anais do ix encontro de pesquisa na graduaç Ão em filosofia da unesp

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA CÂMPUS DE MARÍLIA ANAIS IX ENCONTRO DE PESQUISA NA GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UNESP Marília, 12 a 16 de maio de 2014 Marília 2014

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Page 1: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

CÂMPUS DE MARÍLIA

ANAIS

IX ENCONTRO DE PESQUISA NA GRADUAÇÃO EM

FILOSOFIA DA UNESP

Marília, 12 a 16 de maio de 2014

Marília

2014

Page 2: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

2

Universidade Estadual Paulista – UNESP

Faculdade de Filosofia e Ciências Câmpus de Marília

Diretor:

Prof. Dr. José Carlos Miguel

Vice-Diretor:

Prof. Dr. Marcelo Tavella Navega

Comissão Organizadora:

Kleber Cecon (Coordenador)

Tiago Brentam Perencini (Mestrando em Educação)

Amanda Veloso Garcia (Mestranda em Filosofia)

Pedro Bravo de Souza (Graduando em Filosofia)

Renato de Oliveira Pereira (Graduando em Filosofia)

Augusto Rodrigues (Graduando em Filosofia)

Jéssica Lopes Carvalho (Graduanda em Filosofia)

Leonardo Queiroz Assis Poletto (Graduando em Filosofia)

Felipe Gomide (Graduando em Filosofia)

Verônica Barros Sifuentes (Graduanda em Filosofia)

Promoção:

Departamento de Filosofia – UNESP

Conselho de Curso de Filosofia – UNESP

Programa de Pós-graduação em Filosofia – UNESP

Apoio:

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP

Departamento de Filosofia – UNESP

Conselho de Curso de Filosofia – UNESP

Programa de Pós-graduação em Filosofia – UNESP

Editoração:

Amanda Veloso Garcia

Renato de Oliveira Pereira

http://www.encfilunesp.com/

Anais IX Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia

da UNESP / Kleber Cecon (Org.). – Marília, 2014.

110 f. ISSN 2317-5877

1. Filosofia. 2. Pesquisa. 3. Graduação. I.Título.

Page 3: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

3

SUMÁRIO

Programação Geral do Evento ................................................................................................ 7

Resumos das Conferências e Minicursos .............................................................................. 10

Programação das Sessões de Comunicação e de Pôster ...................................................... 14

Resumos das Comunicações e dos Pôsteres .......................................................................... 27

AGUIAR, Mariana Rossy Araújo. ........................................................................................ 28

ALMEIDA, Camila Berehulka de. ....................................................................................... 28

AQUINO, Edi Arcas. ............................................................................................................ 29

ARAMOR, Marlon Henrique. .............................................................................................. 30

ARAUJO, Marina Diel de..................................................................................................... 30

BARBOSA, Guilherme de Lucas Aparecido. ...................................................................... 31

BARROS, Leander Alfredo da Silva. ................................................................................... 32

BARROS, Wagner Barbosa de. ............................................................................................ 33

BELFANTE, Maria Caroline. ............................................................................................... 33

BEZERRA, Edilene Alves. ................................................................................................... 34

BONATTI, Claudio. ............................................................................................................. 35

BORTOLETTO, Gabriela Perini. ......................................................................................... 36

BRITO, Luciana Ribeiro de. ................................................................................................. 37

CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. ............................................................................... 37

CAMPOS, João Pedro Andrade de. ...................................................................................... 38

CARVALHO, André Alves de. ............................................................................................ 39

CARVALHO, Jéssica Lopes. ............................................................................................... 40

CARVALHO, Joebson Gonçalves de. .................................................................................. 41

CASSIANO, Jefferson Martins. ........................................................................................... 41

COELHO, Bruno. ................................................................................................................. 42

COSTA, Héden Salomão Silva. ............................................................................................ 43

COSTA, Matheus Pereira. .................................................................................................... 44

COSTA, Paulo Henrique Pinheiro da. .................................................................................. 45

CRUZ, Francisco Edson Carreiro. ........................................................................................ 45

CRUZ, Nayara Sandrin da. ................................................................................................... 45

DIEGO, Pedro José de Oliveira y. ........................................................................................ 46

DINIZ, Eveline de Lourdes Ferreira. .................................................................................... 47

Page 4: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

4

FACIOLI, Pedro Henrique.................................................................................................... 47

FARIA, Aline Apipe de. ....................................................................................................... 48

FARIA, Sílvia Helena Guttier. ............................................................................................. 49

FERNANDES, Mayã Gonçalves; MEDEIROS, Kelvlin. .................................................... 49

FERRAZ, Bruna Oliveira. .................................................................................................... 50

FERREIRA, Kailani A. P. .................................................................................................... 51

FERREIRA, Lennon Pedro Noleto. ...................................................................................... 51

FILHO, José Pereira do Vale. ............................................................................................... 52

FILHO, Mário Hélio Nunes dos Santos. ............................................................................... 52

GARCIA, Amanda Veloso. .................................................................................................. 52

GIRALDELLI, Taís Renata Maziero. .................................................................................. 53

GOMES, Ester da Silva. ....................................................................................................... 54

GUILHERMINO, Daniel Peluso. ......................................................................................... 55

GUIOMARINO, Hailton Felipe. .......................................................................................... 55

HOLANDA, Isabella Oliveira. ............................................................................................. 56

JATOBÁ, Jessyca Eiras. ....................................................................................................... 57

JESUS, Igor Gonçalves de. ................................................................................................... 58

JUNIOR, Jacson Albernaz. ................................................................................................... 58

LEMOS, Caio Victor. ........................................................................................................... 59

LIMA, Manoela Ferreira. ...................................................................................................... 60

LIMA, Renata Morais. .......................................................................................................... 61

LOBATO, Lílian Gabriela Rodrigues. ................................................................................. 62

LUZ, Matheus Phelipe Mamede Lopes da. .......................................................................... 63

MACHADO, Luís Guilherme Stender. ................................................................................ 63

MAGALHÃES, Marcelo Marconato. ................................................................................... 64

MAGDALENO, Danieli Gervazio. ...................................................................................... 64

MAIA, Brunno Almeida. ..................................................................................................... 65

MAIA, Gabriela Domingues Caetano Soares. ...................................................................... 66

MAIA, Leila Maria Neves. ................................................................................................... 67

MARCOS, Claudio Henrique. .............................................................................................. 67

MARINHO, Mirtes Ingred Tavares. ..................................................................................... 68

MARQUES, Luana Camila. ................................................................................................. 69

MARQUIORI, Cleide Rosana. ............................................................................................. 70

Page 5: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

5

MARTINS, Daniel Torres. ................................................................................................... 70

MASCENA, Clara Rocha. .................................................................................................... 71

MATOS, Diogo Luiz Souza de; SANTOS, Marlon Vaz dos. .............................................. 71

MATOS, Luã Gonçalves de. ................................................................................................. 72

MENEZES, Manoela Paiva. ................................................................................................. 73

MONTEIRO, Tássia Lima Fernandes. ................................................................................. 74

MOREIRA, Debora Teixeira; MARTINS, Fernanda. .......................................................... 75

MORGADO, João Pedro. ..................................................................................................... 75

NASCIMENTO, Carla Soraia Costa. ................................................................................... 76

NETO, Fernando Alves Silva. .............................................................................................. 76

NOVAIS, Priscila Pereira. .................................................................................................... 77

OLIVEIRA, Angelo Antonio Pires de. ................................................................................. 78

OLIVEIRA, Elói Maia de. .................................................................................................... 78

OLIVEIRA, Fabrício Henrique de. ....................................................................................... 79

OZORIO, Joelmir Rafael Vasconcelos. ............................................................................... 80

PAGLIARI, Felipe dos Santos. ............................................................................................. 80

PELOGIA, Thiago. ............................................................................................................... 81

PEREIRA, Renato de Oliveira. ............................................................................................. 82

PINTO, Silmara Cristiane. .................................................................................................... 82

PIOVAN, Renata. ................................................................................................................. 83

PIRES, Joyce Aparecida. ...................................................................................................... 83

REIS, Fernanda Pulido dos. .................................................................................................. 84

RIBEIRO, Bruno José Bezerra. ............................................................................................ 85

ROCHA, Ida Carmen de Lima. ............................................................................................ 86

RODRIGUES, Augusto. ....................................................................................................... 86

ROSA, Luiz Augusto. ........................................................................................................... 87

SALVIO, Thiago de Souza. .................................................................................................. 88

SAMPAIO, Pedro Ivan Moreira de.. .................................................................................... 89

SAMPAIO, Thiago Henrique. .............................................................................................. 89

SANTOS, Danilo Pereira dos. .............................................................................................. 90

SANTOS, Héder Junior dos. ................................................................................................. 90

SANTOS, Victor Lopes. ....................................................................................................... 91

SENA, Gabriela. ................................................................................................................... 91

Page 6: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

6

SENICATO, Renato Bellotti. ............................................................................................... 92

SENNA, Sabrina Paradizzo. U ............................................................................................. 93

SHIRAKAVA, Rafael da Silva. ........................................................................................... 93

SILVA, Alex Rodrigues da. .................................................................................................. 94

SILVA, Bruna de Jesus. ........................................................................................................ 95

SILVA, Camila da Cruz. ....................................................................................................... 95

SILVA, Carlos Henrique Lemes da. ..................................................................................... 96

SILVA, Guilherme Diniz da. ................................................................................................ 97

SILVA, Jeferson Souza da. ................................................................................................... 97

SILVA, Marcos Silva e. ........................................................................................................ 98

SILVA, Maria Clara Pereira e. ............................................................................................. 99

SILVA, Mário Augusto da. ................................................................................................. 100

SILVA, Sérgio William Damasceno da. ............................................................................. 100

SOUSA, Jeandersonn Pereira de. ....................................................................................... 101

SOUSA, Renan da Silva. .................................................................................................... 101

SOUSA, Selmy Menezes de. .............................................................................................. 102

SOUZA, Danigui Renigui Martins de. ............................................................................... 103

SOUZA, Lucas Matos de. ................................................................................................... 104

TEIXEIRA, Manuella Mucury. .......................................................................................... 104

TOLOSA, Leo Souza. ......................................................................................................... 105

TONDATO, Marcus Paulo Vianna. ................................................................................... 105

VALENTE, Alan Rafael. .................................................................................................... 106

VEDOVATO, Hugo José de Carvalho ............................................................................... 107

VEIGA, Dean Fábio Gomes. .............................................................................................. 107

XAVIER, Tiago. ................................................................................................................. 108

ZOCARATO, Clayton Alexandre. ..................................................................................... 109

Page 7: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Programação Geral do Evento

Page 8: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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12 de maio

9h30 – Sessão de Comunicação I (Anfiteatro I, Salas 7 e 10)

14h – Sessão de Comunicação II (Anfiteatro I, Salas 1 e 7 – Prédio Novo)

19h: ABERTURA - Anfiteatro I

Prof. Dr. Kleber Cecon (Coordenador do Evento e Vice Coordenador do Conselho de Curso –

UNESP/Marília)

Prof. Dr. José Carlos Miguel (Direção FFC/UNESP)

19h30 - CONFERÊNCIA – Anfiteatro I

Filosofia e Literatura: “As relações entre filosofia e literatura no final do século XVIII”

Expositora: Prof.ª Dra. Arlenice Almeida (UNIFESP)

Debatedora: Prof.ª Dra. Ana Portich (UNESP/Marília)

13 de maio

8h: Sessão de Comunicações III (Salas 64, 58 e 61 e 9)

14h - MINICURSO – Sala 64

“Um possível curso da ética e talvez da ética”

Expositor: Prof. Dr. Pedro Novelli (UNESP/Marília)

19h30 - CONFERÊNCIA – Sala 64

“Seria o sujeito uma criação medieval?”

Expositor: Prof. Dr. Juvenal Savian (UNIFESP)

Debatedor: Tiago Brentam Perencini (UNESP/Marília)

14 de maio

8h - Sessão de Comunicações IV (Salas 9, 58, 61)

14h – FILME – Anfiteatro I

Cine Panorama em exibição: Um estranho no ninho – Milos Forman

16h – Sessão de Pôsteres - Saguão

17h – Oficina de Tai Chi Chuan – Prof. Dra. Maria Eunice Quilici Gonzalez - Saguão

Page 9: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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19h30 – CONFERÊNCIA – Sala 64

“Das ruas às redes e não o contrário: uma reflexão sobre o tecnodeterminismo”

Expositor: Prof. Dr. Pablo Ortellado (USP)

Debatedor: Prof. Dr. Sinésio Ferraz Bueno (UNESP/Marília)

15 de maio

9h30 - Sessão de Comunicações V (Salas 10, 12, 44 e 58)

14h – MINICURSO – Anfiteatro I

“O que se aprende e o que se ensina quando se aprende e se ensina filosofia”

Expositor: Prof. Dr. Walter Kohan (UERJ)

19h – Atividade Cultural: Duo Clave de Élle. (Anfiteatro I)

19h30 – CONFERÊNCIA - Anfiteatro I

“O mestre inventor - Relatos de um viajante educador”

Expositor: Prof. Dr. Walter Kohan (UERJ)

Debatedor: Prof. Dr. Pedro Pagni (UNESP/Marília)

23h – Confraternização

Banda Clave de Élle no Cão Pererê.

16 de maio

10h - Sessão de Comunicações VI (Anfiteatro I e Sala 64)

14h00 – 16h: Sessão de Comunicações VII (Anfiteatro I e Sala 64)

19h30 – O filme Um estranho no ninho entre dois olhares.

Expositor: Prof. Dr. Paulo César Rodrigues (UNESP/Marília)

Expositor: Prof.ª Dra. Maria da Graça Chamma Ferraz e Ferraz (UNESP/Marília)

Page 10: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Resumos das Conferências e Minicursos

Page 11: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Conferência: “As relações entre filosofia e literatura no final do século XVIII”

Expositora: Arlenice Almeida da Silva (UNIFESP)

Se a literatura, em meados do século XVIII, não é mais definida apenas por modelos tomados

aos antigos, a filosofia por sua vez passa a refletir, como Estética, sobre os meios de

transmissão e apresentação das ideias, ou seja, ela debruça-se sobre o ato de escrever e sobre

as condições gerais do ato literário. Nesse contexto de contaminação das fronteiras, no qual é

possível descobrir na prática inventiva literária de Diderot a elaboração de uma filosofia,

nota-se uma preocupação com o funcionamento específico dos dispositivos literários e uma

modificação no estatuto do romance. Da estética inglesa, com Edmund Burke, até o

romantismo alemão, com Solger, passando por Rousseau sobressai a novidade de que a

função primordial da linguagem literária não é nem a da representação, nem a da

comunicação de ideias. Burke sustenta que a poesia não atua por imitação, mas por

“simpatia”, não provoca imagens sensíveis, mas mostra o efeito das coisas na mente; ou seja,

na poesia o essencial não seria a clareza das ideias, mas a força da expressão. Rousseau

aprofunda a questão, afastando-se também da função da representação ao defender que no

romance os sentimentos suplantam as situações, já que a verdade que ele apresenta toca o

coração e afeta a imaginação. Solger, 1809, fecha o círculo ao propor que o romance já é uma

forma moderna que, com base na “intuição das individualidades” pode reunir em uma forma

“o singular que respira” ao gênero humano. De fato, tais modificações no estatuto do romance

apontam para liberdade formal e ausência de regras, mas isso não significa que ele será a

expressão de uma filosofia da subjetividade, ao contrário, buscaremos demonstrar, que ao

instituir-se como forma autônoma, por meio de uma reflexão crítica que passa a ser inerente

ao gênero, o romance reflete sobre si mesmo e sobre as relações entre o real e o imaginário,

revitalizando a própria filosofia.

Minicurso: “Um possível curso da ética e talvez da ética”

Expositor: Prof. Dr. Pedro Geraldo Aparecido Novelli (UNESP/Marília)

A ética é sempre evocada como característica necessária para que alguém e o que este alguém

venha a fazer como condição para o reconhecimento do bem. Mas, a ética é por definição

comportamento e, nesse sentido, quem não a possui. Além do mais seu significado primário

não se identifica imediatamente ao que se denomina bem e nem a sua ausência poderia ser

compreendida como a realização do mal. Portanto, faz-se necessário considerar o que a ética

originariamente indicava e porque se tornou algo tão determinante para a prática humana e até

em relação com outros seres vivos e o ambiente em geral. Para tanto, o que se propõe aqui é

considerar uma possível história da ética através da sua compreensão ao longo dos tempos

partindo dos gregos antigos até a modernidade.

Page 12: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Conferência: “Seria o sujeito uma criação medieval?”

Expositor: Prof. Dr. Juvenal Savian Filho (UNIFESP)

A conferência visa apresentar e problematizar as linhas gerais das pesquisas de Alain de

Libera em torno de uma “arqueologia do sujeito”. Não se trata de resumir o trabalho do

pensador francês, mas de concentrar-se em duas teses fundamentais: (a) Descartes teria

chegado ao sujeito menos por reflexão e mais por refração, em seu debate com Hobbes e

Regius, ao tentar escapar da redução do indivíduo à vida corporal, e, portanto, à passividade;

(b) Tomás de Aquino e Pedro de João Olivi teriam sido os responsáveis por dar certo

acabamento a uma temática elaborada desde a patrística grega, elaborando um esquema

compreensivo do eu como suporte e como agente. Eventualmente, se houver tempo e fôlego

filosófico, poder-se-á cotejar essas duas teses de De Libera com elementos dos estudos de

Giorgio Agamben em torno da relação entre regra e forma de vida, a fim de problematizar a

afirmação corrente segundo a qual, na Idade Média, a liberdade individual era diluída numa

prática marcada pela obediência a modelos de comportamento nitidamente determinados.

Conferência: “Das ruas às redes e não o contrário: uma reflexão sobre o tecnodeterminismo”

Expositor: Prof. Dr. Pablo Ortellado (USP)

Nos últimos anos, temos visto a proliferação de um discurso tecnodeterminista que atribui a

organização em rede dos novos movimentos sociais à estrutura dos novos meios de

comunicação como a Internet. Essa relação é muitas vezes apresentada de maneira abstrata e

apenas superficialmente relacionada com a realidade social - como se fosse autoevidente. Na

apresentação, busco discutir essa relação a partir da história da interação entre a organização

social dos cientistas e depois dos novos movimentos sociais e o sistema de comunicação

eletrônica. Argumento que a forma como a Internet é organizada é fruto da estrutura

normativa da comunidade acadêmica que foi respaldada e desenvolvida pelos ativistas dos

novos movimentos sociais. Assim, a homologia que se nota entre a forma de organização dos

manifestantes e a forma de organização das redes sociais tem origem no processo social e não

na estrutura de comunicação.

Minicurso: O que se aprende e o que se ensina quando se aprende e se ensina filosofia?

Expositor: Prof. Dr. Walter Omar Kohan (UERJ)

A aprendizagem e ensino de filosofia são a própria filosofia, atividades filosóficas,

filosofantes. A pergunta pela sua natureza e sentido exige, portanto, a problematização da

própria filosofia, do seu fazer, e de seu sentido educacional. O sabemos desde Sócrates: não

há filosofia sem uma vida filosofante, sem uma vida na filosofia, sem a filosofia que se faz

uma vida. Nessa vida, mesmo negando a posição de mestre, o filósofo gera encontros e

Page 13: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

13

aprendizagens em outros. Não há como pensar uma filosofia sem educação.

Contemporaneamente, muitos discutem a presença da filosofia no ensino médio e nas escolas

em geral a partir de opções que, habitualmente, concentram-se em visões centrados nos temas,

problemas ou doutrinas filosóficas. Nessa perspectiva, pensa-se que o que a filosofia ensina é

uma série ou conjunto de temas, ou um elenco de problemas ou doutrinas, geralmente,

extraídos da história da filosofia. Neste mini-curso, inspirados no próprio Sócrates o em O

mestre ignorante de Jacques Rancière, problematizaremos o que se aprende e se ensina em

filosofia em relação ao próprio pensamento. Enquanto a filosofia é uma relação ao saber

(philo-sophia) mais do que um saber propriamente dito, ela ensina uma relação, um desejo,

uma paixão de pensar. Mas é possível ensinar um desejo ou uma paixão? Eis a pergunta

principal que exploraremos neste minicurso junto com os seus participantes.

Page 14: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Programação das Sessões de Comunicação e de Pôster

Page 15: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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12 de maio

9h30 a 12h - Sessão de Comunicação I

“Arte, Filosofia e Literatura”

Moderador: Fernando Luiz Alencar Filho

Local: Anfiteatro I

‘O RINOCERONTE’, DE EUGÈNE IONESCO E O RESGATE DA COLETIVIDADE

MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

A QUESTÃO DO OPERARIADO NA PEÇA ‘A MAIS-VALIA VAI ACABAR, SEU

EDGAR’

MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

REFLEXÃO ACERCA DA TRAGÉDIA MODERNA EM HAMLET SOBRE O

OLHAR KIERKEGAARDIANO

NASCIMENTO, Carla Soraia Costa. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

A LITERATURA DISTÓPICA E A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA

NOVAIS, Priscila Pereira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

A QUESTÃO DO ESPAÇO HOBBESIANO-LITERÁRIO EM O CORTIÇO DE

ALUÍSIO DE AZEVEDO

ZOCARATO, Clayton Alexandre. Centro Universitário Claretiano.

“Filosofia Moderna: Descartes, Leibniz, Hume”

Moderador: Thomas Matiolli Machado

Local: Sala 7

A MONADOLOGIA (1714): UMA ANÁLISE SOBRE A NOÇÃO COMPLETA EM

LEIBNIZ

OZORIO, Joelmir Rafael Vasconcelos. Universidade Federal do Pará (UFPA).

A IDENTIDADE PESSOAL EM HUME

REIS, Fernanda Pulido dos. Universidade de São Paulo (USP).

A JUSTIFICAÇÃO LEIBNIZIANA DO CONCEITO DE LIBERDADE

CARVALHO, Joebson Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA).

O CONCEITO DE ESPAÇO E TEMPO EM LEIBNIZ E NEWTON

TOLOSA, Leo Souza. Universidade Federal do Pará (UFPA).

A REALIDADE OBJETIVA DAS IDEIAS EM DESCARTES

SILVA, Guilherme Diniz da. Faculdade de São Bento (FSB).

“Ciência e Filosofia”

Moderador: Mariana Vitti

Local: Sala 10

Page 16: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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A CONCEPÇÃO DO MÉTODO EM KANT NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA COMO

CRITÉRIO PARA A DISTINÇÃO ENTRE CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA

FILHO, José Pereira do Vale. Universidade Federal do Pará (UFPA).

TRÊS VISÕES ACERCA DO VAZIO E DO VÁCUO

CARVALHO, Jéssica Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

O VÍRUS COMO ANOMALIA DA TEORIA CELULAR

FERREIRA, Kailani A. P. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

POPPER E NEURATH: SOBRE O DEBATE ACERCA DO MÉTODO CIENTÍFICO

MARTINS, Daniel Torres. Universidade de São Paulo (USP).

CIÊNCIA E VALORES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS TESES DA

OBJETIVIDADE, NEUTRALIDADE E AUTONOMIA CIENTÍFICAS

VALENTE, Alan Rafael. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

14h - Sessão de Comunicação II

“Filosofia da Arte: Discursividades e Imagens”

Moderador: Renata Alonge da Silva

Local: Anfiteatro I

ARTHUR SCHOPENHAUER E AUGUSTO DOS ANJOS: A NEGAÇÃO DA

VONTADE E SUAS IMPLICAÇÕES ENCONTRADAS NO POEMA O MEU

NIRVANA

ALMEIDA, Camila Berehulka de. Universidade Estadual de Londrina (UEL).

GOETHE E DIDEROT: UM DIÁLOGO SOBRE ARTE E NATUREZA

ARAUJO, Marina Diel de. Universidade de São Paulo (USP).

IMORALIDADE E LIBERTINAGEM

FACIOLI, Pedro Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília)

UM OLHAR SOBRE AS IMAGENS: A AÇÃO DISCURSIVA DO ESPECTADOR

COMUM

LIMA, Manoela Ferreira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

“Filosofia, História e Contemporaneidade”

Moderador: Paulo Tadao Nagata

Local: Sala 1 (Prédio Novo)

ESTRUTURALISMO E ERNST CASSIRER

BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT).

INSURREIÇÃO E REBELIÃO DO HOMEM-MASSA: APONTAMENTOS DE

CRISES HISTÓRICAS

CASSIANO, Jefferson Martins. Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas).

Page 17: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

17

REFLEXÕES ACERCA DO MÉTODO DA EPISTEME HISTÓRICA HEGELIANA

EM A RAZÃO NA HISTÓRIA E SUA CONOTAÇÃO PARA COM O PESQUISADOR

LUZ, Matheus Phelipe Mamede Lopes da. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

O AMOR É A REPARAÇÃO PARA O PESO DA ANGÚSTIA

MARQUIORI, Cleide Rosana. Universidade Estadual de Londrina (UEL).

A JUSTIÇA COMO EVOLUÇÃO DO INSTINTO DE VINGANÇA: A CONVICÇÃO

MORAL DO DIREITO VERSUS A CONVICÇÃO DO RESSENTIMENTO

MONTEIRO, Tássia Lima Fernandes. PUC-Campinas.

“Filosofia Moderna: Kant”

Moderador: Éliton Dias da Silva

Local: Sala 7 (Prédio novo)

COSMOPOLITISMO E AUFKLÄRUNG NA FILOSOFIA DE IMMANUEL KANT

BARROS, Wagner Barbosa de. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

ANÁLISE DA REVOLUÇÃO COPERNICANA EM KANT

BORTOLETTO, Gabriela Perini. Universidade de São Paulo (USP).

CRÍTICA DA RAZÃO PURA: UM ESTUDO DA DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL

(B)

SALVIO, Thiago de Souza. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

AS BEOBACHTUNGEN (1764) DE KANT: UM PRELÚDIO À RAZÃO PRÁTICA OU

À RAZÃO ESTÉTICA?

SOUSA, Jeandersonn Pereira de. Universidade Federal do Pará (UFPA).

KANT: ENTRE A PAIXÃO E A DESILUSÃO COM A METAFÍSICA

VEIGA, Dean Fábio Gomes. Pontifícia Universidade Católica do Paraná(PUC-PR).

16h - Sessão de Comunicação II

“Filosofia e artes: Cinema, Literatura, Teatro”

Moderador: Felipe Thiago dos Santos

Local: Anfiteatro I

ALGUNS MOTIVOS NO CINEMA BRASILEIRO RECENTE

SANTOS, Héder Junior dos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIA: ANÁLISE BENJAMINIANA SOBRE O PAPEL

DO NARRADOR

SILVA, Alex Rodrigues da. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A FILOSOFIA NA EXPRESSÃO LITERÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE

VOLTAIRE E MACHADO DE ASSIS

SILVA, Mário Augusto da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

O TEATRO DO IMPOSSÍVEL: GEORGES BATAILLE E A TRANSGRESSÃO EM

EROS

MAIA, Brunno Almeida. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Page 18: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

18

“Filosofia e Religião”

Moderador: Danilo Andreatta

Local: Sala 1 (Prédio Novo)

O RESSURGIMENTO DO CRISTIANISMO NA MORTE DE DEUS EM GIANNI

VATTIMO

BONATTI, Claudio. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

UM RESGATE AO HOMEM E A NATUREZA EM LUDWIG FEUERBACH

MACHADO, Luís Guilherme Stender. Universidade Federal do Ceará (UFC)

SER PARA O OUTRO: UMA ANÁLISE ANTROPOLÓGICA NO CONVENTO

PIRES, Joyce Aparecida. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

RELIGIOSIDADE PÓS-MODERNA, NOVOS PROCESSOS DE RITUALIZAÇÃO

UMA ANALISE ANTROPOLÓGICO-FILOSÓFICA A PARTIR DE CAMBPELL

RIBEIRO, Bruno José Bezerra. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).

A CRÍTICA DA RELIGIÃO EM MAQUIAVEL

SENNA, Sabrina Paradizzo. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

13 de maio

8h - 10h – Sessões de Comunicação III

“Ética e Política”

Moderador: Camila Barbosa Sabino

Local: Sala 64

AUTONOMIA DA VONTADE EM HOBBES

HOLANDA, Isabella Oliveira. Universidade de Brasília (UnB).

ANTES DO CONTRATO: O SUJEITO E SUA MORAL

MARCOS, Claudio Henrique. Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ).

ESTADO E SOBERANIA EM ESPINOSA E HEGEL

CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA E TEOLOGIA NO

PENSAMENTO POLÍTICO DE ESPINOSA

PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

9h30 – Sessões de Comunicação III

“Filosofia Antiga e Medieval: De Aristóteles a Tomás de Aquino”

Moderador: Sergio Nunes

Local: Sala 58

Page 19: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

19

O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO NA GRÉCIA ANTIGA: DO

MÍTICO AO FILOSÓFICO

DIEGO, Pedro José de Oliveira y. Universidade de São Paulo (USP).

O SENTIDO DE CAUSALIDADE ATRIBUÍDO ÀS INTELIGÊNCIAS EM TOMÁS

DE AQUINO

DINIZ, Eveline de Lourdes Ferreira. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

A PRUDÊNCIA DA QUESTÃO 47 DA IIa IIae DA SUMA DE TEOLOGIA DE

TOMÁS DE AQUINO

OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

UMA INTERPRETAÇÃO DE ETHICA NICOMACHEA 1097B22-1098A18

OLIVEIRA, Angelo Antonio Pires de. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

A NOÇÃO DE PRINCÍPIO NO CONTEXTO DO CONHECIMENTO E DA

ONTOLOGIA PARA TOMÁS DE AQUINO

SILVA, Maria Clara Pereira e. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

“Estéticas: Filosofia e Literatura”

Moderador: Silmara Cristiane Pinto

Local: Sala 61

ANÁLISE DA OBRA A MAÇÃ NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR, SOB O

PONTO DE VISTA DE GILDA DE MELLO E SOUZA

BELFANTE, Maria Caroline. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

NÃO HÁ TEMPO A PERDER: BERGSON LIDO PELO FUTURISMO

FERREIRA, Lennon Pedro Noleto. Universidade de Brasília (UnB).

FILOSOFIA E LITERATURA: ANÁLISE DO LIVRO CÂNDIDO OU O OTIMISMO,

DE VOLTAIRE

SOUSA, Selmy Menezes de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

O JUÍZO ESTÉTICO EM KANT: AS CONCEPÇÕES DE BELO E SUBLIME

SENICATO, Renato Bellotti. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/Piracicaba).

10h – Sessões de Comunicação III

“Filosofia Moderna: Memória, Ética e Política”

Moderador: Danilo Nobre dos Santos

Local: Sala 64

MEMÓRIA E IMAGINAÇÃO

SANTOS, Victor Lopes. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

CONDORCET E A IDEIA DE VOTO: SUFRÁGIO E MATEMÁTICA

SILVA, Carlos Henrique Lemes da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara).

Page 20: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

20

A ESTRATÉGIA NIETZSCHEANA CONTRA O PRECONCEITO DA MORAL

INGLESA

CRUZ, Francisco Edson Carreiro. Universidade de Brasília (UnB).

DAS UTOPIAS – DE MORUS À BACON, ASPECTOS E APRIMORAMENTOS DO

PENSAMENTO UTÓPICO

BARBOSA, Guilherme de Lucas Aparecido. Universidade Federal do ABC (UFABC).

14 de maio

8h-10h: Sessões de Comunicação IV

“Políticas”

Moderador: Héder Júnior dos Santos

Local: Sala 61

DA SOCIEDADE A DESIGUALDADE: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DE

ROUSSEAU

MATOS, Diogo Luiz Souza de; SANTOS, Marlon Vaz dos. Universidade do Estado do

Amapá (UEAP).

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTADO DE NATUREZA EM IMMANUEL KANT

ROCHA, Ida Carmen de Lima. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

VISÕES DO IMPERIALISMO SEGUNDO LENIN E ROSA LUXEMBURGO

SAMPAIO, Thiago Henrique. Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Assis).

“Filosofia da Mente”

Moderador: Nathalia Pantaleão

Local: Sala 9 (Prédio Novo)

LOCKE E O ARGUMENTO DO ESPECTRO INVERTIDO

MARINHO, Mirtes Ingred Tavares. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

A RELAÇÃO ENTRE AS PAIXÕES DA ALMA E AS ATIVIDADES DO CORPO: UM

ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA CARTESIANA

MARQUES, Luana Camila. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

O PROBLEMA DOS ASPECTOS SUBJETIVOS DO MENTAL: SOBRE OS

ARGUMENTOS DE THOMAS NAGEL

MASCENA, Clara Rocha. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

O PROJETO NEUROFILOSÓFICO DE ELIMINAÇÃO DA MENTE:

IMPLICAÇÕES PARA A PSICOLOGIA

ROSA, Luiz Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru)

9h30: Sessões de Comunicação IV

Page 21: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

21

“Existencialismo e Fenomenologia”

Moderador: Eloisa Benvenutti

Local: Sala 58

SARTRE: OS ELEMENTOS EXISTENCIALISTA NO DRAMA AS MOSCAS

GOMES, Ester da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis).

A PERCEPÇÃO CORPÓREA NA FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL DE

MERLEU-PONTY

LOBATO, Lílian Gabriela Rodrigues. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).

A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA ENQUANTO PROBLEMA FILOSÓFICO

FUNDAMENTAL

GUILHERMINO, Daniel Peluso. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

O QUE É O EXISTENCIALISMO?

MORGADO, João Pedro. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

O CONCEITO DE MÁ-FÉ EM SARTRE

NETO, Fernando Alves Silva. Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O SOFRIMENTO: PAIXÃO PELO PARADOXO DO ABSOLUTO

SILVA, Marcos Silva e. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

10h a 12h – Sessões de Comunicação IV

“Filosofia e Política”

Moderador: Jonas Rangel

Local: Sala 61

A REFERÊNCIA ARENDTIANA A MARX NAS ANÁLISES ACERCA DA

IDEOLOGIA E TERROR

CAMPOS, João Pedro Andrade de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFJS).

DARCY RIBEIRO E FLORESTAN FERNANDES COMO INTELECTUAIS

ORGÂNICOS A PARTIR DA CONCEPÇÃO DE ANTONIO GRAMSCI

GIRALDELLI, Taís Renata Maziero. Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-

PR/Maringá).

JUSTIÇA E PODER

SOUZA, Lucas Matos de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

“Filosofia da Mente”

Moderador: Fernando Cesar Pilan

Local: Sala 9 (Prédio Novo)

UMA ANÁLISE CRÍTICA DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA RELAÇÃO

MENTE-CORPO SUGERIDA POR DESCARTES

AQUINO, Edi Arcas. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

Page 22: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

22

A MODULARIDADE DA MENTE: UMA PERSPECTIVA SISTÊMICA

COELHO, Bruno. Universidade Federal do Pará (UFPA).

AS CONSEQUÊNCIAS DO ARGUMENTO DO CONHECIMENTO DE NAGEL

PARA O PROBLEMA DAS OUTRAS MENTES

FERRAZ, Bruna Oliveira. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

UMA NOVA CONCEPÇÃO DOS QUALIA

COSTA, Héden Salomão Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA).

16h-17h: Sessão de Pôsteres

Moderadora: Amanda Veloso Garcia

Local: Saguão

A RELAÇÃO PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE FILOSOFIA ENTRE OS NÍVEIS

MÉDIO E SUPERIOR

MATOS, Luã Gonçalves de. Universidade do Estado do Amapá (UEAP).

O PAPEL DA ATENÇÃO NO PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL

SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

15 de maio

9h 30min – Sessões de Comunicação V

“Filosofia e Diferença: Agamben, Deleuze, Foucault”

Moderador: Sara Moraes Rosa

Local: Sala 10

O ESTATUTO ONTOLÓGICO DA DIFERENÇA

CARVALHO, André Alves de. Universidade de São Paulo (USP).

A CONDUÇÃO DOS REBANHOS DE DEUS: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE O

“PODER PASTORAL”

SAMPAIO, Pedro Ivan Moreira de. Universidade de São Paulo (USP).

FILOSOFIA DE PLANOS E CONCEITOS: A LIBERDADE DO PENSAMENTO NA

AFIRMAÇÃO DA DIFERENÇA DELEUZIANA

SILVA, Jeferson Souza da. Universidade Federal do Pará (UFPA).

AUSCHWITZ E A VIDA NUA: A BIOPOLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN

SOUZA, Danigui Renigui Martins de. Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN).

MICHEL FOUCAULT: PARRESÍA E AÇÃO POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA

COSTA, Paulo Henrique Pinheiro da. Universidade Federal do Pará (UFPA).

Page 23: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

23

“Filosofias Ecológica, Informacional e Pragmatismo”

Moderador: Laura Kugler de Azevedo

Local: Sala 44

O PAPEL DO ACASO NA TEORIA DA AUTO-ORGANIZAÇÃO

ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

A HEGEMONIA DO PENSAMENTO EUROPEU NA FILOSOFIA BRASILEIRA

GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

IMPOSSIBILIDADE DA VERDADE, POSSIBILIDADE DO HOMEM. FILOSOFIA

COMO GÊNERO LITERÁRIO

JUNIOR, Jacson Albernaz. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

O DILEMA ENTRE OS PARÂMETROS DE ORDEM E DE CONTROLE NA

CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL NO CONTEXTO DA TEORIA DA

AUTO-ORGANIZAÇÃO

FARIA, Sílvia Helena Guttier. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

“Filosofia e Linguagem”

Moderador: Sergio Nunes

Local: Sala 58

A METAFORIZAÇÃO DO MUNDO EM GIAMBATTISTA VICO

FILHO, Mário Hélio Nunes dos Santos. Universidade Federal do Pará (UFPA).

A FILOSOFIA DA LINGUAGEM DE MERLEAU-PONTY

JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/ Marília).

LINGUAGEM E SIGNIFICADO, SIMILARIDADE NO TRACTATUS E NAS

INVESTIGAÇÕES

JESUS, Igor Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA).

FREGE, WITTGENSTEIN E O SENTIDO LÓGICO NO CONTEXTO DA

PROPOSIÇÃO

PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

“Ética e Filosofia”

Moderador: Renato de Oliveira Pereira

Local: Sala 12

REPRODUÇÃO ASSISTIDA E ABORTO: A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO NA

TOMADA DE DECISÃO

LEMOS, Caio Victor. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

FILOSOFIA DA VIDA E FILOSOFIA DA MORTE: DIRECIONAMENTO DA VIDA

BEATA

MAIA, Leila Maria Neves. Universidade Federal do Pará (UFPA).

BUSCA POR PRAZER, SÍNDROME CONSUMISTA E CORROSÃO DO CARÁTER:

UMA ANÁLISE A PARTIR DO PENSAMENTO DE BAUMAN E SENNETT

PELOGIA, Thiago. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

Page 24: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

24

A VOZ DAS MULHERES NA FILOSOFIA

SENA, Gabriela. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

DO ETERNO RETORNO...A VONTADE DE PODER?

VEDOVATO, Hugo José de Carvalho. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

16 de maio

10h – Sessões de Comunicação VI

“Filosofia Analítica e Conhecimento”

Moderador: Amanda Veloso Garcia

Local: Anfiteatro I

NOTA SOBRE O PRINCÍPIO DE RUSSELL

COSTA, Matheus Pereira. Universidade de São Paulo (USP).

A CRÍTICA DE RUSSELL AO IDEALISMO EM “OS PROBLEMAS DA

FILOSOFIA”

GUIOMARINO, Hailton Felipe. Universidade Federal do Pará (UFPA).

CONHECIMENTO E REPRESENTAÇÃO NO PRIMEIRO PONTO DE VISTA DE

SCHOPENHAUER

SILVA, Sérgio William Damasceno da. Universidade do Estado do Pará (UEPA).

SEMÂNTICA FORMAL PARA LINGUAGENS NATURAIS: O NÓ GÓRDIO DA

APLICAÇÃO NO CAMPO JURÍDICO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DA

SINTAXE, SEMÂNTICA E METATEORIA DAS LÓGICAS MODAIS?

CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. Universidade Estadual de Londrina (UEL)

O POSITIVISMO LÓGICO NA FILOSOFIA ANALÍTICA: A CRISE DA REJEIÇÃO

METAFÍSICA

MAGALHÃES, Marcelo Marconato. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

“Filosofia Antiga: Platão”

Moderador: Elaine Carvalho Fernandes

Local: Sala 64

A RECEPÇÃO DO EROTISMO DE EURÍPEDES NA OBRA FEDRO DE PLATÃO

AGUIAR, Mariana Rossy Araújo. Universidade Federal do Paraná (UFPA).

O TRANSCURSO DA ESCRITA À ORALIDADE EM PLATÃO: UMA DISCUSSÃO

ACERCA DA ARGUMENTAÇÃO DIALÉTICO- PLATÔNICA

BARROS, Leander Alfredo da Silva. Universidade Federal de São João Del-Rei. (UFSJ).

DA DOXA À EPISTEME: A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NO MÊNON DE

PLATÃO

FARIA, Aline Apipe de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).

O RELATIVISMO EM PROTÁGORAS

Page 25: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

25

SANTOS, Danilo Pereira dos. Universidade Estadual de Maringá (UEM).

EROS E SEUS DELÍRIOS EMBRIAGANTES: O PAPEL DA POESIA DE

ANACREONTE NO ELOGIO DE ALCIBÍADES

SOUSA, Renan da Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA).

14h – Sessões de Comunicação VII

“Filosofia e Ensino”

Moderador: Tiago Brentam Perencini

Local: Anfiteatro I

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: A VISÃO DO

ESTUDANTE SECUNDARISTA

FERNANDES, Mayã Gonçalves; MEDEIROS, Kelvlin. Universidade de Brasília (UnB).

UMA PROPOSTA LIBERTÁRIA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA

OLIVEIRA, Fabrício Henrique de. (UNIMEP)

UMA IMAGEM DO APRENDER FILOSÓFICO DESDE INTERSECÇÕES ENTRE

GILLES DELEUZE E CLARICE LISPECTOR

PINTO, Silmara Cristiane. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

O QUE CONTRIBUIRIA SÓCRATES PARA O ENSINO DE FILOSOFIA

INSTITUCIONALIZADO?

RODRIGUES, Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

A FORMAÇÃO CULTURAL FILOSÓFICA DA MODERNA UNIVERSIDADE

SILVA, Bruna de Jesus. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

“Psicanálise e Teoria Crítica”

Moderador: Iraceles Ishii

Local: Sala 64

O QUE SIGNIFICA ELABORAR O PASSADO: ADORNO E A EDUCAÇÃO COMO

FORMA DE EMANCIPAÇÃO

SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

O CLAMOR DO INAUDITO: FILOSOFIA E EXPRESSÃO NA OBRA DE WALTER

BENJAMIN E THEODOR ADORNO

TONDATO, Marcus Paulo Vianna. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A NOÇÃO DE WITZ EM FREUD- INVESTIGAÇÕES ACERCA DO MECANISMO

PULSIONAL DO RISO

TEIXEIRA, Manuella Mucury. Universidade de Brasília (UnB).

TEORIA DAS PULSÕES EM FREUD

MAIA, Gabriela Domingues Caetano Soares. Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP).

Page 26: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

26

16h – Sessões de Comunicação VII

“Filosofia e Educação”

Moderador: Renata Andrade

Local: Anfiteatro I

DA RECONCILIAÇÃO COM A REALIDADE Á INSTRUÇÃO INTEGRAL –

CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS DE MIKHAIL BAKUNIN ÀS QUESTÕES

EDUCACIONAIS

BRITO, Luciana Ribeiro de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

INTUIÇÃO: UMA PROPOSTA BERGSONIANA DE ESTAR NA EDUCAÇÃO

LIMA, Renata Morais. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A TENTATIVA DE UMA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E A SUA

CONTINUIDADE

MOREIRA, Debora Teixeira; MARTINS, Fernanda. Universidade Estadual de Londrina

(UEL).

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO NO MARXISMO

PAGLIARI, Felipe dos Santos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

A CRÍTICA NIETZSCHIANA AOS FILISTEUS DA CULTURA E A SUA

PEDAGOGIA DEGENERADA NO GYMNASIUM ALEMÃO

XAVIER, Tiago. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Page 27: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

27

Resumos das Comunicações e dos Pôsteres

Page 28: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

28

A RECEPÇÃO DO EROTISMO DE EURÍPEDES NA OBRA FEDRO DE PLATÃO

AGUIAR, Mariana Rossy Araújo. Universidade Federal do Paraná (UFPA). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Jovelina Ramos. E-mail: [email protected]

O erotismo e os prazeres esta intrínseca na produção poética grega e nas religiões de

mistérios, Platão não ignorou esta produção, trazendo para o âmbito filosófico a reflexão

sobre Eros e Afrodite, dialogando com o pensamento de sua época. Esta comunicação tem

como objetivo trabalhar a recepção da tragédia HIPÓLITO de Eurípedes, mostrando que a

loucura de Fedra, que fora condenada por Afrodite, a se apaixonar por seu enteado Hipólito (o

que fulminou na morte de ambos) e a intemperança de Teseu, faço um paralelo desta obra

com o diálogo FEDRO de Platão, onde se encarna na tese de Ílidias, em que defende que o

amante (erastas) e o amado(eromenos) apenas tem uma relação amorosa para apenas

satisfazer seus apetites, e que não é possível uma amizade (philia). Podemos pensar Eros

como uma doença, o arrebatamento do amante pelo delírio (manía), este paralelo pode ser

feito a partir da reflexão sobre eros representado como um apetite (apethymia), desejo

irracional, intemperante que deixa governar a alma dos afligidos pela paixão. Para Platão há

um aspecto perigoso nesse tipo de relação, do eros tirânico, que afastam apaixonado do belo e

do bem. Para então mostrar que a tese de Platão – onde encontramos a apropriação filosófica

do delírio erótico - carrega uma feroz crítica e ressignificação da concepção de Eros, uma

revalorização da relação com o divino, onde finda a sua concepção de dialética. Nesta

tentativa de uma dialética de Eros, na busca de sua natureza (essência), este método não é

apenas técnico, mas une a inspiração divina, já que apenas recordamos do que antes era claro

para nós, as ideias (mito da reminiscência). Neste ponto podemos pensar que Platão propõe a

desvinculação deste mito do discurso sofistico, fundando o eros filosófico. Neste ponto

podemos pensar em três fases: a crítica mítica, sofistica e a formulação de um novo sentido ao

Eros.

Palavras-chave: Erotismo; Tragédia; Apetite; Manía.

ARTHUR SCHOPENHAUER E AUGUSTO DOS ANJOS: A NEGAÇÃO DA

VONTADE E SUAS IMPLICAÇÕES ENCONTRADAS NO POEMA O MEU

NIRVANA

ALMEIDA, Camila Berehulka de. Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail:

[email protected]

Obra de Augusto dos Anjos, Eu e Outras Poesias possui um estilo que mescla o preciosismo

da forma com a originalidade da temática: a decomposição como a realidade de todo ser

orgânico, e a mágoa advinda dessa consciência da decomposição – o fim das coisas, dos

sentimentos, de todo o significado da existência. Dentre todos esses temas tratados em

diversos poemas é o assunto sobre o Belo, a criação estética e o sentimento do gênio diante

dessa criação que nos interessa nesse momento, temática encontrado no poema O Meu

Nirvana, onde o poeta cita o filósofo Arthur Schopenhauer como aquele que propõe com sua

metafísica do Belo a libertação do sujeito das amarras da vontade, ou seja a manumissão

Page 29: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

29

schopenhaueriana. Desta maneira, é possível encontrar no poeta, que anuncia o fim a

esperança na Arte, na criação da obra de arte como a única maneira de encontrar significado

no mundo, de se libertar do sofrimento e da dor de existir. É nesse contexto que será

introduzido o pensamento do filósofo Schopenhauer, onde será realizada uma exposição dos

conceitos por ele trabalhados em sua obra Metafísica do Belo, como o conhecimento

independente do princípio de razão suficiente – única via para conhecer a essência do mundo,

a Ideia que representa da maneira mais adequada a Vontade nunca conhecida, conhecimento

este que se dá no desprendimento do sujeito de sua individualidade, condição para que ocorra

tanto a contemplação do Belo quanto a criação de uma obra de arte, neste caso o conceito de

gênio criativo também será tratado. A questão a ser tratada será a negação da Vontade pelo

Belo, onde o poema supracitado nos servirá de referencial para entender como esse processo

ocorre tendo como porta-voz o poeta-gênio, que encontra no processo criativo o seu Nirvana.

Palavras-chave: Belo; Gênio; Negação da Vontade.

UMA ANÁLISE CRÍTICA DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA RELAÇÃO

MENTE-CORPO SUGERIDA POR DESCARTES

AQUINO, Edi Arcas. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Orientador: Prof.

Dr. Marcos Antonio Alves. E-mail: [email protected]

A busca pela compreensão da sua própria natureza é uma das atividades mais antigas do ser

humano. Seja no senso comum, na ciência ou na filosofia, o ser humano procura explicitar as

suas características próprias, semelhanças e diferenças com os demais seres do universo, sua

relação com o meio ambiente. Em grande parte destas investigações, encontra-se a concepção

de que somos compostos por uma mente e um corpo. Por um lado, somos seres que pensam,

agem inteligentemente, possuem sentimentos, emoções, sensações e paixões. Por outro lado,

somos seres que se alimentam, se locomovem fisicamente e ocupam lugar no espaço. Ocorre

que a atividade mental e a física estão em constante interação. A angústia, por exemplo, pode

causar úlcera no estômago; uma má digestão pode originar dor ou angústia. Como explicar

essa interferência entre a mente e o corpo? Mente e corpo são entidades distintas ou a mesma

coisa? Funcionam em harmonia ou são independentes? Tais questões compõem o conhecido

problema da relação mente-corpo. O que são a mente e o corpo? Quais as suas características

centrais? Qual o seu estatuto ontológico? Neste trabalho pretendemos apresentar criticamente

a proposta sugerida pelo filósofo francês Renê Descartes que, no século XVII, constituiu uma

perspectiva explicativa da natureza da mente, inaugurando uma vertente denominada

dualismo substancial. Para Descartes, o ser humano é constituído de um corpo e de uma

mente, ambos de natureza substancialmente distintas. O corpo é físico, divisível, segue leis

físicas, mortal, perecível, um mero mecanismo. A mente, por sua vez, é não física, indivisível,

não regida por leis físicas, imortal, imperecível. Enquanto ao corpo são atribuídas

características e propriedades como a locomoção, digestão e divisão celular, à mente são

atribuídos estados, paixões e faculdades como a dor, angústia, alegria, pensamento, dúvida,

crença, inteligência. Para Descartes, fenômenos mentais podem causar fenômenos físicos e

vice versa. O problema consiste em explicar essa interferência causal entre duas substâncias

Page 30: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

30

de naturezas tão distintas. Descartes tentou explicar que a relação entre a mente e o corpo

ocorre através da glândula pineal, por meio dos espíritos animais. No entanto, o problema se

mantém, dado que tal glândula e tais espíritos também são de natureza física. Descartes não

esclarece como algo físico pode estabelecer relações causais com algo não físico, sem que isto

afete o funcionamento do universo como um todo.

Palavras-chave: Dualismo; Mente; Corpo; Relação mente-corpo.

O PAPEL DO ACASO NA TEORIA DA AUTO-ORGANIZAÇÃO

ARAMOR, Marlon Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Maria Eunici Quilici Gonzalez. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:

[email protected]

O objetivo central de nossa comunicação é analisar criticamente os pressupostos mecanicistas

sob a perspectiva semiótica em C. S. Peirce, corroborada pelos estudos da Teoria da auto-

organização. Nessa perspectiva, perguntamos: pode a criatividade e a novidade em geral

serem reduzidas ao âmbito estritamente mecanicista? Entendemos que, em sistemas

genuinamente regidos por leis ou padrões artificiais e mecânicos, o processo de criação parece

não ser inteiramente possível. Como corrobora Peirce (CP. 6.553), a multiplicidade e

variedade do mundo, em partes, se dá também com a ocorrência do acaso e da

espontaneidade, elementos esses que diferem do plano normativo e mecanicista da lei. Nesse

contexto, investigamos se o paradigma neo-mecanicista dos processos auto-organizados,

caracterizado pela natureza dinâmica e emergente da novidade, pode suprir os limitações do

mecanicismo clássico ao considerar a ocorrência de processos auto-organizados. Segundo

Debrun (1996a), a auto-organização se constitui como processo que viabiliza novos sistemas

organizados, a partir da interação entre elementos realmente distintos ou semi-distintos

intrínsecos ao processo. Entendemos que o acaso pode intermediar relações entre os

elementos dos sistemas auto-organizados, propiciando a emergência da novidade e de novos

padrões no plano da ação e dos hábitos. Por fim, propomos a discussão e problematização da

distinção entre o mecanicismo clássico e o neo-mecanicismo contemporâneo, investigando,

em que sentido, sistemas auto-organizados propiciam a instanciação de processos criativos.

Palavras-chave: Semiótica; Acaso; Auto-organização; Mecanicismo.

GOETHE E DIDEROT: UM DIÁLOGO SOBRE ARTE E NATUREZA

ARAUJO, Marina Diel de. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr. Marco

Aurelio Werle. Bolsista do PET/USP. E-mail: [email protected]

A pesquisa visa abordar como Goethe refletiu sobre o Ensaio sobre a Pintura de Diderot.

Apesar das distâncias entre esses pensadores, ambos teorizaram sobre como arte e natureza se

relacionam: Diderot enquanto crítico de arte, e Goethe enquanto poeta e artista. A partir das

elaborações de Goethe sobre como é possível avaliar esteticamente e até moralmente uma

Page 31: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

31

obra de arte, é possível perceber parte do pensamento filosófico desse autor. Isso porque a

crítica de Goethe ao ensaio de Diderot constituiria um prefácio à obra que viria a se tornar a

sua Doutrina das Cores, onde Goethe elabora mais profundamente a relação entre arte e

natureza e, talvez um dos elementos mais inovadores de sua filosofia, entende que a cor

desperta efeitos fisiológicos e psicológicos no homem, de forma que seria possível avaliar

moralmente uma obra de arte. É nesse sentido, como uma preconização de sua Doutrina das

Cores que a pesquisa busca abordar a crítica de Goethe à Diderot.

Palavras-chave: Goethe; Arte; Pintura; Diderot.

DAS UTOPIAS – DE MORUS À BACON, ASPECTOS E APRIMORAMENTOS DO

PENSAMENTO UTÓPICO

BARBOSA, Guilherme de Lucas Aparecido. Universidade Federal do ABC (UFABC).

Orientadora: Profª Dra. Luciana Zaterka. Bolsista do CNPq. E-mail:

[email protected]

A palavra utopia é usada diariamente em inúmeras situações, todavia são poucos os que tem a

dimensão de seu verdadeiro significado e quão profundo este termo pode nos levar. O

presente trabalho tem como objetivo discutir aspectos da utopia, bem como seus diversos

significados e também suas características apresentadas em algumas das principais obras de

literatura da modernidade. O texto faz parte da pesquisa sobre a investigação dos conceitos

distópicos do século XX e apresenta-se como um primeiro resultado deste estudo. A distopia

(ou antiutopia), objeto primordial do estudo se apresenta, de forma grosseira digamos, como o

inverso do ideal utópico conforme a etimologia da palavra apresentada. A palavra ‘utopia’ é

livremente utilizada em discursos políticos, conversas cotidianas e na literatura. Para tal

substantivo são atribuídos diversos significados. Ao tratar a utopia como um sonho ou um

exercício de imaginação, é aplicado apenas parte de seu significado, sendo que com o nome

utopia nasce também a narrativa da sociedade ideal. O fato é que a utopia apresenta uma

literatura mais descritiva e assume a criação de um gênero político correspondente ao desejo

do estabelecimento de uma outra realidade, que não aquela vivida pelo interlocutor. A

distopia, em vez de permanecer estática, apresenta mudanças na sociedade a fim de

estabelecer uma crítica mais contundente a sociedade e ao seu futuro. No trabalho abordamos

o desejo do homem em busca da sociedade perfeita a partir dos “reis filósofos” de Platão em

A República, passando por Morus e sua A Utopia até a tecnocracia baconiana em A Nova

Atlântida. Traçamos também no estudo pontos de intersecção entre as obras, enumerando

aspectos e elementos que aprimoraram o sentido da utopia. A utopia é um sonho, um

exercício refinado de imaginação que prevê a construção de um cenário político,

extremamente realista e “improvável”. Sua concepção causa fascínio no leitor e ajuda a

ilustrar o mundo que queremos ou o mundo como ele deve ser. Enfim, como disse Eduardo

Galeano: "A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.

Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais

alcançarei. Mas se nunca alcançarei, para que serve a Utopia? Serve para isso: para que eu

não deixe de caminhar".

Page 32: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Palavras-chave: Filosofia; Utopia; Literatura; Bacon; Morus.

O TRANSCURSO DA ESCRITA À ORALIDADE EM PLATÃO: UMA DISCUSSÃO

ACERCA DA ARGUMENTAÇÃO DIALÉTICO- PLATÔNICA

BARROS, Leander Alfredo da Silva. Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Orientador: Prof. Dr. Luiz Paulo Rouanet. Bolsista da FAPEMIG. E-mail:

[email protected]

Pretende-se expor uma discussão acerca do tema da oralidade e da crítica à escrita presentes

na filosofia de Platão. Ao analisar as obras do citado filósofo, principalmente no seu diálogo

Fedro (275d-ss), deparamo-nos com uma censura à escrita filosófica. Partindo das

considerações acerca de tal tema e fazendo uso dos estudos que propõem um novo paradigma

hermenêutico platônico, iniciados por Schleirmacher e posteriormente pela Escola de

Tübingen e seus adeptos como: Reale e Szlezák, nosso intento é a inquirição acerca do debate

que apresenta-nos Platão por uma vertente ora esotérica, ora exotérica, e a possível defesa de

uma filosofia oral em Platão, suscitada e realçada por inúmeros estudiosos quando recaem no

exame criterioso do filósofo ateniense e na maiêutica utilizada por seu mestre Sócrates, que se

encontra frequentemente presente em seus diálogos. Ao analisarmos tais questões resta-nos

abandonar o possível dogmatismo que a leitura neoplatônica procura evidenciar, alegando-o

presente nas obras do nosso autor. Torna-se plausível também a possibilidade de adesão à

interpretação platônica fundada no exercício da dialética, na filosofia oral, que na verdade,

manifesta-se na visão realmente desejada pelo filósofo ateniense, ou seja, na defesa de uma

filosofia, que se reflete nos seus ideais políticos, éticos e educacionais, que, por sinal, são

todos confluentes na metafísica clássica. Tais ideais, como se pretende demonstrar, também

são evidentes nas obras relevantes do citado filósofo, às quais faremos referência como: A

República, Teeteto, O Banquete, Fédon, dentre outras. A partir de tais considerações, caberá a

nós destacar alguns traços peculiares da filosofia platônica que podem se diferenciar da

filosofia almejada por Sócrates, o qual adota o processo maiêutico que se instaura no âmbito

público da pólis e que opta por não escrever nada acerca de sua filosofia. Ao contrário, pois,

da filosofia de Platão, que reforça o caráter dialético dos diálogos escritos e que expõe, ainda

que na boca do personagem Sócrates, uma doutrina filosófica, a qual poderá ter sido destinada

somente aos iniciados da Academia, assim como outras doutrinas das quais os diálogos não

fazem referência. Tal constatação poderá por vezes inserir a filosofia platônica, quando

conforme Sócrates, no exoterismo, mas, quando segundo a dialética platônica exposta nos

diálogos escritos, no esoterismo.

Palavras-chave: Platão; Oralidade; Escrita; Sócrates; Dialética.

Page 33: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

33

COSMOPOLITISMO E AUFKLÄRUNG NA FILOSOFIA DE IMMANUEL KANT

BARROS, Wagner Barbosa de. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Orientador:

Prof. Dr. José Eduardo Marques Baioni. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:

[email protected]

A partir do texto kantiano, Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita,

escrito em 1784, texto inaugural da filosofia da história alemã, Kant discorre sobre o fim que

a natureza nos colocou e as leis que ela impõe para que o cumpramos. Se o homem não dispõe

de um plano tão claro e objetivo de suas disposições, lhe cabe então a procura por este fim.

Segundo Kant, não devemos buscar a finalidade do homem no indivíduo, mas somente na

espécie. Assim, poderemos realizar tal observação através da liberdade da vontade, ou seja, as

ações humanas, que são determinadas pelas leis naturais. Vemos na história que os homens

estão livres para decidirem pelas suas vidas, que a liberdade da vontade é autônoma e realiza-

se por si mesma, no entanto, sob a perspectiva da história, vemos que existe certa regularidade

no caminhar da humanidade, ou seja, o que se mostra totalmente desregrado no indivíduo

acaba por aparecer como regrado na espécie; exemplos disso são as estatísticas que dispomos

de casamentos, de nascimento e morte das pessoas. Kant compara tal situação com as

disposições climáticas. Ainda que o clima perpasse por variações que não podem ser

determinadas assertivamente na maioria das vezes, podemos observar certamente o

crescimento das plantas, o fluxo dos rios e outros acontecimentos naturais dependentes da

variação do clima, num curso uniforme e ininterrupto. Kant compara, dessa maneira, o fio

condutor do homem na história com a regularidade das variações climáticas. Ambos não

dispõem particularmente de uma regularidade visível, mas quando dispostos de maneira

ampla, vêem-se suas manifestações. Tem-se como objetivo de pesquisa para este estudo

retornar ao pensamento moderno, mais especificamente, o de Immanuel Kant, refletindo sobre

a caracterização do sujeito racional autônomo e a condição em que se encontrava em fins do

século XVIII, além da problematização da racionalidade como instrumento de progresso da

humanidade, de conquista da liberdade ética e política no percurso histórico. Este estudo visa

ainda, de maneira complementar, fornecer subsídios para o estudo da compreensão da noção

de racionalidade na contemporaneidade e as relações que se estabelecem entre liberdade e

autonomia de pensamento.

Palavras-chave: Kant; Filosofia da História; Cosmopolitismo; Iluminismo Alemão.

ANÁLISE DA OBRA A MAÇÃ NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR, SOB O

PONTO DE VISTA DE GILDA DE MELLO E SOUZA

BELFANTE, Maria Caroline. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

Este trabalho tem por objetivo expor características marcantes da escrita de Clarice Lispector

presentes na obra A maçã no escuro, a partir da análise feita por Gilda de Mello e Souza. O

romance se baseia na história de Martim, um homem que após cometer um crime foge e

através deste ato experiencia uma quebra dos valores que até então sustentavam sua vida. O

Page 34: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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tema da liberdade é abordado aqui, pois em alguns momentos Martim busca fugir de certas

sujeições sociais e psicológicas, do seu passado e da vida que levava. Entretanto, tal ato só o

leva a se deparar com novas sujeições, que são aquelas que em seu pensar guiam um homem

livre. O instante ganha uma importância bem maior que a de costume na obra, na medida em

que é através dele que se desenvolve o fluxo temporal do romance. São descrições detalhadas

e minuciosas com o auxílio de certas expressões temporais que dão ao leitor a sensação de

estar vivenciando aquilo que é narrado. Há uma busca incessante por apreender as pequenas

parcelas de tempo, tarefa que é frustrada, uma vez que sua principal característica é ser

efêmera. A expectativa que se desenvolve pelo instante é devido a crença de que através dele

pode ocorrer um esclarecimento de ideias e fatos. Num sentido mais amplo, a descrição

detalhada do espaço ao redor das personagens, tão presente nas obras de Clarice Lispector,

ocorreria devido ao que Gilda de Mello e Souza denomina “visão míope”, gerada pela

condição social da mulher. Isto porque, segundo Simone de Beauvoir, durante a maior parte

da história a mulher foi relegada ao espaço doméstico e sua vida se resumiu a tarefas de

pequena importância do ponto de vista social. O fato de ter um espaço de atuação mais

limitado permite que a mulher veja o nítido contorno das formas que se apresentam.

Palavras-chave: Clarice Lispector; Literatura; A maçã.

ESTRUTURALISMO E ERNST CASSIRER

BEZERRA, Edilene Alves. Universidade São Judas Tadeu (USJT). Orientador: Prof. Mestre

Silvio Moreira Barbosa Junior. E-mail: edilene_ab@yahoo,com.br

Esta pesquisa procura verificar as possíveis relações entre a filosofia das formas simbólicas de

Ernst Cassirer e o movimento estruturalista iniciado no final da década de 40 com os trabalhos

de Claude Lévi-Strauss. Tal relação foi explorada por Steve G. Lofts em sua obra Enrst

Cassirer: A “Repetição” da Modernidade. A sua proposta consiste na releitura da Filosofia das

Formas simbólicas á luz dos autores contemporâneos que o levaram em conta. O primeiro

capítulo se dedica a questão da “crise” do projeto da racionalidade que ocupou posição

importante nos estudos de Cassirer. Essa crise deriva da diversidade e autonomia que o

conhecimento humano alcançou, especialmente, entre a separação das ciências da natureza e

as ciências da cultura e pelo fato de a filosofia não ter sido capaz de unir os diversos ramos do

conhecimento humano sem abandonar as particularidades que cada um possui. Já o segundo

capítulo, tem como objetivo mostrar “a estrutura da função simbólica como função da

estrutura”. Num primeiro momento se procura um retorno da noção de simbólico a partir do

trabalho de Cassirer Substância e Função, que preparou o conceito de função simbólica que

ele utiliza na Filosofia das formas simbólicas tornando este conceito mais geral e abstrato.

Num segundo momento deste capítulo, Lofts relaciona o programa da filosofia das formas

simbólicas com um tipo de estruturalismo definido por Gilles Deleuze. A definição de

estruturalismo nunca foi consensual, mesmo entre os principais representantes do movimento.

Deleuze aborda esse problema quando convidado para desenvolver o verbete do

estruturalismo na edição de François Châtelet, Histoire de la philosophie. Ele enfrenta essa

dificuldade determinando sete características que podem ser encontradas em todo programa

Page 35: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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estruturalista. Lofts mostra com relativo sucesso que o sistema da filosofia das formas

simbólicas pode ser interpretado por estas sete características. Todavia, um dos problemas que

esse estudo procura abordar é se o fato de um programa abarcar essas características seria

suficiente para considerá-lo organizado por elas. Inicialmente, este trabalho procura verificar

o acerto da proposta de Lofts analisando se o programa de Cassirer não é reduzido por ela a

uma filosofia da linguagem, a uma filosofia analítica ou a uma semiótica. Apesar das

contribuições que linhas diversas podem oferecer a filosofia das formas simbólicas, é

importante declarar que esse estudo partirá da interpretação neokantiana de Cassirer, opondo-

se as interpretações analíticas, semióticas e linguísticas. Através da abordagem estruturalista

de Lofts e da delimitação de seus problemas se pretende oferecer uma contribuição

sistemática a filosofia das formas simbólicas de Ernst Cassirer. Como conceito chave, a ideia

de descontinuidade, decisiva para o estruturalismo, foi escolhida para iniciar o plano

comparativo. O conceito de descontinuidade considerado a partir de Cassirer poderia se

verificar na relação entre as formas simbólicas, em que uma não se deriva da outra e, no

entanto, mantém entre si uma relação modal que poderia se aproximar da descontinuidade

estrutural.

Palavras-chave: Ernst Cassirer; Estruturalismo; Steve G. Lofts; Forma Simbólica;

Neokantismo.

O RESSURGIMENTO DO CRISTIANISMO NA MORTE DE DEUS EM GIANNI

VATTIMO

BONATTI, Claudio. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail: claudio-

[email protected]

Pretendo trabalhar a leitura que o filósofo italiano contemporâneo Gianni Vattimo (1936-) faz

da ideia da Morte de Deus proposta pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844- 1900),

tomado por Vattimo como uma espécie de precursor do filosofar contemporâneo, e sua

relação com um possível pensamento religioso. Descrever o modo e o porquê da concepção

antifundacionalista a que remete a morte de Deus ser possibilitadora de um pensamento

cristão declaradamente niilista. Não havendo mais fundamento em haver fundamento,

conforme declarará o autor italiano, dissolvendo-se com o fim da modernidade e início do

pensar contemporâneo as pretensões metafísicas de compreensão das estruturas últimas do

real, dissolução da concepção de verdade metafísica de adequação, ciente dos perigos que tais

posturas trazem, e pautando-se em uma hermenêutica baseada na compreensão nietzschiana

de que “não há fatos, mas apenas interpretações” o filósofo italiano propõe um pensamento

cristão não mais religioso, mas que a consumação da mensagem cristã se dá, paradoxalmente,

na secularização. Com a morte da noção de verdade objetiva expressa no anúncio

nietzschiano dissolve-se também a “necessidade” de um filosofar apologeticamente ateu, o

que cairia em uma concepção metafísica por pressupor a compreensão do fundamento último,

da verdade objetiva, e a mensagem cristã passa a ter valor como pragma, como ação, como

prática da Cáritas. O mundo multifacetado em que nos encontramos não mais se deixa

interpretar de modo a ser enquadrado a qualquer custo em uma verdade definitiva

Page 36: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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enclausurante, estrutura fundante última e inquestionável, o que bate de frente com os ideais

democráticos e pluralísticos. Conforme afirmará o autor, sob a experiência pós-moderna,

justamente pelo Deus-fundamento não ser mais sustentável é que se torna possível a crença

em Deus. Eis o grande paradoxo, a grande ameaça que era o niilismo para o pensamento

moderno tornou-se a tábua de salvação e pedra-angular do pensar contemporâneo.

Palavras-chave: Vattimo; Nietzsche; Morte de Deus; Cristianismo; Secularização.

ANÁLISE DA REVOLUÇÃO COPERNICANA EM KANT

BORTOLETTO, Gabriela Perini. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr.

Maurício Cardoso Keinert. E-mail: [email protected]

Kant observa na Metafísica um amplo espaço de disputas pouco frutíferas ao saber, travadas

entre os dogmáticos e céticos. No dogmatismo, a Metafísica se estabelecia, com pouco rigor,

a partir da experiência para depois ascender às questões naturais da razão, cujas respostas

estão além da mera sensibilidade. Dessa forma, cria-se um pseudo conhecimento vulnerável

aos ataques céticos. Suportados pelo senso comum, no entanto, os dogmáticos teimam em

reestabelecer a suposta ordem dos saberes metafísicos. Assim, Kant procura estabelecer uma

nova Metafísica, segura como a Física e a Matemática. No entanto, para o filósofo, é

impossível fundamentar uma ciência pelas experiências comuns: somente a razão pura pode

afirmar, sinteticamente e a priori, a necessidade e universalidade de um fenômeno, isto é,

somente a razão pura fundamenta uma ciência em torno de um fenômeno. Então, os

conhecimentos metafísicos estão sem a menor possibilidade de avanço, pois não gozam de um

método de racionalização e nem da experiência para comprovar qualquer teoria. Para resolver

o problema, Kant analisa os princípios matemáticos e físicos para tentar os aplicar na

Metafísica, pois ambos saberes produzem conhecimentos seguros. Mas, para alcançarem esse

status de ciência, tanto a Matemática quanto a Física precisaram abandonar o campo da mera

constatação da experiência para se construírem a partir da razão pura. É justamente esse o

processo da revolução copernicana. Na Matemática, a revolução opera quando a ciência

constroi seus próprios conceitos. Já na Física, quando a razão modifica a natureza para obter

suas comprovações - ou seja, a natureza é apenas uma pedra-de-toque do conhecimento. A

exposição pretende demonstrar mais detalhadamente algumas marcas da revolução

copernicana na epistemologia que Kant desenvolve para tentar fundamentar sua nova

Metafísica.

Palavras-chave: Kant; Física; Matemática; Metafísica.

Page 37: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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DA RECONCILIAÇÃO COM A REALIDADE À INSTRUÇÃO INTEGRAL –

CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS DE MIKHAIL BAKUNIN ÀS QUESTÕES

EDUCACIONAIS

BRITO, Luciana Ribeiro de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

Esta comunicação se propõe a inserir a trajetória do pensador anarquista Mikhail Bakunin nos

domínio da discussão filosófica acerca do papel social da educação, bem como das práticas,

conteúdos e métodos educacionais. A educação foi tema recorrente, ainda que por vezes

secundário, nos escritos de Bakunin desde seu período de juventude, identificado com o

hegelianismo de esquerda e a defesa do princípio hegeliano de reconciliação com a realidade,

até seu amadurecimento enquanto militante revolucionário no período de atuação na

Associação Internacional de Trabalhadores e o desenvolvimento da proposta de instrução

integral. Longe de pensarmos uma ruptura, pretendemos a defesa da existência de uma relação

de profunda continuidade no pensamento do autor, na qual o hegelianismo de esquerda é

apenas o germe de seus questionamentos e problematizações da realidade social e cultural de

sua época, que posteriormente é aprofundado e radicalizado até o ponto em que, sob a

influência das ideias socialistas, Bakunin assume a necessidade da ruptura revolucionária

como única via para efetivação do que pretendia desde a defesa da proposta de reconciliação

com a realidade. Questionando a historiografia hegemônica que descreve Bakunin como um

homem de ação e carente de perspectivas teóricas, buscaremos apresentar, ainda que

sinteticamente, os questionamentos e influências assumidos pelo filósofo durante o período de

juventude e de contato com o hegelianismo. Durante seu processo de elaboração teórica, que

permeia toda a vida do pensador e militante russo, a educação aparece sempre como elemento

de fundamental importância, tanto para a compreensão da realidade social quanto para a

efetivação dos intentos de transformação revolucionária da mesma. Nesse sentido,

apresentaremos as ideias de Bakunin sobre a educação ainda sob a influência do

hegelianismo, entendendo que ali se encontram em germe as preocupações que abrem

caminho para a perspectiva revolucionária defendida posteriormente, a partir de uma

perspectiva filosófica e comprometida com o contexto social em que se inserem as

problematizações pedagógicas.

Palavras-chave: Bakunin; Educação; Hegelianismo; Reconciliação com a realidade;

Instrução integral.

SEMÂNTICA FORMAL PARA LINGUAGENS NATURAIS: O NÓ GÓRDIO DA

APLICAÇÃO NO CAMPO JURÍDICO DOS RESULTADOS DO ESTUDO DA

SINTAXE, SEMÂNTICA E METATEORIA DAS LÓGICAS MODAIS?

CACHICHI, Rogério Cangussu Dantas. Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail:

[email protected]

Ao investigar as possibilidades de aplicação dos resultados do estudo da sintaxe, semântica e

metateoria das lógicas modais, notadamente temporal e deôntica, no campo jurídico (Projeto

Page 38: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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de Pesquisa 08211/UEL), descortinou-se um sem-número de dificuldades, dentre as quais o

polêmico problema da (im)possibilidade de uma semântica formal para linguagens naturais,

por intermédio das quais se expressam sistemas morais, políticos e jurídicos. A presente

comunicação dedica-se exclusivamente a essa gama de desafiadoras questões. A construção

de uma semântica formal aplicada a linguagens naturais repercutiria com vantagens em

muitas áreas. O cientista da língua ganha em precisão com a possibilidade de fazer linguística

com o rigor da matemática. Com a mesma nitidez o cientista das ciências naturais formulará

teorias. O filósofo analítico discriminará não sem menor clareza os discursos com sentido e

aqueles sem sentido, fundamentando com extraordinário vigor os primeiros. O jurista com

mesma exatidão dissecará sistemática e conceitualmente o direito vigente. Ocorre que Tarski

opôs duas relevantes objeções à aplicação da semântica formal às linguagens naturais: estas

são semanticamente abertas e não possuem sintaxe exatamente especificável. A primeira

objeção foi superada por Manholi, que, com base em intuições russellianas relativas ao

conceito de verdade, apresentou uma semântica formal para linguagens-objeto

semanticamente fechadas. A segunda objeção foi bem respondida por programas como o de

R. Montague e de D. Davidson, que granjearam construir não uma semântica formal para

linguagens naturais, mas uma semântica formal para uma linguagem formal que traduz (ou

mapeia) a linguagem natural. A objeção de que a ausência de estrutura sintática exatamente

especificada inviabilizaria o mecanismo recursivo necessário para a concepção da semântica

formal, foi rechaçada a partir do procedimento de tradução ou mapeamento da linguagem

natural sobre a formal, estabelecendo entre elas uma função bijetora, donde se seguiria uma

semântica formal por via indireta, já que a semântica formal já foi estabelecida pelo próprio

Tarski. Nessa toada, o grande desafio de programas como o de Davidson e de Montague é

formalizar parcelas da linguagem natural até então recalcitrantes à formalização, normalmente

aqueles fragmentos da língua natural de pouca relação com a teoria dos conjuntos. A

impossibilidade atual de formalização de toda a linguagem natural não é motivo para

abandono dos programas, até porque muitos progressos já foram alcançados mercê de estudos

recentes. Enfim, a questão sobre a viabilidade de criação e implementação de sistemas

formais com operadores modais capazes de representar a linguagem natural por meio da qual

se expressam sistemas jurídicos permanece em aberto.

Palavras-chave: Lógica; Semântica formal; Direito; Linguagem.

A REFERÊNCIA ARENDTIANA A MARX NAS ANÁLISES ACERCA DA

IDEOLOGIA E TERROR

CAMPOS, João Pedro Andrade de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFJS).

Orientador: Prof. Dr. José Luiz de Oliveira. E-mail: [email protected]

Na apresentação à edição brasileira de A condição Humana, Adriano Correia nos descreve

uma Hannah Arendt com análises convergentes ao pensamento marxiano. Tal estreitamento é

impulsionado pela teoria arendtiana acerca das relações do homem com o mundo do trabalho.

Não é difícil percebermos as correspondências a Karl Marx e Friedrich Engels nos escritos

arendtianos, principalmente na já citada relação homem e trabalho, que compõe a sustentação

Page 39: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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da Vita Activa. Além da atividade do trabalho, a Vita Activa é composta por duas outras

atividades, a saber, obra e ação, que se fazem necessárias, tanto para a aproximação de Arendt

aos escritos marxistas, como também para o seu necessário distanciamento. Essas três

atividades basilares nos fornecem um material extremamente significativo para uma

investigação das possíveis causas facilitadoras do surgimento de um sistema totalitário e de

seus métodos nunca antes experienciados. A perspectiva pela qual desenvolveremos este

trabalho possui como principal fundamento teórico, a obra Origens do Totalitarismo,

particularmente no que consistem as observações feitas sobre a Ideologia e Terror. Debruçar-

nos-emos a respeito das referências arendtianas no âmbito das Leis Naturais e Históricas.

Buscar-se-á investigar em que medida possa ter ocorrido uma leitura tendenciosa das obras de

Marx e Engels em proveito de utilizar a estrutura conceitual de ideologia como suplementação

do Nazismo e do Bolchevismo. Explicitaremos também, o que nossa autora discute em torno

do fenômeno da natalidade, ou de que maneira tal fenômeno pode ser encarado como a

expressão de um milagre, desencadeador do próprio fim do Estado Totalitário. Insere-se na

discussão acerca do que Arendt entende por natalidade, a atividade da ação, correspondente

ao relacionamento plural que a humanidade desenvolve entre si e que por tratar-se de uma

relação promovida por atos e palavras, é subitamente vedada pelo contexto Total do governo

já mencionado. Nosso trabalho, portanto, tem por desígnio elencar as referências políticas de

Arendt à Marx sob o eixo central dos elementos totalitários supracitados.

Palavras-chave: Marxismo; Ideologia; Terror; Totalitarismo; Natalidade.

O ESTATUTO ONTOLÓGICO DA DIFERENÇA

CARVALHO, André Alves de. Universidade de São Paulo (USP). E-mail:

[email protected]

Nesta comunicação, procurarei explicitar a leitura que Gilles Deleuze faz da obra

Heideggeriana, visando assim, recuperar o sentido de uma filosofia da diferença, recorrente na

obra de ambos os autores, caracterizada pela defesa da ideia de "Univocidade do Ser". Desde

o prólogo de sua tese principal de doutoramento, “Diferença e Repetição”, Gilles Deleuze nos

alerta que o assunto ali examinado esta “evidentemente no ar” e destaca entre várias outras

referências, a obra do assim chamado “segundo Heidegger”, cujo pensamento, cada vez mais

estaria direcionado para uma filosofia da Diferença ontológica”. De acordo com o próprio

Deleuze, o conceito de Diferença (Différance) – este tema filosófico de época- pode ser

atribuído a um certo “Anti-hegelianismo generalizado”, onde no lugar de pensarmos o Ser,

por aquilo que lhe é idêntico e por sua negação, deveríamos concebe-lo conforme a

diferenciação (Différenciation) e a repetição de um dado. Tomamos como evidente, o

pressuposto de que a identidade de algo define a maneira pela qual este algo pode ser

representado. Todavia, o mundo moderno, como indica Foucault em “Les mots et les choses”,

nasce da crise da ideia de representação (ou ao menos de um certo modo de representar): “O

desaparecimento necessário daquilo que funda a representação- daquele a quem ela

assemelha-se e daquele aos olhos de quem ela é apenas semelhança. O próprio sujeito - que é

o mesmo- foi elidido. E finalmente livre desta relação que a aprisionava, a representação pode

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se oferecer como pura representação”. Neste sentido, Deleuze procura em “Diferença e

repetição”, tecer críticas contundentes a este modo da representação, cujo primado é conferido

pelo próprio princípio de identidade. A crise da representação na modernidade, implica

também, na reconfiguração do sujeito, que se constitui no interior da própria representação e

do espaço, assim como o ser-no-mundo (In der Welt Sein) heideggeriano. Deste modo,

teríamos um ser múltiplo, em constante devir, sempre constituído pela diferença na

representação no mundo, “(...) mundo cintilante das metamorfoses, das intensidades

comunicantes, das diferenças de diferenças, (…) mundo de simulacros ou de mistérios”;

Sendo assim, a princípio, há uma única inconsistência dentro do sistema filosófico de

Deleuze, pois a ontologia deleuziana, assim como a de Parmênides, Duns Escoto, Espinosa e

Heidegger, afirma que há apenas uma única substância para o existente. A tese da

univocidade do ser defendida por Deleuze, é portanto o fio condutor para compreendermos

sua ontologia da diferença, e como acrescenta Badiou em “Deleuze: La clameur de l'Être”: “A

questão colocada por Deleuze é a questão do Ser. De uma ponta à outra de sua obra trata-se

sob a pressão de casos inumeráveis e arriscados, de pensar o pensamento (seu ato, seu

movimento) sobre o fundo de uma pré-compreensão ontológica do Ser como Uno”.

Palavras-chave: Heidegger; Filosofia da Diferença; Deleuze; Ontologia.

TRÊS VISÕES ACERCA DO VAZIO E DO VÁCUO

CARVALHO, Jéssica Lopes. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

O objetivo desse trabalho é fazer uma análise sobre o vácuo e o vazio, a partir de três

diretrizes, iniciando com um olhar da arte marcial tai chi chuan, prosseguindo por um viés

poético em Rubem Alves, e encerrando com o Princípio da Incerteza de Heisenberg na

mecânica quântica. O primeiro princípio visa abordar o vazio através dos movimentos

corporais, baseando-se numa busca de equilíbrio do corpo onde um lado concentra todo o

peso corpóreo, e o outro lado encontra-se livre de sobrecarga, ficando “vazio”. O segundo

princípio trata o vazio como a ausência de sentimento colaborativo e compreensivo para com

o outro, retratando também a ausência de sensibilidade para os pequenos detalhes do

cotidiano. Já o terceiro princípio traz os conceitos de vazio, vácuo e nada na física, e

embasado em tais conceitos, utiliza-se do Princípio da Incerteza de Heisenberg para

argumentar a impossibilidade da existência do vazio através da Mecânica Quântica.

Palavras-chave: Vazio-vácuo; Tai chi chuan; Rubem Alves; Princípio da Incerteza de

Heisenberg.

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A JUSTIFICAÇÃO LEIBNIZIANA DO CONCEITO DE LIBERDADE

CARVALHO, Joebson Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:

Prof. Dr. Agostinho de Freitas Meirelles. E-mail: [email protected]

Em nossa comunicação realizaremos algumas considerações concernentes à concepção de

liberdade de Leibniz. O desafio enfrentado pelo filósofo ao defender tal concepção consiste

em negar a possibilidade de haver “liberdade de indiferença”. Segundo ele, todas as escolhas

da vontade são motivadas, não haveria, portanto, escolhas sem que houvesse razões

determinantes. A aplicação do princípio de razão suficiente sempre é exigida no domínio da

contingência. Não há como este princípio ser aplicado caso existam alternativas para uma

escolha que sejam totalmente simétricas, isto é, idênticas. Se houvesse absoluta identidade

entre os motivos de uma escolha, essa identidade impossibilitaria tal escolha. Deste modo, o

filósofo pretende defender-se da acusação de fatalismo mostrando que o conceito de liberdade

de indiferença conduz ao irracionalismo. Em nossa exposição objetivamos apresentar os

principais pontos da argumentação do filósofo por meio qual é mostrado que o conceito de

liberdade só encontra seu verdadeiro sentido se for compreendido a partir dos princípios

lógico-metafísicos que o sustentam.

Palavras-chave: Vontade. Contingência. Liberdade. Necessidade. Reflexão.

INSURREIÇÃO E REBELIÃO DO HOMEM-MASSA: APONTAMENTOS DE

CRISES HISTÓRICAS

CASSIANO, Jefferson Martins. Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas). E-mail:

[email protected]

Neste presente estudo, avalia-se a questão da massificação social a partir do pensamento do

filósofo espanhol Jose Ortega y Gasset. Em sua principal obra, A rebelião das massas (1930),

o autor examina um novo período de crise, no qual a cultura Ocidental encontra-se ameaçada.

Nesse estudo considerado sua principal obra, Ortega detecta a dissolução da estrutura social

promovida pelo homem-massa sobre a minoria seleta. Trata-se de uma nivelação: crescimento

vital das possibilidades socioeconômicas e políticas; decadência dos valores pessoais de

capacidade reflexiva; o resultado é o homem-médio. Acresce ainda, a constatação do

fenômeno de massificação de que padecem todas as nações europeias. Nesse momento, o

homem-massa passa a ser a identidade decisiva na história do Ocidente. Para tanto, o

fenômeno de massa acontece em duas perspectivas desse processo: aspecto quantitativo e

aspecto qualitativo. Ortega inicia por descrever as multidões urbanas, crescimento

populacional vertiginoso no final do século XIX. A multidão, tradicionalmente marginal,

periférica, superficial, começa a ser visível. Começa haver ofertas de facilidades, serviços e

comodidades nunca antes experimentadas e direcionadas às multidões urbanas, ocasionadas

pelo enriquecimento e desenvolvimento capitalista, e aumento da pressão material dos bens de

consumo. A essa perspectiva do processo de massificação cultural de cariz quantitativo

propõe-se denominar insurreição das massas. A rebelião das massas assinala a deficiência

ética da desmoralização dos valores superiores, ocorrendo sua inversão como direito da

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maioria outorgada à minoria, que inicia-se pelo poderio público, verificado em movimentos

sociais como a democracia liberal e o populismo nacionalista . A constituição histórica e a

conformação social do homem-massa torna-o o modo mais contraditório da vida humana.

Enquanto tipo genérico de identidade histórica e social, manifesta-se pela hostilidade, a recusa

às responsabilidades exigidas para manter a estrutura social resultantes do esforço e da

autenticidade humana. A rebelião das massas é um estágio no qual vigora o primitivismo, a

decadência e a barbárie. Primitivismo porque falta o sentido histórico; decadência em razão

do passado obliterado e do hermetismo ao outro; barbárie pois recorre à ação direta como

imposição imediata da vontade. A falta no caráter pedagógico manifesta as deficiências

radicais da cultura moderna. A consequência, desse modo, conduz ao aspecto qualitativo de

uma crise catastrófica da Razão; pode-se conhecê-la por rebelião das massas.

Por fim, observa-se alguns apontamentos encontrados nas obras de Ortega que coincidem com

a atualidade da crise histórica da cultura Ocidental fundamentada na catástrofe da Razão em

desenvolver a massa como sujeito.

Palavras-chave: Homem-massa; Crise; Ortega y Gasset.

A MODULARIDADE DA MENTE: UMA PERSPECTIVA SISTÊMICA

COELHO, Bruno. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo

Ramos. E-mail: [email protected]

O debate acerca da modularidade da mente encontra-se num impasse. Jerry Fodor e

psicólogos evolutivos como Steven Pinker e John Tooby afirmam que a arquitetura cognitiva

é composta por módulos informacionalmente encapsulados, de domínio específico. Enquanto

autores como David Buller sustentam que há desafios metodológicos a serem superados, ou

seja, as evidências não são conclusivas. Considerando os dois lados, pretendo neste trabalho

expor duas versões da teoria modular da mente, uma forte, inaugurada por Fodor na obra The

Modularity of Mind, onde o sistema central e periférico são modulares, guiados por inputs e

funcionalmente específicos, e uma fraca, onde apenas o sistema periférico apresenta esta

estrutura modular, mantendo o sistema central passível de modificações. Em seguida,

exponho objeções feitas as duas versões. Uma das objeções é feita contra os argumentos

adaptacionistas. Pinker afirma que diversas habilidades adquiridas, como reconhecimento

facial de aliados e capacidades linguísticas, são adaptações resultantes de problemas

enfrentados por nossos ancestrais. Devido boa parte das evidências estarem perdidas,

questiona-se a força destes argumentos. Outra objeção é direcionada a teoria computacional

da mente. Na obra The Language of Thought, Fodor defende uma teoria representacional do

conteúdo mental, onde diversos conceitos são inatos, os quais através de manipulação

sintática resultam em uma 'linguagem de pensamento'. Contudo, há indícios para pensar que a

cognição possui aspectos anti-representacionais importantes, onde nossa relação com o

ambiente é igualmente relevante para percepção e formação de conceitos, isto é, o ambiente

próximo e as experiências formadas acerca de noções apreendidas são contextuais. Por fim,

defendo uma perspectiva sistêmica acerca da arquitetura cognitiva, que admite os módulos se

interligando através de redes de informação. Esta modelagem resultante de estudos em

Page 43: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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sistemas complexos, oferece diversas vantagens explicativas: estar coerente com dados

empíricos mais recentes, não estar baseada somente em argumentos históricos e ainda explicar

funcionalidades específicas da cognição humana.

Palavras-chave: Modularidade; Mente; Fodor.

UMA NOVA CONCEPÇÃO DOS QUALIA

COSTA, Héden Salomão Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.

Luís Eduardo Ramos. E-mail: [email protected]

A minha pesquisa entende que qualia objetivo se refere a uma particularidade não intrínseca

da experiência no mundo. Na verdade, estes qualia, se sustentam epistemologicamente

perante reações estímulo-resposta a partir das percepções e sensações conjuntas entre os

indivíduos. Então, esta investigação quer mostrar que em pleno século XXI não é mais

possível compreender a objetividade deles levando em consideração a terminologia de

essência universalista. Se na filosofia tradicional, terminologicamente qualia “se faz plural de

quale, palavra latina referente à qualidade abstraída como essência universal independente da

cor e da forma” (JORGE, 2007, p. 55), o construto teórico desta definição paira no avanço e

evolução das técnicas de neuroimagem, a nova lingüística, a tecnologia do DNA

recombinante, a nova antropologia, a ciência cognitiva, etc. Assim, pode-se afirmar com toda

“propriedade” que as qualidades desde grupo não pode ser universalizada, pois cada grupo

humano se diferenciam em seus aspectos cotidianos, isto é, cada grupo possui tais qualidades

e afinidades pelo modo particular de conceber seus próprios conhecimentos e aprendizagens.

Em outras palavras, antropologicamente, não se pode universalizar as qualidades de um grupo

a partir de suas experiências cotidianas. Tais, qualidades são fragmentárias e plurifuncional e

consequentemente dependem da “cor” (ou seja, do meio em que vivem esses seres) e também

da “forma”, ou seja, como se expressa um determinado grupo étnico segundo sua cultura, de

outra maneira, uma espécie de funcionalismo cultural que pode ser compreendido

coletivamente. Sabe-se que Ana Jorge parece desconsiderar a “cor” e a “forma”, pois a autora

está “presa” na etimologia e conseqüentemente na terminologia dos qualia. Neste sentido, os

qualia objetivo se justificam pelos pressupostos de transmissão. Quer dizer, a mente ao criar

uma realidade social objetiva leva em consideração as relações, os fatos, o processo de

transmissão de indivíduo para indivíduo, o meio ambiente em que vivem esses indivíduos

também são fatores fundamentais para uma relação em grupo tendo, portanto, uma afinidade

entre eles, de compreensão, de gestos, escutas, visibilidades, costumes, etc. Em outras

palavras, são tipos de “linguagem-imagem-escuta”, que entrelaçam um modo coletivo de

expressão. Isto é, uma espécie de “funcionalismo cultural quase inconsciente”. Este

funcionalismo cultural nos parece que está conectado por genes e dependem da genética dos

indivíduos que corporificam o “estado” do grupo. Assim, a minha pesquisa finalizará esta

comunicação exemplificando a partir da cultura dos esquimós. Este grupo étnico conhecido

pela sua cultura típica de viver em uma região quase não habitada por seres humanos vivendo

na região da Antártica. Eles conseguem sobreviver em um clima que chega aproximadamente

Page 44: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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-88°C. Afinal, a pretensão da minha pesquisa é articular a ideia que esse grupo tem a

possibilidade de perceber várias tonalidades de branco; ou seja, enquanto que outros povos do

mundo dizem que a cor branca é apenas uma, os esquimós estabelecem que a cor branca têm

várias tonalidades, a saber, para Mikosz, os esquimós possui aproximadamente vinte e quatro

nomes para a cor branca (2007, p. 3). Ora, isto não refutaria a ideia de cultura universal?

Palavras-chave: Qualia; Objetividade; Cultura; Esquimós.

NOTA SOBRE O PRINCÍPIO DE RUSSELL

COSTA, Matheus Pereira. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr. Caetano

Ernesto Plastino. Bolsista do PET-USP. E-mail: [email protected]

É comum o paralelo feito entre o princípio de Russell: "o sujeito não pode fazer um juízo

sobre alguma coisa a não ser que ele saiba qual é o objeto do seu juízo” (Evans, 1982, p. 89);

e a frase de Sócrates no Teeteto (188a, 208e): “Então, se um homem com um juízo correto

sobre qualquer uma da coisas, apreende suas diferenças do resto, ele se torna conhecedor da

coisa que ele apenas tinha um juízo” (208e). A comparação entre esses casos e o princípio tal

qual apresentado por Russell nos Problemas da Filosofia (“não é concebível que possamos

fazer um juízo ou considerar uma suposição sem saber sobre o que estamos julgando ou

supondo” (p. 58)), foram discutidos por McDowell e Burnyeat à luz de questões

epistemológicas. Entretanto, ainda é interessante analisar os pontos de contato e as diferenças

entre os três casos (Russell, Platão e Evans), em especial às diferentes noções de

conhecimento pressupostas nas diferentes aplicações. Num primeiro momento, pretendo

investigar se haveria uma maneira de formular o princípio de modo que ela dê conta dos

interesses dos três principais autores. Esta investigação, por si só, se desdobra em duas

questões: (a) a análise, para evitar o anacronismo, precisa expor, antes de qualquer coisa, a

discussão filosófica por trás dos enunciados e então, será possível considerar quais são os

pontos teóricos de contato; e (b) há uma diferença evidente entre as exposições, pois, para

Russell o conhecimento necessário para o pensamento é o conhecimento por contato (by

acquaintance). Deste modo, na segunda parte do trabalho, investigo esse pressuposto crucial

do princípio que é a noção de “conhecer”, tais quais empregadas por Russell e Platão. Por fim,

pretendo discutir se de fato, e em quais casos, o princípio de Russell (ou princípio de

discriminação) seria uma condição necessária para o pensamento.

Palavras-chave: Bertrand Russell; Teoria do conhecimento; Princípio de Russell; Teeteto;

Platão.

Page 45: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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MICHEL FOUCAULT: PARRESÍA E AÇÃO POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA

COSTA, Paulo Henrique Pinheiro da. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:

Prof. Dr. Ernani Chaves. E-mail: [email protected]

Pretende-se analisar a leitura do pensamento político de Platão, feita por Michel Foucault no

seu curso Le Gouvernement de Soi et des Autres, proferido no Collège de france, em 1982-

1983. Neste, o filósofo faz um deslocamento significativo ao interpretar o pensamento

político como conselho da ação política, como racionalização da ação política, e não mais

como elaboração de teorias sobre regimes políticos ou contratos fundamentais. Foucault

percorre por vários textos da antiguidade, como as tragédias de Eurípides, dentre outros, para

desenvolver a noção importantíssima de parresía ao longo do curso. Porém, será apreciado

aqui, particularmente, as Cartas de Platão, em especial a Carta VII, na qual, segundo o

filósofo, é revelado o outro lado do pensamento político. Para desenvolver essa perspectiva,

Foucault trabalha as noções de logos e érgon, ou seja, de palavra e realidade, de discurso e

ação, tendo como motor fundamental a parresía, isto é, a coragem da verdade, direcionada

como conselho ao soberano político. Se por um lado Foucault mostra as dificuldades da

parresia na política (Eurípides e Tucídides), por outro, através de sua incursão pelas Cartas de

Platão, mostra a possibilidade da parresía através do dizer verdadeiro filosófico como

conselho no exercício político, no qual a Filosofia consegue tocar a realidade.

Palavras-chave: Ação política; Coragem da verdade; Filosofia; Parresía.

A ESTRATÉGIA NIETZSCHEANA CONTRA O PRECONCEITO DA MORAL

INGLESA

CRUZ, Francisco Edson Carreiro. Universidade de Brasília (UnB). Orientador: André Luíz

Muníz Garcia. E-mail: [email protected]

Trata-se de apresentar a estratégia argumentativa desenvolvida por Nietzsche no início da

primeira dissertação da Genealogia da Moral. Mais precisamente, visa-se a elucidar o

confronto entre a genealogia utilitarista inglesa e a própria genealogia nietzscheana para então

trazer à tona o que Nietzsche considera um erro, i.e.: “o preconceito que [hoje] vê

equivalência entre 'moral', 'não-egoísta' e 'désinteréssé'” (GM I 2).

Palavras-chave: Não-egoísmo; Genealogias; Preconceito; Moral.

ESTADO E SOBERANIA EM ESPINOSA E HEGEL

CRUZ, Nayara Sandrin da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:

Prof. Dr. Pedro Novelli. E-mail: [email protected]

Examinaremos como os autores Espinosa e Hegel constroem teoricamente a constituição do

Estado, bem como a relação entre o emergir do Estado e o poder soberano deste.

Destacaremos então as proximidades e distanciamentos acerca do conceito entre os dois

Page 46: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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filósofos. Segundo Espinosa, o Estado se constituí pela união dos indivíduos em prol de um

bem comum, este estágio marca a saída dos indivíduos do Estado de natureza. Fase em que

estes vivem em guerra pela sobrevivência e por isso não tem plena liberdade de ação, vivendo

sob o reino da necessidade. A função última do Estado, é para Espinosa, conduzir os homens

à uma vida livre pois quando os homens não se ajudam vivem miseravelmente, porém o

Estado só merece existir desde que represente os interesses da maioria da população, a

multitude. Espinosa defenderá, portanto, o regime democrático “a soberania não é transferida

a ninguém, está distribuída no interior do corpo social e político, sendo participada por todos

sem ser repartida ou fragmentada entre seus membros”. (Chauí, Marilena, p.132). Esse

Regime seria, para o autor, o único que não se estruturaria de forma a usurpar o poder de

governar pertencente originalmente a Multitude. Hegel conduzirá a mesma discussão acerca

do Estado destacando também a forma de regime que condiz com a real finalidade do Estado

que para o autor também é a liberdade dos indivíduos. Hegel tomará a discussão por outras

vias, à defesa da monarquia constitucional. Hegel assim como Espinosa concebe o hipotético

estado de natureza, como a estágio em que os homens não podem viver e agir livremente, o

Estado representa também o poder que garante que os indivíduos não “retornem” a esse

estágio. Assim como Espinosa Hegel criticará os regimes monárquicos feudais, aristocráticos,

porém criticará também o regime democrático e defenderá como regime que oferece ampla

liberdade aos indivíduos, assim como a proteção dos interesses particulares contidos na

universalidade, a monarquia constitucional. A soberania do Estado Hegeliano reside no

monarca, somente a monarquia constitucional manifesta-se como universal concreto, união

das particularidades. Somente neste regime o Estado permanece seguro, sem riscos de

dissolução e isto é feito sem usar de tirania, sem limitar as liberdades individuais, pois o

monarca para o autor representa a união destes particulares “No Estado constitucional legal, a

soberania representa o que há de ideal nos domínios e atividades particulares; isso significa

que tal domínio não é algo autônomo e independente nos seus fins e modalidades, de fechado

em si mesmo, pois nos seus fins e modalidades é definido pelos fins do conjunto (que em

geral são designados, numa expressão vaga, por bem do Estado.(Hegel, 2003, p.254).

Palavras-chave: Estado; Soberania; Espinosa; Hegel.

O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DO DISCURSO NA GRÉCIA ANTIGA: DO

MÍTICO AO FILOSÓFICO

DIEGO, Pedro José de Oliveira y. Universidade de São Paulo (USP). E-mail:

[email protected]

O trabalho tem como objetivo refletir sobre os principais pontos do discurso mítico e do

filosófico, e ambientar o cenário que culminou na transformação de discursos. Pontos em

comum são múltiplos porém a essência que permeia e define os enunciados são

completamente opostas. Durante o decorrer do texto pretendemos ressaltar como a partir da

concepção mitológica de mundo criamos o mundo mitológico e, na sequência, como esse

mundo se transforma perante a nova concepção filosófica. Acompanhando a leitura de J. P.

Vernant nos propomos estabelecer laços entre o período final do discurso mítico e o início do

Page 47: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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discurso filosófico, procurando alguma sobreposição de conceitos e valores. Dentro dessa

proposta buscamos destacar que a visão de mundo é determinante no mundo objetivo,

resultando em uma nova fonte de onde beber a verdade.

Palavras-chave: Filosofia Antiga; Discurso mítico; Discurso filosófico, J. P. Vernant.

O SENTIDO DE CAUSALIDADE ATRIBUÍDO ÀS INTELIGÊNCIAS EM TOMÁS

DE AQUINO

DINIZ, Eveline de Lourdes Ferreira. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Orientador: Prof. Dr. Márcio Augusto Damin Custódio. E-mail: [email protected]

Este estudo tem como finalidade a análise dos capítulos 23-24 e 78, bem como o argumento

2556 do capítulo 80, da Suma contra os gentios, de Tomás de Aquino. Nosso objetivo surge

diante dos argumentos de Tomás sobre as Inteligências como causadoras do movimento

celeste, o qual, por sua vez, é causa de movimento no mundo terrestre. Há, pois, conforme

Tomás, argumentos segundo os quais as Inteligências governam, mediante os corpos

superiores, os corpos inferiores à finalidade divina. Argumentos precedentes de um critério

segundo o qual seres mais perfeitos governam seres menos perfeitos. Isto é, seres mais

próximos do Primeiro Motor, cuja causalidade contínua no mundo se inicia pelos seres

intelectuais, governam seres que lhe são menos próximos. De modo que os seres causadores,

por sua vez, têm uma finalidade transferível para o objeto no qual causam movimento, o que

permite a todos os movimentos realizarem-se conforme um princípio intelectivo. Mesmo os

corpos irracionais, deste modo, fazem parte deste sistema advindo de intenções inteligentes. O

que nos leva às diferenças de causalidade entre seres ontologicamente distintos, a saber,

racionais e irracionais. Donde os seres racionais são mais perfeitos que os irracionais, e

portanto lhes são princípio de causalidade. Causalidade esta, entre seres corpóreos, ocorrente

na instância do movimento. Ao passo que a causalidade entre seres incorpóreos ocorre na

instância do conhecimento. Pensamos, pois, que a defesa do movimento celeste, não como

advindo de um princípio natural ativo, mas como meio através do qual as Inteligências agem

nos corpos, faz surgir uma investigação na qual a relação de causalidade ocupa lugar central.

É nosso objetivo analisar em que medida e em que âmbito as Inteligências podem ser causa de

movimento em seres inferiores, através dos movimentos celestes, de modo que Tomás seja,

ou não, defensor de certo tipo de determinismo cosmológico, o qual explicaria uma cadeia de

movimentos ordenados e pré-estabelecidos.

Palavras-chave: Inteligências; Causalidade; Cosmologia; Tomás de Aquino.

IMORALIDADE E LIBERTINAGEM

FACIOLI, Pedro Henrique. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Ana Maria Portich. E-mail: [email protected]

Page 48: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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A França vivia sob o comando de Robespierre quando é publicada A Filosofia na Alcova, do

Marquês de Sade. O livro, que descreve pela perversão sexual uma educação libertina, utiliza

como princípios dessa educação os mesmos que a filosofia materialista do século XVII. O

ateísmo das teses materialistas contrasta com o regime da época, que mandava à guilhotina

qualquer indivíduo que partilhasse de ideias ateístas. A corrupção de costumes apresentada

durante o livro será a base de análise desta comunicação, que pretende demonstrar como a

imoralidade, nas obras sadianas, além de refratar o materialismo ateísta, defende o primado do

individual sobre o social.

Palavras-chave: Marquês de Sade; Imoralidade; Libertinagem; Materialismo; A Filosofia na

Alcova.

DA DOXA À EPISTEME: A QUESTÃO DO CONHECIMENTO NO MÊNON DE

PLATÃO

FARIA, Aline Apipe de. Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Orientador: Prof.

Dr. Luiz Paulo Rouanet. E-mail: [email protected]

O Mênon é uma obra que pode ser caracterizada como uma síntese platônica sobre o saber, a

política e a moral. Abrangendo, assim, uma identificação da função pedagógica e política da

questão do saber. Platão faz a utilização de metodologias distintas: a “elênctica” (típica dos

diálogos socráticos), de acordo com esse método, nossas definições valem ou não “de todo”,

como saber, o que faz com que a investigação oscile entre o total saber e o total não saber,

sem que haja nenhuma possibilidade de passagem do não saber ao saber; e a “hipotética”

(característica da obra sobre as “formas”), que é um “método por hipótese” em que a teoria

específica é que a virtude seja ciência e, consequentemente, ensinável, tal hipótese pareceria

verificada com o reconhecimento da virtude como uma ciência, uma vez que a virtude é um

bem e que o único bem é a ciência. A partir de ambos os métodos leva-se a tematização da

virtude, introduzindo-a na questão da relação entre doxa e episteme, assunto central e um

tanto problemático dos diálogos críticos. Na mesma obra há também a apresentação das bases

da teoria da reminiscência – segundo estudiosos, o autêntico modelo cognitivo platônico –,

transmitindo-nos a reflexão conhecida como “paradoxo de Mênon” que, em poucas palavras:

“Não é ao homem possível procurar nem o que conhece, nem o que não conhece [...]” (80d)

pela primeira vez a reflexão se confronta com o problema da aquisição de novos

conhecimentos. Este texto, portanto, tem por objetivo elucidar a relação entre saber e

conhecimento levando em conta o diálogo Mênon e a aporia que Sócrates propõe ao escravo

de Mênon, através da “Teoria da Anamnese”, que visa refutar a tese de que a aporia seja um

mal, além de também contestar que o “paradoxo de Mênon” estabeleça a impossibilidade de

se investigar o que se desconhece.

Palavras-chave: Doxa; Episteme; Reminiscência; Aporia.

Page 49: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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O DILEMA ENTRE OS PARÂMETROS DE ORDEM E DE CONTROLE NA

CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL NO CONTEXTO DA TEORIA DA

AUTO-ORGANIZAÇÃO

FARIA, Sílvia Helena Guttier. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio Alves. E-mail: [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a formação de uma possível

identidade social a partir do problema dos parâmetros de ordem e de controle desenvolvidos

no contexto da teoria da “auto-organização”. Consideramos um sistema dinâmico como um

sistema auto-organizado constituído por vários componentes individuais que interagem de

inúmeros modos, de tal maneira que todos componentes que interagem simultaneamente

contribuem para o comportamento do sistema; essa interação produz padrões de

comportamentos, denominados “parâmetros de ordem”. Tais parâmetros influenciam e

“escravizam” os componentes do sistema, forçando-os a se unificarem dentro do sistema,

criando uma “causalidade circular”. Ou seja, componentes de ordem superior, no plano

macroscópico, que restringem e/ou influenciam componentes de ordem inferior, no plano

microscópico, o efeito de uma causa no sistema afeta sua própria causa, havendo uma

alteração recíproca e interação coletiva entre ambos os planos. Diferenciando-se dos

parâmetros de ordem, surgem os chamados “parâmetros de controle”, que são a produção de

comportamentos destoantes da ordem estabelecida e que forçam os sistemas a entrarem em

situações instáveis, assim ocorrendo mudanças em sua ordem. Porém, esta é uma força não

específica e por vezes escondida; a instabilidade causada pelos parâmetros de controle causa

uma inquietude no sistema. Pode assim demorar certo tempo para que este retorne à

estabilidade; há, então, uma divergência entre os parâmetros, sendo o primeiro acima citado, o

que governa o comportamento dos componentes do sistema dinâmico. Entendemos uma

sociedade como um sistema dinâmico cujos componentes são as pessoas que interagem. A

interação entre essas pessoas também pode produzir padrões de comportamento globais, estas

produzem também padrões de ordem e de controle que interferem, influenciam e constituem

uma identidade social. Neste trabalho buscamos investigar a formação da identidade de uma

sociedade considerando-a um sistema dinâmico, a partir do dilema entre os parâmetros de

ordem e de controle.

Palavras-chave: Auto-organização; Identidade pessoal; Causalidade circular; Parâmetros de

ordem; Parâmetros de controle.

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: A VISÃO DO

ESTUDANTE SECUNDARISTA

FERNANDES, Mayã Gonçalves; MEDEIROS, Kelvlin. Universidade de Brasília (UnB).

Orientador: Pedro Ergnaldo Gontijo. Bolsista PIBID/CAPES. Email:

[email protected]

Qual a importância da Filosofia para sua formação? Quais filósofos você acha que mais

contribuíram para a sua vida? Será que a filosofia no ensino médio tem alguma finalidade? O

Page 50: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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presente trabalho visa analisar dados obtidos através de questionários repassados a estudantes

secundaristas das turmas de primeiro e segundo ano da instituição pública situada na cidade

de Sobradinho – DF, tendo como fio condutor questões acerca da filosofia e do andamento

desta no nível médio, enfatizando o espaço que esta disciplina ocupa na formação destes

jovens, seguido de um retorno às aulas ministradas, possibilitando a melhora contínua da

atuação dos participantes do PIBID nesta instituição. Ademais, a concepção do Programa de

avaliação seriada – PAS, como ferramenta de expansão do ensino de filosofia no ensino

médio, e a formação do senso crítico nos estudantes de 14 a 16 anos.

Palavras-chave: Educação; Filosofia; Estudantes; Secundaristas; Pesquisa

Quantitativa/Qualitativa.

AS CONSEQUÊNCIAS DO ARGUMENTO DO CONHECIMENTO DE NAGEL

PARA O PROBLEMA DAS OUTRAS MENTES

FERRAZ, Bruna Oliveira. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Orientadora:

Juliana de Orione Arraes Fagundes. E-mail: [email protected]

É possível saber o que se passa na mente de alguém ou estamos limitados a nossas próprias

experiências mentais? O filósofo da mente Thomas Nagel, em seu artigo “Como é ser um

morcego” coloca em evidência o problema do conhecimento de outras mentes. Se temos a

crença de que outrem possui uma vida interna, isso se baseia na observação que se tem de

seus comportamentos, ou seja, nas suas respostas ao ambiente. Não podemos saber se ao

experimentar uma mesma comida todos experimentamos o mesmo sabor e assim acontece

com as diversas percepções sensoriais. A correlação estímulo e experiência podem sofrer

ligeiras variações de pessoa para pessoa, já que estas são fisicamente diferentes. Assim, o

estímulo interno que o sujeito A tem diante de comer algo azedo pode ser parecido com o que

B tem ao comer algo granulado. Dizer que as experiências internas podem ser compreendidas

pelos comportamentos externos coloca essa defesa em um argumento circular, pois se não

posso conhecer nada além de minhas próprias experiências isso impossibilita saber se há

consciência no outro ser. Nagel argumenta que, embora possa ser instintiva a crença de que

todos os humanos são conscientes, a maioria acredita que muitos dos mamíferos e aves são

conscientes, mas duvidamos que animais unicelulares, mesmo respondendo a estímulos

externos, tenham mente. Por essa razão, ele compara a experiência consciente do morcego à

dos seres humanos, mostrando que não temos como conhecer as experiências subjetivas dos

morcegos, radicalmente diferentes das nossas. Porém, esse argumento poderia ser estendido

ao caso das outras mentes, de modo que, no fundo, talvez não tenhamos como conhecer as

experiências conscientes de ninguém. O objetivo deste trabalho consiste em expor o ceticismo

acerca das outras mentes, defendendo o argumento de Nagel da impossibilidade de conhecer o

caráter subjetivo da experiência de outro ser e a incerteza quanto a existência de outras

consciências.

Palavras-chave: Outras Mentes; Thomas Nagel; Experiências Conscientes.

Page 51: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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O VÍRUS COMO ANOMALIA DA TEORIA CELULAR

FERREIRA, Kailani A. P. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

O objetivo do presente trabalho é entender a noção de vida, e expor o vírus como uma

anomalia na ciência, uma vez que é inconsistente com o paradigma da teoria celular e suas

consequências na biologia. O vírus é, então, uma lacuna do que é vida, um problema

metafísico a ser investigado. Para cumprir com tais objetivos, a apresentação será dividida em

duas partes: (1) analisaremos o conceito de vida, tanto no sentido filosófico quanto

filosoficamente aplicado à biologia; e (2) investigar a noção de célula como unidade básica da

vida. Com suporte para este trabalho nos apoiaremos na teoria celular de Matthias Schleiden e

Theodor Schwann apresentada nas seguintes obras: "Contribuições da Fitogênese" e

"Investigações Microscópicas da Conformidade na Estrutura e Crescimento de Plantas e

Animais", em quais os autores firmam a célula como uma unidade fundamental da vida, e a

ciência, em contrapartida, exclui os vírus mesmo que estes empenham todas suas funções.

Palavras-chave: Ciência; Anomalia; Paradigma; Teoria-celular; Vida.

NÃO HÁ TEMPO A PERDER: BERGSON LIDO PELO FUTURISMO

FERREIRA, Lennon Pedro Noleto. Universidade de Brasília (UnB). E-mail:

[email protected]

Trata-se de analisar determinados aspectos no seio do futurismo italiano que sinalizam

leituras do pensandor francês Henri Bergson por parte daqueles artistas. Não é caso desta

comunicação uma rígida relação texto-imagem (pois a leitura artística, por seu turno, é

descompromissada de rigor exégetico), mas pretende-se tão somente avaliar em que medida

certas apropriações do conceito de “duração” foram fundamentais ao desenvolvimento da

poética que cultuava a própria continuidade do tempo e que, na velocidade da máquina,

pretendia recriar o universo por meio de uma única força incessante. Recorremos neste

sentido, de modo bastante pontual, ao segundo capítulo do "Ensaio sobre os dados imediatos

da consciência" – em que o filosófo apresenta a noção de "duração" de modo crítico ante as

compreensões espacializadas e estáticas do tempo – e, em um segundo momento, mapeamos

possíveis ecos através de registros teóricos sobre o futurismo.

Palavras-chave: Bergson; Futurismo; Duração; Tempo.

Page 52: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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A CONCEPÇÃO DO MÉTODO EM KANT NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA COMO

CRITÉRIO PARA A DISTINÇÃO ENTRE CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA

FILHO, José Pereira do Vale. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.

Luís Eduardo Ramos de Souza. E-mail: [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo elucidar a concepção do método elaborado por Kant, na

Crítica da Razão Pura, como caminho para estabelecer a diferença entre a ciência e a não

ciência. No primeiro momento, concernente ao método do conhecimento científico,

mostraremos que o seu princípio geral consiste na relação dos conceitos às intuições, tal como

a exemplo, dos juízos da Matemática e da Ciência da Natureza. Já, no segundo momento,

pertencente ao conhecimento não científico, explicitaremos que este se baseia em dois

conceitos: de um lado, em um procedimento analítico, que realiza a mera análise de conceitos,

sem fazer nenhuma referência à experiência, tal como a exemplo, dos juízos da Metafísica

Tradicional; de outro lado, em um procedimento empírico, que realiza a associação de

conceitos por meio da percepção subjetiva.

Palavras-chave: Método; Ciência; Não Ciência; Kant.

A METAFORIZAÇÃO DO MUNDO EM GIAMBATTISTA VICO

FILHO, Mário Hélio Nunes dos Santos. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:

Prof. Dr. Antonio Sergio Nunes. E-mail: [email protected]

A presente comunicação tem como intuito discutir o desenvolvimento da Metáfora em Vico,

mas principalmente no tocante ao que denominamos “Metaforização do Mundo”; no qual o

homem primigênio em sua debilidade de raciocínio e arrebatado por paixões fortíssimas, faz

de si regra do Universo e metaforicamente atribui ao mundo caracteres corpóreos. Vico

defende a metáfora como a primeira forma de linguagem do homem, pois o homem

primigênio, não havia desenvolvido uma racionalidade no sentido em que entendemos

atualmente; por tanto Vico concebe o homem primigênio dotado de uma mente incipiente, na

qual têm os sentidos como primazia para perceber o mundo. Isso não significa que esta

linguagem é desprovida de lógica, mas sim que a mesma para o Filosofo italiano é dotada de

uma lógica poética.

Palavras-chave: Metáfora; Linguagem; Mundo; Mente Primigênia; Lógica Poética.

A HEGEMONIA DO PENSAMENTO EUROPEU NA FILOSOFIA BRASILEIRA

GARCIA, Amanda Veloso. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Maria Eunice Quilici Gonzalez. E-mail: [email protected]

Esta comunicação tem por objetivo analisar a situação da Filosofia no Brasil e sua vinculação

com o colonialismo. Inicialmente discutiremos o impacto das hierarquias coloniais e, por

meio do conceito de “colonialidade” (SANTOS, 2010), suas consequências para o âmbito

Page 53: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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filosófico. O colonialismo e a colonialidade deram origem a hegemonia do pensamento

europeu na Filosofia, o que caracterizaremos como um problema por restringir em demasia o

que se entende por reflexão filosófica. A partir deste problema, refletiremos acerca da

possibilidade de pensamento autônomo e sua vinculação com o filosofar. Num segundo

momento, analisaremos a situação da Filosofia no Brasil no cenário da soberania europeia

discutindo argumentos acerca da inexistência do filosofar em nosso país e da constituição do

ensino formal dessa área do saber. Argumentaremos que as limitações filosóficas no Brasil

decorrem da adoção muitas vezes acrítica de paradigmas europeus e não de incapacidade de

reflexão filosófica. Para fundamentar nossa argumentação, esboçaremos a proposta de uma

ecologia de saberes que possibilita repensar o próprio conceito de Filosofia.

Palavras-chave: Filosofia Brasileira; Colonialidade; Problema da Hegemonia do Pensamento

Europeu na Filosofia; Pensamento Autônomo; Ecologia de Saberes.

DARCY RIBEIRO E FLORESTAN FERNANDES COMO INTELECTUAIS

ORGÂNICOS A PARTIR DA CONCEPÇÃO DE ANTONIO GRAMSCI

GIRALDELLI, Taís Renata Maziero. Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-

PR/Maringá). E-mail: [email protected]

O filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937), estabeleceu duas categorias de intelectuais,

sendo denominado por ele de tradicionais e orgânicos, sendo que podemos encontrá-los em

nosso meio social, exercendo funções e participações diversas. O presente trabalho tem como

objetivo, analisar uma dessas categorias, a concepção de intelectual orgânico, fazendo um

paralelo de comparação com dois exemplos de intelectuais brasileiros que são considerados

orgânicos segundo a teoria gramsciana, no caso, Darcy Ribeiro (1922-1997) e Florestan

Fernandes (1920-1995). Com a intenção de demonstrar como essa concepção de intelectual

pode ser aplicada, a partir de fatores que nos possibilita ver a hipótese de um teor

revolucionário no seio da teoria orgânica. Eles foram assim considerados, devido ao grande

papel de suas figuras tidas como revolucionários no Brasil, pelo fato de que eles foram

militantes ativos na sociedade. O contato entre o indivíduo e o meio social se expande nas

questões políticas, econômicas e sociais. São assim para Gramsci os orgânicos, sendo

perseverantes e ativos na luta, de acordo com a posição sustentada por eles pertencentes a um

grupo social (burguesia, trabalhadores) na relação teórica e prática. Quando Gramsci

estabeleceu essa categoria de intelectual, observou que ela teria uma função vital na

sociedade, assim, veremos que cada grupo existente possui seus intelectuais orgânicos, de

certa forma militantes de uma ideologia. Obviamente, existe um distanciamento de Gramsci

em relação à Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes, mas existe essa aproximação, a da

aplicação orgânica, porém, os três também possuem uma referência a respeito da educação

como um dos princípios transformadores da sociedade. Todavia, não eram pedagogos, mas

havia esse viés entre eles: educação e cultura. Ao analisar as características dos escritos e o

perfil desses militantes brasileiros já mencionados, grandes renomes para a nossa história,

assegura-se a eles o caráter de intelectuais orgânicos a partir da concepção do filósofo

italiano.

Page 54: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Palavras-chave: Intelectuais; Orgânicos; Gramsci; Darcy; Florestan.

SARTRE: OS ELEMENTOS DA FILOSOFIA EXISTENCIALISTA NO DRAMA AS

MOSCAS

GOMES, Ester da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). Orientadora: Prof.ª

Dr.ª Carla Cavalcanti e Silva. E-mail: [email protected]

Esta comunicação consiste em falar do escritor – filósofo J. P- Sartre (1905-1980), que

entrelaça seu pensamento filosófico existencialista com sua literatura. Ao iniciar sua fase

engajada, que está ligada ao período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Sartre se

concentrou em escrever peças de teatro, dentre elas, está, As Moscas, (1943), da qual

abordaremos nesta comunicação. Essa peça foi elaborada no episódio em que as tropas alemãs

invadem a França e a mantêm sob seu domínio, momento conhecido como o “governo de

Vichy”. A peça é uma releitura do mito de Orestes, da Grécia Antiga, contudo Sartre retoma o

mito, transformando-o a sua maneira, inserindo em sua peça elementos como: o mito grego, o

contexto histórico e seu pensamento filosófico; e ao escolher o mito de Orestes como fonte,

Sartre conseguiu um quadro perfeito que corresponde ao momento pelo qual a França

passava, uma alusão ao governo de Vichy, com diversos elementos. O escritor projeta no

personagem principal, Orestes, sua filosofia existencialista e por meio deste personagem,

mostra ao público que estava assistindo a sua peça que eles eram livres para construir seu

caminho, além de revelar à sociedade francesa um modo de não se submeter a um governo

estrangeiro. O escritor percebeu que o teatro era uma maneira de falar diretamente ao povo e

com as falas dos personagens passava sua filosofia de que o homem é livre, que através de

suas escolhas ele se define como essência e que ao escolher deve aceitar as consequências.

Sartre poderia somente discutir a filosofia, mas preferiu partir para a literatura, e essas duas

áreas possuem uma relação muito próxima, ambas tratam da realidade humana, ou seja, da

existência humana, contudo, cada uma a apresenta de uma maneira distinta, elas abordam o

assunto de acordo com o plano em que cada uma está. A literatura sai do plano conceitual ao

qual a filosofia pertence e cria uma representação do mundo (narrações), baseado em uma

realidade concreta. A comunicação tem como finalidade observar os aspectos da filosofia

existencialista sartriana no drama As Moscas, mas para isso será necessário o apoio de um

texto filosófico, uma conferência de 1945, O existencialismo é um Humanismo. Essa

conferência é posterior ao seu drama, As Moscas, o que demonstra um maior amadurecimento

das suas ideias, ou seja, de sua filosofia, após o período conturbado da Segunda Guerra

Mundial. Portanto, a conferência será uma ferramenta para enxergar a filosofia existencialista

no drama, As Moscas.

Palavras-chave: As Moscas; Sartre; Literatura; Existencialismo.

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A REDUÇÃO FENOMENOLÓGICA ENQUANTO PROBLEMA FILOSÓFICO

FUNDAMENTAL

GUILHERMINO, Daniel Peluso. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Orientador:

Prof. Dr. Luciano Donizetti da Silva. Bolsista do BIC/CNPq Ações Afirmativas. E-mail:

[email protected]

A fenomenologia de Edmund Husserl, ao menos a partir de "Ideias I", busca uma refundação

radical da filosofia com vistas à sua edificação como ciência estrita e rigorosa. Para tanto, há

que se tomar uma nova atitude (einstellung) diante do problema filosófico fundamental: trata-

se, ao mesmo tempo, de estabelecer um novo método investigativo e de propor uma peculiar

disposição interior à qual deve se inclinar o filósofo. Husserl pretende que a redução

fenomenológica seja o caminho apropriado para se alcançar tal atitude, delimitando, assim, as

bases sobre as quais erigir a filosofia como ciência de rigor. Ora, mas do que exatamente trata

tal redução fenomenológica? Qual seu objeto próprio e qual sua finalidade última? Ademais,

o que significa compreender a redução fenomenológica como redução eidética e

transcendental? A sondagem de tais questionamentos é a proposta deste trabalho.

Palavras-chave: Husserl; Fenomenologia; Redução Fenomenológica.

A CRÍTICA DE RUSSELL AO IDEALISMO EM “OS PROBLEMAS DA

FILOSOFIA”

GUIOMARINO, Hailton Felipe. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.

Roberto de Almeida Pereira de Barros. E-mail: [email protected]

O presente trabalho constitui uma tentativa de elucidar a crítica que o filósofo britânico

Bertrand Russell dirige à filosofia idealista em sua obra Os Problemas da Filosofia. Para tal,

far-se-á, primeiramente, a contextualização histórico-filosófica da reflexão de Russell, que

remonta aos avanços científicos do século XIX e à crise do modelo epistemológico Kantiano,

o qual limita o conhecimento do mundo exterior ao âmbito dos dados perceptíveis pela

consciência. Isto ajudará a entender propriamente, no momento seguinte, a crítica de Russell

ao idealismo, feita por meio de uma teoria do conhecimento que conjuga lógica dos

enunciados, sua referencialidade e a causalidade das percepções, mostrando a possibilidade de

dizer algo acerca de objetos que não são dados à percepção consciente. No terceiro momento,

far-se-á uma apreciação crítica dos argumentos de Russell, tentando estabelecer com ele um

breve diálogo por meio de uma possível objeção levantada ao seu posicionamento anti-

idealista, a saber, Russell sairia mesmo das condições da consciência e ampliaria o

conhecimento humano? Diante desta questão, será articulada uma possível resposta do

filósofo com base nas principais ideias contidas no interior da obra supracitada. Por fim, no

último momento concluir-se-á com a síntese das ideias trabalhadas durante a exposição. Com

isto, objetiva-se mostrar que a compreensão da crítica de Russell ao idealismo pode servir

como um grande facilitador para entender as mudanças de perspectiva pelas quais passou a

filosofia no século XX, em especial, ao que se refere a vertente chamada “filosofia analítica”.

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Palavras-chave: Teoria do conhecimento; Bertrand Russell; Idealismo; Filosofia analítica.

AUTONOMIA DA VONTADE EM HOBBES

HOLANDA, Isabella Oliveira. Universidade de Brasília (UnB). Orientador: Prof. Dr. Erick

Calheiros Lima. E-mail: [email protected]

Esse trabalho mostra a interpretação autônoma acerca da estruturação conferida pela

linguagem no desdobramento político-filosófico do estatuto da vontade como expoente do

estado civil no pensamento de Hobbes. A vontade necessita da linguagem compartilhada entre

agentes e do estatuto da racionalidade estratégico-instrumental para se fazer valer em um

âmbito intersubjetivo, em outras palavras, a vontade demanda uma compreensão dos termos a

serem pactuados entre sujeitos, logo, essa ação é oriunda de uma razão que deseja o bem

individual. É uma ação racional por buscar o bem do agente quando o mesmo se encontra em

uma situação limite: que é a do estado de natureza. Para Hobbes, a razão possibilita a

linguagem; ter razão significa possuir linguagem. Linguagem é, assim, a expressão da

verbalização exterior de pensamentos, ela exprime estados oriundos de ideias da mente. A

cognição é possível sem a linguagem, a experiência mostra algumas formas de conhecimento

aos homens. Porém, sem a linguagem não há acúmulo ou repasse de conhecimento e vivência.

A relação entre falante e ouvinte só pode ser completa quando há entendimento mútuo entre

os dois. O entendimento leva ao consenso. Consenso é a concórdia entre os homens a fim de

perseguirem os mesmos fins; advém da racionalidade e, como tal, é necessário para a paz. A

razão é uma capacidade subjetiva que leva à autoconservação. O objetivo da fala como

exteriorização de pensamentos é o de levar ao entendimento. O consenso pode ser a chave

para a mútua confiança. Vontade é uma paixão consciente, mas necessita da racionalidade. Na

deliberação, estão ajuntados o medo e o apetite, ambos se ligam a alguma expectativa futura

e, nessa mútua alternância, advém a vontade. Sem linguagem, não há expressão da vontade; e

sem racionalidade, a vontade não seria possível, pois esta é fundada na razão, e como tal é

deliberada. Através das palavras de outrem pode-se motivar a vontade de um indivíduo. A

vontade visa sempre a um benefício resgatável no futuro, sempre está ligada a um bem

racional. Uma associação entre homens é voluntária para Hobbes; ela se estabelece de acordo

com a autonomia dos indivíduos, em que cada um desses procura algo o qual lhes proporcione

algum benefício resgatável. Esse bem buscado caracteriza-se por tudo aquilo que cause prazer

à mente e ou aos sentidos. Por meio da razão, a vontade, enquanto autonomia que coordena os

atos para o abandono do estado de natureza, torna-se possível, e a linguagem faz o elo

intermediário da vontade entre sujeitos, em que ambos exprimem aquilo que desejam fazer e

podem chegar a um consenso de que possam viver sob os ditames da razão. Não se sai

sozinho da condição de estado de natureza, mesmo que o indivíduo possua vontade para tal,

ele deve ser abandonado de forma conjunta, ou seja, só pode ocorrer quando muitos o

abandonam, muitos devem possuir vontade para fazê-lo. Linguagem e razão são os alicerces

para que a vontade possa ser exteriorizada. A gênese do Estado se dá pela vontade de vários

indivíduos para pactuarem; o pacto só é possível graças à vontade de se sair do estado de

natureza. A razão organiza a multiplicidade caótica dos desejos ilimitados em uma unidade,

Page 57: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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que é o desejo de se sair do estado de natureza. O bem almejado aqui é a preservação e, como

tal, sendo um bem, é desejado pelos homens, os quais fazem o que podem para alcançá-la.

Palavras-chave: Jusnaturalismo; Vontade; Filosofia da linguagem; Teoria política.

A FILOSOFIA DA LINGUAGEM DE MERLEAU-PONTY

JATOBÁ, Jessyca Eiras. Universidade Estadual Paulista (UNESP/ Marília). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Mariana Cláudia Broens. E-mail: [email protected]

O objetivo desta pesquisa é compreender a concepção de linguagem de Maurice Merleau-

Ponty, ou seja, investigar a natureza e função desta segundo sua filosofia. Tal concepção

torna-se mais clara à luz tanto da crítica merleau-pontyana à linguagem tal como ela é comum

e tradicionalmente concebida – que desemboca em uma teoria algorítmica de linguagem –,

quanto à luz de sua teoria do significado linguístico, que também se dá em contraposição com

a teoria do significado mais tradicional em filosofia, ou seja, a teoria referencial. Assim, em

um primeiro momento encontramos no pensamento de Merleau-Ponty uma reflexão e

demarcação da concepção de linguagem vigente, em um segundo momento a exposição e

reflexão das origens dessa concepção e daquilo que experienciamos como linguagem e num

terceiro momento a explanação de uma concepção alternativa a esta, mais consciente das

limitações da anterior, e, portanto, menos pretenciosa, embora ao mesmo tempo mais ampla,

pois atenta aos próprios limites e ao mundo da experiência. Tal concepção se realiza a partir

das reflexões de Merleau-Ponty acerca da arte, definindo a linguagem como expressão. Para

que esta investigação, portanto, se torne exequível, realizaremos 1) a análise das reflexões de

Merleau-Ponty da concepção tradicional de linguagem, análise essa que passa por sua

reflexão acerca da concepção de linguagem algorítmica, e da teoria referencial do significado;

2) a análise das investigações fenomenológicas de Merleau-Ponty, em que este, voltando ao

plano da experiência, busca encontrar as origens dos conceitos linguísticos e nossa percepção

mais primordial do fenômeno da linguagem; 3) a análise do conceito de estrutura decorrente

da investigação anterior e essencial, segundo o filósofo, para a superação da concepção

referencial de linguagem e a compreensão das unidade das múltiplas manifestações da

linguagem através da história; 4) a análise da relação entre linguagem e arte presente na

filosofia de Merleau-Ponty, visando compreender de que forma sua concepção de arte

fundamenta seus estudos acerca da linguagem, e de que forma também sua concepção de

filosofia fundamenta estes estudos, a fim de chegar a uma análise senão completa, ao menos

satisfatória, da concepção de Linguagem na filosofia de Merleau-Ponty.

Palavras-chave: Linguagem; Signo; Significado; Percepção; Expressão.

Page 58: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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LINGUAGEM E SIGNIFICADO, SIMILARIDADE NO TRACTATUS E NAS

INVESTIGAÇÕES

JESUS, Igor Gonçalves de. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.

Roberto de Almeida Pereira de Barros. E-mail: [email protected]

Este trabalho tem por objetivo esclarecer o que nos aparenta um equívoco, a saber, a tese de

que a Filosofia produzida por Wittgenstein no Tractatus Logico-Philosóphicus é radicalmente

diferente da Filosofia das Investigações Filosóficas. Defenderemos aqui a posição de que a

única diferença radical que há na Filosofia do Tractatus para as Investigações é o fato de que,

em sua única obra publicada em vida, Wittgenstein reflete apenas sobre uma forma de jogo de

linguagem. Enquanto que em sua obra póstuma, o filósofo investiga sobre os jogos de

linguagem. Analisaremos aqui, na própria obra do filósofo, como também em alguns

estudiosos de seu pensamento, a tese da continuidade da Filosofia de Wittgenstein. Partindo

da reflexão de três noções que são fundamentais nas duas grandes obras do filósofo austríaco,

tais noções são Linguagem, Significado e Uso. No Tractatus, está condensada uma Filosofia

que busca delimitar o que pode e o que não pode ser dito. Essa delimitação não ocorre de

forma normativa para toda e qualquer linguagem, o horizonte que Wittgenstein tem em mente,

em sua obra publicada em vida, é uma linguagem epistemológica, ou seja, uma linguagem

própria da ciência. Aqui iremos abordar alguns aspectos tangentes ao nosso tema principal

para clarificar a Filosofia do jovem Wittgenstein. Nas Investigações, há uma ampliação a

análise do filósofo austríaco para a linguagem, agora tem-se em vista os jogos de linguagem.

Nas Investigações, há uma ampliação a análise do filósofo austríaco para a linguagem, agora

tem-se em vista os jogos de linguagem. Sobre tudo, Wittgenstein esboça uma reflexão acerca

das regras que regem os jogos de linguagem, embora o filósofo não nos mostre uma definição

ostensiva do que seriam essas regras, iremos expor aqui como podemos compreender as

regras, e pra que servem, dentro de um jogo de linguagem. Assim, esperamos poder alcançar

o nosso objetivo final, a saber, demonstrar por meio de argumentos claros a perspectiva

teórica de que Wittgenstein não muda a forma de fazer Filosofia do Tractatus para as

Investigações, mas sim houve uma ampliação das reflexões sobre as formas de linguagem.

Palavras-chave: Wittgenstein; Linguagem; Significado; Uso; Jogos de Linguagem.

IMPOSSIBILIDADE DA VERDADE, POSSIBILIDADE DO HOMEM. FILOSOFIA

COMO GÊNERO LITERÁRIO

JUNIOR, Jacson Albernaz. Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E-mail:

[email protected]

Este mundo dito pós-moderno, em que questões como “a verdade existe?” parecem insensatas

e inúteis; em que a construção de grandes metanarrativas na tentativa de acessar estruturas

estáveis do ser para fundar-se em certezas sólidas, não precárias, se parece mais com uma

fábula, o que fazer da vida? Onde encontrar respostas para o agir moral? Qual caminho a

trilhar neste mundo movediço? Alguns são os eventos que contribuíram pra esta querela: a

revolta dos povos ditos primitivos, colonizados, contra seus colonizadores, revelando que os

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ideais destes era só um ideal entre todos; com o avanço das ciências humanas, nascidas no

bojo da positividade do mundo, revelando culturas, relativizando modos de vida; o ápice da

sistematização, cientificização do todo operando a favor do nazi-fascismo, demonstrando a

falibilidade do progresso cientifico para descrever o mundo das ações humanas. Deste

amálgama de situações em que no norte não se apresenta a luz dum caminho a seguir, procuro

um pensador estadunidense, Richardy Rorty, cuja tentativa é trilhar uma possibilidade que

não é mais o dever-ser dum deus ou da razão, mas o vir-a-ser manifestado pelas múltiplas

possibilidades da imaginação. Do texto “Declínio da verdade redentora e ascensão da cultura

literária”, de maneira breve, procuro trabalhar dois conceito, “ verdade redentora” e “cultura

literária”. Verdade redentora: um conjunto de crenças em que se encerraria de uma vez por

todas o processo de reflexão do que fazer com nós mesmos. Cultura literária: o momento atual

em que as possibilidade de redenção em Deus ( religião) ou na Filosofia ( verdade) cairam por

terra, restando elas apenas como tentativas da imaginação. Amarrando estes dois conceitos,

ele procura apontar a possibilidade da Filosofia não como verdade, no sentido estrito do

termo, mas como uma manifestação literária entre todas as outras, cuja tentativa é conceber

respostas para problemas presentes num determinado momento histórico e o problema do

mundo contemporâneo é a realização cada vez maior do espírito de tolerância presente no

ideal do estado democrático.

Palavras-chave: Agir moral; Cultura literária; Verdade redentora.

REPRODUÇÃO ASSISTIDA E ABORTO: A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO NA

TOMADA DE DECISÃO

LEMOS, Caio Victor. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Orientador: Prof. Dr.

Prof. Dr. Leonardo Ribeiro. E-mail: [email protected]

Esta presente comunicação tem como objetivo analisar dois casos que apontam para a

importância do contexto na tomada de decisão. Construindo um quadro teórico a partir da

Ética das Virtudes, podemos dizer que, na medida em que desejamos ser bem sucedidos nos

mais diversos âmbitos de nossas vidas, é fundamental a construção do caráter, que resulta no

constante cultivo e exercícios de determinados traços (coragem, honestidade, justiça, etc.),

uma vez que somente um agente virtuoso – ou seja, que cultiva e exercita ao menos

determinadas virtudes – é capaz de, habitualmente, tomar a decisão correta nas mais

diferentes circunstâncias. Assim, primeiramente, temos um casal homossexual americano,

Sharon Duchesneau e Candy McCullough, ambas surdas desde o nascimento, que optaram

por um doador de sêmen também surdo congênito para a concepção de sua filha, Johanne, e

de seu filho, Gauvin, que nasceram surdos. Em 2002, quando do nascimento de Gauvin,

ambas as decisões se tornaram notórias por via de uma reportagem veiculada no jornal

americano The Washington Post. E em 2009, no interior do estado de Pernambuco, uma

menina, então com nove anos de idade, engravidou de gêmeos após sofrer abusos do padrasto,

preso confesso. Mediante o risco de vida da menina e dos gêmeos e o modo pelo qual se deu a

concepção, a mãe, junto a uma equipe de médicos, decidiu, amparada pela lei, pelo aborto dos

fetos. Em cada uma das histórias elencadas acima, o contexto aparece como o argumento mais

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forte para a tomada de decisão. No primeiro caso, o importante a ser percebido é que, no

interior das comunidades surdas, cujos integrantes são, de modo geral, orgulhosos de sua

condição física, o isolamento comunicativo que existirá em relação ao mundo ‘lá fora’,

independentemente do seu grau, perde importância na medida em que esse grupo de pessoas

possui seu próprio modo de se comunicar – a saber, as línguas de sinais. Dado a percepção

que Sharon e Candy possuem da própria condição física, é natural que desejem que seus

filhos também compartilhem dela, e compartilhem, consequentemente, da mesma experiência

de mundo – à nível perceptual, cognitivo, psicológico, etc. – das pessoas que as cercam.

Quanto ao segundo caso, é bastante plausível considerar que as circunstâncias são graves e

que, mesmo sendo realizado o aborto, como foi o caso, já seriam suficientemente danosas,

psicológica e fisicamente; e que, caso a gravidez fosse levada adiante, seriam

consideravelmente agravadas, incluindo aí o risco de morte. Como agiria então um agente

virtuoso em cada um dessas circunstâncias? Seriam essas decisões condizentes com os

contextos nos quais se deram? Seriam, de fato, as escolhas corretas?

Palavras-chave: Surdez; Aborto; Virtude; Contexto.

UM OLHAR SOBRE AS IMAGENS: A AÇÃO DISCURSIVA DO ESPECTADOR

COMUM

LIMA, Manoela Ferreira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Orientador:

Eduardo Pellejero. E-mail: [email protected]

O presente trabalho caminha pelo mundo de imagens e de transformações. Mostrando a

importância do espectador comum diante de uma obra pictórica. Um olhar do espectador

sobre as pinturas. Sua reação quando se depara com uma obra, as perguntas que surgem

quando refletem se são capazes de fazer uma leitura. Algumas pessoas entendem a arte como

objeto de contemplação, outros ouvem sua voz, e há aqueles que silenciam. E acabam por

pensar que, quem faz essas leituras são os críticos de arte, filósofos e até mesmo os próprios

artistas. Ou seja, assumem uma posição de mero receptor das imagens. A questão é: o que

será que arte pode dizer aos espectadores comuns que se arriscam a questioná-la? Esse é um

caminho que nos leva também a outras questões, como: Será que qualquer pessoa pode fazer

leitura de uma pintura? Como nos relacionamos com as imagens? Qual o poder que as

imagens têm sobre nossas vidas? Por que a pintura é capaz de nos fazer contar uma história?

E quando ficamos inquietos diante de algumas obras, nos perguntando o que leva o Homem a

pintar, a fazer arte? O que a arte faz conosco? Por que temos a necessidade de produzir?

Questões como essas nos levam a uma viagem no tempo, indo desde os Homens das cavernas

até nossos dias, mostrando tanto semelhanças, quanto diferenças, nos deixando ao mesmo

tempo próximos e distantes. Nesse estudo, veremos a importância de pensar essas questões

estéticas que são também fontes de conhecimento. Por isso, refletiremos ainda sobre o

silêncio que muitas vezes está presente quando contemplamos uma obra, porque, embora não

pareça, esse silêncio é passageiro, sendo apenas uma questão de tempo. Para o

desenvolvimento do trabalho, dialogaremos com as ideias de alguns filósofos, críticos de arte

Page 61: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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e pintores, tais como, Van Gogh, Shitão, Alberto Manguel, John Berger, Merleau-Ponty,

Heidegger, Rancière, entre outro.

Palavras-chave: Imagens; Pintor; Narrativa; Espectador.

INTUIÇÃO: UMA PROPOSTA BERGSONIANA DE ESTAR NA EDUCAÇÃO

LIMA, Renata Morais. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Orientador: Prof.

Dr.Tarcísio Jorge Santos Pinto. E-mail: [email protected]

O objetivo deste texto é colocar em discussão algumas questões que surgiram no Grupo de

Pesquisa Bergson e Educação. A educação proposta pelos moldes da Modernidade privilegia

uma atividade voltada apenas para o desenvolvimento intelectual? Conhecemos apenas pela

inteligência? Intuição é uma maneira de conhecer? Inteligência e intuição como formas

distintas de aprendizagem? É possível fazer nascer em nossas escolas uma maneira intuitiva

de conhecer? O contato com as bibliografias do filósofo francês Henri Bergson, nos trouxe

conceitos como duração, inteligência e intuição para pensarmos a vida, a escola e o modelo

moderno de educação que ainda persiste em nossos sistemas educacionais. Este filósofo faz

uma crítica radical à proposta da Modernidade de se pensar a vida de maneira linear. Nossa

intenção com este trabalho é de divulgarmos as questões que este pensador contemporâneo

tem feito nascer em nosso grupo de estudo. Como por exemplo, sua proposta acerca da

intuição como um método rigoroso para o conhecimento. Seria possível pensarmos numa

proposta de estar com os alunos, de uma forma outra, a partir deste método? Quem sabe, em

companhia deles, enxergando-os, por assim dizer, por meio de um olhar mais intuitivo

teríamos um encontro diferente com aqueles alunos chamados indisciplinados? Será que esse

olhar mais intuitivo provocariam os alunos e os professores para uma outra maneira de

perceber o que lhes cerca, de estar com seus colegas e conteúdos escolares? Desde que se

dedicou ao estudo do entendimento humano, Bergson, percebeu que a linguagem é um

artifício de nossa inteligência. Esta tende a uma interpretação homogênea da realidade,

entende os objetos diferentes, como de mesma natureza e acabamos por congelá-los. Ela, a

inteligência, não percebe a realidade como um constante movimento, se fazendo como

verdadeiro fluxo, como devir, e utiliza o símbolo como ferramenta para comunicar o que

percebe. A proposta bergsoniana de valorizarmos a intuição tem como objetivo de nos religar

à vida, sermos capazes de percebê-la como multiplicidade, heterogeneidade.

Palavras-chave: Inteligência; Intuição; Duração; Bergson.

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A PERCEPÇÃO CORPÓREA NA FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL DE

MERLEU-PONTY

LOBATO, Lílian Gabriela Rodrigues. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). E-mail:

[email protected]

Tradicionalmente, prevaleceu ao longo da história da filosofia o distanciamento entre as

noções de essência/existência, sujeito/objeto, corpo/alma, mundo/consciência,

sensível/inteligível, que provocam a oposição entre o pensado e o vivido e reduzem o ser ao

saber. Esse pensamento intelectualista levou a uma concepção de filosofia que não reflete

sobre os problemas que mais afligem e inquietam o ser humano, gerando uma visão

equivocada e academicista que conduz a impossibilidade do pensamento filosófico de

dialogar com o mundo cotidiano. Diante disso, torna-se urgente e necessário a compreensão

da proposta fenomenológica do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty que permite que a

investigação filosófica se mantenha em constante movimento, não se limitando a sistemas

pretensamente definitivos que almejam a superação da contingência do que é apreendido pelo

corpo. Segundo ele, o método fenomenológico cria condições para que a filosofia possa ser

compreendida como um incessante recomeçar, valorizando a existência humana como forma

de acesso a essência dos fenômenos. Assim, a percepção corpórea retoma a sua importância

na construção do conhecimento filosófico e cientifico, pois é somente a partir do corpo, da

experiência sensível que é possível estar e ter um mundo, o que impulsiona o homem a

pensar, indagar e buscar respostas para os paradoxos da sua condição. A fenomenologia

existencial de Merleau-Ponty revela infinitas possibilidades às vivencias humanas, além de

contribuir para a discussão em torno de um pensamento filosófico que valorize a condição

corpórea e sensível do ser humano, estreitando diálogo com a arte, ciência e outros saberes da

cultura. Desse modo, o presente trabalho pretende evidenciar a importância do corpo na

compreensão da filosofia como um fluxo no qual os aspectos intelectuais e sensíveis afetam-

se mutuamente, e demonstrando que a partir da afirmação corpórea é possível não apenas uma

nova concepção de filosofia, mas a instauração de novos modos de ser no mundo. Para atingir

tal objetivo, será discutido a problemática das prisões conceituais, a crítica à tradição

intelectualista e ao falso objetivismo das ciências, bem como pretende-se articular conceitos

entre o método de investigação fenomenológico e a corrente existencialista, através da

reaproximação dos conceitos de essência e existência e da análise da relação entre corpo e

liberdade; contemplando a argumentação sobre a impossibilidade de se pensar a relação do ser

no mundo sem considerar a historicidade, facticidade e a liberdade, e revelando a necessidade

do ser humano de projetar sentido a própria existência, partindo do corpo como expressão,

exemplificando a percepção corpórea como sensibilidade estética nas pinturas de Cézanne e

apresentando a atividade do artista como necessidade de expressão e resposta a existência,

demonstrando portanto, como a filosofia e a arte repousam sobre o mesmo fundamento:

surpreender-se e espantar-se continuamente com os fenômenos que atapetem os sentidos e

(re)descobrir novas formas de olhar e se relacionar com o mundo.

Palavras-chave: Fenomenologia; Corpo; Arte; Percepção.

Page 63: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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REFLEXÕES ACERCA DO MÉTODO DA EPISTEME HISTÓRICA HEGELIANA

EM A RAZÃO NA HISTÓRIA E SUA CONOTAÇÃO PARA COM O PESQUISADOR

LUZ, Matheus Phelipe Mamede Lopes da. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-

mail: [email protected]

Este artigo propõe uma indagação acerca dos conteúdos que se expandem através do

pensamento de episteme referente ao estudo de História do filósofo alemão, Georg Wilhelm

Friedrich Hegel, pensamento este retratado no excerto Os Três Métodos de Escrever a

História em seu livro A Razão na História, após a proposição e consequente indagação deste

pensamento, mediante as induções postas em questão por conhecimentos anteriores como

Aristóteles de Estagira e ulteriores ao tempo de Hegel, como Reinhart Koselleck, é de

fundamental importância o corroborar ao estimulo de reflexões assentadas no lócus hegeliano,

pois, Hegel foi um dos primeiros pensadores de sua época a se preocupar claramente com o

pensamento da “modernidade”, e a partir desse interesse fundamentar análises de cunho

filosófico e a posteriori delimitar métodos que tinham por função além de auxiliar o

entendimento da teoria, “facilitar” o estudo dos cientistas que trabalhariam com o tema, mas,

Hegel ficou conhecido por sua linguagem extremamente reflexiva que causa diretamente

análises dos mais diversos cunhos e resultados, o que é permitido pelo alto nível de abstração

de suas obras, e sua dialética que fundamenta pensamentos até os dias atuais. A

fundamentação dessa indagação se baseará em uma breve análise de distintas Teorias da

História que permearam os estudos históricos e com isso acabou por basear o pensamento do

historiador ao longo dos séculos em contra ponto a doxa que se estabelecia em grande parte

das sociedades, e com isso, tem se por destaque a instabilidade da práxis do historiador, pois,

as variáveis que acabam por fundamenta-lo são diversas, e com isso, Hegel corrobora com a

diversidade de escritos e divide em três seus métodos sobre a escrita da história. O objeto de

análise será focalizado principalmente através do pensamento contido no excerto Os Três

Métodos de Escrever a História na obra A Razão na História de Georg Wilhelm Friedrich

Hegel.

Palavras-chave: Hegel; Episteme; Historiografia.

UM RESGATE AO HOMEM E A NATUREZA EM LUDWIG FEUERBACH

MACHADO, Luís Guilherme Stender. Universidade Federal do Ceará (UFC). Orientador:

Prof. Dr. Eduardo Ferreira Chagas. E-mail: [email protected]

Nas principais e mais conhecidas religiões, desde os tempos mais longínquos, nota-se um

apreço pelo desconhecido; há uma valorização pelo metafisico em detrimento do físico. Seja

pela criação de um deus persona (como no caso do judaísmo e do cristianismo), seja pela

criação de deuses naturais (que viriam a explicar o próprio mundo a partir da concepção

cosmológica como nas religiões primitivas), há sempre um valor exacerbado pela explicação

antinatural, como se o mundo não se explicasse naturalmente. O homem não se sente capaz de

dar explicações satisfatórias aos problemas do mundo e esse é um dos motivos para criação de

tantas religiões e como alguns problemas estão territorialmente delimitados, temos uma

Page 64: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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diversidade delas.Dentro do caso judaico-cristão pode-se notar uma valorização de Deus em

relação ao homem, a tradição teológica toma o homem como o oposto de Deus, a partir do

momento em que trata o homem como limitado, imperfeito, concupiscente, etc. e seu deus

como onipresente, onisciente e onipotente, perfeito, eterno e criador de tudo.A partir deste

trabalho, tenho como proposta tratar, à visão de Ludwig Feuerbach, essa desvalorização do

homem em relação ao deus cristão, tendo em vista a máxima feuerbachiana que diz que

“teologia é antropologia” e que o homem cria seu deus a sua própria imagem e semelhança e

não o contrario. Há ainda uma ideia de um resgate do homem, uma valorização do natural

diante do antinatural, do material diante do especulativo, do real diante do imaginário.

Portanto, mostrando (a partir do pensamento de Ludwig Feuerbach) como o homem cria um

Deus universal e externo com a própria essência humana e a teologia faz uma inversão dessa

relação tornando o homem totalmente inferior à sua criação, proponho um resgate do homem

natural e da natureza física em geral, mostrando o gênero humano como ilimitado e

explicitando suas virtudes e potencialidades essenciais.

Palavras-chave: Antropologia; Natureza; Teologia; Cristianismo.

O POSITIVISMO LÓGICO NA FILOSOFIA ANALÍTICA: A CRISE DA REJEIÇÃO

METAFÍSICA

MAGALHÃES, Marcelo Marconato. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-

mail: [email protected]

O positivismo lógico propugnou, em suas teses mais emblemáticas, a desconsideração e

eliminação de toda e qualquer metafísica do pensamento filosófico formal. Neste contexto de

extirpação das teses metafísicas, há destaque para o Círculo de Viena, fundado por Moritz

Schlick e constituído por filósofos e lógicos austríacos e alemães, como Carnap,

Reichenbahch e Wittgenstein. O Círculo de Viena proclamou suas teses no manifesto

"Concepção científica do mundo". Após a II Guerra Mundial, as doutrinas do positivismo

lógico eram cada vez mais atacadas por pensadores como Willard Van Orman Quine, Karl

Popper, Thomas Kuhn, Peter Strawson e Hilary Putnam, chegando a sua total decadência por

volta dos anos sessenta. O presente trabalho propugna-se a analisar a derrocada e o criticismo

que se abateram sobre o Positivismo Lógico.

Palavras-chave: Positivismo Lógico; Círculo de Viena.

‘O RINOCERONTE’, DE EUGÈNE IONESCO E O RESGATE DA COLETIVIDADE

MAGDALENO, Danieli Gervazio. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Portich. Bolsista da FAPESP. E-mail:

[email protected]

O objetivo da pesquisa é, mediante a análise da peça O rinoceronte, de Eugène Ionesco,

compreender o chamado Teatro do Absurdo, recurso estilístico adotado por alguns

dramaturgos após a crise formal do drama, que desde fins do século XIX acarretou o

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rompimento com as unidades de ação, tempo e totalidade que pretensamente definiam a peça

bem-feita. As peças que compunham esse estilo buscavam mostrar características da

existência humana ainda não exploradas pelo gênero dramático e visavam causar determinado

impacto no espectador, para que assim tomasse consciência sobre si mesmo. O Teatro do

Absurdo busca superar a integração entre a forma e o conteúdo das peças, ou seja, faz com

que os personagens não reflitam pensamentos racionalmente formulados, desta forma, a

dinâmica passa a deixar o público frente a frente com uma nova percepção da realidade, que,

nesse momento, tende a uma aproximação com a filosofia existencialista. Em peças do final

do século XIX, constata-se um isolamento dos personagens em sua própria interioridade,

segundo alguns críticos de teoria estética isso constitui uma crise no drama por romper com

um modelo estabelecido: o gênero dramático constituído desde a antiguidade, sobretudo

porque após o isolamento em sua própria interioridade o homem se tornou passivo, sendo

assim o meio coletivo se tornou um problema já que não havia mais a ação. A peça O

rinoceronte ganha importância por buscar intensidade no que diz respeito ao aumento

gradativo das crises psicológicas que, acabam por gerar conflitos entre os personagens; em

três atos, somos levados do corriqueiro e cotidiano ao extraordinário, ao mostrar uma cidade

com cidadãos normais, com suas rotinas normais até que as pessoas começam a sofrer

transformações. Assim, o dramaturgo insere-os em uma nova coletividade, que graças a

situação a qual estavam inseridos, possibilitou aos personagens estarem em conjunto

novamente e serem representados em chave dramática.

Palavras-chave: Teatro do Absurdo; Ionesco; Existencialismo.

O TEATRO DO IMPOSSÍVEL: GEORGES BATAILLE E A TRANSGRESSÃO EM

EROS

MAIA, Brunno Almeida. Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Bolsista FAP (FAP

Fundação Apoio Unifesp). E-mail: [email protected]

Teatro do Impossível - título provisório desta pesquisa - sugere ao longo do tempo histórico o

desfilar de uma personagem (Eros) que, por conta da necessidade e força de resistência à

história do pensamento apolíneo, tomou para si uma mutabilidade de sua performance em

cena. Suas diversas posturas, máscaras, maquiagens, entonações, redobramentos e retrações,

transformaram-se ao longo da cena da arte ocidental, na tentativa de promover uma cultura do

inteiramente Outro. A palavra teatro não supõe uma História feita para ser assistida - o que

soaria estranho tanto para o teatro contemporâneo, como para as atuais teorias da análise

histórica -, mas metaforiza a capacidade desta cena em promover um silêncio asfixiante e as

paixões desordenadas, ao lado dos acontecimentos agonizantes, como em uma espécie de

combate, de imanência do trágico. O corpo que “assiste”, é também, o corpo que conduz.

Impossível, aparece como uma infinitude discursiva e imagética em que se apoiam as

características desta persona, ou ainda, a impossibilidade de dizê-las com os meios de nossa

cultura. Partindo dos livros História do Olho e O Erotismo de Georges Bataille, este estudo é

uma tentativa de incursão ao entendimento contemporâneo do erotismo como possibilidade de

transgressão e profanação. Para o autor francês, o conceito de erótico, associado ao da

Page 66: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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“pequena morte” (potência de morte) pode, também, ser lido como uma genealogia da relação

entre moral e o erotismo no Ocidente. Propondo um estudo polissêmico, literário e

iconográfico destas potencialidades e partindo de dois artistas contemporâneos, René Magritte

e Maria Martins, o estudo aborda, ainda, a crítica à ontologia tradicional da filosofia, feita por

Nietzsche, Foucault e Heidegger e os seus desdobramentos na impossibilidade de se evocar

um lugar no espaço da representação do homem. Passado 52 anos do estudo de Bataille, a

problemática que se coloca: em qual lugar da diferença ressoam estas transgressões abjetas

como potencialidade de ir além de si? Seria a possibilidade de escritura da história do

Ocidente concomitante com um “desaparecimento” do erótico como ação obscena?

Palavras-chave: Representação; Similitude; Corpo; Erotismo; Transgressão.

TEORIA DAS PULSÕES EM FREUD

MAIA, Gabriela Domingues Caetano Soares. Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP). Orientador: Prof. Dr. Marcos Nobre. E-mail: [email protected]

O trabalho se propôs a analisar as consequências da Pulsão Sexual após o tournant de 1920 na

teoria psicanalítica. Freud apresenta sua teoria sexual e desenvolve o conceito de sexualidade

em seu texto Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905). Tal estudo surgiu a partir da

observação clínica em que se pode notar uma relação causal entre os fatores sexuais e a

formação das psiconeuroses. Esse estudo é fundamental para entendermos a evolução da

libido. Aprofundando a temática central da sexualidade na psicanálise, temos em 1915 a

publicação do texto As Pulsões e seus Destinos que conferirá à pulsão sexual um papel de

destaque na vida psíquica do ser humano. Aqui, Freud entende que a atividade psíquica sob o

domínio do Princípio do Prazer atua ao lado do Princípio de Realidade, sendo este uma

espécie de regulador da vida psíquica. Porém, é em Além do Princípio do Prazer, de 1920,

que Freud irá revolucionar sua teoria ao introduzir a Pulsão de Morte na constelação de sua

teoria. Ao observar em pacientes que sofriam de neurose traumática a reincidência de sonhos

cujo conteúdo remetiam à origem do trauma, a hipótese de que todo sonho era a realização de

um desejo abria brechas para exceção. O que estava em jogo era justamente a repetição do

trauma, não o possível e prazeroso momento de cura. Desta maneira, a compulsão por

repetição se mostra ainda mais forte – e até mesmo anterior – ao Princípio de Prazer. E é pela

repetição que Freud é conduzido à especular sobre a Pulsão de Morte, que busca regredir a um

estado inorgânico anterior à vida, isto é, busca repetir o estado anterior ao próprio nascimento.

Nesse contexto, as pulsões de autoconservação serão vistas como uma tentativa de

manutenção da vida e serão, então, unidas às pulsões sexuais sob a rubrica de Pulsões de Vida

(Eros), que vão se opor às Pulsões de Morte (Thanatos), manifestadas nas formas da

agressividade e destruição. Há, assim, uma tendência a ligação (Pulsão de Vida) e uma

tendência a separação (Pulsão de Morte). Dessa maneira, o trabalho se dedica a análise

filosófica da construção conceitual de Freud do conceito de pulsão, mais especificamente, a

situação conceitual da antiga Pulsão Sexual após a introdução da Pulsão de Morte.

Palavras-chave: Psicanálise; Teoria das pulsões; Libido.

Page 67: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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FILOSOFIA DA VIDA E FILOSOFIA DA MORTE: DIRECIONAMENTO DA VIDA

BEATA

MAIA, Leila Maria Neves. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Dr.

Agostinho de Freitas Meirelles. E-mail: [email protected]

No presente trabalho pretendemos estabelecer um paralelo entre as concepções de Vida Beata

dos filósofos Lúcio Aneu Sêneca e Baruch de Espinosa, apresentando uma interpretação sob a

lógica da filosofia de Espinosa para o posicionamento de Sêneca. Apresentamos por meio de

aproximações das duas filosofias pontos que demonstram a diferença no direcionamento da

vida e nas formas de equilíbrio de espírito do homem devido à variação das paixões. O

trabalho está disposto em três etapas, sendo estas: uma breve análise da concepção de Vida

Beata em Sêneca, e a influência do pensamento sobre morte na relação do homem com suas

paixões; em segundo lugar abordaremos os mesmos pontos citados anteriormente, entretanto

referentes à filosofia de Espinosa e, por fim, apresentamos uma análise da concepção de Vida

Beata concebida por Sêneca de acordo com o posicionamento espinosano acerca da temática.

Objetivamos com esse trabalho apresentar a recepção de Espinosa para o estoicismo de

Sêneca no que diz respeito à conduta ética, principalmente o direcionamento que o homem

descrito no ideal de Vida Beata escolhe perpassando a reflexão sobre a finitude da vida. O

trabalho pretende contribuir para a discussão da presença do pensamento sobre a morte na

reflexão acerca do direcionamento das paixões. As obras utilizadas para pesquisa foram a

Ética de Espinosa; Consolação a minha mãe Hélvia, Da tranquilidade da alma e Sobre a

brevidade da vida de Sêneca e comentadores de ambos os filósofos.

Palavras-chave: Vida Beata; Sêneca; Espinosa; Morte.

ANTES DO CONTRATO: O SUJEITO E SUA MORAL

MARCOS, Claudio Henrique. Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ). Orientador:

Prof. Dr. Luiz Paulo Rouanet. Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]

O célebre pensador norte-americano John Rawls (1927-2002) destaca-se como um dos

maiores teóricos da democracia liberal contemporânea, sua inegável importância para a

política e o direito se faz notar na intensidade e recorrência com que seu trabalho é revisitado.

Rawls retoma o problema contratualista influenciado, principalmente, pelos escritos de Kant,

e constrói uma teoria fundamentada em uma dupla concepção do principio de liberdade e da

igualdade. O que cabe a esta pesquisa, entretanto, é investigar a possibilidade de um contrato

moral, pressuposto pelo contrato político descrito. Tendo em vista a prioridade do justo sobre

o bem que caracteriza a teoria, não esperamos aqui uma dissociação entre os contratos; não

obstante, será de grande proveito mostrar se e de que forma o contrato político atua também

como um contrato moral. A justiça como equidade é recorrentemente apresentada pelo autor

como uma teoria dos nossos sentimentos morais: ela tem como propósito, apresentar os

princípios de justiça que mais se articulam com nosso senso de justiça, expresso por juízos

ponderados, em busca de um equilíbrio reflexivo. Isso significa que a teoria, de um modo

Page 68: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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geral, considera as convicções anteriores das partes envolvidas, pressupondo uma capacidade

racional para engendrar um senso de justiça. Certamente, será de crucial importância a análise

da concepção de senso de justiça, com o intuito de sabermos se os indivíduos, possuindo esta

capacidade, estariam suficientemente preparados para ponderar sobre os princípios de justiça

apresentados na situação original sem que antes estivessem sob a vigência de um contrato

moral. Concentro-me também, no aprofundamento das questões relativas aos sentimentos

morais e suas correspondentes disposições naturais, buscando pela situação moral do sujeito

antecedente ao contrato político. Ainda que o justo se sobreponha, a teoria não desconsidera

as concepções de bem de cada sujeito, o esclarecimento dessa questão pode ter importante

papel na busca da concepção de sujeito que antecede a situação original. Apesar de Rawls

afirmar que o momento hipotético da situação original equivale ao estado de natureza nas

teorias contratualistas tradicionais, é imprescindível termos em mente que todas as partes

contratantes são tomadas como sujeitos morais. Utilizamos como principal referencia a obra

Uma Teoria da Justiça, porém recorremos a outras obras do autor e a comentadores, segundo

a necessidade de argumentação.

Palavras-chave: Contratualismo; Sentimentos Morais; Senso de Justiça.

LOCKE E O ARGUMENTO DO ESPECTRO INVERTIDO

MARINHO, Mirtes Ingred Tavares. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Orientadora: Juliana Orione. E-mail: [email protected]

Estar subjetivamente submetido a uma experiência é uma característica fenomênica.

Concentrar sua atenção nessa característica de sua experiência te conscientizará de certas

qualidades que por sua vez são denominados qualia. Frequentemente os filósofos da mente

usam o termo “qualia” para se referir a características fenomenológicas de estados mentais, e

essa questão encontra-se no centro do problema mente-corpo. Segundo John Heil, a

experiência de cada sujeito é privada e o nosso mundo mental compreende experiências

conscientes como os sabores que sentimos e os sons que ouvimos, de modo que, de um ponto

de vista objetivo, não podemos observar nenhuma qualidade da experiência consciente de um

sujeito. O presente trabalho tem como objetivo pensar na inversão dos qualia como um

experimento de pensamento a partir da proposta de Locke no seu célebre argumento do

Espectro Invertido. Para John Locke está além de nossa compreensão saber, por exemplo, se o

conceito ou ideia produzida na mente de um homem quando ele enxerga determinada cor é o

mesmo conceito ou ideia produzida na mente de outro homem quando ele enxerga esta

mesma cor, pois os órgãos sensoriais de uma pessoa poderiam diferir de outra pessoa e o

vocabulário das cores de ambas as pessoas também poderia ser inverso. O homem é

dependente das ideias de sua mente às quais pode nomear da maneira que achar mais

adequada. Locke analisa as ideias como sendo percepções de nossa mente e que podem em si

ser verdadeiras ou falsas, sendo assim, não podemos conhecer a mente de terceiros, não se

pode entender as imagens produzidas na mente de outra pessoa.

Palavras-chave: Qualia; Estados Mentais; Espectro Invertido.

Page 69: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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A RELAÇÃO ENTRE AS PAIXÕES DA ALMA E AS ATIVIDADES DO CORPO: UM

ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA CARTESIANA

MARQUES, Luana Camila. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Orientador:

Prof. Dr. Marcos Antonio Alves. Bolsista da Fundação Araucária. E-mail:

[email protected]

Apresentamos a proposta cartesiana exposta em sua obra As Paixões da Alma, a respeito da

natureza das paixões da alma e sua relação com o corpo. Nesta obra, Descartes pretende,

dentre outras coisas, delimitar a diferença entre o corpo e a mente, vontade e paixão. Realiza

uma descrição fisiológica do funcionamento do corpo humano, no intuito de mostrar como as

paixões são produzidas pelos “espíritos animais” e como a alma pode influir no controle do

corpo sem confundir-se com este. Para conhecer as paixões da alma, é necessário separar

aquilo que pertence à alma daquilo que pertence ao corpo; esse é o melhor meio para chegar

ao conhecimento de nossas paixões, para saber a qual dos dois deve imputar cada uma das

funções existentes em nós. Aquilo que vem pelos sentidos, pode-se atribuir ao corpo; aquilo

que não imaginamos pertencer ao corpo deve atribuir à alma. O pensamento, por exemplo, é

algo próprio da alma, enquanto o calor é tido como algo que dá movimento aos corpos. A

alma, portanto, não dá movimento aos corpos; temos apenas a impressão que todos os

movimentos do corpo estão sujeitos à alma, uma vez que a alma não pode mover um corpo

frio; já um corpo vivo pode mover os músculos por meios dos nervos que partem do cérebro e

são estimulados por “espíritos animais” neles contido. Os espíritos animais são elementos do

nosso sangue, são filetes que estão presentes na corrente sanguínea de nosso corpo, que

chegam ao cérebro; contribuem para os movimentos e os sentidos, através dos nervos

movimentam os músculos de diversas maneiras. Os órgãos dos sentidos estimulam os nervos

que, por sua vez, transmitem esse estímulo ao cérebro que atingem diretamente, tanto a alma

quanto os músculos. Todos os membros são movidos pelos objetos dos sentidos e pelos

espíritos sem o auxílio da alma. À alma cabe apenas os pensamentos, que são de duas

espécies: uns são ações da alma e outros são paixões da alma. Por ações da alma, Descartes

entende todas as nossas vontades que podem ser realizadas apenas pela alma, quando esta

deseja refletir sobre uma ideia abstrata, ou pelo corpo, como, por exemplo, quando se quer

passear e se põe as pernas a caminhar. Por paixões da alma, são todas as espécies de

percepções ou conhecimento existentes em nós; as percepções que são causadas pela alma

estão ligadas às vontades, à imaginação e aos pensamentos. As percepções que relacionamos

com o corpo são aquelas que sentimos como sendo dos nossos membros, tais como a fome,

sede, dor, calor. As percepções exclusivas da alma são aqueles sentimentos que não se

conhece nenhuma causa remota, como alegria, ira, cólera, que são estimulados em nós pelos

objetos que movem nossos nervos, e outras vezes também por outras causas.

Palavras-chave: Paixões da alma; Ações; Relação mente e corpo.

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O AMOR É A REPARAÇÃO PARA O PESO DA ANGÚSTIA

MARQUIORI, Cleide Rosana. Universidade Estadual de Londrina (UEL). E-mail:

[email protected]

O amor é obediente e não se entrega a curiosidades ou tentações, mas se fortalece e, portanto,

tem o poder de cobrir a multidão dos pecados; mesmo vendo e ouvindo o que não deseja ver e

ouvir, ele cobre tudo ao se calar e propagar de forma concisa, oferecendo o perdão. Segundo o

filósofo Kierkegaard, que menciona em “As Obras do Amor”, tal sentimento está presente no

homem antes da angústia. O amor é um dever consciente que foi determinado por Deus, o

amor edifica, purifica, frutifica, tudo crê sem se iludir. Podemos averiguar que é quase em

estado de resiliência, que o homem consegue ampliar a habilidade de persistir nos momentos

difíceis, fazendo-se forte e cheio de esperança; ele passa do estágio de lamento e dor para o de

reparação. Deus criou o homem para viver ao seu bel–prazer no paraíso, um local sagrado

contendo tudo que fosse necessário para uma vida harmônica e feliz. Eva foi tentada pela

serpente a comer a maçã, o único fruto que Deus impôs como regra e limite, Adão, ao

experimentar a maçã, prova o gosto que, apesar de bom no primeiro momento, torna-se

amargo quando se conscientiza que descumpriu a ordem divina, e assim surge a angústia.

Desta forma, a angústia é o resultado do primeiro pecado no mundo, uma inocente e curiosa

mordida que leva o homem a desobedecer a Deus. O peso do sofrimento se mostra quando

Adão se arrepende, mas isso não abate o pecado cometido, apenas arrasta para sua existência

uma enorme culpa que o enlouquece e aterroriza, repassando a todos os demais homens.

Porém, o amor é de fato a outra parte do homem, já que para o filósofo Kierkegaard, a

angústia depõe contra o homem, e o amor, a favor do homem, dentro do conceito de angústia

em Kierkegaard, vive um homem com sentimentos de culpa e tristeza; estes sentimentos estão

impregnados dentro de seu espírito e são as sobras da inquietude por quebrar a confiança o ser

divino. Mas se o paraíso foi ultrapassado com o rompimento de Adão ao comer a maçã, isso

também lhe trouxe a sua consciência de razão, de seus sentimentos, de suas vontades e

escolhas, agora o homem expressa e vive as questões do seu intimo, incluindo o amor que

explica tais situações em que os homens conseguem superar e cobrir a multidão dos pecados,

pois assim consegue ter condições para enfrentar a dor e a tristeza. E por maior que sejam as

dificuldades e o gosto amargo das perturbações, o amor supera e produz frutos doces. “Ai do

homem por quem o escândalo chega; feliz daquele que ama, e que, recusando-se a fornecer

ocasião, cobre a multidão dos pecados!” (Kierkegaard, 2005, p.337).

Palavras-chave: Amor; Reparação; Pecado; Angústia; Culpa.

POPPER E NEURATH: SOBRE O DEBATE ACERCA DO MÉTODO CIENTÍFICO

MARTINS, Daniel Torres. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr. Caetano

Ernesto Plastino. Bolsista do PET/USP. E-mail: [email protected]

Visa-se neste trabalho apresentar o confronto de duas imagens de ciência a respeito do

método científico. Usando-se paralelamente o Logik der Forschung de Popper e sua resenha

crítica escrita por Neurath, o Pseudorationalismus der Falsifikation, buscar-se-á articular os

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conceitos em questão buscando uma avaliação racional da natureza de tal debate. Se, por um

lado, como veremos, Popper elege o falsificacionismo como peça fundamental de sua imagem

dedutiva de ciência, por outro lado, veremos que em Neurath, sua busca consiste em

caracterizar a natureza da ciência não como um sistema dedutivo, mas como uma versão mais

enfraquecida, baseada em enciclopédias-modelo cuja massa de enunciados teóricos só em

parte se conecta sistematicamente em uma relação necessária e dedutiva.

Palavras-chave: Neurath; Popper; Imagem de Ciência.

O PROBLEMA DOS ASPECTOS SUBJETIVOS DO MENTAL: SOBRE OS

ARGUMENTOS DE THOMAS NAGEL

MASCENA, Clara Rocha. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Orientadora: Juliana de Orione Arraes Fagundes. E-mail: [email protected]

A tentativa de explicar a relação mente e corpo se constitui como um objetivo de fundamental

importância para os filósofos da mente. Ligado a esse problema está a questão dos 'qualia',

denominação para as qualidades subjetivas compreendidas a partir das experiências mentais

conscientes, sendo o elo entre as percepções subjetivas e o aparato físico-corporéo do sujeito.

Thomas Nagel no artigo “Como é ser um morcego” se empenha na tentativa de tornar mais

compreensível o problema dos 'qualia', ao ponto que estabelece uma crítica ao caráter

reducionista adotado pelos filósofos fisicalistas. Na concepção fisicalista de mente, os

processos mentais são reduzidos a instâncias físico-corpóreas. Desse modo, Nagel

compreende que os fisicalistas estariam deixando de lado a tentativa de explicar os fenômenos

propriamente mentais. Com o presente trabalho, pretendemos expor o pensamento de Nagel a

respeito da possibilidade da compreensão do caráter subjetivo e objetivo da experiência,

articulando-o com a tese que afirma a impossibilidade de conhecer a experiência do outro,

ainda que por procedimentos de ordem científica. O autor é categórico em afirmar que somos

incapazes de experimentar, por exemplo, a sensação de percepção dos morcegos. Para Nagel

existe uma clara diferença entre o sujeito imaginar ser/se comportar como um morcego e de

fato saber como é ser um morcego. O exemplo do morcego ilustra a impossibilidade de

conhecer os estados mentais de qualquer outro organismo.

Palavras-chave: Mente; Qualia; Thomas Nagel.

DA SOCIEDADE A DESIGUALDADE: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DE

ROUSSEAU

MATOS, Diogo Luiz Souza de; SANTOS, Marlon Vaz dos. Universidade do Estado do

Amapá (UEAP). Orientador: Ione Vilhena Cabral. E-mail: [email protected]

A desigualdade entre os homens é visível durante toda a história da humanidade, apesar dela

ficar mais evidente na modernidade humana. Porém vale ressaltar que essa fase da

desigualdade é o que chamamos desigualdade física ou política, assim ja citado por Rousseau,

Page 72: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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que surge justamente quando os homens iniciam o seu período de organização social. A

desigualdade antecessora desta, é definida como fator natural ou físico, que é gerada pelo

próprio homem em si, mas é uma forma de divisão entre os mais favorecidos fisicamente e

intelectualmente e os que não tiveram tanta “sorte”. O que se pode observar é que a

desigualdade surge no nascimento do homem e o acompanha por toda a sua vida, podendo ser

maior e mais visível em determinadas sociedades. Assim, Rousseau em m sua obra “Discurso

sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, faz uma análise

justamente do que origina essa desigualdade e como ela vem crescendo com o passar do

tempo. Portanto, o objetivo desse artigo é analisar o discurso de Rousseau, bem como, a

influência de Thomas Hobbes e Aristóteles, além de outras fontes no sentido de dialogar sobre

como e porquê a formação da sociedade e o crescimento da mesma contribuem tão

radicalmente para a evolução da desigualdade entre os homens. Uma vez que, segundo,

Rousseau a evolução é a causadora desse estigma do homem. Vale salientar que, em

determinado momento na história das sociedades o homem sentiu a necessidade de aprimorar

o seu estado de vivência, deixando assim, a sua titulação de homem selvagem, e

concomitantemente não mais viver para subsistência. Para fazer todo esse estudo o presente

artigo foi construído a partir de análises bibliográficas de autores supracitados que nos

remetem a essa questão da formação de sociedade e a discussão sobre o homem em si. A

sociedade vive em constante evolução e a filosofia vem para ajudar a compreender os

impactos dessas mudanças e o que elas representam na história da humanidade

Palavras-chave: Desigualdade; Sociedade; Evolução; Homem.

A RELAÇÃO PROBLEMÁTICA DO ENSINO DE FILOSOFIA ENTRE OS NÍVEIS

MÉDIO E SUPERIOR

MATOS, Luã Gonçalves de. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). Orientador: Paulo

Roberto Mendonça de Moraes. E-mail: [email protected]

O projeto de pesquisa ora apresentado objetiva viabilizar a discussão dos problemas de

ensino-aprendizagem em Filosofia nos níveis médio e superior. Tal discussão evidencia

alguns problemas-chave, dentre esses, a questão dos métodos de ensino utilizados em sala de

aula, referentes à essa área do conhecimento humano, no nível médio. Observa-se assim que,

em decorrência desses problemas, há possibilidades de influenciar negativamente o

aprendizado de Filosofia e o aprofundamento de seus aspectos relevantes, como também

outras questões graves, no nível superior. Destaca-se aqui, em nossa observação, o descaso e

o abandono da referida área em muitas instituições de nível superior que tem o curso de

Filosofia; de modo particular, na UEAP. Nesse sentido, como área de desenvolvimento da

nossa pesquisa, elencamos quatro instituições de ensino, assim distribuídas: duas de nível

superior, sendo uma pública (UEAP – Universidade do Estado do Amapá) e outra

privada(IESAP - Instituto de Ensino Superior do Amapá); no nível médio, uma instituição

pública (Escola Estadual Izanete Victor dos Santos) e outra privada(GPC - Grupo Perspectiva

Construtiva).Entende-se que esse trabalho é de grande relevância, pois traz à baila uma

discussão fundamental relativa à formação intelectual mais integrada dos acadêmicos de

Page 73: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

73

Filosofia, como também propor nova orientação no desenvolvimento do sistema educacional

do nível médio, no sentido de possibilitar novos caminhos de investigação e resolução dos

muitos problemas inerentes a esse tipo de ensino.

Palavras-chave: Ensino Médio; Ensino Superior; Filosofia; Métodos; Dificuldades.

A QUESTÃO DO OPERARIADO NA PEÇA ‘A MAIS-VALIA VAI ACABAR, SEU

EDGAR’

MENEZES, Manoela Paiva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Ana Portich. E-mail: [email protected]

Neste trabalho, pretende-se expor o enredo e analisar alguns aspectos da peça teatral 'A mais-

valia vai acabar, seu Edgar', de Oduvaldo Vianna Filho, montada com o grupo de Teatro

Jovem no teatro da Faculdade Nacional de Arquitetura e encenada no Rio de Janeiro em mil

novecentos e sessenta visando uma intervenção política e cultural na realidade. Há na peça

uma sociedade composta de duas classes: proprietários e trabalhadores sem propriedade.

Atentaremos aos trabalhadores sem propriedade, ao operariado denominado de Desgraçado,

vítima de alienação ou estranhamento diante do trabalho. Nos interessam dois aspectos desse

estranhamento nessa atividade prática humana: a relação do trabalhador com o produto do

trabalho e sua relação com o ato de produção no interior do trabalho. Amparando-nos em Iná

Camargo Costa, Karl Marx e Anatol Rosenfeld intencionamos relacionar três fatores

entrelaçados no conceito de “mais-valia”: 1) o desenlace da peça com enfoque nas reações do

operariado, 2) o trabalho estranhado dentro desta perspectiva e 3) em que gênero literário

representar o assunto da peça. Nosso ensejo é uma reflexão filosófica que, partindo da

concepção de Marx exposta nos ‘Manuscritos econômico-filosóficos’ acerca do trabalho

estranhado, possa exemplificar o conceito de mais-valia em passagens fundamentais da obra

de Oduvaldo Vianna Filho. Buscaremos ainda destacar nestas passagens os aspectos formais

concernentes aos gêneros literários com intuito justificado pelo apontamento de Anatol

Rosenfeld quanto ao mundo imaginário, representado, comunicar uma atitude em face do

mundo. Nesta análise, não nos limitaremos ao conceito de mais-valia tematizado teatralmente,

mas daremos ênfase ao estranhamento que também está dentro da luta de classes

representada. Tal luta se desenvolve em um enredo movido por capitalistas que promovem o

concurso ‘quem quer ser o homem mais feliz do país?’ e apresentam as características que o

homem deve ter e que coincidem de modo premeditado ao trabalhador alienado ou

estranhado. Nesse desenrolar que se instala nossa problematização das condições

representadas.

Palavras-chave: Estranhamento; Operariado; Gêneros literários.

Page 74: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

74

A JUSTIÇA COMO EVOLUÇÃO DO INSTINTO DE VINGANÇA: A CONVICÇÃO

MORAL DO DIREITO VERSUS A CONVICÇÃO DO RESSENTIMENTO

MONTEIRO, Tássia Lima Fernandes. PUC-Campinas. Orientadora: Vânia Dutra de Azeredo.

Bolsista FAPIC/Reitoria. E-mail: [email protected]

O presente trabalho propõe situar o filósofo e filólogo alemão, Friedrich Nietzsche, como um

jurista de singular importância para a contemporaneidade. Para tanto, os olhos se voltaram aos

dois primeiros textos de Genealogia da Moral, nos quais Nietzsche aborda dentre diversos

assuntos, a proveniência do conceito moral de culpa e a temática do ressentimento. Este, por

conseguinte, consiste no foco do presente ensaio, o qual busca aproximar o conceito

nietzschiano de ressentimento dos parâmetros que regem nosso ordenamento jurídico atual.

Primeiramente, no entanto, buscando-se tal empreendimento, lançou-se o olhar à origem dos

direitos, que, de acordo com o filósofo, remetem a uma tradição e à medida que a indolência

abate sobre seus agentes, chega-se a crer que esta tradição sempre existira, torna-se sagrada,

reservando-se, pois, a obrigação de continuar a cumpri-la. Com o entendimento da origem e

desenvoltura dos costumes, o presente trabalho questiona então, onde se encontra o Direito

em tal esfera. E a resposta encontrada na obra nietzschiana apresenta o germinar do Direito

como ordenamento da vontade de uma comunidade e assim, o homem violento, o poderoso,

será o fundador do Estado e, por conseguinte, o fundador do Direito de punir e subjugar os

mais fracos. No entanto, com o decisivo confronto entre Roma e Judéia, no qual os poderosos

romanos sucumbem aos judeus, ao povo sacerdotal do ressentimento, dá-se a inversão dos

valores: os miseráveis, os pobres, os doentes e necessitados passam a configurar os bons, e o

forte, o nobre, é considerado então cruel, ímpio e desventurado. E com este evento, o

ressentimento se alastrou por todos os campos da sociedade. O ressentimento, por sua vez, é

um sentimento reativo, tal qual amarras que mantêm o ressentido aferrado ao seu sofrimento,

que busca um culpado para seus males longe de si próprio, algo vivo, segundo Nietzsche, no

qual possa sob algum ensejo descarregar seus afetos, pois esta descarga é para o sofredor a

maior tentativa de alívio, de entorpecimento. Dessa forma, com a inversão de valores

originária da rebelião da moral escrava, o “mau”, a saber, o culpado pelos males que lhes

aflige não é outro, senão, aquele que outrora fora considerado “bom”, o nobre, o poderoso,

que agora se vê sob a ótica venenosa do ressentimento. Por esse motivo, nesta sociedade em

que impera a moral dos escravos, o criminoso será aquele cuja ação destoou dos hábitos

estabelecidos na sociedade em que se encontra inserido, da moral vigente, e buscou satisfazer

a si próprio, a seus instintos egoístas atentando contra o próximo. A pena, portanto, terá a

finalidade de fazer o indivíduo responder pelos seus atos. Contudo, a pena consiste de fato,

num meio pelo qual se busca impor o ressentimento, moldando a consciência do criminoso ao

encarcerá-lo e assim, fazê-lo refletir unicamente e por anos a fio sobre seus crimes, com o

intuito de criar a memória do castigo.

Palavras-chave: Direito; Culpa. Moral; Nietzsche; Ressentimento.

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A TENTATIVA DE UMA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E A SUA

CONTINUIDADE

MOREIRA, Debora Teixeira; MARTINS, Fernanda. Universidade Estadual de Londrina

(UEL). E-mail: [email protected]

Quando pensamos na disciplina de filosofia, em aulas para alunos do ensino Médio, vêm-nos

em mente, por primeiro, o rigor e as dificuldades de ensinar tais conteúdos. Pensando desta

maneira nas dificuldades encontradas com tais alunos, viu-se a necessidade de um novo olhar

para a apresentação de tal conteúdo aos alunos e, por este motivo – e na tentativa de preparar

melhor os alunos a pensar criticamente, sem que tenham tantas dificuldades por não ter tido

contato com os conceitos anteriormente – passamos a pensar na filosofia para criança, de

maneira que essa disciplina pudesse instigar desde muito cedo o contato com a filosofia e

restabelecer um diálogo mais preciso e eficaz dos conteúdos ministrados em sala de aula,

criando assim um senso mais crítico. Caminhando neste viés, seria necessário, em um

primeiro momento, o olhar para o desenvolvimento de uma filosofia para criança, e se é

possível, trabalhar tal disciplina para crianças; e como se daria assim o desenvolvimento

metodológico, com isso pensamos que seria necessária uma investigação na proposta de

filosofia para criança, à qual Matthew Lipman dedicou seus escritos. O programa de Filosofia

para Crianças de Matthew Lipman teve seu ponto de maior força na década de 60 nos Estados

Unidos; para o Brasil, o “Programa Filosofia para Crianças” foi trazido pela Professora

Catherine Young Silva; ela fundou o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC),

com a Sede na cidade de São Paulo em 1985. Esse sistema de educação infantil foi difundido

nos estados brasileiros, e vem desde então crescendo cada vez mais. Este Programa de

Filosofia para Criança tem por objetivo desenvolver as habilidades de pensamento cognitivo

infantil, utilizando método de investigação e discussão de temas filosóficos, fazendo assim

com que os alunos possam, ao final, pensar por si mesmas. Desse modo refletiremos sobre a

proposta que Lipman desenvolveu e que relevância tal pensamento tem nesse território

chamado de Filosofia para Criança.

Palavras-chave: Filosofia; Educação; Criança.

O QUE É O EXISTENCIALISMO?

MORGADO, João Pedro. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof.

Dr. Paulo César Rodrigues. E-mail: [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo analisar e estruturar o pensamento da obra "O

Existencialismo é um Humanismo" de Jean-Paul Sartre, traçando um caminho pelos

principais conceitos e argumentos da obra e assim compreender o que é o Existencialismo e a

visão que o autor traz do conceito de Humanismo e como ambos se relacionam. Para isso

temos de responder, dentro da filosofia de Sartre, quais os limites do pensamento de que a

existência precede a essência?

Palavras-chave: Existencialismo; Humanismo; Sartre.

Page 76: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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REFLEXÃO ACERCA DA TRAGÉDIA MODERNA EM HAMLET SOBRE O

OLHAR KIERKEGAARDINO

NASCIMENTO, Carla Soraia Costa. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

E-mail: [email protected]

O fito deste trabalho consiste em apresentar uma reflexão sobre o trágico na obra Hamlet do

dramaturgo inglês William Shakespeare a partir da concepção sobre o trágico moderno do

filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. O trágico para Kierkegaard contém o princípio de

contradição em que duas potências, de mesmo tipo, travam uma luta e a falta de saída para

esta contradição está na perspectiva do homem. Ao passar do tempo as mudanças da própria

história social em que o homem está inserido refletem na literatura trágica. Para Kierkegaard

o conceito de tragédia sofreu um certo enriquecimento ao longo do tempo, ou seja, o conteúdo

do conceito não alterou o conceito, mas o enriqueceu, que se tornou perceptível no trágico

moderno, indicativo disto é a herança aristotélica que ainda mostra-se muito presente na

tragédia moderna. A tragédia antiga se insere dentro do trágico moderno como uma espécie de

molde a qual servirá de apoio para o verdadeiro trágico possa transparecer. O indivíduo

moderno é responsável por suas ações, na tragédia moderna o herói deixou de ser passivo e

refém do destino como na tragédia antiga e passou a ser agente, responsável por suas ações e

o culpado por sua queda. Hamlet, é um herói trágico que possui a subjetividade refletida em

si, que lhe permite ter uma intensa inclinação reflexiva, que o faz ter consciência do seu

percurso trágico, durante seu caminho em busca da verdade ele assume a sua individualidade

e se reconhece como um ser finito diante da tragédia da sua existência. Outros aspectos

trágicos também compõem a obra Hamlet, como a possibilidade de redenção, a verdade como

um caminho para a morte, a angústia da dúvida, e o conhecimento dos limites do homem,

aspectos que vem a caber dentro de uma leitura a partir da concepção sobre trágico expostas

por Kierkegaard no ensaio O Reflexo do Trágico Antigo no Trágico Moderno presente no

livro Ou-Ou. Um Fragmento de Vida.

Palavras-chave: Tragédia; Culpa; Kierkegaard; Hamlet; Subjetividade.

O CONCEITO DE MÁ-FÉ EM SARTRE

NETO, Fernando Alves Silva. Universidade Estadual de Maringá (UEM). Orientador: Prof.

Dr. Wagner Felix. E-mail: [email protected]

Com o presente trabalho pretende-se realizar uma analise do conceito de má-fé na filosofia

existencial de Jean-Paul Sartre, conforme aparece na obra O Ser e o Nada (1943). O intuito de

propor esse projeto encontra-se nos problemas que podem ser levantados a partir da hipótese

sartriana que o homem é um ser livre que possui como única lei para si, o exercício da sua

liberdade com o intuito de alcançar sua essência; o que define o homem como um ser em

processo de construção. Dentro desta construção o homem encontra-se como o criador de seu

carácter moral, sendo, o responsável pelos suas ações morais bons e ruins, a má-fé aparece a

esse sujeito como uma válvula de escape, na qual o sujeito a utiliza para fugir da sua

responsabilidade moral. Neste contexto, pretendendo alcançar um objetivo especifico: qual o

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problema que o conceito traz para o sujeito livre em relação a sua responsabilidade moral

cotidiana.

Palavras-chave: Má-fé; Existencialismo; Responsabilidade moral.

A LITERATURA DISTÓPICA E A EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA

NOVAIS, Priscila Pereira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail:

[email protected]

Apesar da obrigatoriedade do ensino de filosofia na educação básica, muitas indagações

rondam a disciplina, como: Que tipo de conteúdo se pretende trabalhar? Quais estratégicas

didáticas melhor se adaptam? Partindo da necessidade de ferramentas para a prática em sala

de aula, investigamos o uso da literatura distópica aliada a teorias e conceitos filosóficos,

como provocação a um modo autônomo de pensar. Após uma breve pesquisa percebemos que

as leituras de ficção crescem, a cada dia, em número de jovens que a procuram e de

publicações por autores contemporâneos. Baseado nisso, buscamos pistas para mostrar que

através do exercício reflexivo e da relação entre o real e imaginário, existe a possibilidade de

se encontrar brechas para ilustrar problemas filosóficos. Através de uma breve abordagem da

obra Utopia (Thomas More), daremos início à explanação da temática. Inicialmente, achamos

necessário caracterizar, uma sociedade utópica, no intuito de diferencia-la da perspectiva no

qual o cenário distópico situa-se. Partindo da relação de insatisfação com o mundo, a utopia

nasce como uma alternativa de se pensar uma sociedade ideal, perfeita, na qual não existiriam

problemas de nenhuma ordem. Geralmente, esse tipo de sociedade apela para a emoção ou

reflexão baseadas no bem comum, na felicidade geral. Distanciando-se dos finais felizes e

seguindo um caminho oposto, a distopia apresenta-se como o fracasso do pensamento

utópico, por isso é também conhecida como anti-utopia. Esse tipo de ficção caracteriza-se,

basicamente, por ser uma obra de cunho futurista no qual uma forma de governo

predominante exerce seu poder coercitivo, produzindo mecanismos de grande controle das

populações. Na maioria dessas obras, algum indivíduo ou indivíduos se dão conta do controle

que esta sendo exercido sobre a liberdade individual e coletiva, e passam a questionar essa

perfeição social aparente. Esses personagens resolvem de alguma forma, ir de encontro a

ordem pré-estabelecida e são condenados a pagar por suas escolhas individuais. Para melhor

ilustrar a potência do pensamento crítico presente nas distopias e sua relação com os

problemas filosóficos, discutiremos brevemente os textos; 1984 ( George Orwell); Fahrenheit

451 (Ray Bradbury) e a trilogia Jogos Vorazes (Suzane Collins). A partir desses textos,

tentaremos mostrar que é possível aproximar um dos tipos de literatura que os jovens

interessam-se atualmente, com alguns textos “clássicos” da filosofia. Nesse sentido as

distopias aparecem como um instrumento de reflexão crítica sobre si, a sociedade e a história,

além de uma considerável ferramenta para o ensino de filosofia na educação básica.

Palavras-chave: Ensino; Filosofia; Literatura; Distopia.

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UMA INTERPRETAÇÃO DE ETHICA NICOMACHEA 1097B22-1098A18

OLIVEIRA, Angelo Antonio Pires de. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Orientador: Prof. Dr. Lucas Angioni. Bolsista da FAPESP. E-mail:

[email protected]

O argumento apresentado por Aristóteles no capítulo 7 do livro I da Ethica Nicomachea

(1097b22-1098a20), conhecido como argumento da função humana, é de vital importância

para a compreensão do conceito de eudaimonia, sendo este central na ética aristotélica, pois,

como o próprio Aristóteles afirma em vários momentos da obra, é tendo em vista a

eudaimonia que todas as ações são realizadas. Deste modo, o nosso objetivo será o de visitar o

argumento da função humana buscando compreender o seu papel no andamento

argumentativo do livro I da Ethica Nicomachea e sua importância para a delimitação do

conceito de eudaimonia, uma vez que o objetivo desse argumento é, segundo o próprio

Aristóteles, oferecer uma definição para o conceito de eudaimonia. Ao longo dessa

empreitada, buscaremos estabelecer diálogo com algumas teses das duas tradições

interpretativas do conceito de eudaimonia, a saber, os intelectualistas e os inclusivistas.

Grosso modo, pode-se dizer que os primeiros defendem a tese de que o argumento da função

humana já apontaria, ou até mesmo já defenderia, a concepção de que a eudaimonia deve ser

entendida como a vida contemplativa, conforme exposta no livro X da Ethica Nicomachea por

Aristóteles. Enquanto que os segundos buscam, a todo custo, impedir tal leitura

intelectualista. Mais precisamente, trabalharemos com a interpretação intelectualista oferecida

por Richard Kraut em seu livro Aristotle on the Human Good e a tese proposta por J. Ackrill

em seu artigo Aristotle on Eudaimonia. O nosso objetivo precípuo será o de compreender se o

argumento da função humana oferece suporte argumentativo para a tese posteriormente

defendida por Aristóteles, no livro X da Ethica Nicomachea, de que a eudaimonia deve ser

identificada com a vida contemplativa, conforme pretendem os intelectualistas, ou se o

argumento da função humana é incompatível com esta leitura e deve ser compreendido de

modo diverso.

Palavras-chave: Eudaimonia; Ergon; Ética.

A PRUDÊNCIA DA QUESTÃO 47 DA IIa IIae DA SUMA DE TEOLOGIA DE

TOMÁS DE AQUINO

OLIVEIRA, Elói Maia de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:

Prof. Dr. Andrey Ivanov. E-mail: [email protected]

O presente trabalho tem como objetivo expor o pensamento de Tomás de Aquino acerca da

questão 47 da IIa IIae da obra Suma de Teologia que expõe sobre a virtude da prudência,

dialogando com outras questões dentro da mesma obra que acrescentam e nos ajudam a

compreender melhor o proposto sobre a prudência. Entendido primeiramente o conceito de

hábito, no qual se realiza enquanto disposição da alma, a virtude tem-se em hábito, pois se

desenvolve dentre a ação do ser humano. Têm-se então as virtudes intelectuais, morais, e

teologais, na qual a prudência encontra-se entre as morais, pois visa a necessidade de sua

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prática. Ora, a prudência, segundo Tomás, é a reta razão do agir, na qual se faz em função da

escolha dos melhores meios, ou seja, o discernimento correto sobre atos e matérias. A virtude

da prudência tem-se destaque dentre as outras virtudes morais, visto que, a prudência atinge

coisas contingentes, sendo seu objeto aquilo do qual deve ser feito, já as outras virtudes tende

as coisas necessárias. Advertidos sobre a essência da prudência, em um segundo momento,

observamos as suas partes, na qual Tomás entende sendo suas partes, a política, a doméstica e

a individual, tendo a primeira como ocupação do bem da sociedade, a posterior ordenada ao

bem comum da casa e/ou família e a terceira visando o bem do indivíduo. Concluímos então a

distinção de funções entre o intelecto e a vontade, na qual a prudência reside na escolha dos

meios deliberado pelo intelecto, morando na vontade o modo operativo implicando na

essência da prudência, pois diferente da ciência moral, na qual apenas visa a teoria do agir,

partindo de máximas para particulares, a prudência tem em si tanto o teórico, mas a

necessidade da prática, pois trata de objetos particulares na qual busca o melhor dos meios

possíveis para ser executado.

Palavras-chave: Prudência; Virtude; Decisão; Razão prática.

UMA PROPOSTA LIBERTÁRIA PARA O ENSINO DE FILOSOFIA

OLIVEIRA, Fabrício Henrique de. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).

Orientadora: Prof.ª Marlene Torrezan. E-mail: [email protected]

O presente artigo procura descrever a experiência educacional vivida durante os meses de

maio a novembro de dois mil e treze na escola estadual “professor Hélio Nehring”, na cidade

de Piracicaba, interior de São Paulo; realizada com alunos dos três anos do ensino médio,

porém não em sala de aula durante o período regular das aulas, mas no contra turno a que

estes alunos estavam matriculados, visando dessa maneira uma participação voluntária destes,

sem qualquer obrigatoriedade no que se refere à presença (não havendo chamadas ou listas de

presença), assim como em atividades avaliativas (notas, exames, ou qualquer avaliação

normativa passível de reprovação), se fixando, portanto, numa proposta libertária de

educação, por procurar fazer do aprendizado de filosofia um exercício do pensamento e do

diálogo livres, sem as amarras burocráticas ou hierárquicas oferecidas pela rede estadual de

educação. Possuindo apenas como meta a confecção de fanzines, com os textos produzidos

pelos alunos, fruto do diálogo de suas visões de mundo com a filosofia, com o nome de

“Philozine Sub-Versões”, estas produções independentes, integrantes da cultura ou

contracultura do “faça você mesmo”, se resumem a impressões, ou como o próprio titulo

propõe, sub-versões (no sentido de outras/novas versões) dos alunos sobre os temas

filosóficos explanados e discutidos nos encontros. Assim podemos definir esta experiência

educacional como uma prática do ensino de filosofia, ou um ensino prático de filosofia, que

por consequência se caracteriza a partir de uma proposta de produção filosófica através da

ótica da educação libertária, pautada pela ferramenta do fanzine.

Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Educação Libertaria; Cotidiano escolar; Fanzine;

Prática filosófica.

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A MONADOLOGIA (1714): UMA ANÁLISE SOBRE A NOÇÃO COMPLETA EM

LEIBNIZ

OZORIO, Joelmir Rafael Vasconcelos. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador:

Prof. Dr. Agostinho Meirelles. E-mail: [email protected]

O trabalho em questão tem como objetivos gerais expor uma análise acerca das ideias centrais

que constituem a obra Monadologia (1714), do filósofo alemão Gottfried Willhelm Leibniz.

Especificamente, tende a apresentar que função o conceito de substância simples cumpre

dentro de seu sistema filosófico, e como essa definições irão se aplicar na resolução do

problema do conceito Noção Completa. Para isso a ideia de uma unidade ontológica e

autônoma é fundamental para a compreensão. Trata-se, sobretudo, de expor a ideia de que o

mundo é produzido segundo o princípio do Melhor, da Razão Suficiente e também de

caracterizar a harmonia pré-estabelecida do mundo que é defendida pelo filósofo.

Palavras-chave: Monadologia; Substância; Leibniz.

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO NO MARXISMO

PAGLIARI, Felipe dos Santos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

Orientador: Prof. Dr. Vandeí Pinto da Silva. E-mail: [email protected]

O objetivo dos estudos do presente artigo versa sobre as concepções de educação, sobretudo

as marxistas. A educação marxista foi trabalhada junto ao projeto do Núcleo de Ensino da

Unesp/Marília, de título ‘’Relações entre senso comum e filosofia no ensino médio’’. O

intuito da pesquisa fora de estudar as concepções de Escola Popular de Karl Marx e Engels, e

a filosofia da práxis de Antonio Gramsci. As obras utilizadas centradas na educação marxista,

tendo-se como alicerces o livro ‘’Textos sobre educação e ensino’’ que é uma coletânea de

recortes das obras da parceria Marx e Engels, no qual a temática trabalhada é justamente o

ensino e educação, e a outra bibliografia utilizada é o primeiro capítulo da ‘’Concepção

dialética da História’’ de Gramsci. O estudo teórico relacionando-se intimamente com a

educação na atualidade, que necessita de uma concepção de educação digna e subversiva na

transformação do cotidiano educacional e que eleve as classes desfavorecidas de escola

gratuita de qualidade. A Escola popular conforme as três acepções de educação juntamente a

filosofia da práxis são de importância máxima para a formação humana. O estudante

graduado em uma Escola Popular será um homem formado nos múltiplos saberes garantindo

assim uma maior diversidade para seu futuro, trabalho e vida, situando o homem na sua

realidade e dando lhe a base para a crítica em suas relações com os meios da sociedade. A

filosofia da práxis é uma ferramenta legítima para a formação humana e para a reforma da

educação nacional, cabendo aos educadores revolucionários a possibilidade da mudança da

realidade das classes desfavorecidas de ensino público qualitativo. As concepções marxistas

de educação são de extrema relevância para um estudo apurado de uma nova concepção de

educação na atualidade, que contemple às particularidades da escola pública brasileira

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Palavras-chave: Educação; Marxismo; Escola Popular; Filosofia da práxis; Gramsci.

BUSCA POR PRAZER, SÍNDROME CONSUMISTA E CORROSÃO DO CARÁTER:

UMA ANÁLISE A PARTIR DO PENSAMENTO DE BAUMAN E SENNETT

PELOGIA, Thiago. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). E-mail:

[email protected]

As vozes do mundo contemporâneo proclamam quase que em uníssono que as condições em

que se constroem as relações humanas nas sociedades já não são mais aquelas que se

construíam nos parâmetros do que outrora chamávamos de Modernidade. E mesmo quando

nos colocamos a pensar no período fordista de desenvolvimento da indústria capitalista ainda

tão presente em nossas memórias e nas organizações sociais que ele circunscrevia no seu

processo progressista totalizante, percebemos de forma clara e distinta que tal aspecto da

dinâmica social não se dá mais da mesma maneira como era. Acerca dessa problemática

filósofos, sociólogos, historiadores, economistas e diversos pensadores se debruçaram e

escreveram – e continuam constantemente escrevendo – milhares de ensaios, tratados,

conferências e diversos outros estudos buscando explicar tanto a natureza desses processos,

quanto seus modos de desenvolvimentos, aspectos e consequências sociais e possíveis

intervenções práticas, cada qual com suas posições ideológicas de pensamento e ação. Mas,

em suma, o que se apresenta a nós é uma condição totalmente nova de sociedade que se

organiza de forma mais líquida e flexível, efetivamente distinta de sua antecessora a

Modernidade, sólida e pesada. Por sua vez a questão do prazer enquanto problemática

filosófica nos remete, quase imediatamente, ao seu defensor mais famoso e polêmico na

Grécia Antiga: Epicuro de Samos (342/341 a.C.). O hedonismo epicureu teorizado pelo

Mestre do Jardim como centro inenarrável de sua Ética fora por tempos suprimido pela Ética

Cristã que protela o prazer para um mundo transcendental, para além deste. Mas com a

Renascença e o Iluminismo a questão do prazer enquanto problemática filosófica volta a ser

discutida a partir do pensamento epicureu – como na obra Elogio da Loucura de Erasmo de

Roterdã e através dos tradutores e comentadores das obras de Epicuro e de Diórgenes Laércio,

como Gassendi – e como centro de sistemas éticos, sociais e jurídicos – como no Utilitarismo

de Bentham e Mill. Desse modo o prazer volta a ser motivo de reflexões fora do cenário

transcendental e metafísico em que o cristianismo o tinha circunscrito. Com base nisso o

presente trabalho buscará realizar, em primeira instância, uma análise de como a busca por

prazer é realizada nos parâmetros das sociedades contemporâneas – uma vez que tais

sociedades se caracterizam de modo distinto das de outrora. Para isso buscar-se-á analisar de

antemão o período contemporâneo a partir do pensamento de Zygmunt Bauman acerca do

funcionamento das sociedades de nosso tempo, calcando-se principalmente nos conceitos

síndrome consumista, liquidez e descartável. Por conseguinte será desenvolvida uma análise

de como essa busca por prazer realizada nos parâmetros das sociedades contemporâneas afeta

a formação do caráter do indivíduo que a realiza. Para isso deve-se realizar uma relação entre

os conceitos e a compreensão de Bauman acerca da condição contemporânea em paralelo com

as noções de construção e corrosão do caráter de Richard Sennett. Desse modo percebe-se que

a busca por prazer efetuada dentro dos padrões do consumo age como fator de corrosão do

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caráter e se caracteriza como uma aporia: uma busca por autoafirmação e identidade que

corrói o próprio princípio de caráter que é a autoconstrução a longo prazo.

Palavras-chave: Prazer; Síndrome Consumista; Corrosão do Caráter.

A IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA E TEOLOGIA NO

PENSAMENTO POLÍTICO DE ESPINOSA

PEREIRA, Renato de Oliveira. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

(UNESP/Marília). Orientador: Prof. Dr. Ricardo Monteagudo. Bolsista da VUNESP. E-mail:

[email protected]

O objetivo deste trabalho é apresentar como o pensador holandês Baruch Espinosa (1632-

1677) distingue filosofia e teologia e como tal distinção é fundamental para o pensamento

político do filósofo. Com este intuito, analisaremos o Tratado Teológico-Político, com

atenção especial aos capítulos I, II, XIV e XV, bem como algumas passagens da Ética e do

Tratado Político, para compreendermos os motivos pelos quais Espinosa separa filosofia e

teologia, de modo a mostrar que esta última está fora domínio do conhecimento. Para

Espinosa, a teologia, que alimenta e conserva a superstição, tem a finalidade de submeter os

homens à sua autoridade, e não de oferecer-lhes um conhecimento ou os meios que os

conduza à salvação. Diferentemente da filosofia, que é o exercício livre do pensar, a teologia

é um instrumento para o poder, daí a importância de sua consideração em uma época marcada

pela ascensão de monarquias absolutistas na Europa, as quais possuíam um fundamento

teológico para o seu poder. Além disso, a adesão dos Estados a uma forma particular de

superstição que os sustenta é, segundo Espinosa, a principal causa dos conflitos religiosos,

pois os Estados passam a privilegiar uma superstição específica, de modo a impedir a

liberdade religiosa e de pensamento de seus súditos. Tal liberdade, como concluirá Espinosa,

é crucial para garantia a paz social e não pode ser suprimida sem que se suprima, ao mesmo

tempo, a própria paz social. Nesse sentido, tentaremos mostrar que a distinção entre filosofia e

teologia é importante para que Espinosa desconstrua a fundamentação teológica do poder e

proponha, ele mesmo, um fundamento para a política que não seja baseado em quaisquer

formas de transcendência, mas sim na própria natureza humana, de maneira a levar o homem

a exercer, de fato, seu direito natural e assegurar sua liberdade.

Palavras-chave: Filosofia; Teologia; Obediência; Liberdade; Espinosa.

UMA IMAGEM DO APRENDER FILOSÓFICO DESDE INTERSECÇÕES ENTRE

GILLES DELEUZE E CLARICE LISPECTOR

PINTO, Silmara Cristiane. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:

Prof. Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. Bolsista da CAPES. E-mail: [email protected]

A presente comunicação tem como objetivo expor parte de uma pesquisa que estabelece

intersecções entre o pensamento de Gilles Deleuze, no tocante à sua teoria dos Signos, e a

Page 83: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

83

escritora Clarice Lispector, mediante a análise do romance Uma aprendizagem ou o livro dos

prazeres (1998). A ficção nos instiga refletir uma relação de ensino e aprendizagem filosófica

por meio de uma experiência com os signos deleuzianos, diferente de um processo

recognitivo. Nesse sentido, apresentaremos um recorte que intenta problematizar o ensino de

filosofia inserido em uma tradição de pensamento que compreende o ensino do ponto de vista

da transmissão de saberes. Nossa proposta visa, basicamente, (1) interpelar o esquema da

transmissibilidade e (2) avaliar as possibilidades de uma aprendizagem filosófica não restrita

à comunicação representacional mediada pela explicação, que constitui, de modo geral, a

regra metodológica das práticas que respaldam o escopo da formação tradicional em filosofia

no Brasil.

Palavras-chave: Ensino de filosofia; Transmissão; Aprendizagem filosófica; Signos.

FREGE, WITTGENSTEIN E O SENTIDO LÓGICO NO CONTEXTO DA

PROPOSIÇÃO

PIOVAN, Renata. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof. Dr.

Lúcio Lourenço Prado. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail: [email protected]

Primeiramente será apresentada uma breve síntese do caminho percorrido por Frege para

estabelecer a diferença conceitual entre pensamento (Gedanke) e representação (Vorstellug),

tal como apresentada nos “Fundamentos da Aritmética” e depois no artigo O Pensamento.

Esta distinção fregeana, bem como a sintaxe proposicional, por ele proposta, baseada nas

categorias conceito e objeto Será a base sobre a qual a teoria sistêmica contida no Tractatus

Logico-Philosophicus de Wittgenstein estará assentada. Após essa primeira exposição de

conceitos, serão relacionadas algumas considerações de Wittgenstein e Frege no que tange ao

sentido proposicional e sua relação com o mundo: para o primeiro “o mundo é a totalidade

dos fatos, não das coisas” , e já que a proposição é uma figuração lógica do mundo, a palavra

não significa por si só, isoladamente, mas sim no contexto da proposição (na totalidade dos

fatos); para Frege “os significados das palavras não são nossas representações, mas sim a

contribuição da palavra para o estabelecimento do sentido proposicional” . Por fim, será

estabelecida a concordância entre ambos ao assumir em que o sentido de uma proposição é

captado logicamente pelo pensamento (Gedanke), não subjetivamente por representações

(Vortellung); e que, com isso, não podemos buscar o significado da palavra isolando-a, mas

sim analisando o contexto da proposição em geral.

Palavras-chave: Frege; Wittgenstein; Gedanke; Vorstellung.

SER PARA O OUTRO: UMA ANÁLISE ANTROPOLÓGICA NO CONVENTO

PIRES, Joyce Aparecida. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:

Antônio Mendes da Costa Braga. Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected]

Page 84: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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A presente pesquisa apresenta alguns apontamentos sobre as mudanças em uma modalidade

de vocação religiosa feminina católica. O objetivo central é propor uma abordagem da

religião como um fenômeno social essencial para compreendermos as transformações nos

comportamentos e nos pensamentos na contemporaneidade, viabilizando uma discussão sobre

as continuidades e descontinuidades no contexto da vida consagrada e as reproduções

simbólicas nas instituições conventuais. A pesquisa de campo é realizada no convento

“P.F.S.C”, localizado na cidade de Cândido Mota-SP. A etnografia evidenciou mudanças nas

relações entre a constituição social da vocação religiosa e as novas questões relacionadas à

identidade de gênero, como também, os diferentes sentidos que as Irmãs atribuem à adesão da

vida consagrada, levando em consideração as variáveis de seus contextos e as implicações que

as levam à escolha. Para esta apresentação, a comunicação será envolta das relações de

gênero, vocação religiosa e a reprodução simbólica por parte das instituições conventuais, a

partir dos dados etnográficos. Atualmente, segundo dados do CERIS (Centro de Estatísticas

Religiosas e Investigações Sociais, 2010), a partir da década de 1970 verifica-se um evidente

decréscimo de religiosas incluindo professas, noviças e professas egressas nas análises entre

os anos 1961/2010. Entre as “P.F.S.C”, desde sua fundação em 1963 até 2013, onde

completaram 50 anos na cidade, houve 13 desistências após os primeiros votos. Ou seja, os

dados do CERIS e os do convento correspondem ao mesmo período. Com isto, a cidade e a

instituição conventual perde mão de obra para trabalhos prestados à comunidade. Além disso,

outros dados obtidos mostram os reflexos transparentes da dominação masculina que ainda

estão presentes em nossa sociedade. Para tanto, utilizo Teologias Feministas, para a análise de

discurso; uma metodologia chave, para entender antropologicamente a vida das mulheres

consagradas. A teóloga feminista Fiorenza (1995) vê a dominação masculina por parte da

Igreja no mesmo patamar de outros erros historicamente cometidos pela mesma, referindo-se

à necessidade de um ato público das estruturas eclesiais que reconheça o seu pecado em

relação às mulheres, da mesma maneira que o fez em relação a outras situações históricas. E

seguindo os caminhos apontados por Bourdieu (2010) seus aportes teóricos possibilitaram-me

maior compreensão do campo religioso, da dominação masculina e sua reprodução cultural

através da instituição religiosa. Os princípios de perpetuação das relações de força materiais e

simbólicos, inclusive as de dominação de gênero, se exercem essencialmente a partir de

instituições como a Igreja, a escola, ou como a própria ação do Estado (BOURDIEU, 2010).

Concomitantemente, devido a eventualidades como esta (por exemplo, a crise do catolicismo,

a emancipação feminina das últimas décadas, a dificuldade imposta pela vida monástica, etc.),

os significados sociais sobre a vocação religiosa passam a ser alterados (SAHLINS 1999).

Palavras-chave: Instituições totais; Gênero; Catolicismo; Convento.

A IDENTIDADE PESSOAL EM D. HUME

REIS, Fernanda Pulido dos. Universidade de São Paulo (USP). E-mail:

[email protected]

Nesse trabalho pretendeu-se analisar as passagens de David Hume em seu Livro I, na seção

VI da Parte IV de O Tratado da Natureza Humana, concernentes ao tema da Identidade

Page 85: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Pessoal, cuja postulação é considerada pelo autor o produto de uma ilusão, destituída de

fundamento. A negação que Hume articula acerca da noção corrente de identidade pessoal,

seja ela pautada em conceitos metafísicos ou abstratos, baseia-se em dois princípios

fundamentais, postulados em seu sistema: o princípio da cópia e o princípio da separação,

cuja conciliação apresentará uma dificuldade para a constituição de uma identidade pessoal. O

princípio da cópia estabelece que toda ideia provém de uma percepção, não havendo nada em

nossa mente que não tenha essa origem; já o princípio da separação estabelece que toda ideia

simples pode ser distinguível e separável de qualquer outra, não necessitando de qualquer

conexão para existir. Posto isso, de acordo com o primeiro princípio, a ideia de um Eu

constante e ininterrupto requereria uma percepção de mesma natureza, da qual se originaria, o

que, todavia, seguramente não existe, dada a frequência com que se testemunha mudanças, de

toda sorte, em nossas percepções. A constante sucessão de percepções (diversidade) operada

em nossa mente é o que compõe nossa existência, de modo que uma identidade, o “Eu” ou a

“substância”, não podem representar mais que uma ilusão. E, considerando o princípio da

separação, se todas as percepções particulares são separáveis e distinguíveis, restando delas

apenas sua existência isolada, a pergunta que se coloca é: qual seria então a função de um Eu

que conecta as diversas percepções? Para Hume essa noção, de uma unidade imutável e

inquestionável do nosso Eu, apenas identifica o algo ao qual nossas diversas impressões e

ideias se remetem, o que não lhe concede, todavia, a garantia de uma existência. É nesta

questão, identidade versus diversidade, que se encerra a reflexão de Hume nesta seção IV, que

é regida pelo intuito de demonstrar as fragilidades na construção do conceito de identidade.

“A nossa tarefa principal deve ser", diz o filósofo, "provar que todos os objetos aos quais

atribuímos identidade, sem observar a sua invariabilidade e continuidade, são aqueles que

consistem em [apenas] uma sucessão de objetos relacionados". Analisar esta dificuldade,

constatada por D. Hume, será o foco de nossas reflexões.

Palavras-chave: Identidade Pessoal; Percepção; Mente Humana; Ilusão.

RELIGIOSIDADE PÓS-MODERNA, NOVOS PROCESSOS DE RITUALIZAÇÃO

UMA ANALISE ANTROPOLÓGICO-FILOSÓFICA A PARTIR DE CAMBPELL

RIBEIRO, Bruno José Bezerra. Universidade do Estado do Amapá (UEAP). E-mail:

[email protected]

A experiência religiosa no indivíduo contemporâneo sofre mudanças não só de ordem

sincrética, mas, sobretudo, mitológicas que se condensam em oposição aos rituais

tradicionais. A experiência de passagem e transcendência (do individual ao coletivo, do

coletivo ao individual, do visível ao invisível) base da experiência religiosa, ganham novas

formas e narrativas com movimentos “inculturantes” e “estéticas do encontro”, sem se poder

estabelecer de modo claro as novas metáforas e rituais que fecundam no terreno arrido da pós-

modernidade. Joseph Campbell assinala que a humanidade vivencia uma crise de mitos e

sistemas rituais, como também aparições de novas ordens: signos e ritos, dessa forma, as

novas gerações constroem laços de significados com a sociedade e, claro, com sua própria

existência.

Page 86: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Palavras-chave: Experiência religiosa; Joseph Campbell; Mitologia; Religiosidade

contemporânea.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTADO DE NATUREZA EM IMMANUEL KANT

ROCHA, Ida Carmen de Lima. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Orientador: Prof. Dr. Joel Thiago Klein. E-mail: [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo compreender o antagonismo social, tendo em vista o

conceito kantiano de estado de natureza entre os homens e os Estados. O estado de natureza,

em Kant, representa uma conjetura acerca do início da história da humanidade, caracterizado

por tensões e guerra constante. Não se diz propriamente de um estudo antropológico ou

histórico, antes é uma ideia de razão sobre um estado não jurídico, cujo objetivo é

compreender o desenvolvimento da razão e o surgimento do Estado a partir de uma

concepção originária da Natureza. Para Kant, o primeiro estágio pelo qual a humanidade

passou esteve marcado por selvageria e uma animalidade própria da espécie, tendo sido

superado a partir da sociabilidade insociável. Kant seguiu a tendência dos contratualistas do

século XVIII e justificou a saída de um estado de natureza por meio de uma espécie de pacto

social, que prevê a regulação das liberdades individuais sem interferir naquilo que é próprio

do homem: a sociabilidade insociável. O antagonismo arrastaria o homem de sua inércia

natural; é o motor da qual a natureza se apropria para efetivar uma teleologia a respeito do

desenvolvimento moral do homem. A saída do estado natural é possibilitada pela

característica intrínseca aos humanos de entrar em sociedade e prezar por interesses privados.

É pela própria natureza da incompatibilidade que os homens abandonam a vida pastoril e

chegam a uma sociedade civil, constituindo uma nova ordem social. O antagonismo que agia

no estado de natureza como mera ordem destrutiva, se torna uma força interna a sociedade,

que age de forma dinâmica, atuando em seu benefício, é disciplinado por uma instancia

superior. A lógica adotada por Kant para a superação do estado de natureza entre os Estados é

a mesma dos indivíduos particulares. Segundo o filósofo, os Estados ainda se encontram num

estágio primitivo, de guerras, tensões e armistícios. A superação do estado natural entre os

Estados deveria proporcionar a paz perpétua e concretizará o último objetivo da Natureza,

qual seja um estado cosmopolita.

Palavras-chave: Estado de natureza; Antagonismo social; Sociabilidade insociável; Kant.

O QUE CONTRIBUIRIA SÓCRATES PARA O ENSINO DE FILOSOFIA

INSTITUCIONALIZADO?

RODRIGUES, Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof.

Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:

[email protected]

O objetivo deste trabalho é pensar a partir da imagem Socrática, especificamente dos diálogos

aporéticos, a relação entre o professor de filosofia quando este está inserido nos moldes do

Page 87: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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ensino de filosofia contemporâneo, isto é, institucionalizado. Para isso, nos ancoraremos no

livro intitulado Filosofia: O paradoxo de aprender e ensinar de Walter Omar Kohan e no

documento oficial responsável pela orientação das instituições de ensino na rede pública do

estado de São Paulo: Proposta Curricular do Estado de São Paulo. A partir da

institucionalização da filosofia em 2008, por meio da Lei nº 11.684, de 2 de Junho de 2008,

altera o art. 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes bases

da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos

currículos do Ensino Médio, o ensino de filosofia se insere nos parâmetros curriculares e

acaba, por consequência, se inserindo, de certo modo, nos moldes e objetivos “maiores” que

regem o ensino como um todo. Nossa pretensão de análise consiste em destacar as

(im)possibilidades que estariam presentes na relação Socrática como mestre em uma

instituição contemporânea de ensino, repensando as consequências que isso poderia gerar no

ensino de filosofia. Dividiremos o trabalho em três partes: (1) Descreveremos a imagem

Socrática, na qual fundamentaremos nossa análise como um todo, ressaltando algumas

passagens do livro do Kohan(2008). (2) Destacaremos os objetivos centrais da Proposta

Curricular do Estado de São Paulo. (3) Por fim, tentaremos pensar a atividade de ensinar

filosofia, por meio da imagem Socrática, sobre os moldes postulados pelo documento oficial.

Destacamos com fundamental para realizar os objetivos aqui preteridos, nossa experiência

com o Ensino de Filosofia como bolsistas de iniciação a docência (PIBID/CAPES) e nossa

atual pesquisa como bolsistas PIBIC/CNPq.

Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Sócrates; Ensino Médio.

O PROJETO NEUROFILOSÓFICO DE ELIMINAÇÃO DA MENTE:

IMPLICAÇÕES PARA A PSICOLOGIA

ROSA, Luiz Augusto. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru). Orientador: Prof. Dr.

Jonas Gonçalves Coelho. Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected]

Como é sabido, o surgimento da Psicologia como uma ciência é inseparável da ideia

cartesiana segundo a qual os aspectos psicológicos e materiais dos seres humanos, embora

inseparáveis, são essencialmente distintos. Essa distinção teria propiciado a constituição de

uma nova ciência dedicada à compreensão da mente em seus aspectos normais e patológicos.

Essa posição originária da Psicologia em relação à constituição dualista do homem foi objeto

de muitas críticas, inclusive no âmbito dessa mesma ciência, onde encontramos um conjunto

de abordagens em confronto em relação à natureza de seu objeto de estudo, à metodologia

apropriada para estudá-lo, à etiologia de algumas patologias e o modo de tratá-las. Não

bastasse essa divergência, a Psicologia ainda compete com outras áreas do conhecimento, em

especial a Neurociência, que defende a investigações de processos mentais a partir de

processos cerebrais. A linha dentro da filosofia da mente que defende tanto a eliminação de

uma possível distinção entre mente e cérebro, além de defender a redução da Psicologia às

Neurociências é o Materialismo Eliminativista. Desse modo, no presente trabalho, levantamos

a discussão sobre as principais teses de tal teoria a partir das obras de Paul e Patricia

Churchland, como a eliminação da psicologia popular, a problemática da “semântica dos

Page 88: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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estados mentais”, a neurofilosofia churchlandiana, a redução da psicologia às neurociências, a

plausibilidade neurocomputacional e redes neurais artificiais. A psicologia popular, para tais

autores, seria nada mais que uma teoria com princípios e ontologia falsos, pois suas

“explicações” partem de “dados” introspectivos, utilizando-se de atitudes proposicionais

como crença, desejo, intenção, vontade, etc., as quais não explica o comportamento do

sujeito, uma vez que não passam de explicações circulares e tautológicas, desse modo, para

tais autores, a psicologia popular deve ser eliminada pelas neurociências, pois, por ser uma

teoria falsa, não seria passível de redução. Portanto, seria impossível uma “semântica dos

estados mentais”, pois tal tese seria de cunho linguaformal, ou seja, de que é a linguagem

seria o guia do pensamento e do comportamento, porém, tal teoria não explicaria o

comportamento dos animais que não possuem linguagem, ou seja, todos os outros animais, e

mesmo no caso dos seres humanos as atitudes proposicionais não guiaram a maioria dos

comportamentos, como dirigir, praticar algum esporte, andar, comportamento reflexo, etc.

Partindo disso, caminhamos para uma neurofilosofia, onde os problemas da psicologia,

filosofia e epistemologia seriam problemas neurocientíficos, assim, a psicologia seria

reduzida às neurociências, pois esta daria as bases fundamentais para as investigações

psicológicas, pois não haveria uma distinção entre mente e cérebro, sendo só cérebro. Tais

autores também defendem a plausibilidade neurocomputacional e o uso de redes neurais

artificiais para simulação de processos cognitivos como forma de defender a inexistência de

atitudes proposicionais, assim como a redução dos processos cognitivos aos processos

cerebrais. Ao final, discutimos sobre possíveis implicações (suposições) para a psicologia,

como a sua redução às neurociências, acarretando a perda de sua independência científica; uso

exclusivo do método naturalista na pesquisa psicológica; revisão da patologia psicológica, etc.

Palavras-chave: Eliminativismo; Neurofilosofia; Psicologia; Redução; Churchland.

CRÍTICA DA RAZÃO PURA: UM ESTUDO DA DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL

(B)

SALVIO, Thiago de Souza. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:

Prof. Drª Clélia Aparecida Martins. E-mail: [email protected]

A "Dedução Transcendental dos conceitos puros do entendimento (B)", é constituída de treze

parágrafos (§15-27) e, conforme as palavras do próprio Kant, é a parte da CRP que mais

exigiu seu esforço (A XVI). Nela ele procura refutar a noção do inatismo, defendendo o

conceito "Eu penso", de maneira muito diferente do "cogito ergo sum" de Descartes; expõe a

unidade lógica da consciência bem como tematiza a forma dos juízos e a objetividade das

categorias. O estudo tem por desdobramento a reconstrução ddo argumento que Kant

apresenta entre B 130-169, na Dedução Transcendental (2ª ed. 1787), por meio de uma análise

exegética.

Palavras-chave: Crítica da Razão Pura; Idealismo transcendental; Categorias do

entendimento.

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A CONDUÇÃO DOS REBANHOS DE DEUS: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE O

“PODER PASTORAL”

SAMPAIO, Pedro Ivan Moreira de. Universidade de São Paulo (USP). Orientador: Prof. Dr.

Caetano Ernesto Plastino. E-mail: [email protected].

Nesse estudo, pretende-se desenvolver uma reflexão a respeito das práticas pastorais do

cristianismo, em especial a partir do século III da era cristã. Para tal, adotar-se-á aqui duas

referências teóricas principais. Primeiramente, o curso de Michel Foucault no Collège de

France ministrado no ano de 1978, intitulado « Sécurité, Territoire, Population » . Em

segundo lugar, as reflexões de Gilles Deleuze sobre a figura do “padre” e da “dívida infinita”

em dois momentos precisos: seu conjunto de entrevistas intitulado Abecedário , e na pequena

coletânea Pourparlers. O que se pretende examinar com esse estudo sobre a pastoral cristã é

precisamente o conjunto de relações entre o “padre” e a “comunidade”, o “pastor” e seu

“rebanho”. Trata-se de buscar apontar como operam as relações de poder entre essas figuras,

numa tentativa de evidenciar a tensão entre a servidão e a liberdade do “rebanho” e do

“pastor” no bojo dessa relação de condução de almas e corpos.

Palavras-chave: Poder Pastoral; Servidão; Liberdade; Foucault; Deleuze.

VISÕES DO IMPERIALISMO SEGUNDO LENIN E ROSA LUXEMBURGO

SAMPAIO, Thiago Henrique. Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Assis). E-mail:

[email protected]

No último quartel do século XIX, surge uma nova política de dominação territorial e política

desenvolvida pela Europa, o direito histórico passa a ter um papel secundário e a ocupação

efetiva de uma região começa a prevalecer. Diversas nações buscaram construir impérios

coloniais ao longo do globo e antigas potências coloniais, como Espanha e Portugal, tentavam

manter seu status de país colonizador diante da ascensão de novos Estados colonizadores, no

caso, Inglaterra, Alemanha e França. A Conferência de Berlim (1884 – 1885) marcou a

divisão do continente africano entre as potências europeias e tinha como maior objetivo a

elaboração de um conjunto de regras que legitimava a conquista da África de forma mais

organizada possível, quando a conferência terminou uma de suas principais conseqüências foi

à substituição do direito histórico pela ocupação efetiva de um território. A busca de mercado,

matéria-prima e mão de obra barata foram o forte desta nova mentalidade, uma das

conseqüências diretas da competição que existiu entre as potências coloniais desembocou na

Primeira Guerra Mundial. Esta nova política colonial irá divergir daquela adotada ao longo

dos séculos XV ao XVIII e prevalecerá até após a Segunda Guerra Mundial com o surgimento

de movimento de descolonização nos continentes africanos e asiáticos. Diversos escritores no

período teorizam sobre este acontecimento histórico. Rosa Luxemburgo não encara o

Imperialismo com uma etapa específica e diferenciada do capitalismo concorrencial, mas

como a conseqüência lógica da acumulação de capital. Enquanto Lenin, o encarava como

resultado de características próprias de seu tempo e considerava que o Imperialismo era

parasitário, rentista e putrefático. O presente trabalho tem como objetivo analisar e comparar

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as visões construídas sobre o Imperialismo a partir das obras Imperialismo fase superior do

capitalismo do Lenin e A acumulação de capital da Rosa Luxemburgo escritas no início do

século XX por autores que assistiam a ascensão desta nova política colonial europeia.

Palavras-chave: Imperialismo; Colonialismo; Lenin; Rosa Luxemburgo; Política Colonial.

O RELATIVISMO EM PROTÁGORAS

SANTOS, Danilo Pereira dos. Universidade Estadual de Maringá (UEM). Orientador: Prof.

Dr. Vladimir Chaves dos Santos. E-mail: [email protected]

O objetivo desta pesquisa é identificar e analisar o sentido filosófico da célebre proposição do

sofista do século V a.C. Protágoras de Abdera: “O homem é a medida de todas as coisas, das

que são, enquanto são, das que não são, enquanto não são.”, fórmula muito criticada pelos

filósofos da época, principalmente por Platão. Servindo-nos de fontes diversas, pretendemos

reconstituir seu pensamento e sua força filosófica. Desse modo, pretendemos defender, na

medida em que formos encontrando argumentos consistentes, Protágoras das críticas feitas a

ele por Platão. Assim, levando em conta que a presente pesquisa está em fase inicial,

pretendemos expor os principais objetivos dessa pesquisa e apresentar alguns problemas que

repercutem da tentativa de reconstituir um pensamento, (relativismo protagoriano), à parti de

uma fonte hostil à ele, (os diálogos de Platão).

Palavras-chave: Homem-medida; Relativismo; Protágoras.

ALGUNS MOTIVOS NO CINEMA BRASILEIRO RECENTE

SANTOS, Héder Junior dos. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Célia Tolentino. E-mail: [email protected]

“Renascimento do cinema brasileiro”, “Retomada do cinema brasileiro” e “Novo Cinema

Brasileiro” são as expressões mais frequentes, acionadas por muitos críticos e cineastas, para

denominar o processo de revigoramento da filmografia brasileira durante os anos de 1990 e

2000, em especial, dos longas-metragens de ficção. Termos carregados de sentidos, a primeira

vista, lançam luzes sobre um singular processo de reconstrução do cinema nacional em

tempos de governos democráticos, políticas neoliberais e de condicionamentos às orientações

do mercado. O objetivo central deste trabalho é pensar alguns motivos constantes e pungentes

no cinema brasileiro recente. A nossa hipótese é que no interior da referida produção

cinematográfica não se tem expressado a consolidação de um novo projeto estético para a

filmografia nacional (relacionado às mudanças operadas na linguagem) ou de um novo

projeto político (relacionado à visão de mundo de sua época), mas tratam tão somente da

reconquista da capacidade de produção cinematográfica. E caso nossa suposição proceda, é

mister descrever como isso ocorre. Vale lembrar ainda que partimos, para tanto, de alguns

pressupostos: a ficcionalidade como valor estético; a consciência construtiva cultivada

rigorosamente pelos cineastas; a ficção como mediadora de verdades ou realidades mentais e

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sociais construídas historicamente ou socialmente; e se essa verdade ou realidade ficcional

ocorre é por meio da sua forma.

Palavras-chave: Cinema brasileiro recente; Conteúdo e forma; Globalização; Capitalismo

tardio.

MEMÓRIA E IMAGINAÇÃO

SANTOS, Victor Lopes. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Orientador:

Prof. Dr. Roberto Roque Lauxen. Bolsista da FAPESB. E-mail: [email protected]

Segundo Paul Ricoeur, uma longa tradição filosófica, faz da memória uma província da

imaginação, por isso a associação da imagem e da lembrança é usual e inevitável, mas ao

mesmo tempo pode induzir ao erro. A tese de Ricoeur consiste em que, depois de haver

reconhecido que ambas as operações cumprem uma função comum, a saber, fazer presente

algo ausente, deve-se separa-las destacando a especificidade da dimensão temporal da

memória. Essa dissociação deve ser feita, na esteira de uma crítica da imaginação e na contra

mão dessa tradicional desvalorização da memória. A anamnese aristotélica tem a pretensão

veritativa que confirma a separação da memória e da imaginação. Ao que pensa o autor,

enquanto que está tende a situar-se espontaneamente no âmbito da ficção e do irreal, a

memória deseja assumir o trabalho de ser fiel e exata. Com efeito, podemos ir adiante com a

denúncia ao caráter sedutor e enganoso da imaginação desde o ataque de Platão contra a

sofística, que, segundo ele, forma parte da eikón, até Montaigne, Pascal e de maneira

altamente significativa em Spinoza. Mas a imaginação não resulta enganosa do mesmo modo

que a memória. A confusão entre o irreal e o real, ou por assim dizer, sua propensão a alucinar

motivam que a imaginação se encontre suspeita enquanto núcleo falaz da dóxa, enquanto

armadilha de toda mimesis, de toda imaginação ou cópia. A falsidade da memória é distinta.

Equivoca-se sobre o que aconteceu, sobre algo que ocorreu num momento anterior.

Palavras-chave: Memória; Imaginação, Dóxa.

A VOZ DAS MULHERES NA FILOSOFIA

SENA, Gabriela. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

O objetivo deste trabalho é tentar comprovar como o pensamento de mulheres/para mulheres

na filosofia é nulo.Se estamos a pensar de maneira criativa e reflexiva dentro da

universidade,o pensamento feminino é indispensável,quais são as chances de criar uma

filosofia que esteja realmente interessada no quê pensamos e na forma como pensamos? Qual

é o papel de uma filósofa dentro da universidade? É possível descrever sobre o nosso

cotidiano e nossas vivências? Em toda a história temos uma variante de pensamentos

masculinos tal como filosofia,nas artes,literatura etc.É possível uma nova linha de

conhecimento pautada somente na história das mulheres? Se sim,quais serão as

Page 92: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

92

consequências.Que relação estamos tendo com o pensamento filosófico hoje em dia? Somos

meras reprodutoras das vozes dos homens ? Por quê apagamos nossa identidade enquanto

mulher e reafirmamos o pensamento do homem? A supremacia masculina na universidade é

inquestionável, certamente devemos analisar também como isso tem consequências internas

em nós. Ademais, nesse conflito interno, há uma relação entre a heterossexualidade

compulsória e a reprodução de pensamentos macho-identificados. Heterossexualidade

compulsória é um termo usado para explicar como direcionamos todas as nossas energias para

o consumo masculino como somos totalmente direcionadas para os pensamentos e situações

deles e como nunca temos uma relação de identificação com nós mesmas que não nos permite

pensar além da ótica do homem. Vivemos em função do macho e mesmo se fomos apelar para

o meio mais “democrático” possível, a política somos retribuídas com violência. O que parece

sobrar para as mulheres é um espaço de auto-organização e conhecimento entre nós mesmas.

É necessário o fortalecimento entre as mulheres para combater a ideologia patriarcal

dominante, é necessário não ter mais medo ou insegurança de nos identificarmos com outra

mulher temos que ir até as raízes do feminismo para problematizar essa hegemonia de

pensamentos masculinos dentro das ciências humanas e o quanto esses pensamentos podem

ser danosos para a nossa saúde mental.

Palavras-chave: Feminismo radical; Filosofia; Mulheres.

O JUÍZO ESTÉTICO EM KANT: AS CONCEPÇÕES DE BELO E SUBLIME

SENICATO, Renato Bellotti. Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/Piracicaba).

E-mail: renatobellottisenicatto

O filósofo alemão Immanuel Kant estabelece o Juízo Estético como pretenso a fundamentar

regras do juízo-do-conhecimento superior. O Juízo Estético compreende um processo

subjetivo de analise do objeto pelo sujeito. Dividido entre juízos-de-reflexão e juízos-de-

sentidos, ambos estéticos, a relação ocorre entre sujeito e objeto pautada pela subjetividade,

pois não utilizam-se como no caso dos Juízos superiores, os conhecimentos e conceitos

cognoscitivos estabelecidos previamente. Embora tenham potencia para fundamentarem-se,

pela universidade, enquanto superiores, não o são porque a relação entre sujeito e objeto

pauta-se no sentimento de prazer e desprazer que atinge os sujeitos de maneira particular,

sendo, portanto, o Juízo Estético, de ordem subjetiva. O belo e o sublime compreendem

derivados do processo do Juízo Estético, o primeiro faz referencia ao objeto e a forma, e é,

dessa forma limitado; o segundo refere-se principalmente ao sujeito e sua grande razão, que

detentora das Idéias inscreve-se pela ordem do ilimitado, sendo maior que as coisas e

fenômenos físicos, pois diz respeito àquilo que somente pode ser pensado, dessa forma,

superior.

Palavras-chave: Juízo estético; Belo; Sublime; Immanuel Kant.

Page 93: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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A CRÍTICA DA RELIGIÃO EM MAQUIAVEL

SENNA, Sabrina Paradizzo. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail:

[email protected]

Neste trabalho pretendo desenvolver um pouco do pensamento do filósofo italiano

renascentista Nicolau Maquiavel (1469-1527) sobre a religião, que para ele está diretamente

relacionada com a política, e é através dessa religião que o governante deve buscar trazer a

estabilidade para seu governo. O filósofo fará uma crítica ao cristianismo por ser uma religião

na qual as pessoas se esquecem da vida mundana e pensam somente numa vida extraterrena,

sacrificam as coisas do mundo como a interação política vivendo para uma possível vida que

transcenda os limites da existência terrena, que segundo o pensador não possui nenhuma

confirmação efetiva. Maquiavel fará uma defesa a religião pagã no sentido de que esta amava

mais a liberdade. Fará uma separação da política com a moral e a religião, tendo a visão de

que a religião não deve ter domínio sobre a vida em sociedade, mas deve servir como

instrumento de manutenção do poder do governante, ela deve servir em favor da política. A

religião é usada para justificar interesses e confortar a população, que está disposta a conceder

sua vida em troca de seus ideais. O que importa então para Maquiavel não é se o conteúdo da

religião é verdadeiro ou não, e sim, canalizar toda essa energia que ela apresenta no espírito

dos homens para uma direção política útil e construtiva. Ou seja, a religião precisa que o

príncipe tenha capacidade de se servir da fé do povo para levá-lo a obediência civil. O

príncipe então que souber se utilizar da religião, independentemente da legitimidade da

crença, fará com que os cidadãos selem com mais respeito o cumprimento das leis e dos bons

costumes. A religião apresenta-se como função educadora. O uso político da religião está em

disfarçar no mandamento religioso a norma política, Maquiavel apresenta assim uma visão

secularizada da religião. Terei como principal base a obra Discursos sobre a primeira década

de Tito Lívio de Nicolau Maquiavel.

Palavras-chave: Maquiavel; Religião; Cristianismo; Política; Tito Lívio.

O QUE SIGNIFICA ELABORAR O PASSADO: ADORNO E A EDUCAÇÃO COMO

FORMA DE EMANCIPAÇÃO

SHIRAKAVA, Rafael da Silva. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília).

Orientador: Prof. Dr. Sinésio Ferraz Bueno. Bolsista da FAPESP. E-mail:

[email protected]

Este trabalho visa expor brevemente as considerações do filósofo alemão Theodor Adorno

sobre a educação como forma de emancipação. O texto explorado "O que significa elaborar o

passado" é o ponto de partida para iniciarmos as referidas considerações. Para Adorno, que

muito esteve preocupado com os acontecimentos da Alemanha nazista, a necessidade de

elaborar o passado é de suma importância para que "Auschwitz não se repita". Buscando

fundamentos na teoria psicanalítica freudiana (como os conceitos de trauma, elaboração,

repetição, identificação e narcisismo), Adorno expõe que os indivíduos precisam elaborar e

discutir sobre aquilo que levou a população alemã "cair de joelhos" diante da figura

Page 94: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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autoritária, já que tudo aquilo que fez com que os homens produzissem Auschwitz ainda eram

sintomas latentes entre a população alemã (mesmo depois de vinte e cinco depois do ocorrido

nos campos de concentração). Desses sintomas latentes, podemos citar: a infelicidade dentro

da civilização que Adorno compartilha do pensamento freudiano sobre o homem civilizado (e

neurótico), a repressão dos desejos, a sensação de desamparo e a incapacidade dos indivíduos

de conseguirem produzir auto-reflexão. Para discutir tal fato, Adorno busca em Kant o

conceito de emancipação e esclarecimento, e frisa afirmando que somente uma filosofia

emancipatória, que consiga criar um clima cultural e filosófico (ou seja, de reflexão), é capaz

de livrar os homens da heteronomia e da violência fascista, que para ele, está inserida no

cotidiano dos homens civilizados e é intrínseca ao conceito de civilização. Nesse sentido, o

pensador frankfturteano busca fundamentar a necessidade do pensamento filosófico como

forma de livrar os homens da irracionalidade, da ideologia fascista e da regressão a barbárie.

Palavras-chave: Adorno; Elaboração; Psicanálise; Emancipação; Fascismo.

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIA: ANÁLISE BENJAMINIANA SOBRE O PAPEL

DO NARRADOR

SILVA, Alex Rodrigues da. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Aníbal Pellejero. E-mail: [email protected]

O presente trabalho tece uma análise crítica sobre o ensaio O narrador: considerações sobre a

obra de Nikolai Leskov (1936) do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940). Além de

introduzir uma teoria sobre o fim da narração, que aparece como ponto central no ensaio - o

que já exige um exame minucioso sobre as diferentes formas da narração utilizadas ao longo

da história -, o filósofo ainda apresenta indícios que nos levam a pensar a respeito de outras

questões que merecem igual atenção; é o caso do papel do narrador e de sua contribuição para

a preservação da história, por meio dos relatos orais e escritos, algo que pode ser

problematizado não apenas nas discussões filosóficas, mas da mesma maneira em outras áreas

do conhecimento, como a teoria da literatura, a teoria da comunicação e a historiografia.

Nesse mesmo sentido, uma explanação sobre a “tradição” também é algo indispensável, pois

exerce uma função marcante sobre a figura do narrador. No entanto, em decorrência da

limitação do tempo, torna-se quase abstrusa a ideia de abordar, na comunicação em questão,

todos os pontos elucidados por Benjamin, além de tudo, este trabalho traz apenas uma

pequena amostra de uma pesquisa maior que vem sendo desenvolvida como parte do trabalho

de conclusão de curso. Destarte, a intenção é de fomentar um debate que não ecloda apenas

no surgimento de questões - com isso, não estamos de maneira alguma ignorando a

importância das questões -, mas que também possa trazer contribuições para o

aperfeiçoamento da pesquisa. Nesse primeiro momento, o intuito é de expor os principais

conceitos da teoria benjaminiana apresentadas no ensaio em questão - O narrador:

considerações sobre a obra de Nikolai Leskov -, preocupando-se sempre com uma exposição

rigorosa dos argumentos fundamentais para evitar a criação de um trabalho tendencioso e,

consequentemente, com distorções.

Palavras-chave: Narrador. Narração. Benjamin.

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A FORMAÇÃO CULTURAL FILOSÓFICA DA MODERNA UNIVERSIDADE

SILVA, Bruna de Jesus. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador: Prof.

Dr. Rodrigo Pelloso Gelamo. E-mail: [email protected]

No presente trabalho pretendo expor parte do desenvolvimento obtido de uma pesquisa que

visa analisar historicamente o período de formação e consolidação do departamento de

filosofia da Universidade de São Paulo, para compreender o modo em que a cultura filosófica

desenvolveu-se por meio das universidades laicas brasileiras. Neste presente ano de 2014,

comemora-se 80 anos da fundação da USP, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e dos

departamentos de curso, o de Filosofia por exemplo. Portanto, os anos de 1934 a 1968 é o

período histórico de ricos discursos que poderão constar importantes afirmações para cumprir

o objetivo do projeto. Assim, a presente pesquisa se relaciona à outra desenvolvida há

aproximadamente quatro anos em grupo, a pesquisa arqueológica de artigos de revistas

acadêmicas de filosofia e de educação publicadas no Brasil que versam sobre o ensino de

filosofia. A partir do referencial teórico dos discursos que problematizam o ensino de

filosofia, poderá ser possível também compreender a formação cultural filosófica promovida

nas universidades, uma vez que o objetivo da mesma constitui-se por meio do ensino, da

pesquisa e da extensão. Anterior à fundação da USP, existiam universidades iniciadas por

pressupostos jesuítas, que geraram mosteiros e universidades católicas em todo o país, mas

esta influência cristã não será analisada. O contexto em discussão é o moderno, da proposta

racional de busca pelo conhecimento verdadeiro, inserido idealmente no projeto universitário

de uma instituição de ensino que tornou-se referencia nacional para o desenvolvimento de

outras. O mesmo ideal também está presente na formação do departamento de Filosofia,

podendo ser constatado no relato de antigos alunos, nos artigos publicados na época, no modo

em que os professores do departamento administravam suas tarefas, em meio ás diversas

dimensões que expressam a cultural da filosofia universitária no país. Assim, teremos

elementos para entender a formação desta cultura filosófica, a proposta de filosofia e como a

desenvolveram.

Palavras-chave: Ensino de filosofia; Cultura filosófica; Arqueologia.

O PAPEL DA ATENÇÃO NO PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL

SILVA, Camila da Cruz. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

Partindo do ponto que a aprendizagem se dá a partir da tentativa, repetição e associação, meu

objetivo neste trabalho é apontar a trajetória que esse processo deve percorrer para alcançar a

emancipação intelectual sem que se caia no embrutecimento, e porque a atenção é

fundamental nesse processo; fundamentando toda essa trajetória no livro O mestre ignorante

de Jacques Rancière. A emancipação intelectual consiste na revelação de uma inteligência a

ela mesma e para que isso ocorra é necessária a presença de um mestre que não tenha a

intenção de transmitir qualquer conteúdo do qual ele já tem conhecimento. Não há se quer

uma única pessoa que não saiba de nada; analfabetos e crianças sabem os nomes dos meses,

Page 96: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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dos dias da semana, dos números, nomes das roupas, nome dos alimentos etc., e a partir disso

é possível que se aprenda qualquer outra coisa desde que seja feita a associação dos termos

dos quais já se tem conhecimento com algo que se apresenta como novo a ser conhecido. Esse

processo, porém não é tão simples quanto parece, a tentativa não deve ser necessariamente

dificultosa, com o tempo a associação passa a ser um processo automático, já a repetição que

é parte necessária desse processo pode ser enfadonha e lenta, e sendo assim a presença de um

mestre se torna crucial, sendo que este é que vai fazer a verificação daquilo que o aprendiz

está a conhecer, a verificação será positiva quando o aprendiz, a partir das repetições e

associações passar a conhecer o que antes lhe era estranho, e isso acontece necessariamente

quando há atenção envolvida no processo. Parece que há no ser humano uma preguiça e um

comodismo natural, e por esse motivo a princípio caberá ao mestre exigir toda a atenção que

for necessária para que o aprendiz, por si só, passe a conhecer o que anseia, ou conhecer

qualquer coisa que seja; o objetivo é que aprenda por si mesmo. Quando o aprendiz se dá

conta, que ao usar da sua atenção é possível que conheça qualquer coisa não importando o

tempo que leve para isso, ele é um indivíduo emancipado, pois neste momento percebeu que

pode conhecer sem que seja necessária uma explicação, que neste processo tem papel

unicamente embrutecedor, e ao se tornar emancipado poderá emancipar outros, fazendo o

papel do mestre que exige apenas a devida atenção naquilo que está sendo feito.

Palavras-chave: Aprendizagem; Atenção; Emancipação intelectual.

CONDORCET E A IDEIA DE VOTO: SUFRÁGIO E MATEMÁTICA

SILVA, Carlos Henrique Lemes da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Araraquara).

Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Valderez de Colletes Negreiros. Bolsista BAAE-UNESP. E-

mail: [email protected]

Condorcet foi deputado da Assembleia Constituinte na época da Revolução Francesa. Durante

sua atuação como deputado apresentou diversas propostas que foram significativas para a

reforma constitucional, dentre elas, a reforma do “sistema eletivo”. O projeto de reforma do

“sistema eletivo” contribuiu com ideias inovadoras e que influenciaram outros sistemas, e se

destaca também pela sua originalidade no qual ele propôs uma nova maneira de aplicação do

“sistema eletivo” para a escolha dos eleitos através do método da pluralidade na escolha do

vencedor em uma eleição. Condorcet desenvolve dois conceitos para explicar seu “sistema

eletivo”. No primeiro, trata do critério do ganhador: “Se houver uma opção, a qual comparada

par a par é sempre preferida pelos eleitores, então essa opção deverá ser considerada

vencedora da eleição”; no segundo, trata do critério do perdedor: “Se houver uma opção que

perde no confronto par a par com qualquer outra, então essa opção não deve ser a vencedora

da eleição”. O critério de escolha passa a ser fundamentado no “método da pluralidade” que

pressupõe a matemática como instrumento de aplicação e de contagem para o resultado do

sufrágio. Condorcet filósofo e deputado analisou seu tempo como crítico que desejava

mudanças nesse cenário político que viveu, denunciando nos seus escritos e panfletos os

desvios feitos pelas decisões da Assembleia Constituinte aos cidadãos. A crítica feita por

Condorcet, ao modo como se procedia pelo voto e ao sufrágio, originou debates, disputas e

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perseguições. Passou a ser considerado inimigo do Estado e fugitivo do governo. Durante dois

anos escondeu-se, após receber a ordem de prisão, e neste período escreveu a obra Esboço de

um quadro histórico dos progressos do espírito humano. Quando deixou o esconderijo, foi

preso e morreu em circunstâncias não esclarecidas. O estudo e a pesquisa que realizamos do

pensamento de Condorcet pretendeu ressaltar o significado da relação da matemática com a

análise do voto e do sufrágio no século XVIII. O caráter crítico e político de suas

argumentações nos mostram as lacunas do “sistema eletivo” de sua época e sua intenção de

revelar como eram realizadas as decisões na Assembleia Constituinte. Os efeitos e os

desdobramentos destas lacunas nos sugerem pensar o “sistema eletivo” na contemporaneidade

Palavras-chave: Voto; Sufrágio; Matemática.

A REALIDADE OBJETIVA DAS IDEIAS EM DESCARTES

SILVA, Guilherme Diniz da. Faculdade de São Bento (FSB). Orientador: Prof. Dr. Franklin

Leopoldo e Silva. Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected]

Nas Meditações Metafísicas, Descartes estabeleceu uma teoria das ideias segundo a qual as

representações do eu pensante possuem um determinado grau de realidade objetiva, de forma

que as ideias que representam seres mais perfeitos correspondem a um grau maior de

realidade ou perfeição. Contudo, o teólogo holandês, Johannes Caterus, de formação tomista,

irá refutar essa concepção, alegando que as representações são puras denominações, isto é,

sinais formais das coisas, e, por essa razão, não possuem nenhuma realidade. Assim, o modo

com Descartes reage às objeções nos permite compreender melhor a natureza das ideias no

interior do sistema cartesiano.

Palavras-chave: Conhecimento; Realidade; Representação; Causa; Objetividade.

FILOSOFIA DE PLANOS E CONCEITOS: A LIBERDADE DO PENSAMENTO NA

AFIRMAÇÃO DA DIFERENÇA DELEUZIANA

SILVA, Jeferson Souza da. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Ernani

Chaves. E-mail: [email protected]

No livro, Diferença e repetição, Deleuze lança mão do conceito de imagem do pensamento,

que agiria perante a filosofia como o saber a priori que tudo revela ao filosofo, como um

padrão pré-definido de como se orientar-se do pensamento, a partir do qual, toda a produção

do filósofo conduzido por uma imagem do pensamento estará fadada a sua influência,

impedindo-a de rumar por caminhos desconhecidos, por outros planos, isto é, exatamente o

contrario da filosofia da diferença, do movimento, da repetição, do ir e vir dos conceitos.

Continuando, todo o filósofo é um produtor de conceitos, então como julgar a existência de

um filósofo nômade e um sedentário? Como se são ambos produtores? Ora, para Deleuze não

se pode entender estas questões sem antes perceber a ação e a influencia do que ele chama de

imagem do pensamento, pois a filosofia sedentária, estática, é aquela que está assentada sobre

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as pilastras de uma imagem do pensamento, ou seja, suas bases fundamentais, suas

implicações estão condicionadas por esta imagem, e delas não se distanciam, a filosofia se

torna aqui uma mera ferramenta que tem como principal utensílio servir ao dogmatismo, um

eterno movimento rígido circular dos conceitos, bem diferente do movimento horizontal e

flexível Deleuziano. Invariavelmente, toda imagem do pensamento sempre pressupõe

características como postulados, saberes a priori, planos consolidados e restritos, “um

pressuposto subjetivo ou implícito tem a forma de todo mundo sabe[...]todo mundo sabe antes

do conceito e de um modo pré-filosófico [...] eu penso, logo sou”, e eles são do ponto de vista

de uma filosofia aberta e fundada na diferença e aceitação de conceitos distintos, desastrosos,

pois fundamentam aquela ideia de um circulo fechado onde apenas adentram comungadores

de uma mesma ideia, o que soa claramente como uma tentativa de resignar para a filosofia

uma semelhança com a ciência, no sentido de que se consolidam linhas de pensamento

impenetráveis, e dispostas a emitiram hipóteses sobre tudo e todos (qualquer que seja o

problema, chama o filosofo, ele sabe a causa e o efeito, porque é e porque não é!), tal qual

uma comunidade cientifica com seu paradigma solucionando problemas, e os cientistas ali,

fazendo de tudo para que o seu adorado pensamento não seja refutado, até mesmo passar por

cima da “ética”. Em contrapartida, o “filósofo nômade”, o pensador dos múltiplos planos de

imanência, é aquele cujo pensamento, veja só, está completamente desprovido de uma

imagem do pensamento, um filósofo que cria seus conceitos, que age sem pressupostos e

enfrenta a multiplicidade de conceitos e planos, sem defesas predispostas em sua filosofia.

Diferença e Repetição, enquanto os conceitos são fragmentários e parciais, o plano de

imanência é um Uno-todo. Ora, um plano de imanência não pode se confundir com um

conceito, por isso que o filósofo nômade (o oposto ao que Deleuze intitula filosofo sedentário;

questões que serão abordadas no trabalho completo em questão) não se guia por uma imagem

de pensamento, pois o seu plano de imanência é uma completa diferença. Certamente, um

pensamento que se pretenda consolidar sem necessariamente a utilização de uma imagem, um

pensamento filosófico construtivo, horizontal por excelência, desconhece valores aprioris,

desconhece pré-conceitos, e elabora todo o seu pensamento pautado sobre a vanguarda da

diferença, da assimilação e da mutabilidade.

Palavras-chave: Deleuze; Imagem do pensamento; Filósofo nômade; Filósofo sedentário;

Filosofia contemporânea; Planos de imanência.

O SOFRIMENTO: PAIXÃO PELO PARADOXO DO ABSOLUTO

SILVA, Marcos Silva e. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). E-mail:

[email protected]

Por meio deste texto, queremos suscitar o debate kierkegaardiano a respeito da existência, na

perspectiva de sua obra sobre O Conceito de Angústia, justificaremos que o sofrimento

humano suscita paixão e esta se relaciona ao patético e ao dialético na vida humana. O

patético está em primeiro lugar, pois, por meio dele, culmina a paixão pela felicidade eterna

do homem em busca do Absoluto. Assim, tal como a falta é intensificada, o paradoxo da fé é,

necessariamente, acompanhado de angústia e sofrimento; trata-se de uma característica da

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interioridade existencial. Assim se refere Kierkegaard: “Um problema existencial tem um

duplo aspecto: o patético e o dialético. Assim, o problema aqui tratado exige a interioridade

existencial para agarrar o patético, a paixão para agarrar o dialético, e a paixão intensa pelo

qual devemos existir nesta questão”. Pode-se dizer que o homem torna-se o caminho da

afirmação de si, o sofrimento conduz à subjetividade por meio da paixão pelo telos Absoluto

sem temer o paradoxo da fé. O que nos caberá uma questão: A fé é a paixão perseverante da

existência no tempo? A verdade como paradoxo é a paixão necessária para a subjetividade;

isso acontece em diversos momentos da vida, de diversas maneiras, em dimensões diferentes,

mas de uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e é mesmo, inseparável da existência

do homem pois a paixão o intermedia. Este intermédio – o sofrimento – indica em quais

momentos o indivíduo passa a existir mediante a paixão. É um meio de comunicação com o

paradoxo do Absoluto, que intensifica a existência do homem em um sofrimento apaixonado.

Neste sentido existir é encontrar-se vinculado ao Absoluto, é uma condição necessária da qual

não se pode escapar, pois a impulsão que leva o homem a existir o leva a saltar, a aceitar o

sofrimento de forma absurda. Assim, o homem sofre por não compreender o paradoxo, já que

oscila por estar frente ao abismo existencial.

Palavras-chave: Sofrimento; Paixão; Paradoxo.

A NOÇÃO DE PRINCÍPIO NO CONTEXTO DO CONHECIMENTO E DA

ONTOLOGIA PARA TOMÁS DE AQUINO

SILVA, Maria Clara Pereira e. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Orientador:

Prof. Dr. Márcio Augusto Damin Custódio. Bolsista do PIBIC/CNPq. E-mail:

[email protected]

O objetivo deste texto é analisar a noção de princípio em Tomás de Aquino, notadamente no

Comentário à Física, Livro I, lição 1. Para tanto, inicialmente, deve-se estabelecer o sentido

mais geral de princípio, a saber, aquilo a partir do que algo procede. Decorre desta

compreensão que, princípio pode ser dito em dois contextos, quais sejam, no contexto do

conhecimento e, também, no contexto da ontologia. No primeiro caso, no contexto do

conhecimento, se diz princípio no interior da constituição da ciência. No segundo caso, no

contexto da ontologia, por sua vez, princípio é dito como constituinte do ente ou como causa

eficiente da constituição do ente. Ocorre que Tomás de Aquino emprega indistintamente a

noção de princípio. Nessa medida, é necessário que o leitor se empenhe em distinguir o

emprego nesta noção, bem como o alcance de seu sentido. Uma noção que pode ser entendida

de mais de um modo, e que é empregada em diferentes contextos indistintamente, pelo autor,

poderia tornar confuso ou vago seu sistema. À primeira vista, a noção de princípio, uma das

noções gerais da ciência, parece vaga, ou confusa por ser correspondente a mais de um

contexto ao se relacionar à constituição da ciência e à constituição do ente simultaneamente.

Com efeito, pode-se questionar: no Comentário à Física, Livro I, lição 1, Tomás de Aquino se

propõe a estabelecer as noções gerais da investigação científica, porém por que ele inicia

investigando os princípios dos entes naturais? No intuito de esclarecer a relação entre os dois

contexto, do conhecimento e da ontologia, e mostrar que a noção não é confusa ou vaga, este

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texto propõe que a distinção, das aplicações da noção, seja entendida no âmbito da ênfase,

uma vez que, para Tomás de Aquino, o princípio apreendido diz respeito ao princípio do ente

natural.

Palavras-chave: Tomás de Aquino; Princípios; Ciência.

A FILOSOFIA NA EXPRESSÃO LITERÁRIA: APROXIMAÇÕES ENTRE

VOLTAIRE E MACHADO DE ASSIS

SILVA, Mário Augusto da. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:

Prof. Dr. Márcio Benchimol Barros. E-mail: [email protected]

Com base nos romances de Voltaire: Zadig (o destino) e Cândido (o otimismo) e no romance

Ressurreição de Machado de Assis ,procuro neste trabalho ressaltar como os dois autores

levantam o meio social da época em seus romances e colocam a crítica em função de um

desenvolvimento filosófico sobre questões humanas existenciais tais como medo , a dúvida ,e

o otimismo humano. A construção da crítica filosófica acontece de acordo com a construção

da obra. Na obra Ressurreição de Machado de Assis , a questão trabalhada é a duvida e o

medo humano trabalhada na frase de Shakespeare (nossas dúvidas são traidoras e nos fazem

perder com frequência o bem que poderíamos ganhar pelo simples medo de tentar) a obra faz

a reflexão em torno desses temas. Na obra Zadig de Voltaire as questões trabalhadas são as

falhas humanas nas suas convicções e a busca por clareza , e na obra Cândido a questão é a

crítica ao "melhor dos mundos".

Palavras-chave: Voltaire; Machado de Assis; Literatura; Filosofia; Romances Filosóficos.

CONHECIMENTO E REPRESENTAÇÃO NO PRIMEIRO PONTO DE VISTA DE

SCHOPENHAUER

SILVA, Sérgio William Damasceno da. Universidade do Estado do Pará (UEPA). E-mail:

[email protected]

Este artigo trabalha com o livro primeiro do Mundo como Vontade e Representação, e como a

atividade de conhecimento, bem como a relação entre sujeito e objeto se desdobra dentro da

filosofia de Schopenhauer. Dar-se-á preferência para os conceitos de causa, efeito, tempo,

espaço, matéria e atividade. Dentro destas considerações- de uma teoria do conhecimento

aprimorada em relação ao apriorismo-, trabalhar-se-á também com o diálogo entre

Schopenhauer e a doutrina apriorística do entendimento. No primeiro momento o filósofo

alemão trabalhará com os elementos fundamentais que irão nortear a construção de sua obra

acerca do conhecimento. Vê-se então um trabalho com as representações dos sujeitos que por

sua vez são complexas, restritas a indivíduos particulares, com implicações gerais na medida

em que se considera o objeto existindo para um sujeito através da representação deste, e que a

representação é fundamental para o “ser” de um objeto em relação a um sujeito. Ao mesmo

tempo, considera-se que Schopenhauer não tem uma descrição certa no que concerne a uma

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denominação teórica do conhecimento, não se fazendo então à luz das diversas concepções de

origem e possibilidade, como: idealismo, realismo, racionalismo, empirismo- e muito menos-

um materialismo. E diante desta perspectiva schopenhaueriana, pode-se afirmar que causa e

efeito estão longe de uma determinação sistemática suscitada pela “velha” consciência

metafísica de fundamentação entre “ser” e “vir-a-ser”. E resultante da filosofia não rotulada

em um campo, Schopenhauer busca entender paulatinamente o porquê da explicação

transcendental, e em seguida apontar as limitações que esta doutrina se impõe, suscitando

então a nova compreensão de conceitos que levam em conta a ação de um objeto como sua

própria causa na atividade e não mais apenas como resultado de um pólo anterior,

fundamental e necessário para que esta ação seja possível. Então as últimas considerações do

presente artigo irão se debruçar acerca da problematização e (ou) possibilidade de

Schopenhauer possuir posição dentro do campo da teoria do conhecimento.

Palavras-chave: Schopenhauer; Teoria do Conhecimento; Representação.

AS BEOBACHTUNGEN (1764) DE KANT: UM PRELÚDIO À RAZÃO PRÁTICA OU

À RAZÃO ESTÉTICA?

SOUSA, Jeandersonn Pereira de. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Profº Dr.

Luís Eduardo Ramos. E-mail: [email protected]

O objetivo deste estudo é investigar as considerações de Kant no texto pré-crítico de 1764,

Observações sobre o sentimento do belo e do sublime (Beobachtungen über das Gefühl des

Schönen und Erhabenen) por meio dos comentadores que analisaram esta obra, de modo a

elucidar o elo entre a análise efetuada por ele nesta obra com temáticas presentes em suas

obras posteriores. As questões que se pretende discutir são: há alguma ligação entre essa obra

do período pré-crítico com as do período crítico? Pode-se falar num suposto prelúdio da

Beobachtungen à razão prática ou à razão estética? De um lado, GALLEFI (1986) e

MORENO (1990) consideram que o texto pré-crítico tem um problema estético que será

resolvido na Crítica da Faculdade de Julgar (Kritik der Urteilskraft), enquanto que, BARNI

(1846) e DAVID-MÉNARD (1990) discordam desta visão. Diante deste quadro, a tarefa

principal deste trabalho consiste inicialmente em confrontar tais concepções.

Palavras-chave: Kant. Texto pré-crítico de 1764. Razão prática. Razão estética.

EROS E SEUS DELÍRIOS EMBRIAGANTES: O PAPEL DA POESIA DE

ANACREONTE NO ELOGIO DE ALCIBÍADES

SOUSA, Renan da Silva. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientadora: Profª. Drª.

Jovelina Maria Ramos de Souza. E-mail: [email protected]

A presente comunicação pretende apresentar a constituição da figura do filosofo apresentada

no elogio de Alcibíades no Banquete, bem como mostrar a urdidura de éros na relação

amante/amado que delimita a distinção entre a expressão dos apetites e o verdadeiro sentido

das relações amorosas na busca pela sabedoria. No tocante a isso, propomos buscar na

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tradição da poesia mélica arcaica, em especial nos fragmentos de Anacreonte, sobretudo na

Anacreonteia (conjunto de poemas escritos a maneira de Anareonte) a dimensão amorosa

relacionada ao delírio e a embriaguez. Assim, propomos fazer a recepção da poesia de

Anacreonte no discurso de Alcibíades, no diálogo Banquete de Platão.

Palavras-chave: Filósofo; Éros; Delírio.

FILOSOFIA E LITERATURA: ANÁLISE DO LIVRO CÂNDIDO OU O OTIMISMO,

DE VOLTAIRE

SOUSA, Selmy Menezes de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). Orientador:

Prof. Dr. Márcio Benchimol. E-mail: [email protected]

Definir os padrões do que seja um texto filosófico, um discurso filosófico ou até mesmo um

filósofo seria também ousar definir o que é Filosofia. Atividade livre que é, a Filosofia, ao

longo da história humana se manifestou e se manifesta das mais diversas formas. Na poesia às

vezes encontramos seus vestígios, como também nos romances, na música, na pintura, na

dança... Parece haver um laço dos mais sutis unindo a Arte e a Filosofia. E, por amor ou

teimosia, não sei, desejo investigá-lo. A parceria entre a Filosofia e a Arte torna possível

tratarmos com prazer alguns dos temas mais profundos e complexos da nossa cultura e da

nossa existência, como por exemplo: a noção de realidade, a relação entre arte e verdade, a

transitoriedade do amor, a inevitabilidade da morte, a utilidade da beleza, etc. Quando

entrelaçadas, cria-se uma nova área de conhecimento filosófico, um novo campo de

descobertas, o campo da Estética ou Filosofia da Arte. A Filosofia, como sabemos, mantém

relações mais ou menos próximas com as muitas linguagens da Arte; a Literatura, em

especial, mantém com a Filosofia um dos mais estreitos nós. Aqui encontramos o foco deste

trabalho, a relação problemática e encantadora que existe entre a Filosofia e a Literatura.

Problemática por quê? Encantadora por quê? Qual a condição para que um texto deixe de ser

apenas literário para se tornar também filosófico? Será a ousadia de propor alguma verdade?

Será a forma de explanar um problema qualquer? O que faz um texto ser filosófico? Estas são

as questões que formam a problemática do tema. Agora, e o encanto, de onde surge?É sabido

que a Arte é a melhor linguagem para que expressemos emoções; a Arte quando em forma

literária tem o poder de nos atingir profundamente, é uma forma de manifestação artística que,

por usar de conceitos, alcança para além de nossas emoções, nosso intelecto. Encanta porque

não só nos faz admirar como também nos intriga, nos espanta, comove. A literatura usa a mais

cara das capacidades humanas, a linguagem, para expor a imensidão da criatividade e da

sensibilidade humana. A relação entre a Filosofia e a Literatura proporciona mais do que uma

leitura intrigante, nos proporciona liberdade e prazer neste tortuoso caminho que é a busca

pela verdade. O livro Cândido ou O Otimismo, do filósofo iluminista francês Voltaire, é uma

ótima referência como obra que exibe, de certa forma, a ligação entre a Literatura e a

Filosofia. Cândido ou o Otimismo é a mais conhecida obra de Voltaire. No livro, Voltaire

critica a teoria positivista de Leibniz a partir das aventuras de Cândido, personagem que, a

cada passo que dá, vê-se diante de uma tragédia; assim, aprende a se questionar e a filosofar

ao caminhar pela vida.

Page 103: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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Palavras-chave: Filosofia; Literatura; Voltaire.

AUSCHWITZ E A VIDA NUA: A BIOPOLÍTICA EM GIORGIO AGAMBEN

SOUZA, Danigui Renigui Martins de. Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN). E-mail: [email protected]

No presente trabalho analisaremos, de forma breve, o que caracteriza a vida do Homo Sacer e

o que essa figura do Direito Romano representa para o entendimento do termo biopolítica.

Teremos como bases os livros o Homo Sacer e O que resta de Auschwitz, com o objetivo de

refletir o pensamento político do autor acerca da influência da biopolítica na construção da

“vida nua”. Visamos compreender como se dá e de que forma se manifesta esse conceito

chave de “vida nua” para o entendimento do autor. Observaremos ainda o caminho trilhado

pela biopolítica de Agamben até a sua máxima expressão moderna nos campos de

concentração. Diante da formulação biopolítica de Michael Foucault, Agamben volta ao

direito arcaico da Roma Antiga para analisar a figura jurídica do Homo Sacer e percebe que

sua vida possui um caráter de indeterminação. Em seu livro, Homo sacer, ele percebe que a

vida nua nada mais é que o ingresso da zoé na esfera da polís, a politização da vida, e observa

isso ao analisar o local onde ocorre pela primeira vez, a ligação do caráter de sacralidade com

a vida humana, no Homo Sacer. Essa figura do direito romano, em nosso tempo, perdeu seu

caráter de sacralidade. Logo, o único resquício de valor existente o abandona e o que resta

agora é a expressão máxima da vida nua. É no campo de concentração que encontramos a

vida despida de todo valor, e a radicalização da vida nua como nunca antes foi vista. Os

“muslins” (como eram chamados os judeus) foram essa radicalização, e a figura do Homo

Sacer, portador da vida nua na Roma Antiga, hoje é substituído pela figura do “muslim”, a

nova marca dos campos de concentração e da modernidade. O que o filósofo italiano percebe

na modernidade, é que a figura do arcaico direito romano aparece cada vez mais em destaque.

Percebermos isso ao observar que muitas disputas de identidades étnicas e alguns discursos

geneticistas, visando aprimoramento da raça humana, culminaram nos chamados “Campos de

concentração”. O surgimento desses, só foi possível porque a política tornou-se biopolítica. A

atenção voltou-se para corpo biológico da sociedade e com esse cenário instaurado, a vida

privada (zoé) e a existência política (bíos) encontram-se numa zona de indistinção. Após

análise teórico-bibliográfica, finalizamos o trabalho concebendo a figura do direto romano,

como portador da vida nua na Roma Antiga, e o “muslim” como portador da vida nua dos

campos de concentração da modernidade, e mostrando onde existem aproximações e

distinções entre essas duas figuras.

Palavras-chave: Agamben; Biopolítica; Homo Sacer; Vida Nua; Auschwitz.

JUSTIÇA E PODER

Page 104: Anais Do IX Encontro de Pesquisa Na Graduaç Ão Em Filosofia Da UNESP

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SOUZA, Lucas Matos de. Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília). E-mail:

[email protected]

A ideia proposta é sobre um diálogo entre Trasímaco e Sócrates, no qual a discussão é sobre o

que vem a ser justiça. Trasímaco estabelece uma premissa dizendo: A justiça é a conveniência

do mais forte, sendo que a justiça seja a mesma em todos os estados. Sócrates discorda,

dizendo no final do dialogo que desobedecer é justo, mesmo que prejudique. Porém, este

argumento não é válido, pois a justiça se faz pelo ato de obedecer e não pelo resultado, pelo

menos na lógica.

Palavras-chave: Lógica; Obedecer; Realidade.

A NOÇÃO DE WITZ EM FREUD- INVESTIGAÇÕES ACERCA DO MECANISMO

PULSIONAL DO RISO

TEIXEIRA, Manuella Mucury. Universidade de Brasília (UnB). Orientador: Herivelto Pereira

de Souza. Bolsista PIBIC/CNPq. Email: [email protected]

Para além de sua importância histórica, em que a comédia, o riso e o risível, desempenharam

seu papel tão rico de sentidos, há a pergunta pelo sentido do riso ele mesmo, aquilo que

podemos depreender dessa capacidade estranha, que os gregos atribuíam apenas aos homens e

aos deuses, de uma sonora gargalhada? Uma importante contribuição nesse sentido é o

trabalho de Sigmund Freud, que buscou através da psicanálise, entender a importância do riso

na vida psíquica dos seres humanos. Para isso interrogamos o texto freudiano “os chistes e

suas relações com o inconsciente” a fim de saber como se esclarece essa questão do ponto de

vista teórico e clínico. Sabe-se que para Freud a importância de se escrever algo como uma

psicologia dos chistes se dá na medida em que esta descoberta, mesmo que a primeira vista

pareça um caso isolado em relação a seus demais estudos, ou mesmo sem importância dentro

da esfera dos acontecimentos mentais, na realidade, o que se verifica, é exatamente o

contrário, a importância do riso não é de forma alguma desprezível. Para o pai da psicanálise

qualquer nova descoberta no campo mental, significaria estabelecer uma repercussão nas

demais concepções até então elaboradas sobre a vida anímica. Nesse sentido, a declaração da

dinâmica chistosa não poderia ser um evento a parte do sistema psíquico, mas ao contrário,

ser capaz de revelar nuances de seu funcionamento, assim como novas elaborações acerca de

suas estruturas. Ou seja, essas motivações visariam então a contribuir de forma efetiva para o

conhecimento psicanalítico e de fato é o que se deflagra ao longo da leitura do texto em

questão. A nossa investigação sobre os chistes começa por uma investigação do próprio

conceito, juntamente com a denúncia de Freud acerca de sua insatisfação diante da falta de

atenção filosófica que é dada a explicação de tal fenômeno. Passamos então a nos dedicar a

tarefa de explicar os chistes, e a desvelar a gênese de seu efeito humorístico e suas

consequências metapsicológicas. Essas explicações perpassam primeiramente o âmbito da

linguagem, a partir da análise de famosos chistes da literatura, assim como dos conhecidos

ditos populares, acentuando o privilégio do seu caráter simbólico. Percorre o entendimento

das fontes de prazer que este proporciona ao sujeito produtor do chiste, assim como busca

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apreender a finalidade dos chistes, tanto do ponto de vista de obtenção de prazer individual

quanto de seu processo social.

Palavras-chave: Riso; Filosofia; Chistes; Psicanálise; Prazer.

O CONCEITO DE ESPAÇO E TEMPO EM LEIBNIZ E NEWTON

TOLOSA, Leo Souza. Universidade Federal do Pará (UFPA). Orientador: Prof. Agostinho de

Freitas Meirelles. E-mail: [email protected]

Em nosso trabalho objetivamos apresentar alguns pontos da célebre disputa Leibniz X Clarke

(Newton). Como é de conhecimento dos estudiosos do pensamento científico e filosófico

moderno, essa disputa travada no século XVII em torno dos conceitos de espaço e de tempo

foi iniciada por Leibniz, que na primeira carta enviada à princesa de Gales, herdeira do trono

inglês, denuncia os supostos erros cometidos por Newton na elaboração de sua Metafísica.

Newton, que será representado na disputa por seu discípulo Samuel Clarke, defender-se-á

dessa denúncia nas várias cartas que foram enviadas a Leibniz em resposta às outras tantas

correspondências que o filósofo alemão lhe enviara. Essa troca de correspondências

repercutiu de modo notável tanto na tradição filosófica quanto científica que a sucedeu.

Ressaltamos, porém que o nosso propósito estará limitado à apreciação dos principais pontos

da disputa.

Palavras-chave: Espaço; Tempo; Correspondências entre Leibniz e Clarke.

O CLAMOR DO INAUDITO: FILOSOFIA E EXPRESSÃO NA OBRA DE WALTER

BENJAMIN E THEODOR ADORNO

TONDATO, Marcus Paulo Vianna. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Soares Neves Silva. Bolsista da FAPEMIG. E-mail:

[email protected]

Essa comunicação constitui-se como parte de uma investigação maior em andamento, o

empreendimento aqui proposto é a tentativa de demonstrar de forma crítica a influência

benjaminiana na obra de Adorno em suas continuidades e rupturas. Partindo da noção da arte

como um momento resistência e primazia do particular frente ao universal presente em ambos

autores problematizar-se-á acerca da diferença entre a forma do Tratado presente em

Benjamin em contraposição ao ensaio proposto por Adorno como forma por excelência do

pensar filosófico; outro momento será a centralidade da categoria de constelação para o

pensamento dialético; por fim, o papel da linguagem em filosofia de ambos autores.

Palavras-chave: Adorno; Benjamin; Constelação; Filosofia e arte.

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CIÊNCIA E VALORES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS TESES DA

OBJETIVIDADE, NEUTRALIDADE E AUTONOMIA CIENTÍFICAS

VALENTE, Alan Rafael. Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Orientador:

Prof. Dr. Marcos Antônio Alves. Bolsista da Fundação Araucária. E-mail:

[email protected]

A objetividade, neutralidade e autonomia científicas costumam ser consideradas três virtudes

da ciência. Elas estão relacionadas à ideia de que o conhecimento científico é livre de valores.

A objetividade pressupõe um estudo imparcial da realidade. A criação ou a escolha de teorias

científicas não pode ser influenciada por valores extra-cognitivos, tais como políticos,

econômicos, religiosos. Já a tese da neutralidade está relacionada à aplicação prática de

teorias e descobertas científicas. Nenhuma consequência lógica ou prática de uma teoria deve

privilegiar quaisquer valores, sejam eles individuais ou coletivos. Por sua vez, a autonomia

sugere que a ciência é guiada para o objetivo de obter teorias que satisfaçam aos pré-

requisitos das teses da neutralidade e objetividade, de tal modo que, correspondendo a estes

requisitos, a ciência será capaz de proceder de maneira melhor ao não estar sujeita a

influências externas. De acordo com essas teses, o conhecimento científico é autônomo em

relação aos fenômenos do mundo e a aplicação do conhecimento independe de qualquer tipo

de valores extra-cognitivos. Nenhum conjunto especial de valores é particularmente

privilegiado por uma determinada teoria. Uma teoria não possui consequências lógicas ou

práticas concernentes aos valores sustentados por uma comunidade ou pessoa. As leis

naturais, por exemplo, aplicam-se a qualquer objeto físico; a cura de uma doença é aplicada a

qualquer indivíduo, salvo exceções determinadas, objetivamente, na própria teoria. Os

resultados da teoria evolucionista, embora possam contrariar certas concepções divergentes,

uma vez confirmados devem ser aplicados independentemente de valores aceitos. Os críticos

da tese da neutralidade, tais como Lacey (1998), afirmam que toda aplicação teórica está

impregnada de valores. De modo que os valores podem possuir aspectos negativos e

positivos. Há situações em que a influência leva a consequências nocivas, à medida que

podem ser escolhidas teorias que favoreçam determinadas concepções ou que sejam

direcionadas a nichos ideológicos. A ciência farmacêutica, por exemplo, quando influenciada

demasiadamente por valores econômicos, tende a priorizar pesquisas geradoras de retorno

financeiro, levando-a, muitas vezes, privilegiar a busca pela cura de doenças direcionadas a

classes de indivíduos capazes de pagar pelos novos medicamentos. Por outro lado, a

influência de valores pode evitar a construção de novas tecnologias destrutivas, como armas

nucleares. Visamos, neste trabalho, analisar como os valores interferem na composição da

ação científica e em que situações os valores podem ser frutíferos ou maléficos para o

progresso da humanidade.

Palavras-chave: Ciência; Valores; Objetividade; Neutralidade; Autonomia.

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DO ETERNO RETORNO...A VONTADE DE PODER?

VEDOVATO, Hugo José de Carvalho. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Orientador: Prof. Dr. Oswaldo Giacoia Junior. Bolsista FAPESP. E-mail:

[email protected]

Em Assim Falou Zaratustra, o Além-do-homem é conjurado pela primeira vez. Quem, o quê

haverá de ser esse mui louvável ser, este eminente advento? O que Nietzsche deseja ao

invocá-lo de pronto naquela que consideraria sua obra magna? O filósofo aponta que o

conceito cardinal de Zaratustra é o eterno retorno – uma proposição ontológica cuja mais

decisiva implicação é a aceitação integral da existência. Por outro lado, há outra presença que

espreita o ministério do personagem epônimo, exigindo também régio tratamento: a vontade

de poder. Motriz de todos os seres, de tudo que há, incitando o indivíduo a uma busca

permanente por superação. Como se relacionam estes conceitos? Pode uma natureza que

descobriu a si mesma ardente por potência, por superação – e vivendo tal ardor de forma

plena –, aceitar de bom grado aquilo lhe oferta a vida, e somente nas medidas prescritas por

esta? Como é possível conciliar o anseio de superação com a satisfação por uma sina onde tal

gosto talvez lhe seja cerceado? Ou, ao menos, como isso se dá no pensamento nietzschiano?

Na trilha para a obtenção dessas respostas, encontram-se os passos que levaram ao

desenvolvimento dos dois conceitos como independentes um do outro, ainda que se revelem

finalmente paralelos, inclusivos e interligados, quando de suas formas finais. Os dois

conceitos fundem-se; por serem o que são, interconectam-se. Mas será possível interpretá-los

como dependentes em origem? Haverá espaço para imaginá-los dedutíveis, em sua gênese,

um do outro? Há como identificar este encadeamento no pensamento nietzscheano? Ou ele

não é apenas não observável, mas vetado de algum modo? Seria tal proposição um

contragosto demasiado para Nietzsche, tendo em vista sua aversão à sistematização

filosófica? Caso contrário, se tal enlace seja sustentável, como fazê-lo? O que significa a

plausibilidade desta conexão subterrânea, e o que ela poderia revelar sobre a filosofia de

Nietzsche? Tal abordagem talvez seja decisiva para estabelecer satisfatoriamente a relação

entre eterno retorno e vontade de poder, para então relacioná-los ao Além-do-homem, e, com

base nisso, oferecer uma interpretação conclusiva sobre seu papel em Zaratustra.

Palavras-chave: Eterno retorno; Vontade de poder.

KANT: ENTRE A PAIXÃO E A DESILUSÃO COM A METAFÍSICA

VEIGA, Dean Fábio Gomes. Pontifícia Universidade Católica do Paraná(PUC-PR). E-mail:

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo, analisar o desenvolvimento intelectual do pensamento

de Immanuel Kant, versando principalmente sobre a passagem de sua filosofia dogmática

através da leitura de Hume, para a fase da construção de sua filosofia crítica. Pretendemos

demonstrar a importância da fase pré-crítica kantiana compreendida sobretudo com as

discussões realizadas na década de 1770, com a publicação de sua tese: De mundi sensibilis

atque intelligibilis forma et principiis, tese essa que marca conceitualmente o período

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nominado pelos comentadores da filosofia kantiana como: período pré-crítico. As

correspondências entre Kant e seu aluno Marcus Herz, nos fazem compreender que a

formulação ainda que preliminar de um projeto de uma filosofia crítica em relação a

metafísica, foi amadurecendo progressivamente, e que seria um erro conceitual grave para a

compreensão do período crítico um abandono ou desprezo pelas publicações do filósofo nesse

período. Desta forma, podemos asseverar que a construção da Crítica da Razão Pura,

encontrasse em meio a um dilema conceitual que o autor vive: uma paixão obstinada a

metafisica e sua desilusão posterior por não encontrar uma explicação plausível para o

problema, acerca da possibilidade de juízos sintéticos a priori, questão essa que está presente

em discussões anteriores a formulação da primeira crítica. Assim, analisar o desenvolvimento

do pensamento kantiano acerca da metafisica, é antes de tudo poder compreender a motivação

e intenção do autor com a inauguração de sua filosofia crítica, e deste modo entender a

mudança que ocorre dentro do núcleo kantiano que não representa apenas uma ruptura, mas

sim uma novo paradigma conceitual que segue um objetivo comum presente em todas as fases

do pensamento kantiano: encontrar a possibilidade de uma metafisica. Por meio de uma

leitura sistematizada das obras principais do período crítico, e das correspondências de Kant

com seu aluno Marcus Herz, pretendemos elaborar uma hipótese que comprove a importância

da compreensão dos textos pré-críticos do autor, para um estudo mais elaborado da filosofia

crítica no seu desenvolvimento após as publicações datadas no período de 1781 em diante,

com a publicação da primeira versão da Crítica da Razão Pura.

Palavras-chave: Kant; Crítica; Metafísica; Herz.

A CRÍTICA NIETZSCHIANA AOS FILISTEUS DA CULTURA E A SUA

PEDAGOGIA DEGENERADA NO GYMNASIUM ALEMÃO

XAVIER, Tiago. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail:

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo mostrar as críticas feitas por Nietzsche aos filisteus da

cultura e à sua pedagogia degenerada no ginásio e na sociedade acadêmica alemã que,

ofuscando o brilho cultural desta nação, impedia-a de criar ferramentas que possibilitassem ao

homem a sua emancipação da decadência cultural existente em época. Ao criticar a pedagogia

filisteia, mostrarei os apontamentos feitos por Nietzsche acerca dos perigos e dos problemas

que a Alemanha passará por causa da péssima qualidade de ensino que estava se inserindo na

educação desta nação através da metodologia antipedagógica dos filisteus da cultura, que não

capacitava os alunos a terem uma visão formidável que os ajudasse a perceber que uma boa

educação só pode subsistir se os mesmos preservarem o brilho de sua cultura, lutando e

defendendo-a de toda e qualquer espécie de ninharia. Mostrarei também que a posição

contrária de Nietzsche aos filisteus tinha como objetivo subjugar a filosofia de brinquedo e a

pseudofilosofia, que não estimulava nos homens uma reflexão crítica acerca do que estava

sendo transmitido aos mesmos para que estes pudessem perceber até que ponto aquilo que

lhes era fornecido estava contribuindo para a sua verdadeira emancipação intelectual,

garantindo-lhes o pensar e o fazer-se por si mesmos e não naufragando em pensamentos

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alheios que não os ajudavam a alçar voo, não contribuindo assim para o surgimento do gênio:

senhor de seus instintos e de si mesmo, que não pensa e não age como animal de rebanho,

mas como homem que sabe conservar e adubar a vida em prol do florescimento e frutificação

da existência, não superestimando todo e qualquer tipo de conhecimento que o desvincule

dela. É um homem não alienado para questões filosóficas e estéticas – que sabe se posicionar

contra todo tipo de saber vicioso e paralisador das virtudes humanas, não se deixando seduzir

pelo projeto iluminista racionalista socrático-platônico.

Palavras-chave: Nietzsche; Filisteu; Cultura; Educação; Gênio.

A QUESTÃO DO ESPAÇO HOBBESIANO-LITERÁRIO EM O CORTIÇO DE

ALUÍSIO DE AZEVEDO

ZOCARATO, Clayton Alexandre. Centro Universitário Claretiano. E-mail:

[email protected]

A obra “O Cortiço” do escritor naturalista Aluísio de Azevedo similaridades de questões

sociológicas e históricas que estão intrinsecamente ligadas ao nosso atual contexto social e

geográfico, como a luta travada pelo espaço social dentro dos bairros de classe média baixa,

tendo como cenário a sociedade carioca no século XIX, estando está á mercê de uma

República jovem e moldada em princípios paternalistas contendo como um de seus pilares

para sua conjectura, uma elite agrário-fundiária, estando balbuciada em uma envergadura

fictícia, porém não podemos ignorarmos, que ela detenha eixos que a elevam seu conteúdo

para nosso tempo, como os embates feitos pelos moradores das grandes metrópoles em torno

da construção de um lar no alto de encostas e morros, não contendo nenhum tipo de infra-

estrutura adequada tanto física quanto econômica para erguerem suas moradias de forma

profícua, sofrendo com a carência de auxilio social ou humanístico que por ventura

proporcione algum tipo de alento para suas angústias, estes moradores “ditos” favelados,

(conceito chave para uma análise da urbanização das grandes cidades brasileiras)

gradativamente herdam dentro da sociedade capitalista, o rotulo de marginalizados, não

possuindo um parâmetro adequado, que venha possibilitar um abrandamento das disparidades

sociais. Pretendemos elucidar, como espaço foi se constituindo diante das mazelas

existenciais dos protagonistas de O Cortiço, adornado principalmente no pacto-social de

Thomas Hobbes, e de como as suas diretrizes do Estado Natureza se encontram em sintonia

de análises, com os preceitos de sobrevivência com a sincope literária de conflitos

psicológicos do Naturalismo concatenando mixórdias de antagônicos desejos e subjetivismos

das classes degeneradas do período da Primeira República no Brasil.

Palavras-chave: Espaço; Sociedade; Literatura; Hobbes; Naturalismo.

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IX ENCONTRO DE PESQUISA NA GRADUAÇÃO

EM FILOSOFIA DA UNESP

Marília, 12 a 16 de maio de 2014.

www.encfilunesp.com