vigor de sementes sob dessecação, estaquia e miniestaquia
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
GEÓRGIA ROBERTA GOMES DE FIGUEIRÊDO
PROPAGAÇÃO DE GRAVIOLEIRA: VIGOR DE SEMENTES SOB
DESSECAÇÃO, ESTAQUIA E MINIESTAQUIA.
ILHÉUS – BA
2012
GEÓRGIA ROBERTA GOMES DE FIGUEIRÊDO
PROPAGAÇÃO DE GRAVIOLEIRA: VIGOR DE SEMENTES SOB
DESSECAÇÃO, ESTAQUIA E MINIESTAQUIA.
Dissertação apresentada para obtenção do titulo de Mestre
em Produção Vegetal pela Universidade Estadual de Santa
Cruz.
Orientador: Professor Dr. Célio Kersul do Sacramento
ILHÉUS - BA
2012
GEÓRGIA ROBERTA GOMES DE FIGUEIRÊDO
PROPAGAÇÃO DE GRAVIOLEIRA: VIGOR DE SEMENTES SOB
DESSECAÇÃO, ESTAQUIA E MINIESTAQUIA.
Ilhéus, 06 de março de 2012.
Dr. Célio Kersul do Sacramento – UESC/DCAA
(Orientador)
Dra. Ana Cristina Vello Loyola Dantas – UFRB/CCAAB
Dr. George Andrade Sodré – CEPLAC/CEPEC
Ao Deus de toda glória, aos meus pais e
ao meu marido
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Ao supremo Deus que fez possível todas as realizações que ocorreram até o
momento em minha vida, sendo meu grande amigo em todos os momentos.
Aos meus pais pelas orações feitas a cada dia a favor da realização desse trabalho e
pela grande força e o grande amor demonstrado a cada ligação.
Ao Matheus, grande amor de minha vida, meu companheiro, que me ajudou por
inúmeras vezes nos experimentos, me apoiando com todo seu amor em todas as minhas
decisões.
À família baiana que Deus me proporcionou, a qual me acolheu com todo o amor,
minha sogra, D. Rosa (muito obrigada pelos cuidados para comigo), Anne e família
(Obrigada pelo apoio e carinho) e Rosana e família.
Ao meu orientador Professor Célio Kersul, pela dedicação e disponibilidade, o qual
foi mais que um orientador, um amigo que terei para sempre, assim como também toda a
sua família.
Ao Professor George Andrade Sodré pela grande contribuição na realização desse
trabalho, pelos conhecimentos passados, atenção e disponibilidade.
Ao Professor Sérgio Oliveira pela grande colaboração nas análises estatísticas
Ao Professor Carlos Eduardo pela colaboração no trabalho de sementes
A amizade de todos os colegas: Vini (pelo apoio e dedicação nos trabalhos), Téssio
(pela sua amizade e apoio), Cristina, Lucas, Nadjama, Carol Beijamim, Carol Zeslei,
Felipe Vilas Boas (pelo companheirismo na realização do experimento de miniestaquia),
Daniel Ornelas (pela amizade e palavras de apoio), Rodrigo, Cristiane, Lica e Mariana.
Á todos os funcionários da Biofábrica em especial ao Cesar, Simone, Aldo,
Henrique. Á todos os funcionários da CEPLAC, em especial ao Sr Waldemar Barretto, Sr.
Barbosa, Edmundo, Arnaldo, Brás, Lurdinha, Nadja, Aldo, Antônio, Maurino, Dailson e
Vitoriano muito obrigada pelo suporte aos trabalhos de laboratório.
E por fim a todas as pessoas que colaboraram de alguma forma para a realização
deste trabalho.
vi
PROPAGAÇÃO DE GRAVIOLEIRA: VIGOR DE SEMENTES SOB
DESSECAÇÃO, ESTAQUIA E MINIESTAQUIA.
RESUMO
O objetivo geral deste trabalho, o qual é composto por três experimentos, foi
aprimorar técnicas de propagação da gravioleira. Inicialmente estudou-se a viabilidade de
sementes de gravioleira submetidas à desidratação, semeadas em areia e em substrato
comercial. No segundo e terceiro experimentos tiveram como objetivos analisar o método
de estaquia e miniestaquia em diferentes tipos de estacas com e sem o uso de reguladores
de crescimento. No primeiro experimento foi visto que as sementes de graviola foram
tolerantes a dessecação até 7% de umidade, por não apresentar perda no poder
germinativo, entretanto a maior velocidade de emergência foi com 25% de umidade. e
Quando semeadas em substrato comercial, verificou-se melhores resultados também para:
porcentagem de emergência, comprimento e massa seca de plântula. Para a propagação
vegetativa tanto no método de estaquia quanto no de miniestaquia, foram obtidas altas
porcentagens de enraizamento, alcançando-se 97,3% de enraizamento em miniestacas
subapicais herbáceas provenientes de matrizes em viveiro e 84 % de enraizamento em
estacas semilenhosas apicais. Para os dois experimentos de estaquia a aplicação de ácido
indolbutírico (AIB) não apresentou efeito no enraizamento.
Palavras chaves: enraizamento, reguladores vegetais, germinação, substrato
vii
SOURSOP PROPAGATION: SEEDS VIGOR IN DESICCATION, CUTTING AND
MINICUTTING
ABSTRACT
The aim of this work, which consists of three experiments, was to improve the
techniques of soursop’s propagation. At first it was studied the viability of seeds of soursop
subjected at dehydration, seeded in sand and commercial substrates. In the second and
third experiments, it was aimed to analyze the method of cutting and minicutting in
different types of cuttings with and without the use of growth regulators. In the first
experiment it was shown that cherimoya seeds are desiccation tolerant until 7% of
humidity content by not showing loss in germination, however the emergence rate was
higher with 25% humidity and when seeded on commercial substrate, it had better results
also at the percentage of emergence, seedling length and seedling dry weight. For
vegetative propagation were obtained excellent results in both the method of grafting as
well as in minicutting and high percentages of rooting, the last being higher, reaching
97.3% of subapical rooting in cuttings from herbaceous matrices greenhouse, although in
the method of cutting was achieved the maximum of 84% of rooting apical softwood
cuttings. For the two experiments, the presence or absence of IBA had no effect on rooting.
Keywords: rooting, plant growth regulators, seed germination, substrate
viii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ vi
RESUMO .................................................................................................................................................... vi
ABSTRACT ............................................................................................................................................... vii
SUMÁRIO.................................................................................................................................................viii
LISTA DE TABELA ................................................................................................................................... xi
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................ xii
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 1
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ..................................................................................................................... 3
2.1. ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA GRAVIOLEIRA ............................................. 3
2.2. ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................................................ 3
2.3. PRODUÇÃO DE MUDAS ............................................................................................................... 4
2.4. PROPAGAÇÃO SEXUADA ............................................................................................................ 4
2.4.1. SECAGEM DE SEMENTES ..................................................................................................... 5
2.4.2. COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES Á DESSECAÇÃO ........................... 6
2.5. PROPAGAÇÃO ASSEXUADA ....................................................................................................... 6
2.5.1. ESTAQUIA ................................................................................................................................ 7
2.6.1. MINIESTAQUIA ..................................................................................................................... 10
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 11
CAPÍTULO I - INFLUÊNCIA DO TEOR DE ÁGUA NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE
SEMENTES DE GRAVIOLEIRA ............................................................................................................. 16
RESUMO ................................................................................................................................................... 16
ABSTRACT ............................................................................................................................................... 16
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................... 17
MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................................ 18
Coleta de frutos, extração e secagem das sementes de graviola ............................................................. 18
Testes de vigor........................................................................................................................................ 21
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................................22
CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 27
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 27
CAPÍTULO II - ENRAIZAMENTO DE DIFERENTES TIPOS DE ESTACAS DE GRAVIOLEIRA ... 30
RESUMO ................................................................................................................................................... 30
ABSTRACT ............................................................................................................................................... 30
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................31
MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................................ 32
ix
Preparo das estacas ................................................................................................................................. 32
Delineamento Estatístico ........................................................................................................................ 33
Características avaliadas no ensaio ......................................................................................................... 34
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................................................34
CONCLUSÃO............................................................................................................................................ 37
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 37
CAPÍTULO III - PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DA GRAVIOLEIRA POR MINIESTAQUIA ......... 40
RESUMO ................................................................................................................................................... 40
ABSTRACT ............................................................................................................................................... 40
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................... 41
MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................................ 42
Preparo das estacas ................................................................................................................................ 43
Delineamento Estatístico ........................................................................................................................ 45
Características avaliadas nos ensaio ....................................................................................................... 45
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................................ 46
CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 51
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 51
x
xi
LISTA DE TABELA
CAPITULO I – INFLUÊNCIA DA DESIDRATAÇÃO NA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE GRAVIOLEIRA
TABELA 1. Resumo da análise de variância para os fatores teor de umidade, substrato e
interação em relação à porcentagem de emergência (%E), Índice de
velocidade de emergência (IVE), Comprimento de plântula (CP) e massa
seca de plântula (MSP).................................................................................24
CAPÍTULO II - ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE GRAVIOLEIRA
TABELA 1. Resumo da análise de variância para os fatores tipo de estacas de gravioleira,
AIB e interação em relação à porcentagem de estacas sobreviventes (ES),
enraizadas (EE) número de brotos (NB), comprimento de raiz (CR) e massa
seca de raiz (MSR)............................................................ ............................34
TABELA 2. Porcentagem de estacas sobreviventes (ES), de estacas enraizadas de
gravioleira (EE), número de brotos (NB), comprimento de raízes (CR) e
massa seca de raízes (MSR) para as diferentes estacas de
graviola.........................................................................................................35
CAPÍTULO III - PROPAGAÇÃO DA GRAVIOLEIRA POR MINIESTAQUIA
TABELA 1. Resumo da análise de variância para os fatores tipo de miniestacas de
gravioleira, AIB e interação em relação à porcentagem de miniestacas
sobreviventes (PES), enraizadas (PEE), com folhas remanescentes, número
de brotos (NB), massa seca de raiz de primeira ordem (MSRP) de segunda
ordem (MSRS) e massa seca total de raizes (MSTR)...................................46
TABELA 2. Médias de porcentagem de miniestacas sobreviventes (PES) e miniestacas
enraizadas (PEE); massa seca de parte aérea (MSPA), massa seca de raízes
de primeira ordem (MSRP), massa seca de raízes de segunda ordem
(MSRS) e massa seca total de raízes (MSTR) em diferentes tipos de
miniestacas de gravioleira ............................................................................47
TABELA 3. Desdobramento da Interação significativa entre tipos de miniestacas e AIB
para as médias de porcentagem de miniestacas com folhas.........................49
xii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I – INFLUÊNCIA DA DESIDRATAÇÃO NA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE GRAVIOLEIRA
FIGURA 1. FIGURA 2. Temperatura e Umidade relativa do ar observadas no período de
desenvolvimento do experimento. Ilhéus, BA, 2011....................................20
FIGURA 2. Emergência de sementes de semeadas em substrato: A) Areia, B) Substrato
comercial Plantmax®. .................................................................................23
FIGURA 3. Efeito do tipo de substrato sobre a emergência de sementes de gravioleira:
A) comprimento de plântula, B) porcentagem de emergência e C) Massa
seca de plântula.............................................................................................25
FIGURA 4. Efeito dos teores de umidade e do substrato no índice de velocidade de
emergência em sementes de gravioleira ......................................................26
CAPÍTULO II - ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE GRAVIOLEIRA
FIGURA 1. Preparo de estacas de gravioleira................................................................. 33
FIGURA 2. Aspectos das estacas de gravioleira enraizadas............................................37
CAPÍTULO III - PROPAGAÇÃO DA GRAVIOLEIRA POR MINIESTAQUIA
FIGURA 1. Câmara de nebulização automatizada (CEPEC/CEPLAC)..........................43
FIGURA 2. A) matriz de viveiro, B) planta da casa de vegetação...................................43
FIGURA 3. A) ramo herbáceo de matrizes de gravioleiras da casa de vegetação; B)
miniestacas provenientes de matriz do viveiro: apical à esquerda e subapical
à direita; C) ramo herbáceo de gravioleira do campo; D) miniestacas
provenientes de gravioleiras do campo: apical à esquerda e subapical à
direita............................................................................................................44
FIGURA 4. Aspectos das miniestacas enraizadas de gravioleira.....................................50
FIGURA 5. Avaliação quinzenal da permanência de folhas nos diferentes tipos de
miniestacas tratadas ao não com AIB...........................................................50
xiii
1
1. INTRODUÇÃO
A gravioleira (Annona muricata) é uma frutífera tropical, originária da América
central e Norte da América do sul, considerada a mais tropical das anonáceas. Devido ao
clima favorável, o Nordeste Brasileiro ocupa lugar de destaque, na produção é
comercialização, com cerca de 90% (PINTO e SILVA, 1994). Na região sul do estado da
Bahia, o cultivo encontra-se em expansão, devido à implantação de agroindústrias, as quais
apresentam uma crescente demanda e o interesse pela polpa para a produção de sucos,
sorvetes, doces e geléias (SOBRINHO, 2010). Com isso, torna-se necessário a melhoria
nas técnicas de propagação para que haja um aumento na produtividade (SACRAMENTO
et al., 2009) pois os a pomares comerciais ainda são formados por pés francos, com
elevada heterogeneidade. Nesse aspecto, a propagação mantém as características genéticas
das plantas-matrizes, uniformidade, porte reduzido e precocidade de produção
(HARTMANN et al., 2011), sendo a estaquia um dos principais métodos de propagação
vegetativa utilizados na multiplicação de plantas frutíferas, principalmente por ser um
método economicamente viável para a produção de novos indivíduos. (SILVA, 2008). De
acordo com este autor, espécies de anonáceas, inclusive a gravioleira apresentam
dificuldade no enraizamento, sendo necessários estudos que viabilizem o incremento no
enraizamento e verificou que o máximo enraizamento obtidos para estacas de gravioleira
foi de 34 % com a utilização de ácido indolbutírico (AIB). Sacramento et al. (2005)
avaliando tipos de estacas tratadas ou não com AIB, verificaram que estacas apicais
coletadas em mudas pé francos respondem bem ao enraizamento, enquanto que, estacas
subapicais de consistência herbácea ou semi-lenhosa apresentaram baixos índices de
enraizamento, mesmo quando tratadas com AIB.
Muitos são os fatores que interferem na propagação vegetativa, e dentre os que
afetam diretamente o enraizamento de estacas destacam-se os internos, intrínsecos à planta
matriz e os externos, relativos às condições do meio. Destacam-se, dentre os fatores
internos, a condição fisiológica da planta matriz, como a constituição genética, idade da
planta, tipo de estaca, época do ano, balanço hormonal, co-fatores de enraizamento e
inibidores do enraizamento (ZUFFELLATO-RIBAS et al., 2001). De acordo com Santos
(2010) pesquisas têm sido realizadas no âmbito da escolha do melhor ramo para estaquia
2
de várias espécies, assim como também a posição do ramo, características que interferem
no bom desenvolvimento da planta.
Ao longo do tempo o método da estaquia foi sendo aprimorado, surgindo assim,
uma nova técnica conhecida como miniestaquia, a qual tem sido bastante utilizada em
espécies florestais, porém, em frutíferas ainda esses estudos ainda são escassos. Marinho et
al. (2007) observaram que após trinta e cinco dias de estaqueamento, miniestacas de
goiabeira, apresentaram 100% de enraizamento e o mesmo foi observado por Carvalho et
al. (2007) em miniestacas de maracujazeiro.
Segundo Silva (2008), estudos com sementes de gravioleira devem ser feitos,
objetivando a diversidade em programas de melhoramento e coleções de germoplasma,
enquanto a propagação assexuada é um caminho lógico para possibilitar a produção de
mudas. A quase totalidade das gravioleiras existentes é considerada ecotipo, pois, foi
introduzida sem passar por seleção, isso sugere que seja necessário um programa de
melhoramento, o qual é possível através de bancos de germoplasmas que por sua vez,
devem ser formados pelo maior número de plantas com alta variabilidade genética (SÃO
JOSÉ et al., 1997). Nesse sentido a propagação por sementes permite a formação de
bancos de germoplasma devido à variabilidade genética, assim como obtenção de novas
variedades. (MANICA et al., 2003)
Visando a conservação de sementes, Carvalho e Nakagawa (2000) afirmam que, a
qualidade das sementes pode ser mantida no armazenamento com a redução do seu teor de
água.
O trabalho teve como objetivo estudar o comportamento de diferentes estacas de
gravioleira, tratadas ou não com reguladores vegetais, utilizando a técnica de estaquia e
miniestaquia e analisar a viabilidade e vigor de sementes de gravioleira submetidas à
dessecação, e o efeito de substrato sobre a emergência das mesmas.
3
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1. ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA GRAVIOLEIRA
A gravioleira (Annona muricata) é originária da America Central e Norte da
América do Sul. Atualmente encontra-se em sua forma silvestre e cultivada em altitudes
que variam do nível do mar a 1.120 m, nas Antilhas, desde o Sul do México até o Brasil e
Ilhas do Pacífico, sendo também cultivadas no extremo Sul da Florida. Encontra-se
também distribuída desde o sudeste da China até a Austrália e nas terras baixas e quentes
do Oeste da África (ESCOBAR et al.,1992; SACRAMENTO et al., 2009). No Brasil foi
introduzida pelos portugueses no século XVI, com a maior produção proveniente dos
estados nordestinos.
2.2. ASPECTOS ECONÔMICOS
Segundo Sacramento et al. (2009), além dos frutos, diversas partes da gravioleira
são utilizadas na medicina devido a suas propriedades diuréticas, antiespamódicas,
antiescorbúticas e adstringentes e fonte de cálcio. Mais recentemente, substâncias
existentes em suas folhas têm sido utilizadas com sucesso no combate a alguns tipos de
câncer.
São bastante recentes os interesses de exploração e principalmente de exportação da
graviola. Entretanto, a crescente demanda e o interesse pela polpa de tal fruta, tanto por
parte do consumidor como da indústria de sucos, já incluíram-na entre as frutas tropicais
brasileiras de excelente valor comercial (SOBRINHO, 2010)
Embora a gravioleira seja explorada comercialmente em diversas regiões do
mundo, apenas alguns países despontam como grandes produtores: México, Brasil,
Venezuela, Equador, Colômbia (SACRAMENTO et al., 2009)
Na região sul da Bahia, Alguns produtores vêm apresentando, recentemente, um crescente
interesse pelo plantio comercial da gravioleira, resultando assim, no aumento da área
cultivada. (ARAUJO et al., 2006). Tornando-se uma alternativa que atende às necessidades
regionais, combinando produção com alta tecnologia e geração de emprego, sendo este
destacado pela mão-de-obra predominantemente feminina em virtude do trabalho de
4
colheita e polinização manual, uma vez que, no setor rural as alternativas de trabalho para
esta classe de trabalhador são restritas, em vista principalmente por serem em geral,
trabalhos pesados. (MARINHO, 1998).
2.3. PRODUÇÃO DE MUDAS
A dificuldade na obtenção de mudas com boas qualidades biológicas para a
propagação é tida como um sério problema na expansão da fruticultura brasileira. A
produção de mudas é considerada como um dos fatores que garantem o sucesso da
fruticultura moderna, tida como “alicerce da fruticultura”, porém para que esse objetivo
venha a ser alcançado é necessário pesquisas e avanços na tecnologia de propagação
(FACHINELLO et al., 2005).
2.4. PROPAGAÇÃO SEXUADA
A reprodução sexuada é tida como o principal método da propagação de plantas
superiores, sendo para algumas espécies, o único método viável de propagação
(FACHINELLO et al., 2005). É considerada a forma mais segura e rápida na produção
das anonáceas, por reproduzir plantas mais vigorosas e com um sistema radicular
abundante e profundo, plantas com uma maior longevidade, Além disso, esse método
proporciona a obtenção de novas variedades e formação de bancos de germoplasma
(MANICA et al., 2003). Considerando-se a inexistência de variedades definidas, devido
ao fenômeno dicogamia que favorece a polinização cruzada e também por apresentar
frutificação precoce, a propagação sexuada ainda tem sido utilizada na implantação da
maioria dos pomares comerciais (PINTO e SILVA, 1994; SACRAMENTO et al.,
2009), apesar de que plantas provenientes da propagação seminífera apresentam maior
variabilidade genética o que é muitas vezes considerada uma desvantagem quando se
quer obter um estande de plantas para fins comerciais (FACHINELLO et al., 2005) No
entanto, existem diversos tipos regionais que produzem frutos com formatos e tamanho
diferentes, que após uma seleção podem ser propagados vegetativamente e vir a
constituir-se em cultivares.2.4.1.
5
SECAGEM DE SEMENTES
Uma das causas de grandes perdas do poder germinativo e do vigor de sementes
está no armazenamento de sementes com altos teores de umidade, os quais, não apenas
afetam a qualidade das sementes no armazenamento, mas também nas operações de
beneficiamento. Com isso, a secagem apresenta-se como uma exigência para garantir a
qualidade das sementes, porém essa secagem deverá ser realizada em função da tolerância
de cada espécie, pois se feita de forma errônea poderá ser prejudicial ou até mesmo
inutilizar as sementes (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
A conservação das sementes, entre a colheita e a semeadura, interfere na qualidade
e na quantidade das plântulas obtidas e, em decorrência, no desempenho produtivo da
população estabelecida no campo (NASCIMENTO et al., 2010).
A manutenção da viabilidade das sementes através do armazenamento vem sendo
uma das linhas de pesquisa mais importantes para as sementes de grande número de
espécies. As condições ideais para conservação das sementes são aquelas em que as
atividades metabólicas são reduzidas ao mínimo, mantendo-se a baixa umidade relativa e
temperatura no ambiente de armazenamento (PEDROSA et al., 1999).
A umidade relativa tem relação com o teor de água das sementes, além de controlar
a ocorrência dos diferentes processos metabólicos que ela pode sofrer, enquanto a
temperatura influência a velocidade dos processos bioquímicos e interfere indiretamente no
teor de água das sementes. Na maioria das espécies vegetais de importância econômica, a
qualidade das sementes pode ser conservada pela redução do seu teor de água e da
temperatura do ambiente. Com isso, é perceptível a intrínseca ligação do armazenamento e
a dessecação. (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).
Muitos são os trabalhos de secagem na área de grãos, porém são poucos os dados
disponíveis na literatura sobre o controle de processos durante a secagem de sementes de
frutíferas, necessitando-se de estudos científicos mais aprofundados sobre a influência
destes parâmetros na alteração da qualidade fisiológica das sementes dessas espécies em
geral, uma vez que estas apresentam potencial econômico para larga utilização no
agronegócio do Brasil (CARLESSO et al., 2005).
6
2.4.2. COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES Á DESSECAÇÃO
Quanto à tolerância à dessecação, as sementes são classificadas em ortodoxas,
recalcitrantes e intermediárias. As sementes ortodoxas toleram uma desidratação de até 5%
no conteúdo de umidade; por sua parte, as sementes que toleram a desidratação entre 10 e
12% do conteúdo de umidade são consideradas intermediárias e as que toleram a
desidratação entre 15 e 50% de umidade são denominadas recalcitrantes (FARRANT et al.,
1993; GENTIL, 2001).
Segundo Dorneles et al. (2002), sementes de cherimoya (Annona cherimola Mill) e
graviola (Annona muricata L.) são consideradas ortodoxas, as quais além tolerarem um
decréscimo no teor de água, suportam armazenamento a baixas temperaturas por períodos
consideráveis. Os mesmos autores verificaram que a redução da umidade de sementes de
graviola e de pinha (Annona squamosa L.) promoveu um aumento no vigor das sementes
destas espécies.
A redução do teor de água nessas sementes proporciona uma redução do
metabolismo e um estado de quiescência do embrião. As sementes no estado de
quiescência resistem às condições adversas do ambiente e, quando expostas às condições
adequadas e na ausência de dormência, têm a capacidade de retomada do metabolismo no
processo de germinação (BEWLEY et al., 1994).
Em razão da crescente demanda por frutas exóticas no mercado internacional, a
secagem artificial de sementes de fruteiras com comportamento ortodoxo no
armazenamento vem sendo considerada um dos processos mais importantes no seu pré-
processamento, visando o subsequente beneficiamento industrial, estocagem ou sua
comercialização (CARLESSO et al., 2005).
2.5. PROPAGAÇÃO ASSEXUADA
Dentre os métodos de propagação assexuada mais utilizados em frutíferas,
destacam-se a estaquia, a enxertia e a alporquia, porém os métodos de enxertia e de
alporquia, são considerados pelos produtores de Anonáceas métodos onerosos e de difícil
obtenção de mudas e de profissionais habilitados no processo (SILVA, 2005).
A estaquia permite que se obtenham muitas plantas a partir de uma única planta
matriz em curto espaço de tempo, sendo de baixo custo, de fácil execução e não
7
apresentando problema de incompatibilidade entre o enxerto e o porta-enxerto. Entretanto,
como nos demais métodos de propagação vegetativa, pode possibilitar a transmissão de
doenças, especialmente as viróticas, permitir variações nas características devido à
mutação de gemas e, principalmente, aumentar os riscos de danos nas plantas devido a
problemas climáticos ou fitossanitários, já que não existe variabilidade nas plantas do
pomar (FACHINELLO et al., 1994).
2.5.1. ESTAQUIA
Estaquia é uma técnica de propagação no qual um segmento da planta matriz é
retirado, colocado em condições ambientais favoráveis e induzido a formar raízes e brotos,
obtendo-se uma nova planta (HARTMANN et al., 2011), o segmento retirado da planta
pode ser ramos, raízes ou folhas, devendo ter, pelo menos, uma gema vegetativa e
capacidade de originar uma nova planta.
A propagação vegetativa vem sendo cada vez mais utilizada em substituição à
propagação por sementes em espécies de importância econômica e a tecnologia de
enraizamento de estacas se consolida como o método mais econômico para propagação em
larga escala (HARTMANN et al., 2011). Porém ainda existem alguns entraves, o que se
torna um desafio para os técnicos estabelecer as condições ideais para o bom enraizamento
de cada espécie, para assim, obter-se um protocolo ajustado que permita a propagação de
plantas em larga escala com bons rendimentos.
De acordo com Borges et al. (2011), a formação de raízes em estacas é um processo
anatômico e fisiológico complexo, associado à desdiferenciação e ao redirecionamento do
desenvolvimento de células vegetais totipotentes para a formação de meristemas que darão
origem a raízes adventícias.
Alguns fatores como: condições fisiológicas da planta matriz (presença de
carboidratos, substâncias nitrogenadas, aminoácidos, auxinas, compostos fenólicos e outras
substâncias não identificadas), o período e posição de coleta das estacas, juvenilidade,
podem atuar isoladamente ou em conjunto no processo de formação de raízes
(HARTMANN et al., 2011)
Dentre os fatores que podem melhorar os resultados, destacam-se a presença de
folhas nas estacas, uso de câmara de nebulização intermitente, uso de reguladores
exógenos, tipos de ramos, fatores do ambiente, disponibilidade de água, luminosidade e
substrato (SILVA, 2008).
8
2.5.1.1. Auxinas
De acordo com Taiz e Zeiger (2009), a auxina, também conhecida como hormônio
do crescimento, foi apresentada como hormônio de crescimento das plantas por Went após
experimentos com plântulas de aveia. Este fitohormonio foi identificado como sendo o
Ácido Indol-3-Acético (AIA) por dois grupos de pesquisadores, F. Kölg e A. J. Haagen-
Smith na Holanda e K. V. Thimann, nos Estados Unidos, na década de 1930. As auxinas
são produzidas principalmente nos locais de crescimento ativo, como meristemas, gemas
axilares e folhas jovens, embora também haja síntese nas folhas adultas e seu transporte
caracteriza-se como sendo basal, ou seja, do ápice do caule ou de outro órgão para a base
deste, e polar. Dentre as diversas substâncias que pertencem a este grupo, destaca-se o
ácido indolacético (AIA), o ácido indolbutírico (AIB), o ácido naftalenoacético (ANA) e o
ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D).
Segundo Fachinello et al. (2005), uma das formas mais comuns de favorecer o
balanço hormonal para o enraizamento é a aplicação exógena de auxinas, como o ácido
indolbutírico (AIB) e o ácido naftalenoacético (ANA).
De acordo com Noor et al. (2009), o AIB pela sua estabilidade à
fotodegradação, atóxico as plantas e, por apresentar boa capacidade de promover a
formação de primórdios radiculares, tem sido o mais utilizado no enraizamento de estacas
de inúmeras espécies, principalmente daquelas que apresentam dificuldades de formar
raízes.
A auxina induz ao enraizamento, devido à quebra da dominância apical que é
induzido pela citocinina. O ácido indolbutírico (AIB) é uma auxina sintética sendo bastante
utilizada no enraizamento de diversas espécies principalmente por não apresentar
toxicidade às plantas, sendo assim mais eficiente do que o próprio ácido acético, que é uma
auxina natural (TAIZ e ZEIGER, 2009).
Segundo Hartmann et al. (2011) a aplicação exógena de auxina pode proporcionar
maior taxa de estacas enraizadas, aumentar o número de raízes e a uniformidade de
enraizamento, porém a resposta das estacas à aplicação de auxinas exógenas depende da
espécie e da concentração de auxina existente no tecido, tal afirmativa pode ser
comprovada por algumas pesquisas realizadas.
Bettiol Neto et al. (2006), estudando o enraizamento de estacas semilenhosas de
dois tipos de anonáceas, submetidas a doses crescentes de AIB (0, 1000, 2000 e 3000 mg
L-1
) observaram que para araticum mirim não houve eficácia, porém para a espécie
9
araticum terra-fria, os resultados foram bastante satisfatórios uma vez que houve acréscimo
linear no enraizamento com relação às doses crescentes de AIB, chegando a 56% de
enraizamento e 89% de estacas com formação de calos .
Ferreira et al. (2010), testando diferentes auxinas (AIB, ANA e 2,4-D) durante 24
horas (tratamento lento) nas concentrações 0,50, 100, 200, 300, 400 e 500 mg L-1
de cada
regulador e 5 segundos (tratamento rápido) nas concentrações 0, 500, 1000, 2000, 3000,
4000 e 5000 mg L-1
de cada regulador, em estacas medianas de atemoieira, concluiram que
para o tratamento lento a concentração de 200 mg L-1
de NAA, proporcionou incremento
ao processo, o mesmo ocorreu com o tratamento rápido com IBA, independente da
concentração.
2.5.1.2 Tipos de estacas
Apesar de a estaquia ser um método simples de propagação necessita de alguns
cuidados, como a definição correta do ramo a ser coletado e a posição da retirada da estaca
nesse ramo (FERREIRA et al., 2008).
Segundo Hartmann et al. (2011), os tipos de estacas estão divididos em quatro
grupos, de acordo com a natureza do lenho: estacas lenhosas (apresentam tecidos
lignificados); herbáceas (apresentam tecidos tenros); semilenhosas e semi-herbáceas
(apresentam estádio intermediário entre os dois extremos). Segundo Fachinello et al.
(2005), a consistência da estaca está estreitamente relacionada com a época do ano em que
as estacas são coletadas, sendo que aquelas coletadas em um período de crescimento
vegetativo intenso (primavera/verão), portanto mais herbáceas, tendem a enraizar mais,
enquanto que aquelas coletadas no inverno são mais lignificadas e possuem menor
capacidade de enraizamento. Ainda para esses autores, a influência da época de coleta das
estacas no enraizamento pode ser atribuída às condições climáticas, especialmente
temperatura e disponibilidade de água.
O tipo de estaca é um fator que exerce influência direta no processo de
enraizamento, sendo que, para a grande maioria das plantas, as estacas herbáceas enraíza
com mais facilidade do que as estacas lenhosas da mesma espécie (AROEIRA, 1988). No
entanto, Bueno (1995) cita que a parte herbácea do ramo consiste na porção mais imatura e
que esse tipo de estaca possui grande capacidade para enraizar, porém, é o tipo de estaca
mais difícil de se manter viva.
10
De acordo com Hartmann et al. (2011), estacas caulinares coletadas da parte apical
do ramo têm menor grau de lignificação, células meristemáticas com metabolismo mais
ativo e ausência ou menor quantidade de compostos fenólicos, o que facilita o
enraizamento e o brotamento.
2.5.1.3 Tamanho de estacas
O tamanho da estaca e a quantidade de gemas presentes é um fator importante no
processo de enraizamento. Hartmann et al. (2011) recomendam o tamanho das estacas de
acordo com o tamanho do lenho. Assim, para estacas de ramos mais lenhosos arbóreos, o
comprimento pode variar de 10 a 76 cm dependendo da espécie e para ramos lenhosos
arbustivos e de caules herbáceos, o comprimento pode variar de 7,5 a 12,5 cm.
Estacas lenhosas podem ter comprimento variável de 20 a 30 cm e semilenhosas de
7,5 a 15 cm, e estacas herbáceas podem ser ainda menores (FACHINELLO et al., 2005).
Contudo o comprimento ideal de uma estaca para enraizamento varia conforme a espécie e
o tipo de estaca (SANTOS, 2010).
2.6.1. MINIESTAQUIA
A miniestaquia é tida como uma técnica que surgiu do aprimoramento da estaquia,
onde matrizes são retidas em jardim clonal em recipientes individuais em viveiro,
submetidas a todos os tratos necessários para que esteja em ótimas condições fisiológicas.
Na miniestaquia, os propágulos vegetativos, denominados miniestacas, são obtidos
pela coleta de ápices caulinares de uma estaca enraizada pelo método tradicional de
estaquia ou de mudas seminais. A estaca podada emite novas brotações que, em intervalos
variáveis, em função da época do ano, do clone/espécie, das condições nutricionais, entre
outras, são coletadas e estaqueadas em casa de vegetação, para enraizamento. Desta forma,
a parte basal da brotação da estaca constitui uma minicepa, que fornecerá as brotações
(miniestacas) para enraizamento e formação das futuras mudas (WENDLING et al., 1999;
XAVIER et al., 2001)
Em comparação com a técnica de estaquia convencional, a miniestaquia apresenta
uma série de vantagens: eliminação do jardim clonal de campo; maior facilidade no
controle de patógenos, bem como, das condições nutricionais e hídricas no minijardim
11
clonal; maior produtividade, uma vez que as operações de manejo do minijardim clonal,
coleta e confecção de miniestacas são mais fáceis e rápidas de serem executadas; maior
produção de propágulos (miniestacas) por unidade de área e em menor unidade de tempo;
necessidade de menores concentrações de reguladores de crescimento vegetal e, em alguns
casos, até a sua exclusão completa; a coleta de miniestacas pode ser realizada em qualquer
horário do dia; possibilidade na redução do tempo de formação da muda no viveiro, devido
ao menor tempo de permanência para enraizamento (XAVIER et al., 1998; WENDLING et
al., 2003).
O método da miniestaquia vem apresentando resultados bastante expressivos em
escala comercial em diversas culturas, principalmente em espécies florestais e
recentemente tem crescido o interesse do estudo da técnica em espécies frutíferas, a
exemplo de ameixeira (TONIETTO et al., 2001), aceroleira (RITZINGER e
GRAZZIOTTI, 2005), maracujazeiro-amarelo (CARVALHO et al., 2007), os quais
obtiveram resultados satisfatórios, viabilizando a técnica.
Em termos de desvantagens da miniestaquia em relação à estaquia convencional,
pode-se citar: a maior sensibilidade das miniestacas às condições ambientais; a necessidade
de maior rapidez entre a coleta dos propágulos no minijardim clonal e a sua estaquia em
casa de vegetação (XAVIER et al., 1998; WENDLING et al., 2003).
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16
CAPÍTULO I - INFLUÊNCIA DO TEOR DE ÁGUA NA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE GRAVIOLEIRA
RESUMO
Foram avaliados os efeitos da desidratação sobre a qualidade fisiológica de
sementes de graviola, semeadas em diferentes substratos. Primeiramente foi determinado o
teor de água das sementes que em seguida foram submetidas à secagem, em equipamento
com circulação forçada de ar (32±2ºC), até atingirem o teor de água de 31%, 25,1%,
19,3%, 15,5%, 9,5% e 7% e posteriormente colocadas para emergir em areia e substrato
comercial. As variáveis analisadas foram: porcentagem de emergência, índice de
velocidade de emergência, comprimento e massa da matéria seca de plântulas. A
desidratação não apresentou efeito sobre a qualidade fisiológica das sementes. O substrato
comercial foi superior á areia para todas as variáveis avaliadas.
ABSTRACT
It was evaluated the effects of dehydration on the physiological quality of seeds of
graviola, placed on different substrates. It was first determined the water content of these
seeds were then subjected to drying equipment with forced air circulation (32 ± 2 ° C) until
they reach the water content of 31%, 25.1%, 19.3% , 15.5%, 9.5% and 7% and placed to
emerge in sand and commercial substrate. The variables were: percentage of emergence,
emergence rate index, length and dry mass of seedlings. Dehydration had no effect on the
physiological quality of seeds. The commercial substrate was superior to sand for all
variables.
17
INTRODUÇÃO
A manutenção da viabilidade das sementes através do armazenamento vem sendo
uma das linhas de pesquisa mais importantes para diversas espécies botânicas. As
condições ideais para conservação das sementes são aquelas em que as atividades
metabólicas são reduzidas ao mínimo, mantendo-se a baixa umidade relativa e temperatura
no ambiente de armazenamento (Pedrosa et al.,1999).
A umidade relativa tem relação com o teor de água das sementes, além de controlar
os processos metabólicos, enquanto a temperatura influencia a velocidade dos processos
bioquímicos e interfere indiretamente no teor de água. Na maioria das espécies vegetais de
importância econômica, a qualidade das sementes pode ser conservada pela redução do seu
teor de água, com isso, é perceptível a intrínseca ligação do armazenamento e a dessecação
(CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Nesse aspecto, Brooker et al. (1992) afirmam que,
do pré-processamento de sementes, a secagem é, sem dúvida, a operação unitária mais
importante para se obter produtos de qualidade e dela depende a qualidade fisiológica do
produto final a ser comercializado ou usado como meio de propagação. Para as espécies
tropicais nativas, o conhecimento do menor grau de umidade suportável pelas sementes,
sem que haja o comprometimento da qualidade fisiológica é imprescindível para definir a
melhor tecnologia de armazenamento (Nascimento et al., 2007).
A maioria das espécies possui sementes que toleram dessecação à graus de umidade
próximos de 2% a 5%, ou mesmo abaixo desses níveis, são denominadas ortodoxas.
Outras espécies possuem sementes classificadas como “intermediárias”, as quais, tolerando
dessecação a graus de umidade em torno de 10% a 13%, têm a viabilidade reduzida em
graus de umidade inferiores. Outro grupo de espécies possui sementes que não toleram
dessecação a abaixo de 20%, sendo classificadas como recalcitrantes (ELLIS e HONG,
1996).
De acordo com as prescrições das Regras para Análise de Sementes (BRASIL,
1992) além da luz, temperatura, água e oxigênio, a escolha do substrato tem fundamental
importância nos resultados de germinação, sendo, a areia e o solo os substratos mais
usados para o teste de germinação. No entanto, Hartmann et al. (2011) relatam que o solo
deve atender a certos requisitos de textura e estrutura, bem como apresentar boa
composição das fases sólida, líquida e gasosa, de modo a permitir um desempenho
satisfatório das sementes.
18
O objetivo do trabalho foi estudar os efeitos da desidratação sobre o
comportamento fisiológico e a emergência das sementes de gravioleira em areia e substrato
comercial.
MATERIAL E MÉTODOS
Coleta de frutos, extração e secagem das sementes de graviola
Os frutos utilizados no experimento foram colhidos no início de outubro de 2011,
em estado maduro, em gravioleiras do tipo Morada, cultivadas em Ubatã, BA.
Após a coleta os frutos foram transportados para o laboratório da Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC), onde foi efetuada manualmente a extração, lavagem e
seleção, eliminando-se as sementes mal formadas ou parcialmente danificadas. Em seguida
as sementes foram secas superficialmente com papel absorvente.
Do lote total foram retiradas quatro amostras de 15 g e determinado o teor de água
inicial das sementes (BRASIL, 1992).
As sementes restantes foram distribuídas em camada única, sobre bandejas de
alumínio e os tratamentos foram obtidos por meio do acompanhamento da perda de água
das sementes durante a secagem. Para monitorar o processo, amostras de sementes com
massa inicial conhecida foram colocadas em placas de Petri e distribuídas nas prateleiras
do secador para pesagem, com auxílio de balança analítica. A massa final das amostras,
correspondente aos teores de umidade desejados, foi previamente determinada por meio da
equação descrita por Cromarty et al. (1985):
Mf = Mi (100 – Ui) / (100 – Uf)
Mf = massa da amostra (g) após a secagem;
Mi = massa da amostra (g) antes da secagem;
Ui = grau de umidade (%) antes da secagem;
Uf = grau de umidade (%) desejado após a secagem.
Cada tratamento foi definido após a determinação do teor de umidade das sementes
pelo método padrão da estufa à 105ºC±3ºC por 24 horas (BRASIL, 1992), utilizando
19
quatro repetições com 15 g de sementes cada. Os resultados, expressos em porcentagem,
foram calculados com base na massa úmida (Bu), pela fórmula:
T.U = 100 (Pi – Pf)/ (T – Pi)
T.U = Teor de umidade %
Pi = Peso inicial
Pf = Peso final
T = Peso do recipiente
Os teores de umidade obtidos através do método da estufa foram: T0= 31%,
T1=25,1%, T2=19,3%, T3=15,5%, T4=9,5% e T5 = 7%
De acordo com os teores de umidades pré-estabelecidos, amostras de sementes
foram retiradas do lote inicial e semeadas em bandejas de células de poliestireno
devidamente identificadas, contendo areia ou substrato comercial (Plantmax®), e mantidas
em bancadas na casa de vegetação do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC/CEPLAC),
para fins da realização dos testes de vigor. Foi utilizada areia de textura média, peneirada
em malha de 0,8 mm e posteriormente autoclavada e lavada para retirada dos sais. O
Plantmax® apresentou as seguintes características: pH 5,8, CE 1,7 ds.m-1
, densidade 500
kg/m3, umidade máxima 50%. Ambos os substratos foram umedecidos diariamente com
auxilio de regador contendo água destilada. Foram semeadas 25 sementes por repetição a 1
cm de profundidade.
Durante o experimento foi determinado o teor de umidade máxima e a temperatura.
Os dados de temperatura e umidade relativa do ar da casa de vegetação, referente
ao período de desenvolvimento do experimento, encontra-se na Figura 1.
20
Foi utilizado esquema fatorial 6 x 2 em delineamento inteiramente casualizado,
sendo, 6 teores de umidade das sementes (31%, 25,1%, 19,3%, 15,5%, 9,5% e 7% ) e 2
substratos (areia e substrato comercial Plantmax®), totalizando 12 tratamentos constituídos
por quatro repetições com 25 sementes por parcela.
31A: teor inicial da semente (31%), areia
31S: teor de umidade inicial da semente (31%), substrato comercial
25,1A: teor de umidade da semente 25,1%, areia
25,1S: teor de umidade da semente 25,1%, substrato comercial
19,3A: teor de umidade da semente 19,3%, areia
19,3S: teor de umidade da semente 19,3%, substrato comercial
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Tem
per
atu
ra°C
Dias
T.máxima T.mínima T.média
10 20 30 40 50 60 70 80 90
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
100
Um
idad
e re
lati
va d
o a
r (%
)
Dias
U.máxima U.mínima U.média
10 20 30 40 50 60 70 80 90
FIGURA 1. Temperatura e Umidade relativa do ar observadas no período de
desenvolvimento do experimento de sementes de gravioleira. Ilhéus, BA,
2011.
21
15,5A: teor de umidade da semente 15,5%, areia
15,5S: teor de umidade da semente 15,5%, substrato comercial
9,5A: teor de umidade da semente 9,5%, areia
9,5S: teor de umidade da semente 9,5%, substrato comercial
7A: teor de umidade da semente 7%, areia
7S: teor de umidade da semente 7%, substrato comercial
.
Testes de vigor
Emergência de plântulas: as avaliações foram realizadas durante o período de 85 dias
após a semeadura (DAS), e o critério utilizado foi o de plântulas normais que
apresentavam a parte aérea acima do nível do substrato (BRASIL, 1992), e os resultados,
expressos em porcentagem.
Índice de velocidade de emergência de plântulas (IVE): calculado de acordo com a
fórmula proposta por Maguire (1962), foi baseado na leitura diária do número de sementes
com epicótilo emergido, a partir do 15° até o 85° (DAS).
IVE = (E1/N1) + (E2/N2) +...+ (En/Nn), onde:
IVE = Índice de velocidade de emergência de plântula.
E1,E2,...,En = números de plântulas emersas na primeira, segunda e última contagem.
N1, N2,...,Nn = número de dias da semeadura à primeira, à segunda e à última
contagem.
Comprimento de plântulas: realizado aos 85° dias (DAS), onde o comprimento da raiz
até a inserção da última folha das plântulas normais foi medido com o auxílio de uma
régua graduada em centímetros.
Massa da matéria seca de plântulas: as plântulas normais foram colocadas em sacos de
papel e levados à estufa com circulação forçada de ar, a 65 °C, permanecendo até atingir
peso constante. Os resultados foram expressos em gramas.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste Tukey, a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas pelo programa
computacional Sistema para Análise de Variância – SISVAR (FERREIRA, 2000). Os
22
dados em porcentagem foram transformados por arc sen (x/100)1/2, com a finalidade de
proporcionar a normalidade dos erros.
. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observado que independente do teor de umidade e do substrato, a emergência
das sementes iniciou a partir de 15 dias, estabilizando aos 75 dias no substrato comercial
(Figura 2). Esses resultados estão de acordo com Sacramento et al. (2009) que relatam
inicio da emergência entre 10 e 20 dias, dependendo da temperatura do ambiente. Por outro
lado, Campos et al. (2008), em condições ambientais de 23 ºC de temperatura e 80% de
umidade, observaram início de emergência aos 27 dias e término aos 57 dias com 91% de
germinação. Oliveira et al. (2009), em condições ambientais de 27°C de temperatura e 70%
de umidade, verificaram início aos 23 dias e término aos 60 dias com 90% de emergência.
Neste trabalho foi observada temperatura média de 27ºC e umidade média de 70% (Figura
1).
As sementes colocadas em substrato comercial, independente do teor de umidade
da semente, alcançaram uma maior porcentagem de emergência e a germinação estabilizou
mais cedo quando comparada às sementes semeadas em areia (Figura 3). Aos 75 dias,
sementes com 7% de umidade e semeadas em substrato comercial, já apresentavam 96%
de sementes emergidas, enquanto em areia, o máximo de emergência foi de 87% aos 85
dias, para sementes com 31% de teor de umidade.
23
Baron et al. (2011), estudando emergência da araticum terra-fria do gênero Annona,
em diferentes substratos, observaram o início da emergência aos 35 dias após semeadura e
que o substrato vermiculita foi o que proporcionou os maiores valores de porcentagem de
emergência (87%), diferindo do Plantmax® (68%). O mesmo foi observado por Ferreira et
al. (2010), onde maiores porcentagens e velocidade de emergência foram obtidos em areia
e vermiculita, os quais segundo os autores, foram mais eficientes que os substratos
comerciais Plantmax® e Bioplant® para aumentar a porcentagem e da velocidade de
emergência de plântulas de biriba (Anonnaceae).
Foi observado o efeito dos teores de umidade apenas para a variável índice de
velocidade de emergência (Tabela 1), inferindo-se que o avanço no processo de secagem
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
15 25 35 45 55 65 75 85
em
erg
ên
cia
%
Dias após a semeadura
Areia
31,0%
25,5%
19,3%
15,5%
9,5%
7,0%
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
100
15 25 35 45 55 65 75 85
em
ergê
nci
a %
Dias após a semeadura
Substrato 31,0%
25,5%
19,3%
15,5%
9,5%
7,0%
FIGURA 2. Emergência de sementes de gravioleira semeadas em areia (A) e substrato
comercial Plantmax® (B)
A
B
24
não afetou a viabilidade germinativa das sementes de graviola por não ter havido redução
acentuada na porcentagem da emergência.
O fator substrato teve efeito para todas as variáveis, enquanto o efeito da interação
entre os dois fatores (teores de umidade e substrato) só foi observado para a variável índice
de velocidade de emergência (Tabela1)
TABELA 1 – Resumo da análise de variância para os fatores teor de umidade, substrato e
interação em relação à porcentagem de emergência (%E), índice de velocidade de
emergência (IVE), comprimento (CP) e massa seca de plântulas (MSP) de gravioleira.
Causas de variação GL % E IVE CP MSP
QM
Teor de umidade 5 127,0 ns 1,08* 7,75ns 1,100 ns
Substrato 1 2408,33* 7,64* 69,98* 72,071*
T. umidade x substrato 5 37,93 ns 0,91* 6,28 ns 0,478 ns
Resíduo 36
- Total 47
*: significativo 5% ns: não significativo
Segundo Alves et al. (2008), a viabilidade germinativa de sementes da maioria das
frutíferas tropicais perenes, economicamente importantes é reduzida quando expostas a
secagem. Dentre elas, podem ser citadas: manga, cacau, mangaba, pitanga, cupuaçu,
jaqueira, mangostão, rambutan, jabuticaba, abacate, pupunha, entre outras, sendo
classificadas como sementes recalcitrantes. Essas sementes apresentam altos teores de
umidade (MENDONÇA et al., 2000), tal fato é decorrente das condições ambientais em
que as sementes se desenvolvem (NASCIMENTO et al., 2007).
As sementes de gravioleira apresentaram teor de umidade inicial elevado (31%),
quando comparado aos 16,8% da pinha (Annona squamosa), (MORAIS et al., 2009) Tal
fato pode ser explicado pelas condições ambientais do cultivo, a baixa umidade relativa
do ar no momento da dispersão da semente pela planta-mãe favorece a síntese de
mecanismos de reparos os quais irão conferir às sementes, maior ou menor tolerância à
dessecação. Por outro lado, as sementes de espécies tropicais, que apresentam o seu
desenvolvimento em ambiente com alta umidade relativa, praticamente não perdem água
durante a maturação, portanto, não há formação desses mecanismos de proteção e as
sementes podem sofrer injúrias quando submetidas à secagem. (MENDONÇA et al.,
2000). Assim, como não houve efeito da dessecação sobre a porcentagem de emergência
das sementes de gravioleira, pode-se inferir que as mesmas apresentam características
25
ortodoxas, por tolerarem dessecação em torno de 7% sem perder a viabilidade,
corroborando com Dorneles et al. (2002) quando afirmam que sementes de cherimoya
(Annona cherimola Mill) e graviola são consideradas ortodoxas.
Com relação ao fator substrato, o Plantmax® foi superior à areia para as variáveis,
porcentagem de emergência, comprimento de plântula e massa seca de plântula em todos
os teores de umidade das sementes (figura 3). Durante o experimento observou-se a que o
substrato comercial apresentou uma maior retenção máxima de água, de 52% e 30% no
intervalo de 24 horas, enquanto a areia apresentou retenção máxima de 22% e 7% no
intervalo de 24 horas. Com relação à temperatura o substrato apresentou 1,5°C acima da
temperatura da areia, considerando que a temperatura em substrato era 1ºC abaixo da
temperatura do ar.
FIGURA 3. Efeito do tipo de substrato sobre a emergência de sementes de gravioleira: A)
comprimento de plântula, B) porcentagem de emergência e C) Massa seca de plântula.
0
20
40
60
80
100
Areia Substrato
% e
mer
gên
cia
0
5
10
15
20
25
Areia Substrato
Co
mp
rim
en
to d
e p
lân
tula
(cm
)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Areia Substrato
Mas
sa s
eca
de
plâ
ntu
la (g
)
B
B A
B
A
A
26
Considera-se que o teor de umidade nos substratos tenha sido um fator de
relevância para a velocidade de emergência, visto que as sementes de gravioleira
apresentam um tegumento rígido, necessitando assim de maior disponibilidade de água
para que ocorra a embebição e conseqüentemente a emergência. Andrade et al. (2000)
afirmam que substratos comerciais são constituídos por partículas maiores apresentam
maior espaço vazio, menor densidade aparente (ou menor grau de compactação), maior
arejamento e, portanto, maiores facilidades para a emergência das plântulas.
Wagner Junior et al. (2006) avaliaram a influência de cinco substratos na formação
e desenvolvimento de mudas de pinheira( Annona squamosa) e observaram que substrato
comercial apesar de não diferir estatisticamente da mistura de areia, apresentou maiores
valores para as variáveis: porcentagem de germinação e de sobrevivência, comprimento
total das plantas e massa seca total. Tais resultados diferem do trabalho feito por Ferreira et
al. (2010) os quais estudaram os efeitos de diferentes substratos no vigor de sementes de
biribá (Rollinia rugosa) e observaram que a areia e vermiculita apresentaram-se superior
ao substrato comercial, para as variáveis porcentagem de emergência, índice de velocidade
de emergência, comprimento de plântula e massa seca de plântula.
O desdobramento da interação entre os fatores para o IVE pode ser observado na
Figura 4, onde se verifica que os maiores IVE foram para substrato comercial dentro do
fator teor de umidade. No entanto, para o desdobramento de teores de umidade dentro do
fator substrato não houve diferença para areia, porém para substrato comercial, os teores de
umidade 25,1% e 7% apresentaram o maior e o menor IVE, respectivamente.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
31,0% 25,5% 19,3% 15,5% 9,5% 7,0%
Índ
ice
de
velo
cid
ade
de
em
ergê
nci
a
Teores de umidade
Areia
Substrato
FIGURA 4. Efeito dos teores de umidade e do substrato no índice de velocidade de
emergência em sementes de gravioleira.
Mesma letra maiúscula não difere entre si para teores dentro dos substratos e
minúscula não difere entre si para substrato dentro de teores de umidade e, a 5% de
probabilidade, pelo teste de Tukey.
Ab
BCa
Ab
BCa
Ab
BCa
Ab Ab
Aa
Ba
Ca
Ab
27
Braga Junior et al. (2010) verificaram que não houve diferença entre os resultados
na emergência de plântulas de Zizyphus joazeiro, quando semeadas em areia e substrato
comercial. O mesmo foi observado por Guimarães et al. (2011) no estudo do vigor e
emergência de sementes de mulungu (Erythrina velutina Willd), porém para outras
características avaliadas como, altura de planta e massa seca total, o substrato comercial foi
superior a areia.
Oliveira et al. (2006) avaliando o desempenho de sementes de sapota preta em
diferentes substratos observou que os melhores resultados foi na utilização do substrato
comercial Plantmax®, superando fibra de Coco; areia; substrato mistura de solo (solo +
areia + esterco de curral curtido (3:3:1).
CONCLUSÕES
Os teores de umidade da semente de gravioleira não interferiram na sua qualidade
fisiológica.
O substrato comercial Plantmax® possibilitou melhor resposta aos testes de
emergência das sementes de gravioleira, em comparação com areia, independente do teor
de umidade das mesmas.
.
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de jabuticabeira em quatro substratos. Revista Ceres, Viçosa, v.53, n.307, p. 322-327,
2006.
30
CAPÍTULO II - ENRAIZAMENTO DE DIFERENTES TIPOS DE ESTACAS DE
GRAVIOLEIRA
RESUMO
Foi avaliado o enraizamento de diferentes tipos de estacas de gravioleira (apical
herbácea e semilenhosa, subapical herbácea e semilenhosa) na ausência ou presença de
6.000 mg kg-1
de AIB. Após os tratamentos as estacas foram colocadas em tubetes de 288
mL contendo substrato comercial e mantidas sob nebulização intermitente por 90 dias A
maior percentagem de enraizamento (84,7%) foi obtida com estacas apicais semilenhosas,
mas não houve diferença significativa em relação as estacas apicais e subapicais herbaceas.
ABSTRACT
It was evaluated the rooting of soursop (apical herbaceous and apical
semihardwood, subapical herbaceous and subapical semihardwood) in the absence or
presence of 6000 mg kg-1
of IBA. The cuttings were placed in tubets containing 288 mL of
substrate and transfered into intermittent micro-sprinkler irrigation. The highest rooting
percentage (84.72%) was obtained with apical softwood cuttings, but there was no
significant difference when compared to cutting apical and subapical herbaceous .
31
INTRODUÇÃO
A gravioleira é uma frutífera originária da America Tropical pertencente à família
Anonnaceae. No Brasil é cultivada principalmente nos estados nordestinos e apresenta um
grande potencial econômico, onde, grande parte de sua produção é destinada às
agroindústrias para produção de sucos, sorvetes e doces (SACRAMENTO et al., 2009)
Os pomares de gravioleira são, em sua grande maioria, formados por mudas pé-
francos originando plantas geneticamente diferentes. A propagação vegetativa que mantém
as características genéticas das plantas-matrizes, uniformidade, porte reduzido e
precocidade de produção.
Pesquisas têm sido realizadas visando à melhoria no método de propagação da
gravioleira por estaquia. Casas et al. (1984), estudando estacas herbáceas de gravioleira em
diferentes doses de reguladores observaram apenas 25,36% de enraizamento em estacas
herbáceas sem efeito de reguladores. Por outro lado Marinho et al. (2007) obtiveram 75%
de enraizamento em estacas semilenhosas de gravioleira tratadas com AIB na concentração
de 2000 mg/L-¹ por 5 minutos e Santos (2010) obteve 81% de enraizamento com estacas
herbáceas subapicais tratadas com AIB entre 2000 e 4000 mg kg-¹.
De acordo com Zuffellato-Ribas et al. (2001) são muitos os fatores que interferem
na propagação das frutíferas, dentre os que afetam diretamente o enraizamento de estacas
destacam-se os internos, intrínsecos à planta matriz e os externos, relativos às
condições do meio. Dentre os fatores internos, destacam-se a condição fisiológica da planta
matriz, a constituição genética, idade da planta, tipo de estaca, época do ano, balanço
hormonal, co-fatores de enraizamento e inibidores do enraizamento.
Fachinello et al. (2005) afirmam que o tipo mais adequado de estaca varia de
acordo com a espécie e cultivar e a composição química do tecido varia ao longo do ramo.
Estacas provenientes de diferentes porções do mesmo ramo tendem a diferir quanto ao
enraizamento.
Sacramento et al. (2005) avaliaram tipos de estacas de gravioleira tratadas ou não
com ácido indol butírico (AIB) em câmara de nebulização e verificaram que estacas
apicais coletadas em mudas seminais respondem bem ao enraizamento, sem a necessidade
de tratamento com AIB, enquanto estacas subapicais de consistência herbácea ou
semilenhosa apresentaram baixos índices de enraizamento, mesmo quando tratadas com
regulador de crescimento e corte na base das estacas. Segundo o mesmo autor, a tecnologia
32
de propagação da gravioleira por estaquia ainda necessita de melhores ajustes para uso em
escala comercial.
De acordo com Santos (2010), pesquisas têm sido realizadas no âmbito da escolha
do melhor ramo para estaquia de várias espécies, assim como também a posição do ramo ,
características as quais interferem no bom desenvolvimento da planta.
Nesse sentido o trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de diferentes
tipos de estacas, tratadas ou não com 6.000 mg kg-1
de AIB.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2010 a março de 2011,
nos viveiros do Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), Ilhéus, BA.
Preparo das estacas
Estacas apicais e subapicais de consistências herbáceas e semilenhosas foram
coletadas de ramos de gravioleira do tipo Morada com nove anos de idade, cultivadas no
Sítio Santo Antônio, município de Ilhéus, no mês de dezembro de 2010 e transportadas em
caixa de isopor para o Instituto Biofábrica do Cacau.
As estacas de gravioleira foram padronizadas com 15 cm de comprimento de 5 ou 6
gemas, corte da base em bisel, deixando-se apenas quatro folhas cortadas ao meio (Figura
2). Durante a coleta, preparo e estaqueamento, as estacas foram frequentemente aspergidas
com água para evitar a desidratação
D A
33
FIGURA 1. Preparo de estacas de gravioleira: A) Ramo herbáceo
inteiro; B) Estaca apical herbácea; C) Estaca subapical herbácea;
D) Ramo semilenhoso inteiro; E) Estaca apical semilenhosa; F)
Estaca subapical semilenhosa
Após o preparo das estacas, suas bases foram tratadas com 6.000 mg kg¹ de AIB
diluído em talco mineral ou apenas talco, utilizando-se os seguintes tratamentos: EAH -
AIB (estaca apical herbácea sem AIB), EAH + AIB (estaca apical herbácea com AIB),
EAS - AIB (estaca apical semilenhosa sem AIB), EAS + AIB (Estaca apical semilenhosa
com AIB), ESH- AIB (estaca subapical herbácea sem AIB), ESH + AIB (estaca subapical
herbácea com AIB), ESS - AIB (estaca subapical semilenhosa sem AIB), ESS + AIB
(estaca subapical semilenhosa com AIB). A seguir, as estacas foram colocadas em tubetes
de 288 mL contendo o substrato constituído da mistura de Holambra® e fibra de coco
triturada, na proporção volumétrica 1:1, enriquecida com Osmocot® (19-06-20) e PGmix®
(14-16-18), na proporção de 300 g de cada produto para 120 litros do substrato. Os tubetes
foram colocados em bandejas de 54 células. Após a colocação na câmara de nebulização, o
tempo foi programado para regime de 30 segundos de aspersão a cada 5 minutos, durante
os 60 dias iniciais, e posteriormente em regime de 30 segundos de aspersão a cada 10
minutos, durante 7 dias, seguido por 20 segundos de aspersão a cada 20 minutos, até a fase
final, que ocorreu aos 90 dias.
Delineamento Estatístico
Utilizou-se o esquema fatorial 4 x 2 e delineamento inteiramente ao acaso, sendo,
quatro níveis do fator tipo de estaca (apical herbácea, apical semilenhosa, subapical
herbácea e subapical semilenhosa) e dois níveis do fator regulador de crescimento (sem
regulador e com 6.000 mg kg-1
de AIB), totalizando oito tratamentos constituídos por três
repetições e 12 estacas por parcela.
F E C B
34
Características avaliadas no ensaio
Foram avaliados, as seguintes variáveis: porcentagem de sobrevivência e de
enraizamento, número de brotos, comprimento das raízes e massa de matéria seca de
raízes. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste Tukey, a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas pelo programa
computacional Sistema para Análise de Variância – SISVAR (FERREIRA, 2000). Os
dados em porcentagem foram transformados por arc sen (x/100)1/2, com a finalidade de
proporcionar a normalidade dos erros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo da análise de variância é apresentado na Tabela onde observa-se que
houve efeito significativo pelo teste para o fator tipo de estaca, para todas as variáveis
estudadas, não havendo efeito para AIB e para a interação entre os dois fatores.
TABELA 1 – Resumo da análise de variância para os fatores tipo de estacas de gravioleira,
AIB e interação em relação à porcentagem de estacas sobreviventes (PES), enraizadas
(PEE) número de brotos (NB), comprimento médio de raiz (CR) e massa seca de raiz
(MSR).
FATORES GL ES EE NB CR MSR
QM
Tipo de estaca 3 794,74* 952,05* 36,72* 26,53* 0,07*
AIB 1 0 ns 2,91 ns 4,16 ns 15,37 ns 0,00 ns
Estaca*AIB 3 270,04 ns 242,12 ns 1.83 ns 13,30 ns 0,00 ns
Resíduo 16
Total 23
*: significativo (P<0,005), ns: não significativo
Verificou-se que, para estacas sobreviventes (ES) e estacas enraizadas (EE), os
resultados foram próximos e que as estacas apicais semilenhosas apresentaram maiores
valores, apesar de não diferirem estatisticamente das estacas herbáceas apicais e
subapicais. (Tabela 2).
35
TABELA 2 - Porcentagem de estacas sobreviventes (ES), porcentagem de estacas
enraizadas de gravioleira (EE), número médio de brotos(NB), comprimento médio de
raízes (CMR) e Massa seca de raízes (MSR) para as diferentes estacas de graviola.
TIPO DE ESTACA ES EE NB CR MSR
-------%------ Nº cm g
Apical herbácea 65,27 ab 61,11ab 2b 17,47ab 0,35ab
Apical semilenhosa 84,72a 84,72a 4,83ab 17,38ab 0,30ab
Subapical herbácea 75,00ab 73,61ab 7,00a 18,17a 0,49a
Subapical semilenhosa 58,33b 56,94a 1,83b 13,53b 0,22b
C.V (%) 22,01 24,37 63,19 14,7 31,76 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro.
Conforme Hartmann et al. (2011), para estacas herbáceas e semilenhosas, que não
apresentam teores elevados de substâncias de reserva, a manutenção das folhas e
consequentemente da fotossíntese, auxiliam no enraizamento, por representarem-se como
importantes locais de síntese de auxinas. Assim, em alguns casos não é necessário o
tratamento da estaca com hormônios exógenos. Resultado semelhante foi observado por
Leandro e Yuyama. (2008), que verificaram que estacas herbáceas com folhas inteiras e
folhas pela metade de castanha de cutia (Couepia edulis Prance), apresentaram maiores
percentuais de enraizamento sem o uso de AIB, porém estacas herbáceas e semilenhosas
sem folhas apresentaram um baixo percentual de enraizamento.Nesse contexto, Xavier et
al. (2009) relatam que os ganhos advindos da aplicação dos reguladores de crescimento
têm sido mais frequentes em material com maior dificuldade de enraizamento, seja por
questões genéticas ou em função do estágio de maturação dos propágulos.
Segundo Browse (1979), estacas semilenhosas são mais espessas e possuem
melhores condições de sobrevivência que as herbáceas, por apresentarem elevadas
quantidades de assimilados e, por isso podem produzir raízes sob condições menos
favoráveis. Estacas caulinares colhidas da parte apical do ramo apresentam maiores
percentuais de enraizamento, por apresentarem células meristemáticas com metabolismo
mais ativo e ausência ou menor quantidade de compostos fenólicos. Com isso, maior
concentração de promotores de enraizamento pela proximidade do sítio de síntese e a
menor diferenciação dos tecidos facilitam o enraizamento (HARTMANN et al., 2011;
FACHINELO et al., 2005). Tais afirmativas corroboram com resultados encontrados por
Ferreira et al. (2008), que trabalhando com a atemoieira ‘Gefner’ observaram maior
porcentagem de enraizamento em estacas apicais tratadas com AIB, em relação às estacas
36
medianas tratadas com o mesmo fitorregulador, com uma diferença de 50% superior para
as estacas apicais. Porém, Santos (2010), estudando o enraizamento de estacas herbáceas;
apicais, subapicais e medianas, de gravioleira tratadas com diferentes doses de AIB, não
obtiveram diferença entre os tipos de estacas, mas apenas para doses de AIB.
Oliveira et al. (2005) verificaram que estacas semilenhosas de pessegueiro tratadas
com IBA apresentaram melhores resultados quando comparados com as estacas herbáceas
que receberam as mesmas concentrações da auxina, demonstrando que o tipo de estaca foi
um fator limitante no enraizamento. Sodré e Marrocos (2009) afirmam que estaca
semilenhosa de cacau, localizada na ponta do ramo (apical), apresenta maior percentual de
enraizamento que estacas herbáceas ou lenhosas.
Para as variáveis CR e MSR, estacas herbáceas subapicais apresentaram melhores
resultados, com 18,1 cm de comprimento e 0,49 g de massa seca, porém não diferiram
estatisticamente das estacas herbáceas apicais e semilenhosas apicais. Santos (2010)
observou comprimento de 6,95 cm de raízes para estacas subapicais de gravioleira.
Faria e Sacramento (2003) afirmaram que as variáveis CR e MSR tendem a estar
mais bem correlacionadas com a qualidade final das mudas de cacaueiro, ou seja, quanto
maior a MSR e CMR, melhor a qualidade final da muda, possivelmente por estar, também,
mais bem correlacionada com as áreas ativas de absorção de água e nutrientes. De acordo
com Loss et al. (2008), mudas com melhor sistema radicular terão maiores chances de
sobrevivência, proporcionando melhor ancoragem quando transplantadas para o local
definitivo.
Segundo Frassetto et al. (2010), o incremento radicular ocorre devido ao uso de
substâncias que estimulem o metabolismo da planta e a posição das estacas na planta
(topófise), podendo diferenciar quanto ao conteúdo de auxinas, importantes na rizogênese
adventícia, e de carboidratos, que servirão como reserva energética e de material para a
construção de estruturas celulares necessárias para todos os processos fisiológicos da
planta.
37
FIGURA 2. Aspectos das estacas enraizadas de gravioleira: A) estaca
herbácea apical, B) estaca subapical do campo, C) estacas semilenhosa
apical, D) estaca semilenhosa subapical
CONCLUSÃO
Estacas herbáceas apicais e subapicais e estacas semilenhosas apicais de
gravioleira, em condições de nebulização intermitente, apresentam boa capacidade de
enraizamento, sem tratamento com regulador de crescimento.
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40
CAPÍTULO III - PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DA GRAVIOLEIRA POR
MINIESTAQUIA
RESUMO
Foi avaliado o enraízamento de miniestacas de gravioleira (apical herbácea e
subapical herbácea) coletadas no campo e no viveiro. As miniestacas foram padronizadas
com 7 cm de comprimento, com 3 e 4 gemas para estacas do viveiro e campo
respectivamente, base cortada em bisel e duas folhas cortadas ao meio. Em seguida foram
tratadas ou não com ácido indolbutírico (AIB 6.000 m kg-1
) e colocadas em tubetes
contendo substrato comercial e mantidos em câmara de nebulização do Centro de
Pesquisas do Cacau (CEPEC-CEPLAC), Ilhéus, BA. A avaliação foi efetuada aos 90 dias
após e instalação e foi observado que as miniestacas subapicais e apicais do viveiro, e
subapicais do campo apresentaram percentual de enraizamento de 97,3%, 88% e 88%
respectivamente, independente da aplicação de AIB e que as estacas subapicais do campo e
do viveiro e apicais do viveiro não apresentaram diferença para porcentagem de
enraizamento.
ABSTRACT
It was evaluated the rootinf of soursop minicuttings (apical and subapical
herbaceous) collected in the orchard and greenhouse. The minicuttings were standardized
with 7 cm long, with 3 and 4 buds for minicutting from greenhouse and orchard,
respectively, base cut in bisel and two half leafs. Following they were then treated or not
with butyric acid (IBA 6000 kg m-1
) and placed in tubets containing commercial substrate
and in kept in a mist chamber of the Cocoa Research Center (CEPEC-CEPLAC), Ilhéus,
BA. The evaluation was performed at 90 days and after installation and it was observed
that the apical and subapical minicuttings from the greenhouse, and the subapical field
were rooting percentage of 97.3% and 88% respectively, independent of the application of
IBA and the stakes subapical field and nursery and the nursery apical did not differ for
rooting.
41
INTRODUÇÃO
A técnica da miniestaquia é tida como um aprimoramento da estaquia, consistindo
manter as plantas em recipientes, no viveiro (jardim miniclonal) e, após a poda dos ápices,
as plantas emitem brotações que são coletadas em intervalos regulares e estaqueadas em
casa de vegetação, dando origem às mudas. Sodré (2007) cita o termo miniestaquia para
diferenciar o comprimento de estacas de cacau de 5 a7 cm. Para a cultura do eucalipto os
propágulos da miniestaquia para podem ter tamanho entre 4 e 8 cm (Xavier et al., 2009),
variando de acordo com o tamanho dos internódios e o vigor, enquanto Hartmann et al.
(2011) relata que para estaquia, para qualquer espécie essa variação é maior, entre 8 e 15
cm, dependendo do tipo de estaca.
Marinho et al. (2007) verificaram 67,5% de enraizamento em estacas semilenhosas
de gravioleira com 25 cm de comprimento, porém o enraizamento em porcentagem foi
superior em estacas de comprimento duas ou quatro vezes menores. O mesmo foi
verificado por Oliveira et al. (2008), que trabalhando com enraizamento de estacas de
Malaleuca alternifólia Cheel (Myrtaceae), observaram que estacas de 10 cm de
comprimento apresentaram melhores porcentagem de enraizamento em relação a estacas
com 15 e 20 cm. Santos (2010), estudando o comportamento de diferentes tipos de estacas
herbáceas de gravioleira, observaram que estacas com 2 folhas apresentaram uma melhor
capacidade de enraizamento que as estacas com 4 folhas; o comprimento de 12 cm e 6 cm
não influenciaram no enraizamento.
Em relação à técnica da estaquia convencional, a miniestaquia tem vantagens,
como: dispensa do jardim clonal de campo; maior produção de propágulos (miniestacas)
por unidade de área; necessidade de menores concentrações e, em alguns casos, a não
utilização de reguladores de crescimento vegetal e redução do tempo de formação da muda
(WENDLING et al., 2008). Além disso, há redução dos custos com transporte e coleta das
brotações, maior eficiência das atividades de manejo no jardim miniclonal (irrigação,
nutrição, manutenções e controle de pragas e doenças (XAVIER et al., 2003, SODRÉ e
MARROCOS, 2009).
Moreira (2010), estudando a relação custo benefício da propagação de eucalipto por
miniestaquia, testou estacas provenientes de campo e de viveiro e concluiu que o
estabelecimento de minijardins clonais em canteiros suspensos, quando comparado ao
jardim clonal de campo, possibilitou reduções significativas no custo de implantação e
42
manutenção e menor risco de ocorrência de doenças. Estacas do viveiro apresentaram
maior facilidade na etapa de enraizamento, na produção de mudas, e consequentemente,
aumento do índice final de aproveitamento das mudas.
Considerando que hormônios vegetais influenciam o processo de propagação,
aplicações de reguladores de crescimento têm possibilitado o enraizamento de propágulos
vegetativos, sendo o ácido indolbutírico (AIB), o mais utilizado (BRONDANI et al.,
2008). Segundo esses autores, para algumas espécies a aplicação de AIB é desnecessária
principalmente em material juvenil com boa capacidade de enraizamento. De acordo com
XAVIER et al. (2009) e SILVA et al. (2010), há um nível máximo para aplicação de AIB
e ganhos advindos da aplicação dos reguladores de crescimento tem sido mais freqüentes
em material com maior dificuldade de enraizamento, seja por questões genéticas ou em
função do estágio de maturação dos propágulos.
Pouco ou quase nada se conhece sobre a miniestaquia, como técnica de propagação
vegetativa aplicada a gravioleira, tanto a nível experimental como comercial, assim como
também estudos para investigar se há diferença entre a potencialidade de enraizamento de
estacas provenientes de matrizes do campo e as de casa de vegetação.
Desse modo este trabalho teve como objetivo avaliar respostas dos diferentes tipos
de miniestacas tratadas ou não com AIB.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado durante o período de Outubro de 2011 a Janeiro de
2012 na câmara de nebulização localizada no Centro de Pesquisa do cacau
(CEPLAC/CEPEC), Ilhéus, BA. (Figura1)
43
FIGURA 1. Experimento de estaquia de gravioleira em câmara
de nebulização (CEPEC/CEPLAC), Ilhéus, BA, 2012
Miniestacas apicais e subapicais de consistências herbáceas foram coletadas de
gravioleiras provenientes do campo e de matrizes envasadas em vasos de 2 com substrato
comercial, cultivadas em casa de vegetação. (Figura 2)
FIGURA 2. A) Gravioleira no campo, B) Gravioleira em casa de
vegetação
Preparo das estacas
O material para preparo das miniestacas provenientes do campo foi coletado de
gravioleiras do sitio Santo Antonio, Ilhéus, BA e transportado em caixas de isopor para a
câmara de nebulização do CEPEC. As outras miniestacas foram retiradas de matrizes
mantidas em casa de vegetação da CEPLAC.
A B
44
As miniestacas foram padronizadas com 7 cm de comprimento, com 3 e 4 gemas para
estacas do viveiro e campo respectivamente, com base cortada em bisel e duas folhas
cortadas ao meio (Figura 3).
Os tratamentos utilizados foram os seguintes: ACAS - miniestaca apical provenientes
do campo sem AIB, ACAC - miniestaca apical provenientes do campo com AIB, SCAS -
miniestaca subapical proveniente do campo sem AIB, SCAC - miniestaca subapical
provenientes do campo com AIB, ACVS - miniestaca apical proveniente casa de vegetação
sem AIB, ACVC - miniestaca apical proveniente de casa de vegetação com AIB, SCVS -
miniestaca subapical proveniente de casa de vegetação sem AIB, SCVC - miniestaca
subapical proveniente de casa de vegetação com AIB.
FIGURA 3. A) ramo herbáceo de matriz de gravioleiras do
viveiro; B) miniestacas provenientes de gravioleira de casa de
vegetação: apical à esquerda e subapical à direita; C) ramo
herbáceo de gravioleira do campo; D) miniestacas
provenientes de gravioleiras do campo: apical à esquerda e
subapical à direita
.
Após o preparo das miniestacas, suas bases foram tratadas com talco mineral sem
AIB ou com 6.000 mg.kg-1 de AIB em mistura com talco mineral e colocadas em tubetes
de 288 mL contendo o substrato constituído da mistura Holambra® e fibra de coco
triturada, na proporção volumétrica 1:1, enriquecida com Osmocot®(19-06-20) e PGmix®
(14-16-18), na proporção de 300 g de cada produto para 120 litros do substrato. Os tubetes
foram colocados em bandejas de 54 células e identificadas de acordo com os tratamentos e
C A
B D
45
repetições e levadas a câmara de nebulização com regime de 10 segundos a cada 5 minutos
das 6 as 18 h, a temperatura da câmara foi mantida em 28 ºC, durante todo o período, pelo
sistema de exaustão.
Durante a coleta, preparo e estaqueamento, as estacas foram freqüentemente
aspergidas com água para evitar a desidratação.
Delineamento Estatístico
Utilizou-se esquema fatorial 4 x 2, delineamento inteiramente ao acaso, sendo, 4
tipos de miniestaca (apical herbácea do campo, subapical herbácea do campo e apical
herbácea do viveiro e subapical herbácea do viveiro) e 2 níveis de reguladores de
crescimento (sem e com regulador), totalizando 8 tratamentos e três repetições com doze
estacas por parcela.
Características avaliadas nos ensaio
Foram avaliadas, após 80 dias os seguintes parâmetros: porcentagem de
sobrevivência, de enraizamento e de estacas com folhas remanescentes, além de número
médio de brotos, massa de matéria seca da parte aérea, das raízes primárias, das raízes
secundarias e total de raízes.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram realizadas pelo programa
computacional Sistema para Análise de Variância – SISVAR (FERREIRA, 2000). Os
dados em porcentagem foram transformados por arc sen (x/100)1/2, com a finalidade de
proporcionar a normalidade dos erros.
.
46
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância são apresentados na Tabela 1, onde se observa
que houve diferença significativa para todos os parâmetros relacionados ao tipo de
miniestaca, exceto número de brotos, e a interação entre os fatores foi significativa (P <
0,05) apenas para variável porcentagem de miniestacas com folhas remanescentes. A
presença e ausência de AIB não apresentaram efeitos significativos para as variáveis.
TABELA 1 – Resumo da análise de variância para os fatores tipo de miniestacas de
gravioleira, AIB e interação em relação à porcentagem de miniestacas sobreviventes (MS),
enraizadas (ME), com folhas remanescentes (MF), número de brotos (NB), massa seca de
raiz primeira-ordem (MSRP) e segunda ordem (MSRS) e massa seca total de raízes
(MSTR).
FATORES GL MS ME MF NB MSPA MSRP MSRS MSRT
QM
Miniestaca 3 10001,6* 9497,3
* 6377,6
* 2,5 ns 10,8
* 6,6
* 2,6
* 18,2
*
AIB 1 104,1 ns 26,0 ns 928,7* 6,0 ns 0,7 ns 0,0 ns 0,0 ns 0,05 ns
Ministaca*AIB 3 18,7 ns 72,3 ns 600,9
* 1,9 ns 0,4 ns 0,32 ns 0,1 ns 0,8 ns
Resíduo 16
Total 23
*: significativo (P<0,05), ns: não significativo,
Na Tabela 2 observa-se que os valores de MS e ME são iguais, sugerindo
que somente miniestacas enraizadas continuam sobreviventes. Observa-se que as
miniestacas ACA apresentaram os resultados significativamente inferiores de PES e PEE
com 12,5 % enquanto as ACV, SCV e SCA não diferiram entre si estatisticamente, e
apresentaram porcentagem de sobrevivência variando de 90 a 97% e de enraizamento de
88,8 a 97%. Os resultados demonstram um alto potencial de enraizamento, principalmente
quando comparada com resultados obtidos por Santos (2010), no qual estacas de
gravioleiras provenientes do campo, com 12 e 6 cm apresentaram 69 e 64% de
enraizamento.
Com relação à influencia de AIB, Kawaoka et al. (2010) relataram que a aplicação
exógena de auxinas em algumas espécies torna-se desnecessária, pois as plantas ativam a
expressão de auxinas endógenas para a rápida diferenciação de raízes. Considerando que o
uso de auxinas é tido como fator primordial para o incremento de raízes (FACHINELLO et
al., 2005), supõe-se que os níveis de auxina endógena presentes nas estacas utilizadas neste
47
experimento foram suficientes para formação de raízes, suposição também apresentada por
por Nascimento et al. (2011) com o enraizamento de microestacas de mirtileiro.
TABELA 2. Médias de porcentagem de miniestacas sobreviventes (MS) e miniestacas
enraizadas (ME); massa seca de parte aérea (MSPA), massa seca de raízes de primeira
ordem (MSRP), massa seca de raízes de segunda ordem (MSRS) e massa seca total de
raízes (MSTR) em diferentes tipos de miniestacas de gravioleira.
MINIESTACAS MS ME MSPA MSRP MSRS MSTR
-------------%--------- ----------------------g--------------------
Apical campo 12,5 b 12,5 b 0,11 b 0,18 c 0,12 b 0,31 c
Subapical campo 94,3 a 88,8 a 0,74 b 2,36 a 1,30 a 3,66 a
Apical c.vegetação 90,1 a 88,8 a 2,72 a 1,52 b 1,23 a 2,75 b
Subapical c.vegetação 97,3 a 97,3 a 2,71 a 2,45 a 1,65 a 4,11 a
C.V (%) 13 14,83 41,29 27,08 28,03 19,75
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade de
erro
Miniestacas SCV, apesar de apresentarem os maiores resultados para porcentagem
de miniestacas sobreviventes e enraizadas, não diferiu estatisticamente das miniestacas
ACV e das SCA, as miniestacas ACA apresentaram os menores resultados para todas as
variáveis. Pelizza et al. (2011) estudando o comportamento de microestacas de mirtilo
retiradas de diferentes porções do ramo, observaram que não houve diferença no
enraizamento de estacas apicais e subapicais, porém estacas subapicais apresentaram
maiores percentuais em sobrevivência. Conforme Pelizza et al.(2011) e Hartmann et al.
(2011), tal fato está relacionada à maior lignificação do material, posto que microestacas
apicais são menos lignificadas e, portanto mais sensíveis á desidratação e a morte.
Entretanto, Borges et al. (2011) estudando enraizamento de estacas apicais e subapicais de
eucalipto, observaram que estacas apicais apresentam maior predisposição ao
enraizamento. Além disso, vários fatores podem ter proporcionado menor índice de
sobrevivência das miniestacas ACA, assim como a exposição da planta as variações
climáticas e um manejo duvidoso quando comparado as miniestacas de matrizes cultivadas
casa de vegetação, com um maior controle de pragas, doenças e estado nutricional.
Conforme Paiva e Gomes (1993), as reservas parecem ser indispensáveis à
sobrevivência do propágulo até o seu enraizamento e posterior desenvolvimento. As
reservas em um nível adequado não só facilitam a emissão de raízes e aumentam o aparato
fotossintético, como também elevam a fotossíntese, onde boa parte das reservas se
48
transfere para a base da estaca, contribuindo para a formação dos primórdios radiculares.
(BASTOS, 2006).
Segundo Larcher (2000) a parte aérea apresenta uma grande importância no
fornecimento de fotoassimilados, os quais são produzidos nas folhas, e posteriormente
translocados para o sistema radicular. De acordo com Andrade (1997) fatores ambientais
podem interferir na produção desses fotoassimilados e conseqüentemente vão influenciar
no desenvolvimento do sistema radicular.
Com relação à variável massa seca de raízes de primeira ordem e de segunda-
ordem, as miniestacas SCA e SCV apresentaram significativamente os maiores resultados.
Segundo Nicoloso (1999); Hartmann (2011) e Fachinello (2005), estacas medianas
apresentam maiores teores de carboidratos, quando comparadas a apicais, com isso, existe
um maior incremento de raízes de ordem primária. Nicoloso (1999) observou que estacas
de Platanus acerifolia Ait com maiores diâmetros (estacas medianas), obtiveram maiores
incrementos de massa seca de raízes de primeira ordem e de segunda ordem, quando
comparadas com estacas herbáceas apicais. Tais parâmetros são de grande importância,
pois estacas com elevado incremento de raízes apresentam um melhor desempenho quando
colocadas no campo (Noor et al., 2009). Dentre as diversas funções do sistema radicular
das plantas, destacam-se três papeis fundamentais: manter a planta fixa ao substrato (raízes
de primeira ordem), absorver água e sais minerais (raízes de segunda ordem) e produzir
hormônios reguladores de crescimento (WEST, 2006). A maior parte da absorção é feita
pelas raízes de segunda ordem, por apresentar uma maior superfície de absorção. As raízes
mais velhas, embora possam absorver água e nutrientes, desempenham papel fundamental
no transporte dos assimilados pelas raízes finas mais jovens (raízes de segunda ordem), as
quais estão conectadas (LOPES, 2009).
De acordo com a Tabela 3, pode-se observar o desdobramento da interação
dos fatores: tipos de miniestacas e regulador, para a média de porcentagem de miniestacas
com folhas. Verificou-se que miniestacas ACV e SCV e SCA não apresentaram diferença
estatística na ausência de AIB, porém na presença de AIB, ACA apresentaram uma maior
queda de suas folhas. Para o tipo de miniestacas dentro do fator presença de AIB,
miniestacas ACV, ACA e SCA não apresentaram diferença, logo, miniestacas SCV
apresentaram decréscimo de aproximadamente 40% na presença de AIB.
49
TABELA 3. Desdobramento da Interação significativa entre tipos de miniestacas e AIB
para as médias de porcentagem de miniestacas com folhas remanescentes.
MINIESTACAS AIB
0 6.000 mg. kg -¹
Apical campo (%) 11,1 Ba 14,0 Ca
Subapical campo (%) 91,6 Aa 83,3 Aa
Apical c.vegetação (%) 69,3 Aa 66,6 ABa
Subapical c.vegetação (%) 91,6 Aa 50,0 Bb
C.V (%) 20,42
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro
Avaliações quinzenais de permanência de folhas na miniestaca podem ser
observadas na Figura 4, tendo sido observado que apenas miniestacas ACA
apresentaram pronunciada senescência de suas folhas logo nos primeiros dias. Tal fato
pode está relacionado as radiação do ambiente de cultivo e o fato de que as estacas
apicais são mais sensíveis quando comparadas as subapicais. Casagrande Junior et al.
(1999), estudando o efeito do sombreamento sobre compostos fenólicos em estacas de
araçazeiro, observaram que estacas em pleno sol apresentaram teores de compostos
fenólicos das folhas muito acima dos teores em folhas submetidas a sombreamento, uma
vez que os compostos fenólicos oxidam-se em contato com o oxigênio, esta reação
causa a necrose dos tecidos e a senescência dos mesmos.
Aos 30 dias iniciais, 100% das miniestacas SCA e SCV apresentavam folhas,
havendo inicio de senescência de folhas das miniestacas apicais sem AIB, porém aos 60
dias todas as miniestacas subapicais apresentaram uma pequena queda de suas folhas. As
miniestacas ACV mantiveram suas folhas até os 60 dias.
Considerando folhas como fontes de auxina e que as mesmas auxiliam no
enraizamento, assim como promovem a fotossíntese, sua permanência na estacas por sua
vez, contribuem para a iniciação de primórdios radiculares e crescimento das raízes.
(Hartmann et al., 2011) . O mesmo foi relatado por Nienow et al. (2010) em enraizamento
de estacas de quaresmeira e Santos et al. (2010) com gravioleira, os quais verificaram que
com o esgotamento das reservas, as estacas entraram em senescência e, na avaliação final,
foi verificado que apenas as estacas com retenção de folhas apresentavam-se enraizadas.
50
FIGURA 4. Avaliação quinzenal da permanência de folhas nos diferentes tipos de
miniestacas de gravioleira tratadas ao não com AIB. ACAS (apical campo sem AIB),
ACAC (apical campo com AIB), SCAS (subapical campo sem AIB), SCAC (subapical
campo com AIB), ACVS (apical casa de vegetação sem AIB), ACVC (apical casa de
vegetação com AIB), SCVS (subapical casa de vegetação sem AIB) e SCVC (subapical
casa de vegetação com AIB).
FIGURA 5. Aspectos das miniestacas enraizadas de gravioleira. A)
miniestaca apical do campo, B) miniestaca subapical do campo, C)
miniestacas apical casa de vegetação, D) miniestaca subapical casa de
vegetação.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
15 30 45 60 75
Po
rce
nta
gem
de
est
acas
co
m fo
lhas
Dias após estaquia
ACAS
ACAC
SCAS
SCAC
ACVS
ACVC
SCVS
SCVC
A D C B
51
CONCLUSÕES
O método da miniestaquia é um método viável a propagação vegetativa da
gravioleira, podendo ser utilizado partes apicais e subapicais dos ramos.
A aplicação de auxinas (AIB) não apresentou efeito no enraizamento de
miniestacas de gravioleira
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