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  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA Faculdade de Cincias da Sade Departamento de Sade Coletiva

    Curso de Especializao em Polticas Pblicas e Gesto Estratgica em Sade

    ANLISE DAS POLTICAS PBLICAS DE SADE VOLTADAS PARA A PESSOA IDOSA COM DEFICINCIA NO BRASIL E NO

    DISTRITO FEDERAL

    Francisca Souza Silva Maria Jos Mendes Pinto

    Maria Lucy Alves de Lima Guedes

    Orientadora: Cllia Maria de Sousa Ferreira Parreira

    Braslia 2007

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA Faculdade de Cincias da Sade Departamento de Sade Coletiva

    Curso de Especializao em Polticas Pblicas e Gesto Estratgica em Sade

    ANLISE DAS POLTICAS PBLICAS DE SADE VOLTADAS

    PARA A PESSOA IDOSA COM DEFICINCIA NO BRASIL E NO DISTRITO FEDERAL

    Francisca Souza Silva Maria Jos Mendes Pinto

    Maria Lucy Alves de Lima Guedes

    Orientadora: Cllia Maria de Sousa Ferreira Parreira

    Monografia apresentada ao Departamento de Sade Coletiva, da Universidade de Braslia - UnB, como requisito parcial obteno do grau de Especialista em Polticas Pblicas e Gesto Estratgica em Sade.

    Braslia 2007

  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA Faculdade de Cincias da Sade Departamento de Sade Coletiva

    Curso de Especializao em Polticas Pblicas e Gesto Estratgica em Sade

    Francisca Souza Silva Maria Jos Mendes Pinto

    Maria Lucy Alves de Lima Guedes

    ANLISE DAS POLTICAS PBLICAS DE SADE VOLTADAS PARA A PESSOA IDOSA COM DEFICINCIA NO BRASIL E NO

    DISTRITO FEDERAL

    Monografia apresentada ao Departamento de Sade Coletiva, da Universidade de Braslia UnB, como requisito parcial obteno do grau de Especialista em Polticas Pblicas de Sade e Gesto Estratgica em Sade.

    Aprovado por:

    ______________________________________ Professor orientador:

    ______________________________________ Professor:

    ______________________________________ Professor:

    Braslia, 29 de junho de 2007.

  • DEDICATRIA

    Dedicamos este trabalho aos companheiros, Everaldo, Wilmar e em especial aos nossos filhos.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecemos a Deus, aos nossos familiares o

    apoio incondicional, aos colegas de trabalho pela

    compreenso nos momentos de ausncia para a

    realizao do curso em epigrafe, especialmente

    coordenadora Fernanda de Azevedo Miranda o

    incentivo na realizao deste trabalho, ao amigo

    Pereira, pela colaborao tcnica.

    Nossa gratido e respeito orientadora Cllia

    Maria de Sousa Ferreira Parreira e a Neidil

    Espnola da Costa que se colocaram disposio

    tanto na indicao da literatura fundamental,

    quanto na orientao para a realizao do

    presente trabalho, extensivo a todos os

    professores e tutores.

  • EPGRAFE

    Deficiente

    aquele que no consegue modificar sua vida, aceitando as pessoas ou a sociedade em que vive sem ter conscincia de que dono do seu destino.

    Louco

    quem no procura ser feliz com o que possui.

    Cego

    aquele que no v seu prximo morrer de frio, de fome e de misria. E s tem olhos para seus mseros problemas e pequenas dores.

    Surdo

    aquele que no tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmo. Pois est sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostes no fim do ms.

    Mudo

    aquele que no consegue falar o que sente e se esconde por trs da mscara da hipocrisia.

    Paraltico

    quem no consegue andar na direo daqueles que precisam de sua ajuda.

    Diabtico

    quem no consegue ser doce.

    Ano

    quem no sabe deixar o amor crescer.

    E finalmente, a pior das deficincias ser miservel, pois Miserveis so todos aqueles que no conseguem encontrar consigo mesmo.

    Amizade um amor que nunca morre.

    Renata Villela

  • RESUMO

    Essa pesquisa tem como principal objetivo apresentar a aplicabilidade das aes propostas

    pela Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa e da Poltica Nacional de Sade da Pessoa

    com Deficincia. Sob a tica da responsabilidade governamental e da sociedade, o estudo

    foi desenvolvido, mediante pesquisa bibliogrfica e estudos de textos legislativos e de

    outros instrumentos legais da Constituio Federal do Brasil, que regulamentam as aes

    dessas Polticas. Tambm, objeto do trabalho informar como as pessoas idosas com

    deficincia podem exercer papel importante na sociedade, a partir do cumprimento dos

    instrumentos legais, que assegurem um envelhecimento saudvel para esse grupo social.

    Aponta ainda a importncia da articulao entre os setores responsveis pela sade e

    qualidade de vida dessa populao e de seus efeitos positivos para perspectiva da incluso

    social desse segmento. Por fim, este estudo aborda os problemas enfrentados por esse

    grupo e explica que essas questes no esto apenas sob responsabilidade governamental,

    mas tambm da sociedade.

    Palavras-chave: envelhecimento, polticas pblicas de sade, pessoa idosa com

    deficincia.

  • ABSTRACT

    The present research has as main objective to present the applicability of the actions

    proposals for the National Health Policy of the Elderly and of the National Health Policy

    with Deficiency peoples. Under the optics of the governmental responsibility and society l,

    this study it was developed, by means of bibliographical research and studies of legislative

    texts and other legal instruments of the Federal Constitution of Brazil, that regulates the

    actions of these Politics. In addition, it is object of the work to inform as the aged people

    with deficiency can exert important paper in the society, to leave of the fulfillment of the

    legal instruments, which assure a healthful aging for this social group. It points also the

    importance of the joint enters the responsible sectors for the health and quality of life of

    this population e of its positive effect for perspective of the social inclusion of this

    segment. Finally, this study it approaches the problems faced for this group e that these

    questions they are not only under responsibility governmental, but also of the society.

    Key words: Aging, National Health Policy, Elderly with deficiency.

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Tipos de Deficincias do Idoso no Brasil - 2000 Pg. 45 Grfico 2 Pessoas com Deficincia no Distrito Federal - 2000 Pg. 48 Grfico 3 Implantao de aes de sade do idoso pelo PSF no DF Pg. 60

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Populao idosa (60 anos e +) com deficincia no Brasil Pg. 44

    Tabela 2 Populao idosa (60 anos e +) com deficincia no Distrito Federal Pg. 47

    Tabela 3 Internao Hospitalar - DF - Idosos - 2006 Pg. 57 Tabela 4 bitos CID 10 - DF - Idosos - 2006 Pg. 58 Tabela 5 Morbidade Hospitalar no DF - 2006 Pg. 59

  • LISTA DE SIGLAS

    AACD - Associao de Assistncia a Criana Defeituosa

    ABRAz - Associao Brasileira de Alzheimer

    ABBR - Associao Brasileira Beneficente de Reabilitao

    ANS - Agncia Nacional de Sade

    ANVISA - Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    APAE - Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais

    AVC - Acidente Vascular Cerebral

    CAPS - Centros de Atendimento Psicossocial

    CID - Classificao Internacional de Doenas

    CIDID - Classificao Internacional de Deficincias Incapacidades e Desvantagens

    CIF - Classificao Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Sade

    CF - Campanha da Fraternidade

    CNBB - Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil

    CNS - Conselho Nacional de Sade

    CONADE - Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficincia

    CONASS - Conselho Nacional de Secretrios de Sade

    DF - Distrito Federal

    GM - Gabinete do Ministro

    HAS - Hipertenso Arterial Sistlica

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IPEA - Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    IRA - Infeco Respiratria Aguda

    LEV - Levtico

    MS - Ministrio da Sade

    OIT - Organizao Internacional do Trabalho

    OMS - Organizao Mundial de Sade

    ONU - Organizao das Naes Unidas

    OPAS - Organizao Pan-Americana de Sade

    PACS - Programa de Agentes Comunitrios de Sade

    PNAD - Pesquisa Nacional de Amostra por Domiclios

    PNSPI - Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa

    PNSPD - Poltica Nacional de Sade da Pessoa com Deficincia

  • PROFAE - Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de Enfermagem

    PSF - Programa de Sade da Famlia

    RDC - Resoluo da Diretoria Colegiada

    SAS - Secretaria de Ateno Sade

    SEGETS - Secretaria de Gesto do Trabalho e da Educao na Sade

    SES - Secretaria de Estado de Sade

    SIA - Sistema de Informao Ambulatorial

    SIM - Sistema de Informao em Sade

    SIH - Sistema de Informao em Sade

    SUS - Sistema nico de Sade

    UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    UNATI - Universidade Aberta da Terceira Idade

  • SUMRIO

    CAPTULO 1 - A PESSOA IDOSA ............................................................................... 18 1.1. Aspectos conceituais ........................................................................................... 18

    1.1.1. Envelhecimento Ativo ................................................................................... 20 1.2. Aspectos histricos .............................................................................................. 23

    1.3. Aspectos legais .................................................................................................... 24

    1.4. Aspectos demogrficos........................................................................................ 26

    1.4.1.Aspectos demogrficos no Distrito Federal.................................................... 29 1.5. Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa........................................................ 30

    CAPTULO 2 - PESSOA COM DEFICINCIA............................................................ 33 2.1. Aspectos conceituais ........................................................................................... 33

    2.2. Aspectos histricos .............................................................................................. 36

    2.3. Aspectos legais .................................................................................................... 37

    2.4. Aspectos demogrficos........................................................................................ 39

    2.5. Poltica Nacional de Sade da Pessoa com Deficincia ...................................... 41

    CAPTULO 3 A PESSOA IDOSA COM DEFICINCIA .......................................... 44 3.1. Situao demogrfica da pessoa idosa com deficincia ...................................... 44

    3.1.1. No Brasil ........................................................................................................ 44 3.1.2. No Distrito Federal ........................................................................................ 48

    3.2. O Sistema nico de Sade e a pessoa idosa com deficincia ............................. 51

    3.3. Anlise da Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa e da Poltica Nacional de

    Sade da Pessoa com Deficincia .............................................................................. 58

    CONCLUSO................................................................................................................. 67 REFERNCIAS .............................................................................................................. 69 ANEXOS......................................................................................................................... 73

  • INTRODUO

    O envelhecimento um fenmeno mundial, vem crescendo de forma

    surpreendente, onde a estimativa para o ano de 2050 a de que o mundo ter cerca de dois

    bilhes de idosos.

    O envelhecimento tambm uma realidade brasileira, onde deve ser visto

    como um processo fisiolgico inerente ao ciclo da vida. No deve, portanto, ser

    considerado uma condio patolgica. O organismo do indivduo com o tempo apresenta

    limitaes que podem comprometer suas atividades dirias e diminuir consequentemente,

    sua participao social.

    O Brasil, onde se estima que em 2025 esse segmento chegar a trinta e trs

    milhes e quatrocentas mil pessoas, passar a ser o sexto pas do mundo em nmero de

    idosos.

    O novo censo populacional iniciado h dois meses pelo o Instituto Brasileiro

    de Geografia e Estatstica (IBGE) confirma a tendncia de envelhecimento verificada nos

    ltimos censos. A primeira concluso preliminar a confirmao da tendncia de reduo

    da taxa de fecundidade e de aumento de longevidade no pas, disse o presidente do IBGE,

    Eduardo Nunes (Jornal Correio Braziliense, 20 jun.2007, p. 12).

    As mudanas demogrficas, no Brasil, ocorreram de uma forma muito

    acelerada e causaram um aumento significativo nos fatores determinantes nas condies de

    sade da populao. Os efeitos combinados de reduo dos nveis de fecundidade e de

    mortalidade resultaram em uma transformao da pirmide etria. O formato triangular,

    com base alargada, no incio dos anos 2000, ceder lugar a uma pirmide com parte

    superior mais larga, tpica de sociedades envelhecidas. O pas que tinha em 2005

    aproximadamente 5% de habitantes com mais de 65 anos, passar a 18% de populao

    idosa em 2030 (Conass, 2007).

    Portanto, as perdas sanitrias e econmicas devido s doenas so e sero

    enormes, se no houver mudanas no modelo de ateno sade. Essas doenas so

    resultados de estilos de vida no saudveis. H necessidade urgente de se mudar o modelo

  • de atender sade que so considerados no que se refere aos procedimentos de ateno

    primria, menos densos tecnologicamente, mas muito complexos, pois so redes

    horizontais de sade. No deve existir distino entre os diferentes servios da rede

    sanitria, todos so igualmente importantes para os objetivos do sistema.

    Essa transio contribuiu para as mudanas na situao epidemiolgica

    brasileira, onde as doenas crnicas tornaram-se importantes fatores de risco. Exemplo disso

    fato de que se gasta per capita, 20 vezes mais com internao de pessoas idosas do que

    aquelas que tem de 05 a 14 anos. (Conass, 2007)

    Existe certa controvrsia quanto questo de qualificar o idoso. A

    Organizao das Naes Unidas (ONU) adotou a idade de 60 anos e mais. A Constituio

    Federal Brasileira estabelece 65 anos ou mais de idade. A Poltica Nacional do Idoso e a

    Lei 8.080/90 tambm adotam a idade de 60 anos ou mais. Neste estudo considera idosa, a

    pessoa com 60 anos ou mais. Portanto h multiplicidades de opinies ao se conceituar a

    pessoa idosa. Onde so consideradas idades: biolgica, cronolgica, social e existencial.

    A idade biolgica est relacionada com o envelhecimento de rgos antes de

    estar plenamente amadurecido. Exemplo: Sistema Nervoso. Com relao idade

    cronolgica uma medida abstrata. S mede o tempo vivido. A idade social est

    relacionada com a rentabilidade, produtividade e apropriao de um cidado. Enquanto que

    a idade existencial um somatrio de experincias vivenciadas e acumuladas ao longo dos

    anos.

    No que se refere populao com deficincia, no Brasil, os dados so

    relevantes e indicam a necessidade de maior ateno sade desse segmento populacional,

    pois, de acordo com os dados do IBGE (2000), existem 14,5 % de pessoas com deficincia.

    Portanto, considerando o expressivo crescimento desse segmento populacional no Pas de

    fundamental importncia o governo fomentar as pesquisas na resoluo dos problemas

    referentes a esse grupo social. Essas questes tambm so de responsabilidade de toda

    sociedade brasileira.

    Diante desse cenrio nacional, as autoras desse estudo, como gestoras da

    rea da sade, atuantes no Ministrio da Sade, decidiram analisar a Poltica Nacional de

    Sade da Pessoa Idosa e a Poltica Nacional de Sade da Pessoa com Deficincia, do ponto

  • de vista da gesto, no sentido de verificar em que medida tais polticas tm possibilitado

    organizao da ateno sade da pessoa idosa com deficincia.

    Para tanto buscou verificar os servios e aes de sade existentes no

    Distrito Federal e suas implicaes para a garantia da assistncia a esse segmento

    populacional.

    Objetivos

    Estudar as polticas de ateno sade da pessoa idosa e sade da pessoa

    com deficincia no sentido de verificar a cobertura proporcionada, ou as eventuais lacunas

    existentes, para a garantia da ateno sade da pessoa idosa com deficincia.

    Pressupostos

    Esse estudo se props refletir e demonstrar a necessidade de se tomar

    atitudes mais srias em relao eficcia das aes propostas pelas polticas pblicas de

    sade para esse segmento populacional, pautadas nos princpios e diretrizes do Sistema

    nico de Sade (SUS) e garantidas pela Constituio Federal.

    A implementao de polticas pblicas de sade para idosos com deficincia

    potencializa o sistema pblico de sade, aumentando a responsabilidade do Governo em

    capacitar essa populao para o enfrentamento de determinantes e riscos de sade,

    ampliando assim a esperana de vida e fomentando sua incluso na sociedade.

    Esse trabalho visa contribuir para que os instrumentos legais voltados

    garantia dos direitos sade da pessoa idosa com deficincia sejam repensados e/ou

    atualizados, at mesmo aperfeioados, para atender as reais necessidades dessas pessoas

    idosas com ou sem deficincia, aumentando assim a sua qualidade de vida e efetivando a

    sua incluso social.

    Metodologia

    O estudo foi realizado com base em uma anlise documental dos principais

    instrumentos legais existentes para a garantia da ateno sade da populao idosa

    deficiente.

  • Este trabalho est dividido em trs captulos. O primeiro trata sobre a

    pessoa idosa, traz seus aspectos conceituais, histricos, legais e demogrficos, no Brasil e

    no Distrito Federal, como tambm, uma discusso sobre a Poltica Nacional de Sade da

    Pessoa Idosa.

    O segundo captulo versa sobre a pessoa com deficincia, e aborda os

    aspectos conceituais, histricos, demogrficos, legais, e apresenta a Poltica Nacional de

    Sade da Pessoa com Deficincia.

    O terceiro e ltimo captulo, apresentada a situao atual demogrfica da

    pessoa idosa com deficincia, no Brasil no Distrito Federal, identifica as convergncias,

    divergncias e as possveis lacunas existentes em ambas polticas, sobretudo no que se

    refere garantia do direito sade para esse grupo de pessoas.

    Quanto anlise das polticas pblicas de sade voltadas para a populao

    de idosos do Distrito Federal deve-se registrar que foi analisada luz da contextualizao

    organizada pela Coordenao da Ateno Sade do Idoso da Secretaria de Estado de

    Sade do Distrito Federal. Portanto, no pode ser bem analisada devido o plano de ao

    ainda se encontrar em fase de implantao. Porm, parece abranger os propsitos

    estabelecidos pelas polticas nacionais de sade.

    Visando a verificao de sua possibilidade efetiva de orientao da

    organizao dos servios no mbito do Sistema nico de Sade, o estudo considerou as

    principais aes propostas no Plano de Ao da Coordenao de Ateno Sade do Idoso

    do Distrito Federal, que se baseia nos objetivos estabelecidos pelas polticas nacionais

    destinadas aos idosos na garantia dos direitos da sade.

  • 18

    CAPTULO 1 - A PESSOA IDOSA

    1.1. Aspectos conceituais

    O envelhecimento faz parte da natureza e da vida de todos. Assim sendo e,

    considerando o aumento mundial da populao idosa e a importncia da continuidade do

    processo da construo do ciclo da vida, faz-se necessrio tornar o conceito de pessoa

    idosa mais abrangente em todas as dimenses.

    Essas dimenses esto relacionadas com a tica jurdica, com a poltica

    econmica, social, cultural e educativa e esto listadas na Declarao Universal dos

    Direitos Humanos (ONU, 1948) como dimenses indissociveis. Entretanto, essas

    dimenses s vezes so inferidas e no so observadas, sendo as pessoas idosas

    classificadas e definidas apenas ao grupo etrio ao qual pertencem. Esse entendimento

    tambm encontrado no Brasil, tanto na Poltica Nacional do Idoso quanto no Estatuto do

    Idoso.

    Embora o conceito de idoso difira de pas para pas, a Organizao Mundial

    de Sade (OMS) considera pessoa idosa os indivduos com 60 anos ou mais que residem

    em pases em desenvolvimento, e com 65 anos e mais, os que residem em pases

    desenvolvidos. A OMS arbitra que dos 70 aos 74 anos de idade, pode-se considerar a

    pessoa como idosa; considera velho a pessoa dos 75 aos 89 anos e denomina de

    grande velhice a fase em que vivem as pessoas com 90 anos ou mais de idade (Loureiro,

    1990) enquanto de acordo com Barreto (1999) a ONU classifica os idosos em trs grupos:

    pr-idosos (pessoas entre 55 e 64 anos), idosos jovens (pessoas entre 65 e 79 anos) e

    os idosos de idade avanada (pessoas a partir de 80 anos) (p.55).

    Diante do exposto, observa-se que conceituar populao idosa no tarefa

    fcil, devido a no clarificao da idia do que marca a transio entre fim da idade adulta

    e o comeo da ltima etapa da vida, no entanto destacam-se aqui alguns conceitos

    propostos por alguns estudiosos da pessoa idosa.

  • 19

    Camarano (2001) afirma que o princpio do estar saudvel da pessoa

    idosa, deixa de ser relacionado com a idade cronolgica e passa a ser entendido como a

    capacidade do organismo de responder s necessidades da vida cotidiana, a motivao

    fsica e psicolgica para continuar na busca de objetivos e novas conquistas pessoais e

    familiares. Ressalta que a grande vantagem da utilizao desse critrio etrio est na

    facilidade de sua verificao quantitativa e sugere, ainda, que se aprimorem os critrios

    para se conhecer melhor as peculiaridades desse segmento fazendo com que as Polticas

    Pblicas respondam s demandas das necessidades das pessoas idosas.

    Entretanto Saad (1990) se refere ao idoso com relao sociedade e

    condio econmica, afirmando que a pessoa considerada idosa perante a sociedade, a

    partir do momento em que encerra as suas atividades econmicas e acrescenta ainda que

    o indivduo passa a ser visto como idoso, quando comea a depender de terceiros para

    realizaes de suas necessidades bsicas (p.4). E sob a tica de S (2002), o idoso um

    ser de seu espao e de seu tempo, e deve ser visto sob um conceito transdisciplinar, e

    afirma ainda que seja o resultado do seu processo de desenvolvimento, do seu curso de

    vida (p.1120).

    Tais compreenses servem para mostrar o carter complexo da

    conceituao de pessoas idosas, que implica em um conjunto de dimenses, como as

    acima citadas, que devem ser consideradas por estarem interligadas e serem indissociveis

    para classificao de grupo de pessoas idosas. Hoje, para efeitos penais, em face do

    Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741, de 1 de outubro de 2003), o Cdigo Penal considera

    idosa, a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. No entanto, o Cdigo Penal

    Brasileiro, em 1940, no empregava o termo idoso em circunstncia agravante, preferindo

    utilizar a expresso velha ou a locuo maior de 70 anos.

  • 20

    1.1.1. Envelhecimento Ativo

    A Organizao Pan-Americana de Sade - OPAS (2003) define

    envelhecimento como um processo seqencial, individual, acumulativo, irreversvel,

    universal, no patolgico, de deteriorao de um organismo maduro prprio a todos os

    membros de uma espcie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao

    estresse do meio-ambiente e, portanto aumente sua possibilidade de morte. (p.8)

    O termo Envelhecimento Ativo foi adotado pela Organizao Mundial da

    Sade (OMS), no final dos anos 90, que reconhece alm dos cuidados com a sade, outros

    fatores que afetam o modo como os indivduos e as pessoas envelhecem. A OMS criou o

    Programa de Envelhecimento e Sade, que prope o desenvolvimento de polticas que

    assegurem a obteno de melhor qualidade de vida possvel, pelo maior tempo possvel e

    para o maior nmero de pessoas possvel.

    O conceito de Envelhecimento Ativo, adotado pela ONU est relacionado

    com as habilidades funcionais do indivduo, dentre as quais esto a autonomia, a

    independncia, a qualidade de vida e a expectativa de vida saudvel. Entende-se por

    autonomia a habilidade de controlar, lidar e tomar decises pessoais sobre como se deve

    viver diariamente, de acordo com suas prprias regras e preferncias. Independncia, em

    geral, entendida como a habilidade de executar funes relacionadas vida, isto , a

    capacidade de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda

    dos outros.

    Qualidade de vida um conceito muito amplo que incorpora, de maneira

    complexa, a sade fsica de uma pessoa, seu estado psicolgico, seu nvel de dependncia,

    suas relaes sociais, suas crenas e sua relao com caractersticas proeminentes no

    ambiente (OMS, 1994), enquanto que expectativa de vida saudvel considerada uma

    expresso geralmente usada como sinnimo de expectativa de vida sem incapacidades

    fsicas.

    Ainda segundo a OMS, o Envelhecimento Ativo o processo de

    otimizao das oportunidades de sade, participao e segurana com o objetivo de

    melhorar a qualidade de vida medida que as pessoas ficam mais velhas. A palavra

  • 21

    ativo refere-se participao contnua nas questes sociais, econmicas culturais,

    espirituais e civis, e no somente capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte

    da fora de trabalho.O Envelhecimento Ativo uma poltica tambm recomendada pela

    ONU sugerindo mudanas no paradigma de o idoso ter que descansar, ser inerte e passivo,

    e sim dele atuar e reconhecer seus direitos.

    Groisman (1999) afirma que o envelhecimento um processo que se

    modifica com a relao do homem e o tempo, com o mundo e sua prpria histria.

    Esclarece que o processo de envelhecimento ocorre diferente para cada pessoa, onde so

    considerados vrios fatores como o ritmo, poca de vida e um estado de esprito onde os

    prprios indivduos se concebem nessa etapa da vida, exercendo sua cidadania (p. 48).

    O conceito de velhice, segundo Santos (2003), deve ser visto como a ltima

    fase do envelhecimento humano, ou seja, um estado que caracteriza a condio do ser

    humano idoso. Entretanto nos dias atuais, com os avanos da medicina, da farmacologia

    e, at mesmo da cirurgia plstica, a velhice parece encontrar novos limites, uma vez que os

    efeitos do envelhecimento podem ser escamoteados. Dessa forma o idoso tem maior

    aceitao, integrao e reconhecimento da sociedade (p. 86).

    No sculo passado, com o advento da descoberta dos antibiticos e outros

    avanos das cincias da sade, os pases desenvolvidos conseguiram retardar o processo

    do envelhecimento e aumentar a expectativa mdia de vida humana ao nascer.

    A preocupao em compreender cientificamente o processo de

    envelhecimento humano, bem como suas conseqncias biolgicas e sociais,

    relativamente recente. Existe ainda uma grande desinformao sobre a sade dos idosos,

    as particularidades e desafios do envelhecimento populacional para a sade pblica no

    contexto social do Brasil.

    Varella (2006) explica, em seu livro intitulado Borboletas da Alma, os

    diferentes significados de vida mdia, vida mxima e longevidade. Afirma que o mximo

    de vida do indivduo da espcie humana de 122 anos, e explica que a vida mdia de uma

    populao pode ser alterada por qualquer estratgia capaz de impedir ou provocar a morte

    prematura (vacinao, saneamento bsico, epidemias, guerras ou catstrofes ambientais) e

    que a longevidade s pode ser estendida por meio de uma nica estratgia, a de retardar o

  • 22

    envelhecimento. Comenta em seu livro que Jesus morreu tragicamente aos 33 anos, apesar

    de ter morrido jovem (para a poca atual), os seus contemporneos, no Imprio Romano

    poucos chegavam aos 40 anos de idade. E afirma que em 1900, nos pases mais ricos da

    Europa e dos Estados Unidos, a expectativa de vida ao nascer ainda estava abaixo dos 50

    anos (p.354).

    O autor ressalta, que nos Estados Unidos as mulheres viviam em mdia

    48,9 anos em 1900, e que 1995 passaram a viver 79 anos. As mulheres francesas - que

    tinham tambm a mesma mdia de vida das americanas naquela poca - ultrapassaram a

    mdia de 83 anos em 1987. Afirma, tambm, que no sculo XX o desenvolvimento da

    agropecuria, das tcnicas de conservao de alimentos, os avanos cientficos da

    biologia, as noes de higiene e de saneamento bsico, a vacinao em massa e a

    descoberta de antibiticos, as drogas para o tratamento da hipertenso e o reconhecimento

    dos benefcios da atividade fsica foram os principais responsveis pelo aumento da

    expectativa de vida mdia da humanidade.

    Sabe-se que as mudanas funcionais ocorrem lentamente e so

    influenciadas pelos eventos da vida, enfermidades heranas genticas, estresse ou

    condio socioeconmica, acesso a cuidados mdicos e ambientes saudveis. Em razo

    dessas influncias sobre essas pessoas, est cada vez mais claro que o envelhecimento

    cronolgico bem diferente do envelhecimento fisiolgico.

    Segundo Chernoff (1987) essa diferenciao acentuada com o avano da

    idade, tornando as pessoas diferentes de seus contemporneos da mesma idade

    cronolgica. Para Ferrari, (1999), com bases em estudos realizados, a idade cronolgica

    no um bom referencial da velhice: ela apenas mede o tempo, os anos que se passaram,

    um aspecto cronolgico que tem sentido legal e/ou social (p.197).

    No Brasil, estamos em meio a um processo evolutivo caracterizado por

    uma progressiva queda da mortalidade em todas as faixas etrias, e um conseqente

    aumento da expectativa de vida da populao. Atualmente, a expectativa de vida da

    populao brasileira ao nascer de 69 anos para os homens e de 72 anos de idade para as

    mulheres. Esse aumento do nmero de anos de vida, no entanto, deve ser acompanhado

    pela melhoria ou manuteno da sade e qualidade de vida. Cabe aos profissionais de

    sade e todos os atores envolvidos com o bem-estar da sociedade enfrentar os desafios do

  • 23

    envelhecimento saudvel, para que os idosos sejam mais valiosos para suas famlias,

    comunidades e para o pas.

    1.2. Aspectos histricos

    Um breve histrico deve ser destacado em relao aos idosos em diferentes

    pocas nas intervenes sociais, polticas e legais na sociedade brasileira. As questes

    sobre os idosos de hoje passam pelo conhecimento da histria dos idosos do passado.

    Conforme Magalhes (1989), nas culturas tradicionais o idoso foi sempre

    visto como smbolo da sabedoria, atravs do ato de lembrar e de dar expresso as suas

    lembranas. E afirma tambm que o papel da memria tradicionalmente valorizado entre

    os mais velhos, assim como sua lembrana constitui patrimnio coletivo expresso e

    revivido permanentemente com novas geraes.

    Para o autor, acima citado, a velhice tem sido vista e tratada de modo

    diferente, de acordo com perodos histricos e com estrutura social, cultural, econmica e

    poltica de cada povo o que significa dizer que, para determinadas culturas, o idoso

    representa a continuidade da histria, pois o velho representaria o binmio memria

    continuidade dos valores almejados pelo grupo social.

    Nas sociedades indgenas, o papel do idoso de extrema importncia na

    distribuio e manuteno de conhecimentos culturais entre os integrantes da tribo. Tem-

    se conhecimento que em sociedades milenares da sia, como o caso do Japo, existe

    uma relao de extremo respeito pela populao idosa, at os dias de hoje. Isso no

    acontece nas sociedades industriais onde, de acordo com Bosi (1994), a velhice malfica,

    porque nela todo sentimento de continuidade destroado. Esclarece que em vrios

    estudos sobre esse tema fato marcante o desaparecimento contnuo da memria do idoso,

    o antigo no tem mais funo, a no ser em lojas de antiguidades (p.203).

    Hoje os brasileiros esto comeando entender a importncia da incluso das

    pessoas idosas na vida social e econmica do pas. A busca pela reinterpretao da

  • 24

    velhice, reconhecendo sua complexidade e diversidade, configura-se como outro caminho

    valioso. O prprio conceito de idoso apresenta-se como certo avano no sentido de

    oferecer novos mecanismos de representao social para essa classe, agora entendida

    como dinmica e atuante, com novos papis estabelecidos, e a certeza da importncia das

    pessoas idosas diante da Histria Mundial pelo que vivenciaram e, em razo disso, digna

    de ser contada e perpetuada.

    1.3. Aspectos legais

    O Artigo 230 da Constituio Federal de 1988 estabelece o dever da

    famlia, da sociedade e do Estado em amparar os idosos, assegurando sua participao na

    comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e garantindo-lhes o direito vida. No

    que se refere sade, ainda reza nesta Constituio, em seu Artigo 196 que A sade

    direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante polticas sociais e econmicas que

    visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio

    s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao.

    No Brasil, o direito universal e integral sade foi reafirmado com a

    criao do Sistema nico de Sade (SUS), por meio da Lei Orgnica da Sade n.

    8.080/90 e o Brasil, para atender s crescentes demandas de sua populao, sobretudo,

    aquela que envelhece, organiza-se para resolver essa questo criando polticas que

    atendam a essas demandas. Nessa direo, foi promulgada, em 1994 a Poltica Nacional

    do Idoso regulamentada em 1996 que assegura o direito social pessoa idosa, criando

    condies para promover sua autonomia, integrao e participao efetiva na sociedade e

    reafirmando o direito sade nos diversos nveis de atendimento do SUS1.

    O Artigo 2, Inciso V (Decreto 1.948/96) da Poltica Nacional de Sade da

    Pessoa Idosa (PNSPI) expressa a necessidade da promoo de eventos especficos para

    discusso das questes relativas velhice e ao envelhecimento e, no Art. 9 Inciso VII, a

    1 Lei 8.842/94 e Decreto 1.948/96 (PNSPI), que regulamenta a Poltica Nacional do Idoso.

  • 25

    necessidade de desenvolver poltica de preveno para que a populao envelhea

    mantendo um bom estado de sade.

    O Congresso Nacional do Brasil aprova, em 2003, o Estatuto do Idoso (Lei

    10.741/03), o qual foi elaborado com participao de segmentos de defesa dos interesses

    dos idosos. Esse Estatuto dedica todo o Captulo IV para o Direito Sade, onde

    responsabiliza o Sistema nico de Sade (SUS) pela garantia da ateno sade da

    pessoa idosa de forma integral e em todos os nveis de ateno. O Artigo 15, 1, reza

    sobre a preveno e manuteno da sade do idoso e o Artigo 16 assegura o direito de

    acompanhante aos idosos que se encontrarem internados ou em observao.

    No que se refere aos casos de suspeita ou confirmao de maus-tratos

    contra os idosos, o Artigo 19 do Estatuto determina que, nesses casos, cabe aos

    profissionais de sade a obrigatoriedade da comunicao aos rgos competentes. Embora

    o Estatuto traga garantias importantes, observa-se a necessidade de sua maior divulgao,

    assim como de outras legislaes brasileiras pertinentes, visando maior conhecimento e

    socializao de informaes sobre os direitos disponibilizados para esse segmento

    populacional, uma vez que h um desconhecimento dos direitos da pessoa idosa, (ela

    prpria desconhece) haja vista que, apenas um idoso entre quatro, no Brasil, conhece o

    Estatuto do Idoso.

    Publicou-se em fevereiro de 2006, a Portaria N. 399/GM, documento das

    Diretrizes do Pacto pela Sade que contempla o Pacto pela Vida. Este documento trata

    acerca do pacto firmado entre os trs nveis de gesto do SUS (Federal, Estadual e

    Municipal) o qual coloca os gestores frente ao desafio de superar a fragmentao das

    polticas e programas de sade, tendo como base na prpria rede estabelecida pelo Sistema

    nico de Sade (SUS).

    No que se refere sade do idoso, o Pacto pela Vida, ao definir as

    prioridades e suas metas, coloca entre as seis prioridades pactuadas, a sade do idoso

    como sendo a primeira prioridade, tendo como principal diretriz promoo do

    envelhecimento ativo e saudvel. Esse Pacto adota tambm a idade de 60 anos ou mais

    para a pessoa idosa.

  • 26

    O Pacto Pela Vida (Brasil, 2006d) prope aes estratgicas coerentes com

    as diretrizes da poltica.

    a) Caderneta de Sade da Pessoa Idosa instrumento de cidadania com informaes relevantes sobre a sade da pessoa idosa, possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profissionais de sade; b) Manual de Ateno Bsica Sade da Pessoa Idosa para induo de aes de sade, tendo por referncia as diretrizes contidas na Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa; c) Programa de Educao Permanente na rea do envelhecimento e sade do idoso, voltado para profissionais que trabalham na rede de ateno bsica sade, contemplando os contedos especficos das repercusses do processo de envelhecimento populacional para a sade individual e para a gesto dos servios de sade; d) Acolhimento reorganizar o processo de acolhimento pessoa idosa nas unidades de sade, como uma das estratgias de enfrentamento das dificuldades atuais de acesso; e) Assistncia Farmacutica desenvolver aes que visem qualificar a dispensao e o aceso da populao idosa; f) Ateno Diferenciada na Internao instituir avaliao geritrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda pessoa idosa internada em hospital que tenha aderido ao Programa de Ateno Domiciliar; g) Ateno Domiciliar instituir esta modalidade de prestao de servios ao idoso, valorizando o efeito favorvel do ambiente familiar no processo de recuperao de pacientes e os benefcios adicionais para o cidado e o sistema de sade (p. 10-11).

    Em 19 de outubro de 2006 foi aprovada a Poltica Nacional de Sade da

    Pessoa Idosa, por meio da Portaria N. 2.528, considerando a necessidade de que o setor

    da sade disponha de uma poltica atualizada relacionada sade do idoso, ficando

    revogada a Portaria N. 1.395/99 (Poltica Nacional de Sade do Idoso), at ento vigente,

    e definindo que a ateno sade dessa populao ter como porta de entrada a Ateno

    Bsica/Sade da Famlia, tendo como referncia a rede de servios especializada em

    mdia e alta complexidades.

    1.4. Aspectos demogrficos

    A populao idosa um fenmeno mundial e cresce em nmeros absolutos

    e relativos, a um nvel sem precedentes. As projees feitas pelo Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica IBGE (2000) indicam que em 2050, a populao idosa mundial

    ser correspondente a uma populao em torno de 1.900 milhes de pessoas. A

    Organizao Mundial de Sade (OMS), em suas projees estima que o perodo de 1975 a

    2025 ser considerado a era do envelhecimento, pois a populao de idosos no Pas

  • 27

    crescer 16 vezes, colocando o Brasil em termos absolutos como a sexta populao de

    idosos no mundo, com 60 anos ou mais. (Brasil, 2006a).

    Segundo esse Censo em 1991, existia no Brasil uma populao de

    14.825.475 e a sua populao idosa, nesse mesmo perodo, em termos absolutos era de

    10.722.705, ou seja, 7,3%. No ano 2000 a populao do Brasil passou para 169.799.170. A

    populao de idosos nesse mesmo perodo representa um contingente de quase 15 milhes

    de pessoas com 60 anos ou mais de idade (14.536.029), o equivalente a 8,6% da populao

    brasileira.

    A estimativa do Censo de 2000 indica que, nos prximos 20 anos, a

    populao idosa do Brasil poder ultrapassar quase 13 milhes da populao total ao final

    deste perodo, e revela ainda um aumento na populao de domiclios chefiados por idosos

    62,45% e em 1991 representava 60,4%.

    As pessoas de 60 anos ou mais responsveis pelos domiclios em 1991

    representavam um total de 6.396.502, onde 4.357.281 eram homens (68,15%) e 2.039.221

    de mulheres (31,9%). Em 2000 o Censo ainda revela que 8.964.850 eram responsveis

    pelos domiclios, aponta tambm que 5.954.347 eram homens (62,4%) e 3.370.503 eram

    mulheres (37,6%).

    De acordo com esse Censo, ainda em 1991, a mdia de anos de estudo no

    Brasil das pessoas de 60 anos ou mais, era de 2,7. Os homens com 2,8 e as mulheres com

    2,4 anos. J em 2000 essa mesma mdia era: no Brasil 3, 4, sendo que 3,5 eram homens e

    as mulheres 3,1. O rendimento mdio do idoso no Brasil era R$ 657,00, conforme esse

    censo, e no corte por gnero, os homens ganhavam, em mdia, mais que as mulheres: R$

    752,00 contra R$ 500,00.

    A maioria dessa populao vive nas Grandes Regies, sendo que a Regio

    Sudeste a que apresentou maior concentrao de idosos, revelando que em 1991 possua

    2.918.654, e a menor, a Regio Norte, com 274.474 com 60 anos ou mais de idade. Porm,

    em 2000, na Regio Sudeste, esse nmero aumentou para 4.109.003 e mesmo com o

    aumento dessa populao, a Regio Norte continua sendo a que possui menor

    concentrao de idosos do Pas, com 433.397 idosos.

  • 28

    No que se refere Educao, os resultados desse Censo, mostram que, na

    ltima dcada houve um aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados, no

    Brasil. Em 1991 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete

    simples, contra 64,8% no censo de 2000, representando um crescimento de 16,1% no

    perodo. Os homens proporcionalmente continuam sendo mais alfabetizados em relao s

    mulheres (67,7% contra 62,6% respectivamente).

    No grupo das pessoas idosas, os denominados mais idosos, muito idosos

    ou idosos em idade avanada, ou seja, aquele que tem 80 anos de idade o segmento

    populacional que mais cresce nos ltimos tempos, 12,8% da populao idosa e 1,1% da

    populao total. (Brasil, 2006b)

    Os idosos brasileiros esto vivendo mais e em melhores condies de vida,

    resultados da ao conjunta de trs fatores: a ampliao da cobertura previdenciria, ao

    maior acesso aos servios de sade e aos avanos tecnolgicos da biomedicina.

    A esperana de vida ao nascer da populao masculina aumentou de 58,5 anos em 1980 para 67,5 em 2000 e para a feminina de 64,6 para 75,9 anos. A esperana de vida aos 60 anos passou de 15,6 anos em 1980 para 19,7 em 2000 para os homens idosos e de 17,4 para as mulheres. Nesse perodo de 20 anos, as mulheres em geral, passaram a viver 8,4 anos a mais do que os homens e as idosas, 3,4 anos a mais. (Camarano, 2005, p.21)

    Vale ressaltar que segundo a PNAD-2005, a populao do Brasil de

    184.388.620, e desse total 89.851.635 so homens e 94.536.985 so mulheres e que as

    pessoas com 60 anos e mais, do sexo masculino correspondem a 7.979.225 e do sexo

    feminino so 10.214.690.

    Portanto, a populao idosa brasileira cresce de 14.536.029 milhes em

    2000 para 18.193.915 milhes de idosos em 2005. Revela tambm que a Regio Sudeste

    a que possui maior nmero de idosos com 78.557.264 sendo que 3.668.640 do sexo

    masculino e 4.978.080 do sexo feminino.

  • 29

    1.4.1.Aspectos demogrficos no Distrito Federal

    A populao residente no Distrito Federal em 1991 era de 1.601.094 e a sua

    populao idosa de 64.206 (4,0%). Em 2000, a populao aumentou para 2.051.146 e a

    populao idosa de 60 anos e mais correspondeu a 109.638 (5,3%) e em 2002 conforme

    mostram as pirmides:

    Fonte IBGE, 2000

    A populao idosa (60 anos ou mais) responsvel pelos domiclios, de

    acordo com esse Censo revela que no ano de 1991 o total de idosos era de 36.125, sendo

    24.115 do sexo masculino (66,8%) e 12.010, do sexo feminino (33,21%).

    O referido Censo ainda revela que no DF num total de 67.071 mil idosos

    responsveis por domiclios 14,3% deles moram sozinhos e 62,7% residem com os filhos;

    enquanto 2,1% residem com os filhos de 0 a 6 anos, 5,9% com os filhos entre 1 a 14 anos,

    6,0% com os filhos entre 15 a 17 anos e 58,2% com os filhos acima de 18 anos de idade.

    PIRMIDE POPULACIONAL - DISTRITO FEDERAL 1991

    0 - 4

    5 - 9

    10-14

    15-19

    20-24

    25-29

    30-34

    35-39

    40-44

    45-49

    50-54

    55-59

    60-64

    65-69

    70-74

    75-79

    80 e +

    MULHERES HOMENS

  • 30

    No total de 67.071 mil idosos, responsveis pelos domiclios, 91,4% tm

    domiclios em condies de saneamento adequado, 6,1% so semi-adequado e 2,5% so

    inadequados. Desses, 20,2% no tm instruo ou menos de 1 ano de estudo; 18,4% de 1 a

    3 anos, 18,3% 4 anos de estudo; 6,55 de 5 a 7 anos; 8,8% de 8 a 10 anos; 13,2% de 11 a 14

    anos e 14,3% acima de 14 anos de estudo. Desse total, 59,25% (39.742 mil idosos) so do

    sexo masculino e 40,75% so do sexo feminino (27.329 mil idosas). Um total de 78,7%

    dessa populao sabe ler e escrever e 21,3% no sabem. A mdia de anos dos estudos dos

    idosos de 6,7 para os homens e 5,0 para as mulheres, sendo que a mdia total do DF, em

    2000 de 6,0. Em 1991, o total da mdia de anos de estudos no DF era de 5,0; tendo os

    homens com a mdia de 5,6 e as mulheres com 3,9.

    O rendimento mensal mdio da populao idosa no Distrito Federal de R$

    1.796,00, sendo de R$ 1.813,00 para a populao residente na rea urbana e de R$

    1.326,00 para aquela residente na rea rural.

    Vale ressaltar que segundo a PNAD de 2004/2005, o Distrito Federal tem

    um total de 2.337.078 de sua populao residente (valores absolutos), sendo que 149.559

    mil pessoas esto na faixa dos 60 anos e mais de idade (6,4%), o que mostra uma evoluo

    crescente em 5 anos da populao idosa no Distrito Federal, uma vez que em 2000 essa

    populao representava apenas 3,3%.

    1.5. Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa

    O Ministrio da Sade (MS), em 1999, lanou pela primeira vez uma

    Poltica Nacional de Ateno Sade da Pessoa Idosa (PNSPI), porm em 2005 essa

    poltica passa por uma reviso e atualizao para adequar as mudanas ocorridas de 1999

    at recentemente.

    Uma das diretrizes da Organizao Mundial da Sade, assumida pelo

    Ministrio da Sade, o paradigma do envelhecimento ativo. Sabe-se que determinadas

    doenas como a presso arterial alta, a diabetes, a artrose ou a artrite, no impedem as

    pessoas de ficarem ativas na sociedade, na sua famlia, na sua comunidade, segundo

  • 31

    Telles, 2006, (p. 200-201), afirma ainda que: uma sociedade envelhecida doente, incapaz

    de participar ativamente da vida comum pode ser determinada pela negligncia dos

    servios de sade ou pela incapacidade desses servios em fazer com que essas doenas

    no se agravem, ou no se compliquem. (Brasil, 2006e).

    A Poltica Nacional da Sade da Pessoa Idosa possui algumas diretrizes

    para subsidiar aos gestores locais a fazerem uma poltica de sade2 adequada s demandas

    e necessidades da populao idosa brasileira, com sua diversidade. Dentre elas esto:

    Promoo do envelhecimento ativo e saudvel; ateno integral, integrada sade da pessoa idosa; estmulo s aes intersetoriais, visando integralidade da ateno; provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da ateno sade da pessoa idosa; estmulo participao e fortalecimento do controle social; formao e educao permanente dos profissionais de sade do SUS na rea de sade da pessoa idosa; divulgao e informao sobre a Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa para profissionais de sade, gestores e usurios do SUS; promoo de cooperao nacional e internacional das experincias na ateno sade da pessoa idosa; e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (PNSPI).

    Essa Poltica tem como finalidade recuperar, manter e promover a

    autonomia e a independncia dos indivduos idosos, direcionando medidas coletivas e

    individuais de sade para esse fim, em consonncia com os princpios e diretrizes do

    Sistema nico de Sade (SUS). A PNSPI tem como pblico alvo todas as pessoas

    (brasileiras) com 60 anos de idade ou mais e elege dois grandes grupos populacionais com

    o objetivo de melhor operacionaliz-la. Sendo o grupo de idosos independentes e, o grupo

    de idosos frgeis ou em processo de fragilizao. Entende-se por idosos independentes,

    aquelas pessoas que, mesmo sendo portadoras de alguma doena, se mantm ativas no

    ambiente familiar e no meio social (Brasil, 2006a, p.6). As pessoas idosas frgeis ou em

    processo de fragilizao so aquelas que, por qualquer razo, apresentam determinadas

    condies que podem ser identificadas pelos profissionais de sade (Brasil, 2006a), ou

    seja, o grupo de pessoas que correm risco de estarem incapazes ou aquelas j com algum

    grau de incapacidade funcional.

    Dessa forma importante ressaltar que se torna mais fcil planejar aes

    possibilitando aos idosos independentes continuarem com a sua independncia e

    2 No que se refere promoo da sade da populao idosa, as implementaes de aes locais, segundo essa poltica, devero ser norteadas pelas estratgias de implementao contempladas na Poltica Nacional de Promoo da Sade, Portaria 687/GM, de 30 de maro de 2006.

  • 32

    autonomia, como tambm proporcionar uma ateno diferenciada aos que apresentam

    algum grau de incapacidade, para que essas pessoas que fazem parte desse grupo, ou se

    recuperem, ou no piorem a sua situao de sade.

  • 33

    CAPTULO 2 - PESSOA COM DEFICINCIA

    2.1. Aspectos conceituais

    Ao longo da histria do Brasil existiram vrios termos para se referir a

    pessoa com deficincia. Neste sentido, Sassaki (2005) em seu artigo: Como chamar as

    pessoas com deficincia? resgata a trajetria dos termos utilizados em diferentes pocas

    na conceituao das pessoas com deficincia. Segundo ele, no comeo da histria, esse

    segmento era considerado como invlidos, ou seja, indivduos sem valor,

    conseqentemente intil para a sociedade, famlia, etc. Esse termo foi usado at o sculo

    XXI.

    Em 1960, essas pessoas, passaram a ser classificadas como

    incapacitados, significando pessoas sem capacidades, evoluindo para indivduos com

    capacidade residual, usado para referirem-se pessoas com deficincia em qualquer idade.

    Entre os anos 60 e 80 esse segmento populacional foi designado pelos

    seguintes vocbulos: os defeituosos (significando os indivduos com deformidade

    fsica), os deficientes (como os indivduos com deficincia fsica, intelectual, auditiva,

    visual ou mltipla) e posteriormente pela expresso os excepcionais, correspondendo

    aqueles com deficincia intelectual.

    De 1981 a 1987 o termo usado era pessoas deficientes, e o efeito do

    impacto dessa terminologia ajudou a melhorar a imagem dessas pessoas, no mais sendo

    utilizado a expresso indivduos.

    Nos anos de 1988 at 1993 eram classificados como portadores de

    deficincia, logo reduzidos para portadoras de deficincia. E a partir de 90 at hoje,

    recebeu vrias denominaes, como por exemplo: pessoas com necessidades especiais,

    portadoras de necessidades especiais. Em 1994, passaram a ser designadas como

    pessoas com deficincia, conceituao essa, aceita no mundo todo e no Brasil.

  • 34

    Ainda segundo Sassaki, importante se empregar a terminologia correta ao

    usar expresses que so advindas de preconceitos, estigmas e esteretipos. Sabe-se que no

    passado, o preconceito era mais acentuado, definindo crianas, adolescentes ou adultos,

    que no possuam deficincia como normais e as possuidoras de deficincia como

    anormais, conceito esse ultrapassado e em desuso. Para o autor encontrar o termo

    correto para conceituar a pessoa com deficincia no tarefa fcil e simples dada

    evoluo dos valores vigentes, em cada sociedade.

    Conforme texto-base da Campanha da Fraternidade - CF de 2006 da

    Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) as sociedades construram termos e

    expresses para designar, caracterizar e diferenciar as pessoas com deficincia. Tiveram

    vrias denominaes como: paraltico, anormal, mongolide, alienado, aleijado, portador

    de necessidades especiais, coxo, manco, especial, cego, invlido, surdo-mudo, imperfeito,

    retardado, dbil mental, excepcional, etc. Essas expresses, bem-intencionadas ou

    rotuladoras podem ser conceitos ou preconceitos. Ainda o texto-base da CF- 2006 explica

    que,

    A palavra cego, comum nos Evangelhos, pode ser vista como ofensa por quem prefere o termo deficiente visual. A palavra surdo, tambm, para quem o termo deficiente auditivo seria mais adequado. A expresso deficiente mental no bem recebida por quem prefere o termo especial, excepcional, deficiente intelectual ou cognitivo. Outros abominam a expresso portador de necessidades especiais ou de alguma sndrome. Julgam que a pessoa no porta, nem carrega nada. Ela simplesmente assim. Uma pessoa no deve ser reduzida, nem identificada com seus limites sensoriais, mentais ou motores. Mas ela tambm no pode ser entendida e acolhida sem eles. Hoje, a tendncia para uma suavizao dos termos. A busca sempre renovada de expresses mais adequadas, socialmente positivas, para designar essas condies diferenciadas, no deve ser a ocasio de uma nova alienao. Um dos primeiros passos para transformar em graa o que poderia tornar-se uma desgraa, est na capacidade de nomear, sem subterfgios, as realidades vividas, mesmo se indesejadas.

    Nesse estudo a conceituao de pessoa com deficincia foi fundamentada

    tambm em outras definies adotadas pela (OMS, 1980) por meio da Classificao

    Internacional de Deficincias, Incapacidades e Desvantagens CIDID, na Organizao

    Internacional do Trabalho (1983), por meio da Conveno de 159; pelo Decreto 3.298/99,

    e pela Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia (2006).

    Segundo a definio da CIDID (1989) deficincia foi classificada como

    toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou funo psicolgica, fisiolgica ou

    anatmica; a incapacidade de realizar uma atividade na forma ou na medida em que se

  • 35

    considera normal para um ser humano; e a desvantagem como uma situao prejudicial

    para um determinado indivduo, em conseqncia de uma deficincia ou uma

    incapacidade, que limita ou impede o desempenho de um papel que normal em seu caso,

    em funo da idade, sexo e fatores sociais e culturais, (Brasil, 2006c, p.11).

    Conforme a Conveno 159 da OIT, de 1983 Art. 11 esse segmento tinha a

    seguinte conceituao: para efeitos dessa Conveno, entende-se por pessoa deficiente,

    todo indivduo cujas possibilidades de obter e conservar um emprego adequado e de

    progredir no mesmo fiquem substancialmente reduzidas devido a uma deficincia de

    carter fsico ou mental devidamente reconhecida. Porm, o Decreto 3.298/99 no Artigo

    4 conceitua essas pessoas da seguinte forma:

    I Deficincia fsica alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral nanismo, membros com deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que no produzam dificuldades para o desempenho de funes;

    II Deficincia auditiva perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqncias de 500 Hz, 1.000Hz, 2.000Hz;

    III Deficincia visual cegueira, na qual a acuidade visual igual ou menor que 0,05 no menor olho, com a melhor correo ptica; a baixa viso, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no menor olho, com a melhor correo ptica; os casos nos quais a somatria da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60; ou a ocorrncia simultnea de quaisquer das condies anteriores.

    IV Deficincia mental funcionamento intelectual significativamente inferior mdia, com manifestao antes dos dezoito anos e limitaes associadas a duas ou mais ares de habilidades adaptativas, tais como; a) comunicao; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilizao dos recursos da comunidade; e) sade e segurana; f) habilidades acadmicas; g) lazer; e h) trabalho;

    V Deficincia mltipla associao de duas ou mais deficincias.

    No entanto, o Artigo 1 da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com

    Deficincia (2006) define como aquelas que tm impedimento de natureza fsica,

    intelectual ou sensorial, os quais, em interao com diversas barreiras, podem obstruir sua

    participao plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas, embora reconhea que

    a deficincia um conceito em evoluo e que a deficincia resulta da interao entre

  • 36

    pessoas com deficincia e as barreiras atitudinais e ambientais que impedem sua plena e

    efetiva participao na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

    No Brasil, de acordo com a cultura vigente e a definio legal, so

    consideradas pessoas com deficincia, aquelas pertencentes aos segmentos com dficit

    mental, motor, sensorial e mltiplo. (Brasil, 2006c, p.11)

    2.2. Aspectos histricos

    No Antigo Testamento consta que o deficiente era considerado impureza e

    pecado. Moiss proclamou aos Israelitas (Lev. 21, 21-23): que todo homem possuidor de

    alguma deformidade no corpo no poderia distribuir hstias ao Senhor e nem pes a Deus,

    porm poderia comer os pes oferecidos no santurio, desde que no ultrapassasse o vu e

    nem chegasse ao altar para no contaminar o santurio.

    Sabe-se que, na Grcia, onde se cultuava a harmonia entre corpo escultural

    e esprito, defendia-se que a morte dos invlidos e idosos deveria ser lenta, pois se

    acreditava que essas pessoas no seriam teis na sociedade e que as obras de arte desse

    perodo eram elucidativas, uma vez que espritos reputados malignos, seres lendrios e

    desumanos eram, invariavelmente, representados com despropores fsicas, rostos

    monstruosos e membros contorcidos.

    Na Roma Antiga, afirmam Oliveira e Teixeira (apud Alves, 1992), a Lei

    das XII Tbuas, continha textos de cunho discriminatrio, onde o patriarca estava

    autorizado a matar os filhos que nascessem defeituosos. Afirma ainda que na Idade Mdia

    as pessoas com deficincia eram consideradas bruxos ou hereges, eram sacrificadas ou

    usadas como bobos da corte.

    Na Grcia Antiga, segundo Cardoso (2004), as crianas deficientes eram

    abandonadas nas montanhas, j em Roma eram atiradas nos rios. Afirma ainda que na

    Idade Mdia, nos pases europeus, os deficientes eram associados imagem do diabo e aos

    atos de feitiaria, bem como sofriam perseguio e s vezes executados, pois faziam parte

  • 37

    de uma mesma categoria: a dos excludos. Essas pessoas, portanto, eram afastadas do

    convvio social ou mesmo sacrificadas.

    As pessoas com deficincia sempre foram alvo de violaes. Sabe-se,

    atravs da Histria Mundial, que mais de trs milhes de pessoas com deficincia foram

    mortas pelos nazistas na 2 Guerra Mundial. Aps a Guerra, surgiram no Brasil, os

    primeiros centros de reabilitao em conseqncia de uma forte epidemia de poliomielite,

    afetando indistintamente todas as classes sociais. Foram criadas instituies para atender

    as pessoas atingidas pela epidemia, dentre as quais a Associao de Assistncias a Criana

    Defeituosa (AACD), em So Paulo em 1952 e no Rio de Janeiro foi criada a Associao

    Brasileira Beneficente de Reabilitao (ABBR) e foi fundada tambm, em meados da

    dcada de 1950, no Rio de Janeiro, ento Capital Federal, a primeira Associao de Pais e

    Amigos dos Excepcionais (APAE).

    Em 1948 foi realizada a Declarao Universal dos Direitos do Homem com

    objetivos de definir princpios que norteassem as relaes sociais, tornando-se instrumento

    internacional de proteo das pessoas com deficincia.

    2.3. Aspectos legais

    Os direitos das pessoas com deficincia, vm sendo amplamente discutidos

    nas ltimas dcadas e hoje esto assegurados na legislao brasileira. A Constituio

    Federal do Brasil em seu Artigo 23, Inciso II determina ser de competncia da Unio,

    Estados, Distrito Federal e Municpios cuidar da sade e assistncia pblica, da proteo e

    a garantia das pessoas portadoras de deficincia.

    Outros instrumentos legais foram estabelecidos, regulamentando os

    preceitos constitucionais no que diz respeito a esse segmento populacional, destacando-se

    entre outros, a Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispe sobre o apoio s

    pessoas portadoras de deficincias e a sua integrao social, no que se refere sade,

    atribuindo ao setor a promoo de aes preventivas; a criao de uma rede de servios

  • 38

    especializados em reabilitao e habilitao; a garantia de acesso aos estabelecimentos de

    sade e do adequado tratamento no seu interior, segundo normas tcnicas e padres

    apropriados; a garantia de atendimento domiciliar de sade ao deficiente grave no

    internado; e o desenvolvimento de programas de sade voltados para as pessoas

    portadoras de deficincias, desenvolvidas com a participao da sociedade (Art. 2, Inciso

    II) e o Decreto 3.298, de 1999 que regulamenta a referida Lei.

    A Declarao Universal dos Direitos do Homem no Artigo 1 institui que

    todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos so dotadas de razo e

    conscincia e devem agir em relao umas s outras com esprito de fraternidade e, ainda,

    o Artigo 2, em que toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades

    estabelecidas nesta declarao, sem distino de qualquer espcie, seja de raa, cor, sexo,

    lngua, religio, opinio poltica ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,

    nascimento, ou qualquer outra condio.

    Dessa forma, a Declarao consolida a natureza indivisvel e

    interdependente dos direitos nela previstos e, sobretudo, seu carter universal. Institui,

    portanto, que os direitos devem ser observados independentemente da diversidade cultural,

    poltica, econmica e religiosa das sociedades.

    A Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia, aprovada pela

    Assemblia Geral das Naes Unidas no dia 06 de dezembro de 2006, por meio da

    Resoluo A/61/611, no Artigo 25, no que se refere sade, estabelece que os Estados

    Partes reconheam que as pessoas com deficincia tm o direito de usufruir o padro mais

    elevado possvel de sade, sem discriminao baseada na deficincia, assim como

    tomando as medidas apropriadas para assegurar o acesso de pessoas com deficincia a

    servios de sade sensveis s questes de gnero, incluindo a reabilitao relacionada

    sade.

    Atualmente, encontra-se em trmite, no Congresso Nacional, o Projeto de

    Lei do Senado N 6, de 2003, o Estatuto do Portador de Deficincia, visando assegurar a

    integrao e a incluso social e o pleno exerccio dos direitos individuais e coletivos das

    pessoas com deficincia, que no Artigo 4, estabelece que dever da sociedade, do Estado,

    da comunidade e da famlia assegurar s pessoas portadoras de deficincia a efetivao

    dos direitos referentes vida, sade, alimentao, habitao, educao, ao esporte,

  • 39

    ao lazer, profissionalizao, ao trabalho, ao transporte, ao acesso s edificaes pblicas,

    cultura, seguridade social, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar

    e comunitria.

    E define ainda, no Artigo 8, o direito vida e sade dos portadores de

    deficincia ser assegurado mediante a efetivao de polticas sociais pblicas que

    permitam sua existncia saudvel e digna.

    Segundo esse Estatuto, o Artigo 5, atribui ao Poder Pblico, no mbito das

    polticas de sade no Inciso I, a promoo de aes preventivas destinadas a evitar

    deficincias limitativas de natureza psicomotora, inclusive planejamento familiar,

    aconselhamento gentico, acompanhamento da gravidez, relativas ao parto e ao puerprio,

    nutrio da mulher e da criana, identificao e ao controle da gestante e do feto de

    alto risco, imunizao, s doenas do metabolismo e seu diagnstico e ao

    acompanhamento precoce de outras doenas causadoras de deficincia, e deteco

    precoce das doenas degenerativas e a outras potencialidades incapacitantes.

    Em relao a esse Estatuto, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa

    Portadora de Deficincia (CONADE), manifestou frente parlamentar em defesa dos

    direitos das pessoas com deficincia, sobre os projetos de lei em tramitao no Congresso

    Nacional que visam a instituir o Estatuto da Pessoa com Deficincia.

    Vale ressaltar que o CONADE posiciona-se contrrio a qualquer excluso

    ou reduo dos direitos h muitos j assegurados e aguarda do Poder Legislativo brasileiro

    que leve em considerao as preocupaes do segmento das pessoas com deficincia.

    2.4. Aspectos demogrficos

    Os Censos Demogrficos de 1872, 1900 e de 1920 apresentaram dados

    referentes apenas investigao, quanto ao nmero de cegos, surdos e mudos

    (terminologia usada na poca). O Censo de 1940 ampliou a investigao da origem dessas

    deficincias sensoriais. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD), em

  • 40

    1981 abrangeu um universo maior de deficincias, na qual cerca de 1,1% da populao

    brasileira era constituda de pessoas com deficincia.

    O Censo de 2000 incorporou a esse universo mais variedade de tipos e

    graus de deficincia chegando a identificar que existe 14,5% de pessoas com deficincia

    na nossa populao, distribudos em 57,16% de pessoa com alguma dificuldade de

    enxergar; 10,50% de pessoa com grande dificuldade de enxergar; 0,6% de pessoa com

    incapacidade de enxergar; 22,7% de pessoa com alguma dificuldade de caminhar; 9,45%

    de pessoa com grande dificuldade de caminhar; 2,3% com incapacidade de caminhar;

    4,27% com grande dificuldade de ouvir; 0,68% com incapacidade de ouvir; 11,5% com

    deficincia intelectual, 5,32% com falta de membro ou parte dele; 0,44% com tetraplegia,

    paraplegia ou hemiplegia.

    A esses dados foi incorporada a grande parte da populao idosa devido

    reduo funcional do organismo, caracterstica do processo natural de envelhecimento.

    Observou-se que em quase todos os dados scio-demogrficos, o quesito idade

    determinante e fundamental no levantamento do nmero de pessoas com deficincias, o

    que inclui, por exemplo, pessoas com mais de 50 anos que j se apresentavam com alguma

    dificuldade em caminhar, ouvir, enxergar.

    O crescimento demogrfico est projetado de 69% para populao com

    mais de 60 anos at o ano de 2025, com o aperfeioamento de vrias maneiras de se obter

    o nmero do tipo, grau de deficincia da populao, as estatsticas auxiliaro na

    implementao das aes das polticas pblicas para esse segmento.

    Segundo o Censo Demogrfico do IBGE (2000), grupos com variveis na

    fonte de renda, tipos de moradia, nveis de educao apresentaram com menor e maior

    incidncia de pessoas com deficincia. Por exemplo, no Distrito Federal, em bairros

    considerados nobres, como o Lago Sul, a taxa de pessoas com deficincias a menor do

    Distrito Federal e que em regies que o nvel de educao e renda so baixos, a incidncia

    de pessoas com deficincia maior.

    De acordo com a OMS, existem no pas 20 milhes de pessoas com

    deficincia (mais de 10% da populao). O Censo realizado em 2000 pelo IBGE (Instituto

  • 41

    Brasileiro de Geografia e Estatstica) e divulgado em 2002, revela que existem 24,5

    milhes de brasileiros possuem algum tipo de deficincia.

    O critrio, utilizado pela primeira vez nesse levantamento, foi o da

    Classificao Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sade - CIF, recomendado

    pela Organizao Mundial de Sade. Conforme esse critrio, 14,5% da populao

    brasileira apresenta alguma deficincia fsica, mental, visual ou auditiva onde o maior

    percentual se encontra na Regio Nordeste (16,8%) e o menor na Regio Sudeste (13,1).

    As Regies Norte, Sul e Centro-Oeste tm, respectivamente, 14,7%, 14,35 e 13,9% de

    pessoas com algum tipo de deficincia na populao total. A maior concentrao de

    pessoas que se declararam com deficincias estava nas zonas urbana-19,8 milhes contra

    4,8 milhes nas zonas rurais.

    Do total de 24,55 milhes de pessoas com deficincias no Brasil, 48,1%

    possuem deficincia visual, 22,9%, deficincia motora, 8,3% mental, 4,1% de deficincia

    fsica e 16,7% de deficincia auditiva. Em relao populao brasileira, a que apresentou

    maior taxa foi a deficincia visual (6,97%) em seguida a deficincia motora com 3,32% e

    a menor foi a deficincia fsica com 0,59%.

    Ainda de acordo com os dados do Censo (2000), do ponto de vista da

    incidncia das deficincias por gnero, h uma predominncia de deficincias entre as

    mulheres - 13.179.712, em nmeros absolutos, em contrapartida a 11.420.544 homens. No

    entanto, segundo esse Censo, houve uma predominncia no sexo masculino quanto s

    deficincias mentais, fsicas e auditivas; enquanto observou-se, por sua vez, a

    predominncia de deficincias motoras e visuais nas mulheres.

    2.5. Poltica Nacional de Sade da Pessoa com Deficincia

    Em cinco de junho de 2002, por meio da Portaria N. 1.060, foi aprovada a

    Poltica Nacional de Sade da Pessoa Portadora de Deficincia (Brasil, 2006c). Essa

    poltica tem o propsito de reabilitar a pessoa portadora de deficincia na sua capacidade

  • 42

    funcional e no desempenho humano de modo a contribuir para a sua incluso plena em

    todas as esferas da vida social e proteger a sade deste segmento populacional, bem

    como, prevenir agravos que determinem o aparecimento de deficincias (p.23). Essa

    poltica estabelece as seguintes diretrizes:

    Promoo da qualidade de vida das pessoas portadoras de deficincia, assistncia integral sade da pessoa portadora de deficincia; preveno de deficincias; ampliao e fortalecimento dos mecanismos de informao, organizao e funcionamento dos servios de ateno pessoa portadora de deficincia; e capacitao de recursos humanos (Brasil, 2006c, p.25)

    Quanto primeira diretriz, a sua implementao compreender a

    mobilizao da sociedade, com objetivo de assegurar a igualdade de oportunidades s

    pessoas com deficincia. Garantia essa, que dever resultar no provimento de condies e

    situaes capazes de conferir qualidade de vida a esse segmento da sociedade, portanto

    alm da preveno de riscos geradores de doenas e morte, devero ser implementadas

    aes que sejam capazes de evitar situaes e obstculos vida, com qualidade das

    pessoas com deficincia. Realizar aes eficazes como, a criao de ambientes

    favorveis, o acesso informao e aos bens e servios sociais, bem como a promoo de

    habilidades individuais que favoream o desenvolvimento das potencialidades desse

    segmento populacional (Brasil, 2006c, p.25).

    A assistncia integral sade da pessoa com deficincia, segundo a referida

    poltica, no poder ocorrer apenas nas instituies especficas de reabilitao, mas

    tambm nos diversos nveis de complexidade e nas especificidades mdicas, alm da

    necessidade de ateno sade especfica da sua prpria condio. Na assistncia sade

    para as pessoas com deficincia, incluindo a assistncia em reabilitao, devero ser

    observados os princpios de descentralizao, regionalizao e hierarquizao dos

    servios: as unidades bsicas de sade, os centros de atendimento em reabilitao

    (pblicos ou privados) e organizaes no-governamentais, centros de referncia em

    reabilitao, etc. (Brasil, 2006c, p. 26-27).

    Quanto diretriz que se refere preveno de deficincias, nessa poltica

    adotou-se aes de natureza informativa e educativa destinadas populao, j com

    relao ao atendimento pr-natal adequado e na deteco precoce de deficincias. Envolve

    tambm aes de conscientizao e recursos humanos qualificados para a prestao de

    uma ateno eficiente. (Brasil, 2006c, p.29).

  • 43

    A ampliao e fortalecimento dos mecanismos de informao, alm de

    seguir as normas que disciplinam a criao de fontes de dados, constituiro prioridades do

    SUS nas trs esferas de governo, o monitoramento permanente da ocorrncia de

    deficincias e incapacidades, como tambm a anlise de prevalncia e tendncia. (Brasil,

    2006c, p.30).

    A organizao e o funcionamento dos servios de ateno pessoa com

    deficincia, segundo a Poltica Nacional de Sade da Pessoa com Deficincia,

    desenvolvero aes de forma descentralizada e participativa obedecendo diretriz do

    Sistema nico de Sade (SUS) relativa ao comando nico em cada esfera de governo.

    A ateno sade desse segmento populacional comportar a organizao

    das aes e dos servios em trs nveis de complexidade, interdependentes e

    complementares: ateno bsica, ateno ambulatorial especializada; e ateno

    ambulatorial e hospitalar especializada. (Brasil, 2006c, 32) E ainda quanto organizao

    e o funcionamento dos servios de ateno s pessoas com deficincia compreendero

    tambm a assistncia domiciliar.

    Por fim a ltima diretriz dessa poltica, sobre a capacitao de recursos

    humanos, enfatiza quanto necessidade de se qualificar os profissionais, a

    intersetorialidade para se garantir o direito ao atendimento de sade estabelecido nessa

    poltica. Vale ressaltar que a Poltica Nacional de Sade da Pessoa com Deficincia adota

    a mesma conceituao estabelecida pelo Decreto 3.298/99 em seu art. 4, Incisos I, II, III,

    IV e V.

  • 44

    CAPTULO 3 A PESSOA IDOSA COM DEFICINCIA

    3.1. Situao demogrfica da pessoa idosa com deficincia

    Nota-se que a pessoa idosa com deficincia uma realidade de todos os

    pases do mundo. No Brasil um segmento populacional que cresce de forma relevante,

    portanto, a seguir ser evidenciado o crescimento do nmero das pessoas idosas com

    deficincia no Brasil, e como esse segmento tambm vem se expressando no Distrito

    Federal.

    3.1.1. No Brasil

    O aumento acelerado do nmero de pessoas idosas no Brasil, embora seja

    evidente, no tem significado igual crescimento no conhecimento acerca da pessoa idosa.

    Idosos esses, que no seu aspecto biolgico, psicolgico e social apresentam

    transformaes peculiares, sendo necessrio, portanto, tipos de assistncias diferenciadas,

    especialmente no que se refere sade.

    Voltar a ateno sade do idoso um ato poltico que envolve diferentes

    atores sociais: gestores, sociedade civil organizada e a clientela de idosos, que, em

    processo democrtico, participativo e consensual, articulam-se entre si e negociam as

    tomadas de decises para o enfrentamento do envelhecimento populacional (Silva, A e

    Lopes, 2005).

    No que se refere pessoa idosa com deficincia, percebe-se tambm que se

    conhece muito pouco desse segmento populacional, apesar de ter sido mais acentuada a

    discusso sobre sua importncia dessa populao, nos ltimos tempos, nas polticas

    pblicas brasileiras.

    Os dados da Tabela 1 revelam os resultados do Censo Demogrfico de

    2000, com relao pessoa idosa com deficincia no Brasil. De acordo com essa tabela,

  • 45

    declarou-se com deficincia mental, 573.312 pessoas idosas, sendo que 52,75% so

    mulheres, contra 47,25% de homens. Portanto h uma predominncia do sexo feminino

    nessa idade.

    Com relao deficincia fsica tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia

    permanente, os homens apresentaram uma diferena insignificante na percentagem em

    relao s mulheres, (49,34% contra 50,66%) respectivamente, no Brasil, conforme Tabela

    1. No que se refere deficincia visual, na populao de pessoas idosas com deficincia

    tambm apresenta um nmero expressivo: 4.935.659 pessoas, sendo mais evidente nas

    mulheres (56,37%). Essa deficincia a que apresenta um maior percentual (33,95%) em

    relao ao nmero de pessoas idosas com deficincia no Pas. A deficincia auditiva a

    maior nos homens, embora a diferena seja pequena em relao s mulheres, apresentando

    50,48%.

    Nota-se, tambm na Tabela 1, ainda com relao s outras deficincias,

    referidas anteriormente, que a segunda a apresentar dados elevados - 3.791.540, contra

    4.935.659.

  • 46

    Tabela 1 Populao idosa (60 anos e +) com deficincia no Brasil

    Total de Pessoas Homens Mulheres Tipo de Deficincia

    N. % N. % N. % Deficincia Mental permanente

    573.312 3,94 270.895 47,25 302.417 52,75

    Deficincia fsica tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente.

    353.978 2,43 174.644 49,34 179.334 50,66

    Deficincia fsica falta de membro ou de parte dele

    116.562 0,80 81.297 69,75 35.265 30,25

    Deficincia visual incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de enxergar.

    4.935.659 33,95 2.153.427 43,63 2.782.232 56,37

    Deficincia auditiva incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de ouvir.

    2.578.148 17,73 1.301.376 50,48 1.276.772 49,52

    Deficincia motora incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escada.

    3.791.540 26,08 1.459.430 38,49 2.332110 61,51

    Pelo menos uma das deficincias enumeradas

    7.217.212 49,64 3.184.986 44,13 4.032.226 55,87

    Nenhuma destas deficincias 7.234.050 49,76 3.300.805 45,63 3.933.245 54,37

    Sem declarao 87.725 0,60 41.839 47,69 45.886 52,31

    Total 14.538.987 100 6.527.630 44,90 8.011.357 55,10 Fonte: IBGE Censo 2000

  • 47

    Grfico 1 - Tipos de Deficincias do Idoso no Brasil - 2000

    Fonte: IBGE Censo 2000

  • 48

    3.1.2 No Distrito Federal

    De acordo com a Tabela 2, a deficincia mental permanente predominou

    nas mulheres em relao aos homens revelando que 56,30% das mulheres possuem essa

    deficincia contra 43,70%, dos homens.

    Na deficincia fsica tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente, a

    diferena entre ambos os sexos foi discreta mantendo mais ou menos a mesma

    regularidade da Tabela 1 (homens 50,07%; mulheres 49,93%).

    Com relao deficincia fsica falta de membro ou parte dele, os

    homens apresentam um resultado surpreendente de 62,71%, fato semelhante ao da Tabela

    1, nessa mesma deficincia.

    No que se referem deficincia visual, as mulheres mais uma vez

    predominam em relao aos homens (59,07%) e apresentam um maior percentual em

    relao s outras deficincias aqui relacionadas. Na deficincia auditiva, assim como a

    deficincia anterior 52,52% tem deficincia auditiva. Quanto deficincia motora das

    pessoas idosas com deficincia no Distrito Federal (Tabela 2) as mulheres tm um

    resultado bem relevante em relao aos homens, quase que o dobro: 63,69% contra

    36,21% para os homens.

  • 49

    Tabela 2 Populao idosa (60 anos e +) com deficincia no Distrito Federal

    Total de Pessoas Homens Mulheres Tipo de Deficincia

    N. % N. % N. %

    Deficincia Mental permanente 4.755 4,34 2.078 43,70 2.677 56.30

    Deficincia fsica tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente.

    3.070 2,80 1.537 50,07 1.533 49,93

    Deficincia fsica falta de membro ou de parte dele

    708 0,65 444 62,71 264 37,29

    Deficincia visual incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de enxergar.

    32.446 29,63 13.283 40,94 19.165 59,07

    Deficincia auditiva incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de ouvir.

    19.199 17,53 9.115 47,48 10.083 52,52

    Deficincia motora incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escada.

    27.830 25,42 10.104 36,31 17.724 63,69

    Pelo menos uma das deficincias enumeradas

    51.611 47,14 21.673 41,99 29.936 58,00

    Nenhuma destas deficincias 57.294 52,33 26.392 46,06 30.902 53,94

    Sem declarao 590 0,54 348 58,98 242 41,02

    Total 109.495 100 48.416 44,22 61.079 55,78 Fonte: IBGE Censo 2000

  • 50

    Fonte: IBGE Censo 2000

    Grfico 2 - Pessoas com Deficincia no Distrito Federal - 2000

  • 51

    3.2. O Sistema nico de Sade e a pessoa idosa com deficincia

    O Sistema nico de Sade representa para o Brasil, uma conquista

    histrica de um sistema de sade democrtico. O SUS tem por objetivo final dar

    assistncia populao fundamentada no modelo da promoo, proteo e recuperao da

    sade por meio de mtodos eficazes que alcancem essa assistncia. Esses mtodos devem

    ser orientados pelos princpios da descentralizao, regionalizao, hierarquizao,

    resolutividade e participao/controle social para que o SUS realize um modelo de ateno

    sade que atenda s necessidades das demandas de todo cidado e cidad do Brasil.

    O SUS est fundamentado nos preceitos Constitucionais e se norteia pelos

    princpios doutrinrios da universalidade que asseguram a todas as pessoas o direito ao

    atendimento independente de cor, raa, religio, local de moradia, situao de emprego ou

    renda, etc. Nele, a sade afirmada como direito de cidadania e dever dos governos

    Municipal, Estadual e Federal; da eqidade, no qual os servios de sade devem

    considerar que em cada populao existem grupos que vivem de forma diferente, ou seja,

    cada grupo ou classe social ou regio tem seus problemas especficos,

    Os servios de sade devem funcionar atendendo o indivduo como um ser

    humano integral. O modelo de ateno sade do idoso deve estar, portanto, necessria e

    obrigatoriamente, pautados nos princpios e diretrizes preconizados pelo SUS. Isso implica

    entender o modelo de ateno referenciado na promoo de sade, na preveno de

    doenas, na reabilitao e na assistncia em sade.

    Vale ressaltar a importncia da I Conferncia Nacional de Direitos da

    Pessoa Idosa realizada em Braslia, em maio de 2006, com o objetivo de esclarecer, as

    polticas de sade, cujo tema principal foi a construo de uma rede de proteo e defesa

    da pessoa idosa com base na Poltica Nacional do Idoso, no Estatuto do Idoso e no Plano

    de Ao Internacional para o Envelhecimento, da qual participaram cerca de 500

    delegados de Estados e Municpios.

    As deliberaes da I Conferncia Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa,

    referente ao mbito da ateno sade, devero estar na pauta dos dirigentes da sade em

    todos os nveis de governo e, tambm, dos movimentos sociais que participam da

  • 52

    construo do SUS, nos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de Sade. Foram

    identificados, nessa Conferncia oito grupos temticos no Eixo Sade da Pessoa Idosa,

    dentre eles a Capacitao, Pesquisa do perfil epidemiolgico, Estudos sobre modelos

    interdisciplinares de cuidado ao idoso com condies crnicas, Ateno a Agravos

    Especficos, Ateno Bsica Criao de Programas, Organizao da Rede e Assistncia

    Farmacutica.

    As temticas relativas ao envelhecimento e suas implicaes para a sade e

    para a sociedade entraram muito recentemente na pauta das universidades brasileiras. Por

    conseguinte, os profissionais que atuam nos servios de sade possuem poucos

    conhecimentos para atender de maneira adequada s demandas e as necessidades da

    populao idosa em nosso pas. Assim sendo, a capacitao dos profissionais de sade

    acaba por se tornar uma exigncia em todos os nveis de ateno.

    Em relao aos cursos de graduao, mbito de responsabilidade do

    Ministrio de Educao e Cultura, o setor de sade pode atuar oferecendo estgios para os

    alunos em diferentes servios nos nveis locais.

    Outros cursos de especializao poderiam fazer o mesmo, desde que

    houvesse uma superviso adequada, sem que com isso os gestores locais se eximissem de

    sua responsabilidade para com essa populao especfica. No que diz respeito

    capacitao dos profissionais de sade, estratgias diversas podem ser estabelecidas em

    nvel local. A rea Tcnica de Sade da Pessoa com Deficincia do Ministrio da Sade

    prope que os Centros de Referncia em Ateno Sade da Pessoa Idosa, na medida em

    que so, em princpio, centros de ensino e pesquisa, atuem mais prximos dos nveis locais

    promovendo encontros, seminrios e mesmo cursos especficos para os profissionais em

    diferentes nveis de complexidade do sistema.

    No Pacto Pela Vida, por sua vez, foi proposta uma capacitao, utilizando-

    se a estratgia de educao distncia, voltada para profissionais da rede bsica de sade.

    Cabe destacar que, em todas as propostas de capacitao, as Diretrizes da

    Poltica Nacional de Ateno Sade da Pessoa Idosa devem ser referncias obrigatrias,

    de maneira que tpicos como avaliao funcional, violncia, reabilitao, entre tantos

    outros temas importantes, sejam contemplados. Alm do Curso de Aperfeioamento, o

  • 53

    Ministrio da Sade disponibiliza para toda rede de ateno bsica no pas a Caderneta de

    Sade da Pessoa Idosa e o Caderno de Ateno Bsica em Envelhecimento e Sade da

    Pessoa Idosa que serviro de referncia para os processos locais de capacitao

    profissional.

    Destaca-se, ainda, a proposta de incorporao do curso de especializao

    ps-tcnico para Cuidador de Idoso no Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da

    rea de Enfermagem (PROFAE) sob a responsabilidade da Secretaria de Gesto do

    Trabalho e Educao na Sade (SEGETS/MS).

    O envelhecimento humano interessa a pesquisadores de muitos campos da

    produo do conhecimento. Entretanto, a pesquisa relativa velhice, ao velho e ao

    processo de envelhecimento tem acontecido, predominantemente, na rea das cincias da

    sade, com importante participao das cincias biolgicas. Vale ressaltar que as cincias

    humanas e as sociais aplicadas tambm devem participar dessa pesquisa, pois

    desempenham papel importante a essa temtica.

    Verifica-se o crescente aumento dos gastos em medicamentos pelo SUS,

    embora muitas vezes o acesso no seja adequado em funo da aquisio feita pelas

    Secretarias Estaduais e Municipais de Sade. Atrasos nesses processos de aquisio e de

    dispensao acabam determinando a falta de medicamentos nos servios de sade. Os

    conselhos locais de sade e de direitos dos idosos tm papel relevante no monitoramento

    desses processos e de repasses de dinheiro por parte do M