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ANA CLÁUDIA FREIRE VIEIRA PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE FERRO EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS DE CRECHES PÚBLICAS DA CIDADE DO RECIFE-PE. RECIFE 2003

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ANA CLÁUDIA FREIRE VIEIRA

PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO

NUTRICIONAL DE FERRO EM CRIANÇAS

MENORES DE 5 ANOS DE CRECHES PÚBLICAS

DA CIDADE DO RECIFE-PE.

RECIFE

2003

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ANA CLÁUDIA FREIRE VIEIRA

PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO

NUTRICIONAL DE FERRO EM CRIANÇAS

MENORES DE 5 ANOS DE CRECHES PÚBLICAS

DA CIDADE DO RECIFE-PE.

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-graduação em Nutrição, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre. Área de Concentração: Bases Experimentais Orientador: Alcides da Silva Diniz Co-orientador: Poliana Coelho Cabral

RECIFE

2003

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Vieira, Ana Cláudia Freire

Parâmetros de avaliação do estado nutricional de ferro em crianças menores de 5 anos de creches públicas da cidade do Recife-PE / Ana Cláudia Freire Vieira. – Recife : O Autor, 2003.

132 folhas : il., gráf., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Nutrição, 2003

Inclui bibliografia e anexos.

1. Nutrição – Parâmetros bioquímicos. 2. Ferro – Deficiência (Reservas de ferro, Eritropoiese e Anemia) – Crianças. 3. Anemia ferropriva – Pré-escolares. I. Título.

616.391-053.2 CDU (2.ed.) UFPE

616.390532 CDD (21.ed.) BC2002-345

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho e toda minha vida profissional,

Aos meus pais, José de Assis e Maria da Penha, exemplos de força de vontade, luta

e amor, pelas orações, por todo carinho e incentivo em minha vida pessoal e

profissional;

À minha irmã, Angélica, minha sobrinha Maria Beatriz, minha sogra, Maria do Carmo

(D. D’Índia), meu sogro, Evandro Gomes, minha tia Fátima e demais familiares, por

toda atenção e carinho ao longo dessa jornada;

Ao meu amor, Evandro Júnior, a minha alma gêmea, meu grande e eterno

companheiro, pelo o apoio e compreensão, em todos os momentos, até mesmo

quando distante fisicamente, um incentivo indispensável para realização desse

trabalho e

Ao nosso bebê JOÃO PEDRO, nossa surpresa mais emocionante, por tudo que

representa e pela, já grande, participação em nossas vidas.

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AGRADECIMENTOS

O meu profundo agradecimento a todos que direta e indiretamente contribuíram para

a realização deste trabalho, em especial:

À Deus, Senhor e Criador de todas as coisas e a minha Mãe do Céu, que em todos

os momentos sei que estão presentes, ajudando–me a enfrentar todos os obstáculos

e a alcançar todos os meus objetivos.

Ao Professor Alcidez da Silva Diniz, meu orientador, por toda a paciência, atenção,

orientação e apoio no desenvolvimento deste trabalho.

À Poliana Coelho Cabral, minha co-orientadora, exemplo de profissional, por toda

confiança e carinho ao longo desses anos.

À Coordenação da Pós-graduação em Nutrição da Universidade Federal de

Pernambuco, por todo apoio acadêmico.

A todos os professores que compõem o quadro curricular da Pós-graduação em

Nutrição, por todos ensinamentos.

Aos professores e funcionários do Laboratório de Nutrição Clínica do Departamento

de Nutrição, pela receptividade e apoio em todos os momentos.

À Taciana, Geise, Rogério, Wylla e Iracema, por todo o carinho e companheirismo

ao longa dessa jornada.

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À Solange Maria Miranda e Silva, Margarida Maria Lola e Rejane Santana de

Oliveira, pelo incentivo e apoio oferecidos em vários momentos.

À Jocélio, pelo apoio, carinho e pela dedicação com que desempenha suas funções.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

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“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se

eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como

címbalo estridente.”

“Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de

todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse

toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o

amor, eu nada seria.”

Acima de tudo o amor

I Cor 13,1-2.

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RESUMO

Com o objetivo de estimar a prevalência da deficiência de ferro, determinar o grau de

associação entre os diferentes parâmetros e avaliar o poder de discriminação destes

testes, no diagnóstico do estado nutricional de ferro, foi realizado um estudo

transversal, utilizando-se uma amostra aleatória sistemática de 162 crianças

menores de 5 anos, institucionalizadas em creches públicas da cidade do Recife, em

1999. Foram avaliados os níveis de hemoglobina (Hb), ferritina sérica (FerS),

protoporfirina eritrocitária livre (PEL) ferro sérico (FeS), capacidade total de ligação

ao ferro (CTLF) e o percentual de saturação de transferrina (%STr). O poder de

discriminação dos parâmetros bioquímicos foi calculado, utilizando-se como padrão

– ouro parâmetros indicativos das reservas corporais (FerS), da eritropoiese (PEL) e

da anemia (Hb). Constatou-se que a anemia nutricional é um grave problema de

saúde pública na população estudada, com prevalência de 55,6%, onde cerca de 1/3

desses casos se encontram na sua forma grave. Cerca de 30% da população

estudada apresentaram depleção das reservas corporais de ferro. A prevalência de

eritropoiese deficiente variou de 8% a 69,6%, de acordo com o parâmetro analisado.

A deficiência de ferro foi mais freqüente e mais grave, nos menores de 24 meses,

independente do estágio da deficiência. Todos parâmetros correlacionaram-se entre

si, a exceção da Hb, que apresentou apenas correlação significativa com a PEL. O

poder de discriminação dos parâmetros bioquímicos, no diagnóstico de anemia e

depleção das reservas corporais, mostrou que a PEL, o FeS ou o %STr seriam os

parâmetros de primeira linha a serem utilizados, e a CTLF o parâmetro para

confirmar e predizer os casos. Na avaliação da eritropoiese, o FeS, a %STr ou a Hb

foram os parâmetros que apresentaram maior poder de discriminação para o

rastreamento dos casos, seguidos da CTLF para comprovação e predição desses

casos. A combinação de parâmetros, embora tenha elevado o poder de

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discriminação dos testes, não foi um incremento superior ao observado no uso

daqueles parâmetros analisados isoladamente. A adoção de estratégias efetivas

para prevenção e controle do problema, faz-se necessário, bem como, o

desenvolvimento de estudos que melhor definam os níveis críticos de decisão

diagnóstica, visando o uso mais racional dos parâmetros de avaliação do estado

nutricional de ferro.

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ABSTRACT

The purpose of this descriptive study was to evaluate the iron deficiency and the

diagnostic accuracy of iron parameters in children from 2 to 5 years old, attending

public day care centers in the city of Recife-Brazil, in 1999. The sample, chosen by

aleatory systematic technique, consisted of 162 children of both sexes. The iron

status was evaluated by hemoglobin, serum ferritin, protoporphyrin, serum iron, total

iron binding capacity and transferrin saturation. The analysis showed a high anemia

prevalence, 55,6% of the assessed population and among these, 1/3 presented

severe anemia. The total body iron content was low in 30% of children and the

deficient erythropoiesis range from 8% to 69,9%. The power screening of

biochemical parameters showed protoporphyyrin, ferritin and transferrin saturation

were the best in anemia and iron deficiency diagnosis. On the other hand, total iron

binding capacity is probably more accurate, to cases confirmation and prediction. The

same kind of analysis, to evaluate erythropoiesis, showed hemoglobin, serum iron

and transferring saturation more adequate to diagnosis and total iron binding

capacity to confirmation and prediction of cases. It was interesting to verify the

parameters combination did not produce a significant increase in power screening.

These findings shows the necessity of a prompt intervention to guarantee better

growing and developing conditions for those children, besides more studies to

investigate the diagnostic criterions.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS E TABELAS.........................................

LISTA DE FIGURAS..................................................................

1. INTRODUÇÃO...........................................................................

1.1. Considerações Gerais.........................................................

1.2. Biologia do Ferro..................................................................

1.2.1. Funções do Ferro no Organismo................................

1.2.2. Fontes de Ferro..........................................................

1.2.3. Absorção de Ferro......................................................

1.2.3.1. Fatores que Afetam a Absorção de Ferro.......

1.2.4. Transporte de Ferro....................................................

1.2.5. Armazenamento de Ferro...........................................

1.2.6. Perda Diária................................................................

1.2.7. Necessidades e Recomendação Diária de Ferro.......

1.3. Deficiência de Ferro.............................................................

1.3.1. Quadro Epidemiológico .............................................

1.3.2. Anemia Como Problema de Saúde Pública...............

1.3.3. Etiopatogenia..............................................................

1.3.4. Sinais e Sintomas da Deficiência de Ferro e suas

Conseqüências..........................................................

1.3.5. Evolução da Deficiência de Ferro...............................

1.4. Parâmetros de Avaliação do E. Nutricional de Ferro...........

1.4.1. Hemoglobina .............................................................

1.4.2. Ferritina Sérica...........................................................

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1.4.3. Ferro Sérico, Capacidade Total de Ligação de Ferro

e Saturação de Transferrina .....................................

1.4.4. Protoporfirina Eritrocitária Livre..................................

1.4.5. Pontos de Corte dos Parâmetros Bioquímicos...........

1.5. Justificativa..........................................................................

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2. OBJETIVOS...............................................................................

2.1. Geral....................................................................................

2.2. Específicos..........................................................................

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3. METODOLOGIA.........................................................................

3.1. Desenvolvimento do Trabalho.............................................

3.2. Desenho do Estudo.............................................................

3.3. Área de Estudo....................................................................

3.4. População do Estudo...........................................................

3.5. Amostragem........................................................................

3.5.1. Tamanho.....................................................................

3.5.2. Seleção da Amostra...................................................

3.6. Métodos e Técnicas de Avaliação.......................................

3.7. Análise de Dados.................................................................

3.8. Considerações Éticas..........................................................

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4. RESULTADOS...........................................................................

4.1 Características Gerais da Amostra.......................................

4.2 Estado Nutricional de Ferro..................................................

4.2.1. Hemoglobina ...........................................................

4.2.2. Ferritina Sérica...........................................................

4.2.3. Protoporfirina Eritrocitária Livre..................................

4.2.4. Ferro Sérico................................................................

4.2.5. Capacidade Total de Ligação do Ferro......................

4.2.6. Saturação de Transferrina..........................................

4.3 Estado Nutricional de Ferro Segundo a Variável Sexo.........

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4.4 Estado Nutricional de Ferro Segundo a Variável Idade........

4.4.1. Hemoglobina vs Idade................................................

4.4.2. Ferritina Sérica vs Idade.............................................

4.4.3. Protoporfirina Eritrocitária Livre vs Idade...................

4.4.4. Ferro Sérico vs Idade.................................................

4.4.5. Capacidade Total de Ligação do Ferro vs Idade........

4.4.6. Saturação de Transferrina vs Idade...........................

4.5 Correlação entre os Parâmetros Bioquímicos de Avaliação

do Estado Nutricional de Ferro.............................................

4.5.1. Hb vs FerS..................................................................

4.5.2. Hb vs PEL...................................................................

4.5.3. Hb vs FeS, CTLF, %STr.............................................

4.5.4. FerS vs PEL, FeS, CTLF, %STr.................................

4.5.5. PEL vs FeS, CTLF, %STr...........................................

4.5.6. FeS vs CTLF, %STr...................................................

4.5.7. CTLF vs %STr............................................................

4.6 Poder de Discriminação Diagnóstica dos Parâmetros de

Avaliação do Estado Nutricional de Ferro.............................

4.6.1. Padrão – ouro Hb (< 11 g/dl)......................................

4.6.2. Padrão – ouro FerS (< 12 ng/ml)................................

4.6.3. Padrão – ouro PEL (> 40 µmo/mol heme)..................

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5. DISCUSSÃO...............................................................................

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6. CONCLUSÕES...........................................................................

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7. RECOMENDAÇÕES..................................................................

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8. REFERÊNCIAS .......................................................................... ANEXOS......................................................................................

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1- Necessidades e recomendações nutricionais de ferro para

indivíduos, em função da biodisponibilidade da dieta (7%)............................

Quadro 2 - Anemia nutricional como um problema de saúde pública............

Quadro 3 - Pontos de corte dos parâmetros bioquímicos de avaliação do

estado nutricional de ferro, encontrados na literatura científica

especializada..................................................................................................

Tabela 1 – Distribuição da amostra de crianças menores de 5 anos,

segundo o sexo, em creches públicas do município de Recife/PE – 1999....

Tabela 2 – Distribuição da amostra de crianças menores de 5 anos, por

faixa etária, em creches públicas do município de Recife/PE – 1999............

Tabela 3 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999...............

Tabela 4 – Distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Tabela 5 – Distribuição dos valores dos parâmetros bioquímicos, segundo

o sexo, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.......................................................................................

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Tabela 6 – Distribuição dos níveis médios de hemoglobina, segundo a

faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999......................................................................

Tabela 7 – Distribuição dos níveis de hemoglobina, segundo faixa etária,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Tabela 8 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica, segundo a faixa

etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999. .....................................................................................

Tabela 9 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica, segundo a faixa

etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999. .....................................................................................

Tabela 10– Distribuição dos níveis de ferritina sérica, segundo a faixa

etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999. .....................................................................................

Tabela 11 – Distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre,

segundo a faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches

públicas do município de Recife/PE – 1999. .................................................

Tabela 12 – Distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre,

segundo faixa a etária, em crianças menores de 5 anos de creches

públicas do município de Recife/PE – 1999...................................................

Tabela 13 – Distribuição dos níveis de ferro sérico, segundo a faixa etária,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Tabela 14 – Distribuição dos níveis da capacidade total de ligação do ferro,

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segundo a faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches

públicas do município de Recife/PE – 1999...................................................

Tabela 15 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos dos

indicadores isolados do estado nutricional de ferro, adotando-se como

padrão – ouro a hemoglobina (< 11 g/dl), em crianças menores de 5 anos

de creches públicas do município de Recife/PE – 1999................................

Tabela 16 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de dois indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-

se como padrão – ouro a hemoglobina (<11g/dl), em crianças menores de

5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.....................

Tabela 17 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de três indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-

se como padrão – ouro a hemoglobina (< 11 g/dl), em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999................

Tabela 18 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de quatro indicadores do estado nutricional de ferro,

adotando-se como padrão – ouro a hemoglobina (< 11g/dl), em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Tabela 19 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos dos

indicadores isolados do estado nutricional de ferro, adotando-se como

padrão – ouro a ferritina sérica (< 12 ng/ml), em crianças menores de 5

anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999........................

Tabela 20– Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de dois indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-

se como padrão – ouro a ferritina sérica (< 12 ng/ml), em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

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Tabela 21 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de três indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-

se como padrão – ouro a ferritina sérica (< 12 ng/ml), em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Tabela 22 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de quatro indicadores do estado nutricional de ferro,

adotando-se como padrão – ouro a ferritina sérica (<12 ng/ml), em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Tabela 23 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos dos

indicadores isolados do estado nutricional de ferro, adotando-se como

padrão – ouro a protoporfirina eritrocitária livre (> 40 µmol/mol heme), em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Tabela 24 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de dois indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-

se como padrão – ouro a protoporfirina eritrocitária livre (>40µmol/mol

heme), em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.......................................................................................

Tabela 25 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de três indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-

se como padrão – ouro a protoporfirina eritrocitária livre (>40mmol/mol),

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Tabela 26 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na

combinação de quatro indicadores do estado nutricional de ferro,

adotando-se como padrão – ouro a protoporfirina eritrocitária livre

(>40mmol/mol), em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999......................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Curva de distribuição dos níveis de hemoglobina em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Figura 2 – Distribuição dos níveis de hemoglobina em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999................

Figura 3 – Distribuição das formas de anemia em crianças menores de 5

anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999........................

Figura 4 – Distribuição das formas de anemia em crianças menores de 5

anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999........................

Figura 5– Curva de distribuição dos níveis de ferritina sérica em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município do Recife/PE - 1999.

Figura 6 – Curva de distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária

livre em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE - 1999............................................................................................

Figura 7 – Curva de distribuição dos níveis de ferro sérico em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Figura 8 - Distribuição dos níveis de ferro sérico em crianças menores de 5

anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999........................

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Figura 9 – Curva de distribuição dos níveis da capacidade total de ligação

do ferro em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE - 1999. .....................................................................................

Figura 10 - Distribuição dos níveis da capacidade total de ligação do ferro

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE - 1999. ..........................................................................................

Figura 11 - Distribuição dos percentuais de saturação de transferrina em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Figura 12 – Correlação dos níveis de hemoglobina com a variável idade,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999. ..........................................................................................

Figura 13 – Distribuição da anemia grave, segundo a faixa etária, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999. ..........................................................................................

Figura 14 – Correlação dos níveis ferritina sérica com a variável idade, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999. ..........................................................................................

Figura 15 – Correlação dos valores de protoporfirina eritrocitária livre com

a variável idade, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999. ....................................................................

Figura 16 – Correlação dos níveis de ferro sérico com a variável idade, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Figura 17 – Correlação da capacidade total de ligação do ferro com a

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variável idade, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999. ....................................................................

Figura 18 – Distribuição dos percentuais de saturação de transferrina,

segundo a faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches

públicas do município de Recife/PE – 1999. .................................................

Figura 19 – Correlação entre a hemoglobina e a ferritina sérica, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Figura 20 – Correlação entre a hemoglobina e a protoporfirina eritrocitária

livre, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999............................................................................................

Figura 21 – Correlação entre a hemoglobina e o ferro sérico, em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Figura 22 – Correlação entre a hemoglobina e a capacidade total de

ligação do ferro, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999...................................................................

Figura 23 – Correlação entre a hemoglobina e o percentual de saturação

de transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999......................................................................

Figura 24 – Correlação entre a ferritina sérica e o ferro sérico, em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Figura 25 – Correlação entre a ferritina sérica e o percentual de saturação

de transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE -1999........................................................................

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Figura 26 – Correlação entre a ferritina sérica e a protoporfirina eritrocitária

livre, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999........................................................................................

Figura 27 – Correlação entre a ferritina sérica e a capacidade total de

ligação do ferro, em crianças menores de 5 anos de públicas do município

de Recife/PE – 1999.......................................................................................

Figura 28 – Correlação entre a protoporfirina eritrocitária livre e o ferro

sérico, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999...................................................................................

Figura 29 – Correlação entre a protoporfirina eritrocitária livre e o

percentual de saturação de transferrina, em crianças menores de 5 anos

de creches públicas do município de Recife/PE – 1999................................

Figura 30 – Correlação entre a protoporfirina eritrocitária livre e a

capacidade total de ligação do ferro, em crianças menores de 5 anos de

creches públicas do município de Recife/PE – 1999.....................................

Figura 31 – Correlação entre o ferro sérico e a capacidade total de ligação

do ferro, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.......................................................................................

Figura 32 – Correlação entre o ferro sérico e o percentual de saturação de

transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE – 1999......................................................................

Figura 33 – Correlação entre a capacidade total de ligação do ferro e o

percentual de saturação de transferrina, em crianças menores de 5 anos

de creches públicas do município de Recife/PE – 1999...............................

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1. INTRODUÇÃO

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1.1. Considerações Gerais

A deficiência em micronutrientes, também caracterizada como fome oculta, tem sido

considerada como o principal problema nutricional em nível mundial, segundo

declaração da Conferência Internacional de Nutrição, realizada em Roma.

(FAO/OMS, 1992; BEATON et al., 1993). Os danos atribuídos às carências em

micronutrientes se refletem em vários processos na biologia humana, como

crescimento, desenvolvimento e imunocompetência, com repercussões sobre a

morbimortalidade infantil e materna, representando um sério obstáculo para o

desenvolvimento econômico e social na maioria dos países em desenvolvimento.

Dentre as síndromes carenciais clássicas, a exemplo da desnutrição energético-

protéica (DEP), da hipovitaminose A e dos distúrbios da deficiência de iodo (DDI),

que mostram uma clara tendência de declínio, em termos de magnitude, a anemia

por carência de ferro ainda figura como uma deficiência nutricional cuja tendência é

de um aumento de sua prevalência, representando, nos dias atuais, o principal

problema carencial em termos de magnitude e distribuição espacial (WHO, 2001;

ANDERSON, 2002).

A Organização Mundial de Saúde define a anemia como a condição na qual o

conteúdo de hemoglobina circulante está abaixo de um valor considerado normal

para a idade, sexo e outras condições, como resultado da deficiência de um ou mais

nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa deficiência (ARRUDA et al., 1996).

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Ao ferro é dado destaque especial nesse processo, pois 90% dos casos de anemia

são devidos à deficiência desse nutriente (ARRUDA et al., 1996; QUEIROZ e

TORRES, 2000). Em saúde pública, o termo anemia tem sido utilizado como

sinônimo de anemia ferropriva (BRUNEIRA, 1993; SZARFARC, 1993).

Em nível mundial, a deficiência de ferro atinge cerca de 2,15 bilhões de pessoas,

sendo 1/3 com evidências clínicas do problema (DE MAEYER et al., 1991; OPAS,

1996; FISBERG et al., 1998). Dessas, 43% são crianças em idade pré-escolar, e

encontram-se, predominantemente, distribuídos nos países em desenvolvimento

(BRUNKEN e SZARFARC, 1999).

Além de sua elevada magnitude, a anemia constitui um problema importante de

saúde em função de variadas implicações, tanto em nível individual, como em escala

populacional. Diversos estudos evidenciam sua interferência com as complicações

de processos infecciosos, redução da atividade física e mental, aumento do risco

gravídico em relação à mãe e ao feto, e alterações do processo de crescimento e

desenvolvimento (BURROW e FERRIS, 1983; FRANZETTI et al., 1984).

1.2. Biologia do Ferro

O ferro total do organismo encontra-se em torno de 3,8g no homem e 2,3g na mulher

(CARPENTER, 1992). Embora este mineral esteja presente no corpo humano em

quantidades pequenas, suas funções são essenciais à vida (ZUCAS, 1982).

De acordo com Arruda et al. (1996), os compostos que contêm ferro no organismo

podem ser agrupadas em duas categorias: compostos funcionais, incluindo

hemoglobina, mioglobina, heme-enzimas, não-heme-enzimas e transferrina; e

compostos de armazenagem, a ferritina e hemossiderina. Estes últimos são

responsáveis pela manutenção do nível de produção de hemoglobina e de outros

compostos funcionais, quando há redução da ingestão de ferro.

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Em torno de 65% do ferro do organismo estão presentes sob a forma de

hemoglobina, 4% ocorre na forma de mioglobina, 1% na forma dos vários compostos

hêmicos que promovem a oxidação intracelular, 0,1% combinado com a proteína

transferrina no plasma e 15 a 30% armazenados, principalmente, no sistema

retículoendotelial (medula) e nas células parenquimatosas do fígado, sob a forma de

compostos de armazenagem (GUYTON, 1992).

1.2.1. Funções do Ferro no Organismo As funções do ferro resultam de suas propriedades físicas e químicas,

principalmente, sua habilidade de participar das reações de oxidação e redução

(CZAJKA-NARINS, 1998).

Dentre as principais funções, as mais bem estabelecidas são aquelas relacionadas

com o heme, como componente da hemoglobina, para o transporte de oxigênio e

gás carbônico, mioglobina para o armazenamento muscular de oxigênio, citocromos

para a produção oxidativa de energia celular em forma de ATP e na formação das

heme proteínas catalase e peroxidase, responsáveis pela redução do peróxido de H+

produzido no organismo (BOREL e SMITH, 1991; BOTTONI et al., 1997). O ferro

também estar envolvido na função imunológica e no desempenho cognitivo

(EUCLYDES, 2000), bem como, nas reações de conversão do beta-caroteno para a

forma ativa da vitamina A, fato esse que explica, em parte, a importante interação

entre esses nutrientes (WOLDE-GEBRIEL et al., 1993).

Na idade pré-escolar, esse mineral também é necessário para a expansão do

número de hemácias e para a formação de novos tecidos. (BRUNKEN e

SZARFARC, 1999).

1.2.2. Fontes de Ferro

O ferro biodisponível provém de três fontes: o reciclado da degradação da

hemoglobina, o liberado dos depósitos do corpo e o absorvido do aparelho

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gastrintestinal. Dessas fontes, a maior contribuição provém da destruição normal dos

eritrócitos (hemólise), enquanto que 1 a 2mg, aproximadamente, vêm diretamente

dos alimentos (ZUCAS, 1982).

Considerando sua composição química e seu aproveitamento biológico, a absorção

do ferro alimentar deve ser compreendida sob dois aspectos: absorção do ferro

heme e do ferro não heme (CARPENTER, 1992). Dentre as fontes de ferro heme,

temos o fígado, ostras, mariscos, rim, coração, carnes, aves e peixe. Os feijões

secos e vegetais de coloração verde escura são as melhores fontes vegetais,

encontradas na forma não heme. Alguns outros alimentos que apresentam ferro

nessa forma são gemas de ovos, frutas secas, melaço escuro, pães de grão integral

e enriquecidos e cereais (QUEIROZ e TORRES, 1995; ALMEIDA e NAVES, 2002).

A biodisponibilidade do ferro alimentar é importante na consideração de fontes

dietéticas. O aproveitamento de ferro alimentar nos alimentos vegetais, determinado

em ensaios padronizados, seria de cerca de 3%, chegando de 10 a 15% nos

alimentos de origem animal. O leite materno é uma exceção, uma vez que, apesar

de não apresentar teor elevado de ferro, tem sua absorção aumentada em 50% pela

presença de lactoferrina. (HALLBERG et al., 1989; SUHARNO et al., 1993;

FERREIRA, 1998).

Com a queda do poder aquisitivo da população, vem-se notando a substituição cada

vez maior de alimentos de melhor valor nutritivo, como proteína animal, por outros

de menor valor biológico, em geral, de origem vegetal, como cereais e tubérculos.

Com isso, observa-se uma carência qualitativa e quantitativa de ferro elementar,

com predomínio do ferro de origem vegetal na dieta que tem baixa biodisponibilidade

(BRUNEIRA, 1993).

1.2.3. Absorção de Ferro

A absorção de ferro constitui uma das etapas fundamentais de seu metabolismo,

pois, além de garantir a disponibilidade do metal ao organismo, ainda é capaz de

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adaptar-se às necessidades deste, intensificando ou diminuindo o processo

absortivo (QUEIROZ e TORRES, 2000). Além disso, como o organismo não tem

capacidade de excretar os excessos, o conteúdo corpóreo do ferro é mantido

através de um controle efetivo dessa absorção (VAZ, 1992).

A absorção do ferro depende do teor do metal na dieta, da quantidade de ferro

armazenado e da taxa de formação de eritrócitos (MORÓN, 1985; LAYRISSE e

MARTINEZ-TORRES, 1988). Na existência de excesso de reservas, ocorre uma

redução na absorção. Por outro lado, a absorção se eleva quando há um aumento

na produção de eritrócitos, o que ocorre em estados fisiológicos tais como, gravidez

e crescimento, e reduz quando a eritropoiese está diminuída (ZUCAS, 1982).

Sabe-se que indivíduos depletados absorvem até cerca de 50%, enquanto em

condições de normalidade das reservas, apenas 10% do ferro ingerido é absorvido

(CZAJKA-NARINS, 1998). Um exemplo dessa relação absorção versus reserva

orgânica é o trabalho realizado por Morais et al. (1992), em que foi testada a

absorção de ferro intestinal, observando a elevação dos níveis de ferro sérico após

administração de 1mg/Kg de sulfato ferroso em relação ao valor basal do jejum, em

crianças com níveis de hemoglobina e ferritina variados. Foi observado que os níveis

de ferro sérico aumentaram significativamente na anemia ferropriva e na depleção

das reservas, quando comparado com as crianças com adequação em ferro.

Os mecanismos pelos quais a mucosa intestinal parece controlar a quantidade de

ferro que deve ser absorvido permanecem ainda não totalmente definidos (CONRAD

e PARMLEY, 1987; BENITO, 1998).

A porção proximal do intestino delgado é o principal sítio de absorção do ferro

(BEARD et al., 1996). Nesse local, existe uma maior superfície de absorção, maior

número de receptores de ferro e um conteúdo mais ácido, que favorece a

solubilização do metal (VAZ, 1992). Esta área tem a habilidade de inibir a absorção

de quantidades desnecessárias desse micronutriente (BEARD et al., 1996).

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Esse mecanismo absortivo parece envolver duas etapas: captação a partir da luz

intestinal e transferência para o sangue, que variam de acordo com o tipo do ferro

ingerido (VAZ, 1992).

O ferro heme é absorvido nas células mucosas como um complexo de porfirina

intacto (metaloproteína). A absorção é afetada apenas minimamente pela

composição da refeição e das secreções gastrintestinais (MARTÍNEZ et al., 1999).

Embora o ferro heme represente apenas 5 a 10% do ferro da dieta, o mesmo

contribui com 1/3 do ferro efetivamente absorvido (CZAJKA-NARINS, 1998).

O heme é captado por transporte facilitado pelas células epiteliais do intestino

delgado superior. Na célula epitelial, o ferro é separado do heme por reações

envolvendo a xantina oxidase, sendo transformado na forma férrica (Fe3+)(BEARD et

al., 1996). No citoplasma, a apotransferrina sintetizada na célula da mucosa (M-

apoTf) parece atuar como carreador solúvel de ferro, transferindo 2 átomos de Fe3+

para a apotransferrina plasmática (P-apoTf), levando-o por fim ao plasma (BENITO,

1998).

O ferro não heme consiste, fundamentalmente, em sais de ferro que representam a

maior parte do ferro da dieta, em geral maior que 85% (COOK et al., 1991; ALMEIDA

e NAVES, 2002). Após a ingestão, é ionizado pelo suco gástrico, reduzido ao estado

ferroso (Fe2+), e quelado com substâncias solubilizantes, tais como o ácido

ascórbico, açúcares (lactose, frutose), e aminoácidos que contêm enxofre. Conforme

o quimo passa do estômago para o duodeno, a adição de secreções duodenais

aumenta o pH para 7, ponto no qual a maioria dos íons férricos está precipitada a

não ser que tenha sido quelada. O íon ferroso é significativamente mais solúvel em

pH 7. O mineral, na sua forma solúvel, é condição necessária para absorção no

duodeno e no jejuno superior. (VAZ, 1992; QUEIROZ e TORRES, 1995).

A fixação e transporte do ferro não hemínico nos enterócitos se efetua graças a uma

proteína de transporte intracelular. As células do duodeno e jejuno liberam a

proteína fixadora de ferro denominada transferrina (M-apoTf). No lúmen intestinal, a

transferrina liga-se ao ferro. Dois átomos de ferro podem ser fixados por cada

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molécula de transferrina. Os receptores na superfície da borda em escova do epitélio

intestinal fixam o complexo transferrina-ferro, e este é então captado pelos

enterócitos, provavelmente, por endocitose (CARPENTER, 1992; BEARD et al.,

1996). No citoplasma, a transferrina atua como carreador solúvel de ferro. Muito da

transferrina, após liberar seu ferro, é ressecretada para o lúmem, bem como os

receptores da borda em escova são reciclados de volta para a membrana da borda.

Por fim, o ferro circula no plasma ligado a transferrina plasmática (P-apoTf) (BEARD

et al., 1996).

1.2.3.1. Fatores que Afetam a Absorção de Ferro

A eficiência da absorção de ferro não heme é determinada, até certo ponto, pelos

alimentos em que ele se encontra e ocorre em proporções variáveis. Estes alimentos

podem conter substâncias intensificadoras, como o ácido ascórbico e as proteínas

animais ou conter agentes complexantes, tais como os fitatos e taninos que inibem

sua absorção (RIBEIRO e TONE, 1996; HURRELL, 1997).

O ácido ascórbico é considerado o mais potente intensificador da absorção de ferro,

podendo aumentar, quando presente em uma refeição, três vezes ou mais a

absorção do ferro não heme. Essa vitamina forma um quelato com o ferro que

permanece solúvel e estável, mesmo com o aumento do pH no intestino delgado (ID)

(ALMEIDA e NAVES, 2002). As proteínas animais, especificamente os aminoácidos

cisteína, lisina, histidina, também melhoram a absorção. No entanto, a substância

responsável por esse processo é desconhecida (VAZ, 1992).

O grau de acidez gástrica também melhora a solubilidade e assim a

biodisponibilidade do ferro dos alimentos. A ausência de ácido clorídrico no

estômago ou a administração de substâncias alcalinas, como os antiácidos,

interferem com a absorção desse mineral. O fator intrínseco também aumenta a

absorção do ferro heme devido a sua similaridade estrutural com o heme. (CZAJKA-

NARINS, 1998).

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Os alimentos com alto teor de fitato têm baixa biodisponibilidade de ferro. Aquele

reage com o ferro, formando sais insolúveis que se precipitam na luz intestinal,

inibindo assim a absorção desse mineral. Os compostos fenólicos tais como, os

taninos, também reduzem a absorção do ferro não heme, por formar com este

complexos insolúveis (HALLBERG et al., 1989).

Além destes, outros fatores de menor relevância nutricional podem inibir a absorção

de ferro, tais como os compostos de cálcio e oxalatos. Com relação ao cálcio, a

ingestão de quantidades elevadas pode inibir a absorção de ferro, se ambos

estiverem em uma mesma refeição. Sendo assim, suplementos de cálcio não devem

ser ingeridos junto a refeições-fonte de ferro (ALMEIDA e NAVES, 2002).

1.2.4. Transporte de Ferro

A transferência de ferro das células epiteliais da mucosa para a via sistêmica é mais

lenta do que a captura no lúmen, e é afetada pela quantidade dos depósitos no

organismo e pela quantidade de ferro na dieta. O ferro é liberado das células

mucosas para dentro da circulação geral regulado pela quantidade e saturação da

transferrina (CZAJKA-NARINS, 1998).

A transferrina é uma glicoproteína de origem hepática. Sua função principal consiste

no transporte do ferro entre sítios de absorção, armazenamento, utilização e

excreção, sendo que, o papel mais relevante consiste em ofertar o ferro ao sistema

eritropoético para o processo de hemoglobinogênese (BEARD et al., 1996). Cada

molécula de transferrina transporta dois átomos de ferro na forma férrica (Fe3+)

(QUEIROZ e TORRES, 2000). Os tecidos mais ricos em receptores são os

reticulócitos e o trofoblasto da placenta. Cada reticulócito ativo apresenta,

aproximadamente, 300.000 receptores de membrana para a transferrina

(AHLUWALIA, 1998).

A transferrina é normalmente saturada até um terço de sua capacidade total de

ligação ao ferro (CTLF). Se o ferro não é necessário, a transferrina permanece

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saturada e é menos absorvida a partir das células mucosas. Se o ferro for

necessário, a transferrina está menos saturada quando alcança as células mucosas

intestinais, e mais ferro passa dos enterócitos para a transferrina. As deficiências de

ferro na dieta são refletidas, primeiro, na saturação da transferrina circulante,

reduzindo-a (QUEIROZ e TORRES, 2000). 1.2.5. Armazenamento de Ferro

Cerca de 200 a 1500 mg de ferro são armazenados em todas as células do

organismo porém, especialmente nas células reticuloendoteliais e nos hepatócitos.

No citoplasma dessas células, o ferro combina-se, principalmente, com a

apoferritina, para formar ferritina, a forma de armazenamento do ferro. Quantidades

menores de ferro, no compartimento de depósitos, são armazenadas sob forma

extremamente insolúvel, a hemossiderina (RIBEIRO e TONE, 1996). Isso ocorre,

especialmente, quando a quantidade total de ferro no organismo é maior do que a

capacidade do reservatório de depósito da apoferritina (GUYTON, 1992). O ferro

presente na forma de depósito de ferritina é uma fração solúvel e difusível sendo

removido rapidamente, enquanto o ferro da hemossiderina é liberado lentamente

(CARPENTER, 1992).

Ligado à ferritina ou hemossiderina, o ferro pode ser depositado, no fígado, baço e

medula, até 20 vezes acima da sua quantidade normal (DALMAN, 1991).

Dessa forma, a análise das concentrações de ferritina sérica é importante indicador

dos estoques de ferro do organismo, pois é diretamente proporcional à quantidade

dos níveis de ferro corporal sob a forma de ferritina (QUEIROZ e TORRES, 2000).

1.2.6. Perda Diária

O ferro é perdido pelo organismo, principalmente, por hemorragias, e excretado em

menores quantidades através das fezes, suor e esfoliação normal do cabelo e da

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pele. A maior parte do ferro perdido nas fezes consiste daquele não absorvido, a

partir da ingestão de alimentos. O restante vem da bile e das células esfoliadas do

epitélio gastrintestinal. Quase nenhum ferro é excretado na urina (CZAJKA-NARINS,

1998).

Estima-se que a perda basal nos lactentes seja de, aproximadamente, 0,2mg/dia e

de 0,2 a 0,3mg/dia em crianças de 2 a 6 anos de idade. Na faixa de 6 a 12 anos, as

perdas se situam entre 0,3 a 0,5 mg/dia de ferro por dia. O homem adulto,

entretanto, perde, diariamente, em torno de 1mg de ferro (FAO/WHO, 1988).

A perda sangüínea por ciclo menstrual, na maioria das mulheres, é de 50 a 60ml,

porém algumas delas têm perdas superiores. Isso determina uma excreção de

aproximadamente 20 a 24mg de ferro por ciclo, correspondendo a uma perda de 0,8

a 1mg de ferro ao dia, que se soma às perdas fisiológicas basais do adulto. O fator

que exerce maior influência sobre o volume menstrual é o tipo de contracepção

adotado. O anticoncepcional oral diminui em 50% as perdas menstruais, enquanto

que o dispositivo intra-uterino (DIU) pode aumentá-las, principalmente, durante o

primeiro ano de uso (HILMANN, 1991).

1.2.7. Necessidades e Recomendação Diária de Ferro

A maior parte das necessidades nutricionais de ferro destina-se à formação de

hemoglobina, sendo o restante utilizado na síntese de mioglobina e enzimas

hemínicas (ZUCAS, 1982; LAYRISSE e MARTINEZ-TORRES, 1991).

As exigências derivadas da constante e rápida reciclagem da massa eritrocitária são

minimizadas, devido ao mecanismo de ressíntese de ferro, ocorrendo, portanto, uma

economia endógena no ciclo da utilização do ferro. Por isso, a necessidade de

ingestão de ferro alimentar é bastante reduzida, de maneira que, em condições

fisiológicas, as necessidades basais variam de 0,5 a 1,5mg (QUEIROZ e TORRES,

2000).

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Durante a infância, a adolescência e a gravidez, períodos em que há um rápido

incremento de massa corporal ativa, ocorrem demandas adicionais de produção de

hemoglobina. Do mesmo modo, o período menstrual também implica em uma

demanda aumentada de ferro (HALLBERG, 1992).

Para necessidades basais tão reduzidas, as recomendações de ferro pareceriam

excessivas, desde que, em média, acham-se estabelecidas em patamares 10 vezes

acima do que seriam as demandas biológicas. Isto não ocorre com nenhum outro

nutriente (MICOZZI, 1980; LAYRISSE e MARTINEZ-TORRES, 1988). No entanto,

dois fatores básicos fundamentam esta recomendação. O primeiro resulta da

capacidade da mucosa intestinal de regular a absorção do ferro, em função das

necessidades específicas do organismo, aumentando ou reduzindo sua captação. O

segundo, de natureza extrínseca, deriva da observação de que a absorção do ferro,

a partir de fontes alimentares, é muita baixa, ocorrendo uma enorme discrepância

entre a quantidade desse mineral, determinada pelos estudos laboratoriais sobre

composição de alimentos, e seu efetivo aproveitamento (RUSSO e MARSANO,

1985; LYNCH et al., 1993).

As recomendações de ingestão de ferro são estabelecidas em função da quantidade

e da biodisponibilidade do mineral (ALMEIDA e NAVES, 2002). A Sociedade

Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN, 1990) estimou o potencial de absorção

do ferro da dieta brasileira em 7%, em função do tipo de distribuição desse mineral

nas dietas habitualmente consumidas pela referida população. No quadro 1 estão

apresentadas as necessidades e recomendações nutricionais de ferro para as

diferentes faixas etárias.

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Quadro 1

Necessidades e recomendações nutricionais de ferro para indivíduos, em função da

biodisponibilidade da dieta (7%).

Idade (anos)/Sexo Fe (mg/dia) Necessidades Recomendações

Crianças 1-2 0,61 9 2-5 0,70 10 6-11 1,17 17

Homem 12-16 1,82 26 16+ 1,14 16

Mulheres 12-16 2,02 29

Que menstruam 2,38 35 Após menopausa 0,96 14

Gestante * * Nutriz 1,31 19

Fonte: SBAN, 1990. *Necessidades dependem do estado de ferro antes da gestação

Atualmente, as recomendações de ingestão de micronutrientes, denominadas

Ingestão Dietética de Referência (IDR), propostas pelo Institute of Medicine,

recomenda uma ingestão de ferro que varia com a faixa etária. Lactentes até 6

meses, a ingestão recomendada é de 0,27mg/dia, de 7 a 12 meses 11 mg/dia, de 1

a 3 anos 7 mg/dia, 4 a 8 anos 10mg/dia e para crianças maiores 8 mg/dia (IOM,

2001).

1.3. Deficiência de Ferro

As doenças carenciais ocorrem quando a oferta, a biodisponibilidade e/ou a

utilização biológica dos nutrientes são insuficientes para promover o crescimento e

desenvolver funções normais no organismo (VERAS, 2000).

A deficiência de ferro se instala quando ocorre balanço negativo entre a quantidade

de ferro incorporado a partir da dieta e as necessidades de ferro decorrentes das

perdas fisiológicas e da incorporação de ferro para o crescimento (MORAIS e NETO,

1997). A deficiência sistêmica desse mineral se processa no organismo de maneira

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gradual e progressiva, resultando, em última etapa, no aparecimento da anemia

ferropriva. Desta forma, entende-se que a anemia por deficiência de ferro é uma

manifestação tardia de uma deficiência de ferro crônica (MARTINS et al., 1987).

Esse tipo de anemia é caracterizado, no último estágio, pela produção de eritrócitos

pequenos (microcítica) e concentrações diminuídas de hemoglobina circulante. Isto

representa a etapa final de um longo período de privação de ferro (KASDAN, 1998).

1.3.1. Quadro Epidemiológico

Embora atingindo todas as faixas etárias, a anemia nutricional ferropriva ocorre, com

maior freqüência e gravidade, em mulheres em idade fértil e em crianças menores

de cinco anos (MARTINS et al., 1987; TORRES et al., 1994). As adolescentes

grávidas também estão, freqüentemente, em alto risco.

Essa patologia está, a exemplo de outras doenças de etiologia semelhante, direta ou

indiretamente relacionadas à situação econômica das populações e ao quadro

estrutural de pobreza em que se encontram (HAMEDANI et al., 1991). Entretanto,

outros estudos vêm demonstrando que a deficiência de ferro também vem se

propagando entre populações de países desenvolvidos. (TURCONI e TURCONI,

1992; CARDOSO e PENTEADO, 1994; YIP, 1994; SCHULTINK et al., 1995;

PIZARRO et al., 1998).

Na população brasileira, estudos sobre a prevalência da anemia têm sido

publicados, mas ainda de maneira dispersa (VANNUCHI e SZARFARC, 1992).

Contudo, os dados disponíveis indicam uma alta prevalência de anemia ferropriva

sobretudo em crianças de idade pré-escolar e gestantes. Segundo estudos

realizados em algumas regiões do país, nos últimos 30 anos, estima-se que a

prevalência desse tipo de anemia situa-se entre 22% e 45% (PAHO/WHO, 1994).

Em crianças, tem sido referenciado uma prevalência da ordem de 30% (VANNUCHI

e SZARFARC, 1992). Porém, Beard et al. (1996), estimam que até 50% das crianças

brasileiras são anêmicas.

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A II Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (II PESN, 1998), realizada em

Pernambuco e descrita por Osório (2000), mostrou uma prevalência de anemia no

Estado da ordem de 40%, em crianças menores de 5 anos, sendo o Interior Rural, a

área de maior prevalência (51,4%). Na área metropolitana do Recife, a prevalência

manteve-se similar à do Estado (39,6%). Ferreira (1998), em seu trabalho de tese,

encontrou 70,7% de anemia em pré-escolares da zona da mata sul desse estado.

A Organização Panamericana de Saúde (OPAS)/Organização Mundial de Saúde

(OMS), entretanto, estima que, para cada pessoa com anemia, exista, ao menos,

mais uma com deficiência de ferro sem anemia, o que amplia, de maneira

contundente, a magnitude da deficiência de ferro como um problema de saúde

pública em nível mundial (YIP, 1994; QUEIROZ e TORRES, 2000).

1.3.2. Anemia Como Problema de Saúde Pública

A importância da anemia nutricional como um problema de saúde pública (Quadro

2), tem sido caracterizada mediante os critérios de magnitude da prevalência e/ou

grau de severidade da endemia, segundo critério adotado pela OPAS (1996).

Quadro 2

Anemia nutricional como um problema de saúde pública

Anemia Problema de saúde pública Leve ou Moderada* Grave**

Prevalência (%)

Alto Moderado

Baixo

>40

10,0 – 39,9 1,0 – 9,9

>10,0

1,0 – 9,9 0,1 – 0,9

Fonte: OPAS, 1996

*Hb > 7.0 e < ou =10,9 g/dl **Hb < 7,0 g/dl

Para definição desses graus de anemia, De Maeyer et al. (1991) optou pelas

seguintes categorias: anemia leve quando o teor de hemoglobina situa-se na faixa

de 9,0 e 10,9 g/dl; anemia moderada quando as concentrações de hemoglobina

encontram-se no intervalo de classe de 7,0 e 9,0 g/dl; e anemia grave, quando os

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níveis de Hb têm valores abaixo de 7,0 g/dl. Entretanto, alguns estudiosos têm

utilizado outra recomendação (OMS, 1986) para classificar os graus de anemia

(RODRIGUES et al., 1997; SCHMITZ et al., 1998; BRUNKEN et al., 2002). Nesta

classificação, é considerado anemia moderada quando a Hb for menor que 11g/dl e

maior que 9,5g/dl e, anemia grave, quando os níveis de Hb estiverem abaixo de

9,5g/dl.

1.3.3. Etiopatogenia da Deficiência de Ferro

A revisão da literatura é seguramente conclusiva em incriminar a deficiência primária

ou secundária do ferro como principal fator relacionado à etiologia das anemias

(VITERI, 1993; GUERI, 1996).

Inúmeros fatores conduzem à deficiência de ferro, dentre esses, a ingestão de ferro

inadequada devido à dieta precária, resultado de um consumo insuficiente de ferro

biodisponível ou uso de dietas excessivamente lácteas; abandono precoce do

aleitamento materno (ARAÚJO, 1999); absorção inadequada, devido à diarréia,

acloridria, doença intestinal, gastrite atrófica, gastrectomia parcial ou total ou

interferência por drogas; utilização biológica inadequada, devido aos distúrbios

gastrintestinais crônicos; necessidade de ferro aumentada para o crescimento do

volume sanguíneo, o qual ocorre durante a infância, adolescência, gravidez e

lactação; excreção aumentada devido ao sangue menstrual excessivo nas mulheres,

hemorragia por lesão, perda sanguínea crônica por uma úlcera, varizes esofágicas,

colite ulcerativa, infestações parasitárias ou malignidade; e pela liberação defeituosa

de ferro dentro do plasma a partir de estoques de ferro e utilização defeituosa do

ferro devido a uma inflamação/infecção crônica ou outro distúrbio orgânico crônico

(KASDAN, 1998).

Estas considerações revelam, portanto, o amplo espectro de situações que contribui

para o surgimento da anemia nutricional, ressaltando-se que, na avaliação

conclusiva desses fatores, o problema da biodisponibilidade, mais do que

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simplesmente o quantitativo do consumo, constitui a questão básica na gênese do

problema (BARRET et al., 1994; GROSS et al., 1994).

1.3.4. Sinais e Sintomas da Deficiência de Ferro e suas Conseqüências

É fato amplamente reconhecido que a anemia ferropriva se constitui em um grave

problema de saúde pública, não somente pela elevada magnitude, observada em

crianças e gestantes, como também pelas consequências biológicas e sociais

produzidas, nas formas leve, moderada e severa (WEST, 1996).

Quando a carência se encontra em estágio inicial, as alterações são apenas

evidenciáveis por provas bioquímicas e fisiológicas (ALBUQUERQUE et al., 1988;

KLINE, 1996).

O desenvolvimento cognitivo anormal nas crianças sugere a presença de deficiência

de ferro antes do desenvolvimento de um quadro de anemia patente (POLLIT et al.,

1989). Um outro possível sinal de deficiência precoce é a imunocompetência

reduzida, particularmente, defeitos na imunidade mediada por células e atividade

fagocítica dos neutrófilos que podem levar a uma propensão aumentada à infecção

(DALMAN, 1987; KASDAN, 1998).

Clinicamente, a deficiência de ferro é, frequentemente, diagnosticada em virtude da

anemia secundária à prolongada eritropoiese diminuída. (BEARD E PIÑERO, 1997).

Esse tipo de anemia tem marcantes implicações no processo saúde/doença,

interagindo com outras doenças carenciais e não carenciais, contribuindo para

elevar as estatísticas de morbi-mortalidade (OLIVEIRA, 1990). Como é a

manifestação final de uma deficiência de ferro crônica, os sintomas e sinais refletem

um funcionamento inadequado de uma série de sistemas orgânicos (KASDAN,

1998).

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Na anemia leve, os indivíduos são muitas vezes assintomáticos (ARRUDA et al.,

1996). Os sinais e sintomas clínicos são pouco característicos, com reduzida

especificidade. (KLINE, 1996; ALBUQUERQUE, 1998).

Com o curso dessa carência, há uma redução do rendimento físico, com

conseqüências negativas nas atividades que necessitam de esforço muscular mais

intenso, ocorrendo a fraqueza e o cansaço fácil (LI et al., 1994). Esta evidência é de

fácil entendimento, tendo em conta o papel da hemoglobina nas trocas gasosas que

caracterizam o processo de gasto energético (ARRUDA, 1997). O envolvimento

neurológico se manifesta nas mudanças comportamentais – fadiga, anorexia e pica,

especialmente pagofagia (ato de comer gelo) (KASDAN, 1998). Tem sido destacada

a influência das anemias nos resultados dos testes de desenvolvimento mental,

particularmente em relação aos processos de atenção e memória, reduzindo os

escores que avaliam o rendimento da aprendizagem (WALTER, 1992).

Quando no processo evolutivo, a anemia por deficiência de ferro se torna mais

acentuada, os defeitos se manifestam na estrutura e função dos tecidos epiteliais,

especialmente, língua, unhas, boca e estômago. A pele pode parecer pálida e a

conjuntiva ocular apresentar-se descorada (cor rosa leve), ao invés de vermelha. As

unhas dos dedos se tornam finas e planas e, eventualmente, a coiloníquia (unhas

em forma de colher) se desenvolve. As alterações bucais incluem atrofia das papilas

linguais, queimadura, vermelhidão e, em casos severos, uma aparência

completamente lisa, cerácea e brilhante da língua (glossite). A estomatite angular

também pode se desenvolver, assim como uma forma de disfagia. A gastrite ocorre

frequentemente e pode resultar em acloridria (KASDAN, 1998).

Na gestante, a anemia está associada ao aumento de risco de baixo peso no

nascimento e parto prematuro, assim como ganho de peso inadequado, durante a

gestação (SCHOLI e HEDIGER, 1994)

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1.3.5. Evolução da Deficiência de Ferro

Uma vez estabelecido o balanço corporal negativo de ferro, a deficiência deste

mineral se desenvolve em etapas consecutivas, com aumento escalonado de

gravidade (JOHNSON, 1990; RAPAPORT, 1990; LAYRISSE e MARTINEZ-

TORRES, 1991). São considerados 3 estágios de deficiência de ferro:

- Depleção das reservas corporais de ferro – o organismo utiliza o ferro

armazenado nas reservas corporais para a produção de hemoglobina, ante

o balanço negativo de ferro. Nessa etapa, a taxa de hemoglobina

sangüínea se situa dentro de valores normais, mas se observa diminuição

da ferritina sérica e/ou ausência de ferro medular que caracteriza essa fase

inicial da deficiência de ferro.

- Eritropoiese limitada pela falta de ferro ou deficiência de transporte –

ocorre, com a progressiva utilização das reservas corporais de ferro,

redução da saturação da transferrina, devido à diminuição da quantidade

de ferro na circulação e aumento da produção hepática de transferrina com

elevação da capacidade ferropéxica. A falta de ferro para eritropoiese

acarreta aumento no teor de protoporfirina nos eritrócitos que passam a

apresentar diminuição do volume corpuscular médio. A taxa da

hemoglobina ainda se mantém acima do limite inferior de normalidade.

- Anemia Ferropriva – caracteriza-se por todas as anormalidades descritas

nas fases anteriores e nível de hemoglobina e hematócrito abaixo do limite

inferior de normalidade, com prejuízos funcionais ao organismo, tanto mais

graves quanto maior for essa redução.

A compreensão desse processo é importante, porque oferece fundamentos para a

avaliação criteriosa dos diferentes estágios da deficiência de ferro (KANESHIJE,

1981; KURHADE et al., 1994).

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1.4. Parâmetros de Avaliação do Estado Nutricional de Ferro

Parâmetros laboratoriais fidedignos, utilizados na avaliação do estado nutricional de

ferro, são importantes para detectar a deficiência de ferro, estimar a sua magnitude e

avaliar a eficácia dos programas de intervenção (SKIKNE et al., 1990).

Historicamente, diferentes parâmetros têm sido usados para avaliar o estado de

ferro de um indivíduo, dentre eles, a ingestão dietética, o hematócrito (Ht), o teor de

hemoglobina (Hb), a hemoglobina corpuscular média (HCM), o volume corpuscular

médio (VCM), a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), a

protoporfirina eritrocitária livre (PEL), a coloração de ferro na medula óssea, o ferro

sérico (FeS), a capacidade total ligação de ferro (CTLF), a transferrina sérica, a

saturação de transferrina (%STr), a ferritina sérica (FerS) e, mais recentemente, os

receptores de transferrina sérica (RTfS) (BEARD e PIÑERO, 1997).

Esses parâmetros hematológicos e bioquímicos, em princípio, refletem os três

estágios da carência de ferro e podem ser utilizados isoladamente ou associados no

diagnóstico do estado nutricional de ferro em indivíduos ou populações. No entanto,

quando utilizados isoladamente, nenhum deles é suficientemente sensível ou

específico para o diagnóstico do estado nutricional de ferro (COOK e FINCH, 1979).

Hershko et al. (1981) citam vários estudos que enfatizam uma melhor precisão no

diagnóstico no uso combinado de dois ou mais indicadores de deficiência de ferro.

1.4.1. Hemoglobina

Dentre os parâmetros de avaliação do estado nutricional de ferro, a Hb é o teste

bioquímico mais, frequentemente, utilizado em estudos individuais e

epidemiológicos, isoladamente ou associado com outros parâmetros (ROMANI et al.,

1991; ASSIS et al., 1997; PIZZARO et al., 1998).

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Sabe-se que o estágio final da carência de ferro está associado a um significativo

decréscimo na concentração de Hb (COOK e FINCH, 1979). Essa identificação é

aceitável, quer conceitualmente, uma vez que a deficiência de ferro se traduz,

frequentemente, por concentração subnormal de Hb; quer operacionalmente, dada a

facilidade e baixo custo da análise desse parâmetro (SZARFARC, 1985).

A definição operacional de anemia, em termos dos níveis de Hb, foi estabelecida

pela OMS, adotando-se os critérios de Hb menor 11,0 g/dl para crianças menores de

6 anos e gestantes. Crianças de 6 a 14 anos, mulheres não grávidas e homens são

considerados anêmicos quando os valores de Hb são inferiores a 11,5 g/dl, 12 g/dl e

13 g/dl, respectivamente (WHO, 2001).

No entanto, a utilização da Hb e do hematócrito (Ht) como índices de avaliação do

estado de ferro deve ser interpretada de forma cautelosa, uma vez que esses

parâmetros não possuem uma boa sensibilidade e especificidade, ocasionando um

número significativo de resultados falsos negativo e falsos positivo. A ocorrência de

resultados dessa natureza é plausível, porque há situações patológicas tais como,

policitemia, desidratação, inflamação crônica, infecção crônica, hemorragia,

desnutrição protéico-energético, deficiência de vitamina B12, deficiência de ácido

fólico, e fisiológicas como a gravidez, que também podem alterar os níveis de Hb.

Logo, além da determinação dos níveis de Hb, é necessário o aporte de informações

acerca do estado nutricional e de saúde do indivíduo, quando do uso exclusivo da

Hb para avaliar o estado nutricional de ferro (BEARD e PIÑERO, 1997).

Do mesmo modo, deve ser levado em consideração para interpretação dos valores

de Hb a sua ampla variabilidade entre indivíduos, que diferem com o sexo, faixa

etária, raça, estado fisiológico (BEATON et al., 1989) e a altitude (KOLSTEREN e

VANDERSTUYFT, 1994).

O uso da concentração de Hb tem sido questionado enquanto ferramenta de

diagnóstico da anemia por deficiência de ferro, porque não separa a deficiência de

ferro de outras anemias e patologias, apresenta amplas variações dos valores em

indivíduos normais e é afetada apenas tardiamente na doença (KASDAN, 1998;

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OLIVEIRA e MARCHINI, 1994). Logo, numa perspectiva de ações de caráter

visando a prevenção do quadro carencial, existe a necessidade crescente,

principalmente em países em desenvolvimento, de se utilizar parâmetros que

detectem a deficiência de ferro em estágios iniciais, antes de a hemoglobina estar

significativamente reduzida e mudanças hipocrômicas e microcíticas tenham

ocorrido (HAMEDANI et al., 1991).

1.4.2. Ferritina Sérica

A ferritina sérica é um parâmetro utilizado para avaliar as reservas de ferro

corporais, sendo considerada medida útil por utilizar sangue periférico e apresentar

forte correlação com o ferro em depósito nos tecidos, além do fato de ser avaliada

por métodos com alta precisão, tais como, radioimunoensaio, enzimaimunoensaio ou

quimioluminescência (COOK e FINCH, 1979).

A ferritina oriunda dos macrófagos tem uma meia-vida intravascular de apenas 5 a

10 minutos e é removida do plasma, primariamente, pelas células do parênquima

hepático. Sua função fisiológica, se existe, é desconhecida. No entanto, sua

presença no plasma fornece um método conveniente para avaliar os estoques de

ferro, uma vez que a quantidade de ferritina presente no plasma reflete a quantidade

de ferritina presente nos macrófagos (RAPAPORT, 1990).

Os valores médios da ferritina sérica até os 15 anos de idade são de 30 ng/ml. Na

deficiência de ferro, a ferritina cai consideravelmente, abaixo de 12 ng/ml, e serve

para distinguir uma anemia ferropriva daquela causada por infecção. Geralmente,

nessas duas situações, o ferro e a saturação de transferrina estão baixos, porém,

enquanto a ferritina sérica está baixa na anemia ferropriva, estará normal ou elevada

nas infecções (HALSMAN, 1993).

As concentrações de ferritina também aumentam no soro não refletindo os teores de

reserva do mineral, se o indivíduo apresentar inflamação aguda ou crônica,

deficiência de vitamina B12, deficiência de ácido fólico, enfermidade hepática,

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leucemia, enfermidade de Hodgkin, ingestão de álcool, e hipertireoidismo (BEARD e

PIÑERO, 1997).

Utilizada como único parâmetro na avaliação do estado nutricional de ferro de uma

população, a FerS não constitui bom indicador, pois não fornece informações a

respeito da prevalência de anemia (PAIVA et al., 2000).

1.4.3. Ferro Sérico, Capacidade Total de Ligação de Ferro e

Saturação de Transferrina

Quando as reservas de ferro estão exauridas, qualquer declínio adicional de ferro

corporal é acompanhado por uma redução na concentração de ferro sérico (PAIVA

et al., 2000)

O nível de ferro sérico representa um equilíbrio entre o ferro que entra e que deixa a

circulação. No entanto, apresenta uma grande variabilidade biológica, quando

comparado com outros testes laboratoriais, por sofrer grandes variações diurnas,

sendo mais alto pela manhã que à noite e variar com a idade, sexo, fatores

dietéticos e métodos laboratoriais empregados (HALSMAN, 1993; BRAGA e

FISBERG, 1998). Assim, para maior segurança no diagnóstico, a sua determinação

deveria sempre ser realizada com outras provas laboratoriais de homeostase do

ferro no organismo (BRAGA e FISBERG, 1998).

A análise do FeS está vinculada à da transferrina uma vez que o mineral circula no

plasma ligado à transferrina. O teor plasmático desta proteína é quantificada, na

prática, em termos de quantidade de ferro que pode fixar, valor que é chamado de

capacidade total de ligação do ferro (CTLF) ou transferrinemia (MILLER e

GONÇALVES, 1995). Este parâmetro está menos sujeito à variações biológicas do

que o FeS. Os valores médios normais para a CTLF são de 250 a 400 µg/dl (BRAGA

e FISBERG, 1998).

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Em uma pessoa saudável, a CTLF aumenta à medida que diminuem os estoques de

ferro; uma CTLF elevada, assim como uma FerS baixa, representam evidências de

depleção dos estoques de ferro. Infelizmente, a exemplo da FerS, a presença de

doença hepática crônica dificulta a interpretação da CTLF. A doença crônica deprime

os níveis de transferrina, e, assim, a CTLF geralmente deixa de aumentar em um

paciente com deficiência de ferro e doença crônica (RAPAPORT, 1990).

A porcentagem de saturação de transferrina é mais sensível e apresenta menos

variações (HALSMAN, 1993). É um parâmetro indireto obtido através de dois

indicadores, o FeS e CTLF, sendo então mais útil do que cada teste isolado (BRAGA

e FISBERG, 1998). Esse valor é obtido dividindo-se o teor de FeS pela concentração

da CTLF (MILLER e GONÇALVES, 1995).

Uma vez que o pool de reserva de ferro está esgotado, devido a um balanço

negativo do mineral, a curto ou médio prazos, existe diminuição da saturação de

transferrina, e uma quantidade de ferro menor que a adequada está disponível para

as proteínas corporais que se ligam ao ferro. Os indivíduos no estado de carência de

ferro possuem uma %STr abaixo de 15-16%, indicando um fornecimento de ferro

para a medula óssea insuficiente para manter a eritropoiese normal (BEARD e

PIÑERO, 1997). Entretanto, a %STr pode diminuir nas doenças inflamatórias, assim

como na deficiência de ferro. Nessas circunstâncias, a CTLF vem a ser útil para

distinguir entre as duas condições. Valores de CTLF acima de 400 µg/dl são

fortemente sugestivos de deficiência de ferro, enquanto que valores abaixo de

200µg/dl sugerem doença inflamatória (BRAGA e FISBERG, 1998). Rapapport

(1990) ressalta, também que, na doença crônica, como o FeS e a CTLF caem, esse

coeficiente de saturação se eleva, mas pode não chegar a mais de 15%. Por isso,

deve ser evitado o uso desse parâmetro na distinção da anemia ferropriva, da

anemia por doença crônica.

Níveis de FeS e CTLF são de uso limitado na rotina diagnóstica, em países em

desenvolvimento, devido, principalmente, ao seu elevado custo operacional.

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1.4.4. Protoporfirina Eritrocitária Livre

Outro parâmetro de avaliação do ferro disponível aos tecidos é a PEL, uma vez que

a redução no suprimento de ferro para síntese do heme nos eritrócitos resulta em

aumento na concentração da protoporfirina livre no interior dessas células (COOK e

FINCH, 1979).

Quando há deficiência de ferro, a protoporfirina eritrocitária fica disponível , e o zinco

então substitui o ferro, formando a zinco protoporfirina (ZnPP), composto que é

mensurável ao nível do eritrócito. Apesar de essa molécula poder se combinar com a

globina e circular, em virtude da presença de zinco, ela não pode se ligar ao

oxigênio (KASDAN, 1998).

A concentração de protoporfirina pode ser determinada diretamente no sangue ou

através da medida de zinco-protoporfirina, cuja análise tem sido preferencialmente

escolhida pela maioria dos pesquisadores, na medida em que sua determinação é

feita de forma simples, rápida, com ajuda de aparelhos que medem a fluorescência

da protoporfirina (hematofluorômetros), utilizando apenas uma gota de sangue e

emitindo o resultado em poucos minutos (COOK e FINCH, 1979; HASTKA et al.,

1994).

Importante vantagem da avaliação dos teores de ZPP, frente a %STr, é a sua maior

estabilidade, sensibilidade e especificidade, somente aumentando após várias

semanas de uma eritropoiese ferro-deficiente (BEATON et al., 1989)

Os pontos de corte utilizados para a zinco-protoporfirina, acima do qual

caracterizaria uma deficiência de ferro, varia de 40 a 80 µmol/mol heme (HASTKA et

al., 1994; HARSTKA et al., 1996; RETTMER et al., 1999)

A relação entre a PEL e a hemoglobina constitui um índice útil no diagnóstico da

anemia ferropriva e a distingue de outras patologias que causam microcitose e

hipocromia, como a talassemia, onde o valor da PEL é normal. Na anemia ferropriva,

este índice está aumentado, como também na anemia devido à doença crônica e na

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intoxicação por chumbo. Porém, os valores encontrados na intoxicação por chumbo

são muito maiores (RAPAPPORT, 1990; HALSMAN, 1993; BRAGA e FISBERG,

1998).

Paiva et al. (2000), em uma revisão sobre parâmetros de avaliação do estado

nutricional de ferro, concluíram que a avaliação da deficiência de ferro no organismo

é melhor realizada por uma combinação de vários parâmetros hematológicos e

bioquímicos. A escolha dos parâmetros deve levar em consideração as

características inerentes ao indivíduo ou grupo populacional, a prevalência e

severidade da deficiência, o custo, a complexidade metodológica e a suscetibilidade

a erros laboratoriais. Ainda deve ser avaliado, criteriosamente, a escolha dos pontos

de corte a serem adotados, considerando sempre o tipo da população, as

recomendações da OMS (2001) e de estudos científicos, bem como as

características da metodologia utilizada.

1.4.5. Pontos de Corte dos Parâmetros Bioquímicos

Vários estudos têm sido realizados para avaliar o estado nutricional de ferro,

utilizando um ou mais parâmetros bioquímicos. Os estudos mais recentes, com os

seus parâmetros de avaliação e os seus valores indicativos de deficiência estão

descritos no Quadro 3.

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Quadro 3 - Pontos de corte dos parâmetros bioquímicos de avaliação do estado nutricional de ferro, encontrados na literatura científica especializada

População

Hb (g/dl) FerS (ng/ml) PEL (µmol/mol heme)

FeS (µg/dl)

CTLF (µg/dl)

%STr (%) Referências

< 60 meses < 11 *Categorias:

10,9|-9,0 – A leve 9,0|-7,0 – A Moder

< 7,0 – A Grave

Oliveira et al., 2002 *De Maeyer, 1991

< 36 meses < 11 – Anemia < 9,5 – A Grave

Brunken et al., 2002

0 a 36 meses < 11 --- --- --- --- --- Silva et al., 2001 6m a 6 anos < 11 --- --- --- --- --- Newman et al., 2000 0 a 12 meses < 11 < 12 30,5 --- --- --- Kilbri et al., 2000

Infância < 11 < 12 --- --- --- < 16 Queiroz e Torres, 2000 (Revisão)

6 a 59 meses < 11 --- --- --- --- --- Monteiro et al., 2000 Revisão < 11 Indefinido

10,12,20 > 60 (40 – 70) < 72,2 > 390 < 15 a 16 Paiva et al., 2000

(Revisão) gestante

adolescentes

< 11

< 12 *Reserva Fe Grave < 12

Moderada 12 |- 18 Leve 18 |- 24

---

---

---

< 16

Fujimori et al., 2000 *OPAS, 1996

9m a 18 anos < 11 < 10 > 80 --- --- < 16 Rettmer et al., 1999 2 a 5anos 6 a 15anos

16 a 15 anos

< 10 < 11 < 12

<12 < 12 < 12

> 40 > 40 > 40

---

---

---

Asobayire et al., 1999

< 36 meses >= 11Não Anemico 9,5 |- 11 – A Moder.

< 9,5 – A Grave

< 10 --- --- --- --- Schmitz et al., 1998

12 a 18 meses < 11 – Anemia < 9,5 – A Grave

--- --- --- --- --- Rodrigues et al., 1997

6m a 6 anos < 11 --- --- --- --- --- Souza et al., 1997 1 – 72meses >= 11Não Anemico

9,5 |- 11 – A Moder. < 9,5 – A Grave

--- --- --- --- --- Assis et al, 1997

Infância < 11 < 12 --- < 50 > 400 --- Ribeiro e Tone, 1996 46

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Quadro 3 - Pontos de corte dos parâmetros bioquímicos de avaliação do estado nutricional de ferro, encontrados na literatura científica especializada. (Continuação)

População Hb (g/dl) FerS (ng/ml) PEL (µmol/mol heme)

FeS (µg/dl)

CTLF (µg/dl)

Str (%) Referências

Adultos < 10 – Anemia Grave 10|-12 - A. Moderada

>= 12 – Normal

> 40 --- --- < 15 Hastka et al., 1996

< 6 anos --- < 12 --- --- --- --- Kuizon et al., 1996 Revisão < 11 --- --- --- --- --- Szarfarc et al., 1995 adultos < 10 – Anemia Grave

10|-12 - A. Moderada >= 12 – Normal

< 20 > 40 --- --- < 16 Hastka et al., 1994

6 a 23 meses < 11 --- --- --- --- --- Torres et al., 1994 Revisão < 11 < 12 43,6 < 50 > 400 < 16 Halsman, 1993 1 –3a 4 – 7a

< 11 < 11

< 10 < 10

--- --- --- < 12 < 14

Taylor et al., 1993

6m – 4a < 11 < 12 --- < 50 --- < 16 Morais et al., 1992 6 a 71meses < 11 --- --- --- --- --- Romani et al. , 1991 2 a 35 anos =< 11,5 < 10 --- < 36,7 > 398 --- Hamedani et al., 1991

0 – 24 meses >= 11Não Anemico 9,5 |- 11 - A. Moder.

< 9,5 – A. Grave

--- --- --- --- --- Moura et al., 1990

Adultos --- < 12 61 < 50 > 400 < 16 Johnson, 1990 2,8 a 10 anos --- < 12 --- --- --- --- Galan et al., 1989

< 5anos < 11 Anemia < 9,5 – A. Grave

--- --- --- --- --- Monteiro e Szarfarc, 1987

6 – 60m < 11 --- --- --- --- --- Salzano et al., 1985 1 –2a 3 – 4a

5 – 10a

--- --- < 10 < 10

70 65,3 61

--- --- < 12 < 14 <15

ASCN, 1985 (NHANES II)

6 a 60 meses < 11 --- --- --- --- --- Szarfarc, 1985 1 a 6 anos < 11 < 16 > 40 < 50 > 450 < 16 Hershhko et al.,1981 ASCN – American Society for Clinical Nutrition 9µmol/l = 50 µg/dl NHANES II – Second National Health and Nutrition Examination Survey 1µmol/l = 5,6 µg/dl RBC - unidades por dl de red blood cells (RBC) µg/l = ng/ml 1kg = 1000g(gm) g/l =mg/ml 1g = 1000mg = 0,001g = 10 –3g 1mg = 1000mcg ou µg = 10-6g 1ng = 10-9g 1l = 1000ml 1dl = 100ml

47

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1.5. Justificativa

Atualmente, a anemia nutricional ferropriva configura o problema dominante no

quadro das doenças carenciais, sobretudo em crianças, gestantes e mulheres em

idade fértil, constituindo-se um problema de importância epidemiológica ainda não

devidamente avaliado.

No Brasil, tem-se observado, no grupo pré-escolar, uma elevada prevalência dessa

carência nutricional. No entanto, ainda são pontuais, e restritas as informações sobre

a deficiência de ferro que, em princípio, precederia a anemia ferropriva.

Na avaliação dessa deficiência, embora haja uma variedade considerável de

parâmetros, persistem ainda indefinições, quanto ao teste ou testes de diagnóstico

mais adequados, principalmente, na identificação dos estados marginais de

deficiência do mineral.

Logo, a determinação da prevalência de carência em ferro e da anemia, a partir de

parâmetros de maior poder de discriminação diagnóstica, contribuirá para detecção

mais precoce dessa deficiência e, consequentemente, para uma ação terapêutica e

preventiva em tempo hábil, evitando os efeitos deletérios causados pelas alterações

patológicas e complicações decorrentes do agravamento do quadro carencial.

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2. OBJETIVOS

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2.1. Geral Avaliar o estado nutricional de ferro de crianças menores de 5 anos de creches

públicas da cidade do Recife, a partir de parâmetros bioquímicos específicos.

2.2. Específicos

- Estimar a prevalência de deficiência de ferro em termos de reservas

corporais, eritropoiese e hemoglobinogênese.

- Correlacionar o estado nutricional de ferro com as variáveis sexo e idade.

- Determinar o grau de associação entre os diferentes parâmetros

bioquímicos utilizados na avaliação do estado nutricional de ferro.

- Avaliar o poder de discriminação diagnóstica dos parâmetros bioquímicos

isolados e/ou combinados, na identificação do quadro carencial, a partir de

pontos de corte usualmente recomendados na literatura especializada.

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3. METODOLOGIA

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3.1. Desenvolvimento do Trabalho O trabalho foi desenvolvido tendo como base de dados o Estudo sobre Carências de

Vitaminas e Minerais em Pré-escolares dos Municípios de João Pessoa e Recife

1997- 1999, realizado através de convênio entre o Centro de Investigação em

Micronutrientes da Universidade Federal da Paraíba (CIMICRON/UFPB), Ministério

da Saúde (MS), Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), Prince Leopold

Institute of Tropical Medicine – Antuérpia, Bélgica (ITM-BÉLGICA) e o Departamento

de Nutrição da Universidade Federal da Pernambuco (DN/UFPE) (Anexo 1)

3.2. Desenho do Estudo Foi desenvolvido um estudo de corte transversal, visando determinar o estado

nutricional de ferro de pré-escolares de ambos os sexos, institucionalizados em

creches municipais da cidade do Recife, mediante avaliação dos parâmetros

hemoglobina, ferritina sérica, protoporfirina eritrocitária livre, ferro sérico, capacidade

total de ligação de ferro e percentual de saturação da transferrina.

3.3. Área de Estudo O estudo foi realizado em creches públicas pertencentes ao município do Recife,

Estado de Pernambuco, no ano de 1999.

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3.4. População do Estudo

O estudo envolveu crianças menores de 5 anos, de ambos os sexos, regularmente

matriculadas em creches públicas da cidade do Recife, no ano de 1999. A

população do estudo foi constituída de 2500 crianças, potencialmente elegíveis para

o estudo.

Critérios de exclusão:

• Crianças que referiram a ingestão de suplementos vitamínicos e/ou minerais,

trinta dias prévios à coleta de dados (Anexo 2).

• Crianças das quais não foi obtido o consentimento por escrito dos pais ou

responsáveis para participação na pesquisa (Anexo 3 e 4)

3.5. Amostragem 3.5.1. Tamanho Para determinação do tamanho amostral, adotou-se uma estimativa de prevalência

de deficiência de ferro de 40%, baseado nos dados de estudo relatado por Osório

(2000), envolvendo crianças de Pernambuco, no ano de 1998. Trabalhou-se com

uma precisão de 9% dessa estimativa e uma confiabilidade de 95%.

Para determinação do tamanho amostral, foi utilizada a fórmula 1 (Lwanga e Tye,

1987):

n1 = Z2 . p. (1 – p)/D2 (Formula 1)

Onde:

Z = abcissa da curva normal correspondente ao nível de confiança

p = prevalência estimada de 40%

D = margem de erro

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Considerando-se uma base populacional de referência, da ordem de 2500 crianças

na idade pré-escolar, freqüentando as creches municipais da cidade do Recife, no

ano de 1999, e, portanto, uma população finita, corrigiu-se o tamanho da amostra

utilizando-se a fórmula 2 (Lwanga e Tye, 1987):

n = ___n1____ (Fórmula 2)

1 + (n1/N)

Onde:

n = tamanho da amostra

N = tamanho da população

O n amostral foi estimado em 114 indivíduos. Em virtude das eventuais perdas,

optou-se em corrigir o tamanho da amostra em 15%, perfazendo um total de 137

indivíduos. Tendo em vista a análise da prevalência, segundo variáveis com

diferentes graus de desagregação (idade, por exemplo), conforme explicitado em um

dos objetivos específicos do estudo, trabalhou-se com uma amostra total de 162

crianças.

3.5.2. Seleção da Amostra

A casualização das unidades amostrais foi realizada utilizando-se um processo do

tipo aleatório, segundo a técnica de amostragem sistemática. Para tanto foi definido

o intervalo amostral, de acordo com a equação descrita na fórmula 3.

..N.. = K (Fórmula 3)

n

Onde:

n = tamanho da amostra

N = tamanho da população

K = intervalo amostral

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Após o cálculo do intervalo amostral (K), fez-se um sorteio entre os números 1,2....K,

onde o número sorteado foi chamado de início amostral (i). Logo, nestas condições,

com apenas este sorteio, toda a amostra fica selecionada, sendo composta de

unidades amostrais que tenham recebido os seguintes números (ou ocupem a

posição correspondente), considerando-se a frequência acumulada das crianças,

segundo as creches identificadas no município de Recife:

i

i + K

i + 2K

i + 3K

.

.

.

i + (n-1)K

3.6. Métodos e Técnicas de Avaliação Para análise dos parâmetros bioquímicos, procedeu-se a coleta de 5 ml de sangue

por punção venosa cubital, pela manhã, com a criança em jejum de 12 horas. As

amostras foram colhidas por pesquisadores do Centro de Investigação em

Micronutrientes/Universidade Federal da Paraíba (CIMICRON/UFPB).

Após a coleta, para determinação das concentrações de cada parâmetro, foi

realizado o processamento e a análise do material a partir dos métodos e técnicas

específicos.

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Hemoglobina

Processamento e Análise

Para a determinação das concentrações de hemoglobina, foi utilizado,

aproximadamente, 1 ml de sangue. As amostras foram armazenadas em tubos de

5ml com anticoagulante (EDTA). A sua análise foi realizada no CIMICRON/UFPB, e

para isto utilizou-se o método de cianometahemoglobina e a leitura foi realizada em

espectofotômertro (DE MAEYER et al.,1991). A hemoglobina foi medida em gramas

por decilitro (g/dl) e a anemia foi diagnosticada quando a concentração de

hemoglobina foi inferior a 11 g/dl, adotando-se o critério proposto pela Organização

Mundial de Saúde para crianças de 6 meses a 6 anos. (WHO, 2001).

Ferritina Sérica

Processamento e Análise

Os teores de ferritina sérica foram determinados pelo método ELISA (DE MAEYER

et al.,1991), no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Lauro

Wanderley - UFPB. A ferritina sérica foi medida em nanogramas por mililitro (ng/ml)

e foram considerados como deficientes os valores inferiores a 12 ng/ml (MORAIS et

al., 1992; KUIZON et al., 1996; KILBRI et al., 2000).

Protoporfirina Eritrocitária Livre

Processamento e Análise

Os teores de PEL foram determinados pelo método protofluor Z (DE MAEYER et

al.,1991), no Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini, em Belo Horizonte-MG. A

PEL foi medida em micromoles por mol de heme (µmol/mol heme) e foram

considerados como deficientes os valores superiores a 40 µmol/mol heme

(HERSHHKO et al., 1981; ASOBAYIRE et al., 1999).

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Ferro Sérico

Processamento e Análise

Os teores de ferro sérico foram avaliados pelo método colorimétrico com ferrozine

(DE MAEYER et al.,1991), no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Universitário Lauro Wanderley - UFPB. O ferro sérico foi medido em microgramas

por decilitro (µg/dl) e foram considerados como deficientes os valores inferiores a 50

µg/dl (MORAIS et al., 1992; RIBEIRO e TONE, 1996).

Capacidade Total de Ligação do Ferro

Processamento e Análise

As concentrações da CTLF foram mensuradas pelo método colorimétrico com

ferrozine (DE MAEYER et al.,1991), no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Universitário Lauro Wanderley - UFPB. A CTLF foi medida em microgramas por

decilitro (µg/dl) e foram considerados como deficientes os valores superiores a 400

µg/dl (RIBEIRO e TONE, 1996).

Saturação de Transferrina

O percentual de saturação de transferrina foi obtida, a partir dos resultados do ferro

sérico e da CTLF, utilizando-se a fórmula 4:

FeS x 100 (Fórmula 4)

CTLF

Foram considerados como deficientes os valores inferiores a 16% (HERSHKO et al.,

1981; MORAIS et al., 1992; RETTMER et al., 1999).

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3.7. Análise dos Dados No algorítimo de análise proposto (Fluxograma 1), as variáveis contínuas foram

testadas, inicialmente, segundo o critério de normalidade de distribuição (Teste de

Kolmogorov-Smirnov). As variáveis que não apresentaram uma distribuição

gaussiana ou simétrica, sofreram transformação logarítimica, objetivando-se

trabalhar primordialmente com testes estatísticos paramétricos.

A homogeneidade das variáveis sexo, idade e parâmetros bioquímicos foi testada

pelo teste do Qui-quadrado. Na descrição das proporções procedeu-se uma

aproximação da distribuição binomial à distribuição normal pelo intervalo de

confiança de 95%. Essas proporções foram comparadas pelos testes de Qui-

quadrado de Pearson (análise bivariada), com correção de Yates, quando aplicável,

foi utilizado o teste do Qui-quadrado de tendência linear e intervalo de confiança (IC)

(Fluxograma 2).

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FLUXOGRAMA 1 - ALGORÍTIMO DE ANÁLISE

*

*

* Análise equivalente

VARIÁVEL CONTÍNUA

TESTEKOLMOGOROV-SMIRNOV

DISTRIBUIÇÃO NORMAL (p> 0,05)

DISTRIBUIÇÃO NÃO NORMAL (p< 0,05)

UNIVARIADA BIVARIADA MULTIVARIADA TRANSFORMAÇÃO DA VARIÁVEL

(LOG 10)

TESTEKOLMOGOROV-SMIRNOV

DISTRIBUIÇÃONORMAL (p> 0,05)

DISTRIBUIÇÃO NÃO NORMAL (p< 0,05)

MÉDIA

DP

CORRELAÇÃO DE PEARSON

TESTE “ t ” STUDENT

ANOVA

TESTE DE LEVENE

HOMOGÊNEO (p>0,05)

NÃO HOMOGÊNEO (p< 0,05)

TESTE DE SCHEFFÉ (post hoc)

TESTE DE KRUSKAL-WALLIS

UNIVARIADA BIVARIADA MULTIVARIADA

MEDIANA

PERCENTIL

TESTE DE KRUSKAL-

WALLIS

TESTE DE MANN

WHITNEY-U

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FLUXOGRAMA 2 - ALGORÍTIMO DE ANÁLISE

VARIÁVEL CATEGÓRICA

UNIVARIADA BIVARIADA MULTIVARIADA

PROPORÇÃO INTERVALO DE CONFIANÇA

QUI-QUADRADO QUI-QUADRADO

INTERVALO DE CONFIANÇA

5960

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O poder de discriminação diagnóstica foi mensurado tomando-se como base o

diagrama 1. A sensibilidade e a especificidade dos parâmetros do ferro foram

avaliados, respectivamente, pelas fórmulas 4 e 5 e os valores preditivos pelas

fórmulas 6 e 7.

Diagrama 1

Poder de Discriminação de um Teste Diagnóstico

Doença (Padrão – ouro) + -

+ VP FP Teste

- FN VN

Onde: VP = Verdadeiro Positivo

FP = Falso Positivo

VN = Verdadeiro Negativo

FN = Falso Negativo

Sensibilidade = VP x 100 (Fórmula 4)

VP + FN

Especificidade = VN x 100 (Fórmula 5)

VN + FP

Valor Preditivo + =___VP___ x 100 (Fórmula 6)

VP + FP

Valor Preditivo - =___VN___ x 100 (Fórmula 7)

FN + VN

Utilizou-se como padrão – ouro, parâmetros representativos de cada estágio de

alteração do estado nutricional de ferro. A ferritina sérica (< 12 ng/dl), como

indicativo de depleção das reservas de ferro; a protoporfirina eritrocitária livre,

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representando o estagio referido como eritropoiese ferro-deficiente (> 40 µmol/mol

heme); e a hemoglobina (< 11 g/dl), para identificar anemia.

Foi adotado o nível de significância de 5% para o teste de normalidade das

variáveis, bem como, para a rejeição da hipótese de nulidade.

A construção do banco de dados e a análise estatística foram desenvolvidas no

programa estatístico Statistical Package for Social Sciences - SPSS for Windows,

versão 8.0.

3.8. Considerações éticas

O projeto de investigação foi aprovado pelos comitês de ética do Hospital

Universitário Lauro Wanderley – UFPB (Anexo 5) e do Prince Lepold Institute of

Tropical Medicine – Antuérpia, Bélgica (Anexo 6), de acordo com as normas

internacionais para pesquisas envolvendo seres humanos.

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4. RESULTADOS

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Este capítulo descreve a amostra estudada, no que se refere às características

demográficas, parâmetros bioquímicos avaliados (Hb, FerS, PEL, FeS, CTLF e

%STr) e a prevalência de deficiência de ferro e anemia. Em seguida, são

apresentados os resultados das análises bivariadas, avaliando-se a relação do

estado nutricional de ferro, a partir dos parâmetros bioquímicos, com as variáveis

demográficas, bem como, a correlação entre esses parâmetros. Ao final é exibido o

poder de discriminação dos parâmetros bioquímicos isolados e associados, como

testes de diagnóstico do estado nutricional de ferro, mediante a avaliação da

sensibilidade, especificidade e valores preditivos.

4.1. Características Gerais da Amostra Na avaliação dos parâmetros bioquímicos, a Hb teve suas concentrações analisadas

em 153 crianças. A perda de 5,5% das análises foi ocasionado pela hemólise,

coagulação e volume insuficiente de sangue coletado. Com relação aos demais

parâmetros, as amostras analisadas foram menores do que o mínimo prescrito no

plano amostral, devido, principalmente, a perda do material biológico e ao custo para

o processamento e análise. No entanto, todos parâmetros apresentaram uma

amostra representativa da população de estudo. A FerS foi avaliada em 130

crianças, a PEL em 135, o FeS em 148, a CTLF em 150 crianças e a %STr foi

calculado a partir dos dados de 148 crianças, que apresentavam, simultaneamente,

resultados, tanto do FeS, quanto da CTLF.

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As características demográficas da amostra estão representadas nas tabelas 1 e 2.

Observa-se, que a distribuição da amostra não diferiu significativamente (χ2 = 3,6; p

= 0,06) quanto ao sexo, mas apresentou-se heterogênea com relação à variável

idade (χ2 = 37,4; p = 0,00). A distribuição etária variou de 8,4 a 59,7 meses, com

percentual significativamente menor de crianças menores de 12 meses (3,1%).

Tabela 1 – Distribuição da amostra de crianças menores de 5 anos, segundo o sexo,

em creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Sexo n % IC*

Masculino 93 57,4 49,4 – 65,1

Feminino 69 42,6 34,9 – 50,6

Total 162 100,0

* Intervalo de Confiança de 95%

Tabela 2 – Distribuição da amostra de crianças menores de 5 anos, por faixa etária,

em creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Idade (Meses)

N % IC*

0 |- 12 5 3,1 1,1 – 7,4

12 |- 24 27 16,7 11,4 – 23,5

24 |- 36 50 30,9 24,0 – 38,7

36 |- 48 42 25,9 19,5 – 33,5

48 |- 60 38 23,5 17,3 – 30,9

Total 162 100,0

* Intervalo de Confiança de 95% χ2 = 37,4 p = 0,00

4.2. Estado Nutricional de Ferro

4.2.1. Hemoglobina

A variável hemoglobina (Hb) apresentou uma distribuição normal (K-S Z = 0,9;

p=0,34), com média de 10,6 g/dl (DP = 1,4) (Fig. 1).

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Figura 1 – Curva de distribuição dos níveis de hemoglobina em crianças menores de

5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

n

Das crianças avaliadas, 55,6% (95% IC 47,3 – 63,5) apresentaram valores de Hb

menores que 11,0 g/dl e, portanto, consideradas anêmicas, segundo critério

recomendado pela WHO (2001) (Fig. 2).

Figura 2 – Distribuição dos níveis de hemoglobina em crianças menores de 5 anos

de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

44,4%

55,6% Normal (>=11g/dl)

Deficiente (<11g/dl)

Hemoglobina (g/dl)

13,5013,00

12,5012,00

11,5011,00

10,5010,00

9,509,00

8,508,00

7,507,00

30

20

10

0

n = 153 X = 10,6 DP = 1,4 K-S Z = 0,9 p = 0,34

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Considerando-se a classificação proposta por De Maeyer et al.(1991), concernente

ao grau de comprometimento da anemia, pode-se observar uma predominância

significativa da sua forma leve (Hb 9,0 |- 11,0) (40,6%; 95% IC 32,8 – 48,8). Foi

averiguado também que 15% (95% IC 10,0 – 21,9) das crianças apresentavam

anemia moderada (Hb 7,0 |- 9,0), e nenhum caso foi encontrado da forma grave da

doença ( Hb < 7,0) (Fig. 3).

Figura 3 – Distribuição das formas de anemia em crianças menores de 5 anos de

creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Fonte: Classificação de De Maeyer et al., 1991

No entanto, utilizando-se a classificação dos graus de anemia para crianças

menores de 5 anos, recomendada pela OMS (1986), e adotada por outros autores

(RODRIGUES et al., 1997; ASSIS et al., 1997; SCHMITZ et al., 1998; BRUNKEN et

al. 2002), observou-se que 37,3% (95% IC 29,7 – 45,5) das crianças apresentavam

anemia moderada (Hb 9,5 |- 11,0) e 18,3% (95% IC 12,7 – 25,5) anemia grave (Hb <

9,5) (Fig. 4).

0

10

20

30

40

50

60

Anemia Leve (9,0 |- 11,0)

Anemia Moderada(7,0 |- 9,0)

Hemoglobina (g/dl)

%

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Figura 4 – Distribuição das formas de anemia em crianças menores de 5 anos de

creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Fonte: Recomendado pela OMS, 1986 e adotado por

Rodrigues et al., 1997; Assis et al., 1997 e Schmitz et al., 1998; Brunken et al., 2002

Considerando-se os níveis de Hb, como parâmetro isolado na avaliação da presença

ou não de anemia, e a categorização da anemia nutricional como problema de

saúde pública, segundo definição da OPAS (1996), verificou-se que a amostra

estudada apresentou uma prevalência acima de 40%, o que caracterizaria a anemia

como um problema de saúde pública do tipo grave, independente dos critérios

adotados na classificação da anemia, em termos de intensidade do quadro

carencial.

4.2.2. Ferritina Sérica

A variável ferritina sérica (FerS) mostrou, ao teste de normalidade, uma distribuição

não gaussiana (K-S Z = 1,6; p= 0,009). Após transformação logarítimica (Log10), a

curva mostrou uma distribuição normal (K-S Z = 0,7; p = 0,74), com média e desvio

padrão de 1,20 ± 0,32 ng/ml (Fig. 5).

0

10

20

30

40

50

Anemia Moderada ( 9,5 |- 11,0)

Anemia Grave (< 9,5)

Hemoglobina (g/dl)

%

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Figura 5– Curva de distribuição dos níveis de ferritina sérica em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município do Recife/PE - 1999.

n

O resultado da análise da FerS demonstra que, das crianças avaliadas, 30,5%

apresentavam valores abaixo 12 ng/ml, o que representaria depleção das reservas

de ferro do organismo (Tab. 3). No entanto, a OPAS (1996) já considera depleção

das reservas, do tipo leve, quando a FerS encontra-se abaixo de 24 ng/ml.

Utilizando-se esse ponto de corte, pode ser observado uma prevalência de

deficiência das reservas de ferro da ordem de 67,9% (Tab. 3).

Tabela 3 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica em crianças menores de 5 anos

de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

FerS (ng/ml) N % % acumulado <12 40 30,5 30,5

12 |- 18 35 26,7 57,3

18 |- 24 14 10,7 67,9

≥ 24 42 32,1 100,0

Total 131 100,0

n = 130 X = 1,20 DP = 0,32 K-S Z = 0,7 p = 0,74

Ferritina sérica (ng/ml - valores em Log 10)

2,001,88

1,751,63

1,501,38

1,251,13

1,00,88

,75,63

,50,38

,25

30

20

10

0

Ferritina sérica (ng/ml – valores em Log10)

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PEL ( mol/mol heme - valores em em Log10)

2,382,31

2,252,19

2,132,06

2,001,94

1,881,81

1,751,69

1,631,56

1,501,44

1,38

30

20

10

0

4.2.3. Protoporfirina Eritrocitária Livre

Os valores de protoporfirina eritrocitária livre (PEL), a exemplo do comportamento

dos níveis de FerS, também apresentaram uma curva de distribuição assimétrica (K-

S Z = 2,4; p = 0,00). No entanto, após transformação logarítmica (Log10), as

concentrações de PEL passaram a ter distribuição normal (K-S Z = 1,2; p = 0,13),

apresentando uma média e DP de 1,73 ± 0,19µmol/mol heme, respectivamente (Fig.

6).

Figura 6 – Curva de distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE - 1999.

n

Cerca de 70% (95% IC 61,0 – 77,1) das crianças avaliadas apresentavam níveis de

PEL acima do ponto de corte de 40 µmol/mol heme, o que, em princípio, refletiria um

estado nutricional de ferro inadequado com eritropoiese deficiente, sem que,

necessariamente, a anemia esteja instalada. Entretanto, considerando-se os pontos

de corte citados, em menor freqüência, em outros estudos, verifica-se que houve

uma redução da prevalência de eritropoiese deficiente, situando-se em torno 32,6%,

n = 135 X = 1,73 DP = 0,19 K-S Z = 1,2 p = 0,13

PEL (µmol/mol heme – valores em Log10)

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quando da utilização do limite de risco de 60µmol/mol heme, e de 16,3%, quando

adotado o ponto de corte de 80µmol/mol heme (Tab. 4).

Tabela 4 – Distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

PEL (µmol/mol heme)

N % % acumulado

>80 22 16,3 16,3

80 |- 60 22 16,3 32,6

60|- 40 50 37,0 69,6

≤ 40 41 30,4 100,0

Total 135 100,0

4.2.4. Ferro Sérico

Os valores do ferro sérico apresentaram distribuição normal (K-S Z = 0,9; p =0,42),

com média de 44,8 µg/dl e desvio padrão de 28,7 µg/dl (Fig. 7).

Figura 7 – Curva de distribuição dos níveis de ferro sérico em crianças menores de

5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

n

n = 148 X = 44,8 DP = 28,7 K-S Z = 0,9 p = 0,42

Ferro sérico (ng/dl)

150,0140,0

130,0120,0

110,0100,0

90,080,0

70,060,0

50,040,0

30,020,0

10,00,0

30

20

10

0

Ferro sérico (µg/dl)

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A prevalência de teores considerados deficientes (< 50 µg/dl) foi de 62,2% (95% IC

53,8 – 69,9) (Fig. 8).

Figura 8 - Distribuição dos níveis de ferro sérico em crianças menores de 5 anos de

creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

4.2.5. Capacidade Total de Ligação do Ferro

Os valores da capacidade total de ligação do ferro (CTLF) mostraram distribuição

normal (K-S Z = 0,8; p = 0,55), com média de 308,8µg/dl (DP = 60,3) (Fig. 9).

Figura 9 – Curva de distribuição dos níveis da capacidade total de ligação do ferro

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE - 1999.

n

n = 150 X = 308,8 DP = 60,3 K-S Z = 0,8 p = 0,55

Capacidade Total de Ligação de Ferro ( g/dl)

540,0520,0

500,0480,0

460,0440,0

420,0400,0

380,0360,0

340,0320,0

300,0280,0

260,0240,0

220,0200,0

180,0

40

30

20

10

0

Capacidade Total de Ligação do Ferro (µg/dl)

37,8%

62,2%Normal (>= 50µg/dl)Deficiente (< 50µg/dl)

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Observa-se que há um grande desvio dos teores da CTLF à esquerda da curva de

distribuição, mostrando que, em termos proporcionais, apenas 8,0% (95% IC 4,4 –

13,9) das crianças apresentaram níveis de CTLF acima do ponto de corte de

400µg/dl (Fig. 10). Logo, a transferrinemia estaria apenas levemente comprometida,

quando avaliada a partir desse parâmetro.

Figura 10 - Distribuição dos níveis da capacidade total de ligação do ferro em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

4.2.6. Saturação da Transferrina

Observou-se que 60,1% (95% IC 51,7 – 68,0) das crianças apresentaram percentual

inadequado de %STr (< 16%), conforme descrito na figura 11.

Figura 11 - Distribuição dos valores da saturação de transferrina em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

92%

8%

Norm al (=< 400µg/dl)

Deficiente (> 400µg/dl)

39,9%

60,1%

Normal (>= 16%)Deficiente (< 16%)

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4.3. Estado Nutricional de Ferro vs a variável Sexo

Como pode ser observado na tabela 5, as médias dos diferentes

parâmetros de avaliação do estado nutricional de ferro, tiveram distribuição

homogênea segundo a variável sexo.

Tabela 5 – Distribuição das médias dos parâmetros bioquímicos, segundo o sexo,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.

Parâmetros Sexo Masculino Feminino t p

n X ± DP N X ± DP

Hb (< 11g/dl) 87 10,5 ± 1,5 66 10,8 ± 1,4 -1,13 0,26

FerS (<12ng/ml) 72 1,2 ± 0,3 58 1,2 ± 0,3 -1,0 0,32

PEL(>40µmol/mol heme) 76 1,7 ± 0,2 59 1,7 ± 0,2 1,2 0,24

FeS (< 50µg/dl) 83 42,0 ± 25,5 65 48,4 ± 32,1 -1,34 0,18

CTLF (> 400µg/dl) 85 317,1 ± 64,6 65 297,9 ± 52,7 1,95 0,05

%STr (< 16%) 50 60,2* 39 60,0* 0,00** 0,98

* % STr inadequada **valores do χ2

4.4. Estado Nutricional de Ferro vs a variável Idade

4.4.1. Hemoglobina vs Idade

Os níveis de Hb mostraram uma correlação direta (r = 0,38; p = 0,00) com a

distribuição etária (Fig. 12).

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6

7

8

9

10

11

12

13

14

00 12 24 36 48 60

Idade (meses)

Hem

oglo

bina

(g/d

l)

Figura 12 – Correlação dos níveis de hemoglobina com a variável idade, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Como pode ser observado na tabela 6, a média de concentração da Hb (9,5 ±

1,3g/dl) foi significativamente menor na faixa etária de 0 a 24 meses (F2,150 = 16,5; p

= 0,00), quando comparado com as demais faixas etárias.

Tabela 6 – Distribuição dos níveis médios de hemoglobina, segundo a faixa etária,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.

Idade Hemoglobina(g/dl) (meses) n X DP Valores Limítrofes

0 |– 24 32 9,5a 1,3 7,2 – 13

24 |- 48 88 10,8b 1,4 7,0 – 14

≥ 48 33 11,3b,c 1,2 8,9 –14

F2,150= 16,5 p= 0,000 Scheffé a, b e c (p < 0,05)

Essa maior vulnerabilidade à deficiência de Fe, nessa faixa etária, se confirma

quando avaliamos a prevalência de anemia grave (Hb< 9,5 g/dl), onde,

aproximadamente, metade dos casos diagnosticados (47%) (95% IC 29,5 – 65,0)

encontravam-se nessa mesma classe etária (Fig. 13).

Pearson r = 0,38p = 0,00

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Figura 13 – Distribuição da anemia grave, segundo faixa etária, em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999

Numa estimativa de riscos, constatou-se que as crianças menores de 24 meses

apresentaram uma probabilidade de deficiência nas concentrações de Hb, 15 vezes

maior do que crianças maiores de 48 meses (OR = 14,9; 95% IC 3,3 – 77,0) (Tab.

7).

Tabela 7 – Distribuição dos níveis de hemoglobina, segundo faixa etária, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Hemoglobina (g/dl) Idade Deficiente (< 11) Normal (≥ 11) Total OR* IC**

(meses) n % N % N %

0 |– 24 29 90,6 3 9,4 32 100 14,9 3,3 – 77,0

24 |- 48 43 48,9 45 51,1 88 100 1,5 0,6 – 3,6

≥ 48 13 39,4 20 60,6 33 100 1,0

Total 85 55,6 68 44,4 153 100

* Razão de Chance ** Intervalo de Confiança χ2 de Tendência Linear = 17,0 p= 0,000

4.4.2. Ferritina Sérica vs Idade

Os níveis séricos de ferritina mostraram uma relação direta (r = 0,26; p = 0,00) com a

variável idade (Fig. 14).

0

10

20

30

40

50

60

70

0 |- 24 24 |- 48 >= 48

Faixa Etária (meses)

%Anemia Grave (Hb < 9,5g/dl)

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0

0,5

1

1,5

2

00 12 24 36 48 60

Idade (meses)

Ferr

itina

sér

ica

(ng/

ml -

val

ores

em

Log

10 )

Figura 14 – Correlação dos níveis ferritina sérica com a variável idade, em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

No entanto, a distribuição desses níveis por faixas etárias, categorizadas em

intervalos de classe de 24 meses, não mostrou variações estatisticamente

significativas (F2,127 = 2,64; p = 0,08), embora os dados apontassem para uma

tendência crescente nas concentrações médias de FerS, pari passu com o aumento

da idade (Tab. 8).

Tabela 8 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica, segundo a faixa etária, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Idade N Ferritina sérica (ng/ml)* (meses) X DP Valores Limítrofes

0 |– 24 22 1,1 0,4 0,5 – 1,8

24 |- 48 76 1,2 0,3 0,2 – 2,0

≥ 48 32 1,3 0,3 0,2 – 1,7

* Valores em Log 10 F2,127 = 2,64 p= 0,08

Entretanto, redistribuindo-se a amostra em duas faixas etárias, com intervalos de

classe de 36 meses, verificou-se uma predominância significativa de valores baixos

de FerS (t = -2,6; p = 0,01) nas crianças menores de 36 meses (Tab. 9).

Pearson r = 0,26p = 0,00

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Tabela 9 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica, segundo a faixa etária, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Idade Ferritina sérica (ng/ml)* (meses) n X DP Valores Limítrofes

0 |- 36 63 1,1 0,4 0,2 – 2,0

36 |- 60 67 1,3 0,3 0,2 – 1,7

* Valores em Log 10 t = -2,6 p= 0,01

A maior tendência de depleção das reservas de ferro em crianças menores de 24

meses é ratificada quando a ferritina é analisada como variável categórica (χ2 = 8,9;

p= 0,00). A probabilidade de reservas inadequadas em crianças menores de 24

meses é cerca de 6 vezes maior, quando comparada ao grupo etário de crianças de

48 meses ou mais (OR = 6,3; 95% IC 1,6 – 26,2) (Tab. 10).

Tabela 10 – Distribuição dos níveis de ferritina sérica, segundo a faixa etária, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Ferritina Sérica (ng/ml) Idade Deficiente (< 12) Normal (≥ 12) Total OR* IC**

(meses) N % n % N %

0 |– 24 13 59,1 9 40,9 22 100 6,3 1,6 – 26,2

24 |- 48 21 27,3 56 72,7 77 100 1,6 0,5 – 5,1

≥ 48 6 18,8 26 81,3 32 100 1,0

Total 40 30,5 91 69,5 131 100 * Razão de Chance ** Intervalo de Confiança χ2 de Tendência Linear = 8,9 p= 0,00

4.4.3. Protoporfirina eritrocitária Livre vs Idade As concentrações de PEL mostraram correlação inversa com a variável idade (r = -

0,49; p = 0,00). Observa-se que os maiores valores de PEL e, portanto, maior

predominância de eritropoiese ferro-deficiente, ocorre nas crianças de mais tenra

idade (Fig. 15).

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Figura 15 – Correlação dos valores de protoporfirina eritrocitária livre com a variável

idade, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.

Na tabela 11, verifica-se que os valores médios da PEL, segundo a faixa etária,

variaram significativamente (F2,132 = 19,5; p = 0,00), apresentando valores mais altos

na faixa etária de 0 a 24 meses.

Tabela 11 – Distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre, segundo a

faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.

Idade PEL (µmol/mol heme)*

(meses) n X DP Valores Limítrofes

0 |– 24 24 1,9a 0,2 1,5 – 2,2

24 |- 48 80 1,7b 0,2 1,4 – 2,4

≥ 48 31 1,6b,c 0,1 1,4 – 1,9

*Valores em Log 10 F2,132 = 19,5 p= 0,00 Scheffé a, b e c (p< 0,05)

Procedendo-se a análise da PEL, enquanto variável categórica, observa-se que

houve uma prevalência de 91,7% (95% IC 71,5 – 98,5) de ferropenia em menores

de 24 meses. Um risco 10 vezes maior de eritropoiese deficiente quando

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

00 12 24 36 48 60Idade (meses)

PEL

(µm

ol/m

ol h

eme

-va

lore

s em

Log

10)

Pearson r = - 0,49 p = 0,00

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comparadas com crianças de 48 a 60 meses exclusive (χ2 =10,2; p=0,00) (Tab. 12).

Esses achados mostram a alta prevalência de deficiência de ferro, nessa faixa

etária, sem que, necessariamente, a anemia esteja instalada.

Tabela 12 – Distribuição dos níveis de protoporfirina eritrocitária livre, segundo a

faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999. PEL (µmol/mol heme)

Idade Deficiente (> 40) Normal (≤ 40 ) Total OR* IC**

(meses) N % n % N %

0 |– 24 22 91,7 2 8,3 24 100 10,3 1,8 – 76,2

24 |- 48 56 70,0 24 30,0 80 100 2,2 0,9 – 5,6

≥ 48 16 51,6 15 48,4 31 100 1,0

Total 94 69,6 41 30,4 135 100 * Razão de Chance ** Intervalo de Confiança χ2 de Tendência Linear = 10,2 p= 0,00

4.4.4 Ferro Sérico vs Idade

Os níveis de FeS parecem não mostrar relação com a variável idade (r = 0,16; p =

0,05), embora os critérios de validação estatística estejam no limiar de rejeição da

hipótese de nulidade (Fig. 16).

Figura 16 – Correlação dos níveis de ferro sérico com a variável idade, em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

020406080

100120140160

00 12 24 36 48 60

Idade (meses)

Ferr

o sé

rico

(µg/

dl)

Pearson r = 0,16 p = 0,05

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O comportamento do FeS como variável contínua, em relação à variável idade

categorizada em intervalos de classe de 24 meses, sinaliza para valores menores

(35,4 ± 25,3 µg/dl) em crianças com menos de 24 meses, comparados aqueles

observados para crianças nas demais faixas etárias. No entanto, esta diferença não

foi estatisticamente significativa (F2,145 = 1,7; p = 0,2) (Tab. 13).

Tabela 13 – Distribuição dos níveis de ferro sérico, segundo a faixa etária, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE – 1999.

Idade Ferro Sérico (µg/dl) (meses) n X DP Valores Limítrofes

0 |– 24 25 35,4 25,3 4,0 – 95,0

24 |- 48 86 47,1 28,5 3,0 – 149,0

≥ 48 37 45,8 30,5 8,0 – 126,0

F2,145 = 1,7 p= 0,2

4.4.5 Capacidade total de ligação do ferro vs Idade

A exemplo da PEL, houve também uma correlação inversa entre a CTLF e a idade

(r = -0,28; p = 0,00). Esses achados vêm corroborar a maior vulnerabilidade das

crianças de menor idade à deficiência de ferro (Fig. 17).

Figura 17 – Correlação da capacidade total de ligação do ferro com a variável idade,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE –

1999.

100

200

300

400

500

600

00 12 24 36 48 60

Idade (meses)

CTL

F (µ

g/dl

)

Pearson r = - 0,28p = 0,00

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Avaliando-se os valores médios da CTLF, por faixa etária descritos na tabela 14,

pode ser verificado que a média das concentrações do referido parâmetro foi

significativamente maior (F2,147 = 5,25; p = 0,01) nas crianças com menos de 24

meses. Logo, um quadro de eritropoiese deficiente é mais facilmente encontrado

nessa faixa etária.

Tabela 14 – Distribuição dos níveis da capacidade total de ligação do ferro, segundo

a faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE – 1999.

Idade CTLF (µg/dl)

(meses) n X DP Valores Limítrofes

0 |– 24 27 340,3a 73,9 187,0 – 534,0

24 |- 48 86 305,4b 56,9 191,0 – 462,0

≥ 48 37 293,8b,c 49,7 182, 0 – 389,0

F2,147= 5,25 p= 0,01 Scheffé a, b e c (p< 0,05)

4.4.6. Saturação de Transferrina vs Idade

A distribuição percentual de %STr mostrou uma alta prevalência (80%; 95% IC 58,7

– 92,4) de deficiência de ferro em crianças menores de 24 meses. No entanto, a

tendência de decréscimo dessa prevalência em crianças com maior idade não foi

validada do ponto de vista estatístico (χ2 = 5,76; p = 0,06) (Fig. 18).

Figura 18– Distribuição dos percentuais de saturação da transferrina, segundo a

faixa etária, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE – 1999.

0

20

40

60

80

100

0 |- 24 24 |- 48 >= 48

Faixa Etária (meses)

%

Deficiente (STr< 16%)

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4.5. Correlação entre os parâmetros bioquímicos de avaliação do estado nutricional de ferro

4.5.1. Hb vs FerS Conforme pode ser observado na figura 19, a Hb não mostrou correlação com a

FerS (r = -0,07; p = 0,93).

Figura 19 – Correlação entre a hemoglobina e a ferritina sérica, em crianças

menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Ferritina sérica (ng/ml – valores em Log10)

4.5.2. Hb vs PEL

No entanto, a Hb mostrou uma correlação inversa com a PEL (r = -0,49; p = 0,00)

(Fig. 20).

Pearson r = - 0,07 p = 0,93

6

7

8

9

10

11

12

13

14

0 0,5 1 1,5 2

Hem

oglo

bina

(g/d

l)

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Figura 20 – Correlação entre a hemoglobina e a protoporfirina eritrocitária livre, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

PEL (µmol/mol heme – valores em Log10)

4.5.3. Hb vs FeS, CTLF e %STr A exemplo do comportamento da FerS com a Hb, esta não guardou correlação

estatisticamente significativa com o FeS (r = 0,17; p = 0,05), com a CTLF (r = -0,05;

p = 0,5) e com o % Str (r = 0,16; p = 0,06), conforme pode ser observado nas figuras

21, 22 e 23, respectivamente.

Figura 21 – Correlação entre a hemoglobina e o ferro sérico, em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

6789

1011121314

1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4

Hem

oglo

bina

(g/d

l)

Pearson r = - 0,49 p = 0,00

Pearson r = 0,17 p = 0,05

6789

1011121314

0 20 40 60 80 100 120 140 160Ferro sérico (µg/dl)

Hem

oglo

bina

(g/d

l)

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Figura 22 – Correlação entre a hemoglobina e a capacidade total de ligação do ferro,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE-1999.

Figura 23 – Correlação entre a hemoglobina e o percentual de saturação de

transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE - 1999.

Saturação de transferrina (% - valores em Log10)

4.5.4. FerS vs FeS, %STr, PEL e CTLF

Conforme pode –se observar na figura 24 e 25, a FerS mostrou correlação positiva

com o FeS (r = 0,37; p = 0,00) e com o %STr (r = 0,44; p = 0,00)

Pearson r = 0,16 p = 0,06

02468

10121416

0 100 200 300 400 500 600CTLF (µg/dl)

Hem

oglo

bina

(g/d

l)

Pearson r = - 0,05 p = 0,5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

-0,5 0 0,5 1 1,5 2

Hem

oglo

bina

(g/d

l)

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Figura 24 – Correlação entre a ferritina sérica e o ferro sérico, em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Figura 25 – Correlação entre a ferritina sérica e o percentual de saturação de

transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE - 1999.

Saturação de transferrina (% - valores em Log10)

Por outro lado, a FerS mostrou correlação inversa com a PEL (r = - 0,35; p = 0,00) e

a CTLF (r = - 0,53; p = 0,00), como pode ser observado nas figuras 26 e 27,

respectivamente.

Pearson r = 0,37 p = 0,00

0

0,5

1

1,5

2

0 20 40 60 80 100 120 140 160Ferro sérico (µg/dl)

Ferr

itina

sér

ica

(ng/

ml -

valo

res

em L

og10

)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

-0,5 0 0,5 1 1,5 2Saturação de Transferrina (% - valores em Log10)

Ferr

itina

sér

ica

(ng/

ml -

val

ores

em

Log

10)

Pearson r = 0,44 p = 0,00

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Figura 26 – Correlação entre a ferritina sérica e a protoporfirina eritrocitária livre, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

PEL (µmol/mol heme – valores em Log10)

Figura 27 – Correlação entre a ferritina sérica e a capacidade total de ligação do

ferro, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de

Recife/PE - 1999.

4.5.5. PEL vs FeS, %STr e CTLF

A PEL mostrou correlação inversa com o FeS (r = -0,40; p = 0,00) e com a %STr (r =

- 0,54; p = 0,00) (Fig. 28 e 29).

0

0,5

1

1,5

2

1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4

Ferr

itina

sér

ica

(ng/

ml -

val

ores

em

Log

10)

0

0,5

1

1,5

2

0 100 200 300 400 500 600CTLF (µg/dl)

Ferr

itina

sér

ica

(ng/

ml -

val

ores

em

Log

10)

Pearson r = - 0,53 p = 0,00

Pearson r = -0,35 p = 0,00

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Figura 28 – Correlação entre a protoporfirina eritrocitária livre e o ferro sérico, em

crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Figura 29 – Correlação entre a protoporfirina eritrocitária livre e o percentual de

saturação da transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE - 1999.

No entanto, comparando - se a PEL com a CTLF, observa-se uma correlação direta,

com um aumento proporcional de ambos parâmetros em um quadro de deficiência

de ferro (r = 0,51; p = 0,00) (Fig. 30).

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

0 20 40 60 80 100 120 140 160Ferro sérico (µg/dl)

PEL

(µm

ol/m

ol h

eme

- val

ores

em

Log

10

Pearson r = - 0,40p = 0,00

Pearson r = - 0,54 p = 0,00

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

-0,5 0 0,5 1 1,5 2

Saturação de Transferrina (% - valores em Log10)

PE

L (µ

mol

/mol

hem

e va

lore

s em

Log

10)

Saturação de Transferrina (% - valores em Log10)

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Figura 30 – Correlação entre a protoporfirina eritrocitária livre e a capacidade total de

ligação do ferro, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE - 1999.

4.5.6. FeS vs CTLF e %STr

Inversamente ao que ocorreu com a PEL, o FeS apresentou correlação inversa com

a CTLF (r = - 0,49; p = 0,00) e correlação direta com o %STr (r =0,9; p = 0,00) (Fig.

31 e 32).

Figura 31 – Correlação entre o ferro sérico e a capacidade total de ligação do ferro,

em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE-1999.

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

100 200 300 400 500 600CTLF (µg/dl)

PE

L (µ

mol

/mol

hem

e -

valo

res

em L

og10

)

Pearson r = 0,51 p = 0,00

020406080

100120140160

100 200 300 400 500 600

CTLF (µg/dl)

Ferr

o sé

rico

(µg/

dl)

Pearson r = - 0,49 p = 0,00

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Figura 32 – Correlação entre o ferro sérico e o percentual de saturação de

transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município

de Recife/PE - 1999.

4.5.7. CTLF vs STr

Conforme pode ser observado na figura 33, houve uma correlação inversa entre a

CTLF e o %STr (r = - 0,65; p = 0,00).

Figura 33 – Correlação entre a capacidade total de ligação do ferro e o percentual de

saturação de transferrina, em crianças menores de 5 anos de creches públicas do

município de Recife/PE - 1999.

020406080

100120140160

-0,5 0 0,5 1 1,5 2

Saturação de Trans ferrina (% - valores em Log10)

Ferr

o sé

rico

(µg/

dl)

Saturação de Transferrina (% - valores em Log10)

Pearson r = 0,9 p = 0,00

Pearson r = - 0,65 p = 0,00

0

100

200

300

400

500

600

-0,5 0 0,5 1 1,5 2

Saturação de Trans ferrina (% - valores em Log10)

CTL

F (µ

g/dl

)

Saturação de Transferrina (% - valores em Log10)

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4.6. Poder de Discriminação Diagnóstica dos Parâmetros de Avaliação do Estado Nutricional de Ferro

Para avaliar o poder de discriminação dos testes de diagnóstico, em cada estágio de

alteração do estado nutricional de ferro, os parâmetros bioquímicos foram testados

isoladamente e em associação, utilizando-se como padrão-ouro, em um primeiro

momento a hemoglobina (< 11 g/dl), em um segundo momento a ferritina sérica (<

12 ng/ml) e, por último, a protoporfirina eritrocitária livre (> 40 µmol/mol heme).

4.6.1. Padrão –ouro Hb (< 11g/dl)

O poder de definição diagnóstica dos parâmetros bioquímicos, avaliados

isoladamente nesse estudo, adotando-se como padrão – ouro a Hb, mostrou maior

sensibilidade (Se) para a PEL (77%; 95% IC 68 – 83), FeS (66%, 95% IC 58-74) e o

%STr (62%, 95% IC,54-70), quando comparados com aquela Se observadas para

FerS (33%; 95% IC 25 –42) e a CTLF (14%; 95% IC 9 – 21). A CTLF foi o parâmetro

bioquímico que apresentou a maior especificidade (Sp) (99%; 95% IC 95 - 100),

seguido da FerS (72%, 95% IC 63-79) . Por sua vez, a CTLF foi o parâmetro que

mostrou maior valor preditivo positivo (VP(+)) (92%; 95% IC 85 – 95) (Tab. 15).

Tabela 15 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos dos indicadores

isolados do estado nutricional de ferro, adotando-se como padrão – ouro a

hemoglobina (< 11 g/dl), em crianças menores de 5 anos de creches públicas

do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

FerS 33 25–42 72 63–79 57 48– 66 48 39–57

PEL 77 68–83 38 30–46 59 51–68 57 48–66

FeS 66 58–74 43 35–52 59 50–67 51 42–59

CTLF 14 9–21 99 95–100 92 85–95 48 40–56

%STr 62 54–70 41 33–50 56 48–65 47 39–56

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: FerS<12ng/ml; PEL>40µmol/mol heme; FeS<50µg/dl; CTLF>400µg/dl; %Str<16%

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Associando-se os parâmetros nas suas diferentes possibilidades, verificou-se que

houve uma aumento da Se (81%; 95% IC 71 - 89), para a PEL em combinação com

o FeS. No entanto, esse aumento não foi significativo quando comparado com os

percentuais encontrados para cada parâmetro, PEL e FeS, analisados de forma

isolada. A FerS e a CTLF, quando testados em associação com a PEL, também

aumentaram significativamente sua Se, mas não ultrapassaram o poder de definição

da PEL, quando avaliada isoladamente (Tab. 16).

Observa-se ainda, na tabela 16, que houve um aumento significativo na Sp e no

VP(+) de todos parâmetros quando estes foram associados com a CTLF.

Resultados similares foram observados quando associou-se a PEL com a FerS, no

entanto, essa associação mostrou um aumento inferior no poder de discriminação

diagnóstica, quando comparado com o valor observado para a CTLF analisada de

forma isolada.

Tabela 16 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de

dois indicadores do estado nutricional de ferro, adotando-se como padrão – ouro

a hemoglobina (<11g/dl), em crianças menores de 5 anos de creches públicas

do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

FerS + FeS 48 37–60 63 50-73 61 49-72 50 38-61

FerS + CTLF 15 9–24 100 95-100 100 95-100 48 37-58

FerS + PEL 57 44–70 61 47-73 67 54-78 52 38-64

FerS + %STr 45 33– 56 62 50-72 62 50-72 45 33-56

FeS + CTLF 29 18–41 97 88-99 91 80-96 52 39-65

FeS + PEL 81 71–89 38 28-49 57 46-68 67 56-77

FeS + %STr 66 57–74 41 33-50 56 47-65 52 43-61

CTLF + PEL 37 24–52 96 85-99 91 78-96 57 42-70

CTLF + %STr 27 17–39 96 87-99 92 83-97 48 35-60

PEL + %STr 79 68–87 37 28-49 55 44-66 64 52-73

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: FerS<12ng/ml; PEL>40µmol/mol heme; FeS<50µg/dl; CTLF>400µg/dl; %Str<16%

A associação binária dos parâmetros não modificou os percentuais referentes ao VP (-) (Tab. 16).

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Analisando-se a associação de 3 (Tab. 17) e de 4 parâmetros (Tab. 18), observou-

se que não houve incremento na Se. Por sua vez, a Sp e o VP(+) aumentaram

quando procedeu-se a associação dos parâmetros FerS e CTLF com a PEL (100%),

FeS (100%) e/ou o %STr (100%). No entanto, vale ressaltar que este incremento

não foi significativo quando comparado com o poder de discriminação da CTLF,

analisada de forma isolada.

Tabela 17 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de

três indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro

a hemoglobina (< 11 g/dl), em crianças menores de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999.

Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

FerS + FeS + CTLF 24 13-38 100 91-100 100 91-100 50 37-65

FerS + FeS + PEL 72 57-84 54 40-69 64 48-77 63 48-77

FerS + FeS + %STr 48 36-60 61 48-71 59 47-70 49 37-61

FerS + CTLF + PEL 35 22-53 100 89-100 100 89-100 52 35-67

FerS + CTLF + %STr 24 14-37 100 92-100 100 92-100 45 32-59

FerS + PEL + %STr 70 54-81 54 40-69 65 50-78 60 44-73

FeS + CTLF + PEL 53 35-70 94 79-99 90 75-98 67 49-82

FeS + CTLF + %STr 30 19,5-44,0 96 87,2-99,4 91 80,6-96,8 52 39-65

FeS + PEL + %STr 79 67,5-69,2 39 28,6-50,9 54 42,9-65,5 67 55-77

CTLF + PEL + %STr 53 35,7-69,2 94 80,0-99,0 91 76,4-97,8 64 46,2-78,7

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: FerS<12ng/ml; PEL>40µmol/mol heme; FeS<50µg/dl; CTLF>400µg/dl; %Str<16%

Tabela 18 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de

quatro indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro

a hemoglobina (< 11g/dl), em crianças menores de 5 anos de creches públicas

do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

FerS + FeS + CTLF + PEL 50 30-70 100 84-100 100 84-100 63 41-79

FerS + FeS + CTLF + %STr 25 14-40 100 91-100 100 91-100 49 33-63

FerS + CTLF + PEL + %STr 50 31-69 100 85-100 100 85-100 60 41-78

FerS + PEL + %STr + FeS 71 56-83 54 39-69 63 47-76 63 47-76

FeS + CTLF + PEL + %STr 53 35-70 94 79-99 91 75-98 67 49-82

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo – *Pontos Corte de referências: FerS<12ng/ml; PEL>40µmol/mol heme; FeS<50µg/dl; CTLF>400µg/dl; %Str<16%

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4.6.2. Padrão –ouro FerS (< 12ng/ml)

Na adoção da FerS, como padrão – ouro, observou-se que o %STr (85%, 95% IC

78-91), FeS (82%, 95% IC 74-88) e PEL(77%, 95% IC 68-83) apresentaram os

maiores valores de Se. No que diz respeito ao VP(-), o %STr (89%; 95% IC 82 – 94)

foi o parâmetro com o maior poder de discriminação, quando comparado com a

CTLF e a Hb. Por sua vez, A CTLF foi o parâmetro que apresentou maior Sp (98%;

95% IC 93 – 99) e VP(+) (80%; 95% IC 72 – 86)) (Tab.19).

Tabela 19 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos dos indicadores

isolados do estado nutricional de ferro, adotando-se como padrão – ouro a

ferritina sérica (< 12 ng/ml), em crianças menores de 5 anos de creches

públicas do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

Hb 57 48-66 49 40-58 33 25-42 72 63-79

PEL 77 68-83 34 26-43 33 25-42 77 69-84

FeS 82 74-88 50 41-59 43 34-52 87 79-92

CTLF 20 14-28 98 93-99 80 72-86 73 64-80

%STr 85 78-91 54 44-62 45 36-54 89 82-94

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; PEL>40µmol/mol heme; FeS< 50µg/dl; CTLF >400 µg/dl; %Str <16%

Seguindo a mesma sistemática utilizada frente à Hb, procedeu-se a combinação dos

parâmetros para avaliar o poder de discriminação desses testes de forma associada.

Na tabela 20, pode ser observado que a Se da Hb aumentou significativamente

quando associou-se o %STr (84%; 95% IC 72 – 91) e ao FeS (83%; 95% IC 72 –

90). O mesmo também ocorreu com a CTLF, quando associada o %STr (57%; 95%

IC 43 – 68), ao FeS (54%; 95% IC 40 – 66) e a PEL (47%; 95% IC 32 – 60). No

entanto, nenhuma dessas associações ultrapassou estatisticamente a Se observada

para o %STr, FeS ou PEL, quando estes parâmetros foram testados isoladamente.

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Tabela 20– Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de dois

indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro a

ferritina sérica(< 12 ng/ml), em crianças menores de 5 anos de creches públicas

do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

Hb + FeS 83 72-90 48 35-59 45 34-58 84 73-91

Hb + CTLF 32 21-44 98 89-99 89 79-95 71 58-80

Hb + PEL 74 63-83 34 23-46 39 28-51 70 57-79

Hb + %STr 84 72-91 51 39-64 51 39-64 84 72-91

FeS + CTLF 54 40-66 96 87-99 78 65-87 88 76-95

FeS + PEL 85 75-91 37 27-48 47 36-58 79 68-86

FeS + %STr 86 78-92 52 43-61 46 36-55 89 82-94

CTLF + PEL 47 32-60 94 82-98 80 66-89 77 64-88

CTLF + %STr 57 43-68 96 86-99 80 67-88 89 78-95

PEL + %STr 85 76-92 40 30-52 49 38-60 80 69-87

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; PEL>40µmol/mol heme; FeS< 50µg/dl; CTLF >400 µg/dl; %Str <16%

Nenhum associação entre os parâmetros aumentou estatisticamente os percentuais

de predição negativa dos testes, quando comparado com o poder de discriminação

observado para os parâmetros analisados de forma isolada.

A Sp e o VP(+) da Hb, FeS, PEL e %STr aumentaram significativamente quando

analisados conjuntamente com a CTLF. Porém esse aumento não foi significativo

quando comparado com o valor da CTLF analisada isoladamente.

Associando-se três ou mais parâmetros, verificou-se que a sensibilidade,

especificidade e os VPs mantiveram-se sem variações significativas (Tab. 21 e 22).

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Tabela 21 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de três

indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro a

ferritina sérica (< 12 ng/ml), em crianças menores de 5 anos de creches públicas

do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

Hb + FeS + CTLF 64 46-80 96 83-100 88 72-96 85 68-94

Hb + FeS + PEL 82 68-91 42 28-57 52 38-66 76 61-86

Hb + FeS +%STr 83 70-90 51 39-64 50 37-63 83 72-92

Hb + CTLF + PEL 53 35-70 94 78-99 88 70-96 69 50-83

Hb + CTLF + %STr 67 49-82 95 79-99 89 72-96 85 68-94

Hb + PEL + %STr 83 69-92 48 33-62 59 43-72 75 60-86

FeS + CTLF + PEL 58 39-74 91 74-98 78 61-90 79 67-90

FeS + CTLF + %STr 58 45-72 95 84-99 78 65-88 89 77-96

FeS + PEL + %STr 84 74-91 41 30-53 50 39-61 79 68-87

CTLF + PEL + %STr 62 45-78 91 76-98 80 62-91 80 62-91

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; PEL>40µmol/mol heme; FeS< 50µg/dl; CTLF >400 µg/dl; %Str <16%

Tabela 22 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de

quatro indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro

a ferritina sérica (<12 ng/ml), em crianças menores de 5 anos de creches públicas

do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

Hb+FeS+CTLF+PEL 63 41-80 92 71-98 87 66-97 75 53-89

Hb+FeS+CTLF+%STr 64 45-79 95 78-99 88 71-96 83 64-92

Hb+CTLF+PEL+%STr 67 46-84 92 72-99 89 68-97 75 54-90

Hb+FeS+PEL+%STr 80 65-90 50 34-64 58 42-72 75 60-87

FeS+CTLF+PEL+%STr 58 39-74 91 74-98 78 61-90 79 67-90

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo – *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; PEL>40µmol/mol heme; FeS< 50µg/dl; CTLF >400 µg/dl; %Str <16%

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4.6. Padrão –ouro PEL (> 40 µmol/mol heme)

Adotando-se como padrão – ouro a PEL, verificou-se que o FeS, o %STr e a Hb

foram os parâmetros isolados que apresentaram maior sensibilidade (68%, 67% e

59%, respectivamente) em diagnosticar a eritropoiese deficiente, por aporte

insuficiente de ferro. A CTLF foi o parâmetro mais específico(100%), seguido da

FerS (77%), e com maior VP (+) (100%), seguido em menor grau do %STr (79%)

(Tab. 23).

Tabela 23 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos dos indicadores

isolados do estado nutricional de ferro, adotando-se como padrão – ouro a

protoporfirina eritrocitária livre (>40 µmol/mol heme), em crianças menores

de 5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP – (pontos de corte*) % IC % IC % IC % IC

Hb 59 50-68 57 48-66 77 68-83 38 29-46

FerS 33 25-42 77 69-84 77 68-83 34 26-43

FeS 68 58-75 59 50-67 78 70-84 45 36-54

CTLF 14 8-21 100 96-100 100 96-100 34 26-43

%STr 67 58-74 61 52-69 79 70-85 45 36-54

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo - *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; FerS<12ng/ml; FeS< 50µg/dl; CTLF >400µg/dl; %Str <16%

Procedendo-se a associação dos parâmetros, observou-se que não houve aumento

significativo da Se. No entanto, com relação ao VP (-), o incremento observado foi

apenas da Hb, quando em combinação com o %STr e FeS. A Sp e o VP (+) da

FerS, Hb, FeS e %STr apresentaram o seu valor máximo (100%), quando

associados à CTLF (Tab. 24). A Sp da Hb, FeS e o %STr também aumentaram

significativamente quando avaliados em associação à FerS. Vale ressaltar que,

como nas análises anteriores, nenhum desses valores foram significativamente

maiores do que o da CTLF analisada de forma isolada.

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Tabela 24 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de

dois indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro

a protoporfirina eritrocitária livre (>40µmol/mol heme), em crianças menores de

5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP –

% IC % IC % IC % IC Hb + FeS 76 64-85 64 51-74 79 67-87 59 47-70

Hb + CTLF 22 13-34 100 93-100 100 93-100 39 28-52

Hb + FerS 43 31-56 89 78-95 91 80-96 37 25-50

Hb + %STr 77 64-85 67 54-78 80 69-89 61 48-73

FeS + CTLF 26 16-39 100 93-100 100 93-100 46 34-60

FeS + FerS 52 40-63 83 72-90 87 77-93 42 31-53

FeS + %STr 70 60-78 60 50-68 77 68-84 50 40-59

CTLF + FerS 12 7-21 100 95-100 100 95-100 36 26-46

CTLF + %STr 27 17-40 100 93-100 100 93-100 45 33-58

FerS + %STr 51 39-62 83 72-90 88 78-94 42 31-53

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo – *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; FerS<12ng/ml; FeS< 50µg/dl; CTLF >400µg/dl; %Str <16%

Quando da associação de três ou mais parâmetros (Tab. 25 e 26), constatou-se que

a Se e o VP(-) não apontaram alterações significativas, enquanto que a Sp e o VP(+)

mantiveram-se no patamar elevado de 100%, sempre que os parâmetros foram

analisados associados à CTLF.

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Tabela 25 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de três

indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro a

protoporfirina eritrocitária livre (>40mmol/mol), em crianças menores de

5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP –

% IC % IC % IC % IC Hb + FeS + CTLF 45 28-62 100 88-100 100 88-100 59 41-74

Hb + FeS + FerS 64 47-77 92 79-98 95 82-99 54 38-69

Hb + FeS + %STr 77 63-86 67 53-78 79 67-88 64 50-75

Hb + CTLF + FerS 24 14-39 100 91-100 100 91-100 39 25-54

Hb + CTLF + %STr 50 33-67 100 88-100 100 88-100 61 43-76

Hb + FerS + %STr 68 52-81 92 79-98 95 82-99 57 40-71

FeS + CTLF + FerS 21 11-35 100 91-100 100 91-100 42 29-57

FeS + CTLF + %STr 29 18-43 100 92-100 100 92-100 50 37-63

FeS + FerS + %STr 54 41-65 83 71-90 87 76-93 45 34-57

CTLF + FerS + %STr 22 12-34 100 92-100 100 92-100 42 28-55

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo – *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; FerS<12ng/ml; FeS< 50µg/dl; CTLF >400µg/dl; %Str <16%

Tabela 26 – Sensibilidade, especificidade e valores preditivos na combinação de

quatro indicadores do estado nutricional do ferro, adotando-se como padrão – ouro

a protoporfirina eritrocitária livre (>40mmol/mol), em crianças menores de

5 anos de creches públicas do município de Recife/PE - 1999. Indicadores Se Sp VP + VP –

% IC % IC % IC % IC Hb+FeS+CTLF+FerS 41 24-61 100 85-100 100 85-100 55 36-73

Hb+FeS+CTLF+%STr 50 33-67 100 87-100 100 87-100 64 46-80

Hb+CTLF+FerS+%STr 47 30-67 100 85-100 100 85-100 57 39-76

Hb+FeS+FerS+%STr 68 51-82 92 77-98 94 81-99 60 43-75

FeS+CTLF+PEL+%STr 23 12-37 100 91-100 100 91-100 45 31-60

Se = Sensibilidade VP+ = Valor Preditivo + Sp = Especificidade VP- = Valor Preditivo – *Pontos Corte de referências: Hb <11g/dl; FerS<12ng/ml; FeS< 50µg/dl; CTLF >400µg/dl; %Str <16%

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5. DISCUSSÃO

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A deficiência de ferro, e a conseqüente anemia, é um dos principais problemas de

saúde pública em nível mundial, atingindo sua máxima prevalência nos países

subdesenvolvidos e/ou em desenvolvimento, acometendo, principalmente crianças

menores de 5 anos, gestantes e mulheres em idade fértil. (DE MAEYER et al., 1991;

OPAS,1996; ANDERSON, 2002).

No Brasil, a anemia nutricional, tem sido evidenciada em diferentes espaços

geográficos, atingindo prevalências elevadas em crianças em idade pré-escolar, com

cifras variando de 30% a 60% (SALZANO, 1985; ROMANI et al., 1991; MONTEIRO

et al. 2000; BRUNKEN et al., 2002).

A anemia por deficiência de ferro, enquanto fenômeno cosmopolita, tem mostrado

um comportamento evolutivo em franca ascensão, passando a se constituir, no

momento atual, o principal problema nutricional, chegando a superar, em termos de

magnitude, a desnutrição energético-protéica (WHO, 2001).

No Brasil, esse comportamento ascensional na magnitude da anemia foi observado

na cidade de São Paulo, onde a carência aumentou cerca de 25% no período

1984/85 a 1995/96 (MONTEIRO et al., 2000). Seguindo essa mesma trajetória,

dados oriundos do Estado da Paraíba mostraram que, no transcorrer de uma década

(1982 a 1992), o incremento da anemia em pré-escolares do Estado foi da ordem de

89% (OLIVEIRA et al., 2002).

Na avaliação da deficiência de ferro e, da subsequente anemia, têm sido usados

diferentes parâmetros que procuram refletir os seus diversos estágios de deficiência

(depleção das reservas, eritropoiese deficiente e anemia). No entanto, ainda não há

consenso sobre qual parâmetro ou parâmetros refletem com maior fidedignidade o

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estado nutricional de ferro, nos seus diferentes estágios. Alguns autores (MORAIS et

al., 1992; SPODARYK, 1999; KILBRI et al., 2000) têm proposto, para o

estabelecimento do diagnóstico da anemia nutricional ferropriva, a combinação de

indicadores que avaliam estágios diferenciados da deficiência. Logo, a confirmação

diagnóstica da anemia ferropriva se daria apenas quando os níveis de Hb

estivessem deficientes, concomitante a uma eritropoiese e/ou reserva corporal

inadequada.

Um segundo questionamento na avaliação da deficiência de ferro e anemia

nutricional ferropriva diz respeito a diversidade e a seleção, até certo ponto arbitrária,

de limites críticos para determinar os estágios de normalidade ou deficiência. Esta

indefinição de pontos de corte mais apropriados para aferir o estado nutricional de

ferro tem dificultado, sobremaneira, as estimativas de prevalência e, sobretudo, a

sua comparabilidade em relação aos dados divulgados na literatura especializada.

Dentre os parâmetros de avaliação do estado nutricional de ferro, a Hb tem sido o

parâmetro universalmente utilizado e recomendado pela OMS, para definir a anemia

(LACERDA, 2002).

A elevada prevalência de anemia detectada em pré-escolares de creches, da cidade

do Recife (55,6%), vem corroborar que a anemia nutricional é um importante

problema de saúde pública na população infantil institucionalizada da cidade do

Recife.

Esta prevalência, de certa forma, estaria em concordância com os dados oriundos

de outros inquéritos realizados na região Nordeste do Brasil, a exemplo dos Estados

do Piauí, Sergipe e Paraíba (UNICEF/PI, 1992; MARTINS et al., 1999; OLIVEIRA et

al., 2002).

Em Pernambuco, a II PESN (1998) apontou para uma prevalência na ordem de 40%,

semelhante àquela estimada para a região metropolitana do Recife. Dados das duas

últimas décadas da cidade de Recife, utilizando populações vinculadas aos Serviços

de Saúde, evidenciaram prevalências variáveis, de 28% a 55% de anemia em pré-

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escolares (SALZANO, 1985; ROMANI et al., 1991). Neste mesmo patamar de

magnitude, situou-se a prevalência da anemia observada no Agreste Pernambucano

(LIRA, 1985).

Considerando a classificação da OMS (1986), a elevada prevalência (18,3%) de

anemia na sua forma grave (Hb < 9,5g/dl) encontrada nesse estudo, é um dado que

merece atenção na avaliação do quadro carencial. Na cidade de São Paulo, 14,7%

da população estudada apresentaram níveis de Hb inferiores a 9,5g/dl (MONTEIRO

e SZARFARC, 1987) enquanto que, no semi-árido baiano, apenas 5,8% das

crianças (ASSIS et al., 1997).

A alta prevalência de níveis inadequados de Hb, caracterizando a anemia como

problema de saúde pública do tipo grave, segundo os critérios recomendados pela

OPAS (1996), vem ratificar a relevância do problema em pré-escolares de creches

do Recife. Vale salientar, o elevado percentual de crianças consideradas, em tese,

portadoras da forma de anemia grave. Um outro dado que merece reflexão, diz

respeito ao indicador utilizado, no caso a Hb, que afere o elo final da cadeia

biológica do ferro e, por conseguinte, seria o último parâmetro a sofrer alteração num

quadro carencial de deficiência de ferro. Portanto, pressupõem–se que a deficiência

desse mineral, em termos de reservas e eritropoiese, deva ser potencialmente

maior.

Essa constatação é extremamente preocupante devido ao fato de que a população

estudada por ser institucionalizada, em princípio, teria acesso garantido a uma boa

alimentação e cuidados gerais com a saúde. Logo, esperar-se-ia que a prevalência

de anemia fosse mais baixa do que aquela referida em outros estratos da população

geral. Silva et al. (2001) apontam alguns fatores que poderiam contribuir para uma

análise mais apropriada desses resultados. O desconhecimento do estado

nutricional das crianças, antes do ingresso nas creches, propicia a inclusão de

muitas crianças já anêmicas e que ainda não tiveram tempo para remissão do

quadro carencial após introdução de novos hábitos alimentares e de higiene

adequados, nas creches. Outro fator que poderia ter contribuído para essa alta

prevalência é a provável ausência no cardápio de alimentos ricos em ferro. Deve-se

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considerar ainda o fator cultural de que muitas crianças, por adquirirem hábitos

alimentares pouco saudáveis no seio familiar, não consomem alimentos ricos em

ferro, ainda que haja condições financeiras para isso. Associado a esse baixo

consumo de alimentos ricos em ferro, deve ser considerado também a presença na

dieta de agentes inibidores, bem como, a reduzida presença de agentes

facilitadores, levando a uma baixa absorção do ferro biodisponível. Além disso, deve

ser considerada a baixa inserção socioeconômica das crianças que freqüentam

essas creches, a qual impõe condições de vida que as tornam mais vulneráveis à

diarréia, às infecções respiratórias e às parasitoses intestinais, podendo

comprometer, de forma marcante, o consumo de alimentos por redução do apetite e

por diminuição da absorção de nutrientes, dentre eles, o ferro.

As baixas reservas corporais de ferro (FerS < 12 ng/ml), traduzidas pela proporção

de ferro-depleção (30,5%), vem mostrar que a deficiência de ferro é uma carência

nutricional específica importante nos pré-escolares das creches públicas do Recife.

A comparabilidade da magnitude das reservas inadequadas de ferro, com os dados

da literatura especializada é dificultada, tanto pela escassez dos dados, como pela

metodologia de análise utilizada (pontos de corte diversificados), bem como, pela

diversidade da população estudada. Um exemplo dessa diversidade na adoção de

pontos críticos de normalidade e deficiência, pode ser observado em estudos como

o de Schmitz et al. (1998) que avaliaram crianças menores de 36 meses, mas

utilizando o ponto de corte de 10 ng/ml e encontraram uma prevalência de 27,9%.

Por sua vez, Hamedani et al. (1991) encontraram reserva depletada de ferro (FerS <

10 ng/ml) em 59% das crianças em idade pré escolar, enquanto Moura et al. (2001)

que detectaram 19,3% de escolares de Campinas (SP) com reservas insuficientes

de ferro, embora utilizando o ponto de corte de 15 ng/ml.

A alta prevalência de eritropoiese deficiente, onde 70% das crianças apresentavam

PEL elevada, 62% baixos níveis de FeS e cerca de 60% baixos %STr, vem

demonstrar que a transferrinemia está seriamente comprometida na população de

estudo. No entanto, um fato que merece ser mais estudado são os dados oriundos

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da CTLF que registrou uma prevalência extremamente baixa (8%) de níveis

inadequados de transferrinemia.

Estudo realizado por Rettmer et al. (1999), com crianças e adolescentes americanos,

mostrou uma prevalência de eritropoiese deficiente variável, segundo o teste

laboratorial utilizado. O percentual de inadequação do %STr atingiu a cifra de 27,9%,

enquanto que a proporção de valores de PEL inadequada foi extremamente baixa

(3,1%). Entretanto, é importante ressaltar que o ponto de corte adotado para a PEL

tenha sido de 80 µmol/mol heme, independente do grupo etário avaliado.

Hamedani et al. (1991), avaliando crianças menores de 6 anos do Paquistão,

observaram concentrações baixas de FeS em 57,8% das crianças, porém utilizando

como nível crítico para depleção, valores inferiores a 36,7µg/dl. Por outro lado,

43,9% das crianças apresentaram altos valores de CTLF (> 398µg/dl).

A extrema variabilidade, em termos de magnitude, dos parâmetros de avaliação da

deficiência de ferro, analisados isoladamente, remete a uma indagação sobre a

necessidade do uso de mais de um parâmetro que possa traduzir o amplo espectro

que compreende a transferrinemia, bem como as reservas corporais de ferro e a

anemia. Para Madanat et al. (1984) a configuração de um quadro de deficiência

marcial se daria quando houvesse uma redução significativa do %STr, associado a

microcitose e hipocromia. Nos seus achados, apenas 30% das crianças, que tinham

deficiência de ferro, apresentavam níveis inadequados de FerS (< 12ng/ml).

O comportamento homogêneo na distribuição dos parâmetros bioquímicos, segundo

o sexo, tem sido confirmado em outros estudos (ASSIS et al., 1997; RETTMER et

al., 1999; NEUMAN et al., 2000; SILVA et al., 2001; BRUNKEN et al., 2002). No

entanto, alguns achados têm apontado uma maior prevalência de anemia em

crianças do sexo masculino (TORRES et al., 1994; MONTEIRO et al., 2000;

OLIVEIRA et al., 2002). Isso talvez possa ser explicado pela maior velocidade de

crescimento apresentado pelos meninos na idade pré-escolar, acarretando maior

necessidade de Fe pelo organismo, não suprida pela dieta. (TORRES et al., 1994).

Essa maior vulnerabilidade do sexo masculino à carência de Fe, também tem sido

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observada em relação a outros micronutrientes, à exemplo da vitamina A (SOMMER

e WEST, 1996). Crianças do sexo masculino tendem a apresentar um risco 2 vezes

maior de xeroftalmia moderada e 3 vezes maior de xeroftalmia severa, quando

comparados com crianças do sexo feminino (DINIZ, 1997).

A maior susceptibilidade das crianças menores de 24 meses à depleção das

reservas corporais de ferro, eritropoiese deficiente e anemia, vem demonstrar que

este é um grupo etário de maior risco a carência marcial. Deve-se ressaltar que em

relação à transferrinemia, embora, o FeS tenha apresentado uma tendência de

valores médios mais baixos, nessa faixa etária, essa tendência não foi validada do

ponto de vista estatístico.

Silva et al. (2001) também mostraram uma associação significativa da anemia, a

partir da avaliação da Hb, com a distribuição etária. A prevalência de anemia entre

as crianças menores de 24 meses foi mais elevada (65,6%), quando comparada

com aquela observada em crianças com idade igual ou superior a 24 meses

(38,2%). Várias outras contribuições da literatura têm confirmado que as crianças até

2 anos de idade são mais vulneráveis à anemia (SALZANO, 1985; SZARFARC,

1985; MONTEIRO e SZARFARC, 1987; ROMANI et al., 1991; ASSIS et al., 1997;

SCHMITZ et al., 1998;.BRUNKEN et al., 2002).

A maior depleção de ferro em termos de reservas corporais e transferrinemia

observada nesse grupo etário, a exemplo da anemia, também tem sido confirmado

em outras investigações que procuram estudar aspectos epidemiológicos da

ferropenia em crianças (HERSHKO et al., 1981; RETTMER et al., 1999).

No que diz respeito a outras carências nutricionais específicas, à exemplo da

hipovitaminose A, essa vunerabilidade de crianças de menor idade tem sido

destacada em vários estudos epidemiológicos. Lóla (1993) observou que crianças

menores de 24 meses eram mais susceptíveis a apresentar citologia conjuntival

anormal. Diniz (1997) relatou que lesões oculares mais graves (xeroftalmia com

comprometimento corneal) ocorriam, predominantemente, nas crianças dessa faixa

etária.

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É um fato bastante conhecido que a carência de ferro acomete, de maneira muito

importante, indivíduos que se encontram em fase de crescimento acelerado, com

conseqüente aumento das necessidades de ferro (TORRES et al., 1994). Associado

a isto, a curta duração do aleitamento materno total e exclusivo, a introdução de leite

de vaca, ocasionando microhemorragias no trato gastrointestinal, aliada à introdução

de uma dieta monótona e pobre em ferro, bem como a maior predisposição às

doenças infecciosas e parasitárias, são fatores de risco que poderiam explicar a

maior vunerabilidade, desse grupo etário à deficiência de ferro e anemia (OSÓRIO,

2002). Logo, tomando-se como referência a história natural da carência, as reservas

insuficientes levariam há uma redução na transferrinemia com eritropoiese deficiente

e instalação da anemia.

A correlação inversa dos níveis de Hb com as concentrações da PEL, observada na

população do estudo, é um fato também descrito por Serdar et al. (2000). Esta

associação é, em princípio, previsível, já que o aumento da protoporfirina não

conjugada no seio eritrocitário, seria decorrente de um aporte insuficiente de ferro no

nível celular. Logo, haveria ferro insuficiente para formação da Hb. No entanto,

observou-se uma ausência de correlação entre a Hb e os demais indicadores de

avaliação do estado nutricional de ferro, quando da comparabilidade desses

parâmetros, enquanto variáveis contínuas. Este achado merece reflexão, quando

considerado à luz do paradigma de análise adotado (história natural da doença).

Deve-se, entretanto, ressaltar que, na análise específica da transferrinemia, o %STr

mostrou uma discreta tendência de correlação positiva com a Hb, embora não

validada estatisticamente. Considerando-se que o %STr representaria, em termos de

informação do estado nutricional de ferro, uma síntese da combinação dos

parâmetros FeS e CTLF, esse indicador, em tese, forneceria uma leitura mais

coerente na interpretação dos resultados de transferrinemia. Nesse sentido, é que o

%STr tem sido frequentemente utilizado, a exemplo da PEL, na avaliação da

eritropoiese (MADANAT et al., 1984; COOK, 1999).

Um conjunto de fatores, ainda não totalmente conhecidos, poderia fornecer

subsídios para uma melhor compreensão desses resultados. Um dos elementos a

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considerar, na análise dessa ausência de correlação, diz respeito ao comportamento

desses parâmetros bioquímicos em meio biológico.

No caso específico da FerS, a menor prevalência de reservas corpóreas de ferro, em

relação à prevalência de anemia nos pré-escolares estudados, seriam achados

imprevisíveis, se analisados sob a óptica da história natural da carência, onde a

anemia só se instalaria quando as reservas corporais de ferro atingissem níveis

inadequados. Relatos da literatura mostram a extrema variabilidade nas

concentrações desses parâmetros (FerS e Hb) em níveis plasmáticos e/ou séricos,

decorrentes de alterações orgânicas, à exemplo dos processos infecciosos

(RAPAPORT, 1990; HALSMAN, 1993; BEARD e PIÑERO, 1997; COOK, 1999).

Sabe-se que a FerS é considerada uma proteína da fase aguda nos processos

infecciosos, que se eleva significativamente, mesmo em estágios subclínicos,

independente dos níveis de depósito de ferro no organismo (WHO, 2001). Logo, é

de fundamental importância a análise das concentrações de proteínas indicadoras

do estado infeccioso no organismo, à exemplo da proteína C-reativa (PCR), para

uma interpretação criteriosa dos níveis de FerS e, consequentemente, das reservas

corporais de ferro.

A extrema variabilidade nos níveis do FeS e CTLF, decorrentes de variações diurnas

e da presença de doenças crônicas, dentre outros fatores (RAPAPORT, 1990;

BRAGA e FISBERG, 1998), torna difícil a interpretação dos resultados desses

parâmetros. Portanto, seria plausível, do ponto de vista metabólico, supor que esses

indicadores da transferrinemia, de modo análogo à FerS, possam sofrer alterações

também durante os processos infecciosos.

A Hb tem sido um parâmetro permanentemente questionado, em termos de

fidedignidade na avaliação do estado nutricional de ferro (BEARD e PIÑERO, 1997).

Em determinados contextos, nem sempre a anemia pode ser atribuída à deficiência

de ferro, principalmente, naqueles espaços geográficos com alta prevalência de

doenças crônicas, parasitoses intestinais e infecções. Nessas populações, para a

avaliação do estado nutricional de ferro tem sido indicado a análise do receptor da

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transferrina sérica (RTrS), como teste laboratorial de maior acurácia. Asobayire et al.

(1999) estudaram a distribuição da anemia por deficiência de ferro (ADF) em pré-

escolares aparentemente saudáveis da Costa do Marfim, utilizando parâmetros

bioquímicos de avaliação do estado nutricional de ferro e do estado de infecção. A

partir da análise desses parâmetros, constatou-se que a prevalência de anemia foi

de 50% e a de ADF foi muito menor (38%). Valores elevados de PCR foram

encontrados em 46% das crianças. Vale salientar que a PCR não mostrou

correlação com RTrS, mas apresentou associação com a FerS e a PEL, indicando

que estes parâmetros foram limitados em identificar deficiência de ferro.

Um outro aspecto que poderia contribuir para uma melhor compreensão na

interpretação desses achados, diz respeito aos pontos de corte usualmente

utilizados para definir os estados de normalidade e deficiência. Esses níveis críticos,

em princípio, definidos a partir de resultados empíricos, e portanto, de certa forma

arbitrários, podem estimar prevalências diferenciadas, segundo o critério adotado.

Logo, a adoção de critérios mais conservadores identificaria apenas aqueles

quadros carenciais de maior severidade, em termos de depleção das reservas

corporais de ferro e eritropoiese deficiente.

Um exemplo dessa disparidade nas estimativas de prevalência pode ser observado

quando considerou-se, para identificação das reservas de ferro inadequada, nos pré-

escolares estudados, o ponto de corte de 24 ng/ml para FerS. Este tem sido o nível

crítico de decisão recomendado pela OPAS (1996), em substituição ao ponto de

corte de 12 ng/ml. Na adoção desse novo critério, a prevalência das reservas

depletadas se elevou de um nível de 30,5% para 67,9%, prevalência esta

significativamente superior (p = 0,04) àquela observada para anemia (55,6%). Esses

resultados aumentariam a coerência na comparabilidade desses parâmetros (Hb e

FerS) e refletiria com maior fidedignidade a sua interpretação de acordo com a

história natural da carência.

No entanto, vale ressaltar os resultados descritos por Schmitz e col (1998),

avaliando crianças brasilienses menores de 36 meses, em que as prevalências de

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depleção das reservas de ferro e de anemia foram semelhantes, mesmo quando

utilizado o ponto de corte de 10 ng/ml para FerS.

A correlação entre os parâmetros que avaliam as reservas corporais de ferro, a

transferrinemia e a disponibilidade de ferro à eritropoiese, observada nos pré-

escolares estudados, vem mostrar que esta associação foi compatível com os elos

da cadeia metabólica que compreende o ciclo do ferro no organismo.

No que diz respeito aos parâmetros de avaliação da transferrinemia, é teoricamente

justificável a relação inversa observada entre os níveis de FeS e a CTLF, uma vez

que, quando ocorre redução dos níveis circulantes do mineral, há um aumento da

concentração de transferrina sérica, avaliada pela CTLF. Por outro lado, é também

obvia a relação direta observada entre o FeS e o %STr, e a sua relação inversa com

a CTLF. Esse achado é plausível uma vez que o %STr é um parâmetro formado a

partir da relação existente entre o FeS e a CTLF. Portanto, quando há uma redução

do FeS e/ou um aumento da CTLF, o %STr tende a apresentar valores reduzidos,

confirmando um quadro de deficiência. Por sua vez, quando ocorre um aumento do

ferro circulante e/ou redução da CTLF, o %STr indica proporções adequadas dos

níveis de transferrinemia.

Essa associação entre as reservas corporais de ferro, a transferrinemia e a

eritropoiese, foi também observada por Hershko et al. (1981) em crianças na idade

de 1 a 6 anos procedentes da zona rural de Israel.

No que diz respeito ao poder de discriminação dos parâmetros de avaliação do

estado nutricional de ferro, para a confirmação ou não dos casos de anemia (Hb <

11g/dl), os testes que mostraram maior Se (ca. 68%) foram baseados em

parâmetros que traduzem o estágio de transferrinemia (PEL, FeS e o %STr). No

entanto, a CTLF foi o parâmetro de maior Sp, seguido da FerS, confirmando os

casos de anemia por deficiência de ferro. A CTLF também foi o melhor parâmetro,

em termos de predição da presença de anemia (VP(+)).

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Serdar et al. (2000) também observaram em crianças turcas que o PEL é um

parâmetro muito sensível e a FerS muito específico em detectar anemia por

deficiência de ferro.

Na busca do aumento do poder de discriminação da anemia, a combinação de 2 ou

mais parâmetros não provocou impacto significativo no poder discriminatório do

teste, quando comparado com aqueles resultados observados, quando do uso

isolado de cada parâmetro, na definição de anemia. Nesse sentido, numa análise

criteriosa que deve permear a escolha dos parâmetros a serem utilizados na

discriminação dessa carência, a PEL, o FeS ou o %STr seriam os parâmetros mais

indicados para o rastreamento dos casos positivos, enquanto que a CTLF, seria o

teste mais indicado na confirmação e predição desses casos.

Na avaliação das reservas corporais de ferro, considerando a Se, Sp e valores

preditivos, o comportamento dos parâmetros foi similar àquele observado na

definição de anemia, onde a PEL, FeS e %STr mostraram maior Se e a CTLF a

maior Sp e VP(+). Procedendo-se a combinação dos parâmetros, foi observada uma

tendência ao aumento do poder de discriminação de alguns testes. No entanto, essa

elevação não foi superior ao poder discriminatório daqueles testes quando usados

de forma isolada. Logo, na definição das reservas corporais, a depleção seria melhor

traduzida a partir dos parâmetros que avaliam a transferrinemia, a exemplo da PEL,

FeS e %STr para o rastreamento dos casos deficientes e a CTLF na confirmação

diagnóstica e predição das reservas corporais inadequadas.

Deve-se ressaltar, nessa avaliação, o baixo poder de discriminação da Hb na

identificação da deficiência de ferro, tanto em termos de diagnóstico, como de

confirmação e predição das reservas de ferro inadequadas. Moura et al. (2001)

também observaram baixos valores de Se e Sp da Hb na identificação das reservas

corporais de ferro (FerS < 15 ng/ml). Isso é um dado preocupante, visto que a Hb

tem sido o parâmetro recomendado (WHO, 2001) e mais usado no diagnóstico da

anemia por deficiência de ferro, em estudos populacionais (SALZANO, 1985,

ROMANI et al., 1991; ASSIS et al., 1997; OLIVEIRA et al., 2002).

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Na avaliação da eritropoiese, traduzida pela concentração da PEL (> 40 µmol/mol

heme), os parâmetros de avaliação da transferrinemia, juntamente com a Hb, foram

os que mostraram maior poder de discriminação do estado de ferro disponível à

eritropoiese.

A maior Se observada quando do uso do FeS e do %STr, como também da Hb, é

um achado, de certa forma esperado, visto que esses parâmetros mostraram uma

correlação significativa com a PEL. De forma análoga, a maior Sp e VP(+)

observados quando do uso da CTLF, foi um achado previsível em virtude da estreita

associação observada entre este parâmetro e a PEL. No que diz respeito a FerS,

que também mostrou uma associação significativa com a PEL, embora seus

percentuais de Sp e VP(+) tenham sido elevados, esses valores ainda foram

inferiores aqueles observados quando do uso da CTLF. Em termos de incremento do

poder de discriminação do teste, a combinação de parâmetros, embora tenha

elevado essa capacidade discriminatória no diagnóstico, esta se manteve sempre

em níveis inferiores quando comparada com o poder de alguns desses testes

utilizados como parâmetro isolado. Logo, o FeS, o %STr ou Hb seriam os

parâmetros de primeira linha no diagnóstico do estado eritropoiético, seguidos do

uso da CTLF para a comprovação e predição dos casos.

Vale ressaltar, entretanto, que a maior Sp e VP(+) observados quando da utilização

da CTLF, na confirmação e na predição dos casos de depleção das reservas,

eritropoiese deficiente e anemia, poderia ser atribuída à adoção do ponto de corte

extremamente restritivo (> 400µg/dl), que só identificou os casos supostamente

moderados e/ou graves da deficiência, e, consequentemente, reduziu de forma

significativa a probabilidade de inclusão de resultados falso positivos (FP). O uso de

pontos de corte mais conservadores tende a elevar o percentual de resultados falso

negativos (FN) na população de risco. Como conseqüência, pode haver uma

subestimação da prevalência, pela exclusão dos casos leves da deficiência que, em

princípio, poderiam acarretar possíveis efeitos deletérios de maior ou menor

magnitude à saúde, como tem sido relatado nas formas moderadas e graves

(DALMAN, 1987; KASDAN, 1998).

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6. CONCLUSÕES

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• A anemia nutricional em creches públicas da cidade de Recife foi considerada

como um problema de saúde pública do tipo grave, onde a prevalência de níveis

inadequados de Hb foi da ordem de 55,6%. Cerca de 1/3 desses casos

apresentavam deficiência do tipo moderada/grave.

• Reservas corporais de ferro inadequadas foram encontrados em cerca de 30%

da população estudada.

• O estado de eritropoiese mostrou níveis de transferrinemia diferenciadas no ciclo

plasmático do ferro, com teores deficientes que variaram de 69,6% para PEL à

8% para CTLF.

• Crianças menores de 24 meses apresentaram maior susceptibilidade a

deficiência de ferro, em termos de depleção das reservas, eritropoiese deficiente

e anemia.

• No diagnóstico do estado nutricional de ferro, a PEL, FeS ou %STr seriam os

parâmetros de primeira linha a serem utilizados no diagnóstico dos casos de

depleção das reservas de ferro e anemia, seguidos da análise da CTLF para

confirmação e predição desses casos.

• Na avaliação da eritropoiese, o FeS, o %STr ou a Hb foram considerados os

parâmetros que mostraram o maior poder de discriminação para o rastreamento

dos casos de deficiência, seguidos da CTLF para comprovação e predição

desses casos.

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• A associação de parâmetros na avaliação do estado nutricional de ferro, embora

tenha elevado o poder de discriminação de alguns testes, esse incremento

manteve-se em patamar inferior ao poder de discriminação exibido por alguns

parâmetros analisados de forma isolada.

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7. SUGESTÕES

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• Desenvolvimento de estudos de cunho metodológico, principalmente no que diz

respeito à definição dos pontos críticos de decisão diagnóstica, visando o uso

mais racional dos parâmetros de avaliação do estado nutricional do ferro.

• Avaliar, em termos de custo/benefício, o uso dos parâmetros geralmente

utilizados no diagnóstico da depleção das reservas de ferro, eritropoiese

deficiente e anemia.

• Identificar fatores que possam interferir ou alterar de forma significativa o

comportamento dos parâmetros de avaliação do estado nutricional do ferro,

quando em meio biológico.

• Desenvolver estudo similar para estimar o grau de extrapolação dos resultados

para populações não institucionalizadas.

• Implementar e/ou implantar medidas efetivas a curto, médio e longo prazos, para

prevenção e controle da anemia nutricional ferropriva.

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8. REFERÊNCIAS

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ANEXOS

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