no atual mercado competitivo em que as organizações estão inseridos nos dias de hoje, mesmo não sendo obrigatória perante a legislação vigente, a Contabilidade Gerencial está sendo cada vez mais utilizada pelos gestores como auxilio para o processo de gestão. A Contabilidade com o passar dos anos, ganhou cada vez mais importância no cenário competitivo das empresas, ao modo que, com o passar do tempo foi ganhando desmembramentos e formas para que pudesse atender a todas as áreas de conhecimento contábil, visto que, hoje a contabilidade no âmbito geral não é apenas aquela ferramenta utilizada para contabilização de tributos perante o fisco. Deste modo, estas variâncias servem para atender todas as necessidades dos organismos empresariais, despertando a necessidade de se utilizar de técnicas contábeis para a tomada de decisões, à medida que, assim a Contabilidade Gerencial começou a servir de ênfase para este tipo de desempenho servindo como ferramenta de planejamento e de utilização para a tomada de decisões, visto que, este desmembramento da contabilidade utiliza-se de técnicas para auxiliar os gestores e todos aquelas que desempenham papel efetivo na administração das entidades, reforçando assim, se tem a ideia de Crepaldi (2008, p.5) “Contabilidade Gerencial é o ramo da Contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliam em suas funções gerenciais”, deste modo, observa-se que a Contabilidade Gerencial tem uma grande importância para os gestores e todos aquelas envolvidos com a empresa no macro e microambiente, pois o bom desempenho da organização afeta todos estes indivíduos direta ou indiretamente. Assim conforme Garrison (2007, p.21), “A Contabilidade Gerencial preocupa-se mais com o futuro, dá menos ênfase à precisão, enfatiza segmentos de uma organização (em lugar da organização como um todo), e não é governada por princípios contábeis aceitos, além de não ser obrigatória”. Deste modo, a Contabilidade Gerencial mesmo não sendo obrigatória sua elaboração como é o caso da contabilidade fiscal, tem se tornado frequente perante os administradores, pois os mesmos perceberam a importância da sua utilização como ferramenta de auxílio na gestão. Pois, a informação contábil principalmente a gerencial, tem importância para os usuários finais, visto que, sua efetividade vem diante principalmente da elaboração e estudo das informações contábeis. Os procedimentos metodológico observados na construção deste trabalho, foi através de pesquisa bibliográfica onde buscou-se evidenciar e dar fundamentação teórica ao trabalho, fundamentando assim a ideia pesquisada, Para Gil (2007, p. 44), os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das

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diversas posições acerca de um problema. Com isso, conclui-se a importância da Contabilidade Gerencial como forma efetiva para auxilio da tomada de decisões, com base na sua evidenciação com ênfase em elaborar informações uteis, repassando aos administradores todas as informações necessárias para que os mesmos possam administrar de forma mais eficiente as organizações, utilizando as informações gerenciais disponibilizadas pela Contabilidade Gerencial, ao modo que, utiliza-se essa informação de forma eficaz. REFERÊNCIAS

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial: Teoria e prática. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008. GARRISON, Ray H., et al. Contabilidade gerencial. 11° ed. Rio Janeiro: LTC, 2007. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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A LEI DE ACESSO A INFORMAÇÃO NO PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CÂMARAS MUNICIPAIS

Leonides Ferreira de Holanda Junior Graduado em ciências contábeis. – Faculdade Mater Christi – FMC. Endereço: Rua Santos

Dumont, 264 CEP: 62.800-000 - Aracati. E-mail: [email protected]@hotmail.com.

Maria Rosineide dos Santos Araújo

Graduada em Administração. – Universidade Potiguar de Mossoró, – UNP. Endereço: Rua Joaquim Afonso, 25 CEP 59631-450, Mossoró.

E-mail: [email protected].

Rosângela Queiroz Souza Valdevino Professora Me. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: Rua

Prudente de Morais, 972 CEP: 59611-100 – Mossoró. E-mail: [email protected] (Orientadora).

RESUMO O referido trabalho teve como objetivo geral verificar o cumprimento da lei nº 12.527/2011 de 18 de novembro de 2011, lei de acesso à informação comparando a utilização desta entre duas câmaras municipais de dois estados distintos, do Ceará e do Rio Grande do Norte. Como metodologia, foi realizada uma pesquisa bibliográfica a cerca do assunto principal. Já a pesquisa de campo para a coleta dos dados, foi feita via internet. Para apuração dos resultados foi utilizada a análise de conteúdo que trata de um comparativo entre a C1 e a C2 diante das informações coletadas pela internet e a literatura. A conclusão do trabalho foi que o C1 utiliza de site para informações pertinentes aos gastos públicos e a C2 não utiliza desse meio de acesso à informação. Com isso, as consultas feitas demonstraram que uma câmara não cumpre com a lei, podendo acarretar com isso, problemas para o referido erário público. A pesquisa teve ainda como limitação apenas duas câmaras. Como sugestão para próximas pesquisas, seria de grande contribuição, o aumento do número de poderes legislativos municipais, fazendo uma comparação mais específica entre estados. PALAVRAS-CHAVE: Lei. Acesso. Informação. Legislativo. Municipal.

1 INTRODUÇÃO

O acesso à informação vem crescendo gradativamente no Brasil devido ao

crescimento da tecnologia. A população nos últimos anos vem buscando mais

informações acerca do dinheiro público, com isso, os gestores tem a obrigação de

fornecer as informações de forma clara, de como estão sendo gasto os recursos

públicos, visto que esses recursos são oriundos dos impostos e taxas pagos pela

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população para ser revertido em melhorias para todos. Com o advento da Lei

nº12.527/2011, que entrou em vigor em 16 de maio de 2012, regulamentando o

direito constitucional de acesso às informações públicas, criando mecanismos que

possibilitam, a qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar

motivo, o recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.

A referida lei é clara em seu art. 1º quando fala quem está subordinado ao

regime da lei onde pode-se observar claramente o poder legislativo como órgão

público que integra a administração, portanto as câmaras municipais são obrigadas

a seguir a lei. Vale ressaltar que os municípios com menos de 10 mil habitantes, não

precisam publicar na internet o conjunto mínimo de informações exigido. Seguindo

esse contexto tem-se a problemática de pesquisa: como o poder legislativo

municipal do estado do Ceará e o Rio Grande do norte estão cumprindo a lei de

acesso a informação?

A pesquisa ainda tem como objetivo geral comparar os métodos utilizados

entre as duas câmaras municipais para o cumprimento da lei de acesso à

informação.

O referido resumo traz uma significativa relevância diante dos últimos

acontecimentos no Brasil com escândalos envolvendo políticos no desvio de verbas

públicas, portanto a lei de acesso à informação contribui para o aumento da

eficiência do poder público, diminuindo a corrupção e elevando a participação da

sociedade que busca informações dos gastos públicos.

A metodologia aplicada para alcançar tal finalidade foi à descritiva e

qualitativa. Os dados primários foram coletados via internet por meio de uma

pesquisa online, sobre as informações obrigadas a ter de fácil acesso. Os dados

secundários fundamentaram-se no estudo bibliográfico de artigos, revistas, livros,

pesquisas eletrônicas e periódicos nacionais.

O trabalho encontra-se dividido em Introdução, em que pode ser observado

um breve resumo sobre o assunto pesquisado. Em seguida, foi definida a

metodologia utilizada para a realização deste trabalho. Os resultados vêm logo após

e por fim as referências onde consta toda a bibliografia estudada para elaboração

do estudo.

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2 METODOLOGIA

A fim de encontrar respostas aos problemas propostos, para a elaboração

de uma pesquisa científica faz-se necessário à apresentação de aspectos

metodológicos. De acordo com Gil (2010), a metodologia é uma disciplina com

normas adotadas para atingir o conhecimento e esclarecer a relevância do trabalho

realizado.

No intuito de encontrar respostas ao problema proposto nesta pesquisa,

foram realizadas pesquisas através da internet para encontrar as informações

obrigatórias em lei.

Já os critérios para a seleção dos estados, foi levado em consideração a

priori, a região Nordeste e escolhido os estados que atendiam os critérios,

facilitando a coleta de dados.

Portanto, como ponto de partida temos a lei n° 12.527 de 18 de novembro

de 2011, art. 8º, § 1º, que estabelece o conjunto mínimo de informações que devem

ser fornecidas na internet:

1. Conteúdo institucional: competências, estrutura organizacional, endereços e

telefones das unidades, horário de atendimento ao público e respostas às

perguntas mais frequentes da sociedade.

2. Conteúdo financeiro e orçamentário: registros de repasses ou transferências

de recursos financeiros, bem como de despesas; Informações de licitações

(editais, resultados e contratos celebrados) e dados gerais sobre programas,

ações, projetos e obras de órgãos e entidades.

O tempo para análise correspondeu ao período de 13 a 16 de setembro de

2015. A pesquisa foi realizada com duas câmaras municipais de pequeno porte,

onde o município apresentava um número de mais de 10 mil habitantes, de acordo

com o senso de 2014. Foi adotado como critério de escolha das câmaras por meio

do PIB per capita do município, para que os resultados não fossem interferidos pelo

fato de terem arrecadações distintas.

Pensando na continuidade da pesquisa, foi escolhido duas câmaras de

estados diferentes, assim sendo a escolha do estado foi levado em consideração

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que teriam que ser de uma mesma região, com as mesmas características, portanto

foram escolhidos os estados do nordeste, pensando no bom desempenho da

pesquisa os estados escolhidos foram: o Ceará e o Rio Grande do Norte. Para uma

melhor identificação nos resultados utilizou-se a classificação de C1 e C2 que

significa câmara 1 e câmara 2, tal técnica facilitou a análise dos resultados.

3 RESULTADOS

As câmaras municipais denominados de C1 e C2 são de cidades do

nordeste distintas, uma do estado do Ceará e a outra do Rio Grande do Norte,

ambas com os indicadores, IDH-M, PIB, PIB per capita e número de habitantes de

valores aproximados, em comparação um com o outro.

Foram analisadas as respectivas câmaras municipais via internet, um dos

mecanismos da lei de acesso à informação, em um período de quatro dias.

Os gestores das câmaras municipais já detêm de conhecimentos da lei,

visto que a mesma é de 2011. Ao realizar a pesquisa no site de pesquisa Google,

sobre as câmaras municipais C1 e C2, observou-se que a C1 detinha de um site

exclusivo que ao adentrar encontramos de forma rápida e clara, todas as

informações previstas do decreto. Já a C2 não obteve-se nenhuma informação, nem

mesmo site, portanto levando em consideração que o município tem mais de 10 mil

habitantes, o poder legislativo deveria fornecer via internet informações mínimas.

Entretanto foi possível observar que C2 ao não cumprir a lei de acesso à

informação está ocultando os dados que são de direito da população, dificultando o

acompanhamento da sociedade dos gastos públicos e consequentemente uma

possível sansão jurídica, chegando cometer uma infração administrativa, e poderá

ser punido com, no mínimo, uma suspensão. Se for o caso, o agente público

também poderá responder a processo por improbidade administrativa.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral do trabalho foi comparar os métodos utilizados entre as

duas câmaras municipais para o cumprimento da lei de acesso à informação.

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O mesmo foi alcançado com a pesquisa aplicada, portanto a lei de acesso a

informação é uma regra que deve ser cumprida. Porém, C2 não cumpre com as

regras estabelecidas em lei, onde tais informações devem ser publicadas via

internet, ainda notou-se a inexistência de site, ficando inviável tal acesso das

informações. Ao pesquisar C1 observou-se que a mesma encontra-se em dias com

as obrigações pertinentes a lei de nº 12.527/2011 e consequentemente o decreto nº

7.724/12, onde encontra-se de fácil acesso todas as informações, em um site da

próprio. A pesquisa foi limitada apenas a duas câmaras municipais de dois estados.

Com isso, tem-se a sugestão de ampliar o número de pesquisados no intuito de

procurar melhores resultados se utilizando de uma população maior.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009. GIL, A. C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. FEDERAL, G. Disponível em:< http://www.acessoainformacao.gov.br/> Acesso em: 15 set. 2015. CIDADES, P. Disponível em:< http:// www.ibge.gov.br/home//> Acesso em: 15 set. 2015.

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ANÁLISE CRÍTICA DOS EFEITOS DA ECONOMIA NA EDUCAÇÃO

Iêda Silvana Tavares Diniz UERN. Mossoró/RN, Brasil – [email protected]

Lúcia Maria Lima Nascimento

IFRN. Mossoró/RN, Brasil – [email protected]

RESUMO Essa pesquisa tem foco na análise crítica referente aos efeitos do capitalismo no sistema educacional brasileiro, a partir de pesquisa bibliográfica. Busca-se observar como se manifestam os conflitos na relação de economia e educação, se causam e quais os efeitos sobre a educação. É um convite para se refletir sobre os conflitos contemporâneos de uma sociedade doente e sobre a complexa lógica do capitalismo. Uma leitura ilustrada por poemas que contextualizam o cotidiano nosso de cada dia. A ideia de desenvolvimento da sociedade contemporânea não parece ser a ideal diante de seus cidadãos, a exemplo da relação entre a atividade produtiva e suas consequências sobre o meio ambiente, reflexo da educação. PALAVRAS-CHAVE: Critica. Educação. Economia.

O fenômeno da globalização é responsável por uma série de

transformações. As mudanças são visíveis em todos os níveis de nossas vidas. As

alterações no meio educacional, bem como suas consequências, também são

evidentes.

Nessa análise, chamamos a atenção para o conflito entre educação e

economia. O sistema educacional precisa ser revisto. É necessário repensar

conceitos, avaliar metodologias, priorizando sempre o ser e não apenas o ter, este

último regido pela lógica do capital, conforme ratifica Robin (1989, p. 180), ao

afirmar “Acabamos de conhecer o verdadeiro promotor da “economia de mercado”

desde há três séculos, o capitalismo, cujo rosto apresenta aspectos mais

inquietantes: a sua lógica de poder, as suas funções conjuntas de acumulação de

capital e de produção, a sua procura do lucro financeiro máximo no mais curto

espaço de tempo possível, a sua racionalização integral no desprezo pelo humano.”

A sociedade contemporânea valoriza mais o “ter” que o “ser”, tirar vantagem

sobre outros indivíduos tornou-se mais importante, pois passou a ser sinônimo de

“esperteza”, a ética por conveniência tornou-se prática comum no mundo dos

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negócios, isto posto, é necessário que o homem reflita sobre seus conflitos. Para

Krishnamurti(1976), “a educação correta vem com a transformação de nós mesmos.

Devemos reeducar-nos para não nos matarmos mutuamente por nenhuma causa,

por mais “sagrada” que seja, por ideologia alguma, por mais que prometa a

felicidade fututra para o mundo.” Necessitamos de nos reeducar, parar de procurara

culpados para problemas que nós mesmos criamos, e refletir sobre nossa postura

diante de nós mesmos e dos outros. O que implicaria a humanização da sociedade,

minimizando as injustiças sociais, consequências do mesmo capitalismo que a um

só tempo nos proporciona conforto a custa da exploração de muitos que contribuem

para que tenhamos acesso a ele, conforme nos mostra Fereeira Gullar em seu

poema “o açúcar”:

O branco açúcar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro E afável ao paladar Como beijo de moça, água Na pele, flor Que se dissolve na boca. Mas esse açúcar Não foi feito por mim. Este açúcar veio Da mercearia da esquina e Tampouco o fez, o Oliveira Dono da mercearia. Este açúcar veio De uma usina de açúcar em Pernambuco Ou no Estado do Rio E tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana E veio dos canaviais extensos Que não nascem por acaso No regaço do vale. Em lugares distantes, Onde não há hospital, Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome Aos 27 anos Plantaram e colheram a cana Que viraria açúçar.

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Em usinas escuras, homens de vida amarga E dura Produziram este açúcar Branco e puro Com que adoço o meu café esta manhã Em Ipanema.

Uma mudança evidente ocasionada pela globalização é a comportamental,

que incide no fato de as sociedades, cada vez mais atribuladas, delegarem à escola

funções, antes limitadas à família. O Estado não preparou a escola para lidar com a

sociedade globalizada, em contra partida, os efeitos desencadeados por esses

desencontros são susceptíveis a todos.

As consequências do capitalismo são assustadoras e nossas crianças

sofrem frequentemente com isso. A falta de tempo é justificativa para quase tudo,

enquanto isso, o individualismo e o distanciamento da família geram adultos

oprimidos.

Nossas crianças estão virando “moeda nacional”. Para os pais, representam

um benefício oferecido pelo governo. Para a escola, uma mensalidade a mais ou um

número que se converterá em verba no ano seguinte. Para o governo, apenas um

número nas estatísticas que garantirá empréstimos futuros. Manuel Bandeira

descreveu brilhantemente essa cena em “O bicho”:

Vi ontem um bicho Na imundice do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava e nem cheirava: Engolia com velocidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

É preciso repensar um pouco a questão educacional, avaliar as

consequências das ações presentes, visando o futuro de todos os envolvidos, direta

e indiretamente. Tudo nos parece muito complexo. Como educar se a própria

educação tornou-se moeda em uma sociedade globalizada?

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A economia e a educação devem trabalhar de forma que uma complemente

a outra e não de modo que uma se sobreponha à outra. Para uma economia se

desenvolver e se tornar sólida, é necessário educação de qualidade. Em

contrapartida, se a economia não se desenvolver, de onde virão os recursos para a

educação?

A globalização tem proporcionado consequências preocupantes no contexto

educacional brasileiro, tais como: violência escolar, analfabetismo, exclusão,

miséria, dentre outras.

Deve-se atentar para o fato de a educação contemporânea está propensa a

atender a interesses unilaterais, o que pode ser ratificado por Krishnamurti (1976),

ao afirmar: “qualquer forma de educação que só atenda a uma parte e não à

totalidade do homem conduz, inevitavelmente, a conflitos e sofrimentos cada vez

maiores. Só na liberdade individual pode florescer o amor e a bondade; e só a

educação correta pode oferecer essa liberdade.”

Apesar de a educação estar sob a responsabilidade do Estado, observamos

que, em algumas situações, surgem opositores diretos como professores, pais e até

mesmo alunos promovendo cidadania e proporcionando uma educação humanizada

na construção da sociedade. Para Rubem Alves, são verdadeiros protagonistas do

vôo dos pássaros:

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono.

Deixam de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

A educação brasileira tão apontada como precária conta com diversas

escolas gaiola, que não visam à criatividade e nem incentivam a ousadia, pois não

interessa ao empresário (dono do pássaro) um funcionário (pássaro) instruído capaz

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de lutar por seus diretos, e sim um funcionário “treinado” para exercer atividades

conforme normas pré-estabelecidas, sem jamais contestá-las. Portanto,

desencorajando-o para alçar voos. Para Morin (1993):

A idéia de desenvolvimento foi e é cega perante as riquezas culturais das sociedades arcaicas ou tradicionais, vistas unicamente através das nuances econômicas e quantitativas. Só viu nas suas culturas idéias falsas, ignorância, superstições, sem imaginar que elas continham intuições profundas, saberes milenarmente acumulados, sabedoria de vida e valores éticos atrofiados entre nós.

Até pouco tempo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas

Empresas (SEBRAE) chamava a atenção para o alto índice de empresas que

fechavam suas portas antes mesmo de completarem cinco anos de atuação.

Recentemente, uma pesquisa do mesmo órgão constatou que um dos fatores que

contribui com o aumento na taxa de sobrevivência das empresas foi a melhora na

qualificação empresarial, ou seja, o empresário buscou na educação o

desenvolvimento pessoal e profissional. O que pode ser constatado na concepção

de Passet (2002) para quem “Em sua essência, a economia é uma atividade

calculada de transformação do mundo, visando satisfazer da maneira mais eficaz

possível as necessidades humanas.”

No entanto, a educação proporcionada, nesse caso, confirma que “a noção

de desenvolvimento continua gravemente subdesenvolvida.” (MORIN), salvo

algumas exceções, pois contempla prioritariamente questões econômicas, deixando

em segundo plano o desenvolvimento humano e os aspectos ambientais.

Aqui identificam-se os impactos ambientais ocasionados a partir das

atividades produtivas, como por exemplo, aumento da temperatura da Terra,

esgotamento acelerado dos recursos naturais, esse último conta ainda com o

descaso de alguns empresários em divulgarem uma política “ecologicamente

correta” em seus processos produtivos, pois esses problemas impõem um modelo

de desenvolvimento sustentável, que, devido aos elevados custos para implantação

e manutenção, pouco ou nada fazem para minimizar esses impactos ambientais, de

modo que esses planos não são cumpridos à risca. Para Krishnamurti (1976), “A

educação atual está toda interessada na eficiência exterior, desprezando

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inteiramente ou pervertendo, com deliberação, a natureza intrínseca do homem; só

cuida de desenvolver uma parte dele, deixando que o resto se arraste como possa.”

Paulo Freire (1996) nos alerta que “A alegria não chega apenas no encontro do

achado, mas faz parte do processo de busca. E ensinar que aprender não pode dar-

se fora da procura, fora de boniteza e da alegria”.

Atentar-se aos (re) significados da educação nos parece o primeiro passo

na construção de um mundo humazinado. Cada indivíduo tem sua responsabilidade

no cumprimento dessa etapa, não apenas alguns poucos especialistas. Afinal, é

preciso aprender a aprender.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Pensador. Info. Disponível em <http://www.pensador.info/poemas_sobre_a_edu cacao>. Acessado em 30 de out. 2010. BANDERA, Manuel. O bicho. Pensador. Info. Disponível em <http://www.pensador. info/poemas_sobre_a_educacao>. Acessado em 30 de out. 2010. FREIRE, Paulo. A alegria em saber. Pensador. Info. Disponível em <http://www.pensador.info/autor/Paulo_Freire/>. Acessado em 05 nov. De 2010. GULLAR, Ferreira. O açúcar. Pensador. Info. Disponível em <http://www.olhos criticos.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=106>. Acessado em 05 de nov. 2010. KRISHNAMURTI, J. A educação e o significado da vida. São Paulo: Ed. Cultrix, 1976. MORIN, Edgar. Terra-Pátria. Instituto Piaget, 1993. PASSET, René. Economia: da unidimensionalidade à transdisciplinaridade. In: MORIN, Edgar (Org). A religião dos saberes. O desafio do século XXI. Tradução de Flávia Nascimento. 3 ed. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2002. ROBIN, Jacques. O elogio de uma economia plural. In: MORIN, Edgar et al. A sociedade em busca de valores. Tradução Luis M. Couceiro Feio. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Richard Ramon de Medeiros

Universidade Potiguar – UnP. Mossoró-RN, Brasil – [email protected]

Tamina Raquel Medeiros Tathiane Russo de Andrade

Fausto Pierdoná Guzen Moisés Costa do Couto

RESUMO Introdução: A hanseníase representa um processo infeccioso de caráter crônico, desencadeado pela interação do ser humano com o Mycobacterium leprae, sendo uma das principais doenças endêmicas no Brasil. Esta doença não é de transmissão hereditária, congênita ou sexualmente transmissível. Ambientes fechados, com pouca luz solar, ausente de ventilação e o contato direto e prolongado com portadores do M. Leprae, sem tratamento, aumentam as chances de infecção. Objetivo: Delinear a situação epidemiológica dos últimos anos da hanseníase no estado do Rio Grande do Norte e suas principais cidades e comparar com outros estados da Região Nordeste e com o Brasil. Métodos: Para a realização deste trabalho, foi feito um levantamento epidemiológico da hanseníase em artigos, revistas cientificas e dissertações; definindo as seguintes palavras de busca: Hanseníase, Mycobacterium Leprae, Epidemiologia. Resultados: Segundo informações do Sinan/SVS-MS, em 2010, a situação epidemiológica da hanseníase no Brasil, era de 34.894 casos novos, 2.461 (7,1%) em menores de 15 anos. Os estados da região Nordeste intensificam as ações para eliminação da doença, justificadas por um padrão de média endêmico, segundo os parâmetros de prevalência. Em especial no estado do Rio Grande do Norte, destacaram-se duas cidades com o maior índice de acometimentos, na cidade de Mossoró foram diagnosticados 767 casos de hanseníase. Dentre estes, 692 (90,22%) foram casos novos, diagnosticados e registrados no período, verifica-se uma redução nas taxas de detecção, passando de 9,2/10.000 habitantes em 2005 para 3,8/10.000 habitantes em 2009. A cidade de Natal, capital do estado, obteve uma taxa de detecção em 2009 de 6,45 casos novos por 100 mil habitantes. Conclusão: Os dados revelam a importância das ações da vigilância em saúde de cada Estado para a diminuição e controle desta enfermidade, no Rio Grande do Norte, embora tenha havido uma importante redução do coeficiente de prevalência de hanseníase, demanda intensificação das ações para eliminação da doença em alguns municípios que ainda não alcançaram o nível de eliminação.

PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase. Mycobacterium Leprae. Epidemiologia.

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REFERÊNCIAS

MINISTERIO DA SAÚDE. Vigilância em Saúde: situação epidemiológica da

hanseníase no Brasil; 2008.

OLIVEIRA, V.M.; ASSIS, CR.D.; SILVA, K.C.C. Levantamento epidemiológico da

hanseníase no nordeste brasileiro durante o período de 2001-2010;

Scire Salutis, v.3, n.1, Out, Nov, Dez 2012, Jan, Fev, Mar 2013.

SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Relatório de situação: Rio

Grande do Norte / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 5.

ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

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CONTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UM ESTUDO ACERCA DA MENSURAÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS EM UMA INDÚSTRIA DE CIMENTO

NA CIDADE DE MOSSORÓ

Ítalo Carlos Soares do Nascimento Jandeson Dantas da Silva

Déborah Cristina da Costa e Silva Batista Paula Preston Queiroz Leite Batista

Jandeson Dantas da Silva Wênyka Preston Leite Batista da Costa

RESUMO Atualmente há uma preocupação das organizações em fazer o gerenciamento dos custos e despesas ambientais para que o processo de produção não exceda a sua carga de valor tanto em questão de recursos financeiros como em recursos naturais, entretanto existe uma dificuldade de fazer uma mensuração nos custos ambientais, devido alguns serem de natureza intangível e outros difíceis de determinar. Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo geral identificar o processo de mensuração dos custos e despesas ambientais em uma indústria de cimento na cidade de Mossoró. Como objetivos específicos discorrer acerca da mensuração dos custos e despesas; evidenciar as demonstrações contábeis utilizadas pela contabilidade da empresa objeto de estudo e identificar o posicionamento da indústria em relação a contabilidade socioambiental. A pesquisa teve uma metodologia descritiva de natureza qualitativa. O intuito da pesquisa foi discorrer acerca da mensuração dos custos e despesas, evidenciar as demonstrações contábeis utilizadas pela contabilidade socioambiental e identificar o posicionamento da indústria em relação à contabilidade socioambiental. Por meio do acareamento entre o questionário e o referencial teórico foi possível verificar que a contabilidade socioambiental é relevante para a organização, observando que a mesma possui conhecimento dos custos e despesas, que apesar das dificuldades encontradas no início da evidenciação no tocante a classificação desses fatos, passou a realizar treinamentos periódicos com seu quadro de funcionário e atualmente realiza todo processo de mensuração e divulgação de todos os custos e despesas ambientais ocorridos ao longo das atividades desenvolvidas pela indústria voltadas ao meio ambiente. Com o desenrolar da pesquisa tornou-se evidente a sua relevância já que a Contabilidade socioambiental está em ascensão, sendo necessário que a classe contábil se atualize de acordo com as exigências do mercado. Para as organizações, a mensuração dos custos e despesas ambientais. A limitação da presente pesquisa está demonstrada a partir do acesso a informações, não foi possível analisar relatórios e demonstrações contábeis da empresa, além disso, a limitação de ser apenas um estudo de caso, fato este o qual não se pode generalizar os resultados, entretanto o trabalho tornou-se relevante pois demostrou aspectos a serem analisados com maior profundidade sugerindo assim, aplicar esse estudo em outas empresas de segmento e setor diferenciados e/ou analisar o tema com maior profundidade

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PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade socioambiental. Custos ambientais. Despesas ambientais.

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CONTRIBUIÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL PARA A GESTÃO EMPRESARIAL: UM ESTUDO COMPARATIVO EM EMPRESAS DO RAMO

SALINEIRO NO MUNICÍPIO DE AREIA BRANCA/RN

Ítalo Carlos Soares do Nascimento Jandeson Dantas da Silva

Antonia Thamara Oliveira Campelo Mayara Kênia da Silva Faustino

Wênyka Preston Leite Batista da Costa

RESUMO Em função da crescente preocupação com as questões ambientais, nas últimas décadas a sociedade além de se conscientizar, passou a adotar políticas de preservação ambiental, mais efetivas. Uma das ferramentas que contribui para a proteção do meio ambiente e para um melhor desempenho empresarial é a auditoria ambiental, objeto deste estudo. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa está em evidenciar de que forma a auditoria ambiental contribui para a gestão empresarial das entidades do setor salineiro de Areia Branca-RN. Com isso, descrever a relevância da auditoria ambiental no processo de fiscalização e verificação dos sistemas gerenciais; evidenciar o papel da auditoria ambiental para a preservação e diminuição dos impactos ambientais e identificar a contribuição da auditoria ambiental para a melhoria do controle interno. Quanto à metodologia, o trabalho é de caráter qualitativo e descritivo. Dado o exposto, percebe-se que a realização de auditorias nas empresas do ramo salineiro de Areia Branca e a utilização de suas informações são vistas de forma positiva para o andamento das atividades, possibilitando o gerenciamento adequado das informações e testificando a veracidade das mesmas, uma vez que a sua utilização contribui significativamente para a proteção do meio ambiente, melhora a imagem institucional, além de conduzir melhorias no desempenho ambiental. Como resultados foi possível verificar que as empresas em estudo utilizam a auditoria como ferramenta de melhoria do controle interno e para prestar esclarecimentos à sociedade, além de garantir novos recursos e atender as obrigações legais, obtendo a certificação da ISO através do cumprimento das normas e regulamentos ambientais, como o Sistema de Gestão Ambiental - SGA. Assim, constatou-se que a auditoria é de inteira relevância para o ramo salineiro, por se tratar um procedimento de estudo e controle do patrimônio e conservação ambiental com o objetivo de assegurar a continuidade da empresa sem agressões ao meio ambiente, assim contribuindo no processo de gerenciamento de informações e tomada de decisões sem comprometer os recursos de futuras gerações. Contudo, por se tratar de um estudo comparativo aplicado em duas empresas a pesquisa apresenta limitações, uma vez que os resultados não podem ser generalizados. Assim, sugere-se que sejam realizadas novas pesquisas em outras empresas do setor ou de outros segmentos econômicos, para que assim haja um maior alcance. PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade Ambiental. Auditoria Ambiental. Gestão Empresarial.

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA, UM NOVO MODO DE EDUCAR

Jefferson Naldo Carvalho da Silva Graduando do curso de licenciatura em Filosofia pela universidade do Estado do Rio

Grande do Norte - UERN Email: [email protected]

RESUMO O AEE (Atendimento educacional especializado) é um projeto criado pelo Governo Federal para melhorar a aprendizagem dos alunos com deficiência. Trabalhar com o AEE, requer um longo e delicado processo, que perpassa os muros da unidade escolar. Pois este, além de contribuir para uma melhor aprendizagem do aluno na escola, ainda contribui para que os mesmos tenham uma melhor qualidade de vida na família e na sociedade. Porém, para que este processo seja frutífero é necessário um trabalho em conjunto entre os profissionais da área juntamente com os professores, e a família da criança com deficiência. Esse ambiente consiste em uma sala disponibilizada pela direção Escolar, para que com os recursos advindos do governo Federal possam instalar os equipamentos necessários para o trabalho das crianças com deficiência, conhecida como sala de recursos multifuncionais, sendo que esta auxilia a inserir essas crianças no processo ensino aprendizagem, ela receberá um atendimento todo especial conforme a sua necessidade, é interessante que haja esse bom acolhimento, pois a maneira como ela é cuidada fará com que queira retornar mais vezes para esta sala multifuncional, tendo em vista que, este é um processo lento e que exige bastante atenção. É de suma importante que a família tenha consciência acerca da deficiência da criança, e colabore ao máximo possível para que esta se sinta bem e disposta para continuar nesse propósito. Tanto a criança necessita do incentivo dos pais quanto precisa sentir-se bem no espaço que a recebe. Pois o trabalho em conjunto é de extrema importância.

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FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES SOROPOSITIVOS COM PNEUMONIA

Tatiana Vitória Costa de Almeida

Universidade Potiguar – UnP. Mossoró-RN, Brasil. Email: [email protected]

Nickson Melo de Morais Moisés Costa do Couto

RESUMO Introdução: Os pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), estão predispostos a desenvolver a pneumonia, que é uma inflamação ou infecção nos pulmões, uma vez que os pacientes infectados por esse retrovírus possuem uma perda ou diminuição de defesa do sistema imunológico. Os pacientes soropositivos desenvolvem mais a pneumonia do que pacientes saudáveis, essa doença oportunista é a principal causa de óbito entre esse grupo de afetados. Objetivo. Apresentar tratamentos fisioterapêuticos acessíveis a pacientes soropositivos com pneumonia. Método. Foram utilizados 3 livros presentes na biblioteca da Universidade Potiguar (UnP) – campus Mossoró e 10 artigos selecionados através de busca no Google Acadêmico e no banco de dados da Scielo e da Bireme, a partir das fontes Medline e Lilacs. Resultados e Discussão. Durante o progresso da doença, o acometido lida com o aumento na produção de secreção pulmonar, causando uma ventilação pulmonar não adequada, e formação de alectasias, formando rolhas de secreção. Os tratamentos encontrados para ajudar este tipo de paciente são: posicionamento do paciente, aceleração de fluxo expiratório, pressão expiratória positiva, padrões ventilatórios e estimulação diafragmática, tosse induzida, técnica de expiração forçada, aspiração de secreções, ventilação não invasiva, oxigenoterapia, tapotagem, vibração, drenagem postural e compressão-descompressão. Conclusão. Os tratamentos fisioterapêuticos no paciente soropositivo com pneumonia auxiliam a preservar, ampliar e reparar as funções, sistemas e integridade dos órgãos. Mas, só as técnicas usadas pela fisioterapia não abolem completamente a doença, é necessário associa-las com o uso de antirretrovirais. PALAVRAS-CHAVE: HIV; AIDS; Pneumonia; Doenças Pulmonares; Fisioterapia Respiratória.

REFERÊNCIAS PASSOS, Ana Isabela Morsch. Avaliação de parâmetros funcionais respiratórios em pacientes adultos infectados pelo HIV. Dissertação de Mestrado. 2011. TARTARI, Janice Luisa Lukrafka. Eficácia da fisioterapia respiratória em pacientes pediátricos hospitalizados com pneumonia adquirida na comunidade: um ensaio clínico randomizado. Dissertação de Mestrado. 2003.

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SARMENTO, George Jerre Vieira. Fisioterapia respiratória no paciente crítico: rotinas clínicas. Manole, 2010.

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GESTÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO ACERCA DA SUA EVIDENCIAÇÃO NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Paula Preston Queiroz Leite Batista

Wênyka Preston leite Batista da Costa Jandeson Dantas da Silva

Welka Preston Leite Batista da Costa Alves Sérgio Luiz Pedrosa Silva

RESUMO A gestão ambiental pode ser definida como uma ferramenta que visa diminuição dos impactos que afetam o meio ambiente, atualmente essa preocupação também passou a ser adotada pelo âmbito empresarial, que cada vez mais investe nesse tipo de gestão. Que busca reduzir custos, evitando desperdícios e reutilizando materiais que antes eram descartados no meio ambiente, melhorando assim as relações comerciais, além de ser uma vantagem competitiva atraindo clientes que aderem aos princípios ambientais. Neste sentido, esse estudo tem como objetivo principal evidenciar as práticas da gestão ambiental utilizadas por uma empresa comercial na cidade de Fortaleza/CE. Como objetivos específicos, pretende-se evidenciar funcionamento das políticas ambientais adotadas pela organização, identificar as ações voltadas à sustentabilidade e discorrer sobre a relevância da gestão ambiental no objeto de estudo. A metodologia da presente pesquisa obteve um caráter descritivo, pois buscou descrever características de uma determinada população, neste caso a empresa comercial, localizada na cidade de Fortaleza/CE tratando-se assim de um estudo de caso. A pesquisa possui ainda natureza qualitativa, pois não houve inferência de técnicas estatísticas, preocupando-se apenas com a análise do conteúdo, obtido através de uma entrevista com roteiro pré-estabelecido, direcionada ao gerente geral da organização. Com os resultados obtidos, observou-se que o perfeito funcionamento da política ambiental na organização, conforme destacou o gerente geral durante a entrevista, o mesmo evidenciou que a gestão ambiental é de fundamental relevância para a organização destacando-se não apenas como uma vantagem competitiva, mas norteando todas as atividades desenvolvidas pela empresa. Quanto às ações de sustentabilidade desenvolvidas, o entrevistado destacou o comitê de desenvolvimento sustentável que reúne todos os departamentos da empresa e com o objetivo de buscar melhorias e aperfeiçoamento da política ambiental, desenvolvendo capacitação e treinamentos regulares aos colaboradores, sistema de lixo reciclável, a preferência pela comercialização de produtos ecoeficientes que diminuem os impactos causados a natureza e recentemente criou o programa de Tecnologia de informação Verde (TI-Verde), responsável por enviar para a reciclagem computadores e cabos que não são mais utilizadas pela empresa. Além de todas essas ações a organização está implementando econometros em todas as unidades, o qual possibilita que qualquer pessoa pode consultar quanto o que está sendo economizado pela entidade. Com os resultados da pesquisa foi possível identificar a relevância que a gestão ambiental possui na organização, propiciando diversos benéficos além de ser um diferencial competitivo, percebido que a preocupação com

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o meio ambiente está presente no planejamento, no controle e na execução das atividades de todos os setores da organização, atingindo assim os objetivos do presente estudo. A limitação da presente pesquisa destaca- se por ter sido realizado apenas um estudo de caso, fato este que não se pode generalizar os resultados, dessa forma sugere-se a aplicação do instrumento de pesquisa em organização do mesmo segmento econômico e/ou de outros de outros setores. PALAVRAS CHAVE: Gestão Ambiental. Política Ambiental. Ambiente empresarial.

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O PAPEL DA FISIOTERAPIA DERMATOLÓGICA NO PACIENTE COM HANSENÍASE

Sirlene Batista Cavalcante Universidade Potiguar – UnP. Mossoró-RN, Brasil. Email: [email protected]

Ana Elisa Gadêlha Moura de Almeida

Maria Stella Rocha Cordeiro de Oliveira Fausto Pierdoná Guzen Moisés Costa do Couto

RESUMO Introdução: A hanseníase, conhecida desde os tempos bíblicos como lepra, é uma doença infecto-contagiosa que se manifesta, principalmente, por lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. Tais manifestações são resultantes do Mycobacterium leprae (M. leprae), agente causador da doença de Hansen, que acomete células cutâneas e nervosas periféricas. Objetivo: Este estudo teve como objetivo expor a atuação da fisioterapia na reabilitação de pacientes com acometimentos dermatológicos decorrentes de hanseníanse, descrevendo assim os principais recursos e técnicas utilizadas. Metodologia: O levantamento bibliográfico foi fundamentado em uma revisão sistemática de material científico divididos em categorias de tese, dissertações, artigos, bases de dados Medline, Scielo, Ministério da Saúde, Google Acadêmico publicados entre o período de 2000 a 2015. Resultados:. Frequentemente os pacientes com hanseníase apresentam como prejuízo dermatológico as lesões cutâneas e a parestesia, isto é, a alteração de sensibilidade. Para reparar as lesões cutâneas, a Fisioterapia conta com recursos eletrotermofototerapêuticos que aceleram o processo de cicatrização, tais como, radiação infravermelha, radiação ultravioleta, laserterapia e o ultrassom terapêutico. Com relação a reabilitação de sensibilidade, o fisioterapeuta pode aplicar o método Rood que é uma técnica proprioceptiva termo-tátil que consiste em estimular a área lesada com objetos de diferentes superfícies e temperaturas acelerando o reparo nervoso sensitivo. Vale ressaltar que é extremamente importante o acompanhamento de outras áreas da fisioterapia e também a abordagem multiprofissional para o paciente com hanseníanse a fim de reabilitá-lo de maneira geral.Conclusões: Diante do exposto, conclui-se que a fisioterapia tem um papel amplo e decisivo no tratamento dos pacientes com hanseníase, restaurando as funções da pele e minimizandoas incapacidades imposta pela doença. Além disso, outras áreas da fisioterapia devem ser estimuladas para prevenir prováveis acometimentos ortopédicos, pneumológicos e uroginecológicos, também deve ser estimulada a atuação de outros profissionais de saúde. PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase. Fisioterapia Dermatológica. Pele.

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REFERÊNCIAS

GIOVANA BARBOSA GIOVANA MILANI., SILVIA MARIA AMADO JOÃO., ESTELA ADRIANA FARAH., Fundamentos da fisioterapia dermato-funcional, FISIOTERAPIA E PESQUISA 2006; 12(3). SUENIMEIRE VIEIRA., JOSÉ ADOLFO M. G. S., ANTÔNIO FRANCISCO DE ALMEIDA N., ALIMIR VIEIRA D. F., CID ANDRÉ F. DE PAULA G., Métodos de avaliação e tratamento da hanseníase: uma abordagem fisioterapêutica, ConScientiae Saúde, 2012;11(1):179-184 YVES R. DE SOUZA., JOSÉ R. CUNHA., ADALGISTA I. M. DROMERSCHENKEL., A atuação da fisioterapia na hanseníase no Brasil. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, 2011.

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RESTOS DO CARNAVAL: CONFIDÊNCIAS E MEMÓRIAS DE UMA INFÂNCIA

Míriam Firmino da Silva Paiva Mestranda em Letras (UERN/CAMEAM) – Pau dos Ferros- RN.

Email: [email protected]

RESUMO

O presente texto reflete de forma breve as marcas memorialísticas presentes no

conto clariceano “Restos do Carnaval”, publicado na obra “Felicidade Clandestina”

em 1971. Observamos como o tempo e o espaço influenciam na construção do

conto que é escrito em primeira pessoa, trazendo nitidamente o tom confidencial e

reminiscente tão bem marcado na obra. Para subsidiar a pesquisa nos valeremos

dos estudos de Mendilow (1972) em “O tempo e o romance”, Benedito Nunes

(2003); (1995) em “O tempo na Narrativa” e “O drama da linguagem” e quanto à

estrutura do texto contaremos com os estudos de Júlio Cortázar (1974) com “Alguns

aspectos do conto”.

PALAVRAS-CHAVE: Conto. Memória. Tempo e Espaço. Clarice Lispector.

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OS REFLEXOS DA ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) AOS CONTRIBUINTES ENQUADRADOS NO SIMPLES NACIONAL: UM ESTUDO EM

UMA EMPRESA DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN

Israel Gama de Oliveira Graduado em Ciências Contábeis (UERN), Pós-graduado Planejamento Tributário da

Faculdade do Vale do Jaguaribe. E-mail: [email protected]

Francisco Igo Leite Soares

Mestre em Engenharia de Petróleo e Gás (UnP), Especialista em Gestão Empresarial (FIJ), Em Docência no Ensino Superior (UnP), Graduado em Ciências Contábeis (UERN).

E-mail: [email protected]

Kennedy Paiva da Silva Graduado em Ciencias Contábeis (UERN), pós-graduando em Contabilidade Gerencial com

Foco em Controladoria pela Faculdade do Seridó. Email: [email protected]

Rafael Ramom

RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo analisar como as empresas enquadras pelo Simples Nacional enfrentam as implicações impostas pela obrigatoriedade da Escrituração Fiscal Digital. O estudo caracteriza como exploratório e descritivo, visto que, serão realizados estudos para buscar novos conhecimentos e também agregá-los aos já existentes correlacionando-os ao tema deste trabalho. Neste sentido, realizou-se uma pesquisa de campo, por meio da aplicação de questionário com uma empresa do ramo de autopeças da cidade de Mossoró-RN. Os resultados demonstram que vários são os impactos relatados pela empresa, dentre eles destaca-se, o aumento dos custos para adequação à obrigação e a necessidade de adaptação a obrigação. Por outro lado, observaram-se alguns reflexos como, por exemplo, a EFD – Escrituração Fiscal Digital obtenção de informações serão mais ágeis e corretas; e desta forma a tomada de decisão será mais adequada possível. A escrituração fiscal digital é complexa, exigindo muita atenção e conhecimento, porém ao ter ciência dos impactos e procurando ameniza-los, é possível estar de acordo com as exigências e melhorar, assim, nos serviços contábeis e, consequentemente, aperfeiçoar a forma de atuação fisco. PALAVRAS-CHAVES: EFD. Impactos. Reflexos.

1 INTRODUÇÃO

A mudança tecnológica, sem dúvida, se tornou mais predominante após a

revolução industrial e em vários âmbitos são nítidas essas mudanças. A cada

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instante novas descobertas e técnicas de melhorias em várias áreas profissionais

são apresentadas ao mundo, no ramo da contabilidade não seria diferente. Hoje se

tem a substituição da carta pelo e-mail, dos montantes de papeis pelos bancos

dados, de livros razão impressos por arquivos digitais.

Na contabilidade vários avanços possibilitaram a melhoria do trabalho na

prestação do serviço, como a Escrituração Fiscal Digital - EFD criada pelo Convênio

ICMS nº 143, de 15 de dezembro de 2006. Antes, as empresas teriam que imprimir

todos os seus livros e levá-los a junta comercial para realizar os procedimentos de

registro e arquivamento, resultando no acúmulo de vários livros e uma grande

despesa com papéis.

No entanto, com a era digital temos a geração desses arquivos em forma

magnética que são transmitidos via internet para Receita Federal, onde realizará

esses procedimentos. Sem dúvidas é um projeto que veio para mudar a forma como

os contadores declaram suas obrigações acessórias, alterando a maneira de

entrega, arquivamento e registro dos livros.

De modo geral, consiste na modernização da atual sistemática do

cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às

administrações fazendárias e aos órgãos fiscalizadores, por meio da certificação

digital para assinatura dos documentos eletrônicos, a fim de garantir a validade

jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital.

Nesse sentido, para que se possam compreender melhor os objetivos da

Escrituração Fiscal Digital, faz-se necessário conhecer o conceito do projeto e o

universo de atuação, bem como, a origem, através de uma pesquisa quanto ao seu

histórico e os principais pontos, com as suas características, objetivos, reflexos e

impactos.

Diante disto, surge a questão que norteará esta pesquisa: quais são as

implicações e reflexos da escrituração fiscal digital (EFD) aos contribuintes

enquadrados pelo Simples Nacional? Tendo em vista que o objetivo geral consiste

em analisar como as empresas optantes pelo Simples Nacional enfrentam os

impactos e reflexos tragos pela obrigatoriedade da EFD. Ainda como específicos:

apresentar a legislação da EFD; analisar quais os impactos trazidos pela

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escrituração fiscal digital; e verificar quais os principais problemas e obstáculos

encontrados pelas empresas do Simples Nacional com a obrigatoriedade da EFD.

O trabalho pode ser justificado a partir da relevância no meio contábil e a

contribuição que vêm trazer para classe. Conforme Carmo Filho (2009), um tema é

considerado relevante quando está ligado de alguma forma com um ponto

importante para a sociedade ou algum assunto que mereça continuidade na

literatura, neste trabalho, justifica-se que o tema é relevante devido à grande

importância para o meio acadêmico e para os profissionais que estão enfrentando a

nova realidade.

Quanto à metodologia, tem-se uma pesquisa bibliográfica com base na

legislação vigente e publicações de autores referenciados no tema deste trabalho. O

estudo caracteriza-se como exploratório e descritivo, visto que serão realizados

estudos para buscar novos conhecimentos e também agregá-los aos já existentes

relacionados ao tema deste trabalho.

Será realizado um levantamento bibliográfico e aplicado um questionário a

uma empresa no ramo de autopeças cidade de Mossoró-RN, posteriormente,

análises e conclusões do problema levantado. O estudo está divido em cinco partes

introdução, referencial teórico, metodologia, resultados e discussões; e

considerações finais.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EFD - ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL

A Escrituração Fiscal Digital – EFD foi instituída por meio do Convênio ICMS

nº 143, de 15 de dezembro de 2006. De acordo com o Ajuste SINIEF nº 2 de 03 de

abril de 2009, a EFD: Compõe-se da totalidade das informações, em meio digital,

necessárias à apuração dos impostos referentes às operações e prestações

praticadas pelo contribuinte, bem como outras de interesse das administrações

tributárias das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil -

RFB (BRASIL, 2009).

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Essas informações referem-se aos dados correspondentes ao período

compreendido entre o primeiro e o último dia do mês, de acordo com a Cláusula

quarta do Ajuste Sinief 02/2009 de 03 de abril de 2009 RFB, considerando-se as

seguintes totalidades das informações:

a) as relativas às entradas e saídas de mercadorias bem como aos serviços

prestados e tomados, incluindo a descrição dos itens de mercadorias,

produtos e serviços;

b) as relativas à quantidade, descrição e valores de mercadorias, matérias-

primas, produtos intermediários, materiais de embalagem, produtos

manufaturados e produtos em fabricação, em posse ou pertencentes ao

estabelecimento do contribuinte declarante ou fora do estabelecimento e em

poder de terceiros;

c) qualquer informação que repercuta no inventário físico e contábil, na

apuração, no pagamento ou na cobrança de tributos de competência dos

entes conveniados ou outras de interesse das administrações tributárias.

Nesse sentido, a atual forma de escrituração de livros fiscais será

substituída por um arquivo digital que conterá a EFD, onde estarão englobadas

todas as informações que hoje são prestadas por meio dos livros fiscais, além de

outras que sejam de interesse da administração tributária.

2.2 OBRIGATORIEDADE

Em regra, de acordo com o AJUSTE SINIEF 2, de 03 de abril de 2009, a

EFD é de uso obrigatório, a partir de 1º de janeiro de 2009 para todos os

contribuintes do ICMS ou do IPI. Todavia, mediante a celebração de Protocolo

ICMS, as administrações tributárias das unidades federadas e da RFB poderão:

a) dispensar a obrigatoriedade da EFD para alguns contribuintes, conjunto

de contribuintes ou setores econômicos; ou

b) indicar os contribuintes obrigados à EFD, tornando a utilização facultativa

aos demais.

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É dispensada a obrigatoriedade da entrega da EFD ao Micro Empreendedor

Individual e a EIRELI. Já as Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e

SIMPLES Nacional, de acordo com o Decreto 24.120/2013, estão obrigadas a partir

de 01 de janeiro de 2014 ao Estado do Rio Grande do Norte.

2.3 LIVROS E DOCUMENTOS ABRANGIDOS PELA EFD

Conforme cláusula primeira, § 3º do Ajuste Sinief nº 02/2009 de 03 de abril

de 2009, o contribuinte deverá utilizar a EFD para efetuar a escrituração do: livro

registro de entrada; livro registro de saída, livro registro de inventário; livro registro

de apuração de IPI; livro de apuração de ICMS e Documento Controle de Crédito de

ICMS do Ativo Permanente - CIAP - modelos “A”, “B”, “C” ou “D”.

a) Livro Registro de Entradas

b) Livro Registro de Saídas

c) Livro Registro de Inventário

d) Livro Registro de Apuração do IPI

e) Livro Registro de Apuração do ICMS

f) Documento Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente - CIAP.

Sua escrituração é obrigada desde 1º de janeiro de 2011.

2.4 DISPENSA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA

Cabe aos estados estabelecerem a dispensa de suas obrigações acessórias

com a obrigatoriedade da EFD de suas unidades tributárias. O estado do Rio

Grande do Norte dispõe na Portaria Nº 063, em seu art. 1º que “ficam dispensados

da entrega dos arquivos digitais do SINTEGRA, estabelecidos no Convênio ICMS

57/95, referentes ao período de apuração de julho de 2010 e subsequentes”.

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2.5 PERFIL DE APRESENTAÇÃO DA EFD

Para a geração e envio de arquivos da EFD, o contribuinte deve elaborar o

arquivo digital utilizando o perfil “A”, “B” ou “C”. A diferença entre os perfis está no

detalhamento da apresentação das informações. O perfil “A” apresenta informações

analíticas, o “B”, sintéticas e o “C” sendo o mais simplificado de todos. Disso

discorre o art. 623-G, RICMS-RN:

§ 1º Quando a SET não atribuir um perfil ao estabelecimento, o contribuinte

deverá obedecer ao leiaute relativo ao perfil “A”.

§ 2º O perfil de apresentação do arquivo da EFD mencionado no caput

poderá ser alterado a qualquer momento por ato administrativo do

Secretário de Estado da Tributação, não se considerando atualização da

lista de obrigados à EFD tal alteração (Ajuste SINIEF 02/09). (NR dada pelo

Decreto 21.126, de 29/04/2009).

Conforme publicado no Decreto 24.120/2013, as ME, EPP e optantes do

SIMPLES NACIONAL devem entregar a EFD no perfil "C" constando dos mesmos

os livros de entrada e de saída. A atribuição do perfil é determinada pela SEFAZ nas

resoluções que tratam da obrigatoriedade.

2.6 PRAZO DE ENTREGA

A periodicidade de apresentação da EFD é mensal. No geral, a data de

entrega do arquivo cabe à administração tributária, de cada unidade federada,

estabelecer seus prazos. No estado do Rio Grande do Norte, conforme art. 623-N

do RICMS, o prazo para transmitir o arquivo é até o dia 15º do mês subsequente ao

encerramento do mês de apuração. Após esta data, não ocorrendo a entrega, o

contribuinte estará omisso.

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2.7 RETIFICAÇÃO

A retificação da EFD será efetuada mediante envio de outro arquivo para

substituição integral do arquivo digital, regularmente recebido pela administração

tributária.

Nesse sentido, o art. 623-P do RICMS-RN ressalta que o contribuinte

poderá retificar a EFD:

[...] II – até o último dia do terceiro mês subsequente ao encerramento do mês da apuração, independentemente de autorização da administração tributária, [..]; III - após o prazo de que trata o inciso II [...], mediante autorização da URT do domicílio fiscal do contribuinte, quando se tratar de ICMS, ou pela RFB quando se tratar de IPI, nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da escrituração, quando evidenciada a impossibilidade ou a inconveniência de saneá-la por meio de lançamentos corretivos.

Ainda, artigo 623-P não produzirá efeitos à retificação:

I – de período de apuração que tenha sido submetido ou esteja sob ação

fiscal;

II – cujo débito constante da EFD objeto da retificação tenha sido enviado

para inscrição em Dívida Ativa, nos casos em que importe alteração desse

débito;

III - transmitida em desacordo com as disposições deste artigo.

Não há nenhum tipo de cobrança para a retificação e o arquivo retificador

não pode ser complementar, devendo o contribuinte elaborar o arquivo completo e

transmiti-lo em substituição ao normal.

2.8 PENALIDADES

Caso o contribuinte deixe de apresentar nos prazos fixados sua declaração

ou os que apresentarem com incorreções ou omissões, serão intimados para

apresentá-los ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela

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Presidência da República, em acordo com a Lei nº 12.873, art. 57, de 24 de outubro

de 2013, sujeitando-se às seguintes multas:

a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativamente

às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam

imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham

apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional;

b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês-calendário ou fração,

relativamente às demais pessoas jurídicas;

[...]

II - por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do

Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos

nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais)

por mês-calendário;

III - por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas,

incompletas ou omitidas:

a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das

transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa

jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no

caso de informação omitida, inexata ou incompleta;

b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00

(cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações

financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais

seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou

incompleta. (BRASIL, 2013).

As multas por atraso terão ainda a redução de 50% quando a apresentação

do arquivo for realizada antes de procedimento de ofício.

3 METODOLOGIA

O embasamento metodológico desta pesquisa foi através de coleta de

dados realizando-se uma pesquisa exploratória, proporcionando “maior familiaridade

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com o problema, com intuito de construir hipóteses, aprimoramento das ideias ou

descobertas de intuições” Gil (2002).

O método do estudo de caso “não é uma técnica especifica. É um meio de

organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto social estudado”

(GOODE & HATT, 1969). De outra forma, TULL (1976) afirma que “um estudo de

caso refere-se a uma análise intensiva de uma situação particular” e BONOMA

(1985) coloca que o “estudo de caso é uma descrição de uma situação gerencial”.

Diante disso, foi realizado um estudo de caso em uma empresa no ramo de

comércio de autopeças, na cidade de Mossoró-RN, optante pelo Simples Nacional.

O período de tempo para experiência foi de janeiro 2015 à julho 2015.

Ademais, fez-se o uso da pesquisa bibliográfica, abrangendo a leitura,

análise e interpretação do assunto, principalmente da legislação vigente. De acordo

com Gil a pesquisa bibliográfica é:

[...] aquela em que os dados são obtidos de fontes bibliográficas, ou seja, de material elaborado com a finalidade explicita de ser lido. Com efeito, a pesquisa bibliográfica é elaborada com dados obtidos em livros, jornais, revistas, etc. (Gil, 2000).

A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário de

10 (dez) questões sobre o atual cenário da escrituração fiscal digital, sendo 07

(sete) de múltipla escolha e 03 (três) subjetivas.

Na análise dos dados foram apresentadas as abordagens qualitativas e

quantitativas que, segundo Lampert (2000): A pesquisa quantitativa é aquela que,

utilizando instrumentos de coleta de informações numéricas, medidas ou contadas,

aplicados a uma amostra representativa de um universo a ser pesquisado, fornece

resultados numéricos, probabilísticos e estatísticos, enquanto a análise qualitativa é

aquela que, utilizando o estudo documental, procura explorar a fundo conceitos,

atitudes, comportamentos, opiniões e atributos do universo pesquisado, avaliando

aspectos emocionais e intencionais implícitos na opinião dos sujeitos da pesquisa.

Com base nas definições abordadas na metodologia, esta pesquisa foi

realizada buscando conceituar, analisar e evidenciar os processos da EFD no intuito

de alcançar os objetivos propostos deste trabalho.

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4 RESULTADOS E DISCURSÕES

Conforme apresentado na metodologia, foi realizado um estudo de caso

limitado a uma única empresa. Sendo assim, a fim de preservar a identidade da

empresa, neste artigo, ela será aqui tratada de XI. Trata-se de uma empresa que

atua no ramo de comércio de autopeças, instalada na cidade de Mossoró há mais

de cinco anos, sendo seu regime de tributação o Simples Nacional.

Para verificar quais os impactos e reflexos da escrituração fiscal digital na

empresa XI, foi realizada uma entrevista com o Administrador/Contador, a fim de

obter informações relevantes sobre o processo de adaptação desta declaração. Ao

perguntar sobre o seu conhecimento sobre a EFD/ICMS-IPI, ele respondeu que

conhecia completamente a declaração. Diante disso, foi indagado onde ele adquiriu

este conhecimento, ocasião em que ele respondeu ter sido na faculdade. Ao ser

questionado sobre quais são as maiores dificuldades enfrentadas ao se trabalhar

com o SPED Fiscal, o Administrador/Contador informou que a complexidade da

legislação tributária é a principal delas.

Sobre a participação de cursos ou palestras sobre a EFD/ICMS-IPI, o

entrevistado declarou que não fez participação alguma para se adequar. Em relação

a esta adequação, era de fundamental importância ter conhecimento dos

funcionários que estavam envolvidos na migração do sistema convencional para o

SPED Fiscal, tendo o Administrador/Contador respondido que os contadores e

todos os colaboradores que estão envolvidos com a contabilidade da empresa.

Ao reportar sobre sua opinião em relação à obrigação da EFD/ICMS-IPI

para as empresas do Simples Nacional e se houve influência de forma positiva para

as empresas, o entrevistado foi claro em responde que sim, afirmando haver

influências positivas. No mesmo entendimento, foi indagado se ele concordava que

a partir da implantação do SPED Fiscal, haveria acesso e agilidade de informações

mais corretas e, sem nenhuma dúvida, o entrevistado concordou com o

questionamento.

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Referente às vantagens, o Administrador/Contador descreveu que com o

alinhamento das informações fiscais em âmbito federal, além de gerar convergência

para um só modelo de escrituração, facilitará a melhor fiscalização por parte do

governo. Já a desvantagem, ele entende que o principal problema está em alguns

custos que tiveram que aumentar após a implantação da EFD, como por exemplo:

os custos com mão de obra contábil mais qualificada, com certificados e sistemas

que atingissem a nova realidade.

Por ser um processo novo, foi questionado qual era sua opinião em relação

à inclusão das empresas do Simples Nacional na EFD/ICMS-IPI, o

Administrador/Contador disse que com a implantação do EFD, sem dúvida, foi um

extremo avanço para a organização das empresas, porém, toda mudança desse

porte onera muito, principalmente empresas do regime do Simples Nacional, que,

em sua maioria, são de pequeno porte e se viram numa situação que tiveram que

adequar seus quadros profissionais e tecnológicos para suportar a mudança.

Contudo, esse ponto gerou e ainda gera muita dificuldade, contribuindo para o

retorno a informalidade dos pequenos negócios.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve como objetivo geral, analisar como as empresas

optantes pelo Simples Nacional enfrentam os impactos e reflexos tragos pela

obrigatoriedade da EFD, mediante aplicação de um questionário, contendo 10

perguntas direcionadas a uma empresa optante pelo Simples Nacional, do ramo de

autopeças, na cidade de Mossoró/RN. Para atingir o objetivo geral, foi necessário

conhecer a EFD por meio do referencial teórico e analisar os impactos e reflexos

destacados pela empresa entrevistada.

Ao final, realizou-se um confronto entre as informações oriundas da teoria

pesquisada e as respostas obtidas da empresa entrevistada, conseguindo, dessa

forma, analisar os resultados encontrados e resolver a problemática da pesquisa.

A partir da análise dos resultados, pôde-se perceber que os impactos

enfrentados pela EFD não foi somente à parte contábil da empresa, mas também

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impactou os custos. Verificou-se, também, que se foi necessário investir em mão de

obra mais qualificada e em sistema de informação.

Os reflexos identificados foram de bastante relevância, tendo em vista, que

foi apontado o lado do fisco, com a EFD há uma facilidade de melhor fiscalização. O

lado do contribuinte através de melhor acesso e agilidade de informações mais

corretas. E o principal foco desta pesquisa os reflexos tragos pelo SPED Fiscal,

trazendo um extremo avanço para a organização das empresas.

Assim, é necessário estar atento às mudanças que ocorrem

frequentemente, pois estamos vivenciando a era do conhecimento e da informática,

o que exige muito do capital intelectual e a procura de profissionais cada vez mais

preparados para atender as novas exigências do fisco e do mercado.

Por fim, pode-se afirmar que a escrituração fiscal digital é complexa e exige

muita atenção e conhecimento. Além disso, a partir do momento em que se toma

ciência dos impactos causados pela EFD e busca ameniza-los é possível estar de

acordo com as exigências e melhorar nos serviços contábeis, consequentemente, a

atuação do fisco será aperfeiçoada e com isso, quem sabe, se possa esperar a tão

sonhada reforma tributária.

REFERÊNCIAS

BONOMA, Thomas V. - Case Research in Marketing: Opportunities, Problems, and Process. Journal of Marketing Research, Vol XXII, May 1985. CARMO FILHO, M. M. Procedimento metodológico de avaliação da acessibilidade e mobilidade nos polos produtivos do interior do Amazonas. Tese (Doutorado em Engenharia de Transportes) – Doutor em Engenharia de Transporte, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/COPPE), 2009. Disponível em: <http://tesesufrj.wordpress.com/>. Acesso em: 20 jan. 2015. GOODE, W. J. & HATT, P. K. - Métodos em Pesquisa Social. 3. ed., São Paulo: Cia Editora Nacional, 1969. GIL, A. C. Técnicas de Pesquisa em Economia e Elaboração de Monografias. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. LAMPERT, E. (org). A Universidade na virada do século 21: Ciência, Pesquisa e Cidadania. Porto Alegre: Sulina, 2000.

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei Nº 12.873, de 24 de outubro de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/Lei/L12 873.htm>. Acesso em: 27 jan. 2015. ______. Cláusula quarta do Ajuste Sinief 02/2009. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/confaz/confaz/ajustes/2009/aj_002_09.htm>. Acesso em: 27 jan. 2015. SECRETARIA DE ESTADO DE TRIBUTAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE. Portaria Nº 063/2010. Disponível em: <http://www.set.rn.gov.br/content Producao/aplicacao/set_v2/legislacao/enviados/normas_recentes_detalhe.asp?sTipoNoticia=&nCodigoNoticia=1723>. Acesso em: 23 jan. 2015. ______. Regulamento do ICMS – RICMS. Disponível em: <http://www.set.rn.gov.br/contentProducao/aplicacao/set_v2/legislacao/enviados/normas_recentes_detalhe.asp?sTipoNoticia=&nCodigoNoticia=3032>. Acesso em: 24 jan. 2015. ______. Decreto 24.120/2013. Disponível em: <http://www.set.rn.gov.br>. Acesso em: 31 jan. 2015. TULL, D. S. & HAWKINS, D. I. - Marketing Research, Meaning, Measurement and Method. Macmillan Publishing Co., Inc., London, 1976.

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ORÇAMENTO PÚBLICO COMO FERRAMENTA DE DECISÃO: UMA ABORDAGEM EM UMA PREFEITURA DO RIO GRANDE DO NORTE

Nádja Luana da Cunha Rosângela Queiroz Souza Valdevino

Ana Paula de Oliveira Costa Maria Nailane Jacinto da Silva

RESUMO O setor público tem a responsabilidade de atender as necessidades sociais, voltando as suas atividades para o atendimento do bem estar social. Diante disso, destaca-se o orçamento como um instrumento contábil do processo gerencial das políticas públicas que permite o tratamento mais apropriado na definição de prioridades, na alocação dos recursos públicos e, principalmente, no controle da execução e análise dos resultados, não admitindo sacrificar as realizações dos anseios da sociedade. Esta pesquisa tem como objetivo essencial verificar a relevância do orçamento público para a tomada de decisão no âmbito municipal. A metodologia do trabalho é de caráter descritivo e qualitativo e trata-se de um estudo de caso. Em face desse argumento, o presente artigo produz uma análise sobre o assunto. Para isso, aplicou-se um questionário ao contador de uma Prefeitura Municipal localizada no interior do Rio Grande do Norte. Conclui-se que o orçamento garante a eficiência, eficácia nas atividades gerenciais dos órgãos públicos, contribuindo para o desenvolvimento das tarefas administrativas como o planejamento, execução e controle. PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade pública. Gestão pública. Orçamento público.

1 INTRODUÇÃO

Com o evoluir da sociedade, se vê de forma mais acentuada a exigência

pelo cumprimento das ações essenciais para satisfazer as necessidades da

coletividade, pois para que a administração possa vir a desempenhar um bom

serviço ela deve basear-se em normas.

Dessa forma, a gestão pública deve desenvolver de maneira eficaz as suas

funções para que o direcionamento dos recursos públicos seja concretizado de

maneira correta.

Perante esse contexto a presente pesquisa pretende solucionar o seguinte

problema: qual a relevância do orçamento público para a tomada de decisão no

âmbito municipal? Com isso, tem-se o objetivo geral dessa pesquisa que foi:

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verificar a relevância do orçamento público para a tomada de decisão no âmbito

municipal.

Portanto a pesquisa se torna relevante, pois o orçamento público delineia as

direções, adéqua os planos de governo e define etapas para o planejamento.

Os procedimentos metodológicos para alcançar os objetivos almejados é a

pesquisa descritiva com aspectos qualitativos. Os dados primários foram coletados

mediante a aplicação de um questionário que constituiu 4 perguntas abertas,

direcionadas ao contador de uma prefeitura do interior do Rio Grande do Norte. Por

sua vez, os dados secundários baseiam-se no estudo bibliográfico de artigos,

revistas, livros e pesquisas eletrônicas.

O presente trabalho encontra-se dividido em introdução, em que pode ser

observado um breve resumo sobre o assunto pesquisado. Em seguida, foi definida a

metodologia utilizada para a realização deste trabalho, como também os diversos

resultados obtidos por meio da pesquisa. E por fim, tem-se a conclusão e as

referências onde consta toda a bibliografia estudada para elaboração do estudo.

2 METODOLOGIA

No presente trabalho fez-se o uso de uma pesquisa do tipo descritiva. Foi

realizado um estudo de caso no âmbito da contabilidade pública, o qual contou com

a perspectiva de um contador com relação à utilização do orçamento público como

ferramenta de gestão oferecendo confiabilidade nessa pesquisa de campo.

Quanto ao procedimento de pesquisa utilizado, este foi do tipo qualitativo.

Na concepção de Dalfovo, Lana e Silveira (2008, p. 5) as pesquisas “qualitativa e

quantitativa levam como base de seu delineamento as questões ou problemas

específicos adota tanto em um quanto em outro a utilização de questionários e

entrevistas”.

A análise dos dados estendeu-se entre os meses de Julho à Agosto de

2015. O campo de atuação foi em um município do interior do Rio Grande do Norte,

tendo como objeto de delimitação do estudo, a administração pública da referida

prefeitura.

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Com relação ao delineamento da pesquisa, foram adotados procedimentos

que consistem coleta de dados por fonte primária e secundária. As fontes primárias

foram coletadas mediante aplicação de um questionário contendo 4 perguntas

abertas e estruturadas, direcionadas ao contador que foram baseadas na literatura.

No entanto, as informações secundárias deram-se por meio do emprego de

materiais bibliográficos e documentais extraídos de livros, artigos e da internet.

O tratamento dos dados foi feito mediante comparação com o referencial

teórico e as respostas obtidas com as questões respondidas pelo contador que

representou a administração pública de uma prefeitura do interior do Rio Grande do

Norte. Este método é chamado de análise de conteúdo que segundo Bardin (2009)

é um conjunto de técnicas de análises das comunicações que utilizam

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.

3 RESULTADOS

Para um melhor esclarecimento das informações colhidas apresenta-se em

forma de síntese dos principais pontos abordados nas questões aplicadas: gestão

pública, contabilidade pública, orçamento público e a tomada de decisão,

respectivamente.

No primeiro momento o contador reconhece a necessidade de

transformações urgentes na qualidade da prestação dos serviços públicos seja no

âmbito estadual, ou municipal; destacou que em meio a tantos desafios a

administração pública do município busca atender ao interesse da sociedade e às

necessidades sociais, mediante a estrutura administrativa, de forma direta ou

indireta, bem como os elementos que a legislação permite na execução dos fins a

que se destinam procurando adequar os seus serviços a novas exigências da

sociedade civil.

Quando perguntado sobre o setor da contabilidade pública na Prefeitura

Municipal, afirma o contador que esse existe e que é responsável pelo

acompanhamento da situação patrimonial e seu respectivo controle, apurando

resultados e elaborando relatórios periódicos sobre os atos e fatos da administração

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pública. A Contabilidade Pública utiliza-se de procedimentos para registrar os atos e

fatos administrativos, verificando os resultados alcançados e preparando

demonstrações periódicas, considerando as normas do direito financeiro, as normas

contábeis direcionadas ao controle patrimonial das organizações públicas e os

princípios fundamentais da contabilidade (HADDAD, MOTA 2010).

No entanto, a contabilidade pública é uma ferramenta de controle que

atende as exigências da sociedade, quanto ao uso dos recursos recolhidos, e sobre

a prestação de contas dos atos do gestor público.

Conforme Rosa (2011) o orçamento é um instrumento de planejamento da

ação governamental, que apresentam objetivos e fixa metas almejadas, dando

ênfase aos fins por meio de ações programáticas, que permitem o

acompanhamento físico-financeiro, a avaliação dos resultados e a gerência dos

objetivos.

Rezende e Cunha (2005 apud LIMA, 2012) enfatizam que o planejamento,

ao lado do orçamento, são fatores decisivos para garantir um adequado

desempenho pelas entidades públicas.

O contador afirma que há um acompanhamento do que foi orçado e o que

fora alcançado na prestação dos serviços e realização das obras, tais benefícios

que são prestados a sociedade, e que esta por sua vez acompanha todo esse

processo, ou seja, acompanha por meio dos portais da transparência o que foi

previsto e de que forma foram alocados os recursos.

O orçamento deve ser elaborado e aprovado, em sessões plenárias

direcionadas ao público geralmente na câmera dos vereadores e para ter efeito

legal e vigorar é necessário ser publicado para ciência de todos (ROCHA, 2002).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como foco principal o orçamento público como um

instrumento gerencial nas organizações públicas. O estudo exposto apresentava

como objetivo e que por sua vez foi alcançado o de verificar a relevância do

orçamento público para a tomada de decisão no âmbito municipal.

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A pesquisa mostrou que a contabilidade como ciência social vem

acompanhando o desenvolvimento da sociedade. No âmbito público não deve ser

diferente, a contabilidade pública acrescenta novos preceitos para poder seguir o

crescimento econômico dos mercados globalizados que buscam assim, a adoção de

métodos adequados para dá confiabilidade às informações geradas no setor

público, e assim, promover o acompanhamento e o controle do desempenho

econômico-financeiro dos entes públicos. Dessa forma, o orçamento surge como

uma ferramenta gerencial pública capaz de admitir a idealização das

disponibilidades financeiras, tomando por embasamento as contas de receita e

despesa, assumindo a condição de um documento transparente que permite a

divulgação das ações governamentais.

A publicação do orçamento deve ser periódica e abranger dados sobre a

utilização de recursos e gastos realizados pelo gestor público. Isso permite aos

cidadãos terem conhecimento acerca das informações sobre de que forma os

recursos estão sendo utilizados e com isso, exercer seus direitos de fiscalizar os

atos praticados pelo poder público.

Em virtude do que foi mencionado e com base nos resultados obtidos

conclui-se que o orçamento na visão do contador entrevistado é um instrumento

gerencial utilizado na gestão pública, auxiliando de forma eficaz na tomada de

decisão e no controle das ações prestadas a sociedade. Constitui ainda como um

artifício que contribui na melhor forma de se aplicar os recursos financeiros

mediante um processo de elaboração, cumprimento e análise de programas.

Portanto, por meio do orçamento, pode-se conferir a verdadeira situação econômica

da entidade pública, analisar o montante de sua arrecadação, os dispêndios e

demais ações a serem executadas, bem como apreciar as obras a serem

realizadas.

O trabalho teve sua limitação a um estudo de caso. Dessa forma, como

sugestão sugere-se o aprofundamento em pesquisas nessa área devido à

relevância da tomada de decisão do gestor estar intimamente ligado ao bem estar

da coletividade, de tal modo que as informações advindas de estudos científicos

possam gerar benefícios que sirvam de auxílio aos administradores públicos na

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utilização eficaz do orçamento no momento das escolhas, potencializando a

transparência das suas relações estratégicas para com a sociedade.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009. DALFOVO, M. S.; LANA, R. A.; SILVEIRA, A. Métodos quantitativos e qualitativos: um resgate teórico. 2008. Revista interdisciplinar científica aplicada, Blumenau, v.2, n.4, p.01-13, Sem II. 2008 ISSN 1980-703. Disponível em:< http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/metodos_quantitativos_e_qualitativos_um_resgate_teorico.pdf >. Acesso em: 21 nov. 2014. HADDAD, R. C.; MOTA, F. G. L. Contabilidade pública. CAPES: UAB, 2010. LIMA, R. S. Orçamento público como instrumento de gestão no nível das organizações governamentais: o caso da Polícia Federal. 2012. Disponível em: < http:/bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/9571/Dissertacao_RAFAEL_LIMA_VERSAO%20FINAL_IMPRESSA.pdf?sequence=3>. Acesso em: 05 dez. 2014. ROCHA, J. C. Orçamento Público. 2002. Disponível em: < http://www.dhnet.org. br/dados/cursos/aatr2/a_pdf/04_aatr_pp_orcamento.pdf >. Acesso em: 04 dez. 2014. ROSA, M. B. Contabilidade aplicada ao setor público. São Paulo: Atlas, 2011.

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A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES HANSENIANOS COM NEURITES

Yasmin Caroline Mendonça da Costa Universidade Potiguar – UnP. Mossoró-RN, Brasil. Email: [email protected]

Helena de Lima Gurgel

Elanny Mirelle da Costa Moisés Costa do Couto

RESUMO Introdução: A hanseníase, doença de Hansen ou lepra é uma doença infectocontagiosa causada pela Mycobacterium leprae, bacilo álcool-ácido resistente dotado de baixa patogenicidade. Apresenta evolução crônica, atingindo predominantemente a pele e os nervos periféricos, podendo também invadir as mucosas nasal, orofaríngea e laríngea, olhos e vísceras, restringindo ou mesmo impedindo as atividades profissionais e sociais do paciente. As lesões dos nervos periféricos são decorrentes de processos inflamatórios (neurites) e podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos nervos e/ou pela reação do organismo ao bacilo. Objetivo: O estudo tem como objetivo apontar a intervenção fisioterapêutica nas neurites e incapacidades geradas pela Hanseníase, explicitando as intervenções reabilitadoras a fim de contribuir na conquista do bem estar geral dos pacientes hansenianos. Materiais e Métodos: O presente trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica descritiva, feita através de buscas em bases de dados científicos tais como Scielo; Editais do Ministério da Saúde, revistas e periódicos científicos, utilizando como palavras-chave: Hanseníase, Incapacidades; Neurites; Tratamento fisioterapêutico. Resultados: A Fisioterapia na hanseníase tem como conduta o monitoramento da função neural, através de avaliação neurológica, a classificação do grau de incapacidades, aplicação de técnicas preventivas, confecção e adaptação de órteses, talas e palmilhas, a promoção do bem estar do paciente e a melhora da qualidade de vida do mesmo. Ou seja, a fisioterapia é de suma importância no tratamento das neurites causadas pela hanseníase, pois atua contribuindo para a quebra do ciclo: lesão nervosa, déficit motor, incapacidades, além de poder identificar, prevenir e tratar. Lembrando que, durante todo o tratamento é de suma importância o acompanhamento de uma equipe multiprofissional a fim de obter êxito no tratamento, proporcionando uma melhor qualidade de vida para o paciente. Conclusão: A presente pesquisa revelou que a participação do fisioterapeuta tem papel importante ao longo de todo tratamento de pacientes hansenianos, portadores de neurites. PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase. Incapacidades. Neurites. Tratamento

Fisioterapêutico.

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REFERÊNCIAS

FINEZ; SALOTTI. Identificação do grau de incapacidades em pacientes portadores de hanseníase através da avaliação neurológica simplificada. – Estudo descritivo exploratório. Curso de Enfermagem da Universidade Paulista, Bauru-SP, Brasil, REVista. Health Sci Inst.;29(3):171-5, 2010. TAVARES, et al. Fisioterapia no atendimento de pacientes com hanseníase: um estudo de revisão. Revista Amazônia. 2013;1(2):37-43. SANTOS, et al. (RE) descobrindo a hanseníase: uma estratégia de ensino baseada em revisão de literatura. REVista. Enciclopédia Biosfera, centro científico conhecer- – Goiânia. Vol 11. Número 20, 2014.

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INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES HIV/AIDS COM ACOMETIMENOS RESPIRATÓRIAS DEVIDO À TUBERCULOSE

Tamina Raquel Medeiros Universidade Potiguar – UnP. Mossoró-RN, Brasil.

Email: [email protected]

Kelvin Viana Teixeira Paulo Henrique Martins Fidelis

Pablo de Castro Santos Moisés Costa do Couto

RESUMO Introdução: No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, foram notificadas em 2013, 5.788 mortes em decorrência de problemas respiratórios em pacientes com HIV/AIDS, que por consequência de sistema imunológico baixo, estão sujeitos a vitimar-se de doenças infecto-contagiosas como a tuberculose causada pela infecção por Micobacteriumtuberculosis. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo promover uma discussão da assistência da fisioterapia na prevenção e no tratamento dos problemas respiratórios causados pela tuberculose nos pacientes com HIV/AIDS. Métodos: O trabalho foi fundamentado numa revisão sistemática de material científico divididos em categorias de tese, dissertações, livros e artigos; definindo-se como palavras de busca: AIDS, HIV, fisioterapia, tuberculose, doenças pulmonares e seus semelhantes em inglês e espanhol, complementada pela consulta a estudos citados nas obras localizadas. Resultados: A fisioterapia pode atuar nos pacientes soropositivos tuberculosos aplicando técnicas de drenagem postural que consiste no posicionamento do paciente favorecido pela aplicação de forças gravitacionais, que aumentam o transporte de muco de lobos e segmentos específicos do pulmão em direção às vias aéreas centrais, onde as secreções devem ser removidas mais rapidamente com a tosse ou aspiração. A percussão torácica também aumenta a pressão intratorácica e a hipoxemia, sendo esta última não relevante quando a técnica é realizada em períodos menores que 30 segundos e combinada com três ou quatro exercícios de expansão pulmonar. A conduta fundamental do fisioterapeuta em pacientes acometidos da imunodeficiência, é atuar na prevenção, cura ou reabilitação da capacidade física das pessoas, em qualquer idade, a busca pela qualidade de vida e autoestima dos pacientes, outra preocupação sempre presente no dia-a-dia desse profissional. Conclusão: A fisioterapia nestes casos recupera a condição clinica dos pacientes soropositivos tuberculosos, a fim de devolvê-los a realidade em que se inserem com qualidade de vida. O papel do fisioterapeuta é de suma importância na prevenção das crises e durante elas, proporcionando a desobstrução brônquica e a expansão pulmonar, estimulando uma reeducação respiratória. PALAVRAS-CHAVE: Fisioterapia. Vírus da imunodeficiência humana. Tuberculose.

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REFERÊNCIAS Costa D. Manobras manuais na fisioterapia respiratória. Fisioter Mov.1991. Caromano FA, Cárdenas MYG, Sá CSC. Efeitos da aplicação das técnicas de limpeza brônquica associada à mobilização em pacientes portadores de bronquiectasia. Rev Ter OcupUniv. São Paulo. 1998;9(3):114-8. Lianza L. Medicina de reabilitação. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara; 2001.

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TRIBUTAÇÃO: UM ESTUDO SOB A PERSPECTIVA DOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO DE UMA EMPRESA COMERCIAL DO RAMO AGRÍCOLA NA

CIDADE DE MOSSORÓ – RN

Nádja Luana da Cunha Rosângela Queiroz Souza Valdevino

José Freire de Morais Neto Luana Karissa Duarte de Oliveira Lima

RESUMO O presente trabalho objetiva mostrar a relevância do Planejamento Tributário e identificar o regime de tributação mais eficaz numa empresa comercial do ramo agrícola na cidade de Mossoró-RN. A metodologia aplicada caracteriza-se como descritiva e de abordagem qualitativa feita através de um estudo de caso. A coleta de dados foi feita através de análise do balanço e DRE do ano 2012, bem como os Livros de Registros de Entradas e Saídas, em um período de 15 dias. Após análise dos tipos de tributação foram escolhidos para objeto de estudo o regime de tributação Lucro Presumido e Lucro Real. Com a conclusão do estudo verificou-se que a forma mais vantajosa economicamente para a empresa estudada no ano 2012 foi à tributação com base no Lucro Presumido, que foi o regime que a empresa utilizou naquele ano. Como sugestão para uma próxima pesquisa seria uma análise no balanço 2013, uma vez que a empresa abriu uma filial naquele ano e consequentemente o estoque, faturamento e despesas aumentaram neste ano sugerindo provavelmente uma mudança de regime para o Lucro Real em virtude da chegada da filial. PALAVRAS-CHAVE: Tributação. Setor agrícola. Regime.

1 INTRODUÇÃO

O planejamento tributário nas organizações é o que permite a

racionalização da carga tributária a ser suportada. No entanto, junto com a

implantação do Planejamento Tributário, vem a falta de informação da classe

empresarial sobre como a implantação do mesmo trará benefícios para a sua

empresa, levando-o a aperfeiçoar a aplicação dos recursos disponíveis. Vale

ressaltar que o planejamento, de um modo geral, é imprescindível para o alcance e

manutenção de bons resultados.

Quando as empresas iniciam suas atividades, ou até mesmo antes de

estarem no mercado, os empresários traçam seus objetivos, dentre os quais se

destaca a obtenção de lucro, o que demonstra a necessidade de se manter um

planejamento para escolher qual a opção tributária a empresa irá se enquadrar.

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O trabalho teve como problemática e objetivo: avaliar os regimes de

tributação existentes na legislação tributária brasileira, buscando identificar a melhor

opção para o enquadramento da empresa analisada, buscou-se analisar a

relevância do planejamento tributário, enfatizando o enquadramento tributário das

pessoas jurídicas.

Quanto à metodologia foi qualitativa e tratou de estudo de caso baseado em

documentos do ano de 2012.

O presente trabalho divide-se em Introdução, Metodologia, Resultados,

Conclusão e as Referências Bibliográficas estudadas para elaboração deste estudo.

2 METODOLOGIA

O planejamento tributário representa uma forma de encontrar, dentro da

legislação, a melhor forma de reduzir o pagamento de tributos. Para realização de

um bom planejamento tributário, é necessário observar e analisar vários fatores que

são de suma necessidade para a redução dos impostos, um deles é a legislação

tributária, suas leis e enquadramentos, para que seja feito tudo de forma legal.

Tratou-se de um estudo de caso aplicado em uma empresa comercial do

ramo agrícola na cidade de Mossoró – RN. Ainda com foco descritivo a pesquisa é

de natureza qualitativa. Tendo sido analisado os documentos contábeis referentes a

2012 o que caracteriza o estudo como documental.

De acordo com Fabretti (2007, p.32): “o planejamento tributário é o estudo

feito preventivamente, ou seja, antes da realização do fato administrativo,

pesquisando-se seus efeitos jurídicos e econômicos e as alternativas legais menos

onerosas, denomina-se Planejamento Tributário”. Os tipos de regime tributários são:

Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional. Para análise

dessa pesquisa foram utilizados os regimes de tributação Presumido e Real, para

assim, identificar qual a melhor forma de tributação para empresa.

Para tratamento dos dados foi feita uma análise de conteúdo por meio de

confronto entre as bases teóricas e as informações repassadas pela empresa.

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Desta maneira foi possível obter os resultados e identificar a forma de tributação

mais viável para organização.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A empresa objeto deste estudo foi fundada no ano 2000 e atua no segmento

agrícola fornecendo produtos e serviços.

Após visto os conceitos de planejamento tributário, os regimes de tributação

e o benefício de cada um, foi comparado o referencial exposto com os dados

colhidos na empresa analisada, seus livros e demonstrações contábeis. Foi visto

que com um planejamento tributário eficaz é possível escolher o regime de

tributação correto para a empresa e reduzir seus gastos com o pagamento de

tributos.

A caracterização da pesquisa foi iniciada com um demonstrativo de cálculo

extraída das Demonstrações Contábeis no ano de 2012 conforme abaixo:

Quadro 1: Premissas da empresa analisada PREMISSAS DE CÁLCULO

RECEITA BRUTA DE VENDAS 3.681.245,00

DEVOLUÇÕES 12.595,00

COMPRAS DE INSUMOS 1.103.430,00

ENERGIA ELÉTRICA 380.653,00

ALUGUEIS 63.000,00

DEPRECIAÇÃO 16.530,00

COMBUSTÍVEIS 87.053,00

LUCRO CONTÁBIL 350.060,00

Fonte: Pesquisa elaborada pelos autores

Para início da comparação foram feitas planilhas com a simulação dos

cálculos do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS cumulativos para o Lucro Presumido, bem

como uma simulação dos mesmos cálculos no Lucro Real, porém o regime do PIS e

COFINS para esse regime foi o Não Cumulativo. No regime de tributação pelo Lucro

Presumido, após a aplicação dos 15% para identificar o valor a recolher observou-

se que houve a cobrança do adicional do IRPJ. O IRPJ apurado para o ano de 2012

foi de R$ 49.373,00. Já na apuração da CSLL a alíquota de presunção é 12% sobre

a receita e em seguida é aplicado o percentual de 9% para encontrar o valor do

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imposto apurado. Para o ano 2012 a empresa recolheu o total de R$ 39.621,42. Já

o valor da COFINS no regime do Lucro Presumido deu R$ 110.059,50 e o PIS R$

23.846,23. No regime cumulativo não existe a possibilidade de aproveitamento de

créditos.

No regime de tributação pelo Lucro Real a empresa deve apurar o valor do

IRPJ com a alíquota de 15% sobre o lucro contábil, mais 10% de adicional quando o

limite ultrapassar R$ 240.000,00. No cálculo do IRPJ pelo regime do Lucro Real

Anual, a base de cálculo encontrada ultrapassou o limite de R$ 240.000,00 e,

portanto também houve a cobrança do adicional de 10%. Vale ressaltar que não

houve adições e exclusões na base de calculo. O valor do IRPJ anual para esse

regime foi de R$ 63.515,00. No cálculo da CSLL é aplicado o percentual de 9%

sobre o lucro contábil e o valor pago foi de R$ 31.505,40. Já para o calculo do PIS e

da COFINS não cumulativo aplica-se os percentuais 1,65% e 7,6% respectivamente

sobre o faturamento. No ano foram pagos R$ 33.296,74 de PIS e R$ 153.366,78 de

COFINS. Como nesse regime existe a possibilidade de aproveitamento de créditos

os mesmos foram utilizados. Segue abaixo o quadro comparativo:

Quadro 2: Quadro comparativo

TRIBUTO LUCRO PRESUMIDO

ANUAL LUCRO REAL ANUAL

IRPJ 49.373,00 63.515,00

CSLL 39.621,42 31.505,40

PIS 23.846,23 33.296,74

COFINS 110.059,50 153.366,78

TOTAIS 222.900,15 281.683,92

Fonte: Pesquisa elaborada pelos autores

O quadro comparativo mostra que o regime de tributação mais favorável à

empresa no ano 2012 é o Lucro Presumido. Sendo assim, para que seja implantado

de forma eficaz, o planejamento tributário deve englobar todos os tributos possíveis

que a empresa utiliza, para que seja feito o comparativo com todos os regimes em

que a mesma se enquadre.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após realização do planejamento tributário e analisado os resultados

obtidos pelo estudo de caso, fundamentado na pesquisa bibliográfica desenvolvida,

percebeu-se que, economicamente, o melhor regime de tributação para a empresa

estudada é o Lucro Presumido, tendo em vista que comparando os dois regimes

durante o ano 2012 houve uma economia de R$ 58.783,77. Por fim, vale lembrar a

importância do planejamento tributário nas empresas, como mecanismos de

controle, redução e organização dentro das empresas. O presente trabalhou limitou-

se apenas na análise de conteúdo do ano 2012 da referida empresa e como

sugestão pode-se estender a pesquisa para o ano 2013 em virtude de a empresa ter

aberto uma filial e consequentemente pode ter mudado de regime.

REFERÊNCIAS

FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade tributária. 10 ed.- São Paulo: Atlas, 2007. SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. Simples Nacional. Disponível em: <http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional.htm>. Acesso em: 13 de setembro de 2015. ______. Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999). Tributação das Pessoas Jurídicas - (Livro 2 - Parte 1 - Art 146 a 304) Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/L2 Parte1.htm>. Acesso em: 12 de setembro de 2015. ______. Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999). Tributação das Pessoas Jurídicas - (Livro 2 - Parte 2 - Art. 305 a 461) Disponível em:<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/L2Par te2.htm>, Acesso em: 12 de setembro de 2015. ______. Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999). Tributação das Pessoas Jurídicas - (Livro 2 - Parte 3 - Art. 462 a 619) Disponível em:<http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/L2Par te3.htm>, Acesso em: 12 de setembro de 2015.

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UM OLHAR COMPARATIVO SOBRE AS INDÚSTTRIAS DO SETOR SIDERÚGICO, NO ANO DE 2012, SOB O FOCO DAS ANÁLISES CONTÁBEIS

Rosângela Queiroz Souza Valdevino Professora Me. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: Rua

Margarida, 11 CEP: 59.600-000 – Mossoró E-mail: [email protected] (Orientadora)

Jean Paul Sartre de Souza

Graduado em ciências contábeis– Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Endereço: Rua Dom Pedro II, 386 Paredões CEP: 59.618-110 – Mossoró

E-mail: [email protected]

Ranieri Sousa de Oliveira Graduado em ciências Econômicas. – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte –

UERN. Endereço: Rua Padre Elesbão, 700 boa Vista CEP: 59.605-140 – Mossoró E-mail: [email protected]

RESUMO O trabalho teve como objetivo averiguar qual a posição econômico-financeira das empresas do ramo de siderurgia no ano de 2013, após as análises das demonstrações contábeis aplicadas a seus demonstrativos financeiros. A análise das demonstrações financeiras consiste em uma metodologia de extração de índices que evidencia as variações dos valores das contas apresentadas nas DFs, cada índice com um significado, o que proporciona identificar a real situação econômica e financeira de uma determinada empresa. Este estudo é caracterizado como do tipo documental, bibliográfico e qualitativo, e como sendo um múltiplo estudo de casos, com análise descritiva dos principais indicadores financeiros relacionados à liquidez, endividamento, rentabilidade, e ao fator de insolvência de Kanitz. O levantamento dos dados se deu em duas partes: os dados primários foram as demonstrações financeiras (DFs) coletadas no site da BOVESPA; e os secundários se fundamentaram em uma pesquisa bibliográfica realizada em livros, trabalhos científicos, e por meio eletrônicos, com uma população de cinco empresas de setor siderúrgico. Tendo em vista que o principal objetivo das organizações é gerar lucro, neste contexto as empresas que se destacaram foram a FERBASA, GERDAU S/A e a GERDAU MET, que, respectivamente, apresentaram os melhores resultados referentes aos indicadores de rentabilidade, não desconsiderando os demais indicadores. A pesquisa teve como limitação pouco material literário atualizado, referentes ao tema. E a sugestão, para próximas pesquisas, é que a mesma seja realizada em outros ramos de atividade, e utilizando-se dos demais indicadores contábeis. PALAVRAS-CHAVE: Análise Financeira. Demonstrações contábeis. Organizações.

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1 INTRODUÇÃO

As industriais do ramo de metalurgia têm um papel relevante no cenário

econômico brasileiro. De acordo com o levantamento apresentados no Anuário

Estatístico do segmento metalúrgico, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia

(MME), o setor alcançou um excelente resultado financeiro no ano de 2012, por se

tratar de um ramo de atividade vital para os demais segmentos industriais, tais como

o automobilístico, a construção civil, a tecnologia de ponta, entre outros. Entretanto,

este trabalho poderá ser futuramente aplicado a empresas dos demais segmentos

comerciais (BRASIL, 2012).

Os demonstrativos financeiros refletem o resultado de um determinado

período, bem como a posição patrimonial das organizações, e as variações

ocorridas em suas contas (ativo, passivo, patrimônio liquido e demais contas). É a

partir das demonstrações financeiras: balanço patrimonial (BP), demonstração do

resultado do exercício (DRE) o que pretende atender à seguinte problemática: quais

as empresas do ramo de siderurgia que obtiveram os melhores desempenhos

financeiros em 2013, conforme as análises aplicadas aos seus demonstrativos

financeiros?.

O objetivo geral deste trabalho, pois, consiste em averiguar qual a posição

das empresas do ramo de siderurgia, no ano de 2013, após as análises das

demonstrações contábeis aplicadas a seus demonstrativos financeiros.

O presente estudo, portanto, proporcionará, aos gestores, como aos demais

usuários, conhecer a real situação das organizações em termos econômico-

financeiros. A pesquisa foi realizada em organizações, de siderurgia listadas na

Bolsa de Valores de SP (BOVESPA).

A metodologia aplicada à pesquisa, a fim de alcançar tal objetivo, é a

quantitativa, bibliográfica e documental. Os documentos foram coletados do site da

BOVESPA, demonstrativos e relatórios financeiros necessários para solucionar o

problema proposto, os quais serão submetidos às análises de liquidez,

rentabilidade, endividamento e ao fator de insolvência de Kanitz. Já os dados

secundários fundamentam-se no estudo literário em livros, artigos, revista e

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pesquisas eletrônicas. A análise dos dados obtidos será realizada através de

instrumentos da estatística e da matemática básica, de forma descritiva.

2 METODOLOGIA

O presente trabalho tem como objetivo estabelecer uma comparação

econômico-financeira entre as organizações do segmento siderúrgico listadas na

BOVESPA, com a utilização de instrumentos de análise contábil, para determinar

qual a situação dessas empresas no ano de 2013, em termos de liquidez,

rentabilidade, e endividamento, o índice de insolvência, e comparando esses índices

entre si. As fórmulas utilizadas na obtenção dos resultados foram: Liquidez (LI =

disponível / PC), (LC = AC / PC), (LS = AC – estoque / PC), (LG = AC + R. L. Prazo

/ PC + PNC); Rentabilidade (TRI = LL / A. total), (ML = LL / Vendas), (RPL = LL /

PL); endividamento (GI = CT / PL) e (CE = PC / CT), e para insolvência (FI = 0,05 x

X1 + 1,65 x X2 + 3,55 x X3 – 1,06 x X4 – 0,33 x X5).

Este estudo se deu através de uma pesquisa de natureza descritiva.

Segundo as metodologias utilizadas para atingir tal objetivo, esta pode ser

caracterizada como um múltiplo estudo de caso, realizado em empresas de um

mesmo ramo de atividade. Conforme Martins e lintz (2001). Já em termos

bibliográficos, para Gil (2010), as pesquisas bibliográficas são fundamentadas em

materiais literários elaborados e disponibilizados por autores, para o fim específico

de que sejam lidos por um determinado público. Já em relação à pesquisa

documental, esta é realizada à vista de documentos confeccionados com diversas

finalidades, e em geral se recomenda que ela seja considerada fonte documental.

Conforme Beuren (2009, p. 89), “[...] a pesquisa documental baseia-se em materiais

que ainda não receberam tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de

acordo com os objetivos da pesquisa”. No tocante à abordagem qualitativa, Beuren

(2009) a define como sendo um tipo de pesquisa que possibilita uma análise mais

aprofundada dos fatores em analise. A utilização da pesquisa qualitativa, na

contabilidade, é comum como metodologia de pesquisa. Embora o estudo da

contabilidade lide com cálculos, ela se caracteriza como uma ciência de cunho

social, e não exato o que justifica a utilização da pesquisa qualitativa.

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Assim, este trabalho se fundamenta em informações extraídas das

demonstrações financeiras, no caso, relatórios contábeis ainda não tratados

cientificamente, e elaborados pelo departamento de comparabilidade das empresas,

caracterizando-se como pesquisa documental.

Atualmente existem 5 (cinco) empresas do segmento metalúrgico

cadastradas na BOVESPA, e com as suas demonstrações financeiras

disponibilizadas no site, e deste total, foram selecionadas as cinco, o que

corresponde a 100% da população das empresas do segmento siderúrgico de

capital aberto.

As empresas selecionadas são: Gerdau S/A (GERDAU), Metalúrgica

Gerdau S/A (GERDAU MET), Cia. Siderúrgica Nacional (SID NACIONAL), Cia.

Ferro Ligas Bahia (FERBASA), e a Usina Siderúrgica de Minas Gerais (USIMINAS).

O tempo gasto na realização na pesquisa, da coleta e tratamento dos

dados, correspondeu ao período de 15 dias do mês de setembro de 2015. O

trabalho encontra-se dividido em duas fases: a primeira consiste na coleta dos

dados primários e secundários, e a segunda, no tratamento dos resultados obtidos a

partir desses dados.

Nesta primeira fase da pesquisa, os procedimentos aplicados foram a coleta

dos dados realizada por meio de fontes primarias e secundárias, sendo os dados

primários de caráter documental, demonstrativos financeiros (Balanço Patrimonial, e

Demonstração do Resultado do Exercício), padronizadas e individuais, publicadas e

constantes no site da BOVESPA. Já os dados e informações secundários

fundamentaram-se em pesquisas de caráter bibliográfico, realizadas em livros,

artigos e pesquisa eletrônica, entre outros materiais informativos.

Na segunda parte deste trabalho, a obtenção e tratamento dos dados

coletados e das demonstrações financeiras (DFs) das empresas submetidas ao

estudo, obedeceram à extração de seus índices, comparados entre si, em razão do

período, e com as empresas analisadas, apurando-se, através de variáveis, uma

comparação entre as empresas, de modo a responder aos objetivos propostos pela

pesquisa.

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A análise dos dados se procedeu com instrumentos da estatística e da

matemática básica, de forma descritiva, como ferramenta de apoio. No tratamento

dos dados, foi utilizado o programa da Microsoft Excel 2010. Os resultados obtidos

foram organizados a fim de responder a tais questionamentos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Informações Gerais Sobre as Empresas

Empresas do segmento de siderurgia, que atuam no Brasil de capital aberto

listadas no site da BOVESPA.

Caracterização da pesquisa

Nesta parte do estudo as DFs das empresas pesquisadas foram submetidas

à análise de liquidez, endividamento e rentabilidade, elementos comparados aos

índices padrão do segmento, bem como com o fator de insolvência de Kanitz, para

atingir tal objetivo, pois do ponto de vista de Marion (2012, p. 15):

Poderíamos dizer que só temos condições de conhecer a situação econômico-financeira de uma empresa por meio dos três pontos fundamentais de análise: Liquidez (Situação financeira), Rentabilidade (Situação Econômica) e Endividamento (Estrutura de Capital).

Como o principal objetivo das organizações é gerar lucro foi utilizado a Taxa

de Retorno dos Investimentos Totais, sem desconsiderar os demais índices, para

determinar o melhor desempenho econômico-financeiro das empresas analisadas,

onde as empresas atingiram os seguintes resultados:

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Taxa de Retorno dos Investimentos Totais

TRI = LL / Ativo Total R$ %

Cia. de Ferros da Bahia (FERBASA) 0,07 7

Gerdau S/A (GERDAU) 0,05 5

Siderúrgica Gerdau S/A (GERDAU MET) 0,03 3

Cid. Siderúrgica Nacional (SID NACIONAL) - 0,01 - 1

Usina Siderúrgica de Minas Gerais (USIMINAS) - 0,02 - 2

Fonte: Resultado da pesquisa (2015).

Diante dos resultados apresentados, pode-se constatar que a empresa

FERBASA foi a que obteve o melhor desempenho econômico-financeiro no ano de

2013.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho esteve focado em uma análise comparativa dos

principais indicadores financeiros das empresas do segmento siderúrgico, para

atender ao objetivo de averiguar quais as empresas do ramo de siderurgia que

obtiveram os melhores desempenhos financeiros no ano de 2013, após as análises

das demonstrações contábeis aplicadas a seus demonstrativos financeiros.

O objetivo proposto na pesquisa foi atingido com as análises realizadas, e

evidencia-se a empresa Cia. de Ferros da Bahia (FERBASA) como a que obteve o

melhor desempenho econômico-financeiro. As principais limitações encontradas na

elaboração deste trabalho se deram pela dificuldade em encontrar materiais

bibliográficos atualizados, isto é, com novos conceitos relativos à temática. Já a

título de sugestão, para próximas pesquisas é que estas sejam realizadas em outros

ramos de atividade, e utilizando-se dos demais indicadores contábeis.

REFERÊNCIAS

BEUREN, I. M. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Anuário estatístico do segmento metalúrgico. 2012. Disponível em: <http://www.mme.gov/sgm/menu/pupli caceos.htm>. Acesso em: 14 set. 2015. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2012. MARTINS, G. A; LINTZ, A. Guia para elaboração de Monografias e Trabalhos de Conclusão de Curso. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.