ana jÚlia de aquino fernandes buono gusto al mare · restaurante localizado na praia, a partir de...
TRANSCRIPT
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Tecnologia
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Curso de Arquitetura e Urbanismo
ANA JÚLIA DE AQUINO FERNANDES
BUONO GUSTO AL MARE:
ANTEPROJETO DE UM EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
VOLUME I
NATAL/RN
2014
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
ANA JÚLIA DE AQUINO FERNANDES
BUONO GUSTO AL MARE:
ANTEPROJETO DE UM EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Trabalho Final de Graduação apresentado
como requisito para conclusão do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Orientador: Prof. MSc. Hélio Takashi
Maciel Farias.
NATAL/ RN
2014
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Biblioteca Setorial de
Arquitetura.
Fernandes, Ana Júlia de Arquino.
Buono Gusto Al Mare: Anteprojeto de um equipamento gastronômico na praia/ Ana Júlia de Aquino
Fernandes. – Natal, RN, 2014.
112f. : il.
Orientador: Hélio Takashi Maciel Farias.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia.
Departamento de Arquitetura.
1. Restaurante – Monografia. 2. Arquitetura comercial e de serviços – Monografia. 3. Madeira –
Monografia. 4. Arquitetura bioclimática – Monografia. I. Farias, Hélio Takashi Maciel. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 725.71
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, à Deus por me prover paciência, força e determinação
para vencer com êxito todas as etapas do intenso curso de Arquitetura e Urbanismo e do
presente trabalho;
À minha família por ser minha base fortalecedora, pelo imensurável apoio,
confiança e estímulo em todas as etapas da minha vida, especialmente na atual;
Ao meu namorado Caio, que me acompanha desde o início da trajetória do curso,
pela compreensão nos momentos de ausência, por sempre ter me dado forças e auxiliado
nos trabalhos devido aos seus conhecimentos na área da Engenharia Civil;
Ao meu orientador Hélio Takashi, que esteve sempre disposto a me auxiliar,
incentivar em todo o processo do trabalho, acreditar nas minhas propostas e compartilhar
seus conhecimentos e experiências;
Aos meus chefes Nadiedja Melo, Nilberto Gomes e Samara Gosson, por terem me
proporcionado conhecimentos práticos importantes dentro do universo da Arquitetura e
Interiores e contribuíram para o meu crescimento profissional;
Aos meus fiéis e especiais amigos e amigas de infância que sempre estiveram
presentes nos principais momentos da minha vida, me apoiando e animando, e que no
presente período entenderam meus momentos de ausência;
Aos queridos amigos e colegas de curso, pelo companheirismo e apoio,
especialmente Viviane, Tatiana e Mariana, que foram vencendo etapas juntamente
comigo e sempre me auxiliaram nas minhas escolhas e soluções projetuais;
Às amigas de curso Andreza, Anna Paula e Viviane que conviveram comigo 1 ano
de intercâmbio na Itália, compartilhando momentos e experiências que propiciaram um
grande crescimento pessoal e profissional;
À conceituada instituição de ensino UFRN - Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, por te me acolhido e propiciado a vivência de momentos tão importantes e aos
competentes professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, que
contribuíram para meu crescimento intelectual e aprofundaram meus conhecimentos
acerca da Arquitetura e Urbanismo.
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Resumo
Dentro de um contexto de aumento pela busca por momentos de lazer, de elevados
índices mundiais de consumo de água e energia e consequente aumento da preocupação
com questões ambientais, surge a ideia pela escolha temática a ser desenvolvida. O
presente trabalho possui como objetivo geral o desenvolvimento de um anteprojeto de
restaurante localizado na praia, a partir de uma arquitetura bioclimática e de práticas
sustentáveis, possuindo a madeira como material estrutural e estético de destaque.
O trabalho foi desenvolvido na área de projeto de arquitetura e é composto pela
abordagem conceitual sobre o tema, estudos de referência, descrição e análise dos
condicionantes projetuais e pela proposta arquitetônica. Como resultado apresenta o
desenvolvimento do anteprojeto para o restaurante Buono Gusto al Mare, localizado na
praia de Barra de Tabatinga, no município de Nísia Floresta/ RN.
Palavras-chave: Arquitetura comercial e de serviços; Restaurante; Madeira; Arquitetura
bioclimática; Sustentabilidade.
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Abstract
Within the context of the search for increased leisure time, high rates of global
consumption of water and energy and increasing concern about environmental issues, the
idea for the theme to be developed choice arises. This work has as main objective the
development of draft restaurant located on the beach, from a bioclimatic architecture and
sustainable practices, having wood as a prominent material.
The work was developed in the area of architectural design and comprises the
conceptual approach to the subject, reference studies, description and analysis of
projective constraints and the architectural proposal. As a result presents the development
of the draft for the restaurant Buono Gusto al Mare, located in Barra de Tabatinga, in the
municipality of Nísia Floresta / RN.
Keywords: commercial and service architecture; restaurant; wood; Bioclimatic
architecture; Sustainability.
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Lista de ilustrações
Figura 1 - Núcleos turísticos na RMN de Natal ............................................................................ 18
Figura 2 - Fluxograma de funcionamento de um Restaurante ................................................... 23
Figura 3 - Distribuição de setores em um Restaurante ............................................................... 24
Figura 4 - Opções de layout para mesas de restaurantes ........................................................... 26
Figura 5 - Dimensões mínimas para circulação na cozinha ......................................................... 27
Figura 6 - exemplo de ambiente rústico - Restaurante Mangai .................................................. 28
Figura 7 - Torre de observação no Parque Hemel, Alemanha .................................................... 30
Figura 8 - Vila Taguaí, SP ............................................................................................................. 30
Figura 9 - The Green Building, África do sul ................................................................................ 31
Figura 10 - Comparativo entre madeira, aço e concreto armado ............................................... 33
Figura 11 - Zoneamento bioclimático brasileiro ......................................................................... 36
Figura 12 - Exemplo de beiral ...................................................................................................... 39
Figura 13 - Exemplo de Brise soleil .............................................................................................. 39
Figura 14 - Exemplo de parede em cobogó ................................................................................ 40
Figura 15 - Exemplo de Shed ....................................................................................................... 40
Figura 16 - Exemplo de átrio ....................................................................................................... 41
Figura 17 - Fonte primária de energia no mundo (2011) ............................................................ 41
Figura 18 - Representação esquemática do funcionamento de um painel fotovoltaico ............ 43
Figura 19 - Sistema de aproveitamento da água das chuvas pelo telhado e pelo solo .............. 45
Figura 20 – Corte esquemático de um telhado verde ................................................................. 46
Figura 21 - Telhado verde em faculdade de Cingapura .............................................................. 47
Figura 22 - Localização do Restaurante Fogo e Chama ............................................................... 50
Figura 23 - Fachada frontal do Fogo e Chama............................................................................. 51
Figura 24 - Planta baixa pavimento térreo do Fogo e Chama ..................................................... 52
Figura 25 - Salão de mesas e buffet do Fogo e Chama ............................................................... 52
Figura 26 - Salão de mesas do Fogo e Chama ............................................................................. 52
Figura 27 - Forro do salão de mesas do Fogo e Chama............................................................... 53
Figura 28 - Circulação vertical, estoque de vinhos e bar do Fogo e Chama ................................ 53
Figura 29 - Refeitório e de frigorífico do Fogo e chama .............................................................. 53
Figura 30 - Depósito de alimentos do Fogo e Chama ................................................................. 53
Figura 31 - Camarões Restaurante .............................................................................................. 54
Figura 32 - Localização do Camarões restaurante ...................................................................... 54
Figura 33 - Fachada frontal do Camarões Restaurante ............................................................... 55
Figura 34 - Planta baixa do pavimento térreo do Camarões ...................................................... 56
Figura 35 - Área de bar e caixa do Camarões .............................................................................. 56
Figura 36 - Bar e acesso à cozinha do Camarões ........................................................................ 56
Figura 37 - Área de espera e recepção do Camarões .................................................................. 57
Figura 38 - Salão de mesas do Camarões .................................................................................... 57
Figura 39 - Planta baixa pavimento superior do Camarões ........................................................ 57
Figura 40 - Salão de mesas do Camarões .................................................................................... 58
Figura 41 - Placas acústicas no forro do Camarões ..................................................................... 58
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA Figura 42 - Estacionamento para PNE do Camarões ................................................................... 58
Figura 43 - Calçada acessível do Camarões ................................................................................. 58
Figura 44 - Restaurante Mangai Brasília ..................................................................................... 59
Figura 45 - Espaço do salão com vista para a ponte JK, restaurante Mangai - Brasília .............. 59
Figura 46 - Salão de mesas do restaurante Mangai Brasília ....................................................... 60
Figura 47 - Caixa de elevador externa, Restaurante Mangai Brasília ......................................... 60
Figura 48- Restaurante Aan Zee, Oostvoorne, Holanda.............................................................. 61
Figura 49 - Terraço externo - restaurante Aan Zee ..................................................................... 61
Figura 50 - Ambiente interno do restaurante Aan Zee ............................................................... 62
Figura 51 - Terraço restaurante Aan Zee .................................................................................... 62
Figura 52 - Esquema do uso das técnicas sustentáveis - Restaurante Aan Zee .......................... 62
Figura 53 - planta baixa - Restaurante Aan Zee .......................................................................... 63
Figura 54 - Centro Max Feffer, Pardinho/SP ............................................................................... 64
Figura 55 - Vista lateral Centro Max Feffer ................................................................................. 64
Figura 56 - Cobertura curvada em bambu - Centro Max Feffer .................................................. 65
Figura 57 - Restaurante Coco Bambu - Vista deck madeira ........................................................ 66
Figura 58 – Restaurante Coco Bambu – Vista deck e marquise .................................................. 66
Figura 59 - Biblioteca - vista da estrutura da cobertura ............................................................. 66
Figura 60 - Biblioteca - vista superior .......................................................................................... 66
Figura 61 - YPY- complexo de lazer ............................................................................................. 67
Figura 62 - YPY - Esquema de ventilação natural ........................................................................ 67
Figura 63 - Alojamentos sociais na Itália ..................................................................................... 67
Figura 64 - Localização do terreno escolhido .............................................................................. 69
Figura 65 - Terreno escolhido para desenvolvimento projetual ................................................. 70
Figura 66 - Terreno escolhido para desenvolvimento projetual ................................................. 70
Figura 67 - Acessos principais ao terreno escolhido ................................................................... 70
Figura 68 - Terreno escolhido e seu entorno imediato ............................................................... 71
Figura 69 - Praia Bonita Resort .................................................................................................... 71
Figura 70 - Casas no entorno do terreno escolhido .................................................................... 71
Figura 71 - Dimensões do terreno escolhido .............................................................................. 72
Figura 72 - Topografia do terreno escolhido ............................................................................... 72
Figura 73 - Condicionantes bioclimáticos atuantes no terreno .................................................. 73
Figura 74 - Dimensões mínimas para boxe acessível .................................................................. 78
Figura 75 - Configuração vaga acessível ...................................................................................... 78
Figura 76 - Fluxograma dos ambientes do restaurante .............................................................. 85
Figura 77 - Zoneamento esquemático dos setores do restaurante ............................................ 87
Figura 78 - Croquis esquemáticos com evolução da definição volumétrica ............................... 89
Figura 79 - Croqui esquemático da volumetria final ................................................................... 89
Figura 80 - Croqui esquemático da volumetria final ................................................................... 90
Figura 81 - Esquema de localização dos setores na edificação ................................................... 91
Figura 82 - Implantação do Buono Gusto al Mare e seus acessos .............................................. 93
Figura 83 - Esquema de fluxos de entrada de alimento e saída de lixo ...................................... 94
Figura 84 - Detalhe esquemático da entrada de ventilação pelas venezianas e esquadrias ...... 95
Figura 85 - Esquema de funcionamento de ventilação cruzada no salão de mesas ................... 95
Figura 86 - Máscara de sombra abertura fachada Norte do restaurante ................................... 96
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA Figura 87 - Máscara de sombra abertura fachada Leste do restaurante .................................... 96
Figura 88 - Máscara de sombra abertura fachada Oeste do restaurante ................................... 97
Figura 89 - Detalhe esquemático cobertura verde ..................................................................... 97
Figura 90 - Esquema do funcionamento do sistema de reaproveitamento de águas da chuva . 98
Figura 91 - Localização esquemática da utilização dos sistemas estruturais .............................. 99
Figura 92 - Pré-dimensionamento pilares em madeira............................................................... 99
Figura 93 - Pré-dimensionamento viga de madeira .................................................................. 100
Figura 94 - Telha Americana Prime - cor marfim ...................................................................... 100
Figura 95 - Detalhe esquemático da cobertura do caramanchão ............................................. 101
Figura 96 - Forro acústico em madeira Nexacustic 8 ................................................................ 101
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Lista de tabelas
Tabela 1 - Pré-dimensionamento de espaço do salão de mesas ..................................... 25
Tabela 2 - Dimensionamento área de cozinha ................................................................ 26
Tabela 3 - Especificação das técnicas abordadas em texto e as adotadas em projeto .... 48
Tabela 4 - índices urbanísticos incidentes nas áreas especiais de proteção ambiental ... 74
Tabela 5 - Número de vagas mínimo de estacionamento de acordo com o uso ............. 75
Tabela 6 - Pré-dimensionamento restaurante ................................................................. 83
Tabela 7 - Quadro comparativo de áreas do projeto e da norma .................................... 92
Tabela 8 - Especificação de materiais para revestimento ............................................. 103
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Sumário
Introdução ................................................................................................................................... 13
1. O lazer no litoral do Rio Grande do Norte e o turismo ....................................................... 16
2. Equipamentos gastronômicos: Restaurantes ..................................................................... 20
2.1. Arquitetura de Restaurantes.................................................................................22
2.2. Arquitetura de interiores de Restaurantes...........................................................27
3. A madeira e a Arquitetura ................................................................................................... 28
4. A sustentabilidade e a Arquitetura bioclimática ................................................................. 33
4.1. Soluções para uma Arquitetura Sustentável e Bioclimática.................................38
5. Estudos de Referência diretos ............................................................................................. 50
5.1. Restaurante Fogo e Chama Steak House..............................................................50
5.2. Camarões Restaurante..........................................................................................54
6. Estudos de Referência indiretos ......................................................................................... 59
6.1. Restaurante Mangai - Brasília...............................................................................59
6.2. Restaurante Aan Zee.............................................................................................61
6.3. Centro Max Feffer.................................................................................................63
7. Estudos de Referência Formais ........................................................................................... 65
7.1. Coco Bambu Fortaleza.............................................................................................65
7.2. Ballard Library And Neighborhood Service Center...................................................66
7.3. YPY - Complexo de lazer..........................................................................................66
7.4. Alojamentos sociais - Itália......................................................................................67
8. Condicionantes Físicos e Bioclimáticos ............................................................................... 69
9. Condicionantes Legais ........................................................................................................ 73
9.1. Plano Diretor de Nísia Floresta (Lei complementar nº 001/2007, de
dezembro/2007...........................................................................................................................74
9.2. Código de obras de Nísia Floresta - Lei complementar nº 002/2007, de 26 de
dezembro/2007...........................................................................................................................76
9.3. Código de segurança e prevenção contra incêndio e pânico do estado do Rio
Grande do Norte - Lei nº 4436/1974...........................................................................................76
9.4. ABNT NBR 9050/2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos...............................................................................................................77
9.5. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997 - Boas práticas de fabricação para
estabelecimentos produtores de alimentos................................................................................79
9.6. Portaria nº 216, de 15 de setembro de 2004 - Boas práticas para serviços de
alimentação.................................................................................................................................80
10. Condicionantes funcionais .................................................................................................. 81
BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA 10.1. Programa de necessidades e pré-dimensionamento..........................................83
10.2. Fluxograma.........................................................................................................84
11. Partido Arquitetônico e evolução da proposta .................................................................. 87
12. Memorial Descritivo e Justificativo .................................................................................... 90
12.1. Idealização e apresentação do público alvo.......................................................90
12.2. Implantação........................................................................................................92
12.3. Técnicas sustentáveis e bioclimáticas.................................................................94
12.4. Aspectos construtivos.........................................................................................98
12.5. Especificação de materiais................................................................................102
Considerações finais .................................................................................................................. 106
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 108
Anexo – Catálogo do painel acústico NexAcustic 8 da OWA Brasil Sonex ................................ 113
13 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Introdução
Na sociedade contemporânea diversos fatores contribuem para o esgotamento
físico e mental das pessoas, como o estresse e cansaço, já que estão rodeadas por
problemas em suas rotinas diárias e intensas jornadas de trabalho. Dentro desse cenário,
a importância dos momentos destinados ao lazer se torna ainda mais enaltecida.
O restaurante constitui-se como uma forma de lazer gastronômica mais acessível
a pessoas de todas as idades, já que, no geral, se é observado um ambiente mais acolhedor
e tranquilo do que os bares, por exemplo, e possui o diferencial de dispor do preparo e
comercialização dos diversos tipos de refeições (alimento, sobremesas e bebidas), o que
pode lhe conferir um programa de necessidades mais variado e complexo que os demais
equipamentos do ramo da gastronomia.
A região Nordeste, e mais especificamente o estado do Rio Grande do Norte,
principalmente a capital e praias próximas, é muito procurada por turistas e esse intenso
movimento turístico na região exige a oferta de melhor infraestrutura e de diversos
estabelecimentos de serviços e comércios que atendam tanto a tais turistas quanto à
população local. A existência de restaurantes é fundamental em locais de grande
movimentação, já que é um dos principais pontos procurados durante o período da tarde
e da noite.
Paralela à intensa atividade turística e crescente preocupação em destinar maior
parte do tempo aos momentos de lazer, encontra-se a maior busca pela abordagem da
questão do uso de práticas sustentáveis, inclusive no ramo da construção civil. O elevado
índice atual de degradação ambiental e o aumento do padrão de consumo (de água,
energia, etc) da população mundial faz com que o uso de práticas geradores de menores
impactos ao ambiente seja cada vez mais comum em todas as partes do mundo.
Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo geral desenvolver
o anteprojeto de um restaurante localizado na praia de Barra de Tabatinga/RN, a partir de
uma Arquitetura bioclimática e de práticas sustentáveis, possuindo a madeira como
material de destaque.
A escolha do tema surgiu a partir do interesse particular em fazer do Trabalho
Final da Graduação uma forma de exercício e qualificação inicial da autora no campo da
14 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Arquitetura comercial e de serviços. Aliada a tal fato, estão a vontade e necessidade de
desenvolvimento de um projeto mais correto, menos agressor ao meio no qual se insere e
dotado de ambientes confortáveis acústica e termicamente e da adoção de um material
com funções estética e estrutural, a madeira, que não costuma ser o mais comum na área
de estudo. Esses fatores influenciaram na escolha do foco do trabalho.
O presente trabalho é composto por 2 volumes, sendo o volume I o presente
memorial, e o volume II, o caderno de pranchas e imagens das perspectivas referentes à
proposta arquitetônica final.
O volume I é dividido em 4 partes. A primeira é composta pelo referencial teórico,
que constitui-se como um embasamento teórico e metodológico ao projeto arquitetônico,
contendo abordagens referentes aos principais conceitos relacionados ao tema em
questão. A parte II refere-se aos estudos de referência realizados, relacionados aos usos
ou funções semelhantes e aos aspectos formais considerados como referências.
A parte III engloba os condicionantes projetuais, a partir da análise dos
condicionantes físicos, legais e funcionais relacionados ao projeto. Para a realização da
análise dos condicionantes físicos foram realizadas visitas ao terreno e seu entorno e para
a parte dos condicionantes legais foram consultadas as normas vigentes relacionadas à
localização do terreno e ao uso do equipamento. Nos condicionantes funcionais realizou-
se um programa de necessidade, seu pré-dimensionamento e um fluxograma,
solucionados a partir de consultas em livros, normas e de análises de projetos de uso
semelhante.
Por fim, a parte IV é composta pela proposta do edifício de restaurante.
Inicialmente será relatado o processo de evolução do projeto, desde aspectos funcionais
e volumétricas até os técnicos e construtivos, como dimensionamento de caixa d´água e
especificação de materiais, por exemplo.
16 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
1. O lazer no litoral do Rio Grande do Norte e o turismo
Com a evolução da sociedade capitalista, o tempo livre começou a perder o caráter
de lazer, passando a ser ocupado com outras atividades vistas como mais produtivas.
Dessa forma, percebe-se que na atualidade os homens têm destinado muito tempo de seus
dias ao trabalho, estudo e demais atividades relacionadas a estes contribuindo para um
maior nível de seu esgotamento físico e mental.
Em contrapartida, a crescente preocupação com a melhoria de qualidade de vida
tem levado a sociedade a apreciar de forma mais devida as horas de descanso e recreação,
já que conforme Melo (2003) o lazer é “muito importante e está diretamente ligado à
saúde, à educação e à qualidade de vida”. E segundo Castelli (1996), na medida em que
o homem passa a viver nas cidades densamente povoadas, mais ele se ressente da
necessidade de um tempo livre para pôr seu corpo e sua mente novamente em ordem.
Atualmente, diversas formas de lazer têm se proliferado no mundo inteiro, se
constituindo como formas de recreação rápidas, que ocupam o tempo livre das pessoas e
as fazem, momentaneamente, esquecer os problemas da rotina de trabalho e estudo. O
turismo se constitui como o maior exemplo disso, já que tem sido uma das formas de lazer
mais procuradas na sociedade contemporânea e na medida em que torna estes momentos
de relaxamento mais prolongados, durante alguns dias de viagem.
A sociedade humana tem-se posto em movimento, com isso, trazendo mobilidade
à maioria dos habitantes das nações industriais. Conforme Kripperndorf (1989), se busca
aproveitar todas as oportunidades para viajar, oportunidades de fugir do cotidiano, com a
maior frequência possível, pois não há desejo maior que o de viajar, mudar de endereço
e é por isso que é tão importante e complexo o estudo da atividade turística.
Segundo Dália Lima (2006), existem duas vertentes do lazer: o que possui
significados e qualidades inerentes ao homem, “voltado para a introspecção das emoções,
das satisfações pessoais”, e o que está relacionado com o entretenimento e com o
consumo, como uma mercadoria. Este último constitui-se como a principal fonte de lucro
do mercado do turismo. Ainda segundo Mcintosh, 2002 apud Mazalla, 2007, os atrativos
podem ser classificados de várias formas, como o entretenimento, dentre eles os parques
de diversão, ou os atrativos naturais que são os grandes propulsores das viagens
17 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
escolhidas pelos turistas que apreciam a natureza, ou ainda, os atrativos relacionados ao
patrimônio histórico cultural, o lazer, e, por fim, os atrativos comerciais e industriais.
Lima (2006) afirma ainda que, no caso do litoral nordestino, o Governo Federal
possui uma proposta que contempla a atividade turística e o lazer como a principal forma
de desenvolvimento econômico desta área.
“Uma característica do tipo de ocupação feita pelos empreendedores de
atividades turísticas no litoral norte-riograndense, refere-se aos
investimentos realizados na construção de pousadas e restaurantes”
(LIMA, 2006).
A crescente procura pelo lazer ligada ao turismo no Rio Grande do Norte está
fortemente associada à expansão metropolitana da cidade de Natal. Segundo Paiva
(2010), a partir da década de 1990, dentre os aspectos que justificam a expansão
metropolitana e a integração física e funcional estão: a articulação metropolitana via orla
marítima e transformação e emergência de novas tipologias de turismo e lazer (pousadas,
hotéis, resorts, condomínios, flats, restaurantes e casas de veraneio).
Ainda segundo o autor, mais recentemente a expansão continua se desenvolvendo
ao longo dos eixos Norte e Sul e fortemente induzida pelas intervenções ligadas ao
incremento da atividade turística. Bentes, Tinoco e Clementino (2009) defendem
veementemente a importância do turismo como um dos principais fatores responsáveis
pela expansão do território metropolitano. Tais argumentos são reforçados por Silva e
Ferreira (2005), ao afirmarem que as regiões metropolitanas recém criadas no Nordeste
“longe de serem grandes centros industriais na década de 1970 e 1980, (...) sugerem a
formação de novos processos e articulações que ultrapassam a escala intraurbana, rumo a
uma perspectiva metropolitana, fundamentada na atividade econômica do turismo”.
Conforme Paiva (2010), os usos litorâneos antes do advento do turismo, não foram
responsáveis por grandes transformações no litoral. Só recentemente o uso da orla como
local para habitação das classes mais privilegiadas (segunda residência) passou a
constituir uma nova forma de ocupação da faixa litorânea. O turismo tem impulsionado
um uso mais efetivo do espaço litorâneo com características espaciais bem específicas.
Na escala intraurbana através das mudanças de uso e ocupação do solo e nos municípios
vizinhos à Natal, a substituição de usos e a ocupação dos vazios e recursos naturais
existentes.
18 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Uma das diferenças fundamentais do processo de urbanização vinculado ao
turismo é que se desenvolve em lugares específicos, geralmente com potencialidades
paisagísticas. No caso do Nordeste essa urbanização se manifesta preferencialmente e
predominantemente na faixa litorânea, o que confirma a localização como um fator
determinante na urbanização turística.
O processo de expansão litorânea originado em Natal foi mais efetivo no sentido
Sul, em direção a Parnamirim e a Nísia Floresta. Em Parnamirim, os principais núcleos
litorâneos são Pium, Cotovelo e Pirangi do Norte, sendo que somente os dois últimos
possuem faixa de praia. As praias de Pirangi do Sul, Búzios, Barra de Tabatinga e
Cumurupim, localizadas no município de Nísia Floresta constituem os principais núcleos
litorâneos da Rota do Sol (via que inicia-se no bairro de Ponta Negra de Natal/RN e dá
acesso direto às praias do litoral sul do estado).
A praia de Barra de Tabatinga sofre grande afluxo de turistas em função das
potencialidades naturais, formado por falésias, dunas, rios e lagoas. As categorias de
hospedagem são principalmente os empreendimentos como flats, apartamentos e resorts,
sendo a hotelaria convencional menos desenvolvida. Segundo PAIVA (2010), a maioria
destes empreendimentos, turísticos e imobiliários, tem forte participação de capital
estrangeiro provenientes de Portugal, Espanha e Noruega.
Figura 1 - Núcleos turísticos na RMN de Natal
Fonte: PAIVA (2010).
É notório que as áreas dotadas de belezas naturais localizadas nos municípios
vizinhos a Natal, para as quais se tem havido a contínua expansão, inserem-se no contexto
19 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
do turismo sazonal. Segundo Butler (1994, p.332) aquele trata-se de “um desequilíbrio
temporal no fenômeno turístico, que pode ser expresso em termos de dimensões tais
como: número de visitantes, despesas de visitantes, tráfego nas autoestradas e outras
formas de transporte, emprego e ingressos em atrações.” Dessa forma, percebe-se que a
sazonalidade é a concentração dos fluxos turísticos em períodos determinados do ano,
promovendo picos de atividades relacionadas ao turismo.
A sazonalidade da demanda turística considera as seguintes variáveis:
férias escolares ou dos trabalhadores, poder aquisitivo, concentração
espaço-temporal. (MOTA, 2001).
Verifica-se que as praias vizinhas à capital são movidas principalmente pelo
turismo de veraneio, concentrado principalmente nos meses do final e início do ano
(dezembro a fevereiro), sendo nessa época que as atividades econômicas e sociais se
encontram mais ativas. No geral, nos demais meses do ano, as praias ficam paradas e
estagnadas, sendo difícil manter as atividades e a receita da cidade. Segundo Scheuer
(2011): “praias e balneários devem buscar constantemente outras formas de atrair turistas
além de sol e mar, melhorar a qualidade dos serviços prestados e da infraestrutura turística
fora da temporada de verão”.
É importante destacar que além do movimento causado pelos turistas que vêm às
praias para descanso e lazer, o movimento também se dá principalmente devido aos
veranistas dessas praias. Esses se alojam durante a temporada de verão em casas alugadas
ou em suas próprias residências, que muitas vezes passam a se configuras como segundas
residências.
Nota-se que a expansão urbana dentro da Região Metropolitana de Natal ocorre
de forma contínua e muitas pessoas têm optado por se fixar em regiões mais periféricas,
até mesmo em municípios vizinhos, como nas praias. Oliveira (2010) afirma que “alguns
fatores têm popularizado o uso das residências secundárias, entre eles: os problemas
urbanos devido à poluição atmosférica e sonora, altas densidades demográficas, a
escassez de áreas verdes, tais fatores têm causado a fuga dos grandes centros para áreas
mais tranquilas, de áreas verdes, entre outros motivos”.
Segundo Maslow apud Chiavenato (1999) o ser humano possui necessidades
básicas primárias, que são as fisiológicas, e as secundárias, estando incluídas as
relacionadas ao convívio em sociedade, ao bem-estar e autoestima, e é aí que se insere a
necessidade ao lazer, que, como já visto, pode ser atingido de diversas formas e em
20 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
variados ambientes, como, por exemplo, no universo da gastronomia – bares,
restaurantes, entre outros. E abaixo será melhor detalhado o lazer ligado aos restaurantes.
2. Equipamentos gastronômicos: Restaurantes As rotas gastronômicas provêm da evolução das áreas de produção no Brasil, que
se concentram basicamente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, caracterizadas como
principais regiões turísticas do Brasil (MAZALLA, 2007). O turismo é uma atividade do
setor terciário da economia que está diretamente ligada à prestação de serviços essenciais
para que o turista tenha as suas necessidades atendidas e expectativas realizadas. A
alimentação é importante para a atividade turística, seja como atrativo ou como oferta
técnica, de modo que o visitante possa suprir esta que é uma de suas necessidades
fisiológicas mais importantes. É nesse contexto que se inserem os restaurantes e sua
grande importância em locais turísticos.
Conforme Spang (2003, p.12), os restaurantes nem sempre se configuraram como
conhecemos nos dias atuais, um lugar aonde se vai para comer. Inicialmente “um
restaurant era algo de comer, um caldo restaurativo, de pura carne”. O termo se aplicava
a caldos e alimentos ricos em energia, utilizados para reanimar ou restaurar pessoas que
padeciam de doenças ou que praticavam atividades desgastantes. Ainda segundo a autora,
a partir dos anos de 1820 os restaurantes da capital francesa começaram a se configurar
semelhantemente aos que estamos familiarizados hoje, tornando-se verdadeiras
instituições culturais, entre os mais familiares e distintivos marcos parisienses.
Além disso, de acordo com Spang (2003), a partir de então os restaurantes
passaram de uma espécie de spa urbano a um fórum público, onde ocorriam reuniões de
políticos, e por fim a um refúgio explícita e ativamente apolítico, no qual as pessoas vão
para se alimentar, se reunir e comemorar, muitas vezes juntamente com amigos e
familiares. Para Motta (2000), os restaurantes constituem-se, além de um ambiente para
se alimentar, como um local onde amigos podem se encontrar e trocar palavras, sendo
considerados, assim também, como uma forma de lazer.
Segundo Botti (2005), os restaurantes apresentam particularidades, já que
proporcionam relativa privacidade em um espaço dito público e são importantes por
oferecerem alimentos, elementos que exprimem rituais e tradições de uma cultura, fato
este que faz com que nossa sociedade atribua ao restaurante um grande valor.
21 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Segundo Mazzoli (1978), os restaurantes compõem uma indústria expansiva que
configura-se como uma das mais importantes do país, figurando entre os principais
comércios distributivos da nação, representando um serviço vital à comunidade. É o local
onde as pessoas recebem, fora de seu lar, a contra pagamento, comidas e bebidas. Dentre
os inúmeros estabelecimentos inseridos no setor gastronômico, o restaurante diferencia-
se pelo preparo e a comercialização de uma gama variada de refeições (alimento,
sobremesas e bebidas). O setor gastronômico é um dos que tem apresentado maior
crescimento no Brasil devido a diversas razões, dentre as quais está o fato de que o
número de pessoas que deixam de cozinhar e se alimentar em casa para fazer suas
refeições em restaurantes próximos ao local onde trabalham, de modo a otimizar seu
tempo, tem aumentado.
O surgimento dos meios de comunicação específicos, o crescimento da
importância do lazer, gastronomia e turismo, o reconhecimento e
relevância do setor de serviços como gerador de empregos, forma uma
conjuntura que propicia a tomada de consciência do setor e melhores
condições para desenvolvê-la. (SEBRAE, 2003, p.16)
Dentro desse contexto, nota-se a grande concorrência no setor. Dessa forma, faz-
se necessário o planejamento do ambiente, atentando para fatores ligados às condições
ambientais e à operacionalização e funcionamento do restaurante. Segundo Cândido e
Zanella (2002): “a qualidade do restaurante exige que se ofereça um ambiente agradável,
que transcenda a ação operacional ou a qualificação do cardápio”. E reforçando tal fato,
de acordo com Botti (2005), no ambiente de um restaurante todos os sensos são
estimulados no momento em que sabores, odores, sons, cores e formas se combinam e se
harmonizam.
Antes de iniciar um projeto arquitetônico de um restaurante, de modo que o cliente
fique inteiramente satisfeito e deseje retornar, deve-se decidir uma série de fatores, um
deles é o tipo de público que o local irá atender, como a sua faixa etária, poder aquisitivo,
tipo de interesse, entre outros. Assim como os hotéis têm uma classificação determinada
por estrelas, os restaurantes também se classificam por categorias (luxo, 1ª, 2ª e 3ª, em
ordem decrescente de qualidade). Estes padrões estão diretamente relacionados à
percepção do cliente. Quanto aos tipos de estabelecimento de restaurantes, esses podem
variar desde o modo como se organizam e servem os pratos: os self-service, os a la carte,
os fast-food, os drive-in, os drive-thru, entre outros, até o tipo de comida que servem.
Alguns exemplos:
22 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
1- Restaurante de 1ª categoria: Oferecem, no geral, refeições à “La carte” e
funcionários qualificados;
2- Restaurante Típico (regional): Apresenta cozinha específica e uma
decoração da região na qual estará inserido. Exemplos: comida chinesa,
mineira, nordestina, etc;
3- Restaurante Grill-Room: Especializado em alimentos grelhados e
flambados, normalmente preparados à vista dos clientes;
4- Restaurante Snack-bar: Se caracteriza por um serviço simples, se
assemelhando a uma lanchonete sofisticada. Oferece refeições rápidas e
econômicas;
5- Restaurante Taberna: O serviço baseia-se principalmente na venda de
vinhos, assados, pães, etc;
6- Churrascaria: Especializado em serviços de grelhados e assados,
atendendo sobre a forma de “rodízios” ou à “La carte”;
7- Restaurante Steak House: Especializado nos diversos tipos de carne
bovina, normalmente acompanhados de molhos especiais. (FILHO, 1996)
Cada uma dessas modalidades acima citadas se diferencia entre si quanto à
decoração, público-alvo, localização, tipo de cardápio, modalidade de serviço e preço. O
restaurante desenvolvido nesse trabalho se enquadra dentro da 1ª categoria, tendo serviços
e alimentação diferenciados e alta qualidade, além de estar inserido dentro da tipologia
internacional, visto que o cardápio do restaurante será amplo, contemplando diversos
tipos de alimentos, como a regional, italiana, frutos do mar, entre outras.
2.1. Arquitetura de Restaurantes
Um dos fatores que mais influencia a sensação de conforto e bem estar em um
restaurante é a configuração de seu espaço interno, sendo a iluminação, o tratamento
acústico, as cores e pinturas e a decoração os fatores determinantes para as condições
ambientais, conforme Zanella (2002). Segundo Carramate (2009), o ambiente de um
restaurante não deve ser desenvolvido apenas com a intenção de se alimentar fora de casa,
já que para ele: “deve-se procurar criar mais do que um simples local para alimentação
fora do lar. Deve-se buscar elaborar espaços para contemplação e aconchego”.
De acordo com Silva Júnior (2002), os estabelecimentos de restaurantes devem
possuir iluminação uniforme, sem ofuscamentos, sem contrastes excessivos, sombras e
cantos escuros, as lâmpadas e luminárias devem estar limpas e protegidas contra explosão
e quedas acidentais e em bom estado de conservação, sendo que não deve alterar as
características sensoriais dos alimentos.
De acordo com Lima, os passos mais significativos que devem ser seguidos para
organização física ideal de um restaurante, são:
23 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
1) Facilitar os fluxos entre o salão de atendimento e a cozinha,
permitindo assim maior rapidez na execução dos serviços;
2) Isolar os odores indesejados da cozinha, para que não penetrem
no salão;
3) Proporcionar bem-estar ao cliente, através de ventilação,
iluminação e temperatura agradáveis;
4) Proporcionar fácil visualização e acesso ao público;
5) Aproveitar ao máximo os espaços disponíveis, sem interferir no
conforto dos clientes e funcionários;
6) Evitar a colocação de mesas muito próximas à entrada, à cozinha
e aos banheiros;
7) Formar mesas com capacidades diferentes (geralmente para 2, 4,
6 ou 8 pessoas). (LIMA, 2005)
O espaço físico do restaurante está vinculado ao fluxo de pessoas e produtos
(alimentos, materiais diversos, etc), dividindo-se em quatro setores principais: Setor de
recepção, pré-higienização, estocagem e administração; Setor da cozinha; Setor do
refeitório (salão de mesas) e Setores complementares e eventuais (bilheteria, área para
fornecimento de marmitex, cozinha experimental ou área para expedição de alimentos,
etc.), conforme pode-se observar na figura 2 e a distribuição em percentual de área na
figura 3.
Figura 2 - Fluxograma de funcionamento de um Restaurante
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABqK8AE/restaurante-populares
24 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 3 - Distribuição de setores em um Restaurante
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABqK8AE/restaurante-populares
Segundo Silva (1998), os espaços projetados para unidades de alimentação e
nutrição devem ser flexíveis, modulares e simples; as circulações e os fluxos (alimentos,
funcionários, usuários e lixo) devem ser bem definidos; e os ambientes devem facilitar a
supervisão e a integração.
A área do salão de mesas em um restaurante no qual a refeição é consumida nas
próprias instalações, do ponto de vista da identidade do local, de acordo com Salvi (2012),
é um dos ambientes mais importantes e que precisam de muita análise com relação a
espaço de circulações, tamanhos de mesas, etc. A apropriação das soluções arquitetônicas
e de mobiliário devem traduzir de forma evidente e concreta os valores do restaurante. O
espaço do refeitório, ainda de acordo com SALVI (2012, p.46): “é o lugar da convivência,
onde se aprecia os valores do alimento preparado e servido e onde o cliente deve encontrar
um senso de bem-estar e de satisfação”.
Para Littlefield (2011, p.258): “O número máximo de clientes é determinado pelo
número de lugares, horário de refeições e rotatividade de clientes. A densidade de clientes
(em m² por cliente) depende das dimensões do local, método de serviço, tamanho das
mesas e cadeiras, agrupamento de assentos e leiaute do salão”. Ainda conforme o autor,
tem-se que os leiautes para o serviço de garçons são mais flexíveis, mas as rotas de
circulação para funcionários e clientes não deve coincidir. Abaixo é apresentado o pré-
dimensionamento para salões de refeitórios, de acordo com o tipo de restaurante ou
serviço prestado.
25 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Tabela 1 - Pré-dimensionamento de espaço do salão de mesas
Fonte: LITTLEFIELD, David (2005).
De acordo com Salvi:
As mesas da sala de refeitório, elemento de mobiliário principal,
juntamente com as cadeiras, podem possuir diversas formas:
quadradas, redondas, ovais ou retangulares, mas as mais comuns,
seguramente, são as quadradas e redondas. As mesas quadradas
apresentam algumas vantagens em respeito às redondas: podem ser
preparadas mais facilmente, pode-se aproximá-las sem problemas e
não apresentam grandes dificuldades nos casos em que se é
necessário alongá-las, aumentando a dimensão da mesa e
acomodando mais pessoas junto. (SALVI, 2012, p.48).
Na figura 4, na próxima página, pode-se observar as organizações recomendadas
para as mesas no restaurante, além das distâncias confortáveis entre elas.
26 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 4 - Opções de layout para mesas de restaurantes
Fonte: LITTLEFIELD, David (2005).
Já com relação à área e dimensionamento de cozinha, ver tabela 2, segundo
Littlefield (2005), tem-se que o tamanho depende do número de lugares atendidos no
período de pico da demanda – almoço ou jantar. Ele também varia conforme o tipo de
cardápio e o grau de pré-preparo dos alimentos. Quando o cardápio é fixo, é possível
racionalizar os equipamentos e a mão de obra. O projeto da cozinha deve obedecer a
diversas normas e exigências referentes a disposições e dimensões de elementos e
ambientes e deve abrigar áreas de preparo, cozimento e lavagem, que ocupam cerca de
50% do espaço da cozinha, além de depósitos, instalações e equipamentos para os
funcionários.
Tabela 2 - Dimensionamento área de cozinha
Fonte: LITTLEFIELD, David (2005).
27 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
De acordo com Littlefield (2005), na cozinha deve-se evitar a contaminação
cruzada de alimentos, dessa forma, deve-se separar áreas de preparo de acordo com o tipo
de alimento, com bancadas de trabalho adequadas e pias independentes. Ainda tem-se
que cerca de 30% do piso da cozinha é ocupado por equipamentos e 10-20% por bancadas
e carrinhos, os outros 50% são utilizados para circulação e acesso. Tal circulação deve
ser prevista na medida correta, tanto se realizada de maneira muito apertada como muito
grande será observado um futuro mau funcionamento, como pode-se observar na figura
5.
Figura 5 - Dimensões mínimas para circulação na cozinha
Fonte: LITTLEFIELD, David (2005).
2.2. Arquitetura de Interiores de Restaurantes
Com relação à decoração e organização física de um restaurante, nota-se que
constituem-se como aspectos primordiais em um restaurante, já que o ambiente deve
trazer ao cliente uma imagem acolhedora e agradável. Contemplando as condições de
conforto e funcionalidade para a decoração, devem ser utilizados recursos técnicos e
materiais constituídos dos seguintes elementos: arranjos florais, disposição de móveis e
instalações e objetos decorativos (quadros, lustres, obras de arte, etc.).
O sucesso de um restaurante vai muito além da refeição e do tipo de
serviço oferecido, depende do projeto visual que compõem o ambiente,
a escolha dos itens para compô-la pode ir mais além; determinar se o
seu público será de pessoas sofisticadas ou mais simples, jovens ou com
mais idade e assim por diante (PINTO, 2004).
Dentre os inúmeros estilos de decoração de interiores existentes, a opção escolhida
para ser adotada no restaurante, cujo anteprojeto está descrito neste trabalho, é o estilo
rústico, de modo que o ambiente esteja bem integrado com o meio externo, já que é uma
área litorânea. Além disso, como já citado anteriormente, o ambiente interno de um
28 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
restaurante deve ser atraente, aconchegante e confortável, trazendo um maior bem-estar
aos usuários, e tais características são definidoras de um ambiente dito rústico. A
rusticidade é representada pelas cores terrosas, como marrom e bege, além de possuir
elementos que exaltam a presença da natureza, como o bambu, peças artesanais e a
madeira – ver na figura 6 exemplo de ambiente rústico.
Figura 6 - exemplo de ambiente rústico - Restaurante Mangai
Fonte: http://www.revistadeguste.com/noticia/1328
Segundo Pontes (2009), para ser rústico é preciso enxergar, no ambiente ou objeto,
o material base, os veios, a fibra, ou ainda, se deve remeter ao campo e à vida colonial, a
partir do uso de materiais locais, como pedra, madeira e palha. Ainda percebe-se o uso de
vigas aparentes, com marcas do tempo e paredes irregulares. O estilo rústico costuma ser
despretensioso, e é comum vir acompanhado do uso de peças artesanais, elementos esses
bem característicos da região potiguar. A madeira é um dos materiais mais evidentes
nesse tipo de estilo, podendo ser utilizado tanto na estrutura quanto em revestimentos, e
será detalhado no tópico a seguir.
Em restaurantes, visto que se tratam de edificações desenvolvidas para a oferta e
realização de refeições e que aspectos sensoriais, como o visual e auditivo, são
primordiais, nota-se a importância da contemplação dos aspectos referentes ao conforto
ambiental. O ambiente deve ter uma iluminação adequada, uma boa renovação do ar e
um tratamento acústico eficiente, de modo que os ruídos de talheres e conversas não
atrapalhem a refeição dos clientes. Uma arquitetura que tenha o conforto ambiental
contemplado será confortável e convidativa aos usuários.
29 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
3. A madeira e a Arquitetura A madeira é uma matéria-prima importante e versátil em vários setores da
atividade humana, já que pode ser aplicada a diversas situações. No Brasil a madeira ainda
é um produto que ainda tem um uso relativamente restrito como material de construção,
embora seja encontrada em abundância na natureza. Ela é um dos materiais de utilização
mais antiga na construção civil, foi utilizada por povos de todos os continentes, desde as
civilizações primitivas. Porém, segundo Marques (2008, p.45) “nas primeiras décadas do
século XX, com o aparecimento do betão e do aço, a madeira foi temporariamente
esquecida”.
Percebe-se que esse quadro, na atualidade, começa a ser revertido, como afirma
Almeida (2000): “o desenvolvimento tecnológico mundial da madeira como material
estrutural cresceu substancialmente nas últimas décadas, aumentando a industrialização
das construções em madeira, além do surgimento de novos produtos a base de madeira,
tais como o MDF (Medium Density Fibreboard) e o OSB (Oriented Strand Board)”.
Como será visto de forma mais aprofundada adiante, nota-se que esse regresso à
utilização estrutural do material pode ser justificada principalmente devido à crescente
consciência ambiental da sociedade, além de vantagens observadas no seu uso e
influência de seus aspectos estéticos e qualidades técnicas. Segundo Facchin (2006) a
madeira “é o único material renovável, cuja produção é não poluente e tem baixo consumo
energético”.
Nos últimos anos, a madeira vem passando por um processo de ressignificação,
cada vez mais valorizada na arquitetura e decoração mundial. É a redescoberta da madeira
como elemento de construção e estilo nos ambientes, a reconciliação com um passado (e
um presente) que pertence à floresta. Segundo Santos (2013), “a madeira é o toque de
classe no projeto arquitetônico”.
A madeira, como material estrutural, normalmente se encontra em diferentes
formas, devido à grande indústria de transformação da madeira, tais como: madeira em
tora; madeira serrada; madeira laminada colada; madeira compensada e madeiras
reconstituídas. O comportamento estrutural desses diferentes tipos de madeira está
relacionado com o arranjo da estrutura interna.
De acordo com Colin (2011), a madeira compensada é utilizada para mobiliário,
revestimento de tetos e paredes, esquadrias, divisórias e fôrmas de concreto. A madeira
30 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
aglomerada é composta de partículas de madeira ligadas entre si por resinas sintéticas.
As partículas mais finas são depositadas na superfície, enquanto que aquelas de maiores
dimensões são depositadas nas camadas internas. Já as madeiras reconstituídas,
normalmente, têm propriedades isotrópicas (mesmas propriedades físicas
independentemente da direção considerada), o que garante seu excelente desempenho
estrutural, diversificando seu emprego nas construções. Por fim, a madeira laminada é
entendida como as peças de madeira, reconstituídas a partir de lâminas (tábuas), que são
de dimensões relativamente reduzidas se comparadas às dimensões da peça final assim
constituída. Essas lâminas, que são unidas por colagem, ficam dispostas de tal maneira
que as suas fibras estejam paralelas entre si.
Diversas pesquisas e estudos têm sido desenvolvidos e crescentemente se observa
a utilização da madeira nas diversas etapas construtivas (fundações, vedações estrutura,
cobertura, acabamentos, etc). Nas figuras 7, 8 e 9 pode-se observar exemplos de
construções em madeira que comprovam a diversidade de seu uso.
Figura 7 - Torre de observação no Parque Hemel, Alemanha
Fonte: http://www.psicanalitica.com.br/revista/arquitetura/261-arquitetura-em-madeira
Figura 8 - Vila Taguaí, SP
5 Fonte: http://www.psicanalitica.com.br/revista/arquitetura/261-arquitetura-em-madeira
31 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 9 - The Green Building, África do sul
Fonte: http://madeiraestrutural.wordpress.com/2009/05/12/vantagens-do-uso-da-madeira-como-material-
estrutural/
As madeiras, em seu estado natural, têm características próprias que podem ser
alteradas com tecnologia moderna. Segundo Araújo (2009), algumas destas
características mais importantes e citadas são:
Apresenta resistência mecânica tanto a esforços de tração como à compressão,
além de resistência à tração na flexão, possui resistência mecânica elevada em
relação ao seu peso próprio pequeno;
Tem resistência a choques e cargas dinâmicas, absorvendo impactos;
Tem fácil manuseio permitindo ligações simples;
Possui propriedades que lhe conferem boa absorção acústica e bom isolamento
térmico.
O uso da madeira como constituinte principal da estrutura de edificações, não é
visto ainda, no Brasil, com critério de igualdade com relação ao concreto armado ou ao
metal, contudo tem se mostrado vantajosa, principalmente devido aos seguintes fatores:
- Segurança: A madeira não oxida e já apresenta desde a natureza uma função
estrutural. O metal, por exemplo, quando é sujeito a altas temperaturas pela ocorrência de
fogo deforma-se, perdendo a função estrutural.
- Economia de Energia: Uma casa de madeira oferece uma poupança energética
de pelo menos 30% comparativamente à alvenaria, com os mesmos acabamentos. A
madeira, por ser um isolante térmico natural, absorve calor ou frio mais lentamente que
outros materiais, e esse é um aspecto importante para a redução da energia usada no
aquecimento e climatização de edifícios.
32 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
- Redução dos custos da obra: A vantagem, que talvez seja considerada por
muitos como principal, do uso da madeira nas construções é o barateamento da obra de
30% a 50% do valor total. Apresenta ainda fácil manutenção e permite ligações e emendas
fáceis de executar.
- Sustentabilidade: A madeira bruta é um produto natural e renovável, que em
relação a outros produtos industrializados, exige baixo consumo energético e respeita a
natureza. A madeira utilizada em construções não é tóxica, não libera odores ou vapores
químicos, sendo, portanto, segura ao toque e manejo. Ao contrário de outras matérias-
primas, a madeira ao envelhecer ou deixar de desempenhar a sua função estrutural, não
constitui qualquer perigo para o meio ambiente, já que é facilmente reconvertida, não
gerando entulhos.
Segundo Zenid (2009), é importante salientar que a madeira é produzida na
natureza, não devendo esta ser explorada de forma insustentável, devendo-se portanto
utilizar madeiras certificadas. As práticas atuais, excedendo em muito a capacidade
regenerativa da natureza, colocam o uso da madeira como preocupação de primeira linha.
As melhores madeiras têm um tempo de crescimento muito longo até a idade de abate,
razão porque as ditas “florestas econômicas” (que planejam o abate e o replantio)
praticamente restringem-se ao uso de madeiras de mais rápido crescimento.
- Aspectos estéticos: Apesar de ser usada por quem quer garantir um ar mais
rústico no ambiente, a madeira pode deixar o visual do local mais delicado e até moderno.
Além disso, permite uma grande variedade de opções para utilização que deixam a
edificação com um aspecto estético agradável, como a partir do seu uso como
acabamentos e revestimentos. Outro aspecto importante observado em construções de
madeira é a sua leveza, já que estruturas em aço e concreto têm maiores dimensões de
secção transversal, como pode ser observado na figura 10.
33 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 10 - Comparativo entre madeira, aço e concreto armado
Fonte: http://madeirambiente.com.br/sustentabilidade-edificacoes-madeira/
Portanto, a madeira é um material que oferece ao arquiteto uma combinação de
propriedades que permite a criação de estruturas leves e de construção simples. Segundo
Teixeira (2005), devido a seu maior acesso, facilidade de manuseio e seus
desdobramentos através da história, a madeira é considerada material básico para
desenvolvimento humano e tal material tudo tem a ver com o estudo e uso da Arquitetura
bioclimática, que será abaixo detalhada.
4. A sustentabilidade e a Arquitetura bioclimática Segundo Correa (2002), estamos passando por um processo de transição na forma
de viver e ver o mundo, em que o meio ambiente começa a fazer parte do cotidiano, não
como um discurso de ambientalistas ou idealistas, e sim com reflexos no nosso dia-a-dia.
A arquitetura se integra nesta busca por respostas adequadas à integração do ser humano
ao meio ambiente, com mudanças no processo de criação e execução dos espaços
habitáveis e reflexos em toda a cadeia produtiva da indústria da construção.
Com o decorrer dos anos, os índices de degradação ambiental estão em ascensão,
assim como os padrões de consumo. A participação das edificações no consumo total de
energia elétrica brasileira vem crescendo ao longo do tempo devido ao acesso cada vez
maior da população aos benefícios proporcionados pelas novas tecnologias. Estima-se
que 42% da energia elétrica produzida no país seja consumida na construção, operação,
manutenção e reciclagem das edificações. Esse consumo é distribuído entre os setores
residencial (23%), comercial (11%) e público (8%) (PROCEL, 2007). Segundo Jodidio
(2013, p.6), os edifícios encontram-se entre os consumidores mais vorazes dos recursos
Madeira
Aço
Concreto Armado
34 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
naturais e são responsáveis por uma parte significativa das emissões de gases com efeito
estufa que afetam as mudanças climáticas.
Em meio a essa crescente preocupação com relação à questão de agressão ao meio
ambiente, de controle, de finitude e de escassez, está a ideia de sustentabilidade e de
desenvolvimento sustentável, representando, segundo Castelli (2008), uma atenção
crescente e consciente voltada para o processo construtivo, a proteção ao meio ambiente
e a qualidade de vida. De acordo com Report (1988): “o desenvolvimento é sustentável
se satisfaz as necessidades das gerações presentes, sem comprometer o atendimento das
necessidades às gerações futuras”.
Embora seu significado tenha sido proclamado pelo Relatório Brundtland, é
bastante impreciso e muito abrangente. Por mais complexa que seja, a sustentabilidade
vem sendo mais aceita e desejada, apesar de seu alcance de forma completa e universal
ser, de certa maneira, inviável.
Aparentemente, pode-se dizer que o conceito de desenvolvimento
sustentável vem-se transformando num enorme “guarda-chuva”,
capaz de abrigar uma variada gama de propostas/ abordagens
inovadoras, progressistas, ou que, pelo menos, caminhem na direção
de maior justiça social, melhoria da qualidade de vida da população,
ambientes mais dignos e saudáveis, compromisso com o futuro. Tal
abrangência, [...] ao evidenciar a imprecisão do conceito, tende a
banalizá-lo, a transformá-lo em peça retórica e, portanto,
insustentável por definição. É um dilema que no momento se busca
superar. (COSTA, 2000, p.62).
A prática da sustentabilidade deve estar associada a aspectos econômicos, sociais,
ambientais e até mesmo culturais, de modo que não se comprometa a operabilidade do
sistema natural, edificado e social. Segundo Giordano (2010): “a gestão de um recurso é
mais eficaz quanto mais se nota a sua capacidade de reprodução, não excedendo seu
desfrutamento para além de uma determinada limiar”.
No ramo da Arquitetura, segundo Hickel (2005): “As práticas devem ser muito
mais cuidadosas no uso da energia, na regulação da produção de resíduos, entre outros
fenômenos que fazem com que comecemos a pensar que estamos em um mundo de ciclos
interativos.” A forma de se construir deve gerar o mínimo de impacto negativo ao meio
ambiente, ao mesmo tempo que se deve buscar a utilização de práticas que contribuam
para o maior conforto aos usuários e que tornem as edificações cada vez mais
independentes dos meios artificiais que geram impactos negativos ao ambiente. Práticas
35 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
aquelas como o uso de coberturas verdes, de painéis fotovoltaicos e reuso de águas
pluviais, que serão mais detalhadas adiante.
A realização de uma arquitetura voltada para a sustentabilidade deve estar baseada
em princípios básicos, como: criação de espaços em ambientes confortáveis e com
qualidade ambiental em seu interior para os usuários; eficiência energética e consideração
do ciclo de vida da estrutura edificada; economia de água; minimização de desperdícios
e uso de fontes renováveis de energia e materiais ecologicamente corretos que não
agridam o meio ambiente e com maior disposição no local do projeto e, por fim, deve ser
uma edificação com baixos custos de operação e de manutenção durante sua vida útil.
(JODIDIO, 2013).
A edificação em si deve ser projetada de forma a haver interação de forma
eficiente com o meio em que se insere. Segundo Castelli (2008), a relação com o contexto
circunstante é determinante em um projeto sustentável, em cada área as práticas projetuais
serão diversificadas e devidamente adequadas às condições climáticas. (...) O edifício
deve ser visto como um organismo vivo, que respira e dialoga com o meio ambiente.
Deve-se tirar o máximo proveito das condições climáticas da região para se obter maiores
contribuições no uso eficiente e na racionalização da energia, sem esquecer de garantir o
conforto ambiental (térmico/acústico) aos usuários. Muitos ainda possuem receios de
investir em edificações com práticas sustentáveis por apresentarem a errada idéia de que
os custos de uma edificação dita sustentável são superiores ao de uma edificação com
padrões considerados normais, mas segundo Jodidio (2013), um estudo do GBC (Green
Building Council) descobriu que os “melhoramentos verdes” pagam-se a si mesmos no
curto espaço de 3 anos.
É em meio a esse contexto que também se insere a Arquitetura Bioclimática, que
no geral, é uma arquitetura pensada diretamente a partir do clima do lugar, levando em
consideração a insolação, o vento, a vegetação e a topografia. O processo é feito a partir
de soluções que permitam tirar proveito das condições naturais do ambiente no qual o
projeto estará inserido, estabelecendo condições adequadas de conforto físico e mental
dentro do espaço físico em que se desenvolve. Complementando tal definição tem-se que
arquitetura bioclimática:
“É o estudo que busca a harmonização das construções ao clima e
características locais. Manipula o desenho e elementos
arquitetônicos a fim de otimizar as relações entre homem e natureza,
36 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
tanto no que diz respeito à redução de impactos ambientais quanto à
melhoria das condições de vida humana, conforto e racionalização
do consumo energético.” (ARANTES apud JOAQUIM, 2012).
A arquitetura bioclimática utiliza elementos arquitetônicos para alcance do bem-
estar e busca a otimização do uso dos recursos naturais. A edificação tem que ser capaz
de gerar, acumular e transmitir o calor no inverno e o frescor no verão.
Dessa forma, percebe-se que cada vez mais se torna importante e eminente a
posição dos arquitetos, que devem adotar sistemas passivos e estratégias benignas,
proporcionando maior conforto ambiental aliado a uma maior economia. Conforme
Correa (2002), estes sistemas, juntamente com a correta eleição dos materiais, ao respeito
à tradição construtiva revista sob a ótica das novas tecnologias, e a cultura
regional, impulsionam o aumento da qualidade de vida da população. O conforto
ambiental pode ser proporcionado através da amenização das inconveniências e da
potencialização de vantagens climáticas.
Em se tratando mais especificamente da Arquitetura bioclimática no contexto da
região Nordeste do Brasil, nota-se que a cidade de Natal e municípios próximos, como a
região litorânea do Rio Grande do Norte, apresentam características típicas do clima
quente e úmido. Essas regiões estão inseridas no zoneamento de escala nacional, segundo
a NBR 15220-3 (Desempenho térmico de edificações - Parte 3), na estratégia FIJ Zona 8
(figura 11). Ou seja, pequena amplitude térmica diária e sazonal, temperatura do ar
elevada e céu parcialmente nublado, gerando radiação difusa e intensa luminosidade.
(BITTENCOURT; CÂNDIDO, 2005).
Figura 11 - Zoneamento bioclimático brasileiro
Fonte: ABNT, 2005.
37 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Nessas condições climáticas, segundo o autor Armando de Holanda, no
importante livro que direciona as formas de se construir bioclimaticamente na região
nordeste “Roteiro para construir no Nordeste”, deve-se trabalhar a partir de:
Uma arquitetura livre e espontânea, que seja uma clara expressão de
nossa cultura e revele uma sensível apropriação do nosso espaço;
trabalhemos no sentido de uma arquitetura sombreada, aberta,
contínua, vigorosa, acolhedora e envolvente, que ao nos colocar em
harmonia com o ambiente tropical nos incite a nele viver
integralmente. (HOLANDA, 1973, p. 43).
Em regiões com essas características, é necessário evitar que a edificação absorva
e transmita a radiação solar para o interior da edificação, enquanto que a envoltória deve
contribuir para que o calor gerado internamente seja dissipado para o exterior.
Recomenda-se o sombreamento das aberturas e superfícies, e que as superfícies expostas
sejam claras e leves para refletir o calor e evitar seu acúmulo. Portanto, o conforto térmico
nas edificações do clima quente-úmido está diretamente relacionado “ao alto grau do
movimento de ar e da prevenção de ganho de calor” (BITTENCOURT; CÂNDIDO,
2005, p.6).
As principais técnicas a serem adotadas no clima quente-úmidos são:
1) Criar uma sombra: comecemos por uma ampla sombra, por um
abrigo protetor de sol e das chuvas tropicais; 2) Recuar as paredes:
lancemos as paredes protegidas por estas sombras, recuadas,
protegidas do sol e do calor, das chuvas e da umidade, criando
agradáveis áreas externas de viver; 3) Vazar os muros: combinemos
as paredes compactas com os panos vazados, para que filtrem a luz
e deixem a brisa penetrar; 4) Proteger as janelas; 5) Abrir as portas;
6) Continuar os espaços; 7) Construir com pouco; 8) Conviver com
a natureza; 9) construir frondoso. (HOLANDA, 1973).
Percebe-se a necessidade da utilização de técnicas construtivas que façam com
que as edificações não dependam de estratégias artificiais, como iluminação e sistemas
de condicionadores de ar, reduzindo assim os níveis de consumo energético. As principais
técnicas serão melhor detalhadas a seguir:
- Sombreamento: Os efeitos da principal adversidade climática local – a radiação
solar direta – devem ser minimizados por uma ampla cobertura e/ou demais elementos de
sombreamento, como os brises. A cobertura também tem uma importante função por
poder controlar o impacto de outro fenômeno climático – as chuvas.
38 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
- Iluminação natural: A boa iluminação de um edifício, sobretudo com luz
natural, é essencial ao seu bom funcionamento energético e ao conforto dos seus
ocupantes. Desse modo, o arquiteto deve sempre ter em consideração o arranjo das
aberturas e distribuição das superfícies internas para garantir uma distribuição de luz
natural adequada. O principal objetivo deve ser, portanto, maximizar a área do edifício e
pessoas com acesso à iluminação natural, dando prioridade a locais onde se desempenhem
tarefas com maior exigência visual. Áreas de ocupação secundária ou pouco prolongada
devem ser então remetidas para as zonas mais interiores do edifício.
A ausência da proteção solar externa nas aberturas dos ambientes
permite a entrada da radiação solar direta e obriga o uso de
protetores internos, como as cortinas e persianas, que tiram do
ambiente a iluminação natural e induzem à utilização da iluminação
artificial acarretando um aumento no consumo de energia elétrica.
Supõe-se que tais problemas poderiam ser solucionados através de
modificações na envoltória e suas aberturas, potencializando o uso
da iluminação natural e diminuindo o consumo com energia elétrica.
(DIDONÉ; PEREIRA, 2009).
- Ventilação natural: O vento é o principal responsável pela perda parcial ou total
de calor (vantagem para locais e estações quentes). Segundo Cunha (2010), além de
proporcionar a higiene e a saúde dos ocupantes para a remoção dos poluentes, favorece
as condições de conforto térmico por que:
1) Remove o calor interno por meio da renovação do ar interno, que é substituído
pelo externo;
2) Resfria os ocupantes por meio da perda de calor por convecção, cujo efeito é
proporcional à velocidade do ar e a diferença de temperatura entre o ar e a
pele;
3) Resfria a massa edificada, reduzindo as temperaturas superficiais da
edificação e consequentemente o calor irradiado para seus ocupantes.
Conforme Bittencourt; Cândido (2005), as principais estratégias arquitetônicas
para promover a ventilação natural são a ventilação cruzada e o uso de elementos de
captação ou deflexão do vento para promover diferenças de coeficientes de pressão nas
aberturas.
4.1. Soluções para uma Arquitetura Sustentável e
Bioclimática
Existem diversas práticas e soluções arquitetônicas que possibilitam e direcionam
o desenvolvimento da edificação de forma sustentável e bioclimática. É importante notar
39 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
que essas soluções não devem ser inseridas em um projeto arquitetônico de forma isolada,
deve-se sempre buscar a integração entre os elementos arquitetônicos adotados. Abaixo
estão listadas e detalhadas algumas dessas principais soluções.
- Beiral: O beiral (figura 12) é a última fileira de telhas que forma a aba do telhado,
constituindo a parte avançada deste sobre o corpo do edifício. Tem a finalidade de
provocar a queda das águas pluviais (águas da chuva) de modo que estas não escorram
pela fachada do edifício ou residência e também de gerar sombreamento na edificação.
Figura 12 - Exemplo de beiral
Fonte: www.engetelhas.com.br
- Brise Soleil: São dispositivos arquitetônicos, como pode-se observar na figura
13, utilizados para impedir a incidência direta de radiação solar no interior de edificações,
ao mesmo tempo em que propicia aproveitamento da ventilação natural. Eles possuem
variados modelos e podem ser de diversos materiais, como alumínio e madeira.
Figura 13 - Exemplo de Brise soleil
Fonte: http://aeajs.blogspot.com.br/2012/12/brises.html
40 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
- Cobogós: O Cobogó é o nome dado ao elemento vazado desenvolvido com a
intenção de manter a privacidade sem comprometer a luminosidade e a visibilidade de
dentro pra fora da edificação (figura 14). Eles foram e ainda são bastante utilizados, já
que permitem uma “quebra” da incidência solar direta e ainda um melhor aproveitamento
da ventilação natural.
Figura 14 - Exemplo de parede em cobogó
Fonte: http://www.eye4design.com.br/projects/casa-cobogo
- Sheds: Segundo Garrocho (2005, p.40), essa solução apresenta melhor
desempenho quando orientado a sul para latitudes compreendidas entre 24º e 32º S, no
caso do Brasil. Seguindo esta orientação, a parte envidraçada deverá estar voltada para
sul permitindo assim, na maior parte do dia a entrada da luz difusa. Porém, deve-se estar
atento aos raios solares com menor inclinação (principalmente os do final de tarde) que
podem ocasionar ofuscamento. Um exemplo esquemático de um shed pode ser observado
na figura 15.
Figura 15 - Exemplo de Shed
Fonte: GARROCHO, Juliana (2005).
- Átrio central: É o espaço central de uma edificação, aberto na cobertura, muito
utilizado como estratégia de iluminação para captação de luz em edifícios com múltiplos
andares (figura 16). Conforme Garrocho (2005, p.40), o átrio é um espaço envolto
41 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
lateralmente por um edifício e coberto com materiais que permitem a passagem de luz
natural. É projetado para otimizar a luz do sol nos espaços adjacentes a ele.
Figura 16 - Exemplo de átrio
Fonte: http://mdc.arq.br/2011/02/25/sede-da-fundacao-habitacional-do-exercito-brasilia-
df/37301pr100416_123d/
- Uso de painéis solares
A maior parte do mundo ainda se utiliza de fontes de energia classificadas como
não-renováveis, já que são retirados do ambiente e não são imediatamente repostos, e
portanto com grandes chances de esgotamento, já que como visto acima, percebe-se há
anos um crescente aumento do consumo energético. Verifica-se a predominância do uso
do petróleo, carvão mineral e do gás natural como principais energéticos utilizados no
mundo (figura 17). Porém, nas últimas décadas, percebe-se uma crescente
conscientização mundial em busca de alternativas para a utilização de fontes renováveis
de energia. A energia renovável provém de recursos naturais como o Sol, vento, chuva e
calor.
Figura 17 - Fonte primária de energia no mundo (2011)
Fonte: http://www2.camara.leg.br/a-camara/altosestudos/pdf/energias-renovaveis-riqueza-sustentavel-ao-
alcance-da-sociedade
42 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
As fontes de energia renováveis, se implantadas apropriadamente, podem também
contribuir para o desenvolvimento social e econômico, para a universalização do acesso
à energia e para a redução de efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde (IPCC, 2011).
É nesse contexto que se insere o uso de painéis solares, que funcionam através do proveito
da energia proveniente do Sol. A energia solar é o nome dado a qualquer tipo de captação
de energia luminosa e energia térmica proveniente do sol, e posterior transformação dessa
energia captada em alguma forma utilizável pelo homem, seja diretamente para
aquecimento de água ou ainda como energia elétrica ou mecânica.
A energia fotovoltaica consiste na conversão direta da luz do Sol em eletricidade,
utilizando painéis fotovoltaicos. Segundo o físico Edmond Becquerel (1839, apud
FARIAS, et al, 2010): “O efeito fotovoltaico é o aparecimento de uma diferença de
potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela
absorção da luz”. A célula fotovoltaica é a unidade fundamental do processo de
conversão, definida como um dispositivo não-mecânico, normalmente fabricado com
ligas de sicílio. Segundo Souza (2005): “Os painéis fotovoltaicos transformam a luz
diretamente em eletricidade, sem qualquer desgaste de material, assegurando portanto a
placa solar uma durabilidade praticamente ilimitada da ordem de dezenas de anos.”
De forma simplificada, para entender o funcionamento de um painel fotovoltaico
nota-se que eles são constituídos por 2 camadas de materiais semicondutores, uma
negativa (silícios tipo N), localizada na parte superior, e outra positiva (silícios tipo P),
localizada na parte inferior. Ainda há uma terceira camada, intermediária ou camada de
junção, que funciona como um isolante. Quando a luz solar incide sobre a célula
fotovoltaica fótons são absorvidos gerando-se, assim, uma diferença de potencial entre as
2 camadas, processo semelhante ao de uma bateria comum (ver figura 18). Quando o
sistema é ligado a um eletrodoméstico os elétrons circulam pelo circuito criando
eletricidade. A quantidade de energia, segundo Filho (2007): “depende da intensidade da
luz, do número de células do painel, e como uma é conectada à outra”.
43 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 18 - Representação esquemática do funcionamento de um painel fotovoltaico
Fonte: http://rd9centralelectrica.webnode.pt/desenvolvimento/centrais-fotovoltaicas/como-funciona-uma-
central-fotovoltaica-/
A instalação de painéis fotovoltaicos pode ser realizada de diversos modos, na
cobertura da edificação, nas fachadas, ou até mesmo no próprio solo. A escolha deve ser
realizada de acordo com o orientamento solar da região ou por aspectos econômicos e
estéticos. Os custos de implantação do sistema de painéis fotovoltaicos ainda são um
pouco elevados, mas a adoção por parte do governo brasileiro de medidas, como diversos
outros países, de incentivos fiscais e benefícios para quem adota tal técnica, os valores
gastos inicialmente seriam em um breve período de tempo superados. Segundo Cabral
(2012), o Brasil é um país bastante beneficiado pela larga radiação solar durante o ano,
entretanto a energia solar não tem ocupado espaço expressivo na matriz energética
brasileira, sendo necessários maiores investimentos para ampliação do setor.
- Reaproveitamento de água das chuvas
A água é um recurso limitado e precioso e embora cerca de 3/4 da superfície da
Terra seja ocupada pela água, deste total apenas 3% é de água potável, dos quais apenas
0,7% está acessível para o homem. Além disto, a distribuição desigual da água pelas
diferentes regiões do planeta faz com que haja escassez do recurso em diversos países e
regiões. De maneira geral, a utilização desse recurso deve ser feita com consciência e
discernimento, para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração
da qualidade das reservas atualmente disponíveis (Zampieron, 2005).
O aumento da demanda por água, somado ao crescimento das cidades, à
impermeabilização dos solos, à degradação da capacidade produtiva dos mananciais, à
44 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
contaminação das águas e ao desperdício conduzem a um quadro preocupante em relação
à sustentabilidade do abastecimento público (BRASIL, 2006). Segundo Silveira (2008):
“A redução da quantidade e a degradação da qualidade da água não afetam a sociedade
de forma homogênea, atingem a população residente nas periferias dos grandes centros
urbanos e nas comunidades de agricultores de baixa renda.
Uma alternativa, já muito utilizada em diversos países, para a solução do problema
relatado acima, é a coleta da água pluvial para futuro reaproveitamento. Essa alternativa
é tida como uma das mais simples e menos custosas para preservar a água potável, visto
que a utilização de equipamentos e materiais é muito simplória e que a qualidade da água
já é aceitável para diversos usos, mesmo com pouco ou nenhum tratamento da água.
Reusar a água traz benefícios porque reduz a demanda nas águas de superfície e
subterrâneas além de proteger o meio ambiente, economizar energia, reduzir
investimentos em infraestrutura e proporcionar melhoria dos processos industriais. O uso
eficiente da água representa uma significativa economia para consumidores, empresas e
a sociedade de um modo geral.
Segundo Rodrigues (2005): “o reuso de água surge atuando em dois aspectos:
instrumento para redução do consumo de água (controle de demanda) e recurso hídrico
complementar.” A demanda crescente por água tem feito do reuso planejado da água um
tema atual e de grande importância. O reuso de água deve ser considerado como parte de
uma atividade mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual
compreende também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção
de efluentes e do consumo de água.
A água da chuva reaproveitada pode ser aplicada em diversos tipos de atividades,
que não exigem a adoção de água pura e potável, como na recarga do lençol freático, na
geração de energia, na irrigação, na reabilitação de corpos d’água e industrial, na
refrigeração de equipamentos, na lavagem de ruas e feiras livres, na limpeza de
monumentos, em sistemas de controle de incêndio, na limpeza de banheiros e pátios, em
descargas sanitárias, nas fontes luminosas, etc.
O reuso das águas pluviais deve seguir alguns critérios de qualidade, baseados em
requisitos de usos específicos, em considerações estéticas e ambientais e na proteção da
saúde pública (RAMOS, 2005). Estes critérios diferem bastante quando se comparam
países industrializados com países em desenvolvimento, diferença que pode ser
45 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
parcialmente atribuída a fatores como viabilidade econômica, tecnologia disponível, nível
geral da saúde das populações e características políticas e sociais.
Segundo Lee et al. (2000): “as técnicas mais comuns para coleta da água da chuva
são através da superfície de telhados ou através de superfícies no solo, sendo que o
sistema de coleta de chuva através da superfície de telhados é considerado mais simples
e, na maioria das vezes, produz uma água de melhor qualidade se comparado aos sistemas
que coletam água de superfícies no solo”. Qualquer que seja a técnica, os componentes
principais do sistema de aproveitamento da água da chuva são: a área de captação, telas
ou filtros para remoção de materiais grosseiros, como folhas e galhos, tubulações para a
condução da água e o reservatório de armazenamento.
Figura 19 - Sistema de aproveitamento da água das chuvas pelo telhado e pelo solo
Fonte: ANNECCHINI, 2005.
A metodologia básica para o projeto do sistema de coleta, tratamento e uso de
água pluvial deverá envolver as seguintes fases:
• determinação da precipitação média local (mm/mês);
• determinação da área de coleta;
• caracterização da qualidade da água pluvial,
• projeto do reservatório de descarte;
• projeto do reservatório de armazenamento;
• identificação dos usos da água (demanda e qualidade);
• estabelecimento do sistema de tratamento necessário;
• projeto dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulações
etc.). (AZEVEDO; VALLE, 2012).
O sistema de captação de água das chuvas a partir de superfícies de cobertura,
solução tida como mais simples e eficiente, consiste na captação da água a partir dos
telhados, o seu direcionamento, através de calhas e condutores e o seu armazenamento
em reservatórios de acumulação. Adicionalmente, existe a necessidade de instalações
hidráulicas dedicadas exclusivamente ao sistema de aproveitamento para conduzir a água
da chuva aos pontos de utilização. Alguns sistemas de aproveitamento da água da chuva
ainda possuem uma etapa de remoção de sólidos, visando melhorar a qualidade da água
46 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
captada pelo sistema. Sólidos com granulometria elevada (como folhas e frutos) são
removidos através de equipamentos instalados no sistema, tais como peneira, grade, entre
outros. (MORUZZI, 2009).
Em síntese tem-se que o funcionamento do sistema de captação de água pelas
coberturas e seu reuso se dá da seguinte maneira: após a captação da água pelo telhado e
direcionamento para as calhas, a partir da instalação de grades ou telas ocorre a filtragem
de partículas grandes que chegam juntamente com a água coletada. Após esse processo
as águas chegam às tubulações verticais, que são conectadas às calhas e as transportam
até a parte inferior das edificações, despejando-as nas redes coletoras, que são as
tubulações horizontais com objetivo de conduzir a água até os reservatórios de
armazenamento. Em alguns casos, nas tubulações verticais de descida de água é instalada
uma derivação com objetivo de descartar a primeira chuva, que funciona como uma
espécie de lavagem da superfície do telhado. Após armazenadas nos reservatórios as
águas são distribuídas para os locais de uso através do funcionamento de equipamentos,
as bombas.
- Cobertura verde: Segundo Hungria (2012): “O conceito de telhado verde foi
proposto na década de 20 pelo arquiteto francês Charles-Édouard Jeanneret, conhecido
como Le Corbusier. Para ele, as cidades modernas estavam asfixiadas, sem áreas verdes
suficientes, o que não contribuía em nada para uma boa qualidade de vida dos cidadãos.”
Após mais de 90 anos, as cidades cresceram e viram o mesmo problema agravado.
As cidades estão inseridas dentro de um contexto de crescimento populacional,
adensamento de construções e mudança da paisagem que têm caracterizado o processo
de urbanização em escala mundial nas últimas décadas. Dessa forma, observa-se o
crescente uso de práticas para minimizar os consequentes efeitos ambientais, como o uso
de telhados verdes nas edificações. O uso de tal solução é observado principalmente com
finalidades estéticas de valorização do espaço urbano, para melhoria do conforto
ambiental (térmico e acústico) e purificação do ar.
Figura 20 – Corte esquemático de um telhado verde
Fonte: http://blogecoando.blogspot.it/2013/04/telhado-verde-e-planejamento-urbano.html
47 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
A técnica consiste na aplicação e no uso do solo e da vegetação sobre uma camada
impermeável na laje superior da edificação (ver figura 20 acima). A área do telhado verde
também pode ser utilizada como um espaço de lazer. Podem possuir a seguintes
classificações: telhados verdes extensivos ou intensivos.
As coberturas verdes intensivas são caracterizadas por camadas de
solo maiores que 20 cm, são constituídos de plantas e arbustos de
médio porte, que exigem para o seu desenvolvimento um ambiente
mais complexo, exigindo uma estrutura reforçada e com as cargas
bem distribuídas devido aos esforços extras promovido pelas
plantas, solo e água. Já as coberturas verdes extensivas, são
constituídas por camadas de solo menores que 20 cm, compostas por
espécies de pequeno porte, como as autóctones, que resistem a
condições mais adversas, a pouca ou nenhuma manutenção.
(CORREA&GONZALEZ, 2002).
Figura 21 - Telhado verde em faculdade de Cingapura
Fonte: http://jornaldobem.com.br/2011/03/30/faculdade-em-cingapura-instala-teto-verde/
As vantagens de se implantar um telhado verde são inúmeras, como: redução da
temperatura no ambiente interno da edificação, o que consequentemente reduz os gastos
com eletricidade, aumentando os índices de eficiência energética do edifício; purificação
do ar, que ocorre com a absorção de substâncias tóxicas pela vegetação e a liberação de
oxigênio; aumento da retenção da água da chuva; melhoria no aspecto visual do edifício,
entre outras.
Após a instalação de uma cobertura verde em uma laje, a
temperatura da superfície reduz cerca de 15°C influenciando no
conforto térmico dos ambientes e, dependendo do tipo de telhado,
da vegetação e da capacidade da área, a redução de carga térmica
para o ar condicionado se aproxima de 240 kWh/m².
(SPANGENBERG, 2004).
Vale ressaltar que, apesar do custo alto para a sua implantação inicial, a relação
final de custo-benefício do telhado verde é decisiva na hora de decidir se é vantajoso ou
não colocá-lo em seu edifício.
48 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
(...) a aplicação de telhados verdes como forma de
minimizar os impactos ambientais, de início seja um acréscimo no
custo da obra, a economia de energia gerada pós construção, a
retenção e o aproveitamento das águas de chuva prevenindo
enchentes, os benefícios psicológicos e sociais entre
outros, justificam o investimento inicial. (SILVA, 2011).
Para concluir a análise e exposição das práticas e soluções sustentáveis e
bioclimáticas, na tabela 3 abaixo serão fornecidas as práticas citadas no presente
memorial e as que foram adotadas no anteprojeto do restaurante Buono Gusto al Mare.
É importante destacar que a opção pelo não uso das placas solares foi justificado
pelo fato de que se iria elevar bastante o custo inicial da obra e por essas placas não
possuírem rendimento tão elevado. Com o tempo, e com a situação financeira do
estabelecimento estabilizada recomenda-se o uso das placas.
Tabela 3 - Especificação das técnicas abordadas em texto e as adotadas em projeto
Soluções abordadas Soluções adotadas em
projeto
Beiral X
Brise soleil X
Cobogó
Sheds
Átrio central
Uso de madeira
certificada X
Painéis solares
Reaproveitamento de
águas pluviais X
Cobertura verde X
Fonte: Elaboração da autora, 2014.
50 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O presente tópico abordará a análise de 4 projetos de edifícios de uso similar ao
projeto a ser desenvolvido durante o presente trabalho, de 1 projeto de edificação que
adota em seu funcionamento o uso de práticas sustentáveis, me influenciando à busca pela
adoção de tais práticas e, por fim, de projetos que serviram como referências formais e
estéticas. Os estudos dos 4 restaurantes foram realizados focados na forma e função, este
último aspecto sendo fundamental para basear a definição do programa de necessidades
e o pré-dimensionamento do edifício a ser projetado. Os dois primeiros estudos foram
realizados de maneira direta, a partir de uma análise feita após a visita ao local, e os três
últimos foram analisados de maneira indireta, a partir de pesquisas em sites da internet.
5. Estudos de Referência diretos A realização de estudos diretos se revela de total importância para o
desenvolvimento do projeto, já que pode-se observar de perto o funcionamento e
dinâmica dos restaurantes, os fluxos de clientes e funcionários e as relações que devem
existir entre os ambientes, além de que os funcionários que acompanham as visitas dizem
aspectos que poderiam ser melhor repensados de acordo com determinadas necessidades
dos estabelecimentos.
5.1. Restaurante Fogo e Chama Steak House
O Fogo e Chama Steak House é um restaurante localizado na Praia do Meio, em
Natal-RN (Figura 22). O estabelecimento é resultado do projeto arquitetônico realizado
pela arquiteta Viviane Teles para um restaurante já existente no local, posteriormente
sofrendo pequenas reformas realizadas pela arquiteta Graça Madruga e sendo inaugurado
em outubro de 2011 como o atual restaurante.
Figura 22 - Localização do Restaurante Fogo e Chama
Fonte: www.maps.google.com.br, 2014.
Nota: Modificada pela autora.
51 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O acesso se dá pela Rua Dr. Jose Augusto Bezerra de Medeiros, via de pouco
tráfego e com calçamento em paralelepípedo, através de uma entrada para clientes e uma
outra para recebimento de mercadorias.
O estabelecimento funciona de segunda a quinta-feira das 11:30 às 15:30 e das
18:00 às 23:30 e de sexta-feira a domingo das 11:30 às 23:30, prestando serviços de
almoço e jantar, com culinária regional e internacional, mas o enfoque do restaurante é
dado ao churrasco. Segundo a gerente do local, Margareth, em entrevista prestada no dia
05 de agosto de 2014, o estabelecimento tem capacidade para até aproximadamente 180
pessoas. O restaurante dispõe de uma área própria de estacionamento em frente ao
restaurante, com capacidade para 200 carros.
O sistema estrutural da maior área do restaurante é realizado em concreto armado
e alvenaria convencional, porém no salão de mesas percebe-se também o uso de
elementos estruturais em madeira, como pilares e vigas. Já o volume externo (ver figura
23) da edificação é destacado pelo uso de uma marquise de concreto armado arredondada
e revestida com tijolos aparentes, elemento este que dá destaque à fachada frontal da
edificação. Ainda observa-se o uso do jogo de volumes, com diferentes tamanhos e alturas
e de cores terrosas, assim como no interior do restaurante e da madeira e vidro como
materiais predominantes.
Figura 23 - Fachada frontal do Fogo e Chama
Fonte: Acervo da autora, 2014.
O empreendimento tem seu programa de necessidades distribuído em 3
pavimentos, sendo um desses subsolo. A planta do pavimento térreo (figura 24) abriga
uma área destinada à recepção dos clientes e à espera, banheiros (masculino e feminino),
ambos com boxes acessíveis em seu interior, circulação vertical (escada e elevador para
acessibilidade), sala de estoque para vinhos, dois bares, um desses para servir
principalmente a área de espera e o outro que também abriga funções de caixa, salão de
52 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
mesas, área de buffet, cozinha, sala de preparo das saladas, sala de lavagem e uma área
para serviço de comida japonesa.
Figura 24 - Planta baixa pavimento térreo do Fogo e Chama
Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
O salão de mesas é bastante espaçoso, sendo servido por 3 diferentes tipos de
mesas: retangulares (1,40 x 0,90m), quadradas (0,90 x 0,90m) e circulares (diâmetro de
1,80m). O espaço entre as mesas é de cerca de 1,50m, favorecendo a circulação de pessoas
e funcionários. A maior parte da iluminação dos salões é feita através de lâmpadas com
temperatura de cor alta (amarelas), proporcionando a sensação de aconchego e conforto
(figura 25). O forro do salão é realizado em madeira, sendo a estrutura de vigas em
madeira aparente, para fins estéticos (figura 27). Os revestimentos das paredes do salão
variam entre diferentes materiais, a madeira, pedras de casquilho em tom de marrom ou
pallet. Tais colorações em tons terrosos remetem um tom de rusticidade ao local, dando
maior sensação de bem-estar aos usuários.
Figura 25 - Salão de mesas e buffet do Fogo e Chama
Fonte: http://www.revistadeguste.com/noticia/1474
Figura 26 - Salão de mesas do Fogo e Chama
Fonte: Acervo da autora, 2014.
53 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 27 - Forro do salão de mesas do Fogo e Chama
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 28 - Circulação vertical, estoque de vinhos e bar
do Fogo e Chama
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Já no pavimento do subsolo estão localizados os seguintes ambientes: refeitório
para funcionários (figura 29), 3 depósitos (1 de bebidas não-alcóolicas, 1 de bebidas
alcóolicas e 1 de comidas e molhos) – ver figura 30, e banheiros para funcionários e área
de frigorífico (com aproximadamente 10 freezers).
Figura 29 - Refeitório e de frigorífico do Fogo e chama
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 30 - Depósito de alimentos do Fogo e Chama
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Por fim, no primeiro andar encontram-se: a sala de administração e gerência
(aproximadamente 15m²) e salão para festas (com área de mesas, bar e banheiros).
Com relação aos aspectos do conforto ambiental no restaurante, nota-se uma não
preocupação em se fazer uso da ventilação natural, já que durante todo o dia utiliza-se de
aparelhos de refrigeração do ar e as janelas de madeira e vidro permanecem fechadas.
Porém, ao analisar o zoneamento dos ambientes, percebe-se a preocupação em posicionar
a área do salão de mesas em regiões com orientamento entre Leste/Sul que recebem
radiação solar apenas no período da manhã, período de não movimentação no restaurante,
privilegiando esse ambiente.
54 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Em se tratando da acessibilidade, nota-se a presença de adaptações para portadores
de necessidade especiais no estacionamento, que possui apenas uma vaga acessível
(segundo o Código de obras de Natal, a quantidade de vagas existente é inferior ao
exigido), no acesso ao restaurante, a partir de rampas, nos banheiros e a partir de elevador
interno para o acesso aos demais pavimentos do restaurante.
5.2. Camarões Restaurante
Figura 31 - Camarões Restaurante
Fonte: Acervo da autora, 2014.
O Camarões Restaurante (figura 31 acima) é um dos restaurantes mais tradicionais
da cidade de Natal/RN, estando em funcionamento desde o ano de 1989. Ao longo dos
anos o estabelecimento passou por 3 reformas e ampliações de forma a melhor adaptá-lo
às novas demandas. A última foi realizada recentemente, em junho de 2014, sendo o
projeto desenvolvido pela arquiteta Gracita Lopes. O restaurante localiza-se no bairro de
Ponta Negra (figura 32) e o acesso de clientes se dá pela Avenida Engenheiro Roberto
Freire, via estrutural e de tráfego intenso de carros. Por tal motivo, não existe
estacionamento voltado para essa via, havendo somente uma área para embarque e
desembarque de passageiros. Já o fluxo de cargas e mercadorias se dá por um outro
acesso, localizado na rua atrás do lote, que apresenta fluxo de carros menor, a Avenida
Praia de Ponta Negra.
Figura 32 - Localização do Camarões restaurante
Fonte: www.maps.google.com.br, 2014.
Nota: Modificada pela autora.
55 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O funcionamento do restaurante é no horário de almoço, de segunda a sábado das
11:30 às 15:30, e no horário de jantar das 18:30 às 00:00 e nos domingos das 11:30 às
16:00 e das 18:30 às 23:00. O estabelecimento presta serviços de comida regional e
internacional.
De acordo com o maitre do restaurante, Reinaldo, em entrevista prestada no dia
07 de agosto de 2014, a capacidade máxima do edifício, englobando as áreas do salão de
mesas e da espera, é de aproximadamente 350 pessoas. Ainda segundo Reinaldo, o quadro
de funcionários é de cerca de 110 pessoas (administrador, contador, garçons, cozinheiros,
auxiliares, entre outros). Ele considera que após a última reforma as dimensões dos
ambientes e circulações estão ideais para o bom funcionamento, movimentações e fluxos
internos. O restaurante oferece estacionamento privado, localizada atrás do edifício, na
Avenida Praia de Ponta Negra, para cerca de 150 carros.
Com relação ao sistema estrutural do restaurante, nota-se que foi utilizado o
sistema de concreto armado e alvenaria convencional. Observa-se também o uso do
material metálico em alguns elementos estruturais da cobertura, elementos decorativos e
na marquise da fachada principal. O volume externo da edificação é constituído por
formas retas e simples, porém o destaque da edificação é obtido a partir da combinação
de diferentes materiais (vidro, madeira, metal e tijolo aparente), pelo uso do jogo de
volumes, uns avançados e outros recuados e pelo uso do elemento horizontal localizado
na entrada do estabelecimento, a marquise – ver figura 33.
Figura 33 - Fachada frontal do Camarões Restaurante
Fonte: Acervo da autora, 2014.
O empreendimento abriga um programa de necessidades distribuído em 2
pavimentos. O pavimento térreo (figura 34) possui cerca de 1140 m² de área construída e
abriga a maior parte do programa: área de recepção e espera (aproximadamente 95m²);
56 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
salão de mesas (aproximadamente 250m²); área de bar, caixa e suporte (cerca de 70m²) –
figuras 35 e 36; área de banheiros - masculino, feminino e portadores de necessidade
especiais (cerca de 60m²); área de cozinha, esterilização e lavagem (aprox. 115m²); 4
câmaras frigoríferas (aprox. 30m²); sala de tratagem (15m²); área para funcionários –
vestiário e refeitório (cerca de 55m²); depósito de alimentos (30m²); salas de máquinas e
quadro elétrico (12m²) e lixo voltado para o exterior (4,5m²).
Figura 34 - Planta baixa do pavimento térreo do Camarões
Fonte: Planta cedida pelo proprietário do restaurante, 2014.
Nota: Adaptações da autora, 2014.
Figura 35 - Área de bar e caixa do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 36 - Bar e acesso à cozinha do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
A área do salão de mesas é bastante espaçosa, com espaço suficiente para
circulação de clientes e funcionários – a distância entre meses é de cerca de 1,50m, sendo
servida por 3 diferentes tipos de mesas: retangulares (1,20 x 0,75m), quadradas para 2
pessoas (0,75 x 0,75m) e circulares (diâmetro de 1,00m. O forro do salão em partes é
realizado em madeira trabalhada e em outras nota-se a combinação da instalação de placas
acústicas e placas de gesso. Os revestimentos das paredes do salão variam, notando-se a
presença de azulejos decorados, madeira, tijolos aparentes ou mesmo apenas pintura em
57 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
tom claro e neutro de cinza. Já com relação a pavimentação do piso, é verificado o uso da
madeira e do porcelanato. Assim, como no restaurante Fogo e Chama, notou-se a
utilização de materiais de coloração cores neutras e terrosas e de elementos, como
madeira e artesanato, que nos dão a sensação de conforto e bem-estar.
Figura 37 - Área de espera e recepção do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 38 - Salão de mesas do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Já o pavimento superior possui uma área construída de cerca de 130m², abrigando
a parte administrativa do estabelecimento: sala de gerência (18m²); sala de contabilidade
(13m²); 2 salas de reunião (um com 26m² e a outra com 9m²); sala para possível evento
pequeno com banheiro (30m²) e vestiário para funcionários (8m²).
Figura 39 - Planta baixa pavimento superior do Camarões
Fonte: Planta cedida pelo proprietário do restaurante, 2014.
Nota: Adaptações da autora, 2014. Com relação aos aspectos do conforto ambiental, não verifica-se uma preocupação
em se fazer uso da ventilação e iluminação natural, já que durante todo o dia são utilizados
aparelhos de refrigeração do ar e as janelas de madeira e vidro permanecem fechadas,
sendo verificadas nos horários de incidência direta solar o uso de elementos internos de
proteção, as cortinas. Já com relação à acústica, como dito anteriormente, verifica-se um
58 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
maior cuidado na área de salão de mesas, sendo utilizados forros com placas acústicas em
boa parte da área.
Figura 40 - Salão de mesas do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 41 - Placas acústicas no forro do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Em se tratando da acessibilidade, foi verificada a presença de adaptações para
portadores de necessidades especiais em toda a área do restaurante: no estacionamento,
que possui 4 vagas acessíveis (figura 42); no acesso ao restaurante, a partir de rampas e
elevador e nos banheiros, que são instalados independentes dos demais banheiros e
possuem todos os equipamentos e dimensões exigidas pela norma NBR 9050. Além disso,
em toda a extensão do lote nota-se o tratamento das calçadas (figura 43), as tornando
acessíveis, com guias de rebaixamento e pisos táteis e direcionais.
Figura 42 - Estacionamento para PNE do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 43 - Calçada acessível do Camarões
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Comparando os dois restaurantes em que foram realizados os estudos diretos
(Fogo e Chama e Camarões) percebe-se que o último possui um programa mais completo
e eficiente para atender todas as demandas deste tipo de estabelecimento. Os fluxos
internos e conexões entre os ambientes de cozinha e afins do restaurante Camarões são
melhor definidos e se assemelham mais aos esquemas de organizações recomendados por
livros e normas.
59 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
6. Estudos de Referência indiretos 6.1. Restaurante Mangai – Brasília
Restaurante dotado de uma estrutura arquitetônica com referências ao habitat
nordestino, principalmente a casa de fazenda, o Mangai consolidou-se ao longo dos anos
como referência da gastronomia nordestina. A sede em análise localiza-se em
Brasília/DF, em uma das áreas mais belas da cidade, com vista para o Lago Paranoá e
Ponte JK, próximo aos Ministérios, Congresso Nacional, Tribunais e Embaixadas. O
restaurante foi inaugurado em junho de 2008, e tem o projeto arquitetônico como autoria
da arquiteta Sandra Moura (figura 44).
Figura 44 - Restaurante Mangai Brasília
Fonte: http://arqpb.blogspot.com.br/2008/11/sandra-moura.html
Segundo Júnior (2008), o partido adotado consiste de uma generosa cobertura de
telha cerâmica em quatro águas, suportada por um conjunto de vigas metálicas em perfil
“I”, ancorados em robustos pilares de concreto, o que certamente viabilizou os grandes
vãos da modulação adotada. A cumeeira do edifício conforma uma mansarda por onde se
dá a exaustão do ar que circula no espaço interno do restaurante. O terraço de acesso é
guarnecido, do lado esquerdo, por uma sala de estar ambientada por móveis desenhados
em madeira e, do lado direito, por um conjunto de mesas com privilegiada vista para o
Lago Paranoá e a Ponte JK.
Figura 45 - Espaço do salão com vista para a ponte JK, restaurante Mangai - Brasília
Fonte: http://arqpb.blogspot.com.br/2008/11/sandra-moura.html
60 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O espaço interno é bastante amplo, arejado e ricamente decorado com objetos
confeccionados com elementos da cultura popular, tais como as luminárias de piões, a
cortina de bucha vegetal, as divisórias de estronca e os lavatórios de pote de barro. A
decoração é baseada na mistura de elementos rústicos e sofisticados (figura 46), que dão
ao ambiente uma sensação de conforto e bem-estar aos usuários. Tal proposta de
decoração é a mesma que foi adotada no projeto de interiores do restaurante Buono Gusto
al Mare.
Figura 46 - Salão de mesas do restaurante Mangai Brasília
Fonte: http://www.sandramoura.com.br/projeto/mangai-brasilia/
Com relação à volumetria, nota-se que o grande destaque do projeto é dado à caixa
de elevador que conecta o espaço do estacionamento ao nível da rampa de acesso do
terraço do restaurante, como pode-se observar na figura 47. Envolvida por uma pele de
chapa de aço, cujas estampas esboçam movimentos orgânicos, sem que o design do objeto
perca o foco contemporâneo.
Figura 47 - Caixa de elevador externa, Restaurante Mangai Brasília
Fonte: http://arqpb.blogspot.com.br/2008/11/sandra-moura.html
O restaurante Mangai oferece aos clientes receitas típicas nordestinas e apresenta
o buffet como forma de serviço aos clientes.
61 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
6.2. Restaurante Aan Zee
A edificação Aan Zee abriga um restaurante localizado nas dunas de uma reserva
natural, em Oostvoorne, próximo a Rotterdam, na Holanda. Desenvolvido pelo estúdio
de arquitetura holandês Emma Architecten, o projeto, segundo Burklein (2013), combina
o uso de materiais naturais com um design curvado e sinuoso (figura 48). Se trata de uma
estrutura que abre novas fronteiras no conceito da eco-sustentabilidade.
Figura 48- Restaurante Aan Zee, Oostvoorne, Holanda
Fonte: http://it.livegreenblog.com/architettura-sostenibile/un-ristorante-sostenibile-sulle-dune-emma-architecten-
8413/
O restaurante é um edifício contemporâneo, que atua como um elo entre o
ambiente natural e a grande área portuária de Rotterdam. A edificação foi construída em
apenas quatro meses, inaugurado em dezembro de 2011, e é totalmente desmontável e
reutilizável, tanto como construção quanto pelos materiais utilizados.
Para o revestimento exterior foi adotada a madeira local não tratada, posta em
camadas e sobreposições, sem elementos químicos, verniz e pintura, que passa por um
processo simples de “cozimento”, a tornando resistente ao clima marítimo e faz com que
a cor se modifique ao longo dos anos em função da exposição às condições climáticas
locais. (BURKLEIN, 2013).
Figura 49 - Terraço externo - restaurante Aan Zee
Fonte: http://www.aanzeeoostvoorne.nl/
Segundo Emma Architecten (2013), as curvas de madeira nas paredes remetem à
forma das dunas, que se iniciam no solo até formar uma torre de vigia no topo, que
62 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
proporciona aos usuários uma vista panorâmica da paisagem. Esta parede de madeira
envolve o espaço do restaurante, juntamente com uma fachada curva toda de vidro,
visando a vista deslumbrante para o mar.
Figura 50 - Ambiente interno do restaurante Aan Zee
Fonte:http://it.livegreenblog.com/architettura-
sostenibile/un-ristorante-sostenibile-sulle-dune-emma-
architecten-8413/
Figura 51 - Terraço restaurante Aan Zee
Fonte:http://it.livegreenblog.com/architettura-
sostenibile/un-ristorante-sostenibile-sulle-dune-emma-
architecten-8413/
Práticas sustentáveis observadas no restaurante são: autossuficiência energética, a
partir da utilização de fontes alternativas de energia, como a solar (painéis fotovoltaicos),
do vento e a geotérmica para aquecimento do ambiente no inverno e refrescamento no
verão, reuso de águas da chuva, após o devido tratamento e uso de materiais
ecologicamente corretos, os móveis e elementos decorativos são feitos de produtos
renováveis e recicláveis. De acordo com Emma Architecten (2013), a hospitalidade e
proteção ao meio ambiente é a combinação principal adotada como ponto de destaque do
projeto.
Figura 52 - Esquema do uso das técnicas sustentáveis - Restaurante Aan Zee
Fonte: http://www.aanzeeoostvoorne.nl/
63 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Com relação à organização interna, nota-se a divisão do espaço em 3 diferentes
zonas. A zona do refeitório, que é a de acesso livre a todos os usuários, onde se encontram
o salão de mesas interno e externo (terraço), serviço de bar e banheiros – 1, 4 e 5; e as
zonas restritas a funcionários internos, a de pré-higienização, estocagem e administração
– 3, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 e a zona de cozinha – 2 – ver figura 53.
Figura 53 - planta baixa - Restaurante Aan Zee
Fonte: http://it.livegreenblog.com/architettura-sostenibile/un-ristorante-sostenibile-sulle-dune-emma-architecten-
8413/
6.3. Centro Max Feffer
O centro Max Feffer (figura 54) é uma edificação destinada à cultura,
sustentabilidade e prática de atividades sociais, localizado em Pardinho, interior de SP. O
projeto foi idealizado pelo Instituto Jatobás1 e realizado pela arquiteta Leiko Hama
Motomura, componente do escritório “Amima Arquitetura”. A sua inauguração se deu no
ano de 2009, desde então abrigando programas e ações promovidas pelo Sistema Ecopolo,
tornando-o um espaço de aprendizado e de vivências comunitárias.
É um espaço que permite a vivência da cidadania, pois
abriga atividades como biblioteca, centro de inclusão digital,
programação cultural, estímulo à criação e produção artística e
muitos outros, permitindo à população local encontrar ali
1 Instituto Jatobás: é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, cuja missão é influir para a ampliação
da consciência e oferecer conhecimento para a construção de um caminho coletivo solidário e sustentável. Nossa
atuação, baseada em ética humanista e ocupação de espaços de modo sustentável, está fortemente ancorada no
entendimento de Desenvolvimento Sustentável pelo uso equilibrado de recursos econômicos, ambientais e sociais, por
tempo indeterminado.
64 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
atividades de entretenimento, aprendizado, descoberta, inovação
e bem-estar. (JATOBÁS, 2014.)
Figura 54 - Centro Max Feffer, Pardinho/SP
Fonte: http://ecohabitat.tv.br/portfolio/centro-max-feffer/gallery/fotos/
O edifício, construído em uma praça pública da cidade, cedida pela
prefeitura, traz em sua concepção uma série de técnicas inovadoras dos edifícios verdes
e destaca-se por suas linhas sinuosas e sua cobertura desenvolvida em bambu (ver figura
55), que é uma matéria-prima de rápida renovação e durabilidade longa, sendo ideal para
edificações ecológicas.
Figura 55 - Vista lateral Centro Max Feffer
Fonte: http://www.centromaxfeffer.com.br/arquitetura-verde.php
Segundo Corbioli (2011), com metragem superior a 800 metros quadrados, a
cobertura apoiada em vigas e pilares de eucalipto é o elemento que dá personalidade ao
projeto. Ela combina linhas sinuosas, áreas vazadas que possibilitam a entrada de luz
natural pelas duas laterais e partes opacas com telhas de fibra vegetal pintadas de branco
recobrindo o bambu (figura 56).
65 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 56 - Cobertura curvada em bambu - Centro Max Feffer
Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/amima-arquitetura-centro-cultural-28-07-2009
As principais técnicas sustentáveis observadas no centro são: ocupação da área do
terreno limitada a apenas 15% do total, colaborando com a permeabilidade do solo,
captura e reuso das águas pluviais; 63% da área do terreno é vegetada com espécies
nativas e adaptadas; utilização de cores claras no piso e cobertura branca, que favorece o
aumento da reflexão solar, diminuindo o efeito “ilha de calor”; sistema de reutilização de
águas pluviais; uso de estratégias bioclimáticas que favorecem o aproveitamento da
ventilação e iluminação naturais, proporcionando maior conforto térmico aos usuários;
utilização de materiais recicláveis, renováveis e certificados ecologicamente e tratamento
de esgoto. (JATOBÁS, 2014.)
7. Estudos de Referência Formais Aliada aos estudos de referências direcionados para aspectos funcionais, revela-
se de grande importância para o desenvolvimento projetual a realização de estudos
voltados para os aspectos formais, os quais fornecerão elementos e combinações que
servirão de inspiração para o aspecto volumétrico do anteprojeto do restaurante.
7.1. Coco Bambu Fortaleza
A edificação Coco Bambu, localizada em Fortaleza/CE, trata-se de um restaurante
com estilo rústico, que se utiliza de madeira e materiais locais representando sua principal
identidade estética (figura 57). A presente edificação me serviu de inspiração
principalmente pelo fato de se fazer uso de deck superior em madeira que avança em
relação ao volume como um todo (figura 58) e por possuir um elemento de destaque que
define a área de entrada principal dos clientes, a marquise constituída em vidro e madeira.
Além disso, por se fazer uso de formas retilíneas e simples.
66 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 57 - Restaurante Coco Bambu - Vista deck
madeira
Fonte:
http://www.casamento2ponto0.com/2011/04/sorteio-
coco-bambu-frutos-do-mar/
Figura 58 – Restaurante Coco Bambu – Vista deck e
marquise
Fonte:
http://www.umamulher.com.br/materia/detalhe/1614/Feri
ado!
7.2. Ballard Library And Neighborhood Service Center
A edificação Ballard library and neighborhood service center constitui-se como
uma biblioteca com práticas sustentáveis e tem como principal destaque volumétrico sua
cobertura verde curva com estrutura em madeira fixada em pilares metálicos (ver figuras
59 e 60). Tal elemento foi o que serviu como referência para a cobertura que será adotada
no setor de atendimento do anteprojeto do restaurante em estudo.
Figura 59 - Biblioteca - vista da estrutura da cobertura
http://www.archdaily.com/100821/ballard-library-and-
neighborhood-service-center-bohlin-cywinski-jackson/
Figura 60 - Biblioteca - vista superior
http://www.archdaily.com/100821/ballard-library-
and-neighborhood-service-center-bohlin-cywinski-
jackson/
7.3. YPY – Complexo de lazer
Por fim, a edificação YPY, que se trata de um complexo de lazer pertencente a um
condomínio fechado localizado em São Paulo/SP, foi idealizada pela equipe de arquitetos
do Estúdio SuperLimão.
67 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 61 - YPY- complexo de lazer
Fonte: http://www.archdaily.com/513396/ypy-super-limao/
A minha referência presente nessa edificação veio da cobertura, posicionada em
níveis diferentes, o que possibilita a entrada de ventilação natural e que dá um certo
dinamismo ao volume, como pode ser verificado na figura 62.
Figura 62 - YPY - Esquema de ventilação natural
Fonte: http://www.archdaily.com/513396/ypy-super-limao/
7.4. Alojamentos Sociais – Itália
A edificação destinada a alojamentos sociais localiza-se em Motta di Livenza, na
Itália. O volume do prédio é simples e com linhas ortogonais, possuindo como elementos
de destaque e composição das fachadas, os brises em madeira, que possuem função de
sombreamento solar e também estética.
Figura 63 - Alojamentos sociais na Itália
Fonte: http://www.archilovers.com/projects/36511/alloggi-sociali-a-t-e-r.html
Tal aplicação serviu de inspiração para o uso de brises em madeira nas fachadas
do equipamento gastronômico, que também possuirão a dupla funcionalidade.
69 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O presente capítulo aborda as diretrizes, características e restrições norteadoras
para o desenvolvimento do anteprojeto do restaurante. A divisão do capítulo se deu em
três tópicos, retratando os diversos condicionantes do projeto.
O primeiro tópico abordará os condicionantes físicos, retratando as características
do terreno escolhido para o desenvolvimento projetual e seu entorno imediato. Serão
demonstrados também os aspectos bioclimáticos, a partir de análises da topografia e de
ventilação e insolação atuantes no lote.
No segundo tópico serão abordadas as condicionantes legais, no qual serão
analisadas as diretrizes presentes na legislação atuante na área de estudo e no tipo de
equipamento escolhido para o desenvolvimento do projeto - restaurante. Por fim, o último
tópico trata dos condicionantes funcionais, onde será definido a dimensão do
estabelecimento a ser projetado e seu público alvo, aspectos esses essenciais para
definição do programa de necessidades e pré-dimensionamentos dos ambientes.
8. Condicionantes Físicos e Bioclimáticos O terreno escolhido no qual será desenvolvida a intervenção arquitetônica
localiza-se na praia de Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta/RN. Tal praia localiza-se a
cerca de 40 km da capital do estado, Natal. O terreno está situado em uma esquina, com
suas testadas voltadas para três vias: Avenida Monsenhor Antônio da Barros, Rua
projetada e Rua Alameda Nivaldo Mello.
Figura 64 - Localização do terreno escolhido
Fonte: Elaborado pela autora com base em www.wikipedia.com.br e www.maps.google.br, 2014.
Tal terreno foi escolhido para o desenvolvimento projetual por possuir uma boa
acessibilidade e visibilidade, já que está localizado na via principal de conexão entre a
cidade de Natal/RN e as praias do litoral Sul do estado e por ser um lote de esquina, que
permite também um melhor desenvolvimento de mais fachadas do projeto. Além disso,
N
70 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
apresenta relativa proximidade ao mar (a parte da frente do terreno localiza-se a cerca de
130m de distância da faixa litorânea), o que possibilita a sua contemplação visual. E
também pelo fato de já possuir a um familiar, o que facilitaria possível execução do
projeto. O terreno para o desenvolvimento do projeto trata-se de um terreno desocupado
e mais o terreno de trás, no qual deve-se realizar um procedimento formal de compra com
o proprietário (figuras 65 e 66).
Figura 65 - Terreno escolhido para desenvolvimento
projetual
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 66 - Terreno escolhido para desenvolvimento
projetual
Fonte: Acervo da autora, 2014.
O acesso principal à praia de Barra de Tabatinga, e consequentemente ao terreno
escolhido, se dá a partir da via Praia de Pirangi, que liga a cidade de Natal (Bairro de
Ponta Negra) às praias do litoral sul potiguar (ver figura 67). Tal via, que ao se distanciar
da cidade muda de nominação, também possibilita o acesso às demais praias situadas
mais distantes da cidade de Natal, como Pipa e Barra do Cunhaú, consideradas atrativos
importantes dentro do cenário turístico no estado do Rio Grande do Norte. Saindo de
Natal para Barra de Tabatinga se atravessa 5 diferentes praias: Pium, Cotovelo, Pirangi
do Sul, Pirangi do Norte e Búzios.
Figura 67 - Acessos principais ao terreno escolhido
Fonte: www.maps.google.br
Modificado pela autora
N
71 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O entorno imediato ao terreno é composto principalmente por edificações
residenciais, tanto unifamiliares como multifamiliares (condomínios privados
horizontais) – figura 68. Mas também observa-se a presença de equipamentos de serviços,
como o Praia Bonita Resort (figura 69) e o Restaurante Flutuante do Mar, este último
localizado na beira da praia e com funcionamento apenas diurno. A presença de um Resort
ao lado do terreno pode constituir um fator positivo, já que os seus usuários podem se
tornar também clientes do equipamento gastronômico, visto que a área não possui muitas
opções de equipamentos para lazer, principalmente no período noturno.
Figura 68 - Terreno escolhido e seu entorno imediato
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Figura 69 - Praia Bonita Resort
Fonte: Acervo da autora, 2014.
Figura 70 - Casas no entorno do terreno escolhido
Fonte: Acervo da autora, 2014.
N
72 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Com relação aos aspectos físicos do terreno, verifica-se que este possui uma área
de 1.492,41 m² e um formato prismático que se assemelha à forma retangular – ver figura
71.
Figura 71 - Dimensões do terreno escolhido
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
O terreno apresenta uma diferença de nível considerável entre a parte mais baixa
e a mais alta, de 4 metros, visto que engloba 5 curvas de nível (figura 72), porém o volume
de área construída vai se localizar próximo à rua principal, não atingindo todas as curvas
de nível do terreno. A parte posterior do terreno vai ser destinada apenas à área de
estacionamento.
Figura 72 - Topografia do terreno escolhido
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
N
N
73 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Os aspectos bioclimáticos atuantes no lote são determinantes e também irão
condicionar o desenvolvimento do projeto, visto que um dos objetivos projetuais é o
máximo aproveitamento de tais aspectos. As condicionantes bioclimáticas, tais como
ventilação natural, incidência solar, vegetação e chuvas, se aproveitadas corretamente,
trazem uma série de vantagens e melhorias ao projeto, como a redução do impacto ao
ambiente circunstante e dos consumos energéticos.
Adiante, na figura 73, representou-se esquematicamente o terreno com o percurso
solar e os ventos dominantes incidentes sobre ele. Também está demonstrada a rosa dos
ventos referente à cidade de Natal, já que é a região mais próxima a possuir tal análise,
visto que Nísia Floresta ainda não a possui. Para a execução de uma arquitetura voltada
para os princípios bioclimáticos tal análise se torna fundamental, de modo a se realizar as
devidas soluções arquitetônicas, como a utilização e locação adequada das aberturas,
visando o aproveitamento ideal da ventilação natural, e o uso elementos de
proteção/sombreamento que visem minimizar os possíveis incômodos gerados pela
radiação solar direta nos ambientes.
Figura 73 - Condicionantes bioclimáticos atuantes no terreno
Fonte: Elaborado pela autora, 2014. / www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-86212010000400004&script=sci_arttext
9. Condicionantes Legais As informações referentes à legislação incidente na área de estudo foram obtidas
no Plano Diretor de Nísia Floresta, no Código de Obras de Nísia Floresta, na Norma de
Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico, norma para Acessibilidade – NBR9050
74 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
e em normas da ANVISA, que dizem respeito a boas práticas de fabricação e serviços de
alimentação.
9.1. Plano Diretor de Nísia Floresta (Lei Complementar nº
001/2007, de dezembro/2007)
As exigências do Plano Diretor de Nísia Floresta que aplicam-se à área do projeto
foram retiradas do capítulo III (dos padrões de ocupação do solo). As prescrições
urbanísticas expostas abaixo são referentes ao coeficiente de aproveitamento máximo, à
taxa de ocupação, à taxa de impermeabilização, ao gabarito, aos recuos e à quantidade de
vagas de estacionamento exigida.
O terreno escolhido localiza-se em uma área classificada como zona de proteção
ambiental I e IV e como uma zona adensável. Para cada zona são estabelecidos diferentes
índices urbanísticos, como as exigências direcionadas à zona de proteção ambiental são
mais rigorosas e restritivas são as que direcionarão o desenvolver do anteprojeto. Nota-
se que a área possui um coeficiente de aproveitamento máximo de 0,5, já que será um
estabelecimento de prestação de serviços (não residencial). Dessa forma, para se verificar
a área máxima que é permitida se construir, deve-se multiplicar a área do terreno
(1.492,41m²) pelo coeficiente de aproveitamento (0,5), obtendo-se um valor de 746,20m².
O único critério que a legislação referente à zona adensável é mais rígida é com relação
ao número de vagas de estacionamento, que estabelece que a cada 50m² de área construída
deve haver uma vaga, sendo esse valor o que irá direcionar o dimensionamento do
estacionamento.
Tabela 4 - índices urbanísticos incidentes nas áreas especiais de proteção ambiental
Fonte: Plano Diretor de Nísia Floresta, 2007.
Já com relação ao gabarito máximo, tem-se que o valor observado para tal quesito
no quadro acima, é apenas referente à zona de proteção ambiental III, não se enquadrando
na área em que o terreno localiza-se. Segundo o artigo 46, da subseção I – “dos gabaritos”,
75 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
contido no Plano diretor de Nísia Floresta, tem-se que as construções realizadas a partir
dos 100m até 250m (o terreno localiza-se dentro desse intervalo), contados a partir da
margem da praia, resguardando 33m (compatível à faixa litorânea de interesse ecológico),
serão permitidas edificações com no máximo 3 pavimentos – 10,5m.
Em síntese, tem-se que as prescrições previstas pelo Plano Diretor de Nísia
Floresta para a área em análise são as seguintes:
- O gabarito máximo permitido para edificações situadas na referida zona
é de 10,50m, seguindo a linha natural do terreno;
- O coeficiente de aproveitamento é de 0,5;
- A taxa de ocupação máxima do terreno deve ser de 50%;
- A taxa de permeabilização do terreno deve ser de no mínimo 50%;
- Os recuos frontais devem ser de, no mínimo, 3m e os laterais e dos fundos
de, no mínimo, 1,5m;
- Vagas de estacionamento: 1 vaga para cada 50m² de área construída.
Tabela 5 - Número de vagas mínimo de estacionamento de acordo com o uso
Fonte: Plano Diretor de Nísia Floresta, 2007.
76 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
9.2. Código de obras de Nísia Floresta – Lei complementar
nº 002/2007, de 26 de dezembro de 2007.
O presente código estabelece medidas para a elaboração de projetos e execução
de obras e instalações, em seus aspectos técnicos estruturais e funcionais e as medidas de
política administrativa de competência do município.
De acordo com suas especificações tem-se que os passeios de pedestres devem
possuir largura mínima de 2,50m, podendo abrigar vegetação ao longo de sua extensão,
porém deve ser assegurada uma largura mínima de 1,20m de faixa livre. Segundo a
norma, os compartimentos de um estabelecimento são classificados como ambientes de
uso permanente e de uso transitório, os primeiros devem possuir pé direito mínimo de
2,60m e os últimos de, no mínimo, 2,4m. Tem-se ainda que as aberturas voltadas para o
exterior não podem ser inferiores a 1/6 da área do ambiente em que se encontra,
excetuando os locais de permanência transitória, onde este limite mínimo é de 1/8,
podendo dar-se através de abertura zenital.
Já com relação ao fechamento dos terrenos, verifica-se que nos lotes edificados é
facultativa a construção de elementos de fechamento em suas divisas. Se a escolha for a
de implantação de elementos de fechamento, tem-se que a altura máxima é de 2,20m.
9.3. Código de segurança e prevenção contra incêndio e
pânico do estado do Rio Grande do Norte – Lei nº
4436/1974
O presente código, regido pelo Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, tem
como objetivo estabelecer critérios básicos indispensáveis à segurança contra incêndios
nas edificações. Dessa forma, as exigências contidas nele visam garantir os meios
necessários para o combate ao incêndio, evitar e minimizar a propagação do fogo, facilitar
as ações de socorro e assegurar a evacuação segura dos ocupantes das edificações.
(CÓDIGO de segurança..., 1974)
O conjunto de exigências é definida de acordo com o uso de cada edificação.
Como os restaurantes estão inseridos na classificação de uso comercial, tem-se que as
exigências de dispositivos de proteção contra incêndio de acordo com a área construída e
altura da edificação. Como a edificação estará inserida dentro da seguinte classificação –
Edificações com altura entre 6 e 15 metros, com área construída inferior a 750m², tem-se
a necessidade de:
77 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
- Prevenção fixa (hidrante);
- Prevenção móvel (extintores de água pressurizada e pó químico, localizados na
entrada principal, junto às escadas e distribuídos no prédio a cada 200m²);
- Iluminação de emergência;
- Sinalização adequada (junto aos equipamentos de prevenção e às saídas);
- Escadas convencionais (com 1.20m de largura mínima);
- Instalação de hidrante público.
9.4. ABNT NBR 9050/2004 – Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
A presente norma estabelece os critérios e parâmetros técnicos aos quais qualquer
projeto de edificação deve seguir para que esteja devidamente acessível a pessoas com
necessidades especiais, como portadores de cadeira de rodas, obesos, cegos e idosos. A
norma apresenta todas as exigências necessárias, porém abaixo serão listadas apenas as
mais relevantes para o desenvolvimento do projeto.
Primeiramente é importante destacar as dimensões básicas necessárias para a
locomoção de uma pessoa em cadeira de rodas, que estando parada ocupa uma área com
dimensões de 0.80m x 1,20m:
- Largura de 0,90m para locomoção em linha reta;
- Largura de 1,20 a 1,50m para locomoção em linha reta de um cadeirante e um
pedestre;
- Para rotação total da cadeira (360º) faz-se necessária uma área com 1,5m de
diâmetro.
Ainda com relação a acessos e circulações tem-se que: os corredores devem
possuir largura de no mínimo 0,90m (se tiverem extensão de até 4m), 1,20m (para
corredores de até 10m) e 1,50m (para corredores com extensão superior a 10m); as
rampas devem possuir inclinação entre 5 a 8,33%, com previsão de áreas de descanso nos
patamares a cada 50m de trajeto; a largura das rampas deve ser calculada mediante o fluxo
de pessoas, sendo admitida uma largura mínima de 1,20m para rampas normais e de
1,50m para rotas acessíveis. Ainda tem-se que os pisos dos ambientes devem ter
superfície regular, estável e antiderrapante sob qualquer condição.
78 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Também deve-se destacar a importância de sinalizações visuais e táteis em
diversos equipamentos, como escadas, corrimãos, rampas e calçadas. Nas áreas de
circulação externa faz-se necessário o uso de pisos táteis e direcionais, porém o
detalhamento da localização de tais pisos e de guias rebaixadas vai ser realizada
posteriormente, nas etapas mais avançadas do anteprojeto e representadas nas pranchas
finais.
Com relação aos banheiros, a norma faz a exigência de que 5% dos equipamentos
para uso comum sejam acessíveis. Segundo a ABNT (2004) “quando houver divisão por
sexo, as peças devem ser consideradas separadamente para efeito de cálculo”. Os boxes
sanitários individuais para bacia acessível devem possuir as dimensões de no mínimo 1,50
x 1,70m. As portas dos banheiros acessíveis devem possuir abertura “para fora” e possuir
vão livre de no mínimo 80cm.
Figura 74 - Dimensões mínimas para boxe acessível
Fonte: ABNT NBR 9050, 2004.
Em se tratando do estacionamento, verifica-se a exigência por parte da NBR 9050
de que 1% das vagas do estacionamento (quando existirem mais que 100 vagas) sejam
destinadas aos portadores de necessidades especiais. Já no caso de haver menos de 100
vagas de estacionamento é exigido a locação de apenas 1 vaga acessível. Tais vagas
acessíveis devem estar situadas em localizações privilegiadas, o mais próximo possível
ao acesso da edificação e devem conter a configuração destacada na figura 75.
Figura 75 - Configuração vaga acessível
Fonte: ABNT NBR 9050, 2004.
79 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
9.5. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997 - Boas práticas
de fabricação para estabelecimentos produtores de
alimentos
A presente portaria, emitida pela ANVISA- Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, dispõe sobre o regulamento técnico de procedimentos operacionais
padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/ industrializadores de alimentos.
Esse conjunto de regulamentação visa garantir as condições higiênico-sanitárias
necessárias ao processamento de alimentos para o consumo humano.
Os estabelecimentos produtores devem desenvolver, implementar e manter as
seguintes exigências:
- Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios;
- Controle da potabilidade da água;
- Higiene e saúde dos manipuladores;
- Manejo dos resíduos;
- Manutenção preventiva e calibração de equipamentos;
- Controle integrado de vetores e pragas urbanas;
- Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;
- Programa de recolhimento de alimentos.
De acordo com a portaria, um edifício que comercializa alimentos deve localizar-
se em área isenta de odores indesejáveis, fumaça, pó e outras fontes de contaminação,
bem como da possibilidade de inundações, evitando riscos de perigos, contaminação dos
alimentos e agravos à saúde. Suas circulações internas devem apresentar uma superfície
pavimentada e lisa, de forma a permitir o trânsito sobre rodas (de móveis rotulados e
cadeiras de rodas), dispondo de sistema de escoamento para limpeza e manutenção. As
paredes devem ser revestidas com material impermeável, para facilitar a limpeza e
desinfecção. As portas e móveis não devem apresentar superfícies absorventes.
As dimensões dos ambientes devem ser ideais para a realização das suas
atividades internas. É necessário se prever em projeto uma separação do estabelecimento
por setores, de acordo com as atividades e fluxos de pessoas e de matérias-primas, de
forma a evitar as operações suscetíveis de causar a contaminação cruzada, bem como o
80 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
fluxo de ventilação de um local sujo para um limpo. Com relação à ventilação, também é
importante destacar a necessidade da instalação, nas esquadrias, de barreiras com a
finalidade de impedir a entrada de mosquitos, insetos e demais agentes contaminantes.
Nas áreas de manipulação dos alimentos a atenção para escolha de materiais,
instalação de equipamentos e detalhes construtivos deve ser redobrada, já que deve evitar
a utilização de elementos e materiais que sejam fonte de contaminação e deve-se adotar
superfícies facilmente laváveis e que não permitam o acúmulo de sujeiras. Há a
obrigatoriedade do uso com luvas, toucas, sapatos e fardas higienizadas para os
funcionários. É conveniente que haja também pontos de lavagem das mãos nos vários
setores, para diminuir riscos de contaminação dos alimentos.
Com relação ao abastecimento de água, deve-se prever um reservatório cuja
capacidade não permita a sua falta e que passe por um controle e manutenção frequentes
de potabilidade de seu conteúdo.
Já com relação aos ambientes de vestiários, banheiros e de serviços, nota-se a
obrigatoriedade de sua presença e tem-se que devem estar localizados em áreas
convenientemente situadas, de modo a garantir a eliminação higiênicas de águas
residuais. Esses ambientes devem estar bem iluminados e ventilados e não podem estar
diretamente ligados às áreas de manipulação de alimentos.
Ainda deve-se prever um local para armazenamento do lixo fora do diâmetro de
circulação dos alimentos sadios, para evitar sua contaminação.
9.6. Portaria nº 216, de 15 de setembro de 2004 – Boas
práticas para serviços de alimentação
A portaria em análise, também emitida pela ANVISA, visa estabelecer
procedimentos de boas práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as
condições higiênico-sanitárias do alimento preparado, garantindo o bom tratamento e
manipulação de alimentos.
Algumas das exigências presentes na norma reforçam as já existentes na portaria
citada acima, nº 326 e novas são acrescentadas, principalmente as relacionadas à maneira
de como se manusear alimentos, como deve ser o ambiente de manuseio e sua localização
e como os manuseadores devem se portar no interior desses ambientes. Deve-se sempre
evitar o risco de contaminação cruzada, então a norma recomenda que não exista contato
direto ou indireto entre alimentos crus, semi-preparados e prontos para o consumo. Estes
81 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
últimos, quando cozidos devem passar por um tratamento térmico que garanta que todas
as partes do alimento atinjam a temperatura de, no mínimo, 70ºC.
Para os alimentos congelados, tem-se que o descongelamento deve ser efetuado
em condições de refrigeração à temperatura inferior a 5ºC ou em forno de micro-ondas, e
após descongelados eles são podem ser recongelados.
Os alimentos preparados mantidos na área de armazenamento ou aguardando o
transporte devem estar identificados e protegidos contra contaminantes, e o transporte
deve ocorrer em condições de tempo e de temperatura que não comprometam sua
qualidade higiênico-sanitária.
10. Condicionantes funcionais É importante destacar a metodologia de projeto seguida para o desenvolvimento
do presente estudo. Foram utilizadas, de forma complementar, as metodologias de Elvan
Silva (1984) e de Laert Neves (1998). Seguiu-se determinados passos de cada uma,
visando obter um estudo mais completo e eficiente de análise de dados e definição de
idéias e conceitos.
Segundo Elvan Silva (1998), a arquitetura é um fenômeno complexo e
contraditório. É complexo por que envolve uma verdadeira infinidade de fatores
intervenientes: fatores culturais, psicológicos, econômicos, técnicos, ambientais, etc. E é
contraditório por que um mesmo fator pode significar coisas diametralmente opostas,
dependendo do contexto em que se verifique.
Dessa forma, o autor define o projeto arquitetônico como um processo de
progressão de estudos de ideias, que devem surgir para propor soluções a um determinado
problema, sendo caracterizado por uma redução no nível de incerteza e incremento da
definição e do detalhamento do produto, para que se torne materializado.
Tal processo se evolui em três etapas metodológicas:
- Estudo preliminar: A primeira etapa é referente ao momento em que se deve
analisar criticamente o problema, de modo a se determinar o programa de necessidades e
seu pré-dimensionamento, bem como a realização de estudo de fluxos e relações entre
ambientes. Realizados tais estudos e análises de dados deve-se fazer reflexões sobre ideias
e condicionantes norteadores do projeto, de modo a se encontrar a definição do partido
arquitetônico a ser adotado;
82 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
- Anteprojeto: A segunda etapa constitui a solução geral ao problema, contendo a
concepção formal, funcional e estrutural da obra;
- Projeto definitivo. A última etapa constitui-se no produto idealizado final,
contendo informações e detalhamentos necessários para a perfeita compreensão e
execução projetual.
De acordo com o autor, estas três fases são necessárias para expressar os passos
do processo de projetação até a etapa final, quando o projeto encontra-se materializado.
Para o caso deste trabalho final de graduação é necessária a realização apenas das duas
primeiras etapas, visto que o restaurante em estudo não será de fato construído.
Já Laert Neves (1998) sugere cada passo a ser seguido pelo projetista, numa
sequência crescente de desenvolvimento do que chama “planejamento arquitetônico”.
Para ele o processo projetual é constituído por duas etapas. A primeira delas consiste na
coleta e análise de dados básicos, como: conceito do tema, programa arquitetônico e seu
pré-dimensionamento, relações do programa, escolha do terreno e análise de suas
características físicas, ambientais e legais. A segunda etapa envolve a adoção de um
partido arquitetônico, gerado a partir das ideias que configuram uma linguagem visual e
funcional ao projeto, e se rebatem tanto no plano horizontal, como no plano vertical. Para
ele, o partido é a ideia inicial de um projeto, sendo uma criação autoral e inventiva, e
artística na medida em que faz uso da composição.
Dessa forma, nos tópicos abaixo serão demonstradas as etapas de
desenvolvimento do projeto. Primeiramente tem-se a definição do programa de
necessidade e do pré-dimensionamento do restaurante. Os dados adquiridos nas fases
anteriores foram avaliados como exemplo a ser ou não seguidos no desenvolver do
presente trabalho e começaram a ser analisados e traduzidos para uma linguagem
quantitativa através dos estudos funcionais.
A proposta de anteprojeto do Restaurante consiste em um equipamento de uso
público, constituído por um estabelecimento que oferece serviços ligados à gastronomia,
a partir do preparo e comercialização de alimentos. O restaurante, considerado de
pequeno porte para mercado intermediário, terá capacidade para 80 clientes, oferecendo
diferentes variedades de alimentos, portanto, como já visto anteriormente, se
enquadrando na classificação de culinária internacional e os pratos serão servidos a “la
carte”, a partir de atendimento nas mesas.
83 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Os estudos funcionais do anteprojeto compõem-se de: Programa de Necessidades
e Pré-dimensionamento; Fluxograma e Zoneamento Funcional.
10.1. Programa de necessidades e pré-dimensionamento
Após a análise das informações exibidas no referencial conceitual, relativas aos
aspectos dos estabelecimentos de restaurantes, como suas tipologias, organização,
funcionamento, ambientes necessários e suas dimensões, foram desenvolvidos o
programa de necessidades e o seu pré-dimensionamento. Tal desenvolvimento visou unir
os critérios e fatores recomendados para se proporcionar boas instalações para o conforto
dos clientes e bom fluxo dos funcionários, de modo a tornar o funcionamento do
restaurante de melhor forma possível. Os estudos de referência realizados muito
auxiliaram na realização dessa etapa projetual, visto que foram observados os pontos
negativos e positivos de cada estabelecimento em análise. Além do uso dos estudos
realizados como referência, também utilizou-se as tabelas de dimensões recomendadas
presentes no livro “Manual do Arquiteto: Planejamento, Dimensionamento e Projeto”,
para a definição dos espaços necessários principalmente para a área de cozinha e do salão
de mesas.
Para uma melhor compreensão do programa, optou-se por dividir os ambientes a
partir de 3 setores (atendimento, serviço e administrativo). A listagem está feita na tabela
abaixo, definidos os ambientes e suas respectivas áreas.
Tabela 6 - Pré-dimensionamento restaurante
SETOR AMBIENTE ÁREA
(m²)
ATENDIMENTO
ÁREAS
INTERNAS
Recepção e Espera 25,00
Salão de Mesas 75,00
Bar e caixa 15,00
Adega 4,00
BWC Masculino 8,00
BWC Feminino 8,00
BWC Feminino
Acessível
3,00
BWC Masculino
Acessível
3,00
Hall bwc´s sociais 8,00
ÁREAS
EXTERNAS
Área de mesas 20,00
Lazer p/ crianças 35,00
Terraço superior 85,00
84 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Bar superior 12,00
SUB-TOTAL 263,00
SERVIÇO
Cozinha 45,00
Pré-preparo 5,00
Preparo saladas 5,00
Sala de lavagem 5,00
Câmaras frias 12,00
Recepção de alimentos 4,00
Despensa seca de alimentos 3,00
Depósito de alimentos 8,00
Vestiário feminino 12,00
Vestiário masculino 12,00
Refeitório 20,00
Lavabo refeitório 2,00
Sala de máquinas 6,00
Sala de gás 3,00
Lixo 3,00
SUB-TOTAL 157,00
ADMINISTRATIVO
Administração 8,00
Banheiro 4,00
SUB-TOTAL 14,00
TOTAL = 434,00
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
10.2. Fluxograma
Com o objetivo de estabelecer as ligações entre os ambientes listados no programa
de necessidades, bem como as diferentes categorias de fluxos entre estes e as áreas de
acessos a funcionários e/ou clientes, elaborou-se o seguinte fluxograma, presente na
figura 76:
85 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 76 - Fluxograma dos ambientes do restaurante
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
LEGENDA:
SETORES FLUXOS
ATENDIMENTO CLIENTES
SERVIÇO FUNCIONÁRIOS
ADMINISTRATIVO
87 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
11. Partido Arquitetônico e evolução da proposta Segundo Neves (1998), denomina-se partido arquitetônico a ideia preliminar do
edifício projetado, de acordo com o autor, para idealizar um projeto requer que o projetista
tome a resolução de escolha dentre inúmeras alternativas, de uma ideia que deverá servir
de base ao projeto do edifício do tema proposto, que resulta o partido, a concepção inicial
do projeto do edifício, a feitura do seu esboço.
Para a definição do partido arquitetônico do anteprojeto do restaurante, foram
realizados estudos que valorizassem tanto a forma e seus elementos de composição
quanto as suas necessidades funcionais. Considerando tal ponto de vista híbrido, iniciou-
se o estudo volumétrico e funcional da proposta.
Primeiramente foram definidas as diretrizes tidas como fundamentais para a
definição da concepção volumétrica e funcional do anteprojeto do restaurante em estudo,
são elas: o uso de formas simples, que tragam leveza ao volume; uso de materiais locais,
como a madeira e pedra; integração à paisagem do entorno, inclusive adotando elementos
que possibilitem a sua contemplação e o aproveitamento das condicionantes climáticas,
como iluminação e ventilação naturais. Após definidas tais diretrizes definiu-se o
conceito norteador da proposta, que é o de “casa de árvore”, que por sua vez, forneceu
soluções formais e funcionais ao projeto.
Decididas as ideias norteadoras para o processo projetual, partiu-se para a
definição do zoneamento funcional no terreno dos 3 setores do restaurante (ver figura 77)
– Atendimento (cor verde); Serviços (cor azul) e Administrativo (cor roxa) e mais a área
destinada ao estacionamento (cor cinza). O zoneamento foi direcionado principalmente
pelas condicionantes bioclimáticas e pelas recomendações da ANVISA, já citadas
anteriormente, que faz recomendações para posicionamento dos locais de preparo e
manuseio de comidas.
Figura 77 - Zoneamento esquemático dos setores do restaurante
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
88 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O setor de serviços foi localizado voltado para o lado sul e oeste do terreno, visto
que a organização funcional se dará em forma de “L”. Tal escolha justifica-se pelo fato
de áreas de preparo de comida não poderem receber ventilação de uma área já considerada
contaminada, dessa forma a área de cozinha ficaria voltada para a fachada do lado sul, já
que os ventos dominantes da região vêm da direção sudeste. Já as áreas de vestiário,
depósito, entre outras, ficariam voltadas para a fachada oeste, já que são consideradas
áreas de rápida permanência e não consideradas como principais do programa do
restaurante, dessa forma, seriam os ambientes que seriam menos problemáticos para
estarem localizados voltados para onde o sol se põe.
O setor de atendimento, que tem como ambiente principal o salão de mesas, foi
localizado voltado para a rua principal de acesso, para que quem trafega tenha uma visão
da fachada de destaque do restaurante. Sua localização é privilegiada por receber
ventilação natural direta, visto que sua fachada principal está voltada para leste, e pelo
fato de receber insolação do sol nascente. Como o restaurante tem horário de
funcionamento a partir das 11h30min, praticamente o sol do período matinal não trará
transtornos para a área de salão de mesas.
Já o setor administrativo localiza-se em uma posição que se tenha acesso tanto de
fora, diretamente da área de estacionamento, como pela área de serviços e área de
atendimento. Por fim, com relação à área de estacionamento, optou-se por locá-la em uma
das ruas secundárias, visto que se estivesse situada na via principal, onde o fluxo de
veículos é maior, interferiria negativamente no tráfego de carros.
Definidas as estratégias funcionais, deu-se início aos estudos formais (ver figura
78). Desde o princípio o ideal era a presença de setores em blocos separados, com o uso
de materiais e estruturas diversas que os diferenciasse, mas com destaque principal para
o bloco destinado ao setor de atendimento, no qual se localiza o salão de mesas e que será
usufruído pelos clientes.
No primeiro estudo, pensou-se na utilização de um bloco com formas curvas e
outro mais retilíneo, mas com o intuito de que fosse desenvolvido um volume com formas
mais simples, a partir do segundo estudo passou-se a utilizar formas retas e retangulares,
dando destaque à cobertura, com uso de estrutura curva, que remete às ondas do mar. No
terceiro estudo, foi implementada a ideia de um mirante curvo elevado que favorecesse a
visualização da paisagem, que configura-se como um potencial para a área, além disso
89 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
pensou-se em uma cobertura curva, com o caimento para o meio do bloco, mas com o
objetivo de melhorar as condições de conforto térmico, favorecendo a circulação da
ventilação natural, no quarto estudo pensou-se em coberturas com caimento da água para
o mesmo lado, porém em níveis diferentes. Além disso, começou-se a pensar no uso de
elementos sombreadores (os brises soleil) com função também estética, como elementos
de composição da fachada e começou-se a pensar no uso de esquadrias grandes e em vidro
para favorecer a integração à paisagem.
Figura 78 - Croquis esquemáticos com evolução da definição volumétrica
Fonte: Elaboração da autora, 2014.
No volume final tem-se a adoção de três volumes, sendo o bloco principal voltado
para a rua de maior tráfego com uso do material estrutural e predominante a madeira e
possuindo a cobertura verde curva em níveis diferentes, remetendo às ondas do mar e
dando maior dinamismo ao volume, como elemento de destaque (ver figura 79). Além
disso, optou-se pela retirada do mirante circular elevado, visto que o acesso para
cadeirantes era inviável e observou-se que a elevação da altura de todo o deck de madeira
iria propiciar um melhor aproveitamento do segundo pavimento para contemplação da
paisagem. Além disso, é importante notar o constante uso de elementos horizontais
vazados – venezianas em toda extensão do bloco, que visam a otimização da ventilação
natural cruzada nos ambientes.
Figura 79 - Croqui esquemático da volumetria final
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
90 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Os blocos destinados aos setores de serviço e de administração possuem sistema
estrutural diverso do principal, o convencional em concreto armado, e apresentam como
elementos de destaque as treliças da cobertura em madeira e a segunda pele em brises de
madeira, que funciona como elemento sombreador e também possui função estética, para
composição da fachada (Ver figura 80). As jardineiras de cimento, que arrodeiam os
blocos, com 60cm de altura, revestidas com tijolo aparente, nos blocos de serviço e
administração também são elementos que compões as fachadas.
Figura 80 - Croqui esquemático da volumetria final
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
12. Memorial Descritivo e Justificativo
O presente tópico abordará os detalhes da proposta arquitetônica referente ao
anteprojeto do equipamento gastronômico Buono Gusto Al Mare. Serão esclarecidas as
soluções e explicações projetuais e definição de materiais, auxiliando assim a
compreensão das decisões do projeto.
12.1. Idealização e apresentação do público alvo
O Buono Gusto Al Mare trata-se de um equipamento gastronômico, que visa não
apenas a oferta de uma boa refeição, mas também a oferta do lazer, a partir de um
ambiente aconchegante e confortável térmica e acusticamente, para que as pessoas
possam se reunir com amigos e familiares. O equipamento será do tipo internacional, já
que servirá os diversos tipos de culinária, como a regional e frutos do mar. Como o
restaurante localiza-se em uma praia, optou-se pelo uso da madeira como elemento de
destaque para lhe dar maior nível de rusticidade e para dar destaque à edificação, visto
que a maioria das construções de seu entorno são em alvenaria convencional.
91 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O público alvo do restaurante é a classe média e alta que reside em Natal,
Parnamirim e Nísia Floresta, abrangendo as praias próximas, e também turistas que estão
a passeio pela área. O espaço funcionará de segunda à quinta das 12:00 às 16:00 horas e
das 19:00 às 23:00 horas e nas sextas, sábados e domingos das 12:00 às 14:00, em horário
corrido. O restaurante possui 23 mesas, comportando 90 pessoas, distribuídas no salão
de mesas principal, no terraço e no deck do segundo pavimento. O deck de madeira ao ar
livre no segundo pavimento é um ambiente mais descontraído, para as pessoas se sentirem
no ambiente de praia e contemplarem o lindo visual.
A edificação possui dois pavimentos, sendo o segundo constituído apenas por um
deck de madeira ao ar livre e bar de apoio. Ela compõe-se de três setores: atendimento,
serviços e administração (ver figura 81).
Figura 81 - Esquema de localização dos setores na edificação
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
No setor de atendimento, encontram-se a sala de espera, salão de mesas principal,
terraço, playground, caixa-bar e os banheiros (masculino, feminino e para portadores de
necessidades especiais). O acesso ao segundo pavimento se dá por uma escada em
madeira localizada no exterior da edificação ou pela plataforma elevatória, no caso de
pessoas com necessidades especiais.
No setor de serviços, os ambientes estão dispostos ao longo de uma circulação
central, possuindo uma distribuição que facilita a realização das várias etapas da
fabricação de alimentos. As matérias-primas chegam pelo acesso de serviço, passam pela
recepção, onde são contabilizadas e registradas, indo para a sala de pré-preparo; aí são
N
92 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
lavadas, tratadas e embaladas para armazenamento – seja no depósito ou na câmara-fria
de resfriamento (passando posteriormente para a de congelamento). A partir daí os
alimentos abastecem os freezers e geladeiras da cozinha e a despensa diária. Os ambientes
de higienização são os vestiários e uma pequena área de serviço, onde são lavados e
secados quando houverem urgências, visto que o volume maior de roupas e toalhas a
serem lavadas será entregue a um serviço terciário.
O restaurante conta ainda com um refeitório para funcionários, com espaço para
10 pessoas. Na cozinha os alimentos frescos são preparados na bancada de saladas e frios;
as carnes são preparadas e lavadas em bancadas e cozidas em uma ilha com dois fogões
industriais. A cozinha conta também com banho-maria para molhos, um grill, uma
gratinadeira, um forno industrial, e uma bancada de montagem de pratos. As massas são
preparadas em outra pequena ilha e as frituras, em duas fritadeiras. Sobre estas e os fogões
está a coifa.
O setor administrativo conta apenas com uma sala de administração geral e um
lavabo.
12.2. Implantação
A área total do terreno de implantação é de 1.492,41 m² (ver prancha 01/10 –
volume II) e a área construída total de 518,22 m² (térreo e 1º pavimento). Abaixo está o
quadro de áreas, com dados comparativos referentes aos valores verificados no
anteprojeto e aos exigidos por norma – Plano Diretor de Nísia Floresta (PDNF) e código
de obras de Nísia Floresta.
Tabela 7 - Quadro comparativo de áreas do projeto e da norma
Fonte: Elaborada pela autora, 2014.
93 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
O acesso principal de clientes (onde se localiza a área de embarque e desembarque
coberta por marquise) se dá pela via avenida principal da região – Avenida Monsenhor
Antônio da Barros. Já o acesso ao estacionamento é por meio da via lateral – Rua
projetada, de modo a se interferir o mínimo possível no fluxo de carros da via principal,
e o acesso de serviço – funcionários, comidas e equipamentos, é feito pela outra via
lateral, a Rua Alameda Nivaldo Mello – ver figura 82 abaixo.
Figura 82 - Implantação do Buono Gusto al Mare e seus acessos
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Um dos principais fatores que limita a execução da planta baixa de um restaurante
é a exigência de não se cruzar comidas “limpas” – recém chegadas e “sujas” – o lixo.
Dessa forma, no projeto, destinou-se um acesso para a entrada de alimentos e em um
outro lugar, sem cruzamento, uma saída exclusiva para a retirada do lixo. O esquema de
circulação de comidas e do lixo pode ser verificado abaixo, na figura 83.
N
94 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 83 - Esquema de fluxos de entrada de alimento e saída de lixo
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
O estacionamento conta com 14 vagas para carros – sendo 2 reservadas para
portadores de necessidades especiais e 1 para idosos, localizadas próximas à entrada, na
lateral da sala de espera. Além disso, o restaurante também conta com um bicicletário
com capacidade para 14 bicicletas, visando incentivar o uso de meios de transporte
alternativos.
Além dos espaços internos, o projeto conta com um espaço para as crianças
brincarem com comunicação visual direta para o terraço e também com um espaço de
convivência dotado de bancos sombreados embaixo de árvores, para que os funcionários
possam descansar confortavelmente.
Visando a grande permeabilidade visual no projeto, além do uso, no bloco do salão
de mesas, de grandes esquadrias de vidro, optou-se pelo não uso de muros, exceto na
divisão com o lote vizinho. Dessa forma, a relação entre espaços públicos e privados fica
bastante livre, tornando a edificação convidativa aos usuários.
12.3. Técnicas sustentáveis e bioclimáticas
Aspecto importante que direcionou o desenvolvimento projetual foi a decisão por
adoção de certas práticas sustentáveis e soluções bioclimáticas, escolha essa que origina
principalmente espaços mais agradáveis, com um maior conforto térmico e acústico aos
N
95 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
usuários, redução do consumo de água e energia, economias para o dono e menos
impactos ao meio ambiente.
Visto que o clima da praia de Barra de Tabatinga é considerado o mesmo da cidade
de Natal/RN, sendo classificado como quente e úmido, requer o uso, nas edificações, de
práticas que sejam compatíveis a tal tipo de clima. Dessa forma, no anteprojeto do
equipamento gastronômico, diversas técnicas foram adotadas de modo que a edificação
possua espaços sombreados, ventilados e iluminados naturalmente, os tornando
agradáveis e convidativos aos usuários.
As técnicas adotadas são: utilização de grandes aberturas; uso de grandes beirais
para sombreamento das fachadas – 1,20m na maior parte da edificação; uso de soluções
que favorecem a ventilação cruzada – venezianas nas partes superiores das paredes,
esquadrias desencontradas, permitindo a passagem da ventilação natural mesmo quando
as janelas estiverem fechadas e adoção de coberturas em níveis desencontrados (sobre a
sala de espera) possibilitando a ventilação na parte superior da edificação e, por fim, uso
de elementos sombreadores verticais, os brises soleil de madeira – WoodBrise 130 Hunter
Douglas - que sombreiam as fachadas principalmente nos horários nos quais o sol incide
mais horizontalmente – início da manhã e final da tarde.
Figura 84 - Detalhe esquemático da entrada de
ventilação pelas venezianas e esquadrias
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Figura 85 - Esquema de funcionamento de ventilação
cruzada no salão de mesas
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Foram realizados estudos de sombreamento das fachadas a partir do software
“Solar Tool 1.1”, que nos possibilita a realização de simulações que mostram os níveis
de eficiência de protetores solares adotados nas aberturas.
Para a fachada norte do projeto, a análise foi feita para uma das esquadrias do
salão de mesas, visto que esse ambiente será a principal área utilizada pelos clientes e de
96 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
maior permanência, o que requer um alto nível de sombreamento. Podemos perceber que
o deck que avança para além do volume juntamente com os brises horizontais estão sendo
eficientes na função de sombreamento, visto que nos horários das 8:00 às 12:00horas a
esquadria encontra-se totalmente sombreada, como pode ser verificado na figura 86
abaixo.
Figura 86 - Máscara de sombra abertura fachada Norte do restaurante
Fonte: Elaborada pela autora com auxílio do programa Solar Tool 1.1, 2014.
Já para a fachada leste, a análise também foi feita para uma das esquadrias da sala
de espera/salão de mesas, verificando-se também um alto nível de eficiência dos brises
horizontais aliados ao beiral da cobertura verde, que saca 1,20m da edificação – ver figura
87.
Figura 87 - Máscara de sombra abertura fachada Leste do restaurante
Fonte: Elaborada pela autora com auxílio do programa Solar Tool 1.1, 2014.
Por fim, para a fachada oeste, a análise se deu em uma das aberturas da cozinha,
visto que esse é o ambiente de maior permanência localizado em tal fachada. A eficiência
97 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
dos elementos protetores, o brise soleil horizontal e beiral da cobertura, que saca 1,20m
da edificação, mais uma vez foi comprovada. É importante salientar que a análise para a
fachada Sul do projeto não foi realizada pelo fato de só se localizarem em tal fachada
ambientes de baixa permanência, como banheiros e vestiários e as esquadrias do salão de
mesas voltadas para tal fachadas encontrarem-se totalmente abaixo do caramanchão de
madeira, portanto 100% sombreadas – ver figura 88.
Figura 88 - Máscara de sombra abertura fachada Oeste do restaurante
Fonte: Elaborada pela autora com auxílio do programa Solar Tool 1.1, 2014.
Outra técnica igualmente importante utilizada foi a cobertura verde (ver figura
89), sobre a área de espera e banheiros, que é uma prática sustentável que interfere
diretamente no conforto térmico e acústico da edificação. Além disso, a cobertura verde
tem a função estética, de purificador do ar, visto que vegetação diminui a poluição e libera
oxigênio para o ambiente e de elemento retentor de água, já que a vegetação ajuda na
drenagem da água da chuva. É importante ressaltar que como tal cobertura está sendo
implementada em uma área com umidade alta, faz-se necessária a utilização de técnicas
de tratamento anti-mofo (fungos).
Figura 89 - Detalhe esquemático cobertura verde
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
98 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Por fim, ainda foi previsto no anteprojeto, um sistema de coleta de água da chuva
para posterior reaproveitamento – ver esquema do sistema na figura 90. Tais águas
pluviais serão coletadas dos blocos que possuem cobertura em telha americana prime, por
meio das calhas que direcionam as águas para tubos de descida, que possuem na sua parte
superior grelhas de filtragem, separando da água elementos maiores, como folhas, e levam
a água para um reservatório subterrâneo, localizado na parte de trás do bloco de serviços
e administração. Quando necessário, a água será bombeada para os usos previstos:
irrigação dos jardins e para utilização nas descargas dos sanitários.
Figura 90 - Esquema do funcionamento do sistema de reaproveitamento de águas da chuva
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
É importante destacar que, como se trata apenas de um anteprojeto, tal sistema
não será detalhado, apenas há a previsão e indicação da instalação dos tubos de descida
d´água, grelhas, localização do reservatório d´água (sem dimensionamento) e das
tubulações horizontais que levam a água aos seus usos.
12.4. Aspectos técnicos e construtivos
12.4.1. Estrutura
O sistema estrutural adotado é misto, visto que no bloco de atendimento utilizou-
se estrutura de vigas e pilares em madeira e nos 2 outros blocos, destinados ao setor de
serviços e administração utilizou-se sistema de alvenaria convencional, com paredes em
tijolo cerâmico de 8 furos, lajes, vigas e pilares em concreto armado pré-fabricados de
modo a possibilitar a execução de uma obra mais rápida, limpa e econômica – ver figura
91. Dessa forma, nota-se uma modulação estrutural diversa para os dois diferentes tipos
de estrutura.
N
99 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 91 - Localização esquemática da utilização dos sistemas estruturais
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Para o sistema em madeira, tem-se que as dimensões máximas de vãos entre
pilares é de 4,65m. Possuindo tal informação e utilizando REBELLO (2000) como fonte
para pré-dimensionamento – figuras 92 e 93, obteve-se que os pilares devem possuir
dimensões de 20x20cm e as vigas, de alma cheia, altura de 30cm. Vale ressaltar que as
vigas que suportam a cobertura verde terão formato curvo que acompanham o formato da
própria cobertura. Todos os elementos em do sistema devem ser em madeira legal,
devidamente certificada.
Figura 92 - Pré-dimensionamento pilares em madeira
Fonte: REBELLO (2000, p. 113)
N
100 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Figura 93 - Pré-dimensionamento viga de madeira
Fonte: REBELLO (2000, p. 102)
O primeiro pavimento localiza-se apenas acima do ambiente destinado ao salão
de mesas e tal pavimento tem configuração ao ar livre, sem cobertura e visto que o piso é
em deck de madeira, viu-se a necessidade de que tal deck fosse apoiado em uma laje de
concreto armado maciça, dotada de impermeabilização, para que não ocorra infiltrações
para o pavimento térreo.
Já nos blocos estruturados em alvenaria convencional de tijolo cerâmico de 8 furos
e concreto armado, a escolha por tal sistema justificou-se principalmente pelo fato de que
a maior parte dos ambientes é constantemente molhada, como a cozinha e vestiários, não
sendo a madeira o sistema estrutural mais indicado. Como nos blocos não existem grandes
vãos (máximo 4m) e possuem apenas o pavimento térreo, o pré-dimensionamento foi
simples, obtendo-se pilares com dimensão de 17cm e vigas com 35cm de altura.
12.4.2. Cobertura
Os tipos de cobertura também variam na edificação. Nos blocos destinados aos
serviços e administração a cobertura será estruturada, a partir de treliças e o tipo de telha
utilizada será a Americana Prime com cor marfim, com inclinação de 25% - figura 94.
Figura 94 - Telha Americana Prime - cor marfim
Fonte: http://www.tijotelhas.com/produto/19790/telha-tettogres-americana-marfim.html
101 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Como já detalhado anteriormente, acima dos banheiros sociais e sala de espera
adotou-se a cobertura verde sobre estrutura curva e sobre o salão de festas tem-se o deck
de madeira. O terraço, estruturado em forma de caramanchão de madeira, possui
cobertura em palha entrelaçada com fechamento superior com vidro de segurança (para
que possa se pisar sobre ele) e vedação em silicone, de modo a evitar infiltrações. Entre
a palha e o vidro existe um espaço vazio, uma camada de ar, para que a passagem de calor
seja retardada e a sensação térmica abaixo da cobertura seja melhor – ver figura 95. Por
fim, a cobertura curva do bar localizado no pavimento superior será com painéis de OSB
com manta Alwitra (manta termoplástica com função de impermeabilização) sobre
estrutura de vigas curvas em madeira.
Figura 95 - Detalhe esquemático da cobertura do caramanchão
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Com relação aos forros, um cuidado maior se deu à área de espera e salão de
mesas, visto que os ruídos internos (conversas, bater dos talheres) são intensos e
necessita-se de um tratamento acústico para que o ambiente não se torne desconfortável.
Dessa forma, fez-se necessário a adoção do forro Nexacustic 8 da Owa Brasil Sonex
(figura 96), que possui elevado coeficiente de absorção sonora. Tal forro possui superfície
frisada em madeira, o que alia função e estética, com régua de 2750 x 160mm, com borda
macho/fêmea e instalado com perfis e clips metálicos – Ver detalhes no anexo.
Figura 96 - Forro acústico em madeira Nexacustic 8
Fonte: http://www.owa.com.br/produto.aspx?PrdID=57
102 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
12.4.3. Cálculo do reservatório d´água
Para o cálculo do reservatório de água do edifício foram consideradas as
recomendações de Júnior (2009) e da NBR 5626 – Instalação predial de água fria.
Primeiramente levantou-se o consumo diário de água a população do edifício. Tem-se
que em restaurantes o cálculo é feito a partir do número de refeições servidas por dia, e
que consome-se 25 L de água por refeição. Como o restaurante servirá cerca de 150
refeições por dia, tem-se que o consumo de água por dia é de 3750L, somado ao consumo
de água por funcionários (50 L por funcionário). Como o restaurante contará com cerca
de 15 funcionários, tem-se que o consumo de água dos funcionários é de 750 L. O valor
obtido é de 3750 + 750 = 4500 L. Ainda faz-se necessário água armazenada para mais 1
dia de funcionamento, portanto mais 4500 L e ainda mais o suficiente para a reserva
técnica de incêndio, cerca de 5000 L. O total é que o reservatório tenha capacidade para
14.000 L de água.
O reservatório será localizado acima do caixa/bar, uma área central, atendendo
melhor a todas as áreas do restaurante que necessitam do abastecimento de água.
12.5. Especificação de materiais
Como o trabalho refere-se ao desenvolvimento projetual de um equipamento
gastronômico a nível de anteprojeto, a especificação de materiais não se aprofunda a
níveis decorativos, restringindo-se aos materiais escolhidos para esquadrias, pisos,
paredes e tetos.
12.5.1. Esquadrias
As esquadrias serão em madeira (maciça ou semimaciça) e receberão fundo
preparador para madeiras sem brilho e acabamento com verniz transparente sem brilho.
Os alisares das portas deverão ter configuração lisa e com quinas boleadas, na mesma
madeira das caixas de porta e com largura de 7cm. As esquadrias e vidros do setor de
atendimento serão em madeira e vidro incolor 6mm, com vedação em silicone. Para
maiores detalhes, consultar quadro de esquadrias.
103 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
10.5.2. Pisos, paredes e tetos
Tabela 8 - Especificação de materiais para revestimento
MATERIAIS AMBIENTES ILUSTRAÇÕES
PIS
OS
Placas de Granilite, cor branca Sala de máquinas, depósitos,
refeitório, recepção, câmaras
frigoríferas, ADM, despensa diária,
DML e bares.
Cerâmica “Portinari” 30x30cm, cor
branca
Área de serviço, vestiários,
banheiros que clientes não
circulam, cozinha e todos espaços
relacionados.
Porcelanato Acetinado Crema
Valencia “Portinari” – 60x60cm
Salão de mesas e sala de espera.
Mármore crema marfil – placas de
130x160cm
Hall dos banheiros sociais.
Porcelanato Sense Bone –
“Portobello” – 60x60cm
Terraço.
Placa cimentícia cor grafite Banheiros sociais.
Madeira Itaúba modelo
Copacabana – 30x30cm
Deck superior
Piso intertravado – cor cinza Caminhos de acesso ao edifício.
Cobograma Vagas de estacionamento.
104 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
PA
RE
DE
S
Parede emassada e pintada com
tinta acrílica acetinada “Coral”, cor
bege rústico
Setor de atendimento (exceto áreas
molhadas) – Ver detalhamento de
interiores (Pranchas 10 e 11/11)
Parede emassada e pintada com
tinta acrílica “Coral”, cor branco
meve
Setores de serviço e administração
(exceto áreas molhadas)
Cerâmica “Portinari” 20x30cm, cor
branca
Áreas molhadas
Mármore crema marfil Banheiros sociais - roda-meio
Revestimento em madeirado freijó Pilares salão de festas e sala de
espera – Ver detalhamento de
interiores (Pranchas 10 e 11/11)
Revestimento em tijolinho aparente
rústico
Parede salão de festas e sala de
espera – Ver detalhamento de
interiores (Pranchas 10 e 11/11)
Placa acústica nexacustic 8 Parede salão de festas – Ver
detalhamento de interiores
(Pranchas 10 e 11/11)
Revestimentos volume exterior Ver indicações nas fachadas –
Prancha 09/11.
-
TE
TO
Painéis acústicos NexAcustic 8 da
OWA Brasil Sonex.
Salão de mesas e sala de espera.
Cobertura em palha entrançada e
fechamento em vidro com vedação
em silicone.
Terraço.
105 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Forro em placas de gesso liso e
pintado com tinta látex branca PVA.
Banheiros sociais e hall. -
Cobertura em placas OSB + manta
Alwitra para impermeabilização.
Bar do pavimento superior.
Laje rebocada, emassada e pintada
com tinta látex branca PVA.
Ambientes dos setores de serviço e
de administração.
-
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
106 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Considerações finais
Após a finalização do presente trabalho foi possível verificar considerações acerca
da revisão teórica e sobre o projeto e seu desenvolvimento.
A partir de revisão teórica percebeu-se o crescimento da procura por parte da
população mundial por momentos e espaços de lazer, o que exige de uma cidade a
presença de um maior número e diversidade de equipamentos que possam suprir tal
necessidade. Além disso, é notória a expansão da RMN de Natal para regiões próximas,
inclusive para as praias do litoral potiguar, exigindo que uma infraestrutura a acompanhe,
provendo melhores condições urbanas aos novos focos de ocupação. Dentro da temática
proposta, ainda verifica-se, mundialmente, um aumento da necessidade por adoção de
práticas sustentáveis nos vários ramos, inclusive no da construção civil, de modo a se
provocar menos impactos negativos ao meio ambiente.
E por fim, a partir das análises funcionais de restaurantes e posterior
desenvolvimento projetual, foi possível perceber o cuidado que se deve ter principalmente
na organização dos espaços destinados à área de manuseio dos alimentos, visto que se
deve organizar os ambientes de modo a se possuir um fluxo lógico e correto de entrada,
preparo e manuseio e posterior oferta dos alimentos aos clientes.
A proposta de um equipamento de lazer inserida no âmbito gastronômico se insere
dentro de tal contexto.
O objetivo principal deste trabalho era criar um espaço para a praia de Barra de
Tabatinga, onde se pudesse usufruir do lazer gastronômico em um ambiente aconchegante
e confortável, a partir de práticas sustentáveis e da Arquitetura bioclimática. Para que
fosse atingido tal objetivo foi necessário uma preocupação com os aspectos do conforto
ambiental (seja no que diz respeito à iluminação natural e à sensação térmica, como
também à qualidade visual e acústica dos espaços), com as técnicas construtivas (sistema
estrutural, materiais e tipo de cobertura), bem como com a acessibilidade. Além disso,
buscou-se utilizar técnicas e soluções sustentáveis de modo que o edifício agrida o
mínimo possível o meio ambiente.
A principal dificuldade enfrentada no desenvolver projetual foi o fato de que,
segundo o Plano Diretor de Nisia Floresta, como a área encontra-se dentro de uma área
107 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
de proteção ambiental, é exigido que 50% do terreno seja destinado a áreas permeáveis,
dificultando a ocupação do terreno, inclusive na locação de vagas de estacionamento.
Embora o tema desenvolvido seja restrito a um único tipo de projeto (edificações
destinadas ao uso gastronômico), o Trabalho Final de Graduação proporcionou-me a
possibilidade de refletir sobre os conhecimentos adquiridos durante todo o curso, bem
como sobre os desafios da profissão, servindo assim, como fundamentação e preparação
para a atividade profissional futura.
108 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Referências Bibliográficas
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Legislação. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/legis/ index.htm>. Acesso em: 04 agosto 2014.
ALMEIDA, Pedro Afonso. Madeira como material estrutural. 2000. Disponível em:
<http://www.lem.ep.usp.br/pef2402/METALICAS%20E%20MADEIRAS%20-
0PEF%202402%20-%20APOSTILA.pdf >. Acesso em: 03 jun 2013.
ANNECCHINI, Karla Ponzo Vaccari. Aproveitamento da água da chuva para fins não
potáveis na cidade de Vitória (ES). 2005. 6 f. Pós Graduação em Engenharia Ambiental
Integrada, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2005.
ARAÚJO, Phelipe Luiz Damasceno. Estruturas em madeira. 2009. Monografia (Graduação) –
Curso de Engenharia Civil, Palmas, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626: Instalação predial de
água fria. Rio de Janeiro, 1998.
AZEVEDO, Claudia; VALLE, Virginia Guerra. Proposta de implantação de sistema de reuso
de água pluvial para uso em um lava rodas. 2012. 150 f. Pós Graduação em Engenharia
Ambiental, Universidade Federal de Belo Horizonte, Belo Horizonte, 2012.
BENTES, Dulce ; TINOCO, Marcelo Bezerra de Melo ; CLEMENTINO, M. L. M. . Articulações
e contradições da estrutura urbana e metropolitana no turismo internacional de sol e mar
em Natal. In: CLEMENTINO, Mª. do Livramento Miranda; PESSOA, Zoraide Souza. (Org.).
Natal: uma metrópole em formação. 1 ed. São Paulo - SP: EDUC - Editora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2009, v. 1, p. 143-166.
BITTENCOURT, L.; CÂNDIDO, C. Introdução à Ventilação Natural. Maceió: EdUFAL,
2005.
BOTTI, Rossella. Ristoranti all´aperto. Modena, Itália: Logos, 2005.
BRAUNE, Renata. O que é Gastronomia. São Paulo. Editora Brasiliense, 2007.
BRASIL. Resolução Conselho Nacional de Recursos Hídricos nº 54, de 28 de novembro de 2005
- Estabelece critérios gerais para reúso de água potável. Estabelece modalidades, diretrizes e
critérios gerais para a prática de reúso direito não potável de água, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília – DF, março de 2006.
BURKLEIN, Christiane. Un Ristorante Sostenibile sulle dune. Emma Architecten. 2013.
Disponível em: < http://it.livegreenblog.com/architettura-sostenibile/un-ristorante-sostenibile-
sulle-dune-emma-architecten-8413/ >. Acesso em: 04 agosto 2014.
CABRAL, Isabelle. Viabilidade econômica x viabilidade ambiental do uso de energia
fotovoltaica no caso brasileiro: uma abordagem no período recente. 2012. Disponível em: <
http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2012/X-003.pdf>. Acesso em: 02 agosto 2014.
CARACTERÍSTICAS e propriedades da madeira. Disponível em: <
http://madeiraestrutural.wordpress.com/ >. Acesso em: 01 jun 2013.
CARRAMATE, Sergio. Arquitetura Gastronômica. 2009. Disponível em: <
http://gestaoderestaurantes.wordpress.com/2009/06/01/arquitetura-gastronmica/ >. Acesso em:
27 maio 2013.
CASTELLI, Luca. Architettura sostenibile. Torino, Itália, Wolters Kluwer, 2008.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: edição compacta, 5. Ed. São Paulo: Atlas. 1998.
109 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
COLIN, Silvio. A madeira em tempos de sustentabilidade. 2011. Disponível em: <
http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/08/30/a-madeira-em-tempos-de-
sustentabilidade-iii/#more-2698 >. Acesso em: 20 julho 2013.
CORREA, Celina Britto. Arquitetura bioclimática: Adequação do projeto de arquitetura ao meio
ambiente natural. Pelotas, 2002. Disponível em: <
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/02.
CORREA, C.B. & GONZALEZ, N.F.J. 2002. O uso de coberturas ecológicas na restauração
de coberturas planas. In: Núcleo de pesquisa em tecnologia de arquitectura e urbanismo. São
Paulo, anais: FUPAM/FAU-USP p. 686-696.
COSTA, Heloísa S. M. Desenvolvimento urbano sustentável: uma contradição de termos.
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, Recife, n. 2, p. 55-71, mar. 2000.
CUNHA, L. J. B. D. F. Análise de métodos para aplicação de ventilação natural para projeto
de edificações em Natal-RN. (2010). 112 f. Mestrado (mestre) - Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.
DECORAÇÃO de restaurantes rústicos. Disponível em: <
http://www.mundodastribos.com/decoracao-de-restaurantes-rusticos.html >. Acesso em: 06 jun
2013.
DIDONÉ, Evelise Leite Didon; PEREIRA, Fernando Oscar Ruttkay. O potencial da luz natural
na economia de energia elétrica para a iluminação artificial. Revista Tecnológica, Edição
Especial ENTECA 2009, p. 24-34, 2009.
DUMAZEDIER, Joffre. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Perspectiva: SESC, 1979.
EMMA Architecten. 2013. Disponível em: < http://emma-architecten.nl/projects/recent/aan-zee
>. Acesso em: 03 agosto 2014.
FACCHIN, Fernando. Casa pré-fabricada de madeira: análise e dimensionamento de uma
parede. Trabalho Integrado de Conclusão de Curso, Universidade do Vale do Itajaí, 2006, p. 11-
12.
FARIAS, Leandro Alves, et al. Investigação experimental da geração de energia elétrica solar
fotovoltaica. 2010. Disponível em: <
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/386/342> . Acesso: 25 julho
2014.
FILHO, Silva; ROMÃO, Antonio. Manual básico para planejamento e projeto de
restaurantes e cozinhas industriais. Varela, 1996.
GARROCHO, Juliana Saiter. Luz natural e projeto de arquitetura. 2005. 116 f. Dissertação
(Mestrado) – Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2005.
GIORDANO, Roberto. I prodotti per l´edilizia sostenibile. Napoli, Copyright, 2010.
HICKEL, Denis Kern. A (in)sustentabilidade na arquitetura. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.064/426>. Acesso em: 16 julho 2014.
HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no Nordeste. Recife: UFPE/ MDU, 1976.
HUNGRIA, Camila. Sustentabilidade no teto de sua construção com um telhado verde. 2012.
Disponível em: < http://sustentabilidade.allianz.com.br/?2032/sustentabilidade-no-teto-de-sua-
construcao-com-um-telhado-verde>. Acesso em: 15 julho 2014.
IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Guia para Inventários Nacionais de
Gases de Efeito Estufa – IPCC – Capítulo 10: Emissões de pecuária e do manejo de dejetos.
Disponível em: <http://www.ipcc-nggip.iges.or.jp>. Acesso em: 14 julho 2014.
JATOBÁS, Instituto. Centro Max Feffer cultura e sustentabilidade. Disponível em: <
http://www.centromaxfeffer.com.br/arquitetura-verde.php >. Acesso em: 27 julho 2014.
110 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
JOAQUIM, Fabiana Santa. Arquitetura Bioclimática. 2012. Disponível em: <
http://www.revistahabitare.com.br/ecologia/arquitetura-bioclimatica/39 >. Acesso em: 12 jun
2013.
JODIDIO, Philip. Green Architecture Now!: Architectura ecológica/ Architettura sostenibile/
Arquitectura verde. Editora Taschen, 2013.
JÚNIOR, Oliveira. Restaurante Mangai – Brasília. 2008. Disponível em: <
http://arqpb.blogspot.com.br/2008/11/sandra-moura.html >. Acesso em: 10 set 2014.
JÚNIOR, Roberto. Instalações hidráulicas e o projeto de Arquitetura. São Paulo: Edgard
Blucher, 2009.
LEE, K. T. et al. Probabilistic design of storage capacity for rainwater cistern systems. J.
agric. Engng Res, v. 3, n. 77, p. 343-348, 2000.
LIMA, Dália Maria Maia Cavalcanti de. O espaço de todos, cada um no seu lugar: O uso dos
espaços públicos destinados ao lazer em Natal. 2006. 251 f. Dissertação (Pós-graduação) -
Curso de Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006.
LIMA, Luiza Coelha de. Apple: Anteprojeto de Restaurante/ Delicatessen. 2005. 93 f.
Monografia (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2005.
LITTLEFIELD, David. Manual do Arquiteto: Planejamento, dimensionamento e projeto.
Bookman companhia editora Ltda, 2011.
MARQUES, Luís Eduardo Menezes Marinho. O papel da madeira na sustentabilidade da
construção. 2008. 111 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia Universidade do Porto, Porto - Portugal, 2008.
MAZALLA, Warsten. Análise da qualidade e higiene dos estabelecimentos alimentícios de
primavera. 2007. 62 f. Monografia (Graduação) – Universidade Estadual Júlio Mesquita Filho,
Rosana, 2007.
MAZZOLI, Mentore. Restaurantes. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1978.
MELO, V. A. Introdução ao Lazer. Barueri SP: Manole, 2003.
MORUZZI, Rodrigo Braga. Considerações sobre a aplicação do telhado verde para captação
de água da chuva em sistemas de aproveitamento para fins não potáveis. Disponível em: <
http://www.rc.unesp.br/igce/planejamento/download/rodrigo/consideracoes.pdf >. Acesso em:
20 set 2014.
MOTTA, Federico. Caffè e Ristoranti. Editore SpA, 2000.
NATAL. Câmara Municipal. Lei nº 4436 de 09 de dezembro de 1974. Código de segurança e
prevenção contra incêndio e pânico do Estado do Rio Grande do Norte. Natal, RN, 09 dez
1974.
NÍSIA Floresta. Prefeitura municipal. Lei complementar nº 001/2007 de 26 de dezembro de 2007.
Código de obras e posturas do município de Nísia Floresta e outras providências. Nísia
Floresta, RN, 26 dez. 2007.
____________. Prefeitura municipal. Lei complementar nº 002/2007 de 05 de novembro de 2007.
Plano Diretor de Nísia Floresta e outras providências. Nísia Floresta, RN, 05 nov. 2007.
NEVES, Laert Pedreira. Adoção do Partido na Arquitetura. 2ª ed. Salvador: Editora da
Universidade Federal da Bahia, 1998.
OLIVEIRA, Elizângela Justino de. SEGUNDA RESIDÊNCIA: UM ALOJAMENTO
TURÍSTICO. 2010. 16 f. Artigo (Seminário Nacional) – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal, 2010.
111 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
PAIVA, Ricardo Alexandre. A Expansão da Urbanização Litorânea e Turística na Região
Metropolitana de Natal (RMN). Natal, set, 2010.
PINTO, M. Revista dos Restaurantes. Cozinha profissional. Ano XVI n. 83, p. 64-64, Banas,
Jun/Jul, 2004.
PONTES, Vivianne. Decoração em estilo rústico. 2009. Disponível em:
<http://www.dcoracao.com/2009/08/decoracao-em-estilo-rustico.html>. Acesso em: 31 julho
2014.
PROCEL. Programa nacional de conservação de energia elétrica: áreas de atuação –
edificações. Disponível em <http://www.eletrobras.gov.br/procel> . Acesso em: 10 jul. 2007.
RAMOS, Manoel Henrique. Desenvolvimento de Alternativas para a Reutilização da Água no
Serviço Público Municipal. Disponível em:
<http://www.semasa.sp.gov.br/Documentos/ASSEMAE/Trab_55.pdf>. Acesso em 21/01/2008.
REBELLO, Yopanan C. P. A concepção estrutural e a Arquitetura. São Paulo: Zigurate
Editora, 2000.
REPORT, Brundtland. Relatório Bruntland. Disponível em: < http://marcouniversal.com.br/upload/RELATORIOBRUNDTLAND.pdf>. Acesso em: 15 julho
2014.
RODRIGUES, Raquel dos Santos. As Dimensões Legais e Institucionais de Reúso de Água no
Brasil: Proposta de Regulamentação do Reúso no Brasil, 2005. Dissertação (Mestrado) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo.
SALVI, Riccardo. Manuale di Architettura d´interni: Bar e Ristoranti. Milão, Itália, editora
Copyright, 2012.
SCHEUER, Luciane. Percepção geográfica e planejamento turístico: um estudo sobre a
Sazonalidade. 2011. 304 f. Dissertação (Graduação) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba,
2011.
SEBRAE. Restaurante. Vitória: Ed. SEBRAE, 1999. Série: perfil de projetos.
SILVA, Alexsandro F. C. ; FERREIRA, Angela Lúcia A. A Formação das Regiões
Metropolitanas e as Deformações do Processo Urbano: o contexto nordestino. In: X Encontro
de Geógrafos da América Latina - EGAL, 2005, São Paulo - SP. Anais do X. EGAL. São Paulo,
SP : Depto de Geografia/FFLCH/USP, 2005. v. 1. p. 1-23.
SILVA, Elvan. Uma Introdução ao Projeto Arquitetônico. 2ª impr. Porto Alegre: Editora da
Universidade, 2008.
SILVEIRA, Bruna Quick da. Reuso da água pluvial em edificações residenciais. 2008.
Especialização em construção civil, Escola de Engenharia da UFMG. 44 f. Belo Horizonte, 2008.
SOUZA, Ronilda Aparecida Brandão. Energia solar: vantagens do investimento desta fonte
de energia alternativa na região do Nordeste. 2005. Monografia (pós-graduação) – Curso de
fontes alternativas de energia, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2005.
SANTOS, Sérgio. Madeira: o toque de classe na arquitetura e décor. Disponível em: <
http://www.obra24horas.com.br/materias/decoracao-de-interiores/madeira--o-toque-de-classe-na-arquitetura-e-decor >. Acesso em: 25 maio 2013.
SILVA, Enos Arneiro Nogueira da. Cozinha Industrial: Um Projeto Complexo. 1998. 77p.Tese
(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
SILVA, Neusiane da Costa. Telhado verde: sistema construtivo de maior eficiência e menor
impacto ambiental. 2011. 59p. Monografia (Especialização em construção civil) – Escola de
Engenharia – UFMG, Belo Horizonte, 2011.
112 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
SILVA JÚNIOR, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos. 5. ed. São
Paulo: Varela, 2002.
SPANG, Rebecca L.. A invenção do restaurante. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.
SPANGENBERG, Jörg. Melhoria do clima urbano nas metrópoles tropicais - Estudo de caso.
Disponível em: <http://www.basisid.de/site2006/science/01_Spangenberg_
IMPROVEMENT%20OF%20URBAN%20MICROCLIMATE%20IN%20TROPICAL%20ME
TROPOLIS.pdf > – Site traduzido. Acesso em: 15 julho 2014.
TEIXEIRA, Marcelo. Aplicação de Conceitos da Ecologia Industrial para a Produção de
Materiais Ecológicos: o exemplo do resíduo de madeira. Dissertação de mestrado. Curso de pós-
graduação em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo. Escola Politécnica.
Universidade Federal da Bahia, 2005.
UTILIZAÇÃO de madeira na construção – Vantagens. Disponível em: <
http://madeiraestrutural.wordpress.com/2009/05/12/vantagens-do-uso-da-madeira-como-
material-estrutural/ >. 02 jun 2013.
VANTAGENS DA MADEIRA. Disponível em: <
http://www.madecalmadeiras.com.br/vantagens-da-madeira/ >. Acesso em: 01 jun 2013.
ZAMPIERON, Sônia Lúcia Modesto; VIEIRA, João Luiz de Abreu. “Poluição da Água”.
Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt5.html> Acesso em: 16 julho
2014.
ZANELLA, Luiz Carlos. Restaurante: técnicas e processos de administração e operação. Caxias
do Sul: EDUCS, 2002.
ZENID, Geraldo José. Madeira: uso sustentável na construção civil. São Paulo: Instituto de
pesquisas tecnológicas: SVMA, 2009.
113 BUONO GUSTO AL MARE – EQUIPAMENTO GASTRONÔMICO NA PRAIA
Anexo – Catálogo do painel acústico NexAcustic 8 da OWA
Brasil Sonex