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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
UM NOVO OLHAR
Por Lúcia Helena de F. Mendes
Orientadora Prof. Maria Poppe
Rio de janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
UM NOVO OLHAR
Apresentação de monografia à universidade
Candido Mendes como condição prévia para
a conclusão do Curso de pós - graduação
“Lato Sensu” em Psicopedagogia.
Por: Lúcia Helena de F. Mendes...
3
AGRADECIMENTO
A realização desta monografia tornou-se
possível devido à colaboração de algumas pessoas
que, de diferentes maneiras, contribuíram, mostrando
que é possível não desanimar e lutar com garra, para
que um sonho se tornasse realidade.
Assim, agradeço aos professores, colegas e
orientador da Pós-Graduação que participaram desta
trajetória.
A professora Maria José, inesquecível
professora “maluquinha” de pedagogia, por fazer
acreditar que dependendo da situação possível ser
uma águia ou uma tartaruga, sem nunca perder de
vista o equilíbrio.
A professora Maria Isabel, por ter permitido
crescer como ser humano.
Dra. Lúcia Jardim, pelo carinho, paciência e
incentivo sem limite, por me levar a acreditar que a
vida continua, e que devemos segui-la sorrindo
mesmo quando ela não sorrir para gente.
Dra. Ana Laura pelos cochichos ao pé do
telefone, sempre que o meu coração pede por ajuda.
Obrigada por estar sempre em alerta para com a
minha família.
As pessoas do Grupo de Escoteiro 89o. e Abrigo Alma
por me permitir realizar trabalho voluntário, onde tenho
a oportunidades de observar cada criança, nos seus
diferentes modo de ser.
4
Um agradecimento muitíssimo especial as
pessoas que mais amo: ao meu esposo, ao meu filho
e a minha mãe, meus irmãos, sobrinhos, em especial
a Hellen por me ajudar sempre que preciso, a família
do meu esposo, pela compreensão, pelo carinho e
pelo apoio, ao compartilhar comigo dessa trajetória...
5
DEDICATÓRIA
A Deus,
que deu a potencialidade para realizar grande parte
dos meus sonhos.
A minha mãe, meu marido, meu filho,
que deram suporte afetivo para ultrapassar os
obstáculos no caminho.
Aos orientadores e professores de todos os níveis,
que ensinaram a compreender, aprender, a buscar e a
ensinar.
Aos colegas, hoje amigos que a todo o momento,
com o sucesso que conseguiram em suas vidas,
trouxeram-me a ilusão de pensar que o trabalho
realizado estava certo, e com suas permanentes
dúvidas e críticas mostraram-me que é preciso, a todo
o momento, tentar melhorar.
6
“Novos tempos, novos rumos, pois o tempo é sempre novo; no
momento em que é, já está deixando de ser para vir a ser; assim é
também o fazer pedagógico que está deixando de ser pedagógico para
vir a ser psicopedagógico, na busca de novos rumos que nos façam
desejar um ‘admirável mundo novo’ que seja nosso, sonhado,
desejado, por nós construído.”
Maria Thereza Jorand (revista Expressão, pg. 5 – Ano III, n° 3 maio/1993)
7
RESUMO
A pesquisa visa investigar a origem da Psicopedagogia, de que forma
realiza o diagnóstico e os recursos utilizados, além de sua importância na
Instituição Escolar, a partir da premissa de que existe uma grande
preocupação com a maneira pela qual as pessoas apresentam dificuldades
quando realizam a aprendizagem.
Atualmente a Psicopedagogia tem se expandido e está sendo definida
como área que estuda o processo de aprendizagem, atuando frente aos
problemas dele decorrentes; algumas escolas já possuem o trabalho
psicopedagógico atuando junto à comunidade escolar.
8
METODOLOGIA
. Iniciou-se este estudo por pesquisa quantitativa a partir de uma
leitura do texto “Psicopedagogia nas Escolas e nas Empresas” do Jornal “O
GLOBO” (S/D, S/P) (em anexo n° 1) questão que ofereceu pista para o tema
da monografia. Pretende-se com isso, responder a seguinte questão:
O que é Psicopedagogia? E qual a importância dela na instituição
escolar?
Foi realizada extensa pesquisa bibliográfica acerca do tema, pesquisa
de campo com psicopedagogos e pais de estudantes de diferentes níveis,
análise de documentos em busca de elementos que se revelaram
importantes, partindo de obras gerais-enciclopédias, dicionários,
experiências de autores especialistas no tema, de monografias
especializadas, de artigos de jornais e revistas e Internet, devido a sua
atualidade.
A pesquisa tem por objetivo transmitir uma mensagem, demonstrar
uma idéia, assumindo uma posição relacionada com o problema específico
levantado pela consideração do tema.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPITULO I – A ORIGEM DA PSICOPEDAGOGIA 13
CAPITULO II – O CENÁRIO BRASILEIRO 22
CAPITULO III – A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR 39
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 48
ANEXO 50
ÍNDICE 54
10
INTRODUÇÃO
O trabalho psicopedagógico amplia a possibilidade de intervenção
junto a quem ensina, unindo esforços na busca de soluções dos problemas
de aprendizagem.
Muito se tem lido em revistas, livros e jornais sobre ‘’déficits’’ de
aprendizagem, mas, apesar de muitos estudos alertarem para este sério
problema, poucos são aqueles que o apontam como uma das causas do
fracasso escolar.
Por se tratar de um tema relevante e atual, despertou o interesse em
pesquisar o assunto, de maneira mais aprofundada, partindo de uma
questão que oferecesse pistas de alguma alternativa de pesquisa sobre a
Psicopedagogia na escola. Pretende-se com isso, responder a seguinte
questão:
Qual a origem da psicopedagogia e a sua importância na instituição
escolar?
Acredita-se ser verdadeira a hipótese de que, a partir da introdução
da Psicopedagogia nas instituições escolares, será mais fácil prevenir,
detectar e atuar, de forma mais eficaz, sobre a Dificuldade de
Aprendizagem.
Esta pesquisa é importante na medida em que se faz necessário na
escola, um trabalho que possa auxiliar a comunidade escolar a ter novas
perspectivas no desenvolvimento ensino aprendizagem, ampliando assim
possibilidades de intervenção, conforme diz Gasparia:
“A intervenção psicopedagógica, (...), tem por
objetivo a melhoria das atividades escolares, por isso
todas as suas ações devem servir de apoio e de
sustentação para a escola nos diferentes níveis nos
quais se encontram comprometidos”.
GASPARIA (1997), apud Revista Psicopedagogia-
19/55-80 – 87, 2001
11
Foram desenvolvidos pesquisas com o profissional psicopedagogo e
pais de alunos de diferentes níveis para melhor compreender a questão
investigada sem perder de vista o objetivo da monografia.
A referida bibliografia deu base para pesquisar: A origem da
Psicopedagogia e a conscientização da necessidade de Serviço de
Orientação Escolar e Profissional de assessoramento e apoio
psicopedagógico na comunidade escolar; o profissional psicopedagógico;
Pensando as Dificuldades de Aprendizagem; Diagnóstico psicopedagógico e
os recursos utilizados para diagnosticar e trabalhar a Psicopedagogia na
escola.
Apesar das possíveis limitações da Psicopedagogia, deposita-se
esperança nesta pesquisa, sobretudo porque se acredita que as escolas,
unidas às perspectivas oferecidas pela Psicopedagogia, poderão contribuir
para o atendimento da expectativa que representa um desafio para os
educadores nos últimos anos: conquistar uma melhor qualidade de ensino.
Os três capítulos (a origem da Psicopedagogia, o cenário brasileiro, a
Psicopedagogia na instituição escolar) e a conclusão encontram-se
organizado em conceitos e conteúdos. A bibliografia correspondente
encontra-se no final da monografia.
Capitulo I: A Origem da Psicopedagogia
A Origem da Psicopedagogia foi na Espanha no final do século XIX,
coincidindo com a entrada da Psicologia Científica no Brasil. No início do
séc. XX, o principal objetivo desenvolvido foi investir na renovação da vida
social e política espanhola. Através de uma reforma profunda no ensino.
Surgiu entre a Psicologia e a Pedagogia, como uma prática, cujo
objetivo era buscar desfecho referente ao processo ensino aprendizagem,
propondo incluir a família no processo, possibilitando o acompanhamento do
trabalho junto ao professor. Tendo como objetivo principal à prevenção dos
problemas de aprendizagem, realizando na escola um trabalho articulado em
torno da educação, no qual se desenvolvem tarefas envolvendo toda
comunidade escolar.
12
Capitulo II: O Cenário brasileiro
A Associação Brasileira de Psicopedagogia tem contribuído para que
a Psicopedagogia assuma uma nova forma no cenário educacional
brasileiro, através de uma linha cronológica de eventos promovidos pela
Associação.
Em 1980 iniciou suas atividades, denominando-se inicialmente
Associação de Psicopedagogo de São Paulo, já se preocupava em definir o
perfil desses profissionais. Para isso, promovia pequenos encontros para
reflexão e trocas de experiências de trabalho, enfocando os problemas de
aprendizagem.
Capitulo III: A Psicopedagogia na Instituição Escolar
A importância da abordagem da Psicopedagogia dentro da Instituição
Escolar, o diagnostico e avaliação feita pelo psicopedagogo é meios para
ajudar a escola a sair da crise em que se encontra. Esta crise pode ser de
cunho pedagógico (curricular, didático, metodológico), organizacional ou
relacional.
A Psicopedagogia dentro da escola tem a função de proporcionar aos
professores recursos e habilidades que lhe permitam responder aos quesitos
básicos e urgentes de seu trabalho. Esta orientação é entendida como
processo que integra todos os elementos que incidem na evolução da
criança, com a finalidade de favorecer, ao máximo, seu desenvolvimento
harmônico nos campos intelectual, social e afetivo.
Conclusão:
Conclui-se assim que a Psicopedagogia pode contribuir para a
transformação dos profissionais da instituição educacional, na medida em
que se institui um forte vínculo entre a Pedagogia e a Psicopegagia. Este
processo só será possível nas instituições onde houver desejo de mudança
em cada um dos profissionais, que compõem a comunidade escolar.
13
CAPÍTULO I
A ORIGEM DA PSICOPEDAGOGIA
“Se a tarefa da epistemologia é buscar fundamento para
o conhecimento, buscar legitimar o que já se sabe, a
tarefa da Psicopedagogia é um trabalho crítico do
pensamento sobre o próprio pensamento, uma
possibilidade de fazer da análise crítica do ser
cognoscente um objeto de cientificidade”.
(LIMA, Taís Aparecida Costa, Psicopedagogia Diversas
faces, múltiplos olhares - 2003, p. 12)
14
CONCEITO
De acordo com o dicionário Aurélio, a psicopedagogia “é o estudo da
atividade psíquica da criança e dos princípios que daí decorrem, para regular
a ação educativa do individuo”. Como também, a psicóloga e psicopedagoga
Bossa (1994a) apud Costa e outros, (2003 p. 34), “destaca que o termo
psicopedagogia parece deixar claro que se trata de uma aplicação da
Psicologia à Pedagogia, embora essa definição não reflita o verdadeiro
significado do termo”. Partindo dessa premissa, Costa no livro
Psicopedagogia Diversas faces, múltiplos olhares afirma que:
“De fato Psicopedagogia vai além da aplicação da
Psicopedagogia à Pedagogia, pois não pode ser vista
sem um caráter interdisciplinar que implica a
dependência da contribuição teórica e prática de outras
áreas de estudo para construir como tal. Por outro lado,
a Psicopedagogia não é apenas o estudo da atividade
psíquica da criança e dos princípios que daí decorrem,
visto que ela não se limita à aprendizagem da criança,
mas abrange todo o processo de aprendizagem e,
conseqüentemente, inclui quem está aprendendo,
independente de ser criança, adolescente ou adulto.
A Psicopedagogia é um campo de atuação que
integra saúde e educação e lida com o conhecimento,
sua ampliação, sua aquisição, suas distorções, suas
diferenças e seu desenvolvimento por meio de múltiplos
processo”.
(COSTA, e outros, 2003, p. 34)
O Código de Ética confirma o que Costa descreve, que conceitua
Psicopedagogia como:
15
“Campo de atuação em educação e saúde que
lida com o processo de aprendizagem humana; seus
padrões normais e patológico, considerando a influência
do meio – família, escola e sociedade – no seu
desenvolvimento (...), usando procedimentos próprios da
Psicopedagogia”.
(Código de Ética da Psicopedagogia,Cap. I, Art.
1o., apud. Costa e outros, 2003)
1.1-A Origem da Psicopedagogia
Segundo pesquisa realizada no livro ‘’O assessoramento
Psicopedagógico’’ de (MONEREO & SOLÉ, 2000), as origens da
Psicopedagogia na Espanha foram encontradas no final do séc. XIX,
coincidindo com a introdução da Psicologia Científica no Brasil, e tem na
“Institución Libre de Enseñanza”, uma de suas bases fundamentais. No
início do séc. XX, o principal objetivo desenvolvido pelos membros da
Instituição foi investir na renovação da vida social e política espanhola.
Através de uma reforma profunda no ensino, desenvolveram-se múltiplas
iniciativas que anteciparam este espaço de reflexão, de pesquisa e de ação
que, com o passar do tempo, denominou a Psicopedagogia.
Depois da guerra civil, passaram mais de 30 anos para que ocorresse
uma situação tão propícia e favorável ao desenvolvimento da
Psicopedagogia.
Nesse sentido, segundo SOLÉ (2000) são três as referências diretas
e recentes da Psicopedagogia em seu pais:
Em primeiro lugar, os estudos universitários de Pedagogia e, mais
concretamente as especialidades de orientação educativa e profissional, de
pedagogia terapêutica ou de educação especial oferecidas, com estas ou
outras denominações, em muitas faculdades de pedagogia espanholas, a
partir do momento em que se normalizava a vida acadêmica universitária no
período pós-guerra.
16
Em segundo lugar, a criação das licenciaturas em Psicologia,
primeiro, em 1968, na Universidade Complutense pouco depois na
Universidade de Barcelona e, posteriormente, de forma progressiva, no
restante das universidades espanholas e, mais concretamente, a existência
de especialidades de Psicologia escolar ou Psicologia Pedagógica no âmago
dessas licenciaturas.
Em terceiro lugar, a evolução do sistema educativo Espanhol,
sobretudo a partir da entrada em vigor da Lei Geral de Educação de 1970, e
a conscientização progressiva da necessidade de serviço de orientação
educacional e profissional e de apoio psicopedagógico aos alunos, aos
professores e às escolas.
Ainda que os três fatores mencionados constituam a base sobre a
qual se fundamenta a configuração progressiva da Psicopedagogia na
Espanha, a partir dos anos 70 é, principalmente, no terceiro, que se deve
buscar, segundo a opinião do autor, o motor de seu desenvolvimento e do
seu reforço como um campo profissional específico. Cabe situar o ponto de
partida desse processo na já mencionada Lei Geral de Educação, de 1970,
que inclui dentre suas declarações de princípios a necessidade e o direito
dos alunos à orientação escolar.
Este aspecto de Lei não tem um desenvolvimento completo até 1977,
quando o Ministério de Educação e Ciência cria dentro do sistema
educacional os Serviços Provinciais de Orientação Escolar e Profissional,
aos quais se encomendam as tarefas de orientação aos alunos, de
assessoramento e apoio aos professores e de informação aos pais. Convém
ressaltar que, ainda que a regulamentação das funções desses Serviços não
inclua as tarefas relacionadas à educação especial e com a detecção e o
diagnóstico dos alunos com dificuldades escolares, a ênfase é colocada
fundamentalmente nas funções e nas tarefas vinculadas à educação comum
e ao bom desempenho da escolaridade dos alunos.
Outro momento importante do processo é a criação, em 1980, das
primeiras Equipes Multiprofissionais de Educação Especiais em diferentes
lugares da Espanha. Essas equipes, formadas por psicólogos, pedagogos e
assistentes sociais, surgem sob o amparo de um plano experimental
17
elaborado pelo Instituto Nacional de Educação Especial, organismo
dependente do Ministério de Educação e Ciência. As Equipes
Multiprofissionais, contrariamente ao que ocorre com os Serviços Estaduais
(N. de R. T. Provinciais, na França), de Orientação Escolar e Profissional
têm, como responsabilidade principal, a atenção aos alunos com
necessidades educativas especiais.
A partir de 1982, uma vez finalizado o prazo do plano experimental,
estende-se à criação das Equipes Multiprofissionais a todos pais. No
entanto, logo começa a conscientização de que uma abordagem da
educação especial respeitando realmente os princípios de normalização de
serviços e apoios, de integração dos alunos com necessidades educativas
especiais nas escolas comuns e de atenção personalizada – princípios que
presidem e guiam a atuação das equipes – conduz inevitavelmente à
aproximação entre as funções e as tarefas dos Serviços de Orientação
Escolar e Profissionais e das equipes Multiprofissionais. De qualquer forma,
a criação das equipes Multiprofissionais prossegue em toda a Espanha,
primeiro, dependendo diretamente do Ministério de Educação e, depois, à
medida que as Comunidades Autônomas vão assumindo as atribuições em
matéria de educação, sob a dependência direta das respectivas
administrações educacionais.
A evolução ao longo dos anos 80 desses três tipos de serviços de
apoio à escola – os Serviços de Orientação Escolar e Vocacional, as
Equipes Multiprofissionais de Educação Especial e as Equipes Municipais de
Assessoramento Psicopedagógico – viu-se profundamente marcada por dois
fatos que influenciaram determinantemente a configuração do espaço
profissional da Psicopedagogia. O primeiro foi à transferência das
responsabilidades educativas às Comunidades Autônomas, já que a
responsabilidade pelo planejamento, pela organização e pela gestão dos
serviços de apoio às escolas passou a ser assumida, em muitas delas, pelas
respectivas administrações educativas; e o segundo implementação de uma
reforma global do sistema educativo espanhol como conseqüência da
promulgação, em 1990, da Lei de Ordenamento Geral do Sistema
Educacional (LOGSE).
18
A reforma educativa impulsionada pela LOGSE concede uma especial
importância a todo um conjunto de ações diretamente orientadas à
promoção da qualidade do ensino. Entre elas, tem lugar de destaque o
impulso dado aos serviços de orientação educacional e intervenção
psicopedagógica.
A Psicopedagogia surgiu entre a Psicologia e a Pedagogia, como uma
prática, cujo objetivo era buscar desfecho referente ao processo ensino
aprendizagem, propondo incluir a família no processo, através de reuniões,
possibilitando o acompanhamento do trabalho junto ao professor. Tendo
como objetivo principal à prevenção dos problemas de aprendizagem,
realiza na escola um trabalho articulado em torno da educação, no qual se
desenvolvem tarefas envolvendo toda comunidade escolar.
A partir do conhecimento do processo de aquisição da aprendizagem,
o especialista em Psicopedagogia consegue detectar que situações podem
estar influenciando negativamente esse processo, ou que mecanismos o
aprendiz está utilizando, que podem estar dificultando sua aprendizagem:
observação e análise do sistema familiar, escolar e social em que a criança
está inserida, além do seu próprio processo de aprendizagem. A criança
primeiro deve ser olhada como um “todo”, para depois identificar as causas
da dificuldade.
Pesquisas quantitativas e qualitativas serviram exatamente para
buscar conhecimentos sobre a importância dessa abordagem institucional,
que permite entender que o trabalho psicopedagógico pode e deve ser
entendido não somente como serviço de apoio aos alunos “com problemas”,
mas também como um serviço de apoio a toda comunidade escolar e à
família dos alunos a qual é indispensável para o desenvolvimento e
crescimento da criança, é o seu primeiro agente educativo e socializador.
Segundo pesquisa realizada na Internet
(www.psicopedagogia.com.br), a Psicopedagogia consiste em uma prática e
um amplo conhecimento, para a definição de um objeto próprio de estudo e
para a definição de seu campo de intervenção. Neste sentido, recorre, além
da Psicologia, à Psicanálise, à Medicina, à Lingüística, a Fonoaudiologia, à
19
Sociologia. À Antropologia, à Epistemologia e à Informática entre outras
fontes.
A Psicopedagogia, pelo seu caráter interdisciplinar, está sempre
buscando novas contribuições científicas em outros campos do saber
humano, além da Psicologia e da Pedagogia, e a necessidade de
compreender, com clareza, as várias facetas da aprendizagem humana
impulsionaram-na para muito além da proposta inicial. Objetiva, portanto,
agilizar a capacidade de relacionamento do indivíduo, nos aspectos bio-
psico-sócio-cultural.
As duas principais áreas da Psicopedagogia são a Clínica e
Institucional, que realizam uma intervenção eficaz, através de conhecimento
e compreensão da dinâmica psíquica das crianças o que inclui os fatores
inconscientes, pesquisar as referências sócio-culturais que as envolvem e
dimensionar as características da história de suas aprendizagens.
Tal prática desenvolveu-se por excelência nas escolas, inicialmente
voltada para as razões pelas quais havia alunos que não eram capazes de
aprender e diferenciavam-se dos demais e, na Clínica, consiste em
diagnosticar, através de diversos procedimentos, as causas que impedem
um indivíduo ou um grupo não só de aprender, mas de aprender a aprender,
permitindo-lhe o desenvolvimento pleno de suas potencialidades
emocionais, cognitivas e sociais.
No que diz respeito ao objeto de estudo da Psicopedagogia,
encontram-se, na Literatura, diferentes referências, tais como: o processo de
aprendizagem humana; a construção do saber em seus aspectos cognitivos,
afetivos e sociais; as condições determinantes da aprendizagem, diagnóstico
e tratamento, e outros.
Com a ampliação da visão de que o sujeito não é apenas um ser
racional, os psicopedagogos passaram a estudar e a avaliar o processo da
aprendizagem. Porém essa observação levou a uma prática pautada no
refazer do processo de aprendizagem e requerendo reposição de conteúdos
e repetições até que a criança aprendesse. Ela (a criança) ficou subdividida
em setores e não havia articulação entre o emocional, a cognição, o motor e
o social.
20
A Psicopedagogia, inicialmente, teve como pressuposto que as
pessoas que não aprendiam tinham um distúrbio qualquer, conforme
assinala BOSSA (1994 p.042).
“Há preocupação dos profissionais que entendiam
essas pessoas eram os médicos, em primeira instância
e, em seguida Psicólogos e Pedagogos que pudessem
diagnosticar os déficits. Os fatores orgânicos eram
responsabilizados pelas dificuldades de aprendizagem
na chamada época ‘patologizante’ A criança ficava
rotulada e a escola e o sistema a que ela pertencia, se
eximiam de suas responsabilidades: Ela (a criança) tem
problemas”.
Os vários profissionais envolvidos na questão aprendizagem foram
percebendo que não bastava retirar o eixo da patologia para a
aprendizagem, mas era necessário saber que sujeito era esse, de onde ele
vinha e para onde ele queria e podia ir. A constatação de que apenas uma
área do conhecimento não conseguiria respostas absolutas e definitivas para
a situação, deflagrou o que é hoje a Psicopedagogia.
Os profissionais interessados nas questões de aprendizagem
entenderam que o caminho era a interdisciplinaridade para compreender a
complexidade desse fenômeno. A partir de diferentes referenciais teóricos,
tais como a Pedagogia, a Psicologia, a Fonoaudiologia, a Psicanálise, a
Sociologia, a Neurologia,... Foram se construindo e pesquisando outros
referenciais, outros instrumentos, outras sínteses. Esse conhecimento foi
construído a partir de encontros desses profissionais, pautados em teorias,
experimentos, pesquisas, práticas diferenciadas e, o mais provocante, de
uma realidade que teimava em incomodar o fracasso escolar!
Neste raciocínio, a Psicopedagogia não é a justaposição da
Psicologia e da Pedagogia e, nem tampouco, um Pedagogo ou um
Psicólogo “mais especializado”. A Psicopedagogia se propõe a investigar e a
21
entender a aprendizagem com base no diálogo entre várias instâncias do
conhecimento, através do psicopedagogo.
O psicopedagogo é um outro profissional, com um outro referencial, a
partir de um outro conhecimento e com um outro olhar. A Psicopedagogia,
hoje, é entendida num contexto de interdisciplinaridade.
Diante desses avanços, a criança que não está conseguindo aprender
é entendida e trabalhada, não como alguém que possui um déficit ou um
problema, mas como alguém, um aprendiz, que possui um estilo de
aprender diferente, que está diretamente relacionado ao estilo da família e
da comunidade a que pertence.
De acordo com a problemática das questões levantadas os
psicopedagogos trabalham e necessitam dos pedagogos, dos psicólogos,
dos fonoaudiólogos. Mas possuem instrumentos de trabalho, os seus
referenciais, sua escuta e seu olhar.
Analisando a trajetória aqui apresentada, fica claro o entendimento do
porquê da formação em Psicopedagogia estar organizada na forma de pós –
graduação. Ela exige, do alunado, uma articulação, uma abordagem e um
avanço qualitativo inerentes e uma maturidade profissional e acadêmica.
Portanto, é necessário muito cuidado na escolha do curso de pós -
graduação em Psicopedagogia. Deve-se analisar a oferta de disciplinas
inerentes à aprendizagem, se os professores são psicopedagogos
especialistas e se há um estágio supervisionado pelos mesmos.
22
CAPÍTULO II
O CENÁRIO BRASILEIRO
“Todos esses estudos são importantes contribuições
para que o educador não tenha uma visão deformada do
sujeito, e sim o enxergue como um sujeito articulado em
seus aspectos afetivos e cognitivos”.
(LIMA, Taís Aparecida Costa – Psicopedagogia Diversas
faces, múltiplos olhares -2003, p. 13)
23
O CENÁRIO BRASILEIRO
Segundo SCOZ, (1999) A Associação Brasileira de Psicopedagogia
tem contribuído para que a Psicopedagogia assuma uma nova forma no
cenário educacional brasileiro, a partir de um redimensionamento da
concepção de problema de aprendizagem. Esse fato é perceptível através
de uma linha cronológica de eventos promovidos pela Associação e pelos
temas que marcam essa transformação. Ao iniciar suas atividades, em 1980,
denominando-se inicialmente Associação de Psicopedagogo de São Paulo,
já se preocupava em definir o perfil desses profissionais. Para isso, promovia
pequenos encontros para reflexão e trocas de experiências de trabalho,
enfocando os problemas de aprendizagem.
Com o intuito de ampliar essas discussões, a Associação realizou, em
1984, o primeiro Encontro, “Experiências e Perspectivas do Trabalho
Psicopedagógico na Realidade Brasileira”, cujo temário versava sobre as
abordagens terapêuticas e preventivas do trabalho psicopedagógico, com a
finalidade de direcionar a Psicopedagogia não só para os descompassos da
aprendizagem, mas também para uma atuação que objetivasse uma
melhoria da qualidade de ensino nas escolas.
Com o crescente avanço do campo de atuação da Psicopedagogia
nas escolas, os psicopedagogos sentiram necessidade de aprimorar a
própria formação, adquirindo conhecimentos multidisciplinares, através de
cursos, palestras, conferências, seminários, etc. contando com a liderança
de profissionais de diferentes áreas de atuação como, por exemplo, o
pedagogo que permitirá ao psicopedagogo uma parceria junto aos
professores, com possibilidades de uma aprendizagem enriquecedora para
os alunos.
O psicopedagogo, tendo uma compreensão abrangente sobre o
problema de aprendizagem, poderá desenvolver um importante papel nas
instituições escolares, discutindo novas metodologias de ensino, questões
sobre o preconceito, rejeições, ou diferentes modalidades de aprendizagem,
seja do aluno ou do professor. Desta forma estará desenvolvendo um
trabalho preventivo e contribuindo em direção da meta.
24
Ciente da necessidade de conhecimentos multidisciplinares a
Associação promoveu vários encontros e Congressos, como: em 1986
segundo Encontro, “Psicopedagogia: O Caráter Interdisciplinar na Formação
e na Atuação Profissional”, em 1992 II Congresso e quinto Encontro “A
Práxis Psicopedagógica na Realidade Escolar Brasileira” e outros, abrindo
espaço para a participação de um maior número de profissionais com
conhecimentos científicos diversificados, possibilitando assim troca de
experiências de trabalho que facilitasse uma visão mais abrangente de
problema de aprendizagem, com objetivo de melhorar a qualidade do ensino
oferecido nas escolas.
O psicopedagogo, segundo pesquisa realizada na Internet, é o
profissional que auxilia na identificação e resolução dos problemas no
processo de aprender, ele esta capacitado a lidar com as dificuldades de
aprendizagem, um dos fatores que levam a multirrepetência e à evasão
escolar, conduzindo à marginalização social. Suas funções e atribuições
dentro da Instituição escolar são as seguintes:
1-Possibilitar intervenção visando à solução dos problemas de
aprendizagem tendo como enfoque o aprendiz ou a instituição de ensino
público ou privado;
2-Realizar o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, utilizando métodos,
instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia;
3-Atuar na prevenção dos problemas de aprendizagem;
4-Desenvolver pesquisas e estudos científicos relacionados aos processos
de aprendizagens e seus problemas.
5-Oferecer assessoria psicopedagógica aos trabalhos realizados em
espaços institucionais.
6-Orientar, coordenar, e supervisionar cursos de especialização de
Psicopedagogia, em nível de pós-graduação, realizado em instituições ou
escolas devidamente autorizadas ou credenciados nos termos da
legislação vigente.
Para que o psicopedagogo possa intervir na solução dos problemas
de aprendizagem, realizar diagnósticos, atuar na prevenção, assessorar
25
trabalhos realizados, precisará do pedagogo para abrir espaços dentro da
instituição disponibilizando recursos que farão frente aos desafios.
Tendo as portas abertas para atuar profissionalmente (exercendo
assim suas funções) o psicopedagogo poderá participar do
desenvolvimento do Plano Educacional de Escola e da avaliação, pois
segundo MONEREO e SOLÉ (2000), o apoio do psicopedagogo para a
realização do Plano Anual, das programações e da Memória é essencial,
se a escola considera que pode e deve intervir, em maior ou menor grau,
segundo sua situação e vinculação institucional, em aspectos como:
Ü Elaboração do plano de ação orientadora;
Ü Participação na elaboração do Plano Anual nos aspectos que
afetam o seu serviço e questões psicopedagógicas;
Ü Delimitação de ações voltadas para o respeito à diversidade;
Ü Apoio à elaboração e ao desenvolvimento das programações de
aula;
Ü Realização de relatórios administrativos;
Ü Capitação e gestão de recursos destinados à prevenção e ao
tratamento de dificuldades educativas
Ü Ajuda ao professor em sua função orientadora e como professor
(obter materiais, organização da aula, etc.);
Ü Assessoramento às equipes de professores e à equipe de
direção em temáticas educativas e didáticas;
Ü Participação na avaliação do Plano Anual e na elaboração de
Memória.
A ajuda do psicopedagogo institucional à Equipe Pedagógica se
concretiza através de uma profunda reflexão e conhecimento dos problemas
educacionais que estão vinculados a inúmeras variáveis tais como:
princípios éticos, morais, culturais e de políticas educacionais que, em última
análise condicionam fortemente as atitudes e tarefa dos professores, de tal
forma que acabam limitando e condicionando os modelos didáticos, os
diagnósticos que, inconscientemente, influenciam na sua intervenção,
ficando assim, o seu trabalho, comprometido.
26
Para que o psicopedagogo possa atuar de maneira satisfatória na
escola é necessário que este conheça melhor algumas dificuldades e
também habilidades dos profissionais, estabelecendo assim, um trabalho em
equipe, onde cada um possa ajudar com sua contribuição, principalmente o
Administrador que tem a função de proporcionar as condições necessárias e
pedagógicas que permitam o alcance dos objetivos e fins educacionais, pois
a medida em que a escola passa a produzir pessoas diferentes, estará
contribuindo para a mudança da sociedade.
Cabe ao pedagogo abrir espaço e apoiar o trabalho psicopedagógico
na escola, criar condições que propiciem o desenvolvimento do
psicopedagogo e para que isso se viabilize é preciso construir uma
estratégia de trabalho, caracterizada pela integração de todos, contribuindo
para a transformação da escola e para a solução dos problemas, através de
um planejamento que permita a intervenção do psicopedagogo com
possibilidades de revisão constante do processo ensino aprendizagem que
se tornará mais enriquecedor para todos que dele participam, podendo
assim prevenir e minimizar problemas. Para isso faz-se necessário planejar
coletivamente o dia a dia da escola, ficando assim imprescindível pensar no
Planejamento Participativo.
Segundo GASPARIAN (apud Revista Psicopedagogia 19/55-6568
set/2991) quando o psicopedagogo for chamado para realizar uma
intervenção tem que, antes de qualquer coisa saber que a sua atitude
durante o processo de diagnóstico e posterior avaliação é determinante. Não
se esquecer de que tem que contar com a colaboração compreensão e
reconhecimento de todos os elementos que compõem a organização da
escola e dos pais de alunos, portanto, sua postura deve ser de humildade e
respeito.
O trabalho em equipe é a característica mais importante do
psicopedagogo institucional e, para ajudá-lo a atuar adequadamente junto à
escola, deverá ser desenvolvido pela administração escolar um roteiro,
somente para fins didáticos, que sirva de diretriz para diagnosticar e avaliar
à Instituição escolar, onde o Administrador saiba a importância de se
planejar de forma que possa permitir ao psicopedagogo mudanças, de
27
acordo com a necessidade de cada trabalho realizado dentro da escola.
Dentro desse roteiro existem dois passos a serem observados:
1° passo
A instituição Escolar e seus elementos:
X Corpo docente,
X Corpo discente,
X Corpo administrativo,
X Corpo auxiliar
2° passo
O diagnóstico psicopedagógico institucional que abrange a caracterização
da escola, o professor e o aluno enfocando:
a) escola:
X Seu contexto (a comunidade onde estão inseridas, todas as famílias,
o fator cultural e social dos elementos, origens, etnias, etc.).
X Sua estrutura (como seus elementos se relacionam, sua hierarquia,
como funcionam suas relações de poder, como se articulam as
regras, normas e procedimentos, funções e papéis de cada elemento,
etc.).
X Seu processo (como e de que forma o saber é socializado, em que
nível de desenvolvimento a escola se encontra, quanto tempo tem de
existência, seus objetivos educacionais).
b) elementos do diagnóstico institucional:
X Encaminhamento (qual é a queixa)
X Entrevista com o pessoal administrativo, docente, discente, família,
etc.
X Registro das observações do aluno em sala de aula, do professor, do
corpo administrativo dependendo da queixa inicial.
X Análise dos projetos curriculares da instituição.
X Devolutiva das informações.
X Acompanhamento do processo evolutivo:
- da escola como sistema vivo;
28
- do aluno como aprendente e ensinante;
- do professor como ensinante e aprendente.
Mais do que aprender novas técnicas metodológicas, o Administrador
como alguém que possui capacidade de liderança e de decisão, bem como
da habilidade no trato da comunidade e do pessoal da escola, exige-se,
fundamentalmente dele, a competência. Não basta que proceda à
estruturação do estabelecimento de ensino, com os serviços necessários,
nem que observe e faça cumprir os direitos e deveres do corpo técnico-
administrativo, docente e discente, tampouco é suficiente o conhecimento
profundo dos dispositivos legais referentes ao funcionamento da escola. O
Administrador de escola é antes de tudo um Educador, não podendo,
conseqüentemente, supervalorizar suas funções, para que possa
humildemente descobrir novos caminhos, que possibilitem o crescimento e o
desenvolvimento da escola e de seus elementos.
Partindo deste principio o Administrador possibilitará ao
psicopedagogo utilizar as diversas fontes de conhecimento fornecidas pela
sua formação e as que embasam a Psicopedagogia e seus múltiplos
instrumentos, além de cruzar e comparar informações das diversas fontes
disponíveis, tais como: de alunos, de pais, de professores, de outros
profissionais que atuam e trabalham na e para instituição, formando uma
rede de informações compostas por uma equipe interdisciplinar, capaz de
levar o bom termo o processo educacional.
2.1-Pensando as Dificuldades de Aprendizagem
O que há de errado com crianças preguiçosas, obstinadas,
desobedientes? Todas são tolhidas por uma Dificuldade de Aprendizagem,
que se manifesta no seu desempenho escolar. Muitos termos técnicos têm
sido utilizados para descrever esses casos de Dificuldades de
Aprendizagem. Vejamos os termos mais significativos segundo Vítor
Fonseca – 1987, p.223/224:
- dificuldade de leitura adquirida (Lordat – 1843);
29
- impercepção (Broadbent – 1872 e Jackson – 1876);
- cegueira verbal congênita (congenital Word blindness –Kussman –
1877 e Hinshelwood – 1900);
- dificuldades específicas da leitura (Morgan – 1896);
- dislexia (Berlin – 1898);
- dislexia específica e estrefossimbolia (orton – 1937)
- distúrbio perceptivo (Strauss e Lehtinen – 1942)
- neurfrenia (Doll – 1951);
- alexia congênita evolutiva;
- síndrome de Strauss (Stevens e Birch – 1957);
- aprendizagem lenta (slow learner – Kephart – 1954);
- lesão mínima no cérebro (minimal brain damage – Hermann –
1967);
- dislexia (clumsy child);
- dificuldades viso-motoras;
- hiperatividades;
- disfunção cerebral (Bax e Mackeith 1963);
- dislexia evolutiva (Critchley – 1964);
- problemas psicomotores;
- disfunção psiconeurológica (Myklebust – 1967);
- dificuldades específicas da linguagem (orton Societhy – 1969)
- problemas emocionais e de comportamento (mcCarthy – 1973 e
Chaefer – 1978)
- etc.
Mas pouco importa rotular essas crianças. Sabe-se que nunca há uma
causa única para o fracasso escolar, mas sim uma conjunção de fatores que
interagem, uns sobre os outros, que imobilizam o desenvolvimento do sujeito
e do sistema familiar, num determinado momento.
Alguns pais manifestam sua decepção, sua desaprovação, seu
próprio impulso violento em vista dos maus resultados escolares. Outros
podem apresentar total indiferença, completa ausência de interesse pelas
dificuldades apresentadas pela criança e tem os que não acreditam que a
criança pode desenvolver Dificuldade de Aprendizagem que tudo não passa
30
de frescura, por não terem conhecimento do porquê a criança desenvolve
essa dificuldade. Entretanto, o que se apresenta em comum a essas atitudes
é que elas afetam a criança por inteiro, impedindo que ela cresça de forma
natural e satisfatória.
Existem diferentes abordagens de diferentes autores sobre
Dificuldades de Aprendizagem Não podemos rever todas as definições que
têm sido adiantadas por eminentes pesquisadores, vejamos algumas delas
pela sua importância e aceitação internacional segundo Vítor da Fonseca –
(1987, p.224):
Kirk, autor do ITPA(Illinois Test of Psycholinguistic Abilities), define
Dificuldade de Aprendizagem como:
“um atraso, desordem ou imaturidade num ou
mais processo: da linguagem falada, da leitura, da
ortografia ou da aritmética; resultantes de uma
possível disfunção cerebral e/ou distúrbios de
comportamento, e não dependentes de uma
deficiência mental, de uma privação sensorial ( visual
ou auditiva), de uma privação cultural ou de um
conjunto de fatores pedagógicos”.
Já Myklebust, autor de inúmeras investigações dá outro enfoque às
Dificuldades de Aprendizagem, definindo as como:
“desordens psiconeurológicas da aprendizagem
para incluir os déficits na aprendizagem em qualquer
idade e que são essencialmente causadas por desvios
(deviations) no sistema nervoso central (SNC) e que
não são devidas ou provocadas por deficiência mental,
privação sensorial ou por fatores psicogenéticos.”
31
Outros autores avançam com outras definições, das quais destaca-se,
pelo seu interesse, os seguintes: como Bateman, B. in “learning Disorders”
(1965) que diz o seguinte:
“As crianças que têm dificuldade de
aprendizagem, são as que manifestam discrepâncias
educacionalmente significativas. Discrepância entre o
seu potencial intelectual estimado e o atual nível de
realização escolar,relacionada essencialmente com
desordens básicas do processo de aprendizagem, que
pode ser ou não acompanhada por disfunções do
sistema nervoso central. As discrepâncias de qualquer
maneira não são causadas por um distúrbio geral de
desenvolvimento ou provocadas por privações
sensorial (sensory loss).”
Como também Kass, C. in “Conference on Learning Disabilitties” (1966) que
se coloca da seguinte forma:
“Uma criança com problemas e dificuldades de
aprendizagem é uma criança com discrepâncias
intradesenvolvimentais (intradevelopmental)
significativas nos seguintes sistemas funcionais de
comportamento: sistema ideomotores, ideoperceptivos
ou ideocognitivos, que estão diretamente ligados nos
comportamentos da linguagem, da leitura, da
ortografia, da aritmética e/ou conteúdos de
conhecimento escolar (content subjects).”
Em resumo, a criança com Dificuldade de Aprendizagem segundo Vítor da
Fonseca, (1987) não é:
- deficiente sensorial (visão e audição);
- deficiente motor (paralisia cerebral ou paralisia dos membros);
- deficiente intelectual (pseudodébil – QI > 80);
32
- deficiente emocional (autista ou psicótica).
Daí por tanto que, uma criança com dificuldade de aprendizagem seja
caracterizada por:
- manifestar uma significativa discrepância entre o seu potencial;
intelectual estimado e o seu atual nível de realização escolar;
- apresentar desordens básicas no processo de aprendizagem;
- apresentar ou não, uma disfunção do SNC(Sistema Nervoso
Central);
- não apresentar sinais de debilidade mental, de privação cultural,
de perturbações emocionais ou de privação sensorial (visual; e
auditiva);
- evidenciar dificuldades perceptivas, disparidades em vários
aspectos de comportamento e problemas no processamento da
informação, quer ao nível receptivo, quer integrativo e expressivo.
“Não haverá sempre definições ideais, umas
podem ser mais aceitas do que outra. Em educação,
necessitamos de uma classificação (taxonomia), que
claramente aponte a significativa alteração do
processo de aprendizagem, ao ponto de a justificar
como uma disfunção psiconeurológica, na medida em
que a aprendizagem é fundamentalmente uma função
do cérebro. Quer dizer, no caso das Dificuldades de
Aprendizagem é preciso compreender que a
neurologia da aprendizagem ou o processo sensório-
neuropsicológico em que ela se opera, foi de alguma
forma afetado (impaired), do que resultou uma
dificuldade (disability) e não uma incapacidade
(incapacity) na aprendizagem.”
Johnson e Myklebust 67 ( apud Vítor da Fonseca 1987, p.227)
33
2.2-Investigando a Problemática
O diagnóstico psicopedagógico não será uma investigação do que
não vai bem com a criança em relação ao que se espera dela? Será,
portanto, o depoimento da criança, da família, da escola, tratando de uma
queixa do não-aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do
não-revelar o que aprendeu, do fugir de situações de possíveis
aprendizagens. Felizes dessas crianças que manifestam sua queixa, não se
calam diante do que não vai bem.
Nessa investigação WEISS, (1992) diz que não se pretende
classificar o aluno em determinadas categorias de doenças, mas sim em
obter uma compreensão do todo, da sua forma de aprender e das
dificuldades que estão ocorrendo nesse processo.
Atualmente, busca-se organizar os dados obtidos em relação à vida
biológica, intrapsíquica e social do aluno de forma única e pessoal,
possibilitando ao psicopedagogo, levantar hipóteses que poderão ser
confirmadas ou não.
Segundo Pain, 1986 os fatores fundamentais que devem ser levados
em consideração no diagnóstico de um problema de aprendizagem são os
seguintes:
1-Fatores orgânicos
2-Fatores específicos
3-Fatores psicógenos
4-Fatores ambientais
Os alunos, que hoje tem problemas de aprendizagem, até a pouco
tempo eram diagnosticados como crianças portadoras de disfunções
mentais ou psicológicas. Partindo deste princípio, a Psicopedagogia teve,
como pressuposto, que as crianças que não aprendiam tinham um distúrbio
qualquer. A sua preocupação atual é diagnosticar as dificuldades que elas
apresentam em desenvolver o saber, como diz BOSSA (1994, pg. 42)
“A preocupação e os profissionais que entendiam
essas pessoas eram os médicos, em primeira instância
34
e, em seguida Psicólogos e Pedagogos que pudessem
diagnosticar os déficit. Os fatores orgânicos eram
responsabilizados pelas dificuldades de aprendizagem
na chamada época “patologizante” A criança ficava
rotulada e a escola e o sistema a que ela pertencia, se
eximiam de suas responsabilidades: Ela (a criança) tem
problemas...”.
Com relação ao diagnóstico psicopedagógico do fracasso escolar do
aluno, WEISS, (1992) coloca que não se deve ignorar as relações
significativas existentes entre a produção escolar e as oportunidades reais
que determinada sociedade possibilita aos representantes das diversas
classes sociais. Assim, alunos de escola públicas brasileiras provindo das
camadas de mais baixa renda da população são freqüentemente inclusos
das “classes escolares especiais” considerados pertencentes ao grupo de
possíveis “deficientes mentais”, com limites e problemas graves de
aprendizagem.
Na verdade, lhes faltam oportunidades de crescimento cultural, de
rápida construção cognitiva e desenvolvimento da linguagem que lhes
permita maior imersão num meio letrado, o que, por sua vez, facilitará o
desenvolvimento da leitura e da escrita.
De acordo com pesquisa realizada, WEISS (1992), o diagnóstico
psicopedagógico é composto de vários momentos que tempo espacialmente
tomam dimensões diferentes conforme a necessidade de cada caso. Assim,
há momento de anamnese só com os pais, de compreensão das relações
familiares em sessão com toda a família presente, de avaliação da produção
pedagógica e de vínculos com objetos de aprendizagem escolar, busca da
construção e funcionamento das estruturas cognitivas (diagnóstico
operatório), desempenho em testes de inteligência e visomotores, análise de
aspectos emocionais através de teste expressivos, sessões de brincar e
criar.
Tudo isso pode ser estruturado numa Seqüência Diagnóstica
estabelecida a partir dos primeiros contatos com o caso.
35
1° Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.);
2° Anamnese;
3° Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para criança);
4° Complementação com provas e testes (quando for necessário);
5° Síntese Diagnóstica – Prognóstico;
6° Devolução – Encaminhamento.
Modificações comuns de acontecer:
a) com pais separados e incompatibilizado: duas anamneses iniciais;
b) adolescentes que desejam o primeiro contato sozinhos;
c) anamnese inicial sempre que há dúvidas em relação a diagnósticos
anteriores, ou o paciente esteve ou está com outros profissionais.
Visualizando a questão de outra forma:
A seqüência diagnóstica tradicionalmente usada na clínica psicológica e
transporta para a psicopedagogica segue o modelo médico:
1° anamnese (história do caso;
2° testagem e provas pedagógicas (exames);
3° laudo (síntese das conclusões e prognóstico);
4° devolução (verbalização do laudo) ao paciente e/ou aos pais.
Apresenta-se também um esquema seqüencial diagnóstico flexível,
baseado na epistemologia Convergente formulado e proposta, por VISCA
(1980, p. 70).
1° Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (E.O.C.A.) –
levantamento do primeiro sistema de hipótese com definição de linhas de
investigação e escolha de instrumentos;
2° Testes – levantamento do segundo sistema de hipótese e linhas de
investigação;
3° Anamnese – verificação e decantação do segundo sistema de hipótese,
formulação do terceiro sistema de hipótese;
4° Elaboração do informe psicopedagógico (elaboração de uma imagem do
sujeito que articula a aprendizagem com os aspectos energéticos e
estruturais).
36
Existem pacientes que não aceitam sessões diagnósticas formais.
Torna-se necessário, então, fazer uma avaliação ao longo do próprio
processo do tratamento. Nesses casos, com crianças, faz-se sessões de
ludodiagnóstico, (jogar, brincar, representar e dramatizar), mas sempre
centradas na aprendizagem, procurando observar concomitantemente
aspectos afetivos, cognitivos e pedagógicos. É preciso que, em alguns
momentos, haja flexibilidade para atender a situações imprevistas que
exigem a sua modificação em função da melhoria das condições para o
aluno.
Assim, o diagnóstico psicopedagógico dará ao aluno a possibilidade
de solucionar seus problemas com apoio da família, escola e sociedade,
como também de descobrir que nem sempre o problema é seu, levando
seus responsáveis a repensarem o problema, buscando dentro da ampla
questão da aprendizagem humana o que pode ser revelado a partir do
diagnóstico psicopedagógico.
2.3-Recursos Utilizados
Após visitas realizadas ao “Projeto Igualdade a vida” onde uma das
sócias é psicopedagoga, observou-se que os recursos utilizados são os que
possibilitem entender quais as dificuldades que o aprendiz está enfrentando
para aprender e quais as possibilidades para mudança que ele apresenta,
utilizando se as seguintes técnicas: memorização, auto-estima, orientação
educacional, técnicas de estudos, levantamentos de hipóteses com a família
e questionamentos com a escola que o aluno freqüenta.
Os instrumentos não costumam ser os padronizados, mas sim
atividades que valorizem o que a criança sabe, que estimulem a expressão
pessoal, o desejo de aprender e sua possibilidade de amadurecer, vencer
situações e resolver problema, como os jogos, brinquedos as atividades de
expressão artística, a linguagem escrita, as leituras e dramatizações, como
diz WEIIS (1992, pg.16) “O sucesso de um diagnóstico não reside no grande
número de instrumentos utilizados, mas na competência e sensibilidade do
37
profissional em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada
situação”. Dizendo a seguir de que forma realiza o diagnóstico.
“Procuro partir de uma conversa informal, sobre
os interesses dominantes, atividade, autovisão
consciência ou não de uma problemática, expectativa
sobre o diagnóstico. Procuro explicar, dentro do nível
de compreensão do paciente, o que acontecerá nas
diferentes sessões, qual o objetivo, e a importância de
sua colaboração no processo.
No primeiro contato com criança WINNICOTT
(1975) nos mostra que o essencial é o uso da
brincadeira, do jogo, para criar uma relação amigável
um ‘espaço de confiança’
Com freqüência, ele usava um jogo em que
traçava rabiscos no papel e a seguir pedia que a
criança os completasse, invertendo em seguida as
posições. Chama também a atenção para a situação
em que o paciente não consegue brincar, caso em que
há necessidade de que esse sintoma seja removido
antes de qualquer outra intervenção. Criada a relação
de confiança, com mais facilidade pode a criança se
engajar e assim colaborar nos momentos de testagem
ou de avaliação de aspecto pedagógico. (...), As
propostas a serem feitas na E.O.C.A. Assim como o
material a ser usado, vão variar de acordo com a idade
e a escolaridade do paciente.
O material comumente usado para a criança é
composto de folha branca de papel tipo ofício, papel
pautado, folhas coloridas, lápis preto novo sem ponta,
apontador, borracha, régua, caneta esferográfica,
revistas”.
(WEISS, 1992, p. 40)
38
WEISS (1992) diz também que em uma sessão lúdica a seleção de
material será de acordo com sua característica, dependendo assim, do
objetivo especifico, da idade, da criança e do tempo disponível e o material
usado, conforme geralmente são: folha de papel oficio (pautadas, lisas,
brancas e coloridas), lápis, apontadores, réguas, lápis de cor, canetas
hidrocor, colas, tesouras, revistas, livros), material para carpintaria e
construção (madeiras, pregos, tachinhas, arames, ferramentas, etc.),
material de sucata, blocos de madeira ou plástico, pinos de encaixe, tintas
diversas, massa plástica, cola plástica e colorida,fantoches, miniaturas de
animais, de flores, de bonecos, pires, xícaras, jogos comerciais estruturados,
etc.. Os materiais são todos coloridos de forma que chame atenção das
crianças, diferente do que elas estão acostumadas a usar.
39
CAPITULO III
A PSICOPEDAGOGIA NA ESCOLA
“(...). Assim, a partir do momento em que o
educador e o educando se encontram, ambos não são
mais os mesmos, embora suas individualidades
permaneçam”.
(Lima, Taís Aparecida Costa, Psicopedagogia Diversas
faces, múltiplos olhares 2003, p. 11)
40
CONCEITO
Antes de descrever sobre a Psicopedagogia na Escola, faz-se necessário
pesquisar o significado dos termos:
Psicopedagogia, segundo Gonçalves, 2003, p. 8, ela é, um campo do
conhecimento humano essencial para a sociedade da informação dos
tempos atuais, que articula saberes e fazeres de forma transdisciplinar e
atende aos indivíduos em suas necessidades de educação continuada no
espaço lúdico da aprendizagem – na qual desejo e reconhecimento se
mesclam em criatividade.
Escola, que segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural,
escola é “1. Estabelecimento onde se ministra um ensino coletivo e geral. –
2. Instituição encarregada de ensino coletivo e geral às crianças em idade
escolar e pré – escolar: a escola pública, a escola particular”.
3.1 – Um novo olhar
É importante ressaltar que na escola convive-se com o ensinar e com
o aprender, como afirma Barbosa.
“Na instituição escolar, convive-se com o ensinar
e com o aprender de uma forma muito dinâmica, não
sendo possível, na prática, haver uma intervenção que
recaia somente sobre o aprender.
Para se fazer Psicopedagogia na instituição
escolar, tanto de natureza preventiva, quanto
remediativa, é necessário considerar que os
protagonistas da ação educativa, em interação,
tornando concreta a unidade ensinar / aprende“.
(BARBOSA 2001-pg. 23).
41
Este recorte mostra como é importante realizar trabalhos
psicopedagógico voltados não somente aos alunos, mas também aos
professores, técnicos administradores, e pais (adultos que participam da
unidade ensino aprendizagem)., ou seja voltado para a escola. Dar
importância à dificuldade do alunado é um exercício admirável para que a
escola possa assumir seu papel na relação ensino / aprendizagem.
Todas as escolas deveriam ser organizadas em função do melhor
ensino e ser sempre questionados pela comunidade escolar, estar sempre
em transformação, para que os problemas não percebidos, não apareçam
nas salas de aula sob a forma de distorções do próprio ensino, ficando o
aluno como depositário desses conflitos, apresentando dificuldades em seu
processo aprendizagem.
Segundo GASPARIAN em mesa de debate promovido pela Revista
Psicopedagogia 19/55 (set/2001, p.65), Um aspecto importante a ser
observado dentro da escola é que o seu diagnóstico e avaliação são meios
para ajudá-la a sair da “crise“ em que se encontra. Esta “crise” pode ser de
cunho pedagógico (curricular, didático, metodológico), organizacional ou
relacional (entre professores e alunos, entre alunos e alunos, entre a direção
e alunos, entre a escolha de novos projetos curriculares, entre a instituição e
a comunidade), formação continuada de professores, formulação de novos
objetivos e novos projetos educacionais, sociais e comunitário, etc.
Quando isso acontece tem-se que concordar com WEISS (1992 p. 4)
“Triste é a escola que não acompanha o mundo
de hoje, ignorando aquilo que seu aluno já vivência fora
dela. Transforma aquele que inteligentemente a
questiona e que saudavelmente se recusa a buscar um
conhecimento parado no tempo num “portador de
problema de aprendizagem”.
Pois se sabe que o número de escola que possui a intervenção
psicopedagógica é pequeno, algumas por falta de conhecimento outras por
fazer parte de um sistema capitalista visando somente o lucro.
42
Durante estágio realizado no Colégio Curso Sonnart situado na Ilha
do Governador, quando ainda cursava pedagogia observou-se que a escola
possui o acompanhamento psicopedagógico, onde a Equipe pedagógica
junto a psicopedagoga atende aos alunos, pais, e professores,
acompanhando o desenvolvimento pedagógico através de anammese,
entrevistas e relatórios, dos quais consta a vida do aluno, do primeiro dia de
aula até o último dia na escola; participa na elaboração do planejamento
escolar e faz atendimento individual de aluno, quando este apresenta
comportamento diferente.
Essa nova visão psicopedagógica vem despertando cada vez mais o
interesse dos profissionais da Educação, mas ainda é desconhecido aos
pais dos alunos. Alguns pais quando convocados a levarem seus filhos para
uma avaliação psicopedagógica, ficam sem saber o que fazer, partindo
dessa ignorância sobre o assunto, realizou-se uma pesquisa com pais de
estudantes de escolas de níveis diferentes.
–Ao perceber que seu filho apresenta problema de aprendizagem a
quem recorre na escola?
Numa analise geral da pesquisa, em escola que possui o
acompanhamento psicopedagógico percebeu-se que a maioria dos pais não
procura o psicopedagogo por desconhecerem sua função, preferindo
conversar com o professor.
As escolas deveriam esclarecer aos pais sobre o assunto para que,
juntos, pudessem buscar soluções para os problemas que levam seus filhos
a não aprender ou aprender lentamente, diferenciando-os dos demais.
A partir de uma questão que oferecesse pistas para propor alguma
alternativa de pesquisa sobre a Psicopedagogia na escola e sua relação
com as famílias dos alunos, foi realizado um questionário (em anexo n° 2)
para o profissional psicopedagogo de escolas da rede privada, para tentar
compreender a questão investigada, sem perder de vista o objetivo da
pesquisa. Nele, foram respondidas as seguintes perguntas:
1- Qual a função do psicopedagogo dentro da escola?
2-A que o trabalho do psicopedagogo se atém?
43
3-Constatando que o aluno apresenta mudança de comportamento,
qual o seu procedimento?
4-Qual a última publicação que leu sobre o assunto?
Sem citar nomes e numa analise geral constatou-se que:
Ü na primeira questão, a função do psicopedagogo é de investigação e
prevenção do problema de aprendizagem, acompanhando o aluno,
observando seu desenvolvimento, tendo visão do todo ( bio, psico,
sócio, cultural);
Ü na segunda, ele se atém ao ensino infantil, fundamental e médio;
Ü na terceira, analisa o todo, investiga, estuda o caso e o encaminha
(equipe multidisciplinar);
Ü na quarta, as respostas foram variadas, “A Inteligência Aprisionada de
Alicia Fernandes” / “Psicologia Educacional, Nelson Piletti /” Arte,
Mente Cérebro – (Gardner) “/” Revista vencer “/” Jogos para
Estimulação das Múltiplas Inteligências – Celso Cunha “.
Frente ao quadro de respostas dadas pelos profissionais
psicopedagogos evidenciou-se que as necessidades apontam para uma só
direção: falta relacionamento entre psicopedagogo e pais. Como já foi dito
acima, as escolas deveriam oferecer mais esclarecimentos para os pais,
dessa abordagem que vem ganhando espaço nos meios educacionais e
despertando maior interesse nos profissionais que atuam nas instituições,
em busca de subsídios para sua prática.
De acordo com pesquisa bibliográfica realizada, a prática
psicopedagógica abrange, portanto os aspectos sociais e individuais que
consistem o ensinar e aprender. Não se pode analisar um problema de
aprendizagem que causa a multirrepetência e a evasão escolar apenas pelo
aspecto social ou individual, em que a trajetória da construção do
conhecimento é valorizada e entendida como parte do resultado final de um
todo.
Sendo a dificuldade de aprendizagem um dos fatores que contribui
com a multirrepetência e a evasão escolar, o psicopedagogo (vinculado a
uma graduação) está capacitado para lidar com elas. Ele vê o aluno como
um todo, observando nele a coordenação motora ampla, aspecto sensorial
44
motor, dominância lateral, desenvolvimento motor fino, criatividade, evolução
do traçado e do desenho, percepção e discriminação visual e auditiva,
percepção espacial, percepção viso-motora, orientação e relação espaço-
temporal, aquisição e articulação de sons, sua preocupação é dar conta das
dificuldades de aprendizagem que fazem do estudo uma constante guerra
entre pais, filhos e escolas.
De acordo com a psicopedagoga Denise Montalvão, foi verificado que
a Psicopedagogia na escola tem função de: proporcionar aos professores
recursos e habilidades que lhe permitam responder aos quesitos básicos e
urgentes de seu trabalho; proporcionar-lhes elementos que lhe facilitem a
análise da interdependência que existe entre sua ação e os comportamentos
dos alunos; orientação sobre métodos e estratégias didáticas; tarefas de
formação permanente; inclui também tarefas como orientar os professores
em relação à utilização dos instrumentos próprios da escola; colaborar com
professor para estabelecer critérios de observação – o que observar,
quando, durante quanto tempo ou quantas vezes, etc; favorecer ou preparar
conjuntamente, recursos para sistematizar e tornar cumulativas suas
observações, realizar entrevistas familiares; observação do aluno em sala de
aula, observação da organização da aula e da sua dinâmica; delimitar as
necessidades educativas e pessoais do aluno; identificar às possibilidades
de aprendizagens; estabelecer orientações psicopedagógicas para a escola
e a família, etc.
Esta orientação é entendida como processo que integra todos os
elementos que incidem na evolução da criança, com a finalidade de
favorecer, ao máximo, seu desenvolvimento harmônico nos campos
intelectual, social e afetivo.
Na prevenção educativa inclui tarefas como: dar suporte aos
professores e às equipes de professores em relação às aulas,
esclarecimento de objetivos e funções, estabelecimento de critérios de
entrada e saída, determinação de prioridades de atenção, etc. ajudar para
que exista na escola, uma estreita relação entre professores de disciplinas
diferentes; participar nos trabalhos de coordenação da série, colaborando na
revisão de currículo dando assessoramento em questões metodológicas,
45
promovendo ou impulsionando iniciativas de formação ou trabalho/pesquisas
aplicadas; apoiar, de acordo com o conjunto da escola, os sistemas de
organização e coordenação que favoreçam a possibilidade de elaborar o
projeto educativo da instituição; orientar os pais para que possam assumir
responsavelmente a educação de seus filhos; promover iniciativas que
contribuam para a formação humana, cultural e cidadã das crianças, entre
outras.
Enfim, SCOZ (1999, p.34), deixa bem claro a contribuição da
Psicopedagogia como um todo, possibilitando uma ação transformadora
dentro da Instituição, buscando assim um novo olhar.
“A Psicopedagogia, ao utilizar-se de várias áreas
do conhecimento para aprofundar seu campo de
estudo e atuação, deixou de privilegiar esta ou aquela
corrente de pensamento, esta ou aquela ciência. Dessa
forma, contribui para a percepção global do fato
educativo e para a compreensão satisfatória dos
objetivos da Educação e da finalidade de escola,
possibilitando, assim, uma ação transformadora”.
46
CONCLUSÃO
Esta pesquisa evidenciou o quanto de verdade se encerra na
afirmativa que se segue:
“É preciso que os significados dos conteúdos a
serem, ensinados/aprendidos sejam importantes para a
transformação do Homem, da história, do contexto e das
idéias; que atitudes daquele que ensina possam apagar
os refletores sobre si e permitir que o aprendiz entre em
cena, opere sobre o conhecimento sem medo de errar e
sem ser ofuscado pelo prazer do outro em mostrar o seu
saber; que se utilizem todos os conhecimentos culturais
necessários para que a aprendizagem tenha sentido;
que se discutam a facilidade e a dificuldade para
aprender, a diferença de ritmos e a possibilidade de
aprender com o outro”.
(BARBOSA (2001,P. 367)
Concluiu-se que a função da Psicopedagogia dentro da escola é
entendida como serviço de apoio à comunidade escolar, ao aluno e à
família, tendo-se como pressuposto que ela cuida do ser que sabe e da
maneira como é desenvolvido esse saber por esse ser e tendo como
objetivo principal à prevenção do problema de aprendizagem.
Para a Psicopedagogia o elemento mais importante do processo
ensino aprendizagem é o alunado; quando ele está mal algo de errado deve
estar acontecendo. Uma dificuldade de aprendizagem em um aluno, em um
grupo de alunos, em uma classe ou em um setor podem estar anunciando
dificuldades da instituição e o problema não estará no aluno.
Compete ao Psicopedagogo diagnosticar e encaminhar os alunos,
não aos professores. As instituições deveriam promover mais esse assunto
dentro da escola e com as famílias dos alunos para que se amplie
47
conhecimento dessa abordagem que, lentamente, cresce, com a esperança
de colher bom frutos para o futuro, pois o estudo demonstrou, de forma
significativa, a importância da Psicopedagogia nas instituições escolares,
porque esclareceu de que forma, será mais fácil prevenir, detectar e atuar,
de forma mais eficaz sobre os problemas de aprendizagens.
A Psicopedagogia pode contribuir para a transformação dos
profissionais da instituição educacional, na medida em que se institui um
forte vínculo entre a Pedagogia e a Psicopedagogia. Partindo desse
principio, parece claro que a Psicopedagogia deve ser estudada num dos
espaços onde se discuta o aprender. Este processo só será possível na
Instituição onde houver desejo de mudança em cada um dos profissionais,
que compõem a comunidade escolar.
Alimentando essa esperança acredita-se que a pesquisa tenha
servido de disparador para novas reflexões sobre o fazer psicopedagógico
institucional, tendo a convicção de que muito ainda tem para ser pesquisado;
que esta caminhada apenas começou.
Foi um trabalho que proporcionou prazer de pesquisar em cada livro,
em cada texto, em cada dia percorrido ao lado da psicopedagoga Denise
Montalvão, a qual deve-se agradecer, a ida a Bienal, sem sucesso de
pesquisa com psicopedagogos, apenas com oportunidade de conhecer
bibliografia que falasse sobre Psicopedagogia e que, contribuíram na
realização dessa monografia, na qual foi depositado o início de um grande
sonho. O sonho de que cada escola, através de seu Administrador, abra um
caminho por onde o psicopedagogo possa desenvolver um bom trabalho;
que ofereça possibilidade de entrosamento entre a equipe pedagógica, que
desenvolva um planejamento que permita intervir sempre que necessário,
com possibilidade de revisão constante dos conceitos de limites e espaço
nas relações com os alunos.
48
BIBLIOGRAFIA
AJURIAGUERRA & MARCELLI: Manual de Psicopatologia infantil.
(Biblioteca Artes Médicas, títulos editados).
Artigo Jornal O GLOBO, Jornal da Família, p. 5, s/d
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Enciclopédia Delta (Enciclopédia e Dicionário Koogan Houaiss) Digital
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Brasileira – 1965.
MONEREO, C. & SOLÉ, I. e colaboradores – Assessoramento
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49
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Tradução: Ana Maria Netto Machado. 4ª Edição – Porto Alegre – Artes
Médicas Sul Ltda.ed. - Porto Alegre, 1992.
PINTO, Maria Alice Leite (org.). Psicopedagogia Diversas faces, múlitiplos
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Psicopedagogia: Um novo Caminho Ano III, n° 3, Maio/93
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SCOZ, Beatriz – Psicopedagogia e Realidade Escolar, Um problema Escolar
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VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagogica. Epistemologia Convergente. Porto
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FONSECA, Vitor da. Uma Introdução às Dificuldades de Aprendizagem –
Ed. Icobé – Rio de Janeiro, 1987
WEIS, Maria Lúcia L. – Psicopedagogia Clínica, Uma visão Diagnóstica –
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___________ Considerações sobre a instrumentação do psicopedagogo no
diagnóstico. Psicopedagogia, o caráter interdisciplinar na formação e
atuação profissional. Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.
WINNICOTT: O ambiente e os processos de maturação (Biblioteca Artes
Médicas, títulos editados).
54
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 5
TEXTO 6
RESUMO 7
METODOLOGIA 8
SÚMARIO 9
INTRODUCÃO 10
CAPÍTULO I 13
A ORIGEM DA PSICOPEDAGOGIA
Conceito 14
1.1- A Origem da Psicopedagogia 15
CAPITULO II 22
O CENÁRIO BRASILEIRO O Cenário brasileiro 23
2.1- Pensando as dificuldades da aprendizagem 28
2.2- investigado a problemática 33
2.3- Recursos utilizados 36
CAPITULO III 39
A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLA Conceito 40
3.1- Um novo olhar 40
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 48
ÍNDICE DE ANEXO 50
Anexo n° 1 51
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: A Psicopedagogia na Escola – Um novo olhar
Autor: Lúcia Helena de F. Mendes
Data da entrega: 31 de Janeiro de 2004
Avaliado por: Grau:
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