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Universidade Estadual de Maringá Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção
Evento Kaizen como método de implantação de melhorias
Tadeu da Silva Galdino
TCC-EP-110-2013
Maringá - Paraná
Brasil
ii
Universidade Estadual de Maringá
Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Produção
Evento Kaizen como método de implantação de melhorias
Tadeu da Silva Galdino
TCC-EP-110-2013
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de
graduação em Engenharia de Produção na Universidade
Estadual de Maringá – UEM.
Orientador: Prof. Msc. Rafael Germano Dal Molin Filho
Maringá - Paraná
2013
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por conceder um caminho cheio de paz, alegria e amor e por
me dar força para alcançar meus objetivos.
Agradeço toda minha família pela força e confiança que depositaram em mim, em especial
minha mãe Mariza Helena, meu pai Roberto Galdino, meus irmãos Mateus e Tiago e ao meu
sobrinho Guilherme, pelo amor e principalmente pelas lições de honestidade e humildade que
sempre me passaram.
Agradeço a todos meus amigos da Republica Alto da Colina (Abeia, Daniel, Tiaguinho, Pneu,
Gersinho, Leticia, Baiano, Bolão, Tito e Minot), aos amigos da Republica Porcada ( Tetinha e
Maverik) e aos meus amigos de sala ,principalmente Ângelo, Flavinho, Jay, João, Guisão e
Eddie, que me deram alegria e o sentimento de estar em família nesses anos em Maringá, e
que sem eles essa etapa seria muito mais difícil de ser concluída.
Agradeço também a Empresa Noma do Brasil e todos os funcionários que tive o prazer de
trabalhar e os quais me ensinaram muito, enfim a todas as pessoas que de alguma forma
contribuíram de maneira positiva nesta etapa tão importante de minha vida.
E em especial agradeço também ao professor orientador Rafael Filho que com sua humildade
e paciência, não mediu esforços para me ajudar na conclusão deste trabalho.
iv
RESUMO
Atualmente devido à crescente concorrência entre as indústrias em escala global existe a
necessidade eminente de busca por diferenciais competitivos. Para isso, elas buscam técnicas
que auxiliam na eliminação de desperdícios, redução de custos e no seu respectivo aumento
de produtividade. Algumas das principais técnicas para esta finalidade estão alicerçadas no
Sistema Toyota de Produção ou Lean Manufacturing. Este trabalho apresenta um estudo de
caso de aplicação de um Evento Kaizen, que é uma filosofia para a prática a nível operacional
do Lean, em uma célula de montagem de uma empresa do setor metal mecânico. A
comparação dos dados da situação atual da célula e após a aplicação do Evento Kaizen
mostram os benefícios da implantação de conceitos do Sistema Toyota de Produção ou Lean
Manufacturing, atingidos em um curto prazo através do trabalho de uma equipe
multifuncional. Alguns dos principais resultados foram a redução de movimentação na célula
em 37%, diminuição do quadro de colaboradores em 12,5% e aumento de produtividade em
19%.
Palavras-chave: Sistema Toyota de Produção, Evento Kaizen, Desperdícios.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................................... VII
LISTA DE QUADROS......................................................................................................................................... IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................................................... X
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 1
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................................... 1 1.2 DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................................................. 2 1.3 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................................ 2
1.3.1Objetivos Específicos ...........................................................................................................................................2 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................................... 3
2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................................... 4
2.1 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE .................................................................................................................... 4 2.1.1. TQC – Controle da Qualidade Total ...................................................................................................... 4 2.1.2 TQM – Gestão da Qualidade Total ........................................................................................................ 4
2.2 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5 2.3 OS SETE DESPERDÍCIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO ...................................................................................... 7
2.3.1 Desperdício de Superprodução ............................................................................................................. 7 2.3.2 Desperdício por tempo disponível (espera) ........................................................................................... 8 2.3.3 Desperdício em Transporte ................................................................................................................... 8 2.3.4 Desperdício do processamento em si .................................................................................................... 9 2.3.5 Desperdício de estoque disponível (estoque) ........................................................................................ 9 2.3.6 Desperdício de Movimento ................................................................................................................... 9 2.3.7 Desperdício de produzir produtos defeituosos .................................................................................... 10
2.4 OS CINCO PRINCIPIOS DO LEAN MANUFACTURING ................................................................................................... 10 2.4.1 Especificação do Valor ........................................................................................................................ 10 2.4.2 Identificação da cadeia de valor ......................................................................................................... 11 2.4.3 Fluxo de valor ...................................................................................................................................... 11 2.4.4 Produção Puxada ................................................................................................................................ 12 2.4.5 Busca da Perfeição. ............................................................................................................................. 13
2.5 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING............................................................................................. 13 2.5.1 Kanban ................................................................................................................................................ 14 2.5.2 Mapa de fluxo de valor ....................................................................................................................... 17 2.5.3 5S ........................................................................................................................................................ 18 2.5.4 SMED - Single Minute Exchange Die – Troca Rápida de Ferramenta .................................................. 20 2.5.5 Poka Yoke ............................................................................................................................................ 21 2.5.6 Trabalho Padronizado ......................................................................................................................... 21 2.5.7 Gestão Visual ...................................................................................................................................... 23 2.5.8 Kaizen .................................................................................................................................................. 23
2.5.8.1 Evento Kaizen ................................................................................................................................................24
3. DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................................................26
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................................................. 26 3.2 DESENVOLVIMENTO DAS ETAPAS METODOLÓGICAS ................................................................................. 26
3.2.1 Revisão Bibliográfica ........................................................................................................................... 26 3.2.2 Levantamento dos Potenciais de Melhorias e Escolha do Tema ......................................................... 26 3.2.3 Escolha do Tema ................................................................................................................................. 27 3.2.4 Definição da Data de Realização ........................................................................................................ 27 3.2.5 Definição das Metas............................................................................................................................ 27 3.2.6 Avaliação da Diretoria do Tema .......................................................................................................... 28 3.2.7 Formação do Time .............................................................................................................................. 28 3.2.8 Treinamentos e Desenvolvimento do Time ......................................................................................... 28
vi
3.2.9 Realização do Evento Kaizen ............................................................................................................... 28 3.2.10 Acompanhamento das Ações de 30 dias .......................................................................................... 29 3.2.11 Apresentação dos Resultados Alcançados ........................................................................................ 29 3.2.12 Entrega de Brindes e Certificados de Participação ........................................................................... 30
4. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................................31
4.1 CARACTERIZAÇÕES ........................................................................................................................................... 31 4.1.1 Caracterização da Empresa ................................................................................................................ 31 4.1.2 O setor de Pré-Montagem .................................................................................................................. 36 4.1.3 A célula de Operação .......................................................................................................................... 39
4.2 APRESENTAÇÃO DO EVENTO KAIZEN .................................................................................................................... 42 4.2.1 Escolha do Tema e Metas ................................................................................................................... 42 4.2.2 Formação do Time .............................................................................................................................. 42 4.2.3 Realização do Evento Kaizen ............................................................................................................... 43
4.2.3.1 Abertura ........................................................................................................................................................45 4.2.3.2 Treinamentos e Desenvolvimento da Equipe ................................................................................................47 4.2.3.3 Mão na Massa ...............................................................................................................................................58 4.2.3.4 Apresentação dos Resultados do Evento Kaizen ...........................................................................................62 4.2.3.5 Entrega de Brindes e Certificados de Participação e Encerramento do Evento Kaizen .................................72
5. CONCLUSÃO ..........................................................................................................................................75
5.1 CONTRIBUIÇÕES ............................................................................................................................................... 75 5.2 DIFICULDADE E LIMITAÇÕES ............................................................................................................................... 75 5.2 PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS ................................................................................................................... 76
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................77
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo de Produção Puxada ................................................................................... 13 Figura 2 - Cartão Kanban de Produção .................................................................................... 16
Figura 3 - Cartão Kanban de Movimentação ........................................................................... 16 Figura 4 - Mapa do Fluxo de valor ........................................................................................... 18 Figura 5 - Níveis de Kaizen ...................................................................................................... 24 Figura 6 - Organograma geral da empresa ............................................................................... 34 Figura 7 - Organograma da área produtiva ............................................................................... 35
Figura 8 - Interação entre Processos Pré-Montagem ................................................................ 37 Figura 9 - Layout Pré Montagem ............................................................................................. 37 Figura 10 - Mapa de Processos Pré-Montagem ........................................................................ 38 Figura 11 - Layout Células Robôs 1 e 2 ................................................................................... 39
Figura 12 - Modelo de Ferragens produzidas nas células ........................................................ 40 Figura 13 - Modelo de tampa utilizando um modelo de ferragens montadas na célula ........... 40 Figura 14 - Conjunto tampas utilizados nos equipamentos Graneleiros .................................. 41
Figura 15 - Modelo de Equipamento Graneleiro ...................................................................... 41
Figura 16 - Abertura do Evento Kaizen .................................................................................... 47 Figura 17 - Equipe na sala preparada para o Evento Kaizen .................................................... 48 Figura 18 - Treinamentos ......................................................................................................... 49
Figura 19 - Fluxograma de Processo ........................................................................................ 50 Figura 20 - Carta AV/NAV ...................................................................................................... 51
Figura 21 - Elaboração do Gráfico "Espaguete" ...................................................................... 53 Figura 22 - Caminhada na Fábrica ........................................................................................... 54 Figura 23 - Realização Brainstorming ...................................................................................... 55
Figura 24 - Membros da equipe durante o café ........................................................................ 56 Figura 25 - Priorização das Ideias pelo Quadro de Impacto .................................................... 57
Figura 26 - Mão na Massa ........................................................................................................ 59 Figura 27 – Cavalete para preparação das ferragens após a operação de solda ....................... 60
Figura 28 - Caixa para armazenamento das peças utilizadas na montagem das ferragens ...... 60 Figura 29 - Carrinhos para movimentação dos racks ............................................................... 61 Figura 30 - Layout mostrando os itens a serem eliminados no 5S ........................................... 61 Figura 31 - Aplicação 5S .......................................................................................................... 62
Figura 32 – Ferramentas para operação de verificação e eliminação de respingos antes e após
Kaizen ....................................................................................................................................... 63 Figura 33 – Comparação entre os métodos para movimentação dos racks antes e após o
Kaizen ....................................................................................................................................... 64 Figura 34 – Comparação entre as formas de armazenamento de peças antes e após o Kaizen 64
Figura 35 – Comparação entre os Gráficos “Espaguete” mostrando a diminuição de
movimentação do operador antes e após o Kaizen ................................................................... 65
Figura 36 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S ........................................................ 66 Figura 37 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S ........................................................ 66 Figura 38 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S ........................................................ 67 Figura 39 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S ........................................................ 67 Figura 40 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S ........................................................ 67
Figura 41 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S ........................................................ 68 Figura 42 – Padronização da movimentação dos racks após o evento Kaizen......................... 68 Figura 43 - Equipe apresentado os resultados alcançados no encerramento ............................ 72
Figura 44 - Brindes de Participação ......................................................................................... 72
viii
Figura 45 - Certificado entregue pela diretoria aos participantes do Evento Kaizen ............... 73
Figura 46 - Equipe Kaizen Célula de Ferragens Robô 1 e Robô 2 ........................................... 74
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Equipe Kaizen ........................................................................................................ 43 Quadro 2 - Cronograma de recursos Evento Kaizen ................................................................ 44
Quadro 3 - Agenda Evento Kaizen ........................................................................................... 46 Quadro 4 - Dados da Célula antes do Kaizen ........................................................................... 52 Quadro 5 - Ações "Mão na Massa" .......................................................................................... 58 Quadro 6 - Quadro comparativo entre os dados antes e após a aplicação do Kaizen ............... 70 Quadro 7 - Kaizen 30 Dias ....................................................................................................... 71
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
PPCP Planejamento, Programação e Controle de Produção
STP Sistema Toyota de Produção
TQC Controle da Qualidade Total
TQM Gestão da Qualidade Total
1
1. INTRODUÇÃO
É interesse que toda organização busque o destaque dentro do mercado consumidor, para isso
é essencial o fornecimento de produtos de qualidade. Visando a satisfação do cliente é
necessário que empresa esteja sempre em processo de melhoria continua, focando no aumento
da qualidade, redução de custos de produção, eliminação dos desperdícios e na flexibilização
dos meios de produção, buscando melhor competitividade dentro do mercado.
Dentro deste contexto, a utilização de ferramentas do Sistema Toyota de Produção (STP) é de
essencial importância. Para Slack et al. (2009), o sistema Toyota de Produção sincroniza de
forma simultânea, todos os seus processos para atingir alta qualidade, tempos rápidos de
atravessamento e excepcional produtividade.
Para Martins et al. (2005), o Sistema Toyota de Produção levou a montadora de automóveis
Toyota a resultados muito superiores aos obtidos pelas montadoras norte-americanas e
europeias, que adotavam naquela época o tradicional sistema de produção em massa.
Segundo Slack et al. (2009), a abordagem do Sistema Toyota de Produção de gerenciar
operações é fundamental em fazer as coisas simples, em fazê-las cada vez melhor e (acima de
tudo) em eliminar todos os desperdícios em cada passo do processo.
O presente trabalho avaliará os processos produtivos no setor de pré-montagem de uma
indústria de implementos rodoviários do setor metal mecânico, propondo melhorias que
buscam o aumento da qualidade, produtividade e a eliminação de processos que não agregam
valor ao produto final, a partir da realização de um Evento Kaizen.
1.1 JUSTIFICATIVA
A escolha da ferramenta Kaizen do Sistema Toyota de produção como base deste trabalho se
justifica devido a sua importância nas organizações que buscam formas de produções mais
adequadas para o aumento da competitividade e melhoria continua, e também pelo objetivo da
empresa em aplicar o pensamento enxuto do Sistema Toyota de Produção em todas suas
linhas de produção, buscando a eliminação de desperdícios a padronização de processos sem a
necessidade de grandes investimentos.
2
1.2 DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
A empresa em estudo é umas das mais importantes e bem sucedidas fabricantes brasileiras de
implementos rodoviários consolidando-se nos últimos anos como a quarta maior no mercado
interno. Os implementos são produzidos em um conceito de linha de montagem, no entanto
apresenta problemas relacionados ao desperdício em movimentação e materiais e até mesmo
na forma de produção em si. Situada no parque industrial na cidade de Sarandi-PR, sua planta
contempla uma área de aproximadamente 175 mil m², e possui cerca de 1400 funcionários.
O trabalho será realizado em uma célula de montagem e soldagem no setor de pré-montagem
em um indústria metal mecânica, com objetivo de propor métodos e ações visando a
eliminação dos sete desperdícios característicos do Sistema Toyota de Produção reduzindo os
processos que não agregam valor, buscando uma maior produtividade e qualidade dos
produtos.
1.3 OBJETIVO GERAL
Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso de aplicação da metodologia
de melhoria continua Kaizen, utilizando conceitos de qualidade e do Sistema Toyota de
Produção, em uma célula de montagem em uma indústria metal mecânica.
1.3.1Objetivos Específicos
De forma a compor o objetivo geral, os objetivos específicos são:
Realizar a coleta de dados e o monitoramento da célula antes da aplicação do Evento
Kaizen;
Aplicar os conceitos de Qualidade e Sistemas Toyota de Produção, por meio da
realização do Evento Kaizen;
Comparar os resultados dos processos anteriores à aplicação do evento Kaizen com os
obtidos posteriormente.
3
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho apresenta em sua estrutura iniciando-se pelo item 1 com uma análise da
importância da utilização de ferramentas de produção enxuta dentro das empresas que buscam
melhores resultados.
Seguindo o trabalho no item 2 , será apresentada a revisão bibliográfica, onde serão
apresentados temas que contribuíram para o desenvolvimento do estudo de caso.
No item 3 apresenta o desenvolvimento do estudo de caso e as metodologias utilizadas.
O item 4 apresenta o estudo de caso a partir da aplicação das etapas apresentadas no
desenvolvimento, os resultados alcançados serão apresentados neste item.
Por fim, no item 5 será apresentada a Conclusão obtida a partir da aplicação do estudo,
juntamente com as dificuldades e limitações encontradas e propostas para trabalhos futuros.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo serão apresentados os conceitos que servirão de base para este trabalho:
Sistema de Gestão da Qualidade (TQC e TQM), Sistema Toyota de produção, os Sete
Desperdícios do Sistema Toyota de Produção, Os Cinco Princípios do Lean Manufacturing e
as Principais Ferramentas do Lean Manufacturing.
2.1 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE
2.1.1. TQC – Controle da Qualidade Total
Para Carvalho et al. (2005), considera o controle da qualidade total (TQC) como o
desenvolvimento, o projeto, o marketing e os serviços com o melhor custo-benefício para que
os clientes venham adquirir os produtos com satisfação, e que para atingir tais objetivos é
necessário que a organização funcione de forma conjunta, ou seja, o TQC tem como
requisitos o envolvimento de todas as áreas funcionais nas atividades direcionadas à obtenção
da qualidade, além da melhoria e utilização de métodos estatísticos.
Outro ponto do TQC é o Hoshin Kanri (gerenciamento pelas diretrizes), que direciona o foco
organizacional às metas da organização por meio do desdobramento dessas metas e do
envolvimento e autonomia dos funcionários na gestão das atividades diárias da organização,
baseando-se no ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), utilizando um sistema integrado de
procedimentos que encorajam os funcionários a analisar as situações, estabelecer planos de
melhoria, conduzir auditorias de desempenho e tomar as ações apropriadas, sejam para
correção ou progresso mais acentuado.
2.1.2 TQM – Gestão da Qualidade Total
Segundo Slack et al (2009), a noção de gestão da qualidade foi introduzida por Feigenbaum
em 1957, a partir dai, foi desenvolvida por vários “gurus da qualidade”, cada um deles
enfatizando um conjunto diferente de questões, de onde emergiu a abordagem de TQM em
melhoria de Operações. Embora os gurus da qualidade pareçam recomendar soluções para
trazer melhorias às organizações, todos falam a mesma “língua” usando dialetos diferentes.
TQM é mais bem entendida como uma filosofia de como abordar a administração da
5
qualidade, acima de tudo enfatizando o “total” de TQM. Essa totalidade pode ser resumida
pela forma que TQM enfatiza os seguintes assuntos:
Atendimento das necessidades e expectativas dos consumidores;
Inclusão de todas as partes da organização;
Inclusão de todas as pessoas da organização;
Exame de todos os custos relacionados com a qualidade, especialmente custos de
falhas;
Fazer “as coisas certo da primeira vez”, por exemplo, enfatizando a construção da
qualidade em vez de apenas sua inspeção;
Desenvolvimento de sistemas e procedimentos que apoiem qualidade e melhoria;
Desenvolvimento de um processo de melhoria continua.
2.2 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
O sistema Toyota de Produção (STP) teve início no cenário pós-guerra (1950) no Japão na
indústria automobilística Toyota Motor Company empresa fundada em 1937 cujo modelo de
produção utilizado não era compatível com o implantado nos estados Unidos e Europa
principalmente por Henry Ford e General Motors, as condições do país pós-guerra onde o
mesmo foi devastado não davam condições de realizar as implantações de tais modelos, este
cenário foi também fundamental para a criação do STP (WOMACK et al. 2004).
Segundo Ohno (1997), após a derrota do Japão na segunda grande guerra o presidente da
Toyota, Toyoda Kiichiro viu a necessidade única de sobrevivência, a de superar a produção
americana em um período de três anos, esta situação era ainda mais agravante, pois se
estimava que a produtividade japonesa fosse nove vezes inferior que a americana, neste
contexto Toyoda deduziu que para tamanha disparidade havia desperdícios no processo
japonês.
O STP surgia dessa necessidade onde certas restrições do mercado japonês pós-guerra exigia
produção de pequenas quantidades com muitas variedades sob condições de baixa demanda,
tais restrições serviram como critérios para testar os fabricantes japoneses se poderiam
sobreviver competindo no mercado com os sistemas já estabelecidos na Europa e Estados
Unidos com produções e vendas em massa.
6
Surgia então o Sistema Toyota de Produção com o objetivo mais importante: aumentar a
eficiência da produção pela eliminação consistente e completa de desperdícios (OHNO,
1997).
Os conceitos do STP se espalharam para o mundo e são várias suas definições:
“A eliminação de desperdícios e elementos desnecessários a fim de reduzir
na quantidade requerida (OHNO, 1997).”custos; a ideia básica é produzir
apenas o necessário, no momento necessário e na quantidade requerida
(OHNO, 1997).”
“Há de conferir o máximo numero de funções e responsabilidades a todos os
trabalhadores que adicionam valor ao produto na linha, e a adotar um sistema
de tratamento de defeitos imediatamente acionado a cada problema
identificado, capaz de alcançar a sua causa raiz (WOMACK, 1992).”
Para Womack et al. (2004), o Lean Manufacturing ou Sistema Toyota de produção tem como
base os princípios abaixo:
Embutir valor aos produtos segundo a ótica do cliente evitando que seja fornecido o
que ele não está disposto a pagar;
Mapear e identificar todo o caminho ao longo da linha de produção identificando e
eliminando as atividades que não agregam valores ao produto final;
Desenvolver ações necessárias a fim de criar um fluxo de valor continuo, agregando
valores sem interrupções;
Produzir somente o necessário de acordo com a necessidade do cliente;
Buscar a melhoria continua, procurando a remoção de perdas e desperdícios.
Dentre tantos conceitos, atualmente o conceito de Produção Enxuta pode ser entendido como
um sistema que não elimina somente os desperdícios, mas também suas causas raízes dentro
de uma organização. Para Ohno (1997), o passo primordial para a aplicação do STP é a
identificação completa dos desperdícios agrupados em sete classificações distintas (capítulo
2.3)
Para Maximiano (2009), existem três maneiras para eliminar os desperdícios: racionalização
da força de trabalho, just in time e produção flexível. A racionalização do trabalho consiste
em uma maneira de se trabalhar em equipe e não isoladamente, em um local com layout
celular e com profissionais com características polivalentes. A substituição de um supervisor
pela figura de um líder é essencial, pois é ele que coordena e trabalha juntamente com o
7
grupo, e até substitui aquele colaborador que por algum motivo não foi ao trabalho em um
determinado dia.
Just in Time significa produzir o produto necessário na quantidade necessária no momento
necessário, para Shingo (1996) as palavras Just-in-time significam “no momento certo”,
“oportuno”, uma melhor tradução seria em tempo, exatamente no tempo estabelecido. Porém,
o termo sugere muito mais do que se concentrar apenas no tempo de entrega, pois isso poderia
estimulara superprodução antecipada e daí resultar em esperas desnecessárias. O Sistema
Toyota realiza na verdade a produção com estoque zero, o que equivale a dizer que cada
processo deve ser abastecido com os itens necessários, na quantidade necessária e no
momento necessário, ou seja, sem a geração de estoques.
Para Maximiano (2009), a produção flexível se relaciona à eficiente fabricação de pequenos
lotes feitos sob encomenda, à utilização de um processo fabril ou uma máquina para a geração
de peças diferentes, troca rápidas de moldes, ferramentas e equipamentos.
2.3 OS SETE DESPERDÍCIOS DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO
Para Ohno (1997) a Produção Enxuta é o resultado da eliminação de sete tipos clássicos de
desperdícios, também denominados de perdas, existente dentro de uma empresa.
Desperdício de Superprodução;
Desperdício por tempo disponível (espera);
Desperdício em Transporte;
Desperdício do processamento em si;
Desperdício de estoque disponível (estoque);
Desperdício de Movimento;
Desperdício de produzir produtos defeituosos.
2.3.1 Desperdício de Superprodução
O Desperdício de Superprodução segundo Slack (2009), é produzir mais que o necessário
para o próximo processo na produção.
Para Shingo (1996) existem dois tipos de perdas por superprodução:
Quantitativa – fazer mais produto do que o necessário;
8
Antecipada – fazer o produto antes que ele seja necessário.
2.3.2 Desperdício por tempo disponível (espera)
As eficiências de máquina e mão-de-obra são largamente utilizadas para avaliar os tempos de
espera de máquinas e mão-de-obra, respectivamente. Menos obvio é o montante de tempo de
espera de materiais, disfarçados pelos operadores, ocupados em produzir estoque que não são
necessários naquele momento (SLACK, 2009).
Para Guinatto (2000) o desperdício por espera é devido ao tempo em que não ocorre nenhum
tipo de processo de produção, inspeção ou transporte ocasionando a parada do processo até o
momento de prosseguir com a produção. Existem três exemplos desse tipo de desperdício, por
espera do lote, por espera do operador e por espera no processo.
Algumas ferramentas do Sistema Toyota de Produção são utilizadas para eliminar este tipo de
perda como a Troca rápida de Ferramentas, técnica Kanban.
2.3.3 Desperdício em Transporte
Um layout não funcional, meios de transporte acima da capacidade necessária, transportes
parciais de caixa e peças, caracterizam desperdícios de transporte.
Para Shingo (1996), procedimentos de transporte nunca aumentam o valor agregado, devemos
assim reduzir essa necessidade através do arranjo do layout, o próximo passo seria a
racionalização dos meios de transporte.
A movimentação de materiais dentro da fábrica assim como movimentações desnecessárias
do estoque em processo são atividades que não agregam valor. Ações como mudanças no
arranjo físico que aproximam os estágios do processo, aprimoramento nos métodos de
transporte e na organização do local de trabalho, podem diminuir os desperdícios (SLACK,
2009).
9
2.3.4 Desperdício do processamento em si
Desperdício de processamento em si, consiste em máquinas ou equipamentos utilizados de
forma inadequada quanto a sua capacidade produtiva e técnica de desempenhar suas funções.
Para Shingo (1996), neste caso, melhorias voltadas à Engenharia de valor e a Análise de Valor
são essenciais, devemos perguntar por que fazemos determinado produto e usamos um
determinado método de processamento.
Um projeto ruim de componentes ou uma manutenção feita de forma errada podem gerar
algumas operações desnecessárias, no próprio processo pode haver fontes de desperdício
(Slack, 2009).
2.3.5 Desperdício de estoque disponível (estoque)
Estoques de matéria prima, material em processamento e produto acabado, caracterizam esse
tipo de perda, são recursos “parados” em um sistema produtivo, desperdiçando espaços e
investimentos. Para Shingo (1996), produção em pequenos lotes é uma medida bastante
efetiva, mas isso só pode ser alcançado através do sistema de Troca Rápida de Ferramentas.
Todo estoque deve ser alvo para eliminação, porém, somente podem-se reduzir os estoques
pela eliminação de suas causas (SLACK, 2009).
2.3.6 Desperdício de Movimento
Cada movimento a mais realizado pelo operador além do necessário, que excede a
necessidade produtiva e afeta ergonomicamente o operador, e consequentemente aumenta o
tempo de produção diminuindo eficiência produtiva é considerado como Desperdício por
Movimento. Para Guinato (2000), tal perda pode ser eliminada com técnicas de estudo de
tempo e métodos, podendo reduzir consideravelmente tais movimentos. Racionalizando os
movimentos dos operadores possibilita uma redução desta perda, juntamente com uma
adequação entre homem e maquina, melhorando consequentemente suas operações.
Um operador pode parecer ocupado, mas talvez nenhuma atividade que agrega valor pode
estar sendo executada. A simplificação do trabalho é uma rica fonte de redução do desperdício
de movimentação (SLACK, 2009).
10
2.3.7 Desperdício de produzir produtos defeituosos
Esta perda é resultado da fabricação de produtos não conformes, ou seja, como uma
característica de qualidade fora do especificado, tornando-o fora de padrões para uso,
causando o desperdício de mão-de-obra, equipamentos, transporte, área para estocagem de
produtos não conformes e matéria prima. O sistema Toyota de Produção através de métodos
de controle de inspeção na fonte tem como objetivo eliminar a fonte desses desperdícios
(GUINATO, 2000).
Para Slack (2009), este desperdício é normalmente bastante significativo em operações. Os
custos de qualidade são geralmente muito maiores do que o considerado, sendo, portanto,
mais importante atacar as causas de tais custos.
2.4 OS CINCO PRINCIPIOS DO LEAN MANUFACTURING
Para as empresas que queiram implantar adotar a filosofia da produção enxuta, cinco
princípios são fundamentais na eliminação de perdas. Tais princípios são definidos como
fundamentais na eliminação de perdas.
Womack e Jones (1998), definiram os cinco princípios do pensamento enxuto em :
Especificação do valor;
Identificação da Cadeia de Valor;
Fluxo de Valor;
Produção Puxada;
Busca da Perfeição.
Os tópicos seguintes apresentam as definições dos cinco princípios do Lean Manufacturing.
2.4.1 Especificação do Valor
Toma-se como ponto de partida para a Mentalidade Enxuta, definir o que é valor. O valor do
produto deve ser especificado pelo cliente, e não pela empresa. Para isso o produto deve
11
conter requisitos que atendam às necessidades do cliente, com um prazo especifico e o
entregue em um prazo adequado a ele.
O principio da especificação de valor é de extrema importância para que se defina a
necessidade do cliente, o que ele atribui como valor ao produto. O processo de fabricação
deve atender estes quesitos e o lucro deve ser repassado na venda através da melhoria
continua do processo (WERKEMA, 2006).
2.4.2 Identificação da cadeia de valor
Identificação da cadeia de valor consiste em analisar a cadeia produtiva, separando em três
categorias distintas: processos que agregam valor, processos que não agregam valor, mas que
são importantes para a manutenção da qualidade e do processo, e por fim, processos que não
agregam valor e por isso devem ser eliminados (WERKEMA, 2006).
Para Womack e Jones (1998), Cadeia ou fluxo de valor é o conjunto de ações especificas
necessárias para levar um produto a passar pelas três tarefas gerenciais criticas de qualquer
negócio:
Tarefa de solução de problemas: vai da concepção até o lançamento do produto,
passando pelo projeto detalhado e pela engenharia de processo;
Tarefa de gerenciamento de informação: vai do recebimento do pedido até a entrega,
seguindo um cronograma detalhado;
Tarefa de transformação física: vai da matéria prima ao produto acabado nas mãos do
cliente.
2.4.3 Fluxo de valor
Este principio contribui para que a empresa esteja mais bem preparada para a produção
continua, ser mais flexível para atender os clientes, e não depender de processos
departamentalizados contribuem para que organizações apliquem agilidade no fluxo produtivo
(WERKEMA, 2006).
Para Womack e Jones (1998), uma vez que, para determinado produto o valor tenha sido
especificado com precisão, o fluxo de valor mapeado, as etapas que não agregam valor
12
eliminadas, é fundamental que o processo flua, suave e continuamente dentro das três tarefas
gerenciais críticas: solução de problemas, gerenciamento da informação e transformação
física.
2.4.4 Produção Puxada
Para Womack e Jones (1998) produção puxada é a capacidade de projetar, programar e
fabricar exatamente o que o cliente quer e quando quer. Descarta-se a previsão de vendas e
simplesmente se produz o que os clientes definem que precisam assim o processo não produz
um bem ou serviço até que o processo seguinte o solicite.
No sistema de produção puxada, o material somente é processado em uma operação se ele é
requerido pela operação subsequente do processo que, quando necessita, envia um sinal (que
funciona como a “ordem de produção”) à operação fornecedora para que esta dispare a
produção e abasteça (CORRÊA E CORRÊA, 2004).
Para Xavier et al. (2009) no sistema “puxado” os produtos são feitos apenas sobre demanda,
ou seja, a produção só acontece quando existe um pedido de compra, com isso, o objetivo
principal é evitar a acumulação de estoques e a produção acontece como e quando o cliente
deseja, nem antes nem depois, de forma que o cliente “puxa” a produção, eliminando
estoques, e aumentando a produtividade.
Reforçando estes conceitos a figura 1 ilustra o sistema de produção puxada, onde os itens
somente são produzidos diante de uma demanda.
13
Figura 1 - Modelo de Produção Puxada
Fonte: Guinato (2000)
2.4.5 Busca da Perfeição.
A Busca da Perfeição deve ser objetivo de todos os envolvidos no fluxo de valor. È total
importância que todos os envolvidos direta ou indiretamente na produção busquem sempre a
melhoria continua, traçando como alvo um modelo ideal. A busca desse aperfeiçoamento
deve ser um dos objetivos primordiais dos colaboradores de toda hierarquia da planta
organizacional, fornecedores e equipes de vendas.
2.5 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING
Para (WERKEMA, 2006) a consolidação na implantação dos conceitos do Sistema Toyota de
Produção ou Lean Manufacturing, só é conquistada quando se desenvolve na empresa, o
pensamento enxuto ou Lean Thinking. Para isto, a utilização das seguintes ferramentas é
essencial durante este processo:
Kanban;
Mapeamento do fluxo de valor;
5S;
SMED - Single Minute Exchange Die – Troca Rápida de Ferramenta;
Poka-Yoke;
Trabalho padronizado;
Gestão Visual;
14
Kaizen.
Para melhor entendimento destas ferramentas é fundamental a definição de Just – in- Time.
A expressão Just in Time significa no “momento certo”, “oportuno”, em inglês a melhor
tradução seria em tempo, exatamente no tempo estabelecido. Taiichi Ohno (1997) define o
Just in Time:
“Just in Time significa que um processo de fluxo, as partes corretas
necessárias à montagem alcançam a linha de montagem no momento em que
são necessários e somente na quantidade necessária. Uma empresa que
estabeleça esse fluxo integralmente pode chegar ao estoque zero”.
Just-in-time coordena a produção precisamente com a demanda, para produzir produtos de
modelos variados sem que ocorram atrasos, fornecendo no momento correto e na quantidade
necessária (CORREA E GIANESI, 2004).
Just in Time é um sistema de controle de estoques e de programação para puxar o fluxo de
produção, significa que cada processo deve ser suprido com itens corretos, no momento certo,
na quantidade certa e no local certo, seu objetivo é identificar, localizar e eliminar os
desperdícios relacionados a atividades que não agregam valor ao produto, reduzir estoques,
garantindo um fluxo continuo de produção.
Para Ghinato (2000), Just in Time garante um fluxo continuo de produção identificando,
localizando e eliminando desperdícios. A viabilidade do Just in Time necessita de três fatores
relacionados: fluxo continuo, takt time e produção puxada.
2.5.1 Kanban
Para Slack (2009), o Kanban operacionaliza o Sistema Toyota de Produção, através do
planejamento e controle puxado da produção, buscando atingir o Just in Time.
Martins e Laugeni (2005) definem o Kanban como:
“Um método de autorização da produção e movimentação do material no
sistema Just in Time. Na língua japonesa a palavra Kanban significa um
marcador (cartão, sinal, placa ou outro dispositivo) usado para controlar a
ordem dos trabalhadores em um processo sequencial. O kanban é um
subsistema do Just in Time. O objetivo é assinalar a necessidade de mais
material e assegurar que tais peças sejam produzidas e entregues a tempo de
15
garantir a fabricação ou montagem subsequentes. Isso é obtido puxando-se as
partes na direção da linha de montagem final”.
.
Para Ohno (1997), o sistema kanban tem os seguintes objetivos:
Fornecer informações sobre apanhar e transportar: itens são movimentados sempre
conforme a quantidade especificada nos cartões, sendo que um processo subsequente
os apanha da etapa anterior;
Fornecer informações sobre a produção: de maneira que o primeiro processo produza
itens com quantidade e sequência também descritas no cartão Kanban;
Impedir a superprodução e o transporte excessivo: de maneira que nenhum produto
seja fabricado ou transportado em caixas sem a presença de um cartão Kanban;
Servir como uma ordem de produção afixada nas mercadorias: de maneira a substituir
papéis e requisições de produção (escritas e orais), afixando sempre um Kanban às
mercadorias;
Impedir produtos defeituosos pela identificação do processo que o produz: de maneira
que os produtos defeituosos não são enviados para processos seguintes, fiscalização da
conformidade das peças realizada na própria operação;
Revelar problemas existentes e manter o controle de estoques: à medida que se produz
apenas o que é requisitado, aumenta-se a sensibilidade em relação aos problemas.
Onho (1997), reforça que o método Kanban é o meio pelo qual o Sistema Toyota de Produção
flui suavemente, é a ferramenta desenvolvida para a minimização dos estoques de produtos
intermediários e ao controle de produção.
Ainda alerta para o uso incorreto do sistema Kanban, pois é uma daquelas ferramentas que, se
utilizada inadequadamente, pode causar uma serie de problemas. Para usar o Kanban correta e
habilmente, devemos entender com clareza o seu propósito e seu papel e então estabelecer
regras para seu uso:
O processo subsequente apanha o número de itens indicados pelo Kanban no processo
precedente;
O processo inicial produz itens na quantidade e sequência indicadas pelo Kanban;
16
Nenhum item é produzido ou transportado sem um Kanban;
Produtos defeituosos não são enviados para o processo seguinte. O resultado é
mercadorias 100% livres de defeito;
Reduzir o número de Kanbans aumenta sua sensibilidade aos problemas.
As figuras 3 e 4 a seguir exemplificam cartões Kanbans convencionais:
Figura 2 - Cartão Kanban de Produção
Fonte: Martins e Laugeni (2005)
Figura 3 - Cartão Kanban de Movimentação
Fonte: Martins e Laugeni (2005)
17
2.5.2 Mapa de fluxo de valor
Toda ação que agrega valor ou não necessária para trazer um produto por todos os fluxos
essenciais a cada produto desde a matéria prima até os braços do consumidor, ou o fluxo do
projeto do produto, da concepção até o lançamento, são considerados um Fluxo de valor.
Considerar a perspectiva do fluxo de valor significa levar em conta o quadro mais amplo, não
só os processos individuais; melhorar o todo, não só otimizar as partes.
A base dos princípios do mapeamento do fluxo de valor no fluxo do processo produtivo são a
identificação e eliminação de desperdícios, como por exemplo, os elevados tempos de espera
e a grande quantidade de inventários desnecessários entre postos operativos (NAZARENO,
2003).
Segundo Rother e Shook (2003), mapa de fluxo de valor é uma ferramenta de planejamento que
faz parte de uma das etapas e conduz o processo de transformação enxuta, e de grande
importância na luta contra o desperdício.
Um fluxo de valor são todos os passos que agregam valor ou não envolvidas para trazer um
produto ou grupo de produtos desde a matéria-prima até o consumidor (TAPPING et al.2002).
Para Rother e Shook (2003) o mapeamento do fluxo de valor descreve detalhadamente como a
produção deveria operar para criar fluxo. Utiliza ícones e símbolos para representar através de
figuras o fluxo de materiais e de informações que o produto segue no fluxo de valor. A partir
da aplicação dos princípios enxutos apresenta propostas de melhorias, implementando um
novo fluxo que agregue valor.
O mapeamento do fluxo de valor é uma ferramenta essencial, pois:
Ajuda a visualizar ,mais do que simplesmente os processos individuais de um produto, e
sim enxergar o fluxo;
Ajuda a identificar mais do que os desperdícios. Mapear ajuda a identificar as fontes de
desperdícios no fluxo de valor;
Fornece uma linguagem comum para tratar dos processos de manufatura;
Torna as decisões sobre o fluxo visíveis, de modo que você possa discuti-las;
18
Junta conceitos e técnicas enxutas, que ajudam a evitar a implementação de algumas
técnicas isoladamente;
Mostra a relação entre o fluxo de informação e o fluxo de material;
É mais útil que ferramentas quantitativas e diagramas de layout que produzem um
conjunto de passos de que não agregam valor, lead time, distancia percorrida, a
quantidade de estoque. O mapa do fluxo de valor é uma ferramenta qualitativa com a qual
permite descrever em detalhe de como a unidade produtiva deveria operar para criar o
fluxo. Números são bons para criar um senso de urgência ou como medidas e
comparações do antes e depois. O mapeamento do fluxo de valor é bom para descrever
oque realmente deve ser feito para chegar a esses números.
Figura 4 - Mapa do Fluxo de valor
Fonte: Rother e Shook (2003)
2.5.3 5S
As empresas devem criar um ambiente de trabalho organizado e que motive os funcionários a
mantê-lo e melhorá-lo, para isso a ferramenta 5S vem sendo empregada como uma alternativa
eficaz por diversas organizações em todo o planeta. O 5S surgiu no Japão no momento em
que se buscavam métodos para ajudar a reconstruir o país no pós-guerra e veio para o Brasil
juntamente com os conceitos de Qualidade.
19
Para Campos (1992), o programa 5S visa manter ambientes de trabalho organizados e limpos,
reduzir desperdícios, mudar os comportamentos e as atitudes tornando as pessoas mais
produtivas e satisfeitas envolvendo todas as áreas da empresa.
Segundo Francisco e Hatakeyama (2008), as palavras japonesas que formam o 5S (“Seiri,
Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke”) foram traduzidas para o português como “senso”, não só
para manter o nome original do programa, mas também por refletirem melhor a ideia de
profunda mudança comportamental. Adotou-se Senso de Utilização, para Seiri, Senso de
Organização, para Seiton, Senso de Limpeza, para Seisou, Senso de Saúde, para Seiketsu, e
Senso de Autodisciplina para Shitsuke.
A organização e a limpeza no trabalho auxiliam muito para que haja um ambiente de trabalho
apto para o gerenciamento visual de todo o processo, em especial do controle de qualidade, e
para a produção lean. O 5S são as práticas para que haja a organização em um ambiente de
trabalho (ARAUJO, 2004).
Dentro deste contexto Martins e Laugeni (2005) descrevem os “5S” como:
Seiri – liberação de áreas: separar os itens em necessários e desnecessários e livrar-se
desses últimos;
Seiton – organização: separar e acondicionar os materiais de forma organizada e
adequada de modo a serem facilmente localizados. Tudo deve ter seu lugar definido e
identificado, aquilo que tem uso mais frequente deve estar mais a mão. A organização
sempre acompanha a liberação de áreas. Pois uma vez que as coisas estão organizadas,
só deve sobrar o necessário;
Seiso – limpeza: manter os itens e o local de trabalho em que são armazenados e
usados sempre limpos. Limpar é checar, verificar as maquinas e ferramentas de forma
regular. Mostrar as melhorias obtidos regularmente, por meio de tabelas, gráficos ou
outros dispositivos visuais, procurando sempre melhorar as áreas de trabalho;
Seiketsu – padronização, asseio e arrumação: A padronização deve ser entendida como
um “estado de espírito”, isto é, hábitos arraigados que fazem com que, de modo
padronizado, como reflexos condicionados, possa ser praticados os 3S caracterizados
anteriormente;
20
Shitsuke disciplina: significa manter, de forma disciplinada, tudo o que leva à
melhoria do local de trabalho, da qualidade e da segurança do colaborador. Significa
usar de forma disciplinada, os equipamentos de proteção contra acidentes de trabalho,
andar uniformizado, portando o respectivo crachá e, evidentemente, manter limpo,
organizado e asseado o local de trabalho. A disciplina pode ser atingida com um
treinamento persistente e atribuindo responsabilidades aos gerentes e supervisores
quanto ao comportamento de seus colaboradores.
2.5.4 SMED - Single Minute Exchange Die – Troca Rápida de Ferramenta
Para Shingo (1996) a redução do tempo de troca de ferramentas é de extrema importância no
sucesso do Lean Manufacturing, é importante porque melhora a eficácia de todo
equipamento, contribui para implantar programas de produção nivelada, ajuda a reduzir o
inventário de produtos finais, da suporte à metodologia do Fluxo de produção, contribuindo
para a eliminação das perdas e desperdícios, além de adicionar a capacidade da maquina e
melhorar a qualidade.
Para Slack (2009), existem três métodos essenciais para implantar esta ferramenta:
Adoção de ferramentas pré-montadas: com este conceito, acopla-se apenas uma
unidade completa. O conceito tradicional era de confeccionar uma ferramenta em
varias partes, e estas partes eram fixadas individualmente nas maquinas, formando
assim uma ferramenta, porem isso implica em grande perda de tempo pelo fato da
maquina permanecer parada;
Montar as diferentes ferramentas ou matrizes em um dispositivo padrão: isso garante
maior simplicidade e redução de duvidas dos processos de montagem por parte dos
colaboradores, além de também permitir que o setup seja uma operação rápida,
simples e padronizada;
Fácil carga e descarga de ferramentas e matrizes: com a utilização de mesas de
superfície de esferas, esteiras de roletes, pontes hidráulicas de demais “dispositivos
inteligentes” de movimentação de materiais, é possível simplificar, dar agilidade,
proporcionar segurança no trabalho dos colaboradores durante os setups.
21
Shingo (1996), conclui que a troca rápida de ferramentas possibilita a redução dos
desperdícios através da eliminação das perdas geradas pela superprodução
2.5.5 Poka Yoke
Martins e Laugeni (2005) em a “Administração da Produção” definem Poka Yoke:
“Poka Yoke significa à prova de erros. Um processo ou produto deve ser
projetado de forma a eliminar qualquer possibilidade prevista de defeito.
Assim, por exemplo, um conjunto que tenha duas possibilidades de
montagem, uma correta e outra incorreta, deve ser reprojetado. Equipamentos
automáticos de testes podem ser programados a interromper a produção
sempre que ocorrer um defeito, evitando que a peça defeituosa, prossiga para
a operação seguinte. Pelo poka yoke pode-se conseguir o zero defeitos na
produção”.
O Poka Yoke vem sendo aplicada na indústria moderna como uma alternativa de se conseguir
o zero defeito na produção, já que por mais que engenheiros e técnicos projetem maquinas e
processos inovadores, é desconhecido na maioria das vezes o conjunto de todos os
mecanismos eventuais que poderão trazer falhas ao processo (MARTINS E LAUGENI, 2005)
PokaYoke é um método de detectar erros ou defeitos que pode ser usado para satisfazer uma
ou mais funções da inspeção. A inspeção é o objetivo e a ferramenta é o método. Há duas
maneiras nas quais o poka-yoke pode ser utilizado para corrigir erros (SHINGO, 1996):
Método de controle: quando o Poka Yoke é aplicado, a máquina ou a linha de
produção para de forma que o problema possa ser corrigido;
Método de advertência: quando O Poka Yoke é aplicado, um alarme soa, ou uma luz
sinaliza, visando alertar o operador.
Por fim Guinatto (2000), define Poka Yoke como um mecanismo de detecção de falhas que,
junto a uma operação, impede a execução irregular de uma atividade. É também uma forma
de bloquear as interferências na execução da operação.
2.5.6 Trabalho Padronizado
Trabalho padronizado é uma ferramenta Lean que trabalha para aperfeiçoar o movimento e o
trabalho do operador, minimizando os desperdícios. Na grande maioria das implantações, esta
ferramenta é aplicada em processos repetitivos, já que se tem menor variabilidade nos
22
processos. Aplicar o trabalho padronizado é identificar e estabelecer os procedimentos mais
precisos para cada uma das operações da produção (KISHIDA, 2006).
Para Monden (2007) para implantação do trabalho padronizado é preciso conhecer três
elementos fundamentais:
Takt time: Para Imai (1996), takt time é o tempo total de produção dividido pelo
numero de unidades solicitadas pelo cliente e é um valor teórico que informa quanto
tempo é necessário para fabricar um produto a cada processo. Normalmente, o valor é
expresso em segundos para os itens produzidos em massa. Para itens de movimento
mais lento o takt time pode ser expresso em minutos ou até horas. Por exemplo, se
uma linha produz 80 unidades em um dia e os operadores trabalham oito horas, o takt-
time de cada processo é calculado da seguinte forma:
(8 horas x 60 minutos) ÷ 80 = 6 minutos
Sequência do trabalho ou rotina padrão: compreende o conjunto de atividades
executadas por um colaborador no decorrer de uma operação. Toda boa definição da
sequência de trabalho permite repetições consistentes dos ciclos produtivos ao longo
do tempo. Além disso, a prática de rotina padrão de operações contribui para que os
colaboradores não executem aleatoriamente as atividades de um processo, fato que
reduz a variabilidade dos tempos de ciclo e garante que cada produto seja
manufaturado dentro do seu tempo takt, garantindo assim o cumprimento da demanda
e os prazos de entrega;
.Estoque padrão em processo: pode ser definido como a quantidade mínima de peças
necessárias para garantir que a produção esteja sob um fluxo constante de fabricação.
E por fim para GUINATO (2000), operações padronizadas têm como objetivo a obtenção de
produtividade máxima a partir da identificação e padronização dos elementos de trabalho que
agregam valor, bem como acabar com os desperdícios. Outros objetivos são o balanceamento
entre os processos e a definição do nível mínimo de estoque em processo.
23
2.5.7 Gestão Visual
Gestão visual é uma ferramenta intencionalmente projetada para compartilhar informações de
modo instantâneo e influenciar o comportamento do operador sem a necessidade de dizer uma
palavra, tornando o processo diretamente observável.
Gestão visual está diretamente ligada à disposição de informações do Just in Time para
assegurar a execução breve e adequada de operações e de processos. A ideia principal é usar o
controle visual para que nenhum problema fique oculto (LIKER, 2005).
2.5.8 Kaizen
O termo Kaizen é formado a partir de KAI, que significa modificar, e ZEN, que significa para
melhor. O Kaizen foi introduzido na administração a partir de 1986 por Massaki Imai e tem
sido associado à ideia de melhoria continua (MARTINS E LAUGENI, 2005).
De acordo com Ohno (1997) o termo Kaizen significa melhoria contínua ou gradual. Seu
principal objetivo é acabar com os desperdícios a partir do bom senso e no uso de soluções
baratas e baseadas na motivação e criatividade dos trabalhadores, tudo isso para melhorar as
práticas de seus processos.
Para IMAI (1996) Kaizen estimula o pensamento orientado por processos, pois os processos
precisam ser aperfeiçoados para que os resultados melhorem. Se houver algo de errado com
os resultados, é porque alguma coisa deu errado no processo. A gerência deve identificar e
corrigir esses problemas baseados no processo.
Uma das regras das práticas Kaizen é a padronização. É possível definir padrões como a
melhor forma de se realizar um trabalho. Para produtos ou serviços criados como resultado de
uma serie de processos, é preciso manter um determinado parâmetro em cada processo, a fim
de garantir a qualidade. Os padrões tentam garantir a qualidade em cada processo e evitar a
recorrência de problemas (IMAI, 1996).
Para Rother e Shook (2003), o Kaizen pode ser dividido em dois níveis, conforme apresentado
na figura 6.
Kaizen de Fluxo: ou de sistema, que enfoca o fluxo de valor, dirigido ao
gerenciamento;
24
Kaizen de Processo: enfoca em processos individuais, dirigido às equipes de trabalho e
líderes de equipe.
Figura 5 - Níveis de Kaizen
Fonte: Rother (2003)
2.5.8.1 Evento Kaizen
A ferramenta Kaizen é geralmente aplicada a partir de Eventos Kaizen onde normalmente se
manifestam em forma de sugestões. Portanto, a atenção e a receptividade da administração
para com o sistema de sugestões são essenciais se deseja ter “operários pensantes”, que
procurem por maneiras melhores de realizar o seu serviço. Dessa forma, a administração deve
implantar um plano bem projetado, para assegurar que o sistema de sugestões seja dinâmico
(IMAI, 1996).
Normalmente os Eventos Kaizen variam seus prazos, durando de dois a cinco dias, embora
alguns projetos sejam “relâmpagos” com prazos tão curtos quanto um dia. Dessa forma
dependendo do tipo de ferramenta enxuta que precisa ser implantada, o escopo do evento
define a extensão do cronograma, com sua respectiva agenda, número de participantes e nível
de gerencia técnica sempre levando algumas características em consideração (Chaves 2010):
1. Formação de uma equipe de até 12 pessoas;
2. Cumprir a missão em até cinco dias;
3. A equipe deve ficar inteiramente focada na missão a ser cumprida;
25
4. Sua dedicação deve ser exclusiva e não ter na a fazer durante o evento;
5. Possuir prioridade na utilização de recursos fabris e obtenção de informações
Para Chaves (2010) as fases típicas de um evento Kaizen são:
1. Formação;
2. A documentação do processo “como está”?
3. Identificação de potenciais e oportunidades de melhoria;
4. Um processo interativo e imediato para introdução de melhorias e avaliação de
eficácia das melhorias
5. Apresentação dos resultados (normalmente para os gestores);
6. A geração da lista de ações ( para acompanhamento das intervenções).
26
3. DESENVOLVIMENTO
Este estudo de caso será realizado a partir de livros, artigos científicos, revistas e sites, que
abordam assuntos referentes ao Sistema Toyota de Produção (STP) especialmente Kaizen que
é uma ferramenta utilizada pelo STP, e também ferramentas da qualidade necessárias para o
estudo de caso.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Para Silva e Menezes (2005), a natureza do presente trabalho é uma pesquisa aplicada, pois
produz conhecimento para soluções de problemas específicos. Tratando-se de abordagem, é
uma pesquisa quantitativa, onde tudo pode ser quantificado com recursos e técnicas de
estatística. E de cunho descritivo, este, por sua vez, tem por finalidade que o pesquisador
descreva “situações, acontecimentos e feitos, isto é, dizer como se manifesta determinado
fenômeno” (SAMPIERI, 2006,). Quanto ao procedimento técnico da pesquisa trata-se de um
estudo de caso, pois envolve o estudo profundo de poucos objetos de maneira que se permita
seu amplo e detalhado conhecimento (SILVA E MENEZES, 2005)
3.2 DESENVOLVIMENTO DAS ETAPAS METODOLÓGICAS
3.2.1 Revisão Bibliográfica
Este trabalho baseou-se em referencias bibliográficas, livros e sites, e principais
autores os quais abordavam principalmente o Sistema Toyota de Produção, e ferramentas da
qualidade.
3.2.2 Levantamento dos Potenciais de Melhorias e Escolha do Tema
Atualmente a Noma do Brasil S/A é dividida em dois setores: Peças e Montadora. A fábrica
de Peças fornece peças para a Montadora e é subdividida nos seguintes setores: Usinagem,
Tampas, Montagem de Eixo, Pré-montagem e Perfilados. A Montadora corresponde às linhas
de Basculantes, Especiais, Tanques, Bases e Longarina.
Baseando-se na definição de Ohno (1197) em que classifica Kaizen como melhoria continua
ou gradual, com o objetivo principal de acabar com os desperdícios a partir do bom senso e no
uso de soluções baratas e baseadas na motivação e criatividade dos trabalhadores, tudo isso
para melhorar as práticas de seus processos. A partir disso viu-se a necessidade da escolha de
27
um setor ou célula para realização do evento Kaizen, pois a aplicação na fábrica como um
todo necessitaria de grande quantidade de recursos.
3.2.2.1 Entrevista com a Gerência
Para que a metodologia Kaizen traga resultados significativos para a empresa é de extrema
importância o apoio dos gestores e da diretoria, é necessário que todos estejam organizados e
envolvidos no processo, e que vejam a necessidade de se atingir a melhoria contínua. Caso o
Kaizen não tenha este apoio da diretoria e da empresa a ferramenta tem grande chance de
fracassar devido a fatores políticos internos que impossibilitem sua prática.
Para a definição do tema do Kaizen foi realizada uma entrevista com a gerência da área que
teve como objetivo levantar as necessidades e as principais dificuldades e os potenciais de
melhorias para a realização do evento, a figura do líder do evento foi de grande importância
para a escolha do tema, pois o conhecimento da área e principalmente da célula onde foi
aplicada, foi fundamental para conseguir o apoio da diretoria.
3.2.3 Escolha do Tema
A partir dos potenciais detectados foram definidos os temas de Kaizen pela Coordenação do
Evento Kaizen.
3.2.4 Definição da Data de Realização
A partir de um planejamento realizado juntamente com as gerencias das áreas de Produção e
Planejamento Programação e Controle da Produção foi definida uma data ideal pra a
realização do Evento Kaizen.
3.2.5 Definição das Metas
Aproximadamente duas semanas antes da realização do Evento Kaizen foram iniciadas as
preparações detalhadas para os temas que seriam abordados. As metas foram definidas de
acordo com os potenciais detectados.
28
3.2.6 Avaliação da Diretoria do Tema
O Tema do Evento Kaizen foi apresentado pelos Coordenadores, em reunião com a diretoria e
gerência, para aprovação e sugestões de adequação das metas.
3.2.7 Formação do Time
Para IMAI (1998), o Kaizen é aplicado a partir de Eventos Kaizen, onde normalmente se
manifestam em forma de sugestões. Portanto, a atenção e a receptividade da administração
para com o sistema de sugestões são essenciais se deseja ter “operários pensantes”, que
procurem por maneiras melhores de realizar o seu serviço. Dessa forma, a administração deve
implantar um plano bem projetado, para assegurar que o sistema de sugestões seja dinâmico.
Liker (2005), afirma que para a aplicação desta ferramenta é necessário a formação de
pequenos grupos de colaboradores, já que Kaizen significa trabalhar em equipe com o intuito
de discutir problemas específicos, coletar e analisar dados para a tomada das melhores
decisões possíveis e documentação das melhores praticas e processos produtivos.
Dentro deste contexto e com o objetivo de aplicação da ferramenta kaizen, viu-se a
necessidade de formação de uma equipe formada por membros de diversas áreas da empresa.
3.2.8 Treinamentos e Desenvolvimento do Time
Todos os membros da equipe participaram de treinamentos, que consistiram em apresentações
dos principais conceitos de melhoria continua e produção enxuta, além de treinamentos
comportamentais que visam o aumento da percepção do ambiente de aplicação do Kaizen,
instigar a criatividade dos participantes, além de exercitar a partir de dinâmicas e visitas ao
ambiente de trabalho, os conceitos técnicos aprendidos.
3.2.9 Realização do Evento Kaizen
O evento Kaizen seguiu uma agenda padronizada, onde os participantes foram conduzidos a
treinamentos e estudo do processo, brainstorming (sugestões de solução para o problema
apontado), execuções das ações, apuração dos resultados e entrega de brindes e certificados
para os participantes, garantindo suas qualificações para participação em futuros Eventos
Kaizen.
29
O evento Kaizen teve uma duração de quatro dias, sendo que em cada dia a metodologia
propôs atividades a serem realizadas pela equipe.
Primeiro Dia: O evento iniciou-se com a abertura e a apresentação para os gerentes de todas
as áreas participantes e para a diretoria. A equipe participou de treinamentos e dinâmicas
sobre conceitos abordados pelo Sistema Toyota de Produção como definido no item 3.2.4.,
ocorreu um brainstorming, análise do fluxograma atual da célula e priorização das ideias pelo
quadro de impacto. Para isso foi reservada sala dedicada apenas para o Evento kaizen, onde os
participantes puderam dedicar sua concentração apenas sobre os problemas da célula em
estudo.
Segundo Dia: Este dia iniciou-se com uma reunião inicial, onde as equipes foram divididas
em pequenos grupos, onde cada uma ficou responsável pela implementação das ideias
selecionadas durante o brainstorming, este dia foi chamado de “Mão na Massa”.
Terceiro dia: Este é basicamente a continuação do dia anterior, onde os grupos continuaram
com a “Mão na Massa”.
Quarto dia: Neste ultimo dia a equipe ficou responsável pela elaboração da apresentação final
do Kaizen para a gerência e diretoria, e também foi realizada a entrega dos certificados para
os membros da equipe, a participação de toda a equipe na apresentação foi exigida para
demostrar o envolvimento e o crescimento de todos os membros aos seus respectivos
gerentes.
3.2.10 Acompanhamento das Ações de 30 dias
Além dos quatro dias necessários para a realização do evento algumas ações que não puderam
ser implantadas nesse prazo, pois demandaram mais tempo, ganharam um prazo maior no
Kaizen 30 dias, que foram coordenadas pelo líder da equipe, através de reuniões semanais
com todos os membros até o cumprimento de todas as atividades.
3.2.11 Apresentação dos Resultados Alcançados
Após as conclusões das atividades nas células a equipe organizou uma apresentação do
trabalho mostrando para a Diretoria e as Gerências todos os resultados alcançados com a
realização do Evento Kaizen.
30
3.2.12 Entrega de Brindes e Certificados de Participação
Com o encerramento do Evento Kaizen foram entregues pela diretoria brindes e certificados
de participação no evento Kaizen aos membros da equipe.
31
4. Estudo de caso
Neste capitulo serão apresentadas todas as etapas de aplicação da metodologia apresentada no
capitulo anterior:
4.1 CARACTERIZAÇÕES
4.1.1 Caracterização da Empresa
A Noma do Brasil S/A foi fundada no 1º de julho de 1967, com o nome fantasia de
“Brasmecânica”. O objetivo social era de explorar a venda de peças, consertos, reformas e a
fabricação de terceiro-eixo para caminhões. A primeira sede estava localizada na rua Guarani,
435, na cidade de Maringá, Estado do paraná, em um terreno de 800 m², com 100 m² de área
construída. Ainda neste local, começaram a serem montadas os primeiros protótipos de
semirreboques, as conhecidas carretas Noma.
Em maio de 1970, a sede foi transferida para a Avenida Colombo, em Maringá, com 5 mil m².
após essa mudança, a Noma passou a fabricar 35 trucks por mês e começou a montar
caçambas basculantes sobre chassi.
Com o inicio da fabricação das carretas houve a necessidade de expansão da empresa. Assim,
em 1975, a Noma adquiriu uma área de 95.846 m², na vizinha cidade de Sarandi. O novo
endereço já nascia com uma área construída de 11.375 m², onde a Noma iniciou a fabricação
de semirreboques, graneleiras, tanques e basculantes. A diversificação de tantos produtos
exigiu arrojo empresarial, experiência e técnica.
Em 1987, começa a ser montada a rede de representantes comerciais Noma. Desde o inicio,
para vender era preciso dar assistência técnica. Primeiramente foram nomeadas empresas nos
Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina. A primeira representação da
Noma no Brasil foi a CMT Implementos Rodoviários no Estado de Mato Grosso.
Em 1988, a Noma do Brasil S/A incorporou sua concorrente mais próxima, a Truck Maringá,
uma empresa tradicional no ramo, que além de fabricar terceiro-eixo e caçamba basculante
sobre chassi, produzia a linha de semirreboques “Kume”.
Em 1989, a convite da Scania do Brasil, a Noma inicia a comercialização dos seus produtos
para o mercado externo, com venda de 32 semirreboques para o Chile. Focada em estruturar a
venda para o comercio exterior, a Noma amplia sua rede de Representantes Comerciais para o
32
Mercosul, com postos de venda e assistência técnica. Além do Paraguai, Uruguai e Argentina,
a venda dos produtos Noma, logo exigiu a nomeação de Representantes na Bolívia, Chile e
Equador.
Em 1997, a Noma do Brasil S/A demonstrou pioneirismo e tecnologia ao lançar no mercado
da América do Sul, o primeiro Semirreboque bimodal: o “Rodotrilho”. Um projeto arrojado,
com tecnologia 100% brasileira, de um equipamento que trafegava tanto da rodovia como na
ferrovia, com a versatilidade comum aos modais. Os Rodotrilhos transportavam botijões de
gás na estrada de ferro Carajás, da Companhia Vale, entre as cidades de Imperatriz e São
Luiz, no Maranhão.
Consolidada no cenário nacional e com a necessidade de investir ainda mais no
gerenciamento de dados e na produção, a Noma fez grandes mudanças estruturais. Na
administração, com a instalação do SAP – um dos mais completos e modernos sistemas de
software do mundo que permite a integração entre os setores, o que reflete na eficiência
administrativa, na produção fabril e na confiabilidade. Neste ano a Noma passou a trabalhar
com o processo de produção em linha de Montagem, o que permitiu maior organização e
ainda mais qualidade nos produtos.
Tendo como objetivo de investir ainda mais na qualidade de seus produtos, em 2006 a Noma
conquistou a certificação ISSO 9001-2000 através da Bureau Veritas. A implantação dos
sistemas de gestão da qualidade padroniza as práticas de fabricação, reduz desperdícios,
gerencia áreas e metas e acompanha as tomadas de ações.
Para atender à Rede de Distribuidores e clientes do Brasil e do exterior, em 2006 foi criada a
Noma Peças, com o intuito de comercializar peças e componentes com agilidade de
atendimento, amplo estoque e competitividade no mercado, além de garantir aos clientes as
melhores peças genuínas Noma.
Para complementar a necessidade do transporte de cargas, em 2009, a Noma começou a
fabricar implementos sobre chassi, chamada de Noma Linha Leve. São produtos que
permitem a distribuição final de cargas, conforme a legislação e o transito das cidades
brasileiras.
Em 2010 o parque passou por mais uma ampliação passando para uma área total de 175 mim
m², sendo 40 mil m² de área coberta. Os implementos passaram a serem produzidos utilizando
33
um moderno conceito de linha de montagem, que além de permitir agilidade e qualidade na
produção, tem a preocupação ergonômica, nas qual os colaboradores passaram a exercerem
suas funções em um ambiente agradável e com menor esforço físico. Essa estrutura
consolidou a empresa como um dos principais fabricantes de implementos rodoviários da
América Latina.
Atualmente a Noma visando ampliar sua proximidade com os novos mercados e seguir com
os crescimentos sustentáveis, anunciou a construção de uma nova planta industrial na cidade
de Tatuí, no estado de São Paulo.
Atualmente a Noma é dividia em dois setores: A Montadora e a Fábrica de Peças. A Fábrica
de peças é responsável por fornecer peças para a Montadora e é subdividida nos seguintes
setores: Usinagem, Pré-Montagem, Tampas, Montagem de Eixo e Perfilados (setor de corte e
dobras). A Montadora corresponde aos setores de Basculantes, Especiais, Bases, Tanques e
Longarinas. Após as montagens, os equipamentos seguem para o setor de pintura.
As estruturas organizacionais geral da Empresa e da Área Produtiva são de acordo com as
figuras a seguir:
34
Figura 6 - Organograma geral da empresa
Fonte: Noma do Brasil S/A 2013
35
Figura 7 - Organograma da área produtiva
Fonte: Noma do Brasil S/A 2013
36
4.1.2 O setor de Pré-Montagem
O setor de Pré-Montagem é responsável por realizar atividades de montagem e soldagem de
conjuntos das peças fornecidas pelos setores de Usinagem, Perfilados e Almoxarifado, e
posteriormente fornece-las para os setores, DE00 (Almoxarifado de Peças Prontas),
Montadora, Montagem de Eixo, Tampas, Pintura e Acabamento e DE19 (Peças para
assistência técnica).
Além de montagens e soldagens manuais o setor também trabalha com oito Robôs de Solda
MIG/MAG, os quais são responsáveis pela montagem e soldagem de itens com maiores
demandas, a partir de células automatizadas.
O setor trabalha com cerca de 80 colaboradores divididos em dois turnos, entre as peças
produzidas na pré-montagem, algumas se destacam pela grande demanda, como por exemplo,
as caixarias e balanças da suspensão, ferragens das tampas dos equipamentos Graneleiros,
reservatórios de ar e pinos rei.
37
Figura 8 - Interação entre Processos Pré-Montagem
Fonte: Noma do Brasil S/A 2013
A figura 8 mostra quais os setores a pré-montagem se interage dentro da empresa, ou seja,
quais são seus fornecedores e seus clientes internos.
Abaixo a figura 9 apresenta o Layout completo do setor de Pré-Montagem, onde se destaca
pela linha tracejada vermelha os Robôs 2 e 4, os quais o Kaizen foi aplicado.
37
Figura 9 – Layout do setor de Pré Montagem
Fonte: Noma do Brasil S/A 2013
38
Figura 10 - Mapa de Processos Pré-Montagem
Fonte: Noma do Brasil S/A 2013
39
A figura 10 apresenta o mapa de processos com as funções do encarregado do setor e dos
operadores a partir do momento em que o PPCP envia as ordens de produção para fábrica.
4.1.3 A célula de Operação
As células Robô 2 e Robô 4 escolhidas para a aplicação do Evento Kaizen, fazem parte do
setor de pré-montagem, e são responsáveis pela fabricação das ferragens das tampas dos
equipamentos graneleiros produzidos pela empresa.
São constituídas por 2 robôs de solda MIG/MAG e células automatizadas com dispositivos
eletrônicos que garantem a perfeita montagem e soldagem das ferragens. As ferragens são os
conjuntos de maiores demandas produzidos pelo setor de pré-montagem, são um total de 22
modelos às quais são utilizadas para a montagem das tampas dos graneleiros (equipamentos
com maior produção na empresa).
Figura 11 - Layout Células Robôs 1 e 2
Fonte: Noma do Brasil S/A
40
Figura 12 - Modelo de Ferragens produzidas nas células
Fonte: Noma do Brasil S/A
Figura 13 - Modelo de tampa utilizando um modelo de ferragens montadas na célula
Fonte: Noma do Brasil S/A
41
Figura 14 - Conjunto tampas utilizados nos equipamentos Graneleiros
Fonte: Noma do Brasil S/A
A Figura 14 ilustra a utilização das ferragens em uma caixa de carga em um dos modelos de
Graneleiros produzidos pela empresa, o modelo acima utiliza onze ferragens, esse numero
pode variar até vinte e duas unidades, dependendo do modelo do Graneleiro como o
apresentado na Figura 15.
Figura 15 - Modelo de Equipamento Graneleiro
Fonte: Noma do Brasil S/A
Ferragens utilizadas na Caixa de Carga de um
modelo de equipamento Graneleiro.
42
4.2 APRESENTAÇÃO DO EVENTO KAIZEN
No decorrer deste capitulo serão apresentadas as etapas da realização do Evento Kaizen.
4.2.1 Escolha do Tema e Metas
Através da reunião e entrevistas com as gerencias da área de Produção e Programação
Planejamento e Controle de Produção (PPCP) e Engenharia de Processos foi definido que o
tema para aplicação do Evento Kaizen seria 5S e Fluxo de Materiais nas Células dos Robôs 2
e 4 com as metas:
Reduzir em 20% a movimentação do operador;
Diminuir em 30% o estoque em processo;
Aplicar a metodologia 5S visando o aumento de produção
Também foi definida a data da realização do evento e que durante o evento a célula ficaria
exclusivamente liberada para os estudos e a realização das melhorias definidas, para isso o
PPCP planejou e antecipou a produção permitindo a parada de produção de toda a célula
durante a realização do Kaizen.
4.2.2 Formação do Time
A partir de critérios apresentados na Revisão Bibliográfica, foi montada a equipe para a
realização do Evento Kaizen.
O quadro 1 apresenta os nomes dos membros da equipe juntamente com a área em que atuam
dentro da empresa.
43
Quadro 1 - Equipe Kaizen
Fonte: Autor
4.2.3 Realização do Evento Kaizen
Para a realização do Evento Kaizen, a coordenação da equipe planejou um cronograma de
recursos, em que foram colocadas todas as necessidades percebidas que seriam necessárias
para a realização do Kaizen.
O Quadro 2 a seguir apresenta todos os recursos os quais a coordenação do Evento Kaizen
consideraram necessários para o andamento de todas as atividades durante o Evento.
Nome Área
(Líder) Tadeu Galdino Eng. de Processos
(Co-Líder) Tiago Brito Eng. de Processos
Tainah Bezerra Eng. de Processos
Sidney Messias Produção
Leandro de Oliveira Produção
Izael Martins Produção
Wilson Lombarde Produção
Wagner Dória Qualidade
Alexsandro Barbosa PPCP
Edmar Sanches Logística
Equipe Kaizen
44
Quadro 2 - Cronograma de recursos Evento Kaizen
Responsável Prazo
1 Reservar sala de treinamentos para os 3 dias Tiago 19/04/2013
2 Reservar post it para o Evento Tiago 19/04/2013
3 Reservar computador e projetor para o Evento Tiago 19/04/2013
4 Disponibilizar Flip Chart Tadeu 19/04/2013
5 Reservar Câmera Fotográfica Tiago 19/04/2013
6 Brindes de participação (Encerramento) Tadeu 19/04/2013
7 Lay out atual da célula Tadeu 19/04/2013
8 Tintas para pintar o chão máquinas e bancadas (5S) Tadeu 19/04/2013
9 Pincel e Rolos para pintar Tadeu 19/04/2013
10 Fluxograma de operações com tempos Tadeu 19/04/2013
11 Solicitar os certificados com o RH Tiago 19/04/2013
12
Solicitar informações do PPCP ( Relatórios de produção e paradas dos
Robôs 1 e 2) Tadeu 19/04/2013
13 Montar treinamento dos 7 Desperdícios Tadeu 19/04/2013
14 Montar treinamento 5S Tiago 19/04/2013
15 Preparar Dinâmica de Grupo Lean Manufacturing Ednaldo 19/04/2013
16 Programar almoço da equipe para o sábado Tiago 19/04/2013
17
Solicitar ao setor de transporte uma empilhadeira para o 2º e 3º dias do
evento Tiago 19/04/2013
18 Imprimir Layout da célula em A1 (4 Cópias) Tadeu 19/04/2013
19 Solicitar lista de presença ao TH Tiago 19/04/2013
20 Solicitar paletes ao setor de logística Tadeu 19/04/2013
21 Verificar no RH previsão de férias da equipe Tiago 19/04/2013
22 Elaborar o diagrama de "espaguete" antes do evento Tadeu 19/04/2013
23 Solicitar disponibilização aos setores de gabarito e manutenção Tiago 19/04/2013
24 Espiral para organizar fios (5S) Tadeu 19/04/2013
25 Providenciar Lanches para os Intervalos Tiago 19/04/2013
Cronograma de Recursos
Atividades
45
4.2.3.1 Abertura
O evento Kaizen seguiu uma agenda padronizada conforme descrito na metodologia e
apresentada no Quadro 3.
O primeiro dia do Evento Kaizen, iniciou-se com a abertura e a apresentação do tema e
objetivos para as Gerências e Diretoria da empresa (Figura 16). A participação de toda a
equipe na apresentação foi solicitada pela coordenação do evento, para demostrar as gerencias
a participação e o envolvimento de todos com os objetivos do trabalho, a abertura serviu
também para a Diretoria demonstrar seu apoio o que foi fundamental durante todo o Kaizen.
46
Quadro 3 - Agenda Evento Kaizen
Fonte: Autor
Dia 4 - Segunda Feira (29/04/2013)
09:00 09:45
09:45 10:00
10:00 11:00
12:00 13:00
13:00 14:00
15:00 15:15
15:15 17:00
Fim
PeríodoAGENDA EVENTO KAIZEN
"Mão na Massa" (Descarte / Mudanças na
célula/5S) (LOCAL: FÁBRICA)
Reunião inicial (LOCAL: SALA PCM)
12:00
Dia 3 - Sábado (27/04/2013)
09:0008:00
Dia 1 - Quinta Feira (25/04/2013)
11:00
Agenda / Apresentação da equipe e do Tema - Introdução
ao Evento Kaizen / "5S" no Kaizen - (Participação da
Gerência e Diretoria) (LOCAL : SALA SUL)
Abertura
Dia 2 - Sexta Feira (26/04/2013)
___
Fim
15h00 - Fechamento do Evento / Apresentação
Final (Participação da Gerência) (SALA:
SUDESTE)
Elaboração da apresentação com os resultados
para o fechamento do evento
Fim
"Mão na Massa" (Descarte/mudanças na
célula/5S) / Apresentação (LOCAL: FÁBRICA
/ SALA PCM)
Almoço Almoço
Tipos de desperdícios (LOCAL: SALA PCM)
Café
Dinâmica sobre o Lean Manufacturing ( LOCAL: SALA
PCM)
Análise do fluxograma atual / Análise do Lay out atual
(Apresentação da célula pelos colaboradores) / Gráfico
"Espaguete" (LOCAL: SALA PCM)
Fim
Caminhada na fábrica
14:00 15:00Priorização das idéias pelo quadro de impacto (LOCAL:
SALA PCM)
Café
Priorização das idéias pelo quadro de impacto (LOCAL:
SALA PCM)
Fim17:00
"Mão na Massa" (Descarte/mudanças na
célula/5S/) (LOCAL: FÁBRICA)
47
Figura 16 - Abertura do Evento Kaizen
4.2.3.2 Treinamentos e Desenvolvimento da Equipe
Após a abertura do Evento e seguindo os critérios definidos no item 3.2.8 da metodologia, o
restante da parte da manha do primeiro dia toda a equipe participaram de treinamentos e
dinâmicas onde foram apresentados os principais conceitos de melhoria continua e produção
enxuta, além de treinamentos comportamentais que visaram o aumento da percepção do
ambiente de aplicação do Kaizen.
Todos os treinamentos e a dinâmica ocorreram em uma sala especialmente reservada para o
evento, onde foram disponibilizados todos os recursos necessários para a realização dos
mesmos, a sala continham imagens dos Layouts, informações, gráficos, ou seja, informações
em que “forçavam” a equipe a levar todo o conteúdo e aprendizado dos treinamentos para o
ambiente em estudo.
48
Figura 17 - Equipe na sala preparada para o Evento Kaizen
Os temas abordados nos treinamentos foram:
Os 7 tipos de desperdícios do Sistema Toyota de Produção;
5 S;
Dinâmica sobre Lean Manufacturing.
49
Figura 18 - Treinamentos
Seguindo a agenda determinada para o evento, após a ministração dos cursos e da dinâmica os
membros da equipe fizeram as seguintes análises das células:
Análise do fluxograma de processos atual;
Apresentação das células pelos colaboradores;
Elaboração do gráfico de “Espaguete”.
A partir do cronograma de recursos apresentado no item 4.2.2 a coordenação da equipe havia
preparado alguns documentos necessários para essa parte do Evento Kaizen.
Foram elaborados um fluxograma de processos (Figura 19) da produção de ferragens, onde
mostra os tempos as operações e as distancias percorridas pelo operador durante a produção
de uma ferragem, e também uma Carta NAV/AV para registros e melhor visualização das
50
atividades que Agregam Valor (AV) e das atividades que Não Agregam Valor (NAV),
conforme a Figura 20, e um quadro atual dos dados da célula (Quadro 4).
Todos esses documentos ajudaram a equipe a enxergarem onde havia maiores desperdícios na
produção e potenciais de melhorias a serem atacados.
Figura 19 - Fluxograma de Processo
Fonte: Autor
51
Figura 20 - Carta AV/NAV
Fonte: Autor
Atividade 10
Apontar ordem no Computador do pilar
C17
Tempo = 00:00:09
Atividade 9
Buscar ponte rolante para retirar rack
da célula
Tempo = 00:00:20
Carta AV/NAV
Atividade 5
Soldar
Atividade 2
Abastecer carrinhos (operação
realizada no inicio de cada turno pelo
operador do robô)
0
Atividade 3
Buscar peças durante a montagem (
esta operação não é realizada em
todas montagens)
Atividade 8
Guardar peça pronta
Tempo = 00:00:45
Tempo = 00:00:06
Tempo = 00:01:31
Atividade 6
Retirar peça do gabarito
Tempo = 00:00:31
Tempo = 00:00:18
Tempo = 00:02:04
Tempo = 00:01:26Atividade 7
Verificar e eliminar respingos
Atividade 4
Abastecer Gabarito
O tempo total do processo é de 00:07:40, dos quais 00:02:04 são relativos a atividades AV e 00:02:20 são relativos a atividades NAV mas são necessárias ao processo e 00:03:16 são relativos a atividades NAV e não são necessárias ao processo.
52
Quadro 4 - Dados da Célula antes do Kaizen
Fonte: Autor
Com a ajuda do operador das células foi elaborado um gráfico espaguete (Figura 21) onde foi
demonstrado o percurso realizado por ele durante a produção das ferragens. Nesta etapa ficou
ainda mais evidente o desperdício de movimentação do operador durante a fabricação da
ferragem, principalmente durante nas operações de verificar e eliminar respingos e buscar a
ponte rolante para colocar o rack para a área de produção ou retira-lo para transporte.
Colaboradores9
Turnos2
Área (m2)341
Média de Produção (1º Turno) (média considerando 21 dias dos meses de março e abril)127
Média de Produção (2º Turno) (média considerando 21 dias dos meses de março e abril)106
Tempo médio de solda de uma ferragem no Robô (mm:ss,d)02:20,0
Produtividade dia (Realizado / Capacidade)55%
Percurso Peça / Homem (m)83,3
Estoque em Processo (pç)25810
Demanda 6400 Pç / Mês; 320 Pç / Dia;
80 Pç / Turno / Lado Robô
Dados da Célula
53
Figura 21 - Elaboração do Gráfico "Espaguete”
Após o intervalo do almoço, todos os membros dirigiram-se a célula estuda onde foi realizada
a “Caminhada na Fábrica” (Figura 22) onde o objetivo foi demonstrar para os membros da
equipe o ambiente real que estava sendo estudado, e melhorar a compreensão dos problemas
detectados durante a apresentação dos fluxogramas e do Gráfico “Espaguete”. Nesta parte já
era possível observar a interação dos participantes quanto à criação de soluções para os
problemas e desperdícios já observados.
54
Figura 22 - Caminhada na Fábrica
Após a caminhada na fábrica os membros retornaram para a sala do Evento Kaizen, e
iniciaram a realização de um brainstorming a partir de um estudo ainda mais detalhado dos
fluxogramas e das informações obtidas durante a realização das etapas anteriores.
Nesta etapa a foi incentivado a todo o momento a participação de todos, onde o foco era a
elaboração e sugestões de melhoria em cima dos potenciais detectados.
55
Figura 23 - Realização Brainstorming
Duas vezes ao dia, eram realizados intervalos para um café, onde toda equipe se dirigia ao um
ambiente totalmente descontraído (Figura 24) onde era fornecido, um lanche preparado
especialmente para o Kaizen. O objetivo deste intervalo era não tornar o Evento Kaizen um
trabalho “maçante”, durante o café os membros eram orientados a não falarem sobre os
problemas discutidos e sim descansar, e assim criar ainda mais disposição para a elaboração
de ideias e sugestões, para o problema estudado.
56
Figura 24 - Membros da equipe durante o café
A partir das ideias elaboradas durante o brainstorming e das análises das informações obtidas
pelo estudo das informações, foram criadas diversas sugestões de melhorias pelos membros
da equipe, e a partir dessas ideias foi elaborado uma “Priorização das ideias pelo quadro de
impacto”.
O quadro de impacto consistia em separar as ideias e as sugestões elaboradas em:
1. Baixo Custo e Alto Impacto;
2. Baixo Custo e Baixo Impacto;
3. Alto Custo e Alto Impacto;
4. Alto Custo e Baixo Impacto.
57
É possível observar pela Figura 25 que todas as ideias foram consideradas de baixo custo e
que teriam um grande impacto na organização e produção da célula, assim foi criado um
cronograma de ações (Quadro 5) o qual seria seguido nos demais dias chamados de “Mão na
Massa” e outras seriam colocadas no acompanhamento das Ações de 30 dias Kaizen, que será
apresentado posteriormente neste trabalho.
Figura 25 - Priorização das Ideias pelo Quadro de Impacto
58
Quadro 5 - Ações "Mão na Massa"
Fonte: Autor
4.2.3.3 Mão na Massa
O segundo e o terceiro dia foram chamados de “Mão na Massa”, e consistiam em implantar as
ideias selecionadas durante o brainstorming e pela priorização das ideias pelo quadro de
impacto, e o descarte, mudanças na célula e aplicação do 5S. Esses dias iniciavam-se com
uma reunião inicial onde a equipe era dividida em pequenos grupos onde cada um era
responsável pela a execução de determinadas ações.
As ações dividiram-se em aplicações do 5S, confecção das peças projetadas durante o
brainstorming, e a coordenação do evento além da organização do trabalho em equipe, ficou
responsável pela busca de apoio de outros setores enquanto os trabalhos eram realizados na
fábrica.
A Figura 26 mostra a equipe durante a confecção de três propostas para a eliminação do
desperdício de movimentação do operador: o carrinho para movimentação dos racks (Figura
29), eliminando assim a dependência da ponte rolante para essa movimentação, a fabricação
dos “cavaletes” (Figura 27) para preparação da ferragem após a operação de solda, e a
fabricação de caixas para armazenamento das peças (Figura 28) utilizadas na montagem
permitindo maior proximidade dessas com o operador, os resultados obtidos com essas ações
serão melhores apresentadas posteriormente na comparação dos processos anteriores à
aplicação do Kaizen.
Todos esses itens foram confeccionados a partir de materiais considerados sucatas, ou seja,
tornando essas melhorias de baixo custo para a empresa.
Seq Ações Responsável
1 Fazer 3 cavaletes para preparação depois da solda Sidney Messias
2 Fazer 6 carrinhos para movimentação dos racks Sidney Messias
3 Desenvolver painel de gestão a vista para transporte das ferragens Wagner
4 Fazer 6 caixas para as dobradiças de para a trava da tampa Sidney Messias
5 Reformar 3 carrinhos de abastecimento Sidney Messias
6 Monitor para o computador C15 T.I.
7 Mover estante azul dos Kanbans Edmar Sanches
8 Demarcar áreas para os carrinhos e paletes Sidney Messias
9 Pintar o chão Sidney Messias
10 Reformular Gestão Visual da produção da célula Alexsandro
Ações "Mão na Massa"
59
Figura 26 - Mão na Massa
60
Figura 27 – Cavalete para preparação das ferragens após a operação de solda
Figura 28 - Caixa para armazenamento das peças utilizadas na montagem das ferragens
61
Figura 29 - Carrinhos para movimentação dos racks
Buscando a padronização dos processos uma equipe ficou responsável pela as implantações
de 5S na célula estudada, onde a ideia principal era eliminar tudo aquilo que não era
necessário para o processo de produção e demarcar as áreas para todas as ferramentas
utilizadas naquele processo.
Durante o brainstorming a equipe desenhou o novo layout proposto, e outro (Figura 30)
mostrando quais os itens seriam eliminados ou descartados durante a aplicação do 5S, este
layout ficou exposto na célula durante a “Mão na Massa”.
Figura 30 - Layout mostrando os itens a serem eliminados no 5S
62
Figura 31 - Aplicação 5S
A Figura 31 mostra a aplicação de do 5S na célula de operação, é possível observar a
separação e o descarte daquilo que não é necessário, a organização da célula juntamente com
sua limpeza, e a padronização através das marcações e identificações das áreas e ferramentas,
os resultados serão melhores apresentados posteriormente neste trabalho.
4.2.3.4 Apresentação dos Resultados do Evento Kaizen
No 4º e ultimo dia do Evento Kaizen, toda a equipe ficou responsável pela a elaboração da
apresentação com as melhorias alcançadas durante o Kaizen, na cerimonia de encerramento
com a participação dos gestores e diretoria, abaixo serão apresentados as comparações entre
os processos anteriores à aplicação do Kaizen com os obtidos posteriormente, e no final deste
tópico será apresentado o quadro comparativo com os ganhos alcançados.
A Figura 35 mostra a comparação dos gráficos “espaguete” do processo de fabricação de
ferragens antes e depois da aplicação do Kaizen. Os principais resultados alcançados aqui
63
foram possíveis principalmente pela confecção dos itens mostrados anteriormente e melhores
apresentados a seguir:
Os cavaletes apresentados na Figura 32, para a preparação da ferragem após o processo de
solda, esta ferramenta permitiu uma grande eliminação de movimentação, pois permitiu que o
operador verificasse toda a ferragem sem a necessidade de grande movimentação, juntamente
com isso houve uma grande melhoria na ergonomia do operador durante este processo, pois
não havia a necessidade de agachar como anteriormente.
Figura 32 – Ferramentas para operação de verificação e eliminação de respingos antes e após Kaizen
Os carrinhos (Figura 33) para a movimentação dos racks e as caixas (Figura 34) para
armazenamento de peças utilizadas na montagem das ferragens também tiveram bastante
impacto na eliminação no desperdício de movimentação do operador, pois foi possível
eliminar a dependência da ponte para a movimentação dos racks e a movimentação para
buscar as peças que anteriormente ficavam distantes da célula de operação.
64
Figura 33 – Comparação entre os métodos para movimentação dos racks antes e após o Kaizen
Figura 34 – Comparação entre as formas de armazenamento de peças antes e após o Kaizen
A instalação do computador na coluna C15 para a operação de baixa de ordens, também
contribuiu para a eliminação de movimentação do operador, antes o operador deslocava-se até
o computador de outra célula pra esta mesma operação.
Era necessária
a utilização da
Ponte Rolante O carrinho para movimentação
eliminou a necessidade de
utilização da Ponte Rolante
Peças Armazenadas de
forma desorganizada.
Peças Armazenadas de forma organizada
e identificadas.
65
Figura 35 – Comparação entre os Gráficos “Espaguete” mostrando a diminuição de movimentação do operador antes e após o Kaizen
66
Os resultados alcançados através da implantação da ferramenta 5S na célula contribuiriam
para a padronização do layout e dos processos de movimentação de racks e do operador, as
imagens a seguir apresentam as comparações antes e após a aplicação desta ferramenta:
Figura 36 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S
Figura 37 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S
67
Figura 38 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S
Figura 39 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S
Figura 40 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S
68
Figura 41 - Área do setor antes e após a aplicação do 5S
Com a implantação do 5S criou-se um padrão para a movimentação dos racks de ferragens
(Figura 42), onde eram demarcadas as áreas para racks vazios, racks em processo e racks pra
verificação pela qualidade e liberação para transporte a Figura mostra a padronização desta
movimentação e o novo Layout após a aplicação do Kaizen.
Figura 42 – Padronização da movimentação dos racks após o evento Kaizen
69
As linhas em vermelho indicam as movimentações dos racks para o Robô 4 e as azuis para o
Robô 2, as linhas em verde indicam a liberação dos racks para o transporte. Após o
encerramento do Evento Kaizen essa figura indicando o fluxo dos racks ficou fixada no
quadro de gestão visual da célula.
Para melhor exposição e entendimento dos resultados alcançados a equipe criou um quadro
comparativo com os dados apresentados no Quadro 6 Com os alcançados após a realização do
Kaizen.
O Quadro 6 apenas reforça os resultados positivos alcançados com as ideias e ações criadas,
como a diminuição de movimentação, e de estoque em processo a partir da melhor
programação do PPCP e aplicação do 5S, o aumento de produtividade veio em consequência
dessas melhorias, e ainda pode-se destacar a diminuição de 9 para 8 colaboradores na célula,
isso foi possível principalmente com os ganhos na movimentação e na padronização dos
processos da célula, esse operador era responsável por um processo de solda de uma peça
usada na montagem das ferragens, este processo passou a ser realizado juntamente com a
operação de verificação e limpeza de respingos de solda. Após o encerramento do Evento
Kaizen e a adaptação de todos os operadores aos novos padrões de produção este operador foi
promovido de soldador para operador de robô no Robô 1 do setor.
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Quadro 6 - Quadro comparativo entre os dados antes e após a aplicação do Kaizen
Comparativo
Antes Kaizen Após Kaizen Diferença (%)
Colaboradores 9 8 12,5%
Turnos 2 2 0
Área 341 341 0
Média produção (1º Turno) 127 172 35%
Média produção (2º Turno) 106 141 33%
Tempo médio de solda de uma ferragem no Robô (mm:ss,d) 02:20,0 02:20,0 0
Produtividade dia (Realizado / Capacidade) 55% 74% 19%
Percurso Peça / Homem (m) 83,6 53,2 37%
Estoque em Processo (pç) 25810 20290 27%
Fonte: Autor
71
As ações que não puderam ser implantadas durante a realização do evento, pois demandaram
mais tempo, ganharam um prazo maior no Kaizen 30 dias (Quadro 7). Foi criado um quadro
de ações juntamente com os responsáveis e o prazo para conclusão, essas ações foram
coordenadas pelo líder da equipe através de reuniões semanais com todos os membros até o
cumprimento de todas as atividades.
Quadro 7 - Kaizen 30 Dias
Acompanhamento das Ações
Ações Responsável Prazo
Fazer 3 carrinhos para abastecimento Tadeu / Gabarito 30 dias
Organizar e identificar os perfis nos racks Sidney Messias 30 dias
Criar rotina de identificação dos perfis na saída da perfiladeira Ana Carolina 30 Dias
Melhoria das trocas de cilindros de gás Tadeu 30 Dias
Adaptação do gabarito de soldar superior do arco da lona Tadeu 30 Dias
Suporte para cilindro Tadeu 30 Dias
Criar procedimento para esvaziar os racks que voltam da Verzino Tadeu / Sidney Messias 30 Dias
Trocar o acrílico da parte inferior das portas dos robôs (6 peças) Tiago 30 Dias
Trocar Fechamento dos perfis RDL de aço para plástico Tadeu / EPR 30 Dias
Reformar racks de transporte (reforçar apoio da empilhadeira) Tadeu / Gabarito 30 Dias
Checagem / Organização dos Planos de Processo Tadeu 30 Dias
Verificação / Atualização de roteiros e listas técnicas no SAP Tainah / Tadeu 30 Dias
Fonte: Autor
Todos os dados e resultados demonstrados anteriormente foram apresentados durante a
cerimônia de encerramento do Evento Kaizen pelos membros da equipe (Figura 43), a
participação de todos foi solicitada pela coordenação para demonstrar o desenvolvimento de
cada um aos seus superiores adquiridos durante a realização do evento, todos os
questionamentos e duvidas geradas durante o encerramento foram respondidas de forma
unidas e não apenas em cima dos coordenadores demonstrando o envolvimento e o grande
conhecimento alcançado pelo trabalho em equipe.
72
Figura 43 - Equipe apresentado os resultados alcançados no encerramento
4.2.3.5 Entrega de Brindes e Certificados de Participação e Encerramento do Evento
Kaizen
Após o encerramento foram entregues pela diretoria a todos os membros da equipe, brindes
(Figura 44) e certificados de participação (Figura 45) no primeiro Evento Kaizen realizado na
empresa, o objetivo aqui era atestar e motivar os participantes a difundirem os conhecimentos
adquiridos durante o Kaizen para outros setores da empresa buscando a melhoria continua em
todo o chão de fábrica.
Figura 44 - Brindes de Participação
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Figura 45 - Certificado entregue pela diretoria aos participantes do Evento Kaizen
Após o encerramento e a entrega dos brindes e certificados, todos os presentes na cerimônia
de encerramento foram convidados para visitar a célula juntamente com os membros da
equipe, aqui novamente a participação de todos na apresentação do local foi solicitada pela
coordenação da equipe, demonstrando que os resultados foram alcançados pela toda a equipe.
Abaixo a Figura 46 mostra toda a Equipe na células dos Robôs 2 e 4 após o termino do
Evento Kaizen.
74
Figura 46 - Equipe Kaizen Célula de Ferragens Robô 1 e Robô 2
75
5. Conclusão
Neste capitulo serão apresentados as contribuições do trabalho, as Dificuldades e Limitações
encontradas durante sua realização e Propostas para Trabalhos Futuros.
5.1 CONTRIBUIÇÕES
A implantação de conceitos de manufatura enxuta é de essencial importância para as empresas
que buscam competitividade no mercado globalizado atual. Uma das maneiras de buscar
melhorias e implantar estes conceitos é o Evento Kaizen, o qual foi demonstrada sua aplicação
neste trabalho. Na empresa em estudo tal conceito nunca havia sido aplicado, o que exigiu
bastantes estudos e pesquisas em diferentes literaturas mostrando como se aplicar o Evento
Kaizen. O envolvimento do autor em todo o processo de aplicação da ferramenta Kaizen na
determinada célula, possibilitou o entendimento, a importância e a eficiência da aplicação de
melhorias a nível de chão de fábrica.
Foi possível verificar que a escolha do tema, do time e o comprometimento da alta
administração com o trabalho, e de toda a equipe, foram fundamentais para os resultados
alcançados. Sem esses fatores, relevando principalmente a motivação criada pelas lideranças
de coordenação do programa Kaizen, seria impossível alcançar os resultados apresentados.
O objetivo do trabalho foi demonstrar os ganhos da implementação dos conceitos de Kaizen,
que garantem resultados consideráveis, em um curto prazo e com baixo custo, alcançados a
partir de um trabalho em equipe, onde todos focaram e buscaram de forma unida os mesmos
objetivos, criando ideias simples, mas com grande impacto na busca por qualidade, produção
e redução de custos.
Contudo, verificou-se que o evento Kaizen possibilitou a melhor compreensão dos problemas
e a criação de soluções para os mesmos. Assim, foi demonstrado que a ferramenta possibilita
condições de ser aplicada em curto prazo em diversos processos de fabricação em uma
indústria, alcançando resultados como a redução de movimentação em 37%, a diminuição do
quadro de operadores em 12,5% e o aumento de produtividade em 19%.
5.2 DIFICULDADE E LIMITAÇÕES
Para a implantação de conceitos de produção enxuta, observou-se que a empresa não adotava
mecanismos de Mapeamento do Fluxo de Valor, de gráficos de controle de qualidade e
produção e padronização dos fluxogramas e operações.
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A falta desses dados ou informações impediram a obtenção ou a apresentação de melhores
resultados em relação à diminuição de desperdícios e melhoria no fluxo de valor.
5.2 PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS
Com a aprovação da diretoria devido aos resultados alcançados, e o desenvolvimento dos
membros da equipe em relação à compreensão e solução de problemas alcançados durante a
realização do Evento Kaizen, existe a possibilidade de disseminação deste trabalho para os
outros setores da empresa, criando e desenvolvendo a mentalidade enxuta por todo o chão de
fábrica.
Por outro lado, viu-se a necessidade de desenvolvimento de ferramentas como o Mapeamento
de Fluxo de Valor e a utilização de gráficos de controles, tornando a coletas de dados mais
confiáveis, e melhor compreensão e obtenção de potenciais de melhorias.
77
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Universidade Estadual de Maringá
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