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UNIVERSIDADE TUITUI DO PARANÁ
Alessandra Tiemy Souza Maruo
LAZER E TEMPO LIVRE: O LÚDICO E SUAS MANIFESTAÇÕES NOUNIVERSO INFANTIL
Curitiba2006
02
Alessandra Tlemy Souza Maruo
LAZER E TEMPO LIVRE: O LÚDICO E SUAS MANIFESTAÇÕES NOUNIVERSO INFANTIIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Cursode Educação Física da Faculdade de CiênciasBiológicas e da saúde da Universidade Tuiu!i doParaná como requisito parcial para obtenção do graude graduação.Orientador: Profa Mestre Cíntia Muller Angueski.
Curitiba2006
TERMO DE APROVAÇÃOALESSANDRA TIEMY SOUZA MARUO
LAZER E TEMPO LIVRE: O LÚDICO E SUAS MANIFESTAÇÕES NO UNIVERSO
INFANTIL
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do
titulo de Licenciado no programa de Educação Ffsica da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 05 de Junho de 2006
Coordenador de Educação Fisica
Orientador: ProP Mestre Cíntia Muller Angueski
Prol" Doutor Arno Krug - CAD.D.TCC
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família por sempre me apoiar e me dar força nas horas mais difíceis
e principalmente aos meus pais Sandra e Edno e meus irmãos Guta e Pedro.
A minha orientadora Profl Cintia que me ajudou e teve paciência e principalmente
competência, se não fosse ela este trabalho não seria concluído.
As minhas colegas e amigas de trabalho por me agüentarem reclamando e mesmo
assim, sempre deram a maior força cuidando da minha alimentação e sempre me
motivando para fazer o meu melhor.
Em especial a minha amiga Ale Tozin que sempre esteve por perto dando gtoques" e
que me ajudou a concluir todo o trabalho.
A todos os amigos que direta ou indiretamente colaboraram.
As crianças da "Casa da Criança" que me inspiraram e que se não fosse por elas este
estudo não teria sido realizado.
A todas as pessoas que passaram por esta fase da minha vida e que sempre vieram
acrescentar, mostrando que todos os sonhos podem ser realizados.
VALEU POR TUDO!
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06
1.11.21.31.3.11.3.2
JUSTIFICATIVA DO TEMA .PROBLEMA ..OBJETIVOS ...Objetivo Geral..Objetivos Específicos ...
. .. 06. 06
.... 06...... 07
. 08
2 REVISÃO DA LITERATURA 09
2.1 TEMPO LIVRE .. 092.2 HISTÓRIA DO LAZER... . 102.3 O LAZER E O TEMPO LIVRE 122.4 O LUDICO.. . 132.5 A CRIANÇA E O LÚDiCO 152.6 O LUDICO E A EDUCAÇÃO.. . 17
3 METODOLOGIA 19
3.1 TIPO DE PESQUISA... . 193.2 POPULAçÃO E AMOSTRA 193.2.1 População.. . 193.2.2 Amostra.. . 193.3 INSTRUMENTO... . 193.4 COLETA DE DADOS 19
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESUL TADOS 20
4.1 DADOS REFERENTES AO QUESTIONÁRIO APLICADO ÁS CRIANÇAS 21
5 CONCLUSÃO 27
6 REFERÊNCIAS 29
APÊNDICES 30
APÊNDICE 1 - VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO 31
APÊNDICE 2 - MODELO DO QUESTIONÁRIO 32
RESUMO
LAZER E TEMPO LIVRE: O LÚDICO E SUAS MANIFESTAÇÕES NO UNIVERSOINFANTIL
Autora: Alessandra Tiemy Souza MaruoOrientadora: Profl Mestre Cíntia Muller Angueski
Universidade Tuiuti do ParanáCurso de Educação Física
Este estudo apresenta o lazer e o tempo livre influenciando o aspecto lúdico
das crianças de 10 a 12 anos de ambos 0$ sexos, tendo como Objetivo geral verificar
como as crianças da "Casa da Criança" ocupam seu tempo livre e quais aspectos
lúdicos podem ser analisados em suas brincadeiras. O presente contexto traz a
definição sobre tempo livre, a história do lazer e relaciona o lazer e o tempo livre. Relata
sobre o lúdico e sua importância para as crianças mostrando como ele pode influenciar
em alguns fatores. Para obtenção dos resultados, através da coleta de dados, foi
utilizado um questionário, aplicado para 29 crianças de um projeto da prefeitura
municipal de Araucária,lsto é pesquisa descritiva do tipo questionário e através da
análise dos resultados foi possível observar que na maioria das respostas as crianças
têm mais que quatro horas de tempo livre diárias, sendo que nesses momentos elas
preferem brincar. As brincadeiras mais citadas foram o futebol, andar de bicicleta e
jogar vôlei. Foi possível observar que independente de qualquer fator o brincar ainda é
presente na vida dessas crianças mostrando que o lúdico ainda é manifestado pelas
mesmas, e que o utilizam também como forma de lazer.
Palavras chaves: Lazer, tempo livre, lúdico
Rua Atílio Benevenulo Furllan, 96, Boqueirão, 83703-200Araucária - ParanáE-mail: alessandra_maruo@yahoo.com.br
6
1 INTRODUÇÃO
LAZER E TEMPO LIVRE: O LÚDICO E SUAS MANIFESTAÇÕES NO UNIVERSO
INFANTIL.
1.1 JUSTIFICATIVA
o tempo livre, numa sociedade calcada na idéia de trabalho e normalmente em
oposição ao lazer, possui uma conotação via de regra, associada a uma idéia de "não
fazer nada de útil", Da mesma maneira a infância é entendida, como um tempo
'improdutivo' e o brincar como uma forma de "passar o tempo~ assim, aspectos
relevantes deixam da ser valorizados na infância, por esta mesma sociedade. No
entanto, muitos estudiosos, como destacaremos no decorrer deste trabalho,
preocupam-se com estes aspectos e procuram compreender como o fenômeno lúdico
pode ser fundamental na vida dos sujeitos e em especial na vida das crianças.
O tempo livre na infância é o momento em que a criança pode brincar
espontânea e livremente, também pode significar um espaço oportuno de aprendizado
e de socialização. Piaget e Vygotsky atentam para a importância do brincar, no
processo de desenvolvimento infantil, ou seja, brincando as crianças aprendem a
socializar-se, estimula a motricidade, os aspectos cognitivos, à criatividade, dentre
outros elementos. Podem significar um momento de divertimento, e por não implicar em
compromisso, planejamento ou seriedade e que envolvem comportamentos
espontâneos e geradores de prazer, podem ser relacionados aos aspectos constituintes
do lazer. Assim buscou-se verificar através desta pesquisa, quais as atividades lúdicas
são realizadas, com maior freqüência pelas crianças da "Casa da Criança Davi" em seu
tempo livre.
Segundo Waichman (1997), atividades recreativas podem ser um sistema, uma
idéia, uma brincadeira, um esporte não competitivo, tudo o que proporciona
entretenimento. O importante das atividades recreativas no tempo livre das crianças é
fazer com estas não fiquem sem fazer nada, tornando esse tempo tedioso. Assim a
diversão e o prazer devem ser priorizados nestes momentos e as brincadeiras são uma
forma típica de diversão, quem brinca se diverte.
Para 5antin (2001) wbrincar significa gerar a ludicidade para criar o universo do
brinquedo", dessa maneira o mundo lúdico não esta em um lugar, não é uma
instituição, não é uma atividade, não é real, entretanto ele pode acontecer a qualquer
momento a qualquer hora, em qualquer circunstância e em qualquer lugar desde que,
simplesmente alguém decida brincar. A ludicidade esta aí presente e viva em toda sua
plenitude. Este mesmo autor ressalta ainda que, wa ludicidade é fantasia, imaginação,
que se constrói como um labirinto de teias urdidas com materiais simbólicos e dessa
maneira se reflete através daquilo que somos e do mundo em que vivemos e podemos
experimentar através e unicamente pelo nosso corpo". Santin (2001) define também a
forma como o corpo se expressa através do lúdico, da seguinte maneira:
A corporeidade da atividade lúdica é como a sonoridade de uminstrumento musical. O som é inseparável do próprio instrumento, e o som nãose desvincula da melodia. O corpo melódico é formado pelas vozes de umcoral ou pelos sons de uma orquestra. Vozes e sons não são separáveis daspessoas e dos instrumentos musicais. Vozes. sons. pessoas e instrumentosmusicais formam um todo com a melodia. O brinquedo forma umasensibilidade corporal univoca e indivisível. e a melodia da corporeidade dobrinquedo chama-se alegria. (SANTIN, 2001, p.sa)
1.2 PROBLEMA
Como as crianças da "Casa da Criança Davi" ocupam seu tempo livre e quais
aspectos lúdicos podem ser analisados em suas brincadeiras?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Verificar como as crianças da "Casa da Criança Davi" ocupam seu tempo livre
e quais aspectos lúdicos podem ser analisados em suas brincadeiras.
1.3.2 Objetivos especificos
• Traçar o perfil das crianças e da família das crianças
• Analisar quais as brincadeiras são mais utilizadas pelas crianças no seu tempo livre.
• Analisar se as crianças brincam na rua por uma escolha pessoal, pelas imposições
sócio-econômicas em que vivem, ou por outros fatores relevantes.
• Analisar quantas horas disponíveis de qualquer obrigação às crianças identificam
em seu cotidiano e quais atividades são realizadas, por elas, com maior freqüência.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TEMPO LIVRE
Pode-se definir tempo livre na infância como o horário em que as crianças
estão fora da escola, utilizando o seu tempo disponível em atividades fora de tal
ambiente e também livre de outras obrigações domésticas e na realização de tarefas
escolares. Com o processo de escolarização, especialmente nos anos iniciais do
Ensino Fundamental as crianças desde que ingressam neste ambiente, possuem
horários e regras rígidas a cumprir. Assim, elas buscam atividades onde não haja
cobranças e que lhes dê a possibilidade de vivenciar com liberdade 05 momentos
destinados ao lazer, tornando o tempo livre um momento muito esperado pelas
crianças.
De acordo com Waichman (1983), tempo livre é aquele no qual não se estâ
sujeito a obrigação, e esse pode ser um tempo de liberdade para a liberdade. Jâ para
Marcelino (1980), tempo livre, não é apenas livre do trabalho, mas de outras obrigações
como: familiares, sociais, religiosas, destacando a qualidade das ocupações
desenvolvidas e sendo definido para este autor como ~tempo disponível".
O tempo livre das crianças deve ser um tempo de realização de atividades
agradâveis, fazendo com que estas exerçam todo seu potencial de ludicidade, não
ficando apenas como consumidoras passivas, frente a TV oU dos jogos eletrônicos e
virtuais. O aspecto lúdico assim deve ser valorizado nos divertimentos da criança,
levando em consideração que na infância, a imaginação, a fantasia, o brinquedo não
são meras atividades, que proporcionam o prazer e o lazer, mas antes de tudo são as
formas como a criança se percebe no mundo.
A criatividade e a imaginação das crianças não seguem regras, essas devem
ser desenvolvidas em momentos em que estão livres e podem colocar em prâtica
atividades do seu gosto buscando a diversão plena.
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Segundo Totti citado por Waichman (1997), o tempo cotidiano pode ser dividido
em cinco partes:
Tempo desocupado, ou seja, involuntário;
Tempo de trabalho ou de produção e que inclui o tempo de transporte e de trabalho
voluntário;
• Tempo fisiológico, necessário para comer, dormir, tomar banho, preocupar-se
consigo mesmo, fazer amor dedicar-se a um esporte;
Tempo cultural, dedicado a formação, ao ensino, à educação, à escola, à educação
de adultos, à cultura coletiva, ao turismo popular, às férias formativas, à participação
e a á gestão políticas etc;
• Tempo livre propriamente dito, é o tempo destinado para recreação, de auto-
humanização, que é produto de uma riqueza nova de nossa sociedade.
A todo o momento estamos sujeitos a obrigações e compromissos, tornando-se
difícil ter um tempo livre ou disponível, propriamente dito, mas o importante é que este
"tempo" seja bem aproveitado, buscando o bem estar e a diversão transformando-o
num momento de lazer e descanso.
2.2 HISTÓRIA DO LAZER
Segundo Camargo (2002), o termo lazer deriva do latim /icere que significa "ser
permitido" e não é um termo recente, surgiu na civilização greco-romana, como o
oposto do trabalho. O ideal do cidadão livre, tanto em Atenas como em Roma até a
consolidação do cristianismo, era a plena expressão de si mesmo nos planos físico,
artístico e intelectual.
Conforme Medeiros (1975) como uma forma universal de aproveitar o lazer, a
recreação foi difundida no Brasil com significados contraditórios, de um lado, o discurso
da recreação enfatiza a ética lúdica fundada na matriz etimológica latina recreare que
significa recriar, construir vida nova e de outro lado, as ações recreativas
implementadas dentro e fora da escola, compactua-se com a ética do modo de trabalho
capitalista, enfatizando a recreação como recreatio - recreatonem, que significa recreio,
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divertimento, entretenimento útil diversão, passatempo, distração, descanso.
Reconstruindo a recreação como recreare Johan Huizinga no clássico Hemo Ludens
(1980), realiza uma reflexão, muito difundida em nosso meio e que vem contribuindo
para a discussão sobre o componente lúdico do lazer. Em seus estudos, Huizinga
considera o lúdico como fenômeno cultural que tem como síntese o prazer, mas, ao
considerar como uma das características do lúdico a gratuidade, desvincula o jogo
lúdico do jogo da vida social.
Já Paulo Freire (1992; 1998) e Mikhail Bakhtin (1992), entendem que a
vivência lúdica se constitui nas interações nas quais os sujeitos buscam o prazer pelo
exercício da "liberdade" ao lidar com o tempo, ao ocupar espaços, ao recriar objetos,
materiais e atividades, em interações datadas e localizadas em um dado contexto social
e hislórico, influenciando-o e sendo influenciadas por ele (PINTO, 1995).
A civilização greco-romana como destaca Camargo (2002), inventou a cultura
do lazer, mas não soube nem quis democratiza-lá. Eram sociedades escravagistas e,
como tais, desprezavam os trabalhos manuais e mesmo o comércio. A economia da
época, rudimentar, não permitia que nem mesmo os homens mais progressistas
(filósofos e pensadores em geral) pudessem conceber aqueles benefícios estendidos
ao conjunto da população, e que para tanto fossem criados tempos de trabalho e de
lazer para todos, em vez de apenas tempo de lazer para uns poucos e apenas tempo
de trabalho para a maioria.
Por sua vez, conforme destaca este mesmo autor, a civilização cristã, que
concedeu à civilização greco-romana no Ocidente (século IV), tem duas vertentes
doutrinarias sobre o trabalhar e o brincar. A primeira, que ainda persiste no catolicismo,
é mais flexível e pode ser expressa por meio de duas "leis": a condenação do não-
fazer-nada e do divertimento em geral, origem de máximas que até hoje se repetem
como: "a ociosidade é a mãe de todos os vícios", "para cabeça vazia, o diabo arruma
serviço"; e a valorização, embora relativa, do trabalho, com valorização menor ainda do
produto monetário do trabalho, o dinheiro. O romance O Nome da Rosa, do escritor
italiano contemporâneo Umberto Eco, é um grande exemplo desse medo crônico da
religião ante o divertir-se.
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Camargo (2002) ainda cita outra vertente a da reforma protestante que
aconteceu no inicio do século XVI. Na época, a expansão do comércio, dos negócios e
dos bancos era cerceada pela igreja Católica, que condenava todas as formas de
acumulação de bens. Já as novas doutrinas religiosas englobadas sob a denominação
genérica de protestantismo, procuravam conciliar o capitalismo com e fé. O produto do
trabalho (riqueza) passou a ser encarado como bênção divina. O desconforto em
relação à diversão persiste até os dias atuais em todas as doutrinas religiosas, dai
ocorre o movimento cíclico e titubeante ora de incorporação, ora de rejeição dos signos
do lazer - roupas, gestos. posturas, música etc.
2.3 O LAZER E O TEMPO LIVRE
De acordo com Dumazedier (1980), um novo estilo de vida, pode ser atribuída
sobre tudo, a uma revolução cultural do lazer, iniciada por um movimento social,
integrada pelos elementos mais dinãmicos dos grupos de trabalho, por aqueles que
vivendo realmente o lazer, estão convencidos da necessidade de mudança. (apud,
MARCELlINO, 2000).
Esses grupos segundo Marcelino (2000), são os que se opõem a uma
concepção utilitarista da vida à preponderãncia do TER em detrimento do SER. Para
este autor, percebe-se no lazer o resultado de livre escolha, mas para ele existir énecessário que as obrigações cessem, outro objetivo do lazer é ser desinteressado sem
que haja lucros ou utilidades.
Segundo Dumazedier citado por Marcelino (2000), lazer é o conjunto de
ocupações ás quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar,
seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua
informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre
capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares e sociais. Outra definição é a de Requixa citado por Marcelino (2000), que
entende o lazer como ma ocupação não obrigatória, de livre escolha do individuo que a
vive, cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de
desenvolvimento pessoal e social.
13
Para Marcelino (2000), ao definirem lazer, os dois colocam ao mesmo tempo, o
que entendem por suas funções: o descanso, tanto físico quanto mental, o divertimento,
como superação da monotonia cotidiana verificada nas tarefas obrigatórias, e o
desenvolvimento da personalidade e da sociabilidade; e ainda distinguem o lazer do
ócio, uma vez que entendem o lazer como uma ocupação.
Dessa maneira, pode-se perceber que para que haja o lazer é preciso ter um
tempo livre, no entanto Waichman ressalta que, o tempo livre não é um ubem dado",
mas, uma construção tanto individual quanto social. Assim torna-se necessário um
aperfeiçoamento da liberdade no tempo, isto é o tempo livre, criando-se o acesso a
diferentes formas de cultura como diversão considerando, porém, que a final liberdade
é o próprio homem e sua participação efetiva e afetiva.
Também, para Camargo (2002), o lazer é a forma mais procurada de ocupação
desse tempo livre, seja para se divertir, seja para repousar, seja para se
autodesenvolver por meio da conversa, da leitura do esporte etc. Ressalta ainda, que
vivemos em uma civilização do tempo livre, em que este já é quase igual e ás vezes
maior do que do tempo de trabalho. Mas ainda estamos longe de uma civilização do
lazer, em que as pessoas saibam ocupar esse tempo livre com atividades que
efetivamente lhes divirtam e contribuam para o seu desenvolvimento pessoal.
2.4 O LÚDICO
Torna-se fundamental resgatar a cultura do mundo vivido pela criança de
forma lúdica, enfatizando o fenômeno lúdico e sua relevância, a partir da expressão
corporal e seu desenvolvimento social.
Segundo Penin (1989), à medida que consideramos o cotidiano dos alunos,
sua raiz cultural, o confronto com o cotidiano escolar e o cotidiano que eles vivem,
possibilitamos, um novo pensar e agir frente aos desafios que se colocam no interior
social.
A atividade lúdica, de acordo com Rocha (2005), é uma das formas pelas quais
a criança se apropria do mundo, e pela qual o mundo humano penetra em seu processo
14
de constituição enquanto sujeito histórico. Para a autora a teoria histór;cQMcultural
aborda o brincar privilegiando sua participação fundamental na constituição do sujeito,
orientado para o futuro. Ou seja, busca detectar quais elementos capacitam o indivíduo
a cada vez mais dominar conhecimentos, modos de ação e de relação entre o sujeitos
e os processos psicológicos necessários dentro de sua cultura, assim podendo
experimentar aquilo que não ~pode ser", não num sentido restritivo e direto, mas como
sujeito integrado na sua cultura. Assim a criança se utiliza representações do mundo
adulto com os quais estabelece relações, dessa maneira, torna-se um fator fundamental
de compreensão do universo infantil.
Reforçando esta idéia, Rocha (2005), parte do pressuposto de que "a
compreensão sobre o homem não pode prescindir (e, ao contrário, só pode emergir) da
análise dos fatores condicionantes da cultura, ou das condições sociais concretas de
vida que modulam o desenvolvimento do sujeitosn• Isto significa entender e revelar
como as formas de organização da sociedade e, em especial, o que se dispõe como
recursos semióticos, afetam e constroem os indivíduos, também, partindo-se da idêia
de que o homem tem uma natureza universal, independente de situações concretas de
vida, e das variadas relações sociais que ele estabelece ou que com lhe são
estabelecidas. Diante do exposto, esta mesma autora conclui que a motivação para
brincar deriva da própria criança, sendo, portanto essencialmente individual, e
determinada por inclinações e instintos biológicos inatos.
Vygotsky citado por Rocha (2005), considera "o brincar como zona de
desenvolvimento proximal por excelência. Atividade lúdica é identificada como espaço
privilegiado de emergência de novas formas de entendimento real, e que, por sua vez,
instaura espaços para o desenvolvimento em vários sentidos". Salientando que, na
atividade lúdica a criança "se torna" aquilo que ainda não ê, "age" com objetos que
substituem aqueles que ainda lhe são vetados, "interage" segundo padrões que se
mantém distantes do que lhe é determinado.
Nesta perspectiva, Rocha (2005), caracteriza a atividade lúdica como zona
proximal e como atividade principal da criança, apontando para o impacto que ela tem
sobre o processo de constituição do sujeito.
15
De acordo com Santin (2001), lúdico deriva de fudus (latim) que se pode
traduzir por jogo, que no sentido original latino significa divertir-se. Também o
significado léxico do lúdico está relacionado ao jogo e se refere a atividade lúdica das
crianças.
Caillois citado por Santin (2001) define lúdico como "atividade lúdica por
excelência" Esse conceito corresponde ao conceito de brinquedo ou brincadeira. A
palavra jogo, tradução de jocus (Iat.) em algumas línguas é utilizado como sinônimo de
lúdico.
Para Santin (2001) o lúdico seria aquela dimensão vivenciada quando se
prática alguma atividade enquanto diversão. Ainda comenta que na tradição grega,
encontra-se a mesma idéia na palavra paikso - divertir-se, e que no fundo esta idéia
remete ao modo de agir da criança, ou seja, pode ser este o modo primeiro de se
comportar dos seres humanos.
Santin ressalta, que em qualquer caso, a palavra lúdico preserva um sentido
primeiro, originário, interior e diferente do que acontece no jogo, como uma atividade
organizada por regras, e no esporte, como atividade voltada para performance e o
rendimento. Isso significa que o lúdico é uma maneira da criança se divertir, única e
exclusivamente, já a palavra jogo pode ter vários significados, e um deles pode
significar o rendimento, o ganhar e o perder ou aquilo que serve para jogar, exemplo,
um jogo de cartas.
2.5 A CRIANÇA E O LÚDICO
Ao estudar e pesquisar o desenvolvimento humano, neste caso o das crianças,
torna-se importante entender como ocorre o seu desenvolvimento lúdico, já que muitos
autores afirmam que a criança aprende através do lúdico, do imaginário. Através da
magia, do fantástico, a criança elabora suas perdas e ganhos, materializa seus desejos,
compartilha da vida animal, muda de tamanho, liberta-se da gravidade, fica invisível e,
assim comanda o universo por meio da sua onipotência. É quase impossível acreditar
16
que ela confunda ficção com realidade e inaceitável acreditar que durante os jogos a
criança seja passiva e acritica.
As atividades lúdicas ajudam a criança a construir uma base sólida que,
certamente, servirá de sustentáculo aos processos de desenvolvimento e
aprendizagem dessas crianças. Os jogos lúdicos representam uma estratégia para
mudança (relacionamento, comunicação, auto-estima), através desses aspectos torna-
se possível, uma experiência de vivência com o outro, ou seja, urna vivência grupal, em
clima de liberdade, de aceitação, de diálogo, de encontro, de comunicação, de
comunhão, em que as crianças podem descobrir-se, na sua identidade e nos seus
valores. O Santin (2001) ressalta ainda, "que é no brincar e somente no brincar que o
individuo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integrai".
(apudWINNICOn, 1975).
Rocha (2005), propõe três níveis de relação entre real e fantasia. Em primeiro
lugar, a fantasia se vincula com a realidade na medida em que toma elementos da
última, pertencentes â experiência anterior do sujeito. Tudo que se cria constitui-se a
partir de elementos tomados daquilo que se experiência, submetidos a modificações ou
reelaborações em nossa imaginação.
A capacidade de imaginação, por outro lado, possibilita a ampliação das
experiências quando, por exemplo, uma pessoa é capaz de imaginar alguma coisa a
partir da descrição que o outro faz dela. Ao ser capaz de construir, imaginariamente, o
que não viveu, baseando-se em relatos e descrições de outras pessoas, o sujeito
rompe o circulo de sua experiência concreta e pode se apropriar da experiência alheia,
transformando-se em sua.
Finalmente, ressalta Rocha (2005), o resultado da fantasia pode representar
algo completamente novo, não existente na experiência do homem e nem semelhante a
objeto algum real. Ao receber forma material, esta imagem cristalizada começa a existir
realmente no mundo, e a influir sobre ele. Deste modo, completa-se o círculo das
relações entre fantasia e realidade, em que os elementos do real, apropriados e
reorganizados, constituem a fantasia. (apud VYGOTSKI, 1987).
17
2.6 O LÚDICO E A EDUCAÇÃO
A sala de aula tem, entre outras características, uma intima relação com a idéia
de "ser uma coisa séria", não permitindo espaço para o divertimento e assim o rigor e a
disciplina são mantidos em nome dos padrões institucionais, o que torna o ambiente
infantil artificial, longe dos gostos das crianças. O brincar na escola, via de regra se
resume em ouvir histórias ou cantar algumas músicas. A hora do recreio e a hora da
saída se tornam talvez, os únicos momentos em que as crianças desnudam da
responsabilidade da escola para permitir-se brincar e ser criança.
No entanto, a escola na figura dos profissionais que nela trabalham, precisa se
perceber que através do lúdico as crianças têm chances de crescerem e se adaptarem
ao mundo coletivo. O lúdico deve ser considerado como parte integrante da vida do
homem não só no aspecto de divertimento ou como forma de descarregar tensões, mas
também como uma forma de penetrar no âmbito da realidade, inclusive na realidade
social.
Segundo Santin (2001), o lúdico é fundamental para preservar e desenvolver a
criatividade das crianças, essas razões não são apenas de caráter intelectual, mas
também de desenvolvimento biológico. Isto pode significar um importante fator para
introduzir o brinquedo na escola, porquê cada vez mais cedo as crianças são
introduzidas neste ambiente. Ou desde muito cedo são colocadas na luta pela
sobrevivência, tendo que cuidar de si mesmas, assim sendo obrigadas a assumir a
realidade precocemente ficando impossibilitadas de fantasiar.
Para Santin (2001), brincar é fantasiar, é criar espaços, mundos, personagens,
falas, em certos casos como fuga da realidade que se nega, em outros casos, como
reflexo da realidade que se quer, mas, em ambos os casos, desenhadas segundo os
desejos e o imaginário do seu criador, a criança. Assim ela cria um mundo que deseja,
e se autocria, naquilo que deseja ser.
E reforçado ainda por Santin (2001). que o brinquedo como invenção da
criança, torna-se um mediador entre ela e a realidade, dessa maneira ela vai aceitando
e integrando-se ao seu mundo sócio - cultural, portanto a criança que não brinca não
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faz essa medição e entra, sem um tempo de adaptação fantasiosa do brinquedo no
espaço agressivo adulto.
A brincadeira como é a principal maneira de a criança relacionar-se consigo
mesma, com os outros e o meio ambiente, além de ultrapassar a aquisição de
habilidades motoras, ela consegue ampliar as funções mais elevadas do cérebro, como
a imaginação, a inteligência, a percepção e a memória.
Cabe destacar que a escola pode oportunizar não somente uma vivência
lúdica, mas incentivar o aprendizado de novas experiências, novas brincadeiras, na
construção de brinquedos e o no resgate da cultura local, como formas de aprendizado
lúdico. Isto se justifica pelo fato de que, o lúdico também é um aprendizado e já que
muitas famílias, principalmente as de baixa renda, por razões diversas, não conseguem
oferecer aos seus filhos múltiplas experiências lúdicas, a escola não pode se omitir de
seu papel de construção da cidadania, que obviamente passa pela alegria do brincar.
19
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Esse trabalho se caracteriza como uma pesquisa descritiva do tipo
questionário. De acordo com Thomas e Nelson (2002), pesquisa descritiva do tipo
questionário se caracteriza como uma pesquisa que utiliza um questionário para se
obter respostas de pessoas de uma vasta área geográfica.
3.2 POPULAÇAO E AMOSTRA
3.2.1 População
A população desta pesquisa se constitui por crianças do município de
Araucária, integrantes do projeto "Casa da Criança Davi",
3.2.2 Amostra
A amostra se constitui de 29 crianças, de ambos os sexos, com idade entre 10
à 12 anos integrantes da ~Casa da Criança Davi~ da cidade de Araucária - Paraná.
3.3 INSTRUMENTO
o instrumento utilizado foi um questionário com perguntas abertas e fechadas
respondida pelas crianças e validado pelos professores.
3.4 COLETA DE DADOS
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Depois de solicitada autorização da instituição onde se realizaria a pesquisa. os
questionários foram entregues as crianças nos dias 24 e 26 de maio, nos turnos da
manhã e da tarde. As crianças tiveram 40 minutos para responder ao questionário
tendo que entregar no mesmo dia, com o acompanhamento da pesquisadora.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados coletados foram descritos após a análise dos questionários e os
resultados foram transformados em gráficos, utilizando-se de percentuais, para melhor
visualização dos resultados obtidos no estudo.
3.6 L1MITAÇOES DO ESTUDO
Uma amostra pequena e por não ser separado por gênero.
21
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 DADOS REFERENTES AO QUESTIONÁRIO APLICADO ÁS CRIANÇAS
Quadro 1 - Com quem moram as crianças, em números absolutos e percentuais.
RESP. QTO DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Pai O 0%
Mãe 9 31%
Pail Mãe 17 59%
Avós 3 10%
Outros O 0%
Observa-se no quadro 1, que a maioria das crianças moram com seus pais.
Seguido de 9 que moram apenas com suas mães, e as outras 3 que moram com os
avós. É importante observar que 31% e um percentual muito grande de crianças que
moram somente com a mãe mostrando a desestrutura das famílias.
Quadro 2 - Responsáveis pelas crianças trabalham fora de casa, em números
absolutos e percentuais.
TRABALHAM QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Sim, todos 15 52%
Sim, só mãe 9 31%
Sim, só pai 2 7%
Não 3 10%
Pode-se observar que com 15 respostas que mais da metade dos pais das
crianças trabalham, seguido de 9 que apenas onde apenas as mães trabalham, 2 que
sô os pais trabalham, e 3 que não trabalham.
22
Isto demonstra que nos momentos em que a criança não esta na escola ela
estará sem a companhia dos pais.
Quadro 3 - Horário de trabalho das pessoas com quem as crianças moram. Em
números absolutos e percentuais.
HORARIOS QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
8:00 ás 12:00 2 7%
8:00 ás 17:00 5 17%
12:00 ás 17:00 4 14%
outros 18 62%
Observa-se no quadro acima que com 18 indicações o horário de trabalho dos
responsáveis pela criança é diferente dos citados acima, e na grande parte das
respostas a carga horária dos responsáveis é maior que 8 horas diárias. Com 5
indicações o segundo item citado foi o horário das 8:00 ás 17:00, seguido de 4 com o
horário 12:00 ás 17:00 e 2 para o horário 8:00 ao 12:00.
Esle quadro reforça a idéia do que foi relalado no quadro 2, sendo que além das
crianças ficarem sem a companhia dos pais no horário regular de aulas, elas
permanecem mais de oito horas sem seus responsáveis.
Quadro 4 - As crianças ficam sozinhas em casa enquanto os pais trabalham, em
números absolutos e percentuais.
HORA RIOS QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Sim 6 20%
Não 11 38%
As vezes 13 45%
Observa-se no quadro 4, que 13 respostas demonstram que as crianças ficam
sozinhas ás vezes, seguido de 11 que não ficam sozinhas e 6 que ficam sempre
sozinhas.
23
Pode~se dizer, com base nos dados obtidos que a maioria das crianças, ficam
a maior parte de seu tempo, sozinhas, sem que tenham um adulto responsável pelos
seus afazeres ou acompanhando suas atividades durante o período em que não estão
na escola.
Quadro 5 - Ao sair da ~Casa da Criança" o que eles fazem, em números absolutos e
percentuais.
ATIV QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Brinca em casa 16 55%
Brinca na rua 4 14%
Trabalha em casa 4 14%
Trabalha fora O 0%
Não faz nda 2 7%
Outros 3 10%
Observa-se no quadro 5, que 16 respostas foram que as crianças brincam em
sua casa, seguido de 4 respostas de que elas brincam na rua e 4 que respondem que
trabalham em casa, 3 crianças responderam que exercem outras atividades citando
assistir tv, jogar vídeo game, jogar futebol e apenas 2 respostas as crianças dizem que
não fazem nada.
Quadro 6 - Por quanto tempo permanece na atividade do quadro acima, em números
absolutos e percentuais.
TEMPO QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
1 HORA 22 76%
2 HORAS 2 7%
3 HORAS O 0%
+4HORAS 5 17%
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Observa-se no quadro 6, que com 22 respostas as crianças nao permanecem
mais do que uma hora na mesma atividade, seguida de 5 respostas de crianças que
ficam mais que 4 horas e 2 que ficam duas horas na atividade.
Quadro 7 - Quanto tempo livre elas tem durante o dia,
TEMPO QTO OE RESPOSTAS PORCENTAGEM
1 HORA 5 17%
2 HORAS 6 20%
3 HORAS 2 7%
+4 HORAS 16 55%
Observa-se no quadro 7, que com 16 respostas mais de 50% dos crianças tem
mais que 4 horas de tempo livre durante o dia, seguido de 6 respostas com 2 horas de
tempo livre, 5 que tem apenas 1 hora e 2 com 3 horas de tempo livre no dia.
Quadro 8 - O que faz nas horas em que está em seu tempo livre, em números
absolutos e percentuais.
ATIV QTO OE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Brinca 15 52%
Trabalha O 0%
Estuda 9 31%
Não faz "da 1 3%
Outro 4 14%
Observa-se no quadro 8, que com 15 respostas mais da metade das crianças
escolhem brincar em seu tempo livre, 9 preferem estudar, 4 fazem outras atividades, e
apenas uma não faz nada.
Quadro 9 - Com quem as crianças brincam, em números absolutos e percentuais.
COM QUEM QTO OE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Vizinhos 6 20%
25
Colegas de sala 13 45%
Parentes 8 27%
Colegas da rua 2 7%
Observa-se no quadro 9, que em primeiro lugar as crianças preferem brincar
com seus colegas de sala de aula, em segundo com parentes com 8 respostas, seguido
de 6 respostas que preferem os vizinhos,e 2 brincam com quem estiver na rua e pedir
para brincar.
Quadro 10 - Brincadeiras que realizam com mais freqüência, em números absolutos e
percentuais.
BRINCADEIRA QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Futebol 17 18%
Bicicleta 12 13%
Vôlei 11 12%
Corda 10 11%
Pega-pega 9 10%
Esconder 8 8%
Bulica 5 I 5%
Videogame 4 4%
Queimada 3 3%
Bels 2 2%Pipa 2 2%
Assistir Tv 2 2%
J. Tabuleiro 2 2%
P. elástico 2 2%
Casinha 2 2%Botão 1 1%
Total 92 100%
26
Observa-se no quadro acima que das 92 indicações de brincadeiras realizada
com mais freqüência pelas crianças o futebol foi indicado 17 vezes, 12 indicações para
o andar de bicicleta, 11 para jogar vôlei, 10 para pular corda, 9 para pega pega, 8 para
brincadeira de esconder, 5 para bulica, 4 para videogame, 3 para queimada, bets, pipa,
assistir tv, jogos de tabuleiro, pular elástico, casinha tiveram 2 indicações e uma para o
jogo de botão.
Como não foi dado um limite de respostas algumas brincadeiras foram mais
citadas e ficaram com um maior indice de indicações que as outras. É importante
observar que as brincadeiras que ficaram nas primeiras colocações não são de caráter
lúdico.
Quadro 11 - Porque as crianças brincam, em números absolutos e percentuais.
TEMPO QTD DE RESPOSTAS PORCENTAGEM
Legal, 20 67%
diversão,
Prazer
Passar o 4 14%
tempo
Sentem-se 3 10%
feliz
Não tem outra 2 7%
coisa para
fazer
Pode-se observar que no quadro 11, que a maior parte da crianças
responderam que brincam porque acham legal, porque se divertem e sentem prazer, 4
responderam que brincam para passar o tempo, 3 porque sentem-se felizes quando
estão realizando a brincadeira, 2 duas porque não tem nada para fazer.
A pesquisa foi realizada com 29 crianças de ambos os sexos com idade de 10
a 12 anos, pois, segundo o coletivo de autores (1992), este é o ciclo de iniciação à
sistematização do conhecimento. Nele o aluno vai adquirindo a consciência de sua
27
atividade mental, suas possibilidades de abstração, confronta os dados da realidade
com as representações do seu pensamento sobre eles. Começa a estabelecer nexos,
dependências e relações complexas, representadas no seu conceito e no real aparente,
ou seja, no aparecer social. Ele da um salto qualitativo quando começa a estabelecer
generalizações.
As crianças dessa faixa etaria são capazes de realizar atividades que não
sejam apenas copiadas e sabem tomar decisões do que gostam de fazer e o que
querem fazer, podendo assim responder ao questionário sem maiores problemas.
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6 CONCLUSÕES E SEGESTÕES
o principal objetivo geral foi verificar como as crianças da "Casa da Criança"
ocupam seu tempo livre e quais aspectos lúdicos podem ser analisados em suas
brincadeiras. Essas crianças são de uma classe social baixa e para que elas possam
ter lazer necessitam de criatividade e imaginação para poderem se divertir, pois não
existem brinquedos prontos e nem pais que colaborem com seu tempo livre, já que
estes trabalham muito e acabam não influenciando em sua vida recreativa. O intuito
deste estudo é observar a utilização do lúdico e como este acaba sendo importante em
suas vidas.
Pode-se observar que as brincadeiras realizadas com freqOência em primeiro
lugar foi o futebol, segundo andar de bicicleta e em terceiro ficou o vôlei. As respostas
do porque elas gostam de realizar essas brincadeiras foram divididas em quatro partes,
a maior parte das respostas foram que elas brincam porque acham legal, se divertem e
sentem prazer quando brincam. Observa-se nessas respostas que estão vivenciando o
lúdico, porque toda atividade realizada por diversão se torna lúdica e também por
estarem fazendo aquilo que mais gostam, porém as brincadeiras caem em situação
competitiva e nem tanto criativas e a tendência e que o lúdico esteja cada vez menos
presente nas brincadeiras infantis.
Nota-se que mais da metade das crianças que responderam o questionário tem
mais que quatro horas de tempo livre durante o dia, e estes quando estão livres
preferem brincar ao fazer outra coisa. E ainda foi possivel perceber que elas gostam de
brincar com crianças da mesma faixa etária, analisando a resposta em que preferem
brincar com seus colegas de sala de aula, tornando assim a atividade compatível com o
nível de todas e tornando-a ainda mais interessante.
Um fator importante verificado no perfil das crianças foi a desestrutura familiar
em que elas se encontram, muitas não moram com os pais e que por serem de um
classe social baixa passam grande parte sozinhas em casa, pois os responsáveis
necessitam trabalhar muito para manter a família, e vale ainda ressaltar que por esse
motivo os jogos eletrônicos foram pouco citados nas brincadeiras.
29
Independente do fator econômico e da falta de qualidade de lazer que estas
sofrem, pois nem mesmo nas suas férias ou finais de semana elas tem condições de
fazerem programas diferentes devido às dificuldades econômicas e também pela falta
de participação dos pais nestes momentos, mesmo assim, estas crianças conseguem
brincar tornando o lúdico sempre presente em sua vida, e sempre criando novas
brincadeiras para poderem ocupar esse tempo. Quando brincam esquecem sua
realidade e divertem-se esquecendo dos problemas que passam, e afirmam em várias
respostas que se sentem felizes e alegres quando estão junto de seus colegas
realizando aquilo que mais gostam o brincar.
30
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, L.O.L. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 2002.
HUIZINGA,J. Homo ludens. 5 ed São Paulo, Perspectiva, 2001.
MARCELLlNO, N.C. Estudos do lazer: uma introdução. 2 ed São Paulo, Autores
Associados, 2000.
MARCELLlNO, N.C. Lazer e Educação. 7 ed São Paulo, Papirus, 1987.
MARCELLlNO, N.C. Lazer e humanização. 4 ed São Paulo, Papirus, 1983.
ROCHA, L.M.P.S.M. Não brinco mais: a (des)construção do brincar. 2 ed Ijui, Unijui,
2005.
SOARES, L.C, TAFFAREL, Z.N.C, VARJAL, E., FILHO, C. L, ESCOBAR. O.M,
BRACHT, V. Metodologia do ensino da educação física! coletivo de autores. São Paulo,
Cortez, 1992.
SANTIN,S. Educação Fisica: da alegria do lúdico a opressão do rendimento. 3 ed Porto
Alegre, EST, 2001.
WAICHMAN,P. Tempo livre e recreação: Um desafio pedagógico. São Paulo, Papirus,
1997.
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APÊNDICE 1 - VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO
Prezada (a) professor (a)
Eu, Alessandra Tiemy Souza Maruo, acadêmica da Universidade Tuiuti do
Paranâ do curso de Educação Física, 7° período, pretendo realizar um estudo, para
efeito do trabalho de Término de Curso, que tem por objetivo geral verificar como as
crianças da ~Casa da Criançan ocupam seu tempo livre e quais aspectos lúdicos podem
ser analisados em suas brincadeiras", cujo trabalho é intitulado ~O lúdico o lazer e as
formas de serem utilizados no tempo livre das criançasft
• Solicito assim, a sua
colaboração no sentido de analisar e opinar sobre o instrumento apresentado.
Agradeço antecipadamente a sua colaboração e coloco-me à disposição para
quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.
Atenciosamente,
Alessandra Tiemy Souza Maruo
R: Atilio B. Furlan, 96
CEP: 83703-200 - Araucaria IPr
Email: alessandramaruo@yahoo.com.br
PROFESSOR (A) VALlDADOR (A)
Nome: _
Formação (curso, areal _
Grau que detêm: _
Tempo de serviço: _
Unidade onde atua: _
Opinião _
Assinatura
Curitiba, 04 de maio de 2006.
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APÊNDICE 2 - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS CRIANÇAS
NOME: _
IDADE: _ SÉRIE: _
1 - Com quem você mora?
PaiMãePai e MãeAvósOutros familiares. Quais: _
2 - Os responsáveis por você trabalham fora de casa?
) Sim, todos) Sim, só a mãe) Sim, só o pai) Não trabalham
3 - Qual o horário de trabalho das pessoas com quem você mora?
) 8:00 as 12:00) 8:00 as 17:00) 12:00 as 17:00) Outros _
4- Você fica sozinho em casa enquanto seus pais (responsáveis) trabalham?
( )Sim( ) Não( ) As vezes
5 - Ao sair da "Casa da Criança~ o que você faz?
Brinca em casaBrinca fora de casa, na rua e seus arredores.Trabalha em casaTrabalha fora de casaNão faz nadaOutros _
J
34
6 - Por quanto tempo você permanece nesta atividade?
) 1 hora) 2 horas) 3 horas) mais que 4 horas
7 - Quanto tempo livre de qualquer obrigação como escola, trabalho em casa, tarefasescolares, você tem durante o dia?
) 1 hora) 2 horas) 3 horas) mais que 4 horas
8 - O que você faz nas horas em que está em seu tempo livre? Inclusive nos finais desemana?
) Brinca) Trabalha) Estuda) Não faz nada) Outro _
9 - Quais são seus companheiros de brincadeiras?
VizinhosColegas de sua sala de aula na escolaParentesQuem estiver na rua e pedir para brincar
10- Quais são as brincadeiras que você realiza com mais freqüência?
11 - Porque você realiza estas brincadeiras?
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