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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO "A VEZ DO MESTRE”
TÍTULO PROFESSOR “ESPECIAL” X PROFESSOR “REGULAR”
OU O DESAFIO DA INTERLOCUÇÃO
por
ANA CLAUDIA DA SILVA COSTA LOBO
Professor Orientador: Mary Sue Carvalho Pereira
RIO DE JANEIRO Junho/2002
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
PROJETO "A VEZ DO MESTRE”
TÍTULO PROFESSOR “ESPECIAL” X PROFESSOR “REGULAR”
OU O DESAFIO DA INTERLOCUÇÃO
Apresentação de monografia ao conjunto Universitário Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia. Por Ana Claudia da Silva Costa Lobo
RIO DE JANEIRO Junho/2002
ii
AGRADECIMENTOS
Aqui não estou utilizando os agradecimentos como
simples obrigatoriedade metodológica. Eles representam uma
sincera afeição a todos que estiveram envolvidos de maneira direta e
indiretamente nos meus caminhos.
A Deus, que sempre me deu forças para, que apesar dos
obstáculos, eu continuasse a buscar novos caminhos.
A minha amiga maior, que Deus me deu o privilégio de
ser a minha mãe, aos meus filhos e marido por acreditarem em mim
e apoiarem o um trabalho.
Ao professor Wanderley Sabino, presidente da APAE
Nova Iguaçu, por ter acreditado no meu trabalho e revelado o quanto
em nossas diferenças nos tornamos especiais e únicos
iii
DEDICATÓRIA Em especial a minha mãe, que sempre esteve ao meu
lado, e mesmo passando por uma limitação visual, mostrou-me
coragem, força e entusiasmo pela vida, com seu jeito amigo e
amável de ser, tornando-se para mim uma grande “fonte” de
esperança.
A você mãe dedico cada linha deste trabalho e sempre foi
por você que derrubei barreiras e expandi meus sonhos e ideais, e
será com você que enfrentarei outros desafios na escalada da
montanha.
Dedico também a vocês meus filhos, Thiago e Thaíse,
que compreenderam todas as minhas falhas e ausências, na
esperanças de ter contribuído para seus projetos de vida a
perseverança dos desafios e conquistas.
Por fim, a meu marido e companheiro, que apesar da
resistência, hoje entende o quanto é importante a conquista dos meus
objetivos.
iv EPÍGRAFE
“(...)Ainda que eu falasse línguas, as dos
homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor,
seria como sino ruidoso ou como címbalo
estridente. Ainda que eu tivesse o dom da
profecia, o conhecimento de todos os
mistérios e de toda a ciência; ainda que eu
tivesse toda a fé, a ponto de transportar
montanhas, se não tivesse o amor, eu não
seria nada. (...)”.
(I Coríntios 13 vs. 1 e 2)
v
RESUMO
Segundo a Organização Mundial de Saúde 10% da população
brasileira é portadora de algum tipo de deficiência. Várias leis foram criadas
para a garantia do direito dessas pessoas. A Constituição Federal (1998)
garante a integração das crianças portadoras de deficiência na rede regular de
ensino. Mas para que isso realmente se efetive é necessário que a comunidade
escolar se disponha a aceitá-la. Esta monografia aborda estas questões em 3
capítulos. O primeiro capítulo, Os Paradigmas da “Integração” e “Inclusão” ,
apresentamos modelos das propostas de Integração e Inclusão. O segundo
capítulo ressalta a questão da formação de professores, Quem educa o
educador? Analisa a formação inicial e contínua do profissional de educação.
O terceiro capítulo apresenta e analisa as interlocuções de professores
“Especiais” e professores “Regulares”. Ao final apresenta-se uma matriz de
análise e a conclusão do estudo.
vi
METODOLOGIA
O objeto deste estudo encontra-se no campo da formação de
educadores. O foco situa-se no levantamento das necessidades, nos desejos,
nos anseios, assim como nos interesses de professores, visando a inclusão do
aluno com necessidades educacionais especiais na classe regular do Ensino
Fundamental. Em função dos objetivos da pesquisa etnográfica, foi realizada
uma investigação de campo de cunho qualitativo junto a professores da rede
pública de ensino.
A pesquisa foi realizada em duas escolas municipais da Cidade de
Nova Iguaçu. Através de questionários que foram respondidos por vinte (20)
professoras do 1º segmento do Ensino Fundamental.
INTRODUÇÃO 8
A Escola Inclusiva traduz um desafio dos pais e educadores para
todos, onde há algum tempo no contexto educacional compensatório era usado
o termo “Excepcional”. Com os estudos e preocupações de muitos, surgiu o
termo Inclusão, com o deslocamento do foco da deficiência para a pessoa.
O assunto foi escolhido por ter presenciado inúmeros
questionamentos do professor do ensino regular quanto a inclusão do aluno
portador de necessidades educacionais especiais em suas salas de aula.
A criança quando é identificada como portadora de necessidades
educacionais especial, com um trabalho contínuo e específico para suas
necessidades, terá condições para uma boa socialização em uma turma no
ensino regular e muitas vezes surpreende, nossas expectativas.
Será que o professor está preparado para distinguir alunos
portadores de necessidades educativas especiais dos alunos “ditos normais”?
Identificados, como trabalhar estes alunos? Quando a escola será
realmente democrática, isto é, realmente para todos?
Precisamos garantir uma educação de boa qualidade e que resulte
no progresso de uma “Educação para todos”.
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CAPÍTULO I
OS PARADIGMAS DA “INTEGRAÇÃO “ E “ INCLUSÃO
A proposta da educação inclusiva é uma escola onde cabem todos
os tipos de alunos, respeitando-se as necessidades e individualidades dos
mesmos.
A inclusão já acontece em outros países como Canadá e Estados
Unidos e vem caminhando muito bem. Nestes países não há problemas como
evasão, repetência e trabalho infantil. No Brasil a proposta de inclusão, para
muitos é somente “colocar” o portador de necessidades educativas em escolas
especiais.
Além da inclusão, precisamos resolver os problemas sociais,
causados pela desigualdade de condições financeiras. É preciso fazer entender
que uma escola inclusiva é um direito de todos, hoje nossas escolas não
conseguem manter o aluno “dito normal” dentro dela, a repetência tem índices
bem significativos. A proposta de inclusão é acabar com estas exclusões.
Precisamos semear a proposta da inclusão, se professor, pais e
escola entenderem que a educação inclusiva é para oferecer uma educação
justa, capaz de atender às necessidades individuais de todas as pessoas. Na
escola inclusiva não há competitividade, respeitando o aluno como é, ela não
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faz o aluno aprender pelo castigo. Cada um tem seu tempo e a escola do
ensino regular precisa valorizar esse tempo que freqüentemente é
discriminado e rotulado.
A educação especial passou por diversas transformações, e por
diferentes tendências ao longo dos anos. Dentre elas, as mais importantes e
atuais são as tendências ou propostas de ensino de integração e inclusão de
alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino.
É comum encontrarmos em textos, artigos, livros, etc., termos
como integração, integração escolar, integração total, inclusão total, inclusão,
entre outros, sendo usados com o mesmo significado, o que pode gerar
problemas no desenvolvimento da proposta de inclusão. De acordo com
Sassaki (1997), a utilização dos termos integração e inclusão descritos com
sentidos diversos, se deve ao fato de estarmos vivenciando uma fase de
transição entre as duas perspectivas.
Na verdade, integração e inclusão são dois processos distintos,
pois e integração prevê a inserção do aluno com necessidades educacionais
especiais no sistema regular, dependendo de sua capacidade de se adaptar às
opções que esta oferece para a sua inserção. Ao contrário, na inclusão o
sistema de ensino é que deve procurar a resposta educativa mais adequada às
peculiaridades de cada aluno. Todos podem ser inseridos independente de suas
condições.
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1-O MODELO DE INTEGRAÇÃO OU SISTEMA DE CASCATA
A integração se entendida como processo, visa inserir, física e
socialmente as pessoas na sociedade, da qual foram segregadas e
marginalizadas. É importante citar que a noção de integração, no entanto,
possui diversas interpretações, desde o modo como ser entendida até a sua
organização no contexto escolar.
É válido assinalar que alguns autores ao defenderem os seus
posicionamentos preferem situar a questão de integração num contexto
educacional, e existem outros que relacionam ambos os aspectos, ou seja, o
social e o educacional. Na realidade, é praticamente impossível dissociar a
sociedade da escola, pois ambas são partes integrantes e constituídas da outra.
Para Glat, integração é “Um processo espontâneo e subjetivo que
envolve direta e pessoalmente e relacionamento entre seres
humanos”.(Glat,1995).
Para Werneck, “...a integração vem impor ao deficiente a
obrigação de acompanhar e dominar o conteúdo didático...”. (Werneck,2001).
A integração transfere para a pessoa com deficiência a maior
responsabilidade sobre sua adaptação, modificando pouco a estrutura da
escola.
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Algumas escolas oferecem um modelo integracionista ao aluno
portador de necessidades educacionais especiais, onde, o aluno terá que se
adaptar com a escola, e não a escola se adaptar ao mesmo.
2- O MODELO DE INCLUSÃO
O princípio da inclusão surgiu a partir das discussões sobre a
garantia de uma educação de qualidade para todos, que além de promover
metas reais de atendimento para todas as crianças que estiverem fora da
escola, propunha a inserção da educação especial dentro dessa estrutura de “
educação para todos”. Estas idéias foram retomadas na conferência de
Salamanca, realizada na Espanha em 1994, e garantida no documento oficial
chamado de “ Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades
Educacionais Especiais” (1994).
O princípio da inclusão vem sendo considerado como uma nova
perspectiva de inserção dos alunos com necessidades educacionais especiais
na turma regular, por propor que todos sejam atendidos, desde o início de sua
escolaridade nas escolas regulares.
É importante salientar que a inclusão demanda na organização,
funcionamento e posicionamento tanto da Educação Especial quanto da
educação de uma maneira geral. Implica questionar os modelos atuais de
atendimento aos indivíduos portadores de necessidades educacionais
especiais, assim como o atual sistema de ensino que favorece a evasão escolar,
repetência e o fracasso escolar.
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A escola inclusiva é aquela que deve acomodar todas as crianças
independentemente de suas condições intelectuais, emocionais, lingüísticas e
outras; devendo promover uma educação de alta qualidade a todos os
educandos, modificando atitudes discriminatórias, criando comunidades
acolhedoras e desenvolvendo uma sociedade inclusa. Na sociedade inclusa
todos têm o mesmo valor, ações como “ aceitar o diferente” ou “ abrir espaço
para ele” não fazem mais sentido.
A inclusão do aluno portador de deficiência ou necessidades
educacionais especiais na escola é um processo amplo, que pressupõe
integração entre pessoas portadoras ou não. Tal interação deve promover o
desenvolvimento de todos, visando o pleno exercício da cidadania.
Acredito que uma educação de qualidade não pode ser privilégio
de alguns poucos; todo processo educacional deve abranger todas as pessoas,
independentemente de origem social e econômica, sexo, idade ou qualquer
outro tipo de fator discriminante. Portanto, não há argumentos que justifique a
exclusão de portadores de necessidades educacionais especiais da escola.
A escola inclusiva é definida a partir da metáfora do
caleidoscópio.
No sistema Caleidoscópio, todos se beneficiam de educação
inclusiva, todos se enriquecem, os alunos, os professores e demais educadores,
a família e a comunidade.
Jandira (1994), citando Saleh, afirma que “ao atender a
diversidade, os professores e as escolas chegam a ser versáteis e criativas aos
enfoques pedagógicos que realmente, enriquecem a qualidade da educação
para todos”.
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CAPÍTULO II
ESCOLA PARA TODOS. SERÁ?
1- DO FRACASSO AO SUCESSO...
Segundo pesquisa (IBGE- 1999), de cada 100 crianças que
iniciam a 1ª série, menos da metade chega a 2ª série, menos de um terço
consegue atingir a 4ª, e menos de um quinto conclui o ensino fundamental. A
repetência, ou seja, a não aprendizagem, e a evasão, isto é, o abandono da
escola, explicam esse progressivo “afunilamento”, que vai construindo a
chamada “pirâmide educacional brasileira”. Isso se dá através da rejeição, pela
escola, das camadas populares, onde muitas vezes na rua ou no trabalho
precoce, aumenta, até mesmo garante, a renda familiar.
Nessa luta porém, ainda não somos vencedores, continuamos
vencidos: não há escolas para todos, e a que escola existe inclui alguns poucos
e exclui tantos outros.
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Aluno ideal, idealizado por muitos professores, é aquele
“disciplinado”, “estudioso”, “comportado”, “responsável”, o exemplo para a
classe toda. Aquele que “foge” deste ideal, é rotulado, discriminado e excluído
da escola. O bom aluno, consegue pelo seu mérito pessoal seu “esforço”, boas
notas, resultado de “dedicação”.
O aluno que não corresponde as exigências do “bom aluno”,
sofre, dessa forma, um processo de marginalização e fracassa, não por
deficiências intelectuais ou culturais, mas porque é “diferente”. Nesse caso, a
responsabilidade pelo fracasso escolar cabe à escola, que trata de forma
discriminativa a diversidade, transformando diferenças em deficiências.
2- QUEM EDUCA O EDUCADOR?
Atualmente, discute-se muito se devemos ter as chamadas classes
especiais ou se devemos inserir nossos alunos com necessidades educacionais
especiais em turmas regulares.
Com a proposta de inclusão defende-se que nossos alunos devem
estar inseridos em turmas regulares, é preciso que todos os professores tenham
em sua formação o conteúdo, o conhecimento, a prática básica para que ele
realmente possa promover o desenvolvimento do aluno e não apenas trabalhar
em cima dos seus “achismos”. Este professor deve estar preparado e ser
também amparado para trabalhar com este e com qualquer outro aluno.
Gostaríamos de esclarecer que, quando nos referimos ao “achismo”, não
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quisemos culpar o professor por isso, mas sim a esta formação inicial, bem
como a formação continuada ou em serviço que atualmente é promovida.
Na formação inicial, os cursos de magistério desenvolvem um
currículo estritamente formal, com estágios distanciados da prática e que
somente ocorrem ao final do curso, como se os alunos precisassem
primeiramente absorver toda a teoria para depois relacioná-la com prática. O
que é uma verdadeira contradição, já que a teoria não existe sem a prática, e
nem a prática sem a teoria.
Na formação contínua ou continuada, a base dos cursos está na
atualização e reorganização de conteúdos de ensino, e não na troca de
experiências, no trabalho coletivo de professores, na resolução das atuais
dúvidas e questionamentos, ou seja, na prática.
Assim percebemos que a formação dos professores não deve ser
pensada como um processo que se inicia nos cursos de formação inicial e nem
tão pouco que termina ao final do curso de formação, seja ele a nível básico ou
a nível superior.
A formação do professor é um aprendizado constante, através de
seus estudos, reflexões, atuações, etc.
Parece haver atualmente uma preocupação em incluir crianças
com deficiência nas classes regulares. Na prática, essa inclusão encontra
algumas dificuldades em sua realização. Talvez devido ao despreparo dos
professores para receber essas crianças em suas classes.
Buscaremos acender a chama do conhecimento, para que a
escola e professores conscientizem-se em torno de um novo sentido de
“deficiência”.
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A “deficiência” , seja ela qual for, é uma questão que precisa ser
discutida cada vez mais, principalmente quando existe uma dificuldade de
aceitação de alunos portadores de necessidades educacionais especiais nas
escolas.
Sem sombra de dúvidas, a formação dos professores é um ponto
importantíssimo para a reconstrução da escola e para o desenvolvimento de
uma escola inclusiva. Isto porque os professores aprenderam a trabalhar com a
heterogeneidade, a buscar novos recursos, materiais métodos, novos
procedimentos que possibilitem e facilitem o processo do ensino e
aprendizagem, respondendo positivamente as necessidades de seus alunos e
proporcionando seu desenvolvimento.
Dentro desse contexto, o aluno, como sujeito do seu próprio
aprendizado e desenvolvimento, deve ser visto como o “ator principal”.
A escola, enfim deve preparar-se para ultrapassar o limite da
transmissão simples de conhecimentos pré-estabelecidos. Aprendizado e
experimentação devem andar juntos continuamente para que a construção do
conhecimento se efetive na prática. Dessa forma, o professor deve assumir o
seu papel de mediador entre o aluno e o conhecimento.
Com o convívio em escolas públicas podemos observar o quanto
o professor é temeroso em relação a inclusão, muitos nem se quer têm idéia de
sua proposta e sentem-se incapazes de trabalhar com o aluno portador de
necessidades educacionais especiais. Ninguém está preparado para a inclusão,
assim como um pai não está preparado para receber um filho com deficiência.
O trabalho precisa ser posto em prática e, simultaneamente deve-se qualificar
o professor. Mas não somente através de cursos, a qualificação deve ser dentro
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da escola, a partir das experiências de cada um. É um equívoco achar que para
trabalhar com portadores de necessidades educacionais especiais é preciso ter
grandes teorias e muito tempo de prática, isso não é verdade, o mais
importante é a conscientização da proposta inclusiva, o professor, a escola e a
comunidade de perceber que a escola é onde as pessoas se reconhecem como
cidadãos. Outro ponte importante é a união dos pais e/ou professores para
trocar idéias e experiências, pressionar o cumprimento das leis e garantir os
direitos dos filhos e alunos.
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CAPÍTULO III
PROFESSOR “ESPECIAL” X PROFESSOR “REGULAR” OU
O DESAFIO DA INTERLUCUÇÃO
1- A INTERLOCUÇÃO COM PROFESSORES DE CLASSES
REGULARES. O QUE FALAM SOBRE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.
Neste capítulo, iremos apresentar o que os educadores
entrevistados nos falaram a respeito de como identificam alunos portadores de
necessidades educacionais especiais em suas classes regulares
As respostas desses profissionais representam um material
valiosíssimo, repletos de significados e indagações. E com certeza, muito
importante para nós, pois foi a partir dele que este estudo efetivou-se.
Ressaltamos, que as opiniões foram diversas, porém, na escola
que era atendida pela sala de recursos, as professoras eram mais esclarecidas
e abertas com relação a proposta de inclusão.
Analisando as diversas questões abordadas pelas professoras na
identificação dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais
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percebe-se que a maioria das professoras do ensino regular confunde-se para
identificar uma criança portadora de necessidades educacionais especiais. Na
maioria, são capazes de identificar através de comportamento, relacionamento,
raciocínio, aprendizagem, e com o decorrer da convivência com o aluno, e
através da sua participação noas propostas pedagógicas.
Quanto ao nível de escolaridade, todas as entrevistadas possuíam
o curso de formação de professores em nível médio, já que este é um dos pré-
requisitos necessários para o ingresso no concurso público para professor nível
II.
Na graduação, predominou o curso de Pedagogia realizado por
onze das vinte (11/20) professoras.
Quanto ao tempo de serviço a maioria já consideram-se
estabilizadas com mais de quinze anos de regente de turma.
Podemos ter dois olhares, um para identificar rotular e excluir.
Outro olhar para encaminhá-lo para um parecer médico, neurológico que vai
realmente nos dar a garantia se ele é portador de necessidades educacionais
especiais e realmente ajudá-lo e incluí-lo à escola e à sociedade.
A fim de proteger a identidade dos profissionais, procuramos
identificá-los, no quadro de análise, por letras e/ou números.
Neste trabalho busca-se compreender a prática pedagógica e
conceitos dos professores do ensino regular quanto a proposta de inclusão, os
processos de desenvolvimento e de aprendizagem e sobre a inclusão de alunos
portadores de necessidades educacionais especiais em salas regulares de
ensino.
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Buscando compreender o funcionamento dos discursos desses
professores – com base na pesquisa de campo – em relação as suas diferentes
formações historicamente constituídas, aprendendo seu sentido de exclusão
nesta nova proposta inclusiva, para tornar os significados existentes nos
discursos dos professores na busca de uma prática educacional inclusiva.
O professor muitas vezes revela um discurso equivocado, não
chegando esses profissionais a um acordo do que venha a ser inclusão. Ficou
evidente nos discursos (na pesquisa) o jogo de culpas existentes dentro da
escola, que ora tende a excluir, ora a omitir os profissionais os deveres e
responsabilidades com o ato educativo, que seria “educar a todos, sem ver a
quem”.
Na escola inclusiva, o professor tem a responsabilidade de educar
tanto crianças “ditas normais” como aquelas portadoras de necessidades
educacionais especiais, tendo também a responsabilidade de assegurar que o
aluno portador de necessidades educacionais especiais seja um membro
integrante e valorizado da sala de aula.
Na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), educação
inclusiva é capacitar escolas comuns para atender todos os alunos,
especialmente aqueles que têm necessidades especiais. Na visão da inclusão, a
escola é que precisa adaptar-se ao aluno, oferecendo condições físicas,
estruturais e pedagógicas para a permanência do aluno na escola regular, seja
ele portador de necessidades educacionais especiais ou não.
O professor não tem idéia de como ele é eficaz e hábil em “criar”
em seus alunos a motivação e inspirá-los a alcançar o seu melhor, seja qual for
a sua diferença. Num mundo onde o professor compete com a TV, o vídeo-
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game que roubam a atenção do aluno. Para haver transformação a proposta de
inclusão requer meios e oportunidades para que o professor ganhe nesta
competitividade.
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CONCLUSÃO
A concretização deste trabalho possibilitou-nos uma reflexão
sobre os atuais problemas existentes na educação, assim como a reflexão sobre
a realidade dos cursos de formação de professores. Permitiu-nos ainda
pensarmos em nossas posturas enquanto educadores da área de educação
especial e analisar o trabalho que realizamos na busca de uma escola
igualitária. includente e de qualidade para todos.
Ficou claro que a inclusão é uma proposta atual que vem de
encontro a noção de educação de todos nós educadores e talvez da sociedade
em geral, porém não conseguiremos implementar esta proposta sem derrubar
barreiras, vencer obstáculos, sem reestruturar o que já foi estruturado, sem
repensar no que já foi pensado, sem planejar o que já foi planejado, e pôr ai
vai...
Em suma, sabemos que a inclusão é uma grande proposta para a
verdadeira inserção da criança com necessidades educacionais especiais no
ensino regular, mas como toda proposta precisa ser muito estudada, analisada
e repensada. E nesse processo não podemos esquecer daqueles que estão nele
envolvidos diretamente, os alunos e os professores, assim, suas vontades,
dúvidas, anseios e necessidades representam um fator importantíssimo para
vencermos os desafios da proposta de inclusão.
Acreditamos que com este trabalho, os questionamentos acerca da
inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais e a formação de
professores, não estão fechados. Ao contrário consideremos ser este nosso
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estudo um passo, uma contribuição para os questionamentos já existentes e
para aqueles que certamente irão aparecer.
Nos apropriamos das palavras de Glat, Magalhães & Carneiro
para fecharmos esta conclusão, e acreditamos deixar com essas palavras uma
indagação para futuros estudos: “ Para fazer frente a uma escola inclusiva ou,
no mínimo menos exclusiva, faz-se necessário a criação de condições que
proporcionem ao professor uma habilidade sólida e integral, capaz de trazer
mudanças na sua prática pedagógica”.
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2-ENTREVISTA
· Nome: _________________________________________________
· Escola: __________________________________________________
· Curso que leciona: ________________________________________
· Nível de escolaridade: _____________________________________
· Graduação:______________________________________________
· Tempo de regência de turma: _______________________________
I- Você conhece a proposta de “Inclusão”?
II- Como você entende o termo “Portador de necessidades educacionais
especiais?
III- Como você identifica um aluno “Portador de necessidades educacionais
especiais?
28
BIBLIOGRAFIA
BAGNO, Marcos. Pesquisa na Escola, o que é como se faz, 4ª Ed., São Paulo:
Loyola, 2000.
COELHO, Glaucia R. et al. Uma creche em busca de Inclusão, São Paulo:
Memonon Edições Científicas LTDA, 1998, 93p.
Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educacionais
Especias, Espanha, 1994.
GLAT, Rosana. Somos Iguais à Vocês. Rio de Janeiro: Agir, 1998.
MONTOAN, Maria Teresa Eglér. A integração de pessoas com deficiência,
contribuições para uma reflexão sobre o tema, São Paulo: Memmon, 1997.
MEC/SEESP, Política Nacional de Educação Especial. Livro I. Brasília,
SEESP, 1994.
WERNECK, Claúdia. Muito prazer, eu existo. RJ., WVA, 1993.
WERNECK, Claúdia. Quem cabe no seu todo? RJ., WVA,1999.
WERNECK, Claúdia. Lembra deles? In: Jornal do MEC : Brasília, março,
2000, p7
vii
SUMÁRIO
Capítulo página
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
EPÍGRAFE
RESUMO
METODOLOGIA
INTRODUÇÃO 8
I- Os Paradigmas da Integração e Inclusão. 9
1- O modelo de Integração.
2- O modelo de Inclusão.
II- Escola para todos. Será? 14
1- Do fracasso ao sucesso...
2- Quem educa o educador?
III- Professor “Especial” X Professor “Regular” ou 19
o desafio da interlocução.
1- A interlocução com professores de classes regulares.
O que falam sobre alunos com Necessidades Educacionais
Especiais.
2- Entrevista.
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA 28
ANEXOS 29
29
ANEXOS
30
ANEXOS
31
ANEXOS