yell-oh! #3
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FANZINE SEMESTRAL DO CURSO DE SOM E IMAGEM
ENTREVISTAS • CRÓNICAS • PROJECTOS DE SOM E IMAGEM • PROJECTOS EXTRA-CURRICULARES • PROJECTOS DE DOCENTES • PRODUÇÕES FINAIS • TALENTOS • INCUBADORAS • FESTIVAIS • GADJETS • DESTAQUES •
EDIÇÃO DE INVERNODEZ.2010
Distri.Gratuita
03
Quando me convidaram para fazer a capa da Yell-oh!, vieram-me imediatamente
à memória as fanzines “artesanais” da minha adolescência que tinham a música
como foco central. As capas de fanzines dessa época, as capas dos discos vinil que
conservávamos com tanto carinho, as imagens à volta de grupos como; Sonic Youth,
Siouxie & the Banshees, entre outros, foram sem dúvida a inspiração inicial.
Se pensarmos nos primeiros sustos na tela; “O Castelo do Demónio” (1896),
“Nosferatu” (1922), de W. Murnau (com uma deliciosa atmosfera sobrenatural e uma
fotografia gótica), “O Corcunda de Notre Dame” (1923), ou nos filmes realizados na
década de 30, tendo por base algumas histórias e lendas europeias e tendo como
principais figuras os mitológicos Drácula e Frankenstein, notamos a predominância
da personagem masculina no papel principal, sendo a feminina tradicionalmente
vista como a personagem histérica e vazia, que passa o enredo todo a correr e a
esconder-se nos sítios mais improváveis (a menos que esteja possuída).
Decidi então, usar também como inspiração, a personagem esdrúxula de um dos
filmes da trilogia “Vingança” de Park Chan-Wook; “Simpathy for Lady Vengeance”.
Uma obra negra e poética, com uma abordagem muito particular, que tem como
figura principal uma mulher, “Geum-ja”, uma personagem enigmática que conquista a
nossa simpatia, apesar da sua faceta anjo-demónio.
Park Chan-Wook retrata como ninguém a essência do que é ser humano, sem
esquecer que somos criaturas altamente complexas e não lineares, e aqui recupera o
conceito da mulher inocente e frágil que devido aos reveses da vida, contraria a sua
natureza e embarca no “olho por olho, dente por dente”.
Nessa exploração de diferentes dicotomias, anjo-demónio, bondade-maldade,
fragilidade-força, justiça-injustiça, interior-exterior, entre outras, procurei representar
todas as pessoas que vivem na linha limítrofe entre o lado que se mostra, que se
tenta encarnar com um mínimo de honestidade e aquele lado sombrio do nosso
inconsciente que tentamos silenciar.
Capa da 3ª Edição da Yell.Oh! fanzine
Célia Machado,docente de Som e Imagem
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índiceEditOrial-COmmEnt-palpitEs dE...Crónica de Jenny Feray-gaChêttE-talEntOCIN RE-MAKE’ 10 - Francisco Rodrigues,Tiago Cruz e Renata Ramos-pErfilOsvaldo Pinto-mOstra!Carlos Lobo-prOduçõEs finais dE mEstradO 09|10Projectos Finais de Animação-inCubadOraProjecto “Não Linear”-fOtO YEll-Oh!Spot Escola das Artes-EstivEmOs lá!Olhares de Outono 11ª edição-EntrEvista a...Henrique Manuel Pereira,Revisitar/Descobrir Guerra Junqueiro-mEmórias-falámos com...Miguel Januário-vénia a...John Maeda-recomendamosDestaques de docentes-
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Não é desprovida a lógica de Sartre quando dizia “Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro.”. Qualquer intenção ou gesto parece só fazer sentido quando fantasiamos a sua consequência, pois projectamos a acção numa promessa de algo que ainda está por vir, do desconhecido. Ao profetizar o futuro estaremos a atribuir-lhe um desfecho real, por isso é tempo de son-dar essa consciência e olhar o momen-to, o agora. Foi a nossa proposta para a 3ª edição da Yell-Oh!: “O que te espera o futuro?” tendo em conta o presente. Queremos ideias, propostas e desafios. Uma Fanzi-ne não é apenas uma produção gráfica, ela deve ter um papel de agitação social e criativa. Ao desafio que colocámos, destacamos a capa de Célia Machado; a crónica de Jenny Feray; mais um passo do projecto Revisitar/Descobrir Guerra Junqueiro; estivemos mais uma vez no Festival Olhares de Outono; apresen-tamos o trabalho de alunos e docentes mas também de artistas fora da nossa comunidade artística, no sentido de saber olhar em todas as direcções. A Yell-Oh! também deu mais um passo, marcando presença no ciberespaço, um lugar de informação mas também de inspiração para todos aqueles que se interessam pela área artística em geral e audiovisual em particular.Esperamos que encontrem, nesta 3ª edi-ção, mais do que um pedaço de papel, um reconhecimento.
CARLA ALMEIDADocente no Curso de Som e Imagem
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Lacan insistia no facto que o que nós vemos, olha-nos também. “Nós estamos sempre a ser olhados pelo que olhamos. Um clarão luminoso, um raio de sol sobre um objecto ou simplesmente o facto de esse objecto ser iluminado sem ser visto transforma-o numa coisa que nos olha, com tudo o que o facto de ser olhado pode ter de persecutório e de fascinante...” Neste diálogo silencioso entre o mundo e o olho do fotógrafo, a fotografia torna-se canal. Ela é uma ajuda à visão.No entanto, o laço ténue que ela mantém com o mundo real (para lá da sua relação analógica com ele) dificilmente permite a confrontação directa da visão com um objecto que lhe possa resistir, permitindo assim que o olhar aconteça. A vista atravessa a imagem e nesse mesmo movimento dissolve a parte de alteridade contida no olhar que originou o nascimento
dessa mesma imagem. Ver uma fotografia implica um esforço de olhar.O olho vê direito, sem nunca ter consciência de que apercebe o mundo ao contrário... O olho que fotografa julga apanhar qualquer coisa do mundo, mas não se apercebe nunca da noite que cria a imagem...
A imagem fotográfica nasce da ausência de luz, mas invade contudo o mundo visível. Tantos são os paradoxos que o fotógrafo manipula e que jogam com ele.Do ponto de vista do fotógrafo, aquilo a que poderíamos chamar o “antes fotográfico” (isto é, todos os momentos que precedem a passagem do mundo visível pelo filtro da imagem fotográfica) caracteriza-se por uma ausência de visibilidade. Aquilo a que a poderíamos chamar o “depois fotográfico”, pelo contrário, caracteriza-se por uma visibilidade demasiado plena. Nos dois casos, o olhar escapa e a visão desliza sobre o mundo.Entre estes dois momentos, poderíamos imaginar uma postura fotográfica que, para além de uma vontade de apropriação do visível, tomasse em consideração o facto de que todo o fotógrafo é um cego potencial? E que então, o que nele vibra
no próprio instante em que ele acciona o aparelho, provém de um “para além da visão ocular”?
O acto fotográfico tem qualquer coisa a ver com o desejo. Ele é, antes de mais,
o desejo de entrar em relação com o mundo, através de qualquer coisa que releva menos da apropriação do que
do encontro.Finalmente o que a imagem fotográfica tem de futuro não estará totalmente con-tido no presente do acto fotográfico em si mesmo? Por outras palavras, a formação da fotografia adquire todo o seu sentido no encontro perpetuamente renovado do fotógrafo com o mundo.
PALPITESJenny Feray
de...
Crónica Yell-Oh!por Jenny Feray,docente de Som e Imagem
www.jenny-feray.odexpo.com
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Secção Yell-Oh! de novidades e gadgets.
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TalentoTalento...........................................................................- O projecto CIN RE-MAKE’10 é da responsabilidade das tintas CIN e está visível até Abril de 2011 em Lisboa. O que vos seduziu neste projecto?Estaríamos a mentir se não estabelecêssemos
o enfoque dessa “sedução” no reconhecimento
que o convite para o projecto pressupôs –
representar uma universidade de tantos e tão
capazes alunos, é um enorme motivo de orgulho
– e aquele que nos poderia vir a trazer, em
função de ser um projecto com provas dadas,
em termos de mediatização e popularidade.
Além disso, estaríamos a mentir, na mesma
medida, se não disséssemos que nos motivou
o facto de ser uma premissa muito interessante,
tanto no que se refere ao exercício como ao
formato final que propunha.
...........................................................................- Em 2008, o CIN RE-MAKE desafiou seis personalidades de seis áreas de expressão artística, a transformarem seis eléctricos da Carris. Em 2009, estudantes de arquitectura e design deram cor e vida aos autocarros e metros das cidades de Lisboa e Porto. O que acharam da iniciativa da CIN RE-MAKE deste ano, de reabilitar quatro murais da cidade de Lisboa, em relação às propostas dos anos anteriores?Acho que as três propostas partilham um
objectivo muito interessante: fazer-nos olhar
de forma diferente para locais com que nos
confrontamos todos os dias e levar uma
roupagem artística a uma realidade que é
próxima das pessoas. Nessa perspectiva, creio
que os últimos dois anos ainda acentuaram
mais esse afastamento da noção de arte como
algo que é estanque e elitista, pelo facto de que
os autores dos projectos são estudantes das
várias faculdades do país – ou seja, potenciais
futuros artistas, cujo nome não seria suficiente
para fazer vender este projecto
que, por sua vez, assim se faz
representar por um certo
sentido de humildade. Creio,
inclusivamente, que esta
aposta em jovens criadores
também foi uma das coisas
que mais identificou as pessoas
com o projecto e gosto de
acreditar que é também por
isso, por muito parcial que seja,
que tem tido tanto sucesso.
.................................................- O escritor José Luís Peixoto criou oito textos originais sobre acidade de Lisboa, cada um destinado a uma faculdade inscrita noconcurso. Foi difícil a tarefa de interpretar, graficamente, a obra deste autor?Foi tão difícil quanto o foi interessante, na medida
em que o nosso maior desafio talvez tenha sido
o facto de serem textos em que era evidente o
fascínio do escritor por uma cidade que não é
a nossa – ou, pelo menos, da maioria do grupo.
Por essa razão, não só promoveu a necessidade
de pesquisar elementos que pudessem ilustrar
as dimensões da cidade a que o texto alude,
como nos obrigou, de alguma forma, a tentar
compreender e partilhar da mesma admiração e
entusiasmo que o escritor transmite no mesmo,
de uma forma que nós pretendíamos que não
fosse uma tradução literal. É neste último
aspecto que reside o segundo maior desafio:
tentar ilustrar graficamente um texto que era,
por si só, bastante rico em elementos visuais (o
“mapa”, a “pele”, as “artérias”), sem que a nossa
interpretação do mesmo ficasse secundarizada,
nem a nossa tradução visual se esgotasse nas
palavras que o escritor escolheu.
A YELL-OH! FOI ENTREvISTAR OS ALuNOS FRANCISCO RODRIGuES, TIAGO CRuz
E RENATA RAMOS, quE REPRESENTARAM A uCP NO CIN RE-MAKE’10, E FICAMOS A SAbER COMO
DECORREu ESTE PROJECTO, DEDICADO à REAbILITAçãO DE quATRO MuRAIS DE LISbOA.
13
...........................................................................- Descrevam-nos o processo de trabalho.A elaboração do projecto foi um processo que
terá decorrido durante um mês, por convite
formulado pela Ana Neves e contando sempre
com a sua mediação e ajuda, a que se juntou,
posteriormente, a orientação da Profª. Carla
Almeida. Na fase do projecto, apesar de nos
ter sido sempre concedida uma liberdade
sem limites pela faculdade e pelos próprios
responsáveis da CIN, fomos nós que assumimos,
como objectivo, procurar um conceito que
pudesse ilustrar o texto de forma metafórica,
não literal mas, acima de tudo, visualmente
simplificada, estilizada e com alguma restrição
nos detalhes a incluir, em virtude do facto de
que seria um projecto a executar num mural
de grandes dimensões. Desta forma, porque
o enfoque deveria orientar-se para as cores
utilizadas, por se tratar de uma forma de
promover as tintas CIN, este foi um factor,
tornado critério, que sempre tivemos muito
presentes durante o processo de criação e
execução do projecto. Depois desta fase de
criação, restou-nos abrir mão desse controlo, e
esperar para ver o resultado do nosso esforço.
...........................................................................- Correspondeu às vossas expectativas?Só quando chegamos a Lisboa é que tivemos a
total percepção do impacto visual do trabalho
finalizado, que acabou por ser de tal forma
significativo que, munidos apenas do nosso
curtíssimo percurso e (in)experiência, não
tínhamos forma de o antever. A partir do nosso
ecrã de computador e/ou das nossas fantasias
mais pessimistas ou optimistas, a especulação
dá hoje lugar a um sentimento de gratidão pela
oportunidade e de votos para que não sejamos
só nós próprios (e as nossas famílias!) os únicos
a identificarem-se com o trabalho.
Entrevista ao grupo de alunos que
representou a Escola das Artes no âmbito do
projecto CIN RE-MAKE’ 10
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...........................................................................- Frequentou o mestrado de Televisão e Argumento no Curso de Som e Imagem da Católica, no Porto. Pode descrever-nos como se iniciou o seu percurso artístico?Por influências familiares, frequentei sempre a
área das ciências na Escola Secundária Ferreira
de Castro, em Oliveira de Azeméis. Foi já no
Porto, quando frequentava o Curso de Ciências
Farmacêuticas, que comecei a sentir-me “um
peixe fora de água”. Todos os meus amigos eram
designers e arquitectos, eu ia estudar com eles
e às vezes ajudava-os. Foi nesse momento que
percebi que gostava de fazer qualquer coisa
ligada à arte. A estes factores, juntou-se a minha
antiga paixão pelo Cinema, o que me levou a
mudar de vida e optar pelo curso de Som e
Imagem, que me poderia dar uma oportunidade
de, não só trabalhar com artes, mas também em
Cinema e em Televisão.
...........................................................................- A curta-metragem “O Encontro” foi o seu projecto final de mestrado, como foi realizar esse projecto? A curta-metragem “O Encontro” é o resultado
de um grande esforço e dedicação de uma
equipa, que se juntou para realizar o projecto
final do Mestrado de Som e Imagem. Cada um
destes elementos contribuiu, à sua maneira,
PERFIL
para a forma final da obra e, sem o melhor do
seu trabalho, ela seria seguramente outra coisa.
Não quero, com esta divagação, menosprezar
a importância do realizador, mas sim enaltecer
outras capacidades que um realizador deve
possuir ao conseguir unir esforços em prol
de um projecto comum, mais ainda quando
se trata de um projecto académico. A nível
de trabalho individual julgo que com ele pus
em prática grande parte dos conhecimentos
teóricos e práticos que adquiri ao longo destes
anos no meu percurso académico, por outro lado,
enquanto realizador, este projecto tornou-se uma
experiência apaixonante, que passou por edificar,
delinear e dar vida a um argumento construído
por nós de raiz, e vê-lo ganhar forma, esculpi-lo,
redesenhá-lo, repensá-lo inúmeras vezes...
Foi extenuante e verdadeiramente desafiante
fazê-lo, passou a acompanhar-nos dia e noite,
a ocupar-nos o pensamento continuamente, a
ser ponto de referência e base de conversa em
vários momentos e em diferentes contextos.
Foi um prazer fazer tudo isto e perceber que
valeu a pena ver os inúmeros filmes que vi, ler
os livros, artigos, textos que li, ouvir opiniões
de professores e colegas, ser crítico, rigoroso
e exigente, sobretudo com o meu trabalho,
mas também com o dos outros. Ter o papel
de realizador deste projecto, tornou-se o
concretizar de um sonho e o reconhecer que
se trata de uma opção firme e acertada a de
querer realizar como forma de vida.
...........................................................................- O argumento da curta-metragem “O Encontro” está envolto na dualidade homem-mulher, o verdadeiro duelo do séc. XXI, como surgiu a ideia?A primeira escolha a ser feita foi a escolha do
género, a comédia. O objectivo era abordar,
de uma forma cómica, o encontro amoroso
entre um homem e uma mulher – este tema
surgiu naturalmente em todas os argumentos
inicialmente propostos pelos elementos do
projecto, decidimos condensar as várias
histórias numa só e assim nasceu o Pedro e a
Maria. Estas duas personagens representam os
medos, (des)ilusões, expectativas e conflitos de
de...
Osvaldo Pinto
15
uma geração. O intuito, era que o espectador
acreditasse nas vozes destes dois personagens
e reconhecesse neles um pouco de si próprio e
dos seus pequenos dramas quotidianos. Mais
do que um final feliz, “O Encontro” aponta a
ambiguidade e a apatia das relações amorosas e
conjugais. Pretendia-se, com este projecto, uma
reflexão sobre o que é ser homem e mulher nos
dias de hoje. Pretendia-se, ainda, desta forma,
explorar as expectativas que o homem tem
da mulher e vice-versa e o tema da solidão,
personificada nos jovens que acabam por
aceitar o outro como companheiro, apesar dos
seus defeitos.
............................................................................- O projecto “O Encontro” foi premiado com uma menção honrosa no CINESC - 1º Festival Nacional de Curtas- -Metragens para Escolas de Cinema. Como foi para si, ver o seu projecto percorrer vários festivais de renome pelo país fora, chegando inclusive a ser premiado?É uma experiência fantástica ver o nosso
trabalho ser reconhecido, é o culminar de todo
um esforço de equipa, o somatório de histórias
que se entrecruzaram na narrativa do filme. um
filme, seja curta ou não, é feito para ser visto.
Ao realizador, nada pode dar mais prazer do
que ver a expressão do espectador a ver a sua
obra. Infelizmente, os festivais são a principal
oportunidade que os jovens realizadores têm
para exibir o seu trabalho e ter feedback imediato
do seu impacto. Mais do que dos prémios, foi
sobretudo do impacto do visionamento do filme
que gostei, é excelente ver uma sala inteira a
rir-se de uma piada feita por nós.
...........................................................................- Quais são as suas principais influências como realizador?As minhas influências como realizador passam
por realizadores como o Paul Thomas Anderson,
Alejandro González Iñárritu, Wong Kar-wai, Fern-
ando Meirelles, entre vários outros. Todos eles,
sobretudo pelos argumentos, pelos movimen-
tos de câmara e pela composição dos planos,
servem de referência no meu trabalho todos
os dias.
........................................................................... - Quais são os seus próximos planos no âmbito da realização?O meu objectivo, ao entrar no curso de Som e
Imagem, era o de
ser realizador. Con-
cluídos os estudos
universitários criei
uma produtora,
juntamente com
os meus colegas,
a Concept view,
onde cada um
tem uma área de
trabalho (vídeo,
som, 3D) e desen-
volve o produto final (web, vídeos, publicidade).
É por aí que estamos a ir, para angariar fundos e
mais tarde podermos, nessa produtora, fazer os
nossos próprios filmes. O meu sonho é realizar
uma longa-metragem, e vê-la nas grandes salas
de cinema do país e em festivais por todo o mun-
do. Sinto-me apto a pôr em prática a experiência
que adquiri, no “O Encontro” e noutros projectos,
ao longo de 5 anos. Julgo que este, mais do
que nenhum outro objectivo, foi atingido. Agora,
será “só” levar outros Sons e Imagens por esse
mundo fora.
Entrevista a Osvaldo Pinto (ex-aluno
do curso de Som e Imagem), sobre a
curta “O Encontro”.
Carlos afonso de Oliveira lobo nasceu a 1974,
em Guimarães. Em 1997, licenciou-se em En-
sino de Português e Inglês na Universidade
de Aveiro. Concluiu o bacharelato em Tecno-
logias da Comunicação, em 2004, no Instituto
Politécnico do Porto. Concretizou em 2005,
o Mestrado em Imagem e Comunicação na
Goldsmiths University of London, em Inglater-
ra. Recebeu o prémio BES Revelação 2005, em
Portugal. Em 2006, frequentou o «Programa
Gulbenkian Criatividade e Criação Artística»
(PGCCA, dedicado à Fotografia), na Fundação
Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Editou, pela
Chromma, a sua primeira monografia “Un-
known Landscapes”, em 2007. As suas mais
recentes exposições individuais passaram em
Maio de 2007 pela Solar Galeria Cinemática
de Vila do Conde, onde apresentou “Imagi-
nary Film Sets”; em Outubro do mesmo ano
expôs ”Unknown Landscapes” na Galeria MCO
do Porto, seguindo-se para a KGaleria em Lis-
boa, no mês seguinte. Em Abril de 2008 sur-
giu com novo trabalho fotográfico, intitulado
“The Sonic Booms” na Galeria MCO do Porto
onde, em Abril de 2010, deu lugar à sua última
exposição “Far Far East”. O seu trabalho está
também nas seguintes colecções: Fundação
PLMJ, Colecção BES Art, Instituto Politécni-
co do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian,
Colecção de Fotografia de Mário Teixeira da
Silva, Fundação Ilídio Pinho, Colecção AIP, fa-
zendo já parte da Colecção Nacional de Fo-
tografia, em depósito no Centro Português de
Fotografia. Carlos Lobo foi nomeado para o
prémio BES Photo 2010, cinco anos depois do
início da sua carreira como artista na área da
Fotografia. É actualmente representado pela
Galeria MCO, de Arte Contemporânea.
Mostra!NA SECÇÃO “MOSTRA!”, A YELL-OH! dÁ A CONHECER O PERCURSO dO FOTÓGRAFOCARLOS LOBO, dESTACANdO O PROJECTO “FAR FAR EAST”!
Carlos Lobo,docente de Som e Imagem
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“FAR FAR EAST”, A MAIS RECENTE SÉRIE dE FOTOGRAFIAS EM EXPOSIÇÃO
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Projectos Finais de AnimaçãoDE MESTRADO 09|10
Em tempos de crise, surge o muito especial emprega-do de um banco para nos animar. “Empregado do Mês”, uma curta-metragem por Francisco Nogueira e Tiago Catarino, revela que em tempos difíceis, não é apenas o dinheiro quem manda. O conflito de gera-ções também está muito presente e aqui é mostrado de forma divertida e cheia de acção.
“EMPREGADO DO MÊS” Francisco Nogueira | Tiago Catarino
PRODUÇÕES FINAIS
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Um peixe dentro de um cubo de gelo, um campista e uma cana de pesca. Aurélio Cavaleiro e Gustavo Bernardo realizam “Holidays on ice”, a curta-metragem sobre um pescador fora do comum, que é surpreendido por um peixe congelado. Esta animação revela uma série de peripécias que nos colam ao ecrã do início ao fim.
“HOLLIDAYS ON ICE” Aurélio Cavaleiro | Gustavo Bernardo
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Uma senhora idosa ouve na rádio um concurso com um prémio de “sonho”. Conseguirá ganhá-lo? É a proposta de Ângela Antunes e Helena duarte, que nos apresentam “O concurso”, uma curta-metragem de animação que revela o mais íntimo nas relações entre vizinhas.
“O CONCURSO” Ângela Antunes | Helena Duarte
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22
incubadora
PrOjectO“nãO linear”cimbalinO Filmes
Em 2007 foi criado o “Aquário de Som e Imagem”, um projecto piloto de incubação de empresas na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto. Aproveitando esta oportunidade, quatro alunos recém-licenciados do curso de Som e Imagem criaram a Cimbalino Filmes, uma empresa de Produção Audiovisual. Não passaram despercebidos à RTP, que convidou a Escola das Artes a mostrar e divulgar os melhores projectos audiovisuais criados no âmbito do curso de Som e Imagem, nascendo assim o programa Não Linear. Totalmente produzido e realizado pela Cimbalino Filmes, bimensalmente exibe-se e discute-se as curtas-metragens de ficção, documentário, publicidade, cinema de animação e obras de arte digital, que surgiram através de ex-alunos desta Escola e que hoje encontram-se integrados no mercado global. Por cá, já passaram nomes como Mafalda Rebelo e João Brochado (Cimbalino Filmes), João Seabra e Pedro Marques (Jump Willy), Marta Reis, Vasco Sá, Maria João Neves, Ricardo Megre (docentes na EA-UCP), Rodrigo Areias (CEO Bando à Parte), entre tantos outros jovens profissionais de sucesso. Com o “Não Linear - Escola das Artes da Universidade Católica do Porto”, completamos a programação televisiva da RTP2 a par de outros do género, tais como Caleidoscópio (Universidade Lusófona), E:2 (Escola Superior de Comunicação Social) e a ESEC-TV (da Escola Superior de Educação de Coimbra). A diferença é que o Não Linear é inte-gralmente produzido por profissionais formados (e ainda em formação) da Escola das Artes, que tornaram possível o êxito das duas temporadas deste pro-grama da televisão pública portuguesa.
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este anO, a 11ª ediçãO dO Festival
internaciOnal de artes digitais -
Olhares de OutOnO teve cOmO tema
“arte digital e cOmunidades”.
cOm a Presença de uma série de ilustres
cOnvidadOs, nãO só dO POntO de vista
artísticO mas também teóricO e sOcial,
já que a ediçãO deste anO surgiu num
cOntextO grave de crise sOcial e em que
a arte cOntemPOrânea emerge através
das chamadas indústrias criativas,
sendO vista cOmO uma sOluçãO
Para a (r)evOluçãO sOcial, as artes
digitais aPresentam-se quase cOmO a
metamOrFOse que marca a Passagem da
Primeira década dO séculO xxi.
A festa de apresentação “Oportunista de Outono” ocorreu no Passos Manuel (Coliseu do Porto), e contou com o concerto da dupla Tam + diogo Tudela, que à medida que a sua sonoridade electrónica, minimalista e atmosférica se ia desenvolvendo, acontecia em simultâneo uma projecção de vídeo sobre vidro criando uma sinergia entre som e imagem. Esta actuação remeteu-nos desde logo para a entrada do mundo da arte digital, em que as Artes Sonoras imperam e actuam cada vez menos solitárias, mais acompanhadas de imagens e/ou efeitos visuais relacionados com o som que decorre. E o que está por detrás disso? Assim se deu início aos “Olhares” de quem está por dentro.Através das Conferências e Conversas com Artistas de topo, abordaram-se assuntos relevantes e pertinentes pela sua actualidade, como foi o exemplo da ideia lançada por Heitor Alvelos de que, há em cada um de nós um artista, mesmo com toda a poluição estética veiculada pelas novas formas de comunicação, que podendo ser produtoras de lixo são também uma oportunidade de novas formas de expressão e de ruptura espácio--temporal ao nível social e individual do ser humano.
Já Claudia Giannetti, na sua conferência, alertou para a interactividade inerente à “media arte”, como fenómeno mais característico da actualidade, nomeadamente pelo uso e evolução das tecnologias, sejam de âmbito electrónico, digital ou de telecomunicação. Para a investigadora convidada, estas são vistas como detentoras de potenciais e de significados, em que importa investigar para construir novos paradigmas estéticos, não negligenciando a componente inter-relacional da arte, que pode ser posta em causa pela ilusão de que a virtualidade é a única forma de comunicação. Lançando ao público mais do que respostas questões que se lhe colocam, inserindo-nos na pergunta mais actual sobre o papel social na arte, hoje tão exornada de tecnologia, Jorge Barreto Xavier abordou o trabalho em rede, que é actualmente uma realidade na divulgação do trabalho artístico, que assim se serve das novas redes cibernéticas como uma justificação de trazer conhecimento e reconhecimento do artista, das artes e não só.Servirá essa partilha para dotar a Arte de um papel transformador ou conservador? Em torno dos artistas e dos temas abordados, a discussão foi lançada, ressaltando a importância do debate sobre as novas formas de Artes digitais, equacionando os caminhos e lançando desafios sobre o papel da arte e dos artistas na transformação do seu trabalho num instrumento de intervenção.
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vem
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lá!
CONFERêNCIA COM:Heitor Alvelos
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Fotografia: TIMELINE(José Teixeira)
CONVERSAS COM ARTISTAS
Fotografia: TIMELINE(José Teixeira)
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Estiveram presentes, mostrando-nos o seu trabalho e como se pode responder às questões colocadas, os portugueses André Gonçalves (Feltro), Jerome Faria e Rui Costa (Binaural/Nodar). Vindo directamente de Berlim, tivemos a presença de Markus Popp (aka OVAL) e também de Paul Farrington e Simon Fisher Turner, ambos de Inglaterra. Para quem esteve na plateia do Edifício Américo Amorim e no Auditório A4 do Edifício da Escola das Artes e, posteriormente, no Passos Manuel a assistir à concretização dos conceitos abordados nas conferências, percebeu nitidamente que a evolução das Artes Sonoras/digitais cresce vertiginosamente, numa espiral que agrada as novas gerações e espevita a curiosidade de quem está de fora, causando a sensação de que o campo musical, visual e artístico se complementam numa sintonia construtiva. Há uma percepção sentida de que tudo isto se concretiza digitalmente, mas também pode ocorrer em consonância com outros meios tradicionais, como por exemplo, ouvir Simon Fisher Turner ao piano com um computador ao lado ou utilizar a gravação de sons da própria natureza como forma de registo sonoro de uma época/local (Rui Costa, Binaural/Nodar). A confirmar esta junção, Paul Farrington apresentou a sua conferência mostrando-nos que há já arquivos web de sons, imagens e texto vindos de todo o mundo, que proporcionam uma panóplia de acções por parte de quem visita o meio virtual da Internet.André Gonçalves, artista convidado para as conferências e que esteve no Passos Manuel apresentando(-se como) “Feltro”, provou que é possível ser-se um “artesão tecnológico”. O seu percurso académico passa pelo design, no entanto, desde sempre aliou as novas tecnologias à Arte, e foi impressionante ver e ouvir as instalações artísticas que cria e concretiza internacionalmente, mostrando que existe uma dimensão paralela à realidade virtual: esta também pode ser palpável e é, como o próprio o diz, “um percurso que não deixa de ser um processo”.Tal como o testemunho do próprio Simon Fisher Turner revelou, a educação e o meio envolvente (familiar, social e escolar) são os principais geradores daquilo que somos, enquanto artistas e pessoas. Cabe-nos aproveitar essas experiências pessoais transformando-as artisticamente, como impulso de crescimento não apenas pessoal, mas também global. Fazemos parte de um mundo (ou até vários!), e é importante o contributo que cada um pode dar, para um futuro mais enriquecedor. No fundo, é aproveitar o passado em prol do presente e do que virá.
dEMONSTRAÇÃO dE:André Gonçalves
[Feltro]
Fotografia: TIMELINE(Afonso Nunes)
dEMONSTRAÇÃO dE:Markus Popp
[Oval]
Fotografia: TIMELINE(Afonso Nunes)
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Workshops
Num mundo onde impera o caos e as mensagens contraditórias de autoridades diversas, o artista deve surgir como elemento atento, sensível às múltiplas dinâmicas do mundo em que vive, procurando respostas inovadoras para a crise social que hoje se vivencia.
Potenciar a arte hoje é repensá-la e dotá-la da capacidade de gerar respostas económica e socialmente válidas.O universo das artes digitais não se fica pelo virtual, pode e deve estar presente noutras áreas, como motor envolvente e que constrói reconstruindo o mundo, espacial e temporalmente, em dimensões que ainda nem imaginamos. Esperamos na próxima edição do Festival Internacional de Artes digitais – Olhares de Outono 2011 ver como se ultrapassaram as questões abordadas este ano, e com toda a certeza, seremos uma vez mais surpreendidos. Até lá!
O Festival Olhares de Outono 2010 terminou em grande, com a fantástica actuação nos últimos dois dias de Feltro (André Gonçalves), OVAL (Markus Popp), Jerome Faria e “NOW?” do duo britânico Simon Fisher Turner e Paul Farrington.
TExTO ELAbORADO cOm O EsPEcIAL TEsTEmUNhO DE JORgE cOUTINhO, FORmANDO NOs wORkshOPs E AcTUAL mEsTRANDO Em ARTEs DIgITAIs NA EscOLA DAs ARTEs. Os NOssOs AgRADEcImENTOs.
Os artistas convidados para os workshops de formação avançada foram Tiago Serra, André Sier e Vítor Martins. durante sete dias, estes focaram-se na transmissão de conhecimentos de novas plataformas de programação computadorizada, para posterior uso na área artística digital emergente. Tiago Serra (SenseBloom) permitiu no seu workshop aprender a criar mesas multi-toque, como meio de interacção alternativa. Já André Sier e Vítor Martins focaram-se na imagem, em gerar e animar a partir de modelos. Por exemplo, modelos físicos com partículas e forças (de atracção/repulsão, gravidade, atrito,…) e comportamentais, como enxames (cardumes de peixes, bandos de pássaros,…), de modo a obter imagens (abstractas ou não) que simulam movimentos reais. Os formandos tiveram a oportunidade de explorar criativamente diversas formas de interacção, como o comum teclado e rato, mas também o uso de microfones e câmaras. Com o único objectivo: o de potenciar a criação artística digital.
WORKSHOP:Tiago Serra
Fotografias: TIMELINE(Afonso Nunes e Luís Ramos)
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RevisitaR|DescobRiR GueRRa JunqueiRo
Henrique Manuel Pereira
...........................................................................- A assinalar a comemoração dos 160 anos do nascimento de Guerra Junqueiro, o projecto “Revistar/Descobrir Guerra Junqueiro” apresentou uma edição especial d’ “A Lágrima”, em que consiste esta obra?Trata-se, desde logo, da (re)edição do célebre
poema de Guerra Junqueiro, escrito em 1888 e
motivado pelo incêndio do Teatro baquet do
Porto (na noite de 20 para 21 de Março), talvez
o pior da história do Porto. Junqueiro ofereceu
o produto integral da venda do poema em
favor das vítimas. Mas não quiséssemos fazer
uma simples reedição, enriquecemo-la com
várias traduções: em castelhano (por Antonio
Rey Soto), em francês (por Jules Superville),
em italinao (por Guido batelli) e em inglês
(por Kathleen Calado). Exceptuando esta
última, todas as outras traduções são
“resgates” históricos. Todavia, o que torna
ainda mais especial esta edição são as
belíssimas imagens que urbano (Resendes)
criou para ela, onde se incluem dois retratos
de G. Junqueiro.
...........................................................................- Como se desenvolveu esse processo com Urbano?Em grande cumplicidade, embora à distância,
uma vez que ele estava em S. Miguel (Açores),
e eu no Porto. Além de amigo, gosto muito do
trabalho do urbano. Conhecemo-nos há anos
e já antes tínhamos trabalhado em conjunto.
Portanto, ele leu A Lágrima e, em total liber-
dade, criou as imagens.
Capa do livro “A Lágrima”
Entrevista a...
Mais um passo...
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RevisitaR|DescobRiR GueRRa JunqueiRo
...........................................................................- A Lágrima já havia sido musicada no projecto A Música de Junqueiro. Porquê a escolha deste poema para esta edição?Por várias razões. Primeiro, porque se trata
de uma obra-prima (e aqui recordo-me de
Carolina Michaelis, no seu sotaque mestiço,
“A Lágrrima é uma das mais belas poesias da
língua porrtuguesa”…) e uma das mais célebres
composições junqueirianas. Depois, como
sabes, o poeta é natural de Freixo de Espada
à Cinta. Ora, a Câmara Municipal de Freixo,
no âmbito dos 160 anos do seu nascimento e
no quadro do centenário da República (para
a implantação da qual ele tão decisivamente
contribuiu), propôs-me a coordenação de
uma reedição da sua Obra. Aplaudi a ideia,
mas disse que isso exigia tempo e dedicação
não compatíveis com os prazos estabelecidos.
Por conseguinte, avancei com a ideia de A
Lágrima, segundo os moldes de que te falei.
Depois, porque ao escrever A Lágrima, em
viana do Castelo, Guerra Junqueiro tinha de
facto a alma entregue a outra paisagem, à
de Freixo. Também por aqui se explica o alto
patrocínio daquela CM a esta edição.
...........................................................................- Esta obra foi lançada em duas edições distintas um formato de luxo e outra, digamos, mais corrente. Porquê esta opção?A “de luxo” teve uma tiragem muito restrita.
De diferente, tem apenas (e não é pouco) uma
gravura do poeta e uma caixa que lhe dá um
carácter mais solene. Tratou-se de uma opção
editorial, já habitual neste género de álbuns.
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....................................................................................................- A par do lançamento desta obra foi elaborada uma exposição bibliográfica Guerra Junqueiro, de Freixo para o mundo acompanhada de um livro homónimo da sua autoria. Pode falar-nos acerca deste trabalho?Gosto de dizer que Guerra Junqueiro é freixenista de raiz, mas
à maneira dessas árvores cujas copas parecem não caber em
outra pátria que não seja o mundo. Daí o título. Foi um desafio
da CM de Freixo de Espada à Cinta: fazer uma exposição em
6-8 cubos. Optei pelo nº 7. Foi um trabalho desenvolvido em
tempo record, graças à cumplicidade do Pedro Cascalheira,
nosso aluno de mestrado, que concebeu todo o grafismo
dos dois produtos. Pretendia-se uma visão global do Poeta,
perspectivada segundo um objectivo de divulgação abran-
gente. Pautámo-nos essencialmente por critérios de clareza
e concisão e procurámos, nas citações, privilegiar a voz de
Junqueiro. No que toca à convocação de outras
vozes/personagens apenas os seus contemporâneos. Tudo
isto enriquecido, clarificado, ilustrado com largas dezenas de
imagens. Em dado momento, sentiu-se a necessidade de dar
outra perenidade à narrativa construída e assim nasceu a ideia
do livro.
....................................................................................................- A apresentação destes dois projectos coordenados por si foi no dia 15 de Setembro nas instalações da UCP. Quais foram os momentos mais marcantes desta data?Julgo que a sessão de apresentação do livro. Não obstante,
considero que todos os outros momentos – a interpretação da
“Morena”, musicada por João Arroio, a exposição no jardim, o
Porto de Honra com a interpretação de “O Cavador” de António
viana e a exibição da artesã no tear da seda – foram momentos
também muito impressivos.
....................................................................................................- Como tem sido o feedback do público a este projecto? O projecto é, como sabes, trabalho de uma grande equipa em
trabalho diferenciado mas convergente. Diria que muito, muito
bom. O registo dos ecos na Comunicação Social, mesmo na
internacional, são disso testemunho e há já quem queira fazer
algo de semelhante com outras personalidades de vulto.
....................................................................................................- Qual é o próximo passo do “Revisar/Descobrir Guerra Junqueiro”?O documentário Nome de Guerra, a Viagem de Junqueiro.
Curiosamente, foi ele a génese de todo o projecto…
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FOTOGRAFIA:Alexandra Brites | Sofia Oliveira
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Ficha técnica
autor(es): Renata Oliveira Ramos
Criado em: 2009
tipologias: Pintura, Montagem
tecnologias: Aguarela
Ciclo / ano / semestre: 1º Ciclo, 2º Ano, 1º Semestre
unidade Curricular: desenho de Representação
Memórias
Retrato de uma enorme expressividade, com um jogo de sombras e um contraste claro/escuro que demonstra uma delicadeza e um pormenor minuciosos.
Ficha técnica
autor(es): André English, david doutrel, Vasco Sá
Criado em: 2007
tipologias: 3d, 2d
tecnologias: Maya
Ciclo / ano / semestre: 2º Ciclo, 5º Ano, 2º Semestre
unidade Curricular: Produção Final - Animação
Projecto extremamente coerente, com pormenores deliciosos que fazem lembrar os videoclips de TOOL. Por exemplo, quando vemos o personagem a piscar os olhos, a boca a abrir e a fechar ao ritmo da música, o pedaço de lápis a transformar-se numa mosca a partir de uma folha de papel ao ritmo de uma musica jazz, fazem desta curta um colosso visual.
“Projecto de retrato”
“oBtUSo”
trabalhos seleccionados através da galeria vistual e.box.
www.artes.ucp.pt/ebox
... de actuais e antigos alunos.
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MIGUEL JANUÁRIO
FALáMOS
COM...
Foi em 1997 que Miguel Januário inaugurou o seu trabalho no mundo da “street art”. Começando pelo graffiti mais convencional, com a tag CAOS. Ainda hoje, realiza esta forma de arte com frequência diária ou semanal, so-bretudo em lojas que o contratam para pintar as suas paredes. Em 1999, concluiu o curso tecnológico de Artes Gráficas, na Escola Secundária Soares dos Reis, no Porto. Venceu o concurso de graffiti “Subúrbio-HardClub”, quando ingressou na faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, onde frequentou o curso de design de Comunicação.O seu trabalho inicial como writer evolui num sen-tido cada vez mais conceptual, criando em 2005 o projecto “±”.Sempre com base na intervenção urbana, este é um projecto destinado à sua cidade natal, o Porto. desenvolvido a partir de um trabalho académico, em que lhe foi proposto concretizar uma intervenção artística, este projecto viria a ser a sua tese de final de curso.Miguel optou por direccioná-lo para a in-tervenção de rua, uma vez que já tinha um background ligado ao graffiti. Mais tarde, Januário refugia-se naquilo que é o mercado das marcas e no impacto que estas têm na sociedade, estabelecendo deste modo, a sua imagem e relacion-ando entre si estes dois registos: o das marcas e o do graffiti.
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Ainda em 2005, Miguel Januário realizou inquéritos junto da população e notou que
as pessoas se começavam a aperceber da existência do seu trabalho. Em geral, o pú-
blico reagia ao projecto “±” com surpresa, pois não conseguia associá-lo ao seu trabalho
anterior. Principalmente o público mais vel-ho, que associava este símbolo a uma marca.
Apesar de Januário não ter dado informação alguma acerca do citado símbolo, e este seu
trabalho ter permanecido incógnito até certa altura, viria mais tarde a ser revelada a ideologia
subjacente. O “±” conheceu, contudo, um período de estagnação. de há dois anos para cá, o artista
voltou ao trabalho com outro tipo de intervenções, linguagens e registos. Um exemplo disso, foi a reali-
zação e produção do vídeoclip do tema Bairro, da autoria do músico “Ex-peão”, membro da conhecida
banda de Hip Hop do Porto, os dealema, que venceu o Prémio Musical do Festival Tom de Vídeo 2007.
O vídeoclip do single “Sala 101”, do álbum “V Império” dos dealema foi também realizado por Miguel Januário,
a quem se deve também a criação da parte gráfica do álbum. Mas o projecto “maismenos” continua ainda hoje
a ser desenvolvido pelo seu autor, como demonstram mui-tas paredes da cidade do Porto e o feedback positivo que Januário continua a receber.
vénia a...
john maeda
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Nesta edição, queremos destacar John Maeda pelo esforço que tem vindo a depositar, numa reformulação do modelo de ensino artístico, mais adequado ao século XXI, no que toca a criatividade e inovação.O trabalho como designer gráfico, professor e cientista de computação, fazem de John Maeda um artista de renome a nível mundial.Americano, com ascendência japonesa, nasceu em 1966 na maior cidade do estado de Washington, Seattle. Não pensou, inicialmente, que iria enveredar pela área do Design. Preparando-se para seguir o objectivo de se tornar Engenheiro de Software, no mundialmente reconhecido Massachusetts Institute of Technology (MIT), John Maeda conhece os trabalhos de Paul Rand e Muriel Cooper, com os quais fica fascinado. Depois de acabar o bacharelato (BA) e mestrado (MA) no MIT, foi estudar para o Japão, no Tsukuba University’s Institute of Art and Design, onde completou o doutoramento (Ph.D) em Design.Actualmente, mantém-se ocupado como Director da escola privada Rhode Island School of Design (RISD). Para transmitir a sua mensagem a um público mais vasto, publicou um livro intitulado “As Leis da Simplicidade”, onde reúne aquilo que considera essencial enquanto método de ensino, e que acredita ser o melhor para singrar num mundo cada vez mais competitivo, através da simplicidade.
6 contex – What lies in the periphery of simplicity is definitely not peripheral.7 emotion – More emotions are better than less.8 trust – In simplicity we trust.9 Failure – Some things can never be made simple.10 the One – Simplicity is about subtracting the obvious and adding the meaningful.”
“1 reduce – The simplest way to achieve simplicity is through thoughtful reduction.2 Organize – Organization makes a system of many appear fewer.3 time – Savings in time feels like simplicity.4 learn – Knowledge makes everything simpler.5 differences – Simplicity and complexity need each other.
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“O Projeto Freesound é uma base de dados colaborativa de sons licenciados ao abrigo do “Creative Commons”. Isto significa que esta plataforma é alimentada e utilizada pela própria comunidade e que os sons aqui disponíveis são “Free as in Freedom... and not free as in beer”.Este é um dos projetos de maior impacto do Grupo de Tecnologia Musical da Universidade Pompeu Fab-ra (conhecidos também pelo Projeto Reactable) e a meu ver, um dos mais importantes esforços relacionados com som e música, no sentido de tirar partido da internet naquilo em que é o seu grande contributo para a sociedade contemporânea... a sua natureza partilhada.O Freesound surgiu em 2005 como uma iniciativa associada à conferência internacional ICMC (International Computer Music Conference), quando esta foi organizada em
Barcelona pelo MTG (Music Technology Group). Nesta edição, o tema da conferência foi precisamente o conceito de Free Sound, e o servi-dor que atualmente acolhe o Projeto Freesound.org foi criado como uma plataforma de divul-gação lançada no con-texto deste evento. desde então, a base de dados FreeSound continuou em permanente desenvolvi-mento, com um cresci-mento exponencial de utilizadores, constituindo atualmente a maior base de dados de Sons Livres no Mundo com mais de 100,000 Sons atingidos em Outubro de 2010.Para além do valor intrín-seco de proporcionar um mecanismo universal e ubíquo para obter todo o tipo de sons (music-ais, paisagens sonoras, efeitos especiais, etc), o projeto FreeSound é também uma plataforma
de investigação para o grupo de Tecnologia Musical em Barcelona, que tem instalado sobre este sistema algumas das mais inovadoras soluções para a utilização de áudio on-line de forma in-terativa, como o caso da recente API FreeSound 2 (Tabasco), que permite a integração de aplicações informáticas com este recurso on-line.O Projeto FreeSound, atualmente apoiado pela Google, foi inicialmente desenvolvido por Bram de Jong (investigador Belga do MTG) e forte-mente impulsionado pelo diretor do MTG, Xavier Serra que visita e trabalha com a Escola das Artes da UCP regularmente... em 2011 voltará a dar um seminário nos nossos Mestrados e doutoramen-tos.”
*texto escrito usando o Acordo Ortográfico
www.FreesOund.Org
álvarObarbOsa
39
“Este é um blog que consulto
assiduamente pela abrangên-
cia e pertinência dos seus
conteúdos. Os autores
- Régine debatty, Sascha
Pohflepp e Shin’ichi Konomi
– definem o objectivo do
blog da seguinte forma: “nós
visitamos galerias de arte,
assistimos a conferências,
cobrimos eventos de arte e
design, tiramos imensas
fotografias, entrevistamos
pessoas criativas e documen-
tamos estas descobertas para
as partilharmos convosco.
www.we-make-mOney-nOt-art.cOm
cristina sá Assim, diariamente recebo
notícias do mundo da arte,
descubro exposições, modos
de trabalho e novas aborda-
gens a velhas problemáticas.
Os autores têm o cuidado
de documentar bem o
que apresentam, seja pela
qualidade das fotografias,
seja pelos textos que as
acompanham, seja ainda
pelos links que sugerem. Os
temas que os interessam são
alargados e encontram-se no
site sem uma estrutura hierár-
quica definida ou tratamento
preferencial. O mesmo se
passa com os media de
Destaques de docentes:ÁLVARO BARBOSA, CRISTINA SÁ E GUILHERMINA CASTRO
expressão artística: são
todos tratados com o mesmo
rigor e consideração ou, se
quisermos, são ignorados no
seu estatuto cultural.
Finalmente gosto do estilo
da escrita e do modo de
crítica que estes autores
fazem: são rigorosos nos
propósitos, sucintos na
exposição e despretensiosos
na análise – descomplexados.
Enfim, evitam o “fala-barato”...
o que não está mal,
considerando o propósito de
“make money”.”
40
“Norman denzin, um cientista
social reconhecido, com
publicações no domínio da
metodologia de investigação
qualitativa, analisa aqui
longas metragens dos anos
80, tais como “Blue velvet”,
“Wall street” ou “Sex lies
and videotapes”. O mote? A
presença de valores de uma
sociedade pós-moderna, da
qual a Arte e, neste caso, o
cinema, são reflexos e, simul-
taneamente, mecanismos de
manutenção. “Neither Stone
nor his critics understood
the structure he criticizes”,
diz denzin a respeito de Wall
Street, de Oliver Stone. Esta
obra cinematográfica, que
aparenta ser crítica a um
sistema capitalista, emana
valores como o individualismo,
o trabalho e a família, eles
próprios cruciais à
manutenção desse mesmo
sistema. Ao longo da nar-
rativa, o herói evolui de um
capitalismo recente (ma-
terializado na especulação
da bolsa de valores) para
um desenlace que transpira
um capitalismo tradicional:
o retorno feliz à família e
ao esforço individual (por
oposição ao dinheiro fácil).
da ilusão da infindável
cadeia de significantes
(neste caso os investimentos
financeiros), passamos para
“a realidade”, na suposição
de que o “verdadeiro” trabalho
se reflecte em coisas mate-
riais, visíveis, reconhecíveis
pelos outros. Valores como a
primazia do trabalho árduo
saem assim reforçados.
denzin conclui que a
própria estrutura social cria
histórias, mitos, narrativas
que transmitem a sensação
de que as consequências
nefastas dessa estrutura (ou
mesmo a própria estrutura)
são eliminadas, quando, de
facto, isso apenas acontece
superficialmente. A um nível
mais profundo permanece
o capitalismo… continua a
ser pós-moderno, sem o
sabermos.”
images OF POstmOdern sOciety
guilherminacastrO
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